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ADAPTO DESIGN UNIVERSAL EM CONDOMÍNIO VERTICAL
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
DANIELA PEREIRA DE FREITAS
NATAL, 2016.
ADAPTO DESIGN UNIVERSAL EM CONDÍNIO VERTICAL
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DANIELA PEREIRA DE FREITAS
ADAPTO
DESIGN UNIVERSAL EM CONDOMÍNIO VERTICAL
Trabalho Final de Graduação apresentado à
banca examinadora do curso de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito para a
obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.
Orientador (a): Prof. MSc. Clara Ovidio de
Medeiros Rodrigues.
Natal, 2016.
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DANIELA PEREIRA DE FREITAS
ADAPTO
DESIGN UNIVERSAL EM CONDOMÍNIO VERTICAL
Trabalho Final de Graduação apresentado à
banca examinadora do curso de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito para a
obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.
Aprovado em 05 de dezembro de 2016.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
Prof. MSc. Clara Ovidio de Medeiros Rodrigues.
Orientadora
__________________________________________________________
Prof.Dr. Jefferson Souza
Avaliador Interno – DARQ UFRN
__________________________________________________________
Maria Bernadete Lula
Convidado(a)
6
À Deus, minha família e amigos.
7
AGRADECIMENTOS
Como descrever em apenas uma lauda todo o sentimento de gratidão
que me percorre no momento. Foram tantas as pessoas que passaram e
que ainda estão presentes em minha vida e que são responsáveis por eu
ter chegado até aqui.
À Deus, por segurar em minha mão constantemente e se fazer presente
em todos os momentos de minha existência.
Aos meus pais, Fernando e Sanzia, ao me ensinarem, desde os tempos
de jardim de infância, que a maior herança que se tem na vida é o
conhecimento. Gratidão por nunca terem medido esforços para me
proporcionar educação; saúde e companheirismo.
À minha irmã Mariana, incentivadora direta de tudo que eu faço. Amiga
e presente, sua pessoa é sempre fonte de energia no meu dia a dia.
Ao meu noivo, Marcel, fonte de inspiração intelectual, pessoal e
companheiro de todas as horas, responsável por equilibrar minha
balança. Obrigada, você faz a diferença em minha vida.
Aos meus sogros por tanta gentileza e carinho.
À todos os meus familiares por serem poço de amor e paz.
À turma 2010.2, minha turma querida. Entramos juntos no curso e fomos
nos despedindo dele em partes. Aos que já estão formados e aos que
estão neste semestre junto comigo, meu muito obrigada por todos os
ensinamentos e risadas compartilhadas, que com certeza,
transformaram em leveza os momentos mais adversos.
Aos Docentes do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN por toda a
bagagem técnica a nós concebida. Em especial neste momento a Clara
Ovídio, professora orientadora deste Trabalho Final de Graduação.
Por fim aos meus amigos, das mais diversas tribos e grupos. Os de
infância, presentes comigo até hoje; os Gestores Ambientais, que
dividiram comigo uma etapa importante da minha trajetória de
formação acadêmica; aos 8/8 meu grupo de casais predileto e finalmente
aos irmãos newyorkers, por um intercâmbio tão lindo e por todo o
suporte, mesmo que virtual, deste momento importante em minha vida.
8
“ [...]. Põe quanto és no mínimo que fazes [...]” Fernando Pessoa.
9
RESUMO
É inerente ao mundo moderno a busca constante da longevidade. Devido ao avanço da
medicina e consequente cura de doenças, tem-se como reflexo uma amostragem
crescente de idosos. A arquitetura precisa acompanhar essa tendência, fornecendo, por
meio do espaço, a contribuição necessária para a qualidade de vida desse público. Em
termos de moradia, alguns idosos passarão a conviver em ambientes de longa
permanência, como asilos ou instituições privadas destinadas à terceira idade,
enquanto outros continuarão em suas residências ou morarão com algum dos seus
familiares. O conceito de asilo tem se tornado pejorativo, devendo-se em parte, à
deficiência na administração e no manejo dos serviços que este modelo oferece. Além
disso, seus espaços carecem de atratividade e qualidade, agravando esse cenário.
Quanto as instituições privadas, muitas vezes são demasiadas custosa por disporem de
um programa completo de assistência ao idoso, o que limita o número de pessoas que
podem pagar por este tipo de espaço e serviço. Objetivando a promoção da qualidade
de vida por meio do envelhecimento saudável, o presente trabalho propõe-se então a
desenvolver o anteprojeto de um Edifício residencial multifamiliar vertical, tendo como
público alvo a terceira idade. Para a flexibilização desse projeto serão estudadas as
especificidades de se pensar uma habitação que atue principalmente junto à relevância
do desenho universal e que agregue, além dos espaços acessíveis um programa de
necessidades que contemple o viver da terceira idade. O residencial enaltece ainda, a
importância da adoção de estratégias bioclimáticas, que respeita os recursos naturais
disponíveis como por exemplo a ventilação, além de agregar, pontualmente,
tecnologias renováveis que minimizarão os impactos ambientais e o consumo
energético da edificação.
Palavras-Chave: Anteprojeto; edifício residencial multifamiliar; terceira idade;
desenho universal; estratégias bioclimáticas.
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ABSTRACT
The constant search for longevity is inherent in the modern world. Due to the
advancement of medicine and the consequent cure of diseases, we have as a reflex an
increasing sampling of the elderly. Architecture must follow this trend, providing
through the spaces, the necessary contribution for the quality of life to this public. In
terms of housing, some elderly people will live in long-term care settings, such as
nursing homes or private institutions for the elderly while, others will remain in their
homes or live with some of their relatives. The concept of asylum has become
pejorative, due in part to the deficiency in the administration and management of the
services that this model offers. In addition, their spaces lack attractiveness and quality,
aggravating this scenario. As for private institutions, they are often too costly to have a
complete care program for the elderly, which limits the number of people who can
afford this kind of space and service. With the objective of promoting the quality of life
through healthy aging, the present work proposes to develop the preliminary design of
a vertical multifamily residential building, targeting the elderly. In order to make this
project more flexible, we will study the specificities of thinking about a dwelling that
works mainly with the relevance of universal design and which adds, besides the
accessible spaces, a program of needs that contemplate the living of the elderly. The
building also highlights the importance of adopting bioclimatic strategies that respect
available natural resources such as ventilation, as well as adding, on time, renewable
technologies that will minimize the environmental impacts and the energy
consumption of the building.
Key words: Pilot study; multifamily residential building; third Age; Universal design;
Bioclimatic strategies.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Ilustração inclusão 22
Figura 2: Modulo 23
Figura 3: Porta automática 24
Figura 4: Uso flexível 24
Figura 5: Uso intuitivo 24
Figura 6: Cozinha acessível 26
Figura 7: Dimensões referenciais para deslocamento de pessoas em pé. 28
Figura 8: BWC acessível 29
Figura 9: Área de manobra 29
Figura 10: Tratamento das portas 30
Figura 11: Influência do gabarito na ventilação 32
Figura 12: Cugat Natura 35
Figura 13: Jardim de inverno 36
Figura 14: Programa Cugat 36
Figura 15: Mosteiro de Sant Cugat e Partido do Cugat Natura 37
Figura 16: Iluminação natural 37
Figura 17: Planta unidades residenciais Cugat 38
Figura 18: Estrutura 39
Figura 19: Fachada principal Hiléia 40
Figura 20: Térreo do Hiléia 41
Figura 21: Zoneamento vertical 41
Figura 22: Volume hileia 42
Figura 23: Sala de pilates 42
Figura 24: Entrada social 42
Figura 25: Zoneamento pavto.tipo 43
Figura 26: Fachada morro branco Geriatrica 44
Figura 27: Zoneamento Morro branco. 45
Figura 28: Rampas 46
Figura 29: Banheiro 46
Figura 30: Área externa 47
Figura 31: Sala de TV 47
Figura 32: Quarto 48
Figura 33: Painéis Móveis 50
Figura 34: Planta baixa Habitação para todos 51
Figura 35: Perspectiva Habitação para todos 51
Figura 36: Natal RN 54
Figura 37: Destaque do Tirol 54
Figura 38: Equipamentos urbanos 55
Figura 39: População por tipo de residência no Tirol 55
Figura 40: Pirâmide etária no Tirol 56
Figura 41: Quadro de prescrições urbanísticas. 56
Figura 42: Destaque para a área de controle de gabarito, em verde 57
Figura 43: Controle de gabarito 57
Figura 44: Localização do terreno em amarelo. 58
Figura 45: Localização do ADAPTO 59
12
Figura 46: Relação especial 59
Figura 47: Campo de visão do ADAPTO 60
Figura 48: O lote do ADAPTO. 61
Figura 49: Topografia 62
Figura 50: Zonas bioclimáticas 63
Figura 51: Condicionamento térmico 64
Figura 52: Ventilação cruzada 65
Figura 53: Programa de necessidades. 67
Figura 54: Programa de necessidades dos apartamentos do ADAPTO. 69
Figura 55: Diretrizes mínimas para ambientes 71
Figura 56: Quarto adaptado 71
Figura 57: Áreas de sanitário e box 72
Figura 58: U.H. tipo 1 72
Figura 59: U.H tipo 2 73
Figura 60: Vagas automotivas 74
Figura 61:Partido do Cugat. 77
Figura 62: Partido do ADAPTO 78
Figura 63: Carta solar sobreposta ao ADAPTO 79
Figura 64: Rosa dos Ventos de Natal. 81
Figura 65: Implantação 82
Figura 66: Favela Santa Marta -RJ 83
Figura 67: Estudos 1 e 2 84
Figura 68: Zoneamento U.H.1 85
Figura 69: U.H.2 86
Figura 70: Zoneamento vertical Fonte: Elaborado pela autora,2016. 87
Figura 71: Uso simples e intuitivo 89
Figura 72: Planta baixa Pavto.tipo 90
Figura 73: Zoneamento definido 91
Figura 74: Pérgolas e Marquises 92
Figura 75: Brise articulado do ADAPTO 93
Figura 76: Incidência dos ventos 94
Figura 77: Diagramas de coeficientes de pressão. 95
Figura 78: Resultados das análises de coeficiente de pressão. 95
Figura 79: Resultado da ventilação cruzada 96
Figura 80: Park-horta elevado 97
Figura 81: Vão da laje 101
Figura 82: Reuso de águas pluviais 103
Figura 83: Locação do tanque no ADAPTO 104
Figura 84: Sistema de aquecimento solar 105
Figura 85: Perspectiva da entrada 108
Figura 86: Desembarque imediato 109
Figura 87: Park-horta elevado 110
Figura 88: Lazer 111
Figura 89: Jardins 111
Figura 90: Brises articulados na fachada leste 112
Figura 91: Dinamismo na fachada 113
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Ventilação e sombreamento de aberturas 61 Tabela 2 – Parâmetros estruturais 99 Tabela 3 – Critérios usados no ADAPTO 100
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 15
CONTEXTUALIZAÇÃO 15
OBJETIVO 18
METODOLOGIA DO TRABALHO 19
ORGANIZAÇÃO 20
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 22
DESIGN UNIVERSAL: POR UMA ARQUITETURA INCLUSIVA 22
LESGILAÇÃO: NORMAS E DIRETRIZES 27
HABITAÇÃO VERTICAL: VERTICALIZAÇÃO | CONFORTO | USUÁRIO 31
REFERENCIAIS PROJETUAIS 33
RESIDENTIAL CENTER CUGAT NATURA | por JF Arquitects 35
HILÉIA: CENTRO DE VIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO PARA IDOSOS: Por Aflalo e
Gasperini arquitetos. 40
MORRO BRANCO HOSPEDAGEM GERIÁTRICA | Natal, RN. 44
EDIFÍCIO ITAIM | Por Studio MK27 e Carolina Castroviejo 49
MORFOLOGIA PROJETUAL 52
O PROCESSO 53
CONDICIONANTES FÍSICOS 54
CONDICIONANTES LEGAIS 56
CONHECENDO O TERRENO 58
CONDICIONANTES AMBIENTAIS E DESEMPENHO TÉRMICO DAS EDIFICAÇÕES. 63
METAPROJETO 66
PÚBLICO ALVO 66
PROGRAMA DE NECESSIDADES 66
PRÉ DIMENSIONAMENTO 70
ESTUDOS PRELIMINARES 77
A PROPOSTA 88
CONSIDERAÇÃOES FINAIS 114
REFERÊNCIAS 115
ANEXO 118
15
INTRODUÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO
As pessoas estão vivendo mais em todo o mundo quando comparado há duas décadas.
Isto se deve, em parte, à queda do número de mortes provocadas por doenças
cardiovasculares em países de alta renda, e à redução da mortalidade infantil em países
de baixa renda (PORTAL BRASIL,2014). Assim é de se esperar que, com o aumento das
tecnologias vinculadas ao setor da saúde, a expectativa de vida aumente
significativamente.
Nos últimos anos pesquisas revelaram que a expectativa de vida do brasileiro subiu
para 74,9 anos (em 2013), em ambos os sexos. De acordo com os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, se compararmos a expectativa de vida do
brasileiro recentemente com a de alguns anos atrás, ela aumentou em mais de três
anos. Em 2003, por exemplo, esse número era de 71,3 (CARDOSO,2014).
Em concordância com os dados relatados, os estudos etários da população brasileira
estão apontando um aumento expressivo no número de idosos no país.
A arquitetura não pode estar ausente desse novo cenário. A qualidade de vida vinculada
a adequabilidade das habitações exerce uma condição de conforto fundamental para
as pessoas idosas. Estes pressupostos influenciam diretamente sobre à sua
independência, tanto do ponto de vista da saúde física, quanto do ponto de vista da
dinâmica social. (GÓIS,2012).
Em se tratando dessa independência, o novo idoso deseja continuar morando sozinho,
seja em uma instituição externa, ou na própria casa (CUNHA, 2016).
O preconceito existe por grande parte dos idosos, ao citar o modelo asilar como
exemplo de instituição para a sua próxima morada.
Inicialmente dirigidos à população carente que necessitava de abrigo, e frutos da
caridade cristã, estes lugares são vistos repulsivamente devido ao fato de as políticas
voltadas para essa demanda estarem localizadas na assistência social. (CAMARANO;
KANSO,2010).
16
No caso dos asilos públicos, a situação é ainda pior. Alia-se à falta de estrutura da
edificação, as dificuldades financeiras dos órgãos competentes e a consequente
ausência de estruturas de lazer e de profissionais capacitados. O fato dos alojamentos
serem conjugados agrava o cenário, pois ocasiona a falta de privacidade do morador
comprometendo a qualidade de vida (GÓIS,2012).
Existe uma crítica ferrenha a esse modelo por excluir do cotidiano do idoso os seus
familiares; e o binômio moradia e família é fator determinante para a qualidade de vida
do longevo (GÓIS,2012).
O Plano Internacional de Ação sobre o Envelhecimento, discutido em assembleias da
Organização das Nações Unidas de Viena (1982) e de Madrid (2002), estabelece três
objetivos principais no que se refere à moradia e as condições de vida do idoso. O
primeiro objetivo visa a promoção do envelhecimento do idoso na comunidade em que
viveu ao longo da vida. O segundo objetivo, discorre da necessidade de melhoria do
projeto ambiental e de moradia para promover a independência do idoso,
considerando suas necessidades, em principal àqueles que apresentam qualquer
incapacidade motora. Por fim o último objetivo, no qual este pretende alertar os órgãos
competentes a aumentarem a disponibilidade de transporte acessível e
economicamente exequível para os idosos (ONU, 2003 – grifo do autor). Pode-se
perceber no plano de ações acima mencionado, que a ONU considera claramente a
importância do idoso em se fazer independente. Do ponto de vista da habitação, esta
independência apresenta estreita relação com as práticas do desenho universal.
Entende-se por Desenho Inclusivo ou Universal o conjunto de preocupações,
conhecimentos, metodologias e práticas que visam a concepção de espaços, produtos
e serviços, utilizáveis com eficácia, segurança e conforto pelo maior número de pessoas
possível, independentemente das suas capacidades (CORREIA, FRANCINETTE,2010).
A Política Nacional do Idoso, estabelecida na Lei Federal nº 8.842, de 4 de janeiro de
1994, define como competência das áreas de habitação e urbanismo incluir, nos
programas de
17
assistência ao idoso, formas de melhoria das condições de habitabilidade e adaptação
de moradia, considerando seu estado físico e a sua independência quanto à locomoção
(PRADO,2003- grifo do autor).
Mais uma vez a palavra independência é abordada, conectando-se diretamente com a
necessidade da presença do desenho universal na vida do idoso.
Nos EUA, quase 90% das pessoas com mais de 65 anos planejam envelhecer em sua
própria casa, mas as minorias adotam medidas para tornar isso possível, como por
exemplo a necessidade de rever a acessibilidade dos cômodos. Com um pouco de
planejamento isso pode mudar, fazendo com que os idosos assumam controle total do
próprio envelhecimento. (CUNHA,2016 apud GIDDAN,2016).
No Brasil, os idosos que não moram sozinhos, costumam viver com parentes ou em
casas de repouso, sendo estas 65,2% filantrópicas e 6,6% públicas. No entanto, há uma
tendência de crescimento das instituições privadas (Senior Livings) com fins lucrativos.
O convívio social e as atividades de lazer presentes, são alguns dos atrativos desses
novos espaços (CUNHA,2016).
Porém, não são todos os que podem usufruir desse modelo de habitação. As
mensalidades desses lugares normalmente começam em R$4.000,00 reais para idosos
que dividem o quarto com outras duas pessoas; podendo chegar a R$20.000,00 reais
por mês (CUNHA,2016).
Partindo de todo esse panorama abordado, se fez presente a motivação de propor um
“mix” entre a casa própria e os “Senior Livings” por meio de um projeto residencial
multifamiliar para a terceira idade que garanta conforto, sociabilidade e acessibilidade
com um menor custo mensal se comparado aos Senior Livings supracitados. Escolher
uma área de implantação para esse projeto que esteja próxima aos equipamentos
18
públicos e de lazer e serviço, como parques e hospitais, facilitariam essa sociabilização.
Nesta perspectiva entra em cena a crescente demanda por espaços e a consequente
verticalização urbana. Nesse cenário surge a escolha por um projeto vertical. Indo além,
há a preocupação com o uso de tecnologias renováveis em uma arquitetura que fará
uso de estratégias bioclimáticas capazes de minimizar os impactos ambientais e os
custos energéticos do edifício.
Quando destinada ao idoso, este tipo de cuidado se faz ainda mais importante. Autora
da tese “Conforto e qualidade ambiental no Habitat do idoso”, (BARBOSA,2002),
afirma que a questão do conforto luminoso, por exemplo, é essencial na vida dos
longevos que necessitam de maior nível de iluminação na área de execução de suas
tarefas. Assim, mais a frente será abordada algumas estratégias bioclimáticas do
ADAPTO, trabalho em curso.
O projeto apresentado nesse Trabalho Final de Graduação busca contribuir com a
sociedade a partir do levantamento da importância de se ter moradias pensadas desde
a sua concepção para atender a terceira idade. Isto implica em residências acessíveis
por meio do design universal e com um programa de necessidades que beneficie o
idoso.
OBJETIVO
O objetivo geral do “ADAPTO” consiste em desenvolver o anteprojeto de um edifício
residencial multifamiliar concebido para a terceira idade e embasado pelo desenho
universal.
Objetivos específicos:
Construção de um programa de necessidades que promova o
envelhecimento saudável por meio da qualidade do espaço;
Aplicar os conceitos do design universal promovendo habitações acessíveis
principalmente para pessoas com mobilidade física reduzida;
Inserção de estratégias bioclimáticas e de tecnologias renováveis.
19
Nessa perspectiva busca-se contribuir para a discursão da necessidade de residenciais
concebidos com qualidade ambiental em um contexto em que o cuidado com o meio
ambiente não pode ficar imêmore.
METODOLOGIA DO TRABALHO
A fim de entender a real necessidade do se fazer projeto para um público alvo tão
específico, como o da terceira idade, foi necessário pesquisar quem é essa terceira
idade contemporânea e como ela se comporta. Foi possível abordar essa questão no
tópico contextualização e justificativa. Indo além, se fazia necessário uma investigação
mais próxima a fim de entender o que ele considera como “viver com qualidade”,
principalmente para auxiliar na construção do programa de necessidades.
Entender o desenho universal era imprescindível. Não se pode projetar para a terceira
idade sem considerar um espaço acessível. Assim, consultar legislações pertinentes ao
tema fez-se necessária.
Desejando uma arquitetura de qualidade bioclimática e com adição de tecnologias
renováveis, pesquisas bibliográficas que auxiliassem na construção de diretrizes para a
aplicação dos conceitos no ADAPTO foram constantemente realizadas.
Portanto, para viabilizar os objetivos discutidos neste trabalho, aplicou-se os seguintes
procedimentos metodológicos:
1) Análise bibliográfica relacionada aos temas do design universal e das
estratégias bioclimáticas a serem adotadas.
2) Estudos de caso por meio de referenciais diretos e indiretos a fim de maximizar
principalmente a construção do programa de necessidades
20
3) Check-list das etapas que compõe um projeto arquitetônico por meio do
processo projetual proposto por Elvan Silva em “Uma introdução ao projeto
arquitetônico”.
4) Desenvolvimento da proposta arquitetônica.
5) Avaliação da proposta arquitetônica.
ORGANIZAÇÃO
O ADAPTO se estrutura em quatro fases de trabalho, sendo estas:
Fase 1) Fundamentação Teórica;
Fase 2) Precedentes Projetuais;
Fase 3) Morfologia projetual;
Fase 4) Proposta.
Em Fundamentação, conceitos do desenho universal e as legislações pertinentes a
serem consultadas ao longo do desenvolvimento do ADAPTO serão abordados. Indo
além, as vantagens da verticalização quanto a questão bioclimatica também foi
trabalhada.
A fase 2, Precedentes ou Referenciais Projetuais, traz três estudos de referência, sendo
estes internacional; nacional e local. Acrescenta ainda algumas referências pontuais,
destinando para isso um subtópico específico.
A fase 3, de Morfologia Projetual, está subdividida em duas partes: condicionantes
projetuais e estudos preliminares; cada uma com os tópicos necessários para a
compreensão do projeto em andamento, a citar o estudo de prescrições urbanísticas; o
partido arquitetônico; o zoneamento; o pré dimensionamento; entre outros não menos
importantes.
Por fim, o produto ADAPTO: Design universal em condomínio vertical, constando as
pranchas com desenhos técnicos e memorial descritivo do projeto.
21
DESIGN UNIVERSAL POR UMA ARQUITETURA
INCLUSIVA
22
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
DESIGN UNIVERSAL: POR UMA
ARQUITETURA INCLUSIVA
O que faz um espaço ser considerado
melhor ou pior frente a outro? Uns
poderão defender o conforto térmico,
se o ambiente por exemplo faz mais
calor ou mais frio; outros podem opinar
sobre o conforto acústico; se o local é
muito ou pouco ruidoso. Há ainda os
que defenderão a presença ou ausência
de luz natural e se o local possui grandes
ou pequenas dimensões por exemplo.
Fato é que, para um ambiente ser
analisado de forma coerente, ele deve
permitir o acesso a todos, se tornando,
portanto, inclusivo.
O conceito arquitetônico de Desenho Universal propõe o espaço com uso democrático, para diferentes perfis de usuários: prega que todas as pessoas, de crianças a idosos, passando por quem possui limitações físicas (temporária ou permanente), tenham condições igualitárias na qualidade de uso de uma casa ou de um ambiente construído, seja este interno ou no âmbito da cidade. (BERNARDI; KOWALTOWSKI, 2005, p.155).
Considerar, deste modo, as diferenças
entre as pessoas, oferecendo um
espaço em que o indivíduo seja atuante,
significa inclusão. Dessa forma,
melhorar a qualidade de vida por meio
da locomoção, por exemplo, de
qualquer um que necessite, é dever das
instituições. Neste contexto, uma das
principais metas do desenho universal
implica em trabalhar o conceito de
projetos arquitetônicos livres de
barreiras. (BERNARDI,
KOWALTOWSKI, 2005)
O corpo humano tem sido estudado
desde a Grécia antiga. Da Vinci, por
exemplo, no Renascimento continuou
este estudo e realizou inúmeros
Figura 1: Ilustração inclusão Fonte: Sindusconsp.com.br
23
desenhos que comprovaram a perfeição
matemática da forma humana. Le
Corbusier1, também prestou sua
contribuição com o chamado “Homem
padrão” ou “Modulor” definindo entre
outras características uma altura de
1,83m como padrão da altura humana.
(DUARTE; COHEN, 2012). No entanto,
projetar todos os espaços pensados
para um “modelo” de 1,83m é exclusivo
e nem um pouco universal.
As pessoas são diferentes umas das
outras e com necessidades diferentes.
Haverá àquelas com membro
incompleto, com mobilidade reduzida
ou outrem.
1 Le Corbusier, um dos maiores arquitetos do século XX, precursor dos cinco preceitos da arquitetura moderna.
O design universal assim, representa
uma visão positiva e visionária de
produtos, espaços e mobiliários que
serão pensados sobre uma ótica de
atingir a maior diversidade de usuários,
reafirmando como ultrapassado o
conceito do “Modulor”.
Assim, o Universal Design nasceu depois
da Revolução Industrial, devido a
massificação dos processos produtivos,
principalmente na área imobiliária.
(CARLETTO; CAMBIAGHI, 2008).
Havia uma pergunta no ar: por que criamos ambientes à revelia das necessidades reais do usuário? Por que estruturamos um modelo de massa que iguala o que não é igual – ou seja, nós mesmos? (CARLETTO; CAMBIAGHI, 2008, p.08).
No Brasil a temática é ainda recente.
Apenas em 1985 surgiu a primeira
norma relativa a acessibilidade. Em
1994 passou pela primeira revisão e em
2015 pela última até o presente
momento.2
Figura 2: Modulo Fonte: Sindusconsp.com.br
24
Na década de 90, foram estabelecidos
sete conceitos para a promoção da
acessibilidade plena, são eles:
Uso equitativo
Uso flexível
Uso simples e intuitivo
Informação de fácil percepção
Tolerante ao erro
Baixo esforço físico
Abrangente
No uso equitativo, os espaços, objetos e
produtos podem ser usados por todos,
independentemente da capacidade,
evitando segregação entre os usuários.
No uso flexível, objetos e espaços são
adaptáveis a qualquer usuário (a citar
ambientes ou objetos pensados tanto
para destros quanto para canhotos).
O uso simples e intuitivo está
relacionado a capacidade de
compreensão do objeto/espaço por
todos.
Semelhante ao uso intuitivo,
informação de fácil percepção diz
respeito a utilização de diversas formas
de sinalização para os espaços, tais
como braille, sinalização auditiva,
simbologias diversas.
Figura 3: Porta automática Fonte: São Paulo,2010.
Figura 4: Uso flexível Fonte: São Paulo,2010.
Figura 5: Uso intuitivo Fonte: São Paulo,2010.
25
O conceito de tolerância ao erro está
relacionado ao cuidado, como por
exemplo, das rampas com corrimão, os
elevadores com sensores de
abertura/fechamento evitando,
portanto, acidentes. Não esquecendo
da escolha adequada dos materiais
desses objetos.
Finalmente, baixo esforço físico e
abrangência diz respeito ao uso com
conforto, sem fadiga e pelo máximo de
usuários (independente de altura, peso,
postura, mobilidade). (CARLETTO;
CAMBIAGHI,2008).
Diante do exposto, permitir o direito básico de ir e vir de qualquer cidadão é o mesmo que aplicar os sete preceitos do desenho universal, a fim de maximizar a inclusão na arquitetura. O direito à habitação não deve prescindir da liberdade e igualdade de utilização por todos os usuários. (KRÄHENBÜHL,2010).
É imprescindível, portanto entender
quais são as restrições mais
significativas por parte da população, a
fim de fornecer a partir dela, as
diretrizes projetais dos espaços como
um todo. Assim temos: pessoas com
mobilidade reduzida (gestantes,
obesos, crianças idosas, pessoas
carregando algo entre outros); usuários
cadeirantes e deficientes sensoriais e
cognitivos. Assim as principais
dificuldades enfrentadas por eles são:
Vencer desnível
Manter equilíbrio
Passar por local estreito
Abrir e fechar portas
Percorrer piso escorregadio
Falta de espaços para giro
Banheiros que dificultam a
aproximação a pia, vasos e
chuveiros (para os cadeirantes)
Rampas íngremes
Localizar imóveis apenas pela
numeração
Detectar obstáculos
Uso de comandos sonoros
(SÃO PAULO, 2010).
Portanto, é possível fornecer qualidade
de vida e moradia adequada ao maior
número de indivíduos possível.
Observar atentamente as principais
dificuldades enfrentadas por aqueles
que exibem qualquer tipo de restrição
significa projetar espaços que
26
contemplem desníveis mínimos; pisos
regulares entre outras medidas.
A figura 6 a seguir demonstra um
espaço pensado de acordo com as
premissas do design universal.
A cozinha deve ter dimensões e forma
que permitam a disposição e o uso
adequado de, no mínimo, um fogão,
uma geladeira e uma pia, assim como
espaço de armazenagem para
utensílios.
Deve ainda respeitar áreas mínimas de
manobra; alturas máximas de tampo de
bancada; e área de aproximação dos
espaços como um todo no ambiente.
(SÃO PAULO, 2010).
No caso do anteprojeto em questão, os
espaços, tanto na área comum quanto
na privada (escala do apartamento)
serão planejados com base no desenho
universal, promovendo assim a
inclusão. A ênfase do ADAPTO se dará
por meio da concepção de espaços
acessíveis para cadeirantes, pensando
em atender aos idosos que apresentam
alguma dificuldade motora e
necessitariam de ambientes
preparados para esta situação. Pontua-
se ainda preocupações com o ambiente
pensado para aqueles com dificuldades
sensoriais cognitivas (cegos), no
entanto o foco dado foi em espaços
usáveis principalmente para
cadeirantes.
Figura 6: Cozinha acessível Fonte: SÃO PAULO,2010.
27
O IDOSO
ASPECTOS DO ESTATUTO DO IDOSO
De acordo com a Lei número 10.741
datada em 01 de outubro de 2003,
classifica-se como idoso todas a
pessoas com idade igual ou superior a
60 anos.
Ainda neste estatuto, assegura-se a
obrigação da família, da sociedade, da
comunidade e do poder público o
cuidado para com o idoso, priorizando a
efetivação do direito à vida, à
alimentação, saúde, educação, cultura,
ao esporte, ao trabalho, à cidadania.
O envelhecimento é um direito
personalíssimo e, consequentemente, a
sua proteção um direito social. Deve-se,
portanto, assegurar ao idoso a
liberdade, o respeito e a dignidade
LESGILAÇÃO: NORMAS E DIRETRIZES
Afim de projetar espaços usáveis por
todos, o design universal é a
fundamentação para se alcançar o uso
cada vez mais democrático dos
espaços, sejam eles públicos ou
privados.
Algumas Normas e Leis embasam e
fornecem diretrizes para alcançar esta
inclusão.
A Norma Brasileira de acessibilidade a
edificações, mobiliários, espaços e
equipamentos urbanos, a NBR9050,
hoje em sua terceira edição, (a mais
recente datada do ano de 2015) já é
muito conhecida e aplicada pelos
profissionais da área, destinando-se a
universalidade do acesso. Entende que
a acessibilidade está vinculada à
edificação, ao mobiliário, aos espaços e
equipamentos urbanos, conforme é
intitulada.
A norma é rica em itens que fornecem
inúmeras diretrizes para se projetar
acessivelmente os espaços. Ao longo de
todo o projeto esta será consultada e
citada neste trabalho. No momento,
enfatiza-se a diversidade dos seus
tópicos, são capítulos destinados a
dimensões de área mínima de
circulação e manobras para
cadeirantes; alcance manual dos
objetos por aqueles com alguma
mobilidade reduzida; design ideal de
maçanetas, barras e puxadores;
sinalização tátil entre outros.
Por se tratar de uma Norma que prioriza
medidas mínimas, é importante
28
entender como estas irão se comportar
no projeto em questão.
Em se tratando de uma edificação para
idosos, se fazia essencial respeitar
algumas medidas em situações como:
idosos (pessoas) com andadores; com
bengalas; com muletas.
Respeitando-se essas diretrizes o
espaço fica com maior qualidade e apto
para as diversas situações que possam
vir a acometer o idoso.
A figura 7 a seguir, retirada da
NBR9050/2015 dispõe as dimensões
mínimas necessárias que uma pessoa
com bengala, andador e muleta ocupa
no espaço. Estas diretrizes auxiliaram
na criação do apartamento tipo e das
áreas comuns do edifício em questão.
Figura 7: Dimensões referenciais para deslocamento de pessoas em pé. Fonte: NBR9050
29
Um dos ambientes chave para a promoção da qualidade do espaço acessível é o
banheiro, principalmente por exigir um alto grau de independência do usuário. Por ser
um ambiente íntimo, o ideal é que o portador de necessidade especial não necessite de
um acompanhante. No entanto, frisa-se que as dimensões deste ambiente são
consideradas para cadeirante com acompanhante.
Figura 8: BWC acessível Fonte: NBR9050/2015
Em tracejado, na figura 8, observa-se a área de manobra necessária para uso do espaço.
M.R significa “ módulo de referência”, e este é definido pelas dimensões 0,80x1,20m.
Como umas das principais dificuldades enfrentadas pelos usuários dependentes de
espaços acessíveis é o abrir e fechar portas vinculado também a falta de espaços para
giro, houve a preocupação de se conceber espaços que obedecessem às dimensões
mínimas para manobra com e sem deslocamento.
Figura 9: Área de manobra Fonte: NBR9050/2015
30
A Figura 9 da página anterior, mostra as áreas mínimas para giro, sem deslocamento,
de pessoas cadeirantes. Quanto ao abrir e fechar de portas, a NBR9050 é bastante
clara ao propor barras nas portas de BWC quando estas forem de giro; há também
maçanetas específicas que impeçam o fechamento total da porta quando estas forem
do tipo de correr. A figura 10 exemplifica o exposto.
Até o presente momento, inúmeras diretrizes foram consultadas e descritas para a
construção de um espaço acessível e adequado.
Figura 10: Tratamento das portas Fonte: NBR9050/2015
31
HABITAÇÃO VERTICAL:
VERTICALIZAÇÃO | CONFORTO |
USUÁRIO
VERTICALIZAÇÃO E CONFORTO
A partir, notadamente, da segunda
metade da década de 80, houve uma
acentuação das construções de edifícios
verticalizados em determinadas áreas
da cidade do Natal. Historicamente, a
cidade crescia basicamente de forma
horizontal até a década de 70 e começo
da de década de 80, por meio da
construção de grandes conjuntos
habitacionais de casas, financiadas, na
sua maioria, pelo Sistema Financeiro de
Habitação (SFH) (COSTA,2012).
O edifício vertical, construído de forma planejada, oferecendo as condições ideais de conforto ambiental, constitui-se como um elemento importante e necessário na grande cidade, pois além de favorecer o desenvolvimento das funções inerentes a cada centro urbano, também oferece comodidade, conforto e segurança aos seus usuários. (COSTA,2012, p.03).
Nesta perspectiva, o que se observa
hoje, não somente em Natal, mas em
todas as grandes cidades, é uma
acentuação deste fenômeno. Há uma
carência de espaços vinculada a uma
necessidade de maximiza-los.
Verticalizar torna-se imprescindível.
Neste contexto de verticalização,
elenca-se ainda as vantagens do ponto
de vista do conforto térmico dessa
opção tipológica.
Natal, inserida em um contexto de
litoral, apresenta ventilação constante
e amplitudes térmicas diárias
relativamente baixas. Indicativo de que
é necessário ventilar os ambientes e
protegê-los da insolação na maior parte
do dia.
De acordo com LOPES (2010), arquiteto
de Natal, a insolação incidente sobre o
asfalto das avenidas é um dos maiores
causadores da elevação da temperatura
da cidade, de modo que, a criação de
áreas sombreadas por meio dos
edifícios configura-se como uma
alternativa para se manter os espaços
construídos cada vez mais agradáveis.
Afirma ainda que, com relação a
ventilação, para a maioria
possivelmente ameaçada pela
verticalização, esta não se constitui em
um problema, visto que a legislação em
vigor limita a taxa de ocupação, a partir
do segundo pavimento, em 50%, e
32
adotam recuos laterais que garantam a
porosidade necessária a aeração
natural, sem que haja qualquer prejuízo
climático. Na medida em que o vento é
canalizado entre as edificações, tem sua
a sua velocidade aumentada,
provocando assim uma aeração
satisfatória nos cômodos das
edificações. Para garantir o
funcionamento correto desse sistema,
precisa-se preservar os recuos.
A Figura 11 acima esquematiza a
questão da relação entre gabarito;
recuo e velocidade do vento,
enaltecendo a vantagem da
verticalização no tocante a ventilação,
estratégia bioclimática necessária para
o nosso clima.
Figura 11: Influência do gabarito na ventilação Fonte: Elaborado pela autora,2016.
33
2 REFERENCIAIS PROJETUAIS
34
O capítulo que aqui se inicia destina-se
a três estudos de caso que serviram de
referenciais projetuais para a
concepção do ADAPTO trabalho em
curso. Estas referências são de cunho
internacional; nacional e local e
representam a busca por uma qualidade
estética e funcional que corresponda
aos anseios do projeto.
Em seguida, dedica-se estudos de
referenciais pontuais que auxiliaram em
contribuições mais direcionadas e
especificas ao ADAPTO.
O primeiro, o Residencial Center Cugat
Natura, em Barcelona, acrescentou ao
trabalho contribuições estéticas e de
design, a partir de um edifício que
prioriza as suas áreas comuns,
estimulando a sociabilidade dos idosos.
Além disso, é portador de um diverso
programa de necessidades que auxiliou
na construção do programa do
ADAPTO.
O segundo estudo, Hiléia: Centro de
vivência e desenvolvimento do idoso,
em São Paulo, um projeto do Aflalo e
Gasperini arquitetos, enriqueceu no
presente trabalho por sua qualidade
estética, verticalização da edificação; e
também auxiliou na construção do
programa de necessidades do
ADAPTO.
Por fim, o Morro branco hospedagem
geriátrica, o único referencial direto, é
um programa de assistência ao idoso
em Natal. O empreendimento
contribuiu diretamente na construção
do programa do ADAPTO; na
sensibilidade do desenho universal
vivenciado e por fim, do feedback que
idosos e responsáveis puderam
fornecer, por meio de entrevista
informal no dia da visita técnica.
Finalizando a Fase 2 de Referências
projetuais, alguns estudos pontuais
serão abordados, são eles: Edifício
Itaim, do Studio MK27, contribuindo
com uma estratégia bioclimática de
proteção das aberturas; O Habitação
para todos, concurso de projeto com
participação do Tripytique arquitetura,
estando relacionado com soluções
renováveis além de ter unidades
residenciais adaptadas para cadeirantes
que auxiliaram no pré-
dimensionamento do ADAPTO.
35
RESIDENTIAL CENTER CUGAT NATURA |
por JF Arquitects
O Residencial Cugat Natura Center está
localizado em uma das zonas mais
tranquilas e exclusivas da cidade de
Sant Cugat del Vallès, Barcelona. A obra
é do arquiteto Jordi Frontons e
caracteriza-se por um centro residencial
de atendimento especial ao idoso.
Concluído em 2012, o projeto
contempla dois programas de
necessidades, pensado cada um deles
para dois tipos de público alvo: idosos
com nenhum grau de dependência e
idosos que apresentam algum grau de
dependência, precisando de cuidados e
tratamentos especiais.
Assim, por meio de dois volumes
interligados o programa pôde ser
melhor dividido. Denominado de
residencial geriátrico, o primeiro
volume apresenta 86 quartos duplos
distribuídos em três pavimentos. Entre
esses apartamentos, salas de descanso
estão estrategicamente posicionadas a
fim de dinamizar o espaço e tornar os
corredores ambientes mais atrativos.
O programa no subsolo fica então
destinado à recepção; administração;
sala polivalente; cafeteria; sala de
jantar; sala de fisioterapia; sala de
descanso ou multiuso; entre outros.
Figura 12: Cugat Natura Fonte: www.archdaily.com/cugatnatura
36
Figura 13: Jardim de inverno Fonte: www.archdaily.com/cugatnatura
O conforto luminoso foi muito
abordado no projeto. Mesmo no
subsolo, um jardim de inverno foi
pensando a fim de permitir sempre a luz
natural. Figura 13.
Figura 14: Programa Cugat Fonte: www.archdaily.com/cugatnatura. Editado pela autora,2016.
37
Quanto ao partido arquitetônico do Cugat Natura, este foi concebido a partir da ideia
de átrios centrais, ou pátio. O mosteiro de Sant Cugat, na mesma região, serviu de
inspiração, representando uma arquitetura que se organiza em torno de um centro
comum; que aproxima o programa de necessidades em espaços ricos de luz solar,
conforme figura 15.
Com a finalidade de enaltecer a vivacidade da iluminação, alguns recursos específicos
foram adotados no projeto, como o uso de em tons claros como branco ou neutro
combinado ao piso vinílico.
Figura 16: Iluminação natural Fonte: www.archdaily.com/cugatnatura
Figura 15: Mosteiro de Sant Cugat e Partido do Cugat Natura Fonte: www.archdaily.com/cugatnatura
38
Acrescenta-se à observação das imagens acima a permeabilidade visual do espaço por
meio da transparência e a integração entre o meio interno e externo. A figura 16
enaltece os corredores que dialogam com jardins internos e as áreas avarandadas nos
apartamentos, dialogando com o meio externo.
Uma curiosidade que também pode ser notada na figura 16 é a presença de portas de
correr na unidade habitacional. Essa forma de abertura facilita o seu uso pelo público
alvo do empreendimento já que estas fazem com que as manobras para cadeirantes
sejam mais fáceis de executar.
Já na parte do edifício residencial destinado aos idosos com certo grau de
independência, os apartamentos são de dois tipos: 46m² e 55m². São 32 apartamentos
com um design de interiores que reforça a sensação de largura através da distribuição
adequada do mobiliário em concordância com o jogo de iluminação natural e
revestimentos. Embora não sendo o foco do trabalho em questão, fica a admiração da
relação entre a arquitetura de interiores e qualidade do espaço.
Ao observar a planta baixa do pavimento destinado a área dos apartamentos
residenciais, percebe-se que a única divisão física entre os 5 ambientes que o compõe é
a parede do quarto e do banheiro. Assim, sala de estar, jantar e cozinha estão 100%
integrados, o que de certa forma pode facilitar o fluxo de pessoas dentro do espaço,
conforme mostra a Figura 17.
Figura 17: Planta unidades residenciais Cugat Fonte: www.archdaily.com/cugatnatura.
39
Com relação à técnica construtiva,
foram utilizados tijolos cerâmicos para
vedação e concreto armado para vigas,
pilares e lajes. Figura 18.
O programa de necessidades engloba
ainda estacionamentos; garagem; casa
de lixo; lavanderia; salas de leitura e
psicólogo. Este programa encontra-se
no subsolo do empreendimento
Figura 18: Estrutura Fonte: www.archdaily.com/cugatnatura
Elenca-se como contribuições
principais ao ADAPTO o fato do Cugat
Natura conter um programa de
necessidades em que pode ser
adaptado ao projeto em
desenvolvimento. Agrega um design
contemporâneo, com delicada escolha
de materiais além de enfatizar a
iluminação natural, presente em todos
os pavimentos e que é muito bem-vinda
na vida do idoso (BARBOSA,2002).
Nota-se ainda a quantidade de espaços
de convivência como dinamizadores da
edificação, melhorando a sociabilidade
do longevo. Além das áreas ajardinadas
que abraçam o prédio.
Por fim, alguns requisitos de
acessibilidade como pisos sem
desníveis e circulações livres de
obstáculos somaram positivamente na
qualidade do espaço e foram notados
no Cugat.
40
HILÉIA: CENTRO DE VIVÊNCIA E
DESENVOLVIMENTO PARA IDOSOS: Por
Aflalo e Gasperini arquitetos.
Projetado pelo escritório Aflalo e
Gasperini, e localizado no Bairro do
Morumbi em São Paulo, Brasil, o Hiléia
surgiu como uma proposta que integra
três funções: Residencial + Hotel +
Clube, tudo voltado para a terceira
idade. Sua intenção é reunir lazer,
hotelaria e qualidade de vida para as
pessoas que o frequentam ou residem.
Em um terreno de 2.600 m² e um declive
de aproximadamente 6 metros, o
complexo está dividido em dois
volumes: o volume horizontal com três
pavimentos e um segundo volume,
verticalizado e implantado na parte
mais alta do lote, com 8 pavimentos.
Figura 19: Fachada principal Hiléia Fonte: archdaily.com/hileia
O programa estava então distribuído da
seguinte forma: no térreo do volume
horizontal de três pavimentos,
encontra-se toda a ala social do
empreendimento. Assim, tem-se a
recepção; o acesso principal; o bilhar; a
praça; a sala de reuniões e eventos e os
espaços de lazer para múltiplas
atividades. É possível entender melhor
essa disposição na Figura 20.
Já o primeiro pavimento do bloco
horizontal está destinado a um público
alvo específico: pacientes com
Alzheimer. Com um programa de
necessidades pensando em espaços
que remetem a memória afetiva, a
ambientação é retro; com postes
antigos; piano de calda; livraria e
cinema com filmes clássicos. Cada
pavimento reservado para o idoso com
Alzheimer apresenta posto de
enfermagem; sala íntima com TV;
refeitório; amplos banheiros; câmeras e
sensores. Salienta-se que os elevadores
atendem o uso de maca. São ao todo 18
apartamentos de 36m² cada para esses
idosos especiais.
É possível entender melhor esse
zoneamento vertical por meio da Figura
21.
41
Figura 20: Térreo do Hiléia Fonte: www.archdaily.com/hileia. Editado pela autora.2016.
Figura 21: Zoneamento vertical Fonte: www.archdaily.com/hileia. Editado pela autora.2016.
42
Já no subsolo do Hiléia, figura 21,
chamado de clube, o programa é
extenso e conta com piscina coberta;
sauna; salas de musculação; salas de
fisioterapia; salas de massagem; ateliê
de pintura; e sala para crianças. O
objetivo desse último espaço é
estimular a convivência entre os idosos
e seus netos.
De maneira geral:
O projeto explora uma combinação de volumes sobrepostos, em que o grande volume horizontal é reservado para os espaços de convivência e um volume vertical, sobreposto a esse, é destinado aos quartos privados. Na cobertura, uma proposta de espaço diferenciado para a UTI, com grandes janelas voltadas para um jardim, permite que o paciente internado tenha contato com o exterior. (AFLALO; GASPERINI,2009, p.37)
Figura 22: Volume hileia Fonte: www.archdaily.com/hileia
Figura 23: Sala de pilates Fonte: www.archdaily.com/hileia
Figura 24: Entrada social Fonte: www.archdaily.com/hileia
43
Destinado para os residentes, as suítes estão localizadas do 1º aos 7º pavimentos do
bloco vertical. A figura 25 demonstra as circulações e zoneamento do pavimento tipo.
O último pavimento, o 8º é destinado a área de UTI, infelizmente não foi possível
encontrar a sua planta abaixa.
Com mensalidades por volta de 6 mil reais, o empreendimento se tornou
financeiramente insustentável, tendo que fechar suas portas. Infelizmente, ou não, o
Hiléia foi comprado pelo Governo Federal do Estado de São Paulo e hoje funciona o
Centro de Reabilitação Lucy Montoro. O centro Lucy Montoro é especializado ao
atendimento de pessoas com necessidades especiais físicas ou doenças
potencialmente incapacitantes.
A principal contribuição que o Hiléia forneceu ao ADAPTO foi na construção do seu
conceito: A inserção do idoso no contexto urbano. Pensado a partir da importância da
integração do idoso na comunidade, o Hiléia acredita que o isolamento dos grandes
centros urbanos que alguns condomínios/instituições de idosos propõe não é saudável
para seus moradores. Outro fator importante que este norteou o projeto do ADAPTO é
o fato de ser uma referência sumariamente vertical. Uma edificação inserida em um
lote de 2.600m² aproximadamente, em zona urbana, com um programa de
necessidades diverso e adequado para o público alvo. Importante enfatizar que nos
Figura 25: Zoneamento pavto.tipo Fonte: archdaily.com/hileia. Editado pela autora, 2016.
44
estudos iniciais deste projeto pensava-se em adotar um sistema parecido com o do
Hiléia, com UTI e Homecare. No entanto, pela experiência que este grupo teve foi
possível perceber os altos custos que isto representa e a falência praticamente
decretada do modelo. Assim, no caso do ADAPTO, optou-se por reduzir o programa
quanto a existência de UTI, ou enfermaria especializada, apresentando algumas
soluções mais viáveis como será mostrado adiante na etapa de concepção projetual.
MORRO BRANCO HOSPEDAGEM GERIÁTRICA | Natal, RN.
Em visita ao Morro Branco Hospedagem Geriátrica, localizado em Morro Branco bairro
de Nova descoberta, pode-se por meio de entrevista informal entender a relação dos
idosos presentes com o espaço em que eles convivem. A visita ao local contribuiu para
a sensibilidade do autor em projetar espaços adequados do ponto de vista da
acessibilidade e principalmente entender na prática o que os idosos mais gostam de
fazer no local, auxiliando mais uma vez na construção do programa de necessidades do
ADAPTO.
A Figura 26 a seguir é da Fachada frontal da edificação em questão.
Figura 26: Fachada morro branco Geriatrica Fonte: googlemaps.com
45
Diferente do ADAPTO, a edificação é térrea. A imagem a seguir demonstra por meio
de um esquema o zoneamento da edificação.
Percebe-se que o programa de necessidades da edificação é limitado, apresentando
como possíveis áreas de convivência apenas a sala de TV e os espaços externos
avarandados.
O local era uma antiga residência que foi modificada e adaptada para servir de
empreendimento particular de morada geriátrica. Oferecendo serviços de enfermaria,
fisioterapia, terapia ocupacional e outros, conta com uma equipe multidisciplinar que
fornece os cuidados básicos para os idosos que ali residem.
Importante considerar que todos os idosos apresentam de médio a alto grau de
dependência. São idosos com certo estado de demência, conforme afirmou o
enfermeiro guia da visita. Na casa, foram inseridas rampas para vencer os desníveis;
barras auxiliares nos banheiros; pisos de alerta; placas sinalizadoras em algumas portas.
Algumas imagens como as 28,29 e 30 exemplificam o exposto.
Figura 27: Zoneamento Morro branco. Fonte: elaborado pela autora,2016.
46
Figura 28: Rampas Fonte: Acervo próprio,2016.
Figura 29: Banheiro Fonte: Acerto próprio 2016.
47
Figura 30: Área externa Fonte: Acervo próprio,2016.
No banheiro da figura 29, pode-se notar que ele não atende 100% o desenho universal
principalmente pelo fato de não haver o suporte/banco na área de box.
Perguntou-se ao enfermeiro responsável acerca da periodicidade do uso das áreas
externas por parte dos idosos a fim de elencar o grau de importância que aquela área
representaria para eles. Foi dito que, normalmente quando se faz uso é na parte da
manhã, através das atividades motoras com as equipes de fisioterapia. No entanto,
usualmente, o espaço mais usado por eles é a sala de TV.
Figura 31: Sala de TV Fonte: Acervo próprio,2016.
48
Embora a figura 31 não forneça a imagem da TV, esta se encontra na parede oposta a
janela. Para preservar a identidade dos idosos, captou-se uma foto que resguardasse o
anonimato das senhoras.
Com relação aos quartos, estes são amplos e com iluminação natural. Locados no lado
leste da implantação, são ambientes sombreados nas horas mais críticas do dia, a parte
da tarde.
Figura 32: Quarto Fonte: Acervo próprio,2016.
De forma geral, o estudo direto ao local visitado auxiliou na sensibilidade de se projetar
um espaço para a terceira idade que estimule a convivência e sociabilidade dos
residentes. Infelizmente a condição das idosas presentes não favorecem essa
convivência de maneira efetiva, mas não se pode desconsiderar tal importância, pois
como se pode ver, mesmo com limitações psíquicas, as idosas convivem juntas umas
com as outras na sala de TV.
Como pontos positivos elenca-se a então um programa de áreas comuns de
convivência que estimulam encontros e reuniões; a preocupação também ambientes
que favoreçam atividade motora (fisioterapia), comum nos estudos realiza
49
EDIFÍCIO ITAIM | Por Studio MK27 e
Carolina Castroviejo
Intitulado Vitacon Edifício Itaim, o
residencial é um edifício com 10
apartamentos em São Paulo. A fachada
é feita de concreto armado aparente e
painéis de madeira concebidos para
sombrear as áreas internas. Podendo
ser movimentados conforme desejo do
morador, dinamizam a fachada e traz
uma identidade única ao prédio. Os
painéis são perfurados, viabilizando a
ventilação, e permitindo, portanto, o
binômio ventilação mais
sombreamento. A figura 33 explora
isso. A técnica pode ser amplamente
explorada no clima de Natal – Cidade
ventilada e com alta incidência solar.
Assim, no ADAPTO haverá também
painéis móveis concebidos de forma a
permitir a passagem de iluminação e da
ventilação natural, conforme referência
do ITAIM. Observa-se ainda a presença
de marquise como extensão da laje. A
técnica é ideal para o sombreamento
das fachadas Norte e Sul.
50
Figura 33: Painéis Móveis Fonte: www.archdaily.com/Itaim
51
HABITAÇÃO PARA TODOS | Por Triptyque
O projeto do escritório Triptyque
vencedor do concurso nacional
“Habitação para todos” é uma proposta
interessante por se preocupar com
aspectos bioclimáticos e também com o
desenho universal. Pontua-se aqui as
principais características que o
transformaram em referencial pontual.
Em sua implantação os blocos estão
posicionados para garantir a otimização
da ventilação natural por meio da
biorientação dos apartamentos através
de um formato de prédio alongado em
corpos separados. Presa-se pelo o
acesso à luz e a ventilação natural
cruzada. Os quartos, por exemplo,
possuem vedação solar completa
através de venezianas que, ao mesmo
tempo, viabiliza a passagem de
ventilação natural.
Outra característica que auxiliou o
ADAPTO, principalmente referente à
etapa de pré-dimensionamento, foi o
fato de o projeto apresentar unidades
adaptadas para cadeirantes, podendo
ser notada na figura 34..
Por fim, o projeto contém captador de
águas pluviais para reuso. ADAPTO
adotará essa preocupação ambiental.
Figura 34: Planta baixa Habitação para todos Fonte: www.concursodeprojetos.org/habitaçãoparatodos
Figura 35: Perspectiva Habitação para todos Fonte: www.concursodeprojetos.org
52
MORFOLOGIA PROJETUAL
3
53
O PROCESSO
Baseado na metodologia proposta por
Elvan Silva
O processo projetual encontra-se
muitas vezes relacionado a uma
concepção subjetiva do ato de projetar.
De fato, não podemos afirmar que
existe uma única maneira de realizar
esta ação, o importante é ter sucesso na
resolução do problema.
Elvan Silva em “Uma introdução ao
projeto arquitetônico” (1998) afirma
que o ato de projetar é de natureza
sumariamente psicológica, pois
invariavelmente irá se distinguir de
pessoa para pessoa. Para ele o processo
de projeto nada mais é do que uma
progressão que se inicia na situação
problema – o contexto- evoluindo para
a solução.
Interno a este processo estão definidas
3 etapas principais distinguidas de
acordo com o grau de solução
alcançada; são elas: o estudo
preliminar; o anteprojeto e o projeto
definitivo. Configura-se como estudo
preliminar o primeiro estágio desse
processo. É nele que será analisado o
problema para posterior determinação
do programa e do partido
arquitetônico. A etapa posterior, a de
anteprojeto, é a solução geral do
problema, com a definição do partido
arquitetônico adotado no estudo
preliminar já apresentando indicações
do sistema estrutural e de instalações
da edificação. O trabalho aqui
apresentado configura-se como de
anteprojeto. Por fim, o projeto
definitivo, que consiste nos desenhos
técnicos a nível executivo.
Para o “Adapto: Design Universal em
Condomínio Vertical”, a metodologia
de projeto trabalhada apresenta como
suporte teórico o autor supracitado,
Elvan Silva.
54
CONDICIONANTES FÍSICOS
O Bairro do Tirol
É sabido que existem diversos usos de
solo. A edificação pode ser residencial;
comercial ou até de uso misto. Porém,
em comum a todas elas tem-se o
espaço, ou seja, os limites físicos
intrínsecos a qualquer edificação. Nesse
caso, o capítulo que aqui se inicia
discorrerá da caracterização desse
espaço, desde a escala do bairro até a
escala do lote, abordando as
condicionantes bioclimáticas e
urbanísticas para se construir
confortavelmente e legalmente na
área.
O lote que recebe este estudo de
projeto está localizado na cidade do
Natal, capital do Estado do Rio Grande
do Norte.
Figura 36: Natal RN Fonte: www.wikipidea.org. Editado pela autora,2016.
O bairro do Tirol, então bairro onde está
locado o terreno, encontra-se na Região
Administrativa Leste e apresenta seus
limites assim estabelecidos: ao Norte
com o bairro de Petrópolis; ao Sul com
o bairro de Lagoa Nova e Nova
Descoberta; ao Leste com o Parque das
Dunas e ao Oeste com os bairros de
Lagoa Seca, Barro Vermelho e Cidade
Alta.
Figura 37: Destaque do Tirol Fonte: www.semurb.com. Editado pela autora,2016.
O Bairro do Tirol, em cor preta de
destaque no mapa da Figura 37, está
margeado pelo parque das dunas e,
assim, configura-se como potencial
55
escolha para se propor um projeto para
a terceira idade, visto que o apelo visual
e a proximidade com o parque são
atrativos benéficos especialmente para
os idosos.
Importante destacar que o Bairro tem
quantidade e diversidade de
equipamentos urbanos, a citar
principalmente àqueles voltados à
saúde. O mapa da Figura 38 localiza
estes serviços.
Percebe-se que o serviço que mais se
destaca no mapa é o de equipamentos
de saúde (indicado em cruz vermelha);
ideal para assegurar uma assistência
mais rápida ao idoso, caso este
necessite.
O Tirol apresenta uma população
residente bem equilibrada quanto ao
tipo de moradia. Praticamente o
mesmo número de pessoas que
residem em casa, residem também em
apartamentos. Figura 39.
Por fim, outra característica que
justifica a escolha do Bairro como
potencial área para o estudo deste
projeto é o fato de o Tirol conter
expressivo número de idosos.
A figura 40 mostra esse quantitativo
por meio da pirâmide etária da
população.
Figura 38: Equipamentos urbanos Fonte: www.semurb.com editado pela autora,2016.
Figura 39: População por tipo de residência no Tirol Fonte: semurb.com
56
Figura 40: Pirâmide etária no Tirol Fonte: www.semurb.com CONDICIONANTES LEGAIS Prescrições urbanísticas do Tirol
Antes de iniciar qualquer estudo de
projeto, é necessário conhecer bem o
terreno e todas as suas prescrições
urbanísticas. Assim, conceitos como
taxa de impermeabilização; gabarito; e
uso e ocupação do solo auxiliarão no
desenvolvimento de uma proposta
viável e adequada para o local.
Dessa maneira, consultando-se
sumariamente o Plano Diretor da
Cidade do Natal e o Código de Obras do
Município do Natal tem-se uma
infinidade de diretrizes que devem ser
respeitadas visando a legalidade do
empreendimento.
O terreno está localizado à Rua Alberto
Maranhão, bairro do Tirol, classificada
como zona adensável.
Por ser Zona adensável o coeficiente de
adensamento básico do solo é de 3,5.
Os recuos estabelecidos para os
terrenos do município devem respeitar
as condicionantes propostas no quadro
03 do anexo 01 do Plano Diretor da
Cidade do Natal. (Figura 41). Assim, por
exemplo, os recuos de fundo até o
segundo pavimento, em zonas
adensáveis é não obrigatório. Apenas
em zonas adensáveis isso é possível.
É importante destacar também que, no
bairro do Tirol, há uma zona de limite de
gabarito, devido ao fato de o Bairro
estar margeado pelo Parque das
Dunas(que compõe a Zona de Proteção
Ambiental número 02).
No mapa da figura 42, em cor verde,
destaca-se o entorno do Parque das
dunas como área de controle de
Gabarito.
Figura 41: Quadro de prescrições urbanísticas. Fonte: www.semurb.com
57
Observa-se que boa parte do Tirol está
inserido nesta área.
A escolha do terreno para o ADAPTO
levou em consideração o estudo das
áreas de controle de gabarito pois
buscava-se assim evitar qualquer
limitante afim de permitir um melhor
aproveitamento do terreno,
verticalizando ao máximo o
empreendimento.
Como exposto, a escolha do terreno levou
em consideração os limitantes que o bairro
apresenta frente as questões ambientais.
A figura 44 a seguir localiza o terreno do
ADAPTO enfatizando que o mesmo não se
encontra nos limitantes (linhas pretas).
Figura 42: Destaque para a área de controle de gabarito, em verde Fonte: www.semurb.com
Figura 43: Controle de gabarito Fonte: www.semurb.com
58
Figura 44: Localização do terreno em amarelo. Fonte: www. googlemaps.com. Editado pela autora,2016.
Com relação a taxa de ocupação do
bairro, o Plano diretor estabelece um
percentual máximo de 80% do Lote
entre o subsolo; primeiro e segundo
pavimento. A partir do segundo
pavimento esta taxa de ocupação sofre
variâncias em função do cálculo da área
por pavimento.
Diferentemente, a porcentagem da
taxa de impermeabilização não é
variante. O município concorda em 80%
a taxa máxima de impermeabilização.
Em outras palavras, 20% do lote, no
mínimo, precisa permitir a infiltração
das águas no solo.
Quanto ao gabarito máximo, em zonas
adensáveis, este pode atingir até 90m
de altura.
Em síntese, taxa de ocupação; taxa de
impermeabilização; recuos e gabaritos
devem ser observados e considerados a
afim de garantir a ocupação do solo de
maneira adequada garantindo o
equilíbrio climático da cidade.
CONHECENDO O TERRENO Localização
O lote escolhido para a realização deste
estudo de anteprojeto está localizado
na Rua Alberto Maranhão entre as
perpendiculares Av. Rodrigues Alves e
Av. Afonso Pena, no Bairro do Tirol.
Figura 45.
59
Em seu entorno imediato tem-se o Lógico Cursos Aliados e imediatamente à frente, a
Anatel. Enfatiza-se ainda a relação espacial entre o lote a sua proximidade à Cidade das
Crianças e ao Parque das Dunas.
Figura 45: Localização do ADAPTO Fonte: www. googlemaps.com. Editado pela autora,2016.
Figura 46: Relação especial Fonte: www.googlemaps. com Editado pela autora,2016.
CIDADE DA CRIANÇA PARQUE DAS DUNAS LOTE DO ADAPTO
60
Já na figuras 47, é possível observar o que pode ser alcançando no campo da visão de
um observador que esteja acima do 10º pavimento de um prédio. A seta em amarelo
localiza exatamente a posição do terreno.
Na primeira imagem, o Parque das Dunas é retratado por meio da mancha verde. Na
segunda imagem, a Cidade da Criança é locada, por meio da mancha em amarelo.
Parque das dunas
Cidade da criança.
Figura 47: Campo de visão do ADAPTO Fonte: www.googlemaps.com. Editado pela autora,2016.
61
DIMENSÕES:
O lote:
O lote, como já apresentado, está localizado na Rua Alberto Maranhão, entre as
perpendiculares Rodrigues Alves e Afonso Pena. Apresenta uma área de 1.630,19m² e
164,32 metros linear de perímetro. A imagem a seguir apresenta as dimensões físicas
do terreno.
Figura 48: O lote do ADAPTO. Fonte: www.googlemaps.com. Editado pela autora,2016.
62
TOPOGRAFIA:
A imagens da figura 49 é referente à topografia do terreno. O seu perfil natural possui
um desnível de aproximadamente 3 metros. As curvas de nível variam da cota 30, o
ponto mais alto do lote, até a cota de número 28, então ponto mais baixo. 3
Por meio do gradiente de declividade é possível notar melhor que as curvas de nível
estão posicionadas diagonalmente em relação aos vértices do terreno. A testada do
terreno está levemente rotacionada 20º para o nordeste geográfico em relação ao
Norte. De porte predominantemente arbustivo, a vegetação do terreno não implicará
em maiores dificuldades projetuais. Com relação ao solo, Natal como um todo é de
formação Dunar, consequentemente não se espera encontrar rochas no terreno que
dificultem a execução do ADAPTO.
3 . Importante destacar que as cotas são referenciadas a partir do mapa topográfico da
cidade do Natal Semurb 2007. 3
Figura 49: Topografia Fonte: Semurb 2007. Editado pela autora,2016.
63
CONDICIONANTES AMBIENTAIS E
DESEMPENHO TÉRMICO DAS
EDIFICAÇÕES.
Neste capítulo abordam-se os aspectos
gerais com relação ao clima de Natal e
quais são as estratégias bioclimáticas
recomendadas para se construir na
cidade. A principal referência adotada
será a NBR 15220-3, que preconiza as
diretrizes bioclimaticas de acordo com
as suas zonas. A norma organiza o
território brasileiro em zonas
bioclimáticas e formula como
parâmetros 4 soluções construtivas que
estarão diretamente relacionadas a
qualidade e desempenho térmico-
ambiental da edificação. São elas:
Tamanho das aberturas
(diretamente relacionada a
passagem de ventilação);
Proteção destas aberturas;
Vedações externas (paredes e
cobertura da edificação);
Estratégias de condicionamento
térmico-passivo
A Figura 50 expõe estas zonas e
enfatiza, com o ponto vermelho, Natal
no mapa. Locado na zona bioclimatica
de número 8, esta zona comporta,
como se observa, todo o litoral
Nordestino, Norte e parte do litoral
Sudeste brasileiro.
Segundo ela, a principal característica
da zona 8 é o seu clima quente e úmido.
Assim, as estratégias bioclimaticas para
se ter um maior conforto térmico das
edificações localizadas nesta zona são
as que envolvem desumidificação do ar
por meio, principalmente da ventilação
cruzada. A norma fornece ainda
diretrizes de como se alcançar este
objetivo, podendo ser visualizada nas
próximas figuras.
Figura 50: Zonas bioclimáticas Fonte: NBR15220/3. Editado pela autora,2016.
64
A Tabela de número 1, retirada da
própria NBR15220/3 afirma que os
espaços locados na zona bioclimatica 8
devem ter grandes aberturas, e estas
também dever ser sombreadas. Como
estratégia então o ADAPTO fará uso de
painéis verticais vazados em conjunto
com as esquadrias de modo a permitir
sombreamento, passagem de
iluminação quando desejada e
ventilação constante. Pode-se perceber
que esta abordagem foi efetuada
também no tópico de referenciais
projetuais pontuais, por meio do
precedente ITAIM, do Studio MK27.
A figura 51 sugere, como estratégia do
condicionamento térmico passivo, a
ventilação cruzada permanente.
Por meio do estudo de pressão nas
fachadas da edificação será possível
adotar quais serão os melhores
posicionamentos das aberturas do
ADAPTO. Este estudo será
demonstrado em capitulo dedicado.
O conceito de ventilação está
relacionado ao movimento do ar,
causado pela diferença de pressão.
Quando o vento atua sobre um
obstáculo, cria-se uma zona positiva de
compressão (alta pressão) e outra
negativa de subpressão (baixa pressão)
que gera a circulação de ar.
Figura 51: Condicionamento térmico Fonte: NBR15220/3. Editado pela autora,2016.
Tabela 1: Ventilação e sombreamento de aberturas Fonte: NBR15220/3
65
Sendo assim, as aberturas de uma
edificação devem ser estudadas de
modo que a zona de baixa pressão atue
como sucção do ar que se infiltrou pela
zona de alta pressão, aproveitando a
inércia natural dos ventos
(MONTENEGRO, 1984).
Figura 52: Ventilação cruzada Fonte: Elaborado pela autora,2016.
66
METAPROJETO
Público alvo | Programa de necessidades |
Pré-dimensionamento|
PÚBLICO ALVO
Antes de definir o programa de
necessidades, precisa-se entender para
quem este programa será direcionado.
Neste caso, o ADAPTO, contemplará
àqueles que desejam uma moradia
versátil, ou seja, uma moradia que, com
o passar dos anos, se adeque as
necessidades de cada pessoa, em
principal aos que possam apresentar
limitações físicas motoras.
Espera-se um público de aposentados,
que desejam uma residência com um
programa de necessidades explorado
para esta faixa etária. Frisa-se ainda que
a proposta é não excludente a demais
público que se interessem por um
ambiente mais tranquilo e com
comodidades que serão citadas.
Em resumo, o público alvo é o idoso
contemporâneo, urbano, classe média
alta, inserido no contexto da cidade e
sendo este pouco dependente e lúcido.
PROGRAMA DE NECESSIDADES
No capítulo 3, destinado aos três
referenciais projetuais que embasaram
esta pesquisa, frisou-se a importância
daqueles estudos para a concepção do
programa de necessidades do
ADAPTO, além de alguns deles
servirem também de referências para as
estratégias bioclimaticas que se
adotarão.
O presente capítulo retoma, por meio
de um quadro síntese comparativo
entre os estudos apresentados, a
didática da construção do programa de
necessidades e as suas adequações para
a realidade do ADAPTO.
Busca-se então um programa que
corresponda ao de um edifício
multifamiliar, com a ressalva do público
alvo idoso. Apresentará semelhanças
quanto aos programas mínimos de
espaços internos a qualquer
apartamento, mas com especificidades,
como a inserção do desenho universal
em todas as unidades habitacionais e
áreas comuns do ADAPTO.
Assim, tem-se o quadro comparativo na
Figura 53 a seguir.
67
Figura 53: Programa de necessidades. Fonte: Elaborado pela autora,2016.
68
Por meio do quadro síntese, é possível
analisar a partir das cores em comum
quais foram as adequações e
concordâncias do ADAPTO frente aos
referenciais estudados. Por exemplo, se
no CUGAT, HILÉIA e MORRO BRANCO
há recepção, no ADAPTO, de uso
exclusivamente residencial, por não
precisar de uma recepção, ela foi
substituída pelo espaço da sala do
sindico, que funciona como sala
administrativa do condomínio.
A sala de descanso, presente no
CUGAT, foi comparada a criação de um
jardim ecumênico no ADAPTO. Essa
questão, por exemplo é cultural. Pelo
fato de o Brasil ser um país com muitas
crenças e costumes achou-se por bem
definir uma área que remetesse à fé, ao
descanso e a paz. Essa área que é
externa foi chamada de jardim
ecumênico.
Há ainda uma sala multiuso que, pode
ser adaptada para funcionar como sala
de terapia por exemplo ou até como
primeiros socorros.
É importante destacar que, embora
apresentem áreas que se relacionam
diretamente com a prestação de
serviços, estes devem ser contratados
por particulares, ou seja, o ADAPTO
fornece a estrutura necessária, mas o
seu uso é exclusivamente residencial e
não de serviços.
A área de piscina englobaria não
somente a piscina, mas a estrutura que
a complementa como área de lazer com
churrasqueira.
No caso do salão de festa, este pode
funcionar também como um espaço
multiuso, tanto para festas quanto para
pequenas reuniões com o projetor ou
televisor que possa ter.
Há ainda definido no programa de
necessidades uma lavanderia
comunitária. Tanto no Cugat como no
Hiléia a presença desse ambiente
permitiu que se pensasse também para
o ADAPTO, mesmo este sendo
residencial. Caso o morador ache por
bem usar o espaço este estará pre
dimensionado para conter maquinas de
lavar, secar, pia e espaço para passar a
roupa.
Com relação as unidades habitacionais
individuais, ou seja, os apartamentos,
pensou-se em dividir o programa em
unidades tipo 1 e unidades tipo dois.
Assim, os apartamentos tipo 1 são
pensados para um casal que não
necessite permanentemente de
69
cuidador. O apartamento contém 1 suíte e caso seja necessário que o cuidador durma
no local a sala tem espaço para acomoda-lo. Devido a esta conformação foi pensando
um banheiro social completo e não um lavabo. Finalizando a U.H tipo 1 há cozinha; área
de serviço; sala de jantar e estar e varanda gourmet.
Já a U.H (unidade habitacional) do tipo 2 é ideal para a situação de o idoso necessitar
constantemente da presença de um cuidador ou aquele que ainda divide seu lar com a
presença de familiares. São então duas suítes sendo uma delas reversível (atendendo
como banheiro social e como banheiro da suíte) além de cozinha; área de serviço; sala
de jantar e estar e varanda.
Destaca-se que ambas as unidades foram concebidas à luz do desenho universal
acessível, principalmente no cuidado dos espaços para cadeirantes. O esquema a seguir
resume as unidades.
Figura 54: Programa de necessidades dos apartamentos do ADAPTO. Fonte: Elaborado pela autora,2016.
70
PRÉ DIMENSIONAMENTO
Na etapa de pré-dimensionamento do
ADAPTO levou-se em consideração os
estudos de referências indiretos e
diretos realizados, como também se
consultou códigos e legislações
complementares.
Assim, o código de obras do município
do Natal em concordância com as
diretrizes mínimas de espaços da
Norma NBR 9050/2015 referente a
acessibilidade foram os dois materiais
mais consultados. Finalmente pontua-
se também o código de combate e
prevenção contra incêndio e pânico do
Estado do Rio Grande do Norte e
também o Plano Diretor do município.
Esses dois últimos materiais auxiliaram
nos dimensionamentos principalmente
das áreas comuns, como circulações
mínimas; escadas.
Iniciou-se a construção do pré-
dimensionamento a partir do estudo de
limitantes que as prescrições
urbanísticas iriam impor. Tem-se a
seguinte situação:
- Lote com 1630,19 m² de área;
- Coeficiente de aproveitamento: 3,5
- Para um aproveitamento máximo do
terreno então: 3,5*1630,19= 5,705,66m²
Para as zonas adensáveis, caso no Tirol,
o gabarito máximo é de 90m.
- Para área permeável era necessário
deixar 20% do terreno virgem, ou seja,
326,03m² do seu total.
- Finalmente o cálculo dos recuos que
indicariam o que se pode ocupar do
lote. Para o caso do Tirol zona
adensável e no caso do APATO
respeitou-se o seguinte: 3m+h/10 para
recúo frontal, sendo h=altura da
edificação. Para recuos laterais e de
fundo 1,5+h/10. Vale notar que não é
exigido recuo de fundo para
construções de até dois pavimentos.
Começando com os estudos de pré-
dimensionamento das áreas internas
dos apartamentos, o código de obras do
Natal direciona o projetista para
respeitar áreas mínimas dos ambientes
em concordância com pé direito
mínimo. Assim, conforme sua
destinação e tempo de permanência, os
ambientes são classificados como de
uso prolongado, transitório e especial.
A figura 55 mostra o quadro síntese
referente ao uso residencial.
71
No ADAPTO, portanto, todos os ambientes respeitam os indicados para área mínima e
dimensões mínimas dos cômodos. Antes de expor o quadro síntese dos ambientes e
suas dimensões correspondentes no ADAPTO, é importante destacar ainda as
indicações de espaços de acordo com a NBR9050/2015 referente a acessibilidade.
Todas as unidades habitacionais e área comum do edifício serão dimensionadas para
atender aos usuários portadores de necessidades especiais. A justificativa é considerar
que os idosos possam apresentar dificuldades motoras ao longo dessa fase da vida.
Assim por exemplo, a Norma indica para dormitório acessível a seguinte conformação:
Figura 55: Diretrizes mínimas para ambientes Fonte: Código de obras de Natal,2004.
Figura 56: Quarto adaptado Fonte: NBR9050/2015.
72
Para as áreas de sanitários e box há as seguintes indicações:
Todos os cômodos foram dimensionados respeitando-se as áreas de manobras com e
sem deslocamento, abordada nos capítulos iniciais deste trabalho. Assim o pré-
dimensionamento das unidades do ADAPTO estão assim definidas:
Figura 57: Áreas de sanitário e box Fonte: NBR9050/2015
Figura 58: U.H. tipo 1 Fonte: Elaborado pela autora,2016.
73
Com relação ao pré-dimensionamento das áreas comuns da edificação, consultou-se
mais uma vez o código de obras. No caso das garagens, por exemplo, há a indicação do
número de vagas necessários a depender do tipo de empreendimento e da
caracterização da via de acesso a edificação.
No caso do ADAPTO tem-se Rua Alberto maranhão classificada como coletora 02 e
que, portanto, exige o mínimo de uma vaga por unidade habitacional. Em
apartamentos de até 150m², como é o caso, basta 1 vaga de garagem por unidade.
Quanto às vagas de visitantes, é exigido 10% de vagas relativos ao número de
apartamentos no empreendimento.
Quanto as dimensões de cada vaga, entende-se que 2,40mx 4,50m seja suficiente e
acordado no código, no entanto, preferencialmente adota-se 2,50x5m ou 2,20x5,50
dependendo do sentido da vaga. A figura 60 na página seguinte faz referência ao
código. Importante enfatizar que isto se refere as vagas simples ou também
denominadas comuns. Por se tratar de um projeto voltado para a terceira idade e ao
design universal, haverá vagas acessíveis e vagas destinadas a idosos. Assim, respeita-
se as indicações da NBR9050/2015 e também as resoluções do CONTRAM, que são a
Figura 59: U.H tipo 2 Fonte: Elaborado pela autora,2016.
74
236/07;303/08 e 304/08. As vagas, portanto, apresentarão largura mínima de 2,50 +
acréscimo de faixa livre horizontal de 0,20cm e 1,20 de cada lado.
Como as demais áreas do ADAPTO são destinadas ao uso comum, como a área de lazer,
possuem dimensões muito variáveis que podem ir se adequando conforme evolução da
proposta. No capítulo mais a frente, com uma melhor definição do projeto, retoma-se
esses valores.
Figura 60: Vagas automotivas Fonte: Código de obras de Natal,2004./
75
CIRCULAÇÃO VERTICAL
Uma peculiaridade do ADAPTO foi
conceber, no sistema de circulação
vertical, elevadores para maca. Pela
norma NBR 14712, esta indica cabinas
de dimensões internas de no mínimo
1,20m de largura por 2,20m de
comprimento, com portas de 1,10m,
obrigatoriamente. Assim, consultou-se
junto a sites de fabricantes alguns
modelos de elevadores para maca e
suas dimensões.
Figura 61: Elevador para maca Fonte: www.alfaelevadores.com.br
76
Por se tratar de uma edificação superior
a 60 metros de altura, o código de
combate a incêndio do RN dispõe de
diretrizes especificas para este caso.
Assim, instalação de uma antecâmara ,
com elevador de emergência, além das
exigências regulares para edificações
verticais foram atendidas. Assim tem-
se:
VI - edificações com altura superior a
sessenta metros:
a) prevenção fixa (hidrantes);
b) prevenção móvel (extintores de
incêndio);
c) compartimentação vertical;
d) chuveiros automáticos (sprinkler);
e) iluminação de emergência;
f) sinalização;
g) alarme de incêndio;
h) sistema de detecção;
i) escada enclausurada;
j) elevador de segurança;
k) área de refúgio;
l) pára-raios;
m) Instalação de hidrante público
77
ESTUDOS PRELIMINARES
Conceito |Estudos de implantação |
Tipologia | Zoneamento | Áreas totais
CONCEITO
Antes de expor o seu traço, uma
infinidade de ideias acompanha o
processo criativo de concepção de um
projeto por parte do arquiteto.
O conceito expressa a ideia subjacente no desenho e orienta as decisões de projeto em uma determinada direção, organizando e excluindo as variantes (LEUPEN,2004).
No caso do ADAPTO, o conceito
COMUNIDADE, sendo este metafórico,
auxiliará nas definições das próximas
soluções projetuais do edifício.
A escolha desse conceito se deve
basicamente ao fato de se compreender
a sociabilização como um dos fatores
mais importantes para a qualidade de
vida do longevo, e esta tem relação
direta com o espirito de coletividade
proposto por um viver em
COMUNIDADE.
Através do Partido arquitetônico, a
materialização desse conceito será
possível.
O partido arquitetônico define as características gerais do projeto, como uma “consequência formal derivada de uma série de condicionantes ou determinantes, como um resultado físico da intervenção sugerida” (RABELLO, 2007).
Assim, buscando um viver em
comunidade o partido arquitetônico
será o Pátio externo.
O estudo de referência indireto já
abordado nos capítulos iniciais, o
CUGAT, teve como partido
arquitetônico o pátio interno. Relembre
por meio da Figura 61.
Figura 61:Partido do Cugat. Fonte: www.archdaily.com/cugat
78
O ADAPTO está em oposição a este
partido.A Figura 62 mostra a relação.
O conceito de pátio interno está
diretamente relacionado a ideia de um “
edifício “introvertido” que proporciona
uma maior privacidade, vigilância e
segurança para que o homem realize as
suas atividades ao ar livre que é interna
ao espaço. (ALVES,2005). Dessa forma,
o edifício margeia a área livre do lote.
No caso do ADAPTO, a área livre ficará
no entorno do edifício, este último
ficando locado no centro do lote.
Entende-se assim que, em contraste ao
sentido de introspecção do pátio
interno, o pátio externo estimulará o
convívio coletivo por meio de áreas
ajardinadas que abraçam a edificação.
A intenção é propor que o idoso não
apenas interaja introvertidamente em
seu ambiente (como o pátio interno)
mas sim dialogue com a coletividade do
entorno.
Haverá, no ADAPTO, uma horta
elevada, chamada no programa de
necessidades de horta comunitária.
Este espaço, por exemplo, se localizara
na fachada frontal da edificação,
estimulando a ida do idoso até essa área
que dialoga diretamente com a Rua.
Não se deseja, portanto, isolar o idoso
do convívio da comunidade.
Figura 62: Partido do ADAPTO Fonte: Elaborado pela autora,2016.
79
ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO
Afim de otimizar o conforto ambiental da edificação e consequentemente sugerir a sua
melhor implantação no lote, é necessário entender o comportamento da iluminação e
da ventilação natural no terreno para se tirar partido delas. Não somente, a estrutura
topográfica e o entorno imediato das construções vizinhas também exercem influência
direta no aproveitamento do potencial bioclimático do terreno, podendo sombrear ou
empatar a ventilação a depender do seu gabarito e da sua orientação.
Para entender melhor o comportamento dos agentes naturais no terreno, a carta solar
do município de Natal foi sobreposta ao terreno escolhido.
Figura 63: Carta solar sobreposta ao ADAPTO Fonte: www.sunearthtools.com. Editado pela autora.
80
Observa-se assim que a testada Norte e Nordeste do terreno recebera incidência solar
durante todo o dia no solstício de inverno. Já os limites sul e sudoeste recebem durante
todo o dia no solstício de verão. Os limites leste e sudeste recebem sol durante toda a
parte da manhã e durante todos os meses do ano. Já a os limites oeste e sudoeste
durante parte da tarde, a partir de 12h durante todos os meses do ano. É importante
destacar, no entanto que o efeito de sombreamento sofrera influência direta devido a
presença de uma edificação de 10 pavimentos à oeste, vizinho direto do ADAPTO. Por
consequência, o ADAPTO se beneficiará visto que, nos horários críticos de insolação do
poente, o seu vizinho será responsável direto pelo sombreamento de sua fachada
oeste.
Ao interpretar a Rosa dos Ventos da Cidade do Natal, é possível observar uma
predominância no sentido destes advindas do sudeste e do sul. Figura 64 na página
seguinte.
Do ponto de vista desse comportamento no lote em questão, este não sofrerá maiores
mudanças. O lote leste vizinho é uma edificação de apenas dois pavimentos. Assim, o
vento poderá seguir seu fluxo normal não sendo bloqueado pela edificação. A situação
seria oposta por exemplo, se a edificação do lote oeste estivesse locada do lado leste.
Sem dúvidas o vento chegaria com menor intensidade no ADAPTO.
Em síntese, há uma condição do entorno favorável a se aproveitar as potencialidades
de cada situação quanto ao conforto bioclimatico.
Um adendo: com relação a topografia, esta embora apresente um desnível acentuado,
é provável que os pavimentos de garagem se localizem no subsolo, e a consequência
direta é uma movimentação de terra muito intensa. Assim, objetiva-se planar o máximo
a edificação visto que quanto mais plano, melhor para acessibilidade.
81
Figura 64: Rosa dos Ventos de Natal. Fonte: INPE.
82
Após a análise das condicionantes
ambientais no terreno, e objetivando-
se respeitar o partido arquitetônico do
pátio externo, os primeiros estudos de
implantação puderam ser realizados.
Em um primeiro momento, pensou-se
em adotar a implantação longitudinal
ao lote, de maneira a posicionar as
maiores fachadas para o Norte e Sul e as
menores fachadas para Leste e Oeste,
pois desta maneira as maiores fachadas
estariam sombreadas a maior parte do
tempo. No entanto, com essa
disposição os apartamentos tenderiam
a uma redução de área interna, uma vez
que as maiores dimensões do lote estão
no sentindo norte e sul. Ao se aplicar os
recuos mínimos de frente de lote; de
fundo e de lateral, a área restante era
insuficiente para o desenvolvimento do
programa de necessidades.
Diferente do primeiro estudo de
implantação, o segundo está em
concordância com o sentido do lote.
Assim, os blocos de apartamentos
apresentariam área suficiente para
desenvolver o seu programa de
necessidades. Figura 65: Implantação Fonte: Elaborado pela autora,2016. .
83
As maiores fachadas, orientadas para
leste e oeste permitem maior
aproveitamento da ventilação natural.
Quanto as aberturas, estas serão
trabalhadas posteriormente nas suas
estratégias de sombreamento. Nos
próximos capítulos serão apresentados
tais estudos.
EVOLUÇÃO TIPOLÓGICA
O processo de evolução da tipologia
pode ser descrito em dois momentos
principais. Em ambos, o que mais
embasou o processo criativo foi o
conceito do ADAPTO, já comentando
nas páginas anteriores (comunidade);
atrelado a importância de se considerar
o conforto ambiental e o desejo de
exploração da paisagem cênica do
entorno.
Sem entrar nas discursões urbanísticas-
sociais que envolvem a Favela, não
havia como dissociar do conceito do
ADAPTO o maior expoente de “
comunidade” do país. A figura 66 é
especialmente importante neste
contexto. Por mais similares que as
edificações se apresentem, ao se
proporcionar cor nas fachadas, criou-se
uma certa identidade ao local.
Relacionado ao conceito de
comunidade, se procurava, portanto,
uma tipologia de desencontros; de
movimento; de dinamismo e de
identidade para esta comunidade de
idosos.
Em um primeiro momento, pensou-se
em adotar dois blocos desencontrados
e locar a circulação vertical de maneira
a permitir que ambos os apartamentos
conseguissem a visual para a Cidade da
Criança a Oeste e o Parque das Dunas
ao leste.
No entanto a tipologia foi abolida. As
desvantagens desta configuração
foram estética e funcional. O volume da
caixa de escada geralmente não é dos
mais interessantes e estaria local na
fachada principal da edificação,
escondendo praticamente um dos
apartamentos. De fato a configuração
atendia a proposta de permissão da
visual e também do dinamismo dos
desencontros de blocos.
Figura 66: Favela Santa Marta -RJ Fonte: www.designboom.com
84
Bioclimaticamente, os ventos não
atenderiam satisfatoriamente o
primeiro bloco de apartamentos, o mais
ao norte.
Mudando a posição da torre de escada,
mas, no entanto, sem abandonar a ideia
principal, foi possível perceber que a
orientação favorecia melhor as
condições de conforto. O vento poderia
penetrar em maiores áreas de fachada.
A torre de escada beneficiaria o
apartamento mais ao norte pois
sombreará parte de sua fachada oeste.
Lapidando melhor a proposta, chegou-
se ao produto final. Os cubinhos foram
organizados no volume único e, com a
fachada “recortada” o ADAPTO
preservava a ideia de movimento e
dinamismo.
Com relação a visual, ambos os
apartamentos conseguem, nesta
disposição observar o parque das dunas
e a cidade das crianças.
Com relação a intenção de identidade,
esta será melhor trabalhada nas etapas
mais à frente do trabalho.
Figura 67: Estudos 1 e 2 Fonte: Elaborado pela autora,2016.
85
ZONEAMENTO
Por se tratar de uma edificação vertical
a etapa de zoneamento será então
dividida em zoneamento vertical e
zoneamento horizontal.
Desde o início da concepção projetual,
procurava-se considerar o estudo das
condições bioclimaticas para se
otimizar o zoneamento. Figura 68.
Do lado oeste da planta da U.H. tipo 01
será locada a parte de serviço. Suíte
será locada na zona íntima, lado leste da
edificação para aproveitar melhor a
ventilação natural provinda do sudeste,
sumariamente. No centro da planta, a
ala social servindo de conector entre
ambas as outras zonas. Para o
zoneamento do apartamento tipo 02, a
área de serviço permaneceu no oeste da
planta. A área social mais uma vez no
centro, conectando as três zonas. Uma
diferença em relação a U.H tipo 01 foi a
divisão da área intima em duas partes.
Importante comentar que o quarto para
o oeste não terá em sua fachada oeste
nenhuma abertura a fim de proteger o
usuário do calor do poente.
Figura 68: Zoneamento U.H.1 Fonte: Elaborado pela autora,2016.
86
Importante comentar que, inicialmente
desejava-se concentrar toda a área
intima do lado leste, no entanto por
questões de soluções espaciais não se
conseguiu tal resultado pois alongava-
se demais uma única fachada para
comportar estes dois quartos.
Figura 69: U.H.2 Fonte: Elaborado pela autora,2016.
87
No zoneamento vertical da edificação, figura 70, procurou-se separar os ambientes de
acordo com a intenção de cada zona. Assim, os últimos pavimentos são destinados a
segurança e áreas técnicas. Tem-se, portanto, a parte de área de resgate e casa de
máquinas. Os pavimentos intermediários, ao todo 23, compões as unidades tipo 01 e
tipo 02. Quanto aos pavimentos iniciais foi pensando em dividir o mezanino em duas
zonas: a zona saúde e a zona lazer. A zona saúde contém o park- horta elevada +
academia. A intenção é fazer com que os idosos caminhem no park-horta e, quando
convém, realizem atividades na academia. O salão de festas também está no
pavimento mezanino a fim de permitir contemplação para a área de lazer e piscina.
Frisa-se ainda que, na área de lazer há apoio para eventos, caso se deseje realizar ao ar
livre.
No térreo há a sala multiuso e a sala de pilates. Optou-se por zonear a sala de pilates
próxima aos jardins, a fim de integrar as atividades deste espaço com a área externa,
caso se deseje.
Finalmente o subsolo, com garagens e áreas de depósito, lavanderia; serviços em geral
e áreas técnicas.
Figura 70: Zoneamento vertical Fonte: Elaborado pela autora,2016.
88
A PROPOSTA
ADAPTO
89
É Chegada a última fase do trabalho.
Depois dos estudos de precedentes e de
toda a morfologia projetual adotada, foi
possível formar o ADAPTO.
As páginas seguintes são dedicadas às
plantas baixas dos apartamentos; do
térreo; do mezanino além de conter o
memorial descritivo deste anteprojeto.
Neste memorial se abordarão as
soluções bioclimáticas adotadas para
este caso específico; além do pré
dimensionamento estrutural; das
soluções hidráulicas adotadas; elétricas
e finalmente a volumetria final da
proposta.
UNIDADES HABITACIONAIS –
PRINCIPAIS SOLUÇÕES ADOTADAS
Desde o início da concepção projetual,
se fazia necessário considerar as
diretrizes do desenho universal como
fator orientador da proposta.
Relembrando o que foi disposto no
primeiro capítulo deste trabalho a
respeito da existência de conceitos para
se conseguir a acessibilidade plena, um
dos que mais se destacaram foi o de uso
simples e intuitivo do espaço. (Figura
71). Buscou-se então a construção de
uma planta que ofereça esse cuidado e,
um dos critérios adotados, foi o de criar
áreas livres de corredores internos.
Assim, procurou-se desenvolver plantas
em que todos os ambientes do
apartamento pudessem ser
visivelmente identificados de
praticamente um único ponto.
A separação entre as áreas social,
íntima e de serviço se dá basicamente
pelas opções de layout.
Figura 71: Uso simples e intuitivo Fonte: SÃO PAULO,2010.
90
A figura 72 a seguir é referente a planta
baixa do pavimento tipo. Observa-se
nas duas unidades habitacionais a
planta livre de corredores. Os
ambientes funcionam como
interligadores dos espaços. Enfatiza-se
ainda as projeções das áreas de
manobras para cadeirantes, foco
principal do design universal
trabalhado.
Outra peculiaridade dos apartamentos
foi o uso intencional de portas de correr
em quase todos os ambientes. Por
serem mais fáceis de manusear e e
Figura 72: Planta baixa Pavto.tipo Fonte: Elaborado pela autora,2016.
91
também por otimizar os espaços. Essa
solução foi respeitada de acordo com as
indicações sugeridas em Norma.
(NBR9050/2015), ou seja, com a
maçaneta que evita o recolhimento
total das portas.
Com a planta baixa já definida, pode-se
visualizar melhor o zoneamento
interno, na figura 73, as unidades tipo 1
e tipo 2 respectivamente.
Pensando para o idoso mais
independente e lúcido, o apartamento
tipo 1 dispõe de 1 suíte, tendo a sala
como espaço possível para funcionar
como apoio caso precise de alguém
para dormir, esporadicamente.
Já na U.H.tipo 2 foi pensando para uma
família maior ou para o idoso
dependente, que pode ter uma das
suítes voltadas para o cuidador. Esta
última, por ser reversível, atende tanto
a suíte como também os visitantes, ela
foi classificada como área social-íntima.
Figura 73: Zoneamento definido Fonte: Elaborado pela autora,2016. .
92
Importante mencionar ainda a
preocupação com as janelas. Neste
projeto respeitou-se as indicações de
altura de aberturas e visuais para
portadores de necessidades especiais.
Todas as esquadrias que não exigirem
privacidade (caso do banheiro) são
dotadas de peitoril envidraçado
começando a 60cm do piso acabado.
Além disso, o alcance manual da janela
deve ser entre 0,60m e 1,20m.
(NBR9050/2015). Não serão detalhadas
as esquadrias para esta etapa de
projeto.
SOLUÇÕES BIOCLIMÁTICAS
ADOTADAS
Para este projeto, as soluções
bioclimáticas adotadas foram:
Marquises/ pérgolas nas
fachadas Norte e Sul
Brises articulados na Fachada
Leste
Determinação dos coeficientes
de pressão das fachadas.
(Ventilação).
A opção por este Sistema de proteção,
por meio de projeção horizontal para as
fachadas Norte e Sul é o mais indicado
devido ao fato de receber insolação
durante a manhã e tarde. Contrário a
esta situação, os brises das Fachadas
Leste e Oeste devem estar na frente das
janelas pois estas fachadas recebem o
sol do início da manhã no lado leste e de
parte da tarde do lado oeste.
Para o ADAPTO foi concebido um brise
que permitisse a permeabilidade visual
para o exterior, dependendo do desejo
Figura 74: Pérgolas e Marquises Fonte: Elaborado pela autora,2016.
93
do usuário, além de viabilizar a
ventilação para o interior do
apartamento. São brises venezaianas
articulados .Estes foram adicionados
apenas a Fachada leste da edificação,
uma vez que é nela que estão as
maiores aberturas. Na fachada Oeste
não foi necessário este tratamento,
uma vez que as janelas, quando
existentes, são de pequenas dimensões
e no caso da área de serviço a não sua
não proteção se torna benéfica.
A figura 75 exemplifica o brise
concebido e seu comportamento na
fachada Leste do ADAPTO.
O mais interessante nesta proposta,
além da proteção das esquadrias, é
resgatar o conceito de identidade e
dinamismo do projeto e suas unidades
habitacionais. Na medida em que cada
morador tem a liberdade do
manuseio,o observador externo notará
um “ prédio vivo”, ou seja, cada
pavimento se comportando ao desejo
do morador.
Figura 75: Brise articulado do ADAPTO Fonte: Elaborado pela autora,2016.
94
DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES
DE PRESSÃO DAS FACHADAS
Por estar localizado na Zona
Bioclimática de número 8, a estratégia
bioclimatica mais importante é permitir
a troca de calor interno dos ambientes
com sua desumidificarão. Uma forma
de fazer isso é por meio da ventilação
cruzada.
As aberturas de cada cômodo foram
pensadas para que, quando, em
conjunto, funcionar como um sistema
perfeito de diferença de pressão
proporcionado assim a troca de ar
interna dos apartamentos.
Para viabilizar este estudo, a seguinte
metodologia de análise foi realizada:
Determinação do ângulo de
incidência dos ventos por meio
da sobreposição da Rosa dos
Ventos no Terreno;
Determinação dos coeficientes
de Pressão das fachadas
empregando-se os diagramas
propostos pela ASHRAE.
Para isso, traça-se uma normal a todas
as fachadas. Feito isso, o coeficiente de
pressão é identificado por meio do
ângulo formado entre a incidência do
vento e o azimute da fachada analisada,
no sentido horário.
Para o ADAPTO, considera-se o ângulo
de incidência do vento
aproximadamente 30º visto que a
implantação da edificação está a
aproximadamente 20º para oeste,
seguindo a direção do lote.
Figura 76: Incidência dos ventos Fonte: Elaborado pela autora,2016.
95
Os diagramas da figura 77 classificam os coeficientes de pressão a depender da
angulação que forma com o ângulo da Normal da fachada. No caso do estudo do
ADAPTO, tem-se a seguinte configuração:
Figura 77: Diagramas de coeficientes de pressão. Fonte: INPE CRN
Figura 78: Resultados das análises de coeficiente de pressão.
96
Por meio da determinação dos coeficientes de pressão, se pode afirmar que a
ventilação cruzada foi satisfatoriamente efetiva no projeto. Priorizou-se a locação dos
quartos na posição de maior incidência dos ventos, visto o grau alta permanência que o
espaço apresenta para seu usuário. Garantindo a privacidade total do cômodo, mesmo
com suas portas de entrada fechadas, o ar consegue circular pois a troca é favorecida
no sistema aberturas quarto-banheiro. Na figura 79, setas demonstram o percurso do
vento e seu funcionamento nos apartamentos.
Figura 79: Resultado da ventilação cruzada Fonte: Elaborado pela autora,2016.
.
97
SOLUÇÕES PROJETUAIS PARA AS ÁREAS COMUNS
Neste capítulo deseja-se enfatizar duas soluções projetuais que foram especialmente
pensadas para o ADAPTO.
1: O espaço do Park-horta elevado.
A solução foi concebida para funcionar primeiramente de marquise para a área de
desembarque imediato. Por se entender que o idoso em determinada época da vida
não mais vai dirigir, este se tornará dependente de caronas; serviços de taxi; ou em
alguns casos de motoristas particulares. A intenção de criar uma área de desembarque
protegida das adversidades climáticas (chuva) garantiria o conforto necessário para o
deslocamento do idoso entre entrada e saída da edificação. Para dar um uso a esta
marquise, optou-se por torna-la um Park-horta elevado. Assim, a comunidade do
ADAPTO pode, se desejar, ter uma horta orgânica dentro da própria habitação, além
de estar locado na fachada Norte, em contato direto com a Rua Alberto Maranhão, e
portanto, local de interação indireta com o meio público .
Figura 80: Park-horta elevado Fonte: Elaborado pela autora,2016.
98
2. Os jardins
O partido do “pátio externo” foi trabalhado especialmente nas áreas comuns. Com
espaços destinados a jardins e ilhas verdes específicas, tais quais o jardim dos netos e o
jardim ecumênico, o verde está presente em todo o entorno da edificação. Desejava-se
assim, criar espaços convidativos para os mais diversos momentos do idoso. No Park
dos netos a interação Inter geracional não poderia ficar imêmore.
Há também o jardim destinado a introspecção e relaxamento. Intitulado de jardim
ecumênico, este pode ser usado em conjunto ou não com a sala de pilates.
Propositalmente ele foi locado na saída deste ambiente para futuras integrações entre
ambientes.
99
ESTRUTURA
O sistema construtivo adotado foi o convencional composto por concreto armado em
sistema laje – viga – pilar. O lançamento estrutural e o pré- dimensionamento dos
elementos estruturais que compõe o edifício foram considerados a partir de alguns
parâmetros como espessura dos revestimentos inferior e superior da laje, cobrimento
dos materiais, localização da edificação a fim de saber qual o nível de agressividade
ambiental (que influencia diretamente na resistência final do concreto) além de dados
outros que serão mostrados nas tabelas a seguir.
Tabela 2: Parâmetros estruturais Fonte: Elaborado pela autora,2016.
PARÂMETROS CRITÉRIOS DO ADAPTO
Localização Bairro do Tirol
Número de Pavimentos
27
Pé esquerdo 2,89
Revestimento superior da laje
(elemento e espessura)
Contrapiso nivelador em
argamassa (3cm) +revestimento cerâmico (1cm)
Revestimento inferior da laje
Revestimento em Argamassa (1cm)
Assim, observa-se as seguintes propriedades geométricas dos materiais e elementos
que compõe o ADAPTO:
100
Tabela 3: Critérios usados no ADAPTO Fonte: Elaborado pela autora,2016.
PARÂMETROS CRITÉRIOS DO ADAPTO
COBRIMENTOS:
a: Lajes
b: Vigas
c: Pilares
a: 25mm
b: 30 mm
c: 30mm
*valores baseados na NBR 6118 (classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal).
Dimensões
padrão:
1.hmin.Lajes:
2.bmin.Vigas:
3.hmax.Vigas:
4.hxbmin.Pilares:
1. 8cm (NBR 6118,2007.
2. 13cm (Ambientes de
agressividade urbana)
3. 75cm (obtido a partir da
subtração do pé esquerdo
menos 2,20)
4.20x40cm (NBR
6118,2007 para dimensões
mínimas de pilar em
edificações de caráter
vertical).
Classe de
agressividade
ambiental do
edifício.
Classe II – ambiente
urbano,
Moderado e de baixo risco
de deterioração.
Importante considerar que, embora NBR 6118 estabeleça uma altura mínima para lajes
maciças de 7cm, no caso de Natal, cidade litorânea com alto índice de maritimidade
recomenda-se altura mínima para lajes maciças de 8cm.
Para encontrar a altura da laje maciça, o pre dimensionamento seguiu a seguinte
formula h=2.5% Lx, onde Lx corresponde ao menor vão da laje. Assim, de acordo com
a planta de forma da laje maciça, o maior valor entre os menores vãos das lajes que
101
compõe o sistema, limitará a hmin da laje. Assim, h= 2.5% 3.35 = 0.083 = 9cm de altura.
A figura a seguir expõe esta situação. A maior laje do sistema é a que está destacada.
Já a estimativa da altura das vigas foi determinada através das formulas h=10% do vão
para viga bi apoiada e h=10% do vão médio para viga continua. Como o pé esquerdo é
de 2,89m e a altura das portas e janelas será de 2,10m tem-se até 0,79m livre para altura
da viga, situação tranquila para o ADAPTO por não haver vãos livres maiores do que
6m.
Já com relação ao pré-dimensionamento dos pilares, tem-se ao todo 25 pilares. O
cálculo foi efetuado e a memória de cálculo está em anexo ao fim do trabalho.
Figura 81: Vão da laje Fonte: Elaborado pela autora,2016.
102
SISTEMA HIDRÁULICO
No ADAPTO foram previstos shafts hidráulicos nos banheiros para facilitar a
manutenção do sistema caso necessário. O cálculo de volume necessário dos
reservatórios superiores e inferiores foram feitos de acordo com o uso do
empreendimento; o número de pessoas; o consumo estimado por litro e também a
reserva técnica de incêndio e a reserva de segurança também contribuíram para o
cálculo deste volume. A principal referência consultada para os cálculos foram a
NBR5626 referente a instalação predial de água fria.
Assim, o consumo diário para uma pessoa em apartamento residencial é estimado em
200L/hab.dia. Considerando 2 pessoas número de quarto como se sugere para o cálculo
tem-se então 6 pessoas por pavimento, o que totaliza 1200l por pavimento de consumo
diário. Multiplica-se então por 23, que é o número de pavimentos tipo e chega-se ao
resultado 27.600l/dia.
Sugere-se reserva de segurança de dois dias, logo 27.600l x 2 = 55.200l de água.
Para a reserva de incêndio, separa-se 30% do total deste volume, que é 16.560 l
portanto.
O resultado final encontrado é do somatório 16.560 + 55.200 = 71.760 litros.
Dividindo em reservatório superior e inferior ( 60% e 40% da capacidade total,
respectivamente), estima-se portanto 43.056l para o superior e 28.704 para o
reservatório inferior.
RESERVATÓRIO DE REUSO DE ÁGUAS PLUVIAIS
A título de indicação, propõe-se um sistema de reuso de aguas pluviais no ADAPTO.
Assim, foi prevista uma área no subsolo para locação de um tanque de infiltração
exclusivo para as águas pluviais do reuso. Não foram detalhados nesta fase do projeto,
mas entende-se que funcionaria da seguinte maneira: As águas recolhidas, de todas as
partes do prédio, desde a cobertura, serão direcionadas por meio de tubulação
hidráulica até o tanque de infiltração. O tanque receberá as aguas pluviais até sua
capacidade máxima. Passando desta, pode infiltrar normalmente no solo permeável.
Quando se desejar fazer uso deste sistema, ou seja, quando a torneira do jardim for
103
acionada, automaticamente é ativada uma bomba de elevação desta agua acumulada
que poderá ser usada para a rega do jardim. Esquema simplificado do reuso. Figura 82.
Figura 82: Reuso de águas pluviais Fonte: Elaborado pela autora,2016.
.
104
Na figura 83 tem-se a locação do
Tanque de infiltração no projeto. Ele
está locado no subsolo em área
permeável.
Figura 83: Locação do tanque no ADAPTO Fonte: Elaborado pela autora,2016
105
ENERGIA RENOVÁVEL: AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA
No projeto foram previstas áreas para adição de boilers e captadores solar para
aquecimento de água. Assim, foi realizada uma visita técnica a um edifício vertical
multifamiliar que contivesse esse sistema e que, principalmente, apresentasse volume
de caixa d’água compatível com o do ADAPTO, indicando com isso a proximidade de
pre dimensionamento necessário para a atuação deste sistema de energia renovável.
Assim, o levantamento mostrou que era necessária uma área de aproximadamente
70m² para disposição dos coletores solares + boiler. Foi possível então, locar na
cobertura do ADAPTO este sistema. A figura 84 expõe o local visitado.
ELÉTRICO
Indica-se para o sistema elétrico do ADAPTO o uso de lâmpadas LED (Light Emitting
Diode, ou Diodo Emissor de Luz) pois a sua tecnologia proporciona economia de
energia e inúmeras outras vantagens, a citar o tempo de vida útil e a facilidade do
descarte já que não tem chumbo e mercúrio em sua composição.
Foram previstos Shafts elétricos nas áreas comuns do ADAPTO a fim de facilitar a
manutenção do sistema.
Figura 84: Sistema de aquecimento solar Fonte: Acervo da autora,2016.
106
BREVE AVALIAÇÃO DA PROPOSTA ARQUITETÔNICA
Diante de todas as soluções adotadas e concepção do anteprojeto ADAPTO,
pode-se visualizar melhor os resultados alcançados. Do ponto de vista das
prescrições urbanísticas, o aproveitamento máximo deste terreno seria de
5.705,66m² (1630,09*3.5), enquanto o alcançado foi de 5.320,02 m². Isto significa
que se conseguiu utilizar uma taxa de 3,26, considerado satisfatório visto que se
poderia se utilizar 3,5 ( Tirol). Com relação às áreas permeáveis, foram totalizados
21,8% correspondendo a 354,87m², superando o mínimo exigido 20%. Vale
lembrar que os recuos mínimos também foram atendidos.
Foram realizados ainda os estudos de ventilação cruzada e implementadas
estratégias de conforto ambiental na solução projetual, caracterizando assim
unidades habitacionais agradáveis do ponto de vista do conforto.
O desenho universal esteve presente em todas as unidades habitacionais e nas
áreas comuns ele não ficou imêmore. Neste momento enfatiza-se o foco deste
trabalho, pautado no desenho universal para cadeirantes. Sabe-se que mais
estudos precisariam ser feitos para atender as demandas necessárias para cegos;
surdos; e outros portadores de necessidades especiais. A colocação da sinalização
tátil, por exemplo, esteve presente pontualmente no ADAPTO. Em etapas futuras
e de avanço deste projeto, piso tátil direcional e sinalização sonora,por exemplo,
serão abordados com mais ênfase.
Por fim, esteve presente também a preocupação com as energias renováveis com
a prevenção de áreas para os captadores solares e tanque de absorção de aguas
pluviais para reuso.
107
ADAPTO PERSPECTIVAS
ADAPTO PERSPECTIVAS
ADAPTO PERSPECTIVAS
ADAPTO PERSPECTIVAS
108
Figura 85: Perspectiva da entrada Fonte: Elaborado pela autora,2016.
.
109
Figura 86: Desembarque imediato Fonte: Elaborado pela autora,2016
110
Figura 87: Park-horta elevado Fonte: Elaborado pela autora,2016.
111
Figura 88: Lazer Fonte: Elaborado pela autora,2016.
Figura 89: Jardins Fonte: Elaborado pela autora,2016.
112
Figura 90: Brises articulados na fachada leste Fonte: Elaborado pela autora,2016
113
Figura 91: Dinamismo na fachada Fonte: Elaborado pela autora,2016.
114
CONSIDERAÇÃOES FINAIS
O desenvolvimento deste trabalho envolveu não apenas um processo criativo de
concepção projetual, mas também técnico, de buscar em legislações; leituras e
estudos de referência as ferramentas fundamentais para permitir a sua viabilidade.
Desde o início dos estudos desse residencial multifamiliar vertical, os índices
urbanísticos foram levados em consideração e buscado seguir sua melhor utilização.
Trabalhar com um público alvo tão especifico, como o idoso, significava ter a
sensibilidade de propor um projeto que atendesse ao desenho universal. Todas as
áreas, desde as comuns até as individuais (os apartamentos tipo), foram concebidas
para permitir o livre acesso das pessoas com mobilidade reduzida, especialmente
cadeirantes, foco desse estudo. Sabe-se que para atingir um projeto com 100% do
design universal, mais estudos e detalhes precisariam ser realizados. Como a
demanda do programa de necessidades era extensa, foi difícil conciliar tudo em um
único anteprojeto. Para isto fica registrado que, provavelmente, um projeto
complementar de acessibilidade seria necessário e o desejo de continuar evoluindo
nas pesquisas permanece, para as etapas futuras.
Pensar um programa de necessidades que viabilizasse a qualidade de vida do público
alvo envolveu, desde a escolha do terreno, com um visual cênico paisagístico já
discutido, até chegar aos espaços comuns do edifício. Nesta questão entra por
exemplo o espaço multiuso, que pode servir de enfermaria; sala de terapia; sala de
fisioterapia bem como a preocupação de dispor de elevadores para maca, a fim de
facilitar o manejo do possível enfermo e a equipe de socorristas. Não se pode
esquecer dos jardins e da horta elevada, que proporcionam a interação entre a
comunidade de idosos do ADAPTO e criam um ambiente de natureza presente.
Foram contempladas ainda, estratégias bioclimáticas para melhorar a qualidade do
espaço, como por exemplo técnicas de ventilação cruzada e proteção das aberturas.
Acredita-se portanto, que o trabalho contribuiu para uma nova percepção no que
tange a relevância de se pensar universalmente um espaço, como também de extrair
vantagens, em qualquer tipo de projeto, dos condicionantes ambientais do local.
115
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118
ANEXO
Tabela 1: memória de cálculo dos pilares
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