James Kudo | Topofilia

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James Kudo - Topofilia

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Catálogo da exposição 'Topofilia' de James Kudo realizada na Zipper Galeria | De 13 de Agosto a 10 de Setembro, 2011

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James Kudo - Topofilia

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Sem título [Untitled], 2011, esmalte sobre ferro e pedra [enamel on iron and stone], 70 x 70 x 100 cm [27.5 x 27.5 x 39.3 in] Sem título [Untitled], 2011, livros e madeira [books and wood], 88 x 40 x 40 cm [34.6 x 15.7 x 15.7 in] capa [cover]: Série Puxados [Puxados Series], 2011, acrílica sobre tela [acrylic on canvas], 120 x 200 cm [47.2 x 78.7 in]

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Rua Estados Unidos, 1494CEP 01427 001São Paulo - SP - Brasil+55 (11) 4306 [email protected]

2a a 6a 10:00 - 19:00sábados 11:00 - 17:00

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TopofiliaNatureza, arquitetura, padronagens. O uso da imagem empreendido por James Kudo articula-se entre

construções e ameaças. Ladeando garças e galhos de vegetações variadas, vemos serras elétricas e espingardas.

A floresta intuída no empastelado violáceo ao fundo da pintura evidencia a nebulosa construção industrial,

uma usina. Segundo o artista, na cidade onde nasceu, uma parte da paisagem fora submersa pela construção

de uma hidroelétrica.

James Kudo trata destes assuntos de maneira ímpar. O que poderia ser melancólico, acusatório, aviva-

se em cores e efeitos luminosos. Ora trata a natureza como imitação (destino inevitável), ora as arquiteturas

são caixas, como se processadas pelo desenho industrial. O artista nunca nos dá acesso ao mundo ideal,

já que tudo está mimetizado como estampas. Ainda assim, o caráter edênico de um lugar “topos” habita

pretensões utópicas. Se quisermos a narrativa, teremos que nos contentar com possibilidades associativas,

metafóricas, nunca a literalidade. O negrume da floresta coaduna-se com partes de uma construção em

madeira artificializada. A recorrente emulação de mimetismos, imitando veios de madeira como superfícies

adesivas, por exemplo, contribui para criação de dualidades entre denúncia e aceitação do imponderável. A

indústria que exercera o desmatamento é a mesma que cria as superfícies falaciosas, substituindo madeira

por efeitos. O patrimônio industrial, afirmará Pierre-Jeudy, constitui-se como entrave para as cidades. Por que

preservar o que causou a destruição?

Na exposição Topofilia, primeira individual de James Kudo na Zipper Galeria, temos variados exemplos

da potência de um artista atento a distintos mecanismos de criação. A pintura, brincando entre planaridades,

efeitos de superfície, imagens prototípicas, deixa-se contaminar por referências da moda e da tradição.

Memória e maquiagem. Assuntos densos. Alegrias artificiais. Sobre uma pedra achada há anos, uma imagem

intrigante, uma linha branca natural. Kudo elabora, então, a extensão da linha como contorno para o desenho

de uma casa. O que há de exuberância na pintura, neste trabalho sintetiza-se com força e delicada precisão

escultórica. Como na poesia de Waltércio Caldas, a imagem lida com materiais de aparência contrastante,

contraditória, mas que a vontade construtiva transborda elemento em espacialidade. James, assim, continua

o desenho, integrando e trazendo para si a pedra que “entranha a alma”, como já nos alertara João Cabral.

Os livros são “objetos transcendentes”, afirmara Caetano Veloso, “mas podemos amá-los com amor

tátil”. Um dos caminhos mais interessantes da exposição Topofilia é o conjunto de livros apropriados, antigos,

rodeados por cogumelos feitos em madeira e pintados com guache. As peças aparentam convivência

harmoniosa, novamente, entre o que pode ser a evidência de uma destruição, um desfazimento. James aplica

os cogumelos e retoma o que no livro é natureza. Ali o processamento das árvores, na produção do papel, não

impediu a vida das formas, a seiva das madeiras combinou-se com a umidade do ar. E assim, brotam-se, como

flores, fungos, imagem apocalíptica, espetacular.

A arte de James Kudo convive com a vanitas, afirmação de que a vida é finita. Enquanto isso, natureza,

paisagem, processamento industrial espelham-se uns aos outros. E nos resta acreditar na ilusão. A contradição,

o contrassenso são as matérias-primas para a criação artística.

Marcelo Campos

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Caveira, 2011, acrílica sobre tela [acrylic on canvas], Ø 180 cm [Ø 70.8 in]

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Caveira, 2011, acrílica sobre tela [acrylic on canvas], Ø 180 cm [Ø 70.8 in]

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TopofiliaNature, architecture, patterns. James Kudo’s use of image is developed between constructions and threats.

Flanking the herons and varied branches of vegetation, one can see chainsaws and shotguns. The forest

intuited in the confusion of violet at the bottom of the painting reveals the misty building of an industrial plant.

According to the artist, in his hometown, part of the landscape was razed for the construction of a hydroelectric

power station.

James Kudo addresses these matters in a unique manner. What might have been melancholic or accusative

comes alive in bright colours and effects. Sometimes dealing with nature as imitation (inevitable destiny),

sometimes with architecture as boxes, as if processed by industrial design. The artist never allows us access

to the ideal world, as everything is mimicked like prints. Nevertheless, the Edenic character of a “topos”

place inhabits utopic ideas. If we want the narrative, we will have to content ourselves with the associative,

metaphoric possibilities, never the literalness. The darkness of the forest blends with parts of a building in

artificialized wood. The recurrent emulation of mimickings, imitating grains of wood like adhesive surfaces,

for example, contributes to the creation of dualities between denouncing and accepting the unthinkable. The

industry that had practised deforestation is the same one that creates the fake surfaces, replacing wood with

effects. The industrial heritage, Pierre-Jeudy will state, forms a kind of obstacle for the cities. Why preserve that

which caused the destruction?

The exhibition Topofilia, James Kudo’s first solo show at Zipper Galeria, brings several different examples

of the power of an artist sensitive to the distinct mechanisms of creation. His painting, which plays with planes,

surface effects and prototype images, is allowed to be contaminated by references from the fashion world

and tradition. Memory and make-up. Dense topics. Artificial joys. On a stone found years ago, an intriguing

image, a natural white line. Kudo then develops the extension of the line as the outline for the drawing

of a house. What his painting has of the exuberant, in this work is harmonized with strength and delicate,

sculptural precision. Like in the poetry of Waltércio Caldas, the image deals with materials of contrasting,

contradictory appearance, but in which the constructive will overflows with elements in spatiality. James,

therefore, continues the drawing, integrating and bringing to himself the stone that “penetrates the soul”, as

João Cabral had alerted us.

Books are “transcendent objects”, Caetano Veloso once said, “but we can love them with tactile love.”

One of the most interesting paths of the Topofilia exhibition is the set of appropriated books, old and encircled

by wooden, gouache-painted mushrooms. The pieces seem to display harmonious living, again, between

what could be the evidence of a destruction, an undoing. James applies the mushrooms and resumes what

in the book is nature. There the processing of trees, in paper production, did not impede the life of the forms,

the sap of the timbers was combined with the moisture in the air. And thus, like flowers, sprout the fungi, an

apocalyptic, spectacular image.

James Kudo’s art lives in harmony with the vanitas, the affirmation that life is finite. Meanwhile, nature,

landscape and industrial processing are mirrored in each other. And we are left with believing in the illusion.

Contradiction and nonsense are the the raw materials for artistic creation.

Marcelo Campos translation by Ben Kohn

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Sem título [Untitled], 2010, acrílica sobre tela, [acrylic on canvas], Ø 80 cm [Ø 31.4 in]

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Sem título [Untitled], 2010, acrílica sobre tela, [acrylic on canvas], Ø 80 cm [Ø 31.4 in]

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Usina, 2009, acrílica sobre tela, [acrylic on canvas], Ø 80 cm [Ø 31.4 in]

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Sem título [Untitled], 2011, guache sobre papel, [gouache on paper], 61 x 48 cm [24 x 18.8 in]

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Sem título [Untitled], 2011, guache sobre papel, [gouache on paper], 61 x 48 cm [24 x 18.8 in]

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Rorschach, 2011, acrílica sobre tela [acrylic on canvas], 160 x 400 cm [62.9 x 157.4 in]

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James KudoPereira Barreto, Brasil [Brazil], 1967

Vive e trabalha em [lives and works in] São Paulo, Brasil [Brazil]

Formação [Education]1992-1994 •Art Student League, Nova York [New York], EUA [USA]1990 •Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Brasil [Brazil]

Exposições Individuais [Solo Exhibitions] 2009 •Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brasil [Brazil]2008 •Promo-arte Latin American Art, Tóquio [Tokyo], Japão [Japan]2007 •Dan Galeria, São Paulo, Brasil [Brazil]2005 •AIDEC Gallery, Tóquio [Tokyo], Japão [Japan] •Galerie Paris, Yokohama, Japão [Japan]2004 •Promo-arte Latin American Art, Tóquio [Tokyo], Japão [Japan] •Sobre Pedras, Caixas e Esperanças. Espaço Cultural Ateliê Mineiro, Pouso Alegre, Brasil [Brazil]2003 •Sobre Pedras, Caixas e Esperanças. Galeria Deco, São Paulo, Brasil [Brazil]2002 •Brazilian American Cultural Institute. Washington, EUA [USA]2001 •Dan Galeria, São Paulo, Brasil [Brazil] •Promo-arte Latin American Art, Tóquio [Tokyo], Japão [Japan]1998 •Kunstraum Notariat Schallok, Nuremberg, Alemanha [Germany] •Galeria Candido Mendes, Rio de Janeiro, Brasil [Brazil]1996 •Museu de Arte de Ribeirão Preto, Brasil [Brazil] •Bipi’s Galerie, Colônia [Cologne], Alemanha [Germany]1995 •Promo-arte Latin American Art, Tóquio [Tokyo], Japão [Japan] •SESC Paulista, São Paulo, Brasil [Brazil]1994 •Museu de Arte Contemporânea de Campinas, Brasil [Brazil] •Promo-arte Latin American Art, Tóquio [Tokyo], Japão [Japan] 1993 •Icaro Gallery, Nova York [New York], EUA [USA] •Fundacao Mokiti Okada, São Paulo, Brasil [Brazil]1992 •Amerasia Bank, Nova York [New York], EUA [USA]

Exposições Coletivas [Group Exhibitions]2011 •Realidades / Desenho Contemporâneo Brasileiro. SESC Pinheiros, São Paulo, Brasil [Brazil] •Projeto Parede: Grupo Cada-ver. Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil [Brazil]2010 •Arsenal. Galeria Emma Thomas, São Paulo, EUA [USA]2009 •Alcova. Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brasil [Brazil] •Co-labor. Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro, Brasil [Brazil]2008 •Entre Oceanos – 100 Anos de Aproximação entre Brasil e Japão. Galeria Marta Traba, Memorial da America Latina, São Paulo, Brasil [Brazil] •Inicio Após 100 Anos: Brasil – Japão. Galeria Deco, São Paulo, Brasil [Brazil] •Montanhas, Marinhas e Outras Miragens. Galeria Mezanino, São Paulo, Brasil [Brazil] •Nipo-Brasileiros no Acervo da Pinacoteca. Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil [Brazil] •Trajetória das Artes Plásticas Nikkey do Brasil. Ehime, Japão [Japan]; Yokohama, Japão [Japan]; Kumamoto, Japão [Japan] •100 Anos de Arte Nikkey no Brasil. Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil [Brazil]; Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília, Brasil [Brazil]; Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo, Brasil [Brazil] •O Japão em Cada Um de Nós. Espaço de Exposição do Banco Real, São Paulo, Brasil [Brazil] •Do Yukio ao Mangá. Bovespa, São Paulo, Brasil [Brazil] •Creativ Art Session 2008. Kawasaki City Museum, Japão [Japan] •Japan International Cooperation Agency, Yokohama, Japão [Japan]2007 •Novos Representados. Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brasil [Brazil]2004 •Entre Hemisférios. AION Gallery, Vancouver, Canadá [Canada]2003 •Diretrizes. Casa da Cultura de Ribeirão Preto, Brasil [Brazil] •Palmo Quadrado. Centro Cultural Alumni, São Paulo, Brasil [Brazil] •Gerações. Espaço de Arte, Universidade Cidade de São Paulo, Brasil [Brazil]2002 •Entre Hemisférios. Günter Braunsberg Galerie, Nuremberg, Alemanha [Germany]2000 •Today: Latin American & Caribbean Art Contemporary Art. Mira Museum, Matsuyama, Japão [Japan]1998 •Tannan Art Festival ’98. Fukui, Japão [Japan] •Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubrian, Brasil [Brazil]1997 •Cem Anos de Amizade Brasil/Japão. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Brasil [Brazil]1996 •Easy Pop Art Show. Fukui, Japão [Japan] •Five Brazilian Artists. Tannan Art Festival, Fukui, Japão [Japan] •Artistas Nikkeys Contemporâneos. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Brasil [Brazil]1995 •Museu de Arte de Ribeirão Preto, Brasil [Brazil] •Afluentes. Casa do Olhar, Santo André, Brasil [Brazil] •Wege Marken. Ibero Amerikanisches Institut, Berlim [Berlin], Alemanha [Germany] •Galerie Tiegarten, Berlim [Berlin], Alemanha [Germany] •Universidade da Amazônia, Belém, Brasil [Brazil] •Artistas Japoneses e Nipo-Brasileiros Contemporâneos. Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil [Brazil] •Mostra Comemorativa do Centenário da Amizade Brasil-Japão. Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, Brasil [Brazil] •Mostra de Arte Brasil-Japão. Fundação Mokiti Okada, São Paulo, Brasil [Brazil] •Contemporary Brazilian Nikkey Artists. Tóquio [Tokyo], Japão [Japan]; Gifu, Japão [Japan]; Tokushima, Japão [Japan]; Niigata, Japão [Japan]; Yokosuka, Japão [Japan]; Ohta, Japão [Japan]1994 •Kultur Fabrik, Roth, Alemanha [Germany] •Fundação Mokiti Okada, São Paulo, Brasil [Brazil]1987 •Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Brasil [Brazil]

Coleções [Collections]•Bank Boston, São Paulo, Brasil [Brazil] •Coleção Banco Real, São Paulo, Brasil [Brazil] •Coleção Itaú, São Paulo, Brasil [Brazil] •Coleção Metrópolis/TV Cultura, São Paulo, Brasil [Brazil] •Coleção SESC, São Paulo, Brasil [Brazil] •Hyogo Museum of Art, Kobe, Japão [Japan] •Jens Olensen, Lundby, Dinamarca [Denmark] •Miura Gallery of Fine Art, Matsuyama, Japão [Japan] •Museu da Imigração Japonesa, Registro, Brasil [Brazil] •Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil [Brazil] •Museu de Arte Nipo-Brasileira, Brasil [Brazil] •Museu de Arte de Ribeirão Preto, Brasil [Brazil] •Núcleo Henfil de Arte, São Bernando do Campo, Brasil [Brazil] •Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil [Brazil] •Universidade da Amazônia, Belém, Brasil [Brazil]

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Série Usina [Usina Series], 2011, acrílica sobre tela [acrylic on canvas], 150 x 160 cm [59 x 62.9 in]

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Realização I Accomplished by

Impressão I Printed by

Projeto Gráfico l Graphic Design

Fotos | Photos by

Valentino Fialdini

© agosto 2011

James Kudo agradece:Fabio Cimino, Danilo Beltran, Paula Braga, Lucas Cimino, Deborah Alves, Ana Pacianotto, Silvio Tobias, Andreia Marin, Kako, Lilian Komatsu, Marcelo Campos, Hildebrando de Castro, Flavio Bragança, Rachel Hoshino, Efrain Almeida, Vardirlei Dias Nunes, Alex Bertini, Darlene Oliveira e Yasushi Taniguchi.

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Sem título [Untitled], 2011, acrílica sobre tela [acrylic on canvas], 180 x 200 cm [70.8 x 78.7 in]

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