Entrevista com mauricio de sousa

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Três décadas de desenho e sucesso ainda não parecem suficientes para este paulista de Santa Isabel. Desde que abandonou a reportagem policial para se dedicar exclusivamente à arte, Maurício de Sousa povoou o imaginário de crianças e adolescentes no Brasil e no exterior com personagens inesquecíveis: Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Penadinho e muitos outros. Mas ele ainda quer mais. Nesta entrevista, concedida ao Leia Brasil por correio eletrônico, o pai da Turma da Mônica descreve sua rotina à frente da equipe que desenha e escreve seus quadrinhos e explica como seu trabalho pode contribuir para a formação de jovens leitores no país. Por César Guerra Chevrand Leia Brasil: Qual o segredo do sucesso de suas histórias em quadrinhos? Maurício de Sousa: Não há segredo. Há o resultado natural de um trabalho bem cuidado, executado com carinho e profissionalismo, com muito respeito para com o público. LB: Trinta e três anos depois da primeira revista da Turma da Mônica, que avaliação você faz de sua obra? MS: Está indo bem. Mas falta muita coisa pra se fazer, ainda. E que venham mais trinta e três. LB: Você ainda desenha e escreve as histórias? MS: Hoje tenho uma equipe de apoio tanto no trabalho de roteirização quanto no desenho. Examino tudo o que é criado, no nascedouro (roteiros) para avaliação, aprovação ou para sugestões de acertos, melhoria de desfechos, etc.. - mas nos primeiros anos era eu, sozinho. LB: De que maneira as revistas em quadrinhos podem contribuir para a formação de jovens leitores? MS: Os quadrinhos devem ter uma proposta de divertir, entreter. Mas no meio do caminho, quando se fala com crianças, principalmente, pode-se colocar algum tipo de mensagem positiva, alguma informação, modelos, sugestões de comportamento, etc.. - como quando falamos ou contamos uma história para nossos filhos. LB: Quais são as dificuldades em desenhar e escrever para crianças? MS: Não há dificuldades, quando você sabe como falar, como se dirigir a elas com respeito à sua inteligência. Quando você vai com carinho, ternura e falando a língua da hora. LB: Que impacto a internet provocou em sua obra? MS: Acrescentou mais um caminho para nosso material ser divulgado. LB: Como os quadrinhos são utilizados em seu projeto de alfabetização de crianças? MS: É um projeto ainda em andamento. Mas que terá, sem dúvida, o apoio dos quadrinhos. LB: Qual o futuro da Turma da Mônica? MS: Qual o futuro dos nossos filhos? Crescerem, prosperarem e serem felizes. No caso da turminha, só não vão crescer na forma, uma vez que personagens não se alteram (muito). Três décadas de desenho e sucesso ainda não parecem suficientes para este paulista de Santa Isabel. Desde que abandonou a reportagem policial para se dedicar exclusivamente à arte, Maurício de Sousa povoou o imaginário de crianças e adolescentes no Brasil e no exterior com personagens inesquecíveis: Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Penadinho e muitos outros. Mas ele ainda quer mais. Nesta entrevista, concedida ao Leia Brasil por correio eletrônico, o pai da Turma da Mônica descreve sua rotina à frente da equipe que desenha e escreve seus quadrinhos e explica como seu trabalho pode contribuir para a formação de jovens leitores no país. Por César Guerra Chevrand Leia Brasil: Qual o segredo do sucesso de suas histórias em quadrinhos? Maurício de Sousa: Não há segredo. Há o resultado natural de um trabalho bem cuidado, executado com carinho e profissionalismo, com muito respeito para com o público. LB: Trinta e três anos depois da primeira revista da Turma da Mônica, que avaliação você faz de sua obra? MS: Está indo bem. Mas falta muita coisa pra se fazer, ainda. E que venham mais trinta e três. LB: Você ainda desenha e escreve as histórias? MS: Hoje tenho uma equipe de apoio tanto no trabalho de roteirização quanto no desenho. Examino tudo o que é criado, no nascedouro (roteiros) para avaliação, aprovação ou para sugestões de acertos, melhoria de desfechos, etc.. - mas nos primeiros anos era eu, sozinho. LB: De que maneira as revistas em quadrinhos podem contribuir para a formação de jovens leitores? MS: Os quadrinhos devem ter uma proposta de divertir, entreter. Mas no meio do caminho, quando se fala com crianças, principalmente, pode-se

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Três décadas de desenho e sucesso ainda não parecem suficientes para este paulista de Santa Isabel. Desde que abandonou a reportagem policial para se dedicar exclusivamente à arte, Maurício de Sousa povoou o imaginário de crianças e adolescentes no Brasil e no exterior com personagens inesquecíveis: Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Penadinho e muitos outros. Mas ele ainda quer mais.

Nesta entrevista, concedida ao Leia Brasil por correio eletrônico, o pai da Turma da Mônica descreve sua rotina à frente da equipe que desenha e escreve seus quadrinhos e explica como seu trabalho pode contribuir para a formação de jovens leitores no país.

Por César Guerra Chevrand

Leia Brasil: Qual o segredo do sucesso de suas histórias em quadrinhos?

Maurício de Sousa: Não há segredo. Há o resultado natural de um trabalho bem cuidado, executado com carinho e profissionalismo, com muito respeito para com o público.

LB: Trinta e três anos depois da primeira revista da Turma da Mônica, que avaliação você faz de sua obra?

MS: Está indo bem. Mas falta muita coisa pra se fazer, ainda. E que venham mais trinta e três.

LB: Você ainda desenha e escreve as histórias?

MS: Hoje tenho uma equipe de apoio tanto no trabalho de roteirização quanto no desenho. Examino tudo o que é criado, no nascedouro (roteiros) para avaliação, aprovação ou para sugestões de acertos, melhoria de desfechos, etc.. - mas nos primeiros anos era eu, sozinho.

LB: De que maneira as revistas em quadrinhos podem contribuir para a formação de jovens leitores?

MS: Os quadrinhos devem ter uma proposta de divertir, entreter. Mas no meio do caminho, quando se fala com crianças, principalmente, pode-se colocar algum tipo de mensagem positiva, alguma informação, modelos, sugestões de comportamento, etc.. - como quando falamos ou contamos uma história para nossos filhos.

LB: Quais são as dificuldades em desenhar e escrever para crianças?

MS: Não há dificuldades, quando você sabe como falar, como se dirigir a elas com respeito à sua inteligência. Quando você vai com carinho, ternura e falando a língua da hora.

LB: Que impacto a internet provocou em sua obra?

MS: Acrescentou mais um caminho para nosso material ser divulgado.

LB: Como os quadrinhos são utilizados em seu projeto de alfabetização de crianças?

MS: É um projeto ainda em andamento. Mas que terá, sem dúvida, o apoio dos quadrinhos.

LB: Qual o futuro da Turma da Mônica?

MS: Qual o futuro dos nossos filhos? Crescerem, prosperarem e serem felizes. No caso da turminha, só não vão crescer na forma, uma vez que personagens não se alteram (muito). 

Três décadas de desenho e sucesso ainda não parecem suficientes para este paulista de Santa Isabel. Desde que abandonou a reportagem policial para se dedicar exclusivamente à arte, Maurício de Sousa povoou o imaginário de crianças e adolescentes no Brasil e no exterior com personagens inesquecíveis: Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Penadinho e muitos outros. Mas ele ainda quer mais.

Nesta entrevista, concedida ao Leia Brasil por correio eletrônico, o pai da Turma da Mônica descreve sua rotina à frente da equipe que desenha e escreve seus quadrinhos e explica como seu trabalho pode contribuir para a formação de jovens leitores no país.

Por César Guerra Chevrand

Leia Brasil: Qual o segredo do sucesso de suas histórias em quadrinhos?

Maurício de Sousa: Não há segredo. Há o resultado natural de um trabalho bem cuidado, executado com carinho e profissionalismo, com muito respeito para com o público.

LB: Trinta e três anos depois da primeira revista da Turma da Mônica, que avaliação você faz de sua obra?

MS: Está indo bem. Mas falta muita coisa pra se fazer, ainda. E que venham mais trinta e três.

LB: Você ainda desenha e escreve as histórias?

MS: Hoje tenho uma equipe de apoio tanto no trabalho de roteirização quanto no desenho. Examino tudo o que é criado, no nascedouro (roteiros) para avaliação, aprovação ou para sugestões de acertos, melhoria de desfechos, etc.. - mas nos primeiros anos era eu, sozinho.

LB: De que maneira as revistas em quadrinhos podem contribuir para a formação de jovens leitores?

MS: Os quadrinhos devem ter uma proposta de divertir, entreter. Mas no meio do caminho, quando se fala com crianças, principalmente, pode-se colocar algum tipo de mensagem positiva, alguma informação, modelos, sugestões de comportamento, etc.. - como quando falamos ou contamos uma história para nossos filhos.

LB: Quais são as dificuldades em desenhar e escrever para crianças?

MS: Não há dificuldades, quando você sabe como falar, como se dirigir a elas com respeito à sua inteligência. Quando você vai com carinho, ternura e falando a língua da hora.

LB: Que impacto a internet provocou em sua obra?

MS: Acrescentou mais um caminho para nosso material ser divulgado.

LB: Como os quadrinhos são utilizados em seu projeto de alfabetização de crianças?

MS: É um projeto ainda em andamento. Mas que terá, sem dúvida, o apoio dos quadrinhos.

LB: Qual o futuro da Turma da Mônica?

MS: Qual o futuro dos nossos filhos? Crescerem, prosperarem e serem felizes. No caso da turminha, só não vão crescer na forma, uma vez que personagens não se alteram (muito).