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Estudo "in vitro" da capacidade de selamento marginal de três tipos
diferentes de cimentos utilizados em cirurgia parendodôntica.
Study "in vitro" of marginal sealing ability of three different types of cements used in endodontic surgery
*Msc. Devanir de Araujo Cervi – Faculdade de Odontologia do Centro Universitário da
Fundação Educacional de Barretos – Av. Prof. Roberto Frade Monte, 389 – Bairro
Aeroporto – CEP: 14.783-226 – Barretos SP - [email protected].
Dra Ana Emília Farias Pontes - Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas do
Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos. Av. Prof. Roberto Frade
Monte, 389. Bairro Aeroporto. CEP: 14.783-226. Barretos, SP. Tel: (17) 3321-6468.
C.D. Lectícia Carolina Ferreira - Cirurgiã Dentista - Especialista em Endodontia pelo
Centro de Pós Graduação do Centro Universitário da Fundação Educacional de
Barretos.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar a capacidade de selamento marginal de três
cimentos quando utilizados em cirurgia parendodôntica. Sessenta e quatro dentes
humanos, pré-molares inferiores, unirradiculares, foram escolhidos, instrumentados e
obturados. Após este procedimento, os dentes foram seccionados apicalmente e, com
um aparelho de ultrassom foram preparadas as retro-cavidades com 3mm de
profundidade. Após impermeabilização, os dentes foram divididos em 3 grupos
distintos de 20 elementos cada e obturados as retro-cavidades de acordo com os tipos de
cimentos na seguinte ordem: MTA Fillapex (G1), Sealer 26 (G2) e Cimento Portland
(G3). Em seguida os dentes foram imersos passivamente em uma solução de azul de
metileno a 2%, por 72 horas. As leituras das infiltrações foram realizadas e os dados
analisados pelo teste Kruskal Wallis. Na análise estatística, o grupo 3 apresentou
escores mais altos em comparação tanto com o grupo 1 quanto o grupo 2 (p < 0,0001).
O grupo 1 não apresentou diferença significativa em relação ao grupo 2; o grupo 1
apresentou diferença de (p< 0,05) em relação ao grupo 3; e o grupo 2 apresentou
diferença de (p< 0,05) em relação ao grupo 3. Neste trabalho, o cimento Sealer 26
proporcionou um melhor selamento marginal, seguido pelo cimento Fillapex e MTA
Portland.
1
Palavras-chave: endodontia, obturação retrógrada, instrumentação.
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the marginal sealing ability of three sealers when used in
endodontic Surgery. Sixty-four human teeth, premolars, single-rooted, were chosen and
were then instrumented and filled. After this procedure, the teeth were the teeth were
sectioned apically and with an ultrasound device were prepared cavities with retro-3mm
deep. After sealing, the teeth were divided into three distinct groups of 20 elements each
and the retro-filled cavities in accordance with the types of cements in the following
order: MTA Fillapex (G1), Sealer 26 (G2) and Portland Cement (G3). Then the teeth
were immersed in a solution of passively methylene blue to 2% for 72 hours. The
readings of the infiltrations were performed and analyzed by the Kruskal Wallis test. In
statistical analysis, group 3 had higher scores compared with both group 1 and group 2
(p <0.0001). Group 1 showed no significant difference compared to group 2, group 1
had a difference of (p <0.05) compared to group 3 and group 2 showed a difference of
(p <0.05) compared to group 3. In this work, Sealer 26 provided a better marginal seal,
followed by the MTA and Portland cement Fillapex.
Keywords: endodontics, retrograde obturation, instrumentation.
INTRODUÇÃO
O tratamento do sistema de canais radiculares é composto de uma seqüência de
fases interdependentes entre si, onde deverão ser executadas criteriosamente e de
maneira satisfatória para que o sucesso do tratamento seja alcançado sob o ponto de
vista clínico e biológico (BALDI, 2009).
O objetivo do tratamento endodôntico é a limpeza, instrumentação e obturação
dos canais, prevenindo a proliferação de microrganismos e seus subprodutos. Nos casos
de insucesso, se o retratamento endodôntico fracassar ou estiver contra-indicado, a
cirurgia parendodôntica deve ser realizada como alternativa para se obter o sucesso
(GOMES et al, 2009).
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Não são raras as situações onde se constata o fracasso da terapia endodôntica
convencional após o dente já estar restaurado, com núcleo intra-canal ou até mesmo
como suporte de prótese fixa, podemos ter lesões periapicais refratárias, ou ainda com
características císticas e que não respondem ao tratamento de canal radicular assim
como canais calcificados com lesões periapicais onde o acesso via câmara pulpar é
impossível. Instrumentos fraturados no interior dos canais. Perfurações apicais, degraus
e outras ocorrências onde o tratamento de canal radicular convencional não dispõe de
recursos técnicos para resolver os problemas e levar o caso ao sucesso (LEAL et al,
2005). Os mesmos autores relatam que a cirurgia parendodôntica atua para resolução de
problemas não solucionados pela terapia convencional. Dentre as modalidades
cirúrgicas podemos citar a apicectomia com obturação retrógrada que é a remoção
cirúrgica da porção apical de um dente, acompanhada de curetagem do tecido
patológico da lesão periapical seguido do preparo de uma cavidade na porção final do
remanescente radicular e a obturação deste espaço com um material adequado. Esta
modalidade cirúrgica recebe diferentes denominações: retro- obturação, obturação-
retrógrada, selamento retrógrado e obturação apical. O objetivo da obturação retrógrada
é selar via ápice o canal principal das raízes, utilizando um material com propriedades
físicas, químicas e biológicas adequadas A apicectomia com obturação retrógrada
oferece maior garantia em termos de selamento apical e, por isso, faz que ela seja mais
difundida e praticada dentre as modalidades de cirurgias parendodônticas.
Um material obturador retrógrado ideal deve selar as vias de comunicação entre
o sistema de canais radiculares e dos tecidos circundantes. Também deve ser atóxico,
não carcinogênico, genotóxica, biocompatível, insolúvel em fluidos do tecido e
dimensionalmente estável (PARIROKH TORABINEJAD, 2010). Este material deve
apresentar características específicas, como biocompatibilidade, selamento marginal
adequado, capacidade de permitir ou induzir o reparo ósseo e facilidade de manipulação
e inserção (MOTA et al, 2010, CENTENARO & PALMA, 2011)
De acordo com Reiss-Araújo et al em 2009, relataram que a propriedade
seladora de um cimento obturador de canais radiculares depende principalmente da sua
adesividade, solubilidade, resistência ao desgaste e estabilidade dimensional. A
contração parece ser a menos desejável propriedade desses materiais. O requisito de
encolhimento máximo de 1% leva um material de espessura de 100 µm a produzir um
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vazio de 1 µm, e isso é teoricamente suficiente para a penetração, ocupação e
desenvolvimento de grande variedade de microorganismos.
Os cimentos á base de resina plástica possuem excelente adesão à dentina
havendo muitos estudos atestando sua satisfatória capacidade de selamento marginal
(LEONARDO LEAL, 2005). O Sealer 26 é um cimento resinoso à base de hidróxido
de cálcio e sua apresentação se dá por meio de um frasco com pó com 8g (hidróxido de
cálcio 37%, óxido de bismuto 43%, hexametilenotetramina 14%, dióxido de titânio 5%)
e uma bisnaga de resina com 7,5g (resina epóxica bisfenol 100%) (TANOMARU
FILHO et al, 2011).
O agregado trióxido mineral (MTA) foi desenvolvido como um material para
obturação retrógrada com melhores propriedades químicas, físicas e biológicas do que
os materiais existentes, como amálgama, material restaurador intermediário (IRM) e
SuperEBA. Atualmente, o MTA é utilizado como material de preenchimento radicular
no selamento apical, no reparo de perfurações, além de ser usado como material de
obturação retrógrada (MOTA et al, 2010). O MTA também tem sido recomendado para
capeamento pulpar, pulpotomia, formação de barreira apical em dentes com ápices
abertos, reparação de perfurações da raiz, e obturação do canal radicular. Desde a
introdução do MTA em 1993, numerosos estudos têm sido publicados sobre vários
aspectos deste material. O MTA (agregado trióxido mineral) vem sendo utilizado como
selador de cavidades apicais sendo um pó constituído por finas partículas hidrófilas
(silicato tricálcio, alumínio tricálcio, óxido tricálcio, óxido de silicato, óxido de
bismuto) e suas principais moléculas são de íons cálcio e fósforo conferindo excelente
biocompatibilidade aos tecidos dentais, já que estes também são constituídos pelos
mesmos íons. Seu ph inicial é de 10,2, porém após mistura permanece constante em
12.5 acreditando-se que ele induz formação de tecido duro quando utilizado como
material reparador (PARIROKH TORABINEJAD, 2010).
O cimento obturador de canais radiculares MTA Fillapex é um cimento resinoso
á base de MTA contendo em sua composição: resina salicilato, resina diluente, resina
natural, óxido de bismuto, sílica nano partícula, trióxido agregado mineral e pigmentos.
Segundo o fabricante, o cimento possui biocompatibilidade com os tecidos apicais e
periapicais podendo ser utilizado com ou sem cones de guta-percha. Sua apresentação
se dá através de uma seringa dupla (Dual), contendo 4 g de pasta em cada. Ainda não se
4
observam muitos trabalhos na literatura avaliando as suas características físicas
relacionadas ao selamento apical (KUGA et al, 2011).
A proposição deste trabalho foi a de comparar o selamento marginal apical de
três materiais restauradores em preparos cavitários para retro-obturações, através de um
traçador comum (azul de metileno a 2%).
MATERIAL E MÉTODOS
Sessenta e quatro dentes humanos, pré-molares inferiores, unirradiculares foram
escolhidos do armazenamento de dentes da cadeira de Endodontia da Faculdade de
Odontologia da Universidade de Barretos – UNIFEB, onde foram radiografados para
confirmar a existência de canal único e em linha reta. Os dentes já estavam com as
câmaras pulpares abertas.
Os dentes então foram limpos e hidratados com solução de clorexidina a 2% por
72 horas.
Os comprimentos de trabalho das amostras para as instrumentações dos canais
radiculares foram medidas com uma lima tipo Kerr nº 10, alcançando o limite apical e
desta medida retiramos 1mm.
Foi padronizado para o final das instrumentações uma lima Tipo Kerr nº 45
como instrumento memória.
A técnica de instrumentação foi a Step Back, preconizada por Leonardo & Leal
em 2005. A cada troca de lima, os canais radiculares foram irrigados com 3ml de
solução de hipoclorito de sódio a 0,5% (Fórmula & Ação, São Paulo, Brasil). Em
seguida, os canais radiculares das amostras foram secos com pontas de papel
absorventes nº 45 (Dentsply Indústria e Comércio Ltda, Petrópolis, RJ, Brasil) e
obturados com cimento obturador Endofill (Dentsply Indústria e Comércio Ltda,
Petrópolis, RJ, Brasil) pela técnica clássica de obturação de canal radicular preconizada
por De Deus, 1973.
Após este procedimento, os dentes foram apicectomizados em três milímetros
com auxílio de um disco de carborundun em um ângulo de 90°em relação ao longo eixo
dos dentes e as coroas que estavam abertas foram seladas com cimento provisório IRM.
Com um aparelho de ultrassom Multi - Sonic (Satelec, Gnatus, Ribeirão Preto,
São Paulo, Brasil), munidos de um inserto (nº S 12/90ºD), foram preparadas as retro-
cavidades com 3mm de profundidade sob intensa refrigeração.
5
Após a secagem das amostras, realizou-se a impermeabilização com três
camadas com uma cola epóxica (Araldite 10 minutos - Brascola, São Bernardo do
Campo, SP, Brasil), nas porções coronária e radicular; exceto a abertura foramidal, a
fim de promover selamento em qualquer irregularidade que permitisse a penetração do
corante, seguida de duas camadas de esmalte para unha.
Após secagem completa, os dentes foram divididos em 3 grupos distintos de 20
elementos cada e obturadas as retro-cavidades de acordo com os tipos de cimentos na
seguinte ordem:
Grupo I – Cimento MTA Fillapex - (Ângelus produtos Odontológicos S/A, Londrina,
PR, Brasil),
Grupo II – Cimento Sealer 26 - (Dentsply Indústria e Comércio Ltda, Petrópolis, RJ,
Brasil),
Grupo III – Cimento Portland cinza - (Cimento Zebu – Companhia de Cimento Atol –
Brasil - cuja especificação é CP2z32)
Os cimentos obturadores foram manipulados de acordo com as especificações
dos fabricantes e o cimento de Portland cinza foi manipulado com água destilada até a
mistura atingir a consistência de massa espessa. Os cimentos foram inseridos nas retro-
cavidades com um aplicador de amalgama pequeno (Ângelus Produtos Odontológicos
S/A, Londrina, PR, Brasil) e condensadas verticalmente com uma bolinha de algodão
umidecida em água destilada.
Imediatamente os dentes foram imersos passivamente em uma solução de azul
de metileno a 2% tamponado em uma vasilha própria, por 72 horas.
As amostras então foram lavadas em água corrente por 1 hora para a retirada do
excesso de corante e as impermeabilizações foram removidas com lâmina de bisturi nº
15 e fixaram-se os dentes com godiva de baixa fusão em suportes de madeira, onde
foram cortadas longitudinalmente no sentido mésio-distal com um disco de diamante de
dupla face (KG Sorensen – Cotia – São Paulo – Brasil) sob intensa refrigeração.
A leitura das infiltrações foi realizada com o auxílio de uma lupa estereoscópica
com 5X de aumento, e de uma régua milimetrada, na metade da amostra com maior
penetração do corante. Os escores para avaliação do grau de infiltração, a partir do ápice
dos dentes, seguiram o padrão descrito por BELARDINELLI et al. (2007), conforme
consta na quadro nº1.
6
Quadro nº1. Escala de variação da infiltração
Pontos Detalhes
0 Ausência de infiltração1 Infiltração estendida até ¼ do material
selador2 Infiltração estendida até ½ do material
selador3 Infiltração estendida até ¾ do material
selador4 Infiltração acima do ¾ do material selador
Os dados obtidos serão submetidos a analise estatística para determinarmos se os
materiais obturadores proporcionaram um bom selamento marginal.
RESULTADOS
Análise estatística
A análise estatística foi desenvolvida por meio de um programa específico
(BioEstat 5.0, Sociedade Civil Mamirauá / MCT – CNPq, Belém, Brasil), considerando
a hipótese nula baseada na ausência de diferença entre as modalidades de tratamento (
= 5%). Os dados experimentais foram submetidos a teste de normalidade (teste Shapiro-
Wilk), e visto que apresentaram distribuição não normal, foram analisados usando o
teste Kruskal-Wallis.
Resultados estatísticos
Os dados obtidos são apresentados na Tabela 1, e resumidos na Tabela 2.
7
Tabela 1 – Valores obtidos nos diferentes grupos.
DENTE GRUPO I
FILLAPEX
(n=20)
GRUPO II
SEALER
(n=20)
GRUPO III
CIMENTO
PORTLAND (n=20)
1 0 0 4
2 1 0 3
3 4 0 4
4 4 0 4
5 1 0 4
6 0 2 4
7 0 0 4
8 3 0 4
9 0 0 4
10 0 0 3
11 1 0 3
12 1 0 4
13 2 0 4
14 0 0 1
15 3 2 4
16 1 0 4
17 1 0 4
18 1 1 4
19 0 0 1
20 0 1 1
Posto
médio
27,0 16,9 47,6
8
Tabela 2 – Frequência de escores nos diferentes grupos.
Escore 0 Escore 1 Escore 2 Escore 3 Escore 4
Grupo 1 8 7 1 2 2
Grupo 2 16 2 2 0 0
Grupo 3 0 3 0 3 14
De acordo com a análise estatística, o grupo 3 apresentou escores mais altos em
comparação tanto com o grupo 1 quanto o grupo 2 (teste Kruskal-Wallis p < 0,0001).
Em análise dos resultados apresentados na tabela 1, observamos diferenças
estatísticas dentre os grupos, onde o grupo 3 (Cimento Portland cinza) obteve postos
médios de infiltração mais altos em relação ao grupo 1 (MTA Fillapex) e grupo 2
(Sealer 26).
No grupo 3, o valor de infiltração mais alta alcançou ponto nº: 4 (14 amostras)
na escala de variação da infiltração e seu menor ponto alcançou nº: 1( 03 amostras); o
grupo 2 obteve valor de infiltração mais alta com nº: 2 (02 amostras) e sua menor
infiltração ponto nº: 0 (16 amostras); o grupo 1 obteve infiltração mais alta com ponto
nº: 4 (4 amostras) e infiltração menor com ponto nº: 0 (8 amostras).
Na tabela 2 pode-se observar a frequência de escores entre os grupos, de acordo
com a análise estatística, o grupo 3 apresentou escores mais altos em comparação tanto
com o grupo 1 quanto o grupo 2 (teste Kruskal-Wallis, p < 0,0001). O grupo 1 não
apresentou diferença significativa em relação ao grupo 2; o grupo 1 apresentou
diferença de p< 0,05 em relação ao grupo 3; e o grupo 2 apresentou diferença de p<
0,05 em relação ao grupo 3.
DISCUSSÃO
As obturações incompletas do sistema radicular são as causas principais das
falhas endodônticas. O preenchimento tridimensional do canal depende do correto
preparo da câmara pulpar e canal radicular, na busca de uma perfeita adaptação entre o
material obturador e as paredes dentinárias e, que, sob condições de boa tolerância
tecidual, permite um selamento hermético, com decorrente cura e reparação. (MAEDA
SAMPAIO, 2009).
9
Segundo Parirohh & Torabinejad em 2010, mencionaram que um dos fatores
relacionados com o sucesso das cirurgias parendodônticas é o selamento obtido pelo
material retro-obturador e, os materiais ideais utilizados nas retro-obturações são
aqueles que selam as vias de comunicações entre os sistema de canais radiculares e dos
tecidos circundantes. Também deve ser atóxico, não carcinogênico, genotóxico,
biocompatível, insolúvel aos fluídos dos tecidos e dimensionalmente estável.
Araújo et al, 2007 afirmaram que os materiais disponíveis para obturação
retrógrada devem ser avaliados pelos testes de infiltração com corantes. Os materiais
seladores escolhidos para o desenvolvimento do nosso trabalho foram Sealer 26 (resina
epóxica), Cimento Portland cinza e MTA Fillapex (MTA e resina).
O corte de 3mm da parte apical das amostras e o preparo das retro-cavidades
foram realizadas com uma ponta ultrassônica a 3 mm de profundidade de acordo com
(BERNABÉ et al., 2005; ARAÚJO et al., 2007; GOMES et al., 2009).
Vários corantes têm sido utilizados nos estudos de infiltrações, dentre eles o azul
de metileno (TORABINEJAD et al., 1994; TANOMARU FILHO et al., 2004;
BERNABÉ et al., 2005; FRÓES CASTRO, 2007), por este apresentar baixo peso
molecular e grande poder de penetração nos espaços vazios e na concentração de 2%
por ser mais bem observada na massa dentinária apresentando manchas definidas que
facilitam a leitura dos resultados do que as com concentrações inferiores.
O MTA é um material obturador retrógrado bastante satisfatório do ponto de
vista químico-físico-biológico, especialmente por sua biocompatibilidade e seu
potencial de ação osteocondutora, osteoindutora e cementocondutora, O MTA tem sido
recomendado principalmente como material retrobturador, mas também tem sido
utilizado no capeamento pulpar, pulpotomia, a formação da barreira apical em dentes
com ápices abertos, reparação de perfurações radiculares, e do canal radicular (GOMES
et al, 2009; MOTA et al., 2010, TORABINEJAD & PARIROKH, 2010).
Estudos tem mostrado que o cimento de Portland tem condições de ser utilizado
como material endodôntico restaurador (BERNABE et al, 2005; CONEGLIAN et al,
2007) pois o cimento MTA e o cimento Portland têm componentes semelhantes
(OLIVEIRA et al, 2007; GOLÇALVES et al, 2010).
10
O selamento marginal e infiltração na massa estudada por Bernabé et al em
2005, com 4 materiais retro-obturadores: MTA Angelus, Pro-Root MTA, cimento
Portland e Sealapex consistente em 60 dentes humanos. A análise dos resultados
demonstrou não haver diferença estatisticamente significante entre as infiltrações
sofridas na interface dos materiais estudados. No entanto, a infiltração em massa sofrida
pelos materiais retro-obturadores foi significante do ponto de vista estatístico e podem
ser ordenadas do melhor para o pior, da seguinte maneira, Pro Root MTA, Cimento
Portland, Sealapex consistente e MTA Angelus. Os resultados também demonstraram
não haver correlação entre a infiltração sofrida na interface e na massa dos materiais,
quando analisados separadamente.
No estudo de Coneglian et al.,em 2007 foram avaliadas as capacidades de
selamentos apicais de tampões realizados com MTA branco e MTA-Angelus cinza e
cimento Portland inseridos através do canal da raiz e com diferentes espessuras (2, 5 e 7
mm). As menores infiltrações foram observadas em plugs de 5 e 7 mm de espessura (p
<0,05). Não foi encontrada diferença significativa (p> 0,05) entre o MTA cinza, MTA
branco e o cimento Portland. Entre os três materiais analisados, MTA branco apresentou
a maior infiltração marginal (p <0,05). As conclusões do presente estudo mostraram que
o MTA cinza e o cimento Portland tiveram melhores capacidades de selamento do que o
MTA branco, quando utilizados como plugs apicais. A infiltração de corante foi menor
para 5 e 7 mm de espessura em comparação com os plugs de 2 mm de espessura.
Recentemente foi lançado no mercado brasileiro, um novo cimento endodôntico,
derivado do MTA e resinas, denominado MTA Fillapex. Existem poucas informações a
respeito da capacidade seladora deste cimento derivado do MTA. Por ser um cimento
que está no mercado recentemente foi oportuno avaliar neste estudo as sua propriedade
seladora comparando-o com outros cimentos.
Avaliando a infiltração marginal em 34 raízes disto-vestibulares de molares
superiores, com os cimentos a base de MTA (Fillapex e Endo-CPM Sealer) e,
comparando-os com o cimento a base de hidróxido de cálcio (Sealapex), MOREIRA et
al, 2010, concluíram que não houve diferença estatisticamente entre os cimentos
Sealapex e o Fillapex, sendo que o cimento Endo-CPM Sealer apresentou maior
infiltração.
11
Pinto em 2011 avaliou a capacidade de selamento marginal de quatro cimento
obturadores de canais radiculares, frente a uma cultura de Enterococcus faecalis: MTA
Fillapex, Pulp Canal Sealer, Sealapex e AH 26. Os resultados mostraram que houve
infiltração marginal em todas as amostras testadas com o cimento Fillapex e que o
melhor resultado foi proporcionado pelo cimento AH 26.
O Sealer 26 é um cimento resinoso à base de óxido de bismuto, hidróxido de
cálcio e resina epóxica. Este cimento tem demonstrado excelente capacidade de
selamento quando utilizado em retro-obturações e também possui biocompatibilidade
satisfatória ( TANOMARU FILHO et al, 2006).
Muitas pesquisas foram desenvolvidas para avaliar a capacidade de selamento
marginal do cimento Sealer 26 em dentes humanos extraídos e comparando-o com
outros materiais endodônticos. Em sua totalidade o cimento Sealer 26 proporcionou
melhores resultados do que os outros materiais (TANOMARU FILHO et al, 2006;
ARAÚJO et al., em 2007; MAEDA & SAMPAIO, em 2009; TANOMARU FILHO et
al., em 2011), o que corrobora com os resultados de nosso trabalho, onde o cimento
Sealer 26 apresentou melhor resultado frente a diferentes materiais endodônticos
analisados.
As discussões aqui apresentadas se correlacionam aos resultados apresentados
nessa pesquisa, onde o cimento Portland apresentou maior infiltração quando
comparado ao Sealer 26 e MTA Fillapex. Em grande parte da revisão de literatura;
quando comparados com os resultados da pesquisa; mostraram que o cimento obturador
de canais radiculares Sealer 26 possui uma boa característica físico-química (selamento
marginal), mesmo quando utilizado em retro obturações.
De acordo com a tabela de resultados, o cimento MTA Fillapex apresentou
infiltração marginal apical baixa, semelhante ao cimento Sealer 26; pois não houve
diferença estatística significante; porém deve-se relatar que se trata de material
obturador recente e que pesquisas biológicas com este cimento deverão ser realizadas
para constatar sua indicação como obturador retrógrado.
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CONCLUSÕES
De acordo com a metodologia empregada na pesquisa de infiltração marginal
apical dos cimentos endodônticos, MTA Fillapex, Sealer 26 e cimento Portland,
conclui-se que todos tiveram infiltração marginal.
O cimento Sealer 26 manteve o menor índice de infiltração, seguidos do MTA
Fillapex e MTA Portland.
Na comparação entre os materiais, observou-se haver diferenças estatisticamente
significantes entre eles. O cimento Sealer 26 apresentou diferença estatísticas de p<
0,05 em relação ao cimento de Portland e não apresentou diferença estatística
significante em relação ao cimento MTA Fillapex. O cimento MTA Fillapex apresentou
diferença estatísticas de p< 0,05 em relação ao cimento de Portland.
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