DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALEndomarketing (Internal Marketing) como a maneira de...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EMPRESAS DE DESIGN
ENDOMARKETING APLICADO AO PROCESSO CRIATIVO
Por: Juan Porta
Orientador
Prof. Jorge Vieira
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EMPRESAS DE DESIGN
ENDOMARKETING APLICADO AO PROCESSO CRIATIVO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Marketing.
Por: Juan Porta
3
AGRADECIMENTOS
À Familia Carioca,
pela acogida
recebida e o tempo
desfrutado junto a
ela.
4
DEDICATÓRIA
À minha família,
especialmente aos
meus avos, pelo seu
valor.
5
RESUMO
Esta monografia quer mostrar a importância do cuidado do cliente
interno dentro do âmbito das empresas vinculadas com o design, entendendo
este como a área no seu conceito mais amplo, o que atinge desde o design
gráfico e digital até o design arquitetônico.
Ao longo dos capítulos são definidos os principais conceitos de
marketing, endomarketing e design, junto com uma breve aproximação
histórica.
Depois de analisar as ferramentas de que serve o endomarketing, seus
objetivos e os diferentes modelos teóricos de implementação, a monografia
apresenta o estúdio de caso da operadora de telecomunicações R, a qual vem
colocando em pratica os principais conceitos de endomarketing, incluindo
também as mais atuais ideais de felicidade no trabalho.
Por ultimo, a pesquisa amostra como no caso de IKEA, empresa de
design de mobiliário sueca, a implementação de processos de endomarketing
consegue uma melhora da satisfação do cliente interno em uma empresa de
design.
Palavras-chave: Marketing; Endomarketing; Design; Satisfação;
Motivação; Criatividade; Processo de implementação.
6
METODOLOGIA
A principal ferramenta para a realização de esta monografia foi a
pesquisa bibliográfica, tanto em livros especializados como em revistas,
artigos, monografias, dissertações e consultas na internet.
O estudo foi complementado pelo conhecimento adquirido na pratica
profissional em escritórios de design.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - CONCEITOS GERAIS 11
1.1 - Marketing. 11
1.1. 1 - Definição. 11
1.1. 2 - Evolução Histórica 12
1.1. 3 - Marketing. Presente e Futuro. 14
1.2 - Endomarketing. 14
1.2. 1 – Definição. 14
1.2. 2 – Evolução Histórica 15
1.2. 3 – Motivos para o Endomarketing 19
1.2. 4 – Endomarketing como estímulo à criatividade 20
1.3 – Design e o processo criativo. 21
1.3. 1 - Definição. 21
1.3. 2 – O cliente interno nas empresas de design. 22
CAPÍTULO II - A Implementação do Endomarketing. 23
2.1 – Coordenação. O “Quem”. 23
2.2 – Técnicas e ações. O “Como”. 25
2.2. 1 – Motivação. 25
2.2. 2 – Comunicação. 27
2.2. 2 – Liderança. 28
2.3 – Modelos de implementação. 28
2.3. 1 – O modelo de Berry. 28
2.3. 2 – O modelo de Rafiq e Ahmed. 30
8
2.4 – Felicidade no trabalho: R Operador de telecomunicações. 33
2.4. 1 – A empresa. 33
2.4. 2 – A marca R. 34
2.4. 3 – Cultura empresarial. 34
2.4. 4 – O cliente interno. 34
2.4. 5 – O modelo de felicidade R. 35
CAPÍTULO III – IKEA: Design e Marca Interna. 37
3.1 – Design democrático. A historia. 37
3.2 – Cultura organizacional IKEA. Endomarketing aplicado. 37
3.3 – Ações e técnicas para o cliente interno. 38
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44
BIBLIOGRAFIA ONLINE 48
ÍNDICE 49
9
INTRODUÇÃO
Sendo o marketing uma atividade praticada desde o inicio dos
intercâmbios mercantis entre pessoas, o conceito de endomarketing não
aparece até a segunda metade do século XX, depois de que a revolução
industrial mudasse por completo as cadeias produtivas e aos poucos fossem
surgindo os debates sobre a condições dos trabalhadores.
A partir de este ponto, o endomarketing volta a atenção de cara para o
cliente interno, o funcionário, na hora em que os diferentes pensadores
começam a demostrar as melhoras em termos de resultados que para a
empresa tem o cuidado do membro da equipe da organização como pessoa
com uma serie de necessidades a serem satisfeitas.
Entre os diferentes mercados, as empresas do âmbito do design, não
só design industrial, mas também arquitetura, design gráfico e digital, moda,
entre outras, apresentam o ponto em comum de seu vinculo com o processo
criativo. Entendendo que o endomarketing procura manter ao funcionário
satisfeito e de esta maneira aumentar a produtividade e assim tirar vantagem
competitiva com os concorrentes oferecendo um melhor serviço, esta
satisfação pode ver-se alterada na hora em que o funcionário recebe o
estímulo de uma nova necessidade que precisa atingir. Além das necessidades
e desafios que o funcionário pode ter, pelas características repetitivas de
criação de necessidades dos processo criativo o colaborador das empresas de
design é exposto a muitas situações pelas quais suas necessidades podem
não ser satisfeitas. Por este motivo estudasse nesta monografia como o
endomarketing pode atuar neste tipo de organizações.
A analise dos modelos teóricos clássicos para a implementação do
endomarketing, assim como das diferentes técnicas e ações a serrem
efeituadas na hora que a organização decide abraçar o endomarketing como
10
estratégia para atingir metas e objetivos da organização, acompanhasse da
comparação com o caso pratico do operador de telecomunicações espanhol R,
no que o conceito de felicidade no trabalho aporta um valor adicional aos
conceitos de endomarketing tradicionais.
O caso de Ikea amostra como uma grande empresa multinacional do
âmbito do design vem seguindo estratégias e ferramentas para a
implementação do endomarketing,
11
CAPÍTULO 1
CONCEITOS GERAIS
Desde que Berry (1976) propus por primeira vez o Endomarketing
como solução ao problema de oferecer continuamente um serviço de
qualidade, muita bibliografia tem sido desenvolvida (Peters, 1982; Carlzon,
1985; Piercy and Morgan, 1991) mas poucas empresas tem realmente aplicado
estratégias de Endomarketing em parte devido á falta de uma definição clara e
única. Isto faz preciso definir alguns conceitos gerais.
1.1 - Marketing
1.1. 1 – Definição.
Kotler (1987) define o Marketing como a técnica de administração
empresarial que permite antecipar a estrutura da demanda do mercado eleito
para conceber, promover e distribuir os produtos ou serviços que a satisfaçam
ou estimulem, maximizando ao mesmo tempo as utilidades da empresa.
Mesmo que esta seja a definição mais aceitada, o termo Marketing tem
sido definido por diversos autores e associações. Assim, a Associação
Americana de Marketing (2013) define o marketing como a atividade, conjunto
de instituições, e processos para criar, comunicar, distribuir, e trocar ofertas
que tem valor para clientes, usuários, parceiros, e a sociedade em geral.
12
A bibliografia é muito ampla e cada autor tem uma própria definição do
que é o Marketing, pelo que cada uma de estas definições deveriam ser
acompanhadas de uma breve explicação do contexto histórico de cada uma.
1.1. 2 – Evolução histórica.
O Marketing, visto ou entendido como um processo social de satisfação
de desejos, tem os seus origens na hora em que o homem primitivo
autossuficiente começa a estabelecer relacionamentos de simples troca nas
primeiras formas de mercado. Este estagio inicial vai evoluir no percurso do
tempo com a aparição dos mercados centrais, o estabelecimento da moeda
como instrumento medidor do valor, seguido da figura do intermediário como
pessoa especializada no processo de troca, até chegar no estagio de
sociedade afluente, no que o homem tem todas ou quase todas as
necessidades e desejos satisfeitos e ainda acumula riqueza.
Chegados neste estágio, a Revolução Industrial, cotada entre o ano
1800 até o 1920, significou um cambio de rumo no entendimento do Marketing.
Uma mudança radical a um estágio no que o consumo era imediato e
comercializar não era condição necessária para a venda. Com a demanda bem
acima da oferta, o gerenciamento ficava focado em melhorar a eficiência da
produção e distribuição.
Já no século XX, a Grande Depressão dos anos 20 fez que a
capacidade de compra no período entre guerras fosse reduzida ao mínimo.
Aparece, consequência disto, o conceito de Produto, e será o novo foco da
labor de Marketing. O consumidor prefere a melhor qualidade e características,
pelo que a empresa tem a necessidade, o imperativo, de melhorar seus
produtos continuamente.
Hindle (2008) sinala a Theodore Levitt como o autor que, com o seu
artigo “Marketing Myopia” (Harvard Business Review, 1960), evidenciou a
13
necessidade do Marketing e fez desta uma disciplina aceitada e respeitada. No
artigo, Levitt (1960) proporcionou um novo conceito no que o Marketing há de
estar voltado a dirigir o produto de cara ao grupo de compradores que
consumirá ou usará o mesmo. Para conseguir isto, direciona os esforços da
promoção de massas por médio dos médios massivos que aparecem: cinema,
radio e tv.
Junto com Levitt, Philip Kotler é responsável por fazer do Marketing
uma função estratégica reconhecida pelas organizações e empresas. Kotler
(1960) entende o Marketing como uma disciplina sobre o intercambio entre
duas partes e, por isso, como uma atividade social, não simplesmente
econômica ou de negócio.
Até chegar no século XXI o conceito de Marketing tem evoluído por
varias tendências que são resumidas em quatro:
· Marketing Relacional
· Marketing Integrado
· Marketing Social
· Endomarketing
Como agrupação de estas tendências Kotler (2006) define:
“ O Marketing Holístico baseasse no desenvolvimento,
design e aplicação de programas, processos e atividades
de marketing reconhecendo o alcance e a
interdependência dos seus efeitos. O Marketing Holístico
é consciente que tudo importa em Marketing e que é
necessário adotar uma perspectiva ampla e integrada ”
Por tanto, a historia reconhece até aqui dois estágios fundamentais:
· Marketing com foco em Produto
· Marketing com foco em Consumidor
14
1.1. 3 – Marketing. Presente e futuro.
É o próprio Kotler (2010) quem estabelece o conceito de Marketing 3.0
como resposta ás novas tecnologias, á globalização e ao interesse dos
indivíduos em expressarem sua criatividade, valores e espiritualidade.
Seguindo este conceito, as organizações devem aplicar três conceitos
fundamentais: criação de comunidades, co-criação e integridade de marca.
Assim, na atualidade, o Marketing atravessa o seu terceiro estágio
histórico:
· Marketing com foco em Valores e Causas Sociais
1.2 - Endomarketing
1.2. 1 – Definição.
Etimologicamente, e segundo Brum (1998), do grego, “Endo-“ significa
“ação interior ou movimento para dentro” pelo que o termo Endomarketing pode
ser entendido como “Marketing para dentro” ou “Marketing voltado cara a
própria empresa”.
Mas, prestando mais atenção conceitual, Rafiq e Ahmed (2000)
identificam a Leonard Berry (1976) como o primeiro autor em propor o
Endomarketing (Internal Marketing) como a maneira de resolver os prejuízos
derivados da falta de oferecer um serviço de qualidade com persistência. A
pesar das diversas definições dadas por todos os pensadores relevantes sobre
o termo, cabe destacar a definição do próprio Berry (1984) como a primeira em
explicar o conceito na hora da sua aparição, entendendo Endomarketing como:
“ A aplicação da filosofia e práticas de Marketing para as
pessoas que atendem os clientes externos, de forma que
15
as melhores pessoas possíveis podam ser contratadas e
mantidas, e vão fazer o melhor trabalho possível. ”
Sendo a definição proposta por Bekin (1995) a mais comumente
aceitada:
“ O Endomarketing consiste em ações de marketing
voltadas ao público interno da empresa, com o fim de
promover entre seus funcionários e departamentos
valores destinados a servir o cliente ” (p.2)
1.2. 2 – Evolução histórica.
Desde o momento em que o Endomarketing atende ao cliente interno,
visto como o trabalhador, estabelece um vínculo direito com outras áreas
anteriormente fora do objeto de analise estratégico: relações humanas,
psicologia, organização do trabalho... Sendo, as vezes, difícil fixar um limite
claro entre umas áreas e as outras.
Antes mesmo da aparição do conceito de Endomarketing, já tinham
sido desenvolvidas diversas teorias que versam sobre os aspectos psicológicos
e humanos do funcionário.
Segundo Maximiano (2000), como consequência das mudanças na
organização do trabalho derivadas da Revolução Industrial, Taylor e Gilbreth
começam pesquisas voltadas para a melhora e optimização do rendimento do
trabalhador, estudando as condições físicas do ambiente laboral como fator
fundamental. Os resultados destes estudos foram refletidos por Taylor (1911) e
derivou no que posteriormente será nomeado como Administração Científica ou
Taylorismo.
17
Atendendo aos estudos de Rafiq e Ahmed (2000), desde esse
momento se distinguem três fases evolutivas no entendimento do conceito de
Endomarketing:
· Fase 1 – O trabalhador como cliente
Nesta primeira fase de desenvolvimento do conceito de
Endomarketing, o foco ficava na satisfação e motivação do empregado. O
motivo principal estava no objetivo de melhorar um serviço de qualidade já que,
pela condição humana, os trabalhadores presentam inconsistências no nível de
rendimento e a resolução de este problema foi atingida pelas organizações
desde o ponto de vista da motivação dos empregados.
A pesar do termo Endomarketing ter sido usado primeiramente por
Berry (1976), só foi introduzido no discurso popular depois do artigo do próprio
Berry (1981), no que identifica “empregados como cliente interno, trabalho
como produto interno que satisfazem as necessidades e desejos dos citados
clientes internos ao mesmo tempo que direcionam os objetivos da empresa”.
Sob esta visão do Endomarketing subjaze um conceito chave no que
baseasse a noção de que “para ter clientes satisfeitos, a empresa deve ter
também trabalhadores satisfeitos” (George, 1977).
Rafiq e Ahmed (1993) adiantam alguns problemas potenciais da
conceição de “trabalhadores como clientes”. Primeiramente, pelo contrario do
que acontece no Marketing Externo (Marketing) o “produto” oferecido ao cliente
pode não ser um produto desejado ou ter utilidade negativa. Em segundo
termo, dificilmente o empregado pode ter possibilidade de escolha entre
“produtos”. Terceiro, pela natureza contratual, o trabalhador pode ser forçado a
aceitar “produtos”. Em quarto lugar, manter trabalhadores satisfeitos pode ter
um custo considerável. Por ultimo, o conceito de “trabalhador como cliente”
questiona a primazia dos trabalhador sobre o cliente externo, o que contradisse
um dos axiomas fundamentais do Marketing.
· Fase 2 – Orientação de cara ao consumidor
18
O segundo passo no desenvolvimento do conceito de Endomarketing
foi empreendido por Grönroos (1981), para quem na hora em que o trabalhador
participa do “marketing interativo”, isto é, o trato com o cliente, se faz
fundamental que seja responsável pelas necessidades dos clientes. Grönroos
reconhece as interações comprador-vendedor como oportunidades de
Marketing para a empresa, por tanto, para tomar vantagem de esta situação
requeresse pessoal orientado ao cliente e com espírito de venda.
Consequentemente, o objetivo do Endomarketing é conseguir trabalhadores
motivados e conscientes pelo cliente (Grönroos, 1981)
Posteriormente, Grönroos (1985) amplia a sua definição original de
Endomarketing como o método de motivação dos trabalhadores de cara a ter
consciência do cliente e mentalidade de vendas, incluindo o uso de atividades
e estratégias de Marketing com este objetivo. Embora esta definição
aproximasse aos conceitos de Berry, os trabalhadores não são tratados como
clientes.
· Fase 3 – Estratégias de implementação e mudança do gerenciamento
O inicio de esta terceira fase está marcado pelos indícios de vários
autores que começam a reconhecer o papel do Endomarketing como veiculo
da implementação de estratégias. Winter (1985) foi o primeiro a apresentar o
potencial do Endomarketing como ferramenta de gerenciamento dos
trabalhadores voltado para o cumprimento dos objetivos da empresa.
A partir de este ponto, o conceito de Endomarketing evolui e será
entendido como uma ferramenta geral para a implementação de qualquer
estratégia da empresa, já seja esta interna ou externa, e um mecanismo para
reduzir o isolamento entre departamentos, reduzir a fricção interfuncional e
superar a resistência as mudanças.
Por isto, esta terceira fase sugere que o objetivo do Endomarketing não
está limitado à motivação do trabalhador de cara a ser consciente das
necessidades do cliente.
19
As considerações dos diversos autores podem ser agrupadas na
definição de Endomarketing dada por Rafiq e Ahmed (1993) como:
“ O esforço planejado para superar a resistência da
empresa ás mudanças e para alinhar, motivar e integrar
os trabalhadores de cara a uma efetiva implementação de
estratégias corporativas e funcionais ” (p.219)
Esta definição incorpora a noção de que qualquer mudança na
estratégia pode precisar de ações de Endomarketing para superar a inercia da
empresa e para motivar aos trabalhadores. Além disto, o ênfase de esta
definição, mesmo reconhecendo o papel fundamental dos trabalhadores, é
colocado sobre a ações que devem ser implementadas para conseguir a
satisfação do cliente.
1.2. 3 – Motivos para o Endomarketing
O principal argumento para a implementação do Endomarketing nas
empresas é melhorar a percepção que os próprios funcionários tem da mesma,
colaborando para que tenham uma visão compartilhada do negócio, e poder
estar envolvidos na gestão, metas, produtos, serviços, mercados e resultados.
Assim, o empresa procura oferecer um melhor serviço para o cliente externo o
que se volta em uma vantagem competitiva respeito aos concorrentes.
Segundo Bekin (2004), no cenário atual nos que as empresas se
encontram, um mercado orientado para o cliente:
“ As empresas que satisfazerem seus clientes internos,
serão as que terão maior chance de conseguir clientes
externos também satisfeitos. Organizações bem
sucedidas responsabilizam seus gerentes e áreas de
suporte com atribuição-chave de ajudar os funcionários da
20
linha de frente a realizar um serviço de reconhecida
qualidade aos clientes e confirmado por eles ” (p.240)
Pelo tanto, o Endomarketing não é apenas uma ferramenta de
comunicação interna e sim um conjunto de operações focadas na satisfação
dos principais clientes, pelo que são muitos os motivos para incorporar o
Endomarketing nas empresas.
1.2. 4 –Endomarketing como estímulo à criatividade
Dentro das empresas vinculadas ao âmbito do design (arquitetura,
design industrial, fotografia, design gráfico...), criatividade e inovação jogam um
papel fundamental para manter a empresa no topo e se consolidar no mercado.
A promoção de estes dois aspectos no ambiente interno da
organização depende principalmente dos conceitos de clima e cultura
organizacional, tornando-se o Endomarketing uma ferramenta que aporta
grandes contribuições neste sentido.
Entrando na definição do conceito de criatividade dada por King e
Schilicksupp:
“ Criatividade é a capacidade de as pessoas gerarem
novos projetos, produtos ou ideias que, até o momento da
geração, eram completamente desconhecidos do criador.
Essas ideias podem ser resultados de pensamento
imaginativo ou de uma combinaáo de pensamento e
formaáo de novos padrões ou ainda pode advir da
experiências de um grupo ” (1999, p.11)
Os autores concluem pelo tanto que a criatividade é adquirida por
aprendizagem e, segundo Brum (2005), os funcionários serão mais motivados
21
quando recebem mensagens inspiradores, quando percebem a possibilidade
de criar e inovar. Isto é, o desafio ao uso da criatividade no trabalho leva à
motivação.
Para atingir esta situação, Brum (2005) afirma que, para poder impulsar
o potencial criativo da equipe, as atitudes de Endomarketing devem ser
expressadas no constantemente, nas atividades que não representam custo
para a empresa, mas que demostram respeito e consideração à componente
particular de cada um dos membros da empresa. Esse sentimento será mais
representativo do que benefícios materiais.
Em uma situação em que a concorrência é alta, o potencial criativo
pode ser uma vantagem na hora de fazer uma diferencia. Mediante estratégias
de Endomarketing, a empresa deve motivar e oferecer autonomia aos
funcionários. Esta autonomia fara com que o individuo e as equipes possam
exercer sua criatividade.
Fazendo uso do Endomarketing, a empresa fixa como objetivo criar
ambientes produtivos e favoráveis à criatividade nos que dar resposta às
necessidades externas.
1.3 – Design e o processo criativo.
1.3. 1 – Definição.
Em português, o termo “design” está geralmente vinculado à definição
que dada por Maldonado (1963) na que define o design como a atividade
projetual que determina a propriedades formais dos objetos produzidos
industrialmente.
Porém, esta definição não inclui varias disciplinas vinculadas a
processos criativos e artísticos como a arquitetura, design gráfico e design
22
digital. Num sentido mais amplo, definido por Shigley e Mishke (1989) o design
é a atividade que formula um plano pelo que uma necessidade humana é
satisfeita.
Em esta monografia o termo design será usado neste sentido mais
amplo que envolve todas as disciplinas relacionadas ao processo criativo.
1.3. 2 – O cliente interno nas empresas de design.
Dentro das empresas de design, o funcionário deve afrontar repetidas
vezes o processo criativo que, pelo geral, acostuma ter as seguintes fases:
· Observação e analise.
· Avaliação.
· Projeto.
· Construção e execução.
23
CAPÍTULO 2
A IMPLEMENTAÇÃO DO ENDOMARKETING
Segundo Bekin (1995), a implementação de um processo de
endomarketing começa por um diagnóstico. Neste passo é avaliada a situação
do ambiente interno da empresa, realizado um perfil dos funcionários e
avaliado o desempenho global. Após esta etapa avalia-se os setores
individualmente, o potencial dos funcionários, nível de motivação, espírito de
equipe, necessidade de treinamento e expectativas e aspirações.
Já Pereira (2002) expõe a necessidade de envolver duas linhas de ação
na elaboração de processos de implementação de Endomarketing:
· Atitude
· Comunicação
A primeira inclui o envolvimento dos funcionários. A segunda, serve para
estabelecer um clima e um sistema de subsídios para aumentar a eficiência do
trabalho.
Serão apresentadas algumas atividades executadas para a
implementação do Endomarketing assim como as agentes involucrados no
processo.
2.1 – Coordenação. O “Quem”
As referências que identificam os responsáveis pela coordenação do
processo não são muito abundantes. Assim, Piercy (2002) descreve como o
24
Endomarketing ajuda a implantar um novo conceito de marketing baseado em
valores, porém, não sugere quem deve ser o coordenador da mesma.
Atendendo aos diversos autores, quatro poderiam ser os possíveis
agentes responsáveis pela processo de implementação do Endomarketing na
empresa:
· O setor de Recursos Humanos
· O setor de Marketing
· Ambos setores (RH e Marketing)
· O nível executivo
Os identificação dos coordenadores dependerá muito dos autores o
que revela a interligação entre Endomarketing e recursos humanos, como
defende George (1990).
Para Bansal, Mendelson e Sharma (2001), as práticas mais avançadas
de recursos humanos leva para um processo de Endomarketing.
Kotler (1998) e Flipo (1986), defendem o papel dos marketeros e o
poder que eles tem sobre os funcionários na hora de chegar nas metas das
estratégias externas.
Já Berry e Parasuraman (1991) entendem que, sendo o Endomarketing
uma filosofia de gestão com o objetivo de desenvolver o cliente interno, deve
começar pelo nível executivo.
Porém, estando os limites entre recursos humanos e marketing algo
difusos na hora de enfrentar o cliente interno, o entendimento geral dos
investigadores parece sinalar ao trabalho conjunto de ambos setores como
chave para a implantação do processo de Endomarketing. As investigações de
25
Rafiq e Ahmed (1993), defendem a coordenação entre estes dois setores e
alertam sobre o reajustes que serão precisos durante o processo.
2.2 – Técnicas e ações. O “Como”.
Segundo Pereira (2002), há três fases diferenciadas pelas que passa o
processo de Endomarketing:
· Motivação
· Comunicação
· Liderança
2.2. 1 – Motivação
A definição de motivação identifica esta como o processo pelo que
todos os agentes involucrados se comprometem com a empresas, suas metas
e objetivos. O médio para conseguir isto não é outro que a criação do conceito
de cliente interno.
Atendendo á definição dada por Robbins (2000), a motivação é a
disposição de um individuo para se esforçar com um nível elevado na direção
de metas da organização com a condição de obter alguma satisfação pessoal.
Psicologicamente analisada, a motivação aparece na hora em que o
organismo em equilíbrio recebe um estímulo que cria uma necessidade. A
satisfação de essa necessidade e a superação das barreiras que o impedem
provoca os comportamentos e ações do individuo.
Para poder ter trabalhadores com um alto nível de motivação, Bekin
(1995), estabelece um diagrama sequencial de etapas (Figura 02), pelo que o
sucesso do processo depende de atingir os valores implícitos em cada etapa.
26
Figura 02 .- Processo de motivação.
Fonte: Adaptado de Bekin (1995)
Dentro da complexidade da implementação de um processo de
motivação, Bekin (1995) propõe alguns instrumentos, tendo a maior relevância
as ações grupais, já que o empresa (ou escritório de design) poderá atingir
suas metas mediante esforços conjuntos:
· Prioridade para a motivação do grupo de trabalho
· Valorização do individuo dentro do grupo
· Integração baseada no valores e objetivos da empresa
· Reforço continuo de uma atitude baseada em valores compartilhados
· Recompensas e prêmios dirigidos ao grupo
· Criação de ambiente de interação
· Envolvimento dos funcionários na toma de decisões
· Estímulo à criatividade
· Distribuição de funções
· Recompensas adequadas
27
2.2. 2 – Comunicação
Pereira (2002) explica como a comunicação interna é um conjunto de
ações no que os fluxos de informações são bidirecionais entre a empresa e os
funcionários e que precisa de uma supervisão e feedback. Dentro do processo,
é muito importante ouvir, assimilar e participar.
A comunicação entre os funcionários, membros das diversas equipes,
assim como a comunicação entre as equipes, poderá conseguir a
transparência nas informações, devendo a rede de comunicação fazer parte da
cultura da empresa.
Segundo Bekin (1995), o dialogo pode resolver a grande maioria dos
motivos de insatisfação, e lista dez requisitos para criar um ambiente aonde o
funcionário é considerado um cliente preferencial:
· O nível diretivo está empenhado no trabalho para o cliente e para a
valorização dos funcionários.
· A gerencia possui capacidade de liderança e motivação.
· O conhecimento e disseminado por todos os setores da empresa
· Cada um conhece os objetivos da empresa e suas responsabilidades
· O funcionário conhece suas tarefas, esta envolvido em trabalho em
equipe que permite a iniciativa individual
· Formação continuada
· Processos de avaliação transparentes
· Constante processo de informação e comunicação
· Possibilidade dos funcionários revelarem suas expectativas e
necessidades
· Atingir as expectativas e necessidades dos funcionários traz como
consequência um ambiente de confiança e aumenta o nível de
eficiência
28
2.2. 3 – Liderança
A liderança, segundo Hall (1984), é associada a uma pessoa que leva
as suas competências além dos requisitos da sua posição. A persuasão das
pessoas e a inovação nas ideias e na toma de decisões são caraterísticas que
identificam a liderança.
Para os investigadores de Endomarketing (Bekin, 1995), a liderança
deve ser cooperativa, não agindo desde o topo e sim estabelecendo processos
democráticos e participativos, aonde o diálogo aparece como um método
solucionador de problemas.
O papel que desenvolve o líder deve atender novos desafios, manter a
visão empresarial dos funcionários, ser o gestor dos fluxos da informação,
fomentar a criatividade e as iniciativas individuais, trabalhar com o grupo e para
o grupo.
Trabalho em equipe e liderança são valores que se complementam.
2.3 – Modelos de implementação
Na literatura são vários os autores que tem apresentado vários
modelos de Endomarketing. Estes modelos, mesmo sendo relativamente
recentes e sujeitos a novas revisões para serem confirmados, procuram a
satisfação do cliente externo por médio da satisfação do cliente interno.
2.3. 1 – O modelo de Berry
O modelo apresentado por Berry (Figura 3), o primeiro em ter um alto
destaque, começa por reconhecer ao funcionário com cliente. Para Berry
(1981), sobre o funcionário deve existir uma dinâmica de interação e
29
crescimento no trabalho, o que traduzirás-se na satisfação do próprio
funcionário e no desenvolvimento de atitudes orientadas cara o cliente externo.
Figura 3 .- Modelo de Endomarketing de Berry
Fonte: Berry (adaptado de Rafiq e Ahmed, 2002)
Partindo de esta premissa fundamental do Endomarketing que
reconhece o funcionário como cliente, o modelo de Berry se desenvolve até
tirar vantagem competitiva. Dois são os pontos necessários para chegar nos
objetivos de ter funcionários satisfeitos e desenvolver atitudes orientadas ao
cliente:
· Tratar as tarefas com produto
· Procurar o envolvimento e a participação do funcionário
O fato de reconhecer a tarefa como produto requere, neste modelo,
uma nova dimensão do setor de recursos humanos. Ao mesmo tempo,
possibilita a execução de ações e técnicas de marketing com o objetivo de
captar e manter a equipe que forma a empresa.
Porém, este modelo não inclui dois pontos recorrentes na literatura. O
primeiro deles, a orientação cara o cliente, devera ser desenvolvida com o
30
funcionário. Já o segundo, a especificação das técnicas que poderão ser
utilizadas pela empresa, não são definidas dentro do modelo.
2.3. 2 – O modelo de Rafiq e Ahmed
Mesmo que o modelo de Berry fosse complementado por Grönroos em
relação às técnicas, para Rafiq e Ahmed (2002) ambos modelos, que
acompanham uma sequencia de ações na procura de obter vantagem
competitiva, são modelos incompletos. Na analise dos autores, o modelo de
Berry carece dos mecanismos que podem ser usados para motivar aos
funcionários, excetuando os derivados de uma aproximação desde o ponto de
vista do marketing. Já o modelo apresentado por Grönroos, recebe a critica de
ignorar as ações derivadas do entendimento do funcionário como cliente como
técnicas para a motivação. Rafiq e Ahmed propõem, consequentemente,
combinar os dois modelos.
O modelo de Rafiq e Ahmed (Figura 4), baseado nos modelos de Berry
e Grönroos, faz uma conexão entre os elementos que compõem o
Endomarketing e a relação que tem com a satisfação do cliente externo.
31
Figura 4 .- Modelo de Endomarketing de Rafiq e Ahmed
Fonte: Rafiq e Ahmed (2000)
Para os autores, há dois fatores que abrem o caminho para obter a
satisfação do cliente por vias internas. A motivação dos funcionários, junto com
o reparto e distribuição de poderes (empowerment), vão influir na satisfação
dos trabalhadores de uma maneira positiva, resultado que acabará por se
associar com a orientação de cara ao cliente e, indiretamente, o resultado
obtido será um cliente satisfeito.
Do outro lado, uma cultura empresarial que implemente uma
coordenação e integração das multiplex funções que aparecem dentro da
32
organização da empresa, vai ter repercussão na obtenção de um Serviço de
qualidade, ao mesmo tempo que a satisfação do cliente aumenta.
Como elemento central de este modelo, aparece a orientação ao
cliente, principio fundamental do marketing para atingir os objetivos da empresa
assim como para satisfazer ao cliente externo.
De igual maneira que o modelo de Berry tinha sido criticado e parecia,
em certo modo, incompleto; o modelo de Rafiq e Ahmed incorpora novos
elementos, mas, por ser um modelo teórico, não adiciona diretamente as
atividades que podem ser executadas para melhorar a satisfação e a
motivação do cliente interno, isto é, do trabalhador da empresa.
No modelo de Rafiq e Ahmed destaca a incorporação do empowerment
como uma técnica interna orientada à obtenção de maior motivação. Porém,
esta delegação de poder na toma de decisões afeita somente aos funcionários
da linha de frente. A importância da linha de frente dentro da organização das
empresas tem sido foco de muitos estudos. Carlzon (1987) chegou a propor a
inversão do tradicional esquema organizativo da empresa em pirâmide,
colocando no topo à linha de frente por serem os funcionários de este nível os
que afrontam mais “Horas da verdade”, momentos em que o cliente entra em
contato com algum aspecto da organização e usa essa oportunidade para
julgar a qualidade do serviço. Devido a isto, a linha de frente precisa de uma
maior autonomia, porém o empowerment é considerado como um dos fatores
que contribuem na satisfação no trabalho e na motivação, pelo que deveria ser
estendido para toda a organização.
Em definitiva, estes modelos definem umas linhas teóricas de
implementação dos conceitos de Endomarketing nas organizações que, com o
objetivo final de ganhar a satisfação do cliente, procura incrementar a
satisfação e a motivação dos funcionários. A literatura conclui que estes
objetivos vão demandar um maior envolvimento das áreas de recursos
33
humanos e marketing e um trabalho conjunto, pelo que serão requeridas
culturas de comunicação e transparência dentro das empresas.
2.4 – Felicidade no trabalho: R Operador de telecomunicações
Recentemente, vários autores vem debatendo sobre o conceito de
felicidade no trabalho (Vázquez, 2012; Uldrich, 2011), também científicos do
âmbito humanista começaram a investigar o bem-estar subjetivo, isto é, a
percepção da felicidade. Bem-estar, neste sentido, é entendido como algo além
do desfrute de bons momentos. Este conceito de bem-estar está relacionado
com a sensação de plenitude na vida, superação de adversidades... o que
oferece amplas possibilidades para o Endomarketing. Para conseguir um
melhor produto ou serviço, que faz o cliente feliz, os funcionários devem se
sentir felizes.
O caso de R, operadora de telecomunicações de Galicia, na Espanha,
serve de exemplo de implementação de um processo de Endomarketing que
segue as ultimas teorias sobre o trabalho com o cliente interno.
2.4. 1 – A empresa
A historia de R começa como uma pequena organização que se quer
estabelecer como operador de telecomunicações para todo um território, tarefa
tradicionalmente associada às grandes multinacionais com capacidade e
recursos. R nasce sem um sócio tecnológico e contempla seu negócio e
mercado com um olhar fresco e novo. Com criatividade e inovação consegue
abrir seu espaço no mercado entre grandes empresas.
Desde 2007, a área de pessoas (tradicionalmente “gestão de recursos
humanos”), tem como objetivo potenciar a felicidade de seus funcionários.
34
O objetivo central e inicial de R é impulsar o desenvolvimento de
Galicia mediante uma rede de comunicações de ultima geração de fibra ótica.
Desde 1998, R vem experimentando um crescimento rápido, ao mesmo tempo
que, desde o ponto de vista do Endomarketing, foi incluída em 2006 como uma
das melhores empresas para trabalhar em Espanha no ranking Great Place to
Work.
2.4. 2 – A marca R
A criatividade e inovação aparecem desde a hora de criação da marca,
um dos pontos de fundamentais na estratégia de negocio da empresa. R nasce
querendo ser associada ao não convencional, qualidade, inovação,
modernidade, assim como valores essenciais como a ética, honestidade e
humildade.
2.4. 3 – Cultura empresarial
Na essência da marca figura a singularidade de cada individuo e o
reconhecimento do que cada funcionário pode adicionar ao negocio. Este fator
é oferecido como uma vantagem na hora de atrair funcionários qualificados e
poder competir com grandes multinacionais concorrentes.
Segundo Simón (2011), o outro conceito principal na cultura
empresarial de R é o imperativo de ser feliz no trabalho. A ideia de “curtir o
trabalho” é a base da gestão de pessoas da empresa.
2.4. 4 – O cliente interno
O Endomarketing tem sido uma ferramenta utilizada pela empresa
desde o inicio, sendo o setor de direção o primeiro em entender a importância
da satisfação do cliente interno na hora de gerar melhores resultados e
serviços.
35
Entre as ações desenvolvidas para manter a motivação do cliente
interno destacam:
· Salario segundo variáveis, ou, “Se a empresa ganha, você ganha”.
Para a empresa, o compromisso do funcionário é tão importante como o
salario.
· Plano de benefícios sociais ou “Dispõe do tempo quando o precise,
com bom senso”. Seguindo o programa “Combo-nós”, a empresa implementou
um pacote de medidas mais tradicionais dentro do Endomarketing que incluem
seguros e permissões estendidas, aportando uma grande flexibilidade ao
funcionário.
· Investimento intensivo em formação.
Como complemento de estas ações, foram implementados dois
sistemas de gestão do desempenho e medição do clima laboral. Estas
ferramentas de comunicação interna contribuem para a melhora da satisfação
continua do cliente interno.
Como incentivo, desde 2007, os resultados das pesquisas de
satisfação do funcionário incidem nos benefícios do nível diretivo,
estabelecendo para o setor da liderança o claro objetivo da satisfação do
cliente interno.
2.4. 5 – O modelo de felicidade R
Seguindo as teorias e os estudos desenvolvidos pelo psicólogo Martin
Seligman (2002), marcaram o ponto de partida para o desenho da estratégia de
gestão de pessoas. A teoria das fortalezas de Seligman orienta à organização
em volta do bem-estar dos funcionários, articulando o modelo de felicidade em
torno de sete eixos:
36
· Ser positivo
· Ser flexível
· Confiar
· Achar o significado
· Se comprometer
· Desfrutar
· Aprender
Para que o funcionário como individuo chegue a experimentar estes
princípios precisa do envolvimento da organização e do compromisso de toda a
empresa.
Dentro do modelo de implementação destacam três ações que
colaboram no cuidado do cliente interno e na procura da felicidade no clima
organizacional:
· Seleção de pessoas. Selecionar pessoas voltadas ao optimismo e à
inteligência emocional. O importante não é o conhecimento, este é adquirido, e
sim as capacidades dos funcionários.
· Coaching um a um. Aumento da comunicação interna, avaliação
continua dos níveis de satisfação e motivação da equipe
· Workshop de felicidade. Trabalho sobre as qualidades emocionais e o
optimismo dos funcionários, aprendizagem para ser feliz. Trabalho no
autoconhecimento e autogestão.
37
CAPÍTULO 3
IKEA: DESIGN E MARCA INTERNA
A empresa de mobiliário sueca IKEA é um referente mundial dentro das
empresas vinculadas ao design e que mediante estratégias e ações de
Endomarketing tem desenvolvido uma marca interna de referencia
conseguindo uma ótima conexão entre marca externa e funcionário.
3.1 – Design democrático. A historia.
Os países escandinavos, Suécia entre eles, são amplamente
conhecidos pela qualidade do seu design. Porém, o design tem sido
tradicionalmente um produto de alto preço. O objetivo de IKEA tem sido facilitar
a possibilidade de mobiliar a casa com um design cuidado e funcional a um
preço aceitável. Esta ideia criou o conceito de “design democrático”.
Fundada há mais de 60 anos por Ingvar Krampad no sul da Suécia, o
empresa transmite valores tradicionais da região em todas a suas faces:
simplicidade, consciência dos custos, humildade e força de vontade.
3.2 – Cultura organizacional IKEA. Endomarketing aplicado
Desde a organização interna da empresa, uns valores claros são
transmitidos não só ao cliente externo, o cliente interno, o funcionário, também
é visto como individuo que participa do clima, cultura e marca IKEA: criar um
dia a dia melhor para mais gente. Vários dos valores da organização refletem a
atitude voltada para o cliente interno:
· Liderar pelo exemplo
38
O nível de liderança é responsável pela transmissão dos valores e
criação de um ambiente de bem-estar.
· Desejo constante de renovação
A inovação como fator chave para manter a motivação.
· Espirito de união e entusiasmo
A união da equipe para fomentar um bom ambiente e clima no trabalho.
· Atrevemo-nos a ser diferentes
O questionamento de soluções antigas, a disposição pela melhora são
atitudes voltadas para superação de novos desafios e a criação de novas
necessidades para ser superadas dentro do dia a dia. Em definitiva, motivação.
· Simplicidade
Assumir uma abordagem descontraída e direta na resolução dos
problemas, lidando com pessoas ou enfrentando desafios.
· Aceitar e delegar responsabilidades
Aumentando a autonomia dos funcionários, ajudando a uma melhor
valoração do cliente interno.
· Estar constantemente “no caminho”
Tentar ser críticos com o trabalho feito no presente, se questionando se
pode ser melhorado no futuro, na procura de novas ideias e inspiração, serve
como técnica na procura de novos desafios e manutenção da motivação.
3.3 – Ações e técnicas para o cliente interno
Ferramentas internas fundamentais dentro da empresa são o
optimismo e a criatividade. Segundo as próprias politicas internas, a
organização transmite uma mensagem de acreditação nas pessoas e de ver
em cada pessoa um talento.
Dentro das técnicas de implementação de Endomarketing visíveis na
organização, destacam cinco níveis:
· Políticas de r.h.
39
No caso de IKEA, a área de recursos humanos é a responsável pela
implementação de varias técnicas de Endomarketing. Os valores da cultura da
empresa são mantidos e fortalecidos desde este departamento.
Cada pessoa é vista como um talento com a curiosidade de aprender e
a possibilidade de crescer e se desenvolver. Os trabalhadores são incentivados
a experimentar diversas funções durante a carreira. Com este plano, o
funcionário ganha autonomia, responsabilidades e flexibilidades ao tempo que
incrementa o conhecimento e aprendizagem com a empresa. Para IKEA, ter
uma equipe que se forma no trabalho faz a equipe crescer.
· Criatividade.
Estabelecer um espaço de trabalho inclusivo é um dos fatores que
fazem da IKEA um espaço criativo, aonde os funcionários podem expressar
seus interesses próprios.
· Satisfação pessoal.
É objetivo da organização se tornar um grande lugar para trabalhar
(“Great Place to Work”), o que implica oferecer amplas possibilidades de
desenvolvimento e cuidados em todos os âmbitos da vida e do trabalho.
Implementando ferramentas de comunicação interna, IKEA vem
acompanhando os níveis de satisfação dos funcionários, monitorando assim as
áreas a melhorar e manter o funcionário feliz.
· Motivação.
As pessoas criam a empresa. Forma parte da cultura da organização
estimular aos funcionários e criar um ambiente de trabalho agradável, que
aumente a produtividade.
· Benefícios.
Preocupada pela vida dos funcionários ou colaboradores, a
organização valora e incentiva a o crescimento continuo dos mesmos. Alguns
40
dos benefícios que são oferecidos para o cliente interno para melhorar a sua
satisfação e assim a produtividade e o resultado final do serviço são:
· Aprender enquanto trabalhamos
A empresa oferece diversos programas de formação internos que
incentivam o crescimento do funcionário.
· Oportunidade de desenvolvimento
Cada membro da equipe pode criar um plano de desenvolvimento
com objetivos.
· Preços mais baixos
Descontos nos produtos para os funcionários são oferecidos
· Fika
Fazendo honra da sua origem, a IKEA propaga pelo mundo a
“fika”, um momento de integração da equipe durante o que podem surgir novas
ideias e novas decisões podem ser tomadas. A “fika” vai além de uma pausa
para um café.
· Backpackers da IKEA
IKEA implementa um programa de formação de lideres e
especialistas para o futuro. O funcionário participa de um plano de
aprendizagem no estrangeiro, com estadias de seis meses em dois países,
trabalhando em áreas diferentes da empresa, desempenhando funções novas.
Com isto, IKEA tem atingido um baixo índice de mobilidade dos
funcionários , estabelecendo até uma lista com os dez motivos pelos que o
funcionário fica na organização:
· Ambiente de trabalho. A equipe faz a gente ficar.
· 80% de colaboradores motivados.
· Os erros não são punidos e sim vistos com oportunidade de
aprendizagem.
· Flexibilidade para desenvolver um plano de carreira à medida.
· Mobilidade internacional.
41
· Organização horizontal, cada colaborador tem autonomia e deve
sentir que forma parte da equipe.
· Orgulho de participar de uma empresa com valores que se refletem
em fundações de ajuda humanitária e sustentabilidade.
· Valoração do talento e da pessoa. A aprendizagem pode ser realizada
com ajuda da empresa e preparação.
· Prioridade pelas pessoas e a vida privada.
· IKEA cria sua própria rede social.
42
CONCLUSÃO
O processo criativo expõe ao funcionário ou cliente interno a inúmeras
situações nas que uma necessidade é criada. Caso esta necessidade não seja
atingida, o funcionário fica num estádio de desequilíbrio emocional no que não
se encontra satisfeito.
Com isto, as empresas do âmbito do design são organizações
potenciais para a implementação de processos de endomarketing perante os
quais estabelecer ferramentas e ações para o monitoramento e controle dos
níveis de satisfação dos funcionários, podendo de este modo manter um
ambiente empresarial e um clima organizacional ótimo, aonde a satisfação dos
funcionários derive em motivação e esta motivação mantenha a empresa com
uma vantagem competitiva respeito aos concorrentes.
Depois de esclarecer os conceitos fundamentais de marketing,
endomarketing e design, são identificados os agentes que atuam na
implementação de um processo de endomarketing. O estudo dos diversos
autores termina por concluir que, pelas características intrínsecas do
endomarketing, não vai ter um responsável identificado pela implementação do
processo, porem, uma comunicação interna entre os departamentos de
marketing e recursos humanos vais ser precisa.
Por meio de ações que fomentem a motivação, a comunicação e a
liderança, a organização abraçará os conceitos de endomarketing em todos os
níveis da empresa.
A implementação do endomarketing e do conceito de felicidade no
trabalho no caso de R, a operadora de telecomunicações de fibra ótica,
amostra os ótimos resultados que para a empresa tem este tipo de estratégias,
criado uma alta quota de mercado em pouco tempo, estabelecendo-se como
referente nas tabelas de valoração dos “Great Place to Work” e mantendo um
baixo nível de rotatividade na empresa.
No caso das empresas de design, o exemplo de IKEA tem uns
resultados que também traem muitos benefícios para a organização.
43
Para concluir posso afirmar que o endomarketing é uma ferramenta
muito vantajosa para as empresas de design. As estratégias de endomarketing
colaborarão para ter funcionários designers com maior autonomia e
flexibilidade, características próprias das suas profissões, com um nível alto de
satisfação e motivação, o que, junto com a criação da marca interna e a
capacidade da liderança para transmitir os valores da organização, servirá para
ter equipes que procurem a criatividade e a inovação, requisitos fundamentais
das disciplinas de design para poder crescer no mercado.
44
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BIBLIOGRAFIA ONLINE
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R Operador de telecomunicacións, www.mundo-r.com
IKEA www.ikea.com
49
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - CONCEITOS GERAIS 11
1.1 - Marketing. 11
1.1. 1 - Definição. 11
1.1. 2 - Evolução Histórica 12
1.1. 3 - Marketing. Presente e Futuro. 14
1.2 - Endomarketing. 14
1.2. 1 – Definição. 14
1.2. 2 – Evolução Histórica 15
1.2. 3 – Motivos para o Endomarketing 19
1.2. 4 – Endomarketing como estímulo à criatividade 20
1.3 – Design e o processo criativo. 21
1.3. 1 - Definição. 21
1.3. 2 – O cliente interno nas empresas de design. 22
50
CAPÍTULO II - A Implementação do Endomarketing. 23
2.2 – Coordenação. O “Quem”. 23
2.2 – Técnicas e ações. O “Como”. 25
2.2. 1 – Motivação. 25
2.2. 2 – Comunicação. 27
2.2. 2 – Liderança. 28
2.3 – Modelos de implementação. 28
2.3. 1 – O modelo de Berry. 28
2.3. 2 – O modelo de Rafiq e Ahmed. 30
2.4 – Felicidade no trabalho: R Operador de telecomunicações. 33
2.4. 1 – A empresa. 33
2.4. 2 – A marca R. 34
2.4. 3 – Cultura empresarial. 34
2.4. 4 – O cliente interno. 34
2.4. 5 – O modelo de felicidade R. 35
CAPÍTULO III – IKEA: Design e Marca Interna. 37
3.2 – Design democrático. A historia. 37
3.2 – Cultura organizacional IKEA. Endomarketing aplicado. 37
3.3 – Ações e técnicas para o cliente interno. 38
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44
BIBLIOGRAFIA ONLINE 48
ÍNDICE 49