UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ EVERALDO PEREIRA DOS ANJOS€¦ · verdade fazem parte dos estudos...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ EVERALDO PEREIRA DOS ANJOS€¦ · verdade fazem parte dos estudos...
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
EVERALDO PEREIRA DOS ANJOS
MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999 – 2012: DESIGUALDADE SOCIAL E O PROBLEMA DA QUALIDADE DOS DADOS DE
PESQUISA SOBRE MORTALIDADE
CURITIBA 2015
EVERALDO PEREIRA DOS ANJOS
MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999 – 2012: DESIGUALDADE SOCIAL E O PROBLEMA DA QUALIDADE DOS DADOS DE
PESQUISA SOBRE MORTALIDADE
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel com licenciatura
Orientador: Prof. Dr. Pedro Rodolfo Bodê de Moraes.
CURITIBA 2015
TERMO DE APROVAÇÃO
EVERALDO PEREIRA DOS ANJOS
MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999 – 2012: DESIGUALDADE SOCIAL E O PROBLEMA DA QUALIDADE DOS DADOS DE
PESQUISA SOBRE MORTALIDADE
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de bacharel com licenciatura em Ciências Sociais, Setor de Ciência Humana, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora:
Orientador: Prof. Dr. Pedro Rodolfo Bodê de Moraes Departamento de Ciências Sociais, UFPR Marcelo Bordin Me. Geografia, UFPR Vladimir Luís de Oliveira Dr. História, UFPR
Curitiba, 18 de dezembro de 2015.
À Osnira França dos Anjos (in memoriam), minha mãe, por tudo o que vive com ela, pela sua dedicação de mãe, pela sua generosidade, pela sua luta; minha guerreira, eterno amor.
AGRADECIMENTOS
A minha família, esposa e filhos: Mari, Aghata e Thiago
por sempre estarem ao meu lado, por todo o carinho que sempre
tiveram, por sempre acreditarem neste projeto de vida.
Aos professores do curso de ciências sociais, pelos
momentos de conhecimento que proporcionaram.
Aos amigos e cientistas sociais, componentes desta
banca, Marcelo Bordin e Vladimir Luís de Oliveira, pela
participação nesta banca e pelos momentos de interação que
mantivemos ao longo dos últimos anos.
A Sandra (secretária do departamento), pela gentileza e
disposição com que sempre atendeu aos assuntos acadêmicos.
Ao professor Dr. José Miguel Rasia, pelos conhecimentos
que compartilhou em sala de aula e por sua amizade que
demonstrou ao longo deste curso.
Ao professor Dr. Pedro Rodolfo Bodê de Moraes
(orientador), por sua imensa generosidade e acolhimento que
sempre proporcionou, pela orientação deste trabalho.
Em especial a Aghata Helen dos Anjos (filha), pela apoio
e auxílio em muitos momentos deste trabalho.
A Deus, minha força, meu refúgio minha fortaleza.
“Uma crença verdadeira, portanto, é aquela que atende aos nossos propósitos, que funciona na prática, em nosso cotidiano, e que nos traz benefícios, que nos
permite continuar atuando no jogo do viver. Logo, verdade é algo mutável e pluralista: ‘Verdadeiro é o nome do que quer que prove ser bom no sentido da
crença, e bom, também, por razões fundamentadas e definitivas’”
(Willian James (1979: 28).
RESUMO
O presente trabalho apresenta pesquisa realizada por meio do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM-PR) do Departamento de Informática do Sistema único de Saúde (DATASUS) no período de 1999 a 2012 para o Estado do Paraná. Estabelece-se série histórica que trata de informações sobre mortes por armas de fogo, destacando a dimensão/magnitude e a distribuição destas mortes informadas. Com isso, procura-se problematizar os dados quantitativos, demonstrando o problema da qualidade neste tipo de pesquisa e sublinhando as limitações acerca da fidedignidade dos seus resultados. Revisa-se a literatura pertinente aos estudos sobre mortalidades por armas de fogo no Brasil, assinalando que um dos problemas mais frequentes neste tipo de pesquisa ressalta a desigualdade social como fator central na produção e manutenção de mortes causadas por armas de fogo, além disso, chama-se atenção para um perfil muito específico que compõe um grupo de alta vulnerabilidade neste tipo de evento, a saber: jovens do sexo masculino de origem social periférica. Diante disto, chama-se atenção para a necessidade de melhoria dos dados de pesquisa, visando oferecer subsídios a políticas públicas de intervenção no setor de segurança e saúde pública.
Palavras chave: Mortes por armas de fogo. Sistema de informações sobre mortalidade (SIM). Qualidade dos dados de pesquisa. Desigualdade social.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – TAXA DE MORTALIDADE POR CEM MIL HABITANTES - VINTE MUNICÍPIOS ESTADO DO PARANÁ COM AS MAIORES TAXAS 1999-2012 ......................................................... 57
TABELA 2 – TAXA DE MORTALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MUNICÍPIOS ESTADO DO PARANÁ COM AS MENORES TAXAS 1999-2012 .......................................................................... 59
TABELA 3 – MORTES EM CONFRONTOS COM A POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ E MORTES POR INTERVENÇÃO LEGAL 1999-2012 .... 69
TABELA 4 – MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - TODOS OS TIPOS DE ARMAS 1999-2012 .................................... 70
TABELA 5 – MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - IDADE 1999-2012 ........................................................................... 71
TABELA 6 – MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - ESCOLARIDADE 1999-2012 .......................................................... 72
TABELA 7 – MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - RAÇA 1999 - 2012 .......................................................................... 73
TABELA 8 – MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - SEXO 1999-2012 ............................................................................ 74
TABELA 9 – TAXA DE MORATALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MEDIA/ POSIÇÃO NO ESTADO - IDHM 2010/ POSIÇÃO NO ESTADO - ÍNDICE DE GINI 2010/ -POSIÇÃO NO ESTADO 20 MUNICPIOS (MAIORES) ................................................................ 75
TABELA 10 – TAXA DE MORATALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MEDIA/ POSIÇÃO NO ESTADO - IDHM 2010/ POSIÇÃO NO ESTADO - ÍNDICE DE GINI 2010/ -POSIÇÃO NO ESTADO 20 MUNICÍPIOS (MENORES) ............................................................. 76
TABELA 11 – TAXA DE MORATALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MEDIA – 20 MELHORES - ÍNDICE DE GINI 2010 ......................... 77
TABELA 12 – MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - TAXA POR CEM MIL HABITANTES TODOS MUNICÍPIOS 1999-2012 ....................................................................................... 78
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10
1 ESTUDOS SOBRE MORTALIDADE NO BRASIL ......................................... 18
1.1 MORTALIDADE E DESIGUALDADE SOCIAL ............................................ 18
1.2 JUVENTUDE POBRE E MORTALIDADE .................................................... 27
1.3 QUALIDADE DOS DADOS DE PESQUISA SOBRE MORTALIDADE ........ 30
1.4 VIOLÊNCIA, INFORMAÇÃO E SIMBOLISMO............................................. 34
2 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ .................... 41
2.1 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ –
ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................... 43
2.2 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999-
2012 – TIPOS DE ARMAS .......................................................................... 44
2.3 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999-
2012 INTERVENÇÃO LEGAL ...................................................................... 46
2.4 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999-
2012 - IDADE ............................................................................................... 47
2.5 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999 -
2012– ESCOLARIDADE .............................................................................. 49
2.6 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999-
2012 – RAÇA ............................................................................................... 51
2.7 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999-
2012 – SEXO ............................................................................................... 52
2.8 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999-
2012 – TAXA POR CEM MIL HABITANTES ............................................... 53
2.9 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ 1999-
2012 – TAXAS DE IDH E ÍNDICE DE GINI ................................................. 60
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 66
ANEXOS .............................................................................................................. 68
10
INTRODUÇÃO
O presente estudo trata sobre mortes causadas por armas de fogo no Estado
do Paraná no período de 1999 até 2012, para isto, utilizam-se dados estatísticos do
Sistema de Informações sobre Mortalidade (PR) do DATASUS1. As categorias
analisadas fazem parte do código internacional de doenças, compondo um total de 13
categorias descritivas que estão classificadas como acidentes (W32-33-34),
agressões autoprovocadas intencionalmente (suicídios: X72-73-74), agressões (X93-
94-05), intenções não determinadas (Y22-23-24) e intervenção legal (Y35).
São analisados dados totais do Estado do Paraná no que diz respeito ao sexo
da vítima, idade, escolaridade, raça, taxa proporcional por cem mil habitantes, além
da comparação entre estas últimas taxas e os índices de Gini e IDHM, nesse caso
considerando os vinte municípios com as maiores e os vinte municípios com as
menores taxas de mortes por cem mil habitantes.
Os dados estatísticos são apresentados de modo descritivos, contudo, um dos
objetivos do trabalho tenha como foco identificar as questões relativas a qualidade e
limitação dos dados quantitativos utilizados nas pesquisas sobre mortalidade, em
especial no que diz respeito a mortes causadas por armas de fogo. Com isso, verse-
a a necessidade de relativizar, em diferentes momentos, os dados construídos no
sistema de informações de saúde e utilizados para analisar o fenômeno das mortes
por armas de fogo, visto que os problemas mais comuns enfrentados neste tipo de
composição de dados correspondem a falta de informações e detalhamento dos
casos.
Apresentam-se tabelas com os dados totais do Estado, considerando suas
médias na série histórica, vislumbrando com isso sublinhar duas questões
importantes, a saber: a dimensão/magnitude das mortes informadas e a distribuição
descritivas destas mortes. Procura-se, com base nisso, apresentar a centralidade da
pesquisa, que por sua vez equaciona a qualidade dos dados sobre mortalidade.
Assim, identificou-se que um dos maiores problemas está relacionado a distribuição
dessas mortes, fato que não favorece uma melhor compreensão do fenômeno. Na
perspectiva da literatura o problema da desigualdade social surge como fator acoplado
1 Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS
11
ao fenômeno das mortes, revelando que as classes sociais2 mais afetadas
compartilham dessas referências.
Com efeito, o texto chama atenção para uma questão fundamental sobre o
evento das mortes por armas de fogo, no sentido de entender que este campo de
estudos é, sobretudo, amplo e multidisciplinar, abrigando uma multiplicidade de
perspectivas, que, no fim das contas, são melhor compreendidas ao serem agrupadas
e pensadas de modo intercambiável, contudo isso não ocorra desta maneira.
Ao trazer as contribuições do campo dos estudos da saúde pública, fica notória
a necessidade de diálogo com as questões ditas de segurança pública, que a bem da
verdade fazem parte dos estudos sobre controle social, vale dizer, tanto os estudos
sobre segurança quanto os estudos sobre saúde pública são em si artefatos
sociológicos que servem a propósitos correlatos.
A hipótese do trabalho, portanto, pode ser dita da seguinte forma: as
informações sobre mortes por armas de fogo são produtos sociais que precisam ser
analisados de diferentes ângulos, em especial por meio dos estudos sobre saúde
pública combinados com estudos sobre segurança pública, indicando que o problema
sociológico que está sendo apresentado localiza as mortes como um fator de saúde
pública decorrente de problemas que estão presentes na seara da segurança pública,
mas que, todavia, as transbordam. E as respostas mais significativas para
compreender o aumento e a manutenção de tais mortes derivam de ações humanas
e envolvem as instituições, inclusive na forma como são informadas tais mortes,
causando uma falsa sensação de que estas mortes afetam a sociedade como um
todo, sem considerar os processos de desigualdade social que permeiam estes
eventos. Por fim, a hipótese sugere que não são todos os membros da sociedade que
compõem a maior parte das vítimas, sendo que, em sua grande maioria, as vítimas
são oriundas de classes sociais populares possuidoras de diferentes capitais sociais
potencializadores de processos de desigualdade.
Deste modo, duas questões norteiam o debate: 1) Em que medida os grupos
sociais que convivem com maiores desigualdades encontram-se mais expostos às
mortes por armas de fogo? 2) A qualidade dos dados informados pelo sistema de
2 O termo classe social refere-se a um extenso conjunto de elementos econômicos, culturais e
simbólicos, que de modo significativo conferem a certos grupos uma “distinção” de classe, como sugere Pierre Bourdieu, além disso, é possível relacionar o termo as observações de Max Weber que amplia o debate sobre classe social, comumente condicionado ao plano econômico.
12
saúde, principalmente relacionados a distribuição das mortes causadas por armas de
fogo, impedem uma melhor compreensão do fenômeno?
O trabalho está dividido em duas partes. Na primeira delas, apresenta-se uma
revisão da literatura sobre mortes por armas de fogo no Brasil, destacando as
principais pesquisas da área, visando com isso subsidiar este debate. São tratados os
principais problemas relacionados a pesquisa quantitativa, o primeiro tópico trata da
desigualdade social como um fator central no fenômeno da mortalidade violenta no
Brasil, percebe-se a influência desta variável, principalmente por identificar que a
maioria das vítimas de armas de fogo tem em comum questões econômicas,
geográficas, culturais e simbólicas, e estes elementos incidem na amplitude do
fenômeno sobre grupos específicos. Depois disto, destaca-se a juventude pobre
enquanto grupo com maior vulnerabilidade e portando, como maior probabilidade
deste tipo de morte, corroborando com as faixas etárias analisadas nas tabelas
descritivas deste estudo.
O terceiro tópico traz um debate sobre a qualidade dos dados de pesquisa,
demonstrando-se, por meio dos estudos da área, que este problema não é recente e
acompanha o campo de estudo da violência no Brasil, alguns estudos assinalam que
mesmo diante de uma melhora nos dados de pesquisa, muitos problemas se
perpetuam; entre os motivos destaca-se uma cultura de informação que trata o
problema de modo desinteressado, principalmente por se tratar de grupos sociais sem
expressão política e social capaz de equalizar o tratamento investigativo. Por fim,
aborda-se a questão da divulgação dos dados de pesquisa, indicando uma
simbolização que frequentemente reforça estigmas sobre determinadas classes
sociais, sem com isso problematizar a vulnerabilidade destes grupos. Neste
argumento, aponta-se para o problema da interpretação da realidade social que por
vezes se demonstra enviesada e carregada de preconceitos.
Na segunda parte do trabalho, empreende-se a análise dos dados coletados
no sistema de informação, destacando o problema das mortes por armas de fogo em
sua totalidade no Estado do Paraná. O primeiro tópico deste capítulo identifica a
distribuição das mortes por armas de fogo segundo o tipo de arma utilizada, destaca-
se o problema da concentração de informações na variável X 95 que em suma não
esclarece o tipo de arma, esta representação é extremamente significativa e acentua
13
o problema da qualidade dos dados, do sistema SIM, referentes ao fenômeno das
mortes por armas de fogo.
No segundo tópico, aborda-se o problema de dimensão encontrado na variável
Y35 (intervenção legal), neste caso, confrontando com os dados informados pela
Polícia Militar do Estado do Paraná, que utiliza nomenclatura diferente, todavia com o
mesmo significado, identifica-se diferenças consubstanciais, fortalecendo a hipótese
geral do trabalho referente a qualidade dos dados. No terceiro momento, apresenta-
se dados relativos a escolaridade, identifica-se problemas relativos a distribuição,
porém, com base nos dados registrados localiza-se problemas que estão relacionados
a desigualdade social e a faixa etária das vítimas, visto que a maioria delas possuem
poucos anos de estudo, seja porque estavam fora da escola ou, então, porque
morreram prematuramente, conforme dados relativos a idade. No quarto item, analisa-
se dados relativos a faixa etária. Verse-a que a grande maioria das vítimas são jovens,
corroborando com a literatura da área que identifica números semelhantes. Este
problema geracional, conforme indica a literatura especializada, é localizado entre
populações marginalizadas, correspondendo a grupos de alta vulnerabilidade. Como
já analisado no primeiro capítulo, são sobre grupos específicos que se concentram os
maiores registros de mortes. Agregando a faixa etária, conforme recomendação da
Organização Mundial da saúde (OMS), entre jovens na faixa de 15 a 29 anos, tem-se
a grande maioria das vítimas de armas de fogo, este problema suscita questões
pertinentes as políticas públicas dirigidas a juventude, visto que o fenômeno das
mortes por armas de fogo sinaliza questões pontuais que envolvem faixa etária e
condição social.
Na sequência, analisa-se a variável raça, identifica-se que o Estado do Paraná
possui as taxas mais elevadas de mortes por armas de fogo entre as populações
descritas como brancas. Embora estes números coincidam com as características
raciais do Estado é fato que esses ‘brancos’ tem características singulares, são jovens
que tem pouco escolaridade e, recorrendo a literatura, compõem camadas da
população com baixos capitais sociais, assim, é necessário, relativizar esta variável,
ressaltando a composição social das vítimas.
No sexto tópico apresenta-se as taxas de mortes por cem mil habitantes, essa
tabela é apresentada na íntegra com as médias que compõe a série histórica, com
isso, identificam-se os vinte municípios com as maiores e os vinte municípios com as
14
menores taxas. Neste tópico destaca-se que entre os municípios com maiores taxas
de mortalidade a maioria são da Região Metropolitana (RM) e o restante se dividem
entre a região fronteiriça do Estado e o centro oeste.
Por fim, apresenta-se uma comparação entre as taxas de mortes por cem mil
habitantes com dois indicadores sociais, IDHM e índice de Gini, demonstrando as
relações entre elas. Identificou-se que as relações entre taxas de mortes por cem mil
habitantes e os indicadores de IDHM não são significativas, visto que a cidade de
Curitiba, por exemplo, tem o melhor IDHM do estado enquanto é a oitava cidade com
a maior taxa de mortes por cem mil habitantes no Estado. Quanto ao índice de Gini,
este demonstra maior relação com as taxas, principalmente entre os municípios com
maiores taxas de mortes por cem mil habitantes, contudo, em um plano geral isso não
se repete com a mesma frequência. De qualquer maneira, com base neste último
tópico, é possível reforçar a relação entre vulnerabilidade de mortes por armas de fogo
e a desigualdade social, pois o indicador informa questões relativas a desigualdade
social. Ressalva-se que, para uma melhor compreensão do fenômeno, seriam
necessários estudos de caso destacando os diferentes elementos que compõe a
complexidade do fenômeno.
15
CAPÍTULO 1
1 Estudos sobre mortalidade no Brasil
Boa parte dos estudos sobre mortalidade no Brasil estão filiados ao campo da
saúde pública3. Pesquisadores desta área tem realizado muitos trabalhos que
elucidam a problemática, entre eles alguns que utilizam os mecanismos institucionais
de indicadores de saúde, como é o caso do Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM) do Departamento de Informática do SUS: DATASUS. Por meio dessa
ferramenta é possível conhecer os registros sobre morbi-mortalidade da população,
distribuídos por Estados e Municípios e codificados por meio do Código Internacional
de Doenças (CID-10) 10ª Revisão.
No caso das mortes externas4, capítulo XX do código internacional de doenças,
elas são informadas por meio de uma Declaração de Óbito (DO)5 fornecida,
normalmente, por um médico legista e registrada por funcionários municipais e
revisadas por uma equipe de âmbito estadual. Algumas informações são corrigidas
por profissionais visando registrar fidedignamente os dados que abastecem o Banco,
3 A OMS, através de inúmeras assembléias mundiais, resoluções e do Relatório Mundial sobre
Violência e Saúde, vem chamando atenção para o fato de que a violência é, atualmente, um importante
problema de saúde pública a nível global. A afirmação de que a violência é um problema de saúde
pública não é, a primeira vista, de fácil compreensão. No Brasil, assim como em outros países do
mundo, a violência é tradicionalmente tratada como um problema exclusivo de segurança pública, cujas
respostas e enfrentamentos encontram lugar nas instituições policiais e judiciárias. Esta visão,
entretanto, começa a mudar, havendo um crescente reconhecimento do papel da abordagem da saúde
pública para a prevenção da violência. A abordagem da violência partir da perspectiva da saúde pública
busca analisar sua distribuição e identificar os seus determinantes sociais, para, a partir desse
conhecimento propor medidas preventivas multisetoriais que incluem o setor saúde. (CARDIA, 2004,
p. 07). 4 “Conceitualmente mortes por causas externas englobam dentre outras causas os acidentes
de transporte, quedas, afogamentos e submersões acidentais, exposição à fumaça, ao fogo,
envenenamento acidental, exposição á substâncias nocivas, lesões autoprovocadas, intervenções
ilegais e operações de guerra.” (VIEIRA et al, 2003, p. 49). 5 “As DOs, hoje numeradas, são impressas pelo MS e distribuídas às Secretarias Estaduais de
Saúde (SES) para subseqüente entrega às Secretarias Municipais de Saúde (SMS), que as repassam
aos estabelecimentos de saúde, Institutos de Medicina Legal, Serviços de Verificação de Óbito (SVO)
e Cartórios do Registro Civil. Compete às SMS o controle da distribuição das DO, para evitar que
agências funerárias tenham acesso às mesmas; o que é fundamental, pois, no passado, muitas delas
ofereciam, às famílias, DO preenchidas ou apenas assinadas por médicos que não haviam tratado do
falecido ou, sequer, examinado os cadáveres ou conversado com as famílias.” (MELLO-JORGE,
LAURENTI E GOTLIEB, 2007, p. 645).
16
mas, em muitos casos, por falta de informações precisas, esses registros são
agrupados como causas desconhecidas ou Não Especificadas (NE), o que
compromete a clareza sobre os eventos que envolvem a mortalidade violenta. Assim,
“as mortes violentas são declaradas em formulário padronizado, de preenchimento
obrigatório pelos médicos legistas em todo país, embora em algumas situações isso
não seja feito corretamente.” (ZALUAR, 2004, p. 133).
Outrossim, parte desses problemas advém da forma como são processados e
registrados os eventos, fato que envolve diferentes atores e, por conta disso, de uma
rede de operadores que estão sujeitos a todos os tipos de arbitrariedade, ainda que
isso não seja realizado intencionalmente, pois a qualidade das informações tem sido
objeto de algumas pesquisas que a muito tempo vem reclamando a necessidade de
um tratamento mais precavido dos dados que informam mortes no Brasil. Como
informam Mello Jorge, Laurenti e Gotlieb (2007) “avaliações sucessivas do SIM dos
pontos de vista quantitativo e qualitativo vêm sendo feitas pelo MS, pelas Secretarias
envolvidas e no meio acadêmico, para medir o grau de fidedignidade e as limitações
das informações.” (p. 646). E, é claro, isto varia de Estado para Estado, de cada caso
para cada caso.
Por outro lado, alguns fatores são comumente descritos em pesquisas sobre
mortalidade, como é o caso da falta de clareza dos tipos de armas utilizadas; nesta
dimensão, uma imensa maioria de casos não definem o tipo de arma usada, embora
boa parte dos registros indiquem se tratar de homicídio, nomenclatura substituída por
“agressão”, uma vez que alguns problemas relacionados a justiça implicam sobre o
termo homicídio, onde este caracterizaria um julgamento antecipado que poderia ser
usado nos autos processuais como prova criminal. Quanto aos principais profissionais
envolvidos na produção dos dados, pode se dizer que existe certa superficialidade
nos laudos, pois muitos indivíduos que chegam até o Instituto Médico Legal (IML), não
possuem valor social representativo que garanta um exame bem feito, assim:
O médico no IML ou no hospital, quando examina o corpo, apenas observa a
carne lacerada pela bala ou pela queda e, como a ficha policial é vaga e
imprecisa, não sabe dizer quem atirou nem por quê e pouco tem a
acrescentar à investigação preliminar malfeita. Muitas vezes, os “presuntos”
encontrados nem idade têm. Seus ferimentos também não são
suficientemente investigados para que se esclareçam as circunstâncias da
morte ou os responsáveis. (ZALUAR, 2004, p. 135, grifos no original).
17
Outro aspecto problemático referente a distribuição das mortes reside no
conceito “Raça”6, onde a classificação nem sempre é condizente com a realidade,
incorporando uma quantidade de mortes subnotificadas em determinada raça7. Por
outro lado, o que se sobressai nesses estudos é a indicação de um consenso nacional
que identifica uma concentração de mortes entre jovens do sexo masculino, fato
corroborado com a literatura especializada que informa fenômeno caracterizado por
indivíduos pertencentes a classes economicamente desfavorecidas. Em estudo sobre
homicídios no Estado do Mato Grosso do Sul, por exemplo, Andrade et al (2008)
identificam que uma parcela predominante das vítimas tem origem social comum, ou
seja, pertencem a lugares marginalizados, desprovidos de todos os tipos de políticas
públicas8.
Essas informações, todavia, quando não são bem explicadas nos mapas de
mortalidade, causam uma sensação de insegurança geral, ainda que de fato apenas
grupos sociais específicos sejam mais “vulneráveis”. Diante disso, percebe-se, nesses
estudos, que boa parte das mortes correspondem a um problema estrutural da
realidade brasileira, que envolvem, entre outras coisas, a ‘desigualdade social’, os
problemas de integração social, a marginalização, o tráfico de drogas e execução
sumária, como parece sugerir a literatura. Nesse sentido, GAWRYSZEWSKI e
COSTA, 2005, destacam que:
o problema não seria a situação de pobreza em si, mas a convivência com
desigualdades sociais profundas, a chamada pobreza relativa, que exclui
pessoas social e materialmente, das oportunidades proporcionadas pela
sociedade. Para esses autores, a questão da violência urbana entre os jovens
não pode ser dissociada da aguda disparidade presente em sociedades como
a brasileira, que pouco investem em programas sociais, de educação e
6 “O item raça apresenta aspectos ainda mais complicados porque as concepções do senso
comum variam amplamente, sendo múltiplas possibilidades de combinação existentes num país
altamente miscigenado. Nesse item os dados oficiais de criminalidade são particularmente falhos. Isso
tem consequência importantes para a política pública.” (ZALUAR, 2004, p. 140). 7 No presente estudo, sobre os dados do Estado do Paraná, identifica-se a predominância de
mortes atribuídas a raça branca, inclusive com destaque nacional. 8.Segundo os autores: ”é importante destacar que 80% dos eventos ocorreram em regiões
periféricas, densamente povoadas, que concentram conjuntos habitacionais “populares”, onde residem
grandes contingentes de desempregados e trabalhadores com precária inserção no mercado de
trabalho.” (ANDRADE et al, 2008, p. 205).
18
assistência médica pública, habitação e capacitação profissional adequada.
(GAWRYSZEWSKI e COSTA, 2005, p. 195).
Tão importante quanto as questões acima mencionadas, destacam-se aquelas
que apontam para necessária acuidade no aprimoramento dos registros sobre
mortalidade, visando com isso maior qualidade nos subsídios que amparam políticas
públicas, uma vez que se constatam que as mortes causadas por armas de fogo
constituem um problema pungente na saúde pública e que o crescimento deste tipo
de morte está concentrado em determinados grupos etários e sociais; reclama-se,
deste modo, por uma ampliação nas pesquisas sobre o tema, em especial aquelas
que tensionam a qualidade dos dados de pesquisa, ante a reificação comumente feita
sobre o fenômeno, a qual consequentemente gera medo e insegurança social,
ampliando sobremaneira os estigmas e segregações sociais. Nesta direção, trata-se
de um esforço hercúleo, tanto dos pesquisadores quanto dos gestores de saúde
pública, em buscar a fidedignidade como um fundamento ético, capaz de descrever
com mais proximidade a realidade social, lançando luzes na complexidade deste tipo
de informação.
1.1 Mortalidade e Desigualdade Social
Para problematizar este estudo parte-se da seguinte questão: Em que medida
os grupos sociais que convivem com maiores desigualdades encontram-se mais
expostos às mortes por armas de fogo? Com efeito, as pesquisas sobre mortalidade
têm chamado atenção para os aspectos mais objetivos do fenômeno, que entre outras
coisas indicam um sério problema de saúde pública, muitas vezes negligenciados
pelas instituições ao não conferirem o devido valor a vida de outrem, seja por se
tratarem de grupos sociais sem expressão política, ou, por se tratarem de potenciais
criminosos e que, portanto, seriam vistos como vítimas das suas próprias ações e
interações em um universo criminoso9.
9 Conforme observam Cardia, Adorno e Poleto: “No Brasil, ao menos, o crescimento da
violência nas áreas urbanas não pode ser adequadamente compreendido – e conseqüentemente
prevenido –, se o abismo que caracteriza o acesso aos direitos econômico-sociais, para largos setores
da população, não for levado em consideração.” (2003, p. 43).
19
Este fator fixa papel central no debate sobre mortes por armas de fogo, pois os
grupos sociais mais vitimados possuem características comuns: são jovens do sexo
masculino, pobres, moradores de áreas periféricas e amplamente marginalizadas e,
em muitos casos, submetidos a uma “sociabilidade violenta” 10 (MACHADO, 2004) que
tem o tráfico de drogas e os grupos de milícias como agentes detentores de certa
dominação. Com isto em vista, é legítimo fazer uma relação direta entre mortalidade
violenta e desigualdade social, mas é importante registrar que esta relação não é
suficiente para supor que todas os indivíduos submetidos a desigualdade social
venham a ser seduzidos pela criminalidade ou, ainda, que não encontrem alternativas
diante de tal estrutura; o que se procura afirmar é que a desigualdade social atua
como elemento potencializador do fenômeno das mortes por armas de fogo, uma vez
que ela vem acompanhada de inúmeros fatores que acabam favorecendo trajetórias
de vida mais ‘vulneráveis’ a tal inserção. Neste sentido,
É possível afirmar que, embora o temor da violência perpasse por toda a
sociedade, pode-se observar, a partir dos dados aqui levantados que, em
relação à mortalidade, as vítimas de fato estão concentradas em alguns
limites geográficos. Além disso, verificou-se coincidência entre os indicadores
socioeconômicos mais desfavoráveis e taxas altas de mortalidade por
homicídios [...]. (GAWRYSZEWSKI e COSTA, 2005, p. 195).
A maioria dos estudos sobre mortalidade por armas de fogo no Brasil, portanto,
indicam ser a desigualdade social uma variável dependente no fenômeno aqui
apresentado e, com isso, propulsora de muitas mortes, pois elas alimentariam de
modo sagaz ações violentas. Diante disso, “[...] a permanência e o agravamento das
desigualdades sociais na sociedade brasileira constitui-se, [um] grande desafio para
os gestores públicos, sendo o seu enfrentamento um passo fundamental para a
redução dos índices de violência no País”. (PERES e SANTOS, 2005, p. 65).
10 Sobre isto o autor explicita que “o complexo formado por estas práticas [sociabilidades
violentas] também se fundamenta no mesmo princípio geral de subjugação pela força, constituindo-se
em uma espécie de amálgama de interesses estritamente individuais, com um sistema hierárquico e
códigos de conduta que podem ser sintetizados pela metáfora da “paz armada”: todos obedecem
porque e enquanto sabem, pela demonstração de fato em momentos anteriores, serem mais fracos,
com a insubmissão implicando necessariamente retaliação física. No limite, pode-se dizer que não há
“fins coletivos” nem “subordinação”; todas as formas de interação constituem-se em técnicas de
submissão que eliminam a vontade e as orientações subjetivas dos demais participantes como
elemento significativo da situação.” (p. 76-7).
20
Confirmando esta relação, entre mortes violentas e desigualdade social, Peres
(2004) identificou, por meio de um relatório nacional, vários fatores que abonam o
debate aqui apresentado11. A probabilidade de um jovem pobre ser morto por armas
de fogo é aumentada na medida em que é somada a um conjunto de fatores a que
estes cotidianamente encontram-se expostos. Nestes termos, embora o aumento da
criminalidade, divulgado pelas pesquisas quantitativas, por meio de mapas da
criminalidade12, esbocem traços de uma realidade manifesta,
[...] este aumento concentrou-se em determinadas áreas geográficas e
grupos sociais, o que aponta para a existência não apenas de uma
distribuição desigual do risco de ser vítima de violência, como também para
uma distribuição desigual dos direitos sociais e civis na sociedade brasileira.
(PERES, 2004, p. 19).
Uma chave analítica importante neste debate diz respeito ao conceito de
“vulnerabilidade” em substituição ao conceito de “risco”13. Isto porque, quando se
utiliza o conceito de “risco”, normalmente coloca-se sobre determinados grupos
sociais rótulos que invariavelmente levam ao estigma, tanto pessoal quanto coletivo.
Como informam Ruotti, Massa e Peres (2011): “um dos grandes problemas
ocasionados por esta abordagem, já no início dos anos 1980, foi a estigmatização de
certos grupos identificados como grupos de risco”. (p. 380, grifos no original). A
11 Outro estudo importante sobre mortes causadas por armas de fogo, que pode ser
comparado, é da Argentina, ampliando a centralidade da desigualdade social diante do fenômeno,
registrando que: “o agravamento da situação socioeconômica é outro fator que está relacionado ao
aumento da violência. Em vez da pobreza abjeta, é a crescente desigualdade social que está mais
relacionada à violência, segundo descoberta de especialistas. Por intermédio da taxa de criminalidade,
há uma forte correlação entre o comportamento criminal e a medida da desigualdade na distribuição
de renda, tais como o coeficiente de Gini; a correlação entre crime e desigualdade de renda supera a
existente entre crime e desemprego.” (SPINELLI, 2002, p. 1242). 12 No Brasil, um dos estudos mais utilizados para divulgar as mortes violentas é realizada pelo
sociólogo “Julio Jacob Waiselfisz”, que traz dados do Brasil desde o ano de 1998. O mapa da violência,
como é divulgado, tem como fonte de informação os dados do Sistema de Informações sobre
mortalidade, para mais informações cf. http://www.mapadaviolencia.org.br/. Neste trabalho não se
propõem comparação com os dados descritivos do autor, uma vez que se entende que a literatura
consultada corresponde aos objetivos do estudo. 13 “A abordagem da vulnerabilidade é caracteristicamente interdisciplinar e fortemente
ancorada nas Ciências Sociais e Humanas, buscando compreender, para além dos determinantes
epidemiológicos, a dimensão dos sentidos e dos significados da exposição dos sujeitos a determinadas
situações de risco, bem como as implicações e os efeitos diferenciados dessas exposições nas
trajetórias individuais e interativas.” (RUOTTI, MASSA e PERES, 2011, p. 381).
21
solução conceitual investida nos termos de vulnerabilidade pode evitar isso na medida
em que
[...] permite compreender as formas pelas quais os indivíduos enfrentam os
eventos adversos e adotam certos comportamentos, não de acordo com a
visão de um sujeito racional que orienta sua ação apenas pela disponibilidade
de informações, mas sob a perspectiva de um sujeito imbricado em um
sistema dinâmico de relações e constrangimentos de diferentes ordens
(sociais, políticos e econômicos), que influi nas suas escolhas e condições de
existência. ( p. 381).
Os grupos sociais vulneráveis, portanto, não podem ser reduzidos a formas de
sociabilidade com as quais simplesmente escolhem para viver de modo a aventurar
uma escalada social e/ou, buscando satisfazer desejos e satisfações consumistas
(visando o consumo de bens simbólicos: roupas, óculos, celulares, etc). É necessário
encontrar o ponto essencial neste debate, qual seja: a de que determinados grupos
sociais estão sujeitos a tessituras de vulnerabilidades que os colocam em maior
probabilidade de desenlaces trágicos causados por armas de fogo, pois as interações
com os mais diferentes grupos sociais apresentam conflitualidades típicas de
sociabilidades violentas, que, a depender da forma como são enfrentadas, podem ter
tais desfechos.
E isto quer dizer, acima de tudo, que é necessário observar que o crescimento
da violência não ocorre da mesma maneira quando considera-se o recorte de
classes14, assim, os grupos sociais mais atingidos pela mortalidade desta natureza
estão involucrados em uma espiral perversa. Na medida em que a desigualdade social
atinge diretamente a vida dessas pessoas, ela fornece um campo fértil para práticas
ilegais como é o caso do tráfico de drogas e seus desdobramentos.
Por outro lado, analisando outros tipos de criminalidade, Sutherland (2015)
fornece um argumento interessante para refletir sobre práticas criminais e
desigualdade social, apresentado conceitualmente como: “crimes do colarinho
branco”. Quando divulgados, os mapas da violência tendem a indicar que a
criminalidade pressupõe uma única nascente e que, portanto, pesa sobre
determinados grupos a única vertente da violência; isto ocorre por conta da relação
estatística que, ao agrupar o fenômeno da criminalidade a certos tipos de crime,
14 Recorte esse, em sua dimensão social, cultural e simbólica.
22
promove a falsa sensação de que apenas certos grupos sociais seriam responsáveis
pela criminalidade15. Conforme observa o autor “[...] as teorias do comportamento
criminoso deram muita ênfase na pobreza como causa do crime ou em outras
condições sociais e traços pessoais que estão assumidamente associados a
pobreza.” (SUTHERLAND, 2015, p. 30).
Na ótica do autor, a criminalidade perpassa as classes sociais e assim,
membros de classes abastadas cometem crimes na mesma proporção, ou, até
mesmo, mais do que aqueles que vivem as margens da sociedade, porém isso é
colocado em suspenso devido à natureza do crime praticado, visto pelo senso comum
apenas como práticas desonestas. Com isso, “[...], a opinião pública não vê o homem
de negócios como um criminoso, isto é, o homem de negócios não se encaixa no
estereótipo de criminoso. Esta concepção pública é muitas vezes referida como
status.” (SUTHERLAND, 2015, p. 340). É importante chamar atenção para este fato,
pois, a criminalidade vista de um ângulo mais aberto mostra que não se trata de uma
motivação biológica ou somente social, os crimes variam de acordo com as interações
e seus agentes, embora tenham representações distintas a depender da posição que
os indivíduos ocupam16. Diante disso, é possível dizer que
pessoas da classe socioeconômica mais alta são mais poderosas
politicamente e financeiramente e escapam da prisão e da condenação em
maior escala que as pessoas que carecem deste poder. Pessoas abastadas
podem contratar advogados habilidosos e outras vezes podem influenciar a
administração da justiça em seu próprio favor de maneira mais efetiva que
pessoas da classe socioeconômica mais baixa. (SUTHERLAND, 2015, p. 32).
O problema das mortes por armas de fogo, objeto aqui enunciado, constitui um
caso em que os membros das classes sociais mais desfavorecidas são maiores
15 “As estatísticas criminais mostram inequivocamente que crime, como popularmente
conhecido e oficialmente definido, tem uma alta incidência na classe socioeconômica mais baixa e uma
baixa incidência na classe socioeconômica mais alta. Crime, assim entendido, inclui as violações
ordinárias do código penal tais como homicídio assalto, arrombamento, furto, pequenas subtrações,
violações sexuais, intoxicação pública, mas não inclui violações de trânsito.” (SUTHERLAND, 2015, p.
27). 16 Além disso, “os criminosos de colarinho branco não se enxergam como pertencentes ao
estereótipo de ‘criminoso’, eles costumam pensar que são apenas “infratores da lei”. São expressões
diversas que possuem a mesma essência. Em suas relações confidenciais de negócios falam com
orgulho de suas violações à lei, e consideram repreensível o conteúdo da lei, em vez de sua violação.”
(SUTHERLAND, 2015, p. 340, grifos no original).
23
vítimas, assim como lhes são atribuídos protagonismo causal, mas é fundamental
lembrar que o debate sobre armamento/desarmamento da população tem
justificativas fervorosas entre aqueles pertencentes a grupos economicamente mais
privilegiados, os quais defendem o porte de arma como um direito social. Ao se
posicionar desta maneira, os membros de tais classes atribuem deliberadamente o
problema da criminalidade ao criminoso comum, isentando-se dos problemas
oriundos do uso/porte da arma de fogo. Tais argumentos, no entanto, favorecem a
espiral da criminalidade na medida em que muitas armas utilizadas nas mortes
violentas foram, um dia, armamentos legais.17
Embora o debate seja de extrema importância e atualmente tenha sido revivido
pela sociedade por meio de projetos políticos que pretendem alterar o estatuto do
desarmamento, não se esmiuçará seus pormenores, visto que o objetivo do texto é
colocar em relevo a qualidade dos dados de pesquisa, a desigualdade social e as
mortes por armas de fogo. Cabe apenas relatar que tais argumentos servem a
diferentes frentes de justificação, inclusive aqueles dotados de elementos de gênero,
onde a arma de fogo poderia equalizar, segundo alguns séquitos do armamento, os
processos de dominação masculina, oferecendo as mulheres um instrumento de
legítima defesa diante dos crimes de gênero e aos homens fragilizados pela idade um
meio eficaz de proteção18.
17 “O argumento de que os crimes não são efetuados com as armas legais mas sim com as
armas contrabandeadas, de calibre grosso, é falacioso. Outra pesquisa feita pelos sociólogos Leandro
Piquet Carneiro e Ignácio Cano, do ISER, revelou que 78% das armas apreendidas pela polícia, são
de procedência nacional, e geralmente roubadas. Segundo a Divisão de Produtos Controlados da
Polícia Civil, cerca de 77.000 armas foram roubadas (24.673), furtadas (46.869) ou extraviadas (5.509)
em 1998, apenas no Estado de São Paulo, realimentando o mercado ilegal. E provavelmente a
quantidade é maior, se lembrarmos que os proprietários de armas ilegais e mesmo muitos proprietários
de armas legais deixam de registrar a ocorrência na polícia. Se levarmos em consideração que as
armas atualmente nas mãos dos criminosos são armas que um dia foram legais e que foram roubadas
ou furtadas, então, teoricamente, uma diminuição geral na quantidade de armas legais poderá
ocasionar também uma queda na quantidade de armas ilegais em circulação, caso esta demanda não
seja suprida pelo contrabando.” ( KHAN, 2000, p. 02). 18 “[...] a utilização de armas de fogo surge como forma de repor a masculinidade hegemónica,
manifesta em casos onde o indivíduo equaciona a perda de capacidades físicas decorrente do
envelhecimento como perda de capacidade de resistência e resposta a tentativas de dominação por
parte de outros e, logo, como aumento da probabilidade de vitimação. Dada a centralidade da
capacidade física para exercer violência na construção das masculinidades e o medo dos homens face
à possibilidade de outros homens ‘nos desmascararem, emascularem, e revelarem a nós próprios e ao
mundo que não estamos à altura, que não somos verdadeiros homens’ [...], fica claro o papel das armas
24
No que diz respeito ao gênero, sobre estas questões, Rita Santos sublinha que
“A lógica do raciocínio da autodefesa armada é a de que, se houvesse mais mulheres
treinadas e familiarizadas com o uso e recurso a armas de fogo, aumentar‑se‑iam as
hipóteses de afirmação do seu poder e a sua capacidade de resistência a tentativas
de dominação [...].” (SANTOS, 2012, p. 140).
Para complementar o debate, cabe ressaltar que a desigualdade social é
também visualizada na forma de intervenção estatal, neste caso, a polícia é objeto de
reclamação pública quando se fala em diminuição da criminalidade. Uma influência
latente deriva do fato de que “[...] no campo do discurso político são muitos os que
defendem uma polícia mais enérgica, dura e estigmatizadora de determinados atores
sociais.” (BARROS, 2005, p. 22). Assim, a relação entre violência legítima e
criminalidade sofre interferências significativas quando se distingue as classes sociais
envolvidas. E, assim, pertencer as camadas marginalizadas da sociedade equivale a
receber de modo mais contundente o controle dos mecanismos institucionais, isto
porque:
[...] não importa muito o que o marginalizado faz ou deixa de fazer, pois, no
momento em que ele é estigmatizado como um criminoso potencial,
começam a ser acionados os mecanismos legais (polícia, tribunais, júris e
autoridades penitenciárias) que farão com que a profecia se auto-realize.
(COELHO, 1982, p.286).
A polícia, nessa dimensão, ocupa uma posição paradoxal, combater a
criminalidade (controlando as classes perigosas) e proteger a sociedade dos
criminosos (PINHEIRO, 1986). Um dos eixos centrais desta relação seriam os
componentes militarizados herdados do regime ditatorial (1964- 1986)19. Segundo
alguns pesquisadores, os resquícios do modelo militarizado exerceram e exercem
fator decisivo nas atuações das polícias, em especial da polícia militar20. Conforme os
de fogo enquanto símbolos de assunção de virilidade e instrumentos de recuperação da ‘masculinidade
diminuída’.” (SANTOS, 2012, p. 141, grifos no original). 19 Conforme sinaliza Sader (1986) “Produto dessa situação defensiva das teses democráticas
no problema das relações entre o povo e a polícia foi o desenvolvimento, pelos governos estaduais –
encarregados concretos da implementação das políticas de segurança pública -, de uma ofensiva de
maior aparelhamento dos órgãos policiais, como eixo da resposta às pressões de opinião pública,
organizadas e incentivadas por setores conservadores da imprensa.” (p. 155). 20 Segundo Moraes: “Tal disposição militarista teria sido reforçada institucional e ritualmente a
cada período ditatorial e teria impregnado e reforçado o caráter militarista das polícias, em especial da
25
argumentos, o enfrentamento da criminalidade segue a linha da “guerra contra o
inimigo” e por conta disso, de uma generalizada forma de atuar diante dos membros
das classes populares, contendo indícios de arbitrariedade. Além deste fato, alguns
membros da corporação militar seriam integrantes de grupos de milícia armada,
agindo em espaços sociais dominados pelo tráfico de drogas. Neste arranjo social,
o uso abusivo de força letal pelos agentes de polícia, linchamentos
executados por grupos de pessoas – estimulados ou não por agentes policiais
– e a ação de grupos de execução sumária (grupos de extermínio,
esquadrões da morte) sobreviveram à transição e suas ações continuam a
ocupar as páginas da chamada imprensa nacional. (CARDIA, ADORNO e
POLETO, 2003, p. 49).
Estas observações ilustram a realidade do controle social no Brasil, onde as
instituições responsáveis pela segurança pública agem por intermédio de um modus
operandi perverso, a depender da classe social em que um indivíduo pertença, pois,
as coordenadas sugeridas nas práticas policiais21 reforçam os estigmas que recaem
sobre as populações menos favorecidas, todavia mais vitimadas pela violência de
modo geral22.
Para Chevingny (2000), a violência policial é fruto de um processo de
“vigilantismo” exercido sobre as camadas marginalizadas da sociedade, “Essa
espécie de violência policial – balear suspeitos de crimes comuns (ou pessoas que
simplesmente fogem da polícia) nas ruas - é uma forma de ‘vigilantismo’; é a versão
da polícia para eliminar indesejáveis”, desse modo,
A conexão entre “vigilantismo” e violência policial é acentuada pelo fato de
que em cada lugar onde esquadrões da morte são usados contra criminosos
polícia militar. É esta estrutura policial, e policial militar em particular, um dos elementos mais
objetiváveis do referido “enclave autoritário” existente no interior do Estado brasileiro, que justificaria e
garantiria sua permanência, apesar dos problemas que tal estrutura suscita” [...]. ( 2004, p. 10, grifos
no original). 21 Segundo Edmundo Coelho: “os estereótipos que os policiais têm do criminoso ou do infrator
contumaz das leis constituem referências importantes para sua atuação; e os indivíduos de status
socioeconômico baixo são aqueles que mais se ajustam a tais estereótipos, são eles que constituem
os alvos por excelência da repressão policial.” (1982, p.28). 22 Uma das categorias descritivas que fazem parte da mortalidade por armas de fogo é a
intervenção legal (Y 35), conforme o código internacional de doenças (CID-10), todavia os números
levantados nesta pesquisa apontam para a subnotificação dos dados, como ver-se-á mais adiante.
(Capitulo II).
26
comuns, a polícia vem a ser envolvida. Além disso, a polícia ajuda os
esquadrões da morte. Assim, esquadrões da morte e a polícia dedicam-se à
“limpeza social”. (p. 72, grifos no original).
Como visto até agora, o problema das mortes por armas de fogo, conta com
diferentes elementos que estão acondicionados ao fenômeno da desigualdade social,
visto que o pertencimento a determinada classe sofre uma dupla influência, seja pelas
interações conflituosas entre seus pares, que podem terminar em mortes violentas,
seja pela forma que o Estado promove o controle social, nestes casos apresentados
como uma forma higienista de controle, eliminando os ‘germes’ sociais pela execução
sumária que tem na arma de fogo um instrumento versátil e eficaz23.
Neste mesmo patamar, é fundamental registrar como o sistema de justiça
criminal endossa um movimento criminalizador sobre determinados grupos sociais,
conforme enuncia Coelho (1982), “os legisladores criam o crime ao elaborar leis cuja
infração constituirá comportamento criminoso; e essas leis são elaboradas de tal
forma que as probabilidades de serem violadas por certos tipos sociais coincidem com
as probabilidades imputadas ao desempenho de certos roteiros típicos.” (p.284).
E seriam justamente nesses “roteiros típicos”, onde se encontrariam os
acessos vicinais, que conferem as cifras negras da criminalidade, mas esses locais
não seriam roteiros de proteção, antes seriam espaços marcados pela disputa de
grupos sociais de diferentes matizes, inclusive aqueles intitulados grupos de
extermínios e, nesses locais, a polícia demanda um tratamento de controle
distanciado, muito embora constituam-se em alhures para corrupção, práticas
autoritárias e de execução, pois, estariam distanciadas dos controle de seus
superiores.
Tratar das mortes por arma de fogo exige um diálogo que vá além do
reducionismo dos números, que em suma indicam crescimento do fenômeno e um
alarde social gerador de insegurança. Defende-se que o debate deva realmente
colocar em foco as principais vítimas, clarificando o fenômeno e indicando, tanto os
23 Na mesma esteira, Costa (2004) assinala que “as práticas da Polícia variam de acordo com
o público com o qual se relaciona ou atende. Com as camadas pobres e sem prestígio, o poder de
polícia tende a ter um comportamento arbitrário, preconceituoso, não civilizado, e o uso da força para
realizar averiguações ou prisões é parte inerente à profissão. Quando esse relacionamento se dá com
membros das elites e das classes superiores, o comportamento é invertido, porque se corre o risco de
ferir interesses dessas camadas. Logo, só se pode usar a força e o linguajar autoritário quando se tratar
de pessoas pobres e humildes.” (p. 57).
27
espaços quanto os grupos sociais que sofrem um duplo processo, ou seja, são
espaços deliberadamente marcados como violentos e grupos sociais que abrigam
uma população significativa que respondem pela causa mortes por armas de fogo. Ou
como argumenta Spinelli (2002)
O impacto da violência e sua relação com as armas de fogo apresenta-se
como questão primordial na agenda pública. Sua análise multissetorial, o
desenvolvimento de sistemas multissetoriais de informação com expressão
territorial, projeto de políticas públicas, recuperação do espaço público e
debate social sobre os diferentes aspectos são algumas das tarefas
necessárias, e por vezes adiadas, que deveriam ser enfrentadas para
construir cidadania para todos. (p. 1243).
Com efeito, é preciso filtrar o clamor popular com teor repressivo, uma vez que
“[...] a sociedade torna-se ainda mais violenta e o crime continua incomodando a
população, que se sente insegura não só com as ações de criminosos, mas também
com o comportamento de muitos dos responsáveis pela manutenção da ordem pública
e pelo controle da violência.” (BORGES, 2013, p. 26-7, grifos no original). Na mesma
direção, chama-se atenção para algumas características dos grupos sociais mais
afetados pela mortalidade causada por armas de fogo. Um dos consensos
encontrados na literatura indica que são os jovens, pobres, do sexo masculino as
principais vítimas da mortalidade violenta, com ver-se-á em seguida.
1.2 Juventude Pobre e Mortalidade
Como foi verificado, as desigualdades sociais possuem forte influência na
composição da mortalidade por armas de fogo no Brasil, além disso, elas vêm
acompanhadas de um fator central nessa vulnerabilidade, trata-se da faixa etária na
qual se localizam as maiores vítimas. São os jovens entre 15 a 29 anos de idade onde
se concentram a maior contribuição para os índices registrados de mortes por armas
de fogo24. “A juventude no Brasil torna-se assim a principal vítima e o principal agente
24 “A partir de 1988, as armas de fogo passaram a ser a principal causa de morte entre os
adolescentes (15 a 19 anos) e entre os adultos jovens (20 a 24 anos), explicando mais de 45% das
mortes nestes grupos etários. Com taxa anual de aclive de 14%, o grupo de 15 a 19 anos é o mais
afetado, seguido dos adultos jovens e das crianças de 10 a 14 anos, que apresentaram aumento de
10% ao ano.” (SZWARCWALD e CASTILHO, 1998, p. 163).
28
no aumento da taxa de mortes violentas e de homicídios no país.” (ZALUAR, 2004, p.
139-40). Em seu estudo em uma comunidade popular, Alba Zaluar identifica que os
jovens pobres, que se envolvem com o mundo do crime, das drogas e com as armas
de fogo, são vítimas de diferentes interações violentas, sejam aquelas originadas da
interação com seus pares, que envolve cobrança de dívidas, crime de honra, entre
outras coisas e aquelas derivadas do controle social nefário. Diante disso,
compreende-se, [o envolvimento com mundo do tráfico], por que os jovens
pobres matam-se uns aos outros por rivalidades pessoais e comerciais,
seguindo o padrão estabelecido pela organização, que, além, de criar regras
militares de lealdade e submissão, distribui fartamente armas de fogo
moderníssimas. (ZALUAR, 2004, p. 161).
O acesso as armas de fogo entre a população jovem periférica podem exercer
fascínio e poder, pois, com a posse da arma de fogo, muitos jovens25 conseguem
ascensão nos grupos sociais em questão, ao mesmo tempo em que se apresentam
como decisivas na resolução dos conflitos sociais mais comuns, que vão desde uma
simples discussão até o ciúme gerado pelas relações afetivas, emponderando seus
usuários e anunciando finais trágicos. Peralva (2000), utilizando o conceito de “risco”,
identifica uma aproximação da juventude pobre com ações violentas, na medida em
que, segundo a autora, tais condutas seriam tecidas por uma lógica de sobrevivência
em espaços sociais marcados pelo perigo. Com sublinha a autora:
[...] a modernização sociocultural também abriu caminho para expressões
violentas da juventude pobre, com dois significados principais: de um lado,
conflitos diretamente derivados da nova experiência da integração social; de
outro, o sentimento de viver situações de risco intenso, que suscitam em
resposta condutas de risco. ( p.96).
Mas é importante aqui resgatar o conceito de “vulnerabilidade” para
compreender o risco como uma atitude orientada com base em um conjunto de
25 O conceito de jovem ou juventude não pode ser restrito apenas ao fator temporal, pois entre
outras coisas são condizentes com práticas e ações comuns a diferentes indivíduos. Para este estudo,
utilizando os termos de Mannheim (2000) “Fazem parte da mesma geração real os jovens que
experimentam os mesmo problemas históricos concretos; e constituem unidades de geração separadas
aqueles grupos que dentro da mesma geração real trabalham o material de sua experiência comum de
modos específicos diferentes.” (p. 154).
29
informações que norteiam uma determinada ação, risco26, assim entendido, estaria
acompanhado de um caráter de responsabilidade, ou para se utilizar de uma analogia,
agindo com uma rede de proteção na qual o trapezista tem a certeza de que se cair
será salvo. Por este motivo, adota-se o conceito de vulnerabilidade pois ela “ não é
assim um estado, uma característica essencial dos indivíduos, mas uma situação.
Apresenta uma natureza potencialmente instável, que pode se alterar em função do
tempo, das relações ou de características do contexto social mais amplo [...]”.
(RUOTTI, MASSA e PERES, 2011, p. 381, grifos no original).
A vulnerabilidade poderia responder ao fato da adesão a determinadas ações
ditas violentas na medida em que sugerem que estas relações estariam marcadas por
uma interação social comumente dimensionada no espaço/tempo em ambientes
violentos, assim adotar atitudes de ‘risco’ é em si fruto de uma vulnerabilidade na qual
a vida de jovens pobres estaria entrelaçada.
Por outro lado, de modo geral, pode-se dizer que matar alguém utilizando arma
de fogo, principalmente em locais marginalizados, não impõe resistência, pois,
dificilmente alguém será penalizado por tal ação e raramente uma investigação com
qualidade será instaurada, visto que, “sendo o morto pobre, provavelmente preto ou
pardo e anônimo, deixa de existir incentivo à investigação originário da “caixinha”
muitas vezes paga pelas vítimas de outros crimes, tais como roubo, sequestro e
assalto.” (ZALUAR, 2004, p. 137-38, grifos no original).
Ao detectar a participação dos jovens na proporcionalidade de mortes por
armas de fogo, é fundamental recolocar o problema da desigualdade social, pois os
jovens pobres são as maiores vítimas em virtude de uma série de deficiências no
controle social que o Estado oferece27. Assim, “a questão da violência urbana entre
26 Para La Menola (2005), “nos vários comportamentos de risco, parece ser possível identificar
uma demanda implícita por responsabilidade, mesmo naqueles aparentemente mais irresponsáveis.
Essa demanda deve ser considerada de modo sério, o que significa, sem nenhuma tentativa de
justificação, atribuir os ônus dos comportamentos destrutivos a quem os pratica, ou seja, transformar
de implícito em explícito o ato de assumir responsabilidade.” (p. 72). 27 Compartilhando das observações de Alvares (2004) é importante ir além do conceito de
controle desenhado por meio dos mecanismos estatais, assim, “deve-se ultrapassar uma visão por
demais instrumentalista e funcionalista do controle social como uma misteriosa racionalidade voltada
para a manutenção da ordem social e buscar, em contrapartida, formas mais multidimensionais de
pensar o problema, capazes de dar conta dos complexos mecanismos que não propriamente controlam
mas sobretudo produzem comportamentos considerados adequados ou inadequados com relação a
determinadas normas e instituições sociais.” (p. 170).
30
os jovens não pode ser dissociada da aguda disparidade presente em sociedades
como a brasileira, que pouco investem em programas sociais, de educação e
assistência médica pública, habitação e capacitação profissional adequada.”
(GAWRYSZEWSKI e COSTA, 2005, p. 195).
Olhar a mortalidade por armas de fogo mediante o registro etário faz ver, entre
outras coisas, que o maior déficit em políticas públicas atinge diretamente uma
população que é vítima ao mesmo tempo, de um processo social sedutor no universo
simbólico, traduzido no consumo de bens e diversão que muitas vezes são palcos de
relações conflituosas e como protagonistas da morte prematura, sem com isso causar
um clamor social, visto que o pertencimento de classe é em suma um divisor de águas
neste processo. Assim, quando se assiste a morte prematura de jovens da classe
média e alta, o que se registra é uma indignação contra grupos sociais marginalizados
que carecem justamente de políticas inclusivas que possibilitem novas trajetórias, pois
ao que é dado saber, o que está em questão não é a quantidade de jovens que morrem
vítimas de armas de fogo, mas a natureza classista a que pertencem.
Não obstante, a dimensão da mortalidade coloque o tema juventude,
desigualdade social e mortalidade como tema central é necessário reconhecer que os
dados estatísticos não possuem qualidade suficiente para uma melhor compreensão
do fenômeno, em especial no que diz respeito a distribuição das mortes por
categorias. Isto pode ser visualizado na distribuição por tipos de armas de fogo
informadas ao banco de dados, na categoria raça e na informação sobre mortes
causadas pela intervenção legal (policial). Em muitos casos esses dados são
subnotificados e ocultam a realidade sabida, é o que ver-se-á a seguir.
1.3 Qualidade dos dados de pesquisa sobre mortalidade
Muitos estudos que utilizam dados estatísticos indicam algumas limitações
quanto a sua fidedignidade, o que compromete a qualidade das análises e colocam
algumas questões em destaque. Embora o sistema DATASUS – SIM28, seja
amplamente utilizado na divulgação da mortalidade, algumas secretarias de
28 Conforme analisa Peres (2004): “Apesar do SIM possuir abrangência nacional, dispor de
dados para um longo período, e ser alimentado por informações padronizadas, autores apontam alguns
problemas que competem a qualidade das informações fornecidas.” (p. 26).
31
segurança estadual promovem bases de dados sobre o fenômeno, porém, utilizando
categorias locais e singulares. Segundo Borges (2013) “A má qualidade das
informações nos registros de morte violenta, no Brasil, provém das diferentes
definições acerca da causa da morte e dos distintos entendimentos sobre a
responsabilidade na classificação da violência: Instituto Médico Legal (IML) ou
secretarias de Saúde? [...]” ( p.17). Cabe destacar um dos problemas relacionados a
integralização nacional dos dados das diferentes áreas governamentais, ainda que
alguns Estados o sistema de informações sobre violência tenha qualidade.
Os eventos envolvendo mortes são atendidos primeiramente por policiais
militares, que, ao chegarem ao local, fazem os primeiros levantamentos e
preenchendo os boletins de ocorrência (BO), contudo isto não é integrado ao sistema
de informações de saúde. Esta etapa, que supostamente daria início as investigações,
não é entusiasta pelos profissionais da segurança pois, como observa Peres (2004) “
[...] a coleta de dados parece ser considerada pelos agentes policiais como uma
atividade burocrática e inútil, fragilmente articulada com seu trabalho cotidiano [...]
esta visão tem efeito direto na qualidade dos dados coletados.” (p. 23). Com isso, não
está se generalizando o trabalho policial, mas apontando para práticas comuns
quando o ator em questão possue características criminalizadas.
As informações disponíveis pelo sistema SIM/DATASUS são simplistas e não
esclarecem pontos fundamentais para se analisar o fenômeno das mortes por armas
de fogo29. Nos casos de mortes por causas externas as informações nem sempre são
completas e deixam muitas dúvidas sobre as reais causas do evento, embora alguns
setores, como o IML por exemplo, possuam informações importantes que não são
anexadas à declaração de óbito, como observam Mello-Jorge, Laurenti e Gotlieb
(2007)
Vários autores, ao investigar as reais causas dessas mortes, têm mostrado
que o IML dispõe da informação que o setor saúde necessita para o
esclarecimento da causa básica da morte, não a transcrevendo, entretanto,
para a DO. Assim, sugere-se aos gestores do SIM que, nos seus diversos
níveis, invistam na metodologia que busca a melhoria da qualidade dos
29 Nessa direção, Almendra e Moraes (2012) postulam que “ao examinarmos os dados
estatísticos produzidos pelo Estado ou pelos pesquisadores com base em fontes oficiais, segundo os
próprios pesquisadores o que encontramos são dados “incompletos”; não configuram “séries
[estatísticas] temporais coletadas de forma sistemática e contínua”; existem ‘diversos e inúmeros
problemas de validade e confiabilidade de fontes oficiais’.” (p. 271, grifos no original).
32
dados, por meio da investigação. Trata-se de informação que está disponível
e que, se resgatada, vai contribuir para a melhoria dos dados do Sistema.
Mello Jorge et al. apontam mudanças apreciáveis no panorama das mortes
por causas externas; em algumas áreas do país, em 2000, o total de
homicídios tornou-se cinco vezes o declarado, os suicídios dobraram sua
freqüência e os acidentes de transporte aumentaram em 90%, após a
investigação. (p. 648).
A distribuição por tipos de armas de fogo parece ser outro destes graves
problemas, pois, sem saber que tipo de arma foi usada em um evento, o
preenchimento mais utilizado consiste em informar uma agressão por “outras armas”
ou “Não Especificado (NE)”. Para Peres (2004) “A baixa qualidade das informações
sobre o tipo de arma/meio que levou à morte violenta nas declarações de óbito é um
problema que deve ser enfrentado, uma vez que compromete a sua utilização para
fins de planejamento e pesquisas.” (p. 151).
Ver-se-á, nesta pesquisa, que este índice é dominante, atingindo mais de
oitenta (80%) por cento das informações ao longo de uma série histórica, o que
certamente compromete uma leitura mais próxima da realidade sobre o fenômeno.
Esse tipo de informação é vital para compreender em que medida diferentes armas
são utilizadas nas mortes, o que indicaria certamente a participação de grupos
específicos, uma vez que determinados tipos de armas são de uso restrito e, portanto,
mais difícil de serem disseminadas na população em geral. Diante disso,
A melhoria da qualidade das informações, tantas vezes apontada como
estratégica para o conhecimento mais aprofundado do problema, não pode
deixar de incluir informações sobre armas de fogo. Para isso é fundamental
um amplo trabalho junto aos institutos de medicina legal para destacar sua
importância no preenchimento da declaração de óbito, assim como a
implementação de um sistema nacional de registro de armas. (PERES e
SANTOS, 2005, p. 66).
De qualquer maneira, as informações incompletas sugerem a existência
lacunas que relacionadas a outras informações formam o mosaico obscuro das cifras
negras, dificultando a complementariedade de outros dados disponíveis. Alba Zaluar
(2004) ilustra três pontos problemáticos que recaem sobre as pesquisas sobre armas
de fogo, destaca-se uma delas que parece ser central:
33
[...] por serem esses dados construídos e estarem sujeitos às políticas
institucionais que os informam, a discussão a respeito de sua qualidade exige
a avaliação das políticas públicas, no sentido de se tornarem mais eficazes
nas prioridades e nas suas formas de investigação, assim como na
transparência de seus métodos. Para isso os dados precisam tornar-se
públicos, sem preferências para este ou aquele pesquisador, para esta ou
aquela instituição, como aconteceu justamente no período da
redemocratização em governos que se diziam democráticos e populares. Em
outras palavras, qualidade da informação e democracia andam juntas.
(ZALUAR, 2004, p. 132).
A publicidade dos dados de pesquisa, no entanto, não é suficiente, pois o
sistema de informações SIM/DATASUS pode ser acessado por qualquer pessoa, mas
uma sistematização dos dados exige métodos específicos de agrupamento e uma
tradução no mínimo especializada para compreender a distribuição e observar as
limitações destes dados. A democratização dos dados sobre mortalidade é
importante, mas deve ser acompanhada de amplo debate entre os pesquisadores das
diversas áreas interessadas30.
Apresentar os dados de pesquisa em forma estatística pode criar uma falsa
sensação aos leitores que, ao reproduzirem tais informações, reificam mitos e
manifestam preconceitos. A divulgação dos dados institucionais carece de um debate
prévio e, posterior a isso, de uma problematização sobre os reais efeitos da
criminalidade violenta na sociedade, em especial indicando quais são os atores
sociais mais vulneráveis diante do fenômeno das mortes por armas de fogo. O papel
da mídia nesses termos é crucial na configuração da morfologia do crime e
consequentemente na formação da opinião sobre tal tema, pois
a mídia tem uma enorme voracidade por dados estatísticos exatamente
porque eles simplificam, tornando, supostamente, mais precisas as
explicações deles derivados. Entre as demandas feitas a nós por diferentes
mídias, destaca-se a análise ou comentário sobre pesquisas quantitativas,
com predileção pelas famosas sondagens ou pesquisas de opinião pública;
aquelas mesmas que P. Bourdieu demonstrou que não existem, pois, antes
30 “Uma das questões que se levanta é o mito da democratização: existe um pressuposto de
que, uma vez informatizados, os dados são de livre acesso ao usuário que saiba acessá-los. No
entanto, a verdade é que o acúmulo de conhecimento em algumas áreas científicas, tecnológicas e de
interesse dos cidadãos ou não está acessível, ou pertence ao mundo hermético dos entendidos,
deixando em total desinformação parcelas majoritárias da população.” (NJAINE, 1997, p. 406).
34
de tudo, acabam por criar a opinião. (ALMENDRA e MORAES, 2012, p. 271,
grifos no original).
Esse fator é crucial, pois, a origem dos dados provem “[...] de instituições cuja
cultura informacional constitui-se, ela mesma, numa prática violenta, à medida em que
esvazia o sentido e o significado da informação, não contribuindo para qualquer
mudança social.” (NJAINE, 1997, p. 407).
A qualidade dos dados de pesquisa sobre mortalidade por armas de fogo não
é um tema recente, a muito tempo pesquisadores vem chamando atenção para este
fato, no entanto, parece que os avanços se restringem a uma elevação das
determinações de intenção, nomeadas como agressões, que por muito tempo
encontravam-se como intenções não determinadas, mas mesmo assim, o fato de
saber que foi um homicídio ou um suicídio não resolve a questão. Informações
complementares seriam de grande valia para compreensão do fenômeno e isto
poderia ser alcançado se esforços multisetoriais fossem estabelecidos, como é o caso
da polícia civil e o setor de saúde responsável pela produção dos dados sobre saúde
populacional.
1.4 Violência, Informação e simbolismo
O sistema de informação sobre mortalidades por armas de fogo normalmente
é traduzido por meio de mapas31 e pesquisas que apontam escalas de diminuição,
estagnação ou crescimento do fenômeno. Quando divulgados, ganham contornos
diversos, nos casos em que são apontados crescimento do fenômeno, indicam um
mundo em desordem e servem como referências para opiniões radicais acerca do
controle de tais mortes. Em momentos de mudança social intensa, são difundidos
como aditivos para argumentos que favorecem o armamento da sociedade, para uma
31 Como já mencionado, nos estudos do sociólogo Julio Jacob Waiselfisz encontra-se, entre
seus trabalhos, um mapa das mortes por armas de fogo: conforme a apresentação: “O estudo focaliza
a mortalidade por armas de fogo no Brasil no período de 1980 a 2012. São homicídios, suicídios e
acidentes, pela ação de armas de fogo. Também é estudada a incidência de fatores como o sexo, a
raça/cor e as idades das vítimas dessa mortalidade. São apontadas as características da evolução dos
óbitos por armas de fogo nas 27 Unidades da Federação, nas 27 Capitais e nos municípios com
elevados níveis de mortalidade causada por armas de fogo. Em planilhas anexas, nesta página, podem
ser encontrados os dados de mortalidade por armas de fogo dos 5565 municípios brasileiros.” Cf.
http://www.mapadaviolencia.org.br/mapa2015.php.
35
intervenção policial arbitrária (inclusive aquelas letais), para opiniões preconceituosas
e enviesadas do crime e do criminoso32. Não se está julgando o mérito do trabalho em
si, mas o uso de tais informações, principalmente pela mídia sensacionalista e a
formação da opinião pública.
A construção dessa realidade social é fruto da homogeneização de ideias e
atitudes referentes a mortalidade sem questionar os pormenores do problema, o que
marca negativamente grupos sociais determinados33. Em pesquisa na cidade de São
Paulo, sobre processos de segregação, Tereza Caldeira (2000) sintetiza tais
premissas no que chama de “fala do crime”34, ou seja, no domínio de um conteúdo
simbólico sobre o crime, sobre o medo e sobre a criminalidade35. Nesse sentido, o
comum é atribuir às populações marginalizadas o epicentro do problema, em especial
atribuindo a estes, a causação de um mundo inseguro. Com isso:
O medo e a fala do crime não apenas produzem certos tipos de interpretações
e explicações, habitualmente simplistas e estereotipadas, como também
organizam a paisagem urbana e o espaço público, moldando o cenário para
as interações sociais que adquirem novo sentido [...].(CALDEIRA, 2000,
p.27).
32 Em matérias veiculadas na mídia eletrônica, sobre mortes por armas de fogo, é comum
encontrar comentários radicais que atribuem culpa, pelo aumento da mortalidade, a movimentos
liderados pelos Direitos Humanos, a falta de austeridade das secretarias de segurança e opiniões que
clamam por leis como a da pena de morte e da maioridade penal. Esta construção da realidade social
fortalece os estigmas sobre grupos sociais determinados. Para avaliar os comentários (336) conferir a
página da notícia “Arma de fogo mata 116 por dia no país, segundo Mapa da Violência”:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/05/arma-de-fogo-mata-116-por-dia-no-pais-segundo-mapa-
da-violencia.html. 33 Uma chave importante para pensar como as ideias podem ganhar força coletiva, unindo
grupos difusos, encontra-se nas reflexões de George Simmel sobre os grupos sociais, segundo ele:
“toda a organização interna da interação urbana se baseia numa hierarquia extremamente complexa
de simpatias, indiferenças e aversões, do tipo mais efêmero ao mais duradouro. E nesse complexo, a
esfera de indiferença é relativamente limitada, pois nossa atividade psicológica responde com um
determinado sentimento a quase todas as impressões que vêm de outra pessoa.” (SIMMEL, 1983, p.
128). 34 “[...] todos os tipos de conversas, comentários, narrativas, piadas, debates e brincadeiras
que têm o crime e o medo como tema [...]. Ela surge no meio das mais variadas interações, pontuando-
as, repetindo a mesma história ou variações da mesma história, comumente usando apenas alguns
recursos narrativos”. (CALDEIRA, 2000, p. 27). 35 Tais percepções estimulam comportamentos, visto que “[...] a manipulação dos nossos
medos é um forte elemento de controle social, que é permeado por interesses econômicos, gente e
grupos econômicos que vendem soluções, sistemas de segurança ou armas.” (ALMENDRA e
MORAES, 2012, p. 268-69).
36
Desse modo, a perpetração das mortes informadas, por meio da divulgação de
mapas e pesquisas, é atribuída a indivíduos tipificados como marginais incorrigíveis
que colocam em risco a vida dos membros da sociedade da ordem, da moral e dos
bons costumes, mas isto traduz uma visão parcial do problema, uma vez que reduz o
problema da violência urbana a certos tipos sociais. Conforme Borges, mediante essa
“fala do crime”, “existem discursos na sociedade, disseminados por diferentes atores
sociais (mídia, políticos, vizinhos, lideranças etc), que citam números distintos da
realidade, mas que podem influenciar a percepção generalizada de insegurança e do
aumento da violência no país [...].” (2013, p. 13).
O crescimento da violência letal, como apresentada em pesquisas sobre
mortalidades provocadas por armas de fogo, possui, desse modo, características
singulares. No caso brasileiro tais mortes estão concentradas entre grupos
específicos, como já sinalizadas. E isso quer dizer que os indivíduos marginalizados,
a quem são atribuídas o incremento destas mortes, estão localizados na parte mais
sensível do problema, pois nessas estatísticas residem potenciais grupos de
“vulnerabilidade”. Ainda segundo Borges, esta dimensão da criminalidade é reforçada,
visto que “no debate público sobre a criminalidade e a violência no Brasil dos últimos
anos, as estatísticas em geral têm sido uma referência para o argumento da tese das
‘crescentes ondas de violência’.” (p.13, grifos no original).
Por certo, a relação de causalidade entre violência e desigualdade deve ser
entendida como fatores estruturais e contextuais, e não como vocações naturais ou
predisposições de certos indivíduos. Fatores habitacionais, por exemplo, estão
integrados de modo significativo ao fenômeno, pois, algumas variáveis
socioeconômicas indicam, entre outras coisas, a ausência de políticas públicas
favoráveis à diminuição das desigualdades e mazelas sociais, o que certamente
agrava o problema36.
36 No relatório nacional sobre mortes por armas de fogo Peres (2004) identifica que “[...] a
correlação entre taxas de homicídios e indicadores socioeconômicos nos 96 distritos urbanos do
município de São Paulo [encontram] correlações significativas com uma série de indicadores
socioeconômicos, tais como renda média, crescimento e densidade populacional, composição etária,
escolaridade, taxa de mortalidade infantil e acesso a serviços públicos tais como hospitais e sistema
de esgoto. [...] este conjunto de características pode explicar, ao menos em parte, as taxas de
homicídios mais elevadas em áreas do município de São Paulo caracterizadas pela concentração de
desvantagens que podem influenciar a coesão social, bem como propiciar conflitos. Além disso os
autores destacam a existência de um frágil vínculo entre a população e as autoridades ou instituições
37
Esse cenário social, reprodutor de desigualdades sociais, contribui no aumento
dos conflitos domésticos e na resolução extremistas de interações cotidianas, pois
marcam espaços onde os vínculos são estabelecidos segundo uma lógica marcada
por um ethos masculino impetuoso, acionado frequentemente na resolução de tais
conflitos. Nesse sentido, é necessário problematizar o problema da integração
social37.
Além disso, os inquéritos policiais que apuram mortes entre moradores de
localidades marginalizadas possuem tratamento superficial e de baixa resolubilidade.
Este fato normalmente é atribuído a ‘lei do silêncio’ que impera sobre estes espaços,
ao mesmo tempo que indica desinteresse do poder público sobre esses grupos
sociais. A ausência de um inquérito com qualidade pode ser um dos problemas que
fomenta a impunidade de mortes causadas por armas de fogo sobre determinados
indivíduos38.
O pertencimento a determinado grupo social favorece certas visões, que neste
estudo identifica certa objetividade do fenômeno em relação aos supostos
protagonistas. Assim, ver as camadas sociais mais pauperizadas como produtoras da
violência per si, está conectada as interpretações veiculadas sobre a violência e são
reproduzidas por meio de “atitudes naturais”39. Os programas sensacionalistas
cumprem papel primordial na construção dessa visão, pois utilizam um linguajar
comum que dissemina preconceitos e aversões, em especial quando relatam o
resultado de pesquisas sobre as mortes violentas.
Nesta fenomenologia dos grupos sociais, coloca-se acento às questões
informativas e simbólicas, pois a forma como são veiculadas e processadas,
públicas, uma vez que o baixo investimento em políticas públicas não só dificulta o acesso a serviços
como também contribui para a baixa efetividade dos mesmos.” (p. 20-1). 37 Sobre esta questão destaca-se um importante trabalho de Nobert Elias e Jonh L. Scotson
intitulado “ Os estabelecidos e os Outsiders”, onde os autores estudam uma pequena comunidade no
interior da Inglaterra identificando a interação social de três grupos com características especificas. O
estudo demonstra que enquanto dois dos grupos eram destacados pelo princípio da antiguidade
(embora um se distinguia do outro por diferenças econômicas), um terceiro grupo era considerado
outsider e, assim, estigmatizados devido a muitos elementos ligados a anomia, a delinquência e a
desintegração social. 38 Sobre este tema Cf. Misse, Michel et al. “O inquérito policial no Brasil: uma pesquisa
empírica.” Rio de Janeiro: NECVU/IFSC/UFRJ, Booklink, 2010. 39 Como informa Alfred Schutz: “Esse ‘pensar de costume’, tal como podemos chamar essa
atitude, corresponde à ideia de ‘concepção relativamente natural do mundo’ [...].” (2012, p. 93-4, grifos
no original).
38
chegando ao público em geral, colaboram na forma de ver o outro e a si mesmos, de
construir a imagem do outro a de si próprios, nesse caso do que constitui socialmente
um criminoso40. Por esse caminho, os grupos sociais compartilham, de modo mais ou
menos homogêneo, esta visão. Para Schutz: “O significado subjetivo do grupo, isto é,
o significado que o grupo tem para seus membros, foi frequentemente descrito em
termos de um sentimento de pertencimento, de compartilhamento de interesses
comuns.” [...]. (p. 94).
O “interesse comum”, que move a interpretação dos dados relativos à
mortalidade por armas de fogo por alguns atores sociais, fazem parte de um “estoque
de conhecimentos” já cristalizados no imaginário popular, o qual entende que
determinados grupos sociais são propensos a certas ações, aqui consideradas
violentas e barbaras. É assim, por exemplo, que as opiniões favoráveis ao uso de
armas pela população em geral ganham força e, com a mesma intensidade, pode-se
ouvir clamores defendendo a adoção da pena de morte. Acrescente-se a isso a
popular frase: ‘Bandido bom é bandido morto’41.
Poder-se-ia dizer também que um fator decisivo para certa homogeneidade nas
representações sociais é construído a partir de um “inimigo comum”. Nesse caso, o
criminoso consegue, de modo geral, servir como referência importante para os
repúdios e repulsas que diferentes grupos da sociedade comungam. Não obstante, o
conflito, visto de uma perspectiva sociológica, é um fenômeno integrador na medida
em que une individualidades distintas e difusas. Conforme observa Simmel (1983),
“[...] o grupo como um todo pode entrar numa relação de antagonismo com um poder
exterior a ele e é por causa disso que ocorre o estreitamento das relações entre seus
40 Analisando uma campanha midiática, que tem como o intuito de promover a “PAZ” diante
dos acontecimentos criminais no Estado do Paraná, Almendra e Moraes (2012) identificam uma
estrutura discursiva que, nesta reflexão, alimentam o imaginário social, rotulando certos tipos sociais
como fomentadores por excelência da violência e da criminalidade, assim: “essas práticas discursivas,
articuladas na esfera da “comunicação midiática” – entendida, fundamentalmente, enquanto fenômeno
social –, promovem uma pedagogia político-moral no espaço público, conferindo sustentação às
práticas de segurança pública paranaense [...] Assim, essa pedagogia política é expressão de um
conjunto de iniciativas de apoderamento do modo de construção pública do problema crime-violência.
Trata-se da distribuição institucional de práticas do discurso informativo e de práticas policiais que
convergem e instauram uma interface civil- policial como instância simbólica de controle da mediação
democrática entre as elites (e, a reboque delas, as classes médias) e os pobres urbanos favelados,
alvos concretos dessa pedagogia estigmatizante.” (ALMENDRA e MORAES, 2012, p. 274). 41 Frase usada inclusive nos discursos de alguns políticos que prometem combater com rigor
o crime e o criminoso.
39
membros e a intensificação de sua unidade, em consciência e ação.” (p.154). E isso
é valido, também, para uma representação dos grupos marginais em relação as
instituições e organizações responsáveis pelo controle formal e informal na sociedade.
Diante desses fatos, é notório que as informações sobre mortalidade estão
permeadas por um simbolismo autoritário que aponta para soluções extremistas, sem
colocar em questão o controle da distribuição destas armas e ao não tratarem o
fenômeno das mortes como um problema de saúde pública concomitante ao problema
da segurança pública. Nesse campo, ainda é incipiente resultados de pesquisas que
tornem a problemática mais clara, e a simples divulgação da dimensão das mortes
oculta um entendimento satisfatório sobre os tipos de armas utilizadas, sobre as
formas de aquisição destas armas, dentre outros fatores importantes para sua
compreensão.
Pensando dessa maneira, os dados de pesquisa sobre mortalidade por armas
de fogo veem acompanhados de um simbolismo capaz de recrudescer o fenômeno,
de potencializar certos estereótipos, pois quando narrados são apresentados como
fruto de uma sociedade que comporta indivíduos vorazes por matar, sem com isso
perguntar quem seriam de fato essas vítimas e em quais condições este fenômenos
normalmente ocorrem. Essa orientação simbólica constitui, em suma, um apêndice do
mundo criminoso, pois evoca atitudes segregadoras, como informa Caldeira (2000),
Se o medo do crime e a expansão da violência são reais em São Paulo [local
de sua pesquisa], e se o crime está fornecendo uma linguagem com a qual
se pode falar e pensar sobre muitos outros processos de desestabilização,
também é verdade que, com a ajuda da fala do crime, o que está sendo
forjado é uma cidade muito mais segregada e uma sociedade muito mais
desigual, na qual as noções de justiça e os direitos de cidadania são
diretamente contestados, apesar do sistema político democrático. (p.44).
Cabe ressaltar que a relação entre a divulgação de pesquisas sobre
mortalidade e a construção de um imaginário cada vez mais dramático é
potencializada pela ausência de maior clareza no que diz respeito aos agentes
envolvidos e das condições em que a realidade social é processada. Nesse sentido,
seria de suma importância pesquisas de vitimização para desvendar essa colcha de
retalhos que compõe o mundo das mortes por armas de fogo. Além do mais, urge-se
pesquisas sobre tipos de armas de fogo, desde sua fabricação até a sua apreensão,
40
visando com isso, fornecer subsídios comparativos com pesquisas sobre mortalidade,
ainda que esta última, como já registrado, necessita de mais clareza nas informações.
41
Capítulo 2
2 Mortes por armas de fogo no estado do Paraná
Nesta etapa do trabalho, analisa-se uma série histórica de mortes causadas
por armas de fogo no Estado do Paraná. Os números informados fazem parte do
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM)42, estando distribuídos em treze (13) variáveis,
envolvendo: acidentes (W32/33/34), agressões auto-provocadas (suicídios:
X72/73/74), agressões (homicídios: X93/94/95), Intenções não identificadas
(Y22/23/24), além da Intervenção legal (Y35), todas atribuindo a causa morte ao uso
da arma de fogo. A série compreende os anos de 1999 até 2012 para o Estado do
Paraná e são distribuídas entre idade, sexo, raça, escolaridade, todas considerando
o local do crime.
Neste trabalho, optou-se por utilizar dados até o ano de 2012, neste sentido,
os dados mais recentes (2013, 2014 e 2015) foram ocultados pelo fato de que o
sistema sofre alterações (correções) nos dois últimos anos, e não haviam dados
completos para o ano de 2015, ano da produção do trabalho. Além disso, o objetivo
geral do trabalho é privilegiar uma problematização dos dados de pesquisa e não
pretende ser apresentado enquanto um ‘mapa’ do fenômeno.
Por este itinerário, destaca-se que os estudos sobre mortalidade no Brasil
normalmente apresentam dados derivados do “SIM” e trazem os tipos de óbitos com
base em informações estatísticas, formando, assim, um grande banco de dados que
periodicamente são publicados em forma de mapas que indicam dois aspectos
fundamentais: a ‘magnitude’, ou seja, o tamanho do fenômeno e a ‘distribuição’, a qual
indica características peculiares ao tipo de óbito e as suas causas.
Atualmente, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) utiliza o Código
Internacional de Doenças – CID – 10 (10ª revisão)43; embora a metodologia seja a
42 Os dados apresentados foram tabulados pelo autor. 43 “A Conferência Internacional Para a Décima Revisão da Classificação Internacional de
Doenças foi convocada pela Organização Mundial de Saúde e realizada em sua sede em Genebra de
26 de setembro a 2 de outubro de 1989. Participaram da Conferência delegados de 43 Países
Membros. [...] As decisões tomadas sobre esses assuntos abriram caminho para a preparação das
minutas sucessivas sobre as propostas dos capítulos para a Décima Revisão. Essas minutas circularam
duas vezes, para comentários entre os Países Membros e também foram revisadas por outros
42
mais confiável dos modelos de informações para mortes por causas externas44,
existem muitas questões que limitam o sistema no que diz respeito a sua
fidedignidade. Entre esses limites, destacam-se a ‘distribuição’ por tipos de armas
utilizadas, a relação com a raça das vítimas, as mortes por intervenção legal.
Com base nisto, busca-se apresentar os dois aspectos: ‘magnitude’ e
‘distribuição’, todavia tentando ir além de uma simples descrição do fenômeno,
destacando os limites, sejam eles por conta de ações dos agentes de saúde,
envolvidos na produção dos dados, como também daqueles encontrados por conta
de uma ‘cultura’ da informação, que factualmente dificulta uma melhor visualização do
fenômeno, conforme hipótese já apresentadas neste trabalho. Dessa forma, o que se
procura colocar em questão tensiona os produtos e processos aplicados na
investigação sobre o perfil da população mais vitimizada, ou seja a classe pobre; as
informações, assim, não são esclarecedoras pois, por diferentes motivos, não
entusiasmam os operadores na resolução do evento, uma das justificativas reside no
fato de que em muitos casos as vítimas serem moradores de localidades onde impera
a lei do silêncio, o que desmobilizaria, como já referendado, o sistema de justiça
criminal a auferir informações mais precisas sobre os tipos de armas utilizadas nos
crimes praticados nestas regiões, direcionando ao trâmite do instituto de medicina
legal as notificações formais mínimas sobre os eventos.
De qualquer maneira, o esforço deste trabalho consiste em apontar algumas
destas limitações, problematizando os dados estatísticos e (re) formulando questões
pertinentes a publicização dos dados sobre mortes por armas de fogo no Brasil, em
especial questões que ganham dimensões simbólicas no que diz respeito ao
interessados, bem como foram assuntos de reuniões de diretores de Centro e revistas pelo Comitê de
Peritos. Um grande número de associações de especialistas, alguns peritos individuais, outras
unidades da OMS em Genebra e dos escritórios regionais da OMS deram opiniões e orientações à
unidade da OMS responsável pela CID e aos Centros Colaboradores na preparação das propostas e
de outros materiais apresentados à Conferência. (.
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/relatorio_da_conferencia.htm#Relat1). 44 “Quanto às causas externas, sabe-se que, sempre que a causa de morte for uma lesão ou
outro efeito de uma causa externa, as circunstâncias que deram origem a essa situação deverão ser
selecionadas como causa básica. Esse princípio deixa claro que as causas básicas devem
corresponder aos tipos de causas externas (circunstâncias) que originaram as lesões e nunca a essas
lesões. Por razões apontadas em bibliografia específica, os legistas ao preencher a DO pós-necropsia,
freqüentemente fazem menção somente às lesões encontradas e não às circunstâncias do
acidente/violência responsáveis por essas lesões.” (MELLO-JORGE, LAURENTI E GOTLIEB, 2007, p.
648).
43
fenômeno, pois normalmente são destacados determinados espaços e atores ao
passo que são eclipsados outros.
Neste sentido, sinaliza-se para o tratamento dos dados, normalmente
apresentados como verdades inexoráveis, que, todavia, encobrem a realidade social
envolvendo mortes por armas de fogo. O que não significa dispensar o uso do sistema
SIM/DATASUS como fonte favorável a melhoria das políticas públicas na área da
saúde populacional, mas dando-lhe um peso relativo no entendimento do fenômeno e
apontando sua complexidade e multidisciplinaridade.
Neste entendimento, a divulgação dos dados sobre mortes por armas de fogo
ocorre de modo acrítico e despertam a produção simbólica do medo, atingindo todas
as classes sociais, embora, saiba-se, como já revisado, que a grande maioria das
vítimas tenham origem social precária e o problema muitas vezes esteja localizado
em espaços geográficos amplamente marginalizados. E, desse modo, a probabilidade
de ser vítima de morte por arma de fogo no Brasil está inclinada sobre certos tipos e
não outros, embora a sensação de insegurança ganhe dimensões generalizantes.
Ressalta-se que neste estudo utilizou-se dados estatísticos com a finalidade de
apresentar o problema da pesquisa estatística e não como um instrumento descritivo
factual, capaz de decifrar fidedignamente a realidade social. Contudo, entendo que a
dimensão das mortes tenha relevância, norteia-se o debate no sentido de demonstrar
como os números produzidos pelo sistema DATASUS/SIM podem receber
interpretações aparentes, fato que deforma a realidade, pois evidenciam questões que
precisam ser relativizadas de modo crítico. Por conta disso, apresenta-se, em seguida,
um quadro geral das informações sobre mortalidades por armas de fogo no Estado do
Paraná, visando problematizar as informações sobre mortalidade.
2.1 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná – Análise dos dados
Neste capítulo apresentam-se dados relativos a mortalidade por armas de fogo
segundo: o tipo de arma informada, a idade, a raça, o sexo da vítima, a escolaridade
e a taxa de mortalidade por cem mil habitantes45. Além disso, apresentam-se dados
45 Para o cálculo da taxa de mortalidade por cem mil habitantes foram utilizados os dados
populacionais do IBGE, sendo que: para os anos de 1999 até 2006 utilizou-se o Censo de 2000, para
os anos de 2007 até 2009 utilizou-se a contagem da população de 2007 e para os anos de 2010 até
2012 foram utilizou-se o Censo de 2010.
44
comparativos relativos ao IDHM e ao índice de Gini para os vinte municípios com as
maiores taxas e para os 20 municípios com as menores taxas registradas na série46.
Na série histórica foram identificados 18 municípios que não registraram nenhuma
morte por arma de fogo, estas localidades serão comparadas apenas na relação entre
taxas de mortalidade e índice de Gini (Tabela 11). Utilizou-se, para efeitos
comparativos, os 20 municípios com menores taxas que contém algum registro.
Foram registradas mais de trinta mil mortes por armas de fogo no Estado do
Paraná, este número poderia ser ampliado, na medida em que o sistema de
informações é suscetível a erros na declaração do tipo de causa morte. Mais de
noventa por cento destas mortes foram registradas como agressão – equivalente ao
termo homicídio. A maioria destas mortes são atribuídas a jovens do sexo masculino
e, entre estes, mais de cinquenta por cento das mortes foram registradas entre uma
população que tinha o ensino fundamental incompleto. Ver-se- que estas informações
são relativas, pois, existem algumas limitações quanto aos registros.
2.2 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná 1999-2012 – Tipos de armas
Os dados relativos a mortalidade, considerados os tipos de armas informadas,
indicam que a categoria X95, descrita como “Outras armas e Não Especificadas” (NE)
respondem por mais de 80% na totalidade ao longo da série. Para um total de 30.436
mortes em 13 anos, 25.421 estão nesta categoria47. E isto indica, entre outras coisas,
que na maioria dos casos não se sabe qual a arma foi utilizada no evento48.
46 Compreende-se que o uso dos indicadores sociais em pesquisas sobre mortalidade exige
uma metodologia apropriada, ausente neste trabalho, porém, justifica-se o uso por entender que os indicadores ajudam a pensar como um fenômeno, como o das mortes por armas de fogo, esta conectado a um conjunto mais extenso de elementos socioeconômicos.
47 Ver Tabela 4, p. 70. 48 Conforme Peres (2004), “a falta de qualidade nas informações produzidas pelas secretarias
de segurança estaduais [...] é um dos maiores obstáculos para a pesquisa sobre violência no Brasil.
Informações sobre mortalidade por causas externas fornecidas pelo SIM do Ministério da Saúde são
amplamente utilizadas por pesquisadores neste campo e são consideradas como uma fonte de dados
mais confiável, já que o procedimento de coleta é padronizado e as informações são codificadas de
acordo com o CID-9 e CID-10. Apesar disso, muitos autores citam alguns problemas que comprometem
a qualidade das informações fornecidas, especialmente em relação ao tipo de violência que resultou
em mortes. Em relação ao tipo de arma utilizada, as declarações de óbito também apresentam
importantes limitações.” (p. 150).
45
Embora, esta categoria se referia a uma agressão, o que equivale dizer a um
homicídio, ela não permite uma melhor visualização do fenômeno das armas de fogo.
Algumas questões podem estar relacionadas a isto. A falta de esclarecimento deve-
se, em grande medida, ao fato da maioria dessas vítimas serem encontradas em óbito
e a perícia apenas detectar que se tratou de uma morte causada por arma de fogo,
sem considerar características da perfuração, que poderia auxiliar no sentido de saber
se era uma arma de grosso calibre ou uma arma convencional, por exemplo.
Mas, se consideramos que os suicídios49, que possuem uma categoria
semelhante para casos de armas não definidas: “X 74” (Outras armas ou Não
Especificadas - NE) o problema da qualidade dos dados se acentua. Para uma
totalidade de 1.386 mortes por agressão autoprovocada, 1.014 mortes estão nessa
categoria, ou seja 73.16 % deste total. Neste caso, presume-se que no evento de
suicídio a vítima esteja com a arma próxima a si, fato necessário para se constituir um
suicídio, o que leva a crer que a falta de registro é, em suma, uma prática, ou do
sistema de informações, ou do boletim da polícia militar, ou então, dos funcionários
do instituto médico legal que deveriam informar o tipo de arma na Declaração de Óbito.
Considerando os números encontrados nesta pesquisa 162 mortes por armas
de fogo estão classificadas como acidentes (W 32, W 33 e W34), contabilizando 0,53%
na série. 1.396 mortes estão classificadas como lesão autoprovocada [suicídio] (X 72,
X 73 e X74), representando 4,55% do total na série50. A grande maioria, portanto, se
encontram na categoria agressão (X 93, X94 e X95) somando um total de 28.042
mortes, o que representa 92,13% destas mortes. Os números relacionados a
intenções não determinada (Y 22, Y23 e Y24) somam 584 mortes, 1,92%. Já as
mortes classificadas como intervenção legal (Y 35: mortes que a polícia efetuou em
suas operações) somam 262 mortes, o que representa 0,86% destas mortes. Assim,
na série histórica disponível no sistema de informações para o Estado do paraná,
foram registradas 30.436 mortes por armas de fogo.
As armas de mão, categoria X93 contabilizam 2.488 mortes informadas,
representando 8,17% do total da série. As lesões autoprovocadas por armas de mão
49 O suicídio envolve diferentes categorias, além das causadas por armas de fogo, registram-
se que no estado do Paraná as principais causas são: por enforcamento (X 70), afogamento (X71) e
precipitação de locais altos (X80e X81). Considerando o conjunto das mortes intencionais na série
histórica (1999-2012) totalizariam 6.820, onde 1.386 dessas mortes seriam causadas por armas de
fogo, o que representa 20,32% deste total. 50 Ver tabela 4 (tipos de armas) p. 70.
46
(X72) registram 338 mortes informadas, representando 1.11% em relação ao total da
série. As armas de mão representam nesta série a um total agregado de 2.826 mortes
(9,28%), estes números certamente aumentariam se considerarmos que muitas armas
que se enquadrariam nestas categorias, estejam distribuídas nas categorias: X95 e
X74.
2.3 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná – Intervenção legal
No caso das mortes classificadas como intervenção legal (Y 35), os números
podem ser bem maiores. Em Bordin (2011), constata-se que as mortes informadas
em confrontos com a Polícia Militar do Paraná diferem das mortes informadas pelo
SIM51. Embora as categorias sejam diferentes, pois para a Polícia Militar o termo é
descrito como confronto com a polícia e o SIM “Intervenção legal”, a natureza da morte
é a mesma, ou seja, trata-se de confronto armado. Considerando as diferenças
encontradas, pode-se dizer que o problema da distribuição das mortes no sistema de
informações indica mais um grave problema. E isso dificulta análises realizadas com
bases estatísticas, pura e simplesmente, visto que esta distribuição eclipsa uma
realidade pertinente ao controle social, conforme já visto na revisão da literatura.
Encontra-se, desse modo, uma diferença média de mais de 500% nas mortes
registradas por intervenção legal ao longo da série na comparação entre os dados da
Polícia Militar do Paraná e o Sistema de Informações sobre Mortalidades (SIM),
conforme a tabela abaixo52. No ano de 2006 a Polícia Militar do Paraná registrou 188
mortes em confrontos com a polícia, segundo o estudo de Bordin (2011), enquanto
que no SIM/PR foram registradas apenas 6 mortes por intervenção legal, ou seja, uma
diferença percentual de 3.133%, atingindo seu ponto máximo na diferença dos
registros dois sistemas de informações nesta série. Estes números demonstram como
as categorias indicadas pelo sistema de informações do ministério da saúde precisam
ser relativizados, visto que não existe no Brasil o uso comum das variáveis da saúde
(CIDs), sendo que as secretarias estaduais de segurança trabalham com sistemas
51 Ver tabela 3, p. 69. 52 Um recurso metodológico que poderia ser realizado em estudo mais aprofundado sobre este
tema pode ser encontrado nas notícias veiculadas pela mídia especializada, contudo, não foi objetivo deste trabalho apurar estas diferenças e assim confrontam-se apenas os dados do SIM/PR com os números informados pelo sistema de informações da PMPR.
47
próprios e com categorias locais, indicando diferenças consideráveis em
determinadas variáveis.
É necessário frisar ainda que mesmo os números informados pela Polícia
Militar do Paraná podem estar longe de representarem a realidade, pois a forma como
são registrados os “autos de resistência” nem sempre contemplam algumas mortes
em confrontos nessas categorias. Em uma situação onde a vítima não morra no local
do confronto, sendo socorrida e vindo a óbito em um hospital, por exemplo, a
informação sobre a causa morte pode ser modificada.
A distribuição de mortes por armas de fogo, nos casos acima mencionados,
revela que muitos registros, que povoam a categoria X 95, poderiam ser distribuídas
entre outras categorias como é o caso da “Y 35” (Intervenção legal). Considerando
que as instituições policiais utilizam armas de calibre restrito, embora tal restrição não
garanta que os criminosos também utilizem este tipo de arma, poderiam ser
encontrados mais indícios do aumento da categoria de Intervenção legal. Se
comparadas as taxas de mortalidade em confrontos com a Polícia Militar, 1.513 mortes
ao longo da série, estes números superam a totalidade dos números registrados como
suicídio (agressões auto-provocadas X72-73-74) na série histórica: 1.386. Isso indica
um grave problema que, como já foi registrado, têm grandes possibilidades de serem
subnotificados.
2.4 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná – Idade
Conforme já tratado no primeiro capítulo, vários estudos apontam para a
concentração de mortes por armas de fogo entre uma população considerada jovem.
Estas mortes, uma vez agregadas entre jovens de 15 a 29 anos representam a maioria
dos casos registrados53.
Na série histórica, aqui apresentada, os dados analisados sobre mortalidade
por armas de fogo no quesito idade54 registram uma diferença de 147 mortes em
53 Szwarcwald e Castilho (1998), identificam, em pesquisa sobre mortes por armas de fogo no
Estado do Rio de Janeiro, que “a partir de 1988, as armas de fogo passaram a ser a principal causa de morte entre os adolescentes (15 a 19 anos) e entre os adultos jovens (20 a 24 anos), explicando mais de 45% das mortes nestes grupos etários. Com taxa anual de aclive de 14%, o grupo de 15 a 19 anos é o mais afetado, seguido dos adultos jovens e das crianças de 10 a 14 anos, que apresentaram aumento de 10% ao ano.” (1998, p. 163).
54 Ver tabela 5, p. 71.
48
relação as informações sobre os tipos de armas de fogo, uma diferença percentual de
0,48%. Registram-se, desse modo, 30.289 mortes distribuídas nesta análise entre
faixa etária correspondente a: 0-14 anos (1,64%), 15-29 anos (59,83%), 30-49 anos
(29,81%), 50-69 anos (5,86%), acima de 70 anos (0,81%) e idade ignorada (1,91%).
Os dados do sistema de informações (SIM) podem ser divididos entre outras
faixas, porém, para esta análise foram agregadas em grupos maiores. O grupo com
maior expressão corresponde a vítimas de 15 a 29 anos, conforme sugerido pela
OMS, compreende-se a categoria de jovens. Esta categoria compreende 18.135
mortes e marca claramente um problema de saúde pública localizado; entre as vítimas
esta fase é marcada por diferentes aspectos que vão desde ao envolvimento com
tráfico de drogas até a uma vida que envolve diversão, poder e entrada no mercado
de trabalho, formal e informal, marcam também uma fase em que o consumo por bens
simbólicos exige estratégias diversas55.
O segundo grupo etário mais vitimizado corresponde a vítimas entre 30-49
anos de idade, registrando 9031 mortes ao longo da série. Esta fase da vida é
caracterizada pela alta capacidade produtiva e, em muitos casos, é fácil supor que
muitas dessas vítimas deixaram famílias formadas (esposa e filhos). Considerando as
duas variáveis tem-se a impressionante cifra de 27.166 mortes, representando
89.68%.
Neste ponto, destaca-se a importância de problematizar esta temática, visto
que este fenômeno corresponde a um grave problema de saúde pública e torna estes
grupos etários, considerados em sua dimensão socioeconômica e simbólica, mais
vulneráveis56. Como sinalizam Ruotti, Massa e Peres (2011)
soma-se a esse processo geral, que atinge a juventude como um todo, a
existência de diferenças profundas na vivência dessa fase de acordo com a
posição social desses jovens, inclusive quando consideramos a exposição à
55 Em Azevedo Lira e Drumond (2000) “confirma-se a importância das [mortes por] causas
externas entre homens e adultos jovens quando se constata que os homicídios foram a terceira causa
de morte no Brasil e a segunda entre os homens. Observa-se também que os assassinatos foram a
principal causa de morte no país na faixa etária entre 15 e 39 anos. Chama a atenção um dado
alarmante: os homicídios já aparecem como a terceira causa de morte entre 10 e 14 anos e a nona
entre 5 e 9 anos.” ( p. 102). 56 Neste sentido “a utilização de classes de idade torna-se assim muito importante, o que
significa dizer que o registro correto da idade da vítima ou do autor de atos violentos ou criminosos é
absolutamente crucial para que possamos fazer comparações e generalizar para outros casos, como
a operação teórica exige.” (ZALUAR, 2004, p. 140).
49
violência. Assim, embora os desafios sejam semelhantes, os contextos e os
recursos disponíveis no seu enfrentamento não são os mesmos, abrindo
espaço para diferentes situações de vulnerabilidade. (p. 384 - 85).
Comparando as mortes registradas nas variáveis sexo e escolaridade, pode-se
supor que mais de 80 % destas mortes são jovens e adultos do sexo masculino e boa
parte destas vítimas não concluíram o ensino fundamental. Estas marcas sociais,
entre as maiores vítimas, denotam um ponto central na vida dos jovens brasileiros,
em especial os de origem populares
que, por condição ou escolha, estão completamente excluídos dos trajetos
institucionalizados de transição para a vida adulta. Suas modalidades de
ingresso em percursos de risco têm características de maior destrutividade,
como demonstram as notícias provenientes, em particular, das periferias dos
grandes aglomerados metropolitanos. (LA MENDOLA, 2005, p. 83).
2.5 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná 1999- 2012 - Escolaridade
Os registros do sistema de informações sobre mortalidade possuem diferentes
variáveis para análise dos óbitos, entre elas, a escolaridade57. Esta categoria
apresenta uma pequena diferença na dimensão, pois não possui a mesma quantidade
de registros verificadas nas variáveis sexo e tipos de armas, esta diferença é de 0,62%
(30.246 para 30.436). Contudo, é importante analisar os números referentes a
escolaridade, pois eles indicam uma relação estreita com a variável idade, sinalizando
características importantes no perfil das maiores vítimas das armas de fogo.
Considerando a série histórica a categoria “não informada” responde a 1,82%
dos registros, um número relativamente baixo, porém, considerando os números
registrados na categoria “ignorado” (8,97%), estes números somam mais de dez por
cento (10,79%). No entanto, o número de registros considerados “ignorado” caiu
significativamente ao longo da série, contendo apenas 3,53% das informações.
Registram-se 1074 mortes na categoria sem nenhum estudo, representando 3,55%
na série histórica. Este número era de 39% no início da série (1999) caindo para 3,28%
no ano seguinte e mantendo-se a baixo dos 4% ao longo da série, o que representa
importante correção nas informações referentes a escolaridade.
57 Ver tabela 6, p.72.
50
O destaque dos números estatísticos que consideram a escolaridade, ao longo
da série, fica concentrado na faixa dos 4 a 7 anos de estudo: 46,06% dos registros,
os que comportam de 1 a 3 anos de estudo registram 19,37% para o mesmo período.
Somados a fase de 1 a 7 anos de estudo, ou seja, o ensino básico incompleto, chegam
a impressionante porcentagem de 65,43%58.
Esta constatação acompanha a categoria idade indicando que a maioria das
vítimas de arma de fogo são jovens que não conseguem completar o ensino básico.
Mesmo que estes números tenham problemas relativos a informação, é correto
relacionar a evasão escolar à vulnerabilidade das mortes por armas de fogo, além
disso, estes dados corroboram com a tese da desigualdade social, que também ganha
força quando se identificam que as cidades que contém as maiores taxas de
mortalidade concentram fortes desigualdades, como identifica-se neste trabalho.
Dessa maneira, seria importante incentivar estudos sobre esta relação59.
Apenas 24,21% das vítimas por armas de fogo possui mais de 8 anos de
estudo: (19,34% de 8 a 11 anos de estudo) e 4,87% acima de 11 anos de estudo,
conforme os registros do SIM/PR para série histórica. É possível perceber uma
diminuição dos registros que contemplam vítimas com mais de 11 anos de estudo, ao
mesmo tempo que houve aumento entre as vítimas com menos anos de banco
escolar. Isto consiste, portanto, em outro aspecto que pode ser enfrentado por meio
de políticas públicas para juventude, gerando oportunidades, na área de educação,
aos jovens mais vulneráveis, visando a diminuição destas mortes prematuras60.
Contudo, é importante ressaltar que a baixa escolaridade não consiste em si um
58 Em pesquisa sobre mortalidade na cidade de Campo Grande, capital do Estado de Mato
Grosso Sul, Andrade et al (2008) identificam que “ as vítimas e os autores dos homicídios possuem
baixo nível de escolaridade, quase 63% encontram-se na categoria “fora da população
economicamente ativa” e 54% das vítimas e 63% dos agentes de homicídios são negros ou pardos. (
p. 204). 59 Isto porque, “a escolaridade nos dá informações sobre as taxas de analfabetismo de adultos,
ou seja, a proporção da população com mais de 15 anos que não foi alfabetizada. O analfabetismo é
um dos indicadores socioeconômicos que caracteriza uma condição de vulnerabilidade social, pois está
relacionado a um baixo acesso a empregos, rendas menores e moradias em vizinhanças pobres com
alta densidade domiciliar e difícil acesso a serviços e políticas públicas.” (PERES, 2004, p. 145). 60 A importância da escolaridade nas análises sobre violência destaca-se pela sua relação com
outros aspectos sociais, como verificam Azevedo de Lira e Drumond (2000) “sua importância é maior
nos grupos sociais de menores níveis de escolaridade, entre trabalhadores manuais e de baixa
qualificação. As políticas usuais de segurança pública têm se mostrado, em geral, insuficientes para
abordar esse grave problema, pois em geral se restringem aos seus efeitos. (AZEVEDO LIRA e
DRUMOND, 2000, p. 122).
51
problema que leve um indivíduo a praticar um crime, visto que boa parte da população
brasileira tem pouca escolaridade e mesmo assim não estão envolvidos na
criminalidade. Este problema é suscitado por Sutherland (2015), no sentido de
destacar como as patologias sociais e pessoais são, em geral, utilizadas para justificar
o aumento da probabilidade estatísticas de que alguém venha a cometer um crime,
assim, segundo o autor “as patologias sociais que têm sido enfatizadas são a pobreza
e, relacionadas a esta, moradias pobres, falta de recreações organizadas, falta de
escolaridade e rompimento de laços familiares.” (p. 30). Mas é fundamental sublinhar
que estas condições sociais tornam os indivíduos mais vulneráveis e, por esta razão,
aumentam as chances de alguém vir a ser morto por arma de fogo.
2.6 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná 1999-2012 – Raça
O quesito raça, na série histórica do paraná61, ganha contornos singulares
quando comparados com os números nacionais62. O Estado do Paraná é o único que
contempla um número maior de mortes entre os brancos. A diferença com outros
Estados é significativa. Embora a população do Estado seja composta em sua maioria
por pessoas auto-declaradas brancas, estes números deixam a impressão que a
vítima sendo “preta” ou “parda” tem poucas, ou quase nenhuma, chance de ser
assassinado por uma arma de fogo.
O problema pode estar na categorização informada pelo IBGE, contudo, a
declaração de óbito é realizada por profissionais que determinam a raça por meio de
análise visual e isto tem sérias influências na forma como se analisa o quadro de
mortalidades por armas de fogo no Estado, pois, é fato que a maioria das vítimas
pertencem a camadas pauperizadas da sociedade, compostas por grupos
miscigenados. Para uma melhor compreensão do fenômeno seriam necessários
estudos de vitimização para esclarecer esta relação. No entanto, apresentar-se-á os
dados relativos as informações sobre raça no quadro de mortalidades por armas de
fogo no estado do paraná.
61 Ver tabela 7, p. 73. 62 “A característica raça/cor foi introduzida, em 1995, mas, só a partir de 2000, o MS passou a
trabalhá-la, dada a melhoria do seu registro; desde então, é possível investigar diferenças de risco de
morte entre brancos, negros e pardos “ (MELLO-JORGE, LAURENTI E GOTLIEB, 2007, p. 646-47).
52
Na série histórica a variável “Raça” possui uma pequena diferença de mortes
informadas em relação a categoria idade 0,48% (Raça: 30.289 e idade: 30.436). A
categoria Raça branca é a que mais concentra informações: 78,68% das mortes
informadas ao longo da série, esta categoria já abrigou 82,51 % das mortes
informadas no ano de 2003, houve uma pequena queda, contudo ainda é a categoria
que concentra a maior parcela da população vítima de mortes por armas de fogo.
Por outro lado, a categoria raça preta, concentra apenas 2,99% das mortes
informadas ao longo da série histórica, a maior taxa registrada nesta categoria é do
ano de 2001, 3,94%. Os pardos representam 15,57% das mortes ao longo da série,
tendo o ponto mais alto no ano de 2005 com 18,75% dos registros. Considerando as
categorias preta e parda agregadas tem-se uma população representando 18,56%
das mortes informadas. Observando os números, poder-se-ia dizer que a
probabilidade de um jovem afrodescendente ser morto por uma arma de fogo no
Estado do paraná é relativamente baixa, contudo, estas informações precisam ser
melhor apuradas, principalmente no que se define como raça no Estado, assim,
acredita-se que estes números devam ser um pouco maiores.
Considerando a categoria Raça amarela e indígena (0.14% e 0,07%) os
números são baixos em relação as demais categorias, inclusive em relação a
categoria “não informada”: 2,52% no agregado da série histórica. O problema da raça
nos registros sobre mortes por armas de fogo é um ponto importante a ser ampliado,
pois, mesmo considerando que a raça branca concentre os maiores índices, tratam-
se de vítimas brancas de origem social pobre, o que requer um tratamento específico
quando considerados estes dados, visto que as populações periféricas dos grandes
centros urbanos possuem traços miscigenados.
2.7 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná 1999-2012 – Sexo
Entre todas as categorias a que informa o sexo teoricamente deveria ser a mais
completa, não deixando dúvidas, visto que a simples análise necropsia constataria o
sexo da vítima, além do documento de identidade que poderia esclarecer, mas mesmo
assim, existem algumas informações que não definem o sexo da vítima.
Na série histórica predominam-se mortes entre vítimas do sexo masculino,
assim, foram registradas 28.118 mil mortes, uma representação de 92.83% na
53
participação da série. O sexo feminino registrou 2.125 mortes, representando 7,01%
das informações a categoria ignorado foram registradas 46 mortes o que representa
0,15% dos registros. Além disso, identifica-se uma diferença de 147 mortes nestes
registros, o que representaria no quadro geral registrados em outras categorias de
0,48%. Esta diferença demonstra que mesmo dentro do sistema de informações falta
uniformidade na contagem, uma vez que as diferentes categorias deveriam possuir a
mesma totalidade, isto pode ser fruto da revisão realizada pelos operadores locais,
que ao informar uma categoria deixam de informar outra.
Conforme já visto no capítulo 1, as mortes envolvendo vítimas do sexo
masculino são predominantes em todos os Estados brasileiros. Este fenômeno indica
um problema central na mortalidade por armas de fogo, pois os protagonistas destes
eventos são, em sua maioria, jovens do sexo masculino. Nesse sentido, é preciso
revisar as políticas públicas destinadas a juventude, visto que além destas duas
variáveis sexo/idade a escolaridade também indica ausência de intervenção com esta
população63.
2.8 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná 1999-2012 – Taxa por cem mil habitantes
Uma forma de analisar as mortes por armas de fogo é considerar a
porcentagem de mortes por cem mil habitantes, assim, os números absolutos dão
lugar a uma fórmula que indica taxas as quais representam com maior expressão as
possibilidades de mortes por armas de fogo entre a população. O cálculo é simples,
multiplicam-se o número de mortes registradas por cem mil e divide-se pela população
total, chegando as taxas relativas, contudo, em muitos munícipios com populações
pequenas algumas taxas são drasticamente alteradas64.
63 Confirmando isto, Peres et al assinalam que “são muitos os estudos que apontam os jovens
do sexo masculino moradores de áreas com superposição de desvantagens como grupo especialmente
exposto ao risco de morte por homicídios no Brasil e, em especial, nos grandes centros urbanos.
Autores sugerem ainda que esse grupo é preferencialmente vitimado pela violência comunitária e
criminal, com destaque ao tráfico de drogas e outras atividades ilegais. Um dado que reforça essa
hipótese é o predomínio de mortes por armas de fogo.” ( 2011, p. 08). 64 A exemplo disso, destaca-se o município de Marquinhos – PR, que em um dos anos da série
registrou 7 mortes, elevando a taxa para 123 mortes por cem mil habitantes naquele ano, enquanto que
nos anos seguintes registrou taxas bem menores em torno de 20/%.
54
Segundo a Organização Mundial da Saúde OMS, taxas menores que 10 mortes
por cem mil habitantes são considerados toleráveis, acima disso, indicam áreas com
problemas endêmicos de violência65. O Estado do Paraná, de modo agregado, tem
índices acima das taxas consideradas toleráveis, mas se aproxima da média nacional.
Neste estudo apresenta-se, em anexo (Tabela 12, p. 77), as taxas médias de
todos os municípios do Estado66, contudo, para efeito de análise trabalha-se com os
20 municípios com as maiores taxas médias e os 20 municípios com as menores taxas
médias, além disso, não estão sendo analisados os municípios que não registraram
nenhuma morte durante a série (18 municípios), pois, nestes casos, seria importante
empreender pesquisas para identificar se existem cifras ocultas. Assim, a comparação
das taxas de mortalidade por cem mil habitantes fica restrita aos respectivos
municípios, da mesma forma que serão comparadas as taxas de IDH e índice de Gini
entre tais municípios.
As taxas mais altas registradas no Estado do Paraná estão concentradas em
duas regiões específicas, na região de fronteira do Estado (com o Paraguai e a
Argentina) e na Região Metropolitana. A cidade com as maiores taxas é Foz do
Iguaçu, registrando uma taxa média de 78.75 mortes por cem mil habitantes (100),
seguida de Guaíra 77,13/100, ambas da região fronteiriça, em seguida veem Campina
Grande do Sul67 74/100,18/100 e Piraquara 52, 75/100, ambas da Região
Metropolitana. Taxas acima da média estadual (21,70%).
Das 20 cidades com as maiores taxas: 4 são da região fronteiriça, 5 são da
região centro oeste, 1 do litoral e 10 da região metropolitana.
Outro aspecto que pode ser destacado neste quadro de mortes são os anos
que registram as maiores taxas. Dos 20 municípios, 15 concentram suas maiores
taxas entre os anos de 2006 até 2010. No quadro geral do Estado, este período
65 Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), locais com índices iguais ou superiores a 10 são
considerados zonas endêmicas de violência. (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/05/40-dos-distritos-
de-sp-tem-taxa-de-homicidios-acima-de-10-por-100-mil.html). 66 Para efeito de cálculo da taxa de mortalidade por cem mil habitantes, foram considerados os
dados populacionais do IBGE, assim, aplicam-se o Censo de 2000 para os anos de 1999 a 2006, a
contagem da população de 2007 para os anos de 2007 a 2009 e o Censo de 2010 para os anos
subsequentes. 67 No caso da cidade de Campina Grande do sul, na Região Metropolitana é fundamental
considerar que o município possui um hospital de grande procura na região, assim, muitos eventos são iniciados em outras localidades tendo seu desfecho na cidade. Além disso, o município tem uma vasta extensão territorial, o que facilita a prática da “desova” (vítimas que são mortas e outros locais e levadas para locais que pertencem ao município.
55
também se destaca no crescente das mortes informadas, conforme gráfico abaixo em
números absolutos:
É importante destacar que houve um aumento populacional no período entre
2000 até 2012, segundo os dados do IBGE, entre 2000 e 2007, houve um aumento
de 7,57% na população e entre 2007 até 2010 um aumento de 1,56% com um
acumulado de 9,13% referente a população estado do Paraná68. Considerando o
aumento populacional e o aumento dos registros de mortes por arma de fogos existem
diferenças significativas. Segundo os dados do SIM, a diferença percentual entre o
ano de 1999 e 2007 (ano da contagem da população) em relação as mortes causadas
por armas de fogo, registra-se aumento de 98,62%, e entre 2007 a 2012
(considerando o Censo de 2010) teve um aumento de 6,81%, registrando um
acumulado 105, 43%. Este aumento percentual poderia ser maior se o ano de
referência fosse 2009, visto que entre 2007 e 2009 houve um aumento de 15,87% e
o acumulado ficaria em 114,48%, no entanto entre 2010 e 2012 registrou-se
diminuição nos registros. De qualquer maneira, o gráfico acima demonstra que o
68 A população considerada para este trabalho utiliza o Censo de 2000, a contagem da
população de 2007 e o Censo de 2010.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
TOTAL MORTES 1234 1318 1549 1698 1951 2113 2201 2395 2451 2714 2840 2795 2559 2618
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO
PARANÁ 1999-2012
56
aumento dos registros sobre mortes por armas de fogo foi maior do que o aumento
populacional, seguindo uma acentuada elevação entre os anos de 1999 a 2009.
O ano de 2009 registra as cinco taxas mais altas em cada município
selecionado, marcando assim significativo incremento nas mortes por armas de fogo
no Estado do Paraná. As taxas por cem mil habitantes, desse modo, indicam que a
partir do ano de 2004 o fenômeno registrou uma escala crescente, embora é
importante ressaltar que isto pode ter influências na forma como são informadas as
mortes no sistema, sendo que o banco de dados foi sendo aprimorado o que pode
indicar que antes deste período as mortes por armas de fogo já possuíam uma
contribuição significativa em relação as mortes por causas externas.
A seguir, apresentam-se os municípios com as vinte maiores taxas de mortes
por cem mil habitantes:
57
TABELA 1 - TAXA DE MORTALIDADE POR CEM MIL HABITANTES - VINTE MUNICÍPIOS ESTADO DO PARANÁ COM AS MAIORES TAXAS 1999-2012
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
1 Foz do Iguaçu 56,08 61,89 86,64 101,72 85,48 105,20 98,24 119,90 88,97 63,92 57,17 65,60 48,42 63,26 78,75
2 Guaíra 48,85 31,40 59,32 52,34 34,89 76,76 115,15 87,23 83,67 146,43 76,70 104,22 91,19 71,65 77,13
3 Campina Grande do Sul 72,33 28,93 52,07 23,14 69,43 57,86 63,65 57,86 96,06 107,36 115,83 105,75 105,75 82,54 74,18
4 Piraquara 27,44 30,18 38,42 45,28 49,39 56,25 45,28 49,39 54,87 65,85 65,85 85,83 69,74 54,72 52,75
5 Santa Terezinha de Itaipu 38,11 43,55 16,33 16,33 49,00 65,33 54,44 54,44 122,75 71,60 66,49 52,78 43,18 28,79 51,65
6 Almirante Tamandaré 16,99 21,52 27,19 24,92 30,59 37,38 52,11 44,18 42,99 62,33 69,85 64,92 75,58 58,14 44,91
7 Rio Bonito do Iguaçu 14,50 72,51 29,00 79,76 79,76 65,26 29,00 65,26 76,12 34,60 27,68 29,28 7,32 7,32 44,10
8 Curitiba 21,04 21,80 24,00 26,84 33,07 35,53 40,95 45,67 40,78 49,13 47,90 47,26 41,78 35,73 36,54
9 Rio Branco do Sul 44,31 17,04 27,27 40,90 30,67 20,45 20,45 68,16 19,06 31,76 66,70 45,68 26,10 42,41 35,78
10 Pinhais 11,65 14,57 14,57 12,62 43,70 30,10 27,19 34,96 34,81 44,63 55,34 82,05 35,04 47,86 34,93
11 Laranjeiras do Sul 43,30 29,98 43,30 43,30 29,98 26,64 49,96 33,31 62,33 16,40 16,40 22,74 25,99 29,24 33,78
12 Colombo 13,64 17,45 16,91 16,91 33,27 38,73 40,36 32,18 30,35 35,48 43,61 42,26 50,24 54,94 33,31
13 São José dos Pinhais 12,73 9,79 19,09 17,62 27,41 31,81 50,41 41,60 30,35 39,83 55,76 51,47 42,77 35,58 33,30
14 Fazenda Rio Grande 20,68 25,45 15,90 28,63 19,08 15,90 20,68 44,53 28,00 29,33 65,33 55,10 47,75 44,08 32,89
15 Araucária 23,34 10,61 20,16 22,28 15,91 35,01 51,98 33,95 18,19 36,38 59,12 47,85 26,86 54,57 32,59
16 Ramilândia 25,85 0,00 0,00 0,00 51,71 25,85 0,00 51,71 24,11 48,23 0,00 145,14 0,00 72,57 31,80
17 Campo Mourão 7,46 14,91 18,64 18,64 23,61 38,52 54,67 36,04 23,02 35,14 38,77 52,76 24,08 45,87 30,87
18 Cascavel 19,97 30,57 27,31 20,38 19,97 29,75 29,75 33,42 27,64 32,89 34,64 35,99 35,99 46,12 30,31
19 Guaratuba 11,01 3,67 22,01 7,34 33,02 14,68 11,01 18,34 25,98 68,20 71,44 46,74 21,81 43,62 28,49
20 Guaraniaçu 23,25 23,25 29,07 34,88 34,88 40,70 23,25 46,51 37,60 25,06 18,80 6,86 20,57 27,43 28,01
Fonte: SIM – Sistema de
58
Os municípios que registram as menores taxas de mortes por cem mil
habitantes são, em sua maioria, municípios com populações pequenas. Entre os 20
municípios 14 deles possuem uma população com menos de cinco mil habitantes. Na
maioria dos anos da série estudada estes municípios não registraram nenhuma morte
por armas de fogo69, contendo taxas altas para anos isolados (taxas acima da média
estadual), o ano de 2006 registra as maiores taxas em 6 dos 20 municípios analisados.
Segundo a literatura especializada é mais comum haver erros de informações
entre os municípios de pequeno porte. Este fato precisa ser considerado visto que na
maioria dos anos da série histórica não existem nenhum registro relativo a mortes por
armas de fogo. Nesse sentido, CAVALINI, e PONCE DE LEON (2008) sugerem que
os “municípios pequenos, [estão] sujeitos ao maior sub-registro.” 70(p. 02).
69 Seria necessário averiguar, por meio de outras metodologias, porque estes municípios não
registram nenhuma morte. Uma possível explicação pode ser o não preenchimento da categoria que informa morte por arma de fogo, além disso, outro fator como o disparo ter acontecido na cidade e a morte em outra poderia ajudar a explicar o fenômeno. De qualquer maneira, não foram investigados neste trabalho as justificativas para não serem registradas mortes em tais municípios.
70 Cabe ressaltar a importância de políticas públicas que visem a melhoria da qualidade dos
dados e isto deve ocorrer em todas as esferas, como sublinha Peres: “esforços devem ser feitos no
sentido de melhorar as informações já coletadas, levando em consideração os principais problemas
existentes. Neste sentido, urge mudar a visão de que a coleta de informações é uma atividade
meramente burocrática e trabalhar no sentido de afirmar a fundamental importância para o
planejamento e avaliação das ações.” (2004, p. 157).
59
TABELA 2 - TAXA DE MORTALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MUNICÍPIOS ESTADO DO PARANÁ COM AS MENORES TAXAS 1999-2012
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
362 Rio Azul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,68 7,68 0,00 7,55 7,55 0,00 0,00 0,00 0,00 2,18
363 Ourizona 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29,45 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,10
364 Jundiaí do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29,13 0,00 2,08
365 Prado Ferreira 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29,12 2,08
366 Rio Bom 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 28,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,01
367 Rio Branco do Ivaí 0,00 26,61 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,90
368 Brasilândia do Sul 0,00 0,00 25,71 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,84
369 Rancho Alegre 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 25,28 0,00 0,00 1,81
370 Lidianópolis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,73
371 Bom Jesus do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,07 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,72
372 São João do Triunfo 8,05 0,00 0,00 0,00 0,00 8,05 0,00 0,00 7,35 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,68
373 Lobato 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,72 1,62
374 Leópolis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,61
375 Cruzeiro do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,26 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,59
376 Kaloré 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,19 0,00 0,00 1,59
377 Astorga 0,00 0,00 4,23 0,00 0,00 0,00 0,00 8,46 4,13 0,00 4,13 0,00 0,00 0,00 1,50
378 Lunardelli 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 19,68 0,00 0,00 0,00 1,41
379 Paulo Frontin 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,09
380 Quatiguá 0,00 14,83 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,06
381 Santa Fé 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,27 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,81
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/. Tabulação do autor.
60
2.9 Mortes por armas de fogo no Estado do Paraná 1999-2012 – Taxas de IDH e índice de Gini
Para compreender melhor a relação entre desigualdade social e taxas de
mortalidade apresentam-se dados relativos ao IDH e ao índice de Gini, este último
sendo mais significativo na comparação71. Analisam-se os 20 municípios com as
maiores taxas de mortes por cem mil habitantes e os 20 municípios com as menores
taxas, no sentido de encontrar um nexo causal com os indicadores sociais.
Se considerar as taxas de mortalidade por cem mil habitantes no Estado do
paraná, agrupando os 20 municípios com as maiores taxas e os 20 com as menores
o fator IDHM72 não corresponde a uma variável significativa na comparação com as
taxas de mortalidade. Entre estes municípios com altas taxas de mortalidade nenhum
tem taxas consideradas baixas (0,500-0,599), a maioria está na classe considerada
média (0,600-0,699) e algumas na categoria alta (0,700-0799). Desse modo, os seis
primeiros municípios com altas taxas de mortes por cem mil habitantes têm IDHM
considerado médio. Curitiba que está entre as oito cidades mais violentas (36,54/100),
segundo a fórmula que constitui a taxa, tem IDHM considerado muito alto (0,802). As
outras 13 cidades possuem IDHM considerado médio.
Entre os municípios com baixas taxas de mortalidade por cem mil habitantes,
nenhum possui taxa considerada alta, sendo que oito possuem índices médios
enquanto que o restante (12) possuem IDHM considerado alto. No Estado do Paraná,
apenas quatro municípios registram taxas consideradas baixas e nenhuma
considerada muito baixa. Dos 399 municípios, apenas duas cidades têm taxas
consideradas muito alta: Curitiba (0,823) e Maringá (0,808), 236 cidades tem índice
considerada alta e o restante dos municípios (157) se enquadra no índice médio do
IDHM.
71 Ver tabela 9, p. 75 e tabela 10, p. 76. 72 Para esta análise foram considerados dados relativos ao ano de 2010. Quanto mais próximo
de 1 mais alta são as taxas, assim: 0,000 a 0,499 muito baixa; 0,500 a 0,599 baixa; 0,600 a 0,699
média; 0,700 a 0,799 alta e acima 0,800 considera-se muito alta. Conforme atlas do desenvolvimento
humano, cf.: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm/
61
Já no índice de Gini73 é possível perceber uma relação mais próxima entre altas
taxas de mortalidade (M/100mil), e o desempenho registrado pelo indicador. Dos 20
municípios com fraco desempenho deste coeficiente, 16 municípios têm taxas acima
de 0,45 e entre estes, 10 estão acima de 0,50. Entre os municípios com as menores
taxas de mortalidade 6 estão acima de 0,50 e 9 municípios estão a baixo de 0,450,
além disso, 3 estão a baixo de 0,400. Se considerar os 20 municípios com as menores
taxas de mortalidade, incluindo municípios que não foram selecionados por não terem
nenhum registro durante a série, este número é ainda mais significativo. Todos os 20
municípios com as menores taxas, entre 0,320 a 0,381, tem taxas de mortalidade
consideradas baixas, significando os melhores índices em distribuição de renda do
Estado, 13 apresentam taxas a baixo de 10 mortes por cem mil habitantes,
consideradas pela OMS como toleráveis, apenas um município com taxa acima de 20
e 6 com taxas a baixo deste índice.
Considerando a posição no ranking do Estado74, relativo ao coeficiente de Gini,
os municípios com as taxas mais altas de mortalidade, 8 deles estão acima da 300ª
colocação, cinco estão acima da 200ª colocação e 4 estão acima da 100ª posição,
apenas dois municípios apresentam taxas menores nesta comparação. Já entre os
municípios com as menores taxas as colocações mais altas, 4 ficam acima da 300ª
posição, 5 ficam acima da 200ª posição, 4 acima da 100ª posição e 7 ficam a baixo
da 100ª posição no ranking do Estado.
Considerando estes achados é possível dizer que a desigualdade social tem
influências significativas na manutenção das altas taxas de mortalidade, todavia, é
necessário considerar que estas desigualdades são modificadas em função da
localização, pois a Região metropolitana e a Região de Fronteira do Estado possuem
diferentes formas de desigualdades, além disso, estas comparações beiram o
simplismo, pois, não são aplicados métodos comparativos detalhados, apenas
resgata-se estes indicadores com a finalidade de verificar os pressupostos teóricos
que identificam, em sua maioria, esta relação. Nesta direção, Gawryszewski e Costa
(2005) ressaltam que
73 Utiliza-se os dados referentes ao ano de 2010, quanto mais próximo de zero (0) melhor é a
desigualdade segundo este indicador. 74 Para compreender esta relação ver tabela 10 (página, 76), onde são destacados a posição
dos municípios na taxa de mortes por cem mil habitantes, no IDH e no índice de Gini.
62
embora essa associação entre renda e taxa de homicídios tenha sido
evidenciada, permanece a questão de como interpretar esses resultados. É
preciso cuidado ao procurar explicar um fenômeno social tão complexo como
a violência, não sendo possível associá-lo simplesmente às desigualdades
de distribuição da renda. No mundo contemporâneo, a questão da violência
merece ser analisada sob todos os aspectos possíveis. (p. 195).
Contudo, observar estes fatores parece ser um dos caminhos mais seguros
para se estabelecer o debate sobre mortalidades que envolvem armas de fogo, porque
entende-se que a simples menção dos dados quantitativos podem distorcer a
fenômeno, principalmente na forma como são divulgados. Os índices apresentados,
portanto, representam uma tentativa de endossar o debate que identifica a
desigualdade social como fator importante na compreensão do fenômeno75.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo apresentou-se um quadro geral sobre a mortalidade por armas
de fogo no Estado do Paraná, destacando principalmente os problemas relativos a
qualidade dos dados de pesquisa. No mesmo momento, revisou-se conteúdo relativo
aos estudos sobre mortalidade que envolvem armas de fogo, onde ficou nítido que a
desigualdade social constitui o epicentro do problema e, dessa maneira, marcando
questões pontuais que necessitam serem melhor visualizadas.
Entre os elementos pungentes que surgem no debate, pode-se destacar o fato
de que o problema da mortalidade por armas de fogo consiste em um importante
problema de saúde, sugerindo que as reflexões ultrapassam os limites das questões
vinculadas a segurança pública, visto que tais questões exigem esforços multisetorias,
como destaca Cardia:
A prevenção da violência por armas de fogo só será possível com adoção de medidas multisetoriais. O Relatório mundial sobre violência e saúde da OMS chama atenção para o fato de que não existe um fator causal único responsável por nenhum dos tipos de violência. A violência por armas de fogo resulta da complexa e dinâmica interação entre múltiplos determinantes que incluem fatores individuais, relacionais, comunitários e sociais. Estratégias de
75 Com efeito, “o problema não seria a situação de pobreza em si, mas a convivência com
desigualdades sociais profundas, a chamada pobreza relativa, que exclui pessoas social e materialmente, das oportunidades proporcionadas pela sociedade. Para [a literatura especializada], a questão da violência urbana entre os jovens não pode ser dissociada da aguda disparidade presente em sociedades como a brasileira, que pouco investem em programas sociais, de educação e assistência médica pública, habitação e capacitação profissional adequada.” (GAWRYSZEWSKI e COSTA, 2005, p. 195).
63
prevenção multisetoriais e integradas que passem, necessariamente por medidas estruturais para a redução das desigualdades, tornam-se, desta forma, fundamentais para a prevenção da violência. Além disso, a redução da impunidade e reformas nos sistemas policial, penitenciário e judiciário tornam-se necessárias para reduzir o sentimento de insegurança da população brasileira, o qual alimenta a demanda por mecanismos privados de segurança, e, consequentemente, por armas de fogo. (CARDIA, 2004, p. 07-08).
Com o objetivo de trabalho, de ir além de uma mera descrição estatística do
problema, procurou-se destacar importantes pontos acerca das informações sobre
mortalidade cometidas pelo uso das armas de fogo, neste sentido, os dados de
pesquisa reforçam muitos pontos abordados nos estudos sobre mortalidade violenta
no Brasil, desde a qualidade dos dados até ao perfil das principais vítimas deste
problema de saúde pública.
Entre as questões relacionadas, a dimensão e a distribuição, fica claro também
que o maior problema deste tipo de pesquisa encontra-se na distribuição das causas
e suas peculiaridades das mortes informadas, deixando lacunas sobre a realidade do
fenômeno. Um dos pontos mais frágeis neste sentido, é a distribuição quanto aos tipos
de arma utilizada, a categoria mais genérica do sistema de informações não ajuda a
pensar sobre o problema propriamente dito. Assim, mesmo reconhecendo que os
dados de pesquisa evoluíram em muitos sentidos, ao longo dos últimos vinte anos, é
importante insistir na formulação de políticas que visem aprimoramento deste tipo de
informação, envolvendo os diferentes setores responsáveis na produção dos dados
de pesquisa.
Por outro lado, considerando os estudos já realizados, e em especial o que foi
apresentado, é necessário destacar o ponto nevrálgico do problema das mortes por
armas de fogo no Estado do Paraná e no Brasil, o qual denota um problema
geracional, pois as maiores vítimas têm em comum o fato de pertencerem a grupos
etários compostos por jovens, que, em sua maioria, sequer completaram o estudo
básico, ou, por estarem fora da escola, ou, mesmo estando estudando, foram vítimas
de uma configuração social que se apresenta de modo perverso sobre aqueles
despossuídos de capitais sociais fundamentais.
Vários estudos sobre violência chamam atenção para este fenômeno, a
juventude, em especial a juventude pobre, é frequentemente objeto de repudia social,
de discursos que pretendem ampliar a maioridade penal e é vista como o grande mal
do século, embora seja ela própria a maior vítima das mortes prematuras. E neste
64
sentido, é importante registrar, as informações relativas a mortalidade tem colaborado
na visão estigmatizantes que se apodera destes atores sociais. As soluções que
evocam armar a sociedade e punir com mais rigor os criminosos não são novidades
e demonstram uma mentalidade punitiva preocupada em exterminar o criminoso pelo
caminho autoritário e discriminatório, não dando nenhuma importância a intervenções
de cunho social, pelo contrário, atualmente as políticas sociais são vistas como
ferramentas de manobra de uma classe que, conforme seus confessores, sustenta
um universo violento.
Mas, é de bom grado filtrar as repudias e preconceitos que se colocam nestas
interpretações, pois a violência consiste em um tema sensível que marca
negativamente uma sociedade. Deveras, cabe cumprir o papel social de pesquisador,
que entre outras coisas exige traduzir a realidade social encontrando, assim, as
“conexões de sentido”, como ensina Max Weber, capazes de localizar a centralidade
dos fenômenos sociais; nesta direção é fundamental participar do debate
problematizando-o, sem com isso encerrar o assunto.
Ao longo do trabalho, as reflexões indicaram importante relação com um
problema relativo as diferentes formas de desigualdade social que se perpetuam em
uma sociedade como a brasileira. Neste sentido, conforme entende Peres (2004),
a violência é um fenômeno complexo, sendo a sua ocorrência determinada
ou influenciada por um conjunto de fatores que incluem características
individuais, relacionais, comunitárias, e sociais. A estrutura social e a
desigualdade evidenciadas através de taxas de desemprego, baixa renda e
analfabetismo; o difícil acesso aos serviços públicos, tais como hospitais,
escolas, e justiça; as precárias condições de vida e a alta densidade
domiciliar; a ineficiência das instituições de segurança pública e judiciais; o
crescimento do mercado ilícito de drogas e de organizações criminosas, são
apontados por muitos pesquisadores como importantes fatores
determinantes relacionadas ao crescimento da violência no Brasil. ( p. 153).
Ao estudar o problema das armas de fogo e construir o texto monográfico fora-
se paulatinamente adentrando na problemática da desigualdade social e isto
comprova que tanto a literatura quanto os dados apresentados confirmam uma
relação muito próxima entre estas questões. As políticas públicas que visam a
diminuição das mortes causadas por armas de fogo estão, portanto, subjugadas a
escolhas que considerem estes fatores em suas características potencializadoras, em
especial quando acopladas a questões geracionais, visto que os jovens que são as
65
maiores vítimas vivem em espaços sociais que apresentam imensa desigualdades de
diferentes naturezas.
Ademais, as melhorias nos dados de pesquisa, neste estudo dos dados
oriundos da saúde pública, certamente colocariam o fenômeno sob escrutínio e
favoreceriam uma melhor visualização das reais possibilidades de intervenção social
capazes de diminuir ou atenuar a mortalidade, considerando que as causas externas
são aquelas que possibilitam intervenções em seu curso. A padronização dos dados
por meio das diferentes instituições envolvidas na produção das informações sobre
mortalidade poderiam ser uma proposição pragmática e provavelmente favoreceria a
compreensão da dimensão e distribuição do problema. Por fim, é valido dizer que o
assunto não se esgota, pelo contrário, é melhor visualizado como uma ‘epígrafe’ de
uma situação social complexa que exige esforços multisetoriais, desde a leitura do
fenômeno até possíveis intervenções.
66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMENDRA, Dinaldo e MORAES, Pedro R. Bodê de. O medo, a mídia e a violência urbana – A pedagogia política da segurança pública no Paraná. Revista. Brasileira de segurança pública. São Paulo v. 6, n. 2, 266-281 Ago/Set 2012. ALVARES, Marcos. Cesar. Controle social: notas em torno de uma noção polêmica. São Paulo em Perspectiva, 18 (01): 167-, 176 -2004. ANDRADE, Sonia M. de O. et al. Vítimas da Violência em Campo Grande: um RETRATO de seis anos revelado pelos dados oficiais. Saúde e Sociedade. São Paulo, v.17, n.3, p.201-210, 2008 AZEVEDO LIRA, Margarida M.T.de. e DRUMOND, Marcos Jr. Ministério da saúde. Funasa. Estudos Epistemológico. A mortalidade por causas externas no Brasil no ano de 1997. BARROS, L.A. Polícia e sociedade: um estudo sobre as relações, paradoxos e dilemas do cotidiano policial. Tese de Doutorado. UFMG: Belo Horizonte, 2005. BORDIN, Marcelo. E LIMA, P. Mapeamento do crime e análise criminal: A experiência do Estado do Paraná. XXVIII Congresso Internacional da ALAS. GT 04 – Controle Social, legitimidade e seguridade cidadã. Recife (PE), 2011. BORGES, Dorian. As estatísticas de violência e a “profecia autocumprida do medo”.In: Violência e segurança pública /Guaracy Mingardi (org.).Projetos para o Brasil (15) – São Paulo : Editora Fundação Perseu Abramo, 2013. (13-30). CALDEIRA, Teresa. Pires. do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. Edusp: São Paulo, 2008.
CARDIA, Nancy. In: PERES, Maria Fernanda Tourinho. Violência por armas de fogo no Brasil – Relatório Nacional. São Paulo: NEV/USP, 2004. CARDIA, Nancy; ADORNO, Sérgio; POLETO, Frederico. Homicídio e violação de direitos humanos em São Paulo. Estudos Avançados 17 (47), 2003. CAVALINI, L. T.; PONCE DE LEON, A. C. M. Sistemas de informação em saúde do Brasil: informações incompletas e estratégias de correção. In: XI CONGRESSO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM SAÚDE. Anais... Campos do Jordão, 2008. CHEVIGNY, Paul. Definindo o Papel da Polícia na América Latina. In: Méndez, J.E.; O’Donnell, G. & Pinheiro, P.S. orgs. Democracia, violência e injustiça: o Não-Estado de direito na América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 2000. COSTA, N.R. Violência policial, segurança pública e práticas civilizatórias no Mato Grosso. Tese de Doutorado, UFRGS, 2004. GAWRYSZEWSKI, Vilma Pinheiro e COSTA Luciana Scarlazzari. Homicídios e desigualdades sociais no Município de São Paulo. Revista de Saúde Pública, 2005; 39 (2): 191-7. GONZÁLEZ-PÉREZ, Guillermo Julián et al. Mortalidad por homicidios en México: tendencias, variaciones socio-geográficas y factores asociados. Ciência & Saúde Coletiva, 17(12):3195-3208, 2012.
67
LA MENDOLA, Salvatore. O sentido do risco. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 17, n. 2, 2005. MACHADO DA SILVA, Luiz Antônio. A. Sociabilidade violenta. Sociedade e Estado, Brasília, v. 19, n. 1, p. 53-84, jan./jun. 2004. MACHADO, E. P. e NORONHA, C. V. A polícia dos pobres: violência policial em classes populares urbanas. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº 7, jan/jun 2002, p. 188-221. MELLO-JORGE, Maria H.P., LAURENTI, Ruy e GOTLIEB, Sabina L. D. Análise da qualidade das estatísticas vitais brasileiras: a experiência de implantação do SIM e do SINASC. Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 12 número 3, mayo-junio, 2007, pp.643-654. MORAES, P. R. B. Juventude, medo e violência. In: BAQUERO, Rute; NAZZARI, Rosana Katia.. (Org.). Formas de (ex) pressão juvenil e (in) visibilidade social. Cascavel - PR: Coluna do Saber, 2010. NJAINE, Kathie e et al. A produção da (des) informação sobre violência: análise de uma prática discriminatória. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 13 (3):405-414, jul-set, 1997. PERALVA, Angelina. Violência e democracia: o paradoxo brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2000. PERES, Maria Fernanda Tourinho e SANTOS, Patrícia Carla dos. Mortalidade por homicídios no Brasil na década de 90: o papel das armas de fogo. Revista de Saúde Pública, 2005; 39 (1): 58-66. PERES, Maria Fernanda Tourinho et al. Evolução dos homicídios e indicadores de segurança pública no Município de São Paulo entre 1996 a 2008: um estudo ecológico de séries temporais. Ciência e Saúde Coletiva, 17(12):3249-3257, 2012. PERES, Maria Fernanda Tourinho. et al. Queda dos homicídios em São Paulo, Brasil: uma análise descritiva. Revista Panamericana de Salud Pública. 2011 January ; 29(1): 17–26. PERES, Maria Fernanda Tourinho. Violência por armas de fogo no Brasil – Relatório Nacional. São Paulo: NEV/USP, 2004. PINHEIRO, P, S. e BRAUN, E. Int. Democracia X violência – reflexões para a Constituinte/ Severo Gomes, et. al.; Orgs. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1986. RUOTTI, Caren.; MASSA, Viviane Coutinho; PERES, Maria Fernanda Tourinho. Vulnerabilidade e violência: uma nova concepção de risco para o estudo dos homicídios de jovens. Interface: Saúde, Educação, v.15, n.37, p.377-89, abr./jun. 2011. SANTOS, Rita. “Cidadãos de bem” com armas: Representações sexuadas de violência armada, (in)segurança e legítima defesa no Brasil. Revista Crítica de Ciências Sociais [Online], 96 Março de 2012: 133-164. URL http://rccs.revues.org/4851. SCHUTZ, Alfred. Sobre fenomenologia e relações sociais. Petrópolis, Rj: Vozes, 2012. SIMMEL, George. Sociologia. Org. Evaristo de Moares Filho. Coleção Grandes cientistas sociais. São Paulo: Ática, 1983. SPINELLI, Hugo et al. Mortes e crimes cometidos com armas de fogo na Cidade Autônoma de Buenos Aires, 2002. Ciência e Saúde Coletiva, 11 (Sup): 1235-1246, 2007.
68
SUTHERLAND, Edwin H. Crime do colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015. SZWARCWALD, Célia Landman e CASTILHO, Euclides Ayres de. Mortalidade por armas de fogo no estado do Rio de Janeiro, Brasil: uma análise espacial. Revista Panamericana Salud Publica/Pan Am J Public Health 4(3), 1998. VIEIRA, Graciete Oliveira, et al. Violência e mortes por causas externas. Revista Brasileira de Enfermagem Reben. Brasília (DF) 2003; 56(1): 48-51. ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta: As organizações populares e o significado da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 2000. _____. Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
69
ANEXOS
TABELA 3 – MORTES EM CONFRONTOS COM A POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ E MORTES POR INTERVENÇÃO LEGAL 1999-2012
ANO
MORTES EM CONFRONTOS COM A PM/PR
CATEGORIA SIM/PR - Y35
DIFERENÇA PERCENTUAL
1999 57 3 1900%
2000 48 10 480%
2001 110 20 550%
2002 109 27 403%
2003 89 25 356%
2004 80 22 363%
2005 119 12 991%
2006 142 7 2028%
2007 146 7 2085%
2008 188 6 3133%
200976 X 19 X
2010 119 11 1082%
2011 141 58 243%
2012 165 35 471%
TOTAL 1513 262 577%
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/. BORDIN e LIMA 2011. Tabulação do autor.
76 Não existem registros para este ano no sistema de informações da PM/PR.
70
TABELA 4 - MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - TODOS OS TIPOS DE ARMAS 1999-2012
CAUSA (CID10 3C) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL
W32 Projetil de revolver 5 8 9 6 8 3 0 9 3 5 3 5 2 4 70
W33 Rifle espingarda armas fogo de maior tamanho
4 3 3 3 2 2 1 0 2 0 0 1 0 2 23
W34 Projeteis de outras armas de fogo e das NE
9 5 9 8 4 4 4 2 3 6 2 2 4 7 69
X72 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo arma fogo de mão
20 31 35 27 30 33 14 24 23 14 17 18 26 26 338
X73 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo arma fogo de maior calibre
6 2 0 2 4 2 3 4 2 3 0 1 1 4 34
X74 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo outras armas de fogo e NE
108 91 115 74 74 84 98 55 69 53 72 41 34 46 1014
X93 Agressão disparo de arma de fogo de mão
110 126 121 108 133 139 163 174 209 223 240 241 218 283 2488
X94 Agressão disparo arma fogo de maior calibre
5 5 21 10 18 6 5 13 9 8 10 8 2 13 133
X95 Agressão disparo outras armas de fogo ou NE
910 960 1149 1385 1609 1792 1880 2075 2094 2356 2454 2419 2177 2161 25421
Y22 Disparo de pistola intenção não determinada
0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2
Y23 Disparo arma fogo maior calibre intenção não determinada
1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 3
Y24 Disparo outras armas fogo e NE intenção não determinada
53 76 67 48 43 26 21 32 29 39 23 48 37 37 579
Y35 Intervenção legal 3 10 20 27 25 22 12 7 7 6 19 11 58 35 262
Total 1234 1318 1549 1698 1951 2113 2201 2395 2451 2714 2840 2795 2559 2618 30436
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/.
71
TABELA 5 - MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - IDADE 1999-2012
ANO 0-14 15-29 30-49 50-69 ACIMA DE 70 ANOS
IGNORADO Total
1999 22 678 384 106 14 27 1231
2000 28 727 438 91 10 14 1308
2001 30 847 521 101 33 16 1548
2002 31 1016 487 127 13 19 1693
2003 32 1171 586 115 25 16 1945
2004 28 1277 606 132 30 32 2105
2005 34 1389 590 129 13 42 2197
2006 51 1423 699 140 20 39 2372
2007 46 1517 660 149 17 51 2440
2008 50 1652 798 124 12 64 2700
2009 39 1731 822 144 18 72 2826
2010 34 1670 842 137 25 69 2777
2011 33 1489 800 139 20 62 2543
2012 40 1548 798 142 18 58 2604
TOTAL 498 18135 9031 1776 268 581 30289
% 1,64% 59,83% 29,81% 5,86% 0,88% 1,91% 100%
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/.
72
TABELA 6 - MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - ESCOLARIDADE 1999-2012
ANO NENHUMA 1-3 ANOS 4-7 ANOS 8-11 ANOS 12e+ NÃO INFORMADO
IGNORADO TOTAL
1999 472 103 121 41 40 0 412 1189
2000 43 449 401 129 38 1 247 1308
2001 52 603 396 170 78 0 248 1547
2002 56 585 608 225 82 1 136 1693
2003 46 535 775 307 107 0 175 1945
2004 57 520 863 359 100 10 196 2105
2005 65 434 905 399 93 31 270 2197
2006 47 387 950 591 111 60 226 2372
2007 40 415 1028 595 100 79 183 2440
2008 45 363 1279 566 192 98 157 2700
2009 37 393 1327 695 162 90 122 2826
2010 40 335 1447 583 159 63 150 2777
2011 32 263 1391 539 146 72 100 2543
2012 42 473 1232 650 67 48 92 2604
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/.
73
TABELA 7 - MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - RAÇA 1999 - 2012
ANO BRANCA PRETA AMARELA PARDA INDÍGENA NÃO INFORMADO
TOTAL
1999 856 33 6 156 3 177 1231
2000 1024 45 0 202 1 36 1308
2001 1235 61 6 211 1 34 1548
2002 1375 59 2 226 0 31 1693
2003 1605 42 2 250 0 46 1945
2004 1654 53 2 346 1 49 2105
2005 1671 69 3 412 0 42 2197
2006 1930 69 3 326 6 38 2372
2007 1889 83 3 401 5 59 2440
2008 2063 72 4 484 2 75 2700
2009 2259 82 0 446 1 38 2826
2010 2251 73 8 412 0 33 2777
2011 2020 71 4 397 1 50 2543
2012 2000 95 2 448 1 58 2604
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/.
74
TABELA 8 - MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - SEXO 1999-2012
Ano Masculino % Feminino % Ignorado % Total
1999 1126 91,47% 104 8,44% 1 0,08% 1231
2000 1202 91,89% 104 7,95% 2 0,15% 1308
2001 1416 91,47% 127 8,20% 5 0,32% 1548
2002 1582 93,44% 111 6,55% 0 0,00% 1693
2003 1800 92,54% 143 7,35% 2 0,10% 1945
2004 1948 92,54% 153 7,26% 4 0,19% 2105
2005 2053 93,44% 144 6,55% 0 0,00% 2197
2006 2214 93,33% 152 6,40% 6 0,21% 2372
2007 2285 93,64% 151 6,18% 4 0,16% 2440
2008 2510 92,92% 182 6,74% 8 0,29% 2700
2009 2605 92,17% 217 7,67% 4 0,14% 2826
2010 2572 92,61% 205 7,38% 0 0,00% 2777
2011 2389 93,94% 149 5,85% 5 0,19% 2543
2012 2416 92,78% 183 7,02% 5 0,19% 2604
TOTAL 28118 92,83% 2125 7,01% 46 0,15% 30289
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/.
75
TABELA 9 - TAXA DE MORATALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MEDIA/ POSIÇÃO NO ESTADO - IDHM 2010/ POSIÇÃO NO ESTADO - ÍNDICE DE GINI 2010/ -POSIÇÃO NO ESTADO – 20 MUNICÍPIOS (MAIORES)
MUNICÍPIO TAXA 100MIL
HAB/MEDIA
POSIÇÃO ESTADO
IDHM 2010
POSIÇÃO ESTADO
ÍNDICE GINI 2010
POSIÇÃO ESTADO
Foz do Iguaçu 78,75 1 0,75 29 0,55 352
Guaíra 77,13 2 0,72 106 0,58 381
Campina Grande do Sul 74,18 3 0,72 136 0,44 128
Piraquara 52,75 4 0,70 235 0,43 92
Santa Terezinha de Itaipu 51,65 5 0,74 66 0,46 173
Almirante Tamandaré 44,91 6 0,70 239 0,44 122
Rio Bonito do Iguaçu 44,10 7 0,63 384 0,51 309
Curitiba 36,54 8 0,82 1 0,57 375
Rio Branco do Sul 35,78 9 0,68 307 0,48 203
Pinhais 34,93 10 0,75 31 0,51 297
Laranjeiras do Sul 33,78 11 0,71 204 0,55 354
Colombo 33,31 12 0,73 73 0,42 76
São José dos Pinhais 33,30 13 0,76 24 0,46 163
Fazenda Rio Grande 32,89 14 0,72 128 0,49 256
Araucária 32,59 15 0,74 54 0,46 176
Ramilândia 31,80 16 0,63 382 0,48 211
Campo Mourão 30,87 17 0,76 25 0,50 283
Cascavel 30,31 18 0,78 4 0,52 322
Guaratuba 28,49 19 0,72 146 0,56 371
Guaraniaçu 28,01 20 0,68 311 0,55 351
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/. IBGE.
76
TABELA 10 - TAXA DE MORATALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MEDIA/ POSIÇÃO NO ESTADO - IDHM 2010/ POSIÇÃO NO ESTADO - ÍNDICE DE GINI 2010/ -POSIÇÃO NO ESTADO 20 MUNICÍOS (MENORES)
MUNICÍPIO POSIÇÃO
TAXA 100MIL/HAB
MÉDIA
IDHM 2010
POSIÇÃO ESTADO
ÍNDICE GINI 2010
POSIÇÃO ESTADO
Rio Azul 362 2,18 0,687 281 0,638 399
Ourizona 363 2,10 0,720 129 0,440 120
Jundiaí do Sul 364 2,08 0,688 272 0,499 272
Prado Ferreira 365 2,08 0,710 180 0,510 303
Rio Bom 366 2,01 0,729 88 0,438 111
Rio Branco do Ivaí 367 1,90 0,640 370 0,500 275
Brasilândia do Sul 368 1,84 0,681 296 0,458 159
Rancho Alegre 369 1,81 0,707 198 0,507 294
Lidianópolis 370 1,73 0,680 303 0,406 51
Bom Jesus do Sul 371 1,72 0,697 246 0,476 201
São João do Triunfo 372 1,68 0,629 385 0,500 276
Lobato 373 1,62 0,744 46 0,384 24
Leópolis 374 1,61 0,707 197 0,390 30
Cruzeiro do Sul 375 1,59 0,713 168 0,419 73
Kaloré 376 1,59 0,721 124 0,397 38
Astorga 377 1,50 0,747 37 0,510 302
Lunardelli 378 1,41 0,690 269 0,460 162
Paulo Frontin 379 1,09 0,708 192 0,527 331
Quatiguá 380 1,06 0,714 165 0,429 90
Santa Fé 381 0,81 0,705 210 0,418 72
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/.
77
TABELA 11- TAXA DE MORATALIDADE POR CEM MIL HABITANTES MEDIA – 20 MELHORES - ÍNDICE DE GINI 2010
MUNICÍPIO TAXA 100 MIL/HABMEDIA
POSIÇÃO ESTADO
ÍNDICE GINI 2010
POSIÇÃO ESTADO
Uniflor 0,00 399 0,369 13
Pitangueiras 0,00 393 0,328 1
Nova América da Colina 0,00 392 0,359 8
Nossa Senhora das Graças 0,00 391 0,333 2
Indianópolis 0,00 388 0,355 6
Itambé 2,39 357 0,364 11
Japurá 2,68 346 0,356 7
Pinhal de São Bento 2,79 345 0,370 15
Guaporema 3,22 337 0,374 17
Guaraci 5,72 254 0,381 20
Marilena 6,30 243 0,361 10
Floresta 6,54 237 0,369 12
Paiçandu 8,64 183 0,369 14
Pérola 8,88 176 0,371 16
Nova Aliança do Ivaí 10,68 132 0,342 5
Cruzmaltina 10,71 130 0,380 19
Tamboara 11,34 117 0,342 4
Santo Antônio do Caiuá 15,37 70 0,361 9
Florestópolis 15,39 69 0,341 3
Sarandi 22,75 33 0,374 18
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/. IBGE
78
TABELA 12 MORTES POR ARMAS DE FOGO NO ESTADO DO PARANÁ - TAXA POR CEM MIL HABITANTES TODOS MUNICÍPIOS 1999-2012
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
1 Foz do Iguaçu 56,08 61,89 86,64 101,72 85,48 105,20 98,24 119,90 88,97 63,92 57,17 65,60 48,42 63,26 78,75
2 Guaíra 48,85 31,40 59,32 52,34 34,89 76,76 115,15 87,23 83,67 146,43 76,70 104,22 91,19 71,65 77,13
3 Campina Grande do Sul 72,33 28,93 52,07 23,14 69,43 57,86 63,65 57,86 96,06 107,36 115,83 105,75 105,75 82,54 74,18
4 Piraquara 27,44 30,18 38,42 45,28 49,39 56,25 45,28 49,39 54,87 65,85 65,85 85,83 69,74 54,72 52,75
5 Santa Terezinha de Itaipu 38,11 43,55 16,33 16,33 49,00 65,33 54,44 54,44 122,75 71,60 66,49 52,78 43,18 28,79 51,65
6 Almirante Tamandaré 16,99 21,52 27,19 24,92 30,59 37,38 52,11 44,18 42,99 62,33 69,85 64,92 75,58 58,14 44,91
7 Rio Bonito do Iguaçu 14,50 72,51 29,00 79,76 79,76 65,26 29,00 65,26 76,12 34,60 27,68 29,28 7,32 7,32 44,10
8 Curitiba 21,04 21,80 24,00 26,84 33,07 35,53 40,95 45,67 40,78 49,13 47,90 47,26 41,78 35,73 36,54
9 Rio Branco do Sul 44,31 17,04 27,27 40,90 30,67 20,45 20,45 68,16 19,06 31,76 66,70 45,68 26,10 42,41 35,78
10 Pinhais 11,65 14,57 14,57 12,62 43,70 30,10 27,19 34,96 34,81 44,63 55,34 82,05 35,04 47,86 34,93
11 Laranjeiras do Sul 43,30 29,98 43,30 43,30 29,98 26,64 49,96 33,31 62,33 16,40 16,40 22,74 25,99 29,24 33,78
12 Colombo 13,64 17,45 16,91 16,91 33,27 38,73 40,36 32,18 30,35 35,48 43,61 42,26 50,24 54,94 33,31
13 São José dos Pinhais 12,73 9,79 19,09 17,62 27,41 31,81 50,41 41,60 30,35 39,83 55,76 51,47 42,77 35,58 33,30
14 Fazenda Rio Grande 20,68 25,45 15,90 28,63 19,08 15,90 20,68 44,53 28,00 29,33 65,33 55,10 47,75 44,08 32,89
15 Araucária 23,34 10,61 20,16 22,28 15,91 35,01 51,98 33,95 18,19 36,38 59,12 47,85 26,86 54,57 32,59
16 Ramilândia 25,85 0,00 0,00 0,00 51,71 25,85 0,00 51,71 24,11 48,23 0,00 145,14 0,00 72,57 31,80
17 Campo Mourão 7,46 14,91 18,64 18,64 23,61 38,52 54,67 36,04 23,02 35,14 38,77 52,76 24,08 45,87 30,87
18 Cascavel 19,97 30,57 27,31 20,38 19,97 29,75 29,75 33,42 27,64 32,89 34,64 35,99 35,99 46,12 30,31
19 Guaratuba 11,01 3,67 22,01 7,34 33,02 14,68 11,01 18,34 25,98 68,20 71,44 46,74 21,81 43,62 28,49
20 Guaraniaçu 23,25 23,25 29,07 34,88 34,88 40,70 23,25 46,51 37,60 25,06 18,80 6,86 20,57 27,43 28,01
79
CONTINUA
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
21 Santa Helena 43,92 14,64 14,64 14,64 9,76 9,76 19,52 19,52 48,26 52,65 21,94 21,36 38,44 59,80 27,77
22 São Miguel do Iguaçu 12,28 8,19 8,19 16,37 4,09 12,28 32,74 36,84 47,35 67,08 19,73 31,05 34,93 42,69 26,70
23 Londrina 9,84 13,42 24,16 34,00 42,28 38,70 28,41 32,43 21,69 26,92 27,12 24,27 21,31 29,21 26,70
24 Itaperuçu 25,85 25,85 36,19 31,02 41,36 5,17 46,53 25,85 9,08 13,62 40,87 0,00 41,86 29,30 26,61
25 Umuarama 18,75 19,85 15,44 18,75 31,98 33,08 15,44 22,05 35,73 33,63 29,43 40,72 32,78 16,89 26,04
26 Coronel Domingos Soares 0,00 42,83 14,28 14,28 28,56 0,00 14,28 85,67 53,48 40,11 13,37 27,63 0,00 27,63 25,86
27 Palmas 25,85 17,23 28,72 22,98 43,08 57,44 34,46 40,21 22,23 9,88 19,76 16,32 13,99 4,66 25,49
28 Quatro Barras 6,19 0,00 12,38 6,19 24,75 24,75 18,56 37,13 33,10 33,10 38,62 25,19 50,38 35,26 24,69
29 Boa Vista da Aparecida 0,00 0,00 23,74 23,74 59,36 11,87 35,62 23,74 12,79 63,95 12,79 37,92 37,92 0,00 24,53
30 Matelândia 0,00 0,00 6,97 13,94 20,91 27,89 20,91 20,91 25,97 6,49 45,44 49,76 55,98 43,54 24,19
31 Tamarana 20,59 0,00 10,30 20,59 20,59 10,30 72,07 20,59 27,56 0,00 9,19 8,16 40,78 73,40 23,86
32 Pontal do Paraná 6,98 13,96 6,98 20,95 20,95 6,98 20,95 62,84 24,06 24,06 48,12 43,02 4,78 14,34 22,78
33 Sarandi 7,00 7,00 11,20 11,20 14,00 9,80 19,60 22,40 27,61 18,82 22,59 37,42 47,07 62,77 22,75
34 Tunas do Paraná 27,69 0,00 0,00 0,00 83,08 55,39 55,39 27,69 50,67 0,00 0,00 15,98 0,00 0,00 22,56
MÉDIA TOTAL - PARANÁ 12,87 13,68 16,19 17,70 20,34 22,01 22,97 24,80 23,72 26,24 27,47 26,59 24,35 24,93 21,70
35 Marquinho 123,70 35,34 17,67 17,67 35,34 17,67 17,67 17,67 19,21 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 21,57
36 Toledo 13,24 5,09 9,16 11,20 16,29 21,38 10,18 25,46 33,68 47,33 40,05 20,95 23,47 19,28 21,20
37 Iporã 0,00 6,08 18,24 6,08 0,00 0,00 18,24 18,24 6,63 19,89 72,92 46,73 40,05 40,05 20,94
38 Ortigueira 0,00 19,83 7,93 23,79 11,90 19,83 27,76 19,83 24,59 40,99 20,49 12,83 25,66 34,22 20,69
39 Cambé 2,27 4,54 14,74 27,22 28,35 31,75 31,75 21,55 17,23 20,45 19,38 15,51 18,61 35,15 20,61
40 Sertanópolis 6,60 13,20 0,00 0,00 6,60 13,20 13,20 33,01 19,37 96,87 32,29 19,18 19,18 12,79 20,39
80
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
41 Jataizinho 8,83 0,00 35,31 0,00 17,66 17,66 17,66 17,66 0,00 35,57 35,57 0,00 67,37 25,26 19,90
42 Telêmaco Borba 6,53 6,53 13,06 8,16 14,70 16,33 13,06 21,23 25,84 36,48 22,80 28,62 25,76 38,64 19,84
43 Ibiporã 2,37 9,49 18,98 16,61 23,72 45,07 26,10 30,84 17,72 17,72 11,07 14,52 16,60 22,82 19,54
44 Campo Magro 0,00 19,60 4,90 14,70 4,90 9,80 14,70 19,60 8,96 26,88 31,35 36,23 48,30 32,20 19,44
45 Campo Largo 8,62 14,01 16,17 9,70 12,93 9,70 12,93 12,93 16,11 18,96 37,92 38,26 24,92 32,92 19,01
46 Mandirituba 5,70 28,51 5,70 11,40 17,10 22,81 11,40 22,81 24,50 19,60 14,70 9,00 45,00 27,00 18,95
47 Diamante d'Oeste 82,00 20,50 0,00 0,00 0,00 20,50 20,50 0,00 0,00 40,45 20,23 39,79 0,00 19,89 18,85
48 Francisco Alves 14,38 14,38 0,00 0,00 14,38 28,75 14,38 28,75 15,77 31,54 15,77 0,00 46,74 31,16 18,28
49 Nova Tebas 42,21 10,55 10,55 42,21 10,55 31,66 10,55 31,66 0,00 0,00 24,05 0,00 40,55 0,00 18,18
50 Sulina 0,00 0,00 51,05 0,00 0,00 25,52 25,52 25,52 0,00 0,00 29,03 58,93 29,46 0,00 17,50
51 Lindoeste 16,07 0,00 0,00 32,13 16,07 0,00 16,07 16,07 18,36 91,81 0,00 0,00 37,31 0,00 17,42
52 Quedas do Iguaçu 7,31 0,00 36,54 29,24 14,62 10,96 7,31 7,31 26,51 26,51 19,88 16,34 16,34 22,87 17,27
53 Inajá 34,31 0,00 34,31 0,00 0,00 34,31 0,00 0,00 0,00 35,59 35,59 33,47 33,47 0,00 17,22
54 Santa Tereza do Oeste 0,00 9,30 0,00 9,30 0,00 9,30 0,00 27,90 53,32 21,33 10,66 0,00 38,71 58,07 16,99
55 Laranjal 14,04 14,04 14,04 42,13 14,04 28,09 0,00 14,04 0,00 47,45 0,00 15,72 31,45 0,00 16,79
56 Espigão Alto do Iguaçu 0,00 18,56 0,00 0,00 0,00 74,24 0,00 37,12 0,00 19,59 0,00 21,38 42,76 21,38 16,79
57 Medianeira 13,22 23,79 7,93 10,57 5,29 18,51 15,86 18,51 33,86 28,65 18,23 11,96 11,96 14,35 16,62
58 Pinhão 24,64 21,12 10,56 31,68 14,08 14,08 24,64 14,08 6,87 13,74 20,61 9,93 19,86 6,62 16,61
59 General Carneiro 28,78 7,19 35,97 0,00 28,78 0,00 14,39 21,58 0,00 13,71 6,85 29,26 14,63 29,26 16,46
60 Bocaiúva do Sul 11,05 11,05 0,00 44,20 11,05 44,20 11,05 11,05 31,47 0,00 0,00 9,10 9,10 36,41 16,41
81
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
61 Mauá da Serra 15,45 15,45 0,00 61,81 15,45 15,45 46,36 0,00 0,00 12,80 0,00 23,38 11,69 11,69 16,40
62 Xambrê 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,38 15,38 30,77 0,00 17,19 34,38 16,63 83,17 16,63 16,40
63 Marechal Cândido Rondon 7,32 0,00 9,75 12,19 17,07 7,32 17,07 26,82 31,42 11,22 22,44 27,77 19,22 14,95 16,04
64 Palmital 11,79 29,48 29,48 17,69 17,69 35,38 29,48 0,00 0,00 12,94 12,94 6,73 20,18 0,00 15,99
65 Cantagalo 31,23 23,42 15,61 7,81 23,42 15,61 0,00 7,81 40,26 24,16 8,05 0,00 7,72 15,44 15,75
66 Imbaú 0,00 31,67 21,11 0,00 0,00 0,00 21,11 10,56 44,68 35,74 8,94 0,00 26,61 17,74 15,58
67 Ouro Verde do Oeste 0,00 36,55 0,00 36,55 18,27 54,82 0,00 0,00 0,00 0,00 18,30 35,14 17,57 0,00 15,51
68 Rolândia 4,05 8,10 8,10 14,17 6,07 8,10 8,10 6,07 18,71 14,97 29,94 36,29 25,92 27,65 15,45
69 Florestópolis 0,00 0,00 0,00 24,61 0,00 16,41 8,20 16,41 17,28 17,28 17,28 44,56 35,64 17,82 15,39
70 Santo Antônio do Caiuá 0,00 69,49 0,00 0,00 0,00 34,75 0,00 0,00 0,00 74,29 0,00 0,00 36,67 0,00 15,37
71 Reserva 12,51 8,34 8,34 20,85 8,34 4,17 29,19 29,19 4,12 8,25 20,62 11,92 15,89 31,78 15,25
72 Palotina 3,88 3,88 3,88 0,00 11,64 0,00 7,76 38,80 18,15 36,30 36,30 24,40 13,95 13,95 15,21
73 Matinhos 4,13 4,13 4,13 20,67 16,54 12,40 8,27 4,13 29,97 25,69 34,25 16,99 10,19 16,99 14,89
74 Nova Aurora 7,33 14,66 7,33 7,33 29,32 21,99 7,33 0,00 8,51 17,02 0,00 42,14 16,85 25,28 14,65
75 Paranaguá 11,78 17,28 18,06 10,21 9,42 10,99 12,56 12,56 16,47 16,47 25,46 14,95 13,53 14,24 14,57
76 Céu Azul 0,00 0,00 0,00 9,57 0,00 19,15 0,00 28,72 9,16 27,49 36,65 9,06 45,32 18,13 14,52
77 Goioxim 12,37 12,37 12,37 12,37 12,37 24,73 0,00 12,37 0,00 37,53 12,51 26,66 13,33 13,33 14,45
78 São José das Palmeiras 73,14 24,38 0,00 0,00 0,00 0,00 24,38 0,00 51,64 0,00 0,00 0,00 0,00 26,11 14,26
79 Munhoz de Melo 0,00 29,40 0,00 0,00 0,00 58,81 0,00 29,40 0,00 0,00 0,00 0,00 81,70 0,00 14,24
80 Honório Serpa 29,00 29,00 14,50 0,00 0,00 29,00 0,00 29,00 48,63 0,00 0,00 16,79 0,00 0,00 14,00
82
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
81 Mariluz 0,00 0,00 38,85 0,00 29,14 38,85 9,71 0,00 0,00 0,00 28,68 19,56 0,00 29,34 13,87
82 Tijucas do Sul 16,31 16,31 8,16 0,00 16,31 32,63 16,31 8,16 15,28 0,00 15,28 13,76 20,64 13,76 13,78
83 Altamira do Paraná 0,00 0,00 0,00 14,29 14,29 14,29 42,86 14,29 22,89 22,89 0,00 46,45 0,00 0,00 13,73
84 Chopinzinho 9,74 14,60 0,00 4,87 4,87 4,87 19,47 4,87 5,20 15,61 26,01 15,24 40,65 25,41 13,67
85 Barbosa Ferraz 0,00 0,00 7,09 0,00 7,09 21,26 28,35 28,35 7,32 14,65 29,29 15,80 23,70 7,90 13,63
86 Mangueirinha 16,89 5,63 5,63 11,26 5,63 22,52 22,52 22,52 17,52 11,68 11,68 11,73 23,46 0,00 13,48
87 Guarapuava 10,96 17,40 11,60 16,11 19,98 9,02 14,82 10,96 9,11 7,90 9,72 12,55 18,53 18,53 13,37
88 Três Barras do Paraná 16,92 8,46 8,46 25,38 33,84 25,38 0,00 0,00 25,60 8,53 17,07 0,00 8,46 8,46 13,32
89 Peabiru 14,83 7,41 7,41 7,41 29,66 0,00 7,41 7,41 30,70 7,68 7,68 22,02 14,68 22,02 13,31
90 Iracema do Oeste 33,89 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 33,89 0,00 0,00 77,52 0,00 0,00 38,79 0,00 13,15
91 Querência do Norte 0,00 8,74 8,74 17,49 8,74 26,23 0,00 8,74 0,00 0,00 0,00 25,58 25,58 51,16 12,93
92 São João 8,92 17,85 8,92 8,92 26,77 8,92 26,77 0,00 27,52 9,17 18,35 9,43 0,00 9,43 12,93
93 Capitão Leônidas Marques 13,91 6,96 6,96 6,96 13,91 6,96 20,87 6,96 7,34 36,72 0,00 6,68 33,40 13,36 12,93
94 Faxinal 12,81 6,41 32,03 19,22 32,03 0,00 12,81 12,81 6,44 19,32 6,44 0,00 6,13 12,26 12,77
95 Castro 6,29 11,01 12,58 15,73 15,73 7,86 15,73 15,73 9,18 10,71 16,83 10,43 8,94 20,87 12,69
96 Andirá 0,00 0,00 0,00 4,62 9,23 13,85 0,00 13,85 9,38 37,51 28,13 19,41 9,70 29,11 12,48
97 Itambaracá 0,00 0,00 14,10 0,00 14,10 0,00 0,00 0,00 14,42 43,26 14,42 29,59 29,59 14,80 12,45
98 Cianorte 5,23 8,71 8,71 6,97 12,19 6,97 13,94 19,16 17,05 20,16 9,30 12,86 18,58 14,29 12,44
99 Paranavaí 5,28 5,28 9,24 5,28 7,92 6,60 10,56 11,88 18,96 16,43 17,70 24,51 15,93 17,16 12,34
100 Porto Barreiro 0,00 47,55 0,00 0,00 0,00 71,33 0,00 0,00 26,59 26,59 0,00 0,00 0,00 0,00 12,29
83
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
101 Arapongas 5,85 4,68 7,02 4,68 7,02 14,05 9,36 14,05 16,55 26,90 19,65 11,52 14,40 14,40 12,15
102 Ibema 0,00 17,03 34,06 0,00 0,00 0,00 34,06 0,00 33,74 16,87 0,00 0,00 16,49 16,49 12,05
103 Figueira 22,13 22,13 11,06 11,06 22,13 22,13 22,13 0,00 11,93 0,00 23,87 0,00 0,00 0,00 12,04
104 Francisco Beltrão 7,45 13,41 11,92 16,39 11,92 8,94 10,43 17,88 8,29 6,91 9,67 6,33 17,73 20,27 11,96
105 Turvo 20,65 27,53 13,76 20,65 13,76 13,76 0,00 6,88 7,13 7,13 0,00 7,24 21,72 7,24 11,96
106 Ponta Grossa 9,50 12,43 13,16 14,25 17,18 16,81 9,87 8,04 8,81 10,77 12,40 13,80 9,95 8,34 11,81
107 Campina do Simão 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 68,73 22,91 22,91 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 49,07 11,69
108 Candói 7,05 7,05 7,05 14,10 7,05 7,05 21,15 14,10 6,49 6,49 25,95 6,67 20,02 13,35 11,68
109 Saudade do Iguaçu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 21,70 21,70 0,00 20,28 0,00 19,89 19,89 59,67 11,65
110 Ivaiporã 6,20 9,30 15,49 6,20 9,30 18,59 9,30 6,20 15,95 3,19 19,14 22,00 9,43 12,57 11,63
111 Boa Ventura de São Roque 0,00 14,75 14,75 29,50 0,00 0,00 14,75 14,75 44,48 14,83 14,83 0,00 0,00 0,00 11,62
112 Campo Bonito 0,00 0,00 0,00 0,00 19,50 0,00 58,50 39,00 22,59 0,00 0,00 0,00 0,00 22,69 11,59
113 Sapopema 14,55 14,55 0,00 29,10 0,00 14,55 14,55 0,00 0,00 15,06 30,13 0,00 14,85 14,85 11,59
114 Tapira 15,92 0,00 31,84 15,92 0,00 15,92 15,92 31,84 0,00 17,16 17,16 0,00 0,00 0,00 11,55
115 Iretama 8,82 0,00 8,82 26,47 26,47 0,00 0,00 0,00 17,90 35,80 8,95 0,00 28,24 0,00 11,53
116 Reserva do Iguaçu 0,00 0,00 0,00 29,95 14,97 29,95 29,95 0,00 28,19 0,00 0,00 13,69 13,69 0,00 11,46
117 Tamboara 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 23,50 0,00 70,51 0,00 21,91 0,00 42,88 0,00 0,00 11,34
118 Contenda 15,10 0,00 22,66 7,55 0,00 15,10 0,00 0,00 13,51 6,76 6,76 6,29 0,00 62,93 11,19
119 Coronel Vivida 0,00 8,58 0,00 4,29 12,87 12,87 8,58 21,45 23,18 18,54 4,64 18,39 4,60 18,39 11,17
120 Piên 10,21 30,62 0,00 0,00 10,21 20,41 30,62 0,00 9,02 0,00 9,02 26,70 0,00 8,90 11,12
84
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
121 Cornélio Procópio 10,67 2,13 10,67 6,40 12,80 10,67 12,80 10,67 4,26 6,39 17,05 21,31 17,05 12,79 11,12
122 Alto Paraíso 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 30,75 0,00 31,19 62,38 31,19 11,11
123 Campina da Lagoa 0,00 0,00 0,00 11,75 5,88 5,88 11,75 5,88 18,77 31,28 18,77 25,98 6,50 12,99 11,10
124 Altônia 0,00 0,00 0,00 0,00 5,20 10,40 5,20 15,60 20,10 15,07 30,14 34,12 4,87 14,62 11,10
125 Santa Lúcia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,24 24,24 24,24 26,85 53,69 0,00 0,00 0,00 0,00 10,95
126 São José da Boa Vista 0,00 0,00 14,33 0,00 0,00 0,00 0,00 14,33 0,00 31,78 15,89 0,00 61,43 15,36 10,94
127 São Jorge d'Oeste 0,00 0,00 0,00 21,49 10,74 10,74 0,00 10,74 0,00 22,27 0,00 11,01 33,02 33,02 10,93
128 Lapa 16,73 4,78 2,39 11,95 7,17 16,73 4,78 21,51 2,40 16,80 4,80 13,35 15,58 13,35 10,88
129 Terra Roxa 6,13 0,00 12,27 0,00 0,00 6,13 6,13 6,13 37,02 6,17 12,34 5,97 23,87 29,83 10,86
130 Cruzmaltina 28,91 0,00 0,00 0,00 28,91 0,00 0,00 28,91 0,00 0,00 0,00 0,00 63,25 0,00 10,71
131 Imbituva 8,16 12,25 20,41 16,33 12,25 24,49 12,25 4,08 3,70 7,40 3,70 10,54 0,00 14,06 10,69
132 Nova Aliança do Ivaí 0,00 149,48 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 10,68
133 Nova Laranjeiras 0,00 8,55 8,55 8,55 0,00 8,55 8,55 34,19 8,85 8,85 0,00 17,79 8,90 26,69 10,57
134 Braganey 48,46 16,15 16,15 16,15 0,00 0,00 0,00 16,15 0,00 16,55 0,00 0,00 0,00 17,44 10,50
135 Corbélia 18,98 12,66 12,66 0,00 0,00 18,98 0,00 0,00 19,45 6,48 32,41 18,39 0,00 6,13 10,44
136 Porecatu 6,30 0,00 0,00 0,00 0,00 6,30 0,00 12,59 7,06 21,17 7,06 21,14 35,24 28,19 10,36
137 Cidade Gaúcha 10,49 0,00 0,00 0,00 10,49 10,49 10,49 0,00 28,66 28,66 0,00 27,12 0,00 18,08 10,32
138 Apucarana 12,06 11,13 8,35 0,93 5,56 6,49 8,35 12,98 10,41 13,87 13,01 17,37 15,71 8,27 10,32
139 Jaguariaíva 9,75 3,25 13,00 22,74 19,49 6,50 6,50 6,50 3,14 18,83 21,97 9,20 0,00 3,07 10,28
140 Agudos do Sul 13,85 13,85 27,70 0,00 0,00 13,85 0,00 13,85 12,21 12,21 0,00 12,09 24,18 0,00 10,27
85
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
141 Missal 0,00 0,00 28,75 9,58 0,00 0,00 9,58 9,58 9,60 19,21 19,21 19,09 0,00 19,09 10,27
142 Jaguapitã 0,00 0,00 9,15 0,00 18,29 0,00 0,00 0,00 8,49 16,98 16,98 24,54 16,36 32,72 10,25
143 Nova Cantu 0,00 20,17 0,00 0,00 0,00 10,09 20,17 0,00 38,49 12,83 0,00 26,94 13,47 0,00 10,15
144 Conselheiro Mairinck 28,88 28,88 0,00 0,00 28,88 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 55,01 10,12
145 Flor da Serra do Sul 0,00 39,53 39,53 0,00 0,00 19,77 0,00 0,00 21,34 0,00 0,00 0,00 21,16 0,00 10,10
146 Pato Branco 4,82 11,25 22,50 3,21 9,64 11,25 11,25 12,85 7,50 6,00 9,00 8,29 8,29 15,20 10,07
147 Vera Cruz do Oeste 0,00 20,72 0,00 10,36 0,00 0,00 20,72 0,00 0,00 43,96 10,99 11,14 11,14 11,14 10,01
148 Bituruna 6,36 6,36 25,42 6,36 6,36 19,07 12,71 12,71 12,39 0,00 6,20 0,00 18,89 6,30 9,94
149 Salto do Lontra 0,00 7,84 0,00 0,00 23,52 7,84 0,00 7,84 8,01 8,01 24,04 7,31 29,22 14,61 9,87
150 Salgado Filho 18,73 0,00 0,00 56,20 0,00 0,00 0,00 18,73 0,00 21,43 0,00 22,71 0,00 0,00 9,84
151 Catanduvas 0,00 28,79 0,00 9,60 9,60 9,60 9,60 19,19 0,00 10,44 20,88 9,80 9,80 0,00 9,81
152 Cafezal do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 21,51 21,51 0,00 0,00 46,83 0,00 0,00 46,62 0,00 0,00 9,75
153 Irati 1,91 3,82 3,82 3,82 11,46 11,46 13,37 19,10 22,16 9,23 9,23 10,67 3,56 12,45 9,72
154 São Pedro do Iguaçu 0,00 0,00 13,74 0,00 13,74 0,00 0,00 0,00 15,29 45,87 15,29 15,41 15,41 0,00 9,62
155 Janiópolis 12,37 12,37 0,00 0,00 37,11 0,00 12,37 0,00 14,22 0,00 0,00 15,31 0,00 30,62 9,60
156 Cruz Machado 33,96 5,66 16,98 0,00 11,32 5,66 11,32 0,00 16,37 0,00 10,91 0,00 16,63 5,54 9,60
157 Marilândia do Sul 0,00 11,02 22,05 0,00 0,00 11,02 0,00 0,00 0,00 44,78 22,39 22,57 0,00 0,00 9,56
158 Presidente Castelo Branco 0,00 0,00 0,00 46,46 23,23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 21,39 20,90 20,90 0,00 9,49
159 São João do Caiuá 16,42 0,00 0,00 16,42 0,00 16,42 16,42 16,42 33,45 0,00 0,00 0,00 0,00 16,92 9,46
160 Dois Vizinhos 0,00 0,00 18,76 12,51 12,51 3,13 6,25 12,51 14,71 5,88 23,53 2,76 13,82 5,53 9,42
86
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
161 Maria Helena 0,00 15,66 0,00 15,66 0,00 0,00 0,00 0,00 16,63 0,00 16,63 50,37 0,00 16,79 9,41
162 Marmeleiro 21,95 14,64 21,95 7,32 0,00 14,64 0,00 0,00 0,00 7,60 0,00 7,19 14,39 21,58 9,38
163 Pato Bragado 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,70 21,59 0,00 43,19 20,74 0,00 20,74 9,35
164 Bandeirantes 14,82 14,82 5,93 8,89 11,86 5,93 17,79 2,96 12,39 12,39 6,19 6,21 6,21 3,11 9,25
165 Morretes 6,55 0,00 13,09 26,19 6,55 6,55 13,09 19,64 0,00 12,35 0,00 19,09 0,00 6,36 9,25
166 Maringá 5,20 4,16 4,16 3,46 7,28 5,54 8,31 9,01 13,50 12,58 15,65 11,48 13,16 15,96 9,25
167 Clevelândia 10,91 5,45 10,91 5,45 5,45 10,91 0,00 16,36 5,68 17,05 5,68 0,00 5,80 29,00 9,19
168 Ventania 0,00 24,93 12,46 0,00 12,46 0,00 0,00 0,00 9,73 29,20 19,46 0,00 0,00 20,09 9,17
169 Califórnia 0,00 13,02 0,00 13,02 13,02 0,00 0,00 0,00 13,25 0,00 13,25 12,39 24,79 24,79 9,11
170 Inácio Martins 9,12 9,12 9,12 36,49 9,12 0,00 0,00 9,12 18,12 9,06 9,06 9,14 0,00 0,00 9,11
171 Santa Maria do Oeste 22,00 14,66 0,00 14,66 14,66 29,33 0,00 14,66 8,66 0,00 0,00 0,00 0,00 8,70 9,10
172 Roncador 0,00 0,00 7,34 0,00 14,67 7,34 0,00 14,67 8,15 16,31 32,61 0,00 26,00 0,00 9,08
173 Itaipulândia 0,00 14,63 0,00 0,00 14,63 14,63 0,00 14,63 11,65 11,65 11,65 0,00 0,00 33,24 9,05
174 Rosário do Ivaí 0,00 15,19 0,00 15,19 15,19 30,37 15,19 0,00 0,00 0,00 17,17 0,00 0,00 17,90 9,01
175 Jacarezinho 10,09 0,00 10,09 5,05 7,57 10,09 5,05 5,05 17,80 15,26 7,63 2,56 25,56 2,56 8,88
176 Pérola 0,00 0,00 10,77 0,00 10,77 10,77 0,00 21,55 10,71 0,00 10,71 0,00 29,39 19,59 8,88
177 São Pedro do Ivaí 0,00 0,00 0,00 0,00 21,11 10,56 10,56 10,56 31,35 0,00 0,00 0,00 0,00 39,34 8,82
178 Goioerê 0,00 10,08 13,45 6,72 3,36 3,36 3,36 3,36 10,37 3,46 10,37 20,68 17,23 17,23 8,79
179 Ubiratã 0,00 0,00 17,70 0,00 22,13 4,43 4,43 8,85 0,00 4,71 9,43 9,28 13,92 27,83 8,76
180 Guamiranga 14,02 0,00 0,00 14,02 14,02 0,00 14,02 14,02 13,25 0,00 26,50 12,66 0,00 0,00 8,75
87
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
181 Fênix 20,23 20,23 0,00 20,23 0,00 0,00 20,23 20,23 20,53 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 8,69
182 Engenheiro Beltrão 21,30 7,10 14,20 7,10 14,20 0,00 7,10 14,20 7,21 14,42 0,00 0,00 7,19 7,19 8,66
183 Paiçandu 3,25 6,50 19,50 3,25 0,00 0,00 0,00 9,75 5,77 11,55 2,89 16,70 11,13 30,61 8,64
184 São João do Ivaí 15,16 7,58 0,00 30,31 7,58 0,00 0,00 0,00 16,87 8,44 8,44 17,35 8,68 0,00 8,60
185 Santa Izabel do Oeste 0,00 8,54 0,00 0,00 51,23 25,62 17,08 0,00 0,00 8,75 8,75 0,00 0,00 0,00 8,57
186 Mato Rico 22,24 0,00 0,00 22,24 0,00 22,24 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 52,38 8,51
187 Assis Chateaubriand 0,00 6,00 0,00 9,00 15,01 6,00 6,00 0,00 21,72 6,21 15,52 0,00 12,11 21,20 8,48
188 Porto Amazonas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 71,23 0,00 22,15 22,15 0,00 8,25
189 Ivaí 0,00 16,81 0,00 42,02 0,00 0,00 25,21 0,00 0,00 7,79 0,00 7,80 7,80 7,80 8,23
190 Cruzeiro do Iguaçu 0,00 22,76 0,00 0,00 45,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 23,38 0,00 23,38 8,22
191 Bela Vista do Caroba 0,00 44,41 22,21 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,18 24,18 0,00 0,00 0,00 8,21
192 Santa Mônica 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 28,96 57,92 0,00 0,00 28,00 8,21
193 Alto Piquiri 9,29 0,00 9,29 9,29 0,00 9,29 18,59 0,00 19,59 19,59 9,79 0,00 0,00 9,82 8,18
194 Balsa Nova 9,85 0,00 9,85 9,85 0,00 9,85 19,70 0,00 9,40 0,00 28,20 8,85 8,85 0,00 8,17
195 Paraíso do Norte 10,27 20,54 0,00 10,27 10,27 0,00 0,00 0,00 8,95 26,86 8,95 16,99 0,00 0,00 8,08
196 Perobal 18,90 0,00 0,00 18,90 0,00 0,00 18,90 0,00 0,00 0,00 19,78 17,69 17,69 0,00 7,99
197 Bom Sucesso 0,00 0,00 16,20 0,00 16,20 0,00 32,40 0,00 0,00 0,00 31,26 0,00 0,00 15,24 7,95
198 Nova Esperança 3,89 3,89 7,77 7,77 7,77 0,00 7,77 3,89 11,66 7,78 7,78 18,79 7,51 15,03 7,95
199 Diamante do Sul 0,00 0,00 0,00 27,33 27,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 27,29 0,00 28,49 0,00 7,89
200 Campo do Tenente 0,00 31,57 0,00 0,00 15,79 31,57 0,00 15,79 0,00 0,00 15,48 0,00 0,00 0,00 7,87
88
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
201 Santa Mariana 0,00 14,85 0,00 7,42 7,42 0,00 0,00 14,85 8,34 8,34 8,34 8,04 16,08 16,08 7,84
202 Curiúva 15,50 0,00 7,75 7,75 0,00 0,00 7,75 7,75 20,92 6,97 20,92 7,18 7,18 0,00 7,83
203 Iguaraçu 0,00 27,79 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 55,59 0,00 0,00 0,00 0,00 25,11 0,00 7,75
204 Nova Santa Bárbara 0,00 0,00 27,69 0,00 0,00 27,69 0,00 0,00 0,00 26,30 26,30 0,00 0,00 0,00 7,71
205 Rebouças 0,00 7,32 7,32 7,32 0,00 14,64 0,00 7,32 7,12 14,23 7,12 14,11 0,00 21,16 7,69
206 Arapoti 4,19 12,56 4,19 8,37 16,75 4,19 16,75 20,93 3,90 3,90 0,00 0,00 7,74 3,87 7,67
207 Quitandinha 13,10 13,10 13,10 0,00 0,00 13,10 6,55 0,00 6,29 6,29 6,29 23,41 5,85 0,00 7,65
208 Alto Paraná 7,86 0,00 15,73 0,00 0,00 7,86 0,00 7,86 7,73 7,73 7,73 0,00 7,32 36,60 7,60
209 Diamante do Norte 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,40 0,00 16,40 0,00 0,00 17,82 18,13 18,13 18,13 7,50
210 Mercedes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 21,70 0,00 21,22 0,00 21,22 19,82 19,82 0,00 7,41
211 Entre Rios do Oeste 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 78,08 0,00 0,00 0,00 0,00 25,47 7,40
212 São Jerônimo da Serra 8,51 0,00 8,51 25,53 8,51 0,00 8,51 0,00 0,00 8,65 8,65 0,00 17,64 8,82 7,38
213 Planaltina do Paraná 0,00 0,00 0,00 0,00 25,05 25,05 0,00 0,00 26,38 26,38 0,00 0,00 0,00 0,00 7,35
214 União da Vitória 6,18 12,37 8,24 8,24 2,06 4,12 8,24 22,67 1,96 3,92 3,92 3,79 7,59 9,48 7,34
215 Cerro Azul 6,12 18,35 0,00 12,23 12,23 0,00 6,12 6,12 5,65 16,96 0,00 11,81 0,00 5,90 7,25
216 Renascença 0,00 28,74 0,00 14,37 0,00 28,74 0,00 14,37 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 14,68 7,21
217 Congonhinhas 12,74 12,74 12,74 0,00 12,74 12,74 25,47 0,00 0,00 11,69 0,00 0,00 0,00 0,00 7,20
218 Cândido de Abreu 0,00 0,00 15,96 0,00 10,64 0,00 10,64 10,64 16,88 0,00 5,63 0,00 12,01 18,01 7,17
219 Virmond 0,00 0,00 25,32 0,00 0,00 0,00 0,00 25,32 0,00 0,00 49,70 0,00 0,00 0,00 7,17
220 Araruna 0,00 0,00 0,00 15,29 15,29 0,00 15,29 0,00 7,91 15,81 15,81 7,45 7,45 0,00 7,16
89
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
221 Realeza 6,24 6,24 6,24 12,48 6,24 18,72 0,00 0,00 6,33 0,00 18,98 6,12 12,24 0,00 7,13
222 Nova Londrina 7,59 0,00 0,00 15,19 7,59 7,59 7,59 0,00 0,00 0,00 15,85 0,00 15,31 22,96 7,12
223 Santo Antônio do Sudoeste 0,00 0,00 0,00 16,79 5,60 22,38 11,19 11,19 5,39 0,00 5,39 10,59 5,29 5,29 7,08
224 Fernandes Pinheiro 0,00 15,70 0,00 0,00 15,70 0,00 0,00 31,41 0,00 35,16 0,00 0,00 0,00 0,00 7,00
225 Quarto Centenário 0,00 0,00 0,00 0,00 18,75 18,75 18,75 0,00 0,00 0,00 20,63 0,00 0,00 20,59 6,96
226 Guaraqueçaba 12,07 0,00 0,00 12,07 0,00 24,13 36,20 12,07 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,89
227 Marialva 3,48 6,97 3,48 10,45 0,00 0,00 0,00 10,45 19,99 9,99 6,66 6,26 9,39 9,39 6,89
228 Centenário do Sul 8,46 0,00 0,00 16,92 8,46 0,00 0,00 0,00 8,89 0,00 8,89 17,87 17,87 8,94 6,88
229 Pitanga 13,94 2,79 5,58 11,15 5,58 13,94 16,73 5,58 8,74 0,00 5,83 0,00 3,06 3,06 6,86
230 Nova Olímpia 0,00 0,00 0,00 0,00 18,94 0,00 0,00 18,94 19,13 19,13 19,13 0,00 0,00 0,00 6,81
231 Loanda 5,12 0,00 5,12 5,12 10,23 5,12 15,35 0,00 5,14 5,14 10,28 14,15 9,43 4,72 6,78
232 Assaí 5,54 0,00 0,00 11,08 5,54 5,54 0,00 5,54 12,42 0,00 0,00 18,34 18,34 12,23 6,76
233 Cambará 8,80 8,80 4,40 17,59 4,40 0,00 8,80 0,00 12,52 12,52 4,17 4,19 4,19 4,19 6,75
234 Grandes Rios 0,00 0,00 12,71 12,71 12,71 0,00 0,00 0,00 26,17 0,00 0,00 30,19 0,00 0,00 6,75
235 Piraí do Sul 18,48 0,00 4,62 4,62 4,62 0,00 9,24 13,86 17,26 4,32 0,00 0,00 17,08 0,00 6,72
236 Paranacity 0,00 0,00 10,98 10,98 0,00 10,98 0,00 0,00 0,00 10,51 0,00 9,76 39,02 0,00 6,59
237 Floresta 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 19,52 0,00 0,00 19,18 19,18 0,00 16,86 16,86 6,54
238 Rondon 11,73 11,73 0,00 0,00 11,73 0,00 11,73 0,00 0,00 11,08 0,00 0,00 22,23 11,12 6,52
239 Tibagi 0,00 5,42 0,00 5,42 0,00 16,27 16,27 5,42 10,69 5,34 10,69 0,00 15,51 0,00 6,50
240 Tuneiras do Oeste 11,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,10 33,29 23,26 0,00 0,00 0,00 11,50 0,00 6,45
90
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
241 Sabáudia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 18,47 18,36 36,72 0,00 16,40 0,00 0,00 6,43
242 Cruzeiro do Oeste 4,95 4,95 9,89 9,89 0,00 4,95 0,00 14,84 0,00 19,82 4,95 4,90 4,90 4,90 6,35
243 Marilena 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 44,40 0,00 0,00 0,00 14,58 14,58 14,58 6,30
244 Farol 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 58,93 28,80 0,00 0,00 6,27
245 Ampére 0,00 0,00 0,00 6,40 0,00 0,00 0,00 0,00 11,72 0,00 17,58 17,33 5,78 28,89 6,26
246 Foz do Jordão 15,68 0,00 0,00 0,00 15,68 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 18,45 36,90 0,00 6,19
247 Santo Antônio da Platina 5,01 10,01 0,00 7,51 10,01 2,50 15,02 2,50 0,00 0,00 12,35 7,02 9,37 4,68 6,14
248 Moreira Sales 7,47 0,00 0,00 7,47 0,00 7,47 7,47 7,47 7,74 23,21 15,47 0,00 0,00 0,00 5,98
249 Manfrinópolis 26,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 26,30 0,00 0,00 0,00 30,25 0,00 0,00 0,00 5,92
250 Carlópolis 7,52 7,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,52 7,59 0,00 15,19 0,00 29,18 7,30 5,84
251 Boa Esperança 0,00 0,00 19,37 19,37 0,00 0,00 0,00 0,00 21,25 21,25 0,00 0,00 0,00 0,00 5,80
252 Ibaiti 0,00 11,34 11,34 0,00 3,78 3,78 15,12 3,78 0,00 10,70 17,83 0,00 0,00 3,48 5,80
253 Quatro Pontes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 27,26 27,26 0,00 26,30 0,00 0,00 5,77
254 Guaraci 0,00 0,00 0,00 0,00 40,66 0,00 0,00 20,33 0,00 0,00 0,00 0,00 19,13 0,00 5,72
255 Mirador 0,00 40,00 0,00 0,00 40,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,71
256 Bela Vista do Paraíso 0,00 0,00 0,00 6,65 6,65 13,31 0,00 6,65 0,00 20,01 13,34 0,00 6,63 6,63 5,71
257 Nova Santa Rosa 0,00 0,00 0,00 0,00 14,04 0,00 0,00 0,00 13,19 0,00 0,00 26,23 0,00 26,23 5,69
258 Vitorino 0,00 15,91 0,00 0,00 0,00 0,00 15,91 0,00 15,85 0,00 31,70 0,00 0,00 0,00 5,67
259 Teixeira Soares 0,00 0,00 0,00 36,62 0,00 0,00 12,21 0,00 10,22 0,00 10,22 9,72 0,00 0,00 5,64
260 Ribeirão do Pinhal 0,00 6,97 0,00 6,97 6,97 6,97 6,97 6,97 0,00 0,00 14,94 7,39 14,79 0,00 5,64
91
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
261 Itapejara d'Oeste 0,00 0,00 10,91 0,00 10,91 0,00 0,00 0,00 9,49 9,49 18,98 9,50 9,50 0,00 5,63
262 Porto Rico 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 39,22 0,00 0,00 0,00 39,53 0,00 0,00 5,62
263 Mandaguari 6,37 6,37 3,19 15,93 3,19 0,00 6,37 0,00 6,27 0,00 6,27 9,19 12,25 3,06 5,60
264 Rio Negro 3,48 0,00 6,97 6,97 13,93 10,45 10,45 0,00 10,05 0,00 3,35 3,20 9,59 0,00 5,60
265 São Mateus do Sul 2,73 2,73 10,94 5,47 2,73 2,73 0,00 0,00 17,88 5,11 12,77 7,27 4,85 2,42 5,55
266 Paranapoema 0,00 0,00 0,00 0,00 41,79 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 35,83 0,00 5,54
267 Sengés 5,62 0,00 11,25 11,25 0,00 22,50 0,00 0,00 5,17 0,00 5,17 5,43 0,00 10,86 5,52
268 Juranda 12,29 0,00 0,00 0,00 0,00 12,29 0,00 0,00 0,00 13,01 26,03 0,00 13,09 0,00 5,48
269 Tupãssi 12,47 0,00 12,47 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 25,79 12,89 12,50 0,00 0,00 5,44
270 Arapuã 23,97 0,00 23,97 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 28,08 5,43
271 Barracão 0,00 10,79 0,00 10,79 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,16 0,00 10,27 20,54 5,32
272 Palmeira 6,48 6,48 3,24 0,00 0,00 12,97 6,48 6,48 6,40 9,60 0,00 6,23 3,11 6,23 5,27
273 Icaraíma 0,00 9,95 9,95 0,00 0,00 9,95 0,00 9,95 0,00 10,86 0,00 0,00 11,31 11,31 5,24
274 São Pedro do Paraná 36,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 36,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,22
275 Alvorada do Sul 10,81 0,00 0,00 10,81 0,00 10,81 0,00 0,00 0,00 0,00 11,09 0,00 0,00 29,17 5,19
276 Santa Cruz de Monte Castelo
0,00 0,00 11,66 0,00 11,66 0,00 0,00 11,66 12,62 0,00 12,62 0,00 12,36 0,00 5,18
277 Ivatuba 0,00 0,00 0,00 71,53 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,11
278 Ângulo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 70,42 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,03
279 Novo Itacolomi 34,89 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 35,37 5,02
280 Antonina 5,22 10,43 10,43 5,22 5,22 0,00 0,00 0,00 17,06 0,00 0,00 10,59 0,00 5,29 4,96
92
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
281 Jardim Olinda 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 68,45 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,89
282 Doutor Ulysses 0,00 0,00 0,00 16,66 0,00 0,00 16,66 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 34,92 0,00 4,87
283 Mamborê 6,60 0,00 6,60 0,00 6,60 0,00 13,20 6,60 0,00 0,00 7,08 7,16 14,33 0,00 4,87
284 Prudentópolis 8,63 2,16 12,95 4,32 2,16 4,32 8,63 4,32 2,05 4,11 4,11 0,00 2,05 8,20 4,86
285 Ivaté 0,00 0,00 0,00 0,00 14,44 0,00 14,44 0,00 12,83 0,00 12,83 0,00 13,31 0,00 4,85
286 Lupionópolis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 23,13 0,00 0,00 0,00 0,00 22,86 21,78 0,00 0,00 4,84
287 Marumbi 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 21,68 0,00 24,14 0,00 0,00 21,72 0,00 4,83
288 Santa Isabel do Ivaí 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 10,92 21,85 0,00 0,00 11,75 0,00 0,00 0,00 22,83 4,81
289 Luiziana 13,26 0,00 0,00 0,00 13,26 0,00 0,00 13,26 0,00 0,00 0,00 27,34 0,00 0,00 4,79
290 Antônio Olinto 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 13,50 13,50 26,75 0,00 13,37 0,00 0,00 0,00 4,79
291 Terra Boa 0,00 6,83 0,00 0,00 0,00 6,83 6,83 0,00 6,85 0,00 20,56 0,00 0,00 19,02 4,78
292 Pinhalão 0,00 0,00 0,00 16,08 16,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 33,94 0,00 0,00 0,00 4,72
293 Capanema 5,48 0,00 5,48 5,48 5,48 10,97 5,48 0,00 5,52 5,52 11,05 0,00 0,00 5,40 4,71
294 Planalto 0,00 0,00 0,00 7,08 0,00 7,08 0,00 0,00 0,00 7,33 14,65 7,32 14,65 7,32 4,67
295 Primeiro de Maio 0,00 9,32 9,32 0,00 9,32 0,00 9,32 0,00 0,00 0,00 18,60 0,00 9,23 0,00 4,65
296 Ribeirão Claro 0,00 0,00 0,00 9,17 9,17 9,17 9,17 0,00 9,19 0,00 0,00 9,37 9,37 0,00 4,61
297 Corumbataí do Sul 0,00 0,00 20,22 0,00 0,00 20,22 0,00 0,00 0,00 0,00 23,46 0,00 0,00 0,00 4,56
298 Enéas Marques 15,67 0,00 0,00 0,00 0,00 31,34 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,39 0,00 0,00 4,53
299 Tomazina 0,00 10,07 0,00 0,00 10,07 0,00 20,14 0,00 0,00 11,35 0,00 0,00 0,00 11,38 4,50
300 Jussara 0,00 0,00 0,00 0,00 15,88 0,00 15,88 15,88 0,00 0,00 0,00 15,13 0,00 0,00 4,48
93
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
301 São Jorge do Patrocínio 15,14 0,00 0,00 0,00 0,00 15,14 0,00 15,14 0,00 0,00 16,58 0,00 0,00 0,00 4,43
302 Terra Rica 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,25 0,00 13,88 0,00 6,94 6,57 6,57 19,71 4,35
303 Formosa do Oeste 0,00 0,00 11,42 22,84 0,00 0,00 0,00 0,00 13,28 0,00 0,00 13,26 0,00 0,00 4,34
304 Joaquim Távora 10,35 10,35 0,00 20,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 9,31 9,31 4,29
305 Uraí 8,42 0,00 0,00 0,00 8,42 16,84 0,00 0,00 0,00 8,70 8,70 8,72 0,00 0,00 4,27
306 Adrianópolis 14,27 14,27 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 14,91 0,00 15,68 0,00 0,00 4,22
307 Bom Sucesso do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 58,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,21
308 Floraí 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 18,92 0,00 0,00 19,80 0,00 19,80 0,00 4,18
309 Santo Inácio 0,00 19,28 0,00 0,00 0,00 0,00 19,28 19,28 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,13
310 Jardim Alegre 0,00 0,00 7,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,99 20,96 13,97 0,00 0,00 8,11 4,10
311 Nova Esperança do Sudoeste
0,00 0,00 0,00 0,00 19,02 0,00 0,00 19,02 0,00 19,30 0,00 0,00 0,00 0,00 4,10
312 Wenceslau Braz 0,00 10,23 10,23 0,00 0,00 0,00 5,11 0,00 16,05 0,00 0,00 5,18 5,18 5,18 4,08
313 Cambira 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 14,95 0,00 0,00 0,00 0,00 27,64 13,82 0,00 4,03
314 Pérola d'Oeste 13,60 0,00 0,00 13,60 0,00 13,60 13,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,89
315 Itaúna do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 27,03 27,03 0,00 0,00 0,00 3,86
316 Carambeí 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 30,26 12,11 6,05 0,00 0,00 5,22 3,83
317 Esperança Nova 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 52,99 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,79
318 Maripá 0,00 0,00 16,98 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 35,19 0,00 3,73
319 Godoy Moreira 0,00 26,07 0,00 26,07 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,72
320 Pranchita 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,97 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 35,54 0,00 3,68
94
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
321 Jandaia do Sul 0,00 10,16 0,00 5,08 10,16 5,08 5,08 10,16 5,12 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,63
322 Tapejara 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,24 7,62 13,80 0,00 0,00 0,00 6,85 6,85 3,60
323 São Carlos do Ivaí 0,00 0,00 16,94 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 17,19 0,00 15,74 0,00 0,00 3,56
324 Porto Vitória 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,69 0,00 0,00 0,00 0,00 24,88 0,00 3,54
325 Cafelândia 0,00 0,00 8,97 0,00 17,95 0,00 0,00 0,00 15,31 0,00 0,00 0,00 6,82 0,00 3,50
326 Santa Amélia 0,00 0,00 22,69 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 26,30 3,50
327 Nova Prata do Iguaçu 0,00 0,00 0,00 9,62 0,00 0,00 19,24 0,00 0,00 0,00 9,57 9,64 0,00 0,00 3,43
328 Douradina 0,00 0,00 0,00 16,23 0,00 16,23 0,00 0,00 15,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,41
329 São Manoel do Paraná 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 47,78 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,41
330 Santa Inês 0,00 47,64 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,40
331 Mallet 7,94 7,94 0,00 15,87 0,00 7,94 0,00 7,94 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,40
332 Mandaguaçu 5,94 0,00 5,94 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,06 20,22 10,11 3,38
333 São Sebastião da Amoreira 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,70 0,00 0,00 0,00 11,52 0,00 11,59 0,00 11,59 3,31
334 Colorado 0,00 0,00 0,00 4,77 0,00 0,00 0,00 0,00 9,50 4,75 4,75 0,00 8,95 13,43 3,30
335 Manoel Ribas 7,65 7,65 0,00 15,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,59 0,00 7,59 3,27
336 Borrazópolis 10,58 10,58 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12,08 12,08 0,00 0,00 0,00 0,00 3,24
337 Guaporema 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 45,07 3,22
338 Ipiranga 0,00 7,51 15,03 7,51 0,00 0,00 0,00 7,51 0,00 0,00 7,15 0,00 0,00 0,00 3,19
339 Jaboti 0,00 0,00 21,79 0,00 0,00 0,00 0,00 21,79 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,11
340 Itaguajé 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 20,96 0,00 0,00 0,00 22,18 0,00 0,00 0,00 3,08
95
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
341 Serranópolis do Iguaçu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 21,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 21,89 3,07
342 Amaporã 0,00 0,00 21,48 0,00 21,48 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,07
343 Siqueira Campos 0,00 6,25 0,00 0,00 6,25 6,25 0,00 0,00 12,00 0,00 6,00 5,42 0,00 0,00 3,01
344 Paula Freitas 19,76 0,00 0,00 19,76 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,82
345 Pinhal de São Bento 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 39,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,79
346 Japurá 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12,89 12,89 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,70 2,68
347 Cafeara 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 37,11 2,65
348 Abatiá 0,00 12,11 0,00 0,00 0,00 0,00 12,11 0,00 0,00 0,00 0,00 12,88 0,00 0,00 2,65
349 Nova Fátima 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12,04 0,00 0,00 0,00 0,00 12,42 0,00 0,00 12,27 2,62
350 Quinta do Sol 17,36 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 19,33 0,00 0,00 0,00 2,62
351 São Jorge do Ivaí 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 17,89 0,00 17,89 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,56
352 Verê 0,00 0,00 11,47 0,00 0,00 0,00 0,00 11,47 12,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,53
353 Doutor Camargo 0,00 17,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 17,16 2,46
354 Rancho Alegre d'Oeste 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 34,15 0,00 0,00 0,00 0,00 2,44
355 Guairaçá 0,00 0,00 16,95 16,95 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,42
356 Jesuítas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,33 0,00 11,11 11,11 0,00 2,40
357 Itambé 16,79 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,73 0,00 0,00 2,39
358 Mariópolis 16,62 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,62 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,37
359 Anahy 33,21 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,37
360 Sertaneja 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,34 0,00 16,97 0,00 0,00 0,00 0,00 2,31
96
CONTINUAÇÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
361 Boa Esperança do Iguaçu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 32,19 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,30
362 Rio Azul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,68 7,68 0,00 7,55 7,55 0,00 0,00 0,00 0,00 2,18
363 Ourizona 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29,45 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,10
364 Jundiaí do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29,13 0,00 2,08
365 Prado Ferreira 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29,12 2,08
366 Rio Bom 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 28,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,01
367 Rio Branco do Ivaí 0,00 26,61 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,90
368 Brasilândia do Sul 0,00 0,00 25,71 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,84
369 Rancho Alegre 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 25,28 0,00 0,00 1,81
370 Lidianópolis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,73
371 Bom Jesus do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,07 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,72
372 São João do Triunfo 8,05 0,00 0,00 0,00 0,00 8,05 0,00 0,00 7,35 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,68
373 Lobato 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,72 1,62
374 Leópolis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,61
375 Cruzeiro do Sul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,26 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,59
376 Kaloré 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,19 0,00 0,00 1,59
377 Astorga 0,00 0,00 4,23 0,00 0,00 0,00 0,00 8,46 4,13 0,00 4,13 0,00 0,00 0,00 1,50
378 Lunardelli 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 19,68 0,00 0,00 0,00 1,41
379 Paulo Frontin 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,09
380 Quatiguá 0,00 14,83 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,06
97
CONCLUSÃO
POSIÇÃO MUNICÍPIO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média
381 Santa Fé 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,27 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,81
382 Ariranha do Ivaí 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
383 Atalaia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
384 Barra do Jacaré 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
385 Flórida 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
386 Guapirama 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
387 Iguatu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
388 Indianópolis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
389 Japira 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
390 Miraselva 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
391 Nossa Senhora das Graças 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
392 Nova América da Colina 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
393 Pitangueiras 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
394 Salto do Itararé 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
395 Santa Cecília do Pavão 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
396 Santana do Itararé 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
397 Santo Antônio do Paraíso 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
398 São Tomé 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
399 Uniflor 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Fonte: DATASUS/SIM-PR 2013 - http://www.tabnet.sesa.pr.gov.br/.