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Volume 18 número 3 Novembro 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000. SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Editores Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Antônio Williams Moita Embrapa Hortaliças Arminda Moreira Carvalho Embrapa Cerrado Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Eduardo S. G. Mizubuti UFV Francisco Reifschneider Embrapa Hortaliças João Carlos Athanázio UEL José Geraldo Eugênio de França IPA José Magno Q. Luz UFU Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Maria Urbana C. Nunes Embrapa Tabuleiros Costeiros Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Paulo César R. Fontes UFV Ricardo J. Piccolo Argentina Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected] SUMÁRIO CARTA DO EDITOR 153 ARTIGO CONVIDADO Aspectos da fisiologia de cenoura minimamente processada. M. M. Lana 154 PESQUISA Alterações fenotípicas em cultivares de alface selecionadas para calor. J. H. Conti; F. C. A. Tavares. 159 Caracterização de diferentes substratos e seu desempenho na produção de mudas de alface em ambiente protegido. F. O. G. Menezes Júnior; H. S. Fernandes; C. R. Mauch; J. B. Silva. 164 Indução do florescimento e produção de sementes de alface com diferentes doses de ácido giberélico. M. Y. Reghin; R. F. Otto; A. Rocha. 171 Condução de melão rendilhado sob cultivo protegido. W. I. Maruyama; L. T. Braz; A. B. Cecílio Filho. 175 Qualidade de híbridos de melão após a aplicação de imidacloprid para controle de mosca-branca. G. G. Silva; E. F. Praça; J. B. Menezes; J. Gomes Junior; C. P. G. Vieira. 179 Comportamento de cultivares de alface em diferentes espaçamentos sob temperatura e luminosidade elevadas. V. F. Silva; F. Bezerra Neto; M. Z. Negreiros; J. F. Pedrosa. 183 Avaliação do crescimento de plantas de morangueiro, durante a aclimatização ex vitro. E. O. Calvete; A. N. Kämpf; H. Bergamaschi; R. H. S. Daudt. 188 Cultura de ápices caulinares e termoterapia na recuperação de plantas livres de vírus de alho. A. C. Torres; T. V. Fajardo; A. N. Dusi; R. O. Resende; J. A. Buso. 192 Divergência genética em germoplasma de abóbora procedente de diferentes áreas do Nordeste. S. R. R. Ramos; M. A. Queiróz; V. W. D. Casali; C. D. Cruz. 195 Efeitos de fertilizantes orgânicos na nutrição e produção do pimentão. S. C. Mello; H. S. Pereira; G. C. Vitti. 200 Modificações microclimáticas sob proteção de polipropileno cultivado com espécies hortícolas em Córdoba, Espanha. R.F. Otto; C. Gimenez; N. Castilla. 204 PÁGINA DO HORTICULTOR Frutificação e crescimento de frutos em abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ tratada com alfa-naftalenoacetatato de sódio. C. V. T. Amarante; A. F. Macedo. 212 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE Produção de sementes de feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica. E. U. Alves; A. P. Oliveira; R. L. A. Bruno; E. Araújo; J. A. L. Silva; E. P. Gonçalves; C. C. Costa. 215 Produtividade de sete genótipos de melancia em Dourados. L. A.K. Leonel; N. A. H. Zárate; M. C. Vieira; M. E. Marchetti. 222 Desempenho de cultivares de alface no Estado do Acre. F. J. S. Lédo; J. A. Sousa; M. R. Silva. 225 Avaliação de herbicidas de pós-emergência na cultura da cebola. J. Zagonel; M. Y. Reghin; W. S. Venâncio. 229 ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL Análise econômica preliminar de uma unidade de resfriamento a vácuo de alface. L. A. B. Cortez; L. C. Neves Filho; J. L. Cardoso. 232 Eficiência econômica do manejo racional da irrigação em tomateiro para processamento industrial. W. A. Marouelli; W. L. C. Silva; H. R. Silva; N. J. Vilela 238 ESPECIAL Palestras e resumos do VII Encontro Nacional de Mandioquinha-Salsa 244 ÍNDICES 263 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 267

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Volume 18 número 3Novembro 2000

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

SOCIEDADE DEOLERICULTURA DO BRASILPresidenteRumy GotoUNESP-BotucatuVice-PresidenteNilton Rocha LealUENF-CCTA1º Secretário

Arlete Marchi T. de MeloIAC

2º SecretárioIngrid B. I. BarrosUFRGS-Porto Alegre

1º TesoureiroMarcelo PavanUNESP-Botucatu

2º TesoureiroOsmar Alves CarrijoEmbrapa Hortaliças

COMISSÃO EDITORIAL D AHORTICULTURA BRASILEIRAPresidente

Leonardo de Britto GiordanoEmbrapa Hortaliças

EditoresAntônio T. Amaral Jr.UENF-CCTAAntônio Williams MoitaEmbrapa HortaliçasArminda Moreira CarvalhoEmbrapa CerradoCarlos Alberto LopesEmbrapa HortaliçasCésar Augusto B. P. PintoUFLAEduardo S. G. MizubutiUFVFrancisco ReifschneiderEmbrapa HortaliçasJoão Carlos AthanázioUELJosé Geraldo Eugênio de FrançaIPAJosé Magno Q. LuzUFUMarcelo Mancuso da CunhaIICA-MIMaria Aparecida N. SediyamaEPAMIGMaria do Carmo VieiraUFMS - CEUD - DCAMaria Urbana C. NunesEmbrapa Tabuleiros CosteirosMirtes Freitas LimaEmbrapa Semi-ÁridoPaulo César R. FontesUFVRicardo J. PiccoloArgentinaRenato Fernando AmabileEmbrapa CerradosSieglinde BruneEmbrapa Hortaliças

CORRESPONDÊNCIA:Horticultura BrasileiraCaixa Postal 19070.359-970 - Brasília-DFTel.: (061) 385-9000/9051Fax: (061) [email protected]

SUMÁRIOCARTA DO EDITOR

153

ARTIGO CONVIDADOAspectos da fisiologia de cenoura minimamente processada.M. M. Lana 154

PESQUISAAlterações fenotípicas em cultivares de alface selecionadas para calor.J. H. Conti; F. C. A. Tavares. 159Caracterização de diferentes substratos e seu desempenho na produção de mudas de alfaceem ambiente protegido.F. O. G. Menezes Júnior; H. S. Fernandes; C. R. Mauch; J. B. Silva. 164Indução do florescimento e produção de sementes de alface com diferentes dosesde ácido giberélico.M. Y. Reghin; R. F. Otto; A. Rocha. 171Condução de melão rendilhado sob cultivo protegido.W. I. Maruyama; L. T. Braz; A. B. Cecílio Filho. 175Qualidade de híbridos de melão após a aplicação de imidacloprid para controle de mosca-branca.G. G. Silva; E. F. Praça; J. B. Menezes; J. Gomes Junior; C. P. G. Vieira. 179Comportamento de cultivares de alface em diferentes espaçamentos sob temperatura e luminosidade elevadas.V. F. Silva; F. Bezerra Neto; M. Z. Negreiros; J. F. Pedrosa. 183Avaliação do crescimento de plantas de morangueiro, durante a aclimatização ex vitro.E. O. Calvete; A. N. Kämpf; H. Bergamaschi; R. H. S. Daudt. 188Cultura de ápices caulinares e termoterapia na recuperação de plantas livres de vírus de alho.A. C. Torres; T. V. Fajardo; A. N. Dusi; R. O. Resende; J. A. Buso. 192Divergência genética em germoplasma de abóbora procedente de diferentes áreas do Nordeste.S. R. R. Ramos; M. A. Queiróz; V. W. D. Casali; C. D. Cruz. 195Efeitos de fertilizantes orgânicos na nutrição e produção do pimentão.S. C. Mello; H. S. Pereira; G. C. Vitti. 200Modificações microclimáticas sob proteção de polipropileno cultivado com espécieshortícolas em Córdoba, Espanha.R.F. Otto; C. Gimenez; N. Castilla. 204

PÁGINA DO HORTICULTORFrutificação e crescimento de frutos em abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ tratada comalfa-naftalenoacetatato de sódio.C. V. T. Amarante; A. F. Macedo. 212

INSUMOS E CULTIVARES EM TESTEProdução de sementes de feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.E. U. Alves; A. P. Oliveira; R. L. A. Bruno; E. Araújo; J. A. L. Silva; E. P. Gonçalves; C. C. Costa. 215Produtividade de sete genótipos de melancia em Dourados.L. A.K. Leonel; N. A. H. Zárate; M. C. Vieira; M. E. Marchetti. 222Desempenho de cultivares de alface no Estado do Acre.F. J. S. Lédo; J. A. Sousa; M. R. Silva. 225Avaliação de herbicidas de pós-emergência na cultura da cebola.J. Zagonel; M. Y. Reghin; W. S. Venâncio. 229

ECONOMIA E EXTENSÃO RURALAnálise econômica preliminar de uma unidade de resfriamento a vácuo de alface.L. A. B. Cortez; L. C. Neves Filho; J. L. Cardoso. 232Eficiência econômica do manejo racional da irrigação em tomateiro para processamento industrial.W. A. Marouelli; W. L. C. Silva; H. R. Silva; N. J. Vilela 238

ESPECIALPalestras e resumos do VII Encontro Nacional de Mandioquinha-Salsa 244

ÍNDICES263

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO267

Address:Caixa Postal 19070359-970 Brasília-DFTel: (061) 385-9000/9051Fax: (061) [email protected]

Journal of the BrazilianSociety for Vegetable Science

Volume 18 number 3November 2000

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

CONTENT

EDITOR'S LETTER153

INVITED ARTICLEPhysiological aspects of minimally processed carrot.M. M. Lana 154

RESEARCHPhenotypical alterations in lettuce genotypes selected for heat tolerance.J. H. Conti; F. C. A. Tavares. 159Characterization and performance of different substrates for lettuce plug-type transplantsproduction under protected environment.F. O. G. Menezes Júnior; H. S. Fernandes; C. R. Mauch; J. B. Silva. 164Flowering induction and seed yield in lettuce with different doses of gibberellic acid.M. Y. Reghin; R. F. Otto; A. Rocha. 171Net melon fruit conduction in greenhouse.W. I. Maruyama; L. T. Braz; A. B. Cecílio Filho. 175Fruit quality of hybrid melons after application of imidacloprid to control whitefly.G. G. Silva; E. F. Praça; J. B. Menezes; J. Gomes Junior; C. P. G. Vieira. 179Effects of lettuce cultivars and spacings on lettuce leaf yield under high temperatureand sunlight.V. F. Silva; F. Bezerra Neto; M. Z. Negreiros; J. F. Pedrosa. 183Evaluation of the growth of strawberry plants during ex vitro acclimatization.E. O. Calvete; A. N. Kämpf; H. Bergamaschi; R. H. S. Daudt. 188Shoot tip culture and thermotherapy in recovering virus free plants of garlic.A. C. Torres; T. V. Fajardo; A. N. Dusi; R. O. Resende; J. A. Buso. 192Genetic diversity of squash germplasm from Northeast of Brazil.S. R. R. Ramos; M. A. Queiróz; V. W. D. Casali; C. D. Cruz. 195Effects of organic manures on the nutrition and yield of pepper.S. C. Mello; H. S. Pereira; G. C. Vitti. 200Microclimatic modifications under polypropylene protection for horticultural cropsin Córdoba, Spain.R.F. Otto; C. Gimenez; N. Castilla. 204

GROWER'S PAGEFruit set and fruit growth of ‘Tetsukabuto’ squash treated with the sodium salt ofalfa-naphthaleneacetic acid.C. V. T. Amarante; A. F. Macedo. 212

PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TESTSnap-bean seeds production accordingly to levels and sources of organic matter.E. U. Alves; A. P. Oliveira; R. L. A. Bruno; E. Araújo; J. A. L. Silva; E. P. Gonçalves; C. C. Costa 215Yield of seven genotypes of watermelon (Citrullus lanatus) in Dourados.L. A.K. Leonel; N. A. H. Zárate; M. C. Vieira; M. E. Marchetti. 222Performance of lettuce cultivars in the State of Acre, Brazil.F. J. S. Lédo; J. A. Sousa; M. R. Silva. 225Evaluation of herbicides on post emergent weed control in onion crop.J. Zagonel; M. Y. Reghin; W. S. Venâncio. 229

ECONOMY AND RURAL EXTENSIONPreliminary economic analysis of lettuce vacuum cooling system in Brazil.L. A. B. Cortez; L. C. Neves Filho; J. L. Cardoso. 232Economical efficiency of sound irrigation scheduling techinique for processing tomatoes.W. A. Marouelli; W. L. C. Silva; H. R. Silva; N. J. Vilela 238

SPECIALPapers presented at the VII Brazilian Meeting on Peruvian Carrot (Arracacia xanthorrhiza) 244

INDICES263

INSTRUCTIONS TO AUTHORS267

153Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

carta do editor

Na capa deste número da Horticultura Brasileira, v. 18 n. 3, estamos prestando uma justahomenagem ao IPA (Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária) que comemorou 65anos de existência no dia 7 de setembro passado. Nos congratulamos especialmente com a equipede pesquisadores que durante todo esse tempo vem se dedicando ao estudo das hortaliças.

Não poderíamos deixar de destacar a figura do saudoso colega LUIZ JORGE DA GAMAWANDERLEY, falecido em fevereiro de 1999, líder e mentor intelectual de muitos pesquisado-res que vêm dando continuidade ao seu trabalho. Sua equipe continua projetando o IPA comoinstituição de referência regional e nacional na área de olericultura. O conjunto de conhecimen-tos, tecnologias e produtos gerados pelo IPA tem tido repercussões que vão desde o plantio até amesa do consumidor. Reconhecendo a grande contribuição das pesquisas realizadas pelo ilustrepesquisador, o IPA rebatizou a antiga Estação Experimental de Vitória de Santo Antão, de Esta-ção Experimental LUIZ JORGE DA GAMA WANDERLEY.

Nesta oportunidade, externamos especial agradecimento aos editores e revisores “ad hoc”que vêm colaborando com a HB e contribuindo para melhorar cada vez mais o seu padrão dequalidade. Agradecemos ao editor Danilo Fernandes da Silva que está deixando o corpo editorialda HB para dedicar-se a outros afazeres profissionais em sua instituição de trabalho.

Como desde agosto deste ano a HB passou a aceitar trabalhos redigidos em espanhol, estamos,a partir deste número, contando com a colaboração do editor Ricardo J. Piccolo, da Argentina.Bienvenido y buen trabajo!

154 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

artigo convidado

O processamento mínimo de hortali-ças compreende as operações que

eliminam as partes não comestíveis comocascas, talos e sementes, seguidas pelocorte em tamanhos menores, tornando-as prontas para consumo imediato e man-tendo sua condição de produto in natura.A cenoura pode ser ralada em secçõesde diversos tamanhos ou ser picada naforma de fatias, cubos e palitos. Adicio-nalmente, pode ser apresentada na for-ma de mini-cenoura (baby-carrot). O flu-xo básico de produção compreende asseguintes operações: recepção e lavagemem água corrente, raspagem com facainox ou lixa d’água, sanitização com águaclorada, operações de corte ou ralamento,centrifugação, seleção e embalagem(Emater-DF, Gerência de Agroindústria,informação pessoal).

CONSEQUÊNCIASFISIOLÓGICAS DOPROCESSAMENTO

A fisiologia de frutas e hortaliçasminimamente processadas é basicamen-

LANA, M.M. Aspectos da fisiologia de cenoura minimamente processada. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 154-158, novembro 2.000.

Aspectos da fisiologia de cenoura minimamente processada.Milza M. LanaEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF. E.mail: [email protected]

RESUMO

O processamento mínimo de hortaliças compreende as operaçõesque eliminam as partes não comestíveis, seguidas pelo corte em tama-nhos menores, tornando-as prontas para consumo imediato e manten-do a condição de produto in natura. A oferta e o interesse do consu-midor por esses produtos têm sido crescentes, tanto para o mercadoinstitucional (restaurantes e cozinhas industriais), como para o consu-midor final. A cenoura é, dentre as hortaliças, uma das principais es-pécies comercializadas nessa forma, ou seja, ralada, picada em cubosou rodelas ou na forma de mini-cenoura (‘baby-carrot’). As operaçõesde processamento causam uma série de estresses e alterações metabó-licas indesejáveis que reduzem a vida útil da hortaliça processada emrelação ao produto inteiro. Dentre as principais, incluem-se o aumen-to da taxa respiratória e da transpiração, a deterioração microbiana, aprodução de metabólitos secundários e a degradação de membranaslipídicas. São apresentados os efeitos de diversos fatores como culti-vares, formas de corte, tratamentos químicos, uso de revestimentos,irradiação, atmosfera modificada e refrigeração sobre a magnitudedas alterações fisiológicas resultantes do processamento.

Palavras-chave: Daucus carota, alterações metabólicas,processamento, respiração, etileno, atmosfera modificada.

ABSTRACT

Physiological aspects of minimally processed carrot.

Minimal processing of vegetables involves the elimination of non-edible parts followed by cutting into smaller pieces, so that the productobtained is ready-to-eat and fresh-like. The demand for minimallyprocessed vegetables by consumers and by food service industry hasincreased. Carrot is among the most popular vegetables marketed thisway, that is shredded, cut as slices or cubes and as baby-carrot. Minimalprocessing operations induce stress and undesirable metabolic changesthat reduce the product shelf life in relation to the intact organs fromwhich they were obtained. These metabolic changes include increase inrespiration and transpiration rate, pathological breakdown, synthesis ofsecondary compounds and membrane lipid breakdown. The effect ofmany factors as cultivars, cutting direction, chemical treatments, ediblecoatings, irradiation, modified atmosphere and refrigeration, upon theseverity of metabolic changes induced by processing are presented.

Keywords: Daucus carota, metabolic changes, processing,respiration, ethylene, modified atmosphere, fresh-cut.

(Aceito para publicação em 31 de agosto de 2.000)

te a fisiologia de tecido injuriado ou sub-metido a estresse. Através doprocessamento, os órgãos vegetais sãosujeitos a uma série de alterações fisio-lógicas que reduzem sua durabilidadequando comparada à do produto intei-ro. Em condições adequadas de acondi-cionamento e armazenamento a vida útilvaria de sete a oito dias (Carlin et al.,1990b; Babic et al., 1993).

As principais alterações decorrentesdo processamento que afetam a quali-dade do produto e limitam a vida útilsão descritas a seguir:

1. Alteração da composição quí-mica e produção de metabólitos se-cundários

Em resposta à injúria, as plantas sin-tetizam uma série de compostos secun-dários, vários deles possivelmente rela-cionados à cicatrização ou defesa, sen-do o composto específico dependente daespécie e do tecido envolvido. Em al-guns casos esses compostos interferemcom o aroma, sabor, aparência, valornutritivo e segurança do produto mini-

mamente processado (Brecht, 1995).

Dentre as alterações que ocorrem emcenoura minimamente processada estãoo acúmulo de ácido clorogênico (com-posto envolvido nos processos delignificação e suberização); o acúmulode ácido para-hidroxibenzóico, queapresenta atividade antimicrobiana eestá envolvido em mecanismos de de-fesa (Babic et al., 1993) e a diminuiçãodos teores de sacarose, glicose e frutose(Carlin et al.,1990b).

2. Perda de matéria fresca

A perda de matéria fresca por cenou-ra minimamente processada é o somatórioda perda de água por transpiração e daperda de carbono através da respiração.Este processo ocorre durante todo o perío-do de armazenamento, sendo tanto maiorquanto maior for a temperatura e quantomenor for o tamanho dos cortes (Izumiet al., 1996).

3. Respiração

A taxa respiratória de cenoura pro-cessada é o dobro da taxa de cenoura

155Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

inteira nas primeiras quatro horas apóso processamento ou até cinco vezesmaior após 30-40 horas (Chervin et al.,1992). O padrão respiratório varia como tipo de corte, quais sejam fatias, pali-to ou ralada (Izumi et al., 1996).

4. Produção de etileno

A produção de etileno por cenouraminimamente processada foi inferior a0,1 ml/kg/h independentemente do tipode corte (fatiada, na forma de palito ouralada), da temperatura dearmazenamento em ar (0oC, 5oC ou 10oC)e do uso de atmosfera controlada (0,5%O

2 e 10% CO

2) (Izumi et al., 1996). Essa

taxa foi considerada insuficiente parainduzir a produção de isocumarina e al-terar o sabor da cenoura.

5. Valor nutricional

Os teores de α e β-caroteno decres-ceram continuamente durante oarmazenamento de cenoura descascada,armazenada a 1oC e embalada em saco-las de plástico, atingindo após 28 diascerca de 33% do teor inicial (Li & Barth,1998). A retenção de carotenóides totaispode variar em função do filme plásticoutilizado, como resultado do grau de mo-dificação da atmosfera interna obtidopara filmes de diferentes permeabilidadese espessuras. Cenoura embalada em fil-me menos permeável a oxigênio nãoapresentou alteração dos teores decarotenóides, enquanto no filme maispermeável a oxigênio houve redução de25% do teor inicial, após 12 dias dearmazenamento (Carlin et al., 1990b).

6. Esbranquiçamento das raízes

O tecido esbranquiçado que se for-ma na superfície de cenoura minima-mente processada, denominado “whiteblush” por alguns pesquisadores, tornao produto com aparência envelhecida enão atraente. Enquanto para alguns gru-pos de pesquisadores oesbranquiçamento é resultado da desi-dratação das células superficiais, devi-do aos danos causados peloprocessamento (Tatsumi et al. , 1993;Avena-Bustillos et al., 1994), para ou-tros é devido à formação de lignina nasuperfície dos cortes (Bolin & Huxsoll,1991). Para um terceiro grupo, oesbranquiçamento é causado pela com-binação de dois processos, a desidrata-ção e a formação de lignina (Cisneros-Zevallos et al., 1995). A desidratação

se reflete em uma mudança de cor re-versível que é tanto mais acentuadaquanto maior a perda de água pela ce-noura, enquanto a ativação de metabo-lismo fenólico e a produção de ligninaresultam em uma mudança de corirreversível.

7. Degradação de membranaslipídicas

As alterações nos teores de esteróise fosfolipídeos da membrana observa-das em cenoura minimamente proces-sada indicam que os processos de de-gradação e reparo de membranas coe-xistem durante o armazenamento(Picchioni et al., 1994), sendo aregulação desses processos ainda des-conhecida.

8. Deterioração

Apesar de o produto minimamenteprocessado ser lavado com soluçãoclorada, microorganismos podem sobre-viver quando estão localizados dentrodos tecidos, no apoplasma e às vezes nosimplasma, ou em áreas nas quais o pro-duto químico não penetra (Watada et al.,1996). A deterioração de cenoura mini-mamente processada é tipicamente umafermentação ácido-láctica (Niketic-Aleksic et al., 1973).Todos os isoladosde bactérias ácido lácticas foram identi-ficados como Leuconostocmesenteroides, comumente encontradaem plantas e em hortaliças minimamen-te processadas (Varoquaux & Wiley,1994). A microflora natural de cenoura écomposta em grande parte por organismoscapazes de crescer na faixa de 5-30o C(Beuchat & Brackett, 1990). A quantida-de e a composição da flora de levedurasnão foram relacionadas à deterioração decenoura minimamente processada (Babicet al., 1992).

9. Contaminação por patógenoshumanos

As hortaliças minimamente proces-sadas podem veicular patógenos impor-tantes do ponto de vista de saúde públi-ca, tais como Clostridium botulinum,Vibrio cholerae, Salmonella spp. ,Staphylococcus aureus, Shigella sonneie Listeria monocytogenes. De acordocom Nguyen-the & Carlin (1994) eHurst (1995), o potencial de contami-nação com esses patógenos está relacio-nado a fatores como: 1) a refrigeraçãonão oferece proteção total contra

microorganismos, visto que nenhumaoperação anterior é germicida; 2) apesarde a refrigeração inibir o crescimento dealguns microorganismos como bactériasácido-lácticas, não evita o crescimentode outros como Listeria monocytogenes;3) apesar de operações como toilete elavagem eliminarem a presença deorganismos decompositores da flora na-tiva, podem também introduzir outrosque passam a ter vantagem competiti-va; 4) temperaturas elevadas durante otransporte e comercialização do produ-to, em especial acima de 10oC, resultamem aumento da concentração de CO

2 e

redução da concentração de O2 dentro

das embalagens, aumentando os riscosde desenvolvimento de organismosanaeróbicos como Clostridiumbotulinum e, 5) grande parte das horta-liças e frutas minimamente processadassão consumidas cruas.

Um dos patógenos mais importan-tes, Listeria monocytogenes, não cres-ceu em cenoura armazenada a 5oC ou a15oC antes que ela fosse consideradainadequada para consumo devido à apa-rência ruim (Beuchat & Barckett, 1990).Foi proposto que constituintes naturaisou fitoalexinas, liberados devido aorompimento das células, apresentamefeitos tóxicos sobre a bactéria.

FATORES QUE AFETAM AMAGNITUDE DA RESPOSTA

À INJÚRIA

Vários fatores afetam a intensidadeda resposta ao estresse, dentre eles es-pécie, cultivar, estágio de maturação fi-siológica, extensão da injúria, tempera-tura, concentrações de O

2 e CO

2 na at-

mosfera, pressão de vapor de água evários inibidores (Brecht, 1995). A com-preensão do modo de ação desses fato-res, assim como seu controle, são essen-ciais para a extensão da vida útil e ma-nutenção da qualidade de cenoura mi-nimamente processada.

1. Espécies e cultivares

Resultados encontrados em estudosde crescimento de células de cenoura,estudos de embriogênese emUmbelíferas e diferenças entre cultiva-res indicam que há grande possibilida-de de ocorrência de variação genéticaquanto à capacidade de regeneração ce-

Aspectos da fisiologia de cenoura minimamente processada.

156 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

lular e longevidade de armazenamento.Cultivares, aparentemente, diferemquanto à capacidade de sintetizarfosfolipídeos de membrana, após injú-ria e durante o armazenamento a longoprazo (Picchioni et al., 1996), fatoresesses relacionados à longevidade do pro-duto processado. Babic et al. (1993) re-lataram variação entre cultivares de ce-noura quanto à quantidade de exudato equanto à deterioração de cenoura rala-da, sendo que maior vida útil foi associa-da ao maior acúmulo de ácidoclorogênico.

2. Formas de cortes e graus de injú-ria

A taxa de deterioração de cenoura éinfluenciada pelo tamanho das secções,pela proporção relativa de área vertical/horizontal e pelo tipo de tecido. Corteslongitudinais apresentaram maior au-mento respiratório, deterioração maisrápida e maior alteração da concentra-ção de O

2, CO

2 e C

2H

4 no interior da em-

balagem, comparativamente aos cortestransversais (Abe et al., 1993; Abe &Chachin, 1995). Essa diferença foi re-lacionada à diferente proporção dexilema e floema expostos em cada tipode corte, confirmada com resultadosposteriores (Abe & Chachin, 1995) nosquais o corte influenciou as alteraçõesfisiológicas do xilema em maior exten-são do que as do floema. O tamanho doscortes também foi importante e pedaçosmenores foram mais perecíveis do queos maiores.

3. Tratamentos químicos

Tratamentos químicos são usados,principalmente, para o controle de de-terioração, redução de escurecimento eretenção da firmeza (Brecht, 1995).

a) Sanitizantes

O uso de cloro como agentesanitizante da hortaliça, assim como doambiente e dos equipamentos, é práticapadrão. Concentrações tão baixas quan-to 1 a 3 mg/L de cloro livre são suficien-tes para a sanitização da água se o pHestiver entre 6,0-6,5 (Garret, 1992). Vis-to que a atividade do cloro é altamentedependente do pH, é importante a suacorreção, o que pode ser conseguidocom a adição de ácido cítrico. Na práti-ca, aumenta-se a quantidade de cloro atéatingirem-se concentrações da ordem de100-200 mg/L para equipamentos. Para

lavagem e enxague da hortaliça proces-sada, recomenda-se 2-7 mg/L de clorolivre ou 100-150 mg/L de cloro total,quando o pH da solução estiver entre6,0 e 7,0 (IFPA, 1996). Quantidades ex-cessivas de cloro, entretanto, podemcausar descoloração, aumentar a corro-são dos equipamentos e formar compos-tos voláteis que causam intoxicação depele e pulmão dos operadores (Hurst,1995).

b) Antioxidantes

A imersão de cenoura picada em so-lução de ácido cítrico com concentra-ção variando entre 1 mM e 100 mM re-duziu a produção de CO

2 durante o

armazenamento por sete dias a 15o C,sendo este efeito tanto maior quantomais concentrada a solução utilizada(Kato Noguchi & Watada, 1997). O áci-do cítrico não causou injúria, indepen-dentemente da concentração utilizada.A imersão em solução com pH 2,0 atra-vés da adição de ácido cítrico, por 30segundos a 70oC, inibiu a formação detecido esbranquiçado na superfície doscortes (Bolin & Huxsoll, 1991). Apesarde os autores atribuírem esse resultadoao efeito do ácido cítrico sobre o meta-bolismo de lignina, a possibilidade deter ocorrido um simples processo dehidratação das células não deve ser des-cartada.

Cenoura ralada, tratada com soluçãode CaCl

2 a 1%, apresentou firmeza 6-

16% superior ao controle imediatamenteapós o tratamento e nos dez dias seguin-tes de armazenamento a 10oC (Picchioniet al., 1996). Foi proposto que o cálciopreservou a integridade de membranaspela inibição de alterações nos lipídeos,que são relacionadas à senescência epelo aumento dos processos dereestruturação de membranas.

4. Irradiação

Ao contrário do que ocorre com ce-noura inteira, a irradiação de cenourapicada (2 kGy) resultou em redução darespiração em 50% e da produção deetileno em 80% durante quatro dias, a20oC. O quociente respiratório mante-ve-se próximo de 1 e não foi alteradopelo tratamento (Chervin et al., 1992).O mesmo tratamento inibiu o crescimen-to de microflora aeróbica mesofílica eácido-láctica, mas causou alteração dacor em cenoura minimamente proces-

sada (Chervin & Boisseau, 1994). En-tretanto, em outro ensaio, a contagemde bactérias aeróbicas sete dias após ainoculação em cenoura picada, mantidaa 10oC, foi a mesma observada em sa-colas, cujo conteúdo havia ou não sidoirradiado com 2 kGy (Chervin et al. ,1992).

5. Uso de recobrimentos

Recobrimentos comestíveis à basede celulose podem ser usados para re-duzir a perda de água de cenoura mini-mamente processada e retardar a forma-ção de tecido esbranquiçado (Li &Barth, 1998). Adicionalmente, esses re-vestimentos reduziram a perda de α-caroteno e de β-caroteno em cerca de15% em relação ao controle (Li & Barth,1998). Um dos revestimentos, com pH2,7, induziu o aumento da produção deetileno sete a nove vezes em relação aocontrole, enquanto para o outro revesti-mento, com pH 4,6, os níveis de etilenoforam semelhantes ao controle, indican-do a necessidade de seleção criteriosados revestimentos s serem empregados.

6. Atmosfera modificada e refri-geração

O manejo da temperatura é a ferra-menta mais eficiente para estender avida útil de cenoura minimamente pro-cessada. As reações metabólicas sãoreduzidas duas a três vezes para cadadecréscimo de 10oC na temperatura. Naárea de processamento, a temperaturadeve ser mantida o mais próximo possí-vel de 10oC, e durante a distribuição ecomercialização, entre 0-5oC (Brecht,1995). Entretanto, tem sido comum a uti-lização de temperaturas superiores à re-comendada, entre 5o-10oC (Watada et al.,1996).

Quando o produto é colocado den-tro de uma embalagem selada, permeá-vel a gases, o consumo de O

2 e a produ-

ção de CO2 pela respiração resultam em

modificação da atmosfera (Zagory &Kader, 1988). A elevação dos níveis deCO

2 e redução dos níveis de O

2, pode

contribuir para o prolongamento da vidaútil do produto processado desde queesses gases sejam mantidos nos níveisrecomendados. Para se atingir e mantera composição da atmosfera dentro doslimites desejados, a permeabilidade dofilme deve ser tal que permita a entradade O

2 a uma taxa compensada pela res-

M.M Lana.

157Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

piração do produto. Do mesmo modo, asaída de CO

2 deve ser tal que permita

estabelecer um equilíbrio com a quanti-dade de CO

2 produzida pela respiração.

Quando embalou-se cenoura raladaem diferentes filmes plásticos, compermeabilidade a O

2 variando de 950 a

220.000 cc/m2/dia/atm, as maiores con-centrações de CO

2 e as menores de O

2

foram obtidas nos filmes menos permeá-veis (Carlin et al.,1990b). A taxa res-piratória dos cortes embalados nos doisfilmes menos permeáveis(permeabilidade a O

2 próxima a 6.000

cc/m2/dia/atm) foi a mais reduzida,correspondendo a 3 e 11% daquela ob-servada em cortes mantidos no ar. Oquociente respiratório neste caso, pró-ximo a 6, indicou mudança do metabo-lismo para respiração anaeróbica. Quan-do foi utilizado filme de altapermeabilidade (220.000 cc/m2/dia/atm), a qualidade da cenoura foi mantidapor maior período de tempo e foram ob-servadas reduções do vazamento deeletrólitos, da produção de etanol e docrescimento de bactéria ácido-láctica.

É preciso lembrar entretanto, que fil-mes plásticos altamente permeáveis fa-vorecem alta taxa respiratória (cerca de1 mmol O

2/kg/h) com mais rápido con-

sumo de carboidratos que pode causarperda de sabor pelas cenouras (Carlin,1990b). Quando a cenoura descascadafoi embalada em polietileno D-940(permeabilidade a oxigênio de 968cc/100”2/24h) a 2oC, por três dias, a con-centração interna estabilizou-se em 11-14% O

2 e menos de 1% de CO

2 (Howard

& Griffin, 1993). Essa modificação daatmosfera foi considerada mínima e in-suficiente para influenciar na taxa respi-ratória.

Atmosfera de 10% de CO2 e 0,5%

de O2 reduziu a taxa respiratória de ce-

noura minimamente processada na for-ma de fatia, palito e ralada a 0oC, 5oC e10oC, e contribuiu para a manutençãoda qualidade devido à redução da dete-rioração e da perda de matéria fresca.Nenhum dos cortes sofreu efeitos dele-térios da atmosfera utilizada. Logo, aconcentração de oxigênio pode ser abai-xada a níveis de 0,5% e a de dióxido decarbono pode ser elevada até 10% nointerior de embalagens de plástico, semefeitos deletérios sobre a qualidade, des-

de que a temperatura seja mantida pró-xima a 0oC (Izumi et al., 1996).

Carlin et al. (1990a) observaram queo crescimento de bactéria ácido-lácticae leveduras foi mais rápido quando aconcentração de CO

2 aumentou de 10

para 40%, independentemente da con-centração de O

2.

Deve ser lembrado que a atmosferamodificada formada dentro da embala-gem é dependente de temperatura. Sobtemperatura inferior a 2oC, o impactodas diferenças entre plásticos quanto àpermeabilidade são menores, visto quea atividade fisiológica e o crescimentomicrobiano são suficientemente reduzi-dos de modo a evitar a deterioração,mesmo quando são usados plásticosmenos permeáveis (permeabilidade a O

2

da ordem de 6.000 ml/m2/atm/dia oumenor). Para temperaturas entre 6 e10oC é importante usar filmes mais per-meáveis (da ordem de 22.000 cc/m²/dia/atm a 25oC) para evitar a deterioraçãomicrobiana (Carlin et al., 1990b).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processamento mínimo de cenou-ra compreende a retirada da camada su-perficial da casca, seguida pela reduçãoda raiz a pedaços menores na forma derodelas, cubos, palito, mini-cenoura eoutras, devidamente acompanhadas pelalimpeza e sanitização dos cortes. Asmesmas caraterísticas que tornam o pro-duto minimamente processado atraenteao consumidor, quais sejam um produ-to in natura, sem conservantes, semi-preparado e que requer menos tempopara o preparo das refeições reduzemsua durabilidade em relação ao produtoin natura que não sofreu as mesmas ope-rações de preparo. Conseqüentemente,o produto minimamente processadoapresenta exigências específicas de pre-paro e manuseio para que sejam garan-tidas as qualidades organolépticas,nutricionais e microbiológicas. As in-formações atualmente disponíveis na li-teratura consultada são referentes a ou-tros países, com maior tradição nessaatividade que o Brasil, onde a oferta des-se produto e as pesquisas nessa área sãorecentes. Há carência de informaçõessobre a adequação das embalagens, con-dições de preparo, transporte e exposi-

ção do produto nos pontos de venda,atualmente em curso no País. As evi-dências de variabilidade genética entreos materiais de cenoura são de especialinteresse para o Brasil, visto que as cul-tivares aqui desenvolvidas apresentambase genética diferente das americanase européias e não foram selecionadaspara caraterísticas de qualidade de raizpara agroindústria. Outro tema que me-rece especial atenção é a definição dosatributos que devem ser considerados nainspeção de qualidade, orientando assimo estabelecimento de normas de controlede qualidade a serem empregadas noBrasil na análise de cenoura minima-mente processada.

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M.M Lana.

159Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

pesquisa

Quando em cultivo sob condiçõesde temperatura elevada, plantas de

alface passam precocemente da fasevegetativa para a reprodutiva, emitindoas inflorescências ou “pendões”. Nestasituação, a colheita precisa ser anteci-pada, o que resulta em produtos de qua-lidade inferior e prejuízos para o produ-tor (Whitaker & Ryder, 1974). Por váriosanos, sem dispor de cultivares tole-rantes ao calor, nas principais regiões

CONTI, J.H.; TAVARES, F.C.A. Alterações fenotípicas em cultivares de alface selecionadas para calor. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p.159-163, novembro 2.000.

Alterações fenotípicas em cultivares de alface selecionadas para calor.José Henrique Conti; Flavio C.A. Tavares1

1USP-ESALQ, Depto. de Genética, C. Postal 83, 13.418-900 Piracicaba-SP. e.mail: [email protected].

RESUMO

Cultivares de alface selecionadas para o pendoamento lento e asmesmas que lhes deram origem foram analisadas quanto a variaçõesmorfológicas, com o objetivo de quantificar possíveis modificaçõesadaptativas para as condições de cultivo em épocas de calor. Culti-vares dos grupos “manteiga” (Regina, Glória, IAC 303, IAC 202,Sem Rival e Luciana) “folha crespa” (Grand Rapids e Brisa) e “ame-ricana” (Great Lakes e Mesa 659), foram avaliadas em dois plantiosde verão, em Piracicaba, em delineamento de blocos casualizados.No primeiro experimento, (novembro/90), foram avaliadas as ca-racterísticas de número de estômatos, espessura de folha e quantida-de de clorofila total. No segundo, (setembro/91), foram avaliados opeso seco, peso fresco, porcentagem de matéria seca, tempo parapendoamento e número de folhas. As cultivares selecionadas paracalor no grupo “manteiga” (Glória e Regina), apresentaram maiornúmero de estômatos (respectivamente 9487/cm2 e 7973/cm2) e fo-lhas mais grossas (respectivamente 556 mm e 439 mm) e também,acumularam maior quantidade de matéria seca (respectivamente24,55 g e 25,50 g). A cultivar selecionada para calor do grupo “fo-lha crespa” (Brisa) acumulou maior quantidade de matéria verde(446,77g) e seca (22,40 g), da mesma forma que apresentou maiorquantidade de estômatos (7.279/cm2). Para as cultivares do grupo“americana”, observou-se diferença significativa apenas para espes-sura de folha, sendo que a cultivar Mesa 659 apresentou folhas maisgrossas (589 mm). Constataram-se aumentos significativos dabiomassa vegetal nas cultivares selecionadas para calor em relaçãoàquelas não selecionadas. As cultivares que atingiram maior produ-tividade de matéria seca por planta foram Mesa 659 (28,74 g), GreatLakes (27,17 g) e Regina. Os resultados comprovaram que a sele-ção para o pendoamento lento indiretamente produziu variaçõesadaptativas nas plantas de alface.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., melhoramento, estômatos,clorofila, peso seco, peso fresco, grupos varietais, pendoamentotardio.

ABSTRACT

Phenotypical alterations in lettuce genotypes selected for heattolerance.

Lettuce cultivars selected for slow bolting and unselected onesof the same groups were analyzed for morphological variations, toquantify possible adaptative modifications for the cultivationconditions in heat seasons. Cultivars of the groups “butterhead” (Re-gina, Glória, IAC 303, IAC 202, Sem Rival and Luciana), “leaf-lettuce” (Grand Rapids and Brisa), and “crisphead” (Great Lakesand Mesa 659) were compared in two summer seasons, in Piracicaba,Brazil, in randomized blocks design. In the first (November/1990)were analyzed the characteristics of stomata number, leaf thicknessand amount of chlorophyl of the whole plants. In the second(September/1991), were analyzed the characteristics of number ofleaves, and dry and fresh weight of the whole plants. Cultivarsselected for heat tolerance in the “butterhead” group (Gloria andRegina), presented larger stomata number (respectively 9,487/cm2

and 7,973/cm2) and thicker leaves (respectively 556 mm e 439 mm)and, also, they accumulated larger amount of dry matter (respectively24.55 g and 25.50 g), Cultivars selected for heat of the group “leaf-lettuce” (Brisa), accumulated larger amount of green matter (446.77g)and dry ones (22.40 g), in the same way that presented larger stomatanumber (7,279/cm2). For the cultivars of the group “crisphead”,significant difference was just observed for leaf thickness; cv. Mesa659 presented thicker leaves (589 mm). Significant increases ofvegetal biomass were verified in cultivars selected for heat in relationto the unselected ones. Cultivars that reached larger dry matter yieldwere Mesa 659 (28.74 g), Great Lakes (27.17 g) and Regina. Theresults checked that the slow bolting selection indirectly producedadaptative variations in the lettuce plants.

Keywords: Lactuca sativa L., breeding, stomata, chlorophyll, dryweight, fresh weight, variety groups, slow bolting.

(Aceito para publicação em 10 de agosto de 2.000)

produtoras do Brasil o cultivo da alfaceficou limitado aos períodos de invernono Centro-sul e nas demais regiões bra-sileiras. O desenvolvimento de cultiva-res de alface adaptadas ao cultivo deverão tornou-se então objeto de progra-mas de melhoramento, uma vez que ahortaliça é consumida durante o anotodo e apresenta grande valor econômi-co. Nestes trabalhos, bem sucedidos,cultivares dos grupos “manteiga” ou

“cabeça lisa”, tradicionais da Europa,foram intercruzadas com cultivares dependoamento tardio, realizando-se a se-leção de plantas com pendoamento tar-dio, em plantios de verão (Pinto & Cos-ta, 1977). Trabalhos de seleção obede-cendo a estes critérios resultaram emvárias cultivares importantes para osprodutores, dentre elas, IAC 303 e IAC202 (Nagai, 1979) e Gloria e Regina(Vecchia & Kikuchi, 1989).

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Para as plantas do grupo “folha cres-pa”, dispõe-se da cultivar Brisa, obtida apartir de seleção de plantas dependoamento tardio deste grupo e da cul-tivar Grand Rapids. As cultivares Gran-des Lagos e Mesa 659 pertencem ao gru-po “americana”. Estas e outras alfacescultivadas, principalmente na California,apresentam as caraterísticas de tolerân-cia a baixa umidade do ar e às oscilaçõestérmicas entre o dia e a noite. SegundoRyder (1982), as características das alfa-ces “americanas” são a boa tolerância aopendoamento precoce e a resistência àqueima-dos-bordos (“tip burn”).

O melhoramento para obtenção decultivares de alface adaptadas ao culti-vo em épocas quentes é objetivo de di-versos trabalhos em outros países.Damarany (1992), para estender a épo-ca de produção da alface no Egito, cru-zou a cultivar Balady com outros quin-ze genótipos e as gerações F1, F2 e F3foram avaliadas pelo número de dias dotransplante em que 50% apresentarama primeira flor e pela quantidade de pesofresco, tendo obtido cultivares mais pro-dutivas e com pendoamento tardio.Gong (1998), na China, obteve as linha-gens 9544-1 de cabeça crespa e 9608-2de cabeça lisa por meio da seleção deplantas individuais que apresentaramformação de cabeça e pendoamento tar-dio no verão. Estas linhagens foram maisresistentes ao calor e ao pendomento doque as cultivares Olympia e SummerBibb e apresentaram altas produções eboa aceitação no mercado. LiHong &ShiJun (1995) estudaram a base fisioló-gica da resistência ao calor em cultiva-res de alface tendo verificado que a re-sistência ao calor estava relacionada àmenor temperatura foliar e a altas taxasde transpiração em épocas quentes.

A seleção indireta acontece em qua-se todos os programas de melhoramen-to, incluindo caracteres correlacionadospositiva e negativamente, como aque-les alterados mesmo quando não consi-derados pelos melhoristas (Messegueret al., 1991). No melhoramento de alfa-ces adaptadas ao verão, de acordo comPinto & Costa (1977), as plantasselecionadas devem apresentar o tipovarietal característico, além dependoamento tardio, boa resistência aodilaceramento de folhas e resistência à

queima-dos-bordos. Observa-se que es-tas características estão associadas à to-lerância ao calor e à forte precipitação,como acontece no verão do Centro-sulbrasileiro. Com este critério de seleção,em princípio, seria esperado que as cul-tivares desenvolvidas apresentassemoutras modificações morfo-fisiológicas,que não foram da atenção do melhoristae portanto, indiretamente selecionadas.Esta hipótese foi experimentalmenteavaliada neste trabalho, que teve o ob-jetivo de comparar cultivares de alfaceselecionadas para o plantio de verão comaquelas que lhes deram origem, visan-do identificar algumas das diferençasfenotípicas produzidas indiretamentepela seleção para pendoamento tardio.Arbitrariamente estudaram-se algumascaracterísticas da planta e das folhas dealface, supostamente consideradas comoalvo indireto da seleção, visandoquantificar possíveis modificaçõesadaptativas para as condições de cultivono verão. Os estudos foram feitos comalfaces comerciais cultivadas no Brasil,portanto extensivamente avaliadas emcondições reais de produção. Adicional-mente, espera-se que o conhecimento dasmodificações causadas indiretamentepelo melhoramento, possam fornecersubsídios para orientar novos e atuais tra-balhos de melhoramento tanto em alfa-ce, como em outras espécies.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram estudadas dez cultivares dealface e que são representativas dos trêsprincipais grupos varietais cultivados noBrasil. O grupo varietal “folha crespa”foi representado pelas cultivares GrandRapids e Brisa, a primeira originária daEuropa, portanto considerada como semadaptação ao verão dos trópicos e, a se-gunda, selecionada para verão do Cen-tro-sul brasileiro. O grupo “manteiga”ou “cabeça lisa” foi avaliado através dascultivares Sem Rival e Luciana, tidascomo não adaptadas ao cultivo de ve-rão; as cultivares IAC 303 e IAC 202,consideradas como adaptadas ao culti-vo em regiões de verão ameno (Nagai,1979); e as cultivares Gloria e Regina,que foram selecionadas para opendoamento tardio e são consideradascomo adaptadas ao cultivo de verão

(Vecchia & Kikuchi, 1989). Dentro dogrupo “americana” ou “cabeça crespa”foram avaliadas as alfaces Great Lakese Mesa 659, que são cultivares conside-radas adaptadas ao calor nos EstadosUnidos, sendo a cultivar Mesa 659 maistolerante (Ryder, 1982).

Neste trabalho alguns caracteres dasplantas foram avaliados, procurandoidentificar aqueles relacionados ao cres-cimento das plantas e a característicasdas folhas envolvidas com a fotossíntesee evapotranspiração. Foram realizadosdois experimentos em campo do Depar-tamento de Genética da Escola Superiorde Agricultura Luiz de Queiroz (USP),em Piracicaba. As mudas foram for-madas sob estufa em bandejas deisopor. Os tratos culturais obedeceramàs recomendações técnicas recomenda-das por Lisbão (1990). Piracicaba estálocalizada na latitude de 22º e 43’ e lon-gitude de 47º e 37’, a uma altitude de505 m sobre o nível do mar e o clima édo tipo Cwa segundo classificação pelosistema internacional de Koeppen. Aletra “C” da classificação de Koeppensignifica que a temperatura média domês mais frio é inferior a 18ºC. A letra“w” significa que a região tem umamédia pluviométrica menor que 30 mmno mês mais seco e o “f” significa maisque 30 mm de chuva no mês mais seco.Quanto à temperatura, a subdivisão éfeita em “a” e “b” respectivamente, tem-peraturas médias superiores e inferioresa 22ºC no mês mais quente do ano(Setzer, 1966). O primeiro experimentofoi plantado em 14 de novembro de1990, quando as mudas estavam com 23dias de desenvolvimento, em blocoscasualizados, com quatro repetições. Oexperimento foi plantado em quatro can-teiros, cada um representando um blo-co e contendo dez cultivares com qua-tro plantas por cultivar, perfazendo umtotal de 40 plantas por canteiro. Foramamostradas três folhas de alface de mes-mo tamanho em cada parcela, obtidasapós 45 dias de desenvolvimento e ana-lisadas para as características de núme-ro de estômatos, espessura da folha equantidade de clorofila total.

O segundo experimento foi planta-do em 26 de setembro de 1991, quandoas mudas estavam com 25 dias de de-senvolvimento, em blocos casualizados

J.H. Conti & F.C.A. Tavares

161Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

com três repetições. O experimento foiplantado em seis canteiros, cada um comtrês blocos e dez cultivares em cada blo-co, perfazendo um total de 90 plantaspor canteiro. Cada canteiro teve uma li-nha de plantas em toda a volta parabordadura. A coleta de folhas para análi-se foi feita semanalmente, durante seissemanas. Durante o período de colheita,foram amostradas três plantas por parce-la de cada cultivar. Para determinação dopeso, semanalmente foi colhido um can-teiro, perfazendo um total de seis sema-nas. A cada semana o material foi medi-do e pesado, obtendo-se dados para pesofresco, peso seco, porcentagem de maté-ria seca e número de folhas total.

As amostras para a análise do nú-mero de estômatos foram obtidas colo-cando-se a face dorsal das folhas, entrea nervura central e os bordos da folha,sobre uma lâmina com cola durante 15segundos. A cutícula da folha foi entãoretirada e visualizada em microscópioótico, fazendo-se dez contagens do nú-mero de estômatos por campo visual.

As amostras para análise da espes-sura das folhas foram retiradas das re-giões próximo à nervura central, meioda folha e próximo aos bordos da folha.Após a retirada do material foi feito ocorte com uma lâmina bisturi com a fo-lha de alface presa entre duas lâminasde cerne de embaúba. A espessura foimedida com o auxílio do microscópio

ótico. A quantidade de clorofila foi me-dida em espectrofotômetro, de acordocom recomendação de Whitman et al.(1971). O peso fresco foi medido em ba-lança Mettler, cortando-se semanalmen-te a parte aérea de 90 plantas duranteseis semanas. Em seguida determinou-se o peso seco das amostras, após a ex-posição ao ar durante doze horas e se-cagem em estufa a 53ºC por 72 horas.A porcentagem de matéria seca foi ob-tida da relação entre o peso seco e o pesofresco das plantas de alface. O númerototal de folhas foi contado a partir daprimeira folha comercial, isto é, aquelaque apresentava as condições mínimasde ser utilizada pelo consumidor final.O tempo para pendomento foi avaliadopor análises diárias nas plantas a partirdo 420 dia. Quando a metade das plan-tas de cada cultivar mostrava-se em iní-cio de desenvolvimento do pendão flo-ral anotava-se a data como sendo o iní-cio do pendoamento.

As cultivares foram avaliadas pelostestes de comparação de médias deTukey e Duncan.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de estômatos variou en-tre 4.405 e 9.487/cm2 de superfície dafolha, o que permite indiretamente in-ferir que deve existir grande variaçãonas taxas de evapotranspiração. No es-

tudo de espécies adaptadas a regiões dasMontanhas Rochosas (EUA), denomi-nadas de “alpinas” e “sub alpinas”,Smith & McClean (1989) verificaramque há uma grande pressão de seleçãopara a capacidade de reter água na fo-lha, concluindo que aquelas espéciescom pouca capacidade de reter água nasfolhas tinham maior número deestômatos. Estes resultados demonstra-ram que plantas adaptadas a condiçõesde alta transpiração também possuemelevado número de estômatos. Isto tam-bém foi observado com alfaces cultiva-das no Brasil, onde as cultivares do gru-po “folha crespa”, apresentam uma va-riação de 6.585 a 7.279 estômatos/cm2,sendo que a cultivar Brisa, selecionadapara calor, apresentou uma quantidadede estômatos significativamente maisalta (Tabela 1). As cultivares “america-nas”, ambas selecionadas para condi-ções de calor nos Estados Unidos, fo-ram estatisticamente semelhantes entresi e apresentaram 5.324 e 5.763estômatos/cm2. No grupo “manteiga”, ascultivares apresentaram a maior varia-ção para quantidade de estômatos, varian-do de 4.405 até 9.487 estômatos/cm2.Neste grupo, as cultivares adaptadas aocalor, Glória e Regina, apresentaram res-pectivamente 9.487 e 7.973 estômatos/cm2, diferindo pela maior quantidade deestômatos de todas as demais cultivaresdo grupo (Tabela 1). As cultivares adap-tadas ao verão ameno, IAC 202 e IAC303, assim como a cultivar Luciana, nãoadaptada ao cultivo de verão, apresen-tavam valores intermediários, respecti-vamente 6.396, 5.689 e 6.017 estômatos/cm2. A cultivar Sem Rival, sem adapta-ção ao calor, diferiu significativamentede todas as demais cultivares, apresen-tando um número de estômatos signifi-cativamente menor: 4.403 (Tabela 1).Estes resultados são uma forte evidên-cia da ocorrência de seleção indiretapara número de estômatos, quando sefaz seleção de cultivares de alface paraadaptação ao calor. Como afirmam Hale& Orcutt (1987), fatores que aumentama taxa de transpiração, quando há águadisponível, também aumentam a tole-rância a altas temperaturas. Em alface,Heinen & van Moolenbroek (1995), pormeio de análise de regressão, concluí-ram que a radiação solar e o calor ele-vados são fatores que aumentam a quan-

Alterações fenotípicas em cultivares de alface selecionadas para calor.

Cultivares GrupoNúmero deestômatos/

cm2

Quantidadede clorofila

(mg/l)

Espessurade folha

(mm)Grand Rapids folha crespa 6585, c 144, e 282, fg

Brisa folha crespa 7279, b 171, d 298, ef

Mesa 659 americana 5765, ef 293, a 589, a

Great Lakes americana 5324, f 277, ab 423, c

Sem Rival manteiga 4405, g 221, c 274, g

Luciana manteiga 6017, def 280, ab 360, d

IAC 303 manteiga 5689, ef 268, ab 306, e

IAC 202 manteiga 6396, de 283, a 368, d

Glória manteiga 9487, a 252, b 556, b

Regina manteiga 7973, b 223, c 439, c

CV % 7,47 7,44 3,43

Tabela 1. Número médio de estômatos, quantidade de clorofila e espessura de folha em dezcultivares de alface. Piracicaba, ESALQ, 1990.

*/ Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5%de probabilidade pelo teste de Duncan.

162 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

tidade de água transpirada e evaporada,desde que a água não seja o fatorlimitante. Para as condições do estadode São Paulo, Ferri (1985) comenta queespécies como milho, feijão oueucalipto, perdem a mesma quantidadede água por transpiração e este valor oscilaentre 3 mm no inverno e 7 mm no verão.Considerando que em alface deve ocorrerperda de água semelhante, as cultivaresselecionadas para plantio durante o calordevem apresentar uma taxa de transpiraçãoelevada, o que se infere devido ao maiornúmero de estômatos presentes nas alfacesselecionadas para o calor.

Os resultados observados para nú-mero de estômatos parecem confirmaraqueles obtidos da análise da espessuradas folhas. Encontraram-se diferençassignificativas para as cultivares de alfa-ce dentro do grupo “americana”, pois‘Mesa 659’ apresentou uma espessurade folha de 589 mm, resultado signifi-cativamente superior ao obtido para‘Grandes Lagos’: 423 mm. No grupo“folha crespa”, ao contrário não houvediferença significativa entre os resulta-dos observados para as cultivares GrandRapids e Brisa. No entanto, ficou evi-dente também no grupo “manteiga” quecultivares adaptadas ao calor se desta-caram por possuírem folhas mais gros-sas. As cultivares Glória e Regina apre-sentaram folhas com 556 e 439 mm res-pectivamente, diferindo significativa-mente de todas as demais cultivares do

grupo (Tabela 1). Ainda no grupo “man-teiga”, as cultivares IAC 202, adaptadaa verões amenos, e Luciana, sem adap-tação ao calor, mostraram valores paraespessura de folha intermediários, esta-tisticamente semelhantes entre si, masdiferentes das demais cultivares do gru-po. É bom lembrar que a cultivarLuciana, mesmo sem adaptação ao ca-lor, também havia apresentado umaquantidade de estômatos significativa-mente semelhante às cultivares do gru-po adaptadas a verões amenos. A culti-var Sem Rival, sem adaptação ao calor,foi aquela que apresentou menor espes-sura de folha, significativamente inferioràs demais cultivares do grupo. Estamesma cultivar foi a que apresentou onúmero significativamente menor deestômatos/cm2 (Tabela 1). A associaçãoentre número de estômatos e espessuradas folhas observada neste trabalho é umbom indicativo de que a caracterísiticaespessura das folhas seja importante naadaptação das cultivares para condiçõesde cultivo em regiões tropicais, em me-ses quentes e chuvosos.

A quantidade de clorofila total foimenor nas cultivares do grupo “folhacrespa” (Tabela 1). Apesar da clorofiladesempenhar papel fundamental no pro-cesso de bioconversão de energia (Ferri,1985), não se observou relação entreesta característica e a adaptação ao ca-lor. Yang et al. (1998) estudaram culti-vares de Brassicas chinesas visando de-

terminar metodologias que pudessemestar relacionadas na determinação daresistência ao calor. Verificaram que avariação na quantidade de clorofila nãopoderia ser um índice fisiológico para aresistência ao calor. Tewaki & Tripathy(1998) propõem que a inibição dabiossíntese sob estresse calórico é devi-da à inibição de algumas enzimas. As-sim, é possível que a adaptação ao caloresteja relacionada à ação de enzimas e nãoa variações na quantidade de clorofila.

O acúmulo de matéria verde e secae o número de folhas dentro do grupo“folha crespa” mostrou diferença signi-ficativa entre as cultivares de inverno everão. A cultivar Brisa, adaptada ao ca-lor, acumulou significativamente maismatéria verde e seca e apresentou umnúmero significativamente maior de fo-lhas que a cultivar Grand Rapids, nãoadaptada ao calor (Tabela 2). No grupo“manteiga” houve diferenças significa-tivas no acúmulo de matéria verde e secaentre as cultivares selecionadas tantopara calor quanto para verão ameno e acultivar Sem Rival, não selecionada parao calor (Nagai, 1979). Estes resultadosmostram que as cultivares selecionadaspara calor, quando plantadas em épocasde verão, têm, conforme esperado, ga-nhos de produtividade significativoscomprovados pelo peso seco aos 42 diasde desenvolvimento nas cultivares Gló-ria (24,55 g), Regina (25,50), IAC 303(24,47 g) e IAC 202 (23,88 g), em rela-

J.H. Conti & F.C.A. Tavares

Cultivares GrupoPeso fresco

(g/planta)Peso seco(g/planta)

Número defolhas/ planta

Peso seco nacolheita

(g/planta)

Tempo parapendoar

(dias)

G. Rapids folha crespa 121,73 cd 6,45 c 14,16 d 15,92 e 42

Brisa folha crespa 147,66 ab 8,28 ab 16,94 c 22,40 cd 47

Mesa 659 americana 147,03 ab 9,45 a 12,20 d 28,74 a > 60

G. Lakes americana 145,14 ab 8,96 a 11,93 d 27,17 ab > 60

Sem Rival manteiga 113,33 d 6,25 c 18,90 bc 16,75 e 44

Luciana manteiga 131,53 bcd 7,32 bc 20,82 ab 20,65 d 46

IAC 303 manteiga 163,73 a 8,52 ab 22,69 a 24,47 bc 46

IAC 202 manteiga 148,91 ab 8,58 ab 22,00 a 23,88 bcd 48

Glória manteiga 137,46 bc 8,34 ab 21,37 ab 24,55 bc 51

Regina manteiga 144,23 ab 8,64 ab 22,76 a 25,50 abc 52

CV % 13,94 15,73 11,37 13,94

Tabela 2. Peso de matéria fresca, peso de matéria seca, número de folhas e peso seco na colheita (aos 42 dias do plantio) de dez cultivaresde alface. Piracicaba, ESALQ, 1991.

*/ Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

163Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

ção a Sem Rival (16,75 g). Brunini etal. (1976) em ensaios com a cultivarWhite Boston, considerada como deadaptação semelhante à cultivar SemRival, determinaram que temperaturasentre 210C e 240C estimulam aopendoamento. Brouwer & Huyskes(1968) estudaram o desenvolvimento deuma cultivar e um híbrido de alface emsalas climatizadas com temperatura eluminosidade controladas e demonstra-ram que o desenvolvimento vegetativoé interrompido quando aparecem os pri-meiros sinais de pendoamento. A culti-var Grand Rapids apresentou emissãodo pendão floral 42 dias após o plantio,e “Sem Rival’ aos 44 dias, indicando quena sexta semana (42 dias) possivelmen-te já havia se iniciado a fase reprodutivanestas cultivares, com conseqüente in-terrupção da fase vegetativa. Nas culti-vares adaptadas ao calor ou a verõesamenos, a emissão do pendão floralocorreu mais tarde, aos 51 dias em ‘Gló-ria’, aos 52 dias em ‘Regina’, aos 46 diasem ‘IAC 303’ e aos 48 dias em ‘IAC202’. Assim, o maior acúmulo debiomassa em cultivares adaptadas aocalor deve-se à maior lentidão para seemitir a inflorescência, com prolonga-mento da fase vegetativa, resultando emmaior produtividade na colheita ou finaldo ciclo (Tabela 2). Esse efeito parecenão estar relacionado ao incremento daatividade fotossintética, ou de redução darespiração, pois quando são considera-dos os resultados obtidos para quantida-de de clorofila, não foi observada nenhu-ma alteração significativa nas cultivaresadaptadas ao calor. Entretanto estas cul-tivares apresentaram aumento significa-tivo do número de estômatos.

Os resultados demonstraram queplantas selecionadas para opendoamento tardio, em plantios de ve-rão, apresentaram outras característicasadaptativas que acompanharam o pro-cesso de seleção. As modificações fisio-lógicas mais expressivas foram nota-das pelo aumento no número de

estômatos nas plantas das cultivaresselecionadas para calor e, em relação àmorfologia, plantas das cultivaresselecionadas apresentaram folhas maisgrossas. A seleção para pendoamentotardio resultou em plantas que mantiveramo ritmo de crescimento por mais tempo,alcançando produtividades maiores antesde pendoar.

Analisando o desempenho por gru-po varietal, verificamos que as cultiva-res do grupo “americana” atingirampeso seco na colheita significativamentemaior que as cultivares do grupo “man-teiga” sem adaptação ao calor e das cul-tivares do grupo “folha crespa”. As cul-tivares do grupo “americana” não apre-sentaram sinais de pendoamento até 60dias do plantio, o que era esperado poissão cultivares tardias. Apresentaram nú-mero pequeno de folhas, semelhantes es-tatisticamente apenas à cultivar GrandRapids, indicando que é característica dogrupo a pequena quantidade de folhas depeso seco unitário elevado.

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Alterações fenotípicas em cultivares de alface selecionadas para calor.

164 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A produção de mudas de hortaliçasconstitui-se numa das etapas mais

importantes do sistema produtivo (Sil-va Júnior et al., 1995), uma vez que deladepende o desempenho final das plan-tas nos canteiros de produção, tanto doponto de vista nutricional, quanto dotempo necessário para a produção e,conseqüentemente, do número de ciclosprodutivos possíveis por ano (Carmello,1995). Os recentes avanços dos siste-mas de produção empregados, têm pro-porcionado aumentos substanciais deprodução e produtividade, os quais sedevem, em grande parte, à substituiçãodo uso do solo mineral como meio decultivo por substratos artificiais (DeBoodt, 1974). Devido a isso, o franco

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Caracterização de diferentes substratos e seu desempenho na produçãode mudas de alface em ambiente protegido.1

Francisco Olmar G. Menezes Júnior 2; Heloísa S. Fernandes 2; Carlos Rogério Mauch 2; João Baptista daSilva 3

2 UFPel - Depto de Fitotecnia; 3 UFPel - IFM, C. Postal 354, 96.010-900 Pelotas - RS. e.mail: [email protected]

desenvolvimento da atividade de produ-ção e comercialização especializada demudas de hortaliças, tem-se baseado,principalmente, na pesquisa de melho-res fontes e combinações de substratos(Giorgetti, 1991).

O substrato hortícola pode ser con-ceituado como o meio onde se desen-volvem as raízes das plantas produzi-das em sementeiras e/ou viveiros demudas olerícolas, ornamentais, frutífe-ras ou silvícolas (Bellé, 1990; Carnei-ro, 1995). Diferem dos solos, por teremsido removidos dos seus locais de ori-gem e serem produzidos artificialmen-te (Verdonck et al., 1981). Enquanto osolo possui valores fixos quanto ao seupotencial produtivo, os substratos, quan-

do bem formulados, permitem melhorescondições ao desenvolvimento vegetalespecialmente em cultivos protegidos, osquais exigem um ambiente radicular “re-finado” (Penningsfeld, 1978).

O problema agronômico original daprodução de mudas em recipientes é ode assegurar o crescimento e produçãode biomassa aérea com volume limita-do de raízes, restritas a um pequeno vo-lume de substrato (Mele et al., 1982;Sancho, 1988; Lamaire, 1995). Assim,quanto menor for o espaço disponívelàs raízes, mais difícil será o suprimentode fatores ótimos de produção que ga-rantam o crescimento e desenvolvimen-to normal da muda (Jungk, 1975). Por-tanto, o substrato desempenha importan-

1 Parte do trabalho de dissertação de mestrado em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, pela Faculdade de Agronomia“Eliseu Maciel”- UFPel - Campus do Capão do Leão - RS.

RESUMO

Considerando a necessidade de substratos para a produção demudas de alface e a existência de diversos substratos comerciais eindicações para a formulação destes, foram avaliados nove substratoshortícolas para produção de mudas de alface sob estufa plástica. Ostratamentos consistiram de três testemunhas, sendo dois substratoscomerciais (Plantmax e Planta Forte) e um recomendado pelo órgãooficial de assistência técnica (EMATER-RS), comparados a seis for-mulados a partir de solo podzólico vermelho amarelo (S) ou turfa“Petrolini” (T) misturados em três proporções em base de volume(1:3, 1:1, 3:1) de vermicomposto (V). Avaliaram-se as propriedadesfísicas, químicas e físico-química dos tratamentos, respostas bioló-gicas das mudas, assim como a viabilidade técnica e econômica daprodução de alguns substratos na propriedade agrícola. Segundo es-tes critérios, as melhores respostas foram obtidas para os substratosS75V25, S50V50 e S25V75, os quais apresentaram maiores vantagens com-parativas em relação às testemunhas e demais substratos. O bomdesempenho alcançado pelos substratos formulados, indica ser suaprodução, na propriedade, uma alternativa técnicamente viável emsubstituição ao uso de substratos comerciais.

Palavras-chave: Lactuca sativa, meios de cultivo, vermicomposto,viabilidade técnica e econômica.

ABSTRACT

Characterization and performance of different substrates forlettuce plug-type transplants production under protectedenvironment.

The purpose of this work was to evaluate nine substrates forlettuce plug-type transplants production under plastic greenhouse.Two commercial substrates (Plantmax and Planta Forte) and onemixture recommended by the extension service (EMATER-RS) werecompared with six formulated mixtures from “red-yellow podzolicsoil” (S) or peat “Petrolini” (T) mixed in three different proportionson a volume/volume bases (1:3, 1:1, 3:1), with an earthworm compost(V). The physical and chemical proprieties of each treatment andthe biological response were evaluated, as well as the technical andeconomical feasibility of producing these substrates in the farm. Bestresponses were obtained with S75V25, S50V50 e S25V75 mixtures. Thesesubstrates can substitute with advantage the two commercialsubstrates and the mixture recommended by extension service.

Keywords: Lactuca sativa, earthworm compost, technical andeconomical feasibility.

(Aceito para publicação em 10 de agosto de 2.000)

165Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

te papel, ou seja, o de garantir por meiode sua fase sólida a manutenção mecâ-nica do sistema radicular e estabilidadeda planta, da fase líquida o suprimentode água e nutrientes e da fase gasosa osuprimento de oxigênio e o transportede dióxido de carbono entre as raízes eo ar externo (Lamaire, 1995). Deve ain-da estar isento de elementos minerais ouqualquer outras substâncias em concen-trações fitotóxicas, assim como defitopatógenos, pragas e plantas indese-jáveis (Carneiro, 1995; Minami, 1995).

As propriedades físicas dossubstratos são consideradas de grandeimportância, uma vez que as relaçõesar:água não podem ser mudadas duran-te o cultivo (Verdonck, 1983). Desta-cam-se, entre elas, a densidade, aporosidade total, o espaço de aeração ea capacidade de retenção de água (águadisponível, água facilmente disponívele água de reserva). Um bom substratodeve reunir concomitantemente os atri-butos de boa aeração, para permitir adifusão de oxigênio para as raízes, boacapacidade de armazenamento de água,baixa resistência à penetração dasraízes e boa resistência à perda de es-trutura (Silva Júnior & Visconti, 1991;Souza et al., 1995). Deve ainda, segun-do Tessarioli Neto, 1995, citado porMinami (1995), apresentar baixa den-sidade, isenção de contaminaçõesfitopatogênicas e baixo custo.

Em relação às propriedades quími-cas, o teor total de sais solúveis, o pH ea capacidade de troca de cátions (CTC)merecem atenção especial. O uso desubstratos excessivamente ricos em nu-trientes não é recomendado, uma vezque os sais solúveis podem prejudicar ocrescimento das plantas (Graziano et al.,1995), enquanto que valores inadequa-dos de pH, além de influenciar a dispo-nibilidade de nutrientes (Carneiro,1995), estão relacionados a muitosdesequilíbrios fisiológicos (Waller &Wilson, 1983). A capacidade de trocade cátions (CTC), por sua vez, é umavaliosa informação do potencial de fer-tilidade de um substrato. Como muitoscátions existentes no substrato são nu-trientes, a CTC expressa apotencialidade de armazenamento e for-necimento desses nutrientes às plantas(Kiehl, 1979, Carneiro, 1995).

Entre as propriedades químicas des-taca-se o teor de matéria orgânica. Amatéria orgânica atua nos substratosmelhorando diversas propriedades físi-cas e químicas. Os principais benefíciosproporcionados pela sua adição emsubstratos são: aumento da capacidadede retenção de água, da porosidade to-tal e do espaço de aeração e diminuiçãoda densidade, além de servir como fon-te e reservatório de nutrientes (Bellé,1990, Carneiro, 1995).

Mesmo com o reconhecimento daimportância do substrato no sistema deprodução de mudas, a maior parte daspesquisas, tanto de caracterização, quan-to de desempenho dos meios de cultivotêm sido voltadas ao desenvolvimentode substratos para produção de mudasde plantas ornamentais, frutíferas esilvícolas, sendo escassas em relação àsdiferentes espécies oleráceas (MenezesJúnior, 1998).

Por outro lado, estão disponíveis nomercado nacional diferentes substratoscomerciais, recomendados indistinta-mente para diferentes espécies, cujasformulações e propriedades são pratica-mente desconhecidas e, cujos desempe-nhos como meio de cultivo ainda nãoestão bem estabelecidos.

Em virtude das escassas informaçõessobre os substratos para a produção demudas de alface, objetivou-se neste tra-balho a caracterização física e químicade dois substratos comerciais (Plantmaxe Planta Forte), de uma mistura reco-mendada pela EMATER - RS e de seissubstratos formulados a partir de “solopodzólico vermelho amarelo” ou turfa“Petrolini”, misturados em diferentesproporções com vermicomposto de es-terco bovino (material proveniente davermicompostagem do esterco bovinopela minhoca Eiseinia foetida). Avaliou-se o desempenho e a viabilidade técni-ca e econômica dos diferentes substratospara a produção de mudas de alface.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi desenvolvidoem laboratório do Departamento de So-los e, em estufa no Campo Experimen-tal do Departamento de Fitotecnia da Fa-culdade de Agronomia “Eliseu Maciel”da Universidade Federal de Pelotas, lo-

calizados a uma latitude de 31°52’00'’S,longitude de 52°21’24'’W e altitude13m, durante o período de 03/05/97 a 05/06/97. O clima local é classificado, se-gundo Köppen, em Cfa, ou seja, climatemperado (C), com chuvas bem distri-buídas (f) e verões suaves (a).

A estufa plástica utilizada foi a mo-delo arco abatido com 10,5 m de com-primento, 4 metros de largura e 2,5 mde altura, disposta no sentido norte-sul,com estrutura de madeira e cobertura defilme de polietileno de baixa densidade(PEBD), com aditivo ultravioleta e es-pessura de 100 m. As laterais da mesmaeram móveis, permitindo o total manu-seio para a abertura ou fechamento. Aestufa foi mantida completamente fe-chada durante a noite (das 18 às 8 ho-ras) e aberta, lateralmente, durante o dia(das 8 às 18 horas).

Foram utilizadas bandejas depoliestireno expandido de 288 células evolume de 9,70 cm3, sustentadas porbancadas a uma altura de 1 metro emrelação à superfície do solo, as quaispermitiram o perfeito nivelamento dasbandejas, objetivando-se garantir o uni-forme suprimento de água às plântulas.

O sistema de irrigação foi compostopor uma bomba de 3/4 de c.v. e uma li-nha central com 8 microaspersores comsistema antigotejo, distanciados uns dosoutros em 2 m, raio de ação de 2,5 m e,a uma altura de 1,0 m das bandejas. Pro-cedeu-se à irrigação diária das plântulase mudas, durante o período de 3 minu-tos, duas a três vezes ao dia, dependen-do das condições meteorológicas locais.

No interior da estufa plástica, foramregistradas ao longo do experimento, atemperatura e umidade relativa médias,de 20,1°C e 75,7%, respectivamente, emtermohigrógrafo da marca WilhLambrecht, de registro semanal, insta-lado a 1,5 m do solo, no interior de umabrigo meteorológico, localizado na ex-tremidade sul da estufa.

Dois comerciais (Plantmax e PlantaForte) e um substrato recomendado porextensionistas do Capão do Leão, RS(denominado EMATER, e composto desolo, turfa “Petrolini” e casca de arrozcarbonizada, na proporção, em volume,de 1:1:1) foram comparados com outrasseis formulações. As seis combinaçõesforam misturas de solo (S) ou turfa

Caracterização de diferentes substratos e seu desempenho na produção de mudas de alface em ambiente protegido.

166 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

“Petrolini” (T) com vermicomposto (V),nas proporções de 25, 50 e 75% em vo-lume, obtendo-se os seguintessubstratos: T

75V

25, T

50V

50, T

25V

75, S

75V

25,

S50

V50

e S25

V75

. Como solo utilizou-se acamada de 0 a 20 cm de um PodzólicoVermelho Amarelo de classe texturalfranca arenosa. A turfa, encontrada emadiantado estado de decomposição (tur-fa preta), foi extraída na Estação Expe-rimental Domingos Petrolini, coletando-se a camada de 10 a 50 cm de profundi-dade, corrigindo-se a acidez para pH 6,0por meio de calcário dolomítico. Overmicomposto ou húmus de minhocafoi obtido junto ao comércio local, sen-do proveniente da vermicompostagemde esterco bovino, por meio da minho-ca vermelha-da-califórnia - Eiseiniafoetida. A exceção da casca de arroz car-bonizada, os demais materiais foram pe-neirados em duas peneiras, com abertu-ra de malhas de 20 mm e 4 mm, respec-tivamente, e, desinfestados combrometo de metila na dosagem de 150cm3.m-3.

Os substratos formulados, com exce-ção dos comerciais, receberam uma adu-bação de base de 2 g.L-1, da fórmula 5-20-10, indicada por técnicos daEMATER do Capão do Leão, RS. Utili-zou-se o delineamento blocoscasualisados com três repetições, sendocada parcela constituída de 96 plantas.

A cultura utilizada no experimentofoi a alface, cultivar Monalisa, semeadaem 03/05/97, na profundidade de 5 mm,

colocando-se duas sementes no centrode cada célula da bandeja. O desbastefoi realizado em 12/05/97, quando asplantas apresentaram a primeira folhadefinitiva desenvolvida, deixando-seuma plântula por célula.

Foram avaliadas as seguintes proprie-dades físicas e químicas dos diferen-tes tratamentos: densidade de volumeseco (DS); pH; e o teor total de sais so-lúveis (TTSS), calculados conforme osmétodos utilizados pela União das En-tidades Alemãs de Pesquisas Agrícolas(VDLUFA) e descritos por Hoffmann(1970); distribuição do tamanho de par-tículas (DTP), segundo Prasad (1979a,1979b) e Bilderback et al. (1982);porosidade total (PT), espaço de aeração(EA), água disponível (AD), água facil-mente disponível (AFD) e água de re-serva (AR), a partir da metodologia pro-posta por De Boodt & Verdonck (1972)modificada por Menezes Júnior (1998),Prasad (1979a, 1979b), Bilderback et al.(1982) e; teor de matéria orgânica (MO)por meio da combustão de amostras emforno mufla à temperatura de 550°C du-rante o período de cinco horas (Kiehl,1979); capacidade de troca de cátions(CTC), segundo a metodologia propos-ta por Tedesco et al. (1985).

Para as avaliações biológicas obte-ve-se o tempo de emergência (TE emer-gência de 50% das plantas da parcela),pela contagem diária; pesos de matériaseca da parte aérea (PMSSA), do siste-ma radicular (PMSSR) e peso total

(PMST); e o número de folhas definiti-vas avaliados 34 dias após a data de se-meadura, por ocasião da coleta das mu-das. Os dados obtidos foram submeti-dos à análise de variância e as médiascomparadas pelo teste de Duncan aonível de 5% de probabilidade.

Os dados de custo dos substratosforam obtidos considerando o custo daprodução do vermicomposto, junto àCooperativa de Minhocultores da Re-gião Sul e o custo de desinfestação dosmateriais puros com brometo de metila,na dosagem de 50 cm3.m-3. Esses dadosforam comparados ao preço dossubstratos comerciais praticados no co-mércio local.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A emergência das plântulas de alfa-ce ocorreu entre 6,6 e 10,6 dias, confor-me os diferentes tratamentos (Tabela 1).Nas doses mais elevadas devermicomposto, assim como nossubstratos comerciais foi verificado omaior tempo de emergência dasplântulas, enquanto na mais baixa con-centração de vermicomposto (25% emvolume) esta ocorreu aos 6,6 e 7,6 diasapós a semeadura, ou seja, para ossubstratos S

75V

25 e T

75V

25, respectiva-

mente. O alto conteúdo de sais encon-trado no vermicomposto e nos substratoscomerciais poderá ter afetado drastica-mente a germinação das sementes (Ta-

SubstratosTempo de

emergência 1/

N° de Folhasdefinitivas

PMSPA (mg) PMSSR (mg) PMST (mg)

T50V50 8,3 e 4,7 b 213, a 74, a 287, a

S75V25 6,6 g 4,9 a 186, b 58, b 243, b

S50V50 9,5 c 4,7 b 184, c 53, d 237, c

S25V75 10,6 a 4,4 d 168, d 56, c 224, d

T25V75 10,0 b 4,5 c 135, e 54, e 198, e

T75V25 7,6 f 4,4 e 104, f 45, g 146, f

EMATER 8,5 d 4,0 f 97, g 46, f 143, g

Plantmax 10,0 b 4,0 g 93, h 32, h 125, h

Planta Forte 10,6 a 3,8 h 89, i 24, i 113, i

C.V. (%) 5,96 5,11 9,66 3,53 7,23

Tabela 1. Tempo de emergência e número de folhas definitivas de mudas de alface obtidas por contagem (valores não transformados) e,peso de matéria seca da parte aérea (PMSPA), do sistema radicular (PMSSR), e total (PMST) das mudas de alface. Pelotas, UFPel, 1998.

*/ Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan;1/ Dias após a semeadura.

F.O.G. Menezes Júnior et al.

167Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

bela 2). Segundo Backes et al. (1988),um alto teor de sais solúveis pode pro-vocar a queima ou necrose das raízes,sendo resultante de condições inerentesdo próprio substrato ou excesso de adu-bação. De acordo com Penningsfeld(1983), o teor máximo de sais permiti-do para espécies tolerantes é de 3 g.L-1.Assim, pode-se concluir que apenas ossubstratos S

75V

25, T

75V

25 e EMATER não

apresentaram níveis excessivos de sais,havendo nas misturas preparadas umefeito de diluição, o qual traduziu-se namaior rapidez de emergência das mu-das. Embora para o substrato T

50V

50 te-

nha sido registrado um alto teor de saissolúveis totais e um menor tempo deemergência em relação a outros, tal fatodeve-se à dificuldade de serem obtidasamostras representativas quando aomeio são adicionadas pequenas quanti-dades de adubo na forma granulada, oque pode mascarar a quantidade real desais presentes no pequeno volume ocu-pado pelo substrato (células das bande-jas). Segundo Menezes Júnior (1998),deve-se dar preferência à adubaçãofoliar, uma vez que a utilização de adu-bos granulados em substratos não ga-rante uma boa uniformidade de distri-buição destes nas células das bandejas,o que pode acarretar tanto deficiências

nutricionais como problemas desalinidade e/ou fitotoxicidade.

A alta porosidade total dossubstratos Plantmax, Planta Forte,T

50V

50, S

50V

50, T

25V

75 e S

25V

75 (Tabela

3), possivelmente permitiu, por ocasiãodas primeiras irrigações, a lixiviação doexcesso de sais, propiciando, emboratardiamente, a germinação. Dossubstratos testados, a mais rápida emer-gência foi observada para aquele formu-lado com 75% de “solo” e 25% devermicomposto (S75V25) em volume(Tabela 1).

Em relação ao desenvolvimento dasplântulas, observou-se que o substratoque proporcionou o menor tempo deemergência produziu mudas com maiornúmero de folhas e maior quantidade dematéria seca (Tabela 1). A adição devermicomposto em 25% e 75% em vo-lume no substrato formulado com turfa“Petrolini”, reduziu o desenvolvimentodas plântulas. No primeiro caso, o bai-xo espaço de aeração (7,45% em volu-me), proporcionado pela predominânciade partículas menores entre 0,250 e0,106 mm (64,6% em volume), preju-dicou o desenvolvimento radicular, pro-vavelmente, por dificultar a difusão deoxigênio às raízes (Tabelas 3 e 4). Talfato traduziu-se em menor peso de ma-

téria seca do sistema radicular, o qualnão foi suficiente para garantir um bomdesenvolvimento do sistema aéreo, sen-do observados menor número de folhasdefinitivas e pesos de matéria seca aé-rea e total (Tabela 1). Estes dados con-cordam com Handreck (1983), Bordaset al. (1988) e Souza et al. (1995), osquais relatam a influência do espaço deaeração de partículas compreendidas nafaixa anteriormente citada, além da ne-cessidade dos substratos possuírem umespaço de aeração entre 10 e 20% e osefeitos prejudiciais advindos de valoresabaixo dos recomendados. No segundocaso, o alto teor total de sais solúveis,aliado a uma baixa relação entre este eos teores de água disponível e água fa-cilmente disponível, determinaram oatraso na emergência das plântulas, as-sim como no desenvolvimentovegetativo destas (Tabelas 2 e 3). Estesdados estão de acordo com Silva Júnioret al. (1995), os quais citam que a con-centração salina interfere no processoosmótico, que por sua vez é controladopela relação concentração salina:teor deágua no solo (ou substrato). SegundoMalavolta (1981), uma alta concentra-ção de sais solúveis na solução do solo,em contato com uma planta jovem po-dem causar a perda de água pelas raízes,

Materiais puros Ph (H2O) TTSS (g.L-1) CTC (mmolc.dm-3) MO (dag.kg-1)Turfa (T) 1/ 4,40 0,38 73,9 8,01Solo (S) 2/ 5,69 0,39 79,3 4,33Casca (C) 3/ 7,92 4,11 41,1 10,57Vermicomposto (V)4/ 6,21 6,18 175,2 16,72 Substratos Plantmax 5,07 i 6,17 b 132,8 f 14,75 cPlanta Forte 7,00 a 5,62 c 193,7 b 15,60 aEMATER 5,70 h 1,48 i 67,9 i 8,88 hT75V25 5,71 g 2,72 h 124,1 h 10,05 gT50V50 5,94 e 4,49 e 154,2 e 12,62 eT25V75 6,04 c 6,19 a 216,9 a 15,50 bS75V25 5,79 f 2,97 g 126,3 g 7,73 iS50V50 6,00 d 3,57 f 155,5 d 11,08 fS25V75 6,18 b 4,96 d 179,2 c 12,80 dC.V. (%) 1,49 8,29 1,03 20,26

Tabela 2. Valores de pH (em água), teor total de sais solúveis (TTSS), capacidade de troca de cátions (CTC) e matéria orgânica (MO) dosmateriais puros, substratos comerciais e formulados em estudo de formação de mudas de alface. Pelotas, UFPel, 1998.

*/ Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan;1/ Turfa “Petrolini”; 2/ solo PVA; 3/ casca de arroz carbonizada; 4/ vermicomposto.

Caracterização de diferentes substratos e seu desempenho na produção de mudas de alface em ambiente protegido.

168 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

devido a uma pressão osmótica do meio(solução do substrato) maior que a dosuco celular o que pode levar à desidra-tação destas, dano permanente e até amorte das plantas.

Os substratos testemunhas(EMATER, Plantmax e Planta Forte),proporcionaram o menor desenvolvi-mento das plântulas em comparaçãoàqueles formulados com vermicom-

posto devido a características própriasde cada material. O substrato EMATERapresentou a mais baixa concentraçãode sais de todos os tratamentos, pH in-ferior ao recomendado à espécie, o que

Materiais puros > 4,752,00 -4,75

1,00 -2,00

0,71 -1,00

0,59 -0,71

0,25 -0,59 0,106 - 0,250

0,001 -0,106

Turfa 1/ 0,0 4,6 9,1 4,5 3,4 23,4 48,3 6,7Solo 2/ 0,0 17,4 22,3 11,2 8,0 25,9 11,0 4,2Casca 3/ 0,4 25,5 28,9 17,2 8,5 15,4 2,9 1,4Vermicomposto 4/ 1,0 17,8 21,7 14,7 10,0 24,1 7,9 2,7SubstratosPlantmax 2,7 15,8 14,6 7,4 4,8 13,6 6,7 i 34,3Planta Forte 5,7 18,0 12,6 5,9 3,9 15,5 13,5 f 24,9EMATER 0,0 12,1 15,6 8,6 5,5 21,3 30,7 c 6,2T75V25 0,2 6,0 10,7 5,6 3,6 19,3 45,3 a 9,2T50V50 0,2 5,3 9,6 6,4 3,7 20,8 41,0 b 13,0T25V75 0,4 7,7 12,2 8,2 6,0 22,7 27,1 d 12,8S75V25 0,0 11,1 18,9 11,7 8,5 28,9 15,6 e 5,2S50V50 0,2 15,6 20,1 10,4 6,6 24,5 11,4 g 11,1S25V75 0,2 13,0 17,8 11,4 9,2 24,6 10,3 h 12,6C. V. (%) - - - - - - 21,85 -

Tabela 4. Distribuição do tamanho de partículas (mm) dos materiais puros, substratos comerciais e formulados em estudo para a formaçãode mudas de alface. Pelotas, UFPel, 1998.

*/ Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan;1/ Turfa “Petrolini”; 2/ solo PVA; 3/ casca de arroz carbonizada; 4/ vermicomposto.

F.O.G. Menezes Júnior et al.

Materiais puros DS (g.L-1)PT EA AD AFD AR

% Em volume

Turfa (T) 1/ 1078, 63,73 5,93 33,13 26,78 6,35

Solo (S) 2/ 1253, 59,53 21,53 20,78 18,93 1,86

Casca (C) 3/ 156, 80,98 62,01 6,99 6,85 0,58

Vermicomposto (V)4/ 623, 75,32 21,79 19,99 18,75 1,24

Substratos

Plantmax 248, h 75,08 b 27,58 c 12,66 f 10,87 f 1,79 i

Planta Forte 562, g 62,09 f 6,53 i 21,24 d 13,54 e 7,70 b

EMATER 899, e 59,54 g 16,18 g 25,08 c 21,15 a 3,93 d

T75V25 1015, c 59,39 h 7,45 h 28,78 a 20,47 c 8,31 a

T50V50 930, d 70,86 d 16,79 f 26,87 b 20,68 b 6,12 c

T25V75 784, f 71,83 c 31,04 b 9,56 g 6,24 g 3,32 f

S75V25 1161, a 53,17 i 27,40 d 5,63 i 3,14 i 2,48 g

S50V50 1048, b 75,44 a 58,45 a 6,95 h 3,46 h 3,48 e

S25V75 776, f 68,16 e 21,47 e 15,36 e 13,54 d 1,82 hC.V. (%) 2,05 4,86 19,47 12,02 16,77 24,25

Tabela 3. Densidade seca (DS), porosidade total (PT), espaço de aeração (EA), água disponível (AD), água facilmente disponível (AFD) eágua de reserva (AR) dos materiais puros e tratamentos de substrato para a formação de mudas de alface. Pelotas, UFPel, 1998.

*/ Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan;1/ Turfa “Petrolini”; 2/ solo PVA; 3/ casca de arroz carbonizada; 4/ vermicomposto.

169Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

associado a baixa capacidade de trocade cátions culminou em menor disponi-bilidade de nutrientes e por conseqüên-cia em menor número de folhas defini-tivas e pesos de matéria seca (Tabelas 1e 2). O mesmo efeito sobre o desenvol-vimento vegetativo das plântulas foiobservado para os substratos comerciaisPlantmax e Planta Forte, contudo pordiferentes causas. Em relação aosubstrato Plantmax, o alto teor total desais solúveis inicialmente registrado pre-judicou o estabelecimento das plântulas,ao aumentar o tempo de emergência edificultar o desenvolvimento radicular.O menor vigor das raízes, observadoposteriormente, pode ser explicado pelaalta porosidade do substrato, a qual di-ficultou o armazenamento de água, pro-porcionando uma alta lixiviação de nu-trientes (Tabelas 1 e 3). Adite-se a issoo baixo pH observado para o material(5,07), o qual diminuiu a disponibilida-de de nutrientes durante o desenvolvi-mento das plântulas. Para o substratoPlanta Forte, o menor desenvolvimentovegetativo está relacionado ao alto teortotal de sais solúveis e ao elevado pH(7,00), dificultando o estabelecimentoinicial das plântulas e, posteriormente,reduzindo a disponibilidade de nutrien-tes durante o desenvolvimento dasmesmas.

Todos os substratos formulados comvermicomposto proporcionaram melhordesenvolvimento vegetativo dasplântulas quando comparados às teste-munhas (substratos comerciais eEMATER), o que se deve a melhorescombinações entre suas propriedadesfísicas e químicas, destacam-se entreeles os tratamentos T

50V

50, S

75V

25,

S50

V50

, e S25

V75.

Na Tabela 2, pode-severificar que estes substratos apresen-taram um valor de pH adequado ao de-senvolvimento da espécie, o qual segun-do a Comissão de Fertilidade do Solo -RS/SC (1995), deve ser de 6,0. Emboraalguns substratos tenham proporciona-do maior tempo de emergência, devidoaos elevados teores salinos iniciais, alixiviação dos sais destes substratos,proporcionada pela irrigação, somada auma melhor relação concentraçãosalina:teor de água no substrato,minimizou o efeito danoso observadoinicialmente, refletindo-se em melhor

desenvolvimento radicular, o qual jun-tamente com potenciais hidro-geniônicos, CTC e teores de matériaorgânica adequados, propiciaram umamelhor absorção de nutrientes, culmi-nando em maior número de folhas defi-nitivas e pesos de matéria seca (Tabelas2 e 3). A comparação entre materiaiscom características diversas deve serfeita com cautela, estando relacionadaa um conjunto de fatores intrínsecos decada material. Assim, pode-se observarpelos resultados que substratos com di-ferentes composições e propriedades,como os substratos T

50V

50 e S

75V

25, po-

dem da mesma forma proporcionar umbom desenvolvimento vegetativo dasplântulas. Contudo, a escolha de uma ououtra formulação, deve estar relaciona-da, além de fatores técnicos e aspectosde uso, ao custo e disponibilidade dosmateriais a longo prazo (Lorenzo &Sant, 1981; Bellé, 1990; Grolli, 1991).Em relação ao último aspecto, o uso daturfa como substrato tem sidoecológicamente questionado (Chong &Rinker, 1994), uma vez que além de nãoser um material renovável a curto pra-zo, exige custos adicionais de remoçãoe transporte. Optou-se, portanto, em secomparar o custo de produção dos me-lhores substratos formulados com soloe vermicomposto ao preço dossubstratos comerciais praticados no co-mércio local.

Segundo dados da Cooperativa deMinhocultores Sul-riograndense(COOMESUL), o custo médio de umquilo de vermicomposto na proprieda-de, mesmo que o produtor tenha queadquirir a matéria prima (esterco bovi-no) de terceiros é de R$ 0,10. Os custosde fumigação dos substratos, por suavez, irão variar de acordo com as densi-dades secas dos materiais puros, assimcomo das proporções em volume em queos mesmos serão utilizados. Para a fu-migação foi utilizado o brometo demetila na dosagem 131 cm3.m-3 desubstrato (ANDREI, 1996), equivalen-te a uma lata de 680 g, cujo preço nocomércio local é de R$ 7,50.

Assim, o custo total da produção dossubstratos formulados com “solo” evermicomposto são muito inferiores aoscomerciais, enquanto para a formulaçãode 25 Kg do substrato S

75V

25, são ne-

cessários R$ 0,42, o produtor para ad-quirir a mesma quantidade do substratoPlantmax teria que desembolsar a quan-tia de R$ 7,80. Portanto, torna-se possí-vel e vantajosa a formulação desubstratos que garantam um bom desen-volvimento vegetativo das plântulas atéa fase de muda na própria propriedade.

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F.O.G. Menezes Júnior et al.

171Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A alface (Lactuca sativa L.) é umaplanta anual em que o

florescimento é influenciado tanto pelatemperatura quanto pelo fotoperíodo(Rappaport & Wittwer, 1956; Rousos,1988). A temperatura é o fator mais im-portante para o florescimento da alface eacima de 20°C ocorre um estímulo para opendoamento; o efeito é acentuado à me-dida que a temperatura aumenta. Dias lon-

gos, associados a temperaturas elevadasaceleram o processo (Viggiano, 1990).

As diferentes fases de desenvolvi-mento de plantas do tipo roseta podemser baseadas no padrão de divisão celu-lar (Besnard-Wibaut et al.,1990). Estesautores concluíram que estas espéciestêm as fases juvenil, intermediária eadulta no preparo para o florescimentoe que somente durante as últimas fases,

um estímulo exógeno pode induzir oflorescimento prematuro.

A presença de ácido giberélico épré-requisito para iniciar oflorescimento no meristema de todas asplantas e o seu nível é geralmentelimitante para o florescimento de plan-tas de dias longos (Evans, 1971). Pode-se dizer que o ácido giberélico aumentaa tendência de plantas de dias longos a

1 Estudante de graduação do curso de Agronomia. UEPG, Ponta Grossa - PR

REGHIN, M.Y.; OTTO, R.F; ROCHA, A. Indução do florescimento e produção de sementes de alface com diferentes doses de ácido giberélico. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 171-175, novembro 2.000.

Indução do florescimento e produção de sementes de alface com diferen-tes doses de ácido giberélico.Marie Yamamoto Reghin; Rosana Fernandes Otto; Aniela Rocha1

UEPG, Praça Santos Andrade s/n, 84.010 – 790 Ponta Grossa – PR. e.mail: [email protected]

RESUMO

Foram avaliadas doses de ácido giberélico (0, 10, 20 e 40 ppm)em três cultivares de alface resistentes ao pendoamento prematuro(Elisa, Verônica e Marisa), com o objetivo de promover oflorescimento e a produção de sementes. O delineamento experi-mental foi de blocos casualizados com quatro repetições, onde ostratamentos seguiram esquema fatorial 4 x 3. A semeadura foi reali-zada em 27/05/98 e o transplantio em 24/06/98, quando as mudastinham 4 a 5 folhas definitivas. As plantas foram pulverizadas noestádio de 10 a12 folhas, usando-se o produto Pro-Gibb (ABBOTT),que contém 10% de ácido giberélico. Os tratos culturais foram con-duzidos de acordo com as recomendações para a cultura. A colheitade sementes foi realizada na maturidade fisiológica, com início em02/12 e término em 21/12. Foram avaliados o número de dias para aantese, número e altura de hastes florais, porcentagem deflorescimento, produção de sementes, peso de 1.000 sementes e por-centagem de germinação. Observou-se comportamento diferencia-do entre cultivares quanto a precocidade no florescimento, sendo‘Elisa’ a mais precoce independente da aplicação de ácido giberélico,seguida de ‘Verônica’ e ‘Marisa’. O efeito de doses foi estatistica-mente significativo para ‘Verônica’ e ‘Marisa’, com máxima por-centagem de florescimento na dose de 28 ppm para cv. Verônica e35 ppm para a cv. Marisa. No entanto, a produção de sementes foisuperior na dose de 23 ppm para as duas cultivares. Por outro lado,‘Elisa’ foi significativamente superior às demais cultivares quanto àprodução de sementes, sendo a maior produção observada na teste-munha, sem aplicação de ácido giberélico. O ácido giberélico au-mentou a porcentagem de florescimento, a precocidade da antese, amaturação e a produção de sementes, mas a resposta dependeu dacultivar; quanto mais tardia ou resistente ao pendoamento prematu-ro mais pronunciado foi o efeito do ácido giberélico, podendo serindicado a dose de 23 ppm.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., pendoamento, sementes,regulador de crescimento.

ABSTRACT

Flowering induction and seed yield in lettuce with differentdoses of gibberellic acid.

Doses of gibberellic acid (0, 10, 20 and 40 ppm) in three lettucebolting-resistant cultivars (Marisa, Verônica and Elisa) were testedwith the aim to induce flowering and seed yield. The experimentaldesign was a complete randomized block, with four replications in a4 x 3 factorial scheme. The sowing was done on 27/05/98 and thetransplanting on 24/06/98, with the plants at the stage of 4 - 5 leaves.The application was performed only once at the stage of 10-12 leaves,using the product Pro-Gibb (ABBOTT), with 10% of gibberellicacid. The lettuce crop was managed accordingly to the usualrecommendation. Seeds were harvested based on the physiologicalmaturity and the harvest ranged from 02/12 to 21/12. There wereevaluated the number of days to anthesis, number and height of stemflowering, flowering percentage, seed yield, weight of 1,000 seedsand percentage of seed germination. Flowering earliness was differentamong cultivars being Elisa the most precocious, regardless ofgibberellic acid application and followed by ‘Verônica’ and ‘Marisa’.The effect of doses had statistical significance on cv. Verônica andMarisa, being the highest flovering percentage at the dose of 28 ppmfor the cv. Verônica and 35 ppm for ‘Marisa’. However, superiorseed yield was observed at the dose of 23 ppm in both cultivars. Onthe other hand seed production from ‘Elisa’ was significantlysuperior than from the other two cultivars, being the highest seedproduction observed on the control, (without application ofgibberellic acid). Gibberellic acid increased the flowering percentage,earliness of the anthesis, seed maturation and seed yield, but theresponse depended on the cultivar; the later or more resistant tobolting the more pronounced were the effects of the gibberellic acidbeing recommended a dose of 23 ppm.

Keywords: Lactuca sativa L., seed stalk, seed, growth substance.

(Aceito para publicação em 21 de agosto de 2.000)

172 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

florescerem; no entanto, não substituitotalmente a exigência em dia longo.Entre plantas de dias longos em que oácido giberélico foi observado comopromotor do florescimento estão o es-pinafre, a alface, rabanete e outras, sen-do geralmente plantas de desenvolvi-mento em forma de roseta.

Vários autores encontraram respos-ta à aplicação de ácido giberélico nopendoamento e florescimento de alface(Wittwer et al., 1957; Harrington, 1960;Hiraoka, 1967; Globerson & Ventura,1973). A maioria dos trabalhos foi rea-lizada com alface que forma cabeça fe-chada, tipo Great Lakes. O ácidogiberélico tem sido recomendado porfacilitar a emissão da haste floral antesda formação da cabeça.

No Brasil, Aguiar (1982) avaliou vá-rias concentrações e épocas de aplica-ção do ácido giberélico, usando a culti-var Babá, tendo observado que o ácidogiberélico como agente estimulador daprodução de sementes não foi efetivo,já que a cultivar utilizada apresentavacabeça pouco compacta, ocorrendo aemissão do pendão floral normalmente,sem o uso do ácido giberélico.

No Brasil são cultivadas cerca desetenta e cinco cultivares comerciais,das quais cerca de dezoito são nacionais,sendo a dependência de importação desementes ainda relativamente grande(Viggiano, 1990). As cultivares Marisae Verônica (crespa) e Elisa (lisa), sãoamplamente utilizadas para a produçãocomercial, tendo folhas muito vigoro-sas e não formando cabeças. Por seremmateriais com excelente performanceem períodos de primavera/verão e comresistência ao pendoamento prematuro,testou-se o ácido giberélico em diferen-tes doses para a indução doflorescimento e produção de sementesdestas três cultivares.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido na área ex-perimental de Olericultura da Fazenda-Escola Capão da Onça, Ponta Grossa(PR), em solo Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico.

O delineamento experimental usadofoi blocos casualizados com quatro re-petições, onde os tratamentos seguiram

esquema fatorial 4 x 3. As doses de áci-do giberélico avaliadas foram: 0, 10, 20e 40 ppm. Utilizaram-se as cultivaresMarisa (Horticeres), Verônica e Elisa(Agroflora). A semeadura foi realizadaem bandejas de poliestireno em 27/05/98, sob substrato Plantmax. A área defi-nitiva foi preparada com 100 g/m2 da fór-mula 4-16-8. Quando as plântulas apre-sentaram 4 a 5 folhas definitivas, fez-seo transplantio das mesmas (24/06/98), emparcelas com 2,20 m de comprimentocontendo 28 plantas no espaçamento 0,30x 0,30m. Usou-se o produto Pro-Gibb(ABBOTT), tendo ácido 2,4a, 7-trihidroxi-1-metil-8-metileno-gib-3-eno,4a –lactona-1, 10-carboxílico (ácidogiberélico) a 10%, diluído em água des-tilada, nas diferentes doses e aplicadouma única vez, com pulverizador de CO

2

quando as plantas encontravam-se noestádio de 10-12 folhas. Fez-se duas co-berturas nitrogenada com nitrocálcio (5g/planta) e aplicação foliar de CaB2 (750ml/100L), quinzenalmente, até a fase deflorescimento. A área foi irrigada poraspersão. O controle de ervas daninhasfoi realizado manualmente durante a fasede desenvolvimento vegetativo.

Procedeu-se às avaliações da alturada haste floral, do número de hastes flo-rais e porcentagem de plantas comflorescimento aos 108 dias após a apli-cação (DAA), em cinco plantas/parce-la. Em três delas, foram etiquetados trêsbotões/planta ao acaso, para se estabe-lecer a data de antese, considerandocomo tal, quando no mínimo duas flo-res etiquetadas estavam abertas. A co-lheita foi feita na maturidade fisiológi-ca, na fase de pêlos (papos) brancos so-bre as inflorescências, iniciada em 02/12 e finalizada em 21/12, em três plan-tas, cortando-se com tesoura asinflorescências que foram depositadas

em sacos de papel. As sementes perma-neceram em ambiente seco de laborató-rio até janeiro/99, quando se procedeua trilha manual das sementes e a limpe-za, usando separação pela coluna de ar.As sementes produzidas por planta fo-ram pesadas, e lotes de 1.000 sementes/parcela foram contados para avaliar opeso destas. Posteriormente, sob papelfiltro tipo germitest, em caixa plásticade germinação semeou-se 100 semen-tes/parcela; as sementes foram embebi-das com água destilada usando 15 ml/caixa plástica e colocadas posteriormen-te no germinador regulado a 20°C. Acontagem da germinação foi efetuadaaos sete dias. Os dados foram submeti-dos à análise de variância e os fatoressignificativos foram analisados com re-gressão e teste de Tukey (5%) para do-ses e cultivares respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os efeitos do ácido giberélico foramrapidamente observados com uma se-mana da aplicação, por meio de clorosegeneralizada nas folhas, quando foramrealizadas adubações nitrogenadas quin-zenalmente, no solo e na planta. Apósum mês, observou-se folhasesverdeadas, com aspecto normal, por-te ereto e com alongamento do caule;esta última característica é típica deplanta no início do pendoamento.

Para todas as características deflorescimento e produção de sementes,houve diferença significativa entre cul-tivares. A cv. Elisa foi mais precoce,com maior número de hastes florais(37,5), maior altura média da haste flo-ral (90,0 cm) e maior porcentagem deflorescimento (92,7), independente daaplicação ou não de ácido giberélico (Fi-guras 1, 2).

N° de DAA para anteseDoses de GA (ppm) Marisa Verônica Elisa

0 135 122 11410 130 114 11120 126 111 10640 122 111 106

Média 128 114 109

Tabela 1. Número de dias após aplicação (DAA) para a antese nas diferentes doses de ácidogiberélico (GA), das cultivares Marisa, Verônica e Elisa. Ponta Grossa, UEPG, 1998.

M.Y. Reghin et al.

173Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

As doses avaliadas tiveram efeitomais pronunciado nas cultivaresVerônica e Marisa. Para Verônica, osvalores máximos do número de hastesflorais, da altura de hastes florais (Fi-gura 1) e porcentagem de florescimento(Figura 2) ocorreram nas doses de 31,29 e 29 ppm, respectivamente. ParaMarisa, foram as doses de 31, 34 e 35ppm (Figuras 1, 2). Estes resultados in-dicam que o ácido giberélico estimula opendoamento e o florescimento, confir-mando os trabalhos de Harrington(1960); Globerson & Ventura (1973);Aguiar (1982), mas a resposta é depen-dente da cultivar.

Ocorreu maior precocidade daantese nas parcelas tratadas de todas ascultivares, principalmente na maior dose(Tabela 1). Comparando o número dedias para a antese (DAA), entre a maiordose e testemunha dentro de cada culti-

var, observou-se uma diferença de 8 diaspara Elisa, 11 dias para Verônica e 13dias para Marisa. Dentre as cultivares,Marisa apresentou-se como a mais tar-dia, com antese aos 135 DAA. na teste-munha sem aplicação de ácido giberélico.Observou-se um período de 29 dias en-tre a antese das primeiras parcelas (20 e40 ppm para Elisa) e a última (Marisa,testemunha sem aplicação de ácidogiberélico). Aguiar (1982) também ob-servou que a aplicação do ácidogiberélico proporcionou umflorescimento mais precoce das plantas.

O ácido giberélico foi decisivo parapromover uma maior produção de se-mentes das cultivares Verônica e Marisa(Figura 2). A produção de sementes foisuperior em ambas as cultivares, com ummáximo na dose de 23 ppm. Provavel-mente isto se deve ao fato de que dosesmaiores, que induziram valores superio-

res nas características de florescimento,também promoveram algum efeito pre-judicial no processo de fecundação, di-minuindo a produção de sementes.Harrington (1960) também observou au-mento significativo na produção de se-mentes em plantas tratadas com ácidogiberélico na dose de 3 e 10 ppm, no es-tádio de 4 e 8 folhas, usando a cultivarde alface Great Lakes. Ao contrário,Aguiar (1982), observou produção infe-rior das plantas tratadas com 5 e 10 ppm,em duas épocas, 7 e 14 dias após otransplantio.

Para Elisa, a maior produção de se-mentes foi observada na testemunha e amenor na dose de 20 ppm, o que reforça aafirmação de que o tratamento com ácidogiberélico deve promover implicações nafecundação. Esta cultivar foi a que tevemaior produção de sementes (Figura 2).Portanto, o uso do ácido giberélico comoagente estimulador da produção de semen-tes não se justifica nesta cultivar, já que opendoamento ocorre normalmente sem aadição de hormônio.

Outra característica importante é opapel do ácido giberélico na precocida-de de maturação das sementes. A doseque promoveu maior precocidade foi 40ppm e a testemunha foi a mais tardia,em qualquer cultivar. O início da colhei-ta foi aos 134 DAA, na cultivar Elisa,que dentre as cultivares foi a mais pre-coce, seguida de Verônica, e a mais tar-dia, Marisa, onde a testemunha foi co-lhida aos 153 DAA.

O peso de 1.000 sementes sofreu sig-nificativamente o efeito de diferentesdosagens. Na cultivar Elisa, o aumentoda concentração de ácido giberélico au-mentou o peso de 1.000 sementes (Fi-gura 2). Em Verônica, o peso maior de1.000 sementes foi verificado na teste-munha, e de acordo com o aumento dadose, até 25 ppm, observou-se diminui-ção do peso. Este comportamento foi in-versamente proporcional ao rendimen-to em sementes, tanto para Elisa comopara Verônica, ou seja, quando houvemaior produção de sementes, menor foio peso observado. Para Marisa, o pontode máximo peso ocorreu na dose de 25ppm, estando relacionado com a dose demaior produção de sementes.

Dentre as cultivares, a Elisa apresen-tou superioridade no peso de 1.000 se-

Figura 1. Efeito de doses de ácido giberélico (GA) na altura e no número de haste floraisaos 108 dias após a aplicação, em três cultivares de alface. Ponta Grossa, UEPG, 1998.

Indução do florescimento e produção de sementes de alface com diferentes doses de ácido giberélico.

174 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

mentes (Figura 2). Sabe-se que ocorremem média 1.200 sementes por grama, va-riando de 720 a 1.470, dependendo dacultivar e ano de produção (Viggiano,1990). Portanto, esta variação encontra-da no peso das sementes, além da carac-terística varietal, está relacionada com osefeitos das doses de ácido giberélico.

Não houve efeito significativo dedoses, bem como da interação doses ecultivares, na porcentagem de germina-ção observada aos sete dias, com médiaelevada em todos os tratamentos.

Os trabalhos com ácido giberélicoforam geralmente realizados com a cul-tivar Great Lakes (Bukovac & Wittwer,1958; Harrington, 1960), ou então, cul-tivares que formam cabeça fechada(Hiraoka, 1967; Globerson & Ventura,1973). A cabeça fechada dessas culti-vares dificultam a emissão da haste flo-ral, sendo comum a retirada das cabe-ças no processo de produção de semen-tes. Como esta prática é onerosa(Globerson & Ventura, 1973), os estu-dos com o ácido giberélico têm sido rea-lizados para o pendoamento ocorrer an-tes do fechamento da cabeça.

O resultado deste fitohormônio de-pende da dosagem e da cultivar. Nestetrabalho observou-se que nas cultivarestardias ou resistentes ao pendoamento,como as cultivares Marisa e Verônica, ouso do ácido giberélico promoveu au-mento do florescimento e da produçãode sementes, sendo recomendado paraestas cultivares a dosagem de 23 ppm,aplicado no estádio de 10-12 folhas.

Os resultados do trabalho confirmama viabilidade do uso do ácido giberélicono aumento do florescimento e produ-ção de sementes de alface, sendo que aresposta depende da cultivar.

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Figura 2. Efeito do ácido giberélico (GA) na porcentagem de florescimento aos 108 diasapós a aplicação, na produção de sementes (g/planta) e no peso de 1000 sementes (g), emtrês cultivares de alface. Ponta Grossa, UEPG, 1998.

175Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

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Condução de melão rendilhado sob cultivo protegido.Wilson Itamar Maruyama; Leila Trevizan Braz; Arthur Bernardes Cecílio FilhoFCAV - UNESP, Via de Acesso Prof. Dr. Paulo Donato Castellane Km 5, 14.870-000 Jaboticabal – SP. e-mail: [email protected],[email protected], [email protected]

RESUMO

Estudou-se o comportamento de dois híbridos de melão rendilhado(Bônus nº 2 - polpa verde e D. Carlos - polpa salmão), conduzidoscom uma ou duas hastes, em três diferentes posições de fixação dosfrutos (5º ao 8º, 9º ao 11º e 12º ao 15º nó). Adotou-se delineamento deblocos ao acaso, com três repetições, no esquema fatorial 2 X 2 X 3. Oexperimento foi conduzido no segundo semestre de 1998, em regiãode clima Cwa. Realizou-se plantio em fileira única, com espaçamentode 1,25 m entre linhas e 0,25 m entre plantas, com irrigação porgotejamento, em casa de vegetação tipo arco, com laterais abertas,sendo as plantas conduzidas alternadamente uma para cada lado, emforma de V; adotou-se o limite de dois frutos por planta. Ocorreraminterações entre híbridos e posições de fixação do fruto para altura defixação do fruto, entre híbrido e sistema de condução para conteúdode sólidos solúveis, entre sistema de condução e posição de fixaçãodo fruto para número médio de frutos por planta e produção total defrutos por planta. Plantas conduzidas com duas hastes apresentarammaior distância entre o solo e o nó de fixação do fruto (55,17 cm), emrelação às com uma haste (39,50 cm) para os dois híbridos. O híbridoBônus nº 2 apresentou maior quantidade de matéria seca por planta,na floração (22,61 g) e na colheita (74,34 g), maior área foliar porplanta, na floração (0,3613 m2) e colheita (0,7701 m2), maior númerode frutos por planta (1,15), maior produção total de frutos por planta(1,18 kg), e maior conteúdo de sólidos solúveis (15,0%) em relação a‘D. Carlos’ (16,39 g, 52,48 g, 0,2550 m2, 0,6094 m2, 0,78 frutos, 0,848kg/fruto, e 11,3%, respectivamente). O híbrido D. Carlos, conduzidocom duas hastes, apresentou maior conteúdo de sólidos solúveis(12,0%) em relação a uma haste (10,5%), o que não foi observadopara ‘Bônus nº 2’. A posição de fixação do fruto não influenciou noconteúdo de sólidos solúveis (12,9 a 13,3%), na massa média do fruto(1,050 a 1,090 kg) e no número médio de frutos por planta (1,05 a1,30). Entretanto, para a produção total por planta, no sistema de con-dução com uma ou duas hastes, as posições acima do 9º nó até o 15ºnó apresentaram maior produção (1,123 a 1,352 kg/planta). ‘D. Carlos’mostrou-se mais precoce (81 dias em média) em relação a ‘Bônus nº2’ (98 dias em média).

Palavras-chave: Cucumis melo, poda, posição de fixação, sistemade condução, produção.

ABSTRACT

Net melon fruit conduction in greenhouse.

There was studied the behavior of two hybrids with netted skin(Bônus nº 2 – green flesh and D. Carlos – orange flesh), conductedwith two training methods (one or two stems) and three fruit settingpositions (5th until 8th, 9th until 11th and 12th until 15th nodes). Theexperimental design was of randomized blocks in a factorialarrangement 2 X 2 X 3, and three replications. It was conducted atthe second semester of 1998 under a Cwa climate. Single row plotswith plants spaced 1,25 m between lines and 0,25 m between plantswere dripping irrigated in a greenhouse of arc type, with open side.Plant stems were conducted in an alternated way, one to the left andthe other to the right, in a V form, with maximum of two fruits perplant. There were observed interactions between the hybrids and theheight of the fruit setting node; between hybrids and the trainingmethods for soluble solids concentration (SSC); between trainingmethods and the fruit setting position for number of fruits per plantand total yield per plant. Plants conducted with two stems presentedhigher fruit set node (55.17 cm) when compared to the plantsconducted with only one stem (39.50 cm). The Bônus nº 2 hybridpresented higher values of dry matter per plant at flowering (22.61g/plant) and at harvest (74.34 g/plant), higher leaf area at flowering(3,613.83 cm2/plant) and at harvest (7,701.76 cm2/plant), more fruitsper plant (1.15), higher total production of fruits per plant (1.18 kg)and SSC (15.0%) when compared to D. Carlos hybrid (16.39 g/plant;52.48 g/plant; 0.2550 m2/plant; 0.6094 m2/plant; 0.78 fruit; 0.848kg/fruit and 11.3%, respectively). Plants of ‘D. Carlos’ conductedwith two stems presented higher SSC (12.0%) than those conductedwith one stem (10.5%). The fruit set position had not influence onthe SSC (12.9 to 13.3%) and average fruit weight (1.050 to 1.090Kg), however the higher number of fruits per plant (1.05 to 1.30)and higher yield of 1.123 to 1.352 kg per plant were observed in the9th-11th and 12th-15th nodes. ‘D. Carlos’ was more precocious (81days in average) than ‘Bônus nº 2’ (98 days in average).

Keywords: Cucumis melo, pruning, fruit setting, training,production.

(Aceito para publicação em 17 de agosto de 2.000)

Indução do florescimento e produção de sementes de alface com diferentes doses de ácido giberélico.

176 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

D esde longa data, o melãorendilhado é conhecido e cultiva-

do em vários países como Japão, Fran-ça, Estados Unidos, sendo que o seu con-sumo tem aumentado expressivamentenos últimos 20 anos. No continente ameri-cano, países como Honduras, Guatemalae México cultivam o meloeiro visandoa exportação aos Estados Unidos, osquais são também grandes produtores econsumidores desta fruta (Shoemaker,1992). A Europa, a exemplo dos EUA,apresenta um mercado consumidormuito atraente aos produtores brasi-leiros, principalmente no inverno euro-peu, quando a oferta da fruta é bemmenor.

O Brasil participa como exportadorde melão do grupo inodorus, com baixoconteúdo de açúcar, preterido em rela-ção aos melões do grupo reticulatus comconteúdo de açúcar maior e aspecto vi-sual mais atraente. Para a obtenção defrutos de qualidade superior, o melãorendilhado requer condições especiais decultivo, como casa de vegetação,tutoramento, sistema de condução e podaadequados, informações ainda escassasnas condições brasileiras de cultivo.

A poda melhora a distribuição deseiva na planta, afetando a precocida-de, fixação de flores, quantidade, tama-nho e maturação de frutos, bem comomelhorando as condições para a aplica-ção de produtos, visando a tratosfitossanitários e adubação foliar(Gómez-Guilamón et al., 1997).

Devido à competição por nutrientesentre órgãos reprodutivos e vegetativos,um determinado estímulo pode induzirao florescimento, como a retirada departes da planta por meio da poda. Estemecanismo de desvio de nutrientes dasfolhas para o fruto, muitas vezes contrao gradiente de concentração, ainda nãoé bem conhecido, mas provavelmenteseja controlado pelo floema, e pelapresença de hormônios (Salisbury &Ross, 1991). Odet (1985) cita que a podaem melão depende de vários fatores queatuam interligados, entre os quais tem-seo tipo varietal, vigor da planta, suprimen-to de água, fertilidade do solo, sistemade condução e época do ano. Estainteração, segundo o autor, explica osvários resultados contraditórios encon-trados na literatura, sobre a melhor ma-

neira de se podar. Resultados obtidos porBuitelaar (1985), em casa de vegetação,indicaram que o conteúdo de açúcar emfrutos de melão é maior em plantas nãopodadas, diminuindo proporcio-nalmente à severidade da poda, sendoque esta variação está relacionada como híbrido e com a época de plantio.

Mougou et al. (1990) não obtiveramprecocidade com poda da haste princi-pal, sendo que a variedade e a densida-de de plantio utilizada tiveram maiorsignificância, porém a condução deplantas não podadas resulta em atrasona floração feminina. Marreiros & Pa-quete (1995) colocam que a poda deformação em melões do tipo ‘Gália’ e‘Harvest King’, para as condições deAlgarve, em Portugal, seria desneces-sária, por não se obter precocidade, nemaumento de produção, tendo-se entãoum ganho na redução da mão-de-obra.Contudo a poda inicial é necessária paraforçar o lançamento das hastes secun-dárias, quando se trabalha com dois ra-mos tutorados na vertical.

Jaewook et al. (1994) citam que osfrutos de plantas conduzidas tutoradasapresentaram maior concentração de só-lidos solúveis e maior produção em rela-ção às não tutoradas. Os frutos do 9º nóapresentaram, ainda, uma maior concen-tração de sólidos solúveis. Monteiro &Mexia (1988), em Portugal, trabalhandocom melões ‘MacDimon’ e ‘HarvestKing’, em estufa, verificaram que a quan-tidade de sólidos solúveis não foi influen-ciada pelo híbrido, porém ‘MacDimon’apresentou maior área foliar.

Neste sentido, este trabalho teve porobjetivo verificar o efeito do sistema decondução e posição de fixação do frutona planta, sobre a produtividade e qua-lidade dos frutos de dois híbridos demeloeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido noDistrito de Ibitiúva, região Norte doEstado de São Paulo, de clima tipo Cwa(André & Volpe, 1992), no segundo se-mestre de 1998, sendo avaliados os fa-tores híbridos de Cucumis melo var.reticulatus (Bônus nº 2 e D. Carlos); sis-temas de condução com uma ou duashastes e posições de fixação dos frutos

compreendidas do 5º ao 8º nó, do 9º ao11º nó e do 12º ao 15º nó, deixando-sesempre duas folhas após o fruto. Cadaparcela cons tituiu-se de quatorze plan-tas, sendo avaliadas as oito plantas cen-trais para as variáveis do fruto. Utilizou-se substrato agrícola, semeando-se embandejas de poliestireno expandido (128células), sendo as mudas transplantadasquando apresentavam a primeira folhadefinitiva e soltavam-se das células dabandeja de isopor sem quebra do tor-rão, aos 15 dias após a semeadura para‘Bônus nº 2’ e aos 18 dias para ‘D.Carlos’. As plantas foram conduzidasem linha única, no espaçamento de 0,25m, e 1,25 m entre fileiras. Independen-temente do sistema de condução adota-do (uma ou duas hastes), a planta foiconduzida alternando-se uma para a di-reita e outra para a esquerda na fileira,com orientação do crescimento destasem forma de V. A poda inicial no siste-ma de condução de duas hastes foi rea-lizada quando a planta possuía quatro acinco folhas definitivas desenvolvidas,podando-se após a terceira folha e con-duzindo-se os dois melhores ramos quebrotaram (Nicolas et al, 1989).

As plantas foram tutoradas por umafita plástica amarrada a um fio de ara-me rente ao solo e outro fio colocado a2,0 m de altura, bem como, por fio dearame colocado paralelamente ao soloà altura de 0,80 m, a fim de auxiliar nasustentação dos frutos, que foram fixa-dos ao arame por rede plástica. Foi pro-cedida a irrigação por gotejamento emdias alternados, ou conforme a necessi-dade da cultura. As adubações de plan-tio e cobertura foram realizadas de acor-do com Raij et al. (1996) para a culturado melão, aplicando-se 3,5 g/planta desulfato de amônia e 23 g/planta desuperfosfato simples, com base em aná-lise de solo. Realizaram-se pulveriza-ções com benomyl para prevenção dedoenças e de deltamethrine para controlede pragas, quando necessário.

Avaliou-se a matéria seca da parteaérea na floração e por ocasião da co-lheita, com secagem do material em es-tufa de circulação forçada de ar (70 -80ºC) (duas plantas/parcela/amostragem), área foliar na floração epor ocasião da colheita (duas plantas/parcela/amostragem), estimada pelo mé-todo de lâminas conhecidas (Benincasa,

W.I.Maruyama et al.

177Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

1988), altura do ponto de fixação do fru-to a partir da superfície do solo, espessu-ra do mesocarpo medido na posição cen-tral do fruto, conteúdo de sólidos solú-veis do suco de uma fatia longitudinaldo fruto avaliado com refratômetro ma-nual, massa de frutos pesada em balançaeletrônica, número médio de frutos porplanta e produção total de frutos por plan-ta. Para análise de variância dos dadosutilizou-se delineamento de blocos aoacaso, em esquema fatorial 2 (híbridos)x 2 (sistemas de condução) x 3 (posiçõesde fixação do fruto), com três repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância não indicouinteração entre híbridos, sistemas decondução e posições de fixação do fru-to para as variáveis matéria seca da parteaérea e área foliar, na floração e por oca-sião da colheita, bem como para a espes-sura do mesocarpo e massa do fruto.

Para o fator híbrido, ‘Bônus nº 2’apresentou maiores valores para todasas variáveis (Tabela 1), exceto para mas-sa de fruto (1,07 kg) e espessura domesocarpo (3,0 cm) que não apresenta-ram diferença estatística em relação a‘D. Carlos’ (1,065 kg e 2,9 cm). Prova-velmente, a maior quantidade de maté-ria seca da parte aérea na floração (MSF)e colheita (MSC), com maior área foliarem ambos os períodos (AFF e AFC),contribuiu para o maior número de fru-tos (NF/P) e produção total por planta(PTF/P), se comparadas às do híbridoD. Carlos. O rendimento por área tam-bém foi maior para híbrido Bônus nº 2,com 4,72 kg/m2, contra 3,39 kg/m2 para‘D. Carlos’, justificável devido ao maiornúmero médio de frutos por planta,uma vez que a massa média de fruto nãoapresentou diferenças significativas en-tre os híbridos. Os rendimentos obtidossuperaram os de Buwalda & Freeman

(1986) para ‘Prince PR’ (1,82 kg/m2) epara ‘Tenkei’ (2,75 kg/m2), e tambémos de Mougou et al. (1990) que obtive-ram 2,75 kg de fruto/m2 para ‘Alpha’,porém Monteiro & Mexia (1988) encon-traram valores superiores, com ‘MacDimon’ (6,16 kg/m2) e ‘Harvest King’(4,5 kg/m2). Esta diferença de produçãotambém foi encontrada por Martins et al.(1998) em melão ‘Melina’ apresentandomaior produção por planta (1,99 kg) emrelação ao melão ‘Amarelo’ (1,55 kg).As diferenças entre os rendimentos apre-sentados ocorreram principalmente emfunção dos materiais genéticos utilizadose ambientes diferenciados.

Analisando o fator sistema de con-dução, as plantas conduzidas com duashastes apresentaram altura de fixação dofruto (55,17 cm) significativamente su-perior às conduzidas com uma haste(39,50 cm). Este comportamento podeser explicado pela alteração na relaçãoentre parte aérea e raiz da planta. Geral-mente, quando se realiza uma poda naplanta, o sistema radicular é capaz deimpulsionar o crescimento vegetativo daplanta, desviando, desta forma, água enutrientes para os locais de crescimen-to (Devlin & Witham, 1983). Entretan-to, Janick (1966) ressalta que algumaspartes da planta podem crescer de modoseletivo, o que, segundo Salisbury &Ross (1991), acontece no caule devidoà ação de giberelinas. A poda inicial paraa condução da planta com duas hastes

pode provocar alongamento dosinternódios, associando o crescimentorápido à ação hormonal favorável àatuação de giberelinas.

Não houve diferença estatística en-tre os dois sistemas de condução comrelação ao conteúdo de sólidos solúveispara o híbrido Bônus nº 2 (Tabela 2).Entretanto, para o melão ‘D. Carlos’, asplantas conduzidas com duas hastes pro-porcionaram frutos com conteúdo desólidos solúveis mais elevado, em rela-ção às plantas conduzidas com uma has-te; deste modo, é recomendável para ‘D.Carlos’ a condução em duas hastes vi-sando-se ao acúmulo de açúcar no fruto(Tabela 2).

Independentemente do sistema decondução, ‘Bônus nº 2’ apresentou maiorconteúdo de sólidos solúveis que o hí-brido D. Carlos. Esta diferença pode es-tar associada à precocidade de ciclo des-te último (81 dias em média), pois ‘Bô-nus nº 2’ mostrou-se mais tardio (98 diasem média), recebendo maisfotossintatos com o fruto retido por maistempo à planta, de modo semelhante aoque ocorre em frutos com genesinibidores de etileno (Guis et al., 1997).Martins et al. (1998) também encontra-ram valores maiores de sólidos solúveis(12,4ºBrix) para o híbrido Amarelo (tipoEspanhol), mais tardio do que para o hí-brido Melina (9,1ºBrix) tipo Gália. Osresultados encontrados neste experi-mento conduzem à possível relação po-

HíbridosMédias

MSF MSC AFF AFC NF/P PTF/PBônus nº 2 22,61A a/ 74,34 A 0,3613 A 0,7701 A 1,15 A 1,180 AD. Carlos 16,39 B 52,48 B 0,2550 B 0,6094 B 0,78 B 0,848 B

Tabela 1. Média de matéria seca da parte aérea na floração (MSF) e na colheita (MSC) (g/planta), área foliar na floração (AFF) e na colheita(AFC) (m2/planta), número de frutos por planta (NF/P) e produção total de frutos por planta (PTF/P) (kg/planta), em melão rendilhado.Jaboticabal, UNESP, 1998.

a/ Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Sistemas decondução

HíbridosBônus nº 2 D. Carlos

Uma haste 14,8 Aaa/ 10,5 BbDuas hastes 15,2 Aa 12,0 Ab

Tabela 2. Média de conteúdo de sólidos solúveis (%) em função da interação entre híbridose sistemas de condução em melão rendilhado. Jaboticabal, UNESP, 1998.

a/ Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferementre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Condução de melão rendilhado sob cultivo protegido.

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sitiva entre duração do estádio de de-senvolvimento do fruto, matéria secaacumulada pela planta e área foliar, comconteúdo de sólidos solúveis, uma vezque foram encontrados valores maiorespara ‘Bônus nº 2’ (Tabela 1).

Não se detectaram variações signi-ficativas no conteúdo de sólidos solú-veis das diferentes posições de fixaçãodo fruto para os híbrido Bônus nº 2 e D.Carlos, com 12,9%, 13,4% e 13,0%, res-pectivamente, do 5º ao 8º nó, do 9º ao11º nó e do 12º ao 15º, discordando deJaewook et al. (1994) que obtiverammaiores concentrações no conteúdo desólidos solúveis em frutos fixados no 9ºnó. Aparentemente, este acúmulo emdeterminadas posições da planta podeestar relacionado ao híbrido, uma vezque Sin et al. (1991), na Coréia, encon-traram maior conteúdo de açúcar em‘House-Euncheon’ do 8º ao 10º nó defixação do fruto em relação às posiçõesdo 4º ao 6º, e do 6º ao 8º nó, porém nãohavendo diferença significativa no con-teúdo de sólidos solúveis no híbridoKeumssaragi, em função das várias fai-xas de fixação testadas. Por outro lado,Nylund (1954), verificando o efeito dedesfolha sobre plantas de meloeiro, ve-rificou que plantas com pouca área foliarproduziam frutos com menor conteúdode sólidos solúveis. Monteiro & Mexia(1988) confirmam uma correlação po-sitiva entre maior área foliar à disposi-ção de cada fruto com o maior conteú-do de sólidos solúveis.

No sistema de condução com umaou duas hastes, a posição do 5º ao 8º nóapresentou menor produção total de fru-tos por planta para o valor médio deambos os híbridos, diferindo significa-tivamente das outras duas posições (Ta-bela 3). Deve-se realizar a fixação dofruto a partir do 9º nó até o 15º nó, parauma maior produção e melhor rendi-

mento da cultura, facilitando o manu-seio dos frutos, uma vez que a fixação ea produção da cultura ficaram prejudi-cadas com a fixação nas posições maisinferiores.

Em vista dos resultados obtidos,conclui-se que plantas podadas inicial-mente e conduzidas com duas hastesapresentam maior altura de fixação dofruto em relação às conduzidas com umahaste sem poda inicial. O híbrido Bô-nus nº 2 apresentou maiores índices deconteúdo de sólidos solúveis e rendi-mento em comparação com o híbrido D.Carlos. O híbrido D. Carlos conduzidocom duas hastes apresenta um incremen-to no conteúdo de sólidos solúveis emrelação à condução com uma haste. Asdiferentes posições de fixação do frutonão influenciaram o conteúdo de sóli-dos solúveis e massa média do fruto.Frutos fixados do 9º ao 11º nó e do 12ºao 15º nó apresentaram maior produçãototal por planta. O híbrido D. Carlos foimais precoce, porém com conteúdo deaçúcar menor em comparação ao híbri-do Bônus nº 2.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Coordena-ção de Aperfeiçoamento de Pessoal deNível Superior (CAPES), pela conces-são da bolsa de mestrado do primeiroautor, bem como ao funcionárioWelliton I. de Souza, pelo auxílio nacondução do experimento na chácaraSão Luís (Ibitiúva).

LITERATURA CITADA

ANDRÉ, R.G.B.; VOLPE, C.A. Dadosmeteorológicos de Jaboticabal no Estado deSão Paulo durante os anos de 1971 a 1980.1982, Jaboticabal, 25 p. (Boletim técnico, 1).

Posições de fixaçãoSistemas de condução

Uma haste Duas hastes5º - 8º nó 0,231 Bba/ 0,862 Ba9º - 11º nó 1,123 Aa 1,178 Aa12º - 15º nó 1,339 Aa 1,352 Aa

Tabela 3. Produção total de frutos por planta (kg/planta) em função da interação entre posi-ções de fixação do fruto e sistemas de condução de melão rendilhado. Jaboticabal, UNESP,1998.

a/ Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferementre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

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W.I.Maruyama et al.

179Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

O interesse pela cultura do melão noRio Grande do Norte nos últimos

anos tem aumentado em decorrência dacrescente exportação. Como ocorre namaioria das espécies da famíliaCucurbitaceae, o cultivo do melão seadequa às regiões que apresentem cli-ma quente e alta intensidade luminosa.Por suas condições edafoclimáticas ideaisao cultivo do melão e pela tecnologiaavançada adotada, o Nordeste brasilei-ro contribui com aproximadamente88,9% da produção total do país. O Es-tado do Rio Grande do Norte, especial-mente o pólo agrícola Mossoró–Açu, éo maior produtor com 137.500 t/ha, re-presentando 63% de todo o melão pro-duzido nesta região (Castro et al., 1998).

Problemas fitossanitários como apresença de pragas e doenças têm sidoregistrados pelos produtores na culturado melão. A mosca-branca (Bemisiaargentifolii Bellows & Perring), desta-ca-se, atualmente, como um dos princi-pais problemas da cultura, pois além das

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Qualidade de híbridos de melão após a aplicação de imidacloprid paracontrole de mosca-branca.Geomar G. da Silva; Everardo F. Praça; Josivan B. Menezes; Julio Gomes Junior; Clemens P.G. Vieira1 ESAM-Depto de Química e Tecnologia - Núcleo de Estudos em Pós-colheita; C. Postal, 137 CEP 59.625-900 Mossoró – RN. E-mail:[email protected]

RESUMO

Com o objetivo de avaliar a qualidade de diferentes híbridos demelão após a aplicação do inseticida imidacloprid via fertirrigação epulverização para o controle da mosca-branca (Bemisia argentifoliiBellows & Perring), foi conduzido um ensaio na região agrícola deMossoró-Açú-RN. As características avaliadas foram: população deinsetos, produtividade, firmeza de polpa, sólidos solúveis, acidez,pH, açúcares totais, redutores e não redutores. O delineamento ex-perimental foi blocos completos em parcelas subdivididas com qua-tro repetições. As parcelas foram constituídas pelos métodos de apli-cação do inseticida (fertirrigação, pulverização e controle sem apli-cação de inseticidas). As subparcelas foram ocupadas pelos três hí-bridos utilizados no experimento (Orange Flesh, AF 682 e Hy-Mark).O método de aplicação do inseticida teve efeito significativo na pro-dução dos híbridos e o conteúdo de açúcares redutores. Houve au-mento na produção do melão de 20,52% (fertirrigação) e 13,54%(pulverização), quando comparados à testemunha.

Palavras-chave: Cucumis melo L., imidacloprid, mosca-branca,controle químico.

ABSTRACT

Fruit quality of hybrid melons after application ofimidacloprid to control whitefly.

With the objective of evaluating fruit quality of hibrid melons afterapplication of imidacloprid by fertirrigation and spraying to controlwhitefly (Bemisia argentifolii Bellows & Perring), a research was carriedout at the agricultural region of Mossoró-Açu, Brazil. A randomizedcomplete block design in a split-plot scheme with four replications wasused. The methods of application of imidacloprid (fertirrigation, sprayingand control) were used in the plots and in the split-plot the melon hibrids(Orange Flesh, AF 682 and Hy-Mark) were planted. Evaluation of insectpopulation, melon fruit yield, pulp firmness, soluble solids contents,acidity, pH, total and, reducing and non reducing sugar content wereanalyzed. The methods of insecticide application of imidacloprid had asignificant effect on fruit and in reducing sugar contents. There was anincreasing on melon fruit yield of 20.52% and 13.54% when thepopulation of whitefly was controlled by fertirrigation and sprayingmethods, respectively, as compared to control.

Keywords: Cucumis melo L, imidacloprid, whitefly, chemicalcontrol.

(Aceito para publicação em 07 de agosto de 2.000)

folhas, ataca severamente os frutos, cau-sando grandes prejuízos. O crescimen-to da planta é prejudicado pela sucçãoda seiva e pelo murchamento nas horasmais quentes do dia. As plantas ataca-das mostram folhas parcialmente secase necrosadas e os frutos, amadurecimen-to irregular (Lourenção & Nagai, 1994).Outros sintomas, incluindo clareamentode nervuras, mosaico, encrespamento defolhas jovens e aparência coriácea dasfolhas mais velhas em melões foram re-latados por Brown & Nelson (1986).

A utilização do controle químico depragas e doenças é indispensável para queos frutos tenham qualidade comercial. Ouso de inseticidas constitui uma das me-didas disponíveis para que o agricultorpossa regular a população de insetos da-nosos à cultura, evitando perdas que com-prometam a produtividade e a qualidadedo produto (Barbosa et al. 1999).

Os melhores resultados são encontra-dos, conhecendo-se não somente o tipo

de praga a ser controlada, mas quando sedeve aplicar o inseticida, a quantidade ea forma corretas, pois a eficiência dessesprodutos varia de um grupo para outro.De acordo com Horowitz et al., (1998) oimidacloprid é mais eficiente quandoaplicado ao solo, enquanto, o acetamipridquando aplicado via foliar.

Em vista da importância do melãocomo fonte geradora de divisas e deempregos diretos e indiretos, o aumen-to da produção e qualidade dos frutospara exportação constitui metaprioritária do setor agrícola. Entretan-to, problemas com pragas, principal-mente, a mosca-branca devem ser con-tornados. Muitos produtores do póloagrícola Mossoró-Açu vem aplicando oimidacloprid via pulverização.

Este trabalho teve como objetivos,avaliar a produção e a qualidade de fru-tos de meloeiro, provenientes de plan-tas tratadas com imidacloprid, viafertirrigação e pulverização, bem com

180 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

verificar a eficiência desse produto nocontrole da mosca-branca.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado emplantio comercial da fazenda agrícolaMAISA (Mossoró Agroindustrial S.A.),situada no Pólo Agrícola Mossoró–Açu,Rio Grande do Norte. O clima da regiãoé quente e seco; precipitação média de500-600 mm anuais; temperatura médiade 28,8°C; umidade relativa de 68,5%;precipitação pluviométrica total de 36mm; evaporação 9,58 mm/dia (tanqueclasse A) e velocidade do vento de 11,93km/h. O solo é areno-quartozosodistrófico. O preparo do solo foi feitocom aração, gradagem e sulcamento. Osistema de irrigação foi gotejamento emlinha e as irrigações realizadas diaria-mente. Foram realizados três tipos deadubação: química de base (500 kg/hada formulação N P K 08–30–20); viafertirrigação-(diária a partir dos 15 diascontendo 1,02 g, 1,97 g e 3,84 g de N,P

2O

5 e K

2O, respectivamente, por plan-

ta até os 65 dias) e adubação orgânica(10 t/ha de esterco bovino).

Os híbridos utilizados foram OrangeFlesh, AF 682 e Hy–Mark, noespaçamento de 2,20 m entre fileira por1,0 m entre gotejadores, utilizando-seuma semente por cova e duas plantaspor gotejador. O experimento foi insta-lado em uma área de 594 m2, tendo cadaparcela 198 m2 e a subparcela 10 m2. Apopulação foi de 9090 plantas/ha. O de-lineamento experimental foi blocoscompletos casualizados em esquema deparcelas subdivididas com quatro repe-tições. As parcelas foram constituídas

pelos métodos de aplicação do insetici-da (M1 = fertirrigação; M2 = pulveri-zação; M3 = testemunha) e assubparcelas pelos híbridos (H1=OrangeFlesh, H2=AF682 e H3=Hy-Mark).Cada subparcela foi composta por umafileira de 10 m de comprimento, con-tendo 20 plantas. Em cada subparcelaforam instalados 10 gotejadores (umgotejador para cada 2 plantas). As duasplantas finais de cada extremidade fo-ram consideradas bordadura. Oimidacloprid foi aplicado na dosagemde 240 g/ha, via fertirrigação e via pul-verização. O produto foi aplicado aosdez e aos 40 dias após o plantio,correspondendo a 22,37 mg i.a/planta.Antes da aplicação do inseticida e apósa colheita dos frutos foram feitas avalia-ções da população de mosca-branca.

A contagem de insetos adultos foifeita em toda a folha, considerando-setrês plantas por parcela e três folhas porplanta, selecionadas ao acaso em parce-las de 16 plantas. A avaliação foi reali-zada, semanalmente, entre 8 e 10 horasda manhã. A eficiência do inseticida foideterminada segundo a metodologiaproposta por Abbott (1925). Avaliou-sea produtividade (pela pesagem dos fru-tos da área útil); firmeza da polpa emNewton (N) (corte longitudinal do fru-to e realização de duas leituras compenetrômetro com plunger 8 mm de diâ-metro); percentual de sólidos solúveis(refratômetria digital com compensaçãoautomática de temperatura, obtidos pelaretirada de uma fatia longitudinal do fru-to, seguida da homogeneização em li-qüidificador); acidez total titulável(mmol de H+/ litro de suco) (determina-da utilizando-se uma alíquota de 10 mLdo suco de polpa, a qual foi adicionado

40 mL de água destilada e 3 gotas defenolftaleína a 1%, seguido de titulaçãocom solução de NaOH 0,1 N); poten-cial hidrogeniônico (determinado direta-mente numa alíquota de 10 mL de suco,utilizando um potenciômetro digital);percentual de açúcares solúveis (deter-minados diretamente no suco, uma se-mana após a colheita, através do méto-do redutométrico de Somogyi - Nelsonsegundo Southgate, 1991). Os híbridosOrange Flesh e AF 682, foram colhidos58 dias após o plantio, enquanto Hy–Mark foi colhido 63 dias após o plantio.Para efeito de análises de qualidade foiconsiderada apenas a primeira colheitade cada híbrido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número médio de adultos de B.argentifolii nos diferentes métodos deaplicação do imidacloprid é mostrada naTabela 1. Pode-se observar que apenasnos primeiros sete dias após a aplicaçãodo inseticida houve diferença estatísti-ca entre os métodos de fertirrigação epulverização. Esta diferença ocorreu,provavelmente, porque na pulverização,o inseticida é colocado em contato ime-diato com o inseto logo após a aplica-ção, enquanto que, via água de irriga-ção o contato do inseticida primeiramen-te ocorre com o solo e, somente depoiscom a fase de ninfa do inseto. Este re-sultado ficou ainda mais evidente pois7 dias após aplicação dos produtos nãohouve diferença estatística entre méto-dos de aplicação e testemunha quanto àcontagem de adultos de mosca-branca.Aos 14 dias após a aplicação do inseti-cida, não houve diferença significativaquando se comparou os métodos de pul-

Método deaplicação do

inseticida

Número de adultos de mosca branca

7 14 21 28 35 42 49 56

Fertirrigação 4.263, a 3,957 b 3,571 b 2,476 b 2,430 b 2,493 b 3,548 b 3,539 bPulverização 3.099, b 3,191 b 3,514 b 2,632 b 2,634 b 2,877 b 3,128 b 4,034 bControle 3.635, ab 4,537 a 4,610 a 4,479 a 4,481 a 4,293 a 7,176 a 6,820 aDMS 0,727 0,399 0,674 0,542 0,560 0,625 1,172 0,697

Tabela 1. Número de adultos de B. argentifolii em plantas de melão 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49 e 56 dias após duas aplicações (10 e 40 dias apóso plantio) de imidacloprid. Mossoró, ESAM, 1998.

*Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.*As médias foram transformadas para √x.*DMS= Diferença Mínima Significativa

G.G. Silva et al.

181Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

verização e fertirrigação, no entantoambos diferiram estatisticamente da tes-temunha. Este resultado demonstra que14 dias é suficiente para que oimidacloprid, aplicado via fertirrigação,inicie o controle da população de mos-ca-branca com a mesma eficiência dapulverização.

A eficiência do inseticida aplicadovia fertirrigação foi aumentandogradativamente no decorrer do períodoalcançando um valor máximo de 50,6%(Figura 1). Por outro lado, a eficiênciada pulverização, inicialmente superiorà fertirrigação, apresentou uma tendên-cia de redução, exceto aos 49 dias daaplicação, quando alcançou ainda umvalor de 56,4%. Seal (1993) conseguiureduzir a população de mosca-branca nabatata-doce, até oito semanas após apli-cação de imidacloprid (0,04 Kg/ha).

Bether & Redak (1997) reduziram oprateamento da folha em bico-de-papa-gaio, ao controlar o número de adultosde mosca-branca por até 150 dias, com

apenas uma dosagem de imidacloprid(0,09 g i a.L-1). Portanto o imidaclopridtem longa eficiência e pode limitar a uti-lização de várias estratégias de trata-mento nas diferentes fases de vida doinseto, bem como múltiplas aplicaçõesde inseticidas.

No presente trabalho os híbridosapresentaram na colheita um nível deinfestação que não comprometeu a apa-rência dos frutos, uma vez que, não foiobservada a presença de substânciasaçucaradas.

Houve diferença estatística signifi-cativa quanto à produtividade quandocomparamos a produção de frutos obti-das nos métodos de aplicação do inseti-cida por fertirrigação, pulverização e atestemunha (Tabela 2). A fertirrigaçãoapresentou uma produção de frutos8,1% superior ao controle (20,5%). Apulverização foi 13,54% superior aocontrole. Palumbo & Sanchez (1995)também afirmaram que houve um au-mento significativo na produção de

melão Topmark quando as plantas fo-ram tratadas com imidacloprid. Atribuí-ram a diferença na produção, aos danoscausados pela alimentação do inseto.

Para firmeza da polpa, não foi veri-ficado nenhum efeito do método de apli-cação. A textura média foi de 33,53 N,34,08 N e 32,13 N para os métodosfertirrigação, pulverização e controle,respectivamente. Entretanto, observou-se diferenças entre as texturas para osdiferentes híbridos.

Considerando as variáveis acideztotal titulável e potencialhidrogeniônico, não houve diferençasignificativa quanto ao método de apli-cação, entretanto, houve diferenças en-tre os híbridos estudados (Tabela 3). OAF 682 destacou-se quanto ao teor deacidez, sendo este 53% mais ácido quan-do comparado ao Hy–Mark.

Não foi verificado nenhum efeitodos métodos de aplicação do inseticidasobre o conteúdo dos açúcares totais(Tabela 2). O teor de açúcares totais emtodas as cultivares ficou em torno de69% a 88% do teor de sólidos solúveis.Os valores de açúcares totais, estãomuito próximos daqueles encontradospor Youming Wang et al. (1996), nacultivar “Makdimon” aos 44 dias e 48dias após a antese. Houve diferença sig-nificativa entre os híbridos para açúca-res totais (Tabela 3). Leach et al. (1989)verificaram que o conteúdo de açúcarestotais em doze cultivares de melão va-riou em função das cultivares.

No presente experimento, tambémnão foi verificado nenhum efeito dos mé-todos de aplicação quanto ao conteúdode sólidos solúveis dos frutos (Tabela 2).Os sólidos solúveis dos melõesprovenientes de plantas tratadas comimidacloprid não foram superiores aosdaqueles não tratados. Esses resultados

Método Produção Açúcar total SSAçúcar não

redutor Açúcar redutor

1- Fertirrigação 26,5 a 7,44 a 9,22 a 2,28 a 5,08 a2 - Pulverização 24,4 b 7,49 a 9,26 a 2,17 a 5,34 a3 - Controle 21,1 c 7,08 a 9,70 a 2,72 a 4,37 bCV(%) 6,02 11,27 14,40 39,11 17,43

Tabela 2. Produção média (t/ha), açúcar total (%), sólidos solúveis (SS), açúcar não redutor (%), e açúcar redutor (%) de melão obtida apósa aplicação do imidacloprid por fertirrigação ou pulverização. Mossoró, ESAM,1998.

*Médias seguidas de mesma letra na coluna vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Figura 1. Eficiência segundo o método de Abbott (1925) do inseticida imidacloprid aplica-do via fertirrigação (n) e pulverização (¨) em diferentes híbridos de melão.

Qualidade de híbridos de melão após a aplicação de imidacloprid para controle de mosca-branca.

182 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

diferem daqueles obtidos por Palumbo& Sanchez (1995) que observaram queplantas não tratadas apresentaram sóli-dos solúveis inferiores às tratadas.

Para sólidos solúveis Fernandes(1996) reporta um valor superior a 8,0%para melão Orange Flesh, enquanto, Bra-sil et al. (1998), determinaram teores pró-ximos a 8,0% para o híbrido Hy–Mark.

A análise de variância revelou dife-rença significativa entre os métodos deaplicação do inseticida no conteúdo dosaçúcares redutores (Tabela 2). Frutos deplantas que receberam o inseticida viafertirrigação ou via pulverização não di-feriram entre si, mas apresentaram con-teúdo de açúcares redutores superioresquando comparado àqueles de plantasnão controladas.

As variações nos teores de açúcaresredutores dos diferentes híbridos obti-dos encontra-se na Tabela 3. Brasil etal. (1998), encontraram teores de açú-cares totais de cerca de 6,0 % em frutosde Hy–Mark, sendo que Grangeiro(1997) encontrou valores um poucomais elevados (7,99% e 8,45%) para osmelões Gold Mine e AF 646, respecti-vamente.

Observou-se que o híbrido Hy–Markapresentou o maior conteúdo de açúca-res redutores, seguido do AF 682. Con-siderando o teor de açúcares não redu-tores (sacarose), não foi constatado efei-to de métodos de aplicação e nem entrehíbridos (Tabelas 2 e 3).

A acumulação de açúcares duranteo desenvolvimento e amadurecimentodo melão é importante, considerando-se que esses são utilizados como fonte

Híbridos ATT pH SS Açúc. total Açúc. red. Açúc. não red.Orange Flesh 21,22 b 6,33 b 9,8 a 6,76 b 4,78 b 2,28 aAF 682 30,07 a 5,99 c 9,3 a 7,21 b 5,08 a 2,17 aHy -Mark 14, c 6,74 a 9,0 a 8,12 a 5,44 a 2,72 aCV (%) 17,71 3,56 8,69 9,99 10,42 39,11

Tabela 3. Acidez total titulável (mmol H+.L-1 de suco), pH, Sólidos solúveis (oBrix), açúcar total (%), açúcar redutor (%), açúcar não redutor(%) de híbridos de melão Orange Flesh, AF 682 e Hy–Mark, Mossoró, ESAM, 1998.

*Médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

de energia no processo respiratório, du-rante o período de armazenamento e sãotidos como parâmetros de qualidade dosfrutos. Os açúcares redutores especial-mente nos híbridos Orange Flesh e AF682, corresponderam a 70% dos açúca-res totais. Segundo Menezes (1996), osaçúcares redutores podem corresponder,inicialmente, a cerca de 70% dos açú-cares totais e posteriormente, esses di-minuem para 26%.

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G.G. Silva et al.

183Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Aalface é uma das hortaliçasfolhosas mais consumidas no Bra-

sil. Em virtude de sua alta perecibilidadee baixa resistência ao transporte, é cul-tivada próxima aos grandes centros con-sumidores, nos chamados “cinturõesverdes”. No Rio Grande do Norte, osplantios comerciais desta hortaliça es-tão localizados na área metropolitana dacapital, com uso de tecnologias moder-nas de cultivo e mão-de-obra especia-lizada. No interior do Estado, os planti-os são efetuados nas denominadas “hor-tas de fundo de quintal”, por pequenosprodutores, utilizando mão-de-obra fami-liar, de forma empírica e com tecnologiarudimentar, o que tem contribuído parauma produção insuficiente para atendera demanda, necessitando de importaçãode outros estados.

A adaptação da alface a temperatu-ra e luminosidade elevadas tem impe-

SILVA, V.F.; BEZERRA NETO, F.; NEGREIROS, M.Z.; PEDROSA, J.F. Comportamento de cultivares de alface em diferentes espaçamentos sob tempera-tura e luminosidade elevadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18 n. 3, p. 183-187, novembro 2.000.

Comportamento de cultivares de alface em diferentes espaçamentos sobtemperatura e luminosidade elevadas.Villegaignon Ferreira da Silva; Francisco Bezerra Neto; Maria Zuleide de Negreiros; Josué FernandesPedrosaESAM - Departamento de Fitotecnia, Km 47 BR 110, C. Postal 137, 59.625-900, Mossoró-RN. e.mail: [email protected]

RESUMO

O comportamento de três cultivares de alface em seis diferentesespaçamentos de plantio sob temperatura e luminosidade elevadasfoi avaliado no período de 8 de junho a 24 de julho de 1998, naHorta do Departamento de Fitotecnia da ESAM em Mossoró (RN).O delineamento experimental usado foi blocos casualizados com-pletos com quatro repetições em um esquema fatorial 3 x 6 + 1 (tra-tamento adicional). Os tratamentos consistiram da combinação detrês cultivares de alface (Great Lakes, Elisa e Babá de Verão) comseis espaçamentos de plantio (20 x 20 cm, 20 x 25 cm, 20 x 30 cm,25 x 25 cm, 25 x 30 cm e 30 x 30 cm) mais um tratamento adicionalque foi a cultivar Great Lakes, no espaçamento 20 x 20 cm, sombrea-da durante todo o ciclo cultural. As características avaliadas foramaltura e diâmetro de plantas, número de folhas por planta, massaseca da parte aérea, produtividade, renda bruta, renda líquida e taxade retorno. A cultivar Great Lakes foi a que apresentou melhor pro-dutividade e melhores indicadores econômicos. O espaçamento queapresentou maior produção de massa seca da parte aérea, produtivi-dade e os maiores indicadores econômicos foi 20 x 20 cm. O núme-ro de folhas por planta foi superior para a cultivar Elisa, mas não foiafetado pelos espaçamentos.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., sombreamento, produtividade.

ABSTRACT

Effects of lettuce cultivars and spacings on lettuce leaf yieldunder high temperature and sunlight.

An experiment was carried out from June 8th to July 24th, 1998,in the Departamento de Fitotecnia, ESAM, Brazil, to evaluate theperformance of three lettuce cultivars in six different planting spacingson lettuce leaf yield under high temperature and ample sunlight. Theexperimental design was a randomized complete block in a 3 x 6 +1(additional treatment) factorial scheme, with four replications. Thetreatments were the combination of three lettuce cultivars (Great Lakes,Elisa and Babá de Verão) and six planting spacings (20 x 20 cm, 20 x25 cm, 20 x 30 cm, 25 x 25 cm, 25 x 30 cm and 30 x 30 cm) plus oneadditional treatment (Great Lakes in the 20 x 20 cm spacing undershading throughout the crop cycle). Evaluations were performed forplant height and diameter, leaf number per plant, shoot dry mattercontent, leaf yield, gross and net incomes, and rate of return. Thecultivar Great Lakes had the greatest leaf yield and economic indices.The best spacing regarding leaf yield, shoot dry matter content, andeconomic indices was 20 x 20 cm. Leaf number per plant was higherin the cultivar Elisa but was not affected by spacings.

Keywords: Lactuca sativa L., shading, leaf yield.

(Aceito para publicação em 13 de setembro de 2.000)

dido que a cultura expresse todo o seupotencial genético, afetando o desenvol-vimento das folhas, tornando-as fibro-sas, reduzindo o seu ciclo cultural, per-mitindo a não formação de cabeças ecomprometendo a sua produção, devi-do à antecipação da fase reprodutiva(Makishima, 1992; Setúbal & Sil-va,1992). O uso de cultivares adaptadasa essas condições ambientais, como tam-bém o emprego de práticas que visem àdiminuição dos efeitos da luminosidadee da temperatura, podem contribuir parao aumento de sua produtividade. Um dosgrandes desafios aos pesquisadores daRegião Semi-árida Nordestina tem sidoobter cultivares de alface que se adap-tem às condições de temperatura eluminosidade elevadas.

Leal & Souza (1991), estudando ocomportamento de sete cultivares de al-face em Teresina pelo sistema tradicio-

nal de plantio, verificaram que as culti-vares que destacaram-se como superio-res foram Gorga, Boston Branca, Mara-vilha de Verão e Babá de Verão. LyraFilho et al. (1994), avaliaram o compor-tamento de cultivares de alface do gru-po de folhas lisas nas condições da Zonada Mata de Pernambuco, no período dejulho a setembro de 1993, verificandoque de onze cultivares estudadas, utili-zando o espaçamento de 25 x 25 cm, ascultivares Elisa e Maravilha de Invernoforam as que melhor se comportaram,em rendimento de plantas comerciáveis,com uma produção de 33,86 t/ha. Porto(1999) avaliou cinco cultivares de alfa-ce em sistemas solteiro e consorciadocom cenoura nas condições de Mossoró-RN, e observou que a cultivar Babá deVerão sobressaiu-se das demais em ter-mos de produtividade, independente-mente do sistema de cultivo utilizado.

184 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A produção de uma espécie é fun-ção da interação entre o genótipo dasplantas e as condições ambientais. En-tre os fatores que afetam a condição domeio está o número de plantas por uni-dade de área (Mondim, 1988). A alfa-ce, como os demais cultivos, tambémresponde aos efeitos provocados pelosespaçamentos utilizados, os quais exer-cem grande influência no comportamen-to das plantas, afetando-lhes a arquite-tura, o desenvolvimento, o peso, a qua-lidade e, consequentemente, a produção.Esta tende a aumentar com o aumentoda população de plantas por unidade deárea, embora nem sempre se obtenhaprodutos de alto valor comercial (Janick,1986). Ramos (1995) trabalhando nascondições de Mossoró-RN tem sugeri-do espaçamentos maiores do que 25 x25 cm para a alface.

Objetivando fornecer maiores sub-sídios para o desenvolvimento detecnologias para produção da alface, opresente trabalho teve como objetivoavaliar três cultivares de alface em seisespaçamentos de plantio sob condiçãode temperatura e luminosidade elevadasno município de Mossoró-RN.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Hor-ta do Departamento de Fitotecnia daESAM, no período de junho a julho de1998, em solo classificado comoPodzólico Vermelho–Amarelo Equivalen-te Eutrófico (Brasil, 1971), Grande Gru-po Eutrustalfs do ‘Soil Taxonomy’. Daárea experimental, foram retiradas amos-tras, cuja análise, processada no Labora-tório de Química e Fertilidade de Solosda referida Escola, revelou os seguintesresultados: pH (água 1:2,5) = 7,9; Ca =6,8 cmolc dm-3; Mg = 3,2 cmolc dm-3; K= 0,64 cmolc dm-3; Na = 0,84 cmolc dm-3;Al = 0,00 cmolc dm-3 e P = 388 mg dm-3.

O município de Mossoró está situa-do a 50 11’ de latitude sul e 370 20’ delongitude oeste e altitude de 18 m. O cli-ma da região, segundo a classificação deThornthwaite, é semi–árido e, de acordocom Köeppen é BSwh’, seco e muitoquente, com duas estações climáticas:uma seca, que vai geralmente de junho ajaneiro, e uma chuvosa, de fevereiro amaio (Carmo Filho & Oliveira, 1989).

O delineamento experimental utili-zado foi blocos casualizados completos,em esquema fatorial 3 x 6 + 1 (trata-mento adicional), com quatro repetições.O primeiro fator foi constituído pelascultivares Great Lakes (grupo cresparepolhuda), Elisa (grupo lisa) e Babá deVerão (grupo lisa repolhuda),selecionadas entre as melhores de cadagrupo, em ensaios de outras regiões donordeste brasileiro, e o segundo fatorpelos espaçamentos 20 x 20 cm, 20 x25 cm, 20 x 30 cm, 25 x 25 cm, 25 x 30cm e 30 x 30 cm. O tratamento adicio-nal (tratamento onde as plantas de alfa-ce foram sombreadas com tela de nylonna sementeira e no campo, como umatentativa para amenizar os efeitos datemperatura e luminosidade elevadas)constou da cultivar Great Lakes planta-da no espaçamento 20 x 20 cm e som-breada durante todo o ciclo cultural. Estetratamento foi usado para se compararcom o ‘tratamento especial’ (testemu-

nha), proveniente da combinação daGreat Lakes com o espaçamento de 20x 20 cm, sombreada apenas na semen-teira, com o intuito de se verificar a via-bilidade do sombreamento durante todoo ciclo da alface. O tratamento tes-temunha tem sido usado pelos produto-res da região Oeste do Rio Grande doNorte. As parcelas experimentais apre-sentaram uma área total de 1,80 m2.

Durante a fase de produção de mu-das, foram determinadas com o auxíliode uma Estação Meteorológica portátil,a radiação solar global em condiçõesnormais e de sombreamento, a tempe-ratura do ar a 50 cm da sementeira e atemperatura do solo (Figuras 1 e 2). Paraa produção das mudas foram utilizadoscopos descartáveis de plástico com oformato de cone, de 8 cm de diâmetrosuperior, 5,5 cm de diâmetro inferior e13 cm de altura, conforme recomenda-ções feitas por Ramos (1995). Para o en-chimento dos recipientes utilizou-se o

Figura 2. Valores máximos (TM) e médios (Tm) da temperatura do solo e do ar a 50 cm doleito da sementeira no período de 14 a 30 de junho de 1998. Mossoró, ESAM, 1998.

Figura 1. Valores máximos (RgM) e médios (Rgm) da radiação global, fora e sob a tela noperíodo de 14 à 30 de junho de 1998. Mossoró, ESAM, 1998.

V.F. Silva et al.

185Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

substrato comercial Nutriplant, constituí-do de vermiculita expandida e compostovegetal, isento de pragas e doenças.

A semeadura foi efetuada em 8 dejunho de 1998. A partir da emergênciaaté o dia do transplante, todas mudas,com exceção daquelas do tratamento adi-cional (sombreadas durante todo o cicloda cultura) foram sombreadas com umatela de ‘nylon’, de cor preta com malhade 2 x 2 mm, colocada a 25 cm de alturado leito da sementeira. Aos oito dias apósa emergência foi efetuado o desbaste,deixando-se uma muda por recipiente, eaos 15 dias foi realizada uma adubaçãofoliar com a formulação 14% N; 4%P

2O

5; 6% K

2O; 0,8% S; 1,5% Mg; 2%

Zn; 1,5% Mn; 0,1% B e 0,05% Mo, àbase de 30 g/20 litros de água.

A cultura foi estabelecida por trans-plante direto em canteiros de 1,20 m delargura e 0,20 m de altura. O transplan-te foi realizado em 30 de junho de 1998,quando as mudas apresentavam de qua-tro a seis folhas definitivas.

Diariamente, foram efetuadas irriga-ções por micro-aspersão, uma pela ma-nhã e duas à tarde, de forma a manter oteor de água no solo próximo à capaci-dade de campo. Foram realizadas duascapinas manuais visando à manutençãoda cultura sempre no limpo. Efetuaram-

se duas adubações nitrogenadas, sendo aprimeira uma semana após o transplante,utilizando-se 20 g/m² de sulfato de amônioe a segunda, via foliar, uma semana apósa primeira, na dosagem de 10 g de uréiapara 10 litros de água. Em seguida, efe-tuou-se uma irrigação visando à retiradade partículas de adubo das folhas.

A colheita foi efetuada em 24 de ju-lho de 1998, aos 47 dias da semeadura,quando as plantas atingiram o máximodesenvolvimento vegetativo. Foramavaliadas a altura e diâmetro de plan-tas; número de folhas por planta; massaseca da parte aérea; produtividade; ren-da bruta; renda líquida e taxa de retor-no. A renda bruta foi obtida multipli-cando-se a produtividade de cada trata-mento pelo valor do produto obtido, quefoi de R$ 0,50 por quilo, pago ao pro-dutor no quadrimestre abril-julho de1998, independentemente do tamanhoe do tipo da alface. A renda líquida foicalculada subtraindo-se da renda bruta,os custos de produção, provenientes deinsumos mais serviços. Estes custos fo-ram calculados para cada tratamento, jáque o número de plantas variou de acor-do com o tratamento e também baseadonos coeficientes de custo de insumos eserviços utilizados em um hectare dealface em nível experimental. Foram

considerados os preços de insumos eserviços vigentes no quadrimestre abril-julho de 1998, na cidade de Mossoró-RN. A taxa de retorno por real investi-do em cada tratamento foi obtida pormeio da relação entre a renda bruta e ocusto de produção de cada tratamento.

As análises estatísticas para as ca-racterísticas avaliadas foram efetuadasem ‘software’ SPSS/PC. Para a compa-ração das médias provenientes dos fa-tores tratamentos cultivares eespaçamentos, usou-se o teste Tukey nonível de 5 % de probabilidade enquantopara a comparação das médias do trata-mento adicional e do tratamento espe-cial, usou-se o teste ‘t’ de Student, nonível de 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito significativo dos fato-res cultivar e espaçamento na altura ediâmetro de plantas de alface (Tabela 1).A cultivar Great Lakes foi a que apre-sentou maior altura e diâmetro de plan-tas, embora não tenha diferido signifi-cativamente da cultivar Elisa com rela-ção a esta última característica. Estesresultados concordam com os de Ramos(1995), onde a Great Lakes se destacouem termos de altura e diâmetro de plan-

CultivaresCaracterísticas

Altura deplantas

Diâmetro deplantas

Nº defolhas/planta

Massa seca daparte aérea

Great Lakes 20,10a= 31,00a 15,08 c 5,99a

Elisa 18,22 b 29,94a 30,29a 5,47a

Babá de Verão 17,25 b 27,16 b 27,96 b 6,00a

Great Lakes sombreada na sementeira 21,83A 30,50A 13,25A 8,19A

Great Lakes sombreada em todo ciclo 22,59A 30,59A 12,75A 6,68 B

Espaçamento (cm)

20 x 20 19,94a 27,31 b 23,67a 8,55a

20 x 25 18,95ab 28,58ab 24,25a 6,79 b

20 x 30 18,46ab 30,17a 24,58a 5,98 bc

25 x 25 18,03ab 28,95ab 24,83a 5,15 cd

25 x 30 17,87 b 30,32a 25,17a 4,49 de

30 x 30 17,89 b 30,88a 24,17a 3,97 eC.V. (%) 9,10 7,73 11,82 19,05

Tabela 1. Altura e diâmetro de plantas (cm), número de folhas por planta e massa seca da parte aérea (t/ha) de alface em função decultivares e espaçamentos. Mossoró, ESAM, 1998.

+ Nas colunas, as médias seguidas pela mesma letra minúscula ou maiúscula não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, epela mesma letra maiúscula não diferem entre si pelo teste “t” no nível de 5 % de probabilidade.

Comportamento de cultivares de alface em diferentes espaçamentos sob temperatura e luminosidade elevadas.

186 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

tas. Quando se comparou os valores mé-dios destas características da cultivarGreat Lakes, que recebeu sombreamentoapenas na fase de sementeira, com osvalores médios desta cultivar que rece-beu sombreamento durante todo o ciclo,ambas no espaçamento de 20 x 20 cm,verificou-se que eles não diferiram esta-tisticamente entre si (Tabela 1 ).

O espaçamento de 20 x 20 cm foi oque proporcionou maior altura de plan-tas, embora não tenha diferido dosespaçamentos 20 x 25 cm, 20 x 30 cm e25 x 25 cm. Acredita-se que a maiorcompetição por luz nos espaçamentosmais adensados contribuiu para que asplantas atingissem alturas mais eleva-das. Este resultado vem corroborar aafirmação de Gangnebin & Bonnet(1978), que espaçamentos maiores con-tribuem para retardar o crescimento docaule principal. Por outro lado, osespaçamentos de 25 x 30 cm e 30 x 30cm foram os que apresentaram maioresdiâmetros de plantas de alface, não di-ferindo estatisticamente de 25 x 25 cm,20 x 30 cm e 20 x 25 cm (Tabela 1).Sabe-se que espaçamentos maiores pro-porcionam menor competição entreplantas, com consequente maior diâme-tro de plantas.

Para o número de folhas por planta,observou-se efeito significativo apenasdo fator cultivar (Tabela 1). A cultivarElisa foi a que apresentou o maior nú-mero de folhas por planta, com o dobroda cultivar Great Lakes (Tabela 1). Esteresultado concorda em parte com osencontrados por Ramos (1995), quemostra um menor número de folhas porplanta na cultivar Great Lakes, na oca-sião da colheita, quando comparada com

as cultivares Verdinha e Babá de Verão.Estas diferenças nesta variável são de-vidas às características de cada cultivar.

Não se constatou diferença signifi-cativa para o número de folhas por plan-ta entre a cultivar Great Lakes sombrea-da na sementeira e a sombreada durantetodo o ciclo.

Para massa seca da parte aérea foiobservado efeito significativo apenas dofator espaçamento, com o espaçamentode 20 x 20 cm registrando o maior valor(Tabela 1). À medida que se aumentouo espaçamento entre plantas de alfacehouve um decréscimo significativo naprodução de massa seca da parte aérea.

Maior produção de massa seca daparte aérea (da ordem de 23%) foi obti-da quando a cultivar Great Lakes foisombreada somente na sementeira quan-do comparada com a sombreada duran-te todo o ciclo cultural (Tabela 1). Pro-vavelmente o sombreamento durantetodo o ciclo inibiu a expressão de todoo seu potencial. Isto está de acordo como reportado por Edmond et al. (1967).

Houve efeito significativo dainteração cultivar e espaçamento na pro-dutividade de alface. O desdobramentodesta interação registrou rendimentosdiferentemente significativos nosespaçamentos dentro de cada cultivarestudada (Tabela 2). As maiores produ-tividades foram registradas noespaçamento 20 x 20 cm nas cultivaresde alface Great Lakes e Elisa e nosespaçamentos de 20 x 20 cm e de 20 x25 cm na cultivar Babá de Verão (Tabe-la 2). Estes resultados discordam da afir-mação de Ramos (1995), que recomen-da espaçamentos maiores de 25 x 25 cmpara a Região Nordeste. Por outro lado,

CultivaresEspaçamentos (cm)

20 x 20 20 x 25 20 x 30 25 x 25 25 x 30 30 x 30Great Lakes 31,25Aa 23,53Abc 27,67Aab 21,60Abc 19,92A c 21,72A c++Elisa 27,44Aa 20,08Abc 22,04Aab 17,57Abc 19,78Abc 13,98 BcBabá de Verão 29,71Aa 27,81Aa 20,10Ab 20,73Ab 19,39Ab 14,81 BbGreat Lakes sombr. emtodo ciclo

18,05 C.V. (%) = 14,20

Tabela 2. Produtividade de alface (t/ha) em função de cultivares e espaçamentos. Mossoró, ESAM,1998.

+ A Great Lakes sombreada apenas na sementeira diferiu significativamente da sombreada durante todo o ciclo no nível de 5% deprobabilidade pelo teste “t”.++ Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas não diferem significativamente entre si pelo testede Tukey no nível de 5% de probabilidade..

quando se desdobrou a interação culti-var dentro de cada espaçamento, verifi-cou-se que as cultivares diferiram demaneira significativa, apenas dentro doespaçamento de 30 x 30 cm, com a cul-tivar Great Lakes se destacando da Elisae da Babá de Verão (Tabela 2).

Houve diferença significativa entrea produtividade da cultivar Great Lakesque recebeu sombreamento na semen-teira e a que recebeu sombreamento du-rante todo o ciclo (Tabela 2). Esta dife-rença foi de 73% a mais na produtivi-dade da Great Lakes sombreada apenasna sementeira. Isto se deve, provavel-mente, à inibição no desenvolvimentodas plantas de alface causada pelosombreamento durante todo o ciclo cul-tural, impedindo-as de alcançar todo oseu potencial morfo-fisiológico. Basea-do nisto, faz-se necessário alertar para anecessidade de sombreamento apenas nafase de formação de mudas, quando asplantas estão mais suscetíveis aos efei-tos da luminosidade e da temperatura.

De modo geral, as maiores rendasbruta e líquida e taxa de retorno foramregistradas no espaçamento de 20 x 20cm, com a cultivar Great Lakes, desta-cando-se das demais, com valores de R$15.625,00 para a renda bruta, de R$9.198,00 para a renda líquida e 2,43 paraa taxa de retorno (Tabela 3). Estes valo-res superaram os normalmente obtidospor produtores da região, que são de: R$4.800.00 para renda bruta, R$ 2.155,00para a renda líquida e 1,81 para a taxa deretorno. Esses resultados demonstram aviabilidade da adoção destas tecnologias,pois elas contribuem para a produção dealface de boa qualidade, sob temperatu-ra e luminosidade elevadas.

V.F. Silva et al.

187Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

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Cultivares Espaçamentos Renda bruta Renda líquida Taxa de retorno

Great Lakes 20 x 20 15325 9198 2,43

20 x 25 11765 5338 1,83

20 x 30 13835 7408 2,15

25 x 25 10800 4373 1,68

25 x 30 9600 3533 1,55

30 x 30 10860 4433 1,69

Elisa 20 x 20 13720 7293 2,13

20 x 25 10040 3613 1,56

20 x 30 11020 4593 1,75

25 x 25 8785 2358 1,37

25 x 30 9890 3463 1,54

30 x 30 6990 563 1,09

Babá de Verão 20 x 20 14855 8428 2,31

20 x 25 13900 7473 2,16

20 x 30 10050 3623 1,5625 x 25 10365 3938 1,6125 x 30 9695 3268 1,5130 x 30 7405 970 1,15

Tabela 3. Indicadores econômicos de rendas bruta e líquida e taxa de retorno em reais (1,00) para a cultura de alface. Mossoró, ESAM, 1998.

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Comportamento de cultivares de alface em diferentes espaçamentos sob temperatura e luminosidade elevadas.

188 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Omorangueiro (Fragaria xananassa Duch.) é uma planta

multiplicada por via vegetativa, e quan-do são utilizadas plantas matrizes infes-tadas, ocorre a disseminação depatógenos como vírus (transmitidos porafídeos), micoplasmas e fungos do solo.No caso de contaminação por vírus, apropagação vegetativa proporciona oacúmulo de viroses após anos de suces-sivos cultivos, resultando em significa-tiva redução na produção, o que podeatingir níveis de 50 a 60%.

Uma das formas de realizar a lim-peza clonal é a cultura de meristema.Esta técnica se destaca dos métodosconvencionais por ter, como uma das

CALVETE, E.O.; KÄMPF, A.N.; BERGAMASCHI, H.; DAUDT, R.H.S. Avaliação do crescimento de plantas de morangueiro, durante a aclimatização exvitro. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p.188-192, novembro 2.000.

Avaliação do crescimento de plantas de morangueiro durante aaclimatização ex vitro.1

Eunice Oliveira Calvete2; Atelene Normann Kämpf3; Homero Bergamaschi3; Rafael Henrique SchüürDaudt3

2/ UPF - FAMV C. Postal 611, 99.001-070 Passo Fundo-RS; 3/,UFRGS, C. Postal 776, 91.501-970 Porto Alegre-RS; e.mail:[email protected]

RESUMO

A fim de otimizar a micropropagação de morangueiro cv Cam-pinas, reduzindo as perdas durante a aclimatização, foi realizadoeste trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O ob-jetivo foi correlacionar a presença de sacarose no tecido vegetal coma produção de biomassa, na aclimatização. As plântulas desenvolvi-das in vitro , após permanecerem três semanas na etapa deenraizamento, em quatro concentrações de sacarose (15, 30, 45 e 60g L-1), foram transplantadas para bandejas de isopor de 72 células. Odelineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizadoscom cinco repetições. Cada parcela constituiu-se de 36 mudas,totalizando 720 plantas. Foram avaliadas as taxas de sobreviventes(%) e de crescimento (mg semana-1), área foliar (cm2), massa secada parte aérea (mg), área foliar específica (cm2 mg-1), razão de mas-sa foliar (mg mg-1) e razão da área foliar (cm2 mg mg-1). Estabeleceu- se a dosagem de 45g L-1 de sacarose em meio MS para o cultivo demorangueiro cv Campinas, como a melhor concentração para a pro-dução de biomassa ex vitro. Também foi verificado que essas mudasnecessitaram de três a quatro semanas para se adaptarem às novascondições ambientais, e somente após, retomaram o crescimento.

Palavras chave: Fragaria X ananassa Duch., análise de cresci-mento, biomassa, sacarose.

ABSTRACT

Evaluation of the growth of strawberry plants during ex vitroacclimatization.

A study was carried out in the Faculdade de Agronomia daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul to optimize the process ofmicropropagation of strawberry plants (cultivar Campinas) and to reduceplant losses during acclimatization. The objective of this experimentwas to relate plant tissue sucrose levels to biomass production duringacclimatization. Strawberry seedlings were grown in vitro , rooted forthree weeks under four sucrose levels (15, 30, 45, and 60 g L-1), andtransplanted to polyethylene trays bearing 72 cells. The experimentalunits were arranged in a complete randomized blocks design with fivereplications. Each plot comprised 36 seedlings and a total of 720 plants.There were evaluated the plant’s survival rate (%), growing rate (mgweek-1), leaf area (cm2), dry matter (mg) of the above ground plant parts,specific leaf area (cm2 mg-1), leaf mass ratio (mg mg-1), and leaf arearatio (cm2 mg mg-1). Best ex vitro biomass production, was obtainedusing 45 g L-1 sucrose rate, in MS medium for growth of Campinasstrawberry plants. Also, strawberry seedlings needed three to four weeksto adapt themselves to the new ambient conditions and to resume theirgrowing.

Keywords: Fragaria X ananassa Duch., growth evaluation,biomass, sucrose.

(Aceito para publicação em 16 de agosto de 2.000)

suas aplicações primordiais, a produçãoe a manutenção das plantas isentas deviroses in vitro. Entretanto, a passagemdas plantas para condições ex vitro po-dem trazer consequências como baixataxa de sobrevivência.

Plantas desenvolvidas pormicropropagação são expostas a ummeio de cultivo asséptico, comcarboidratos e reguladores de cresci-mento, elevada umidade relativa do ar,baixa irradiação e limitados potenciaisosmótico e baixa troca de CO

2. Estes fa-

tores contribuem para uma alta taxa demultiplicação, mas também induzem aoaparecimento de anormalidadesanatômicas, morfológicas e fisiológicas,

as quais interferem no estágio de trans-plante e aclimatização, causando baixataxa de sobrevivência ex vitro(Campostrini & Otoni, 1996).

Alguns autores sugerem alteraçõesna composição química do meio, entreoutras, como forma de melhorar aeficiência fotossintética e as relaçõeshídricas das plantas, mudando para oestado autotrófico ainda in vitro .Capellades et al. (1991) trabalhandocom roseira, observaram que a presen-ça de 5% de sacarose por litro no meioin vitro , durante o estágio de endureci-mento, melhorou a função foliar. Car-bonos assimilados, oriundos da sacaroseno meio, foram estocados nas folhas,

1 Parte integrante da tese de Doutorado do primeiro autor, realizada no Departamento de Horticultura e Silvicultura da UFRGS.

189Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

que agiram como órgãos de reserva, li-berando energia durante a aclimatização.Segundo este autor, o amido é a princi-pal fonte de reserva usada pelas plantasdurante a aclimatização ex vitro . Oacúmulo de grandes reservas de amidonas folhas da cultura in vitro é necessá-rio para a sobrevivência das plantas du-rante as duas primeiras semanas ex vitro(Wardle et al. 1979).

No Canadá, Hdider e Desjardins(1994) avaliaram a fotossíntese emplântulas de morangueiro com diferen-tes idades e sob várias concentrações desacarose (0, 1, 3 e 5%), durante oenraizamento in vitro . A capacidadefotossintética foi influenciada pelo ní-vel de sacarose no meio de cultivo. Asplantas crescidas em meio com baixo ní-vel de sacarose (0 e 1%) apresentarammaior taxa de fotossíntese.

A partir dos dados de crescimentopode-se avaliar, de forma precisa, as cau-sas de alterações no desenvolvimento deplantas geneticamente diferentes ou entreplantas crescendo em ambientes diferen-tes. O crescimento de uma planta pode serestudado através de medidas lineares (al-tura, comprimento entre outros), da super-fície (área foliar), da massa e unidadesestruturais (Benincasa, 1988).

Com o objetivo de avaliar o cresci-mento de mudas de morangueiro da cvCampinas, obtidas em meios de cultivocom diferentes concentrações desacarose, foram analisadas, neste traba-

lho, várias características durante o pro-cesso de aclimatização ex vitro.

MATERIAL E MÉTODOS

Mudas de morangueiro cv Campi-nas foram desenvolvidas in vitro. Apósas etapas de isolamento de ápicescaulinares e multiplicação, as plântulasforam colocadas em meio deenraizamento de Murashige & Skoog-MS (1962), acrescido de 0,005 mg L-1

de BAP (benzilaminopurina) e 6 g deágar em quatro concentrações desacarose (15, 30, 45 e 60 g L-1). Apóspermanecerem por 3 semanas in vitro,foram transplantadas para bandejas deisopor com 72 células. Estas foram pre-enchidas com uma mistura contendoturfa preta moída (45%), casca de arrozqueimada (22,5%), casca de acácia-ne-gra (22,5%) e vermiculita (10%). Estamistura foi considerada, após estudo pre-liminar, como uma das melhores comrelação ao crescimento de plantas demorangueiro. A adubação de base admi-nistrada ao substrato foi de 0,5 g L-1 dafórmula 4-14-7, em pH 5,6, a cada 15dias, em volume de 110 mL por planta.

O delineamento experimental utili-zado foi o de blocos casualizados comcinco repetições. Cada parcela consti-tuiu-se de 36 plantas, com uma plantapor célula, totalizando 720 plantas.

Durante as três primeiras semanas,as plântulas permaneceram em uma ten-

da úmida, coberta com uma manta depolipropileno “não tecido” -NOVOTEX AGRO 50N (FITESA/Gravataí-RS), previamente estudada eselecionada dentre outros materiais(Calvete et al., 1999) e sobre uma ban-cada de concreto com uma lâmina deágua de 2 cm. Nesta etapa, as plantasforam irrigadas diariamente com umvaporizador manual, produzindo umanévoa fina. Posteriormente, as plantasficaram por uma semana com as corti-nas laterais levantadas. Após quatro se-manas, a cobertura foi retirada, sendoas plantas transferidas para uma banca-da onde a irrigação era feita pornebulização, com freqüência diária.

O experimento foi instalado em 06de agosto de 1997, sendo efetuadas ava-liações a partir do dia 11, semanalmente,até o dia 29 de setembro do referido ano.Foram registradas alterações na tempe-ratura e na umidade relativa do ar emtermohigrógrafo de registro semanal, ins-talado na bancada do experimento.

Foram avaliadas a taxa de sobrevi-vência (%), área foliar (cm2) e massaseca da parte aérea (mg). A taxa foliarde crescimento (mg semana -1), áreafoliar específica (cm2 mg-1), razão demassa foliar (mg mg-1) e razão da áreafoliar (cm2 mg-1) foram determinadasconforme Benincasa (1988).

A taxa de sobrevivência foi deter-minada aos 21 dias após a retirada dasplantas do cultivo in vitro, através dacontagem das plantas sobreviventes.Para avaliação das demais variáveis uti-lizaram-se duas plantas por parcela.

A área foliar foi determinada atra-vés de um planímetro eletrônico portá-til, modelo LI-3000 (LI-COR Inc.).

Os resultados foram submetidos àanálise de variância e de regressão a 1%ou a 5% de significância, pelo softwareSANEST.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O efeito da aclimatização sobre as mu-das produzidas em diferentes dosagens desacarose foi inicialmente avaliado, atra-vés da porcentagem de sobreviventes. Aamplitude de resposta variou de 82 a 56%para as dosagens de 45 e 15 g L-1 desacarose, respectivamente (Figura 1). Asmédias apresentaram resposta quadráticaaos tratamentos, com R2=0,99*.

Figura 1. Efeito das concentrações de sacarose na fase in vitro sobre a % de mudas sobreviventesde morangueiro cv Campinas, durante a aclimatização ex vitro. Porto Alegre, UFRGS ,1997.

Avaliação do crescimento de plantas de morangueiro, durante a aclimatização ex vitro.

190 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Entre as possíveis causas da baixa taxade sobrevivência em plantas aclimatizadasex vitro, encontra-se o estresse hídrico pro-vocado pela mudança de ambiente(Brainerd & Fuchigami, 1981) e a baixacapacidade fotossintética (Preece & Sutter,1991). Conforme Hdider & Desjardins(1994) maior teor em sacarose no tecidofoliar está relacionado com menor taxa defotossíntese. Este fato pode ter compen-sado a deficiência na capacidadefotossintética natural nas plantas durantea aclimatização ex vitro. Os dados encon-trados concordam com as análises reali-zadas por Cappelades et al. (1991) eWardle et al. (1979).

A taxa média de crescimento dasmudas de morangueiro ao longo de 8semanas, foi maior nas concentraçõesmais baixas de sacarose, diminuindo adiferença nas doses mais concentradas(Tabela 1). A taxa de crescimento indi-ca a velocidade média de crescimentoao longo do período observado(Benincasa ,1988). As mudas obtidas invitro nas concentrações mais elevadasde sacarose, mostraram maior taxa desobrevivência ex vitro (Figura 1) comcrescimento mais rápido (Tabela 1). Se-gundo Brown (1984), as taxas de cres-cimento mais elevadas ocorrem quan-do a planta é grande suficientementepara explorar em maior grau todos osfatores ambientais. Na verdade, diferen-ças interespecíficas de taxas de cresci-mento podem se dever a vários fatorescomo alterações fisiológicas, alocaçãoda matéria seca, morfologia, mudançasclimáticas ou eventos fenológicos(Poorter & Pothman, 1992).

A expansão da área foliar durante aaclimatização foi semelhante em todosos tratamentos, porém com intensidadesvariadas (Figura 2). Até a terceira se-mana não houve variação entre os tra-tamentos, mostrando que, provavelmen-te, a influência do ambiente foi maiordo que o efeito das dosagens desacarose. Somente na quarta semanacomeçaram a ocorrer as variações entrecada tratamento, continuando até o finaldo período de aclimatização. A maiorárea foliar encontrada nas plantasoriundas do tratamento de 45 g L-1 con-corda com os resultados encontrados porRiquelme et al. (1991), na Argentina,em plântulas de morangueiro. O índice

de área foliar também é uma caracterís-tica, entre outras, utilizado para carac-terizar a cobertura vegetal formada poruma população de plantas (Thomas,1980) e para o estudo da penetração daluz na planta (Haynes, 1980).

Cerca de 90% da matéria seca acu-mulada pelas plantas, ao longo do seucrescimento, resultam da atividadefotossintética e o restante depende daabsorção de minerais do meio(Benincasa, 1988). A distribuição damatéria seca nas diferentes partes daplanta tem sido descrita através das re-lações entre a massa seca dessas.Brouwer (1962), numa revisão sobre oassunto, afirma que uma parte dessascorrelações é fixada geneticamente e,dentro desses limites, as condições ex-ternas podem ter um efeito modificador.Apesar das plantas oriundas de meio invitro, com altas concentrações desacarose, apresentarem baixa taxa defotossíntese (Huylenbroeck et al., 1996;Hdider & Desjardins, 1994), elas podemacumular mais reserva, liberando ener-gia durante a aclimatização (Cappeladeset al.,1991; Wardle et al.,1979) e, com

isto, proporcionar maior crescimento edesenvolvimento foliar ex vitro.

A relação entre as doses de sacarosedurante a fase in vitro e a média da massaseca da parte aérea durante aaclimatização, teve resposta quadrática(Figura 3). Houve um incremento namassa seca da parte aérea até a concen-tração de 45 g L-1 de sacarose. Calcula-se em 44,1 g L-1 a dosagem de sacarosenecessária para atingir a máximabiomassa (105,6 mg), durante o perío-do de aclimatização (y =-18,58+5,77x-0,067x2), confirmando os dados deRiquelme et al. (1991), para os quais adosagem de 40 g L-1 de sacarose in vitrodeterminou aumento significativo namassa seca das plantas ex vitro.

Observou-se que, à medida que au-mentaram as concentrações de sacaroseaplicadas in vitro, diminuiu a área foliarespecífica nas mudas em aclimatização(Figura 4). Menor área foliar útil signi-fica maior eficiência da folha(Benincasa, 1988). O uso de concentra-ções mais elevadas de sacarose, no meiode cultivo, aumentou a eficiência dasfolhas de morangueiro na aclimatização.

Figura 2. Efeito das concentrações de sacarose na fase in vitro sobre a área foliar em moran-gueiro cv Campinas, durante a aclimatização ex vitro. Porto Alegre, UFRGS,1997.

E.O. Calvete et al.

Concentrações desacarose (g L-1)

Taxa de crescimentomédio (mg semana-1)

Razão de área foliar(mg mg-1)

15 0,013 241,3230 0,023 243,9345 0,028 216,3160 0,029 205,43

Tabela 1. Taxa de crescimento médio e razão de área foliar na aclimatização de mudas demorangueiro cv. Campinas. Porto Alegre, UFRGS, 1997.

191Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Na formação de mudas de moran-gueiro da cultivar Campinas, a mais altaconcentração de sacarose resultou emmaior formação de raízes e,consequentemente, menor razão de mas-sa foliar. Pela relação matéria seca dafolha/matéria seca total, obteve-se am-plitude de variação entre 0,82 mg. mg-1

(no tratamento de 30 gL-1 de sacarose) e0,77 mg. mg-1 (no tratamento de 60 gL-1

de sacarose).

Conforme Benincasa (1988), a ra-zão de massa da folha é um componentefisiológico. As folhas são os centros daprodução da matéria seca (fotossíntese)e o resto da planta depende da exporta-ção de material da folha. A razão demassa das folhas expressa a fração de

Figura 3. Relação entre a concentração de sacarose no meio de cultivo in vitro e a média damassa seca da parte aérea de mudas de morangueiro cv Campinas durante o período deaclimatização. Porto Alegre, UFRGS, 1997.

Figura 4. Área foliar específica em mudas de morangueiro cv Campinas em diferentesconcentrações de sacarose, na aclimatização ex vitro. Porto Alegre, UFRGS, 1997.

matéria seca não exportada das folhaspara o resto da planta. Estes conceitossugerem que plantas produzidas nasconcentrações de 15 e 30 g L-1 desacarose, com menor taxa de cresci-mento, apresentaram menor exportaçãode fotoassimilados para o restante daplanta.

A razão de área foliar expressa a ra-zão entre a área foliar útil para afotossíntese e a massa total da planta,sendo um componente morfo-fisiológi-co (Benincasa,1988). Portanto, é a áreadas folhas (em cm2) que está sendo uti-lizada para produzir 1 mg de matériaseca. Seguindo a mesma tendência ob-servada na taxa de crescimento, a razãode área foliar apresentou menor valor

(205,43 mg.mg-1 ) na dosagem maior (60g.L-1 de sacarose) (Tabela 1), para a qualse observa a menor área foliar específi-ca (260 cm2.mg-1) e a menor razão depeso foliar (0,77 mg.mg-1).

Os resultados deste experimentoevidenciaram a importância da análisede crescimento das plantas, através devárias características analisadas emconjunto e não apenas do número defolha e/ou a altura da planta, inferindo,assim, uma resposta melhor no cresci-mento do morangueiro cv Campinasdurante o processo de aclimatização exvitro. Também observou-se que, com adosagem de 45 gL-1 de sacarose emmeio MS, houve maior produção debiomassa ex vitro.

AGRADECIMENTOS

Ao colega Engo Agro Dr. CarlosAlberto Forcelini, professor da Facul-dade de Agronomia da Universidade dePasso Fundo, pela ajuda na elaboraçãodo abstract.

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In general, garlic (Allium sativum L.)cultivars are agamic, not producing

viable seeds, reproducing byunderground cloves or vegetativetopsets on the flower (Pooler & Simon(1993). This kind of propagation usuallybrings diseases caused by fungi, bacteriaand, mainly, viruses. Viruses tend toaccumulate within host and spread tohealthy plants every crop cycle,reducing yield and bulb quality.

One option to increase yield andcontrol diseases is to use disease-free

TORRES, A.C.; FAJARDO, T.V.; DUSI, A.N.; RESENDE, R.O.; BUSO, J.A. Shoot tip culture and thermotherapy in recovering virus free plants of garlic.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 192-195, novembro 2.000.

Shoot tip culture and thermotherapy for recovering virus-free plants ofgarlic.Antonio Carlos Torres1; Thor Vinícius Fajardo3; André Nepomuceno Dusi1; Renato de Oliveira Resende2;José Amauri Buso1

1/Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília, DF; 2/Universidade de Brasília, C. Postal 04.457, 70.919-970 Brasília, DF; 3/

Grant from CNPq/RHAE, Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília, DF. e-mail: [email protected]

ABSTRACT

Garlic shoot tip culture associated with dry heat thermotherapy(cloves exposed to 37°C for 35 days) were essential for recoveringvirus free plants of the cv Amarante. In this condition 70% of theexplants developed in vitro and produced plants. A total of 77% ofthose plants was virus free when indexed by ISEM, which resultedin a final index of 54% of virus free plants from treated cloves. Thepercentage of regeneration decreased to 20% as the temperatureincreased up to 40°C. However 90% of those plants were virus free,leading to a final index of 18% virus free plants out of treated cloves.

Keywords: Allium sativum L., regeneration, heat treatment.

RESUMO

Cultura de ápices caulinares e termoterapia na recuperaçãode plantas livres de vírus de alho.

A cultura de ápices caulinares de alho, associado à termoterapiaà seco (exposição dos bulbilhos a temperatura de 37°C, por um pe-ríodo de 35 dias) foi essencial para recuperação de plantas livres devírus das cultivar de alho Amarante. Nestas condições, 70% dosexplantes inoculados se desenvolveram in vitro e produziram plan-tas, das quais 77% não apresentaram partículas virais quandoindexadas por ISEM. Isto resulta em um índice de aproveitamentode 54% dos bulbilhos submetidos à termoterapia. O aumento da tem-peratura na termoterapia para 40°C reduziu a regeneração in vitropara 20%, e 90% dessas plantas estavam livres de vírus, com umíndice final de aproveitamento de 18%.

Palavras-chave: Allium sativum L., regeneração, tratamento térmico.

(Aceito para publicação em 18 de setembro de 2.000)

garlic cloves, obtained via shoot tipculture (Havránek, 1972, 1974; Quit,1972; Wang & Huang, 1974; Daniels,1977; Conci et al., 1986; Walkey et al.,1987; Conci & Nome 1991; Verbeek et.al., 1995). The efficiency of this processcan be increased if the plants aresubmitted to high temperature beforeshoot tip excision (Murashige, 1974).One problem that may occur by usingmisty thermoterapy chambers is highcontamination levels by fungi and

bacteria, compromising thedevelopment of the explants andreducing the efficiency of the wholeprocess.

An efficient dry heat thermotherapyprotocol, associated with the shoot tipculture, which can be used to producevirus free plants of any garlic cultivarhas not been described yet. The aim ofthis work was to develop an efficient dryheat thermotherapy method to producevirus free garlic seed.

E.O. Calvete, et al.

193Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

MATERIAL AND METHODS

Cloves of garlic, cv. Amarante wereselected by size, to standardize in vitrodevelopment. They were kept in a coldchamber at 4oC to break dormancy. Thecv Amarante was used to establish basicrequirements for recovering virus freeplants.

Thermotherapy

In preliminary assays, twenty non-sprouted cloves were exposed tothermotherapy at 37, 40 and 45oC in drychamber for 35 days, without using shoottip culture. They were screened for thepresence of these viruses by ISEM(Immunosorbent Electron Microscopy),as described below, just after sprouting.Also, standard heat thermotherapy wastested in recently sprouted clovesdeveloped in growth chambers keptunder the same temperatures as abovewith 80% relative humidity, for 35 days.Due to high humidity, contamination withfungi and bacteria was higher than 50%,leading to the death of most sprouts. So,all the subsequent assays were conductedusing dry heat thermotherapy in non-sprouted cloves.

Groups of 50 cloves of the cv.Amarante were put in trays and keptunder 37, 40 or 45oC for 35 days. As acontrol 50 cloves were not submitted tothermotherapy prior shoot tip culture.After thermotherapy, the clovesprotection leaves were removed leavingonly two pairs of rolled leaves andenclosed shoot tip tissues (10 to 20 mmlong). Those explants were superficiallydisinfested with sodium hypochloritesolution for 20 min. After disinfestation,the solution was decanted and theexplants were rinsed three times withautoclaved distilled water. Next, in alaminar-air-flow hood, isolated shootapices comprised by apical meristem andthe first set of primordial leaves (Fig. 1)were transferred to nutrient tubes, oneexplant per tube. In the controls (notsubmitted to thermotherapy) the explantswere excised as previously described.

Cloves of the cv. Caçador were used tofurther evaluate the thermotherapy method.

Induction of microbulbs

The basic culture media used toinduce shoot growth consisted of mineral

salts of MS (Murashige & Skoog, 1962),with addition of 3% sucrose, 0.2% gelriteand, in mg.L-1: i-inositol, 100; glicyne,2.0; thiamin.HCl, 1.0; piridoxin.HCl, 0.5;nicotinic acid, 0.5; isopenteniladenin, 0.1and indolbutiric acid, 0.1.

The media were dispensed into 25 x150 mm test tubes, 12.5 mL per tube.The tubes were capped withpolypropylene closures and autoclaved20 min at 121oC and 1.05 x 105 KPa.

The cultures were illuminated 16 hper day with of 62 mmol.m-2.s-1 lightintensity and exposed to 25 ± 2oC. Aftershoot development and formation of asmall microbulb at the base, the plantletswere transferred to the specific mediato allow microbulb development.

Development of microbulbs

Plantlets with microbulbs at the basewere transferred to media composed ofmineral salts of MS, with addition of 6%de sucrose e 0.2% de gelrite and, inmg.L-1: i-inositol, 100; glycine, 2.0;thiamine.HCl, 1.0; piridoxine.HCl, 0.5and nicotinic acid, 0.5.

After 60 days, the microbulbs withapproximately 4 to 8 mm diameter werecollected and planted, after breaking thedormancy, in pots containing a mixtureof sand and vermiculite in equal parts.The microbulbs that did not sprout werekept in a cold chamber for an additionalperiod at 5oC to break the dormancy.

Indexing System

The plants in pots, after 8 and 12weeks of transplanting, were indexed byISEM with and without particledecoration. A polyvalent policlonalantiserum (Gama & Avila, 1988) wasused for the tests which were alsoperformed using specific policlonalantisera against the potyviruses Onion

yellow dwarf virus (OYDV), Leekyellow stripe virus (LYSV), and thecarlaviruses Carnation latent virus(CLV) and Shallot latent virus (SLV)(Conci & Nome, 1991).

RESULTS AND DISCUSSION

To establish the indexing system,virus infected garlic plants were testedby ISEM, and the results with the virusspecific antisera were compared to thepolyvalent antiserum. The use of thepolyvalent antiserum allowed thedetection of all viruses identified in thevirus complex so far (Dusi et al., 1994).In all further experiments, indexing wasdone using the polyvalent antiserum.

The cloves exposed to dry heatthermotherapy, but did not go throughshoot tip culture were 100% infected withviruses. This treatment was not includedin the assays to establish the best protocolto recover virus free plants. Also, plantsoriginated from shoot tip cultures ofcloves not exposed to thermotherapy(preliminary tests, data not presented)were 100% infected with viruses.

Explants excised from newlysprouted cloves, maintained in a growthchamber at 37oC for 35 days resulted inan in vitro regeneration of 50% only. Atotal of 52% of those plants were indexedas virus free (Table 1), resulting in a finalefficiency of the process of 26%.Explants excised from cloves exposed to37oC for 35 days, under dry heatcondition showed regeneration of 70%(c2 significant, p<0.001) and 77% ofthose plants were virus free (Table1).Cloves maintained at 40oC for 35 daysresulted in only 20% of regeneration and90% of the plants produced from thistreatment were virus free. Raising the

Shoot tip culture and thermotherapy in recovering virus free plants of garlic.

°C for 35 daysEfficiency

Regeneraton1 (%) Virus free 2 (%) Process3 (%)

37 35/50 (70) 27/35 (77) 27/50 (54)

40 10/50 (20) 9/10 (90) 9/50 (18)

45 0/50 (0) 0/50 (0) 0/50 (0)

Table 1. Effect of temperature exposure, for 35 days, in the recovery of virus free garlicplants, via shoot tip culture of cultivar Amarante. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.000.

1/Number of regenerated plants/number of explants. χ2 significant (p<0.001);2/Number of virus free plants/number of regenerated plants. χ2 not significant (p=0.65);3/Number of virus free plants/number of explants. χ2 significant (p<0.001).

194 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

temperature did not increase the numberof virus free plants produced, whenregeneration occurred (c2 not significant,p=0.65). The analysis of the resultsindicated that, for a 35 day period,increasing the temperature from 37 to40oC reduced the morphogeneticpotential of the garlic explantsdeveloping in vitro. Thermotherapy at45oC in the tested period was lethal tothe shoot tips.

It has been postulated that, in somecases, high temperature inactivate viruses.In other cases, virus multiplication mightbe inhibited or a redution in virusmovement in the plant might occur(Murashige, 1974). Thus, continuousexposition of the infected plants torelatively high temperatures (35 to 40oC),for a period around 35 days, increases theprobability of getting virus free shoot tips.

Considering the high infection levelof plants originated from cloves that wereheat treated but did not go through shoottip culture, it can be concluded that tissueculture in association to thermotherapyare complementary and necessary toproduce garlic virus free plants.

The shoot tip culture is the most usedmethod to produce virus free plants. It isbased in the assumption that pathogenconcentration is not uniform throughoutthe infected plant. Cells uninvaded bypathogens are often found in the apicalmeristem of a rapidly elongating stem(Shabde-Moses and Murashige, 1979). Inaddition, in most cases, this explantmaintain the genetic stability of thegenotype (Grout, 1990). The use of dryheat thermotherapy at 37oC, associatedto the shoot tip culture, resulted in anprocedure with a final efficiency of virusfree plants of 54% of the cloves originallysubmitted to thermotherapy, which wasstatistically superior to the other testedtemperatures (c2, p<0.001).

The best conditions determinedabove were used to produce virus freeplants of the cultivar Caçador, resultingin a final efficiency of 64%. No statisticaldifferences were detected forregeneration and final efficiencies by thec2 test when using the two distict cultivars(p=0.36 and p=0.42, respectively).

The efficiency of recovering virusfree plants with dry heat treatment at 37oCassociated to shoot tip culture wassignificantly superior to all other testedprotocols. This procedure is now being

applied to other garlic cultivars and theexpected consequence is the possibilityof virus free garlic cloves production inlarge scale.

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Table 2. Effect of dry heat thermotherapy (37oC for 40 days) in the production of virus freegarlic plants of the cultivars Amarante and Caçador. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.000.

1/χ2 not significant (p=0.36);2/χ2 não significant (p=0.42).

CultivarEfficiency

Regeneration1 (%) Process2 (%)Amarante 35/50 (70) 27/50 (54)Caçador 40/50 (80) 32/50 (64)

A.C. Torres et al.

Figure 1. Shoot tips of garlic, consisting of apical meristem and a set of leaf primordium,used to establish in vitro cultures. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.000.

195Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

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Divergência genética em germoplasma de abóbora procedente de dife-rentes áreas do Nordeste. 1

Semíramis R.R. Ramos2; Manoel Abílio de Queiróz 2; Vicente W.D. Casali3; Cosme Damião Cruz 4.2/ Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina - PE; 3/ UFV- Depto. de Fitotecnia, 4/ UFV- Depto. de Biologia Geral 36.571-000 Viçosa - MG. e.mail: [email protected]

1 Parte da Tese de mestrado do primeiro autor, apresentada à Universidade Federal de Viçosa - MG

RESUMO

O trabalho foi conduzido na Estação Experimental, da EmbrapaSemi – Árido, em Juazeiro (BA), de agosto a dezembro de 1993.Objetivou-se avaliar, por meio de técnicas de análise multivariada, ograu de similaridade genética entre 40 acessos de abóbora, coletadosem três áreas distintas da região Nordeste. O delineamento experi-mental utilizado foi blocos ao acaso com três repetições e parcela útilcomposta por oito plantas. Avaliou-se o comprimento médio dointernódio do pecíolo e do limbo; diâmetro médio do caule; larguramédia do limbo foliar; número médio de dias para antese da primeiraflor masculina e da primeira flor feminina; localização do nó da pri-meira flor masculina e da primeira flor feminina; peso médio, com-primento, diâmetro maior e diâmetro menor do fruto, espessura doepicarpo e da polpa, diâmetro da cavidade interna do fruto; teor desólidos solúveis, teor de matéria seca, número médio de sementes porfruto, comprimento médio de semente, peso médio de 100 sementes,número médio de sementes por grama. Os dados foram submetidos àanálise por variáveis canônicas e análise de agrupamento pelo méto-do de Tocher, adotando a distância generalizada de Mahalanobis (D2ii’).Verificou-se que 65% dos acessos formaram um único grupo. Os re-sultados das dispersões com base nas quatro primeiras variáveiscanônicas (71% da variabilidade total) não possibilitaram um vínculoentre a divergência genética e a origem ecogeográfica dos acessos.Estes resultados mostraram-se concordantes com os obtidos pela téc-nica de agrupamento. Os caracteres mais importantes no tocante àvariabilidade foram hierarquicamente: comprimento médio da semen-te, diâmetro maior do fruto, comprimento médio do fruto, nó desurgimento da primeira flor masculina, diâmetro médio do caule, nú-mero médio de dias para o aparecimento da primeira flor feminina,comprimento médio do internódio, peso médio do fruto, sólidos solú-veis e número médio de sementes por grama. Os acessos B4, B5, P31e P34 podem ser utilizados em programas de melhoramento que vi-sem alto teor de sólidos solúveis (ao redor de 12,50%) e de matériaseca (acima de 15%) e frutos pequenos (inferior a 3 kg).

Palavras-chave: Cucurbita moschata, variáveis canônicas, análisede agrupamento, análise multivariada, características de planta,características de fruto, características de semente.

ABSTRACT

Genetic diversity of squash germplasm from Northeast of Brazil.

This study was carried out at Embrapa-Semi-Árido, Juazeiro(Brazil), from August to December 1993. This study aimed atevaluating, by multivariate analysis techniques, the genetic diversityof 40 squash accessions, collected from distinct areas of the NortheastRegion of Brazil. The experimental design was of randomizedcomplete blocks with three replications. The data (average) werecollected from eight plants per plot. The following traits were evaluated:internode length, stem diameter, petiole length, leaf length and width,number of days to the first male and female flower, node number ofthe first male and female flower, fruit length and width, largest andsmallest fruit diameter, skin and flesh thickness, internal cavitydiameter, total soluble solids, dry matter content, number of seeds perfruit, seed length, 100 seed weight, and number of seeds per gram.The data were analyzed using canonic variable and Tocher clusteranalysis, adopting Mahalanobis (D2ii’) general distance. It wasobserved that 65% of the accessions were clustered in a group. Thedispersion results, based on the first four canonic variables (71% oftotal variability), did not permit a correlation between genetic diversityand ecogeographic origin. These results agree with those obtained bythe cluster analysis. The most important characteristics to explain thevariability were: seed length, the largest fruit diameter, fruit length,node number for the first male flower, stem diameter, number of daysfor the first female flower, internode length, fruit weight, total solublesolids, and number of seeds per gram. The B4, B5, P31 and P34accessions might be recommended for breeding programs aiming toimprove the soluble solid (12.50%) and dry matter contents (higherthan 15%), and low fruit weight (less than 3 kg).

Keywords: Cucurbita moschata, canonical variables, clusteranalysis, multivariate analysis, plant characteristics, fruitcharacteristics, seed characteristics.

(Aceito para publicação em.15 de agosto de 2.000)

Do ponto de vista sócio econômico,a abóbora (Cucurbita moschata) é

importante por fazer parte da alimenta-ção básica das populações de várias re-

giões do país, tendo em 1996, apresen-tado na Central de Abastecimento do Es-tado de São Paulo (CEAGESP–SP), ovolume comercializado de 17.244 t, com

preço médio de US$ 0,34 por Kg(Agrianual, 1998).

Na região Nordeste, a Central deAbastecimento (CEASA) de Recife des-

Shoot tip culture and thermotherapy in recovering virus free plants of garlic.

196 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

taca-se na recepção e comercializaçãodessa hortaliça, tendo durante o perío-do de 1995 a 1997, transacionado o vo-lume de 56.760 t de abóbora, com pre-ço médio de R$ 0,51 por Kg. Para com-por esse volume comercializado, teve-se a participação dos estados da Bahia(23,61%), Maranhão (23,75%), RioGrande do Norte (12,79%), Piauí (4,33%),áreas do próprio Estado de Pernambuco(24,14%) e outros Estados (11,38%)(CEAGEPE, 1996).

O Nordeste do Brasil destaca-secomo área onde se observa alta variabi-lidade em populações tradicionais deabóbora (Esquinas-Alcazar & Gullick,1983), sendo que esse cultivo apresen-ta, na região, características próprias deprodução e comercialização. A variabi-lidade pode ser evidenciada pela largavariação na coloração de casca e polpa,tamanho, formato, espessura de polpa ediâmetro da cavidade interna dos fru-tos. Esse germoplasma é comercializadoem todo o Nordeste, ocorrendo tambéma exportação para outros Estados comoo Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Considerando a existência de bancosde germoplasma, a exemplo do banco degermoplasma de cucurbitáceas daEmbrapa Semi-Árido (Petrolina – PE),que preservam, entre outros, acessos deabóbora e moranga coletados em váriosEstados da região Nordeste (Queiróz etal., 1993; Queiróz et al., 1994; Moura &Queiróz, 1997; Ramos et al., 1997), e anecessidade de se efetuar avaliações maisprecisas na área de recursos e melhora-mento genéticos, torna-se importante oestudo da divergência genética entre osacessos preservados nas coleções degermoplasma. A magnitude da divergên-cia genética entre um grupo de acessos,tem sido utilizada no estudo da similari-dade entre acessos preservados em ban-cos de germoplasma (Pereira et al.,1992;Amaral Júnior, 1994; Silva et al., 1996).É uma ferramenta adicional na identifi-cação de duplicatas na coleção e auxiliao curador do banco a decidir como e quaisacessos devem ser selecionados para aformação de uma coleção nuclear (Crossaet al., 1995). O estudo da divergênciaauxilia na identificação de combinaçõeshíbridas de maior efeito heterótico demodo que, nas gerações segregantes setenha maior possibilidade de recupera-

ção de genótipos superiores (Cruz &Regazzi, 1994).

A divergência genética é comumenteavaliada por meio de técnicasbiométricas, citando-se entre os méto-dos quantitativos, as análises dialélicase entre os métodos preditivos, as técni-cas multivariadas (Hallauer & MirandaFilho, 1981; Miranda et al., 1988; Pe-reira, 1989; Cruz et al., 1994; Cruz &Regazzi, 1994).

Para o estudo da divergência gené-tica podem ser aplicados vários méto-dos, destacando-se a análise de compo-nentes principais, análise de agrupamen-tos (ou métodos aglomerativos) e a aná-lise por meio de variáveis canônicas(Cruz & Regazzi, 1994). Estas técnicaspermitem que os indivíduos das diver-sas populações sejam representados emespaços multidimensionais, onde as di-mensões correspondem ao número decaracterísticas medidas. A proximidadeou a distância dos indivíduos nesse es-paço irá indicar o quanto os mesmos sãosimilares geneticamente (Campbell &Atchley, 1981).

No que se refere aos métodosaglomerativos, há dependência da utili-zação de uma medida de dissimilaridadepreviamente estimada, como a distân-cia Euclidiana ou a de Mahalanobis(Cruz & Regazzi, 1994). A estatísticaD2ii’ de Mahalanobis tem sido utilizadaquando diferentes características métri-cas são avaliadas com relação à coleçãode acessos, representando a diversida-de genética, como em estudos realiza-dos em algodão (Singh & Gupta, 1968),em melão (Kaloo & Sidhu, 1982) e emfeijões e favas (Ghaderi et al., 1984).Para a análise de agrupamento, é nor-malmente utilizado o método deotimização de Tocher, onde o grupo ori-ginal é dividido em subgrupos mutua-mente exclusivos, tendo em vista que amaior distância média intragrupo é in-ferior a quaisquer distâncias intergrupos(Cruz, 1990). A análise da divergênciagenética por variáveis canônicas foi des-crita por Rao (1952) e tem por objetivoavaliar a similaridade entre os indivíduospor intermédio de dispersão gráfica(Cruz & Regazzi, 1994).

O presente trabalho teve por objeti-vo utilizar técnicas de análisemultivariada para avaliar o grau de si-

milaridade genética e promover o agru-pamento entre 40 acessos de abóbora,provenientes de áreas da região Nordes-te do Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Esta-ção Experimental do Mandacaru situadano município de Juazeiro (BA). Os tra-tamentos utilizados foram 40 acessos deabóbora, procedentes de coletas realiza-das em três estados do Nordeste: Bahia(B1 a B14), Maranhão (M15 a M27) ePiauí (P28 a P40). Utilizou-se o delinea-mento experimental de blocos ao acaso,com três repetições. Cada parcela foicomposta de dez plantas, emespaçamento de 5,0 x 3,0 metros e ascaracterísticas de planta e frutos foramavaliadas nas oito plantas centrais da fi-leira. A semeadura foi realizada em 05de agosto de 1993 e, o transplante para aárea definitiva, 18 dias após o plantio,quando as mudas apresentavam a segun-da folha verdadeira. A época de condu-ção do experimento apresentou as seguin-tes características: precipitação, 14,4mm; temperatura média mensal, 27,36ºC;temperatura máxima média mensal,33,36ºC; temperatura mínima médiamensal, 21,68ºC. Foram efetuados os tra-tos culturais e fitossanitários necessáriosà cultura, sendo a parcela conduzida comuma planta por cova, sob regime de irri-gação por infiltração.

Foram avaliados vinte e doiscaracteres: comprimento médio dointernódio, do pecíolo e do limbo; diâ-metro médio do caule; largura média dolimbo; número médio de dias para anteseda primeira flor masculina e da primeiraflor feminina; localização do nó da pri-meira flor masculina e da primeira florfeminina; peso médio, comprimento mé-dio, diâmetro maior e diâmetro menor dofruto; espessura do epicarpo e da polpa;diâmetro da cavidade interna do fruto;sólidos solúveis; matéria seca; númeromédio de sementes por fruto; compri-mento médio das sementes; peso médiode 100 sementes e número médio de se-mentes/grama. As características de fru-to foram avaliadas em oito frutos, toma-dos ao acaso, das plantas da parcela útil.A metodologia para obtenção de sólidossolúveis foi baseada em Ramos et al.

S.R.R. Ramos et al.

197Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

(1994) e a matéria seca foi obtida a partirdos frutos que foram cortados em peque-nos pedaços e colocados em estufa, comcirculação forçada de ar a 105ºC, até ob-tenção de peso constante. A característi-ca comprimento médio de semente foiobtida por meio da medida de cinco se-mentes de cada fruto analisado.

Na quantificação da dissimilaridadegenética entre os acessos, utilizou-se adistância generalizada de Mahalanobis(D2ii’), após a transformação das variá-veis originais em variáveis padronizadase não-correlacionadas, pelo emprego doprocedimento de condensação pivotal,conforme descrito por Rao (1952). Osgrupos foram formados de acordo com ométodo de Tocher, utilizando o critériode que a distância média intragrupo éinferior a quaisquer distânciasintergrupos (Cruz & Regazzi, 1994). Adisposição relativa dos acessos foi deter-minada pela utilização da técnica da dis-persão de escores em gráficosbidimensionais. Estes gráficos de disper-são foram construídos com base nos es-cores das quatro primeiras variáveiscanônicas e os acessos foram transpos-tos de um espaço p -dimensional (p = 22)para três espaços bidimensionais (VC1x VC2; VC1 x VC3 e VC1 x VC4).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram formados dez grupos de aces-sos com características fenotípicas se-melhantes. No grupo 1, houve a maioraglomeração de acessos, perfazendo65% do total. Observou-se que, 71,43%dos acessos da Bahia e 61,54% dos aces-sos dos estados do Piauí e Maranhãoutilizados, compuseram tal grupo. Estefato indica que, a despeito das diferen-ças com relação às procedênciasecogeográficas e das condiçõesambientais diversas dos locais de cole-ta, foi possível encontrar alguma seme-lhança genética entre os mesmos.

No entanto, apesar de se ter encon-trado similaridade em 65% dos acessosestudados, a ação dos produtores bus-cando frutos de sua preferência, poderáter selecionado tipos diferentes, permi-tindo a formação de grupos distintos. Defato, houve a formação de mais novegrupos onde verificou-se que os grupos3, 4 e 5 foram formados por dois aces-sos cada, sendo o grupo 4 formados por

acessos originários do Maranhão e Piauíe os outros dois formados por acessosdo Maranhão (grupo 3) e Bahia (grupo5). O grupo 2 foi composto por três aces-sos procedentes do Piauí. Os grupos 6,7, 8, 9 e 10, foram formados por aces-sos únicos, respectivamente, P37, B3,M22, M26 e B7, a maioria deles de re-giões distintas.

O fato de que há aceitação generali-zada dos tipos locais de abóbora noNordeste e a seleção de alguns acessos,com características de interesse (comopor exemplo, frutos pequenos e unifor-mes), é influenciada diretamente peloprocesso de comercialização. Verifica-se frequentemente um fluxo gênico, sejapor meio de doação ou venda de semen-tes, dos tipos locais selecionados, entreas áreas de plantio de abóbora no Nor-deste. Os agricultores tendem,logicamente, a atender a demanda domercado por produtos mais uniformese consequentemente causam a perda deoutros materiais locais valiosos, numprocesso forte de erosão genética.

No entanto, verifica-se, também, queem algumas áreas, há em menor escala,porém de forma contínua e paralela, se-leção realizada pelos agricultores, inde-pendente da tendência do mercado, paratipos locais que satisfaçam as preferênciasindividuais de consumo. Esse tipo deseleção, praticada em diferentes áreas,permite o agrupamento de acessos espe-cíficos, de acordo com o critério de sele-

ção individual do agricultor, além de fa-vorecer a manutenção e preservação davariabilidade presente nos acessos locais.

Por outro lado, sabe-se que, no ge-ral, há ausência de associação entre di-vergência genética e distânciaecogeográfica (Kaloo & Sidhu, 1982;Oliveira, 1989; Pereira, 1989; Soares,1991; Amaral Júnior, 1994). Em rela-ção às cucurbitáceas, isto pode tambémser atribuído à forma de cultivo, uma vezque para satisfazer as necessidades dosagricultores em plantios não comerciais,são necessárias relativamente poucasplantas, o que provavelmente redundouem fixação do conjunto gênico das es-pécies e redução de alteraçõesadaptativas por influência do meio am-biente.

A análise demonstrou que as quatroprimeiras variáveis canônicas acumularamcerca de 71% da variação total disponí-vel, possibilitando dessa forma, a inter-pretação geométrica dos acessos. Cruz &Regazzi (1994) preconizam que uma fi-dedigna discriminação dos acessos é pos-sível quando as duas primeiras variáveiscanônicas explicam um mínimo de 80%da variação total. Todavia, nos casos emque este limite não é atingido, a análisepode ser complementada com a dispersãoem relação à terceira e quarta variáveiscanônicas (Cruz & Regazzi, 1994).

Constatou-se uma determinada coe-rência nos posicionamentos espaciais de

Figura 1. Dispersão gráfica dos escores em relação aos eixos representativos da primeira esegunda variáveis canônicas (VC1 VC2) relativos a vinte e dois caracteres avaliados emquarenta acessos de abóbora. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1993.

Divergência genética em germoplasma de abóbora procedente de diferentes áreas do Nordeste.

198 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

alguns acessos. Assim, verificou-se queos acessos B5, B4 e P37, para as duas pri-meiras variáveis canônicas, estabelece-ram-se como os mais distanciados em re-lação aos demais (Figura 1). Estes resul-tados foram semelhantes aos observadospara a primeira (VC1) e terceira (VC3)(Figura 2) e para a primeira (VC1) e quar-ta (VC4) variáveis canônicas (Figura 3).

De forma geral, os resultados das dis-persões com base nas primeiras variáveiscanônicas demonstraram que a variabili-dade está distribuída entre os acessos, in-dependente de sua procedência. Consta-tou-se que o percentual da variaçãoexplicada pela 1a, 2a, 3a e 4a variáveis foi,respectivamente, 28,41%, 17,71%,14,26%, 10,51%, perfazendo um total deaproximadamente 71%, o que foisatisfatório para avaliar o grau de simila-ridade genética e promover o agrupamentoentre os acessos (Figuras 1, 2 e 3).

Com base no critério proposto porSingh (1981), os caracteres mais impor-tantes à variabilidade foram hierarqui-camente: comprimento médio da se-mente, diâmetro maior do fruto, com-primento médio do fruto, nó desurgimento da primeira flor masculina,diâmetro médio do caule, número mé-dio de dias para antese da primeira florfeminina, comprimento médio dointernódio, peso médio do fruto, sólidossolúveis e número médio de sementes/grama.

Mesmo sabendo ser discutível o es-tabelecimento de grupos de acessos combase na simples inspeção visual(Chaudhary et al., 1973), pode-se indi-car algumas combinações que visemampliar a base genética da espécie pormeio de intercruzamentos. Assim, asprincipais combinações seriam: B4 XP31, B5 X P31, B5 X P34. Estes aces-sos podem ser trabalhados para atendera estratégias de melhoramento cujos ob-jetivos sejam principalmente, o atendi-mento das seguintes características:médio teor de sólidos solúveis (12,50ºbrix), alto teor de matéria seca (acimade 15%), baixo peso de fruto (inferior a3 kg).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à EmbrapaSemi–Árido, à Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Supe-rior (CAPES), à Fundação de Amparo

Figura 3. Dispersão gráfica dos escores em relação aos eixos representativos da primeira equarta variáveis canônicas (VC1, VC4) relativos a vinte e dois caracteres avaliados em qua-renta acessos de abóbora. Petrolina, Embrapa Semi -Árido, 1993.

a Pesquisa do Estado de Pernambuco(FACEPE) e a Universidade Federal deViçosa (UFV), as quais viabilizaram aexecução desse trabalho.

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Figura 2. Dispersão gráfica dos escores em relação aos eixos representativos da primeira eterceira variáveis canônicas (VC1, VC3) relativos a vinte e dois caracteres avaliados emquarenta acessos de abóbora. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1993.

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Divergência genética em germoplasma de abóbora procedente de diferentes áreas do Nordeste.

200 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

O pimentão, solanácea de alto valoralimentício, está entre as hortali-

ças mais consumidas no Brasil e culti-vadas em ambiente protegido. A cultu-ra respondeu, em 1990, por 1,4% da pro-dução nacional de hortaliças (9° lugar),ocupando uma área de 5.470 ha, sendoque 34,23% desta concentra-se no Esta-do de São Paulo (Camargo Filho &Mazzei, 1994). O cultivo desta hortaliçaem estufa permite a colheita com alto ren-dimento e qualidade dos frutos, chegan-do a alcançar 40 t ha-1, enquanto que aoar livre a produção média atinge 20 t ha-

1 (Robledo de Pedro & Martin Vicente,1988). Estes valores podem alcançar 80a 150 t ha-1 em ambiente protegido e 40 a60 t ha-1 ao ar livre (Serrano Cermëno,1990).

O cultivo de hortaliças, caracteriza-do pelo uso intensivo de insumos e mão-de-obra, está sujeito às variaçõesestacionais de oferta e preço dos produ-tos no mercado. Assim, tornam-se ne-cessários o planejamento adequado daprodução e a utilização de tecnologiaapurada por parte do olericultor (Faria

MELLO, S.C.; PEREIRA, H.S.; VITTI, G.C. Efeitos de fertilizantes orgânicos na nutrição e produção do pimentão. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18,n. 3, p. 200-203, novembro 2.000.

Efeitos de fertilizantes orgânicos na nutrição e produção do pimentão.Simone C. Mello; Hamilton S. Pereira; Godofredo C. Vitti 1

1ESALQ – Departamento de Solos e Nutrição de Plantas, C. Postal 09, 13.418-900 Piracicaba-SP. e.mail: [email protected]

RESUMO

Avaliaram-se os efeitos de três tipos de materiais orgânicos as-sociados com a aplicação de fertilizante mineral NPK sobre a nutri-ção e produção do pimentão cv. Mayata, cultivado em estufa, naregião de Piracicaba (SP). O delineamento experimental foi de blo-cos casualizados com quatro repetições e seis tratamentos (150 gcova-1 de húmus de turfa + 100% do NPK; 150 g cova-1 de húmus deturfa + 70% do NPK; 100 g cova-1 de húmus de casca de pinus +100% do NPK; 100 g cova-1 de húmus de casca de pinus + 70% doNPK; 100 g cova-1 de esterco de galinha + 100% do NPK e 100% doNPK). A dose 100% do NPK correspondeu a 100 g cova-1 da fórmu-la 04-14-08, equivalente a 130-458-262 kg ha-1 de N – P2O5 – K2O.O esterco de galinha + 100% do NPK proporcionou, de modo geral,o maior peso médio de frutos e teor de fósforo nas folhas em relaçãoà adição dos outros materiais orgânicos associados com a adubaçãomineral. A aplicação dos materiais orgânicos associados com ferti-lizante mineral NPK não aumentou o peso médio e a produção defrutos em relação à adubação NPK isolada.

Palavras-chave: Capsicum annuum, adubação orgânica, casca depinus, esterco de galinha, pimentão.

ABSTRACT

Effects of organic manures on the nutrition and yield of pepper.

This experiment was carried out in Piracicaba, Brazil, to evaluatethe effects of three types of organic materials in association withchemical fertilizers on the nutrition and yield of pepper cv. Mayatacultivated in plastic greenhouse. The experimental design consistedof randomized blocks with four replications and six treatments (150g hole-1 of peat compost plus 100% NPK; 150 g hole-1 of peat compostplus 70% NPK; 100 g hole-1 of pinus chip compost plus 100% NPK;100 g hole-1 of pinus chip compost plus 70% NPK; 100 g hole-1 ofpoultry manure plus 100% NPK; 100% NPK). The NPK rate was100 g cave-1 of 04-14-08 mineral fertilizer, corresponding to 130-458-262 kg ha-1 of N-P2O5-K2O, respectively. The poultry manureplus 100% do NPK increased the fruits weight and leaf P comparedto other organic materials plus 100% or 70% of NPK. The organiccompost with mineral fertilization did not increase the fruits weightand yield when compared to mineral fertilization alone.

Keywords: Capsicum annuum, organic fertilization, pinus chip,poultry manure, pepper.

(Aceito para publicação em 16 de agosto de 2.000)

Junior, 1997). Como consequência, oconhecimento de práticas agrícolascomo a adubação e seu efeito na nutri-ção mineral e na produção do pimentãosão necessários para que os produtoresutilizem de forma racional e econômicaos fertilizantes. No Brasil, em condiçõesde cultivo protegido, as publicações so-bre adubação na cultura do pimentão sãoescassos, principalmente aqueles relacio-nados ao uso de fertilizantes orgânicos.

A matéria orgânica é um dosinsumos mais empregados em termos devolume na produção de hortaliças, uti-lizando-se, comumente, doses superio-res a 20 t ha-1, dependendo das caracte-rísticas e custo do produto. Por outrolado, não está claro que os materiais or-gânicos podem substituir parte da adu-bação mineral na cultura do pimentão(Roe et al., 1997). Em experimentosconduzidos por estes autores, na Flórida,observou-se comportamento diferencia-do de compostos orgânicos associadosou não a fertilizante mineral NPK naprodução de frutos. Estes autores con-cluíram ainda que a adição de 134 t ha-

1 de composto orgânico (cavaco de ma-deira com restos de curral) associadocom 50% da taxa de fertilizante mine-ral (71-39-44 kg ha-1 de N-P-K no plan-tio e 283-0-278 kg ha-1 de N-P-K emcobertura) reduziu a produção comer-cial de frutos; Por outro lado, a adiçãode composto, derivado de resíduo depapel misturado com restos debiossólidos de curral, com 100% da taxade fertilizante mineral, aumentou a pro-dução total de frutos em relação à adu-bação mineral. Hartz et al. (1996) ob-servaram benefício da adição de 17 ou34 t ha-1 de composto orgânico, deriva-do de resíduos vegetais de origem urba-na, sobre a produção de frutos de pimen-tão quando associado a baixa dose defertilizante nitrogenado (168 kg ha-1 deN). Entretanto, os efeitos positivos des-ta associação não foram observadosquando se empregou 280 kg ha-1 de N.

Realizou-se este trabalho com o ob-jetivo de avaliar os efeitos da adição dehúmus de turfa, húmus de casca de pinuse esterco de galinha associados ou nãocom fertilizante mineral NPK na nutri-

201Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

ção mineral e produção do pimentão cul-tivado em estufa.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no mu-nicípio de Piracicaba-SP, no período deagosto de 1995 a março de 1996 em soloPodzólico Vermelho-Amarelo abrupto,eutrófico, A moderado, textura arenosa/média, cujas características químicas fo-ram: pH (CaCl

2) 4,3; M.O. (mg dm-3) 17;

P (mg dm-3) 10; K (mmolc dm-3) 2,8; Ca

(mmolc dm-3) 28; Mg (mmol

c dm-3) 9;

H+Al (mmolc dm-3) 34; B (mg dm-3) 0,7;

Cu (mg dm-3) 1,14; Fe (mg dm-3) 68; Mn(mg dm-3) 156,4; Zn (mg dm-3) 1,8.

Sessenta dias após o preparo do solo(uma aração e uma gradagem) e incor-poração de 2 t ha-1 de calcário calcítico,(enxada rotativa), para elevar a satura-ção por bases a 70%, (Passos, 1985), rea-lizou-se a adubação de plantio em áreatotal da parcela. Nesta adubação foramaplicadas 50 g cova-1 de húmus de turfaou 100 g cova-1 de húmus de pinus as-sociados com 70 ou 100% do NPK, 100g cova-1 de esterco de galinha mais 100%do NPK e 100% do NPK isoladamente.O NPK correspondeu a 100 g cova-1 de04-14-08 equivalente a 130-458-262 deN – P

2O

5 – K

2O. Foram feitas duas adu-

bações de cobertura, aos 20 e 40 diasapós o transplante, aplicando-se manual-mente 50 g cova-1 de sulfato de amônionos tratamentos com 70% do NPK e 30

g cova-1 nos tratamentos com 100% doNPK. Nas parcelas referentes aos húmusde turfa também efetuaram-se duas co-berturas com 50 g cova-1 desse materialorgânico.

O húmus de turfa foi obtido emturfeiras naturais da região de CapãoBonito. O húmus de pinus foi obtido,de fábricas de celulose que usam o pínuscomo matéria-prima, por meio dahumificação em pátios a céu aberto domaterial descartado (casca) durante oprocesso de industrialização. O estercode galinha foi obtido raspando-se o chãode granjas de galinhas poedeiras. Ascaracterísticas químicas dos fertilizan-tes orgânicos constam da Tabela 1.

A cultivar utilizada foi a Mayata porser bastante plantada em ambiente pro-tegido. As mudas foram produzidas embandejas de 128 células, empregando-se como substrato o Plantimax, e trans-plantadas aos 25 dias após a germina-ção (19/08/95), quando apresentavam aterceira folha formada. O plantio foi fei-to em estufa plástica, de estrutura metá-lica na forma de arco com 7 m de largu-ra por 60 metros de comprimento e al-tura do vão central de 4,5 m, com as la-terais fechadas com tela de sombritepreto com 30% de sombra.

O delineamento experimental foi ode blocos ao acaso com seis tratamen-tos (descritos anteriormente), e quatrorepetições, totalizando 24 parcelas. Asdoses dos fertilizantes orgânicos foram

feitas com base no teor de N (Tabela 1).Cada parcela experimental foi compos-ta de duas linhas com 16 plantas por li-nha, totalizando uma área útil de 9,5 m2.A densidade de plantas foi de 32.653plantas ha-1.

No período do aparecimento do pri-meiro fruto maduro realizou-se aamostragem de folhas, coletando-se aprimeira folha logo abaixo da segundaflor aberta, num total de 10 folhas porparcela, de acordo com Malavolta et al.(1989). As folhas foram lavadas esecadas em estufa com temperatura mé-dia de 70°C por 48 horas e posterior-mente moídas para a avaliação dos teo-res de macronutrientes, de B, Cu, Fe,Mn e Zn (Malavolta et al., 1989).

Tratos culturais, como capinas,desbrotas e irrigação por gotejamento,foram feitos periodicamente de acordocom as necessidades da cultura. Duran-te o período vegetativo e a fase de pré-floração as pulverizações contra pragase doenças foram feitas preventivamen-te. Realizaram-se, também, aplicaçõesfoliares de ácido bórico (0,07%) e ProfolMn (0,05%), quinzenalmente até o fi-nal da colheita. As colheitas foram rea-lizadas manualmente para as avaliaçõesda produção e peso médio de frutos porparcela. A colheita abrangeu o períodode 16/10/1995 a 08/03/1996, sendo quea maior parte dos frutos foi colhida ain-da verde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o peso médio de frutos e para aprodução total, os tratamentos referen-tes à adição dos materiais orgânicos as-sociados com 70 ou 100% da adubaçãomineral NPK não diferiram significa-tivamente da adubação mineral NPK(Tabela 2). Este fato também foi cons-tatado por Roe et al. (1997), os quaisnão observaram aumento na produçãocomercial de frutos de pimentão com aaplicação de 134 t ha-1 de composto or-gânico e 100% do nível de aplicação defertilizante NPK (71-39-44 kg ha-1 deN-P-K no plantio e 283-278 kg ha-1 deN-K em cobertura) em relação ao ferti-lizante mineral somente. Segundo estesautores, a adição de fertilizante mineralpode mascarar os efeitos benéficos daadição do material orgânico sobre a pro-

Características avaliadasHúmus de

turfaHúmus de

pinusEsterco de

galinha

Conc. na mat. seca

pH em CaCl2 0,01 M 7,2 6,9 6,0

Matéria org. total (g kg-1) 255,3 266,2 590,0

C total (g kg-1) 1 141,8 147,9 330,0

N total (g kg-1) 2 9,2 12,0 36,0

P total (g kg-1) 3 1,1 3,2 6,7

K total (g kg-1) 4 2,9 13,9 21,9

Ca total (g kg-1) 4 15,0 17,0 19,9

Mg total (g kg-1) 4 1,0 3,6 5,2

S total (g kg-1) 5 0,6 4,5 5,5

Relação C/N 15/1 12/1 9/1

Tabela 1. Características químicas dos fertilizantes orgânicos utilizados, com base no pesoseco. Piracicaba, ESALQ, 1995/96.

1 / C total (oxidação da matéria orgânica com solução 0,17 mol L-1 de dicromato de potássioe titulação do excesso de dicromato com solução de sulfato ferroso amoniacal 0,5 mol L-1).

Efeitos de fertilizantes orgânicos na nutrição e produção do pimentão.

202 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

dução de pimentão. Esta afirmação foicomprovada por Hartz et al. (1996),onde a aplicação de 17 ou 34 t ha-1 decomposto, derivado de resíduos vege-tais, não afetou a produção de frutos depimentão quando associada com 280 kgha-1 de N como fertilizante mineral.

Por outro lado, a adição de estercode galinha com 100% do nível de ferti-lizante NPK proporcionou maior pesomédio de frutos em relação ao húmusde turfa com 70 ou 100% da adubaçãoNPK e ao húmus de pinus com 100%do fertilizante NPK (Tabela 2). Levan-do-se em consideração as característi-cas dos materiais orgânicos (Tabela 1),observa-se que o húmus de turfa e depinus apresentam baixo conteúdo dematéria orgânica e teores de nutrientesinferiores ao esterco de galinha. Alémdisso, a menor relação C/N desse mate-rial proporcionou, provavelmente,maior taxa de mineralização econsequentemente maior disponibilida-de de nitrogênio e de outros elemen-tos para as plantas. Portanto, a maiorconcentração de nutrientes por kg deesterco de galinha pode explicar estesresultados obtidos. Para a produção to-tal, a adição de esterco de galinha mais100% do NPK proporcionou 36% deaumento em comparação ao tratamentohúmus de pinus mais 70% do NPK.Dentro do mesmo tipo de adubo orgâ-nico, seja para o húmus de turfa ou parao húmus de pinus, a redução de 30% do

fertilizante mineral NPK não alterou opeso médio de frutos e a produção totaldo pimentão, o que permite inferir que 70g cova-1 de 4-14-08 foi suficiente para aobtenção de uma boa produtividade.

Os teores de macro emicronutrientes nas folhas de pimentãoestão apresentados na Tabela 3. O teorde P na folha foi maior com a adição deesterco de galinha mais 100% de NPKem relação aos outros tratamentos, comexceção do húmus de turfa mais 100%de NPK. Por meio das concentrações defósforo nos materiais orgânicos (Tabela1), verifica-se que o teor desse elemen-to no esterco de galinha, foi em tornode seis a duas vezes superior ao húmusde turfa e ao húmus de pinus, respecti-

vamente. Este fato e, possivelmente, apresença do P, na sua maior parte, naforma inorgânica no esterco de galinha,podem explicar o aumento na concen-tração foliar de P com a adição dessematerial orgânico. Em comparação àadubação mineral, a aplicação do ester-co de galinha mais 100% NPK aumen-tou em 27% o teor de P nas folhas. In-crementos no conteúdo de P no tecidofoliar de plantas de pimentão tambémforam obtidos com a adição de 50 a 250m3 ha-1 de esterco de suíno (Bernal &Roig, 1993).

A concentração de cálcio nas folhasfoi superior para o húmus de pinus mais100% de NPK e para o esterco de gali-nha mais 100% de NPK em relação aos

TratamentosPeso médio defrutos (g/fruto) Produção (t/ha)

Húmus de turfa + 100 % NPK 123,24 b 85,8 abHúmus de turfa + 70 % NPK 123,50 b 91,1 abHúmus de pinus + 100 % NPK 123,75 b 85,3 abHúmus de pinus + 70 % NPK 128,50 ab 70,3 bEsterco de galinha + 100 % NPK 148,00 a 95,6 a100 % NPK 136,50 ab 83,3 abC.V. (%) 7,37 9,7D.M.S. (5%) 22,13 17,6

Tabela 2. Peso médio e produção total dos frutos de pimentão cv. Mayata. Piracicaba, ESALQ,1995/96.

*/ Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Tukey.

TratamentosN P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

g kg -1 mg kg -1

Húmus de turfa +100 % NPK

42,2 n.s. 2,5 ab 45,8 n.s. 9,1 b 3,3 n.s. 4,4 n.s. 277, n.s. 16, n.s. 61, n.s. 272, n.s. 40, n.s.

Húmus de turfa +70 % NPK

39,7 2,3 b 44,9 8,9 b 2,7 4,3 270 15 59 302 38

Húmus de pinus+ 100 % NPK

41,7 2,4 b 46,1 11,2 a 3,2 4,5 266 13 67 328 39

Húmus de pinus+ 70% NPK

42,4 2,4 b 45,0 10,6 ab 3,1 4,4 265 12 68 349 35

Esterco de galinha+ 100 % NPK

40,8 2,8 a 45,5 11,1 a 3,2 4,4 254 12 66 305 34

100 % NPK 40,5 2,2 b 44,2 9,5 ab 2,9 4,3 268 14 64 339 39

C.V. (%) 4,1 7,1 4,5 7,3 17,2 5,7 18 15 6 16 10

D.M.S. (5%) 3,8 0,4 4,6 1,7 1,2 0,6 110,0 4,9 9,4 114,1 8,8

Tabela 3. Teores foliares de nutrientes em plantas de pimentão cv. Mayata. Piracicaba, ESALQ, 1995/96.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

S.C. Mello, et al.

203Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

tratamentos húmus de turfa associadocom 70 ou 100% da adubação NPK, pro-vavelmente em virtude dos teores deCa++ mais elevados no esterco de gali-nha e no húmus de pinus (Tabela 1), quetornaram-se posteriormente disponíveispara as plantas.

As concentrações dos demais nutrien-tes nas folhas não foram afetadas pelostratamentos empregados (Tabela 3). Sabe-se que a matéria orgânica pode alterar acomposição mineral das plantas; entretan-to, este efeito depende dentre outros fato-res, da fertilidade do solo (Warman, 1990),das características do material orgânico eda sua quantidade aplicada (Asiegbu &Oikeh, 1995). Dessa forma, as pequenasquantidades aplicadas dos materiais orgâ-nicos, ou seja, 3,3 t ha -1 de esterco de gali-nha, 4,9 t ha-1 de húmus de turfa e 3,3 t ha-1

de húmus de pinus, e os teores dos nutrien-tes no solo, considerados altos, com exce-ção do P e do K, podem ter contribuídopara a ausência de alterações nas con-centrações foliares de N, K, Mg, S, B, Cu,Fe, Mn e Zn.

Com exceção do B e do Mn, os teo-res foliares dos outros nutrientes (Tabela3) encontram-se dentro das faixas consi-deradas adequadas para estes elementosnas folhas de pimentão, segundo Trani& Raij (1996). Os teores foliares de B e

de Mn, por sua vez, foram superiores aoslimites máximos descritos por estes au-tores, provavelmente em virtude das pul-verizações foliares realizadas quinzenal-mente com esses dois micronutrientes.Entretanto, os valores encontrados parao B e o Mn não foram prejudiciais aodesenvolvimento da cultura.

Tornou-se claro, portanto, a influên-cia do tipo de material orgânico na nu-trição e produtividade do pimentão cv.Mayata, evidenciando a necessidade deoutros estudos envolvendo diferentesmateriais orgânicos, como fonte de nu-trientes, com o objetivo de se reduzir aadubação mineral.

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Modificações microclimáticas sob proteção de polipropileno cultivadocom espécies hortícolas em Córdoba, Espanha1 .Rosana Fernandes Otto1; Carmen Gimenez2; Nicolás Castilla3.1 UEPG - Depto. de Fitotecnia e Fitossanidade, Praça Santos Andrade s/n, 84.010-790, Ponta Grossa-PR; 2 Universidad de Córdoba -Depto. de Agronomia, Apdo. de Correos 3048, 14080, Córdoba, Espanha; 3 CIDA - Depto. de Horticultura, Apdo. de Correos 2027,18080, Granada, Espanha. e.mail: [email protected]

1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à “Universidad de Córdoba”, Espanha. Trabalho executado com apoio financeiro da Capes.

A produção de espécies hortícolaspode estar limitada pelas condições

climáticas de algumas regiões duranteparte do ano. Nestes casos, o uso de téc-nicas de proteção de cultivos é uma al-ternativa para viabilizar a produção, pos-sibilitando microclima favorável aocrescimento e ao desenvolvimento das

culturas sob esse ambiente. Diferentes es-truturas e materiais podem ser utilizadospara este fim, como exemplo, as estufas etúneis cobertos com polietileno, telas de‘’nylon”, entre outros. A partir da décadade 80, o “não tecido” de polipropileno (PP)também passou a ser utilizado na agricul-tura como material para proteção de es-

pécies hortícolas (Wells & Loy, 1985;Hernández et al., 1996). Uma das vanta-gens do PP está na colocação direta sobrea planta ou solo semeado, não necessitan-do estruturas de sustentação para o mate-rial. Outra vantagem é a possibilidade decolocação e retirada em qualquer fase decrescimento da cultura.

RESUMO

A cobertura de plantas com o material “não tecido” depolipropileno constitui uma das técnicas mais recentes utilizada paraproteção de cultivos hortícolas. Dentro deste tema, foram conduzi-dos quatro experimentos na área experimental do “Centro deInvestigación y Desarrollo Agrario”, em Córdoba, Espanha. Ava-liou-se a amplitude das modificações das temperaturas do ar e dosolo, da radiação fotossinteticamente ativa e o conseqüente efeitosobre a produção de couve-chinesa, beterraba, espinafre e alfacecultivados sob proteção do “não tecido” de polipropileno (PP) e emambiente natural (AN), durante a primavera, outono e inverno de1995/1996. Utilizou-se delineamento experimental de blocos ao aca-so com quatro repetições. As temperaturas do ar e do solo sob PPforam maiores que em AN na fase inicial de crescimento das espéciesestudadas, com diferenças de até 5,5 e 2,2oC para temperaturas doar e do solo, respectivamente. Entretanto, com o crescimento dasculturas, os valores de temperatura do tratamento PP tenderam a seigualar ao tratamento AN, tanto para temperatura do ar como dosolo. Para couve chinesa e espinafre, a temperatura do ar sob PP foiaté 3,1oC menor que a observada em condições naturais depois dametade e final do ciclo, respectivamente. Para couve-chinesa, beter-raba e espinafre cultivados sob PP, as modificações do microclimafavoreceram a maior precocidade e produção quando comparadasàs plantas cultivadas em AN. Entretanto, para a cultura da alface oaumento das temperaturas do ar e solo sob PP em relação a AN nãoresultou em aumento da produção final. Neste caso, os baixos níveisde radiação incidente sob o “não tecido” e o prolongado período deprecipitação ocorrido durante os meses de inverno interferiram ne-gativamente sobre o crescimento da espécie, sendo recomendado aretirada da proteção de plantas nesta condição climática.

Palavras chave: Brassica pekinensis, Beta vulgaris, Lactucasativa, Spinacia oleracea, couve-chinesa, beterraba, alface,espinafre, temperatura do solo, temperatura do ar, radiação, “nãotecido”, proteção de plantas, área foliar, biomassa vegetal.

ABSTRACT

Microclimatic modifications under polypropylene protectionfor horticultural crops in Córdoba, Spain.

Plants cover with a nonwoven polypropylene protection comprisesone of the most recent techniques for protecting horticultural crops.Four experiments have been conducted at the experimental area of the“Centro de Investigación y Desarrollo Agrario” in Córdoba, Spain.The aim of this study was to evaluated the air and soil temperatureamplitudes and the photosynthetically active radiation and its effectson the production of chinese cabbage, table beet, spinach and lettucegrown under nonwoven polypropylene protection (PP) and also atenvironment conditions (AN) during the spring, autumn and winterof 1995/1996. The experiments were carried out in a randomized blocksdesign with four replications. Air and soil temperatures under PP werehigher than those ones at AN conditions during initial growth periodfor all studied species, with differences up to 5.5 and 2.2oC for air andsoil temperature, respectively. However, with crops growth,temperature values under PP trended to be similar to AN for both airand soil. For chinese cabbage and spinach, air temperature under PPwas lower than AN after middle and final cycle, respectively. Forchinese cabbage and spinach, air temperature under PP was up to 3.1oClower than the observed at AN condition after middle and final stageof the cycle, respectively. For chinese cabbage, table beet and spinachgrown under PP, such microclimatic modifications have promoted ahigher precocity and production compared to AN conditions. However,for lettuce crop the higher temperature under PP did not result in ahigher final production. In this case, low incidence radiation levelsunder PP and also a prolonged precipitation period during the wintermonths interfered negatively with crops growth, where PP protectionshould be removed in this climatic conditions.

Keywords: Brassica pekinensis, Beta vulgaris, Lactuca sativa,Spinacia oleracea, chinese cabbage, table beet, lettuce, spinach,soil temperature, air temperature, radiation, nonwoven, plantprotection, leaf area, vegetable biomass.

(Aceito para publicação em 14 de agosto de 2.000)

205Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A província de Córdoba (Espanha)apresenta condições climáticas favorá-veis ao cultivo de hortaliças durantegrande parte do ano, com exceção dosdias do alto verão e do inverno. Para aregião, o uso do PP poderia ser uma al-ternativa interessante de cultivo prote-gido de hortaliças. A técnica permitiriaa produção precoce com semeadura outransplante no final do inverno e retira-da do PP quando as condiçõesambientais fossem favoráveis. O mes-mo poderia ocorrer nos cultivos de ou-tono, onde o uso do PP sobre as plantasseria necessário somente na fase finaldo ciclo, quando as condiçõesambientais fossem desfavoráveis.

O conhecimento da amplitude dasmodificações microclimáticas que ocor-re no ambiente protegido ao longo dociclo de diferentes espécies e em dife-rentes épocas do ano ajudaria no corre-to manejo da técnica de proteção, per-mitindo projetar a produção em épocasmais adequadas. Sabe-se que, parte daenergia que fica disponível a nível dasculturas se dissipa como calor sensível,outra parte como calor latente e outra éconsumida em processos metabólicos.Alguns estudos sobre este tema já fo-ram realizados em estufas e túneis(Wolfe et al, 1989; Andrade Júnior,1994; Lorenzo, 1994; Fernández et al.,1995), porém pouco se conhece sobre aamplitude das modificaçõesmicroclimáticas devido ao uso do PP. Aradiação solar incidente sobre a prote-ção de PP, como um componente dobalanço de energia, é absorvida ereemitida como radiação térmica, sen-do modificada pela transmissividade domaterial. Para o polipropileno de 17 g.m-2,a transmissividade está em torno de 80%(Wells & Loy, 1985; Hernández et al.,1996). Entretanto, estes valores variamem condições de campo, dependendo daépoca do ano, hora do dia e fatores comocondensação da água e aderência depoeira (Loy & Wells, 1982; Hernández& Morales, 1995; Hernández et al.,1996). Porém, todos esses fatores nãodevem limitar o crescimento das plan-tas se a radiação transmitida se encon-tra acima do ponto de saturação defotossíntese das espécies cultivadas.

A radiação térmica dissipada na tro-ca de calor sensível com a atmosfera

constitui outro componente do balançode energia. Este é quantificado median-te a variação da temperatura do ar. Parao PP, a temperatura diurna do ar podeaumentar até valores prejudiciais no iní-cio de crescimento do cultivo em con-seqüência do efeito estufa. Entretanto,esse efeito pode ser amenizado pela tro-ca gasosa entre o ambiente interno e ex-terno devido à porosidade do PP. Alémdisto, a temperatura do ar sob a prote-ção diminui com o crescimento do cul-tivo devido à transpiração das plantas(Choukr-Allah et al., 1994; Hernándezet al., 1996).

A radiação térmica consumida na tro-ca de calor sensível com o solo representaum outro componente do balanço de ener-gia. Este é caracterizado pela variação datemperatura do solo. Para uma determi-nada radiação líquida, esta variação seráfunção do tipo e cor do solo, do conteúdode umidade e especialmente, do grau decobertura da cultura (Mansour &Hemphill, 1987; Teasdale & Abdul-Baki,1995; Thomas & Funkai, 1995).

Até o momento da realização do ex-perimento, não foram encontrados na li-teratura publicações a respeito dapotencialidade do uso do PP na regiãode Córdoba (Espanha), o qual poderiase apresentar como alternativa a maispara a agricultura da região. Em outroslocais onde se testou o uso do PP comoproteção de cultivo, foi constatada suaeficiência em adiantar e aumentar a pro-dução, agregando qualidade aos produ-tos. Na região de Granada (Espanha),foi verificado aumento médio de 30%na biomassa de couve chinesa cultiva-da sob PP em relação ao cultivo em am-biente natural, durante a primavera de1993 (Hernández et al., 1996). Já na re-gião de Astúrias (Espanha) constatou-se um aumento de 1,8 vezes na produ-ção de alface cultivada sob PP em rela-ção ao cultivo com “mulching”, duran-te o período de inverno (Fuello et al.,1993). Em Agadir (Marrocos), os au-mentos na temperatura mínima do arforam de até 4,3oC ao longo do ciclo deCucurbita pepo, com aumento de 59%na produção total de frutos cultivadossob PP em relação à testemunha(Choukr-Allah et al., 1994).

No Brasil, o uso do PP como prote-ção de cultivo é praticamente desco-

nhecido. A técnica tem sido utilizada naprodução de mudas de fumo já há algumtempo (Buriol et al., 1996) e os primei-ros resultados sobre o potencial do seuuso no cultivo de hortaliças foram avalia-dos na região Sul do país para alface (Ottoet al., 1999), beterraba (Otto & Reghin,1999), mandioquinha-salsa (Reghin etal., 2000) e pimentão (Foltran et al.,1999).

O presente trabalho teve como ob-jetivo caracterizar as modificações deparâmetros microclimáticos sob a pro-teção do “não tecido” de polipropileno,utilizado para o cultivo de couve-chi-nesa, alface, beterraba e espinafre, e asrespostas produtivas das culturas, duran-te a primavera, outono e inverno de Cór-doba, Sudeste da Espanha.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido na áreaexperimental do Centro de Investigacióny Desarrollo Agrario, Córdoba, Espanha(38oN, 5oW, altitude de 110 m) duranteos anos de 1995 e 1996. A região apre-senta clima semi-árido, com tempera-tura média do mês mais quente acimade 28oC, com 500 mm de precipitaçãoanual. O inverno de 1995 foi especial-mente chuvoso, com precipitações men-sais acima de 200 mm. Foram instala-dos quatro experimentos. O primeirocom couve-chinesa (Brassica pekinensis(Lour) Rupr.) ‘Nagaoka 50’, que foitransplantada em 22 de março de 1995e colhida aos 69 dias depois do trans-plante (ddt). O segundo, com alface tipoRomana (Lactuca sativa var. longifoliaLam.) ‘Fimana’, foi transplantado em 16de novembro de 1995 e colhido aos 111ddt. A beterraba de mesa (Beta vulgarisL.) ‘Plato de Egipto’ e o espinafre(Spinacia oleracea L. ssp. glaba) ‘Es-meralda’, foram as espécies cultivadasno terceiro e quarto experimentos,semeadas em 13 de março e 11 de outu-bro de 1996, respectivamente. Oespaçamento utilizado foi de 0,30 x 0,30m para couve-chinesa e alface e de 0,25x 0,30 m para beterraba e espinafre. Asparcelas experimentais foram de 11,70x 1,80 m para todas as culturas, excetopara couve-chinesa cuja dimensão foi de11,70 x 1,20 m. Foram avaliados doistratamentos em todos os experimentos,

Modificações microclimáticas sob proteção de polipropileno cultivado com espécies hortícolas em Córdoba, Espanha.

206 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

sendo esses cultivos em ambiente natu-ral (AN) e cultivo sob “não tecido” depolipropileno (PP) de 20-25 mm deespessura, 17 g.m-2. O delineamento ex-perimental foi blocos ao acaso com qua-tro repetições, para cada um dos experi-mentos.

O solo é franco arenoso de origemaluvial, classificado como “TypicXerofluvent”, composto de 15,2% de ar-gila, 14,1% de silte e 70,8% de areia. Aadubação de base utilizada foi com a for-mulação 5-5-20, com 50 Kg ha-1 de N,P

2O

5 e K

2O para couve chinesa, alface e

beterrraba e de 90 Kg ha-1 de N, P2O

5 e

K2O para espinafre. A adubação de co-

bertura foi realizada aos 15 ddt, aplican-do-se em média 2 g de N/planta. Em to-dos os experimentos foi utilizado o sis-tema de irrigação por gotejamento. Ocritério adotado para efetuar uma irriga-ção foi em função da umidade do solo

nos 20 cm superficiais, medida atravésdo Time Domain Reflectometry - TDR(Trase 6050X1 – SoilmoistureEquipament Corporation). A irrigaçãoera realizada quando os valores medidosse encontravam em torno de 22%, quan-do então se adicionava 15 mm de água.

Na avaliação da modificação domicroclima, a radiação líquida foimonitorada durante o ciclo de todas asculturas. A medida sob a proteção foirealizada com um sensor de RadiaçãoFotossinteticamente Ativa - PAR(SKP215 Quantum Sensor, CampbellScientific), em nível, e os valores emambiente natural foram registrados naestação climatológica localizada a 300m das parcelas experimentais. Tambémforam avaliadas a temperatura do ar (15cm acima da superfície do solo) e dosolo (5 e 10 cm de profundidade) sobPP e em AN. Para isso, foram instala-

dos sensores de temperatura (107,Campbell Scientific) e termopares(105T, Campbell Scientific) em cadaparcela experimental. Todos os sensoresde temperatura e de radiação foramconectados a um sistema de aquisiçãode dados (CR21X – CampbellScientific), programado para realizarleituras a cada minuto e calcular médiasa cada hora do dia, durante todo operíodo em que as espécies permane-ceram no campo.

Para caracterização do crescimentoe desenvolvimento das espécies foramrealizadas colheitas periódicas duranteos ciclos das espécies. Para couve-chi-nesa foram colhidas 4 plantas por par-cela aos 26, 33, 43, 54, 63 e 69 ddt. Foideterminada a área foliar usandoplanímetro eletrônico (Licor 3000, LI-COR). Estas plantas foram secadas emestufas com ventilação forçada a 70°Cpara obtenção do peso seco. O mesmoprocedimento foi realizado para as cul-turas de alface, beterraba e espinafre aos48, 64,81, 98 e 111 ddt, aos 36, 44, 56,67 e 71 dias depois da semeadura (dds) eaos 28, 44, 58, 72 e 86 dds, respectiva-mente.

Com base nos valores de área foliar epeso seco de plantas individuais e consi-derando o espaçamento utilizado, foramcalculados o índice de área foliar (IAF,m2m-2), a biomassa total (BT, g.m-2) e asuperfície foliar específica (SFE, m2g-1)para cada uma das amostras das espéciesestudadas. A qualidade do limbo foliarfoi caracterizada pela estimativa da SFE,onde valores maiores representam folhasde menor espessura e mais tenras. Nacolheita final, foi medido o comprimen-to do caule da alface, após a retirada detodas as folhas, com um paquímetro e opesos frescos da cabeça de couve chine-sa e da raiz tuberosa da beterraba comauxilio de balança eletrônica.

As médias entre os tratamentos, paracada característica estudada e em cadacultura, foram comparadas mediante oteste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Temperatura do ar x produção

A temperatura do ar sob proteção foimaior que em AN no início do ciclo detodas as culturas estudadas (Figura 1).

Figura 1. Temperatura média do ar (15 cm de altura do solo) para os tratamentos em ambientenatural (AN) e sob “não tecido” de polipropileno (PP) durante o ciclo das culturas de couvechinesa (a; ddt - dias depois do transplante), alface (b; ddt), beterraba (c; dds - dias depois dasemeadura) e espinafre (d; dds). Córdoba, Espanha, Universidad de Córdoba. 1995/6.

R.F. Otto et al.

207Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Com o passar dos dias, as diferenças detemperatura do ar entre o tratamento PPe AN diminuíram, chegando a valoressimilares (Figuras 1a, 1b, 1c) ou inclu-sive se invertendo (Figuras 1a, 1d). Aintensidade destas modificações da tem-peratura do ar entre os dois ambientesdependeu da época do ano e do cresci-mento vegetativo da espécie cultivada.

As culturas de couve-chinesa e be-terraba foram transplantadas no final doinverno, quando os valores de tempera-tura mínima do ar atingiram até 3,3 e2,7oC, respectivamente para cada espé-cie. Nesta época, a proteção permitiuque a temperatura média do ar fossesempre maior que em AN (Figura 1),devido ao “efeito estufa”. Para couvechinesa, as diferenças de temperaturaentre PP e AN oscilaram entre 1,2 e4,8oC entre 15 e 27 ddt, data em que atemperatura se igualou para ambos tra-

tamentos (Figura 1a). Em beterraba, atemperatura do ar sob PP foi de 2 a 5,5oCmaior que em AN durante os primeiros30 dias de cultivo (Figura 1). Esse me-lhor regime térmico favoreceu ao cres-cimento inicial das plantas, representa-do pelos valores maiores de IAF sob PPem relação a AN (Tabela 1). O maiorIAF sob PP garantiu, possivelmente,uma maior interceptação de radiaçãoresultando em maior produção debiomassa total nesta fase inicial de cres-cimento (Tabela 1).

Com a aproximação dos dias de pri-mavera, ocorre naturalmente um incre-mento nos valores da temperatura do ar.Entretanto, para a couve chinesa, a tem-peratura do ar sob PP tendeu a se igualar echegou a ser menor que a temperatura doar em condições naturais. Isto ocorreu pos-sivelmente devido a modificação do ba-lanço de energia devido ao crescimento

da cultura. O maior IAF sob PP favore-ceu a uma maior taxa de evapotranspiração(ET), diminuindo a temperatura doambiente protegido. Em beterraba, o efeitonão foi tão pronunciado como em couvechinesa devido aos menores valores deIAF produzidos durante o ciclo da cultura(Tabela 1).

Resultados semelhantes foram encon-trados em Cucurbita pepo (Choukr-Allahet al., 1994) e em couve chinesa(Hernández et al., 1996) cultivadas sob PP,em Agadir (Marrocos) e em Granada(Espanha), respectivamente. As diferen-ças em temperaturas máximas entre PP eAN diminuíram progressivamente com ocrescimento das culturas, chegando a in-verter (PP<AN) após a metade dos ciclos.

No cultivo de outono (espinafre), asvariações na temperatura do ar ao lon-go do ciclo foram similares às obtidasem couve chinesa e beterraba, onde as

Colheita†IAF BT‡ BPC SFE

PP AN PP AN PP AN PP AN

Couve-chinesa

26, 3,66* 1,39* 109, 78, 0, 0, 337,* 179,*

33, 4,70* 1,72* 213,* 131,* 0, 0, 251,* 150,*

43, 6,95* 2,58* 237,* 214,* 0, 0, 283,* 151,*

54, 8,06* 2,57* 442, 279, 81,* 7,* 234,* 135,*

63, 6,79* 4,16* 381, 399, 102,* 13,* 237,* 149,*

69, 6,35* 3,19* 383, 315, 171,* 0,* 214,* 143,*

Alface

48, 0,50 0,42 13, 14, 448, 394,

64, 0,72 0,74 25,* 33,* 366,* 292,*

81, 0,68* 0,84* 27,* 44,* 348,* 273,*

98, 1,07 1,03 48, 56, 272,* 219,*

111, 1,39 1,28 68,* 79,* 243,* 194,*

Beterraba

36, 0,10* 0,05* 5,* 3,* 0, 0, 250, 265, 44, 0,43 0,22 21, 13, 4, 2, 263,* 216,* 56, 1,18* 0,66* 62, 41, 26,* 16,* 266,* 212,*

64, 1,33 0,98 88, 81, 92,* 60,* 232,* 167,* 71, 1,61 1,24 114,* 96,* 160,* 115,* 219, 181,

Espinafre

28, 0,05 0,05 2,* 3,* 348,* 249,* 44, 0,52* 0,36* 20, 19, 328,* 233,* 58, 1,03 0,64 62, 49, 208,* 166,*

72, 1,97* 1,17* 114, 98, 222,* 153,* 86, 1,77* 1,45* 122, 125, 203,* 156,*

Tabela 1. Índice de área foliar (IAF), Biomassa total da planta (BT; gm-2), Biomassa do produto comercial (BPC; gm-2) e superfície foliarespecífica (SFE; cm-2g-1) de couve-chinesa, alface, beterraba e espinafre cultivados em ambiente natural (AN) e sob “não tecido” depolipropileno (PP) durante o ciclo das culturas. Córdoba, Espanha, Universidad de Córdoba. 1995/6.

† ‘’Dias Depois do Transplante’’ para couve-chinesa e alface; ‘’Dias Depois da Semeadura’’ para beterraba e espinafre. ‡ Para beterraba, é considerado somente a biomassa da parte aérea (não inclui o tubérculo)* na horizontal, diferenças significativas entre tratamentos para teste de Tukey (P<5%)

Modificações microclimáticas sob proteção de polipropileno cultivado com espécies hortícolas em Córdoba, Espanha.

208 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

diferenças de temperaturas médias en-tre PP e AN diminuíram com o tempo.As diferenças de temperatura mínimasob PP e AN foram menores que 1oCaos 30 dds, mostrando que o PP não re-teve a radiação de onda longa apesar dacondensação na parte inferior da prote-ção, comum durante este período. Aos60 dias da semeadura, iniciou-se um pe-ríodo de chuvas que se prolongou até ofinal do ciclo, com dias nublados, re-sultando em valores menores debiomassa do espinafre em PP compara-do a AN (122 e 125 gm-2, respectiva-mente) (Tabela 1). Sob estas condiçõesclimáticas, é sugerido a retirada da pro-teção de polipropileno.

As mudas da alface foram transplan-tadas no final do outono e permanece-ram no campo durante os meses de in-verno. A temperatura média do ar foisensivelmente maior sob PP que em AN

durante todo o ciclo da cultura, onde asdiferenças oscilaram entre 1 e 3oC (Fi-gura 1b). Entretanto, este efeito não re-sultou em maior desenvolvimento dacultura sob PP. Tanto o IAF máximo al-cançado (1,39 e 1,28) como a biomassafinal (68 e 79 g.m-2) foram similaresentre os tratamentos (PP e AN, respec-tivamente). Este resultado pode ser atri-buído à diminuição da radiação devidoao uso da proteção, como se comentarámais adiante.

Temperatura do solo x produção

A temperatura do solo sob proteçãofoi maior que em AN no início do cres-cimento de todas as culturas (Figura 2).As diferenças entre temperaturas do solosob proteção e em ambiente natural tam-bém tenderam a diminuir com o cresci-mento das espécies, chegando a valoressimilares ou até o ponto de se inverte-rem (couve-chinesa e espinafre). Neste

caso, a temperatura do solo parece estarrelacionada com o grau de cobertura dosolo pela cultura (Mansour & Hemphill,1987; Teasdale & Abdul-Baki, 1995;Thomas & Funkai, 1995). Entretanto, asdiferenças de temperatura do solo entre5 e 10 cm de profundidade foram poucosignificativas (médias de 0,5oC) dentrode cada tratamento e para todas as cul-turas.

Em couve chinesa, a diferença má-xima na temperatura do solo entre PP eAN foi de 2,4 e 2,2oC para 5 e 10 cm deprofundidade, respectivamente, e ocor-reu na fase inicial da cultura (15 ddt -Figura 2a). Com o crescimento das plan-tas, as diferenças em temperatura dosolo entre PP e AN para ambas profun-didades se inverteram, apresentando di-ferenças de –2,2oC, a 5 cm de profundi-dade, entre PP e AN, aos 54 ddt. A co-bertura total do solo não ocorreu emnenhum momento do ciclo da couvechinesa cultivada em ambiente natural(Tabela 1), o que permitiu o aumentoda temperatura do solo em ambas pro-fundidades, em relação ao ambiente pro-tegido.

Por outro lado, as culturas de beter-raba e espinafre não apresentaram umcrescimento rápido da parte aérea comono caso da couve chinesa (valores me-nores de IAF), demorando mais tempopara cobrir a totalidade da superfície dosolo cultivado sob PP. A beterraba apre-sentou diferenças máximas em tempe-ratura do solo entre PP e AN de 4,1 e3,9oC para 5 e 10 cm de profundidade,respectivamente, durante o início do ci-clo. As diferenças entre PP e AN come-çaram a diminuir com o crescimento dacultura, ainda que não se inverteram emnenhum momento do ciclo (Figura 2).

Em espinafre, no início do ciclo, adiferença máxima de temperatura dosolo entre PP e AN foi de 3,7 e 2,7oCpara 5 e 10 cm de profundidade, respec-tivamente. Nos últimos 15 dias de cul-tivo, quando a cobertura do solo era to-tal para ambos tratamentos, as diferen-ças médias entre PP e AN foram de–0,6 e 0,4oC para profundidades de 5 e10 cm, respectivamente.

A cultura da alface foi transplanta-da no final do outono, época em que,além de baixas temperaturas do ar, ocor-reram períodos de intensa precipitação

Figura 2. Temperatura média do solo a 5 e 10 cm de profundidade para o tratamento emambiente natural (AN) e sob “não tecido” de polipropileno (PP) para as culturas da couve-chinesa (a; ddt - dias depois do transplante), alface (b; ddt), beterraba (c; dds - dias depois dasemeadura) e espinafre (d; dds). Córdoba, Espanha, Universidad de Córdoba. 1995/6.

R.F. Otto et al.

209Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

(média de 200 mm mensais). Isto impe-diu o desenvolvimento normal das plan-tas, inclusive daquelas sob PP que per-maneceram sob temperatura do ar su-perior a AN durante todo o ciclo (Figu-ra 1b). Como a cobertura do solo nãofoi total em nenhum tratamento, as di-ferenças em temperatura do solo entrePP e AN se mantiveram durante todo ociclo. Os valores máximos de diferençaentre PP e AN (3,8 e 4,3oC para 5 e 10cm, respectivamente) ocorreram no fi-nal do ciclo, quando a temperatura doar em condições naturais começou aaumentar (final do inverno). Entretan-to, nas fases intermediárias do ciclo,ocorreram diferenças mínimas de tem-peratura entre os tratamentos, isto é, 0,2e 0,3oC para 5 e 10 cm, respectivamen-te.

O aumento médio da temperatura dosolo nos 10 cm superficiais do tratamen-to PP em relação a AN ao longo dos ci-clos foi de 2,8, 2,1 e 1,4oC para beterra-ba, alface e espinafre, respectivamente.Entretanto, o uso do “não tecido” comoproteção de couve-chinesa não aumen-tou a temperatura média do solo duran-te o ciclo desta espécie devido ao rápi-do crescimento da planta e à coberturatotal do solo pela mesma.

O aumento da temperatura do solodevido ao uso da proteção depolipropileno foi verificado por outrosautores (Soltani et al., 1995; Hernándezet al., 1996). Teasdale & Abdul-Baki(1995), trabalhando com “mulching”(polietileno preto) em tomate, verifica-ram que a temperatura do solo diminuiucom o crescimento do cultivo e sugeri-ram que o melhor regime térmico do solosob o tratamento coberto, durante as qua-tro primeiras semanas da espécie, prova-velmente contribuiu para a maior emer-gência e crescimento das raízes e maiorprecocidade do tomate em relação à tes-temunha. Thomas & Funkai (1995), paraestudos de diferentes tratamentos deumidade do solo em cevada e grão debico, verificaram que as plantas sobestresse hídrico apresentaram poucocrescimento, não cobrindo a totalidadeda superfície do solo. Isso permitiu o au-mento da temperatura do solo, favorecen-do o aumento da evaporação o que nofinal não contribuiu para o crescimentoda cultura. Já o uso do “não tecido” como

proteção de plantas resultou em melhorcondição hídrica do solo comparado aocultivo em ambiente natural (Otto, 1997),o que juntamente com as modificaçõesclimáticas resultaram no maior cresci-mento de parte aérea das plantas.

Radiação x produção

A relação entre a radiação incidentedentro e fora da cobertura representa atransmissividade do material utilizado.Esta variou entre 65 e 85%, em funçãodo tempo de uso do material e da épocado ano.

Em geral, a transmissividade foimaior na fase inicial de crescimento dasculturas, devido ao efeito do acúmulode sujeira na superfície do “não tecido”com o passar do tempo. Na primavera,com ciclos de cultivo menores que nasépocas mais frias, a transmissividade di-minuiu de 85% no começo do ciclo (Fi-

Figura 2. Temperatura média do solo a 5 e 10 cm de profundidade para o tratamento emambiente natural (AN) e sob “não tecido” de polipropileno (PP) para as culturas da couve-chinesa (a; ddt - dias depois do transplante), alface (b; ddt), beterraba (c; dds - dias depois dasemeadura) e espinafre (d; dds). Córdoba, Espanha, Universidad de Córdoba. 1995/6.

gura 3a e 3c) para 75% no final do ciclo(Figura 3a). Entretanto, no outono-in-verno, com ciclos superiores a 90 dias,a transmissividade do “não tecido” sereduziu de 80% no começo do ciclo (Fi-gura 3b) para 65% no final do mesmo(Figura 3b e 3d).

A transmissividade do “não tecido”também variou segundo a época do ano,devido à menor elevação solar nos diasde outono-inverno em relação aos diasde primavera. Considerando valores parainício de ciclo, a transmissividade variouentre 85 e 75% para dias de primavera eoutono-inverno, respectivamente. Osvalores baixos de radiação PAR sob PPem couve-chinesa entre os dias 104 e 107foram devidos ao sombreamento dosensor por ervas daninhas.

A variação na transmissividade podeocorrer desde que os valores de radia-ção incidente sob proteção não sejam

Modificações microclimáticas sob proteção de polipropileno cultivado com espécies hortícolas em Córdoba, Espanha.

210 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

limitantes ao desenvolvimento da cul-tura. Assim sendo, para se estimar ovalor limite de radiação incidente, foideterminada a relação entre a integraldiária de radiação PAR (R

PAR) e a PAR

máxima diária (PARmax), ambas sob o“não tecido”, para todas as culturas (Fi-gura 4), segundo a equação:

RPAR = -0,02045 + 0,00361(PARmax)

+ 9,641e-7(PARmax)2 [1]

A relação estima um valor RPAR

de5,7 MJm-2d-1 para um PARmax de 1200mmolm-2s-1, considerado como pontomédio de saturação de fotossíntese paraa maioria das culturas hortícolas (Dr.Wolfe, D.W., comunicação pessoal).Com base nestes valores, as culturas deprimavera (couve chinesa e beterraba)não apresentaram problemas de limita-ção de radiação sob proteção para amaioria dos dias do ciclo. Os níveis ade-quados de radiação, juntamente com ascondições térmicas favoráveis resulta-ram em maior produção final (BPC) decouve chinesa e de beterraba para PPem relação a AN (Tabela 1) para ambasespécies. Nas plantas de couve chinesacultivadas em ambiente natural ocorreua emissão da haste floral, impedindo aformação da cabeça comercial. Ade-mais, o uso do “não tecido” aumentou aSFE das espécies (Tabela 1) de acordo

com o documentado por Björkman(1981), como resposta a níveis maisbaixos de radiação. Essa característicapode ser de especial importância paraespécies hortícolas nas quais o produtocomercial são as folhas, pois estas seapresentam mais tenras.

Da mesma maneira, as condiçõestérmicas e de radiação favoráveis sobPP no início do outono, favoreceram ummaior IAF da cultura de espinafre emrelação às plantas cultivadas em ambien-te natural (Tabela 1). Esse fato não sóresultou em valores de biomassa sob PPligeiramente superiores a AN (Tabela 1),como também contribuiu para produtosde maior qualidade, expressados emuma maior SFE (Tabela 1).

Entretanto, a cultura de inverno (al-face) esteve submetida a níveis de radia-ção inferiores às necessidades ótimasda espécie durante a maior parte do ci-clo para o tratamento PP (Figura 3). Issofoi devido à baixa elevação solar nestaépoca do ano e aos freqüentes dias nu-blados e chuvosos que diminuíram ain-da mais a radiação incidente. Devido aisto, as plantas em PP apresentaramalongamento dos entrenós na colheita(PP=4,5 cm e AN=3,6 cm), dificultan-do a formação da cabeça e produção debiomassa total sob PP em relação a AN(Tabela 1). Também, as folhas apresen-

taram coloração verde muito clara e da-nos por abrasão, devido ao atrito do “nãotecido” molhado com o limbo foliar. Oresultado foi um produto sem valor co-mercial, ainda que o limbo foliar se apre-sentasse mais tenro sob PP em relaçãoa AN > SFE, (Tabela 1).

A redução de 20% da radiação inci-dente devido ao uso do “não tecido” nãoprejudicou o crescimento das culturasem dias ensolarados, considerando que,nesta condição, os valores de radiaçãoincidente excederam ao ponto de satu-ração de fotossíntese da maioria das es-pécies (Figura 4). Entretanto, nos diasnublados, a redução de 20% da radia-ção poderá impedir a saturação da taxade fotossíntese das culturas, resultandoem menor crescimento, ainda que tenhaproporcionado um efeito favorávelquanto a aumento de temperaturas doar e do solo.

Pelos resultados obtidos conclui-seque a utilização do “não tecido” depolipropileno como proteção para cul-turas hortícolas aumenta as temperatu-ras do ar e do solo em relação ao ambien-te natural, nas fases iniciais de cres-cimento das espécies. As diferenças en-tre as temperaturas sob proteção e am-biente natural tendem a se igualarem ouinclusive se inverterem com o cresci-mento das culturas.

O “não tecido” diminui a radiaçãoincidente em média de 20% da total quechega sobre o material. Se esses valo-res sob PP estiverem abaixo de 5,7 MJm-

2d-1, a proteção deve ser retirada para evi-tar que a cultura permaneça em condi-ções de baixos níveis de radiação, di-minuindo a produção final.

LITERATURA CITADA

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Modificações microclimáticas sob proteção de polipropileno cultivado com espécies hortícolas em Córdoba, Espanha.

212 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

página do horticultor

A abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ éresultante do cruzamento de

Cucurbita maxima Duch. (genitor femi-nino) com C. moschata Duch. (genitormasculino) (Cheng & Gavilanes, 1980).Os frutos são considerados como padrãode qualidade para abóboras e morangasno mercado nacional (Pedrosa et al.,1982). A abóbora ‘Tetsukabuto’ vemapresentado constante expansão na áreaplantada e no volume comercializado,ocupando a mais alta cotação no mer-cado brasileiro de abóboras e morangas(Makishima, 1991).

A abóbora ‘Tetsukabuto’ produz flo-res femininas e algumas masculinas namesma planta. Todavia, as masculinassão estéreis (Cheng & Gavilanes, 1980),sendo necessário o plantio de uma cul-

AMARANTE, C.V.T.; MACEDO, A.F. Frutificação e crescimento de frutos em abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ tratada com alfa-naftalenoacetato de sódio.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 212-214, novembro 2.000.

Frutificação e crescimento de frutos em abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’tratada com alfa-naftalenoacetato de sódio.Cassandro V.T. do Amarante; Alexandre F. de MacedoUDESC - CAV, C. Postal 281, 88.502-970, Lages-SC. e.mail:[email protected].

RESUMO

A abertura de flores femininas na abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’concentra-se num período de três a quatro semanas. Este curto perío-do de florescimento indica que uma polinização deficiente podeocasionar grande comprometimento da produção de frutos. Este tra-balho foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito de concentra-ções do fitorregulador alfa-naftalenoacetato de sódio (ANA-Na), pul-verizado em flores abertas femininas, na frutificação e crescimentode frutos da abóbora ‘Tetsukabuto’. O experimento foi conduzidoem Lages, SC, na safra 1992/1993, seguindo o delineamento emblocos casualizados, com três repetições. A parcela foi constituídade cinco covas de ‘Tetsukabuto’ e uma da polinizadora Cucurbitamaxima, em espaçamento de 3 x 1 m, com duas plantas/cova. Ostratamentos utilizados foram testemunha (polinização natural) e 150,300, 450, 600 e 750 mg·L-1 de ANA-Na. Nos tratamentos com ANA-Na, evitou-se a polinização natural isolando-se as flores com sacosde papel. Avaliou-se percentagem de frutificação, peso, comprimentoe diâmetro dos frutos e peso, espessura, rendimento e sólidos totaisda polpa. Apenas a dose de 750 mg·L-1 do hormônio reduziu a per-centagem de frutificação. Os frutos obtidos por tratamento com ANA-Na apresentaram crescimento similar ao dos frutos obtidos porpolinização.

Palavras-chave: Cucurbita maxima x C. moschata, florescimento,auxina, crescimento de frutos.

ABSTRACT

Fruit set and fruit growth of ‘Tetsukabuto’ squash treatedwith the sodium salt of alfa-naphthaleneacetic acid.

Anthesis of female flowers of ‘Tetsukabuto’ squash occurs withinthree to four weeks. A deficient pollination during this short floweringperiod may reduce the yield. The sodium salt of alfa-naphthaleneaceticacid (Na-NAA) can be used to improve fruit set when pollination isdeficient. This work was conducted to investigate the effects of differentconcentrations of Na-NAA, sprayed in open female flowers on fruitset and fruit growth of ‘Tetsukabuto’ squash. The experiment wascarried out in 1992-93, in South Brazil, in a randomized block designwith three replicates. The plots had a proportion of five plants of‘Tetsukabuto’ to one plant of pollinator (Cucurbita maxima), sowedon a spacing of 3 x 1 m. The treatments consisted of 150, 300, 450,600, and 750 mg·L-1 of Na-NAA, plus the control (with naturalpollination). Plants treated with Na-NAA had the flowers covered withpaper bags to prevent pollination. The treatments were assessed forfruit set and fruit size (weight and diameter) and pulp yield (freshweight/fruit, thickness, and total solids) at harvest. Only the highestNa-NAA concentration (750 mg·L-1) reduced fruit set. Na-NAA didnot affect fruits growth and pulp yield.

Keywords: Cucurbita maxima x C. moschata, flowering, auxin,fruit growth.

(Aceito para publicação em 12 de setembro de 2.000)

tivar polinizadora em 10 a 20% da áreacultivada (EMBRATER/EMBRAPA/EMATER-MG, 1980).

Em cucurbitáceas, o rendimento e aqualidade dos frutos são acentuadamen-te reduzidos quando a polinização é de-ficiente (Wills & Wearing, 1993;Stanghellini et al., 1998), podendo ocor-rer reduções no rendimento de até 90%na ausência de abelhas polinizadoras(Gill, 1989). Problemas relativos à sin-cronização deficiente do florescimento daabóbora híbrida e da polinizadora e àmenor freqüência de insetospolinizadores em períodos chuvosos oude ventos fortes, têm sido apontadoscomo responsáveis pela queda no rendi-mento da cultura. Com vistas a contor-nar estes problemas, pode ser adotado o

uso de fitorreguladores do grupo dasauxinas, que, quando pulverizados na floraberta, diretamente sobre o pistilo, asse-guram a formação do fruto pelo proces-so denominado de partenocarpia, semnecessidade de polinização(Krishnamoorthy, 1981; Wittwer, 1983).

O presente trabalho teve por objeti-vos avaliar o florescimento e a eficiên-cia do uso do fitorregulador alfa-naftalenoacetato de sódio (ANA-Na) nafrutificação e crescimento de frutos daabóbora híbrida ‘Tetsukabuto’.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos de florescimento ede tratamentos com ANA-Na foramconduzidos no município de Lages (SC),

213Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

em um Cambissolo Húmico Álico, nasafra 1992/93. O solo foi submetido aopreparo convencional, sendo corrigido,com calcário dolomítico, para pH 6,0.

No experimento de avaliação deflorescimento, a semeadura foi realizadaem covas, no dia 20/12/92, seguindo umespaçamento de 3 x 3 m. Usou-se seis se-mentes e 250 g de adubo da fórmula 5-20-10 por cova. Três semanas após a se-meadura fez-se o desbaste, mantendo-setrês plantas por cova. Acompanhou-sediariamente o florescimento de doze plan-tas (quatro covas), no período de 8 às 12horas da manhã, contando e marcandocom fitas as flores femininas abertas.

No experimento com ANA-Na, a se-meadura foi realizada em covas, no dia07/12/92, em um espaçamento de 3 x 1m. Usou-se três sementes e 250 g deadubo da fórmula 5-20-10 por cova. Apolinizadora utilizada foi a morangaCucurbita maxima cv. ‘Exposição’,semeada 15 dias antes da ‘Tetsukabuto’,na proporção de uma cova dapolinizadora para cinco covas da‘Tetsukabuto’. Duas semanas após aemergência fez-se o desbaste, manten-do-se duas plantas por cova.

Os tratamentos utilizados foram: tes-temunha (polinização natural) e 150,300, 450, 600 e 750 mg·L-1 de ANA-Na. Nos tratamentos com ANA-Na, asflores foram protegidas com sacos depapel. Essa proteção foi removida na

antese para a pulverização com ANA-Na, sendo em seguida recolocada, per-manecendo até a abscisão da corola. Foiutilizado o delineamento experimentalem blocos ao acaso, com três repetiçõese cinco covas (10 plantas) por parcela.

Cerca de 20 dias após o início doflorescimento, foram feitas avaliaçõesde percentagem de frutificação efetivados diferentes tratamentos. A seguir pro-cedeu-se o raleio dos frutos, procuran-do-se deixar três a quatro frutos porplanta, em todos os tratamentos.

Após a colheita, amostras aleatórias,constituídas de quatro a dez frutos porparcela, foram avaliadas em termos depeso e diâmetros equatorial e longitudi-nal (entre as regiões peduncular e pistilar)dos frutos e peso, espessura (nas regiõespeduncular, equatorial e pistilar), sólidostotais e rendimento de polpa. Estas de-terminações seguiram a metodologiaproposta por Chitarra et al. (1979).

Os dados obtidos foram submetidosà análise da variância e as médias com-paradas pelo teste de Tukey. Os dadosde percentagem de frutificação foramtransformados para arco seno (x/100)1/

2, para normalização, antes de submete-los à análise estatística.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O florescimento da abóbora‘Tetsukabuto’ iniciou-se no 43° dia após

a semeadura (1° de fevereiro), estenden-do-se até o 76° dia (6 de março) (Figura1). Incrementos maiores no número de flo-res abertas foram verificados a partir do52° dia após a semeadura (10 de feverei-ro). Isto mostra que a abertura de floresfemininas concentra-se num período detrês a quatro semanas. O número final deflores/planta foi de 6,1. Este curto perío-do de florescimento, aliado ao fato de quea antese de flores individuais nas abóbo-ras é restrita a apenas um dia, no períododa manhã, ocorrendo o abortamento dasmesmas caso não sejam polinizadas(Pedrosa et al., 1982), indica a importân-cia de uma eficiente polinização das plan-tas neste período. Em situações onde apolinização seja prejudicada, por condi-ções climáticas adversas para os insetospolinizadores ou falta de sincronismo defloração entre a abóbora ‘Tetsukabuto’ ea cultivar polinizadora, pode-se prejudi-car o vingamento de frutos e a produtivi-dade da cultura. Na ausência depolinização, o ovário abscide e a flor cai.Portanto, a polinização fornece o estímu-lo hormonal, principalmente na forma deauxinas, para o desenvolvimento do ová-rio e o vingamento dos frutos(Krishnamoorthy, 1981).

A aplicação de auxinas sintéticas,promove o desenvolvimento de frutospartenocárpicos (desprovidos de semen-tes), isto é, formados na ausência de fe-cundação. Neste caso, a auxina sintéti-ca substitui o suprimento endógeno deauxina do ovário fertilizado para o de-senvolvimento do fruto(Krishnamoorthy, 1981; Wittwer, 1983).Mas, o uso de altas doses pode causartoxidez e queda de flores (Salisbury &Ross, 1992).

Neste trabalho, observou-se que asplantas polinizadas por abelhas apresen-taram o maior índice de frutificação(95%), mas não diferiram dos tratamen-tos em que se aplicou ANA-Na, nasdoses entre 150 e 600 mg·L-1, que apre-sentaram taxa de vingamento de frutosentre 76 e 84%. Porém, na dose de 750mg·L-1, houve queda significativa dafrutificação, com apenas 53% dos fru-tos vingando (Tabela 1). Esse fato pare-ce confirmar as observações de que asaltas doses de auxina podem induzir asíntese de etileno, o qual tem como prin-cipais efeitos biológicos a senescência

Figura 1. Abertura diária e acumulada de flores femininas por planta de abóbora híbrida‘Tetsukabuto’, semeada no dia 20/12/92. Os dias são representados por dia/mês do ano de1993. Lages, UDESC, 1993.

Frutificação e crescimento de frutos em abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ tratada com alfa-naftalenoacetato de sódio.

214 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

e abscisão (Salisbury & Ross, 1992). Aalta percentagem de frutificação nasplantas polinizadas ocorreu devido acondições favoráveis aos insetos, po-rém, em situações adversas, provavel-mente será menor.

Nos frutos tratados com ANA-Nanão ocorreu formação de sementes, mashouve o desenvolvimento deintegumentos dos rudimentos seminaisna cavidade interna, o que confirma anatureza partenocárpica dos mesmos.

De modo geral, não houve diferen-ça significativa de crescimento de fru-tos entre os tratamentos. Portanto, os fru-tos partenocárpicos, obtidos pela apli-cação de ANA-Na, dentro das doses tes-tadas (150 a 750 mg·L-1), apresentaramdesenvolvimento similar aos frutospolinizados (Tabela 1).

Os resultados obtidos permitem con-cluir que o fitorregulador ANA-Na é efi-ciente na indução de partenocarpia emabóbora ‘Tetsukabuto’, com os frutosapresentando desenvolvimento similaraos oriundos da polinização. As florespodem ser polinizadas com solução con-tendo entre 150 e 600 mg·L-1 de ANA-Na, já que em doses maiores (750 mg·L-

1) o índice de frutificação caiu drastica-mente. A menor dose (150 mg·L-1) foieficiente, sendo recomendável testar aeficiência de doses menores, afim de re-duzir os custos, já que os produtoscomercializados indicam o uso de 200a 333 mg·L-1 do fitorregulador.

A viabilidade do uso dessa práticatalvez permita dispensar o cultivo dapolinizadora, elevando em 10-20% aárea plantada com o híbrido‘Tetsukabuto’, o que pode aumentar areceita obtida pelos produtores. Porém,isto somente se justificaria após a exe-cução de uma análise econômica, con-siderando os custos do ANA-Na e damão-de-obra para a aplicação, bemcomo do incremento em rendimentopela eliminação da polinizadora, cujosfrutos apresentam valor comercial me-nor do que os frutos da ‘Tetsukabuto’.Mas é indiscutível que a aplicação doANA-Na reduz as perdas decorrentes defalhas na polinização, podendo ser utili-zada em situações de baixa freqüênciade insetos polinizadores, devido a con-dições climáticas adversas e de deficien-te sincronização do florescimento da abó-bora ‘Tetsukabuto’ e da polinizadora.

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TratamentoIndice

de frutif.(%)

Peso dofruto (kg)

Diâmetro (cm) Peso dapolpa(kg)

Espessura da polpa (mm) Sólidostotais(%)

Rend.polpa

(%)longitud. transvers equat. pedunc. pistilar média

Polinizado 94,81a1 2,65a 15,49a 18,36a 2,37a 36,70a 39,98ab 28,48a 35,05a 12,61a 89,24a

150 mg.L-1 79,14ab 2,62a 14,92ab 18,07a 2,42a 42,00a 44,21a 30,79a 39,00a 12,99a 92,40a

300 mg.L-1 75,71ab 2,44a 15,33ab 18,06a 2,29a 42,44a 42,14ab 29,67a 38,08a 12,89a 93,66a

450 mg.L-1 82,76ab 2,39a 14,11b 17,85a 2,21a 39,72a 39,22b 28,29a 35,74a 14,74a 92,35a

600 mg.L-1 84,10ab 2,36a 15,03ab 17,76a 2,18a 39,02a 39,79ab 28,08a 35,63a 14,17a 92,42a

750 mg.L-1 53,40 b 2,50a 15,79ab 17,94a 2,32a 40,40a 40,62ab 29,54a 36,85a 14,99a 92,88a

Média 78,32 2,49 14,94 18,01 2,30 40,05 40,99 29,14 36,73 13,73 92,16

C.V. (%) 13,25 8,79 2,97 3,99 9,88 6,77 6,77 6,88 4,58 6,75 2,19

Tabela 1. Índice de frutificação e medidas de crescimento dos frutos em abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ com polinização natural e tratadacom diferentes concentrações de ANA-Na. Lages, UDESC, 1992/1993.

1/ Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).

C.V.T. Amarante & A.F. Macedo.

insumos e cultivares em teste

Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000. 215

O uso de fertilizantes nos campos desementes é mais comum do que nas

lavouras de consumo. As condições dosolo no tocante à composição e dispo-nibilidade de nutrientes para as plantasinfluem na produção de semente (Car-valho & Nakagawa, 1980). Contudo, épequeno o número de experimentos re-lacionados com o emprego de fertilizan-tes na produção de sementes, sendo fei-ta sua aplicação com base nos resulta-dos obtidos para as respectivas culturasde consumo (Viggiano, 1990).

Quantidades adequadas de estercode boa qualidade podem suprir as ne-cessidades das plantas em

ALVES, E.U.; OLIVEIRA, A.P.; BRUNO, R.L.A.; ARAÚJO, E.; SILVA, J.A.L.; GONÇALVES, E.P.; COSTA, C.C. Produção de sementes de feijão-vagemem função de fontes e doses de matéria orgânica. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 215-221, novembro 2.000.

Produção de sementes de feijão-vagem em função de fontes e doses dematéria orgânica.Edna U. Alves; Ademar P. Oliveira; Riselane Lucena A. Bruno; Egberto Araújo; José Algaci L. da Silva;Edilma P. Gonçalves; Caciana C. CostaUFPB – CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia – PB. e.mail: [email protected]

RESUMO

Com o objetivo de avaliar fontes e doses de matéria orgânicasobre a produção de sementes de feijão-vagem, cultivar MacarrãoTrepador, instalou-se um ensaio na Universidade Federal da Paraíbano período de abril a setembro de 1998. Utilizou-se o delineamentoexperimental de blocos casualizados, em arranjo fatorial de 4 x 5,compreendendo quatro fontes (esterco de bovino, de caprino, degalinha e húmus de minhoca) e cinco doses (0, 10, 20, 30 e 40 t/hade esterco bovino e caprino e 0, 5, 10, 15 e 20 t/ha de esterco degalinha e húmus de minhoca), em quatro repetições. A produçãomáxima de sementes foi obtida com as doses de 27,66 t/ha de ester-co bovino (3.555,10 kg), 20,85 t/ha de esterco caprino (3.259,56 kg)e 9,87 t/ha de esterco de galinha (2.919,00 kg/ha) e de húmus deminhoca (3.270 kg/ha). A dose mais econômica de esterco bovinofoi de 25,57 t/ha, com uma receita de 1.442,55 kg de sementes/ha(R$ 4.616,16), de esterco caprino foi de 19,11 t/ha, com uma receitade 1.164,00 kg de sementes/ha (R$ 3.724,80) e de esterco de gali-nha foi de 5,17 t/ha, com uma receita de 177,86 kg de sementes/ha(R$ 569,15). Sob o ponto de vista da produção de sementes, a apli-cação de húmus de minhoca propiciou produções acima da médianacional, mas seu emprego na produção de sementes em feijão-va-gem, não é economicamente viável. A análise econômica indicou oesterco bovino como a fonte de matéria orgânica mais viável econo-micamente para adubação orgânica em feijão-vagem para produçãode sementes.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L, adubação orgânica, sementes.

ABSTRACT

Snap-bean seeds production accordingly to levels and sourcesof organic matter.

With the objective of evaluating sources and levels of organicmatter on the production of snap-bean seeds, cv. Macarrão Trepador,there was set up an experiment in the Federal University of Paraíba,Brasil, from April to September/1998. The experimental design wasof randomized blocks, in the factorial scheme 4 x 5, testing four sourcesof organic matter (cattle, goat and chicken manure and earthwormhumus) in five levels (0, 10, 20, 30 and 40 t/ha of cattle and goatmanure and 0, 5, 10, 15 and 20 t/ha of earthworm humus), in fourreplications. The maximum production of seeds was obtained withthe levels of 27,66 t/ha of cattle manure (3,555.10 kg), 20.85 t/ha ofgoat manure (3,259.56 kg) and 9.87 t/ha of chicken manure (2,919.00kg/ha) and earthworm compost (3,270 kg/ha). The most economiclevel of cattle manure was of 25.57 t/ha, with a revenue of 1,442.55kg of seeds/ha (R$ 4,616.16), 19.11 t/ha of goat manure with a revenueof 1,164 kg of seeds/ha (R$ 3,724.80) and 5.17 t/ha of chicken manurewith a revenue of 177.86 kg of seeds/ha (R$ 569.15). Under the pointof view of seeds production, the application of earthworm compostpropitiated productions above the national average, but its use in theproduction of snap-bean seeds is not economically viable. Theeconomical analysis indicated the cattle manure as the most viablefertilization source to produce snap-bean seeds.

Keywords: Phaseolus vulgaris L, organic fertilization, seeds.

(Aceito para publicação em 30 de agosto de 2.000)

macronutrientes, sendo o potássio, o ele-mento cujo teor atinge valores mais ele-vados no solo pelo uso contínuo(Kimoto, 1993).

Apesar do uso da matéria orgânicaser uma prática bastante antiga, poucose sabe sobre seu emprego na produçãode sementes no feijão. As informaçõessobre os seus efeitos no rendimento dofeijão, ainda expressam resultados, mui-tas vezes conflitantes. Pereira (1984)obteve aumentos na produção de semen-tes no feijão das “águas” com o uso dedoses crescentes de composto orgânico,quando combinado com adubo mineral.Scherer & Bartz (1984) referem-se ao

emprego de 6,5 t/ha de esterco de avesem solo corrigido com calcário para seobter altos rendimentos na cultura dofeijão. Vieira (1988), estudando os efei-tos da aplicação de quatro níveis de com-posto orgânico, combinados com adu-bo mineral e com calcário evidenciouaumento no número de vagens por áreano peso de 100 grãos e na produção degrãos. Na cultura do feijão-guanduDiniz (1995) encontrou os maiores va-lores de germinação no solo com densi-dade de 1,53 g/cm3 e incorporação de1,5% de esterco bovino. Henrique(1997), ao utilizar esterco de origemcaprina (7.600 kg/ha), obteve aumento

216 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

de 80% no peso de grãos e de 26,6% namatéria seca. Já Brandin (1987), ao utili-zar esterco caprino em doses variando de0 a 50 t/ha não constatou diferenças sig-nificativas sobre a produtividade de se-mentes no feijão.

Para a produção de sementes de fei-jão-vagem, Viggiano (1990) relata que,devido à falta de resultados de pesqui-sas, deve ser seguida recomendação deadubação química para o feijão-comum,baseada nos resultados de análise dosolo, não mencionando o emprego deadubos orgânicos. No entanto, o feijão-vagem difere do feijão-comum quantoao porte, área foliar, altura, ciclo, hábi-to de crescimento e produtividade, prin-cipalmente, nas cultivares de crescimen-to indeterminado.

Devido à carência de informaçõessobre a adubação orgânica na produçãode sementes do feijão-vagem, procurou-se, no presente trabalho verificar a in-fluência de diferentes fontes e dosesmatéria orgânica sobre a produção desementes desta hortaliça, calculando-setambém a dose mais econômica das fon-tes de matéria orgânica.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi instalado um experimento emLatossolo vermelho-amarelo, no Centrode Ciências Agrárias da UniversidadeFederal da Paraíba no município deAreia (PB), entre abril e setembro de1998, onde foram estabelecidos 20 tra-tamentos, constituídos de quatro fontesde matéria orgânica (esterco bovino,esterco caprino, esterco de galinha ehúmus de minhoca) e cinco doses (0, 10,20, 30 e 40 t/ha de esterco bovino e deesterco caprino e 0, 5, 10, 15 e 20 t/hade esterco de galinha e húmus de mi-nhoca), distribuídos em arranjo fatorial5 x 4 em blocos casualizados com qua-tro repetições. A análise química do soloindicou as seguinte características: pH= 6,10; P = 92 mg/dm3; K = 105 mg/dm3; Ca+2 = 3,10 cmol/dm3; Mg+2 = 1,30cmol/dm3 e matéria orgânica = 9,88 g/dm3 . A caracterização química das fon-tes de matéria orgânica apresentou osseguintes resultados: húmus de minho-ca (P = 5,10 g/kg; K = 3,31 g/kg; N =4,05 g/kg; matéria orgânica = 103,3 g/dm3 e relação C/N = 21,75), esterco de

galinha (P = 6,97 g/kg; K = 14,36 g/kg;N = 11,5 g/kg; matéria orgânica =265,20 g/dm3 e relação C/N = 12,96),esterco bovino (P = 5,2 g/kg; K = 4,90g/kg; N = 8,82 g/kg; matéria orgânica =112,07 g/dm3 e relação C/N = 14,75 ) eesterco caprino caprino (P = 7,2 g/kg;K = 8,46 g/kg; N = 7,1 g/kg; matériaorgânica = 124,02 g/dm3 e relação C/N= 10,32).

O solo foi preparado mediantearação, gradagem, levantamento deleirões e abertura de covas de plantio.A adubação constou apenas do forneci-mento das fontes e doses de matéria or-gânica quinze dias antes da semeadura.As parcelas mediram 10 m2, contendo20 plantas, espaçadas de 1,00 m entrefileiras e 0,50 m entre plantas, todas con-sideradas úteis.

Na semeadura, utilizou-se quatrosementes por cova da cultivar Macar-rão Trepador, a partir de sementes co-merciais, produzidas pela Hortivale(PE). Aos 15 dias realizou-se o desbas-te, deixando-se uma planta por cova, eefetuou-se o tutoramento.

Procurou-se manter as plantas sem-pre no limpo, por meio de capinas, comauxílio de enxadas para evitar concor-rência com as plantas daninhas. Foramefetuadas irrigações pelo método de as-persão. Realizou-se controlefitossanitário, por meio da aplicação deBenlate para controlar mancha de alter-

naria (Alternaria alternata) ferrugem(Uromyces appendiculatus) e manchaangular (Phaeoisariopsis griseola).

Os efeitos das fontes e doses de ma-téria orgânica sobre a produção de se-mentes foram avaliadas através da co-lheita de todas as sementes de cada par-cela, aos 85 dias após a semeadura.

Os resultados foram avaliadosmediante análise de variância e de re-gressão, sendo selecionado para expres-sar o comportamento de cada fonte dematéria orgânica o modelo significati-vo de maior ordem que tenha apresen-tado maior coeficiente de correlação.

As doses mais econômicas das fon-tes de matéria orgânica para a produçãode sementes foram calculadas utilizan-do-se as informações e considerações deNoronha (1984), Raij (1991) e (Nataleet al., 1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As respostas do emprego do estercobovino, do esterco caprino e do estercode galinha sobre a produção de semen-tes de feijão-vagem, ajustaram-se amodelos quadráticos (Figuras 1, 2 e 3).

A dose de fertilizante ou nutriente ase aplicar para a obtenção da máximaprodução é obtida ao igualar a primeiraderivada da equação de regressão a zero(Natale et al., 1996). Portanto, no caso

Figura 1. Produção de sementes de feijão-vagem, em função de doses de esterco bovino.Areia, UFPB, 1998.

E.U. Alves et al.

217Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

deste trabalho, essas doses são 27,66(3.555,10 kg de sementes/ha), 20,85 t/ha (3.259,56 kg de sementes/ha) e 9,87t/ha (2.919,00), para o esterco bovino,esterco caprino e esterco de galinha, res-pectivamente.

A análise econômica do emprego doesterco bovino, caprino e esterco de ga-linha na produção de sementes de fei-jão-vagem, com base no produto físicomarginal, indicador do incremento deprodução em cada tonelada do insumo

adicionado ao solo (Noronha, 1984), re-velou valores negativos nas doses aci-ma de 28, 20 e 10 t/ha de esterco bovi-no, caprino e de galinha, respectivamen-te. Os mais elevados valores foram ob-tidos na dose de 5,0 t/ha de esterco bo-vino, caprino e esterco de galinha (Ta-belas 1, 3 e 5). Levando-se em conside-ração os fatores receita bruta, custo emargem de lucro, todas as doses de es-terco bovino, caprino e esterco de gali-nha, propiciaram margens de lucros su-

periores aos tratamentos sem matériaorgânica. Contudo, como a quantidadede insumo capaz de proporcionar maiorretorno econômico, será aquela que tor-na o valor do produto físico marginaligual ao preço do mesmo insumo(Noronha, 1984), a dose econômica óti-ma para o esterco bovino, caprino e es-terco de galinha, está situada no inter-valo de 25 a 26, 19 a 20 e de 5 a 6 t/ha,respectivamente (Tabelas 2, 4 e 6).

Utilizando-se a equação de regres-são, pôde-se calcular a dose de estercobovino, caprino e de esterco de galinha,capaz de promover o mais elevado re-torno (valor da produção marginal igualao preço do insumo), igualando-se aderivada segunda às relações entre pre-ços do produto e do insumo (Raij, 1991;Natale et al., 1996), vigentes em Areiaem setembro de 1998, que foram R$3,20/kg de sementes e R$ 30,00/t de es-terco bovino e caprino e R$ 200,00/tpara o esterco de galinha. Portanto, ovalor da relação entre preço do produtoe do esterco bovino e caprino foi igual a9,4 e do esterco de galinha foi igual a62,5 ressaltando porém que essa rela-ção de preços pode variar a cada ano,conforme a demanda e oferta.

A dose de esterco bovino, caprino eesterco de galinha capaz de proporcio-nar maior retorno foi determinada pelasseguintes fórmulas: dose de esterco bo-

Figura 2. Produção de sementes de feijão-vagem, em função de doses de esterco caprino.Areia, UFPB, 1998.

Produção de sementes de feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.

Doses t/haX

Produçãoestimada

(kg/ha) (Q)

Produto médiofísico (kg/t)

Variação emX = (∆∆X)

Variação emQ = (∆∆Q)

Produto físicomarginal (kg/t)

(∆∆Q/∆∆X)

Esterco bovino

0 1.863,10 - - - -

5 2.419,35 483,87 5 556,25 111,25

10 2.865,10 286,51 5 445,75 89,15

15 3.200,35 682,74 5 335,25 67,05

20 3.425,10 171,25 5 224,75 44,95

25 3.539,35 141,57 5 114,25 22,85

26 3.548,94 136,49 1 9,59 9,59

27 3.554,11 131,63 1 5,17 5,17

28 3.554,90 126,96 1 0,79 0,79*

29 3.551,19 122,45 1 -3,71 -3,71

30 3.543,10 118,10 1 -8,09 -8,08

35 3.436,35 314,18 1 -106,75 -106,75 40 3.219,10 80,47 2 -217,25 -43,45

Tabela 1. Produção de sementes de feijão-vagem, em função de doses de esterco bovino. Areia, UFPB, 1998.

218 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

a Calculado considerando preço da semente igual a R$ 3,20/kgb Calculado considerando preço do esterco bovino igual a R$ 30,00/tc Vpma = preço da semente x produto físico marginal = valor da produção marginal do esterco bovino.Dose econômica ótima igual a 25,57 t/ha

vino = (122,3 - 9,4)/(2 x 2,21); dose deesterco caprino = (112,6 - 9,4)/(2 x 2,7)e, dose de esterco de galinha = (131,27- 62,5)/(6,65). Dessa forma, a dose maiseconômica de esterco bovino foi de25,57 t/ha e de esterco caprino de 19,11t/ha e de esterco de galinha de 5,17 t/ha.A receita prevista devido à aplicação doesterco bovino pôde ser calculada peloaumento de produção (1.681,98 kg desementes/ha), substituindo a dose maiseconômica, pelo “x” da derivada segun-da da equação de regressão, deduzidodo custo do esterco bovino (239,43 kgde sementes/ha), resultando numa recei-ta de 1.442,55 kg de sementes/ha (R$4.616,16). Para o esterco caprino, a re-ceita prevista devido a aplicação da dosemais econômica, calculada pelo aumen-to de produção (1.165,77 kg de semen-tes/ha), deduzido do custo do estercocaprino (179,15 kg de sementes/ha), re-sultou numa receita de 986,62 kg de se-mentes/ha (R$ 3.157,18) e a receita pre-vista devido a aplicação da dose maiseconômica de esterco de galinha, cal-culada também pelo aumento de produ-ção (500,92 kg de sementes/ha), dedu-zido o custo do esterco de galinha

Figura 3. Produção de sementes de feijão-vagem, em função de doses de esterco de galinha.Areia, UFPB, 1998.

(323,12 kg de sementes/ha), resultounuma receita de 177,86 (R$ 569,15).

Para o húmus de minhoca não cons-tatou-se influencia significativa sobre aprodução de sementes. Portanto, estafonte foi avaliada economicamente, con-forme Noronha (1984). Sob o ponto de

vista dos rendimentos (produção de se-mentes), a aplicação de húmus de mi-nhoca, propiciou produção acima damédia nacional, que situa-se entre 1.800a 2.000 kg/ha de sementes (Viggiano,1990). Porém, a dose de 5,0 t/ha apre-sentou produto físico marginal negati-

Doses t/haX

Produçãoestimada

(kg/ha) (Q)

Receita brutaa

(R$)Custo do

insumob (R$)Margem delucro (R$)

VPmac (R$)

Esterco bovino

0 1.863,10 5.961,92 - 5.961,92

5 2.419,35 7.741,92 150,00 7591,92 356,00

10 2.865,10 9.168,32 300,00 8.868,32 285,28

15 3.200,35 10.241,12 450,00 9.791,12 214,56

20 3.425,10 10.960,32 600,00 10.360,32 143,84

25 3.539,35 9.914,72 750,00 9.164,72 73,12

30, 00

26 3.548,94 11.356,69 780,00 10.576,15 30,68

27 3.554,11 11.373,68 810,00 10.563,15 16,54

28 3.554,90 11.375,68 840,00 10.535,68 2,52

29 3.551,19 11.363,80 870,00 10.493,80 -11,87

30 3.543,10 11.337,92 900,00 10.437,92 -25,88 35 3.436,35 10.996,32 1.050,00 9.946,32 -68,32 40 3.219,10 10.301,12 1.200,00 9.101,12 -139,04

Tabela 2. Doses de esterco bovino, receitas, custos, lucros e valor do produto marginal na produção de sementes de feijão-vagam. Areia,UFPB, 1998.

E.U. Alves et al.

219Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Doses t/haX

Produçãoestimada

(kg/ha) (Q)

Produto médiofísico (kg/t)

Variação emX = (∆∆X)

Variação emQ = (∆∆Q)

Produto físicomarginal (kg/t)

(∆∆Q/∆∆X)

Esterco caprino

0 2.086,0 - - - -

5 2.580,5 516,10 5 494,59 98,90

10 2.942,0 294,20 5 361,50 72,30

15 3.167,5 211,16 5 225,50 45,10

16 3.196,4 199,77 1 28,90 28,90

17 3.219,9 189,40 1 23,50 23,50

18 3.238,0 179,88 1 18,10 18,10*

19 3.250,7 171,08 1 12,70 12,70

20 3.258,0 162,90 5 90,50 18,10

25 3.213,5 128,54 5 -44,50 -8,90

30 3.034,0 101,3 5 -179,50 -35,90

35 2.719,5 77,70 5 -314,50 -62,90 40 2.270,0 56,75 5 -449,50 -89,90

Tabela 3. Produção de sementes de feijão-vagem, em função de doses de esterco caprino. Areia, UFPB, 1998.

*Produção máxima

vo (Tabela 7). Sob o ponto de vista eco-nômico, todas as doses de húmus deminhoca proporcionaram margens delucros inferiores ao tratamento sem ma-téria orgânica (Tabela 8). Embora a pro-

Doses t/haX

Produçãoestimada

(kg/ha) (Q)

Receita brutaa

(R$)Custo do

insumob (R$)Margem delucro (R$)

VPmac (R$)

Esterco caprino 0 2.086,00 6.675,20 - 6.675,20 -

5 2.580,50 8.257,92 150,00 8.107,92 316,48 10 2.942,00 9.414,40 300,00 9.114,40 231,36 15 3.167,50 10.136,00 450,00 9.686,60 144,42 16 3.196,40 10.228,48 480,00 9.748,48 92,48 17 3.219,90 10.303,68 510,00 9.793,68 75,20

18 3.238,00 10.361,60 540,00 9.821,60 57,92 19 3.250,70 10.402,24 570,00 9.832,24 40,64

30,00

20 3.258,00 10.425,60 600,00 9.825,60 23,36

25 3.213,50 10.283,20 750,00 9.533,30 -28,48 30 3.034,00 9.708,80 900,00 8.808,80 -114,88 35 2.719,50 8.702,40 1.050,00 7.652,40 -201,28

40 2.270,00 7.264,00 1.200,00 6.064,00 -287,68

Tabela 4. Doses de esterco caprino, receitas, custos, lucros e valor do produto marginal na produção de sementes de feijão-vagem. Areia,UFPB, 1998.

a Calculado considerando preço da semente igual a R$ 3,20/kgb Calculado considerando preço do esterco caprino igual a R$ 30,00/tc Vpma = preço da semente x produto físico marginal = valor da produção marginal do esterco caprino.Dose econômica ótima igual a 19,11 t/ha

dução tenha sido maximizada com aaplicação de 10 t/ha de húmus de mi-nhoca, sendo a dose que mais aproxi-mou o valor do produto ao valor doinsumo, não é economicamente viável

aplicar húmus de minhoca na produçãode feijão-vagem.

Nas três situações onde foi possívelcalcular as doses mais econômicas (es-terco bovino, caprino e esterco de gali-

Produção de sementes de feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.

220 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

nha), para o esterco bovino e caprino,elas estiveram próximas dos valoresmáximos atingidos pela produção. Sobo ponto de vista de rendimento, todasas fontes de matéria orgânica, proporcio-naram produções de sementes acima damédia nacional, indicando os benefíciosdo seu emprego na produção de sementesde feijão-vagem. Entretanto, o uso de al-

Doses t/haX

Produçãoestimada

(kg/ha) (Q)

Receita brutaa

(R$)Custo do

insumob (R$)Margem delucro (R$) VPmac (R$)

Esterco galinha 0 2.271,2 7.267,84

5 2.761,3 8.836,16 1.000,00 7.836,16 313,66200,00

6 2.819,4 9.022,08 1.200,00 7.822,08 185,92 10 2.918,9 9.340,48 2.000,00 7.340,48 100,86

15 2.744,0 8.780,80 3.000,00 5.780,80 -111,94 20 2.236,6 7.157,12 4.000,00 3.157,12 -324,74

Tabela 6. Doses de esterco de galinha, receitas, custos, lucros e valor do produto marginal na produção de sementes de feijão-vagem. Areia,UFPB, 1998.

a Calculado considerando preço da semente igual a R$ 3,20/kgb Calculado considerando preço do esterco de galinha igual a R$ 200,00/tc Vpma = preço da semente x produto físico marginal = valor da produção marginal do esterco de galinha.Dose econômica ótima igual a 5,17 t/ha

gumas doses de húmus de minhoca pro-piciaram produções de sementes inferio-res àquela obtida com tratamento semmatéria orgânica (Tabela 7). Provavelmen-te, durante o crescimento e desenvolvi-mento das plantas, as fontes de matériaorgânica, juntamente com os nutrientescontidos no solo, supriram eficientemen-te as necessidades nutricionais da cultura.

Maiores produções de grãos em feijãocomum, com doses de adubos orgânicosforam relatadas por diversos autores (Be-zerra Neto et al., 1984; Valente, 1985;Vieira, 1988; Galbiatti et al. 1996;Henrique, 1997). Outro efeito positivo daaplicação das fontes de matéria orgânica,foi possivelmente o suplemento de nutrien-tes de forma equilibrada. O equilíbrio

Doses t/haX

Produção(kg/ha) (Q)

Produto médiofísico(kg/t)

Variação emX = (∆∆X)

Variação emQ = (∆∆Q)

Produto físicomarginal (kg/t)

(∆∆Q/∆∆X)Húmus de minhoca

0 2.830 - - -

5 2.720 544 5 -110 -22

10 3.030 303 5 310 62

15 3.030 202 5 0 020 3.270 163,50 5 240 48

Tabela 7. Produção de sementes de feijão-vagem, em função de doses de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.

E.U. Alves et al.

Tabela 5. Produção de sementes de feijão-vagem, em função de doses de esterco de galinha . Areia, UFPB, 1998.

*Produção máxima

Doses t/haX

Produçãoestimada

(kg/ha) (Q)

Produto médiofísico(kg/t)

Variação emX = (∆∆X)

Variação em Q= (∆∆Q)

Produto físicomarginal (kg/t)

(∆∆Q/∆∆X)

Esterco de galinha

0 2.271,2 - - - -

5 2.761,3 552,26 5 491,10 98,02

6 2.819,4 469,90 1 58,10 58,10

10 2.918,9 291,89 5 157,60 31,52*

15 2.744,0 182,93 5 -174,90 -34,98

20 2.236,6 111,83 5 -507,40 -101,48

221Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

entre elementos nutritivos é mais impor-tante no ganho da produtividade do quemaiores quantidades de macronutrientesisoladamente (Primavesi, 1985).

Uma vez que o experimento foi ins-talado em solo quimicamente rico, acre-dita-se que os efeitos positivos das do-ses de esterco bovino e caprino sobre aprodução de sementes de feijão-vagem,devam-se não somente ao suprimento denutrientes, mas também à sua ação namelhoria de outros constituintes da fer-tilidade e da estrutura do solo(Marchesini et al ., 1988; Yamada &Kamata, 1989).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a professoraSheila Costa de Farias pela correção doabstract e aos agentes em agropecuáriaJosé Ribeiro Dantas Filho, Francisco deCastro Azevedo, José Barbosa de Sou-za, Francisco Soares de Brito, Francis-co Silva do Nascimento e Expedito deSouza Lima que viabilizaram a execu-ção dos trabalhos de campo.

LITERATURA CITADA

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Doses t/haX

Produção(kg/ha) (Q)

Receita brutaa

(R$)Custo do

insumob (R$)Margem delucro (R$)

VPmac (R$)

Húmus de minhoca

0 2.830 9.056,00 - 9056 -

5 2.720 8.704,00 1.000,00 7704 70,40

10 3.030 9.696,00 2.000,00 7696 198,40

15 3.030 9.696,00 3.000,00 6696 0

20 3.270 10.464,00 4.000,00 6464 153,60

Tabela 8. Doses de húmus de minhoca, receitas, custos, lucros e valor do produto marginal na produção de sementes de feijão-vagem.Areia, UFPB, 1998.

a Calculado considerando preço da semente igual a R$ 3,20/kgb Calculado considerando preço do húmus de minhoca igual a R$ 200,00/tc Vpma = preço da semente x produto físico marginal = valor da produção marginal do húmus de minhoca

Produção de sementes de feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.

222 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A melancia (Citrullus lanatus) é ori-ginária das regiões tropicais e

subtropicais da África (Heredia &Casali, 1980; Sonnenberg, 1985;Castellane & Cortez, 1995), no entanto,atualmente é cultivada em quase todosos países (Sonnenberg, 1985). No Bra-sil, é uma das mais importantes hortali-ças produzidas e consumidas. Dentre ascultivares de melancia disponíveis nomercado brasileiro, as cinco mais culti-vadas são Charleston Gray, Crimson

LEONEL, L.A.K.; HEREDIA ZÁRATE, N.A.; VIEIRA, M.C.; MARCHETTI, M.E. Produtividade de sete genótipos de melancia em Dourados. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 222-224, novembro 2.000.

Produtividade de sete genótipos de melancia em Dourados.1

Liliane A.K. Leonel2; Néstor A. Heredia Zárate3; Maria do Carmo Vieira3; Marlene E. Marchetti3

2 EMPAER - MS, C. Postal 17, 79.803-040 Dourados - MS; 3UFMS - DCA, C. Postal 533, 79.804-970 Dourados – MS.

RESUMO

O experimento foi desenvolvido na Universidade Federal deMato Grosso do Sul, em Dourados (MS), no período de julho de1995 a fevereiro de 1996, em um Latossolo Roxo distrófico corrigi-do, textura argilosa. O município de Dourados situa-se em latitudede 22º 13’ 16” S, longitude 54º 17’ 01” W e altitude de 430 m. Oclima da região é Mesotérmico Úmido; as temperaturas médias anuaisvariam de 20 a 24ºC e as precipitações médias anuais de 1.250 mma 1.500 mm. Em Mato Grosso do Sul, cerca de 90% da área cul-tivada com melancia é basicamente com a ‘Crimson Sweet’. Assimo objetivo do trabalho foi avaliar a produtividade e a qualidade dosgenótipos de melancia Crimson Glory, Jetstream, Madera, Rubi,Starbrite, Verona e Crimson Sweet. Utilizou-se o delineamento ex-perimental de blocos casualizados, com quatro repetições. As par-celas foram constituídas de uma linha de plantas, com cinco covas,espaçadas entre si de 2,0 m. Na colheita, determinaram-se, em fun-ção de peso e número de frutos, as produções total, comercializávele não-comercializável; além dos teores de sólidos solúveis totais(ºBrix) de todas as classes de frutos. As produções totais dos híbri-dos Rubi e Jetstream foram superiores e significativamente diferen-tes apenas em relação às do híbrido Crimson Glory. O híbrido Rubiproduziu 87% de frutos comercializáveis (a maior produção) e su-perou em 429% a produção do Crimson Glory (a menor produção).Em geral, os híbridos apresentaram maior produção comercializávelque a cultivar Crimson Sweet. O híbrido Rubi produziu 77% maisfrutos comercializáveis e induziu lucro 214% superior ao da culti-var Crimson Sweet. Os teores de sólidos solúveis totais dos frutosforam dependentes dos genótipos e das classes de frutos. Os híbri-dos Verona e Starbrite apresentaram polpa mais doce.

Palavras-chave: Citrullus lanatus, híbridos, cultivar, produção,sólidos solúveis, custos.

ABSTRACT

Yield of seven genotypes of watermelon (Citrullus lanatus)in Dourados.

The research work was carried out at the Federal University ofMato Grosso do Sul, Brazil, from July, 1995 to February, 1996 in adystrophic Red Latosol of clay texture, after liming. Dourados countyhas an average altitude of 430 m and it is located at 22º 13’ 16” Slatitude and 54º 17’ 01” W longitude. The climate of Dourados regionis classified as Wet Mesothermic, with an annual average temperaturevarying from 20 to 24ºC and an annual average precipitation, rangingfrom 1,250 mm to 1,500 mm. About 90% of watermelon crop in MatoGrosso do Sul is basically cultivated with the ‘Crimson Sweet’ genotype.For this reason this research has had the objective to evaluate the yieldand quality of the following watermelon genotypes: Crimson Glory,Jetstream, Madera, Rubi, Starbrite, Verona and Crimson Sweet. Thetrial was carried out in a randomized block with four replications. Theexperimental plots consisted of a crop row with five plants, spaced 2 mapart. The main crop parameters measured at harvest as a function offruits weight and number were total yield; commercial and non-commercial yield, and total soluble solid contents (°Brix) of all fruitclasses. Total yield of Rubi and Jetstream hybrids were superior to theothers and only Crimson Glory was significantly different. Rubi hybridproduced 87% of commercial fruits, the highest yield, and it was superiorin 429% to Crimson Glory yield, which had the smallest yield. In general,hybrids presented higher commercial yield than Crimson Sweet variety.The Rubi hybrid produced 77% more commercial fruits and it provided214% profit higher than the Crimson Sweet cv. The total soluble solidcontents of the fruits were dependent on genotypes and fruit classes.Verona and Starbrite hybrids presented the sweetest pulp.

Keywords: Citrullus lanatus, hybrid, cultivar, production, solublesolid, costs.

(Aceito para publicação em 05 de setembro de 2.000)

Sweet, Fairfax, Omaru Yamato eYamato Sato (Minami & Iamauti, 1993).Dentre os híbridos, têm-se Jetstream,Madera, Mirage, Rubi e Tiffany(Viggiano,1994). Porém, Castellane &Cortez (1995) citam que ‘CrimsonSweet‘ é o principal genótipo cultivadono Brasil, desde o Nordeste até o Sul doPaís.

As cultivares tradicionais comoCharleston Gray e Omaru Yamato têmapresentado qualidade (sabor, coloração

e firmeza) não satisfatória, além de se-rem suscetíveis às moléstias antracnose,mosaico da melancia, oídio, míldio ecrestamento gomoso (Nagai et al., 1985).Filgueira (1982) relata que as cultivaresjaponesas têm qualidade inferior e me-nor resistência à antracnose e à murchafusariana, quando comparadas com asamericanas que são mais precoces e maistolerantes ao transporte.

No início dos anos 90, a Asgrow doBrasil lançou no mercado brasileiro o

1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada à UFMS, Dourados (MS).

223Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

híbrido ‘Madera’, que produz frutos ar-redondados com casca verde-claro eestrias verde-escuras e polpa vermelha.Dados recentes indicam que os produ-tores utilizam sementes híbridas em50% da área cultivada do Estado de SãoPaulo e em 15% da área cultivada doRio Grande do Sul (Tavares, 1996)2 .

Em Mato Grosso do Sul, ‘CrimsonSweet‘ é a cultivar mais utilizada, masé preocupante o fato de que 90% da áreacultivada com melancia seja basicamen-te com uma única cultivar, pois sabe-seque o Estado possui solos com grandevariabilidade na fertilidade e as cultiva-res americanas foram desenvolvidas emsolos de alta fertilidade, sendo, portan-to, menos tolerantes à acidez do solo(Araújo et al.,1982). Soma-se a isso abaixa tecnologia aplicada à cultura; porisso, em algumas regiões, a espécie pro-duz aquém do seu potencial.

Conhecendo-se vários híbridos co-merciais, com citações sobre seu altopotencial agronômico e levando-se emconsideração as exigências do consumi-dor por melancias de frutos arredonda-dos, com casca verde-claro e estrias es-curas, polpa vermelha e elevado teor deaçúcares. Este trabalho teve como obje-tivo avaliar a produtividade e a qualida-de de seis híbridos e uma cultivar demelancia, em Dourados - MS.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido emDourados (MS), no Núcleo Experimen-tal de Ciências Agrárias da UFMS, noperíodo de julho de 1995 a fevereiro de1996, em um Latossolo Roxo distróficocorrigido, textura argilosa. O municípiode Dourados situa-se em latitude de 22º13’ 16” S, longitude de 54º 17’ 01” W ealtitude de 430 m(DOURADOS,1985).O clima da região,segundo Köppen, citado por MATOGROSSO DO SUL (1990) éMesotérmico Úmido; as temperaturasmédias anuais variam de 20 a 240C e asprecipitações médias anuais de 1.250mm a 1.500 mm (BRASIL,1971). Fo-ram estudados os genótipos de melan-

cia Crimson Glory, Crimson Sweet,Jetstream, Madera, Verona, Starbrite eRubi, arranjados no delineamento expe-rimental de blocos casualizados, comquatro repetições. As parcelas foramconstituídas de uma linha de plantas,com cinco covas, cada uma com as se-guintes dimensões: 0,20 m de largura x0,25 m de comprimento x 0,20 m de pro-fundidade. Os espaçamentos utilizadosforam de 4,5 m entre as linhas e 2,0 mentre covas, com duas plantas por cova.O preparo do solo constou de uma aração,uma gradagem e abertura das covas.Antes da semeadura, fez-se adubação nascovas utilizando dois litros de cama-de-aviário, 4 g de N, 44 g de P

2O

5 e 20 g de

K20, nas formas, respectivamente, de

sulfato de amônio, superfosfato simplese cloreto de potássio. Aos 20, 35 e 50dias após a emergência, efetuaram-seadubações de cobertura com doses de 5g/cova de N e de K

2O.

A semeadura realizou-se no dia 30de setembro de 1995 e por ocasião daprimeira adubação de cobertura, fez-seo desbaste das plantas, deixando-se duaspor cova. A irrigação foi feita por as-persão e o turno de rega nas fases deemergência e reprodutiva foram de trêsdias e na fase vegetativa, de sete dias.As capinas foram feitas aos 11, 26 e 51dias após a semeadura. Os tratamentosfitossanitários foram efetuados para con-trole de Alternaria cucumerina, Aphisgossypii, Diaphania sp, Diabroticaspeciosa e Trips sp.

Para a colheita dos frutos, utiliza-ram-se como indicadores do ponto decolheita, a emissão de som oco no cen-tro do fruto, secamento da gavinha an-terior ao fruto e a troca de cor brancapara creme na parte do fruto que ficaem contato com o solo.

As características avaliadas foram opeso e o número de frutos totais,comercializáveis e não-comercializáveis. A produçãocomercializável foi formada por frutoscom peso superior a 6 kg, distribuídosnas classes grande (>10 kg), média (10-8 kg) e pequena (8-6 kg); e a não-comercializável (refugo) foi formada

pelos frutos com peso menor que 6 kg.Nos frutos de todas as classes foramdeterminados os teores de sólidos solú-veis totais (ºBrix), em dois locais do fru-to, sendo uma na parte central, na re-gião equatorial e a outra na parte infe-rior, a 1cm da casca.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As produções totais dos híbridosRubi e Jetstream foram superiores e sig-nificativamente diferentes em relação àsdo híbrido Crimson Glory (Tabela 1).Nas condições deste experimento, o hí-brido Rubi foi 267% mais produtivo queo Crimson Glory, cuja baixa produtivi-dade, provavelmente, foi devido ao fatode as plantas terem apresentado desen-volvimento vegetativo muito lento. Istopode ter sido pelo baixo vigor inicial dassementes induzido pelo material utili-zado na embalagem das sementes (Leal,1996)3 ou porque esse genótipo nãoadaptou-se às condições ambientes emque foi cultivado.

Quanto à produção comercializável(Tabela 1), o híbrido Rubi se destacou,produzindo 87% de frutoscomercializáveis. A diferença de produ-ção em relação aos híbridos Madera eCrimson Glory foi significativa e supe-rior em 96% e 428%, respectivamente.No entanto, quando compararam-se osmelhores híbridos com a cultivarCrimson Sweet, não houve diferençassignificativas. Apesar disso, o híbridoRubi foi 77% mais produtivo e induziulucro 214% superior em relação à culti-var Crimson Sweet.

Ao relacionar o número total de fru-tos e número de frutos comercializáveise não-comercializáveis, observou-se queo híbrido Rubi produziu 197% mais fru-tos no total e 423% mais frutoscomercializáveis que a ‘Crimson Glory’.Quando comparado com a cultivarCrimson Sweet, as produções totais nãoforam diferentes significativamente, ape-sar de o híbrido Rubi ter produzido 16%mais. O número de frutoscomercializáveis foi significativamentediferente, sendo que o híbrido Rubi pro-

2 Tavares, C.A. (Estação Experimental de Hortaliças da ASGROW, Paulínea – SP). Comunicação pessoal,19963 LEAL, C.R. (TOPSSED Sementes, Presidente Prudente – SP). Comunicação pessoal, 1996.

Produtividade de sete genótipos de melancia em Dourados.

224 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

duziu 84% a mais. Em geral, os híbri-dos, com exceção do ‘Crimson Glory’,produziram maior percentagem de fru-tos comercializáveis que a cultivarCrimson Sweet.

Os teores de sólidos solúveis totaisdos frutos na parte central e próximo àcasca variaram com os genótipos e coma parte do fruto onde se fez aamostragem. Os teores da parte centraldos frutos comercializáveis, de todos osgenótipos, exceto da classe pequena do‘Rubi’, foram maiores que 9,0ºBrix. Re-sultados semelhantes foram obtidos porAraújo et al. (1994) e Caringi et al.(1995), com a cultivar Crimson Sweet(9,8 e 8,7ºBrix, respectivamente) e oshíbridos Madera (9,1 e 9,4ºBrix, respec-tivamente) e Starbrite (8,5 e 8,2ºBrix,respectivamente). Pelos resultados deºBrix da polpa próxima à casca dos fru-tos, observa-se que a maioria dosgenótipos apresentou menor teor de só-lidos solúveis totais nessa área. Os hí-bridos Verona e Starbrite foram os queapresentaram as maiores percentagens deºBrix na polpa próxima à casca do fruto,

nas classes grande (8,59% e 7,87%, res-pectivamente), média (7,63% e 7,91%,respectivamente) e pequena (7,96% e7,58%). Portanto, esses híbridos podemser classificados como de frutos compolpas mais doces.

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L.A.K. Leonel et al.

GenótiposProdução total

(t/ha)Produção

comercial (t/ha)Número de frutos/ha

Total Comercial

Rubi 37,59a1 32,78a 4.944,a1 3.778,a

Jetstream 31,94a 22,41ab 4.500,a 2.334,ab

Verona 27,72ab 20,47abc 3.889,ab 2.334,ab

Starbrite 27,79ab 19,28abc 4.055,a 2.222, bc

Crimson Sweet 28,32a 18,49abc 4.277,a 2.056, bc

Madera 24,10ab 16,70 bc 3.722,ab 1.944, bc

Crimson Glory 10,24 b 6,20 c 1.666, b 722, c

C.V. (%) 28,15 47,32 25,59 29,88

Tabela 1. Produtividade total e comercial e número total e comercial de frutos de sete genótipos de melancia. Dourados, UFMS, 1996.

1/Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

225Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A alface é uma das principais hortali-ças folhosas cultivada no Brasil, tan-

to em volume como valor comercializado,apresentando ótima aceitação pelo consu-midor (Silva et al., 1995). Cultivada pelagrande maioria dos produtores acreanosde hortaliças, constitui-se numa importan-te fonte de receita para o pequeno produ-tor (Sá & Sousa, 1997).

As condições ambientais têm gran-de influência no comportamento da al-face, principalmente a temperatura.Originariamente, a alface é uma planta

LÉDO, F.J.S.; SOUSA, J.A.; SILVA, M.R. Desempenho de cultivares de alface no Estado do Acre. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 225-228,novembro 2.000.

Desempenho de cultivares de alface no Estado do Acre.Francisco J. da S. Lédo; João A. de Sousa; Marcos R. da SilvaEmbrapa Acre, C. Postal 392, 69.901-180 Rio Branco-AC. E.mail: [email protected]

RESUMO

Devido às condições ambientais verificadas no estado do Acre,caracterizado pela ocorrência de temperaturas elevadas e alta preci-pitação, as cultivares tradicionalmente utilizadas pelos produtoresapresentam baixo rendimento e qualidade. O objetivo do presentetrabalho foi avaliar o comportamento das novas cultivares de alfacedisponíveis no mercado, em termos de características agronômicase rendimento, nas condições edafoclimáticas de Rio Branco, Acre.Para isso foram realizados dois ensaios no campo experimental daEmbrapa Acre, em um solo do tipo Argissolo Vermelho-Escuro, tex-tura argilosa. O primeiro de maio a julho de 1996 (período seco) e osegundo de dezembro de 1996 a fevereiro de 1997 (período chuvo-so). Foram avaliadas as cultivares Babá de Verão, Brisa, CarolinaAG-576, Elisa, Lucy Brown, Marisa AG-216, Piracicaba 65, Regi-na 71, Tainá, Simpson, Vanessa e Verônica, sendo que ‘Regina 71’ e‘Elisa’ foram incluídas apenas no ensaio do período seco. O delinea-mento experimental foi o de blocos casualizados, com três repeti-ções. No período seco, as cultivares Simpson, Lucy Brown e Regina71 apresentaram os maiores pesos médios (373; 362 e 341 g, respec-tivamente) e produções comerciais de 49,8; 48,3 e 45,5 t/ha, respec-tivamente. Em geral, as cultivares dos tipos lisa sem cabeça e lisacom cabeça apresentaram maior índice de ataque de nematóide(Meloidogyne javanica) quando comparadas às do tipo crespa. Noensaio realizado no período chuvoso, as cultivares Marisa AG-216,Verônica, Lucy Brown, Brisa, Tainá e Piracicaba-65 apresentaramos maiores pesos médios e produções comerciais. Entretanto, asmédias obtidas foram bem inferiores às verificadas no ensaio doperíodo seco, variando de 164 a 198 g para o peso médio, e 21,9 a25,9 t/ha para produção comercial. Dentre as cultivares avaliadas noperíodo seco, Regina 71 (lisa, sem cabeça) e Carolina AG-576 (lisa,com cabeça) destacaram-se entre as do tipo lisa, apresentando fo-lhas de tamanho uniforme e bem arranjadas. Entre as de folha cres-pa solta destacaram-se as cultivares. Verônica e Marisa. A cultivarLucy Brown do tipo americana (crisp head) também foi bastanteprodutiva.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., Meloidogyne javanica,rendimento, resistência ao florescimento prematuro.

ABSTRACT

Performance of lettuce cultivars in the State of Acre, Brazil.

Due to the environmental conditions verified in the state of Acre,characterized by the occurrence of high temperatures andprecipitation, cultivars traditionally used by the producers presentlow yield and poor quality. The aim of the present work was toevaluate the behavior of the new lettuce cultivars available in themarket, in terms of agronomic characteristics and yield, in theclimatic and soil conditions of Rio Branco. Two trials wereaccomplished in the Embrapa Acre experimental farm, in a dark redclaysoil, of loamy texture. The first from May to July 1996 (dryseason) and the second from December 1996 to February 1997 (rainyseason). The cultivars Babá de Verão, Brisa, Carolina AG-576, Elisa,Lucy Brown, Marisa AG-216, Piracicaba 65, Regina 71, Tainá,Simpson, Vanessa and Verônica were evaluated. ‘Regina 71’ and‘Elisa’ were only included on the dry season trial. The experimentaldesign was a randomized block, with three replications. During thedry season, the cultivars Simpson, Lucy Brown and Regina 71presented the largest average weights (373; 362 and 341 g,respectively) and commercial yields (49.8; 48.3 and 45.5 t/ha,respectively). In general, the cultivars with smooth leaves with orwithout head presented larger nematoid (Meloidogyne javanica)attack index, when compared to the curly type ones. In the rainyseason trials, the cultivars Marisa AG-216, Verônica, Lucy Brown,Brisa, Tainá and Piracicaba-65 presented the greatest average weightsand commercial yields. However, the obtained averages were veryinferior to that verified in the trials of the dry period, varying from164 to 198 g for average weight, and from 21.9 to 25.9 t/ha forcommercial yield. Of those cultivars tested on the dry season, Regina71 (butter head/less firm head) and Carolina (butter head) AG-576stood out among the butterhead types, while Verônica, Marisa AG-216 (loose leaf/wavy and frilled leaves) were the best among theloose leaf types, obtaining good yield. ‘Lucy Brown’ stood out amongthe crisphead types.

Keywords: Lactuca sativa L., Meloidogyne javanica, yield,premature flowering resistance.

(Aceito para publicação em 08 de Agosto de 2.000)

de clima ameno, em condições de tem-peratura elevada como as observadas noAcre, o ciclo vegetativo é acelerado,antecipando a fase reprodutiva da plan-ta em detrimento da produtividade equalidade do produto, ocasionandoacúmulo excessivo de látex, tornando asfolhas amargas, rígidas e de tamanho enúmero reduzidos (Yokoyama et al. ,1990; Duarte et al., 1991; Silva &Vizzoto, 1994; Silva et al., 1995). Acultivar Simpson, tradicionalmente uti-lizada pelos produtores acreanos, flores-

ce precocemente nas condiçõesambientais observadas no Estado, obri-gando a colheita de plantas pequenas(baixo peso), ou excessivamentependoadas para obter maior peso, opçãopreferida pela maioria dos produtores,prejudicando ainda mais a qualidade.

Algumas cultivares de alface sãomais resistentes ao florescimento pre-maturo, emitindo o pendão floral bemmais lentamente que as típicas cultiva-res de inverno. Isso se deve aos avançosobtidos pelo melhoramento genético de

226 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

alface no Brasil, que tem colocado à dis-posição dos produtores, novas cultivaresde alface do tipo lisa, e mais recentementeo tipo crespa com maior resistência aoflorescimento prematuro induzido poraltas temperaturas, com boas caracterís-ticas agronômicas (Vecchia & Kikuchi,1989a, 1989b; Yokoyama et al., 1990;Giordano, 1991).

Em cultivo de verão no Espirito San-to, as cultivares de folhas lisas Glória eRegina mostraram-se promissoras, apre-sentando boa resistência ao florescimentoprematuro (Ribeiro et al., 1992). NoPiauí, as cultivares Vitória de Sto. Antão,Crespa Repolhuda, Piracicaba 65 eVerônica foram as que apresentaram asmaiores produções no período chuvoso,enquanto que no período seco foram Bri-sa, Gorga, Verônica, Glória e Piracicaba65 (Duarte et al.,1991). As cultivaresEMPASC 357-Litoral e Regina foram asque tiveram melhor uniformidade e as-pecto comercial, quando avaliadas emcultivo de verão no litoral Catarinense(Silva & Vizzotto, 1994).

A ocorrência de nematóides em alfa-ce tem sido cada vez mais freqüentes,principalmente em cultivos em estufa,podendo causar grandes prejuízos ao pro-dutor (Campos, 1995; Santos & Souza,1996). Geralmente as plantas atacadasapresentam-se atrofiadas e amarelecidas,tornando-se impróprias para acomercialização. De todos os nematóidesque ocorrem em plantios de alface, osnematóides-das-galhas são os mais pre-judiciais, destacando-se as espéciesMeloidogyne incognita e M. javanica(Campos, 1995). Na alface tem sido ve-rificado que as cultivares apresentamcomportamento diferenciado em relaçãoà resistência ao ataque de nematóides(Charchar, 1991), sugerindo que a utili-zação de cultivares com maior resistên-cia ao Meloidogyne sp. possa ser uma boaestratégia de controle.

O objetivo do presente trabalho foiavaliar o comportamento das novas cul-tivares de alface disponíveis no merca-do nas condições locais de Rio Branco-AC, em termos de características agro-nômicas e rendimento.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos dois ensaios nocampo experimental da Embrapa Acre,em Rio Branco-AC, o primeiro de maioa julho de 1996 (período seco) e o se-

gundo de dezembro de 1996 a fevereirode 1997 (período chuvoso). Os ensaiosforam realizados em um solo do tipoArgissolo Vermelho-Escuro, textura ar-gilosa, com as seguintes característicasquímicas: pH H

2O = 5,6; P = 1,0 mg.dm-

3; K = 9 mg.dm-3; Ca+2 = 2,30 cmolc.dm-

3; Mg+2 = 3,30 cmolc.dm-3; Al+3 = 0,20

cmolc.dm-3; H + Al = 3,80 cmol

c.dm-3 e

matéria orgânica = 5,3 g.dm-3. A tem-peratura média, em oC; a precipitação,em mm; e a umidade relativa, em %,dos ensaios foram, respectivamente: pe-ríodo seco = maio - 22,6; 103,5 e 86;junho - 22,9; 41,1 e 83; julho - 24,8; 45,2e 78; e período chuvoso = dezembro -26,4; 198,9 e 85; janeiro - 28,5; 236,2 e86; fevereiro - 27,0; 315,2 e 86.

Após a aração e gradagem foramconstruídos canteiros de 1,20 m de lar-gura e 0,25 m de altura, que receberam25 t/ha de cama-de-aviário semi-decom-posta, distribuída a lanço e em seguidaincorporada aos canteiros a uma profun-didade de 20 cm, quinze dias antes dotransplantio. Com base na análise quí-mica do solo e exigência da cultura, fo-ram distribuídos nos canteiros, três diasantes do transplantio, 300 kg/ha de P

2O

5,

120 kg/ha de K2O e 30 kg/ha de N, uti-

lizando como fontes: superfosfato sim-ples, cloreto de potássio e uréia, respec-tivamente. Foram feitas duas adubaçõesde cobertura aos dez e vinte dias após otransplantio, utilizando-se, em cadauma, 30 kg/ha de N.

Foram avaliadas cultivares de alfacecom folhas do tipo lisa sem cabeça (Re-gina 71, Babá de Verão), lisa com cabe-ça (Carolina AG-576, Elisa e Piracicaba65), crespa (Brisa, Marisa AG-216,Simpson, Vanessa e Verônica) e ameri-cana (Lucy Brown e Tainá). As cultiva-res Elisa e Regina 71 foram incluídasapenas no ensaio do período seco.

No período seco o semeio foi reali-zado em 13/05/1996, e no chuvoso em20/12/1996. As mudas foram produzi-das em bandejas utilizando comosubstrato um produto comercial a basede vermiculita e matéria orgânica(“Plantimax”). O transplantio foi reali-zado quando as mudas apresentavam dequatro a seis folhas definitivas, noespaçamento de 30 cm x 25 cm entrefileiras e plantas, respectivamente. Du-rante o desenvolvimento da cultura efe-

tuaram-se três capinas manuais em am-bos os ensaios. As irrigações foram rea-lizadas por aspersão efetuadas diaria-mente quando necessário, aplicando, emmédia, seis L.m-2 a cada turno de rega.No ensaio do período chuvoso houveinício de ocorrência de Cercospora sp.que foi controlado com duas pulveriza-ções de Mancozeb.

Os tratamentos foram dispostos nodelineamento experimental de blocoscasualizados com três repetições. Asparcelas foram compostas de quatro fi-leiras com doze plantas cada uma, sen-do consideradas úteis 20 plantas.

No ensaio do período seco, todas ascultivares foram colhidas aos 58 diasapós a semeadura, quando a maioria jáhavia alcançado o máximo crescimentovegetativo, com exceção das cultivaresLucy Brown e Tainá. No período chu-voso a colheita foi realizada aos 45(Simpson, Piracicaba 65 e Marisa AG-216), 47 (Brisa e Verônica) e 48 (Babáde Verão, Carolina AG-576, LucyBrown, Tainá e Vanessa) dias após a se-meadura. Em ambos os ensaios foramavaliados a produção comercial (plan-tas com mais de 100 g de peso) e pesomédio das plantas. Apenas no ensaiorealizado no período seco foi avaliadoo comprimento do caule em relação aonível do solo, baseado na média de dezplantas de cada parcela. Essa caracte-rística foi avaliada apenas nesse perío-do pelo fato das cultivares terem sidocolhidas em uma mesma data, possibi-litando avaliar a resistência aoflorescimento prematuro com base nocomprimento do caule.

Durante a condução do ensaio noperíodo seco, foi observada a ocorrên-cia de nematóide. Amostras de solo eraízes das plantas mais infectadas foramenviadas para exame na clínicanematológica do Departamento de Zoo-logia da ESALQ, que identificou a pre-sença de M. javanica (ovos + J

2 = 3850

em 5 g de raízes e 40 em 250 cm3 desolo). Assim na colheita, foram arran-cadas cinco plantas de cada parcela paraavaliação da ocorrência de nematóidesnas raízes. A avaliação foi realizada se-gundo uma escala de notas atribuídas porquatro avaliadores, que variou de zero atrês, sendo a nota zero atribuída quandonão havia presença de galhas, a nota três

F.J.S. Ledo et al.

227Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

para um nível considerado de modera-do a alto para infestação do patógeno eas notas um e dois atribuídas aos níveisintermediários. A análise de variânciafoi realizada a partir dos dados trans-formados em .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período seco, as cultivaresSimpson, Lucy Brown e Regina 71 apre-sentaram os maiores pesos médios (373,

362 e 341 g, respectivamente) e produ-ções comerciais (49,8; 48,3 e 45,5 t/ha,respectivamente) (Tabela 1). Em segui-da vieram as cultivares Verônica, MarisaAG-216, Tainá, Carolina AG-576, Bri-sa, Vanessa, e Babá de Verão, com pesomédio variando de 318 a 275 g e produ-ção comercial de 42,4 a 36,6 t/ha.

A colheita no período seco foi reali-zada em um único dia com a intençãode avaliar o comprimento do caule, e ve-rificar a resistência ao florescimento

prematuro, considerado um dos fatoresque mais afetam o comportamento dascultivares de alface cultivadas nas épo-cas mais quentes do ano (Zatarin, 1985).Verificou-se grande variação para ocomprimento do caule entre as cultiva-res avaliadas. A cultivar Simpson foi aque apresentou maior comprimento docaule (23,1 cm), mostrando-se poucaadaptada às condições ambientaisverificadas no ensaio. Normalmente osprodutores acreanos realizam a colhei-ta da ‘Simpson’ quando ela já iniciou aemissão da haste floral, com intuito deobter maior peso médio da planta, emdetrimento de sua qualidade. Entre ascultivares mais resistentes aoflorescimento prematuro destacaram-seLucy Brown, Tainá e Piracicaba 65, vin-do em seguida Carolina AG-576, Babáde Verão e Elisa.

Com relação à incidência denematóide (M. javanica), com exceção dacultivar Babá de Verão, observou-se queas cultivares do tipo lisa sem cabeça e lisacom cabeça tiveram maior incidência denematóide quando comparadas com as dotipo crespa e americana (Tabela 1). Entre-tanto, o nível de ocorrência não chegou acomprometer o rendimento das cultivaresavaliadas. Resultado semelhante foi ob-servado por Charchar (1991), que verifi-cou maior resistência ao nematóide entreas alface do tipo crespa.

Cultivares Peso médio (g) Produção comercial(t/ha)

Marisa AG-216 198, a 25,9 aVerônica 192, a 25,2 aLucy Brown 179, a 23,9 aBrisa 171, a 22,8 aTainá 170, a 22,3 aPiracicaba 65 164, a 21,9 aBabá de Verão 140, b 17,8 bCarolina AG-576 139, b 17,2 b

Simpson 138, b 17,8 bVanessa 110, b 14,4 b

CV (%) 21,46 20,51

Tabela 2. Peso médio da planta e produção comercial, em 10 cultivares de alface, no perío-do de dezembro/1996 a fevereiro/1997. Rio Branco, Embrapa Acre, 1996-1997.

Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Scott-Knott, a5% de probabilidade.

Desempenho de cultivares de alface no Estado do Acre.

Tabela 1. Peso médio da planta, produção comercial, comprimento do caule, incidência de nematóide (IN) e IN transformada, em 12cultivares de alface, no período de maio a julho. Rio Branco, Embrapa Acre, 1996.

Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Scott-Knott, a 5% de probabilidade.1/ Análise realizada a partir de dados transformados em .

Cultivares Peso médio (g)Produção

comercial (t/ha)Comprimentodo caule (cm)

Incidência denematóide (IN)

IN Trans.1

Simpson 373, a 49,8 a 23,1 a 0,467 0,98 b

Lucy Brown 362, a 48,3 a 5,8 d 0,017 0,72 b

Regina 71 341, a 45,5 a 9,1 b 1,017 1,22 a

Verônica 318, b 42,4 b 11,6 b 0,333 0,90 b

Marisa AG-216 316, b 42,2 b 10,9 b 0,250 0,86 b

Tainá 313, b 41,8 b 6,0 d 0,167 0,81 b

Carolina AG-576 295, b 39,3 b 7,6 c 0,833 1,15 a

Brisa 293, b 39,1 b 10,1 b 0,317 0,89 b

Vanessa 286, b 38,1 b 11,2 b 0,167 0,81 b

Babá de Verão 275, b 36,6 b 8,1 c 0,333 0,91 b

Elisa 230, c 30,7 c 8,6 c 1,017 1,23 a

Piracicaba 65 192, c 25,7 c 6,0 d 0,667 1,07 a

CV (%) 8,11 8,11 13,38 53,07 12,89

228 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Observando que na recomendaçãode cultivares, além da produção comer-cial e peso médio da planta, deva-se le-var em conta também a uniformidade easpecto comercial, as cultivares Regina71 e Carolina AG-576 destacaram-seentre as do tipo lisa apresentando folhasde tamanho uniforme e bem arranjadas,com peso médio de 341 e 295 g, respec-tivamente. ‘Verônica’ e ‘Marisa AG-216’ foram as cultivares do tipo crespacom formato de folhas mais parecidoscom a cv. Simpson, considerada padrãocomercial para alface crespa no Acre,apresentando boa uniformidade, rendi-mento e peso médio. Entre as cultivaresdo tipo americana destacou-se LucyBrown com a maior produção comercial(48,3 t/ha).

No ensaio realizado no período chu-voso as cultivares Marisa AG-216,Verônica, Lucy Brown, Brisa, Tainá ePiracicaba-65 apresentaram os maiorespesos médios e produções comerciais(Tabela 2), entretanto as médias obtidasforam bem inferiores às verificadas noensaio do período seco (Tabela 1). Emgeral as cultivares tiveram menor desen-volvimento das folhas e iniciaram pre-cocemente a emissão da haste floral, en-curtando seu ciclo de produção. O perío-do chuvoso do Acre é caracterizadopela elevada precipitação, alta tempe-

ratura e umidade relativa do ar, condi-ções que prejudicam o desenvolvimen-to e a qualidade da alface (Nunes, 1986).Assim, o baixo rendimento e qualidadedas cultivares avaliadas sugerem que no-vas técnicas de cultivo devam ser testa-das, como o cultivo protegido.

Dentre as cultivares testadas Regi-na 71, Carolina AG-576, Verônica,Marisa AG-216 e Lucy Brown foram asmais promissoras para o cultivo no pe-ríodo seco. No período chuvoso as cul-tivares avaliadas apresentaram baixorendimento e qualidade.

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F.J.S. Ledo et al.

229Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Entre os fatores de produção impor-tantes para a cultura da cebola, que

ocupa o quarto lugar em importânciaeconômica (Mascarenhas & Rocha,1991), destaca-se o controle adequadode plantas daninhas. Experiências decampo, demonstraram que os danos cau-sados por essas plantas são de igual mag-nitude ou maiores que os ocasionadospor insetos e pragas (Mascarenhas,1986). Na cultura da cebola, as plantasdaninhas constituem um sério problema,porque a planta é de porte baixo e seudesenvolvimento inicial é relativamen-te lento. Além disso, possui folhas ere-tas, não cobrindo bem a superfície dosolo, o que permite a germinação dassementes de plantas daninhas em qual-quer fase de desenvolvimento da cultu-ra. Nos sistemas de cultivo utilizados,tanto no direto como no transplantado,o espaçamento entre plantas é pequeno,o que dificulta e encarece a capina ma-

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Avaliação de herbicidas de pós-emergência na cultura da cebola.Jeferson Zagonel; Marie Y. Reghin; Wilson S. VenâncioUEPG, Praça Santos Andrade s/n, 84.010-790, Ponta Grossa – PR. e.mail:

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e a seletividadedo herbicida clethodim, em duas formulações (120 e 240 g/l), no con-trole de plantas daninhas na cultura da cebola. O experimento foi ins-talado na Fazenda Escola da UEPG, em Ponta Grossa (PR), no ano de1998. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso comquatro repetições, constando dos tratamentos: clethodim (120 g/l +óleo mineral) nas doses de 72, 84 e 96 g i.a./ha; clethodim (240 g/l) nadose de 84 g i.a./ha adicionado de 1,0 l/ha de óleo mineral (Assist);testemunha capinada e testemunha sem capina. A cultivar de cebolautilizada foi Baia Periforme e as plantas daninhas predominantes noexperimento foram Brachiaria plantaginea (capim-papuã), Digitariahorizontalis (capim-milhã) e Eleusine indica (capim pé-de-galinha).As avaliações de controle e de fitotoxicidade foram efetuadas aos 7,14, 28 e 42 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA) onde verifi-cou-se que o clethodim (120 g/l) nas doses de 84 e 96 g i.a./ha foiigualmente eficiente ao clethodim (240 g/l) no controle sobreBrachiaria plantaginea, Digitaria horizontalis e Eleusine indica; es-ses tratamentos mostraram produção similar e superior à verificadapara a testemunha sem capina e causaram leve redução no porte dasplantas de cebola aos 7 dias após sua aplicação, o que não foi maisobservado nas avaliações posteriores.

Palavras-chave: Allium cepa L., plantas daninhas, controlequímico.

ABSTRACT

Evaluation of herbicides on post emergent weed control inonion crop.

This study had the purpose of evaluating the efficiency andselectivity of the herbicide clethodim, in two formulations (120and 240 g/l) for weed control in onion crop. The experiment wasrealized at the University of Ponta Grossa, in Brazil, in 1998. Theexperimental design was of randomized blocks with four replicates.The following treatments were evaluated: clethodim (120 g/L +mineral oil) using doses of 72, 84 and 96 g i.a./ha; clethodim (240g/L) with 84 g i.a./ha added with 1.0 L/ha of mineral oil; weed freeand weedy. The onion cultivar used was Baia Periforme and thefollowing weeds were prevailing: Brachiaria plantaginea (capim-papuã), Digitaria horizontalis (capim-milhã) and Eleusine indica(capim-pé-de-galinha). Evaluations were performed at 7, 14, 28and 42 days after treatments applications when it was observedthat clethodim (120 g/L) at the doses 84 and 96 g i.a./ha andclethodim (240 g/L) were similar and showed efficient control toBrachiaria plantaginea, Digitaria horizontalis and Eleusine indi-ca; these treatments caused a slight reduction of plants height at 7days after application but later on it was no more observed. Theproduction from these treatments was similar among them; howeverthey were superior when compared to control without weeding.

Keywords: Allium cepa L.; weeds; chemical control.

(Aceito para publicação em 11 de setembro de 2.000)

nual e praticamente impossibilita a me-canizada. O ciclo longo desta cultura,exige que sejam feitas várias capinaspara evitar que as plantas sofram inter-ferência das plantas daninhas. Estes fa-tores tornam inviável o cultivo da cebo-la quando não se tem um bom progra-ma de controle de plantas daninhas. Paratal, é de suma importância saber em queépoca ou período elas apresentam maiorinterferência sobre a cultura. Esseperíodo, denominado por Pitelli &Durigan (1984) de período crítico deprevenção da interferência (PCPI), pos-sui uma amplitude que varia de acordocom o clima, com a população de plan-tas daninhas e com o balanço entre as es-pécies de folhas estreitas e de folhas lar-gas. Em cebola de semeadura direta, ainterferência das plantas daninhas émuito mais prejudicial, reduzindo 30, 68e 94% da produção, quando a duraçãoda interferência após emergência for de

quatro, cinco e seis semanas, respecti-vamente (Schadbolt & Holm, 1956). Asprimeiras quatro semanas de crescimen-to são críticas para a produção de cebo-la e o máximo de produção de bulbos éobtido quando a cultura fica livre da pre-sença de plantas daninhas por sete a oitosemanas após o transplante (Paller et al.,1971). A interferência das plantas dani-nhas durante todo o ciclo da cultura re-duziu a produção em até 92%, segundoFerreira (1985). O uso de herbicidas se-letivos, tanto na produção de mudascomo na cultura proveniente de semea-dura direta ou de transplantio de mudas,reduz o esforço humano, melhora a ca-pacidade de trabalho e contribui paramelhorar a produção e a qualidade dosbulbos. Entre os herbicidas recomenda-dos para o uso em cebola, destaca-se oclethodim, do grupo químico dasciclohexenonas e de ação pós-emergen-te, que objetiva o controle de gramíneas

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anuais e perenes, entre as quaisBrachiaria plantaginea, Digitariahorizontalis e Eleusine indica (Lorenzi,1994; Andrei, 1996; Rodrigues, 1998).Para o clethodim (240 g/l), deve ser adi-cionado óleo mineral para melhorar suaeficiência. Uma nova formulação, con-tendo óleo mineral, vem sendo avaliadana concentração de 120 g/l e objetivaigual controle a de 240 g/l, sem a neces-sidade da mistura no tanque com óleomineral. O presente trabalho teve comoobjetivo, avaliar a eficiência e aseletividade do herbicida clethodim, emduas formulações, no controle de plan-tas daninhas na cultura da cebola.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado na Fa-zenda Escola da UEPG, no municípiode Ponta Grossa (PR), em 1998. O deli-neamento experimental utilizado foi blo-cos ao acaso, com seis tratamentos:clethodim (120 g/l + óleo mineral) nasdoses de 72, 84 e 96 g i.a./ha; clethodim(240 g/l) na dose de 84 g i.a./ha adicio-nado de 1,0 l/ha de óleo mineral; teste-munha capinada e testemunha sem ca-pina, com quatro repetições. As parce-las apresentaram área total de 6,0 m2 (5,0x 1,2 m) e área útil de 4,0 m2 (4,0 x 1,0m). O transplante das mudas foi reali-zado no dia 13/09/98, manualmente, uti-lizando-se o espaçamento de 30 cm en-tre linha e entre plantas. A cultivar decebola utilizada foi Baia Periforme, adu-bada com 600 kg/ha de adubo de fór-

mula 4-14-8 nos sulcos de plantio. A co-lheita foi realizada no dia 18/12/99, co-lhendo-se os bulbos da área útil das par-celas. Os tratamentos foram aplicados nodia 28/10/98 através de pulverizador depressão constante à base de CO

2, equi-

pado com bicos de jato leque XR 110.02espaçados de 0,50 m um do outro. A pres-são de trabalho foi 30 lb/pol2, resultandonum volume de calda de 200 l/ha. As ava-liações de controle de plantas daninhasforam efetuadas aos 7, 14, 28 e 42 diasapós a aplicação dos tratamentos. Ametodologia de avaliação utilizada foi avisual, comparando-se o controle exer-cido pelos herbicidas com a testemunhasem capina, onde “0%” correspondeu a“sem controle” e “100%” a “controle to-tal”. Este procedimento é o mais usualquando o número de plantas daninhas éelevado (Sociedade Brasileira da Ciên-cia das Plantas Daninhas, 1995; Velini,1995). Considerou-se eficiente o trata-mento que apresentou, sobre cada plantadaninha, porcentagem de controle igualou superior a 80%. As plantas daninhaspredominantes no experimento foramcapim-papuã, capim-milhã e capim pé-de-galinha, que no dia da aplicação apre-sentavam em média de um a trêsperfilhos. Os dados obtidos foram sub-metidos à análise da variância pelo testeF. As médias foram comparadas pelo tes-te de Tukey no nível de 5% de probabili-dade. Na análise das avaliações de con-trole, foram comparados somente os re-sultados dos tratamentos herbicidas, iso-lando-se as testemunhas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As condições climáticas ocorridasdurante a condução do experimento, fo-ram adequadas ao desenvolvimento dacultura e para a atuação dos produtos,que foram aplicados nas infestantes empleno desenvolvimento vegetativo. So-bre Brachiaria plantaginea, observou-se que aos 7 dias após a aplicação dostratamentos (DAA), ainda não era pos-sível avaliar o potencial de controle dosprodutos, entretanto, as avaliaçõessubsequentes (14, 28 e 42 DAA), mos-traram um controle eficiente sobre essaplanta daninha (Tabela 1). Nessasavaliações, o clethodim (120 g/l) nadose de 72 g i.a./ha apresentou controleeficiente, porém, inferior ao verificadopara os demais tratamentos. As plantasde Digitaria horizontalis eram as quese encontravam em estádios de desen-volvimento mais avançados na época daaplicação dos tratamentos, apresentan-do em média de 2 a 3 perfilhos. Sobreas plantas nesse estádio, o clethodim(120 g/l) na dose de 72 g i.a./ha não apre-sentou controle eficiente, entretanto,para as doses de 84 e 96 g i.a./ha e naformulação de 240 g/l, observou-se umcontrole eficiente nas avaliações aos 14,28 e 42 DAA. Sobre Eleusine indica, oclethodim (240 g/l) e o mesmo produtona formulação de 120 g/l, nas doses de84 e 96 g i.a./ha foram eficientes no con-trole sobre essa invasora aos 14, 28 e 42DAA, sem diferenças significativas en-

TratamentosDose

i.a.(g/ha)2

07 DAA1 14 DAA1 28 DAA1 42 DAA1Rendim.(g/m2)(1) (2) (3) (1) (2) (3) (1) (2) (3) (1) (2) (3)

1. Clethodim (120 g/l) 72 66,2 c 17,5 b 17,5 c 82,5 b 23,7 c 27,5 b 81,2 b 27,5 b 21,2 b 85,0 b 38,7 b 30,0 b 657, c

2. Clethodim (120 g/l) 84 67,5 c 68,7a 62,5 b 92,5a 80,0 b 73,7a 97,2a 90,7a 92,0a 97,2a 90,0a 87,5a 762, bc

3. Clethodim (120 g/l) 96 75,0ab 72,5a 72,5ab 98,0a 86,2ab 86,2a 98,0a 95,2a 97,2a 98,5a 99,0a 98,5a 842,abc

4. Clethodim (240 g/l)3 84 80,0a 75,0a 76,2a 97,2a 92,5a 91,2a 98,0a 97,2a 98,0a 99,0a 97,7a 99,0a 932,ab

5. Test. capinada - 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 1015,a

6. Test. sem capina - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 407, d

C.V. (%) - 5,44 9,26 10,0 3,32 4,86 12,0 1,47 5,86 4,32 3,50 6,63 11,0 12,5

Tabela 1. Avaliação de herbicidas no controle de plantas daninhas em cebola. Ponta Grossa, UEPG, 1998.

Nas colunas, médias seguidas de mesma letra, não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p>5 %).*/ Percentual de controle dos herbicidas sobre plantas daninhas, onde 0% corresponde a “sem controle” e 100% a “controle total”.1/ Plantas daninhas controladas, onde (1) Brachiaria plantaginea (capim-papuã); (2) Digitaria horizontalis (capim-milhã); (3) Eleusineindica (capim pé-de-galinha), DAA= Dias após a aplicação, C.V. = coeficiente de variação.2/ i.a./ha = ingrediente ativo aplicado por hectare3/Recebeu adição de óleo mineral a 0,5 % v/v (1,0 l/ha de Assist)

J. Zagonel et al.

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tre as porcentagens de controle obser-vadas para esses tratamentos. Quanto àfitotoxicidade, o clethodim (120 g/l) nasdoses de 84 e 96 g i.a./ha e clethodim(240 g/l) proporcionaram uma leve re-dução no porte das plantas de cebola aos7 DAA, o que não foi observado nasdemais avaliações e não afetou o desen-volvimento da cebola. Todos os trata-mentos mostraram produção superior àtestemunha sem capina e os tratamen-tos com clethodim (240 g/l) e clethodim(120 g/l) na dose de 96 g i.a./ha apre-sentaram produção similar à verificadapara a testemunha capinada. Não foramobservadas diferenças estatísticas entreas produções do clethodim (120 g/l) nasdoses de 84 e 96 g i.a./ha e clethodim(240 g/l). Ressalta-se que, o transplantioda cebola foi realizado em época umpouco tardia para a região, fato que pro-vocou a baixa produtividade do experi-mento. O número elevado de plantasdaninhas presentes no experimento, re-sultou em condições difíceis de contro-le, acentuando as diferenças no contro-le e na produção verificadas entre a me-nor dose de clethodim (120 g/l) e oclethodim na formulação de 240 g/l.Para o transplante realizado em setem-

bro, a cultura deve permanecer sem ainterferência das plantas daninhas nosprimeiros 42 dias (Guimarães & Torres,1989) e, para o clethodim (240 g/l) eclethodim (120 g/l) nas doses de 84 e96 g i.a./ha, observou-se um controleeficiente até esse período, mostrandoserem tratamentos adequados para evi-tar perdas na produtividade.

LITERATURA CITADA

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Avaliação de herbicidas de pós-emergência na cultura da cebola.

232 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

economia e extensão rural

Perdas pós-colheita e a “cadeia dofrio”

O aumento da produção de alimen-tos é uma preocupação constante emtodos os países. Além das técnicas deprodução, as pesquisas científicas têmpropiciado melhor qualidade e aumen-to na produtividade. Nos países em de-senvolvimento, a produtividade para amaioria dos produtos hortifrutícolas ain-da não é competitiva com a dos paísesdesenvolvidos sendo a grande meta paraestes a diminuição das perdas pós-co-lheita e o aumento do tempo de prate-leira do produto.

Os números de desperdício e/ou per-das no Brasil já é alarmante assim comosua relação com os valores de mortali-dade infantil por desnutrição. SegundoMAARA (1993), as perdas aproxima-das de frutas em nível nacional entre1990 e 1992 variaram entre 10 e 15%para maçã a até 40% para banana, ma-mão papaia, manga e caju. Também, deacordo com Tsunechiro et al. (1994) asperdas na comercialização de hortaliçase frutas na cidade de São Paulo varia-ram de 10 a 15%, entre vendas em su-permercados, quitandas e feiras livres.

CORTEZ, L.A.B.; NEVES FILHO, L.C.; CARDOSO, J.L. Análise econômica preliminar de uma unidade de resfriamento a vácuo de alface. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 232-238, novembro 2.000.

Análise econômica preliminar de uma unidade de resfriamento a vácuode alface.Luís A.B. Cortez; Lincoln C. Neves Filho ; João L. CardosoUSP – UNICAMP, C. Postal 6011, CEP 13.083-970 - Campinas, SP, e.mail: [email protected]

RESUMO

A cadeia do frio é uma necessidade para a valorização da produ-ção de frutas e hortaliças no Brasil. A fim de implantar uma cadeiado frio há que se considerar o resfriamento do produto. Este traba-lho trata de uma técnica conhecida como resfriamento a vácuo quepermite o tratamento de hortaliças visando reduzir suas perdas. As-sim, foi realizada uma análise econômica de uma unidade deresfriamento a vácuo para alface. Analisou-se os custos fixos eoperacionais envolvidos assim como procurou-se quantificar os be-nefícios derivados da adoção desta tecnologia considerando as perdashoje existentes. Os resultados indicam uma boa viabilidade econômi-ca (tempo de retorno inferior a 1 ano) para o projeto apesar do elevadoinvestimento inicial.

Palavras-chave: Lactuca sativa, refrigeração, cadeia do frio,perdas pós-colheita.

ABSTRACT

Preliminary economic analysis of lettuce vacuum coolingsystem in Brazil.

This paper presents an economic analyzes of a vacuum pre-coolingunit for lettuce in Brazil. The fixed and local operational costs wereconsidered and the benefits derived from the investment werequantified considering the actual losses of horticultural products. Theobtained results indicate a satisfactory period of return for the project(less than 1 year) although the investment is considered quite high.

Keywords: Lactuca sativa, refrigeration, pre-cooling, cold chain,post-harvest losses.

(Aceito para publicação em 14 de setembro de 2.000)

As frutas e hortaliças são fontes ri-cas em nutrientes necessários ao ho-mem, sendo recomendado seu consumoem todas as dietas. Estudos desenvolvi-dos por Melo (1992), oferecem proje-ções de consumo de alimentos para ospróximos dez anos os quais estão dire-tamente associados aos índices de cres-cimento demográfico e social e onde osetor de frutas apresenta o maior valorseguido do leite, carne bovina, carne defrango, hortaliças e carne suína.

O Brasil é um dos maiores produto-res hortifrutícolas, entretanto, apresen-ta menor desempenho quando se tratade mercado exportador. A produção na-cional de frutas de 1990 representou se-gundo a Organização de Alimentação eAgricultura da Organização das NaçõesUnidas 8% da produção mundial (FAO,1991). Os valores de perdas pós-colhei-ta são alarmantes, reportando-se umamédia de perdas entre 30-40% da pro-dução total.

Segundo dados da EMBRAPA(1993), na safra de 1992 no Estado deSão Paulo a produção total de produtoshortifrutícolas foi de 11.270.472 t das

quais 3.672.332 t foram perdidas, o querepresentou 35% de perdas com um va-lor estimado de mais de US$ 1 bilhão dedólares.

No setor de exportações o país em-barcou em 1995, 228 mil toneladas defrutas frescas, com uma queda de 36,4%sobre o volume exportado em1994,consequencia direta dos melhorespreços praticados internamente devidoo Plano Real. Isto representou uma en-trada de US$ 103 milhões de dólares,quantia bastante inferior a 1994, que foide US$ 128 milhões de dólares.

Entre as principais causas destasperdas pós-colheita estão o uso de em-balagens inadequadas, falta de transpor-te adequado, não utilização do frio paraa armazenagem logo após a colheita efatores climatológicos entre outros.

A refrigeração é tecnicamente o úni-co método conhecido que conserva oproduto com características desejáveissemelhantes a seu estado inicial, ou sejacom aparência, sabor, valor nutritivo,além das suas vitaminas ou textura, ma-ciez e cor. Ainda, a refrigeração retardao processo de maturação e senescência,

233Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

devido ao fato de que os mesmos expe-rimentam processos fisiológicos e pa-tológicos em função direta da tempera-tura (Neves Filho, 1993). A figura 1mostra uma função entre a qualidade doproduto e o tempo pós-colheita para trêstratamentos: sem refrigeração, com re-frigeração e com atmosfera controlada.

A partir do momento em que a frutaou hortaliça é colhida, tem início umasérie de processos que levarão a perdada qualidade das mesmas. A conjunçãode esforços envolvendo estocagem emambiente controlado, correto manuseioe boas estruturas de comercializaçãopoderiam acarretar grandes benefíciostanto ao produtor como ao consumidor.

Após a colheita, o resfriamento é oprimeiro passo a ser dado para uma con-servação adequada de frutas e legumes(Ryall & Lipton, 1972). Um atraso entrea colheita e o pré-resfriamento provocaautomaticamente uma deterioração pre-matura do produto. Esta deterioração setraduz por uma perda de “firmeza” e deágua nos produtos causada pela própriarespiração (Sastry & Buffington, 1983).Esta deterioração é função da duração doatraso no resfriamento após a colheita,da temperatura e da natureza do produto(Mitchell, 1992). Deve-se também notarque, mesmo se um produto for resfriado,ele não se conservará bem se não formantido frio até o seu consumo final. Estaconservação num meio refrigerado é de-nominada “cadeia do frio”. Cada etapada conservação e da manipulação das fru-

tas e legumes no meio refrigerado cons-titui um elo da cadeia que não deve serquebrado. Quando por alguma razão, acadeia do frio é quebrada, diminui-seautomaticamente o período de conser-vação pela diminuição da qualidade doproduto que respirará mais rapidamen-te e utilizará as suas reservas. Utilizar a“cadeia do frio” é submeter o produto auma seqüência de refrigeração que seestende desde a colheita até o consumofinal. Esquematicamente pode-se dizerque a cadeia do frio para um produtofruti-hortícola seria composta pelos se-guintes elos:

tecnologias utilizadas no Canadá e nosEUA serão via de regra facilmente uti-lizáveis em países como o Brasil. Mes-mo assim, certas modificações devemser feitas nestes sistemas para adaptá-los às condições de utilização no Brasile a certos produtos tropicais que não sãocultivados na América do Norte.

Perdas na quantidade e qualidadeocorrem em produtos hortifrutícolas en-tre a colheita e o consumo. A magnitu-de das perdas pós-colheita em frutos evegetais frescos é estimada entre 5 e25% em países desenvolvidos e entre 20e 50% em países em desenvolvimento,dependendo do produto.

Frutos e vegetais frescos são tecidosvivos os quais são sujeitos a uma contí-nua mudança após a colheita. Enquantoalgumas mudanças são desejáveis, amaioria não o é do ponto de vista doconsumidor. Mudanças pós-colheita emprodutos frescos não podem ser evita-das, mas podem ser reduzidas dentro decertos limites. Senescência é um está-gio terminal no desenvolvimento dasplantas durante o qual uma série de pro-cessos irreversíveis conduzem ao colap-so celular e à morte.

Produtos hortifrutícolas têm uma es-trutura morfológica diferenciada (raízes,caules, folhas, frutos etc.), composiçãoe fisiologia geral. Portanto, os requeri-mentos de cada produto para uma vida

Figura 1. Influência de vários sistemas de estocagem pós-colheita na qualidade de produtoshortícolas (Bartsh & Blanpied, 1984).

Essa permanência dentro da cadeiado frio vai garantir ao consumidor a van-tagem de um produto de melhor quali-dade (mais ‘crocante’, com menos par-tes descartáveis, com melhor aprovei-tamento do que foi comprado); ao co-merciante garantirá menos perdas, au-mento no tempo de comercialização esatisfação do consumidor; Ainda o agri-cultor terá o benefício de menor desper-dício e maior renda.

Na América do Norte a utilização detecnologias de resfriamento de produ-tos hortícolas e a manutenção da cadeiado frio em todas as etapas da colheita àmesa do consumidor é cada vez maisconhecida e sobretudo empregada. As

pós-colheita máxima varia entre os di-ferentes grupos de commodities. A maiorparte das culturas hortifrutícolas frescastem alto teor de água e estão sujeitosa desidratação e a injúrias ou danosmecânicos. Eles são também suscetíveisao ataque por bactéria e fungos resul-tando em alguma patologia.

Como geralmente a colheita de frutase hortaliças é realizada em dias quentes,estas acumulam a energia proveniente daincidência da radiação solar sobre elas.Estudos realizados têm mostrado que asfrutas e hortaliças expostas ao sol podemser aquecidas vários graus acima da tem-peratura ambiente, dependendo da colo-ração do produto (Mitchell, 1990).

Análise econômica preliminar de uma unidade de resfriamento a vácuo de alface.

234 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Mesmo quando se procura evitar aincidência direta dos raios solares nestesprodutos, as elevadas temperaturas rema-nescentes no campo, nos caminhões detransporte e nos galpões de embalagenscontribuem para a manutenção ou para oacúmulo maior de energia.

Técnicas de resfriamento parafrutas e hortaliças

O estabelecimento de técnicas deresfriamento é primordial para a conser-vação de produtos hortícolas de quali-dade. As quatro técnicas de resfriamentoatualmente mais utilizadas nos paísesindustrializados de alta renda são:resfriamento a ar forçado (forced aircooling), com água gelada (hydrocooling), com uma mistura de água egelo também denominado gelo líquido(liquid ice cooling) e à vácuo (vacuumcooling) (ASHRAE, 1994).

O resfriamento a ar não é recomen-dado para folhas pelo longo tempo deresfriamento devido à incapacidade doar em passar através da massa de folhasou baixa porosidade dos produtosfolhosos. O resfriamento a água não érecomendado pois a mesma pode nãoatingir o centro do produto se o métodoempregado for tipo “ducha fria”. Alémdisso, a água poder se converter numveículo de contaminação. O gelo líqui-do apresenta problemas de dano físicoe injúria pelo frio. Assim, o resfriamentoa vácuo é a tecnologia recomendada parao tratamento de produtos folhosos comoo alface e a rúcula onde a relação área/peso é elevada.

Quanto mais rapidamente a tempe-ratura do produto for reduzida perto dasua ótima de armazenamento, tanto maiorserá a vida pós-colheita desses produ-tos. Isto é particularmente impor-tante para aqueles produtos altamenteperecíveis ou que tenham uma vida pós-colheita naturalmente curta. De formageral se diz que a cada 10ºC na reduçãoda temperatura, ter-se-á uma atividaderespiratória de duas a quatro vezes me-nor. Por exemplo, as maçãs amadure-cem com a mesma velocidade num diaa 21ºC que em dez dias a 1ºC. Portanto,na espera no pomar ou no galpão até serestocadas em frio poderá reduzir o tem-po de estocagem em até 20 dias, mes-mo que o produto seja posteriormenteestocado a 1ºC (Neves Filho, 1992).

Uma solução possível para a retira-da do chamado “calor de campo” é oresfriamento rápido de produtos pós-colheita seguida da estocagemfrigorificada, e posterior transporte atéos pontos de comercialização, como écitado por Neves Filho (1993).

O resfriamento rápido refere-se à rá-pida remoção do calor de campo de pro-dutos agrícolas perecíveis após a colhei-ta, antes que eles sejam transportados alongas distâncias ou armazenados. Estaé uma operação distinta da estocagemfrigorífica, que requer instalações eequipamentos especiais. Este processopode ser realizado com o uso de vácuo,gelo líquido, água e ar, tendo um im-portante papel associado à otimizaçãode todo o complexo de estocagem e dis-tribuição frigorificada em função de cri-térios técnico-econômicos.

Resfriamento a vácuo de hortali-ças

Este método é muito empregado,particularmente nos EUA, para folhastais como alfaces pois sua eficiência de-pende fortemente da área de exposição.O resfriamento ocorre ao colocar o pro-duto sob vácuo. À pressão muito próxi-ma do vácuo absoluto a água evapora-se da superfície do produto (a 4,6 mmHg a água evapora-se a 0°C). A eficiên-cia do resfriamento depende, como jáfoi dito, da relação superfície/massa doproduto pois a evaporação da água sedá na superfície do mesmo.

O princípio do resfriamento a vácuoé o de extrair o calor do produto pelaevaporação de uma pequena fração deágua que ele contém (cada 1% de águaevaporada faz baixar em 6°C a tempera-tura do produto). A evaporação e oresfriamento podem ser feitos rapida-mente mesmo se o produto é difícil deser resfriado até o centro, como a alface,ou se o produto está embalado prontopara ser colocado no mercado. Por exem-plo, a alface pode ser entregue em paletescontendo 25 caixas de papelão com 24pés de alface cada. O resfriamento desteproduto em câmara fria será longo de-mais afetando a qualidade final. A dura-ção típica do ciclo de resfriamento a vá-cuo é de 30 minutos, em média.

Histórico do resfriamento a vácuo

O resfriamento a vácuo foi inicial-mente utilizado em 1948 quando 34 va-

gões de alface foram resfriados por estemétodo em Salinas, Califórnia. As van-tagens desta técnica foram tão eviden-tes que a partir de 1954, entre 40 e 85%da alface da Califórnia e do Arizonaforam refrigerados a vácuo para depois,rapidamente, atingir 100% do produtocomercializado.

Hoje, na América do Norte, há lo-cação e venda de equipamentos portá-teis a vácuo. Inclusive, alguns dos sis-temas comercializados possuem oresfriamento a vácuo com umidificaçãopara repor parte da água perdida peloproduto quando do resfriamento.

Como ainda se trata de umatecnologia nova no Brasil não há notí-cia da adoção de resfriamento a não serpor ar e água gelada. Mesmo nestes ca-sos o uso do resfriamento é restrito acasos isolados e em número muitíssimoreduzido no país. No caso específico dovácuo a tecnologia é totalmente desco-nhecida no Brasil apesar de apresentarum bom potencial em função de suasvantagens.

Tecnologia e descrição do sistemade resfriamento a vácuo

O sistema consiste em uma câmarade vácuo; um sistema de vácuo com umabomba acoplada a um motor; um siste-ma de refrigeração com um compres-sor, resfriador indireto com etileno glicolpassando na serpentina de condensação(chiller) e demais componentes (bom-bas de amônia e de vácuo). Ainda seriainteressante o emprego de umaempilhadeira, necessária para agilizar asoperações de carga/descarga na câma-ra. Um esquema do resfriador a vácuo émostrado na figura 2.

O ciclo de resfriamento é cerca de30 minutos. A câmara a vácuo,construída de forma a resistir à pressãoatmosférica cuja estrutura com perfistipo H e placas de aço soldado e comcapacidade para conter de 8 a 10 paletesde produto, teria dimensões de 5,6 m x2,9 m x 3,6 m. O fabricante consultadofoi “Les Soudures Guy Billette Inc.” deQuébec, Canadá.

Já a bomba de vácuo deverá baixara pressão de 760 mm Hg a 4 mm Hg epossuir capacidade para baixar a pres-são até 20 mm Hg em 5 a 6 minutos. Abomba selecionada foi de marca Beach-Russ Co. modelo 750 WS-Recon, acio-

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nada por um motor elétrico de 50 HP. Osistema de refrigeração utiliza amôniacomo refrigerante, um compressor mar-ca Mycon, modelo F6WB acionado porum motor elétrico de 125 HP. É utiliza-do um trocador de calor para etilenoglicol marca Chilcon modelo 24” x144”, um condensador evaporativo mar-ca Baltimore Aircoil of Canada modeloVC1-150 com ventilador centrífugo.Note-se que o sistema de refrigeraçãodeverá absorver grande quantidade decalor retirada da alface em pouco tem-po (cerca de 30 minutos).

O resfriador usado para acondensação do vapor de água poderá serdo tipo de expansão direta enquanto queo refrigerante (amônia) circula direta-mente no trocador. Outra solução possí-vel seria o emprego de refrigeração indi-reta com circulação de glicol. É um mé-todo de mais fácil emprego envolvendomenos riscos onde pode-se também acu-mular frio. O reservatório empregadocontém uma solução de etileno glicol defabricação local com um volume útilaproximado de 3,4 m3, um trocador decalor para condensação do vapor de águainstalado no teto da câmara e compostode 280 tubos de aço de 1” de diâmetrointerno no qual circula a solução.

O vapor de água evaporado do alfa-ce deverá ser condensado visto o eleva-do volume deste vapor a tais pressões.A título de exemplo, a 10,1 mm Hg um

kg de água ocupa aproximadamente 96m3. Para um ciclo normal deresfriamento deve-se evaporar cerca de180 kg de água das folhas da alface (180x 96 = 17280 m3) que deverão sercondensados no trocador de calor. Asbombas de circulação de glicolselecionadas foram da marca Peerless,modelo F2-1050. A bomba paraevaporador é de 25 CV e a do trocadorde calor para a condensação do vapord’água é de 30 CV. O reservatório deágua para umidificação do produto foiinstalado sob a câmara à vácuo. Temuma capacidade de 760 litros. Umabomba de 2 CV permite a aspersão daágua sobre o produto.

Resfriamento a vácuo com adiçãode agua (Sistema Hydro Vac)

O resfriamento a vácuo com adi-ção de água, método conhecido como“hydro vac”, é uma modificação recen-te que foi desenvolvido de forma a re-duzir a perda de água, uniformizar oresfriamento quando o teor de água dealgumas partes do produto são muitodiferentes (exemplo: salsão) e aumen-tar a velocidade do processo deresfriamento. De modo geral as verdu-ras “carnudas” são aptas a esta técnicade resfriamento. Com isto em mente, foiinstalado um sistema de aspersão deágua no interior da câmara a vácuo. Maisinformações sobre este sistema emBelzile (1996).

O objetivo principal deste traba-lho foi o de estudar e analisar economi-camente a instalação de uma unidade deresfriamento a vácuo para alface, con-siderando as opções aluguel e aquisiçãodo equipamento completo para oresfriamento e operação do mesmo. Ain-da pretendeu-se estimar possíveis bene-fícios decorrentes da adoção datecnologia do resfriamento a vácuo e dacadeia do frio.

MATERIAL E MÉTODOS

Aspectos econômicos e energéticosdo resfriamento a vácuo

Os estudos econômicos doresfriamento permitem determinar osparâmetros de trabalho dos sistemas deresfriamento em função do custo mínimo.Por exemplo, um dos fatores a considerarpara a redução dos tempos de resfriamentoé a diminuição do tempo por ciclo, enfim,minimizar os custos da operação.

Os custos do resfriamento a vácuo,apesar de não serem os mais elevadosse comparado a outros métodos aindasão significativos a nível do investimen-to total requerido pois estes sistemas, sóse viabilizam para grandes quantidadesde produto. Também do ponto de vistaenergético há um grande trabalho aindaa ser realizado pois os resfriadores avácuo requerem grandes motores (parao acionamento do compressor e da bom-ba de vácuo) o que torna a opção tam-bém um tanto onerosa quanto aos cus-tos operacionais.

Estudo de viabilidade econômicada tecnologia de resfriamento a vá-cuo no Brasil

O presente trabalho propõe efetuarum estudo preliminar de viabilidade eco-nômica da tecnologia de resfriamento avácuo para alface nas condições econô-micas do Brasil1 . Neste estudo conside-raremos uma unidade de demonstraçãoexperimental didática de um resfriador àvácuo que resfriaria 1 caixa de produtopor vez. Esta unidade compreende umsistema de refrigeração para resfriarglicol a -20°C e um trocador de calorGlicol/Ar para condensar os vapores de

Figura 2. Esquema simplificado de um resfriador a vácuo com unidade de refrigeração deNH3 (BELZILE, 1996).

1 Estas condições econômicas são muito variáveis e portanto foram necessárias diversas considerações de forma a viabilizar o estudo.

Análise econômica preliminar de uma unidade de resfriamento a vácuo de alface.

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água que saem dos produtos agrícolasquando resfriados, uma bomba de vácuocapaz de fazer de 2 à 3 mm de Hg, umreservatório ou tanque estanque ao ar ecapaz de suportar vácuo absoluto.

A análise econômica foi conduzidade forma a estimar os custos fixos e va-riáveis apresentados na tabela 3. Oresfriamento corresponde a cerca de 1/3 do investimento global com a cadeiado frio. Há que se ter uma rede de trans-porte refrigerado do local onde se faz oresfriamento aos entrepostos decomercialização até o consumidor.

De forma a comparar custos foi fei-ta uma análise preliminar de dois cená-rios mais prováveis de utilização datecnologia do resfriamento a vácuo comadição de água (sistema Hydro Vac). Asduas alternativas mais prováveis são oaluguel da unidade e a aquisição do sis-tema. Em ambos os casos são conside-rados os seguintes itens dentro da for-mação de custos: Custos Fixos (referen-tes ao aluguel ou aquisição do sistema)e Custos Variáveis (energia elétrica,água, gás da empilhadeira, manutençãoperiódica e preventiva, trabalhadores).Em ambos os casos são considerados oscustos fixos e os custos variáveis, con-siderando-se as necessidades da unida-de de resfriamento, com o local que abri-ga o sistema e com a empilhadeira. Emambos os casos, a título de comparação,foi calculado o custo de resfriamento porcaixa de 24 unidades de produto cada.

Custos fixos

Cada ciclo de 30 minutos permiteresfriar 10 paletes de 25 caixas de alfa-ce. Portanto, neste período, pode-se re-frigerar 250 caixas. Adotando-se 10horas como jornada de trabalho e umfator de utilização de 20 dias/mês queconsidera paradas para manutenção,quebra e fins-de-semana e feriados, tem-se 100.000 caixas de produto/mês.

- Custo do Aluguel : US$ 36.400,00/safra 2 (3 meses)

Portanto, o custo mensal é de US$12.133,00 e o custo do aluguel por cai-xa de produto de US$ 0,1213.

- Custo de Aquisição: US$ 246.000,00 3

Considera-se uma vida útil de 10anos para o equipamento (em média) eum valor de venda do equipamento aofinal da vida útil desprezível em rela-ção ao valor inicial. Portanto, a depre-ciação do capital seria US$ 24.600,00/ano e para 9 meses de uso anual, estecusto seria de US$ 2.733,00/mês ou deUS$ 0,0273 por caixa de produto.

Quanto aos juros4 , estes são calcu-lados sobre o valor médio do bem decapital ao longo da sua vida útil. Na hi-pótese do capital ser do empresário, osjuros têm o significado da renúncia àremuneração que poderia ser obtida pelaaplicação em outra alternativa. Nestecaso, da mesma forma utilizada em umexemplo de cálculos para mecanização,efetuado por Martin et al. (1997), utili-za-se a taxa de 12% a.a. Assim, sobreo valor de US$ 246.000,00, tem-se umvalor médio anual de US$ 123.000,00.Considerando uma taxa de 12%, o totaldos juros é de US$ 14.760,00/ano e para9 meses de uso ao ano tem-se US$1.640,00/mês. Neste caso, o custo porcaixa de produto será de US$ 0,0164.

No caso da empilhadeira a lógica decálculo é a mesma. Considerando umequipamento cujo custo é aproximada-mente US$ 25.000,00 e uma vida útilde 10 anos, tem-se uma depreciação deUS$ 2.500,00/ano, ou US$ 278,00/mêsou US$ 0,0028/caixa. Para os juros tem-se US$ 1.500,00/ano. Assim, o customensal dos juros da empilhadeira seráde US$ 166,67 ao mês ou por caixa deUS$ 0,0017. Portanto, para aempilhadeira o total da depreciação +juros será de US$ 0,0045/caixa.

Custos variáveis

Neste item considera-se energia elé-trica, água, gás da empilhadeira, manu-tenção periódica e preventiva e saláriode 2 trabalhadores.

A potência instalada de cada um dosequipamentos instalados é de 1 com-pressor de refrigeração (125 CV), 1bomba a vácuo (50 CV), 2 bombas deglicol (25 CV do reservatório até o

chiller e 30 CV do reservatório até o tro-cador de calor no interior da câmara avácuo), 1 bomba d’água para aspersãode água no produto (2 CV) e algunsmotores auxiliares como ventiladores ebombas em torres de resfriamento etc.(aproximadamente 10 CV). Assim, apotência instalada total é de 242 CV ou180 kW.

Estes equipamentos ligados durante10 horas como jornada de trabalho e umfator de utilização de 20 dias/mês, terãoum gasto mensal de 36 MWh. Para aenergia elétrica considera-se um custode US$ 120/MWh, acarretando um cus-to mensal de US$ 4.320,00, ou seja, US$0,0432 por caixa de alface resfriada.

Os gastos com água envolvem fun-damentalmente uso de água na torre deresfriamento, água usada na aspersão doHydro Vac e limpeza. Para todos os finspráticos consideraremos este custocomo desprezível.

Os gastos com gás da empilhadeiratambém são considerados desprezíveis.

Os gastos de manutenção podem serconsiderados como 10% tanto para aopção aluguel como aquisição. Assimtem-se US$ 0,0121 para a opção alu-guel. A manutenção da empilhadeira étambém desprezada nesta análise.

O salário dos 2 trabalhadores (ope-rador da empilhadeira: US$ 1.000,00(com encargos sociais) e operador dacâmara a vácuo/painel de controle: omesmo salário) totalizam US$ 2.000,00por mês ou US$ 0,0200 por caixa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresentada resume oscálculos de custos.

Os investimentos na cadeia do frio

É importante lembrar nesta etapaque o resfriamento corresponde a cercade 1/3 do investimento global com a ca-deia do frio. Além do equipamento doresfriamento há que se ter transporterefrigerado do local onde se faz oresfriamento e o entreposto I tambémrefrigerado onde será estocado ou

2 preço calculado considerando US$ 28.000,00/safra no Canadá; taxas de importação 30%3 US$ 189.000,00 no Canadá, com instalação incluída; taxas de importação 30%4 os juros anuais são calculados sobre o valor médio do bem de capital ao longo de sua vida útil, segundo proposto por Martin et al., 1997.

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comercializado (por exemplo umaCEASA) para ir para um outroentreposto refrigerado II. Deste últimoentreposto refrigerado, que pode ser umsupermercado ou um varejão, o produ-to vai diretamente para balcões refrige-rados e de lá para o consumidor. Dos 2/3 dos custos necessários à implantaçãodesta cadeia do frio pode-se indicar queaproximadamente 1/3 seriam feitos comentreposto refrigerado I + transporte eoutros 1/3 com entreposto refrigeradoII + balcões refrigerados.

Benefícios do Resfriamento

A colocação do produto na cadeiado frio traz vários benefícios diretos paraquem produz, comercializa e consomeo produto. No entanto, para que estesbenefícios sejam assegurados é funda-mental um grande cuidado na manuten-ção do produto dentro das condiçõesexigidas. Prejuízos podem ocorrer quan-do o produto é momentaneamente ex-posto ao meio ambiente (normalmentebem mais quente). Estes danos aconte-cem pela condensação de umidade nasuperfície do produto. Esta água livrepoderá acelerar processos que condu-zem a deterioração do produto.

No entanto, a cadeia do frio irá per-mitir, como foi dito anteriormente, aocomerciante menos perdas e também ummaior tempo de comercialização com a

qualidade desejada pelo consumidor. Aoagricultor, um maior benefício commenor desperdício e maior renda.

Assim, estimamos que há dois tiposde perdas do produto: (a) durante a co-lheita, manuseio, transporte ecomercialização e (b) redução da quali-dade, reduzindo a quantidade possívelde comercialização.

No primeiro caso, para a alface esti-ma-se entre 30 a 40% o nível atual deperdas e que poderia ser reduzido até10%, o que representaria um benefíciode no mínimo 20% de produto. Isto per-mite uma renda adicional de aproxima-damente US$ 0,60/caixa, considerando-se um preço de US$ 3,00/caixa com 24unidades de alface.

No segundo caso, a extensão da vidade prateleira do atual 1 a 2 dias para 1semana representará uma redução nosníveis de perdas de aproximadamente10%. Em supermercados e varejõesmais exigentes onde a qualidade temfator decisivo nas vendas, poderá atin-gir 20% pois nestes casos é grande odescarte de produtos atualmente. Assim,a prática do resfriamento e aimplementação da cadeia do frio ofere-cerá um benefício de aproximadamenteUS$ 0,50 por caixa de produto, segun-do estimativas levantadas junto a comer-ciantes do setor, embora este valor pos-sa variar grandemente dependendo dascondições locais.

É, contudo, importante salientar que obenefício de US$ 1,10/caixa será repartidoentre aqueles que investiram na cadeia dofrio, aproximadamente proporcional ao in-vestimento realizado. Cerca de 1/3 destebenefício iria para quem comprou e ope-rou o resfriamento a vácuo, o que gerariauma receita adicional bastante interessan-te: US$ 0,37/caixa x 100.000 caixas/mês x9 meses/ano = US$ 333.000,00/ano, suge-rindo um período de retorno no investimen-to de menos de 1,5 ano.

Apesar desta grande vantagem háoutros elementos que motivam osutilizadores de unidades de resfriamentoe estocagem refrigerada na América doNorte, que incluem a flexibilidade nacomercialização, melhor ajuste entreoferta e demanda e colheita no melhormomento.

Seria importante lembrar que mui-tas vezes há vantagens complementarespois oferecem maior liberdade de ação

Tabela 1. Cálculo dos custos de implantaçãode um sistema de resfriamento a vácuo noBrasil. Campinas, USP-UNICAMP, 1998.

CustosUS$/caixa

Aluguel 0,1213

Aquisição

Resfriador - Depreciação 0,0273

Resfriador - Juros 0,0164

Empilhadeira 0,0045

Custos Fixos - aluguel 0,1258

Custos Fixos - aquisição 0,0482

Energia Elétrica 0,0432

Manutenção 0,0121

Salários 0,0200

Outros (10%) 0,0075

Custos Variáveis 0,0828

Custos Totais - aluguel 0,2086Custos Totais - aquisição 0,1310

a quem comercializa tais produtos.

Considerações finais

Apesar do alto investimento (US$246.000,00) o resfriamento a vácuo deprodutos folhosos é uma interessantepossibilidade em nosso mercado, vistoos bons resultados obtidos na Américado Norte.

Procuramos com esta análise preli-minar verificar as vantagens econômi-cas decorrentes deste investimento parao caso do resfriamento a vácuo da alfa-ce. Dentre as principais conclusões, des-tacam-se:

- A aquisição do equipamento deresfriamento a vácuo demonstrou ser amelhor opção econômica quando com-parada com a variante aluguel;

- Em ambos os casos (aquisição ealuguel) o custo por caixa de alface ébaixo. Assumindo um valor de merca-do de US$ 3,00 por caixa de 24 unida-des o resfriamento representa na varian-te menos econômica menos de 7% dovalor do produto. No entanto, este in-cremento no custo do produto não vaielevar seu preço de comercialização.Este custo é perfeitamente absorvidopelos benefícios decorrentes que podemcobrir rapidamente o investimento;

- A análise econômica preliminar doinvestimento no resfriamento a vácuopode ser resumida: custo do investimen-to-opção aquisição: US$ 0,13/caixa deproduto; benefício do investimento: es-timado em US$ 0,50/caixa de produto.É no entanto necessário cautela no mo-mento da análise pois estes benefíciossão apenas estimados podendo variarmuito de caso para caso;

- O período de retorno do capital in-vestido é menor que um ano e meio, tor-nando o investimento bastante atraente,apesar de relativamente elevado;

LITERATURA CITADA

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Eficiência econômica do manejo racional da irrigação em tomateiropara processamento industrial.Waldir Aparecido Marouelli; Washington L.C. Silva; Henoque R. Silva; Nirlene J. VilelaEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF. e.mail: [email protected]

RESUMO

A água é um dos principais fatores que afetam a produção e aqualidade de frutos do tomateiro. Embora existam inúmeras tecnologiasdisponíveis para o manejo racional da irrigação, a grande maioria dosprodutores ainda irriga de forma inadequada. Um método simples,prático e criterioso para manejo é o do balanço de água no solo combase no tanque classe A. Objetivou-se neste estudo avaliar a vanta-gem econômica gerada pelo uso do tanque classe A para o manejo dairrigação do tomateiro na região do Brasil Central. Simulações foramrealizadas utilizando-se sistemas por aspersão convencional portátil epivô central para áreas irrigadas até 100 ha. A introdução da tecnologiagerou incrementos da receita líquida de R$ 70,14 a 263,49/ha parapivô central e de R$ 109,98 a 303,33/ha para aspersão convencionalportátil para áreas de 3 a 100 ha, respectivamente. O tempo para oretorno do investimento com a tecnologia foi inferior a um ano paraáreas acima de 10 ha. Para áreas menores que 3 ha a utilização datecnologia mostrou-se economicamente inviável.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, manejo de água,análise econômica.

ABSTRACT

Economical efficiency of sound irrigation schedulingtechnique for processing tomatoes.

Water is one of the major factors affecting tomato yield and quality.In spite of several irrigation scheduling methods available, mostgrowers still irrigate in an empirical way. A simple, practical and soundtechnique is the soil water balance with a class A pan. The objectiveof this study was to evaluate the economical advantages from the useof class A pan to schedule irrigation for tomato crop in Central Brazil.Simulations were performed considering hand-move and center pivotsprinkle systems for areas up to 100 ha. Net income resulting from theuse of the technology increased from R$ 70.14 to 263.49/ha for centralpivot and from R$ 109.98 to 303.33/ha for hand-move system forareas from 3 to 100 ha, respectively. The payback of the technologyinvestment was less than one year for irrigated areas over 10 ha. Forareas under 3 ha the technology was found not economically viable.

Keywords: Lycopersicon esculentum, irrigation scheduling,economical analysis.

(Aceito para publicação em 06 de setembro de 2.000)

Tomate para processamento industrialé a hortaliça mais importante da

indústria agroalimentar brasileira, comum crescimento de mercado estimadoem 10% ao ano. A área total cultivada

em 1998 foi de aproximadamente22.280 ha, sendo cerca de 50% locali-zada na região de cerrados do BrasilCentral, principalmente Goiás e MinasGerais (ABIA, 1999* ). A cultura é qua-

se que totalmente irrigada, sendo a as-persão o principal método utilizado. NoNordeste e em São Paulo os sistemasmais comuns são os convencionais por-táteis enquanto no Brasil Central o pivô

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239Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

central é o sistema mais utilizado (Bar-bosa, 1997).

A água é um dos fatores mais im-portantes que afetam a produtividade ea qualidade industrial de frutos de to-mate. Assim, o controle adequado da ir-rigação constitui fator preponderantepara o êxito da cultura, maximizando aprodutividade, a eficiência no uso deágua e de nutrientes e minimizando oscustos de irrigação, tornando a ativida-de mais lucrativa (Marouelli et al., 1991;Battilani, et al., 1999). Embora existaminúmeras tecnologias disponíveis paramanejo racional da irrigação do toma-teiro industrial (Choudhury et al., 1980;Marouelli et al., 1991; Marouelli et al.,1993), a grande maioria dos produtoresainda irriga de forma inadequada (Silva& Marouelli, 1996), ou seja, a decisãode quando e quanto irrigar não é basea-da em parâmetros quantitativos relacio-nados à dinâmica de água no sistemasolo-planta-atmosfera, mas apenas emobservações visuais da cultura e da ca-mada superficial do solo. O baixo índi-ce de adoção das tecnologias deve-seprincipalmente ao fato dos agricultoresacreditarem que estas são caras, com-plicadas, trabalhosas e, sobretudo, semresultados que proporcionem ganhos fi-nanceiros compensadores.

Dentre os problemas associados aomanejo inadequado da irrigação desta-cam-se menores produtividades, frutos dequalidade inferior, maior incidência dedoenças, maior uso de energia e danos aomeio ambiente (Marouelli et al., 1991;Silva et al., 1999). Particularmente na re-gião do Brasil Central, a utilização de pivôcentral vem sendo prejudicada pelo ma-nejo inadequado da água, pela falta deesquema eficiente de rotação de culturase severa ocorrência de Sclerotiniasclerotiorum, fungo causador da doençapodridão-de-esclerotínea. Além disso, aocorrência das bactérias Xanthomonascampestris pv. vesicatoria e Pseudomonassyringae pv. tomato, favorecida pela irri-gação por aspersão, vem causando redu-ções significativas de produtividade e qua-lidade de frutos (Silva et al., 1997).

Vários são os métodos existentespara manejo racional da irrigação nas

* Associação Brasileira das Indústrias Alimentícias. São Paulo, SP.

diferentes culturas, como o da tensão eo do balanço de água no solo. Variaçõesdesses métodos existem dependendo decada condição e instrumentos utilizados(Marouelli et al., 1996). Dentre estes, ométodo do balanço de água, com baseno tanque classe A, é simples, prático,criterioso e apresenta melhor potencialpara manejo da irrigação em tomateiroindustrial (Roque et al., 1986; Silva &Marouelli, 1996). O uso de tensiômetrospara controle da irrigação em tomateironão é adequado por serem as tensõescríticas recomendadas para manejo deágua na cultura maiores que aquelaspossíveis de serem medidas pelo instru-mento (Choudhury et al., 1980;Marouelli et al., 1991). Além de maissimples, métodos baseados no balançode água são de custo mais baixo queaqueles baseados no status de água nosolo (Tan, 1988).

Este estudo teve como objetivo de-monstrar a vantagem econômica gera-da pela introdução da tecnologia de ma-nejo racional da irrigação, baseada nouso do tanque classe A, em tomateiropara processamento industrial na regiãode cerrados do Brasil Central.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a análise das vantagens econô-micas resultantes da modificação no sis-tema de produção de tomate paraprocessamento industrial, causada pelaintrodução da tecnologia de manejo ra-cional da irrigação, foi desenvolvido ummodelo de simulação (Figura 1). Combase em premissas teóricas consisten-tes, as simulações foram realizadas uti-lizando-se sistemas de irrigação por as-persão convencional portátil e pivô cen-tral para áreas irrigadas variando de 1 a100 ha e de 3 a 100 ha, respectivamen-te. Os cálculos foram realizados em ter-mos de período produtivo (uma safra porano), ou seja, não foi considerada a irri-gação de nenhuma outra cultura naentressafra do tomate.

O manejo tradicional da irrigaçãoutilizado pelos tomaticultores da regiãode cerrados do Brasil Central, chamadoaqui de “manejo inadequado” (MI), é

em geral realizado de forma empíricasem nenhum embasamento teórico. Emtermos médios, as irrigações são feitasa cada 4 dias e a quantidade líquida deágua aplicada por irrigação é de 16 mmaté o início de florescimento e de 24 mmaté cerca de 5 dias antes da colheita,quando as irrigações são suspensas (Sil-va & Marouelli, 1996).

O método de manejo da irrigação re-comendado pela Embrapa Hortaliçaspara tomateiro industrial, chamado aquide “manejo racional” (MR), é o do ba-lanço de água no solo. A quantidade deágua aplicada por irrigação é calculadacom base na evaporação do tanque clas-se A (Marouelli et al., 1996), utilizan-do-se coeficientes de cultura apresenta-dos por Marouelli & Silva (1993). Asirrigações são realizadas a cada 5-7 dias(Silva & Marouelli, 1996) e paralisadasquando 50% dos frutos apresentarem-se totalmente maduros (Marouelli &Silva, 1993).

O custo total anual incluiu os custosfixos e variáveis do sistema de irriga-ção e dos instrumentos para manejo dairrigação e o custo de produção da cul-tura. Ao custo de produção foram incluí-dos todos os custos com mecanização,como tratores e implementos agrícolas,utilizados no cultivo do tomateiro. Areceita total foi igual ao valor de vendada produção comercial. O custo fixo to-tal anual foi computado pela soma dadepreciação (D

ma) mais o custo de opor-

tunidade do capital (Jma

) sobre o valordo investimento.

Vlr. compra - Vlr. vendaD

ma = —————————————

vida útil (anos)

Tx. juros Vlr.compra + Vlr.vendaJ

ma = ———— x —————————

100 2

Dentre os custos variáveis têm-se osoperacionais, de manutenção e adicio-nais. Os custos operacionais referiram-se às despesas com energia e mão-de-obra para operação do sistema de irri-gação e para manejo da irrigação (leitu-ra de instrumentos, manutenção e cál-

Eficiência econômica do manejo racional da irrigação em tomateiro para processamento industrial.

240 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Figura 1. Fluxograma do modelo para análise da eficiência econômica referente a introdu-ção da tecnologia para manejo racional da irrigação. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

culos). O custo de manutenção do siste-ma de irrigação, que incluiu os gastoscom peças de reposição, mão-de-obra elubrificantes, foi calculado como umafração do valor de compra do equipa-mento (Tabela 1). Custos adicionaisconstaram das despesas com colheita e

transporte decorrentes do aumento deprodução oriundo da introdução do mé-todo MR para manejo da irrigação.

Adotou-se a taxa de juros equivalen-te a 6% ao ano, conforme praticada atual-mente no mercado de capitais e adota-da pela Fundação Getúlio Vargas para

análise de projetos. O custo de mão-de-obra para operação dos sistemas de irri-gação foi de R$ 2,50/h-homem, de R$5,00/h-homem para manejo, de R$15,00/t para colheita manual e de R$12,00/t para transporte (distância de 100km). A tarifa de energia elétrica, consi-derando demanda de potência, foi de R$0,055/kWh para pivô central (50% dairrigação no horário noturno; 80% dedesconto na tarifa) e de R$ 0,095/kWhpara o convencional portátil (100% dairrigação no horário diurno). O preço doproduto pago ao agricultor foi de R$70,00/t e o ciclo de irrigação de 95 dias.

O custo dos instrumentos necessáriospara utilização do método do balançode água no solo totalizou R$ 2.400,00(pluviômetro “Ville de Paris”, tanqueclasse A em aço inoxidável, micrômetrode gancho, poço tranquilizador e estra-do de madeira). A vida útil dos instru-mentos foi estimada em 20 anos.

O custo de aquisição do sistema deirrigação convencional portátil comaspersores tipo canhão (raio de alcance35 m) foi assumido como independentedo tamanho da área irrigada, igual a R$1.000,00/ha. Para pivô central, os cus-tos considerados foram de R$ 4.500,00;3.000,00; 2.100,00; 2.000,00; 1.900,00;1.800,00; 1.700,00; 1.600,00; 1.550,00;1.500,00 e 1.450,00/ha para áreas de 3,10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100ha, respectivamente.

Dados adicionais necessários para aanálise econômica são apresentados naTabela 1. Os dados de custos utilizadosna análise foram obtidos através de con-sultas às indústrias de processamento,empresas de equipamentos de irrigaçãoe produtores. Informações sobre vidaútil de sistemas de irrigação, uso demão-de-obra, uso de energia e custos demanutenção foram obtidos de Marouelli& Silva (1998). Assumiu-se que a pro-dutividade e os custos de produção porunidade de área foram independentes dotamanho da área cultivada. O valor devenda ou de sucata dos sistemas e instru-mentos para controle da irrigação foi con-siderado desprezível. Todos os custos eíndices financeiros utilizados na análiseforam referentes a dezembro de 1998.

Valores de produtividade de frutospara os sistemas por aspersão conven-cional portátil e pivô central, para as

W.A. Marouelli et al.

241Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

condições de manejo inadequado e ra-cional, foram determinados com baseem valores médios observados em áreasde produção comercial e experimentosconduzidos na Embrapa Hortaliças(Marouelli et al., 1991; Silva &Marouelli, 1996). Muito embora a ado-ção do manejo MR possa reduzir o usode pesticidas, os gastos com tais produ-tos foram considerados iguais para ascondições com manejo MR e MI.

Como indicadores econômicos fo-ram calculados a receita líquida para ascondições com manejo MR e MI, dadapela diferença entre a receita e os cus-tos totais; o incremento de receita líqui-da resultante da introdução datecnologia, dado pela variação entre asreceitas líquidas para as condições commanejo MR e MI; o coeficiente de efi-ciência econômica da tecnologia, dadopela relação entre o valor total do incre-mento de produção proporcionado pelouso da tecnologia e o custo total anualda tecnologia (fixo e variável); e o tem-po para retorno econômico do investi-mento (“payback”) da tecnologia, dadopela relação entre o valor de aquisiçãodos instrumentos para manejo da irri-gação e a receita anual líquida extra pro-piciada pela introdução da tecnologia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da análise econômicareferentes à introdução do manejo MRpara os dois sistemas de irrigação, emfunção do tamanho da área irrigada, sãoapresentados nas Figuras 2 a 4.

A receita líquida aumentou com aárea irrigada, principalmente para áreasinferiores a 20 ha, tanto para o métodoMR quanto para o MI, com exceção parao sistema de irrigação convencional commétodo de manejo MI (Figuras 2 e 3).Para este caso, a receita líquida foi in-dependente da área, o que se deve à hi-pótese assumida de que a produtivida-de, o custo de produção e o preço porhectare da aspersão convencional são in-dependentes da área irrigada. Todos ossistemas de irrigação e métodos de ma-nejo avaliados apresentaram receita lí-quida positiva (entre R$ 409,82 a1.426,10/ha), para as áreas considera-das, indicando serem economicamenteviáveis. Verifica-se todavia, que a receita

Componentes/fatoresManejo racional

Manejoinadequado

Pivô Portátil Pivô Portátil

Vida útil (anos) 15 12 15 12

Uso de energia (kWh/m3) 0,35 0,40 0,35 0,40

Eficiência de irrigação (%) 80 65 80 65

Lâmina líquida de água(mm/ciclo)

400 400 510 510

Mão-de-obra (h/ha/irrigação) 0,2 2,0 0,2 2,0

Mão-de-obra para manejo(h/dia)

1,0 1,0 0,0 0,0

Número de irrigações porciclo

24 24 34 34

Custos de manutenção (%)a 5,0 2,0 5,0 2,0

Custo de produção(R$ /ha)b 3.035,00 2.900,00 3.035,00 2.900,00

Produtividade (t/ha) 75 69 65 60

Tabela 1. Índices adicionais utilizados na análise econômica. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

a Percentagem do investimento inicial.b Não inclui custos fixos e variáveis da irrigação e instrumentos para manejo, bem comocustos adicionais resultantes do uso de tecnologia para manejo. O custo de R$ 2.900,00inclui custos adicionais para colheita e transporte de 60 t/ha, enquanto R$ 3.035,00 incluicustos de 65 t/ha.Fonte: Adaptado de Silva & Marouelli (1996) e Marouelli & Silva (1998).

líquida para o sistema por aspersão con-vencional com manejo MR, para áreasinferiores a 3 ha, foi menor que a recei-ta líquida para a condição de manejo ina-dequado (Figura 3).

O incremento de receita líquida, re-sultante do uso do método racional paramanejo da irrigação, variou de R$109,98 a 279,41/ha para o sistema de

irrigação convencional portátil e de R$70,14 a 239,57/ha para pivô central,para áreas entre 3 e 20 ha, respectiva-mente. Acima de 20 ha o incrementofoi praticamente constante, tendo atin-gido, para uma área de 100 ha, R$303,33/ha para o sistema de irrigaçãoconvencional portátil e de R$ 263,49/ha para pivô central (Figuras 2 e 3).

Figura 2. Receita e incremento de receita líquida na produção de tomate industrial irrigadopor pivô central com manejo inadequado e racional em função da área irrigada. Brasília,Embrapa Hortaliças, 1999.

Eficiência econômica do manejo racional da irrigação em tomateiro para processamento industrial.

242 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

O tempo para o retorno econômicodo capital investido na introdução datecnologia, indicando o número de anos(safras) necessários para recuperar oinvestimento para aquisição dos instru-mentos para manejo MR, foi reduzidocom o aumento da área irrigada (Figura4). Independentemente do sistema deirrigação adotado, o tempo de retornofoi inferior a um ano para áreas irrigadassuperiores a 10 ha. Para áreas menoresque 10 ha o tempo de retorno aumentourapidamente, tornando-se o investimen-to irrecuperável para áreas inferiores a3 ha. Isto indica que o aumento de cus-tos resultante da modificação no siste-ma de produção de tomate industrial,pela introdução do método para manejobaseado no uso do tanque Classe A, foieconomicamente compensado pelo au-mento de produção apenas para áreasirrigadas superiores a 3 ha.

O presente estudo foi realizado paracondições médias observadas no siste-ma de produção de tomate paraprocessamento industrial na região decerrados do Brasil Central. Portanto, re-sultados para situações específicas,como diferentes condiçõesedafoclimáticas, nível de experiência doagricultor, incidência de pragas e doen-ças, podem diferir daqueles reportadosneste estudo. Assim, por exemplo, é es-perado que a vantagem econômica re-sultante da introdução da tecnologia paramanejo MR seja relativamente maiorpara agricultores com pouca experiên-cia no manejo da irrigação com a cultu-ra do tomateiro e menor para aquelescom grande experiência.

LITERATURA CITADA

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Figura 3. Receita e incremento de receita líquida na produção de tomate industrial irrigadopor aspersão convencional portátil com manejo inadequado e racional em função da áreairrigada. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

Figura 4. Coeficiente de eficiência econômica da tecnologia e tempo para retorno econômi-co do investimento para manejo racional da irrigação por aspersão convencional portátil epivô central. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

O considerável aumento no incre-mento da receita líquida para áreas de 3a 20 ha, seguido de uma quase estabili-zação (Figuras 2 e 3), deve-se aos cus-tos para introdução da tecnologia paramanejo MR (custos fixos e variáveisanuais iguais a R$ 790,00) serem inde-pendentes da área irrigada.

O coeficiente de eficiência econô-mica da tecnologia, que representa a re-lação benefício/custo, aumentou de for-ma logarítmica com a área irrigada, atin-gindo um valor máximo, para 100 ha,de 1,93 unidades de benefícios para cadaunidade de custo para o sistema conven-

cional portátil e de 1,60 para o sistemapivô central (Figura 4). Para o sistemaconvencional com áreas inferiores a 3 ha,o incremento de receita líquida foi nega-tivo e o coeficiente de eficiência econô-mica menor que a unidade (Figuras 3 e4), indicando que a soma dos custos fi-xos, referentes à aquisição dos instrumen-tos para manejo, e dos custos variáveiscom mão-de-obra para manejar a irriga-ção foram superiores ao incremento dereceita resultante do uso da tecnologia.Assim, o uso da tecnologia para manejoMR mostrou ser economicamenteinviável para áreas inferiores a 3 ha.

W.A. Marouelli et al.

243Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

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Eficiência econômica do manejo racional da irrigação em tomateiro para processamento industrial.

244 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

especial

VII ENCONTRO NACIONAL DA MANDIOQUINHA-SALSA E I SE-MINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO FUMO, MILHO EMANDIOQUINHA-SALSARio Negro-PR, 23 a 25 de agosto de 2000.

Apresentação

Fausto F. dos SantosEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF

O VII Encontro Nacional deMandioquinha-salsa, promovido peloGoverno do Estado do Paraná/SEAB/EMATER-PR; Prefeitura Municipal deRio Negro, Souza Cruz e Embrapa Hor-taliças, teve como temas centrais o va-lor nutricional e aumento de consumo;mercado interno e externo; e uso deagroquímicos. Seus principais objetivosforam disponibilizar conhecimentos atu-ais para o manejo do cultivo damandioquinha-salsa, possibilitandoacesso às técnicas atuais que visam aten-der a um mercado cada vez mais com-petitivo e exigente e atualizar conheci-mentos a respeito do cultivo damandioquinha-salsa, milho e fumo,numa mesma propriedade.

A cultura da mandioquinha-sal-sa apresenta importância social e eco-nômica expressiva no Estado do Paraná,atualmente com 8.558 ha e 3.890 pro-dutores. As regiões onde seu cultivo émais expressivo são a Suleste, com 50%da área do Estado, e Centroleste com aoutra metade da área de cultivo. A re-gião Suleste, onde foi realizado o even-

to, apresenta características interessan-tes para este cultivo, por estar inseridano sistema de agricultura familiar e in-tensivo uso de mão-de-obra, permitin-do o seu emprego na entressafra dofumo, apresentando área média por pro-dutor de 1,39ha, sendo uma excelenteopção para rentabilidade dos pequenosprodutores. A região Centroleste se ca-racteriza por cultivo em áreas extensas,média de 55ha por produtor, sendo o usoda mecanização bastante intenso. A im-portância econômica dessa hortaliçapara o Paraná pode ser avaliada pela ex-pressiva participação dessa hortaliça,correspondendo a 8,7% do PIBOlericultura. Vale salientar que o Paranáé pioneiro na exportação demandioquinha-salsa para o Japão, tantona forma pre-cozida, embalada a vácuopara conservação à temperatura ambi-ente, como também pré-cozida e conge-lada. O estado possui duas grandes in-dústrias que processam essa hortaliça,uma visando o consumidor direto e ou-tra tem como público principal governosmunicipais para aplicação na merenda es-colar.

O Encontro, que se realiza a cadadois anos, tem como objetivo principalcongregar profissionais interessados nahortaliça, bem como produtores rurais,permitindo aos mesmos acesso aosavanços tecnológicos mais recentes.Desta forma tem sido cada vez mais ex-pressivo a participação da indústria detransformação, de pesquisadores, pro-fessores e extensionistas, estudantes eprodutores rurais, culminando este anocom a participação do Centro Interna-cional de la Papa (CIP). Ao longo dosúltimos anos a transferência de conhe-cimentos a produtores e extensionistasatravés desse evento, tem permitidomudanças importantes no setor produ-tivo, com adoção visível de tecnologiasmodernas.

O VII Encontro teve como eventoparalelo,prioritário para a região, o "I Se-minário de Integração Fumo, Milho eMandioquinha-salsa", objetivandotransferir conhecimentos existentes paraa atividade agrícola destas culturas emuma mesma propriedade rural.

245Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A urbanização da população, a esta-bilização da moeda e seu maior po-

der de compra, juntamente com aglobalização da economia, está alteran-do os hábitos, gostos e preferências dosindivíduos, modificando seu estilo devida, impactando fortemente as deman-das de produtos alimentares. As pesso-as que vivem nas grandes cidades temmenos tempo para as refeições e a in-serção da mulher no mercado de traba-lho faz com que ela venha a ter menordisponibilidade para se dedicar ao pre-paro de alimentos e às compras.

Essas novas demandas dos consumi-dores de alimentos resultaram em fortecrescimento, nos últimos anos, do seg-mento de alimentação “fora do lar”, cujasvendas aumentaram 120% entre 1994 e1998, envolvendo 760 mil estabeleci-mentos que serviram 38 milhões de re-feições/dia em 1998, com destaque parao setor de refeições rápidas como as re-des de “fast food” e restaurantes “a qui-lo”. Também teve grande expansão o se-tor de empresas de “catering” tambémdenominado de refeições coletivas, quetem participação de 15% no segmento“fora do lar” e envolve as refeições paraempresas, hospitais, aviação, presídios,escolas e outros tipos de instituições.

Por outro lado, os consumidores pas-saram a ter acesso e comprar produtosalimentícios importados de melhor qua-lidade a preços competitivos. Apesar deboa parte da população brasileira aindanão ter conseguido satisfazer totalmen-te suas necessidades básicas de alimen-tação e nutrição, vem aumentando a pre-ocupação com saúde e segurança dosalimentos e a preferência por alimentosnutritivos e, se possível, que apresen-tem atributos medicinais. Em conseqü-ência, as tendências atuais do consumode hortaliças sinalizam para preferência

ALMEIDA, F.J. Incremento no consumo de mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 245-246, novembro 2000. Palestra.

Incremento no consumo de mandioquinha-salsaConsumption increment of Peruvian carrot.Fernando José de AlmeidaEmbrapa Negócios Tecnológicos - Escritório de Campinas, Campinas-SP

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, marketing, uso culinário

Key-words: Arracacia xanthorrhiza, marketing, culinary uses

por produtos frescos e saudáveis, semresíduos de agrotóxicos, com ótimo as-pecto qualitativo, que voltem a ter o sa-bor original e sejam ricos em vitaminase sais minerais. Essas novas exigênciastem se refletido em aumento significa-tivo do consumo de hortaliças mini-mamente processadas ou pré processa-das como as saladas prontas (“fresh cuts”)e de verduras, legumes e tubérculos comselo de certificação de produto orgânico.

Como resultante dessas novas carac-terísticas do mercado vem ocorrendo ocrescimento acentuado dacomercialização de hortaliças porfrutarias, sacolões, e principalmente,pelas redes de super e hipermercados,com a preferência de aproximadamente50% dos consumidores dos principaiscentros urbanos por este tipo de varejo,exigindo produto diferenciado com qua-lidade e embalagens adequadas ao sis-tema de auto serviço e ao perfil dos cli-entes atendidos pelas lojas.

Dentro de todos esses aspectos domercado de hortaliças e considerando osatributos mais importantes para o consu-midor desses produtos, a mandioquinha-salsa não tem tido participação condizen-te com suas qualidades nutricionais nocardápio alimentar das pessoas, apesar deapresentar várias vantagens competitivasem relação a outras hortaliças. Sua fácildigestibilidade, seu valor energético emvista do alto teor de carboidratos, dosquais 80% de amido, aliado a excelentedisponibilidade de vitamina A, cálcio,fósforo e ferro além de outros elementoscomo vitaminas B

1, B

2, C, D, e E, potás-

sio, silício, enxofre, cloro, e magnésio, atorna ideal para dieta infantil, idosos, con-valescentes, atletas e consumidores quedesejam hortaliças ricas em vitaminas esais minerais. O consumo diário de 100gramas de mandioquinha-salsa supre a

necessidade diária de minerais de crian-ças, adultos, gestantes e nutrizes. Tam-bém o baixo uso de agrotóxicos durantea sua produção é uma importante vanta-gem em relação às demais hortaliças,como a batata, o tomate e a cenoura.

Poucas são as desvantagens compe-titivas da mandioquinha-salsa compara-da com outras hortaliças. A principaldelas é a baixa conservação em condi-ções naturais depois de colhida, vindoem segundo plano atualmente, seu pre-ço alto quando comparada com os pre-ços de outros legumes e tubérculos.

Considerando os cenários menciona-dos, um plano de marketing visandoincrementar o consumo damandioquinha-salsa deverá ter que con-siderar aspectos importantes e estratégi-as relacionadas com a definição dos mer-cados a ser atingidos e com o produto,distribuição, comunicação e preço. As-sim, deverão ser priorizados como seg-mentos de mercado: a) população infan-til, principalmente das creches, escolasmaternais e merenda escolar, que deman-dam “papinhas” e refeições com alto va-lor nutritivo e energético, ricas em vita-minas e sais minerais; b) população dafaixa etária acima de 60 anos que neces-sita de alimentos de fácil digestibilidadee também ricos em sais minerais e vita-minas; c) alimentação fora do lar, comdestaque para “fast food”, restaurantes“por quilo” e restaurantes industriais; d)empresas de “caterings” fornecedoras derefeições para indústrias, hospitais, avi-ação e outros consumidores empresari-ais; e) horticultura orgânica, comcertificação; f) hortaliças minimamenteprocessadas e pré-processadas; g) indús-tria de alimentos prontos para uso; h)novos produtos que possam utilizar amandioquinha-salsa, como pães, biscoi-tos e “chips”.

246 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

A organização dos produtores viaassociações ou cooperativas passa a serfundamental para viabilizar campanhaspara incremento do consumo e atuar nossegmentos da cadeia da horticultura si-tuados depois da propriedade rural, jámencionados no item anterior, incenti-vando a inclusão da mandioquinha-salsanos cardápios, coordenando a oferta eviabilizando contratos de garantia de for-necimento dos associados para as indús-trias de alimentos, supermercados, e de-mais segmentos de mercado já citados.

As ações de marketing relacionadascom o produto deverão dar prioridade àsua apresentação e qualidade, adequa-ção das embalagens, identificação detécnicas de conservação e novos usos.A venda do produto e os canais utiliza-dos para sua distribuição poderá ser fei-ta da maneira que o produtor achar maisconveniente podendo, por exemplo, sernegociada por ele ou através de sua as-sociação/cooperativa, diretamente comos supermercados, frutarias, indústriasde alimentos e restaurantes ou com ata-cadistas e “packinghouses”.

As ações de comunicação com omercado deverão ser feitas através decampanhas de divulgação das qualida-des nutritivas e medicinais da

mandioquinha-salsa e de formas não tra-dicionais de seu uso, dirigidas aos con-sumidores dos segmentos de mercadovisados, utilizando: a) canais de comu-nicação de instituições como a Embrapa,Ematers, empresas e institutos estadu-ais de pesquisa, Secretarias de Agricul-tura, e Prefeituras Municipais, junto àmídia de massa, especialmente redes detelevisão, rádios, jornais, revistas; b)produção e distribuição de materialpromocional como folhetos sobre o pro-duto e livro de receitas para o públicoem geral, vídeo e manual de instruçõescom receitas para merendeiras enutricionistas; c) degustação em super-mercados, frutarias, exposiçõesagropecuárias e programas de “cozinhana TV”; d) divulgação via Internet, eoutras formas de difusão e promoção.

Finalmente, as ações relacionadascom o preço para o consumidor final de-verão ter a preocupação de baixar custosatravés da utilização de cultivar adequa-da, como a “Amarela de SenadorAmaral”, do uso de mudas sadias, práti-cas culturais corretas durante a produção,e do manejo adequado na colheita e pós-colheita, transporte e entrega do produ-to, de forma a possibilitar a prática de pre-ços competitivos com outras hortaliças.

LITERATURA CITADA

EMBRAPA HORTALIÇAS. Informações sobrehortaliças - Mandioquinha-salsa. Disponívelna Internet em: http.//www.cnph.embrapa.br/bib/saibaque/mandioquinha.htm.

NEVES, M.F.; CHADDAD, F.R.; LAZZARINI,S.G. Alimentos - Novos tempos e conceitosna gestão de negócios. São Paulo: EditoraPioneira, 2000. 129p.

PINAZZA, L.A.; ALIMANDRO, R.Reestruturação no Agribusiness Brasileiro- Agronegócios no terceiro milênio. Rio deJaneiro: Revista Agroanalysis/FGV, 1999.280p.

SAABOR, A. Os supermercados e a produçãohortifrutícola. 3º Seminário Mercosul de Fru-tas e Hortaliças. Campinas, 2000.

SANTOS, F. F.; CARMO, C. A. S.Mandioquinha-salsa - Manejo cultural.Brasília: Embrapa/SPI, 1998. 79p.

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ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M.F. Economia& Gestão dos Negócios Agroalimentares.São Paulo: Editora Pioneira, 2000. 428p.

PEREIRA, A.S. Mandioquinha-salsa: alimento proteico, energético ou nutracêutico? Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 246-249, novembro2000. Palestra.

Mandioquinha-salsa: alimento proteico, energético ou nutracêutico?Peruvian carrot: a source of protein, energy or a nutraceutic vegetable?Albano Salustiano PereiraEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, tecnologia de alimentos, nutrição

Key-words: Arracacia xanthorrhiza, food technology, nutrition

INTRODUÇÃO

Praticamente todos os dias aconte-cem nos diversos canais de televi-

são e na imprensa escrita discussõessobre os alimentos. São várias as opini-ões expressas, muitas delas vindas depessoas não especializadas, sobre assun-tos atuais como a qualidade nutricional,uso de aditivos, irradiação e ultimamen-

te sobre os transgênicos e nutracêuticos.Várias destas opiniões são tendenciosase incorretas, pois provêm de pessoascom algum interesse econômico. O tí-tulo “Mandioquinha-salsa: AlimentoProtéico, Energético ou Nutracêutico?”,busca oferecer uma opinião equilibradae uma compreensão precisa da compo-sição centesimal e aspectos nutritivos damandioquinha-salsa.

O advento da sociedade industrial ea vida nas grandes cidades produziramgerações de sedentários e estressadoscom péssimos hábitos alimentares. Porum lado, vivemos mais do que nossosantepassados, já que a ciência conseguiucontrolar a maior parte das doenças in-fecciosas, mas por outro passamos a so-frer de doenças degenerativas como hi-pertensão, problemas cardiovasculares,

F.J. Almeida.

247Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

câncer, obesidade e osteoporose. Essamultidão, que se acostumou à praticidadedos alimentos industrializados, agorabusca também através dos alimentos evi-tar e combater doenças.

Embora há muito tempo se saiba queos alimentos têm um papel importantena manutenção da saúde e nalongevidade, nunca descobriu-se tantosobre seus componentes e sua ação emnosso organismo como nas duas últimasdécadas. Enquanto os polêmicostransgênicos pretendem revolucionar acadeia produtiva, um outro tipo de pro-duto chegou bem mais discretamenteaos supermercados e vem ganhando es-paço. São os chamados “alimentosnutracêuticos”, que mais que nutrir, tra-zem benefícios à saúde, através das ca-racterísticas normais de sua composição.Em outras palavras, estamos enfatizandoque esses alimentos além de cumpriremsua função nutricional básica, resultamem benefícios à saúde.

QUALIDADE NUTRITIVADOS ALIMENTOS

A qualidade nutritiva dos alimentosdepende fundamentalmente de sua com-posição ou balanço de nutrientes, dabiodisponibilidade dos diferentes nutri-entes e da presença ou ausência em suacomposição de substâncias tóxicas ouantinutricionais. Com exceção do leitematerno, o restante dos alimentos sãomais ou menos incompletos para satis-fazer as exigências da espécie humana.

Os cereais, as raízes e os tubérculossão alimentos ricos em carboidratos ede grande importância na alimentaçãoem todo mundo, particularmente comofonte de energia, embora os cereais pos-sam fornecer também quantidades sig-nificativas de proteínas, de minerais ede vitaminas. Nos países subdesenvol-vidos e em desenvolvimento a maioriadas calorias ingeridas vem doscarboidratos, particularmente o amido.

Alimentos como as carnes, os pei-xes, os produtos lácteos, os grãos e fari-nhas de algumas leguminosas são parti-cularmente ricos em proteínas e consi-derados as principais fontes desse nu-triente. Uma grande variabilidade naqualidade nutritiva das proteínas vaidepender, principalmente, da concentra-

ção e proporção relativa dosaminoácidos essenciais, que compõema proteína. Esse grupo de alimentos étambém fonte importante de outros nu-trientes como os óleos e gorduras, vita-minas e minerais de uma maneira geral.

As frutas e hortaliças constituemdois grupos importantíssimos de alimen-tos cuja função nutricional é, principal-mente, a de fornecer vitaminas e mine-rais. São alimentos de baixa densidadecalórica devido ao seu elevado conteú-do de água e baixos teores de gorduras,de proteínas e de carboidratos totais.Possuem teores intermediários de fibras,entre os cereais integrais e as carnes eprodutos refinados, sendo recomenda-dos como reguladores da digestão.

MÉTODOS DE AVALIAÇÃODA QUALIDADENUTRICIONAL

Os métodos mais utilizados paraavaliação da qualidade nutritiva dos ali-mentos podem ser agrupados em qua-tro categorias: métodos químicos, ensai-os biológicos, ensaios microbiológicose métodos clínicos.

Os métodos químicos nos dão, emgeral, as primeiras informações. Permi-tem avaliações em vários níveis dedetalhamento, como a composiçãocentesimal aproximada, que fornece osteores de seus principais constituintes(água, proteína, carboidrato, lipídios, fi-bras e cinzas); a determinação indivi-dualizada dos vários nutrientes indispen-sáveis como aminoácidos, ácidosgraxos, minerais, vitaminas e outros;escore químico de todos aminoácidosessenciais; digestibilidade da proteína invitro; lisina e metionina potencialmen-te biodisponíveis.

Os ensaios biológicos são testes dealimentação em que se usam animais ex-perimentais ou o próprio homem. Agrande vantagem é que se está determi-nando, diretamente, a biodispo-nibilidade dos nutrientes diretamentepara a espécie em teste. Em nutriçãohumana, porém, na maioria das vezes,isto não é possível pelos impedimentoslegais e éticos. Os ensaios biológicos sebaseiam no balanço metabólico e nocrescimento. Dentre os métodos que se

baseiam no balanço metabólico desta-cam-se o balanço de nitrogênio,digestibilidade, valor biológico e utili-zação líquida da proteína. Dentre osmétodos baseados no crescimento estãoo quociente de eficiência protéica, quo-ciente de eficiência líquida da proteínae quociente de utilização líquida da pro-teína. Ensaios com microrganismos po-dem ser usados para se determinar quan-titativa e qualitativamente vários tiposde nutrientes presentes nos alimentos,mas são mais usados para determinaraminoácidos e vitaminas. Qualquer queseja o nutriente a se determinar, é ne-cessário a existência de um microrga-nismo dependente deste nutriente. Avalidade de um determinado ensaiomicrobiológico terá sempre que ser con-firmado através de um ensaio biológicoou de um método clínico com a espéciealvo. Os métodos clínicos em particu-lar são os menos precisos, pois só mos-tram a ingestão do alimento e nem sem-pre o alimento é consumido de formapadronizada, e geralmente diferentespacientes podem fornecer resultadosdistintos para um mesmo alimento.

QUALIDADE NUTRITIVA DAMANDIOQUINHA-SALSA

A mandioquinha-salsa se caracteri-za como um alimento de função essen-cialmente energética, pois na sua com-posição centesimal destacam-se os teo-res de carboidratos em relação aos de-mais nutrientes (Tabela 1).

As proteínas são incompletas porqueapresentam, de modo geral, deficiência namaioria de seus aminoácidos essenciais,como todas aquelas de outras raízes e tu-bérculos, o que pode ser observado quan-do se compara a soma de aminoácidosessenciais (E/T%) da mandioquinha-sal-sa com a proteína padrão da FAO/WHO-1973 ou outra proteína de origem animal,por exemplo, o leite. O escore químicodos aminoácidos limitantes se apresentatambém muito baixo. Apesar de não ser-virem isoladamente como indicadores daqualidade nutricional, esses parâmetrosconfirmam, pelo menos como são incom-pletas essas proteínas (Tabela 2).

A mandioquinha-salsa é notada-mente excelente fonte de vitaminas e deminerais. Das vitaminas pode-se ressal-

Mandioquinha-salsa: alimento proteico, energético ou nutracêutico?

248 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

ComponentesComposição (mg/100g do material fresco)

Média VariaçãoUmidade 74,00 64,00 - 81,00Carboidratos 25,00 19,00 - 30,00Amido 23,00 17,00 - 26,00Açúcares Totais 1,70 0,70 - 2,00Proteínas 0,90 0,60 - 1,80Lipídios 0,20 0,20 - 0,30Cinzas 1,30 1,00 - 1,40Fibras 0,90 0,60 - 1,20Calorias 104 96,00 - 104,00

Tabela 1. Composição centesimal aproximada da mandioquinha-salsa.

Aminoácido M-salsa Leite FAO/WHO,1973 Escore

Ile 1,33 4,72 4,00 33,25Leu 3,79 9,54 7,04 53,83

Lys 3,25 7,80 5,44 59,54Met + Cys 2,86 3,33 3,52 81,25Phe + Tyr 6,18 10,13 6,08 101,64Thr 2,98 4,45 4,00 74,50Trp 2,30 1,40 0,96 239,58

Val 3,05 5,78 4,96 61,49(E/T%) 25,74 47,15 36,00

Tabela 2. Composição em aminoácidos essenciais da mandioquinha-salsa comparada às proteínas do leite e do padrão FAO/WHO (1973).

tar como as mais importantes as do com-plexo B (especialmente tiamina,riboflavina, niacina e piridoxina) e avitamina A, dos minerais presentes cál-cio, fósforo e ferro (Tabelas 3 e 4).

Dos carboidratos totais, a maior fra-ção corresponde ao amido, que representacerca de 80% e os açúcares totais a 6,0%.A mandioquinha-salsa é recomendadaem dietas para crianças, idosos e conva-lescentes, principalmente pelo seu con-teúdo de minerais e vitaminas do com-plexo B. Outros fatores determinantes doseu uso em dietas especiais são as carac-terísticas do seu amido que contem bai-

VitaminasComensais

Vit. A (U.I.) Tiamina (µµg)Riboflavina

(µµg) Niacina (mg)Piridoxina

(mg) Vit. C (mg)

1.800 8,00 4,00 3,45 0,03 23,00Crianças 1.500 0,5 1,0 - 1,8 8,0 - 15,0 0,5 - 1,2 30 - 35Adultos 5.000 1,0 - 1,4 1,5 - 1,8 15,0 1,4 - 2,0 40 - 45Gestantes 6.000 1,5 2,0 15,0 2,5 50 -55Nutrizes 8.000 2,0 2,5 20,0 2,5 80

Tabela 3. Principais vitaminas presentes e necessidades diárias recomendadas.

MineraisComensais

K (mg) Mg (mg) Ca (mg) Fe (mg) P (mg)2,4 64 65 9,5 55

NecessidadesCrianças 500 0,80 0,15 5,0 0,30Adultos 2.000 0,35 0,70 8,0 1,4Gestantes 2.000 0,35 1,00 12,0 2,0Nutrizes 3.000 0,35 1,00 12,0 2,0

Tabela 4. Principais minerais presentes e necessidades diárias recomendadas.

A.S. Pereira.

249Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

xo teor de amilopectina e ausência totaisde fatores antinutricionais que concorrempara sua alta digestibilidade.

A literatura recente cita vários atri-butos medicinais para as Umbelíferas,principalmente para a cenoura cujos atri-butos são reconhecidos desde 900 a.C.Reconhecidamente são controladoras deflatulência, reumatismo, desconfortomenstrual, halitose, diurese e reumatis-mo, apresentam propriedade expecto-rante, antiespasmódica e estimuladorasdo apetite. Os carotenóides, particular-mente o β-caroteno, conferem açõesquimiopreventivas e fotoprotetoras da

pele. Incontestavelmente a maior im-portância dos carotenóides, além da ati-vidade provitamínica, são suas proprie-dades antioxidantes que os tornam anti-carcinogênicas. Várias pesquisas desen-volvidas recentemente e inúmeras ou-tras em desenvolvimento têm mostradoque a cenoura, coentro, salsa, aipo enabo apresentam na sua composição te-ores consideráveis de terpenóides e ou-tros voláteis como: limoneno, sulfitos,2-nonenal, dihidrocumarina, cumarina,terpineno, terpinoleno, a-felandreno,flavonóides, mono, sesqui e triterpenos,todos reconhecidamente com ação

anticarcinogênica.

Finalizando, acredito que a man-dioquinha-salsa, apesar de pouco ou nãopesquisada sob esses aspectos, deveapresentar na sua composição teoresconsideráveis desses mesmos voláteisassim como as demais Umbelíferas eque doravante possamos considerá-lanão somente um alimento essencialmen-te energético, mas também um alimen-to nutracêutico. Acredito também queessas considerações finais possam ser-vir de incentivo a outros pesquisadores,pois assim sendo estaremos nos prepa-rando para a evolução que nos espera.

A produção de mudas é fase primor-dial para o sucesso do empreendi-

mento e deve ser tratada com redobradaatenção.

O plantio convencional consiste douso de mudas com a brotação cortada egrande tamanho de reserva, diretamen-te no local definitivo à profundidade decerca de 5cm. Como conseqüência des-se método de plantio, tem-se grandepercentual de falhas no “stand” e emer-gência desuniforme e, por conseguinte,desuniformidade no ponto de colheita.

Novas tecnologias estão sendodisponibilizadas aos produtores visan-do a melhoria da qualidade na produ-ção de mudas. O primeiro passo é a es-colha criteriosa de plantas matrizes, comboa sanidade e vigor. Preferencialmen-te, devem-se usar mudas juvenis, isto é,mudas ainda vigorosas e em pleno de-senvolvimento. O preparo inicial dasmudas consiste do destaque dosperfilhos e lavagem em água correntepara retirada do excesso de impurezas.

A manutenção das mudas, às vezesnecessária entre a colheita e o plantiosubseqüente, deve ser feita à sombra,

MADEIRA, N.R. Processos de obtenção de mudas de mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 249-250, novembro2000. Palestra.

Processos de obtenção de mudas de mandioquinha-salsaMethods for production of Peruvian carrot plantletsNuno Rodrigo MadeiraUniversidade Federal de Lavras (UFLA), Depto. de Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras- MG. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, água, métodos, manejo

Key-words: Arracacia xanthorrhiza, water, methods, systems

após retiradas as raízes e as folhas, quan-do presentes, mantendo a base da plan-ta em contato com o solo. Deve-se mo-lhar, em média, duas vezes por semana.O tratamento fitossanitário das mudas éprática indispensável. Recomenda-se aimersão das mudas por 5 a 10 minutosem solução de água sanitária comerci-al, pela ação do hipoclorito de sódio, naproporção de 1 L de água sanitária para9 L de água, seguida de secagem.

Para o preparo da muda, efetua-se umcorte em bisel, visando a aumentar a áreade enraizamento, com ferramenta afiadae lâmina estreita, cortando a muda, semrachá-la, deixando-se pequeno tamanho dereserva. A base dos perfilhos pode seraproveitada, exigindo porém, coberturacom palhada para evitar o ressecamento enovo corte na base, tendo-se o cuidado denão inverter a posição de plantio.

PRÉ-ENRAIZAMENTO DEMUDAS

A técnica de pré-enraizamento demudas consiste em promover seuenraizamento em canteiros devidamen-

te preparados sob elevada densidade deplantio, de 5 a 10cm, por cerca de 45 a60 dias, para então realizar o transplantiopara o local definitivo.

Os canteiros para pré-enraizamentodevem possuir solo leve, com cerca de20cm de altura e largura em torno de 1m.É recomendável a adubação orgânica nabase de 5 a 10L.m-2 de esterco curtido ou1,5 a 3L.m-2 de cama de frango e aduba-ção química em torno de 100g.m-2 deNPK 4-30-16. Podem ser realizadas adu-bações foliares complementares. É inte-ressante o uso de cobertura morta compalhada sem semente, especialmente ne-cessária para a parte restante (base) dosperfilhos. A irrigação é indispensável,podendo ser efetuada por aspersão ou porgotejamento, e o controle de ervas dani-nhas também é fundamental. Quanto àépoca, o plantio pode ser efetuado o anotodo em regiões de clima ameno. O cul-tivo protegido em casas de vegetação outúneis é interessante quando o frio é in-tenso e há risco de geadas ou quando aschuvas são excessivas.

Quando as mudas estão bemenraizadas, entre 45 e 60 dias, procede-

Mandioquinha-salsa: alimento proteico, energético ou nutracêutico?

250 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

se ao arranquio com enxadão etransplantio à altura do coleto para o lo-cal definitivo, que deve ser previamenteirrigado. Após o transplantio, a irrigaçãodeve ser diária até o pegamento, sendocomum ocorrer murcha e perda de folhas.

O pré-enraizamento de mudas apre-senta as seguintes vantagens em relaçãoao plantio convencional:

• maximização do índice depegamento;

• redução de custos com tratosculturais, com maior controle da faseinicial da produção - 150 a 400 m2 deviveiro para 1 ha de plantio;

• eliminação da ocorrência deflorescimento precoce no campo;

• possibilidade de seleção apura-da de mudas;

• uniformização da colheita devi-do ao estresse causado à muda por oca-sião do transplantio;

• possibilidade de escalonamentoda produção.

PRÉ-BROTAÇÃO DE MUDAS

A pré-brotação de mudas é práticarecomendável quando não há a possibi-lidade de irrigação. Consiste da aberturade uma vala com cerca de 20cm de pro-fundidade, colocação das mudas em ca-madas com ± 5 a 10cm dentro de sacosde aniagem, cobertura com palhada, se-guida de terra. Deve-se manter a umida-de do solo. As mudas são, então,amostradas após cerca de 10 a 15 dias e,quando bem brotadas, efetua-se seudesenterrio e o plantio no local definiti-vo.

As mudas devem ser sadias e trata-das, dispostas em camadas não muitoaltas, o solo não deve estar muito mo-lhado e o desenterrio deve ser realizado

na época certa, ou seja, quando as mu-das estiverem iniciando a brotação e asraízes ainda inexistentes ou incipientes.O plantio deve ser feito em solo úmidoe sob clima ameno.

Em relação ao plantio convencionala pré-brotação de mudas tem por vanta-gens a uniformização da brotação e oaumento do índice de pegamento.

PERSPECTIVAS

• Cada vez maior atenção será des-tinada à produção de mudas de qualida-de.

• Definição de uma área própriapara a produção de mudas pelo produ-tor de mandioquinha-salsa, com mane-jo específico para esse fim.

• Especialização de produtores nafase de produção de mudas.

Na região sul do Paraná discute-semuito acerca do nome batata-sal-

sa ou mandioquinha-salsa. Em nossaopinião o nome batata-salsa serve pararaízes curtas e arredondadas parecendotubérculos, ao passo que mandioquinha-salsa se presta melhor para raízes longase cilíndricas. Produzir batata-salsa (re-donda e curta) é fácil, pois não são ne-cessários muitos cuidados técnicos, masestas lavouras nunca ultrapassam a pro-dutividade de 7.000 kg/ha. Por outro lado,para se chegar a uma alta produtividade,ou seja, produzir mandioquinha-salsa, énecessário atender alguns requisitos. Namaioria das vezes basta aplicar correta-mente o que já se sabe para que a produ-tividade aumente. Mas na medida em queisto acontece também são necessáriosmaiores cuidados, que chamaremos de

COSTA, G.P. Nutrição da cultura da mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 250-252, 2000. Palestra.

Nutrição da cultura da mandioquinha-salsaNutrition of the Peruvian carrot cropGilmar Pinto da CostaEmater-PR, C. Postal 191, 83880-000 Rio Negro-PR. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, adubação, nutrientes

Key-words: Arracacia xanthorrhiza, fertilizers, nutrients

“detalhes para alcançar alta produtivida-de”, que são os seguintes: preparo e qua-lidade das mudas; plantio correto; popu-lação de plantas; irrigação adequada; ro-tação de culturas e fertilidade equilibra-da do solo, sendo este último discutidocom mais detalhes a seguir.

ABSORÇÃO DE NUTRIENTESPELAS PLANTAS

No que se refere à absorção dos nu-trientes pelas plantas é importante ob-servar a umidade do solo, já que é estaque irá permitir a dissolução dos nutri-entes contidos nos adubos. Criando ummovimento ascendente a planta absor-ve a água pelas raízes e a perde pelasfolhas, através da evapotranspiração,absorvendo junto os nutrientes.

LEI DO MÍNIMO

A deficiência de um único elementopode ser limitante ao crescimento daplanta. A lei do mínimo, formulada peloquímico alemão Justus Von Liebig naprimeira metade do século passado, dizque este limite é imposto por aquele nu-triente cuja presença no solo ocorre emmenores proporções. Atualmente a leido mínimo já não tem o rigor de “lei”,mas ainda assim sua idéia básica nãodeve ser perdida de vista. Se um deter-minado fator, mesmo não se tratando denutrientes, exerce um poder limitantesério sobre o crescimento da planta, acorreção de um outro fator em deficiên-cia pode não produzir o efeito desejadoenquanto o primeiro não for corrigido.

N.R. Madeira.

251Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

CORREÇÃO DO SOLO

Como nossos solos são ácidos emsua origem, utiliza-se a incorporação decalcário para a correção deste inconve-niente. Mas a elevação do pH do solocausa um desequilíbrio em seus nutri-entes, disponibilizando alguns eindisponibilizando outros, existindoportanto um limite para este recurso. Éindispensável que as recomendações decalagem e adubação sejam feitas combase em análises de solo, obedecendoas seguintes etapas: amostragem corre-ta, ensaios de adubação, seleção de mé-todos de análise eficientes, bons labo-ratórios, relação adequada entre os teo-res encontrados nos solos e as respostasdas culturas aos nutrientes aplicados eestabelecimento de níveis de adubação.É evidente que a maioria dessas etapasdizem mais respeito aos que se dedicamao trabalho de pesquisa. Contudo, é im-portante que se tenha uma idéia geraldo conjunto de atividades relacionadasà análise de solo, e de como são feitasas recomendações de adubação a partirde seus resultados.

Todo processo de correção dependede como é realizada a amostragem, ra-zão porque é fundamental que esta sejafeita conforme os critérios recomenda-dos pelos laboratórios. Umaamostragem mal feita pode comprome-ter todo o trabalho subseqüente. Umaamostra representa um grande volumede solo e por isto é necessário que sejafeita com precisão. A amostragem é umaetapa crítica de todo o processo de aná-lise. Em geral, não pode ser repetida euma amostra mal coletada não revela,só pelo seu aspecto, se é ou não repre-sentativa da gleba amostrada. Um resul-tado de análise suspeito pode ser verifi-cado através da repetição da análise, masnão há possibilidade de corrigir erros deamostragem.

CALAGEM

O calcário deve ser incorporado aosolo da forma mais uniforme possível. Érecomendável que seja feita umagradagem, seguida de uma lavração euma nova gradagem, sempre com umaprofundidade mínima de 20cm. Tem-seobservado alguns erros, como incorpo-

rar com “pé-de-pato”, escarificador,gradão (“grade rome”), e até mesmo como arado de tração animal. Esta incorpo-ração é mal feita e vem ocasionando umasérie de problemas, principalmente asuper calagem na superfície, já que nãohá uma distribuição uniforme no perfil.Ao reduzir a profundidade de incorpora-ção de 20cm para 10cm usando a mesmaquantidade de calcário dobra-se a dosa-gem. Isto explica porque muitos solosapresentam, nos primeiros 10cm, defici-ência de alguns nutrientes e, ao mesmotempo, um pH muito alto. Uma ação pre-ventiva é não usar mais do que 5 ton/hade única vez por ano, parcelando acalagem principalmente na região sul doParaná, cujos solos possuem baixos teo-res de argila. O método de calagem maisusado na região é a saturação de basesentre 60 e 70%. A mandioquinha-salsa émuito exigente no equilíbrio Ca/Mg, quedeve ser mantido em 3 a 4 partes de cál-cio para uma de magnésio.

NUTRIENTES

É de grande importância que se co-nheçam as funções de alguns macro-nutrientes, como o nitrogênio, o fósfo-ro, o potássio, o cálcio, o magnésio e oenxofre. O nitrogênio (N) faz as plantascrescerem, e ocorre tanto nas formasorgânicas como nas inorgânicas; tam-bém faz parte de aminoácidos, enzimas,clorofila, ácidos nucleicos, sendo pre-dominante na formação das proteínas.O fósforo (P) é componente da ATP, dosácidos nucleicos e da fitina; está envol-vido nas reações de transferência deenergia, ativa o crescimento e tem altamobilidade na planta e baixa no solo. Opotássio (K) não faz parte do compostoorgânico das plantas, mas ativa a for-mação de enzimas importantes no me-tabolismo e no crescimento da planta;também está relacionado com ahidratação da planta e com o transportede carboidratos, e com a resistência aoacamamento, a doenças e a falta de água(reduz a perda d’água nos períodos se-cos). O cálcio (Ca) atua na formação efuncionamento da membrana celular, eno transporte de carboidratos das folhaspara as raízes, auxiliando noenraizamento; é importante para apermeabilidade da membrana das célu-

las e participa da lamela média na pare-de celular e faz parte da calmodulina. Omagnésio (Mg) é um dos componentesda clorofila, a partir da qual ocorre afotossíntese, atuando em reações detransferência de energia; também auxi-lia a absorção do fósforo. O enxofre (S)faz parte de alguns aminoácidos e suasproteínas, estando presente em vitami-nas e coenzimas; colabora na formaçãodo sistema radicular e quando ligado aocálcio favorece a migração deste aosubsolo, atraindo as raízes.

Como os micronutrientes ocorremnos solos em menores quantidades, ademanda de adubação que apresentamé mais importante para o desenvolvi-mento da planta que os macronutrientes,já que um pequeno desequilíbrio delescausa um grande prejuízo para a planta.O zinco (Zn), por exemplo, atua no pro-cesso da fotossíntese como catalisadorpara reguladores de crescimento daplanta; participa na formação do AIA -Ácido Indol Acético e atua em uma sé-rie de enzimas; também está relaciona-do à síntese do triptofano. O boro (B) éimportante para a divisão e atividadesdas células fixando o cálcio em suas pa-redes; contribui na reprodução das plan-tas e atua no transporte de açúcares eproteínas das folhas para os tecidos dereserva, na fecundação das flores e naformação das sementes, e também faci-lita a absorção de Ca, Mg, K e P. O co-bre (Cu) é um ativador enzimático, par-ticipa na fase reprodutiva e na respira-ção da planta, além de conceder-lhe re-sistência ao ataque de pragas e doenças.O manganês (Mn) tem importância nafotossíntese, participa da formação daclorofila, faz parte das enzimas envol-vidas na respiração e na síntese de pro-teínas, atuando no crescimento da plan-ta; também melhora o desenvolvimen-to das raízes e o aproveitamento de Ca,Mg e P. O molibdênio (Mo) entra nacomposição de duas enzimas que parti-cipam na assimilação e na fixação donitrogênio, melhorando o desenvolvi-mento das raízes e ajudando na absor-ção do Ca. O Ferro (Fe) faz parte dacomposição de várias enzimas e proteí-nas, uma das quais atua na assimilaçãodo nitrogênio e outra na fixação do ni-trogênio; também participa na formaçãoda clorofila.

Nutrição da cultura da mandiqouinha-salsa.

252 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

ADUBAÇÃO

Só muito recentemente amandioquinha-salsa passou a ter impor-tância como cultura de exploração eco-nômica, por isso são escassas as infor-mações básicas sobre a demandanutricional da planta.

Adubação de canteiro A tecnologiapreconizada pela Embrapa Hortaliçaspara o cultivo da mandioquinha-salsa,básica em nosso trabalho, recomenda autilização de mudas pré-enraizadas.Nesta concepção tecnológica a qualida-de das plantas começa nos canteiros.Para que tenhamos mudas de boa quali-dade são necessários muitos cuidados.Um deles é a adubação, devendo-se evi-tar excesso de nitrogênio para que nãoocorra o estiolamento das mudas. Usa-se geralmente 50 gramas/m2 da fórmu-la 02-30-10.

Adubação em lavoura A formamais econômica de realizar a adubaçãode plantio é aquela que é baseada na aná-lise de solo. Deve-se fugir das recomen-dações tipo “receitas de bolo”. Comoainda não foi feita nenhuma pesquisasobre adubação para o Estado do Paraná,apresentamos como sugestão o trabalhodesenvolvido pela Embrapa/CNPH (Ta-bela 1). Este método baseia-se nos ní-veis de nutrientes encontrados atravésda análise do solo.

Adubação nitrogenada de cober-tura O método utilizado para mudaspré-enraizadas obedece a seguinte se-

qüência: 1a cobertura aos 30 dias apóstransplante, com aplicação de 25 kg/hade N; 2a cobertura aos 60 dias após trans-plante, com aplicação de 25 kg/ha de N.Um cuidado especial deve ser tomadocom relação à adubação nitrogenada,pois a resposta apresentada pela culturapode ser indesejável. O excesso de adu-bação nitrogenada privilegia o desenvol-vimento da parte aérea causando preju-ízo na formação das raízes. Este cuida-do deve ser redobrado em solos com altoteor de matéria orgânica. Na maioria doscasos evita-se o seu uso na base da plan-ta na época do plantio. Como ainda nãofoi feito um estudo mais profundo so-bre os efeitos deste elemento, muitasvezes encontram-se alguns sinais de de-ficiência causada pelo temor de se usarN em excesso. Ainda pode ser usada aadubação orgânica na dosagem de 3 a12 ton/ha, conforme o teor de matériaorgânica do solo.

Pela sua importância para a cultura,dois micronutrientes essenciais merecemdestaque: o boro e o zinco. A deficiênciade zinco é causada pelo manejo inade-quado do solo, ou seja, principalmentepela calagem mal feita. Já o boro é im-portante na formação das raízes de re-serva. Como sugestão a recomendaçãoda tabela pode ser usada a cada dois anos.

Como distribuir o adubo na lavouraCom a utilização de mudas pré-enraizadas existe a vantagem de colo-car no solo plantas com raízes que vãoutilizar de imediato o adubo disponível.Quando se usam mudas não enraizadas

Níveis denutriente do solo

Dose (kg/ha no plantio)N P2O5 K2O

a Bórax Sulfato de zincoQualquer nível 60 300Baixo - 400 (0-15ppm) - 30 (0-0,6ppm) 10 (0-7,5ppm)Médio - 200 (15-20ppm) - 20 (0,6-0,9ppm) 5 (7,5-15ppm)Alto - 75 (20-50ppm) - 10 (0,9-1,5ppm) 5Muito alto - 50 (> 50ppm) - 10 (>1,5ppm) 5

Tabela 1. Recomendação de adubação para a mandioquinha-salsa no espaçamento de 80x40cm em solos do Distrito Federal (latossolovermelho escuro distrófico) no sistema de camalhões (1a aproximação). Fonte: Embrapa/CNPH, 1999.

(sem pré-enraizamento ou plantio dire-to) o adubo fica aproximadamente 30dias no solo sem ser utilizado pela plan-ta, o que ocasiona uma perda do adubo.Para que se obtenha a máxima eficiên-cia é necessário colocá-lo o mais próxi-mo possível das raízes, sem que entreem contato direto com elas. Para isto re-comenda-se que o adubo seja distribuí-do em uma das laterais da verga abertapara a formação do camalhão, de modoque quando a terra é removida o adubofica misturado, próximo mas sem con-tato com as raízes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como exposto anteriormente, aindaexistem muitas dúvidas sobre a nutri-ção da mandioquinha-salsa. Entretanto,aplicando-se adequadamente os conhe-cimentos existentes sobre manejo desolo certamente pode-se melhorar emmuito a produtividade atual. Na verda-de, são necessários pequenos detalhesjá pesquisados, mas ainda não assimila-dos como regra básica para o modo mo-derno de cultivo. Como apontado noinício, a nutrição é um dos detalhesnecessários para o aperfeiçoamento daprodutividade, mas é a sua combinaçãocom os demais fatores que vai fazer a di-ferença. Acreditamos no futuro desta cul-tura para a agricultura familiar, mas só vaipermanecer na atividade quem conseguirvolume de produção e maior número deraízes comerciais por planta para que acultura seja economicamente viável.

G.P. Costa.

253Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

SILVA, H.R.; MAROUELLI, W.A.; SILVA, W.L.C.; SANTOS, F.F. Irrigação - exigências da cultura da mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília,v. 18, n. 3, p. 253-257, novembro 2000. Palestra.

Irrigação - exigências da cultura da mandioquinha-salsaIrrigation - demands of the Peruvian carrot cropHenoque Ribeiro da Silva; Waldir Aparecido Marouelli; Washington L. C. Silva; Fausto Francisco dosSantosEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, água, métodos, manejo

Key-words: Arracacia xanthorrhiza, water, methods, systems

Ocorrência de deficiência de águadurante o desenvolvimento

vegetativo inicial e crescimento deraízes de reserva da mandioquinha-sal-sa constitui-se em fator limitante para aobtenção de produtividades elevadas eraízes comerciais de boa qualidade.Contudo, tanto quanto a falta, o exces-so também pode ser prejudicial uma vezque a cultura não tolera encharcamentodo solo.

Para o manejo adequado da água deirrigação é indispensável o conhecimen-to de parâmetros relacionados à planta,ao solo e ao clima, para determinar o mo-mento oportuno de irrigar e a quantidadede água a ser aplicada. Nesse sentido, aEmbrapa Hortaliças vem conduzindopesquisas para a determinação deparâmetros de irrigação damandioquinha-salsa para compor o sis-tema de produção desta hortaliça (Silvaet al., 1997; Luengo et al., 1997; Silva etal., 2000).

O objetivo desta palestra é levar a téc-nicos de extensão e produtores demandioquinha-salsa informações sobreos diversos aspectos da irrigação da cul-tura que influenciam o aumento de pro-dutividade e qualidade e que resultam emracionalização do uso de insumos, prin-cipalmente, água e energia.

MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO

A escolha do sistema de irrigaçãodeve ser baseada na viabilidade técnicae econômica do projeto, através da aná-lise detalhada e cuidadosa de fatores fí-sicos, agronômicos e econômicos, den-tre outros. Existem diferentes sistemasde irrigação, cada qual apresentandocaracterísticas próprias, com custos va-

riáveis, vantagens e desvantagens. De-pendendo da forma com que a água éaplicada às plantas, os sistemas podemser agrupados em superficiais,subsuperficiais, aspersão emicroirrigação.

Irrigação Superficial A irrigaçãosuperficial compreende os sistemas porsulcos, corrugação, faixas e inundação,nos quais a condução e a distribuiçãoda água é feita diretamente sobre a su-perfície do solo. Os sistemas superfici-ais estão entre aqueles que requeremmenores investimentos iniciais e uso deenergia. Eles se adaptam à maioria dossolos, com exceção daqueles com altataxa de infiltração, ou seja, solos areno-sos, mas requerem terrenos planos ousistematizados. Por não molharem a par-te aérea das plantas, os sistemas super-ficiais pouco interferem na aplicação deagrotóxicos.

Dentre os sistemas superficiais, opor sulcos é aquele com maior potenci-al pra irrigação da mandioquinha-salsa.A desvantagem desse sistema é o riscode encharcamento do solo junto àsraízes, o que pode favorecer uma sériede doenças de solo, principalmente emsolos arenosos.

Irrigação por Aspersão Aspersãoé o método em que a água é aplicada naforma de chuva, incluindo os sistemasconvencionais portátil, semiportátil epermanente, autopropelido, pivô central,dentre outros. A aspersão convencionaltêm sido o sistema mais utilizado parairrigação da mandioquinha-salsa.

Em relação aos sistemas superfici-ais, a aspersão requer menor uso de mão-de-obra e possibilita melhor distribui-ção de água sobre o solo. Pode ser usa-da para qualquer tipo de solo e em ter-

renos declivosos. Como desvantagem,apresenta maior uso de energia, sofre in-terferência do vento e, sob climas secose quentes, tem a eficiência reduzida pelaalta evaporação. Ainda, a água aplicadasobre a planta pode lavar agrotóxicosaplicados à folhagem e favorecer maiorincidência de doenças na parte aérea. Poroutro lado, a aspersão exerce um certocontrole sobre a proliferação de ácarospor derrubá-los ao solo provocando asua morte.

Microirrigação A microirrigaçãocompreende sistemas comogotejamento, xiquexique emicroaspersão, nos quais a água é apli-cada próximo à planta, em baixo volu-me e alta freqüência. Na microirrigação,a água também pode ser aplicada abai-xo da superfície do solo, junto às raízesda planta, através de tubos comgotejadores, tubos porosos ou cápsulasporosas enterradas.

Os sistemas de microirrigação sãocaracterizados pelo uso reduzido deenergia e mão-de-obra e eficiente usode água e fertilizantes. Estes sistemaspouco interferem nas práticas culturais,possibilitam o uso de água com certograu de salinidade, podem ser usados emsolos de diferentes texturas,declividades e salinos, bem como per-mitem automação total da irrigação. Asprincipais limitações são o alto investi-mento inicial, problemas de entupimen-to de gotejadores e requerimento de sis-temas de filtragem.

No caso de gotejamento subterrâneo,as principais vantagens são a menor in-terferência nos tratos culturais, reduçãonas perdas de água por evaporação eredução potencial na incidência de do-enças. Todavia, há maiores riscos de

254 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

entupimento devido à sucção de detri-tos na despressurização da rede e entra-da de raízes de plantas. Para minimizarestes problemas devem-se usar vento-sas, gotejadores com dispositivos anti-sucção e aplicar herbicidas apropriadosno sistema.

A Embrapa Hortaliças vem condu-zindo pesquisas com microirrigação, es-pecialmente fertirrigação viagotejamento e microaspersão, emmandioquinha-salsa (Silva et al. 2000).Os resultados são promissores em ter-mos de ganho de produtividade, quali-dade de raízes e redução de gasto commão-de-obra e energia para irrigação emgotejamento superficial e subterrâneo.Verificou-se também que as raízes po-dem ser colhidas de 2 a 3 meses antesque no sistema convencional de culti-vo, o que pode favorecer a colocaçãodo produto no mercado em momentosmenos competitivos e de melhor preço.Ainda com relação ao gotejamento, épreciso estar atento para a proliferaçãode pragas, principalmente ácaros, umavez que neste sistema as folhas não sãolavadas pela água de irrigação.

NECESSIDADE DE ÁGUA DAMANDIOQUINHA-SALSA

Para a determinação da necessidadehídrica da cultura, é necessário que se co-nheça alguns conceitos importantes doprocesso de perda de água pelas plantas.As plantas obtêm praticamente toda a águade que necessitam através do sistemaradicular. Ao processo de “perda” conjuntade água do solo e da planta para a atmos-fera dá-se o nome de evapotranspiração.Assim, a água evapotranspirada pela cul-tura deve ser totalmente reposta ao solosob pena de comprometer o desenvolvi-mento das plantas e o crescimento deraízes de reserva.

A evapotranspiração pode ser obti-da através de vários métodos diretos eindiretos. Aqui, somente será mencio-nado o método do tanque classe A emrazão do seu custo relativamente baixoe simplicidade de uso.

Método do tanque Classe A Naevaporação de uma superfície de águalivremente exposta como num tanqueclasse A, integram-se os efeitos dos di-ferentes fatores climáticos que influen-

ciam o processo de evapotranspiraçãodas culturas. Utilizando-se coeficientesobtidos empiricamente, pode-se estimara evapotranspiração do cultivo de refe-rência (ETo), mm/dia, a partir da eva-poração do tanque do tanque classe A,mm/dia, pela seguinte expressão:ETo=Eca*Kp. Valores de Kp dependemda velocidade do vento, umidade relati-va, tipo (solo circundado por grama ousolo nu) e tamanho da bordadura(Doorenbos & Pruitt, 1977), e podemser obtidos em Marouelli et al. (1996).

Por ser um método simples, de cus-to relativamente baixo, que possibilitaresultados satisfatórios e permite umaestimativa diária da evapotranspiração,o tanque classe A tem sido um dos mé-todos mais empregados em todo o mun-do para o obtenção da ETo. Um dos cui-dados que se deve ter quando da utili-zação de tanques de evaporação é evi-tar que animais bebam água no tanque,o que pode ocasionar erros significati-vos na estimativa da evaporação.

De posse da ETo, pode-se calcular aevapotranspiração da mandioquinha-sal-sa em mm/dia, a partir da seguinte expres-são: ET

m-salsa= ETo*Kc, onde Kc é o coe-

ficiente da cultura. Valores de Kc adapta-dos para diferentes estádios de desenvol-vimento da mandioquinha-salsa são: faseinicial (10 a 42 dias) = 0,55; fase vegetativa(43 a 180 dias) = 0,75; fase de crescimen-to de raízes (181 a 270 dias) = 1,00; fasede maturação (271 a 315 dias) = 0,75.

MANEJO DA IRRIGAÇÃO

A irrigação deve ser realizada quan-do a deficiência de água no solo for ca-paz de causar decréscimo acentuado nasatividades fisiológicas da planta e, con-seqüentemente, afetar o desenvolvimen-to e a produtividade. Na prática, este cri-tério é simplificado de acordo com cadacaso particular, podendo ser baseado emcritérios relacionados à planta, ao solo, acondições práticas limitantes ou, conjun-tamente, em mais de um critério.

O manejo de irrigação consiste numasérie de procedimentos para determinaro momento oportuno de se realizar asirrigações (quando?) e a quantidadesadequada de água a ser aplicada (quan-to?). Os objetivos do manejo sãomaximizar a produção por unidade de

área cultivada, maximizar a produçãopor unidade de água aplicada e conse-qüentemente maximizar lucros.

Para determinar o momento adequa-do da irrigação, os seguintes indicadorespodem ser usados para avaliar o “status”da água no solo: tato, aparência, análisegravimétrica, tensiômetros, blocos de re-sistência elétrica, entre outros.

A disponibilidade total de água no solopara as plantas depende basicamente dacapacidade de retenção do solo e da pro-fundidade do sistema radicular das plan-tas. O crescimento e a produtividade dasespécies vegetais, no entanto, respondemdiferentemente aos níveis de umidade dosolo compreendido entre a capacidade decampo e o ponto de murchamento. Dessamaneira, as irrigações devem ser realiza-das quando a umidade do solo estiver re-duzida a um nível crítico a partir do qualcomeça a prejudicar o desenvolvimentodas plantas. A umidade adequada do solopara promover a irrigação é obtida expe-rimentalmente, sendo função da espéciecultivada, clima, tipo de solo e até mesmoda cultivar.

Para o manejo da irrigação deve-seconhecer a profundidade efetiva do sis-tema radicular da mandioquinha-salsaa qual concentra-se nos primeiros 40 cm.

MÉTODOS DE MANEJO

Os métodos mais comumente em-pregados para o manejo da irrigação sãoos baseados no turno de rega calculado,no balanço de água no solo e na tensãode água no solo. O método do turno derega calculado, apesar de poucocriterioso, é um dos mais utilizados. Osmétodos do balanço e da tensão de águano solo são mais precisos, porém maistrabalhosos.

Método do balanço de água do soloO método do balanço de água no soloconsiste na realização de um controlesistemático da precipitaçãopluviométrica, evapotranspiração, lâmi-na de irrigação e perdas por percolaçãoprofunda e escoamento superficial. Pelométodo de balanço de água é possívelcontrolar a irrigação a partir de um tur-no de rega fixo ou predeterminado. Aadoção de um turno de rega fixo é ex-tremamente conveniente para fins decontrole da irrigação, uma vez que faci-

H.R. Silva, et al.

255Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

lita consideravelmente a programaçãodas irrigações, de pulverizações e ou-tros tratos culturais.

Método da tensão de água no soloNeste método a irrigação é efetuada atodo momento que a tensão atingir umvalor máximo que não prejudique o de-senvolvimento das plantas. Assim, énecessário o monitoramento contínuo datensão no campo, que pode ser feito comauxílio de tensiômetros.

Para a mandioquinha-salsa, a tensãocrítica de água no solo para se promo-ver a irrigação na fase inicial (31 a 180dias) é de 25-40 kPa e para a fase poste-rior, a partir de 180 dias até próximo acolheita, é de 40-70 kPa.

Para uma unidade de irrigação de-vem-se instalar os medidores de tensãoem pelo menos três pontos representa-tivos da área, com o controle da irriga-ção realizado pela média das leituras.Quanto à profundidade de instalação,sugere-se que sejam instalados em duasprofundidades: 1/3 e 2/3 da profundi-dade efetiva do sistema radicular dasplantas, com o controle das irrigaçõesbaseado na média das duas leituras.Quando os sensores são em número li-mitado, a profundidade de instalaçãopode ser igual a ½ da profundidade efe-tiva, que varia em função do estádio dedesenvolvimento. Quando a irrigação éfeita em sulcos, os sensores devem serinstalados a ¼ de distância do final dossulcos. Como o transplante é, geralmen-te, realizado em camalhões, omonitoramento da umidade deve ser fei-to às profundidades do solo entre 10 e15 cm e 20 e 30 cm, durante os primei-ros 42 dias após o transplante e após osprimeiros 42 dias até próximo à colhei-ta, respectivamente.

Método do turno de rega simplifi-cado A seguir é apresentada umametodologia prática, baseada no méto-do do turno de rega pré-calculado, para

manejo da irrigação da mandioquinha-salsa. Valores de evapotranspiração dacultura e turno de rega são obtidos nasTabelas 1 e 2, respectivamente a partirde dados históricos climáticos (tempe-ratura e umidade relativa média) para aregião de interesse, e observações locaissobre o tipo de solo e desenvolvimentoda cultura.

Para melhor entendimento do méto-do, é apresentado simultaneamente umexemplo de caso. Vamos supor que aumidade relativa média e a temperaturamédia do ar no mês mais seco em umadeterminada região sejam 50 % e 25 ºC,respectivamente, o tipo de solo III (tex-tura fina) e a profundidade de raízes de30 cm (aos 90 dias). Desejamos deter-minar o turno de rega e a quantidade deágua a aplicar em cada irrigação em cadaestádio de desenvolvimento damandioquinha-salsa.

De posse das informações climáticasacima, obtemos a ETc da Tabela 1 com aqual entramos na Tabela 2 e determina-mos o turno de rega. Arredondar os va-lores obtidos na Tabela 2 sempre para bai-xo. Por exemplo, entrando na tabela com4,1 mm/dia encontramos um turno derega de 8 dias para 4 mm/dia e 7 diaspara 5 mm/dia, escolher o valor de 7 dias.

Conhecidos a ETc e o turno de rega,podemos determinar a quantidade deágua a ser aplicada em cada irrigação,multiplicando-se a ETc pelo turno derega. Ainda, se conhecermos a precipi-tação do nosso aspersor, podemos deter-minar o tempo de irrigação (minutos).Vamos assumir que o produtor do nossoexemplo usa aspersores “do tipoAgropolo” com bocais 5,0 x 4,9 mm, queno espaçamento de 12 x 12 m e pressãode serviço de 25 m.c.a., tem uma intensi-dade de aplicação de 16,0 mm/hora.Como o sistema apresenta perdas, temosque assumir também, uma eficiência deirrigação média que, nesse caso, é de 70

% para a aspersão. Assim, basta dividir alâmina de água total necessária a ser apli-cada por 16 mm/hora e multiplicar por60 para se conhecer o tempo de irrigaçãoem minutos. A tabela abaixo resume osparâmetros para o manejo da irrigação edo sistema de irrigação durante todo ociclo de desenvolvimento da cultura.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados dos expe-rimentos conduzidos na Embrapa Hor-taliças e a metodologia de irrigaçãoapresentada, pode-se concluir o seguin-te a respeito da irrigação damandioquinha-salsa:

• A irrigação da mandioquinha-salsa proporcionou aumentos de produ-tividade de até 80% em relação à médianacional (9 t/ha).

• A irrigação da mandioquinha-salsa, para a produção de mudas, pro-porciona a obtenção de maior númerode filhotes com características desejá-veis para o pré-enraizamento.

• Foi observado em tratamentosem que o solo era mantido com teoresde umidade mais elevados, uma menorocorrência e infestação de nematóidesem comparação com os mais secos.

• Durante os primeiros trinta diasa cultura (pegamento de mudas) as irri-gações devem ser realizadas a cada 2dias.

• Observou-se também que após opegamento de mudas pré-enraizadas,turnos de rega mais espaçados (4 a 5dias), favorecem o estabelecimento dosistema radicular.

• O manejo da irrigação na cultu-ra da mandioquinha-salsa, para obten-ção de maiores produtividades, deve serrealizado sempre que o potencialmatricial da água no solo acusar entre25-40 kPa na fase inicial que vai de 31

Inicial VegetativoCrescimento de

raízes Maturação

ETc (mm/dia) 4,1 5,6 7,5 5,6Turno de rega (dias) 7 6 4 6Lâmina real necessária (mm) 28,7 33,6 30,0 33,6Lâmina total necessária (mm) 41,0 48,0 42,8 48,0Tempo de irrigação (minutos) 154 180 160 180

Irrigação - exigências da cultura da mandioquinha-salsa.

256 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Etc(mm/dia)

Profundidade efetiva de raízes (cm)10 30 50

Tipo de solo*I II III I II III I II III

1 4 7 12 202 2 3 6 6 10 17 10 163 1 2 4 4 7 11 7 11 184 1 2 3 3 5 8 5 8 145 1 1 2 2 4 7 4 7 116 1 1 2 2 3 6 3 5 97 1 1 2 2 3 5 3 5 88 1 1 1 2 2 4 3 4 79 1 2 4 2 4 6

10 1 2 3 2 3 6

Tabela 2. Turno de rega (dias) para mandioquinha-salsa em função da ETc (Tabela 1), profundidade efetiva de raízes e tipo de solo.

Tipo de solo I (textura grossa)Tipo de solo II (textura média e solos argilosos de cerrado)Tipo de solo III (textura fina)

H.R. Silva, et al.

Tabela 1. Evapotranspiração da cultura da mandioquinha-salsa (mm/dia).

UR (%) Temp. (oC) Inicial VegetativoCrescimento

raízesMaturação

30

10 2,8 3,9 5,1 3,915 3,7 5,0 6,7 5,020 4,7 6,4 8,5 6,425 5,8 7,9 10,5 7,930 7,0 9,5 12,7 9,5

40

10 2,4 3,3 4,4 3,315 3,2 4,3 5,8 4,320 4,0 5,5 7,3 5,525 5,0 6,8 9,0 6,830 6,0 8,2 10,9 8,2

50

10 2,0 2,8 3,7 2,815 2,6 3,6 4,8 3,620 3,3 4,6 6,1 4,625 4,1 5,6 7,5 5,630 5,0 6,8 9,1 6,8

60

10 1,6 2,2 2,9 2,215 2,1 2,9 3,8 2,920 2,7 3,6 4,9 3,625 3,3 4,5 6,0 4,530 4,0 5,4 7,3 5,4

70

10 1,2 1,7 2,2 1,715 1,6 2,2 2,9 2,220 2,0 2,7 3,6 2,725 2,5 3,4 4,5 3,430 3,0 4,1 5,4 4,1

80

10 0,8 1,1 1,5 1,115 1,1 1,4 1,9 1,420 1,3 1,8 2,4 1,825 1,7 2,3 3,0 2,330 2,0 2,7 3,6 2,7

Fonte: Computado a partir da equação de Ivanov (Jensen, 1973).

257Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

a 180 dias e 40-70 kPa na fase de cres-cimento de raízes que ocorre a partir de181 dias até a colheita.

• A profundidade efetiva máximado sistema radicular (ou seja, a profun-didade onde se concentram 80 % dasraízes efetivas) da mandioquinha-salsaconcentra-se nos primeiros 40 cm.Como, em geral, o transplante é reali-zado em camalhões, o monitoramentoda umidade deve ser feito às profundi-dades de solo entre 10 e 15 cm do trans-plante até 42 dias e entre 20 e 30 cm,após os primeiros 42 dias até a colheita.

• O método do turno de rega sim-plificado através do uso das Tabelas 1 e2, constitui-se em excelente ferramenta

para extensionistas e agricultores nomanejo da irrigação considerando queos parâmetros temperatura média do ar,umidade relativa média do ar, tipo desolo (textura) e profundidade efetiva dosistema radicular (medido localmente)podem ser facilmente obtidos.

LITERATURA CITADA

DOORENBOS, J. & PRUITT, W.O. Guidelinesfor predicting crop water requirements .Roma: FAO, 1977. 144p. (Irrigation andDrainage Paper, 24).

JENSEN, M.E., Consumptive use of water andirrigation water requirements. New York:American Society of Civil Engineers, 1973.215p.

LUENGO, R.F.A., SILVA, H.R. & SANTOS, F.F.Níveis de irrigação e turno de rega na conser-vação pós-colheita de mandioquinha-salsa. In:CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 37, 1997, Manaus. Resu-mo... Manaus: SOB, 1997. rs. 143.

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SILVA, H.R., SANTOS, F.F. Determinação deparâmetros de irrigação para a produção demandioquinha-salsa. In: 40º CONGRESSOBRASILEIRO DE OLERICULTURA, 37,1997, Manaus. Resumo ... Manaus: SOB,1997. rs. 273.

SILVA, W.L.C.; MAROUELLI, W.A.; SILVA,H.R. Avaliação da fertirrigação comgotejamento na cultura de mandioquinha-sal-sa. In: 40º CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, V.18, p.611-612, SãoPedro.Resumo...São Pedro, SP, SOB, 2000.

O fato da mandioquinha-salsa seruma espécie exótica e ter sido

introduzida no Brasil em fins do séculoXIX, ter ciclo longo (maior que 8 me-ses), ser propagada vegetativamente, sercultivada em pequenas propriedades,possuir variabilidade genética limitada(embora haja registro de heterozigose) ese desenvolver melhor em temperaturasentre 15-18ºC é determinante para seavaliar objetivamente sua interação comas diversas espécies de artrópodes a elaassociadas. A literatura é pródiga em de-monstrar que há significativa interaçãogenótipo-ambiente nos locais onde amandioquinha-salsa é cultivada e nesteaspecto podemos enfatizar que o aumentode luminosidade, teores de fósforo maisaltos e maior disponibilidade de águaconcorrem para a redução do ciclo da cul-tura e maior produtividade.

FRANÇA, F.H. A sustentabilidade de produção da cultura da mandioquinha-salsa numa pespectiva entomológica. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n.3, p. 257-258, novembro 2000. Palestra.

A sustentabilidade de produção da cultura da mandioquinha-salsa numapespectiva entomológicaProduction sustentability of the Peruvian carrot from an entomologicalperspectiveFélix H. FrançaEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, pragas, controle

Key-words: Arracacia xanthorrhiza, pests, control

Estes fatores, além das práticas cul-turais próprias do sistema de produção,são determinantes para o estabelecimen-to ou não, das lagartas, brocas, pulgões,cochonilhas e ácaros. Estes, em geral,são relativamente pouco associados àcultura pelos agricultores devido prin-cipalmente ao sistema de produção atu-al, que enfatiza a rotação de culturas epolicultivos em pequenas áreas. Con-tudo, há forte tendência de mudança nasatuais condições de produção, que po-derão potencializar os problemas cau-sados por insetos e ácaros. Por exem-plo, os novos aportes tecnológicos comocultivares mais precoces e mais produ-tivas; monocultivos em grandes áreas;a intensificação do uso de fertilizantese das práticas de irrigação visandoincrementar a produtividade.

PRINCIPAIS ESPÉCIES DEARTRÓPODES E TÁTICAS DE

CONTROLE DISPONÍVEISAOS AGRICULTORES

Considerando a origem, os sistemasde produção atual e futuro e o fato deque os artrópodes associados à culturada mandioquinha-salsa conhecidos atéesta data são polífagos, se faz necessá-ria uma análise das táticas de controledisponíveis na tentativa de vislumbraras melhores alternativas possíveis paraserem utilizadas agora e em relação aofuturo do manejo de pragas desta cultu-ra no Brasil.

Melhoramento genético visando aresistência Existem dois problemas queprecisam ser superados para que se pos-

Irrigação - exigências da cultura da mandioquinha-salsa.

258 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

sa utilizar desta tática de modo eficiente.O primeiro deles é obter respostas às se-guintes perguntas: sob o ponto de vistade melhoramento genético, o desenvolvi-mento de resistência à insetos ou ácaros éprioritário? Há suficiente variabilidade ge-nética a ser explorada em mandioquinha-salsa visando incorporar resistência gené-tica a artrópodes nas cultivares mais pro-dutivas, mais precoces e que possuem me-lhor qualidade de mercado? A resistênciagenética dos genótipos selecionados serápermanente, considerando o longo ciclo dacultura, que potencialmente facilita a adap-tação de insetos e ácaros, que ocorrem emgeral em múltiplas gerações/ano e sobre-tudo, por serem polífagos? O segundo, ésuperar o entendimento comum entre osmelhoristas de plantas de que a ocorrênciade brocas, ácaros e pulgões emmandioquinha-salsa é errática e dependentede fatores climáticos, que não justificari-am o início de um programa de melhora-mento genético com tal fim.

Estudos sobre a bioecologia Não sãoconhecidas informações importantes so-bre a mandioquinha-salsa. São essenci-ais: um inventário entomológico nas re-giões onde a cultura é importanteeconômicamente; conhecer-se os aspec-tos fundamentais da dinâmicapopulacional das espécies de interesse,de modo a permitir responder questõesfundamentais como: Quando e comoamostrar que espécies de artrópodes?Qual o número de amostras e quantosindivíduos devem ser capturados paraque se defina o uso de determinada táti-ca de controle? Quais os fatores abióticosmais importantes e de que modo afetamde maneira decisiva a biologia das espé-cies de interesse? Quais os danos causa-dos pelas principais pragas e quais sãoas suas consequências biológicas e eco-nômicas à produção? Sem respostas aestas perguntas é quase impossível o es-tabelecimento de qualquer estratégia

racional de manejo integrado de pragas.Ênfase no controle cultural A per-

cepção de que insetos e ácaros são fatoresrelativamente pouco importantes à cultu-ra da mandioquinha-salsa provavelmenteé devido às características particulares dosistema de produção da cultura, que é so-lidamente edificado no binômio utiliza-ção de mudas sadias e rotação de cultu-ras. Ainda que possam ser antecipadaspara um futuro relativamente próximo mu-danças significativas no sistema de pro-dução, principalmente através da incorpo-ração de áreas extensivas de cultivo, aênfase em práticas de controle culturaldeve ser mantida, incluindo-se aquelas darotação de culturas e utilização da águade irrigação de modo a manter-se baixasas populações de insetos e ácaros, alémdo uso judicioso de fertilizantes.

O uso de inseticidas e acaricidasÉ importante avaliar a incorporação deinseticidas e acaricidas ao sistema deprodução de mandioquinha-salsa con-siderando-se as seguintes indagações:inseticidas e acaricidas são realmentenecessários? Existem alternativas decontrole que podem ser utilizadas efici-entemente? Existem produtosregistrados para a cultura considerandoa importância dos artrópodes de interes-se? Quais seriam os inseticidas eacaricidas preferencialmente recomen-dados: os específicos ou de amplo es-pectro?

Considerando-se o sistema integra-do de produção de milho, fumo emandioquinha-salsa, que é objeto deinteresse regional no Paraná e SantaCatarina vemos que, em agosto de 2000,é o seguinte o número de produtosregistrados no Ministério da Agricultu-ra e Abastecimento (Tabela 1).

Sob o ponto de vista da indústria dedesenvolvimento de inseticidas eacaricidas, sabemos que a importânciaeconômica da cultura da mandioquinha-

salsa é desconhecida. Em princípio, fal-tam informações quanto a área cultiva-da, problemas importantes, potencial demercado para seus produtos, de modo quea taxa de retorno para o seu investimentopossa ser estimada. A indústria tem inte-resse no registro de produtos para váriasculturas e não o faz, principalmente porconta das exigências da atual legislaçãoe pelo alto custo desta formalidade buro-crática e legal junto aos ministérios daAgricultura, Meio Ambiente e Saúde.

Assim, considerando-se que as ten-tativas do setor junto àqueles ministéri-os já foram formalizadas e que atualmen-te existe uma proposta de solução para aquestão de registro de produtos para cul-turas de menor valor econômico, e queestá à espera de parecer jurídico da CasaCivil da Presidência da República, espe-ra-se para breve uma solução para o atu-al impasse, por exemplo, via extensão deuso de produtos já registrados para ou-tras culturas da mesma família botânica.

Resolvido este impasse, restará queos interessados tomem assento à mesapara discussão de proposições de açõessegundo o campo de competência de cadaum. Por exemplo, os representantes daextensão rural e produtores devem auxi-liar pesquisadores e a indústria deagrotóxicos a definirem as espécies pra-gas mais importantes economicamente.,e a pesquisa assumir sua responsabilida-de e realizar os testes de eficiência agro-nômica necessários para que a indústriapossa patrocinar as iniciativas de regis-tro dos produtos mais adequados juntoaos Ministérios competentes.

LITERATURA CITADA

AGROTIS. Praguicidas registrados para as culturasdo milho, fumo e mandioquinha salsa. 2000.

BUSTAMANTE, P. G.; CASALI, V. W. D.;SEDIYAMA, M. A. N. Origem e botânica damandioquinha-salsa. Informe Agropecuário,v.19, n.190, p.16-18, 1997.

CASALI, V. W. D.; SEDIYAMA, M. A. N. Ori-gem e botânica da mandioquinha-salsa. Infor-me Agropecuário, v.19, n.190, p.13-16, 1997.

FORNAZIER, M. J.; SANTOS, F.F. Pragas damandioquinha-salsa. In: SANTOS, F.F.;SIMÕES DO CARMO, C.A. Mandioquinha-salsa: manejo cultural. Brasília: Embrapa,1998. p.44-49.

SANTOS, F. F. dos. A cultura da mandioquinha-salsa no Brasil. Informe Agropecuário, v.19,n.190, p.5-7, 1997.

VILLAS BÔAS, G.L.; SANTOS, F.F.; FRANÇA,F.H.; CASTELO BRANCO, M. Pragas damandioquinha-salsa. Informe Agropecuário,v.19, n.190, p.47-49, 1997.

CulturasNúmero de ingredientes ativos (i.a.) e

produtos comerciais (p.c.) Nº deartrópodes

(i.a.) (p.c.)Milho 49 100 28Fumo 34 65 16Mandioquinha-salsa 0 0 6

Tabela 1. Número de inseticidas e acaricidas registrados no Ministério da Agricultura eAbastecimento, relativo ao número de artrópodes presentes nas culturas do milho, fumo emandioquinha-salsa

Fonte: Agrotis (2000).

F.H. França.

259Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

HENZ, G.P. Doenças comuns da mandioquinha-salsa e do fumo. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 3, p. 259-260, novembro 2000. Palestra.

Doenças comuns da mandioquinha-salsa e do fumoCommom diseases of the Peruvian carrot and tobacco cropsGilmar P. HenzEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, fitopatologia, controle

Key-words: Arracacia xanthorrhiza, plant diseases, control

DOENÇAS E PRAGASREGISTRADAS EM

MANDIOQUINHA-SALSA

Devido ao seu ciclo relativamentelongo, dificilmente um cultivo com

mandioquinha-salsa chegará ao ponto decolheita sem apresentar problemas comalgum tipo de doença ou praga. De ummodo geral, a mandioquinha-salsa éconsiderada uma cultura rústica, comboa tolerância a doenças e pragas, sen-do que somente em alguns casos há re-latos de perdas severas.

A cultura da mandioquinha-salsatem aumentado de importância em al-gumas regiões brasileiras, com incre-mento da área plantada e do consumo.Mesmo assim o número de trabalhos depesquisa publicados sobre doenças epragas nos últimos anos é relativamen-te pequeno, mesmo nos países andinosonde também é cultivada. De acordocom a literatura consultada, os seguin-tes patógenos (fungos, bactérias, víruse nematóides, foram relatados para a cul-tura até o presente, sendo sublinhadosaqueles registrados no Brasil:

Fungos (20): Septoria sp. ,Cercospora sp., Sclerotium rolfsii,Sclerotinia sclerotiorum, Leveillulataurica (oídio), Erysiphe polygony(oídio), Albugo ipomea-panduranae(ferrugem branca), Alternaria sp. (alter-naria), Colletotrichum sp. (antracnose),Rosellinea sp., Tilletia sp. (carvão),Puccinia repentina (ferrugem),Macrophomina phaseolina,Lasiodiplodia theobromae; podridõespós-colheita (Rhizopus, Mucor, Phoma,Geotrichum, Aspergillus e Fusarium).

Bactérias (5): Xanthomonascampestris pv. arracaciae,Pseudomonas cichorii, Erwiniachrysanthemi , Erwinia carotovora

subsp. carotovora, E.c. subsp.atroseptica

Nematóides (4): Meloidogyneincognita, M. javanica, M. hapla,Pratylenchus penetrans

Vírus (4): “arracacha virus A”,“arracacha virus B”, “arracachacarlavirus latente”, “arracacha potyvirusY”

Muitos destes foram relatados deforma “oficiosa”, sem um registro for-mal da ocorrência ou menção a testesde patogenicidade e cumprimento dospostulados de Koch, devendo portantoser considerada como apenas uma lista.Nenhum vírus foi ainda oficialmente re-gistrado no Brasil.

PROBLEMASFITOSSANITÁRIOSCOMUNS ENTRE AS

CULTURAS DAMANDIOQUINHA-SALSA E

FUMO

Felizmente, os patógenos e pragascomuns as duas culturas são poucos,uma vez que pertencem a famílias botâ-nicas diferentes (fumo é da FamíliaSolanaceae e a mandioquinha-salsa daFamília Apiceae ou Umbelífera), alémde possuírem partes comercializáveisdistintas (folhas e raízes). Por ser maisimportante economicamente e mais es-tudada, existe maior registro de pragase patógenos para a cultura do fumo. Deum modo geral, os patógenos e pragasque causam problemas nestas duas cul-turas não possuem muita especificidadepor planta hospedeira (polífagos), e po-dem ser agrupados de acordo com a faseda cultura em que ocorrem com maiorfrequência: (1) fase de plântula ou muda,típicos de solo; (2) durante a fase

vegetativa; (3) em pós-colheita. Nestascategorias estão enquadrados patógenosmuito importantes, como os fungosSclerotium rolfsii, Sclerotiniasclerotiorum, podridões pós-colheita(Erwinia, Rhizopus e Fusarium); as bac-térias Erwinia chrysanthemi, Erwiniacarotovora subsp. carotovora, E.c.subsp. atroseptica; os nematóidesMeloidogyne incognita, M. javanica, M.hapla e Pratylenchus penetrans . Nocaso das pequenas propriedades doParaná e Santa Catarina que têm na cul-tura do fumo sua atividade principal, aintrodução ou aumento do cultivo damandioquinha-salsa deve considerar al-guns riscos com estes patógenos. Nestecaso, a rotação ou sucessão de culturasdeve levar em conta o histórico de inci-dência de doenças, muito importantepara estes patógenos polífagos. De umamaneira geral, este grupo de fungos,bactérias e nematóides possuem umagrande capacidade de sobrevivência ecompetição com outrosmicroorganismos, e assim aumentam ra-pidamente sua população em níveis crí-ticos, o que ocasiona surtos de doençacom graves prejuízos econômicos.

ESTRATÉGIAS DE MANEJOINTEGRADO

É difícil traçar estratégias de controlepara as doenças e pragas mais impor-tantes da mandioquinha-salsa pela faltade informações básicas. Até o presente,não existe nenhum produto químico re-gistrado oficialmente no Ministério daAgricultura para a cultura, o que limitamuito as medidas passíveis de seremadotadas. É provável que pelo menosalguns agroquímicos poderão ser indi-cados para a mandioquinha, inclusivepor extensão de uso. Nesta situação,

260 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

medidas tradicionais de controle, comouso de mudas com boa qualidade sani-tária, de preferência pré-enraizadas, aadoção de um sistema de rotação deculturas, eliminar plantas doentes ousuas partes, evitar irrigação e adubaçãoexcessivas, evitar cultivo em épocascom clima desfavorável, devem ser le-vadas em consideração para reduzir aocorrência de problemas fitossanitários.

A mandioquinha-salsa possui ummercado cativo e crescente, e uma repu-tação junto ao público consumidor de serum produto saudável, quase orgânico,que deve ser preservada e melhor explo-rada. Além disto, é importante a manu-tenção da visão positiva de produtores etécnicos, que a consideram uma culturarústica e tolerante a pragas e doençaslimitantes em outras hortaliças. Além docultivo orgânico, outras alternativas de-vem incluir novas cultivares para ampli-

ar as opções para produtores e consumi-dores e a caracterização da tolerância e/ou resistência para aqueles patógenos epragas mais relevantes.

LITERATURA CITADA

CHARCHAR, J.M.; SANTOS, F.F. Nematóidesem mandioquinha-salsa e seus controles. In-forme Agropecuário, v.19, n.190, p.51-53,1997.

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HENZ, G.P.; LOPES, C.A.; SANTOS, F.F.Postharvest diseases of Peruvian carrot(Arracacia xanthorrhiza Bancroft). In:Symposium of the International Society forTropical Root Crops, 10., 1994, Salvador-BA.Abstracts... Salvador: ISTRC, 1994. p.65.

HUANG, S.P.; CARES, J.E. Doenças causadaspor nematóides em umbelíferas. InformeAgropecuário, v.17, n.183, p.73-79, 1995.

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STRADIOTTO, M.F. Doenças das umbelíferas.Informe Agropecuário, v.17, n.183, p.64-67,1995.

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VILLAS BOAS, G.L.; SANTOS, F.F.; FRANÇA,F.H.; CASTELO BRANCO, M. Pragas damandioquinha-salsa. Informe Agropecuário,v.19, n.190, p.47-49, 1997.

G.P. Henz.

261Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

IDENTIFICAÇÃO DO SISTEMA PRODUÇÃO MANDIOQUINHA-SALSA, FUMOE MILHO, NO MUNICÍPIO DE RIO NEGRO-PR. COSTA, G.P. (Emater-PR,Unidade Local de Rio Negro, Caixa Postal 191, 83880-000 Rio Negro-PR. E-mail: [email protected]). Identification of the production systemsof Peruvian carrot, tobaco and corn in Rio Negro, Paraná state, Brazil.

Utilizando o instrumental do projeto determinação da eficiência técnica-econômica da propriedade rural (EMATER-Paraná, 1991) o presente trabalhoobjetivou levantar a situação das três culturas. A pesquisa foi realizada nasafra 96/97. O critério de seleção dos entrevistados foi a semelhança detecnologia utilizada e tamanho das explorações. O instrumento de coleta dedados foi o questionário “lavouras temporárias diagnóstico/análise”. Foramutilizados como indicadores tecnológicos adubação de base e cobertura,produtividade, horas-homem, horas-animais e horas-máquina, e comoindicadores financeiros custo variável e margem bruta. Os níveis de adubaçãoe produtividade obtidos nas culturas de fumo e milho estão acima da médiaenquanto a cultura da mandioquinha-salsa apresenta valores médios. A culturado milho obteve margem bruta total/ha inferior a do fumo e mandioquinha-salsa. O custo variável/ha de milho é o mais baixo em relação às demais cultura.Na margem bruta por real aplicado, o fumo apresentou resultado superior(retorno de R$ 6,65). No item remuneração da mão-de-obra a cultura damandioquinha-salsa é a que remunera melhor, enquanto que o milho apresentao menor índice. A cultura do fumo, na medida em que se reduz a mão-de-obra,é a que apresenta maior volume de entrada de recursos na unidade de produção.A tecnologia preconizada pela Embrapa Hortaliças aumenta a produtividadeda mandioquinha-salsa tornando a cultura muito promissora.

AVALIAÇÃO DA PRECOCIDADE DE COLHEITA DE MANDIOQUINHA-SALSAEM LAVRAS-MG. MADEIRA, N.R., MALUF, L.E., RESENDE, T.V. (UniversidadeFederal de Lavras - UFLA, Depto. de Agricultura, C. Postal 37, 37200-000Lavras-MG. E-mail: [email protected]). Evaluation of harvest precocity ofPeruvian carrot in Lavras-MG, Brazil.

Alguns entraves à expansão da cultura da mandioquinha-salsa persistem;dentre eles, o longo ciclo de cultivo. Este trabalho objetivou avaliar a precocidadedo clone tradicional ‘Amarelo Comum’ e da cv. ‘Amarela de Senador Amaral’. Oexperimento foi conduzido na UFLA, Lavras-MG, de 07/1999 a 07/2000, nodelineamento em blocos casualizados, em parcelas subdivididas (épocas decolheita; 180, 210, 240, 270 e 300 dias após o transplantio - dat), com 3 blocos.Fez-se o plantio em canteiros de pré-enraizamento, transplantando-se as mudasaos 60 dias, no espaçamento de 80 x 30cm. Avaliou-se o porte das plantas e aprodução (peso e número) de raízes por classe. O porte das plantas atingiu omáximo aos 210 dias após o transplantio. O porte entre os dois clones diferiu;o ‘Amarelo Comum’ superou 82cm de largura, enquanto a cv. ‘Amarela deSenador Amaral’ apresentou largura máxima de 75cm. O menor porte dessacultivar permite o adensamento, elevando a produtividade e o fechamento dalavoura. Observou-se elevação da produção até a última época de colheitarealizada, aos 300 dat, não se atingindo o ponto de máxima produção. Contudo,o incremento produtivo já apresentou decréscimo em relação às épocasanteriores pela senescência das plantas e exaustão das reservas. O clone‘Amarelo Comum’ mostrou-se mais precoce, porém menos produtivo. Aviabilidade de realizar colheitas precoces, ainda que com menoresprodutividades, permite maior flexibilidade no fornecimento. Ainda, apossibilidade de aproveitar elevadas cotações ou a expectativa de quedasacentuadas de preços pela entrada de grandes volumes do produto pode levarà decisão de colher precocemente visando a maximizar o rendimento da cultura.

ARMAZENAMENT O DE MUDAS DE MANDIOQUINHA-SALSA SOBESTRESSE HÍDRICO E TÉRMICO. MADEIRA, N.R.; BENITES, F.R.G.; FARIA,M.V. (UNIVERSIDADE Federal de Lavras - UFLA, Depto. de Agricultura, C.Postal 37, 37200-000 Lavras-MG. E-mail: [email protected]). Storage ofPeruvian carrot plantlets under hydric and termic stresses.

A prática tem mostrado que o armazenamento de mudas vemacarretando grandes perdas, seja pela deterioração no galpão ou nocampo, seja pelo florescimento precoce. Este trabalho teve por objetivoestudar o comportamento de mudas submetidas a estresse, situaçãocomum em unidades de produção comercial. O experimento foi conduzidona UFLA, Lavras-MG, entre 11/1998 e 04/1999, no delineamentointeiramente casualizado, com 4 repetições. Utilizaram-se plantas comquinze meses do clone ‘Amarelo Comum’. As mudas foram submetidas aarmazenamento por 0, 30, 60 e 90 dias em câmara fria (6 ±± 2oC, 70 ±± 5 %UR) ou galpão arejado (ambiente). Após o armazenamento, fez-se o plantioem canteiros de pré-enraizamento. As mudas foram avaliadas 45 diasapós o plantio quanto ao comprimento e peso de raízes e altura e peso daparte aérea. Estimaram-se, ainda, os índices de apodrecimento, depegamento e de pendoamento precoce. O tempo de armazenamentoesteve diretamente relacionado ao índice de apodrecimento einversamente ao índice de pegamento de mudas, em função doressecamento e da ação de patógenos. Contudo, as mudas remanescentesapresentaram desenvolvimento satisfatório, indicando que aquelas queconseguiram superar o período de exposição ao estresse, apresentaram-se aptas ao plantio. Porém, os índices de pendoamento precoce aumentamcom a elevação do tempo de exposição ao estresse hídrico em galpão. Ouso do pré-enraizamento, porém, permite o descarte das mudaspendoadas. Dentre os tratamentos submetidos à câmara fria, não severificou pendoamento, sugerindo que o estresse hídrico assume papelpreponderante no florescimento, em relação ao frio. Conclui-se que oplantio deve ser o mais breve possível, entretanto é possível oarmazenamento em galpão por cerca de 60 a 90 dias, visando a escalonara produção.

FORMAS DE APRESENT AÇÃO DA MANDIOQUINHA-SALSA NO VAREJOEM SÃO PAULO-SP E BRASÍLIA-DF. HENZ, G.P.; VILELA, N.J. & SANTOS,F.F. (Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF, E-mail:[email protected]). Sort of packages of Peruvian carrot in the retailmarkets of São Paulo-SP and Brasília-DF.

A mandioquinha-salsa tradicionalmente é vendida a granel, mas atualmenteobserva-se uma maior variedade nas formas de apresentação e preços doproduto ao consumidor. Com o objetivo de avaliar as formas de apresentaçãoda mandioquinha-salsa e seus respectivos preços de venda no varejo, visitou-se no decorrer de 1999 diferentes supermercados, sacolões, quitandas e fei-ras-livres nas cidades de Brasília-DF e São Paulo-SP. As duas formas devenda mais comuns são raízes soltas, a granel, onde o consumidor selecionao produto (validade de 3-4 dias), e embaladas em bandejas de isopor recobertascom filme plástico de PVC, mantida ou não sob refrigeração (validade de 3-7dias). Na forma de produto minimamente processado, foram encontradas trêsformas de apresentação: (1) raízes descascadas, em bandejas de isopor em-baladas em filmes de PVC, mantida sob balcão frigorífico (validade de 4 dias);(2) cortada em fatias e embalada a vácuo em plástico de cinco camadas, mantidasob refrigeração (validade de 5 dias); (3) raízes descascadas e cortadas empedaços pré-cozidos, prontos para servir (validade de 90 dias). O produto or-gânico é vendido a granel ou embalado em bandejas de isopor recobertas comfilme de PVC. Outra maneira de apresentação da mandioquinha-salsa ao con-sumidor é vendê-la a granel, mantendo-se as raízes dentro de água até o mo-mento da venda, sendo o produto mantido constantemente sob refrigeração ousomente à noite. De acordo com a forma de apresentação do produto, o preçovariou de R$1,80 (granel) à R$9,75 (produto orgânico embalado em filme PVC).

VII ENCONTRO NACIONAL DA MANDIOQUINHA-SALSA E I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃODO FUMO, MILHO E MANDIOQUINHA-SALSA

Rio Negro-PR, 23 a 25 de agosto de 2000.

RESUMOS

001

002

003

004

262 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

ESCALA DIAGRAMÁTICA PARA AVALIAÇÃO DE INJÚRIA MECÂNICA EMRAÍZES DE MANDIOQUINHA-SALSA. SOUZA, R.M. 1 & HENZ, G.P. 2

(1Mestrando da FAV-UnB, E-mail: [email protected], Brasília-DF;2Embrapa Hortaliças, Brasília-DF). A diagramatic scale for mechanicalinjury evaluation of Peruvian carrot roots.

A ocorrência de injúrias mecânicas em raízes de mandioquinha-salsaé um dos principais problemas na fase de pós-colheita, afetando suaaparência e qualidade. O objetivo deste trabalho foi a elaboração de umaescala para avaliação e quantificação de injúrias mecânicas nas raízesdesta hortaliça. A escala foi feita a partir de raízes coletadas ao acaso emcaixas tipo “K”, com diferentes níveis de lesões. A área lesionada foideterminada envolvendo-se as raízes em plástico transparente,reproduzindo-se as lesões com caneta para retroprojetor, e posteriorleitura em um medidor de área foliar Li-cor Inc., modelo 3100. A áreasuperficial total da raiz também foi determinada pelo mesmo método,porém usando-se plástico preto para envolver toda sua superfície eposterior mensuração. Com os dados das áreas superficial total elesionada de várias raízes, estabeleceu-se uma escala com cinco notas:0 (sem lesão); 1 (1%); 2 (5%); 3 (15%); 4 (40%). Para facilitar o uso daescala, considerou-se que cada raiz tinha duas faces e atribuiu-se umanota média. Para validação do método foram avaliadas cinco cargasprovenientes da CEAGESP, considerando-se três posições diferentes dasraízes na caixa: camada superior (“boca”), meio e fundo, coletando-se 30raízes/camada. Em todas as cargas analisadas as raízes mais injuriadasforam as do fundo da caixa, com área lesionada variando entre 15 e 25%(nota média= 3,0), seguidas das raízes da camada superior (“boca”) comárea lesionada de 5 a 10% (nota média= 2,3); as raízes do meioapresentaram menos injúria, com 1 a 5% (nota média= 1,3), de lesões emsua superfície total.

AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS PARA O CULTIVO DA MANDIOQUINHA-SALSA EM PIÊN. MOLETA1, A.; SANTOS2, F.F. dos (1Emater-PR, Piên-PR; 2EmbrapaHortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF, E-mail: [email protected]).

A cultura da mandioquinha-salsa no município de Piên-PR é consideradaa segunda principal atividade da pequena propriedade rural. Devido aimportância sócio-econômica dessa hortaliça no município, a Emater-PR iniciouum trabalho para divulgação de novas tecnologias para de manejo, em parceriacom a Embrapa Hortaliças. Foram avaliadas duas cultivares, a tradicional(‘Amarela Comum’) e a ‘Amarela de Senador Amaral’, lançada pela EmbrapaHortaliças, empregando-se o processo de enraizamento prévio das mudas. Aadubação de plantio foi efetuada conforme recomendação da 1a AproximaçãoEmbrapa Hortaliças. A colheita ocorreu 10 meses após o transplantio, tendocomo avaliadores alguns produtores locais. Foram amostradas um total de 830plantas de cada cultivar. A cultivar ‘Amarela Comum’ apresentou umaprodutividade 36% maior que a média do município, o que pode ser explicadopelo uso de adubação e irrigação. Quando comparou-se a média local com acultivar ‘Amarela de Senador Amaral’, esta superou em 2,3 vezes a ‘AmarelaComum’. Dentro do sistema avaliado, comparando-se as duas cultivares,‘Amarela de Senador Amaral’ produziu o equivalente a 20,99 t/ha, superandoem 1,7 vezes a ‘Amarela Comum’. A avaliação da qualidade das raízes foirealizada por um comprador local, atribuindo-se à ‘Amarela Comum’ umaprodutividade de apenas 57% de raízes de valor comercial (7,06 t/ha), enquantoque a ‘Amarela de Senador Amaral’ permitiu uma seleção de 94% de raízes devalor comercial (19,73 t/ha).

005 006

263Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Alves, E.U. ..................................... 215Amarante, C.V.T. ........................... 212Araújo, E. ....................................... 215Azevedo, L.A.S ................................ 65Balaban, M.O ................................... 20Barbosa, J.M .................................. 100Becker, L........................................ 100Bergamaschi, H. ............................. 188Bezerra Neto, F. ........................61 183Boiteux, L.S. .................................... 16Braz, L.T. ........................................ 175Bueno, C.R. ........................................ 9Bruno, R.L.A. ................................. 215Buso, J.A. ....................................... 192Calvete, E.O. .................................. 188Câmara, F.L.A. ................................... 5Cardoso, A.A. .................................. 72Cardoso, J.L. .................................. 232Cardoso, M.G. ................................ 100Casali, V.W.D. ................................ 195Cattony, M.K. ................................... 41Cecílio Filho,A.B. .......................... 175Conti, J.H. ...................................... 159Cortez, L.A.B. ................... 46 104 232Costa, C.C. ..................................... 215Costa, J.S. ......................................... 49Costa, N.D. ................................57 126Cruz, C.D. ...................................... 195Daniels, J. ....................................... 145Daudt, R.H.S. ................................. 188Della Vecchia, P.T. ............................. 3Dias, R.C.S. ...................................... 57Dusi, A.N. ...................................... 192Fajardo, T.V. ................................... 192Fávero, C. ......................................... 24Fernandes, H.S. .............................. 164Ferreira, A.T. .................................... 41Finger, F.L. ....................................... 24Flori, J.E. ........................................ 122Fontes, P.C.R. ................................... 72Fontes, R.L.F. ................................... 72França, F.H. ...................................... 37Freitas, F.S. ....................................... 65Furtini Neto, A.E. .......................... 100Gimenez, C..................................... 204Gomes Júnior, J. ............................. 179Gomes, J.M. ..................................... 24Gonçalves, E.P. .............................. 215

Índice dos autores do volume 18, 2.000(O número da página em negrito indica o primeiro autor)

Gonçalves, P.A.S. .......................... 141Gusmão, M.R. ................................ 130Junqueira, A.H. ................................ 95Junqueira, A.M.R. ....................... 37 49Kakihara, S.T. .................................... 5Kämpf, A.N. ................................... 188Koch, P.S. ........................................... 3Lameira, O.A. ................................ 100Lana, M.M. .................................... 154Leal, P.A. .......................................... 46Lédo, F.J.S. ..............................138 225Leite, G.L.D. .................................. 130Leonel, L.A.K. ............................... 222Lima, D.B. ...................................... 119Lopes, A.G.S. ................................. 109Lopes, C.A. .................................... 119Lopes, J.C. ................................. 65 134Luengo, R.F.A. ................................. 95Macedo, A.F. .................................. 212Macedo, M.M.C. .............................. 88Maia, M.C.C. ................................... 61Marchetti, M.E. .............................. 214Marouelli, W.A. ........................ 16 238Martins Filho, S. ............................ 134Maruyama, W.I. ............................. 175Mauch, C.R. ................................... 164Mello, S.C. ..................................... 200Melo, Z.L.O. ...................................... 9Menezes Júnior, F.O.G. ................. 164Menezes, J.B. ................................. 179Neves Filho, L.C. ........................... 232Moreira, M.A. .................................. 72Moretti, C.L. .................................... 20Moura, M.F. ................................... 130Nakagawa, J. .................................. 114Nascimento, A.S. ............................. 41Negreiros, M.Z. ......................... 61 183Neves Filho, L.C. ...................... 46 104Oliveira, A.P. .................................. 207Oliveira, A.T. ................................... 37Oliveira, C.A.S. ............................... 16Oliveira, P.S.R. ................................. 31Otto, R.F. ............................ 53 171 HBPaiva, W.O. .................................... 109Palladini, L.A. ................................ 141Pedrosa, J.F. .............................. 61 183Pereira, H.S. ................................... 200Picanço, M. .................................... 130

Pinto, J.E.B.P. ................................. 100Praça, E.F. ...................................... 179Puiatti, M. ......................................... 24Puschmann, R. ................................. 20Queiróz, M.A. ................................ 195Ramalho, S.S. ................................. 134Ramos, S.R.R. ................................ 195Reghin, M.Y. ..................... 53 171 229Resende, F.V. .................................... 31Resende, G.M. .............. 57 68 122 126Resende, R.O. ................................ 192Ribeiro L.G. ..............................65 134Ritschel, P.S. .................................. 119Rocha, A. ........................................ 171Rodrigues, C. ................................... 65Romano, E. ....................................... 41Rossetto, C.A.V. ............................. 114Sabry Neto, H. ............................... 109Santiago, E.J.A. .............................. 100Santos, C.D. ................................... 100Santos, J.R.M. .................................. 16Sargent, S.A. .................................... 20Silva, G.G. ...................................... 179Silva, H.R. ...................................... 238Silva, J.A.L. ................................... 215Silva, J.B. ....................................... 164Silva, J.B.C. ..................................... 53Silva, M.R. ..............................138 225Silva, W.L.C. .................................. 238Silva, V.F. ....................................... 183Sousa, J.A. ...............................138 225Souza, R.J. ........................................ 31Tavares, F.C.A. ............................... 159Teruel, M.B.J. ............................46 104Torres Filho, J. ................................. 61Torres, A.C. ...............................41 192Venâcio, W.S. ................................. 221Viegas, E.C. .................................... 114Vieira, C.P.G. ................................. 179Vieira, J.V. ...................................... 119Vieira, M.C. .................................... 214Vilela, N.J. .................................88 238Vilhena, S.M.C. .................................. 5Vitti, G.C. ....................................... 200Zagonel, J. ...................................... 229Zarate, N.A.H. ................................ 222

264 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Abóbora (Cucurbita moschata)Variáveis canônicas, análise de agrupamento, análisemultivariada, características de planta, caracteristicade fruto,característica de semente ................................................. 195Flowering, auxin, fruit growth ........................................ 212

Alface (Lactuca sativa)Cultivo hidropônico ............................................................49

Armazenamento, refrigeração, eficiência ....................... 104Melhoramento, estômatos, clorofila, peso, seco, peso fresco,grupos varietais, pendoamento tardio. ............................ 159Meios de cultivo, vermicomposto, viabilidade técnica e eco-nômica .............................................................................. 164

Rendimento, resistência ao florescimento prematuro .... 225Pendoamento, sementes, regulador de crescimento ....... 171

Temperatura do solo, temperatura do ar, radiação, “não teci-do”, proteção de plantas, área foliar, biomassa vegetal .. 204Sombreamento, produtividade ........................................ 183

Refrigeração, cadeia do frio, perdas pós-colheita ........... 232Alho (Allium sativum L.)

Multiplicação “in vitro”,adubação nitrogenada .................31Regeneração, tratamento térmico .................................... 192Batata (Solanum tuberosum)

Regeneração, plantas transgênicas .....................................41Micronutriente, pulverização foliar, adubação ..................72

Genótipos, adaptação ....................................................... 122Potato virus Y, PVY ......................................................... 145Batata-doce (Ipomoea batatas)

Raiz tuberosa, produtividade ..............................................68Beterraba (beta vulgaris)Temperatura do solo, temperatura do ar, radiação, “não teci-do”, proteção de plantas, área foliar, biomassa vegetal .. 204Cebola (Allium cepa)

Adaptação, produtividade, classificação de bulbos ...........57Pós-colheita, qualidade .......................................................61

Plantas daninhas, controle químico ................................. 229Tripes, controle químico, bicos, volumes ....................... 141Cenoura (Daucus carota)

Alternaria dauci, Cercospora carotae, Xanthomonascampestris pv. carotae, resistência a doeças ....................119

Alteração metabólicas, processamento, respiração, etileno,atmosfera modificada ...................................................... 154Controle químico ............................................................. 154

Couve-chinesa (Brassica pekinensis)Temperatura do solo, temperatura do ar, radiação, “não teci-do”, proteção de plantas, área foliar, biomassa vegetal .. 204Ervilha (Pisum sativum)

Erysiphe pisi, manejo da irrigação, doença, controle ........16Espinafre (Spinacia)Temperatura do solo, temperatura do ar, radiação, “não teci-do”, proteção de plantas, área foliar, biomassa vegetal .. 204

ÍNDICE ANALÍTICO DOS ARTIGOS PUPLICADOS NO VOLUME 18, 2.000

Feijão-macuco (Pachyrrhizus tuberosus)Tutoramento, poda de inflorescência, tuberização, clorofila .....9Feijão-vagem (Phaseolus vulgaris l.)adubação Orgânica, sementes ...........................................215Gervão-roxo (Stachytarpheta cayennesis)

Produção de sementes, qualidade fisiológica ..................114HortaliçasLactuca sativa, Lycopersicon esculentum cultivo hidropônico 49

Agronegócio, segmentação de mercados, tendências .......88Comercialização, distribuição, agregação de valor ...........95Laranja (Citrus sinensis L. Osbeck)

Ácido ascórbico, acidez titulável, pH, sólidos solúveis ....46Inhame (Colocasia esculenta)

Cultivos múltiplos ...............................................................24Melão (Cucumis melo L.)Variabilidade, melhoramento ...........................................109

Bemisia tabaci Raça B, controle fitossanitário ................179Poda, posição de fixação, sistema de condução, produção ....175

Mosca branca, controle químico ......................................179Melancia (Citrullus lanatus)Hibridos, cultivar, produção, sólidos solúveis, custo ......222

Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft)Polipropileno, reguladores de crescimento ........................53Milho doce (Zea mays)

Cultivo múltiplos ................................................................24Morango (Fraria X ananassa Duch)

Análise de crescimento, biomassa, sacarose ....................188Pimentão (Capsicum annuum L)Esterco de curral, adubo orgânico, vermicomposto ........134

Adubação organica, csca de pinus, esteco de galinha,pimentão ............................................................................200

Quebra-Pedra (Phyllanthus niruri L)Adubação, nutrição mineral .............................................100Repolho (Brassica oleracea)

Plutella xylostella, irrigação, manejo integrado de pragas 37Híbridos, compacidade, podridão bacteriana .................138Tomate (Lycopersicon esculentum)

Rin, nor, alc, transgênico, firmeza .......................................3Armazenamento, injúria mecânica, pós-colheita ...............20

Phytophthora infestans, controle químico, metalaxyl .......65Cultivo hidropônico ............................................................49Tomate rasteiro, rendimento, sólidos solúveis, desempenho .126

Cycloneda sanguinea, Eriopis connexa, pirimicarbe,vamidation .........................................................................130

Manejo de água, analise econômica ................................238

Yacon (Polymnia sonchifolia Poep. Endl.)

Carboidratos de reserva, diabetes, sistema de produção, pós-colheita ..................................................................................5

265Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Adalberto Café Filho ............... UnBAdonai G. Calbo ...................... Embrapa Hortaliças

Adriana Reatto Santos Braga .. Embrapa CerradosAlcides Antônio Doretto CintraUNESPAna Cristina P. P. de Carvalho . PESAGROAna Maria Junqueira ................ UnBAngela Maria C. Furlani .......... IACAntônio Carlos Gomes ............ Embrapa Cerrados

Antônio Evaldo Klar ................ UNESPAntônio Ismael I. Cardoso ....... UNESPArione da S. Pereira ................. Embrapa Clima TemperadoArthur Bernades Cecilio Filho UNESPAuri Brackmann ....................... UFSM

Bárbara Teruel .......................... UNICAMPBernard A. L. Nicolaud ........... UFRGSBráulio Santos .......................... UFPRCarlos Alberto Scotti ............... IAPARCarlos Roberto Bueno .............. INPACecília Czepak ......................... UFG

Celma Domingos de Azevedo . PESAGROCelso Moretti ........................... Embrapa HortaliçasCézar B. P. Pinto ...................... UFLAChukichi Kurozawa ................. UNESPClaudio José da Silva Freire .... Embrapa Clima Temperado

Cleber Furlanetto ..................... UnBClementino B. Faria ................. Embrapa Semi-ÁridoDerly J. H. da Silva .................. UFVDimas Menezes ........................ IPADjalma Rogério Guimarães ..... EPAGRIEliane Augustin........................ Embrapa Clima Temperado

Eliane Stacciarini Seraphin ..... UFGErnani Luiz Agnes ................... UFVEva Choer Moraes ................... Embrapa Clima TemperadoFernando A. R. Filgueira ......... Anápoli, GOFernando C. Mendonça............ UFU

Fernando Cézar Juliatti ............ UFUFernando L. Finger .................. UFVFrancisco C. Krzyzanowski ..... Embrapa SojaFrancisco Luiz Câmara ............ UNESPFrancisco Reifschneider .......... Embrapa HortaliçasFrancisco Vilela Resende ........ UNIMAR

Geraldo Baumgartner .............. UNESPGeraldo Milanez Resende........ Embrapa Semi-ÁridoGilberto Martins ....................... UELGuarany C. Gomes ................... Embrapa SedeHeloísa Filgueiras .................... Embrapa Agroind. Tropical

Herminia P. Martinez ............... UFVI. R. C. M. Pires ....................... IAC

Agradecimento aos revisores ad hoc que colaboraram com a revista no ano de 1999.

Iedo V. Carrijo .......................... Hot-AgroceresIrineo Zanella ........................... UFSM

Issac Cohen Antônio ................ Embrapa Amazônia OcidentalJairo A. C. de Araujo ............... UNESPJamil Abdalla Fayad ................ EPAGRIJerônimo L. Andriolo .............. UFSMJoão B. dos Santos ................... UFLAJoão Bosco C. Silva ................. Embrapa Hortaliças

João Carlos Athanazio ............. UELJoão Tessarioli Neto ................. ESALQJocely A. Maeda ...................... IACJonas A. Candeia ..................... IPAJosalba V. de Castro ................. IAC

Jose E. B. Pereira Pinto ........... UFLAJosé Egidio Flori ...................... Embrapa Semi ÁridoJosé Ernani Schwengber .......... UFPelJosé Fernando Durigan ............ UNESPJosé Francisco Rabelo Lara ..... EPAMIGJosé Luiz Zambon .................... UFPR

José Ricardo Peixoto ............... UFUJosé Roberto Moro ................... UNESPJosé Tadeu Jorge ...................... UNICAMPJosivan B. Menezes ................. ESAMJuarez Patrício Júnior .............. UFG

Júlio Daniels ............................ Embrapa Clima TemperadoJussara T. Paranhos .................. UFSMLaércio Zambolin..................... UFVLiliane Kobaiashi ..................... EMPAERLúcia Yuyama .......................... INPALuiz A. B. Cortez ..................... UNICAMP

Manoel Churata Masca ............ UFGManoel Vicente M. Filho ......... Embrapa HortalicasMarcelo Picanço ...................... UFVMárcio Antônio da Silveira ..... UNITINSMaria A.V. Teixeira ................. UNICAMP

Maria Alice Medeiros .............. Embrapa HortaliçasMaria de Fátima Arrigoni Blank .. UFSMaria Helena T. Mascarenhas . EPAMIGMaria Isabel Chitarra ............... UFLAMaria Urbana C. Nunes ........... Embrapa Tabuleiros CosteirosMaria Watanabe ....................... Embrapa Meio Ambiente

Marie Yamamoto Reghin......... UEPGMarilena Leão Alves Bovi ...... IACMarinice Oliveira Cardoso ...... Embrapa Amazônia OcidentalMário Puiatti ............................ UFV

Maurício Ventura ..................... UEL

Max José de Araújo Faria Jr. ... UNESP

Milza M. Lana .......................... Embrapa Hortaliças

NOME INSTITUIÇÃO NOME INSTITUIÇÃO

266 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

Nand K. Fageria ....................... Embrapa Arroz e Feijão

Natan Fontoura da Silva .......... UFG

Nei Peixoto ............................... Agencia Rural

Nirlene Junqueira ..................... Embrapa Hortaliças

Octavio Nakano ....................... ESALQ

Patrícia S. Ritschell .................. Embrapa Hortaliças

Paulo A. S. Gonçalves ............ EPAGRI

Paulo A. Rabenschlag de Brum. Embrapa Suínos e Aves

Paulo Cesar Tavares de Melo .. Embrapa Hortaliças

Paulo Cézar R. Fontes ............. UFV

Paulo Espíndola Trani .............. IAC

Quirino A. C. Carmelo ............ ESALQ

Rachel Benetti Queiroz Voltan IAC

Ricardo Alfredo Kluge ............ ESALQ

Ricardo Almeida Viegas .......... UFPB

Ricardo Antônio Ayub ............. UEPG

Roberval D. Vieira ................... UNESP

Rogério Faria Vieira ................ EPAMIG

Ronan Gualberto ...................... UNIMAR

Rosana Fernandes Otto ............ UEPG

Rovilson José de Souza ........... UFLA

Rui P. Leite Júnior .................... IAPAR

Rumy Goto ............................... UNESP

Sérgio A. Bortoli ...................... UNESP

Shizuo Seno ............................. UNESP

Simon Cheng............................ Embrapa Amazônia Oriental

Solange G.C. Brazaca .............. ESALQ

Vicente W. D. Casali ................ UFV

Waldemar P. Camargo Filho .... IEA

Walkyria Bueno Scivittaro ...... Embrapa Clima Temperado

Warley M. Nascimento ............ Embrapa Hortaliças

Zilmar S. Souza ....................... EPAGRI

NOME INSTITUIÇÃO NOME INSTITUIÇÃO

267Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

normasNORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Escopo do Periódico

O periódico, Horticultura Brasileira (HB), aceita artigostécnico-científicos, escritos em português, inglês ou espanhol.É composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2.Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural;5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste;7. Nova Cultivar; e 8. Comunicações.

1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual,a convite da Comissão Editorial;

2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral.Será publicada a critério da Comissão Editorial;

3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, re-ferente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramen-te demonstrada;

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural;

5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ounota científica contendo dados e/ou informações passíveis deutilização imediata pelo horticultor;

6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comuni-cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares;

7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registrode novas cultivares e germoplasmas, a disponibilidade dosmesmos, e apresentando dados comparativos envolvendo es-tes novos germoplasmas;

8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicaçãoentre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na formade breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce-der 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado emduas cópias devidamente assinadas, acompanhadas dedisquete e indicação de que o texto se destina à seção Comu-nicações. Por questões de espaço, nem todas as notas recebi-das poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadasapenas parcialmente.

O periódico HB é publicado a cada quatro meses, de acordocom a quantidade de trabalhos aceitos.

Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, aindanão relatados ou submetidos simultaneamente à publicação emoutro periódico ou veículo de divulgação. Está também implíci-to que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos erespeito à legislação vigente do copyright foram também obser-vados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normasnão serão considerados. Após aceitação do manuscrito para pu-blicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright paratodas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcialou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização porescrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira.

Para publicar na HB, é necessário que pelo menos um dosautores do trabalho seja membro da Sociedade de Olericulturado Brasil e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cadaartigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à pu-

GUIDELINES FOR THE PREPARATION ANDSUBMISSION OF MANUSCRIPTS

Subject Matter

Horticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishingtechnical and scientific articles written in Portuguese, Englishor Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article;2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and RuralExtension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers inTest; 7. New Cultivar; and 8. Communications.

1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouseinterest. Only invited articles are accepted in this section;

2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of generalinterest. It will be accepted for publication after beingsubmitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board;

3. RESEARCH: manuscript describing a complete andoriginal study in which the replication of the results has clearlybeen established;

4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION:manuscript dealing with applied economy and rural extension;

5. GROWER’S PAGE: communications or short noteswith information that could be quickly usable by farmers;

6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST:communications or scientific notes describing tests withpesticides, fertilizers and cultivars;

7. NEW CULTIVAR: this section contains recentreleases of new cultivars and germplasm and includesinformation on origin, description, avaliability, andcomparative data;

8. COMMUNICATIONS: these have the objective ofpromoting communication among readers and the EditorialBoard as short communications, suggestions and criticism,in a more informal way. They should be concise, notexceeding 300 words or 1,200 characters. These should besigned by author(s) and submitted in duplicate (originaland one copy), along with a diskette that contains a copyof the text.

The journal HB is issued every four months, dependingon the amount of material accepted for publication.

HB publishes original manuscripts that have not beensubmitted elsewhere. With the acceptance of a manuscriptfor publication, the publishers acquire full and exclusivecopyright for all languages and countries. Unless specialpermission has been granted by the publishers, nophotographic reproductions, microform and otherreproduction of a similar nature may be made of the journal,of individual contributions contained therein or of extractstherefrom.

Membership in the Sociedade de Olericultura do Brasilis required for publication. For the paper to be eligible forpublication at least one of the authors must be a Societymember and the manuscripts should be accompanied by the

268 Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

blicação de todos ao autores, e será avaliado pela ComissãoEditorial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, deacordo com a seção a que se destina.

Submissão dos trabalhos

Os originais deverão ser submetidos em três vias, em pro-grama Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fontearial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deveráser incluído. Todas as cópias de figuras e fotos deverão ser deboa qualidade.

Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, quenão deve incluir nomes científicos, a menos que não haja nomecomum no idioma em que foi redigido. Ao título deve seguiro nome, endereço postal e eletrônico completo dos autores(veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últi-mos volumes da Horticultura Brasileira).

A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Re-sumo em português ou espanhol, com palavras-chave ao final.As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetirtermos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, eminglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o títuloem inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus simi-lares em português ou espanhol; 3. Introdução; 4. Material e Mé-todos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Litera-tura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser utiliza-do para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão deapresentação nos artigos publicados nos últimos volumes daHorticultura Brasileira. Para maior detalhamento consultar a homepage da HB: www.hortbras.com.br

Referências à literatura no texto deverão ser feitas confor-me os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert,1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expres-são latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico,como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951).Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es),no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após adata de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b.

Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenasos trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética dosobrenome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou maisautores devem ser listados na ordem cronológica, depois detodos os trabalhos do primeiro autor. A ordem dos itens emcada referência deverá obedecer as normas vigentes da Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Exemplos:

a) Periódico:

VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticulture Science, v. 97, n. 3,p. 431-432, Mar.1972.

b) Livro:

ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

c) Capítulo de livro:

ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F.,ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465-536.

agreement for publication signed by the authors. Allmanuscripts will be evaluated by the Editorial Board,Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordancewith their respective sections.

Manuscript submission

Manuscripts should be submitted in triplicate (originaland two copies) typed double-spaced (everything must bedouble spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12,is required. Include a copy of the manuscript on computerdiskette at submission. The Editorial Board will only accept3.5 inch diskette which have the files copied on them usingthe program Word 6.0 or superior.

The title page should include: title of the paper (scientificnames should be avoided); name(s) of author(s) andaddress(es). Please refer to a recent issue of HB for format.

The structure of the manuscript should include: 1. Abstractand Keywords. Keywords should start with scientific namesand it should not repeat words that are already in the title; 2.Summary in Portuguese (a translation of the abstract will beprovided by the Journal for non-Portuguese-speaking authors)and Keywords (Palavras-chave). 3.Introduction; 4. Materialand Methods; 5. Results and Discussion;6.Acknowledgements; 7. Cited Literature and 8. Figures andTables. This structure will be used for the Research section.For other sections please refer to a recent issue of HB forformat.

Bibliographic references within the text should have thefollowing format: Esaú & Hoeffert (1970) or (Esaú & Hoeffert,1970). When there are more than two authors, use a reducedform, like the following: De Duve et al. (1951) or (De Duveet al., 1951). References to studies done by the same authorin the same year should be noted in the text and in the list ofthe Cited Literature by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a,1997b.

In the Cited Literature, references from the text should belisted in alphabetical order by last name, without numberingthem. Papers that have two or more authors should be listedin chronological order, following all the papers of the firstauthor, second author and so on. Please refer to a recent issueof HB for more details. The order of items in each bibliographyshould follow the examples (Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas – ABNT):

a) Journal:

VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3,p. 431-432, Mar. 1972.

b) Book:

ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

c) Chapter:

ULLSTRUP, A.J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J.,ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465-536.

269Hortic. bras., v. 18, n. 3, nov. 2000.

d) Tese:

SILVA, C. Herança da resistência à murcha dePhytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba:ESALQ, 1992. 72 p. Tese mestrado.

e) Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos):

HIROCE, R.; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Sal-vador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

Para a citação de artigos ou informações da Internet(URL, FTP) ou publicações em CD-ROM, consultar as ins-truções para publicação disponíveis na home page da HB(www.hortbras.com.br) ou diretamente com a ComissãoEditorial.

Uma cópia da prova tipográfica do manuscrito será envia-da eletronicamente para o autor principal, que deverá fazer aspossíveis e necessárias correções e devolvê-la em 48 horas.Correções extensivas do texto do manuscrito, cujo formato econteúdo já foram aprovados para publicação, não são acei-táveis. Alterações, adições, deleções e edições implicarão novoexame do manuscrito pela Comissão Editorial. Erros e omis-sões presentes no texto da prova tipográfica corrigido e de-volvido à Comissão Editorial são de inteira responsabilidadedo(s) autor(es).

Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ouverifique os padrões de publicação dos últimos volumes daHorticultura Brasileira.

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18.603-970 Botucatu – SP

Tel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203

Fax: (0xx14) 6802 3438

E-mail: [email protected]

d) Thesis:

SILVA, C. Herança da resistência à murcha dePhytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba:ESALQ, 1992. 72 p. Tese mestrado.

e) Articles from Scientific Events (when not publishedin journals):

HIROCE, R; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977,Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

For examples of cited literature from Internet (URL, FTP)or CD – ROM, please consult the HB home page(www.hortbras.com.br) or the Editorial Board.

A copy of the galley proof of the manuscript will be sentto the first author who should make any necessary correctionsand send it back within 48 hours. Extensive corrections of thetext of the manuscript, whose format and content have alreadybeen approved for publication, will not be accepted.Alterations, additions, deletions and editing implies that a newexamination of the manuscript must be made by the EditorialBoard. Errors and omissions which are present in the text ofthe corrected galley proof that has been returned to the EditorialBoard are entirely the responsability of the author.

Orientation about any situations not foreseen in this listwill be given by the Editorial Board or refer to a recent issueof Hoticultura Brasileira.

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Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexadapelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO,TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT.

Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade deOlericultura do Brasil, 1983

Quadrimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestrala partir de 1999: Quadrimestral

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos.I. Sociedade de Olericultura do Brasil.

CDD 635.05

Tiragem: 1.000 exemplares

A pesquisa com hortaliças aolongo dos 65 anos do IPA

Criado em 07 de setembro de 1935sob a denominação de Instituto de Pes-quisas Agronômicas (IPA), viria a setransformar por força da Lei EstadualNº 6956, de 24 de outubro de 1975, naEmpresa Pernambucana de PesquisaAgropecuária, conservando a sigla ori-ginal IPA. Vinculado à Secretaria deProdução Rural e Reforma Agrária doEstado de Pernambuco, o IPA vem aolongo dos seus 65 anos de existênciagerando, introduzindo, adaptando,transferindo conhecimentos científicose tecnológicos que têm contribuído deforma decisiva para o desenvolvimen-to dos ambientes naturais e das princi-pais cadeias produtivas do agronegóciodo Estado de Pernambuco. Nos seusplanos de trabalho, as dimensõestemáticas estão direcionadas para pro-dutos agropecuários que se destacamna economia do Estado, estando entreesses as hortaliças.

Os trabalhos de pesquisa com hor-taliças no IPA foram iniciados em 1967,sob a liderança do pesquisador LuizJorge da Gama Wanderley, nas E.E. deBelém do São Francisco e de Vitóriade Santo Antão. Recentemente estabase física passou a se chamar E.E.Luiz Jorge da Gama Wanderley, em ho-menagem ao saudoso pesquisador, quecom seus trabalhos colocou o IPA emposição de destaque no cenário daolericultura nacional e deixou para to-dos lições de fraternidade e respeitomútuo. Na E.E. Luiz Jorge da GamaWanderley (Zona da Mata Úmida dePernambuco), acha se concentrada aprodução de hortaliças folhosas, prin-cipalmente alface, coentro e cebolinha.Através das pesquisas desta estação oIPA tem indicado espécies e cvs. adap-tadas e competitivas, visando a aten-der aos pequenos agricultores locais,principalmente os de áreas de assenta-

mento, a exemplo das comunidades deNatuba e Filgueiras.

Buscando cvs. mais produtivas, re-sistentes às pragas e doenças, com me-lhor conservação pós-colheita e combulbos de melhor aceitação comercial,foi iniciado em 1972, na E.E. de Belémdo São Francisco, o programa de me-lhoramento genético de cebola que temcomo resultados a criação das 11 cvs.de cebola da série IPA. Destacam-se ascvs. roxas Franciscana IPA-10 e RoxaIPA-3 e as amarelas Composto IPA-6 eValeouro IPA-11. Esta última, a maisplantada na região, caracteriza-se pelaprodutividade superior a 30 t/ha, resis-tência ao mal-de-sete-voltas, tolerânciaao tripes, bulbos globoso-alongados,casca fina e coloração amarela. As cvs.de cebola do IPA estão presentes em60% da área cultivada no Nordeste,onde se encontra o único programamundial de produção de sementes em-pregando a vernalização artificial dosbulbos, no qual o Estado de Pernambucoé pioneiro. Também na E.E. de Belémdo São Francisco, a partir de 1971, foidesenvolvido o programa de melhora-mento genético de tomate industrial, vi-sando à obtenção de cvs. com elevadopotencial produtivo, boas característicasindustriais e resistência a pragas e doen-ças. As cvs. IPA-5 e IPA-6 chegaram arepresentar 70% da área plantada comtomate para processamento industrial nopaís. Recentemente lançou-se a cv.Viradoro (desenvolvida em parceria coma Embrapa Hortaliças), resistente ao vira-cabeça, à mancha-de-estenfílio, à mur-cha-de-fusário e ao nematóide-das-galhas. Recentemente foi lançada a cv.de tomate amarelo Ourovivo, rica em vi-tamina A. No presente estão sendoselecionadas linhagens com resistênciaao Geminivírus transmitido pela moscabranca do prateamento.

Merecem atenção também as açõesdo programa no Agreste, onde foramdisponibilizadas tecnologias nas áreas demelhoramento genético, manejofitossanitário e manejo fitotécnico, en-volvendo as culturas de tomate paramesa, cenoura, couve-flor e batata. Comoresultados citam-se a obtenção da cv. detomate Olho Roxo seleção IPA, a obten-ção da cv. de couve-flor Vitória de Ve-rão, a introdução das cvs. de cenouraBrasília e Tropical e o desenvolvimentodos sistemas de produção de batata-con-sumo e batata-semente, que contribuírampara a ampliação da área cultivada e paraa elevação da produtividade da culturano Estado de Pernambuco.

(Dra. Maria Cristina Lemos daSilva, coordenadora do ProgramaHortaliças do IPA)