Bruxaria Oraculo e Magia
-
Upload
rodrigo-dias -
Category
Documents
-
view
8 -
download
1
Transcript of Bruxaria Oraculo e Magia
-
Resenha por Rodrigo Dias
Bruxaria, Orculos e Magia entre os Azande
Apndice IV Algumas reminiscncias e reflexes sobre o trabalho de campo
claro que a inteno de Evans-Pritchard no fornecer um manual rgido sobre como fazer
um trabalho de campo! Ainda que os alunos, principalmente os iniciantes, busquem
incessantemente e erroneamente uma forma correta de se fazer antropologia! Como diria
Roberto Da Matta, preciso relativizar. Alm disso, comparar, agrupar, e acima de tudo,
aproveitar todas as experincias antropolgicas de outros pesquisadores para enriquecer seus
conhecimentos sobre o que um trabalho de campo, mas no se esquea de uma coisa:
dificilmente o seu trabalho de campo ser exatamente como foi o de outro pesquisador. As
situaes sero nicas e voc ir precisar se adaptar. O que voc pode fazer se preparar para
enfrentar estes problemas que iro surgir.
E segundo Evans-Pritchard, ter uma boa formao terica em antropologia social muito mais
do que desejvel. imprescindvel! Ele argumenta que na cincia, como na vida, s se acha
aquilo que se procura. No se pode estudar alguma coisa sem se ter uma teoria a seu respeito.
muito importante fazer um estudo prvio sobre a regio que se pretende explorar, buscar relatos
de outros pesquisadores, etc. Todo saber relevante para seu trabalho de campo! Mas ele deixa
claro que preciso saber o que se procura, mas tambm preciso seguir as pistas que surgem
durante sua atividade. Se os nativos se interessam por religio, imperioso que se estude essa
relao!
Durante todo o texto, o que Evans-Pritchard faz dar alguns exemplos da sua experincia como
antroplogo, citando algumas situaes que podem se repetir durante qualquer trabalho de
campo. E algumas vezes ele arrisca dar dicas tericas que tambm devem ser levadas em
considerao. Uma delas sobre a importncia de se estudar mais de uma sociedade, sempre
que possvel. Segundo ele, alm do antroplogo ter outro parmetro que no seja a comparao
direta com a sua sociedade de origem, o prprio antroplogo j mais experiente e pode
encontrar mais facilmente aquilo que realmente importa.
Outra questo terica que ele discute sobre a condio do antroplogo enquanto observador
participante. Para ele, o antroplogo torna-se, ao menos temporariamente, um indivduo
duplamente marginal, alienado de dois mundos, do seu e do mundo dos nativos. Ao mesmo
tempo em que o observador participante busca entrar intensamente na cultura estudada, ele
tambm procura manter guardar alguma distncia de segurana que lhe permita analisar
externamente a cultura. Deixando claro que o antroplogo uma pessoa e pode ser afetado e
transformado pela cultura que est estudando.
A posio do antroplogo tambm discutida no texto. Segundo Evans-Pritchard, o pesquisador
no se encaixa nas categorias nativas, pois ele no precisa se comportar como homem ou como
-
Resenha por Rodrigo Dias
mulher em determinadas situaes. O antroplogo est fora das categorias, pois est fora da
esfera social do grupo.
Outra dica dada pelo antroplogo norte americano sobre a presena de pessoas no nativas
nas regies estudadas. Sejam missionrio, autoridades, mdicos, bilogos, etc. Nessa situao,
preciso ser condescendente. Pois embora o antroplogo saiba mais sobre teoria antropolgica
que estes habitantes, eles sabem muito mais sobre os fatos etnogrficos da regio, pelo menos
no incio do trabalho de campo. Cautela aos assuntos religiosos e com a interpretao que os
missionrios podem dar aos assuntos do grupo. Algumas aproximaes com termos do
cristianismos so frequentes e podem no representar o verdadeiro significado para o povo
estudado.
Ele ressalta que infelizmente a antropologia tornou-se uma noo repugnante para alguns povos
dos estados novos e independentes, especialmente na frica. Para estes povos, a antropologia
lhes cheira a colonialismo, que significa superioridade de uma classe ou raa sobre outras. Por
este motivo, para Evans-Pritchard, mais conveniente que os antroplogos se passem por
historiadores ou linguistas para no ofenderem ningum.
Por fim, ele volta a afirmar o que j havia feito em diversas partes do texto que extremamente
importante que o antroplogo tenha domnio sobre a lngua dos nativos. Assim ele poderia fugir
de interpretaes errneas realizadas pelos intrpretes e at poderia voltar a verificar e verificar
uma informao que no esteja sendo coerente.
Volto a afirmar que a inteno de Evans-Pritchard no fornecer um manual para o trabalho de
campo. Assim, como aporte terico, um material muito relevante para a formao de novos
antroplogos. Alm disso, a leitura extremamente fcil e suas inseres prticas so bem
explicativas, enriquecendo o conhecimento e a curiosidade.
Espero que leiam no s o apndice em questo como tambm o livro todo que referente ao
povo Azande!
Um grande abrao e boas indagaes!