Capacitação da pessoa com dependência para o autocuidado ...
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ARTIGO ORIGINAL : Trindade I., Marranita S., Sousa L. (2020) Empowerment of the person with dependence for self-care: Case Study, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 164- 183
JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-9
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Capacitação da pessoa com dependência para o autocuidado: Estudo de Caso
Capacitación de la persona con dependencia para el autocuidado: Estudio de caso
Empowerment of the person with dependence for self-care: Case Study
Inês Sofia Serrote Trindade 1, Samuel José Marques Marranita 2, Luís Manuel Mota de Sousa 3
1 Rn, Santa Casa da Misericórdia de Arronches, ORCID: 0000-0002-2848-4700 2 Rn, CNS, Hospital do Espirito Santo de Évora, ORCID: 0000-0002-8812-1071 2 Rn, MsC, CNS, PhD, Universidade de Évora, ORCID: 0000-0002-9708-5690 Corresponding Author: [email protected] RESUMO
Objetivo: Identificar os ganhos sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação na capacitação para o autocuidado na
pessoa com Acidente Vascular Cerebral.
Método: Estudo de caso de carácter longitudinal que se centra na aplicação do Processo de Enfermagem, respeitando
Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, recorrendo ao Padrão Documental dos Cuidados de Enfermagem da
Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, de forma a fundamentar as intervenções implementadas. Descreve-se o caso
de uma pessoa dependente nos autocuidados após surgimento de Acidente Vascular Cerebral, admitida na Unidade de AVC de
um Hospital, sendo que foram assegurados todos os princípios éticos na sua abordagem.
Resultados: Verificou-se que ao longo do programa de intervenção, houve melhoria funcional na realização dos autocuidados,
comprovada pela progressão na avaliação das escalas utilizadas.
Conclusões: A sistematização dos cuidados de enfermagem de reabilitação, demonstrou eficácia na capacitação da pessoa
dependente com Acidente Vascular Cerebral, para maximizar o potencial e a capacidade funcional de realizar os autocuidados.
Descritores: Capacitação; Enfermagem em Reabilitação; Autocuidado; Acidente Vascular Cerebral
ABSTRACT
Objective: Identify the gains that are sensitive to rehabilitation nursing care in training for self-care in people with stroke.
Method: Longitudinal case study that focuses on the application of the Nursing Process, respecting the International Classification
for Nursing Practice, using the Documentary Standard of Nursing Care of the Rehabilitation Nursing Specialty, in order to support
the implemented interventions. The case of a dependent person in self-care after the onset of stroke, admitted to the stroke unit
of a hospital, is described, and all ethical principles in their approach were ensured.
Results: It was found that throughout the intervention program, there was a functional improvement in the performance of self-
care, evidenced by the progression in the evaluation of the scales used.
Conclusions: The systematization of rehabilitation nursing care has demonstrated effectiveness in training the dependent person
with stroke, to maximize the potential and the functional capacity to perform self-care.
Trindade I., Marranita S., Sousa L. (2020) Empowerment of the person with dependence for self-care: Case Study, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 164- 183
ARTIGO ORIGINAL
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JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-9
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Descriptors: Training; Rehabilitation Nursing; Self Care; Stroke
RESUMEN
Objetivo: Identifique las ganancias que son sensibles a la atención de enfermería de rehabilitación en la capacitación para el
autocuidado en personas con accidente cerebrovascular.
Método: Estudio de caso longitudinal que se enfoca en la aplicación del Proceso de Enfermería, respetando la Clasificación
Internacional de la Práctica de Enfermería, utilizando el Estándar Documental de Atención de Enfermería de la Especialidad de
Enfermería de Rehabilitación, para apoyar las intervenciones implementadas. Se describe el caso de una persona dependiente
en autocuidado después del inicio del accidente cerebrovascular, ingresado en la unidad de accidentes cerebrovasculares de un
hospital, y se garantizaron todos los principios éticos en su enfoque.
Resultados: Se encontró que, a lo largo del programa de intervención, hubo una mejora funcional en el desempeño del
autocuidado, evidenciado por la progresión en la evaluación de las escalas utilizadas.
Conclusiones: La sistematización de los cuidados de rehabilitación de enfermería ha demostrado su eficacia en el entrenamiento
de la persona dependiente con accidente cerebrovascular, para maximizar el potencial y la capacidad funcional para realizar el
autocuidado.
Descriptores: Capacitación; Enfermería en Rehabilitación; Autocuidado; Accidente Cerebrovascular
INTRODUÇÃO
Em Portugal, o surgimento de doenças agudas que consequentemente se
tornando em doenças crónicas, leva a que cada vez mais existam pessoas em
situação de dependência (Pontes, 2017).
A transição para o estado de dependência, por vezes, torna-se, para o próprio
indivíduo, difícil de gerir, tanto como para a própria família, que muitas das vezes se
torna no cuidador (Martins, Martins e Martins, 2017).
É por isso essencial, que a Enfermagem de Reabilitação se centre na
dependência das pessoas, de forma a garantir a máxima independência, capacitando
a pessoa para o autocuidado. Sendo, assim, é importante aqui esclarecer a Teoria de
Enfermagem do Défice do Autocuidado, desenvolvida por Dorothea Orem em 1967 e
que foi publicada pela primeira vez em 1971. Esta teoria engloba três teorias inter-
relacionadas, a Teoria do Autocuidado, a Teoria do Défice do Autocuidado e a Teoria
dos Sistemas de Enfermagem. Para Orem, o Autocuidado é definido como, uma
função humana reguladora, ou seja, é uma ação realizada pelas pessoas de forma
deliberada para regularem o seu próprio funcionamento e desenvolvimento, ações
que permitem garantir o fornecimento de requisitos necessários ao funcionamento do
organismo (Petronilho e Machado, 2017). Um dos objetivos da teoria desenvolvida por
Orem é assistir as pessoas nas suas necessidades e permitir o retorno ao autocuidado
(Lutz e Davis, 2011).
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Desta forma, o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER),
não pode substituir a pessoa no autocuidado, mas sim ensinar e capacitar a pessoa,
podendo ou não utilizar produtos de apoio, para que esta possa realizar os cuidados
da forma mais independente.
Para garantir a maior eficácia dos resultados, o Enfermeiro Especialista em
Enfermagem de Reabilitação, identifica problemas, estabelece objetivos, planeia
intervenções e faz uma avaliação de forma a perceber a eficácia do Programa de
Reabilitação estabelecido, e se necessário ajustar o mesmo às necessidades da
pessoa (Pestana, 2017).
Assim, o enfermeiro detém um conjunto de competências científicas, técnicas e
humanas que lhe permite prestar cuidados de enfermagem, ao indivíduo, família e
comunidade, aos vários níveis de prevenção (Regulamento do Exercício Profissional
dos Enfermeiros [REPE], 1996).
Cuidados esses, definidos como “(…) as intervenções autónomas ou
independentes a realizar pelo enfermeiro no âmbito das suas qualificações
profissionais.” (REPE, 1996, p. 2960).
Embora, exista um conjunto de competências inerentes a todos os enfermeiros
especialistas, iremos incidir no Enfermeiro Especialista em Enfermagem de
Reabilitação (EEER), iremos centrar-nos na Enfermagem de Reabilitação.
No Preâmbulo do Regulamento nº392/2019, do Regulamento das competências
específicas do enfermeiro especialista em Enfermagem de Reabilitação, a
Reabilitação, “(…) enquanto, especialidade multidisciplinar, compreende um corpo de
conhecimentos e procedimentos específicos que permite ajudar as pessoas com
doenças agudas, crónicas ou com as suas sequelas a maximizar o seu potencial
funcional e independência. Os seus objetivos gerais são melhorar a função, promover
a independência e a máxima satisfação da pessoa e, deste modo, preservar a
autoestima.”1
Hesbeen (2001), defende que a Reabilitação é uma área de prática multidisciplinar
que tem como objetivo capacitar a pessoa dependente para ultrapassar obstáculos
que geram desvantagem, utilizando estratégias. Com a mudança de paradigma, a
1 Diário da República, 2ª série – nº85, 3 de Maio de 2019: 13565
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desvantagem passou a denominar-se, restrição da participação (Organização Mundial
de Saúde [OMS], 2004)
Neste contexto, ressalvamos aqui, a importância da Classificação Internacional
de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), como sendo uma das classificações
internacionais desenvolvida pela OMS. A CIF, permite a aplicação, codificação,
organização e avaliação de vários aspetos na área da saúde, sendo esta classificação
transversal a várias áreas de intervenção relacionadas com a pessoa e o ambiente
que o rodeia. (OMS, 2004)
Uma das aplicações da CIF relevantes e que neste estudo se vai tornar uma
ferramenta útil, é a possibilidade de mensurar o fator qualidade de vida.
A Reabilitação deve ser uma área dinâmica, contínua, progressiva, com vista a
atingir a capacidade funcional, de forma a reintegrar o indivíduo na sua família e
comunidade. (Menoita, Sousa, Pão-Alvo e Marques-Vieira, 2014)
A Reabilitação não é mais do que um processo no qual estão envolvidos vários
intervenientes, como sejam, profissionais de saúde, utentes, famílias e cuidadores. É
um processo que permite que a pessoa desenvolva as capacidades perdidas, sendo
uma das variáveis desse processo, o autocuidado, com vista a promover a qualidade
de vida da pessoa dependente, aumentado o seu nível de independência para que
este se reintegre na sociedade (Santos, 2017).
Após o surgimento de uma doença, a pessoa encontra-se num estado de
incapacidade adquirida, ou seja, essa mesma incapacidade que não existia antes,
impossibilita a pessoa de realizar as suas tarefas do dia-a-dia e de estar integrada na
sua vida social, familiar e profissional. Por isso, é neste contexto, que é tão importante
a intervenção do EEER (Menoita, et al., 2014).
Nesta fase, o EEER tem como papel muito importante, juntamente com a pessoa
e a sua família, o planeamento do regresso a casa, de forma a que a pessoa consiga
realizar as suas Atividades de Vida Diária (AVD) da forma mais independente. Por
isso, o EEER planeia intervenções de Enfermagem de Reabilitação, de forma a
capacitar a pessoa para o autocuidado, ajustando à capacidade funcional da pessoa,
permitindo a sua independência (Menoita, et al., 2014).
O Plano de Cuidados apresentado neste estudo, visa a caracterização de
Diagnósticos de Enfermagem de Reabilitação, preconizados pela Ordem dos
Enfermeiros, no Padrão Documental dos Cuidados de Enfermagem da Especialidade
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de Enfermagem de Reabilitação e utilizando a linguagem CIPE (Classificação
Internacional para a Prática de Enfermagem). (Ordem dos Enfermeiros, 2015).
Identificando diagnósticos nos casos de pessoa com dependência, este estudo, terá
como finalidade comprovar os benefícios que as intervenções desenvolvidas pelo
EEER, têm na capacitação da pessoa dependente para o autocuidado.
Este estudo, foi desenvolvido na área da Neurologia, nomeadamente numa
patologia em específico, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que ocorre de forma
súbita, causando alterações na pessoa que pode levar a imobilidade e consequente
dependência nas AVD.
O AVC é uma das doenças com taxa elevada de prevalência a nível mundial
(Marques-Vieira, Sousa e Braga, 2017).
O AVC assume uma grande relevância em termos de saúde pública e constitui a
primeira causa de morte e de incapacidade permanente em Portugal (Direção-Geral
da Saúde [DGS], 2011).
“A reabilitação é um processo centrado no doente e orientado por objetivos, que
começa no dia após o AVC, com a finalidade de melhorar a funcionalidade e alcançar
o maior nível de independência possível, física e psicologicamente, mas, também,
social e economicamente.”2
Em Reabilitação, a avaliação inicial clínica e funcional, deverá ser efetuada
através de consulta de Escalas como o Índice de Barthel e/ou Escala de MIF (Medida
de Independência Funcional), tendo como objetivo principal o estabelecimento de um
plano terapêutico de reabilitação individual. Por isso, o programa de reabilitação
deverá ser bem planeado e estruturado para poder fornecer a máxima intensidade
nos primeiros seis meses após o AVC (DGS, 2011).
O objetivo deste estudo de caso é identificar os ganhos sensíveis aos cuidados
de enfermagem de reabilitação na capacitação para o autocuidado na pessoa com
AVC. (DGS, 2011)
MATERIAL E MÉTODOS Para a realização do presente estudo e de forma a responder à questão de
partida, recorreu-se ao estudo de caso como metodologia. Sendo que, o estudo de
2 Direção-Geral da Saúde. Norma nº054/2011: 6
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caso é definido como, “(…) investigação aprofundada de um indivíduo, de uma família,
de um grupo ou de uma organização. (…) Este tipo de investigação é útil para verificar
uma teoria, estudar um caso que é reconhecido como especial e único (doença rara),
explicar relações de causalidade entre a evolução de um fenómeno e uma
intervenção.” (Duhamel e Fortin, 1999, p, 164). Utilizaram-se as etapas do estudo de
caso (Andrade et al., 2017) e as diretrizes de um relato de caso (Riley et al., 2017).
Este estudo descreve o caso de uma pessoa dependente nos autocuidados, após
AVC. Em relação ao desenho do estudo, no que diz respeito ao período de
seguimento do estudo, este tem carácter longitudinal, pois é um estudo no qual existe
uma sequência temporal entre a primeira abordagem e conhecimento do caso clínico,
a intervenção terapêutica e a evolução e por fim, resultados obtidos, ou seja,
estabelece uma sequência de fatos (Hochman, Nahas, Filho e Ferreira, 2005).
O estudo foi realizado durante o tempo de internamento numa Unidade de AVC
(UAVC), a uma pessoa do sexo feminino com 78 anos de idade, internada numa
UAVC de um Hospital, até à data da alta.
Importa referir que foram respeitadas as normas de ética para a investigação em
enfermagem, baseadas na Deontologia Profissional de Enfermagem, (Nunes, 2013;
Ordem dos Enfermeiros, 2015), garantindo-se a observância dos direitos de
autodeterminação e de proteção contra o desconforto e o prejuízo, rtendo por base os
princípios da Beneficiência e não Maleficência. A pessoa envolvida assinou o
formulário do consentimento informado, e foi esclarecida acerca da pertinência e
objetivo do estudo. De forma a respeitar e preservar a identidade da pessoa, a mesma
foi identificada com a letra do alfabeto, de modo a cumprir os princípios da Fidelidade,
Justiça, Veracidade e Confidencialidade (Nunes, 2013).
O presente estudo contempla, a colheita de dados, a avaliação inicial, o
planeamento do programa de reabilitação, a intervenção do EEER, bem como a
avaliação dessa mesma intervenção.
A colheita de dados foi realizada recorrendo a várias fontes de informação,
processo clínico, exame físico e entrevista com a pessoa ao longo do período em que
ocorreu o programa de reabilitação. Foi assim, usado o Modelo de Roper, Logan e
Tierney para a organização dos dados colhidos. Roper et al. em 1996, desenvolveram
um Modelo para a Vida e um Modelo correspondente para a Enfermagem. Os aspetos
que compõem ambos os modelos são as atividades de vida e as AVD. O Modelo de
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Roper para a Enfermagem combinas as etas do processo de enfermagem, com o
Modelo para Vida, ou seja, os Enfermeiros de Reabilitação utilizam o processo de
enfermagem quando trabalham com as pessoas, de forma a prevenir problemas
potenciais, aliviar problemas atuais e lidar com os problemas que não podem ser
resolvidos. Este modelo contempla as seguintes atividades de vida: Manter um
ambiente seguro; Comunicar; Respirar; Comer e Beber; Eliminar; Higiene Pessoal e
Vestir; Manter a temperatura corporal; Mobilizar; Trabalhar e divertir-se; Expressar-se
sexualmente; Dormir e Morrer (Lutz e Davis, 2011).
Para avaliação da condição clínica da pessoa foram utilizados os instrumentos
implementados na Unidade de AVC onde se desenvolveu o estudo, sendo eles:
Escala de Coma de Glasgow, Exame neurológico através da Escala de NIHSS, Escala
de Gugging Swallowing Screen (GUSS), Medida de Independência Funcional (MIF),
Índice de Barthel Escala de Equilíbrio de Berg e a Escala de Oxford (Marques-Vieira
et al., 2017; Menoita, et al., 2014).
De acordo com a avaliação foram identificados focos, estabelecendo Diagnósticos
preconizados no Padrão Documental dos Cuidados de Enfermagem da Especialidade
de Enfermagem de Reabilitação e intervenções, sendo elaborado um programa de
reabilitação adaptado ás necessidades da pessoa. O planeamento do programa de
reabilitação foi construído utilizando a linguagem CIPE.
APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO
É apresentado o caso da Srª E de 78 anos de idade, género feminino, caucasiana
e de nacionalidade portuguesa. Tem o 4º ano de escolaridade. É casada, reside com
o marido e tem uma filha, que apoia o casal quando é necessário. Reformada e sem
atividades de lazer no momento. Em situação de Insuficiência Económica.
Recorre ao Serviço de Urgência por assimetria facial e dificuldade na articulação
das palavras. Ativada Via Verde AVC. Tem como diagnóstico de admissão no serviço
de urgência, AVC isquémico sem tradução imagiológica. Admitida na UAVC 24 horas
após, sendo posteriormente confirmado o diagnóstico de AVC isquémico da Artéria
Cerebral Média (ACM) direita.
Tem como antecedentes pessoais: AVC hemorrágico há 16 anos sem défices;
Hipertensão arterial; Dislipidémia; Humor depressivo e Alteração da acuidade visual.
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Desconhece alergias e/ou intolerâncias e tinha como medicação habitual:
Indapamida, Irbesartan/Hidroclorotiazida, Venlafaxina e Atenolol.
Previamente ao internamento, era autónoma na realização das AVD. No momento
do internamento, apresenta dependência total na realização das AVD, por apresentar
défices consequentes do AVC.
O programa de reabilitação teve início 4 dias após internamento na UAVC e
decorreu ao longo de 3 sessões.
Quadro 1 – Colheita de dados na avaliação inicial e na alta
Avaliação inicial Alta
Colheita de dados pelo Método de Roper
Manter um ambiente seguro Desperta e orientada. Escala de Morse
com score 35 (médio risco)
Desperta e orientada.
Escala de Morse com score 15
(baixo risco)
Comunicar Disartria, com algumas palavras
impercetíveis e arrastadas
Discurso fluente e percetível
Respirar Escassos acessos de tosse seca, sem
sinal de presença de secreções
Sem alterações
Comer e Beber Parésia facial central esquerda, com
diminuição da sensibilidade tátil na face
esquerda. É necessário verificar a
presença de restos de alimentos na
bochecha esquerda. Necessita de
ajuda (para cortar)
Necessita de ajuda (para cortar)
Eliminar Apresenta continência de esfíncteres,
elimina no WC, necessita de ajuda total
Apresenta continência de
esfíncteres, elimina no WC,
necessita de ajuda total, mas
consegue colaborar, colocando-se
de pé e realiza a higiene após
eliminar
Higiene Pessoal e Vestir Dependente em grau elevado. Dependente em grau moderado
Manter a temperatura
corporal
Sem alterações Sem alterações
Mobilizar Hemiparésia esquerda. Ataxia na prova
dedo-nariz á esquerda
Hemiparésia esquerda. Ataxia na
prova dedo-nariz á esquerda
Trabalhar e divertir-se Sem atividade profissional, reformada e
sem atividades de lazer
Sem atividade profissional,
reformada e sem atividades de
lazer
Expressar-se sexualmente Sem relevância / Não avaliado Sem relevância / Não avaliado
Dormir Sem alterações Sem alterações
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Morrer Ansiosa e com receio da morte após
este episódio
Calma e menos ansiosa
Colheita de dados através das Escalas (score)
Escala de Coma de Glasgow 15 15
Escala de NIHSS 8 4
Índice de Barthel 30 55
Escala de Equilíbrio de Berg 4 8
MIF 70 97
Escala de GUSS 20 20
Escala de Oxford
- MSD
- MID
- MIE
- MSE (articulação do
ombro)
- MSE (articulação do
cotovelo)
- MSE (articulação do
punho)
- MSE (articulação dos
dedos)
5/5
5/5
4/5
2/5
2/5
0/5
0/5
5/5
5/5
4+/5
3/5
3/5
0/5
1/5
Legenda: MSD – Membro Superior Direito; MID – Membro Inferior Direito; MIE –
Membro Inferior Esquerdo; MSE – Membro Superior Esquerdo
Diagnósticos de Enfermagem de Reabilitação
De acordo com avaliação que foi efetuada, são identificados os diagnósticos sobre
os quais incidiram o programa de reabilitação. Os diagnósticos foram elaborados em
linguagem CIPE e à luz do Padrão Documental dos Cuidados de Enfermagem da
Especialidade de Reabilitação. São centrados nos vários focos do “Autocuidado”,
“Parésia”, “Deglutição”, “Défice Sensorial”, “Comunicação”, “Movimento Muscular”,
“Equilíbrio Corporal” e “Transferir-se” e nas dimensões do “conhecimento” e da
“aprendizagem de capacidades” (apêndice)
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Programa de Reeducação Funcional
No decorrer do programa de reabilitação e após reunir os dados e identificação
dos diagnósticos de enfermagem de reabilitação, foram propostas diversas
intervenções de enfermagem, descritas no Quadro 2.
Quadro 2 – Programa de Reeducação Funcional para o Autocuidado
Cada sessão de treino teve a duração necessária para a realização de cada
autocuidado. A par dessas sessões, foi implementado um plano de cuidados de
enfermagem de reabilitação.
Tendo em conta o Modelo de Roper et al (1996) e a abordagem holística da
pessoa, não vigorarão apenas diagnósticos centrados no Autocuidado. Foram
enunciados diagnósticos como: Parésia facial central esquerda; Deglutição
Diagnóstico ativo Enunciados de Diagnóstico
Enunciados de ação de diagnóstico e de intervenções de enfermagem
Conhecimento Aprendizagem
Autocuidado Comer Autocuidado comer comprometido, em grau moderado
- Avaliar para melhorar conhecimento acerca de dispositivo auxiliar - Ensinar sobre dispositivo auxiliar
- Avaliar capacidade para usar dispositivo auxiliar - Instruir/Treinar sobre o uso de dispositivo auxiliar
Higiene Autocuidado Higiene comprometido, em grau elevado
- Avaliar potencial para melhorar o conhecimento acerca da necessidade de adaptação do domicilio - Ensinar sobre adaptação do domicílio - Ensinar sobre dispositivo auxiliar
- Avaliar capacidade para usar dispositivo auxiliar - Instruir/Treinar sobre uso de dispositivo auxiliar
Ir ao Sanitário
Autocuidado Ir ao Sanitário comprometido, em grau elevado
- Avaliar potencial para melhorar o conhecimento acerca da necessidade de adaptação do domicilio, do uso de dispositivo auxiliar e técnica de adaptação - Ensinar sobre adaptação do domicílio e sobre dispositivo auxiliar
Tem potencial para melhorar a capacidade de usar o dispositivo auxiliar - Instruir/Treinar sobre uso de dispositivo auxiliar e técnica de adaptação
Vestuário Autocuidado Vestuário comprometido, em grau elevado
- Avaliar potencial para melhorar o conhecimento acerca do uso de dispositivo auxiliar e técnica de adaptação - Ensinar sobre dispositivo auxiliar e técnica de adaptação
- Avaliar capacidade para usar dispositivo auxiliar - Instruir/Treinar sobre uso de dispositivo auxiliar e técnica de adaptação
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comprometida; Défice sensorial na hemiface esquerda; Comunicação comprometida
em grau reduzido; Movimento muscular diminuído; Equilíbrio Corporal comprometido
e Transferir-se comprometido.
As intervenções de enfermagem foram asseguradas em todas as sessões,
visando a recuperação no Autocuidado, minimizando a dependência da pessoa, assim
como a reabilitação da pessoa no seu todo.
Em seguida é apresentado o plano de cuidados da pessoa com dependência
(quadro 3).
Quadro 3 – Plano de cuidados de enfermagem de reabilitação para a pessoa com dependência
Diagnóstico Intervenções Parésia Facial Central
esquerda presente - Aplicar frio - Disponibilizar dispositivo auxiliar à pessoa (espelho) - Executar técnica de exercício muscular e articular passivo - Executar técnica de massagem - Vigiar parésia - Supervisionar a pessoa no mastigar
Potencial para melhorar o conhecimento sobre técnica de exercício muscular e articular passivo
- Aplicar frio - Disponibilizar dispositivo auxiliar à pessoa (espelho) - Executar técnica de exercício muscular e articular passivo - Executar técnica de massagem - Vigiar parésia - Supervisionar a pessoa no mastigar
Potencial para melhorar capacidade sobre a utilização da técnica de exercício muscular e articular passivo
- Instruir sobre técnicas de exercício muscular e articular - Treinar técnicas de exercício muscular e articular ativo (soprar enchendo a bochecha de ar, sorrir mostrando os dentes, aproximar e comprimir os lábios, sorrir com os lábios juntos e protusão do lábio inferior – 5 repetições, 3 séries)
Deglutição Comprometida
- Avaliar capacidade de deglutição - Monitorizar deglutição através da Escala de GUSS– avaliar alterações do estado de consciência, qualidade da voz, articulação das palavras, deglutição da própria saliva, presença de sialorreia, reflexo da tosse presente, movimento da língua e dos lábios, controlo postural da cabeça, reflexo de vómito e simetria facial - Executar técnica de deglutição - Gerir e Planear dieta – Ter em consideração as necessidades nutricionais, a consistência adequada para a deglutição eficaz e as preferências e gostos da pessoa - Posicionar a pessoa - Supervisionar a deglutição
Potencial para melhorar o conhecimento sobre exercícios de deglutição
- Ensinar sobre exercícios de deglutição - Ensinar sobre técnicas de deglutição (técnica de consistência adaptada, Técnica postural [flexão anterior do pescoço, rotação da cabeça para o lado afetado, flexão anterior do pescoço com rotação da cabeça para o lado afetado, inclinação posterior da cabeça] e técnica sensorial) - Providenciar material educativo
Potencial para melhorar capacidade de executar exercícios de deglutição
- Instruir sobre exercícios de deglutição - Instruir sobre técnicas de deglutição - Treinar técnica de deglutição - Treinar exercícios de deglutição
Défice sensorial na hemiface esquerda
(sensibilidade tátil na
- Aplicar calor - Aplicar frio - Executar estimulação sensitiva
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hemiface esquerda diminuída)
- Estimular perceção sensorial - Executar técnica de massagem - Incentivar a execução de exercício muscular e articular (soprar enchendo a bochecha de ar, sorrir mostrando os dentes, aproximar e comprimir os lábios, sorrir com os lábios juntos e protusão do lábio inferior – 5 repetições, 3 séries) - Informar sobre técnica de adaptação - Orientar o uso de técnica de adaptação
Potencial para melhorar o conhecimento sobre estratégias adaptativas ao défice sensorial
- Avaliar o conhecimento sobre estratégias adaptativas ao défice sensorial - Ensinar sobre estratégias adaptativas ao défice sensorial - Providenciar material educativo
Potencial para melhorar capacidade de executar estratégias adaptativas ao défice sensorial
- Avaliar a capacidade de executar estratégias adaptativas ao défice sensorial - Instruir sobre estratégias adaptativas ao défice sensorial - Treinar estratégias adaptativas ao défice sensorial
Comunicação comprometida, em grau reduzido
- Incentivar pessoa a comunicar - supervisionar a técnica do treino do discurso
Potencial para melhorar o conhecimento sobre técnicas de treino do discurso
- Avaliar o conhecimento sobre a técnicas de treino do discurso - Ensinar sobre técnicas de treino do discurso
Potencial para melhorar capacidade de executar técnicas de treino do discurso
- Avaliar a capacidade de executar a técnicas de treino do discurso - Instruir sobre técnicas de treino do discurso - Treinar técnicas de treino do discurso
Movimento muscular
diminuído (MSE e MIE)
- Monitorizar força muscular através da Escala de Oxford - Executar técnica de exercício muscular e articular passivo na articulação do punho esquerdo e dos dedos da mão esquerda - Executar técnica de exercício muscular e articular passivo e ativo-assistido na articulação do ombro e do cotovelo esquerdo - Executar técnica de exercício muscular ativo-resistido no MIE - Incentivar a pessoa a executar os exercícios musculares e articulares ativos - Supervisionar o movimento muscular
Potencial para melhorar o
conhecimento sobre técnicas de exercício muscular e articular
- Avaliar conhecimento sobre técnicas de exercício muscular e articular - Ensinar sobre técnicas de exercício muscular e articular - Providenciar material educativo
Potencial para melhorar a capacidade para executar técnicas de exercício muscular e
articular
- Avaliar capacidade para executar técnicas de exercício muscular e articular - Instruir sobre técnicas de exercício muscular e articular (especificadas no ponto anterior) - Treinar técnicas de exercício muscular e articular
Potencial para melhorar o
conhecimento sobre dispositivo auxiliar para autocuidado
comer
- Avaliar o conhecimento sobre dispositivo auxiliar para autocuidado comer - Ensinar sobre dispositivo auxiliar para o autocuidado comer (como por exemplo, talheres com cabo adaptado, pratos com ventosa para segurar na mesa, copos com tampa de bica) - Providenciar material educativo
Potencial para melhorar a capacidade para usar dispositivo
auxiliar para o autocuidado comer
- Avaliar a capacidade para usar dispositivo auxiliar para o autocuidado comer - Instruir sobre o uso de dispositivo auxiliar para o autocuidado comer - Treinar uso de dispositivo auxiliar para o autocuidado comer
Potencial para melhorar o
conhecimento do prestador de cuidados
sobre dispositivo auxiliar para
autocuidado comer
- Avaliar o conhecimento do prestador de cuidados sobre dispositivo auxiliar para autocuidado comer - Ensinar prestador de cuidados sobre dispositivo auxiliar para autocuidado comer
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Potencial para melhorar o
conhecimento do prestador de cuidados
sobre adaptação do domicílio para o
autocuidado higiene
- Avaliar o conhecimento do prestador de cuidados sobre adaptação do domicílio para o autocuidado higiene - Ensinar prestador de cuidados sobre adaptação do domicílio para o autocuidado higiene - Ensinar prestador de cuidados sobre dispositivo auxiliar para autocuidado higiene
Potencial para melhorar o
conhecimento sobre dispositivo auxiliar para o autocuidado
higiene
- Avaliar conhecimento sobre adaptação do domicílio para o autocuidado higiene - Ensinar sobre adaptação do domicílio para o autocuidado higiene (acessibilidade à casa de banho, se tem banheira ou duche e necessidade de colocação de barras de poio) - Ensinar sobre dispositivo auxiliar para autocuidado higiene (para usar banheira ou duche, a necessidade de usar cadeira giratória, ou cadeira de duche)
Potencial para melhorar a capacidade
para utilizar o dispositivo auxiliar para o autocuidado
higiene
- Avaliar capacidade para utilizar dispositivo auxiliar para autocuidado higiene - Instruir sobre uso de dispositivo auxiliar para o autocuidado higiene - Treinar uso de dispositivo auxiliar para autocuidado higiene
Potencial para melhorar o
conhecimento do prestador de cuidados
sobre dispositivo auxiliar para
autocuidado Vestuário
- Avaliar o conhecimento do prestador de cuidados sobre dispositivo auxiliar para autocuidado Vestuário - Ensinar prestador de cuidados sobre dispositivo auxiliar para autocuidado Vestuário
Potencial para melhorar o
conhecimento sobre dispositivo auxiliar para o autocuidado
vestuário
- Avaliar o conhecimento sobre dispositivo auxiliar para o autocuidado vestuário - Ensinar sobre dispositivo auxiliar para autocuidado Vestuário (por exemplo, necessidade de uso de pinças para apanhar as peças de roupa, calçadeira de sapatos e calçadeira de meias) - Ensinar sobre técnica de adaptação para autocuidado vestuário (por exemplo, sapatos com velcro e fáceis de calçar, usar camisolas fechas e calças de elástico, sem botões e fechos) - Vestir peças de roupa fechadas: Colocar a camisola com a parte detrás para cima e a gola para a frente; Com a mão sã pegar na manga do lado afetado e enfia-a no braço parético; Vestir a segunda manga e eleva-as alternadamente até aos ombros; Com a mão sã, segura na gola da camisola, passa-a pela cabeça e faz desliza-la ao longo do tronco. Despir peças de roupa fechadas: Agarrar com a mão sã na parte detrás da gola e tira-a passando-a pela cabeça e inclinar o corpo para a frente; terminar despindo o membro são e depois o parético. Vestir as calças: Ficar deitada na cama; fletir o joelho não afetado, mantendo o pé apoiado na cama; Fazer força para baixo na cama, para elevar a anca. Usar a mão e o braço não afetados para puxar as calças para cima e apertá-las
Potencial para melhorar a capacidade
para utilizar o dispositivo auxiliar para o autocuidado
vestuário
- Avaliar capacidade para utilizar dispositivo auxiliar para autocuidado vestuário - Instruir sobre uso de dispositivo auxiliar para o autocuidado Vestuário - Instruir sobre técnica de adaptação para o autocuidado Vestuário - Treinar uso de dispositivo auxiliar para autocuidado Vestuário - Treinar técnica de adaptação para autocuidado Vestuário
Potencial para melhorar o
conhecimento do prestador de cuidados
sobre adaptação do domicílio para Transferir-se
- Avaliar o conhecimento do prestador de cuidados sobre adaptação do domicílio para Transferir-se - Ensinar prestador de cuidados sobre adaptação do domicílio para Transferir-se - Ensinar prestador de cuidados sobre dispositivo auxiliar para Transferir-se (pode usar as próprias calças da pessoa, ou cinto de transferência)
Potencial para melhorar o
conhecimento sobre técnica de adaptação
para transferir-se
- Avaliar conhecimento sobre técnica de adaptação para transferir-se - Ensinar sobre adaptação do domicílio para Transferir-se (por exemplo, necessidade de colocar barras de apoio) - Ensinar sobre dispositivo auxiliar para Transferir-se (próprias calças da pessoa ou cinto de transferência) - Ensinar sobre técnica de adaptação para Transferir-se
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Potencial para melhorar a capacidade
para usar técnica de adaptação para
transferir-se
- Avaliar a capacidade do uso de dispositivo auxiliar para Transferir-se - Instruir sobre uso de dispositivo auxiliar para Transferir-se - Instruir sobre técnica de adaptação para Transferir-se - Treinar uso de dispositivo auxiliar para Transferir-se - Treinar técnica de adaptação para Transferir-se
Equilíbrio Corporal comprometido
- Aplicar dispositivo auxiliar (usar as calças da própria pessoa ou cinto de transferência) - Estimular a manter equilíbrio corporal (Correção Postural) – pode se usar espelho quadriculado - Executar técnica de treino de equilíbrio - Alternância de carga nos membros superiores, alternância de carga nos membros inferiores, Exercícios de coordenação de movimentos e Facilitação cruzada) - Orientar na técnica de treino de equilíbrio
Potencial para melhorar o
conhecimento sobre técnica de equilíbrio
corporal
- Avaliar o conhecimento sobre técnica de equilíbrio corporal - Ensinar sobre técnica de equilíbrio corporal
Potencial para melhorar a capacidade
para usar técnica de equilíbrio corporal
- Avaliar a capacidade para usar técnica de equilíbrio corporal - Instruir sobre técnica de equilíbrio corporal - Treinar técnica de equilíbrio corporal
RESULTADOS
A Srª E integrou o projeto, quando está já estava a decorrer tendo iniciado o
programa de reabilitação apenas 4 dias após admissão na UAVC, pois foi quando
houve contacto com a pessoa.
Após assinar o consentimento informado, cumpriu um total de 3 sessões, pois foi
apenas quando houve contacto, tendo sido feita uma avaliação em cada uma delas e
manteve-se no programa até á data da alta.
Antes de qualquer intervenção foi sempre avaliado o nível de consciência através
da Escala de Coma de Glasgow, pois poderia comprometer a avaliação da pessoa,
bem como de todo o programa de reabilitação. Pode se verificar que a Srª E manteve-
se sempre desperta, orientada e colaborante, apresentando em todas as avaliações
score 15 na escala referida anteriormente.
Seguiu-se a etapa da colheita de dados para a avaliação inicial, aplicando também
as escalas descritas no Quadro 1.
Da entrevista informal realizada á Srª E, o que mais a inquietava era o facto de
viver sozinha com o marido e que naquele momento se encontrava em situação de
dependência.
Na primeira avaliação foi evidente a dificuldade que a Srª E tinha em realizar os
autocuidados, necessitando de ajuda total de um profissional de saúde para os
realizar, com score 30 no Índice de Barthel e score 70 na MIF. Sendo que á data da
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alta, houve uma melhoria nas pontuações, não no total, mas de forma a que permitiu
que a Srª E, realiza-se os autocuidados com ajuda parcial de um profissional de saúde,
com score 55 no Índice de Barthel e 97 na MIF.
O gráfico abaixo, demonstra a evolução das capacidades da Srª E ao longo do
programa de reabilitação. (Gráfico 1)
Fonte: Dados próprios
Na primeira sessão, aproveitou-se para ensinar sobre as técnicas de uso de
dispositivos auxiliares e de técnicas de adaptação para a realização dos autocuidados,
sendo que nas sessões seguintes, foi feito o treino dessas mesmas técnicas.
Foram assegurados os cuidados especializados de enfermagem de reabilitação
inerentes á pessoa com dependência no autocuidado, visando alcançar a sua máxima
funcionalidade.
É de grande importância ressalvar a elevada adesão e participação no exercícios
e técnicas propostas.
A Srª E demonstrou evolução na capacidade de realização dos exercícios e
técnicas, sendo que demonstrou maior dificuldade na técnica de vestir a parte inferior
do vestuário. A atividade Banho, foi procedida pelo enfermeiro, com ajuda total,
0
20
40
60
80
100
120
Escala de Comade Glasgow
Escala de NIHSS Indíce de Barthel Escala deEquilíbrio de
Berg
MIF Escala de GUSS
Gráfico 1 - Evolução na avaliação das Escalas
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3
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contudo no final do programa a Srª E, conseguia realizar a tarefa apenas com ajuda
parcial.
Verificou-se na última sessão que a Srª E, conseguia: tomar duche no chuveiro,
lavando mais de 50% da superfície corporal; usar o chuveiro e regular a temperatura
da água; vestir a metade superior do corpo utilizando a técnica de adaptação para o
autocuidado vestir ensinada nas sessões anteriores; colocar-se de pé segurando uma
barra de apoio e puxar a parte inferior da roupa até ficar vestida; realizava a sua
higiene oral após se colocar o material á disposição e conseguia pentear o cabelo,
usando a mão não afetada.
Verificou-se maior défice de conhecimento sobre a necessidade de adaptação do
domicílio para a realização dos autocuidados.
O cuidador familiar (filha), nunca esteve presente pois as sessões eram realizadas
na parte da manhã, pois era nesse período em que se realizavam as AVD na sua
maioria. Mas apesar de não assistir ás sessões, a filha esteve presente nas visitas á
Srª E, e nessa altura, era abordada acerca da situação de dependência e da
necessidade de adaptação.
Na análise dos dados obtidos, constatou-se que a Srª E apresentou melhoria
funcional na realização dos autocuidados, comprovada pela progressão sobretudo
nos scores do Índice de Barthel e na MIF, já descritos anteriormente no Gráfico 1.
DISCUSSÃO
A abordagem explorada neste estudo enquadra-se na Teoria do Défice do
Autocuidado de Dorothea Orem, que foca o papel do enfermeiro de reabilitação na
aprendizagem e desenvolvimento de capacidades da pessoa (Petronilho e Machado,
2017).
A abordagem apresentada e os resultados obtidos revelam a importância e os
benefícios da intervenção de enfermagem de reabilitação junto da pessoa com
dependência no autocuidado. A avaliação particulariza da situação, identificação clara
dos diagnósticos de enfermagem, planeamento e implementação das respetivas
intervenções e consequente avaliação, integram o processo de enfermagem,
processo esse de elevada complexidade no que diz respeito á tomada de decisão
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clínica que suportou a prestação dos cuidados de enfermagem de reabilitação,
presentes neste estudo.
A realização de estudos nesta área é fundamental para perceber a eficácia da
reabilitação em pessoas em situação de dependência. A eficácia das intervenções de
enfermagem de reabilitação, relativamente a pessoas com AVC e dependentes no
autocuidado já foi comprovada em estudos anteriores como é o exemplo do estudo
sobre a Terapia por caixa de espelho e autonomia no autocuidado após acidente
vascular cerebral: programa de intervenção. O estudo teve como objetivo avaliar o
contributo da terapia por caixa de espelho para a autonomia no autocuidado nos
doentes com hemiplegia/hemiparesia, por AVC da ACM (Castro, Martins, Couto e
Reis, 2018).
Apesar de existirem estudos que comprovem a eficácia das intervenções de
enfermagem de reabilitação, continua a ser importante trabalhar estas matérias.
Para alcançar o objetivo proposto, o caso apresentado contemplou a avaliação da
dependência no autocuidado, através da aplicação de instrumentos de avaliação
válidos e fiáveis (Sousa, Marques-Vieira, Severino & Caldeira, 2017e inseridos no
projeto de reabilitação da UAVC onde se realizou o estudo.
A utilização dos instrumentos de recolha de dados, foi fundamental, pois permitiu
caracterizar e evidenciar a evolução obtida com as intervenções de enfermagem de
reabilitação (Sousa et al., 2017)
“Atualmente o AVC agudo é considerado uma emergência médica, sendo o fator
tempo de extrema importância.” (Marques-Vieira el al., 2017: 466).
A reabilitação em pessoas com AVC deve ser precoce. Os programas de
reabilitação têm permitido a melhoria da funcionalidade de pessoas dependentes,
para a realização dos autocuidados e outras AVD (Marques-Vieira el al., 2017).
Todo o programa de reabilitação, foi iniciado após estabilização hemodinâmica da
pessoa, mas ainda na fase aguda, com 5 dias de evolução do AVC. A pessoa
interveniente neste estudo, apesar das limitações e incapacidades motoras, sempre
demostrou capacidades e vontade em participar nas atividades propostas.
Ao analisar os resultados deste estudo, importa ressalvar uma limitação, ou seja,
o fator tempo foi uma condicionante para a realização do programa de reabilitação.
Teria sido importante manter o programa e ter realizado mais sessões, mas o facto de
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o internamento na UAVC ser de curta duração, impediu que houvesse mais sessões
de intervenção.
A exposição deste caso, poderá enriquecer o conhecimento e fortalecer a prática
de enfermagem de reabilitação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este estudo, permitiu evidenciar-se a eficácia e benefícios dos programas de
reabilitação, para a funcionalidade da pessoa dependente no autocuidado,
destacando a importância da abordagem holística. A abordagem do EEER à pessoa
com limitações, é fundamental na melhoria da qualidade de vida.
Ao longo do programa implementado, foi fundamental perceber a capacidade da
pessoa em participar nas atividades propostas de forma segura e eficaz, mas apenas
isso foi possível através da avaliação do estado de consciência com recurso à Escala
de Coma de Glasgow.
A identificação dos diagnósticos de enfermagem, através da colheita de dados,
usando os instrumentos de avaliação, foram fundamentais para a seleção das
intervenções adequadas.
A evolução da pessoa estudada, foi demonstrada através dos resultados obtidos
na aplicação dos instrumentos de avaliação.
Demonstrou-se a eficácia dos cuidados de enfermagem de reabilitação na
capacitação da pessoa dependente para o autocuidado, não no sentido de reverter
completamente as alterações que a pessoa sofreu, mas sim para maximizar o seu
potencial, não se centrando nas suas limitações, mas sim na capacidade funcional,
de forma a garantir a máxima independência possível.
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