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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
WENYA KAYSE DUARTE DE MEDEIROS
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUMORES ODONTOGÊNICOS NO PERÍODO
DE 1996 A 2015.
NATAL/RN
2016
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WENYA KAYSE DUARTE DE MEDEIROS
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUMORES ODONTOGÊNICOS NO PERÍODO DE
1996 A 2015.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de Cirurgião-Dentista à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Profa Dra. Lélia Batista de Souza.
NATAL/RN
2016
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WENYA KAYSE DUARTE DE MEDEIROS
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUMORES ODONTOGÊNICOS NO PERÍODO DE
1996 A 2015.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de Cirurgião-Dentista ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação da Professora Dra. Lélia Batista de Souza.
Aprovado em / /
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Lélia Batista de Souza.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientadora
Prof. Dr. Leão Pereira Pinto.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro Interno
Prof. Dr. Pedro Paulo de Andrade Santos.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro Interno
5
À Deus, por permitir a
realização deste sonho. À
minha família, meu porto
seguro e maior riqueza.
6
AGRADECIMENTOS
À Deus, meu refúgio e fortaleza em todos os momentos da minha vida,
especialmente naqueles em que eu pensei que não fosse conseguir.
Aos meus pais, Isis Duarte e Tadeu Solon, os maiores responsáveis pela minha
formação e os maiores incentivadores da busca pela realização dos meus sonhos. Se
consegui chegar até aqui e posso me orgulhar do que faço e sou, devo tudo isso a
vocês.
Às minhas irmãs, Warlenya Duarte e Werlanya Duarte, por sempre estarem ao
meu lado e com quem eu pude contar nos momentos de aflição. Minha vida sem vocês
não teria sentido.
À Profa. Dra. Erika Janine, pela oportunidade de entrada na Iniciação Científica
na área de Patologia Oral.
À minha querida orientadora Profa. Dra. Lélia Batista de Souza, pela paciência,
disposição e ensinamentos durante toda realização deste trabalho e minha trajetória
na Iniciação Científica na área de Patologia Oral.
Ao doutorando Marcelo Nascimento, pelo apoio e incentivo à realização deste
trabalho.
Ao funcionário do Departamento de Patologia, Ricardo Kleiber pela ajuda inicial
na coleta dos dados.
Aos meus amigos de curso, nas pessoas de Fernanda Lithielly, Thaís Teixeira,
Brenda Nunes, Lucemário Macedo, Helenilton Soares e minha dupla, Amanda
Hellyne, companheiros do dia a dia e a quem eu pude compartilhar alegrias e tristezas
durante esses 4 anos de trajetória acadêmica.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial, ao Departamento
de Odontologia, por possibilitar a minha formação acadêmica e conclusão de mais
uma etapa importante da minha vida.
Finalmente, agradeço a todos, que de alguma forma, contribuíram para a
realização deste trabalho.
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“Nunca deixe que alguém te diga que
não pode fazer algo. Nem mesmo eu. Se
você tem um sonho, tem que protegê-lo.
As pessoas que não podem fazer por si
mesmas, dirão que você não consegue.
Se quer alguma coisa, vá e lute por ela.
Ponto final. ”
À procura da felicidade
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RESUMO
Os tumores odontogênicos são entidades importantes por apresentar as mais diversas
características clínico/radiográficas, histopatológicas e comportamentos biológicos.
São considerados neoplasmas incomuns de maxila e mandíbula, difíceis de
diagnosticar e que apresentam terapêutica desafiadora. Este trabalho tem como
objetivo determinar o perfil epidemiológico dos diversos tipos de tumores
odontogênicos diagnosticados e registrados no Serviço de Anatomia Patológica da
disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da UFRN no período de
20 anos (1996-2015) para posterior comparação com outros estudos realizados em
serviços de Patologia Oral. Foram encontrados 203 casos de tumores odontogênicos
no período anteriormente citado, dos quais o odontoma foi a lesão mais comum
correspondendo a 41,8% da amostra, seguido do ameloblastoma (38%). Mais de 50%
dos casos ocorreram no sexo feminino, enquanto que o masculino foi acometido em
42,4% dos casos. Com relação à localização anatômica, a mandíbula foi a mais
afetada (60%), quando comparada à maxila (35,5%). A respeito da distribuição da
idade foram observados picos de incidência na segunda e terceira décadas de vida.
Concluiu-se que há diferenças com relação ao tipo, frequência, sexo, localização
anatômica e idade entre as populações no Brasil e no mundo, indicando que algumas
variações podem estar relacionadas às diferenças geográficas, levando também em
consideração os fatores genéticos e socioeconômicos. Diante disso, acredita-se que
o estudo em questão é de suma relevância para a clínica odontológica, tendo em vista
de que quanto mais bem informado estiver o cirurgião dentista, maiores serão as
possibilidades de um diagnóstico correto, bem como tratamento precoce e adequado.
Palavras-chave: Tumores odontogênicos. Epidemiologia. Neoplasias
Maxilomandibulares.
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ABSTRACT
Odontogenic tumors are important entities because they present the most diverse
clinical / radiographic, histopathological and biological characteristics. They are
considered uncommon neoplasms of the maxilla and jaw, difficult to diagnose and that
present / display defiant therapy. This study aims to determine the epidemiological
profile of the different types of odontogenic tumors diagnosed and registered in the
Service of Pathological Anatomy of the Oral Pathology - Department of Dentistry of
UFRN in the period of 20 years (1996-2015) for later comparison with other studies
performed in pathology services Oral. A total of 203 cases of odontogenic tumors were
found in the aforementioned period, of which the odontoma was the most common
lesion corresponding to 41.8% of the sample, followed by ameloblastoma (38%). More
than 50% of the cases occurred in the female sex, while the male was affected in
42.4% of the cases. Regarding the anatomical location, the mandible was the most
affected (60%), when compared to the maxilla (35.5%). Regarding the age distribution,
peak incidence was observed in the second and third decades of life. It was concluded
that there are differences regarding the type, frequency, sex, anatomical location and
age among populations in Brazil and in the world, indicating that some variations may
be related to geographical differences, also taking into account genetic and
socioeconomic factors. In view of this, it is believed that the study in question is of great
relevance for the dental clinic, considering that the more knowledgeable the dental
surgeon is, the greater the chances of a correct diagnosis, as well as early and
adequate treatment.
Keywords: Odontogenic tumors. Epidemiology. Neoplasms of the maxillomandibular
complex.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores
odontogênicos quanto ao tipo histopatológico de tumor odontogênico.
Natal-RN, 2016................................................................................ 32
Tabela 2 Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores
odontogênicos quanto ao gênero. Natal-RN, 2016.......................... 33
Tabela 3 Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores
odontogênicos quanto à localização anatômica. Natal-RN, 2016.... 34
Tabela 4 Distribuição em dados absolutos dos casos de tumores odontogênicos
quanto à faixa etária. Natal-RN, 2016...............................................35
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 12
3 OBJETIVOS........................................................................................... 25
4 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 26
5 RESULTADOS...................................................................................... 27
6 DISCUSSÃO.......................................................................................... 33
7 CONCLUSÃO........................................................................................ 41
REFERÊNCIAS...................................................................................... 42
ANEXO.................................................................................................. 45
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1 INTRODUÇÃO
Na região orofacial pode-se desenvolver neoplasias benignas e malignas
oriundas dos mais variados tecidos. Devido a sua autonomia, ou seja, capacidade de
não responder aos mecanismos de controle, bem como sua independência à
continuidade do estímulo, estes aspectos permitem que essas lesões exibam
comportamentos diferentes das reacionais. Dessa forma, processos proliferativos que
acometem as estruturas orofaciais constituem um campo interessante para estudo
(ROCHA; OLIVEIRA; SOUZA, 2006).
Os tumores odontogênicos são considerados lesões neoplásicas incomuns de
maxila e mandíbula, difíceis de diagnosticar e que apresentam terapêutica
desafiadora. São neoplasias que derivam dos tecidos epiteliais, ectomesenquimais ou
mesenquimais associados ao desenvolvimento dos elementos dentais. Algumas delas
são verdadeiras neoplasias as quais podem, raramente, exibem comportamento
maligno, enquanto outras podem se apresentar como malformações semelhantes a
tumor (hamartomas). Além disso, estudos têm mostrado que essas entidades
apresentam variações geográficas em sua distribuição e frequência (SANTOS et al.,
2001; AVELAR et al., 2008; NEVILLE et al., 2009).
Os tumores odontogênicos epiteliais são originados do epitélio odontogênico
não havendo a participação de ectomesênquima odontogênico. Vários tumores estão
envolvidos neste grupo, sendo o ameloblastoma o mais importante e o mais comum.
Quando há o envolvimento do epitélio odontogênico e de elementos do
ectomesênquima odontogênico são descritos como tumores odontogênicos mistos.
Estes, por sua vez, podem ou não apresentar a formação de tecido mineralizado
dentário. Alguns, ainda podem exibir diferentes respostas aos efeitos indutores por
parte do epitélio no mesênquima dando origem a variadas quantidades de esmalte e
dentina. Os odontomas são as entidades mais comuns deste grupo sendo
considerados como anomalias do desenvolvimento não neoplásicas, ao invés de
neoplasias verdadeiras. Além destes, ocorrem os tumores odontogênicos
ectomesenquimais os quais são compostos, principalmente, por elementos do
ectomesênquima estando neste grupo o fibroma odontogênico, o tumor odontogênico
de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al.,
2009).
11
Em meio a esse contexto evidencia-se a importância e responsabilidade do
cirurgião dentista em conhecer e diagnosticar não só essas lesões, mas qualquer
anormalidade presente nos tecidos orais e periorais o que torna o estudo de
levantamentos epidemiológicos imprescindíveis no âmbito da clínica odontológica.
Vários estudos de prevalência realizados no mundo mostraram diferenças com
relação à frequência dos tumores odontogênicos. No entanto, na América do Sul,
principalmente no Brasil, poucos relatos foram publicados na literatura tornando
escasso esse tipo de informação (SANTOS et al., 2001).
Portanto, este trabalho tem como objetivo determinar o perfil epidemiológico
deste variado grupo de lesões no período de 20 anos (1996-2015), bem como
comparar os resultados obtidos com os relatos na literatura. Nesse contexto, tem-se
o seguinte questionamento: Qual a prevalência dos tumores odontogênicos no
período compreendido entre 1996 e 2015?
Acredita-se que o estudo é de suma importância para o cenário da Odontologia
atual, visto que, diante dos resultados, podem-se obter respostas para algumas
perguntas ainda não respondidas acerca da frequência e incidência de alguns tumores
odontogênicos. Além disso, traçar os perfis epidemiológicos levará a obtenção de um
maior conhecimento acerca desses tumores, otimizando, assim, o seu diagnóstico e
tratamento.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
Sabe-se que entre as patologias que acometem a cavidade oral os tumores
odontogênicos aparecem como entidades importantes apresentando as mais diversas
características clínicas e histopatológicas.
Segundo Neville et al. (2009) consistem em lesões incomuns e que até mesmo
nos próprios laboratórios de patologia oral e maxilofacial especializados menos de 1%
de todas as amostras presentes são compostas por tumores odontogênicos. Estudos
epidemiológicos vêm sendo realizados com o objetivo de determinar, mais
precisamente, a ocorrência e comportamento dessas lesões na população (LAWALL,
2009).
Levantamentos epidemiológicos de patologias que acometem a cavidade oral
apresentam grande relevância para a prática odontológica, tendo em vista que é de
responsabilidade do cirurgião-dentista diagnosticar quaisquer anormalidades nos
tecidos bucais e peribucais, bem como proceder com o prognóstico e tratamento
adequados (DIAS NETO; MEDRADO; REIS, 2012).
Assim, alguns Serviços de Patologia de universidades públicas e privadas têm
buscado estudar a prevalência de lesões oriundas das biópsias realizadas em seus
ambulatórios e centros cirúrgicos, tornando possível traçar o perfil dos pacientes que
buscam os serviços especializados destas instituições (DIAS NETO; MEDRADO;
REIS, 2012).
Em estudo realizado por Santos et al. (2001), evidenciou-se que de um total de
127 casos de tumores odontogênicos diagnosticados histopatologicamente, as lesões
mais prevalentes foram os odontomas (50,4 %), seguida do ameloblastoma (30,7%).
Além disso, a prevalência desses tumores foi maior nas mulheres, na segunda e
terceira décadas de vida. A localização anatômica mais frequente foi a mandíbula e
casos de tumores malignos não foram encontrados.
Avelar et al. (2008), encontraram um total de 238 casos de tumores
odontogênicos, sendo o tumor odontogênico ceratocístico foi o de maior prevalência
(30%), seguido do ameloblastoma (23,7%). Para os autores, a inclusão dos tumores
odontogênicos ceratocísticos nos tumores odontogênicos dificultou a comparação
com outros estudos anteriormente publicados, tendo em vista que os mesmos não
utilizaram os mesmos critérios de classificação dos tumores odontogênicos.
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Outro estudo de prevalência realizado no Brasil foi desenvolvido por Lawall
(2009) em que de um total de 43.657 casos, dos quais 504 (1,15%) foram de tumores
odontogênicos, encontrou 190 casos de odontoma (38%), seguido do ameloblastoma,
132 casos (24,4%) e mixoma, 43 casos (8,5%).
Souza (2014) realizou um estudo retrospectivo através dos prontuários de
biópsias do Setor de Cirurgia Bucal da Clínica Odontológica da Universidade Estadual
de Londrina (COU-UEL), no período de 2009 a 2013. Das 160 biópsias, 66 (41,2%)
estavam relacionadas a algum cisto ou tumor odontogênico. Entre os tumores
odontogênicos, foram diagnosticados ameloblastoma representando 12,1% da
amostra, odontoma (1,5%) e o tumor odontogênico ceratocístico (28,8%), sendo este
o de maior frequência.
Loyola et al. (2016), avaliaram a ocorrência de carcinomas ameloblásticos, no
Brasil, de casos registrados no Serviço de Patologia do Instituto Nacional do Câncer
brasileiro (n = 9), na Universidade de São Paulo (n = 3), na Universidade Federal de
Uberlândia (n = 2), na Universidade Federal de Minas Gerais (n = 2) e na Universidade
Federal da Bahia (n = 1), totalizando 17 casos.
Na Ásia, Şenel et al. (2012) avaliaram a prevalência de tumores odontogênicos
na Turquia a partir da análise do material proveniente dos Serviços de Patologia e
Cirurgia Maxilofacial da Faculdade de Odontologia e Medicina da Universidade
Técnica Karadeniz. Os autores contabilizaram 86 casos de tumores odontogênicos,
dos quais 36 eram odontomas (41,9%), 15 eram tumores odontogênicos
queratocísticos (17,4%), 11 ameloblastomas (12,7%) e 8 mixomas (9,3%). Os autores
se basearam na classificação da OMS (2005), incluindo em sua amostra casos de
tumor odontogênico ceratocístico.
Jing et al. (2007) em seu trabalho sobre a prevalência de tumores
odontogênicos na China, encontraram 1642 casos diagnosticados nos arquivos da
Faculdade de Estomatologia da Universidade de Sichuam, China Ocidental, no
período de 1952 a 2004. O ameloblastoma foi o tumor mais frequente (40,4%),
seguindo do tumor odontogênico ceratocístico (35,8%), odontoma (4,7%) e mixoma
odontogênico (4,6%). Os autores também levaram em consideração a classificação
da OMS (2005) para a seleção dos casos.
Os estudos de Saghravanian et al. (2010) e Varkhede, Tupkari e Sardar (2011)
também avaliaram a prevalência de tumores odontogênicos em países da Ásia
representados, respectivamente, por Irã e Índia.
14
Saghravanian et al. (2010), em seu estudo encontraram 165 casos de tumores
odontogênicos, dos quais 70 casos foram de ameloblastoma (42,4%), sendo a lesão
de maior frequência, seguida de 44 casos de odontomas (26,7%), 15 casos de
mixomas odontogênicos (9,1%) e 15 casos de tumores odontogênicos adenomatóides
(9,1%).
Varkhede, Tupkari e Sardar (2011) avaliaram a prevalência de tumores
odontogênicos na Índia, a partir dos registros do Departamento de patologia e
microbiologia do hospital e faculdade de odontologia do governo no período de 2001
a 2010. Foram encontrados 120 casos de tumores odontogênicos dos quais foram
revisados de acordo com a Classificação da OMS (2005). Os ameloblastomas foram
os tumores mais frequentes (49 casos – 40,83%), seguindo do tumor odontogênico
ceratocístico (45 casos – 37,5%), odontomas (14 casos – 11,66%) e tumor
odontogênico adenomatóide (7 casos – 5,8%).
Nalabolu et al. (2016) e Bansal et al. (2015) também realizaram seus estudos
na Índia. Em seu estudo, Nabalobu et al. (2016) utilizou registros dos arquivos do
Departamento de Patologia Oral da Instituição de ensino e pesquisa dentária no sul
da Índia no período de 2002 a 2014. Foram encontrados 161 casos de tumores
odontogênicos, dos quais o ameloblastoma foi o de maior frequência (79 casos –
49%), seguido do tumor odontogênico ceratocístico (53 casos – 32%).
Bansal et al. (2015) estudou a ocorrência de ameloblastomas em crianças e
adolescentes num período de 41 anos (1971 – 2011) no Departamento de Patologia
Oral da Faculdade de Odontologia do Hospital Nair, em um total de 256 casos de
ameloblastomas.
Na África também foram realizados estudos sobre tumores odontogênicos.
Simon et al. (2002) verificou a ocorrência de tumores odontogênicos na Tanzânia no
período de 1982 a 1997 em quatro centros de referência: Centro Médico Bugando,
Centro Médico Christian Kilimanjaro, Centro Médico Muhimbili e o Hospital de
Referência Mbeya. De todos os tumores orofaciais, apenas 12,1% corresponderam
aos tumores odontogênicos. O ameloblastoma apareceu como o de maior prevalência
(73,7%), seguido do mixoma odontogênico (10,3%).
Em 2010, Anyanechi e Saheeb avaliaram os dados de 156 casos admitidos no
Hospital Técnico da Universidade de Calabar, na Nigéria, entre 1996 e 2010. Os
autores também incluíram em seus estudos outras variáveis como classe sócio-
econômica, tipo de cirurgia e as queixas durante as revisões de acompanhamento.
15
Em 2015, Oginni et al. realizaram seus estudos em todos os departamentos de
cirurgia oral e maxilofacial (n=16) em um período de 4 anos (2009 – 2012). Foram
encontrados 622 casos, dos quais o de maior frequência foi o ameloblastoma (76,5%).
Em um estudo mais recente realizado por Goteti (2016), na Líbia, foram
diagnosticados 85 casos de tumores odontogênicos, dos quais 28,2% dos casos
foram constituídos por ameloblastomas, seguindo do tumor odontogênico
ceratocístico (25,8%) e odontomas (19,9%). Este autor, assim com os anteriormente
citados, utilizaram a classificação da OMS (2005) incluindo o tumor odontogênico
ceratocístico em sua amostra.
De acordo com as diversas classificações citadas na literatura especializada,
os tumores odontogênicos são divididos em tumores de epitélio odontogênico que são
compostos somente por epitélio odontogênico sem qualquer participação do
ectomesênquima; tumores odontogênicos mistos compostos por epitélio
odontogênico e por elementos do ectomesênquima e os tumores do ectomesênquima
odontogênico que são compostos por elementos do ectomesênquima (BARNES et al.,
2005; NEVILLE et al., 2009).
Desta forma, de acordo com Neville et al. (2009) os tumores odontogênicos são
classificados da seguinte forma:
1. Tumores de epitélio odontogênico
1.1 Ameloblastoma
1.1.1 Ameloblastoma maligno
1.1.2 Carcinoma ameloblástico
1.2 Tumor odontogênico adenomatóide
1.3 Carcinoma odontogênico de células claras
1.4 Tumor odontogênico epitelial calcificante
1.5 Tumor odontogênico escamoso
2. Tumores odontogênicos mistos
2.1 Odontoma composto
2.2 Odontoma complexo
2.3 Fibroma ameloblástico
2.4 Fibro-odontoma ameloblástico
2.5 Fibrossarcoma ameloblástico
2.6 Odontoameloblastoma
16
3. Tumores de ectomesênquima odontogênico
3.1 Fibroma odontogênico
3.2 Tumor odontogênico de células granulares
3.3 Mixoma odontogênico
3.4 Cementoblastoma
Com base na classificação acima serão apresentadas, a seguir, informações
consideradas importantes para o conhecimento dessas entidades.
1. Tumores do epitélio odontogênico
Este grupo é formado por diversos tumores distintivamente diferentes nos quais
o ameloblastoma é o mais importante e o mais comum.
1.1. Ameloblastoma
O ameloblastoma trata-se de uma neoplasia odontogênica benigna
localmente agressiva que corresponde a aproximadamente 10% de todos os tumores
que surgem no complexo maxilo-mandibular (MENDENHALL et al., 2007). Seu
comportamento biológico é responsável pelas altas taxas de recorrência local e
dependendo do tipo de cirurgia a qual será submetida, a recorrência varia de 15 a
25% após cirurgia radical e, de 75 a 90%, após tratamento cirúrgico conservador. Os
ameloblastomas podem ser classificados em: ameloblastoma sólido ou multicístico
(86% dos casos), ameloblastoma unicístico (13% dos casos) e ameloblastoma
periférico ou extra-ósseo (1% dos casos) (RAPIDIS et al., 2004; NEVILLE et al., 2009).
Ocorrem predominantemente na 4ª e 5ª décadas de vida embora a variação de
idade seja muito ampla, se estendendo desde a infância até a idade adulta tardia
(média de idade de aproximadamente 40 anos). Clinicamente, apresenta crescimento
lento, expansivo com capacidade de infiltração e invasão local (inclusive para tecidos
moles), o que o torna agressivo e com alto potencial de recidiva quando não tratado
de forma adequada (NEVILLE et al., 2009; OLIVATI et al., 2011). Apesar de sua
natureza benigna, vários casos de recidiva já foram documentados tendo, inclusive,
proliferação celular com transformação maligna, enfatizando seu potencial agressivo
(GOMES et al., 2006; FRANÇA et al., 2012). Suas variações malignas são o
ameloblastoma maligno e o carcinoma ameloblástico. Nestas, são encontradas
as mesmas características histológicas do ameloblastoma acrescentando, apenas,
para o carcinoma ameloblástico a atipia citonuclear, hipercromatismo nuclear e a
17
presença de mitoses atípicas. Devido a ausência de sintomatologia são descobertos
durante exames radiográficos de rotina o que explica a ocorrência tardia do
diagnóstico (MARTINEZ et al.,2007; DIAS, 2010).
O ameloblastoma multicístico, consiste na variante mais agressiva devido a
sua capacidade de se infiltrar nas trabéculas ósseas. Clinicamente, pode-se notar uma
tumefação não dolorosa, ou uma expansão dos ossos gnáticos que, na ausência de
tratamento, pode evoluir lentamente até atingir grandes proporções.
Radiograficamente, apresenta-se como uma imagem radiolúcida multilocular descrita,
em especial, com aspecto de “bolhas de sabão” ou “favos de mel”. A variante
unicística apresenta um comportamento biológico menos agressivo, acometendo
com maior frequência a região posterior de mandíbula e em pacientes jovens. Com
relação ao aspecto radiográfico, se apresenta como uma imagem radiolúcida
unilocular que circunda a coroa de um dente incluso, assemelhando-se a um cisto
dentígero. O ameloblastoma periférico se apresenta como uma lesão incomum,
compreendendo cerca de 1% dos ameloblastomas. É encontrado com maior
frequência nas mucosas gengival e alveolar sendo uma lesão pedunculada ou séssil,
não-ulcerada e indolor (GOMES et al., 2006; MARTINEZ et al., 2008; NEVILLE et al.,
2009).
Os ameloblastomas multicísticos são descritos, histologicamente em cinco
padrões: folicular, plexiforme, acantomatoso, de células granulares e de células
basais, sendo os tipos folicular e o plexiforme os mais comuns. No primeiro são
encontradas ilhotas epiteliais compostas por células colunares dispostas em paliçada
apresentando na porção central material mais frouxo lembrando o retículo estrelado
do órgão do esmalte, dispersas em um estroma conjuntivo de densidade variável. No
padrão plexiforme, são encontrados cordões longos de epitélio odontogênico que se
anastomosam e estão imersos em um estroma mixóide. O ameloblastoma unicístico
apresenta três variantes histopatológicas, a saber: luminal, intraluminal e mural. No
ameloblastoma periférico é observado um padrão histopatológico de ameloblastoma
intra-ósseo, caracterizando-se por uma proliferação epitelial que se apresenta como
qualquer um dos padrões já descritos para o ameloblastoma multicístico (MARTINS
et al., 2007; NEVILLE et al., 2009; DIAS et al., 2010).
A partir dos achados clínicos e radiográficos é dado um diagnóstico e elaborado
um plano de tratamento. Várias são as controvérsias existentes com relação ao
tratamento, podendo o mesmo ser conservador ou radical. Neste, há uma remoção
18
total da lesão, com margem de segurança. Naquele, tem-se a enucleação em que as
estruturas vitais são preservadas para posterior análise histopatológica; e a
curetagem, em que é removido qualquer remanescente de células epiteliais que
possam provocar recidivas (MARTINS et al., 2007; OLIVATI et al., 2011).
1.2. Tumor Odontogênico Adenomatóide
Outra entidade importante para o estudo em questão é o tumor odontogênico
adenomatóide (TOA). Trata-se de um tumor benigno originado de epitélio
odontogênico, não invasivo, de crescimento lento e pouco frequente acometendo
indivíduos de ampla faixa etária. No entanto, aproximadamente, 50 a 70% dos casos
ocorrem em jovens na faixa etária de 10 a 19 anos, apresentando uma predileção pelo
sexo feminino (2:1) e ocorrendo com maior frequência na maxila, sendo os caninos e
pré-molares, os dentes mais afetados (SILVA et al., 2004; HENRIQUES et al., 2009;
NEVILLE et al., 2009).
Radiograficamente, observa-se uma imagem radiolúcida circunscrita,
unilocular, envolvendo a coroa de um dente não erupcionado, sendo mais comum na
região de caninos, sendo difícil a diferenciação do cisto dentígero (NEVILLE et al.,
2009).
Microscopicamente, este tumor apresenta as células epiteliais organizadas
formando ninhos ou estruturas semelhantes a rosetas cujo interior pode apresentar-
se vazio ou com pequenas quantidades de material eosinofílico, além de um escasso
estroma de tecido conjuntivo. Estruturas semelhantes a ductos podem estar presentes
constituindo um aspecto característico do tumor. As células epiteliais podem ainda
formar arranjos complexos como cordões ou lençóis. Algumas vezes, podem ser
observados pontos de calcificações dispersos no tumor. Existe ainda, uma espessa
cápsula fibrosa envolvendo o tumor (NEVILLE et al., 2009).
Por se tratar de um tumor benigno, de comportamento não agressivo e com
baixa taxa de recidiva, o tratamento de eleição é o cirúrgico conservador por
enucleação ou curetagem (SILVA et al., 2004).
1.3. Carcinoma Odontogênico de Células Claras
O carcinoma odontogênico de células claras é uma neoplasia cuja etiologia
é desconhecida. No entanto, acredita-se que tenha origem odontogênica devido a
localização e aspecto histológico. Neste, são descritos três padrões histopatológicos.
O padrão bifásico é o mais comum e se caracteriza por um misto de células epiteliais
19
de citoplasma claro e outras, eosinofílicos. No padrão monofásico há apenas células
claras organizadas em ninhos e cordões. No terceiro padrão, as células estão
organizadas em paliçada. Trata-se de uma lesão localmente agressiva e que
apresenta uma grande capacidade de perfuração óssea estendendo-se para os
tecidos moles (NEVILLE et al., 2009; REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
1.4. Tumor Odontogênico Epitelial Calcificante
O tumor odontogênico epitelial calcificante trata-se de uma lesão que
apresenta um potencial agressivo, sendo também conhecido como tumor de Pindborg.
Acomete pacientes com idade média de 40 anos sendo a mandíbula duas vezes mais
afetada do que a maxila (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
Radiograficamente, apresenta-se como uma lesão radiolúcida uni ou
multilocular frequentemente associada a dentes impactados. A lesão pode
apresentar-se completamente radiolúcido ou com focos opacos de calcificação
(REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
Quanto aos aspectos histopatológicos, evidencia-se a proliferação de células
epiteliais poligonais, organizadas em ilhotas ou lençóis, cujos núcleos podem
apresentar considerável variação de tamanho e forma. Estão imersas em um estroma
abundante e eosinofílico. São características histopatológicas deste tumor a presença
de material eosinofílico denominado pseudoamilóide e a presença de calcificações
concêntricas formando os Anéis de Liesegang. Com relação ao tratamento, acredita-
se que a ressecção local conservadora com inclusão de uma fina faixa de osso
circundante parece ser o tratamento de escolha, embora as lesões localizadas na
região posterior da maxila exijam um tratamento mais agressivo (NEVILLE et al.,
2009).
1.5. Tumor Odontogênico Escamoso
O tumor odontogênico escamoso tem sua origem relacionada aos
remanescentes da lâmina dentária (restos de Serres) ou restos epiteliais de Malassez.
Ao exame radiográfico evidencia-se lesão radiolúcida unilocular, bem circunscrita, de
forma triangular ou semilunar associada à região cervical das raízes dos dentes
(NEVILLE et al., 2009).
Microscopicamente, caracteriza-se pela presença de ilhas de epitélio
escamoso não ceratinizado e bem diferenciado em meio a um estroma de tecido
conjuntivo fibroso maduro. Não apresenta células atípicas e não tem capacidade de
invadir tecido ósseo tendo, portanto, como tratamento de escolha a curetagem ou a
20
excisão cirúrgica (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012; SANTOS; CUSTÓDIO; ASSIS
et al., 2014).
2. Tumores odontogênicos mistos
Neste grupo de tumores odontogênicos evidencia-se tanto a presença do
epitélio quanto do ectomesênquima, o que explica a sua natureza mista.
2.1. Odontomas
Entre os tumores odontogênicos mistos, os mais frequentes são os
odontomas. São considerados hamartomas (anomalias de desenvolvimento) ao
invés de neoplasias. São compostos por vários tecidos dentários como esmalte,
dentina, cemento e polpa. Podem ser classificados em compostos quando se
apresentam com o aspecto de estruturas pequenas semelhantes a dentes e
complexo, quando formam uma massa conglomerada de esmalte e dentina sem
semelhança anatômica com o dente (CÉ et al., 2009; NELSON; THOMPSON, 2010;).
São tumores que ocorrem mais frequentemente em maxila em relação à
mandíbula e apesar de serem encontrados em qualquer sítio, os odontomas
compostos são mais frequentemente observados em maxila anterior, enquanto que o
complexo é visto mais comumente em região de molares de qualquer um dos ossos
gnáticos. Apesar de sua etiopatogenia ter sido objeto de investigação, acredita-se que
sua causa esteja relacionada a traumas, infecções ou pressão causando modificações
no mecanismo genético e responsável pelo desenvolvimento dentário em decorrência
da mutação de um ou mais genes. Além disso, não há predileção por gênero e são
encontrados com maior frequência em crianças e adolescentes (durante as primeiras
décadas de vida). São geralmente assintomáticos podendo ser a causa de impactação
dental, sendo diagnosticados em exames radiográficos de rotina (FREITAS et al.,
2009; NEVILLE et al., 2009).
Nos exames radiográficos, observam-se para os odontomas compostos,
numerosas estruturas semelhantes a dentes envoltos por uma delgada zona
radiolúcida. Já os odontomas complexos são observados como um aumento de
volume calcificado envolto, também, por uma delgada margem radiolúcida.
Histologicamente, o odontoma composto caracteriza-se por formações que se
assemelham a pequenos dentes unirradiculares em meio a uma matriz fibrosa frouxa.
Já os odontomas complexos constituem-se de grande quantidade de dentina tubular
madura que envolve fendas ou estruturas ocas circulares. Estas, por sua vez,
21
costumavam conter o esmalte maduro que foi removido durante o processo de
descalcificação (CÉ et al., 2009; NEVILLE et al., 2009).
A seguir serão abordados os tumores mistos menos comuns, mas não menos
importantes no âmbito da clínica odontológica.
2.2. Fibroma Ameloblástico e Fibrossarcoma ameloblástico
O fibroma ameloblástico é considerado como um verdadeiro tumor misto, pois
tanto o tecido epitelial quanto o ectomesenquimal são neoplásicos. Trata-se de um
tumor benigno que tem preferência por pacientes jovens (na primeira e segunda
décadas de vida). Além disso, tem predileção pela região posterior da mandíbula
acometendo mais homens do que mulheres (NEVILLE et al., 2009).
Radiograficamente, apresenta-se como uma lesão radiolúcida, uni ou
multilocular, bem definida e com um halo mais opaco podendo, ainda, estar associado
a um dente impactado. Microscopicamente, apresenta tecido mesenquimal composto
por células que lembra a papila dentária primitiva em meio a um epitélio odontogênico
em proliferação. A lesão é tratada através de procedimento cirúrgico conservador,
como a curetagem e a excisão (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
Neste contexto, surge o fibrossarcoma ameloblástico que é tido como a
contraparte maligna do fibroma ameloblástico. Nela, a parte mesenquimal mostra
características de malignidade (presença de células hipercromáticas e atípicas),
enquanto que o componente epitelial permanece benigno (NEVILLE et al., 2009).
2.3. Fibro-odontoma ameloblástico
O fibro-odontoma ameloblástico tem um comportamento interessante, pois
apresenta tanto características do fibroma quanto do odontoma. É usualmente
encontrado em crianças, geralmente na primeira década de vida (idade média de 10
anos), não apresentando predileção por gênero ou raça sendo percebido pelo
crescimento regional lento, expansivo e assintomático. Por ser raro só é diagnosticado
após radiografias panorâmicas de rotina quando se quer investigar o porquê de um
dente não ter erupcionado. Acomete com maior frequência a região posterior dos
ossos gnáticos (PRADO et al., 2009).
Ao exame radiográfico, evidencia-se uma lesão radiolúcida, bem delimitada,
contendo uma quantidade variável de material radiopaco. Este, por sua vez, dentro da
lesão pode se apresentar com múltiplas radiopacidades pequenas. Na maioria dos
casos, pode estar associado a coroa ou ao próprio dente não erupcionado.
Microscopicamente, o componente de tecido mole é idêntico ao fibroma ameloblástico
22
e apresenta cordões delgados e pequenas ilhas de epitélio odontogênico imersos em
um tecido conjuntivo frouxo que lembra a papila dentária. Os elementos calcificados
constituem em focos de matriz de dentina e esmalte em formação em íntimo contato
com as estruturas epiteliais. O tratamento se dá através da curetagem conservadora
com fácil destacamento da lesão da estrutura óssea (NEVILLE et al., 2009).
2.4. Odontoameloblastoma
Em meio aos tumores odontogênicos mistos o odontoameloblastoma é
extremamente raro, sendo relatados menos de 20 casos na literatura. Assim, devido
a escassez de casos documentados há pouca informação confiável disponível.
Acomete, preferencialmente, pacientes jovens e tanto a maxila quanto a mandíbula
são afetadas. Radiograficamente, apresenta uma imagem radiolúcida multilocular,
bem definida e com áreas radiopacas semelhantes ao tecido maduro dentário. Quanto
aos achados histopatológicos são observadas células epiteliais odontogênicas
organizadas em ilhas semelhantes ao ameloblastoma, envoltas pelo componente
mesenquimal e também por esmalte, dentina e cemento em diversos níveis de
maturidade (NEVILLE et al., 2009; SANTOS; CUSTÓDIO; ASSIS, 2014).
3. Tumores de ectomesênquima odontogênico
3.1. Fibroma odontogênico
O fibroma odontogênico central trata-se de um tumor odontogênico benigno,
raro, derivado do ectomesênquima dentário e que acomete diversas faixas etárias.
Além disso, pode ser encontrado, igualmente, tanto em maxila quanto em mandíbula.
Radiograficamente, observa-se uma imagem radiolúcida unilocular com margens bem
definidas podendo ser confundidas com lesões de origem endodôntica (SANTOS;
CUSTÓDIO; ASSIS et al, 2014).
Histologicamente, dois padrões são descritos. No tipo simples ou tipo pobre em
epitélio, observa-se uma massa de tecido fibroso maduro com restos epiteliais em
pequena quantidade. Já no tipo complexo (ou tipo Organização Mundial de Saúde),
observa-se um tecido conjuntivo maduro rico em epitélio odontogênico com depósitos
calcificados que se considera ser dentina ou cemento. O tratamento consiste na
enucleação, sendo as recidivas incomuns (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
Existe, ainda, o fibroma odontogênico periférico que é tido como um fibroma
odontogênico de tecidos moles. É uma lesão em que se observa um aumento de
volume gengival, de crescimento lento e séssil, envolta por uma mucosa
aparentemente normal podendo ou não levar a um deslocamento dentário.
23
Histopatologicamente, observa-se tecido conjuntivo fibroso celularizado que pode
estar acompanhado de tecido conjuntivo mixóide pouco celularizado. Em meio ao
conjuntivo são encontradas ilhas ou cordões de epitélio odontogênico. Podem ser
observadas também dentina displásica, calcificações amorfas semelhantes a
cemento, bem como trabéculas de osteóide. O tratamento consiste na excisão
cirúrgica local (NEVILLE et al., 2009).
3.2. Tumor Odontogênico de Células Granulares
Outra lesão a ser considerada é o tumor odontogênico de células granulares
apresentando-se, preferencialmente, em adultos com idade de 40 anos ou mais. É
mais comum em mulheres, sendo mais frequente na mandíbula em região de molares
e pré-molares. Radiograficamente, apresenta-se como uma imagem radiolúcida bem
definida, uni ou multilocular, com focos de calcificações. Microscopicamente, são
observadas células mesenquimais granulares eosinofílicas onde, entre elas, podem
estar presentes cordões delgados ou pequenas ilhas de epitélio odontogênico. Áreas
de calcificações foram encontradas em algumas lesões. Quanto ao tratamento
preconiza-se a curetagem e enucleação (NEVILLE et al., 2009; CARVALHO et al.,
2010).
3.3. Mixoma
No curso das neoplasias benignas, os mixomas correspondem apenas a 3 a
9% de todos os tumores odontogênicos. Assemelham-se, microscopicamente a polpa
dentária ou folículo dentário. Acometem, preferencialmente, pacientes entre a
segunda e quarta décadas de vida, tendo predileção pelo sexo feminino e pela
mandíbula em comparação à maxila. Vale ressaltar que a sintomatologia dolorosa
está associada às lesões maiores, já que estas estão, frequentemente, associadas à
expansão do osso afetado. Radiograficamente, apresenta-se como uma imagem
radiolúcida uni ou multilocular que pode levar ao deslocamento ou reabsorção dos
dentes envolvidos (NEVILLE et al., 2009).
Histologicamente, o tumor é formado por células que se apresentam em
formato estrelado, fusiforme ou arredondado, imersos em um estroma abundante,
frouxo e mixóide, apresentando algumas fibrilas colágenas. Quanto ao tratamento,
variam desde a curetagem à ressecção em bloco, com margens de segurança amplas.
As recidivas apresentam-se em torno dos 25 % dos casos, decorrentes,
principalmente, da infiltração local (NEVILLE et al., 2009; NONAKA et al., 2010;
REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
24
3.4. Cementoblastoma
O cementoblastoma representa uma neoplasia frequentemente encontrada
em pré-molares e molares de mandíbula estando associada às raízes de um dente
vital. Ocorre, predominantemente na segunda e terceira décadas de vida, exibindo,
radiograficamente, uma imagem radiopaca fundida a um ou mais dentes, circundados
por um fino halo radiolúcido (NEVILLE et al., 2009).
Microscopicamente, apresenta-se como uma massa densa de material
mineralizado que se assemelha ao cemento com numerosas linhas de reversão. Além
disso, é observado um tecido conjuntivo interposto vascularizado e com
cementoblastos. O tratamento consiste na exodontia do elemento dentário juntamente
com o aumento de volume calcificado, podendo ser considerado, ainda, a excisão
cirúrgica da lesão com amputação da raiz seguida de tratamento endodôntico
(NEVILLE et al., 2009; REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
25
3 OBJETIVO
O presente estudo teve por objetivo analisar os casos de tumores
odontogênicos diagnosticados entre 1996 e 2015 no Serviço de Anatomia Patológica
da disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, levando em consideração o tipo histopatológico,
gênero e faixa etária dos pacientes além da localização anatômica sede do tumor a
fim de estabelecer a frequência com que ocorre estes tumores e comparar os dados
obtidos com os resultados de estudos anteriormente publicados de outros serviços de
Patologia Oral.
26
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um estudo seccional, com abordagem quantitativa, a fim de
avaliar a prevalência dos diversos tipos de tumores odontogênicos diagnosticados e
registrados no Serviço de Anatomia Patológica da disciplina de Patologia Oral da
UFRN estabelecendo comparação com outros estudos realizados em serviços de
Patologia Oral não apenas no Brasil, mas em outras regiões geográficas.
A coleta de dados foi realizada nos arquivos do Serviço de Anatomia Patológica
da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
A população objeto de estudo foi composta por todos os casos diagnosticados
e registrados em prontuários, no período de 1996 a 2015 no serviço acima
mencionado, sendo a amostra constituída por todos os casos de tumores
odontogênicos diagnosticados no período anteriormente descrito.
Como critério de inclusão para a participação na pesquisa definiu-se os casos
diagnosticados histopatologicamente como tumores odontogênicos no período de
1996 a 2015 no Serviço de Anatomia Patológica da disciplina de Patologia Oral do
Departamento de Odontologia da UFRN. Logo, foram excluídos os casos que não se
enquadraram como tumores odontogênicos ou que estavam fora do período
selecionado (1996 a 2015).
O estudo foi realizado em quatro etapas distintas. Na primeira etapa foram
selecionados os casos diagnosticados histopatologicamente como tumores
odontogênicos com posterior registro em uma ficha de levantamento de dados
(ANEXO A). Na segunda etapa foi realizada a análise dos prontuários dos pacientes
na busca de informações quanto ao tipo de tumor, localização anatômica (maxila/
mandíbula), bem como a idade e sexo dos pacientes constando em outra ficha
específica para tal fim (ANEXO A). Na terceira etapa, as informações coletadas foram
separadas de acordo com cada tipo de tumor, seguido de registro em fichas
específicas (ANEXO B, C e D) e, na quarta, foram feitas a análise e interpretação dos
dados obtidos para posterior comparação com a literatura especializada sendo os
dados coletados apresentados através de tabelas.
Esta pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
UFRN conforme CAAE n° 54296816.1.0000.5537 e o parecer n° 416/12.
27
5 RESULTADOS
Do total de 9693 lesões registradas no Serviço de Patologia Oral do
Departamento de Odontologia da UFRN no período de 1996-2015, foram encontrados
203 casos de tumores odontogênicos. A lesão mais frequente foi o odontoma, seguido
do ameloblastoma, mixoma odontogênico, tumor odontogênico adenomatóide,
cementoblastoma (tabela 1). Mais de 50% de todos os tumores ocorreram no sexo
feminino, enquanto que 42,4% foram no sexo masculino (tabela 2). Quanto à faixa
etária, o pico de incidência foi entre a segunda e terceira décadas de vida (tabela 4).
Quanto à localização anatômica, em geral, tem-se a mandíbula como sítio mais
afetado correspondendo à 60% dos casos (n=122), enquanto que a maxila foi afetada
em 35,5% dos casos (n=72) (tabela 3).
Dos 203 casos de tumores odontogênicos, 85 foram diagnosticados como
odontomas, sendo esta a lesão de maior incidência (41,8%). Destes, 57,6% ocorreram
em mulheres e 42,3% em homens. O sítio anatômico mais afetado foi a maxila
(54,1%), em sua maioria na região anterior (38,8%). As segundas e terceiras décadas
de vida foram as mais acometidas, correspondendo, respetivamente, a 37 e 23 casos.
Foram verificados 77 casos de ameloblastoma, sendo a segunda lesão mais
frequente correspondendo a 38% de todos os casos. Os casos ocorreram com maior
frequência em mulheres (54,5%) comparada aos homens (45,4%), sendo a mandíbula
o sítio mais afetado (87%), principalmente em região posterior (46,7%) e ântero-
posterior (23,4%). Com relação à faixa etária, a segunda e terceira décadas de vida
foram as mais afetadas, sendo representadas, respectivamente, por 16 e 17 casos.
O mixoma odontogênico foi a terceira lesão mais acometida correspondendo a
17 casos (8,37%), em que o sexo feminino foi o mais acometido (58,8%) se
comparado ao masculino (41,2%). A região mais acometida foi a mandíbula (53%) em
sua região posterior (47%). Os pacientes com faixa etária 21-30 foram os mais
acometidos (7 casos).
Foram observados 8 casos de tumores odontogênicos adenomatóides
correspondendo a 4% de todos os casos, dos quais 7 (87,5%) ocorreram no sexo
feminino e 1 (12,5%) no sexo masculino. A região anterior da maxila foi a mais
acometida, correspondendo a 5 casos (62,5%), sendo 1 caso (12,5%) ocorrendo em
região posterior de mandíbula. A faixa etária mais acometida foi entre 11-20 anos (6
casos).
28
O cementoblastoma foi observado em 5 casos dentre todas as lesões,
constituindo 2,5% da amostra, sendo que 4 casos (80%) ocorreram em mulheres. A
mandíbula foi a região anatômica mais afetada (3 casos) em comparação à maxila (2
casos). A segunda década de vida foi a mais acometida (2 casos).
O tumor odontogênico epitelial calcificante correspondeu a 4 casos
representando 2% da amostra. Destes, 1 caso (25%), foi verificado em mulheres
enquanto que 3 casos (75%) foram observados em homens. Quanto à localização
anatômica, metade da amostra (2 casos) ocorreu em maxila e a outra metade (2
casos) em mandíbula (posterior). Quanto a idade, 2 casos ocorreram na faixa etária
de 11-20 anos e 2 casos, na faixa de 41-50 anos.
Foram verificados 3 casos de fibroma ameloblástico sendo todos os pacientes
do sexo feminino. A mandíbula foi afetada em 2 casos e a maxila em 1 caso. Quanto
a faixa etária. 2 casos ocorreram entre 0-10 anos e 1 caso entre 11-20 anos.
Quanto ao fibro-odontoma ameloblástico (3 casos) sua ocorrência foi no sexo
masculino (100%) e a faixa etária mais acometida foi de 11-20 anos, sendo a
mandíbula (posterior) o sítio mais afetado (66,7%).
A lesão de menor incidência foi o carcinoma odontogênico de células claras (1
caso), sendo observada no sexo feminino cuja localização anatômica não foi relatada
no prontuário. Este caso é de um paciente na segunda década de vida.
29
Tabela 1 – Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores odontogênicos quanto ao tipo histopatológico. Natal-RN, 2016.
Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.
Tipo histopatológico de tumor odontogênico
Frequência
n %
Odontoma 85 41,8%
Ameloblastoma 77 38%
Mixoma odontogênico 17 8,4%
Tumor odontogênico adenomatóide 8 4%
Cementoblastoma 5 2,5%
Tumor odontogênico epitelial
calcificante
4 2%
Fibroma ameloblástico 3 1,5%
Fibro-odontoma ameloblástico 3 1,5%
Carcinoma odontogênico de células
claras
1 0,5%
TOTAL 203
30
Tabela 2 - Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores odontogênicos quanto ao gênero. Natal-RN, 2016.
Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.
Tipo histopatológico de tumor odontogênico
Gênero
Fem Mas
n % n %
Odontoma 49 57,6 36 42,3
Ameloblastoma 42 54,5 35 45,4
Mixoma 10 58,8 7 41,2
Tumor odontogênico adenomatóide 7 87,5 1 12,5
Cementoblastoma 4 80 1 20
Tumor odontogênico epitelial calcificante 1 25 3 75
Fibroma ameloblástico 3 100 - -
Fibro-odontoma ameloblástico - - 3 100
Carcinoma odontogênico de células
claras
1 100 - -
TOTAL 117 86
31
Tabela 3 - Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores odontogênicos quanto à localização anatômica. Natal-RN, 2016. Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.
Tipo histopatológico de tumor odontogênico
Localização anatômica
Maxila Mandíbula Sem dados Ant Post A/P Ant Post A/P
n % n % n % n % n % n % n %
Odontoma 33 38,8 12 14,1 1 1,2 15 17,6 18 21,2 2 2,35 4 4,7
Ameloblastoma 3 3,9 5 6,5 1 1,3 13 16,9 36 46,7 18
23,4 2 2,6
Mixoma 1 5,9 3 17,6 1 5,9 1 5,9 8 4,7 - - 1 5,9
Tumor
odontogênico
adenomatóide
5 62,5 1 12,5 - - - - 2 25 - - - -
Cementoblastom
a
1 20 1 20 - - - - 3 60 - - - -
Tumor
odontogênico
epitelial
calcificante
1 25 1 25 - - - - 2 50 - - - -
Fibroma
ameloblástico
- - 1 33,4 - - - - 1 33,4 1 33,4 - -
Fibro-odontoma
ameloblástico
1 33,4 - - - - - - - - 2 66,7 - -
Carcinoma
odontogênico de
células claras
- - - - - - - - - - - - 1 100
32
Tabela 4 - Distribuição em dados absolutos dos casos de tumores odontogênicos quanto à faixa etária. Natal-RN, 2016.
Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.
Tipo histopatológico de tumor
odontogênico
Faixa etária
0-10 11-20 21-30
31-40
41-50
51-60
61-70
71-80
Acima de 81 anos
Sem dados
Odontoma 11 37 23 10 1 1 1 1 - -
Ameloblastoma 1 16 17 11 6 11 8 3 1 3
Mixoma - 3 7 3 2 2 - - - -
Tumor odontogênico
adenomatóide
- 6 - - 1 - - - - -
Cementoblastoma - 2 1 - 1 1 - - - -
Tumor odontogênico
epitelial calcificante
- 2 - - 2 - - - - -
Fibroma
ameloblástico
2 1 - - - - - - - -
Fibro-odontoma
ameloblástico
2 1 - - - - - - - -
Carcinoma
odontogênico de
células claras
- - 1 - - - - - - -
33
6 DISCUSSÃO
As lesões odontogênicas constituem um grupo heterogêneo de patologias que
acometem os maxilares, com origem a partir dos remanescentes epiteliais ou
mesenquimais da embriogênese dentária. Dentro do grupo de lesões odontogênicas,
destacam-se os tumores representando, na grande maioria, verdadeiros processos
neoplásicos, que por vezes exibem manifestações clínicas bem diferenciadas. São
derivados dos tecidos epiteliais, ectomesenquimais ou mesenquimais que dão origem
aos dentes sendo por isto, denominados de tumores odontogênicos. Algumas dessas
lesões podem apresentar um comportamento maligno, enquanto que outras possuem
uma evolução tão benigna, que parecem representar apenas malformações
semelhantes a um tumor (hamartomas) (RAMOS et al., 2013).
Estudos sobre a incidência de tumores odontogênicos, tanto no Brasil quanto
em outros países, são frequentes, sendo observados vários estudos na literatura
(SANTOS et al., 2001; SOUZA, 2014; AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009; LOYOLA
et al., 2016). Desta forma, evidencia-se na literatura relatos de estudo de séries de
casos ou de um determinado período de tempo, da ocorrência de tumores
odontogênicos diagnosticados em diversos serviços de Patologia Oral e Maxilofacial
ao redor do mundo (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; ANYANECHI; SAHEEB,
2014; SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; ŞENEL
et al., 2012; BANSAL et al., 2015; OGINNI et al., 2015; GOTETI, 2016; NALABOLU et
al., 2016).
De acordo com relatos da literatura sobre a incidência e frequência dos tumores
odontogênicos, as lesões mais comumente encontradas são o odontoma e o
ameloblastoma (ANYANECHI; SAHEEB, 2014; SAGHRAVANIAN et al., 2010),
embora a sequência de ocorrência possa variar de país para país onde alguns estudos
apresentam o ameloblastoma como o mais frequente, como por exemplo nos estudos
em países africanos e asiáticos (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; VARKHEDE;
TUPKARI; SARDAR, 2011; OGGINI et al., 2015; GOTETI, 2016; NALABOLU et al.,
2016) enquanto em outros países, como foi observado na Turquia, a maior ocorrência
é de odontomas (ŞENEL et al.,2012).
No presente estudo, o odontoma foi a lesão de maior frequência entre os
tumores odontogênicos diagnosticados no período de 1996 a 2015 em um Serviço de
Patologia Oral de instituição universitária, correspondendo a 41,8% do total de casos.
34
Este achado está em acordo com outros trabalhos citados na literatura como no
estudo realizado na Turquia, que também apresentou o odontoma como o tumor mais
frequente (41,8%) (ŞENEL et al., 2012), embora, evidencie-se discordâncias acerca
do tipo de tumor mais frequente entre os tumores odontogênicos como por exemplo,
em estudos realizados na Ásia (Índia e China) e África (Tanzânia e Líbia), os quais
relatam que o ameloblastoma foi o tumor mais prevalente (SIMON et al., 2002; JING
et al., 2007; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; OGGINI et al., 2015; GOTETI,
2016; NALABOLU et al., 2016). Esses achados vêm sendo explicados há muitos anos
como uma predisposição étnica ou variações geográficas (LAWALL, 2009).
Além destas diferenças geográficas para a maior ocorrência de um tipo
histológico especifico de tumor, estudos realizados após a última classificação da
OMS (BARNES, 2005), na qual consideraram o ceratocisto odontogênico como tumor,
apontaram esta lesão como a mais frequente, superando inclusive o odontoma
(SOUZA, 2014; AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009).
Com relação ao gênero, observou-se uma maior predileção pelo sexo feminino,
confirmado por outros estudos brasileiros como de Avelar et al. (2008). Estes dados
também estão de acordo com estudos realizados na Turquia, Líbia, China e Irã (JING
et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al., 2010; ŞENEL et al., 2012; GOTETI, 2016). O
mesmo não foi evidenciado na Índia e Tanzânia em que as distribuições foram iguais
(SIMON et al., 2002; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011).
Em relação a idade dos pacientes acometidos por tumores odontogênicos, em
nosso estudo, houve um pico de incidência na segunda e terceira décadas de vida,
fato este, provavelmente, devido a maior prevalência dos odontomas nessas faixas
etárias, dados semelhantes àqueles descritos em estudos na população brasileira
(AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009). Estudos realizados em outros países como
Turquia, Tanzânia, Líbia, China, Irã e Índia, os odontomas também foram comuns
nestas faixas etárias (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al.,
2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; ŞENEL et al., 2012; GOTETI, 2016).
Os odontomas são lesões que acometem crianças e adultos jovens, sendo, na
maioria das vezes, detectados durante as primeiras duas décadas de vida. Quanto a
localização anatômica, a maxila é, geralmente, mais afetada do que a mandíbula
(REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).
A predileção pela região anterior da maxila, em nosso estudo (38,8%),
corrobora com os resultados evidenciados no estudo de Nalabolu et al. (2016),
35
realizado na Índia. No entanto, difere dos trabalhos realizados na Líbia, Tanzânia e
China (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; GOTETI, 2016) em que a mandíbula,
principalmente em sua região posterior, foi mais acometida.
O ameloblastoma representou o segundo tumor mais frequente (38%),
apresentando uma frequência mais alta quando comparado a outros estudos como o
de Avelar et al. (2008) (23,7%) e Bansal et al. (2015) (15,2%). Este achado não foi
evidenciado em estudos realizados em alguns países africanos, em que o
ameloblastoma aparece como o tipo histológico mais comum, representando 73,7%
da amostra na Tanzânia (SIMON et al., 2002), 76,5% na Nigéria (OGINNI et al., 2015)
e 28,2% na Líbia (GOTETI, 2016). Com relação ao gênero, foi verificada uma maior
ocorrência no sexo feminino (54,5%), corroborando com Simon et al. (2002) (51,6%),
porém, discordando com outros estudos realizados na Turquia, China, Índia e Irã nos
quais o gênero masculino foi prevalente (JING et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al.,
2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; ŞENEL et al., 2012; NALABOLU et al.,
2016).
Os ameloblastomas ocorrem, com maior frequência em mandíbula, com
marcada predileção pela região posterior (BARNES et al., 2005; NEVILLE et al.,
2009). Em nosso estudo, avaliando o sítio anatômico afetado, o ameloblastoma esteve
presente, em sua maior parte, na mandíbula, resultado este semelhante a outros
estudos citados na literatura (SIMON et al., 2002; AVELAR et al., 2008; JING et al.,
2007; LAWALL, 2009; SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI;
SARDAR, 2011; ŞENEL et al., 2012; BANSAL et al., 2015; OGINNI et al., 2015;
NALABOLU et al., 2016; GOTETI, 2016).
Segundo Regezi, Sciubba e Jordan (2012), o ameloblastoma é uma lesão que
acomete, principalmente, adultos na quarta e quinta décadas de vida, com ampla
variação de idade (da infância até a idade adulta tardia). No presente estudo, a maior
frequência ocorreu na segunda e terceira décadas de vida, semelhante ao
evidenciado nos estudos de Avelar et al. (2008), Simon et al. (2002) e Goteti (2016).
Entretanto, nos casos relatados na Nigéria (ANYANECHI; SAHEEB, 2014) e Turquia
(ŞENEL et al., 2012), ocorreram com predominância, na quarta e sexta décadas de
vida, respectivamente.
Os mixomas odontogênicos, em nosso estudo, corresponderam a 8,37% da
amostra, representando o terceiro tumor mais prevalente. Esta incidência foi mais alta
do que no estudo realizado no Brasil relatado por Avelar et al. (2008) (6,3%) e na Índia
36
relatado por Nalabolu et al. (2016) (2,4%). Porém, apresentou semelhança quanto a
frequência evidenciada nos estudos realizados na Líbia (7%) (GOTETI, 2016) e Irã
(9%) (SAGHRAVANIAN et al., 2010). Apesar de ser considerado raro por muitos
autores, este tumor ocupa, muitas vezes, a segunda, terceira ou quarta posições entre
os mais prevalentes tumores de origem odontogênica (LAWALL, 2009).
O presente estudo demonstrou uma discreta prevalência em pacientes do sexo
feminino, dado este que corrobora com os estudos realizados na Turquia, China e Irã
(JING et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al., 2010; ŞENEL et al.,2012;), porém discorda
com estudo realizado na Líbia (GOTETI, 2016) em que a frequência mais elevada foi
nos homens. Em nosso estudo, foi evidenciado que a faixa etária mais acometida foi
entre 21-30 anos (3ª década de vida), o mesmo sendo encontrado nos estudos de
Simon et al. (2002) e Avelar et al. (2008). A predileção pela mandíbula (52,9%) é
confirmada por diversos estudos como o de Lawall (2009), Saghravanian et al. (2010)
e Jing et al. (2007) e difere do relatado por Avelar et al. (2008) em que a maxila foi a
mais acometida.
O tumor odontogênico adenomatóide correspondeu a 4% de todos os
tumores odontogênicos analisados. De acordo com alguns trabalhos esta lesão é mais
frequentemente encontrada na maxila (AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009). Nos
estudos realizados em outros continentes este achado também foi semelhante
(SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; GOTETI,
2016). Marcada predileção por pacientes do sexo feminino foi observada em alguns
estudos tanto no Brasil (AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009) quanto em outros
países como na China, Irã e Tanzânia (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007;
SAGHRAVANIAN et al., 2010). A maior parte dos casos ocorreu na segunda década
de vida, no qual 6 dos 8 casos foram observados nesta faixa etária. Este dado está
em acordo com o estudo realizado por Avelar et al. (2008). Na Nigéria, China e Índia,
os dados foram semelhantes (JING et al.,2007; ANYANECHI; SAHEEB, 2014;
VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011). No estudo realizado na Turquia (ŞENEL et
al., 2012) não foram relatados casos de tumor odontogênico adenomatóide.
O cementoblastoma é considerada a única neoplasia verdadeira originada a
partir do cemento dentário e, por se tratar de uma lesão rara, representa menos de
1% de todos os tumores odontogênicos (LAWALL, 2009; NEVILLE et al., 2009). No
presente estudo, ele correspondeu a 2,5% da amostra. São lesões que não
apresentam predileção por sexo, porém, em nosso estudo, dos 5 casos relatados, 4
37
ocorreram em pacientes do sexo feminino, fato este que está de acordo com outros
estudos (JING et al., 2007; AVELAR et al., 2008; SAGHRAVANIAN et al., 2010;
ŞENEL et al., 2012; OGINNI et al., 2015; GOTETI, 2016) e diferiu do estudo de Simon
et al. (2002), no qual o sexo masculino foi prevalente.
Com relação a localização deste tipo histológico de tumor verificamos, também,
um maior acometimento na mandíbula, em sua região posterior como descrito na
literatura, tanto em estudos realizados na população brasileira quanto de outras partes
do mundo (JING et al., 2007; AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009; SAGHRAVANIAN
et al., 2010; ŞENEL et al., 2012; SIMON et al., 2012; GOTETI, 2016). Quanto à faixa
etária, a segunda década de vida foi a mais acometida corroborando com Varkhede,
Tupkari e Sardar (2011), porém, discordando com um estudo realizado na China
(JING et al., 2007), no qual a maior parte dos casos foi na terceira década de vida.
O tumor odontogênico epitelial calcificante é uma lesão rara,
correspondendo a menos de 1% de todos os tumores odontogênicos. Geralmente,
não ocorre predileção por sexo sendo mais frequente entre 30-50 anos. A mandíbula
costuma ser o sítio anatômico mais acometido (NEVILLE et al., 2009).
No presente estudo, havia apenas 4 casos (2%) de tumor odontogênico epitelial
calcificante. No entanto, esse achado é bem maior do que o encontrado no estudo de
Lawall (2009), em que a frequência foi de 0,75%. O gênero masculino foi o mais
acometido, estando de acordo com os estudos na Turquia (ŞENEL et al., 2012) e
Nigéria (OGINNI et al., 2015) e em desacordo com os achados no Irã e na Índia em
que os casos encontrados por estes autores foram no sexo feminino
(SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011). A
mandíbula e maxila foram igualmente acometidas, fato semelhante ao encontrado no
estudo na Turquia (ŞENEL et al., 2012), porém, diferente do ocorrido no estudo na
Nigéria (OGINNI et al., 2015) em que a mandíbula foi a mais acometida. Os 4 casos
de nossa série foram distribuídos, igualmente, entre a segunda e quinta décadas de
vida diferindo do evidenciado nos estudos na Índia e Nigéria em que os casos deste
tipo de tumor ocorreram em outras faixas etárias (ANYANECHI; SAHEEB, 2014;
VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011).
O fibroma ameloblástico e o fibro-odontoma ameloblástico, por
compartilharem histogênese semelhante, uma vez que ambos são classificados como
tumores odontogênicos mistos e por apresentarem algumas semelhanças, no
presente estudo são abordados em conjunto. Ambos os tumores compartilham as
38
mesmas características com relação à idade, sexo e localização anatômica (REGEZI;
SCIUBBA; JORDAN, 2012).
Em nosso estudo, essas lesões corresponderam, cada uma, a 1,5% do total
dos tumores odontogênicos avaliados. O fibroma ameloblástico apresentou-se,
exclusivamente, no sexo feminino (100%), sendo o sexo masculino o mais acometido
nos casos de fibro-odontomas ameloblásticos (100%), estando de acordo com os
achados de Saghravanian et al. (2010), no Irã, e contrariando achados do estudo de
Avelar et al. (2008), em que ocorreu o contrário. Quanto a localização anatômica,
estas lesões foram mais frequentes em mandíbula (66,7%), assim como nos achados
de Avelar et al. (2008) e Saghravanian et al. (2010).
Segundo Neville et al. (2009) e Lawall (2009), o fibroma ameloblástico acomete
mais pacientes jovens, na primeira ou segunda décadas de vida. Em nosso estudo,
tanto esta lesão quanto o fibro-odontoma ameloblástico foram encontrados neste
grupo etário corroborando com estes autores. Porém, no estudo de Avelar et al. (2008)
foi evidenciada a ocorrência de fibroma ameloblástico na quinta década de vida e na
China, na terceira década (JING et al., 2007).
O carcinoma odontogênico de células claras foi representado por um único
caso em nosso estudo, sendo este diagnosticado em paciente do sexo feminino, na
segunda década de vida, diferindo do estudo realizado na China, no qual, embora
este tumor apresentasse predileção por pacientes do sexo feminino, a faixa etária de
acometimento em seu estudo foi entre a quarta e quinta décadas de vida (JING et al.,
2007).
Avaliando a literatura por nós consultada, evidenciamos que não foram
relatados casos de carcinoma odontogênico de células claras nos estudos realizados
na Nigéria, Líbia, Tanzânia, Turquia e alguns outros estudos no Brasil (SOUZA, 2014;
AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009; ANYANECHI; SAHEEB, 2014; ŞENEL et al.,
2012; SIMON et al., 2012; GOTETI, 2016).
O carcinoma ameloblástico é uma lesão pouco frequente, devido a raridade
do ameloblastoma em exibir um comportamento maligno, com o desenvolvimento de
metástases. Dificilmente, consegue-se determinar a frequência do comportamento
maligno nos ameloblastomas, mas provavelmente sua ocorrência se dá em bem
menos do que 1% dos ameloblastomas (NEVILLE et al., 2009).
Neste estudo, não foram encontrados casos de carcinoma ameloblástico,
porém, devido a importância do conhecimento desta patologia, vale ressaltar um
39
estudo multicêntrico recentemente realizado por Loyola et al. (2016), no Brasil, em
que foram encontrados 17 casos de carcinoma ameloblástico mostrando que, apesar
de raro, é possível sua ocorrência na população brasileira.
Nosso estudo também foi desenvolvido com o objetivo de comparar os
resultados ora obtidos com os do estudo realizado por Santos et al. (2001), também
realizado no Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do
Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, dos
casos diagnosticados em período de tempo anterior ao do presente estudo, ou seja,
no período de 1970 a 1995, no qual os autores encontraram 127 casos de tumores
odontogênicos. Comparando os resultados dos dois estudos, evidencia-se um
aumento de casos diagnosticados no mesmo serviço uma vez que em nosso estudo,
foram evidenciados 203 casos em um período de tempo de 19 anos, enquanto no
estudo de Santos et al. (2001), em levantamento de 25 anos, os autores encontraram
127 casos de tumores odontogênicos.
De modo geral, o odontoma foi a lesão mais frequente correspondendo a 41,8%
dos casos, seguido do ameloblastoma (38%). Mais de 50% dos casos ocorreram no
sexo feminino, enquanto que o masculino foi acometido em 42,4% dos casos. Com
relação à localização anatômica, a mandíbula foi a mais afetada (60%), quando
comparada à maxila (35,5%). A respeito da distribuição da idade foram observados
picos de incidência na segunda e terceira décadas de vida. Estes achados são
semelhantes aos encontrados no estudo retrospectivo de Santos et al. (2001), no
mesmo serviço, em período anterior ao nosso em que o odontoma (50.4%) foi a lesão
mais frequente, seguida do ameloblastoma (30,7%). Além disso, mais de 60% dos
tumores ocorreram no sexo feminino em comparação ao masculino (36,2%). Quanto
à localização anatômica, a mandíbula foi mais acometida correspondendo a 54,3%
dos casos, enquanto que na maxila 40,1% dos casos foram afetados. Quanto à faixa
etária, a incidência foi entre a segunda e terceira décadas de vida. Com isto,
verificamos que apesar de ter ocorrido um aumento no número de casos de tumores
odontogênicos diagnosticados no Serviço de Patologia Oral da UFRN, as
características clinicopatológicas não se alteraram demonstrando assim que o perfil
epidemiológico dos pacientes não se alterou.
Além do conhecimento a respeito do comportamento biológico destas
alterações é de extrema importância que sejam traçados perfis epidemiológicos sobre
as diversas alterações que podem ocorrer nas estruturas do complexo maxilofacial.
40
Além disso, é necessário que o profissional tenha iniciativa e conhecimento para a
realização de biópsias, para que o exame histopatológico seja realizado, a fim de
proporcionar o correto tratamento das lesões. Dados como estes podem contribuir
para uma maior atenção por parte dos profissionais para que os mesmos estejam
cada vez mais atentos, bem informados e preparados para lidar com as mais variadas
lesões do complexo maxilofacial, área de atuação do profissional cirurgião dentista.
41
7 CONCLUSÃO
Diante dos nossos resultados podemos concluir que:
1. O tumor odontogênico mais prevalente foi o odontoma seguido pelo
ameloblastoma;
2. As mulheres foram as mais acometidas pelos tumores odontogênicos;
3. A mandíbula foi a localização preferencial de acometimento dessas lesões,
sendo a região posterior a mais afetada;
4. Comparando os dados do nosso estudo com o de outras populações
constatamos similaridades e diferenças com relação ao tumor mais prevalente,
gênero mais acometido, predileção por faixa etária e localização das lesões.
42
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45
ANEXOS
46
ANEXO A – Ficha para coleta de dados
47
ANEXO B – Distribuição dos casos de tumores odontogênicos.
Tipo histopatológico Frequência
n %
Ameloblastoma
Ameloblastoma maligno
Carcinoma ameloblástico
Tumor odontogênico adenomatóide
Carcinoma odontogênico de células
claras
Tumor odontogênico epitelial calcificante
Tumor odontogênico escamoso
Odontoma
Fibroma ameloblástico
Fibro-odontoma ameloblástico
Fibrossarcoma ameloblástico
Odontoameloblastoma
Fibroma odontogênico
Tumor odontogênico de células
granulares
Mixoma odontogênico
Cementoblastoma
48
ANEXO C - Distribuição dos casos de tumores odontogênicos quanto ao gênero e localização
anatômica.
Tipo histopatológico
Gênero Localização anatômica
Fem Mas Maxila Mandíbula Sem dados
n % n % Ant Post Ant Post
n % n % n % n %
Ameloblastoma
Ameloblastoma maligno
Carcinoma
ameloblástico
Tumor odontogênico
adenomatóide
Carcinoma
odontogênico de células
claras
Tumor odontogênico
epitelial calcificante
Tumor odontogênico
escamoso
Odontoma
Fibroma ameloblástico
Fibro-odontoma
ameloblástico
Fibrossarcoma
ameloblástico
Odontoameloblastoma
Fibroma odontogênico
Tumor odontogênico de
células granulares
Mixoma odontogênico
Cementoblastoma
49
ANEXO D - Distribuição dos casos de tumores odontogênicos quanto à faixa etária.
Tipo histopatológico
Faixa etária
0-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 Acima de 90 anos
Sem dados
Ameloblastoma
Ameloblastoma
maligno
Carcinoma
ameloblástico
Tumor odontogênico
adenomatóide
Carcinoma
odontogênico de
células claras
Tumor odontogênico
epitelial calcificante
Tumor odontogênico
escamoso
Odontoma
Fibroma ameloblástico
Fibro-odontoma
ameloblástico
Fibrossarcoma
ameloblástico
Odontoameloblastoma
Fibroma odontogênico
Tumor odontogênico
de células granulares
Mixoma odontogênico
Cementoblastoma