As Mais Belas Histórias Da Antiguidade Clássica 03- Gustav Schwab
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
LUANA DE LIMA FERREIRA
ARTE E ANIMAÇÃO: O USO DAS CORES COMO SUPORTE DE LEITURA DE
IMAGEM NO FILME VALENTE
Natal/RN
2
2017
LUANA DE LIMA FERREIRA
ARTE E ANIMAÇÃO: O USO DAS CORES COMO SUPORTE DE LEITURA DE
IMAGEM NO FILME VALENTE
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito para a obtenção do título de Licenciatura em
Artes Visuais.
Orientador: Prof. Dr. Rogério Junior Correia Tavares.
Co-orientadora: Profª Drª Gilvânia Maurício Dias de
Pontes.
Natal/RN
2017
3
LUANA DE LIMA FERREIRA
ARTE E ANIMAÇÃO: AS CORES NO FILME VALENTE
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito para a obtenção do título de Licenciatura em
Artes Visuais.
Aprovado em: ____/____/______.
BANCA EXAMINADORA
________________________________
Prof. Dr. Rogério Júnior Correia Tavares
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
________________________________
Profª Dra. Gilvânia Maurício Dias de Pontes
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
________________________________
Prof. Dra. Arlete dos Santos Petry
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
________________________________
Prof. Dr. Antonino Condorelli
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os
meus amigos que frequentemente
perguntavam sobre meu TCC. Aqui
está ele.
5
AGRADECIMENTOS
Quando se opta por uma formação acadêmica, muitos são os desafios
encontrados ao longo do percurso. É nesse momento, então, que nos deparamos com
pessoas que ajudam a trilhar seu sonho, que socorrem nos famosos dramas
universitários. Por isso, os agradecimentos se fazem necessários. Dentre essas
pessoas, gostaria de destacar, primeiramente, meu orientador Rogério Tavares, do
qual sempre tive admiração e que, por esse motivo, o escolhi para ser meu orientador.
E ele, prontamente se dispôs a me ajudar, com a maior paciência do mundo. Gostaria
de agradecer também minha co-orientadora Gilvânia Pontes, que surgiu como um
ponto de luz nessa turbulência que é escrever um TCC.
E as pessoas que estão ao meu lado desde o início, minha mãe Ana Catarina,
meu pai Francisco Luiz e minhas irmãs Carol e Larissa. Os agradecimentos a vocês
vão além destes, apesar de clichê, não deixa de ser a verdade: vocês são
responsáveis por eu ser o que sou.
Aos amigos mais antigos, vocês são minha resistência: Stphannie, João Pedro,
Álvaro, Ana Luiza, Camilla, Victor e Maria Alice. Muito obrigado por esses anos de
amizade. E ao citar amizades antigas, não poderia deixar de agradecer aos que estão
comigo desde o início do curso e me acompanharam de perto, dividindo trabalhos e
conversas: Jéssica Cerejeira, Cícero Pinheiro, Jared e Ícaro. Vocês deixaram a
universidade mais leve. A minha mais nova amizade, mas não menos importante,
Natália Medeiros. Sua bondade transcende e inspira todos ao redor. Obrigada por
toda a ajuda – e que não foi pouca.
Muito obrigada!
6
Deus disse: vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque
azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.
(Manoel de Barros)
7
RESUMO
Este trabalho apresenta uma pesquisa desenvolvida a partir da exploração e
entendimento da paleta de cores utilizada na animação Valente (2012), a fim de
associar sua relevância visual para as cenas do próprio filme, considerando também
elementos internos pertinentes à análise de imagem. Reconhece a maneira em que
as cores influenciam os espectadores, de forma a interpretarem subjetivamente e
reagirem de acordo com a escala de cores selecionadas pelo artista. Por isso, é
relevante reconhecer a cor como elemento que compõe a narrativa. Para tanto, o
estudo demonstra a influência das cores, sua teoria e a história da animação. A
pesquisa busca trazer à tona resultados significativos no campo das artes sobre os
estudos das cores e sua aplicação efetiva nas composições de obras. O trabalho
também traz, ao final, uma ação pedagógica a respeito da cor como elemento visual
relevante para leitura de imagem em um contexto fílmico.
Palavras-chave: Animação; cor; Valente.
8
ABSTRACT
This project show studies developed from the exploration and understanding of the
color palette used in Valente animated movie to associate it’s visual relevance to the
scenes of the film itself, also observing internal elements relevant to the analysis of
image. It aims to recognize the way in which the colors reach viewers, to interpret
subjectively and react according to the range of colors selected by the artist. It is
justified to carry out this work to affirm the cooperation of technology, which extends
the possibilities of artistic expression; recognize the color as an element that helps
the narrative. Therefore, it's necessary to explain, throughout the work, the influence
of colors, his theory,. With the conclusion of this project, bring up significant results in
the arts on the study of color and its effective application in the compositions of
works. The work also brings, in the end, a pedagogical action on color as a relevant
visual element for the reading of the image in a filmic context.
Keywords: Animation; color; harmony; Valente.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Schetchbook "Jiboia Boia?"...................................................................... 19
Figura 2 - Storyboard "Jiboia Boia?"........................................................................ 20
Figura 3 - Conceito dos personagens principais "Jiboia Boia?"................................ 21
Figura 4 - Princípios de comprimir e esticar............................................................. 22
Figura 5 - Mistura aditiva......................................................................................... 24
Figura 6 - Relações cromáticas................................................................................ 25
Figura 7 - Cores frias................................................................................................ 25
Figura 8 – Cores quentes......................................................................................... 25
Figura 9 – Roda de emoções de Plutichk................................................................. 27
Figura 10 - Ambiente externo Valente...................................................................... 28
Figura 11 - Ambiente interno luz branca/natural Valente.......................................... 30
Figura 12 - Ambiente interno luz vela/artificial Valente............................................. 31
Figura 13 - Paleta cena Valente e Elinor.................................................................. 32
Figura 14 – Encontro de Valente com a bruxa.......................................................... 35
Figura 15 – Valente em fuga..................................................................................... 36
Figura 16 – Crianças pintando................................................................................. 42
Figura 17 – Crianças misturando tintas.................................................................... 42
Figura 18 – Conhecendo o círculo cromático........................................................... 43
Figura 19 – Cor complementar e análoga................................................................. 44
Figura 20 e 21 – Crianças explorando as relações entre as cores........................... 44
Figura 22 - A regata de Argenteuil............................................................................ 45
Figura 23 - Catedral de Rouen................................................................................. 45
Figura 24 - Valente indo a floresta............................................................................ 46
Figura 25 - Valente e Elinor...................................................................................... 46
Figura 26 - Valente reivindicando sua mão em casamento..................................... 47
Figura 27 - I lava you............................................................................................... 48
Figura 28 - Dia e noite............................................................................................. 50
Figura 29 - cidade colorida...................................................................................... 51
Figura 30 – Paperman............................................................................................. 52
Figura 31 - Desenho G.M......................................................................................... 53
Figura 32 - Desenho L.B.......................................................................................... 54
Figura 33 - Desenho L.M.......................................................................................... 54
10
Figura 34 - Desenho H............................................................................................. 55
Figura 35 - Desenho M............................................................................................. 55
Figura 36 - Desenho M.E......................................................................................... 56
Figura 37 - Desenho N.H.......................................................................................... 56
Figura 38 - Desenho N.S.......................................................................................... 57
Figura 39 - Desenho S.L.......................................................................................... 57
Figura 39 - Movimentos para stop motion................................................................ 58
Figura 40 - Movimentos para stop motion 2............................................................ 59
Figura 41 - Sequência de movimentos com massinha de modelar......................... 60
Figura 42 - Desenho A............................................................................................. 61
Figura 43 - Desenho D.R.......................................................................................... 61
Figura 44 - Desenho G.M......................................................................................... 62
Figura 45 - Desenho H............................................................................................. 62
Figura 46 - Desenho L.............................................................................................. 63
Figura 47 - Desenho L.B.......................................................................................... 63
Figura 48 - Desenho L.M......................................................................................... 64
Figura 49 - Desenho M............................................................................................. 64
Figura 50 - Desenho M.E......................................................................................... 65
Figura 51 - Desenho N.H.......................................................................................... 65
Figura 52 - Desenho N.S.......................................................................................... 66
Figura 53 - Desenho S.L.......................................................................................... 66
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 12
1. COR, HARMONIA E ANIMAÇÃO........................................................................ 14
1.1. Teoria das Cores............................................................................................. 23
2. A ANIMAÇÃO VALENTE, DA PIXAR.................................................................. 28
2.2. As cores de Valente – análise de imagem.................................................... 32
3. AÇÃO PEDAGÓGICA: AS CORES COMO SUPORTE PARA LEITURA DE
IMAGEM.................................................................................................................. 38
3.1. Plano de aula................................................................................................... 39
3.1.1. Primeira ação 10/11...................................................................................... 40
3.1.2. Segunda ação 13/11..................................................................................... 43
3.1.3. Terceira ação 17/11...................................................................................... 58
3.2. Conclusão da ação pedagógica.................................................................... 67
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 68
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 69
12
INTRODUÇÃO
A cor é um elemento visual sujeito a classificação e distinção, a depender do
ambiente em que esteja inserida. Isso ocorre devido a relação intrínseca do indivíduo
com a mesma, que a assimila de acordo com suas experiências individual e coletiva.
Além do que, cada cor possui suas próprias características físicas, que influenciam
diretamente suas relações quando estão inseridas em um contexto juntamente com
outras cores. Ou seja, a mesma cor pode saltar aos olhos ou passar desapercebida,
a depender da cor que a acompanha.
Sendo um dos estímulos mais primitivos, a cor tem um papel fundamental na
comunicação. Com isso, a indústria cinematográfica a incorpora com o intuito de
sustentar a narrativa, através da compreensão do espectador - mesmo que
inconscientemente. A alternância entre as paletas de cores presentes em cada cena
serve para demonstrar a transição de um determinado contexto, destacar algum
elemento importante a cena ou ainda ter a intenção de repassar mensagens subjetivas
– como as emoções, por exemplo.
A partir dessa perspectiva, este trabalho tem como propósito explorar as cores
utilizadas na animação Valente, nas quais as paletas de cores possuem relevância
visual e textual para a construção das cenas do próprio filme. A análise das imagens
será feita a partir da influência das cores, através da qual os signos e suas relações
serão apresentadas.
A escolha do filme se deu devido à importância em tornar tangível e
demonstrativo a utilização do conceito de cor em uma animação, em que a paleta de
cores seja significativa. É relevante destacar a importância das cores e sua relação
com técnicas de animação na produção do filme e composições de efeitos visuais,
percebendo que a arte se associa com a tecnologia com o intuito de obter cenas sem
distorção de cores para o público. Trata-se de um conceito visual, aliado à computação
gráfica e na escolha ideal de um conjunto de cores.
Com a necessidade de analisar teoricamente alguns conceitos fundamentais
como a teoria da cor e harmonia cromática, a metodologia parte de uma bibliografia
clássica no estudo das cores, da animação, e da semiótica a partir de leitura de
autores como Alberto Lucena (2002), Eva Heller (2013), Lúcia Santaella (2008) e Tom
Fraser (2007). Em seguida, a partir da criação das paletas presentes na animação,
13
com o auxílio do software Adobe Illustrator, e do estudo sobre as cores concluídos,
analisar semioticamente os frames selecionados. Os frames foram selecionados a
partir de um julgamento pessoal acerca de cenas em que há relevância para o
entendimento da trama.
Dentro desse contexto, este trabalho busca entender quais são os limites e
possibilidades no uso das cores no enredo de Valente e como suas cenas se
evidenciam harmonicamente pela disposição e escolha das cores. As cores, ao serem
analisadas, revelam uma valorização da imagem nos processos de criação e
desencadeamento da narrativa.
Por conseguinte, faz-se necessário apresentar a estrutura do trabalho, para
que seja possível abarcar todos questionamentos e objetivos acima citados. De início,
no primeiro capítulo é apresentado ao leitor uma contextualização conceitual da cor,
da animação e da harmonia, para que entenda a importância desses atributos na
produção e caracterização de um filme como Valente.
No segundo capítulo é explicado a maneira em que a animação estudada pode
ser relacionada com o contexto da análise de imagem e com a técnica de paleta de
cores, que irá permitir uma análise mais aprofundada sobre a harmonia presente na
narrativa, além de figuras que retratam e exemplificam a harmonia cromática. Por fim,
a ação pedagógica que proporcionou aos alunos a possibilidade de leitura de imagem
através da cor.
14
1. COR, HARMONIA E ANIMAÇÃO
A cor está presente em cada momento da nossa vida e ela possui influência em
todos os segmentos visuais, seja acidentalmente ou intencionalmente. E muitas vezes
é ela que define nossa percepção sobre um determinado objeto. Está atribuída
também às complexas interações de associação e simbolismo ou uma simples
mensagem, mais perceptível que as palavras. Nenhuma cor é isenta de significação,
embora a cor seja analisada de diferentes maneiras, dependendo do ambiente em
que ela se encontra. Fraser (2007) revela que muitas dessas convenções são
atribuídas ao se observar a natureza: os vermelhos e amarelos de um pôr-do-sol
podem ser usados nas artes para evocar calor e tranquilidade. Percebe-se que o
vermelho, muitas vezes combinado com amarelo ou preto, sugere veneno ou perigo.
Enquanto as flores e frutos que requerem polinização competem para atrair insetos e
animais exibindo suas cores.
Assim sendo, o conjunto de cores selecionadas para produção de uma obra,
que chegam a criar a identidade do próprio produto, é denominada paleta de cores.
Na produção audiovisual, as cores têm o poder de influenciar a experiência subjetiva
do espectador sobre a cena - desde a introdução da cor no cinema - através dos
efeitos emocionais que elas despertam, e são elas que contribuem para a sustentação
da narrativa. Quando se muda o clima (de tragédia para alegria, por exemplo) do filme,
muda-se a paleta. Serve ainda para indicar a índole ou momentos da personagem e
ligar uma cena a outra.
A cor é mais do que um fenômeno ótico, mais do que um instrumento
técnico. Os teóricos das cores diferenciam as cores primárias (vermelho,
amarelo, azul) das cores secundárias (verde, laranja, violeta) e das cores
mistas, subordinadas (como rosa, cinza, marrom); não há unanimidade a
respeito de o preto e o branco serem cores verdadeiras; em geral, ignoram o
ouro e o prata como cores - apesar de, na psicologia, cada uma dessas 13
cores ser autônoma, não podendo ser substituída por nenhuma outra. E todas
são igualmente importantes. (HELLER, 2014, p.18)
Embora cada profissional utilize diferentes escalas de cor, a alternância de paleta
no decorrer das cenas é utilizada para influenciar a percepção do espectador em
relação a mesma, embora os significados das cores variem culturalmente. Dessa
15
forma, é importante que quem trabalha com cores saiba os efeitos que cada uma
desperta, tanto isoladamente, quanto em conjunto com outras cores, já que
sentimentos e cores não se combinam por acaso; são, portanto, segundo Eva Heller
(2014), “vivências comuns que, desde a infância, foram ficando profundamente
enraizadas em nossa linguagem e nosso pensamento. ”
Ao se analisar a cor no cinema, deve-se observar o contexto e possíveis
entrelaçamentos de significados com os outros elementos percebidos, como a fala,
por exemplo. Isso serve para melhor discernimento acerca da intenção da colorização
de determinado objeto. Já que o mesmo vermelho pode ser usado tanto para indicar
romance, quanto fúria, isso irá depender dos outros elementos visuais presentes na
obra fílmica.
Os artistas, que se influenciam e têm discernimento sobre a teoria das cores,
possuem um alicerce para a criatividade, que lhes poupará tempo e proporcionará
uma cena esteticamente atraente, devido a harmonia cromática na cena observada.
A harmonia cromática ocorre quando há escolha intencional de cores para que a visão
se mantenha em equilíbrio. Ou seja, quando há harmonia cromática, existe a
possibilidade de causar a situação de conforto para o olho para que ele dificilmente
se canse de olhar a imagem ou, ainda, se quiser destacar um objeto; é necessário
explorar a tensão entre as cores, através da relação complementar entre as mesmas.
A inserção da tecnologia na área cinematográfica surge para facilitar a correção
de cores e para acelerar o processo de colorização, tal como o contraste das cenas,
muitas vezes realizando o papel dos filtros de cores das câmeras digitais. Em um
processo que antes era necessário colorir a mão cada frame – cujo material, na
animação, era acetato (transparência) e tinta - método esse de custo e tempo
elevados, que não garantiam a excelência e padrão entre as cores. Atualmente,
através de sites ou softwares específicos, é possível obter a paleta usada em filmes
de grande sucesso, que podem ser utilizadas tanto para estudos quanto como
referência para colorir outras cenas. Dessa maneira, a tecnologia auxilia a arte pois:
O uso de correção de cor digital vem influenciando o visual de produções
desde o filme E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, de 2000. Uma vantagem da
correção digital é que a mesma contribui para que o filme seja consistente de
uma cena à outra, sem mudanças bruscas de cor. Porém, atualmente se nota
uma predominância das cores azul e laranja sendo cada vez mais usadas,
com o objetivo de se criar um contraste de cores interessante. Como a pele
16
humana geralmente possui um tom quente, laranja torna-se a cor mais
próxima do que seria um tom de pele. No espectro de cores, o azul é a cor
diretamente oposta ao laranja – e cores opostas (ou complementares, como
usa-se em teoria de cores) são usadas para se criar um contraste maior.”
(RADULESCU, 2013).
O século XXI é marcado pela revolução tecnológica (Fraser, 2007), na qual as
pessoas passam a crescer com acesso a computadores poderosos e em contato com
as cores, como no cinema, por exemplo, que anteriormente era em preto-e-branco.
Por isso, mais do que nunca, os profissionais de comunicação visual têm que ter
habilidade de criar e controlar a cor, a fim de obter sucesso na escolha das matizes
utilizadas em seus trabalhos associado à mensagem que queiram transmitir.
Dessa forma, nota-se a influência bilateral entre os meios de criação artística e a
computação gráfica, destacando a relevância da compreensão deste processo, devido
à crescente evolução e utilização das tecnologias, fazendo com que estas auxiliem na
obtenção dos seus ideais estéticos como suporte para imagens, principalmente na
área de animação digital.
Posto isto, a animação tem seguido pela história da arte moldando suas
significações e propósitos desde a pré-história - em que haviam intenções mágicas,
além de sugerir movimentação da figura, através de um único desenho; chegando aos
dias atuais sustentado pelas inovações de técnicas oferecidas pela computação
gráfica. E tem experimentado desde sua fase analógica até a digital, com o propósito
de fortalecer a produção artística, especialmente na produção de filmes.
Os cientistas, fascinados com o fato de que “o olho humano combina imagens
vistas em sequência num único movimento se forem exibidas rapidamente, com
regularidade e iluminação adequada” (Lucena, 2004, p.34), passam a experimentar a
ideia de imagem em movimento através de brinquedos ópticos, que simulavam a
figura em ação. Dentre eles, o taumatroscópio (1825), o fenaquistoscópio (entre 1828
e 1832), o daedalum/zootroscópio (1834), contudo o mais popular surgiu em 1868,
denominado flipbook - consiste de páginas com desenhos (ou fotografias) em
sequência, montadas como um livro, quando as páginas desse livro são viradas
rapidamente, cria-se a ilusão de movimento. Pela sua praticidade, ainda é usado hoje
como recurso para criação de filmes baseados em desenhos - “os animadores
pioneiros foram categóricos em apontá-lo como o brinquedo óptico que mais os
inspirou”. (Lucena, 2004, p.35).
17
O processo de animação analógica, de acordo com Tom Fraser (2011), tem início
com um desenho a lápis do contorno de um personagem para cada quadro. É
necessário dezesseis ou mais imagens por segundo. Quando aprovado, são pintados
manualmente, cada acetato. Com a introdução da cor, trazendo mais realismo as
pinturas, o preenchimento se dava no verso do acetato quando, em 1958, o processo
xerográfico possibilitou que as linhas a lápis fossem fotocopiadas.
O primeiro passo da animação tal qual conhecemos, deu-se, segundo Alberto
Lucena, a partir da criação do procedimento, conhecido como substituição por parada
da ação, realizado pelo francês Georges Méliès - inspirado pela projeção dos irmãos
Lumière -, no qual manipulava o tempo do filme ainda na fase da filmagem,
substituindo alguns fotogramas para dar a impressão de surgimento e
desaparecimento dos objetos. Esse método fez surgir o gênero de filme denominado
trickfilm (filme de efeito).
Era necessário que o artista se valesse do aparato tecnológico para a animação
se encaixar no âmbito artístico, como forma de expressão do indivíduo. E é em 1906,
que o artista inglês James Stuart Blackton realiza o primeiro desenho animado,
Humorous Phases of funny Faces1. Esse procedimento concedeu a abertura de uma
nova maneira de se consumir filme, agora de uma maneira mais criativa, antes os
espectadores eram atraídos pelas sucessões de apresentações de novas tecnologias
e ao descobrirem os truques feitos para reproduzir as ilusões. Quando houve
generalização desse método entre os animadores, a plateia passou a ansiar pelas
produções artísticas (já que para Lucena a arte não está no instrumento), novos
paradigmas estéticos e experiências sensoriais surgem.
A partir de então, começa a formação de identidade da animação criativa, como
arte, que, inicialmente, baseava-se em transformar as histórias em quadrinhos, sem
decupagem, em filme (lightning sketches), e também começaram a surgir séries
cinematográficas explorando personagens dos desenhos, expandindo o cinema para
os desenhistas. “Os pioneiros irmãos Lumière fornecem a prova num dos primeiros
filmes narrativos, Arroseur et arrosé, de 1895, baseado nas tiras do desenhista francês
Christophe (Georges Colomb), publicadas em 1889”. (Lucena, 2004, p.46). Devido a
massificação dos quadrinhos nos EUA, logo o cinema começa a se desenvolver como
indústria, influenciando ainda mais o mercado de animação. Na virada do século XX,
1 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8dRe85cNXwg
18
Cohl - ilustrador de tiras de quadrinhos, dos quais muitos eram referência no cinema
- é convidado, pelo estúdio Gaumont, a adaptar suas histórias em quadrinhos no
cinema. E é em 1908, que ele lança o filme Fantasmagorie², considerado por Lucena
como o primeiro desenho animado de verdade.
Contudo, com o surgimento da computação gráfica, em 1960, o artista vislumbra
uma nova ferramenta que auxilia seu trabalho; apesar da dificuldade inicial de se
trabalhar com esse aparato, já que seu uso se restringia, muitas vezes, a pessoas
com conhecimentos específicos, geralmente programadores. O que não impediu dos
animadores tradicionais de enxergarem a oportunidade de elaborar seus projetos de maneira
digital, explorando e usufruindo da inovação tecnológica e de todo seu poder
expressivo, principalmente da facilidade em interpolar imagens. Dessa forma,
constatamos que “a história da animação é particularmente significativa na
demonstração de como a relação entre técnica e estética na produção visual da arte
é indissolúvel e vital – simplesmente uma não existe sem a outra”. (Lucena, 2002, p.
28).
Desde então, o processo gráfico de animação vem evoluindo a ponto de otimizar
a animação e também ganhar novos adeptos ao processo. Do qual, é possível verificar
o interesse em explorar ferramentas que facilitam o processo artístico, que caminham
a uma representação bem próxima ao real, estreitando ainda mais o espaço entre arte
e tecnologia. Por isso, é possível observar um crescente mercado na área, que
exploram a imagem tanto 2D em 3D, sendo essa última mais utilizada pelo estúdio
Pixar, responsável pela criação de Valente, em 2012.
Por isso, a escolha pela animação se justifica pela sua ligação direta e crescente
com o campo das artes, um exemplo claro da integração à tecnologia. E é a partir
dessa união que há a necessidade de buscar vínculos mais íntimos, explicando as
cores selecionadas a cada cena, utilizadas em filmes. Vale destacar que a assimilação
das animações e a melhor receptividade do espectador são consequências dessas
relações, o que é característico do cinema, que com a ajuda das cores conseguem
expressar valores e impulsos como o amor, emoção, por exemplo.
___________________________________________
² Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qa7TC8QhIMY
19
Para a criação de uma animação, é necessário levar em consideração
elementos como o schetchbook, que trata da ideia inicial do projeto. Para
contextualizar esse tipo de criação, expomos um claro exemplo desse processo,
através de um dos estudantes de Artes Visuais da UFRN, Fernando Telles.
Figura 1 - Schetchbook "Jiboia Boia?"
Fonte: Fernando Telles (2016).
A partir da definição das etapas de cada ação, em um modelo visual em forma
de quadrinho, o artista enxerga um apoio que serve de referência para organização
de um storyboard do que viria a se tornar a animação propriamente dita. Nesse
protótipo, o autor define os esboços das cenas sequenciadas, com imagens e
descrição de cada ação, de modo a pré-visualizar o filme.
20
Figura 2 - Storyboard "Jiboia Boia?"
Fonte: Fernando Telles (2016).
21
Figura 3 - Conceito dos personagens principais "Jiboia Boia?"
Fonte: Fernando Telles (2016).
“Os personagens possuem nomes normais, sendo os principais Wallace e
Macaca, o jacaré preguiçoso e a jiboia faminta respectivamente, os
secundários Nélio e Tadeu, os sapos observadores. E por fim, a joaninha sem
sorte. O ambiente do curta não é bem o habitat natural em quem estes
animais viveriam na vida real. As pedras e as árvores foram encaixadas na
cena propositalmente para que os personagens pudessem interagir com
estes objetos.” (TELLES, 2016).
No esforço de expandir seus conhecimentos na área, Fernando procura fontes de
pesquisas e livros como The Animator Survival Kit, de Richard Williams, por exemplo.
Sendo esse, uma base teórica importante para discernir o funcionamento de conceitos
de tempo e espaçamento na animação, além de procedimentos de comprimir e esticar
as figuras. Foram feitas análises também de movimentação dos personagens para
que estas ações fossem condizentes com as leis físicas.
Sobre a aplicação prática desses conceitos no software foi necessário,
segundo Fernando (2016), criar um esqueleto satisfatório (rig), que simplifica o
processo do personagem na animação e amplifica as possibilidades de se trabalhar
cada personagem. O rig de Wallace, o jacaré, foi construído de maneira automática
no software blender, através de um plugin chamado rigify. Porém, que não
descartavam a necessidade de criar os controles para as expressões faciais, que
22
conferem a assimilação com os espectadores. Através do domínio desses controles é
possível alterar a malha referente a arte do personagem, facilitando a aplicação dos
princípios, referentes a movimentação, da animação.
Figura 4 - Princípios de comprimir e esticar
Fonte: Fernando Telles (2016).
23
1.1. Teoria das Cores
De acordo com Fraser (2011) é necessário, antes de tudo, entender a nossa
visão: o único sentido que podemos identificar a cor, já que ela não tem cheiro, nem
som, nem textura e nem sabor. Uma vez que nossos olhos nos permitem experimentar
uma cor, é todo o resto de nós que determina o significado que lhe emprestamos. As
associações de cor diferem de indivíduo para indivíduo, mas há algumas tradicionais.
Como, por exemplo, o azul que muitas vezes é associada à calma, frialdade,
serenidade, introspecção, sabedoria, solidão, espaço, verdade, beleza, cálculo e
frigidez. É dessa forma, então, que a cor transmite mensagens subliminares que
agradam ou não o observador.
Partindo do princípio de que só é possível observar a cor a partir da luz, Fraser
(2011) se utiliza da teoria tricromática de Young e Von Helmholtz, na qual sugere que
em nossos olhos há cones que são divididos em três tipos sensíveis a comprimentos
de onda específicos. Sendo estas correspondentes a vermelho, verde e azul,
determinadas como as cores primárias da luz. Isto explica o porquê dessas cores
saltarem aos nossos olhos, quando postas em uma obra. Portanto, não há, receptores
para amarelo, ciano e magenta. É então, a partir de combinações entre as primárias,
que observamos todas as outras restantes. A combinação dessas três cores da luz
para recriar todo espectro é chamada mistura aditiva. Como mostrada na figura que
segue:
24
Figura 5 - Mistura aditiva
Fonte: banco de imagens do Google (2017).
Dentre as relações entre as cores, há as cores complementares, nas quais as
cores se realçam, como, por exemplo, o vermelho e o verde. Essas relações são para
Henring “cores primárias: vermelho, cujo negativo é o verde; amarelo, tendo por
negativo o azul; e um terceiro processo primário acromático: o branco e o preto. Este
atua como fato de luminosidade”. As cores análogas têm uma cor base em comum,
criando uma relação de proximidade entre as cores, que são facilmente misturados
ao nosso olhar. Para Ostrower (2004), a expressividade da cor dependerá da
combinação com outras cores, dessa maneira, cada cor é redefinida a cada relação.
O círculo cromático tem como função facilitar a amostragem das principais relações
entre as cores, baseadas em seus aspectos físicos:
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Figura 6 - Relações cromáticas
Fonte: banco de imagens do Google (2017).
Com relação ao filme Valente, é possível ainda observar a exploração entre as
cores quentes e frias. No qual, o cenário predominante frio, facilita o destaque da cor
do cabelo da personagem principal, que é laranja. De acordo com essa paleta, é
possível perceber:
Figura 7 - Cores frias
Fonte: produção da autora (2017).
Figura 8 – Cores quentes
Fonte: produção da autora (2017).
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No entanto, é relevante perceber que qualquer que seja o círculo cromático que
o artista use, o objetivo principal é indicar matizes que funcionem bem juntas. Para
Ostrower (2004) esse tipo de conhecimento – acerca dos aspectos físicos da cor – é
inteiramente supérfluo, porque nada tem a ver com a expressividade das cores ou
com a sensibilidade delas. É necessário conhecer também o efeito psicológico de
cada cor e seu impacto em cada região que for utilizada:
O que é importante perceber é que, sim, a cor não é propriedade dos objetos
e a sua percepção acontece primeiramente porque existem estímulos (luz) e
os órgãos receptores capazes de decifrá-los (os olhos). Porém, ainda depois
que esses estímulos luminosos são primeiramente decifrados e codificados
fisiologicamente pela retina, eles encontram a cultura construída
coletivamente na memória (SILVEIRA, 2011, p. 18).
Um significante pode ser uma cor e o significado é o que quer que seja a que
refere o significante. Aplicando essa ideia a cor, percebemos que os valores contidos
nas cores são aqueles que atribuímos. Visualizamos essa relação em nosso cotidiano
a partir da concordância que o vermelho do semáforo é uma ordem de parada. No
entanto, quando o vermelho está em outro contexto, não o associamos a esta mesma
ordem. Por isso que a cor depende também de um contexto, já que o vermelho é uma
cor aceita para o sol, que dá a vida, mas também significa a morte, pois é a cor do
sangue. No cinema, percebemos que mesmo em obras de diferentes diretores, há
uma padronização de paletas de cores para recriar determinado tipo de sentimento,
sendo possível perceber na imagem:
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Figura 9 – Roda de emoções de Plutichk
Fonte: banco de imagens do Google (2016).
Percebemos, então, a constante relação das cores com os sentimentos
humanos. As cores influenciam tanto fisiologicamente, quanto psicologicamente,
criando sensações como alegria ou tristeza. E são esses aspectos psicológicos que
o cinema emprega a fim de atingir o espectador de acordo com sua intencionalidade.
28
2. A ANIMAÇÃO VALENTE, DA PIXAR
O estúdio Pixar Animation ao lançar o filme Valente, em 2012, marca um novo
avanço na arte através da computação gráfica, do qual foram necessários mais de
oitenta animadores. Isso devido a elevada qualidade gráfica - encontradas nas
texturas do cabelo e das roupas dos personagens - que essa animação possui.
Também notável na cinegrafia, iluminação e fotografia do filme. A preocupação em
retratar o ambiente e personagens ainda mais próximos do real, fez com que os
produtores criassem várias texturas e camadas nas figuras. Esta multiplicidade de
camadas encontradas na natureza, também foi incorporada nas vestes dos
personagens, que variavam de acordo com a personalidade e posição social de cada
um. A criação de várias camadas requereu programação no computador para que as
camadas se movimentem e interajam de maneira correta.
O filme Valente narra a história de uma jovem princesa chamada Merida, a
primeira protagonista da companhia. Ela, como sucessora ao trono de rainha, é
regrada de acordo com os costumes do reino, costumes estes que a protagonista
rejeita. A jovem, de cabelos ruivos e encaracolados (maior dificuldade em se
reproduzir graficamente), possui grande habilidade com o arco e flecha, atividade essa
que sua mãe, Elinor, repulsa. E prefere se aventurar cavalgando fora do castelo, onde
há uma enorme floresta, do qual se nota as belas paisagens da Escócia, país que
serviu de inspiração para a animação.
A revolta de Merida parte, principalmente, de quando é impedida de realizar as
atividades das quais gosta e que seus irmãos, trigêmeos, não sofrem repressão
alguma. Ao ser obrigada pela mãe a se casar com um dos príncipes vindos de outros
reinos, a jovem entra em confronto com os pais e sai em seu cavalo, Angus, castelo
afora. E é nesse momento, na floresta, em que ela se depara com uma bruxa e a pede
uma porção que mude sua mãe. Só que o feitiço não sai como esperado e a mãe de
Merida se transforma em um urso. Desse ponto em diante, a animação segue com
sequências de ações que buscam resolver esse problema.
No cenário externo é possível notar uma considerável variedade de estilos de
árvores (bétulas, sorveiras, pinheiros escoceses) detalhadas com musgo e líquen, que
conferem ao local uma vastidão de verde, acompanhadas de um amplo campo, com
altos relevos, composto de grama igualmente verde e urzas com coloração entre o
roxo e magenta. Este cenário, por vezes é desfocado por uma névoa, que ainda cobre
29
o extenso lago. As rochas, em um tom acinzentado, são encontradas, principalmente,
em tamanhos avantajados e pontudos. Há vegetação por quase todas as superfícies.
E também, observa-se uma grande cachoeira e mar. Steve Pilcher, desenhista nessa
produção da Pixar, afirma “eu realmente quis capturar a paleta de cores e a
característica tátil do que nós vimos na Escócia.”
Figura 10 - Ambiente externo Valente
Fonte: Frame (2m36s) retirado de Valente.
Em relação ao ambiente interno, no castelo, localizado em um penhasco no
mar; por se tratar de uma época medieval, quando não há luz proveniente do sol -
vindas pelas janelas - a iluminação se dá através de velas, que conferem à cena um
tom amarelado e acabam ressaltando os cabelos ruivos dos personagens. As
paredes, construídas com rocha, têm um tom neutro.
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Figura 11 - Ambiente interno luz branca/natural Valente
Fonte: Frame (9m05s) retirado de Valente.
Figura 12 - Ambiente interno luz vela/artificial Valente
Fonte: Frame (14m27s) retirado de Valente.
A animação é produzida com foco na natureza e na paleta de cores, a fim de
ampliar e sentir a realidade; dessa forma, apresenta cores sutis, escuras e
encorpadas, com predominância no verde com tons de violeta; as figuras são
envelhecidas e possuem bastante textura. A intenção foi dar relevância ao cenário, a
fim de que ele se conectasse com os personagens e fosse igualmente marcante para
o espectador, como podemos perceber na fala do supervisor-animador do filme na
citação seguinte:
Esta é a produção mais difícil que já fizemos, como animadores. Cada
personagem é muito complexo, e há uma credibilidade que nós queríamos e
31
de que a história precisava. Embora os desenhos sejam caricaturados, você
quer acreditar neles, sentir que correm perigo. Este filme tem um nível de
interação entre os personagens e o ambiente que nós nunca tentamos antes.
Com ambientes tão exuberantes, nós sabíamos que tínhamos que ter
personagens interagindo com tudo. É um mundo tátil, e nós não tivemos
limitações na abordagem deste filme. (BARILLARO, 2012)
Com relação a aparência da personagem principal, podemos destacar sua pele
branca, olhos azuis, cabelos encaracolados e grandes, na cor laranja. Na maior parte
do filme, Merida está com um vestido longo em um tom de azul marinho. Em alguns
pontos destes, há detalhes beges – nas mangas e decotes. A protagonista está
sempre acompanhada do seu arco e flecha, que é pendurado na sua cintura. Seus
sapatos são na cor marrom. E em algumas cenas, ela se utiliza de uma capa preta –
principalmente nas cenas de conflito. Há outro vestido, que é escolhido por Elinior,
para apresentar sua filha aos clãs vizinhos. Ele é na cor de um azul brilhante, com
detalhes dourados. Nesse momento, ela também utiliza uma espécie de touca - que
cobre todo o seu cabelo, que é fechada por uma tiara.
32
2.2. As cores de Valente – análise de imagem
A semiótica, segundo Santaella (2010), pretende dar conta das diferentes
linguagens que nos cercam, dentre elas, a mensagem imagética. Nessa interpretação
também são considerados elementos associados, que podem ser sons ou palavras,
por exemplo. Mais que isso, busca, no papel de receptor, a maneira em que essa
mensagem é entendida e sentida. Abrange todos os signos, linguagens e contextos,
pois são passíveis de produção de significado. Esta definição é, portanto, o conceito
de semiose. Ou seja, o processo de significar um signo. O signo, por sua vez, se
caracteriza como algo significante. No entanto, para a interpretação de signos
encontrados no cinema, por exemplo, é necessário ter conhecimento acerca desse
assunto, para que a leitura seja mais aprofundada.
Figura 13 - Paleta cena Valente e Elinor
Fonte: Paleta criada no software illustrator, retirado do frame (45m23s) do filme Valente.
O frame acima, retirado do filme Valente (45m23s), apresenta cores
predominantemente encorpadas, escuras e opacas. O que faz criar um contraste tonal
entre os signos e dá a sensação de profundidade. Assim, resultando em três planos
distintos.
O frontal é destacado pelo contraste que se dá devido ao brilho dos signos
quando comparados aos demais, fazendo com que as texturas sejam mais nítidas.
33
Essas texturas são insinuadas através de linhas curvas em tons alaranjados vívidos,
que criam volume a partir da exploração de tons monocromáticos; e também,
encontra-se a sequência de pequenos círculos em tons mais claros de um marrom
esverdeado em relação a sua superfície plana contínua, o que faz transmitir a
sensação de rugosidade e aspereza. Esse laranja salta a cena, pois faz contraste com
o verde amarelado que impera no cenário e se completa com o azul esbranquiçado.
Nesse plano, ainda é possível perceber a proximidade entre os dois objetos
destacados, pois os elementos da figura da direita se sobrepõe e interage com o da
esquerda, que, inclusive, é de menor tamanho. Essa relação de proximidade traz à
tona a sensação de conforto e carinho.
O segundo plano, o intermediário, é marcado pela linha horizontal ininterrupta
verde amarelada que se encontra no meio da imagem, o qual se observa mais nítido
do que o verde presente no plano de fundo e, tem posicionado por trás duas figuras
retangulares e marrons, que têm pequenos círculos brancos em sua superfície, que
sugerem textura a partir de linhas presentes nas áreas.
No plano de fundo, observa-se elementos nas cores verdes, marrom e um azul
com tons de roxo. Estão presentes diversas linhas que formam uma espécie de objeto
retangular, em diferentes proporções – alguns mais estreitos do que outros. Esses
objetos iniciam com uma base verde e mais larga, à medida que eles vão se
estreitando para cima, em direção ao limite da imagem, vão surgindo tons de marrom.
E em seu corpo, tanto na esquerda quanto na direita, tem-se linhas verticais que
finalizam em amontoados de pequenos círculos verdes. Em meio a esse monte, tem-
se um breve espaço destacado pelo branco azulado. É possível observar também, a
presença de triângulos arredondados, no qual tons de marrom azulado se
complementam. Vale ressaltar que todos os elementos encontrados nessa imagem
não possuem contorno, trazendo uma sutileza a cena. No geral, o volume é criado
através da adição de preto do mesmo tom da figura.
A partir das relações entre as cores, deduzimos que o foco principal da cena
são as duas figuras femininas e humanas (reconhecemos semelhanças com o que
sejam mãos, rosto e cabelos de uma pessoa). Ainda, percebemos que estão se
relacionando afetivamente; já que a personagem da direita enrolada em um tecido
aveludado, possivelmente uma manta – aparentemente mais velha, devido ao cabelo
levemente grisalho – segura o rosto da outra, que pressupomos possuir um grau de
parentesco muito próximo, e a beija na testa. Essa ação, aos olhos dos espectadores,
34
pode remeter à memória afetiva – aqueles que têm ou tiveram uma relação positiva
com mulheres de referência – causando, assim, um sentimento de conforto ao entrar
em contato com a cena. Ou ainda, mesmo para os que não tiveram tal contato,
entende-se como um momento de carinho, pois o beijo em si, na cultura ocidental, é
um gesto observado, geralmente, entre pessoas com algum tipo de proximidade e
que, ao ser dado na testa é ressignificado, insinuando algo como cuidado e proteção,
especialmente quando alguém mais velho o dá em alguém de idade mais nova –
devido a sua estatura, não importando o grau de parentesco.
A feição expressa em seus rostos – olhos fechados, rostos corados, beijo e
sorriso – demonstra a felicidade ao estarem juntas. Elas, inseridas num cenário com
vegetação ao redor, nos fazem questionar a maneira em que foram parar nesse meio,
já que não estão vestidas com roupas adequadas ao ambiente, por exemplo: de quem
vai fazer uma trilha, nem tampouco as cores do céu indicam um tempo propício para
um mergulho. O que se nota é que a figura mais velha está coberta pelo que parece
ser um tapete, dando a impressão de que não tinha o que vestir, como uma pedinte
ou alguém que perdeu as roupas em meio ao mato ou fez um lençol improvisado. No
entanto, ao relaciona-la com a felicidade da outra personagem, a da esquerda,
refletimos se ela estava perdida em meio aquele cenário e ficou feliz por ser
reencontrada por alguém que lhe é familiar.
A cena citada retrata o desfecho da trama do filme “Valente” e pode
possivelmente causar reações ativas em quem a recebe, causando comoção e/ou até
mesmo, levando ao choro. O momento em questão retrata o instante em que Merida,
a personagem principal, consegue reverter o feitiço que lançara em sua mãe, Elinor.
O feitiço – de transformar a mãe em urso – estava para se tornar permanente. Nesse
caso, Merida só tinha até o exato momento para reconciliar-se com sua mãe, questão
que faria a magia acabar. No tapete, em que Elinor está enrolada, havia um bordado
dela junto a Merida, representando a relação de ambas.
Num momento anterior, de raiva, Merida o havia rasgado. Ao perceber que este
era o objeto representativo capaz de reverter a situação, com a tapeçaria remendada,
corre a cavalo em direção a floresta. Porém, ao encontrar sua mãe (ainda em forma
de urso), nada acontece. É então que ela a abraça e começa a chorar. Logo, Elionor
retorna a forma humana; revertendo a cena para um momento de alegria. Assim, é
percebido que, através desta ação, elas conseguiram cessar os conflitos que
possuíam.
35
A cena – devido as árvores, musgos, gramas e rochas – indica ser um cenário
de mata ou floresta e, possivelmente, o local em que Elinor habitava enquanto era
uma ursa. O filme se passa na Escócia, o clima úmido – devido à presença de névoa
e de musgos nas árvores (plantas que só crescem em ambientes desta natureza e
dependem da água para se reproduzirem). Apesar da semelhança com os traços
humanos, sabemos que se trata de uma representação figurativa feita através da
computação gráfica. As cores dão um aspecto de desenho, algo fantasioso. A luz, um
filtro entre o laranja e azul, sugere que a ação ocorreu ao amanhecer do dia e, que
aliada a conclusão do filme, pode simbolizar a aptidão de um recomeço, a simbologia
de um novo dia.
Figura 14 – Encontro de Valente com a bruxa
Fonte: Frame (14m27s) retirado de Valente.
A cena retrata um ambiente escuro, com cores amarronzadas, que se
encontram principalmente em uma superfície retangular desfocada ao fundo - a direita
da imagem. Com exceção de pequenos pontos retratados por uma chama branca que
saem de uma figura cilíndrica um pouco alaranjada, que clareiam os tons de marrom.
Acima, percebe-se um tom de verde claro que salta a cena, pois é um dos poucos
tons claros encontrados nesse frame. E que cria contraste com a figura – igualmente
desfocada - avermelhada, encontrada à esquerda. No centro, percebemos uma figura
com maior nitidez. Nela, há a relação de contraste através do claro e escuro: seu lado
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direito – possivelmente por influência do branco – está em tons mais claros que o seu
lado esquerdo. Ainda encontramos tons de vermelho alaranjado, verde, amarelo e
branco. Sua forma é desproporcional e exagerada.
Apesar de caricata, é possível reconhecer uma figura feminina ao centro da
imagem, já que identificamos nariz, olhos, boca e cabelos. Os cabelos totalmente
brancos, com alguns reflexos amarelados, dão a figura central um aspecto de uma
mulher mais velha. As orelhas e nariz exagerados, nos rementem a uma figura
desproporcional, o que causa estranhamento a primeira visão. A boca, que só possui
um dente, dá o aspecto de uma pessoa sem muitos cuidados com a aparência. A
escuridão do local, dá a cena um aspecto de assombração e medo.
O episódio acontece quando a protagonista, Merida, vai à residência da bruxa,
onde espera encontrá-la a fim de realizar um pedido envolvendo feitiçaria. Ao chegar
no local, encontra uma casa com o teto baixo, na qual a iluminação se dá
exclusivamente por velas e a magia encontrada no caldeirão. As luzes com cores
fantasias que saltam do caldeirão tornam o local fantasioso. No cinema, a cor verde
está associada também a feitiçaria.
Figura 15 – Valente em fuga
Fonte: Frame (26m15s) retirado de Valente.
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Nesse frame é possível observar a predominância de tons variados entre o
verde e azul. Em contraste, há um pequeno ponto laranja quase no centro da imagem,
mais um pouco para a esquerda. As formas volumosas na cor cinza, nos chama a
atenção para o canto superior direito – onde se encontra o tom mais escuro do cinza.
Há também a presença de muita textura na cena, encontrada principalmente no verde
e no preto. O artista explora a relação de perspectiva, que cria um plano fundo, dando
a impressão de que os elementos da direita estão mais próximos a nós, expectadores.
A esquerda, encontramos um amontoado de formas retangulares que formam uma
figura ainda maior, que por vezes cria uma forma triangular, outra, uma forma mais
circular em suas extremidades. Também percebemos uma espécie de volume, criada
a partir da variação de tom e tamanho dos retângulos.
O céu marcado por nuvens cinzas em meio ao pouco céu azul, inferimos que
está perto ou acabou de chover. A predominância de vegetação dá um aspecto de
floresta a cena. Ao fundo, reconhecemos o que seja uma construção antiga, como um
castelo. Ainda, visualizamos uma menina em cima de um cavalo, criando a sensação
de movimento à cena em questão. Por se tratar de andar a cavalo em um tempo pouco
propício a isto, associada a velocidade que a cena sugere, podemos relacionar a uma
espécie de fuga da personagem em questão.
A cena retrata o momento em que Merida foge do castelo para floresta –
momentos antes de se encontrar com a bruxa e lançar um feitiço na sua mãe. Isso
ocorre devido a sua insatisfação com as atitudes de Elinor, que além de ter queimado
seu arco e flecha de Valente, ainda queria obriga-la a casar. A cena ganha o aspecto
de movimento através da perspectiva da cena: é possível perceber uma rampa logo
após a saída dos portões do castelo e o caminho para floresta um pouco mais reto e
contínuo. E também pelos cabelos voando. Devido a relação de complementariedade
entre o verde e o laranja, podemos visualizar Merida através do destaque do seu
cabelo – o que salta também por ser uma cena fria.
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3. AÇÃO PEDAGÓGICA: AS CORES COMO SUPORTE PARA LEITURA DE
IMAGEM
A ação pedagógica foi realizada no Núcleo de Educação da Infância, localizado
em Lagoa Nova no Campus Universitário - Natal/RN, na turma 3 da educação infantil
- turno matutino. A turma conta com vinte e duas crianças entre 4 a 5 anos de idade.
Esta ação contou com o auxílio das professoras: Gilvânia Maurício Dias de Pontes e
Lucineide Cruz Araújo, da bolsista Natália Medeiros de Oliveira e da auxiliar de creche
Julie Andrade Souza. Devido a experiências anteriores, proporcionadas pelo projeto
de extensão pelo qual faço parte – Artes Visuais na Educação Infantil: processo de
formação de mediadores na escola da infância – foi possível trabalhar com esta turma
um projeto de intervenção sobre fotografia. Ou seja, o repertório dos alunos já contava
com leituras de imagens, dessa forma, eles provavelmente assimilariam mais
facilmente o contexto da cor em animações. De acordo com Asbahr (2016, p. 172),
“podemos concluir que a aprendizagem escolar possui uma pré-história, não se inicia
do vácuo”.
Com isso, as aulas sobre leitura de imagem, com base nas cores, tiveram a
intenção de oferecer o aparato necessário para que as crianças reconheçam a
intencionalidade das cores, a sua interpretação e a sua sensibilidade no contexto
fílmico. E ainda, experimentar o princípio básico da animação, através do stop motion,
para que elas além de consumidoras, tornem-se também produtoras dessa
linguagem. Estes são processos importantes na formação cognitiva e psicológica das
crianças, pois desenvolver o olhar crítico da criança diante da visualidade em seu
cotidiano é essencial para sua formação consciente e cidadã (FREIRE, 1997).
Este projeto tem como base a Abordagem Triangular proposta por Barbosa
(1998; 2009), que utiliza as ações de ler, contextualizar e fazer, com o objetivo de
favorecer a aproximação das crianças com a Arte:
A Proposta Triangular é construtivista, interacionista, dialogal,
multiculturalista e é pós-moderna por tudo e por articular arte como expressão
e como cultura na sala de aula, sendo esta articulação o denominador comum
de todas as propostas pós-modernas do ensino da arte que circulam
internacionalmente na contemporaneidade. (BARBOSA, 1998, p. 41)
39
Nesta ação, temos a visão da criança como ator social qualificado, capaz de
ser protagonista do seu processo de aprendizagem (SARMENTO, 2005). Suas
capacidades e potencialidades devem ser levadas em consideração, pois acreditamos
que elas são sujeitos sociais e políticos, com habilidades próprias. Na Educação
Infantil, a criança lê e ressignifica seu contexto sociocultural, através de atividades que
estimulem sua autonomia, nos diversos campos de experiência e conhecimento
(PONTES, 2010).
3.1 Plano de aula
Turma 3 da Educação Infantil
22 alunos na turma
Faixa etária: 4-5 anos
3 aulas de 3h de duração cada
Objetivo geral:
Entendimento da relevância da cor na narrativa de animações
Objetivo específicos:
Contextualizar conhecimentos e experiências sobre a cor, a partir de elementos do dia
a dia;
Compreender a construção de significado a partir de uma determinada cor;
Analisar a intencionalidade na escolha da cor para compor uma obra audiovisual;
Experimentar as reações das cores a partir da mistura de tinta e da luz;
Entender como as cores se comportam quando dispostas com outras cores, a partir
do contraste que elas criam entre si;
Perceber a relação de complementariedade a partir do círculo cromático;
Leitura crítica de animações;
Produção de stop motion com massinha de modelar, de acordo com o conhecimento
construído coletivamente.
40
3.1.1. Primeira ação 10/11
Na primeira ação, fizemos um levantamento sobre o que as crianças sabem
sobre o conteúdo a ser abordado, a partir dos questionamentos “o que é cor? O que
sabemos sobre cor?” Após isso, foram mostradas imagens que cercam as crianças
em seus cotidianos como, por exemplo, a imagem de um semáforo, na qual, não
precisa de informação textual para ser compreendida. E pedimos-lhe que nos
dissessem quais cores haviam na imagem e o que ela poderia significar. Na natureza,
chegaram ao consenso de que quando uma fruta está verde, pode significar que ela
não está boa para consumo, pois está dura.
Levando em consideração a relação das cores, dentre as diversas respostas,
vale ressaltar a seguinte: “o verde do reflexo da árvore na água, muda o verde” (L. M.,
4 anos); na qual a aluna se referia ao verde da árvore refletindo na água azul. A partir
desse entendimento, as crianças foram expostas a diferentes imagens. Nas quais, a
cor mudava de significado de acordo com o contexto que estivesse inserida. E,
dependia também de outras cores para a construção de significado e relevância
visual, ou seja, se determinada cor a ressaltava ou a escondia na obra.
Questionados acerca da influência da cor em nossas vestimentas, foram-lhes
mostrados dois vestidos de noiva: um na cor preta e o outro, na branca. As reações
em relação ao vestido preto foram, em sua maioria, negativas. As crianças disseram
que era “muito preto”, “feio”, que “ninguém casa de preto” e que “a modelo estava
arrepiada”. Em contrapartida, afirmaram “gostar muito do branco”, que “as mulheres
sempre casavam de branco” e em relação a modelo, a acharam “muito bonita”. Então,
começaram a imaginar qual a cor que resultaria se misturássemos as cores dos dois
vestidos.
Em determinado momento, as crianças ficaram em frente ao retroprojetor, no
qual haviam diferentes cores devido as imagens projetadas na parede. Então,
começaram a perceber que a luz também influencia as misturas das cores. Como a
farda deles é predominantemente azul, formaram o verde a partir da luz amarela, por
exemplo. Curiosos para experimentar outras possibilidades de misturas e formar
diferentes cores, propomos uma atividade de experimentação através de tintas
guaches. Dessas, haviam disponíveis as cores: amarelo, preto, vermelho, azul, branco
e verde.
41
Antes de iniciarmos a atividade, as crianças tiveram seus primeiros contatos
com o círculo cromático. A partir dele, elas visualizaram como as cores estão
dispostas com outras. Em seguida, explicamos brevemente sobre as relações
cromáticas, antecipando um pouco do que viria no próximo encontro. Nesse momento,
a professora Gilvânia sugeriu que, no encontro seguinte, lhes fossem oferecidas
cartolinas de diferentes cores para que elas pudessem fazer suas próprias
combinações, refletir sobre suas misturas e entender que as cores também se
misturam para além das tintas. Em relações aos diálogos, vale destacar:
Em relação a atividade de mistura de tintas, as crianças foram instruídas a
escolherem apenas duas cores. Ao misturarem o branco com o amarelo, por exemplo,
alguns disseram que não havia mudado a cor. Já com relação ao vermelho com o
branco, a reação foi diferente, afirmaram que havia se transformado na cor rosa.
Então, com suas misturas feitas, era o momento de compartilharem suas novas cores
e testarem em diferentes cartolinas. Em algumas pinturas, não foi possível visualiza-
las bem, porque algumas meninas haviam feito a arte de tinta rosa claro, em uma
VOCÊS ACHAM QUE SE A COR DO SOL MUDAR, INFLUENCIA NAS CORES DAS
PAISAGENS?
O laranja quer dizer que é o pôr-do-sol, quer dizer que tá ficando de noite
A noite o céu fica azul escuro
De noite não dá para ver as mesmas cores, porque tá escuro
ENTÃO QUER DIZER QUE A COR É INFLUENCIADA PELA LUZ? A COR
DEPENDE DA LUZ, COMO VIMOS NO RETROPROJETOR?
Sim
Então a cor é luz
COMO SABEMOS QUE É UM CÉU NUBLADO?
Porque tá cinza
A gente fica dentro de casa
E QUANDO O CÉU NUBLADO TEM UM ARCO-ÍRIS? QUAL VOCÊS PREFEREM?
O céu com o arco-íris, porque é colorido
42
superfície rosa escuro. Ao final, misturaram todas as tintas o que resultou em uma
gigante mancha preta. Como mostram as fotos abaixo, à esquerda as crianças
misturando as tintas já na cartolina; a direita, o processo de mistura de tinta no pote:
Figura 16 – crianças pintando Figura 17 – crianças misturando tintas
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017). Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Logo, podemos concluir que as crianças foram capazes de atingir os objetivos
propostos e criar, através de suas próprias experimentações, as possibilidades de
criar novas cores a partir da mistura de outras. E, ainda, refletiram sobre as múltiplas
possibilidades de significado da cor, a partir do contexto de imagens encontradas em
seus cotidianos.
43
3.1.2. Segunda ação 13/11
A ação iniciou propondo uma atividade em que as crianças nos dissessem
quais as cores que ressaltavam mais aos olhos, a partir da experimentação entre
cartolinas de diferentes cores e tamanhos. E ainda, observassem como a mesma cor
se alterava em relação ao preto e branco. Isto é, quando determinada cor possuía o
fundo preto, essa mesma cor aparentava ser mais clara do que quando se relacionava
com um fundo de superfície branca. Em seguida, foram-lhes mostradas o círculo
cromático novamente e solicitado que nos dissessem onde se encontravam as cores
em que elas achavam que a cartolina de tamanho menor mais se destacou em relação
a maior. Chegando à conclusão de que, quanto mais as cores estavam distantes no
círculo cromático, mais elas se destacavam quando juntas. E quanto mais perto,
menos destaques essas cores teriam. Elas ainda puderam observar a relação entre
as cores em suas fardas que são: azul com amarelo.
Figura 18 – conhecendo o círculo cromático
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
44
Figura 19 – cor complementar e análoga
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 20 e 21 – crianças explorando as relações entre as cores
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017). Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
45
Após esse momento, sabendo que as crianças já haviam tido contato com as
obras de Monet – devido a ação de extensão já citada, resolvemos instigá-los a pensar
a cor no contexto da arte. Então, apresentamos a obra A regata de Argenteuil (figura
22), na qual inferimos que a casa vermelha se destaca em relação a um ambiente,
predominantemente, azul e verde. E, que mal conseguíamos diferenciar os tons de
azul no presente lago. Exibimos também a obra Catedral de Rouen (figura 23), em
que o objetivo era mostrar como a luz influenciava as cores no estudo desse artista.
Figura 22 - A regata de Argenteuil Figura 23 - Catedral de Rouen
Fonte: banco de imagens do Google (2017). Fonte: banco de imagens do Google (2017).
Ao irmos à sala de multimídia, na tentativa de expor o conceito de cores frias e
quentes, mostramos imagens como chuva e praia, para que os alunos dissessem
quais cores predominavam o cenário e qual sensação essa imagem emanava. Como
previsto, a imagem da praia trazia sensações como calor; e a de chuva, afirmaram
sentir frio.
A fim de entender o contexto na animação, foram-lhes mostrados diferentes
frames em diferentes situações do mesmo filme, no qual, uma se tratava de uma cena
triste e outra, feliz. Solicitamos que nos dissessem do que se tratava a imagem, se a
personagem estava, por exemplos, feliz, triste ou assustado e o porquê; as crianças
analisaram o contexto, a feição. Por conseguinte, perguntamos quais cores
predominavam na cena. E por fim, comparamos todas as cenas que haviam o mesmo
contexto, as cenas que eles disseram ser tristes, por exemplo, e pedimos que nos
dissessem se as paletas de cores eram semelhantes. Afirmaram que as cenas ditas
felizes, eram mais coloridas. Destaque para as seguintes falas, em relação a frames
retirados do filme do Toy Story: “até o vermelho tá triste, ficou menos vermelho” e “não
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tem brilho porque ele tá bem triste”. Dentre esses frames apresentados, mostramos
alguns do filme de Valente, apresentadas abaixo:
Figura 24 - Valente indo a floresta
Fonte: Frame retirado do filme Valente (2012).
Figura 25 - Valente e Elinor
Fonte: Frame retirado do filme Valente (2012).
47
Figura 26 - Valente reivindicando sua mão em casamento
Fonte: Frame retirado do filme Valente (2012).
Com base nesses frames, as crianças fizeram as seguintes leituras:
EM RELAÇÃO A PRIMEIRA IMAGEM:
É Luana
Ta feliz, porque a mãe tá dando um beijo nela
A cor que mais aparece é o vermelho
Ta de dia
O sol ta ensolarado, céu azul claro
Estão fora de casa
EM RELAÇÃO A SEGUNDA IMAGEM:
Ela ta triste
O urso é a mãe dela
Ela parece triste
Ela ta com medo, porque tá na floresta e tem urso
A arvore só tem galho, sem folhas, sem verde
O céu ta nublado
EM RELAÇÃO A TERCEIRA IMAGEM:
Ela não gostava da mãe dela
A mãe ta brava
O céu ta azul o outro ta cinza
Muito verde: da casa, da grama, da árvore
A cor do cabelo mudou, aqui ta claro, lá ta escuro, mas é a mesma cor
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Posteriormente, exibimos os seguintes curtas metragens I lava you; Day and
Night; Cidade colorida; Color Psychology - versão com cortes, pois haviam cenas
impróprias - e Paperman. Sendo este último, em preto e branco. O objetivo era que
as crianças fossem capazes de analisar a transição do contexto a partir das cores.
Elas fizeram as seguintes leituras:
Figura 27 - I lava you
Fonte: banco de imagens do Google (2017).
Sinopse, segundo o site wikipédia: em uma ilha tropical no Pacífico, um vulcão
solitário chamado Uku observa as criaturas selvagens brincarem com seus
companheiros e espera encontrar um também. Ele canta uma canção para o oceano
todos os dias por milhares de anos, gradualmente liberando sua lava e afundando na
água, mas não percebe que um vulcão submarino chamado Lele já ouviu falar dele.
Ela surge no dia em que Uku se extingue, mas o rosto dela virou-se para o outro lado
e ela não pode ver o outro vulcão. Uku afunda totalmente para o oceano, com o
coração partido, mas revive quando ouve Lele cantando sua canção. Suas chamas
reacendem-se, ele entra em erupção de volta à superfície, finalmente encontra Lele,
e os dois formam uma única ilha onde poderão ser felizes juntos.
Falas das crianças:
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Verde, marrom, azul
Ta muito colorido
Ele ta feliz cantando
O céu ta feliz
Ele morreu, ficou velho, porque apagou o fogo
A mulher ta triste – não, ta feliz
O vulcão de cima ta triste, ta cinza
Não ta mais verde
Ele se despedaçou
Ele ficou velho
Ela tem um foguinho
Ela saiu da água
Ela acabou de nascer, ta colorida
Ele ta cinza, ta triste (estão no mesmo plano)
Mas o céu ta diferente
Nele ta cinza, perto dele
Ela ta feliz, acabou de nascer, colorida
Ele ta triste
O céu dela ta azul
Ele ficou cinza e o céu também
Ele desceu
O céu ta brilhando p ela
Ele ta triste, sem folha
O céu ta abrindo p ela
Tem fogo
Eles tão namorando e tem o pôr-do-sol
Ele não ta cinza mais, ele cresceu
Os dois estão coloridas
As nuvens estão rosas, porque ta no pôr-do-sol
É o amor, vermelho é cor do amor
É um final feliz, por isso tem o pôr-do-sol, ta colorido
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Figura 28 - Dia e noite
Fonte: banco de imagens do Google (2017).
Sinopse, segundo o site adoro cinema: personificados, Dia e Noite se encontram,
mas não se dão nada bem. Estranhos um ao outro eles vivem desconfiados e
assustados. Aos poucos, essas duas personalidades bem distintas vão aprendendo a
conviver e percebem que cada um deles oferece uma janela diferente para o mesmo
mundo.
Fala dos alunos:
Ele é transparente
Ele voa
Ta de noite, porque tem a lua
O verde e azul são diferentes
Ficaram iguais (amanhecer e pôr-do-sol)
Esse é mais escuro, ai fica de noite
51
Figura 29 - cidade colorida
Fonte: banco de imagens do Google (2017).
Sinopse, segundo o site filmow: A trama se desenrola a partir de um menino
colorido que deseja ver sua cidade diferente das outras pessoas e passa a ter
atitudes que possam vir a modificar as pessoas que o cercam.
Fala das crianças:
A cidade ta cinza, menos o menino que ta feliz
Deixou de ser cinza, porque ficou feliz
Ele faz tudo ficar lindo
Quando ele toca, fica colorido
Ela deixou ele totalmente cinza, agora eu que to triste
Ficou tudo colorido
Color psychology trata-se de um vídeo que contêm diversas cenas de
diferentes filmes, com o intuito de demonstrar ao público como a paleta de cores é
semelhante, mesmo em obras diferentes. Isto é, o cinema cria um padrão de cores
para retratar determinada ação.
Fala dos alunos:
Vermelho cor de sangue
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Vermelho de brigando
Rosa de mulher
Figura 30 - Paperman
Fonte: bando de imagens do Google (2017).
Sinopse, segundo o site O camundongo: depois de conhecer a garota dos seus
sonhos no trem e vê-la novamente da janela de um prédio, um rapaz que trabalha em
um escritório usa uma frota de aviões de papel para chamar a atenção da moça.
Fala das crianças:
Não to vendo cor
Tudo cinza
É o último papel
O papel ta tentando convencê-lo de encontrar a mulher
Depois do exercício de leitura de imagem em um contexto de animação,
solicitamos aos alunos que colorissem alguma cena encontrada no curta Paperman.
Já que a animação se encontra em preto e branco, o intuito era verificar se as crianças
haviam entendido sobre a influência das cores e como elas se combinam na criação
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de significação de uma cena. Desta atividade, as crianças desenvolveram os
seguintes trabalhos:
Figura 31 - desenho G.M
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
54
Figura 32 - desenho L.B
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 33 - desenho L.M
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
55
Figura 34 - desenho H
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 35 - desenho M
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
56
Figura 36 - desenho M.E
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 37 - desenho N.H
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
57
Figura 38 - desenho N.S
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 38 - desenho S.L
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
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Ao fim desta ação, as crianças puderam ter contato com a cor numa obra
fílmica, visualizando possíveis padrões para determinar um contexto, mesmo em
obras diferentes. Elas foram capazes de perceber que a cor serve também para indicar
aspectos no nosso cotidiano, para que o identifiquemos mais facilmente, como é o
caso do dia e a noite. Percebemos também que as cenas onde possuem mais cores,
são mais atrativas as crianças. Inclusive, as mesmas esboçaram reações positivas
nessas ditas cenas felizes. Concluindo então, que existem pessoas no cinema
responsáveis por colorir as cenas para que estas sejam capazes de despertar
determinadas sensações no espectador.
3.1.3. Terceira ação 17/11
Na terceira e última ação, introduzimos o conceito de animação a classe, com
base no stop motion. Perguntamos se alguém sabia o que poderia ser isso, alguém
disse que poderia ser pintura de rosto. Indagamos se alguém já havia visto o filme A
funga das galinhas ou o desenho Pingu; então, questionamos sobre como esses
filmes eram feitos e logo responderam: de massinha. A partir disso, explicamos o que
era uma stop motion: fotos de uma sequência de determinado movimento, que quando
colocadas em conjunto, numa certa velocidade, cria a sensação de movimento. Para
esclarecer melhor, fomos ao quadro e solicitamos a ajuda de uma aluna, para que ela
criasse uma sequência de passos:
Figura 39 - movimentos para stop motion
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
59
Figura 40 - movimentos para stop motion 2
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Ao entenderem o conceito de stop motion, explicitamos de que poderíamos
fazê-lo a partir de massinha de modelar. Porém, só isso não era suficiente,
concordamos que em uma animação é necessário a criação de um roteiro, o qual
fizemos coletivamente:
O boneco, o ogro, a casa e o morcego
O boneco gosta de dançar, ele se remexe muito! Ele vai para floresta passear e
trabalhar, ele trabalha com os peixes no mar. O boneco encontrou um monstro
terrível: um ogro do mal; para fugir do ogro, ele encontra uma casa de doces e
ele entrou na casa. Lá, ele encontra um morcego assustador. O ogro fugiu e o
boneco conseguiu se salvar. Ele fica amigo do morcego e eles comem os doces
da casa.
Turma 3 - manhã
60
Como atividade, pedimos-lhe que cada um criasse individualmente o
personagem principal com massinha de modelar, para que posteriormente tirássemos
fotos e as colocássemos em sequência, no próprio editor de imagem que nós – eu e
as professoras – possuíamos no celular. Das possíveis cores da massinha de
modelar, havia amarelo, preto, vermelho, azul, branco, verde. Mais uma vez, cada
aluno escolheu quais cores queriam trabalhar. Exemplo de sequência criada por um
dos alunos:
Figura 41 - sequência de movimentos com massinha de modelar
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Como atividade final, pedimos que os alunos ilustrassem e colorissem a cena
criada no texto coletivo:
61
Figura 42 - desenho A
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 43 - desenho D.R
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
62
Figura 44 - desenho G.M
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 45 - desenho H
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
63
Figura 46 - desenho L
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 47 - desenho L.B
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
64
Figura 48 - desenho L.M
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 49 - desenho M
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
65
Figura 50 - desenho M.E
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 51 - desenho N.H
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
66
Figura 52 - desenho N.S
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Figura 53 - desenho S.L
Fonte: Acervo pessoal da autora (2017).
Nesta ação resultou que as crianças fossem capazes de entender os
princípios básicos da animação, a partir da experimentação com massinha de
modelar e do uso do stop motion. E que apreciaram suas produções.
67
3.2 Conclusão da ação pedagógica
Através desta ação foi possível proporcionar às crianças o contato com obras
fílmicas, na perspectiva de demonstrar as possibilidades de leituras de imagens a
partir do contexto da cor quando associada a outros elementos visuais. E também
puderam perceber a linguagem cinematográfica através dos padrões encontrados em
diferentes curtas, mas que pretendiam transmitir a mesma mensagem ao expectador.
Percebemos que o cinema agrega elementos visuais que nos cercam e
apresenta as cores a partir da incorporação dos significados que nos rodeiam, como
é o caso do reconhecimento dos diferentes turnos do dia. Mais que isso, os filmes
utilizam as cores de forma poética, a fim de influenciar nossa reação diante do que
nos é apresentado. Procuramos também criar e refletir sobre as produções artísticas
dos alunos em sala de aula, para que eles pudessem se tornar conscientes de suas
próprias criações. Por fim, puderam perceber como a cor na animação tem a função
de auxiliar o enredo.
Concluímos, então, que é importante proporcionar as crianças aparatos
relevantes que as auxiliem a redirecionarem suas percepções em um contexto fílmico.
Assim, através da complementação da bagagem visual das mesmas, espera-se
aumentar o interesse pelas Artes Visuais, demonstrando seus diferentes meios para
que os alunos possam incorporar em suas futuras produções.
68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que a paleta de cores utilizada na animação Valente (2012),
associa as cores a fim de significar e sustentar a narrativa. As relações de associação
de cores além de demonstrar aspectos do nosso cotidiano, também são utilizadas
com função poética. Mais importante do que entender a fisiologia das cores, é
reconhecer a importância das mesmas na função poética e psicológica de um
contexto. Pois, são estas que têm maior valor significativo numa animação como
Valente. Dessa forma, foi necessário nos apropriamos dos conceitos encontrados na
semiótica, que reconhece a cor como fator importante para interpretação das
mensagens.
Para tanto, foi necessário enxergar o filme diversas vezes, a fim de reconhecer
sua iconografia. A partir disso, perceber como as cores sofrem alteração de acordo
com o contexto e a mensagem que pretende se passar. Pretendendo expor as cores
com mais clareza, foram-se criadas paletas de cores de acordo com frames
encontrados no filme, através do software Adobe Illustrator. O entendimento das
relações entre as cores, foram feitas de acordo com a teoria das cores, que abordam
aspectos físicos das mesmas. No qual, é possível entendermos o porquê de certas
cores nos chamar mais atenção. Esse elemento é usado para destacar a protagonista,
de cabelo laranja, que contrasta em um cenário predominantemente verde e frio, por
exemplo.
Este trabalho serviu de base para aplicação de uma ação pedagógica de leitura
de imagens a partir da cor, reforçando que é possível trabalhar aspectos, mesmo que
subjetivos, com crianças. A pesquisa serviu de base para esta intervenção, no qual foi
importante para ampliar o repertório visual das crianças. Este entendimento, faz com
que se trabalhe o olhar de criança e a partir disso, demonstra as múltiplas linguagens
encontradas nas Artes. Assim, influenciando as produções futuras das crianças.
Tornando-as não só consumidores, mas sujeitos capazes de produzir cultura.
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REFERÊNCIAS
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