UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-06-02 · Atlântica no litoral sul...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
A PAISAGEM DA MATA ATLÂNTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE:
REMANESCENTES, CONFIGURAÇÃO ESPACIAL E DISPONIBILIDADE DE
HABITAT
FABÍOLA PATRÍCIA DA SILVA RUFINO
NATAL
2016
ii
FABÍOLA PATRÍCIA DA SILVA RUFINO
A PAISAGEM DA MATA ATLÂNTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE:
REMANESCENTES, CONFIGURAÇÃO ESPACIAL E DISPONIBILIDADE DE
HABITAT.
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-graduação em Ecologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como parte
das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Ecologia.
Orientadora:
Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto
Co-orientador:
Prof. Dr. Eduardo Martins Venticinque
NATAL
2016
iii
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências
Rufino, Fabíola Patrícia da Silva.
A paisagem da Mata Atlântica do estado do Rio Grande do Norte: remanescentes, configuração
espacial e disponibilidade de habitat / Fabíola Patrícia da Silva Rufino. – Natal, RN, 2015.
100 f.: il.
Orientadora: Profa. Dra. Míriam Plaza Pinto.
Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Martins Venticinque.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências.
Programa de Pós Graduação em Ecologia.
1. Mata Atlântica. – Dissertação. 2. Estrutura da paisagem. – Dissertação. 3. Disponibilidade de
habitat. – Dissertação. 4. Conservação. – Dissertação. I. Pinto, Míriam Plaza. II. Venticinque, Eduardo
Martins. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 502/504
iv
FABÍOLA PATRÍCIA DA SILVA RUFINO
A PAISAGEM DA MATA ATLÂNTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE:
REMANESCENTES, CONFIGURAÇÃO ESPACIAL E DISPONIBILIDADE DE
HABITAT.
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-graduação em Ecologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como parte
das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Ecologia.
PARECER: APROVADA, DADO EM: 29/01/2015
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________________
Profª. Dra. Adriana Monteiro de Almeida (Membro interno)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________________
Prof. Dr. Jayme Augusto Prevedello (Membro externo)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Natal
2016
v
“Delicioso em si, entretanto, é um termo fraco
para expressar os sentimentos de um
naturalista, que pela primeira vez, passeou
sozinho em uma floresta brasileira. A
elegância da coberta do solo, a novidade das
plantas parasitas, a beleza das flores, o verde
brilhante da folhagem, mas, sobretudo, a
vegetação luxuriante me encheram de
admiração. (...) Para uma pessoa que aprecia
história natural, um dia como este gera um
profundo prazer que não se pode ter
esperança de vivenciar outra vez.”
Charles Darwin1
1 Charles Darwin sobre um passeio na Mata Atlântica Salvador, em sua viagem ao
Brasil em 1832. Fonte:
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/expedicao_darwin_/darwin_e_a_m
ata_atlantica/
vi
À fauna e à flora da Mata Atlântica brasileira.
(Dedico)
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e à minha família por todas as conquistas alcançadas na
minha vida até esse momento.
Agradecimento especial à minha mãe e à minha avó, pelo apoio e por todos os
ensinamentos durante toda a minha vida que fizeram eu me tornar a pessoa que sou
hoje.
Ao Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade do Rio Grande
do Norte e a todos os professores do Programa pela oportunidade de aperfeiçoamento
e pelos ensinamentos.
À Míriam, pela orientação, ensinamentos e pela amizade, e por ser sempre tão
solícita durante esses dois anos.
Ao Dadão pela orientação, ensinamentos e pelas ideias para o trabalho.
Aos professores Adriana Almeida e Alexandre Fadigas pelas contribuições
feitas nas disciplinas de acompanhamento do programa de pós-graduação.
Ao professor Jayme Prevedello pela presença na banca.
Aos colegas alunos da Ecologia, em especial a Marília, Anne e Adriana.
Ao meu amigo e meu professor Frederico Fonseca por todas as contribuições e
ensinamentos desde a ideia inicial do projeto, antes mesmo da minha aprovação do
mestrado e durante esses dois anos.
Aos meus amigos do Ibama/RN pelo apoio. Em especial ao Alvamar e à
Claudinha pelas autorizações para que eu pudesse me afastar do trabalho, ao Rafael
Cabral e ao Marcos Brainer pelas lições de geoprocessamento, ao Bonilha, ao Jean, à
Juliana e à Marlova que aumentaram mais ainda suas atividades durante o meu
afastamento.
Ao Ibama pela concessão do afastamento. Em especial aos servidores do
Centre.
Ao Renato Crouzeilles pelas contribuições em algumas análises do trabalho e
pelas ideias.
À Gisele Winck pela hospedagem e hospitalidade durante minha estadia do Rio
de Janeiro.
Ao Professor Cestaro pelos shapefiles da SNE.
Ao Alisson, pelo incentivo nessa reta final da Dissertação.
Muito obrigada a todos!
viii
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 10
CAPÍTULO I – COMPOSIÇÃO E CONFIGURAÇÃO DA PAISAGEM DO BIOMA MATA
ATLÂNTICA NO RIO GRANDE DO NORTE: NÚMERO E ARRANJO ESPACIAL DOS
REMANESCENTES .................................................................................................... 13
RESUMO ..................................................................................................................... 14
ABSTRACT ................................................................................................................. 15
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16
2. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 20
2.1 Área de estudo ...................................................................................................... 20
2.2 Mapeamento dos Remanescentes ........................................................................ 23
2.3 Análises da paisagem ........................................................................................... 25
2.4 Análises estatísticas .............................................................................................. 29
2.5 Unidades de Conservação .................................................................................... 30
3. RESULTADOS ........................................................................................................ 30
3.1 Mapeamento e percentual remanescente ............................................................. 30
3.2 Distribuição dos remanescentes por classe de tamanho ...................................... 33
3.3 Análises com remoção de remanescentes ............................................................ 34
3.4 Comparação entre Litoral Sul e Litoral Norte ........................................................ 41
3.5 Unidades de conservação ..................................................................................... 46
4. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 49
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 55
CAPÍTULO II – INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA DA PAISAGEM NA
DISPONIBILIDADE DE HABITAT NA MATA ATLÂNTICA NO RIO GRANDE DO
NORTE ........................................................................................................................ 58
RESUMO ..................................................................................................................... 59
ABSTRACT ................................................................................................................. 60
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 61
2. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 64
2.1 Área de estudo ...................................................................................................... 64
ix
2.2 Disponibilidade de habitat ..................................................................................... 64
2.3 Análises estatísticas .............................................................................................. 68
3. RESULTADOS ........................................................................................................ 69
3.1 Capacidade de deslocamento e eliminação de remanescentes ........................... 69
3.2 Disponibilidade de habitat das bacias hidrográficas .............................................. 71
3.3 PC X estrutura da paisagem ................................................................................. 72
4. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 76
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 81
ANEXOS ...................................................................................................................... 84
ANEXO 1 ..................................................................................................................... 84
ANEXO 2 ..................................................................................................................... 95
10 APRESENTAÇÃO
O Bioma Mata Atlântica situa-se na faixa continental atlântica leste do Brasil e
constitui um conjunto florestal formado por florestas ombrófilas (densa, aberta e mista)
e estacionais (semideciduais e deciduais), além das formações de restingas e
manguezais (IBGE, 2012). Esse bioma é considerado um hotspot (Myers et al., 2000),
uma vez que possui menos de 30% dos seus habitats remanescentes e uma grande
quantidade de espécies endêmicas. Atualmente estima-se que a Mata Atlântica
brasileira possua aproximadamente 12% de sua área original distribuídas em
remanescentes florestais, variando de 4,7 a 36,5% de percentual remanescente
dependendo da biorregião geográfica (Ribeiro et al., 2009; SOS Mata Atlântica &
INPE, 2013) e 83% dos fragmentos têm tamanho menor do que 50ha (Ribeiro et al.,
2009), sendo um bioma com uma fragmentação muito acentuada de seus
remanescentes (Ribeiro et al., 2009). O Rio Grande do Norte é o limite norte das
formações de Floresta Estacional Semidecidual e de Floresta Estacional do Bioma
Mata Atlântica (MMA, 2012). Além das formações florestais também ocorrem no Rio
Grande do Norte as formações manguezais e restinga (MMA, 2010). Em estudo
realizado no ano de 2006, os remanescentes ocupavam apenas 32,89% da área
original de ocorrência do bioma no Rio Grande do Norte (MMA, 2010).
Esta dissertação está organizada em dois capítulos. Ambos os capítulos
estão dentro do contexto da Ecologia da Paisagens, utilizando princípios e aplicando
métodos desta área para investigar questões relativas à Mata Atlântica do Rio Grande
do Norte. No primeiro capítulo são apresentados o mapeamento dos remanescentes a
partir de imagens de satélite e análises através de métricas de composição e de
configuração da paisagem para avaliar o estado de conservação do bioma Mata
Atlântica no Rio Grande do Norte. Essa avaliação foi realizada considerando dois
limites para o bioma, o limite oficial estabelecido pela Lei da Mata Atlântica
(11.428/2006), e o limite alternativo estabelecido pela Sociedade Nordestina de
Ecologia (SNE, 2002). Além disso, foram realizadas análises com remoção de
fragmentos com áreas menores do que valores pré-determinados com o objetivo de
avaliar a importância dos remanescentes pequenos na configuração da paisagem. Na
terceira parte do capítulo avaliamos se a composição e configuração da paisagem
difere entre bacias hidrográficas do litoral Norte e Sul do Estado, considerando as
diferenças no uso e ocupação do solo tanto historicamente quanto atualmente e as
diferenças de pluviosidade que interferem na distribuição das diferentes formações do
bioma. Por fim, foi avaliado o grau de proteção da Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte por unidades de conservação.
11
Diferentemente do Capítulo 1 que é baseado exclusivamente na estrutura da
paisagem, no Capítulo 2 é apresentada uma abordagem funcional da paisagem.
Nesse capítulo foi utilizado o Índice de Probabilidade de Conectividade – PC (Saura &
Pascoal-Hortal, 2007) para calcular a disponibilidade de habitat (Pascual-Hortal &
Saura, 2006) da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. Foi investigado se há
diferença na disponibilidade de habitat para as espécies com diferentes capacidades
de deslocamento e como a remoção de remanescentes com menor área influencia na
disponibilidade de habitat. Na segunda parte do Capítulo 2 há uma integração entre o
componente funcional e a estrutura da paisagem. Através da análise de Seleção de
Modelos identificamos quais métricas da estrutura da paisagem influenciam a
disponibilidade de habitat da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte.
Esse será o primeiro trabalho que aplicará a abordagem de paisagem em
toda a área do litoral leste do bioma Mata Atlântica do estado do Rio Grande do Norte.
O Rio Grande do Norte não está incluído no trabalho de Ribeiro et al. (2009) que
aplicou os princípos da teoria da paisagem para o bioma Mata Atlântica, e os estudos
locais incluíram parte da área do bioma: Maciel (2011) realizou o mapeamento e a
caracterização estrutural de 58% da área do Bioma Mata Atlântica definido pelo IBGE,
o que equivale a 44% da área do Bioma delimitada pela Sociedade Nordestina de
Ecologia e Oliveira & Mattos (2014) realizou o mapeamento do trecho sul do litoral
leste do estado.
Outro ponto importante é que utilizamos para o mapeamento dos
remanescentes imagens de satélite de alta resolução espacial (5 metros – satélite
Rapideye), adequado para o bioma Mata Atlântica por permitir o mapeamento de
remanescentes de pequena área, que podem não ser representativos no percentual
de área remanescentes, mas podem desempenhar papel importante na configuração
da paisagem, principalmente na minimização de distância entre os remanescentes.
As informações geradas nessa Dissertação são importantes tanto do ponto de
vista da pesquisa quanto da conservação. Utilizamos a paisagem da Mata Atlântica
para aplicar alguns princípios da Ecologia de Paisagens, como por exemplo, para
entender a relação entre a estrutura da paisagem na disponibilidade de habitat. Assim
como geramos informações que podem ser utilizadas para o planejamento de medidas
para a conservação da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte.
REFERÊNCIAS:
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). (2012) Mapa da Área de Aplicação da Lei
11.428/2006. Disponível em
ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/lei11428_mata_atlantica.pdf
12
Maciel, L.V.B. (2011) Análise dos remanescentes de floresta atlântica no estado do Rio Grande
do Norte: uma perspectiva em alta resolução. Dissertação (Mestrado em Ecologia) –
Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.
MMA (Ministério do Meio Ambiente). (2010) Mata Atlântica: patrimônio nacional dos brasileiros.
MMA, Brasília.
MMA (Ministério do Meio Ambiente). (2012) Mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica.
Disponível em
http://www.mma.gov.br/images/arquivos/biomas/mata_atlantica/mapa_mata_atlantica
_lei_11428_2006_e_decreto6660_2008.pdf
Myers, N., Mittermeier, R.A., Mittermeier, C.G., da Fonseca, G.A.B. & Kent, J. (2000)
Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 403, 853-858.
Oliveira, F.F.G. & Mattos, J.T. (2014) Análise ambiental de remanescentes do bioma Mata
Atlântica no litoral sul do Rio Grande do Norte – NE do Brasil. GEOUSP - Espaço e
Tempo, 18, 165-183.
Pascual-Hortal, L. & Saura, S. (2006) Comparison and development of new graph-based
landscape connectivity indices: towards the priorization of habitat patches and
corridors for conservation. Landscape Ecology, 21, 959-967.
Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J. & Hirota, M.M. (2009) The Brazilian
Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed?
Implications for conservation. Biological Conservation, 142, 1141-1153.
Saura, S. & Pascoal-Hortal, L. (2007) A new habitat availability index to integrate connectivity in
landscape conservation planning: Comparison with existing indices and application to
a case study. Landscape and Urban Planning, 83, 91–103.
SOS Mata Atlântica & INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) (2013) Atlas dos remanescentes
florestais da Mata Atlântica período 2011-2012. São Paulo.
SNE, Sociedade Nordestina de Ecologia. (2002) Mapeamento da Mata Atlântica e seus
ecossistemas associados. Relatório técnico.
13
CAPÍTULO I
COMPOSIÇÃO E CONFIGURAÇÃO DA PAISAGEM DO BIOMA MATA ATLÂNTICA
NO RIO GRANDE DE NORTE: NÚMERO E ARRANJO ESPACIAL DOS
REMANESCENTES
14
RESUMO
A Mata Atlântica no Rio Grande do Norte (RN) é representada pelas Florestas
Estacionais Semidecidual e Decidual, Manguezais e Restinga. Com o objetivo de
avaliar o estado de conservação da Mata Atlântica no RN realizamos o mapeamento
de remanescentes a partir de imagens de satélite e a abordagem de Ecologia de
Paisagens. Avaliamos se há distinção entre os litorais norte e sul do Estado
considerando suas diferenças naturais e de uso do solo históricas, e como se dá
influência de remanescentes pequenos na cobertura e configuração da paisagem. O
percentual da área original do bioma coberta por remanescentes que possuem área a
partir de 3 hectares é de 15,60% para o limite oficial do bioma (Limite da Lei
11.428/2006) e de 16,60% para limite alternativo (SNE, 2002). O percentual
remanescente em cada bacia hidrográfica variou de 0,56 a 46,52%. Os
remanescentes que possuem até 59 hectares representam 89,70% do número total de
remanescentes. Apenas 6,00% dos remanescentes tem área maior do que 100
hectares, e estes são responsáveis aproximadamente 65% da área remanescente. Os
fragmentos com menor área influenciam todas as métricas calculadas. As bacias
hidrográficas do litoral sul possuem maior percentual de cobertura com
remanescentes, maiores densidades de remanescentes e as áreas dos fragmentos
são maiores do que no litoral norte. As bacias de escoamento difuso do litoral Sul
possuem valores de percentual de cobertura maiores do que os demais grupos.
18,28% e 10% da área do bioma pelo limite oficial e pelo limite alternativo,
respectivamente, estão protegidas por unidades de conservação. As unidades de
conservação são majoritariamente de uso sustentável. Portanto, a Mata Atlântica do
Rio Grande do Norte apresenta-se em situação crítica de conservação, com um baixo
percentual de área remanescente e um alto nível de fragmentação, sendo
imprescindíveis para conservação do bioma a manutenção de toda a área
remanescente, principalmente dos grandes remanescentes e a restauração de áreas
para aumentar o percentual de cobertura e a conectividade da paisagem.
Palavras-chave: Mata Atlântica, Mapeamento, Métricas da Paisagens, Fragmentação,
Conservação.
15
ABSTRACT
The Atlantic Forest in Rio Grande do Norte (RN) is included in Pernambuco
biogeographic sub-region and it is composed by Semi-deciduous Forest, deciduous
Forest, Mangrove and Restinga. We assessed the conservation status of Atlantic
Forest in the RN through remnants mapping using high resolution satellite images and
landscape ecology approaches. We evaluated if there is difference between the north
and south coastal regions considering their natural a historical land use differences.
We also assessed the influence of the small remnants on landscape cover and
configuration. The proportion of the original biome area with remnants larger than 3
hectares is 15.60% for the official governmental limit and is 16.60% for the alternative
limit (SNE, 2002). This remnants proportion varies between 0.56 and 46.52% in the
hydrographic basins. 89.70% of the remnants are smaller than 50 hectares. Only
6.00% of the remnants are greater than 100 hectares, and these remnants are
responsible by 65% of remaining area. The patches with smaller area influence all
calculated metrics. The south coastal hydrographic basins have higher percentage of
coverage of remnants, larger patch densities and fragments with larger areas than
north coastal hydrographic basins. The diffuse drainage basins of the southern coastal
have the highest percentage of coverage with remnants. 18.28% and 10% of the biome
area are protected by reserves, according to the official governmental and alternative
limits respectively. The reserves are mainly of sustainable use (IUCN V-VI). Therefore,
the Atlantic Forest in Rio Grande do Norte is in critical situation, with low proportion of
remaining area and high fragmentation level. It’s indispensable to biome conservation
keep all the remaining area, especially the large remnants, and restore areas to
increase remnants proportion and to increase landscape connectivity.
Keywords: Atlantic Forest, Mapping, Landscape metrics, Fragmentation, Conservation.
16
1. INTRODUÇÃO
A perda de habitats causada por ações antrópicas provoca a perda de
biodiversidade através de diversos processos (Fahrig, 2003). A perda de área, o
isolamento de populações e a consequente diminuição das taxas de migração,
dispersão e troca gênica e declínio populacional e o efeito de borda podem causar um
declínio na riqueza de espécies ou na abundância de indivíduos, tornando raras as
espécies endêmicas do habitat fragmentado (Rambaldi & Oliveira, 2003; Bennett &
Saunders, 2010). Em biomas com alto grau de intervenção antrópica como a Mata
Atlântica, a caracterização da paisagem com a avaliação do grau de fragmentação se
torna essencial para proposituras de medidas de conservação.
A fragmentação de um ambiente é acessada através da identificação dos
padrões espaciais dos elementos de uma paisagem. Nesse contexto, a Ecologia de
Paisagens enfatiza a interação entre padrões espaciais e processos ecológicos,
abordando a importância da configuração espacial para os processos ecológicos
(Turner et al.., 2001). Os padõres espaciais são formados pela quantidade e
disposição dos elementos da paisagem (manchas, matriz e elementos de conexão –
corredores e stepping stones). Esse padrão é resultado da variabilidade nas condições
abióticas, como clima, topografia e solo, interações bióticas e os padrões do presente
e passado do uso do solo e assentamentos humanos (Turner et al., 2001).
Caracterizar o padrão de uma paisagem é importante para avaliar seu estado de
conservação, definir alvos para restauração (Lindenmayer et al., 2008), comparar
diferentes paisagens, entender como o padrão de uma paisagem muda no tempo e
avaliar quais as consequências de diferentes alternativas do uso do solo (Turner et al.,
2001). Além disso, o padrão de uma paisagem tem influência direta nos processos
ecológicos da paisagem.
Diversas métricas são utilizadas para caracterizar o padrão de uma
paisagem. Algumas métricas podem quantificar os elementos da paisagem,
identificando o que está presente, a quantidade relativa ou proproção de cada
elemento. Normalmente essas métricas não fazem referência à localização dos
elementos da paisagem no espaço (Turner et al., 2001). Outras métricas são
espacialmente explícitas, medindo aspectos da configuração espacial da paisagem,
como as medidas de conectividade, índices de proximidade, forma, número e
densidade de manchas (Turner et al., 2001). Lang & Blaschke (2009) ordenaram as
métricas em oito categorias de acordo com o aspecto principal da paisagem ao qual a
medida faz referência: heterogeneidade, análise de área, análise de área-núcleo,
análise de bordas, análise de formas, análise de vizinhança, diversidade e
17
retalhamento. As métricas podem ser calculadas em três níveis: nível da mancha, que
mede atributos como área, forma, perímetro de cada mancha individual; nível de
classe que geralmente unifica as medidas de todas as manchas de uma determinda
classe da paisagem; e nível da paisagem que referem-se a toda a paisagem (Lang &
Blaschke, 2009).
De acordo com Turner et al. (2001) a escala é um dos tópicos importantes
na ecologia da paisagem porque influencia as conclusões do observador e se as
inferências podem ser extrapoladas para outros lugares, épocas ou escalas. A escala
de interesse deve ser direcionada pela questão ou fenômeno de interesse (Turner et
al., 2001). Uma das aplicações da ecologia da paisagem é a caracterização da
paisagem para geração de conhecimento para subsidiar a tomada de decisões em
relação a conservação da paisagem como a restauração, ou outras medidas para
aumentar a conectividade da paisagem. Nesse aspecto, é importante que a escala
espacial – extensão escolhida leve em consideração aspectos como a capacidade de
deslocamento dos animais e a capacidade de dispersão das espécies vegetais. Em se
tratando de gestão da pasaigem, é interessante que a escala espacial de trabalho
coincida com divisões políticas, como a divisão dos Estados e Municípios que
permitam a implantação de medidas de conservação.
No entanto as divisões políticas não necessarimente levam em
consideração aspectos naturais do ambiente. Nesse sentido uma outra divisão que
pode ser considerada mais adequada é a divisão em bacias hidrográficas. De acordo
Botelho (2005) uma bacia hidrográfica é a área da superfície terrestre drenada pelo rio
principal e seus tributários sendo limitadas pelos divisores de água. E por serem
delimitadas por critérios geomorfológicos, as bacias hidrográficas levam vantagens
sobre unidades de planejamento definidas por outros atributos que podem ter limites
imprecisos ou não cobrir a paisagem de modo contínuo (Botelho, 2005). Uma outra
vantagem da bacia hidrográfica é a existência de uma legislação específica (Lei nº
9.433/1997 – Lei das Águas) para gestão de resursos hídricos que tem a bacia
hidrográfica como uma das unidades de planejamento.
No Rio Grande do Norte a Mata Atlântica é representada pela Floresta
Estacional Semidecidual, Áreas de Tensão Ecológica Savana/Floresta Estacional e as
formações de Manguezais e Restinga (MMA, 2010). Conforme Cestaro (2002) no Rio
Grande do Norte essas florestas variam no sentido leste-oeste de floresta estacional
semidecidual a floresta estacional decidual antes de atingir a Caatinga. A floresta
estacional semidecidual ocorre na região tropical que possui clima com dupla
estacionalidade, ou seja, um período chuvoso e um período seco bem marcados.
Devido a estacionalidade do clima, de 20 e 50% do conjunto florestal é composta por
18
árvores cauducifólias, que perdem as folhas no período seco (IBGE, 2012). A floresta
estacional decidual também ocorre em clima com dupla estacionalidade, no entanto a
estação chuvosa é seguida por um longo período seco. Nessa formação florestal mais
de 50% das árvores do conjunto florestal perdem as folhas no período de estiagem
(IBGE, 2012). De acordo com Cestaro (2002) a transição de floresta semidecidual para
Caatinga ocorre, provavelmente, de forma gradual com diminuição progressiva das
espécies características de Mata Atlântica e com aumento progressivo da presença
de elementos florísticos da Caatinga. Esse fato dificulta o estabelecimento de um limite
claro entre os dois biomas. Como consequência o limite oficial estabelecido no Mapa
de Aplicação da Lei da Mata Atlântica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE deixa de incluir remanescentes de floresta existentes no estado, em especial
os remanescentes de floresta estacional decidual (Maciel, 2011). Um limite alternativo
a esse é o estabelecido pela Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE, 2002) que inclui
áreas mais a Oeste do estado, incluindo as áreas de floresta estacional decidual. O
não reconhecimento de parte da área como pertencente ao bioma Mata Alântica pode
levar a essa área não ser considerada prioritária para implementação de ações de
conservação, como por exemplo a implantação de unidades de conservação.
A Mata Atlântica do Rio Grande do Norte pertence à subregião
biogeográfica de Pernambuco (Silva & Casteleti, 2003) que inclui as formações
vegetais ao norte do rio São Francisco, englobando os estados de Alagoas, Sergipe,
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. De acordo com Ribeiro et al. (2009), na
sub-região biogeográfica de Pernambuco os remanescentes ocupam 12% da área
original, não há nenhum fragmento com mais de 10.000 hectares, 60% da floresta está
a menos de 100 metros da borda, e é uma das biorregiões com menos área
remanescente protegida. Esse estudo não incluiu os estados da Paraíba e do Rio
Grande do Norte. Ribeiro et al. (2009) também aponta a importância dos
remanescentes pequenos para a conectividade da paisagem.
Em estudo realizado no ano de 2006, os remanescentes ocupavam
apenas 32,89% da área original de ocorrência do bioma no Rio Grande do Norte
(MMA, 2010). nesse percentual estão incluídas todas as fitofionomias que ocorrem no
estado: floresta estacional semidecidual, floresta estacional decidual, manguezais e
restinga. Historicamente, as florestas de Mata Atlântica no RN foram suprimidas para
dar lugar ao cultivo de cana-de-açucar, às culturas permanentes como frutíferas e a
pecuária extensiva (Oliveira & Mattos, 2014). Atualmente, além da expansão dessas
atividades, a expansão de áreas urbanas, a especulação imobiliária e as atividades
ligadas ao turismo aumentam a pressão sobre os remanescentes florestais (Oliveira &
Mattos, 2014). A carcincultura desenvolvida em áreas de manguezais também é
19
responsável pela supressão de vegetação do Bioma Mata Atlântica no estado
(Campanili & Prochnow, 2006).
A área do Rio Grande do Norte pela qual a Mata Atlântica se extende não
é homogênia, tanto do ponto de vista de características climáticas, como a
pluviosidade, quanto no sentido de uso do solo e pressões antrópicas. O histórico e os
fatores sócio-econômicos influenciam diretamente no uso do solo e no padrão de
remanescentes na paisagem. A Mata Atlântica do estado do Rio Grande do Norte
possui duas realidades distintas. Latitudinalmente, divide-se o estado em litoral Sul e
Norte, tendo como referência a cidade de Natal. No litoral Sul foi onde predominou
historicamente a cultura de cana-de-acúçar e esta cultura está presente até os dias
atuais. A Embrapa aponta o predomínio de municipios do litoral Sul entre os principais
produtores de cana-de-acuçar na década de 1990 e dos anos 2000 (Cuenca &
Mandarino, 2007). O litoral Sul possui o primeiro e terceiro municípios do estado com
maior número de habitantes (Natal e Parnamirim), além de possuir importantes centros
turísticos (Natal e Tibau do Sul) (IDEMA, 2013). No litoral norte, que abrange sete
municípios, a cana-de-acuçar é a principal atividade agrícola em apenas dois deles, e
em quatro deles predomina a cultura permanente de coco-da-baía (IBGE, 2013). Do
ponto de vista ambiental, as florestas estacionais se estendem em todo o litoral Sul,
mas no litoral Norte são encontradas até o município de Ceará-mirim (Cestaro, 2002).
Os estudos relacionados a levantamentos dos remanescentes e
caracterização da paisagem na Mata Atlântica no estado do Rio Grande do Norte são
escassos, principalmente, quando se comparado a outros estados nordestinos
(Oliveira & Mattos, 2014). Nos estudos mais recentes Maciel (2011) realizou o
mapeamento e a caracterização estrutural de 58% da área do Bioma Mata Atlântica
definido pelo IBGE, o que equivale a 44% da área do Bioma delimitada pela
Sociedade Nordestina de Ecologia. Oliveira & Mattos (2014) realizou o mapeamento
do trecho sul do litoral leste do estado do Rio Grande do Norte. Os dois trabalhos
apontam que os remanescentes de Mata Atlântica no Rio Grande do Norte são em sua
maioria pequenos, com área menor do que 10ha.
Por todo o exposto, o objetivo do presente trabalho é avaliar o estado de
conservação da Mata Atlântica no RN e de suas bacias hidrográficas utilizando
métricas da paisagem para obter informações sobre o número e o arranjo espacial dos
remanescentes, considerando tanto o limite oficial do Bioma definido pela Lei da Mata
Atlântica (Lei 11.428/2006) como o limite alternativo proposto pela Sociedade
Nordestina de Ecologia (SNE, 2002). Também avaliamos se há diferença no estado de
conservação entre o litoral Norte e Sul e qual a importância dos remanescentes de
menor área nas métricas da paisagem. Esperamos que a proporção de
20
remanescentes florestais seja pequena, menor do que a proporção relatada em MMA
(2010), considerando a realidade descrita para o restante da Mata Atlântica (Ribeiro et
al. 2009). Esperamos que a distribuição de tamanho dos remanescentes seja
enviesada para fragmentos pequenos, seguindo o padrão relatado para a sub-região
biogeográfica de Pernambuco (Ribeiro et al. 2009). Além disso, testaremos a hipótese
de que nas áreas mais próximas ao litoral, onde predominam a vegetação de restinga,
o litoral norte tenha melhor estado de conservação (e.g. maior proporção de cobertura
florestal, manchas maiores e melhores conectadas), pois o litoral sul sofre grande
pressão de expansão urbana e do turismo nessas áreas. No entanto, considerando a
área como um todo esperamos encontrar duas situações possíveis: que o litoral sul
tenha uma maior proporção de cobertura vegetal devido à maior presença das
florestas estacionais nessa região, ou que o litoral sul esteja em um estado mais crítico
de conservação devido à grande devastação dessas formações florestais pela cultura
da cana-de-acúcar. Por fim avaliamos a proteção do bioma no estado por unidades de
conservação nos litorais Sul e Norte e nos limites oficial do bioma e alternativo
proposto pela Sociedade Nordestina de Ecologia.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Área de Estudo
2.1.1 Mata Atlântica do Rio Grande do Norte
A delimitação da área de estudo teve como base o relatório da Sociedade
Nordestina de Ecologia - SNE (SNE 2002). A partir do mapa (em formato shapefile)
disponível no relatório da SNE foi definido o limite longitudinal da área de estudo
(Figura 1). O presente trabalho restringe-se a área do litoral leste do Rio Grande do
Norte, região onde estão localizados os remanescentes de Floresta Estacional
Semidecidual e Decidual, além dos remanescentes de Restinga e Manguezais.
Portanto, não foram incluídas as áreas de manguezais do litoral norte do estado. Para
o limite sul da área de estudo também foi considerado o mapa do relatório da SNE. No
entanto, ao invés de utilizar o limite político do Rio Grande do Norte, foi utilizado o
limite das bacias dos rios Curimataú e Guaju, delimitadas conforme descrito no item
2.1.2, as quais incluem área do estado da Paraíba. Dessa forma essas bacias
puderam ser incluídas nas análises por bacia hidrográfica, conforme descrito no item
2.3.3. Esse limite foi denominado limite SNE.
Além do limite SNE, também foi utilizado nesse trabalho o limite
estabelecido pela Lei da Mata Atlântica (Lei Federal nº 11.428/2006). O limite da Lei
21
foi recortado utilizando o Mapa de Aplicação da Lei da Mata Atlântica do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Esse limite foi denominado limite da Lei
(Figura 1).
Figura 1 – Limites da área de estudo – área do bioma Mata Atlântica do litoral leste do Rio
Grande do Norte. Limite segundo a Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE) e limite segundo
a Lei da Mata Atlântica (Mapa Oficial da Lei da Mata Atlântica), que é mais estreito
longitudinalmente que o anterior. O limite sul da área de estudo foi delimitado pelos limites das
bacias dos rios Guaju e Curimataú.
2.1.2 Divisão por bacias hidrográficas
A Mata Atlântica do Rio Grande do Norte foi subdividida por bacia
hidrográfica. As bacias hidrográficas utilizadas seguem a divisão do Mapa do Sistema
Hidrográfico do Estado – Bacias Hidrográficas da Secretária Estadual do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos - SEMARH. De acordo com a definição da
SEMARH, a área de estudo engloba 22 bacias hidrográficas (Figura 2), sendo que oito
delas pertencem a Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso (EDL 16_1 a EDL
16_8) e uma faz parte da Faixa Litorânea Norte de Escoamento Difuso (EDN 15_4).
As demais bacias são nomeadas de acordo com o seu rio principal: Boqueirão, Punaú,
Maxaranguape, Ceará-mirim, Doce, Potengi, Pirangi, Trairi, Jacu, Catu, Curimataú,
Sagi e Guaju. A delimitação de cada bacia foi feita utilizando o SRTM (Shuttle Radar
Topographic Mission) que é o Modelo de Elevação Digital mais preciso atualmente
22
disponível para o continente sul-americano com precisão horizontal de 90 metros e
vertical de 1 metro. Foi utilizado o SRTM 4 disponíveis através do CIAT
(http://srtm.csi.cgiar.org/).
As bacias EDN 15_4, Maxaranguape, Ceará-mirim, Doce, Potengi, Pirangi,
Trairi, Jacu e Curimataú não se restringem ao limite do Bioma Mata Atlântica definido
pela SNE, se estendendo para o Bioma Catinga. Nesses casos foram utilizados os
segmentos das bacias que estão no Bioma Mata Atlântica segundo a SNE.
Figura 2 – Mata Atlântica do Rio Grande do Norte dividida por bacia hidrográfica. Bacias
hidrográficas classificadas de acordo com SEMARH/RN e delimitadas utilizando o modelo
digital do terreno SRTM. As bacias foram nomeadas com o nome do rio principal, EDN refere-
se a faixa litorânea de escoamento difuso norte e EDL à faixa litorânea de escoamento difuso
leste.
23
2.2 Mapeamento dos Remanescentes
Foram mapeados os remanescentes que fazem parte do componente
arbustivo-arbóreo da área de estudo. Nesse componente estão incluídas as áreas de
vegetação com porte arbóreo: floresta estacional decidual e floresta estacional
semidecidual, restinga arbórea; o componente arbustivo: restinga arbustiva; e os
manguezais.
2.2.1 Imagens de satélite
O mapeamento do componente arbustivo-arbóreo na Mata Atlântica do Rio
Grande do Norte foi feito utilizando Imagens do Satélite Rapideye, com resolução
espacial ortorretificada de 5 metros, Projeção/Datum UTM/Sirgas 2000. Essas
imagens foram obtidas no portal Geo Catálogo do Ministério do Meio Ambiente. Foram
utilizadas 22 cenas, em sua maioria do ano de 2012 (18 cenas), sendo utilizadas
imagens de 2011 ou 2013 apenas para cenas que não possuíam imagens do ano de
2012. As datas de aquisição das imagens pelo satélite concentram-se
majoritariamente no segundo semestre do ano, especialmente nos meses de outubro
e novembro. As imagens foram compostas com as cinco bandas espectrais
disponíveis e trabalhadas na composição RGB 341.
Esse trabalho inclui material © (2012) RapidEye AG apenas para fins de
pesquisa científica. Todos os direitos reservados.
2.2.2 Classificação
O classificador Isodata de classificação não-supervisionada foi utilizado
para classificação das imagens. As imagens foram classificadas separadamente, e
foram adotadas 20 repetições e, na maioria dos casos, 20 classes como parâmetros
para cada classificação. O número de classes para a classificação foi determinado de
forma a maximizar a separação dos remanescentes da matriz agrícola com resposta
espectral similar aos remanescentes e o tempo de processamento. Para algumas
imagens foi necessário aumentar o número de classes devido a uma maior
semelhança entre os elementos da paisagem. O método mais utilizado para aumento
do contraste das imagens previamente à classificação foi o Contrate Linear 5%,
seguido pelo Contraste Linear 2% e pelo Gaussian. Para a classificação foi utilizado o
programa ENVI 5.0.
Cada classe resultante da classificação não-supervisionada foi então
incluída em uma das seguintes classes: Floresta, Mangue, Matriz, Nuvem ou Sombra
de Nuvem. Para auxiliar no processo de classificação foram realizadas visitas a
24
determinadas áreas de forma a identificar o tipo predominante de formação vegetal. As
áreas visitadas auxiliaram na inclusão de outras áreas com resposta espectral
semelhante como Floresta que inclui as florestas estacionais e a restinga, Mangue ou
Matriz. Foram visitadas áreas que representassem as diferentes formações vegetais
existentes na área de estudo: floresta estacional semidecidual e decidual, mangue,
restinga arbórea e arbustiva.
Os shapefiles de todas as classificações foram unidos resultando no
mapeamento de toda a área de estudo. Esses procedimentos foram realizados
utilizando o programa ArcGIS 10.1.
2.2.3 Validação
Imagens de alta resolução disponíveis no Google Earth Pro foram
utilizadas para validação do mapeamento. Foram sorteados 1000 pontos dentro da
área de estudo para serem amostrados separados por classe do mapeamento com
400 pontos na classe Floresta, 400 na classe Matriz e 200 na classe Mangue. O
menor número de pontos para a classe mangue foi devido a sua menor extensão. As
classes Nuvem e Sombra de nuvem não foram incluídas no sorteio. Cada ponto foi
então classificado em Floresta, Mangue ou Matriz de acordo com a interpretação da
imagem de alta resolução do Google Earth. Para seleção das imagens Google Earth
foi utilizado um dos seguintes critérios: 1. imagem com data mais próxima da data da
imagem Rapideye utilizada na classificação; 2. no caso de não existência de imagem
próxima, foi selecionada uma imagem com data anterior e uma com data posterior a
data da imagem Rapideye, o ponto apenas foi classificado se não tivesse ocorrido
alteração de classe nas duas imagens. Utilizando esses dois critérios foi possível
classificar 793 dos 1000 pontos sorteados a partir das imagens Google Earth, e os
demais pontos que não possuíam imagens Google Earth no período estudado foram
classificados utilizando a própria imagem Rapideye. Após a classificação dos pontos,
foi então construída a matriz de confusão, e calculado os erros de comissão e omissão
de cada classe, o Índice de Exatidão Total e o Índice Kappa (Congalton, 1991). O
Índice de Exatidão Total é dado pela proporção de pontos corretamente classificados
em relação ao total de pontos avaliados. O Índice de Kappa é calculado através da
fórmula:
Onde:
𝐾𝑎𝑝𝑝𝑎 =Pr 𝑎 − Pr(𝑒)
1 − Pr(𝑒)
25
Pr(a) é a proporção de acertos na matriz de confusão, dado por , onde
∑ xii é o somatório de todos os acertos, ou seja, o somatório dos elementos da
diagonal principal e N é o número total de pontos sorteados avaliados;
Pr(e) é a proporção de acertos esperada simplesmente ao acaso, dado por
, onde xLi é o total marginal da linha i e xCi é o total marginal da
coluna i.
Se só existem acertos e não existem erros na matriz, então Kappa é igual
a 1. Se os acertos observados não são maiores do que o esperado simplesmente ao
acaso, então Kappa é igual a 0 (zero). Ou seja, o Kappa mede o quanto o acerto
observado é maior do que o esperado simplesmente ao acaso.
2.2.4 Preenchimento das nuvens
Após a validação, as classes Nuvem e Sombra de Nuvem foram
preenchidas manualmente utilizando a informação de outra imagem Rapideye da
mesma cena e com data distinta da utilizada na classificação. Para esse procedimento
foram selecionadas uma imagem com data anterior e uma com data posterior à data
da imagem utilizada na classificação de forma a verificar a ocorrência da alteração da
paisagem. O preenchimento foi realizado manualmente utilizando o programa Arcgis
10.1.
2.3 Análises da paisagem
2.3.1 Métricas da paisagem
A área de estudo foi caracterizada utilizando métricas que analisam
aspectos de composição e configuração da paisagem. Foram calculadas as seguintes
métricas:
Área da paisagem: Área total da paisagem (m²) dividido por 10.000 para
converter em hectare.
onde A = área total da paisagem (m²)
Pr 𝑎 = 𝑥𝑖𝑖
𝑁
Pr 𝑒 = 𝑥𝐿𝑖
𝑁×
𝑥𝐶𝑖
𝑁
𝐴𝑃 = 𝐴 1
10.000
26
Área total da classe: Somatório da área (m²) de todos os remanescentes da
classe, dividido por 10.000 para converter a hectares.
onde aij = área (m²) de cada remanescente.
Área total com remanescentes: Somatório das áreas das classes, medida em
hectares.
onde AC = área total de cada classe.
Proporção da área da paisagem com remanescentes: Área total com
remanescentes (ha) dividido pela área total da paisagem (ha). Também calculado para
cada classe, nesse caso a área da classe (ha) é dividida pela área total da paisagem
(ha).
onde AR = Área total com remanescentes e AP = Área da paisagem
Densidade de remanescentes: Número de remanescentes dividido pela área
total da paisagem (m²), multiplicado por 10.000 e por 100 visto que a unidade da
métrica é nº de remanescentes/100 hectares.
onde n1 = número de remanescentes da paisagem e A = área total da paisagem (m²)
2.3.2 Métricas dos remanescentes
Área dos remanescentes: Área de cada remanescente (m²) dividido por 10.000
para converter em hectare.
𝐴𝐶 = 𝑛 𝑎𝑖𝑗 1
10.000
𝐴𝑅 = ∑𝐴𝐶
𝑃𝐴 = 𝐴𝑅
𝐴𝑃
𝐷𝑅 = 𝑛1𝐴 10.000 100
𝐴𝑅𝐸𝐴 = 𝑎𝑖𝑗 1
10.000
27
onde aij = área (m²) do remanescente ij
Índice perímetro-área: Perímetro de cada remanescente dividido pela área do
remanescente. Sem unidade.
onde pij = perímetro (m) da mancha ij e aij = área (m²) da mancha ij.
Distância euclidiana do vizinho mais próximo: Distância em metros do
remanescente vizinho mais próximo baseado na distância borda-a-borda mais curta.
onde d = distância (m) do remanescente ij para o vizinho mais próximo.
Excetuando-se a métrica de área da classe, as classes Floresta e Mangue
foram consideradas uma única classe denominada Remanescente no cálculo das
métricas. As métricas utilizadas são do nível de mancha e de paisagem (Figura 3).
PAISAGEM
MANCHAS
Área da paisagem (AP)
Área dos remanescentes (AREA)
Área total da classe (AC)
Índice perímetro-área (PARA)
Área total dos remanescentes (AR)
Distância do vizinho mais próximo (DEP)
Proporção da área da paisagem com remanescentes (PA)
Densidade de remanescentes (DR)
Figura 3 – Métricas utilizadas divididas por nível de análise.
2.3.3 Eliminação de remanescentes
De forma a avaliar a importância dos remanescentes com menor área
sobre os atributos da paisagem e dos remanescentes, foram realizadas análises com
diferentes tamanhos mínimos de remanescentes. Os remanescentes com áreas
menores que 1 hectare, 3 hectares, 10 hectares, 25 hectares, 50 hectares e 100
hectares foram sendo eliminados da paisagem consecutivamente. Após cada
eliminação as métricas foram recalculadas (Figura 4).
𝑃𝐴𝑅𝐴 = 𝑝𝑖𝑗
𝑎𝑖𝑗
𝐷𝐸𝑃 = 𝑑𝑖𝑗
28
2.3.4 Escalas espaciais - extensões
As análises foram executadas em duas escalas de paisagem. Na primeira
escala a área total foi considerada como uma paisagem única. Na segunda escala,
cada bacia hidrográfica foi considerada uma paisagem independente e, portanto,
foram calculadas as métricas para cada uma delas. Nos dois níveis foram feitas as
análises com eliminação de remanescentes (Figura 4).
2.3.5 Limites
Todas as análises foram realizadas considerando o limite da Mata Atlântica
estabelecido pelo Relatório da Sociedade Nordestina de Ecologia e segundo o limite
da Lei da Mata Atlântica (Figura 4).
As métricas da paisagem foram calculadas no software Fragstats 4.2.1
(McGarigal et al.., 2012). Para tanto, o arquivo no formato shapefile do mapeamento
foi transformado em dado raster (células com tamanho 10) e exportado no formato .tif
no software ArcGis 10.1.
Para os cálculos de medidas de posição e dispersão e elaboração dos
gráficos utilizou-se o programa Statistica.
Figura 4 – Esquema com os diferentes aspectos utilizados no cálculo das métricas de
paisagem.
REMANESCENTES
ESCALA
LIMITES
Todos os remanescentes
Mata Atlântica do RN
Limites SNE > 1 ha
> 3 ha
> 10 ha
> 25 ha
Cada bacia
separadamente
Limite da Lei > 50 ha
> 100 há
29
2.4 Análises estatísticas
2.4.1 Teste do qui-quadrado
O teste de qui-quadrado (X2) foi feito para avaliar se a distribuição do
número dos remanescentes em classes de tamanho no Rio Grande do Norte é
semelhante à distribuição encontrada por Ribeiro et al. (2009) para a sub-região
biogeográfica de Pernambuco. Os valores de proprorção do número de remanecentes
em cada classe encontrados por Ribeiro et al. (2009) são considerados o esperado. A
distribuição de remanescentes por classe de tamanho foi feita com o recorte de 3 ha,
mesmo recorte de Ribeiro et al. (2009). Essa análise foi feita apenas o limite da Lei da
Mata Atlântica, por ser este o limite usado por Ribeiro et al. (2009).
2.4.2 PCA e Permanova
Para avaliar se existe diferença entre as métricas das bacias do litoral
Norte e do litoral Sul e entre bacias de rios e bacias de escoamento difuso,
inicialmente foi feita uma Análise de Componentes Principais (PCA). Foram utilizadas
na PCA as métricas: proporção de cobertura, densidade de manchas, índice
perímetro-área (média), área dos remanescentes (média e mediana). Foi utilizada
apenas a média para o índice perímetro-área pois o histograma dessa variável aponta
uma distribuição normal dos dados, já para a área o histograma aponta para uma
distribuição assimétrica, e por isso foram usadas nas análises a média e a mediana.
Após a PCA, foi feita uma análise Permanova (10.000 permutações) com
as métricas correspondentes aos eixos da PCA de maior explicação com o objetivo de
avaliar se existia diferença significativa entre as bacias de rios e de escoamento difuso
do litoral Sul e Norte. Para a Permanova, os dados foram padronizados pela média e
desvio padrão. Após a Permanova foram feitas anovas com randomização para cada
métrica separadamente. As anovas também foram feitas com os dados padronizados
e com 10.000 randomizações. A análise PCA foi feita utilizando o programa Statistica
e Permanova utilizando o programa R - função adonis, pacote vegan (Anderson, 2001)
As análises foram realizadas utilizando o recorte de 3 hectares e para os dois limites.
As bacias do litoral Norte são: Boqueirão, Ceará-mirim, Doce,
Maxaranguape, Punaú, EDL 16_1, EDL 16_2, EDL 16_3, EDL 16_4 e EDN 15_4; e as
bacias do litoral Sul são: Catu, Curimataú, Guaju, Jacu, Pirangi, Potengi, Trairi, Sagi,
EDL 16_5, EDL 16_6, EDL 16_7 e EDL 16_8.
30
2.5 Unidades de Conservação
O banco de dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação do
Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2015) foi utilizado para levantamento das
unidades de conservação existentes na área de estudo nos três níveis de governo:
federal, estadual e municipal. O levantamento foi complementado com informações
dos órgãos gestores de unidades de conservação federal e estadual. Foram
calculadas a área total de cada unidade, o percentual de área de estudo sob proteção
de unidades de conservação e o percentual da área de remanescentes protegidos em
unidades de conservação. Foi utilizado o programa Arcgis 10.1.
3. RESULTADOS
3.1 Mapeamento e percentual remanescente
O Bioma Mata Atlântica abrange uma área de 650.808,70 hectares do
litoral oriental do estado do Rio Grande do Norte de acordo com o limite estabelecido
pela Sociedade Nordestina de Ecologia (Limite SNE). Seguindo o limite estabelecido
no mapa da Lei Federal nº 11.428/2006 – Lei da Mata Atlântica (Limite Lei) essa área
diminui para o valor de 327.379,44 hectares.
O mapeamento dos remanescentes (Figura 5) apontou que a área com
remanescentes no Limite SNE é aproximadamente o dobro da área com
remanescentes do Limite da Lei. Quando são considerados todos os remanescentes,
a proporção da área total coberta por remanescentes é de 19% e 18% para os limites
SNE e da Lei, respectivamente. No entanto, no recorte de 3 hectares, a proporção da
área total coberta por remanescentes decresce para 16,60% para o limite SNE e
15,60% para o limite da Lei (Tabela 1). Os remanescentes pertencem
majoritariamente à classe Floresta (Tabela 1).
Já por bacia hidrográfica, a proporção da área coberta por remanescentes
varia entre as bacias de 50% a 0,98% nos dois limites quando são considerados todos
os remanescentes, e de 46,92% a 0,56% no recorte de 3 hectares. Com todos os
remanescentes, no limite SNE apenas cinco bacias tem mais de 30% de sua área
coberta por remanescentes, cinco tem entre 20 – 30%, nove entre 10 – 20% e três
menos 10% de área remanescente, e no limite da Lei são três as bacias com mais de
30% de área remanescente, seis tem entre 20 – 30%, oito entre 10 – 20% e cinco
menos 10%. No entanto, no recorte de 3 hectares o percentual por bacia diminui,
aumentando o número de bacias com percentual de remanescente menor do que
20%, principalmente para o Limite da Lei (Tabela 2, Anexo 1: Tabela 1).
31
O índice de exatidão total do mapeamento é de 90,90%, calculado a partir
da matriz de confusão resultante da validação do mapeamento (Tabela 3). A classe
matriz é a que apresenta o maior erro de omissão, 13,53% de 436 pontos não foram
classificados como matriz. A classe Floresta é a que apresenta maior erro de
comissão, 12,50% de 400 pontos foram classificados erroneamente como floresta
(Tabela 4). O índice Kappa do mapeamento calculado a partir da matriz de confusão
foi de 0,86. De acordo com Landis & Kock (1977) valores de Kappa entre 0,8 e 1,0
indicam uma excelente qualidade da classificação.
Figura 5 – Remanescentes florestais do Bioma Mata Atlântica no estado do Rio Grande do
Norte. Mapeamento por classificação não supervisionada de imagens do satélite Rapideye,
resolução espacial de 5 metros.
32
Tabela 1 – Área total (ha) por classe de remanescentes e a respectiva proporção que cada
classe ocupa na área da paisagem da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte no recorte de 3
hectares e área (ha) total de remanescentes (soma das áreas das classes) e a proporção da
área da paisagem ocupada com remanescentes. Áreas calculadas para o Limite SNE e para o
Limite da Lei.
Limite SNE Limite da Lei
Área (ha) Proporção Área (ha) Proporção
Floresta 100.126,35 0,15 43.700,93 0,13 Mangue 7.846,63 0,01 7.451,58 0,02
Floresta + Mangue
107.972,98 0,16 51.152,51 0,15
Tabela 2 – Número de bacias hidrográficas na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte por faixa
de percentual de área total coberta por remanescentes para o recorte de 3 hectares.
Percentual de área com remanescentes
Limite SNE Limite da Lei
>30% 3 2 20 – 30% 5 2 10 – 20% 9 6
< 10% 5 13
Tabela 3 – Matriz de confusão criada a partir da validação com imagens de alta resolução
Google Earth do mapeamento dos remanescentes de Mata Atlântica no Rio Grande do Norte.
Foram utilizados 1.000 pontos distribuídos dentro do limite SNE.
Classificação
Validação Mangue Floresta Matriz Total
Mangue 182 2 0 184
Floresta 7 350 23 380
Matriz 11 48 377 436
Total 200 400 400 1000
Tabela 4 – Erros de omissão e comissão para cada classe do mapeamento da área original do
bioma Mata Atlântica no Rio Grande do Norte. Erros calculados a partir da matriz de confusão
da validação do mapeamento.
Classe Erro de Omissão (%) Erro de Comissão (%)
Mangue 1,09 9,00
Floresta 7,89 12,50
Matriz 13,53 5,80
33
3.2 Distribuição dos remanescentes por classe de tamanho
Quando são considerados apenas os remanescentes com a área a partir
de 3 hectare aproximadamente 89,70% do número total de remanescentes possuem
área até 50 hectares nos dois limites. Para o limite SNE esses fragmentos são
responsáveis por 23,29% da área coberta com remanescentes, o que equivale a
25.333,56 hectares (Figura 6a). No limite da Lei os fragmentos com área até 50
hectares possuem juntos uma área de 12.963,67 hectares, o que equivale a 25,13%
da área coberta por remanescentes (Figura 6b). Apesar dos remanescentes com área
maior do que 100 hectares representarem menos de 6% do número total de
remanescentes nos dois limites (Figura 6), eles são responsáveis por, 66,82% e
63,96% da área coberta por remanescentes, no Limite SNE e no Limite da Lei,
respectivamente. O limite SNE possui uma classe a mais de tamanho de
remanescentes (5000 – 7500) pela existência de um fragmento com área de 5.898,34
ha na região norte do estado. Este é o maior fragmento mapeado e está localizado nas
bacias Boqueirão, Punaú e Maxaranguape. O segundo maior fragmento do limite SNE
é um fragmento de mangue da bacia Curimataú e tem uma área de 4.173,40 ha, e o
terceiro maior fragmento também está na região norte do estado, tem uma área de
3.205,36 há e está nas bacias do Boqueirão e EDN 15_4. Dos três maiores
fragmentos do limite SNE, apenas o fragmento de mangue da bacia do rio Curimataú
está incluído no limite da Lei, e ele passa a ser o maior remanescente mapeado desse
limite, o segundo maior remanescente do limite da Lei tem uma área de 2.191,95 ha e
está localizado nas bacias Trairi e EDL 16_6, e o terceiro maior remanescente tem
área de 1.830,28 ha e está localizado nas bacias do rio Sagi e EDL 16_8. O três
maiores remanescentes do limite da Lei estão localizados no litoral Sul.
A distribuição de remanescentes em classes de tamanho do limite da Lei é
semelhante ao padrão de distribuição encontrado por Ribeiro et al. (2009) para a sub-
região de Pernambuco. Não foi encontrada diferença significativa entre o percentual
do número total de remanescentes de cada classe do Rio Grande do Norte e da sub-
região de Pernambuco (X2 = 1,69; p = 0.975).
34
Figura 6 – Área total de remanescentes ocupada por classe de tamanho de fragmentos na
Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, obtida a partir da somatória da área de todos os
remanescentes incluídos em determinada classe de tamanho. Incluídos os remanescentes com
área maior do que 3 hectares. O valor à frente de cada barra informa o percentual do número
total de remanescentes incluídos naquela determinada classe. Em detalhe gráfico com a
subdivisão da classe 0 – 50. A. Gráfico para o Limite SNE, número total de remanescentes
105.551. B. Gráfico para o Limite da Lei, número total de remanescentes 56.309.
3.3 Análises com remoção de remanescentes
As análises com remoção de remanescentes mostraram que os
fragmentos com menor área influenciam os valores de todas as métricas analisadas
nos dois limites. A proporção da área da paisagem coberta por remanescentes diminui
no limite SNE de 19,43% quando considerados todos os fragmentos para 11,09%
quando são incluídos na análise apenas os fragmentos com área a partir de 100
hectares e de 18,41% para 9,98% no caso do Limite da Lei (Figuras 7 e 8). Nos dois
limites há uma queda de aproximadamente 3% na proporção da área da paisagem
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000
Área (ha)
3 - 50
50 - 100
100 - 250
250 - 500
500 - 1000
1000 - 2500
2500 - 5000
5000 - 7500
Ta
ma
nh
o d
os
re
ma
ne
sc
en
tes
(h
a)
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000
3 - 5
5 - 10
10 - 20
20 - 30
30 - 40
40 - 50
SNE
88.79%
5.51%
2.94%
1.60%
0.63%
0.34%
0.15%
0.04%
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000
Área (ha)
3 - 50
50 - 100
100 - 250
250 - 500
500 - 1000
1000 - 2500
2500 - 5000
5000 - 7500
Ta
ma
nh
o d
os
re
ma
ne
sc
en
tes
(h
a)
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000
3 - 5
5 - 10
10 - 20
20 - 30
30 - 40
40 - 50
LEI
88.39%
5.62%
3.43%
1.46%
0.73%
0.29%
0.07%
B
A
35
coberta por remanescentes quando os fragmentos com área inferior a 3 hectares não
são considerados na análise. Para essa métrica não há uma diminuição abrupta entre
nenhum dos cortes de fragmentos utilizados na análise visto que o gráfico possui o
eixo X categórico (Figura 8A), no entanto caso esse eixo fosse contínuo
observaríamos uma maior queda no valor da proporção de área com remanescentes
entre os três primeiros cortes (0ha, 1 ha e 3ha), enquanto que no outro extremo (50 ha
e 100 ha) a remoção dos remanescentes causa um declínio mais suave no valor da
proporção). Na análise por bacias hidrográficas, no limite SNE o percentual de área
coberta com remanescentes diminui entre 1 e 16% quando são incluídos na análise
apenas os remanescentes com área maior do que 100 hectares e no limite da Lei essa
diminuição é entre 1 e 26,5% dependendo da bacia Anexo 1: Figura 2)
Figura 7 – Representação dos remanescentes florestais na Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte com diferentes cortes de fragmentos: A. Sem eliminação de fragmentos; B. Apenas
remanescentes com área a partir de 3 hectares. C. Remanescentes com área a partir de 100
hectares.
Na área total de remanescentes não ocorreu uma diminuição abrupta entre
diferentes tamanhos mínimos de fragmentos considerados também pelo fato do eixo X
ser tratado como categórico (Figura 8B), quando esse eixo é tratado como contínuo
observa-se uma maior queda no valor da área de remanescentes nos primeiros cortes
(0 ha, 1 ha e 3 ha), e uma queda mais suave no outro extremo (25 ha, 50 ha e 100
ha). A área total de remanescentes no Limite SNE é de aproximadamente o dobro
daquele da área do Limite da Lei, e esse padrão se mantém em todos os cortes de
tamanho mínimo de fragmentos considerados (Figura 8B). Os remanescentes com
A C B
36
área de até 3 hectares são responsáveis por aproximadamente 15% da área total de
remanescentes nos dois limites.
Figura 8: (A) Proporção da área da paisagem coberta por remanescentes e (B) Área total dos
remanescentes (soma da área de todos os remanescentes) na Mata Atlântica do Rio Grande
do Norte para diferentes tamanhos mínimos de remanescentes considerados. Cada tamanho
mínimo significa que foram incluídos na análise apenas os remanescentes que tem área a
partir desse valor. SNE – limite da Sociedade Nordestina de Ecologia, LEI – limite da Lei da
Mata Atlântica.
0 1 3 10 25 50 100
Tamanho mínimo dos remanescentes (ha)
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
Pro
po
rçã
o d
a á
rea
co
m
rem
an
es
ce
nte
s
SNE
LEI
0 1 3 10 25 50 100
Tamanho mínimo dos remanescentes (ha)
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
Áre
a t
ota
l re
ma
ne
sce
nte
(h
a)
SNELEI
A
B
37
Fragmentos com área menor que 1 hectare têm uma grande contribuição
na densidade de remanescentes (número de remanescentes por 100 hectares) dos
dois limites tanto na análise da área total quanto na análise por bacia hidrográfica
(Figura 9, Anexo 1: Figura 3). No Limite SNE e no Limite da Lei a densidade de
remanescentes diminui aproximadamente 17 vezes após a exclusão dos
remanescentes com área menor que 1 hectare da análise (Figura 9). Nos dois limites a
densidade é menor que 1 remanescente/100 ha a partir da análise na qual são
considerados apenas os remanescentes com área a partir de 1 hectare, tendo o valor
de 0,024 remanescente/100 ha quando são incluídos apenas os fragmentos com área
maior que 100 ha na análise. Os valores de densidade de remanescentes são
praticamente iguais para os dois limites a partir do primeiro corte de tamanho mínimo
de fragmento (Figura 9).
Figura 9 – Densidade de remanescentes na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte
considerando diferentes tamanhos mínimos de remanescentes. Cada tamanho mínimo significa
que foram incluídos na análise apenas os remanescentes que tem área a partir desse valor.
SNE – limite da Sociedade Nordestina de Ecologia, LEI – limite da Lei da Mata Atlântica.
A distribuição do tamanho dos fragmentos é semelhante entre os Limites
SNE e da Lei. Quando são considerados todos os fragmentos, 90% dos
remanescentes (NSNE = 94.996; NLEI = 49.778) têm área de até 0,54 ha no Limite SNE e
0,49 ha no Limite da Lei. Com a remoção dos remanescentes menores que 3
hectares, 50% dos remanescentes (NSNE = 1.330; NLEI = 679) restantes tem área de até
7,40 ha, aproximadamente, nos dois limites e 10% dos remanescentes (NSNE = 266;
0 1 3 10 25 50 100
Tamanho mínimo dos remanescentes (ha)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
De
ns
ida
de
de
re
ma
ne
sc
en
tes
(nº/
10
0h
a)
SNE
LEI
38
NLEI = 135) tem área maior que 60,27 ha no limite SNE e 56,70 ha no limite da Lei. Já
quando são incluídos na análise apenas os remanescentes com área maior que 100
hectares, 50% dos remanescentes (NSNE = 76; NLEI = 39) têm área de até 230,36 ha e
10% (NSNE = 15; NLEI = 7) tem área maior 975,12 ha no limite SNE e para o limite da Lei
esses valores são de 214,61 ha e 810,36 ha, respectivamente (Figura 10). A remoção
de remanescentes também influencia a área média dos remanescentes de todas as
bacias hidrográficas, nos dois limites (Anexo 1: Figura 4)
Figura 10 – Distribuição da área dos fragmentos para diferentes tamanhos mínimos de
remanescentes considerados (medianas, quartis e decis) na Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte. Número de fragmentos em cada corte de tamanho mínimo no limite da SNE: 0 ha –
105.551 fragmentos, 1 ha – 6.363, 3 ha – 2.661, 10 ha – 1.057, 25 ha – 532, 50 ha – 298, 100
ha – 153; e no limite da LEI – Limite da Lei da Mata Atlântica: 0 ha – 55.309; 1 ha – 3.114; 3 ha
– 1.358; 10 ha – 549; 25 ha – 272; 50 ha – 151; 100 ha – 79.
A análise do índice perímetro-área mostrou que há uma diminuição no
valor do índice à medida que são eliminados das análises os fragmentos com áreas
menores. O maior decréscimo é após o primeiro corte de tamanho mínimo, quando
são incluídos na análise apenas os remanescentes com área maior do que 1 hectare,
sendo o valor da mediana aproximadamente 3,4 vezes menor do que na análise com
todos os remanescentes, tanto no limite SNE quanto no limite da Lei. A distribuição
dos valores do índice perímetro-área é semelhante nos dois limites. Quando são
considerados todos os remanescentes, apenas 10% das manchas (NSNE = 10.555; NLEI
= 5.530) tem um índice menor do que 926,83 no limite SNE e menor que 980,39 no
limite da Lei, 50% das manchas (NSNE = 52.775; NLEI = 27.654) tem PARA de até 2000
nos dois limites. Na análise com apenas os remanescentes maiores que 3 hectares,
0 1 3 10 25 50 100
Tamanho mínimo dos remanescentes (ha)
0
200
400
600
800
1.000
Áre
a r
em
an
esc
en
tes (
ha
)
SNE
LEI
39
10% dos remanescentes (NSNE = 266; NLEI = 135) tem PARA menor que 204,40 no
limite SNE e 201,09 no limite da Lei, 50% das manchas (NSNE = 1.330; NLEI = 679) têm
índice com valor de até 418,75 e 427,12 nos limites SNE e da Lei, respectivamente.
Os índices mais baixos de PARA são encontrados quando são analisados apenas os
remanescentes com mais de 100 hectares, nesse caso 10% das manchas (NSNE = 15;
NLEI = 7) tem um PARA menor que 92,71 e 93,19 (SNE e Lei, respectivamente) e 50%
das manchas (NSNE = 76; NLEI = 39) tem um valor de PARA de até 178,19 e 182,43,
SNE e Lei, respectivamente (Figura 11). O valor médio de PARA também diminui à
medida que os remanescentes pequenos são removidos em todas as bacias
hidrográficas nos dois limites (Anexo 1: Figura 5), assim como na área total, também
há uma grande contribuição dos remanescentes menores do que 1 ha no valor médio
do PARA.
Figura 11 – Distribuição do índice perímetro-área para diferentes tamanhos mínimos de
remanescentes considerados (mediana, quartis e decis) na Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte. Número de fragmentos em cada corte de tamanho mínimo no limite da SNE: 0 ha –
105.551 fragmentos, 1 ha – 6.363, 3 ha – 2.661, 10 ha – 1.057, 25 ha – 532, 50 ha – 298, 100
ha – 153; e no limite da LEI – Limite da Lei da Mata Atlântica: 0 ha – 55.309; 1 ha – 3.114; 3 ha
– 1.358; 10 ha – 549; 25 ha – 272; 50 ha – 151; 100 ha – 79.
A remoção dos remanescentes com áreas menores também influencia a
distância do vizinho mais próximo. Na análise com remanescentes maiores que 100
hectares para o limite SNE, 50% das machas (NSNE = 76; NLEI = 39) estão distantes
mais de 191,05 metros do seu vizinho mais próximo. Essa mediana é 8,5 vezes maior
do que a mediana da análise na qual são incluídos todos remanescentes que é 22,36
m (NSNE = 52.775; NLEI = 27.654). No limite da Lei essa diferença é ainda maior, na
0 1 3 10 25 50 100
Tamanho mínimo dos remanescentes (ha)
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
Índ
ice
pe
rím
etr
o-á
rea
SNE LEI
40
análise com os remanescentes com 100 hectares, 50% dos remanescentes estão
distantes mais de 362,35 metros do seu vizinho mais próximo, o que é 16 vezes maior
do que a mediana da análise que incluiu todos os fragmentos (22,36 m). Na análise
sem corte de remanescentes, apenas 10% das manchas (NSNE = 10.555; NLEI = 5.530)
estão a uma distância maior do que 70,71 e 67,08 metros do seu vizinho mais próximo
(SNE e Lei, respectivamente). Quando apenas os remanescentes maiores do que 100
hectares são considerados (NSNE = 15; NLEI = 7), esse valor é de 2.463,43 para o limite
SNE e 2.716,27 para o limite da Lei. Na análise com os remanescentes maiores que 3
hectares, 50% dos remanescentes (NSNE = 1.330; NLEI = 679) estão a uma distância
maior que 50,00 metros do seu vizinho mais próximo no Limite SNE e de 41,23 metros
no Limite da Lei, e 10% (NSNE = 266; NLEI = 135) estão a uma distância maior que
445,53 e 420,12 no limite SNE e da Lei, respectivamente. A distribuição dos valores da
distância do vizinho mais próximo é semelhante para os Limites SNE e da Lei quando
as análises incluem os fragmentos menores, no entanto na análise com os
remanescentes com área maior que 100 hectares a mediana do Limite da Lei é quase
o dobro da mediana do Limite da SNE (Figura 12).
Figura 12 – Distribuição da distância euclidiana do vizinho mais próximo para diferentes
tamanhos mínimos de remanescentes considerados (mediana, quartis e decis) na Mata
Atlântica do Rio Grande do Norte. Número de fragmentos em cada corte de tamanho mínimo
no limite da SNE: 0 ha – 105.551 fragmentos, 1 ha – 6.363, 3 ha – 2.661, 10 ha – 1.057, 25 ha
– 532, 50 ha – 298, 100 ha – 153; e no limite da LEI – Limite da Lei da Mata Atlântica: 0 ha –
55.309; 1 ha – 3.114; 3 ha – 1.358; 10 ha – 549; 25 ha – 272; 50 ha – 151; 100 ha – 79.
0 1 3 10 25 50 100
Tamanho mínimo dos remanescentes (ha)
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
Dis
tân
cia
do
viz
inh
o m
ais
pró
xim
o
(me
tro
s)
SNE LEI
41
3.4 Comparação entre Litoral Sul e Litoral Norte
Para o limite SNE a análise de componentes principais (PCA) apontou que
os três primeiros eixos explicam 93,28% da variação, sendo que o primeiro eixo
explica 46,75% e o segundo eixo explica 28,68% da variação nas características da
paisagem entre as bacias hidrográficas, os autovalores dos três primeiros eixos foram,
respectivamente, 2,34; 1,43 e 0,89. As variáveis proporção de cobertura, densidade de
manchas, área (média e mediana) tem os maiores valores para o eixo 1 e a variável
perímetro-área tem o maior valor para o eixo 2 (Tabela 5).
Tabela 5 – Coordenadas das variáveis nos eixos da PCA. Análise feita com as métricas da paisagem das bacias hidrográficas do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte considerando o limite SNE.
No geral, as bacias de escoamento difuso do litoral sul apresentam maior
percentual de cobertura e remanescentes com maior área, elas são seguidas pelas
bacias de rios do litoral sul e pelas as bacias de rios do litoral norte, no outro extremo
estão as bacias de escoamento difuso do litoral norte (Figura 13A, eixo 1 da PCA). Já
o índice perímetro-área não varia muito entre os diferentes grupos (Figura 13A, eixo 2
da PCA). Considerando essas variáveis, as bacias de rios do litoral Sul parecem ser
mais semelhantes entre si do que os demais grupos (Figura 13A). A variável
densidade de manchas difere entre as bacias, mas não causa nenhum agrupamento
nos grupos analisados (Figura 13B, eixo 3 da PCA).
Variável Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Eixo 4 Eixo 5
Percentual de cobertura
-0,89 0,41 0,05 0,15 0,12
Densidade de manchas
-0,63 -0,22 -0,72 0,18 -0,06
Área (mediana) -0,72 -0,56 0,00 -0,41 0,02
Índice perímetro-área (média)
0,35 0,73 -0,51 -0,28 0,02
Área (média) -0,71 0,61 0,33 -0,07 -0,11
42
Figura 13 - Gráfico da análise da PCA com as bacias hidrográficas do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte considerando o limite SNE feita com as variáveis Percentual de cobertura, Densidade de manchas (nº/100ha), Índice perímetro-área, Área média (ha), Área mediana (ha).
A. Eixo 1 x eixo 2. B. Eixo 1 x Eixo 3.
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
Bacia, litoral Norte; Bacia, litoral Sul; Escoamento
difuso, litoral Norte; Escoamento difuso, litoral Sul. Bacias: 1. Boqueirão, 2. Catu, 3. Ceará-mirim, 4. Curimatú, 5. Doce, 6. EDL 16_1, 7. EDL 16_2, 8. EDL 16_3, 9. EDL 16_4, 10. EDL 16_5, 11. EDL 16_6, 12. EDL 16_7, 13. EDL 16_8, 14. EDN 15_4, 15. Guaju, 16. Jacu, 17. Maxaranguape, 18. Pirangi, 19. Potengi, 20. Punaú, 21. Sagi, 22. Trairi.
Considerando todas as variáveis, as bacias não diferem em relação ao fato
de ser bacia ou ser escoamento difuso (Permanova, F = 0,95, p = 0,42), mas diferem
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
A
B
43
em relação ao litoral onde estão localizada, sul ou norte (Permanova, F = 3,30; p =
0,02) e há interação entre o tipo de bacia (escoamento difuso ou não) e o litoral
(Permanova, F = 2,68; p = 0,045). Analisando as métricas separadamente (Tabela 6)
constatou-se que para a métrica de percentual de cobertura, as bacias de escoamento
difuso do litoral sul são as que mais diferem dos demais grupos, tendo um valor de
percentual de cobertura maior (Figura 14A e 14B). Ainda em relação a métrica de
percentual de cobertura, a variação intra-grupo é maior nas bacias de escoamento
difuso (Figura 14A e 14B). As bacias do litoral sul, independentemente de ser
escoamento difuso ou não, tem um valor de densidade de manchas maior do que as
bacias do litoral norte (Figura 14C e 14D). Não há distinção para essa métrica entre os
tipos de bacias (Tabela 6). As bacias não diferem no índice perímetro-área nem para
tipo nem para o litoral (Tabela 6). Quanto à área dos remanescentes, as bacias do
litoral sul tem remanecentes com maiores áreas média e mediana (Figura 14E a 14H).
A área média dos remanescentes das bacias de escoamento difuso sul é maior do que
as dos demais grupos (Figura 14G e 14H).
Tabela 6 – Resultados da Anova por randomização. Análise com as métricas da paisagem de 22 bacias hidrográficas do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte considerando o limite SNE. Tipo: Bacia ou escoamento difuso. Litoral: Norte ou Sul. Valor de p obtido após 10.000 randomizações.
Variável Tipo Litoral Interação
Fesperado p Fesperado P Fesperado p
Percentual de cobertura
2,11 0,17 6,62 0,02 10,14 0,005
Densidade de manchas
0,13 0,73 3,44 0,08 0,78 0,39
Área (mediana) 0,15 0,70 3,33 0,08 0,59 0,45
Índice perímetro-área (média)
1,95 0,18 1,20 0,28 0,10 0,76
Área (média) 0,81 0,39 3,35 0,08 5,39 0,03
BACIA ED
Norte
0
10
20
30
40
50
Perc
en
tual
de c
ob
ert
ura
Mediana 25%-75% 10%-90%
BACIA ED
Sul
0
10
20
30
40
50
A B
44
Figura 14: Distribuição (mediana, quartis e decis) dos valores das métricas da paisagem que
apresentaram diferença significativa entre os grupos Litoral Norte e Litoral Sul e/ou Bacia e
Escoamento difuso (Tabela 6) para o Limite SNE da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte.
Bacia – bacia por definição clássica que possui um rio principal, e ED – Bacias de escoamento
difuso.
Em relação ao limite da Lei, a análise de PCA é semelhante a do limite
SNE (Anexo 1:Tabela 3; Anexo 1:Figura 6 ). Nesse limite quando são consideradas
todas as métricas as bacias diferem apenas quanto ao litoral a qual pertencem
(Permanova, F = 9,15; p = 0,006), não diferindo quanto ao fato de ser ou não bacia de
escoamento difuso (Permanova, F = 2,20; p = 0,16) e também não há interação entre
BACIA ED
Sul
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
BACIA ED
Norte
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Den
sid
ad
e d
e m
an
ch
as
(nº/
100h
a)
Mediana
25%-75%
10%-90%
C D
BACIA ED
Norte
4
6
8
10
12
Áre
a (
ha)
- m
ed
ian
a
Mediana
25%-75%
10%-90%
BACIA ED
Sul
4
6
8
10
12E F
BACIA ED
Norte
0
20
40
60
80
100
120
Áre
a (
ha)
- m
éd
ia
Mediana 25%-75% 10%-90%
BACIA ED
Sul
0
20
40
60
80
100
120G H
45
os fatores litoral e tipo de bacia (Permanova, F= 1,63; p = 0,22). Quanto às análises
individuais das métricas, o limite da Lei segue o padrão do limite SNE. As bacias de
escoamento difuso do litoral sul apresentam os maiores valores de percentual de
cobertura (Figura 15A e 15B), as bacias do litoral sul possuem uma maior densidade
de manchas e área -mediana apenas (Figura 15C e 15F), a média não difere entre os
grupos (Tabela 7). O índice perímetro-área também não difere entre os grupos (Tabela
7). O fator tipo (bacia ou escoamento difuso) que não difere para nenhuma métrica no
limite SNE, no limite da Lei difere para as métricas percentual de cobertura e
densidade de manchas, com as bacas de escoamento difuso apresentando valores
maiores (Figura 15A a 15D).
Tabela 7 - Resultados da Anova por randomização. Análise com as métricas da paisagem de
22 bacias hidrográficas do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte considerando o limite da Lei. Tipo: Bacia ou escoamento difuso. Litoral: Norte ou Sul. Valor de p obtido após 10.000 randomizações.
Variável Tipo Litoral Interação
Fesperado p Fesperado P Fesperado p
Percentual de cobertura
15,73 0,001 57,94 0,0001 18,65 0,0005
Densidade de manchas
7,74 0,01 8,85 0,007 1,16 0,294
Área (mediana) 0,10 0,74 5,17 0,04 0,02 0,89
Índice perímetro-área (média)
0,38 0,55 1,66 0,21 1,13 0,30
Área (média) 2,19 0,16 9,16 0,006 1,62 0,22
BACIA ED
Norte
0
10
20
30
40
50
Perc
en
tual
de c
ob
ert
ura
Mediana
25%-75%
10%-90%
BACIA ED
Sul
0
10
20
30
40
50
A B
46
Figura 15: Distribuição (mediana, quartis e decis) dos valores das métricas de paisagem que
apresentaram diferença significativa entre os grupos Litoral Norte e Litoral Sul e/ou Bacia e
Escoamento difuso (Tabela 6) para o Limite da Lei da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte.
Bacia – bacia por definição clássica que possui um rio principal, e ED – Bacias de escoamento
difuso.
3.5 Unidades de conservação
As unidades de conservação do Bioma Mata Atlântica no Rio Grande do
Norte são majoritariamente de uso sustentável tanto em número quanto em área. De
um total de oito unidades, cinco são de uso sustentável e em relação à área, 97,35%
da área do bioma que está em unidade de conservação é protegida por unidade de
conservação de uso sustentável, enquanto apenas 2,65% estão em uma unidade de
proteção integral, quanto à área de remanescentes protegida, 91,86% está em
unidades de uso sustentável e 8,14 está em unidades de proteção integral. Nas
unidades de uso sustentável há predominância da categoria Área de Proteção
Ambiental (APA), 96,52% da área do bioma protegida e 80,63% da área de
remanescentes protegida por unidades de conservação de uso sustentável está na
categoria APA. Não há unidades de conservação na área exclusiva do limite SNE
(Figura 13) e menos de 10% da área do bioma considerando esse limite está protegido
em unidades de conservação (Tabela 7). Considerando o limite da Lei um percentual
BACIA ED
Norte
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Den
sid
ad
e d
e m
an
ch
as
(nº/
100 h
ecta
res)
Mediana
25%-75%
10%-90%
BACIA ED
Sul
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8C D
BACIA ED
Norte
4
6
8
10
12
Áre
a (
ha)
- m
ed
ian
a
Mediana
25%-75%
10%-90%
BACIA ED
Sul
4
6
8
10
12E F
47
de 18,28% da área do bioma está protegido em unidades de conservação (Tabela 7).
Quanto à área de remanescentes, 15,54% da área remanescente do limite SNE e
32,60% da área remanescente do limite da Lei estão em unidades de conservação
(Tabela 7). Apenas uma unidade de conservação está localizada no litoral norte do
estado, todas as outras estão no litoral sul (Figura 13).
Tabela 7 – Unidades de conservação do Bioma Mata Atlântica no Rio Grande do Norte por
categoria de proteção. Categoria: PI – unidades de proteção integral; US – unidades de uso
sustentável. Tipo: Parque; APA – Área de Proteção Ambiental; FLONA – Floresta Nacional;
RPPN – Reserva Privada do Patrimônio Natural. Proporção da área do bioma protegida: (área
da(s) unidade(s)/área total do bioma)*100. Área com remanescentes em UC’s: somatória da
área de todos os remanescentes que estão dentro dos limites das unidades de conservação.
Proporção da área com remanescentes protegida: (área com remanescentes em UC’s/área
total remanescente)*100
Categoria Tipo Área da unidade
(ha)
Proporção (%) da área do bioma
protegida
Área com remanescentes em UC’s (ha)
Proporção (%) da área com
remanescentes protegida
SNE LEI SNE LEI
PI PARQUE 1.599,42 0,24 0,49 1.599,42 1,26 2,65 TOTAL 1.599,42 0,24 0,49 1.599,42 1,26 2,65
US APA 56.621,21 8,70 17,30 15.847,14 12,53 26,29 FLONA 168,95 0,03 0,05 168,95 0,13 0,28 RPPN 2.038,46 0,31 0,62 2.038,46 1,61 3,38
TOTAL* 58.659,67 9,01 17,92 18.054,55 14,28 29,95 TOTAL 60.259,55 9,26 18,41 19.653,97 15,54 32,60
* Valor total não corresponde a soma dos tipos das unidades e das categorias pois há sobreposição de área nas unidades de uso sustentável.
48
Figura 13 – Unidades de Conservação do Bioma Mata Atlântica no Rio Grande do Norte. Mapa
feito de acordo com o banco de dados do Ministério do Meio Ambiente. Categorias de unidades
de Uso Sustentável: APA – Área de Proteção Ambiental, FLONA – Floresta Nacional, RPPN –
Reserva Particular do Patrimônio Natural; Categorias de unidades de Proteção Integral:
Parque. Unidades de Conservação Federais: FLONA de Nísia Floresta e RPPN Mata Estrela;
Unidades de Conservação Estaduais: APA Bonfim/Guaraíras, APA de Jenipabu, APA
Piquiri/UMA, Parque das Dunas e Parque Mata da Pipa. Unidade de Conservação Municipal:
Parque da Cidade – Natal.
49
4. DISCUSSÃO
A área pertencente ao bioma Mata Atlântica no Rio Grande do Norte
definida pela Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE, 2002) é duas vezes maior do
que a área delimitada pelo Mapa de Aplicação da Lei da Mata Atlântica (Lei
11.428/2006). A área ocupada com remanescentes também é duas vezes maior no
limite SNE do que no limite da Lei. Com isso fragmentos de florestas deciduais como o
estudado por Cestaro (2002) (coordenadas centrais 5°53’S e 35°23’W) estão incluídos
no limite da SNE, mas não estão incluídos no limite da Lei. As florestas semideciduais
estendem-se ao norte até o município de Ceará-mirim (Cestaro, 2002), portanto até
esse município o limite SNE se mostra mais adequado do que o limite da Lei. No
entanto, a Sociedade Nordestina de Ecologia utilizou as divisões municipais para
estabelecimento do limite, esse fato pode ter ocasionado a inclusão de áreas mais a
oeste do que a distribuição do bioma, já incluindo áreas do bioma Caatinga,
especialmente na região mais ao norte do estado.
O valor de 0,86 do índice Kappa calculado a partir da validação do
mapeamento mostra uma boa qualidade e alta confiabilidade no mapeamento final dos
remanescentes, visto que valores de Kappa entre 0,8 e 1,0 indicam uma excelente
qualidade da classificação (Landis & Kock, 1977). Os maiores erros de omissão e
comissão serem das classes Matriz e Floresta, respectivamente, pode ser devido
primeiramente a erro na validação do que na classificação propriamente dita. O fato de
não haver um corte mínimo de área para um fragmento ser considerado remanescente
dificulta a validação. Quando os pontos de validação estão sobre microfragmentos
aumenta-se a chance de ele ser classificado errado na imagem de validação, mesmo
um mínimo deslocamento entre a imagem de classificação e a de validação pode
alterar a classe do ponto, e aumentar os valores dos erros.
Os remanescentes ocupam 16% da área total do limite SNE e 15% da área
total do limite da Lei. Esses percentuais são semelhantes aos percentuais encontrados
por Maciel (2011) que para o limite da SNE foi de 14% e para o limite da Lei foi um
percentual de 17%. Maciel (2011) mapeou 44% da área total do limite SNE e 58% da
área do limite da Lei, utilizando ortofotos com alta resolução espacial (2,5 metros) e
através no método de interpretação visual da imagem. O outro mapeamento existente
para a área de estudo é o da Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE, 2002) que
identificou que os remanescentes ocupavam uma área de 13,09%. Esse mapeamento
utilizou imagens do Satélite Landsat, com resolução espacial de 30 metros o que não
permite o mapeamento de fragmentos muito pequenos.
O percentual de remanescentes existente é muito inferior ao mais recente
dado oficial para a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte que aponta a existência de
50
111.546,59 ha o que equivale a 32,89% da área original, esse dado é do ano de 2006
(MMA, 2010). Esse mapeamento considera o limite estabelecido pela Lei da Mata
Atlântica e apesar de incluir áreas de manguezais do litoral norte do estado, esse valor
é muito superior ao encontrado para o limite da Lei, que é uma área remanescente de
60.288,77 ha, o que equivale a 18% da área original. Portanto a situação encontrada
para a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte é muito mais crítica do que o
reconhecido oficialmente.
A Mata Atlântica do Rio Grande do Norte pertence a sub-região
biogeográfica de Pernambuco (Silva & Casteleti, 2003). De acordo com Ribeiro et al.
(2009) nessa sub-região biogeográfica os remanescentes, incluindo floresta, mangue e
restinga, ocupam 12,1% da área original, considerando apenas os remanescentes
maiores do que 3 hectares. Esse mapeamento não incluiu os estados da Paraíba e do
Rio Grande do Norte e foi utilizado o limite da Lei da Mata Atlântica. De acordo com o
presente trabalho os remanescentes com área a partir de 3 hectares ocupam uma
área de 15% no limite da Lei. Portanto no Rio Grande do Norte, o percentual de
cobertura é um pouco maior do que o encontrado para a sub-região biogeográfica de
Pernambuco. Apesar dessa diferença no percentual de área remanescente, a
distribuição dos remanescentes por classe de tamanho no Rio Grande do Norte é
semelhante a encontrada por Ribeiro et al. (2009) para a sub-região de Pernambuco,
com 88% e 84% dos remanescentes com área de 3 a 50 ha para o Rio Grande do
Norte e a sub-região de Pernambuco, respectivamente.
Os dados de cobertura remanescente apresentados consideram apenas os
remanescentes com área maior do que 3 hectares. Quando se considera apenas
remanescentes com área maior do que 3 hectares há uma diminuição de
aproximadamente 3% no percentual de cobertura e uma diminuição significativa na
densidade de remanescentes. A eliminação dos remanescentes menores que 3
hectares é interessante para não superestimar o percentual remanescente nem o
número de remanescentes. Mapementos com imagens de satélite com alta resolução
podem incluir no resultado final, copa de árvores, filetes de barreiras de ventos e
microfragmentos, e a utilização de uma área mínima remove a influência dessas
estruturas. Além disso, os fragmentos muito pequenos podem não conseguir manter
populações viáveis de muitas espécies, tendo em vista que a taxa de extinção local
aumenta com a diminuição da área conforme predito pela teoria de biogeografia de
ilhas (MacArthur & Wilson, 1967). Por outro lado, fragmentos pequenos podem ser
importantes para a configuração da paisagem, minimizando os efeitos da
fragmentação. No presente trabalho, a remoção de remanescentes pequenos
influenciou o resultado de todas as métricas. Os remanescentes com menor área são
51
importantes especialmente para a conectividade da paisagem, visto que com a
remoção destes a distância do vizinho mais próximo aumenta consideravelmente.
Portanto, ainda que estes remanescentes pequenos possam não conseguir manter
populações viáveis, a depender das características da matriz, eles podem funcionar
como stepping stones para algumas espécies. Trabalhos com diferentes táxons na
Mata Atlântica brasileira mostraram que alguns grupos são influenciados pela área,
outros pela configuração da paisagem: Pardini et al. (2005) apontaram que a
abundância e a diversidade alfa de pequenos mamíferos é menor em fragmentos
menores e isolados. Uezu et al. (2005) mostraram que para espécies de aves
frugívoras a área foi o fator mais importante para abundância, enquanto que para
espécies insetívoras do sub-bosque o fator mais importante é a configuração da
paisagem (presença de corredores e distância entre manchas). Martensen et al.
(2008), encontraram que aves insetívoras terrestres, onívoras e frugívoras são
afetadas pela área e conectividade, e as espécies insetívoras do sub-bosque e
nectívoras são afetadas apenas pela conectividade. Silva et al. (2015) apontaram a
importância do tamanho dos fragmentos para a manutenção das espécies de primatas
Callicebus nigrifrons, Callithrix aurita e Sapajus nigritus.
O percentual de cobertura de 15-16% encontrado quando se considera
todos os remanescentes está próximo da faixa de habitat remanescente de 20-30%
defendida por alguns autores como a faixa que os efeitos da fragmentação se tornam
aparentes (Farigh, 2003). Os resultados das métricas apontam que a Mata Atlântica no
RN está bastante fragmentada com a área de vegetação remanescente dividida em
um número alto de fragmentos pequenos que possuem uma relação perímetro-área
elevada, tanto no nível do estado quanto no nível de bacias hidrográficas. Esse fato
indica que todas as fitofisonomias (restinga árborea, florestas estacionais semidecidual
e decidual) apresentam uma alta fragmentação e um baixo percentual de cobertura
florestal. Oliveira & Mattos (2014) encontraram resultado semelhante para os
remanescentes do litoral sul do estado, apontado que os remanescentes dessa região
tinham predominantemente áreas pequenas e muito irregulares, com uma alta
proporção de borda e mal distribuídos.
As métricas são semelhantes para os dois limites utilizados, limite SNE e
limite da Lei. Os remanescentes de Mata Atlântica do estado de Pernambuco
apresentam características semelhantes aos do Rio Grande do Norte, possuindo
pequeno tamanho, formato irregular e uma área de borda maior do que a área do
interior de floresta (Ranta et al., 1998). A relação perímetro-área elevada indica uma
alta incidência do efeito de borda sobre os remanescentes. Nos remanescentes de
Mata Atlântica do nordeste brasileiro, assim como em outros ecossistemas
52
fragmentados, a borda difere da região central do fragmento na proporção de espécies
de árvores tolerantes a sombra, no número de árvores emergentes, e de espécies com
sementes maiores. O efeito de borda afeta ainda a assembleia de mudas, fazendo
com que as bordas e os remanescentes pequenos se tornem homogêneos com
espécies dos estados sucessionais iniciais, perdendo espécies raras e ameaçadas,
representando apenas uma “amostra” da composição original das espécies (Oliveira et
al.., 2004; Melo et al., 2007; Oliveira et al., 2008; Tabarelli & Lopes, 2008).
Por considerar o componente arbóreo-arbustivo da paisagem, as métricas
foram calculadas para classe Remanescente que incluem remanescentes de florestas,
restinga arbórea e arbustiva e manguezais. Para as espécies de vegetais e animais
exclusivas de cada uma dessas fitofisionomias que sejam incapazes de utilizar outras
fitofisionomias mesmo apenas como corredores, a situação da fragmentação deve ser
uma mais acentuada e crítica.
Os valores das métricas variam entre as bacias hidrográficas, no entanto
as análises mostraram que as bacias de rios do litoral sul são mais homogêneas entre
si e, portanto, tem um estado de conservação mais semelhante entre elas do que as
bacias do litoral norte. As bacias do litoral sul, incluindo as de escoamento difuso,
possuem maior percentual de cobertura com remanescentes, maiores densidades de
remanescentes e as áreas dos fragmentos são maiores do que no litoral norte, isso
ocorre tanto para o limite SNE, quanto para o limite da Lei. Destacam-se entre os
grupos as bacias de escoamento difuso do litoral sul, especialmente para a métrica de
percentual de cobertura, que possuem valores de percentual de cobertura maiores do
que os demais grupos. Portanto, esses resultados estão de acordo com a hipótese de
que o litoral sul como um todo tem um maior percentual de remanescentes, sugerimos
que tal fato seja devido a maior presença das florestas estacionais, que não se
estendem por todo o litoral norte (Cestaro, 2002). No entanto, esperávamos que as
bacias de escoamento difuso do litoral norte possuíssem melhor estado de
conservação do que as bacias do litoral sul devido a maior pressão de atividades
antrópicas, principalmente às ligadas ao turismo e a expansão urbana. É provável que
esse resultado seja devido especialmente às bacias de escoamento difuso do litoral
sul EDL 16_6 e EDL 16_8 que são as únicas bacias com percentual de
remanescentes maior do que 40% quando são consideradas apenas os
remanescentes com mais de 3 hectares. A bacia EDL 16_6 possui o segundo maior
remanescente do estado, sendo o primeiro se não considerarmos os manguezais,
quando considerado o limite da Lei e a bacia EDL 16_8 tem parte da RPPN Mata
Estrela, formada por floresta estacional semidecidual e restinga arbórea e também um
dos maiores remanescentes do estado.
53
As unidades de conservação do bioma Mata Atlântica no Rio Grande do
Norte não estão homogeneamente distribuídas. Existe apenas uma unidade de
conservação no litoral Norte do estado, as unidades existentes são todas próximas ao
litoral e não existem unidades de conservação na área que é exclusiva do limite SNE.
Esse último fato deve ser decorrente do não reconhecimento dessa área como
pertencente ao bioma Mata Atlântica. Com isso boa parte dos remanescentes de
floresta estacional semidecidual e os remanescentes de floresta estacional decidual
não estão em unidades de conservação. Outro ponto a ser notado é que a maior área
sob proteção de unidades de conservação está incluída na categoria de uso
sustentável Área de Proteção Ambiental (APA). As unidades de conservação da
categoria APA em geral têm áreas extensas e regulam atividades humanas através de
planos de manejo e zoneamentos com o objetivo de promover a conservação de
recursos naturais e a manutenção da qualidade ambiental para comunidades locais
(Rylands & Brandon, 2005). A categoria APA pode não ser efetiva para a manutenção
dos remanescentes de Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. Isso porque um estudo
de efetividade de unidades de conservação federais apontou que a APA é uma
categoria com alta vulnerabilidade, e as ameaças à conservação são devido
principalmente ao fácil acesso às áreas e a dificuldade de monitoramento das
atividades ilegais (Ibama, 2007). Esse mesmo estudo apontou que as atividades mais
críticas às APAS estão ligadas a presença de populações urbanas, como a expansão
urbana, a conversão do uso do solo e disposição de resíduos (Ibama, 2007). Françoso
et al. (2015) apontaram que para o bioma Cerrado 85% da área protegida está na
categoria APA e que não há diferença na taxa de desmatamento em unidades de
conservação de uso sustentável e áreas não protegidas, o que indica a ineficiência
dessas unidades para a prevenção do desmatamento para esse bioma.
Na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte existe apenas uma Reserva
Privada do Patrimônio Natural (RPPN). Devido ao caráter isolado e pequeno dos
remanescentes essa categoria de unidade de conservação é uma alternativa
interessante para a atual situação do bioma Mata Atlântica. Isso porque as RPPN’s
são uma alternativa para proteger manchas de vegetação que são muito pequenas
para a implantação de uma unidade de conservação de uma categoria pública e
apesar do tamanho reduzido as RPPN’s podem proteger habitats de espécies
ameaçadas (Rylands & Brandon, 2005).
Pode-se concluir que a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte apresenta-
se em situação crítica de conservação com os remanescentes cobrindo apenas 16%
da área original do limite SNE e 15% do limite da Lei, valor muito inferior ao
reconhecido oficialmente (MMA, 2010). Essa situação é semelhante aos demais
54
estados pertencentes à sub-região biogeográfica de Pernambuco, com remanescentes
ocupando um baixo percentual de cobertura e apresentando um nível acentuado de
fragmentação (Ranta, et al., 1998; Ribeiro et al., 2009). Além do alto grau de
fragmentação, as unidades de conservação atuais não protegem todas as
fitofisionomias do bioma, além de pertencerem majoritariamente à categoria de
conservação de menor proteção. Soma-se a isso o fato do limite oficial do bioma
deixar desprotegidas as áreas de floresta estacional decidual além de parte dos
remanescentes de floresta estacional semidecidual.
Portanto, considerando que a sub-região biogeográfica de Pernambuco é
um importante centro de endemismo com uma biota distinta das demais biorregiões da
Mata Atlântica devido à influência do bioma Amazônia (Silva & Tabarelli, 2000) e que
os estudos apontam a homogeneização dos remanescentes e o retorno destes para
os estados suscessionais iniciais devido a fragmentação (Oliveira et al., 2004; Melo et
al., 2007; Oliveira et al., 2008; Tabarelli & Lopes, 2008), se faz necessário a adoção de
medidas urgentes para minimização desses efeitos. Nesse sentido, aponta-se como
medida imprescindível para a conservação do bioma no estado a manutenção de toda
a área remanescente, não suprimindo mais áreas do bioma, independentemente de
seu estágio de regeneração, com a adoção de medidas para a proteção efetiva dos
remanescentes existentes, especialmente os maiores por serem responsáveis por
grande parte da área remanescentes, mas também dos pequenos fragmentos devido
sua importância na conectividade da paisagem; criação de unidades de conservação
e/ou o fortalecimento das existentes, em categorias que mostrem uma maior
efetividade de conservação; redesenhar o limite oficial do bioma no estado; estimular a
criação de RPPN’s. Além da manutenção dos remanescentes existentes, se faz
necessário aumentar a área remanescentes através da restauração ecológica que é
apontada como uma forma de aumentar a persistência da biodiversidade por adicionar
cobertura florestal na paisagem e aumentar a conectividade da paisagem (Brancalion
et al., 2013).
55
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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58
CAPÍTULO II
INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA DA PAISAGEM NA DISPONIBILIDADE DE HABITAT
NA MATA ATLÂNTICA NO RIO GRANDE DO NORTE
59
RESUMO
A disponibilidade de habitat é uma forma de caracterizar a paisagem integrando a área
de habitat disponível e a conectividade do habitat. Nosso objetivo foi investigar a
relação entre a configuração da paisagem e a disponibilidade de habitat do bioma
Mata Atlântica do Rio Grande do Norte para espécies com diferentes capacidades de
deslocamento. Esperavámos que independentemente da capacidade de deslocamento
da espécie, a disponibilidade de habitat seria baixa devido ao alto grau de
fragmentação da paisagem e essa situação deveria ser mais crítica para espécies com
menor capacidade de deslocamento. Calculamos o índice Probabilidade de
Conectividade (PC) para cada bacia hidrográfica na área do bioma, utilizando seis
valores de capacidades de deslocamento de espécies hipotéticas, fazendo análises
com exclusão de fragmentos com valores de área mínima pré-determinados.
Utilizamos a seleção de modelos para identificar qual(is) o(s) atributo(s) da paisagem
mais influencia(m) na disponibilidade de habitat. Constatamos que a disponibilidade de
habitat na Mata Atlântica do RN é baixa para todas as capacidades de deslocamento e
para todas as bacias hidrográficas, e variou com a capacidade de deslocamento e com
a remoção de remanescentes, mas não houve interação entre esses dois fatores. Para
as espécies com pequena e média capacidades de deslocamento, a disponibilidade de
habitat é influenciada pelas métricas de configuração e composição de paisagem e os
melhores modelos de cada uma incluem apenas métricas de configuração da
paisagem. Para as espécies com grande capacidade de deslocamento a
disponibilidade de habitat é influenciada apenas pela métrica de composição de
paisagem (percentual de cobertura remanescente). Portanto a influencia da
fragmentação na disponibilidade de habitat para áreas com percentual de cobertura
médio e baixo (4 a 35%) depende da capacidade de deslocamento da espécie em
questão. Esse resultado mostra que as medidas para manter/aumentar a
disponibilidade de habitat e consequentemente para a conservação das espécies na
paisagem variam de acordo com a capacidade de deslocamento da espécie, para
algumas espécies medidas que visem o aumento do percentual de cobertura serão
suficientes enquanto que para outras é necessário aumentar a conectividade inter-
manchas da paisagem.
Palavras-chave: Mata Atlântica, Conectividade Funcional, Disponibilidade de habitat,
Estrutura da Paisagem, Conservação.
60
ABSTRACT
The habitat availability is one way to characterize the landscape integrating the
available habitat area habitat connectivity. Our objective was to investigate the
relationship between the landscape configuration and habitat availability of the Atlantic
Forest biome in RN. We expected regardless of species dispersal abilities habitat
availability would be low because of the high degree of landscape fragmentation and
this situation should be more critical for species with smaller dispersal abilities. We
calculated the Probability of Connectivity index (PC) for all hydrographic basins in the
biome area. We used six values of dispersal abilities of hypothetical species and we
excluded patches with area less than values predetermined of the landscape and
recalculated the PC index after of the each exclusion. And we used the model selection
analysis to identify which landscape attributes more influence habitat availability. We
found that habitat availability of the Atlantic Forest in RN is low for all dispersal abilities
and for all hydrographic basins and it varies with the dispersal abilities and with
patches exclusion, but there is no interaction between these two factors. Species with
small and intermediate dispersal abilities had the habitat availability influenced by the
configuration metrics and composition metrics of the landscape and the best model of
each specie included only configuration landscape metrics. The species with higher
dispersal abilities had their habitat availability influenced only by the composition
landscape metric – percentage of remnants. Therefore the influence of fragmentation
on habitat availability in landscape with intermediate and low percentage of remnants
(4 a 35%) depends of specie dispersal ability. This result shows that actions to
maintain or increase habitat availability and, consequently to species’ conservation in
the landscape, vary with species’ dispersal abilities. For some species, actions to
increase the percentage of coverage will be enough, but for others species it is also
necessary to increase the inter-patch landscape connectivity.
Keywords: Atlantic Forest, Functional connectivity, Habitat availability, Landscape
structure, Conservation.
61
1. INTRODUÇÃO
O processo de fragmentação transforma habitats contínuos em manchas
de habitats envoltos por uma matriz de não-habitat (Forman & Gordon, 1986). A
fragmentação de uma paisagem pode ser avaliada considerando a conectividade da
paisagem que é definida como “o grau que uma paisagem facilita ou impede o
movimento entre manchas de recursos” (Taylor et al., 1993). Já a conectividade da
paisagem pode ser caracterizada utilizando aspectos estruturais do ambiente, e neste
caso é chamada de conectividade estrutural, ou de acordo com a resposta de
organismos aos aspectos estruturais do ambiente, sendo chamada conectividade
funcional (Crouzeilles et al., 2013).
Os princípios da Teoria dos Grafos vêm sendo aplicados no estudo da
conectividade funcional (Urban & Keitt, 2001). Desenvolvida em outras áreas de
conhecimento, a Teoria dos Grafos foi incialmente aplicada na Ecologia por Urban &
Keitt (2001) em estudos de metapopulações. Na representação da paisagem para
aplicação da teoria dos grafos as manchas de habitats são consideradas nós e as
ligações são rotas entre esses nós com potencial para troca de fluxo entre eles, como,
por exemplo, a movimentação das espécies (Urban & Keitt, 2001). A existência de
ligações entre as manchas de habitat depende da capacidade de deslocamento das
espécies. Por levar em consideração a capacidade de deslocamento da espécie,
índices baseados na Teoria dos Grafos são utilizados para medir a conectividade
funcional de uma paisagem para diferentes espécies. As principais vantagens de
utilizar a Teoria dos Grafos é sua capacidade de modelar a conectividade funcional de
uma paisagem com uma metodologia fácil e que pode ser aplicada em uma escala
ampla (Foltête et al., 2014).
Alguns índices com base na Teoria dos Grafos utilizam apenas as
informações de distância entre as manchas e de capacidade de deslocamento da
espécie para calcular a conectividade de uma paisagem. Pascual-Hortal & Saura
(2006) argumentam que além da conectividade inter-manchas também deve ser
considerada a conectividade intra-manchas e desenvolveram o conceito de
disponilidade de habitat. A disponibilidade de habitat é uma forma de caracterizar a
paisagem integrando a área de habitat disponível e a concectividade do habitat
(Pascual-Hortal & Saura, 2006). A disponibilidade de habitat para uma espécie pode
ser baixa se as manchas de habitat forem pouco conectadas, ou se mesmo as
manchas sendo muito conectadas elas sejam escassas, ou ainda se as manchas
forem escassas e pouco conectadas. Os índices baseados na disponilidade de habitat
além de considerarem as medidas de distâncias entre as manchas e a capacidade de
62
deslocamento da espécie incluem uma medida de atributo da mancha de habitat,
normalmente a área da mancha (Holvorcem et al., 2011; Foltête et al., 2014,
Crouzeilles et al., 2013; Crouzeilles et al., 2014). Os índices de disponibilidade de
habitat tem sido usados para priorização de áreas ou manchas (Holvorcem et al.,
2011; Devi et al., 2013; Foltête et al., 2014), avaliar impactos de cenários (uso ou
restauração da paisagem) alternativos futuros (Tambosi & Metzger, 2013; Ernst, 2014;
Foltête et al., 2014; Tambosi et al., 2014; Clauzel et al., 2015), e entender a relação
entre disponibilidade de habitat e configuração da paisagem (Crouzeilles et al., 2014;).
No Brasil os trabalhos com os índices de disponibilidade de habitat têm sido usados
principalmente para o bioma Mata Atlântica (Holvorcem et al., 2011; Crouzeilles et al.,
2013; Tambosi & Metzger, 2013; Crouzeilles et al., 2014; Tambosi et al., 2014).
Hanski & Ovaskeinen (2000) defendem que em paisagens fragmentadas,
os processos mais importantes para a manutenção de uma metapopulação, a
colonização e a extinção, estão relacionados com a área e a localização das manchas
de uma paisagem. Esses autores desenvolveram o conceito de capacidade de
metapopulação. A capacidade de metapopulação relaciona a quantidade de habitat de
e a configuração com a persistência de uma metapopulação na paisagem. Um dos
índices que medem a disponibilidade de habitat é o índice probabilidade de
conctividade – PC (Saura & Pascoal-Hortal, 2007) e este pode ser considerado uma
aproximação do índice de capacidade de metapopulação (Saura & Rubio, 2010;
Crouzeilles et al., 2015). Portanto, a disponibilidade de habitat pode ser utilizada como
uma medida indireta da riqueza das espécies de uma paisagem tendo em vista ser
resultado de características da paisagem que influenciam o número e a abundância
das espécies: a área e a distância entre as manchas. Entender quais os atributos da
paisagem que influenciam os índices de disponibilidade de habitat pode ajudar na
proposição de medidas de manejo para a conservação da biodiversidade da
paisagem, podendo-se identificar quais e onde implantar determinados elementos da
paisagem que aumentem a sua conectividade e a disponibilidade de habitat e
consequentemente sua capacidade de metapopulação.
Os atributos da paisagem que mais influenciam a riqueza das espécies
variam de acordo com o percentual de cobertura remanescente da paisagem (Andrén
1994; Fahrig, 2003; Pardini et al., 2010; Villard et al., 2014). Andrén (1994) defende
que em paisagens com mais de 30% de cobertura remanescente, apenas a
quantidade de habitat, e, consequentemente, a perda de habitat, influencia a riqueza e
abundância das espécies. Abaixo desse limite a área da mancha e a distância entre
manchas passam a influenciar a riqueza das espécies. Por outro lado, com base em
dados de riqueza de espécies de mamíferos da Mata Atlântica. Pardini et al. (2010)
63
defende que a influência da área das manchas na riqueza de espécies ocorra apenas
em paisagens com nível intermediário de cobertura remanescente (30%) e não nos
níveis mais altos e mais baixos de cobertura remanescente. Os índices de
disponibilidade de habitat são interessantes para uma abordagem que considere a
influência da área, isolamento e habitat remanescente, pois além estarem
relacionados com a riqueza de espécies eles consideram tanto os efeitos da
quantidade de habitat quanto o padrão da paisagem (Villard et al., 2014).
A Mata Atlântica do Rio Grande do Norte possui um alto grau de
fragmentação, com um percentual de cobertura de remanescente em torno de 16%
(Capítulo I). Quando divide-se a área da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte em
bacias hidrográficas, o percentual de cobertura destas varia entre 0,56% a 46,92%,
sendo que a maioria das bacias (77%) possuem menos de 30% de percentual de
cobertura remanescente. Portanto, seguindo o argumento de Andrén (1994), a área
das manchas e a distância entre as manchas deve influenciar a riqueza de espécies
na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte juntamente com o percentual de área
remanescente. Quanto à disponibilidade de habitat, Crouzeilles et al. (2014) em
trabalho na Mata Atlântica do Rio de Janeiro encontraram resultado semelhante ao
trabalho de Andrén para a riqueza de espécies, independentemente da capacidade de
deslocamento das espécies. Para paisagens com alto percentual de cobertura (>50%)
apenas a quantidade de habitat influencia a dispobilidade de habitat, já para paisagens
com cobertura intermediária e baixa (<50%) as métricas de configuração da paisagem
também influenciam a disponibildade de habitat.
Por todo o exposto, o objetivo desse trabalho é investigar a relação entre a
configuração da paisagem e a disponibilidade de habitat do bioma Mata Atlântica do
Rio Grande do Norte para espécies com diferentes capacidades de deslocamento
avaliando: 1) a influência de remanescentes de menor área na disponibilidade de
habitat; e 2) qual(is) o(s) atributo(s) da paisagem mais influencia(m) na disponibilidade
de habitat. Esperamos que independentemente da capacidade de deslocamento da
espécie, a disponibilidade de habitat seja baixa na Mata Atlântica do RN devido ao alto
grau de fragmentação da paisagem (baixo percentual de cobertura remanescentes,
alto número de fragmentos pequenos e elevada distância entre manchas). No entanto,
essa situação deve ser ainda mais crítica para espécies com menor capacidade de
deslocamento. Quanto ao efeito da remoção dos remanescentes, esperamos que a
maior influência ocorra nas espécies com capacidade de deslocamento intermédiario:
para as espécies com pequena capacidade de deslocamento esperamos que a
distância entre manchas já seja superior à capacidade de dispersão mesmo sem
eliminação dos remanescentes pequenos, e para as espécies com grande capacidade
64
de deslocamento esperamos que mesmo com a eliminação dos remanescentes a
distância entre manchas resultante não seja superior à capacidade de deslcoamento.
Por fim, esperamos uma influência dos atributos de área da mancha e distância entre
as manchas além da influência do percentual de cobertura remanescente na
disponibilidade de habitat, tendo em vista que a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte
possui um percentual de cobertura remanescente abaixo do limite estabelecido por
Andrén (1994) para a influência da fragmentação. Além disso, a influência da área e
distância entre manchas deve ser maior para as espécies com capacidade de
deslocamento pequena e intermediária. Devido à elevada distância entre as manchas
essas espécies estariam mais fortemente dependentes do atributo da mancha, que
seria a área.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
A área do bioma Mata Atlântica do estado do Rio Grande do Norte foi
delimitada de acordo com a Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE, 2002) por incluir
os remanescentes de floresta estacional decidual e semidecidual. Utilizamos o mapa
dos remanescentes produzido a partir da classificação não-supervisionada de imagens
do satélite Rapideye, resolução espacial de 5 metros. A validação do mapeamento foi
feita a partir de imagens de alta resolução Google Earth. Para detalhes sobre o
mapeamento e validação ver item 2.2 do Capítulo I.
A área do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte foi subdivida por
bacia hidrográfica, de acordo com a divisão de bacias hidrográficas do Mapa do
Sistema Hidrográfico do Estado – Bacias Hidrográficas da Secretaria Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH). A área de estudo está dividida em 22
bacias, sendo que oito bacias pertencem a Faixa Litorânea Leste de Escoamento
Difuso (EDL 16_1 a EDL 16_8) e uma faz parte da Faixa Litorânea Norte de
Escoamento Difuso (EDN 15_4). As demais bacias são nomeadas de acordo com o
seu rio principal: Boqueirão, Punaú, Maxaranguape, Ceará-mirim, Doce, Potengi,
Pirangi, Trairi, Jacu, Catu, Curimataú, Sagi e Guaju. Para detalhes sobre a delimitação
das bacias ver item 2.1 do Capítulo I.
2.2 Disponibilidade de habitat
A disponibilidade de habitat foi calculada através do Índice Probabilidade
de Conectividade – PC. Este é definido como a probabilidade de dois animais que são
65
aleatoriamente distribuídos em uma paisagem estarem em manchas de habitats que
estão interconectadas, dado um conjunto de n manchas de habitat e um valor de
conexão entre elas (Saura & Pascoal-Hortal, 2007). O PC é calculado pela seguinte
fórmula:
Onde:
n é o número de manchas;
ai é a área da mancha i;
aj é a área da mancha j;
AL2 é a área total da paisagem;
pij é probabilidade de dispersão em um passo entre a mancha i e a mancha j, ou seja,
um movimento direto entre a mancha i e a mancha j (ou vice-versa) sem passar por
nenhuma outra mancha intermediária. pij é calculado como uma função exponencial
negativa da distância borda-a-borda entre manchas.
pij* é a máxima probabilidade de dispersão entre as manchas i e j. Quando duas
manchas estão ligadas por um único passo, pij* = pij. Quando são necessárias
manchas intermediárias, a probabilidade de dispersão de uma rota é dada pelo
produto pij de cada passo da rota. Como pij é calculado como uma função da distância
borda-borda entre as manchas, a rota com a máxima probabilidade de dispersão (pij*)
é aquela da rota mais curta em termos de distância (Figura 1).
𝑃𝐶 = 𝑖=1𝑛 𝑗=1
𝑛 𝑎𝑖𝑎𝑗𝑝𝑖𝑗∗
𝐴𝐿2
66
Figura 1 - Esquema explicitando a definição da máxima probabilidade de dispersão entre duas
manchas de habitat (pij*) que é utilizada no cálculo do índice PC.
O PC aumenta com o aumento da conectividade e varia de 0 a 1. PC é
igual a 0 quando nenhuma mancha de habitat está presente na área de estudo e é
igual a 1 quando toda a paisagem é habitat (Saura & Pascoal-Hortal, 2007). O PC foi
calculado utilizando o programa Conefor (Saura & Torné, 2009).
2.2.1 Espécies hipotéticas
O PC foi calculado para seis espécies hipotéticas com diferentes
capacidades de deslocamento: 10 metros, 50 metros, 200 metros, 500 metros, 1000
metros e 3000 metros (Figura 3). Os valores selecionados seguiram um trabalho
prévio para a Mata Atlântica (Crouzeilles et al. 2014). Considerou-se que a
probabilidade da espécie se dispersar entre duas manchas é de 0,5 no valor da
capacidade de deslocamento, ou seja, 50% de chance de uma espécie com
capacidade de deslocamento de 10 metros se dispersar entre duas manchas que
estão separadas uma da outra por uma distância de 10 metros e assim a função
exponencial foi ajustada. A partir dessa informação foram calculadas as probabilidades
de dispersão entre cada par de manchas na paisagem para cada espécie utilizando a
função exponencial disponível no programa Conefor (Saura & Pascual-Hortal, 2007):
Onde dij é a distância entre as machas i e j e k é uma constante para
adequar a função ao valor de probabilidade de dispersão indicada.
𝑝𝑖𝑗 = 𝑒−𝑘𝑑𝑖𝑗
Mancha i Mancha j pij = 0,5 pij = 0,5
pij = 0,2 pij = 0,4
dist = 50 m dist = 50 m
dist = 150 m dist = 70 m
Rota 1 entre as manchas i e j: pij 0,5*0,5 = 0,25; distância total 50 + 50 = 100 m
Rota 2 entre as manchas i e j: pij 0,2*0,4 = 0,08; distância total 150 + 70 = 220 m
Máxima probabilidade de dispersão entre i e j (pij*) = 0,25, rota 1.
67
2.2.2 Escala de estudo
O PC foi calculado na escala de bacia hidrográfica. A área total do bioma
foi dividida por bacia hidrográfica.
2.2.3 Análises com eliminação de remanescentes
O valor de 1 ha foi o valor mínimo de área para que um remanescente
fosse incluído na análise. De forma a avaliar a influência dos remanescentes com
menor área na disponibilidade de hábitat foram eliminados da paisagem de forma
consecutiva os remanescentes com área de até: 3 ha, 10 ha, 25 ha, 50 ha e 100 ha
(Figura 2). O PC foi calculado após cada eliminação.
CAPACIDADE DE DESLOCAMENTO
ESCALA
REMANESCENTES
10 metros
Bacia hidrográfica
> 1 ha
50 metros
> 3 ha
200 metros
> 10 ha
500 metros
> 25 ha
1000 metros
> 50 ha
3000 metros
> 100 ha
Figura 2 - Esquema com os diferentes recortes utilizados no cálculo disponibilidade de habitat
nas bacias da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte.
2.2.4 Preparação dos dados
O mapa dos remanescentes do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte foi dividido em shapefiles de cada uma das bacias hidrográficas. Cada shapefile
foi processado pela extensão do programa Conefor para ArcGis. Essa extensão cria
dois arquivos de saída, o primeiro corresponde ao atributo das manchas, que no
presente trabalho é a área (hectare) e o segundo arquivo corresponde à distância
entre manchas, que no presente trabalho é a distância euclidiana borda-a-borda
medida em metros. Essa distância foi calculada entre todos os pares de manchas de
habitat da paisagem. Esses dois arquivos são os arquivos de entrada para o programa
Conefor calcular o índice PC para cada capacidade de deslocamento definida.
68
2.3 Análises estatísticas
2.3.1 Análise de variância por randomização
A análise de variância por randomização foi utilizada para avaliar se há
influência das diferentes capacidades de deslocamento e da remoção dos
remanescentes no valor do índice PC. Foram eliminadas da análise as bacias
hidrográficas que não possuíam paisagens distintas para todos os cortes de
remanescentes trabalhados. Esse fato ocorria em duas situações, a primeira quando
as bacias não tinham remanescentes com área maior do que o valor do corte, e a
segunda quando a partir de determinado corte, as paisagens possuíam um único
remanescente, sendo idênticas a partir daquele corte e gerando assim o mesmo valor
de PC. Por esses critérios foram excluídas cinco bacias, as bacias de escoamento
difuso EDL 16_2, EDL 16_3, EDL 16_4, EDL 16_6 e EDL 16_7, além da bacia do rio
Sagi. A análise foi realizada com 10.000 repetições. Após a análise principal foram
realizados os testes a posteriori par-a-par por randomização. As análises foram
realizadas no programa R e os gráficos no programa Statistica.
2.3.2 Seleção de modelos
A seleção de modelos foi utilizada para identificar quais métricas da
paisagem influenciavam o valor do Índice Probabilidade de Conectividade – PC. A
seleção de modelos foi feita separadamente para cada uma das capacidades de
deslocamento. Nessa análise usamos o recorte de 3 hectares, para eliminar o efeito
de fragmentos muito pequenos. O histograma dos valores de PC de todas as bacias
indicou uma distribuição bimodal. Identificamos que a distribuição bimodal era devido
às bacias EDL 16_6 e EDL 16_8 (que possuíram altos valores em relação às demais
bacias). De forma a cumprir as premissas da análise de regressão, essas bacias foram
eliminadas da análise e os valores de PC foram transformados utilizando a função
logarítmica. A bacia EDL 16_4 também não foi incluída nessa análise por não possuir
fragmentos com área maior do que 3 hectares. Na seleção de modelos foram
utilizadas, portanto, 19 bacias.
Quanto às variáveis preditoras, foram utilizadas: o percentual de cobertura,
definida como a proporção da área da bacia coberta por remanescentes; a área
média, que é a média do valor da área de todos os remanescentes da bacia; a
distância média, definida como a média do valor de distância (calculada par-a-par)
entre todos os remanescentes de cada bacia; e a densidade de manchas, o número
de fragmentos por hectare. Variáveis correlacionadas não podem ser incluídas em um
69
mesmo modelo e, por isso, foi feita a análise de correlação de Pearson entre as
variáveis preditoras e também foi calculado o fator de inflação da variância (VIF, Quinn
& Keough 2002). Valores de VIF maiores de 10 indicam forte colinearidade (Quinn &
Keough 2002). Foi utilizado o Critério de Informação de Akaike (AIC) para o
ordenamento dos modelos de regressão linear, o valor de ∆AIC foi utilizado para
seleção dos melhores modelos, e também os valores dos pesos do AIC (wiAIC) para
auxiliar na interpretação dos resultados (Burnham & Anderson, 2002).
Os programas SAM – Spatial Analysis in Macroecology e R foram usados
para realizar a seleção de modelos e as análises de regressão.
3. RESULTADOS
3.1 Capacidade de deslocamento e eliminação de remanescentes
A disponibilidade de habitat na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte varia de
acordo com a capacidade de deslocamento da espécie (Anova fatorial, deslocamento:
F = 14,06; p < 0,01; Tabela 1). De acordo com o teste a posteriori, a disponibilidade de
habitat para espécies com a maior capacidade de deslocamento (3000 metros) é a
única que difere das disponibilidades de habitat de todas as outras capacidades de
deslocamento (Figura 3A, Tabela 2), sendo em média cinco vezes maior que a de
espécies com capacidade de deslocamento de apenas 10 metros, a menor
capacidade modelada. Os valores de PC para as demais capacidades de
deslocamento são semelhantes apenas às capacidades de deslocamento mais
próximas, diferindo das demais (Figura 3A, Tabela 2).
Tabela 1 - Anova fatorial de duas vias por randomização para testar o efeito do corte, do deslocamento e da interação entre esses fatores para explicar a disponibilidade de habitat (PC) nas 19 baciais hidrográficas da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. Corte é a área mínima considerada dos fragmentos, com os seguintes níveis: 1 ha, 3 ha, 10 ha, 25 ha, 50 ha, 100 ha. Deslocamento é a capacidade de deslocamento considerada, com os seguintes níveis: 10 metros, 50 metros, 200 metros, 500 metros, 1000 metros e 3000 metros. Valor de p obtido após 10.000 randomizações.
F p
Corte 4,87 < 0,01
Deslocamento 14,06 < 0,01
Interação 0,51 0,98
70
Figura 3 – Índice de Probabilidade de Conectividade – PC das bacias hidrográficas da Mata
Atlântica do Rio Grande do Norte em função (A) da capacidade de deslocamento, (B) de
diferentes valores de área de mínima de fragmentos considerados (corte) e C. a interação entre
deslocamento e corte. As médias e os desvios padrões estão representados. Nos gráficos A e
B as letras acima da barra superior do desvio padrão representam os resultados dos testes a
posteriori, letras iguais significam que as categorias não diferiram entre si (p > 0,05), todas as
categorias com letras distintas são diferentes entre si (p < 0,05).
Tabela 2 – Testes a posteriori para as diferentes capacidades de deslocamento nas 19 baciais
hidrográficas da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. Testes realizados par-a-par entre
todas as capacidades de deslocamento através de ANOVA por randomizações (10.000
randomizações). Valores acima da diagonal principal são os valores de F, e valores abaixo da
diagonal principal são os p.
Deslocamento 10 50 200 500 1000 3000
10 1,51 5,80 13,29 22,91 39,19
50 0,23 1,41 6,15 13,96 29,25
200 0,02 0,24 1,77 7,16 20,41
500 <0,01 0,02 0,19 1,98 11,61
1000 <0,01 <0,01 0,01 0,16 4,42
3000 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,04
A disponibilidade de habitat também é influenciada pela remoção de
remanescentes (Anova fatorial, corte: F = 4,87, p < 0,01, Tabela 1). Os maiores
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
PC
a ab
bc
cd
d
e A
1 3 10 25 50 100
Corte (ha)
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
PC
a
ab ab
b
d c
B
C
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade deslocamento (metros)
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
PC
Corte 001ha
Corte 003ha Corte 010ha Corte 025ha Corte 050ha
Corte 100ha
71
valores médios do PC são encontrados para os cortes de 1 ha, 3 ha, e 10 ha (Figura
3B, Tabela 3). As paisagens que incluem fragmentos com área a partir de 1, 3 e 10
hectares tem disponibilidade de habitat semelhantes, e a paisagem que inclui
fragmentos com a área a partir de 25 ha tem disponibilidade de habitat semelhante às
paisagens dos cortes de 3 e 10 hectares. As paisagens que têm corte mínimo de 50
ha e 100 ha diferem de todas as demais paisagens.
Tabela 3 – Testes a posteriori para as paisagens com diferentes valores mínimos de área de
fragmentos nas 19 baciais hidrográficas da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. Testes
realizados par-a-par entre todas as capacidades de deslocamento através de ANOVA por
randomizações (10.000 randomizações). Valores acima da diagonal principal são os valores de
F, e valores abaixo da diagonal principal são os p.
Corte 1 ha 3 há 10 ha 25 ha 50 há 100 ha
1 há
0,36 1,56 5,69 8,77 14,03
3 há 0,55
0,45 3,37 5,97 10,78
10 há 0,22 0,51
1,36 3,21 7,14
25 há 0,02 0,07 0,25
0,45 2,75
50 há <0,01 0,02 0,08 0,51
1,02
100 há <0,01 <0,01 0,01 0,10 0,31
É possível observar uma tendência de que à medida que a capacidade de
deslocamento aumenta, aumenta a variação na disponibilidade de habitat devido à
eliminação dos remanescentes (Figura 3C), no entanto tal tendência não foi detectada
no teste estatístico (Anova fatorial, interação: F = 0,51, p = 0,98, Tabela 1). As
espécies com pequena capacidade de deslocamento (10 e 50 metros) apresentam a
situação mais crítica de disponibilidade de habitat, e para essas espécies a eliminação
dos remanescentes causa apenas uma sutil mudança no valor do PC (Figura 3C).
Para as espécies com capacidade de deslocamento média (200 e 500 metros) e alta
(1000 e 3000 metros) a maior queda no valor do PC ocorre quando são eliminados da
paisagem os remanescentes com área menor do que 25 hectares (Figura 3C).
3.2 Disponibilidade de habitat das bacias hidrográficas
As bacias hidrográficas possuem valores de disponibilidade de habitat
muito próximos, e se concentrando em faixas de valores muito baixos, mesmo quando
são considerados todos os remanescentes com área a partir de 1 hectare (Anexo 2:
Figura 1). Uma maior variação da disponibilidade de habitat ocorre nas bacias de
escoamento difuso, principalmente para a maior capacidade de deslocamento
modelada (3000 metros); e é nesse grupo que se concentram os maiores valores de
disponibilidade de habitat. As bacias EDL 16_8 e EDL 16_6 apresentam os maiores
valores de PC para todos os cortes e todas as capacidades de deslocamento (Anexo
72
2: Figura 1). Em relação às bacias hidrográficas (não considerando as bacias de
escoamento difuso), as bacias dos rios Doce e Sagi apresentam as maiores
disponibilidade de habitat para todas as capacidades de deslocamento e todos os
cortes (Anexo 2: Figura1). A bacia do rio Sagi apresenta a melhor disponibilidade de
habitat para espécies com pequena capacidade de deslocamento (10 e 50 metros)
quando são considerados todos os remanescentes com área a partir de 1 hectare,
enquanto que a bacia do rio Doce tem melhor disponibilidade de habitat para as
espécies com deslocamento intermediário e grande (a partir de 200 metros). À medida
que os remanescentes vão sendo removidos, a bacia do rio Sagi passa a ter maior
disponibilidade de habitat para as espécies com capacidade de deslocamento
intermediária e até mesmo grande (1000 metros) (Anexo 1: Figura 1). Para as bacias
de escoamento difuso, excetuando-se as bacias EDL 16_8 e EDL 16_6 que possuem
os maiores valores de PC para todas as capacidades de deslocamento modeladas, a
bacia EDL 16_7 apresenta o terceiro melhor valor de PC para espécies de capacidade
de deslocamento pequena e intermediária, já para as espécies com grande
capacidade de deslocamento (1000 e 3000) a bacia EDN 15_4 possui o terceiro maior
valor de PC.
3.3 PC X estrutura da paisagem
Em relação à correlação entre as variáveis preditoras, apenas percentual
de cobertura e área média estão fortemente correlacionadas (r = 0,70) (Tabela 4).
Calculando o Fator de Inflação de Variância – VIF com as quatro variáveis preditoras,
percentual de cobertura e área média têm os maiores valores, 22,80 e 20,51,
respectivamente. Ao eliminar a variável área, o VIF é de 1,23 para percentual de
cobertura, 1,01 para distância média, e 1,24 para densidade. Portanto, foram
calculados todos os modelos entre as quatro variáveis, mas os modelos que incluíam
tanto a variável percentual de cobertura quanto a variável área média foram
descartados das análises.
Tabela 4 – Matriz de correlação entre as variáveis preditoras do PC calculada a partir dos
valores das métricas nas 19 baciais hidrográficas da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte
utilizadas na seleção de modelos.
Percentual de cobertura Distância média Área média
Distância média -0.01
Área média 0.70 -0.02
Densidade de manchas 0.43 -0.07 -0.31
73
As bacias utilizadas na análise possuem entre 4 e 35% de sua área
coberta por remanescentes. Basicamente, pode-se agrupar as espécies hipotéticas
em dois grupos: o primeiro inclui as espécies com pequena (10 e 50 metros) e média
(200 e 500 metros) capacidades de deslocamento, para essas espécies hipotéticas a
disponibilidade de habitat é influenciada pelas métricas de configuração e composição
de paisagem, apesar de que o modelo com maior peso (wi) inclui apenas métricas da
configuração da paisagem (área média, distância média dos vizinhos e densidade de
manchas), o percentual de cobertura não influencia a capacidade de deslocamento de
200 metros (Tabela 5). A métrica área média está incluída no modelo de maior peso
das quatro espécies hipotéticas, podendo esses incluírem também a métrica de
distância média e de densidade de manchas, juntas ou separadamente. O segundo
grupo inclui as espécies hipotéticas com grande capacidade de deslocamento (1000 e
3000 metros), para essas espécies hipotéticas as métricas de configuração da
paisagem não estão incluídas nos modelos de menor ∆AIC (<2), o melhor modelo e
único modelo com ∆AIC menor que dois inclui apenas a variável cobertura de
remanescentes.
Os melhores modelos (∆AIC < 2) são os mesmos para as espécies com
pequena capacidade de deslocamento (10 e 50 metros, Tabela 5), no entanto para a
capacidade de deslocamento de 10 metros a diferença entre o peso do modelo (wi)
que inclui todas as métricas de configuração da paisagem (Amd (área média) + Di
(distância média) + De (densidade de manchas)) e o peso do segundo modelo
selecionado (Amd + De) é bem maior do que para a capacidade de deslocamento de
50 metros, onde os modelos Amd + Di + De e Amd + De têm pesos semelhantes. O
terceiro modelo inclui a variável de composição da paisagem cobertura (C (cobertura)
+ Di + De). Nos três modelos com ∆AIC < 2 todas as variáveis são significativas (p <
0,05).
Para as espécies com capacidade de deslocamento de 200 metros, os
dois modelos com ∆AIC < 2 incluem apenas métricas de configuração da paisagem. O
primeiro modelo inclui as métricas de área média e densidade de manchas, e o
segundo modelo inclui também a métrica distância média. No entanto a inclusão dessa
terceira métrica aumenta muito pouco a explicação do modelo e essa variável não é
significativa (p > 0,05), e o primeiro modelo (Amd + De) tem peso (wi) mais elevado do
que o modelo (Amd + De + Di). Já para a capacidade de deslocamento de 500 metros,
o modelo com maior peso inclui as métricas de área média e distância média, no
entanto nesse modelo apenas a área média foi significativa (p < 0,05). Os outros dois
modelos selecionados incluem o percentual de cobertura, sendo que o segundo tem
74
apenas a métrica de composição de paisagem e o terceiro também a métrica de
densidade de manchas, mas essa não é significativa (p > 0,05).
As métricas percentual de cobertura, área média e densidade de manchas
estão positivamente correlacionadas com a disponibilidade de habitat, e apenas a
métrica distância média é negativamente correlacionada com a disponibilidade de
habitat (Figura 4; Tabela 5; Anexo 2: Figura 2). No modelo com maior peso para as
espécies com capacidades de deslocamentos pequena e média, a área média é a
variável que possui a relação mais forte com o PC (Figura 4A e 4B).
Tabela 5 – Disponibilidade de habitat (PC) das bacias da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte em função das métricas de paisagem percentual de cobertura (C), área média (ha) (Amd), distância média (m) (Di) e densidade de manchas (nº/100ha) (De). Seleção de modelos com base no Critério de Informação de Akaike (AIC). Análises separadas para seis espécies hipotéticas com capacidade de deslocamento de 10 m, 50 m, 200 m, 500 m, 1000 m e 3000 m. Estão incluídos os resultados das análises de seleção de modelo: AIC, ∆AIC, wi (peso do modelo) e r
2; e os resultados de regressões lineares de cada um dos modelos: p, F, α e β
padronizado. A tabela apresenta apenas os modelos com ∆AIC menor que dois. Todos os modelos estão apresentados na Tabela 1 do Anexo 2. Número de bacias nas análises: n = 19.
Modelo AIC ∆AIC wi R2
Inter. (α) Β pad. F P
a) Capacidade de deslocamento = 10 m
Amd + Di + De 21,42 0 0,37 0,78 - 4,03 < 0,01 Amd 0,87 41,23 < 0,01 Di -0,26 5,60 0,03 De 0,31 5,98 0,03 Amd + De 22,78 1,36 0,19 0,71 - 4,41 < 0,01 Amd 0,88 33,59 < 0,01 De 0,34 5,65 0,03 C + Di + De 22,79 1,38 0,18 0,76 - 4,53 < 0,01 C -0,09 36,26 < 0,01 Di 0,97 5,46 0,03
De 0,40 6,36 0,02
b) Capacidade de deslocamento = 50 m
Amd + Di + De 19,60 0 0,31 0,79 - 4,10 < 0,01 Amd 0,89 43,07 < 0,01 Di -0,22 4,50 0,05 De 0,39 9,75 < 0,01 Amd + De 19,75 0,15 0,28 0,75 - 4,41 < 0,01 Amd 0,90 37,40 < 0,01 De 0,41 9,39 < 0,01 C + Di + De 20,82 1,22 0,17 0,78 - 2,74 < 0,01 C 0,92 43,71 < 0,01
Di -0,28 4,42 0,05 De -0,29 4,68 0,05
c) Capacidade de deslocamento = 200 m
Amd + De 12,22 0 0,37 0,80 - 4,26 < 0,01 Amd 0,92 47,57 < 0,01 De 0,48 16,80 < 0,01 Amd + Di + De 13,75 1,52 0,17 0,82 - 4,06 < 0,01 Amd 0,91 50,16 < 0,01
Di -0,15 2,95 0,11 De 0,47 16,64 < 0,01
d) Capacidade de deslocamento = 500 m
Amd + Di 3,94 0 0,35 0,85 - 2,90 < 0,01 Amd 0,76 23,31 < 0,01 Di -0,13 0,65 0,43 C 4,89 0,95 0,22 0,82 - 3,11 < 0,01
75
C 0,90 76,37 < 0,01 C + De 5,72 1,78 0,15 0,84 - 2,93 < 0,01
C 0,98 81,69 < 0,01 De -0,16 2,18 0,16
e) Capacidade de deslocamento = 1000 m
C -3,10 0 0,59 0,87 - 2,98 < 0,01 C 0,93 116,21 < 0,01
f) Capacidade de deslocamento = 3000 m
C -12,84 0 0,65 0,92 - 2,79 < 0,01 C 0,96 185,86 < 0,01
Figura 4 – Parciais da análise de regressão para cada uma das variáveis preditoras do modelo
com maior peso (wi; Tabela 5) da seleção de modelos com base no Critério de Informação de
Akaike (AIC) da disponibilidade de habitat (PC) das bacias da Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte em função das métricas de paisagem percentual de cobertura (C), área média (ha)
(Amd), distância média (m) (Di) e densidade de manchas (nº/100ha) (De). (A) Capacidade de
deslocamento de 10 metros, (B) Capacidade de deslocamento de 200 metros e (C)
Capacidade de deslocamento de 3000 metros. Gráficos para todas as capacidades de
deslocamento são apresentados no Anexo 2:Figura 2.
Área média (ha) Distância média (m) Densidade de manchas (nº/ha) A
Área média (ha) Densidade de manchas (nº/ha) B
Percentual de cobertura C
76
4. DISCUSSÃO
A disponibilidade de habitat na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte é baixa
inclusive para as espécies modeladas com alta capacidade de deslocamento, apesar
de a situação ser mais crítica à medida que a capacidade de deslocamento diminui.
Os valores de disponibilidade de habitat encontrados são semelhantes aos
encontrados por Crouzeilles et al. (2014) para a Mata Atlântica do estado do Rio de
Janeiro para áreas com percentual de cobertura semelhante aos das bacias do Rio
Grande do Norte. Tal fato é consequência da devastação do bioma que ocasionou
uma elevada perda de habitat e a alta fragmentação do bioma. Apesar da semelhança
nos valores de disponibilidade de habitat entre a Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte e do Rio de Janeiro para paisagens com percentual de cobertura semelhantes –
até 35% de cobertura remanescente – o Rio de Janeiro possui áreas com maior
percentual de cobertura, inclusive com paisagens com mais de 50% de cobertura
remanescente, com isso a Mata Atlântica do Rio de Janeiro possui áreas com valores
de disponibilidade de habitat (Crouzeilles et al. 2014) maiores do que a Mata Atlântica
do Rio Grande do Norte. Portanto a baixa disponibilidade de habitat encontrada na
Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, quando comparada à disponibilidade de
habitat da Mata Atlântica do Rio de Janeiro (Crouzeilles et al. 2014), indica a situação
crítica para a manutenção de sua diversidade, já que a disponibilidade de habitat está
relacionada com a diversidade de espécies da paisagem, tendo em vista ter como
base atributos da paisagem como área dos fragmentos e a distância entre-manchas,
características estas que estão relacionadas com manutenção da riqueza e a
abundância das espécies através dos processos de extinção local e recolonização
(Hanski & Ovaskeinen 2000) além da relação do PC com a capacidade de
metapopulação da paisagem (Saura & Rubio, 2010; Crouzeilles et al., 2015).
Não há nenhuma avaliação sobre a capacidade de deslocamento entre
manchas de diferentes espécies para a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. Os
valores de capacidade de deslocamento utilizados nesse estudo estão de acordo com
outros realizados em outras regiões do bioma. Para espécies de pequenos mamíferos
(marsupiais e roedores), a capacidade de deslocamento varia entre 50 e 640 metros
(Crouzeilles, 2010; Pires & Fernandez, 1999; Pires et al., 2002; Lira et al. 2007;
Forero-Medina & Vieira, 2009; Prevedello & Vieira 2010; Passamani & Fernandez,
2011). Podemos, portanto, considerar essas espécies de pequenos mamíferos como
exemplos das espécies hipotéticas de pequena e média capacidade de deslocamento.
Esses trabalhos concentram-se na região Sul/Sudeste do Brasil, e entre as espécies
de pequeno mamíferos estudadas, cinco tem indicação de ocorrência para o Rio
Grande do Norte (Reis, et al., 2010): os marsupiais Micoureus demerarae (IUCN,
77
2015; Reis, et al., 2010), Caluromys philander (IUCN, 2015), Metachirus nudicaudatus
(IUCN, 2015), e os roedores Rhipidomys mastacalis (Reis, et al., 2010) e Nectomys
squamipes (Reis, et al., 2010) . E outras duas, apesar de não constarem ocorrências
no Rio Grande do Norte, ocorrem na Mata Atlântica da biorregião de Pernambuco
(Reis et al., 2010): Didelphis aurita, (marsupial) e Akodon cursor (roedor). Para o grupo
das aves, as capacidades de deslocamento de espécies da Ordem Passeriformes na
Mata Atlântica das Regiões Sul e Sudeste variam entre 10 e 650 metros (Uezu et al.,
2005; Awade & Metzger, 2008; Boscolo et al., 2008; Hansbauer et al., 2008; Marini,
2010). Essas espécies também se enquadram entre as espécies hipotéticas de
pequena e média capacidade de deslocamento. Das espécies estudadas, dez
espécies ocorrem no Rio Grande do Norte (IUCN, 2015): Sittasomus griseicapillus,
Platyrinchus mystaceus, Basileuterus flaveolus, Lathrotriccus euleri, Sclerurus scansor,
Dysithamnus mentalis, Thamnophilus caerulescens, Basileuterus culicivorus,
Xiphorhynchus fuscus, Pyriglena leucoptera. Exemplos relatados de espécies com
grande capacidade de deslocamento na Mata Atlântica são algumas espécies de
abelhas (Tonhasca-Jr. et al. 2003), que se deslocam 1.300 m, e morcegos (Bianconi et
al., 2006), que se deslocam até 4.900 m.
Os índices de disponibilidade de habitat consideram que além da
conectividade inter-mancha clássica, existe também na paisagem a conectividade
intra-manchas, a qual está relacionada à quantidade de habitat disponível e ao atributo
da mancha (área) (Pascual & Saura, 2006). A diferença entre a disponibilidade de
habitat para as espécies com diferentes capacidades de deslocamento indica uma
diminuição na conectividade inter-manchas, tendo em vista que a paisagem é a
mesma para todas as espécies e a conectividade intra-mancha se mantém.
Apesar da interação entre remoção de remanescentes e capacidade de
deslocamento não ser estatisticamente significativa, observou-se que a remoção dos
remanescentes promove maiores mudanças no valor da disponibilidade de habitat das
espécies com média e grande capacidade de deslocamento, mas pequenas alterações
nas espécies com pequena capacidade de deslocamento. Para as espécies com
pequena capacidade de deslocamento, é provável que devido ao alto grau de
fragmentação da paisagem a distância entre a maioria das manchas seja superior à
capacidade de deslocamento dessas espécies mesmo quando estão incluídos todos
os fragmentos com área a partir de 1 hectare, que foi o corte base para as análises.
Isso indica que populações dessas espécies estão isoladas na paisagem e que a
disponibilidade de habitat existente refere-se basicamente ao componente intra-
mancha (Pascual & Saura, 2006). Mesmo a remoção dos remanescentes maiores,
com área até 50 e 100 hectares, afetam pouco o valor da disponibilidade de habitat.
78
Portanto, as manchas maiores da paisagem (área maior do que 100 hectares) têm
papel essencial para a manutenção do habitat disponível. Conforme o esperado para
as espécies com capacidade média de deslocamento, a remoção de remanescentes
altera a disponibilidade de habitat, já que para essas espécies há uma maior
contribuição da conectividade inter-manchas do que para as espécies com pequena
capacidade de deslocamento. No entanto ao contrário do esperado a remoção de
remanescentes altera a disponibilidade de habitat das espécies com grande
capacidade de deslocamento. A distância entre manchas à medida que os
remanescentes são eliminados se torna superior à capacidade de deslocamento
dessas espécies. Esses fatos indicam a importância dos remanescentes de menor
área para a manutenção da conectividade inter-manchas e consequentemente da
disponibilidade de habitat para as espécies com média e grande capacidade de
deslocamento.
Os resultados dos testes a posteriori para as análises com remoção de
remanescentes mostram que a disponibilidade de habitat não é significativamente
distinta para os cortes 1, 3 e 10 hectares. Apenas a partir do corte de 25 hectares há
distinção entre eles. Isso pode ser devido ao fato de que os fragmentos com área a
partir de 25 hectares além de contribuir com a conectividade inter-manchas, tem uma
maior contribuição também na conectividade intra-manchas e que como os
remanescentes são removidos cumulativamente, a distância entre as manchas
aumenta cada vez mais à medida que os remanescentes de maior área são
eliminados.
A disponibilidade de habitat foi calculada com base em paisagem binária,
habitat ou matriz, não tendo sido a matriz caracterizada em diferentes usos do solo.
Apesar dos trabalhos com disponibilidade de habitat utilizarem essa mesma
metodologia (Holvorcem et al., 2011; Crouzeilles et al., 2013; Tambosi & Metzger,
2013; Crouzeilles et al., 2014; Tambosi et al., 2014) devido principalmente à escassez
de informações sobre resposta das espécies a diferentes tipos de matriz, a
permeabilidade da matriz é distinta dependendo do uso do solo, podendo até ser
considerada uma barreira instransponível, o que afeta a conectividade da paisagem.
Sendo assim os resultados encontrados apesar de indicarem uma disponibilidade de
habitat baixa, ainda assim podem estar superestimados
Os valores de disponibilidade de habitat são semelhantes para todas as
bacias, com exceção das bacias de escoamento difuso EDL 16_6 e 16_8 que
possuem os maiores valores de disponibilidade de habitat para todas as capacidades
de deslocamento. Essas bacias possuem os maiores percentuais de cobertura e são
as únicas com mais de 40% da área coberta por remanescentes, além de possuírem
79
as maiores áreas médias. A bacia EDL 16_6 possui o segundo maior remanescente
do estado, e a bacia EDL 16_8 tem parte da RPPN Mata Estrela, também um dos
maiores remanescentes do estado (Capítulo I). Em relação às bacias hidrográficas,
não incluindo as de escoamento difuso, os maiores valores de disponibilidade de
habitat são das bacias dos rios Sagi e Doce para todas as capacidades de
deslocamento. A bacia do rio Doce é a bacia hidrográfica que tem maior percentual de
cobertura, em torno de 30% no corte de 3 hectares. A bacia do rio Sagi tem em torno
de 20% de cobertura remanescente, e é a bacia hidrográfica com maior área média.
Essa bacia também possui parte da RPPN Mata Estrela.
De acordo com Andrén (1994) os efeitos da fragmentação ocorrem quando as
paisagens possuem um percentual de cobertura menor do que 30%. Abaixo desse
percentual a diversidade de espécies passa a ser influenciada não apenas pelo
percentual de cobertura mas também pela área dos remanescentes e a distância eles,
ou seja pela configuração da paisagem além de sua composição. Como a maioria das
bacias do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte possuem menos de 30% de
área coberta por remanescente e a disponibilidade de habitat está relacionada com a
diversidade de espécies, esperava-se uma influência das métricas de configuração da
paisagem na disponibilidade de habitat. E isso de fato ocorre para as espécies com
pequena (10 e 50 metros) e média (200 e 500 metros) capacidades de deslocamento.
Para essas foram selecionados modelos com as métricas de configuração de
paisagem além de modelos com a métrica de percentual de cobertura, com exceção
da capacidade de deslocamento de 200 metros, em que não há influência da métrica
de cobertura. Já para as espécies com grande capacidade de deslocamento (1000 e
3000 metros) apenas a métrica de percentual de cobertura influencia a disponibilidade
de habitat. Esse resultado indica que a influência da fragmentação, ou seja, da
configuração da paisagem e um possível limiar ligado a essa questão (Andrén,1994;
Pardini et al., 2010), depende das características da espécie-alvo. Essa distinção entre
espécies com pequena e média capacidade de deslocamento e espécies com grande
capacidade de deslocamento ocorre porque as espécies com grande capacidade de
deslocamento conseguem acessar um número maior de manchas na paisagem. Para
essas espécies a paisagem estaria menos fragmentada funcionalmente. Para as
espécies com pequena e média capacidade de deslocamento a conectividade intra-
manchas é a mais importante para a manutenção do habitat disponível, uma vez que
estão em maior isolamento devido à distância entre as manchas. Como a
conectividade intra-manchas está diretamente ligada à métrica de área média dos
remanescentes, isso explica o fato dessa métrica estar presente em todos os modelos
de maior peso dessas espécies. Além disso para o recorte de 3 hectares a distância
entre manchas parece ser em média menor do que a capacidade de deslocamento de
80
500 m ou maior, visto que métrica de distância entre manchas influencia apenas a
disponibilidade de habitat de espécies com pequena e média capacidades de
deslocamento. Em paisagens da Mata Atlântica do Rio de Janeiro, em que os valores
de disponibilidade de habitat foram semelhantes ao nosso estudo, houve influência
das métricas de configuração de paisagem mesmo para as espécies com grande
capacidade de deslocamento nos percentuais de cobertura de < 10% e entre 10-30%
(Crouzeilles et al.. 2014). Essa diferença encontrada pode estar relacionada com
distinções entre a configuração das duas paisagens, mesmo que possuam percentual
de cobertura semelhantes, ou às diferentes unidades de paisagens utilizadas, bacia
hidrográfica (neste estudo) e hexágonos de 10.000 hectares (em Crouzeilles et al.
2014).
Uma questão importante para a conservação da biodiversidade é entender
quais locais são apropriados fazer modificações para aumentar a conectividade da
paisagem (Foltête et al., 2014). Isso pode depender da espécie-alvo e da paisagem
em questão. Para a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, a manutenção da
cobertura florestal existente e em especial dos fragmentos com grande área são
fundamentais para a manutenção do habitat disponível para todas as espécies. No
entanto, a atual disponibilidade de habitat é muito baixa e coloca em risco a
manutenção da biodiversidade do bioma. O aumento da área dos remanescentes e a
implantação de elementos (stepping stones e corredores) que minimizem a distância
entre as manchas são medidas essenciais para a manutenção das populações de
espécies independentemente da capacidade de deslocamento.
81
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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84
ANEXO 1
Tabela 1 – Comparação da área total e área com remanescentes das bacias usando o limite
SNE e o limite da Lei na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte para o recorte de 3 hectares.
Limite SNE Limite da Lei
Área da bacia (ha)
Área com remanescentes (ha)
Área com remanescentes (%)
Área da bacia (ha)
Área com remanescentes (ha)
Área com remanescentes (%)
EDL 16_6 2.583,63 1.212,24 46,92 2.583,63 1.121,24 46,92
EDL 16_8 2.200,76 948,97 43,12 2.200,76 948,97 43,12
EDN 15_4 36.740,41 12.859,14 35,00 3.571,21 972,92 2,65
Doce 30.437,58 8.921,25 29,31 6.187,33 979,40 3,22
EDL 16_7 1.941,22 510,73 26,37 1.941,22 510,73 26,37
EDL 16_5 4.952,79 1.300,60 26,26 4.952,79 1.300,60 26,26
Boqueirão 24.294,86 5.019,32 20,66 6.109,42 581,90 2,40
Potengi 68.305,54 13.988,97 20,48 10.115,66 1.782,70 2,61
Sagi 3.850,07 747,30 19,41 3.850,07 747,30 19,41
Catu 20.992,05 3.598,04 17,14 20.992,05 3.598,04 17.14
Curimataú 87.499,41 13.999,91 16,00 46.768,53 10.880,39 12,43
Trairi 66.403,33 10.544,85 15,88 45.420,75 8.353,99 12,58
Pirangi 46.960,87 7.410,43 15.78 35.405,43 5.748,56 12,24
Ceará-mirim 31.310,44 3.810,48 12,17 10.605,97 1.543,95 4,93
Guaju 27.913,67 3.365,89 12,06 27.913,67 3.365,89 12,06
Jacu 61.007,93 6.777,98 11,11 40.044,66 5.876,97 9,63
Maxaranguape
60.555,40 6.346,21 10,48 16.794,71 551,95 0,91
Punaú 49.703,58 4.925,62 9,91 19.019,12 639,97 1,28
EDL 16_1 9.216,46 784,86 8,52 9.216,46 784,86 8,52
EDL 16_3 6.839,19 399,11 5,84 6.839,19 399,11 5,84
85
EDL 16_2 5.957,39 257,82 4,33 5.957,39 257,82 4,33
EDL 16_4 744,09 4,16 0,56 744,09 4,16 0,56
86
2. Punaú
4. Ceará-mirim
1. Boqueirão
5. Doce
3. Maxaranguape
87
6. Potengi 7. Pirangi
8. Trairi 9. Jacu
10. Catu 11. Curimataú
12. Sagi 13. Guaju
88
14. EDN 15_4
15. EDL 16_1
16. EDL 16_2 17. EDL 16_3
18. EDL 16_4
19. EDL 16_5
89
Figura 1 – Remanescentes florestais para cada bacia hidrográfica da Mata Atlântica do Rio
Grande do Norte.
20. EDL 16_6 21. EDL 16_7
22. EDL 16_8
90
Figura 2 – Proporção da área total de remanescentes (área de remanescentes dividida pela
área total da bacia) em cada bacia hidrográfica da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte para
diferentes tamanhos mínimos de remanescentes considerados: 0 hectare; 1 hectare; 3
hectares; 10 hectares; 25 hectares; 50 hectares; 100 hectares. A. Bacias do limite
SNE, excetuando-se as bacias de escoamento difuso. B. Bacias de escoamento difuso do
limite SNE. C. Bacias do limite da Lei, incluídas apenas as bacias que tem área nesse limite
diferente da área no limite SNE.
A B
C
91
Figura 3 – Densidade dos remanescentes (nº de manchas por 100 ha) em cada bacia
hidrográfica da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte para diferentes cortes de eliminação de
remanescentes: 0 hectare; 1 hectare; 3 hectares; 10 hectares; 25 hectares; 50
hectares; 100 hectares. A. Bacias do limite SNE, excetuando-se as bacias de escoamento
difuso. B. Bacias de escoamento difuso do limite SNE. C. Bacias do limite da Lei, incluídas
apenas as bacias que tem área nesse limite diferente da área no limite SNE.
A B
C
92
Figura 4 – Área média dos remanescentes em cada bacia hidrográfica da Mata Atlântica do Rio
Grande do Norte para diferentes tamanhos mínimos de remanescentes considerados: 0
hectare; 1 hectare; 3 hectares; 10 hectares; 25 hectares; 50 hectares; 100
hectares. A. Bacias do limite SNE, excetuando-se as bacias de escoamento difuso. B. Bacias
de escoamento difuso do limite SNE. C. Bacias do limite da Lei, incluídas apenas as bacias que
tem área nesse limite diferente da área no limite SNE.
A B
C
93
Figura 5 - Índice perímetro-área de cada bacia hidrográfica da Mata Atlântica do Rio Grande do
Norte para diferentes cortes de eliminação de remanescentes: 0 hectare; 1 hectare; 3
hectares; 10 hectares; 25 hectares; 50 hectares; 100 hectares. A. Bacias do limite
SNE, excetuando-se as bacias de escoamento difuso. B. Bacias de escoamento difuso do
limite SNE. C. Bacias do limite da Lei, incluídas apenas as bacias que tem área nesse limite
diferente da área no limite SNE.
Tabela 2 – Coordenadas das variáveis nos eixos da PCA. Análise feita com as métricas da paisagem das bacias hidrográficas do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte considerando o limite da Lei
Variável Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Eixo 4 Eixo 5
Percentual de cobertura
-0,89 0,41 0,05 0,15 0,12
Densidade de manchas
-0,63 -0,22 -0,72 0,18 -0,06
Área (mediana) -0,72 -0,56 0,00 -0,41 0,02
Índice perímetro-área (média)
0,35 0,73 -0,51 -0,28 0,02
Área (média) -0,71 0,61 0,33 -0,07 -0,11
C
A
94
Figura 6 - Gráfico da análise da PCA com as bacias hidrográficas do bioma Mata Atlântica do Rio Grande do Norte para o limite da Lei feita com as variáveis Percentual de cobertura, Densidade de manchas (nº/100ha), Índice perímetro-área, Área média
(ha), Área mediana (ha). A. Eixo 1 x eixo 2. B. Eixo 1 x Eixo 3. Bacia, litoral Norte;
Bacia, litoral Sul; Escoamento difuso, litoral Norte; Escoamento difuso, litoral Sul. Bacias: 1. Boqueirão, 2. Catu, 3. Ceará-mirim, 4. Curimatú, 5. Doce, 6. EDL 16_1, 7. EDL 16_2, 8. EDL 16_3, 9. EDL 16_4, 10. EDL 16_5, 11. EDL 16_6, 12. EDL 16_7, 13. EDL 16_8, 14. EDN 15_4, 15. Guaju, 16. Jacu, 17. Maxaranguape, 18. Pirangi, 19. Potengi, 20. Punaú, 21. Sagi, 22. Trairi.
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
Eixo 1
Eix
o 2
-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00 Tipo: BACIA, Litoral: NORTE
Tipo: BACIA, Litoral: SULTipo: ED, Litoral: NORTETipo: ED, Litoral: SUL
A
B
95
ANEXO 2
Bacia Escoamento difuso
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
1 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
1 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
3 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
3 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
10 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
10 ha
96
Figura 1 – Valor do PC calculado para cada bacia hidrográfica da Mata Atlântica do Rio Grande
do Norte em seis capacidades de deslocamento distintas. Os gráficos da esquerda são as
bacias hidrográficas, e os da direita os gráficos das bacias de escoamento difuso. O valor no
lado esquerdo superior do gráfico indica o valor de área mínima dos fragmentos considerados
na paisagem. Bacias: Boqueirão; Catu; Ceará-mirim; Curimataú; Doce; Guaju;
Jacu; Maxaranguape; Pirangi; Potengi; Punaú; Sagi; Trairi. Escoamento
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Capacidade de deslocamento (metros)
PC
10 50 200 500 1000 3000-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09Bacia: BoqueirãoBacia: Catu
Bacia: Ceara-mirimBacia: CurimatauBacia: Doce
Bacia: GuajuBacia: JacuBacia: MaxaranguapeBacia: Pirangi
Bacia: PotengiBacia: PunauBacia: Sagi
Bacia: Trairi
Escoamento difuso Bacia
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
25 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
25 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
50 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslcoamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
50 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
100 ha
10 50 200 500 1000 3000
Capacidade de deslocamento (metros)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
PC
100 ha
97
difuso: EDL 16_1; EDL 16_2; EDL 16_3; EDL 16_4; EDL 16_5; EDL 16_6;
EDL 16_7; EDL 16_8; EDN 15_4.
Tabela 1 - Seleção de modelos com base no Critério de Informação de Akaike (AIC).
Disponibilidade de habitat (PC) das bacias da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte em
função das métricas de paisagem percentual de cobertura, área média (ha), distância média
(m) e densidade de manchas (nº/100ha). Análises individuais para seis espécies hipotéticas
com capacidade de deslocamento de 10 m, 50 m, 200 m, 500 m, 1000 m e 3000 m. Número de
bacias nas análises: n = 19.
Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC
Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC
Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC
Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC
Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC
Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC Bacia: EDL_16_1
Bacia: EDL_16_2
Bacia: EDL_16_3
Bacia: EDL_16_4
Bacia: EDL_16_5
Bacia: EDL_16_6
Bacia: EDL_16_7
Bacia: EDL_16_8
Bacia: EDN_15_4
1050
200500
10003000
Capacidade de
deslocamento (metros)
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
PC
Modelo AIC ∆AIC wi r2
a) Capacidade de deslocamento = 10 m Modelo AIC ∆AIC wi r2
Amd + Di + De 21,42 0,00 0,37 0,78
Amd + De 22,78 1,36 0,19 0,71
C + Di + De 22,79 1,38 0,18 0,76
Amd + Di 24,03 2,61 0,10 0,69
Amd 25,27 3,86 0,05 0,61
C + De 25,73 4,32 0,04 0,66
C + Di 25,75 4,34 0,04 0,66
C 26,82 5,40 0,02 0,58
Di 41,23 19,81 0,00 0,09
De 42,99 21,57 0,00 0,00
Di + De 44,45 23,03 0,00 0,09
Modelo AIC ∆AIC wi r2
b) Capacidade de deslocamento = 50 m
Amd + Di + De 19,60 0,00 0,31 0,79
Amd + De 19,75 0,15 0,28 0,75
C + Di + De 20,82 1,22 0,17 0,78
C + Di 22,22 2,63 0,08 0,71
C + De 22,62 3,03 0,07 0,70
C 22,81 3,22 0,06 0,65
Amd 25,27 5,67 0,02 0,60
Amd + Di 25,35 5,76 0,02 0,66
Di 41,08 21,48 0,00 0,07
De 44,09 24,49 0,00 0,08
Di + De 44,09 24,49 0,00 0,08
Modelo AIC ∆AIC wi r2
c) Capacidade de deslocamento = 200 m
Amd + De 12,22 0,00 0,37 0,80
Amd + Di + De 13,75 1,52 0,17 0,82
C 14,40 2,18 0,13 0,74
C + Di + De 14,55 2,33 0,12 0,82
C + De 14,75 2,52 0,11 0,77
C + Di 14,82 2,60 0,10 0,77
Amd 22,60 10,38 0,00 0,59
Amd + Di 24,17 11,95 0,00 0,63
Di 38,83 26,61 0,00 0,04
98
De 38,88 26,66 0,00 0,04
Di + De 41,42 29,20 0,00 0,07
Modelo AIC ∆AIC wi r2
d) Capacidade de deslocamento = 500 m
Amd + Di 3,938 0 0,35 0,854
C 4,893 0,955 0,22 0,818
C + De 5,718 1,78 0,15 0,84
C + Di 6,231 2,293 0,11 0,835
Amd + Di + De 6,743 2,805 0,09 0,861
C + Di + De 6,853 2,915 0,08 0,86
Amd 20,624 16,686 0,00 0,583
Amd + De 23,121 19,183 0,00 0,6
De 35,942 32,004 0,00 0,067
Di 36,859 32,921 0,00 0,021
Di + De 38,876 34,938 0,00 0,083
Modelo AIC ∆AIC wi r2
e) Capacidade de deslocamento = 1000 m
C -3,10 0,00 0,59 0,87
C + Di -0,83 2,27 0,19 0,88
C + De -0,54 2,56 0,16 0,88
C + Di + De 1,74 4,84 0,05 0,89
Amd 20,29 23,39 0,00 0,56
Amd + De 22,34 25,44 0,00 0,59
Amd + Di 23,29 26,39 0,00 0,57
Amd + Di + De 26,02 29,12 0,00 0,59
Di 35,85 38,95 0,00 0,01
De 35,93 39,04 0,00 0,00
Di + De 38,97 42,07 0,00 0,02
Modelo AIC ∆AIC wi r2
f) Capacidade de deslocamento = 3000 m
C -12,84 0,00 0,65 0,92
C + De -10,16 2,68 0,17 0,92
C + Di -9,60 3,24 0,13 0,92
C + Di + De -6,43 6,41 0,03 0,92
Amd + De -5,59 7,25 0,02 0,90
Amd + Di + De -2,24 10,60 0,00 0,90
Amd 20,69 33,53 0,00 0,51
Amd + Di 23,94 36,78 0,00 0,51
De 31,48 44,32 0,00 0,14
Di 34,26 47,10 0,00 <0.001
Di + De 34,73 47,57 0,00 0,14
99
Figura 2 – Gráficos de Partição de Regressão para cada uma das variáveis preditoras do
modelo com maior peso (wi; Tabela 5) da seleção de modelos com base no Critério de
Informação de Akaike (AIC) da disponibilidade de habitat (PC) das bacias da Mata Atlântica do
Área média (ha) Distância média (m) Densidade de manchas (nº/ha) A
Distância média (m) Densidade de manchas (nº/ha) Área média (ha) B
Área média (ha) Densidade de manchas (nº/ha) C
Área média (ha) Distância média (m) D
Percentual de cobertura E Percentual de cobertura F
100
Rio Grande do Norte em função das métricas de paisagem percentual de cobertura (C), área
média (ha) (Amd), distância média (m) (Di) e densidade de manchas (nº/100ha) (De). (A)
Capacidade de deslocamento de 10 metros, (B) Capacidade de deslocamento de 50 metros e
(C). Capacidade de deslocamento de 200 metros, (D) Capacidade de deslocamento de 500
metros, (E) Capacidade de deslocamento de 1000 metros e (F). Capacidade de deslocamento
de 3000 metros.