Caderno do Professor Guerra e Paz

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CADERNO DO PROFESSOR

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Da Fundação Candido Portinari

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caderno do professor

PATROCÍNIO PROGRAMA EDUCATIVO PATROCÍNIO

APOIO FINANCEIRO

REALIZAÇÃO E DIREÇÃO

APOIO

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LENA JESUS PONTE

NADYA FERREIRA JESUS

caderno do professor

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sumário

apresentação 4

cronologia ilustrada 6

o pintor do novo mundo 16israel pedrosa

a restauração dos painéis guerra e paz 20cláudio valério teixeira e edson motta junior

declaração sobre uma cultura de paz 23 organização das nações unidas (onu)

propostas de atividades

1. painéis da guerra e da paz 26

2. o palácio gustavo capanema – arquitetura e arte 30

3. mutirão do restauro 32

4.“paz sem voz não é paz, é medo!” 34

5. rap da paz 36

6. haicai – poesia da delicadeza 39

7.“o coração do mundo é a pulsação da gente” 41

8. brincando de ser criança 45

9. dançar a paz é mais gostoso 50

10. de repente, o cordel 53

11. “brigas nunca mais” 59

12. “fui lata, hoje sou prata” 62

13. a luta contra a guerra, a guerra pela paz 66

14. “liberdade liberdade, abre as asas sobre nós” 71

15. “a mão está sempre compondo” 76

notas 80

referências 80

Portinari pintando o painel Guerra no galpão da TV Tupi. Rio de Janeiro, 1955.

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Caros professores

Vocês, com seus alunos, participaram das atividades do Programa Educativo Guerra e Paz – visitas guiadas para acompanhamento de fases do restauro dos painéis de Candido Portinari e oficinas de arte, realizadas no Ateliê Aberto, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, de fevereiro a maio de 2011.

Agora vocês têm em mão o Caderno do Professor, para o desdobramento das ações pedagógicas deflagradas pela visita ao Ateliê Aberto. Este material, nas escolas, possibilitará a exploração ainda maior de toda a riqueza da obra de Portinari.

A primeira parte deste Caderno contém informações básicas sobre o artista e sua obra, bem como sobre a história dos painéis Guerra e Paz, detalhando informações que já constavam do folder distribuído durante as visitas guiadas.

A segunda parte oferece a vocês, professores, propostas de atividades discentes, de caráter interdisciplinar, abrangendo Língua Portuguesa, Artes e História.

A realização do projeto pedagógico que impulsiona a programação do Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz só foi possível com o patrocínio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência de fomento do Ministério de Ciência e Tecnologia.

APrEsENtAção

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As atividades deste Caderno destinam-se aos alunos do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, aos alunos do Ensino Médio e aos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa abrangência não constitui problema, do ponto de vista pedagógico, na medida em que as propostas de atividades possibi-litam ao professor efetuar as adaptações que se façam necessárias – flexi-bilizando, reduzindo, simplificando, desenvolvendo, aprofundando cada uma delas –, de acordo com o contexto de ensino-aprendizagem.

As propostas têm como objetivo mais amplo estimular a solidariedade e a harmonia na escola e na família, contribuindo para promover uma cultura de paz na sociedade. É exatamente nesse sentido que se enfatiza a execução em grupo das atividades (estímulo à cooperação e à liderança positiva), bem como a participação integrada, em algumas propostas, dos diversos atores da comunidade escolar: diretores, alunos, professores, orientadores educa-cionais, familiares.

Os objetivos específicos consistem na ampliação do universo cultural dos alunos e no desenvolvimento das seguintes capacidades: atenção, obser-vação, concentração, organização, disciplina, compreensão, interpretação, expressão e comunicação verbal e não verbal, relacionamento de fatos e ideias, análise, síntese, senso crítico, argumentação, pensamento criativo, colaboração, avaliação e autoavaliação, flexibilidade.

Os três grandes eixos temáticos que norteiam todo o conjunto das atividades são a guerra, a paz e a arte de Portinari. Deixando claro que, coerentemente com os painéis do artista, abordamos “guerra” e “paz” de forma simbólica, como situações e contextos associados a esses conceitos. Assim, paz é har-monia, fraternidade, justiça, tolerância, respeito, preservação, alegria; guerra é conflito, desunião, injustiça, intolerância, agressão, destruição, sofrimento.

As atividades propostas – pesquisa, leitura, entrevista, visita, análise de fil-mes, produção de textos, confecção de trabalhos de artes plásticas, criação de coreografia, dramatização, produção musical, entre outras –, já diversifica-das em função do próprio caráter interdisciplinar e da abrangência do público-alvo, variam, também, quanto a ferramentas e recursos didáticos utilizados.

Concluindo, a obra de Portinari – em especial os painéis Guerra e Paz – ins-pirou a concepção deste Caderno, cujas propostas de atividades abrem es-paços de comunicação, construção, comunhão, respeito e liberdade – funda-mentos de uma Cultura de Paz.

PROPOSTASDE AtiViDADEs

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1903Candido Portinari nasce a 30 de dezembro na fazenda de café Santa Rosa, próxima à cidade de Brodowski, Estado de São Paulo, na época um pequeno lugarejo com cerca de 700 habitantes. É o segundo dos 12 filhos de Baptista Portinari e Dominga Torquato, ambos italianos da região do Vêneto, na Itália, que migraram para o Brasil no final do século XIX, momento de expansão da cultura cafeeira.

1906Baptista e Dominga deixam a fazenda e se estabelecem como comerciantes em Brodowski, parada para os trens apanharem café e ponto de passagem de retirantes em busca de trabalho.

1911Portinari frequenta a escola em Brodowski, provavelmente entre 1911 e 1916, não indo além do terceiro ano do curso primário.

1914Aos 10 anos, Portinari faz o Retrato de Carlos Gomes, primeiro desenho seu de que se tem registro.

1918Passa por Brodowski um grupo itinerante de pintores e escultores italianos que decoravam igrejas de pequenas cidades do interior. Candido é chamado para ser ajudante, juntamente com Modesto Giordano, seu companheiro de infância, que relata: “Ele (Portinari) ficava lá trabalhando. Cedo, era o primeiro que chegava lá [...] quase nem ia comer em casa [...]. [Era] doente para aprender a arte de pintor”.

1919Candido Portinari parte para o Rio de Janeiro em companhia da família Toledo, amiga dos Portinari e proprietária de uma pensão na avenida Passos, nº 44. Portinari aí se instala, prestando pequenos serviços. Na capital, ingressa no Liceu de Artes e Ofícios.

1920Portinari matricula-se como aluno livre na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), cursando regularmente as aulas de desenho figurado. Encontra ali um ambiente contraditório e tenso, marcado por normas rígidas.

1922Portinari expõe pela primeira vez e recebe Menção Honrosa por um retrato, provavelmente de seu amigo Ezequiel Fonseca Filho.

1924Portinari se submete ao júri de seleção do Salão da ENBA com sete retratos e a tela Baile na Roça, sua primeira obra temática brasileira, pintada durante as férias de verão passadas em Brodowski. Os retratos são aceitos, mas Baile na Roça é recusado.

Baptista Portinari e Dominga Torquato.

Casa da Família Portinari em Brodowski.

Escola de Brodowski. Portinari é o primeiro, de pé, na terceira fila, à direita, de baixo para cima.

Retrato de Carlos Gomes

Portinari na ENBA.

Baile na Roça

CRONOLOGIA ilustrADA

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1931O casal regressa ao Brasil. Candido Portinari traz na bagagem seis obras: três naturezas mortas, um nu, um autorretrato e um pequeno retrato de Maria. De volta, recomeça a pintar intensamente para garantir a sobrevivência do casal.

1928Ano decisivo na trajetória artística de Portinari. O pintor apresenta 12 obras à XXXV Exposição Geral de Belas Artes e ganha o Prêmio de Viagem à Europa, com o Retrato de Olegário Mariano. A imprensa destaca a vitória do artista.

1929Portinari faz sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel-RJ, iniciativa da Associação dos Artistas Brasileiros, dirigida por Celso Kelly. Embarca para a Europa no navio brasileiro Bagé. Em Paris, instala-se provisoriamente em Montparnasse, reduto dos artistas na época. Logo se muda para o Hôtel du Dragon e inicia sua programação de estudos. Decide não frequentar a Académie Julien, como era praxe entre os premiados da ENBA.

De Paris, escreve a uma colega na ENBA:

…Palaninho é da minha terra, de Brodowski.

…Vim conhecer aqui o Palaninho, depois de ter visto tantos museus, tantos castelos e tanta gente civilizada… Aí no Brasil eu nunca pensei no Palaninho…

…Daqui fiquei vendo melhor a minha terra - fiquei vendo Brodowski como ela é. Aqui não tenho vontade de fazer nada… Vou pintar o Palaninho, vou pintar aquela gente com aquela roupa e com aquela cor...

1930Participa da exposição coletiva de arte brasileira em Paris – Exposition d’Art Brésilien (Exposição de Arte Brasileira), realizada no Foyer Brésilien, com duas obras: um retrato e uma natureza morta.

Conhece Maria Victoria Martinelli, jovem uruguaia de 19 anos – radicada com a família em Paris – sua companheira de toda a vida.

1932Portinari apresenta mais de 60 obras em exposição individual no Palace Hotel, promovida pela Associação dos Artistas Brasileiros. Pela primeira vez, o artista expõe telas de temática brasileira, enfocando cenas de infância, do circo e de cirandas.

1934Portinari pinta Os Despejados, sua primeira obra com temática social.

A tela Mestiço é adquirida pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, primeira instituição pública a incluir uma obra de Portinari em seu acervo.

Retrato de Olegário Mariano

Palaninho

Portinari a bordo do Bagé, com Helena Duarte e Campos de Oliveira.

Maria e Candido Portinari no apartamento-ateliê da Lapa.

Maria Victoria, Montevidéu

Foto: Faig

Circo

Mestiço

Os Despejados

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1935A convite de Celso Kelly, é contratado para lecionar pintura mural e de cavalete no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (UDF), Rio de Janeiro.

Participa da exposição do Instituto Carnegie, em Pittsburgh, com a tela Café, conquistando a Segunda Menção Honrosa.

O artista realiza quatro grandes painéis para o Monumento Rodoviário, na rodovia Washington Luís, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo.

1938Portinari realiza centenas de estudos a carvão, crayon, têmpera, guache e aquarela para a execução dos 12 murais em afresco para a sede do Ministério da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema.

1939Em 20 de janeiro, o presidente Getúlio Vargas decreta a extinção da UDF, encerrando, consequentemente, a carreira de Portinari como professor.

Nasce seu filho João Candido.

Portinari pinta os painéis Jangadas do Nordeste, Cena Gaúcha e Noite de São João para o Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York, cujo projeto arquitetônico é de Lucio Costa e Oscar Niemeyer.

É inaugurada no Museu Nacional de Belas Artes a maior exposição de Portinari, com 269 obras. O catálogo tem prefácio de Manuel Bandeira e Mário de Andrade.

Turma de alunos da UDF. Portinari ao centro. Atrás dele, de pé, está o escritor Mário de Andrade.

Café

Trabalhador

Trabalhador

Portinari e o filho João Candido.

Museu Nacional de Belas Artes. O presidente Getúlio Vargas visita a Exposição acompanhado do Ministro da Educação Gustavo Capanema.

Algodão

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1940Participa da Latin American Exhibition of Fine Arts (Mostra Latino-Americana de Arte), no Museu Riverside de Nova York, com 35 obras.

A Exposição Portinari of Brazil (Portinari do Brasil), com aproximadamente 180 obras, é realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), e posteriormente percorre diversas cidades americanas.

1941A Universidade de Chicago edita o álbum Portinari, his Life and Art (Portinari, Vida e Arte).

Portinari pinta a Capelinha da Nonna, em Brodowski, num dos cômodos da casa da família, para sua avó Pellegrina. Os santos que decoram as paredes são feitos em tamanho natural e retratam pessoas de sua família.

Inaugura exposição na Galeria de Arte da Universidade de Howard, em Washington.

1942São inaugurados os murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso, em Washington. Os painéis apresentam uma temática histórica latino-americana.

1943É inaugurada uma exposição individual de Portinari no Museu Nacional de Belas Artes, com 168 trabalhos.

Memórias Pósthumas de Braz Cubas, de Machado de Assis, primeiro livro publicado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, é ilustrado por Candido Portinari.

1944Portinari participa da exposição comemorativa dos 15 anos de fundação do MoMA – Art in Progress (Arte em Progresso) – com as obras Espantalho e Colonos Carregando Café.

Portinari pinta os painéis da série Retirantes.

É concluído o conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte, encomenda do então prefeito Juscelino Kubitschek a Oscar Niemeyer, incluindo a Igreja de São Francisco de Assis, decorada por Candido Portinari com azulejos na parte externa e pintura mural no interior.

Santa Luzia e São Pedro (detalhe da Capelinha da Nonna). Museu Casa de Portinari, Brodowski.

Exposição Portinari no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Foto: Kazys Vosylius

Painel de azulejos, Igreja de São Francisco de Assis, Pampulha, Belo Horizonte, MG.

Portinari pintando os murais da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso Americano, Washington. Foto: Thomas D. McAvoy Retirantes Enterro na Rede

Criança Morta

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1945A crescente preocupação política de Portinari leva-o a candidatar-se a deputado federal. Sua plataforma defende uma Constituinte soberana, com base no apoio popular à cultura, à sindicalização dos camponeses, contra a carestia, a inflação, o latifúndio e o Integralismo.

1946A Galeria Charpentier, em Paris, inaugura exposição de Portinari com 84 trabalhos.

O governo francês condecora Portinari com a Legião de Honra.

1947Apresenta sua candidatura ao Senado pelo PCB, mas perde a eleição por pequena margem de votos.

Inaugurada sua primeira exposição individual na Argentina, no Salón Peuser, em Buenos Aires, com 91 obras.

O governo do Presidente Eurico Dutra intensifica a perseguição aos comunistas. Em novembro, Portinari parte para o Uruguai em exílio voluntário. Em dezembro, a família Portinari vai ao encontro do artista.

1948É exposto no Teatro Solis, em Montevidéu, o painel A Primeira Missa no Brasil, pintado para a nova sede do Banco Boavista, no Rio de Janeiro.

Portinari volta ao Brasil e, em dezembro, faz uma exposição retrospectiva no MASP, em São Paulo.

Portinari pintando Retirantes, Rio de Janeiro.

Propagada política. A Primeira Missa no Brasil

Portinari com amigos e familiares em Montevidéu.

Galeria Charpentier, Paris. Foto: Agence France Presse

Portinari com Nicolás Guillén e grupo de visitantes na sua exposição. Montevidéu. Foto: Justicia

Tiradentes

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1949Portinari inicia o painel Tiradentes para o Colégio de Cataguases, em Minas Gerais.

É convidado a participar, em Nova York, da Conferência Cultural e Científica para a Paz Mundial, mas a Embaixada Americana nega-lhe o visto de entrada.

Portinari é intimado a comparecer à Polícia Central para prestar esclarecimentos por sua participação na Universidade do Povo.

1950Visita, pela primeira vez, Chiampo, cidade natal de seu pai, na região do Vêneto.

Recebe a Medalha de Ouro da Paz, por sua obra Tiradentes, no II Congresso Mundial dos Partidários da Paz, em Varsóvia.

1951Portinari participa da I Bienal de São Paulo.

1952Portinari faz o painel A chegada de D. João VI à Bahia, encomenda do Banco da Bahia.

O Secretário Geral das Nações Unidas anuncia oferta, feita pelo governo brasileiro, de dois painéis (Guerra e Paz), que serão executados por Portinari, e que decorarão um dos salões da nova sede da ONU.

1953É internado no Rio de Janeiro, após sofrer hemorragia intestinal. O diagnóstico aponta para o uso de determinadas tintas contendo metais pesados, como chumbo, cádmio e prata.

Após dez anos sem expor individualmente no Rio de Janeiro, Portinari inaugura mostra com 100 obras no Museu de Arte Moderna – MAM.

Portinari junto com familiares italianos. Chiampo, Itália.

Exposição de Portinari, no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.

A Chegada de D. João VI à Bahia

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1954Inaugura exposição individual no Museu de Arte de São Paulo – MASP com mais de 100 obras, entre elas, duas maquetes para os painéis Guerra e Paz da ONU.

Por determinação médica, Portinari fica algum tempo sem pintar. O chumbo das tintas é a causa da doença. “– Estou proibido de viver”, diz Portinari.

1955É assinado o contrato entre Portinari e o Ministério das Relações Exteriores para a execução dos painéis Guerra e Paz, cujos estudos já se encontram bastante adiantados.

Portinari participa da III Bienal de São Paulo com sala especial, hors concours, e apresenta 12 estudos para o painel Guerra, todos eles de grandes dimensões.

Agraciado com a Medalha de Ouro concedida pelo International Fine Arts Council – IFAC – , de Nova York, como o melhor pintor do ano.

1956Portinari entrega Guerra e Paz. Os painéis, de 14m x 10m cada um, foram realizados a óleo sobre madeira compensada naval, durante nove meses, com a ajuda de Eurico Bianco e Rosalina Leão.

Antes de seguirem para a sede da ONU, em Nova York, o Presidente da República, Juscelino Kubitschek, inaugura a exposição dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi a primeira e única vez que Portinari viu Guerra e Paz erguidos. Na inauguração da exposição, o Presidente Kubitschek entrega a Portinari a Medalha de Ouro concedida pelo Internacional Fine Arts Council, em 1955.

Portinari realiza a série D. Quixote, constituída por 22 desenhos a lápis de cor, encomendada pela editora José Olympio, para ilustrar os poemas de Carlos Drummond de Andrade.

1957É inaugurada exposição individual de Portinari na Maison de la Pensée Française, em Paris, patrocinada pela Embaixada do Brasil. A exposição é apresentada depois em Munique e em Colônia, na Alemanha.

São doados à ONU, em cerimônia oficial, os painéis Guerra e Paz. Portinari não é convidado a comparecer à cerimônia, em virtude do seu envolvimento com o Partido Comunista, sendo representado pelo embaixador Cyro de Freitas-Valle.

Dando início a sua atividade literária, Portinari começa a escrever Retalhos de Minha Vida de Infância.

1958Portinari inaugura na Galleria del Libraio, em Bolonha, na Itália, sua primeira exposição individual na terra de seus pais.

O artista é intimado judicialmente a depor no Departamento Federal de Segurança Pública, sendo indiciado com Oscar Niemeyer, Arnaldo Estrela, Dalcídio Jurandir e outros pelo trabalho desenvolvido na Escola do Povo.

1959Portinari participa da exposição itinerante Artistas Brasileiros na Europa, organizada pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Ilustra o livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego, editado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil.

A V Bienal de São Paulo realiza retrospectiva da obra de Portinari com 127 obras.

Museu de Arte de São Paulo – MASP. Foto: Alice Brill

Exposição dos painéis Guerra e Paz no Theatro Municipal, Rio de Janeiro, RJ.

Meninos a Cavalo

Inauguração dos painéis Guerra e Paz, na sede da ONU, Nova York.

Candido Portinari, Presidente Juscelino Kubistcheck e Sra. no Theatro Municipal.

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1960Nasce Denise, neta de Candido Portinari. Nesse dia, Portinari escreve: “– Minha neta me libertará da solidão.” O artista prosseguirá representando sua neta em poesia e em pintura.

É publicado na Itália o livro Brasil, Dipinti di Portinari (Brasil, Pintura de Portinari).

1961Em viagem à França, é impedido de entrar no país pelo governo francês. Após negociações, recebe um visto de 60 dias, com a condição de não fazer declarações políticas.

Retorna ao Brasil com a saúde comprometida.

Realiza sua última exposição individual em vida, na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro.

Portinari faz três painéis em azulejos: Frevo e Peixes, para o Pampulha Iate Clube, projeto de Oscar Niemeyer, e Pombas, para um edifício em Paris.

1962Portinari falece em 6 fevereiro, intoxicado pelos metais pesados contidos nas tintas.

O velório é realizado no Edifício Sede do Ministério da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema. Estavam presentes o ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek, Hermes Lima, representando o Presidente João Goulart, os líderes comunistas na clandestinidade, Luis Carlos Prestes e Carlos Marighela, e o líder anticomunista e governador do Estado da Guanabara Carlos Lacerda.

A Presidência da República emite nota de pesar e é decretado luto oficial de três dias no Estado da Guanabara.

Velório do artista no prédio do Ministério da Educação e da Saúde Pública, Rio de Janeiro.

Peixes

Frevo Pombas

Denise com Pássaro

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Mulher e Criança Chorando, 1955 Desenho a grafite e pastel/cartolina

32,7 x 22,7cm Estudo para o painel Guerra

Paz, 1955 Desenho a grafite, crayon,

sanguínea e lápis de cor/papel 51 x 36,5cm

Estudo para painel Paz

Meninos no Balanço, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel

25 x 24,5cm Estudo para o painel Paz

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A oBrA

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O PintOr Do NoVo muNDoisrael PedrOsa

Intervenção no Colóquio Internacional Portinari em Paris: 1946-2009, PUC-Rio, novembro de 2009

Menino com Cata-Vento,1955 Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel 31,5 x 15,5cm Estudo para o painel Paz

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Sempre que se quis definir Portinari, a partir da visão de sua obra, essa definição atingia uma tal abrangência que ultrapassava em muito a caracterização, simplesmente humana, do pintor.

Foi assim quando de sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, em que foi apresentado como Portinari of Brazil, formulação que lhe dava o foro de pintor nacional de seu país.

No catálogo da exposição Cem Obras-Primas de Portinari, realizada pelo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), seu diretor Pietro Maria Bardi o qualificara como “um intérprete das misérias do Terceiro Mundo”. Antônio Bento, algum tempo depois, o denominou simplesmente: O Pintor do Terceiro Mundo.

Ao reduzir o termo, Bento ampliava-lhe o sentido, como que dissesse ser ele não apenas o intérprete das misérias mas também das lutas, alegrias e esperanças comuns a esse universo majoritário de nosso planeta.

Hoje, passadas várias décadas desses esforços de definição, delineia-se claramente o perfil de Portinari como o de O Pintor do Novo Mundo. Epíteto que, ultrapassando o signi-ficado simplesmente geográfico, representa sobretudo o novo mundo social e espiritual que o perene labor humano vem construindo, como fruto de seus melhores anseios: a Nova Era de que Paul Klee e David Alfaro Siqueiros sonhavam ser os pioneiros. E que realmente o foram, cada um a seu modo.

Este Novo Mundo, de que Portinari viria a ser seu grande intérprete e magno represen-tante, é o Novo Mundo que começa a emergir em meio às lutas e às aspirações, não apenas dos visionários das regiões periféricas e dos atuais países emergentes, mas tam-bém de toda a humanidade progressista. Mundo de paz, de trabalho produtivo, de alegria, felicidade e amor entre os seres humanos, e de fraterna confiança entre os povos. (...)

O realismO dO séculO XX

Se aplicarmos à obra de Portinari o conceito de John Ruskin de que para a análise da obra de arte a primeira pergunta a se fazer é: – o que ela nos ensina? a resposta será o espan-to. Veremos que melhor que nos compêndios de História, de Economia, de Sociologia ou de Política, o relato visual de Portinari expressa os mais avançados conceitos da cultura de seu tempo, que aponta sempre para um horizonte promissor.

Tomada em seu conjunto, sua obra é como um imenso painel que aborda todos os aspec-tos da alma humana e da vida social, da miséria e desgraça, aos anseios da bem-aventu-rança terrestre. O brilho do olhar de seus miseráveis e degradados seres amoráveis tem a chama reivindicativa da esperança. Sua obra, expressão coerente de sua generosa visão de mundo, não decorre apenas de um “otimismo da vontade” em meio ao “pessimismo da razão”. É expressão de uma razão combatente que, em meio à adversidade, revela os lenitivos de uma cantata ao porvir.

(...) Sem desfalecimento, a obra de Portinari assume autêntica expressão do Realismo do século XX.

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(...) A universalidade de seu vocabulário plástico é ao mesmo tempo a única forma de expressão de seu postulado estético.

É com ela que desde o início de sua saga ele revela um universo novo para a historicidade da arte. Daí surgem as reminiscências rurais de sua infância, o cenário humilde das nas-centes metrópoles, cenas e alma da vida brasileira.

A singeleza ou a monumentalidade dessas visões estão expressas nos murais da casa de Brodósqui, da capela da Pampulha, do Ministério da Educação, da Biblioteca do Con-gresso, em Washington, e dos painéis e quadros que percorreram o território das três Américas.

Os Painéis Guerra e Paz

Para Portinari, os últimos anos da década de 1940 e os primeiros da seguinte são marca-dos pela realização de seus grandes painéis móveis: A Primeira Missa no Brasil (1948), Tiradentes (1949), Chegada de D. João VI ao Brasil (1952), Guerra e Paz (1952-1956).

Em 1952, atendendo a convite do Itamaraty, Portinari inicia a realização das maquetes dos dois imensos painéis (14m x 10m cada um) para a decoração do edifício sede da ONU, em Nova York. Edifício projetado por Le Corbusier, e em cuja elaboração trabalhara Oscar Niemeyer. Os temas escolhidos para os painéis foram a Guerra e a Paz. Síntese das pre-ocupações e objetivos primordiais dos trabalhos das Nações Unidas.

Decorridos quatro anos de árduo trabalho, no dia 5 de janeiro de 1956 os imensos painéis foram entregues ao Ministério das Relações Exteriores.

Durante o período de sua realização, a imprensa do País e do exterior acompanhou com interesse o trabalho do artista. Ao ser anunciado o seu término, desencadeou-se imenso movimento de opinião pública liderado por eminentes intelectuais, artistas e organiza-ções culturais e até por sindicatos operários, desejando a exposição dos painéis no Brasil, antes de seu envio para Nova York.

Atendendo a esse clamor geral, o Itamaraty organizou a mostra dos painéis Guerra e Paz, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, transformando-o no mais amplo salão de expo-sição visto no Brasil, até então, e no templo reverencial de um momento específico de nossa contribuição à historicidade artística da humanidade.

No dia 27 de fevereiro de 1956, na presença do Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, e altas autoridades, de representantes políticos de todas as ten-dências, de intelectuais, de artistas e de eufórica multidão em clima de júbilo nacional, foi inaugurada a extraordinária mostra.

Pouco mais de um ano depois, ante o secretário-geral das Nações Unidas, Dag Hammar-skjold, e representantes do Brasil, embaixador Cyro de Freitas-Valle e ministro Jayme de Barros, em setembro de 1957 foram inaugurados no edifício sede da ONU, em Nova York, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari.

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cOnsiderações gerais

Em 2007, marcando o cinquentenário da inauguração dos painéis, o Projeto Portinari pu-blicou o livro comemorativo da efeméride: Guerra e Paz – Portinari. Nele, eu afirmara que os dois painéis constituíam “um discurso visual uno em sua complexa complementarida-de sobre os extremos da desgraça e da bem-aventurança, na trágica e comovedora visão pintada por Portinari.

Nas páginas da História da Arte, em que surgem incontáveis guerras datadas e localiza-das, como as de Troia e do Peloponeso, pintadas por Eufrônio, as Batalhas de San Roma-no e Anghiari, de Paolo Uccello e de Da Vinci, ou Guernica, de Picasso, todas são narradas por cenas que as identificam, localizam e datam. Com os recursos próprios ligados ao tempo da pintura, cada uma delas participando da variada gama de conceitos que vai do heroísmo à dor e ao desespero ou defendendo um solo, uma ideia ou uma causa que as particularizam. A abordagem de Portinari é outra. Não identifica guerra alguma, como se afirmasse que em essência todas se equivalem no desencadeamento de horror e ani-malidade. Nenhuma arma identificável, em Portinari; a cavalgada apocalíptica que corta a cena em todas as direções, com seu cortejo de conquista, guerra, fome e morte, não traz as cores bíblicas do fogo e do sangue, nem o preto, o branco ou o amarelo. É o azul que domina. Uma trágica e dorida sinfonia em azul, passando por toda sua escala. Os tons escuros, soturnos, ricos em variadas e profundas nuanças violáceas, desenham as cenas sobre fundo de claros azuis de reflexos verdátreos, tendentes aos leves citrinos.

Contrastando com esse universo azulado, valorizando-o cromaticamente, em contrapon-to tonal, o cavalo manchetado de carmim, a carnação de rostos, braços e pés saindo das vestes escuras, surgem em vibrantes alaranjados que vão das sombras trevosas violáceas, aos quase vermelhos e rosas de intensa crepitação luminosa. Nesse clima de violentos contrastes, de soturna féerie, o tropel ininterrupto liberta as feras que aterrori-zam o mundo.

(...) Realçado por clara luz, um eremita desnudo, de pé em penitência, cobre os olhos com as mãos, em prece e lamento. Figuras em grupo compacto, genuflexo, braços levantados com as mãos espalmadas e rostos voltados para o céu, nesse cenário de morte deixam transparecer uma aragem de força e vida, de condenação à própria existência da guerra”.

No painel Paz, tal como acontece em seu par: “são múltiplas as reminiscências de obras anteriores de Portinari, como também são vários os vestígios desses trabalhos em qua-dros posteriores do Mestre. O que significa dizer serem eles elos coerentes de uma imensa produção pictórica da mais alta representatividade do poder criador do século XX (...). O que emana desse painel, nos enleva e encanta, mais que a ideia de paz e da paz, é a própria paz que nos invade ao contemplá-lo. É a sensação de penetrarmos num universo sereno, de comunhão fraterna no trabalho produtivo, num reino mágico de cores reluzentes, do som da ciranda de jovens num canto universal de fraternidade e confiança, ou da candura dos folguedos infantis. Com todos esses tons dourados, alegres, crepi-tantes de vida, o pintor parece nos dizer: A paz universal é possível. Dia virá em que a humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço e no tempo.”

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Page 21: Caderno do Professor Guerra e Paz

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A RESTAURAçãO DOS PAINÉIS Guerra E PazcláudiO ValériO teiXeira edsOn mOtta JuniOr

Detalhe do painel Paz: esbranquiçamento da superfície da tinta é visível em toda

metade inferior do painel.

Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz, no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, 2011.

Page 22: Caderno do Professor Guerra e Paz

Os dois painéis monumentais intitulados Guerra e Paz foram pintados por Candido Por-tinari entre 1952 e 1956 para o Hall dos Delegados da Sede das Nações Unidas, em Nova York. O artista usou tintas a óleo. A estrutura dos painéis é composta pela junção de quatorze módulos menores, de madeira compensada fina, que, unidos pelo verso por parafusos, formam um todo, cuja dimensão total é de 14m (altura) x 9,53 m (largura) para Paz e 14m (altura) x 10,58m (largura) para Guerra.

O estado de conservação das obras mostra os efeitos da exposição à luz, à poluição ur-bana e a mudanças dos níveis de umidade relativa. Essas condições ambientais fizeram com que poeira e fuligem se acumulassem na superfície da tinta, atribuindo às pinturas uma aparência acinzentada e encardida, que reduz a intensidade cromática e diminui a escala de contrastes, valor vital para obras que querem transmitir o drama da guerra e a alegria da paz. Além disso, a instabilidade dos níveis de umidade ao longo dos anos provocou o desprendimento de tinta, especialmente nos locais de empastamento, e fez aparecer, em áreas onde a tinta é mais fina, rachaduras e micro-ondulações na madeira compensada, indicando o começo de um processo de descolamento das camadas de madeira que formam a placa de compensado naval. A exposição à luz foi a causa mais provável das áreas esbranquiçadas que se concentram em alguns campos de cor; mas investigações científicas mais detalhadas serão necessárias para a identificação e pos-terior tratamento dessas alterações, pois, apesar de não representarem ameaça à inte-gridade física da obra, traem substancialmente a intenção do artista, comprometendo a beleza da pintura.

O processo de conservação e restauração de Guerra e Paz será discreto e minimalista, e adotará procedimentos e materiais que respeitam a integridade física e estética das obras. A limpeza da superfície será feita com métodos que empregam pequenos percen-tuais de produtos químicos diluídos em água, além de gomas macias especiais para o recolhimento da poeira e da fuligem; a tinta em descolamento será fixada com adesivos similares aos que Portinari usou na preparação dos painéis, evitando assim a introdução de materiais estranhos aos que foram empregados pelo artista. Estão previstas, também, pequenas intervenções onde a camada de tinta foi danificada. Nesses locais as lacunas serão niveladas, texturizadas e retocadas com tintas apropriadas para restauração. Estas serão aplicadas com um minúsculo pontilhado para que as áreas de restauro sejam fáceis de localizar e não sejam confundidas com as tintas pintadas pelo mestre. Uma solução diluída de uma resina estável poderá ser usada para aumentar a profundidade das tintas e acentuar a intensidade das cores, mas o belíssimo contraste entre áreas brilhantes e foscas, comum na pintura moderna e tão valorizado pela riqueza plástica que atribui à obra, será preservado.

A vinda dos painéis Guerra e Paz para exposição e restauração no Brasil é um orgulho para todos nós e uma oportunidade para apresentarmos a estudantes, estudiosos e ao público interessado os modernos procedimentos e técnicas de restauro usados no Brasil. Além disso é simbólico que este trabalho seja realizado num prédio que é um marco do Modernismo brasileiro e onde se encontram outras obras-primas da pintura mural de Candido Portinari.

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Page 23: Caderno do Professor Guerra e Paz

22

“O que Portinari carrega como um manancial inesgotável é sua maneira de nos oferecer sua paixão pela vida e pela vida compartilhada, como um ensejo para melhor conhecê-la e nos deslumbrarmos com ela, com suas dores e alegrias, sempre capazes de se misturarem uma na outra e de se alternarem uma pela outra.

Isto quer significar que a presença da obra de Portinari pode mobilizar a vida da escola, de seus educadores e educandos, através de comoções estéticas, que precisam ser também aprendidas. Afinal, seu pensamento genial e sua sensibilidade tocante, além de cartografar os corpos em movimento do Brasil, capta e enreda as generosidades e as conflitividades das paisagens sociais brasileiras e com elas da própria humanidade em seus apelos de paz. (…)

Quantas lições poderemos proporcionar aos nossos professores e estudantes com a convivência de Candido Portinari entre as experiências escolares? As pesquisas educacionais vêm confirmando que não aprendemos sem redes complexas de relações, sem vontade, sem questões, sem dilemas e necessidades que façam sentido para nossas vidas. Memorizações rígidas pouco ajudam no encaminhamento e enfrentamento dos desafios. Urge pensar e sentir, como ações entrelaçadas historicamente, para irmos produzindo sinergias educacionais e políticas que potencializem as aprendizagens como modos de sentir, pensar e atuar na vida, modificando-a.”

CÉLIA LINHARES Professora Titular de Política Educacional da Universidade Federal Fluminense

Mãos, 1955 Desenho a grafite, crayon e crayon colorido/papel 12 x 13cm Estudo para o painel Paz

Page 24: Caderno do Professor Guerra e Paz

Artigo 1º da Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz – Assembleia Geral – Organização das Nações Unidas – 19991

DECLARAçãO SOBRE umA CulturA DE PAz

Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e

estilos de vida baseados:

a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência

por meio da educação, do diálogo e da cooperação;

b) No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e

independência política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são,

essencialmente, de jurisdição interna dos Estados, em conformidade com

a Carta das Nações Unidas e o direito internacional;

c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos

e liberdades fundamentais;

d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos;

e) Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento

e proteção do meio ambiente para as gerações presente e futuras;

f) No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento;

g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades

de mulheres e homens;

h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão,

opinião e informação;

i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância,

solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e

entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações;

e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.

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Page 25: Caderno do Professor Guerra e Paz
Page 26: Caderno do Professor Guerra e Paz

PROPOSTASDE AtiViDADEs

Candido Portinari. Guerra e Paz, p.148

“(...) majestoso diálogo entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, entre o drama e a poesia.”João Candido Portinari, a respeito dos painéis Guerra e Paz, de Portinari. Pintar ou viver. Guerra e Paz, p.147

“O tema é o homem”

Menino com Diabolô, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 21 x 15,5cm Estudo para o painel Paz

Page 27: Caderno do Professor Guerra e Paz

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sugestões de atividades

PAiNéis DA guErrA E DA PAz

ProPostA 1

a) a cultura da Paz

• Leitura do texto Declaração sobre uma Cultura de Paz, na página 23 deste Caderno.

O professor solicita a vários alunos que leiam em voz alta cada um dos itens do texto à maneira de um jogral.

• Debate sobre o texto lido. Exemplos de alguns questionamentos possíveis: Por que se estabelece comumente uma relação direta entre educação e res-peito à vida humana? É aceitável a ideia de que os fins justificam os meios? Como conciliar desenvolvimento e proteção ao meio ambiente? O que teria originado, na maioria das culturas, a discriminação de gênero? A liberdade de expressão, opinião e informação deve ser incondicional? Há alguns valores e/ou atitudes abordados no texto que não vêm sendo observados no seu ambiente escolar?

b) a guerra e a Paz em POrtinari

• Leitura dos seguintes fragmentos a respeito dos painéis Guerra e Paz, de Portinari:

“A guerra seria representada através do sofrimento do povo e não de soldados em combate.”(Antônio Bento. Guerra e Paz, p. 48)

No painel Paz “(...) camponeses plantando, camponeses colhendo, o espantalho, os batedores de arroz, homens, mulheres e meninos que cantam.” (Clarival do Prado Vallada-

res. Guerra e Paz, p. 99)

• Localização, no painel Guerra, dos elementos mencionados no primeiro frag-mento, ou seja, imagens de sofrimento do povo;

> identificação, nesse painel, de imagens da mãe com o filho morto no colo – sím-bolo da dor máxima da humanidade; questionamentos: A que referência religiosa e artística essas imagens remetem? Em que medida essas imagens represen-tam ruptura dramática com o futuro?

• Localização, no painel Paz, dos elementos mencionados no segundo frag-mento, ou seja, imagens de alegria do povo.

“Trabalhe sempre com gosto. Se cansar de uma

técnica, passe para outra. Mude a cor do papel ou o tema da pintura. Mas

conserve o amor.”

(Candido Portinari, citação de Maria Luiza Leão. Guerra e Paz, p. 37)

Trabalhar na escola uma Cultura de Paz é o objetivo principal de todas as propostas de atividades. A arte de Portinari nos painéis Guerra e Paz é o fio condutor para que os professores de Língua Portuguesa, de História, de Artes e de outras áreas de conhecimento possam desenvolver esses temas na escola. Nesta primeira pro-posta, especificamente, os estudantes são convidados a dialogar com os painéis do artista, criando seus próprios painéis de guerra e de paz, inspirados na realidade que os cerca e com reutilização de materiais descartados.

Page 28: Caderno do Professor Guerra e Paz

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• Seleção, nos dois fragmentos, de vocábulos a serem agrupados em dois con-juntos:

1º) área de significação de tragédia, fúria e drama;

2º) área de significação de lirismo, ternura e poesia.

c) recriandO guerra e Paz

• Seleção e recorte, em jornais e revistas, de palavras, frases, manchetes, ima-gens, associadas às ideias de violência e de não violência.

• Criação de dois painéis: um, da guerra; outro, da paz. Utilização do material sele-cionado e recortado, além de sucata, tinta, lápis cera, etc.

• Exposição dos painéis no espaço da escola, junto com reproduções ampliadas dos painéis de Portinari, para visitação pela comunidade escolar (familiares, pro-fessores, alunos, funcionários). Comparação entre os painéis dos alunos e os de Portinari (personagens, situações, materiais, técnicas).

d) a década de 1950 nO brasil e nO eXteriOr

• Pesquisa histórica sobre o período em que foram criados os painéis Guerra e Paz (1952-1957). Assuntos, relacionados tanto a guerra quanto a paz, que podem ser desenvolvidos e debatidos nas aulas de História: reflexos do fim da Segunda Guerra Mundial; a Guerra Fria; o temor de uma guerra nuclear; o papel da ONU; lançamento do Sputnik I pela União Soviética; suicídio do Presidente Getúlio Vargas; o governo de Juscelino Kubitschek; entre outros.

um fatO imPOrtante

Em 1956, “Portinari entrega os painéis Guerra e Paz para serem doados à ONU. Antes de seguirem para os Estados Unidos, os painéis são expostos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na inauguração da exposição o Presidente Juscelino Kubitschek entrega a Portinari a Medalha de Ouro pelo International Fine Arts Council, como melhor pintor do ano.” 2

“Mesmo diante da ameaça à própria vida, que sobreveio quando completara 50 anos, Portinari não recuou, aceitando o desafio mortal e enfrentando o trabalho maior de toda a sua vida: os murais Guerra e Paz para a sede da ONU em Nova York. O mais universal, o mais profundo, também, em seu majestoso diálogo entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, entre o drama e a poesia.” (João Candido Portinari. Guerra e Paz, p.147)

Page 29: Caderno do Professor Guerra e Paz

Guerra, 1952–1956 Painel a óleo/ madeira compensada 1400 x 1058cm

ESCALA HUMANA

Page 30: Caderno do Professor Guerra e Paz

Paz, 1952–1956 Painel a óleo/madeira compensada

400 x 953cm

ESCALA HUMANA

Page 31: Caderno do Professor Guerra e Paz

sugestões de atividades

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o PAláCio gustAVo CAPANEmA – ArquitEturA E ArtE

PrOPOsta 2

a) cOnhecendO O PaláciO gustaVO caPanema

• Pesquisa, por parte da turma, em enciclopédias e na internet, sobre os se-guintes temas:

1º) características do Modernismo na arquitetura brasileira;

2º) importância do Palácio Gustavo Capanema na arquitetura da cidade do Rio de Janeiro;

3º) artistas que participaram da concepção do projeto de construção do Palácio;

4º) murais de azulejos de Candido Portinari;

> fichamento, pela turma, das informações coletadas.

Divisão da turma em 4 grupos para distribuição, entre eles, dos temas pesqui-sados.

• Elaboração, pelo primeiro grupo, de esquema relativo ao primeiro tema, com base no fichamento realizado;

> apresentação do esquema, com explicações orais; projeção do esquema por meio de slide show.

• Redação, pelo segundo grupo, de texto dissertativo relativo ao segundo tema, com base no fichamento realizado;

> desenho da planta do Palácio para confecção de maquete, com utilização de ma-deira, papelão, sucata, etc., a fim de ilustrar a exposição desse tema;

> apresentação oral do texto e mostra da maquete.

• Redação, pelo terceiro grupo, de resumos dos dados biográficos dos artistas, com base no fichamento realizado para o terceiro tema;

> confecção de cartazes com os resumos, acompanhados de fotos dos artistas pesquisados;

> apresentação do trabalho.

• Redação, pelo quarto grupo, de resumo da história dos murais de azulejos criados por Candido Portinari, com base no fichamento realizado para o quar-to tema;

> registro fotográfico dos murais em seu conjunto e em seus detalhes;

> apresentação oral desse quarto tema; projeção das fotografias por meio de slide show.

Esta proposta abre a possibilidade de que os estudantes visitem o Modernismo, na Arte e na Arquitetura. Entre as várias atividades, a de pesquisa histórica a res-peito do Palácio Gustavo Capanema reforça a necessidade de preservação desse importante patrimônio histórico, que abriga, em 2011, os painéis Guerra e Paz para restauração. Inspirados nos murais de azulejos desse Palácio, criados por Candido Portinari, os estudantes podem exercitar sua criatividade.

Cana, 1938 Pintura mural a afresco

280 x 247cm

Pau-Brasil, 1938 Pintura mural a afresco

280 x 250cm

sugestões de atividades

Page 32: Caderno do Professor Guerra e Paz

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Estrelas-do-Mar e Peixes painel de azulejos 990 x 1510cm

Fachada do edifício Gustavo Capanema Foto: Elisa Guerra

Monumento à Juventude Brasileira, de Bruno Giorgi, 1947 Foto: Elisa Guerra

b) Os mOtiVOs marinhOs nOs azuleJOs de POrtinari

• Apreciação dos azulejos que enfeitam os pilotis do Palácio Capanema, para ob-servação dos elementos marinhos e da forma decorativa de sua disposição no espaço.

• Pesquisa de poemas cujo tema seja o mar;> recitação dos textos pesquisados.

• Criação de poemas, frases, pensamentos com temas associados a mar; > apresentação dos textos produzidos, com utilização expressiva da voz e dos gestos.

• Pesquisa de composições musicais cujo tema seja o mar, a exemplo das can-ções praieiras de Dorival Caymmi;

> audição das músicas pesquisadas.

• Composição de canções praieiras;> apresentação das músicas criadas, com acompanhamento de instrumentos musicais

(flauta, violão, teclado...).

• Criação de painéis decorativos (ao estilo dos murais de Portinari no Palácio Capa-nema), a serem expostos na escola. Sugestão de materiais: papéis coloridos, EVA, folhas de revistas, pedrinhas coloridas, massinhas de sopa, grãos, flores secas, contas, miçangas, paetês, purpurina, algodão, etc.;

> composição artística com elementos da terra (flores, plantas, cogumelos...);

> composição artística com elementos do céu (estrelas, cometas, lua, sol, nuvens...).

(Música “Canta Brasil”, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser)

“No céu, no mar, na terra!/ Canta Brasil!”

Mulher Reclinada, de Celso Antonio, 1940 Foto: Elisa Guerra

Page 33: Caderno do Professor Guerra e Paz

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mutirão Do rEstAuro

PrOPOsta 3

O foco desta proposta é a educação patrimonial. As atividades, principalmente de leitura, visita guiada e pesquisa histórica, conduzem ao objetivo final – proce-dimentos de “restauro”, pelos estudantes, de seu ambiente escolar. Isto dentro da perspectiva maior de que preservação e cuidado são fundamentos de uma Cultura de Paz.

a) PreserVar é PrecisO

• Leitura do texto A restauração dos painéis Guerra e Paz, de Cláudio Valério Teixeira e Edson Motta Júnior, na página 21 do Caderno do Professor.

• Redação, em grupo, de resumo do texto lido, para compreensão da importân-cia cultural do restauro de um patrimônio;

> apresentação oral dos resumos pelos grupos.

Nessa etapa, o professor terá oportunidade de avaliar com os alunos a relevân-cia das informações selecionadas para redação dos resumos.

• Visita guiada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para apreciação do tra-balho de restauração desse importante patrimônio cultural da cidade.

uma observação importante – No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1956, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, foram expostos pela pri-meira vez para o público brasileiro durante o governo de Juscelino Kubitschek, antes de seguirem para seu destino – a Sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Em dezembro de 2010, os painéis retornaram a esse teatro para exposição ao grande público antes de sua restauração no Palácio Gustavo Capanema.

b) tem muita história...

• Pesquisa sucinta pelos alunos, em grupo, a respeito da sua escola: Quando foi fundada? Quem a fundou? Quem lhe deu o nome e por quê? O nome da escola homenageia alguém? Quem é essa personalidade? O que realizou? A escola tem mais de uma unidade? A que nível(eis) escolar(es) atende? Que datas históricas são comemoradas pela comunidade escolar? Algum familiar, amigo, pessoa famosa já estudou nessa escola?

> redação de resumos das informações obtidas na pesquisa;

> apresentação dos resumos ao professor de Informática, para criação, pelos alu-nos, de um site da escola; caso já exista, verificar a possibilidade de inserção dos conteúdos pesquisados.

Guerra e Paz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2011.

Foto: Elisa Guerra

Guerra e Paz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1956.

sugestões de atividades

Page 34: Caderno do Professor Guerra e Paz

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“Quem ama cuida.”(Leonardo Boff)

c) PrOJetO “PassandO a limPO a escOla”

O professor fará a leitura oral do texto a seguir, de Yanara Rodrigues3, 10 anos.

a minha escola

A minha escola é assim: Tem flores e jardim. Tem sala para ler. Tem sala para escrever.

Ela é o máximo! Ela é um amor. Ela é o remédio da minha dor. Ela é o futuro da minha vida.

Sem ela não sei viver, Sem ela não sei ler, Sem ela não sei escrever, Sim, sem ela eu não sou nada.

Com ela eu sei viver, Com ela eu sei escrever, Com ela eu sei ler,Com ela aprendo a ser boa e gentil

Por isso ela é importante para mim.

• Identificação e registro de alguns elementos danificados, passíveis de recupera-ção, simples e imediata, no espaço da escola: livros, objetos, cortinas, luminá-rias, paredes, mobiliário, fotos, uniformes, etc.

• Planejamento das ações de recuperação:> constituição de equipes de trabalho (inclusão de alunos, familiares, professores, fun-

cionários), para a recuperação e a produção de um documentário;

> distribuição de tarefas entre as equipes.

• Execução das ações de recuperação: colagem, costura, emenda, pintura, limpe-za, etc.

d) uma escOla nOVinha em fOlha!

• Produção de documentário, em vídeo e/ou fotos e/ou textos, sobre o processo de recuperação da escola: o “antes”; o “durante”; o “depois”;

> registros fotográficos; depoimentos e entrevistas em vídeo; redação de textos; con-fecção de cartazes.

• Realização de evento festivo com a participação de toda a comunidade escolar;> exibição dos documentários;

> apresentação dos objetos recuperados;

> falas do(a) diretor(a) e de representantes de cada um dos segmentos da comunidade escolar, para os devidos agradecimentos e estímulo a novos projetos.

e) a nOta que eu dOu

• Análise do processo de “restauro”, posteriormente, em sala de aula, com assis-tência do orientador educacional: Que achei do projeto? Que achei do processo? Que achei dos resultados? Corresponderam às expectativas? Como me senti ao participar? Eu fiz o melhor que podia?

• Avaliação do projeto “Passando a limpo a escola”, com atribuição de notas de 1 a 10.

f) PreserVaçãO da Paz

• Debate: Como relacionar “restauro” a “paz”?> síntese, em tópicos, das conclusões.

• Elaboração de texto dissertativo com base nas conclusões do debate.

Page 35: Caderno do Professor Guerra e Paz

sugestões de atividades

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“PAz sEm Voz Não é PAz, é mEDo!”4

PrOPOsta 4

Esta proposta consiste na criação de um jornal falado. Com essa atividade, os estudantes trabalham os fatos reais de violência, no sentido não apenas de infor-mar, mas de refletir sobre eles – revelando sonhos, aspirações de mudança – e de propor soluções. A abordagem do conceito de utopia permite o engajamento das mais diferentes disciplinas.

(Candido Portinari, trecho do discurso dirigido a intelectuais argentinos, em 1947. Guerra e Paz, p. 153)

a)“é fácil se VOcê tentar” 5

Divisão da turma em dois grupos, para produção de um jornal falado: grupo A, para noticiar situações de violência; grupo B, para noticiar situações de não violência.

• Seleção, pelo grupo A, em jornais e revistas, de notícias reais de violência;> paráfrase das notícias;

> edição do material: organização, ordenação.

• Criação, pelo grupo B, de notícias que expressem a concretização de suas aspirações, anseios, desejos, sonhos – em relação a família, amigos, escola, bairro, cidade, país, mundo;

> redação dessas notícias;

> edição do material: organização, ordenação.

• Criação, pelos alunos, do nome do jornal.

• Apresentação do jornal em dias diferentes, na ordem A, B.

Indicação de alunos de cada grupo para as funções de locutor, comentarista e analista;> locução das notícias;

> comentários;

> análise.

b) tem sOluçãO?

• Debate, por parte dos espectadores (os demais alunos), sobre as soluções apontadas pelos analistas para os conflitos noticiados pelo grupo A.

• Debate sobre a viabilidade de realização das aspirações expressas pelo grupo B.

“As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.”

sugestões de atividades

Page 36: Caderno do Professor Guerra e Paz

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c) “nenhuma razãO Para matar Ou mOrrer”6

• Audição e canto, em coro, da seguinte música de John Lennon: imagine.

Mãe e Filha, 1955 Desenho a grafite, crayon, sanguínea e lápis cera/papel

39,5 x 28,5cm Estudo para o painel Guerra

Imagine que não existe céu é fácil se você tentar que nem há inferno abaixo de nós acima de nós apenas o firmamento imagine toda gente vivendo só para o dia de hoje...

Imagine que não há países não é difícil conseguir isto nenhuma razão para matar ou morrer nem tampouco religiões imagine toda gente vivendo a vida em paz...

> observação, na letra da música, de possíveis aspirações expressas pelo grupo B em suas notícias.

• Leitura extraclasse do livro O que é utopia, de Teixeira Coelho (Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense, SP,1980).

• Debate sobre o conceito de utopia, com base na leitura do livro de Teixeira Coelho.

d) refleXãO

• Interpretação livre, em sala de aula, do seguinte pensamento de Candido Porti-nari: “As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.”

Page 37: Caderno do Professor Guerra e Paz

36

raP DA PAz

PrOPOsta 5

A essência desta proposta é mostrar que a arte pode ser uma arma poderosa na luta pela paz. Aqui, a escola, como patrimônio de cultura, abre seus espaços para variadas manifestações artísticas e culturais contemporâneas – grafite, rap, breakdance, moda hip-hop –, possibilitando amplo engajamento interdisciplinar.

a) “é bOm VOcê se ligar” 7

Divisão da turma em 5 grupos; distribuição, para cada grupo, de um dos se-guintes temas relativos à cultura hip-hop: grafite, breakdance, indumentária, comportamento, música e poesia (rap).

• Pesquisa, em grupo, sobre esses temas (internet, jornais e revistas);> fichamento das informações coletadas.

• Redação de resumos, com base nos fichamentos realizados por parte de cada grupo;

> apresentação, por parte de cada grupo, do resumo redigido.

• Planejamento, por grupo, de uma atividade relativa à manifestação cultural pes-quisada:

> grafitagem de um espaço da escola, previamente acordado com a direção;

> improvisação de coreografias, para o tema “dança”;

> desfile de modas, para o tema “indumentária”;

> entrevistas, para o tema “comportamento”;

> apresentação musical, para o tema “rap”.

b) “O raP é O caminhO Pra reVOluçãO” 8

• Audição do seguinte rap de MV Bill e leitura da letra: O crime nunca mais.

Ahn, 1999, o voo da paz

É bom você se ligar, é o bonde da justiça vai passar

Ahn, háhá, agora o bicho vai pegar, pode crê

Ahn, ahn, ahn, ahn, é bom você se ligar

(Segura a onda então)

As favelas não podem se dividir em partilho

Somos a maioria o povo pobre corre perigo

É o sangue da favela que está no chão

Por isso uso a minha voz para pedir a união

Cansei de ver o povo pobre apodrecer

sugestões de atividades

Page 38: Caderno do Professor Guerra e Paz

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O meu comando é a paz a força pra sobreviver

A nossa guerra é a arma poderosa do sistema

Exterminar o preto favelado é o esquema

E quando você se autodestruir novas cartas marcadas no baralho vão surgir

Ahn, enquanto você cheira eu faço a minha rima

Enquanto você fuma eu sigo a minha sina

O meu comando é a paz, proponho a paz para vocês

Somos mais um peão perdido nesse jogo de xadrez

Viciados, alcoviteiros, homicidas, somos mais uma vítima desse jogo contra a vida

O comando é a paz, o crime nunca mais

(segura a onda então, seja um bom rapaz)

O sistema administra nossa evolução

Quem morde a isca facilita a manipulação

Meu comando agora é a paz e a paz é meu partido

Eu vejo dragão cuspindo fogo de dentro do presídio

Gerando a destruição carcerária

O mesmo rango a mesma grade o mesmo ódio estampado na cara

O amor traz a paz, a guerra desunião

As muralhas do muro do inferno o destino da civilização

Eu não nasci aqui não vou morrer assim

Cabeça sem nada oficina do diabo enfim

A luz que me conduz, seduz meu pensamento

O sonho de liberdade viver em paz no juramento

Sem polícia sem miséria sem malandragem

Cobrindo de paz todas as favelas da cidade

Quem sabe talvez o prêmio Nobel da paz

Cabeça erguida voltar pro crime nunca mais.

O comando é a paz, o crime nunca mais

(segura a onda então, seja um bom rapaz)

O governo prega a paz e financia a guerra

Tenta nos convencer que somos de outra terra

Todos me alertavam que eu corria perigo

Mas ninguém me mostrava o verdadeiro inimigo

“Pintar a guerra é mais fácil, mas pintar a paz é mais gostoso.”

(Candido Portinari. Jornal A noite, de 2 de março de 1956)

Leituras dos estudos de Portinari para Guerra e Paz produzidas por grafiteiros da ONG Artefeito no encerramento da exposição dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Fotos: Elisa Guerra

Page 39: Caderno do Professor Guerra e Paz

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O benefício da lei não chegou na favela

A paz não vai reinar se a justiça não impera

Mas agora eu sei que não estou sozinho

Vivo em outro Brasil mas encontrei o meu ninho

Moço sai daí, tu tá numa roubada

É um barril de pólvora uma canoa furada

O rap é o caminho pra revolução

O crime é o caminho pro campo de concentração

A nossa arma é nossa voz nosso pensamento

A munição atitude poesia e o sentimento

Carrega minha cruz, desatam mil nós

Brasil uhm, fazendo justiça com a própria voz

O comando é a paz, o crime nunca mais

(segura a onda então, seja um bom rapaz)

• Identificação, no rap de MV Bill, das características desse gênero musical, quanto a letra e melodia.

• Relacionamento entre o conteúdo da letra e a pesquisa feita a respeito da cultura hip-hop.

• Conversa, entre os alunos e o professor de História, sobre questões presen-tes na letra, passíveis de serem abordadas nessa disciplina: ideologia, siste-mas econômicos, mídia, consumo, manipulação, classes sociais, injustiça social, financiamento das guerras, interesses econômicos, os vários brasis, entre outros assuntos.

c) “nOssa arma é nOssa VOz” 9

• Criação musical, em grupo, de um rap da paz.

A criação do rap deverá ser coletiva: um aluno, de cada vez, contribuirá com um dos versos da letra, observando o desenvolvimento dos assuntos, a continui-dade das ideias, enfim, a coerência.

O professor colocará no quadro os seguintes fragmentos 10, que deverão cons-tituir-se nos versos iniciais do rap a ser criado pelos alunos:

“(...) A paz é igual / ao computador / Quem não tem / se danou.” (Luis Fernando M. S. Bezerra, 14 anos )

“(...) Se nós não tivermos paz, / O que é que a gente faz? / (...) Você que tem paz em casa / Se dá bem / Imagine quem não tem?” (Alexandra Oliveira Firmino, 13 anos)

• Apresentação musical do rap criado pela turma para toda a comunidade es-colar;

> preparação: grafitagem do cenário, com inspiração no painel Paz, de Portinari; coreografia e figurinos, concebidos segundo a estética hip-hop.

“Minha arma é minha pintura.”

(Candido Portinari, em entrevista à revista Diretrizes, em 1945)

Fotos: Elisa Guerra

Page 40: Caderno do Professor Guerra e Paz

sugestões de atividades

39

HAiCAi – PoEsiA DA DEliCADEzA

PrOPOsta 6

O centro desta proposta é a criação literária, a partir da união de dois extremos: o con-tato dos estudantes com uma poesia multissecular de origem japonesa e a utilização das novas mídias globais, para divulgação de mensagens de carinho e respeito, sob a forma de haicais – a poesia da delicadeza.

“(...) os quadros de Portinari são poemas que podem ser lidos e declamados.”

a) O menOr POema dO mundO...

Haicai é um tipo de poesia multissecular, de origem japonesa.

O haicai japonês tradicional apresenta, em geral, as seguintes características for-mais: constitui-se de três versos (o primeiro com 5 sílabas poéticas; o segundo, com 7; o terceiro, com 5); apresenta linguagem simples e sintética; não tem título; costuma não ter rima; constitui-se predominantemente de frases nominais, com presença maior de substantivos (no caso de frases verbais, os verbos em geral se encontram no presente).

Quanto às características temáticas, observam-se basicamente as seguintes: é uma poesia muito visual, capta um instantâneo poético, priorizando o detalhe; é essencialmente sensorial (não lógica); aborda assuntos agradáveis, de maneira mais sugestiva que explicativa. No haicai, a natureza é presença central (termos ligados às estações do ano). O eu lírico quase nunca aparece, não há extravasa-mento emotivo.

Exemplo de haicai, criado por um haicaísta brasileiro que segue as regras formais do haicai tradicional:

Paz. Forte em ruínas.

E na boca de um canhão

Um ninho de pássaros.

(Luís Antônio Pimentel)

Observação – No Ocidente alguns haicaístas imprimiram mudanças tanto de or-dem formal quanto temática nos seus haicais.

• Pesquisa em grupo, na internet e/ou em enciclopédias, sobre Matsuo Bashô, o mais importante haicaísta de todos os tempos:

> levantamento de dados biográficos;

> contextualização histórica;

> seleção de alguns haicais criados por Bashô (inclusive o haicai da rã, o mais famoso do mundo);

> apresentação escrita dos resultados da pesquisa.

(Mauro Santayana. Guerra e Paz, p.145)

sugestões de atividades

Page 41: Caderno do Professor Guerra e Paz

40

Observação – O professor de História terá oportunidade de aprofundar a con-textualização histórica.

• Leitura do haicai de Luís Antônio Pimentel, anteriormente citado;> divisão da turma em 2 grupos: o primeiro lê em coro o primeiro verso; o segundo

lê em coro o segundo verso; um(a) único(a) aluno(a) recita o terceiro verso.

• Identificação, ainda nesse haicai, das características formais e temáticas des-sa forma de poesia;

> apresentação oral da análise feita.

• Ilustração do haicai de Pimentel por meio de foto, pintura, colagem ou dese-nho (no Japão, é comum o haicai vir acompanhado de ilustração – haiga);

> apresentação em cartazes confeccionados pelos alunos.

b) mensageirOs da Paz

• Pesquisa, no site do Projeto Portinari, de quadros de Candido Portinari que expressem situações de paz;

> seleção de alguns dos quadros pesquisados;

> reprodução desses quadros (cópia impressa).

• Criação individual, pelos alunos, de haicais que expressem verbalmente as situações retratadas pelo artista;

> divulgação, entre parentes e amigos do Brasil e/ou do exterior, dos haicais criados, acompanhados, quando possível, das reproduções dos quadros de Portinari: envio por msn, e-mail, sms, twitter; postagem em blogs e redes sociais; inserção em site da escola.

Coro, 1955 Desenho em técnica não identificada

Suporte não identificado Dimensões desconhecidas

• Decoração de objetos – caixinhas, ventarolas, lanternas, quadros pequenos, cartões, marcadores de livros, camisetas, etc. – com os haicais criados e as correspondentes reproduções dos quadros de Portinari (um haicai e uma reprodução para cada objeto).

c) lendO em duas direções

• Leitura do seguinte haicai:

Portinari – o mundo

Assiste à explosão de cores.

zero de estilhaços. (Lena Jesus Ponte)

> observação das letras iniciais dos três versos do poema.

• Definição de acróstico com base na observação feita.

Divisão da turma em 5 grupos.

• Criação de acrósticos com as seguintes palavras: amor, harmonia, respeito, diálogo, liberdade (neste caso, como as palavras têm mais de três letras, os acrósticos não serão haicais).

CURIOSIDADE

“Aliás, (...) novidades tecnológicas não chocariam Portinari, que tinha uma grande curiosidade pelos avanços da ciência e que desejava que sua arte ‘não dependesse tanto do suporte para se multiplicar nos corações e nas mentes das pessoas comuns.’” 11

Page 42: Caderno do Professor Guerra e Paz

41

“o CorAção Do muNDo é A PulsAção DA gENtE” 12

PrOPOsta 7

Nesta proposta, professores e estudantes trabalham basicamente hábitos e atitudes de respeito, cuidado e preservação. Um código de ética é criado pelos próprios estu-dantes, para nortear sua conduta na escola. Propõe-se, ainda, a formação de um coral para interpretação de músicas que denunciam os horrores da guerra, sugerem re-construção, falam de fraternidade, mostram a alegria da infância, louvam o amor à Terra – patrimônio maior da humanidade.

a) afagar a terra

• Leitura e audição do seguinte poema de Vinicius de Moraes, musicado por Gerson Conrad: a rosa de hiroxima.

Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Mas oh não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroshima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida

A rosa com cirrose

A anti-rosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada.

• Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o professor de História, para uma conversa sobre os fatos que inspiraram o poema de Vinicius de Mo-raes: a Segunda Guerra Mundial; o uso da energia nuclear com fins bélicos; os efeitos devastadores da bomba atômica em duas cidades japonesas.

• Identificação, no poema de Vinicius de Moraes, de palavras e expressões que denunciem os efeitos devastadores da bomba.

sugestões de atividades

Sofrimento de Mãe, 1955 Desenho a grafite, crayon e lápis de cor/papel pardo 32,5 x 23cm Estudo para o painel Guerra

Menino Chorando, 1955 Desenho a nanquim bico de pena/papelão 18,2 x 11,2cm Estudo para o painel Guerra

Mulher, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 32,5 x 15cm Estudo para o painel Guerra

Page 43: Caderno do Professor Guerra e Paz

42

• Localização, no painel Guerra, de Portinari, de elementos que poderiam ilus-trar o poema A rosa de Hiroshima.

• Pesquisa, com ajuda de um professor da área de Ciências, sobre o uso da energia nuclear com fins pacíficos;

> apresentação dos resultados da pesquisa ao professor;

> organização de uma pequena palestra sobre o assunto, com a ajuda do profes-sor;

> realização da palestra no auditório da escola para as outras turmas; abertura para debates ao final.

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Gilberto Gil e João Donato (fragmento): a paz.

A paz

Invadiu o meu coração

De repente, me encheu de paz

Como se o vento de um tufão

Arrancasse meus pés do chão

Onde eu já não me enterro mais

A paz

Fez o mar da revolução

Invadir meu destino, a paz

Como aquela grande explosão

Uma bomba sobre o Japão

Fez nascer o Japão da paz

De magia, de dança e pés

de criança, cantor e mãos

Alameda de gente e vida

fecha e mata qualquer ferida

De carinho, de roda e mãos

de esperança, de corpo e pés

a paixão que me está surgindo

te tocando, me consumindo

A pulsação do mundo é

o coração da gente

o coração do mundo é

a pulsação da gente

Ninguém nos pode impor, meu irmão

o que é o melhor pra gente

“(...) um coral de meninos de todas as raças, assim como nós, brasileiros (...)”

“Ele pintava o que conhecia bem:

a ternura, os jogos da infância, a alegria das colheitas fartas,

o peso da solidão, a dor das perdas (...) Na Paz, via o

gozo de coisas singelas, ao alcance

de todos: o canto, a dança, o trabalho

compartilhado, a fraternidade.”

(Maria Luiza Leão, sobre Portinari. Guerra e Paz,

pp. 37 e 39)

• Pesquisa, na internet e/ou em enciclopédias, sobre o Parque Memorial da Paz, em Hiroshima: localização; história da construção; finalidade do Parque; monumentos e museu existentes no Parque; frase escrita no Hiroshima Pe-ace City Memorial; registros: a história de Hiroshima antes e depois da bom-ba, consequências do bombardeio, réplica da bomba atômica, as “cinzas da morte”;

> apresentação dos resultados da pesquisa para a turma, com projeção por meio de slide show.

• Interpretação do seguinte trecho: “Uma bomba sobre o Japão / Fez nascer o Japão da paz”. Como se explica essa contradição?

Observação: a resposta a essa questão poderá apoiar-se na pesquisa sobre Hiroshima.

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento: de magia de dança e pés.

• Debate, com a ajuda do orientador educacional, sobre a frase “Ninguém nos pode impor, meu irmão / o que é o melhor pra gente”; sugestão de assuntos: É possível e/ou desejável o exercício da liberdade total? Há limi-tes para a liberdade? Quais? Autoridade é o mesmo que autoritarismo? Que conflitos podem decorrer de atitudes autoritárias? Afinal, “o que é o melhor pra gente”?

Page 44: Caderno do Professor Guerra e Paz

43

Há um meninohá um molequemorando sempre no meu coraçãotoda vez que o adulto balançaele vem pra me dar a mão

Há um passadono meu presenteum sol bem quente lá no meu quintaltoda vez que a bruxa me assombrao menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existiramizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amorPois não posso, não devo, não quero

O mediador (orientador educacional) deverá listar os aspectos mais relevantes que emergirem do debate, além das conclusões a que os alunos chegarem; esse material deverá ser impresso e distribuído aos alunos para embasamento de um texto a ser escrito individualmente.

• Redação, pelos alunos, de dissertação argumentativa sobre o seguinte tema: Liberdade e responsabilidade andam sempre de mãos dadas?

O professor deverá orientar a redação, explicando as características gerais de um texto argumentativo: para a introdução, escolha de um ponto de vista – de concor-dância ou discordância em relação à questão proposta; para o desenvolvimento, defesa do ponto de vista com exemplos, provas, fatos, dados estatísticos, testemu-nhos fidedignos e autorizados; para a conclusão, elementos que reforcem o ponto de vista explicitado na introdução.

• Leitura oral de todos os textos produzidos.

• Localização, no painel Paz, de Candido Portinari, de cenas que poderiam ilustrar o trecho inicial da música “De magia de dança e pés” (desde “De magia” até “me consumindo”).

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fernando Brant: bola de meia, bola de gude.

Futebol, 1935 Pintura a óleo/tela 97 x 130cm

viver como toda essa gente insiste em viverE não posso aceitar sossegadoQualquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meiabola de gudeo solidário não quer solidãotoda vez que a tristeza me alcançao menino me dá a mão

Há um meninohá um molequemorando sempre no meu coraçãotoda vez que o adulto fraquejaele vem pra me dar a mão

“(...) um coral de meninos de todas as raças, assim como nós, brasileiros (...)”(Clarivaldo do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)

• Leitura do texto “Declaração sobre uma Cultura de Paz”, na página 23 deste Caderno do Professor.

• Identificação, na letra da música, de valores, atitudes, comportamentos e estilos de vida, próprios de uma Cultura de Paz, abordados no texto lido.

• Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o orientador educa-cional para uma conversa a respeito das seguintes ideias: “Pois não posso, não devo, não quero / viver como toda essa gente insiste em viver / E não posso aceitar sossegado / Qualquer sacanagem ser coisa normal”.

Para início de conversa: Que críticas ao comportamento de algumas pessoas es-tão implícitas nesse trecho? O que cada um tem feito para não viver da forma que o autor da música denuncia? Para o compositor, há esperança de mudança? E para você? Qual a diferença entre o “não posso” e o “não devo”?

• Elaboração, pelos alunos, de um código de ética, para valer como princípio de convivência pacífica e harmoniosa entre todos da turma;

Page 45: Caderno do Professor Guerra e Paz

44

> avaliação semestral dos alunos, com seu representante, quanto à observância dos preceitos éticos estabelecidos pela própria turma.

• Localização, no painel Paz, de Portinari, de personagens ligados ao universo infantil;

> conversa entre professor e alunos: Por que Portinari teria colocado tantas crianças em seu painel Paz? É possível ser um pouco criança mesmo na vida adulta? Em que medida? Há um menino morando sempre no seu coração? Como ele é?

Debulhar o trigo

Recolher cada bago do trigo

Forjar no trigo o milagre do pão

E se fartar de pão

Decepar a cana

Recolher a garapa da cana

Roubar da cana a doçura do mel

Se lambuzar de mel

Afagar a terra

Conhecer os desejos da terra

Cio da terra, a propícia estação

E fecundar o chão

Pomba, 1960

Pomba, 1952

Pomba, 1960

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Chico Buarque: O cio da terra.

CURIOSIDADE

Palavras de Candido Portinari: “Sabe por que eu pinto tanto menina e menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos...” (Portinari, o menino de Brodósqui, p. 39)

• Interpretação: > identificação, em “O cio da terra”, de

vocábulos que contribuem para a cria-ção da imagem de um encontro amo-roso entre um homem e uma mulher; troca de ideias: O que teria motivado os autores a tratar dessa forma a rela-ção do homem com a terra?

> identificação, nesse texto, de versos que expressam a transformação do “natural” em “cultural” pela interven-ção do homem na terra por meio de seu trabalho;

> verificação, no dicionário, dos possí-veis significados da palavra “cultu-ra”; interpretação: Considerando o

sentido geral do texto, qual(is) dessas acepções pode(m) ser percebida(s) no conteúdo da letra?

> identificação, no mesmo texto, de vocábulos da área semântica de violência, empregados com sentido de paz.

• Localização, no painel Paz, de Portinari, de cenas que poderiam ilustrar a letra de “O cio da terra”.

b) “canta canta, minha gente”13

• Formação, pelo professor de Música, de um coral, caso não haja na escola;> ensaio das composições musicais analisadas na atividade anterior (Afagar a Terra).

• Criação de coreografia para o coral, sugestiva de união, solidariedade, amiza-de, fraternidade, alegria.

• Criação de figurino a ser usado na apresentação do coral;> escolha, dentre as imagens de pombas criadas por Candido Portinari, de uma a

ser usada na concepção do figurino.

• Apresentação do coral para toda a comunidade escolar.

Page 46: Caderno do Professor Guerra e Paz

sugestões de atividades

45

BriNCANDo DE sEr CriANçA

PrOPOsta 8

“Todos os figurantes da Paz são os meninos de Brodósqui (...) nas gangorras (...) em cambalhotas e piruetas, ou armando arapucas (...)”

Nesta proposta, os estudantes tomam conhecimento de jogos, brincadeiras, brinque-dos, diversões, de baixo custo, presentes desde muito tempo no universo infantil. Em oficinas, eles trabalham ludicamente na criação artesanal de brinquedos e, ainda, organizam um grande evento ao ar livre – soltam pipas confeccionadas com motivos de paz. Há o reaproveitamento criativo de materiais, dentro de uma perspectiva de preservação do patrimônio ambiental.

a) JOgOs de encantamentO

• Leitura dos seguintes fragmentos de textos de Candido Portinari:

“Nossos brinquedos eram variados, conforme o mês, e também havia os para o dia e os para a noite. Para o dia eram: gude, pião, arco, avião, papagaio, diabolô, bilboquê, ioiô, botão, balão, malha e futebol. Para a noite: pique, barra-manteiga, pulando carniça etc.”(Candido Portinari. Portinari, o menino de Brodósqui, p.42)

“Não tínhamos nenhum brinquedo Comprado. Fabricávamos Nossos papagaios, piões, Diabolô. (...) Certas noites de céu estrelado E lua, ficávamos deitados na Grama da igreja de olhos presos Por fios luminosos vindos do céu era jogo de Encantamento. (...)” (Candido Portinari. Portinari poemas p. 29)

• Pesquisa de quadros de Portinari que retratam brinquedos, jogos e brincadeiras infantis;

> observação, dentre esses brinquedos, jogos e brincadeiras, daqueles que perma-necem nos dias de hoje: Onde podem ser encontrados? Como são criados? Qual o perfil social de quem se diverte com eles?

> troca de ideias em torno das seguintes questões: O brinquedo comprado é mais jogo de encantamento do que o brinquedo feito em casa? Existe, no universo infantil, uma relação direta entre alegria e poder aquisitivo? Comprar ou fazer – o que é me-lhor? Melhor para quem? Melhor por quê?

(Clarival do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)

sugestões de atividades

Page 47: Caderno do Professor Guerra e Paz

46

b) mãOs à Obra!

• CONFECçãO DE CATA-VENTOS

Passo a passo da execução:> materiais necessários: garrafa pet de 2 litros, de formato liso; palito longo para

churrasco; arame fino; canudo de plástico; tesoura; pincel; tintas; agulha de ponta grossa;

> modo de fazer:

> cortar o bocal e o fundo da garrafa; dobrar uma das pontas do meio da garrafa, formando um triângulo; cortar a parte dobrada com a tesoura, ignorando o excesso;

> abrir o triângulo, formando um quadrado; deco-rar com tintas de cores variadas;

> passar um arame de cerca de 10 cm pelo orifí-cio do centro do quadrado;

> dobrar cada ponta furada, encaixando-as no ara-me para formar o cata-vento; dobrar a ponta do arame e prender todas as pontas do quadrado juntas, de modo que o arame não deixe as pon-tas escaparem;

> cortar um pedaço do canudo de plástico e encai-xá-lo no outro extremo do arame; em seguida prendê-lo na ponta do palito de churrasco.

cata-vento pronto, é só curtir!

> cortar 7 cm das 4 pontas do quadrado, levando a tesoura em direção ao centro da peça; fazer um orifício no meio do quadrado com uma agu-lha de ponta grossa, para poder passar um ara-me fino e maleável; furar também as 4 pontas do quadrado;

Menina com Cata-Vento,1955 Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel

31,5 x 15,5cm Estudo para o painel Paz

Fotos: Elisa Guerra

Page 48: Caderno do Professor Guerra e Paz

47

> cortar a garrafa na altura do gargalo, lembrando uma pequena taça;

> cortar cerca de 30 cm do barbante;

> amarrar uma ponta do barbante na tampinha de refri-gerante e a outra ponta, no bocal da garrafa;

> decorar o brinquedo com materiais variados.

Como brincar: tentar pôr a tampinha dentro da garrafa sem usar as mãos.

é preciso ser craque!

> cortar as garrafas 15 cm a partir do bocal, ignorando a parte inferior;

> cortar também o gargalo de uma delas; lixar as bordas para tirar as arestas;

> encaixar as duas peças pelo bocal e rosquear a tampa, prendendo uma na outra;

> decorar o brinquedo com tinta ou plástico adesivo;

> usar, para o suporte, as duas varetas e o barbante;

> furar as duas varetas em uma das extremidades e passá-las pelo barbante, dando um nó nas pontas.

Como brincar: colocar o diabolô no chão e passar a corda por baixo dele, segu-rando uma vareta em cada mão; rolar o brinquedo pelo chão para pegar embalo e levantá-lo; dar puxadas rápidas com uma das mãos, para que o diabolô gire somente em um sentido (a outra mão apenas acompanha os movimentos); ficar sempre de frente para uma das bocas do diabolô; se ele pender para a frente ou para trás, ajeitá-lo novamente; dominados esses movimentos, é possível jogar o diabolô para o alto: abrir rapidamente os braços, dando um impulso para cima; para pegá-lo, mirar o cordão no centro do brinquedo e, assim que ele voltar, afrou-xar o cordão.

agora, é fazer sua exibição e receber os aplausos!

• CONFECçãO DE BILBOQUêS

Passo a passo da execução:> materiais necessários: uma garrafa pet; uma tampinha de refrigerante; barbante; te-

soura; materiais para decoração;

> modo de fazer:

• CONFECçãO DE DIABOLôS

Passo a passo da execução:> materiais necessários: 2 garrafas pet com formato arredondado; tesoura; lixa; tinta

ou plástico adesivo; 2 varetas de 8 mm de diâmetro por 25 cm de comprimento; 1 m de barbante;

> modo de fazer:

Foto: Elisa Guerra

Foto: Elisa Guerra

Page 49: Caderno do Professor Guerra e Paz

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• CONFECçãO DE JOGOS DA MEMóRIA

• Reprodução impressa, em tamanho 7 cm x 7 cm, dos quadros de Portinari pesquisados na atividade anterior (Jogos de encantamento), que retratam brinquedos, jogos e brincadeiras.

• Colagem das reproduções em papel-cartão (duas cópias de cada quadro).

• Confecção de caixa para acondicionar as peças do jogo, com inserção das regras.

Observação – No site www.guerraepaz.org.br, na seção Programa Educati-vo, encontra-se disponível um jogo da memória com estudos dos painéis Guer-ra e Paz.

• CRIAçãO DE PALAVRAS CRUzADAS

• Resolução, pelos alunos, de jogos de palavras cruzadas fornecidos pelo pro-fessor, que servirão de modelo para orientar a montagem de outras palavras cruzadas.

Divisão da turma em 4 grupos, para distribuição de um dos seguintes conjun-tos de palavras para cada grupo: > grupo 1 – brinquedos (bilboquê, pipa, gangorra, boneca, bola, carrinho, peteca,

etc.);

> grupo 2 – férias (praia, cinema, teatro, pracinha, amigos, namoro, sorvete, etc.);

> grupo 3 – paz (paz, pomba, branco, fraternidade, beijo, abraço, calma, respeito, etc.);

> grupo 4 – Portinari (Brodowski, tela, pincel, paleta, tinta, mural, painel, Candinho, poema, pintura, cor, etc.).

• Redação, por grupo, de definições e/ou explicações relativas a cada palavra a ser utilizada; o sentido da palavra pode ser dado direta ou indiretamente, por exemplo: paz – harmonia, tranquilidade / paz – antônimo de guerra.

• Montagem do jogo de acordo com os modelos observados inicialmente.

• CRIAçãO DE CAçA-PALAVRAS

• Resolução, pelos alunos, de jogos de caça-palavras, fornecidos pelo professor, que servirão de modelo para orientar a montagem de outros caça-palavras.

Divisão da turma em 4 grupos.

• Preparação para a montagem do jogo:> sugestão, pelos grupos, de palavras da mesma área de significação de cada um

dos seguintes vocábulos: trabalho – infância – arte – Brasil;

> seleção, pelos grupos, de palavras de cada área de significação, que deverão es-tar “escondidas” no meio de muitas letras inseridas aleatoriamente.

• Montagem do jogo com essas palavras selecionadas, de acordo com os mo-delos apresentados pelo professor.

• Reunião dos jogos de caça-palavras e palavras cruzadas criados pelos grupos, para confecção de um livreto; respostas dos jogos na última página, em letra pequena, na posição invertida;

> reprodução do livreto para distribuição em outras turmas.

Page 50: Caderno do Professor Guerra e Paz

49

• CRIAçãO DE PIPAS (PAPAGAIOS, PANDORGAS);> idealização, pelos alunos, de pipas que transmitam a ideia de paz, por meio do forma-

to, da decoração com palavras, desenhos, cores, etc.

• REALIzAçãO DO EVENTO PiPa(z)

• Convocação, via internet, telefone fixo ou celular, bilhete, carta, boca a boca, para um encontro de confraternização ao ar livre, durante o qual os alunos solta-rão as pipas confeccionadas.

• Redação de palavras de ordem que estimulem a paz (exemplo: Abaixo o cerol!), para divulgação do evento;

> confecção de cartazes para serem afixados nas paredes da escola.

• Realização do evento com a presença de responsáveis (pais, professores, fun-cionários);

> escolha de lugar aberto, descampado, sem fiação, sem riscos;

> registro do evento em foto ou vídeo;

> exibição dos vídeos e exposição das fotos.

Meninos Soltando Pipas, 1947 Pintura a óleo/tela 60,5 x 73,5cm

CURIOSIDADE

“Dizem que foram os monges budistas chineses que levaram o costume de empinar pipas para o Japão. (...) O ato de construir e empinar takôs é uma tradição milenar e tem vários significados para a cultura japonesa. Na religião, o takô é um elo entre o céu e a Terra e ajuda a afugentar os maus espíritos. Para alguns, o takô traz prosperidade, saúde e boa colheita. (...) Hoje, praticar o takô é um evento comemorativo, tanto nas festas do Ano-Novo como no Dia dos Meninos, em 5 de maio, quando as koinoboris, as famosas pipas com formato de carpas, são empinadas e expostas, simbolizando força e perseverança. No Japão existem grupos organizados formados pelas pessoas das comunidades que competem nos festivais de takô. Alguns festivais são famosos mundialmente, como nas cidades de Hamamatsu e Nagasaki.” 14

Page 51: Caderno do Professor Guerra e Paz

50

DANçAr A PAz é mAis gostoso

PrOPOsta 9

Esta proposta é mais uma oportunidade de reflexão interdisciplinar, por parte dos estudantes com os professores, sobre a guerra e sobre a paz. Os recursos prin-cipais são a pesquisa histórica e a apreciação de dois filmes cujos personagens simbolizam a violência e a não violência – O grande ditador e O garoto, ambos de Charlie Chaplin. Esta atividade culmina com a criação, pelos estudantes, de uma coreografia que expresse seus sentimentos e ideias sobre os temas em questão.

a) labOratóriO de guerra e de Paz

Exibição, pelo professor, do filme O grande ditador, de Charlie Chaplin (1940).

• Análise do filme; > troca livre de ideias e impressões sobre o filme;

> pesquisa biográfica a respeito de Chaplin; apresentação sucinta dos resultados da pesquisa;

> registro de situações do filme, relacionadas a opressão, violência, sofrimento, angústia, desespero.

• Pesquisa histórica;> leitura sobre fatos relativos à Segunda Guerra Mundial;

> pesquisa a respeito da figura histórica de Adolf Hitler, satirizada no filme por meio do personagem Hinkel; apresentação breve dos resultados da pesquisa.

• Realização de “tempestade de ideias”: listagem de situações e sentimentos pessoais relacionados a conflitos.

Exibição, pelo professor, do filme O garoto, de Charlie Chaplin (1921).

• Análise do filme; > troca livre de ideias e impressões sobre o filme;

> pesquisa sobre o personagem Carlitos; descrição das características psicológicas e sociais do personagem;

> registro de situações do filme, relacionadas a paz, alegria, amizade, solidariedade, amor.

• Pesquisa sobre a era do cinema mudo; apresentação sucinta dos resultados da pesquisa.

• Realização de “tempestade de ideias”: listagem de reminiscências pessoais agradáveis; gestos e atitudes de amizade, de carinho; reconciliações; mo-mentos de alegria e paz.

sugestões de atividades

Page 52: Caderno do Professor Guerra e Paz

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b) PrimeirOs PassOs

Divisão da turma em 2 grandes grupos, para criação de uma coreografia que ex-presse os conceitos de guerra e de paz.

• (grupo 1) Criação da primeira parte da coreografia, para expressão da ideia de guerra;

> localização de cenas de sofrimento no painel Guerra, de Candido Portinari: observa-ção de cores, tons, figuras (humanas e não humanas), movimentos, gestos, expres-sões faciais;

> concepção e composição da sequência de movimentos, passos, gestos.

• (grupo 2) Criação da segunda parte da coreografia, para expressão da ideia de paz;

> localização de cenas de harmonia no painel Paz, de Candido Portinari: observação de cores, tons, figuras (humanas e não humanas), movimentos, gestos, expressões faciais;

> concepção e composição da sequência de movimentos, passos, gestos.

• Criação de trilha sonora, cenário, figurinos e iluminação para servir a cada uma das partes da coreografia – a parte da guerra e a parte da paz:

> grupo 1: pesquisa e seleção de melodias que expressem vigor, agitação, contundên-cia, agressividade; grupo 2: pesquisa e seleção de melodias que expressem calma, leveza, vagar, serenidade;

> grupo 1: concepção e confecção de cenário, inspirado no painel Guerra, de Portinari; grupo 2: concepção e confecção de cenário, inspirado no painel Paz, de Portinari;

> concepção, desenho e confecção de figurinos, por ambos os grupos, coerentes com o conceito de cada parte da coreografia;

> criação da iluminação, por ambos os grupos, coerente com o conceito de cada parte da coreografia: utilização de lâmpadas, papel celofane, luzes pisca-piscas; exploração de cores, contrastes, luz e sombra, etc.

Observação – Um grupo deverá levar ao conhecimento do outro grupo os resulta-dos do trabalho realizado até aqui.

c) O ensaiO dO trágicO e dO líricO

• Ensaios do grupo 1.

• Ensaios do grupo 2.

Mulher, 1955 Desenho a grafite, crayon

e crayon colorido/papel 30 x 38cm

Estudo para o painel Guerra

Figura de Mulher, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor papel

36 x 21cm (aproximadas) Estudo para o painel Paz

Page 53: Caderno do Professor Guerra e Paz

52

d) a uniãO da fúria e da ternura

• Troca de ideias entre os grupos 1 e 2 sobre a integração das duas partes – primeira-mente a guerra; depois a paz – para a coreografia geral.

• Fusão das duas partes da coreografia;> ensaios da coreografia completa.

• Leitura do seguinte trecho do discurso final do filme O grande ditador 15:

“Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Deseja-mos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e senti-mos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”

• Troca de ideias e impressões a respeito do trecho lido: Você concorda com as afir-mativas do autor? Valem para todas as pessoas? As denúncias são pertinentes? Por quê? Valem para todas as épocas?

• Planejamento da inserção desse trecho do discurso, parcial ou integralmente, na apresentação coreográfica; sugestões: falado em voz alta por um só aluno; proje-tado, em fragmentos escritos, no cenário; falado em voz alta por vários alunos, em circulação pelo palco, à medida que cada um vai desfazendo o último gesto; etc.

e) a dança dO drama e da POesia

• Apresentação da coreografia no auditório para a comunidade escolar.

• Registro da apresentação em fotos e/ou vídeos.

• Exibição posterior das fotos e/ou vídeos para a turma.

“(...) o pintor parece nos dizer: (...) Dia virá em que a humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço e no tempo.”

(Israel Pedrosa. Guerra e Paz, p. 126)

Dança de Roda, 1955 Desenho a grafite, crayon, crayon colorido, sanguínea e sépia/cartão 35,5 x 35,5cm Estudo para o painel Paz

Page 54: Caderno do Professor Guerra e Paz

sugestões de atividades

53

DE rEPENtE, o CorDEl

PrOPOsta 10

Nesta proposta os estudantes tomam conhecimento da literatura de cordel e realizam diversas atividades: pesquisa biográfica sobre Portinari e personalidades brasileiras contemporâneas do pintor; pesquisa a respeito de figuras importantes na luta pela paz mundial e criação de cordéis que as homenageiem.

a) O POVO cOnta / canta sua história

• Visita, pela turma, ao site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, entre outras fontes de consulta sobre esse tipo de literatura.

Divisão da turma em 4 grupos.

• Leitura da história do Cordel pelo primeiro grupo;> redação de resumo;

> apresentação do resumo, por meio de leitura oral, para os demais grupos.

• Leitura, pelo segundo grupo, de alguns cordéis, para identificação de suas carac-terísticas: temas recorrentes; variantes linguísticas; tamanho dos títulos; tipos de estrofes, versos e rimas;

> elaboração de esquema dessas características;

> apresentação do esquema, em cartaz, para os demais grupos.

• Pesquisa, pelo terceiro grupo, sobre os principais cordelistas;> redação de resumos biográficos;

> apresentação dos resumos para os demais grupos, por meio de cartazes em mural, com retratos dos cordelistas.

• Pesquisa, pelo quarto grupo, sobre o tipo de ilustração característico dos livri-nhos (folhetos) de cordel;

> principais ilustradores;

> a técnica de xilogravura;

> apresentação, para os demais grupos, do resultado da pesquisa, por meio de slide show, com inserção de reproduções de capas de cordéis para exemplificação.

“(...) Com muita felicidade / (...) De nascer chegou a vez / Duma grande sumidade.”

(Daniel Fiúza. Um gênio da arte; Candido Portinari)

sugestões de atividades

Page 55: Caderno do Professor Guerra e Paz

54

b) POrtinari em PrOsa e VersO

• Leitura do seguinte cordel de Daniel Fiúza: um gênio da arte; candido Portinari.

1ª PARTE

No interior de São Paulo

Brodósqui foi a cidade

No dia trinta de dezembro

Com muita felicidade

Mil novecentos e três

De nascer chegou a vez

Duma grande sumidade.

Filho de italianos

Gente humilde emigrante

Portinari veio ao mundo

Para mudar o semblante

Nasceu pobre na fazenda

Para depois virar lenda

Artista tão importante.

Na plantação de café

Onde seu pai trabalhava

Estudou só o primário,

Mas outro poder saltava

A sua vocação de artista

Pra todos dava na vista,

Pois já se manifestava.

Aos quinze anos de idade

Foi pro Rio de Janeiro

Buscar o conhecimento

Do puro e verdadeiro

Entra fazendo apartes

Na escola de belas artes

Pra logo ser o primeiro.

Foi no ano de vinte e oito

O primeiro prêmio ganhou

Na exposição geral

Que belas artes criou

Pro estrangeiro viajar

E em Paris foi morar

E um ano por lá ficou.

Com saudades do Brasil

Em trinta e um retornou

Suas telas retratam o povo

Do Brasil com seu valor,

Esquece o academismo

Pelo experimentalismo

No modernismo adentrou.

No Instituto Carnegi

Lá nos Estados Unidos

No ano de trinta e cinco

Foi um dos escolhidos

Recebeu menção honrosa

Pela tela primorosa

“Café”, grãos sendo colhidos.

Gostava de fazer murais

Tinha essa inclinação

No ano de trinta e seis

Fez dois com dedicação

pra via Dutra inaugurada

e ao ministério dedicada

da saúde e educação.

Dessa data em diante

Sua concepção mudou

Para uma nova temática

Portinari se voltou

Na pintura informal

Foi pro cunho social

O seu fio condutor.

Pracinha de Brodowski, 1958 Pintura a óleo/madeira

45 x 27cm

Lavrador de Café, 1934 Pintura a óleo/tela

100 x 81cm

Retrato de Olegário Mariano, 1928 Pintura a óleo/tela

198 x 65,3cm

Construção de Rodovia I, 1936 Painel a óleo/tela

96 x 768cm

Café, 1935 Pintura a óleo/tela 130 x 195cm

Page 56: Caderno do Professor Guerra e Paz

55

Companheiro de poeta,

Escritores e artista

Muita gente da cultura

Diplomata e jornalista

No final dos anos trinta

Já na projeção sucinta

Na América tá na crista.

Pela universidade de

Chicago, patrocinado

Foi “His Life and Art”

Na introdução dedicado

Por uma mente excelente

O grande Rockwell Kent

Com tudo bem acabado.

Reproduzidas no livro

A sua obra rica e bela

Cada uma mais perfeita

Empáfia verde amarela

Foi orgulho pro Brasil

Quando esse livro saiu

Sobre o pintor e sua tela.

Na fundação Hispânica da

Biblioteca do Congresso

No ano quarenta e um

Quatro murais fez sucesso

Washington era a cidade

História latinidade

No tema que foi imerso.

O grande Oscar Niemeyer

Pro gênio fez um Convite

No ano de quarenta e quatro

Que exigiu seu limite

Num desafio mergulha

Na catedral da Pampulha

Seguindo novo palpite.

2ª PARTE

No ano de trinta e nove

Executa três painéis

Para a feira mundial

Ganhando uma nota dez

A América viu seu toque

E o museu de Nova York

Ficou rendido aos seus pés.

Adquire a tela “Morro”

Que tava no pavilhão

Saindo em todo jornal

Com grande repercussão

Já no ano de quarenta

Na arte latina aventa

Numa nova exposição.

Na cidade de Detroit

No instituto de arte,

No museu de Nova York

Portinari teve parte

Expõe individual

Faz um sucesso geral

Da crítica em toda parte.

Teve sucesso de venda

É um público majestoso

Em dezembro desse ano

Teve um ganho pomposo

Um livro sobre o pintor

Sua arte e seu louvor

Foi tudo maravilhoso.

Catequese, 1941 Pintura mural a têmpera 494 x 463cm

Retrato de Carlos Drummond de Andrade, 1936 Pintura a óleo/ tela 72 x 58cm

Morro, 1933 Pintura a óleo/tela 114 x 146cm

São Francisco de Assis, 1944 Painel de azulejos 750 x 2120cm (painel) 15 x 15cm (azulejos)

O mural de São Francisco

Na igreja foi destacado

Com painéis de azulejos

Outras coisas foi mostrado

A Via Sacra de Jesus

Encheu a igreja de luz

Desse pincel iluminado.

Page 57: Caderno do Professor Guerra e Paz

56

• Observação da variante popular da língua no cordel de Daniel Fiúza: > identificação, nesse cordel, de fragmentos que apresentam desvios gramaticais,

característicos dessa variante linguística.

• Reescritura desses fragmentos na variante culta da língua.

• Levantamento, com base no texto, de dados biográficos de Candido Portina-ri: data e local de nascimento; caracterização psicológica e social do perso-nagem; fatos da infância e da vida adulta; a vocação; o estudo no exterior; as premiações; a obra (temática e estilo); entre outras informações;

> comparação dos dados levantados nesse cordel com a cronobiografia de Portina-ri, nas páginas 6 a 13 deste Caderno do Professor, quanto à precisão das infor-mações: Alguma omissão? Alguma discrepância de dados? Algum dado fictício?

> comparação do cordel com o texto da cronobiografia de Portinari, quanto ao tipo de linguagem – informativa ou poética;

> comparação do cordel com o texto da cronobiografia de Portinari, quanto à varian-te linguística – culta ou popular.

• Redação de uma terceira parte para o cordel: inserção de informações rele-vantes sobre a vida e a obra de Portinari que não tenham sido contadas até o final da segunda parte.

• Pesquisa, no site do Projeto Portinari, das obras do artista citadas no cordel de Daniel Fiúza;

> reprodução impressa dessas obras, com inclusão de fichas técnicas (título, data, técnica, material, dimensão);

> exposição das reproduções em mural, na sala de aula.

Leitura em voz alta, pelo professor, dos seguintes versos do cordel:

“E seu interesse pelo retrato nasce da intuição de que

está diante de fatores históricos dignos de serem perpetuados:

os homens.” (Israel Pedrosa, a respeito do Candido Portinari retratista. Na contramão dos

preconceitos estéticos da Era dos Extremos, p. 34)

• Pesquisa, em grupo, sobre algumas personalidades contemporâneas de Por-tinari: Oscar Niemeyer, Carlos Drummond de Andrade, Olegário Mariano, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Radamés Gnattali, Murilo Mendes, Jorge Amado, Aníbal Machado, Antonio Callado, Vinicius de Moraes, Raul Bopp, Patrícia Galvão (Pagu), entre outras;

> redação de resumos de suas biografias: vida e obra; importância para a vida cul-tural brasileira.

• Reprodução impressa de retratos dessas personalidades, pintados por Porti-

nari (pesquisa no site do Projeto Portinari).

• Confecção de cartazes com os resumos e as reproduções dos retratos pes-quisados.

• Montagem de uma exposição com os cartazes confeccionados.

• Leitura de textos de alguns dos escritores pesquisados;> seleção, pelos alunos, de alguns textos especialmente apreciados por eles;

> roda de leitura desses textos.

“Companheiro de poeta, / Escritores e artista / Muita gente da cultura / Diplomata e jornalista”.

“Assim nascem os Retratos (...) a mais completa e abrangente galeria de análise social e psicológica de um país, em qualquer tempo.”

(Israel Pedrosa, a respeito do Candido Portinari retratista. Na contramão dos preconceitos estéticos da Era dos Extremos, p. 30)

Page 58: Caderno do Professor Guerra e Paz

57

• Pesquisa, na internet, de fotos de obras arquitetônicas projetadas por Oscar Niemeyer;

> seleção e reprodução impressa de algumas dessas fotos;

> exposição das fotos em mural.

• Pesquisa, na internet, de composições musicais de Radamés Gnattali e de Vini-cius de Moraes;

> audição de algumas dessas composições.

c) ViVendO O cOrdel

• Leitura do seguinte texto, a ser utilizado como fonte de consulta:

O PrêmiO nObel da Paz

Desde 1901 o Prêmio Nobel vem homenageando homens e mulheres de todas as partes do mundo por suas ações meritórias em Física, Química, Medicina, Li-teratura e por trabalho dedicado à paz. As fundações para o prêmio foram institu-ídas em 1895 quando Alfred Nobel escreveu o seu último testamento, deixando a maior parte de sua fortuna para a constituição do Prêmio Nobel. Mas quem foi Alfred Nobel?

Alfred Nobel (1833-1896) nasceu em Estocolmo, Suécia, no dia 21 de outubro de 1833. Sua família era descendente de Olof Rudbeck, o mais conhecido gênio técnico na Suécia, no século XVII, uma época em que a Suécia era uma grande po-tência do Norte da Europa. Nobel era fluente em muitas línguas e escreveu poesia e prosa. Nobel era também muito interessado nas questões sociais relacionadas com a paz e sustentou pontos de vista considerados radicais para a sua época.

Em 27 de novembro de 1895 Alfred Nobel assinou seu último testamento em Paris. Após a sua morte, quando foi aberto e lido, causou muitas controvérsias, na Suécia e internacionalmente, porque Nobel tinha deixado muito da sua fortuna para a criação de um prêmio. Sua família se opôs à criação do Prêmio Nobel, e os indicados por Alfred para receberem o prêmio se recusaram a obedecer ao que ele tinha determinado em seu testamento. O primeiro Prêmio Nobel só foi acontecer 5 anos após a sua morte, em 1901.

alguns laureados com o nobel da Paz:

1993 – Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk (ambos ex-presidentes da Áfri-ca do Sul), “por seu trabalho no fim pacífico do regime do apartheid e por assentar os fundamentos de uma nova e democrática África do Sul”.

1989 – 14º Dalai Lama (líder espiritual do Tibete), por seus esforços pela libertação do Tibete sem o uso da violência.

1979 – Madre Teresa de Calcutá (líder humanitária na Índia), por seu trabalho hu-manitário à frente das Missionárias da Caridade, na Índia.

1964 – Martin Luther King Jr. (líder afro-americano), por sua luta pela universaliza-ção dos direitos civis nos EUA.

algumas entidades laureadas:

1954 e 1981 – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR), por seu papel na ajuda a refugiados nos anos pós-guerra.

1963 – Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Liga das Sociedades da Cruz Ver-melha, pelo trabalho de ambas as organizações no socorro a combatentes feridos em tempos de guerra.

Page 59: Caderno do Professor Guerra e Paz

58

1965 – Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por seu trabalho pela promoção do bem-estar das crianças no mundo.

1969 – Organização Internacional do Trabalho (OIT), por seu trabalho pela pro-moção de direitos dos trabalhadores ao redor do mundo.

1977 – Anistia Internacional, pelo trabalho da organização contra a tortura, os movimentos autoritários e o terrorismo.

1988 – Forças de Paz da ONU, pelo papel das forças de paz na solução de conflitos armados.

1999 – ONG Médicos Sem Fronteiras, “em reconhecimento ao trabalho huma-nitário pioneiro em diversos continentes”.

Divisão da turma em 6 grupos para distribuição das tarefas a seguir.

• Criação, por 5 grupos da turma, de cordéis sobre a vida e a obra de cinco personalidades que se destacaram na luta pela paz no mundo.

• Distribuição, pelo professor, dos seguintes temas entre os 5 grupos – Mar-tin Luther King; 14º Dalai Lama; Madre Tereza de Calcutá; Nelson Mandela; Mahatma Gandhi (este, não laureado com o Nobel, embora várias vezes in-dicado).

• Pesquisa biográfica sobre a personalidade-tema que coube a cada grupo.

• Redação de texto de cordel sobre essa personalidade, com base na pesquisa realizada.

• Ilustração, pelo grupo 6, dos cinco textos de cordel criados pelos outros grupos.

• Confecção, pelo grupo 6, de livrinhos (folhetos) com os textos e as ilus-trações.

• Recitação dos cordéis pelos grupos.

• Exposição dos folhetos, pendurados em barbantes, como nas feiras nor-destinas.

Page 60: Caderno do Professor Guerra e Paz

59

“BrigAs NuNCA mAis”16

PrOPOsta 11

“Candinho não pintou uma guerra; pintou a guerra, quase em seu estado puro. E pintou a paz. Ou seja, esquivo momento de paz (...)”

Esta proposta possibilita que os estudantes elaborem conflitos afetivos e familiares, por meio de diferentes atividades: dramatização de situações de desarmonia, com apresentação de soluções; leitura de peça de teatro e criação de desfecho direcionado à resolução do conflito central; pesquisa histórica a respeito de amores famosos que vingaram em meio a cenários de convulsão social e política. Ainda aqui, os estudantes realizam pesquisa para montagem de uma exposição que retrate a amizade e o amor em Portinari.

a) “O amOr tem dessas fases más” 17

• Troca de ideias entre a turma, o professor e o orientador educacional, a respeito de situações de “guerra” no cotidiano dos alunos; sugestão de temas: conflitos entre namorados; amigos; pais e filhos; famílias.

Divisão da turma em grupos; distribuição aos grupos dos temas desenvolvidos durante a troca de ideias, para dramatização.

• Criação, pelos grupos, de esquetes para dramatização de cada conflito;> elaboração de esboços dos roteiros (esquetes curtos, com duração máxima de cinco

minutos, sem apresentação de soluções para os conflitos);

> redação dos esquetes.

• Realização dos ensaios pelos grupos.

• Apresentação dramatizada dos conflitos pelos grupos.

• Reflexão, por parte da plateia (restante da turma), no sentido de que se encon-trem soluções pacíficas para os conflitos.

Observação – O processo de reflexão para a busca de soluções deverá ocorrer após a apresentação de cada conflito.

b) “bOm é mesmO amar em Paz”18

• Encaminhamento, pela plateia, de propostas concretas de solução pacífica para cada conflito.

Esquematização, por parte do professor ou do orientador, das propostas, à medida que forem sendo apresentadas.

• Debate dos alunos com o professor e/ou orientador educacional a respeito das soluções propostas.

• Dramatização improvisada de algumas das soluções.

(Mauro Santayana. Guerra e Paz, p. 143)

sugestões de atividades

Page 61: Caderno do Professor Guerra e Paz

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c) é bOm fazer as Pazes

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes: brigas nunca mais.

Namorados, 1940 Pintura a óleo/tela

60 x 73cm

Chegou, sorriu, venceu, depois chorou

Então fui eu quem consolou sua tristeza

Na certeza de que o amor tem dessas fases más

E é bom para fazer as pazes, mas

Depois fui eu quem dela precisou

E ela então me socorreu

E o nosso amor mostrou que veio pra ficar

Mais uma vez por toda a vida

Bom é mesmo amar em paz

Brigas nunca mais

Amigo é coisa pra se guardardebaixo de sete chavesdentro do coraçãoassim falava a cançãoque na América ouvimas quem cantava chorouao ver seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento vooucom seu canto que o outro lembroue quem voou, no pensamento ficoucom a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa pra se guardarno lado esquerdo do peito mesmo que o tempo e a distância digam não mesmo esquecendo a cançãoo que importa é ouvira voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vierqualquer dia, amigo, eu volto a te encontrarqualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar

• Representação improvisada da letra dessa música apenas por meio de lin-guagem gestual.

d) “a VOz que Vem dO cOraçãO”19

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fer-nando Brant: canção da américa.

• Elaboração, em grupo, de um texto que transponha para a linguagem infor-mativa a mensagem poética de “Canção da América”;

> reconhecimento, na letra da música, do emprego da linguagem figurada (debaixo de sete chaves; lado esquerdo do peito; quem voou; etc.);

>troca de ideias sobre o significado dessas metáforas no contexto da letra;

>redação, em grupo, do texto.

• Leitura oral dos textos criados; comparação entre esses textos e a letra da música: Houve omissão de algum dado importante da letra da música? Foi feito acréscimo de algum elemento desnecessário? Os textos criados foram fiéis à ideia original?

Page 62: Caderno do Professor Guerra e Paz

61

e) “lOnge de qualquer PrOblema / PertO de um final feliz” 20

• Leitura extraclasse de uma adaptação para público juvenil da peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare.

Exibição, pelo professor, do filme Romeu e Julieta, de Franco zeffirelli (1968).

• Identificação, em Romeu e Julieta, do conflito central, que leva ao fim trágico do casal de protagonistas.

• Criação, em grupo, de um final feliz para a história;> improvisação oral e/ou redação.

f) histórias de amOr

Divisão da turma em grupos.

• Abordagem de assuntos históricos sob a forma de miniaulas;> pesquisa sobre os seguintes assuntos: os romances de Anita Garibaldi com Giuseppe

Garibaldi e de Maria Bonita com Lampião, vividos em meio a conflitos ocorridos na Histó-ria do Brasil – ambiente, época, contexto social em que viveram essas figuras históricas; seus papéis nos conflitos;

> planejamento pelos grupos das miniaulas, para desenvolvimento dos assuntos pesqui-sados: Como passar os conteúdos? Quais os recursos de apoio? Como dinamizar, tornar as “aulas” interessantes? Como motivar os “alunos”? Que instrumentos criar para aferir o aproveitamento?

> apresentação dos assuntos pelos grupos sob a forma de miniaulas.

g) imagens que ficam

• Montagem de uma pequena exposição, com reproduções de quadros de Candido Portinari que expressam situações de amor e de amizade: casamento, namoro, beijo, crianças em grupo, etc.;

> visita ao site do Projeto Portinari para pesquisa desses temas;

> seleção de quadros;

> reprodução impressa dos quadros selecionados;

> colocação das reproduções em mural, com a respectiva ficha técnica: autor, título, data, técnica, suporte, dimensão;

> criação de pequenas frases sobre amor e amizade, a serem distribuídas esteticamente no espaço da exposição.

• Confecção de um folder para a exposição: dados relativos ao artista, às obras apre-sentadas e ao conceito da exposição (amor e amizade);

> impressão e distribuição.

• Exposição para a comunidade escolar.

Casamento na Roça, 1944 Pintura a óleo/tela 98 x 79cm

Page 63: Caderno do Professor Guerra e Paz

sugestões de atividades

62

“Fui lAtA, HojE sou PrAtA”21

PrOPOsta 12

Os estudantes, nesta proposta, começam por pesquisar a respeito dos conflitos históricos citados na letra de um samba-enredo; informam-se sobre as figuras humanas presentes tanto no samba quanto na obra de Portinari; questionam a legitimidade ou não de guerras feitas em nome da paz. Por fim, refletem sobre a questão da violência numa cidade grande e criam um samba-enredo que retrate a pacificação dessa cidade.

a) “a mãO que faz a guerra faz a Paz”22

• Leitura da letra e audição do seguinte samba-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, de 2003, de Betinho, J.C. Coelho, Ribeirinho, Glyvaldo, Luis Otávio, Manoel do Cavaco, Serginho Sumaré e Vi-nícius: O povo conta a sua história: “saco vazio não para em pé” – a mão que faz a guerra faz a paz.

Luz divina luz que me conduzClareia meu clarear clareiaNas veredas da verdade, cadê a felicidadeAportei, num santuário de ambição

E o índio muito forte resistiu (bis)À tortura implacável assistiuEnquanto o negro cantava saudadeDa terra mãe de liberdade

Na França é tomada a BastilhaO povo mostra a indignaçãoRevoltado com o diaboQue amassou o nosso pão

Grito forte dos Palmares... zumbi (bis)Herói da Inconfidência... TiradentesNas caatingas do Nordeste... LampiãoTodos lutaram contra força da opressão

Nasce entãoPoderosa, guerreiraQue desenvolve seu trabalho socialCultura aos pobres, abrigou maltrapilhosFraternidade, de modo geralBrava gente sofrida, da BaixadaSoltando a voz no planeta carnavalEu quero liberdade, dignidade e uniãoFui lata, hoje sou prataLixo, ouro da regiãoChega de ganhar tão poucoTô no sufoco vou desabafarPare com essa ganância, pois a tolerânciaPode se acabar...

Oh!!! meu Brasil (bis)Overdose de amor nos trazSe espelha, na família “Beija-Flor”Lutando eternamente pela paz

• Montagem de mural com quadros de Candido Portinari nos quais estejam presentes as figuras do índio, do negro, de Tiradentes e de Lampião, citadas na letra desse samba;

> visita ao site do Projeto Portinari, para pesquisa;

“(...) soltando a voz no planeta carnaval /

eu quero: liberdade, dignidade, união (...)”

sugestões de atividades

Page 64: Caderno do Professor Guerra e Paz

63

> seleção de quadros; reprodução impressa;

> exposição das reproduções em mural.

• Roda de conversa, da turma com o professor de História, sobre os movimentos, revoltas, insurreições, conflitos, citados na letra do samba;

> identificação, no texto, dessas lutas;

> pesquisa em grupo, na internet e/ou em livros e enciclopédias, a respeito dessas lutas.

• Redação de resumos sobre cada luta: o fato, os envolvidos, a época, o ambiente, as causas, as consequências;

> apresentação oral dos resumos.

• Troca de ideias da turma com o professor de História a respeito de movimentos sociais de resistência à opressão: legitimidade ou não das lutas; formas de luta; contextos históricos condicionantes das lutas.

• Leitura e audição do seguinte trecho da música de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, cuja primeira versão foi gravada em 1967: Viola enluarada.

Tiradentes, 1948–1949 Painel a têmpera/tela 309 x 1767cm

A mão que toca um violão

Se for preciso faz a guerra

Mata o mundo, fere a terra

A voz que canta uma canção

Se for preciso canta um hino

Louva a morte

Viola em noite enluarada

No sertão é como espada

Esperança de vingança

O mesmo pé que dança um samba

Se preciso vai à luta

Capoeira

• Roda de conversa do professor de História com os alunos a respeito do contexto histórico do Brasil à época em que essa música foi gravada: Golpe de 1964; ditadura militar; censura; movimento estudantil; vertente de protesto da música popular brasileira; entre outros fatos.

• Interpretação: Considerando o contexto histórico do momento em que a música foi gravada, o que explicaria, na letra, a louvação à guerra, à morte, à vingança, à luta?

“(...) A voz que canta uma cançãoSe for preciso canta um hino (...)”

Page 65: Caderno do Professor Guerra e Paz

64

• Leitura do seguinte fragmento do poema a mão, de Carlos Drummond de Andrade, em homenagem a Candido Portinari, Pintor da Paz:

“A mão está sempre compondo (...) / e semeia margaridinhas de bem-querer no baú dos vencidos.” > troca de ideias dos alunos, em roda, com o professor de História: comparação da

mão que “semeia margaridinhas de bem-querer” com a mão que “se for preciso faz a guerra”, considerando que em ambos os contextos poéticos está presente a denúncia da opressão e a defesa da liberdade;

> questionamento quanto à eficácia das diferentes formas de luta: a arte (como de-núncia de problemas e instrumento de conscientização política); a guerra (como confronto radical para enfrentamento de conflitos); o pacifismo (como defesa combativa da paz universal e do desarmamento das nações).

Exibição do filme Gandhi, de Richard Attenboroug (2002).

• Roda de conversa com o professor de História: o movimento pacifista; líde-res mundiais influenciados por Gandhi.

“A luta pela paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclare-cimento e de alerta que exige determinação e coragem. Devemos organizar a luta pela Paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da Paz, da Cultura, do Progresso e da Fraternidade entre os povos.” 23 (Candido Portinari)

b) “O PrimeirO a cOlOrir / nOssOs PrOblemas sOciais” 24

• Leitura da letra e audição do seguinte samba-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da Tijuca, de 1968, de Ailton Furtado e Mario Perei-ra: exaltação a candido Portinari.

Garimpo, 1938 Pintura mural a afresco

280 x 298cm

Algodão, 1938 Pintura mural a afresco

280x 300cm

Verdes campos da minha terraFlorescem, para inspirarLivre canto da minha terraCanto forte, para exaltar

PortinariDo azul celestialA beleza pictórica do mural

Com destemorRetratou, sem fantasiaNosso diário labor

Sonhos e sobrevivênciaNos cafezais, no algodoeiroNa procura eterna, o garimpeiro

Pintou, com poesiaA força que no agreste se faziaNosso chorar, nosso sorrirNa tela, gigantescos muraisFoi o primeiro a colorirNossos problemas sociais

SertãoGrande inspiradorDaquele que seriaO nosso maior pintor

MorroTambém foste retratadoE o moleque esfarrapadoQue vendia alguma coisaNo tabuleiro, para ganhar o pãoEle pintou com emoção

E quando a ONU o convidouPara o painel da Sala das NaçõesDeslumbrou, na corO tema profundo“Guerra e Paz” no mundoAssegurando o seu lugarAlém dos nossos coraçõesÉ imortal, na história da pintura universal (bis)

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• Levantamento, na letra do samba, de temas que Portinari aborda em sua obra;> visita ao site do Projeto Portinari para pesquisa de obras que retratam esses temas;

> reprodução impressa de algumas dessas obras;

> apresentação, por meio de slide show, das reproduções, acompanhadas do(s) verso(s) correspondente(s).

•“Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, afirmou Liev Tolstói, escritor russo. Assim o fez Candido Portinari, segundo declaração de João Can-dido Portinari;

> interpretação: Que trechos do samba-enredo narram esse percurso do artista, do

local para o global?

c) cidade cOmPartida

“Durante dez meses, zuenir Ventura (...) frequentou a favela de Vigário Geral (tris-temente famosa pela chacina de 21 pessoas em agosto de 1993), convivendo com o outro lado da cidade, onde a vida não vale nada e a violência é a linguagem do cotidiano. Ao mesmo tempo, acompanhava ativamente a mobilização da socie-dade civil contra a violência, que resultou no movimento Viva Rio.”

No livro Cidade partida, o autor relata essa experiência naquele subúrbio do Rio de Janeiro (RJ), sinalizando para o fato de que a “solução não consiste meramente em destruir um suposto inimigo, mas em incorporar a massa de excluídos à sociedade.” (Adaptação do texto da quarta capa do livro Cidade partida, de zuenir Ventura.

Companhia das Letras, São Paulo, 1994.)

• Debate, com base na informação anterior: Por que o jornalista zuenir Ventura teria atribuído esse título ao livro? Qual a diferença entre “partir” e “compartir”? Como relacionar “partir / compartir” a “excluir / incluir”?

• Troca de ideias: Que figuras brasileiras da atualidade contribuem ou contribuí-ram, com suas ações, para a inclusão social? Em que consistem ou consistiram essas ações? Como cada um pode dar sua contribuição, pequena que seja, no sentido de reverter ou diminuir o problema da exclusão?

Divisão da turma em 5 grupos, para criação de um samba-enredo.

• Idealização do enredo para uma escola de samba imaginária, com base na se-guinte ideia: “Rio maravilhoso de Janeiro a janeiro – Unindo a cidade partida”.

• Criação do samba-enredo.

• Apresentação cantada, para a turma, dos sambas-enredo criados;> escolha pela turma do samba-enredo em que melhor tenha sido desenvolvida a ideia

proposta.

• Gravação de CD com os cinco sambas-enredo criados pela turma.

• Idealização, para um desfile imaginário, de alas, fantasias, alegorias, carros, etc.;

> representação, por meio de desenhos, do que foi idealizado;

> exposição dos desenhos em mural, com a letra do samba escolhido pela turma.

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PrOPOsta 13

A lutA CoNtrA A guErrA, A guErrA PElA PAz 25

a) a arte da tOlerância

• Leitura em voz alta, com a participação do professor, da turma e do orientador educacional, do seguinte texto de Frei Betto: a arte da tolerância.

Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente. Não confundir com o diver-gente.

Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e ideias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar a luz sob o meu teto.

Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregar-lhes a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: “O que o senhor disse não é a verdade”. O pregador indignou-se: “Como não é verdade? Eu anunciei o que foi revelado pelos céus!”

O objetante retrucou: “Existem três verdades. A do senhor, a minha e a verda-de verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira”.

Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Assim ocorre com Milosevic, ao manter-se intransigente e não admitir os direitos dos kosovares, e com Clinton, ao decidir que seus mísseis são o melhor argumento para convencer o mundo de que a Casa Branca tem sempre razão.

Todo intolerante é um inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como um náufrago à tábua que o mantém à tona. Ele não é capaz de ver o outro como outro. A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo ou, como diz um personagem de Sartre, “o inferno”. Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões.

O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por es-forço comunitário. Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.

Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por São Paulo no Hino ao Amor da 1ª Carta aos Coríntios (13, 4-7): “é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu

Nesta proposta são abordadas, do ponto de vista da ética, questões referentes a tolerância e intolerância; a relação necessária entre esses conceitos e os conceitos de guerra e de paz. Os estudantes questionam os limites da tolerância e realizam uma reportagem sobre atitudes de omissão e conivência em relação a fatos que não podem ser tolerados. Por meio de várias atividades, debatem sobre a possibi-lidade de um novo mundo, de uma paz universal.

sugestões de atividades

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“Portinari (... ) revela toda sua atualidade e sua humanidade, a dos que lutam por um mundo possível.”

próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Ser tolerante não significa ser bobo. Tolerância não é sinônimo de tolice.

O tolerante não desata tempestade em copo d’água, não troca o atacado pelo varejo, não gasta saliva com quem não vale um cuspe. Ele jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.

Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu. Quem somos nós para, em nome de Deus, decretar se esses são os eleitos e, aqueles, os condenados?

Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. Porque quem ama não contabiliza ações e reações do ser amado e faz, da sua vida, um gesto de doação.

• Troca de ideias entre os alunos e o professor de História: Qual o papel histórico de Milosevic e de Clinton? Que fatos históricos justificam a avaliação do autor a respeito desses governantes?

• Interpretação do texto: Qual a diferença entre o diferente e o divergente? Por que todo intolerante é um inseguro? Que é ver o outro como outro?

• Debate: Qual é, para você, a intolerância mais repugnante? Por quê? Existe uma relação necessária entre tolerância e amor?

• Reflexão sobre a seguinte afirmativa de Frei Betto a respeito da pessoa tole-rante: “Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.” Que significa alteridade radical, singular? Por que jamais deveria ser negada? Você concorda com esse pensamento de Frei Betto?

• Interpretação: preenchimento das lacunas a seguir com três adjetivos, de acor-do com as ideias expressas pelo autor no seguinte trecho: “O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário. Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.”

• Portanto, o tolerante não é ________________; não é _______________; não é ____________________.

• Interpretação: preenchimento das lacunas a seguir com dez substantivos, de acordo com as ideias expressas pelo autor no seguinte trecho: “Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por São Paulo no Hino ao Amor da 1ª Carta aos Coríntios (13, 4-7): ‘é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.’”

• Logo, por oposição, seria possível atribuir ao intolerante as seguintes caracterís-ticas: ________________; _______________________; _______________________; ___________________; _______________________; _________________________; ____________________; _______________________; _________________________; ____________________.

• Levantamento de assuntos a respeito dos quais fique evidente a divergência dos alunos quanto a opiniões, posições, crenças, ideias; exemplos: obrigatoriedade do voto, sistema de cotas para ingresso na universidade;

> apresentação oral dos diferentes pontos de vista;

> defesa dos pontos de vista (argumentação);

> ratificação ou revisão de conceitos.

(Emir Sader. Guerra e Paz, p. 41)

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• Narração oral, pelos alunos, com a intermediação do professor e do orienta-dor educacional, de experiências que exemplifiquem atitudes de intolerância, quanto à não aceitação das diferenças individuais (na escola, na família e em outros contextos da vida pessoal).

• Reelaboração imaginária dessas histórias, transformando-as em relatos de to-lerância.

Divisão da turma em grupos.

• Redação, em grupo, de um diálogo que expresse a seguinte ideia:

“Ele jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.”

• Apresentação, por meio de leitura dramatizada, dos diálogos produzidos.

b) tOlerância tem limite?

• Leitura, em voz alta, com a participação do professor, da turma e do orientador educacional, do seguinte texto de Leonardo Boff: limites da tolerância.

Tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo. Os profetas de ontem e de hoje sacrificaram suas vidas porque ergueram sua voz e tiveram a coragem de dizer: “não te é permitido fazer o que fazes”. Há situa-ções em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo.

Não devemos ter tolerância com aqueles que têm poder de erradicar a vida humana do Planeta e de destruir grande parte da biosfera. Há que submetê-los a controles severos.

Não devemos ser tolerantes com aqueles que assassinam inocentes, abusam sexualmente de crianças, traficam órgãos humanos. Cabe aplicar-lhes dura-mente as leis.

Não devemos ser tolerantes com aqueles que escravizam menores para produzir mais barato e lucrar no mercado mundial. Aplicar contra eles a le-gislação mundial.

Não devemos ser tolerantes com terroristas que, em nome de sua religião ou projeto político, cometem crimes e matanças. Prendê-los e levá-los às barras dos tribunais.

Não devemos ser tolerantes com aqueles que falsificam remédios que le-vam pessoas à morte ou instauram políticas de corrupção que dilapidam os bens públicos. Contra estes devemos ser especialmente duros pois ferem o bem comum.

Não devemos ser tolerantes com as máfias das armas, das drogas e da pros-tituição, que incluem sequestros, torturas e eliminação física de pessoas. Há punições claras.

Não devemos ser tolerantes com práticas que, em nome da cultura, cortam as mãos dos ladrões e submetem mulheres a mutilações genitais. Contra isso valem os direitos humanos.

Nestes níveis não há que ser tolerantes, mas decididamente firmes, rigorosos e severos. Isso é virtude da justiça e não vício da intolerância. Se não formos assim, não teremos princípios e seremos cúmplices com o mal.

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A tolerância sem limites liquida com a tolerância assim como a liberdade sem limi-tes conduz à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam, portanto, da proteção da lei. Senão assistiremos à ditadura de uma única visão de mundo, que nega todas as outras. O resultado é raiva e vontade de vingança, fermento do terrorismo.

Onde estão então os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza. Lá onde pessoas são desumanizadas, aí termina a tole-rância. Ninguém tem o direito de impor sofrimento injusto ao outro.

Os direitos ganharam sua expressão na Carta dos Direitos Humanos da ONU, as-sinada por todos os países. Todas as tradições devem se confrontar com aqueles preceitos. Se práticas implicarem violação daqueles enunciados, não podem se justificar. A Carta da Terra zela pelos direitos da natureza. Quem os violar perde legitimidade.

Por fim, é possível ser tolerante com os intolerantes? A história comprovou que combater a intolerância com outra intolerância leva à espiral da intolerância. A atitude pragmática busca estabelecer limites. Se a intolerância implicar crime e prejuízo manifesto a outros, vale o rigor da lei e a intolerância deve ser enquadrada. Fora deste constrangimento legal, vale a liberdade. Deve-se confrontar o intoleran-te com a realidade que todos compartem como espaço vital. Deve-se levá-lo ao diálogo incansável e fazê-lo perceber as contradições de sua posição. O melhor caminho é a democracia sem fim, que se propõe incluir a todos e respeitar um pacto social comum.

Divisão da turma em grupos, para distribuição dos seguintes temas: violação dos direitos humanos e agressão à natureza.

• Criação de textos jornalísticos que denunciem atitudes de conivência com o intolerável relativamente a esses temas; > leitura e reflexão, por parte da turma, do seguinte trecho:

“A tolerância sem limites liquida com a tolerância assim como a liberdade sem limites conduz à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância pre-cisam, portanto, da proteção da lei. Senão assistiremos à ditadura de uma única visão de mundo, que nega todas as outras. O resultado é raiva e vontade de vin-gança, fermento do terrorismo.

Onde estão então os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza. Lá onde pessoas são desumanizadas, aí termina a tole-rância. Ninguém tem o direito de impor sofrimento injusto ao outro.”

> levantamento, por grupo, de fatos da vida real que exemplifiquem “cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo” (manifestação dessas atitudes no que diz respeito aos direitos humanos e à natureza);

> redação dos textos.

• Registro fotográfico, quando possível, dos fatos abordados nos textos criados pelos alunos.

• Realização de reportagem com os textos jornalísticos e os registros fotográficos.

• Veiculação da reportagem no jornal da escola ou em mural.

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d) “PrOmessas de um nOVO mundO” 27

• Debate, com a participação do professor de História, sobre o conflito no Oriente Médio: causas, consequências, geografia do conflito, principais ato-res, etc.

Exibição, pelo professor, do filme Promessas de um novo mundo, de Justine Arlin, Carlos Bolado, B.z.Goldberg (2001).

• Debate sobre o filme: Que atos de intolerância, preconceito, estigmatização são mostrados no filme? Em que consistem as promessas de um mundo novo que o filme sugere?

e) “a Paz uniVersal é POssíVel” 28

• Produção de um texto dissertativo;> troca de ideias, por toda a turma em uma grande roda, a respeito do significado

dos seguintes pensamentos de Mahatma Gandhi:

“Temos de nos tornar na mudança que queremos ver.”

“O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.”

“Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.”

“Olho por olho e o mundo acabará cego.”> redação individual da dissertação, com aproveitamento, em sua estrutura, dos

pensamentos analisados;

> apresentação oral dos textos.

• Organização de uma coletânea dos textos produzidos, que tenha o seguinte título: “Por um mundo possível”;

> ordenação dos textos, de acordo com critérios preestabelecidos;

> escolha, pela turma, de um quadro de Candido Portinari que expresse, na visão dos alunos, ideia ou sentimento de paz (consulta ao site do Projeto Portinari);

> reprodução impressa do quadro escolhido;

> confecção de capa para a coletânea; ilustração com a reprodução do quadro.

• Reprodução da coletânea para distribuição entre os alunos.

• Realização de uma Feira do Livro na escola, no caso de várias turmas se engajarem nesta atividade; além dos livros criados pelas turmas, exposição e venda de outros títulos, de editoras diversas, todos vinculados à Cultura da Paz.

Observação – A direção da escola e os professores poderão articular-se com as editoras, no sentido de viabilizar a realização da Feira.

Árabe e Israelita, 1956 Desenho a grafite e crayon/papel 23 x 16cm

um esPecial eXemPlO de intOlerância:

Em setembro de 1957, “os painéis Guerra e Paz são finalmente inaugurados na sede da ONU, em cerimônia oficial. (...) Em vista do envolvimento de Portinari com o Partido Comunista, a receptividade dos Estados Unidos esfriara. As autoridades americanas não participaram do evento e Portinari sequer foi convidado.” 26

Page 72: Caderno do Professor Guerra e Paz

sugestões de atividades

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“liBErDADE liBErDADE, ABrE As AsAs soBrE Nós”29

PrOPOsta 14

A temática social em Portinari é a motivação desta proposta. Os estudantes realizam pesquisa histórica sobre a formação de comunidades, avaliam os espaços em que residem, levantam problemas, propõem soluções, dirigem-se por escrito a autorida-des para reivindicações concretas. Paralelamente, pesquisam sobre outros caminhos, abertos por grupos da sociedade organizada. Por fim, reelaboram situações de penúria e dificuldades, expressas em quatro obras de Portinari, por meio de narrativas em que a perspectiva de mudança é possível.

“(...) todos os meninos (...) sejam vertiginosamente felizes (...)”(Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218 - 219)

a) “eu só querO é ser feliz”30

• Leitura do seguinte texto31, de autoria dos alunos Brenda, Taís, Ezequiel, Gra-ciana, David Patrick, Dominique, Taís, Weslem, Daniel, Vinícius, John Lennon, Maic, Bruno, Vanessa, Jonas, Monique, Pedro: O que tem na rocinha?

Muita violência,Muito pobre,Muito rico.Eu quero que acabe a violência!

Tem lixeiro, praiaMata, cachoeiraTem filhos doentes na ruacom a mãe pedindo comida.

Tem colégio, oficina,Muitos prédios,Casas de tijolos,Barracos de madeira.

Tem caminhão de lixo,pedra e areia

Tem motos.As motos já atropelaram muita gente.

Tem escadas, lixo na rua,Quadra, flores,Sendas e Novo Mundo também.

Tem coelho, pombo,Cachorro vira-lata, pit bullTem crianças e adultosTem polícia pra matar todo mundo.

Tem bola na loja e na vala,Tem túnel e paraquedasParaquedas?Não, é asa-delta!

• Ilustração do poema por meio de desenho, pintura, colagem ou fotografia.

• Interpretação:> levantamento, no texto, de aspectos positivos do lugar descrito pelos jovens autores; > levantamento, no texto, dos problemas listados por eles;

> análise da visão dos autores sobre o lugar onde moram, considerando a relação entre a quantidade de problemas e a de aspectos positivos.

• Criação individual de poemas com a descrição do local onde o aluno reside (rua,bairro ou cidade);

> levantamento prévio de aspectos positivos e negativos do local;

sugestões de atividades

Page 73: Caderno do Professor Guerra e Paz

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> elaboração do texto poético;

> apresentação dos poemas em uma roda de recitação.

Exibição, pelo professor, do vídeo Rap da felicidade 32.

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Julinho Rasta e Kátia: rap da felicidade.

(refrão)

Eu só quero é ser feliz

Andar tranquilamente

Na favela onde eu nasci

É...

E poder me orgulhar

E ter a consciência

Que o pobre tem seu lugar

Fé em Deus DJ

(refrão)

Minha cara autoridade eu já não sei o que fazer

Com tanta violência eu sinto medo de viver

Pois moro na favela e sou muito desrespeitado

A tristeza e alegria que caminham lado a lado

Eu faço uma oração para uma santa protetora

Mas sou interrompido a tiros de metralhadora

Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela

O pobre é humilhado, esculachado na favela

Já não aguento mais essa onda de violência

Só peço autoridades um pouco mais de competência

Vamos lá

Vamos lá

(refrão)

Diversão hoje em dia não podemos nem pensar

Pois até lá nos bailes eles vêm nos humilhar

Ficar lá na praça que era tudo tão normal

Agora virou moda a violência no local

Pessoas inocentes que não têm nada a ver

Estão perdendo hoje o seu direito de viver

Nunca vi cartão-postal que se destaque uma favela

Só vejo paisagem muito linda e muito bela

Quem vai pro exterior da favela sente saudade

O gringo vem aqui e não conhece a realidade

Vai pra zona sul pra conhecer água de coco

E o pobre na favela vive passando sufoco

Trocaram a presidência uma nova esperança

Sofri na tempestade agora eu quero a bonança

Povo tem a força, precisa descobrir

Se eles lá não fazem nada faremos tudo daqui

(refrão)

• Interpretação: > levantamento, pelos alunos, das denúncias contidas na letra do rap;

> levantamento, pelos alunos, das aspirações expressas nesse rap.

• Leitura das letras e audição dos seguintes sambas (fragmentos): “Ave-Maria no morro”, de Herivelto Martins, gravada em 1942; “Alvorada no morro”, de Cartola, Carlos Cachaça, Herminio Bello de Carvalho, 1968.

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Favela, 1957 Pintura a óleo/tela 46 x 55cm

Morro, 1951 Pintura a óleo/tela 46 x 55cm

ave-maria no morro

Barracão De zinco, sem telhado Sem pintura, lá no morro Barracão é bangalô. Lá não existe Felicidade de arranha-céu Pois quem mora lá no morro Já vive pertinho do céu. Tem alvorada, tem passarada, Alvorecer Sinfonia de pardais Anunciando o anoitecer.

alvorada no morro

Alvorada Lá no morro, que beleza Ninguém chora, não há tristeza Ninguém sente dissabor O sol colorindo É tão lindo, é tão lindo E a natureza sorrindo Tingindo, tingindo

• Troca de ideias com o professor de História: comparação entre as descrições de uma favela – nos sambas, no poema “O que tem na Rocinha?” e no “Rap da felicidade” – Teriam as favelas mudado radicalmente com o passar dos anos? Teria surgido com o passar do tempo algum fato novo? Nos sambas em questão teria havido apenas uma idealização da realidade?

• Troca de ideias com o professor de História sobre a formação das favelas no Rio de Janeiro; seus problemas desde o início; o recrudescimento desses proble-mas no fim do século XX; as tentativas de solução por parte de governos, de organizações não governamentais, da sociedade civil.

• Reflexão, em grande roda, com o professor de História: Como conseguir a paz em espaços sociais de conflito?

b) “minha cara autOridade” 33

• Criação individual de carta a uma autoridade;> debate a respeito dos assuntos a serem tratados na carta: Como é o lugar (rua, bairro,

cidade) onde o aluno mora? Quais os problemas mais graves? O que melhorou? Que soluções acredita serem possíveis? O que esperar das autoridades?

> redação da carta conforme a estrutura a seguir:

• lugar e data;

• vocativo (pronome de tratamento adequado);

• introdução – explicitação do objetivo da carta: fazer denúncias da existência de proble-mas no lugar onde o aluno mora; solicitar providências para solucioná-los;

Page 75: Caderno do Professor Guerra e Paz

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• desenvolvimento – inicialmente, enumeração e detalhamento dos problemas lo-cais em algumas das seguintes esferas: moradia, lazer, educação e cultura, saúde e saneamento, segurança; a seguir, apresentação de algumas propostas de so-lução;

• fecho – expressão do anseio de que seja atendido(a); despedida cordial e respeitosa;

• assinatura do remetente.

Atenção quanto ao uso da variante culta e do registro formal da língua, adequa-dos ao destinatário e à situação.

c) “agOra eu querO a bOnança” 34

• Leitura do seguinte pensamento:

“Os pobres só entram para a História quando arrombam as portas. Alguns as arrombam com as armas (...) Outros as arrombam com seu corajoso talento, como Candido Portinari (...)” (Mauro Santayana. Guerra e Paz, p. 145)

• Troca de ideias: Arrombar portas com o talento contribui para uma Cultura de Paz?

> pesquisa, nos diferentes veículos de comunicação, a respeito de ações sociocul-turais promovidas por grupos da sociedade civil organizada, a exemplo do Viva Rio, do AfroReggae, do Nós do Morro, da Central Única das Favelas (CUFA) e do Museu de Favela (MUF): Onde se localizam? Quando e como surgiram? A que público atendem? Que projetos socioculturais desenvolvem? Quais seus objeti-vos? Em que medida esses grupos contribuem para a não violência?

> reflexão: Qual o meu talento? Como desenvolvê-lo? Como colocá-lo a serviço da paz?

d) ViramOs O JOgO

• Reconhecimento da temática social em Candido Portinari;> leitura da seguinte consideração a respeito do artista:

“De fato, Portinari não pintava apenas por pintar. (...) É claro que amava a pin-tura a ponto de por ela sacrificar a sua própria vida. Mas era um homem ob-cecado pela missão que carregava dentro de si: a de lutar por valores sociais e humanos, a de servir ao humano.” (João Candido Portinari. Portinari pintor da paz, apresentação)

> análise das seguintes obras de Portinari:

Menino do Tabuleiro, 1947 Pintura a óleo/tela

100 x 81cm

Mulher do Pilão, 1945 Pintura a óleo/tela

100 x 81cm

Page 76: Caderno do Professor Guerra e Paz

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Quais os personagens? Qual o aspecto físico? Como estão vestidos? Que ob-jetos podem ser vistos? Qual a relação desses objetos com os personagens? Como é o ambiente em que se encontram ? O que fazem? O que as suas feições expressam? > interpretação: A observação das quatro obras confirma a consideração feita por João

Candido Portinari? Por quê?

• Criação de narrativas em que os personagens sejam os mesmos das quatro obras analisadas (cada obra deverá inspirar uma narrativa);

> esquematização do texto:

• início: “Era uma vez um menino...”; “Era uma vez uma mulher...”; “Era uma vez duas mulheres...”; “Era uma vez uma família...”

• desenvolvimento: O que aconteceu? Com quem? Quando? Onde? Por quê?

• inserção de um dado na história dos personagens, capaz de virar positivamente o jogo de sua vidas: descoberta de um talento inato; esforço pessoal de superação; ajuda providencial de conhecido ou desconhecido; amparo de uma instituição governa-mental ou não governamental; etc.;

> redação das narrativas.

• Ilustração de cada história: no início, com reprodução impressa da obra de Por-tinari que inspirou o texto; no final, com desenho ou colagem de imagens que expressem as transformações por que passaram os personagens.

• Confecção individual de livrinho com a história criada e as ilustrações.

Lavadeiras, 1937 Pintura a têmpera/madeira 46 x 54,5cm

Os Retirantes, 1955 Pintura a óleo/madeira 23 x 14,5cm

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PrOPOsta 15

“A mão Está sEmPrE ComPoNDo”35

Nesta proposta, os estudantes redigem uma carta simbólica a Candido Portinari, em resposta ao que significou para eles o percurso, realizado até aqui, através da obra do artista: o que sentiram, o que aprenderam, o que ganharam, o que neles ficou desta viagem.

(Esta carta pode ser enviada para o Projeto Portinari pelo correio ou pelo e-mail [email protected])

Carlos Drummond de Andrade, em 1962, presta a seguinte homenagem ao amigo Candido Portinari:

a mão

Entre o cafezal e o sonho

o garoto pinta uma estrela dourada

na parede da capela,

e nada mais resiste à mão pintora.

A mão cresce e pinta

o que não é para ser pintado mas sofrido.

A mão está sempre compondo

módul-murmurando

o que escapou à fadiga da Criação

e revê ensaios de formas

e corrige o oblíquo pelo aéreo

e semeia margaridinhas de bem-querer no baú dos vencidos.

A mão cresce mais e faz

do mundo-como-se-repete o mundo que telequeremos.

A mão sabe a cor da cor

e com ela veste o nu e o invisível.

Tudo tem explicação porque tudo tem (nova) cor.

Tudo existe porque foi pintado à feição de laranja mágica

não para aplacar a sede dos companheiros,

principalmente para aguçá-la

até o limite do sentimento da terra domicílio do homem.

Entre o sonho e o cafezal

entre guerra e paz

entre mártires, ofendidos,

músicos, jangadas, pandorgas,

entre os roceiros mecanizados de Israel,

a memória de Giotto e o aroma primeiro do Brasil

Mãos Entrelaçadas, 1955 Desenho a grafite e crayon colorido/papel 10 x 10cm Estudo para o painel Guerra

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“O que era dor é flor, conhecimento / plástico do mundo.”

Autorretrato, 1957 Pintura a óleo/madeira 55 x 46cm

(Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218-219)

entre o amor e o ofício

eis que a mão decide:

todos os meninos, ainda os mais desgraçados

sejam vertiginosamente felizes

como feliz é o retrato

múltiplo verde-róseo em duas gerações

da criança que balança como flor no cosmo

e torna humilde, serviçal e doméstica a mão excedente

em seu poder de encantação.

Agora há uma verdade sem angústia

mesmo no estar-angustiado.

O que era dor é flor, conhecimento

plástico do mundo.

E por assim haver disposto o essencial,

deixando o resto aos doutores de Bizâncio,

bruscamente se cala

e voa para nunca-mais

a mão infinita

a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari.

Fazer este Caderno foi uma emocionante viagem. Conduziu-nos docemente a “mão infinita / a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari”.

Guiados pelo Artista, visitamos a Guerra e a Paz, em seus múltiplos e sutis significados.

Buscamos seguir os passos do Mestre, ouvir sua voz, olhar com seu olhar, ao sugerirmos que todas as atividades tivessem o sabor de “coisas singelas ao alcance de todos: o canto, a dança, o trabalho compartilhado, a fraternidade” 36.

Na definição de João Candido Portinari 37, a obra do Artista “(...) é como uma grande carta que ele escreve ao povo brasileiro”.

Vamos, então, prosseguir esta viagem, respondendo à carta de Candido Portinari?

Page 79: Caderno do Professor Guerra e Paz

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A Candido PortinariAos cuidados de João Candido Portinari

Diretor-Fundador do Projeto Portinari/ Puc-Rio

Rua Marquês de São Vicente, 225

Gávea, Rio de Janeiro, RJ

Cep: 22453-900

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escola:

turma:

remetente:

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1. Disponível em http://www.comitepaz.org.br/dec_prog_1.htm

2. Portinari – o bauzinho do pintor. Linha do tempo 1903-1962.

3. Programa Oficina da Criança, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, publicação Sacudindo as ideias - RJ, 2000.

4. Trecho da letra da música “Minha alma (A paz que eu não quero)”, de Marcelo Yuka – Grupo O Rappa.

5.Trecho da tradução da música “Imagine”, de John Lennon. Tradução de autoria não identificada, extraída do livro História do Brasil (2º grau), de Joel Rufino dos Santos, p. 174.

6. Trecho da tradução da música “Imagine”, de John Lennon.

7. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill.

8. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill.

9. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill.

10. Programa Oficina da Criança, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, publicação Sacudindo as ideias - RJ, 2000.

11. João Candido Portinari. Portinari pintor da paz. Mostra Brasil Telecom.

12. Trecho da letra da música “De magia de dança e pés”, de Milton Nascimento.

13. Título de música de Martinho da Vila.

14. Nereide Schilaro Santa Rosa. Papel e tinta, artes do Japão. São Paulo: Editora Callis, 2008, p. 57.

15. Disponível em http://pedagogiaemfoco.pro.br/discurso.htm

16. Título de música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

17. Trecho da letra da música “Brigas nunca mais”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

18. Trecho da letra da música “Brigas nunca mais”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

19. Trecho da letra da música “Canção da América”, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

20. Trecho da letra da música “Flagra”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho.

21. Trecho da letra de “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”, samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

22. “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”, samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

23. Trecho de mensagem escrita por Candido Portinari. Guerra e Paz, p. 148.

24. Trecho de “Exaltação a Candido Portinari”, samba-enredo de 1968, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da Tijuca.

25. Fragmento de texto de Emir Sader. Guerra e Paz, p. 40: “Por isso a paz foi um dos temas igualmente privilegiados pelos mais importantes

artistas do mundo contemporâneo – a paz, a luta contra a guerra, a guerra pela paz.”

26. Portinari pintor da paz. Mostra Brasil Telecom.

27. Título do filme de Justine Arlin, Carlos Bolado, B.z.Goldberg (2001).

28. Fragmento de texto de Israel Pedrosa. Guerra e Paz, p. 126: “Com todos esses tons dourados, alegres, crepitantes de vida, o pintor parece nos dizer: A paz universal é possível.”

29. Trecho do “Hino à Proclamação da República”, de José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (letra) e Leopoldo Miguez (música).

30. Trecho da letra do “Rap da felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia.

31. Texto dos alunos da Escola Municipal Paula Brito. Programa Oficina da Criança, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, publicação Sacudindo as ideias – RJ, 2000.

32. Vídeo disponível em http://www.youtube.com/watch?v=aQPLEk_ynHI

33. Trecho do “Rap da felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia.

34. Trecho do “Rap da felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia.

35. Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218-219.

36. Fragmento de texto de Maria Luiza Leão. Guerra e Paz, p. 39: “Na Paz, via o gozo de coisas singelas, ao alcance de todos: o canto, a dança, o trabalho compartilhado, a fraternidade.”

37. João Candido Portinari, Diretor-Fundador do Projeto Portinari / Puc-Rio. Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.

rEFErÊNCiAsA – Publicações impressas

COELHO, Teixeira. O que é utopia. São Paulo: Brasiliense, 1999.

LINHARES, Célia. “Portinari na escola. Outras pontes e fronteiras para aprendizagem”. In: O escritor. Revista da UBE – União Brasileira de Escritores, número 121, julho de 2009.

MOSTRA Brasil Telecom. Portinari, pintor da paz.

PEDROSA, Israel. “Portinari e os preconceitos estéticos da Era dos Extremos.” In: Na contramão dos preconceitos estéticos da Era dos Extremos. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 2007.

PIMENTEL, Luís Antônio. Obras reunidas, 2. Prosa e Poesia Reunidas. Organização e notas de Aníbal Bragança. Niterói, RJ: Niterói Livros, 2004.

PORTINARI, João Candido e PENNA, Christina (editoria). Candido Portinari – o lavrador de quadros. Rio de Janeiro: Projeto Portinari, 2003.

PORTINARI, João Candido (concepção e coordenação geral), PENNA, Christina (organização) e HAWKINS, Lisa Dean (versão para o inglês). Candido Portinari: catálogo raisonné. Rio de Janeiro: Projeto Portinari, 2004.

NotAs

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PORTINARI, João Candido (organização). Guerra e Paz. Projeto Portinari, Rio de Janeiro.

PORTINARI, Candido. Poemas. São Paulo: Editora Callis, 1999.

PORTINARI, Candido. Portinari, o menino de Brodósqui. 2ª edição, São Paulo: Livroarte, 2001.

SANTA ROSA, Nereide Schilaro. Papel e tinta, artes do Japão. São Paulo: Editora Callis, 2008.

VENTURA, zuenir. Cidade partida. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

B – Sites

1. Academia Brasileira de Literatura de Cordel – www.ablc.com.br

2. Comitê da Paz – www.comitepaz.org.br

3. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira – www.dicionariompb.com.br

4. Projeto Portinari – www.portinari.org.br

Sites que ensinam a fazer brinquedos:

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/brinquedos-artesanais-408190.shtml?page=page7

http://www.blogdajulieta.com.br

http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-praxis-pedagogicas/MATERIAIS%20DID%C3%81TICOS/brinquedosartesanais.pdf

C – textos encontrados na internet

1. “A arte da tolerância”. Frei Betto. Disponível em <http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/artigos/espaco-aberto/pensamentos/1549.html> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

2. “Alvorada no morro”. Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho. Disponível em < http://letras.terra.com.br/clara-nunes/121207/ > (último acesso em 10 de janeiro de 2011).

3. “Ave-Maria no morro”. Herivelto Martins. Disponível em <http://www.vagalume.com.br/dalva-de-oliveira/ave-maria-no-morro.html> (último acesso em 8 de janeiro de 2011).

4. “Bola de meia, bola de gude”. Milton Nascimento e Fernando Brant. Disponível em <http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

5. “Brigas nunca mais”. Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Disponível em <http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=1095> (último acesso em 23 de dezembro de 2010).

6. “Canção da América”. Milton Nascimento e Fernando Brant. Disponível em <http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

7. “Canta Brasil”. David Nasser e Alcyr Pires Vermelho. Disponível em <http://www.letras.com.br/david-nasser/canta-brasil> (último acesso em 10 de janeiro de 2011).

8. “Declaração sobre uma Cultura de Paz”. Disponível em <http://www.comitepaz.org.br/dec_prog_1.htm> (último acesso em 10 de janeiro de 2011).

9. De magia de dança e pés. Milton Nascimento. Disponível em <http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

10. “Exaltação a Candido Portinari”. Ailton Furtado e Mário Pereira. Samba-enredo de 1968, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da Tijuca. Disponível em <http://letras.terra.com.br/grese-imperio-da-tijuca/1738003/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

11. “Flagra”. Rita Lee e Roberto de Carvalho. Disponível em <http://letras.terra.com.br/rita-lee/66794/> (último acesso em 9 de janeiro de 2011).

12. “Limites da tolerância”. Leonardo Boff. Disponível em <http://www.humaniversidade.com.br/boletins/limites_da_tolerancia.htm> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

13. “O cio da terra”. Chico Buarque e Milton Nascimento. Disponível em <http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

14. “O crime nunca mais”. MV Bill. Disponível em <http://letras.terra.com.br/mv-bill/1055679/> (último acesso em 9 de janeiro de 2011).

15. “O discurso final do filme O grande ditador”. Charlie Chaplin. Disponível em <http://pedagogiaemfoco.pro.br/discurso.htm> (último acesso em 10 de janeiro de 2011).

16. “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”. Samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. J. C. Betinho, Ribeirinho, Glyvaldo, Luis Otávio, Manoel do Cavaco, Serginho Sumaré e Vinícius. Disponível em <http://letras.terra.com.br/beija-flor-rj/120087/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

17. “O Prêmio Nobel da Paz”. Disponível em <http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laurea> (último acesso em 6 de dezembro de 2010). Tradução/adaptação.

18. “Um gênio da arte; Candido Portinari (1ª. parte)”. Daniel Fiúza. Disponível em <http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=7028&cat=Cordel> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

19. “Um gênio da arte; Candido Portinari (2ª. parte). Daniel Fiúza. Disponível em <http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=7059&cat=Cordel&vinda=S> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

20. “Viola enluarada”. Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Disponível em <http://letras.terra.com.br/marcos-valle/181016/> (último acesso em 9 de janeiro de 2011).

D - Filmes

1. Gandhi. Richard Attenboroug, 2002.

2. Garoto, O. Charlie Chaplin, 1921.

3. Grande ditador, O. Charlie Chaplin, 1940.

4. Promessas de um novo mundo. Justine Arlin; Carlos Bolado e B.z. Goldberg, 2001.

5. Romeu e Julieta. Franco zeffirelli, 1968.

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DIREçãO E REALIzAçãO PrOJetO POrtinari

Direção Geral João candido Portinari

Direção Executiva maria duarte

Assistente de Direção soledad dominguez

Estagiária sarah bazin

Acervo de Obras noélia coutinho

Acervo de Fotos e Vídeos elisa albernaz

WebSite lúcio almeida

Administração roseane macedo Vera bendia fatima Pereira reinaldo Oliveira

COORDENAçãO

expomus

Coordenação Geral maria ignez mantovani franco

Coordenação Executiva roberta saraiva coutinho

Assessoria carla nieto Vidal

Assistente de Coordenação lia ana trzmielina

Coordenação do Projeto Patrícia queiroz helena leopardi lilian fraiji

Coordenação Técnica alessandra labate rosso cecília zuchi Vezzoni cristiane morine

Coordenação Administrativa lucila mantovani ana maria barcellos de lima maria izabel casas novas andréia leite

ASSESSORIA JURÍDICA

Ptm advogados associados maria edina Portinari carla tiedemann da cunha barreto zeraik advogados associados felippe zeraik

WEBSITE GUERRA E PAz

Coordenação Geral e Editorial maria duarte

Gerente de Projeto lucio almeida

Assistentes de Conteúdo soledad dominguez sarah bazin

Desenvolvimento e Programação caos! Video&design

Direção de Arte Pedro segreto marcelo alt

Designer lui azevedo

Desenvolvimento afonso Praça diogo lean

Estagiários fernanda lopes lais tavares leandro alli zeno rocha

ASSESSORIA DE COMUNICAçãO

approach’ tools+

GESTãO ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA

rolim & Passos

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PROGRAMA EDUCATIVO

Concepção e Coordenação Projeto Portinari expomus

Coordenação Geral suely avellar carolina Vilas boas

Assistente de Coordenação isabel reis

Supervisão Editorial maria duarte

Elaboração do Caderno do Professor nadya ferreira Jesus lena Jesus Ponte

Assistente monique lopes inocêncio

Atividades de Educação Patrimonial e de Restauro edson motta Jr. (ufrJ) claudio Valério teixeira

Coordenacão da Visita Guiada maria célia leite avellar

Monitoras angélica Parada Joyce enzler Karla cristina gomes maria beatriz machado rachel leite avelar Virginia Jesus de Oliveira

Arte-Educadoras fernanda lago monica carvalho rosinete lobato dos santos

IDENTIDADE VISUAL PROJETO GRÁFICO

eg.design evelyn grumach carolina ferman

Direção de Arte e Coordenação evelyn grumach

Designers carolina ferman tatiana buratta

Estagiárias deborah Piragibe lais tavares

Finalização carlos alberto da silva

AtEliÊ ABErto DE rEstAuroPalácio gustavo capanema, rJ, fevereiro a maio, 2011

RESTAURAçãO

Cordenacão hólos consultores associados

Coordenação Técnica edson motta Jr. (ufrJ) claudio Valério teixeira

Consultora Eventual maria cristina da silva graça

Chefe de Equipe humberto farias de carvalho

Restauradores elisabete edelvita chaves da silva raimundo nonato dos santos silva anderson nonato Pereira denise de Oliveira guiglemeti Juliana da silva lopes adian moutinho somma Juliana baptista lanhas aurea ferreira chagas manuela Pita santos Pedro rubens martin felício teixeira Viviane silveira teixeira laís neri da silva Pimentel rodrigo matos mandarino eliane costaldello celio de assunção belem milton eulálio Perpétuo

Assistente de Restauração aloizio gonçalves marinho

Coordenação Geral christina gabaglia Penna

Assistente de Coordenação Patricia galliez de salles

Gerente de Projeto maria beatriz scarabotollo

ANÁLISE CIENTÍFICA DE MATERIAIS E DOCUMENTAçãO CIENTÍFICA POR IMAGEM

lacicor – laboratório de ciência da conservação

escola de belas artes da universidade federal de minas gerais

Cientista da Conservação luiz a. c. souza

Materiais e Técnicas Pictóricas alessandra rosado

Documentação Científica alexandre leão

Análise de Materiais e Espectrometria de Fluorescência de Raios X isolda mendes

Bolsistas marcos gohn laura guimarães do rego macedo

MUSEOGRAFIA

rm arquitetos

Projeto e Execução marcus Pencai reinaldo marques

Gerente de Espaço fernanda andrada

Montagem das Vitrines alessandra labate rosso sandra sautter suely avellar

créditOs 4ª caPa

Paz, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 101 x 70.5cm Estudo para o painel Paz

Portinari pintando o painel Guerra no galpão da TV Tupi. Rio de Janeiro, 1955.

créditOs caPa

Dança de Roda, 1955 Desenho a grafite, crayon, crayon colorido, sanguínea e sépia/cartão 35,5 x 35,5cm Estudo para o painel Paz

Mãe com Filho Morto, 1955 Desenho a grafite, crayon e sanguínea/papel 32,5 x 34,5cm Estudo para o painel Guerra

Mãos Entrelaçadas, 1955 Desenho a grafite e crayon colorido/papel 10 x 10cm Estudo para o painel Paz

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www.guerraepaz.org.br

Page 86: Caderno do Professor Guerra e Paz

caderno do professor

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