Astrologia Real - Oscar Quiroga

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Astrologia Real Oscar Quiroga Editora Rocco Fonte Digital: Sodiler Online CAPÍTULO 1 De história sabemos pouco A aplicação do estudo da Astrologia como forma de desvendar o destino dos indivíduos é chamada de Astrologia Natal ou Genetlíaca. Este estudo aparentemente proveio dos egípcios e dos caldeus, mas vale ressaltar que os métodos usados por estes povos diferem muito de como a Astrologia é praticada atualmente. Há relatos de que a Astrologia teria surgido na cidade egípcia de Tebas, mas esta é uma informação duvidosa pois conhecemos o legado dos egípcios apenas por intermédio de referências indiretas. O Mito relata que Bel, o mais antigo e poderoso dos deuses- rei da Babilônia,1 se desgarrou do Egito e viajou para estabelecer uma colônia nas margens do rio Eufrates, onde ergueu um templo e fundou uma comunidade de sacerdotes que cultuavam os “Senhores dos Astros”, adotando o nome de caldeus. 1 Por Babilônia se entende a cultura desenvolvida na área entre os rios Eufrates e Tigre dos primeiros assentamentos, aproximadamente no ano de 4000 a.C. Antes da constituição da Babilônia como império proeminente, aproximadamente no ano de 1850 a.C, a área era dividida em dois países em constante guerra, Suméria no sudeste e Akkádia no noroeste.

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Astrologia RealOscar QuirogaEditora Rocco

Fonte Digital: Sodiler Online

CAPÍTULO 1

De história sabemos pouco

A   aplicação   do   estudo   da   Astrologia   como   forma   de desvendar o destino dos indivíduos é chamada de Astrologia Natal ou Genetlíaca. Este estudo aparentemente proveio dos egípcios e dos caldeus, mas vale ressaltar que os métodos usados por estes povos diferem muito de como a Astrologia é praticada atualmente.

Há relatos de que a Astrologia teria surgido na cidade egípcia de Tebas, mas esta é uma informação duvidosa pois conhecemos o legado dos egípcios apenas por intermédio de referências indiretas.

O Mito relata que Bel, o mais antigo e poderoso dos deuses­rei da Babilônia,1 se desgarrou do Egito e viajou para estabelecer uma colônia nas margens do rio Eufrates, onde ergueu um templo e fundou   uma   comunidade   de   sacerdotes   que   cultuavam   os “Senhores dos Astros”, adotando o nome de caldeus.

1 Por Babilônia se entende a cultura desenvolvida na área entre os rios Eufrates e Tigre dos primeiros assentamentos, aproximadamente no ano de 4000 a.C.   Antes   da   constituição   da   Babilônia   como   império   proeminente, aproximadamente no ano de 1850 a.C, a área era dividida em dois países em constante guerra, Suméria no sudeste e Akkádia no noroeste.

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Mediante   referências   históricas,   pode­se   concluir   que   os egípcios inventaram a Astrologia e os caldeus a transmitiram aos demais povos.

A   palavra   Astrologia   é   de   origem   grega.   Os   caldeus praticavam leitura de augúrios no céu, e constituíram um império astrocrata,   onde   a   interpretação   dos   movimentos   celestes   se convertia em leis práticas na Terra. Essas práticas estão registradas em  textos originalmente escritos em  linguagem cuneiforme,  que datariam dos séculos XVIII ou XVII a.C. A coleção desses textos é o Enuma Anu Enlil, o registro mais antigo de práticas relativas aos astros. Não é propriamente um livro, mas uma série de tabuletas de barro consagradas ao registro da leitura de augúrios celestes. Uma compilação mais  completa  destes   textos  só  viria  a   ser   feita  por volta   do   ano   1000   a.C.,   informação   conhecida   apenas   por referência, porque na verdade as tabuletas que chegaram aos nossos dias   fazem   parte   da   biblioteca   do   rei   Assurbanipal   (VII   a.C.), levando   a   crer   que   nunca   tenha   havido   uma   versão   padrão   do Enuma Anu Enlil. Assim sendo nem mesmo podemos considerá­lo como livro.

Alguns textos são obscuros e difíceis de interpretar e outros são   claras   referências   a   acontecimentos   celestes,   principalmente eclipses.  Quase  sempre os  augúrios  são nefastos  e  assustadores, 

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indícios de que a espera do cataclisma final é uma ansiedade que persegue a humanidade desde seus primórdios.

A tabuleta número 20 do Enuma Anu Enlil traz a seguinte inscrição:

Se na época de Simanu (o terceiro mês lunar do calendário caldeu)   um   eclipse   ocorrer   no   dia   14,   e   Belat   (a   deusa   Lua) obscurecer ao leste acima e ficar clara no lado oeste embaixo, o vento norte soprar e o eclipse começar na primeira observação da noite e chegar até  o meio da observação da noite...  desta forma Belat   dará   uma   decisão   a   Ur   e   ao   rei   de   Ur.   O   rei   de   Ur contemplará a fome, haverá muitas mortes, o rei de Ur será traído pelo seu filho e ao filho que tiver traído o pai o Sol armará uma cilada e morrerá nos funerais do pai. O filho de um rei que não tenha sido nomeado para reinado ocupará então o trono.

(Enciclopedia Britannica)

Em outra tabuleta pode ler­se o seguinte:

Quando Júpiter estiver em frente de Marte chegará trigo e homens vão ser sacrificados, ou um grande exército será sacrificado.Quando Marte se aproximar de Júpiter haverá grande devastação no país.Quando Marte se aproximar de Júpiter o rei de Akkad há de morrer e as colheitas prosperarão.Quando a Lua aparecer em sua carruagem peregrinos baterão na porta do palácio.

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Quando a Lua estiver em seu ponto mais baixo um povo estrangeiro será submetido ao rei.Quando Mercúrio culminar em Tammuz virão as colheitas. Quando Leão estiver obscuro o coração da Terra não será generoso.Quando Júpiter se unir a Vênus os oráculos do país chegarão aos deuses, Merodach e Sarapanitum ouvirão as preces do povo e terão pena dele.Mandem um jumento a mim para que possa descansar meus pés.

(Astrologia   –   História   e   julgamento.  West   e Toonde)

O que se depreende da leitura das tabuletas é fruto de uma prática periódica de relatar os augúrios astrológicos ao rei, a quem interessava que houvesse boas colheitas,  que os inimigos fossem vencidos e, de alguma forma, precaver­se contra as fatalidades do destino escritas no céu com a mão de ferro dos deuses. Naquela época, a humanidade era bem mais selvagem – matar ou morrer era algo natural.  Também a Babilônia  não possui  boa   reputação na história   moderna,   bastante   preconceituosa   com   tudo   que   se relacione a essa civilização. Na leitura das tabuletas também fica claro   que   o   ofício   de   astrólogo   nunca   foi   suficientemente   bem pago. Muitas vezes o rei não lhes oferecia sequer um jumento para as suas andanças. O Enuma Anu Enlil é produto de uma rede de observadores  do  céu e  escribas  que   tiveram sua  época  de  ouro durante o reinado de Assurbanipal (VII a.C).

Segundo   a   história   oficial,   a   Astrologia   deriva, principalmente,   do   Enuma   Anu   Enlil   e   também   de   fragmentos escritos em grego, que datam do século II a.C, endereçados ao rei 

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Nechepso   pelo   sacerdote   Petosiris.   A   Apotetelemastika   ou Trabalho   de   Astrologia   é   considerada   a   obra   astrológica   mais importante, pois foi a primeira a chegar completa aos nossos dias. Este livro também é conhecido como Tetrabiblos, os quatro livros de   Ptolomeu,   astrônomo   grego   do   século   II   d.C.   A   palavra astrônomo   é   aqui   utilizada   propositadamente,   pois   nos   tempos antigos astronomia era sinônimo de astrologia.

No   Glossário   teosófico,   de   Helena   Blavatsky,   o   termo astrônomo aparece como sendo o título outorgado a quem iniciasse estudos no sétimo grau de   recepção dos  mistérios  da  escola  de Tebas.   Os   estudantes,   depois   de   passarem   pelos   graus   de Pastophoros, Neocoros, Melanophoros, Kistophoros e Balahala (o estudo da química dos astros), iniciavam­se nos signos místicos do Zodíaco numa dança circular que, por imitar o curso dos planetas, os   fazia   entrar   em êxtase   e   por   isso   também em  sintonia   com aquilo que estudavam. Estudar sempre foi um assunto sério e para pessoas   dedicadas.   Uma   vez   finalizada   a   iniciação,   recebiam  o título   de   astrônomo   ou   “medicante”   junto   com   o   tau,   a   cruz egípcia.

As referências teosóficas, apesar de documentadas, não são consideradas   pela   história   oficial.   O   movimento   teosófico   é   a denominação de um grupo de pessoas que se tornou mais coeso na Europa   e   na   Índia   no   fim   do   século   XIX   e   começo   do   XX, fortemente incentivado por uma notável mulher, Helena Petrovna Blavatsky,   que   dedicou   sua   vida   a   viajar   e   compilar   textos sagrados, onde quer que eles porventura estivessem.

Para   a   história   oficial,   que   depende   de   documentos pertencentes   a   diversos   museus,   se   tornou   consenso   que   a Astrologia começou na Babilônia, o que é um erro de proporções 

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enormes. Seria talvez correto afirmar que os caldeus associaram a aplicação   da   Astrologia   ao   momento   do   nascimento   dos indivíduos. No entanto, eles se ocupavam também de assuntos do Estado   e   a   leitura   de   augúrios   deveria,   portanto,   auxiliar   na organização de leis para criar uma sociedade com ordens rigorosas, vindas   diretamente   do   céu.   Essas   leis   eram   interpretadas   pelos então astrólogos caldeus, que julgavam que, em muitos casos, era mais prudente manter a política da Terra do que submeter­se ao contínuo   mandato   estelar.   Evidencia­se   assim   que   eles   eram astrólogos corruptos  e   inventaram calendários  que privilegiavam seu próprio bem­estar em detrimento da sincronia do céu com a Terra.

Quando   a   Astrologia   chegou   à   já   decadente   Babilônia, tornou­se um instrumento de poder corrupto, pois a todo momento se interpretavam augúrios da forma que fosse mais conveniente aos assuntos do Estado.

Magos e astrólogos eram os dois grupos que dominavam o Estado babilônico. Os magos e os astrólogos evoluíram muito e a prática moderna em nada se parece com o que acontecia naquela época. Mas todos os textos que servem de referência ao estudo da Astrologia   se   originam   numa   literatura   burocrática,   que   devia 

O IMPULSO DA ASTROLOGIA ÉCÉU E TERRA DANÇAREM EM SINCRONIA.

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buscar   na   sucessão  de   acontecimentos   celestes   uma  ordem que organizasse o império.

O   ano   na   Babilônia   era   contado   lunarmente,   diferente   de nosso ano tropical moderno, que é solar. A contagem solar do ano é   uma   evolução,   pois   deixa   para   trás   as   constantes   defasagens lunares   e   instaura   um   padrão   fixo.   O   calendário   babilônico   ia ficando defasado e, por pura imperícia, em vez de os astrólogos o ajustarem, começaram a vaticinar a época negra da Babilônia, sua decadência,  sobre a  qual,  de alguma forma,  estavam certos.  Ela seria conquistada por um império maior, o persa, que media o ano solarmente e não de acordo com a Lua.

Em determinado momento, astrólogos e magos, que exerciam um poder absoluto na Babilônia, conspiraram e fizeram com que o povo   esperasse   por   um   iminente   fim   de   mundo.   Os   magos   se especializaram   na   interpretação   dos   sonhos,   no   uso   de   cores   e cheiros, para realizar seus sortilégios imaginários. Naquela época, astrólogos e  magos eram pessoas de caráter  duvidoso,  e  grande parte do preconceito nutrido por mentes iluminadas em relação a esses conhecimentos deriva do preconceito babilônico.

Abusos   como   a   prática   babilônica   da   Astrologia   Jurídica deixaram   terríveis   marcas   na   reputação   do   conhecimento astrológico. Nas questões babilônicas, em vez de haver argumentos a   favor   ou   contra   determinada   situação,   tudo   era   resolvido   no cálculo   do   mapa   astral   e   no   julgamento   que   os   aspectos   dos planetas   nas   respectivas   casas   lunares   emitissem.   Não   havia possibilidade alguma de argumentar com os juízes astrólogos.

A mistura de magia e astrologia que caracteriza os escritos tidos como originais em Astrologia aponta para a arte dos talismãs, evocada popularmente na cor  dos signos,  pedras e  tantas  outras 

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associações. É difícil encontrar nos dias de hoje uma tradição que tenha   se  mantido   sagrada  o   suficiente   para   transmitir   a   correta associação de cores, signos e pedras a todas as coisas do mundo. Todos  os   compêndios   são   enganosos,   nada   além de   adaptações temporais aos costumes da época. Tudo deve ser lido com muito cuidado porque há indícios de que a chave das associações mágicas e  astrológicas   tenha   se  perdido  para   sempre.  Entretanto,   são os magos os que medicam contra as agressões astrais e naturais, e a eles   é   dada   a   função   de   interpretar   os   sonhos   e   os   sinais, prescrevendo   talismãs   para   favorecer   ou   anular   as   forças   da natureza vividamente presentes na imaginação, da qual até hoje o homem moderno sabe muito pouco. Usamos a imaginação mas não sabemos o que ela é.

A   prática   que   caracteriza   a   Astrologia   como   o   estudo   e acompanhamento   da   relação   entre   os   movimentos   do   céu   e   os acontecimentos   na   Terra   definitivamente   não   começou   com   os caldeus,   tampouco com os egípcios.  O que começou,  e  também acabou, com esses povos foi a intervenção cotidiana dos deuses nos assuntos do Estado. Uma “astrocracia” insofrível.

A   tradição   bíblica   prega   um   discurso   furioso   contra   a Babilônia, e gera um grande e profundo preconceito contra tudo que   provenha   dessa   civilização.   A   Babilônia   era   um   império formado por diversos povos: sumérios, akkádios e caldeus. Estes últimos eram os astrólogos. Dizer caldeu era o mesmo que dizer astrólogo.   De   qualquer   forma,   é   aceitável   dizer   que   a   raiz   da palavra Astrologia (que é grega) deriva dos caldeus influentes no tempo da Babilônia, mas não o conhecimento da Astrologia, que é muito mais antigo.

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Há uma astrologia que vem sendo transmitida oralmente com o uso de edifícios­monumentos de tempos muito anteriores ao das culturas egípcia e babilônica. Essa é a astrologia real, a expressão mais antiga de ciência de nossa humanidade.

A astrologia é o pleno e magnífico resultado da observação dos movimentos cíclicos do céu. A criatividade da humanidade, capaz   de   inventar   calendários   que   registrassem,   atualizassem   e previssem   o   que   o   céu   manifestasse,   poderia   organizar   as atividades na Terra da melhor maneira, e contornar as fatalidades naturais. Com o calendário seria possível que as tribos nômades há 15.000 anos experimentassem o assentamento e prosperassem.

Os seres humanos já  observavam algo maravilhoso no céu, uma   harmonia   cíclica   infalível   que,   se   organizada   em   um calendário, tornaria a existência menos calamitosa e menos sujeita às fatalidades, pois haveria um mínimo de previsibilidade. É  um paradoxo que a Astrologia, tendo nascido como forma de superar o império   das   fatalidades,   ao   revelar   a   previsibilidade   tenha adquirido a reputação de ser fatalista. Vale ressaltar que o céu da época   era   também   muito   mais   forte   e   claro,   pois   não   havia perspectiva de luz alguma a não ser a de fogueiras isoladas.

A maneira pela qual nos chega o esforço de transcrever os calendários, no entanto, não é textual, mas na forma dos edifícios e monumentos, para que em comparação a eles os movimentos do céu pudessem ser claramente medidos e previstos.

Para  o  homem moderno,  um calendário  é   uma  coisa   sem importância, um folheto na parede. Para os povos antigos, contudo, o conhecimento transmitido por um bom calendário estabelecia a diferença   entre   uma   existência   um   pouco   mais   previsível,   com 

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habitação   fixa,   e   a   necessidade   de   fugir   constantemente   das mudanças climáticas à procura de comida e abrigo.

A Astrologia começa a ser praticada, associada à necessidade dos povos de se assentarem e cultivarem o próprio alimento, o que só poderia ser feito com calendários eficientes que determinassem o momento em que deveriam semear e colher.

Sem um calendário,  algo  tão simples e banal  para nós,  os povos   antigos   não   teriam   tido   condições   de   subsistir,   e   muito menos  de  prosperar.  Uma  tribo   sem calendário   não   teria   como identificar o início da primavera ou do inverno, e, portanto, não possuiria  um método de  cultivo  com base  no  tempo.  E   isso   se tratando   apenas   do   mínimo   que   nossa   humanidade   precisa:   o alimento. Mas como não só de pão vive o ser humano, o calendário teria também de encontrar formas eficientes de regular e organizar todas as outras atividades cotidianas que fazem parte da existência, instituindo a ordem das tribos assentadas em torno da disposição claramente percebida no movimento cíclico celeste e da construção de monumentos que permitissem arquitetar rituais envolvendo os astros.   Emolduravam   o   céu   em   janelas   megalíticas,   como,   por exemplo, em Stonhenge, ou em pirâmides e cavernas com janelas específicas.   Bons   edifícios   seriam   instrumentos   eficientes, calendários de pedra a denunciar uma relação harmônica entre céu e   Terra   a   despeito   de   todas   as   contrariedades   que   afetam   a existência humana ontem, hoje e sempre. Até os dias de hoje, por exemplo, se pode ver claramente a serpente que nasce do jogo de luz e sombra que o Sol faz com o templo de Kukulcan, no México, na época do equinócio. Vê­se claramente a serpente surgir do céu na silhueta do templo e dirigir­se para dentro da terra.

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Os povos antigos marcaram a importância do conhecimento astrológico   através   de   edifícios   e   monumentos.   Na   concepção moderna, o calendário é uma série de 12 fotografias de mulheres exuberantes numa parede suja. Para os antigos, o calendário era um edifício e uma instituição, o  lugar onde se poderia comprovar a infalibilidade  dos  ciclos   escritos  nos  movimentos  celestes.  Uma arquitetura que fizesse com que em determinada época do ano o sol e  a   lua   aparecessem por  certas   janelas,   enquanto  que  em outra época o  fariam por outras,  oferecendo aos  olhos  extasiados dos sacerdotes   um   espetáculo   de   rara   beleza   que,   ao   revelar   a concordância entre o mundo e o céu, provia ordem e organização, e conseqüentemente, prosperidade.

Os   dois   povos   antigos   que   mais   prosperaram   foram   os egípcios e os babilônicos, duas culturas que aplicavam à ordem do Estado o  conhecimento do céu.  Portanto,  os  astrólogos  estavam sempre   presentes   nestas   sociedades.   De   certa   forma,   a   grande dificuldade de se compreender a Astrologia com sensatez, sem que ela seja contrariada por crenças religiosas ou científicas, deriva do fato de, historicamente, ter começado na Babilônia.

A   aliança   dos   astrólogos   com   os   magos   resultou   na decadência do conhecimento porque em muitos  momentos,  para satisfazer monarcas caprichosos, eles criavam relatórios que eram oferecidos   como   augúrios   provindos   do   céu,   causando   terror, aproveitando­se   de   desejos   que   só   em   sonhos   poderiam materializar­se.   Usavam   a   imaginação   e   cometiam   sortilégios. Adquiriram   a   capacidade   de   prosperar   não   mais   pelos conhecimentos dos astros, mas pela política desumana.

Para perpetuar o domínio sobre o povo e os reis, os 

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2  A palavra des­astre, de origem provençal, significa “algo que não funciona bem nos astros”.

sacerdotes caldeus  instituíam rituais  assustadores nos quais fingiam ter controle sobre o Sol, obscurecendo­o diante de olhos ignorantes.   Como   sabiam   calcular   quando   aconteceriam   os eclipses, enganar o povo era uma tarefa fácil. O povo e os reis os consideravam extremamente poderosos ao verem que o próprio Sol ou   a   Lua   obscureciam   sob   seu   comando.   Tudo   provavelmente encenado  com cânticos   religiosos,  gritos,   danças   e  utilizando  o próprio céu como espetáculo. Quanta charlatanice associada a um conhecimento   natural!   Lastimavelmente,   a   grande   maioria   dos livros de astrologia considerados originais deriva do conhecimento dos   caldeus,   muito   pouco   interessados   no   esclarecimento   e   na libertação do povo, e muito esforçados em manter o controle do Estado.   Surpreendentemente,   o   mundo   ocidental   parece   ter preferido absorver tudo que veio da Babilônia apenas porque os vestígios deixados pelos egípcios são muito indiretos.

Aos   caldeus   e   aos   mágicos   com   certeza   se   dirigem   as ameaças   bíblicas,   exortando   o   povo   escolhido   a   não   ouvir   as palavras enganosas dos astrólogos. Pessoalmente, apóio em gênero, número   e   grau   as   críticas,   mas   não   as   ameaças.   Por   mais decadentes   que   fossem,   os   babilônios   também   merecem   ser tratados sem preconceito.

Para   entender   a   astrologia   real,  é   necessário,   em primeiro lugar, esquecer o mito de que ela nasceu na Babilônia e se despir do   preconceito   que   o   mundo   ocidental   nutre   a   respeito   desta civilização.

Astrologia é um conhecimento sagrado, não porque deva ser considerado sob o aspecto religioso, mas porque atualiza em nossa 

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humanidade   a   consciência   de   uma   ordem   maior   na   qual   as pequenas atribulações pessoais adquirem sentido. Sem preferências religiosas, toda alma se extasia ao contemplar o céu, imaginar suas dimensões   e   perceber   sua   harmonia,   sincronia,   ciclos   e coreografias de proporções divinas.

Saber contar o tempo é outra conquista da humanidade. Saber que horas são pode parecer algo banal, porém este é o produto de longos milênios de observação, registro e esforço de sincronizar os acontecimentos terrenos com os ciclos celestes.

A história da Astrologia é também a história da construção definitiva do calendário pelos astrólogos, que na época eram mais comumente   denominados   astrônomos.   O   primeiro   calendário composto de forma correta foi o do papa Gregório, em 1582, 15 séculos depois da primeira  tentativa de Júlio César,  que não foi bem­sucedida. A história do calendário representa uma tentativa de que ele fosse composto da maneira mais precisa possível, de forma que as defasagens decorrentes da inevitável passagem dos séculos não resultassem em um desastre2 na organização da vida na Terra.

Hoje sabemos que um ano dura exatamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 54 segundos. Porém, ao longo de milênios, diversos estudos foram realizados para estabelecer com precisão estes dados e, com isso, finalmente, instituir um calendário que relacionasse de forma verdadeira  os  acontecimentos   terrestres  aos  celestes,   e  as festas religiosas pudessem ser celebradas nos dias certos.

Os calendários regulam todos os ciclos com que se organizam e prosperam as nossas precárias, porém criativas, existências.

Ano é  o  tempo exato que a Terra  leva para dar uma volta completa   ao   redor   do   Sol.   Os   equinócios   são   os   pontos   de referência da contagem desse ano. A Terra, por estar inclinada em 

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relação   à   sua   órbita,   geralmente   expõe   ao   Sol   um   de   seus hemisférios   de   forma   mais   intensa.   Uma   parte   do   planeta   se encontra no verão, ficando mais tempo ao sol, enquanto que a outra se encontra no inverno,  com menos sol.  E essa condição vai se transferindo através de todas as regiões da Terra, conforme ela vai orbitando. No equinócio, todos os pedaços da Terra ficam expostos ao Sol durante o mesmo tempo. É o momento de equilíbrio. Nem sempre o equinócio foi a referência para se contar o ano. Para os povos antigos, o ano começava no solstício de junho, na época da plenitude.

Trezentos e sessenta e cinco dias, 5 horas, 48 minutos e 54 segundos é uma precisão difícil, que tem como base de referência o Sol. A maioria dos povos antigos media o tempo de acordo com a Lua, prática muito pouco confiável devido à complexidade de sua periodicidade.

A   civilização   egípcia   parece   ter   sido   a   primeira   a   se aproximar de um calendário correto, resolvendo problemas de falta de exatidão muito antes da cultura moderna, que só conseguiu fazê­lo   no   ano   de   1582,   quando   se   fez   a   reforma   do   calendário gregoriano. E isso como seqüência às reformas dos romanos, que muito se esforçaram para superar a defasagem. Até 700 a.C., o ano 

365 dias5 horas48 minutos54 segundos

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romano durava 304 dias, divididos em dez meses. Com base no último mês deste calendário,  nosso dezembro remete à   idéia  do número dez. Começando novamente nas calendas marciais (mês de março),   janeiro  e   fevereiro   simplesmente  não existiam.  Em 700 a.C., a duração do ano romano foi alterada para 355 dias, ainda bem distante da realidade. Quando Júlio César promoveu, em 45 a.C.,   a   reforma   que   deu   origem   ao   calendário   juliano,   o   ano romano havia ficado defasado 80 dias em relação à observação real dos acontecimentos celestes, causando uma grande dificuldade na coordenação do processo  de  agricultura  e   também na  coleta  de impostos.  Ao ano  45 a.C.   foram agregados  80 dias,   totalizando 445.   Até   hoje   é   conhecido   como   o   “Ano   da   Confusão”.   É   do calendário juliano que provém a tradição de considerar­se o início do calendário  no  dia  1º  de   janeiro,   fato  que  não corresponde a nenhum movimento celeste. Esta foi apenas uma decisão política, associada, de alguma forma, com o fato de próximo ao final de dezembro ainda se realizarem festas de fim de ano, cultos a Mitra, ao deus Sol, e também as saturnais – uma espécie de carnaval da época. Como havia uma lacuna no calendário romano que ia de dezembro aos idos de março, Júlio César criou dois novos meses.

Mas os astrônomos de Júlio César tampouco mediram bem o ano. Fizeram­no com mestria e se aproximaram da realidade, mas erraram por 11 minutos e 14 segundos.

Quinze   séculos   depois,   em   1582,   os   astrólogos   do   papa Gregório teriam de cortar  10 dias do calendário para eliminar a defasagem, acumulada por causa do erro de medição romano.

É   interessante   notar   que   enquanto   os   romanos   só   se aproximaram da exatidão perto do início da Era Cristã, os egípcios, 4000 anos antes, já conheciam o calendário de forma quase correta.

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Não é de se admirar o poderio e a exaltação que maravilhou os romanos quando tentaram conquistar o Egito, pois na mesma época em que seus ancestrais viviam em cavernas, os egípcios já tinham   um   Império   que   organizava   as   diversas   atividades   da cultura de acordo com os ciclos  solares,   lunares  e  em  torno da estrela Sirius, da constelação do Cão Maior.

Há 6.000 anos os egípcios outorgavam 360 dias ao ano, mas sabiam que o deus Thot tinha feito uma correção no céu agregando mais 5 dias, que atribuiu a 5 deuses: Osíris, Ísis, Horus, Nephtys e Set.

Vale   lembrar   que,   aos   olhos   do   homem   ocidental,   parece evidente e banal que o ano dure 365 dias, mas naquela época esta conclusão demonstrava um talento aperfeiçoado pela observação e experimentação ao  longo de séculos.  Aquela época,  considerada hoje   em   dia   como   antiga,   também   possuía   suas   referências ancestrais.

Há 10.000 anos, período hoje conhecido como Era Neolítica, nem mesmo o Saara era um deserto, pois fazia muito pouco tempo que  os   glaciares   tinham  se   retraído.   A   região   era   uma   enorme savana com vida animal e vegetal, um lugar onde a sobrevivência era bem mais fácil.

Demorou   de   2.000   a   3.000   anos   para   que   a   savana   se transformasse em deserto. Os humanos, até então acostumados a viver da caça e da coleta, se viram obrigados a retirar­se para o vale do Nilo, onde passaram a depender dos ciclos de cheias e vazantes desse   rio   (ao   qual   chamavam   de   mar)   para   que   o   cultivo   e   a colheita pudessem ser feitos na hora certa.

Nada poderia ter crescido ou se desenvolvido a longo prazo no Egito sem o conhecimento dos ciclos e dos bons calendários.

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Os primeiros egípcios  a  se  assentar  e  depender  do  cultivo datam   de   9.000   anos   atrás.   Esses   egípcios,   aparentemente primitivos,   demoraram   apenas   2.500   anos   para   se   converterem numa   nação   poderosa,   cuja   realeza   ostentava   um   profundo conhecimento   dos   acontecimentos   celestes.   As   pirâmides   foram construídas por volta de 4230 a.C.

Três mil anos é realmente muito pouco tempo para se evoluir de tribo rupestre a império poderoso. Isso só pode, sem misticismo algum, ser atribuído ao conhecimento dos ciclos celestes, cuja boa leitura   permitiria   sincronizar   as   atividades   na   Terra   com   seus movimentos.

O ano  4241  a.C.  é   a  primeira  data  da  qual   se   tem noção histórica por meio de inscrições hieroglíficas nas pirâmides. Esses hieroglifos servem inclusive para analisar com maior cuidado todas as outras datas das quais se tem conhecimento.

Como   os   egípcios   fizeram   para   elaborar   calendário   tão acurado,   e   como   descobriram   a   importância   de   fazê­lo?   Vale ressaltar  a  imensa criatividade deste povo,  que  inventava deuses novos toda vez que precisava ajustar o cálculo do ano.

Os egípcios, contrariando todas as outras civilizações, em vez de contar o ano pela Lua, que era muito pouco confiável, o fizeram por intermédio do Sol.  Instauraram o Império do Sol e,  a partir dele, ergueram a religião­estado, possuidora do conhecimento dos ciclos.

O ano   lunar,   que   se  divide   em 13  meses,  é  muito  menos acurado que  o   solar,  dividido em 12.  De qualquer   forma,  até   a palavra mês parece ter raízes na palavra Lua, demonstrando ser a lunar a maneira mais antiga de se medir o ano. Suspeita­se de que a 

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superstição do 13 ser um número maligno derive da sua associação aos cultos lunares, considerados imperfeitos pelo culto solar.

Para   superar   o   erro   da   pouco   prática   medição   lunar,   que continuamente precisava de ajustes, os egípcios instituíram o culto a  Osíris,   o   deus  Sol,  medida  bem  sensata   e   condizente   com a realidade. O Sol tornou­se a medida real. Porém, o ano solar não mede exatos 365 dias; há aproximadamente 6 horas a mais que, se não forem levadas em conta, farão com que, ao longo dos séculos, a   contagem   do   tempo   fique   defasada,   trazendo   conseqüências bastante sérias.

Há   registros   de   egípcios   esclarecidos   que   conseguiram entender   a   necessidade   de   aprimorar   a   medição   do   calendário. Aproximadamente 2.000 anos após a construção das pirâmides, há vestígios do esforço de um grupo de sacerdotes para agregar um dia a cada quatro anos, de modo a equilibrar o calendário. Porém, as   instituições   religiosas   egípcias   nessa   época   eram   muito conservadoras,   e   essas   correções   nunca   foram   feitas,   pois ameaçariam não só uma ordem universal como também a política, que, desvinculada da perfeita correlação entre os acontecimentos terrestres e os celestes, teria apenas a tradição e a palavra defendida dogmaticamente   para   sustentar   sua   veracidade.   A   rejeição   da reforma   contribuiu   para   a   decadência   do   império.   O   mesmo aconteceu   com   o   apelo   do   estudioso   Roger   Bacon   ao   papa Clemente para que a Igreja Católica consertasse o calendário. Na época,   ele   foi   perseguido   pela   Santa   Inquisição.   O   dogma substituiu   a   realidade   cósmica   e   tanto   os   sacerdotes   egípcios quanto   os   católicos   consideraram   seu   conhecimento   ancestral sagrado demais para ser tocado ou modificado.

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A civilização egípcia se guiou por um calendário que, apesar de muito mais acurado que os das demais civilizações, era ainda falho. Falha que só  foi corrigida, e mesmo assim, de forma não muito exata, na época de seu declínio, por decreto de Júlio César, que determinou que deveria  ser  agregado um dia  a  cada  quatro anos.

No entanto, e apesar de todas as suas fabulosas invenções, nem   mesmo   aos   egípcios   pode   ser   atribuída   a   origem   do conhecimento astrológico.

Recentemente   os   jornais   noticiaram   que   uma   antropóloga francesa   descobriu   nas   inscrições   rupestres   das   cavernas   de Lascaux e Monte Bego, na França, retratos fiéis do céu daquela época. O fato de há 15 mil anos os seres humanos se importarem com o céu representa um avanço razoável. Compreender ciclos e recorrências,   e   intuir   um   significado,   associar   as   necessidades terrestres   com   os   movimentos   celestes,   tudo   isso   significa   um impulso   muito   grande   de   raciocínio   que,   mesmo   primitivo,   se constitui  como um claro sinal  de avanço na medição de  tempo, assim   como   marca   os   primórdios   do   que   futuramente   seria chamado de Astrologia, Astronomia e de ciências dedicadas à cura e   à   construção   de   edifícios.   As   construções   megalíticas   de Stonhenge, na Inglaterra, oferecem provas mais recentes. A Europa evoluiu mais lentamente. As pedras alinhadas marcam a época dos solstícios e equinócios, assim como também dos eclipses. Um povo teoricamente   pouco   desenvolvido,   que   sabe   como   calcular   com precisão quando o ano começa e quando será a época propícia ao cultivo ou à colheita, revela uma complexidade que contrasta com a imagem primitiva. As tribos que desenvolveram tal conhecimento 

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obtiveram grande vantagem sobre todas as outras porque souberam antecipar os problemas e aproveitar as facilidades.

O primórdio da Astrologia é exatamente esse: conseguir, de alguma forma, estabelecer, com a maior exatidão possível, a função de cada época do ano e organizar de maneira harmônica todas as atividades que fazem parte da existência humana.

Não há por que duvidar de que esse conhecimento tenha feito alguns seres superiores a outros, porque com certeza também não seriam   todas   as   pessoas   que   se   importariam   com   coisas   tão subjetivas quanto olhar para o céu e fazer  complicados cálculos apenas para saber quando começaria o ano e quando seria a época propícia   para   as   mais   diversas   realizações.   Naquela   época,   o sucesso dependia absolutamente da força física, da capacidade de caçar, de saber onde estava a caça e de ser esperto o suficiente para manter o status de caçador sem transformar­se em presa.

Enquanto parte da humanidade insistia na força bruta como o melhor   método   de   dominar   as   presas   e   também   os   inimigos, florescia  o   conhecimento astrológico  entre   alguns  membros  das tribos, que provia com um poder abstrato, diferente da força física, pois dava resultados a longo prazo. De qualquer maneira, nenhum sacerdote ou autoridade semelhante, por mais iluminado que fosse, resistiria ao grande poder da força física. Essa submissão, ainda que superada pelo poder subjetivo, até hoje aterroriza as pessoas, em todos os estágios da existência.

O fato  é  que,  em questão de  oito  mil   anos  a  humanidade avançou   de   um   ponto   primitivo   e   nômade   até   a   sofisticada civilização   egípcia,   capaz   de   construir   pirâmides,   sintetizando nelas um conhecimento de medição do tempo que surpreende até os dias de hoje.

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Aparentemente   sem   ter   tido   contato   com   os   egípcios   ou caldeus,   a   cultura   maia   também   elaborou   calendários   tão   bons quanto os dos egípcios,  mudando apenas a forma mitológica de explicá­los.  Os cinco dias agregados ao calendário para  torná­lo solar,  e que eram atribuídos aos deuses no Egito, para os maias eram dias de azar, em que realizavam rituais para que passassem o mais rapidamente possível.

Todos estes fatos confusos, e em grande parte desconhecidos, fornecem pistas sobre como o conhecimento astrológico evoluiu ao longo dos tempos e se manteve presente em todas as culturas que possuíam calendário.

A   Astrologia   real   é   um   conhecimento   inacabado,   que   se transforma   na   mesma   medida   em   que   se   modifica   a   cultura humana,   dado   que   ela   existe   como   tentativa   de   sincronizar   os momentos   existenciais   com   os   acontecimentos   celestes.   Suas principais   funções  são participar  da  harmonia  cósmica,  gerando prosperidade, e atenuar a sensação de desastre iminente tão comum nos seres humanos.

É importante continuar procurando no céu pistas que ajudem a   medir   os   complexos   ciclos   com   que   se   constrói   aquilo   que humanamente   chamamos   de   destino,   mesmo   que   ainda   não saibamos exatamente o que isso significa.

Tomamos   a   palavra   destino   apenas   como   expressão   da fatalidade, sem nos darmos conta de que ela também é a natural seqüência de todas as manifestações que caracterizam a existência, sempre revelando muito mais o que desconhecemos da vida que aquilo que sabemos dela.

A Astrologia não é um compêndio de fatalidades, sua prática é a tentativa inteligente de coordenar os fatos existenciais e celestes 

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para que haja maior harmonia em tudo. Pitágoras, pensador grego que viveu entre 550 e 450 a.C., aproximadamente, muito conhecido por   seu   teorema   geométrico   e   sua   contribuição   à   música, determinando   a   escala   de   harmonia   que   é   utilizada   até   hoje, também foi astrólogo, não nos moldes dos caldeus, mas do tipo que se importava em encontrar a melhor maneira de atingir a beleza, a saúde, a harmonia e a perfeição durante a mísera passagem pela existência humana.

De seus ensinamentos, que não são diretamente astrológicos, mas que tratam de assuntos como a “música das esferas” (termo cunhado por ele),  se depreende uma aplicação da astrologia aos acontecimentos   mundanos   como   meio   de   elevar   a   consciência acima   das   tolices   cotidianas,   colocando­a   em   sintonia   com   o mundo aparentemente reservado apenas aos deuses. O mundo das esferas planetárias.

Quando e como a humanidade começou a compreender que os   acontecimentos   terrestres   seriam   mais   regulares   se concordassem com os misteriosos movimentos das luzes noturnas? A necessidade é a mãe do destino. Tudo começa com a necessidade e também, como sempre, o resultado se afasta da mera satisfação da necessidade para converter­se em algo que adquire vida própria. Esse é  o  encanto e  a  magia da humanidade – sempre vai  além daquilo   que   começa   como   mera   satisfação   de   necessidade.   A comunicação   e   o   advento   da   Internet   são   excelentes   exemplos. Tudo teve início com a verdadeira necessidade de comunicar­se e de   criar   formas   de   facilitar   o   intercâmbio   de   informações   e riquezas.   Até   cem   anos   atrás,   muitas   regiões   do   planeta   eram virtualmente   inalcançáveis,   porque   não   havia   meios   de comunicação que chegassem até elas. Hoje, poucos são os lugares 

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que   não   podem   ser   explorados.   E   nossa   humanidade   criou   a Internet colocando ao alcance de todos o poder de comunicar­se imediatamente com qualquer lugar do mundo. O resultado deste invento, no entanto, foi algo muito maior do que aquilo que estava sendo procurado, e agora a humanidade levará  muitos anos para descobrir o que fará com essa invenção.

O conhecimento é um direito merecido pela humanidade, ao qual ela tem acesso livre e irrestrito. O resultado do conhecimento, no  entanto,  pode   ser  desagradável,   porque  nos  obriga  a  evoluir muito além daquilo que gostaríamos, dado que há algo na alma de todos que se acomoda, que pretenderia viver no lugar em que se encontra   até   o   fim   dos   tempos.   Mas,   ao   mesmo   tempo,   a curiosidade  e   a  vontade  de   conhecer   levam a  humanidade  para além de si mesma, inventando coisas que no princípio parecem não ter uma utilidade certa, mas que inevitavelmente a fazem evoluir. Assim, a humanidade evolui vítima daquilo a que ela mesma se dedica ansiosamente a conhecer e acompanhar.

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Seus comentários pessoais sobre a história da humanidade.