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Ismael Araújo Neiva outubro de 2015 Universidade do Minho Escola de Ciências UMinho|2015 Ismael Araújo Neiva Relatório de atividade profissional Mestrado em Optometria Avançada Relatório de atividade profissional Mestrado em Optometria Avançada

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  • Ismael Araújo Neiva

    outubro de 2015

    Universidade do Minho

    Escola de Ciências

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    Relatório de atividade profissional Mestrado em Optometria Avançada

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  • Ismael Araújo Neiva

    outubro de 2015

    Universidade do Minho

    Escola de Ciências

    Mestrado em Optometria Avançada

    Relatório de atividade profissional Ao abrigo do Despacho RT-38/2011

    Trabalho efetuado sob a orientação do Prof. Doutor Jorge Manuel Martins Jorge

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    iv

    Agradecimentos

    Gostava de agradecer a todas as pessoas que comigo trabalharam e que de certa

    forma colaboraram na minha caminhada profissional.

    Quero também agradecer ao meu orientador Prof. Doutor Jorge Jorge.

    E um agradecimento muito especial à minha companheira Alda e minhas filhas

    Maria João e Leonor.

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    v

    Resumo

    O presente documento constitui o meu relatório de atividade profissional,

    elaborado em substituição da tese de dissertação do Mestrado em Optometria

    Avançada ao abrigo do despacho RT-38/2011. O objetivo deste relatório de atividade

    profissional é resumir a minha atividade enquanto optometrista ao longo dos 18 anos

    de atividade profissional. Inicia-se o relatório descrevendo a atividade desenvolvida e

    os locais onde foi desenvolvida por uma ordem cronológica. Na segunda parte do

    relatório, é apresentado e analisado um conjunto de casos clínicos que surgiram no

    decorrer desse período, recorrendo a fundamentos teóricos para a sua compreensão.

    Pretende-se expor casos que quer pela sua frequência quer pela sua relevância clinica

    possam ser úteis para a comunidade optométrica.

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    vi

    Abstract

    This document is my professional activity report drawn up to replace the

    Master's dissertation thesis in Advanced Optometry under the RT- 38/2011 order. The

    purpose of this professional activity report is to summarize my activity as optometrist

    over the 18 years of occupation. Begins the report describing the activity performed

    and the places where it was developed by a chronological order. In the second part of

    the report is presented and analyzed a set of clinical cases that arose during this

    period, using the theoretical foundations for their understanding. It is intended to

    expose cases either by frequency or by their clinical relevance can be useful for the

    optometric community.

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    vii

    Índice

    Agradecimentos .................................................................................................... iv

    Resumo .................................................................................................................. v

    Abstract ................................................................................................................ vi

    Tabelas .................................................................................................................. ix

    Figuras ................................................................................................................... x

    1 Descrição da Atividade Profissional ............................................................... 11

    1.1 Introdução ............................................................................................. 11

    1.2 Enquadramento da atividade profissional .............................................. 11

    1.3 Percurso profissional ............................................................................. 11

    1.4 Formação continua ................................................................................ 12

    2 Apresentação de casos ................................................................................. 13

    2.1 Caso 1: Evolução da Miopia ................................................................... 14

    2.2 Caso 2: Catarata Traumática .................................................................. 21

    2.3 Caso 3: Catarata Nuclear ........................................................................ 25

    2.4 Caso 4: Disfunção da Visão Binocular - Inflexibilidade Acomodativa....... 31

    2.5 Caso 5: Ambliopia refrativa .................................................................... 35

    2.5.1 Caso 5.1: Ambliopia refrativa Hipermetropica .................................... 35

    2.5.2 Caso 5.2: Ambliopia Refrativa por Astigmatismo ................................ 37

    2.6 Caso 6. Lentes de Contacto Progressivas ................................................ 43

    3 Conclusões .................................................................................................... 47

    4 Referências Bibliográficas ............................................................................. 48

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    viii

    Abreviaturas

    Add Adição

    AO Ambos Olhos

    ARN Reservas Fusionais Negativas

    ARP Reservas Fusionais Positivas

    AV Acuidade Visual

    BN Base nasal

    BT Base temporal

    cc com correção

    Cm Centímetro

    CPM Ciclos por minuto

    csx com subjetivo

    D Dioptria

    FA Flexibilidade acomodativa

    LC Lentes(s) de Contacto

    LIO Lente Intraocular

    mm milímetro

    OD Olho Direito

    OE Olho Esquerdo

    PIO Pressão intraocular

    PPC Ponto próximo de convergência

    Rx Refração

    sc sem correção

    Sx Sobre Refração

    TV Terapia Visual

    VL Visão de Longe

    VP Visão de Perto

    Δ Dioptria prismática

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    ix

    Tabelas

    Tabela 2.1 Caso 1. Dados clínicos obtidos na 1ª consulta...................................... 15

    Tabela 2.2 Caso 1. Consulta seguimento 1. ........................................................... 16

    Tabela 2.3 Caso 1. Consulta seguimento 2. ........................................................... 16

    Tabela 2.4 Caso 1. Consulta seguimento 3. ........................................................... 17

    Tabela 2.5 Caso 1. Consulta seguimento 3, adaptação de lente de contacto

    hidrófila. ..................................................................................................................... 17

    Tabela 2.6 Caso 1. Consulta seguimento 4. ........................................................... 18

    Tabela 2.7 Caso 1. Consulta seguimento 4, adaptação de lente de contacto

    hidrófila. ..................................................................................................................... 18

    Tabela 2.8 Caso 2. Consulta seguimento 1. ........................................................... 23

    Tabela 2.9 Caso 3. Dados clínicos da primeira consulta. ....................................... 26

    Tabela 2.10 Caso 3. Dados clínicos 1ª consulta de seguimento. ............................ 27

    Tabela 2.11 Caso 3. Dados clínicos da 2ª consulta de seguimento. ....................... 28

    Tabela 2.12 Caso 4. Sinais e Sintomas da Inflexibilidade Acomodativa. ................ 31

    Tabela 2.13 Caso 4. Dados clínicos obtidos na 1ª consulta. ................................... 32

    Tabela 2.14 Caso 4. Cateterização das anomalias acomodativas .......................... 33

    Tabela 2.15 Caso 5.1. Dados clínicos obtidos na 1ª consulta. ............................... 36

    Tabela 2.16 Caso 5.2. Resultado dos exames realizados na primeira consulta. ..... 38

    Tabela 2.17 Caso 5.2. Resultados obtidos na 2ª consulta. ..................................... 39

    Tabela 2.18 Caso 5.2. Resultados obtidos na 3ª consulta. ..................................... 40

    Tabela 2.19 Caso 6. Dados clínicos obtidos na consulta. ....................................... 43

    Tabela 2.20 Caso 6. Características das lentes pedidas e resultados do exame com

    as lentes. ..................................................................................................................... 44

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    x

    Figuras

    Figura 1. Representação gráfica da evolução da miopia no paciente…………………… 19

    Figura 2. Gráfico sobre o efeito de diferentes estratégias na retenção da

    progressão da miopia………………………………………………………………………………….……..

    20

    Figura 3. Exemplo de uma catarata traumática……………………………………………………

    Figura 4. Evolução de uma catarata nuclear (menos grave 1 até severa 7)…………..

    Figura 5. Exemplo de uma catarata nuclear…………………………………………………………

    Figura 6. Escala de classificação de cataratas……………………………………………………….

    Figura 7. LC multifocal esférica, lente D olho dominante e lente N olho não

    dominante……………………………………………………………………………………………………….....

    Figura 8. LC multifocal tórica, lente D olho dominante e lente N olho não

    dominante………………………………………………………………………………………………………….

    21

    25

    28

    30

    45

    46

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    11

    1 Descrição da Atividade Profissional

    1.1 Introdução

    Neste capítulo do relatório de atividades realizo um enquadramento da atividade

    profissional e um resumo do percurso profissional.

    1.2 Enquadramento da atividade profissional

    Dei início à minha atividade profissional em Outubro de 1997. A minha atividade

    profissional como optometrista prende-se com a prestação de cuidados primários da

    saúde visual. O meu trabalho foi direcionado para o diagnóstico e correção de

    problemas de visão não patológica, através de lentes oftálmicas e/ou lentes de

    contacto e/ou terapia visual, com o objetivo de diminuir a sintomatologia e melhorar o

    desempenho visual dos pacientes.

    1.3 Percurso profissional

    No último ano da licenciatura em Física Aplicada Ramo Ótica – Especialização em

    Optometria, realizei um estágio curricular com a duração de 6 meses na empresa

    DUARTE NEIVA, LDA, sita em S. Mamede de Infesta, tendo desempenhado funções de

    optometrista e contactologista. Após o término do referido estágio comecei a exercer

    as mesmas funções na empresa CENTRO OPTICO IBERICO, LDA até Dezembro de 1998,

    na qual desempenhava funções nos diversos Gabinetes de Optometria, situados em

    Barcelos, Vila Verde, Valença e Melgaço. De Março de 1999 a Abril de 2000 exerci

    Optometria e contactologia em Bragança na empresa OPTICA TRANSMONTANA e

    OPTICA OSCAR. A partir de Maio de 2000 e até à presente data sou sócio gerente da

    empresa MULTIOLHAR, LDA situada em Ponte da Barca. De salientar que desde

    Setembro de 2000 que realizo Optometria e contactologia como Free-Lancer a par com

    as tarefas desempenhadas na MULTIOLHAR em diversas Óticas no norte do país

    (INSTITUTO OPTICO VILA REAL, OPTIMONÇÃO, OPTICA JOSÉ COSTA, OPTICA VARZIM e

    CENTRO OPTICO de BARROSELAS).

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    12

    1.4 Formação continua

    Para além da formação académica, feita durante a licenciatura e agora reforçada

    com a frequência no Mestrado em Optometria Avançada, tenho participado com

    frequência em inúmeros congressos, palestras, workshops e outros tipos de formações

    teóricas e práticas.

    A formação contínua é fundamental para o desempenho da profissão de

    Optometrista, pois tem-se assistido constantemente ao desenvolvimento de novos

    equipamentos e de novas técnicas de exame e é necessário a constante atualização

    assim como a troca de experiências com outros colegas.

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    13

    2 Apresentação de casos

    Após esta breve apresentação da minha atividade profissional, são apresentados

    alguns casos clínicos exemplificativos do trabalho desenvolvido ao longo dos 18 anos

    da minha atividade profissional, assim como algumas considerações e comentários

    considerados relevantes para os referidos casos.

    Em cada caso é feita uma introdução teórica, seguida de uma apresentação dos

    achados clínicos, o diagnóstico, o plano de tratamento é também feita uma discussão

    sobre cada caso nomeadamente sobre as opções de tratamento e de seguimento.

    São apresentados no total 7 casos sobre várias temáticas, dos quais 2 casos estão

    inseridos na mesma temática que é a ambliopia.

    O último ponto é dedicado às conclusões onde se realça a importância da

    frequência do Mestrado em Optometria Avançada para o meu futuro profissional.

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    14

    2.1 Caso 1: Evolução da Miopia

    Introdução:

    A miopia tornou-se um foco de atenção devido ao seu dramático incremento a

    nível mundial. A sua prevalência nas populações jovens de alguns países da Asia já

    representa cerca de 90%, e tem vindo a aumentar estimando-se em 1/3 da população

    dos Estados Unidos da América (EUA). 1,2

    Normalmente a miopia desenvolve-se apartir dos 8 anos até aos 15-16 anos e em

    média tem um incremento progressivo de cerca de 0,50D por ano.3

    São enumeros os factores avançados para o desenvolvimento da miopia, factores

    esse que vão desde factores genéticos até factores ambientais. O principal sintoma é a

    visão desfocada ao longe.4

    Os óculos são muitas vezes o tratamento inicial para crianças com miopia visto

    que proporcionam uma visão nitida com poucos efeitos colaterais. O uso de óculos

    com lentes côncavas proporcionam a correção da miopia porque focam luz

    posteriormente, resultando uma imagem nitida e focada na retina. As lentes de

    contato são normalmente uma opção de tratamento secundário para as crianças

    porque exigem uma maior destreza e responsabilidade para cuidar delas. As lentes de

    contato são também um fator acrescido para potenciais problemas de saude ocular.4

    Dados clínicos:

    Rapariga, 9 anos, estudante

    1ª Consulta: 11/2003

    Motivo da consulta:

    Paciente apresenta dificuldade na visão de longe. Apercebeu-se que no último ano

    começou a ter dificuldade em ver para o quadro e para a televisão.

    Sem mais informações relevantes.

    Dados mais relevantes:

    Na tabela 2.1 apresento os dados mais relevantes obtidos na 1ª consulta.

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    15

    Tabela 2.1 Caso 1. Dados clínicos obtidos na 1ª consulta.

    OD OE AO

    AV VL sc 7/10 8/10 8/10

    Retinoscopia (D) -1,50 -1,00

    Exame subjetivo (D) -1,50 (10/10) -1,25 (10/10) 12/10

    Fusão --- --- Sim

    Fundo Olho Normal Normal ---

    Biomicroscopia Normal Normal ---

    Na tabela 2.1 verifica-se a existência de uma miopia baixa que face aos dados

    obtidos na anamnese não existia há 2 ou 3 anos atrás.

    Diagnóstico:

    Miopia adquirida.

    Tratamento:

    Prescrição de óculos para uso constante.

    2ª Consulta: 04/2004

    Motivo da consulta:

    Apresenta-se à consulta 5 meses após o primeiro exame com os sintomas muito

    similares ao da primeira consulta.

    Na tabela 2.2 apresento os resultados da primeira consulta de seguimento. Na

    qual se verificou que num curto espaço de tempo a miopia teve uma progressão um

    pouco eleva, passou de -1,50D no OD e -1,00D no OE para -2,25D em ambos os olhos

    (AO).

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    Ismael Neiva

    16

    Tabela 2.2 Caso 1. Consulta seguimento 1.

    OD OE AO

    Retinoscopia (D) -2,00 -2,00

    Exame subjetivo (D) -2,25 (10/10) -2,25 (10/10) 12/10

    Cover Test ortoforia

    Fusão Sim

    Nesta consulta foram dados à paciente alguns conselhos acerca da realização das

    tarefas de visão próxima, nas quais deveria manter uma distancia de trabalho mais

    afastada dos seus olhos no sentido de melhorar a sua higiene e ergonomia visual.

    Tratamento:

    Prescrição de novas lentes.

    3ª Consulta: 10/2005

    Motivo da consulta:

    Dezoito meses depois, apresenta-se na consulta, referindo que nota uma ligeira

    dificuldade na visão de longe e que por vezes tem dores de cabeça.

    Na tabela 2.3 verifica-se que há um aumento da miopia que podemos considerar

    dentro dos parâmetros normais para o espaçamento entre consultas, de salientar que

    no OE surge um ligeiro astigmatismo que não existia nos primeiros exames.

    Tabela 2.3 Caso 1. Consulta seguimento 2.

    OD OE AO

    Retinoscopia (D) -2,50 -2,50

    Exame subjetivo (D) -2,75 (10/10) -2,75 -0,50 x 175 (10/10)

    Fusão Sim

    Tratamento:

    Prescrição de novas lentes.

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    Ismael Neiva

    17

    Nesta consulta foi abordado com os pais a possibilidade de utilização de lentes de

    contacto (LC) para compensação da miopia. Os pais acharam que ainda era cedo para

    adaptar LC, que essa possibilidade de correção ficaria para uma fase posterior.

    4ª Consulta: 11/2008

    Motivo da consulta:

    Esta consulta é realizada com um intervalo de tempo muito superior ao que estava

    planeado. Assim, foi referida novamente perda de visão ao longe e vontade para usar

    lentes de contacto.

    Tabela 2.4 Caso 1. Consulta seguimento 3.

    OD OE AO

    Exame subjetivo (D) -4,25 -3,25 -0,25 x 180

    AV VL cc 10/10 10/10 12/10

    Curvatura corneal

    (raio central)

    7,70/7,80x180 7,70/7,80x180

    Biomicroscopia Normal Normal

    Com base nos resultados da tabela 2.4 foia adaptada uma lente de teste em cada

    olho com as características apresentadas na tabela 2.5.

    Tabela 2.5 Caso 1. Consulta seguimento 3, adaptação de lente de contacto hidrófila.

    OD OE

    Lente de contacto FREQUENCY 55 FREQUENCY 55

    Potência Lente Teste (D) -3,75 -2,75

    Sobrerrefração (D) 0.00 -0,50

    Diâmetro (mm) 14,20 14,20

    Curva base (mm) 8,60 8,60

    AV VL 12/10 12/10

    Sistema de manutenção Solução Única Frequency Solução Única Frequency

    Rx Final LC (D) -3,75 -3,25

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    18

    Tratamento:

    Prescrição de LC descartável mensal.

    5ª Consulta: 03/2010

    Motivo da consulta:

    Apresenta-se uma vez mais para nova consulta, referindo perda de visão ao longe.

    Foi proposto realizar a consulta no dia seguinte pela manha sem as LC colocadas.

    Na tabela 2.6 apresento os resultados do exame subjetivo para compensação com

    óculos, e constatamos que a miopia continua a aumentar significativamente.

    Tabela 2.6 Caso 1. Consulta seguimento 4.

    OD OE AO

    Exame subjetivo (D) -5,00 -4.00 -0,50 x 180

    AV VL csx 10/10 09/10 12/10

    Biomicroscopia Normal Normal

    Após a realização do exame subjetivo foi novamente testada nova LC com as

    características enunciadas na tabela 2.7.

    Tabela 2.7 Caso 1. Consulta seguimento 4, adaptação de lente de contacto hidrófila.

    OD OE

    Lente de contacto FREQUENCY 55 FREQUENCY 55

    Potência Lente Teste (D) -4,00 -3,75

    Sobrerrefração (D) -0,25 0,00

    Diâmetro (mm) 14,20 14,20

    Curva base (mm) 8,60 8,60

    AV cc 10/10 08/10

    Sistema de manutenção Solução Única Frequency Solução Única Frequency

    Rx Final LC (D) -4,25 -3,75

    Tratamento:

    Prescrição de novos óculos e novas LC.

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    19

    Discussão:

    Figura 1. Representação gráfica da evolução da miopia no paciente.

    No gráfico da figura 1 está representada a evolução da miopia nos 5 anos de

    seguimento desta paciente. De salientar que até à 3ª visita (ano de 2005) os dois olhos

    tiveram um comportamento semelhante tendo depois evoluído de forma diferente

    com uma progressão superior no OD. Esta evolução diferente de um olho para o outro

    não se encontra explicada de forma clara na bibliografia mas pode estar relacionada

    com erros de posição da cabeça, ou de uso inadequado de iluminação.

    As teorias existentes para corrigir e/ou “atrasar” o avanço da miopia eram

    essencialmente os óculos e as LC numa fase posterior.

    Cirurgia refrativa a laser, tais como Laser In Situ Keratomileusis (LASIK) ou

    Photorefractive Keratectomy (PRK), provocam um achatamento permanente da

    curvatura corneana central por remoção do tecido estromal com um laser. Embora

    seja frequentemente realizada em adultos, os olhos das crianças ainda estão em

    desenvolvimento e a miopia continua a mudar durante a adolescência, pelo que a

    cirurgia não é realizada rotineiramente em crianças.4

    Vários estudos examinaram uma variedade de métodos (Figura 2), incluindo gotas

    para os olhos, correção incompleta, lentes RPG e as LC multifocais para retardar o

    -6,00

    -5,00

    -4,00

    -3,00

    -2,00

    -1,00

    0,00

    1 2 3 4 5

    Eq

    uv

    ale

    nte

    Esf

    éri

    co (

    D)

    Progressão Miopia

    OD

    OE

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    20

    agravamento da miopia. Com base nesses estudos, e utilizando métodos

    perfeitamente ao alcance dos optometristas nos seus gabinetes conseguem-se níveis

    de redução da miopia em cerca de 30 a 40%.4

    Figura 2. Gráfico sobre o efeito de diferentes estratégias na retenção da progressão da

    miopia.

    Com base nos resultados apresentados no gráfico anterior e nos conhecimentos

    adquiridos no Mestrado, nas diversas palestras e congressos, conseguiria-se, utilizando

    mais cedo, outras técnicas de correção da miopia uma redução na progressão na

    ordem dos 30%, o que equivale a dizer que provavelmente esta paciente em 2010 teria

    uma miopia aproximadamente de -3,50D a -4,00D no OD e -3,00D a -3,50D no OE.

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    Ismael Neiva

    21

    2.2 Caso 2: Catarata Traumática

    Introdução:

    Qualquer opacidade do cristalino é considerada uma catarata. Geralmente o

    aparecimento das cataratas é bilateral ainda que com frequência assimétrica.

    A catarata consiste na perda de transparência do cristalino.

    Podem originar cataratas traumatismos contusos, assim como traumatismos

    perfurantes, sendo estes últimos com maior frequência, embora a catarata senil seja

    muito mais frequente.

    Nos casos em que se toca no cristalino, produz-se uma opacidade na nessa zona,

    que pode evoluir até uma opacidade total do cristalino. Nos casos em que se rompe a

    capsula do cristalino, produz-se uma catarata muito densa em pouco tempo, sendo

    necessário extrair a catarata para evitar complicações posteriores.

    O sintoma principal da catarata é a perda progressiva da AV. Essa perda da visão

    originada pela catarata depende exclusivamente do grau e da densidade da mesma,

    sendo muito importante a zona da opacidade.5

    Figura 3. Exemplo de uma catarata traumática.

    Dados clínicos:

    Rapaz, 7 anos, estudante

    1ª Consulta: 03/2007

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    22

    Motivo da consulta:

    Apresenta queixas de muito lacrimejo e alguma comichão no OE desde há 30

    minutos atrás. Não consegue suportar a luz com o OE aberto.

    Dados mais relevantes:

    Durante a observação com o bio microscópio foi detetada perfuração da córnea

    do OE e catarata avançada (cristalino completamente acinzentado).

    Com base nos achados clínicos o rapaz confessou que estava a brincar com um

    lápis e o espetou no olho.

    Tratamento:

    Foi colocada uma LC hidrófila no OE e encaminhado de urgência para

    Oftalmologia.

    Tratamento Oftalmológico:

    - Extração da catarata do OE em 04/2007

    - Laser para atenuar cicatriz córnea do OE em 06/2007

    - Prescrição óculos 06/2008

    Rx: OD: -1,25

    OE: -0,75 -1,50 x 165 Add OE: 2,50

    2ª Consulta: 12/2014

    Durante estes 7 anos consultou apenas 2 vezes o oftalmologista, e em

    nenhuma das situações alterou as lentes.

    Agora, apresenta dificuldade na visão de longe. Quando está muito tempo a

    estudar sente astenopia e cansaço ocular.

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    23

    Tabela 2.8 Caso 2. Consulta seguimento 1.

    OD OE AO

    AV cc Habitual 05/10 02/10 05/10

    Exame subjetivo (D) -2,75 -0,50 x 105 (10/10) -1,50 -2,50 x 145 (04/10)

    Add 3,00

    10/10

    Fusão sim

    Biomicroscopia Normal - Cicatriz córnea central

    (aprox. 6 mm).

    - LIO com parte inferior

    na câmara anterior.

    Na tabela 2.8 pode-se constatar que houve uma evolução significativa da

    miopia quer do OD quer do OE, por outro lado o astigmatismo do OE sofreu também

    um aumento muito significativo. Essas alterações não me permitem sustentar que a AV

    reduzida do OE será da incorreta posição da LIO, ou da lesão da córnea, em virtude de

    não ter dados da AV da primeira consulta após a cirurgia.

    Tratamento:

    Prescrição de lente unifocal para o OD e lente progressiva para o OE.

    Paciente aguarda nova cirurgia para alteração da LIO, afirmando, que numa das

    últimas consultas de oftalmologia essa alteração da lente iria ser analisada.

    Discussão:

    A utilização de uma lente progressiva no olho que sofreu a intervenção cirúrgica à

    catarata e uma lente unifocal no olho não intervencionado é uma prática comum que

    tem com finalidade compensar a perda de acomodação que o olho perdeu após a

    cirurgia, sendo que essa utilização não leva a descompensações do equilíbrio

    binocular. Nesta situação específica, apesar da extração da catarata ser urgente, houve

    que ter em atenção a lesão da córnea que se apresentava perfurada e também a idade

    do paciente. Daí que a cirurgia apenas tenha sido efetuada mais de um mês depois.

  • Relatório de Atividade Profissional

    Ismael Neiva

    24

    A extração da catarata atempadamente por si só não produziu os efeitos

    desejados na AV, visto que no OE a AV (4/10) é reduzida provavelmente devido à

    cicatriz existente na córnea central.

    Atualmente o único tratamento para o desaparecimento de uma catarata é

    cirúrgico. A melhoria da AV é o fator primordial, mas há que ter em conta inúmeros

    fatores do paciente, como a idade, profissão, saúde, etc.5

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    Ismael Neiva

    25

    2.3 Caso 3: Catarata Nuclear

    Introdução:

    Com o avançar da idade, além da diminuição do poder de acomodação

    (presbiopia), ocorre uma perda de transparência do núcleo do cristalino, que se torna

    amarelado (esclerose nuclear). As opacificações podem ocorrer em qualquer camada

    do cristalino e serem congênitas ou adquiridas (secundárias e/ou senis).

    As cataratas adquiridas, geralmente, evoluem até perda completa da

    transparência e consequente visão de vultos. Aparecem, secundariamente, devidos a

    fatores variados, tanto oculares (uveítes, tumores malignos intraoculares, glaucoma,

    descolamento de retina, etc.), como sistêmicos.

    Entretanto, a mais importante pela frequência (praticamente 95% da população

    tem alguma opacificação do cristalino, aos 65 anos de idade) é a catarata senil, que

    pode-se iniciar por opacidade ao nível do córtex (catarata cortical), do núcleo (catarata

    nuclear) ou da cápsula (catarata subcapsular).

    O tratamento clínico, como óculos, no caso de miopização, por vezes tem efeito

    transitório. O tratamento farmacológico, apesar de bastante utilizado em alguns países

    da Europa, não tem efetividade comprovada.

    Assim, o tratamento de eleição é a cirurgia extra capsular, na qual é aberta a

    cápsula anterior do cristalino, retirada a catarata, colocada uma lente intraocular que

    substitua o poder dióptrico do cristalino, permanecendo a cápsula posterior.6

    Figura 4. Evolução de uma catarata nuclear

    (menos grave 1 até severa 7)

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    Ismael Neiva

    26

    Dados clínicos

    Homem, 48 anos, eletricista.

    1ª Consulta em 09/2011

    Motivo da consulta:

    Paciente apresenta-se à primeira consulta referindo ter dificuldade na visão de

    perto. Começou a aperceber-se que o OE tem mais dificuldade com a claridade.

    Sem outras informações relevantes

    Dados mais relevantes:

    Na tabela 2.9 apresenta-se os dados mais relevantes do exame optométrico, onde

    se destaca a presença de catarata nuclear no OE.

    Tabela 2.9 Caso 3. Dados clínicos da primeira consulta.

    OD OE AO

    AV VL sc 10/10 8/10 10/10

    AV VL csx 10/10 10/10 10/10

    Fundo Olho Normal Normal

    Refração habitual (D) +0,50 -0,25 x 125 +1,25 -0.75 x 120

    PIO (mmHg) 20 20

    Exame subjetivo (D) +0,50 -0.25 x 105 +1.25 -1,25 x 120 Add 1,50

    Biomicroscopia Normal Catarata Nuclear (NI)

    Como é visível a partir da figura 4, a catarata nuclear tem vários estágios de

    evolução, e numa fase inicial a interferência na AV pode ser nula ou muito baixa.

    Diagnóstico:

    Catarata nuclear no OE.

    Tratamento:

    Prescrição de lentes progressivas fotocromáticas.

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    Ismael Neiva

    27

    Com base nos achados clínicos do OE, e dado que a AV visual desse olho ainda se

    encontrava nos 8/10, o paciente foi informado da possibilidade da catarata evoluir e

    poder vir a afetar significativamente a sua visão, pelo que deveria realizara exames de

    rotina e possivelmente teria de realizar a cirurgia à catarata numa fase posterior se a

    AV estivesse significativamente diminuída.

    Seguimento:

    2ª Consulta: 04/2013

    Apresenta-se novamente à consulta apresentando queixas de diminuição de

    acuidade visual do olho esquerdo.

    Na tabela 2.10 estão apresentados os resultados 1ª consulta de seguimento.

    Tabela 2.10 Caso 3. Dados clínicos 1ª consulta de seguimento.

    Em função da evolução da catarata nuclear a AV do OE decresceu 1/10 em relação

    à obtida na consulta anterior. Embora essa evolução tenha sido acentuada, como é

    usual em muitos casos de cataratas, a perda de visão não seguiu a mesma linha. De

    salientar que a miopização, característica das cataratas nucleares, torna-se agora

    evidente, tendo a hipermetropia do OE uma redução de 1,00D.

    OD OE AO

    AV VL cc 10/10 07/10 10/10

    Fundo Olho Normal Normal

    PIO (mmHg) 21 22

    Exame subjetivo (D) +0,50 -0,25 x 110 +0,25 -0,75 x 150 Add 2,00

    Biomicroscopia Normal Catarata Nuclear (NIII)

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    28

    Figura 5. Exemplo de uma catarata nuclear.

    Diagnóstico:

    Catarata nuclear no OE.

    Tratamento:

    Foi proposto ao paciente realizar consulta de oftalmologia para aferir a

    eventualidade de realizar a cirurgia à catarata.

    O paciente concordou que a redução da acuidade visual já tinha alguma

    interferência da sua atividade laboral, mas achou que ainda não estava preparado para

    realizar a cirurgia e preferia realizar consulta mais tarde se houvesse alterações na AV.

    Foram então prescritas novas lentes progressivas com os parâmetros obtidos no

    subjetivo da tabela 2.10.

    3ª Consulta: 06/2015

    Apresenta-se à consulta dizendo que perdeu por completo a visão do OE.

    Tabela 2.11 Caso 3. Dados clínicos da 2ª consulta de seguimento.

    OD OE AO

    AV VL cc 10/10 00/10 10/10

    Fundo Olho Normal S/ avaliação

    PIO (mmHg) 23 23

    Exame subjetivo (D) +0,50 -0,25 x 110 -- Add 2,00

    Biomicroscopia Catarata Nuclear (NI) Catarata Nuclear Madura

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    Ismael Neiva

    29

    Diagnóstico:

    Cataratas nucleares bilaterais.

    Tratamento:

    Cirurgia catarata do OE urgente.

    Aguarda cirurgia no Hospital (prevista para 11/2015).

    Discussão:

    Um dos problemas que existem na prática clinica da optometria é a referenciação

    e como e quando se deve fazer.

    Neste caso o paciente deveria ter realizado uma consulta de oftalmologia em 2013

    (como lhe foi recomendado) pois nessa altura a perda de AV era de 07/10 e o que

    permitia ao paciente realizar uma vida normal enquanto esperava pela intervenção

    cirúrgica. É normal os pacientes não estarem conscientes da evolução da catarata e

    terem a esperança que melhorem com a prescrição de novos óculos. Compete ao

    optometrista alertar para a evolução da catarata e deve ter em conta fatores como

    idade, saúde geral e exigência visual para escolher o momento oportuno para referir o

    paciente para oftalmologia.

    Tal como foi dito no caso anterior, uma percentagem muito significativa das

    cataratas tem como solução a cirurgia. Em geral, uma catarata só é clinicamente

    relevante se a função visual do paciente decresceu substancialmente. A mera presença

    de uma catarata não é suficiente para justificar intervenção cirúrgica.7

    Esclerose nuclear (amarelecimento do cristalino, Figura 3) progride lentamente, ao

    longo de anos. Em alguns casos, não afeta significativamente a visão, faz com que

    apenas haja uma mudança na refração (miopia).8

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    Ismael Neiva

    30

    Figura 6. Escala de classificação de cataratas.

    A utilização das escalas de graduação (Figura 4) são uma ferramenta importante

    para classificar de forma mais precisa a evolução das doenças oculares, e neste caso

    específico, da evolução da catarata nuclear.

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    Ismael Neiva

    31

    2.4 Caso 4: Disfunção da Visão Binocular - Inflexibilidade Acomodativa

    Introdução:

    A função acomodativa ganhou muita importância à medida que a evolução do

    homem foi modificando os seus hábitos e costumes, cada vez mais os trabalhos e

    passatempos requerem uma visão próxima mais nítida, comoda e eficaz. Em

    consequência, os problemas acomodativos representam hoje em dia e muito

    frequentemente uma causa de astenopia ocular.

    O sistema acomodativo está desenhado para suportar alterações constantes com

    fixações frequentes de longe e perto e vice-versa. Quando lemos e escrevemos há

    pouca ou nenhuma modificação na resposta acomodativa; em consequência do

    esforço na visão próxima e de forma prolongada, o sistema visual pode sofrer paralisia,

    espasmo ou perda de eficácia que dificulta a sua catividade normal. Sendo esta a

    origem dos problemas funcionais da acomodação, a inflexibilidade acomodativa é a

    condição na qual o paciente apresenta um tempo de resposta excessivo desde que se

    apresenta uma alteração no estímulo acomodativo até que este se traduza numa

    resposta.

    É uma condição em que a amplitude é normal, mas a habilidade do paciente fazer

    uso dessa amplitude de forma rápida, está diminuída.9

    Tabela 2.12 Caso 4. Sinais e Sintomas da Inflexibilidade Acomodativa.

    Sintomas Sinais

    Dificuldade em Alterar de VL para VP FA monocular e binocular baixa (lentes + e -)

    Astenopia em VP ARN e ARP baixos

    Falta de atenção e concentração ao ler

    Desfocado intermitente em VP

    Na tabela anterior são apresentados de forma explícita os sinais e sintomas

    característicos da inflexibilidade acomodativa.

    Dados clínicos:

    Rapaz, 16 anos, estudante

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    Ismael Neiva

    32

    1ª Consulta em 03/2004

    Motivo da consulta:

    Realiza uma consulta pela primeira vez.

    Apresenta cefaleias frontais e temporais.

    Dados mais relevantes:

    Os dados mais relevantes são apresentados na tabela 2.13, na qual estão os

    resultados dos exames binoculares.

    Tabela 2.13 Caso 4. Dados clínicos obtidos na 1ª consulta.

    OD OE AO

    AV VL sc 10/10 08/10 10/10

    AV VP sc 10/10 10/10 10/10

    Retinoscopia (D) 0,00 +0,00 -0,50 x 180

    Exame subjetivo (D) +0,25 -0,25 x 170 +0,25 -0,50 x 10

    FA VP (± 2.00 D) cpm 1 1 2

    PPC (cm) 5/8

    Forias Horizontais VL (Δ) VP (Δ)

    0,5 endoforia 3,0 exoforia

    Forias Verticais VL (Δ) VP (Δ)

    0,0 0,5 hiperforia

    Reserva fusionais VL BN (Δ) Negativas VP BN (Δ)

    x/7/4 10/18/14

    Reserva fusionais VL BN (Δ) Positivas VP BN (Δ)

    x/13/6 x/16/8

    Diagnóstico:

    Inflexibilidade Acomodativa.

    Este diagnóstico foi realizado tendo em conta a normalidade de praticamente

    todos os pontos com a exceção da flexibilidade acomodativa.

    Tratamento:

    Terapia visual (flexibilidade acomodativa) em casa e no consultório.

    Prescrição de óculos para utilização, tv, pc, leitura e estudo.

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    Ismael Neiva

    33

    Discussão:

    O prognóstico de tratamento da acomodação é excelente com terapia visual, a

    duração do tratamento ronda os dois a três meses até que se consigam os seguintes

    objetivos:

    1º Eliminar total dos sintomas;

    2º Normalizar as habilidades de acomodação e vergências;

    3º Integrar as habilidades de acomodação com vergências e motilidade ocular.

    Neste caso, embora tenha sido estabelecido um programa com 5 sessões de

    terapia visual (TV) no consultório, para que os objetivos atras descritos anteriormente

    fossem completamente conseguidos, o paciente realizou uns dias TV em casa com os

    flipers +1,00D/-1,00D e +1,50D/-1,50D fornecidos na primeira consulta, e regressou

    uns dias depois, referindo que os sintomas tinham desaparecido.

    Na Tabela 2.14 são apresentados de forma muito resumida os sintomas e sinais

    dessas disfunções assim como os achados clínicos principais que permitem fazer o seu

    diagnóstico. São também indicados para cada caso as opções de tratamento e o seu

    prognóstico.

    Tabela 2.14 Caso 4. Cateterização das anomalias acomodativas

    Disfunções acomodativas

    Sintomas e sinais

    Exame de diagnóstico

    Tratamento e prognóstico

    Insuficiência Fadiga Paralisia

    Visão desfocada Dor de cabeça Evitam-se trab. VP Midríase (paralisia)

    Am ↓ para a idade ARP↓ FA ↓ (L-) Atraso acom ↑

    Am ↓↓↓ Atraso acom ↑ ↑ ↑ ARP ↓ ou nulo

    Adição Terapia visual Excelente Adição e Remeter

    Excesso e Espasmo

    Visão desfocada Dor de cabeça Fotofobia Miose

    Atraso acom. 0 ou negativo FA ↓ ARN ↓

    Terapia visual Bom

    Inflexibilidade

    Visão flutuante Dor de cabeça Cansaço ocular Olhos vermelhos

    FA ↓ Am normal AA mormal

    Terapia visual Excelente

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    Ismael Neiva

    34

    A compensação do erro refrativo combinado com TV normalmente produz uma

    melhoria muito significativa da sintomatologia num curto espaço de tempo, daí que

    muitas das vezes os pacientes, uma vez atenuados os sintomas não levem o

    tratamento até ao fim.

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    Ismael Neiva

    35

    2.5 Caso 5: Ambliopia refrativa

    Introdução:

    Distúrbios da visão são a quarta deficiência mais prevalente entre as crianças nos

    EUA, sendo a ambliopia a principal causa de deficiência visual entre as crianças.

    Ambliopia ocorre normalmente de uma forma unilateral mas também pode ser

    bilateral. Estudos têm mostrado que, se for deixada sem ser detetada e tratada a

    ambliopia, as crianças estão em alto risco de desenvolver a deficiência de visão na

    idade adulta.10

    A teoria predominante é que os resultados da ambliopia quando há uma

    incompatibilidade entre as imagens param cada olho; um olho é favorecido enquanto

    a informação a partir do outro olho é suprimida. Uma vez que a ambliopia tipicamente

    afeta a acuidade visual num olho, ambliopia é muitas vezes considerada um problema

    monocular.

    Assim, a base do tratamento da ambliopia é a oclusão do olho normal para

    melhorar a função monocular do olho amblíope. No entanto, há lacunas significativas

    para esta abordagem para a compreensão e tratamento da ambliopia.11

    2.5.1 Caso 5.1: Ambliopia refrativa Hipermetropica

    Dados clínicos

    Rapaz, 5 anos.

    1ª Consulta: 8/2015

    Motivo da consulta:

    Pais fazem exame de rotina. O filho assiste à consulta e pede para fazer

    exame também, referindo que vê muito bem.

    Os pais acham que não há necessidade de fazer a consulta porque o

    filho não tem problemas de visão.

    Dados mais relevantes:

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    Ismael Neiva

    36

    Na tabela 2.15 apresento os dados clínicos mais relevantes, salientando-se

    a hipermetropia e a AV do OD.

    Tabela 2.15 Caso 5.1. Dados clínicos obtidos na 1ª consulta.

    OD OE AO

    AV VL sc 04/10 10/10 10/10

    Retinoscopia (D) +2.50 +0.50

    Exame subjetivo (D) +2.00 +0.25

    AV VL csx 05/10 10/10 10/10

    Cover test Ortoforia

    Fusão Sim

    Movimentos Oculares Normais

    Diagnóstico:

    Hipermetropia, ambliopia refrativa do OD.

    Tratamento:

    Prescrição de óculos com o valor do subjetivo para uso constante.

    Em simultâneo foi prescrita oclusão do OE todos os dias ao final do dia pelo

    menos 3 horas por dia e durante o fim-de-semana durante toda a manhã ou toda a

    tarde.

    Seguimento:

    2ª Consulta: 09/2015

    A 2ª Consulta efetuou-se 1 mês após a 1ª consulta e verificou-se uma melhoria

    muito significativa da AV do OD.

    AVcc OD: 09/10

    AVcc OE: 10/10

    Discussão:

    Neste caso o paciente teve uma resposta muito favorável à terapia de

    oclusão. Este facto fica a dever-se a dois fatores, a adesão à terapia tendo

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    Ismael Neiva

    37

    cumprido integralmente as instruções que lhe foram dadas e o facto de ser um

    acriança muito jovem.

    Nesta fase o paciente está a consolidar a terapia de oclusão. No final deste

    mês ser reavaliado novamente com especial enfase na visão binocular para avaliar

    a necessidade de terapia para fusão e visão binocular.

    A hipermetropia é a ametropia mais encontrada em crianças. Dados da

    literatura mostram que a hipermetropia pode existir em 55% da população sendo

    que, na maior parte dos casos, trata-se de hipermetropia de grau inferior a 0,50D,

    portanto, assintomática.

    Alguns autores acreditam que a grande maioria dos recém-nascidos é

    hipermétrope e que, com o passar do tempo, esta tende a diminuir.

    O crescimento do globo ocular, as alterações na curvatura corneana e no

    poder dióptrico do cristalino promovem mudanças na refração. O aumento axial

    do olho da infância até a idade adulta é de aproximadamente 7 mm, o que

    necessitaria de uma redução de 30 dioptrias no poder refrativo para manter o

    estado de emetropia. O poder refrativo do cristalino reduz em média 8 dioptrias

    no primeiro ano de vida. Esta redução mantém-se, porém mais lentamente, até o

    final os 6 a 7 anos, quando estabiliza até a idade adulta.

    Alguns estudos efetuados concluíram que as crianças que possuíam

    hipermetropias acima de 2,75D tinham uma probabilidade 4 vezes maior de

    possuir estrabismo ou ambliopia. Assim, devemos estar alerta quanto a uma

    possível ambliopia ou sintomas de baixa concentração em leituras prolongadas,

    causadas por hipermetropia elevada.12

    2.5.2 Caso 5.2: Ambliopia Refrativa por Astigmatismo

    Dados Clínicos:

    Rapaz, 6 anos, estudante

    1ª consulta: 04/2015

    Motivo da consulta:

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    Ismael Neiva

    38

    Os pais trouxeram a irmã mais velha para fazer exame, o menino acabou por

    fazer exame também. O pediatra tem feito os testes da visão e estava tudo bem.

    Dados clínicos:

    Na tabela 2.17 são apresentados os resultados dos testes realizados durante a

    primeira consulta. De referir que durante o exame para determinar a AV, a criança de

    imediato me retirava o braço com o oclusor do OE, dizendo que não via com o OE

    tapado.

    Tabela 2.16 Caso 5.2. Resultado dos exames realizados na primeira consulta.

    OD OE AO

    AV VL sc ---- 10/10 10/10

    Retinoscopia (D) +1,00 -4,00 x 20 +0,50 -0,50 x 170

    Exame subjetivo (D) +0,50 -3,50 x 25 (03/10) 0,00 -0,50 x 170 (10/10)

    Oftalmoscopia Normal Normal

    Biomicroscopia Normal Normal

    Cover test VP (Δ) ortoforia

    Nesta fase não foram realizados mais exames, em parte porque a criança a

    partir de certa altura começou a ficar irrequieta e também, porque achei seria muito

    importante começar o tratamento para avaliar posteriormente possíveis melhorias da

    AV do OD.

    Diagnóstico:

    Astigmatismo, ambliopia refrativa do OD.

    Tratamento:

    Embora o resultado do subjetivo nos permitisse obter uma AV de 3/10, entendi

    que nesta fase não deveria prescrever esse valor.

    Assim prescrevi neste exame óculos com os seguintes dados:

    Rx: OD: +0,50 -2,50 x 25

    OE: 0,00 -0,50 x 170

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    Ismael Neiva

    39

    Prescrevi também, em simultâneo com os óculos, oclusão do OE ao final do dia,

    depois da escola e atá deitar.

    Fim-de-semana ocluir OE praticamente todo o dia, jogar PSP com o OE ocluido.

    Quinze dias depois da consulta os pais regressam para levantar os óculos mas

    com uma nova prescrição de Oftalmologia: Rx OD: +6,50 -2,50 x 20

    OE: +1,50 -0,50 x 180

    Perante esta situação, pedi aos pais da criança para realizar novo exame, os

    quais aceitaram. Voltei a realizar a retinoscopia, na qual obtive valores similares ao da

    primeira consulta. De seguida mostrei qual a AV conseguida com a minha prescrição e

    posteriormente qual a AV com a prescrição do oftalmologista, a qual era

    substancialmente inferior, ao ponte de a criança não suportar aquela graduação,

    especialmente a do OD.

    Assim, expliquei aos pais que deveria haver algum engano naquela prescrição e

    mantive Rx da 1ª Consulta, ressalvando que essa não seria a totalidade da graduação

    que a criança necessitaria e que a mesma seria alterara na consulta seguinte para os

    valores reais.

    2ª consulta: 06/15

    Boa adaptação ao óculo, colabora com facilidade na oclusão do OE.

    Dados clínicos:

    A 2ª consulta teve como finalidade aferir possíveis alterações na prescrição

    anterior e basicamente verificar possíveis melhorias na visão do OD.

    Tabela 2.17 Caso 5.2. Resultados obtidos na 2ª consulta.

    OD OE AO

    AV csx 07/10 10/10

    Exame subjetivo +0,75 -3,75 x 25 0,00 -0,50 x 165

    Fusão sim

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    Ismael Neiva

    40

    A tabela anterior evidencia a espetacular melhoria da AV do OD durante apenas

    um mês de correção, apesar da mesma não ser total.

    Tratamento:

    Prescrição de nova lente do OD, e contínua com oclusão do Oenas mesmas

    condições fixadas na consulta anterior.

    3ª consulta: 08/15

    Dados clínicos:

    Tal como na consulta anterior, esta consulta de seguimento tem como objetivo

    avaliar a evolução da AV do OD.

    Tabela 2.18 Caso 5.2. Resultados obtidos na 3ª consulta.

    OD OE AO

    AV csx 09/10 10/10

    Exame subjetivo +0,75 -4,00 x 25 -0,25 -0,50 x 165

    Mais uma vez, obteve-se uma melhoria muito significativa da AV do OD durante

    este mês, e ao fim de 3 meses de oclusão a AV do olho ambliope é cerca de 10/10.

    Tratamento:

    Mantem lentes e contínua com oclusão do OE.

    Discussão:

    A colaboração dos pais nestes casos de crianças ainda muito pequenas é de

    extrema importância. A terapia de oclusão funciona, como se pode verificar na

    evolução da AV, na primeira consulta com correção apenas conseguia 3/10 de AV do

    OD, e foi melhorando até aos 9/10 três meses depois.

    E necessário também mostrar e, com alguma cautela, estabelecer algumas metas,

    para que consulta após consulta o paciente, e neste caso os seus pais, possa

    acompanhar a evolução da AV, para que a interação ente paciente a profissional

    ocorram sem desconfiança.

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    Ismael Neiva

    41

    O astigmatismo é a dificuldade do sistema ótico em formar um ponto focal na

    retina, devido a diferença na curvatura de uma ou mais superfícies refrativas do globo

    ocular. A imagem de um ponto jamais será um ponto, e sim uma linha. O astigmatismo

    total consiste no astigmatismo das faces anterior e posterior da córnea assim como no

    astigmatismo lenticular ou também denominado de cristaliniano. O astigmatismo pode

    ser hereditário sob a forma autossómico dominante, autossómico recessivo ou ligado

    ao cromossoma X.

    Durante o primeiro ano de vida as crianças possuem incidência de 15 a 30% de

    astigmatismo maior que 1,0D, no entanto a prevalência do astigmatismo diminui com

    o crescimento. Crianças que não apresentaram astigmatismo durante o primeiro ano

    de vida dificilmente o desenvolverão mais tarde. Aos 3 anos de vida, a incidência de

    1,00D ou mais de astigmatismo é de apenas 8%. O astigmatismo com eixo contra regra

    é prevalente dentro do primeiro ano de vida, sendo que na idade escolar o

    astigmatismo na regra é o mais comum.

    Se o astigmatismo não regredir com o crescimento da criança, esse deve ser

    corrigido, principalmente se houver diferença de eixo e grau entre os dois olhos.

    Quando o astigmatismo é maior que 1,50D é importante corrigi-lo precocemente, uma

    vez que o período crítico para o desenvolvimento de ambliopia meridional se dá

    principalmente nos primeiros dois anos de vida.

    A indicação para a prescrição de correção ótica do astigmatismo está relacionada

    a dificuldade visual ou astenopia (com ou sem cefaleia) referidos pelo paciente. Se a

    visão do paciente com a melhor correção é de 20/40, ele já apresenta ambliopia

    refrativa, e a correção ótica torna-se necessária, uma vez que melhorando a nitidez da

    imagem retiniana, existem mais hipóteses de recuperar a acuidade visual desse

    paciente.

    A adaptação do paciente com astigmatismo ao uso de óculos com lentes

    cilíndricas é mais difícil do que quando o erro refrativo é corrigido apenas com lentes

    esféricas. As lentes cilíndricas possuindo graus diferentes podem aumentar ou diminuir

    a imagem em cada meridiano da lente. Se são prescritos óculos com lentes de mesmo

    poder dióptrico e com eixos paralelos para um paciente, os efeitos do tamanho da

    imagem nos meridianos da córnea serão os mesmos para os dois olhos. No entanto, se

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    as lentes possuírem poder dióptrico diferentes ou principalmente, se os eixos do

    astigmatismo não forem paralelos, poderá ocorrer aniseicónia meridional, com

    dificuldade relacionada à estereopsia espacial, tornando a adaptação do paciente à

    correção ótica mais difícil.13

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    43

    2.6 Caso 6. Lentes de Contacto Progressivas

    Introdução:

    As LC para correção da presbiopia são pouco utilizadas em todo o mundo. Existem

    várias opções disponíveis, incluindo LC mono visão, híper correção para perto, LC

    multifocais, rígidas permeáveis aos gases (RPG) multifocais, etc.14

    Atualmente, as duas opções para a correção da presbiopia com LC mais utilizadas

    são a mono visão e LC multifocais. As vantagens e desvantagens foram examinadas por

    muitos estudos. No entanto, os grandes avanços no desenho das lentes, juntamente

    com melhorias nas técnicas de adaptação levam a pensar que a adaptação de LC

    multifocais sofrerá um incremento considerável nos próximos anos. 15

    Dados clínicos.

    Senhora, 48 anos, Bancária.

    Motivo da consulta: 06/2014

    Utilizadora de LC descartável mensal hidrófila tórica, começa a ter dificuldade na

    visão de perto. Quer continuar a usar LC, e não gosta de óculos.

    Os resultados dos exames efetuados nesta consulta são apresentados na tabela

    2.19.

    Tabela 2.19 Caso 6. Dados clínicos obtidos na consulta.

    OD OE AO

    Exame subjetivo (D) -5,00 -1,75x 90 -5,25 -1,25 x 110

    AV VL csx 09/10 09/10 10/10

    Curvatura corneal (raio

    central) mm

    7,60/7,85x90 7,65/7,80x100

    Biomicroscopia Normal Normal

    Realizada a consulta, foi proposto efetuar o pedido de blisters de LC para testar

    posteriormente. Nesta fase foi efetuado teste de dominância sensorial para definir

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    44

    qual o tipo de lente a utilizar em cada um dos olhos. Não foram realizados muitos

    exames em virtude do paciente já ser portador de LC há vários anos.

    Na tabela 2.20 apresentam-se características das lentes de contacto pedidas para

    teste, seguidos dos resultados obtidos após testar as lentes.

    Tabela 2.20 Caso 6. Características das lentes pedidas e resultados do exame com as lentes.

    OD OE

    Lente de contacto Proclear Multifocal Toric D Proclear Multifocal Toric N

    LC teste (D) -4,25 -1,75 x 90 -4,50 -1,25 x 110

    Diâmetro (mm) 14,40 1,40

    Curva base (mm) 8,70 8,70

    AV VLcc 09/10 07/10

    AV VPcc 07/10 10/10

    Sistema de manutenção Solução Única Optifree Solução Única Optifree

    Rx Final LC (D) -4,00 -1,75 x 90 -4,00 -1,25 x 110

    A consulta para testar as lentes foi efetuada um mês depois, na qual se obteve

    resultados satisfatórios quer de acuidade visual ao longe quer ao perto.

    De salientar que, tal como era de esperar na adaptação de LC multifocais a AV do

    olho dominante (geometria da lente D) apresenta uma AV boa para longe, mas um

    pouco diminuída para perto, por outro lado o olho não dominante (geometria da lente

    N) apresenta uma AV excelente para perto e mais reduzida para longe.

    Binocularmente temos uma AV excelente quer para longe quer para perto, daí a

    satisfação do paciente no final da adaptação.

    Tratamento:

    Prescrição LC multifocais, descartáveis mensais.

    Discussão:

    Nas adaptações de LC multifocais devemos numa faze inicial, de preferência na

    anamnese, informar o paciente acerca da possível redução da AV monocular com a

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    utilização deste tipo de lentes relativamente às LC unifocais, mas também devemos

    ressalvar que a AV binocular deverá ser muito satisfatória ou até muito boa.

    A adaptação de LC multifocais, em especial das LC multifocais tóricas, para ser

    bem-sucedida, deverá ser regida pelo guia de adaptação do fabricante.

    Como foi referido anteriormente, estima-se que o número de utilizadores de LC

    multifocais irá aumentar significativamente nos próximos anos, mas também é certo

    que uma percentagem muito significativa de utilizadores de LC multifocais desiste da

    sua utilização em função da incorreta adaptação das lentes.

    A avaliação para adaptar LC multifocais, deve incluir uma história completa, testes

    filme lacrimal, medidas anatômicas, avaliação da pálpebra, refração e avaliação da

    curvatura da córnea. Se o paciente é então considerado um bom candidato, as opções

    de LC devem ser apresentadas e discutidas, para que a motivação do paciente e a

    posterior adaptação seja bem-sucedida.14

    Figura 7. LC multifocal esférica, dente D olho dominante e lente N olho não dominante

    Quando se adapta lentes multifocais esféricas temos de ter em atenção a adição

    do paciente, se esta for inferior a 1,75D deve-se adaptar em ambos os olhos a lente de

    geometria D, mas se a adição for superior a 1,75D, então no olho dominante adapta-se

    a lente D e no olho não dominante adapta-se a lente N.

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    No que diz respeito às lentes multifocais tóricas adapta-se da mesma forma que as

    esférica em termos de adição, mas deve-se ter em atenção a estabilização da lente.

    Figura 8. LC multifocal tórica, dente D olho dominante e lente N olho não dominante

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    3 Conclusões

    A realização do Mestrado em Optometria Avançada permitiu uma reciclagem dos

    conhecimentos e ajudou-me a melhor a abordagem de determinados casos.

    No que diz respeito aos casos clínicos aqui apresentados, optei por apresentar

    casos que na sua maioria, são comuns na prática clinica de um optometrista que não

    integre uma equipa multidisciplinar, até porque na minha prática do dia-a-dia não faço

    parte de nenhuma equipa multidisciplinar.

    Penso que na sua maioria são casos em que o diagnóstico e terapêutica estão

    perfeitamente ao alcance de um optometrista que exerça as suas funções de forma

    independente.

    De salientar que a constante atualização de conhecimentos faz-nos melhorar e

    aperfeiçoar a forma com estruturamos, anotamos e referenciamos cada um dos casos

    clínicos que surgem na prática do dia-a-dia.

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