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propriedade: kryptonedição e textos: cláudia bárbaropesquisa: pedro nunodesign: coverdesign › joana nina, luís silva coverdesignonline.com
capa: fotografia › luís silvaprodução: neia oliveira, krypton colaboradores: artur soares da silva (festivais de verão)impressão: grifos, artes gráficasexemplares: 500verão 2007
48
1416212224262830
perfil: augusto fragaduplatono e truthfestivais de verãopubli-reportagemvictoria reynoldsdesigner slash modelbarbicandaniel jonhstonlast chance
índice
augu
sto
fraga
Foi para Espanha para um estágio de seis meses. E acabou por ficar seis
anos. Augusto Fraga saiu dos Açores com 10 anos, foi viver para Aveiro
e regressou ao arquipélago durante um ano antes de ir para Braga estu-
dar Comunicação Audiovisual. Na capital catalã, começou por estagiar na
RCR Films e hoje é um dos sete realizadores desta produtora de publici-
dade espanhola. Em Portugal, é agora representado pela Krypton.
RCR Films
Adoro publicidade desde há muitos anos. Adoro os filmes, contam-me
uma história. Recordo-me dos anúncios desde miúdo. Fui para Barce-
lona estudar comunicação audiovisual e publicidade e depois entrei na
produtora. Tinha 20, 21 anos. É uma produtora espanhola enorme, tinha
seis realizadores, agora tem sete. E trataram-me muito bem. Nunca fui
nem discriminado por ser estrangeiro, nem discriminado por não saber o
suficiente. Não tem nada a ver com a mentalidade que eu pensava que
havia. Eu comecei a fazer de técnico de vídeo nas filmagens, era uma ma-
neira de eu poder estar ao pé do realizador e aprender. Passaram os anos
e passei a segundo assistente de realização. Basicamente dediquei-me a
trabalhar, não fiz mais nada durante seis anos.
Trabalhava muitas vezes 20 horas por dia. Em, Barcelona, naquela pro-
dutora em particular, há muito trabalho, é um ritmo muito exigente. Como
eu, havia pessoas a vir de todo o mundo a querer estar nesta produtora
e não noutra. Até porque Barcelona é uma cidade muito atractiva para os
estrangeiros. Há imensos realizadores e tens de trabalhar muito.
Curta-metragem
Comecei a fazer uns planos, entretanto fiz uma curta-metragem. Dediquei
um ano a fazer uma curta-metragem. Aí é que estão as 18 horas. Foi a RCR
Films que produziu. Era um filme que se chamava “H2Ombre”. Basicamen-
te o que queria era experimentar imensas técnicas que já sabia fazer mas
nunca tinha experimentado. E correu muito bem. Ganhou uns prémios aqui
e ali. Depois, chegou um anúncio para fazer, ninguém queria fazer porque
era um anúncio para anunciar um festival de cinema e o produtor disse-me
“porque não fazes tu?”. Fiz o anúncio e esse anúncio ganhou um prémio
em San Sebastian. É importante ganhar um prémio em San Sebastian.
Comecei a realizar há dois anos. Em Espanha eles fazem prémios internos
e uma das coisas que eles têm é o melhor novo realizador. E eu fui eleito
um dos três melhores novos realizadores de Espanha. O que parece pouco
para um país como Portugal porque há poucos realizadores, mas em Es-
panha há imensos e nós éramos muitos.
Depois fui para Nova Iorque estudar. Fiz um empréstimo. Há três anos. Fiz
um curso de directing porque era isso que ensinavam na New York Film
Academy. Foi um curso de dois meses e sinceramente não aprendi quase
nada, já sabia aquilo da produção e do dia-a-dia.
Voltar Para Portugal
Sou um “enamorado” de Portugal, gosto sobretudo de um Portugal que
tenho na cabeça e que ainda não sei se existe. O meu regresso a Portugal
tem mais a ver com o sítio onde quero ter uma casa do que com uma ideia
definitiva. Neste momento vivo (tecnicamente) em Barcelona, mas a reali-
dade é que passo mais dias fora.
Volto para Lisboa porque acredito que se pode, a partir de Lisboa, trabalhar
para o mundo – tal como em Amesterdão se trabalha para Londres ou em
Barcelona para Miami. Acredito num estilo de vida que nos permita estar
em Lisboa como acampamento base (onde as pessoas são simpáticas e
se come tão bem...) e que, desde Lisboa, se produzam filmes (publicitários
mas não só) para a Europa e para o resto do mundo. Essa é a ideia base,
teórica, que me motiva a estar mais em Lisboa. Num dos últimos filmes que
fiz para o mercado espanhol (Shandy, Cruzcampo) a equipa era totalmente
internacional, partindo de um desenho de produção muito flexível: agência
de Barcelona, director de fotografia português, director de arte francês, a
pós-produção feita em Madrid, a música feita em Berlim.
Todos juntos num mesmo projecto com base em Barcelona, mas sem que
isso implicasse mais gastos, já que toda a comunicação com o músico (em
Berlim) e pós-produção (em Madrid) se fez via Internet/telefone. Por que
não fazer isso em Lisboa?
“Quero ir para Portugal” e falei com a minha produtora. Então comecei a
ver produtoras em Portugal em que estaria interessado. Lembro-me de um
amigo que é director criativo me ter dito há anos: “há uma produtora muito
gira que é a Krypton”. Conheci o João [Vilela] e o Ricardo [Estevão] e gostei
muito deles. Depois vi o trabalho deles, gostei muito do reel da produtora.
E acho que foi assim. Foi um bocado uma experiência. “Vamos fazer um
primeiro filme.” Gostei muito de trabalhar com eles e a partir daí não tem
mais sentido ir para outra.
Sou um “enamorado”de Portugal, gosto sobretudo de um Portugal que tenho na cabeça e que aindanão sei se existe.
perfil
Krypton
Filmo cá desde Outubro, há seis meses. Como é que consigo conciliar?
É um drama. Não consigo. Consigo, trabalho ao sábado, domingo vou para
Barcelona e segunda-feira tenho uma apresentação. É um bocado assim.
Também não vou ficar a pensar que sou uma vítima. Depois quando quero
ter uma semana ou duas ou um mês também tenho. Vou de viagem e nin-
guém me diz nada.
O último filme que fiz para a Krypton foi o da Optimus. Fiz também o Dia do
Pai para a TMN, um filme da Sagres com o Luís Represas e um filme contra
as touradas. É uma rapariga que é apedrejada. Basicamente é uma compa-
ração da tradição dos touros com tradições do mundo que são deixadas ou
que foram deixadas ou que deviam ser deixadas. O texto que eles puseram
por cima, a voz off, é dito por uma associação que defende as touradas.
Pegas nesses argumentos e pões em cima de outra imagem e vês que não
são válidos. O filme está giro. Não sei se vai passar na televisão ou não,
porque é muito violento.
Como Entendo A Publicidade
A minha vida pessoal e o meu trabalho estão juntos. Se o filme corre mal
sou infeliz na vida pessoal. Não há volta a dar-lhe. Também não acho que
seja saudável a separação. Acho que é saudável misturar as coisas e ter
liberdade para escolher. No meu trabalho dá para escolher: “agora quero
trabalhar, agora quero descansar”. Seja domingo, seja segunda-feira, seja
Janeiro, seja Fevereiro. Ou tenho uma semana de sete dias ou tenho um
fim-de-semana de sete dias.
A ideia é que a liberdade nos permite pensar (tal como o livro de Ricardo
Semler, “Seven Days Weekend”) num fim-de-semana de 7 dias. Eu só
faço anúncios que gosto (ou, pelo menos luto por isso...) e o meu objecti-
vo é não fazer mais de 5 ou 6 spots por ano, dedicando-me totalmente a
eles. Não me preocupa tanto a marca, ou o orçamento do anúncio: quero
sobretudo trabalhar com liberdade criativa (sempre com as agências e a
favor das necessidades do cliente), com ideias que nos façam vibrar (a
mim e aos criativos) – gosto de sentar-me com os criativos, discutir, gritar,
mudar tudo, chegar juntos as conclusões – e com condições realistas de
trabalho (o que demora 3 dias não se pode fazer bem numa tarde). Adoro
trabalhar em publicidade, dedico-me muito (mais do que seria recomen-
dado clinicamente...) e por isso é um prazer quando sinto que os criativos
permitem (e querem) um trabalho conjunto. A publicidade é inimiga das
regras e o que é verdade hoje é mentira amanhã.
O Meu Método De Trabalho
Tenho alguma experiência em pós-produção. E gosto muito de trabalhar
com actores. Tento sempre trabalhar com actores ingleses. Por isso, os
filmes que mais gosto combinam estas duas vertentes: actores e pós-
produção. Mas isso não é nada sem uma boa história.
Como método de trabalho, começo por entender o espírito da história,
não o script, mas o espírito. A partir daqui, ponho tudo em causa, menos
esse espírito. Muitas vezes isso é agressivo para alguns criativos, já que
pode ser entendido como uma crítica ao muito trabalho que tiveram. Mas
uma coisa é a ideia (essa intocável) e outra é a execução da ideia – aqui
entro eu. Gosto de trabalhar em conjunto com a equipa criativa, de igual
para igual, dando voltas ao filme. Pela minha experiência, sempre que po-
demos dedicar-nos mais aos filmes que às questões políticas, o resultado
final é de grande qualidade.
Gosto muito de trabalhar com humor, gosto muito de actores. Adoro di-
recção de actores. Trabalho sempre – em Espanha, aqui ainda não, não
há dinheiro – com actores de Londres. É impecável. São muito mais pro-
fissionais. Não tem nada a ver. Em Espanha, são meio figurantes, actores,
modelos – são intermédios. Nem todos, mas muitos. E os actores de Lon-
dres são actores. Eles distinguem um acting contido de um acting contido
menos dez por cento. Um actor que pergunta a óptica que estás a usar
para saber em que valor de quadro é que estás...
Férias
Países nórdicos only. Noruega, Suécia… Porque adoro os países nórdi-
cos. São tranquilos, são limpos, as pessoas são super-educadas, come-
se bem, são caros – isso é a parte má. Não sei, gosto muito da tranquili-
dade dos países nórdicos, de todos. Oslo, Copenhaga, Estocolmo…
Gosto de todas as cidades. As pessoas são giras.
Já Barcelona é um bocado caótica. Mas acho que é um bocado uma fuga.
Podia fugir para os Açores ou fugir para os países nórdicos. Para os paí-
ses nórdicos é mais giro, fazes coisas, podes ir ver exposições.
Tempos Livres
Jogo futebol. Faço desporto, obrigo-me a fazer desporto. É uma questão
augusto fraga
de libertar stress. Temos um grupo de amigos e vamos jogar duas ou três
vezes por semana.
Agora ando a ler livros portugueses. Não leio muito, infelizmente. Sei que
há pouco tempo acabei a “Aparição”. E “O Delfim”. Como ando há muito
tempo a pensar fazer um filme em Portugal, ando sempre a tentar en-
contrar livros que tenham histórias sobre o país. Acho que se pode fazer
cinema com pouco dinheiro. Os argentinos dizem e é assim: para fazeres
cinema precisas de duas coisas: “un buen guión y muchas ganas”. Não
falam de subsídios do ICAM. Preciso de um bom guião e de muita vonta-
de de fazer o filme. Tu tens um bom guião e toda a gente vai aceitar fazer-
te o filme. Há uma senhora em Espanha que se chama Isabel Coixet, que
não é conhecida aqui mas que faz bons filmes. Ela tinha um bom guião e
foi aos Estados Unidos falar com o Tim Robbins. E conseguiu que o Tim
Robbins lesse, vai ganhar dez vezes menos do que ganharia, porque é um
bom guião. Isto é a essência de tudo. É um bocado como na publicidade,
quando te dão um bom script, todos os realizadores querem fazer, todas
as produtoras querem entrar. E no cinema é a mesma coisa.
É a grande lacuna no cinema em Portugal. Porque realizadores tecnica-
mente bons está provado que há, basta ver a publicidade e ver os filmes
que se faz. Só que os guiões são muito maus.
5 Anúncios Preferidos
Referências de realizadores é mais fácil.
- Gosto de todos os anúncios do Jonathan Glazer.
- Gosto de um espanhol que se chama Pep Bosch.
- Há um que se chama Noam Murro.
- Depois gosto muito dos realizadores nórdicos, Johan Renck. Gosto
muito da estética nórdica, que é uma coisa que em Portugal não se faz
ainda.
Em Espanha há um ou dois realizadores que fazem mas os clientes não
querem – é tudo muito plano, muito artificial.
- E alguns realizadores ingleses. E franceses também.
5 Filmes Preferidos
- Adoro o “Casino” do Scorsese.
-“Kramer Contra Kramer”. Quando era miúdo, os meus pais separaram-
se. Então marcou-me.
Filmes que me marcaram que tenha visto ultimamente...
- Gostei muito do “Children of Men” [“Os Filhos do Homem”]. É um filme
de Alfonso Cuarón, mexicano. É o melhor filme dos últimos anos. Foi no-
meado a Oscar para qualquer coisa. Não ganhou nada. Ganhou o “Babel”
que é uma porcaria.
- Gosto muito dos filmes de Paul Thomas Anderson, do “Magnólia”. Es-
colheria o “Boogie Nights”, foi o que me marcou mais. Mas gosto muito
do “Punch Drunk Love”. Este realizador está a fazer coisas diferentes.
- E “Os imperdoáveis”, de Clint Eastwood. Gosto muito do Clint Eas-
twood, sobretudo o que ele fazia antes.
Não sei se são os cinco mais, mas são os cinco de que eu me lembrei
agora.
5 Músicas Preferidas
- “Breakfast at Tiffany”s”
Não sei... Cinco músicas é muito difícil. Sou um bocado clássico, gosto
de coisas antigas. Gosto muito de Johnny Cash, por exemplo. E não gos-
to de Johnny Cash só por causa do filme, já gostava há muitos anos. Gos-
to muito de Leonard Cohen, Jacques Brel. Provavelmente por causa dos
meus pais. Gosto muito de Jorge Palma. Gosto muito de Chico Buarque.
5 Vícios
- Fumar.
-Sou muito impaciente. É um vício.
Eu não tenho cinco vícios. Tenho para aí três.
-E a PlayStation.
5 Coisas que adoro
- Adoro gatos mas sou alérgico. São muito simpáticos. Mas sou alérgico.
- Adoro jogar futebol com os meus amigos.
- Adoro filmar. Adoro dirigir os actores. Sinto-me mesmo bem. Gosto.
Detesto PPMs, detesto aprovações de montagem. Sobretudo a aprova-
ção de montagem. Acho que é a pior parte deste trabalho. Quando fazes
um play e tens cinco pessoas caladas a olhar para o teu filme, pensas
“não estão a gostar”, “não disseram nada, não estão a gostar”. É uma
paranóia. E normalmente não olho para o ecrã, fico mais stressado. Olho
para eles.
- Gosto muito de Woody Allen, não disse isso acima. Adoro Woody Allen.
Ele vai filmar a Barcelona agora e ando a tentar meter-me nem que seja
na equipa de electricistas para estar nas filmagens dele. A sério. Gostava
mesmo.
- Gosto de “Family Guy”. Sou fã, vejo tudo.
5 Defeitos
-Sou muito impaciente. Muito impaciente.
-Sou demasiado sonhador. Acho que li demasiados livros que a minha
mãe me dava para ler. Livros de guerreiros, de fantasia, das grandes his-
tórias.
Sou muito sonhador com esse género de histórias. E depois isso aplica-
se muito à minha vida, sou um bocado revoltado, acabo por ser muito
frustrado porque as coisas não são tão boas como eu gostava.
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Naturais da Madeira, José Diogo e Dia-
mantino Jesus começaram por dedicar-
-se à pintura, onde a questão do corpo
humano é sempre apresentada de uma
forma realista e religiosa. No tecto da
Igreja Paroquial de Ponta Delgada, pinta-
ram a criação do mundo numa área de
220 m². Em 2003, surgiu o interesse pela
fotografia digital e pelas manipulações
permitidas pelo tratamento de imagem. A
dupla começou por apresentar as primei-
ras fotografias em desfiles de moda, mas
o seu trabalho depressa foi reconhecido
com prémios como o da revista francesa
Photo, a medalha de ouro Gaudi na Bienal
de Barcelona ou o European Newspaper
Award – Award of Excellence de 2006 a
propósito de uma capa feita para a revista
do Diário de Notícias da Madeira. Além de
vários trabalhos feitos para publicidade,
recentemente o reconhecimento do traba-
lho destes dois madeirenses veio por par-
te do mundo da arte. A Colecção Berardo
adquiriu já 26 obras de grande formato da
dupla José Diogo / Diamantino Jesus.
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urb
ana
street art
Além do desenho, a volumetria começa a ganhar peso na intervenção
artística sobre a malha urbana. Como é o caso dos artistas Truth e El
Tono, que redimensionam a realidade existente através de trabalhos
com formas geométricas.
O espanhol El Tono já fez intervenções no Porto e em Guimarães.
Além de várias cidades em Espanha, entre as quais Barcelona e Ma-
drid, El Tono já colocou a sua arte em países como França, Brasil,
Coreia do Sul, Itália, Reino Unido, Alemanha, Suécia ou Japão. Os
seus desenhos giram à volta de representações abstractas de diapa-
sões e polígonos.
El Tono tem vários projectos em conjunto com Nuria Mora. Um de-
les é o livro editado pela Rojo Books, que condensa uma série de
fotografias tiradas a trabalhos efectuados durante a primeira visita
da dupla ao Brasil, em 2004. A imagem da capa é a de um casebre
abandonado que fora em tempos o Bar Tom Cruise, quando ambos
iam de autocarro a caminho de Porto Seguro.
“O conceito deste livro [só imagem, sem texto] é perfeito para nós
porque funciona como quando encontras as nossas pinturas na rua.
Não há uma explicação, apenas olhas para elas e fazes as tuas pró-
prias interpretações”, referiu El Tono ao site da especialidade Ekosys-
tem.org. “Não mostramos apenas os nossos desenhos no livro, trata-
se de uma parte do nosso universo, das nossas viagens, das nossas
influências.”
Outro dos projectos conjuntos de El Tono e Nuria Mora foi uma enco-
menda da Galeria 54, em Gotemburgo, Suécia. A instalação decorreu
no início do ano e estava integrada no projecto “Privé Och Público”.
Os artistas espanhóis colocaram uma série de sinais na cidade e no
verso dizia-se a quem os encontrasse que se dirigisse à galeria para
serem autografados. A ideia foi lidar com as noções de espaço, as
fronteiras entre público e privado.
Com participações em inúmeras exposições colectivas internacio-
nais, nos últimos tempos El Tono tem vindo a desenvolver trabalhos
em 3D e graffitis de som, como foi o caso da exposição “x, y, z”, pela
primeira vez apresentada na Galeria Vacío 9 em Madrid, onde explo-
raram a volumetria das suas representações gráficas. Além disso, a
dupla faz parte do colectivo Equipo Plástico, juntamente com outros
dois artistas, Nano4814 e Sixe, após terem trabalhado juntos em vá-
rias exposições.
Já o jovem artista que assina Truth também aposta na volumetria
para fazer intervenção visual na urbe. Muitas das suas manifestações
ocorrem no seu país natal, a Polónia, apesar de já ter trabalhado com
o tecido da cidade de Roma. O seu trabalho tem-se centrado em sets
de cubos em PVC coloridos, que chegaram a ser referidos como jóias
a adornar edifícios degradados ou spots menos visíveis da malha ur-
bana, os chamados não-lugares da nossa atenção visual – o verso
dos sinais de trânsito, esquinas e recantos de edifícios ou estações
de comboios.
Outro dos seus projectos de redimensionamento da malha urbana são
os símbolos dos parêntesis e dos sinais matemáticos com os quais
cria equações que questionam o discurso da arquitectura existente.
Ao intervir com as suas geometrias sobre locais mais incisivos como
portas ou janelas, Truth está a desvelar a função desses mesmos ob-
jectos. Está a chamar a atenção para o facto de serem janelas, ou
portas, e que por isso mesmo há por trás um universo de pessoas
passíveis de estar em comunicação com o exterior, com o mundo.
Muitas das suas formas em PVC têm como que uma função de pas-
se-par-tout. A ideia é insistir, é enfatizar, uma nova visão da realidade
arquitectónica urbana.el t
ono
verãofestivais
música
Para a maior parte de nós, viciados em música, Verão é sinónimo de
festivais. Em Portugal ou Espanha, no campo ou na cidade; a folia é
certa, as experiências amiúde inesquecíveis. Todavia, neste ano, os
festivais decorrem num momento atípico na indústria discográfica.
As bandas nunca tiveram tanto poder nas suas mãos; as editoras
multinacionais vivem a maior crise de sempre; os consumidores ace-
dem a música como nunca; e a tecnologia evolui a bem da criativida-
de, partilha e, noutro pólo, da restrição.
No início do ano o Financial Times publicava um relatório da Enders
Analysis que previa que as vendas de CD em 2009 cairiam para 23
mil milhões de dólares, longe dos 45 mil milhões de 1997 – ano do
seu pico de vendas.
A empresa de estudos de mercado NPD Group revelou que mais de
metade da música adquirida em 2006 veio de fontes gratuitas, in-
cluindo a partilha de ficheiros e cópias. Estima-se que gravar CDs
contribuiu em 37% para o consumo total de música, nível superior à
partilha de ficheiros.
Paralelamente, sectores da indústria discográfica mais versáteis no
entendimento do público dão sinais de vitalidade. É o caso das edito-
ras independentes. A Associação de Música Independente (AIM) do
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festivaisdeverao.blogs.sapo.pt
www.anti-popmusicfestival.com
www.paredesdecoura.com
www.musicanocoracao.pt
www.fmm.com.pt
www.boomfestival.org
Reino Unido declarou que as indies alcançaram o seu melhor ano de
sempre em 2006. Oito em cada doze álbuns independentes vendeu
mais de 60.000 cópias, sendo o best seller “Whatever People Say I
Am, That’s What I’m Not” dos Arctic Monkeys.
Estas tendências díspares reflectem-se nos cartazes dos festivais de
Verão. Um exemplo da importância conquistada pelas bandas indie
é o Super Bock Super Rock, que decorre no Parque Tejo, em Lis-
boa, nos dias 28 de Junho e 3 a 5 de Julho. Arcade Fire, Bloc Party,
Klaxons, The Rapture, LCD Soundsystem, Bunnyranch ou Micro Au-
dio Waves saem do filão independente para encabeçar o cartaz. No
mesmo palco, note-se o regresso da banda de culto Metallica, cujos
membros aproveitarão a vinda a Portugal para fazerem, não uma co-
laboração com os Moonspell, apenas uma... surf trip!
A Arena de Marketing dos Festivais
Há dois factos atrozes nos festivais de Verão: o lixo e a falta de ima-
ginação dos patrocinadores. Com efeito, as marcas sustentam o cir-
cuito sob troca de visibilidade num público-alvo. Grande parte dos
festivais tem até como prefixo nomes de marcas ou numa versão eu-
femística certa empresa “Apresenta”.
As parcerias entre empresas e organizações é benéfica para ambas,
sendo obscuro o proveito retirado pelo público. Serão os concursos,
os lenços, os lounges, os jantares a 50 metros de altura, os insufláveis
e as lonas, as eternas lonas com logótipos, benéficas? Duvidamos.
O Delta Tejo personifica o binómio marcas-festivais. Decorre entre 20
e 22 de Julho, em Monsanto, e versa sobre a música de países com
ligação ao café. “Ao olharmos para o cartaz, salta à vista a falência dos
produtores africanos e vietnamitas, vítimas talvez da concentração ex-
cessiva do grosso da distribuição do café mundial nas mãos de três
ou quatro multinacionais”, lemos em cronicasdaterra.com. Verdade ou
não, há uma reflexão que fica no ar, que poderá até ser radicalizada
com o concerto do jamaicano Sizzla, a 22 de Julho, o mesmo que já
disse “Burn all the white people in Jamaica” ou “Kill Gays”...
A Norte verifica-se uma das associações mais bem conseguidas entre
eventos e empresas, com o festival Paredes de Coura e a Heineken,
naquele que foi em 2005 um dos cinco melhores festivais de Verão da
Europa, segundo a edição espanhola da revista Rolling Stone. Este
ano, a organização do evento foi cancelada por falta de verbas…
Entre 12 e 15 de Agosto o prato forte é, mais uma vez, a cultura indie
com os decanos New York Dolls e Sonic Youth, sendo imperdível a
actuação dos new ravers Cansei de Ser Sexy ou dos Architecture in
Helsinki. A organização aponta como outras atracções yoga, cinema
e a presença num cenário natural fabuloso.
música
A importância da região é uma imagem do Sudoeste. Realiza-se na
Zambujeira do Mar, entre 2 e 5 de Agosto, com perspectivas de 30 mil
pessoas para cada um dos quatro dias do certame. Cassius, Ojos de
Brujo, Cypress Hill ou The Streets são zénites num alinhamento com
forte contingente lusófono: Gilberto Gil, Mayra Andrade, Buraka Som
Sistema e Bonde do Rolê.
Festejar Tendências Musicais
Um dos serviços dos festivais é a solidificação de novas tendências
musicais. Neste ano o reggae reforça a sua importância, figurou no
Creamfields e estará presente no Sudoeste e no Avis a Rasgar (13 a
15 de Julho).
“O reggae está estabelecido no Norte da Europa há vinte anos e de-
morou algum tempo a chegar a Portugal”, afirma Selecta Lexo, DJ e
responsável pela Embassy, loja especializada em música da Jamaica.
“Para os festivais é óptimo”, adianta, “porque tem mensagem posi-
tiva. Até ao nível de venda de música, o reggae diferencia-se porque
não está em queda como outros estilos e centra-se no formato vinil”.
O jornalista António Pires (responsável pelo blogue raizeseantenas.
blogspot.com) aponta para outra tendência lustrada pelos eventos
estivais. “A importância dos festivais de folk e world music é cres-
cente e continuada. Já há dezenas deles a acontecer: FMM de Sines,
África Festival, MED de Loulé, Intercéltico de Sendim, Granitos Folk,
Andanças, Arraiais do Mundo, Festival Mestiço, Sons do Atlântico,
Delta Tejo, Cool Jazz Fest, Portugal a Rufar, Iberfolk, sem esquecer a
Festa do Avante”. A vitalidade é sublinhada por eventos como o Su-
doeste e Paredes de Coura integrarem artistas destes circuitos na sua
programação.
O destaque vai para o Festival Músicas do Mundo, de Sines: “Este
ano passam por lá 32 nomes da world, folk, jazz, em nove dias de
concertos. É sem dúvida uma referência em Portugal”, conclui Antó-
nio Pires.
Os festivais de Verão instituíram-se no público, nas estratégias de
marketing, nas edições de imprensa e até nas agendas políticas. Têm
dado voz a novas modas musicais e a dar espaço a artistas. Resta-nos
saber se além de entreterem alguma vez fabricaram conceitos.
Por Artur Soares da Silva
É bienal e o mais singular evento em Portugal porque não se limita a música. Não aceita patrocínios, sendo as suas receitas advindas dos
bares, venda de bilhetes e aluguer de espaços. É o festival mais internacional do país. Segundo a organização, a última edição teve 70 na-
cionalidades nas 20.000 pessoas e tem pontos de venda de bilhetes em 38 países. Em 2006 aplicou sistemas ecológicos na abordagem de
consumo, tratamento e reutilização de água, reciclagem e tratamento de lixos, construção e utilização de sanitários secos, utilizou geradores
solares e gastou “um quarto de milhão de euros em sistemas eco”, segundo nos confidenciou o produtor do evento Diogo Ruivo. Água potável
é gratuita. “Queremos que o entretenimento seja não apenas para divertir mas também para formar as pessoas”, conclui. Sobre a importância
da ecologia, André Soares – consultor de tecnologias sustentáveis do MIT, ONU, Fundação Banco do Brasil e do Boom – resume: “Um festival
é um momento privilegiado para o ser humano reflectir sobre a sua relação com o mundo e o planeta”.
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arte
publi-reportagem
Para este Verão, a Delidelux propõe:Queijo Brie Recheado Com Trufas Pretas LaminadasChef Hugo Brito / DELIDELUX
1. Um queijo Brie inteiro + 2 frascos de trufas pretas laminadas.
2. Corta-se o Brie ao meio no sentido horizontal.
3. Espalham-se as trufas já laminadas sobre o Brie.
4. Cobre-se com a outra metade do Brie.
5. Serve-se fatiado com uma salada verde.
Saboreie esta e outras receitas na nossa cafetaria.
www.delidelux.pt
Victoria ReynoldsHoje fala-se de um adeus ao corpo. Filósofos e sociólogos como Da-
vid Le Breton consideram que o corpo enquanto matéria se tornou
num acessório, num kit de peças descartáveis sujeitas a manipula-
ções. A ciência de hoje quer combater a doença e o envelhecimento
da carne sem passar pela dor.
Já a concepção artística do corpo passa precisamente pela neces-
sidade contrária de expor a carne enquanto dor. Veja-se o caso de
Orlan, em que a artista sujeita o seu próprio corpo a uma série de
intervenções cirúrgicas e estéticas em plena performance e dá a ver o
desejo de mutação da carne. O artista plástico Marc Quinn funde arte
e ciência e faz esculturas com o seu próprio sangue. Damien
Hirst fatia uma ovelha ao meio e expõe o corpo do animal enquanto
interior e exterior – de um lado uma ovelha enquanto corpo, do outro
uma delineação de carne. A dor passou da ordem da sensação para
a ordem da visibilidade, da imagem.
“O corpo do meu trabalho é constituído por carne crua, apresenta-
da de forma ostensiva e hedonista.” Victoria Reynolds é uma artista
plástica do Texas a viver e a trabalhar em Los Angeles, cujas pinturas
retratam carne crua sempre enquadradas em molduras de estilo ro-
cocó e barroco. É como se nos olhássemos ao espelho e víssemos as
nossas entranhas, aqui transformadas em objecto de ostentação.
“A ideia é as pinturas serem visualmente sumptuosas, voluptuosas e
sensuais.” Fazem lembrar-nos a nossa mortalidade, a mortalidade da
matéria de que é feito o nosso corpo. Ao mesmo tempo, dá a ver a
carne como matéria para sacrifício. “Na Antuérpia do século XVII, pro-
duzia-se muitas pinturas de animais chacinados.” As referências de
Reynolds a diversos autores são muitas, desde Rembrandt, mestres
holandeses do século XVI e XVII, a Velásquez, a El Greco ou Francis
Bacon.
“O meu trabalho também alude ao sacrifício da carne de incontá-
veis animais que consumimos sem dar graças ou pensar sequer nis-
so.” Victoria Reymolds viveu em Las Vegas nos anos 90 onde diz ter
aprendido a gostar das luzes da ribalta dos casinos. O casino Vene-
tian Hotel tem cópias de Titian e de Tintoretto pintadas nos tectos da
entrada principal, incluindo o ‘Triunfo de Veneza’ de Veronese. A arte
de pintar carne foi aperfeiçoada em Veneza. “As pinturas de Titian,
com as suas 40 famosas camadas de tinta que se parece com pele,
são a mais pura expressão da pintura da carne. Interessei-me em
fazer arte que pudesse coexistir neste ambiente sensacional.”
Outro contacto de Victoria Reynolds com a problemática da carne
foi-lhe proporcionado numa altura em que vivia na Suécia. A artista
plástica foi convidada pelos Saami (indígenas do norte da Suécia, No-
artes plásticas
Victoria Reynoldsruega, Finlândia e algumas partes da Rússia) a participar no chamado
sacrifício do veado. Na Suécia, os Saami são os únicos a poder ser
proprietários de veados. A experiência permitiu-lhe perceber melhor
a problemática do ritual da carne, o que resultou na série de quadros
sobre carne de veado, incluindo o ‘Flight of the Reindeer’. “A forma
como as vísceras do veado estão entrançadas mostra-nos como a
pintura pode ser sobre o acto da criação, formando uma ilusão de
substância e carne a um nível tridimensional.” Actualmente, Victoria
Reynolds está a trabalhar na manipulação digital de fotografias tira-
das a carne, onde puxa por aspectos ornamentais como é o caso dos
rendilhados.
Victoria [email protected]
1. Fat of the Lamb, 20032. Down the Primrose Path, 20043. Beautiful Uteral Garlands, 20024. Tripe on the S-Curve, 2003
Desig
ner S
lash M
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designerslashmodel
www.designe
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el.com
Este é o mote do filme de apresentação do conceito Designer Slash Model. Do design à edição de imagem ou ao 3D, cada área de trabalho
apresenta as suas considerações acerca do fascínio do design en-
quanto embelezamento da realidade. Verónica, designer de motion
graphics: “I always tell people that I don’t work in motion graphics.
I work in emotion graphics. That means the images I create don’t just
move. They move you.” Fernando, editor de imagem: “I got into edi-
ting because I realise I can manipulate the video, the power to be
able to create anything and everything. I’s what excites me.” Chrissy,
designer: “I’m a problem solver. That’s what design really is, problem
solver. Sometimes a client brings me a project that has virtually no
problem to solve. So I create one.”
As declarações são prentensiosas q.b., mas a postura destes desig-
ners/artistas é a de modelos arrogantes. São todos belos, são todos
inteligentes, são todos artistas. Em forma de vídeo de apresentação
de uma produtora de pós-produção, a Digitalkitchen decidiu fazer
uma sátira ao seu próprio mundo de trabalho – ao mundo do design.
E o resultado não podia ter sido mais bem conseguido. Neste mundo
de pessoas super-belas e super-interessantes, a chegada ao estúdio
de um estafeta, uma criatura super-normal, é motivo de escárnio (de
mal dizer não, porque já implicaria darem-se a demasiado trabalho…).
O conceito circula na Net e é uma forma original de dar a conhecer a
produtora criadora do conceito.
A Digitalkitchen é uma produtora de pós-produção com escritórios
em Nova Iorque, Seattle e Chicago e é composta por directores criati-
vos, designers, editores de imagem, animadores, realizadores, produ-
tores e músicos. Trabalha com agências de publicidade, produtoras
de televisão e cinema e outro tipo de clientes um pouco por todo o
mundo.
A DK concebe, filma e produz desde anúncios de televisão, a design
gráfico para genéricos de cinema e tv e trata de conteúdos não con-
vencionais tanto para publicidade como para entretenimento. Desig-
ner Slash Model é um exemplo fantástico dessa originalidade. A de
ter humor suficiente para sabermos rir de nós próprios…
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www.barbican.org.uk barbicanEste ano, o Barbican celebra o seu 25 aniversário e organiza um programa especial.
Sai-se da estação do metro e depara-se logo com a imponência de
três dos edifícios residenciais mais altos de Londres. A área denomi-
nada de Barbican começou por ser uma zona construída a partir dos
escombros da II Guerra Mundial e as três torres – Cromwell, Shakes-
peare e Lauderdale – são hoje símbolo de uma zona residencial exclu-
siva, habitada por actores, escritores e músicos.
Segue-se as indicações impressas no chão a amarelo e acaba-se
por chegar ao Barbican Centre, um dos maiores centros culturais da
Europa. Artes, cinema, música, teatro e serviços educativos são as
grandes áreas de trabalho desta instituição. Construído no início dos
anos 70, o Barbican tem uma sala de concerto de quase 2000 luga-
res, um teatro de mais de 1000, três cinemas, uma galeria de arte de
1300 metros quadrados, mais de 4600 metros quadrados de foyers e
espaços públicos.
Este ano, o Barbican celebra o seu 25 aniversário e organiza um pro-
grama especial. Trata-se de 25 eventos que o centro diz considerar
ser importantes nas diferentes áreas de intervenção deste espaço.
Uma das grandes atracções foi a instalação da autoria de um jovem
dinamarquês, exposta de Janeiro a Abril. Entra-se no hall principal
do Barbican e, à direita, há um espaço em forma de “u”. Esta galeria
de forma peculiar chama-se The Curve e é dedicada à promoção de
novos talentos. A instalação de Jeppe Hein é uma estrutura metálica
que funciona como uma montanha russa, em que as curvas fazem
mover uma série de bolas brancas que sobem e descem pela estru-
tura a partir da sua própria força de gravidade.
Outra apresentação importante foi a exposição dedicada a Alvar Aal-
to, uma mostra completa sobre as diferentes fases da obra do arqui-
tecto finlandês – no que foi a primeira retrospectiva do seu trabalho
no Reino Unido. Uma retrospectiva que foi comissariada pelo arqui-
tecto japonês Shigeru Ban, e que incluía desenhos, maquetas, peças
de mobiliário e materiais concebidos por um dos grandes impulsiona-
dores do modernismo na arquitectura. Esteve patente até Maio.
O que é que a segunda metade do ano nos reserva para ver no Barbi-
can Centre? O destaque vai para a comemoração do 70º aniversário
de Philip Glass, o compositor norte-americano que compôs a música
das óperas majestáticas de Robert Wilson (artista que teve este ano
uma exposição de polaroids tiradas a figuras conhecidas do mundo
da arte na Galeria Luís Serpa e teve a instalação “Alice” exposta na
Ellipse Foundation). De 19 a 21 de Outubro, vai celebrar-se o traba-
lho de composição de bandas sonoras que Glass fez para filmes e a
estreia no Reino Unido de “Orion”, uma ópera encomendada pelos
Jogos Olímpicos de Atenas, que em 2004 passou na inauguração dos
jogos. E será a estreia europeia de um conjunto de poemas de Leo-
nard Cohen musicados por Glass, retirados do livro intitulado “Book
of Longing”.
Entre Junho e Agosto vai estar em exposição a mostra “Panic Attack!
– Art in the Punk Years”. Trata-se de um olhar sobre a arte em Ingla-
terra e América nos anos 70, o período por excelência do punk, um
movimento associado à música, moda e artes gráficas. No entanto,
tratou-se de um movimento com um espectro mais alargado no que
diz respeito ao mundo das artes. Da fotografia ao cinema, pintura e
escultura, estes trabalhos reflectem o espírito rebelde e iconoclasta
da era punk.
Para descontrair, nada como o pátio enorme que faz paredes meias
com casas residenciais. Esplanadas e um repuxo de água rematam o
panorama – para passar uma tarde relaxante a ler um livro.
arte
www.hihow
areyou
.com
danieland
daniel
dvd
Então a música começa assim: “He was smiling through his own per-
sonal hell / Threw his last coin in a wishing well / He was hoping too
close and then he fell / Now he’s Casper the friendly ghost.” A letra
é familiar, pertence ao tema “Casper The Friendly Ghost” de Daniel
Johnston. E é a banda sonora de vários spots da Optimus. O autor é
Daniel Johnston, um compositor que uns consideram louco, e outros
um génio. É as duas coisas – com se pode ver no documentário “The
Devil and Daniel Johnston – Loucuras de um Génio”, realizado por Jeff
Feuerzeig e produzido por Henry S. Rosenthal.
No início do filme, Daniel Johnston introduz-se a si próprio através
de uma das muitas cassetes onde gravava depoimentos seus. Es-
távamos em 1985. “Olá. Eu sou o fantasma de Daniel Johnston. Há
muitos anos, vivia em Austin no Texas e trabalhava no McDonald’s.
É uma honra e um privilégio poder estar aqui convosco hoje e falar-
-vos da minha doença. E do outro mundo.” Segue-se um depoimento
em grafismo: “Acredito em Deus e acredito piamente no Diabo. O Dia-
bo existe, sem dúvida, e sabe como eu me chamo.” Obcecado com o
Diabo e com Santanás, dizia constantemente para evitarem o número
666, teve tendências suicidas do género “é melhor morrer do que viver
para sempre”, necessitou da ajuda constante dos pais para tomarem
conta dele, viu os irmãos afastarem-se dele com receio de que fizesse
alguma coisa aos sobrinhos. Uma vez, ia numa avioneta com o pai
e provocou o despiste do avião. Daniel era fortemente medicado e
chegou a passar um ano inteiro de cama a que chamou “o seu ano
perdido”. Parecia um vegetal e chegaram à conclusão que estava a
tomar o medicamento errado. Trocou a medicação e começou a apre-
sentar melhorias. Foi nessa altura que o manager dele tentou estabe-
lecer-lhe contactos com bandas como os Sonic Youth, Jad Fair ou os
Half Japanese. Jeffrey Tartakov mostrou a música a Steve Shelley dos
Sonic Youth, que começou a divulgá-la. Surgiu então a oportunidade
de ir visitá-lo a Nova Iorque e passar uns dias em estúdio com vários
músicos. A visita começa com um Daniel entusiasmado a percorrer as
ruas movimentadas de Nova Iorque e acaba com ele a deambular de
madrugada pelos arredores da cidade e os amigos à procura dele de
carro. Mandaram-no para casa e foi imediatamente hospitalizado.
Quando os Nirvana participaram nos MTV Music Awards de 1992,
Curt Cobain usou uma t-shirt dele e divulgou o nome para milhões de
espectadores. Durante meses, usava sempre essa t-shirt em público.
A t-shirt a dizer “Hi, how are you?” criou frenesim. Cobain chegou
mesmo a declarar Johnston o maior autor de canções vivo.
Outra faceta de Daniel Johnston é as artes gráficas. O manager de
Daniel conseguiu fazer exposições com a arte dele em Berlim, Barce-
lona, Paris, Eindhoven, Londres, Manchester, Nova Iorque. Numa das
primeiras exposições em Los Angeles, na Galeria Zero One, noventa
e oito por cento da colecção foi vendida várias horas antes da própria
inauguração. As referências dos desenhos giram à volta do mundo
dos super-heróis como o Capitão América, usa muitos patos (que Da-
niel considera o seu exército na luta contra Satanás), personagens
que aludem ao amor não correspondido, o Casper, o Frankenstein,
olhos, pirâmides, o número 666. As ilustrações de Daniel são hoje tão
conhecidas como a sua música. Música essa que foi interpretada por
mais 150 artistas em todo o mundo, entre eles Tom Waits, Pearl Jam,
Beck, Yo La Tengo, Mercury Ver ou Flaming Lips.
johnston
1. A publicidade pode ser utilizada como estratégia de mobilização
e como agente de mudança. As campanhas mais eficazes são
habitualmente as que contêm elementos de choque ou que utilizam
um apelo emocional como a campanha da União Zoófila de 2006
com o filme ‘Funeral’.
2. De alguma maneira poderão captar a atenção para a sua realização,
mas o factor de decisão é sempre o cartaz de bandas a actuar.
3. No marketing político nacional, uma boa anti-campanha é
significativamente mais eficaz do que uma boa campanha.
No caso de Lisboa, a generalidade das campanhas é muito fraca, em
conteúdo e forma, pelo que me parece contribuírem pouco para a
decisão de voto.
4. Normalmente compro produtos com um forte branding e pouca
publicidade.
5. O que mais me divertiu... Axe ‘Dinner Party’.
last chance
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rita costa gomes1. A publicidade associada ao marketing social é eficaz?
De que bom exemplo se lembra?
2. A publicidade feita aos festivais de Verão fá-la ir aos concertos?
3. Uma boa campanha de marketing elege um presidente de câmara,
no caso a de Lisboa?
4. Que tipo de produtos compra ao ver publicitados na televisão?
5. Qual o filme publicitário que mais a deslumbrou nos últimos meses?
www.kryptonproductions.com
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