Causas de erro ABS - ARS Lisboa e Vale do Tejo · Estimativa final por ajustamento às...
Transcript of Causas de erro ABS - ARS Lisboa e Vale do Tejo · Estimativa final por ajustamento às...
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Armando Brito de Sá USF Conde Saúde, ACeS da Arrábida
Curso Curricular Decisão Clínica
2016
! Heurísticas ! Fontes de erro e vieses de raciocícinio
As três palavras mais perigosas da medicina:
Mark Crislip. Building Lights. Science-based Medicine, 2012
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Processo mental usado para aprender, recordar ou compreender conhecimento
! De representação ! De disponibilidade ! De ancoragem e ajustamento
Processo mental segundo o qual a probabilidade de ocorrência de um acontecimento é classificada pela
semelhança entre as suas características e as características da população de origem
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1. Ignorar a probabilidade prévia da doença 2. Uso de dados clínicos que não preveem a doença com
precisão 3. Excesso de segurança no diagnóstico perante preditores
redundantes 4. Uso da regressão à média como prova do diagnóstico 5. Comparação do doente com experiência pequena e não
representativa da doença
1. Ignorar a probabilidade prévia da doença
! Prevalência da doença variável consoante o contexto
2. Dados clínicos com pouca precisão
! Capacidade de predição dos dados clínicos muito variável (entre o patognomónico e o inespecífico)
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3. Excesso de segurança no diagnóstico perante preditores redundantes ! A consistência interna dos sintomas não aumenta
necessariamente a precisão do diagnóstico
3. Excesso de segurança no diagnóstico perante preditores redundantes Exemplo
a. Localização, irradiação e descritores da dor anginosa estão altamente correlacionados
b. São preditores independentes: ! Dor no esforço ou stress emocional ! Alívio da dor com repouso e/ou nitroglicerina ! Intensidade da dor obriga a interromper actividades ! Tabagismo há vários anos
4. Uso da regressão à média como evidência de diagnóstico
http://spectrum.troy.edu/renckly/week6a.htm
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4. Uso da regressão à média como evidência de diagnóstico ! Exemplos
! Dieta em hiperglicemias isoladas e nos valores de lípidos séricos ! Antibióticos no tratamento da gripe (post hoc ergo propter hoc)
5. Comparação com experiência não representativa da doença
! Amostras pequenas afastam-se da população de base ! Pouca experiência com a doença não é representativa Exemplo
! FC 100/min, irritabilidade perda de peso. Tiroideia não aumentada ! Hipertiroidismo?
Disponibilidade: Processo mental segundo o qual a lembrança é reforçada pela repetição
Heurística de disponibilidade: A probabilidade de um acontecimento é julgada pela facilidade com que um acontecimento semelhante é recordado
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Validade da heurística de disponibilidade • Evidência de que os acontecimentos frequentes são
mais facilmente lembrados que os raros
Características dos acontecimentos • Intensidade • Consequências para paciente ou médico • Proximidade temporal • Raridade
Risco de sobrestimação da probabilidade de doença
Processo mental segundo o qual características específicas do paciente são usadas para estimar a
probabilidade de doença
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! Partida de uma estimativa inicial (ancoragem) ! Estimativa final por ajustamento às características
individuais do paciente
1. Colocação errada da âncora • Sobrestimação ou subestimação da probabilidade da doença
2. Não ajustamento da estimativa da probabilidade perante nova informação • Muitos testes e exames quando um seria suficiente
Como evitar os erros de ancoragem • Ajustar a probabilidade prévia através do teorema de Bayes
A maior parte das estimativas assenta na experiência pessoal
Papel da experiência publicada
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Outras fontes de erro e vieses de raciocínio
! Raciocínio segue a maioria ! Prática assente no “sempre se fez assim”
! Atribuição retroactiva de qualidades às nossas escolhas
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! Tendência para encontrar um padrão em acontecimentos não relacionados ou aleatórios (também conhecida como Texas sharpshooter fallacy)
! Um estímulo vago e aleatório é entendido como tendo significado.
! Reconhecimento dos vieses cognitivos dos outros, mas…
! Incapacidade de reconhecimento dos vieses cognitivos do próprio
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! Ilusão de muito maior conhecimento e/ou capacidade do que aquela que realmente se tem
! Valorização da informação que confirma as nossas ideias • Erros na heurística de ancoragem • Recolha selectiva de informação (cherry picking)
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! Tendência para ignorar, desvalorizar ou negar informação negativa
! Novas ideias levam tempo a ser aceites (não é necessariamente mau em medicina)
! Tendência para sobrevalorizar a informação mais recente recebida
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! Decisão com base em resultados anteriores ! Os resultados podem não ter sido efeito da
intervenção que se repete (regressão à média, p. ex.)
! Decisões correntes assentes em autoexpectativas erradas • Ex: défice ou excesso de referenciações (ver tb. Dunning-
Kruger)
! A crença num determinado resultado pode potenciar esse resultado
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! As carácterísticas mais visíveis tendem a ser mais valorizadas (Ex: acidentes de avião versus de automóvel)
! As expectativas pessoais influenciam a interpretação dos dados (ver ainda estereotipagem e outros)
! Estereotipos não são vieses ! Classificação e interpretação da informação
condicionada por preconceitos • Sexo, etnia, religião, país, cultura
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! Valorização dos resultados positivos em detrimento dos negativos
• Literatura científica – os resultados positivos tendem a ser publicados mais que os negativos
• Optimismo muitas vezes sem base sólida
! Busca absoluta de certeza como tentativa de eliminação do risco
! Ocorre mesmo quando estratégias alternativas resultam numa maior redução global do risco
Obrigado pela vossa atenção.