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Manifestações digitais no grupo do Facebook “Comunicação. Cidade,
Memória e Cultura”1
RABELLO, Rafaella Prata (Mestranda)2
Universidade Federal de Juiz de Fora/MG
HENRIQUES, Rosali (Doutoranda)3
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/RJ
MUSSE, Christina (Doutora)4
Universidade Federal de Juiz de Fora/MG
Resumo: O grupo “Comunicação, Cidade, Memória e Cultura” é um espaço criado em janeiro de 2012
no Facebook, destinado a agregar reflexões sobre as interfaces que se estabelecem entre as narrativas
constituintes dos processos de comunicação audiovisual, as sociabilidades que se estabelecem nos centros
urbanos, e a memória que é reconhecida como marca identitária e cultural de nossas sociedades. A
proposta é a de romper as barreiras do mundo acadêmico e formar uma rede de informações e de afetos,
como também dar visibilidade às questões trabalhadas nas reuniões dos projetos de pesquisa e extensão,
para que toda a vitalidade dessas discussões possa ultrapassar os limites do espaço e do tempo, e chegar a
mais pessoas. O objetivo desse artigo é discutir o uso da ferramenta do Facebook na divulgação da
discussão sobre memória, já que o grupo funciona como um local que instiga as perspectivas
transdisciplinares da memória e suas relações com a comunicação.
Palavras-chave: Comunicação; Memória; Cidade; Facebook; Cultura
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo analisar o uso da ferramenta de grupos
do Facebook através do estudo de caso do grupo “Comunicação, Cidade, Memória e
Cultura”. Surgido no âmbito do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social, o
grupo ampliou-se e atualmente possui 264 membros. A ferramenta de grupo do
Facebook mostrou-se um aplicativo eficaz para a legitimação da história e da memória
1 Jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Professora da UFJF no curso de
Jornalismo e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, email: [email protected] 2 Mestranda da linha "Comunicação e Identidades" do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Jornalista pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora
(CES/JF) e graduanda do 8º período de Letras pela UFJF, e-mail: [email protected] 3 Mestre em Museologia, doutoranda na linha “Memória e Patrimônio” do Programa de Pós-Graduação
em Memória Social pela Unirio, e-mail: [email protected] 4 Jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Professora da UFJF no curso de
Jornalismo e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, email: [email protected]
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dos nossos tempos. O grupo é um espaço de trocas e de comunicação de assuntos
ligados aos temas principais, mas especialmente aos múltiplos aspectos da memória,
uma vez que a mesma é uma disciplina transversal. O Facebook é utilizado pela
facilidade de amplitude das discussões que oferece a plataforma. A escolha da
ferramenta de grupos do Facebook teve como objetivo dinamizar as discussões sobre a
memória, uma vez que atualmente é a rede social de maior utilização no Brasil.
Por questões didáticas, dividimos o texto em três partes: na primeira delas,
discutiremos a importância dos estudos da memória social nos dias de hoje, uma vez
que o foco principal do grupo são as discussões acerca do papel da memória nas
narrativas de comunicação, na cidade e na cultura. Em seguida, apresentaremos um
breve histórico do Facebook e as possibilidades de interação no espaço virtual, por fim,
analisaremos o caso específico do grupo estudado. Nesse item iremos abordar não
somente as questões técnicas da ferramenta, mas a possibilidade de uso que o grupo faz
dela.
O boom da memória
A palavra memória vem do latim memoria e significa a faculdade de reter, a
capacidade de lembrar. No entanto, a memória pode ter uma série de significados em
várias áreas do conhecimento: história, psicologia, informática, arquitetura, etc. E o
conceito de memória tem se modificado ao longo dos tempos. Na mitologia grega, a
memória era representada por uma deusa, Mnemosine, filha de Urano (Céu) e Gaia
(Terra) que, unida a Zeus gerou as nove musas, divindades responsáveis pela inspiração
poética. Para os gregos a memória era a “mãe” da poesia, mas também a musa da épica.
Os gregos acreditavam que a memória e a imaginação vinham da mesma origem. A
memória seria um dom a ser exercitado e, para isso, utilizavam técnicas para relembrar
e para guardar o que lhes interessava.
Os estudos sobre a memória social ganharam fôlego na década de 30, do século
XX, nas obras de Maurice Halbwachs, sociólogo francês. Criador do conceito de
memória coletiva, Halbwachs (2006) via o homem como um ser social. Ele defendia o
caráter eminentemente social da memória, ou seja, a memória é sempre construída pelo
grupo, mesmo sendo uma construção individual. Em seus estudos Halbwachs (1994)
criou três quadros relacionados à memória, três pontos de referência para o seu
entendimento: a linguagem, o tempo e o espaço. Mesmo que os estudos da memória não
sejam recentes, visto que Maurice Halbwachs e o filósofo Henri Bergson (2010) já se
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debruçavam sobre o assunto desde a década de 1930, podemos afirmar que existe
atualmente um boom de pesquisas sobre o assunto.
Por se tratar de um campo transdisciplinar, a memória social é objeto das mais
variadas abordagens. Na internet proliferam sites de histórias que incentivam a
rememoração: são blogs, comunidades virtuais, sites de museus e de projetos de
incentivo ao envio de histórias de vida. Muitos desses projetos sobre eventos
traumáticos tais como Holocausto, pessoas desaparecidas, massacres em massa ou
guerras civis abrem espaço para que as pessoas possam conhecer as histórias daqueles
que viveram determinados acontecimentos e lutar contra o esquecimento. No entanto, o
excesso de informação comunicado pela sociedade pode vir a produzir um efeito
contrário, relegar ao esquecimento essa memória dos acontecimentos, tal como nos
alerta Andreas Huyssen (2000) em sua obra “Seduzidos pela memória”. Para este autor,
este boom da memória nos dias de hoje, quando vivemos uma avalanche de movimentos
nostálgicos, moda retrô e obsessiva musealização não é necessariamente saudável.
Huyssen questiona se esse excesso de memória não acabaria produzindo um
“explosivo” esquecimento e que muito do que consumimos hoje como memórias de
massa seriam “memórias imaginadas”. Estas seriam mais fáceis de serem esquecidas do
que aquelas por nós vividas. Segundo ele, “Quanto mais nos pedem para lembrar, no
rastro da explosão da informação e da comercialização da memória, mais nos sentimos
no perigo do esquecimento e mais forte é a necessidade de esquecer.” (HUYSSEN,
2000, p. 20). Nesse sentido, também Umberto Eco5, em entrevista publicada em 1999,
já alertava para a crise da memória a partir do acumulo de informações produzido pela
internet. Para ele, a internet seria uma espécie de “um imenso Funes6”, pois “até o
presente a sociedade filtrava para nós, por intermédio dos manuais e das enciclopédias”
e com o advento da internet “ampliamos nossa capacidade de estocagem da memória,
mas não encontramos ainda o novo parâmetro de filtragem”. Eco adverte que um pouco
de esquecimento é necessário para o equilíbrio da memória. No entanto, sabemos que
em termos de estudos científicos, é sempre interessante estudarmos a memória sob
vários aspectos e isso tem atraído cada vez mais profissionais de outras áreas de
conhecimento. O grupo no Facebook ajuda a congregar as pessoas em torno de um
5 O Bug da Memória. http://biblioteca.folha.com.br/1/02/1999080801.html
6 No conto „Funes, o memorioso‟, o escritor argentino Jorge Luís Borges conta a história de um homem,
que após uma queda de um cavalo passa a lembrar de todos os detalhes da sua vida, sem esquecer
nenhum pormenor. Esta situação leva a um esgotamento de Funes, pois ele não consegue descansar a
memória.
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denominador comum: a memória dos eventos e acontecimentos.
O Facebook e as possibilidades de interação no espaço virtual
Atualmente, podemos notar que o Facebook está se tornando uma ferramenta
muito eficaz na comunicação de um determinado projeto ou grupo de trabalho. Nesse
sentido, os sites e blogs têm cada vez mais cedido espaço para as redes sociais, não só
pela sua abrangência, mas pela possibilidade de interação com um maior número de
pessoas.
O fenômeno das redes sociais on-line é bem recente e nasceu de uma tendência
natural do crescimento da internet em relação à criação de espaços de participação dos
usuários. A primeira evolução na interação dos internautas com a internet foi o
surgimento da ferramenta de criação dos blogs. A etapa seguinte na evolução histórica
da internet em relação à interação com os usuários foi o surgimento da web 2.07. A ideia
por trás do conceito da web 2.0 é justamente a possibilidade de interação do público
com a internet, através de ferramentas de wikis, postando vídeos no You Tube ou
comentando assuntos em sites de notícias. As redes sociais substituíram, em larga
escala, a experiência das pessoas com os blogs e os comunicadores instantâneos (tais
como MSN, ICQ), que eram os grandes atrativos da comunicação mediada pelos
computadores na internet 1.0.
Em 2002, surgiu a primeira rede social on-line, o Friendster, criado por Jonathan
Abrams. Ela não obteve muito sucesso e acabou sendo fechada por problemas técnicos.
Em 2003, surgiu o Myspace, muito utilizado principalmente por músicos para
divulgação de suas produções artísticas. Em 2004, surgiram mais ou menos na mesma
época, o Orkut, que já dominou o mercado brasileiro, e o Facebook. O Facebook foi
criado em 4 de novembro de 2004 por Mark Zuckerberg e outros alunos de Harvard
com objetivo de conectar estudantes dessa universidade e, posteriormente, se estendeu a
outras universidades de Boston, dos EUA, Europa e finalmente se espalhou para o
mundo inteiro. Possui atualmente 845 milhões de usuários ativos no mundo, sendo que
37 milhões desses usuários estão no Brasil8. O Brasil é o quarto país em número de
usuários, após os Estados Unidos, Indonésia e Índia. Conforme pesquisa Nielsen,
7“Web 2.0 é um termo criado em 2004 pela empresa americana O‟Reilly Media para designar uma
segunda geração de comunidades e serviços, tendo como conceito a "web como plataforma", envolvendo wikis, aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais e Tecnologia da Informação”
retirada do site www.wikipedia.org em 12/05/2012. 8 Essas informações foram coletadas no site da Facebook em 20/02/2012 e números do Brasil são da
pesquisa Nielsen de outubro de 2011.
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divulgada em outubro de 2011, o Facebook já ultrapassou o Orkut em número de
usuários no Brasil, tornando-se a rede social on-line favorita dos brasileiros.
Em setembro de 2011, o Facebook lançou uma nova versão em que o usuário cria e
alimenta a sua própria linha do tempo. A ideia é criar um espaço de registro dessa
memória do passado, mas também do presente. Mark Zuckerberg, criador do Facebook,
durante o evento de lançamento deste novo aplicativo fez a seguinte afirmação:
"Criamos um jeito de contar todas as histórias importantes de sua vida em uma única
página"9. A ideia é que a vida de qualquer pessoa do Facebook possa ser disponibilizada
na linha do tempo, tornando a rede social um espaço de memórias. Continua
Zuckerberg: “É a história de sua vida e tem três pedaços. Seus aplicativos, suas histórias
e um jeito de expressar quem você é. Queremos fazer do Timeline um lugar que você se
orgulha de chamar de 'casa'”.
Ao disponibilizar esta nova versão, o Facebook assumiu um papel de aglutinador de
registros das memórias das pessoas. No entanto, como em qualquer instituição ou
empreendimento comercial, o objetivo inicial do Facebook não era o de suportar as
memórias das pessoas, mas criar um espaço de socialização. No entanto, é lícito afirmar
que o Facebook está se tornando um “lugar de memórias” ou de um livro de caras
(face), um livro de memórias? Segundo Marion Strecker10
, o Facebook está se tornando
uma espécie de “Catálogo da Terra Inteira11
” com as histórias e fotos que as pessoas vão
voluntariamente alimentando na rede social. Este catálogo aglutinaria as experiências
das pessoas, suas memórias e suas narrativas sobre o mundo.
Com a ajuda de seus usuários e através do aplicativo linha do tempo, o Facebook está
adquirindo um perfil de uma grande enciclopédia de histórias e memórias, memória do
momento presente e memória dos momentos passados. Seria uma espécie de museu de
si mesmo. A evolução das redes sociais nesta direção era previsível, uma vez que a
tendência da Web 2.0 é transformar cada pessoa em autor, criando o seu próprio
9 Frases retiradas da fala de Zuckerberg na matéria sobre o lançamento da linha do tempo em 22 de
setembro de 2011, informação disponível no site
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/09/facebook-apresenta-linha-do-tempo-para-registrar-
vida-do-usuario-no-site.html, Acesso em 31/05/2012. 10
Artigo publicado no site UOL Tecnologia e consultado em 18/05/2011. Disponível em
http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/05/18/novo-catalogo-da-terra-inteira-facebook-
transforma-pessoas-em-marqueteiros-de-si-mesmos.htm 11
Catálogo da Terra Inteira (ou “Whole Earth Catalog”) é um nome de um catálogo publicado entre os
anos de 1968 e 1972 por Stewart Brand.
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broadcast, tornando-se o centro de uma ferramenta de comunicação cada vez mais
voltada para o individuo e suas individualidades. Segundo Paula Sibilia (2008), este
foco no individuo e suas representações na internet teve início com os blogs, passa pelas
redes sociais, mas encontra seu terreno mais fértil no Second Life12
, no qual é possível
viver uma vida completamente diferente da sua.
O diferencial do Facebook em relação às outras redes sociais on-line, e que fez dele o
líder mundial, foi a disponibilização de um mural onde os internautas podem postar
comentários que são facilmente visualizáveis pelo círculo de amigos do usuário. Além
disso, possibilitou o compartilhamento de informações sobre qualquer assunto, seja um
link de uma notícia lida em algum portal ou um vídeo visualizado no YouTube. Com a
possibilidade de compartilhar, criou-se uma ferramenta de mobilização on-line, muito
utilizada por movimentos sociais. Um dos exemplos atuais de seu uso eficiente é em
relação ao movimento por democracia nos países árabes, mais conhecida como
Primavera Árabe, no qual as redes sociais e o Twitter tiveram um papel importante na
mobilização para as manifestações13
. Obviamente seria ingenuidade acreditar que as
redes sociais foram sozinhas responsáveis pela mobilização, mas foram importantes no
processo de comunicação entre os grupos de revoltosos.
Para efetuar com sucesso uma mobilização, seja na internet ou fora dela, o importante é
abranger um maior número de pessoas. E para isso, quanto maior o número de conexões
que a pessoa possui, maior é a força da mobilização de uma rede. Albert-László
Barabási (2009), em obra publicada originalmente em 2002, estudou a questão dos
conectores em um sistema de redes. Utilizando a teoria dos Seis Graus de Separação
formulada por Frigyes Karinthy em 1929 e retomada por Stanley Milgram em 1967,
Barabási afirma que alguns nós das redes possuem mais conexões do que outros nós.
Estes seriam os conectores (hubs em inglês), por onde trafegam mais informações do
que em outros nós14
. Nas redes sociais on-line o sistema é o mesmo. Quanto mais
contatos o usuário tem em sua rede de amigos, maior é a possibilidade de seus posts
serem compartilhados e curtidos por um maior número de pessoas. No Facebook,
12
Second Life é um ambiente virtual e tridimensional, criado em 1999 e no qual as pessoas interagem
através de avatares. 13
Sobre o papel do Twitter nas revoluções no Egito e na Tunísia, ver interessante artigo de LOTAN, Gilad
et alii. The Revolutions Were Tweeted. 2011 14
Sobre isso, ver estudo de Benjamin Doerr et alii (2012) analisando como um boato se espalha nas redes
sociais, utilizando um diagrama matemático proposto por Réka & Barabási (2002),
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quando você curte ou compartilha um determinado conteúdo de um amigo, você está
dando aval aquele conteúdo. Este tipo de ação transformou a forma como as pessoas
lidavam com as redes sociais. A interação entre as histórias e as pessoas passa a ser
transversal e não linear e possibilita trabalhar o conteúdo em forma de cadeias de
informações.
A dinâmica do grupo no Facebook
O grupo do Facebook “Comunicação, Cidade, Memória e Cultura” surgiu em
janeiro de 2012, a partir da demanda de gerar visibilidade para o conteúdo discutido
durante as reuniões de alguns mestrandos e graduandos ligados à linha de pesquisa
“Comunicação, Identidade e Cidadania” do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os alunos se reúnem
semanalmente para discutir temas relevantes ligados à área de comunicação, cultura e
memória, tendo como coordenadora, a professora adjunta da Universidade Federal de
Juiz de Fora, Christina Ferraz Musse. A partir das discussões do grupo amadureceu-se a
ideia de levar as discussões para o ambiente on-line, primeiramente, através da criação
de um blog e, posteriormente, através de um grupo no Facebook. Por questões técnicas,
o blog foi lançado somente em maio de 2012, enquanto o grupo no Facebook de caráter
secreto para discussão em torno dos assuntos abordados, de mais fácil criação e
manutenção, teve início em janeiro de 2012. Para complementar o grupo, foi criada a
Fan Page. Atualmente a Fan Page reúne 129 pessoas.
O grupo do Facebook “Comunicação, Cidade, Memória e Cultura” reúne
atualmente um grupo de 264 pessoas das mais diversas formações, predominando um
grupo maior de profissionais da área de Comunicação (169 membros) e de História (52
membros). Embora tenha se iniciado com um caráter mais regional, o grupo se expandiu
para outros usuários fora da cidade de Juiz de Fora, possuindo atualmente oito membros
fora do Brasil (moradores de Portugal, França, Austin e Timor).
O grupo funciona como uma comunidade de divulgação científica e cultural,
segmentado por pessoas com interesses comuns. É um filtro de conteúdos e também
uma forma de direcionar compartilhamentos, uma vez que as pessoas podem deixar de
postar conteúdos específicos da área acadêmica em sua linha do tempo para
disponibilizar diretamente no grupo. Com um discurso transversal em várias áreas do
conhecimento, é um local democrático que faz com que os internautas estejam ativos
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nas produções de sentidos para o trabalho da equipe de pesquisa. Nesse sentido,
podemos afirmar que o uso da ferramenta de grupo do Facebook, torna-se mais eficaz
do que uma lista de discussão, pois estabelece uma rede de colaboração, na qual não é
preciso entrar exclusivamente para postar informações, mas estar presente dentro de um
ambiente (ou espaço) em que há uma regularidade na visita, como é o caso do
Facebook.
A grande diferença entre a postagem no caso da Fan Page e do Grupo reside no
fato de que, no primeiro caso, os sujeitos são mais passivos, podendo ou não fornecer
feedback, e a publicação de conteúdo está dependente do administrador do mesmo. Este
tipo de página funciona muito bem para instituições e grandes grupos comerciais, nos
quais o controle de informações postadas é muito importante. Dessa forma, as empresas
ficam no controle, as pessoas apenas acompanham as publicações. Talvez por isso, no
grupo, tenhamos um número bem mais significativo de "curtir", comentários,
visualizações e compartilhamentos, uma vez que a participação é mais ampla, pois
qualquer membro do grupo pode postar, curtir ou compartilhar o conteúdo
disponibilizado por outros membros do grupo.
Mas existem aspectos negativos no grupo, tais como: ele não disponibiliza as
visualizações de compartilhamentos, além de apresentar dificuldades de utilização de
algumas ferramentas por falta de clareza no modo de execução, como, por exemplo,
retornar com usuário banido do grupo. Ao analisarmos o Facebook enquanto
ferramenta de comunicação e discussão de determinado tema e ao compararmos com o
Orkut, por exemplo, podemos notar que a ferramenta de Comunidades do Orkut,
embora possua uma dinâmica de publicação mais interessante, pois ela é organizada em
torno de tópicos, ela é um fórum diferenciado do mural do participante. No Facebook
todo o conteúdo postado aparece na linha do tempo do usuário, seja ele postado no
mural de algum amigo, seja no mural do grupo. Dessa forma, a consulta ao tópico
postado é imediata e não necessita de um acesso específico para tal, tornando o post
mais visualizado por todos os membros do grupo.
No grupo são feitas postagens diárias sobre temáticas interdisciplinares. Existe
um estímulo por parte da administração do grupo em atrair membros de diferentes áreas
acadêmicas para que o discurso produzido naquele espaço possa reverberar em outros
locais. São postados links de eventos acadêmicos, convites de lançamentos de livros,
palestras, cursos, entrevistas divulgadas na mídia com autores ou coerentes com os
assuntos abordados nesse espaço de discussão, divulgação de blogs e/ou sites, páginas
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do Facebook e também dicas de referências bibliográficas que dialogam com as
temáticas do grupo.
Durante acompanhamento das publicações ao longo do ano de 2012 e início de
2013, um fato curioso chamou a atenção da administração do grupo: grande parte das
postagens, que não era comentada ou marcada com a opção “curtir”, possuía
considerável número de visualizações. Tal ocorrência talvez seja um indicativo do
interesse dos membros pelo conteúdo explicitado. Podemos citar exemplos que nos
indicam as considerações propostas. Na postagem da Fan Page do Museu da Maré, no
RJ, apenas uma pessoa curtiu, enquanto 32 pessoas visualizaram. Outra postagem que
mostra a diferença de manifestação é sobre a terceira edição da Revista Brasileira de
História da Mídia, com 8 curtir e 34 visualizações. Há também postagens com nenhum
curtir e com 45 visualizações, como a divulgação do site do Simpósio na Anpuh sobre
Autoritarismo, Memória e resistência. Alguns exemplos de postagens do Grupo:
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Considerações finais
Ao finalizarmos a análise do material do grupo, podemos afirmar que embora
tenham sido criados um blog e uma fan page no Facebook, a comunicação efetiva com
um maior número de pessoas só foi possível através da criação do grupo no Facebook.
A adesão ao grupo e a participação dos membros crescem consideravelmente a cada dia,
o que leva a crer que desse espaço de comunicação e memória passamos a construir um
gerador de cultura, um tipo de boletim informativo com conteúdos pertinentes a área
acadêmica.
Sabemos que, por ser mais dinâmico, o Facebook possui mais acesso do que o
blog. Com objetivos diferenciados, o que podemos notar é que o grupo tem atraído
visitantes para o blog, uma vez que a cada postagem no mesmo uma chamada é
colocada no grupo. Nesse sentido, diferenciamos as ferramentas de comunicação: o blog
é um espaço para a publicação de textos acadêmicos produzidos pela equipe de
pesquisadores da UFJF, resenhas de livros e filmes, anais de congressos, coisas que nem
sempre estão disponíveis no Facebook. Fica registrado que o blog ainda está em modelo
de planejamento, adaptando-se a ideias criativas que possam contribuir na visibilidade
deste espaço.
Sobre o conteúdo postado no Grupo, podemos notar que conteúdos referentes à
cultura parecem atrair atenção dos membros na observação do que foi curtido,
comentado ou apenas visualizado, feita pelos pesquisadores em 15 dias de postagens no
primeiro semestre de 2013. O presente artigo não contempla a análise do perfil dos
usuários pela falta de tempo para aplicação e coleta de dados. Também deixamos claro
que o trabalho é apenas a primeira produção que se detém nesse objeto. Uma das ideias
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para a continuidade do trabalho será a aplicação de um questionário entre os membros
do grupo para entender melhor o perfil dos participantes, bem como elucidar quais tipos
de conteúdos são mais interessantes para as pessoas envolvidas. Dessa maneira será
possível ampliar os conteúdos e transformar o grupo em um espaço dinamizador para
discussões sobre a memória no momento atual. O que podemos afirmar, com toda
certeza, é que o grupo tem potencial para crescer com este objetivo, deixando de ser
meramente uma vitrine de eventos para se transformar verdadeiramente espaço de
discussão e de trocas de experiências sobre a memória.
Referências
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![Page 12: Memória e Cultura”1...do Facebook através do estudo de caso do grupo “Comunicação, Cidade, Memória e Cultura”. Surgido no âmbito do Programa de Pós-graduação em Comunicação](https://reader034.fdocuments.in/reader034/viewer/2022042103/5e80961b255a1f4b80752638/html5/thumbnails/12.jpg)
http://www.nd.edu/~networks/Publication%20Categories/03%20Journal%20Articles/Ph
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