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EXPORTAÇÕES MINEIRAS: A PARTICIPAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPE) MINEIRAS NO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO
EXPORT MINING: THE PARTICIPATION OF MICRO AND SMALL
ENTERPRISES (SMEs) IN THE PROCESS OF MINING INTERNATIONALIZATION
Francisca Daniela de Lima Ferreira SOUSA¹
Ítalo Brener de CARVALHO²
Faculdade de Minas – Faminas BH, graduanda em administração; E-mail: Daniela-alvo@hotmail.com¹
Faculdade de Minas - Faminas BH, Professor orientador M.SC²
E-mail: italobrener@faminasbh.edu.br
Resumo
O aumento da globalização e o avanço dos meios de comunicação e transporte contribuíram para a quebra das barreiras existentes entre países e pessoas. O aumento da interdependência entre os mercados mundiais é algo concreto. Diante deste novo cenário, algumas empresas ignoram a existência de oportunidades que estão do outro lado de suas fronteiras. Este artigo tem como proposta a identificação da participação das Micro e Pequenas Empresas - MPEs mineiras no processo de internacionalização. Demonstra que a participação no mercado internacional pode ser uma estratégia de crescimento. O Brasil encontra-se entre os países que mais se desenvolveu nos últimos anos, alcançando resultados que o colocou a frente de outras economias. Diante de uma realidade econômica favorável, as Empresas Brasileiras se deparam com inúmeras possibilidades de internacionalizar seus negócios. Alguns microempresários veem a realização de negócios no exterior como uma estratégia adotada apenas nas grandes empresas. Enxergam o processo como algo complicado, oneroso e que exige uma capacidade produtiva longe da sua realidade. Visualizando o aumento do consumo interno como suficiente para a expansão de seus negócios. É importante ressaltar que para obter sucesso no mercado internacional é fundamental o aprimoramento da visão gerencial e investimento em mercados estrangeiros. Este artigo através da realização de pesquisa descritiva e bibliográfica irá identificar os fatores que levam a participação ou a não participação das MPEs mineiras no processo de internacionalização.
Palavras chaves: Exportações mineiras. MPE. Internacionalização. Clusters
Summary
Increased globalization and the advancement of media and transport contributed to the breakdown of barriers between countries and people. The increased interdependence among world markets is something concrete. In front this new scenario, some companies ignore the existence of opportunities that are on the other side of its borders. This article aims to identify the participation of Micro and Small Enterprises - MSEs mining in the internationalization process. Demonstrates that participation in the international market can be a growth strategy. Brazil is among the countries that have developed in recent years, achieving results that put him ahead of other economies. Facing a favorable economic reality, the Brazilian companies are faced with numerous opportunities to internationalize their business. Some micro entrepreneurs see doing business abroad as a strategy adopted only in large companies, they see the process as something complicated, costly and requires a production capacity away from your reality. Viewing the increase in domestic consumption as sufficient for the expansion of their business. Importantly for success in the international market is the fundamental improvement of the managerial vision and investment in overseas markets. This article by conducting research and descriptive literature will identify the factors that lead to participation or non-participation of MSEs in the mining process of internationalization.
Keywords: Mining exports. MPE. Internationalization. Clusters.
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1. Introdução
O mundo esta passando por grandes mudanças, no cenário econômico, os efeitos da
globalização podem ser sentidos pelas Grandes, Médias, Pequenas e Micro Empresas. È
possível perceber os impactos deste processo gradualmente ao longo dos últimos anos.
Percebe-se, como uma das consequências geradas pela globalização, a presença de produtos
importados em praticamente todos os segmentos de mercado. As empresas de médio e
pequeno porte não podem ignorar a existência de oportunidades que estão do outro lado da
fronteira.
Torna-se evidente que a adequação de empresas a uma diversificação de mercados
quando se direcionam para a exportação. A necessidade de uma estrutura organizacional
capaz de alcançar bons níveis de competitividade onde a concorrência é cada vez mais voraz.
Observa-se que o mercado exportador brasileiro é dominado por grandes empresas,
que independentes dos seus tamanhos sofrem desde 2008 com as crises internacionais.
Independentemente do seu tamanho uma empresa precisa conseguir visualizar as
oportunidades e as ameaças ao planejar suas ações, em especial as Micro e Pequenas
Empresas – MPEs.
Ao se verificar a contribuição para o enriquecimento do Brasil, verifica-se que as
Micro e Pequenas Empresas possuem um papel significativo tanto na economia Nacional,
Estadual e Municipal, por gerarem resultados importantes nestas três esferas. Este estudo visa
identificar a participação das MPEs mineiras no processo de internacionalização, na tentativa
de compreender quais os desafios e oportunidades encontrados no decorrer deste processo.
Os resultados desta pesquisa basear-se-á em uma reflexão das condições necessárias
para uma empresa participe do Comércio Exterior Brasileiro, assumindo um posicionamento
que a faça aproveitar as oportunidades de crescimento no mercado mundial. Desta forma,
apontar-se-á a viabilidade da participação de empresas de menor porte no mercado
internacional, avaliando os aspectos como, competitividade, capacidades de
internacionalização e exportadora e as ações que tornam este negócio sustentável.
2 Metodologia
A pesquisa será estruturada a partir da contextualização de fatores ligados a economia
globalizada que veem contribuindo para o surgimento de mudanças na economia global,
favorecendo a participação das micro e pequenas empresas no processo de
internacionalização. Em seguida pretende-se identificar as MPEs Mineiras Exportadoras, os
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clusters que as MPEs estão inseridas no Estado. Para confrontar os fatores globalizantes e a
participação das MPEs questionar-se-á as motivações ou desmotivações destas empresas no
processo de internacionalização. Este contexto é ilustrado pela figura 1.
Figura 1: Contexto Ilustrado
exportam
Fonte: Elaborado pelo autor: Sousa (2012)
A pesquisa possui caráter descritivo de fatores que demonstram a importância da
participação das MPEs mineiras no processo de internacionalização. Exploratório, por se
tratar de uma pesquisa voltada para a compreensão da participação de Micro e Pequenas
Empresas no mercado internacional, assunto que ainda não foi vastamente explorado. Quanto
aos meios a pesquisa será bibliográfica, utilizando livros, boletins informativos e publicações
em sites de Órgãos Estaduais e Federais ligados à área de estudo.
Para compreender melhor a participação das MPEs mineiras no processo de
internacionalização e os desafios enfrentados por estas, será utilizado como instrumento de
pesquisa uma entrevista, que segundo Silva, (2003, p.69) é uma comunicação verbal entre
duas pessoas, com um grau de estruturação previamente definido.
3. Os benefícios da globalização para o Comércio Exterior Brasileiro
A globalização é um processo de integração importante para as sociedades capitalistas,
isto porque permite uma maior interação entre as economias mundiais. A primeira fase da
globalização se deu por volta de 1830 e atingiu o seu ápice na década de 80 (CAVUSGIL;
KNIGHT E RIESENBERGER, 2010). Este processo só foi se aperfeiçoando com o passar do
tempo e com as mudanças no cenário mundial. Atualmente a sociedade globalizada, utiliza
produtos de diversas partes do mundo. Ao observar o cotidiano da sociedade atual, é possível
perceber a grande quantidade de produtos de diversos países presente no dia-a-dia dos
brasileiros, o que há alguns anos seria restrito a algumas pessoas tendo em vista a menor
quantidade de oferta e os custos elevados, torna-se disponível e a custos mais baixos.
1. Introdução: benefícios da globalização para o Comex
Brasileiro 2. Internacionalização como estratégia para a
competitividade 3. MPEs mineiras
exportadoras 4.Clusters, principais produtos exportados
5.Conclusão
MPEs mineiras que exportam
Processo de
internacionalização
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Neste sentido, Keddi (2007, p. 46) enfatiza “que a globalização não é um processo
novo, mas muito antigo e que, assim como o homem e tudo o que o cerca, apenas evolui com
o passar do tempo.” O que mostra que este é um processo que tende a se aperfeiçoar, levando
a economia a estágios de integração cada vez mais intensos, favorecendo assim o crescimento
da economia mundial. Na atual realidade social o acompanhamento da velocidade do fluxo de
informação e dos acontecimentos que ocorrem dentro da sociedade globalizada, é
fundamental que as empresas estejam preparadas para aproveitar os benefícios do processo de
globalização. Vasconcelos; Lima e Silber (2006, p. 17) apontam que:
Com o processo da globalização, as decisões de produção e comércio internacional ficaram intimamente interligadas: a transformação de empresas espalhou-se pelo mundo e a maior parte dos novos produtos que chegam ao mercado é transacionável internacionalmente (trade goods1) ou dependem pesadamente de componentes transacionáveis. Enquanto a produção mundial cresceu seis vezes nos últimos 40 anos, os fluxos comerciais cresceram 12 vezes mais.
Fica evidente que a maior facilidade de acesso a produtos de outros países contribui de
forma significativa para o aumento do giro da economia global, favorecendo o aumento das
exportações, o que demonstra a importância da ocorrência do processo de internacionalização
das empresas independentemente do seu porte Cavusgil; Knight e Riesenberger (2010). As
relações comerciais entre os países são um aspecto importante para o desenvolvimento da
economia mundial. No gráfico 1 é demonstrado o desenvolvimento das exportações em
relação ao PIB mundial, como se pode observar o volume de exportações se mantém sempre
superior ao do PIB.
Gráfico 1 - Volume das exportações mundiais de mercadorias e PIB 1950 – 20102
Fonte: Organização Mundial do Comércio – OMC
De acordo com Dicken (2010), a interdependências das economias globais é um
fenômeno que não pode ser ignorado, é possível observar que a cada dia as relações
comerciais entre os países estão cada vez mais fáceis. O avanço da tecnologia e dos meios de
comunicação contribuíram de forma significativa para este fenômeno. Por esta razão, a
globalização é um termo que gera muitas discussões em relação aos seus benéficos, que
1 Bens de comércio. 2 Traduzido pelo autor.
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1950-60 1960-70 1970-80 1980-90 1990-00 2000-10 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Exportaciones PIB
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mesmo sendo um processo que gera uma competição selvagem, possui um número de
vencedores bem maior que o de fracassados. O crescimento da interdependência gerada pela
globalização entre as economias gera benéficos para muitos, inclusive para o Comércio
Exterior Brasileiro, é um contexto dicotômico de interdependência e integração de realidades
econômicas internacionais.
Esta nova realidade traz exigência para empresas e indivíduos, que para se manter
conectado ao mundo, necessitam de aprimoramentos constantes. É necessário se envolver e
desenvolver ferramentas que possibilitem o aproveitamento das oportunidades. As empresas
não podem simplesmente se manter indiferente em relação à nova ordem mundial que esta se
formando. Por exemplo, todas as mudanças, econômicas e políticas geram impactos diretos
sobre os negócios. Mesmo que do outro lado do globo, as relações de proximidade
provocadas pela globalização quebrem as barreiras da distância, das fronteiras e da inércia de
organizações e gestores.
Desta forma, para alcançar a competitividade e longevidade no mercado empresas
brasileiras de diversos segmentos e portes, se deparam com um mercado ávido por se
beneficiar dos impactos desta economia globalizada equidistante, mas cheio de oportunidade
para quem estiver disposto a não ficar para trás. Utilizar-se de ferramentas de gestão para se
beneficiar dos impactos de uma economia globalizada, onde as distâncias geográficas já não
são obstáculos tão grandes assim, é o que muitas empresas tem feito.
3.1 Internacionalização como estratégia para a competitividade
Conforme Cavusgil; Knight e Riesenberger (2010, p. 4) “a internacionalização
empresarial concerne à tendência das empresas de ampliar de forma sistemática a dimensão
internacional de suas atividades comerciais”. Como mencionado anteriormente à
interdependência entre as economias globais, Torna necessária a atenção das empresas aos
ambientes externos e internos, mantendo-se de forma estratégica competitivas no mercado.
Neste sentido os autores Lopez e Gama (2007, p. 26) afirmam que:
È fundamental, para o processo de internacionalização, que as empresas concentrem a máxima atenção em todos esses fatores, para que possam adequar os produtos às novas necessidades do mercado ou mesmo propor a criação de novos produtos, com base na demanda detectada junto ao público consumidor.
As ações estratégicas inerentes à participação partem de uma analise em um primeiro
momento, em ações planejadas. Conforme pode ser observado na matriz desenvolvida por
Ansoff, a atuação das empresas partem da decisão estratégica primária que envolvem
produtos e mercados.
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Quadro 2 - Matriz produto X Mercado
Produto / Mercado Atual Novo
Atual II Penetração de mercado I Desenvolvimento de produto
Novo III Desenvolvimento de mercado IV Diversificarão
Fonte: (ANSOFF, 1979) adaptada pela autora.
Alinhadas com as estratégias propostas de inserção internacional, configurando
cenários onde o empresariado decide, inclusive, se cria novos produtos adaptados aos novos
mercados. Não é possível se aventurar em um mercado desconhecido, com hábitos de
consumos diferentes dos encontrados no mercado interno, cultura distinta do que já é
conhecido pelo empreendedor, sem o planejamento adequado. E a realização de uma pesquisa
de mercado avalia qual a melhor viabilidade de entrar com um produto em um mercado que
ainda não foi explorado. Ao realizar uma pesquisa desta natureza, o empresário diminui os
riscos de direcionar de forma incorreta seus investimentos. Planejar cada ação é fundamental
para o sucesso de operações, como a de internacionalizar um negócio.
Para que o processo de internacionalização seja eficaz e para que os objetivos sejam
alcançados é necessária à realização de uma pesquisa de mercado, direcionada ao potencial
mercado consumidor para que seja possível traçar uma estratégia mais apropriada. Diante
disto, Segre (2006, p. 16) ressalta que:
Para obter sucesso no mercado externo, antes de iniciar suas atividades, uma empresa deve fazer uma pesquisa de mercado. Com a pesquisa, as empresas buscam identificar as oportunidades que se apresentam, bem como clientes em potencial de um determinado mercado e, posteriormente, estabelecer o planejamento estratégico das exportações.
A exportação é uma ferramenta importante para o crescimento das empresas,
contribuindo de forma significativa para a ampliação do mercado consumidor. Isto porque
quando a empresa exporta, há uma diversificação de mercados e a empresa aumenta seu
portfólio de compradores por participar do comercio exterior Keedi (2008). A exportação é
uma das mais importantes formas de atuação no mercado internacional, por possuir uma
grande relevância para a economia de um país, Lopez e Gama (2007). Por estar razão a
participação das MPEs nas exportações pode contribuir de maneira positiva para o Comercio
Exterior Brasileiro, tendo em vista que empresas deste porte ainda são a maioria no país,
girando em torno de 130 mil (SEBRAE 2012). O Brasil tem alcançado bons resultados no
mercado externo, somente nos primeiros dois meses deste ano de 2012 as exportações já
superaram o mesmo período de 2011, como é possível observar no gráfico 2.
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Gráfico 23: Exportações brasileiras 2011 / 2012 EXPORTAÇÃO BRASILEIRA - 2011/ 2012
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5000
10000
15000
20000
25000
30000
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2011 2012
Fonte: Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comercio – MDIC (2012)
Entre os fatores que contribuem para uma maior participação brasileira no mercado
internacional está o crescimento da economia. O Brasil está presente em previsões
importantes relacionados ao crescimento da economia mundial, como o BRIC (Brasil, Rússia,
Índia e China), grupo de países com potencialidades de crescimento maior que grandes
potências econômicas. Este posicionamento justifica-se, a exemplo, por vantagens
comparativas como a sua vasta extensão territorial, contanto com fatores de produção
importantes como a terra.
O Brasil esta crescendo, de acordo com o Ministério da Fazenda (2010) o PIB per
capta no período de 1995 – 2002 praticamente ficou estagnado, enquanto no período de 2003
- 2010 o crescimento foi de 24%. Em 2011 o PIB cresceu 2,7%, segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE. Para o ano de 2012 a projeção do Ministério da Fazenda
(2012) é que a Economia Brasileira continue apresentando números positivos, sendo uma das
economias mundiais a apresentar uma expansão em relação a 2011. Diante disto às empresas
brasileiras se deparam com um cenário econômico favorável ao crescimento e com inúmeras
oportunidades, entre elas a expansão de seus negócios para o mercado internacional.
Este crescimento também pode ser observado por regiões ao logo de todo território
nacional. O Estado de Minas Gerais também tem alcançado bons resultados nas exportações,
de acordo com o Exportaminas, em fevereiro de 2012 Minas Gerais foi responsável por
14,6% do total exportado pelo Brasil, totalizando U$$ 4,98 bilhões assumindo a segunda
posição entre os Estados brasileiros, conforme pode ser observado no gráfico 3. Gráfico 3:
Exportações dos principais estados brasileiros exportadores
3 FOB – Free on board – Livre a bordo (modalidade de frete, em que o exportador assume o risco somente até o
embarque no navio com destino ao exportador)
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Fonte: Exportaminas - Panorama comex, (2012) - adaptado pelo autor.
Conforme observado no gráfico, Minas Gerais é um Estado que contribui de maneira
significativa para o Comercio Exterior Brasileiro, o que pode ser visto com uma oportunidade
para as empresas presentes no estado que desejam ingressar no mercado internacional. O
estado mineiro não só é o segundo estado exportador do Brasil como também assume uma
posição de destaque quando o volume exportado por ele é comparado ao de países. Conforme
é possível observar no gráfico 4, Minas está à frente de países com Colômbia e Peru e o Brasil
está à frente da Suíça. Este é um fator que demonstra o sucesso dos esforços direcionados
pelas instituições envolvidas na realização das operações de exportação.
Gráfico 04: Brasil e Minas Gerais no ranking mundial
Fonte: Exportaminas - Panorama comex (2012) – adaptado pelo autor.
As empresas para alcançar bons resultados no mercado internacional precisam ter
atitudes inovadoras, o que se considera uma vantagem comparativa para as micro e pequenas
empresas mineiras. Nesse sentido Cavusgil; Knight e Riesenberger (2010, p 12) afirmam que,
“as empresas de menor porte costumam ser mais inovadoras, adaptáveis e rápidas no tempo
de resposta quando se trata de implantar novas ideias e satisfazer as necessidades dos
clientes”. Diante disto à proposta de internacionalização das MPES se mostra uma estratégia
de oportunidade a ser analisada. A decisão de internacionalizar o negócio deve ser gerenciada
para que as ações obtenham resultados positivos.
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Os desafios da internacionalização são grandes, mas existem muitos fatores de motivação, como o desejo de crescer e buscar novas oportunidades; marcar presença no mercado global, colocando-se próxima aos clientes; buscar economia de escala para reduzir custos; e a necessidade de competir e de estar entre os líderes do mercado. (STAL, 2010, p. 122).
Desta forma quando uma MPE mineira decide se internacionalizar é importante que
ela ampare a estratégia como inovadora, que priorizará excelência e qualidade.
Mesmo com a necessidade de aprimoramento da visão gerencial as MPEs possuem
algumas características particulares, atendendo, por exemplo, nichos de mercados que as
grandes empresas encontram dificuldades de atender ou não se interessam.
Outra facilidade da pequena empresa é que o processo de internacionalização exige
muito menos tempo se comparado a uma grande empresa, devido a sua menor estrutura e
complexidade o que pode ser visto como uma vantagem.
No entanto, é importante ressaltar que mesmo com uma estrutura menos complexa se
comparada a uma grande empresa ou atendendo lacunas de nichos, o processo de
internacionalização deve ser visto como um investimento a logo prazo, ou seja, o processo
exige um tempo adequado para acontecer não é do dia para noite. A empresa precisa se
estruturar primeiro, através do aprimoramento do seu processo produtivo, investimento em
programas de controle de qualidade, capacitação do pessoal, realização de uma pesquisa de
mercado, entre outros fatores que possam contribuir para tornar o seu produto mais
competitivo no mercado internacional.
4. MPEs mineiras exportadoras
De acordo com o Exportaminas - Panorama do Comércio Exterior (2012) o número de
micro e pequenas empresas mineiras com participação no mercado internacional ainda é
pouco relevante se comparado à quantidade destes empreendimentos no Estado, que segundo
o SEBRAE Minas (2012) gira em torno de 130 mil. Em 2011, foi registrado que 1.604
empresas realizaram operações de exportações, conforme pode ser observado no gráfico 04.
Este número e 3,6 % menor que 2010. Ainda de acordo com a instituição, ao analisar a
participação da MPEs no valor exportado por Minas em relação ao número de empresas deste
porte é possível visualizar um grande contraste. Isto porque em participação as MPEs
representam quase 50% das empresas exportadoras do estado. Em contra partida em valor
exportado representam apenas 0,55% do valor total.
Gráfico 4 - Número de MPEs participantes das exportações mineiras 2009 / 2010
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Fonte: Exportaminas - Panorama comex4 (2012)
Diante destes números é possível identificar que existe um grande número de MPEs
mineiras envolvidas na realização de negócios internacionais. Mas, a contribuição em termos
de valores ainda é pouco relevante, o que pode ser explicado possivelmente pelo despreparo
ou pré-disposição destas empresas em lidar com o Comercio Internacional. De acordo com o
Exportaminas a participação de empresas deste porte gira em torno dos 30%, o que pode ser
visto como positivo. Diante da nova realidade mundial o que se espera é que os micros e
pequenos empresários se interessem cada vez mais pelo processo de internacionalização.
Os dados apresentados demonstram que é possível a participação de empresas no
mercado internacional, mas também mostra a necessidade de uma reestruturação destas
empresas, para que desde seu início, sejam implementadas ações que identifiquem as tanto
estruturas como os segmentos em que atua. As ferramentas de pesquisa auxiliam nas
peculiaridades das MPEs mineiras, que atuam em setores com maior e outros com menor
valor agregado, com maior ou menor disponibilidade de desenvolvimento interno de acordo
com seu clustering5 de inserção.
5. Clusters, principais produtos exportados.
Sobre os clusters, é importante citar dois tipos, os generalizados, onde reflete o fato de
que as atividades tendem a se aglomerar, em áreas urbanas que geralmente são chamadas de
economias de urbanização. O segundo tipo é classificado como cluster especializado que
mostra a tendência das empresas dos mesmos setores ou setores selecionados a se localizarem
nos mesmos locais (DICKEN, 2010).
Com bases nas informações cedidas pelo Central Exportaminas, em Minas Gerais não
é possível à identificação de clusters exportadores especializados, mas existem as
4 Comércio Exterior 5 Clustering - agrupamentos setoriais de produtos e ou serviços industriais.
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predominâncias de produtos exportados por determinas regiões, como por exemplo, o café no
Triângulo Mineiro e minérios metalúrgicos, metais e pedras preciosas na Região Central de
Minas. Estas regiões se destacam em volume de exportações de acordo com os produtos que
sua estrutura física ou climática favorece a produção.
Com estes dois exemplos é possível observar as relações de um lado das grandes e de
outro lado à participação das pequenas. O setor minerador dominado por grandes corporações
e os de café, que mesmo tendo a participação de grandes produtores e beneficiadores possuem
a significativa participação de MPEs.
Neste aspecto, onde as grandes geram oportunidades para as micros e pequenas
empresas é possível observar que estas regiões acabam por se especializarem na produção de
determinados produtos, se tornam geradoras de oportunidades para todos os envolvidos na
cadeia produtiva.
As grandes multinacionais que atuam nestas regiões demandam insumos e serviços
que geralmente são fornecidos por outras empresas envolvidas na cadeia produtiva, onde se
encontram muitas MPEs.
No gráfico 5 é possível observar as regiões mineiras com o maior volume de
exportações. Como já mencionado a região central, destaca-se com 62,5 de produtos
exportados. A região do Sul de Minas também contribui de forma significativa para as
exportações.
Gráfico 5 - Exportações por regiões e municípios
Fonte: Exportaminas - Panorama comex (2012) – Adaptado pelo autor
Conforme dados publicados pelo Exportaminas (2012) os principais produtos da pauta
de exportação de Minas Gerais são os commodities minerais e agrícolas. O grande destaque
da pauta no ano de 2011 foram os minérios metalúrgicos as exportações destes grupos de
produtos superaram as realizadas no ano anterior. Eles foram responsáveis por 47,4 % das
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exportações em segundo lugar vêm os produtos metalúrgicos com 14,7% e em terceiro
aparece o café e seus derivados com 14,0 %. Conforme pode ser observado no gráfico 6.
Gráfico 6 - Principais subgrupos de produtos exportados jan - mar / 2012
Fonte: Exportaminas - Panorama comex (2012) - adaptado pelo autor.
De acordo com o Exportaminas - Panorama do comex (mar/2012), as exportações
mineiras totalizaram US$ 40,68 bilhões nos últimos 12 meses, tendo expansão de 17,7% em
relação ao período de abril de 2010 a março de 2011, a participação do estado nas exportações
sobre o valor nacional ficou em 15,7%. Diante disto é possível observar a relevância das
exportações mineiras, assim como a importância da participação das empresas mineiras neste
processo.
6. Conclusão
Os dados apresentados e analisados corroboram para a identificação dos fatores que
levam a participação ou a não participação das MPEs mineiras no processo de
internacionalização, apresentando este processo como algo relevante diante das mudanças que
vem ocorrendo no cenário econômico mundial. Apesar das grandes empresas estarem entre as
principais participantes dos negócios internacionais, é importante ressaltar que existe espaço
para as empresas de pequeno porte. E conforme é observado no gráfico 05 que demonstra a
participação das MPEs mineiras é relevante quanto ao número.
Porém, para se ter sucesso no mercado internacional é necessário à busca pela
qualificação e aprimoramento da visão gerencial do negócio, para que a capacidade
exportadora das Micro e Pequenas Empresas seja sustentável. Não basta querer exportar, é
necessário que as empresas se adequem as novas exigências advindas da decisão de atender
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clientes em outro país ou continente. Mesmo diante de desafios, a participação de empresas de
menor porte no mercado internacional é algo relevante para o desenvolvimento econômico,
exigindo uma reflexão sobre o assunto.
Conforme já mencionado é possível observar uma grande controvérsia na participação
das MPEs nas exportações mineiras, possuem um número expressivo em participação, mas
contribuem pouco para o valor total das exportações, isto se dá pela presença de grandes
multinacionais que exportam uma grande quantidade. No entanto, as oportunidades advindas
do processo de internacionalização não foram vastamente exploradas pelas micro e pequenas
empresas.
As MPEs enfrentam alguns desafios quando tomam a decisão de internacionalizar seus
negócios, entre eles está a capacidade gerencial pouco aprimorada. Este é o primeiro ponto a
ser sinalizado, os empresários destas empresas desconhecem ferramentas básicas do processo
de gestão que necessitam ser implementadas para que o processo de internacionalização
aconteça da forma correta.
A empresa que decide atender ao mercado internacional necessita adequar-se para
ofertar produtos com um padrão de qualidade diferenciado. Afinal quando alguém pensa em
uma empresa que exporta o posicionamento gerado é que os produtos ofertados são de
qualidade. Isto não acontece por acaso, existem padrões de qualidade e procedência que a
empresa necessita atender para conseguir exportar. Cada país tem suas exigências de acordo
com as características de seu mercado consumidor e cultura. Por esta razão, é tão importante
que o empreendedor procure conhecer bem o seu importador, para identificar suas
características culturais e econômicas. Conforme demonstrado no tópico à internacionalização
como estratégia para a competitividade.
O processo de internacionalização exige da empresa tempo, para se qualificar, para se
preparar, demanda investimentos em aprimoramento do processo produtivo e em capacitação
de pessoas. É além de tudo é um investimento com retorno em longo prazo, a Central
Exportaminas estima que o prazo médio de retorno da participação no comercio exterior é de
três anos e o máximo de seis. Estes aspectos contribuem para que o micro e pequenos
empresários desistam de realizar o processo de internacionalizar o seu negócio da maneira
correta ou nem o realize. Alguns dos empresários de empresas deste porte, devido o processo
ser muito complicado, caro, burocrático eles acabam desistindo no meio do caminho ou
tentando fazer as coisas a sua maneira, o que acaba contribuindo para que esta empresa não
obtenha os resultados esperados.
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Outro ponto crítico para que este processo ocorra da maneira esperada, gerando bons
resultados para a empresa e a falta de mão de obra qualificada. A escassez de profissionais
comprometidos e qualificados é um ponto crucial que hoje tem comprometido a
competitividade das empresas que estão inseridos ou que desejam entrar no mercado
internacional. E no caso de algumas MPEs o empresário até passou por alguma formação ou
qualificação, mas não tem o interesse de implementar as ferramentas, em outros casos o
profissional não atende ao perfil que a empresas necessita ou não tem o desejo de iniciar o
processo do zero.
Diante destas questões é possível concluir que a participação das MPEs nas
exportações mineiras é relevante em número, mas ainda pouco expressiva na contribuição em
valor. O que demonstra que ainda há muito para ser explorado por estas empresas. Desde que
haja investimento em qualidade, qualificação e na otimização dos processos realizados por
elas.
Umas parcelas significativas dos micro e pequenos empresários mineiros resistem ao
processo de internacionalizações por considerá-lo oneroso, complicado ou simplesmente por
não ter visão gerencial do negócio. O próprio mercado interno fomentado pelo investimento
das grandes podem abrir oportunidades dentro da cadeia produtiva. Como é o caso dos
pequenos cafeicultores fornecendo para grandes beneficiadoras. Ou no caso da mineralogia
que gera micro empreendimentos ao seu redor. Desta forma é possível identificar que a não
participação de muitas MPEs no processo de internacionalização se dá por muitos fatores
entre eles o desconhecimento ou a falta de interesse e visão de negócio ampliada do
empresário.
Muitos microempresários acreditam que a participação no comercio internacional de
forma direta é apenas para as grandes empresas, e que as MPES não possuirão uma
participação relevante. Existe uma visão de que as vendas realizadas para outros países
necessitam exclusivamente ser em grande volume e que sua capacidade produtiva não
consegue atender, acham que o processo fica caro, que a legislação é muito complicada e
existe muita burocracia. Os micros e pequenos empresários precisam compreender melhor o
processo de internacionalização para avaliar de forma menos subjetiva as vantagens de sua
participação neste processo.
Mas de acordo com a bibliografia estudada e informações obtidas junto a órgãos
ligados à área de estudo, a participação da MPEs no mercado externo é possível, desde que o
seu processo de internacionalização seja bem planejado, que se se visualize as peculiaridades
dos clusters, e a ampliação de visão estratégica das empresas.
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Esta pesquisa limitou-se ao estudo de fatores que contribuem para a participação ou a
não participação das MPEs mineiras no processo de internacionalização. Os objetivos de
pesquisa propostos foram alcançados de forma satisfatória uma vez que, foi apresentada a
importância da globalização para o processo de internacionalização, descrição deste processo
e sua importância para as MPEs, identificação de Clusters e as razões da participação ou não
participação destas empresas no mercado internacional.
Diante das limitações desta pesquisa, é importante que outras pesquisas referentes ao
tema sejam desenvolvidas, a fim de agregar ainda mais aos estudos voltados para as
exportações mineiras. Desta forma, será possível trazer ainda mais esclarecimentos quanto às
vantagens e desafios da realização de negócios no mercado internacional.
REFERÊNCIAS
CAVUSGIL, S. Tamer; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John R. Negócios
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