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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CAMILA MAUL DE CASTRO MIRANDA PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PRESSÃO ARTERIAL EM PEQUENOS ANIMAIS: REVISÃO DE LITERATURA NITERÓI RJ 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CAMILA MAUL DE CASTRO MIRANDA

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PRESSÃO ARTERIAL EM

PEQUENOS ANIMAIS:

REVISÃO DE LITERATURA

NITERÓI – RJ

2011

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CAMILA MAUL DE CASTRO MIRANDA

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PRESSÃO ARTERIAL EM

PEQUENOS ANIMAIS:

REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada a Universidade Federal

Rural do Semi-Árido (UFERSA), Departamento

de Ciências Animais para obtenção do título de

especialista em Clínica Médica de Pequenos

Animais.

Orientadora: Professora M.Sc.Valéria Natascha

Teixeira.

NITERÓI – RJ

2011

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CAMILA MAUL DE CASTRO MIRANDA

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PRESSÃO ARTERIAL EM

PEQUENOS ANIMAIS:

REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada ao Departamento de

Ciências Animais para obtenção do título de

especialista em Clínica Médica de Pequenos

Animais.

Orientadora: Professora M.Sc. Valéria Natascha

Teixeira.

APROVADA EM: ........../........../...........

BANCA EXAMINADORA:

.......................................................................

Professor (a) (UFERSA)

Presidente

.......................................................................

Professor (a) (UFERSA)

Primeiro Membro

.......................................................................

Professor (a) (UFERSA)

Segundo Membro

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Para Mamãe, Isabela e Vovó Inah,

por todo o apoio para a realização dessa pós-graduação;

Para Rodrigo, Olívia e Dudu,

que, mais do que um abrigo, me emprestaram um lar.

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AGRADECIMENTOS

A professora Valéria, que gentilmente e atenciosamente prestou-me sua orientação.

A minha amada família, pelo apoio de sempre à minha carreira profissional.

A minha querida sócia Joana, pelo apoio incondicional, e ao meu braço direito,

Simone, por apoiá-la em minhas ausências.

Aos professores do curso, que ensinaram muito mais do que conteúdo acadêmico e

toda a equipe Equalis.

Aos meus queridos novos amigos, companheiros nessa jornada, que tornaram tudo

mais fácil, e muito mais divertido.

E, sobretudo a Deus.

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RESUMO

A pressão arterial é um dos parâmetros fisiológicos mais importantes, vital para a manutenção

da homeostasia do organismo. Além disso, as últimas duas décadas testemunharam o

reconhecimento da ocorrência das desordens da pressão arterial (hipotensão e hipertensão), e

sua significância na clínica médica de pequenos animais. Dessa forma, a mensuração da

pressão arterial em cães e gatos é de extrema importância, e essencial em determinadas

situações. Embora essa importância seja reconhecida pela maioria dos clínicos, sua utilização

vem sendo sistematicamente negligenciada. O presente estudo, realizado através de revisão da

literatura, objetivou fundamentar a importância da mensuração da pressão arterial na rotina da

clínica médica de pequenos animais, e fornecer ao clínico as informações básicas para sua

realização.

Palavras-chaves: Pressão arterial; pressão sanguínea; cão; gato

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ABSTRACT

Arterial blood pressure is one of the most important physiological parameters, vital for

organism homeostasis maintenance. Moreover, the last two decades have witnessed the

recognition of arterial blood pressure disorders (hypotension and hypertension), and its

significance in small animal clinical medicine. Thus, arterial blood pressure measurement in

dogs and cats is extremely important, and essencial in certain situations. Although its

importance is recognized by most clinicians, its use has been systematically neglected. This

study, conducted by literature review, aimed to substantiate the arterial blood pressure

measurement importance in routine small animal clinical medicine, and provide the clinician

with the basic information for its realization.

Key-words: Arterial blood pressure; blood pressure; dog; cat

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cateterização arterial (LOVE; HARVEY, 2006)………………………………32

Figura 2: Monitor do transdutor de pressão (LOVE; HARVEY, 2006)...........................33

Figura 3: Utilização do Doppler ultrassônico em cão (LOVE; HARVEY, 2006).............36

Figura 4: Diversos cuff utilizados nos métodos Doppler ultrassônico e oscilométrico

(LOVE; HARVEY, 2006).......................................................................................................41

Figura 5: Local de posicionamento da artéria no cuff (LOVE; HARVEY, 2006)............42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Valores de pressão arterial (mmHg) para cães e gatos normais,

compilados de diversas referências .............................................................

20

Tabela 02 - Classificação da pressão arterial (mmHg) para cães e gatos, baseada no

risco de desenvolvimento de dano a órgão-alvo.

Fonte: BROWN et al. (2007).......................................................................

23

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Comparação entre os diferentes métodos de mensuração da pressão

arterial.

Fonte: RABELO (2003)...............................................................................

33

Quadro 02 - Protocolo para a sessão de mensuração da pressão arterial

Fonte: BROWN et al. (2007).......................................................................

34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACVIM – American College of Veterinary Internal Medicine

ADH – Hormônio antidiurético

DC – Débito cardíaco

FC – Frequência cardíaca

IRA – Insuficiência renal aguda

LEC – Líquido extracelular

mmHg – Milímetros de mercúrio

NaCl – Cloreto de sódio

PA – Pressão arterial

PAD – Pressão arterial diastólica

PAM – Pressão arterial média

PAS – Pressão arterial sistólica

PV – Pressão venosa

RPT – Resistência vascular periférica total

SN – Sistema nervoso

SNA – Sistema nervoso autônomo

SNC – Sistema nervoso central

SRAA – Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................................05

ABSTRACT..............................................................................................................................06

LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................07

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................08

LISTA DE QUADROS............................................................................................................09

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.............................................................................10

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................13

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................14

2.1. FISIOLOGIA DA PRESSÃO ARTERIAL........................................................................14

2.1.1. Definição..........................................................................................................................14

2.1.2. Fatores determinantes da pressão arterial...................................................................15

2.1.2.1. Débito cardíaco..............................................................................................................15

2.1.2.2. Resistência periférica total............................................................................................15

2.1.3. Regulação da pressão arterial.......................................................................................16

2.1.3.1. Regulação nervosa da circulação sistêmica...................................................................17

2.1.3.2. Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona..................................................................19

2.1.3.3. Relaxamento por estresse da vasculatura......................................................................20

2.1.3.4. Mecanismo de deslocamento de líquido capilar............................................................20

2.1.3.5. Papel dos rins na regulação a longo prazo da pressão arterial......................................20

2.2. VALORES FISIOLÓGICOS DA PRESSÃO ARTERIAL EM CÃES E GATOS............21

2.2.1. Fatores que poderiam afetar a pressão arterial normal.............................................25

2.2.1.1. Idade..............................................................................................................................25

2.2.1.2. Sexo...............................................................................................................................25

2.2.1.3. Raça...............................................................................................................................26

2.2.1.4. Obesidade......................................................................................................................26

2.3. DESORDENS DA PRESSÃO ARTERIAL: HIPERTENSÃO E HIPOTENSÃO............26

2.3.1. Hipertensão.....................................................................................................................26

2.3.1.1. Classificação..................................................................................................................27

2.3.1.2. Clínica...........................................................................................................................28

2.3.2. Hipotensão.......................................................................................................................29

2.3.2.1. Clínica...........................................................................................................................30

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2.4. MENSURAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL NA CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS

ANIMAIS...................................................................................................................................30

2.4.1. Importância.....................................................................................................................30

2.4.2. Indicações........................................................................................................................30

2.4.3. Métodos...........................................................................................................................31

2.4.3.1. Mensuração direta ou invasiva da pressão arterial........................................................31

2.4.3.2. Mensuração indireta ou não-invasiva da pressão arterial..............................................33

2.4.3.2.1. Oscilometria...............................................................................................................33

2.4.3.2.2. Doppler ultrassônico.................................................................................................34

2.4.3.2.3. Pletismografia............................................................................................................35

2.4.3.2.4. Comparação entre os diferentes métodos de mensuração da pressão arterial.......36

2.4.4. Fatores técnicos a serem observados na mensuração indireta da pressão arterial

(métodos oscilométrico e Doppler ultrassônico)....................................................................37

2.4.4.1. Dispositivo utilizado......................................................................................................38

2.4.4.2. Minimização da “hipertensão do jaleco branco”...........................................................38

2.4.4.3. Posicionamento do paciente..........................................................................................39

2.4.4.4. Tamanho do cuff...........................................................................................................39

2.4.4.5. Local de posicionamento do cuff..................................................................................40

2.4.4.6. Operador da mensuração...............................................................................................41

2.4.4.7. Número de mensurações...............................................................................................41

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................42

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................4

4

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1 INTRODUÇÃO

A pressão arterial (PA) é um dos parâmetros fisiológicos mais importantes, vital para a

manutenção da homeostasia do organismo. Em medicina humana, é considerada o quarto

sinal vital (acompanhando temperatura, pulso e respiração) e há muito tempo, sua mensuração

faz parte do exame clínico de rotina.

Nas últimas duas décadas, o reconhecimento da ocorrência das desordens da pressão

arterial (hipotensão e hipertensão), e de sua significância na clínica médica de pequenos

animais, conduziu a mudanças fundamentais no entendimento e na abordagem a várias

doenças.

Dessa forma, a mensuração da PA em cães e gatos é de extrema importância, e

essencial em determinadas situações.

Embora essa importância seja reconhecida pela maioria dos clínicos, durante anos sua

utilização foi negligenciada. Em parte, isso se deve ao fato de que, até há pouco tempo, a

única forma fidedigna para a obtenção desse parâmetro era através de métodos invasivos, que

tornavam a mensuração da PA extremamente difícil e restrita.

A partir da década de 90, o advento de técnicas não-invasivas para a mensuração da

PA passou a permitir sua utilização na rotina da clínica médica de pequenos animais.

Entretanto, apesar de a mensuração da PA, teoricamente, ser possível em animais como é em

seres humanos, sua realização na rotina ainda é extremamente rara.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 FISIOLOGIA DA PRESSÃO ARTERIAL

A função da circulação é atender às necessidades metabólicas dos tecidos corporais.

Para isso, o sistema cardiovascular é controlado para fornecer o débito cardíaco [quantidade

de sangue] e a pressão arterial necessários para promover o fluxo sanguíneo adequado para

cada tecido (GUYTON; HALL, 2006).

O fluxo sanguíneo através de um vaso é inteiramente determinado por dois fatores

(GUYTON; HALL, 2006):

(A) Diferença de pressão entre as duas extremidades do vaso, que é a força que empurra o

sangue ao longo do vaso.

(B) Resistência vascular, que é o impedimento ao fluxo sanguíneo, exercido pelo próprio

vaso.

A diferença de pressão existe porque o sangue flui da parte da circulação de alta

pressão – aorta, para a parte da circulação de baixa pressão – veias cavas (GUYTON; HALL,

2006). Daí a grande importância da pressão arterial para a circulação sanguínea.

2.1.1 Definição

Conceitualmente, a pressão sanguínea é a força lateral exercida pelo sangue contra

qualquer área unitária da parede do vaso (GUYTON; HALL, 2006; LOVE; HARVEY, 2006;

RABELO; MELO, 2002). No sistema arterial, a pressão sanguínea é denominada pressão

arterial (PA), e, no sistema venoso, pressão venosa (PV) (GUYTON; HALL, 2006). Quase

sempre, a pressão sanguínea é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) (GUYTON;

HALL, 2006).

A PA é gerada durante a sístole cardíaca, quando o sangue ejetado pelo ventrículo

esquerdo na artéria aorta promove a distensão de suas paredes (CUNNINGHAM; KLEIN,

2009; GUYTON; HALL, 2006; RABELO; MELO, 2002), produzindo nela uma pressão

máxima, denominada pressão arterial sistólica (PAS) (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009;

GUYTON; HALL, 2006; LOVE; HARVEY, 2006; NELSON, 2003). Durante a diástole, não

há entrada de sangue na aorta, porém, a retração elástica de suas paredes mantem a pressão,

que decresce lentamente à medida que o sangue flui através dos vasos periféricos. A pressão

mínima antes de cada nova sístole é denominada pressão arterial diastólica (PAD)

(CUNNINGHAM; KLEIN, 2009; GUYTON; HALL, 2006; LOVE; HARVEY, 2006;

NELSON, 2003).

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A pressão arterial média (PAM) é a pressão média [ponderada] na aorta a cada ciclo

cardíaco (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009), calculada da seguinte forma (CUNNINGHAM;

KLEIN, 2009; LOVE; HARVEY, 2006; NELSON, 2003):

PAM = (PAS – PAD) / 3 + PAD

2.1.2 Fatores determinantes da pressão arterial

A PA é determinada pelo débito cardíaco (DC) e pela resistência periférica total

(RPT) (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009; GUYTON; HALL, 2006; LOVE; HARVEY, 2006;

NELSON; COUTO, 2001):

PA = DC x RPT

2.1.2.1 Débito cardíaco (DC)

O DC é a quantidade de sangue bombeada pelo ventrículo esquerdo, na aorta, a cada

minuto (GUYTON; HALL, 2006).

Sob a maior parte das circunstâncias normais, o DC é regulado em resposta às

necessidades metabólicas teciduais (DETWEILER et al., 1996; GUYTON; HALL, 2006),

através do Mecanismo de Frank-Starling do coração, que promove a adaptação da força de

contração (contratilidade) do miocárdio às variações de retorno venoso (quantidade total de

sangue que chega ao coração). Além deste mecanismo, e menos importante, o estiramento do

nodo sinusal promove um aumento da freqüência cardíaca (GUYTON; HALL, 2006).

Entretanto, se as necessidades metabólicas teciduais aumentam sobremaneira, o

coração torna-se um fator limitante na regulação do DC, e passa, então, a necessitar do auxílio

do sistema nervoso (SN) para promover o fluxo sanguíneo necessário. O SN atua de forma

global sobre a circulação (GUYTON; HALL, 2006), conforme será visto adiante.

2.1.2.2 Resistência periférica total (RPT)

Resistência vascular é o impedimento ao fluxo sanguíneo exercido pelo próprio vaso,

decorrente do atrito entre o sangue e o endotélio intravascular (GUYTON; HALL, 2006).

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A resistência vascular é determinada principalmente pelo diâmetro do vaso, uma vez

que nos pequenos vasos (arteríolas e capilares) a maior parte do fluxo está em contato com o

endotélio, enquanto nos grandes vasos (artérias) a maior parte do fluxo ocorre no centro, sem

exercer atrito (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009; GUYTON; HALL, 2006). A lei de Poiseuille

estabelece a relação de quarta potência entre o diâmetro do vaso e a resistência exercida por

ele. Isso significa que um pequeno aumento no diâmetro do vaso (em quatro vezes) é capaz de

diminuir grandemente a resistência vascular, gerando um grau extremo de aumento do fluxo

sanguíneo (de 256 vezes) (GUYTON; HALL, 2006).

Além do diâmetro do vaso, a viscosidade do sangue, determinada principalmente pelo

número de eritrócitos em suspensão, também pode influenciar a resistência vascular

(GUYTON; HALL, 2006; MELBIN; DETWEILER, 1996).

Resistência periférica total (RPT) é a soma das resistências exercidas por todos os

vasos sanguíneos. Na circulação sistêmica, aproximadamente ⅔ da RPT são exercidos pelas

arteríolas (GUYTON; HALL, 2006).

2.1.3 Regulação da pressão arterial

A PA é regulada por vários sistemas de controle inter-relacionados, cada qual

realizando uma função específica, e em três fases (GUYTON; HALL, 2006):

(A) Controle rápido da PA: atua na regulação momento a momento da PA (que, sob

circunstâncias normais, sofre variações cíclicas), e atua também diante de alterações súbitas.

Inicia-se imediatamente e perdura por segundos a minutos. Consiste na regulação nervosa,

que atua de forma global sobre a circulação sistêmica, através de três mecanismos reflexos

principais:

- Mecanismo de feedback barorreceptor;

- Mecanismo de feedback quimiorreceptor;

- Mecanismo de resposta isquêmica do sistema nervoso central (SNC).

(B) Controle intermediário da PA: inicia-se cerca de 30 minutos após a alteração da PA e

perdura por algumas horas. É realizado através de três mecanismos principais:

- Mecanismo vasoconstritor do sistema renina-angiotensina;

- Relaxamento por estresse da vasculatura;

- Mecanismo de deslocamento de líquido capilar.

(C) Controle a longo prazo da PA: atua quando a PA permanece alterada por muito tempo, e

ocorre ao longo de dias, meses ou anos. É desempenhado principalmente pelos rins, através

do sistema rim - líquidos corporais.

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2.1.3.1 Regulação nervosa da circulação sistêmica

A regulação nervosa da circulação sistêmica é feita quase inteiramente pelo sistema

nervoso autônomo (SNA) (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009; GUYTON; HALL, 2006).

O principal centro autonômico relacionado a essa regulação é o centro vasomotor,

localizado no tronco cerebral inferior, que possui três áreas principais (GUYTON; HALL,

2006):

(A) Área sensorial: recebe, através dos nervos vagos e glossofaríngeos, os sinais nervosos do

sistema cardiovascular que, então, são transmitidos para a área vasoconstritora ou para a

área vasodilatadora, que, então, promovem um feedback para a circulação.

Além disso, o centro vasomotor também é modulado por centros nervosos superiores,

especialmente pelo hipotálamo e pelo córtex límbico cerebral.

(B) Área vasoconstritora: sua ativação resulta em estimulação simpática.

Sob condições normais, a área vasoconstritora está continuamente ativa, estimulando

as fibras simpáticas adrenérgicas dos vasos sanguíneos, resultando em um estado constante de

vasoconstrição parcial, que é denominado tônus vasoconstritor simpático ou tônus

vasomotor.

(C) Área vasodilatadora: sua ativação resulta em inibição da área vasoconstritora, com

conseqüente inibição do tônus vasoconstritor simpático, o que resulta em vasodilatação

(GUYTON; HALL, 2006).

Dessa forma, observa-se que o sistema nervoso simpático desempenha o principal

papel na regulação nervosa da circulação sistêmica. A maior parte das fibras simpáticas é

constituída por fibras adrenérgicas, que secretam norepinefrina, e promovem os seguintes

efeitos sobre o sistema cardiovascular (GUYTON; HALL, 2006):

(A) Nos vasos sanguíneos: a norepinefrina atua sobre os receptores α-adrenérgicos (α1 e α2),

presentes em todos os vasos sanguíneos, exceto metarteríolas e capilares. A norepinefrina

estimula a contração do músculo liso vascular, o que resulta em vasoconstrição e, por

conseqüência promove (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009; GUYTON; HALL, 2006):

- Aumento da RPT, decorrente da vasoconstrição das arteríolas;

- Aumento do retorno venoso e, consequentemente, do DC, decorrente do deslocamento do

sangue venoso de volta para o coração, como conseqüência da vasoconstrição das veias.

(B) No coração: a norepinefrina atua sobre os receptores β-adrenérgicos (β1 e β2),

promovendo um aumento do DC através de (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009; GUYTON;

HALL, 2006):

- Aumento da frequência cardíaca

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- Aumento da força de contração ou contratilidade cardíaca.

O DC aumenta diretamente a PA. Porém, a maior parte (90%) do aumento da PA

deve-se à autorregulação tecidual, que consiste na vasoconstrição das arteríolas teciduais,

em resposta ao aumento do fluxo sanguíneo. Como a vasoconstrição ocorre de forma

generalizada, ocorre um aumento da RPT.

(C) Nas glândulas adrenais: a norepinefrina estimula a secreção de norepinefrina pela região

medular (CUNNINGHAM; KLEIN, 2009; GUYTON; HALL, 2006). A norepinefrina

secretada pelas adrenais possuí efeitos semelhante aos da norepinefrina das fibras simpáticas,

exceto que tem ação mais duradoura.

Aproximadamente 80% da norepinefrina sofre metilação, transformando-se em

epinefrina. A epinefrina, comparada à norepinefrina, possui maior ação sobre os receptores β

(coração), e menor sobre os receptores α (vasos sanguíneos) (GUYTON; HALL, 2006).

Por sua vez, o sistema nervoso parassimpático tem um papel muito menos

significativo no controle da circulação sistêmica, uma vez que atua somente sobre os

receptores muscarínicos do coração (GUYTON; HALL, 2006). As fibras parassimpáticas são

colinérgicas, ou seja, secretam acetilcolina. A acetilcolina diminui o DC das seguintes formas

(GUYTON; HALL, 2006):

- Acentuada redução da freqüência cardíaca;

- Leve redução da contratilidade cardíaca, uma vez que atua somente sobre os átrios.

Os principais mecanismos de ativação do centro vasomotor, que atuam no controle

rápido da PA são (GUYTON; HALL, 2006):

(A) Mecanismo de feedback barorreceptor: os barorreceptores são terminações nervosas,

sensíveis ao estiramento, localizados nas paredes de grandes artérias sistêmicas,

principalmente nas carótidas e na aorta. O sistema de controle barorreceptor é sensível ao

aumento ou à diminuição da PA e é considerado o sistema tampão da pressão arterial

(GUYTON; HALL, 2006).

(B) Mecanismo de feedback quimiorreceptor: os quimiorreceptores são células

quimiossensíveis à concentração sanguínea de oxigênio (diminuída), e de dióxido de carbono

e íons hidrogênio (aumentadas), localizados em estreita associação aos barorreceptores nas

carótidas e na aorta (GUYTON; HALL, 2006).

O reflexo quimiorreceptor só é significativo diante de PA suficientemente baixa para

diminuir o fluxo sanguíneo arterial (PAM < 80 mmHg em seres humanos) e desempenham

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seu principal papel no controle da respiração, e não no controle da PA (GUYTON; HALL,

2006).

(C) Resposta isquêmica do SNC: uma diminuição significativa da PA (PAM ≤ 60 mmHg em

seres humanos) é capaz de diminuir o fluxo sanguíneo encefálico, a ponto de causar isquemia

cerebral. O acúmulo de dióxido de carbono, íons hidrogênio e outras substâncias ácidas é

capaz de atuar diretamente sobre o centro vasomotor, estimulando sua área vasoconstritora

(GUYTON; HALL, 2006).

A resposta isquêmica do SNC é considerada um sistema de emergência no controle da

PA, que atua de forma muito rápida e eficaz diante de fluxo sanguíneo encefálico

perigosamente próximo do nível letal (GUYTON; HALL, 2006).

2.1.3.2 Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA)

A renina é uma enzima sintetizada e estocada, sob forma inativa (pró-renina), nas

células justaglomerulares dos rins (localizadas nas paredes das arteríolas aferentes). A queda

da PA estimula reações intrínsecas do rim, resultando na liberação de renina para a circulação

(GUYTON; HALL, 2006).

A renina atua sobre uma globulina, o angiotensinogênio, promovendo a liberação de

um peptídeo, a angiotensina I que, ao passar pelos pulmões, sofre a ação da enzima

conversora de angiotensina (presente no endotélio vascular pulmonar), transformando-se em

angiotensina II (GUYTON; HALL, 2006).

A angitensina II possuí dois efeitos principais para aumentar a PA (GUYTON; HALL,

2006):

(A) Vasoconstrição, resultando em:

- Aumento da RPT, decorrente da vasoconstrição das arteríolas;

- Aumento do DC, decorrente do aumento do retorno venoso como conseqüência da

vasoconstrição das veias.

(B) Retenção de água e sódio pelos rins, desencadeando o sistema rim-líquidos corporais,

promovida de duas formas:

1. Ação direta da angiotensina II sobre os rins, promovendo:

- Vasoconstrição das arteríolas renais, diminuindo o fluxo sanguíneo renal, resultando em

diminuição da taxa de filtração glomerular (TFG), e diminuição da pressão dos capilares

peritubulares, estimulando a reabsorção rápida tubular de fluido.

- Efeito direto sobre as células tubulares, estimulando a reabsorção tubular osmótica de água e

sal.

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2. Ação da angiotensina II sobre as glândulas adrenais, estimulando a secreção de

aldosterona, que, por sua vez, aumenta a reabsorção tubular de sódio.

2.1.3.3 Relaxamento por estresse da vasculatura

O termo relaxamento por estresse significa que um vaso exposto a um aumento de

volume, em um primeiro momento, exibe um grande aumento na pressão, mas, em um

período de minutos a horas, o estiramento do músculo liso da parede vascular permite que a

pressão retorne ao normal (GUYTON; HALL, 2006).

2.1.3.4 Mecanismo de deslocamento de líquido capilar

Consiste no deslocamento de líquidos para dentro e para fora dos capilares para

reajustar o volume sanguíneo necessário. A entrada de líquidos na circulação é determinada

pela queda da pressão capilar. Ao contrário, a saída é determinada por alta pressão capilar

(GUYTON; HALL, 2006).

2.1.3.5 Papel dos rins na regulação a longo prazo da PA

A regulação a longo prazo da PA está estreitamente interligada à homeostasia do

volume dos líquidos corporais.

A homeostasia do volume do líquido extracelular (LEC), obtida pelo equilíbrio entre

as taxas de ingestão e excreção de líquidos, é uma tarefa desempenhada por múltiplos

controles nervosos e hormonais e, principalmente, por um sistema de controle local, o sistema

rim-líquidos corporais, através do qual os rins regulam sua excreção de água e sódio, a fim

de manter esse equilíbrio.

A PA está relacionada à homeostasia do volume do LEC devido ao fato de que o

equilíbrio entre as taxas de ingestão e excreção de líquidos só ocorre diante de um valor

específico de PA, denominado ponto de equilíbrio. Dessa forma, os dois únicos fatores

determinantes da PA a longo prazo são a ingestão e a excreção de líquidos, e somente a

alteração de um ou de ambos, pode alterá-la, de forma a adequá-la como um novo ponto de

equilíbrio (GUYTON; HALL, 2006). As alterações de volume do LEC alteram a PA das

seguintes formas:

(A) Aumento de volume do (LEC): a principal causa de aumento de volume do LEC é o

acúmulo de cloreto de sódio (NaCl). O acúmulo de NaCl aumenta a osmolaridade do LEC,

resultando em um aumento de seu volume, a fim de diluir o NaCl até sua concentração

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normal. Esse aumento de volume do LEC ocorre através de duas formas (GUYTON; HALL,

2006):

- Estimulação do centro da sede, com conseqüente aumento da ingestão de água;

- Estimulação da secreção hipofisária do hormônio antidiurético (ADH), com conseqüente

aumento da reabsorção tubular de água, diminuindo o débito urinário.

O aumento de volume do LEC aumenta o retorno venoso e, consequentemente, o DC.

A PA aumentada atua diretamente sobre os rins que, então, aumentam sua excreção de água

(diurese de pressão) e sódio (natriurese de pressão), para excretar o excesso de LEC até que a

PA retorne exatamente ao ponto de equilíbrio.

(B) Diminuição de volume do LEC, com conseqüente diminuição da PA, resultando em

ativação do SRAA.

2.2 VALORES FISIOLÓGICOS DA PRESSÃO ARTERIAL EM CÃES E GATOS

Vários estudos têm reportado os valores de PA para cães e gatos normais. Esses

valores variam, refletindo as diferenças nas populações estudadas e nas técnicas de

mensuração utilizadas (BROWN et al., 2007). A maioria dos estudos de cães e gatos tem

demonstrado valores normais de PA maiores do que os de seres humanos (LOVE; HARVEY,

2006), mas ainda não existe concordância entre os diversos autores (tabela 01).

Tabela 01: Valores de pressão arterial (mmHg) para cães e gatos normais, compilados de

diversas referências.

PESQUISADOR

OBJETO

DA

PESQUISA

MÉTODO

NOME

COMERCIAL

PAS

PAD

PAM

Bodey; Michell,

1996 apud

Brown et al.,

2007; Mishina et

al., 1997

1267 cães Oscilométrico Não informado 131,3 73,8 96,9

Bodey, Sansom,

1998 apud

Brown et al.,

2007

104 gatos Oscilométrico Não informado 139 77 99

Coulter; Keith, 51 cães Oscilométrico Não informado 144 91 110

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1984 apud

Brown et al.,

2007; Mishina et

al., 1007

Detweiler, 1996 Não informado Cão

120 70 100

Gato

140 90 110

Haberman et al.,

2004

13 gatos - Doppler

- Artéria mediana

Dopler Model

811 Parks

eletronics

145,5 Não

fornecidas

pelo método

- Oscilométrico

- Artéria coccígea

Dinamap

Model 8.300

Critikon

131,7 96,7 111,4

- Oscilométrico

- Artéria mediana

133,4 95,7 112,4

Haberman et al.,

2006

12 cães - Doppler

- Artéria

metatarsiana

Dopler Model

811 Parks

eletronics

149,2 Não

fornecidas

pelo método

- Oscilométrico

- Artéria coccígea

Dinamap

Model 8.300

Critikon

150,2 86,3 109,2

Kallet et al.,

1997 apud

Brown et al.,

2007

14 cães Oscilométrico Não informado 137 82 102

Lin et al., 2006

apud Brown et

al., 2007

53 gatos Doppler Não informado 134 Não

fornecidas

pelo método

Love; Harvey,

2006

Não informado 80 -

150

≤ 100

Meurs et al.,

2000 apud

Brown et al.,

22 cães

geriátricos

Oscilométrico Não informado 136 81 101

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2007

Mishina et al.,

1997¹

102 cães - Oscilométrico

- Artéria coccígea

e artéria mediana

USM-

700GTM:

UEDA

Eletronic

works, Ltd.

118 67,4 93,8

Mishina et al.,

1998²

60 gatos - Oscilométrico

- Artéria coccígea

e artéria mediana

USM-

700GTM:

UEDA

Eletronic

works, Ltd.

115,5 73,7 96,2

Nelson, 2003 Não informado Cão

100 -

160

65 -

100

Gato

100 -

180

70 -

110

Nelson; Couto,

2001

Não informado ≤ 160 ≤100

Rabelo; Melo,

2002

Não informado Cão

110-

160

70-

90

Gato

160 70-

90

Remillard et al.,

1991 apud

Brown et al.,

2007; Mishina et

al., 1997

Cão Oscilométrico Não informado 147 83 104

Sparkes et al.,

1999 apud

50 gatos

Doppler

Não informado

162

Não

fornecido

Formatado: Inglês (EUA)

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Brown et al.,

2007

pelo método

Stepien;

Rapoport, 1999

apud Brown et

al., 2007

28 Cães Não informado 150 71 108

Weiser et al.,

1977 apud

Mishina et al.,

1997

Cão Doppler Não informado 130 -

180

Não

fornecido

pelo método

PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; PAM: pressão arterial média

¹ Os autores consideram os seguintes valores para hipertensão em cães: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90 mm Hg.

² Os autores consideram os seguintes valores para hipertensão em gatos: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 95 mm Hg.

A declaração de consenso sobre hipertensão sistêmica, do American College of

Veterinary Internal Medicine (ACVIM) - “Guidelines for the Identification, evaluation, and

management of systemic hypertension in dogs and cats” (BROWN et al., 2007) reconhece a

variabilidade dos valores de PA considerados normais para cães e gatos e recomenda, até que

valores fisiológicos de referência sejam estabelecidos, a categorização da PA, com base no

risco de desenvolvimento de dano a órgão-alvo (tabela 02).

Tabela 02: Classificação da pressão arterial (mmHg) para cães e gatos, baseada no risco de

desenvolvimento de dano a órgão-alvo (BROWN et al., 2007):

CATEGORIA DO

RISCO

PAS

PAD

RISCO DE

DESENVOLVIMENTO

DE DANO A ÓRGÃO-

ALVO

I < 150 < 95 Mínimo

II 150-159 95-99 Leve

III 160-179 100-119 Moderado

IV ≥ 180 ≥ 120 Severo

Obs.: Quando mensurações confiáveis produzirem valores de PAS e PAD que se encaixem em diferentes

categorias, a categoria de risco do paciente deve ser tomada como a de maior risco (BROWN et al., 2007).

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2.2.1 Fatores que poderiam afetar a pressão arterial normal

Além dos fatores relacionados à técnica da mensuração, fatores como idade, sexo, raça

e obesidade poderiam afetar os valores de PA em animais saudáveis (BROWN et al., 2007;

NELSON; COUTO, 2001).

2.2.1.1 Idade

Em seres humanos, um aumento progressivo na PA relacionado à idade está bem

caracterizado (BROWN et al., 2007; GUYTON; HALL, 2006). Esse aumento resulta dos

efeitos do envelhecimento sobre os rins (afetando os mecanismos de controle a longo prazo da

PA) e/ou da arteriosclerose (enrijecimento das artérias, resultando em aumento da RPT)

(GUYTON; HALL, 2006).

Os efeitos da idade sobre a PA são menos claros em cães e gatos (BROWN et al.,

2007). Em cães, um pequeno aumento na PA, de 1-3 mmHg/ano, já foi observado (BODEY;

MICHELL, 1996 apud BROWN et al., 2007; MISHINA et al., 1997; BRIGHT; DENTINO,

2002 apud BROWN et al, 2007). Porém, outros estudos não observaram qualquer relação

entre idade e PA (BROWN et al., 2007; MISHINA et al., 2007). O mesmo ocorre em estudos

com gatos, que observam uma possível relação entre idade e PA (MISHINA et al., 1998),

enquanto outros descartam essa possibilidade (KOBAYASHI et al., 1990 apud BROWN et

al., 2007; SPARKES et al., 1999 apud BROWN et al., 2007).

2.2.1.2 Sexo

Estudos observaram que cães machos apresentam valores de PA significativamente

mais altos do que fêmeas (MISHINA et al., 1997; BODEY; MICHEL, 1996 apud BROWN et

al., 2007), com diferenças de até 10 mmHg (BODEY; MICHEL, 1996 apud BROWN et al.,

2007). A razão pela qual isso acontece não está completamente estabelecida, mas supõe-se

que se deva à diferença de temperamento e de sensibilidade ao estresse entre os gêneros. Essa

diferença deve ser levada em conta para o estabelecimento dos valores normais de PA em

cães (MISHINA et al., 1997).

Com relação aos gatos, aparentemente não há efeito do gênero sobre a PA (MISHINA

et al. 1998; BROWN et al. 2007). Deve-se observar que a maioria dos gatos avaliados pelos

pesquisadores são castrados (BROWN et al., 2007).

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2.2.1.3 Raça

De acordo com os dados compilados por Brown et al. (2007), há diferenças

significativas nos valores de PA entre as diferentes raças de cães. A maior diferença foi

observada entre sighthounds e mestiços, os primeiros apresentando PA cerca de 10 a 20

mmHg mais alta (SCHNEIDER et al., 1964 apud BROWN et al., 2007; NELSON, 2003).

Entre outras raças, os valores de PA variaram entre 7 e 10 mmHg (BODEY; MICHELL, 1996

apud BROWN et al., 2007).

Também de acordo com Brown et al. (2007), aparentemente não há efeito das raças

sobre a PA em gatos.

2.2.1.4 Obesidade

Em seres humanos, a obesidade aumenta em 65 a 70% o risco de desenvolvimento de

hipertensão primária (GUYTON; HALL 2006).

Em cães e gatos, a relação entre obesidade e PA não está bem estabelecida (BROWN

et al., 2007). Um pequeno aumento da PA (< 5 mmHg) foi notado em cães obesos avaliados

por oscilometria (BODEY; MICHELL, 1996 apud BROWN et al., 2007), mas nenhuma

relação foi observada mediante emprego do Doppler (REMILLARD et al., 1991 apud

BROWN et al., 2007). Segundo Nelson; Couto (2001) a obesidade é considerada como causa

de hipertensão secundária.

2.3 DESORDENS DA PRESSÃO ARTERIAL: HIPERTENSÃO E HIPOTENSÃO

Desordens da pressão arterial são comuns e potencialmente ameaçadoras para a vida

de cães e gatos (LOVE; HARVEY, 2006).

2.3.1 Hipertensão

Hipertensão sistêmica é definida como o aumento patológico sustentado da pressão

sanguínea (BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al., 1997; NELSON;

COUTO, 2001). Entretanto, ainda não se esclareceu o nível em que a PA passa a apresentar

uma “elevação anormal” (LOVE; HARVEY, 2006; NELSON; COUTO, 2001).

A prevalência de hipertensão em cães e gatos ainda não é bem determinada (BROWN

et al., 2007), mas sua ocorrência tem se tornado mais amplamente reconhecida (LOVE;

HARVEY, 2006). A hipertensão clínica parece ser mais freqüente em cães e gatos de meia-

idade a idosos, provavelmente devido a doenças associadas (NELSON; COUTO, 2001) e

parece ser rara em animais jovens e saudáveis (BROWN et al., 2007).

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2.3.1.1 Classificação

Há dois tipos de hipertensão (BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006;

MISHINA et al., 1997; 1998): Hipertensão idiopática ou Hipertensão primária (BROWN

et al., 2007) ou Hipertensão essencial (MISHINA et al., 1997; 1998; LOVE; HARVEY,

2006) e Hipertensão secundária (BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA

et al., 1997; 1998).

O termo hipertensão idiopática é recomendado por Brown et al. (2007) para o uso

em animais.

A hipertensão idiopática é definida como a hipertensão que ocorre na ausência de

qualquer causa identificável que predisponha a sua ocorrência (BROWN et al., 2007; LOVE;

HARVEY, 2006). Sua prevalência parece ser rara em pacientes veterinários (LOVE;

HARVEY, 2006), porém, em gatos, pode ser mais comum do que é reconhecido atualmente

(MAGGIO et al., 2000).

A hipertensão secundária é definida como a hipertensão que ocorre em associação a

outro processo patológico que determine o aumento da pressão sanguínea (BROWN et al.,

1997). É o principal tipo de hipertensão encontrado em cães e gatos (BROWN et al., 2007;

NELSON; COUTO, 2001).

As doenças associadas à hipertensão secundária são:

(A) Doença renal crônica, tubular, glomerular ou vascular (BROWN et al., 2007;

HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al., 1997; 1998; NELSON,

2003; NELSON; COUTO, 2001). É a causa mais comum de hipertensão em pacientes

veterinários (LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al.,, 1997; 1998; NELSON, 2003).

(B) Doença renal aguda em cães (BROWN et al., 2007).

(C) Hiperadrenocorticismo em cães (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006;

MISHINA et al., 1997; 1998; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001). É considerada

uma causa comum de hipertensão em cães (LOVE; HARVEY, 2006; NELSON; COUTO,

2001).

(D) Diabetes melitus em cães (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; MISHINA et

al., 1997; 1998; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001).

(E) Hiperaldosteronismo primário em cães (BROWN et al., 2007; MISHINA et al., 1997;

1998; NELSON, 2003; SIEBER-RUCKSTUHI, 2010) e gatos (BROWN et al., 2007;

NELSON, 2003; SIEBER-RUCKSTUHI, 2010).

(F) Feocromocitoma em cães e gatos (.BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006;

MISHINA et al., 1997; 1998; NELSON; COUTO, 2001).

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(G) Hipertireoidismo em gatos (BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006; NELSON,

2003; NELSON; COUTO, 2001). Em gatos com hipertireoidismo, observa-se alta incidência

de hipertensão (LOVE; HARVEY, 2006; NELSON; COUTO, 2001), pelo menos discreta.

(H) Hipotireoidismo em cães (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; MISHINA et

al., 1997; 1998; NELSON; COUTO, 2001).

(I) Acromegalia (NELSON, 2003).

(J) Coração hipercinético (NELSON, 2003).

(K) Anemia (NELSON, 2003) crônica em gatos (NELSON; COUTO, 2001).

(L) Doença intracraniana (NELSON, 2003).

(M) Doença hepática (NELSON; COUTO, 2001).

2.3.1.2 Clínica

A hipertensão sistêmica progride sem demonstrar nenhum sinal clínico específico

(MISHINA et al., 1998). Porém, o aumento da pressão de perfusão, a longo prazo, pode lesar

os leitos capilares, causando injúrias aos tecidos (BROWN et al., 1997; NELSON; COUTO,

2001). Os tecidos mais comumente afetados pela hipertensão são referidos como órgãos-

finais ou órgãos-alvo (BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al.,

1997; 1998; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001). Os danos aos órgãos-alvo mais

comumente encontrados são:

(A) Rins (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006;

MISHINA et al., 1997; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001): doença renal crônica

progressiva (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; NELSON, 2003; NELSON;

COUTO, 2001).

(B) Olhos (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006;

MAGGIO, 2000; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001).: Retinopatia e coroidopatia

(BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006; NELSON, 2003;

NELSON; COUTO, 2001). Lesões retinianas (descolamento da retina, hemorragia, edema e

degeneração) são comuns em gatos com hipertensão (MAGGIO, 2000). O descolamento de

retina é o achado clínico mais comum em gatos hipertensos (LOVE; HARVEY, 2006).

(C) Encéfalo (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006;

MISHINA et al., 1997; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001): encefalopatia, com

sinais clínicos de SNC (BROWN et al., 2007).

(D) Coração (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2006; MISHINA et al., 1997;

NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001): hipertrofia ventricular esquerda (BROWN et al.,

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2007; HABERMAN et al., 2006; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001) e insuficiência

cardíaca (BROWN et al., 2007; MISHINA et al., 1997; NELSON; COUTO, 2001).

O diagnóstico de hipertensão raramente é estabelecido com base em uma única sessão

de mensuração da PA. Mensurações múltiplas, assim como uma ampla pesquisa para dano a

órgão-alvo e condições que causem hipertensão secundária devem ser consideradas antes do

estabelecimento do diagnóstico. Em pacientes com sinais consistentes de dano a órgão-alvo, a

hipertensão pode progredir rapidamente, e uma sessão única pode ser usada para estabelecer

temporariamente a razão para a terapia anti-hipertensiva (BROWN et al., 2007).

2.3.2 Hipotensão

É geralmente bem aceito na literatura veterinária que PAS ≤ 80 mmHg e PAM ≤ 60

mmHg são os valores em que intervenções terapêuticas para a correção da hipotensão devem

ser consideradas (LOVE; HARVEY, 2006).

A hipotensão é bastante comum na prática veterinária diária (CARR et al., 2008).

Os três mecanismos básicos de patofisiologia da hipotensão são (CARR et al., 2008;

LOVE; HARVEY, 2006):

(A) Diminuição do tônus vascular;

(B) Diminuição do DC;

(C) Hipovolemia.

Os principais estados patológicos que podem levar ao aparecimento de hipotensão em

animais conscientes são:

- Anafilaxia (LOVE; HARVEY, 2006);

- Hemorragia (LOVE; HARVEY, 2006);

- Sepse (CARR et al., 2008; LOVE; HARVEY, 2006);

- Neoplasias (LOVE; HARVEY, 2006);

- Estágios avançados de doença cardíaca (CARR et al., 2008);

- Hipóxia (CARR et al., 2008);

- Choque (CARR et al., 2008);

- Drogas (CARR et al., 2008; LOVE; HARVEY, 2006).

A hipotensão é o principal efeito adverso da anestesia, e desenvolve-se com freqüência

(CARR et al., 2008; LOVE; HARVEY, 2006).

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2.3.2.1 Clínica

A severidade da hipotensão está relacionada ao risco de mal-perfusão tecidual (CARR

et al., 2008). Os órgãos mais suscetíveis à hipoperfusão são o coração, o encéfalo e os rins

(CARR et al., 2008; LOVE; HARVEY, 2006). Insuficiência renal aguda (IRA) é uma

conseqüência potencial da hipotensão (CARR et al., 2008).

A hipotensão é mais prontamente reconhecida do que a hipertensão, porque sua

apresentação clínica é geralmente aguda (LOVE; HARVEY, 2006). Os sinais clínicos da

hipotensão são (CARR et al., 2008):

- Fraqueza

- Letargia

- Extremidades frias

- Diminuição do tempo de preenchimento capilar

- Síncope

2.4 MENSURAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL NA CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS

ANIMAIS

2.4.1 Importância

A PA fornece uma gama de informações sobre o paciente (RABELO; MELO, 2002),

sendo um indicador rápido e confiável da função cardiovascular (LOVE; HARVEY, 2006). A

PAM é o principal determinante da perfusão tecidual (LOVE; HARVEY, 2006).

Além disso, a ocorrência das desordens da PA em pequenos animais constitui mais um

motivo para sua avaliação clínica.

2.4.2 Indicações

Não há recomendação para a mensuração da PA na triagem de rotina de todos os

animais (BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006). Entretanto, há pelo menos duas

indicações para sua avaliação:

(A) Em pacientes com anormalidades clínicas compatíveis com dano a órgão-alvo secundário

à hipertensão sistêmica (BROWN et al., 2007; NELSON; COUTO, 2001);

(B) Em pacientes com doenças associadas ao desenvolvimento de hipertensão secundária

(BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006; MAGGIO et al., 2000; NELSON; COUTO,

2001).

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Como as doenças associadas à hipertensão secundária são mais frequentemente

observadas em pacientes geriátricos, alguns autores recomendam a triagem de cães e gatos

acima de 10 anos de idade (BROWN et al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006; MAGGIO et al.,

2000).

Outra alternativa, seria a mensuração da PA de triagem, para o estabelecimento dos

valores de referência de cada animal Essa triagem é feita através de uma mensuração inicial

entre dois a três anos de idade, e posteriormente, a cada dois a três anos (BROWN et al.,

2007).

Também há indicação para a mensuração da PA em todos os pacientes críticos

(NELSON, 2003; RABELO; MELO, 2002) e em todos os pacientes que façam uso de drogas

vasoativas (LOVE; HARVEY, 2006).

A mensuração da PA é recomendada durante os procedimentos anestésicos (MOENS,

2010; RABELO; MELO, 2002), pois é um dos indicadores mais úteis da função

cardiovascular disponíveis para o anestesista (MOENS, 2010).

2.4.3 Métodos

Atualmente, em medicina veterinária, a PA pode ser mensurada de duas formas:

diretamente (técnicas invasivas) ou indiretamente (técnicas não-invasivas) (BROWN et al.,

2007; LOVE; HARVEY, 2006; HABERMAN et al., 2006; MISHINA et al., 1997; 1998;

NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001; RABELO; MELO, 2002). Todos os métodos

possuem vantagens e limitações (LOVE; HARVEY, 2006).

Clinicamente, os métodos não-invasivos são considerados mais aceitáveis (BROWN et

al., 2007; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al., 1997), porque são, relativamente, de

simples realização (LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al., 1997), passíveis de repetição,

causam menos estresse ao paciente (MISHINA et al., 1997) e não são caros. De uma forma

geral, são considerados razoavelmente acurados (LOVE; HARVEY, 2006), desde que todos

os cuidados relacionados à técnica sejam observados. Idealmente, a PA deve ser

mensurada através de dispositivos que tenham sido validados para a espécie. Infelizmente, até

o presente momento, nenhum dispositivo para a mensuração indireta da PA cumpriu os

critérios de validação para uso em cães e gatos conscientes (BROWN et al., 2007;

HABERMAN et al., 2004; 2006).

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2.4.3.1 Mensuração direta ou invasiva da pressão arterial

A mensuração direta da PA é realizada através da canulação de uma artéria (BROWN

et al., 2007; HABERMAN et al., 2004; 2006; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al.,

1998; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001), com o cateter conectado a um transdutor

de pressão (LOVE; HARVEY, 2006; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001).

A cateterização arterial necessita que o paciente esteja minimamente responsivo

(LOVE; HARVEY, 2006).

Os locais de posicionamento do cateter mais utilizados em pequenos animais são a

artéria metatarsiana dorsal e artéria femoral. Entretanto, qualquer artéria acessível pode

ser utilizada, incluindo a lingual, a auricular e a carótida. Para a localização da artéria, o

pulso deve ser palpado; se isso não for possível, pode-se utilizar uma técnica de dissecção

(LOVE; HARVEY, 2006).

Após tricotomia e assepsia no local da cateterização, um cateter 18 a 24G estéril deve

ser pocisionado, de forma semelhante à cateterização venosa. Geralmente, utiliza-se lidocaína

no sítio de inserção do cateter, a fim de diminuir o espasmo arterial. Após o posicionamento,

o cateter deve ser preparado com 1 a 2 ml de salina heparinizada. A visualização de um fluxo

sanguíneo rápido e pulsátil através do cateter indica que seu pocisionamento foi bem sucedido

(LOVE; HARVEY, 2006).

Figura 1: Cateterização arterial (LOVE; HARVEY, 2006)

Uma torneira de três via é conectada ao cateter e a uma tubulação não-complacente,

também preparada com salina heparinizada, que, por sua vez, é conectada a um transdutor de

pressão, posicionado ao nível do coração (LOVE; HARVEY, 2006).

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O transdutor de pressão converte os sinais mecânicos em energia elétrica, fornecendo

uma curva de pressão contínua, assim como uma leitura numérica da PAS, PAM e PAD

(LOVE; HARVEY, 2006).

Figura 2: Monitor do transdutor de pressão (LOVE; HARVEY, 2006)

Como alternativa ao transdutor de pressão, pode-se também utilizar um manômetro

anaeróbico, que provê apenas a PAM (LOVE; HARVEY, 2006).

A radiotelemetria é outra técnica que vem sendo utilizada experimentalmente em cães

e gatos, mas sua utilização clínica ainda precisa ser comprovada (BROWN et al., 2007).

A mensuração direta da PA provê uma medida muito acurada e precisa desse sinal

vital (HABERMAN et al., 2004; 2006; LOVE; HARVEY, 2006; MALCON et al., 1995;

NELSON, 2003). Entretanto, não é utilizada na rotina, pois requer um alto nível de habilidade

técnica (LOVE; HARVEY, 2006; HABERMAN et al., 2004; 2006; MALCON et al., 1995;

NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001), além de sedação/anestesia do paciente

(HABERMAN et al., 2004; 2006; LOVE; HARVEY, 2006; MALCON et al., 1995;

NELSON, 2003). Além disso, o procedimento pode trazer complicações como sepse

(HABERMAN et al., 2004; MALCON et al., 1995), hemorragias (HABERMAN et al., 2004),

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trombose, hematoma (LOVE; HARVEY, 2006; RABELO, 2003) e necrose isquêmica

(LOVE; HARVEY, 2006).

A mensuração direta da PA pode produzir artefatos nos valores apurados, devido ao

uso de sedação/anestesia do paciente, o que acarreta diminuição da PA (HABERMAN et al.,

2004; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001). Mesmo assim, é considerada o padrão-

ouro para mensuração da PA. Por isso, é o método indicado para a monitoração de pacientes

com qualquer instabilidade hemodinâmica (LOVE; HARVEY, 2006).

2.4.3.2 Mensuração indireta ou não-invasiva da pressão arterial

A mensuração indireta da PA pode ser obtida através de três técnicas:

(A) Doppler ultrassônico (HABERMAN et al., 2004; 2006; MISHINA et al., 1998; NELSON,

2003; RABELO; MELO, 2002; NELSON; COUTO, 2001);

(B) Oscilometria (HABERMAN et al., 2004; 2006; MISHINA et al., 1998; NELSON, 2003;

RABELO; MELO, 2002; NELSON; COUTO, 2001);

(C) Pletismografia (RABELO; MELO, 2002).

De forma geral, as técnicas indiretas são consideradas menos acuradas, e tendem a

subestimar os valores de PA (HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006; NELSON;

COUTO, 2001). Entretanto, a forte correlação entre os valores mensurados diretamente e os

valores estimados indiretamente, indica que a mensuração indireta provê uma estimativa útil

da PA (HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006; NELSON; COUTO, 2001).

As técnicas de Doppler e oscilometria são as mais utilizadas em medicina veterinária

(NELSON; COUTO, 2001). Estas utilizam um cuff (manguito) inflável externo (BROWN et

al., 2007; HABERMAN et al., 2004; NELSON, 2003), que é inflado para ocluir o fluxo

sanguíneo. A liberação gradual da pressão do cuff é monitorada para detectar o sinal de

retorno do fluxo, o que corresponde à PAS (NELSON, 2003).

2.4.3.2.1 Oscilometria

A oscilometria utiliza um sistema automático que mensura e tira a média das variações

de amplitude da parede arterial, resultantes das oscilações da pressão (HABERMAN et al.,

2006; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001). O método fornece a frequência cardíaca e

as PAS, PAM e PAD (HABERMAN et al., 2006; NELSON, 2003).

Diversas empresas possuem dispositivos oscilométricos disponíveis no mercado

(LOVE; HARVEY, 2006):

CardioCommand, Inc.;

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Digicare Biomedical Technology, Inc.;

Dinamap (GE Healthcare)

DRE Medical Equipment

Grady Medical Systems, Inc.:

S & B MedVet

Sharn Veterinary, Inc.;

SurgiVet

Os diversos dispositivos tem sido investigados para uso em cães e gatos, conscientes e

anestesiados, e tem apresentado diferenças significativas de acurácia e eficiência. De forma

geral, verificou-se que o método tende a subestimar os valores de PA (HABERMAN et al.,

2006; LOVE; HARVEY, 2006; MALCON et al., 1995; NELSON, 2003; RABELO, 2003),

especialmente em cães pequenos (NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001) e gatos

(HABERMAN et al., 2004; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001). Porém, Malcon et

al. (1995) considera que este método é apropriado para uso em cães pequenos. A

concordância geral, é que a oscilometria é mais apropriada para uso em animais acima de

cinco quilos (LOVE; HARVEY, 2006). Além disso, estudos apontam sua baixa eficiência

diante de hipotensão (LOVE; HARVEY, 2006; NELSON; COUTO, 2001).

A inacurácia do dispositivo oscilométrico pode dever-se à movimentação no local de

posicionamento do cuff (HABERMAN, 2004; 2006; LOVE; HARVEY, 2006) e à própria

labilidade da PA, uma vez que este método determina valores sequenciais, de

aproximadamente 30 a 150 segundos de duração (HABERMAN, 2004).

Uma nova tecnologia, a oscilometria de alta definição, tem sido avaliada em cães e

gatos sob anestesia. Resultados preliminares são promissores (BROWN et al., 2007).

2.4.3.2.2 Doppler ultrassônico

A técnica de Doppler ultrassônico utiliza as alterações na freqüência entre o ultrassom

emitido e os ecos que retornam (resultantes do movimento das células sanguíneas ou da

parede dos vasos) para detectar o fluxo sanguíneo em uma artéria superficial. Essa alteração

na freqüência, o desvio do Doppler, é convertida em um sinal audível, correspondente à PAS

(HABERMAN et al., 2004; 2006; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001).

Após o posicionamento do cuff no local escolhido, este é conectado a um manômetro

anaeróbico (LOVE; HARVEY, 2006).

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Para o posicionamento da probe, sobre a artéria, distal ao cuff, a área pode ser

tricotomizada, mas a utilização de álcool sobre o pêlo pode ser adequada e utiliza-se um gel

de transmissão ultrassônico. Uma vez que o som do fluxo sanguíneo é detectado, a probe pode

ser fixada no local com uma fita (LOVE; HARVEY, 2006).

O cuff é insuflado até que o pulso torne-se inaudível e, então, é desinsuflado

lentamente, enquanto o manômetro é observado. A pressão correspondente ao primeiro pulso

audível é a PAS. Leituras de PAD não podem ser obtidas de forma confiável através deste

método (LOVE; HARVEY, 2006).

Figura 3: Utilização de Doppler ultrassônico em cão (LOVE; HARVEY, 2006)

De uma forma geral, a técnica tende a subestimar os valores da PA em cães (LOVE;

HARVEY, 2006) e gatos (HABERMAN et al., 2004; LOVE; HARVEY, 2006). Porém esta

técnica parece ser mais precisa que os demais métodos indiretos (LOVE; HARVEY, 2006),

fornecendo resultados acurados, particularmente em animais pequenos (NELSON, 2003), e

sendo o método indicado para uso em gatos conscientes (HABERMAN et al., 2004).

2.4.3.2.3. Pletismografia

A técnica de pletismografia utiliza a transmissão de raios infravermelhos para a

detecção da PA (LOVE; HARVEY, 2006).

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O cuff inflável, posicionado na região metatarsiana, mantem um volume constante de

sangue arterial, de forma que a pressão medida pelo cuff iguala-se à pressão intra-arterial

(LOVE; HAREVEY, 2006).

O cuff, designado para utilização em seres humanos, foi projetado para

posicionamento no dedo indicador, impossibilitando seu uso em regiões muito maiores

(RABELO, 2003).

Há poucos estudos realizados sobre sua utilização em medicina veterinária (LOVE;

HARVEY, 2006).

2.4.3.2.4 Comparação entre os diferentes métodos de mensuração da pressão arterial

Desde que todos os métodos atualmente disponíveis para mensuração da PA possuem

vantagens e desvantagens, torna-se importante compará-los (Quadro 01).

Quadro 01: Comparação entre os diferentes métodos de mensuração da pressão arterial

( RABELO, 2003 modificada )

TÉCNICA VANTAGENS DESVANTAGENS

Mensuração direta ou

invasiva

- Monitoração contínua 1,4, 5

- Acurada em todas as

condições 1,3,4

- Fornece curva de pressão 1,4

- Risco de infecções 1,2,4

,

trombose, hematoma 1,4

e

necrose isquêmica 1

- Tecnicamente difícil 1,2,3,4,5

- Requer sedação/anestesia

2,3,5

- Não pode ser prolongada

1,2,4

- Alto custo 1

- Alto consumo de tempo 1

Doppler ultrassônico

- Sensível 4

- Acurada em baixo fluxo 4

- Possível em qualquer

paciente 1,4

- Provê informação de fluxo 4

- Baixo custo 1

- Não é automática 1,4

- Dificuldade de mensuração

da PAD 3,4

- A PAM tem que ser

calculada 4

- Requer mais técnica e é

mais trabalhosa que os outros

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métodos indiretos 1,3

Oscilometria

- Provê PAS, PAD e PAM,

além da FC,

automaticamente 1,2,3,4

- Apropriada para cães

pequenos (até 12 kg) 2

- Medidas intermitentes 4

- Inacurada em pacientes

pequenos 1,3,4

- Inacurada em baixas

pressões 4

- Pode ocasionar lesões

compressivas na área

utilizada 4

- Alto custo 4

- Inconsistência entre os

diferentes dispositivos 1

Pletismografia

- Artefatos mínimos 1,4

- Monitoração contínua 1,4

- Fornece curva de pressão 4

- Custo elevado 4

- Limitada para uso em

animais acima de 10 kg 1,4

¹ LOVE; HARVEY, 2006; ² MALCON et al., 1995; ³ NELSON, 2003; 4

RABELO, 2003; 5

HABERMAN et al.,

2006

2.4.4 Fatores técnicos a serem observados na mensuração indireta da pressão arterial

(métodos oscilométrico e Doppler ultrassônico)

A declaração de consenso sobre hipertensão sistêmica do ACVIM - “Guidelines for

the identification, evaluation, and management of systemic hypertension in dogs and cats”

(BROWN et al., 2007), estabelece o “Protocolo para a sessão de mensuração da pressão

arterial”, com a finalidade de aumentar a confiabilidade da mensuração da PA (Quadro 02):

Quadro 02: Protocolo para a sessão de mensuração da pressão arterial (BROWN et al., 2007)

- A acurácia (calibrage) do dispositivo de mensuração da PA deve ser testada semi-

anualmente.

- O procedimento deve ser padronizado.

- O ambiente deve ser silencioso e afastado de outros animais. Geralmente, o proprietário

deve estar presente. O paciente não deve ser sedado e deve ser permitido que permaneça

quieto na sala de mensuração por cinco a dez minutos antes de se iniciar a sessão.

- O animal deve ser gentilmente restringido em uma posição confortável, idealmente em

decúbito ventral ou lateral para limitar a distância entre a base do coração e o cuff (se esta for

maior que dez centímetros, um fator de correção de +0,8 mmHg/cm abaixo da base do

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coração pode ser aplicado).

- [A largura] do cuff deve corresponder a aproximadamente 40% da circunferência do local

de posicionamento do cuff em cães, e a 30 a 40% em gatos. O local de posicionamento do

cuff deve ser anotado no prontuário médico para referência futura.

- O cuff deve ser posicionado em um membro ou na cauda do animal, o que irá variar com a

conformação do animal e preferência do usuário. O local de posicionamento do cuff deve ser

registrado no prontuário médico.

- O mesmo indivíduo (preferencialmente um técnico) deve proceder todas as mensurações da

PA seguindo este protocolo de padronização. O treinamento deste indivíduo é essencial.

- O paciente deve estar calmo e imóvel.

- A primeira mensuração deve ser descartada. Pelo menos três, e preferencialmente cinco a

sete valores consecutivos e consistentes (até 20% de variabilidade nos valores sistólicos)

devem ser registrados.

- Repita tanto quanto for necessário, trocando o local de posicionamento do cuff conforme

necessário para obter valores consistentes.

- Faça a média de todos os valores para obter a mensuração da PA.

- Se em dúvida, repita a mensuração subsequentemente.

- Os registros escritos devem ser mantidos de uma forma padronizada e incluir o tamanho do

cuff e seu local de posicionamento, valores obtidos, a razão para a exclusão de qualquer

valor, o resultado final (média), e a interpretação dos resultados pelo médico veterinário.

2.4.4.1 Dispositivo utilizado

Os critérios de validação de dispositivos para a mensuração indireta da PA em seres

humanos, indicam que a média dos valores obtidos através do dispositivo avaliado deve

diferir dos métodos de referência em até 8 mmHg. Além disso, indicam que 95% das

estimações indiretas devem diferir em até 10 mmHg e 85% delas em até 5 mmHg

(HABERMAN et al., 2004; 2006).

Até o presente momento, nenhum dispositivo para a mensuração indireta da PA

cumpriu os critérios de validação para uso em cães e gatos conscientes (BROWN et al., 2007;

HABERMAN et al., 2004; 2006).

2.4.4.2 Minimização da “hipertensão do jaleco branco”

A ansiedade e o estresse relacionados ao contexto clínico podem causar uma falsa

elevação da PA, decorrente da ativação da área vasoconstritora do centro vasomotor

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(BROWN et al., 2007), denominada hipertensão do jaleco branco (“white coat

hypertension”) (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2004; 2006; MISHINA et al.,

2007; NELSON; COUTO, 2001).

É com a finalidade de minimizar a sua ocorrência, que o protocolo de Brown et al.

(2007) estabelece medidas para reduzir a ansiedade/estresse do paciente. Segundo Belew et al.

(1999), a aclimatação do paciente à sala de exame é capaz de produzir uma redução de 20

mmHg na PA de gatos. Resultados semelhantes poderiam ser esperados em cães (BROWN et

al., 2007). Outros autores (HABERMAN et al., 2004; 2006; LOVE; HARVEY, 2006;

MISHINA et al., 1997; 1998; NELSON; COUTO, 2001) reconhecem a ocorrência da

hipertensão do jaleco branco e preconizam medidas semelhantes para minimizar a sua

ocorrência.

A familiarização do paciente ao ambiente também é importante para a minimização de

tremores, que podem interferir na utilização dos dispositivos indiretos (HABERMAN et al.,

2006).

2.4.4.3 Posicionamento do paciente

Outros autores (HABERMAN et al., 2006; LOVE; HARVEY, 2006) também

enfatizam a necessidade do cuff estar no mesmo nível do coração. Porém, não recomendam a

utilização de um fator de correção quando isso não for possível.

Além do posicionamento do paciente em decúbito ventral ou lateral, Love; Harvey

(2006) afirmam que o posicionamento do cuff na base da cauda de cães em estação é

geralmente bem tolerado, permitindo uma mensuração satisfatória.

2.4.4.4 Tamanho do cuff

Cuffs maiores subestimam, e cuffs menores superestimam os valores da PA (LOVE;

HARVEY, 2006; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001). Por isso, além de Brown et al.

(2007), outros autores (HABERMAN et al., 2004; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA et al.,

1997; 1998; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001) enfatizam a importância da

utilização do cuff de tamanho adequado. Se o cuff adequado não estiver disponível, optar por

um maior (LOVE; HARVEY, 2006).

Vários fabricantes fornecem cuffs utilizados em pediatria humana que servem para

cães e gatos (NELSON; COUTO, 2001).

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Figura 4: Diversos cuffs utilizados nos métodos Doppler ultrassônico e oscilometria (LOVE;

HARVEY, 2006)

2.4.4.5 Local de posicionamento do cuff

A escolha do local de posicionamento do cuff deve ser feita de acordo com a

conformação do animal e a preferência do operador (BROWN et al., 2007), e de forma que

permita que a mensuração seja realizada sob as condições de maior estabilidade possível

(MISHINA et al., 1997; 1998). Há estudos que observam diferenças significativas nos valores

de PA obtidos em diferentes locais de posicionamento do cuff (HABERMAN et al., 2004;

2006) e outros em que estas não são observadas (MISHINA et al., 1997; 1998).

Os locais de posicionamento do cuff recomendados pela maioria dos autores estudados

são (BROWN et al., 2007; HABERMAN et al., 2004; 2006; MISHINA et al., 1997; 1998;

NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001): artéria coccígea, para oscilometria, e artéria

mediana, para oscilometria e Doppler ultrassônico.

(A) Artéria coccígea: para a oclusão da artéria coccígea, o cuff deve ser posicionado cerca de

1 cm distal da base da cauda, com sua superfície destinada ao posicionamento da artéria

voltada para a linha média ventral (HABERMAN et al., 2004; 2006).

(B) Artéria mediana: para a oclusão da artéria mediana, o cuff deve ser posicionado a meia

distância entre o cotovelo e o carpo, com sua superfície destinada ao posicionamento da

artéria voltada para a superfície medial do membro (HABERMAN et al., 2004; 2006). Na

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utilização do Doppler, a sonda de fluxo linear (probe) deve ser posicionada na superfície

palmar do membro torácico.

Figura 5: Local de posicionamento da ateria no cuff (LOVE; HARVEY, 2006)

Além destes locais de posicionamento do cuff, também há recomendação da artéria

tibial cranial, para cães e gatos (HABERMAN et al., 2004; NELSON; COUTO, 2001), e

artérias metacarpiana e metatarsiana, para cães (HABERMAN et al., 2006).

O cuff deve envolver a área confortavelmente, sem ficar muito apertado. Usa-se uma

fita (e não apenas o velcro do cuff) para mantê-lo em posição (NELSON; COUTO, 2001).

2.4.4.6 Operador da mensuração

O operador da mensuração deve ser paciente e qualificado para lidar com os animais,

proprietários e com o equipamento (BROWN et al., 2007).

Segundo Brown et al. (2007), a principal causa de falhas na mensuração indireta da

PA é o erro de técnica associado à inexperiência do operador. A aquisição de experiência no

uso de dispositivos indiretos requer horas de treinamento (BROWN et al., 2007).

2.4.4.7 Número de mensurações

Outros autores (HABERMAN et al., 2004; 2006; LOVE; HARVEY, 2006; MISHINA

et al., 1997; 1998; NELSON, 2003; NELSON; COUTO, 2001), em concordância com o que é

estabelecido pelo protocolo de Brown et al. (2007), recomendam a realização de mensurações

consecutivas para a obtenção de valores confiáveis de PA. Haberman et al. (2004) observaram

um aumento da correlação entre valores de PA obtidos direta e indiretamente, quando

utilizaram a média de cinco mensurações consecutivas. Mishina et al. (1997) observou que os

valores de PA e FC tendem a diminuir conforme o número de mensurações.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância da PA como parâmetro fisiológico e a alta prevalência das desordens da

PA (hipotensão e hipertensão) na clínica médica de pequenos animais, justificam a

importância da realização de sua mensuração.

Embora a mensuração da PA não seja recomendada na triagem de rotina de todos os

animais, esta é amplamente indicada em pelo menos duas situações:

- Em pacientes com anormalidades clínicas compatíveis com dano a órgão-alvo como

consequência de hipertensão sistêmica, quais sejam: doença renal crônica progressiva,

retinopatias, coroidopatias, encefalopatias com sinais clínicos de SNC, hipertrofia ventricular

esquerda e insuficiência cardíaca;

- Em pacientes com doenças associadas ao desenvolvimento de hipertensão secundária, quais

sejam: doença renal, hiperadrenocorticismo, diabetes melitus, hiperaldosteronismo primário,

feocromocitoma, hipotireoidismo e hipertireoidismo.

Apesar de haver recomendações expressas para a avaliação da PA, até o presente

momento, não há valores fisiológicos de PA de referência estabelecidos para cães e gatos.

Para que esses valores possam ser estabelecidos, é necessário que haja a padronização dos

métodos e técnicas de mensuração da PA para essas espécies. Dessa forma, até que a

padronização seja realizada, a PA deve ser categorizada de acordo com o risco de

desenvolvimento de dano a órgão-alvo, da seguinte forma:

CATEGORIA DO

RISCO

PAS

PAD

RISCO DE

DESENVOLVIMENTO

DE DANO A ÓRGÃO-

ALVO

I < 150 < 95 Mínimo

II 150-159 95-99 Leve

III 160-179 100-119 Moderado

IV ≥ 180 ≥ 120 Severo

Além da necessidade da padronização dos métodos e técnicas de mensuração da PA,

há também necessidade de estudos para a avaliação da possibilidade de certos fatores, como

idade, sexo e obesidade poderem interferir nos valores de PA em animais normais, além da

necessidade do estabelecimento de valores de referência raça-específicos.

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Com relação aos métodos de mensuração da PA, observa-se que todos os que estão

atualmente disponíveis possuem vantagens e desvantagens. A mensuração direta é

considerada o padrão-ouro, mas sua utilização na rotina é restrita. Já os dispositivos para a

mensuração indireta disponíveis, não estão validados para uso em cães e gatos conscientes,

mas parecem prover uma boa estimativa dos valores de PA

Com relação às técnicas de mensuração da PA, sabe-se que a “hipertensão do jaleco

branco” pode ocorrer durante o procedimento, afetando os valores apurados e, dessa forma,

medidas para minimizar a sua ocorrência devem ser tomadas. Sabe-se também que a

utilização de um cuff de tamanho adequado é essencial para uma mensuração confiável; sua

largura deve corresponder a aproximadamente 40% da circunferência do local escolhido para

seu posicionamento, cujas principais recomendações são: a artéria coccígea (para

oscilometria) e a artéria mediana (para oscilometria e Doppler ultrassônico). Além disso, a

realização de diversas medidas (pelo menos 5), a fim de obter-se uma média dos valores

apurados, parece aumentar a confiabilidade do procedimento. Por fim, o treinamento do

operador é fundamental.

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REFERÊNCIAS

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