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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
CARLA ADRIELY SANTOS BARROS
POLÍTICAS PÚBLICAS E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: UM ESTUDO DA
PERCEPÇÃO DOS FEIRANTES NA FEIRA JOSÉ AVELINO
FORTALEZA
2017
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CARLA ADRIELY SANTOS BARROS
POLÍTICAS PÚBLICAS E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: UM ESTUDO DA
PERCEPÇÃO DOS FEIRANTES NA FEIRA JOSÉ AVELINO
Monografia apresentada ao Curso de
Administração do Departamento de
Administração da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do
Título de Bacharel em Administração.
Orientadora: Prof. Dra. Marcia Zabdiele
Moreira.
FORTALEZA
2017
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CARLA ADRIELY SANTOS BARROS
POLÍTICAS PÚBLICAS E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: UM ESTUDO DA
PERCEPÇÃO DOS FEIRANTES NA FEIRA JOSÉ AVELINO
Monografia apresentada ao Curso de
Administração do Departamento de
Administração da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do
Título de Bacharel em Administração.
Orientadora: Profª. Drª. Marcia Zabdiele
Moreira.
Aprovada em:___/___/_____.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
Profª. Drª. Marcia Zabdiele Moreira (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________________________
Profª. Drª. Kilvia Souza Ferreira
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Ponte Barbosa
Universidade Federal do Ceará (UFC)
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, sou grata ao meu Deus, que me permitiu chegar até esse
momento. Grata pelo fôlego da vida, por me permitir viver segundo sua vontade e amor, por
me acolher nos momentos de angústia, por ser meu socorro bem presente, por ser meu melhor
amigo, apesar de todas as minhas falhas, por seu amor incondicional e por jamais ter me
abandonado. Agradeço também pela oportunidade de estudar na faculdade que sempre sonhei,
por essa conquista e realização.
Aos meus pais, Pedro e Núbia, por todo esforço e por toda renuncia para que eu
chegasse até aqui, pela educação, amor e cuidados diários, por sonharem junto comigo e
igualmente lutarem para que eles se tornem realidade e por torcerem sempre pelo meu sucesso.
Nada que eu faça jamais será suficiente para agradecer todo apoio e suporte que prestaram a
mim. Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho.
Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu
acreditei. Por toda ajuda, compreensão, palavra de ânimo, por ser meu abrigo, por me
aconselhar, por estar sempre ao meu lado. Por todo gesto de amor e cuidado que demonstrou
diariamente comigo. Seu amor me ilumina e me dá ânimo para ir mais longe, e procurar ser
uma pessoa melhor todos os dias. Agradeço a Deus por tê-lo colocado em minha vida.
A Profª Dra. Marcia Zabdiele Moreira, minha orientadora, que me ajudou,
incentivou, me ensinou de maneira paciente, competente e carinhosa. Agradeço pela
compreensão e por toda ajuda nesse período de aprendizado.
As minhas amadas amigas, Isabel e Thaís, por toda ajuda, não apenas nesse
momento, mas em toda jornada na Universidade, por toda palavra amiga, pelo carinho,
paciência e conversas. Amizade é um presente de Deus, e desejo levar a de vocês por toda a
vida.
A todas as pessoas que de alguma forma, diretamente ou indiretamente
contribuíram para essa conquista, a minha gratidão.
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“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o
coração, como para o Senhor e não para os
homens, cientes de que recebeis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é
que estais servindo. ”
(Colossenses 3:23-24)
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RESUMO
O cenário econômico atual da cidade de Fortaleza é marcado pela informalidade, que é um
fenômeno crescente, causador de grandes mudanças na área central da cidade. Dessa maneira,
buscou-se na Feira José Avelino conhecer a percepção dos feirantes acerca das Políticas
Públicas e da precarização do trabalho ali existentes. O cenário escolhido é propício para o
estudo do assunto tratado, pois, a Feira é conhecida nacionalmente por gerar empregos
informais. Desenvolveu-se uma pesquisa de natureza qualitativa, através de entrevistas
semiestruturadas, aplicadas a 60 trabalhadores na Feira José Avelino, tendo os feirantes como
sujeito, a entrevista foi realizada no mês de novembro de 2017. Os dados obtidos foram
comentados, analisados e interpretados. Constatou-se que os feirantes não têm conhecimento
sobre as Políticas Públicas municipais de Trabalho, Emprego e Renda, nem aquelas que são
voltadas especificamente para a Feira. No último ano, algumas ações e projetos foram aplicados
de maneira mais intensas o que resultou em vários conflitos entre o Poder Público e os
trabalhadores, de maneira que ainda não se chegou a um acordo. Os feirantes possuem um
sentimento de revolta, tristeza e descontentamento com as ações implementadas na Feira. Em
relação a precarização do trabalho, os feirantes são satisfeitos com a estrutura que possuem,
visto que os mesmos trabalham em galpões e a maioria já possui um longo tempo de trabalho
na Feira, que obteve bastante melhora ao longo dos anos.
Palavras-chave: Políticas Públicas. Trabalho Informal. Precarização do Trabalho. Feiras.
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ABSTRACT
The current economic scenario of the city of Fortaleza is marked by informality, which is a
growing phenomenon, causing bigs changes in the central area of the city. In this way, it was
sought in the José Avelino Trade to know the perception of the fairgrounds about Public
Policies and the precariousness of the existing labor. The chosen scenario is conducive to the
study of the subject matter, since the Trade is known nationally for generating informal jobs. A
qualitative research was developed, through semi-structured interviews, applied to 60 workers
at the José Avelino Trade, and the fairgrounds was the subject, the interview was conducted in
November 2017. The data obtained were commented, analyzed and interpreted. It was found
that the fairgrounds are not aware of the Municipal Public Policies of Labor, Employment and
Income, nor those that are specifically aimed at the Trade. In the last year, some actions and
projects have been applied more intensively which has resulted in several conflicts between the
Public Power and the workers, so that an agreement has not yet been reached. The fairgrounds
has a feeling of revolt, sadness and discontent with the actions implemented at the Trade. In
relation to the precariousness of work, the fairgrounds is satisfied with the structure they have,
since they work in sheds and most of them already have a long time working at the Fair, which
has improved considerably over the years.
Keywords: Public Policies. Informal Employment. Precariousness of work. Trade.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Imagem da Feira José Avelino após obras de requalificação.....................................47
Figura 2 – Imagem de adjacências da Rua José Avelino após obras de requalificação...............47
Figura 3 – Imagem da Rua José Avelino em um dia de feira......................................................48
Figura 4 – Imagem de adjacências da Rua José Avelino em um dia de feira..............................48
Figura 5 – Imagem de conflitos na Feira José Avelino...............................................................50
Figura 6 – Imagem da Feira próximo a Igreja da Sé................................................................50
Quadro 1 – Projetos/Ações implementados pela SDEFOR........................................................20
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – População empregada por posição na ocupação......................................................24
Gráfico 2 - Empregados com carteira de trabalho assinada........................................................24
Gráfico 3 – Sexo dos feirantes entrevistados..............................................................................36
Gráfico 4 – Faixa Etária dos feirantes entrevistados. .................................................................36
Gráfico 5 – Nível de escolaridade dos entrevistados. ................................................................37
Gráfico 6 – Local de trabalho dos feirantes. ..............................................................................38
Gráfico 7 – Tempo de trabalho dos feirantes na Feira José Avelino...........................................38
Gráfico 8 – Motivos dos feirantes trabalharem da Feira José Avelino. ......................................39
Gráfico 9 – Especulação de trabalho formal..............................................................................40
Gráfico 10 – Feirantes que já trabalharam/trabalham formalmente. ..........................................40
Gráfico 11 – Satisfação dos feirantes com a remuneração proveniente da Feira. .......................40
Gráfico 12 – Remuneração proveniente da Feira como principal fonte de renda familiar..........41
Gráfico 13 – Feirantes que possuem outros trabalhos além da Feira. ........................................41
Gráfico 14 – Proprietário ou funcionário na José Avelino. ........................................................42
Gráfico 15 – O que os proprietários pensam sobre direitos trabalhistas. ...................................43
Gráfico 16 – O que os funcionários pensam sobre direitos trabalhistas. ....................................43
Gráfico 17 – Conhecimento de projetos ou ações da prefeitura para a Feira José Avelino.........44
Gráfico 18 – Condição de trabalho dos feirantes e ambulantes. ................................................45
Gráfico 19 – Expectativa profissional dos feirantes...................................................................46
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................9
2 REFERENCIAL TEÓRICO .....................................................................................12
2.1 Políticas Públicas.........................................................................................................12
2.2 A Precarização do Trabalho como consequência do Mercado Informal...............21
2.2.1 Mercado Informal em Fortaleza..................................................................................26
3 METODOLOGIA.......................................................................................................32
4 RESULTADOS............................................................................................................35
4.1 Análise dos sujeitos da pesquisa.................................................................................35
4.2 Análise da dinâmica dos feirantes com a Feira José Avelino..................................37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................50
REFERÊNCIAS..........................................................................................................53
APÊNDICE..................................................................................................................58
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1 INTRODUÇÃO
A economia informal tem sido muito debatida nos últimos tempos em decorrência
da crise econômica que o país se encontra. De acordo com Cacciamali (2000) esse termo traz
consigo muitos fenômenos, “como por exemplo: evasão e sonegação fiscais; terceirização;
microempresas, comércio de rua ou ambulante; contratação ilegal de trabalhadores assalariados
nativos ou migrantes; trabalho temporário; trabalho em domicílio”. O autor conceitua o
comércio Informal como “atividades, trabalhos e rendas realizadas desconsiderando regras
expressas em lei ou em procedimentos usuais”. Assim, toda e qualquer atividade exercida com
o objetivo de retorno financeiro fora da formalidade é considerado atividade informal. Uma
nova estrutura de economia surge com o crescimento do mercado informal e com ela duas
realidades, o mercado atende uma demanda de trabalhadores que antes, sem renda, buscava um
sustento e encontrou no mercado informal um meio de sobrevivência. E por outro lado, uma
desigualdade na competitividade de mercados com as empresas formais.
De acordo com Mesquita (2008) o estudo sobre o comercio informal em Fortaleza
possui um embasamento histórico, econômico e sociológico muito amplo. É possível que a
maioria das pessoas que procuram a informalidade como meio de trabalho está buscando
sobreviver do improviso em atividades de baixa produtividade, burlando a burocracia estatal e
o pagamento de impostos. Sabe-se que mais da metade da população ocupada local está nessas
condições.
Segundo Marinho (2015) “as políticas de emprego, trabalho e renda tornaram-se
uma característica do mundo contemporâneo”. O mundo do trabalho está passando por várias
mudanças em decorrência da globalização, do desenvolvimento tecnológico e da alta
competitividade, em várias regiões e áreas econômicas desencadeou crises financeiras. Dessa
forma, a elaboração de políticas públicas para o enfrentamento ao desemprego tem se tornado
prioridade para o Governo. É notável a diminuição da capacidade de geração de empregos
formais de boa qualidade, em consequência disso, o crescimento do trabalho informal tem
tomado grandes proporções, trabalhos esses associados a precarização, a alta rotatividade e a
baixos salários. Os trabalhadores nessa situação não possuem proteção legal ou quase nenhuma
seguridade social, assim, são enquadrados em trabalhos não protegidos e com influência direta
na baixa qualidade de vida.
Assim, o presente estudo tem como foco a Feira José Avelino, situada no Centro da
cidade de Fortaleza. Essa feira se destaca como grande fonte de renda na cidade, de maneira
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que a mesma é a maior geradora de emprego informal no estado do Ceará na atualidade
(CUNHA, 2009).
O Estado tenta exercer controle sobre esse crescente trabalho informal inserindo
políticas públicas que tentem realocar o trabalhador ao mercado formal. De acordo com
Gonçalves (2002) o trabalhador é o mais prejudicado com essa nova economia, dinamismo e
falta de controle do Estado. De maneira que as políticas públicas não realizam a devida proteção
necessária e a inserção ao mercado de trabalho formal, como consequência, ocorre a busca pelo
informal como uma alternativa a essa exclusão, os levando, na maioria das vezes, a condições
precárias de trabalho na informalidade.
Segundo Cacciamali (2000) essa oferta de trabalho de mão-de-obra onde os
contratos, além de não serem registrados junto à seguridade social, muitas vezes são mal
definidos quanto ao tempo de duração e outros itens constitutivos básicos como: funções, horas
trabalhadas, remuneração, férias, descanso semanal remunerado, leva os trabalhadores a
situações precárias de trabalhos inseridas em atividades sem fiscalização e controle do Estado.
Segundo Silva, Santos e Silva (2010) o Centro, bairro histórico de forte dinamismo
comercial, possui um comércio popular com grande atração sobre a população, tanto local,
quanto regional, dessa forma, dinamizando a economia cearense, além de garantir que a
população mais carente tenha acesso a produtos mais acessíveis, o comércio informal se
consolida na medida em que se legitima como espaço de inclusão e sociabilidade, onde
segmentos sociais mais baixos podem realizar seus desejos de consumo.
Desse modo, o assunto que será estudado é de suma importância para a sociedade
e para o universo acadêmico, pois, se trata de uma feira que vem crescendo rapidamente com o
passar dos anos e modificando o espaço urbano, além de afetar diretamente a economia, o
turismo e o tráfego, proporciona a uma parcela da população um produto mais acessível. A falta
de informações sobre o assunto no meio acadêmico também é relevante para o estudo deste
tema, visto que quase não há estudos acadêmicos/cientifico sobre o objeto de estudo.
Estudar as políticas públicas no trabalho é verificar o que o Estado está
desenvolvendo com o trabalhador em busca de uma vaga de emprego no mercado. Será
estudado o tema em questão, da precarização do trabalho, como consequência do mercado
informal, e o papel do Estado. Assim, definiu-se o seguinte problema de pesquisa: qual a
aderência entre as políticas públicas ofertadas e a percepção dos feirantes da Feira José Avelino.
Nesse sentido, é relevante conhecer a percepção dos trabalhadores para com o papel
do Estado acerca do modo como está sendo tratado esse espaço público, sabendo da sua
importância para a renda de vários trabalhadores e para a economia local. Diante disso, definiu-
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se como objetivo geral analisar a percepção dos feirantes da Feira José Avelino sobre a
precarização do trabalho e sobre as Políticas Públicas relacionadas ao Trabalho, Emprego e
Renda e como objetivos específicos; analisar as políticas públicas municipais desenvolvidas
para o Trabalho, Emprego e Renda na cidade de Fortaleza; identificar a percepção dos feirantes
sobre essas políticas; verificar os motivos que conduzem os feirantes ao mercado informal e
compreender como os mesmos lidam com a precarização do local de trabalho ao qual estão
inseridos.
Em termos de metodologia, esta pesquisa classifica-se como de natureza qualitativa
e de fins descritivos e exploratórios. Os meios utilizados para a realização do estudo foram
pesquisas bibliográficas, documentais e de campo. Diversas fontes foram utilizadas, tais como:
livros, artigos científicos, anais de congressos e revistas. Concomitantemente ao levantamento
bibliográfico, foram realizadas visitas no ambiente a ser estudado a fim de se coletar dados
primários para posterior análise e observações. Para a obtenção dos dados, a ferramenta
utilizada foi entrevista semiestruturada aplicada na Feira José Avelino, tendo como sujeito os
próprios feirantes.
Portanto, quanto à estrutura, o trabalho em questão será discorrido em mais cinco
tópicos, além desta introdução. Inicialmente apresentando o Referencial Teórico, com
definições sobre os conceitos estudados e principais argumentos teóricos associados ao tema,
seguido pela metodologia utilizada, identificando os sujeitos da pesquisa, os instrumentos e
procedimentos adotados na coleta e análise de dados. Logo após, terá o Resultado da pesquisa,
seguido pelas considerações finais e por fim, serão apresentadas as Referências Bibliográficas,
nas quais constará o referencial bibliográfico que será utilizado na elaboração da pesquisa
teórica.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Essa seção aborda as principais ideias, conceitos e discussões realizadas por autores
acerca dos temas e assuntos abordados no estudo, são eles: políticas públicas, sua origem,
desenvolvimento ao longo do tempo, as principais ações e programas aplicados nos dias atuais,
além das ações e projetos para o Trabalho, Emprego e Renda desenvolvidos pela Prefeitura de
Fortaleza. Logo após, a segunda parte do referencial com a conceituação do mercado informal
e sua influência na precarização do trabalho, seguido pela história da Feira José Avelino, sua
importância na cidade de Fortaleza e as ações e projetos destinados especificamente para Feira
desenvolvidos pela Prefeitura.
2.1 Políticas Públicas
Com o objetivo de conhecer melhor as políticas públicas com foco no trabalho, o
texto trará o conceito geral de políticas públicas e mais adiante conceitos de Políticas de
mercado de trabalho, seus marcos históricos e sua evolução ao longo dos anos, além de detalhar
as principais políticas aplicadas, seus respectivos objetivos e público alvo, e a sua eficiência
atualmente.
Segundo Souza (2006), a política pública busca no seu todo fundir teorias
construídas no campo da sociologia, da ciência política e da economia. As políticas públicas
desencadeiam na economia e na sociedade, de maneira que as teorias da política pública
precisam explicar as inter-relações entre Estado, política, economia e sociedade. O autor resume
política pública como:
O campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação”
e/ou analisar essa ação e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso
dessas ações. A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os
governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em
programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real. [...] as
políticas públicas, após desenhadas e formuladas, desdobram-se em planos,
programas, projetos, bases de dados ou sistema de informação e pesquisas. Quando
postas em ação, são implementadas, ficando daí submetidas a sistemas de
acompanhamento e avaliação (SOUSA, 2006, p.26).
De acordo com Moretto (2010) as políticas de mercado de trabalho constituem o
conjunto de políticas e ações que se dirigem tanto à demanda como a oferta de mão-de-obra,
tendo como objetivos: “melhorar o funcionamento do mercado de trabalho; proteger a renda do
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trabalhador no momento de desemprego e auxiliá-lo a encontrar um novo emprego; e facilitar
o ajuste entre oferta e demanda de trabalho”.
Na Constituição Federal, o direito ao trabalhador é encontrado como direito social
e os seus principais artigos encontram-se entre os 7º e 11. Pela constituição o homem tem direito
a trabalho digno e em circunstâncias razoáveis, pois, por intermédio do trabalho o cidadão
dispõe-se a assegurar a sobrevivência pessoal e da família (PACHÚ, 2015).
O Estado, deve então, operar de maneira a assistir ao trabalhador, propiciando
oportunidades do indivíduo se desenvolver, além de garantir trabalho digno, é sabido que o
Estado fica impossibilitado, pela grande demanda, de garantir trabalho a todos os brasileiros, e
o mesmo, não possui esse dever, porém, a importância do trabalho na vida do indivíduo é
imensurável, tanto para a formação do seu caráter, como a sua participação útil na sociedade,
dessa maneira, o Estado precisa agir de maneira a prestar uma assistência eficiente aos
trabalhadores. No entanto, ainda faltam políticas públicas que proporcione condições dignas de
trabalho e que fiscalizem a aplicação nas normas (PACHÚ, 2015).
Segundo Serra (2010), são necessárias estratégias governamentais para o problema
do emprego, desemprego e emprego precarizado. De maneira que a formulação dessas
estratégias esteja ligada as políticas de desenvolvimento nacional e as políticas geradoras de
emprego, com foco em estratégicas de criação de oportunidades de emprego e no
desenvolvimento da qualificação dos trabalhadores para a sua inserção no mercado formal.
É possível verificar, por meio de fatos históricos, que a legislação na área do
trabalho no Brasil teve vários momentos importantes. Primeiramente, pode ser citado a criação
do Ministério do Trabalho em 1930, seguido da Consolidação das Leis Trabalhistas em 1943;
é possível citar também a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço em 1966, além
do Sistema Nacional de Emprego em 1976 e a elaboração do Seguro Desemprego em 1986
(SERRA, 2010).
A partir da segunda metade do Século XX, o modelo fordista-keynesiano tinha
como centralidade um padrão de desenvolvimento de carreira com uma evolução de uma
atividade ao longo da vida, tendo por consequência a aposentadoria e a seguridade social, em
um modelo de estabilidade de carreira e qualificação. Esse desenho de referência é modificado
a partir de 1990, no qual, as formas de trabalho vão se ampliando e é o início da mistura dos
trabalhos formais com os trabalhos ditos autônomos ou informal. Isso, como consequência do
desemprego e inseguridade social, dessa forma, mesmo que no Brasil nunca se tenha obtido
uma generalização de empregos formais começa um modelo desenvolvimentista que buscava
ampliar os empregos (BARBOSA, 2007).
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Uma intervenção estatal de extrema importância foi fundada em 1990, o Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT), o mesmo, foi criado pela Lei nº 7.998, de janeiro de 1990, ele
é um instrumento que possibilita ao trabalhador o acesso ao direito do trabalho, direito básico
expresso na Constituição de 1998. Ele tem como objetivo o custeio do Programa do Seguro-
Desemprego, o Abono Salarial e o financiamento de Programas de Desenvolvimento
Econômico por meio do BNDES. O fundo conta com as fontes de recursos das contribuições
para o Programa de Integração Social (PIS), e para o Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PASEP). Busca o fortalecimento do Sistema Público de Emprego com foco
na inclusão social e a desconcentração de renda com o crescimento do produto e do emprego,
levando a geração de mais e melhores empregos, trabalho e renda, o fortalecimento do trabalho
estável, políticas ativas de emprego, sistema democrático de relações de trabalho e economia
solidária (MARINHO, 2015).
Além de estar inserido na Constituição Federal, o dever do Estado de proporcionar
auxílio ao trabalhador também se encontra em registros internacionais. Segundo Sant’Ana
(2004), o art. 14 do Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão político do Mercosul, trata
sobre o tema emprego, que atravessa todos os temas tratados pelas memórias, que são
importantes repositórios de informações sobre a situação das políticas públicas de trabalho e
fundamento para a análise comparada e harmonização dessas políticas nos Estados Partes, de
maneira que o emprego é um assunto demasiado citado. O art. 14 dispõe:
Os Estados Partes comprometem-se a promover o crescimento econômico, a
ampliação dos mercados interno e regional e a executar políticas ativas referentes ao
fomento e criação do emprego, de modo a elevar o nível de vida e corrigir os
desequilíbrios sociais e regionais. A isso se soma o art. 15, Proteção dos
desempregados, cujo conteúdo afirma: Os Estados Partes comprometem-se a instituir,
manter e melhorar os mecanismos de proteção contra o desemprego, compatíveis com
as legislações e as condições internas de cada país, a fim de garantir a subsistência
dos trabalhadores afetados pela desocupação involuntária e, ao mesmo tempo, facilitar
o acesso a serviços de recolocação e a programas de requalificação profissional que
facilitem seu retorno a uma atividade produtiva (Ibid., p. 125).
De acordo com Serra (2010), nesse momento de transformações em que o Brasil se
encontrava, em 1990 nasce a necessidade de formação de Políticas Públicas de Emprego,
Trabalho e Renda com o objetivo de uma maior e melhor inclusão social para aqueles que, por
conta do crescente desemprego, ficaram excluídos do acesso a condições dignas de subsistência.
As Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e Renda em vigor no Brasil, não
estavam atingindo o seu objetivo proposto, pois, os programas desenvolvidos não estavam com
foco no desenvolvimento de empregos formais. Esse objetivo só poderá ser alcançado quando
as políticas econômicas governamentais, nos vários países, destacarem o desenvolvimento na
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15
busca dessa condição. Consequentemente, as Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e Renda
precisam buscar atingir os seus objetivos em conjunto com outras políticas
desenvolvimentistas, pois não será possível que ela isoladamente possibilite trabalho decente e
uma verdadeira integração social (SERRA, 2010).
Segundo Serra (2010), as políticas públicas de empego no país precisam focar em
estratégicas mais relevantes e direcionadas aos seus objetivos previamente estabelecidos com
uma integração com as políticas de desenvolvimento econômico, pois, o que é possível observar
é que as políticas públicas de emprego caminham na mesma lógica de outras políticas da área
de política sociais, como:
A descentralização para os níveis local; a participação de órgãos da sociedade civil,
principalmente nos programas de Qualificação e Intermediação; a focalização sobre
os segmentos da população mais vulneráveis: mulheres; trabalhadores mais velhos,
acima de 40 anos; trabalhadores com baixa escolaridade, trabalhadores domésticos;
afrodescendentes e os jovens (Ibid., p. 100).
Alguns programas não podem ser considerados no seu todo como parte de um
sistema público de emprego, pois, os mesmos, não tinham o objetivo de reincorporar o
trabalhador no emprego, eles prestavam um papel mais assistencialista. São eles, o Fundo de
Garantia por tempo de Serviço (FGTS), o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa
de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP). Dessa forma, como será visto mais
a frente, somente na criação do Sistema Nacional de Emprego (SINE), as políticas começarão
a desemprenhar serviços de recolocação e proteção ao desempregado (CARDOSO et al., 2006).
Deste modo, em 1995 o Sistema de Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e
Renda atuou como um grande progresso na estruturação de políticas públicas destinadas ao
mercado de trabalho, porém, os seus resultados efetivos como a inserção de pessoas no mercado
de trabalho ou na criação de empreendimentos, não foi de grande percepção, frente à grande
demanda. Além do que, o foco dessas políticas está mais centrado no desemprego do que na
efetiva busca de empregos e criação de novas vagas, limitando suas ações em oferta via
qualificação e intermediação do trabalhador (SERRA, 2010).
É possível verificar a intervenção do governo no mercado de trabalho
principalmente por duas maneiras, a primeira delas é a política passiva representada por
exemplo pela formação profissional e frentes de trabalho, a mesma possui como objetivo o
aumento do nível de emprego, principalmente de trabalhadores com dificuldades em inserção
no mercado de trabalho. A segunda são as políticas passivas, como exemplo, pode ser citado o
seguro desemprego, essas políticas têm como objetivo garantir temporariamente um
determinado nível de consumo e segurança econômica ao trabalhador. O mercado brasileiro
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16
ainda bastante composto pelo mercado informal não mudou significativamente sua estrutura de
segmentação (MACHADO; NETO, 2011).
Como foi citado anteriormente, existiram alguns fatos importantes na história da
legislação na área do trabalho, como a criação de políticas e programas importantes que atuam
até os dias atuais. De maneira que, essas políticas, possuem grande relevância na solução para
atender à população necessitada dessa proteção social. Para entendermos melhor a aplicação e
funcionamento, será apresentado alguma das principais políticas de mercado de trabalho
implementadas pelo Ministério do Trabalho e Empego.
A primeira política que será tratada, será o Seguro-desemprego, como já foi citado
anteriormente, o mesmo foi implantado no país no ano de 1986. Segundo Moretto (2010) os
primeiros anos de atuação não foram como o esperado, e a sua cobertura só começou a ter
verdadeira importância após a constituição do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) em
1990. Até hoje, o auxílio desempenha um papel importante, sua cobertura chega ao nível de 2/3
do total de trabalhadores demitidos. O principal objetivo do seguro é o auxílio financeiro
temporário ao desempregado dispensado sem justa causa. O auxílio contempla apenas parte dos
trabalhadores que estão no mercado de trabalho: “aqueles que trabalharam com registro em
carteira pelo menos 6 meses nos últimos 36 meses, recebendo salários nos últimos 6 meses
antes da data de demissão e tenham sido demitidos pelo empregador sem justa causa”.
Por conseguinte, ainda que o desenvolvimento do Seguro-desemprego seja notável,
o mesmo, não é capaz de satisfazer a demanda de todos os trabalhadores desempregados. Isso
dado que o seguro não atende ao público considerado como informal, que são aqueles que são
assalariados sem registo formal em carteira, possuem trabalhos autônomos, empregos
domésticos e o empregador. Além da alta rotatividade decorrente da oferta considerável de
mão-de-obra e da facilidade de contratação e demissão do trabalhador (MORETTO, 2010).
Este amparo é visto, muitas vezes, como um auxílio destinado a um público
“privilegiado” de trabalhadores, justamente por não ter o seu foco naqueles trabalhadores em
situação de maior precariedade ou de informalidade. Apesar de já existir algumas categorias
focadas em situações específicas de trabalhadores que não possuem registro formal. “São os
casos: do pescador artesanal; do trabalhador assalariado que tenha o seu contrato de trabalho
suspenso nos termos da lei; do trabalhador doméstico; e do trabalhador resgatado da situação
de trabalho escravo”. O programa possui algumas lacunas, pois foi moldado com base nas
experiências dos países desenvolvidos, que possuem um mercado de trabalho estruturado, no
qual, a maior parte dos trabalhadores que recebem esse auxílio são desempregados de curta
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17
duração, já que em sua maioria, os trabalhadores são assalariados com registro formal
(MORETTO, 2010).
É possível citar também como uma política pública de trabalho ativa, o serviço de
intermediação de mão-de-obra, que foi instituído em 1975 com a criação do Sistema Nacional
de Emprego (Sine), que tem como objetivo o atendimento aos desempregados em busca de
empregos com foco na qualificação e melhor informações sobre as vagas no mercado de
trabalho, como orientações quanto à preenchimento da vaga segundo suas habilidades e
aptidões (CARDOSO et al., 2006).
O crescimento e a importância que esse sistema alcançou durante os anos é notável,
além da melhoria no seu desempenho. Porém, algumas dificuldades foram observadas, os
motivos principais são a sua descentralização na implementação e dificuldade encontrada no
seu financiamento, assim, o mesmo, teve por consequência resultados iniciais bastante singelos
e heterogêneos entre os estados (CARDOSO et al., 2006).
As dificuldades encontradas no sistema vão muito além de requisitos
administrativos e de gestão, apesar de que melhorias nas suas técnicas sem dúvidas ajudaria
bastante. Dos serviços previamente estabelecidos apenas o de intermediação de mão-de-obra
foi o que permaneceu e se consolidou. O Sine apresenta dificuldades mais complexas, os
trabalhadores precisam ser notados um por um, já que cada indivíduo se difere entre si, dessa
maneira, é importante um maior conhecimento do que as empresas estão necessitando e o que
a mão-de-obra está oferecendo para se chegar a um equilíbrio entre eles, para melhores e
maiores inserções no mercado de trabalho (MORETTO, 2010).
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Nacional de
Aprendizagem do Comércio (Senac), além do Sesi, Sebrae, entre outros, surgiram com a
necessidade de formação profissional de um pessoal mais especializado para satisfazer a
industrialização brasileira e também para uma melhor qualificação profissional na década de
40. Essas instituições realizam o desenvolvimento de habilidades especificas para a realizações
de determinadas tarefas, uma formação profissional. Juntas forma o chamado “sistema S”,
possuem um papel importante na composição de quadros técnicos em nível médio,
principalmente para a indústria e a agropecuária. Além de serem um dos principais mecanismos
de formação profissional qualificada (MACHADO; NETO, 2011).
A partir de 1996 o Plano Nacional de Formação Profissional (Planfor), foi
implementado em todas as regiões do Brasil, tinha com o objetivo de prestar suporte aos
trabalhadores de baixa qualificação, além de elevar a eficiência econômica por meio da
produtividade de mão-de-obra com ações de qualificação de natureza pública e gratuita. O
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programa foi implementado sem ligação com os programas criados anteriormente, como o
seguro-desemprego ou com a intermediação de mão-de-obra. Tinha o Ministério do Trabalho e
Emprego como direção e contava com os fundos de Amparo ao Trabalhador (BULHÕES,
2004).
O programa foi desenvolvido sem planejamento, de acordo com Moretto (2010) “a
oferta dos cursos se dava mais pela existência de oferta, a partir das entidades de educação
profissional, públicas ou privadas, do que pela demanda gerada pelas empresas ou dos anseios
do trabalhador”. Como consequência dessa falta de planejamento, a carga horária média dos
cursos também foi afetada, uma diminuição de 103 para 62 horas, priorizando desse modo, a
quantidade em detrimento da qualidade do atendimento.
Foi em 1994, a criação do Programa de Geração de Emprego e Renda (PROGER),
o mesmo foi instituído pela Resolução do CODEFAT n. 59, de 25/03/1994. O programa foi
mais uma tentativa para a solução do desemprego. Com o objetivo de concede linhas de crédito
para micro e pequenas empresas, cooperativas e formas associativas de produção, e iniciativas
de produção do setor informal, normalmente com pouco ou nenhum acesso a crédito para a
geração de emprego e renda (SALES, 2006).
O Proger tinha como foco, atender os trabalhadores urbanos, especialmente nas
regiões metropolitanas, no qual os níveis de desemprego eram mais considerados. Entretanto,
um ano depois foi criado o Proger Rural, com o objetivo de financiar empreendimentos da
atividade agropecuária, depois com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf), o programa tinha como foco o custeio e investimento das atividades agrícolas
(SALES, 2006).
Como foi citado anteriormente, o programa inicialmente visava prestar auxílio aos
trabalhadores do setor urbano, porém entre os períodos de 1995 a 1999, apenas 20% foram
destinados a eles, os outros 80% foram para o setor rural, esse resultado mostra um
distanciamento do seu objetivo inicial com foco nas áreas metropolitanas. Foram muitos os
recursos invertidos no Proger, contudo, os resultados diretos na geração de emprego e renda
são incertos, dado que não se encontra um procedimento correto para averiguar se os postos de
trabalho previstos foram realmente criados. Além disso, as instituições financeiras responsáveis
pela liberação de empréstimos colocavam muitas dificuldades no momento da concessão de
crédito, assim, obtendo-se um baixo número de operações, prejudicando principalmente os
pequenos tomadores, principal público alvo do programa (MORETTO, 2010).
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19
Além do Proger, outros programas foram criados com o objetivo de geração de
emprego e renda. Porém, assim como ele, possuem um viés com o seu objetivo final, de maneira
que na prática não têm se mostrado eficientes.
Vários programas têm sido implementados com o objetivo de melhorar as
condições dos trabalhadores, segundo Moretto (2010)
O poder público tem procurado diferentes caminhos para combater a pobreza e
encontrar mecanismos de inclusão. Entre esses, tem sido comum a criação de
Incubadoras de Cooperativas Municipais, Centros Públicos de Geração de Trabalho e
Renda, o estabelecimento de convênios com universidades para o desenvolvimento
projetos de capacitação e incubação, criação de consórcios intermunicipais para
elaboração de projetos, Arranjos Produtivos Locais (APLs), potencialização de
determinadas cadeias produtivas, entre outros (p. 21).
Como já foi explicado, a existência de uma política de emprego não garante mais
disponibilidade de vagas, organização ou melhor desempenho do mercado de trabalho.
Contudo, é um requisito imprescindível para que esses objetivos sejam atingidos de forma
efetiva e com qualidade. O Sistema Público de Emprego (SPE) precisa passar por uma
transformação na sua atuação institucional, de maneira que atue não apenas ao setor formal,
mas também no setor informal já que no Brasil esse setor ocupa mais da metade do mercado.
Dessa forma, é de fundamental importância que a implementação e execução de políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento econômico sejam implantadas com o objetivo de
aumento e melhora da demanda de trabalho e não apenas na ênfase da oferta (MACHADO;
NETO, 2011).
É possível verificar, que o mercado de trabalho no Brasil não é em seu todo
estruturado como em países desenvolvidos, dessa forma, a política de trabalho funciona de
forma complementar. É preciso então, primeiramente, a estruturação desse mercado e, dessa
maneira, estabelecer o público que será atendido, as devidas estratégias e ações que serão
utilizadas em cada público e se as mesmas estão abrangendo as necessidades de cada grupo.
Esses públicos podem ser divididos em “tradicional”, o trabalhador assalariado típico, o público
que se encontra excluído do mercado de trabalho e entre eles, aqueles que se encontram
desempregados de longo prazo ou aqueles que estão em busca do primeiro emprego, e os
trabalhadores que estão inseridos em atividades precárias, cuja constante é a insegurança de
continuidade na ocupação e insegurança de renda (MORETTO, 2010).
Além das Políticas Públicas Nacionais, o município de Fortaleza possui algumas
ações e projetos direcionados para o desenvolvimento do Trabalho, Emprego e Renda. A
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico em Fortaleza (SDEFOR), é responsável
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20
por “executar as ações estratégicas de promoção do desenvolvimento econômico
autossustentado, compreendendo o fortalecimento do sistema produtivo formal e informal no
comércio, indústria, serviços, trabalho, tecnologia, turismo e habitação” (LIMA; ASCENZI,
2017).
De forma geral, Fortaleza possui suas ações dirigidas para um público excluído,
com foco ao combate da pobreza e à geração de renda, os objetivos de cada ação e projeto será
demonstrado conforme quadro 1.
Quadro 1 – Projetos/Ações implementados pela SDEFOR. Projetos/Ações Objetivos
Sala do empreendedor Atender demandas de legalização, capacitação, consultoria,
acesso ao crédito e apoio à comercialização de empresas
locais.
Unidade móvel do programa de
empreendedorismo sustentável
Facilitar o acesso aos serviços ofertados pela Sala do
empreendedor.
Visão nas mãos Beneficiar massoterapeutas deficientes visuais
Meu carrinho empreendedor Incentivar a formalização e a capacitação de vendedores
ambulantes, por meio da oferta de instrumentos de trabalho
(carrinhos de pipoca).
Banco da periferia Facilitar o acesso aos serviços bancários e financeiros da
população de baixa renda.
Economia solidária Oferta de serviços: inclusão financeira e bancária, abertura de
conta corrente, depósito em conta corrente e saque avulso.
Feiras de pequenos negócios Estimular o potencial empreendedor dos pequenos artesãos
locais por meio da disponibilização de espaços para a
realização de feiras e comercialização de produtos.
Credjovem Ofertar crédito, capacitação e consultoria para ampliação ou
abertura de novos negócios para jovens em situação de
vulnerabilidade social.
Artesanato empreendedor Oferta de capacitações técnicas e gerenciais para artesãos.
Compras governamentais Promover o acesso de micro e pequenos empreendedores aos
instrumentos de compras públicas de produtos e serviços da
Prefeitura nas licitações de até R$ 80 mil.
Apoio ao desenvolvimento territorial
solidário
Apoiar a ocupação comunitária solidária de populações em
situação de extrema pobreza por meio: capacitação,
inauguração de uma casa de Economia Solidária, realização
de feiras itinerantes, implantação de pontos de
comercialização solidária, apoiar a concessão de
microfinanças.
Incubadora de economia solidária Orientar e oferecer suporte (capacitação gerencial e
consultoria técnica) para projetos de negócios que tenham
potencial de mercado; voltado para jovens de baixa renda.
Midiacom Oferta de qualificação profissional na área de tecnologia de
comunicação digital; voltada para jovens oriundos de escolas
públicas.
Mapeamento das atividades
socioeconômicas
Produção de informações relevantes para nortear investidores
que desejam abrir negócios na cidade e para orientar o
planejamento de políticas públicas.
Fonte: (LIMA; ASCENZI, 2017).
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21
É possível identificar um foco nas pequenas empresas, “destaca-se, no objetivo
organizacional geral, a intenção de “fortalecer o sistema produtivo informal”, indicando já um
foco nos grupos vulneráveis”. É notável que as iniciativas apreciam empreendimentos de
economia criativa, artesanato e micro e pequenas empresas. (LIMA; ASCENZI, 2017).
Em Fortaleza, a área finalística da SDE está organizada em três coordenadorias: a)
Empreendedorismo e Sustentabilidade de Negócios; formada por células: Apoio a
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, Artesanato e Desenvolvimento Inclusivo,
Economia Solidária e Economia Criativa. b) Projetos de Desenvolvimento
Econômico, célula de mesma denominação. c) Fomento à Parceria Público-Privada
(LIMA; ASCENZI, 2017, p. 6).
A política do trabalho individualmente não poderá desempenhar as ações
necessárias para a mudança, portanto, é necessário que haja uma integração entre si e também
articularem-se com outras políticas que estão no âmbito do trabalho como as normas
regulamentadoras na área de saúde e segurança no trabalho e as políticas de educação, as
políticas sociais, entre outras, para atender as diversas necessidades colocadas pelas diferentes
formas de inserção dos trabalhadores no mercado de trabalho e do perfil de cada um. Dessa
maneira, a fundação de um Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda tem papel
extremamente importante ao lado de outras instituições, tais como, a Justiça do Trabalho, o
Ministério Público do Trabalho e os órgãos responsáveis pela fiscalização das normas
trabalhistas, de saúde e segurança do trabalhador. A esse Sistema cabe estabelecer as bases para
o bom funcionamento do mercado de trabalho. “Isso implica em que a organização do mercado
de trabalho depende de ações coerentes entre essas instituições e, o sistema público de emprego
será afetado pela forma como essas instituições agirem sobre o mercado de trabalho”
(MORETTO, 2010).
2.2 A Precarização do Trabalho como consequência do Mercado Informal
O termo “trabalho informal” foi pela primeira vez citado no início dos anos de 1970
com estudos acerca do tema “setor informal da economia urbana”, o termo foi compreendido
como um fenômeno de países subdesenvolvidos, realizado pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) (KREIN; WEISHAUPT, 2010).
A OIT buscava naqueles países um maior conhecimento acerca desse tema, com o
objetivo de desenvolver políticas econômicas com foco no combate à pobreza. Porém, o maior
desafio não era apenas o desemprego em si, mas também de acordo com Krein e Weishaupt
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22
(2010), “a baixa remuneração dos ocupados e o funcionamento inadequado do mercado de
trabalho”. Além disso, também havia uma preocupação com a justiça social e a exclusão social,
de maneira que era notável a busca de conhecimento acerca do tema para combater esses
problemas de cunho social.
De acordo com Matos (2011), pode-se conceituar como setor informal onde as
regras legais não estão bem estabelecidas. Nesse mesmo caminho, podemos dizer que o setor
informal é caracterizado por trabalhadores que exercem uma atividade de subsistência, na qual
não é reconhecida legalmente.
De acordo com Silva, Santos e Silva (2010) o comércio informal é de principal
importância para a população pobre, em um país como o Brasil, em que há grande concentração
de renda. Parte dos trabalhadores excluído do mercado formal de trabalho e de consumo busca
o comércio informal como forma de se incluir na sociedade do consumo.
O comércio informal além de tema de estudo de vários pesquisadores, tem sido objeto
de discussão na mídia, pois esta atividade cresce de forma significativa, modificando
os espaços com uma rapidez impressionante. Presente nos centros urbanos das
grandes capitais, o comércio informal garante à parcela da população menos abastada
acesso a produtos, que de outra forma não seria possível (SILVA, SANTOS E SILVA,
2010, p.3).
Segundo Noronha (2003), o conceito de “informalidade” é estritamente ligado ao
conceito de “formalidade” e este dependendo de cada país e período. É possível dá um
significado para “informalidade” compreendendo antes o contrato formal dominante em cada
país, região, setor ou categoria profissional.
Os mercados e os contratos de trabalho “informais” têm sido percebidos no Brasil
como problemas econômicos e sociais, pois representam rupturas com um padrão
contratual único (ou quase único), isto é, o contrato “formal”. Subjacentes a essa
afirmação há duas premissas: (1) a boa sociedade deve ter apenas um tipo de contrato
(o “formal”) e (2) para isso deve contar com algum órgão central (o Estado, por meio
do poder Legislativo) que defina padrões mínimos de legalidade para os contratos de
trabalho. A noção de “informalidade” é tanto mais problemática quanto mais a noção
de “padrões mínimos legais” não é consensual. Desde meados da década de 1990 as
noções de mínimo estão em debate no Brasil, embora verbalizadas sob a forma de
flexibilização (NORONHA, 2003, p. 111).
O mercado de trabalho no Brasil começou a se desenvolver no início do século XX,
com o sentido moderno do termo como produção de bens e serviços. Durante os primeiros 30
anos não existiam leis nem qualquer fiscalização ou controle sobre essa livre negociação de
mercadorias. Porém, foi estabelecido um amplo código de leis do trabalho entre os anos de 1930
e 1940, que foi um grande marco para o mercado nacional. Desde então, foi possível verificar
as noções de “formalidade” e “informalidade” e elas aos poucos foram sendo construídas. A
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noção de “formalidade” está relacionada às noções de cidadania e de direito social, a partir delas
podem ser entendidos o conceito de “informalidade” (NORONHA, 2003).
A partir de então, aos poucos foram sendo definidas de maneiras mais precisas as
regras mínimas de relações de trabalho justas. De acordo com Noronha (2003) “salário mínimo,
jornada de trabalho, férias anuais e muitos outros direitos foram definidos por lei. Muitos
direitos sociais também foram garantidos aos trabalhadores, aqui entendidos como trabalhador
formal”. Assim, o desenvolvimento das leis e normas trabalhistas foram sendo estabelecidos.
Os primeiros trabalhadores que foram favorecidos com os contratos formais e,
consequentemente, com os direitos sociais a ele associados foram os servidores públicos, de
maneira progressiva os trabalhadores não industriais foram incluídos. Em 1960 uma das últimas
grandes categorias a obter sua cidadania foram os trabalhadores rurais (NORONHA, 2003).
Outro grande momento na história do mercado de trabalho foi a criação da carteira
de trabalho, a mesma teve vários significados simbólicos e práticos. Atualmente, o significado
da carteira de trabalho popularmente é o compromisso moral do empregador de seguir a
legislação do trabalho, apesar dela não ser nenhuma garantia de cumprimento dessa legislação,
já que na prática é possível desrespeitar parte dela. De acordo com Noronha (2003) “a assinatura
em carteira torna mais fácil ao empregado a comprovação da existência de vínculo
empregatício. Enfim, popularmente no Brasil, ter “trabalho formal” é ter a “carteira assinada””.
De acordo com Noronha (2003) “o uso coloquial do termo “informal” no Brasil está
ligado à legislação: o trabalho é formal se, e somente se, o trabalhador possui carteira de
trabalho assinada ou registro de autônomo ou, ainda, status de empregador ”.
Segundo Noronha (2003) “em janeiro de 1991, os empregados com carteira
representavam 55,0% da força de trabalho. Além desses, quase 20,0% eram autônomos
registrados e outros 4,5% empregadores. Os empregados "informais" representavam 20%.
Conforme demonstrado no gráfico 1.
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24
Gráfico 1 – População empregada por posição na ocupação.
Fonte: (IBGE, 2002, apud Noronha, 2003).
Para a maioria dos especialistas a “informalidade” era uma consequência de uma
economia semi-industrializada, e o seu fim era questão de tempo e desenvolvimento. Porém,
no mercado de trabalho brasileiro no início de 1990 começou um aumento desse mercado
informal, indo contra o pensamento dos especialistas. Desde então, o mercado formal vem
diminuindo. Segundo Noronha (2003) “a proporção de empregados sem carteira cresceu 8,1%:
de 20%, em janeiro de 1991, para 28,1%, em janeiro de 2001; ao mesmo tempo, a proporção
de empregados com carteira decresceu 12,8%”.
Diferentemente dos países desenvolvidos, o Brasil teve um começo tardio na sua
fase de industrialização, que influenciou diretamente nas ocupações dos trabalhadores em cada
setor da economia. Como consequência disso, se obteve alguns efeitos negativos, como forte
concentração de ocupações no setor primário e depois no setor terciário. Em 1990 uma nova
tendência nas ocupações estava surgindo (POCHMANN, 2001 apud SERRA, 2010, p. 89).
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Nos anos que seguiram houve um aumento no número de empregados com carteira
assinada como demonstrado no gráfico 2.
Gráfico 2 - Empregados com carteira de trabalho assinada.
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio.
Nessa tendência de ocupação, foi significativa a queda de empregos industriais e o
grande crescimento de trabalhos nos serviços, setor em que o informal é mais dominante
(SERRA, 2010).
De acordo com Matosso (1999), nesse mesmo período, o país estava passando por
grandes problemas, além do crescimento do trabalho informal, o aumento também do
desemprego.
Segundo as pesquisas do IBGE ou do DIEESE-SEADE, hoje mais de 50% dos
ocupados brasileiros das grandes cidades se encontram em algum tipo de
informalidade, grande parte sem registro e garantias mínimas de saúde, aposentadoria,
seguro desemprego, FGTS. Ou seja, três em cada cinco brasileiros ativos das grandes
cidades estão ou desempregados (um em cinco) ou na informalidade (dois em cada
cinco), sendo que destes últimos uma grande parcela apresenta evidente degradação
das condições de trabalho e de seguridade social (Ibid., p.16).
Os motivos que levam um trabalhador a procurar o mercado informal como meio
de sobrevivência são diversos, exigências profissionais, escassez de empregos, falta de
flexibilidade no trabalho convencional formal, no entanto ao escolher o mercado informal,
muitas vezes o trabalhador se submete a condições precárias, baixa remuneração, além da falta
de amparo das leis trabalhistas.
De acordo com Cruz (2014), o Brasil por meio do mercado informal está
desenvolvendo um grande número de empreendedores, de maneira que, a consequência desse
crescimento traz grandes prejuízos aos cofres públicos. Em razão do não recolhimento dos
impostos desses negócios informais a população do país é diretamente afetada. A diminuição
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das receitas do país originarias dos impostos afetam também o desenvolvimento do país. A
consequência desse não pagamento de tributos pelo mercado informal gera um aumento de
impostos para os contribuintes legais, desencadeando em um aumento de custos, ou seja,
aumento nos preços dos produtos ou serviços, de maneira que a concorrência entre esses
negócios se tornam desleais. Além desse não recolhimento, os trabalhadores inseridos nesse
mercado informal não possuem os direitos trabalhistas, posto que os trabalhadores autônomos
não possuem esses direitos.
De acordo com Cruz (2014) a principal busca por esse mercado informal se dá pela
necessidade do trabalhador manter uma renda, buscando essa alternativa pela dificuldade de
geração de empregos formais no país.
O crescimento econômico no Brasil não é garantia de mais empregos formais, assim
como uma melhor distribuição de renda. Faz-se necessário uma reestruturação nas formas de
trabalho, visto que nos últimos anos a precarização do trabalho como consequência do aumento
da informalidade como meio de renda para a sobrevivência se agravou no país (LIMA;
COSTA, 2016).
O governo federal instituiu através da Lei Complementar 128/2009 uma nova
proposta de tributação denominada Micro Empreendedor Individual (MEI). Com
objetivo de regularizar as atividades de milhões de trabalhadores que ainda
permanecem na informalidade, o MEI é uma forma inovadora e desburocratizante de
legalização de pequenos negócios e serviços, e do pagamento em conjunto de
impostos e contribuições, resultando numa substancial redução de custos e de
obrigações acessórias (BENEGAS, 2006, p.2)
Segundo Nascimento (2013) a relação entre informalidade e empreendedorismo
deve ser realizada com cuidado. O autor acredita que alguns empreendedores enxergam uma
oportunidade na informalidade, como a criação de um negócio próprio. Porém, além desses
empreendedores como já foi citado, existe uma grade parte desses trabalhadores que partem
para esse caminho por falta de oportunidade no mercado formal. “Muitas pessoas empreendem
no mercado informal por falta de empregos dignos no mercado formal, no tipo de
empreendedorismo chamado de empreendedorismo por necessidade”. Dessa forma, não se
pode deixar que a situação de empreendedorismo camufle a real necessidade desses
trabalhadores os levando a falta de oferta de trabalho digno, e de precarização do trabalho.
É com a precarização das condições de existência de grande parte daqueles que vivem
da venda da força de trabalho, seja pela falta de “comprador” desta mercadoria, ou
pelo abandono das práticas políticas e sociais do Estado voltadas para o amparo dos
trabalhadores, que os países de capitalismo, avançado estão vendo surgir e crescer,
conjuntamente com o desemprego as atividades informais, ocupações classificadas
anteriormente como próprias de uma economia em subdesenvolvimento
(GONÇALVES, 2002, p.7).
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27
Segundo Cleps (2009), o emprego informal só é realizado quando o trabalhador
concorda em submeter-se a um emprego sem registro formal, ocorrendo muitas vezes por
necessidade. “É possível contabilizar que a substituição do emprego formal pelo informal reduz
em mais de 50% o custo anual do trabalhador para a empresa. Porém, para as grandes empresas
burocratizadas esta prática ilegal de contratação é mais difícil de realizar”. Contudo, para burlar
essa burocracia muitas empresas estão trabalhando com empregados temporários, chamada
terceirização.
2.2.1 Mercado Informal em Fortaleza
A cidade de Fortaleza no decorrer do século XX teve seu espaço urbano bastante
modificado, além de ter sido um período de grande crescimento demográfico com a inserção
de transportes públicos, bondes e ônibus. A elite da cidade que antes habitava no centro teve
um deslocamento para bairros mais distantes, a maioria para a área leste da cidade, em bairros
como Meireles e Aldeota. Em decorrência desse deslocamento, o centro da cidade no qual antes
era um local de moradia passa a ser um local de forte dinamismo comercial que atrai
principalmente a população mais carente da cidade (SANTOS et al., 2011).
“Portanto, o Centro passa a ser local de consumo principalmente da população de
menor poder aquisitivo, que proporciona dentre outros fatores o crescimento do comércio
informal, que ao longo dos anos tomou grandes proporções”. Vários são os ramos do comércio
que se concentram no centro, existe um intenso comércio informal nas praças centrais e ruas,
prejudicando o patrimônio histórico-arquitetônico com a destruição de prédios antigos para a
construção de estacionamentos (SANTOS et al., 2011).
De acordo com Nascimento (2013) a precarização das relações de trabalho é
desencadeada pelo mercado informal, a partir da territorialização dos camelôs nos espaços
urbanos, dentro do amplo leque de atividades informais.
Atualmente, as feiras possuem caráter popular e mantêm a forma tradicional de
comércio – baseada na relação face a face – de maneira a resistir ao surgimento das modernas
formas de consumo e à difusão de outros modos de atuação decorrentes da globalização. As
feiras são capazes de absorver as mudanças e de se readaptar a partir da criatividade popular
(DANTAS, 2008).
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28
A Feira da Sé teve início em um pequeno aglomerado de artesões cearenses que
comercializavam sua produção próxima ao Mercado Central e em frente à Catedral de
Fortaleza. Esta Feira modifica-se atraindo produtores e intermediários de produtos
artesanais e industriais, regionais e nacionais, alcançando grandes proporções e
transformando-se em uma referência nacional no comércio de confecção (SANTOS,
SILVA E SILVA, 2011, p. 8).
Segundo Chaves (2012) o comércio ambulante é um problema na cidade de
Fortaleza, quinta cidade mais populosa do Brasil, isso posto que pela falta de ordenamento o
comércio informal no centro da cidade tomou grandes proporções, hoje é conhecido como um
grande comércio popular e possui grande atração, não só para a população local, mas também
regional. “Em relação a 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) cearense cresceu 4,3% no ano
passado. Superou, inclusive, o desempenho da economia brasileira, que teve alta de 2,7% no
mesmo período”.
O comercio informal formado nos centros urbanos das cidades é uma maneira que
a população com menos recursos financeiros podem ter acesso a produtos. Produtos esses que
de outra maneira seria de difícil acesso a esse público em questão (CHAVES, 2012).
Além desse acesso de produtos a uma população mais carente, o comercio informal
no centro da cidade de Fortaleza também trouxe como benefício um turismo de negócio, que
em consequência gerou pousadas e hotéis no bairro destinados aos compradores que vem de
fora do estado para fazer negócios no centro da cidade. O comercio no centro de Fortaleza
possui uma abrangência regional e internacional, de maneira que a cidade recebe compradores
de vários estados do país, além de Cabo Verde, Porto Príncipe e Guiana Francesa. O veículo
utilizado pela maioria desses compradores são ônibus que ficam estacionados próximos aos
locais de compras, que geram muitas vezes dificuldades na mobilidade urbana da população
que precisa se locomover pelo local (CHAVES, 2012).
“De acordo com pesquisa do Sistema Nacional de Emprego (SINE), realizada em
2007, mais da metade da população de Fortaleza estava trabalhando na informalidade, sem
carteira assinada”. Nos anos de 1990 os trabalhadores formais diminuíram, antes eles eram
maioria. Essa diminuição é decorrência de ajustes do setor público, recessão econômica e
abertura comercial da economia brasileira. Na cidade de Fortaleza, entre 1984 a 2007 o mercado
informal cresceu 11,78%, um crescimento significativo (SANTOS et al., 2011).
Segundo Chaves (2012) existem duas possibilidades de um trabalhador buscar o
mercado informal; a necessidade ou a escolha. Apesar do crescimento da economia brasileira e
do aumento de vagas em trabalhos formais o número de ambulantes vem crescendo, isso está
associado a uma característica estrutural da economia local.
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29
De acordo com Chaves (2012), diferentemente de antigamente, quando os
mercadores viajavam para vender os seus produtos, as pessoas hoje buscam o comércio. Em
razão disso, os ambulantes optam por oferecer e vender os seus produtos em locais que hajam
grande fluxo de pessoas, como nos grandes centros urbanos das cidades. Os vendedores buscam
clientes, a venda no contato direto “é na oferta do produto. É no falar, no ouvir, no oferecer, no
ver”.
Quando o assunto é mercado formal, o Ceará vem apresentando índices promissores.
De 2007 a 2011, o Estado acumulou um saldo de 287.203 novas vagas. No ano
passado, o maior destaque na geração de emprego formal foi o setor de serviços, com
a oferta de 27,9 mil postos, seguido pelo Comércio, com 17,9 mil vagas. Os números
foram divulgados em março último, pelo Governo do Estado. Mesmo assim, a
informalidade continua a atingir variados segmentos ocupacionais (CHAVES, 2012,
p. 35).
Segundo Cleps (2009) os mercados informais nos centros urbanos das cidades
modificam os seus espaços, transformando-os radicalmente. Espaços anteriormente destinados
a centro de compras da elite da cidade e de sedes de escritórios tornaram-se comércio popular,
ligado a informalidade. É comum que nesses espaços existam empreendimentos propostos a
esse comércio popular chamados de “shoppings populares”, criado como uma tentativa de
ordenação do espaço. “O comércio informal constitui-se num mercado paralelo, de economia
invisível, formado por vendedores ambulantes, profissionais irregulares, servidores domésticos,
contraventores, oficinas de fundo de quintal, fábricas caseiras de diferentes produtos entre
outros”.
Além da venda em si dos produtos, os ambulantes podem desempenhar outras
tarefas como: a compra ou fabricação da mercadoria vendida, mas o que mais destaca-se é a
maneira de comercialização da mercadoria, que possui um contato com o cliente de forma
bastante direta, “ ao comercializar diretamente o produto o preço dele é repassado sem o
processo de especulação usual, sem taxas, impostos ou licenças a pagar”. Os ambulantes
solicitam para si o direito de ocupar o espaço urbano para a realização da comercialização como
uma condição de sobrevivência (CLEPS, 2009).
Essa nova modalidade de comércio faz parte do cotidiano das áreas centrais das
cidades. Muitas vezes estão, inclusive, localizados em frente aos estabelecimentos de
comércio formais. O resultado desse comércio é um conjunto de atividades
econômicas e heterogêneas, onde não existe o predomínio de relações assalariadas,
mas sim de profissionais autônomos. Funciona, portanto, como uma atividade de
baixa capitalização e produtividade, pois, geralmente, tem uma baixa ou nenhuma
capacidade de geração de excedentes. Caracteriza-se, assim, como uma atividade que
busca enfrentar o desemprego e os baixos salários cada vez mais presentes em
diferentes países que compõem o sistema capitalista atual (CLEPS, 2009, p. 334).
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30
Segundo Nascimento (2013), as condições de trabalho dos feirantes são
verdadeiramente muito precárias, os mesmos trabalham entre 8 a 14 horas por dia, e diversas
vezes sem alimentação adequada, os locais de trabalho em bancas sem segurança, além de vias
sujas, sem dispor de banheiros públicos em condições mínimas de uso. Além disso, vivem
constantemente sob a insegurança de seus destinos em relação à constante ameaça do governo
municipal de interferir na sua apropriação indevida do espaço público, de maneira que por
diversas vezes houve combate entre guardas municipais e feirantes.
A Feira José Avelino localizada no centro da capital Cearense é considerada uma
feira irregular e com caráter informal, a Prefeitura da cidade visa modificar essa situação, no
decorrer do presente estudo, serão apresentados alguns projetos e ações desenvolvidos pelo
Município voltadas para esse mercado.
Esse comércio passou a se desenvolver nos anos 1980 e persiste até os dias atuais,
enfrentando as investidas do poder público para deslocá-lo e discipliná-lo de modo a
submetê-lo às políticas de urbanização do centro da cidade. No entanto, em que pese
os conflitos e as várias tentativas de retirar e controlar esse comércio, os feirantes,
ambulantes e comerciantes que formam esse mercado (informal ou semiformal) tem
se mantido e até ampliado (MOTA; BARBOSA ,2015, p.2).
Na cidade de Fortaleza são desenvolvidos projetos públicos direcionados aos
feirantes. Porém, existem muitas discordâncias entre os ambulantes e o poder público, nos
últimos três anos os confrontos entre eles aumentaram consideravelmente, o tema de maior
impasse é a saída do centro da cidade, principalmente a desocupação das ruas, que são utilizadas
para a venda e exposição dos produtos pelos ambulantes (SANTOS et al., 2011).
Segundo Oliveira (2015) a prefeitura exerce um papel de ordenamento do espaço,
delimitando locais e horários para que a feira aconteça. Dessa forma, para que esses espaços e
horários sejam cumpridos existe uma fiscalização da prefeitura que são compostos pelos fiscais,
que são servidores públicos concursados, contando com um auxilio também da Guarda
Municipal.
Algumas tentativas de transferência da feira para outros locais foram realizadas, os
projetos do município são de desocupação do centro da cidade, pois não o consideram um local
apropriado para a realização da feira. Um dos primeiros locais que o município indicou foi o
Feira Center, localizado em Maracanaú, em 2009 a prefeitura determinou um prazo para a
transferência dos ambulantes, houve uma resistência por parte dos mesmos e não se obteve
êxito na transferência (SANTOS et al., 2011).
Segundo Oliveira (2005), não existe políticas públicas documentadas direcionadas
para a Feira José Avelino, isso porque o município não possui registos oficiais sobre os
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31
feirantes, assim, a feira é considerada inteiramente irregular. O trabalho realizado pela
prefeitura é fundamentado no Decreto n° 9.300, de 17 de janeiro de 1994 e na Lei n° 5.530, de
17 de dezembro de 1982 (Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza). Essas
legislações são consideradas atrasadas, tanto pelos feirantes quanto por alguns políticos.
Segundo Albuquerque (2011) a falta de uma legislação mais recente ameaça
diretamente o trabalho dos ambulantes, as mesmas não condizem com a realidade vivenciada
na cidade. “Representantes do poder público falaram do “vácuo” que a legislação deixa na
fiscalização e reordenamento dos ambulantes na Capital”. Uma possível solução para esses
embates seria uma legislação mais adequada e atual e o reordenamento dos ambulantes.
No último ano, o Prefeito vigente decretou a saída dos ambulantes, e o fim da Feira
José Avelino, as ações para a desocupação começaram no mês de maio e trouxeram inúmeros
conflitos. Os argumentos utilizados pelo prefeito são os danos coletivos que a feira está
causando na cidade, entre eles, a grande quantidade de lixo, violência e evasão fiscal que ocorre
no local da feira. Além desses, o gestor também comenta sobre o valor histórico do espaço em
que ocorre a feira e a importância dessa desocupação (O ESTADO, 2017).
Segundo Scaliotti (2015) um novo projeto foi lançado com o objetivo de retirada
dos feirantes da Rua José Avelino, o Prefeito Roberto Claudio em uma parceria Publico-Privado
realizou a construção de um empreendimento chamado Centro Fashion, o mesmo, é um centro
de comércio popular e se localiza também nas imediações do Centro da Cidade, e surge como
uma alternativa aos trabalhadores da Feira José Avelino.
“São aproximadamente 67 mil m² de área construída, o equipamento contará com
6.500 boxes e 300 lojas. E além de toda estrutura para os comerciantes, haverá itens
para receber clientes locais e de outras cidades com o máximo de conforto e
praticidade, como praça de alimentação com 88 lanchonetes, hospedagem,
estacionamento para carros e motos e mais 130 vagas exclusivas para ônibus, além de
auditório, banco, escritório virtual, farmácia, salão de beleza, loja de aviamentos,
ambulatório, circuito interno de tv e som e segurança ” (SCALIOTTI, 2015, p. 1).
Em fevereiro de 2017 foi anunciado pela Prefeitura a interdição da Rua José Avelino para
obras de revitalização, requalificação e urbanização, por se tratar de uma via tombada. No mês de maio,
foi realizada a retirada dos feirantes que trabalhavam na rua, parte deles foram realocados em outros
locais, porém, mesmo com a reforma, alguns ambulantes continuaram a realizar as vendas e exposições
de mercadorias na rua, o que gerou conflitos com os fiscais e Guardas Municipais da Prefeitura. Após a
entrega da Rua, os vendedores não poderão voltar a vender nela, para isso a Prefeitura vai montar uma
fiscalização composta por fiscais, e a Guarda Municipal. Os galpões localizados na rua estão autorizados
a funcionar, desde que regularizados pela Prefeitura (G1, 2017).
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32
A regulamentação dos galpões, é outra ação da Prefeitura, ao todo são 32
funcionando na Rua José Avelino e no seu entorno, em uma fiscalização realizada pela
Prefeitura foi constatado que os galpões não possuíam alvarás de funcionamento, ou qualquer
documentação sobre brigada de incêndio ou vigilância sanitária. Assim, foi estabelecido um
período para que esses galpões pudesses se regularizar, para maior segurança dos trabalhadores
(NETO, 2017).
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33
3 METODOLOGIA
Pesquisa pode ser definida como “conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no
raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a
utilização de métodos científicos” (ANDRADE, 2010).
De acordo com Pereira e Prosdócimo (2009), as pesquisas têm por objetivo por
descobrir soluções para um problema proposto, através de metodologias racionais e sistemáticos.
Dessa forma surgi a necessidade de buscar informações para alcançar solução quando surgi um
problema.
O presente estudo foi dividido em duas etapas, a primeira foi uma revisão do conteúdo
relacionado ao tema e na segunda etapa foi realizada uma visita a Feira José Avelino onde serão
aplicadas as entrevistas com os feirantes com o intuito de responder o problema em questão.
Segundo Andrade (2010), as pesquisas podem ser classificadas de maneiras diversas,
podendo elas serem divididas quanto à natureza, aos objetivos, e procedimentos. O presente estudo
classifica-se quanto à natureza como um resumo de assunto, pois, o mesmo é fundamentado em
trabalhos mais avançados publicados por autores mais competentes na área, além de não se limitar a
cópias de ideias.
Quanto aos objetivos, este estudo define-se como exploratório e descritivo, isso pois, o
mesmo, obteve embasamento teórico bibliográfico para se obter maior informações sobre os
assuntos estudados. Severino (2013) conceitua a pesquisa exploratória como “a pesquisa levanta
informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho e mapeando as
condições de manifestação desse objeto”. A pesquisa descritiva como observa Andrade (2010) “os
fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador
interfira neles”. Nessa perspectiva, realizou-se um estudo sobre a percepção dos feirantes sobre a
precarização do trabalho e sobre as Políticas Públicas relacionadas ao Trabalho, Emprego e Renda.
Quanto ao procedimento, este estudo pode se configurar como estudo de campo, pois o
mesmo buscou seus dados de análise em uma delimitação geográfica. Segundo Gil (2002) a pesquisa
de campo “ é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de
entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo”.
Ela também é baseada na observação dos fatos como ocorrem na realidade.
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34
A investigação focalizou na abordagem qualitativa pois não buscou em seus resultados
números ou estatísticas. Godoy (1995) conceitua a pesquisa qualitativa como:
A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ ou medir os eventos estudados, nem
emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de
interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Envolve
a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo
contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os
fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação
em estudo (GODOY, p.58, 1995).
Quantos aos instrumentos e métodos utilizados, serão aplicadas 60 entrevistas
semiestruturadas, com feirantes escolhidos de forma aleatória, cujo roteiro apresenta questões
fechadas para identificação do perfil do sujeito da pesquisa e questões abertas, que possibilitam
a melhora de assuntos relacionados ao tema da pesquisa. A pesquisa totalizou 18 perguntas,
porém, na tabulação algumas foram divididas, totalizando assim, 20 questões. Para Andrade
(2010) “a entrevista constitui um instrumento eficaz na recolha de dados fidedignos para a
elaboração de uma pesquisa, desde que seja bem elaborada, bem realizada e interpretada”.
A aplicação das entrevistas foi realizada na Feira José Avelino localizada na cidade
de Fortaleza, foram aplicadas aos feirantes dentro de vários galpões. O momento vivido pelos
feirantes com constantes confrontos com agentes da prefeitura deixou alguns entrevistados
desconfiados, de maneira que as entrevistas não puderam ser gravadas, e sim escritas conforme
a fala de cada entrevistado.
O conteúdo das entrevistas abordou os seguintes temas: Políticas Públicas, ações e
projetos desenvolvidos pelo Munícipio com foco na Feira José Avelino. A opinião dos
feirantes sobre as ações desenvolvidas pela prefeitura para a geração de emprego e renda para
os cidadãos e a percepção dos mesmos, para com a precarização do trabalho, a permanência e
expectativas na feira.
Segundo informações colhidas na Página Oficial da Associação dos Gestores de
Empreendimentos do Polo de Negócios da José Avelino (AJAAA) em uma Rede Social, a feira
desde 2011 gera mais de 100.000 empregos diretos e indiretos, possui mais de 10.000 pontos
de venda e conta com mais de 20.000 trabalhadores. Assim, a população dos feirantes é acima
de 20.000. De maneira que, a população conta com mais de 20.000 feirantes, apesar de
aproximações e de existirem algumas associações de feirantes, não se conhece o número total
de feirantes, impossibilitando uma escolha aleatória da amostra. Por esse motivo, a amostragem
será não probabilística por conveniência.
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35
As entrevistas serão analisadas individualmente e os dados coletados serão
submetidos a uma análise de conteúdo, posteriormente serão divididos por características
comuns, buscando resposta ao problema do presente estudo.
A pesquisa de campo desenvolveu-se no mês de novembro de 2017.
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36
4 RESULTADOS
Nessa seção, serão apresentados os dados obtidos através das entrevistas aplicadas
na Feira José Avelino, tendo como sujeito os feirantes, que foi aplicada no mês de novembro
de 2017. Serão apresentados também os resultados comentados, analisados e interpretados do
estudo realizado.
A entrevista aplicada é semiestruturada e foi dividida em duas seções, a primeira é
referente a análise do sujeito da pesquisa, e a segunda a dinâmica do feirante com a Feira José
Avelino. A pesquisa totalizou 18 perguntas, porém, na tabulação algumas foram divididas,
totalizando assim, 20 questões, que foram aplicadas com 60 feirantes escolhidos de forma
aleatória.
O momento vivido pelos feirantes com constantes confrontos com agentes da
prefeitura deixou alguns entrevistados desconfiados, de maneira que as entrevistas não puderam
ser gravadas, e sim escritas conforme a fala de cada entrevistado.
Como foi demostrado durante o presente estudo, a economia informal na cidade de
Fortaleza se fortaleceu nos últimos anos no centro da Capital. A Feira José Avelino conhecida
nacionalmente como um polo de moda com produtos mais acessíveis destinada tanto ao público
varejista quanto ao público atacadista, foi cenário para a realização da pesquisa.
A análise e interpretação dos dados da pesquisa irão aprofundar o conhecimento
sobre a realidade da Feira José Avelino acerca da percepção dos feirantes sobre a precarização
do trabalho e das Políticas Públicas de Trabalho, Emprego e Renda desenvolvidas pela
Prefeitura, através dos relatos dos sujeitos das pesquisas, do contato com os mesmos e da análise
do ambiente envolvido.
4.1 Análise dos sujeitos da pesquisa
A primeira seção da entrevista é destinada ao perfil do entrevistado contando com
três questões. Foram entrevistadas 60 pessoas e dessas, 52% são do sexo feminino e 48% são
do sexo masculino, uma porcentagem bem equilibrada entre os dois sexos, como demonstrado
no gráfico 3.
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37
Gráfico 3 – Sexo dos feirantes entrevistados.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Quanto à faixa-etária, a maior parte, constituída por 27% dos entrevistados (16
pessoas), encontram-se entre 33 anos e 39 anos. A segunda faixa de idade mais expressiva,
equivalente a 20% (12 pessoas), está entre 19 e 25 anos. Dessa forma, pode-se dizer que os
entrevistados se encontram bastante segmentados quanto a faixa etária, conforme demonstrado
no Gráfico 4.
Gráfico 4 – Faixa Etária dos feirantes entrevistados.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Quanto ao nível de escolaridade, 35 pessoas entrevistadas (58%) possuem ensino
médio completo, 8 pessoas (13%) apresentam ensino superior incompleto e, 7 pessoas (12%)
possuem fundamental completo. A partir dessa informação, pode-se inferir que o a maioria dos
entrevistados possuem grau de escolaridade médio, conforme demonstrado no Gráfico 5.
52%48% Femino:
Masculino:
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%Menor de 18 anos
De 19 anos a 25
anos
De 26 anos a 32
anos
De 33 anos a 39
anos
De 40 anos a 46
anos
De 47 anos a 52
anos
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38
Gráfico 5 – Nível de escolaridade dos entrevistados.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Essa característica observada possui grande importância sobre o perfil dos
entrevistados, de maneira que é possível observar que não apenas pessoas com baixo grau de
instrução estão em atividade informal.
4.2 Análise da dinâmica dos feirantes com a Feira José Avelino
A segunda seção da entrevista é destinada a dinâmica do feirante com a Feira José
Avelino, como por exemplo, o tempo de trabalho, o motivo que o levou a trabalhar
informalmente, sua expectativa para o futuro profissional, entre outros.
Em relação ao local onde o feirante vende sua mercadoria, na elaboração da
pesquisa foi inserido duas opções, que seriam, nos galpões ou na rua. Entretanto, no momento
da aplicação da entrevista, por questões de segurança, preferiu-se fazer as entrevistas somente
com os feirantes dentro dos galpões, tendo em vista os diversos conflitos entre os guardas
municipais e os feirantes, desde a ação da prefeitura de desocupação da Rua José Avelino, como
demonstrado no gráfico 6.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%Fundamental
Incompleto
Fundamental
Completo
Ensino Médio
Incompleto
Ensino Médio
Completo
Ensino Superior
Incompleto
Ensino Superior
Completo
Pós Graduação
Outros
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39
Gráfico 6 – Local de trabalho dos feirantes.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
No tocante ao tempo em que os feirantes trabalham na feira, como demonstrado no
gráfico 7, 30% dos entrevistados (18 pessoas) já estão a mais de 11 anos, o segundo maior grupo
foi referente a 25% dos entrevistados (15 pessoas) que estão de 3 a 5 anos trabalhando na José
Avelino.
Gráfico 7 – Tempo de trabalho dos feirantes na Feira José Avelino.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Quanto aos motivos que levaram os entrevistados a trabalharem na Feira José
Avelino, como demonstrado no gráfico 8, os três mais significativos foram os seguintes, a busca
por um negócio próprio como resposta de 30% (18 pessoas) dos feirantes, seguido por 27% (16
pessoas), que relataram buscar na Feira um melhor rendimento e 25% (15 pessoas) acharam na
feira uma oportunidade de sair do desemprego.
100%
0%
Galpão
Rua
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Menos de 1 ano
De 1 ano a 2 anos
De 3 anos a 5 anos
De 6 anos a 8 anos
De 9 anos a 10 anos
Acima de 11 anos
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40
Esses números expressam que mais da metade dos entrevistados seguiram para o
mercado informal, não por conta do desemprego, mas por achar na Feira José Avelino uma
oportunidade de ter um negócio próprio e um melhor rendimento que está de acordo com
Nascimento (2013), porém ainda que a maioria busque por escolha, o mercado informal, muitos
ainda enxergam na informalidade uma fuga do desemprego, por isso a importância de Políticas
Públicas aplicadas para esse fim.
As duas possibilidades de um trabalhador buscar o mercado informal, que seriam
elas, a necessidade, ou a escolha, como os motivos que os feirantes buscaram na Feira estão de
acordo com Chaves (2012), que diz que apesar do crescimento da economia brasileira e do
aumento de vagas em trabalhos formais o número de ambulantes vem crescendo, isso está
associado a uma característica estrutural da economia local.
Gráfico 8 – Motivos dos feirantes trabalharem da Feira José Avelino.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Foi perguntado também, se caso os trabalhadores tivessem uma oportunidade de
emprego formal, se eles sairiam da feira, 53% responderam que não sairiam, o motivo mais
significativo foi que não ganhariam a mesma renda caso fossem para um trabalho formal. O
restante, 47% responderam que sairiam da feira, os motivos mais significativos foram por causa
dos horários que a feira acontece e da estrutura, conforme demonstrado no gráfico 9. Também
foi achado relevante saber se os trabalhadores já tinham trabalhado em um emprego formal, o
resultado foi 67% dos feirantes já possuíram ou possuem carteira assinada, e 33% nunca
trabalharam formalmente, como demonstrado no gráfico 10.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Ter negócio próprio
Busca por melhor
rendimento
Desemprego
Busca por flexibilidade
de horário
Outro
Todos
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41
Gráfico 9 – Especulação de trabalho formal
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Gráfico 10 – Feirantes que já trabalharam/trabalham formalmente.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Quanto a importância da Feira José Avelino para os trabalhadores, a maioria dos
feirantes disseram ser satisfeitos com a Feira e gostarem do seu trabalho. Quanto a remuneração
que eles possuem, 30% (18 pessoas) disseram ser satisfeitos com o que ganham, 70% (42
pessoas) disseram que já foi melhor, como demonstrado no gráfico 11. Isso pois, no último ano
as vendas caíram bastante, segundo eles, um dos motivos é a crise que o país enfrenta, além da
tentativa de deslocamento da Feira realizada pela Prefeitura, que geram constantes confrontos
com os guardas municipais, que deixam os clientes atemorizados.
Gráfico 11 – Satisfação dos feirantes com a remuneração proveniente da Feira.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
47%53% Sim
Não
67%
33%Sim
Não
30%
0%
70%
Sim
Não
Já foi melhor
![Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/45.jpg)
42
Em relação a remuneração proveniente da Feira ser a principal fonte de renda
familiar, 85% (51 pessoas) responderam que sim, que a feira seria sua principal fonte de renda,
e 15% (9 pessoas) responderam que não, conforme gráfico 12. Dessa forma, pode-se constatar
a importância da Feira na vida dessas pessoas como fonte de renda, como foi dito anteriormente,
a Feira José Avelino gera mais de 100.000 empregos diretos e indiretos, possui uma grande
influência na vida desses trabalhadores, e na economia da cidade.
Quanto a possuir outro trabalho além da Feira, 72% (43 pessoas) disseram não
possuir, 28% (17 pessoas) dos feirantes responderam sim, como demonstrado no gráfico 13.
Desses 28%, muitos trabalham de maneira a complementar a renda fazendo “bicos”, o mais
citado foi o Uber, além de outros como, pedreiro e vendedor individual.
Gráfico 12 – Remuneração proveniente da Feira como principal fonte de renda familiar.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Gráfico 13 – Feirantes que possuem outros trabalhos além da Feira.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Dos entrevistados, 65% (39 pessoas) eram proprietários e 35% (21 pessoas)
funcionários, como é demonstrado no gráfico 14. Dessas 39 pessoas que são proprietárias 59%
85%
15% 0%
Sim
Não
Já foi
28%
72%
Sim
Não
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43
(23 pessoas) são registrados como Microempreendedores individuais (MEI), dessa forma,
possuem registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), e acesso a benefícios
previdenciários, a maioria comentou a necessidade do registro por conta do envio de mercadoria
com nota fiscal para fora do estado, e o acesso a direitos, 18% (7 pessoas) pretendem contribuir
de alguma forma para ter acesso a direitos trabalhistas, 13% (5 pessoas) não tem opinião
formada sobre o assunto de direitos trabalhistas, como demonstra o gráfico 15. Já as 21 pessoas
que são funcionárias, 76% (16 pessoas) não possuem carteira assinada, 24% (5 pessoas)
possuem. Desses 76% (16 pessoas) que não possuem carteira assinada, 25% (4 pessoas)
contribuem como autônomos para o INSS e 38% (6 pessoas) não possuem uma opinião formada
sobre o assunto como demonstrado no gráfico 16.
De maneira que, 46% (28 pessoas) do total de entrevistados são trabalhadores
formais, os proprietários por possuírem o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), e os
trabalhadores por possuírem Carteira assinada, contestando um pouco a literatura que trata a
feira como um local de informalidade. Pode-se dizer que existe um mercado formal, dentro do
mercado informal. Com a regulamentação dos galpões, muitos deles estão cadastrando as
bancas com o CNJP do proprietário, obrigando os feirantes a realizarem esse registro. De
maneira que esse número tende a crescer, já que começou a ser implementado nos últimos
meses.
Gráfico 14 – Proprietário ou funcionário na José Avelino.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
65%
35%Proprietário
Funcionário
![Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/47.jpg)
44
Gráfico 15 – O que os proprietários pensam sobre direitos trabalhistas.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Gráfico 16 – O que os funcionários pensam sobre direitos trabalhistas.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Em relação a percepção dos feirantes sobre ações ou projetos realizados pela
prefeitura para a Feira José Avelino, 80% (48 pessoas) dos entrevistados responderam não
conhecer nenhuma ação ou projeto direcionado para a Feira, e 20% (12 pessoas) afirmaram
conhecer e citaram o descolamento da Feira para o Centro Fashion como uma ação. Além de
não conhecerem projetos ou ações, os trabalhadores sentem-se prejudicados pelo Município
pela retirada das pessoas da rua, tendo como consequência os constantes conflitos e violência.
De acordo com Santos (2011), são desenvolvidos projetos públicos direcionados
aos feirantes. Porém, esses projetos não são visualizados pelos feirantes, e quando são,
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Paga INSS
Pretende pagar
futuramente
Pretende ir para um
emprego formal
Sem opnião formada
Não pretende pagar no
momento
Trabalha formalmente
Nunca pensaram sobre o
assunto
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Paga INSS
Pretende pagar
futuramente
Pretende ir para um
emprego formal
Sem opnião formada
Não pretende pagar no
momento
Trabalha formalmente
Nunca pensaram sobre o
assunto
![Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/48.jpg)
45
acontecem de forma negativa. Aumentando os confrontos existentes entre os ambulantes e o
poder público.
Gráfico 17 – Conhecimento de projetos ou ações da prefeitura para a Feira José Avelino.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
No tocante a opinião sobre os projetos da prefeitura para a geração de emprego e
renda para os cidadãos, 50% (30 pessoas) responderam desconhecer essas ações, algumas
pessoas gostariam de conhecer e acham que poderiam ser mais divulgadas, outras pessoas
disseram também que essas ações poderiam ser implantadas nas pessoas que foram retiradas da
Rua José Avelino que precisam de trabalho e não possuem outro local para vender a sua
mercadoria. Apenas 2 pessoas responderam que fizeram uso de políticas públicas, deram o
SINE como exemplo, mas, não sabiam se era uma política específica da prefeitura, outra citou
o Jovem Aprendiz. Na opinião geral, os feirantes não consideram conhecer nem fazer uso das
políticas e direcionam elas para os trabalhadores que foram retirados da rua. Nenhuma ação ou
projeto exercido pelo município foi citado por nenhum dos entrevistados. Algumas pessoas
citaram também que essas políticas são direcionadas para pessoas que possuem trabalho formal
com carteira assinada, e que são para pessoas privilegiadas.
Em relação a precarização do trabalho, foi perguntado quanto as condições de
trabalho dos feirantes e ambulantes na feira, 40% dos entrevistados consideraram a estrutura
boa, seguido de 37% que consideraram que a estrutura está melhorando e 23% acreditam que a
estrutura é um risco para o trabalhador, conforme demonstrado no gráfico 18. Isso considerando
que os trabalhadores entrevistados se encontram em galpões, que são estruturados com
banheiros, locais para alimentação, limpeza, iluminação. Assim, é possível que os feirantes não
considerem os seus locais de trabalho precarizados. Em discordância com Nascimento (2013),
que considera as condições de trabalho dos feirantes muito precárias.
20%
80%
Sim
Não
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46
Gráfico 18 – Condição de trabalho dos feirantes e ambulantes.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Referente aos entrevistados que não conhecem ações ou projetos da prefeitura para
a Feira José Avelino, 37% (22 pessoas) acham que a estrutura está melhorando, isso decorrente
de uma ação da prefeitura de regularização dos Galpões para melhorar a segurança dos
trabalhadores, assim eles não assimilam que essas melhorias está sendo consequência de uma
ação exercida pelo município. Isso ocorre pois, não existe um diálogo formal entre
representantes dos feirantes e o munícipio, o que seria de extrema importância para ambas as
partes.
Em relação ao que poderia ser feito pela prefeitura para a melhoria das condições
dos trabalhadores na feira, a maioria respondeu que o deslocamento para outro local não é o
mais correto, que está em discordância segundo Scaliotti (2015) sobre o novo projeto foi
lançado, chamado Centro Fashion, os feirantes comentam sobre os preços cobrados nas bancas
disponíveis para venda e que não possuem condição de comprar. Eles possuem ciência que da
maneira que está não é correto pela desorganização e insegurança. Mas acreditam que o
munícipio poderia realizar uma reorganização, com cadastro dos feirantes tanto dos galpões
quanto da rua, um ponto muito citado foi a segurança no entorno da Feira, tanto para os
trabalhadores, quanto para os clientes. Os feirantes acreditam que se existisse uma parceria
município e trabalhador seria melhor para ambas as partes. Os feirantes acreditam que o
estimulo do comércio é bom para a cidade, para os trabalhadores e em consequência para o
município como um todo.
De acordo com Albuquerque (2011) que cita que uma legislação mais adequada e
atual e o reordenamento dos ambulantes seria a melhor solução para os conflitos existentes.
37%
40%
23% Está melhorando
Acha a estrutura boa
Acha um risco para
os trabalhadores
![Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/50.jpg)
47
Apesar dos constantes conflitos e da queda nas vendas, a expectativa de 72% (43
pessoas) é de continuar na feira, 27% (16 pessoas) gostariam de ir para um trabalho formal,
conforme demonstrado no gráfico 19. Desses que gostariam de continuar na feira 85% são
proprietários, e os que gostariam de um trabalho formal 52% são funcionários. Assim, pode-se
dizer que a maioria dos que gostariam de continuar na feira são proprietários, e a maioria dos
que gostariam de ir para o trabalho formal são funcionários, esse resultado tem consequência
direta com o rendimento dos feirantes proprietários da Feira, que pode ser analisado juntamente
com o motivo que trouxeram eles a trabalharem na feira José Avelino, o segundo mais citado
foi a busca por melhor rendimento, eles acharam na feira o que estavam procurando.
Gráfico 19 – Expectativa profissional dos feirantes.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Com a ação da Prefeitura de retirada dos feirantes da Rua José Avelino e
adjacências, mesmo após a obras de requalificação, os trabalhadores não poderão mais
comercializar as mercadorias na Rua, conforme demonstrado na figura 01 e 02.
72%
27%1%
Continuar na
Feira
Gostaria de ir
para um trabalho
formal
Outro
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48
Figura 1 – Imagem da Feira José Avelino após obras de requalificação.
Fonte: (O POVO, 2017).
Figura 2 – Imagem de adjacências da Rua José Avelino após obras de requalificação.
Fonte: (O POVO, 2017)
Os feirantes comercializavam em bancas armadas, em porta mala de carros, ou
nos próprios braços os seus produtos antes da ação de retirada dos feirantes da Rua José
Avelino, conforme demonstrado na figura 03 e 04.
![Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/52.jpg)
49
Figura 3 – Imagem da Rua José Avelino em um dia de feira.
Fonte: (DIÁRIO DO NORDESTE, 2014).
Figura 4 – Imagem de adjacências da Rua José Avelino em um dia de feira.
Fonte: (O POVO, 2017).
Após essa ação da Prefeitura, os feirantes muitas vezes ainda insistem em continuar
com o comércio na Rua José Avelino, que acarreta em conflito com os fiscais e a Guarda
Municipal, ocorrendo a apreensão de mercadorias, tanto de clientes, quanto dos feirantes,
conforme demonstrado na figura 05. Esses frequentes conflitos estão influenciando as vendas,
que segundo a fala de alguns entrevistados tem acarretado menos movimento por parte dos
clientes, que se sentem temerosos em frequentar a feira. No momento em que os fiscais chegam
começam as correrias e conflitos.
A Feira José Avelino, antes chamada Feira da Sé, ficava localizada próximo a Igreja
da Sé como mostra a figura 06. Os vendedores comercializavam suas mercadorias em carros,
braços e na própria calçada/rua.
![Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/53.jpg)
50
Figura 5 – Imagem de conflitos na Feira José Avelino.
Fonte: (O POVO, 2017).
Figura 6 – Imagem da Feira próximo a Igreja da Sé
Fonte: (Diário do Nordeste, 2014).
Segundo a fala dos entrevistados, o sentimento é de revolta e tristeza para com o
Poder Público, dizem não possuir apoio da Prefeitura, analisam essas ações como negativas, no
sentido de atrapalhar e impedir os trabalhadores de exercerem suas atividades.
![Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/54.jpg)
51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa seção aborda algumas considerações sobre a percepção dos feirantes sobre a
Feira José Avelino, localizada no centro da capital cearense, com foco nas Políticas Públicas
desenvolvidas pelo município, e a precarização do trabalho existente no ambiente da Feira.
Procura-se, além disso, responder aos objetivos propostos com embasamento na análise das
respostas dos sujeitos da pesquisa.
Na cidade de Fortaleza, feirantes de confecção ocupam a Rua José Avelino e
adjacências, com o objetivo de comercializar produtos de moda popular. A exposição desses
produtos é realizada dentro de galpões, na própria rua, em porta mala de carros, ou no próprio
braço dos ambulantes. Uma economia bastante dinâmica, que atrai compradores de diversas
regiões do país e até de fora, como já foi citado anteriormente.
No Brasil, mais da metade da classe trabalhadores encontram-se na informalidade,
a mesma é encontrada de forma bastante clara na Feira José Avelino, e tem a precarização do
trabalho como uma consequência de um mercado construído de forma desorganizada e de
maneira irregular. Porém, a Feira possui um mercado que gera vários empregos, tanto diretos
como indiretos e fornece oportunidades para vários trabalhadores.
Conhecer qual a aderência entre as políticas públicas ofertadas e a percepção dos
feirantes da Feira José Avelino era o problema deste trabalho, que foi respondido com êxito.
Através da aplicação das entrevistas e da análise dos dados.
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar a percepção dos feirantes da Feira José
Avelino sobre a precarização do trabalho e sobre as Políticas Públicas relacionadas ao Trabalho,
Emprego e Renda e como objetivos específicos; analisar as políticas públicas municipais
desenvolvidas para o Trabalho, Emprego e Renda na cidade de Fortaleza; identificar a
percepção dos feirantes sobre essas políticas; verificar os motivos que conduzem os feirantes
ao mercado informal e compreender como os mesmos lidam com a precarização do local de
trabalho ao qual estão inseridos. Para alcançá-los, visitou-se a Feira José Avelino para entender
melhor a dinâmica dos feirantes com o local em que ocorre a feira, em seguida, foi desenvolvida
e aplicada entrevistas com o objetivo de conhecer melhor a percepção dos feirantes para com
os assuntos estudados.
Foi possível verificar no decorrer do estudo a negligência do Poder Público para
com a Feira José Avelino no que diz respeito às políticas públicas documentadas e focadas nos
feirantes, a Feira é considerada irregular e sem nenhum tipo de registro. Apesar dos esforços
do último ano para com a mudança da Feira para outro local, além da revitalização da Rua José
![Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE …Aos meus irmãos, pelo amor, alegrias e carinho. Ao meu noivo, Thiago Barreto, por acreditar em mim, mesmo quando nem eu ... tendo os](https://reader035.fdocuments.in/reader035/viewer/2022081409/6086c7557b228125977788a8/html5/thumbnails/55.jpg)
52
Avelino, essa ação foi realizada de maneira que causou descontentamento crescente dos
feirantes para com a gestão municipal atual, ocasionado por falta de diálogo e cuidado para com
as pessoas que foram retiradas da rua. Na fala dos feirantes entrevistados, a maioria não conhece
as Políticas Públicas de Trabalho, Emprego e Renda desenvolvidos pelo município, dessa
maneira é possível inferir que tais políticas não são bem divulgadas, além das próprias ações e
projetos direcionados a feira também não estarem sendo bem transmitidos, consequência da
mesma falta de diálogo mencionada acima.
Apesar do desconhecimento das ações e projetos desenvolvidos pela Prefeitura para
a Feira José Avelino, os feirantes se sentem beneficiados pelas reformas e regulamentação
exercida nos galpões. A maioria dos entrevistados responderam que a estrutura melhorou
consideravelmente, porém não ligam essa melhora à ação de regulamentação. Como
consequência da percepção dos feirantes sobre a precarização do trabalho, eles consideraram
essa melhoria, porém, fizeram a observação das pessoas que antes, ocupavam a rua, tinham
mais dificuldades com a estrutura, e que por eles estarem inseridos nos galpões possuem mais
segurança, limpeza, acesso a banheiros, alimentação e conforto. Os feirantes inseridos nos
galpões pagam uma taxa aos “donos” dos galpões, taxa essa cobrada semanalmente com valores
que variam entre R$55,00 e R$ 100,00. Ao serem perguntados sobre melhorias que a prefeitura
poderia fazer, a mais citada foi a questão da segurança, tanto para eles quanto para os clientes
que vem de fora para comprar a mercadoria.
Quanto aos motivos que levaram os feirantes a buscarem o mercado informal,
houve bastante equilíbrio entre três deles, que foram; ter um negócio próprio, a busca por
melhor rendimento e o desemprego, de maneira que muitos optaram pelo mercado informal por
escolha, enquanto outros por falta de oportunidades no mercado formal, salientando a
importância do desenvolvimento de Políticas de Trabalho mais ativas, porém, a maioria deles
se juntarmos os dois mais citados (ter um negócio próprio, busca por melhor rendimento), ao
todo 57% dos respondentes optaram pelo mercado informal, não por necessidade, mas por
escolha própria.
Os feirantes, muitos deles formalizados, consideram-se autônomos, inseridos no
contexto da Feira, viram nela uma oportunidade de possuir um negócio próprio, ganhando
liberdade e maior rendimento, por esse motivo, a maioria dos entrevistados que são
proprietários não desejam sair da feira.
Quanto as contribuições dessa pesquisa, tem-se, para o universo acadêmico um
estudo sobre a Feira José Avelino, analisando a percepção dos feirantes para com o Poder
Público. Para os feirantes, questões que os levaram a pensar em alguns assuntos como os
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direitos trabalhistas, as condições em que trabalham, entre outros temas analisados, que os
próprios nunca tinham pensado ter relevância. Para a sociedade em geral, que pode conhecer
um pouco mais do funcionamento da Feira, sua dinâmica, problemas e importância para a
cidade de Fortaleza.
Como limitações para a execução desta pesquisa tem-se os constantes conflitos
entre alguns feirantes e a Guarda Municipal de Fortaleza, que gera um clima de tensão no local
da feira, que impossibilitou a aplicação das entrevistas com os feirantes da rua, além da
desconfiança sobre o objetivo da pesquisa, por pensar se tratar de algo destinado a Prefeitura.
A falta de informação precisa sobre a quantidade de feirantes existentes na Feira José Avelino
também influenciou na amostragem utilizada na pesquisa.
Portanto, conclui-se que, o funcionamento da Feira nos moldes atuais ainda gera
problemas para ambos os lados, tanto para os trabalhadores que se sentem prejudicados em uma
luta com o Poder Público, possuem um sentimento de humilhação e tristeza em suas falas,
quanto para o próprio Poder Público que busca uma alternativa viável, ainda que com algumas
negligencias, uma mudança do contexto atual. A feira gera emprego e renda para vários
trabalhadores envolvidos diretamente e indiretamente, assim, é nítido as contribuições positivas
que ela gera. A questão principal seria criar medidas que incluíssem os trabalhadores e o próprio
local onde ocorre a feira como um evento regularizado, pois, a maioria dos trabalhadores não
gostariam de sair do local em questão. Uma atitude de consenso entre ambas as partes com
diálogo e organização e Políticas Públicas atuantes seria um começo de mudança, já que a
maioria dos feirantes não conhecem as ações e projetos desenvolvidos pela Prefeitura para a
Feira. Pretende-se, enfim, que o presente estudo contribua para a realização de futuras pesquisas
na Feira José Avelino, a respeito das Políticas Públicas, ações e projetos voltados para esse
crescente mercado, além da precarização do trabalho existente nesse espaço, de maneira que a
Feira passa por momentos de mudanças, almeja-se que uma solução que beneficie os
trabalhadores, e a sociedade seja alcançada.
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APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA AOS FEIRANTES DA
FEIRA JOSÉ AVELINO
TÍTULO DA PESQUISA: POLÍTICAS PÚBLICAS E PRECARIZAÇÃO DO
TRABALHO: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DOS FEIRANTES NA FEIRA JOSÉ
AVELINO
PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Carla Adriely Santos Barros.
Prezado colaborador, você está sendo convidado a participar desta pesquisa que tem
como objetivo geral: analisar a percepção dos feirantes da Feira José Avelino sobre a
precarização do trabalho e sobre as Políticas Públicas relacionadas ao Trabalho, Emprego e
Renda. Os objetivos específicos são: analisar as políticas públicas municipais desenvolvidas
para o Trabalho, Emprego e Renda na cidade de Fortaleza e identificar a percepção dos feirantes
sobre essas políticas, verificar os motivos que conduzem os feirantes ao mercado informal e
compreender como os mesmos lidam com a precarização do local de trabalho ao qual estão
inseridos.
Ao participar desta pesquisa você será entrevistado de maneira individual e suas
respostas serão posteriormente analisadas para cooperar nos resultados do presente estudo.
A sua participação é voluntária, e não terá nenhuma compensação financeira. Todas
as informações que você fornecer através dessa entrevista será utilizada exclusivamente nesta
pesquisa.
Se houver alguma dúvida a respeito da pesquisa pode procurar a qualquer momento
o pesquisador responsável.
Primeiro momento da entrevista
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60
1 Sexo
FEMININO MASCULINO
2 Faixa Etária
MENOR DE 18 ANOS DE 19 ANOS A 25 ANOS
DE 26 ANOS A 32 ANOS DE 33 ANOS A 39 ANOS
DE 40 ANOS A 46 ANOS DE 47 ANOS A 52 ANOS
ACIMA DE 53 ANOS
3 Nível de Escolaridade
FUNDAMENTAL INCOMPLETO FUNDAMENTAL COMPLETO
ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ENSINO MÉDIO COMPLETO
ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO ENSINO SUPERIOR COMPLETO
PÓS-GRADUAÇÃO OUTROS _____________________
Segundo momento da entrevista
4 Qual o seu local de trabalho?
RUA GALPÃO _______________________
5 Quanto tempo trabalha na feira?
MENOS DE 1 ANO DE 1 ANO A 2 ANOS
DE 3 ANOS A 5 ANOS DE 6 ANOS A 8 ANOS
DE 9 ANOS A 10 ANOS ACIMA DE 11 ANOS
6 Você é satisfeito com sua remuneração trabalhando na feira?
SIM NÃO JÁ FOI MELHOR
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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61
7 Essa remuneração é a sua principal fonte de renda familiar?
SIM NÃO JÁ FOI
8 Você possui outro trabalho além da feira?
SIM NÃO
Quais são?_______________________________________________________
9 Você é o proprietário da mercadoria, ou funcionário?
PROPRIETÁRIO POSSUI OUTRO PONTO DE VENDA? QUEM TRABALHA
NELE? _________________________________________________________
FUNCIONÁRIO
10 Se funcionário, possui carteira assinada?
SIM NÃO
11 Qual sua expectativa profissional?
PRENTENDE CONTINUAR NA FEIRA
GOSTARIA DE IR PARA UM TRABALHO FORMAL
OUTRO _______________________________________________
11 Você já trabalhou formalmente?
SIM NÃO
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
12 Que motivos trouxeram você a trabalhar na feira?
DESEMPREGO BUSCA POR MELHOR RENDIMENTO
TER NEGÓCIO PROPRIO BUSCA POR FLEXIBILIDADE DE HORÁRIO
OUTRO _________________________________
13 Se você tivesse outra oportunidade de trabalho, você sairia da feira?
SIM ___________________ NÃO
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62
14 Você conhece alguma ação ou projeto da prefeitura para a Feira José Avelino?
SIM ____________________________________________________________
NÃO
15 Qual a sua opinião sobre os projetos da prefeitura para a geração de emprego e renda para
os cidadãos?
______________________________________________________________________
16 Qual a sua opinião em relação as condições de trabalho dos trabalhadores (feirantes e
ambulantes) na feira?
ACHO A ESTRUTURA BOA
ACHO UM RISCO PARA OS TRABALHADORES
OUTRO _________________________________________________________
17 O que poderia ser feito pela prefeitura para melhorar as condições dos trabalhadores na
feira?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
18 Você tem conhecimento que no trabalho informal você não tem acesso a direitos
trabalhistas (Seguro-Desemprego, Aposentadoria, Férias, 13º Salário, etc.)? Qual a sua
opinião sobre o assunto?
SIM ____________________________________________________________
NÃO ____________________________________________________________
NUNCA PENSEI SOBRE O ASSUNTO _______________________________