002-2000 Doutorado. Analise Do Comportamento de Zapatas Estaqueadas
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE SAPATAS ESTAQUEADAS
MAURÍCIO MARTINES SALES
ORIENTADOR: RENATO PINTO DA CUNHACO-ORIENTADOR: MARCIO MUNIZ DE FARIAS
TESE DE DOUTORADO EM GEOTECNIA
PUBLICAÇÃO: G.TD - 002A/00
BRASÍLIA/DF: MAIO/2000
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIAFACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE SAPATAS ESTAQUEADAS
MAURÍCIO MARTINES SALES
TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIACIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE
DE BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA AOBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS.
APROVADA POR :
RENATO PINTO DA CUNHA, PhD. (UnB)(ORIENTADOR)
MÁRCIO MUNIZ DE FARIAS, PhD. (UnB)(CO-ORIENTADOR)
JOSÉ HENRIQUE FEITOSA PEREIRA, PhD. (UnB)(EXAMINADOR INTERNO)
PEDRO MURRIETA SANTOS NETO, DSc. (UnB)
(EXAMINADOR INTERNO)
NELSON AOKI, DSc. (EESC-USP)(EXAMINADOR EXTERNO)
FERNANDO SCHNAID, PhD. (UFRGS)(EXAMINADOR EXTERNO)
DATA: BRASÍLIA/DF, 25 DE MAIO DE 2000
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FICHA CATALOGRÁFICA
SALES, MAURÍCIO MARTINESAnálise do Comportamento de Sapatas Estaqueadas [Distrito Federal] 2000.
xxvii, 229p., 297x210mm (ENC/FT/UnB, Doutor, Geotecnia, 2000).Tese de Doutorado - Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
1.Sapata Estaqueada 2.Provas de Carga
3.Analise Numérica 4.Fundações Mistas
I.ENC/FT/UnB II.Título (série)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SALES, M. M., 2000. Análise do Comportamento de Sapatas Estaqueadas. Tese de
Doutorado, Publicação G.TD/002A, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 229p.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Maurício Martines Sales
TÍTULO DA TESE DE DOUTORADO: Análise do Comportamento de Sapatas Estaqueadas.
GRAU / ANO: Doutor / 2000
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta tese de
doutorado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos ecientíficos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese de
doutorado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.
Maurício Martines SalesRua 25-A, Qd. 61A, Lt. 17/18, Ed. Vienna, apt. 1002 – Setor Aeroporto
CEP: 74070-150 - Goiânia/GO - Brasil
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DEDICATÓRIA
A Raquel e aos nossos filhos, Caio e Tiago
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AGRADECIMENTOS
A Deus;
Aos Professores Renato Pinto da Cunha e Márcio Muniz de Farias pela orientação eincentivo durante todo o curso de doutorado;
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia da UnB pelosconhecimentos transmitidos, amizade, respeito e constante incentivo durante toda a trajetóriadesta pesquisa;
A todos os colegas de Geotecnia pela convivência e amizade em todos os momentosdo curso, e em especial ao amigo Neemias A. Jardim por tão grande colaboração na execuçãodas provas de carga;
À Escola de Engenharia Civil – UFG pelo apoio e incentivo para a conclusão destecurso da melhor forma possível;
Aos Prof. Harry G. Poulos e John C. Small, da University of Sydney (Australia), porterem me recebido tão bem e me apoiado em todo o tempo despendido naquele país;
Ao Laboratório de Materiais da UnB, pelos testes de calibração das células de carga etoda ajuda na preparação do concreto. Uma deferência especial aos amigos Xavier e Severino,que nunca mediram esforços para colaborar;
Ao Laboratório de Estruturas da UnB, nas pessoas da Enga
Eliane e o TécnicoLeonardo, pela cooperação na execução das provas de carga e diversos outros testes;
À empresa WRJ (Renato S. Cortopassi) e ao Prof. Dickan Berberian, pela colaboraçãonos preparativos dos testes e sistema de reação, respectivamente.
Ao Prof. Pedricto Rocha Filho, por ter sempre me incentivado a retomar a carreiraacadêmica;
Ao Engo Wilson Luiz da Costa, por ter me dado a oportunidade de “viver” a Geotecniatão intensamente;
A CAPES pelo auxílio financeiro durante o curso de doutorado, inclusive na etapa da pesquisa desenvolvida em Sydney na Austrália;
Ao Prof. Geraldo Faria Campos da UFG, pelas sugestões no texto deste volume.
Aos meus pais Geraldo e Antônia pelo apoio e compreensão durante toda a vida;
A minha esposa Raquel, pela infinita compreensão e disposição em me acompanhar aooutro lado do mundo em prol de minha pesquisa;
A meus filhos, razão maior de todo este esforço.
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ainda, que as equações simplificadas apresentaram uma excelente concordância com os
resultados do GARP7 em todos os exemplos apresentados.
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ABSTRACT
A review of the piled footing behaviour, as well the piled raft response, was carriedout in the present thesis. It also pointed out definitions, the motivation of its study, the pioneer
studies, and case histories where piled rafts/footings were used. The methods developed for
the design of this type of foundations are presented, even to the preliminary stage of design,
as well to the detailed final stage of design. Comments are done in regard to several programs
specially developed for these foundations, in which different numerical tools were mixed.
Some classical cases of piled rafts were re-analysed using an approximated method
and a full 3-D finite element program to compare the proximity between the obtained resultsand values presented by the authors of these analysed cases. Besides a calibration, these
analyses pointed out some differences between the results obtained with distinct numerical
tools, showing that everyone must be careful when comparing results of programs based on
different numerical backgroud on the analysis of this kind of foundation.
Nine field loading tests were carried out at the UnB Experimental Field to evaluate the
behaviour of single elements, when associated as a pile group and as piled footings. These
tests were carried out with the soil in both its natural moisture content and in a pre-inundated
condition. The tests results were analysed and crosscompared with the predictions of an
approximated method, GARP, using input parameters backfigured from single pile and
isolated footing tests. This approach was able to predict reasonably well the measured field
values in terms of load capacity, load x settlement system response and the shared load
between each foundation element, even to an unsaturated and collapsible soil.
It was finally proposed a new approach to consider the response of totally mobilized
piles in piled footings. This new method was implemented in a new version of the software
GARP, herein denominated GARP7. The method was also presented in a format of simplified
expressions to allow the use of this idea in preliminary stages of a piled raft/footing design.
This method was tested against two of the field tests carried out at the UnB Experimental site,
as well as against other two literature tests. In all cases the new method presented results with
a better agreement with the measured field behaviour. It was also pointed out the excellent
agreement between the results of the simplified expressions and those numerical values from
GARP7 in all shown examples.
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ÍNDICE
Item Página
1 – INTRODUÇÃO 1
1.1 – OBJETIVOS DA TESE 2
1.2 – ESTRUTURA DA TESE 2
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4
2.1 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS 5
2.1.1 – Sistema de fundação 5
2.1.2 – Sapata estaqueada e radier estaqueado 5
2.1.3 – Mobilização do atrito lateral nas estacas 6
2.1.4 – Rigidez de uma estaca 8
2.1.5 – Estacas como elementos redutores de recalque 10
2.2 – TRABALHOS PIONEIROS 11
2.3 – OBSERVAÇÕES EXPERIMENTAIS 14
2.3.1 – Testes em laboratório 15
2.3.2 – Testes em centrífuga 17
2.3.3 – Testes de campo 19
2.3.4 – Desempenho de obras 23
2.3.4.1 – Messeturm (Alemanha) 23
2.3.4.2 – Torhaus (Alemanha) 27
2.3.4.3 – Westend St. 1 (Alemanha) 28
2.3.4.4 – Treptowers (Alemanha) 30
2.3.4.5 – QV1 (Austrália) 30
2.3.4.6 – Ed. Akasaka (Brasil) 31
2.3.4.7 – Edifício residencial de cinco pavimentos em Tókio
(Japão) 33
2.4 – MÉTODOS DE ANÁLISE 34
2.4.1 – Métodos simplificados 34
2.4.1.1 – Correlações empíricas 34
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2.4.1.2 – Fundações equivalentes 38
2.4.1.3 – Métodos baseados na teoria da elasticidade 40
2.4.1.4 – Método de “suportes de reação constante” 46
2.4.2 – Métodos detalhados 47
2.4.2.1 – Análise utilizando o Método dos Elementos de Contorno 47
2.4.2.2 – Análise utilizando o Método dos Elementos Finitos 49
2.4.2.3 – Análises combinando mais de um método 52
2.5 – CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS DE PROJETO 55
2.6 – EFEITO DA PRESENÇA DE SOLOS COLAPSÍVEIS 59
2.6.1 – Processos de inundação 60
2.6.2 – Forma da realização das provas de carga para estudo do colapso 61
2.6.3 – Estaca virgem x reensaio 63
2.6.4 – Trabalhos anteriores em solo colapsível 63
3 – COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DE ALGUNS MÉTODOS 66
3.1 – UM CASO DE UMA ESTACA ISOLADA 67
3.2 – BUTTERFIELD & BANERJEE (1971a) 69
3.3 – OTTAVIANI (1975) 72
3.4 – KUWABARA (1989) 76
3.5 – RADIER SOBRE 16 ESTACAS – TC-18 81
3.6 – RUSSO & VIGGIANI (1997) 85
3.7 – PRINCIPAIS OBSERVAÇÕES DAS ANÁLISES EFETUADAS 88
4 – MATERIAIS, ENSAIOS E MÉTODOS 89
4.1 – DESCRIÇÃO DO SOLO LOCAL 89
4.2 – PREPARAÇÃO DOS ENSAIOS 1034.2.1 – Estaca metálica 103
4.2.2 – Instrumentação com célula de carga 106
4.2.3 – Escavação e concretagem dos elementos de fundação 111
4.2.4 – Sistema de reação 115
4.2.5 – Aplicação de carga e leituras 117
4.3 – PROVAS DE CARGA REALIZADAS 118
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5 – ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS PROVAS DE CARGA 122
5.1 – ENSAIOS EM SOLO COM CONDIÇÃO NATURAL DE UMIDADE 123
5.1.1 – Sapata isolada (teste I) 123
5.1.2 – Estaca isolada (teste II) 129
5.1.3 – Sapata sobre uma estaca (teste III) 133
5.1.4 – Grupo de quatro estacas (teste IV) 136
5.1.5 – Sapata sobre quatro estacas já testadas (teste V) 139
5.1.6 – Sapata sobre quatro estacas virgens (teste VI) 144
5.2 – ENSAIOS EM SOLO PRÉ-INUNDADO 152
5.2.1 – Sapata isolada (teste VII) 152
5.2.2 – Estaca isolada (teste VIII) 154
5.2.3 – Sapata sobre uma estaca (teste IX) 156
5.3 – ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DAS FUNDAÇÕES
ENSAIADAS 159
6 – PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO 161
6.1 – FORMA USUAL DE CONSIDERAR A ESTACA TOTALMENTE
MOBILIZADA EM UMA SAPATA ESTAQUEADA 162
6.1.1 – Exemplo da utilização dos métodos atuais em dois casos 166
6.1.2 – Incoerência na forma de considerar as estacas após
sua completa mobilização 175
6.2 – MÉTODO PROPOSTO 179
6.3 – EQUAÇÕES DO MÉTODO SIMPLIFICADO 182
6.4 – REAVALIAÇÃO DOS ENSAIOS DA UnB COM O NOVO
MÉTODO 188
6.4.1 – Solo com umidade natural 1886.4.2 – Solo pré-inundado 190
6.5 – ANÁLISE DE ALGUNS CASOS DA LITERATURA 191
7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES 196
7.1 – OBSERVAÇÕES GERAIS 196
7.2 – CONCLUSÕES 202
7.3 – SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS 202
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 204
APÊNDICE A – CONCEPÇÃO DO PROGRAMA GARP 215
A.1 – RADIER 216
A.2 – DESLOCAMENTOS DO SOLO 216
A.3 – MODELAGEM DAS ESTACAS 218
A.4 – INTERAÇÃO ENTRE AS ESTACAS E OS ELEMENTOS DO
RADIER 219
A.5 – COMPATIBILIDADE ENTRE OS DESLOCAMENTOS 219
APÊNDICE B – RESULTADOS BÁSICOS DAS PROVAS DE CARGA 220
B.1 – SAPATA ISOLADA (TESTE - I) 221
B.2 – ESTACA ISOLADA (TESTE - II) 222
B.3 – SAPATA SOBRE UMA ESTACA (TESTE - III) 223
B.4 – GRUPO DE QUATRO ESTACAS (TESTE - IV) 224
B.5 – SAPATA SOBRE QUATRO ESTACAS JÁ TESTADAS (TESTE - V) 225
B.6 – SAPATA SOBRE QUATRO ESTACAS VIRGENS (TESTE - VI) 226
B.7 – SAPATA ISOLADA (TESTE - VII) 227
B.8 – ESTACA ISOLADA (TESTE - VIII) 228
B.9 – SAPATA SOBRE UMA ESTACA (TESTE - IX) 229
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LISTA DE TABELAS
Tabela Página
Tabela 2.1 – Ed. Akasaka – FS x Número de estacas (modificado –
Poulos, 1994b). 32
Tabela 2.2 – Programas recentes para a análise de radier estaqueados. 55
Tabela 2.3 – Influência da inundação dos solos em resultados de provas
de carga, com carregamento vertical. 64
Tabela 3.1 – Recalque normalizado de uma estaca isolada – caso apresentado
por Lee (1973). 67
Tabela 3.2 – Comparação do recalque de uma estaca circular isolada com
aproximações por outras geometrias (H/L = 5), calculado com
o programa ALLFINE 69
Tabela 3.3 – Comportamento do radier sobre 16 estacas, proposto pelo TC-18. 82
Tabela 4.1 – Parâmetros geotécnicos da argila porosa de Brasília (modificado –
Araki, 1997 e Palocci, 1998). 92
Tabela 4.2 – Caracterização geotécnica do Campo Experimental da UnB
(modificado – Perez, 1997). 93
Tabela 4.3 – Ensaios de granulometria por sedimentação (modificado –
Araki, 1997). 96
Tabela 4.4 – Furos de sondagem SPT no Campo Experimental da UnB. 98
Tabela 4.5 – Parâmetros das curvas de calibração das células de carga. 111
Tabela 4.6 – Resultados dos rompimentos dos corpos de prova do concreto
das estacas. 114
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Tabela 5.1 – Parâmetros retroanalisados dos testes de uma estaca isolada. 132
Tabela 5.2 – Valores da carga de ruptura convencional obtidos nas provas de carga 159
Tabela 5.3 – Estimativas de capacidade de carga dos testes realizados 160
Tabela 6.1 – Comparação entre o “método 1”e “método 2” para a estimativa de
recalque de uma sapata sobre quatro estacas. 169
Tabela 6.2 – Valores de rigidez obtidos pelo método 2 e pelo GARP 6 para o
exemplo de sapata sobre quatro estacas. 170
Tabela 6.3 – Radier sobre 16 estacas – Parâmetros básicos obtidos pelo
método 2 e GARP6. 173
Tabela B.1 – Dados da prova de carga de uma sapata isolada em solo com
teor natural de umidade. 221
Tabela B.2 – Dados da prova de carga de uma estaca isolada em solo com teor
natural de umidade. 222
Tabela B.3 – Dados da prova de carga da sapata sobre uma estaca, em solo
com teor natural de umidade. 223
Tabela B.4 – Dados da prova de carga do grupo de quatro estacas, em solo
com teor natural de umidade. 224
Tabela B.5 – Dados da prova de carga da sapata sobre quatro estacas já testadas,
em solo com teor natural de umidade. 225
Tabela B.6 – Dados da prova de carga da sapata sobre quatro estacas virgens,
em solo com teor natural de umidade. 226
Tabela B.7 – Dados da prova de carga da sapata isolada, em solo pré-inundado. 227
Tabela B.8 – Dados da prova de carga da estaca isolada, em solo pré-inundado. 228
Tabela B.9 – Dados da prova de carga da sapata sobre uma estaca, em solo
pré-inundado. 229
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LISTA DE FIGURAS
Figura Página
Figura 2.1 – Definição da rigidez de uma estaca na curva carga x recalque 9
Figura 2.2 – Formas de ruptura de uma sapata estaqueada (modificado –
Phung, 1993). 11
Figura 2.3 – Efeito do “cap” no recalque de uma estaca isolada (modificado –
Poulos, 1968b). 12Figura 2.4 – Fatores de incremento na capacidade de carga das estacas e do bloco
devido à interação bloco/estacas (modificado – Akinmusuru, 1980). 14
Figura 2.5 – Comparação do comportamento de um radier sobre 49 estacas, grupo
de estacas (7x7) e um radier isolado (modificado – Cooke, 1986). 16
Figura 2.6 – Edifício Messeturm e outros em Frankfurt (modificado –
El-Mossalamy & Franke, 1997) 24
Figura 2.7 – Fundação do Ed. Messeturm (modificado – El-Mossalamy &Franke, 1997). 26
Figura 2.8 – Representação esquemática do Ed. Torhaus (modificado –
O’Neill et al., 1996). 27
Figura 2.9 – Fundação do Ed. Westend St. 1 (modificado – El-Mossalamy &
Franke, 1999). 29
Figura 2.10 – Fundação do Ed. Treptowers (modificado – Reul, 1998). 30
Figura 2.11 – Fundação do QV1, Perth-Austrália (modificado – Randolph &
Clancy, 1994). 31
Figura 2.12 – Fundação do Ed. Akasaka, São Paulo (modificado – Poulos, 1994b). 32
Figura 2.13 – Caso histórico de um edifício residencial em Tókio (modificado –
Yamashita et al., 1994). 33
Figura 2.14 – Radier equivalente. Proposição de Randolph (modificado –
Randolph, 1994). 38
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Figura 2.15 – Método trilinear de Poulos & Davis (modificado – Poulos &
Davis, 1980). 42
Figura 2.16 – Processo de transferência de carga (modificado – Randolph &
Wroth, 1978). 43
Figura 2.17 – Comparação do desempenho de um grupo de estacas “com” e “sem”
o contato do bloco (modificado – Butterfield & Banerjee, 1971a). 48
Figura 2.18 – Simplificação de um radier estaqueado por “círculos concêntricos”
equivalentes (modificado – Presley & Poulos, 1986). 50
Figura 2.19 – Aplicação de uma análise 3-D com o M.E.F. para a fundação do Ed.
Treptowers (modificado – Reul, 1998). 51
Figura 2.20 – Fatores de interação utilizados no método de Hain & Lee
(modificado – Hain & Lee, 1978). 52
Figura 2.21 – Forma de consideração de um radier estaqueado (modificado –
Clancy & Randolph, 1993). 53
Figura 2.22 – Comparação do desempenho de duas fundações similares
(modificado – Hansbo, 1993). 56
Figura 2.23 – Controle do recalque diferencial (modificado – Randolph, 1994). 57
Figura 2.24 – Diversas estratégias de projeto de um radier estaqueado
(modificado – Poulos, 1994b) 58
Figura 2.25 – Gráfico esquemático para avaliar a resposta de um radier estaqueado
(modificado – El-Mossalamy & Franke, 1997). 59
Figura 2.26 – Comparação das distintas formas de prova de carga em solos
colapsíveis (modificado – Cintra et al., 1997). 62
Figura 3.1 – Comparação da resposta carga x recalque de uma estaca isolada comos resultados de Butterfield & Banerjee (1971a). 70
Figura 3.2 – Comparação da resposta carga x recalque de um radier sobre 4 estacas
com os resultados de Butterfield & Banerjee (1971a). 71
Figura 3.3 – Comparação da resposta de um radier sobre 9 estacas com os
resultados de Butterfield & Banerjee (1971a): (a) resposta carga x
recalque, (b) parcela de carga absorvida pelo radier. 71
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Figura 3.4 – Comparação da resposta de uma estaca isolada com os resultados de
Ottaviani (1975). 73
Figura 3.5 – Comparação da resposta de estacas isoladas com os resultados de
Ottaviani (1975). 73
Figura 3.6 – Distribuição da tensão vertical em uma estaca isolada, ALLFINE x
Ottaviani (1975): (a) L = 20m , (b) L = 40m. 74
Figura 3.7 – Comparação da resposta de um radier sobre 9 estacas com os
resultados de Ottaviani (1975). 75
Figura 3.8 – Distribuição das tensões verticais na estaca do canto em um radier
sobre 9 estacas – ALLFINE x Ottaviani (1975): (a) L = 20 m ,
(b) L = 40 m. 76
Figura 3.9 – Comparação da resposta de uma estaca isolada com os valores de
Kuwabara (1989). 77
Figura 3.10 – Parcela da carga absorvida pelo radier em um radier sobre 9 estacas,
citado por Kuwabara (1989). 78
Figura 3.11 – Resposta carga x recalque do radier sobre 9 estacas analisado por
Kuwabara (1989) com diversos espaçamentos: (a) S/D = 3;
(b) S/D = 5 e (c) S/D = 10. 79
Figura 3.12 – Porcentagem de carga em cada estaca em um radier sobre 9 estacas
citado por Kuwabara (1989) 80
Figura 3.13 – Distribuição de carga com a profundidade para as estacas em um
radier sobre 9 estacas – ALLFINE x Kuwabara (1989) 81
Figura 3.14 – Radier sobre 16 estacas proposto pelo TC-18. 82
Figura 3.15 – Carga absorvida pelas estacas em diferentes posições no radier
sobre 16 estacas proposto pelo TC-18. 84
Figura 3.16 – Distribuição de carga nas estacas – Radier sobre 16 estacas proposto pelo TC-18. 84
Figura 3.17 – Recalque médio normalizado de um radier sobre 36 estacas,
variando-se a espessura da camada de solo. Comparação com os
resultados de Russo & Viggiani (1997). 85
Figura 3.18 – Recalque diferencial normalizado de um radier sobre 36 estacas,
variando-se a espessura da camada de solo. Comparação com os
resultados de Russo & Viggiani (1997). 86
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Figura 3.19 – Parcela de carga nas estacas de um radier sobre 36 estacas,
variando–se a espessura da camada de solo. Comparação com os
resultados de Russo & Viggiani (1997). 87
Figura 3.20 – Carga relativa nas diferentes posições de estacas de um radier
sobre 36 estacas, H/L=2. Comparação com os resultados de
Russo & Viggiani (1997). 87
Figura 4.1 – Mapa geográfico do Distrito Federal 89
Figura 4.2 – Mapa de solos do Distrito Federal (Mortari, 1994). 90
Figura 4.3 – Relação entre sucção mátrica x grau de saturação (modificado –
Ribeiro, 1999). 92
Figura 4.4 – Descrição das camadas de solo do poço de inspeção no Campo
Experimental da UnB (Pastore, 1996). 93
Figura 4.5 – Comparação entre perfis de umidade em meses anteriores às provas
de carga (modificado – Perez, 1997). 94
Figura 4.6 – Curva característica, sucção mátrica x teor de umidade (Peixoto, 1999) 94
Figura 4.7 – Perfis de umidade antes e após as provas de carga 95
Figura 4.8 – Ensaios edométricos evidenciando comportamento diferenciado
com a profundidade (modificado – Luna, 1997). 96
Figura 4.9 – Sondagem SPT-T realizada no Campo Experimental da UnB
(modificado – Camapum de Carvalho et al., 1998). 99
Figura 4.10 – Índice de Torque da sondagem SPT-T realizada no Campo
Experimental da UnB (modificado – Camapum de Carvalho
et al., 1998). 99
Figura 4.11 – Ensaio Dilatométrico no Campo Experimental (modificado –Jardim, 1998). 100
Figura 4.12 – Variação do Módulo de Young (E) inferido dos ensaios
pressiométricos (Vecchi et al., 2000). 101
Figura 4.13 – Variação do potencial de colapso utilizando a proposta de Kratz de
Oliveira (1999) (Vecchi, 2000). 102
Figura 4.14 – Resultados de ensaio de cone elétrico (Mota et al., 2000) 103
Figura 4.15 – Vista da estaca–piloto metálica próxima ao sistema de reação. 104
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xix
Figura 4.16 – Vista da estaca–piloto desmontada, destacando–se as três
células de carga. 105
Figura 4.17 – Prova de carga com a estaca–piloto metálica. 105
Figura 4.18 – Elementos envolvidos na construção da célula de carga. 107
Figura 4.19 – Vista das células de carga empregadas nas estacas-piloto metálicas. 108
Figura 4.20 – Curvas de calibração da célula de carga do topo da estaca-piloto. 109
Figura 4.21 – Célula de carga de ponta, antes e após sua preparação, com o
detalhe da fixação dos pratos à célula de carga. 109
Figura 4.22 – Proteção mecânica em PVC das células de carga. 110
Figura 4.23 – Grupo de quatro estacas após a concretagem. 112
Figura 4.24 – Exumação do grupo de quatro estacas. 112
Figura 4.25 – Detalhe de uma das estacas do grupo de quatro estacas. 113
Figura 4.26 – Preparação do concreto das estacas. 114
Figura 4.27 – Vista da viga de reação e seu travamento às barras tracionadas. 116
Figura 4.28– Sistema de reação composto por vigas e cargueira. 116
Figura 4.29 – Detalhe do sistema de aplicação e registro de carga total. 117
Figura 4.30 – Corte esquemático das provas de carga. 118
Figura 4.31 – Locação esquemática das provas de carga realizadas 119
Figura 4.32 – Alteração do perfil de umidade e saturação com o processo de
inundação. 121
Figura 5.1 – Representação esquemática dos locais de medição dos recalques na sapata. 124
Figura 5.2 – Prova de carga da sapata isolada. 124
Figura 5.3 – Retroanálise da prova de carga da sapata isolada. 126
Figura 5.4 – Ensaio em laboratório da sapata, em um arranjo como “laje biapoiada”medição dos recalques em vários pontos próximos às bordas
não apoiadas. 126
Figura 5.5 – Retroanálise do módulo elástico do concreto da sapata a partir de
recalques diferenciais em um teste como “laje biapoiada”,
em laboratório. 127
Figura 5.6 – Prova de carga da sapata isolada e o seu comportamento simulado por
retroanálise utilizando o programa GARP6. 129
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xx
Figura 5.7 – Prova de carga da estaca isolada. 130
Figura 5.8 – Comparação do comportamento de uma estaca isolada na carga
e recarga. 131
Figura 5.9 – Ajuste de curvas para representar os testes com estacas isoladas (teste II) 132
Figura 5.10 – Prova de carga da sapata sobre uma estaca centrada. 133
Figura 5.11 – Comparação da sapata sobre uma estaca com estaca e sapata isoladas. 134
Figura 5.12 – Distribuição da carga entre estaca e sapata e mobilização de carga
na estaca na prova de carga da sapata sobre uma estaca. 135
Figura 5.13 – Previsão do comportamento da sapata sobre uma estaca com GARP6. 136
Figura 5.14 – Prova de carga no grupo de quatro estacas. 137
Figura 5.15 – Comparação das respostas de uma estaca isolada e quando em um
grupo de quatro estacas, incluindo previsões do comportamento do
grupo com diferentes valores de Rs. 138
Figura 5.16 – Prova de carga em uma sapata sobre quatro estacas (previamente
testadas). 140
Figura 5.17 – Distribuição de carga entre os elementos de fundação na sapata
sobre quatro estacas (previamente testadas). 140
Figura 5.18 – Resposta de cada estaca quando no Grupo e na configuração de
uma “Sapata estaqueada”. 142
Figura 5.19 – Comportamento médio de uma estaca quando ensaiada como “grupo”
e como “sapata estaqueada”. 143
Figura 5.20 – Previsão x resultados em uma sapata sobre quatro estacas
(previamente testadas). 143
Figura 5.21 – “Previsão” do comportamento da sapata sobre quatro estacas
(já testadas), alterando–se alguns dados de entrada no programa. 144
Figura 5.22 – Esquema de montagem do ensaio, com a sapata em posição invertida. 145Figura 5.23 – Prova de carga da sapata sobre quatro estacas virgens. 146
Figura 5.24 – Distribuição de carga entre os elementos de uma sapata sobre
quatro estacas. 146
Figura 5.25 – Previsão do comportamento da sapata sobre quatro estacas virgens. 147
Figura 5.26 – Comportamento da sapata estaqueada alterando-se o módulo
elástico do solo. 148
Figura 5.27 – Comportamento da sapata estaqueada supondo uma placamais flexível. 149
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xxi
Figura 5.28 – Comportamento médio de uma estaca em diferentes provas de carga. 150
Figura 5.29 – Prova de carga de uma sapata isolada em solo pré-inundado. 153
Figura 5.30 – Retroanálise do teste da sapata isolada (solo pré-inundado). 154
Figura 5.31 – Prova de carga da estaca isolada em solo pré-inundado 155
Figura 5.32 – Comportamento de uma estaca isolada quando reensaiada em
solo natural e pré-inundado. 155
Figura 5.33 – Prova de carga na sapata sobre uma estaca – solo pré-inundado. 157
Figura 5.34 – Prova de carga em uma sapata sobre uma estaca – “com” e
“sem” pré-inundação. 158
Figura 5.35 – Previsão do comportamento da sapata sobre uma estaca –
solo pré-inundado. 158
Figura 6.1 – Representação esquemática do método de Poulos & Davis (1980). 162
Figura 6.2 – Modelo para estimar o recalque de radier estaqueado contendo
estacas totalmente mobilizadas (modificado – Poulos, 1998b). 164
Figura 6.3 – Exemplo hipotético de um radier sobre quatro estacas. 166
Figura 6.4 – Sapata sobre quatro estacas – GARP6 x métodos “manuais”. 169
Figura 6.5 – GARP6 x Método 2 (Poulos, 1998b) usando os mesmos dados
de entrada. 171
Figura 6.6 – Radier sobre 16 estacas proposto pelo TC-18. 171
Figura 6.7 – Radier sobre 16 estacas (TC-18) – GARP6 x Equações simplificadas. 174
Figura 6.8 – Radier sobre 16 estacas (TC-18) – GARP6 x Método 2 com mesmos
parâmetros de entrada. 175
Figura 6.9 – Três diferentes metodologias de se retroanalisar o comportamento
carga–recalque de uma estaca isolada. 177Figura 6.10 – Análise com o GARP6 de uma sapata sobre uma estaca com três
formas distintas de representar o comportamento da estaca. 178
Figura 6.11– Análise da sapata sobre uma estaca com o GARP7, para as três
formas distintas de retroanálise. 180
Figura 6.12 – Exemplo de uma sapata sobre uma estaca, variando–se a rigidez
inicial da estaca. 181
Figura 6.13 – GARP7 x GARP6 – sapata sobre uma estaca com diferentes valoresde rigidez inicial da estaca. 182
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Figura 6.14 – Vista esquemática de um radier estaqueado. 182
Figura 6.15 – Sapata sobre quatro estacas – GARP6 x Novo método. 186
Figura 6.16 – Sapata sobre 16 estacas (problema do TC-18) – GARP6 x
Novo método. 187
Figura 6.17 – Radier sobre 16 estacas – Comparação do GARP7 com outros
programas. 188
Figura 6.18 – Sapata sobre uma estaca (UnB) – GARP7 x GARP6. 189
Figura 6.19 – Sapata sobre uma estaca (UnB) em solo natural –
GARP7 x Método Simplificado. 189
Figura 6.20 – Sapata sobre uma estaca (UnB) em solo pré-inundado –
GARP7 x GARP6. 190
Figura 6.21 – Sapata sobre uma estaca (UnB) em solo pré-inundado –
GARP7 x Método Simplificado. 191
Figura 6.22 – Retroanálise da resposta carga–recalque de uma estaca isolada,
em teste realizado por Décourt et al. (1995). 192
Figura 6.23 – Retroanálise da resposta carga–recalque de uma sapata isolada,
em teste realizado por Décourt et al. (1995). 193
Figura 6.24 – Teste x Previsão com GARP7 para uma sapata sobre uma estaca. 193
Figura 6.25 – Teste x Previsão de uma sapata sobre 9 estacas – Ensaio de
Koizumi & Ito (1967). 195
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xxiii
LISTA DE SÍMBOLOS
Ac Área da seção transversal circunscrita à forma da estacaAg Área da figura plana circunscrita ao grupo de estacas
A p Área da seção transversal da estaca
B Largura da fundação
CP Corpo de prova
C pres Potencial de colapso
D Diâmetro da estaca
Dc Diâmetro do “cap”
ED Módulo dilatométrico no ensaio dilatométrico (DMP)
Eeq Módulo de elasticidade do “material do tubulão equivalente
E p Módulo de elasticidade da estaca
Es Módulo de elasticidade (Young) do solo
F Nível de mobilização do atrito lateral
Fm Fator de minoração da carga total no grupo de estacas
FS Fator de segurança
F1, F2 Fatores da teoria de Aoki-Velloso
G Densidade relativa dos grãos
GL Módulo cisalhante do solo a uma profundidade z = L
G b Módulo cisalhante do solo abaixo da ponta da estaca
Gs Módulo cisalhante do solo
Gs , G b Fatores devido à interação estaca/solo/estaca
H Espessura da camada de solo
I, Ip Momento de inércia da seção transversal
Ic Coeficiente de colapso
ID Índice do material do ensaio dilatométrico (DMP)
IP Índice de plasticidade
K Rigidez relativa de uma estaca
K 0 Coeficiente de empuxo no repouso
K D Índice de tensão horizontal no ensaio dilatométrico (DMP)
K p Rigidez de uma estacaK po Rigidez inicial de uma estaca
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xxiv
K pg Rigidez do grupo de estacas
K pr Rigidez do radier estaqueado
K r Rigidez do radier
L Comprimento da estaca
LL Limite de liquidez
LP Limite de Plasticidade
N Número de estacas
NSPT Número de golpes na sondagem a percussão
P Carga atuante no topo de uma estaca
Pa Carga total do radier estaqueado correspondente ao momento da completa
mobilização de todas as estacas
PG Carga total atuante no radier estaqueado
P pg Carga absorvida pelo grupo de estacas
Pr Carga absorvida pelo radier
PT Carga no topo da estaca
Pu Carga última de uma estaca
Qc Capacidade de carga da sapata ou radier (individualmente)
Qc Carga de colapso
Qg Capacidade de carga do grupo de estacas
Q pu Carga de ponta última de uma estaca isolada
Qsu Atrito lateral último de uma estaca isolada
Qt Capacidade total de carga da sapata estaqueada
R c Razão do recalque de uma estaca “com” e “sem” o “cap” superficial
R f Fator hiperbólico de variação da rigidez da estaca
R G Relação entre o recalque médio da fundação (radier estaqueado) e o recalquede uma estaca isolada, sem “cap”, sob carga total atuante no grupo
GR Razão entre o recalque médio de uma fundação (radier estaqueado) e o
recalque de uma estaca, com “cap”, sob carga total atuante no grupo.
RG Fator de modificação do recalque da sapata
Rs Fator de recalque
R 2 Coeficiente de regressão linear
S Espaçamento entre estacasS Grau de saturação
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xxv
Ss Recalque de uma estaca isolada sob carga média do conjunto
S pr Recalque médio do radier estaqueado
Sr Recalque médio da sapata
Sr Razão de redução de recalques
c Relação entre espaçamento/diâmetro entre estacas de uma mesma fundação
cnat Coesão do solo em amostra com teor natural de umidade
csat Coesão do solo em amostra saturada
cs , c b Fatores devido à interação radier/solo/estaca
cu Coesão do solo
d Diâmetro da estaca
dc Diâmetro do “cap”
deq Diâmetro do tubulão equivalente
e Índice de vazios
f s Tensão de atrito lateral mobilizado
g Parâmetro que dita a curvatura do comportamento não-linear do solo
k Coeficiente de permeabilidade
n Número de estacas
nr Número de linhas de estacas no grupo
r b Raio da ponta da estaca
r c Raio equivalente da área da parte do radier associado a cada estaca
r f Raio da cavidade, no ensaio pressiométrico, para o solo saturado
r i Raio da cavidade, no ensaio pressiométrico, para o solo sob condição de
umidade natural
r m Máximo raio de influência
r o Raio da estacar oNAT Raio inicial da cavidade, no ensaio pressiométrico, para a condição de umidade
natural
r oSAT Raio inicial da cavidade, no ensaio pressiométrico, para a condição inundada
t Espessura da sapata
w Expoente na previsão do Fator de Recalque (Rs)
w Recalque da fundação
w Teor de umidade naturalw pg Recalque do grupo de estacas
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xxvi
wr Recalque do radier
wt Recalque no topo da estaca
z Profundidade
∆S Recalque diferencial
α Adesão estaca/solo
α Coeficiente angular da reta de regressão linear
α, α’ Fatores de interação na capacidade de carga do grupo de estacas devido à
sapata
α pr
, αrp
Fatores de interação
β Porcentagem de carga atuante no grupo de estacas
β Fatores de interação na capacidade de carga da sapata devido ao grupo de
estacas
δ Recalque da fundação
δ Deslocamento relativo estaca/solo
δult Deslocamento relativo estaca/solo necessário para a mobilização máxima do
atrito lateralδ1 Recalque de uma estaca, sem “cap”, sob carga unitária
1δ Recalque de uma estaca, com “cap”, sob carga unitária
φ* Ângulo de atrito estaca/solo
φnat Ângulo de atrito do solo em amostra com teor natural de umidade
φsat Ângulo de atrito do solo em amostra saturada
γnat Peso específico da amostra
η Razão entre o raio da ponta e do fuste da estaca
ηs, η1s, η4s Fatores de influência no atrito lateral devido à interação bloco/solo/estaca
η b, η1b, η4b Fatores de influência na carga de ponta devido à interação bloco/solo/estaca
η6 Fator de influência na capacidade de carga do radier devido às interações
radier/solo/estaca
λ Razão entre o módulo de Young do material da estaca e o módulo cisalhante
médio do solo
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xxvii
µL Parâmetro definido por Randolph (1978) na previsão do recalque de uma
estaca isolada
ν p Coeficiente de Poisson do concreto da estaca
νr Coeficiente de Poisson do concreto do radierνs Coeficiente de Poisson do solo
ρ Razão entre o módulo cisalhante médio ao longo da estaca e o valor ao nível da
ponta
ρ1 Deformação da estaca isolada sob carga unitária
σmax Tensão máxima a compressão do solo sob o radier
σn Tensão normal à superfície da estaca
τ
Tensão cisalhanteξ Relação entre o módulo cisalhante do solo no nível da ponta da estaca e da
camada abaixo da ponta da estaca (isolada) – rigidez relativa entre camadas
ξ* Valor de “ξ” alterado, quando numa situação de grupo de estacas
ζ Relação entre máximo raio de influência e o raio da estaca
ζ* Valor de “ζ” alterado, quando numa situação de grupo de estacas
ASCE American Society of Civil Engineers.COBRAMSEG Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica.
COBRAMSEF Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações
DMT Ensaio dilatométrico de Marchetti
ECSMFE European Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering.
ICSMFE International Conference on Soil Mechanics and Foundation
EngineeringISSMFE International Society on Soil Mechanics and Foundation Engineering.
M.E.C. Método dos Elementos de Contorno.
M.E.F. Método dos Elementos Finitos.
QML Método de carregamento estático rápido de prova de carga
SML Método de carregamento estático lento de prova de carga
SPT Sondagem a percussão
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1
1 – INTRODUÇÃO
Tradicionalmente as fundações são classificadas em “rasas” ou “profundas” e, de
uma forma geral, os projetistas buscam não associar diferentes tipos de fundações por
possuírem formas distintas de transferência de carga ao solo. Entretanto, fatos como o uso de
algumas estacas sob um radier, que podem melhorar o desempenho desta fundação quanto ao
recalque ou mesmo capacidade de carga, bem como a consideração do contato do bloco com
o solo em um grupo de estacas, chamaram a atenção de pesquisadores para as possíveis
vantagens da associação de mais de um tipo de fundação para compor o elemento de
fundação.
Surgiu, assim, o interesse pelo estudo de fundações denominadas de “radier
estaqueados” ou “sapatas estaqueadas” que vêm tendo um uso crescente nestas duas últimas
décadas. A construção de grandes edifícios na Europa, especialmente na Alemanha, utilizando
este tipo de solução de fundação chamou a atenção de diversos projetistas e pesquisadores,
especialmente por ter propiciado uma grande economia em relação às formas tradicionais de
fundação e ainda com um ótimo desempenho quanto à capacidade de carga e recalques.
Recentemente, o resgate do conceito de estacas como “elementos redutores de
recalque”, e não apenas com a função de suportar carga, vem ganhando espaço entre as
pesquisas na área de fundações. Novos métodos estão sendo criados explorando as vantagens
da associação de um elemento superficial de fundação com um certo número “ótimo” de
estacas.
Extrapolando este conceito de “radier estaqueados” para obras menores, tal tipo de
fundação poderia, perfeitamente, ocupar uma lacuna nos casos, em que a fundação superficial
não contemplasse todos os requisitos técnicos, geralmente por recalque excessivo, e
fundações profundas encareceriam o custo da obra.
Em Brasília, bem como em grande parte do Planalto Central Brasileiro, a ocorrência
de solos superficiais com baixa capacidade de suporte e ainda com uma estrutura bastante
porosa e colapsível, dificulta o uso de fundações rasas. Neste contexto torna-se importante o
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2
estudo do comportamento de todo e qualquer tipo de fundação como alternativa ao uso de
fundações profundas.
A análise de “sapatas estaqueadas”, entretanto, não é feita de uma forma simples e
direta. Trata-se de um problema eminentemente tridimensional, no qual o mecanismo de
transferência de carga e a resposta carga-recalque de uma sapata estaqueada (ou radier
estaqueado) apresentam natureza complexa, por envolver diversos tipos de interação entre as
partes constituintes do elemento de fundação.
1.1 – OBJETIVOS DA TESE
♦ Fazer uma revisão crítica dos diversos métodos existentes para a análise de
fundações na forma de sapatas estaqueadas ou radier estaqueados.
♦ Realizar provas de carga em sapatas estaqueadas, com caráter pioneiro na região
Centro-Oeste do Brasil, e avaliar a capacidade de previsão dos resultados de alguns
métodos propostos em literatura.
♦ Propor melhorias ou adaptações a métodos de análise para que estes possam melhor
se adequar ao caso de fundações de pequeno e médio porte para solos semelhantes ao
do caso em estudo.
♦ Dar prosseguimento à linha de pesquisa “Estudo do Comportamento de Fundações
na Argila Porosa de Brasília”, que vem sendo desenvolvida pelo Programa de Pós-
Graduação em Geotecnia da UnB, para a avaliação da possibilidade do uso de
sapatas estaqueadas neste tipo de solo, dentro do contexto regional.
1.2 – ESTRUTURA DA TESE
Buscando uma melhor distribuição dos assuntos abordados, a tese foi estruturada da
seguinte forma:
i) Capítulo 1 – Introdução : Faz-se uma apresentação do tema a ser abordado e
objetivos almejados no presente trabalho;
ii) Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica : Neste capítulo faz-se um resgate
cronológico de vários trabalhos desenvolvidos por autores diversos em todo o
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3
mundo, que culminaram para a construção do atual “estado-da-arte”. Tentou-
se agrupá-los de uma maneira mais didática quanto ao assunto específico
abordado. Aborda-se a conceituação de diferentes formas de fundações
buscando deixar claro diferenças e semelhanças, bem como a definição de
termos utilizados em todo o trabalho. No decorrer das citações são incluídos
comentários e críticas do autor desta tese;
iii) Capítulo 3 – Comparação do Desempenho de Alguns Métodos :
Apresenta-se uma comparação de alguns métodos para exemplos específicos
encontrados na literatura, de forma a comparar os resultados previstos por
cada método, objetivando ressaltar semelhanças, limitações e potencialidades
de cada método abordado;
iv) Capítulo 4 – Materiais, Ensaios e Métodos : Descreve-se neste capítulo a
forma de preparação e execução de todos os ensaios realizados no decorrer
desta pesquisa. Apresenta-se, também, uma caracterização do solo do campo
experimental da UnB, no qual se realizaram as provas de carga de vários
elementos de fundação;
v) Capítulo 5 – Análise dos Resultados das Provas de Carga : Todos os
resultados obtidos nas diversas provas de carga realizadas são apresentados
de uma forma gráfica, buscando-se clareza nas comparações seguintes.
Fazem-se a análise dos resultados obtidos nas provas de carga e a comparação
com a previsão dos resultados de programa numérico, a fim de se avaliar a
adequabilidade do mesmo.
vi) Capítulo 6 – Proposta de um Novo Método : Apresenta-se a proposta de
um novo método para a análise de sapatas e radier estaqueados, em que
algumas estacas ou todas terão sua capacidade de carga totalmente
mobilizadas. Mostra-se a aplicação deste novo método aos ensaios realizados
nesta pesquisa, como também a outros casos de literatura;
vii) Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões : Finaliza-se a tese ressaltando as
principais conclusões alcançadas e apontadas durante todo o texto. Sugestões
quanto a novas pesquisas são apresentadas, no sentido de contribuir para o
prosseguimento da investigação do tema.
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2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O emprego de estacas como elemento de fundação remonta a vários séculos,
principalmente em grandes obras como igrejas, torres e castelos. Porém somente a partir da
revolução industrial do século 19, com a necessidade de se baratear o custo das fundações de
grandes prédios para fábricas, iniciou-se a sistematização do conhecimento adquirido
(Terzaghi e Peck, 1967).
Até meados da década de 70, sabia-se que o desempenho e a forma de transferência
de carga de uma estaca eram diferentes do de uma fundação rasa. Buscava-se, portanto, não
envolver elementos com comportamentos distintos numa mesma fundação. Este princípio
ainda prevalece até hoje com a maioria dos projetistas de fundações.
Nas últimas três décadas vários pesquisadores sentiram a necessidade de uma melhor
compreensão de como seria o comportamento de uma fundação que envolvesse estacas e
também uma parte superior horizontal em contato com a camada superficial. O estímulo
inicial deste interesse era saber qual o papel do bloco na resposta carga-recalque de um grupo
de estacas, uma vez que o bloco de ligação das mesmas estava em contato com o solo.
Segundo Butterfield & Banerjee (1971a), até o início da década de 60, a maioria dos estudos
de campo e laboratório sobre estacas concentravam-se apenas no desempenho de estacas
isoladas e grupos de estacas sem o contato do bloco com o solo. As análises teóricas de
grupos de estacas também evitavam o estudo da interação entre o bloco e as estacas, a fim de
simplificar o número de interações envolvidas no problema.
Terzaghi & Peck (1967) acreditavam que o grau de conhecimento adquirido sobre o
comportamento de estacas e grupo de estacas havia atingido um nível satisfatório e
“refinamentos teóricos em problemas de estaqueamentos eram completamente desnecessários
e poderiam ser seguramente ignorados”. Apesar deste desestímulo inicial, o emprego da teoria
da elasticidade na análise de estacas isoladas e grupos de estacas compressíveis (Poulos &
Davis, 1968; Poulos, 1968a; Mattes & Poulos, 1968 e Butterfield & Banerjee, 1971b), que
apresentou resultados considerados muito bons quando comparados com aos valores
experimentais de campo, acabou se constituindo num “divisor de águas” e incentivou diversos
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autores a tentarem compreender melhor o processo de interação entre uma fundação rasa
(“cap”, sapata ou radier) e estacas sob o mesma.
A partir deste ponto serão mencionados e comentados diversos trabalhos que fizeram
parte da evolução do estudo de um “radier estaqueado”. Obviamente vários trabalhos
específicos sobre grupos de estacas também contribuíram para esta evolução, mas, devido ao
interesse em particular da presente pesquisa, deixarão de ser citados.
2.1 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1.1 – Sistema de Fundação
Em edificações normalmente se define “fundação” como o conjunto de elementos
estruturais responsáveis por transferir, ao solo natural, o acréscimo de carga oriundo daquela
obra. Alguns autores também denominam "fundação" por “infraestrutura”. Em outras obras,
como barragens, o termo “fundação” é empregado para se referir à camada de solo, ou rocha,
que receberá a sobrecarga que o barramento transferirá ao mesmo.
No contexto da presente pesquisa, será denominado como “sistema de fundação” a
associação do conjunto de elementos estruturais ao solo que os envolve. A interação entre os
elementos da infraestrutura e o solo circunvizinho será de fundamental importância na
compreensão do comportamento observado para aquele “sistema de fundação”. A resposta
carga x recalque do sistema de fundação, portanto, será função não somente dos elementos
estruturais envolvidos, mas também do solo em questão.
Porém, a menos que se explicite o contrário, os termos clássicos como “capacidade
de carga da fundação”, “carga de ruptura da fundação”, “carga última da estaca”, etc. estarão
se referindo aos valores de carga suportados por aquele sistema de fundação, em que o fator
limitante tenha sido o solo, ou seja, se compreenderá como “carga última da estaca” a carga
máxima que a estaca suportará sem haver a ruptura do solo circunvizinho, pressupondo-se que
o material da estaca seja compatível para aquele nível de solicitação.
2.1.2 – Sapata estaqueada e radier estaqueado
Os termos “Sapata Estaqueada”, e também “Radier Estaqueado”, surgiram para
especificar os sistemas de fundação que envolvem a associação de um elemento de fundação
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superficial (radier ou sapata) com uma estaca ou grupo de estacas, sendo ambas as partes
responsáveis pelo desempenho da fundação quanto a capacidade de carga e recalques.
Baseado nas definições da norma brasileira de fundação (NBR6122/96), o termo
“sapata estaqueada” será utilizado, neste trabalho, quando o elemento de fundação for
composto por uma sapata ligada a uma ou mais estacas com o intuito de suportar os esforços
de um único pilar. O termo “radier estaqueado” será empregado para definir a fundação
composta por um radier associado a uma ou mais estacas, para suportar os esforços de todos
os pilares de uma obra.
Durante todo o trabalho os métodos analisados se aplicam indistintamente a “sapatas
estaqueadas” e “radiers estaqueados”, ficando a diferenciação dos termos apenas no detalhe
estrutural da aplicação das cargas.
Fisicamente, um “grupo de estacas” ou “bloco de estacas”, que é uma forma
tradicional de fundação, poderia ser considerado como uma “sapata estaqueada” ou “radier
estaqueado” quando o bloco de ligação entre as estacas estiver em contato com o solo,
fazendo assim o papel de elemento superficial da fundação (como uma sapata ou radier).
Entretanto, neste trabalho, será empregado o termo “grupo de estacas”, quando se referir à
forma clássica de fundação, em que somente as estacas são responsáveis por absorver e
transferir ao solo todo o carregamento aplicado às fundações, tendo o bloco apenas o papel
estrutural de ligar as estacas. Basicamente este é o conceito tradicional no projeto de “grupos
de estacas”, onde mesmo que o bloco esteja em contato com o solo, que é o usual, não se
considera que aquele possa transferir qualquer parcela de carga ao solo.
2.1.3 – Mobilização do atrito lateral nas estacas
Uma estaca submetida a um carregamento vertical transmitirá ao solo parte da carga
por atrito lateral ao longo do fuste e parte através da ponta por tensões de compressão sob a
mesma. A porcentagem de carga, a se transferir, via atrito lateral, depende de vários fatores,
como propriedades e estratificação do solo, camada de apoio da ponta, comprimento da
estaca, rigidez relativa estaca/solo, processo construtivo, entre outros (Poulos & Davis, 1980).
A parcela de atrito lateral atuante na estaca é função das tensões cisalhantes
desenvolvidas no contato estaca/solo. Esta tensão cisalhante (τ) pode ser expressa na forma :
)tg(σaτ *n φ += (2.1)
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onde : a = aderência estaca/solo (= α.c , onde “c” é a coesão do solo e “α” um fator
adimensional que expressa a parcela da coesão considerada como
aderência na superfície da estaca);
σn = tensão normal à superfície da estaca;φ* = ângulo de atrito estaca/solo.
A parcela devido a “a” é função de fatores como coesão do solo, processo de
instalação e tempo decorrido após instalação. O ângulo de atrito “φ*” basicamente depende do
tipo de solo, material da estaca e da rugosidade da superfície da estaca em contato com o
mesmo. A tensão normal à superfície (σn), por sua vez, está relacionada às tensões geostáticas
laterais do ponto em questão, e à forma de instalação da estaca.A Eq. (2.1) representa o valor máximo da tensão cisalhante passível de ser
mobilizada na interface estaca/solo. Porém, para que este valor seja mobilizado, é necessário
que haja um certo deslocamento relativo entre a estaca e o solo circundante. Desta forma,
poder-se-ia representar a tensão de atrito lateral mobilizado (f s), na forma :
(z)τ.F(z)(z)f s = (2.2)
onde : z = profundidade em questão;
F(z) = função de nível de mobilização do atrito lateral;
τ(z) = tensão cisalhante máxima na profundidade “z”.
Para solos em que a resistência residual se aproxima à de pico, a função F(z) pode ser
representada por um comportamento bilinear :
⎪⎩
⎪⎨⎧
≥
<=
ult
ultult
δδ se, 1
δδ se, δ
δ
F(z) (2.3)
onde : δ = deslocamento relativo estaca/solo;
δult = deslocamento relativo estaca/solo necessário para a mobilização
máxima do atrito lateral.
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O deslocamento de poucos milímetros, em geral, é suficiente para a mobilização do
atrito lateral máximo.
O atrito lateral mobilizado em uma estaca depende, portanto, não apenas das
propriedades intrínsecas do solo e do material constituinte da estaca, que influenciam “a” e
“φ*”, mas também de “σn” e do nível de mobilização (F(z)) do atrito lateral. Desta forma, o
comportamento de uma estaca, quando na presença de outros elementos de fundação
próximos (quando em um grupo de estacas ou em uma sapata estaqueada), será distinto do de
uma estaca isolada, pois haverá a interação entre os elementos adjacentes, modificando as
tensões normais atuantes na face das estacas, bem como alterando o deslocamento das estacas
e do solo.
Em uma sapata estaqueada, o contato da sapata com a superfície do solo, se por um
lado aumenta as tensões verticais e horizontais na interface estaca/solo (aumentando “σn” e
consequentemente “τ”), por outro, impõe campos de deslocamentos ao solo sob a sapata, o
que reduz os deslocamentos relativos estaca/solo, reduzindo, assim, a mobilização do atrito
lateral. A preponderância de um ou outro fator será função do tipo do solo e o estado do
mesmo.
2.1.4 – Rigidez de uma estaca
Denomina-se “rigidez de uma estaca”, a relação entre a carga atuante em uma estaca
e o seu deslocamento :
δ
PK p = (2.4)
onde : K p = rigidez de uma estaca;
P = carga atuante na cabeça da estaca;
δ = recalque da cabeça da estaca para a carga aplicada “P”.
A rigidez da estaca pode ser entendida como a tangente, ou secante, à curva “carga x
recalque” desta estaca, como ilustrado na Figura 2.1:
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carga
K p0
K p1
K p2
Figura 2.1 – Definição da rigidez de uma estaca na curva carga x recalque.
Na Figura 2.1, o valor inicial da rigidez de uma estaca (K p0) é representado pela
tangente inicial à curva carga x recalque e corresponde ao comportamento desta estaca para
baixos valores de carga aplicados.
A medida que a carga atuante numa estaca aumenta, também aumenta o recalque e,
em geral, esta relação deixa de ser linear. Nestes casos, pode-se definir a rigidez de uma
estaca através dos valores K p1, K p2, etc. (ver Figura 2.1), representados por retas secantes à
curva carga-recalque, que dependem do nível de carregamento desta estaca. Em alguns casos,
busca-se uma equação para representar esta variação. Poulos (1994a) utilizou a seguinte
forma de variação, adaptada de modelos hiperbólicos:
P
PR -1K K
uf p0 p ⎟
⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ ⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ = (2.5)
onde : K p0
= rigidez inicial da estaca;
P = carga atuante na estaca;
Pu = carga última da estaca;
R f = fator hiperbólico de variação da rigidez da estaca.
Chama-se a atenção que tal definição reflete o comportamento estaca/solo e não deve
ser confundido com a rigidez estrutural de um material qualquer, geralmente representado
pelo produto do módulo de elasticidade da estaca (E p) pelo módulo de inércia da seção
transversal (I p).
recalque
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Outro termo, empregado por diversos autores, e que aparecerá algumas vezes no
texto deste trabalho, é a “rigidez relativa de uma estaca” – K (Poulos & Davis, 1980). K é a
relação entre os módulos de Young do material da estaca e do solo (multiplicado por um fator
de área), indicando assim, quão mais rígida é a estaca em relação ao solo em questão :
c
p
s
p
A
A
E
E K = (2.6)
onde : E p = módulo de elasticidade do material da estaca;
Es = módulo de elasticidade médio do solo;
A p = área da seção transversal da estaca;
Ac = área da seção transversal limitada pelo perímetro externo da estaca.
Para uma estaca de seção regular cheia, A p = Ac ,e portanto:
s
p
E
E K = (2.7)
2.1.5 – Estacas como elementos redutores de recalque
Burland et al. (1977), num artigo que sintetizava o “estado da arte” de fundações na
conferência internacional, daquele ano, afirmaram que na maioria dos projetos de fundações
em estacas apenas o critério de capacidade de carga era levado em consideração, a despeito do
baixo nível de recalques geralmente atingido. Estes autores sugeriram que seria muito mais
econômico em um projeto procurar o número mínimo de estacas que conduzisse a um
recalque aceitável para a fundação em questão. Introduziram, portanto, o termo “elementos
redutores de recalque” para as estacas, em projetos de grupos de estacas, em que o critério de
recalque aceitável seria o preponderante.
Tal idéia foi resgatada em alguns métodos de análise de radier estaqueado e será
mencionado em algumas partes deste trabalho.
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2.2 – TRABALHOS PIONEIROS
Em termos de capacidade de carga de sapatas estaquadas, o trabalho de Kishida &
Meyerhof (1965) parece ter sido um dos primeiros estudos teóricos a considerar a
contribuição do bloco apoiado no solo superficial em um grupo de estacas. A partir da análise
de grupo de estacas em areias, sugeriram duas formas possíveis de ruptura destes grupos.
- para estacas muito espaçadas, a capacidade de carga da fundação seria a
soma da capacidade de carga do radier (ou bloco) com a capacidade de
carga do grupo de estacas, levando-se em conta a sobrecarga ao nível da
ponta das estacas provocada pelo bloco (ver Figura 2.2b);
- para estacas pouco espaçadas haveria uma tendência de ruptura de todas
estacas em conjunto, como se fosse uma grande estaca única (tubulão
equivalente). Neste caso, a capacidade de carga do conjunto seria
calculada como a capacidade deste “tubulão” equivalente, acrescido da
capacidade de carga do bloco superficial, considerando-se, contudo,
apenas a área do bloco externa à projeção do tubulão equivalente (área
considerada = área do bloco subtraindo a área do tubulão equivalente) –
ver Figura 2.2a.
Figura 2.2 – Formas de ruptura de uma sapata estaqueada (modificado – Phung, 1993).
Quanto ao comportamento carga x recalque de uma fundação com a presença de um
elemento superficial associado a uma estaca, o primeiro trabalho teórico pode ser atribuído a
Poulos (1968b), que considerou a interação estaca/bloco para uma estaca isolada com um
“cap”.
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Poulos (1968b) considerou o solo como um semi-espaço elástico e o “cap” da estaca
como rígido. Esse autor apresentou um gráfico (Figura 2.3) comparando os recalques de uma
estaca com e sem “cap”.
Figura 2.3 – Efeito do “cap” no recalque de uma estaca isolada (modificado – Poulos, 1968b).
Denominando-se por “L” o comprimento da estaca, “d” o diâmetro da estaca e “d c” o
diâmetro do “cap”, observa-se na Figura 2.3 que :
- a influência do “cap” é função das relações “d c/d” e “L/d”. Quanto menor o
comprimento da estaca em relação ao seu diâmetro (L/d), maior a
interferência do “cap”, reduzindo-se os recalques;
- quanto maior o coeficiente de Poisson, maior a influência do “cap” (redução
no recalque da estaca);
- somente para estacas muito curtas (L/d < 10) a existência de pequenos
“caps” não poderia ser desprezada.
Um outro trabalho que merece ser lembrado pelo seu valor histórico é a dissertação
de mestrado de Akinmusuru (1973), que realizou uma série de testes em laboratório com
modelos reduzidos de sapatas estaqueadas em areias. Anteriormente a ele alguns autores já
haviam realizado testes com grupo de estacas com e sem o contato do bloco, mas acredita-se
que Akinmusuru (1973) tenha sido o primeiro autor a estudar, no mesmo solo, ocomportamento de uma sapata isolada, estaca isolada e do grupo de estacas com e sem o
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contato do bloco na superfície, buscando-se isolar a parcela de contribuição da interação
bloco/estacas.
Mesmo com as críticas normalmente feitas a ensaios com modelos de escala reduzida
em areia, realizados sob a força da gravidade “1-G” e sem aplicação de qualquer sobrepressão
na superfície da areia, os resultados apontaram para a existência de uma sinergia quanto à
capacidade de carga. Akinmusuru (1973) observou uma capacidade de carga de uma sapata
estaqueada superior à soma algébrica da capacidade de carga da sapata e do grupo de estacas,
e expressou os resultados nas seguintes formas :
cgt Q +Q =Q β α (2.8)
ou
cg'
t Q +Q =Q α (2.9)
onde : Qt = capacidade de carga da sapata estaqueada;
Qg = capacidade de carga do grupo de estacas;
Qc = capacidade de carga da sapata (individualmente);
α e α’ = fatores de incremento de capacidade de carga do grupo devido à interação,
sendo geralmente maiores que “1” e função do comprimento relativo das
estacas e tamanho da sapata;
β = fator de incremento de capacidade de carga da sapata devido à presença do
grupo de estacas.
Os testes de Akinmusuru (1973) indicaram que a contribuição do bloco em contato
com o solo é função de seu tamanho e do comprimento das estacas, mas de uma forma geral,
a parcela de capacidade de carga das estacas (Qg) é a mais influenciada (aumentada) ao se
considerar a interação bloco/solo/estacas, ou seja, α >> β conforme mostrado na Figura 2.4.
Daí a sugestão da equação simplificada (Eq. 2.9), onde assume-se β = 1.
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Figura 2.4 – Fatores de incremento na capacidade de carga das estacas e do bloco devido à
interação bloco/estacas (modificado – Akinmusuru, 1980).
2.3 – OBSERVAÇÕES EXPERIMENTAIS
A observação do desempenho de fundações, seja em modelos em laboratório ou em
testes no campo, é considerada de fundamental importância para uma melhor compreensão da
resposta de uma fundação, fornecendo também subsídios para modelos e teorias que tentam
explicar o comportamento destas fundações.
Historicamente diversos autores relataram os resultados de testes com estacas
isoladas, grupo de estacas e fundações rasas. Entretanto não há uma grande quantidade detrabalhos enfocando grupos de estacas com o contato bloco/solo, sapatas estaqueadas ou
radiers estaqueados, principalmente em testes de campo, devido ao grande custo e
dificuldades na construção de reações que suportem altas cargas.
Não menos importante são os relatos do monitoramento do desempenho de obras
reais, onde os fatores intervenientes atuam simultaneamente e em verdadeira grandeza.
Nos itens seguintes, vários trabalhos serão relatados, apresentando observações
experimentais de sapatas estaqueadas ou radiers estaqueados, destacando-se os pontos principais de cada um.
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2.3.1 – Testes em laboratório
Existem dificuldades e limitações associadas a ensaios em pequena escala em
laboratório e sua extrapolação para fundações reais, principalmente devido ao pequeno nível
de tensões imposto (gravidade natural, 1-G), dimensões das amostras, amolgamento, etc. Tais
limitações, contudo, não invalidam estes trabalhos que podem ser considerados
qualitativamente representativos do comportamento de elementos de fundações, e, portanto,
passíveis de serem usados para comprovar a aplicabilidade de estudos teóricos.
Em laboratório, quando não se trata de um estudo para um caso específico, é difícil a
escolha do tipo de solo a ser empregado. As areias permitem a execução de ensaios mais
rápidos, mas geralmente apresentam ângulos de atrito maiores para baixos valores de tensões
confinantes e são mais sujeitas ao efeito escala, em função da dimensão dos grãos. Outro
problema para areias densas é a dilatância a baixos níveis de tensão. Desta forma, seriam
necessários recipientes maiores com a aplicação de pressões superficiais (ou vácuo) para
reduzir os problemas apresentados. Já para argilas, se os fatores destacados para areias não
são tão preocupantes, a dificuldade maior é a forma de preparação da amostra e instalação das
fundações, que consomem um grande tempo de espera para a dissipação do excesso de poro-
pressão (as vezes mais de 50 dias) para a realização de um único teste.
Além do trabalho de Akinmusuru (1973), já comentado no item 2.2, outros autores,
como Whitaker (1961), Ghosh (1975) e Abdrabbo (1976) (citados por Cooke, 1986),
realizaram testes com “fundações estaqueadas”, em que algumas poderiam ser consideradas
como sapatas estaqueadas. A seguir, comentam-se, em maiores detalhes, dois trabalhos
mencionados por diversas fontes da literatura.
Wiesner & Brown (1978) realizaram uma série de ensaios de radier sobre 6 e 9
estacas em uma amostra de argila pré-consolidada. As estacas possuíam diâmetros entre 9,6 a
10,1mm, comprimento de 249mm e espaçamentos na faixa de 5 a 7 diâmetros. A amostra deargila foi consolidada em um recipiente cilíndrico, com 59cm de diâmetro e 48cm de
profundidade. Tal pesquisa visava comparar os resultados de laboratório com teorias de placas
apoiadas sobre um meio elástico. Os resultados, em geral, mostraram um bom grau de
aproximação entre os valores experimentais e os calculados pela Teoria da Elasticidade, com
uma precisão maior para a previsão de recalques e menor para os momentos gerados.
Cooke (1986) apresentou um importante trabalho, no qual fez uma revisão dos
métodos de projetos de radiers estaqueados, em solos argilosos. Neste artigo, o autor comentaa realização de ensaios em modelo reduzido de radier sobre 9, 25, 49 e 81 estacas em
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amostras reconsolidadas da argila de Londres. As estacas possuíam diâmetro de 3,2mm e
variou-se o comprimento e espaçamentos entre as estacas.
Figura 2.5 – Comparação do comportamento de um radier sobre 49 estacas, grupo de estacas
(7x7) e um radier isolado (modificado – Cooke, 1986).
Dentre os seus comentários, destacam-se :
- em um radier estaqueado, a contribuição do radier é maior quanto menor o
comprimento e número de estacas;
- para qualquer número de estacas, a contribuição do radier, quanto à
capacidade de carga, cresce rapidamente com o aumento do espaçamento
entre as estacas;
- até um espaçamento S/D = 4 (sendo S o espaçamento e D o diâmetro), a
capacidade de carga do radier estaqueado depende diretamente da largura doradier;
- as estacas apresentam melhor desempenho na redução dos recalques do
radier quando são longas (relação comprimento da estaca/largura do radier
>10);
- o radier estaqueado é mais rígido (razão carga/recalque) do que o grupo de
estacas sem o contato do bloco, mas para a carga de trabalho (FS entre 2 e
3), o acréscimo na rigidez não foi grande, sendo que nos ensaios nãoultrapassou 30% (ver Figura 2.5);
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- para grupos com o contato com o solo, o fator de eficiência também foi
decrescente com o aumento do número de estacas, mas crescente com o
aumento do espaçamento entre as estacas, o que pode ser explicado pelo
aumento da área de contato, entre as estacas, do bloco com o solo,
similarmente ao observado por Cooke (1986);
- a rigidez de grupos de estacas sem o contato bloco/solo foi menor do que
quando o bloco tocava a superfície do solo.
Vale a pena destacar que os testes, realizados por Garg (1979), foram apenas com
grupos de estacas com pequenos espaçamentos entre as mesmas, típico do projeto tradicional
de um grupo de estacas, e não abordaram situações mais genéricas de um radier estaqueado
com maiores espaçamentos entre as estacas.
Liu et al. (1985) apresentaram os resultados de uma impressionante série de 51
provas de carga de estacas isoladas e grupos de estacas, num total de 330 estacas escavadas
ensaiadas nesta bateria de testes. Esses autores variaram as características dos testes nos
seguintes intervalos :
Diâmetro : 12,5 a 33cm;
Comprimento da estaca : 8D a 23 D (D = diâmetro);
Espaçamento : 2D a 6D;
Número de estacas no grupo : 2 a 16;
Com e sem inundação anterior ao ensaio.
Estes testes foram realizados na China, próximos à uma barragem do Rio Amarelo,
em um depósito de areia siltosa uniforme, com índices de vazios entre 0,85 a 0,95 e grau de
saturação entre 40-50%, com reologia não declarada. Destacam-se, abaixo, algumas
observações citadas pelos autores:
- no teste de um grupo de 9 estacas, espaçamento 3D e o bloco apoiado no
solo, a estaca central absorveu a menor carga dentre as estacas até acompleta mobilização da capacidade de carga das estacas externas.
Entretanto, após este ponto, a estaca central passou a absorver a maior carga
(maior carga última), fato que os autores atribuíram ao maior acréscimo nas
tensões horizontais de confinamento desta estaca;
- o comprimento da estaca (L) em relação ao tamanho do bloco (B)
influenciou na forma de mobilização do atrito lateral. Para valores de
L/B>1,5, o atrito lateral foi maior do que o encontrado para uma estacaisolada. Quando a relação L/B era inferior a 1 (um), o valor da parcela de
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onde : Gs e G b = fatores devido à interação estaca/solo/estaca;
cs e c b = fatores devido à interação radier/solo/estaca.
Segundo Liu et al. (1985), os parâmetros “ηs” e “η b” podem assumir valores tanto
maiores como menores do que “1”, dependendo do número de estacas, espaçamento e
comprimento relativo das estacas (L/B). Nos testes realizados ficaram entre 0,36 e 1,51.
No Brasil, poucos foram os trabalhos em que se realizaram testes de campo em
grupos de estacas instrumentadas, a fim de separar a carga suportada pelas estacas e pelo
bloco. Dentre estes, encontra-se a série de provas de carga realizada no Campo Experimental
da Universidade de São Paulo, situado no campus de São Carlos, com grupos de 2, 3 e 4
estacas, onde se mediu a carga em cada estaca, bem como a pressão em alguns pontos sob o
bloco (geralmente no ponto central). Diversos autores publicaram estes resultados (Senna Jr et
al., 1993; Fernandes, 1995; Rezende, 1995 entre outros). Um dos objetivos dos pesquisadores
da USP de São Carlos era avaliar a contribuição do bloco quando em contato com o solo, mas
em uma configuração típica de “projeto em grupos de estacas” com espaçamento entre as
estacas de 3D e bloco rígido. Verificou-se que a carga absorvida pelo bloco variou entre 9 e
16% da carga total próximo à ruptura do sistema de fundação, porém a carga no bloco era
inferior a 5% do total quando menos de 50% da carga última estava aplicada (solo com teor
de umidade natural).
Vale a pena destacar que o solo em questão é semelhante ao da região de Brasília,
por se tratar de uma camada superficial de argila altamente intemperizada, estruturada, de
baixa capacidade de suporte e comportamento colapsível. Os resultados encontrados estão de
acordo com diversos outros trabalhos, como o de Poulos (1989), que afirmam que grupos de
estacas, com pequeno espaçamento entre as estacas e assentados sobre um solo de baixa
capacidade de suporte, terão apenas uma pequena parcela de carga absorvida pelo bloco e a
sua consideração é perfeitamente desprezível na resposta da fundação.
Décourt et al. (1995) relataram a realização de uma prova de carga de uma sapata
quadrada (2,5 x 2,5 x 1,6m) sobre uma estaca (D= 50cm e L= 10m) em um saprólito de
migmatito, cuja textura era a de uma areia siltosa. A prova de carga foi realizada através do
método de carregamento lento (SML), acompanhado do descarregamento e posterior ensaio
com carregamento rápido (QML). Ambos os resultados foram semelhantes, tendo a estaca
absorvido na faixa de 20 a 35% da carga atuante. Este ensaio foi levado a altos níveis de
carga, suficiente para mobilizar totalmente o valor último de capacidade de carga da estaca.Uma análise deste ensaio será feita no Capítulo 6.
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Décourt (1996) e Campos & Sobrinho (1996) relataram sobre outra prova de carga
de uma sapata de 1,8x1,8x1,6m sobre uma estaca (D = 50cm e 9,6m de comprimento),
devidamente instrumentada. Embora tenha-se chegado a um alto valor de carga atuante no
sistema de fundação (7,2 MN), devido a problemas técnicos não foi possível medir a
porcentagem de carga absorvida em cada elemento.
Nacionalmente, dois termos específicos ficaram conhecidos para caracterizar a
associação de uma sapata com uma estaca. Décourt (1994) empregou o termo "estaca-T" se
referindo a uma sapata apoiada sobre uma estaca centrada. Val (1995) adotou "estapata" para
definir a combinação de uma sapata e uma estaca, mas que não estariam interligados
inicialmente. Um pequeno espaço seria deixado entre as partes a fim de que a sapata
suportasse uma maior parcela inicial de carga. Infelizmente poucos trabalhos comentaram o
desempenho destas configurações.
2.3.4 – Desempenho de obras
Poucos ainda são os relatos de obras cujas fundações foram projetadas em “radier
estaqueado” tirando proveito da interação radier-solo-estaca.
O’Neill et al. (1996) apresentaram ao Comitê Técnico (TC-18) da ISSMFE um
relatório dos principais casos históricos de obras encontrados na literatura, cujas fundações
foram em radier estaqueado. Estes autores colecionaram 15 casos históricos de edifícios
residenciais ou não, nos quais a fundação era composta pela associação de um radier com um
grupo de estacas. Destaca-se, porém, que mais da metade desta relação ainda foi concebida e
projetada para funcionar como “grupo de estacas tradicionais”. Comentam-se, a seguir, 7
casos de obras recentes com a fundação projetada segundo o conceito de “radier estaqueado”.
2.3.4.1 – Messeturm (Alemanha)
Com 256m de altura, este é um dos edifícios mais altos da Europa. A Figura 2.6
mostra uma comparação de seu perfil com outras grandes obras da cidade de Frankfurt-
Alemanha. Construído na segunda metade da década de 80, tal obra já teve o seu desempenho
relatado e analisado por diversos autores (Sommer et al., 1985; Sommer, 1993; Franke, 1991;
Franke et al., 1994; El-Mossalamy & Franke, 1997 entre outros). A Figura 2.7 apresenta a
disposição das estacas, bem como a instrumentação empregada nesta obra.
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Figura 2.6 – Edifício Messeturm e outros em Frankfurt (modificado – El-Mossalamy &
Franke, 1997)
O solo local é constituído por uma matriz de argila sedimentar (argila de Frankfurt),
pré-adensada, do período terciário, intercalada por veios de areia, até a profundidade de 70m.
O teor de umidade natural era de 35 ± 10% (próximo ao valor de LP). A resistência não-
drenada desta argila apresentava valores crescentes com a profundidade, partindo de 100 kPa
na cota do radier até valores entre 200 e 300 kPa na profundidade da ponta das estacas. O
lençol freático se encontrava a 7m da superfície.Uma fundação em radier isolado para esta obra já seria suficiente em termos de
capacidade de carga, pois apresentava um Fator de Segurança (FS) entre 3,4 (com parâmetros
não-drenados) a 5,6 (para parâmetros drenados). Entretanto, a estimativa dos recalques se
aproximava a 40mm, e foi considerada exagerada. Optou-se pela inclusão de algumas estacas
(64) à fundação, de tal forma que estas estacas atingiriam os valores máximos de capacidade
de suporte. A capacidade de carga das 64 estacas representava uma parcela de apenas 7 a 12%
da capacidade do radier isolado, ou seja, as estacas foram utilizadas como verdadeiros“elementos redutores de recalques”.
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Segundo El-Mossalamy & Franke (1997), comparando-se a fundação em radier
estaqueado com a hipótese de um radier isolado, obteve-se :
- redução do recalque máximo em 55%;
- redução do recalque diferencial em 60%;
- redução dos momentos fletores no radier em 35%.
A instrumentação da fundação constatou os seguintes fatos interessantes :
- as estacas realmente atingiram suas capacidades máximas de carga, sendo
que o atrito lateral máximo foi mobilizado de baixo para cima, inversamente
ao comportamento típico de uma estaca isolada;
- as estacas absorveram 60% da carga total, contra os 55% estimados;
- o efeito da interação com os outros elementos aumentou a capacidade de
carga individual das estacas entre 10 a 20%, e tornou o comportamento
destas estacas menos rígido quando comparado à estaca isolada;
- para baixos valores de carga, as estacas externas absorveram maiores cargas.
À medida que se aproximou da mobilização máxima de carga nas estacas,
os valores de carga, suportados por todas as estacas, ficaram bem próximos.
Randolph (1994) criticou a concepção deste projeto por não ter incluído estacas na
região central do radier, o que teria sido responsável pelos recalques diferenciais ainda
observados (distorções angulares na faixa de 1:4000). Esse autor sugeriu que a inclusão de
algumas poucas estacas na região central poderiam praticamente anular este recalque
diferencial do radier estaqueado.
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Figura 2.7 – Fundação do Ed. Messeturm (modificado – El-Mossalamy & Franke, 1997).
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