Post on 27-Mar-2016
description
3
Índ
ice
Prefácio Pág.3
Voz do Cidadão Pág.4
A JP e o Distrito de Setúbal: Desafios Pág.6
Margaret Thatcher, A história de uma vida Pág.8
Entrevista a Tiago Loureiro, Coordenador do Gabinete de Estudos
Gonçalo Begonha Pág.16
João Lourenço e o 25 de Abril Pág.19
Actividade Cultural Almadense Pág.22
Propriedade
Juventude Popular de Almada
Director Editorial
Carolina Morais
Colectivo de Redação
Ricardo Santos
Hugo Marques
Design Gráfico e Direcção Criativa
Érica Inácio
Colaboram neste número
Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha
Teatro Municipal Joaquim Benite
(Teatro Municipal de Almada)
Academia Incrível Almadense
Helder Rodrigues (Presidente da Juventude
Popular do Distrito de Setúbal)
João Chaves
Carlos Tavares
Prefácio
Nos dois meses que decorreram desde a última edição do “Click!”, muito mudou no nosso mundo:
assistimos ao início de uma nova fase no Vaticano, com a eleição do Papa Francisco I; assistimos a uma reforma
no Governo Português, tanto com a demissão de Miguel Relvas como com as novas condições resultantes do
chumbo do Orçamento de Estado 2013 pelo Tribunal Constitucional; e, mais recentemente, assistimos à morte
de Margareth Thatcher.
Este último acontecimento merece alguma atenção da nossa parte visto que a “Dama de Ferro” alcançou
enormes feitos enquanto Primeira-Ministra Britânica, tais como a implementação de importantes medidas
económicas proteccionistas, que em muito contribuíram para melhorar os níveis de vida do povo inglês, e a luta
contra os avanços comunistas, tanto a nível interno como a nível externo, contribuindo deste modo para a
queda do governo soviético imperialista. É com pesar que assistimos à morte desta grande personalidade
política, e por isso deixamos aqui uma palavra de homenagem e de apoio para a família de Margaret Thatcher.
Este infeliz acontecimento não impediu, contudo, que o espírito da JP esmorecesse, e é com grande
entusiasmo que apresentamos esta nossa 2ª edição. Pelo facto de nos encontrarmos no mês de Abril, achámos
imperativo entrevistar um oficial da Marinha que viveu essa época este jornal, e no significado que esta data
tem para os portugueses, e por esse facto este tema será abordado tanto nos artigos de análise como nas
entrevistas.
A cultura é algo que faz parte do ADN Almadense, e por isso é um tema que também adquire bastante
relevância neste nosso jornal, pelo que destacamos aqui as ofertas culturais do Teatro Joaquim Benite e da
Incrível Almadense.
Esperemos que o “Click!” continue a cativar cada vez mais leitores, e com o apoio da Juventude Popular
de Almada certamente que conseguiremos alcançar novas metas para os nossos cidadãos. Amanhã seremos
mais!
Carolina Morais
3
5
A Voz
Direito de voto
Na minha opinião, votar é um direito que temos pela constituição mas também é um dever, devemos então votar, porque estamos num estado democrático e para termos parte na decisão dos assuntos do nosso país, concelho e freguesia, no fundo não votar é um desrespeito a todos aqueles e aquelas que lutaram para ter este direito. Mas penso que em Portugal a classe politica no desencoraja a praticar este dever, devido á situação em que nos encontramos, mas por outro lado também temos que ver que politicos e do país e também temos que deixar de votar só porque conhecemos aquele politco na televisão, porque é mais bonito ou porque ouvimos falar dele, porque assim temos um voto de ignorância, temos que ser nós a ir á procura de informações sobre os candidatos e os seus programas e assim ter um voto responsável.
João Chaves 32 anos
4
Do Cidadão
Abstinência
A abstinência é a privação voluntária de algo, neste caso a privação voluntária de um direito e um dever que é o de votar, eu sou uma pessoa que tem optado pelo abstinência, porque estou inconformado com os nossos politicos, os seus programas eleitorais, os seus crimes e as suas promessas que parte delas não são cumpridas.
Claro que a abstinência tem as suas consequências, desta forma não estamos a ajudar a mudar o pais, não estamos a ser responsáveis e é por isso que nas próximas eleições será a primeira vez que irei votar, cada vez acho mais que votar não só deveria ser um direito mas sim um misto de duas coisas, porque deve obrigar as pessoas a serem responsaveis pela sua sociedade, logo quem se abstem abdica de intervir e de reclamar depois os seus direitos. Assim sendo, penso que é necessário cada vez mais conhecer as propostas eleitorais de partidos ou grupo de cidadãos e haver uma mudança na classe politica para depois fazer uma análise mais consciente até ao dia das eleições. Só desta forma poderemos dizer que somos verdadeiros cidadão e reenvindicar os nossos direitos e deveres!
Carlos Tavares 20 anos
5
7
A Juventude Popular e o Distrito
de Setúbal: Desafios
Um artigo de opinião do presidente da Juventude Popular
Distrital de Setúbal, Helder Rodrigues
Tradicionalmente ‘vermelho’, o distrito de Setúbal nunca teve grandes resultados por parte dos
partidos da direita parlamentar (PSD e CDS). No entanto, as últimas eleições alteraram esse panorama.
Depois de Cavaco Silva ter tido um excelente resultado no distrito nas Eleições Presidenciais de 2011,
tendo sido o mais votado (36,57%, mais 13,09% do que o segundo classificado, Manuel Alegre), as
Legislativas 2011 trouxeram algo inédito, com o CDS a conseguir eleger dois deputados: Nuno Magalhães
e João Viegas.
Isto traz maior responsabilidade à JP. As dificuldades não desapareceram, mas a confiança em
nós depositada obriga-nos a um maior sentido de responsabilidade. Sendo jovens, sendo diferentes, não
teremos que ser necessariamente iguais ao CDS. Mas a importância do CDS, quer no distrito, quer no
país, obriga-nos a estar preparados para dar resposta às pessoas, sejam jovens ou menos jovens, e não
apenas lançar a ‘crítica pela crítica’.
No entanto, o acentuado desgaste do governo, que se alastra para os partidos da coligação, torna-
nos um alvo fácil. Por isso, devemos, acima de tudo, ouvir e compreender as frustrações dos cidadãos. Há
pessoas em situações dramáticas e devemos assumir, com toda a humildade, que o governo não é
infalível e apresentar as nossas propostas, mesmo que divergentes.
Acima de tudo, não podemos desistir. Vivemos um período histórico. Um período em que tudo não
voltará a ser como antes. E temos que estar à altura do momento. Com humildade. Com responsabilidade.
Hélder Rodrigues
Presidente da JP Distrital de Setúbal
6
9
Onde houver discórdia, vamos trazer a harmonia. Onde
houver o erro, vamos trazer a verdade. Onde houver
dúvidas, vamos trazer a fé. Onde houver desespero, vamos
trazer a esperança.
Onde houver discórdia, vamos trazer a harmonia. Onde
houver o erro, vamos trazer a verdade. Onde houver
dúvidas, vamos trazer a fé. Onde houver desespero, vamos
trazer a esperança.
11
“Esta é a maior honra que pode ser concedida a qualquer cidadão de uma democracia. Eu sei muito bem as responsabilidades que me aguardam, ao entrar na casa número 10. E entrarei sem cessar a confiança que o povo britânico colocou em mim e em tudo o que eu acredito. E gostaria de lembrá-los de algumas palavras para este momento: “Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde existe dúvidas, que eu leve a fé. E onde houver desespero, que eu leve a esperança””
Estas foram as primeiras palavras dirigidas à emprensa que Margaret Thatcher fez como Primeira Ministra do Reino Unido.
Margaret Hilda Roberts Thatcher nasceu no dia 13 de Outubro de 1925 em Grantham, condado de Lincolnshire, no seio de uma família modesta de classe média. La passou a sua infância, onde o seu pai era dono de duas mercearias e activo na política local, chegando a ser vereador e presidente da câmara de Grantham entre 1945-46, perdendo a sua posição como vereador em 1952 após o Partido Trabalhista ganhar a sua primeira maioria.
Margaret frequentou o colégio
Huntingtower Road até ganhar uma bolsa para o colégio Kesteven and Grantham Girls' e detinha um currículo escolar notório, chegando a ser representante estudantil e, entre as suas atividades extracurriculares estavam o hockey, as aulas de piano, natação e recitais de poesia. Mais tarde conseguiu uma bolsa para ingressar na Universidade de Oxford, em 1943, onde se formou em Química no ano de 1947 especializando-se, no último ano, em Cristalografia de raios X sob a orientação de Dorothy Hodgkin tendo sido ainda presidente da Associação Conservadora da Universidade de Oxford.
Nas eleições gerais de 1950 e 1951 foi a candidata conservadora em Dartford, um distrito eleitoral considerado de fácil vitória trabalhista (conhecido como vaga segura para os trabalhistas), ocasiões em que ela atraiu a atenção da comunicação social como a mais nova e a única candidata mulher. Porém, perdera as duas vezes para Norman Dodds, mas reduziu a vantagem trabalhista. Durante as campanhas, foi sustentada pelos seus pais e pelo seu marido, Denis Thatcher, com quem se casou em Dezembro de 1951. Denis financiou os estudos da sua esposa em advocacia, no qual se qualificou como barrister em 1953 e especializou-se em tributação. Naquele mesmo ano nasceram seus filhos gêmeos, Carol e Mark.
Mais tarde naquele ano, foi derrotada quando
disputou a selecção como candidata para a
eleição extraordinária de Orpington de 1955,
ocorrida devido à morte do ocupante da cadeira
parlamentar. Depois, começou a procurar um
distrito com eleitorado que historicamente
elege um conservador e foi escolhida como
candidata para Finchley em Abril de 1958. Aí, foi
eleita como membro do parlamento depois de
uma dura campanha nas eleições de 1959.
Em Outubro de 1961 Thatcher ganhou visibilidade ao ocupar o cargo de Secretária de Estado do Ministério de Pensões e Segurança Social no governo de Harold Macmillan. Após os conservadores perderam a eleição de 1964, tornou-se porta-
10
-voz sobre “Terra e Habitação”, posição na qual
defendeu a política do seu partido de permitir
que os inquilinos comprassem a sua council
house (moradia social). Transferiu-se para a
equipa de HM Treasury (responsável pelas
finanças públicas) e, como porta-voz desse órgão
opôs-se à política dos trabalhistas, dos preços
obrigatórios e controlo das renda, argumentando
que isso iria produzir efeitos contrários aos
previstos e distorcer a ecónomia.
No ano de 1967, foi seleccionada pela Embaixada
dos Estados Unidos em Londres para participar
no Programa de Líderes Visitantes Internacionais
(então chamado de Programa de Líderes
Estrangeiros), um programa de intercâmbio
profissional que lhe deu a oportunidade de
passar cerca de seis semanas visitando várias
cidades e figuras políticas dos Estados Unidos,
bem como instituições como o Fundo Monetário
Internacional. Pouco antes das eleições gerais de
1970, foi promovida no gabinete paralelo a
porta-voz dos Transportes e, posteriormente, da
Educação.
O Partido Conservador, sob Edward Heath,
ganhou as eleições de 1970 e Thatcher foi então
nomeada Ministra da Educação e Ciência.
Durante os primeiros meses no cargo, atraiu as
atenções do público devido às tentativas do
governo para cortar na despesa. Thatcher deu
prioridade às necessidades académicas das
escolas, e impôs cortes sobre o sistema público
de ensino, resultando na eliminação do leite
grátis para estudantes dos 7 aos 11 anos por
considerar que poucas crianças sofreriam se as
escolas cobrassem pelo leite oferecido. Contudo,
concordou em proporcionar às crianças mais
novas um terço de um copo diariamente, para
fins nutricionais. Tal decisão provocou uma
tempestade de
protestos do Partido Trabalhista e da imprensa,
levando ao apelido de "Margaret Thatcher, Milk Snatcher", algo como "Margaret Thatcher, Sequestradora de Leite". Thatcher escreveu na sua autobiografia: "Aprendi uma lição valiosa [nesta experiência]. Eu tinha incorrido no máximo de ódio político pelo mínimo de benefício político."
O período de Thatcher no ministério foi
marcado por propostas de muitas autoridades
locais de educação para fechar as grammar
schools (escolas tradicionais focadas em ensino
mais restrito) e adoptar escolas abrangentes.
Embora estivesse comprometida com um
sistema de educação com camadas de grammar
schools modernas, e determinada a preservar
as grammar schools, durante o seu mandato
como ministra da Educação ela recusou apenas
326 de 3.612 propostas para as escolas se
tornarem abrangentes. A
11
13
proporção de alunos que frequentavam as escolas abrangentes aumentou, consequentemente, de 32 para 62 %.
Durante este periodo, Thatcher foi a um
programa de televisão onde um jovem a
questionou se ela gostaria que uma mulher
fosse Primeira Ministra ao qual Thatcher
responde: “Eu acho que não vou ver uma
mulher no poder”. Seis anos depois, ela
própria mudava a história tornando-se a
primeira mulher Primeira Ministra do Reino
Unido e a primeira mulher chefe de governo
em todo o mundo ocidental. Porém, foi
durante líder da oposição que ganhou a
alcunha de “Dama de Ferro”, alcunha
colocada pelo jornal soviético Krasnaya
Zvezda (Estrela Vermelha) após esta ter
afirmado durante um discurso: “Os russos
estão empenhados em dominar o mundo e
estão rapidamente adquirindo os meios para
se tornarem a mais poderosa nação imperial
que o mundo já viu. Os homens do Politburo
soviético não têm que se preocupar com o
fluxo e refluxo da opinião pública. Colocam
as armas antes da manteiga, enquanto nós
colocamos quase tudo antes das armas.”
Segundo Sandra Passarinho, correspondente
da TV Globo em Londres entre 1974 e 1980
“Ela era uma mudança para o bem e para o
mal pois fez emergir várias contradições
sociais, socioeconómicas e do choque entre
elas surgiu uma economia mais revigorada.
Ela era uma força nova dentro do
conservadorismo britânico (…) podia ser a
face menos humana no partido mas tinha
um lado que beneficiava a produtividade do
país, beneficiava uma mentalidade de
crescimento de “vamos trabalhar” de
modernismo. Sem a menor dúvida que foi
um sopro de crescimento
(…)”
Margaret adoptou medidas muito duras e
impopulares durante o seu primeiro mandato que
provocou fortes agitações populares como, mais
privatizações das empresas (reduzindo o peso da
máquina do Estado), maior dureza com os
sindicatos (onde nunca teve uma boa relação com
os mesmo) e a diminuição das rendas. Durante o
seu governo conseguiu reduzir a inflação e
melhorar a cotação da libra esterlina, o que
aumentou as importações, visto que o sector
nacional (sem intervenções para depreciar o
câmbio - tornando produtos estrangeiros
artificialmente mais caros) perdera a falsa
competitividade que aparentava ter devido ao
proteccionismo económico. Disto resultou uma
diminuição da produção industrial inglesa, com o
consequente incremento do desemprego,
triplicado desde a subida de Thatcher ao poder.
Proliferaram também as quebras de empresas e
bancos. A economia britânica passou por um
desagradável - mas importante - momento de
reorganização: houve quebra de
12
empreendimentos que mantinham-se devido a privilégios do governo - directa ( através de subsídios, tarifas de importação ou reservas de mercado ) ou indirectamente ( através de, por exemplo, depreciação cambial para agradar o sector da exportação nacional ). Elaborou um programa rigoroso para inverter a crise da economia britânica mediante a redução da intervenção do estado e a implementação de um programa de privatização. Também reduziu os serviços sociais e, reduzindo o poder dos Conselhos de Salários (Wage Councils), praticamente aboliu o salário mínimo - que o seu governo via como um estorvo às prerrogativas de administração. Estudou a renegociação para a participação do Reino Unido na CEE, onde esta demonstrava alguma desconfiança e imensas dúvidas em relação ao euro. Em plena Câmara dos Comuns, Thatcher enfatizou que “não estaríamos preparados para ter uma moeda única imposta a nós, nem para abandonar o uso da libra estrelina como moeda”. No mesmo discurso esta afirmou que talvez o Partido Trabalhista concordasse
com uma moeda única e abolição da libra
estrelina “Talvez, sendo totalmente
incompetente em questões monetárias,
estaria muito encantado e entregaria a
responsabilidade total ao Banco Central,
como fez com o FMI. O facto é que o Partido
Trabalhista não tem competência com
relação ao dinheiro e à economia (…) Qual é
o ponto de tentar-se eleger ao parlamento
só para entregar a libra estrelina e os
poderes desta casa para a Europa?”. Em
2010, Peter Oborne escreveu no Telegraph
que Thatcher sabia que a moeda única
devastaria a Europa. Esta previu que a
Alemanha se irritaria com a necessidade de
uma maior inflação, e os países mais pobres
se tornariam menos competitivos e
precisariam de socorro que não seria obtido
facilmente.
Em 1979, acusou a política soviética de
Leonid Brejnev, aproveitando-se da
ocupação soviética no Afeganistão,
argumentando que a política de distensão
era um meio de esconder o modo como a
União Soviética feria os direitos humanos.
Thatcher foi rebatida e Brejnev acabou por
destacar as profundas medidas liberais
implementadas por Thatcher na sua gestão e
os países que ainda eram colónias britânicas,
vistas pelo líder soviético como desumanas.
Como consequência, a União Soviética
jamais voltaria a tentar a aproximação com o
Reino Unido, cujas relações com a Rússia
ainda são instáveis, mesmo após a
desintegração da URSS. Durante 1982,
Thatcher interveio energicamente na Guerra
das Malvinas, o que foi um pretexto de
ataque para a oposição socialista e a União
Soviética. A sua atitude foi muito bem vista
pela opinião pública britânica, o que
permitiu a Thatcher, nesse mesmo ano,
obter a vitória eleitoral, apesar da recessão e
do desemprego, desta vez com a maioria
mais folgada conseguida por um candidato
desde 1935.
13
15
Em Outubro de 1984 , durante um congresso do seu partido, que se celebrava no hotel Brighton, aconteceu um atentado a bomba, colocada por um grupo de republicanos irlandeses, atentado do qual saiu ilesa. Como chefe de governo continuou a sua política liberal, a privatização de empresas do estado, da educação e meios de ajuda social, a luta contra o desemprego e a limitação das greves e durante o ano de 1987 ganhou de novo as eleições, mas, nessa ocasião, por uma margem bem menor. Thatcher recusou a união social e política do Reino Unido com a Europa e criou um imposto regressivo (impostos regressivos são concebidos de forma a que os habitantes de rendas mais baixas paguem proporcionalmente mais que os de rendas mais altas), o poll tax, do qual sofreu uma violenta e vitoriosa resistência popular que a levou a perder o apoio de seu próprio partido, não lhe restando outra alternativa para além da demissão. Sucedeu-lhe John Major, que indicou Michael Heseltine como Secretário do Meio Ambiente, dando-lhe a incumbência de desmantelar o poll tax.
Em 1992, Margaret Thatcher deixou a Câmara dos Comuns, ganhando lugar na Câmara dos Lordes como Baronesa Thatcher de Kesteven.
Por volta de 2000, começou a apresentar sinais de demência. Segundo sua filha, Carol, a ex-primeira ministra confundiu a Guerra das Malvinas com o conflito na Bósnia durante uma conversa. No ano de 2002, Thatcher foi aconselhada por seus médicos a não mais falar em público. No seu livro, publicado em 4 de Setembro de 2008, Carol conta que sua mãe sofria de importantes lapsos de memória desde 2001. Além disso, Thatcher apresenta problemas cognitivos ligados a uma demência vascular instalada
após vários acidentes vasculares cerebrais.
A Baronesa Margaret Hilda Roberts
Thatcher morreu enquanto dormia no
dia 8 de Abril de 2013 na sequência de
um acidente vascular cerebral.
14
“O nosso opositor, o Presidente da Comissão, Delors disse numa conferência de imprensa no outro dia que ele queria que o Parlamento Europeu fosse o corpo democrático da comunidade. Ele queria que a Comissão fosse o Executivo e queria que o Conselho de Ministros fosse o Senado.
Não! Não! Não!”
“Alguns socialistas parecem acreditar que as pessoas deveriam ser números num computador do governo. Nós acreditamos que deveriam ser indivíduos. Todos somos desiguais. Ninguém, graças a Deus, é igual a outro, apesar de os socialistas pretenderem tanto em demonstrar o contrário. Também acreditamos que todos têm o direito de serem desiguais. Para nós, todo o ser-humano é igualmente importante”
15
17
Entrevista a
Tiago Loureiro
Após ser entrevistado pelo jornal “click”, Tiago Loureiro fala-nos sobre os
principais desafios do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha e outros temas da
actualidade
Como Coordenador do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha, quais as principais funções que desempenha?
R: O Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha tem
sob sua responsabilidade a formação política e
ideológica dos militantes da Juventude Popular.
A mim, cabe-me a tarefa de coordenar e
desenvolver o trabalho que permite cumprir
essa missão da melhor maneira. Tenho uma
equipa de seis elementos a trabalhar
directamente comigo e que têm feito um
trabalho excepcional a todos os níveis. Temos
também contado com a colaboração de outros
militantes da Juventude Popular, que em muito
facilitam e engrandecem o nosso trabalho.
Qual a sua área de estudos/emprego, e em que medida isso auxilia o seu desempenho no Gabinete de Estudos?
R: A minha área de estudo está ligada à Gestão
de Recursos Humanos, o que me confere
algumas competências de liderança e
organização de trabalho e de tempo, que julgo
têm sido úteis no desempenho destas funções.
Já trabalhei na área da formação profissional
que, não sendo exactamente o mesmo que
formação política, encontra alguns pontos em
comum.
Quais os principais desafios que esta instituição enfrenta neste momento?
R: Os desafios que a Juventude Popular enfrenta
enquanto instituição partidária parecem-me em
tudo parecidos com os problemas de outras
organizações semelhantes: a crescente
descrença das pessoas nos partidos e nos
políticos. Para responder a esse desafio, julgo
que a JP deve fazer uso daquilo que se tem
transformado numa das suas imagens de marca:
a convicção. Devemos continuar a ser a
juventude partidária que menos cede ao apelo
dos lugares e da política fácil, mantendo a nossa
acção assente num conjunto de convicções e
ideias e uma postura de inflexibilidade perante
as mesmas. Noutra perspectiva, a JP tem ainda
um outro grande desafio que é fazer passar o
seu contributo para ajudar o país a ultrapassar a
crise actual ao mesmo tempo que o ajuda a
superar a sua principal causa: o modelo
socialista em que temos vivido.
Quais os projectos que mais se orgulha de ter desenvolvido neste âmbito, e quais as vantagens que deles derivaram?
R: Não me lembro de um único projecto que
este Gabinete de Estudos tenha desenvolvido
que não me tenha deixado orgulhoso. Desde a
publicação de traduções e documentos
originais, os cadernos e documentários sobre o
25 de Novembro e a vida e obra de Amaro da
Costa, até à criação muito bem sucedida do
‘popcom’, passando por outros acontecimentos
de relevo. No entanto, há naturalmente um
momento que destaco pela sua importância,
envergadura e utilidade para os militantes: as
Universidades JP, realizadas em Vila Real. Para
além de tudo isto, orgulha-me especialmente
ser acompanhado por uma equipa de enorme
qualidade e disponibilidade, que têm permitido
que a ‘marca’ Gabinete de Estudos Gonçalo
Begonha seja hoje uma realidade incontornável
no universo JP e das juventudes partidárias em
Portugal. Como curiosidade, dou um exemplo
dessa situação: no final do ano passado, uma
publicação destinada a jovens estudantes de
Direito, numa peça sobre associações juvenis,
considerou o Gabinete de Estudos Gonçalo
Begonha um case study no mundo das ‘jotas’.
Isso deixa-me, naturalmente, orgulhoso.
Considera que a juventude portuguesa se encontra cada vez mais desligada dos fenómenos políticos nacionais? Porquê?
R: Não. Discordo absolutamente dessa ideia.
Creio até que os jovens têm sentido que são os
mais prejudicados pelas más decisões políticas
dos últimos anos e que devem, por isso,
17
19
envolver-se decisivamente nos fenómenos
políticos. O que me parece é que o monopólio
dos partidos na forma das pessoas,
nomeadamente os jovens, fazerem política
acabou. Hoje, os jovens não limitam a sua
intervenção política à filiação num partido ou
numa ‘jota’, mas fazem-no também
aproveitando as redes sociais, os blogs e outras
plataformas que há uns anos atrás não existiam.
O que lhe parece que possa ser feito, a nível das diferentes concelhias da juventude popular, para cativar as pessoas a lutar pelo desenvolvimento do país?
R: Acreditar que a política se faz mais com
ideias e convicções do que com promessas e
palavras bonitas, e transmitir isso às pessoas
que tão necessitadas estão de motivos para
acreditar nos políticos. Na política valoriza-se
muito o show off em vez do conteúdo e a
quantidade em prejuízo da qualidade. A
Juventude Popular tem de continuar a afirmar-
se pela qualidade do conteúdo da sua
mensagem, mantendo uma cultura e uma
postura que lhe são reconhecidas, e que foram
construidas muito à custa das excelentes
estruturas concelhias que tem.
Pretende investir numa carreira a longo prazo na política? Se sim, quais as áreas de actuação que mais lhe interessam?
R: Neste momento não tenho essa pretensão.
Acho a actividade política e partidária algo
muito nobre quando feita ao serviço de
convicções firmes e de forma honesta. É essa a
postura que tenho e que me permite retirar
muito gozo e satisfação da minha actividade na
JP. Contudo, há outras prioridade que tenho
para a minha vida, nomeadamente a nível
profissional. No entanto, se nos lembrarmos
que, há uns anos, o próprio Paulo Portas disse
que nunca seria ministro, chegamos à conclusão
que o melhor é não chegar a conclusões tão
definitivas sobre um futuro que não
conhecemos.
Se pudesse ocupar, neste momento, a posição de primeiro-ministro, o que faria de diferente para melhorar o nível de vida da população, à luz das condições impostas pelo Memorando da Troika?
R: A maior diferença estaria no significado que cada um de nós dá à palavra ‘austeridade’, já que ambos a vemos como inevitável. Mas se
para Passos Coelho a austeridade ainda passa
muito por elevar a carga fiscal e absorver boa
parte da riqueza gerada pelos indivíduos e pelas
empresas, para mim a palavra austeridade
deveria aplicar-se essencialmente ao Estado,
obrigando-o a fazer uma dieta rigorosa porque
está demasiado gordo, obrigando-o a deixar de
estar em todos os sectores da sociedade,
gastando o que tem e o que não tem à custa dos
impostos dos contribuintes actuais e futuros.
Essa seria a verdadeira austeridade virtuosa.
Não necessariamente pacífica, mas virtuosa.
Estou certo que o dia do triunfo da virtude da
liberdade sobre a ideia da inevitabilidade do
socialismo será o primeiro dia de um caminho
melhor para o país.
Parece-lhe que o CDS está a desempenhar um bom papel como partido da coligação? Se não, em que sentido poderia melhorar?
R: Julgo que o CDS desempenha no governo uma
missão de sacrifício em nome dos interesses do
país. Se o resultado vai ser bom ou mau só o
futuro dirá. Creio, no entanto, que quer pelas
limitações impostas pelo Memorando da Troika,
quer pelo facto de o CDS ser o parceiro de
coligação mais pequeno, o partido tem
desenvolvido um trabalho interessante e
mantido uma postura altamente responsável,
mesmo nos momentos mais delicados.
Aproximamo-nos da celebração do 25 de Abril, e cada vez mais a opinião pública tende a estabelecer paralelismos entre o Estado Novo e as condições que se vivem hoje-em-dia. O que pensa deste tipo de mentalidade e o que significa para si esta data?
R: Julgo que essas comparações são
despropositadas e perigosas. Despropositadas
porque não se podem comparar épocas
distintas e regimes que pouco têm a ver um com
o outro; perigosas porque, em última análise,
podem passar a ideia de que viver em
democracia ou num regime autoritário é a
mesma coisa. Creio que o 25 de Abril de 1974
foi um dia mais importante do que o ano e meio
que se lhe seguiu e em que o terror habitou as
ruas do nosso país e menos importante do que o
25 de Novembro de 1975 que conseguiu,
definitivamente, impôr a democracia e a
liberdade em Portugal.
18
Entrevista a
Ex-Oficial da Marinha Portuguesa
João Lourenço
João de Matos Lourenço como Sargento da Marinha
21
João de Matos Loureiro, Ex-Oficial da Marinha Portuguesa agora aposentado com 81 anos de idade, aceitou fazer esta entrevista partilhando a sua história.
Qual o cargo que ocupava na Marinha Portuguesa?
R: Ocupei vários cargos ao longo da minha carreira, mas terminei-a como Chefe de Secretarias de Apoio ao Comando da Unidade.
Quanto tempo ocupou essas funções?
R: Ocupei esse último cargo durante cerca de 5 anos, sendo que cumpri 33 anos de serviço pela Marinha.
Quais as tarefas que desempenhava no seu dia-a-dia?
R: Certificava-me de que todos os sectores estavam a funcionar bem, e colaborava nas escalas de serviço e vigilância que sempre existem numa unidade militar.
João de Matos Lourenço como Oficial da Marinha
O século XX ficou marcado pelas crescentes inovações tecnológicas em diversas áreas. Como é que esses progressos foram recebidos na Marinha, e em que medida facilitou o seu trabalho?
R: Foi mais ou menos a partir da data em que me aposentei que a inovação tecnológica mais se fez sentir, portanto o meu trabalho foi-se mantendo estável, sem as facilidades das novas tecnologias.
No seu trabalho, em que medida notava uma maior intervenção do regime salazarista?
R: O regime salazarista existiu até 25 de Abril de 1974, e a intervenção era total. Quando alguém falava contra o governo ou outras personagens envolvidas no mesmo, a PIDE intervinha logo e punha ordem.
Participou em missões directamente orientadas por responsáveis do Estado Novo?
R: Não, pelo menos nunca me deram essa informação.
Alguma vez trabalhou no âmbito dos movimentos de contestação à política ultramarina, nos territórios portugueses da Índia e da África?
R: Passei por todos os territórios portugueses da Índia e África mas nunca integrei movimentos de contestação.
Equipa que foi buscar um novo submarino a França (João
de Matos Lourenço é o que está mais à esquerda, em pé)
20
A que nível esteve envolvido na questão da descolonização de África/guerra colonial?
R: Estive embarcado num navio de guerra
prestando apoio às populações ribeirinhas, tanto
no mar como nas margens do rio Zaire.
1961 foi um ano marcado pelo assalto do paquete Santa Maria por um comando oposicionista, encabeçado por Henrique Galvão, e ainda o ano da ocupação, pela União Indiana, dos domínios portugueses na Índia. O que nos pode contar relativamente ao desempenho da Marinha Portuguesa nestas ocasiões?
R: Em relação ao assalto ao paquete Santa Maria, a
Marinha Portuguesa reagiu enviando navios em sua
perseguição. No que diz respeito à ocupação dos
domínios portugueses na Índia, é de realçar a
reacção e o ataque às forças indianas pelo navio de
guerra Afonso de Albuquerque.
A Marinha Portuguesa teve algum tipo de colaboração com a PIDE? Se sim, de que modo?
R: Eu não tive conhecimento de que tal tivesse
acontecido, mas num regime como o que existia na
altura isso seria quase normal.
Em que medida este regime opressivo afectou a sua carreira? E a sua vida pessoal?
R: Regimes desta natureza afectam sempre, duma
maneira ou de outra, 95% da população, no entanto
tive a sorte de sempre me ter conseguido manter
alheio a esses efeitos, tanto na minha carreira como
na minha vida familiar.
Recepção do novo submarino que chegava de França (João de
Matos Lourenço é o que está mais à esquerda)
21
Programação Incrível Almadense
Matinés dançantes,
todos os domingos, das
15h às 19h, no Salão
de Festas da Incrível
Almadense
Dia 7 com
animação de
“Sons Infinitos”
Dia 14 Baile da
Primavera da Junta
de Freguesia de
Almada (informações
junto da JFA)
Dia 21 com
animação de
“Duo Objectivo”
Dia 14 de Abril, pelas 16h, no Auditório
Fernando Lopes Graça – Fórum Romeu
Correia – A Banda Filarmónica da
Incrível Almadense apresenta o seu
concerto de Primavera, interpretando
conhecidos temas como "Lord of the
Rings", "Tim-Tim e os prisioneiros do
sol" e "Riverdance", dando este ano
especial importância a bandas sonoras
de filmes e grande musicais.
Dia 25 de Abril a
Incrível participará nas
comemorações da
efeméride, desfilando
com a sua Banda
Filarmónica pelas ruas
de Almada.
Dia 28 com
animação de
“Ludgero”
27