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AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL 8,0 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR CILEIDE APARECIDA MISSIAS PEREIRA [email protected] ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO PRIMAVERA DO LESTE/2015

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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

8,0

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

CILEIDE APARECIDA MISSIAS PEREIRA

[email protected]

ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO

PRIMAVERA DO LESTE/2015

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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

CILEIDE APARECIDA MISSIAS PEREIRA

ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO

“Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia e Educação Infantil.”

PRIMAVERA DO LESTE/2015

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DEDICATÓRIA

A Deus...

“Sempre estiveste ao meu lado, nas minhas

fraquezas”,

Nas minhas alegrias e tristezas, nas minhas

desilusões,

Nas “lutas, vitórias e derrotas”.

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AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar, por ser o Senhor da minha vida, e por estar

sempre presente no meu dia a dia.

Aos mestres que durante este percurso contribuíram e se preocuparam

profundamente para que pudéssemos receber com excelência o conhecimento tão

importante nos dias atuais.

A todos os amigos de turma, que foram solidários a mim em todo o tempo e

que jamais serão esquecidos.

Por fim, a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a

realização deste trabalho.

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A educação é uma coisa admirável,

mas é bom recordar que nada do que

vale a pena saber pode ser ensinado.

OSCAR WILDE

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo destacar a importância da interferência de

um psicopedagogo na Educação Infantil para acompanhar a criança em todas as

fases que perpassa a partir do ingresso na escola, fases relacionadas com a

aprendizagem, socialização, desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo.

Estudar o valor de um psicopedagogo, fazer uma avaliação da criança logo no

aparecimento dos primeiros sintomas que possa demonstrar, sejam no campo físico

ou social. O psicopedagogo visa auxiliar e enriquecer o trabalho realizado na

Educação Infantil, observando e interferindo na prevenção de futuros problemas de

aprendizagem, direcionando os melhores caminhos para alcançar maiores

resultados no planejamento das atividades a serem desenvolvidas pelas crianças e

oferecendo meios para que seja trabalhado o desenvolvimento infantil de forma

integral.

Através da pesquisa revisão teórica, comprovou-se que a presença e

intervenção do psicopedagogo, a família e a escola são muito importantes para a

Educação Infantil é de suma importância para favorecer o desenvolvimento integral

dos alunos, bem como detectar os sintomas de dificuldades de aprendizagem tão

logo se manifestem, facilitando e agilizando as intervenções para amenizá-los ou até

mesmo saná-los.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil e o Psicopedagogo; intervenção; Família

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------07

1. O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR --------------------10

2. PROCESSOS DE DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL EDUCAIONAL----------------15

3. A IMPORTÂNCIA DO JOGO SIMBÓLICO NA INTERVEÇÃO PEDAGÓGICA----18

4. RELAÇÃO FAMILIA E ESCOLA----------------------------------------------------------------20

CONSIDERAÇÕES FINAIS-------------------------------------------------------------------------24

REFERENCIAS BIBLIIGRÁFICAS----------------------------------------------------------------26

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INTRODUÇÃO

A Psicopedagogia constitui-se, em uma composição de dois saberes -

psicologia e pedagogia - que vai muito além da simples junção dessas duas

palavras. Isto significa que é muito mais complexa do que a simples aglomeração de

dois vocábulos, visto que visa a identificar a complexidade inerente ao que produz o

saber e o não saber. É uma ciência que estuda o processo de aprendizagem

humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção e

reconstrução do conhecimento. Esse ramo do conhecimento surgiu no Brasil devido

ao grande número de crianças com fracasso escolar e o fato de a Psicologia e a

Pedagogia, isoladamente, não darem conta de resolver tais fracassos.

O Psicopedagogo escolar, por sua vez, tem a função de observar e avaliar

qual a verdadeira necessidade da escola e atender aos seus anseios, bem como

buscar respostas e alternativas à questão do aprender, tanto no plano psíquico no

cognitivo, emocional e físico, criando um espaço multidisciplinar construtor de sua

epistemologia e fundamentação verificando junto ao Projeto Político-Pedagógico, a

escola conduz o processo ensino e aprendizagem, como garante o sucesso de seus

alunos e como a família exerce o seu papel de parceira nesse processo.

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser

humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter

preventivo no sentido de procurar apontar às principais habilidades e competências

do Psicopedagogo e ampliar formulações teóricas sobre a aprendizagem e questão

do olhar humano para solução dos problemas. O olhar do psicopedagogo se constrói

na busca permanente da reflexão teórica e através das vivências e pesquisas

cotidianas abertas aos novos paradigmas que apontam para a transdisciplinaridade

e a complexidade. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de

crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a

família e a escola, a intervenção Psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas

instituições de ensino. O presente artigo surgiu da inquietação existente com a

prática como educador e da convicção de que cada um constrói seus próprios

conhecimentos por meio de estímulos. O objetivo do mesmo é realizar uma

abordagem sobre a atuação e a importância do Psicopedagogo bem como suas

formas de atuação dentro da instituição escolar.

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O psicopedagogo atuante atende ao fato de envidar esforços a fim de

possibilitar ao indivíduo seu desenvolvimento potencial atribuindo-lhe autoria do seu

processo educacional, constituindo-se cidadão e, conseqüentemente, sua inclusão

social. Esforços para desenvolver (através da resolução de desafios) novas

habilidades, percepções, entendimentos. Sua atuação na área da educação

especial, com indivíduos com deficiência, torna-se mais desafiadora ao registrar

potencialidades e limites do indivíduo e da equipe, no mesmo contexto. Sendo

assim, o enfoque situacional ao abranger indivíduos com deficiência requer planos

de trabalho em parceria máxima com as instituições escolares.

Verifica-se que sempre existem alunos que não acompanham o ritmo de

seus colegas em sala de aula. Os motivos são os mais diferentes e vão desde

problemas mais sérios de incapacidade intelectual até pequenas desadaptações,

porém, é importante observar que, ao se colocar estas pessoas em condições

adequadas ou ao utilizar métodos especiais de ensino, muitas vezes fazem

progressos notáveis e, algumas, inclusive, conseguem superar o seu próprio atraso.

No primeiro capítulo será trabalhado com o referencial teórico em cima de

autores, no segundo abordará os processos de diagnósticos nas instituições

escolares, logo após a importância dos jogos simbólicos na intervenção pedagógica,

e também relação família e escola com psicopedagogos nas instituições.

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1. O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

A psicopedagogia é constituída a partir de dois saberes e práticas: da

psicologia e pedagogia. Também recebe influência da psicanálise, porém diferencia-

se da psicologia escolar nos aspectos: origem, formação e atuação. Quanto à

origem, a psicologia escolar tem como foco compreender as causas do fracasso

escolar e a psicopedagogia tem como função procurar as causas e tratar

determinadas dificuldades de aprendizagem específicas. Quanto à formação, a

psicologia escolar configura como uma especialização na área de psicologia,

enquanto a psicopedagogia é aberta a todos os tipos de profissionais e áreas de

atuação. A atuação da psicologia escolar configura especificamente como área

psicológica e a psicopedagogia age de forma interdisciplinar, abrangendo a

psicologia e a pedagogia.

[...] A psicopedagogia além de dominar a patologia e a etiologia dos problemas de aprendizagem, aprofundou conhecimentos que lhe possibilitam uma contribuição efetiva não só relacionada aos problemas de aprendizagem, mas, também, na melhoria da qualidade do ensino oferecido nas escolas. [...]. Dessa forma contribui para a percepção global do fato educativo e para a compreensão satisfatória dos objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitando, assim, uma ação transformadora. (SCOZ, 2002, p. 34).

É importante ressaltar a psicopedagogia como complemento, que é a ciência

nova que estuda o processo de aprendizagem e dificuldades, muito tem contribuído

para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem, pois tem como objetivo

central de estudo o processo humano do conhecimento: seus padrões evolutivos

normais e patologias bem como a influência (família, escola, sociedade) no seu

desenvolvimento (SCOZ, 1992).

Segundo SANTOS (2010), a psicopedagogia é um campo de estudo que

propõe a coordenar conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas,

tais com a Psicologia, a Psicanálise, a Filosofia, a Psicologia, a Pedagogia, a

Neurologia, entre outros tendo como objetivo obter ampla compreensão sobre os

variados processos envolvidos no aprender humano.

Esta área do conhecimento se preocupa com questões pertinente

desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo, que estão compreendidas na

aprendizagem. Portanto, SANTOS (2010), é uma profissão que nasce de uma

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proposta de interdisciplinaridade. A Psicopedagogia é uma profissão que nasce

através de uma proposta de interdisciplinaridade nos explica SANTOS (2010). A

autora pontua que cabe ao psicopedagogo não somente propor:

atividades e treinamentos para indivíduos com problemas aprendizagem e comportamento baseado em teorias comportamentais, como sugere a Psicologia Educacional, nem definir métodos, técnicas e estratégias de ensino como propõe a Pedagogia, mas cabe-nos ocupar um lugar que está na inter-relação da ensinagem e da aprendizagem. (p.1).

SANTOS (2010), afirma ainda que o papel da psicopedagogia é identificar

problemas no processo de aprendizagem do estudante, tanto quanto trabalhar para

a superação das dificuldades apresentadas. Utilizando instrumentos, técnicas e

metodologias específicas e articulando conhecimentos nas diferentes áreas, o

psicopedagogo intervém mediando no processo de aprendizagem. Portanto, esta

área de conhecimento multidisciplinar, interessa-se em compreender o movimento

de construção cognitiva no processo de aprendizagem das crianças, adolescentes e

de adultos.

Na perspectiva de SANTOS (2010), existem preocupações que um

psicopedagogo deve ter em sua atuação em uma instituição de ensino as quais

seguem em elenco:

Estar em sintonia com o processo de aprender do estudante e a proposta

metodológica da instituição de ensino;

Intervir para a solução dos problemas de aprendizagem e de ensino;

Realizar diagnóstico e intervir psicopedagogicamente, utilizando teorias,

métodos, instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia;

Desenvolver pesquisas e estudos científicos relacionados ao processo de

aprendizagem das diferentes faixas etárias do corpo discente;

Assessorar psicopedagogicamente todos os trabalhos realizados no espaço da

instituição escolar;

Orientar, coordenar e supervisionar as questões de ensino e de aprendizagem

decorrentes da estrutura curricular da instituição educacional;

Monitorar e intervir na relação professor-aluno nos aspectos subjetivos;

Orientar nas questões vocacionais do estudante;

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Assessorar e orientar a aplicação do Projeto Político Pedagógico bem como a

implementação de novos projetos e/ou propostas metodológicas de ensino;

Promover encontros socializadores entre equipes docente, discente, pedagógica,

administrativo, de apoio, etc.;

As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir para que todos

aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não estão de acordo com a

realidade do aluno. A prática do professor em sala de aula é decisiva no processo de

desenvolvimento dos educandos. Esse talvez seja o momento do professor rever a

metodologia utilizada para ensinar seu aluno, através de outros métodos ou

atividades ele poderá detectar quem realmente está com dificuldade de

aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados erroneamente, que

prejudicam a criança trazendo-lhe várias consequências, como a baixa-estima e até

mesmo o abandono escolar. “O que é ensinado e aprendido inconscientemente tem

mais probabilidade de permanecer.”. (COELHO, 1999, p.12).

De acordo com SENA (2004, p.42),

as relações com o conhecimento, à vinculação com a aprendizagem, as significações contidas no ato de aprender, são estudados pela Psicopedagogia a fim de que possa contribuir para a análise e reformulação de práticas educativas e para a ressignificação de atitudes subjetivas.

O estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a

compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender

às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto Político-

Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado

como aprendizagem. Vale ressaltar de que o fazer psicopedagógico se transforma

podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de aprendizagem.

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem. (BOSSA, 1994, p 23).

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Os psicopedagogos, na função de educador, ou seja, todos aqueles que

são responsáveis na formação de outro ser humano, têm um olhar clínico para

complexidade da dimensão do processo de aprendizagem podendo levar o sujeito à

posição e condições às mudanças em sua dificuldade.

Nesse sentido, BOSSA (1994, p.06) diz que.

Penso que a psicopedagogia com área aplicação, antecede status de área de estudos, o qual tem procurado sistematizar um corpo teórico próprio, definir seu objeto de estudo, de miliar, seu campo de atuação, e para isso recorrer à psicologia, psicanálise, linguística, fonoaudiólogo, medicina, pedagogia.

A educação mesmo com algumas mudanças significativas, desde o seu

nascimento como Instituição no século XVIII, infelizmente franquia estes

desrespeitos para com os seus educandos com a passividade e a falta de

compromisso com a autoridade é difícil para alguns educadores se colocarem no

lugar de um aluno com dificuldades de aprendizagem, às vezes em virtude de anos

de experiências sem as diretrizes de uma formação continuada ou por uma vaidade

intelectual ingênua, que o faz ilusoriamente acreditar que já domina todos os

necessários para uma prática eficiente, inclusive isentando-se de qualquer

responsabilidade em relação ao fracasso escolar, que por sua vez, é considerado

um sintoma dos elementos que estão interferindo no manejo natural da

aprendizagem. Segundo BOSSA (2007), além de ser um problema didático-

estrutural da Escola e não uma responsabilidade do educando que nada mais é que

vítima destes sintomas. FERNANDÉZ (2001), destaca que a postura

psicopedagógico que a sustenta é a de propiciar modalidades de aprendizagem que

“potencializem possibilidades singulares de cada pessoa, oferecendo-lhes espaços

em que possa realizar experiências com ensinantes que favoreçam esse processo”.

Todavia, a ausência de reflexões dos profissionais com este perfil, só os desqualifica

em um mundo que se encontra em constante mutação.

Educar é estabelecer uma atividade unitária onde à mente humana, por meio de procedimentos analíticos, possa estabelecer uma nova síntese que possibilite a inserção de informações, convertidas em conhecimento, em uma nova perspectiva (...). (VIGOSTSKY, 1987, p. 122).

Para RUBINSTEIN (2001), o insucesso do aluno pode levá-lo ao fracasso e

consequentemente ao abandono escolar. A manifestação de baixo desempenho e

ou dificuldades de aprendizagem pode acontecer de forma momentânea ou

duradoura, mas qualquer destas situações deve ser motivo de preocupação e alerta,

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tanto para a escola como para os pais. Quando se leva em consideração as

influências dos vínculos afetivos, positivos e negativos, do sujeito com os objetos e

situações, a escola compreende o processo de aprendizagem dos alunos e assume

diferentes intensidades e postura para orientar condutas de personalidade e de

comportamento disciplinar, com menor ou maior grau de estabilidade. Neste

momento a intervenção psicopedagógico é de suma importância acontecer, pois

focaliza o sujeito na sua relação com a aprendizagem.

A intervenção psicopedagogia focaliza o sujeito na sua relação com a aprendizagem. A meta do psicopedagogo é ajudar aquele que, por diferentes razões, não consegue aprender formal ou informalmente, para que consiga não apenas interessar- se por aprender, mas adquirir ou desenvolver habilidades necessárias para tanto [...]. (RUBINSTEIN, 2001, p. 25).

Segundo especialistas da área, a maioria dos transtornos de aprendizagem

se estabelece antes dos sete anos de idade. As crianças que demonstram

dificuldades em acompanhar seus colegas de turma na aquisição de novas

habilidades básicas, estão correndo o risco de terem problemas nas diferentes áreas

escolares de séries posteriores e no seu desenvolvimento cognitivo, social e afetivo,

como um todo. As primeiras experiências na escola são da maior importância, já que

o fracasso escolar vai ocasionar o desenvolvimento de um crescente sentimento de

frustração e baixa autoestima. Segundo FREIRE (2003), o espaço pedagógico é um

texto para ser constantemente “lido”, interpretado, “escrito” e “reescrito”. Essa leitura

do espaço pedagógico pressupõe também uma releitura da questão das dificuldades

de aprendizagem. Infelizmente, a aprendizagem, em algumas instituições continua

seguindo o modelo tradicionalista, onde é imposta e não mediada, criando uma

passividade entre aquele que sabe e impõe e aquele que obedece ao que manda

calado.

A dificuldade de aprendizagem é um assunto que precisa ser estudado

levando-se em consideração todos os ambientes em que os alunos participam,

como por exemplo, a família, a escola e a sociedade. Não se pode responsabilizar a

uma única causa o fracasso escolar e nem taxar o aluno com dificuldades de

aprendizagem de incapaz, o que deve ser feito é identificar quais aspectos devem

ser trabalhados para suprir as dificuldades e melhorar o rendimento escolar. Os

distúrbios de aprendizagem devem ser vistos como um sintoma, uma manifestação

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de comportamento muitas vezes oculto que ao ser analisado é encarado como

sinalização (FERNANDEZ, 1990).

A literatura tem-nos apontado que o trabalho psicopedagógico desenvolvido

em instituições educativas de educação infantil tem como marca o aspecto

preventivo. O psicopedagogo tem a possibilidade de direcionar o seu trabalho para a

formação continuada do educador, com o objetivo de promover a sua aprendizagem,

e, consequentemente, a aprendizagem de seus alunos. A partir dessa reflexão,

concorda-se com as seguintes palavras:

Desta forma, a busca de alternativas para a formação dos educadores de creches/pré-escolas e uma das tarefas mais importantes do psicopedagogo preocupado com o caráter preventivo de sua prática nessas instituições. Investigar, analisar e pôr em prática novas propostas para uma formação de educadores que os habilite a estabelecer relações mais maduras e conscientes com as crianças e com a equipe escolar, apresenta-se então, como um dos mais fortes desafios ao psicopedagogo comprometido com a educação infantil em instituições (CAVICCHIA, 1996, p. 210).

A partir do redimensionamento da ação docente, na instituição privada, as

brechas para a realização de um trabalho psicopedagógico, de cunho preventivo,

produziram os seus primeiros sinais. Os professores se mostraram mais disponíveis

a trabalhar junto às psicopedagogas, pois, os docentes e a psicopedagogas

começaram a compreender a importância de "escutar" as necessidades de seus

alunos e as suas próprias. Percebemos, além disso, que os estudos sobre o

exercício da escuta docente, na atualidade, não estão restritos à experiência

Reggiana. Há sinais, em torno dessa discussão, nas produções de Miranda (2008):

Ensinar não é apenas transmitir informações a um ouvinte. É ajudá-lo a transformar suas ideias. Para isso, é preciso conhecê-lo, escutá-lo atentamente, compreender seu ponto de vista e escolher a ajuda certa de que necessita para avançar: nem mais nem menos (CURTO, 2000, p. 68 apud MIRANDA, 2008, p. 70).

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2. PROCESSO DE DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL EDUCACIONAL

Diagnosticar um problema é investigar os meios para identificar a queixa da

escola em relação à dinâmica processual de ensino e aprendizagem, e compreender

fundamentalmente tais processos. O diagnóstico psicopedagógico institucional, de

acordo com BASSEDAS (1996, p.24):

(...) busca conhecer, olhar e escutar a relação do sujeito com o conhecimento objetivando a melhoria do ensino e da aprendizagem, ou seja, para ajudar a família, a escola (em todos os níveis – administrativo, docente, técnico, articulador do ensino e da aprendizagem. discente) a cumprir o seu papel, atuando como um.

Para se chegar a um diagnóstico escolar, o psicopedagogo procede com a

coleta dos dados, sendo este um processo com atividades que combine análise

documental, entrevistas com aluno, com professores e equipe pedagógica, com a

família do aluno, observações diretas ao aluno tanto na aprendizagem quanto nas

relações dele. (PORTO, 2006). Inicialmente houve-se a queixa, quais as dificuldades

de aprendizagem do aluno e procede com a entrevista anamnésica institucional

junto ao familiar do aluno em estudo. Neste documento são coletados e registrados

dados do histórico escolar do aluno, dados pessoais e familiares, a percepção que o

aluno tem de si, etc. Inicialmente houve-se a queixa, quais as dificuldades de

aprendizagem do aluno e procede com a entrevista anamnésica institucional junto

ao familiar do aluno em estudo. Neste documento são coletados e registrados dados

do histórico escolar do aluno, dados pessoais e familiares, a percepção que o aluno

tem de si, etc.

RUBINSTEIN (2001), compara o diagnóstico psicopedagógico a um

processo de investigação, onde o psicopedagogo assemelha-se um a detetive a

procura de pistas, selecionando-as e centrando-se na investigação de todo processo

de aprendizagem, levando-se em conta a totalidade dos fatores envolvidos neste

processo.

Após o levantamento dos dados processa-se a tabulação dos mesmos, a

análise geral de cada turma e o levantamento das dificuldades dos alunos. Obtendo-

se um diagnóstico é necessário estruturar um planejamento com intervenção

adequada e eficaz. Organizam-se diretrizes de ações para o aluno e familiares, aos

professores e à turma a qual ele se insere, iniciando assim o processo de

intervenção.

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A Dificuldade de Aprendizagem é um problema que está presente em todo

meio educacional e quando as Dificuldades não são identificadas, acaba se

tornando um peso para muitas crianças e adolescentes. Uma vez que a Dificuldade

não é diagnosticada a criança é taxada de preguiçosa e outros adjetivos negativos.

A criança que se esforça, mas não consegue obter êxito escolar é, frequentemente rotulada de „lenta‟, „preguiçosa‟ e „burra‟. Isto pode lhe causar danos. “Muitos alunos sentem dificuldades no momento de aprender algo e quando esses obstáculos não são identificados e procurados, de alguma forma, a serem sanados, acabam virando uma bola de neve. (GUERRA, 2002, p.15).

A presença do psicopedagogo é importante para auxiliar na identificação e

na resolução dos problemas no processo do ensino/aprendizagem. Este profissional

está capacitado a lidar com as diversas dificuldades, pois tem um conhecimento

científico nos processos do aprender. Cabe a ele verificar a solução dos problemas

de aprendizagem, realizar o diagnóstico, intervir através de métodos ou técnicas

próprias. A relação que existe entre o psicopedagogo, professor e família é muito

importante, pois juntos podem procurar definir atividades com o objetivo de

solucionar os efeitos prejudiciais aos alunos com dificuldades. O profissional de

psicopedagogia elabora um trabalho junto com a família e a escola frente às

dificuldades no processo do aprender, terá que encontrar uma solução mais

adequada para cada caso diagnosticado. É preciso que o professor tenha prazer em

ensinar para que possibilite o prazer do aluno aprender. O professor que se

compromete com a educação deseja que seu aluno construa o conhecimento para a

vida. Segundo BOSSA (1994, p. 29):

O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia segundo vimos afirmando, numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que esta atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do sujeito.

A criança precisa ser direcionada para uma educação que a faça saber

interagir na sociedade, fora do convívio familiar e escolar. Mas quando ela se depara

com o mundo, passa a usar os seus valores, conduta e visão de vida. Segundo

FURTADO e BORGES (2007, p. 22):

O processo de socialização traz implícito aprender a evitar condutas consideradas prejudiciais e, por outro lado, adquirir determinadas habilidades sociais. Para isso é necessário que o sujeito esteja motivado a se comportar de forma adequada e desenvolva uma conduta de autocontrole, atendendo de forma positiva as expectativas do grupo. Considerando que os vínculos afetivos estabelecidos pela criança com os

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pais, irmãos, amigos, professores, colegas, etc., são a base de seu desenvolvimento social, então a empatia, o apego e a amizade têm influência no desenvolvimento social de um individuo.

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3. A IMPORTÂNCIA DO JOGO SIMBÓLICO NA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Segundo Vigotsky e Piaget, salientando inicialmente, que para o primeiro, o

jogo deriva das relações sociais e o momento histórico cultural no qual a criança

está inserida, enquanto para Piaget, o jogo deriva da estrutura do pensamento da

criança. No entanto, apesar das diferentes concepções, ambos compreendem o

valor estrutural e dimensional que a brincadeira propicia para o desenvolvimento e a

aprendizagem da criança, estabelecendo nesse percurso, a relação entre o jogo

simbólico, mais especificamente, o “jogo de papéis” e a práxis pedagógica. Nesta

abordagem, VIGOTSKY (1998, p. 135) ressalta ainda que:

A brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica para mudanças da necessidade e da consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparece a ação na esfera imaginativa numa situação de faz-de-conta a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar.

A apropriação permite à criança, ser sujeito construtor desse conhecimento,

pela mediação cultural, possibilitando a superação do senso-comum - Sophia

(espontâneo e não intencionais - mediações em-si), para a epistem e (não

espontâneo e intencional - mediações para-si). Tomemos como exemplo, o saber de

uma criança que trabalha na feira e realizam contas matemáticas rotineiras, esta é

uma atividade cotidiana pragmática imediatista, pois realizam as quatro operações

aritméticas automaticamente, sem ter a compreensão do mecanismo que as

envolve. Por meio de uma educação intencional e sistematizada, esta criança

compreenderia o processo das operações aritméticas, superando, por incorporação,

as objetivações do cotidiano em que está inserida, saindo do empirismo para a

concretude da existência social. Ao se referir às objetivações para si, GIARDINETTO

(1999, p. 29) afirma que:

Tais formas de agir e de pensar obrigam o indivíduo a se colocar em uma posição em que enxerga sua realidade sob um prisma que lhe permite compreender nuances até então escamoteadas pelas manifestações imediatas de sua realidade. È essa a postura da análise científica.

Nesta perspectiva sobre a atividade escolar elaborada e contextualizada

pela criança, LEONTIEV (1978, p. 287) também confirma a importância do jogo na

atividade de brincar.

O ponto central da teoria formulada por VYGOTSKY (1998), é que as

funções psicológicas superiores são de origem sócio-cultural e emergem de

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processos psicológicos elementares, de origem biológica, por meio da interação da

criança com membros mais experientes de sua cultura. Tal interação propicia a

internalização dos mediadores simbólicos e da própria relação social. Em outras

palavras, a partir do momento em que a criança alcança a maturação, formam-se

novas e mais complexas funções mentais conforme o meio social a que está

exposta. Portanto, através da vida social, da constante comunicação que se

estabelece entre crianças e adultos, ocorre a assimilação da experiência de muitas

gerações e a formação do pensamento:

O fato mais importante revelado pelo estudo genético do pensamento e da fala é que a relação entre ambos passa por várias mudanças. O progresso da fala não é paralelo ao progresso do pensamento. As curvas de crescimento de ambos cruzam-se muitas vezes; podem atingir o mesmo ponto e correr lado a lado. E até mesmo fundir-se por algum tempo, mas acabam se separando novamente. (VYGOTSKY, 2002, p. 41).

Para VYGOTSKY, o indivíduo não nasce pronto, mas é influenciado pelo

ambiente externo em que vive:

Seu ponto de vista é bastante diferente dos anteriores. Segundo ela, a estrutura fisiológica humana, aquilo que é inato, não é suficiente para produzir o individuo humano, na ausência do ambiente social. As características individuais (modo de agir, de pensar, de sentir, valores, conhecimentos, visão de mundo, etc.) dependem da interação do ser humano com o meio e atribui especial importância ao fator humano presente no ambiente. (REGO, 1999, p. 57).

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4. RELAÇÃO FAMILIA E ESCOLA

A família se modifica através da história, mas continua sendo um sistema de

vínculos afetivos onde se dá todo o processo de humanização do indivíduo. Um

ambiente familiar estável e afetivo parece contribuir de forma positiva para o bom

desempenho escolar da criança. Um lar deficiente, mal estruturado social e

economicamente, tende a favorecer o mau desempenho escolar das crianças. Sabe-

se que, quando algo não vai bem ao ambiente familiar, o escolar será também de

certa forma afetado. Desta forma, percebe -se que a grande maioria das

dificuldades apresentadas pelas crianças é proveniente de proble mas

familiares. Isso ficou claro, quando das conversas com os pais e seus filhos no

decorrer de nosso trabalho.

Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem às condutas caóticas e desordenadas, que se reflete em casa e quase sempre, também na escola em termos de indisciplina e de baixo rendimento escolar. (MALDONADO, 1997, p. 11).

Percebe-se desta forma que a família possui papel decisiva na educação

formal e informal, pois, além de refletir os problemas da sociedade, absorver

valores 15 éticos e humanitários e aprofunda os laços de solidariedade. Portanto, é

indispensável à participação da família na vida escolar dos filhos, pois crianças que

percebem que seus pais e/ou responsáveis estão acompanhando de perto tudo o

que está acontecendo, que estão verificando o rendimento escolar – perguntando

como foram as aulas, questionando as tarefas etc. – tendem a se sentir mais

segura e, em consequência dessas atitudes por parte da família, apresentam

melhor desempenho nas atividades escolares.

Desta forma, percebe-se que, tendo em vista todas as mudanças ocorridas

na família ao longo da história em função de diversos fatores, entre eles a

emancipação feminina, que os papéis da escola foram ampliados para dar conta das

novas demandas da família e da sociedade. Negar este fato é agir fora da realidade,

pois as mudanças na família além de afetar a sociedade como um todo, afeta

também a educação dos filhos refletindo indiscutivelmente sobre as atividades

desenvolvidas pela escola. Pensando nisso, utilizou-se para este trabalho uma

metodologia de pesquisa e intervenção voltada ao fortalecimento dos laços de

aproximação entre a escola e a família, almejando uma parceria que crie uma

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atmosfera favorável ao desenvolvimento e aprendizagem das crianças nesses dois

ambientes socializadores e educacionais. Como bem diz PIAGET:

Uma ligação estreita e Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais levam, pois a muita coisa que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades [...]. (2007, p.50).

Portanto, o papel que a escola possui na construção dessa parceria é

fundamental, devendo considerar a necessidade da família, levando-as a vivenciar

situações que lhes possibilitem se sentirem participantes ativos nessa parceria. Vale

ainda ressaltar que escola e família precisam se unir e juntas procurar entender o

que é Família, o que é Escola, como eram vistas estas anteriormente e como são

vistas hoje, e ainda o que é desenvolvimento humano e aprendizagem, como a

criança aprende etc., pois como diz Arroyo os aprendizes se ajudam uns aos outros

a aprender, trocando saberes, vivências, significados, culturas. Trocando

questionamentos seus, de seu tempo cultural, trocando incertezas, perguntas, mais

do que respostas, talvez, mas trocando. (ARROYO, 2000, p. 166). Percebe-se desta

forma que a interação família/escola é necessária, para que ambas conheçam suas

realidades e suas limitações, e busquem caminhos que permitam e facilitem o

entrosamento entre si, para o sucesso educacional do filho/aluno. Nesse sentido,

faz-se necessário retomar algumas questões no que se refere à escola e à família

tais como: suas estruturas e suas formas de relacionamentos, visto que, a relação

entre ambas tem sido destacada como de extrema importância no processo

educativo das crianças.

MARCHESI (2004), nos diz que a educação não é uma tarefa que a escola

possa realizar sozinha sem a cooperação de outras instituições e, a nosso ver, a

família é a instituição que mais perto se encontra da escola. Sendo assim se

levarmos em consideração que Família e Escola buscam atingir os mesmos

objetivos, devem elas comungar os mesmos ideais para que possam vir a superar

dificuldades e conflitos que diariamente angustiam os profissionais da escola e

também os próprios alunos e suas famílias. É importante que a família esteja

engajada no processo ensino-aprendizagem. Isto tende a favorecer o desempenho

escolar, visto que o convívio da criança com a família é muito maior do que o

convívio com a escola. Na 5ª série isto se torna ainda mais necessário, pois, o

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processo de transição pelo qual a criança passa ao sair da 4ª série, pode causar

dificuldades no desempenho escolar.

Sendo assim, a Constituição de 1988 destaca-se como um marco na

evolução sobre o conceito de família e de acordo com GENOFRE (1997), o traço

dominante da evolução da família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez

menos organizado e hierarquizado e que cada vez mais se funda na afeição mútua

como já foi dito, as mudanças sócio-políticas-econômicas das últimas décadas vêm

influenciando na dinâmica e na estrutura familiar, acarretando mudanças em seu

padrão tradicional de organização. Diante disso, não se pode falar em família, mas

sim famílias, devido à diversidade de relações existentes em nossa sociedade.

Apesar dos diferentes arranjos familiares que se sucederam e conviveram

simultaneamente ao longo da história, a família ainda se constitui com a mesma

finalidade: preservar a união monogâmica baseada em princípios éticos onde o

respeito ao outro é uma condição indispensável. Por outro lado, mudanças serão

sempre bem vindas, principalmente quando surgem para fortalecer ainda mais a

instituição familiar, base do indivíduo na vida social, embora a família tenha deixado

de ter apenas um modelo para se dividir em inúmeros modelos. A partir do trabalho

realizado com a turma em questão pudemos constatar estes diferentes arranjos

familiares e a dificuldade encontrada na harmonização desta nova formação

constatou-se, porém que apesar dessas diferenças e dificuldades, a necessidade

dos responsáveis (pais, avós, tios, padrastos, etc.) em dividir a educação de seus

filhos. Nesse sentido estabelecer um diálogo entre a escola e a família é

fundamental, considerando que por maiores que sejam as modificações na

constituição familiar, esta, como relata (ACKERMAM, 1980 p. 29): “permanece como

unidade básica de crescimento e experiência, desempenho ou falha.”. E ainda como

esclarecem CAMPOS/ CARVALHO (1983)

Embora a legislação seja ampla no que tange à inclusão familiar no contexto

escolar, estas não têm sido suficientes para superar o grande atraso do sistema

educacional - uma das questões cruciais de educação das sociedades

contemporâneas - que perseguem um sistema que assegure a otimização de uma

tarefa essencial em suas destinações históricas. (NOGUEIRA, 2002). Levando-se

em consideração que família e a escola buscam atingir os mesmos objetivos,

preparar a criança para o mundo, devem estes comungar os mesmos ideais para

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que possam vir a superar dificuldades e conflitos que diariamente angustiam os

profissionais da escola e também os próprios alunos e seus pais.

A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação com ela apenas começa. È preciso o diálogo entre escola, pais e filhos. (REIS, 2007, p. 6).

Portanto, uma boa relação entre a família e a Escola deve estar presente em

qualquer trabalho educativo que tenha como principal alvo o aluno. A escola deve

também, exercer sua função educativa junto aos pais, discutindo, informando,

orientando sobre os mais variados assuntos, para que em reciprocidade, escola e

família possam proporcionar um bom desempenho escolar e social às crianças.

Pois,

[...] e toda pessoa tem direito à educação, é evidente que os pais também possuem o direito de serem senão educados, ao menos, informados no tocante à melhor educação a ser proporcionada a seus filhos. (PIAGET, 2007, p. 50).

Como já foi dito, as mudanças sócio-políticas-econômicas das últimas

décadas vêm influenciando na dinâmica e na estrutura familiar, acarretando

mudanças em seu padrão tradicional de organização. Diante disso, não se pode

falar em família, mas sim famílias, devido à diversidade de relações existentes em

nossa sociedade.

Vida familiar e vida escolar perpassam por caminhos concomitantes. É

quase impossível separar aluno/filho, por isto, quanto maior o fortalecimento dessa

relação família/escola, tanto melhor será o desempenho escolar desses

filhos/alunos. Nesse sentido, é importante que família e escola saibam aproveitar os

benefícios desse estreitamento de relações, pois isto irá resultar em princípios

facilitadores da aprendizagem e formação social da criança.

[ ...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo. (PAROLIM, 2003, p. 99).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Psicopedagogia surgiu da necessidade de melhor compreensão do

processo de aprendizagem, comprometido com a transformação da realidade

escolar, na medida em que possibilita, mediante dinâmicas em sala de aula,

contemplar a interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da escola. O

psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o

estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as

mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a equipe

escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das circunstâncias de

produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar os obstáculos que se

interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo. A

aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo e o meio, da

qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais dentro dos aspectos

biológicos, a criança apresenta uma série de características que lhe permitem, ou

não, o desenvolvimento de conhecimentos.

Saber lidar com o diferente; estruturar o sujeito, não é uma tarefa fácil, mas

o psicopedagogo deve ter sempre este compromisso social. E a partir das reflexões

envolvidas no processo de intervenção, contribuir para o esclarecimento deste déficit

na aprendizagem, que não tem como causa apenas deficiências do aluno, mas que

são consequências de problemas na instituição escolar, como também a família e

outros membros da comunidade, que interferem no processo. É importante que

tenhamos em mente, que o trabalho do psicopedagogo se dá numa situação de

relação entre pessoas. O objetivo deste profissional é o de conduzir a criança ou

adolescente, ou a instituição a reinserir-se numa escolaridade normal e saudável.

Problemas de aprendizagem existem e sempre vão existir, mas só que agora há

uma diferença, temos um olhar novo, clínico e mais amplo voltados para eles.

Um olhar de um profissional que deve ser mais requisitado, e que não deixa

de ser, de grande relevância no âmbito escolar. Diante de uma atmosfera tão

complexa, que é o processo de aprendizagem humana, trabalhar de maneira isolada

significa romper com os princípios da Psicopedagogia e colocar se diante do risco

desnecessário de não conseguir suprir as necessidades dos casos que chegam as

nossas Escolas e consultórios. Os desafios não são apenas de ordem

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psicobiológica, mas também de ordem psicossocial e este, é o maior de todos os

problemas. A dialogicidade interdisciplinar surge como ferramenta para administrar

os desafios de uma prática pedagógica dinâmica e que vêm exigindo cada vez mais

dos profissionais da categoria educacional, novas estratégias para respaldar o

ensino. A Psicopedagogia desembarca neste universo, a fim de acrescentar com a

perspicácia e o olhar Clínico do processo de aprendizagem lançando propostas de

prevenção e Intervenção coletivamente.

Aspectos da subjetividade do inconsciente coletivo, que os mitos outorgam a

cada sujeito em seu contexto, devem ser considerados para desmistificar as

relações estabelecidas no processo de formação em que o endeusamento de certos

papéis deve ser questionado, o poder do professor entre outros.

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