Vigotski Diagnostico Do to e Clinica Pedologica Da Infancia Dificil

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    DIAGNSTICO DO DESENVOLVIMENTO ECLNICA PEDOLGICA DA INFNCIA DIFCIL

    [Esquema de Investigao Pedolgica]

    Lev Semionovitch Vigotski

    Traduo do espanhol e organizao:Achilles Delari Junior

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    Diagnstico do desenvolvimento... L. S. Vigotski Traduo/organizao: Achilles Delari Junior

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    DIAGNSTICO DO DESENVOLVIMENTO ECLNICA PEDOLGICA DA INFNCIA DIFCIL

    [Esquema de Investigao Pedolgica]Lev Semionovitch Vigotski

    VIGOTSKI, L. S. Diagnstico do desenvolvimento e clni-ca pedolgica da infncia difcil [Esquema de investigaopedolgica]. Traduo das partes 5 e 6 de: VIGOTSKI, L.S. Diagnstico del desarollo y clnica paidolgica de lainfancia difcil. In: ______. Obras Escogidas. Tomo 5 fundamentos de defectologa. Madrid: Visor y Ministriode Educacin y Ciencia, 1997. p. 275-338.

    Palvras-chave: Vigotski, diagnstico, clnica, infncia,

    psicologia, pedologia.

    Verso digital disponvel em:http://www.4shared.com/file/55971081/d96ff395/Vigotski_-_Diagnstico_do_desenvolvimento_e_clnica_pedolgica_da_infncia_difcil.html

    Traduo e organizao: Achilles Delari Junior

    Umuarama PR primeira verso: julho de 2008Passar por revises posterioresProduo voluntria e independenteContatos: [email protected]

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    SUMRIO(paginao original/paginao nossa)

    NOTAS SOBRE PEDOLOGIA E CLNICA EM VIGOTSKI .......................... 03

    [ESQUEMA DE INVESTIGAO PEDOLGICA] ...............................316/11

    [1 Queixas dos pais, da prpria criana e da instituio educacional]..316/12

    [2 Histria do desenvolvimento da criana] ..........................................319/14[3 Sintomatologia do desenvolvimento] ................................................326/21[4 Diagnstico pedolgico] ....................................................................330/24

    [4.1.a Gesell e o diagnstico descritivo]....................................330/25[4.1.b Gesell e o diagnstico diferencial]...................................331/26[4.2.a Nvski e o diagnstico sintomtico ou emprico].............332/27[4.2.b Nvski e o diagnstico etiolgico ou causal]...................333/28[4.2.c Nvski e o diagnstico tipolgico]....................................334/29

    [5 Descobrimento das causas]..............................................................335/30[6 Prognstico] ......................................................................................336/31[7 Prescrio pedaggica e pedaggico-teraputica]...........................336/31

    NOTAS DA EDIO RUSSA ...............................................................337/32

    REFERNCIAS DO TRECHO TRADUZIDO ...............................................34

    ANEXO 1: MTODOS PARA O ESTUDO DE CRIANAS COMRETARDO MENTAL (VIGOTSKI)................................................................35

    ANEXO 2: A AVALIAO DO TALENTO E OS PROBLEMASDO DESENVOLVIMENTO CULTURAL (VIGOTSKI E LURIA) ...................37

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    NOTAS SOBRE PEDOLOGIA E CLNICA EM VIGOTSKI

    Ele [Vigotski] no era um psiclogo infantil, mas umpsiclogo que se tornou cada vez mais interessado

    no problema terico do desenvolvimento, o qual o le-vou a estudar a diversidade cultural, patologia cere-bral e outras disciplinas. Por inclinao ele era umpsiclogo terico. Na prtica, seu trabalho aplicadodava-se mais em settings clnicos

    Valsiner e Van der Veer (2000, p. 339)1*

    Para auxiliar na compreenso do texto sobre o diagnstico do desenvolvimento, trans-creverei, em seguida, algumas informaes sobre o conceito de pedologia, por ser umtermo no muito comum entre ns, e sobre as ligaes de Vigotski com a psicologia clni-

    ca, por no estarmos muito habituados a ouvir falar delas. Quanto pedologia, seu signi-ficado de estudo cientfico geral e interdisciplinar da criana tem ainda outras implica-es especficas que talvez pudessem nos fazer pensar que se trata de um conceito simi-lar ao de psicopedagogia na atualidade, como uma interface entre os recursos terico-prticos da psicologia e da pedagogia, com aplicaes institucionais e clnicas. Contudo,no seria muito correto estabelecer uma comparao to direta, em funo dos diferentescontextos histricos de surgimento desses dois campos, suas bases epistemolgicas dis-tintas e, portanto, suas metas talvez tambm no coincidentes. Alm disso, como vere-mos, havia diferentes modos de interpretar a pedologia na Rssia, no tempo de Vigotski.De toda maneira, o perodo no qual Vigotski se dedicou a esse campo foi significativo emsua trajetria cientfica, pois, segundo Valsiner e Van der Veer (1996), esse momento re-

    flete uma transio, pela qual Vigotski vai deixando de lado o seu projeto de reforma dapsicologia e/ou v que ele pode, de certo modo, ser transposto para o interior da pedolo-gia. Seguem, aqui, um resumo do estudo de Valsiner e Van der Veer sobre Vigotski, opedlogo e uma nota dos editores das Obras Escolhidas desse autor, referente ao sig-nificado do termo, ao modo, digamos, da viso oficial da psicologia sovitica sobre oassunto, no perodo da publicao destas obras na Rssia (entre 1982 e 1984). Podere-mos notar, nessas duas referncias, modos distintos de abordar a questo, mas que po-dem fornecer ambos, cada qual de seu ngulo, uma breve introduo a esse termo, ne-cessria para a compreenso do Esquema de investigao pedolgica de Vigotski, tra-duzido aqui, e suas possveis articulaes com o trabalho do diagnstico clnico em geral.

    Em seguida, embora aqui fique de modo ainda apenas justaposto, transcreverei tambmalgumas linhas de Valsiner e Van der Veer (idem) sobre o interesse de Vigotski pela clni-ca com adultos no final de sua vida, o qual pode ter correlao tanto com o trabalho clni-co pedolgico quanto com sua experincia com a defectologia. Por fim, numa viso me-nos analtica que a de Valsiner e Van der Veer e mais descritiva, trarei tambm um mate-rial de Anton Yasnitsky e Michel Ferrari, que, ao falarem da relao de Vigotski com a es-cola de Kharkov, listam vrios trabalhos dele e seus colaboradores em psicologia clnicae estudo da patologia. A distino conceitual/ideolgica entre a viso de Valsiner e Vander Veer e a dos autores ligados escola de Kharkov (sobretudo Leontiev) no ficar toexplcita quanto a daqueles frente viso oficial da psicologia sovitica sobre a pedologia,

    1* VALSINER, J. VAN DER VER, R. The social mind: construction of idea. Cambridge, UK: CambridgeUniversity Press, 2000. Todas as notas cujo nmero sucedido de asterisco so minhas. As notas dos au-tores no tero asterisco e preservaro a numerao do original.

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    mas no deixa de existir. Apenas no aqui nosso objetivo tratar desse confronto. A refe-rncia a Yasnitsky e Ferrari tem seu valor tambm pelo farto levantamento bibliogrficofeito por eles. Embora muitos ttulos sejam de reedies de uma mesma obra, transcreve-rei todos os relativos a Vigotski e parte dos ttulos de colaboradores, mais especificamen-te aqueles referentes aos trabalhos do grupo de pesquisadores de Moscou (paralelo

    escola de Kharkov) dedicado psicologia clnica e psicologia patolgica. Para voc con-sultar o restante da bibliografia citada neste texto aqui traduzido, poder obter uma cpiaacessando a referncia citada em nota prpria (nota 15, p. 8). Embora a leitura dessascitaes que aqui fao se apresente em fragmentos ou pequenas reportagens, entendoque o material possa ser til para quem, como eu, busca se aproximar agora da produode Vigotski relativa clnica em geral e ao diagnstico em particular. Evidentemente, oleitor no deve esperar encontrar aqui uma receita, passo a passo, para a execuo datarefa do diagnstico, algo que no tpico do pensamento de Vigotski apresentar, massim reflexes sobre momentos possveis de uma prtica sempre aberta a recriar-se, comnossa participao crtica, ativa e criativa no processo de interpretao dos signos do de-senvolvimento humano. Crticas e/ou sugestes de reparo a todo o trabalho realizado aqui

    em seu modo de organizao, bem como comentrios terico-metodolgicos sobre osseus contedos sero bem vindas, no sentido de melhorar esse material e criar novosestudos no futuro.

    Valsiner e Van der Veer(1991)

    Concluses: Vigotski como pedlogo

    Como vimos, pedologia para Vigotski no era meramente um rtulo para designar seusvariados interesses pelo desenvolvimento cultural de crianas normais e retardadas e pe-la educao em geral. Na verdade, no final da dcada de 1920 (por volta de 1927, depoisde sua anlise da crise da psicologia e com a crescente insatisfao pelo crescimento dojargo marxista na psicologia), os interesses de Vigotski passaram da psicologia para apedologia, que era a disciplina que mais crescia na poca. Ele redefiniu a pedologia, se-guindo a linha de uma perspectiva dialtica trazida disciplina por Molozhavii, como oestudo geral do desenvolvimento das crianas.

    Poderia ser dito que os aspectos dapsicologia de Vigotski que ns, na dcada de 1990,aprendemos a apreciar a nfase consistente nos processos de desenvolvimento, na

    emergncia de formas organizacionais novas (superiores) de processos psicolgicos, e arecusa em reduzir a complexidade psicolgica dinmica a seus elementos constituintes na verdade eram percebidos por Vigotski como a essncia da pedologia. A natureza in-terdisciplinar (em nosso sentido contemporneo) da pedologia de Vigotski estava em n-tido contraste com a ecltica mistura de dados das diferentes disciplinas que, periferica-mente, estudavam as crianas. Ele sem dvida se interessaria pelo debate atual quanto necessidade de interdisciplinaridade em nosso estudo das crianas, uma vez que, paraele, o ncleo terico de uma cincia (e no sua superfcie emprica) determina a generali-dade da disciplina.

    Foi devido s suas contribuies pedologia que Vigotski foi condenado pelas autorida-

    des e o estudo de suas idias foi proibido na Unio Sovitica entre 1936 e 1956, o queexplica as curiosas modificaes de terminologia em publicaes posteriores das partesselecionadas de sua obra. At a dcada de 1980, as reedies russas de textos de Vi-

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    gotski tinham o cuidado de substituir o termo pedologia por psicologia escolar, psico-logia infantil ou meramente psicologia. Claro que tais correes distanciaram Vigotskido estudo da pedologia (p. ex., Kolbanovski2*, 1956, p. 112). Mas tambm introduziramdistores histricas significativas nos textos originais de Vigotski, pois foi exatamenteatravs de sua verso prpria da pedologia que Vigotski tentou escapar do provincianis-

    mo da psicologia marxista da forma como ela havia se desenvolvido no final da dcada de1920. A pedologia ofereceu a Vigotski o que ele vinha procurando ao longo de sua carrei-ra: uma unificao de seu interesse pelo desenvolvimento de funes complexas novascom o interesse pelas necessidades educacionais de crianas normais e retardadas, e eledefendeu essa nova disciplina de todas as crticas.3*

    Nota das Obras Escolhidas(1983)

    2 Pedologia uma das direes tomadas pela pedagogia burguesa no oeste no fim dosculo XIX e incio do XX; ela prevalente nos EUA, Inglaterra, e outros pases capitalis-tas. O QI baseado na idia reacionria de que o destino da criana depende de fatoresbiolgicos e da influncia da hereditariedade e de um meio imutvel. Com a ajuda de umconjunto de testes especiais, pedologistas medem quantitativamente o assim chamadocoeficiente de desenvolvimento intelectual QI; o tamanho deste QI seja qual for, apontao potencial da criana. No final do anos 20 e incio dos 30 ela obteve alguma prevalnciana URSS e foi significantemente perigosa para a psicologia e pedagogia geral e aplicada.Durante estes anos, escolas auxiliares4* comearam a crescer rapidamente em nmero;elas no eram ocupadas com deficientes mas com estudantes pedagogicamente negli-genciados e indisciplinados que por vrias razes no estavam aptos a lidar com os tes-

    tes. Vigotski, ao usar os termos pedologia e pedolgico, de fato tinha em mente umacincia sinttica sobre a criana, ou melhor, uma psicologia infantil e pedaggica. Masos fundamentos de tal cincia explicitados por ele correspondem pelo menos externamen-te, e pelo nome, compreenso da pedologia. Em muitos ensaios deste volume, o leitorencontrar uma crtica conseqente e fundamentada de Vigotski a vrias prticas e teori-as pedolgicas do seu tempo (veja, por exemplo, a crtica ao pr-formismo pedolgico, perspectiva puramente quantitativa sobre o retardo mental e assim por diante). As opini-es de Vigotski sobre a pedologia e as psicotcnicas contemporneas a ele revelaramsuas estruturas mais vulnerveis. A posio de Vigotski ao avaliar a pedologia contempo-rnea a ele no difere da expressa na resoluo do Comit Central do partido5*: Sobreas interpretaes pedolgicas errneas no sistema do Narkompros6* em 1936. No hou-

    2* Trata-se da seguinte referncia: Kolbanovski, V. N. (1956) O psikhologicheskikh vzgljadakh L. S. Vygots-kogo. Voprosy Psikhologuii, 5, 104-13. [Kolbanovski, V. N. (1956) Sobre viso psicolgica de L. S. Vi-gotski. Problemas de Psicologia, 5, 104-13]

    3* VALSINER, J. e VAN DER VEER, R. Vygotsky, o pedlogo (Cap. 12). In: ______. Vygotsky: uma snte-se. So Paulo: Loyola: Unimarco, 1996. p. 354. A publicao original de 1991.

    4* O termo escola auxiliar tambm aparece no texto de Vigotski aqui traduzido (p. 332/27) e d a entenderque se trate de instituies destinas a crianas com necessidades especiais, contudo o termo auxiliar su-gere que no sejam locais exclusivos para o atendimento a essa clientela, mas sim complementares.

    5* Cabe lembrar que com base nessa resoluo muitas obras de autores ligados pedologia foram proibi-

    das na URSS. As de Vigotski inclusive, de 1936 a 1956.

    6* Narkompros () uma abreviao para Narodnii Komissariat Prosveschenia (), Comissariado do Povo para a Educao.

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    ve um nico psiclogo que, no incio dos anos 1930, demonstrasse to convincentemente,a natureza no cientfica, e o carter prejudicial da ento to comum prtica de mensura-o puramente numrica do intelecto, particularmente como era aplicada aos diagnsticosde retardo mental. Esta perspectiva principalmente fenomenolgica7* deve inevitavelmen-te conduzir-nos, como mostrado acima, determinao de falsas conexes, distoro

    do quadro de realidades, a uma orientao incorreta para as aes, uma vez que esta(perspectiva) julga a realidade e as conexes que residem nos seus fundamentos, comose pensasse que eles fossem sintomas. Portanto, a principal tarefa na investigao doretardo mental o estudo do desenvolvimento da criana e das leis que dirigem tal de-senvolvimento8*.

    Valsiner e Van der Veer novamente(1991)

    O perodo final: a mudana para a psicologia clnicaNo perodo final de sua vida, Vigotski interessou-se e instruiu-se cada vez mais no dom-nio do comportamento desviante de adultos. Fez extensas leituras na rea de psiquiatria epsicologia clnica, e seus tpicos de interesse passaram a incluir, entre outras coisas, oestudo da afasia, da esquizofrenia, do mal de Alzheimer, da doena de Parkinson e dadoena de Pick. Seus autores preferidos eram, entre outros, Head, Kretschmer e Lewin.Claro que os escritos de Vigotski nessa rea no se enquadram sob o ttulo de defectolo-gia9. Mesmo assim, alguns deles sero mencionados aqui. A razo que o trabalho deVigotski no campo da psicologia clnica estava intimamente ligado a seus estudos do de-senvolvimento. Vistas nesse pano de fundo, todas as classificaes de seu trabalho como

    defectolgico, pedolgico, psicolgico, pedaggico etc., so relativas: ele era umpensador sinttico que desafiava tais classificaes.

    A primeira incurso de Vigotski na disciplina da psicologia clnica de adultos foi, prova-velmente, seu estudo da esquizofrenia, com a ajuda do mtodo de Ach para a formaode conceitos (este estudo ser avaliado no captulo 11, em relao sua pesquisa de

    7* Por fenomenolgica, nesse caso, entende-se a postura que procura entender uma dada realidade ape-nas com base nas aparncias, no seu aspecto externo, de modo descritivo. O que criticado por Vigotski,por exemplo, em seu texto Problemas de mtodo (VIGOTSKI, L. S. A formao social da mente. Cap. 5.So Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 67-85), alm de em outras passagens como no prprio texto traduzido

    aqui (ver fenomenalstico, p. 319/14 e fenomenolgico, p. 321/16).8* VYGOTKY, L. S. The collected words of L. S. Vygotsky. Volume 2. The Fundamentals of Defectology(Abnormal psychology and learning disabilities). Translated by J. E. Knox and C. B. Stevens, New York andLondon: Plenum Press, 1993. A verso de onde eu traduzi esta nota um pre-print obtido por pesquisado-res da Universidade de Campinas, e a paginao dessa nota nesse material 572-573, na verso final (de1993) no sei informar. Note-se que na edio americana os fundamentos de defectologia esto no volu-me 2 e no no 5, como na edio russa e na espanhola. Nossa traduo do espanhol do texto Diagnsticodo desenvolvimento, no que trata do Esquema de investigao pedolgica, foi feita a partir de cpia e nodo livro completo. De modo que recorri a esse pre-print para acrescentar a nota 2 referente ao texto Fun-damental principles in a plan for pedological research in the field of difficult children que se constitui comoum relato de Vigotski sobre a elaborao de plano que podemos comparar formulao de uma polticapblica para a rea na poca. No grupo de elaborao do projeto desse plano estavam Vigotski, D. I. Azbu-

    kin, M. O. Gurevitch, L. V. Zankov e E. V. Livshits (conforme nota do prprio Vigotski ao referido texto).

    9* Os autores esto dizendo isso porque esse tpico est inserido no seu captulo 4 Defectologia, logoantes do tpico Concluso ao mesmo.

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    formao de conceitos). suficiente dizer aqui que Vigotski discernia semelhanas din-micas entre o pensamento conceitual em desenvolvimento de crianas e o pensamentoconceitual em desintegrao de esquizofrnicos. Ele considerava que a chave para acompreenso tanto de crianas como de pacientes adultos era o estudo do significadodas palavras.

    O tpico do significado de palavras ocorreu novamente no estudo da doena de Pick pu-blicado em 1934 (Samukhin, Birembaum e Vigotski, 193410*). Este estudo no era tpicode Vigotski, por causa de sua riqueza de fatos clnicos: dois pacientes com a doena dePick (uma forma de demncia) foram descritos em detalhe. O artigo apresentou todo ohistrico deles, detalhes da progresso da doena, respostas a perguntas de psiclogos etestes, etc. Os autores tentaram encontrar a base lgica por trs de todos os sintomasdos pacientes e, ao fazer isso, basearam-se em grande escala nas idias de dependnciade campo de Kurt Lewin, Aufforderungscharacter, e coisas parecidas (ver captulo 811*).Em geral, neste perodo de sua vida entre 1932 e 1934 Vigotski referiu-se com muitafreqncia ao trabalho de Kurt Lewin, possivelmente por causa de sua ntima colaborao

    com os ex-alunos de Lewin, Zeigarnik e Birenbaum (ver introduo parte III).12*

    Yasnitsky e Ferrari(2008)

    Psicologia clnica e estudo da patologia

    A histria e o trabalho do Departamento de Psicologia Clnica da UPNA13* e pesquisasclnicas relacionadas feitas nos anos 1930 a conexo com Vigotski menos explorada

    nos escritos contemporneos, e um captulo no escrito na histria da escola de Kharkov.O prprio Vigotski estava interessado na patologia do desenvolvimento desde o estgiomais inicial de sua carreira cientfica. Em 1924, ele definiu seu credo cientfico e profissio-nal como a educar crianas cegas-surdas-mudas (Vigodskaia & Lifanova, 1996; 1999),um interesse que ele subseqentemente desenvolveu em seu trabalho. As principais pes-quisas de Vigotski sobre a patologia do desenvolvimento e sobre a psicologia clnica fo-

    10* SAMUKHIN, N. V., BIREMBAUM, G. V. E VIGOTSKI, L. S. K voprosu o demencii pri bolezni Pika.Sovetskaia Nevropatologiia, Psikhiatriia, Psicogigiena, 6, 97-136 [Para o problema da demncia nadoena de Pick. Neuropatologia, Psiquiatria e Psicohigiene Soviticas, 6, 1934, 97-136]. Numa bibliografiade Zeigarnik, o ttulo traz tambm a palavra estrutura: . ., . ., . .

    . , , 1934, . III, . 6. Disponvel em: http://www.psy.msu.ru/science/public/zeigarnik/refer.html.Trata-se da mesma referncia, mas com o ttulo: K voprossu o structure dementsii pri bolezni Pika, ou seja:Sobre o problema da estrutura da demncia na doena de Pick. Poderia ter ocorrido um erro de reviso nabibliografia de Valsiner e Van der Veer, pois a palavra estrutura sugestiva do contedo terico mencio-nado, contudo, na busca Google, pelo ttulo em cirlico, aparecem nove entradas para o termo sem a pala-vra estrutura e apenas duas com ela, ambas em bibliografias de Bluma Zeigarnik (consulta em 18-05-2008).

    11* Trata-se de: VALSINER, J. e VAN DER VEER, R. Vygosky e a psicologia da Gestalt (Cap. 8). In: ______.Vygotsky: uma sntese. So Paulo: Loyola: Unimarco, 1996. p. 173-199.

    12* VALSINER, J. e VAN DER VEER, R. Defectologia (Cap. 4). In: ______. Vygotsky: uma sntese. So

    Paulo: Loyola: Unimarco, 1996. p. 89.

    13* No ingls: Ukrainian Psychoneurological Academy.

    http://www.psy.msu.ru/science/public/zeigarnik/refer.htmlhttp://www.psy.msu.ru/science/public/zeigarnik/refer.html
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    ram estudos sobre afasia e demncias como os males de Parkinson ou de Pick (Samu-khin, Birenbaum, & Vygotsky, 1934; Vygotsky, 1935b, 1935/1956, 1935/1983), a esquizo-frenia (Vygotsky, 1932; 1932/1956; 1933; 1934b; 1934/1994), ou a localizao de funescerebrais (Vygotsky, 1934a; 1934/1960b).Em particular, o papel da linguagem no desenvolvimento humano foi investigado atravs

    de casos clnicos de patologia da linguagem especificamente, afasia (Galperin & Golu-beva, 1933; Kozis, 1934; Lebedinskii, 1933b, 1934, 1936b, 1941; Lebedinsky, 1936; A. R.Luria, 1932/1933, 1940, 1943, 1947, 1947/1970). Estes estudos, e trabalho posterior deVigotski sobre a localizao das funes cerebrais (Vygotsky, 1934a), contriburam signi-ficativamente para a neuropsicologia de Luria (A. R. Luria, 1966). O estudo de Vigotskisobre esquizofrenia foi desenvolvido mediante numerosos estudos de formao de con-ceitos (Bassin, 1938), estrutura da ao (Lebedinskii, 1940; Lebedinskii, Artyukh, & Volo-shin, 1938, 1938/1939; Zaporozhets, 1939b) e distrbios da fala na esquizofrenia (Bassin,1938; Lebedinskii, 1938b; Tatarenko, 1938).

    A pesquisa de psiclogos clnicos na escola de Kharkov nos anos 1930 estava intimamen-

    te relacionada com o trabalho realizado simultaneamente em Moscou por outro grandegrupo de estudantes de Vigotski no Instituto de Toda a Unio [Sovitica] de Medicina Ex-perimental (VIEM14*), o Instituto de Defectologia Experimental (EDI) e vrias outras insti-tuies educacionais e de pesquisa estudando psicologia do desenvolvimento (Morozova,1947; Shif, 1935, 1944; L. S. Slavina, 1944, 1947) e desenvolvimento anormal, ou defec-tologia (Boskis, 1939; Levina, 1936, 1940; Morozova, 1944; Pevzner, 1941; Pevzner, Zan-kov, & Shmidt, 1933; Zankov, 1935; Zankov & Solovev, 1940). Na realidade, em paralelocom este trabalho em Kharkov, outro importante grupo de estudantes de Vigotski emMoscou continuou os estudos que ele havia iniciado em psicologia clnica e psicologiapatolgica (Birenbaum, 1934; Birenbaum & Zeigarnik, 1935; Dubinin & Zeigarnik, 1940;Kaganovskaya & Zeigarnik, 1935; Samukhin, 1935; Samukhin, Birenbaum, & Vygotsky,

    1934; Zeigarnik, 1934, 1940, 1941; Zeigarnik & Birenbaum, 1935). Estes estudos encabe-aram os esforos em tempo de Guerra, em vrios hospitais militares, para restaurar omovimento e funes mentais superiores, sob a superviso de Luria (Galperin, 1943; Gal-perin & Ginevskaya, 1947; A. N. Leontiev & Ginevskaya, 1947; A. N. Leontiev & Zaporo-zhets, 1945; A. R. Luria, 1947, 1947/1970). Contudo, uma investigao detalhada dos es-tudos realizados por esse amplo crculo de seguidores de Vigotski no associados com aescola de Kharkov est alm do escopo do nosso artigo.15*

    Obras de Vigotski citadas logo acima

    Afasia e demncias como as doenas de Parkinson ou de PickK voprosu o dementsii pri bolezni Pika. Sovetskaya nevropatologiya,psikhiatriya i psikhogigiena, 3.

    Samukhin,Birenbaum,& Vigotski Para o problema da demncia no mal de Pick. Neuropatologia, psiquia-

    tria e psicohigiene soviticas, 3.

    1934

    14* No texto em ingls, do qual foi feita essa traduo (ver nota 15), a sigla mostra estar formada pelas inici-ais das palavras russas para o nome da instituio, pois V deve referir-se a Vs, que nas palavras com-postas significa todo, de todo, de toda.

    15* ANTON YASNITSKY A. e FERRARI M. From Vygotsky to vygotskian psychology: introduction to the his-

    tory of the Kharkov schoolJournal of the History of the Behavioral Sciences, Vol. 44(2), 119145 Spring2008. Published online in Wiley Interscience (www.interscience.wiley.com). Aqui, exatamente: p. 132-133. Olink exato de onde foi retirada a verso aqui referida o seguinte:http://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdf

    http://www.interscience.wiley.com/http://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://www.interscience.wiley.com/
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    Diagnstico do desenvolvimento... L. S. Vigotski Traduo/organizao: Achilles Delari Junior

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    Problema umstvennoj otstalosti. In: L. S. Vygotsky & I. I. Danyushevskii(Eds.), Umstvenno otstalyj rebjonok. Moscow.

    Vigotski

    O problema do retardo mental. In: L. S. Vigotski & I. I. Daniushevskii(Eds,), Retardo mental infantil. Moscou.

    1935

    Problema umstvennoj otstalosti. In: L. S. Vygotsky (Ed.), Izbrannyepsikhologicheskie issledovaniya. Moscow: APN RSFSR.

    Vigotski

    O problema do retardo mental. In: L. S. Vigotski (Ed.), Investigaespsicolgicas selecionadas. Moscou: APN RSFSR.

    1935/1956

    Problema umstvennoj otstalosti . In: L. S. Vygotsky (Ed.), Sobraniesochinenij (Vol. 5, Osnovy defektologii, pp. 231256). Moscow:Pedagogika.

    Vigotski

    O problema do retardo mental. In L. S. Vigotski (Ed.), Obras escolhidas(Vol. 5, Fundamentos de defectologia, pp. 231256). Moscou: Peda-goguika.

    1935/1983

    EsquizofreniaK probleme psikhologii shizofrenii. Sovetskaya nevropatologiya,psikhiatriya i psikhogigiena, 8, 352364.

    Vigotski

    Para o problema da psicologia da esquizofrenia. Neuropatologia, psi-quiatria e psicohigiene soviticas, 8, 352364.

    1932

    Vygotsky, L. S. (1932/1956). Narusheniya ponyatij pri shizofrenii (kprobleme psikhologii shizofrenii). In L. S. Vygotsky (Ed.), Izbrannyepsikhologicheskie issledovaniya (pp. 481496). Moscow: APN RSFSR.

    Vigotski

    Alterao dos conceitos na esquizofrenia (para o problema da psicolo-gia da esquizofrenia). In L. S. Vigotski (Ed.), Investigaes psicolgicasselecionadas (pp. 481496). Moscou: APN RSFSR.

    1932/1956

    K probleme psikhologii shizophrenii. In Sovremennye problemyshizofrenii. Moscow: Medgiz.

    Vigotski

    Para o problema da psicologia da esquizofrenia. In: Problemas con-temporneos da esquizofrenia. Moscou: Medgiz.

    1933

    Thought in schizophrenia. Archives of neurology and psychatry, 31,10621077.

    Vigotski

    Pensamento na esquizofrenia. Arquivos de neurologia e psiquiatria, 31,10621077.

    1934

    Thought in schizophrenia. In: R. Van der Veer & J. Valsiner (Eds.), TheVygotsky reader (pp. 311326). Oxford, UK: Blackwell.

    Vigotski

    Pensamento na esquizofrenia. In: R. Van der Veer & J. Valsiner (Eds.),The Vygotsky reader (pp. 311326). Oxford, UK: Blackwell.

    1934/1994

    Localizao das funes cerebraisPsikhologiya i uchenie o lokalizatsi. In Pervyj Vseukrainskij sezdnevropatologov i psikhiatrov (pp. 3441). Kharkov: Knizhnaya fabrikaim. G. I. Petrovskogo.

    Vigotski

    Psicologia e teoria da localizao. In: Primeira conferncia de toda aUcrnia de neuropatologia e psiquiatria (pp. 3441). Kharkov: Fbricade livros G. I. Petrovsk.

    1934

    Psikhologiya i uchenie o lokalizatsii psikhicheskikh funktsij. In L. S.Vygotsky (Ed.), Razvitie vysshikh psikhicheskikh funktsij (pp. 384393).Moscow: APN.

    Vigotski

    Psicologia e localizao das funes psquicas. In: L. S. Vigotski (Ed.),O desenvolvimento das funes psquicas superiores (pp. 384393).Moscou: APN.

    1934/1960b

    Obras do grupo de Vigotski em Moscou citadas logo acima

    Psicologia clnica e psicologia patolgicaBirenbaum K voprosu ob obrazovanii perenosnykh i uslovnykh znachenij slova pripatologicheskikh izmeneniyakh myshleniya. In Novoe v uchenii obagnozii, apraksii i afazii. Moscow: OGIZ.

    1934

    http://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdf
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    Diagnstico do desenvolvimento... L. S. Vigotski Traduo/organizao: Achilles Delari Junior

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    Para o problema dos significados figurativos e condicionais das pala-vras em casos de alteraes patolgicas do pensamento. In: Novida-des no estudo sobre agnosia, apraxia e afasia. Moscou: OGIZ.K dinamicheskomu analizu rasstrojstv myshleniya. Sovetskayanevropatologiya, psikhiatriya i psikhogigiena, 4.

    Birenbaum &Zeigarnik

    Para a anlise dinmica das desordens do pensamento. Neuropatolo-

    gia, psiquiatria e psicohigiene soviticas, 4.

    1935

    K voprosu o travmaticheskom slaboumii. Nevropatologiya i psikhiartiya,78.

    Dubinin & Zei-garnik

    Para a questo da demncia traumtica. Neuropatologia e psiquiatria,78.

    1940

    Kaganovskaya, E. L., & Zeigarnik, B. V. (1935). K psikhopatlogiinegativisma pri epidemicheskom entsefalite. In: Sovetskayanevropatologiya, psikhiatriya i psikhogigiena, 4.

    Kaganovskaya& Zeigarnik

    Para a psicopatologia do negativismo em encefalites epidmicas. In:Neuropatologia, psiquiatria e psicohigiene soviticas, 4.

    1935

    K voprosu struktury organicheskoj dementsii. In: Sovetskayanevropatologiya, psikhiatriya i psikhogigiena, 4, 910.

    Samukhin

    Para o problema da estrutura da demncia orgnica. Neuropatologia,

    psiquiatria e psicohigiene soviticas, 4, 910.

    1935

    K voprosu o dementsii pri bolezni Pika. In: Sovetskayanevropatologiya, psikhiatriya i psikhogigiena, 3.

    Samukhin,Birenbaum &Vygotsky Para o problema da demncia no mal de Pick. In: Neuropatologia,psiquiatria e psicohigiene soviticas, 3.

    1934

    K probleme ponimaniya perenosnykh slov ili predlozhenij pripatologicheskikh izmeneniyakh myshleniya. In: Novoe v uchenii obagnozii, apraksii i afazii. Moscow: OGIZ.

    Zeigarnik

    Para o problema da compreenso de palavras figurativas ou senten-as em casos de alteraes patolgicas do pensamento. In: Novida-des no estudo sobre agnosia, apraxia e afasia. Moscou: OGIZ.

    1934

    Psikhologicheskij analiz struktury posttravmaticheskogo snizheniya. In:Sbornik trudov TsIP (Vol. 1). Moscow.

    Zeigarnik

    Anlise psicolgica da estrutura da deteriorao ps-traumtica. In:Coleo de obras TsIP (Vol. 1). Moscow.

    1940

    Zeigarnik, B. V. (1941). Psikhologicheskij analiz struktury posttravmati-cheskogo snizheniya i defekta. In Sbornik trudov TsIP. Moscow.

    Zeigarnik

    Anlise psicolgica da estrutura da deteriorao e defeitos ps-traumticos. In: Coleo de obras TsIP. Moscou.

    1941

    K probleme smyslovogo vospriyatiya. Sovetskaya nevropatologiya,psikhiatriya i psikhogigiena, 4.

    Zeigarnik &Birenbaum

    Para o problema da percepo semntica. Neuropatologia, psiquiatriae psicohigiene soviticas, 4.

    1935

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    DIAGNSTICO DO DESENVOLVIMENTO E CLNICAPEDOLGICA DA INFNCIA DIFCIL16*

    Lev Semionovitch Vigotski

    (1931)

    {316:}

    *

    A tarefa da metodologia no consiste s em aprender amedir, seno tambm em aprender a ver, a pensar, a re-lacionar; e isto significa que o excessivo temor aos

    chamados momentos subjetivos na interpretao e atentativa de obter os resultados dos nossos estudos demodo puramente mecnico e aritmtico, como ocorre nosistema de Binet, so errneos. Sem a elaborao subje-tiva, isto , sem o pensamento, sem a interpretao, sema decifrao dos resultados e o exame dos dados, noexiste investigao cientfica.

    VIGOTSKI (1997 p. 316)*

    [ESQUEMA DE INVESTIGAO PEDOLGICA]5

    Resta-nos traar brevemente o esquema da investigao pedolgica tal como a entende-mos. Pensamos que um dos erros fundamentais da pedologia moderna consiste na insu-ficiente ateno que se presta ao trabalho prtico e cultura do diagnstico do desenvol-vimento. Com efeito, ningum ensina ao pedlogo essa arte, e a enorme maioria de nos-

    16* Essa uma traduo instrumental feita por Achilles Delari Junior, para fins didticos e de estudo em

    grupo, dos itens 5 e 6 do seguinte texto: Vigotski, L. S. Diagnstico del desarollo y clnica paidolgica de lainfancia difcil. In: ______. Obras Escogidas. Tomo 5 fundamentos de defectologa. Madrid: Visor y Minis-trio de Educacin y Ciencia, 1997. p. 275-338. Foram escolhidos, nesse momento, apenas os itens 5 e 6por serem as sees onde explicitado o esquema da investigao pedolgica de Vigotski, em seus seis(ou sete) elementos fundamentais. Todo o texto original correspondente a estes dois itens foi mantido, masos ttulos entre colchetes foram acrescentados por mim, para marcar a seqncia dos elementos do es-quema de investigao. Os nmeros de pginas da verso espanhola das Obras Escolhidas de Vigotskisero apresentados entre chaves seguidos de dois pontos, antecedendo o contedo da pgina, para permi-tir citaes remetendo s pginas do livro. As notas da edio russa vm no final, como na edio espanho-la. As notas de rodap com numerao sucedida por asterisco so minhas. Os diagramas tambm someus, por isso suas indicaes vm entre colchetes. Crticas traduo e sugestes de correo podemser enviadas para [email protected]. Esse material foi concludo em 20 de julho de 2008 e passar porrevises posteriores.

    * A citao do mesmo texto do qual foram tiradas as sees 5 e 6 que vo aqui na ntegra, ela vem notexto imediatamente antes da abertura da seo 5, foi colocada em destaque apenas por seu carter em-blemtico e sua nfase no papel do investigador como intrprete dos signos do desenvolvimento.

    http://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfhttp://home.oise.utoronto.ca/~ayasnitsky/texts/Yasnitsky%20&%20Ferrari%20(2008).%20From%20LSV.pdfmailto:[email protected]:[email protected]
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    sos pedlogos dedicados ao labor tcnico deixam de lado esse aspecto da questo semelabor-lo sequer no grau mnimo. Neste caso, a pedologia se encontra em uma situaomuito mais lamentvel que a pediatria e outros campos contguos. Um pediatra chega asaber, na rea da patologia infantil, no mais, seno menos, do que um pedlogo na reado desenvolvimento infantil. Mas o pediatra domina o que sabe e pode utilizar praticamen-

    te seus conhecimentos.

    Faz pouco tempo, um agrnomo relatou na imprensa o caso de um colega seu que haviaestado na Amrica do Norte e havia comeado a buscar trabalho ali. Este cientista agro-nmico desdobrou seus diplomas e comeou a informar a cerca de sua preparao, seusanos de servio, suas investigaes, mas antes lhe perguntaram o que ele sabia fazer.Em realidade, caberia formular tambm esta pergunta para a pedologia moderna. Estateria que refletir acerca do que sabe fazer e aprender a aplicar vida o capital morto deseus conhecimentos. Pensamos que a pedologia s poder tomar definitivamente a formade cincia se trabalhar no diagnstico do desenvolvimento e na criao de uma clnicapedolgica. Nunca poder logr-lo seguindo uma via exclusivamente terica.

    [1 Queixas dos pais, da prpria criana e da instituio educacional]

    O esquema de investigao pedolgica que propomos, em sua aplicao criana difi-cilmente educvel e ao anormal, compe-se de vrios elementos fundamentais que men-cionaremos em ordem de sucesso. Em primeiro lugar, e cuidadosamente reunidas, de-vem ser postas as queixas dos pais, da prpria criana e da instituio educacional. Hque comear precisamente por isso, mas as queixas no devem ser reunidas em absolutocomo se faz comumente (so dadas de forma generalizada e, em lugar dos fatos, nos

    comunicam opinies, concluses j feitas, amide com matizes tendenciosas). Nas quei-xas dos pais, por exemplo, com freqncia lemos: a criana m e retardada. Ao invsdisso, {317:} ao investigador interessam os fatos que o pai ou a me devem indicar-lhe.

    Neste sentido, os princpios fundamentais da investigao do carter adquirem grandeimportncia metodolgica. Como se sabe, necessrio evitar no s as valoraes subje-tivas, seno tambm acrescentamos por nossa parte todas as generalizaes, em quese creiam ao p da letra, mas no se comprovam no curso da investigao. O fato em side que o pai considera m criana deve ser levado em conta pelo investigador, masdeve ser estimado precisamente em seu significado, ou seja, como uma opinio do pai. preciso verificar essa opinio no curso do estudo, mas para isso faz falta descobrir os fa-

    tos na base dos quais se obteve essa opinio, fatos que o investigador deve interpretar aseu modo. Se perguntamos diz Kretschmer a uma simples camponesa se seu irmofoi temeroso, pacfico ou enrgico, amide obtemos respostas confusas e incertas. Se,pelo contrrio, perguntamos que fazia a criana quando devia ir sozinha ao celeiro escuro,ou como se comportava quando ocorria uma discusso na taberna, essa mesma mulhernos dar informaes claras e caractersticas que, por seu frescor vital, levaro o selo daautenticidade. preciso conhecer bem a vida do homem comum, do campons, do ope-rrio, e transladar-se a ela completamente; ademais, nas perguntas no necessrio de-ter-se tanto no esquema dos traos de carter, seno que em sua vida na escola, na igre-ja, na cantina, na atividade cotidiana e tudo isso em exemplos concretos. Por isso, eu ou-torgo um significado especial ao fato de perguntar mais, dentro do possvel, desta forma

    concreta (1930, p. 138).

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    essencial ter em conta, assim mesmo, os testemunhos subjetivos da prpria criana.Mas tambm neste caso podemos estar diante de testemunhos que logrem ser amidefalsos, se se os toma como prova de certos fatos. A criana pode apresentar-se no como na realidade, simplesmente pode no dizer a verdade, mas o fato em si sempre umfato de grande valor para o investigador. O fato da auto-valorao, o fato da mentira, de-

    vem ser tomados em conta e explicados pelo investigador.

    Relataram-nos o caso de um notvel neuropatlogo que, negando toda a importncia aostestemunhos subjetivos, empenhava-se em proteger-se da ao sugestionante das quei-xas do paciente e sempre comeava pelo estudo objetivo. Para isso o mdico idealizouum procedimento simples: quando comeava a estudar um paciente lhe ordenava em ca-da oportunidade que respirasse pela boca, a fim de impedir-lhe que dissesse do que sequeixava e o que lhe doa. Quando o paciente, naturalmente, surpreso porque o mdicono examinava onde lhe doa, tentava dizer do que sofria, o investigador interrompia ovisitante e voltava a recordar-lhe de que devia respirar pela boca. De forma exagerada ecaricaturesca faz-se expressa a tendncia, absolutamente errnea, de ignorar os dados

    subjetivos. J temos assinalado em outro lugar que o valor dos testemunhos subjetivos totalmente anlogo ao valor das declaraes do processado e da vtima em um tribunal.Qualquer juiz procederia de modo totalmente infundado se quisesse resolver uma causasobre a base das queixas do imputado ou da vtima. Mas {318:} igualmente infundadotratar de resolver-se sem os testemunhos de ambas as partes interessadas, que porque oso deformam a realidade. O juiz pesa e compara os fatos, os confronta, os interpreta, oscritica e chega a determinadas concluses.

    Tambm o investigador procede assim. Na investigao pedolgica prtica h que assimi-lar desde o comeo uma verdade metodolgica muito simples: amide o objetivo direto dainvestigao cientfica estabelecer algum fato que no est dado no presente. Dos sin-

    tomas ao que se encontra por trs deles, da comprovao dos sintomas ao diagnstico dodesenvolvimento tal o curso da investigao. Por isso, torna-se falsa a idia segundoa qual a verdade cientfica sempre pode ser estabelecida pela comprovao direta. Nestepressuposto falso estava fundada toda a velha psicologia, que cria que os fenmenospsquicos podem ser estudados s em sua observao direta por meio da introspeco.Do mesmo modo, como afirma acertadamente V. N. Ivanovski8 em Introduo metodol-gica cincia e filosofia (1923), esta idia se apia em uma premissa falsa.

    O esclarecimento definitivo deste problema est ligado introduo em psicologia doconceito de inconsciente. Na poca precedente, a psicologia, em particular a inglesa, comfreqncia negava completamente a possibilidade de estudar os estados psicolgicos decarter inconsciente, baseando-se no fato de que no temos conscincia desses estadose que, por conseguinte, nada sabemos acerca deles. Esse raciocnio parte da premissa,tacitamente adotada como indubitvel, segundo a qual podemos estudar e conhecer saquilo de que temos conscincia direta. Contudo, esta premissa no obrigatria, porqueconhecemos e estudamos muitas coisas das quais no temos conscincia direta e as co-nhecemos mediante uma analogia, uma teoria, uma hiptese, um raciocnio deduzido,etc., em geral s por via indireta. Assim, por exemplo, criam-se as cenas do passado, querestabelecemos com ajuda dos mais diversos clculos e construes, sobre a base de ummaterial que logra ser absolutamente dessemelhante dessas cenas. Quando um zologo,pelo osso de um animal extinto, determina seu tamanho, aspecto exterior, modo de vida e

    diz de que se alimentava, etc., tudo isso no est dado empiricamente ao zologo, no experimentado pessoalmente por ele, seno que faz uma concluso sobre a base de ind-cios dos ossos que foram compreendidos diretamente, etc.

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    Do mesmo modo se estuda tambm o inconsciente, isto , segundo certas pistas suas,ressonncias e manifestaes naquilo de que no se tem conscincia diretamente. A per-sonalidade humana representa uma hierarquia de atividades das quais muito poucas es-to conectadas com a conscincia (no sentido de conscincia direta). O que aqui se dissea respeito do inconsciente inteiramente aplicvel ao lado consciente da personalidade,

    porquanto tambm na autoconscincia raramente tudo se reflete em seu aspecto absolu-tamente fiel e correspondente realidade. O investigador, tambm no estudo dos {319:}processos conscientes, na determinao de seu verdadeiro nexo, de seus autnticos mo-tivos e de seu curso real, deve passar dos indcios, das manifestaes e dos sintomas essncia dessas coisas, que se encontram por trs deles. Isso concerne ainda mais aosfenmenos do desenvolvimento no psicolgico17*. fcil sinalizar que, na realidade, to-da esta questo est relacionada com o que havamos afrontado no comeo de nossoartigo quando falamos da passagem de um ponto de vista fenomenalstico que estuda sas manifestaes e classifica os fenmenos por seus traos exteriores, a um ponto devista gentico-condicional, que estuda a essncia dos fenmenos como esta se revela emseu desenvolvimento18*.

    A investigao pedolgica moderna que, amide sobre a base da elaborao mecnicaou aritmtica dos sintomas descobertos e de seus ndices, trata de obter uma conclusoj feita com respeito ao nvel de desenvolvimento, como ocorre nos mtodos de Binet eRossolimo esta investigao se empenha, nem mais nem menos, do que em economi-zar o momento mais importante em todo o labor cientfico, precisamente o momento dopensamento. O pedlogo que trabalha com estes mtodos, estabelece alguns fatos, de-pois os elabora por meio de clculos puramente aritmticos e o resultado se obtm demodo automtico e totalmente independente de sua elaborao mental. Se se comparaisso com o diagnstico cientfico em outros terrenos se obtm algo monstruoso. O mdicomede a temperatura e o pulso, explora os rgos internos, estuda os resultados da anli-

    se qumica e da radiografia e, refletindo, unindo isto em certo quadro coerente, penetra noprocesso patolgico interno que gerou todos os sintomas indicados. Mas seria absurdosupor que a mera mecnica dos sintomas proporciona um diagnstico cientfico. Com issopodemos concluir o primeiro ponto de nosso esquema.

    [2 Histria do desenvolvimento da criana]

    O Segundo est representado pela histria do desenvolvimento da criana, a qual deveconstituir a fonte principal de toda a informao ulterior, o fundo principal de toda a inves-

    tigao ulterior. So bem conhecidos os momentos dos quais se compe a histria dodesenvolvimento da criana. Fazem-se includos aqui o esclarecimento das peculiarida-des hereditrias, do ambiente, da histria do desenvolvimento uterino e extrauterino dacriana em seus traos mais importantes. Comumente se omite, mas desde o ponto devista do tema que nos interessa resulta necessrio, um quarto momento, ou seja, a hist-ria da educao da personalidade. Essas influncias do ambiente, sumamente importan-tes quanto ao desenvolvimento e que formam diretamente a personalidade da criana,{320:} vma seromitidas por completo na histria do desenvolvimento e, ao mesmo tem-

    17* Na edio espanhola est literalmente Esto concierne an ms a los fenmenos del desarrollo no psi-colgico no contexto no fica claro se houve alguma incorreo de traduo ou digitao, ou se refere-se

    mesmo aos fenmenos no psicolgicos como o do exemplo do zologo dado anteriormente, ou ao do m-dico que ser dado em seguida, o que parece mais plausvel.

    18* Ver nota 7* (p. 6).

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    po, se enumera minuciosamente a quantidade de metros cbicos do ambiente que habita,a ordem da mudana da roupa branca e outros detalhes secundrios desse estilo.

    (1) Peculiaridades hereditrias

    (2) Peculiaridades do ambiente

    (3) Histria do desenvolvimento uterino e extrauterino

    (4) Histria da educao da personalidade

    Momentosbem conhecidos

    Momentocomumente omitido

    Momentos que compem a (sistematizao da) histria de desenvolvimento da criana

    [DIAGRAMA 1]

    Para a criao de uma histria cientfica do desenvolvimento da criana, bsica e es-sencial a exigncia de que toda esta histria do desenvolvimento e da educao seja umabiografia que envolva as causas. Diferentemente de uma simples crnica, da mera enu-merao de acontecimentos isolados (em tal ano aconteceu tal coisa, em tal outro ano taloutra), a descrio causal pressupe uma exposio dos fatos que os ponha em uma de-pendncia entre causa e efeito, que revele seus nexos e examine o perodo dado da his-

    tria como um todo nico, coerente e dinmico, tratando de descobrir as leis, nexos e mo-vimentos sobre cuja base se construiu e aos quais est subordinada esta unidade. Co-mumente, a histria pedolgica do desenvolvimento da criana se forma pela enumeraode momentos isolados, internamente no vinculados entre si de modo algum, apresenta-dos de maneira simples como em um questionrio, e dispostos em ordem cronolgica. Oessencial que, com este modo de proceder, no se obtm o fundamental, que a hist-ria do desenvolvimento, dizer, um todo nico, coerente e dinmico. Estas descries,mais do que as autenticamente histricas, recordam as que do as crnicas dos aconte-cimentos e sua sucesso.

    Neste caso, totalmente aplicvel a regra que estabelece A. P. Tchkhov com respeito

    estrutura interna do conto. Fala da necessidade de unir com um nexo interno absoluta-mente todos os elementos do conto; por exemplo, se na primeira pgina, ao descrever adecorao de uma habitao, o autor menciona que em uma parede estava penduradauma escopeta, foroso que esta arma dispare na ltima pgina, do contrrio no haveriamotivo para mencion-la. Na histria do desenvolvimento da criana, cada fato abduzidotambm deve responder exatamente aos fins do todo. A escopeta, que foi mencionada nocomeo, deve disparar obrigatoriamente no final. Nenhum fato deve ser citado simples-mente assim, por si mesmo. Cada um dos fatos deve estar solidamente ligado ao todo, demodo que no possa ser retirado sem alterar toda a construo19*.

    19* Vigotski parece colocar uma exigncia extremamente difcil de se cumprir. O que nos coloca frente a um

    questionamento: para que todos os dados coletados sobre a histria de desenvolvimento tenham algumenlace causal ser preciso no registrar no nosso relato aquilo que para ns ainda no faz sentido (o queseria uma omisso) ou tudo que se obtm tem de ser registrado de modo a ser situado numa relao gen-tico-causal (o que seria bastante ambicioso)?

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    A histria ideal do desenvolvimento deve desenvolver-se com a mesma rigorosa regulari-dade lgica que um teorema de geometria. Pensamos que nos primeiros tempos da pedo-logia, em que apenas dominou a arte do diagnstico cientfico do desenvolvimento, noficaria mal apropriar-se um pouco do rigor lgico de um teorema geomtrico, inclusive ex-cedendo-se desde o ponto de vista da geometrizao20*. E, em todo caso, [cabe] recordar

    que no comeo da histria do desenvolvimento, o investigador deve formular com preci-so, mesmo que seja mentalmente, o que preciso demonstrar, e que ao final a tese queera necessrio demonstrar deve ser expressa com clareza. Isto se refere no s histriado desenvolvimento em seu conjunto, seno que tambm aos momentos singulares dosquais se compe.

    Disto fica claro que o centro de gravidade na histria de desenvolvimento da criana deveser transladado dos fatos exteriores, que podem comprovar tanto qualquer bab como opedlogo (quando a criana comeou a sentar-se, quando comeou a falar, etc.), ao es-tudo dos nexos internos nos {321:} quais se revela o processo de desenvolvimento. Denovo, o caminho do externo ao interno, do que est dado ao que se deve encontrar, da

    anlise fenomenolgica dos fatos a suas causas internas determinantes. E. K. Sepp, clni-co em enfermidades nervosas, considera que toda cincia passa de incio por um perodono qual predomina a descrio dos fenmenos de ndole prevalentemente estatstica. medida que se acumula material, produz-se sua sistematizao segundo a semelhanados fenmenos e o estabelecimento das combinaes que se encontram com freqnciae formam os complexos naturais. Todo este perodo pode chamar-se descritivo ou feno-menolgico. A etapa seguinte no curso do desenvolvimento de diversos campos cientfi-cos o estabelecimento do vnculo interno entre os fenmenos, na determinao da de-pendncia causal por meio da decomposio em elementos de complicados complexosde fenmenos, na reconstruo a partir dos elementos de todas as combinaes pos-sveis. Os traos distintivos desta etapa so a anlise e o estudo da dinmica dos proces-

    sos, cujos momentos singulares constituem os fenmenos investigados antes desde oponto de vista estatstico ou fenomenolgico. Devemos dizer que a pedologia, diferente-mente da medicina, tambm no terreno puramente descritivo (em medicina, este tem suaexpresso mais brilhante no diagnstico diferencial das enfermidades) se encontra numnvel sumamente baixo. A pedologia tem o objetivo de elevar a descrio a um nvel supe-rior, simultaneamente com a assimilao dos procedimentos de anlise e da dinmica dosprocessos.

    Com respeito herana e ao meio, necessrio dizer que ambos os momentos tambmeram includos, por regra geral, na histria do desenvolvimento da criana sem indicar acausa, isto , sem a subordinao s tarefas e aos objetivos da histria dada. Entretanto,o objetivo da investigao pedolgica consiste em apresentar a herana apenas como ummomento do desenvolvimento infantil e, por esta razo, o estudo da herana deve seguir,na pedologia, uma via distinta da que segue a medicina, a gentica e outros campos.Comumente, o pedlogo se interessa pela herana s desde o ponto de vista dos mo-mentos etiolgicos patognicos21*. Ademais, observa-se uma srie de casos curiosos

    20* Talvez a geometrizao a que se refere Vigotski remeta ao modo de pensar utilizado por Espinosa natica. sabido que Vigotski tem uma dvida intelectual para com Espinosa. Assim, o modo geomtrico deproceder poderia no implicar uma formalizao pautada em notao matemtica stricto sensu, mas numcerto modo sistemtico de proceder a explicao. Note-se que ele critica a apreenso puramente aritmti-ca dos dados sobre o desenvolvimento da criana (ver p.316/11 e p. 328/22).

    21* No espanhol: etiolgicos patgenos, de certo modo uma redundncia se tomarmos etiologia comoestudo das causas das doenas e patognico como de origem patolgica e/ou relativo doena. Con-tudo, o Houaiss registra antes uma acepo mais genrica para etiologia 1 ramo do conhecimento cujo

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    que, lamentavelmente, converteram-se em pautas do pensamento pedolgico prtico. Nahistria da herana se indica, por exemplo, que o av e o pai do menino examinado pade-ciam de alcoolismo. O pedlogo recorre a estes dados para explicar a estranha condutado menino da qual se queixam: s vezes estando na sala de aula e sem causa aparente,atira-se ao solo, comea a fazer diabruras, interrompe as aulas. O pedlogo raciocina de

    modo simplrio: o av e o pai bebiam, e isso deve expressar-se de algum modo na con-duta do menino.

    O exemplo recm aportado acerca de como se emprega em pedologia a teoria da heran-a no constitui uma exceo. Mais que isso, tpico da formao deste campo da hist-ria do desenvolvimento e mostra claramente toda a inutilidade, esterilidade e desacertodeste caminho. Admitamos que, neste caso, o investigador tenha razo; que o alcoolismodo pai e do av realmente deve servir para explicar as extravagncias na conduta de seufilho e neto. Mas, com que {322:} inumerveis associaes, elos intermedirios e transi-es est vinculada a causa ao efeito e at que ponto fica sem resolver a tarefa do inves-tigador! Que vacuidade exibe sua histria de desenvolvimento, se rene direta e linear-

    mente o primeiro e o ltimo elo de uma grande corrente, omitindo todos os intermedirios!Que terrvel simplificao da realidade e que vulgarizao do mtodo cientfico!

    De modo que a primeira tarefa consiste em seguir a influncia da herana no desenvolvi-mento da criana atravs de todos os elos intermedirios, de maneira que uns ou outrosfenmenos nesse desenvolvimento, uns ou outros momentos da herana sejam postosnum claro vnculo gentico entre si. A segunda exigncia reside em que a anlise da he-rana deve ser efetuada na pedologia com uma amplitude muito maior que na patologia.Devemos nos interessar por esta anlise para esclarecer o hereditrio dos traos constitu-tivamente inatos que se manifestam no desenvolvimento da criana. Isto deve ser umadas fontes fundamentais para nosso conhecimento da constituio infantil. De modo que o

    pedlogo est obrigado no s a interessar-se pelos momentos patolgicos na herana,seno tambm por explicar, em geral, todas as variantes hereditrias da constituio dagerao dada.

    Um momento obrigatrio do estudo pedolgico deve chegar a ser o que Kretschmer de-nomina investigao caracterolgica da famlia. Inclusive com respeito ao paciente no possvel limitar-se a sua personalidade. Para a caracterologia ocorre o mesmo que paraa estrutura do corpo. Os traos clssicos de um tipo constitucional s vezes aparecemmais claramente marcados nos parentes diretos do que no paciente. Ademais, se em ummesmo paciente se encontram vrios tipos constitucionais, podemos ver em outros mem-bros da famlia seus componentes singulares, claramente isolados e dissociados. Em sn-tese, quando desejamos ter a construo da constituio do paciente, devemos prestar adevida ateno herana. Por isso faz j muitos anos que, em presena dos casos maisimportantes, tenho registrado tudo o que possvel saber acerca das peculiaridades docarter, das enfermidades e da estrutura do corpo das pessoas consangneas 22*. A es-

    objeto a pesquisa e a determinao das causas e origens de um determinado fenmeno, havendo asmais especficas em seguida 1.1 Rubrica: medicina. estudo das causas das doenas Locues e. criminalRubrica: termo jurdico. parte da criminologia que trata do estudo das causas e dos fatores do delito (Hou-aiss, verso on-line).

    22* Em espanhol parientes consanguneos", talvez nessa lngua no seja redundante, pois se pode falar em

    parentes por afinidade tambm: 1. adj. Respecto de una persona, se dice de cada uno de los ascendien-tes, descendientes y colaterales de su misma familia, ya sea por consanguinidad o afinidad. (DICCIONA-RIO DE LA LENGUA ESPAOLA - REAL ACADEMIA ESPAOLA Vigsima segunda edicin versodigital).

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    trutura da constituio do paciente aparece com surpreendente clarez.a se introduzirmos,no esquema, o mais importante em expresses concisas (E. Kretschmer, 1930, p. 139).

    Kretschmer d um exemplo de estudo caracterolgico do ambiente: Encontramos nestafamlia a cultura pura das peculiaridades do carter que mais tarde denominamos esqui-

    zotmicas. Comeando pelos carteres esquizotmicos sos... atravs dos evidentementepsicopticos... que permanecem toda a vida no limite da psicopatia, at chegar leve psi-cose pr-senil abortiva da me, e terminando na grave esquizofrenia do filho. Vemos aqui,nestes poucos membros da famlia todas as possveis transies e matizes entre a en-fermidade e a sade (idem, p. 139-140)

    De maneira que o interrogatrio habitual sobre a herana, ao qual o pedlogo submete ospais e que se limita a estabelecer a existncia de uma enfermidade psquica, de alcoolis-mo, etc., resulta totalmente inconsistente para {323:} investigar a real complexidade dosfenmenos e relaes que subjazem herana.

    Inclusive o estudo da herana de uma pessoa enferma no pode ficar limitado ao estudodos indivduos enfermos. O investigador empreende um caminho errneo se detm suaateno s nos indivduos enfermos da famlia. Em nosso caso disse Kretschmer, refe-rindo-se ao exemplo que havia dado deveria dizer que vemos aqui uma herana poli-morfa de psicose, porquanto de um pai epiltico nasce uma filho circular. No sentido bio-lgico, este mtodo de pensamento bastante insatisfatrio. Em realidade, o curso dofator hereditrio , neste caso, totalmente distinto. Uma captao semelhante, que abarcas as indicaes mrbidas, nunca nos dar o quadro da herana em seu conjunto (idem,p. 145).

    A investigao gentica contempornea que, por uma parte, se ocupa do problema da

    constituio e, por outra, do estudo dos gmeos, pe nas mos do investigador um mag-nfico material para fazer a anlise constitucional mais profunda possvel da personalidadeda criana em relao com a herana. O estudo dos gmeos indica a dinmica do desen-volvimento dos traos hereditrios; o estudo das constituies psicopticas, desde o pon-to de vista do hereditrio, mostra as complexssimas leis da estruturao, da dissociao,do entrecruzamento e da combinao na transmisso inclusive das sndromes caractero-lgicas fundamentais. Por exemplo, a investigao estabelece que no grupo das epilepsi-as existe grande quantidade de diversos genes que podem unir-se ou dissociar-se dandoformas clnicas diversas.

    O investigador deve recordar que, em sua dinmica, os fatores hereditrios se manifes-tam em um todo, s na investigao caracterolgica de uma famlia dada, mas no semanifestam absolutamente no estudo de seus membros isolados escolhidos. O estudo daherana do modo que se vem realizando at agora de todo anlogo ao que se seguequando, ao estudar o desenvolvimento fsico ou o estado de uma pessoa, temos em contano todo o seu organismo ntegro, seno s o estado de um ou dois rgos, porque osmembros isolados da famlia que consideramos so aquelas partes de um todo genticodinmico que esto representadas s na famlia.

    A anlise constitucional da personalidade da criana deve basear-se nesta complexa in-vestigao caracterolgica da famlia. Mas a tarefa no se limita a isto. Surge a necessi-

    dade de observar detidamente estes dados hereditrios na histria do desenvolvimentoulterior da criana, seguir seu destino e estabelecer as leis fundamentais da conexo en-tre determinadas inclinaes hereditrias e a linha do desenvolvimento posterior da crian-

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    a. O que foi dito concerne no s esfera do carter, seno tambm do desenvolvimen-to fsico e, em particular, do crescimento da criana. A ttulo de exemplo, mencionamos asinvestigaes de L. S. Gueshelina, que clareiam a influncia dos fatores hereditrios eambientais no crescimento das crianas. Um correto estudo constitucional do crescimentoda criana, desse fenmeno relativamente simplssimo, demanda o estudo das influncias

    {324:} hereditrias e ambientais, e este ltimo s possvel com a ajuda do estudo detoda a famlia.

    O momento seguinte para o qual preciso prestar ateno o estudo das influncias he-reditrias em unidade com as ambientais. Por outra parte, os distintos momentos e ndi-ces do ambiente no podem ser simplesmente amontoados mediante uma enumeraodesordenada, o investigador deve apresent-los como um todo estruturado, construdodesde o ponto de vista do desenvolvimento da criana. O estudo do ambiente, dentro dahistria do desenvolvimento da criana, nunca ser definitivo e completo se no temos emconta aquilo que j dissemos a propsito da herana.

    Como s vezes se explica a conduta do neto pelo alcoolismo do av, diversos momentosda vida cotidiana familiar (privao de habitao, ms relaes entre os pais, presena deexemplos negativos, etc.) se pem em relao direta com as queixas pela conduta da cri-ana. Em tal caso, quando fica assinalado o momento ambiental que salta vista, nova-mente se considera que se logrou uma explicao cientfica satisfatria. A criana leva-da ante o investigador com uma srie de queixas sobre sua difcil educabilidade, que pro-cedem da famlia e da escola. O investigador estabelece as graves condies econmi-cas, habitacionais e morais da famlia. A anlise est concluda. Mas o mesmo que capaz de fazer qualquer vizinho pequeno-burgus que, em tais casos logra dizer: Vejavoc, como vive essa gente!.

    A tarefa do pedlogo no se limita de modo algum a essa comprovao pequeno-burguesa do vnculo existente entre as condies de vida penosas e a difcil educabilida-de da criana. O enfoque cientfico se distingue precisamente do emprico comum pelofato de que se prope revelar as profundas dependncias interiores e os mecanismos deorigem de uma ou outra influncia ambiental. Enquanto no se tenha feito isto, enquantono fique demonstrado como, com que meio, atravs de que elos intermedirios, com aajuda de que mecanismos psicolgicos, atuando sobre que aspectos do processo de de-senvolvimento, essas condies ambientais conduziram a ditos fenmenos de difcil edu-cabilidade, a tarefa da anlise cientfica no ter sido cumprida totalmente.

    Ao referir-nos completa estrutura do desenvolvimento da personalidade da criana psi-copata temos aportado dados com respeito influncia do ambiente em crianas psicopa-tas de tipo esquizide. Temos visto que momentos tais como a insuficincia material, afome, a pobreza, os afetos vitais, a ameaa vida, o terror, o susto, o controle escasso ea vinculao com a rua, desempenham um papel relativamente insignificante na acumula-o de sndromes ulteriores de difcil educabilidade em um grupo dado de crianas. Nogrupo das psicopatias ciclides estes fatores assumem o primeiro papel no desenvolvi-mento dos estados reativos. Pelo contrrio, todos aqueles momentos que esto vincula-dos com o menosprezo da personalidade do paciente e provocam vivncias conflitivas(uma educao inflexvel, com permanentes coeres e ofensas, as discrdias familiares,a desavena entre os pais, a discusso por causa da criana, a separao forada de um

    dos pais, o cime com relao a algum dos {325:} membros da famlia, as situaes pe-nosas da vida que ferem o amor prprio), representam momentos altamente traumticospara as crianas de tipo esquizide.

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    Tambm notvel o fato de que no s existe seletividade dentro das diferentes influn-cias ambientais, seno que existe uma forma definida de reao do desenvolvimento in-fantil a determinadas condies ambientais. Em 1/3 dos casos descritos por Sukhareva seobserva que a forma mais freqente de reao a condies dadas do ambiente eram di-versos estados neurticos, Podemos pensar diz a autora que a freqncia de dita

    reao nos esquizides no casual, pois a psique esquizide (particularidades da vida,atraes, falta de unidade das emoes e sua escassa capacidade para reagir) propor-ciona uma srie de mecanismos predispostos para seu surgimento (1930, p. 72). Eviden-temente, nos 2/3 restantes de crianas do mesmo tipo, condies anlogas provocaramuma reao absolutamente distinta. E a tarefa do pedlogo no verificar tais ou quaismomentos nocivos, seno estabelecer o nexo dinmico entre certos momentos do ambi-ente e certa linha de desenvolvimento da criana. Tambm, neste caso, a tarefa funda-mental e bsica segue sendo descobrir os nexos e o mecanismo do desenvolvimento, e,se no se resolve, a investigao pedolgica no pode ser denominada investigao cien-tfica.

    O problema da educao se agrega a isso. Como j temos dito, ocorre de evitar-se porcompleto este aspecto do tema na histria do desenvolvimento da criana. Entretanto, emtodo caso o momento mais importante dentro de todo o material de que pode dispor oinvestigador. De modo geral, na caracterizao da educao se anotam s alguns mo-mentos excepcionais como uma espcie de castigo corporal, e isto ainda na forma maisgeral. Quando, em realidade, a educao, entendida no mais amplo sentido da palavra,deve ser o eixo fundamental ao redor do qual se estrutura todo o desenvolvimento da per-sonalidade da criana. Uma linha dada de desenvolvimento deve ser entendida comoconseqncia lgica necessria de uma linha dada de educao. Por tanto, sem o estudocientfico da educao, o pedlogo nunca poder construir o quadro cientfico do desen-volvimento infantil. Subentende-se que a educao no deve compreender-se de modo

    algum apenas como instruo, como medidas educativas criadas premeditadamente pe-los pais e aplicadas com respeito criana. Trata-se da educao em toda a extenso dosignificado da palavra, tal como a entende a pedagogia moderna.

    J temos reproduzido as teses de Gesell, que diz que a lei gentica superior a seguinte:todo o desenvolvimento no presente se baseia no desenvolvimento anterior. O desenvol-vimento no uma simples funo completamente determinada de uma unidade X deherana mais Y unidades de ambiente. Trata-se de um complexo histrico que reflete, emcada um dos seus estgios, o passado encerrado no mesmo. Em outras palavras, o artifi-cioso dualismo do ambiente e da herana nos leva a um caminho equivocado, nos escon-de o fato de que o desenvolvimento um processo ininterrupto que se auto-condiciona, eno uma marionete manobrada com dois fios. Citamos pela segunda vez esta tese porquenos parece {326:} que central por seu significado para a pedologia prtica. Lamenta-velmente em nossa prtica, a histria do desenvolvimento da criana habitualmente seexpe, precisamente, desde o ponto de vista do falso dualismo do ambiente e da herana;a pedologia prtica raras vezes sabe tomar um e o outro em sua unidade, e neste quadro,a criana representada justamente como uma marionete manipulada por dois fios, e seudesenvolvimento se d como um drama dirigido por duas foras.

    A capacidade de apresentar a herana e o ambiente em sua unidade s pode ser adquiri-da mediante a aplicao prtica, ao estudo do desenvolvimento concreto da criana, da

    lei a que Gesell denominou lei fundamental de toda a pedologia, ou seja, a lei segundo aqual se demonstra que o desenvolvimento constitui um processo auto-condicionado ondeesto sintetizadas as influncias do ambiente e da herana. Isto significa que toda nova

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    etapa no desenvolvimento da criana deve ser representada pelo pedlogo como deriva-da com necessidade da etapa precedente. Devem ser revelados: a lgica do auto-movimento no desenvolvimento, a unidade e luta de contrrios postas dentro do prprioprocesso. No se deve entender toda nova etapa no desenvolvimento como um novoproduto do entrecruzamento mtuo de X unidades de herana mais Y unidades de ambi-

    ente. Desvelar o auto-movimento do processo de desenvolvimento significa compreendera lgica interna, o condicionam