Manual Do Revisor

8/18/2019 Manual Do Revisor

1/23

Manual do Revisor Oficial de Contas

1

Recomendação Técnica n.º 11

Abril de 1992 Julho de 1994 (1ª Revisão)

Revisão da Informação Financeira Prospectiva

Índice Parágrafos

Introdução 1-2

Definições 3

Justificação 4-6

Objectivo 7-9

Preparação e Apresentação da Informação Financeira Prospectiva 10-16

- Responsabilidade 10

- Regras de preparação 11

- Modelo contabilístico 12-14

- Regras de apresentação 15-16

Revisão da Informação Financeira Prospectiva 17-37

- Objectivos da revisão 17

- Especialização do revisor 18

- Compromisso com o cliente 19-22

- Planeamento da revisão 23-24

- Conhecimento do negócio da empresa 25-27

- Avaliação do processo de elaboração 28

- Avaliação e evidência dos pressupostos 29-31

- Período coberto 32

- Avaliação da peparação e apresentação da informação financeiraprospectiva 33-36

- Cartas de esclarecimentos e de responsabilidade 37

Papéis de Trabalho 38

Relatório e Parecer 39-43

Recomendações 44-51

Anexo - Exemplo de parecer

Apêndice - Exemplificação de procedimentos de Exame


2/23


2


3/23


3

Introdução

1. Cada vez mais os utentes da informação financeira proporcionada pelas empresas e outrasentidades, nomeadamente os seus investidores (de capital mutuado ou de capital de risco), sepreocupam com as perspectivas de evolução da posição financeira e dos resultados dessasempresas e entidades num futuro previsível. As perspectivas são essências nas suas decisõesde investir ou não, e constituem a base em que o mercado fundamenta o valor a atribuir àempresa ou entidade. É de assinalar que o Código das Sociedades Comercias (CSC), o Códigodo Mercado de Valores Mobiliários (Código do MVM) e muita outra legislação dispersa,nomeadamente a associada à concessão de benefícios ou vantagens especiais (empréstimos,subsídios, benefícios financeiros e fiscais, etc.) obrigam a que essas perspectivas sejamdivulgadas aos interessados.

2. A exemplo do que sucede com a informação financeira histórica, reconhece-se a necessidade desolicitar os serviços de uma terceira entidade independente - o revisor oficial de contas - para dar

opinião sobre a razoabilidade e credibilidade da informação financeira prospectiva que sejaelaborada com base nessas perspectivas. Citam-se, a seguir, situações, previstas na legislaçãoou existentes na prática, em que é exigida ou pode ser pedida a intervenção do revisor oficial decontas no exame desse tipo de informação financeira:

a) emissão de opinião sobre o relatório de gestão, quer relativo a contas individuais quer relativoa contas consolidadas, o qual deve conter, entre outros elementos, informação sobre aevolução previsível da sociedade (art.º 66º, 2, c) do CSC);

b) relatório de auditoria da situação económica e financeira da entidade emitente no caso deofertas públicas de subscrição (art.º 134º, 1, l) do Código do MVM);

c) obrigação de o auditor externo dar parecer sobre os pressupostos e consistência dasprevisões construídas pela entidade emitente nos casos de ofertas públicas de subscrição,de aquisição e de venda, e ainda, para efeitos de admissão ou readmissão de valoresmobiliários à cotação no mercado de valores oficiais ou no segundo mercado (art.º 100º, doCódigo do MVM);

d) obrigação de o revisor oficial de contas dar parecer sobre as perspectivas da actividade eresultados da empresa para o segundo semestre na informação semestral (art.º 342º, 2, f) eg) do Código do MVM);

e) projectos de viabilização económica e de saneamento financeiro das empresas baseados emacções e medidas com efeitos no futuro;

f) avaliação de empresas e de partes de capital com base nas perspectivas futuras deresultados, de fluxos de caixa e equivalentes, etc;

g) projectos de fusões e aquisições em que os preços e relações de troca se baseiem nodesempenho futuro previsível das empresas envolvidas.

Por vezes é solicitado ao revisor oficial de contas que ele próprio execute ou elabore alguns dosestudos ou informações acima referidos.

Definições

3. Nesta Recomendação os termos abaixo indicados são usados com o significado seguinte:

a) Informação financeira prospectiva - qualquer informação de natureza financeira sobre o futurode uma empresa ou entidade, a qual pode ser apresentada na forma de demonstrações

financeiras completas (analíticas ou sintéticas) ou limitada a um ou mais elementos, rubricas


4/23


4

ou contas.

b) Demonstrações financeiras prospectivas - informação financeira prospectiva que inclui um

balanço, uma demonstração dos resultados, uma demonstração dos fluxos de caixa eequivalentes e um anexo contendo notas àquelas demonstrações; podem assumir a naturezade previsões ou de projecções financeiras e cobrem sempre, pelo menos, um períodocontabilístico que ainda se não iniciou ou que, iniciado já, ainda não expirou.

c) Previsões financeiras - demonstrações financeiras prospectivas que apresentam, de acordocom aquilo que melhor é do conhecimento e convicção da entidade responsável, a posiçãofinanceira, os resultados das operações e os fluxos de caixa e equivalentes esperados.

d) Projecções financeiras - demonstrações financeiras prospectivas que apresentam, de acordocom aquilo que melhor é do conhecimento e convicção da entidade responsável, dados umou mais pressupostos hipotéticos, a posição financeira, os resultados das operações e osfluxos de caixa e equivalentes esperados. (Projecção financeira tem o significado da resposta

à pergunta "O que é que aconteceria se...?")e) Pressupostos - condições económicas gerais, comerciais, operacionais, financeiras e outras

que a empresa ou entidade espera encontrar no decurso da sua actuação; podem ser apresentados como dados isolados ou contidos num intervalo de variação.

f) Data de referência - data a que estão referidos os pressupostos a partir da qual as unidadesmonetárias em que se exprimem podem ser objecto de dois tipos de variações:

- uma que reflecte a variação ocorrida no valor da moeda, medida na prática através dataxa de inflação (variação monetária); e

- outra que reflecte a variação dos preços relativos de um determinado bem ou de umgrupo homogéneo de bens (exemplo: imobiliário, alimentação e bebidas, etc.) resultante

na maioria dos casos do funcionamento da lei da oferta e da procura (variação de preçosrelativos).

g) Horizonte temporal - período coberto pela informação financeira prospectiva.

h) Caixa ¨(1) - dinheiro (em cofre ou depositado) e seus equivalentes, isto é, meios que sejamde mobilização rápida, como certas formas de depósitos bancários, aplicações de tesourariarapidamente mobilizáveis junto da banca e outras aplicações e títulos facilmente negociáveisnas bolsas, etc.

Justificação

4. A informação financeira prospectiva baseia-se no tratamento de dados históricos verificados (por

exemplo, a posição financeira da empresa ou entidade à data de referência), de dados futuroscom razoável grau de certeza (por exemplo, serviço de uma dívida, execução de encomendas,etc.) e de dados futuros com menor ou maior grau de incerteza (vendas, taxa de juro, custos compessoal, etc.). Está relacionada com acontecimentos e acções que ainda não ocorreram e podemnão vir a ocorrer, obrigando os responsáveis pela sua preparação a exercer julgamentos e atomar opções, o que a torna subjectiva.

5. Ao contrário do que sucede com a informação financeira histórica, que é suportada por provasobjectivas, as provas respeitantes aos pressupostos são de natureza especulativa, o que tornamais difícil ao revisor fazer a sua avaliação e chegar a um nível elevado de segurança, isto é,assegurar que essa informação esteja isenta de erros ou distorções materialmente relevantes.Contudo, o seu exame contribui para aumentar a credibilidade da informação prospectiva, quer ela se destine a usos internos quer a terceiros.


5/23


5

6. Embora nalguns aspectos possa haver pontos de contacto entre a revisão da informaçãofinanceira histórica e a da informação financeira prospectiva, existem, porém, muitos outros

aspectos que têm de ser apreciados sob pontos de vista diferentes.Objectivo

7. Esta Recomendação tem por objectivo proporcionar orientação aos revisores oficiais de contassobre os procedimentos a serem seguidos na revisão da informação financeira prospectiva,como consultor na sua preparação ou no apoio a essa preparação, bem como sobre a forma deapresentar o seu relatório ou parecer.

8. Estes procedimentos incidem tanto sobre a informação financeira prospectiva como sobre oprocesso da sua preparação. Embora, regra geral, não seja tarefa específica do revisor apreparação de informação financeira prospectiva, reconhece-se ser de utilidade para ele incluir nesta Recomendação as principais regras a que deve estar sujeita a preparação e apresentaçãoda informação financeira prospectiva. O seu conhecimento contribui para a revisão do processode preparação e apresentação dessa informação financeira.

9. Esta Recomendação não se aplica a perspectivas e previsões da evolução das empresas feitasem termos narrativos que não estejam suportadas por um sistema de informação financeiraprospectiva apropriado, que permita extrair demonstrações financeiras prospectivas.Considera-se um sistema de informação financeira prospectiva apropriado quando for apresentado de acordo com as regras enunciadas nos parágrafos 11 a 16 seguintes.

Preparação e Apresentação da Informação Financeira Prospectiva

Responsabilidade

10. É da responsabilidade da direcção da empresa ou entidade a preparação e a apresentação dainformação financeira prospectiva, a qual inclui a identificação e divulgação dos pressupostosmais significativos que lhe serviram de base. O processo de preparação tanto pode derivar deum sistema formal implantado na empresa como pode ser o resultado de um trabalho de carácter ocasional. Normalmente, no primeiro caso a sua preparação está a cargo de um orgão daempresa, no outro, tanto pode ser atribuído a pessoal da empresa como a elementos externos,sobretudo quando a empresa não dispõe de quadros habilitados para o efeito.

Regras de preparação

11. A apreciação da informação financeira prospectiva implica não só o conhecimento da qualidadeda informação como ainda o das condições que estiveram presentes na elaboração dainformação, circunstâncias estas a que o revisor deve também atender quando fôr ele próprio aexecutar ou a colaborar na elaboração da informação prospectiva. Com tal fim indicam-se asprincipais regras a observar pelos responsáveis na elaboração da informação financeiraprospectiva:

a) Ausência de intenções preconcebidas - isto quer dizer que a informação financeiraprospectiva deve ser preparada com boa fé, ou seja, não subordinada à realização deobjectivos ou ideias pré-fixadas; tal pode suceder quando ela se destina a obter vantagensperante terceiros, como seja, no caso de pedidos de financiamento, avaliações, etc;

b) Utilização de pessoal qualificado - isto é, deve ser utilizado pessoal com a competência e ozelo necessários, com experiência neste tipo de trabalho e domínio das técnicas de previsãoe de projecção, com capacidade de avaliar dados históricos e habilitado a fazer indagações edebater os pressupostos a todos os níveis hierárquicos;


6/23


6

c) Obtenção da melhor informação disponível - isto é, deve ser procurada informação a partir das fontes que mereçam a maior credibilidade (por exemplo, estudos de mercado do sector

preparados por entidades exteriores à empresa merecem mais credibilidade que ospreparados pela empresa);

d) Utilização de princípios contabilísticos adequados - isto é, devem ser utilizados os mesmosprincípios contabilísticos que se espera venham a ser aplicados nas futuras demonstraçõesfinanceiras históricas;

e) Consistência com os planos da empresa - isto é, as previsões/projecções devem reflectir osefeitos económicos das estratégias e dos programas da empresa;

f) Identificação dos factores-chave - isto é, na informação deve ser dada relevância aosfactores determinantes dos resultados e da consecussão dos objectivos da empresa;

g) Utilização de pressupostos apropriados - tendo em conta:

- o impacto nos resultados

- a razoabilidade

- o conveniente suporte (estudos de mercado, indicadores económicos, evolução emfunção das tendências no passado, dados e análises internas, etc.);

h) Horizonte temporal adequado às finalidades da informação financeira prospectiva;

i) Revisão adequada e aprovação pelos responsáveis aos níveis de autoridade apropriados,tanto dos pressupostos como da informação financeira prospectiva produzida a partir deles;

j) Análise de sensibilidade dos pressupostos - isto é, avaliação das variações ocorridas nos

resultados face às eventuais variações dos pressupostos mais significativos, sobretudo osrelacionados com os factores-chave;

k) Documentação - isto é, existência de evidência adequada tanto dos pressupostos, como doprocesso usado para os desenvolver; e

l) Comparação regular das previsões/projecções financeiras com os resultados reaisconseguidos, não só quanto aos resultados globais como quanto aos factores-chave e aospressupostos;

Modelo contabilístico

12. As demonstrações financeiras prospectivas devem ser elaboradas e apresentadas segundo o

mesmo modelo e com a mesma esquematização que a informação financeira histórica. Nestascondições o modelo adequado será o que tome em conta as previsíveis variações de preços,quer as variações monetárias devidas à inflação, quer as variações de preços relativosresultantes do mercado (modelo em moeda nominal, também conhecido como a preçoscorrentes).

13. A este último modelo seriam apropriados ajustamentos monetários devido ao efeito da inflaçãoesperada de forma a que a informação financeira prospectiva anual fosse apresentada emmoeda constante relativamente a cada período contabilístico. Contudo, tais ajustamentos nãosão indispensáveis, por não afectarem a demonstração dos fluxos de caixa e equivalentes nemos planos financeiros. A complexidade da sua elaboração faz com que este modelo não sejanormalmente utilizado (modelo em moeda nominal, com ajustamentos monetários).

14. Não é adequado o modelo que utilize moeda constante durante todo o horizonte temporal


7/23


7

(vulgarmente conhecido como a preços constantes) uma vez que para ser consistente teria queusar no cálculo dos custos financeiros as taxas de juros reais e não as taxas de juros nominais. Admitir-se nesse modelo a invariabilidade do valor da moeda equivale a desprezar a inflação

esperada. Ora sendo esta uma componente da taxa de juro nominal, a taxa de juro consistentenum modelo em escudos constantes dentro do horizonte temporal é a taxa de juro real.

Por outro lado, a adopção de um modelo em moeda constante e com taxas de juro reais nãopermitiria que a informação financeira prospectiva pudesse vir a ser comparada com ainformação financeira real que se for preparando, a qual é, elaborada na base de moeda nominale taxas de juro nominais (custo histórico). Ficaria, por conseguinte, prejudicada a fase essencialdo futuro acompanhamento (controlo) do processo através da comparação das previsões eorçamentos com os dados históricos obtidos.

Regras de apresentação

15. Indicam-se as principais regras a observar na apresentação da informação financeira

prospectiva:a) Título - deve conter algo que dê a entender a sua natureza, como, por exemplo, a palavra

"prospectiva" ou "previsional";

b) Modelo - deve coincidir com o das demonstrações financeiras históricas, embora, por vezes,seja razoável um nível maior de agregação; no caso português, os modelos devem ser osconstantes do Plano Oficial de Contabilidade (POC); no que diz respeito à demonstração dosresultados, é mais útil para o destinatário de informação o modelo do POC que apresenta osproveitos e custos por funções;

c) Indicação das datas da conclusão da preparação da informação financeira prospectiva e dade referência para a contagem das variações de preços;

d) Políticas contabilísticas aplicadas na preparação da informação financeira prospectiva e quedevem, na medida do possível, ser idênticas às usadas na informação financeira histórica;quando haja alterações elas devem ser divulgadas e justificadas;

e) Apresentação das quantias das previsões/projecções financeiras que são normalmenteapresentadas como estimativa em ponto único, mas podem também ser apresentadas comoponto médio de um intervalo; deve também ser usada uma unidade monetária adequada (por exemplo, milhares de contos com aproximação às décimas);

f) Divulgação dos pressupostos mais significativos bem como das suas fontes, do seu maior oumenor grau de precisão, e dos resultados das análises de sensibilidade quanto ao seu efeitona posição financeira da empresa e nos resultados das suas operações; entre ospressupostos divulgados, não devem deixar de ser indicadas as taxas de juro usadas, bem

como o comportamento previsto para as taxas de inflação que lhes estejam associadas;

g) Horizonte temporal usado, o qual deve ser justificado;

h) Operações e resultados extraordinários - devem ser descritos, com maior ou menor minúcia,tendo em conta a sua materialidade (por exemplo, um desinvestimento numa associada, oencerramento de um segmento da empresa, a aquisição de uma filial, etc.).

16. Conforme a finalidade a que se destina a informação financeira prospectiva, assim esta podeassumir vários modelos, que vão de simples dados previsionais isolados, como por exemplo osque constam de um projecto de pedido público de capitais, até a um conjunto que englobeanálises históricas, descrição de medidas e acções a tomar, programa de investimento e dedesinvestimento, demonstrações financeiras previsionais, análises de sensibilidade, conclusões,

etc. Nestas condições, ao revisor oficial de contas pode-se deparar uma variedade de formas de


8/23


8

apresentação da informação financeira prospectiva, ao contrário do que sucede com ainformação financeira histórica, cujas demonstrações têm modelos normalizados.

Revisão da Informação Financeira ProspectivaObjectivos da revisão

17. A revisão da informação financeira prospectiva (também chamada auditoria previsional) envolveas tarefas seguintes:

a) avaliar a preparação das previsões/projecções financeiras;

b) verificar a documentação que serviu de suporte aos pressupostos;

c) verificar a apresentação da informação financeira prospectiva;

d) emitir um relatório e/ou parecer sobre a revisão efectuada.

Especialização do revisor

18. Considera-se que para a revisão da informação prospectiva é indispensável que o revisor possuaos conhecimentos seguintes:

a) dominío das técnicas usadas na preparação e apresentação da informação financeiraprospectiva. Salientam-se as áreas do saber mais importantes, relacionadas com estamatéria:

a-1) Estatística - (cálculo das probabilidades, inferência estatística, correlação, análise deregressão, análise de séries cronológicas, distribuições de frequência e curva normal,métodos de projecção, etc.);

a-2) Cálculo financeiro - (cálculos de valor presente e futuro, rendas de termos constantes eprogressivos, planos de serviço de dívidas, etc.);

a-3) Técnicas de simulação - (análises de sensibilidade, métodos de optimização,planeamento financeiro, fluxogramas, árvores de decisão, etc.);

a-4) Modelos contabilísticos - (modelos a escudos constantes, modelos a escudos nominaiscom ajustamentos monetários periódicos, desconto das demonstrações financeiras,etc.);

a-5) Programas utilitários de computador , dado que o tratamento desta informação seprocessa normalmente sobre folhas de cálculo ou programas apropriados.

b) conhecimento das previsões macro-económicas contidas nos documentos preparados pelasentidades e departamentos governamentais (por exemplo, Grandes Opções do Plano,trabalhos dos departamentos de estudo e planeamento, etc.);

c) ter ou obter conhecimento razoável do sector em que a empresa ou entidade se insere, comopor exemplo, através de:

- estudos sectoriais publicados pelas respectivas associações empresariais, ou por outrasentidades, como empresas de notação financeira (sociedades de rating);

- elementos de estatísica do sector publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, Bancode Portugal e outras entidades;

- elementos obtidos a partir de bancos de dados de entidades públicas ou privadas


9/23


9

(normalmente de bancos); e

- revistas e publicações que se ocupem do sector.

Compromisso com o cliente

19. Antes de aceitar o compromisso o revisor deve procurar informar-se sobre:

- o uso que vai ser feito da informação financeira prospectiva e sua divulgação;

- a natureza dos pressupostos (estimativas mais prováveis ou pressupostos hipotéticos);

- os componentes a serem incluídos na informação;

- período coberto pela informação (horizonte temporal).

20. O revisor deve ter especial cuidado no sentido de não aceitar compromissos quando se

convencer que a informação apresentada não é apropriada ao fim em vista ou é preparada apartir de pressupostos irrealistas.

21. Se a divulgação da informação financeira prospectiva se destinar a ser feita através debrochuras, folhetos ou desdobráveis, o revisor deve acautelar a associação do seu nome àinformação divulgada e fazer depender a menção do seu nome de autorização expressa apósleitura da prova.

22. Salvo se estiver compreendido no âmbito do seu trabalho corrente de revisor, este tipo detrabalho deve ser objecto de uma carta de compromisso onde sejam tratadas as matérias donúmero anterior e fixadas as responsabilidades da direcção pelos pressupostos e por todas asoutras infomações a fornecer ao revisor.

Planeamento da revisão

23. O planeamento da revisão da informação financeira prospectiva consiste na:

a) elaboração de um programa de trabalho relativo aos vários procedimentos de revisão;

b) fixação do calendário das tarefas; e

c) escolha dos colaboradores adequados.

24. Ao proceder ao planeamento da revisão, o revisor deve ter em consideração como determinantesos factores seguintes:

a) a natureza e o historial do negócio da empresa;

b) as políticas contabilísticas normalmente seguidas pela empresa;

c) os pressupostos em que se baseia a informação financeira prospectiva;

d) os procedimentos seguidos pela empresa na preparação da informação financeiraprospectiva ou as condições do contrato estabelecido com uma terceira entidadeencarregada de elaborar a informação financeira prospectiva, se fôr caso disso;

e) o esperado nível de risco associado à previsão/projecção financeira;

f) o julgamento preliminar sobre os níveis de materialidade;

g) a experiência dos responsáveis pela preparação de previsões/projecções financeiras; e


10/23


10

h) o processo de desenvolvimento das previsões/projecções financeiras.

Conhecimento do negócio da empresa

25. O revisor deve obter o conhecimento do negócio da empresa de forma a habilitá-lo a julgar ospressupostos que serviram de base à informação financeira prospectiva e a avaliar se todos ospressupostos significativos foram considerados. Este conhecimento pode ser obtido a partir de:

a) estudo e análise dos últimos Relatórios e Contas anuais submetidos aos accionistas;

b) leitura das actas dos orgãos sociais e de outros que sejam importantes para o trabalho emvista;

c) leitura de relatórios financeiros, normas e regulamentos internos;

d) entrevistas com o pessoal da empresa e outras pessoas conhecedoras do sector;

e) consulta e análise de informações sobre o sector e empresas concorrentes; e

f) aspectos legais e regulamentadores em que se enquadra a actividade.

26. Após estes procedimentos, o revisor deve ficar com um conhecimento razoável da actividade daempresa, nomeadamente sobre:

a) os recursos necessários à empresa (imobilizações corpóreas e incorpóreas, materiais emercadorias, fundos de maneio monetários, recursos humanos, etc.), bem como as fontes definanciamento utilizadas;

b) os mercados em que a empresa actua quer os dos factores (trabalho, aprovisionamentos,etc.) quer os dos produtos, a posição e as quotas da empresa no mercado, os planos de

marketing, etc.;

c) os factores específicos do sector: condições de concorrência, sensibilidade às condiçõeseconómicas, políticas contabilísticas, requisitos legais, regulamentadores, tecnológicos, etc.;

d) dados sobre o desempenho no passado de empresas comparáveis: tendências dos proveitose custos, volumes de activos, usos e capacidades das instalações, políticas de gestão, etc.

27. Para um maior desenvolvimento desta matéria, devem os revisores consultar a NormaInternacional de Revisão 30 "Conhecimento do Negócio" (ver Parte B.2.30 do Manual)

Avaliação do processo de elaboração

28. A revisão deste processo destina-se a tornar o revisor conhecedor da orientação que presidiu àidentificação dos factores-chave e da forma como se desenvolveram os pressupostos, e bemassim do processo pelo qual estes foram transpostos para a informação prospectiva. Esteconhecimento é obtido através de reuniões com a direcção e o pessoal responsável.

Avaliação e evidência dos pressupostos

29. O revisor deve executar os procedimentos que entender necessários de forma a chegar àconclusão se os pressupostos proporcionam ou não uma base razoável para as previsõesfinanceiras. Deve assegurar-se que todos os factores-chave foram identificados e que estãodevidamente documentados. A sua atenção deve concentrar-se nos pressupostos que:

a) sejam materialmente relevantes em relação às quantias da informação prospectiva;


11/23


11

b) sejam especialmente sensíveis às variações;

c) apresentem desvios em relação às tendências históricas; e

d) contenham um elevado grau de incerteza.

30. Ao avaliar a documentação que apoia os pressupostos, o revisor deve tomar em conta se:

a) foram consideradas fontes de informação suficientes e pertinentes;

b) os pressupostos são coerentes com as fontes a partir das quais foram derivados;

c) os pressupostos são coerentes entre si;

d) a informação financeira histórica e outros dados usados no desenvolvimento dospressupostos são suficientemnte credíveis para os fins desejados (isto aplica-se no caso de ainformação incluir simultaneamente dados históricos e previsionais);

e) a informação financeira e outros dados históricos usados nno desenvolvimento dospressupostos são comparáveis durante os períodos especificados ou se os efeitos dequalquer divergência foram considerados ao desenvolver os pressupostos;

f) os argumentos lógicos ou a teoria, juntamente com os dados que apoiam os pressupostos,são razoáveis.

31. O suporte documental dos pressupostos pode incluir estudos de mercado, estudos técnicos,indicadores económicos gerais, estatísticas sectoriais, tendências e padrões desenvolvidos apartir do historial das operações da empresa, e análises de dados internos, acompanhados darespectiva teoria ou apresentação lógica que a apoia.

Período coberto

32. Dado que a capacidade de formular pressupostos decresce com o tempo, o revisor deveconsiderar o "período" de tempo coberto pela informação financeira prospectiva. Deveconsequentemente atender aos factores seguintes:

- ciclo operacional;

- grau de segurança associado aos pressupostos; e

- necessidades dos utilizadores da informação.

Avaliação da peparação e apresentação da informação financeira prospectiva

33. Para avaliar a preparação e a apresentação das previsões financeiras, o revisor deve levar aefeito procedimentos que lhe proporcionem segurança razoável de que:

a) os pressupostos identificados estão devidamente considerados;

b) os pressupostos são inteiramente consistentes;

c) existe rigor matemático nos cálculos feitos para traduzir os pressupostos nas quantiasapresentadas;

d) existe consistência entre as políticas contabilísticas usadas na informação financeiraprospectiva e as que foram usadas na informação financeira histórica mais recente;

e) a apresentação das previsões/projecções financeiras segue as recomendações da CROC


12/23


12

aplicáveis; e

f) os pressupostos estão adequadamente divulgados.

34. A extensão com que devem ser executados os procedimentos de revisão depende dasconsiderações do revisor quanto:

a) à natureza e materialidade das informações usadas relativamente às previsões/projecçõesfinanceiras como um todo;

b) à probabilidade de distorções materialmente relevantes;

c) aos conhecimentos obtidos no trabalho actual e em trabalhos anteriores;

d) à competência das entidades responsáveis no que respeita à preparação da informaçãofinanceira prospectiva;

e) aos julgamentos da entidade responsável na recolha dos pressupostos; ef) à adequação da data de referência.

35. Os procedimentos de revisão podem classificar-se em três categorias:

a) procedimentos preliminares, que são os que se destinam a habilitar o revisor à execução doseu trabalho;

b) procedimentos de avaliação dos pressupostos, que consistem em testes de integralidade ede coerência dos pressupostos; os testes de integralidade destinam-se a verificar que todosos dados relevantes para a elaboração da informação financeira prospectiva foram tomadosem consideração; os testes de coerência destinam-se a detectar as contradições existentesquer nos dados que serviram de suporte quer na própria informação; e

c) procedimentos para avaliar a preparação e a apresentação da informação financeiraprospectiva, os quais se destinam a verificar o tratamento dos pressupostos e demaisinformações que deu origem à informação financeira prospectiva.

Em Apêndice são dados exemplos destes procedimentos.

36. O revisor deve considerar se as previsões financeiras, incluindo as divulgações respectivas,devem ser refeitas devido a:

a) erros matemáticos; ou

b) pressupostos não razoáveis ou inteiramente inconsistentes; ou

c) apresentação não apropriada ou incompleta; ou

d) divulgação inadequada, incompleta, dúbia ou pouco clara.

Cartas de esclarecimentos e de responsabilidade

37. O revisor deverá obter esclarecimentos por escrito da entidade responsável reconhecendo a suaresponsabilidade não só quanto à apresentação da informação financeira prospectiva mastambém quanto aos pressupostos subjacentes. Esta carta, que se recomenda que seja minutadapelo revisor, deve conter uma declaração de que as previsões financeiras apresentam, no que demelhor é do conhecimento e convicção da entidade responsável, a posição financeira, osresultados das operações, os movimentos dos fluxos de caixa e equivalentes no período previstoe que a previsão reflecte o juízo da entidade responsável, baseado nas circunstâncias presentes,


13/23


13

sobre as condições esperadas e a sua actuação esperada. Na carta devem também ser confirmadas todas as informações importantes que tenham sido prestadas ao revisor no decursoda execução dos seus trabalhos.

Papéis de Trabalho

38. O revisor deve documentar nos seus papéis de trabalho o exame efectuado de forma apropriadaàs circuntâncias e às suas necessidades face ao compromisso assumido. Conquanto não sejapraticável especificar a forma e conteúdo dos papéis de trabalho que o revisor deve preparar relativamente às verificações que efectua, por virtude das circunstâncias específicas de cadacompromisso, os seus papéis de trabalho devem proporcionar evidência que:

a) o trabalho foi adequadamente planeado e supervisionado;

b) foi considerado na determinação do âmbito da sua revisão o processo pelo qual a entidadedesenvolve as suas previsões/projecções finaceiras; e

c) foi obtida prova suficiente para proporcionar uma base razoável para a emissão do relatóriodo revisor.

Relatório e Parecer

39. Como resultado da revisão da informação financeira prospectiva o revisor transmite as suasconclusões através do seu parecer. Algumas vezes é solicitado ao revisor que o parecer formalseja suplementado com um relatório desenvolvido dirigido aos directores da empresa ou aosintermediários ou consórcios encarregados da operação motivadora da informação financeiraprospectiva.

40. Dado o carácter de incerteza da maior parte das previsões, baseadas em pressupostos cujo graude realização é mais ou menos provável, o revisor não pode proporcionar um nível elevado de

segurança como quando relata sobre a informação financeira histórica.

41. Contudo, a opinião do revisor pode ser de grande utilidade para os destinatários da informaçãofinanceira prospectiva se ela proporcionar a informação de que nada chamou a sua atenção parao levar a crer que os pressupostos da direcção não proporcionam uma base razoável para ainformação financeira prospectiva (segurança negativa) e que esta foi devidamente preparada nabase dos pessupostos e de acordo com as regras de apresentação apropriadas. Não deverá,todavia, declarar que virão ou não a ser atingidos os resultados mostrados nessa informação,embora deva sempre chamar a atenção para a contingência da informação prestada.

42. O parecer de um revisor da informação financeira prospectiva deve conter:

a) título: Parecer do revisor oficial de contas;

b) referência aos propósitos da informação e a quem esta se destina;

c) identificação da informação financeira prospectiva;

d) declaração de que a direcção é responsável pela informação financeira prospectiva, incluindoos pressupostos em que esta se baseou, assim como a definição da responsabilidade dorevisor;

e) declaração de que a revisão foi feita de acordo com as normas e recomendações de revisãogeralmente seguidas, designadamente com referência à presente Recomendação;

f) parágrafo(s) identificando:

- as reservas;


14/23


14

- os desacordos e/ou incertezas do revisor;

- as limitações;

- a falta de evidência dos pressupostos;

- as razões da opinião adversa ou da impossibilidade de opinião.

g) parágrafo do parecer contendo:

- a declaração, em forma de segurança negativa, quanto a se os pressupostosproporcionam, ou não, uma base razoável para a informação financeira prospectiva;

- a opinião se a informação financeira prospectiva está ou não devidamente preparada nabase dos pressupostos e se está ou não apresentada de acordo com as normas erecomendações aplicáveis;

h) uma advertência que os resultados prospectivos podem não ser alcançados;

i) data do parecer, nome, número de inscrição e domicílio do revisor e assinatura.

Em anexo é dado um exemplo de parecer.

43. Sempre que lhe seja pedido e tal conste da carta de compromisso, o revisor oficial de contaspoderá emitir um relatório desenvolvido, o qual variará de acordo com as condições docompromisso e as circunstâncias. Normalmente tal relatório incluirá:

• as condições do compromisso e o âmbito do trabalho;

• o resumo da informação financeira prospectiva examinada;

• resumo dos métodos aplicados nas previsões e do modelo adoptado;

• identificação dos factores-chave e principais pressupostos;

• comentários sobre a informação financeira prospectiva relativamente a:

- pressupostos mais significativos e a sensibilidade da informação a estes pressupostos;

- riscos mais significativos (económicos, políticos, sociais, etc.);

- desempenho anterior da empresa na elaboração de provisões/projecções;

- quaisquer contingências não fornecidas nas previsões/projecções; e

- sua restrição às pessoas a quem se destina e à finalidade para que foi preparado.

As conclusões devem ser apresentadas numa rubrica separada.

Recomendações

44. Um revisor só deve aceitar um compromisso de revisão de informação financeiraprospectiva se tiver as habilitações indispensáveis a este tipo de revisão e obtiver oconhecimento do sector de actividade da empresa ou entidade.

45. O compromisso assumido com o cliente deve ser objecto de uma carta de compromisso,que estabeleça o âmbito do exame, a responsabilidade da direcção pelos pressupostos epela preparação da informação financeira prospectiva e demais indicações constantes dos


15/23


15

parágrafos 20 a 23. Nesta carta de compromisso deve constar ainda o tipo de relatório, aspessoas a quem pode ser divulgado, bem como as limitações que porventura sejampostas à execução dos trabalhos.

46. O trabalho do revisor deve ser objecto de planeamento e os seus procedimentos derevisão cobrirão, entre outros, os aspectos seguintes:

a) análise do processo de preparação da informação financeira prospectiva;

b) avaliação dos pressupostos;

c) avaliação da peparação e apresentação da informação financeira prospectiva; e

d) emissão do relatório/parecer

47. O revisor deve documentar o seu trabalho de forma a evidenciar nos seus papéis detrabalho as tarefas desenvolvidas durante o exame da informação financeira prospectiva,

e a suportar a opinião expressa no relatório e/ou parecer.

48. Se a informação financeira prospectiva se afastar das regras de apresentação descritasnesta Recomendação, por exemplo, se se deixar de divulgar as consequências dequaisquer pressupostos que sejam altamente sensíveis, o revisor deve emitir um parecer com reservas ou adverso, conforme o apropriado, fazendo referência ao parágrafo ondedescreve as suas razões.

49. Se o revisor crê que um ou mais dos pressupostos significativos não constitui uma baserazoável da informação financeira prospectiva ele deve ou emitir um parecer adverso ouabandonar o compromisso.

50. Se a revisão for afectada por condições que impeçam a aplicação de um ou mais

procedimentos que o revisor considere necessários nas circunstâncias, ele deve ouabandonar o compromisso ou dar um parecer de impossibilidade de opinião e descrever alimitação no seu parecer. É exemplo de uma limitação a situação descrita no parágrafo 9.

51. Conquanto a responsabilidade pela informação financeira prospectiva seja sempre dadirecção da empresa ou entidade preparadora, o revisor oficial de contas quando for encarregado da sua preparação não deve, por razões éticas, proceder à sua revisão comvista à emissão do parecer, pois tal significaria estar a rever o seu próprio trabalho,embora a responsabilização por este tenha sido assumida por outrém.


16/23


16

Anexo

Exemplo de parecer

PARECER DO(A) REVISOR OFICIAL DE CONTAS/ SOCIEDADE DE REVISORESOFICIAIS DE CONTAS

Identificação do destinatário (quando aplicável),

Procedi(emos) à revisão das demonstrações financeiras prospectivas de _______ respeitantes a(identificar o horizonte temporal coberto), que compreendem o Balanço, a Demonstração dosResultados, a Demonstração dos Fluxos de Caixa e Equivalentes e o Anexo respectivo, incluindo ospressupostos em que se basearam, os quais se encontram descritos na nota _____ daquele Anexo.

A preparação e apresentação destas demonstrações financeiras prospectivas é da responsabilidadeda administração/gerência (ou orgão equivalente). A minha (nossa) responsabilidade é a de dar um

parecer sobre tais demonstrações com base na revisão efectuada.

A minha (nossa) revisão foi efectuada de acordo com as recomendações divulgadas pela Ordem dosRevisores Oficiais de Contas e, consequentemente, inclui os procedimentos que tive (tivemos) por necessários para avaliar os pressupostos usados e a preparação e a apresentação da informaçãoprospectiva.

Parágrafo(s) identificando reserva(s) (quando aplicável).

Baseado(s) na minha (nossa) revisão dos suportes dos pressupostos, nada chegou ao meu (nosso)conhecimento que dê lugar a crer que esses pressupostos não proporcionam uma base razoávelpara as pevisões/projecções. Em minha (nossa) opinião, as demonstrações financeiras prospectivasestão devidamente preparadas com base nos pressupostos e apresentadas numa base consistente

com as políticas contabilísticas normalmente adoptadas pela empresa (entidade).Consoante o aplicável:

a) iniciar este parágrafo por: Excepto quanto ao referido no(s) parágrafo(s) anterior(es), .....

b) substituir o parágrafo por: Pela(s) razão(ões) apresentada(s) no(s) parágrafo(s) anterior(es),é meu (nosso) parecer que os pressupostos não proporcionam uma base razoável para asprevisões/projecções. (o parágrafo seguinte é eliminado)

c) substituir o parágrafo por: Devido à importância do(s) assunto(s) descrito(s) no(s)parágrafo(s) anterior(es), não estou (estamos) em posição de expressar, e nãoexpresso(amos) qualquer parecer sobre as demonstrações financeiras prospectivas referidasacima. (o parágrafo seguinte é eliminado) Dado que frequentemente os acontecimentos

futuros não ocorrem da forma esperada, os resultados reais poderão vir a ser diferentes dosprevistos e as variações poderão ser materialmente relevantes.

Dado que frequentemente os acontecimentos futuros não ocorrem da forma esperada, os resultadosreais poderão vir a ser diferentes dos previstos e as variações poderão ser materialmente relevantes.


17/23


17

Apêndice

Nota: Este apêndice não faz parte da Recomendação Técnica e foi extraído da obra "Guide for Prospective Financial Statements" editada em 1986 pelo AICPA-American Institute of Certified Public Accountants

Exemplificação de Procedimentos de Exame

Os procedimentos que se seguem destinam-se apenas a constituir um guia para o revisor quandoproceder a um exame de demonstrações financeiras previsionais. Não é, por isso, uma listaexaustiva de todos os procedimentos possíveis nem tão pouco um quadro de procedimentosmínimos. O revisor pode atingir os mesmos objectivos através de procedimentos diferentes dos aquiilustrados.

Os procedimentos de exame dividem-se em três categorias:

a) para determinar o âmbito do exame;

b) para avaliar os pressupostos;

c) para avaliar a preparação e apresentação da previsão financeira.

a. Procedimentos para determinar o âmbito do exame

a.1 Obter conhecimento da actividade da empresa:

(i) Entrevistando o pessoal da empresa e outras pessoas conhecedoras do sector.

(ii) Consultando normas e directivas profissionais, publicações sobre assuntos do sector,livros de texto e periódicos da especialidade.

(iii) Analisando demonstrações financeiras da empresa e de outras entidades do sector.

a.2 Tomar em conta (ao obter o conhecimento da actividade da empresa):

(i) Os recursos necessários à empresa (disponibilidades e custo), matérias e mercadoriassadas; recursos humanos; capital; imobilizações (capacidade instalada).

(ii) Os mercados servidos pela empresa (natureza e condições); mercados intermédios emercados do consumidor final; quotas de mercado da empresa, planos de publicidade ede marketing.

(iii) Os factores específicos do sector: condições de concorrência; sensibilidade às

condições económicas; políticas contabilísticas; requisitos legais e regulamentadores;impacto de novas tecnologias.

(iv) Dados sobre o desempenho no passado da empresa ou de empresas comparáveis:tendências dos proveitos e custos; volume dos activos; usos e capacidade dasinstalações; políticas de gestão, etc.

a.3 Obter ou reunir a previsão financeira juntamente com uma lista dos pressupostossignificativos e suas descrições.

a.4 Rever o processo usado na preparação da informação financeira prospectiva para se ficar ciente do raciocínio pelo qual se identificaram os factores-chave e se desenvolveram ospressupostos, bem como do processo pelo qual os pressupostos são transpostos paradados prospectivos. O revisor deve obter respostas a perguntas tais como:


18/23


18

(i) Está a preparação das previsões financeiras adequadamente documentada? (O revisor pode decidir preparar um breve fluxograma abreviado do processo usado para

desenvolver as previsões financeiras.)(ii) Tem o processo sido usado no passado para gerar previsões financeiras e, caso

afirmativo, tem sido eficaz?

(iii) Que procedimentos proporcionam segurança razoável de que todos os factoressignificativos foram incluidos nos pressupostos?

(iv) Que procedimentos proporcionam segurança razoável que a previsão financeira sebaseia em pressupostos aprovados pela entidade responsável?

(v) Quais são os métodos para a recolha, cálculo e agregação dos dados prospectivos?

(vi) Que métodos identificam e quantificam o impacto das variações nos pressupostos?

(vii) Quais são os procedimentos para efectuar alterações nos princípios contabilísticos ereflecti-los nas previsões/projecções financeiras?

(viii) Se o processo usado para desenvolver as previsões/projecções financeiras tem estadoa funcionar ou se tendo sido utilizado no passado: existem procedimentos paracomparar as quantias prospectivas anteriores com os resultados históricos relativos aomesmo período e analisar as diferenças, quando aplicável? (Por exemplo, diferençasem quantias previstas/projectadas e quantias reais devem ser analisadas para se ficar com a certeza de que foram identificadas as causas.); existem procedimentos paraajustar o processo, sempre que aplicável, em consequência de tal análise?

(ix) Quem são as pessoas responsáveis pela revisão e aprovação dos procedimentos?

(x) Como se evitam ou detectam as incorrecções?

a.5 Identificar quaisquer modelos ou técnicas que sejam usados; se possível, obter umadescrição deles.

a.6 Após a revisão do processo pelo qual a parte responsável desenvolve as previsõesfinanceiras, analisar os seus pontos fortes e fracos.

a.7 Considerar a competência do pessoal da entidade envolvida no processo, incluindo o seugrau de autoridade, a experiência anterior com a empresa e o sector e a sua compreeensãotanto dos planos como do processo da empresa, em relação às suas funções no processo enas operações da empresa.

a.8 Rever a documentação não só das previsões/projecções financeiras como a do processo oude outra forma investigar se existe:

(i) Revisão e aprovação por pessoa responsável;

(ii) Determinação do efeito relativo das variações nos principais pressupostos subjacentes;e

(iii) Uso de princípios e práticas contabilísticas adequados.

a.9 Testar os elementos significativos do processo delineado para detectar ou corrigir erros decálculo.

a.10 Sempre que aplicável, rever a documentação da empresa sobre a comparação das quantias


19/23


19

contidas em anteriores previsões financeiras com os resultados reais e considerar:

(i) Se a comparação foi levada a efeito usando dados concretos e comparáveis e se as

diferenças analisadas estavam documentadas e apropriadamente suportadas;(ii) Se o processo era ajustado, quando apropriado;

(iii) Se os procedimentos no passado para desenvolver as previsões/projecções financeirasreflectiram devidamente os planos da empresa; e

(iv) Se forem observados quaisquer juízos erróneos consistentes.

a.11 Com base nos conhecimentos obtidos através dos procedimentos atrás, conceber osprocedimentos de exame para avaliar os pressupostos e a preparação e apresentação dasprevisões/projecções financeiras.

b. Procedimentos para avaliar os pressupostos

b.1 Identificar os factores-chave de que parecem depender os resultados da empresa:

(i) Avaliar não só os pressupostos listados nas previsões financeiras e os dados maispormenorizados incluídos na documentação subjacente para determinar a integralidadeda lista. Incluem-se entre os factores a considerar:

- os riscos intrínsecos do negócio;

- a sensibilidade às variações;

- a importância do impacto de factores particulares nos vários pressupostos;

(ii) Obter previsões financeiras de empresas similares, se disponíveis, e considerar se os

factores-chave incluídos nos pressupostos dessas previsões estão considerados nasdemonstrações do cliente;

(iii) Analisar os resultados de períodos anteriores para ajudar a identificar os principaisfactores que influenciaram os resultados; se estiverem disponíveis resultados históricosintercalares, considerar quaisquer desvios significativos dos padrões históricos einvestigar as causas;

(iv) Passar em revista todas as demonstrações divulgadas ao público, os planos formais e asactas do conselho de direcção tomando em conta as decisões significativas a respeito deplanos, contratos ou acordos legais;

(v) Interrogar a parte responsável com respeito a possíveis factores adicionais ou alterações

nos pressupostos acerca dos factores;(vi) Utilizando o conhecimento da empresa e do sector em que opera, investigar quaisquer

aspectos particulares de risco ou sensíveis do ramo de actividade - tendências domercado, condições de concorrência, acções e regulamentos em curso, influênciassociais, económicas, políticas e tecnológicas, e dependência de clientes e defornecedores importantes.

b.2 Avaliar se os pressupostos estão convenientemente suportados:

(i) Avaliar o suporte dos pressupostos, prestando atenção especial a pressupostosespecíficos que:

- sejam materialmente relevantes para as quantias prospectivas;


20/23


20

- sejam especialmente sensíveis às variações;

- apresentem desvios relativamente a padrões históricos; e

- sejam especialmente incertos;

(ii) Relativamente aos pressupostos dos factores-chave, obter uma lista das fontes, internase externas, de informação que a empresa utilizou ao formular os pressupostos e, atravésde testes, avaliar se a informação foi considerada na formulação dos pressupostos;

(iii) Determinar se as fontes de informação indicadas foram realmente usadas e avaliar apertinência do suporte existente e, se a informação foi obtida a partir de análises internas,considerar a necessidade de testar a informação de apoio;

(iv) Passar em revista qualquer documentação disponível dos planos da entidaderesponsável, tais como orçamentos, estimativas de despesas, declarações de políticas,

acordos contratuais, entre outros, e indagar acerca desses planos, metas e objectivos econsiderar a sua relação com os pessupostos;

(v) Investigar fontes alternativas de suporte dos pressupostos e avaliar se a preponderânciade informação disponível suporta cada pressupostos significativo;

(vi) Indagar acerca de, e analisar, os dados históricos utilizados no desenvolvimento dasquantias prospectivas para verificar:

- se são comparáveis e consistentes com o período de previsão;

- se são suficientemente credíveis relativamente às finalidades;

(vii) Se foram preparadas demonstrações financeiras históricas relativamente a uma parte já

decorrida do período prospectivo, rever os dados históricos e considerá-los em relaçãoaos resultados prospectivos do mesmo período;

(viii) Se a previsão financeira se basear nos resultados financeiros históricos quanto a parte doperíodo de previsão, e se essa parte for significativa para a apresentação, fazer umarevisão da informação financeira histórica em conformidade com os padrões aplicáveis auma revisão;

(ix) Considerar esquemas alternativos de desenvolvimento dos pressupostos (por exemplo,se o pressuposto das vendas foi desenvolvido através da agregação de estimativasindividuais de vendedores, considerar a comparação dos pressupostos com os padrõeshistóricos) e considerar também a experiência de outros modelos e técnicas;

(x) Avaliar se a apresentação se estende a período de tempo para o qual não se encontrasuporte conveniente disponível, considerando:

- a natureza do sector da empresa;

- padrões de desempenho passado da empresa ou de empresas comparáveis;

(xi) Quando apropriado, considerar a confirmação com fontes externas da informação queapoia os pressupostos, (por exemplo, se o conjunto das encomendas de vendas for significativo para a previsão financeira e não estiver adequadamente suportado,considerar o envio de pedidos de confirmação por escrito aos clientes da empresa);

(xii) Se o suporte dos pressupostos dos factores-chave provir de peritos, tais comoadvogados, engenheiros, economistas, bancos de investimento, arquitectos, etc:


21/23


21

- considerar a sua posição profissional;

- considerar a utilização do trabalho de um outro perito na matéria;

- passar em revista os dados e os planos da empresa submetidos ao perito, a fim deapreciar a consistência com as previsões financeiras e os dados de suporte;

(xiii) Se os pressupostos acerca do tratamento fiscal das transacções prospectivas foremsensíveis, obter suporte para a sua adequação:

a) analisando as transacções prospectivas no contexto das leis fiscais aplicáveis, ou

b) obtendo um parecer quanto a tais matérias do consultor fiscal da empresa ou de outroespecialista;

(xiv) Obter uma declaração de responsabilidade da entidade responsável;

(xv) Considerar a obtenção de uma carta do consultor jurídico do cliente, à data do relatório,cobrindo:

- litígios, reclamações e contencioso;

- legalidade de quaisquer alterações importantes planeadas (tais como questões demarketing, impacto ambiental ou patentes) e outras matérias (como seja o impacto denovas leis que afectem o sector).

c. Procedimentos para avaliar a preparação e apresentação da informação financeiraprevisional

c.1 Testar o rigor matemático de, ou executar, os cálculos feitos ao transpor os pressupostos

para quantias de informação financeira prospectiva.c.2 Avaliar se os dados foram apropriadamente agregados:

(i) Avaliando a adequação das equações matemáticas, das técnicas estatísticas ou dosprocedimentos de criação de modelos;

(ii) Refazendo os cálculos numa base de teste;

(iii) Seguindo o rasto de quantias agregadas até à previsão financeira.

c.3 Determinar se os pressupostos listados são os que foram usados na preparação daprevisão/projecção financeira.

c.4 Determinar se os efeitos de cada pressuposto em todas as quantias da informação financeiraprospectiva com eles relacionada foram reflectidos na apresentação.

c.5 Determinar se qualquer pressuposto está em contradição ou é inconsistente com um outro.

c.6 Passar em revista a relação entre dados financeiros e outros, utilizando métodosmatemáticos e outros apropriados.

c.7 Passar em revista ajustamentos feitos nos dados, considerando se são, ou não, justificados erazoáveis em relação a outras informações e se o seu impacto foi, ou não, devidamentereflectido na previsão financeira.

c.8 Se dados históricos relativos a parte do período de previsão/projecção financeira estiveremincluídos na previsão/projecção financeira, seguir o rasto das quantias a partir dos livros,


22/23


22

registos e outras fontes indicadas até à previsão financeira.

c.9 Determinar se a apresentação financeira é adequada, considerando as questões seguintes:

(i) Está a previsão/projecção financeira apresentada segundo o modelo em que se esperaque as demonstrações financeiras históricas venham a ser emitidas? Em caso negativo,apresentam-se os items necessários?

(ii) São os princípios contabilísticos utilizados:

- consistentes com os utilizados nas demonstrações financeiras históricas?

- consistentes com os que se espera venham a ser utilizados em futurasdemonstrações financeiras (incluindo alterações esperadas nos princípioscontabilísticos)?; e

- os princípios contabilísticos geralmente aceites ou os baseados noutra base global de

contabilidade?(iii) É a base de contabilidade utilizada:

- consistente com a usada nas demonstrações financeiras históricas? e

- conciliada com os modelos históricos, quando diferente, ou descrevem-se asdiferenças?

(iv) Estão os pressupostos adequadamente divulgados?

(v) Estão os pressupostos sensíveis adequadamente identificados?

(vi) Se for divulgado o impacto de uma variação num pressuposto, está o facto

apropriadamente exposto?(vii) Está a previsão/projecção financeira apropriadamente distinguida das demonstrações

financeiras históricas?


23/23


23

Notas de Fim

1 (Janela-flutuante - Caixa)Correspondente ao conceito de "caixa e seus equivalentes" definido na Directriz Contabilística Nº 14, da Comissão deNormalização Contabilística, Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Manual Do Revisor

Documents

Transcript of Manual Do Revisor