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1 Arquivos do Departamento de Estado Relacionados aos Assuntos Internos do Brasil Records of the Department of the State Relating to Internal Affairs of Brazil 1910 - 1929 Prof. Dr. EDUARDO JOSÉ AFONSO Este é o nome do Arquivo do Departamento de Estado dos Estados Unidos que contem documentação secreta produzida por norte-americanos sobre os assuntos internos do Brasil. Este artigo visita esclarecer os caminhos da “diplomacia” e das relações internacionais entre os EUA e o Brasil. O período destacado em recorte abarca, aproximadamente, 25 mil documentos. É possível, através da compilação e análise deste material riquíssimo, entender os meandros das relações diplomáticas e nem tanto do Brasil com o chamado “nosso grande irmão do norte”. A pesquisa revelou a dinâmica do Departamento de Estado Norte-americano no que se refere a influência dos Estados Unidos em assuntos internos do Brasil, no período de 1910 a 1930. Partindo da análise de documentação secreta dos Arquivos do Departamento de Estado dos EUA - , produzida pela embaixada estadunidense na capital brasileira e enviada `a Washington, no período de nosso recorte , assim como da documentação brasileira, investiguei as formas de envolvimento norte-americano em nosso país e delineei um quadro das ações desse “ministério das relações exteriores” rumo `a defesa de seus interesses no Brasil. A análise das fontes permitiu avaliar os mecanismos usados pelos “policy-makers” no que se refere ao desenvolvimento de táticas com o intuito de influenciar os níveis sociais, políticos e econômicos brasileiros e da posição ocupada pelas autoridades brasileiras com relação e esta ação. Além da grande contribuição que a pesquisa pode dar `a História do Brasil, na divulgação e análise desses documentos secretos, pretendeu, também, abrir espaço para novos projetos de pesquisadores da graduação e pós-graduação ligados ao que foi proposto. Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, FCL Departamento de História, Campus de Assis

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Arquivos do Departamento de Estado Relacionados aos Assuntos Internos do Brasil

Records of the Department of the State Relating to Internal Affairs of Brazil

1910 - 1929

Prof. Dr. EDUARDO JOSÉ AFONSO

Este é o nome do Arquivo do Departamento de Estado dos Estados Unidos que

contem documentação secreta produzida por norte-americanos sobre os assuntos internos

do Brasil. Este artigo visita esclarecer os caminhos da “diplomacia” e das relações

internacionais entre os EUA e o Brasil.

O período destacado em recorte abarca, aproximadamente, 25 mil documentos. É

possível, através da compilação e análise deste material riquíssimo, entender os meandros

das relações diplomáticas e nem tanto do Brasil com o chamado “nosso grande irmão do

norte”.

A pesquisa revelou a dinâmica do Departamento de Estado Norte-americano no

que se refere a influência dos Estados Unidos em assuntos internos do Brasil, no período

de 1910 a 1930. Partindo da análise de documentação secreta – dos Arquivos do

Departamento de Estado dos EUA - , produzida pela embaixada estadunidense na capital

brasileira e enviada `a Washington, no período de nosso recorte , assim como da

documentação brasileira, investiguei as formas de envolvimento norte-americano em

nosso país e delineei um quadro das ações desse “ministério das relações exteriores”

rumo `a defesa de seus interesses no Brasil. A análise das fontes permitiu avaliar os

mecanismos usados pelos “policy-makers” no que se refere ao desenvolvimento de táticas

com o intuito de influenciar os níveis sociais, políticos e econômicos brasileiros e da

posição ocupada pelas autoridades brasileiras com relação e esta ação. Além da grande

contribuição que a pesquisa pode dar `a História do Brasil, na divulgação e análise

desses documentos secretos, pretendeu, também, abrir espaço para novos projetos de

pesquisadores da graduação e pós-graduação ligados ao que foi proposto.

Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, FCL

Departamento de História, Campus de Assis

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Os EUA e o Destino Manifesto ou a criação de um discurso justificador?

Ainda antes de nossa Independência política o Brasil – mesmo sendo colônia de

Portugal - já acenava com a possibilidade de uma relação diplomática com os Estados

Unidos. As correspondências trocadas entre José Joaquim da Maia (de pseudônimo

Vandek) a Thomas Jefferson, então embaixador dos EUA na França em 1786/87, - apesar

de não terem surtido o efeito esperado - indicam, então, uma história de ligação que se

estenderia até a atualidade. Na ocasião Jefferson, em resposta aos anseios de da Maia,

afirmava seu intuito em reconhecer nossa independência, “tão logo ela aconteça”,

propondo o estabelecimento de trocas comerciais e ajuda no estabelecimento de

manufaturas1.

O interesse dos Estados Unidos, como primeira nação livre da América, não era

apenas o de apoiar os movimentos de independência e sim garantir para si, através de

acordos com esses novos países , mercados e fontes de matéria prima, elementos

importantes para o desenvolvimento econômico pretendido pela burguesia norte-

americana.

Como pontua Moniz Bandeira :

“Nenhuma outra nação, portanto, representa melhor o espírito

do capitalismo, na sua expressão mais alta, mais apurada e mais

perfeita. As relações entre o Brasil e os Estados Unidos, em dois

séculos, refletiam as manifestações desse espírito, o desenvolvimento

de seus interesses e de suas ambições, que se reduzem a um só objetivo:

o lucro”.2

A compreensão do papel desempenhado pelos Estados Unidos na América Latina,

em especial, no Brasil, durante o século XIX e XX, somente poderá ser entendido quando

1 JEFFERSON, Thomas. The writings of Thomas Jefferson, vol II, Published by John C. Rilker, New York:

Taylor & Maury D.C., 1853. p.141 2 BANDEIRA, Moniz. Presença dos Estados Unidos no Brasil. (dois séculos de história). Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1973 p. 11.

3

se levar em conta, além das idéias de Moniz Bandeira, o estudo da origem de sua política

externa com a criação do Departamento de Estado3.

Segundo o próprio Departamento de Estado dos Estados Unidos da América a

instituição surge , oficialmente, em 1775, durante o Congresso Continental. As 13

colônias, de maneira a se fazer representar naquele período de beligerância, criam um

“Comitê da Correspondência Secreta” para “corresponder com os amigos”4 e futuros

aliados. Comissários seriam enviados aos países amigos e deveriam ser homens

públicos de destaque como, por exemplo, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, ou

grandes comerciantes, como Thomas Barclay. Declarada a Independência, a palavra

“Secreta” foi retirada, passando a Comissão a chamar-se meramente Comitê para

Assuntos Estrangeiros.5

Foi durante as conversações de paz , em Paris, por volta de 1781 , que o

Congresso Continental criou os artigos da Confederação, embrião dos Estados Unidos da

América do Norte. Dentre os vários artigos, constava a criação do Departamento de

Assuntos Estrangeiros. Este departamento somente passou a ter destaque quando James

Madison , futuro presidente dos Estados Unidos 6 , em 1789, propôs a criação do

Departamento de Assunto Estrangeiros sob a liderança de um Secretário de Estado para

os assuntos estrangeiros. George Washington, alicerçando-se na Constituição

Americana, indicou então, Thomas Jefferson para o cargo de primeiro Secretário de

Estado, no ano de 1790.

Como Secretário de Estado, Jefferson determinou a divisão entre serviço

diplomático, pertinente às questões das relações entre os EUA e os países estrangeiros, e

o serviço consular, responsável pelos assuntos comerciais e de interesse dos EUA no

exterior. O Serviço Consular atenderia também as necessidades de cidadãos norte-

americanos em terras estrangeiras.

3 “O Departamento de Estado dos Estados Unidos, freqüentemente denominado, apenas, de Departamento

de Estado , é um departamento federal do poder executivo dos Estados Unidos, responsável pelas suas

relações externas e equivalente aos ministérios do exterior de outras nações” Definição oficial extraída

da página do Departamento de Estado dos Estados Unidos. http://www.state.gov/aboutstate/ 4 Aqui referiam-se aos aliados França e Espanha na luta contra os ingleses. 5 idem 6 James Madison foi o 4o. Presidente dos EUA e governou de 1809 a 1817

4

Organizados os serviços do Departamento de Estado , os Ministros7 cumpririam

uma função importante alicerçada em duas responsabilidades básicas. Primeiro : relatar

atividades significativas em seus países de residência; Segundo: executar instruções

diplomáticas formais transmitidas a eles pelo Departamento de Estado. Por volta do ano

de 1792, já haviam sido criados 16 representações dos Estados Unidos no exterior , a

maioria deles na Europa. Jefferson viu nesses consulados uma fonte valiosa de

inteligência. Emitindo uma circular aos cônsules, pediu-lhes que relatassem

regularmente a “tal inteligência política e comercial que reputassem importantes para os

interesses dos Estados Unidos.” Mencionou, também, que atentassem para as notícias

que envolvessem navios Americanos e principalmente “informação de todas as

preparações militares e indicações da guerra, que pudessem ocorrer em seus portos.”8

O primeiro contato oficial entre o nosso país e os Estados Unidos ocorre por

volta do ano de 1798. A pedido do Departamento de Estado, Portugal envia aos EUA

Hipólito da Costa9 como representante do Brasil. Foi o primeiro brasileiro a visitar

oficialmente as terras norte-americanas. Sua missão era fazer o levantamento da sua

economia agrícola10. As memórias – transformadas em livro posteriormente - , nos

ilustram com observações importantes e relatam não só os destaques sobre a agricultura

como também sobre o comércio , que segundo ele, era uma “paixão dominante” em

território estadunidense. Aponta, também, em seu diário ter encontrado vestígios de

comércio com bens brasileiros que entravam nos Estados Unidos, porém, através de

contrabando.

Segundo Moniz Bandeira “Desde antes da Guerra de Independência (...) navios

americanos velejavam, pescando baleia, pelas costas do Brasil. O Fabius , sob o comando

do Capitão Daly, esteve no Rio da Prata e, ao voltar em agosto de 1800, passou pelo

porto do Rio de Janeiro, onde, nessa mesma época, se encontravam outros seis navios

americanos. Sabe-se que embarcações, com bandeiras dos Estados Unidos, chegavam aos

7 A partir de 1893 o governo norte-americano optou por instalar embaixadas nos principais países europeus,

França, Grã-Bretanha, Itália e Alemanha, trocavam-se os termos “ministro” por embaixador e “legações”

por embaixadas. 8 STUART, Grahan H. The Department of State: A History of its organization, procedure, and Personnel.

New York: MacMillan,1949. Pag17 9 Hipólito da Costa , fundador do Correio Brasiliense em Londres , permaneceu nos EUA de 1798 a 1800. 10 PEREIRA, Hipólito da Costa. Diário de Minha Viagem para Filadélfia 1798-1799. Rio de

Janeiro:Academia Brasileira de Letras, 1955. pp.68-69.

5

portos de Montevidéu e Buenos Aires, desde 1798, embora as proibições também ali

existentes. Aportavam, naturalmente, no Brasil”11

Apesar do grande interesse que os Estados Unidos já nutria pelo Brasil naquela

ocasião, o que se nota pelas incursões por aqui, com algumas ocasiões de conflito e

escaramuças - prisões de navios e de sua tripulação , por parte da Coroa portuguesa -,

tanto Jefferson quanto Washington, concordavam , desde a criação do Departamento de

Estado, que a melhor política para os Estados Unidos deveria ser a de neutralidade

frente a conflitos externos. Deveriam adotar, portanto , uma postura de isolamento

político em tais ocasiões. Esta tática do governo norte-americano que é percebida

claramente pelo discurso de posse de Jefferson, confirma esta estratégia propondo, paz,

comércio e amizade honesta com todas as nações, conchavos e alianças com nenhuma.12

Era o início do mito do isolacionismo.

“Sabemos que esta tem sido a tônica da política externa Americana em vários

momentos de sua história. Isolamento político e neutralidade frente a conflitos externos.

Sabemos, também, que, dependendo do interesse do governo norte-americano, esta

postura se modifica. Assim, temos, por exemplo, a Doutrina Monroe, que combatia as

pretensões europeias na América, a partir de 1823 apoiando o jogo das independências

latino-americanas, mas que indiretamente colaborava para a organização dos novos

governos nos moldes liberais republicanos. Apesar deste pretenso isolamento e da

neutralidade, verificaremos, na medida em que o território norte-americano, apoiado no

Destino Manifesto, vai se alargando, que este mecanismo se mostra como uma estratégia

de conquista da hegemonia na América”13. A partir do final da Guerra de Secessão , a

fim de atender as necessidades e pretensões do governo norte-americano, o

Departamento de Estado sofre uma reformulação. Este passou a ser organizado para que

os Estados Unidos cumprissem um papel de presença mais consistente no mundo. Suas

missões comerciais e diplomáticas exigiam, agora, nova divisão. Escritórios diplomáticos

e consulares com responsabilidades geográficas foram criados. Dois bureaux seriam

11 BANDEIRA, Moniz. Presença dos Estados Unidos no Brasil... Op.cit. p. 22. 12 First Inaugural Address, March 4, 1801. Presidential Speech Archive. Miller Center Public Affairs.

University of Virginia. 13 AFONSO, Eduardo José. Para norte-americano ver : Adidos Trabalhistas e operários brasileiros. 1943-

1952. Tese de doutoramento defendida em 26/01/2011 na FFLCH-USP, Departamento de História, em

História Social, p.27

6

responsáveis pelo relacionamento com a maior parte das nações europeias, China e Japão.

Outros dois seriam responsáveis pela comunicação com o chamado resto do mundo, ou

seja, América Latina, região Mediterrânea, Rússia, Havaí e Libéria14.

Com a expansão norte-americana a estratégia do isolamento era , apenas , uma

figura de retórica. A Guerra hispano-americana (1898) é um exemplo de que esta tática

cumpria apenas uma função prática quando era necessário. Foi a partir deste conflito

que sua política externa começou a ganhar contornos mais agressivos, pois, com a

derrota da Espanha e as conquistas territoriais advindas dela – Ilha de Guam e Filipinas ,

no pacífico, Porto Rico e Cuba, como protetorado, na região do Caribe – os norte-

americanos passavam a transitar na Ásia e na América Central, imiscuindo-se em

assuntos internos desses países “conquistados”.

A professora Julie Greene, do Departamento de História da Universidade de

Maryland, nos Estados Unidos, afirma em sua obra The Canal Builders que foi com o

presidente Theodore Roosevelt que os EUA iniciaram a edificação do Império

Americano. A construção do Canal do Panamá , com todas as implicações que a

envolveram, demonstra sua tese “Thus the canal Project became a signal moment in the

building of America’s new empire”.15 “A afirmação da professora Julie é corroborada

pelos fatos que antecederam a saga da construção do canal, em 1904. Na feira de

Minnesota, em 2 de setembro de 1901, mesmo antes de assumir a presidência da

República, com a morte de McKinley, em discurso, Roosevelt já deixava antever sua

política agressiva usando um slogan que daria nome à sua nova política externa, "fale

com suavidade e tenha à mão um grande porrete": seria chamada a política do Big

Stick.”16

As palavras de Roosevelt , transcritas abaixo , e que fazem parte do que se

denominou “Corolário Roosevelt” demonstram a posição que a nação Norte-americana

passou a ocupar , a partir do início de seu governo, no mundo. O Corolário como uma

emenda à Doutrina Monroe, afirmava que os Estados Unidos proibiriam a intervenção

14 NEVINS, Allan. Hamilton Fish: The Inner History of the Grant Administration. New York: Dodd, Mead

& Co., 1937. Pag.27 15 GREENE, Julie. The Canal Builders : Making América’s Empire at the Panamá Canal. New

York:Penguin Press, 2009. Pag.9 16 AFONSO, Eduardo José. Para norte-americano ver.. Op.Cit.,, p.28

7

europeia na América 17 e que "A insistência no erro, da parte de alguma nação

Americana, poderia exigir a intervenção de outra nação civilizada", afirmava que a

"fidelidade dos Estados Unidos à Doutrina nos leve ... a exercer um poder de polícia

internacional". Ao que tudo parecia indicar o governo norte-americano não fazia mais

segredo dos seus interesses .

A Diplomacia do Dólar, política aberta de dependência econômica , desenvolvida

pelo governo dos Estados Unidos, para os países latino-americanos, era um apêndice do

“Corolário Roosevelt”. Fazer empréstimos `as nações “pobres” da América e estabelecer

um domínio sobre suas economias, com exigências de “saneamentos” e aumento de

impostos para pagamento de juros ao credor.

O projeto de construção do Império Americano de Theodore Roosevelt, que faria

concorrência com outras nações industrializadas, estaria alicerçado no apoio

incondicional do Estado ao desenvolvimento da indústria e do comércio e na adoção de

uma política econômica internacional agressiva de controle de mercados. Como outras

nações já haviam feito , este, também, deu forças a sua Marinha (U.S.Navy) e afirmou

que os Estados Unidos precisavam conquistar seu lugar entre as grandes nações do

mundo. Esta tarefa, segundo ele, somente poderia ser cumprida por uma raça viril e

forte. Acrescentava , ainda, que :

“se nós voltarmos atrás em fazer nossa parte no trabalho do mundo, isto

não alterará o fato de que o trabalho terá que ser feito por algumas raças

mais fortes, porque nós somente teremos mostrado fraqueza a nos mesmos.

Eu não falo isto meramente do ponto de vista dos interesses da América,

mas do ponto de vista da civilização e da humanidade”18

Como sabemos, Roosevelt promoveu uma guerra separatista na Colômbia19

a fim de conseguir - com a separação de seu território em duas partes - a

17 Afirmação feita em 20 de maio de 1904, no início de seu governo como presidente eleito. 18 DiNunzio, Mario. Theodore Roosevelt: An American Mind , New York:St.Martin’s,1994 p.182. APUD : GREENE, Julie. The Canal Builders : Making America’s Empire at the Panamá Canal. New York:Penguin

Press, 2009. 19 O governo colombiano, por questões que envolviam soberania, não permitia a construção de um Canal

que cortasse seu país, por companhias inglesas e norte-americanas.

8

independência do Istmo do Panamá e construir um Canal na região, que ligasse o

Pacífico ao Atlântico. Isto favoreceria demasiadamente o desenvolvimento

industrial e comercial dos EUA. Esta nova política externa baseada no porrete, o

“Big Stick” – aquelas nações que não se submetessem aos interesses norte-

americanos seriam “apaziguadas”- , permitiria a Washington outras intervenções

em nações latino-americanas. Em 1905 foi a vez da República Dominicana

invadida por Mariners, Cuba em 1906, além da fixação de empresas mineradoras

em alguns países da região , com ingerências em seus assuntos internos, como no

Brasil e na Argentina.

“As mudanças mais importantes ocorridas no Departamento de Estado, neste

contexto, referem-se à reformulação, como não poderia deixar de ser, de seu

departamento de relações exteriores, a partir de 1909, e da ênfase que o próprio

presidente Roosevelt deu à profissionalização dos serviços estrangeiros. De acordo com

o setor de história do Departamento de Estado:

“O aumento da responsabilidade necessitou um reorganização completa do

departamento em 1909. O reformador, Assistente de Secretário de Estado ,

Francis M. Huntington Wilson, conseguiu aumentar o número de posições

de liderança, de modo que o departamento tivesse , então, três Secretários

de Estado Assistentes, um Conselheiro encarregado de atribuições especiais,

e um Diretor para administração do serviço Consular. O sistema de bureaux

foi expandido para organizar o diplomacia por regiões geográficas distintas

- Europa Ocidental , Oriente próximo, Extremo Oriente, e América Latina

– uma mudança que promoveu uma comunicação com o exterior mais

eficiente. Diversos outros departamentos e divisões foram criados para

assegurar controle de novas áreas de responsabilidade, notadamente o

departamento das relações de comércio e uma divisão da informação.

Diplomatas talentosos foram trazidos para a Washington para juntarem-se

aos novos departamentos geográficos colaborando com a experiência de

campo.20”21

20 Office of the Historian: Department History: Short History of the Department of State 21 AFONSO, Eduardo José. Para norte-americano ver.. Op.Cit.,, p.30

9

As novas mudanças processadas em 1909, não acompanharam, as transformações

rápidas do modelo econômico, segundo a historiografia norte-americana. Em 1914, por

exemplo, o governo dos Estados Unidos carecia de agilidade em sua política externa. A

adoção da política de isolamento adotada por Washington , durante o Primeiro conflito

mundial, levou os EUA a se afastarem do cenário mundial num momento muito

importante. Segundo Estes e Lightner, o Secretário de Estado, Robert Lansing, e seus

oficiais tiveram papel muito apagado durante as conversações em Paris rumo ao Tratado

de Versalhes.22

A análise mais apurada da situação , naquele momento da História dos Estados

Unidos, nos mostra que havia uma disputa muito acirrada entre o presidente Woodrow

Wilson e seus opositores do partido Republicano quanto `a “Política de Portas Abertas” ,

ou seja, nova posição que os EUA deveriam adotar em sua política externa, com relação

aos países estrangeiros e que envolvesse a idéia de mercados abertos, tanto por parte dos

norte-americanos, quanto daqueles com quem fizessem comércio.

“Importa frisar que, mesmo propondo os “14 pontos” com a criação da Liga das

Nações, instituição à qual os EUA não aderiu, Wilson cumpriu um papel, diferente

daquele que propunha para a Europa. Na América Latina, Wilson autorizou intervenções

militares na Nicarágua (1912), no Panamá (1912) , no México (1914) e no Haiti (1915). E

na Rússia, em 1918, auxiliou as forças anti-bolchevics a fim de derrotar a Revolução de

1917. Segundo William Appleman Williams, Wilson, adotando os argumentos de Adam

Smith, de que a economia era dirigida pelas leis naturais, permitiu aos “americanos

tornarem-se muito propensos a definir seus rivais como homens não naturais” 23

Lembremos, apesar desta crença, que Woodrow Wilson foi o segundo 24 presidente

Americano a ganhar o Premio Nobel da Paz, em 1919.” 25

A Primeira Guerra Mundial, foi um grande negócio para os Estados Unidos. Se a

disputa entre Democratas e Republicanos atrasou a agilidade em sua política externa,

22 ESTES, Thomas S. e LIGHTNER JR., E. Allan. The Department of State,…1976. Op.Cit. pag. 34 23 WILLIAMS, William Appleman. The Tragedy of American Diplomacy. New York: WW Norton &

Company, 2009.pag.94 24 O primeiro presidente a ser agraciado com o premio Nobel da Paz foi Theodore Roosevelt em 1906, por

propor o tratado de paz para a guerra Russo-Japonesa. 25 AFONSO, Eduardo José. Para norte-americano ver.. Op.Cit.,, p.31

10

como querem alguns historiadores, por outro lado , permitiu que a nação ganhasse muito

com o conflito. Alguns fatores levantados abaixo evidenciam nossa conclusão. Senão

vejamos : A Guerra havia ocorrido na Europa, basicamente, não envolvendo

territorialmente os EUA e portanto poupando da destruição a sua estrutura produtiva. Os

norte-americanos haviam entrado no conflito em 1917, colaborando para seu final

rapidamente, o que poupou-os de grandes perdas humanas. Em termos econômicos

foram os grandes vencedores, pois, os países europeus , no final do conflito, passaram a

depender de empréstimos norte-americanos para sua recuperação além de terem se

tornado grandes consumidores de produtos estadunidenses, já que seus parques

industriais haviam sido destruídos.

A posição de destaque econômico mundial alcançado pelos Estados Unidos,

depois da Primeira Guerra e durante os anos 20, levou o governo a adotar novas e mais

eficientes reformas em sua política externa o que queria dizer, mais poder ao

Departamento de Estado. O deputado Republicano John Jacob Rogers , propôs o

chamado Foreign Service Act , ou Rogers Act, que foi aprovado em 24 de Maio de 1924.

Tal lei punha em prática a mais fundamental reforma jamais realizada em todo o sistema

de relações internacionais dos Estados Unidos. Com esta lei, o Serviço Diplomático

Americano tornou-se profissional.26

Apesar de todo o esforço do governo norte-americano em tornar seu Departamento

de Estado mais eficiente e competente para lutar por seus interesses no exterior , a

Grande Depressão, surgida com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, fez com que

este órgão do governo estagnasse, voltando aos níveis do século XIX, como destaca

Grahan Stuart.27 Nem o papel do presidente Hoover em defender uma política externa

baseada num sistema que privilegiasse a expansão econômica, via estratégia da “Política

de Portas Abertas” foi eficaz naquele momento.

“É necessário destacar uma questão relevante, para a compreensão dos caminhos

que levaram o Departamento de Estado a apresentar as características descritas (...).

Como vimos, desde o principio, a política externa norte-americana, sempre foi pautada

pela defesa não só dos interesses políticos, mas, e principalmente, daqueles concernentes

26 STUART, Grahan H. The Department of State…1949. Op.Cit. Pag. 261 27 Idem

11

à economia.”28

Foi com Herbert Hoover que, segundo Willian Appleman, se deu mais atenção à

racionalização da economia através do apoio às associações comerciais e aos grandes

negócios americanos. Hoover como liberal , ligado `as idéias de Adam Smith, defendia a

crença de que era preciso enfatizar a expansão do mercado externo a fim de manter a

prosperidade interna.

“O resultado foi uma vital integração de pensamentos: políticos e lideres

econômicos passaram a compartilhar da mesma idéia acerca do

relacionamento entre política externa e doméstica”29.

Os grandes problemas advindos da Depressão levaram o Departamento de Estado

a propor taticamente, mais um vez, a estratégia do isolacionismo. As posições

patrocinadas por Hoover , quanto `a sua política externa baseada na idéia de expansão de

mercado e na valorização do sistema corporativo americano, não foram mudadas. O

governo de Washington somente aguardou o restabelecimento de sua saúde econômica

para retomar seu rumo dentro da perspectiva de restabelecimento e desenvolvimento

futuro.30

O sucessor de Hoover, Franklin Delano Roosevelt e seu Secretário de Estado

Cordell Hull, apesar das criticas ao governo anterior, adotaram certos aspectos de sua

política, dando grande apoio ao desenvolvimento dos negócios externos norte-americanos,

e validando essa estratégia de política externa.

A história da origem do Departamento de Estado, sua função e os caminhos da

política externa norte-americana, aqui descritas e que abrangem um período que vai do

século XVIII até 1930 - baseadas, em grande parte, na historiografia produzida nos

Estados Unidos - pretende ensejar o desenvolvimento de um trabalho maior e mais

complexo. A análise dos documentos secretos do Departamento de Estado norte-

americano, dentro do recorte escolhido, 1910 a 1930, nos abriu horizontes que a

28 AFONSO, Eduardo José. Para norte-americano ver.. Op.Cit.,, p.32 29 WILLIAMS, William Appleman. The Tragedy of American….2009.Op.Cit. pag.120 30 Memorandum “The Foreign Service of The United States” do Assistente de Secretário de Estado

G.Howland Shaw em 22/04/1944. Record Group (RG)59, 120.1/4-1144 –CDF 1940-44 Box 240,

Department of State, U.S. National Archives (A partir de agora citado como Decimal File (DF) ou Central

Decimal File (CDF) - (CDF ou DF, DS/USNA) após o número de referencia.

12

historiografia, ainda, não contemplou, e nos tem dado subsídios para compreendermos os

mecanismos usados pelo Departamento de Estado no suporte `a defesa dos interesses

norte-americanos no Brasil.

O Mecanismo

Como já destacamos , dentro de nosso recorte , 1910 a 1930 – Período da

reformulação do Departamento de Estado nos Estados Unidos e da República Velha no

Brasil - , anterior , portanto, `a política da Boa Vizinhança, encontramos alguns

caminhos desenvolvidos pelos norte-americanos, na produção de estratégias, a partir do

Departamento de Estado, para garantir seus privilégios em nosso território e interferir

em nossos assuntos internos rumo ao alcance de seus intuitos.

Como sabemos não há interferência sem conivência . O que vimos é Washington

obteve apoio de autoridades brasileiras para a consecução de seus intentos monopolistas.

Os documentos consulares secretos, que eram enviados pelos representantes norte-

americanos no Brasil – embaixadores e cônsules – para Washington, assim como

documentos brasileiros trocados com autoridades norte-americanas, nos dão subsídios

para compreender como as estratégias pensadas pelos “policy makers” eram

implementadas aqui.

As hipóteses aqui levantadas, ou seja, de que houve um mecanismo, desenvolvido

pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos , para a defesa de seus interesses em

terras estrangeiras, e que passava necessariamente pelo controle de alguns setores vitais

brasileiros, como a economia e a sociedade, por exemplo, e de que havia autoridades

brasileiras que contribuíam para isto, está em construção, dentro daquele plano mais

extenso do qual me referi acima

Metodo e Evidências

Segundo Jacque Le Goff “a ciência histórica define-se em relação a uma realidade

que não é nem construída nem observada como na matemática, nas ciências da natureza e

13

nas ciências da vida, mas sobre a qual se “indaga” , “se testemunha”. (…) Mas, do

mesmo modo que se fez no século XX a crítica da noção de fato histórico, que não é um

objeto dado e acabado, pois resulta da construção do historiador, também se faz hoje a

crítica da noção de documento, que não é um material bruto, objetivo e inocente, mas

exprime o poder da sociedade do passado sobre a memória e o futuro”31

Tomando como parâmetro teórico-metodológico a escola dos Annales, propus o

diálogo com outras ciências, como a Sociologia e a Antropologia, por exemplo, que nos

auxiliaram na análise das fontes assim como na compreensão de seu papel naquele

contexto histórico.

Marc Block, grande representante da escola dos Annales, entende as fontes como

documentos. Para ele “Documentos são vestígios”, não verdades cristalizadas; e o

passado é uma “estrutura em progresso” , portanto,

“mesmo o mais claro e complacente dos documentos não fala senão quando

se sabe interrogá-lo. É a pergunta que fazemos que condiciona a análise e,

no limite, eleva ou diminui a importância de um texto retirado de um

momento afastado. (...) Nenhum objeto tem movimento na sociedade humana

exceto pela significação que os homens lhe atribuem, e são as questões que

condicionam os objetos e não o oposto.”32

Nossa intenção, portanto, dentro da metodologia da pesquisa, está sendo, a de

tomar os documentos secretos consulares, tanto do Brasil quando dos Estados Unidos e

problematiza-los, interrogar essas fontes, sem que elas sejam vistas como verdades

absolutas e preponderantes. Levar em conta o que Jacques Le Goff já alertou, ou seja, o

de negar o “imperialismo dos documentos”.

Estas fontes não estão sendo vistas como elementos descolados do contexto que

as produziu, importa, analisá-las e problematizá-las de maneira a atingir o que Marilena

Chauí destaca : “será mais enriquecedor não tomar como critério a adequação ou

inadequação entre o texto [documentos consulares]33 e o real, mas a representação do real

veiculada pelo texto e, então, interpretar as diferenças e conflitos entre os documentos

31LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas:UNICAMP, 2003. pp. 9-10 32Apud:AFONSO, Eduardo José. Para norte-americano ver.. Op.Cit.,, p.20. BLOCH, Marc. Apologia da

História ou O ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. pág. 8 33 grifo meu

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segundo as representações que oferecem do social, do político e da história e,

conseqüentemente, segundo os destinatários que elegem”34.

Mais uma vez, portanto, queremos reforçar a idéia de que a documentação que

continuamos a analisar, nos levará `a compreensão de sua “utilidade” naquele momento

histórico, fornecendo subsídios para o entendimento dos mecanismos usados pelo

Departamento de Estado para garantir seus interesses no Brasil, pensando em ações que

passavam pelo controle de manifestações da sociedade, contra o domínio estrangeiros,

assim como as oposições de nacionalistas contra o projeto de hegemonia norte-americana

no Brasil.

Sabemos, por exemplo, que na grande greve de 1917 no Brasil, estiveram

presentes agentes franceses, ingleses e norte-americanos fazendo levantamentos sobre o

movimento e produzindo documentos que descreviam os acontecimentos. A sociedade

organizada contra o capital naquele período, provocava temor. O governo brasileiro

contava com a estratégia da inteligência estrangeira. Isto pode ser constatado em

documentos referentes `a greve, arquivados no Arquivo do Estado de São Paulo.

Importou analisar, como suporte, na compreensão das ações estadunidenses no

Brasil, as formas de organização da classe operária brasileira, como representante da

sociedade organizada. Para tanto tomemos como parâmetro os estudos de

E.P.Thompson que nos auxiliou na compreensão da dinâmica social , “classe é um

fenômeno histórico” e sua definição não deve estar presa a idéia de “estrutura” ou

“categoria”, mas como algo que ocorre efetivamente nas relações humanas,35 que são

históricas.

Tomemos como referencia, também, alguns trabalhos de José Ramos Tinhorão,

que mostram as Elites Paulistas, por exemplo, como definidoras de um valor cultural

que era identificada com as culturas francesa, inglesa e norte-americana, e eram tidas

como parâmetros a serem seguidos.

Três, portanto, são nossos elementos estruturais, com os quais estamos

trabalhando na pesquisa e que têm nos orientado na leitura que temos feito das fontes:

34 CHAUÍ, Marilena & FRANCO, Maria Sylvia Carvalho. Ideologia e Mobilização popular.Rio de Janeiro:

CEDEC/Paz e Terra.1978. Pág.34 35 THOMPSON, E.P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Volume I : A árvore da Liberdade, Rio

de Janeiro:Paz e Terra.1987. pág.9

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O primeiro : Como era organizado e quais eram as ações determinadas para

garantir que seus interesses , entre nós, não seriam contestados? O trabalho dos “policy

makers” de Washington, do Departamento de Estado, rumo `a manutenção da hegemonia

americana na América Latina, mais especificamente no Brasil.

O segundo : Que identificação era esta com os valores estrangeiros que a Elite

Paulista, por exemplo, apresentava e por que isto ocorria?

O terceiro : De que forma a sociedade organizada - como por exemplo, o

movimento operário, e as revoltas populares como a guerra do Contestado e as revoltas

de operários na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré - lutava contra o

domínio do capital estrangeiro no Brasil? Havia consciência do embate entre interesses

ingleses e norte-americanos pelo mercado brasileiro, entre nós?

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