Brasil Observer #002 Portuguese version

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#0002 Sob forte pressão de interesses econômicos, Marco Civil da Internet está para ser votado pelo Congresso Nacional >> Páginas 4 e 5 Festival de cinema traz para Londres variada seleção de filmes contemporâneos de idioma português >> Páginas 16 e 17 www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION Nov 19th - 2nd 2013 UKstudy.com University Partners INVISTA NO SEU FUTURO PROFISSIONAL! FAÇA A SUA GRADUAÇÃO E PÓS NO REINO UNIDO COM A AJUDA GRÁTIS E HONESTA DA UKstudy! CONTATE [email protected] | www.ofertasukstudy.com.br | UKstudyBrazil Foto: Reprodução Foto: Divulgação READ IN ENGLISH META: TRAZER NEGÓCIOS AO REINO UNIDO No lançamento do programa Sirius - plano do governo britânico para atrair empreendedores - em São Paulo, jovens brasileiros apresentam ideias inovadoras para o Reino Unido >> Páginas 10 e 11 Foto: Charle Marshall/Flickr

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No lançamento do programa Sirius - plano do governo britânico para atrair empreendedores -, jovens brasileiros apresentam em São Paulo ideias inovadoras para o Reino Unido.

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Sob forte pressão de interesses econômicos, Marco Civil da Internet está para ser votado pelo Congresso Nacional >> Páginas 4 e 5

Festival de cinema traz para Londres variada seleção de filmes contemporâneos de idioma português >> Páginas 16 e 17

www.brasi lobserver.co.uk

FREE LONDON EDITIONNov 19th - 2nd 2013

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INVISTA NO SEU FUTURO PROFISSIONAL!FAÇA A SUA GRADUAÇÃO E PÓS NO REINO UNIDOCOM A AJUDA GRÁTIS E HONESTA DA UKstudy!

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META: TRAZER NEGÓCIOS AO REINO UNIDO No lançamento do programa Sirius - plano do governo britânico para atrair empreendedores - em São Paulo, jovens brasileiros apresentam ideias inovadoras para o Reino Unido >> Páginas 10 e 11

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LONDON EDITIONNov 19th - 2nd 2013

EXPEDIENTE EDITORA - CHEFE ana toledo [email protected]

EDITORES guilherme reis [email protected] kate rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS roberta schwambach r o b e r t a @ b r a s i l o b s e r v e r. c o . u k Antonio Veiga, Gabriela Lobianco, Inner Space, Luciane Sorrino, Nathália Braga, Renato Brandão, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão, Zazá Oliva

PROJETO GRÁFICO & DIAGRAMAÇÃO wake up colab

[email protected]

DISTRIBUIÇÃO BR Jet [email protected] Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

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EM FOCO

REPORTAGEM DE CAPA

BRASIL NO UK

CONECTANDO

UK NO BRASIL

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

BRASILIANCE

A CAMINHO DA COPA

Jango e o ‘Mensalão’

Ideias inovadoras para o Reino Unido

Marco Civil da Internet está para ser votado

Sorteio dos grupos e impactos da Copa

Índios do Brasil em debate em Oxford

A música independente do menor Estado do país

Utopia Film Festival e muito mais...

National History Museum no Brasil

Malu de Martino, uma flor rara

16 - 17 CAPA DO GUIA18 GRINGO`S VIEW19 NINETEEN EIGHT-FOUR20 - 21 TRAVEL 22 GOING OUT23 COOL HUNTER24 MIND & SOUL 25 FOOD

16 - 17 18 19 20 - 21 22 23 24 25

COLABORADORES

Em nossa primeira edição, pautamos para a reportagem de capa a participação brasileira no World Travel Market, principal feira do setor de turismo do mundo que acon-teceu em Londres – e que inclusive premiou Bonito-MS como o Melhor Destino para Turismo Responsável (leia mais nas páginas 20 e 21).Já para esta segunda edição, fizemos o caminho inverso, com o intuito de mostrar a ação do governo britânico no Brasil através do lançamento oficial, em São Paulo, do programa Sirius, desenvolvido pelo UK Trade & Invest-ment (UKTI).Dessa maneira, buscamos valorizar esta via de mão dupla que fortalece o intercâmbio de conhecimento e que coloca o Brasil em posição de destaque como player internacio-nal, agregando ao conceito ‘glocal’, no qual as duas pontas são valorizadas na troca de possibilidades.Ao lado, na página 3, destacamos relevantes fatos que

estão na ordem do dia no Brasil: a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart e a prisão dos chamados “mensaleiros”. Fatos que merecem destaque, e com viés de reflexão sobre o papel da mídia em importantes acon-tecimentos políticos da história do Brasil.Diretamente de Aracaju, o projeto Conectando traz sua primeira matéria para o impresso, com um texto sobre bandas sergipanas emergentes, mostrando que o menor Estado do Brasil é celeiro de produção musical de alta qualidade, misturando sons desde a música instrumental contemporânea ao rock psicodélico. E, é claro, usando a cultura popular como referência. Confira na página 14.Desfrute a edição e mantenha contato conosco! Acom-panhe nossas atualizações em www.facebook.com/brasilo-bserver.

E D I T O R I A L

CONECTANDO O BRASIL E O REINO UNIDOpor Ana Toledo – [email protected]

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3brasilobserver.co.uk

diversos cantos do país. Criou-se um consenso em parte considerável da po-pulação de que PT é sinônimo de rou-balheira. De que absolutamente nada que vem do partido, presta.

Tal visão é claramente forjada pela chamada grande imprensa, que trans-formou a Ação Penal 470 no “maior caso de corrupção da história do país”, quando, no máximo, o caso representou o maior circo midiático da história do país. É sabido que a grande mídia bra-sileira, a mesma que ficou ao lado dos militares golpistas que derrubaram Jango da presidência, não trata com o mesmo afinco casos de corrupção que têm outros partidos no centro das denúncias.É superficial, portanto, o sentimento

que se tenta espalhar aos chamados “ci-dadãos de bem” de que a prisão dos “mensaleiros” representa o fim da impu-nidade no país. O buraco, evidentemente, é mais em baixo, e não é debatido como se deveria. Um exemplo básico de que o problema

é bem maior é o modelo de financia-mento de campanha. Explicando gros-seiramente: uma empresa privada, como uma construtora, doa milhões de reais para um partido ou político fazer campa-nha baseada em marketing – que é o que ganha eleição no Brasil. Quando eleito, esse político ou partido trabalha a favor da construção de uma obra e, através de licitações fraudadas, passa o serviço para a construtora da qual havia recebido a

“doação”. Isso acontece no país de forma generalizada, e está longe de ser prática exclusiva de um ou outro partido.

‘Mensaleiros’presos III

Por outro lado, não leva a lugar algum a reação oposta de parte dos simpatizan-tes do PT que tratam de se esgoelar em defesa dos condenados e tratar tudo e todos que criticam o partido como inimi-gos. Um partido que, durante os anos de oposição na década de 1990, era sempre o primeiro a apontar o dedo aos corrup-tos, não pode justificar o “mensalão” di-zendo que foi “simplesmente” caixa dois de campanha, pois isso também é errado.É evidente que a grande mídia e os

partidos de oposição, ao esfregar na cara da sociedade as prisões de Dirceu e Genoíno, tentam na verdade atingir fatal-mente o PT – fizeram o mesmo quando acusavam desenfreadamente o governo de Jango de comunista, e deu no que deu. Cabe ao partido e aos simpatizantes de suas políticas um olhar sem medo aos erros e o enfrentamento do debate que se avizinha pelo comando do próximo ciclo de desenvolvimento do país, para o qual o ano de 2014 será crucial.E, agora, independentemente de posi-

ção ideológica, cabe à sociedade como um todo entender a correlação das forças políticas que estão em jogo. Uma busca por fatos do passado ajuda a entender o

João Goulart: um olhar para o passado

EM FOCO

Os restos mortais do ex-presidente da República João Goulart foram recebidos em Brasília no dia 14 de novembro. O corpo de Jango, como era conhecido, ha-via sido exumado um dia antes, em São Borja (RS), e será submetido à perícia da Polícia Federal, na capital. A exuma-ção faz parte de uma investigação para esclarecer se a causa da morte de João Goulart foi mesmo um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as auto-ridades do regime militar.Deposto pela ditadura militar (1964-

1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina. O objetivo da exumação é descobrir se ele foi assassinado. Por imposição do regime militar brasileiro, Goulart foi sepultado em sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul, sem passar por uma autópsia. Desde então, existe a suspeita de que a morte de Jango tenha sido articulada pelas ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai.Tal articulação teria ocorrido sob o

comando da Operação Condor, que foi um esquema organizado pelos sistemas repressivos das ditaduras da região em conjunto com a CIA, agência de inteli-gência dos Estados Unidos, para aniqui-lar movimentos de esquerda que lutavam contra os regimes militares da América do Sul.

Mário Neira Barreiro, um antigo espião da polícia uruguaia, afirmou em diver-sos depoimentos que vigiava a família Goulart no exílio e que havia um plano para causar a morte de Jango. Segundo o ex-agente, a polícia secreta do Uruguai confiscou um frasco de remédio do ex--presidente e trocou apenas um compri-mido por outro que tinha uma substância letal para acelerar o processo cardíaco, forçando um infarto. Outros depoimentos reforçam a tese – alguns deles podem ser vistos no documentário ‘Dossiê Jango’, de Paulo Henrique Fontenelle, entrevistado para a edição passada do Brasil Observer.Para se chegar a uma resposta, serão

feitos exames em Brasília e em labora-tórios internacionais. A primeira etapa é a análise antropológica, que detalhará informações sobre substâncias venenosas que eram usadas no Brasil, na Argentina e no Uruguai e podem ter causado o envenenamento do ex-presidente. Nesse momento, serão reunidos dados médicos e pessoais de Jango. Além disso, será feita a análise do DNA. A segunda etapa da perícia será o exame toxicológico dos restos mortais de Goulart para confirmar se houve envenenamento.

Como se sabe, João Goulart assumiu a presidência do Brasil de forma legíti-ma e foi deposto antes de colocar em prática uma série de medidas que visa-vam uma reforma profunda na socieda-de brasileira, as chamadas reformas de base, que entre outras coisas previam a reforma agrária. Sua volta ao país sem-pre foi tratada com muita preocupação pelo regime militar, pois o político ti-nha grande apoio da população. Naquela época, apoiados pelos estadunidenses, os militares sul-americanos assumiram para si a tarefa de acabar com um suposto comunismo emergente na região. O re-sultado é história: anos de repressão e atraso no desenvolvimento democrático.

‘Mensaleiros’ presos IForam expedidos no dia 15 de no-

vembro os mandados de prisão de 12 condenados na Ação Penal 470, mais conhecida como processo do “Mensa-lão”, esquema de corrupção pelo qual, segundo julgamento do Supremo Tribu-nal Federal (STF), membros do Partido dos Trabalhadores (PT) usaram dinheiro público para comprar votos favoráveis de parlamentares de outros partidos, através da colaboração de empresas privadas e instituições financeiras. A decisão sobre a execução das pe-

nas, que em alguns casos ultrapassam dez anos, foi tomada na quarta-feira (13) após os ministros rejeitarem os segundos embargos de declaração apresentados pe-los réus condenados no processo.Entre os condenados, destacam-se o

ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, e o ex-presidente do PT, José Genoíno. Dos 12 mandados de prisão somente um não foi cumprido, o do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que fugiu para a Itália e é considerado foragido pela Polícia Federal.

‘Mensaleiros’ presos IIPara além da discussão jurídica do

processo, conduzido pela corte máxima do país, vale analisar as ações da mídia em torno do caso e a reação em massa da sociedade brasileira com a prisão de líderes do Partido dos Trabalhadores.Há, é inegável, um ódio evidente em

relação ao PT. E isso pouco tem a ver com senso de justiça. São inúmeras as declarações raivosas a favor das prisões, senão a morte, de Dirceu e Genoíno em

Por Guilherme Reis

Foto: Agência Brasil

É representativo o fato de o corpo do ex-presidente João Goulart ter sido recebido em Brasília na mesma semana da execução dos mandados de prisão dos condenados no processo do “mensalão”

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BRASILIANCENO CONGRESSO

Câmara dos Deputados colocará em votação projeto de lei que re-gulamenta o setor, mas garantia da liberdade de expressão, do acesso universal e da privacidade dos da-dos está posta em xeque pela pres-são de interesses econômicos.

A INTERNET BRASILEIRA AMEAÇADA

Por Wagner de Alcântara Aragão

O Brasil corre o risco de aprovar uma legislação para regulamentar a internet que venha a se tornar uma ameaça à liberdade de expressão e ao direito à comunicação social no país. É o alerta que vêm fazendo movimentos sociais, especialistas e parte dos próprios legisladores sobre o desvio de percurso so-frido pelo chamado Marco Civil da Internet, o qual se esperava ser votado pela Câmara dos Deputados, finalmente, na terceira semana de novembro.Não que a falha esteja na proposta original. Ao

contrário. O projeto de lei federal que institui o mar-co regulatório começou a ser construído pelo governo brasileiro em 2009, em processo que contou com a contribuição de representantes da sociedade; em 2010, chegou a receber sugestões de internautas por meio

de um ambiente virtual criado exclusivamente para a coleta de propostas.No entanto, a pressão de interesses de grandes gru-

pos econômicos, principalmente das operadoras de tele-fonia, provedores e de conglomerados de comunicação, pode fazer com que o texto original do projeto seja descaracterizado. Essa pressão se intensificou de dois meses para cá, desde que a presidenta Dilma Rousseff, em setembro, enviou mensagem à Câmara dos Deputa-dos pedindo urgência na tramitação do projeto de lei, depois que vieram à tona os casos de espionagem dos Estados Unidos sobre o Brasil.São pelo menos três os pontos cruciais defendidos

pelo governo brasileiro, por legisladores do campo progressista e por movimentos sociais, e que enfrentam resistência do poder econômico: o conceito de neutra-lidade da rede, a obrigatoriedade de armazenamento de dados dos internautas brasileiros em servidores lo-calizados dentro do território nacional e a garantia da liberdade de expressão e de publicação de conteúdos. Desses três, o conceito de neutralidade da rede é

o mais elementar, tanto na avaliação do relator do projeto, deputado federal Alessandro Molon, como na do presidente da comissão que discute na Câmara o assunto, deputado federal João Arruda. É, ao mesmo tempo, o item que mais sofre oposição dos grupos econômicos e dos parlamentares e analistas alinhados às teorias de liberalização do mercado.Para os dois deputados, estabelecer no marco regula-

tório o conceito de neutralidade da rede é imprescindí-vel, até para que outros direitos - como o da liberdade de expressão - sejam assegurados. A neutralidade da rede vai impedir, por exemplo,

que a operadora libere acesso ilimitado a redes de maior interesse - como Twitter, Facebook e Youtube - só aos usuários que contratarem um plano mais “no-bre”, portanto mais “caro”. Proíbe que uma operadora limite a quantidade de acessos a esses ou outros sites de acordo com o plano adquirido pelo usuário. O úni-co critério que poderá ser utilizado pela operadora para diferenciar seus pacotes é o da velocidade da conexão, não o de sites e redes mais ou menos “populares”.Justamente por não restringir o acesso a sites em

função do preço do pacote é que a neutralidade garan-te a todos, independentemente da condição financeira, a liberdade de acessar e se expressar no espaço virtual que considerar mais conveniente. Sem o princípio da neutralidade, tem-se o iminente risco de que só os mais favorecidos economicamente terão chance de pu-blicar seu comentário, sua informação, sua opinião, seu vídeo ou sua foto nas redes de maior audiência. Quem não tiver dinheiro para pagar um plano que permita acesso aos sites mais buscados, terá de se contentar em, no máximo, se expressar em espaços de menor audiência. Exemplificando: quem puder pagar mais, conseguirá utilizar o Facebook; quem não puder que se satisfaça apenas com o Orkut mesmo.Mas não é só na oposição à neutralidade da rede

que a liberdade de expressão está em xeque se o Marco Civil da Internet for aprovado com cessões à pressão dos grupos econômicos. Há também esse risco se for incluída no texto final a possibilidade de se obrigar extrajudicialmente usuários detentores de perfis em redes sociais, de blogues e sites a retirarem do ar

material cujo direito autoral/patrimonial seja reivindi-cado por terceiros. As Organizações Globo encabeçam esse pleito.Na prática, isso permite que um blogueiro seja for-

çado, mesmo sem ordem judicial, a remover algum texto ou vídeo de terceiro caso este alegue violação do direito autoral/patrimonial. Nesse caso, mais do que restringida, a manifestação artística, cultural ou de opinião tende a ser cerceada, na avaliação de mo-vimentos sociais engajados na área de comunicação. Afinal, o usuário da internet se sentirá previamente constrangido em se expressar utilizando de conteúdos de outros, dado o risco de ser inquirido a suspender sua produção e arcar com eventuais danos decorrentes de supostos (porque não seriam necessariamente julga-dos) usos indevidos.Já a obrigatoriedade de que os dados de internautas

sejam armazenados, pelos provedores, em servidores instalados no Brasil é o item que vai ao encontro da urgente necessidade de o Estado brasileiro garantir a privacidade de seus cidadãos. Foi diante das espio-nagens como a norte-americana, recentemente desco-bertas, que o governo federal identificou no Marco Civil da Internet o instrumento para proteger o país de tais investidas. Dada à gravidade dos fatos que vieram à tona, a

própria presidenta Dilma Rousseff assumiu para si a incumbência de motivar a aceleração da apreciação da matéria pelo Legislativo, ao pedir o regime de urgência na tramitação. A votação do projeto de lei já esteve em pauta nas sessões da última semana de outubro e nas duas primeiras de novembro, mas foi retirada exatamente pela falta de consenso derivada da pressão exercida pelos grandes grupos econômicos. A mais recente previsão é de que a apreciação entrasse na pauta dia 19 de novembro.

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5brasilobserver.co.uk

- Em 2009, o governo brasileiro, em trabalho coordenado pelo Ministério da Justiça, começa a elaborar o projeto de lei que institui o marco civil para a internet no país.

- Entre abril e junho de 2010, por 45 dias uma versão preliminar do anteprojeto é colocada na internet para consulta pública e acolhimento de críticas e sugestões.

- Em agosto de 2011, a presidenta Dilma Rousseff enca-minha o projeto ao Congresso Nacional. A partir de então, o projeto tramita na Câmara dos Deputados; audiências públicas e seminários regionais são promovidos.

- Em setembro de 2013, depois que o ex-agente Edward Snowden, da agência de segurança dos Estados Unidos, revelou casos de monitoramento de comunicações feitas pelo governo norte-americano, inclusive de contatos pes-soais da presidenta Dilma Rousseff, esta envia à Câmara dos Deputados um pedido de urgência para o projeto do Marco Civil da Internet. Dilma defende que o marco esta-belece regras que asseguram a privacidade dos usuários da rede no Brasil.

- Com o pedido de urgência, a Câmara tem 45 dias para colocar o projeto em votação pelo plenário. Enquanto o projeto não é apreciado, a pauta é trancada.

HISTÓRICO DO PROJETO

- Os deputados Alessandro Molon (foto à esquerda), pelo Rio de Janeiro, do Partido dos Trabalhadores (PT), relator do projeto de lei do Marco Civil da Internet, e João Arruda, pelo Paraná, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), presidente da comissão especial criada para discutir o projeto, estão entre os parlamentares a defender os principais pontos previstos no texto original da proposta.

- Por outro lado, o deputado Eduardo Cunha (foto à direita), do Rio de Janeiro, do PMDB, tem se sobressaído como principal liderança entre os que pleiteiam as alterações defendidas principalmente pelo Sinditelebrasil (sindicato que reúne as operadoras de telefonia) e pelas Organizações Globo. Em pronunciamento na Câmara dia 6 de novembro e pela sua conta no Twitter, o parlamentar tem declarado que a defesa da neutralidade tem sido sustentada por razões “ideológicas” e não técnicas ou legais.

PERSONAGENS

De que lado você está nesse debate? Dê sua opinião @brasilobserver #MarcoCivildaInternet

Fotos: Agência Brasil

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6 brasilobserver.co.uk

DESENVOLVIMENTO

BRASIL NO UK

Populações indígenas do Brasil em debate

Em rara oportunidade de ou-

vir um dos maiores conhece-

dores de grupos indígenas do

mundo, Dr. John Hemming,

britânicos e residentes do

Reino Unido são encorajados

a aumentar seus conhecimen-

tos sobre o tema.

O centro de estudos sobre florestas tropicais de Oxford (Oxford Centre for Tropical Forests, em inglês) realiza no dia 29 de novembro um debate sobre os desafios enfrentados pelos milhares de indígenas brasileiros no século 21. Ainda que essas populações enfrentem até hoje extremas dificuldades, avanços em questões relativas às demarcações de terra e o reestabelecimento do orgulho indígena fazem com que eles estejam mais preparados do que nunca para es-treitar relações com os tempos modernos.Quem estará à frente do debate no

final do mês na cidade de Oxford será o Dr. John Hemming, veterano explora-dor de 78 anos que sabe o lado bom e ruim da experiência indígena. O evento é gratuito (vagas podem ser reservadas em https://bookwhen.com/octf) e muito recomendado para aqueles que querem se manter conectados com a cultura bra-sileira mesmo no exterior.Nascido no Canadá e graduado em

Oxford, Hemming tinha apenas 25 anos quando foi pela primeira vez ao Brasil descobrir territórios inexplorados junto com os colegas Richard Mason e Kit Lambert, em 1961. Ainda que possamos pensar que o Brasil e o Reino Unido

só começaram a colaborar em pesquisas científicas nos últimos anos (como temos visto diante das iniciativas do programa Ciência sem Fronteiras), Hemming esta-va abrindo caminho na área há tempos. A viagem foi comissionada pelo Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que pediu aos três jovens que pesquisassem florestas desconhecidas, seus rios e populações.A primeira expedição de Hemming,

porém, terminou em tragédia – a des-conhecida tribo Panará armou uma em-boscada que terminou com a morte de Richard Mason. Apesar disso, Hemming continuou disposto a continuar sua inves-tigação, chegando a fazer contato com a tribo Panará e visitando eles novamente em 1998. Durante um ano sozinho (1972-73),

Hemming visitou 45 tribos pelo Brasil; ele foi a primeira pessoa a fazer contato com muitas dessas populações. Hemming catalogou suas experiências e descobertas em três volumes sobre grupos indígenas no Brasil, o que lhe rendeu grande visi-bilidade e críticas positivas.O comprometimento em estudar as flo-

restas brasileiras também rendeu a Hem-ming o título da Ordem Nacional do

Cruzeiro do Sul, entregue pelo governo do Brasil em 1998, e um longo manda-to como diretor do ‘Royal Geographical Society’, embora ele tenha sempre per-manecido uma figura carismática. Em uma entrevista à instituição bri-

tânica ‘Friends of the Earth’ durante a celebração dos 40 anos da entidade, Hemming disse: “Eu vi a Amazônia pela primeira vez em 1961, aos 25 anos, e me apaixonei. Eu estava explorando o Iriri, que então era considerado o maior rio ainda inexplorado do mundo, com dois amigos e nossos guias indígenas. O governo brasileiro nos autorizou a nomear as áreas, então demos os nomes de nossas namoradas brasileiras. Foi algo um pouco constrangedor depois”.Sem dúvida foram a maneira de ser

de Hemming e seu senso de humor que o ajudaram a encontrar populações indígenas e também se tornar uma li-derança na luta contra o desmatamento. Em situações nas quais alguns cien-

tistas falham ao passar suas mensagens, Hemming sempre soube como engajar as pessoas na luta pelo do meio ambiente ligando sua proteção com nossas atitudes diárias. Na mesma entrevista, ele disse: “O que podemos fazer para ajudar? Coi-

sas simples como evitar peças de mog-no, comer soja de plantações éticas e apoiando organizações. Todos nós temos que agir como guardiões das florestas”.Esse debate é uma oportunidade

fantástica de descobrir mais sobre as questões modernas que estão sendo en-frentadas pelos índios do Brasil, assim como explorar os motivos pelos quais todos devemos nos interessar pelas flo-restas brasileiras e fazer nossa parte. O centro de estudos de florestas tropi-

cais de Oxford foi estabelecido em 2008 e recebe diversos eventos e debates. Com uma vasta rede de organizações, incluin-do instituições de caridade, negócios pri-vados e vários grupos de pesquisa da Universidade de Oxford, o centro procura construir conhecimento e políticas para a proteção das florestas tropicais. Com o Brasil na corrida industrial e

econômica para se tornar uma potência, mais do que nunca é hora de refletir sobre o que esse futuro significa para todos os brasileiros, inclusive àqueles que pertencem a outra tribo.

Por Kate Rintoul

Foto: Reprodução Índios estão mais preparados para enfrentar o século 21?

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7brasilobserver.co.uk

Dr. Dixon, diretor do Natural History Museum, em visita ao

Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília

Rafael Câmara/Embaixada Britânica

CULTURA E PESQUISA

Museu de História Natural de Londres busca parcerias no Brasil

UK NO BRASIL

Depois de acordos firmados entre o V&A Museum e o Museu Nacional da República, mais projetos de cooperação entre instituições culturais brasileiras e britânicas devem ser anunciados em breve.Por Nathália Braga

As relações entre brasileiros e ingle-ses não poderiam estar melhores. Além da boa política entre Brasil e Reino Unido resultante da passagem dos Jo-gos Olímpicos de Londres 2012 para o Rio 2016, o setor cultural também tem mostrado bons avanços. Depois da parceria firmada este ano entre o Museu Nacional da República e o Victoria & Albert Museum, mais notícias podem vir por aí. Entre os dias 5 e 13 de novembro, o

diretor do Museu de História Natural de Londres, Dr. Michael Dixon, visitou o Brasil para participar de reuniões com o objetivo de ampliar o alcance do museu – que já é um dos maiores do mundo – por meio de projetos de educação e cultura em conjunto com o país. O diretor passou por São Paulo, Rio

de Janeiro, Minas Gerais e Brasília e conversou com representantes de impor-tantes instituições como Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, o Instituto Inhotim, em Minas Gerais, e o Mu-seu Nacional, no Rio de Janeiro. Além desses encontros, fez também reuniões com a Fapesp e Faperj – Fundação de Amparo à Pesquisa dos Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente –, e com os museus paulistas de geoci-ências, arqueologia e zoologia. Apesar da agenda lotada, por enquanto

ainda tudo está em fase de especulação, segundo apurou a reportagem do Brasil Observer. A visita tratou-se de um pri-meiro momento de reconhecimento das oportunidades existentes no Brasil. “Por enquanto, não é possível divulgar ne-nhum acordo formal feito durante essa passagem dele [do diretor] pelo país”, informou a assessoria de imprensa do Consulado Britânico no Brasil. Antes da viagem, o diretor, por sua

vez, afirmou em nota: “Já temos fortes

conexões com o Brasil. Muitos pesqui-sadores nos visitam em Londres para conversar com nossos cientistas e aces-sar as coleções do museu. Da mesma forma, os nossos cientistas costumam viajar ao Brasil para trocar conhecimen-tos. Essa visita expressa a importância que damos às relações com o Brasil”.

Turismo e ciência

Com um vasto acervo de espécimes da história natural do Reino Unido, o Museu de História Natural de Londres é, sem dúvida, um dos pontos mais visitados da capital inglesa. São, aproximadamente, cinco milhões de visitantes por ano. A coleção conta com mais de 80 mi-

lhões de espécimes de plantas, animais, fósseis, rochas e minérios de diversas partes do mundo. Em 2013, o museu re-cebeu a exposição ‘Gênesis’, do renoma-do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.

Acordos anteriores

Em abril deste ano, o diretor do V&A Museum, Martin Roth, esteve com sua equipe em Brasília, em um encontro recepcionado pela ministra da Cultura, Marta Suplicy.A visita serviu para tratar da parceria

entre o V&A, o Museu Nacional da República e o Ministério da Cultura. Entre as ideias debatidas estavam a

realização de um ciclo de exposições e debates, a serem realizados juntamente pelo V&A e o Museu Nacional da Re-pública durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O mu-seu britânico é maior do mundo quando se trata de artes decorativas e design.

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8 brasilobserver.co.uk

PERFIL

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9brasilobserver.co.uk

Diretora de ‘Margaret Mee e a Flor da Lua’ conta ao Brasil Observer sobre sua expedição pela Amazônia, em busca da rara flor que foi o objeto de desejo da inglesa que é a personagem central de seu longa-metragem; apaixonada pelas esquinas de Londres, Malu relembra os momentos na floresta

brasileira e garante: ‘foi mágico’.

Entrevista e Foto: Rômulo Seitenfus

A cineasta Malu de Martino trilhou um extenso caminho para produzir o longa--metragem vencedor da quinta edição do Brazilian Film Festival de Londres, ‘Margaret Mee e a Flor da Lua’. O documentário conta a história real de Margaret, uma artista plástica inglesa que desbravou a Floresta Amazônica registrando plantas ameaçadas de ex-tinção. Na procura pela Flor da Lua, a personagem central do filme deixa um legado: em tempos de ditadura – a busca fora iniciada em 1967 – pôde denunciar a destruição da floresta brasi-leira internacionalmente e dar voz a um ecossistema abandonado.No documentário, tocada pela força de sua protagonista, Malu de Martino re-

produz a última expedição da artista inglesa em terras brasileiras, na busca pela rara planta que nasce somente na copa das árvores. A obra cinematográ-fica é rica em material, tem fotografia impecável e depoimentos emocionantes; obra digna da premiação.Nesta entrevista exclusiva, Malu revela detalhes da produção, cita Londres e a Inglaterra como parte de seu trabalho, fala da importância política e social do filme e, emocionada, expressa o senti-mento de ter estado dentro de um barco rodeado por jacarés enquanto filmava sua mais recente película.

Você foi ao difícil encontro da rara Flor da Lua para contar a história de Mar-garet Mee. O prêmio é também fruto do sucesso dessa procura?

Pois é. Parti do princípio da grande bus-ca de Margaret Mee pela Flor da Lua, uma planta muito rara que nasce somente na copa das árvores no período de cheia do Rio Negro. Ela buscou desde 1967 até encontrá-la, em 1998. Comecei o pensa-mento por essa busca da Flor da Lua e

decidi refazer sua última expedição para encontrar essa flor.

Em quanto tempo foi feita a produção do filme?

Foram três anos, entre roteiro e finaliza-ção. Mas a filmagem em si ocorreu em quatro semanas, na Amazônia, em São Paulo, no Rio, aqui em Londres e em Chesham, Buckinghamshire - aqui na In-glaterra -, onde ela nasceu.

Você conseguiu, incluindo longas via-gens, manter um orçamento baixo (R$ 900 mil) para um filme de longa-metra-gem. Como ocorreu esse processo?

O orçamento desse filme está dentro dos orçamentos normais de documentários no Brasil, em torno de R$ 900 mil. Fo-mos bastante econômicos porque tínha-mos deslocamentos, e sabíamos disso. Vim até Londres fazer a pesquisa no Kew Gardens, três vezes. Aliás, Londres já faz parte da minha história profissional. Fil-mei aqui uma parte do meu filme anterior, “Como Esquecer” [uma ficção com Ana Paula Arósio e Murilo Rosa]. Eu adoro essa cidade, é incrível, o cenário é espe-tacular; por mim faria muitos filmes em Londres. Toda a esquina daqui é um ce-nário incrível, mesmo.

Parte da vida de Margaret Mee no Bra-sil foi durante o regime militar; como estrangeira ela teve um papel impor-tantíssimo politicamente...Sim. Ela mudou-se para o Brasil em 1952, para viver em São Paulo, fazendo excursões pela Mata Altlântica. Ela foi pela primeira vez à Amazônia em 1956. Retornando frequentemente, ela via um pouco da destruição, o que o progresso estava causando à floresta. Começou a

pensar que a ajuda que ela poderia dar à preservação seria desenhando as espé-cies que poderiam não estar mais ali em alguns anos. Quando a ditadura iniciou, em 1964, ela como estrangeira poderia falar o que quisesse. Teve comunicação com políticos e alertou o mundo sobre a importância da preservação.

As imagens e gravações da voz de Mar-garet foram acrescentadas ao documen-tário e isso deu ao filme muita riqueza de conteúdo. Foi difícil conseguir esse material?

Tive acesso aos arquivos da época em que ela viajava com o Toni Morrison. Houve uma entrevista que ela deu à WNBC, nos Estados Unidos, com ma-terial de arquivos, áudios das entrevis-tas, imagens dela, e também da última viagem que o Toni Morrison gravou em vídeo.

Para você, qual foi o ápice de toda a produção?

Para mim foi a viagem à Amazônia, e também a viagem ao interior daqui da Inglaterra. Fui à Amazônia com duas câmeras, descemos do avião em Ma-naus, entramos numa van e fomos parar dentro do barco. Seis horas depois eu estava no meio do nada. Não havia nada desse lado, nem do outro. Era o rio e estrelas envolvendo a gente. Ali eu entendi tudo! O porquê fui chamada para fazer esse filme.

E por quê? Quero ouvir de você essa resposta...

Para que as pessoas entendam a im-portância. Você mesmo disse antes da entrevista: a Amazônia é o pulmão do mundo, e pulsante o tempo todo. Não podemos passar um segundo sem sentir. Ficar cinco horas numa canoa esperando uma flor abrir e olhando os olhinhos dos jacarés e os barulhinhos da floresta! Ah, aquilo foi mágico e inesquecível!

MALU DE MARTINO, UMA FLOR RARA

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EMPREENDEDORISMO

CAPA

Ideias foram apresen-tadas no lançamento do programa Sirius no Brasil; plano do gov-erno britânico para atrair empreendedores prevê financiamento de 12 mil libras, su-porte para captação de clientes e ajuda na obtenção de visto.

Da Redação

Passava do meio dia de terça-feira dia 12 de novembro e o calor inten-so, com o sol escaldante na cidade de São Paulo, parecia o clima per-feito para um dia de repouso à beira de uma piscina. Só parecia, pois no Centro Brasileiro Britânico da capi-tal paulista, localizado na região de Pinheiros, a proposta daquela tarde era outra: caminhar rumo ao sonho de se tornar um empreendedor no Reino Unido. Estava programado para as 2pm o

lançamento oficial do programa Si-rius (Sirius Programme, em inglês) no Brasil. Desenvolvido pelo gover-no britânico através do UK Trade & Investment (UKTI), o programa tem como objetivo atrair talentos empre-sariais para o Reino Unido. Um dos pacotes de investimento mais abran-gentes do mundo, de acordo com a descrição oficial do programa, é destinado a recém-formados ou es-tudantes que estejam no último ano do curso de graduação, mestrado ou programas de pesquisa. Na entrada do Centro Brasileiro

Britânico em São Paulo, um prédio imponente que parece ter sido levado diretamente da região de Liverpool Street para a maior cidade do Brasil, a reportagem do Brasil Observer foi encaminhada ao segundo andar, onde uma sala devidamente climatizada re-cebia os candidatos. A atmosfera era de ligeira ten-

são, com olhares observadores que tentavam ler nas entrelinhas o que estava por vir – isso porque, além da apresentação oficial do progra-ma, o evento serviria para uma pré--seleção dos candidatos, realizada pelo recrutador do Sirius Program-me, Alessio Bortone, que chegara ao Brasil horas antes.Com todos devidamente acomoda-

dos – cerca de 20 pessoas estavam na sala -, a primeira pessoa a falar foi Raquel Kibrit, Gerente de Inves-timentos Estrangeiros para o Reino Unido. O tema de sua apresentação foi a internacionalização de startups brasileiras. O programa Sirius, disse ela, seria capaz de proporcionar aos brasileiros as ferramentas necessárias para se tornarem “protagonistas da inovação” e possibilitar que o Brasil “tenha uma vanguarda no exterior”, o que consequentemente traria avan-ços ao país.Raquel continuou sua apresenta-

ção apontando algumas vantagens de montar um negócio no Reino Unido, como a rapidez para a abertura de uma empresa (cerca de duas horas), leis trabalhistas mais flexíveis (com a

possibilidade de contratação de em-pregados em regime de horas), taxas de imposto menores do que no Bra-sil, posição central do país e o fato de Londres receber 70% das sedes de empresas europeias, o que amplia as oportunidades de negócios. A gerente de investimento apro-

veitou ainda para dar alguns exem-plos de jovens empresários brasilei-ros que foram ao Reino Unido com financiamento do UKTI, entre eles Flávia Portella, do Rio, CEO do Bossa Lab, e Yuri Zaidan, de Reci-fe, CEO do Fisiohub.Em seguida, Alessio Bortone to-

mou a palavra e logo deixou claro que sua missão era “viajar o mundo em busca de empreendedores, saber suas ideias e sonhos”. “Com a cri-se financeira”, disse ele, “o governo britânico descobriu que não poderia assumir sozinho a tarefa de criar em-pregos, então disse às pessoas: ‘co-loquem seus negócios em prática e criem postos de trabalho’”. Neste momento, ficou claro qual

é realmente a intenção do governo britânico com o programa Sirius: mais do que atrair “mentes brilhan-tes” para o Reino Unido, o objeti-vo é que postos de trabalho sejam criados a partir de ideias inovado-ras. “O critério número 1 para a seleção dos candidatos é o potencial para criar empregos”, afirmou Ales-sio durante sua apresentação, para em seguida discorrer sobre o que o programa oferece de fato aos candi-datos aprovados. O programa, explicou ele, oferece

aos candidatos aprovados um pacote de apoio de 12 meses de duração, incluindo investimento de 12 mil li-bras para cada membro empreende-dor da equipe (no máximo quatro pessoas), suporte para captação de clientes, ajuda na obtenção do visto e na mudança para solo britânico.As 12 mil libras são para gastos

pessoais, ou seja, são mil libras por mês para viver – pagar aluguel, co-mida e transporte. O montante garan-te, segundo afirmou o próprio Ales-sio, “uma vida sem luxo”.As vagas serão oferecidas men-

salmente, entre outubro de 2013 e janeiro de 2014, e os projetos ins-critos serão avaliados e selecionados por um painel de especialistas. Para concorrer a uma vaga no programa Sirius, é preciso fazer uma aplicação online através do endereço eletrônico www.siriusprogramme.com

JOVENS BRASILEIROS APRESENTAM PROJETOS INOVADORES PARA SEREM

IMPLEMENTADOS NO REINO UNIDO

Xoboi, ideia apre-sentada por Gusta-vo Costa (Contato: gu s t avo@xobo i .com.br)

Você Aprende Agora,

empreendimento de Felipe

Dib (contato: felipemdib@

yahoo.com.br)

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JOVENS BRASILEIROS APRESENTAM PROJETOS INOVADORES PARA SEREM

IMPLEMENTADOS NO REINO UNIDO

AGRI-TECH, ESTACIONAMENTO VERTICAL E INGLÊS ONLINE

Entre as cinco ideias apresentadas logo após as explicações de Alessio Bortone, três chamaram a atenção da reportagem do Brasil Observer. A primeira delas é uma platafor-ma chamada Xoboi. Trata-se de um aplicativo online que visa facilitar a vida dos agricultores que precisam comprar todos os tipos de insumos para suas fazendas. Usando o site www.xoboi.com.br, os clientes pode-riam fazer a cotação e a compra dos produtos, recebendo a encomenda sem sair de casa. Isso resultaria na economia de tempo e dinheiro que seriam gastos com o deslocamento na busca pelos insumos.Tal ideia pertence a Gustavo Rios

Costa, de 20 anos, natural de Ara-piraca, Alagoas. Hoje residente em Maceió, capital do Estado, o estu-dante de administração viajou mais de duas horas e meia de avião até São Paulo só para participar do evento. “Quando vi a oportunidade de apresentar meu empreendimento, não pensei duas vezes, pois não sa-bia quando poderia ter uma próxima chance”, disse ao Brasil Observer.Gustavo explicou que pretende le-

var seu negócio para o Reino Uni-do porque o país “é uma forte re-ferência no mundo agri-tech, sendo possível aplicar esse conhecimento tanto no Brasil quanto no setor agrícola britânico”. “O que também me chama atenção é o LABEX, um laboratório de pesquisa brasi-leiro situado no Reino Unido, onde seria bastante propício desenvolver meu negócio, analisando as necessi-dades brasileiras e europeias e me capacitando para atender ambos os mercados”, completou.Outra proposta bastante inovadora

apresentada foi um sistema de arma-zenamento vertical de veículos to-talmente automatizado. Diferente de outros sistemas de verticalização já implementados, o modelo proposto

dispensa um espaço dedicado ex-clusivamente para a movimentação dos carros e por isso possuiu uma taxa de ocupação de 100% a partir do primeiro nível, ou seja, todo o volume do estacionamento pode ser ocupado por carros.A ideia foi apresentada por Car-

mine Alexandre Cifelli, de São Pau-lo, formado em engenharia mecânica – seu sócio no projeto é Vinicius Pacheco Moreira Amorim, de 31 anos, também engenheiro mecânico. Ambos estão prospectando investi-dores para viabilizar a montagem de um primeiro protótipo em escala real. De acordo com o estudo feito por eles, esse protótipo custará por volta de U$ 100.000 e cada vaga estará no mercado a U$ 10.000.Sobre as possibilidades de seu ne-

gócio ser implementado em terras britânicas, Carmine argumentou que “Londres é a cidade mais cara do mundo para se estacionar, com men-salidades superiores a U$ 1,000”. “Nossa tecnologia poderá ser facil-mente aplicada em Londres a um custo relativamente próximo ao cus-to que teremos no Brasil. Isso tor-na a implementação do sistema em Londres muito mais atraente, pois o preço de uma vaga chega a ser mais de cinco vezes o valor praticado em São Paulo”, completou. Carmine disse ainda que, após o

feedback de Alessio, teve a certe-za de que estacionamentos são um tema global e demanda inovação. “Pensamos na internacionalização da empresa como uma forma de levar esse projeto desenvolvido 100% no Brasil para outros países”, afirmou o candidato. Mais informações so-bre o estacionamento vertical podem ser encontradas em www.verticalpa-rking.com.br. Por último, foi apresentada uma

proposta que surpreendeu a todos por ser a única explicitamente co-locada como de interesse social, ou seja, não tem o lucro como objetivo principal, e sim a contrapartida para a sociedade. Trate-se da plataforma Você Aprende Agora (www.vocea-prendeagora.com), um site que en-sina inglês através de vídeo-aulas e que já ultrapassou a marca de três milhões de alunos.O responsável pela ideia é Felipe

Dib, de 25 anos, natural de Cam-po Grande e formado em Relações Internacionais. “Quero levar o Você Aprende Agora para o Reino Uni-do porque sei que, de lá, podemos expandir nosso impacto para toda a Europa. Hoje temos alunos apren-

dendo inglês em nossa plataforma em 181 países, mas queremos que mais pessoas saibam que existe um curso que propõe aulas de 3 minu-tos com o máximo de eficiência”, disse Felipe.E qual seria o público alvo de Fe-

lipe neste caso? Ele deixa claro: os brasileiros que moram no exterior. “A grande maioria dos brasileiros que moram no exterior saíram daqui em busca de novas oportunidades e sem falar inglês, pois não tinham recursos. O objetivo é agora ofere-cer uma ferramenta que possibilite esse brasileiro sonhar mais alto, ir mais longe. Sei que o inglês abre portas. Foi assim comigo”, argumen-tou Felipe.Se o Brasil é visto hoje como um

parceiro de igualdade em diversas áreas do conhecimento (como dei-xam claro as iniciativas em torno do programa Ciência sem Fronteiras, por exemplo), nada mais natural que as jovens mentes do país atraiam cada vez mais o interesse de go-vernos de outros países. Mais do que significar uma possível fuga de inteligência do Brasil, as oportunida-des oferecidas pelo programa Sirius são um facilitador para que o país tenha representantes cada vez mais capacitados no exterior, ampliando a via de mão dupla que leva e traz conhecimento e inovação do Brasil para o mundo.

Alessio Bortone, recrutador do pro-grama Sirius, ouviu propostas e deu con-selhos aos candidatos (Foto: Íris Schardt/Consulado Britânico)

Projeto de estacionamento vertical apresentado por Carmine Cifelli (contato: [email protected])

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A CAMINHO DA COPA

Com a definição dos últimos sete classificados para a Copa do Mundo de 2014, a grande expectativa dos amantes do futebol em todo mundo é para o sorteio dos grupos do Mundial no Brasil, que acontece na Costa do Sauípe, na Bahia, no dia 6 de dezembro, às 13h (horário de Brasília, 15h em Londres).O evento, que será também um grande

show televisionado para mais de 200 pa-íses, já tem os cabeças de chave. Além do Brasil, que como país-sede já está no Grupo A, Espanha, Argentina, Alema-nha, Colômbia, Bélgica, Suíça e Uruguai completam o grupo seleto. Dessas oito seleções, apenas Brasil e Alemanha têm sido cabeças de chave em todos os sor-teios realizados desde 1978.A divisão dos três potes com as ou-

tras 24 seleções restantes será feita três dias antes do sorteio e respeitará crité-rios esportivos e geográficos (não pode haver duas equipes sul-americanas ou duas asiáticas em uma mesma chave, por exemplo).Para escolher os cabeças de chave do

Mundial de 2014, o Comitê Executivo da FIFA optou pelo mesmo critério adota-do para o torneio da África do Sul em 2010, que teve os grupos encabeçados pelas oito melhores colocados do ranking oficial da entidade às vésperas daquele sorteio, em dezembro de 2009.Com a exclusão de campanhas em

Copas recentes ou títulos conquistados como critérios para os cabeças de chave, a América do Sul terá pela primeira vez na história do torneio mais de dois re-presentantes. O formato adotado também abre a possibilidade da criação de mais de um “grupo da morte”, termo que ba-tiza as chaves nas quais seleções fortes se enfrentam logo nas rodadas iniciais de uma competição.Na prática, o sorteio pode colocar Itá-

lia, Inglaterra ou Holanda no caminho da Seleção Brasileira já na primeira fase do Mundial. Atual vice-campeã europeia, a Azurra já venceu a Copa do Mundo quatro vezes. O English Team também tem um título mundial e é tradicional.

Já a Laranja Mecânica soma três vice--campeonatos na história das Copas, o último deles na África do Sul em 2010.Os técnicos da Inglaterra e da Itália

não demonstraram desapontamento por não constarem no pote 1 do sorteio dos grupos para o Mundial do Brasil. “Não há muita necessidade de se preocupar com estar ou não no primeiro pote”, declarou o técnico Roy Hodgson, que dirige os ingleses e acredita que “em cada grupo sempre tem dois times mui-to bons”. “Na Eurocopa, também não éramos cabeça de chave e terminamos como vice-campeões; então isso não me preocupa”, disse Cesare Prandelli, da se-leção italiana. Sem dúvida, a maior surpresa entre os

cabeças de chave é a Suíça. Os suíços voltaram a essa condição depois de 60 anos – encabeçaram um dos quatro gru-pos do torneio que sediaram em 1954 – graças a uma boa campanha no mais fácil grupo das Eliminatórias da Europa, que contou com Islândia, Noruega, Eslo-vênia, Albânia e Chipre. Com sete vitó-rias e três empates, a equipe comandada pelo técnico Ottmar Hitzfeld assegurou sua vaga no Mundial do Brasil e pon-tos preciosos para figurar atualmente na sétima colocação do ranking de seleções da FIFA.Outra agraciada como cabeça de chave

e que não figura entre as maiores po-tências do futebol internacional é a Bél-gica, que assume a posição pela terceira vez na história das Copas – os belgas haviam anteriormente encabeçado chaves nos Mundiais de 1990 (na Itália) e 1994 (nos Estados Unidos), à época por terem ficado entre os quatro melhores da Copa de 1986 (no México). Os Diabos Verme-lhos terminaram a fase de classificação com uma bela campanha, invicta e com oito vitórias em dez partidas, passando por Croácia, Sérvia, Escócia, País de Ga-les e Macedônia.Da América do Sul, a Colômbia foi

escolhida pela primeira para ser cabeça de chave de um Mundial de seleções. Surpresa para alguns, os colombianos são

DEFINIÇÃO

Próximo passo: sorteio dos gruposSerão definidos no dia 6 de dezembro os oito grupos da Copa do Mundo de 2014; sorteio pode colocar Itália, Inglaterra ou Holanda no caminho do Brasil já na primeira fase.Por Renato Brandão

Evento será televisionado para mais de 200 países; na foto, sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2010

os atuais quarto colocados no ranking da FIFA. A outra novidade entre os cabeça de chave é a volta do Uruguai. Com dois títulos mundiais no currículo, a Ce-leste volta a encabeçar um grupo depois de 60 anos.Agora resta esperar pelo sorteio dos

grupos da Copa de 2014 e saber o des-tino de cada uma das 32 bolinhas que representam as seleções classificadas para o Mundial no Brasil.

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PLANEJAMENTO

A CAMINHO DA COPA

Impactos das obras da CopaPesquisa realizada por Paulo Romero, do Instituto Bra-sileiro de Direito Urbanístico, aborda os direitos de co-munidades atingidas por megaprojetos de impacto urba-no e ambiental.Da Redação

Em evento público realizado na segunda quinzena de outubro, o núcleo de São Paulo do Comitê Popular da Copa promoveu um debate sobre a pesquisa “De olho nos direi-tos de comunidades atingidas por megapro-jetos de impacto urbano e ambiental”, reali-zada por Paulo Romero, membro do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico.

Tomando como base o processo de execu-ção da Copa do Mundo no Brasil e a jus-tificativa de que o evento esportivo serviria como catalisador para acelerar e justificar obras e intervenções que há tempos eram planejadas, Romero apresenta em sua pes-quisa quatro estudos de caso, dois em São Paulo e outros dois, em Fortaleza.

ESTUDOS DE CASO

Em São Paulo, a pesquisa fez um estudo das construções do trecho norte do Rodoanel e do Parque Linear Rio Verde.

O trecho norte do Rodoanel é uma obra de 42,8 km, avaliada em R$ 3,9 bilhões, cujo objetivo oficial é melhorar o tráfego de veícu-los, evitando a passagem de caminhões pelas vias da cidade.

Neste caso, a pesquisa aponta para o im-pacto direto no preço da terra na região, além de abordar a situação de vulnerabi-lidade das 20 comunidades que serão atin-gidas e que não têm garantias quanto ao reassentamento – as famílias recebem uma bolsa-aluguel abaixo do valor do mercado. Faz ainda um alerta ao fato de que outras pesquisas indicam que o impacto sobre o trânsito será mínimo.

Romero acredita que os verdadeiros obje-tivos não são declarados: “os objetivos são ou pura e simplesmente realizar obras, para atender interesses das construtoras, ou é coi-sa de embelezamento, tornar a cidade atrati-va e valorizada para o mercado imobiliário”.

A construção do Parque Linear Rio Verde, previsto para ter 4,5 quilômetros de extensão em área próxima ao estádio do Corinthians, passa por problemas semelhantes. As famí-lias já foram cadastradas para serem remo-vidas, mas “não há nada formal dizendo o que vai acontecer naquela área, não existe nenhum estudo dos impactos”.

Romero atenta ao fato de que a obra foi justificada sob o argumento de que traria ga-nhos ao meio ambiente, mas que isso entraria em confronto com a pressa e a ausência de estudos ambientais.

Em Fortaleza, foram analisados os impac-tos das obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) e do Acquario Ceará.

O VLT ligará Parangaba a Mucuripe através de 12,7 km de trilhos que vão atin-gir 22 comunidades. A pesquisa destaca os principais fluxos de trabalhadores na ci-dade e observa que, enquanto o sentido da obra é norte-sul, o predomínio de viagens é leste-oeste.

Neste caso, repetem-se os problemas de reassentamento, sem garantias de prazos e valores de indenização, com muitas famí-lias sendo realocadas para áreas distantes e sem infraestrutura.

Quanto ao Acquario Ceará, obra de R$ 250 milhões, o questionamento é quanto a sua utilidade – representa 42% do montante total que foi investido pelo governo estadual no combate à seca em 2012.

Diante desses exemplos, Romero elencou pontos comuns que podem ser identificados em outras cidades e obras da Copa: dificul-dade de informação, licenciamento ambiental inexistente, distância entre objetivos oficiais e reais, desrespeito à legislação urbanística, falta de planejamento para atender às popu-lações atingidas, entre outros.

Romero conclui que uma estratégia que pode render frutos é a ênfase na função so-cial da posse da terra, que deveria ser vis-ta como direito tanto quanto a propriedade dela. Outras possíveis estratégias seriam a obrigatoriedade de estudos de impactos so-ciais e de audiências públicas, além do tom-bamento do modo de vida das comunidades.

EM TEMPO

Elaborado pela Articulação Nacional de Comitês Populares da Copa, o dossiê “Me-gaeventos e Violações de Direitos Humanos” reúne informações sobre impactos de obras e transformações urbanas para a Copa. Dispo-nível para download: http://goo.gl/YVTX5e.

População de Fortaleza protestou contra construção de aquário de R$ 250 milhões

Foto: Reprodução

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CONECTANDO

Quando você escuta falar sobre Sergipe, imagina que o menor Estado do Brasil é também um celeiro de bandas de alta qualidade e produção ativa? Da música instrumen-tal contemporânea ao rock psicodélico, passando por bo-leros melodramáticos, ‘forró punk’, entre outros ritmos, Aracaju, a capital do Esta-do, é hoje uma das cidades nordestinas com o som mais global que se pode imaginar. Bandas como Naurêa, The

Baggios, Coutto Orchestra e Banda dos Corações Par-tidos surpreendem públicos por onde passam, apresen-tando um som despretensio-so, singular e com toques regionais. Plástico Lunar, Maria Scombona, Patrícia Polayne e Igor Gnomo são outros nomes de destaque na música de Sergipe. “Levamos o baião para

conversar com todos os outros ritmos, entrando no conceito do que chamam de ‘world music’, que é a mú-sica das periferias de todo o mundo”, diz Alex Sant’Anna, vocalista do Naurêa. A ban-da nasceu em 2001 e hoje faz um som que foi batizado pelos europeus como ‘forró punk’, depois de cinco via-gens ao velho continente, en-tre elas, duas turnês com 15 shows cada. Com uma batida impac-

tante, dançante e cheia de libido, Naurêa arrebata o pú-blico já no primeiro toque da zabumba. Nos Jogos Olím-picos de Londres, a banda viu o público contagiado for-mar um trenzinho no meio

da Somerset House, sendo considerada “a melhor banda do melhor dia de apresen-tações”, segundo publicações da época. “Temos uma raiz latina, que vai da lambada dos anos 1980 ao baião, samba, cumbia e, é claro, o forró”, completa Sant’Anna. Uma das características

das bandas sergipanas é que, como Aracaju é uma cida-de relativamente pequena, os integrantes transitam entre elas, sem abandonar também seus projetos pessoais. É o caso de Alex, que além do Naurêa faz composições de trilhas para musicais, está em fase de finalização do seu disco solo e compõe para a Banda dos Corações Partidos – grupo que funde a música “dor de cotovelo” com o te-atro melodramático. “O amor, tão simples e po-

pular, toca a qualquer pessoa sem precisar ser simplório”, explica Diane Veloso, atriz e vocalista da banda. Inspi-rados nas serestas antigas e em cantores como Lupcínio Rodrigues e Roberto Carlos, a Banda dos Corações Parti-dos abusa de luzes e de uma cenografia de cabaré para dar clima aos shows. “Nós trabalhamos os sentimentos, que são de ordem humana universal. Não é difícil se identificar”, afirma Diane. Já a banda The Baggios

tem outra pegada: o rock, marcado também pelo blues, fazendo da dupla formada por Julio Andrade e Gabriel Carvalho um dos destaques do palco Casper Líbero da última Virada Cultural em

São Paulo. Com dois discos na mala e uma década de formação, a The Baggios já não carrega mais a compara-ção com White Stripes, cir-culando pelo país com suas composições sem deixar suas raízes sergipanas de lado, seja no sotaque ou nas letras como ‘Esturra Leão’, do úl-timo álbum Sina. “Temos a internet como

uma grande aliada na divul-gação do nosso trabalho, com os discos disponíveis para download gratuito e um es-paço para doações espontâne-as, que nos ajudam a circular pelo Brasil”, explica Andrade. É também com download

gratuito que a Coutto Or-chestra lançou ‘eletro_FUN_farra’, seu primeiro álbum. Com quatro integrantes e sob a liderança de Alisson Cout-to, a banda é uma boa sur-presa na música instrumental contemporânea. “Nossas in-fluências estão nas fanfarras de vários cantos do mundo, mas com elementos da nos-sa cultura popular, que é ri-quíssima”, diz Coutto. Com sanfona, instrumentos de so-pro, percussão e ‘samplers’, a Coutto Orchestra traz a taieira, o maracatu de bre-jão, a marajada e o forró para dialogar com o tango, as valsas, o house e tantos outros ritmos mundiais. Com um som global, a

música com raiz sergipana tem o potencial de ganhar o mundo. Talento é o que não falta.

Bandas sergipanas surpre-endem com diversidade, cria-tividade e sons universais, usando cultura popular como referência.

ORIGINALIDADE FORA DO EIXO

COMO PARTICIPAR?Conectando é um projeto desenvolvido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo [email protected].

Por Denise Somera, de Aracaju – Sergipe

Naurêa naurea.com.br

Coutto Orchestra couttoorchestra.com.br

The Baggios thebaggios.com.br

Banda dos Corações Partidos facebook.com/abcpartidos

Naurêa (acima, por Anselmo Pereira) e Coutto Orchestra (abaixo, por Moema Costa) são alguns exemplos da música sergipana que está surgindo para o mundo

VAI LÁ

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foto divulagação

Brasil Observer

GUIDE

UTOPIA SPEAKS PORTUGUESE The Fourth edition of Utopia – UK Portuguese Film Festival will bring a varied selection of the best of con-temporary Portuguese language cinema to London with films from countries like Brazil, Portugal, Angola and Guinea-Bissau. ‘The Great Kilapy’ (pictured) opens the festival on 27 November. >> Read more on pages 16 and 17

Quarta edição do Utopia – UK Portuguese Film Fes-tival traz para Londres uma variada seleção do melhor do cinema mundial contemporâneo de idioma português, com filmes de países como Brasil, Portugal, Angola e Guiné-Bissau. ‘The Great Kilapy’ (foto) abre o festival no dia 27 de novembro. >> Leia mais nas páginas 16 e 17

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ON SCREEN

Brazilian movies high-lighted in Portuguese spoken film festival

Joãozinho in a witty portrait of the last decade of Portuguese governance in Angola. The film is a co-production between Brazil, Angola, Portugal, Mozambique and Cape Verde and fittingly encom-passes the wider aims of the festival. For Ramos, “this type of proposal is difficult to undertake but ‘Kilapy’ shows that it is possible to make a film through collaboration. I learned a lot about the cultures of other countries and it was a pleasure to discover similarities between us,” the actor told the Brasil Observer.

The beautiful documentary by Gabriel Mascaro, ‘Housemaids’, is also one of the highlights of the festival. The film will be screened on the 1st of December at Genesis Cinema and was assembled from the recordings made by housemaids on cam-eras given to them by their employer’s children. The seven teens from different regions and social classes gave the footage to Mascaro, who had no part in the filming. According to the director, the teenagers had been inspired to help capture the daily life of their maids as they had begun to question these relationships.The documentary ‘No Man’s Land’, the directo-

rial debut of Salomé Lamas, has also been selected for the festival. Displayed at this year’s Forum at the Berlin Film Festival, the feature focuses on the interview of a Portuguese soldier and mercenary who served in Mozambique and Angola, who was later enlisted as an assassin by the CIA and GAL (armed group of the Spanish government against ETA). Prepare to listen cruel stories of racism and violence, that explain the ramifications and conse-quences of government of Salazar even after his fall. It may not be easy watching but it is essential in understanding part of history.

UTOPIA – 4TH UK PORTUGUESE FILM FESTIVAL arrives in London from 27 November to 8 December to bringing luso-phone films to new audiences. Documentaries, shorts and feature films will be screened in four major cinemas: Ciné Lumière, Barbican, ICA and Genesis. This year’s show is composed of a rich and varied selection of the best of contemporary world cinema in Portuguese language, with films from countries like Brazil, Portugal, Angola and Guinea-Bissau.The theme for 2013 is “Film, Memory and Landscape” and fea-tures two Brazilian movies: ‘Housemaids’, by Gabriel Mascaro, and ‘They’ll be back’, by Marcelo Lordello, the latter was also screened at the BFI London Film Festival in October and won’t be released in Brazil in February 2014, so this is a great op-portunity to see it first here in London.Winner of the Best Film of both the Official Jury and the Critique Jury in Brasilia Film Festival, ‘They’ll be back’ tells the story of Cris and her journey back home after being aban-doned by her parents and brother on a roadside in the North-Eastern State of Pernambuco. Marcelo Lordello, told the Brasil Observer, “good cinema is always being made and naturally international festivals observe good ones and add these films to their schedule.”Another major attraction of the Utopia festival is ‘The Great Kilapy’, directed by the Angolan Zézé Gamboa. Brazilian talent is once again celebrated here, as the Brazilian Emmy nomi-nee Lázaro Ramos plays the film’s protagonist. Ramos plays

CINEMA REALITY

By Gabriela Lobianco

‘The Great Kilapy’

27 Nov – 6.20pm

28 Nov – 6.20pm

30 Nov – 6.30pm

01 Dec – 6.30pm

03 Dec – 6.30pm

04 Dec – 6.30pm

05 Dec – 6.30pm

06 Dec – 6.20pm

08 Dec – 6.30pm

Ciné Lumière

Ciné Lumière

Ciné Lumière

Genesis Cinema

Genesis Cinema

Genesis Cinema

ICA

Barbican Centre

ICA

The Great Kilapy

They’ll be back

No man’s land

Housemaids

The Last Time I Saw Macau

The Circle

The Battle of Tabato

All is well

Bird of Prey and other shorts

by João Nicolau

More at: http://www.utopiafestival.org.uk

P R O G R A M M E

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NA TELA

Filmes brasileiros são destaques em festival de cinema de língua portuguesa

do filme, à equipe do Brasil Observer, “o bom cinema sempre estará em evidência, sendo natural que festivais internacionais observem a boa safra nacional e agreguem esses filmes ao seu repertório”.Outra grande atração do festival Utopia é o filme ‘O Grande Kila-

py’ (The Great Kilapy), do diretor angolano Zézé Gamboa. O Brasil está mais uma vez em evidência neste filme, já que o protagonista do longa-metragem é o ator brasileiro nomeado ao prêmio Emmy, Lázaro Ramos. Ele interpreta Joãozinho, num retrato espirituoso da última década do governo de Portugal em Angola. Trata-se de uma coprodução entre Brasil, Angola, Portugal, Moçambique e Cabo Ver-de, que engloba bem o tema do festival. Para Lázaro, “este tipo de proposta poucas vezes vai adiante e o Kilapy mostra que é possível sim realizar este tipo de projeto”. “Foi até didático participar do filme, aprendi muito sobre as culturas dos outros países irmãos de língua. Além de ter sido um prazer descobrir semelhanças entre nós”, disse o ator ao Brasil Observer.

O cinema pernambucano também é um dos destaques do festival. Além do filme de Marcelo Lordello, o belíssimo documentário de Gabriel Mascaro, ‘Domésticas’ (Housemaids), será exibido no dia 1º de Dezembro, no Genesis Cinema. O filme foi montado a partir do registro em câmera da rotina de trabalho de empregadas domésticas pelos filhos dos patrões. Os sete adolescentes de diversas regiões e diferentes classes sociais entregaram o material bruto a Mascaro, que não interferiu nas filmagens. Segundo o diretor, a escolha dos adolescentes para captarem as imagens foi por ser “nessa fase que as pessoas começam a questionar as relações de trabalho”.O documentário ‘Terra de Ninguém’ (No man’s land), da diretora

estreante Salomé Lamas, foi um dos selecionados para integrar a mostra como representante lusitano. Exibido este ano no Forum do 63º Festival de Cinema de Berlim, o longa-metragem foca-se na en-trevista de um soldado e mercenário português que atuou na guerra colonial de Moçambique e depois de Angola, sendo que mais tarde foi assassino da CIA e do GAL (grupo armado do governo espanhol contra o ETA). Preparem-se para ouvir histórias cruéis de racismo e violência, ao mesmo tempo em que se explicam os desdobramentos e consequências da política do governo salazarista mesmo depois de sua queda com a Revolução dos Cravos.

O UTOPIA – 4TH UK PORTUGUESE FILM FESTIVAL exibe em Londres, de 27 de novembro a 8 de dezembro, nove produções cine-matográficas. Os documentários, curtas-metragens e longas de ficção serão projetados em quatro grandes salas de exibição: Ciné Lumière, Barbican Cinema, ICA e Genesis Cinema. A mostra deste ano é com-posta por uma rica e variada seleção do melhor do cinema mundial contemporâneo de idioma português, com filmes de países como Brasil, Portugal, Angola e Guiné-Bissau. O tema para o programa internacional de 2013 é “Cinema, Memória

e Paisagem” e conta com dois filmes brasileiros: ‘Domésticas’ (Hou-semaids), de Gabriel Mascaro, e ‘Eles Voltam’ (They’ll be back), de Marcelo Lordello, este último também exibido no 57º BFI London Film Festival deste ano, em outubro. O filme de Lordello, aliás, vai estrear no circuito comercial brasileiro

somente em fevereiro de 2014, ou seja, será uma ótima oportunidade conferir aqui em Londres. Vencedor do Melhor Filme do Júri Oficial e Júri da Crítica no Fes-

tival de Cinema de Brasília, o filme narra a saga de Cris e a jornada da sua volta para casa após ser abandonada pelos pais e o irmão numa beira de estrada em Pernambuco. Como disse Marcelo Lordello, diretor

CINEMA REALIDADE

Por Gabriela Lobianco

photos: Divulgation ‘They’ll be back’ and ‘Housemaids’

27 Nov – 6.20pm

28 Nov – 6.20pm

30 Nov – 6.30pm

01 Dec – 6.30pm

03 Dec – 6.30pm

04 Dec – 6.30pm

05 Dec – 6.30pm

06 Dec – 6.20pm

08 Dec – 6.30pm

Ciné Lumière

Ciné Lumière

Ciné Lumière

Genesis Cinema

Genesis Cinema

Genesis Cinema

ICA

Barbican Centre

ICA

The Great Kilapy

They’ll be back

No man’s land

Housemaids

The Last Time I Saw Macau

The Circle

The Battle of Tabato

All is well

Bird of Prey and other shorts

by João Nicolau

More at: http://www.utopiafestival.org.uk

P R O G R A M M E

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GRINGO’S VIEW

In 2011, I wrote a finan-cial essay about how President Dilma had begun tackling one of Brazil’s biggest problems by firing corrupt politicians. I wrote: Although her presi-

dency is not yet one year old, however, it is apparent that Dilma is already leading an-other political war - this time, against government corruption. Since taking office on January 1, 2011, she has sacked five top ministers, including her chief of staff, openly denounc-ing the scourge of corruption. This would not sound revolu-tionary in a sluggish developed world economy, but Dilma is arguably the first president of Brazil to have taken such a hard stance on corruption. Her electorate, so far, loves it.Dilma seemed to be mak-

ing impressive progress. She sacked no less than 5 top of-ficials who were brought into allegations of corruption. But everything went quiet. Noth-ing, in the end, happened to these people.For all the good she did, it

is important to remember her

party’s past. Dilma and Lula’s party was indirectly involved in several corruption scandals during his term. Among the most notable was the ‘Men-salão’, or monthly payment, scandal in 2004 and 2005, whereby Lula’s party mem-bers made monthly cash pay-ments to members of smaller parties in return for favorable votes. The scheme was set up through complex payment sys-tems funnelled through adver-tising agencies and other firms. The ‘Mensalão’ scandal be-

came an important example of how government corruption af-fects society. It was said that dozens of state and privately run firms were implicated, not least because politicians in-volved held various company directorships. Lula survived the event, but remained reluctant to act on corruption. Now, it has been several

years since the ‘Menselao’ scandal came to light. Those involved at the top were still at home, living a comfortable life. Then, something interest-ing happened this June. People

went to the streets in protest at a range of issues, includ-ing corruption. Since then, Dilma’s government has been running scared. Many people have said that the protests did no good and nothing changed. Last week, however, that was proved wrong. In a landmark decision, the

Supreme Court issued arrest orders for 12 of the 25 of those convicted in Mensalão last year. Lula’s former chief of staff was among the first to surrender to the police. This is truly ground break-ing. For the first time ever, perhaps, real justice has taken place in Brazil against politi-cians who have always acted with impunity.So, for all those wondering

about the protests in June this year and how effective they were, ask yourself this ques-tion: if the protests had never happened, would those con-victed in the ‘Mensalão’ scan-dal ever be sent to prison? I would argue not.

Ação do ‘mensalão’ mostra impacto dos protestos

‘Mensalão’ action shows protestors’ impact

Em 2011, escrevi um artigo financeiro sobre como a presi-dente Dilma havia começado a enfrentar um dos maiores pro-blemas do Brasil combatendo os políticos corruptos.Eu escrevi: Apesar de sua pre-

sidência ainda não ter completado um ano, no entanto, é evidente que Dilma já está conduzindo uma guerra política - desta vez, con-tra a corrupção do governo. Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2011, ela demitiu cinco ministros principais, incluindo seu chefe de gabinete, denunciando abertamente o flagelo da corrupção. Isso não soaria revolucionário em uma eco-nomia mundial de desenvolvimento lento, mas Dilma é sem dúvida o primeiro presidente do Brasil a ter tomado uma posição tão dura com a corrupção. Seu eleitorado, até agora, adora.Dilma parecia estar fazendo im-

pressionante progresso. Ela demitiu nada menos que cinco altos funcio-nários que estavam envolvidos em denúncias de corrupção. Mas tudo ficou em silêncio. Nada, no final, aconteceu a essas pessoas.Por todo o bem que ela fez, é

importante lembrar o passado de seu partido. Dilma e o PT foram indire-tamente envolvidos em vários escân-dalos de corrupção durante o man-dato de Lula. Entre os mais notáveis o ‘mensalão’, escândalo de 2004 e 2005, em que os membros do par-tido de Lula fizeram pagamentos mensais em dinheiro para membros de partidos menores em troca de votos favoráveis no Congresso. O esquema foi criado por meio de sistemas de pagamento complexos canalizados através de agências de publicidade e outras empresas.

O escândalo do ‘mensalão’ tor-nou-se um importante exemplo de como a corrupção do governo afeta a sociedade. Dizia-se que dezenas de estados e empresas de gestão privada estavam envolvidas, não menos importante, porque os polí-ticos envolvidos ocupavam alguns cargos de direção. Lula sobreviveu ao evento, mas manteve-se relu-tante em agir contra a corrupção.Agora, vários anos desde que o

escândalo veio à tona, os envol-vidos no topo ainda estavam em casa, vivendo uma vida confortá-vel. Então, uma coisa interessante aconteceu em junho deste ano. As pessoas foram às ruas em protesto contra uma série de questões, in-cluindo a corrupção. Desde então, o governo de Dilma está corren-do com medo. Muitas pessoas têm dito que os protestos não fizeram bem e nada mudou. Na semana passada, no entanto, foi provado o contrário.Em uma decisão histórica, o

Supremo Tribunal Federal emitiu ordens de prisão contra 12 dos 25 dos condenados no ‘mensalão’ no ano passado. O ex-chefe de gabinete de Lula foi um dos pri-meiros a se render à polícia. Isto é verdadeiramente inovador. Pela primeira vez, talvez, a verdadeira justiça tenha ocorrido no Brasil contra os políticos que sempre agiram com impunidade.Assim, para todos aqueles que

querem saber sobre os protestos de junho deste ano e quão eficaz elas foram, pergunte a si mesmo: se os protestos nunca tivessem aconteci-do, os condenados no escândalo do ‘mensalão’ estariam na prisão? Eu diria que não.

If the protests had never ha-

ppened, would those convicted

in the ‘Mensalão’ scandal ever

be sent to prison?

Photo: Reproduction

Por Shaun CummingBy Shaun Cumming

OPINION

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19brasilobserver.co.uk

NINETEEN EIGHT-FOUR

Authentically Brazilian musicals

Musiais autentcamente

brasileiros

N E W WAV E

N O VA O N D A

By Ricardo Somera

Por Ricardo Somera

Desde a estreia de ‘Les Miserablés’ no antigo Teatro Abril, em São Paulo, em 2001, os musicais da Brodway conquistaram os brasileiros atraindo grande público em todo o país. Ag-ora, em 2013, é a vez de musicais autenticamente brasileiros sobre grandes artistas contemporâneos entrarem em cartaz. Sai ‘Chica-go’, ‘Família Adams’, ‘A Bela e a Fera’ e ‘Hair’ para entrar Elis Regina, Tim Maia, Cazuza e Clementina de Jesus. Esse é o novo cenário dos musicais das duas principais cidades dos Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo.No Rio, na Casa de Cultura Laura Alvim,

está em cartaz até o final do mês de novembro um musical sobre uma das principais figuras do samba nacional: Clementina de Jesus. Com di-reção de Duda Maia e direção musical de Pedro Miranda, ‘Clementina, cadê você?’ conta e canta parte da percepção do autor Pedro Murad sobre a cantora Clementina de Jesus da Silva, neta de escravos, doméstica e descoberta como cantora apenas aos 63 anos de idade. Ainda no Rio dois grandes musicais estão cha-

mando a atenção da crítica e público: ‘Cazuza Pro Dia Nascer Feliz’ e ‘Elis, O Musical’. Elis Regina é sem dúvida o grande nome feminino

da MPB ao lado de Nara Leão e nada mais justo do que uma homenagem a artista com um musi-cal não biográfico que conta com 50 músicas que viraram clássicos na voz da “Pimentinha”. O espetáculo fica em cartaz até março do ano que vem e com o sucesso que já está fazendo promete rodar o país em 2014.O cantor e compositor Cazuza também ganha

homenagem nos palcos do Rio com ‘Cazuza Pro Dia Nascer Feliz’; além da exposição no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, ‘Cazuza Mostra a Sua Cara’. No musical, a vida de Cazuza é mostrada em ordem cronológica e 31 canções do poeta costuram o espetáculo. Para um artista que teve apenas oito anos de carreira e era classificado como “subproduto do rock”, a peça vem também para mostrar o sarcasmo do artista em grande estilo: “Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice / Desta eterna falta do que falar.”No ano passado, dois musicais brasileiros

chamaram a atenção para a nova onda de valori-

zação dos grandes nomes musicais tupiniquim. ‘Tim Maia, Vale Tudo’ (ainda em tour por todo o Brasil) e ‘Milton Nascimento, Nada Será Como Antes’ homenagearam duas grandes vozes da música nacional.

Milton Nascimento, que recentemente se apre-sentou no Barbican em Londres, também ganhou um musical com suas inesquecíveis canções. O espetáculo não é biográfico e se passa em uma casa no interior de Minas, onde amigos, tal como no Clube da Esquina, se reúnem para can-tar, tocar instrumentos e viver histórias.Outra artista viva ganhará um musical no

próximo ano: Rita Lee. A ovelha negra da música pop brasileira será interpretada por Mel Lisboa em um espetáculo que estreia em março do ano que vem no TUCA, em São Paulo, terra natal da ex-vocalista dos Mutantes.Público e crítica não têm mais motivos para

reclamar da falta de peças menos enlatadas e “importadas” aos palcos brasileiros. Agora fica a torcida para que Roberto Carlos, João Gil-berto, Chico Buarque e Caetano Veloso deixem ser “biografados” nos palcos sem que isso vire uma grande novela. Um nome vem à cabeça: É proibido proibir.

Since the premiere of ‘Les Miserables’ in Sao Paulo’s old Teatro Abril in 2001, Broadway musicals, with their catchy tunes and years of tuning have been winning Brazilian audience across the country. Though there is a new wave of contemporary Brazilian songwriters and per-formers who are keen to promote and celebrate homegrown talent. So as the ‘Addams Family’ and ‘Beauty and the Beast’ leave the stage, please welcome the likes of Elis Regina, Clem-entina, Cazuza and many more as the new stars in Brazilian musical theatre.Directed by Duda Maia with musical direc-

tion by Pedro Miranda, ‘Clementina, cadê você? (Clementina, where are you?) is a musical ad-aptation of the novel by Pedro Murad, which tells the marvelous story of singer Clementina de Jesus da Silva, the granddaughter of slaves and a housemaid who was only discovered as a signing talent at the age of 63. ‘Clementina, cadê você?’ is currently on stage (un-til the end of November) at the Casa de Cultura Laura Alvim in Rio, and is a wonderful way to discover more about one of the key figures of the national samba.Also in Rio, two big musical pro-

ductions are also gaining the atten-tion of critics and audiences: ‘Cazuza Pro Dia Nascer Feliz’ and ‘Elis, O Musical’. Elis Regina is undoubtedly one of the biggest female stars of

the popular Brazilian music and there seems no better way of paying tribute to her than this non-biographical musical that features 50 songs that have become classics in the voice of “Pi-mentinha”. The show is set to run until March next year, though with such critically acclaim, there are already promises to take it round the country throughout 2014.Singer-songwriter Cazuza is also honored on

the stage in Rio with ‘Cazuza Pro Dia Nascer Feliz’, deliberately timed with the current exhi-bition of her life and work at the Museum of the Portuguese Language in São Paulo, ‘Cazuza Mostra a Sua Cara’. In this musical, the Cazuza’s life is shown in chronological order, with 31 songs of her songs featured. All of these shows have followed in the foot-

steps and success of other Brazilian musicals that celebrated legendary performers and musicians.

Previewed last year, ‘Tim Maia, Vale Tudo’, which is still on tour around Brazil and ‘Milton Nascimento, Nada Será Como Antes’ both hon-ored great voices of national music.Milton Nascimento, who recently performed

at the Barbican in London, has made a great subject for a production. The show is not bio-graphical but tells an interesting story, set in the hinterlands of Minas Gerais, where friends, of the ‘Clube da Esquina’, gather to sing, play instruments and recount stories.With such a strong musical heritage, there

seems no shortage of Brazilian perfumers whose lives make a good musical. Next year, another artist, Rita Lee, the ‘black sheep’ of Brazil-ian pop music will have her life performed by Mel Lisboa in a show that debuts in March at TUCA, in São Paulo, which was also the birth-place of former Os Mutantes singer.

So it seems that discerning au-diences and critics no longer have a reason to complain about the lack of Brazilian parts and for-eign stories that are “imported” to the Brazilian stage. Now we can only look forward to the sto-ries of Roberto Carlos, João Gil-berto, Chico Buarque and Caetano Veloso coming to the stage. Lets just hope disputes over copyright, biographies and royalties don’t get in the way.

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TRAVEL

Bonito: Best desti-nation for responsible tourism

Bonito: Melhor destino para turismo responsável

Home to some of the cleanest and crystal clear rivers in the world, Bonito is located in the Mato do Grosso do Sul State. The spectacular natural beauty of its caves, waterfalls and rivers, make Bonito one of the top ecotourism des-tinations in Brazil. With the number of tourists to the region strictly controlled by the government, the wider goal is to preserve the natural beauty found here for generations to come.Boths it’s natural beauty and success-

ful management were key factors in the region winning the award for Best Des-tination for Responsible Tourism at the recent World Travel Market - WTM in London, one of the most important awar-ds given.

The area

The area of Bonito consists of about 5,000 square kilometers of breathtaking natural landscape that thankfully have not been diminished by large constructions and resorts.

Where to stay

Though if you are planning to visit Bonito, don’t panic, there is no shortage of good infrastructure of accommodation. There are plenty of ‘pousadas’ (small hotels) that cost about £50 a night for a double room, with prices at hotels star-ting at about £70. There are also guest houses and B&B’s which offer rooms from as little as £15. Though be war-

ned, during the peak holiday period of December to February, prices can double. For more information visit: http://www.bonito-brazil.com/hotels.php.

What to see

Bonito is all about experiencing nature in its purest form and you should throw yourself into the opportunities on offer. Trek in the rainforest, snorkel in the rivers of Rio da Prata, Rio Sucuri, Rio Formoso, all of them offer the chance to see lots of fishes thanks to the comple-tely transparent waters. Visit the ‘Boca da Onça’ waterfall, with a 156m casca-de, this feat of nature is impressive and beautiful. You can also take the 4 km trail through the forest which leads to a

Local de alguns dos rios mais claros e mais transparentes do mundo, Bonito está localizado no Mato Grosso do Sul e, gra-ças à espetacular beleza natural de suas cavernas, cachoeiras e rios, esta região é hoje um dos principais destinos de eco-turismo no Brasil. O número de turistas permitidos em Bonito é rigorosamente controlado pelo governo, com o objetivo é preservar a beleza natural da região. E este é um dos grandes motivos que

levaram Bonito a receber na última edi-ção do World Travel Market – WTM, em Londres, o prêmio mundial na categoria ‘Best Destination for Responsible Tou-rism’, um dos mais importantes prêmios do segmento. Esta foi a décima edição do prêmio, e neste ano foram mais de 1.000 inscritos em sete categorias.

A região

A região de Bonito tem cerca de 5.000 km quadrados e, com limitações para preservar a natureza, não há grandes construções e resorts. Mas isso não sig-nifica que aqueles que estão planejando visitar Bonito não vão encontrar infra-estrutura de alojamento. Há uma abun-dância de opções de pousadas (pequenos hotéis), que custam cerca de R$ 180 por noite por um quarto duplo. Preços em hotéis começam em cerca de R$ 250. Há ainda casas de hóspedes e B&B’s, que oferecem quartos por R$ 60. Durante os períodos de férias, dezembro a fevereiro, os preços podem dobrar. Para mais in-formações visite: http://www.bonito-brazil.com/hotels.php.

O que visitar

Bonito trata-se de um lugar de nature-za intocável. Caminhe na mata, mergu-lhe em um dos rios: Rio da Prata, Rio Sucuri, Rio Formoso, todos eles com muitos peixes e águas completamente transparentes. Vá também à cachoeira Boca da Onça, com uma cascata 156 metros! Você também pode fazer a trilha de quatro quilômetros através da floresta para uma série de mais de 10 cacho-eiras. Outro local a visitar é o Buraco das Araras, onde se podem contemplar pássaros coloridos.

Natural beauty: Bonito is one of Brazil’s top ecotourism destinations

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series of more than 10 waterfalls. Another location to visit is ‘Buraco das Araras’ where you can see lots of colorful rare birds.

How to get there

Bonito is located 260km from Campo Grande, the capital of Mato Grosso do Sul State. To get there you have to take a flight to Campo Grande and then take a van, couch or rent a car to Bonito. Flights from London to Campo Grande cost about £700. You can book your transport from the airport to Bonito with your hotel or ‘pousada’.

Don’t forget

Book your trip to Bonito in advance as numbers can be limited. If you are planning to rappel or go scuba diving, you will need a certificate - most of the local agencies offer 6-hour courses which can provide you a certificate.

Como chegar

A região de Bonito está localizada a 260 km de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Para chegar lá, você precisa pegar um voo para Campo Grande e, em seguida, pegar uma condução ou alugar um carro para Bonito. Voos de Londres para Campo Grande custam cerca de £700. Agende com o seu ho-tel ou pousada o transporte do aeroporto para Bonito.

Não esqueça

Reserve a sua viagem para Bonito com antecedên-cia, uma vez que há número específico de visitantes que têm permissão para ir e ficar na área por um determinado período. Se você está planejando para rapel ou mergulho, vai precisar de um certificado – a maioria das agências oferece cursos de seis horas que podem lhe fornecer um certificado.

Photos: Divulgation

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GOING OUT

Latin jazz at its infectiously exuberant best, led by the 606 supreme Steve Rubie (alto saxophone/flute) and featuring Brazilian vocalist Jandira Silva, in a set of invariably enchanting and seductive songs.

After a storming headline performance at WO-MAD this summer, which saw 15,000 dancing to her infectious fusion of samba, bossa-nova, and Brazilian melodies, with bit of hip hop and reg-gae thrown in too, Flavia Coelho will be injecting a little bit of Brazilian sunshine into autumn with two intimate shows at Ronnie’s this November. Multi-media event brings the arts of the Brazilian

State of Minas Gerais to the UK and promotes col-laboration and exchange between Brazilian and Lon-don based artists, communities and audiences. Ac-tivities include theatre, literature, cinema and music.

Cristina Ortiz, one of Brazil’s most celebrated pianists and long resident in London, offers the International Piano Series a celebration of Chopin at his most inventive.

Continental Drifts; the producers of the most rocking festival stages across the globe are excited to be back, joining forces once again with their long standing musi-cal partners Movimientos, Two for Joy, Wormfood, Blue Lotus, Kazum, White Mink, Electro Swing Club, Focus Organization, Freshly Squeezed Music for the return of LONDON REMIXED FESTIVAL 2013.

Where 606 Club (SW10 0QD) / Tickets £15 >> londonjazzfestival.org.uk

Where Ronnie Scott’s Jazz Club / Tickets from £25>> ronniescotts.co.uk

Where Embassy of Brazil in London / FREE >> brazil.org.uk

Where 7 venues – Shoreditch /Tickets from £10>> movimientos.org.uk

Where Queen Elizabeth Hall /Tickets from £35>> southbankcentre.co.uk

November 22, 2013

November 25 & 26, 2013December 5, 2013

November 23, 2013

November 27, 2013

S A M A R A A T LONDON JAZZ FESTIVAL

LONDON REMIXEDFESTIVAL

Jean Louis Steuerman

FLAVIA COELHO AT RONNIE SCOTT’S

Cristina Ortiz

Mudança Doméstica e Internacional

Armazenagem e Empacotamento

Importação e Exportação de Frete Comercial

Serviço Especializado para Antiguidades

Serviço Aéreo, Marítimo e Rodoviário

Serviço Porta a Porta para qualquer lugar do Brasil

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Horário de Atendimento: Segunda a Sexta das 08:00h às 19:00h Sábados das 09:00h às 12:00h

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MIND & SOUL

Esta leitura do céu acompanha as fases da Lua e o tempo entre Luas Novas. Cada lunação sofre influên-cia de um signo regente e circunda as constelações zodiacais deste período. De 3 de Novembro ao dia 2 de Dezembro, a Lua desfila sobre a constelação de Escorpião. Escorpião é um signo intuitivo de água* e é regido

por Plutão. O animal mora nas brechas e vive em aler-ta, característica que reverbera no signo. Sai quando acometido de desejo; é sedutor e desconfiado. O veneno de escorpião tem potência letal ou de

cura. Neste sentido magnético, regenera ou intoxi-ca. Como uma reação ao veneno, o período de sua regência é agitado pela busca da auto-renovação. O Escorpião motiva a negação das convenções sociais, a não-identificação que possibilita a transmutação em algo próprio de si. Lunação que motiva a criação de novos métodos.

Seu período atual, pós-ápice da Lua cheia, está em Gêmeo s – Razão e Aprendizado.

Passará sobre Cânc-er – Sentimento e Estrutura. Na reflexão da minguância, Leão – Cria-tividade e L i d e r a n ç a o ajudará a encontrar saídas cria-tivas para o

período que segue para Vir-

gem – Organiza-ção e Análise e que finaliza em Libra - Balança. Neste período, Venus passa pela constelação de ca-

pricórnio e não se dedica a devaneios líricos. Está de pés no chão em conversa com Plutão, regente de Escorpião. Estes astros em conjunção debatem racio-nalmente (Capricórnio) a pulsão e o desejo, do viver aos relacionamentos. Enfim, a Lua regressa à constelação de Escorpião

e conclui seu ciclo na Lua Nova de Sagitário, no segundo dia de dezembro, período lunar que favorece escolhas regeneradoras, ingestão do caos ou da harmo-nia. Saia da toca. Arrisque e sinta.

SCORPIO’S LUNAR PHASE A LUNAÇÃO DE ESCORPIÃO

* Signs with the Water element: Cancer, Scorpio and Pisces are gover-

ned by the moon and are predominantly sensitive to its the effects. The

moon influences all liquids on Earth, from the flow of nectar to the seas

and the blood, as well as influencing human emotions.

*Signos de elemento água: Câncer, Escorpião e Peixes. Regidos pela Lua,

são predominantemente sensíveis aos efeitos do astro. A Lua influencia os

líquidos na Terra, dos fluxos da seiva às mares e ao sangue, assim como as

emoções humanas.

By Clarice Valente, Deise Fields and Bruja LealPor Clarice Valente, Deise Fields e Bruja Leal

This reading of the stars and planets follows the phases of the moon and the time between full moons – known as lunation. Each lunation is influenced by a conductor sign and affects the zodiac constellations for the period. From 3 No-vember to 2 December, the Moon passes through the constellation of Scorpio.Scorpio is an intuitive sign of water* and is

ruled by Pluto. Sharing its name with the animal that lives in the cracks of rocks and constantly alert – a feature that reverberates in the sign. Scorpios can act early on feelings of desire, se-duction and suspicions.The poison of a scorpion has the potency to both

cure or to kill, depending to the reaction to it, the poison can help regenerate or intoxicate. People with the Scorpio star sign can experience periods when they seek only the pu r -suit of self-renewal as well as other times when their denial of social conven-tions and inde-pendence might mean they cut ties to transmit something of their own.This Lunation

motivates the cre-ation of new meth-ods. Your current peri- od, post-peak of the full moon is in Gemini sparks an interest in thought and learning. It will pass through Cancer emphasising sentiment and structure. On the reflection of the waning moon it will be in Leo promoting creativity and leader-ship, and will help you find creative outlets for the period that follows for Virgo - organisation and analysis, ending in Libra helping to find balance.In this period, Venus passes through the con-

stellation of Capricorn and the planets will en-gage. Grounded in conversation with Pluto, the ruler of Scorpio, these superstars will debate ra-tionally and create drive and desire, on questions from life and relationships. At the end of the cycle, the Moon returns to

the constellation of Scorpio and completes its cycle joining Sagittarius as the New Moon, on the second day of December. The Lunar period favors rehabilitative choices,

the embracing of chaos or harmony so this month, Scorpios, get out from under that rock – take some risks and feel what’s out there.

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FOOD

Line a baking tray with baking parch-ment. Preheat oven to 200 C / Gas 6. For the sponge: in a large bowl or mixer beat the egg yolks, sugar and vanilla in a bowl until fluffy. In another bowl, beat the egg whites, gen-

tly adding the icing sugar until stiff, then gen-tly pour into the bowl with the egg yolk mix-ture. Mix the flour with the baking powder and sift over the before folding the mixture to-gether carefully with a whisk. Don’t stir it too much or you will knock all of the air out of the egg whites and up with a heavy sponge.Spread the mixture onto the prepared bak-

ing tray and bake in the preheated oven for 15-20 minutes. Remove from the oven, then take a clean tea towel, sprinkle it with sug-ar and carefully invert the sponge onto it.Remove the baking parchment from the sponge

and roll the sponge up and allow to cool – this will make it easier to finish later. For the filling, beat the cream with the vanilla and mix in the strawberries. Gently unroll the sponge and spread with the

strawberry-cream mixture. Roll up again, keep-ing the roll quite tight so it holds together then place in the refrigerator and allow to set.

Forre uma assadeira com papel ve-getal. Pré-aqueça o forno a 200 ºC.Na batedeira, bata as gemas, o açúcar e a bauni-

lha até ficar fofo. Em outra tigela, bata as claras com o açúcar de confeiteiro até ficarem firmes e despeje na tigela com a mistura das gemas de ovo. Misture a farinha com o fermento e peneire

sobre as claras em neve. Misture tudo cuida-dosamente com um batedor. Não mexa demais.Espalhe a mistura na assadeira preparada e

asse no forno pré-aquecido por 15-20 minutos.Polvilhe um pano de prato com açúcar e in-

verta cuidadosamente a massa. Retire o pa-pel vegetal, enrole a massa e deixe esfriar.Para o recheio, bata o creme de lei-

te com a baunilha e misture com os moran-gos. Delicadamente desenrole a massa, espa-lhe a mistura de creme e morango na massa. Enrole o rocambole com a ajuda do pano

de prato. Decore com creme e morangos in-teiros e o leve à geladeira para solidificar.

By Luciane SorriniStrawberry roulade rocambole de morango

Ingredients < For the Sponge

4 eggs – yolks and whites separated

110g caster sugar1 teaspoon vanilla extract

25g icing sugar75g flour

1/2 teaspoon baking powderSugar for rolling

< Filling200g whipping cream

1 teaspoon vanilla extract500g strawberries, chopped

Ingredientes Massa >4 gemas110g de açúcar1 colher de chá de extrato de baunilha4 claras25g de açúcar de confeiteiro 75g de farinha 1/2 colher de chá de fermento em póAçúcar para rolar

Recheio >200g de creme de leite fresco1 colher de chá de extrato de baunilha500g de morangos picados

P R E P A R A T I O N P R E P A R A Ç Ã O

This is one of those classic desserts that everyone loves but too few cooks are willing to try and make themselves. The key to getting it right is to take care when beating the egg whites. Follow the recipe, have a go and then sit back and enjoy the tasty results!

Esta é uma daquelas sobremesas clássicas que todo mundo adora, mas poucos estão dispostos a tentar fazer. A chave para obter sucesso é tomar cuidado ao bater as claras em

neve. Siga a receita e aprecie os resultados saborosos!