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DERRUBANDO O MURO DA INVISIBILIDADE DO CÁRCERE FEMININO: A IDENTIFICAÇÃO COM O OUTRO COMO FORMA DE GARANTIA DE DIREITOS BREAKING THE INVISIBILITY WALL OF THE WOMEN'S PRISON: THE IDENTIFICATION WITH THE OTHER AS A FORM OF GUARANTEE OF RIGHTS Autora: Michele Bravos 1 E-mail: [email protected] RESUMO Este artigo se propõe a apresentar uma reflexão sobre a invisibilidade em que se encontram as mulheres encarceradas e o quanto essa condição potencializa a violação de direitos dessa população. O caminho da alteridade passa pelo cárcere, mas para que ele não seja movediço, é preciso a construção de um novo imaginário sobre o espaço prisional e quem nele habita. Para essa reflexão serão apresentadas as reações do público em rede social acerca de um trabalho jornalístico – envolvendo texto e foto – que mostra o ambiente carcerário feminino por uma perspectiva diferenciada, que propõe novos olhares sobre as mulheres que lá se encontram. Igualmente, serão considerados relatos ouvidos e reações observadas durante vivências profissionais, como jornalista, em exposições realizadas em espaços físicos sobre o trabalho já citado. A argumentação levantada por esse artigo propõe que um olhar para além do senso comum e dos números é possível, na busca por promover uma conexão com as histórias reais e particulares do cárcere, na tentativa de que haja identificação e percepção de que o outro - ainda que diferente de mim - é alguém, é ser humano de direitos. Palavras-chave: Cárcere feminino. Alteridade. Estereótipo. Meios de comunicação. Senso comum. ABSTRACT 1 Michele Bravos, jornalista com atuação focada em temáticas de Direitos Humanos, especializada em Fotografia e Imagem em Movimento, pela Universidade Positivo, e mestranda em Direitos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: [email protected].

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DERRUBANDO O MURO DA INVISIBILIDADE DO CÁRCERE FEMININO:

A IDENTIFICAÇÃO COM O OUTRO COMO FORMA DE GARANTIA DE

DIREITOS

BREAKING THE INVISIBILITY WALL OF THE WOMEN'S PRISON:

THE IDENTIFICATION WITH THE OTHER AS A FORM OF GUARANTEE

OF RIGHTS

Autora: Michele Bravos1

E-mail: [email protected]

RESUMO

Este artigo se propõe a apresentar uma reflexão sobre a invisibilidade em que se encontram as mulheres encarceradas e o quanto essa condição potencializa a violação de direitos dessa população. O caminho da alteridade passa pelo cárcere, mas para que ele não seja movediço, é preciso a construção de um novo imaginário sobre o espaço prisional e quem nele habita. Para essa reflexão serão apresentadas as reações do público em rede social acerca de um trabalho jornalístico – envolvendo texto e foto – que mostra o ambiente carcerário feminino por uma perspectiva diferenciada, que propõe novos olhares sobre as mulheres que lá se encontram. Igualmente, serão considerados relatos ouvidos e reações observadas durante vivências profissionais, como jornalista, em exposições realizadas em espaços físicos sobre o trabalho já citado. A argumentação levantada por esse artigo propõe que um olhar para além do senso comum e dos números é possível, na busca por promover uma conexão com as histórias reais e particulares do cárcere, na tentativa de que haja identificação e percepção de que o outro - ainda que diferente de mim - é alguém, é ser humano de direitos.

Palavras-chave: Cárcere feminino. Alteridade. Estereótipo. Meios de comunicação.

Senso comum.

ABSTRACT

1 Michele Bravos, jornalista com atuação focada em temáticas de Direitos Humanos, especializada em Fotografia e Imagem em Movimento, pela Universidade Positivo, e mestranda em Direitos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: [email protected].

2

This article aims to reflect on the invisibility in which the incarcerated women are and how this condition enhances the violation of rights of this population. The path of otherness pass through the prison, but for it does not be unstable, it is necessary to build a new imagery of the prison space and of whom inhabits it. For this reflection will be presented the public reactions on social network about a journalistic work - involving text and photo - showing the female prison environment by a different perspective, which proposes new perspectives on women that are there. Also heard reports will be considered as reactions observed during professional experiences as a journalist in exhibitions held in physical spaces on the work already cited. This article proposes that a look beyond the common sense and the numbers is possible, seeking to promote a connection to the real and particular stories of prison, trying to create an identification with the other and a consciousness that this other - even he or she is different from me - is someone, he/she is a human being with rights.

Keywords: Women encarceration. Otherness. Stereotype. Media. Commom sense.

1 INTRODUÇÃO

Não são só os números do cárcere - ainda que eles sejam dilacerantes - que irão

despertar a sociedade para entender a necessidade de se garantir direitos nesse espaço

ou olhar com dignidade para essas pessoas, mas os rostos e as vivências que evidenciam

histórias particulares quando se tem contato com essa realidade. Pessoas não se

conectam com estatísticas. Pessoas se conectam com pessoas.

Em 2013, pisei pela primeira vez em uma prisão. Foi na Penitenciária Feminina

do Paraná, em Piraquara, para fazer a cobertura fotográfica jornalística de um projeto

social chamado Programa Ciência e Transcendência: educação, profissionalização e

inserção social, que se iniciava na creche da instituição - e que, mais tarde, se

expandiria para toda a unidade.

O cenário era de meninas - de 18 a 20 anos - e mulheres – de no máximo 35

anos (ARGÜELLO; MURARO, 2015, p. 396), que poderiam ser irmãs, amigas ou

vizinhas de qualquer pessoa. Havia similaridade. Não só pelo óbvio - o ser mulher -,

mas pelas palavras, pelos gestos, pelas ideias. Então, um pensamento vinha: “O que

aconteceu no meu caminho e não no delas, ou vice-versa, que fez com que elas

estivessem aí e eu aqui?”. De 2013 a 2015, fui a Penitenciária Feminina do Paraná como

profissional e, no ano de 2016, como voluntária, realizando um trabalho de resgate e

promoção de identidade e cidadania dessas mulheres, por meio da produção de retratos

delas e, posteriormente, exposições fotográficas em ambiente públicos.

O que tem sido possível observar é que há, por parte da sociedade, um despertar

de um olhar mais humano e de dignidade sobre essas mulheres, quando elas se tornam

visíveis. Essa observação ficou evidente ao perceber o posicionamento do público ao se

deparar com uma matéria jornalística publicada na revista online AzMina (2015) e que

apresentava, em fotos e texto, outras versões das histórias dessas mulheres – histórias

que iam para além do crime. Em outro momento, quando esse mesmo material foi

exposto em formato de exposição fotográfica em ambientes públicos, a reação positiva e

respeitosa dos espectadores em relação às mulheres encarceradas também chamou a

atenção. O caminho da alteridade que leva a uma identificação com o outro,

possibilitando com que esse outro seja tratado como indivíduo de valor e de direitos,

passa pelo cárcere. Mas, para que esse caminho não seja movediço, é preciso a

construção de um novo imaginário sobre a prisão e sobre aquelas que se encontram lá. É

por isso que esse artigo propõe uma reflexão sobre o cárcere feminino para além dos

números e dos crimes cometidos por elas. As informações apresentadas a seguir são um

convite para que se enxergue o ser humano que há nesses espaços.

2 O MURO DA INVISIBILIDADE

O sistema prisional do Brasil é, segundo dados da organização internacional

Human Rights Watch, o segmento social brasileiro com as maiores violações dos

direitos humanos.

Os números revelam que o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países de maior

população carcerária do mundo, sendo que em primeiro lugar está Estados Unidos; em

seguida, China; e em terceiro lugar, Rússia, de acordo com dados do relatório Infopen

2015. Isso significa que o Brasil possui 607.731 pessoas presas (INFOPEN, 2015, p.

11), o que corresponde a 300 presidiários ou presidiárias a cada 100 mil habitantes.

As estatísticas do Infopen Mulheres (2015) mostram que o contingente

carcerário feminino teve um aumento de 567%, entre os anos de 2000 e 2014.

Atualmente, são 37.380 detentas.

Ainda no relatório, o primeiro realizado pelo Depen focado na população

carcerária feminina, constata-se que “há uma deficiência grande de dados e indicadores

sobre o perfil de mulheres em privação de liberdade nos bancos de dados oficiais dos

governos, o que contribui para a invisibilidade das necessidades dessas pessoas”.

Para Levinas (2000, p. 22), “a invisibilidade não indica uma ausência de

relações; implica relações com o que não é dado e do qual não temos ideia”.

Os números enfatizam a crítica situação em que o país se encontra nesse

segmento social, mas a relação continua sendo com o que não se tem ideia, continua

sendo com o inimaginável, o invisível, potencializando a invisibilidade - que é forma de

exclusão.

Souza (2009, p. 96) afirma que para se ter maior compreensão das mazelas é

preciso apresentar as “dimensões ‘não-sabidas’” do atual momento. Indo mais além, ele

diz que é necessário conhecer as causas invisíveis, "sequer percebidas", constatando,

dessa forma, que “o efetivo conhecimento da realidade é sempre 'surpreendente' e

muitas vezes penoso e inquietante”.

Para além dos números, há essas causas, há histórias, há rostos. Pensar na

derrubada desse muro da invisibilidade é almejar uma aproximação de realidades e

indivíduos, possibilitando uma maior identificação entre todos e todas.

2.1 ESTEREÓTIPO QUE AUMENTA O MURO DA INVISIBILIDADE

Aliada aos números, a criação de estereótipos sustenta o distanciamento e não-

identificação. A imagem da pessoa envolvida no crime como escória da sociedade,

“não-humano”, “lixo a ser removido” (MORETZSOHN, 2003) é consolidada dia após

dia, dentre outras formas, pela abordagem torpe da mídia, que é afirmada pelos

intelectuais, pelas elites de poder e reproduzida pela opinião pública (SOUZA, 2009).

Moretzsohn (2003) reforça que a construção desse imaginário é constante, uma vez que

a todo tempo a sociedade está recebendo ou buscando informações, o que contribui para

um fortalecimento da imagem deturpada.

Mattos (2009, p. 174) percebe que o estigma sobre a mulher em situação menos

favorecida está envolto em outros preconceitos: de subjugação e menosprezo em relação

ao homem na mesma condição.

Enquanto os homens da ralé, quando taxados como “delinquentes”, são sempre “ativos” (ladrões, bandidos e traficantes), isto é, praticam as ações criminosas como sujeitos de sua própria vontade, a designação mais comum de delinquência feminina está ligada à passividade, à utilização de seu corpo para servir à vontade de outrem. O homem delinquente é, ainda que de forma ambígua, reconhecido em seu meio como viril, forte, corajoso, destemido, enfim, como detentor de todas as virtudes ligadas a um “código de honra”, enquanto a mulher delinquente é vista e julgada apenas de maneira negativa como “mulher de vida fácil”. A mulher delinquente, assim como as mulheres em geral, é identificada como passiva, tendo como sua principal “arma” o seu corpo para satisfação alheia.

A imagem da mulher encarcerada é ainda mais estigmatizada, pois ela carrega

consigo a marca de ter falhado como um exemplo para a sociedade. Ela carrega a culpa

por ter quebrado a idealização da mulher como ser inerrante. Ela não só merece morrer,

apodrecer e sofrer porque cometeu um crime, mas porque falhou no seu papel social de

boa esposa, de mãe, de recatada. É o que observa Ramos (2013, p. 88):

Assim, percebe-se que, como constatado em outros estudos, um local destinado a punição não possibilita aos indivíduos a “readaptação”/ “ressocialização”, mas sim a reprodução e promoção do preconceito e da barbárie, o que, no caso das mulheres, é potencializado pela posição histórica ocupada por elas: devem ser amáveis, dóceis e, sobretudo, submissas. Dessa forma, verificou-se que a identidade da mulher presa encontra-se emaranhada na discriminação social e de si própria, por ser considerada “não capaz” de cumprir suas funções (mãe, mulher, esposa). Vislumbram como única possibilidade a “aceitação” de sua punição, pois se consideram como “criminosas” não apenas no âmbito legal, mas também no âmbito moral. Todavia, essa sensação da mulher presa nada mais é do que reflexo da sociedade paternalista e machista que impõe sobre as mulheres essas funções; que quando não cumpridas de maneira “satisfatória” são dignas de punição.

Souza (2009, p. 56) afirma que “preconceitos arraigados e conceitos

ultrapassados andam de mãos dadas no sentido de impedir uma constatação mais

elaborada e sofisticada das causas e consequências da modernização periférica e de suas

sequelas, como a desigualdade abissal, marginalidade e subcidadania”.

Logo, a desmistificação da imagem da mulher encarcerada, a caminho de uma

identificação entre ela e o restante da sociedade, deve derrubar a barreira dos números,

para que ela seja vista como pessoa humana; a barreira do gênero, para que ela seja vista

como mulher; a barreira da moralidade, para que ela seja vista como detentora de

direitos. Uma pessoa humana, mulher, detentora de direitos. Um ser humano com

identidade.

De acordo com o fotógrafo João Ripper2 (2013), “o estereótipo vem quando a

gente informa para a sociedade sobre uma pessoa, uma comunidade ou sobre um país

2"Documentarista que tem como proposta profissional colocar a fotografia a serviço dos Direitos Humanos. Seus clientes são ONGs, jornais e revistas no Brasil e no exterior". Texto informado pelo próprio site do fotógrafo.

quase sempre a mesma história e repete aquela história até que eles se transformam

naquela história”.

Ele afirma que quando se cria um estereótipo se afasta as pessoas estigmatizadas

da sociedade. No entanto, quando se quebra com os padrões, aproxima-se pessoas e se

cria identificação, ainda que suas condições sociais sejam, de fato, diferentes. Aí se

encontra o desafio da comunicação social em informar de tal maneira a garantir os

direitos humanos e não a incitar a sua violação.

A grande mídia, quando resolve individualizar números, costuma contar uma

única versão de histórias e de pessoas que possuem muitas outras versões. Moretzsohn

(2003) afirma que se tornou normal rotular os indivíduos envolvidos com crimes em

apenas duas categorias: bandido ou vítima do sistema. Na primeira opção, ele é inimigo,

uma ameaça. Na segunda, um coitado, sem autonomia. A autora classifica essa

dualidade como simplificadora, que ignora a complexidade das questões sociais.

A escritora nigeriana Chimamanda Adichie (2009), apresenta uma contribuição

significativa para esse pensamento. Ela defende que uma única versão pode não ser

mentirosa, mas ela é parcial. Se ela é parcial, ela é incompleta. Se ela é incompleta, ela

reduz a complexidade do ser detentor daquela história. Ao reduzi-lo àquela parcela, ele

se torna só aquilo. E sendo só àquilo, não há identificação. A falta de identificação

escancara uma porta para a violação do ser e, consequentemente, de seus direitos.

3 AQUELES QUE SUSTENTAM O MURO

É preciso perceber que as instituições, entre elas a mídia, o mercado, o Estado

não são neutras, como observado por Souza (2009, p. 108-019). Para ele, as instituições

“possuem toda uma hierarquia valorativa, que estipula e estimula certas virtudes e

condena e estigmatiza outras”. Cria-se um certo tipo de indivíduo digno e se condena

“todas as outras formas possíveis ao esquecimento e ao estigma social da pré-

modernidade, do delinquente e do marginalizado”.

Ripper (2013) provoca o público sobre por que se insiste em não informar sobre

as realidades internas que constituem um indivíduo. Ele aponta para uma sociedade

enrijecida que teme uma possível mudança.

Por que na hora de informar não se mostra a beleza dos fazeres? A beleza interior? Os fazeres são as expressões dos sonhos e os sonhos são as expressões das esperanças. Você pode censurar tudo, mas é difícil censurar um sonho. Quando eu quebro estereótipos, eu aproximo pessoas e um encontro de realidades pode levar a mudanças nas estruturas socias. É favorável que isso aconteça?

O fotógrafo associa a quebra de estereótipos a poder e, ao perguntar se uma

mudança social é favorável, fica implícito que esse questionamento se refere àqueles

que detém algum tipo de poderio na sociedade e sobre ela.

Para Batista, a posição da mídia no contexto criminológico e o seu impacto na

política estão fortemente ligados e “dispensa maiores considerações”. O autor ressalta o

quanto a comunicação social tem o poder de criar crenças entre a população e também

de silenciar verdades que possam desmenti-las.

O compromisso da imprensa – cujos órgãos informativos se inscrevem, de regra, em grupos econômicos que exploram os bons negócios das telecomunicações – com o empreendimento neoliberal é a chave da compreensão dessa especial vinculação mídia-sistema penal, incondicionalmente legitimante. Tal legitimação implica a constante alavancagem de algumas crenças, e um silêncio sorridente sobre informações que as desmintam.

Historicamente, a mídia exerce um poder de influência sobre a sociedade sempre

associado a sua credibilidade. A mídia tem poder ideológico, como afirma Souza (2015)

sustentado por aqueles que são considerados as vozes do poder e do saber (políticos,

sociólogos, pesquisadores - aqueles que falam com propriedade).

Essa ideologia é espalhada e calcificada entre a sociedade, tornando-se senso

comum. O senso comum, quando ausente de reflexão crítica, é incapaz de lançar luz

para realidades invisíveis, para ver com nitidez a complexidade das situações e das

pessoas.

Souza (2009, p. 110) questiona que hierarquia moral é essa que é tão “presente

de modo opaco em todas as práticas sociais e institucionais nas sociedades modernas,

que influencia o comportamento concreto de todos nós, indivíduos modernos”.

A imagem estigmatizada de um ser humano pode inclusive impactar no

julgamento de determinado caso, uma vez que aqueles que ocupam cargos de juízes não

estão protegidos da influência de opiniões. Sá (2013) cita que a justiça criminal está

marcada por duas questões: “i) sua imagem é construída a partir do retrato feito pela

mídia e ii) sua linguagem é a da punição”. Ela ainda complementa: “É em torno dessas

questões que se pretende construir uma legitimidade da instância criminal fundada

equivocamente a ponto de encobrir a realidade do processo”.

Souza (2009) constata que “não é fácil perceber os modos insidiosos pelos quais

as práticas dos poderes dominantes constroem a ilusão de liberdade e igualdade”. Mas,

uma saída possível é possibilitar com que os indivíduos sejam capazes de discutir e

refletir com autonomia, com estímulos para terem “independência de opinião e de

ação”, a caminho de serem indivíduos livres. Ele conclui que não há campo melhor para

essa construção do que entre as pessoas comuns. “Não há campo melhor para se

desconstruir e criticar as ilusões que reproduzem o poder e o privilégio em todas as suas

formas que o universo do senso comum” (2009, p. 42).

Para o autor o senso comum “é a forma como as pessoas comuns, ou seja, nós

todos, conferimos sentido às nossas vidas e ações cotidianas”.

A formulação de um novo senso comum passa pela descentralização da grande

mídia e até de novos modelos econômicos (MORETZSOHN, 2009). Chama a atenção

quando a autora fala sobre essa descentralização da grande mídia, valendo-se inclusive,

da influência dos meios virtuais de comunicação, na tentativa de se apresentar ao

público outros olhares e perspectivas sobre as realidades invisíveis.

Faz-se necessário ter em mente que por trás das palavras associadas às elites

intelectuais ou de poder, como citadas anteriormente, tais como: Estado, poder

judiciário, mídia, existem pessoas. Portanto, existe um senso comum que pode ser

acessado. Pois, é esse senso comum que posteriormente será proferido com autoridade

(pelo fato de essas pessoas serem vistas como tal), gerando influência de opiniões. O

ponto de relevância é que elas são pessoas, logo, podem ser convidadas a se

identificarem com outras pessoas. Aí está o encaixe entre a realidade visível e a

invisível e o vislumbre da quebra de estereótipos e preconceitos.

4 GERANDO IDENTIFICAÇÃO PARA DERRUBAR O MURO DA

INVISIBILIDADE

Levinas (2000, p. 24) aponta que a identidade é o elemento primordial para a

identificação. Sem identidade não há identificação. “O eu não é um ser que se mantém

sempre o mesmo, mas o ser cujo existir consiste em identificar-se, em reencontrar a sua

identidade através de tudo o que lhe acontece”. Para haver identificação é preciso haver

conexão entre o ser de cada um, um ser que é mutável, e que se faz conhecido na sua

figura e nas suas histórias.

Imediatamente, o ser humano ao adentrar em uma prisão tem o seu ser

aniquilado. Ele é acinzentado pela sociedade e pelo sistema carcerário. Um método que

visa descaracterizar o indivíduo tanto ao ponto de ele próprio já não mais se reconhecer.

“Como se cada passo para dentro do complexo fosse um passo para longe de si”

(BRAVOS, 2015).

Barcinski e Cúnico (2014) descrevem uma pequena parte desse processo:

A retirada dos bens pessoais na entrada, a separação do interno das relações que mantinha no mundo externo, a obrigatoriedade de realização de uma rotina diária que não leva em conta as suas vontades (mas sim a organização institucional), bem como a perda de espaços e de momentos de intimidade e privacidade são alguns dos aspectos que compõem a mutilação e degradação do eu em tais instituições, uma vez que promovem a uniformização dos indivíduos.

A desconfiguração do eu destrói o caminho para a alteridade, segundo Levinas

(2000). É preciso existir um eu para se falar de alteridade, de identificação. Ele também

sugere que o entendimento de coletividade, ou seja de vivência em comunidade, de

pertencimento a um todo, passa pelo entendimento de tu e nós, não como plural de eu,

mas como indivíduos que trascendem e se conectam, sem se ausentarem de si.

É tamanha a distância do eu com o outro ao ponto de os demais - sociedade

civil, juristas, governantes - não se identificarem com aqueles ou aquelas que se

encontram privados ou privadas de liberdade. Barcinski e Cúnico afirmam que a prisão

é um espaço de “múltiplas segregações”, sendo que a forma mais aparente de separação

se dá entre encarcerados e o restante da sociedade. Na medida em que rouba-se delas a

identidade, autoriza-se a negligencia de direitos.

Ao mesmo tempo em que as diferenças são reforçadas - por meios das histórias

parciais e dos estereótipos - de forma a gerar desigualdade entre aqueles que estão

presos e os que não estão, implicitamente, são incluídas condicionais à garantia de

direitos dessas populações.

O ponto-chave é que não existe uma cláusula excludente na Declaração

Universal dos Direitos Humanos, quando lá considera-se “o reconhecimento da

dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e

inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”. Não existe

uma conjunção condicional, um “se”, no texto oficial. Acaso está escrito “todos os

membros da família humana, se não tiverem cometido algum crime”? Não, não está.

No entanto, existe uma classe de invisíveis que cresce e é reforçada pelos

visíveis diariamente, e esse modelo precisa ser ressignificado.

Considerando como base os pensamentos do filósofo Schopenhauer (2013) e de

Bauman (2000) , entende-se que para uma renovação de padrões é preciso uma

renovação de mente, que pode começar a partir de uma renovação de repertórios. As

ideias propagadas são decorrentes das informações assimiladas ao longo da vida, dos

ambientes frequentados, das palavras ouvidas, das imagens vistas. Em uma sociedade

ansiosa e vazia, a reprodução automática de ideias se torna corriqueira. Na ânsia por

suprir o vazio existencial, absorve-se tudo sem critério. Por ter se tornando insaciável,

não digere a informação absorvida. Ingere mais e mais informação sem dar tempo para

a digestão, sendo que é na digestão que a renovação de ideias acontece. Logo, existe

uma elite intelectual atual que, apesar de ingerir toneladas de informações diariamente,

é raquítica e escrava de conceitos pré-estabelecidos.

Existe aí uma necessidade de se propor um pensar, apresentando possibilidades

de construção de um novo repertório. Esse novo pensar passa pelo conteúdo

apresentado, mas também pelo formato. E para que haja uma digestão de pensamentos e

uma renovação de ideias, é preciso tempo.

A necessidade de se precisar de mais tempo já era trazida por Schopenhauer em

seus estudos no século XIX, mas é também comentada por Bauman e por Moretzsohn

(2003) ao dizer que a rapidez impossibilita a apresentação de novas perspectivas,

apontando para a necessidade de uma reformulação de apresentação de informações.

4.1 FOTOGRAFIA E TEXTO COMO FERRAMENTAS

Considerando uma vivência pessoal, como jornalista e fotógrafa, foi possível

perceber que a fotografia de retrato aliada a depoimentos que tiram da sombra outras

versões das histórias das mulheres no cárcere são ferramentas possíveis no auxílio da

destruição do muro da invisibilidade.

Uma matéria3 publicada na revista AzMina (2015) traduz essa possibilidade. A

seguir, as imagens veiculadas:

3 A matéria está disponível em: <http://azmina.com.br/2015/08/fotorreportagem-sonho-atras-das-grades/> e conta com dez fotos e relatos de detentas. As imagens foram produzidas e os depoimentos coletados durante uma ação fotográfica voluntária na Penitenciária Feminina de Piraquara, pelo movimento internacional Help-Portrait, edição Curitiba, que visa resgatar a identidade de pessoas em vulnerabilidade social por meio da fotografia. A ação, desenvolvida sob coordenação própria, contou com voluntários de diversas áreas de atuação: fotógrafas, maquiadoras, produtoras, assistentes de logística. Compuseram a equipe de trabalho: Aline Horn, Andrea Mayumi, Anneli Veestergard, Annie Libert, Camila Martins, Danielle Serejo, Elis Alves, Fernanda Bueno, Fernanda Grebogy, Fernanda Neves, Gabriela Almeida, Juliane Friedrich, Lucas Maruo, Luciana Guiss, Marcelly Pires, Marina Ramos, Michelle Costa, Monique Vieira, Munir Bucair, Paty Zupo, Paulo Andrade, Sandra Carrillo, Simone Maurina, Sueli Massambani, Sumaya Miranda, Tatiana Carlini, Renata Salles, Thuany Trindade, Vanessa Murio.

Figura 1 – Retratos das mulheres privadas de liberdade publicados na Revista AzMina.

Fonte: Banco de imagens do projeto Help-Portrait, edição Curitiba, 2015.

Junto com essas imagens foram publicados relatos4 que revelavam outras

versões dessas mulheres. Versões dissociadas do crime, exaltando seus sonhos, seus

amores, seus sentimentos.

Na sequência, apresenta-se as reações na página do facebook da Revista

AzMina5 referente ao post de divulgação da matéria publicada.

Tabela 1 – Reações na página do facebook da Revista AzMina sobre a matéria relativa às mulheres encarceradas

Reação Quantidade

Comentários 8

Curtidas no post 217

Curtidas dos comentários (somatório) 21

Compartilhamentos 15

Fonte: Página do facebook da Revista AzMina, 2015.

4 Para leitura dos relatos: <http://azmina.com.br/2015/08/fotorreportagem-sonho-atras-das-grades/>. 5 Na época (setembro de 2015), a página contava com 10 mil curtidas.

Tabela 2 – Sobre os comentários na página do facebook da Revista AzMina referente à matéria

relativa às mulheres encarceradas

Sobre os comentários Categorias Números

Autor do comentário

Institucional 1

Feminino 7

Masculino 0

Teor do comentário

Positivo de forma abrangente 5

Positivo especificamente sobre as

mulheres 1

Negativo de forma abrangente 0

Negativo sobre as mulheres 0

Exclusivamente marcação de amigo

ou amiga 2

Fonte: Página do facebook da Revista AzMina, 2015.

A próxima tabela apresenta as reações do público no site da Revista AzMina sobre a

matéria, tendo como comparação as matérias veiculadas na mesma edição (agosto de

2015).

Tabela 3 – Reação no site da Revista AzMina sobre a matéria

Reação Quantidade Ranking6

Compartilhamentos 1.400 3O (de 9 matérias)

Fonte: Site da Revista AzMina, 2015.

Percebe-se, com as tabelas 1 e 2, uma interação majoritariamente do público

feminino, possivelmente devido ao fato de esta ser uma página de uma revista feminista,

cujo público-alvo são mulheres. A inexistência de comentários negativos – tanto sobre a

matéria quanto sobre as mulheres – reforça a ideia de que é possível estabelecer novos

olhares sobre esse contexto, tendo como caminho sugerido a apresentação de outras

versões de histórias dessas mulheres, quebrando com os estereótipos. Olhando para os

6 Ranking em comparação com as outras oito matérias veiculadas na mesma edição (agosto de 2015).

dados do site da Revista AzMina, na tabela 3, visualiza-se a boa colocação da matéria

no ranking de compartilhamentos, o que denota um interesse pela temática e uma

aprovação da proposta apresentada.

Posteriormente, esses depoimentos e fotos itineraram por espaços de grande

circulação da cidade de Curitiba, sob a coordenação do projeto Help-Portrait, edição

Curitiba. As imagens estiveram expostas na Pontifícia Universidade Católica do Paraná

(outubro de 2015), com o objetivo de atingir a elite intelectual relatada no início deste

artigo; no colégio e faculdade Opet (março a maio de 2016), com a intenção de se

comunicar não apenas com os alunos e professores de ensino superior, mas também

com adolescentes do ensino fundamental, jovens do Ensino Médio e pais de alunos; e,

por fim, na gráfica Opet (junho de 2016), com o intuito de falar aos colaboradores da

gráfica, principalmente profissionais de RH, coordenadores e diretor, pessoas com

poder de contratação de um ou uma egresso ou egressa do sistema carcerário. Em todos

esses ambientes, também foi possível se comunicar com pessoas de classes menos

favorecidas, classes essas que representam o perfil da pessoa encarcerada no Brasil.

Nesses ambientes foi possível perceber as reações das pessoas diante das imagens e

depoimentos, como:

a) “Nossa! Como elas são bonitas.”;

b) “Eu não consigo imaginar que uma delas possa ter matado alguém.”;

c) “Acho até que ela aguentou muito na mão deste homem”;

d) “Mas, são presas mesmo?”;

e) “Como é a vida delas lá? Elas precisam de alguma coisa?”;

f) “Jesus precisa mudar meu coração. Eu ainda não consigo olhar com amor

para elas, mas eu admiro esse trabalho e eu quero ajudar. Eu já ouvi que

sempre precisa de absorvente lá. Eu posso doar?”.

A seguir, as reações registradas na página do facebook do Help-Portrait7, edição

Curitiba, no post de divulgação da exposição fotográfica:

7 Na época da divulgação (dezembro de 2015), a página contava com 1.717 curtidas.

Tabela 4 - Reações na página do facebook do Help-Portrait, edição Curitiba, sobre a matéria relativa às mulheres encarceradas

Reação Quantidade

Comentários 36

Respostas de comentários 4

Curtidas no post 247

Curtidas nos comentários (somatório) 53

Compartilhamentos 0

Fonte: Página do facebook do Help-Portrait, edição Curitiba, 2015.

Tabela 5 – Sobre os comentários na página do facebook do Help-Portrait, edição Curitiba, sobre a matéria relativa às mulheres encarceradas

Sobre os comentários Categoria Números

Autor do comentário

Institucional 0

Feminino 30

Masculino 10

Teor do comentário

Positivo de forma abrangente 29

Positivo especificamente sobre as

mulheres 6

Negativo de forma abrangente 0

Negativo sobre as mulheres 0

Exclusivamente marcação de amigo

ou amiga 5

Fonte: Página do facebook do Help-Portrait, edição Curitiba, 2015.

Dentre as possibilidades de produções imagéticas a escolha da fotografia como

principal instrumento se dá pelo fato de que para produzir uma foto é preciso haver um

relacionamento mínimo entre fotógrafo e fotografado. Além disso, no ato fotográfico há

uma cumplicidade, provocado pela proximidade física e pelo olho no olho, que

subjetivamente diz para o fotografado “você não é invisível. Eu te vejo”. Essa frase

subjetiva permite com que o fotografado se apresente da forma mais pura e sincera. Não

há máscaras nessa hora, ainda que haja maquiagem e cabelo produzido. A ausência de

máscaras pode ser percebida por aqueles que veem o resultado final.

As tabelas 4 e 5 apresentam a interação de homens e mulheres sobre a situação

trazido, sendo que ambos proferem comentários positivos acerca das mulheres ou da

exposição. Os dados dessas tabelas assim como as reações observadas durante as

exposições físicas demonstram o quanto esse encontro de realidades – entre a mulher

que se encontra encarcerada e a sociedade que está fora da prisão – pode gerar um olhar

mais humano sobre contextos brutais como o do cárcere e ser capaz de renovar o senso

comum.

5 CONSIDERAÇÕES

Pessoas não se conectam com estatísticas. Pessoas se conectam com pessoas.

Dessa forma, o caminho para alteridade entre as mulheres que se encontram no cárcere

e a sociedade que habita fora dos muros da prisão precisa transcender os números.

Como aponta Levinas (2000), a alteridade está ligada diretamente à identidade.

E quando a identidade é visível existe uma possibilidade de identificação. Por meio da

identificação surge uma possibilidade de maior empatia e olhar humano, por parte das

elites intelectuais e de poder, sobre realidades estigmatizadas. A alteridade é apontada,

na reflexão desse artigo, como uma tentativa de garantir direitos de mulheres privadas

de liberdade.

Partindo do ponto em que vivemos em uma sociedade em que a imagem tem

grande poder de comunicação, além de ser peça determinante para a construção de

estereótipos, ela se mostra como um formato possível para a renovação desses conceitos

sobre a mulher encarcerada.

O texto, em formato de depoimento, por sua vez, complementa a construção do

conteúdo do ser, citado por Levinas (2000) e é a representação da fala oral, trazendo

consigo a identidade do ser que se expressa.

A foto surge também como instrumento de ressignificação nesse contexto, uma

vez que ela carrega consigo o fator "tempo congelado", o que é um convite à

contemplação e, consequentemente, à reflexão. O instante eternizado da imagem

permite com que o público passeie pela foto, no tempo que cada indivíduo desejar. Ao

se deparar com uma imagem é possível analisar detalhes. Nesse passeio pela imagem

existe uma possibilidade de conexão.

Ripper (2013) aponta que é esse olhar além do óbvio e superficial que ajudará a

sociedade a construir olhares menos preconceituosos sobre as suas parcelas mais

vulneráveis.

Se atualmente o conteúdo publicamente apresentado degrada a identidade de

mulheres encarceradas e afirma estereótipos negativos sobre elas, a proposta analisada

nesse artigo como possibilidade de transformação do senso comum aponta para um

caminho que reforça a importância de se apresentar ao público, as outras facetas de um

ser humano. Assim, existe uma possibilidade de maior identificação com o outro, ainda

que ele seja muito diferente de mim. Souza (2009) conclui que a mudança no mundo

acontece quando há uma mudança de pensamento. Por isso, buscar uma transformação

do senso comum e pensar diferente já é caminhar para mudar o mundo.

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