2013-09 - Hidromorfologia Meia Ponte - GO - GeoAraguaia.pdf

download 2013-09 - Hidromorfologia Meia Ponte - GO - GeoAraguaia.pdf

of 16

Transcript of 2013-09 - Hidromorfologia Meia Ponte - GO - GeoAraguaia.pdf

  • 147 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    ESTUDO HIDROMORFOMTRICO DA REA DE CONTRIBUIO DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MEIA PONTE A MONTANTE

    DE GOINIA/GO

    HYDROMORPHOMETRIC STUDY OF THE CONTRIBUTION AREA OF THE WATERSHED OF THE MEIA PONTE RIVER UPSTREAM OF

    GOINIA/BRAZIL

    Elvis Richard Pires Goularte Tecnlogo em Geoprocessamento - INCRA Palmas/TO

    [email protected]

    Francisco Fernando Noronha Marcuzzo Servio Geolgico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais do Ministrio de

    Minas e Energia/SGB/CPRM [email protected]

    Fbio Campos Macedo

    Professor no Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Goinia [email protected]

    RESUMO A importancia do estudo morfomtrico de bacias hidrogrficas o suporte s anlises hidrolgicas e s ambientais. O objetivo deste trabalho foi um estudo hidromorfolgico a partir de parmetros fsicos da rea de drenagem de uma estao fluviomtrica a montante da cidade de Goinia/GO favorecendo assim um conhecimento sistemtico para o uso da gua e o uso e ocupao do solo. A caracterizao foi feita atravs de um conjunto de algoritmos que pertencem ao mdulo de Ferramentas Archydro 9,3 do software ArcGIS 9.3. Utilizou-se nesta caracterizao o Modelo Digital de Elevao (MDE) de resoluo espacial de 90 metros por 90 metros refinadas para clulas de resoluo de 30 metros por 30 metros. A partir deste modelo foi determinado que a rea de drenagem do ponto de interesse apresenta uma forma no-circular sendo classificada de acordo com a hierarquia de Strahler, como de 5 ordem, ou seja, bem ramificada. Apesar de uma boa ramificao, a rea de drenagem em estudo foi considerada como pouco drenada por causa do valor de densidade de drenagem, 0,4864 km.(km2)-1. Finalmente, podemos concluir que a delimitao automtica de bacias a partir do modelo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) apresenta um excelente custo benefcio, fornecendo uma economia de tempo e automatizando processos e reduzindo a subjetividade na delimitao. Palavras-chave: Delimitao de bacia hidrogrfica, SRTM, Strahler, MDE. ABSTRACT The importance of the morphometric study watershed is the support for environmental and hydrological analysis. The objective of this study was to characterize morphometric from some physical parameters of the drainage area of the station fluviometric amount Goinia/GO. The characterization was done through a set of algorithms that belong to the module Archydro Tools 9.3 software ArcGIS 9.3. We used this characterization the Digital Elevation Model (DEM) spatial resolution of 90 meters by 90 meters refined to cell resolution of 30 meters by 30 meters. From this model it was determined that the drainage area from the point of interest

  • 148 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    has a non-circular and is classified according to Strahler hierarchy, as 5 th order, ie, well branched. Although a good branch, the drainage area under study was considered little drained because of the value of drainage density, 0.4864 km.(km2)-1. Finally, we conclude that the automatic delineation of watersheds from the SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) model presents a cost-effective, providing a savings in time and automating mechanical processes and reducing the subjectivity of the delimitation. Keywords: Delimitation of watershed, SRTM, Strahler, DEM.

    INTRODUO

    A importncia do estudo de caracterizao hidromorfomtrica em bacias hidrogrficas

    tem grande relevncia por levar em conta no apenas o aspecto qualitativo, mas tambm o

    aspecto quantitativo, possibilitando assim o auxlio na obteno de anlises de cunho

    hidrolgico e ambiental de uma dada regio.

    O estudo hidromorfomtrico de uma bacia hidrogrfica de grande importncia, visto

    que a gua vital para a sobrevivncia de todas as espcies, inclusive o homem. Alm disso, a

    gua considerada um bem vulnervel e limitado, e, por tudo isso, dotado de valor

    econmico (CHAVES, 2002). A grande ocupao humana na superfcie terrestre, na maioria

    das vezes de forma intensa e desordenada, est afetando significativamente a qualidade e

    quantidade dos recursos hdricos disponveis no mundo e em especial no Brasil, ressaltando a

    importncia deste tipo de estudo.

    A bacia hidrogrfica definida como uma rea de captao natural da gua que faz

    convergir os escoamentos para um nico ponto de sada, seu exultrio ou foz. composta

    basicamente de um conjunto de vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos

    dgua que confluem at resultar um leito nico no exutrio (SILVEIRA, 2001).

    Cardoso e Marcuzzo (2011), em um estudo da morfologia areal da bacia do Rio Araguaia

    utilizando MDE ASTER concluram que na escala utilizada de 1:100000, foi possvel mapear

    50 sub-bacias que desguam diretamente no Rio Araguaia. J Marcuzzo e Cardoso (2013), em

    um estudo das ottobacias de afluentes do rio Paran utilizando MDE de imagens de radar

    ASTER GDEM, constataram que a densidade das redes de drenagem de todos os oito

    afluentes da sub-bacia 63 demonstrou-se extremamente bem drenadas com todos os valores

    acima de 3,5 km.(km)-1.

    Nesse contexto, a forma da superfcie do terreno um importante agente regulador da

    distribuio do fluxo de gua e energia dentro das bacias hidrogrficas. Sua representao no

    universo digital feita por meio dos Modelos Digitais de Elevao (MDE) tanto no formato

    matricial (raster) quanto no formato TIN - Triangulated Irregular Network.

  • 149 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Modelos Digitais de Elevao so representaes matemticas da topografia do terreno

    espargida espacialmente s alteraes de altitude numa rea fundamentada e definida sobre

    um plano cartogrfico num conjunto de coordenadas X, Y e Z.

    Os dados SRTM de 3 arcos de segundo, (tamanho do pixel), sofreram correes no

    sentido de incluso de informaes em pontos/reas com ausncia de dado. Passou por um

    processamento computacional para refinamento no tamanho da clula (pixel) para 1 arco de

    segundo, ou seja, resoluo de 30 m x 30 m. Este refinamento foi realizado a partir de

    interpolao de dados pelo mtodo de krigagem, processo embasado na anlise geoestatstica

    da variabilidade dos dados, onde se definem coeficientes que melhor respondem ao modelo de

    superfcie real. Alm dos dados de entrada, o processo exige as informaes geoestatstica

    (coeficientes) que controlam a distribuio dos pesos para o clculo dos valores interpolados,

    e assim este mtodo oferece flexibilidade para comportar as caractersticas espaciais dos

    dados (VALERIANO et al., 2008).

    A difuso dos equipamentos de informtica, a crescente utilizao das tecnologias de

    sensoriamento remoto orbital e o desenvolvimento de sistemas de informaes geogrficas

    possibilitam a extrao, tratamento, anlise e a modelagem de dados sobre a disponibilidade

    de gua e sua distribuio (CHAVES, 2002).

    Diversos algoritmos tm sido implementados em mdulos especficos dos sistemas de

    informaes geogrficas com a finalidade de automatizar a extrao de caractersticas

    morfomtricas dessas superfcies a partir dos modelos digitais de elevao. Dentre os quais se

    destaca o delineamento das bacias hidrogrficas e das redes de drenagem.

    As vantagens da delineao automtica em relao aos procedimentos manuais so a

    eficincia e confiabilidade dos processos, a reproduo dos resultados, a possibilidade de

    armazenamento e o compartilhamento dos dados digitais.

    A rea de estudo, a metade a montante do rio Meia Ponte, que passa pelo estado de

    Gois, um dos rios mais importantes da regio, pois, em sua bacia hidrogrfica vive cerca

    de 50% da populao do estado de Gois.

    O objetivo deste trabalho foi o detalhamento da caracterizao hidromorfomtrica, a

    partir de parmetros fsicos da rea de drenagem, de uma estao fluviomtrica a montante da

    cidade de Goinia, no estado de Gois, visando fornecer subsdios e conhecimento para outros

    estudos nessa rea de drenagem. Destacando-se que a rea de estudo

  • 150 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    MATERIAL E MTODOS

    Caracterizao da rea de Estudo

    O estado de Gois que possui uma rea de 340.111,783 km est localizado na regio

    Centro-Oeste do Brasil (Figura 1). Possui uma situao bastante privilegiada em termos de

    potencialidades econmicas pela sua proximidade aos mercados consumidores, ocupando

    uma posio de destaque no contexto nacional no que diz respeito a sua agropecuria.

    A regio de estudo compreende a rea de drenagem da estao fluviomtrica denominada

    Montante de Goinia (cdigo da Agncia Nacional de guas: 60640000), localizada na sub-

    bacia do Alto Meia Ponte (BRASIL, 2013).

    Nesse local realizam-se as medies de descarga lquida (vazo) do rio Meia Ponte. A

    estao pertencente Rede Hidrometeorolgica da Agncia Nacional de guas (ANA) e

    operada pela Superintendncia de Goinia (SUREG-GO) da Companhia de Pesquisas e

    Recursos Minerais / Servio Geolgico do Brasil (CPRM/SGB).

    A rea de drenagem da estao est na poro central do estado de Gois (Figura 1), entre

    as coordenadas geogrficas 1600S e 1640S de latitude e 4900W e 5950W de

    longitude. A estao Montante de Goinia est localizada nas coordenadas geogrficas

    163649S de latitude e 491647W de longitude (BRASIL, 2013).

  • 151 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Figura 1. Localizao da rea de drenagem da estao fluviomtrica Montante de Goinia,

    contribuinte da sub-bacia do Alto Meia Ponte.

    O clima da regio tropical com inverno quente e seco entre maio a setembro e vero

    quente chuvoso, de outubro a abril (COSTA et al., 2012; CARDOSO, 2011; CARDOSO et

    al., 2011; MARCUZZO et al., 2012). No perodo chuvoso ocorrem 95% da precipitao

    pluvial com destaque para os meses de dezembro e janeiro (GOIS, 2006).

  • 152 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    A geologia representada por rochas muito antigas at rochas consideradas muito jovens.

    Em relao a geomorfologia, para o estado de Gois, aplicou uma classificao do tipo

    gentica, organizada em vrios nveis, sendo observadas as categorias de Sistemas

    Denudacionais e as de Sistemas Agradacionais, onde cada um destes sistemas pode envolver

    tanto processos de agradao como de denudao, contudo o critrio de classificao foi

    determinado pela predominncia das geoformas: erosivas (denudacionais) ou deposicionais

    (agradacionais). A quase totalidade da rea de estudo (97%) insere-se em Sistemas

    Denudacionais, enquanto uma pequena parte em Sistemas Agradacionais (2%) ou so

    recobertos por massas d`gua (1%) (GOIS, 2006).

    Descries geolgicas mais detalhadas da rea de estudo podem ser verificadas de

    maneira descritiva em GOIS (2006).

    De acordo com a Lei 9.433/1997, que Institui a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e

    criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos, estabelece que a bacia

    hidrogrfica deva ser a unidade territorial para a implementao das polticas de gesto dos

    recursos hdricos. Complementarmente, a lei determina que essa gesto deva contar com a

    participao dos setores usurios e do setor pblico (regional, estadual e nacional) e estar

    integrada com a gesto do uso do solo. Dessa forma tambm pode ser percebida a importncia

    das bacias hidrogrficas, reas de drenagens e sua correta caracterizao.

    Clculo da rea de Drenagem

    Delimitou-se a rea de drenagem utilizando-se o Sistema de Informao Geogrfica

    (SIG) do programa computacional ArcGIS 9.3, valendo-se da funo Watershed da

    ferramenta Spatial Analyst Tools/Hydroloy, com um limiar de valor 1 a partir da estao

    fluviomtrica Montante de Goinia (Figura 2).

    A delimitao automtica da rea de drenagem foi obtida utilizando apenas o modelo

    interpolado para clulas de 30 metros, SRTM-1, pois o mesmo apresenta-se melhor

    visualmente.

    A delimitao da rea de drenagem ocorreu a partir da estao fluviomtrica Montante

    Goinia, monitorada pela a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais / Servio Geolgico

    do Brasil (CPRM/SGB), e, localizada na sub-bacia do Alto Meia Ponte com as coordenadas

    geogrficas 491647W e 163649S.

    Atravs da funo Watershed da ferramenta Spatial Analyst Tools/Hydroloy, com um

    limiar de valor 1, delineou-se a rea de drenagem a partir do ponto, Montante Goinia,

  • 153 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Todas as equaes utilizadas para os clculos das anlises hidromormtricas so descritas

    e detalhadas em Christofoletti (1970) e Christofoletti (1980).

    Figura 2. Localizao da rea de drenagem da estao fluviomtrica Montante de Goinia.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Permetro da rea de Drenagem

    O permetro foi calculado com a aplicao da ferramenta Xtools Pro e funo Calculate

    Area, perimeter, sendo necessrio o objeto estar em formato de polgono.

    Somente recursos, tendo comprimento e reas podem ser medidas com esta ferramenta.

    Portanto, camadas contendo objetos de pontos no podem ser mensurveis com a ferramenta.

  • 154 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    O clculo do permetro fundamental para que se realizem os demais clculos morfomtricos

    da rea de drenagem.

    Para a rea de drenagem da estao fluviomtrica Montante de Goinia o valor do

    encontrado do permetro foi de 237.285 metros.

    Comprimento da rea de Drenagem

    a maior distncia medida, em linha reta, entre a foz e determinado ponto situado ao

    longo do permetro (Figura 3).

    Essa medida foi extrada atravs da ferramenta Xtools Pro onde primeiramente houve a

    converso da rea de drenagem na forma de polgono para pontos. Em seguida com a funo

    Point Distance da ferramenta Analyst Tools foram calculados as distncias entre os pontos

    que formam o permetro da bacia e Foz, que a estao fluviomtrica Montante de Goinia.

    O comprimento da rea de drenagem encontrada foi de 64,42 km.

    Figura 3. Comprimento da rea de drenagem da estao fluviomtrica Montante de Goinia.

  • 155 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Hierarquia de Strahler

    A ordem ou hierarquia dos cursos dgua (Figura 4) pode ser determinada seguindo os

    critrios introduzidos por Horton (1945) e Strahler (1957).

    Utilizou-se nesse trabalho a classificao apresentada por Strahler, em que os canais sem

    tributrios so designados de primeira ordem.

    Figura 4. Ordem dos cursos d'gua conforme a classificao de Strahler (1957).

    Os canais de segunda ordem so os que se originam da confluncia de dois canais de

    primeira ordem, podendo ter afluentes tambm de primeira ordem.

  • 156 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Os canais de terceira ordem originam-se da confluncia de dois canais de segunda ordem,

    podendo receber afluentes de segunda e primeira ordens, e assim sucessivamente (SILVEIRA,

    2001).

    A juno de um canal de cada ordem a um canal de ordem superior no altera a ordem

    deste. Nesse trabalho o comprimento total dos canais foi de 844,876 km (Figura 4).

    Hipsometria da rea de Drenagem

    Aps a delimitao automtica da rea de drenagem executou-se o corte da rea

    mosaicada (SRTM1) com o limite da rea da sub-bacia formada pela rea de contribuio da

    estao fluviomtrica Montante de Goinia.

    Em seguida foi feito uma classificao das altitudes em cinco classes altimtricas sendo

    possvel observar atravs da Figura 5 que o intervalo de altitude mais baixo, 700 m a 786 m,

    representado pela a cor azul claro.

    A Figura 5 ilustra a distribuio das altitudes na rea de drenagem da estao

    fluviomtrica Montante de Goinia, constatando-se uma altitude mdia de 921,5 m. Na Tabela

    1, verifica-se a porcentagem de rea de drenagem nas faixas altimtricas definidas.

    A maior poro de rea, 499,62 metros, contem o intervalo de 897 m e 963 m,

    correspondendo a 28,76% do total da rea.

    Tabela 1. Distribuio da altitude de acordo com a rea de drenagem da estao fluviomtrica Montante de Goinia.

    Altitude (m) rea (km) % 700 786 167,3494 9,63 786 839 289,7893 16,68 839 897 404,6590 23,18 897 963 499,6200 28,76 963 1143 377,6320 21,74

  • 157 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Figura 5. Distribuio da altitude de acordo com rea de drenagem da estao fluviomtrica

    Montante de Goinia.

    Declividade e Uso do Solo

    A declividade (Figura 6) influencia a relao entre a precipitao e o deflvio de uma

    bacia hidrogrfica, sobretudo devido ao aumento da velocidade de escoamento superficial,

    reduzindo a possibilidade da infiltrao de gua no solo.

    A metodologia detalhada e o detalhamento das classes de relevo so descritas em

    EMBRAPA (2006).

  • 158 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Figura 6. Distribuio da declividade na rea de drenagem da estao Montante de Goinia.

    Na rea em estudo, essa declividade (Figura 6) parece no ser compensada pela

    vegetao remanescente (Figura 7), que de apenas 3,05% (Tabela 3) tornando-se desse

    modo passvel de eroso. Outro fator que se observa na Figura 6 que a declividade favorece

    o uso e a ocupao do solo tornando-se uma rea favorvel agricultura e s pastagens.

    Por outro lado com o aumento da retirada da vegetao nativa esse ambiente torna-se

    tambm propcio a inundaes em regies mais baixas, eroses e desertificaes.

    Contrariando assim os resultados de coeficiente de compacidade, fator de forma e ndice de

    circularidade, onde os resultados indicam que a rea em condies normais de precipitao,

    no susceptveis a cheias. Em relao vegetao remanescente, o que se pode aferir na

    Figura 7 que esta vegetao est presente em regies com maior declividade confirmando-se

  • 159 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    que a explorao do solo est mais presente em regies menos acidentadas e prximo aos

    corpos dgua.

    As classes de relevo foram determinadas segundo a descrio de EMBRAPA (2006).

    Observa-se na Tabela 2, as informaes quantitativas associadas declividade do terreno da

    rea de drenagem em estudo e na Tabela 3 a distribuio do uso e ocupao do solo.

    Figura 7. Distribuio do uso do solo na rea de drenagem da estao Montante de Goinia.

    Na Tabela 2, a maior parte do relevo corresponde a ondulado, com 42,21% e na Tabela 3, a

    rea ocupada corresponde a 96,75%.

  • 160 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    Tabela 2. Classes de declividade da rea de drenagem da estao fluviomtrica Montante de Goinia.

    Declividade (%) Relevo rea (km) % 0 3 Plano 203,3 11,7 3 8 Suave ondulado 662,7 38,1 8 20 Ondulado 734,0 42,2 20 45 Forte ondulado 135,0 7,8 45 75 Montanhoso 1,2 0,1

    Tabela 3. Distribuio do uso e ocupao do solo da rea de drenagem da estao fluviomtrica

    Montante de Goinia.

    Uso do solo rea (km) % rea ocupada 1.682,5 96,8 Corpo dgua 3,5 0,2 Vegetao remanescente 53,0 3,1

    Limite da rea de drenagem 1.739 100

    Tabela 4. Caractersticas morfomtricas da rea de drenagem Montante de Goinia.

    Caractersticas Morfomtricas Valores rea de drenagem (km) 1.739 Comprimento da bacia (m) 64.420 Comprimento das drenagens (km) 844,876 Permetro (m) 237.285 Coeficiente de compacidade (-) 1,5932 Fator forma (-) 0,4190 ndice de circularidade (-) 0,3882 Declividade mxima (%) 76,84 Declividade mdia (%) 7,02 Declividade mnima (%) 0,00 Altitude mxima (m) 1143 Altitude mdia (m) 921,50 Altitude mnima (m) 700 Hierarquia de Strahler (-) 5 Ordem Dens. de drenagem (km.(km)-1) 0,4858

    CONCLUSES

    Considerando os resultados obtidos, pode-se afirmar que a utilizao de programa

    computacional de SIG para gerao automtica de bacias hidrogrficas a partir dos modelos SRTM

    apresentou um resultado satisfatrio, pois, ao mesmo tempo em que proporciona uma economia de

    tempo automatiza os processos mecnicos, reduz o nmero de pessoas envolvidas no trabalho e

    diminui a subjetividade da delimitao.

  • 161 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    A caracterizao morfomtrica da rea de drenagem da estao Montante de Goinia indica

    uma rea de forma no circular, conforme pode ser observado pelos valores calculados dos

    parmetros ndice de circularidade, coeficiente de compacidade e fator de forma. Essa situao

    denota um forte controle morfomtrico da drenagem.

    A densidade de drenagem de 0,4864 km.(km2)-1, podendo-se afirmar que a bacia em estudo

    apresenta uma profunda dissecao fluvial e perenidade. A rea de drenagem estudada de quinta

    ordem, apontando que o sistema de drenagem da bacia bem ramificado. As caractersticas da

    declividade da bacia indicam que 42,21% da rea possuem relevo ondulado com uma rea de 734

    km e altitude mdia de 921,5 m.

    Agradecimentos

    Os autores agradecem CPRM/SGB (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais / Servio

    Geolgico do Brasil empresa pblica de pesquisa do Ministrio de Minas e Energia) e o Instituto

    Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Gois (IFG) pelo fomento que viabilizou o

    desenvolvimento deste trabalho.

    REFERNCIAS

    ANA - BRASIL. Agncia Nacional de guas. Hidroweb: Sistema de informaes hidrolgicas. Disponvel em: . Acesso em: 11 mai. 2013.

    CARDOSO, M. R. D. Caracterizao e classificao climatica do estado de Gois e Distrito Federal. Monografia, Instituto de Estudos Scio-Ambientais, Universidade Federal de Gois. 2011. 49 p.

    CARDOSO, M. R. D.; MARCUZZO, F. F. N. Estudo da morfologia areal da bacia do Rio Araguaia utilizando MDE ASTER. Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. v. 1, n. 2, p. 69 - 76. agosto/dezembro. 2011. Disponvel em: . Acesso em 27 mai. 2013.

    CARDOSO, M. R. D.; MARCUZZO, F. F. N.; MELO, D. C. de R. Mapeamento Temporal e Espacial da Precipitao Pluviomtrica na Regio Metropolitana de Goinia. In: XV Simpsio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2011, Curitiba. Anais do XV Simpsio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. So Jos dos Campos - SP: MCT/INPE, 2011. v. 1. p. 4594-4601. Disponvel em: < http://www.dsr.inpe.br/sbsr2011/files/p1354.pdf>. Acesso em: 27 mai. 2013.

    CHAVES, M. de A. Modelos digitais de elevao hidrologicamente consistentes para a Bacia Amaznica. 2002. Tese de Doutorado. Viosa: UFV, 115 p. Disponvel em: . Acesso em 27 mai. 2013.

  • 162 Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. Edio Especial. p. 147 - 162. Setembro. 2013.

    CHRISTOFOLETTI, A. Anlise morfomtrica das bacias hidrogrficas do Planalto de Poos de Caldas. Tese (Livre Docncia). Faculdade de Filosofia, Universidade Estadual de So Paulo, Rio Claro, 1970.

    CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2 ed., So Paulo, SP: Edgard Blucher. 1980. 188 p.

    COSTA, H. C.; MARCUZZO, F. F. N.; FERREIRA, O. M.; ANDRADE, L. R. Espacializao e Sazonalidade da Precipitao Pluviomtrica do Estado de Gois e Distrito Federal. Revista Brasileira de Geografia Fsica, v. 5, p. 87-100, 2012. Disponvel em: . Acesso em: 27 mai. 2013.

    EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificao de Solos. 2 ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. Disponvel em: . Acesso em: 13 maio 2013.

    GOIS (Estado): SILVA, S. C. da; SANTANA, N. M. P. de; PELEGRINE, J. C. 2006. Caracterizao Climtica do estado de Gois. Goinia, Secretaria de Indstria e Comrcio. HORTON, R. Erosional development of streams and their drainage basins: Hidrophysical Approach to Quatitative Morphology. 1945. v. 56. p. 807-813.

    MARCUZZO, F. F. N.; CARDOSO, M. R. D. Delimitao e estudo das ottobacias de afluentes do rio Paran utilizando MDE de imagens de radar ASTER GDEM. Revista Eletrnica Geoaraguaia. Barra do Garas-MT. v. 3, n. 1, p. 50 - 60. 2013. Disponvel em: . Acesso em 22 jun. 2013.

    MARCUZZO, F. F. N.; FARIA, T. G.; PINTO FILHO, R. de F. Chuvas no estado de Gois: anlise histrica e tendncia futura. Acta Geografica, p. 125-137, 2012. Disponvel em: . Acesso em: 27 mai. 2013.

    SILVEIRA, A. L. L. Ciclo hidrolgico e bacia hidrogrfica. In: TUCCI, C.E.M. (Org.). Hidrologia: cincia e aplicao. 2 Ed. Porto Alegre, Editora da Universidade/UFRGS, ABRH, 2001. p 35-51.

    STRAHLER, A. N. Quantitative analysis of watershed geomorphology. New Halen: Transactions: American Geophysical Union, 1957. v. 38. p. 913-920.

    VALERIANO, M. M.; ROSSETTI, D. F. TOPODATA: Seleo de coeficientes geoestatsticos para o refinamento unificado de dados SRTM. So Jos dos Campos: INPE, 2008. Disponvel em: . Acesso em: 25 abr. 2010.

    Recebido para publicao em 25/06/2013 Aceito para publicao em 22/08/2013