Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

14

description

 

Transcript of Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Page 1: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne
Page 2: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne
Page 3: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Traduzido do original em Inglês

Happy Are Thou, Israel!

By R. M. M'Cheyne

Extraído da obra original, em volume único:

The Sermons of the Rev. Robert Murray M'Cheyne

Minister of St. Peter's Church, Dundee.

Via: Archive.Org

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative

Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, a fonte original e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

Page 4: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Feliz És Tu, Ó Israel! Por Robert Murray M'Cheyne

“Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o

escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te

serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.” (Deuteronômio 33:29)

Estas são as últimas palavras de Moisés, o homem de Deus. Ele estava agora com cento

e vinte anos; seus olhos não estavam obscurecidos nem lhe fugira o vigor. Por quarenta

anos ele liderou o povo em meio ao deserto. Ele cuidou deles, e orou por eles, e os liderou

como um pastor lidera seu rebanho. E agora, quando Deus disse que ele deveria deixá-los,

ele determinou separar-se deles abençoando-os. E, a esse respeito, como em muitos ou-

tros, ele prenunciou o Salvador, de quem está escrito, que “e levou-os fora, até Betânia; e,

levantando as suas mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou

deles e foi elevado ao céu” [Lucas 24:50-51].

Em primeiro lugar, podemos entender essas palavras literalmente como a bênção de

Moisés ao povo de Israel. Ele olhou por cima do deserto através do qual ele os levou, e

este era todo brilhante cravejado com as coisas maravilhosas que Deus fizera por eles. Ele

se lembrou da mão elevada e do braço estendido com os quais Ele os tirara do Egito.

Lembrou-se também de como abriu um caminho para eles através do Mar Vermelho,

quando seus inimigos afundaram como chumbo nas águas impetuosas, permaneceu lem-

brando como Ele foi adiante deles em uma coluna de nuvem de dia, e uma coluna de fogo

à noite. Moisés lembrou-se de como Ele adoçou as águas de Mara, pois eles estavam

sedentos e também lembrou-se de como Ele os alimentou com maná do alto, o homem

comeu a comida dos anjos. Moisés recordou como ele feriu a rocha em Refidim, e águas

jorraram; como ele ergueu as mãos para o pôr-do-sol, e Israel prevaleceu contra Amaleque;

como ele recebeu a Lei da própria mão de Deus para eles. Ele feito brotar de novo a água

da pederneira em Meribá e também lembrou-se de como ele erguera a serpente de bronze

no deserto.

E olhando para trás sobre toda esta trajetória de maravilhas de quarenta anos, durante a

qual as suas vestes não tinham envelhecido, nem a fraca sola de seu pé havia inchado, co-

mo poderia ele apenas abençoá-los? Ele sentiu-se como Balaão: “Benditos os que te aben-

çoarem, e malditos os que te amaldiçoarem”. E nesse sentido, quando ele tinha visto a cada

uma das tribos separadamente, deixando a cada uma a sua bênção profética, ele resume

Page 5: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

o todo nestas palavras gloriosas: “Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus” [Deutero-

nômio 33:26].

Mas, em segundo lugar, estas palavras podem ser entendidas tipicamente como a bênção

de Moisés ao povo de Deus para o fim dos tempos. Nenhum homem pode ler o Antigo

Testamento de forma inteligente, sem ver que o povo de Israel era um povo típico, que a

retirada de Seus escolhidos para fora do Egito, o trazê-los através do Mar Vermelho, e

através do deserto e sua condução à terra da promessa, eram todos tipos da maneira com

a qual Deus traz Seus escolhidos para fora de seus pecados, e os conduz através mundo

de pecado e miséria para a Canaã celestial, o descanso que resta para o povo de Deus.

Se, então, a escravidão, a libertação, a incredulidade, os inimigos, as jornadas, a orientação

e o remanescente dos israelitas, eram todos tipos do relacionamento de Deus com o Seu

próprio povo para o fim dos tempos, estamos bastante justificados por compreender estas

palavras como a bênção de Moisés, o homem de Deus, a todos os verdadeiros filhos de

Deus.

“Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o escudo do

teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu

pisarás sobre as suas alturas”. A partir destas palavras, eu extraio o seguinte:

Doutrina. Que o povo de Deus é um povo feliz, porque eles são salvos pelo Senhor.

I. Israel é um povo feliz porque é escolhido pelo Senhor.

1. Isto foi verdadeiro no que se refere ao antigo Israel. Moisés lhes disse claramente: “O

Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do

que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos;

mas, porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais”

[Deuteronômio 7:7-8a]. Aqui há algo estranho que o mundo não pode entender. Ele os

amou porque Ele os amou, não porque eles eram melhores, ou maiores, ou mais dignos do

que outra nação, mas por que Ele os amou. Peculiar, soberano, inexplicável amor! Ele não

presta contas de Seus assuntos, assim, “pois, isto não depende do que quer, nem do que

corre, mas de Deus, que se compadece” [Romanos 9:16].

2. Isto é verdadeiro para todo o povo de Deus até os dias atuais. Davi diz: “Bem-aventurado

aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti” [Salmos 65:4]. Cristo diz: “Não me esco-

lhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” [João 15:16]. E Paulo diz: “Bendito o Deus e

Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais

Page 6: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do

mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Efésios 1:3-4).

Ah! sim, meus amigos, o nosso Deus é um Deus soberano: “Logo, pois, compadece-se de

quem quer, e endurece a quem quer” [Romanos 9:18].

Cada crente é uma testemunha disso. Existe algum crente aqui? Bem, eu tomo você para

testemunhar. Você era morto e descuidado com sua alma, você poderia ser feliz com o

mundo, embora estivesse não perdoado e não santificado. Como você foi levado a fugir da

ira vindoura? Você despertou a si mesmo do sono? Ah! não, você sabe bem que se Deus

o tivesse deixado você estaria disposto a permanecer dormindo. Como o preguiçoso, você

teria dito: “Um pouco a dormir, um pouco a cochilar; outro pouco deitado de mãos cruzadas,

para dormir” [Provérbios 24:33]. Mas Deus despertou você, pela Sua Palavra, pelos Seus

ministros, ou pela Sua providência; e Ele não o teria deixado ir até que clamasse: “O que

devo fazer para ser salvo?”. Outrossim, você foi trazido da convicção de pecado à convicção

de justiça; de uma consciência perturbada a um coração em paz ao crer. Como ocorreu

isso, você veio por si mesmo a Jesus, ou você foi trazido pelo Pai? Ah! Vocês bem sabem

que não receberam isto de um homem, nem por meio de um homem Deus os conduziu à

visão de Jesus. Ele que, primeiro, trouxe às trevas a luz que brilhou em seus corações, e

incitou vocês ao ato de fé em Jesus; e assim, vocês foram salvos; pois, “ninguém pode ir a

Cristo se o Pai não o trouxer”. Do início ao fim, a obra é de Deus. Pela graça sois salvos; e

bem-aventurado, de fato, é “aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti”.

Objeção. Mas alguém pode objetar que esta doutrina ministra ao orgulho; que fazer um

homem acreditar que ele é um escolhido e favorito de Deus faz com ele fique inchado de

orgulho.

A isto eu respondo que esta é própria verdade que corta o orgulho pelas raízes. Como está

escrito: “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o

recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” [1 Coríntios 4:7]. Se há

um crente dentre vocês:

(1) Eu proponho a ele olhar em volta daqueles da sua própria família que permanecem sem

Cristo e sem Deus no mundo. Talvez você seja o único em sua casa que conhece e ama o

Salvador. Agora, eu pergunto a você: Quem te fez diferente? Você é por natureza algo

melhor do que sua parentela, para que fosse escolhido e eles deixados? Como, então, você

pode ser orgulhoso?

(2) Ou, olhe em volta de sua vizinhança, você verá embriaguez e contaminação, você ouvirá

Page 7: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

perjúrios e profanidade. Agora eu pergunto: Quem te fez diferente? Ou em que você era

melhor do que eles? Pode você, então, ser orgulhoso?

(3) Ou, olhe em volta do mundo Papista e Pagão afogado na mais tenebrosa ignorância

sem ninguém para lhes falar sobre o claro caminho de Salvação por Jesus. Olhe sobre

nove décimos do mundo que carecem da pura luz do Evangelho, e diga-me: Quem te fez

sobressair? E como você pode ser orgulhoso?

(4) Ou, olhe além deste horizonte mundano, olhe para baixo para os reinos das trevas e da

morte eterna, e veja os anjos que caíram “Longe outra vez contemple em êxtase, Milhões

de espíritos que por uma só falta foram banidos do Céu, e dos esplendores eternos arre-

messados por sua rebeldia”. Olhe para estas inteligências majestosas “guardado sob ter-

vas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia”, e diga-me: Quem te fez diferente?

Em que melhor é você, por natureza, do que demônios? Homens não-convertidos são filhos

do Diabo. Não há luxúria no coração do Diabo que não esteja em cada coração natural. E

ainda assim Deus passou por eles, e veio para salvar-te. Deus veio e o acordou quando

você estava em uma condição natural, e não melhor do que demônios, sim, ele passou

pelos Pagãos, assim ele tem deixado seus vizinhos em seus pecados, seus próprios filhos

não despertados, mas ele tem despertado você.

Oh! mui misterioso amor eletivo! Você bem pode clamar com Paulo: “Ó profundidade das

riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus

juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” [Romanos 11:33]. E isto o faz orgulhoso?

Antes, isto não faz você enterrar a sua cabeça no pó, e nunca mais erguer os seus olhos?

E isto não o faz feliz? “Bem-aventurado tu, ó Israel! Um povo salvo pelo Senhor”.

Não oferece a você nenhum júbilo, sentir que Deus pensou sobre você em amor antes da

fundação do mundo? Que quando Ele estava sozinho desde toda a eternidade, Ele deu a

você o Seu Filho para ser redentor? “Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes

que saísses da madre, te santifiquei” [Jeremias 1:5]. Não dá nenhuma alegria a você pensar

que o Filho de Deus pensou em você com amor antes que o mundo existisse: “achando as

minhas delícias com os filhos dos homens” [Provérbios 8:31], que ele veio ao mundo carre-

gando o seu nome sobre o Seu coração, que Ele orou por você na noite de Sua agonia: “E

não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em

mim”? [João 17:20]. Não oferece júbilo saber que Jesus pensava em você durante o Seu

suor sangrento; que Ele pensou em você quando estava na cruz, e intencionou aqueles

sofrimentos para estar em seu lugar? Ó, filhinhos como isto deveria elevar os seus corações

em santo arrebatamento acima do mundo; acima de seus cuidados irritantes; de suas brigas

mesquinhas; de seus prazeres contaminantes; se vocês guardassem esta santa alegria

Page 8: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

interiormente; acolhendo a própria palavra de seu Senhor: “Pai, aqueles que me deste que-

ro que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que

me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo” [João 17:24].

Ó mundo incrédulo! Vocês não conhecem nada desta alegria. É tudo presunção frenética

aos seus olhos, e isso é exatamente o que a Bíblia diz: Um estranho não participa da alegria

do crente. Isto é exatamente o que Cristo disse: “Mas vós não credes porque não sois das

minhas ovelhas” [João 10:26]. Levem esta coisa com vocês: “Nós erámos uma vez exata-

mente o que você é agora (cada crente falará a você) nós éramos exatamente tão insensí-

veis e incrédulos como você é. Nós, uma vez, desprezamos e rimos de cada pessoa com

as quais nós somos um agora no Senhor; mas nós fomos despertados por Deus, e fugimos

para Cristo, e somos redimidos e felizes conhecendo a nossa eleição de Deus”. Oh! que

esta seja a sua história, e então, você conhecerá o significado destas palavras: “Bem-

aventurado tu, ó Israel!”.

II. Israel é um povo feliz, porque eles são justificados pelo Senhor: “O Deus eterno é a tua

habitação” (v. 27). “Ele é escudo que te socorre” (v. 29).

Antes de tudo, isto é verdade por que Cristo é o nosso refúgio e proteção, e Cristo é Deus.

(1) É dito sobre Ele: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era

Deus”. (2) E outra vez, é dito sobre Ele: “...O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e:

Cetro de equidade é o cetro do seu reino” [Hebreus 1:8]. (3) Também está escrito: “Porque

nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam

tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e

para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” [Colossen-

ses 1:16-17]. (4) Novamente, é dito sobre Ele: “o qual é sobre todos, Deus bendito eterna-

mente” [Romanos 9:5]. (5) Mais uma vez, Tomé disse sobre Ele: “Meu Senhor, e meu

Deus”. (6) E Ele é chamado Deus “manifestado na carne” [1 Timóteo 3:16]. Assim, então,

Ele é de fato, “Emanuel, Deus conosco”. Ele é o Criador do mundo, o Deus de provisão, o

Deus dos anjos. E este é o Ser que veio para ser o Salvador de pecadores, até mesmo do

principal!

Agora, irmãos, eu desejo que vejam a utilidade do Salvador sendo Deus, e quanto do pleno

consolo e júbilo do crente é encontrado nisto. Tudo o que Deus faz é infinitamente perfeito:

Ele nunca falha em nada que Ele promete. Tudo, portanto, que o Salvador fez foi infinita-

mente perfeito. Ele não podia, e nem poderia, falhar em algo que Ele prometeu.

(1) Cristo Jesus prometeu suportar a ira de Deus em lugar dos pecadores. Seu coração foi

Page 9: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

estabelecido sobre isso desde toda a eternidade, pois, antes que o mundo fosse feito, Ele

nos diz: “achando as minhas delícias com os filhos dos homens” [Provérbios 8:31]. Para

este fim Ele tomou sobre si a nossa natureza; tornou-se um homem de dores e experimen-

tado no sofrimento. De Seu berço na manjedoura até a cruz, a nuvem escura da ira de Deus

esteve sobre Ele, e, especialmente, em direção ao fim de Sua vida, a nuvem passou a ser

a mais escura, ainda assim, ele alegremente sofreu tudo “como me angustio até que venha

a cumprir-se!” [Lucas 12:50]. O cálice da ira de Deus foi dado a Ele sem mistura; ainda

assim Ele disse: “não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” [João 18:11]. Agora, nós po-

demos estar bem certos que desde que Ele é o Filho de Deus, Ele sofreu tudo o que os

pecadores deveriam ter sofrido. Se Ele tivesse sido um anjo, Ele poderia ter deixado alguma

parte inacabada; mas desde que Ele era Deus, Sua obra deve ser perfeita. Ele mesmo

disse: “Está consumado”; e uma vez que Ele era Deus que não pode mentir, nós estamos

bem seguros que todo o sofrimento é consumado, que nem Ele nem seu corpo podem

sofrer algo mais por toda a eternidade.

(2) Porém, mais uma vez, ficou comprometido a obedecer à Lei em lugar dos pecadores. O

homem não só tinha quebrado a Lei de Deus, mas havia falhado em obedecê-la. Agora,

como o Senhor Jesus veio para ser um Salvador completo, Ele não apenas sofreu a maldi-

ção da Lei quebrada, mas obedeceu a Lei em lugar dos pecadores. Através de toda a Sua

vida e fez do fazer a vontade de Deus Sua comida e bebida. Agora, podemos ter a certeza

de que uma vez que Ele era o Filho de Deus, Ele fez tudo o que os pecadores deveriam ter

feito. Sua justiça é a justiça de Deus; assim, que nós podemos estar certos, que cada

pecador que obtém esta justiça é mais justo do que se o homem jamais houvesse caído;

mais justo do que os anjos, tão justo quanto Deus. “Quem intentará acusação contra os

eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” [Romanos 8:33].

Ó pecadores descuidados! Este é o Salvador que nós estamos sempre pregando para

vocês, este é o Divino Redentor a quem vocês têm sempre pisoteado. Você pensaria ser

uma grande coisa se o rei deixasse o seu trono, e batesse à sua porta, e lhe suplicasse

para aceitar um pouco de ouro; mas, oh! quanto maior coisa há aqui. O Rei dos reis deixou

Seu trono, e morreu, o justo pelos injustos, e agora bate à sua porta. Pecador descuidado,

você ainda permanece resistente?

Almas despertadas e ansiosas! Este é o Salvador que sempre vos oferecemos; Este é o

refúgio, a rocha que tem seguido você. Você está ansioso por sua alma; e por que, então,

não vem se esconder aqui? Você acha que honra a Cristo por duvidar se o Seu sangue e

justiça são suficientes para cobri-lo? Você acha que honra a Deus, fazendo-O de menti-

roso, e recusando-se a acreditar no testemunho que Ele tem dado de seu Filho? Oh! Não

duvide mais dEle. Outro dia, e pode ser tarde demais. Fuja como os homens que têm um

Page 10: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

inferno eterno perseguindo-os, e um refúgio eterno diante deles. Tome o céu por violência.

“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar

e não poderão”.

E você que já correu para o refúgio, para o Salvador: “Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem

é como tu? Um povo salvo pelo Senhor”. O Deus eterno é teu refúgio; e a quem você pode

temer? Lembre-se, habite nEle. Nas horas escuras do pecado e tentação, Satanás sempre

tenta fazer você sair deste refúgio. Ele tentará fazer você duvidar se Cristo é Deus; se a

Sua obra é uma obra consumada; se pecadores podem esconder-se nEle; se um apóstata

pode esconder-se nEle; mas não lance fora a sua confiança. Rapidamente corra para

Cristo; e então, o Deus eterno será teu refúgio. Na hora da morte, você pode terá um vale

sombrio para atravessar; você pode perder de vista todas as suas evidências; você pode

sentir que todas as suas graças partiram, e clamar: “Todas estas coisas estão contra mim”.

Permaneça, como um necessitado pecador, corra para o Deus Salvador. Jogue fora a ques-

tão se você jamais acreditou ou não, e diga: “Eu acreditarei agora”; e assim, agora à noite,

raiará a luz, e você morrerá com o Deus eterno e seu refúgio. Os seus olhos fecharão para

este mundo apenas para abrirem para o mundo aonde não há dúvida, e nem medo, e nem

morte.

III. Israel é um povo feliz, porque é santificado pelo Senhor: “por baixo estão os braços

eternos” e “a espada da tua majestade”.

No capítulo anterior (32:11-12), Deus compara o Sua condução de Israel a uma águia e

seus filhotes: “Como a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende

as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou; e não

havia com ele deus estranho”. Novamente, em Isaías, é dito: “Em toda a angústia deles ele

foi angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão

ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os dias da antiguidade” [63:9]. Mais uma vez,

na história da ovelha perdida, encontramos que o Salvador não apenas encontrou a ovelha

perdida, mas, “achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo”. Este é exatamente o

mesmo significado como o do texto: “por baixo estão os braços eternos”, e, novamente, “a

espada da tua majestade”.

Quando um novo crente encontrou a paz em Jesus, ele, então, começa a anelar por cami-

nhar santamente. Tão logo ele encontre a doce calma de uma alma perdoada, ele começa

a conhecer a amarga ansiedade de uma alma que teme o pecado: “É verdade, eu vim a

Cristo, e devo ter paz, mas agora eu começo a temer que não serei capaz de confessar a

Cristo diante dos homens. Agora começo a ver que o mundo inteiro está contra mim, que

Page 11: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

todas as coisas estão me tentando a pecar, e eu temo voltar para o mundo. Temo ser enla-

çado novamente. Meus companheiros, como posso resisti-los? e Satanás, como posso lutar

contra ele?”.

Este é o momento em que o novo crente começa a fazer um grande número de resoluções

em sua própria força. Se ele somente pudesse manter-se fora do caminho da tentação, e

separar-se do mundo, ele acha que poderia manter-se santo, mas Deus logo lhe ensina a

insuficiência de sua própria força. Suas resoluções são todas quebradas inteiramente; seus

hábitos de andar estreitamente desaparecem como fumaça diante do sopro da tentação; e

o filhinho de Deus senta-se para chorar por causa da chaga de seu próprio coração, e a

clamar: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?”.

Se aqui há alguém assim me ouvindo, permita-me, peço-te, recomendar um novo plano, de

longe um caminho melhor. Entregue a si mesmo aos braços eternos. Quando o pecado sur-

gir; quando o mundo vem como uma inundação; quando a tentação chega de repente sobre

você; se incline para trás sobre o Espírito todo-poderoso, e você está seguro. O que faz

uma criancinha que tem sido colocada sobre o chão para caminhar, quando percebe que

seus pequenos membros estão se desequilibrando, de forma que o primeiro sopro do vento

a derrubará? Será que ela não se lança aos braços da de sua mãe? Quando ela não con-

segue ir, ela consente em ser conduzida; e assim deve ser com você, débil filho de Deus.

Deus concedeu a você que pela fé se apegue a Cristo somente por justiça; e assim obter a

paz do justificado. Ore agora, para que Deus dê a você fé resignada, para que você possa

confiar nEle somente por força, para que você possa render a si mesmo aos braços eternos.

Vá e aprenda o que isto significa: Jeová Nossa Justiça é o mesmo Jeová Nossa Bandeira.

Então, mas não até então, você conhecerá plenamente o significado desta bênção: “Bem-

aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor”.

Objeção: Eu não vejo, nem ouço ou sinto o Espírito, como posso render-me aos Seus

braços?

Resposta. Esta é a própria descrição Bíblica da obra do Espírito: “O vento sopra onde quer,

ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é

nascido do Espírito” [João 3:8]. Você não vê o vento, nem compreende como ele sopra, e

ainda assim você estende a vela para pegar a brisa; e assim, o alto navio é sustentado so-

bre um mar muito agitado até o porto de descanso. Somente incline-se sobre o Espírito,

embora você não compreenda o Seu agir. Embora, agora, você não O veja, ainda assim

creia nEle. E você se alegrará com júbilo inefável e cheio de glória; você será sustentado

sobre as ondas ásperas deste mundo até o porto de descanso. Você também não conhece

Page 12: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

como o manancial brota; você não compreende o funcionamento pelo qual os mananciais

de água não falham; e ainda assim, você leva o cântaro até a fonte, e nunca volta com ele

vazio. Então, dependam do suprimento invisível do Espírito; tomem uma provisão diária

para necessidades diárias; vão confiantes aos mananciais da salvação, e vós tirareis água

com alegria. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. “Bem-aventurado tu, ó Israel!

Quem é como tu?”. Tende bom ânimo. Nós confiamos que Aquele que começou a boa obra

em vós, há de aperfeiçoá-la até o Dia de Cristo Jesus.

Mas, ah! pobres almas sem Cristo, não há promessa do Espírito para vocês. Todas as

promessas são sim e amém em Cristo. Fora de Cristo não há promessa; não há outra coisa

senão ira. Não há braços eternos debaixo de vocês. Vocês são sensuais, não têm o

Espírito. Não há pecado no qual vocês não possam incorrer, até naquelas que fazem os

homens estremecerem e empalidecerem. Em nenhum lugar Deus prometeu guarda-los

destes pecados. Vocês não têm o Espírito, não podem amar a Deus, ou fazer qualquer boa

obra, vocês podem apenas pecar. Ó almas miseráveis! que continuam pertencendo à

linhagem do velho Adão, vocês não podem deixar de dar maus frutos; e o fim será a morte.

Oh! que vocês fossem embora e chorassem por sua miserável condição, e clamassem a

Deus para trazê-los para fazer parte de Seu bem-aventurado Israel, que é escolhido,

justificado, santificado e salvo pelo Senhor!

Igreja de São Pedro, 29 de Janeiro de 1837.

Page 13: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

Page 14: Feliz és Tu, Ó Israel, por Robert Murray M'cheyne

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.