UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE...
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA
PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INORGÂNICA
Síntese, caracterização e reatividade de novos nitrosilo complexos de rutênio, tendo como ligante auxiliar a 2,2′-bipiridina
Francisco Ordelei Nascimento da Silva
Orientador: Dr. Luiz Gonzaga de França Lopes
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Química Inorgânica como requisito parcial para obtenção do grau de mestre.
Fortaleza, Março de 2004
2
RESUMO
Neste trabalho foram realizados a síntese, caracterização e estudo da
reatividade dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO](PF6) (L = imidazol, isonicotinamida e
sulfito) e trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6), objetivando a modulação de nitrosilos
complexos capazes de atuar como doadores de NO em sistemas biológicos.
Os espectros de infravermelho dos complexos cis-[Ru(bipy)2L(NO)](PF6)n e
trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) apresentaram freqüências ν(NO) relativamente elevadas
indicando que o óxido nítrico encontra-se coordenado ao centro metálico na forma
linear NO+. Estas freqüências foram utilizadas como um indicativo da influência dos
ligantes L de acordo com a seguinte ordem decrescente do poder π-receptor do ligante
L: Isn > Im > SO3-2, onde o cis-[Ru(bipy)2Isn(NO)](PF6)3 apresenta o maior valor de
ν(NO+).
As características dos espectros de 1H RMN e 13C RMN dos compostos L = Isn,
ImN, são consistentes com a proposta de coordenação ao centro metálico de tais
ligantes e que os anéis piridínicos da bipiridina encontram-se na conformação
isomérica cis. Esta conclusão é baseada na presença de vários sinais nos espectros de
H1 RMN e 13C RMN, referentes aos 16 prótons e 20 carbonos das duas bipiridinas. O
aparecimento de apenas 4 sinais no espectro de ressonância magnética nuclear de 1H
para o complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6), indicam que as duas bipiridinas
encontra-se coordenada ao rutênio em uma conformação trans uma a outra.
O estudo da interconversão nitrosil-nitro para os complexos cis-
[Ru(bipy)2SO3(NO)](PF6) e trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6), utilizando o método
espectrofotométrico, revelou que somente em valores de pH acima de 9,0 metade das
espécies contendo o fragmento NO+, terão sofrido ataque nucleofílico pela hidroxila,
formando NO2-.As constantes de equilíbrio, Keq para reação:
Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO]+n + 2OH- Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO2]+n + H2O
L = Isn, ImN e SO3
-2
3
foram calculadas em NaTFA 0,5 Mol L-1 apresentando os seguintes valores: 2,55 x 1025
L2 mol-2, 2,97 x 1016 L2 mol-2 e 2,08 x 107 L2 mol-2 para os complexos com a
isonicotinamida, imidazol e sulfito, respectivamente.
Pelo estudo eletroquímico dos nitrosilos complexos conclui-se que ao atingir um
potencial de –300 mV vs Ag/AgCl, ocorre a redução do ligante NO+, levando o mesmo
a NO0. Esse processo é seguido por uma reação química onde ocorre à liberação NO0
e formação do aquo complexo. Foi observada uma correlação entre os valores ν(NO) e
E1/2 para o processo quase reversível deste ligante.
Os estudos preliminares do comportamento fotoquímico dos nitrosil complexos
evidenciam a formação de óxido nítrico e da espécie cis e trans-[RuIII(bpy)2H2OL]n+,
quando irradiados em solução aquosa e no estado sólido, sob luz branca.
4
ABSTRACT
In this work were carried out the synthesis, characterization and the reactivity
study of the cis-[Ru(bipy)2LNO](PF6)n (L = imidazole, isonicotinamide and sulphite) and
trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) complexes, aiming the modulation of the nitrosyl
complexes that can act as NO donors in biological systems.
The infrared spectra of the cis-[Ru(bipy)2LNO](PF6)n and trans-
[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) complexes presented ν(NO) frequencies relatively high
indicating that the nitric oxide is coordinated to the metal center in linear form, NO+.
These frequencies were utilized as an indicative of the influence of the L ligands
according to the decreasing order of the p-acceptor character of the ligand L: Isn > Im >
SO32–, where cis-[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3 presents the higher value of the ν (NO).
The characteristics of the 1H NMR and 13C NMR spectra of the compounds L =
Isn, ImN are consistent with the position of the coordination to metal center of such
ligands and that the pyridine rings of the bipyridine are in the cis isomeric form. This
conclusion is based on the presence of several signs in the 1H NMR and 13C NMR
spectra, due to 16 protons and 20 carbon of the two bipyridine. The presence of only
four signals in the 1H NMR spectrum for the trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), suggests that
the two bipyridine are coordinated to the ruthenium in a trans conformation one each
other.
The study of the nitrosyl-nitro interconvertion reaction to the cis-
[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) and trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), using the spectrophotometric
method reveled that only in the pH values above 9,0 half of the species containing the
NO+ fragment suffered nucleuphilic attack by the hydroxide, producing the NO2–
species. The equilibrium constants, Keq to the reaction:
Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO]+n + 2OH- Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO2]+n + H2O
Were calculated in NaTFA 0,5 Mol L–1 presenting the following values: 1,80 x 1025 L2
mol-2, 1,42 x 1016 L2 mol-2, 1,74 x 107 L2 mol-2 for the complexes with the
isonicotinamide, imidazole and sulphite, respectively.
By the electrochemical study of the nitrosyl complexes it can be concluded that in
the potential equal to –300 mV versus Ag/AgCl occurs the reduction of the NO+ ligand,
producing NO0. This process is followed by a chemical reaction where occurs the NO0
5
release and the formation of the aqua complex. It was observed one correlation
between the ν(NO) and E1/2 values for the quasi-reversible process centered in this
ligand.
The preliminary studies of the photochemical behavior of the nitrosyl complexes
conducted to the conclusion of the formation of nitric oxide and the cis and trans-
[RuIII(bipy)2H2OL]n+ specie, when the complexes are irradiated in aqueous solution and
solid state with white light.
6
ABREVIATURAS
bpy
Isn
ImN
P(OEt)3 ImK2 SO3
-2
2,2’ – Bipiridina
Isonicotinamida
Imidazol (coordenação via
átomo de nitrogênio)
Trietilfosfito
Imidazol
(coordenação via átomo de carbono)
Sulfito
N N
N
O NH2
N
N
M P
C2H5O OC2H5
OC2H5
N
N
M
7
HTFA
NaTFA
E1/2
V
Keq
KBr
Ácido trifluoracético
Trifluoracetato de sódio
Potencial de meia-onda
Velocidade
Constante de Equilíbrio
Brometo de potássio
8
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO............................................................................ 01
1.1. Características e síntese do NO................................................................. 02
1.2. -Aspectos Fisiológicos do NO.................................................................... 03
1.2.1-Relaxação muscular e funções vasodilatadoras...................................... 03
1.2.2-Ação no sistema imunológico................................................................... 04
1.2.3-Mensageiro no sistema nervoso central................................................... 04
1.2.4. Óxido nítrico e intestino........................................................................... 05
2- JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS............................................... 06
3- PARTE EXPERIMENTAL........................................................... 07
3.1. Reagentes e solventes............................................................................... 07
3.2. Aparelhos e técnicas experimentais........................................................... 09
3.3. Determinação da Constante de Equilíbrio.................................................. 10
3.4. Sínteses...................................................................................................... 11
3.4.1. Síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2Cl2]................................................... 11
3.4.2. Síntese do complexo trans-[Ru(NH3)4SO2Cl]Cl....................................... 11
3.4.3. Síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2SO3H2O].......................................... 11
3.4.4. Síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2ImNO2](PF6).................................... 11
3.4.5. Síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO2](PF6).................................... 11
3.4.6. Síntese dos complexos cis-Na[Ru(bipy)2SO3NO2].................................. 12
3.4.7. Síntese do complexo trans-[Ru(bipy)2SO3(NO)](PF6)............................ 12
3.4.8. Síntese do complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3................................... 12
3.4.9. Síntese do complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3.................................... 12
3.4.10. Síntese do complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6).................................. 13
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................. 14
4.1. Caracterização dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO2](PF6) (L = ImN, Isn e
SO32–) e cis-[Ru(bipy)2SO3H2O]........................................................................
14
9
4.1.1. Espectroscopia eletrônica na região do UV-visível............................. 14
4.1.2. Espectroscopia Vibracional na Região do infravermelho.................... 21
4.1.3. Voltametria Cíclica............................................................................... 29
4.2. Caracterização dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO](PF6) (L = ImN, Isn e
SO32) e trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6)................................................................
33
4.2.1. Cromatografia Liquida de Alta Eficiência(CLAE)................................. 33
4.2.1.1. Estudo da interconveção NO2/NO do complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNL](PF6)n utilizando o HPLC..........................................................
38
4.2.2. Espectroscopia eletrônica na região do UV-visível........................ .... 42
4.2.3. Espectroscopia Vibracional na Região do infravermelho.................... 20
4.2.4. Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de 1H e 13C....... 55
4.2.5. Voltametria Cíclica............................................................................... 65
4.3. Estudo da reatividade dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO2](PF6)n (L =
ImN, Isn e SO32–) e cis-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6)................................................
72
4.3.1. Reação ácido-base e interconversão nitrosil-nitrito............................. 72
4.3.2. Voltametria de Onda Quadrada........................................................... 78
4.3.3. Acompanhamento da eletrólise por espectroscopia eletrônica na
região do UV-Visível..........................................................................................
83
4.3.4. Estudo fotoquímico dos nitrosilos complexos com luz branca............ 88
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 94
6- CONCLUSÃO.............................................................................. 96
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 97
10
ÍNDICE DE FIGURA
FIGURA 1 - Reação química de formação do NO............................................. 02 FIGURA 2 – 2, 2’ bipiridina (bpy)........................................................................ 06 FIGURA 3 – Espectros eletrônicos do complexo cis-[Ru(bipy)2ImNNO2](PF6)
em: (―) água e (―) acetonitrila. . [Ru] = 2,5 x 10-5 Mol L-1...............................
16
FIGURA 4 – Espectros eletrônicos do complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO2](PF6)
em: (―) água e (―) acetonitrila. [Ru] = 3,5 x 10-5 Mol L-1..................................
17
FIGURA 5 – Espectros eletrônicos dos complexo cis-Na[Ru(bipy)2SO3NO2]
em em: (―) água e (―) acetonitrila...................................................................
17
FIGURA 6 – Espectros eletrônicos do complexo cis-[Ru(bpy)2SO3H2O] em:
(―) água. [Ru] = 2,31 X 10-5 Mol L-1....................................................................
19
FIGURA 7 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bipy)2ImNNO2](PF6) em pastilha de KBr.......................................................
22
FIGURA 08 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6), de 1700 a 400 cm-1................................................
23
FIGURA 09 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis- [Ru(bpy)2IsnNO2](PF6) em pastilha de KBr........................................................
23
FIGURA 10 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis- [Ru(bpy)2IsnNO2](PF6), de 1800 a 400 cm-1.................................................
24
FIGURA 11 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis-Na[Ru(bipy)2SO3NO2] em pastilha de KBr.....................................................
24
11
FIGURA 12 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis- Na[Ru(bpy)2SO3NO2], de 1700 a 400 cm-1...................................................
25
FIGURA 13 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis- [Ru(bpy)2SO3H2O] em pastilha de KBr.........................................................
27
FIGURA 14 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis- [Ru(bpy)2SO3H2O], de 1700 a 400 cm-1........................................................
28
FIGURA 15 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1 M,
contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2ImNNO2]+. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. V =
100 mV/s..............................................................................................................
30
FIGURA 16 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1,0
Mol L–1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO2]+. Potencial aplicado
usando eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência.
V = 100 mV/s.......................................................................................................
31
FIGURA 17 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1,0
Mol L–1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3NO2]-. Potencial aplicado
usando eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência.
V = 100 mV/s.......................................................................................................
31
FIGURA 18 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1,0
Mol L–1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3H2O]. Potencial aplicado
usando eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência.
V = 100 mV/s.......................................................................................................
32
FIGURA 19 – Cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bipy)2ImNO]+3 λanalítico =
325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/ min, coluna
c-18 μBondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300
mm).....................................................................................................................
35
12
FIGURA 20- Cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3 λanalítico =
325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/ min, coluna
c-18 μBondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300 mm)............................................
35
FIGURA 21- Cormatograma do íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3NO]+ λanalítico =
325 nm, fase móvel = acetomitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/ min, coluna
c-18 μBondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300 mm)............................................
36
FIGURA 22 - Cromatograma do íon complexo Trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+
λanalítico = 325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/
min, coluna c-18 μ-Bondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300 mm).......................
37
FIGURA 23 - a) Cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2]+
λanalítico = 325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% em pH = 3,5; b) Em pH = 2,5;
c) Produto isolado da reação do cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2)]+ em pH = 3,5...........
40
FIGURA 24 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3,
obtido a partir do cromatograma c referente ao produto isolado.........................
41
FIGURA 25 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2]+,
obtido a partir do cromatograma a.......................................................................
41
FIGURA 26 – Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3,
em NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 2,11 X 10-5 Mol L-1................................................
43
FIGURA 27 – Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3, em
NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 1,31 X 10-5 Mol L-1......................................................
43
FIGURA 28 – Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3NO]+, em
NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 1,42 X 10-5 Mol L-1......................................................
44
13
FIGURA 29 – Espectro eletrônico do íon complexo trans-[Ru(bipy)2SO3NO]+,
em NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 2,2 X 10-5 Mol L-1..................................................
44
FIGURA 30- Possíveis formas de coordenação do NO a um centro metálico... 46 FIGURA 31 – Diagrama do orbital molecular do ligante NO............................... 47 FIGURA 32- Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bipy)2ImNO](PF6)3 em pastilha de KBr.........................................................
49
FIGURA 33 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3, de 1700 a 400 cm-1................................................
49
FIGURA 34 - Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis-[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3 em pastilha de KBr...................................................
50
FIGURA 35 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis-[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3, de 2050 a 405 cm-1..................................................
50
FIGURA 36 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis- [Ru(bpy)2SO3NO](PF6) em pastilha de KBr..................................................
51
FIGURA 37 - Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
cis-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), de 2050 a 405 cm-1.................................................
51
FIGURA 38 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
trans- [Ru(bpy)2SO3NO](PF6) em pastilha de KBr...............................................
53
FIGURA 39 - Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo
trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), de 2000 a 405 cm-1.............................................
54
Figura 40 – Numeração dos átomos de carbono para os aneis aromáticos dos
14
complexos cis-[Ru(bpy)2ImNO](PF6)3 e cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6).................... 56 FIGURA 41 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo Cis-[Ru(bipy)2ImNO]+3 em acetona deuterada....................................
57
FIGURA 42 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 13C para o íon
complexo Cis-[Ru(bipy)2ImNO]+3 em acetona deuterada....................................
57
FIGURA 43 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo Cis-[Ru(bipy)2SO3NO]+ em acetona deuterada...................................
58
FIGURA 44 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo Cis-[Ru(bpy)2IsnNO]+3 em acetona deuterada....................................
61
FIGURA 45 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear 13C para o íon
complexo Cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3 em acetona deuterada...................................
61
FIGURA 46 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo cis -[Ru(bpy)2SO3H2O] em D2O...........................................................
63
FIGURA 47 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+ em acetona deuterada.................................
64
FIGURA 48 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1
Mol L-1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3. Potencial aplicado
usando eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência.
[Ru] = 1 x 10-3 Mol L-1..........................................................................................
67
FIGURA 49 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1
Mol L-1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3. Potencial aplicado
usando eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência.
[Ru]= 1 x 10-3 Mol L-1, v = 100 mV/s....................................................................
68
15
FIGURA 50 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1
Mol L-1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO]+. Potencial aplicado
usando eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência.
[Ru] = 1 x 10-3 Mol L-1, v = 100 mV/s...................................................................
69
FIGURA 51 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1
Mol L-1, contendo o íon complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+. Potencial aplicado
usando eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência.
[Ru] = 1 x 10-3 Mol L-1, v = 100 mV/s...................................................................
70
FIGURA 52 - Correlação entre ν(NO) para os complexos trans e cis-
[Ru(bpy)2LNO](PF6)n e E1/2 para a reação redox trans e cis-[RuII(bipy)2LNO+]+n
+ e- Cis e trans-[RuII(bipy)2LNO0]+n, vs Ag/AgCl........................................
71
Figura 53 – Gráfico de absorbância versus pH dos complexos Cis-
[Ru(bpy)2LNO](PF6)n..........................................................................................................................................
73
Figura 54 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]3+, em
diferentes valores de pH......................................................................................
74
Figura 55 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2Isn(NO)]3+, em
diferentes valores de pH......................................................................................
75
Figura 56 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2SO3(NO)]+, em
diferentes valores de pH......................................................................................
75
Figura 57- Determinação do valor da Keq para a interconversão nitrosilo-nitrito
do complexo com o imidazol...............................................................................
77
FIGURA 58 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNNO]3+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] =
1 x 10-3 Mol L-1, V = 60 mV/s..............................................................................
79
16
FIGURA 59 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo cis-
[Ru(bpy)2IsnNO]3+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] =
1 x 10-3 Mol L-1, V = 60 mV/s...............................................................................
80
FIGURA 60 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo cis-
[Ru(bpy)2(NO)SO3]+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] =
1 x 10-3 Mol L-1, V = 60 mV/s...............................................................................
81
FIGURA 61 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo trans-
[Ru(bpy)2(NO)SO3]+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] =
1 x 10-3 Mol L-1, V = 60 mV/s...............................................................................
82
FIGURA 62- Espectros eletrônicos referente ao acompanhamento da
eletrolise do íon complexo cis-[Ru(bipy)2ImNNO]+3, em luz branca..................
84
FIGURA 63 – Espectro eletrônico referente ao acompanhamento da eletrolise
do íon complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO]+, em tampão acetato pH = 3,0...............
85
FIGURA 64 – Espectro eletrônico referente ao acompanhamento da eletrolise
do íon complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO]3+, em tampão acetato pH = 3,0............... 86
FIGURA 65 – Espectro eletrônico referente ao acompanhamento da eletrolise
do íon complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+, em tampão acetato pH = 3,0........... 87
FIGURA 66 - Espectros eletrônicos correspondentes a fotólise do íon
complexo cis-[Ru(bipy)2ImN(NO)]+3, em luz branca............................................ 89
FIGURA 67 - Espectros eletrônicos correspondentes à fotólise do íon
complexo cis-[Ru(bipy)2Isn(NO)]3+, em luz branca.......................... 90
17
FIGURA 68- Espectros eletrônicos correspondentes a fotólise do íon
complexo cis-[Ru(bipy)2SO3(NO)]+, em luz branca..............................................
90
FIGURA 69 - Espectros eletrônicos correspondentes a fotólise do íon
complexo Trans-[Ru(bipy)2SO3(NO)]+, em luz branca.........................................
91
FIGURA 70 - Espectros vibracionais na região do infravermelho
correspondentes a fotólise, em luz branca, do íon complexo cis-
[Ru(bipy)2ImN(NO)]+3, em pastilha de KBr.
92
FIGURA 71 - Espectros vibracionais na região do infravermelho
correspondentes a fotólise, em luz branca, do íon complexo cis-
[Ru(bipy)2SO3(NO)]+, em pastilha de KBr............................................................
92
FIGURA 72 - Espectros vibracionais na região do infravermelho
correspondentes a fotólise, em luz branca, do íon complexo cis-
[Ru(bipy)2Isn(NO)]+3, em pastilha de KBr............................................................
93
18
ÍNDICE DE TABELAS TABELA 01- Dados de UV-visível para os íons complexos cis-
[Ru(bpy)2LNO2](PF6)n, em água..........................................................................
20
TABELA 02- Dados de infravermelho dos compostos cis-
[Ru(bpy)2L(NO2)](PF6)n em pastilha de KBr........................................................
26
TABELA 03- Dados de infravermelho dos compostos cis-[Ru(bpy)2SO3H2O]
em pastilha de KBr..............................................................................................
28
TABELA 04. Valores de E1/2 para os íons complexos Cis-[Ru(bpy)2LNO2]+/2+... 33
TABELA 05 – tempos de retenção dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO](PF6),
trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) e cis-[Ru(bpy)2LNO2](PF6).................................... 37
TABELA 06 - Dados de UV-visível para os íons complexos cis-
[Ru(bpy)2LNO](PF6)n e Trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), em NaTFA.....................
45
TABELA 07 - Dados de infravermelho do composto cis-[Ru(bpy)2L(NO)](PF6)n
em pastilha de KBr..............................................................................................
52
TABELA 08 - Dados de infravermelho dos compostos trans-
[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) em pastilha de KBr........................................................
54
TABELA 09 - Deslocamento químicos (RMN 1H e 13C) do ligante bipiridina
observados para os complexos cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 (1) e cis-
[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) (2) , em acetona deuterada............................................
59
TABELA 10 - Deslocamento químicos (RMN 1H e 13C) dos ligantes bipiridina
e isonicotinamida, observados para o complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3,
em acetona deuterada.........................................................................................
62
19
TABELA 11 - Valores de E1/2 e ν(NO) para os íons complexos Cis-
[Ru(bpy)2LNO]+3 e trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+........................................................
71
TABELA 12 - Valores para a constante de equilíbrio ácido - base e ν(NO) dos
nitrosilos complexos............................................................................................
77
20
1. INTRODUÇÃO
Há algum tempo, o óxido nítrico era associado apenas com problemas de
poluição ambiental[1] e aplicações em catálise[1]. O NO é produzido por descargas
elétricas[2] que provoca a reação entre o nitrogênio e o oxigênio, e pela ação de
microorganismos do solo ao agirem sobre a matéria orgânica. Entretanto, é na
combustão de derivados de petróleo em motores de explosão (principalmente
automóveis) que se encontram a maior fonte do NO atmosférico[3]. Em altas
temperaturas, nas quais esses motores trabalham, ocorre a reação entre o oxigênio e o
nitrogênio atmosférico produzindo o NO. Existem atualmente inúmeras fontes
poluidoras com NO, como por exemplo, a indústria de produção de nylon que é
responsável por aproximadamente 6% do aumento anual do NO atmosférico[4]. Os
gases NOx são responsáveis por parte das complicações respiratórias sofridas pelos
habitantes dos grandes centros, bem como os problemas decorrentes da chuva ácida.
Apesar das diversas aplicações do óxido nítrico nesses dois campos, são suas
funções e aplicações biológicas que tem despertado grande interesse nos últimos
anos[5-12]. Um aspecto marcante desta molécula é a sua capacidade de ser benéfica
ou potencialmente tóxica conforme a concentração ou depuração tecidual. O NO é um
importante mensageiro intercelular nos mamíferos superiores. O mecanismo de
sinalização intercelular é, em geral, realizado através de receptores de membrana
celular na célula alvo; estes receptores são, habitualmente, transmembranosos tendo
contato com citoplasma e desencadeando uma “cascata” de sinais intracelulares que
finalizarão em uma mudança na célula. Pelas suas características químicas de alta
difusibilidade, a sinalização do NO é exercida diretamente em nível intracelular, sem
receptores transmembranosos[8]. Devido à sua penetração intracelular sem
intermediários membranosos, o organismo utiliza o NO em funções fisiológicas em que
é necessária uma resposta rápida. O NO é sintetizado no organismo por uma série de
classes de animais como os insetos (barbeiro, mosca da fruta), peixes (truta), aves e
seres humanos. O NO atua sempre como mensageiro biológico em grande variedade
de processos fisiológicos[5-9, 13].
21
1.1. Características e síntese do NO
O óxido nítrico é uma molécula gasosa simples, habitualmente encontrada no ar
atmosférico em pequenas quantidades, altamente tóxica devido à presença de radical
livre (elétron extra) que a torna um agente químico altamente reativo. Quando diluído, o
NO tem uma meia vida de menos de 10 segundos devido à sua rápida oxidação a
nitrito e nitrato. O NO liga-se à hemoglobina e outras proteínas que contém o núcleo
heme levando ao término de sua atividade biológica[14, 15] . A fig. 1 indica a clássica
reação química de formação do NO, em que a L-arginina é transformada em um
intermediário, a N G -hidroxi-L-arginina com a presença de nicotinamida-adenina-
dinucleotídeo- fostato-hidrogênio (NADPH) e Ca2+ sendo necessário mais NADPH e O2
para a formação de L-citrulina e NO. O oxido nítrico (NO) é sintetizado a partir da L-
arginina pela sitetase do oxido nítrico[14].
FIGURA 1 - Reação química de formação do NO.
NH
NH2NH2
COOH3N
+
+ -
O2
1.0NADPH
NH
NNH2
COOH3N
+
+ -
O2
0.5NADPH
OH
H
NH
NH2O
COOH3N+ -
+ N O
L-Arginina NG-Hidroxi-L-arginina L-Citrulina
22
1.2. Aspectos Fisiológicos do NO
1.2.1. Relaxação muscular e funções vasodilatadoras
Atualmente, há evidências de que o NO é o principal regulador da pressão
sangüínea e este controle é efetuado a partir da produção de óxido nítrico nas células
endoteliais[16]10. Neste processo observa-se que vários mensageiros químicos,
incluindo alguns hormônios e acetilcolina (Ach), podem ativar a enzima NO sintetase
endotelial (eNOS), ligando-se a receptores apropriados na membrana da célula
endotelial. Estas ligações provocam a abertura de canais, que permitem que o cálcio
penetre na célula, levando a um aumento na concentração de cálcio dentro da mesma,
e ativando a enzima eNOS. O óxido nítrico produzido difunde-se da célula endotelial
para a célula muscular, onde ativa a enzima guanilato ciclase (GC), causando aumento
dos níveis de guanosina monofosfato cíclico (cGMP). Esse aumento diminui a
quantidade de Ca2+ livre na célula muscular, causando sua relaxação. Ou seja, a
contração muscular requer Ca2+, e a força de contração é reduzida quando o nível de
Ca2+ diminui[14, 17, 18].
A manutenção da pressão sangüínea normal requer que as células endoteliais
sintetizem constantemente NO. Quando este nível não é atingido, seja porque a
produção é bloqueada pela administração de um inibidor eNOS ou em estados
patológicos como a arteriosclerose, o músculo não relaxa apropriadamente. Então, a
vasoconstrição resultante, aumenta a pressão sangüínea e pode ser responsável por
algumas formas de hipertensão[16].
Nitrosilos complexos de rutênio vêm sendo estudados para uso como
vasodilatadores e em terapias fotodinâmicas[19-26]. Estudos recentes envolvendo os
compostos trans-[Ru(NH3)4P(OEt)3NO]3+ e o trans-[Ru(NH3)4Imk2NO]3+ com respeito à
liberação de NO[5, 27-29], mostraram que os mesmos apresentaram baixa toxidez bem
como seus prováveis metabólitos[30].Testes em células de hipocampo de cérebro de
rato[31], demonstraram a capacidade destes dois complexos liberarem NO em cultura.
Testes em ratos hipertensos, com o fosfito complexo, demonstraram possuir o íon
trans-[Ru(NH3)4P(OEt)3NO]3+ uma capacidade vasodilatadora semelhante ao
nitroprussiato. Este fato foi comprovado com testes de relaxação muscular em íleo de
cobaias[5, 29].
23
1.2.2. Ação no sistema imunológico A resposta imunológica é a reação do corpo através da qual materiais estranhos
são neutralizados ou destruídos e os macrófagos e as células brancas do sangue, que
são ativos no processo inflamatório, apresentam-se como elementos-chave para o
sucesso desta resposta, uma vez que é capaz de engolfar e matar células de tumores
e de bactérias. Para que um macrófago atue, ele precisa ser ativado por moléculas
conhecidas como citocinas, que são liberadas por algumas células do sistema
imunológico[32, 33].
A liberação descontrolada de NO dentro das células é acompanhada por uma
série de eventos, onde, após o NO em excesso reagir com as espécies O2-, O2 ou
H2O2, ocorre à formação de peroxinitrito (ONO2-), NO2, N2O3 e HO•. Estes radicais
livres podem ocasionar clivagem do DNA ou até mesmo a morte celular[34, 35]. Por
outro lado, a liberação controlada do NO dentro de uma célula alvo pode ser uma
maneira de destruir células de tumores malignos. Foram feitos estudos com o
complexo RuCl3(NO)(H2O)2 , o qual apresentou fotolabilização do NO[19, 20], mas com
um baixo rendimento quântico, que pode ser amenizado pela presença de ligantes π-
doador, e sua biodistribuição é incerta e provavelmente não específica[19, 20].
1.1.3. Mensageiro no sistema nervoso central
Os neurotransmissores enquadram-se em diferentes classes químicas. Os
primeiros neurotransmissores conhecidos, descobertos entre 1930 e 1960, eram todas
aminas, moléculas orgânicas derivadas da amônia (NH3), e que têm no grupo do
nitrogênio seu principal mecanismo de sinalização. Na década de 1960, os
pesquisadores começaram a perceber que também aminoácidos eram
neurotransmissores. A terceira classe abrange os peptídeos[31]. Nos últimos anos, o
trabalho em diversos laboratórios de pesquisa[36], levou ao reconhecimento de uma
quarta e extraordinária classe de neurotransmissores, que inclui o óxido nítrico e o
monóxido de carbono. De fato, observou-se que o NO muitas vezes funciona como um
neurotransmissor, porém, não se assemelha ou age como qualquer outro
neurotransmissor conhecido[36-38]. Quando um neurônio é ativado, libera
neurotransmissores que se encontram armazenados em vesículas especiais, em uma
região de contato entre os neurônios, chamada sinapse. A célula receptora capta o
24
neurotransmissor e é ativada. O NO não é armazenado em vesículas e não apresenta
mecanismos especiais de liberação, sendo produzido onde e quando se faz
necessário[37, 38]. Além disso, enquanto a maioria dos neurotransmissores acopla-se
precisamente a um receptor específico na superfície da célula, o NO não necessita de
receptores específicos para penetrar na mesma e é capaz de difundir-se livremente do
ponto onde foi sintetizado até sítios intracelulares em células vizinhas[39, 40].
Supõe-se que o NO atue como mensageiro entre neurônios, coordenando a
memória e as funções motoras[41]. Os neurônios produtores de NO também foram
encontrados em muitos tecidos periféricos, incluindo os sistemas cardiovasculares,
respiratórios e digestivos.
1.2.4. Óxido nítrico e intestino
Nos últimos anos, o trato gastrintestinal passou a ocupar um lugar de destaque
na fisiopatogenia do processo séptico. Este território é um dos primeiros a sofrer
conseqüências nas situações em que ocorre hipofluxo ou em decorrência de processo
séptico. No intestino existe produção de NO em alguns tecidos, como no epitélio, na
musculatura lisa, no plexo neural e nos mastócitos. Além disso, NO pode ser produzido
nos leucócitos (neutrófilos e monócitos) existentes no seu território, através da redução
de nitrito no estômago, e através da denitrificação por anaeróbios. Em condições
normais, a perfusão da mucosa é regulada pelo NO produzido no endotélio vascular do
território mesentérico. Além desta regulação da circulação, o NO participa da peristalse
e da ação dos esfíncteres[42, 43].
Nos processos inflamatórios existe liberação da NOSi com conseqüente
produção de NO em excesso. Isto acarreta uma hiperemia da mucosa.
Fisiologicamente, o NO mantém uma perfusão adequada no intestino, inibindo a
adesão de neutrófilos no endotélio, bloqueando a adesão de plaquetas e prevenindo a
ativação de macrófagos[42-44]. Nas condições inflamatórias, em que existe produção
maior de NO, ocorre uma lesão da mucosa, hiperemia e quebra da barreira,
propiciando a translocação bacteriana. Desta maneira o processo séptico pode se
iniciar ou perpetuar-se. O uso de inibidores da NOSi melhora a disfunção da barreira e
a permeabilidade[42, 45]. Da mesma forma que em outras circunstâncias, a inibição
seletiva da NOSi e a manutenção da NOSc poderia ser benéfica e ter um efeito
terapêutico nestes casos.
25
2. Justificativas e Objetivos
O grande desafio presente no estudo químico do NO é o desenvolvimento de
compostos que possam atuar como doadores e/ou receptores de NO em sistemas
biológicos, uma vez que essa molécula atua em uma diversidade de processos
fisiológicos.
A hipótese de que o efeito π-receptor dos ligantes em torno do fragmento
[MNO]3+ pode ser usado para controlar a liberação e captação do NO em nitrosilo
metalofarmacêuticos será utilizada como principal estratégia. Os compostos trans-
[Ru(NH3)4P(OEt)3NO]3+ [31] e trans-[Ru(NH3)Imk2NO]3+ [46] (Imk2 = imidazol com
coordenação via átomo de carbono) mostraram-se ativos facilitando a população de
neurônios em partes do cérebro responsável pela memória, além de testes com o
fosfito-complexo demonstrarem que o mesmo apresenta propriedades
vasodilatadoras[31]. Esta atividade foi relacionada com o efeito trans-labilizante dos
ligantes P(OEt)3 e Imk2[47] que induzem a liberação do óxido nítrico em ambientes
biológicos.
Este trabalho tem como objetivo principal o estudo da reatividade dos sistemas
cis-[Ru(bpy)2L(NO)](PF6)n ( onde L = Imidazol, isonicotinamida e Sulfito) e trans-
[Ru(bipy)2SO3(NO)](PF6) objetivando a modulação de nitrosilo complexos, capazes de
atuar como doadores de NO em sistemas biológicos. Este sistema foi escolhido devido
o ligante 2,2’-bipiridina (Figura 2) ser capaz de realizar ligações π do tipo MLCT. Desta
forma espera-se ocorrer um decréscimo da densidade eletrônica do centro metálico,
fazendo com que diminua também a intensidade da back-bonding Ru→NO+, facilitando
a redução do NO+, em relação as tetraaminas.
FIGURA 2 – 2, 2’ bipiridina (bpy)
H
H
C
H
C
C
H
C
C
C
H
H
C
N
CC
N
H
CH
1
2
3
45
6
1’
2’
3’4’
5’
6’
26
3. Parte Experimental
3.1. Reagentes e soluções
Ácido Trifluoracético
CF3COOH, 99 % de pureza, de procedência Merck, foi utilizado nas sínteses dos
nitrosilos complexos e nas alterações dos valores de pH das soluções empregadas nos
experimentos eletroquímicos.
Água
A água utilizada em todos os experimentos foi bidestilada com KMO4 e KOH,
com o objetivo de remover traços de íons e eliminar qualquer tipo de matéria orgânica.
Argônio
Argônio, de procedência WHITE MARTINS, foi utilizado nos experimentos a
atmosfera inerte. Possíveis traços de oxigênio foram eliminados da presença do gás,
conduzindo o mesmo através de frascos lavadores contendo íons Cr+2 em meio ácido e
aquoso. Em seguida, o fluxo de gás foi conduzido por frascos borbulhadores, nos quais
foram realizados os experimentos, através de conecções e torneiras adequadas a uma
linha de vidro, com juntas esféricas.
Solventes Orgânicos
Etanol absoluto, de procedência Synth.
Metanol, de procedência Merck, foi utilizado sem purificação prévia.
Tricloreto de Rutênio Hidratado
RuCl3.XH2O, de procedência Aldrich, 99 % de pureza, foi utilizado na síntese do
complexo cis-[Ru(bipy)2Cl2].
27
Iodeto de Sódio
NaI, de procedência Vetec, foi utilizado em solução alcoólica saturada para a
precipitação do complexo cis-[Ru(bipy)2SO3NO2]Na.
Hexafluorofosfato de Amônio
NH4PF6, de procedência Aldrich, foi utilizado como agente precipitante na
síntese dos complexos.
Nitrito de Sódio
NaNO2, de procedência Merck, foi utilizado na síntese dos complexos cis-
[Ru(bipy)2L(NO)](PF6)n ( onde L = Imidazol, 2-metilimidazol, Sulfito e Isonicotinamida).
Ligantes
C6H6N2O (isonicotinamida), de procedência Aldrich, 99 % de pureza, foi utilizado
na síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2L(NO)](PF6)n ( onde L = Isonicotinamida).
C3H4N2 (Imidazol), de procedência Aldrich, 99 % de pureza, foi utilizado na
síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2L(NO)](PF6)n ( onde L = Imidazol).
Na2SO3 (Sulfito de Sódio), de procedência Vetec, 98 % de pureza, foi utilizado
na síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2L(NO)](PF6)n ( onde L = Sulfito).
C10H8N2 (2,2` bipiridina), de procedência Aldrich, 99 % de pureza, foi utilizado na
síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2Cl2].
28
3.2. Aparelhos e Técnicas Experimentais
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE)
Os cromatogramas foram obtidos através de um sistema cromatográfico, HPLC
Shimadzu, consistindo de duas bombas modelo LC -10AD, operando isocraticamente,
detector diode array modelo SPD – M10A Shimadzu. Uma coluna c-18 μBondapak
Waters (10μm; 3,9 mm x 300 mm) foi utilizada sob fluxo de 1 mL/min. Todas as fases
móveis foram filtradas e deaeradas antes de uso.
ESPECTROSCOPIA ELETRÔNICA
Os espectros eletrônicos, nas regiões do visível e do ultravioleta, foram obtidos
em um espectrofotômetro Hewlett-Packard, modelo 8453 Diode-Array. As amostras
foram analisadas em solução utilizando célula de quartzo retangular de caminho óptico
de 1,0 cm.
As medidas das absorbâncias foram efetuadas pela leitura direta dos espectros,
usando-se como branco o respectivo solvente. Os valores das absortividade molares
foram calculados pela lei de Lambert-Beer, através das medidas das absorbâncias das
amostras em solução e em diversas concentrações, preparadas a partir de diferentes
massas.
ELETROQUÍMICA
Os experimentos voltamétricos foram realizados utilizando-se um sistema
eletroquímico da Bioanalytical System Inc., Modelo BAS100Bw. Empregou-se para
tanto uma cela convencional de três eletrodos: platina, carbono vítreo e prata/cloreto de
prata como eletrodos auxiliar, de trabalho e de referência, respectivamente. As análises
foram realizadas usando NaTFA 1,0 Mol L-1 pH = 3,4 como eletrólito suporte.
29
ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL
Os espectros vibracionais, na região do infravermelho, foram obtidos a partir de amostras dispersas em pastilhas de brometo de potássio (KBr), utilizando-se um
espectrômetro FT-IR Shimadzu, modelo IRPrestige – 21, com janela espectral de 400 a
4000 cm-1.
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR
Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de carbono, 13C e de
Hidrogênio, 1H, foram obtidos em um espectrômetro AVANCE DPX 300 Bruker, a 300
MHz. Utilizou-se como padrão interno o composto 2,2’-dimetil-2-silapentano-5-sulfonato
de sódio.
3.3. Determinação da Constante de Equilíbrio A determinação da constante de equilíbrio para o sistema (equação 1) Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO]+n + 2OH- Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO2]
+n + H2O (1)
A B
L = imN, Isn e SO3
-2
Foi efetuada usando método espectrofotométrico (as medidas de absorbâncias foram
em 429 e 415 nm para o imN e SO3-2, respectivamente) descrito por Albert e
Serjeant[48]. Manteve-se a força iônica constante com NaTFA 0,5 Mol L-1. Utilizou-se
para os cálculos da constante de equilíbrio a seguinte equação 2:
2pOH = -pKeq + log (A – Af) / (Ao – A) (2)
Onde:
Ao = Absorbância da espécie A
Af = Absorbância da espécie B
A = Absorbância da mistura
30
3.4. Sínteses 3.4.1. Síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2Cl2]
O complexo foi sintetizado de acordo com método citado na literatura[49, 50].
3.4.2. Síntese do complexo trans-[Ru(NH3)4SO2Cl]Cl
O complexo foi sintetizado de acordo com método citado na literatura[51].
3.4.3. Síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2SO3H2O] 80 mg (0,26 mmol) de trans-[Ru(NH3)4SO2Cl]Cl foram dissolvidos em 5,0 mL de
água, sob fluxo de argônio. Em seguida adicionou-se 82,25 mg (0,52 mmol) de
bipiridina (bpy), deixando reagir por 2 horas. Após este tempo evaporou-se o solvente
até a secura e coletou-se o precipitado com a adição de etanol. O sólido foi filtrado e
estocado sob vácuo.
3.4.4. Síntese do complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6)
200 mg (0,41 mmol) de cis-[Ru(bpy)2Cl2] e 33,50 mg (0,49 mmol) de imidazol
foram dissolvidos em 20 mL de uma solução(1:1 etanol/água), deixando em refluxo por
1 hora. Em seguida adicionou-se 33,95 mg (0,49 mmol) de NaNO2, ficando sob
agitação e em refluxo por 2 horas. Após este tempo evaporou-se o solvente até
reduzido o volume à metade e coletou-se o precipitado pela adição de uma solução
saturada com NH4PF6. O sólido foi filtrado e estocado sob vácuo.
3.4.5. Síntese do complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO2](PF6)
200 mg (0,41 mmol) de cis-[Ru(bipy)2Cl2] e 60 mg (0,49 mmol) de
isonicotinamida foram dissolvidos em 20 mL de uma solução (1:1 etanol/água),
deixando em refluxo por 1 hora. Em seguida adicionou-se 33,95 mg (0,49 mmol) de
NaNO2, ficando sob agitação e em refluxo por 2 horas. Após este tempo evaporou-se o
solvente até reduzido o volume à metade e coletou-se o precipitado pela adição de
uma solução saturada com NH4PF6. O sólido foi filtrado e estocado sob vácuo.
31
3.4.6. Síntese do complexo cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2]
200 mg (0,41 mmol) de cis-[Ru(bpy)2Cl2] e 62 mg (0,49 mmol) de sulfito de
sódio foram dissolvidos em 20 mL de uma solução (1:1 etanol/água), deixando em
refluxo por 1 hora. Em seguida adicionou-se 33,95 mg (0,49 mmol) de NaNO2, ficando
sob agitação e em refluxo por 2 horas. Após este tempo evaporou-se o solvente até
próximo a secura e coletou-se o precipitado pela adição de uma solução saturada com
NaI. O sólido foi filtrado e estocado sob vácuo.
3.4.7. Síntese do complexo trans-[Ru(bipy)2SO3(NO)](PF6)
60 mg (0,11 mmol) de Cis-[Ru(bipy)2(SO3)(H2O)], foram dissolvido em 5,0 mL
CF3COOH 2 Mol L-1, sob fluxo de argônio. Em seguida adicionou-se 0,58 mmol de
NaNO2, deixando reagir por 2 horas. Após este tempo evaporou-se o solvente até a
secura e coletou-se o precipitado com a adição de 1 mL de uma solução aquosa
saturada com NH4PF6. O sólido foi filtrado e estocado sob vácuo.
3.4.8. Síntese do complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3
150 mg (0,22 mmol) de cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6)foram dissolvidos em 15 mL
de metanol sob fluxo de argônio e agitação. Em seguida adicionou-se 2 mL de uma
solução aquosa de CF3COOH 70%, deixando reagir por 1 hora. Após este tempo
coletou-se o precipitado pela adição de uma solução aquosa saturada com NH4PF6. O
sólido foi filtrado e estocado sob vácuo.
3.4.9. Síntese do complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3
150 mg de (0,20 mmol) cis-[Ru(bpy)2IsnNO2](PF6) foram dissolvidos em 15 mL
de metanol sob fluxo de argônio e agitação. Em seguida adicionou-se 2 mL de uma
solução aquosa de CF3COOH 70%, deixando reagir por 1 hora. Após este tempo
coletou-se o precipitado pela adição de uma solução aquosa saturada com NH4PF6. O
sólido foi filtrado e estocado sob vácuo.
32
3.4.10. Síntese do complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6)
150 mg (0,27 mmol) de cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2] foram dissolvidos em 15 mL de
metanol sob fluxo de argônio e agitação. Em seguida adicionou-se 2 mL de uma
solução aquosa de CF3COOH 70%, deixando reagir por 1 hora. Após este tempo
coletou-se o precipitado pela adição de uma solução aquosa saturada com NH4PF6. O
sólido foi filtrado e estocado sob vácuo.
33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO2](PF6) (L = ImN, Isn e SO32–)
e cis-[Ru(bipy)2SO3H2O]
4.1.1. Espectroscopia eletrônica na região do UV-visível
Os complexos metálicos apresentam, em geral, quatro tipos característicos de
bandas em seus espectros que são atribuídas às seguintes transições eletrônicas.
1. Transições de campo de ligante (d→d) – Ocorrem entre os níveis de
energia originados pelo desdobramento dos orbitais d dos íons metálicos, decorrentes
das interações eletrostáticas com os ligantes.
2. Transições de transferência de carga ligante-metal (LMCT) – Ocorrem
devido às transferências de densidade eletrônica dos orbitais dos ligantes para os
orbitais de energias mais apropriadas no metal.
3. Transições de transferências de carga metal-ligante (MLCT) – Ocorrem
devido às transferências de densidade eletrônica dos orbitais dπ do metal para os
orbitais de energias mais apropriadas nos ligantes.
4. Transições interna dos ligantes – São geralmente provenientes das
transições n → π* e π → π* que os ligantes livres de coordenação apresentam em
seus espectros eletrônicos.
A análise dos espectros foi feita de maneira simplificada, já que uma análise
mais profunda necessita de cálculos e experimentos mais detalhados. Desse modo, a
análise a seguir é feita em comparação com sistemas semelhantes reportados na
literatura.
Os espectros eletrônicos, na região do Uv-visível, dos complexos cis-
[Ru(bipy)2LNO2](PF6) (L = Imidazol, isonicotinamida e Sulfito), em meio aquoso, são
apresentados nas figuras 3, 4 e 5 respectivamente. A partir da análise dos espectros
eletrônicos, observa-se a presença de duas bandas em 242 e 286 nm, comum a todos
34
os complexos, atribuídas à transição π π* do ligante bipiridina, visto que foram
observadas bandas de absorção idênticas em complexos relacionados na literatura[52-
54], onde foram atribuídas a essas transições. As mesmas transições são observadas
no espectro da bipiridina livre, o que reforça essa atribuição.
Os espectros eletrônicos na região do UV-visível para os nitritos complexos em
água são caracterizados pela presença de bandas intensas (ε ≈ IO3 Mol L–1 cm–1)[55,
56] em torno de 410 nm (tabela 1) que são relativamente afetadas pela natureza do
solvente, visto que os mesmos complexos em acetonitrila apresentaram um
deslocamento dessas bandas para uma região de menor energia, como também o
aparecimento de outras bandas que estavam encoberta pela transição intraligante da
bipiridina do tipo π → π∗ . De acordo com Meyer e Colaboradores[52-54], essas bandas
observadas em complexos bis-(2,2'-bipiridina) de Ru(II) em torno de 412 nm podem ser
razoavelmente atribuídas a transições de transferência de carga do metal para o ligante
(MLCT) do tipo dπ(Ru) π*( bpy).
As bandas de transferências de carga, ao contrário das bandas de campo ligante
(dd), mostram dependência quanto à mudança da natureza do solvente no qual o
espectro é obtido[57]. No estado fundamental, o solvente é organizado com seu dipolo
orientado para interagir com o dipolo do estado fundamental do complexo. O dipolo do
estado de transferência de carga excitado é diferente, em direção ou magnitude do
dipolo do estado fundamental. O tempo requerido para uma nova orientação dos
dipolos não é compatível com o da transição. Portanto, dependendo da natureza do
solvente e da mudança do dipolo, o estado excitado pode ser estabilizado ou
desestabilizado[57]. Em ambos os casos, a energia da transição de transferência de
carga dependerá do solvente, particularmente de sua polaridade.
Trabalhos de complexos do tipo cis-RuII(bpy)2L2 [53, 54] tem mostrado que a
back-bonding do tipo dπ(Ru) L estabiliza os níveis dos orbitais dπ(Ru) mas permite
que os níveis π*(bpy) não sejam relativamente afetados. Como uma conseqüência, as
energias das transições de transferência de carga metal-ligante (MLCT) para uma série
de complexos relacionados provêem da habilidade do grupo L de funcionar como um
ligante π-receptor quando coordenado a Ru(II). Por este raciocínio, os ligantes
isonicotinamida, imidazol e o nitrito funcionam como forte π-receptor de elétrons mais
do que os ligantes piridina e acetonitrila nos complexos do tipo [RuII(bpy)2(py)L], onde
apresentaram λmax de 455 e 437 nm respectivamente.
35
300 400 500 600 700 800
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 03 – Espectros eletrônicos do complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6)
em: (―) água e (―) acetonitrila. [Ru] = 2,5 x 10-5 Mol L-1.
300 400 500 600 700 800
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
Abs
Comprimento de Onda (nm)
36
FIGURA 04 – Espectros eletrônicos do complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO2](PF6) em:
(―) água e (―) acetonitrila. [Ru] = 3,5 x 10-5 Mol L-1.
300 400 500 600 700
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
1.50
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 05 – Espectros eletrônicos dos complexo cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2] em:
(―) água e (―) acetonitrila. [Ru] = 2,56 X 10-5 Mol L-1.
O espectro eletrônico do complexo cis-[Ru(bipy)2SO3H2O] em água é
apresentado na figura 6 e sendo encontrados na tabela 1, os valores dos seus
respectivos coeficientes de extinção molar, bem como suas atribuições. As bandas de
maior energia em 243 e 294 nm (ε ≈ 104 Mol L-1 cm-1) são atribuídas a transição interna
do ligante bipiridina do tipo π π* , já que as mesmas encontram-se no espectro
eletrônico da bipiridina livre. As bandas em 340 nm (ε = 5.32 × 103 Mol L-1 cm-1) e 464
nm (ε = 3.78 × 103 Mol L-1 cm-1) observada neste complexo são atribuídas a transições
de transferência de carga do metal para o ligante (MLCT) do tipo dπ(Ru) π*( bpy),
com base nos altos valores para os coeficientes de extinção molar e comparação feita
com complexos semelhantes relacionados na literatura[58].
O aparecimento de duas bandas de transferências de carga bem definidas, com
coeficientes de extinção molar muito próximo, são característicos de sistemas na
conformação isomérica cis [54], visto que os complexos em conformação isomérica
37
trans apresentam uma diferença significativa nos valores de ε para essas duas bandas.
Normalmente a banda em torno de 465 nm apresenta um deslocamento para menor
energia e um aumento no seu coeficiente de extinção molar. Um exemplo disso são
íons os complexos cis e trans-[Ru(bpy)2(H2O)2]2+ [59, 60], onde o isômero cis apresenta
as bandas de absorção em 387 e 480 nm, e isômero trans apresenta um deslocamento
das bandas de absorção para 427 e 495 nm. Com base nos dados obtidos, o complexo
cis-[Ru(bipy)2SO3H2O] apresenta uma conformação isomérica cis.
300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 06 – Espectros eletrônicos do complexo cis-[Ru(bpy)2SO3H2O] em
água. [Ru] = 2,31 X 10-5 Mol L-1
38
TABELA 1- Dados de UV-visível para os íons complexos cis-
[Ru(bpy)2LNO2](PF6)n, em água.
Complexos λ (nm) (ε, mol-1 L cm-1) Atribuição
Água Acetonitrila
cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6) 243 (2,19 × 104) 243 (2,25 x 104) IL (π → π∗(bpy))
286 (4.45 × 104) 289 (4.25 × 104) IL (π → π∗(bpy))
412 (7,3 × 103) 340 (7,15 × 103) MLCT (dπRuII→ π∗(bpy))
- 475 (8,3 × 103) MLCT (dπRuII→ π∗(bpy))
cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2] 242 (1,25 x 104) 242 (1,35 x 104) IL (π → π∗(bpy))
286 (6,20 x 104) 289 (6,45 x 104) IL (π → π∗(bpy))
405 (1,02 x 103) 420 (1,22 x 103) MLCT (dπRuII→ π∗(bpy))
cis-[Ru(bipy)2IsnNO2](PF6) 243(1,80 x 104) 242 (1,95 x 104) IL (π → π∗(bpy))
285(3,75 x 104) 290 (3,92 x 104) IL (π → π∗(bpy))
408(9,04 x 103) 340 (9,24 x 103) MLCT (dπRuII→ π∗(bpy))
- 440 (9,36 x 103) MLCT (dπRuII→ π∗(bpy))
Cis-[Ru(bipy)2SO3H2O] 243 (1,67 × 104) - IL (π → π∗(bpy))
294 (4,18 × 104) - IL (π → π∗(bpy))
345 (5,32 × 103) - MLCT (dπRuII→ π∗(bpy))
474 (3,78 × 103) - MLCT (dπRuII→ π∗(bpy))
39
4.1.2. Espectroscopia Vibracional na Região do infravermelho
A espectroscopia vibracional é uma técnica de análise na qual se utiliza radiação
eletromagnética para testar o comportamento vibracional de moléculas observando-se
a absorção ou espalhamento dessa radiação. Esta, tem sido utilizada como técnica
para análises tanto qualitativa quanto quantitativa, sendo extremamente útil na
elucidação de eventos que podem ser associados ao movimento vibracional, tais como
a identificação de grupos químicos, tautômeros, interações intermoleculares, modos de
coordenação em complexos metálicos e outros[61-66].
Os espectros vibracionais na região do infravermelho dos complexos cis-
[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6), cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2] e cis-[Ru(bpy)2IsnNO2](PF6) em
pastilha de Kbr são apresentados nas Figura 7, 8, 9, 10, 11 e 12 respectivamente e
sendo resumidas na tabela 2 as atribuições das bandas para todos os complexos. A
partir dos resultados obtidos, foi observada banda do ligante imidazol em torno de 2958
e 2874 cm-1, atribuída ao estiramento simétrico CH do anel imidazólico; e em torno de
1465 cm-1, associada a estiramentos simétricos C=C. Também foram verificadas
bandas características do ligante bipiridina em torno de 3138 cm-1, atribuída ao νC-H,
em torno de 1465 e 1443 cm-1, associada aos estiramentos simétricos C=C e C=N,
respectivamente e em torno de 767 cm-1 referente à deformação C-H.
Em relação ao complexo com o ligante isonicotinamida foram observadas
bandas típicas deste ligante em 3454 cm-1 associada ao estiramento simétrico N-H; em
3120 e 3080 cm-1 referente ao estiramento simétrico C-H e em torno 1684 cm-1
atribuída ao estiramento simétrico C=O. Além disso, foram verificadas bandas
características do ligante bipiridina, bem como as bandas características do ligante
nitro coordenado via átomo de nitrogênio.
O aparecimento das bandas na região de 1340 e 1280 cm-1 nos complexos cis-
[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6), cis- [Ru(bpy)2IsnNO2](PF6) e cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2],
atribuída aos estiramentos simétrico e assimétrico do grupo NO2-, mostrou que este
ligante também faz parte da esfera de coordenação. Este resultado mostra que a
coordenação deste ligante se dar via átomo de nitrogênio, visto que a diferença entre o
estiramento assimétrico e simétrico está abaixo de 100 cm-1. De acordo com
Nakamoto[66, 67], quando se obtém uma diferença mínima entre os dois modos
vibracionais a coordenação deste ligante se dar pelo nitrogênio. Se o nitrito estiver
coordenado com íon metálico pelo oxigênio a diferença será maior que 300 cm-1. Pelos
40
dados de infravermelhos dos complexos deste trabalho, verifica-se que este ligante
encontra-se coordenado ao centro metálico via átomo de nitrogênio.
O complexo com o ligante sulfito além de serem observadas bandas associadas
a bipiridina, também apresentaram bandas típicas em torno de 1031, 962, 626 e 516
cm-1 associada aos quatro modos de estiramento do grupo SO. O ligante sulfito livre
pertence ao grupo de simetria C3v, sendo observadas quatro freqüências vibracionais
em 967, 933, 620 e 469 cm-1 associadas aos estiramentos ν1(Α1), ν3(E), ν2(Α1), e ν4(E)
deste ligante, ativas no infravermelho[66]. Se a coordenação deste ligante com o íon
metálico ocorrer pelo enxofre, a simetria do íon livre é preservada, e na região de 900
cm-1 aparece uma única banda associada a vibração duplamente degenerada ν3(E). Se
a coordenação for pelo átomo de oxigênio, a simetria neste ligante diminui para Cs,
causando a quebra dessa degenerescência. Com isso, ocorre o aparecimento no
espectro de duas bandas na região de 1000 cm-1, referente a ν3(E). Os dados de
infravermelho para o complexo apresentado aqui são consistentes com a simetria C3V,
e mostram que o sulfito encontra-se coordenado ao Ru(II) com um ligante
monodentado via átomo de enxofre[66, 68-70].
3500 3000 2500 2000 1500 1000 5000
20
40
60
80
100
844
1070
559
765
14651280
1340
2874
29583138
% T
Núm ero de Onda (cm -1)
FIGURA 07 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6) em pastilha de KBr.
41
1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0 4 0 00
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
1 4 4 51 4 6 5
1 2 8 0
1 3 4 01 0 7 0
7 6 5
5 5 9
% T
N ú m e ro d e O n d a (c m -1)
FIGURA 08 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6), de 1700 a 400 cm-1.
350 0 30 00 25 00 2000 1 500 100 0 5 0030
40
50
60
70
80
90
100
846
557
769
13011336
14 67
168 534 54
3080
3 207
% T
N úm ero de O nda (cm -1)
FIGURA 09 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2IsnNO2](PF6) em pastilha de KBr.
42
1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0
3 0
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
9 0
1 0 0
557
7 69
845
1295
1337
14431467
1685% T
N ú m ero d e O n d a (cm -1)
FIGURA 10 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2IsnNO2](PF6), de 1800 a 400 cm-1.
3500 3000 2500 2000 1500 1000 5000
20
40
60
80
100
1442
767
962
1031
1271
3076
3113
% T
Número de Onda (cm-1)
FIGURA 11 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
Na[Ru(bpy)2SO3NO2] em pastilha de KBr.
43
1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0 4 0 0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
6 2 5
1 6 0 5 1 4 7 01 4 4 5
1 2 7 2
7 6 9
9 6 1
1 0 3 4
% T
N ú m e ro d e O n d a (c m -1 )
FIGURA 12 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
Na[Ru(bpy)2SO3NO2], de 1700 a 400 cm-1.
44
TABELA 2- Dados de infravermelho dos compostos cis-[Ru(bpy)2L(NO2)](PF6)n em
pastilha de KBr.
L Número de onda (cm-1) Atribuição ImN 3352 e 3138 (F) ν(N−H)
2958 (F) e 2874(F) ν(C−H)
1465 (M) ν(C=N)
1443 (M) ν(C=C)
1340 (M) νassim(N−O2-)
1280 (M) νsim (N−O2-)
765 (F) δ(C−H)
844, 559 (mF) ν(P−F6-)
Isn 3454 (F) ν(N−H) 3120 e 3080 (M) ν(C−H) 1685 (F) ν(C=O) 1467 ν(C=N) 1400 e 1443 (M) ν(C=C) 1337 (F) νassim(N−O2
-) 1295 (F) νsim (N−O2
-) 769 (F) δ(C−H) 845, 557 (mF) ν(P−F6
-)
SO3-2 3113 (M) e 3076 (M) ν(C−H)
1564, 1469 (M) ν(C=N)
1442 (M) ν(C=C)
1305, 1271 (mF) νassim e νsim (N−O2-)
1031 (F) ν3(E) SO3-2
962 (F) ν1(Α1)
626 (M) ν2(Α1)
516 (M) ν4(E)
767 (F) δ(C−H)
ν - Estiramento, δ - deformação. Intensidades: mF= muito forte, F= forte, M = médio.
45
O espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bipy)2SO3H2O] é apresentado nas Figuras 13 e 14, sendo resumida na tabela 3 as
freqüências vibracionais e suas atribuições. Foram verificadas bandas características
do ligante bipiridina em torno de 3138 cm-1, atribuído ao estiramento simétrico C-H; em
1590, 1443 e 1408 cm-, associada aos estiramentos simétricos C=C e C=N,
respectivamente e em torno de 767 cm-1 referente à deformação C-H. O espectro
vibracional apresentou quatro bandas referentes aos modos vibracionais do ligante
sulfito. Os dados de infravermelho para este complexo são consistentes com a simetria
C3V do ligante sulfito, e mostram que o mesmo encontra-se coordenado ao Ru(II) como
um ligante monodentado via átomo de enxofre[66, 68, 69].
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
30
40
50
60
70
80
763
599
73110101104
1442
29853152
% T
Número de Onda (cm -1)
FIGURA 13 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2SO3H2O] em pastilha de KBr.
46
1600 1400 1200 1000 800 600 40030
40
50
60
70
80
1402
1442599731
76310101104
% T
Número de Onda (cm -1)
FIGURA 14 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2SO3H2O], de 1700 a 400 cm-1.
TABELA 03- Dados de infravermelho dos compostos cis-[Ru(bpy)2SO3H2O] em
pastilha de KBr.
Número de onda (cm-1) Atribuição 3152 (F) ν(C−H)
2985 (F)
1442 (M) ν(C=N)
1402 (M) ν(C=C)
1104 (F) ν3(E) SO3-2
1010 (F) ν1(Α1)
731 (F) ν2(Α1)
599 (F) ν4(E)
763 (F) δ(C−H)
ν - Estiramento, δ - deformação. Intensidades: F= forte, M = médio.
47
4.1.3. Voltametria Cíclica
A voltametria é uma técnica bastante utilizada na química inorgânica, físico-
química e bioquímica para propostas analíticas, incluindo estudos fundamentais de
processos de oxidação e redução em vários meios. Especificamente, no estudo dos
compostos de coordenação, o uso dessa técnica permite a avaliação dos potenciais
formais de redução das espécies metálicas, os quais podem ser correlacionado com os
tipos de interação metal-ligante (π e σ)[70-72]. Além disso, diversas outras aplicações
tais como monitoramento de reações de isomerização, de transferências de
elétrons[73, 74] e de substituição[75, 76], na avaliação do grau de acoplamento entre
centros metálicos de espécies polinucleares[71, 77-80], medidas de pKa e
determinação de constantes de equilíbrio[70, 81, 82].
O voltamograma cíclico de uma solução contendo o íon complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNNO2]+, é apresentado na Figura 15. O valor do potencial de meia-onda
para esse complexo encontra-se relacionado na tabela 4. Observa-se claramente a
existência de um único processo quase - reversível com E1/2 = + 745 mV, vs Ag/AgCl,
referente ao par redox RuIII/II.
A partir da análise do voltamograma do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2]+,
observa-se que a introdução de uma molécula de nitrito e do imidazol conferiu uma
maior estabilidade ao centro metálico, na forma reduzida (RuII), visto que os mesmos
apresentaram potenciais de meia-onda (E1/2) mais positivo com relação ao complexo
precursor, o cis-[Ru(bpy)2Cl2], o qual possui um potencial de meia-onda de 590 mV[59]
nas mesmas condições experimentais. Com relação ao complexo cis-
[Ru(bpy)2IsnNO2](PF6) (figura 16), observa-se à existência de um processo quase-
reversível com um valor de E1/2 = + 965 mV, vs Ag/AgCl, referente ao processo de
oxido-redução do centro metálico, RuIII/II. Verifica-se que o ligante isonicotinamida
conferiu uma maior estabilidade ao rutênio, na sua forma reduzida do que o complexo
com imidazol. Isto se deve a uma maior capacidade π receptora deste ligante, que
confere uma maior deficiência no centro metálico e conseqüentemente, dificultando o
processo de transferência de elétrons.
Em relação ao complexo cis-Na[Ru(bipy)2SO3NO2] (figura 17), observa-se que
houve uma desestabilização no centro metálico, na sua forma reduzida, o qual
apresentou um potencial de meia-onda de 450 mV, em relação ao cis-
48
[Ru(bipy)2Cl2][59]. Isto ocorre em virtude do forte poder σ doador do ligante sulfito, que
provoca um aumento na densidade eletrônica do centro metálico e, conseqüentemente,
facilita o processo de transferência de elétrons que ocorre entre o centro metálico de
RuII e o eletrodo.
Devido ao efeito retirador de densidade eletrônica causada pelos ligantes:
Imidazol, isonicotinamida e nitrito, no centro metálico de Ru(II), o valor de E1/2 pra o par
redox RuIII/II no cis-[Ru(bpy)2LNO2]+ ocorre em potencial mais positivo do que o cis-
[Ru(bpy)2Cl2]. Esta observação é concordante com os resultados obtido no UV-visível,
visto que estes ligantes provocaram um maior desdobramento nos orbitais dπ do
rutênio, provocando um aumento de energia nas transferências de carga dos orbitais
dπ do rutênio para os orbitais π* da bipiridina. Já com o ligante sulfito, esta observação
não é concordante com os dados obtidos no Uv-visível. Isto se deve, provavelmente, a
forte interação que ocorre entre os orbitais d do rutênio e do enxofre, fazendo com que
haja uma maior desdobramento entre os orbitais dπ do metal e, conseqüentemente, um
deslocamento das bandas de transferências de carga (MLCT) do tipo dπ(Ru) π*( bpy)
para maiores energias.
900 850 800 750 700 650 600 550 500
-10
-5
0
5
Corr
ente
(μΑ
)
Potencial (mV)
FIGURA 15 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1,0
Mol L–1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2]+. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. V = 100 mV/s.
49
1050 1000 950 900 850 800 750 700
-20
-15
-10
-5
0
5
Corr
ente
(μA
)
Potencial (mV)
FIGURA 16 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1,0
Mol L–1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO2]+. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. V = 100 mV/s.
600 550 500 450 400 350 300 250 200
-100
-50
0
50
100
Corr
ente
(μA)
Potencial (mV)
FIGURA 17 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1,0
Mol L–1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3NO2]–. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. V = 100 mV/s.
50
O voltamograma cíclico, de uma solução contendo o íon complexo cis-
[Ru(bipy)2SO3H2O], é apresentado na Figura 18. Observa-se que a introdução de duas
moléculas de bipiridina na esfera de coordenação do centro metálico conferiu uma
maior estabilidade ao centro metálico, na forma reduzida, visto que o mesmo
apresentou um potencial de meia-onda, E1/2 = + 380 mV, valor este mais positivo com
relação ao complexo trans-[Ru(NH3)4SO2(H2O)]2+, o qual tem valor de E1/2 = + 240 mV
nas mesmas condições experimentais. Isto ocorre devido ao poder π receptor deste
ligante, que provoca uma diminuição na densidade eletrônica no rutênio. Com relação o
cis-[Ru(bpy)2Cl2], verifica-se que houve uma desestabilização no processo
eletroquímico referente ao par redox RuIII/II. Isto se deve ao forte poder σ doador do
ligante sulfito, que confere uma maior densidade eletrônica no centro metálico e
conseqüentemente, facilita o processo de transferência de carga.
800 600 400 200 0 -200 -400
-20
-10
0
10
20
Corr
ente
(μΑ
)
Potencial (mV)
FIGURA 18 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1,0
Mol L–1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3H2O]. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. V = 100 mV/s.
51
TABELA 04. Valores de E1/2 para os íons complexos cis-[Ru(bpy)2LNO2]+/2+.
Complexos E1/2(1) (mV, vs Ag/AgCl)
Cis-[Ru(bipy)2IsnNO2](PF6) + 965
Cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6) + 745
Cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2] + 450
Cis-[Ru(bipy)2SO3H2O] + 380
4. 2. Caracterização dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO](PF6) (L = ImN, Isn e SO32) e
trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6)
4.2.1. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) A cromatografia líquida de alta eficiência é a técnica de separação mais utilizada
atualmente. As razões para a utilização desse método são: a sua sensibilidade, sua
disposição para adaptação à determinação quantitativas exatas, sua conveniência para
separar espécies não voláteis ou termicamente instáveis e, sobretudo, sua
aplicabilidade comum para substâncias de interesse fundamental para a industria e
para muitos campos da ciência[83]. Esta técnica vem superando diversas limitações
impostas pela cromatografia tradicional por gravidade e cromatografia em camada, por
oferecer rapidez no processo analítico e reprodutibilidade, evitando também a
exposição dos compostos à atmosfera e à luz. Durante os últimos anos, o
desenvolvimento de colunas mais eficientes e o aumento da variedade de técnicas de
detecção têm tornado a CLAE uma ferramenta ainda mais adequada para separação e
determinação de complexos metálicos[84-87].
A cromatografia líquida de alta eficiência foi empregada em nossos estudos na
avaliação do grau de pureza dos produtos obtidos nas sínteses. O cromatograma do
íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3 (figura 19) apresentou um único pico
52
característico desta espécie pura, com tempo de retenção de 3,97 minutos e espectro
eletrônico referente a este complexo. Observa-se um certo grau de pureza neste
complexo, visto que no cromatograma não foram observados picos referentes ao
complexo de partida, o cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF3) o qual apresentou um tempo de
retenção de 6,78 minutos e ao ligante imidazol, sendo que o mesmo possui um tempo
de retenção de 3,17 minutos. Embora os tempos de retenção do nitrosilo complexo e
do ligante imidazol serem próximos, não contradiz a pureza deste complexo. Visto que
o cromatograma do nitro complexo não apresentou o pico referente ao ligante imidazol,
mostrando que no complexo precursor não existia imidazol em excesso. A presença do
pico de pequena intensidade em torno de 5 minutos se deve, provavelmente a
formação do nitro complexo. Isto ocorre, devido à conversão que o nitrosilo complexo
sofre durante o experimento. A partir dos resultados obtidos, verifica-se que o nitrosilo-
complexo é uma espécie mais polar do que o nitro-complexo. Isto ocorre, devido a
maior carga no nitrosilo complexo, fazendo com que apresente características mais
polares e, conseqüentemente, uma menor interação com a coluna cromatográfica.
O cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO]+3 (figura 20) apresentou
um único pico característico desta espécie pura, com tempo de retenção de 3,65
minutos e espectro eletrônico referente a este complexo. A pureza deste complexo foi
comprovada, pois não foi verificado o pico em 9,52 minutos referente ao nitro
complexo. Como já mencionado, o nitrosilo complexo apresentou uma maior polaridade
do que o nitro complexo, em virtude de sua maior carga.
O complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO] (figura 21) apresentou uma boa pureza
cromatográfica, pois se verificou a existência de um único pico cromatográfico com
tempo de retenção de 4,54 minuto e espectro eletrônico característico desta espécie
pura. Verifica-se que este tempo de retenção é bem diferente do complexo precursor e
do ligante sulfito.
53
FIGURA 19- Cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3 λanalítico =
325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/ min, coluna c-18 μ-
Bondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300 mm).
0 2 4 6 8
T e m p o (m in u to s )
FIGURA 20- Cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3 λanalítico =
325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/ min, coluna c-18
μBondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300 mm).
0 2 4 6 8
Tempo (minuto)
250 300 350 400 450 500 550 600
0
200
400
600
mAb
s
Comprimento de Onda (nm)
250 300 350 400 450 500 550 600
0
50
100
150
200
250
mAb
s
Comprimento de Onda (nm)
54
0 2 4 6 8
Tempo (minutos)
FIGURA 21- Cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO]+ λanalítico =
325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/ min, coluna c-18 μ-
Bondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300 mm).
Em relação ao complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) (figura 22), observa-se um
único pico cromatográfico com tempo de retenção de 3,27 minutos e espectro
eletrônico característico desta espécie pura. A partir desses dados, verifica-se que este
complexo apresentou um tempo de retenção menor do que o complexo cis-
[Ru(bpy)2SO3NO](PF6), apesar dos mesmos apresentarem a mesma carga. Isto ocorre,
provavelmente, devido à diferença na conformação isomérica que provoca uma
diminuição ou aumento no grau de hidrofilicidade destes compostos. Um exemplo
deste efeito, são os íons complexos cis e trans-[Ru(bpy)2(H2O)2]2+[88], onde o isômero
cis apresenta um tempo de retenção de 9,40 minutos e o isômero trans apresenta um
pico com um tempo de retenção de 4,30 minutos. Neste caso, a conversão isomérica
de cis para trans provocou um aumento no caráter hidrofílico deste complexo. Com
base nos resultados, verifica-se que os nitrosilo-complexos cis e trans-
[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) apresentaram este mesmo comportamento cromatográfico.
250 300 350 400 450 500 550 600
0
100
200
300
400
mAb
s
Comprimento de Onda (nm)
55
0 2 4 6 8 1 0
T e m p o ( m in u t o s )
FIGURA 22 - Cromatograma do íon complexo Trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+ λanalítico =
325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% (pH = 3,5), fluxo de 1 mL/ min, coluna c-18 μ-
Bondapak Waters(10μm; 3,9 mm x 300 mm).
TABELA 05 – tempos de retenção dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO](PF6),
trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) e cis-[Ru(bpy)2LNO2](PF6).
Complexos Tempo de Retenção (minutos)
cis-[Ru(bipy)2IsnNO2](PF6) 9,52
cis-[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3 3,65
cis-[Ru(bpy)2ImNNO2](PF6) 6,78
cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 3,97
cis-Na[Ru(bpy)2SO3NO2] 3,35
cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6)3 4,54
Trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) 3,27
250 300 350 400 450 500 550 600
0
50
100
150
200
250
300
350
mAb
s
Comprimento de Onda (nm)
56
4.2.1.1. Estudo da interconveção NO2/NO do complexo cis-[Ru(bpy)2ImNL](PF6)n utilizando o HPLC
50 mg (0,075 mmol) de cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2)]+ foi dissolvido em 15 mL de uma
solução ácida de acido trifluoracético 0,01 Mol L-1, sobe agitação e atmosfera inerte. A
reação foi monitorada por HPLC onde se observou a diminuição da espécie nitrito com
a formação da espécie nitrosilo, verificada por espectroscopia eletrônica na região do
UV-visível. Após duas horas de reação, o solvente foi rotoevaporado até reduzir o
volume à metade, e o sólido foi obtido pela adição de hexafluorfosfato de amônio.
As reações eletrofilicas do ligante nitrosilo coordenado a centros metálico de
transição foram por muito tempo conhecidas e constituíram um de seus modos de
reatividade mais importantes[89]. É observado que quando soluções de complexos do
tipo {MNO}6 (principalmente rutênio com ligantes auxiliares como aminas, polipiridinas,
etc.)[90] são colocadas em meio alcalino, há o aparecimento de uma banda que
absorve em torno 300 - 400 nm[55, 90]. Esta transformação é reversível, visto que ao
adicionar uma solução ácida há uma diminuição sucessiva desta banda. Esta reação é
a conversão no complexo do grupo nitrosilo para a forma de nitrito produzida pelo
ataque nucleofílica do OH– no grupo NO+. A banda que surge em torno de 300-400 nm
é atribuída a uma transição de transferência de carga do metal para o ligante nitrito
(MLCT)[55, 90].
Assim, um modo fácil de preparar nitrosilo-complexos é através de acidificação
de uma solução que contenha o complexo na forma de nitro. A Equação 3 representa
esta reação que é o método usado para o interconversão de nitro/nitrosilo apresentado
neste trabalho.
cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2)]+ + H2O → cis-[Ru(bipy)2ImN(NO)]3+ + 2OH– (3)
A velocidade desta reação é extremamente dependente da concentração de
H3O+, visto que em pH baixo[55, 56, 90, 91], a reação acontece muito rapidamente.
Sendo assim, o pH escolhido para esta reação foi 2,5, o qual possui uma velocidade de
interconversão possível de ser acompanhada por HPLC.
57
A Figura 23 mostra o cromatograma dos complexos cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2)]+
(23a) e cis-[Ru(bipy)2ImN(NO)]3+ (23c), com os respectivos espectros de UV-Vis
(figuras 24 e 25). É observada uma diferença significativa nos tempos de retenção de
ambos os complexos, 6.78 e 3.93 minutos, respectivamente. Devido a maior carga no
nitrosilo complexo, faz com que o mesmo apresente características mais polares e,
conseqüentemente, uma menor interação com a coluna cromatográfica.
A Figura 23b mostra a seqüência da reação de interconversão. É observado
claramente que logo após a dissolução do nitro complexo, só uma espécie com tempo
de retenção em 6.78 minutos, está presente na solução. Com o passar do tempo de
reação, é observado outro pico principal em 3,93 minutos, referente ao complexo na
forma de NO+.
Baseado em estudos cinéticos[55, 56], esta reação apresenta o seguinte
esquema do ataque nucleofílico do grupo nitrosilo pela OH-:
cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2)]+ + H2O → cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2H)]2+ + OH– (4)
cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2H)]2+ → cis-{[Ru(bipy)2ImN(NO)]•OH–}2+ (5)
cis-{[Ru(bipy)2ImN(NO)]•OH–}2+ → cis-[Ru(bipy)2ImN(NO)]3+ + OH– (6)
Assim é razoável pensar que os picos adicionais são alguns intermediários propostos
no mecanismo acima. O produto final foi isolado e caracterizado por UV-Vis, FTIR e
espectroscopia de NMR e também através de voltametria cíclica.
58
FIGURA 23 - a) Cromatograma do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2]+ λanalítico
= 325 nm, fase móvel = acetonitrila 20% em pH = 3,5; b) Em pH = 2,5; c) Produto
isolado da reação do cis-[Ru(bipy)2ImN(NO2)]+ em pH = 3,5.
2 4 6 8 10
Tempo (min)
c
b
a
59
250 300 350 400 450 500 550 600
0
200
400
600
mAb
s
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 24 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3, obtido
a partir do cromatograma c referente ao produto isolado.
250 300 350 400 450 500 550 600
0
50
100
150
200
250
mAb
s
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 25 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO2]+, obtido
a partir do cromatograma a.
60
4.2.2. Espectroscopia eletrônica na região do UV-visível
O espectro eletrônico do complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3, cis-
[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3, e cis-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) e trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6)
encontram-se ilustrado nas figuras 26, 27, 28 e 29 respectivamente. Sendo
encontrados na tabela 6 os valores dos seus respectivos coeficientes de extinção
molares, bem como suas atribuições.
Os espectros eletrônico dos nitrosilo complexos cis-[Ru(bpy)2LNO](PF6)n ( onde
L = Imidazol, isonicotinamida e Sulfito) apresentaram uma intensa banda em 290 nm,
atribuída a uma transição interna do ligante bipiridina do tipo π → π∗(bpy) que
geralmente aparece nesta região para complexos do tipo bis-(2,2-bipiridina)rutênio(II), e
uma outra banda em torno de 323 nm, atribuída a uma transição de transferência de
carga metal-ligante (MLCT) do tipo dπRuII→ π∗(bpy). Observa-se que os nitrosilo
complexos apresentaram um deslocamento das absorções, referentes às transições de
transferências de carga metal-ligante do tipo dπRuII→ π∗(bpy), para região de maior
energia (em trono de 325 nm para os dois complexos), em relação aos nitritos
complexos. Isto ocorre, porque a forte interação da back-bonding do ligante NO+
provoca um maior desdobramento dos orbitais dπ do rutênio. Com isso, há um aumento
de energia dessas transições de transferência de carga para a bipiridina e,
conseqüentemente, uma diminuição no comprimento de onda. São observadas
transições semelhantes em complexos relacionados na literatura[60, 92, 93].
As transições de transferências de carga do metal para o ligante NO+ ocorrem
em energias mais altas nos nitrosilo complexos contendo a 2,2' –bipiridina do que a
tetraminas de rutênio[94, 95], devido a grande estabilização dos níveis dπ do rutênio
provocado pela back-bonding que ocorre entre o metal e este ligante. Por isso essas
bandas provavelmente não são observadas, pois as mesmas encontram-se encobertas
pela intensidade das transições do tipo dπRuII→ π∗(bpy) e π → π∗(bpy). Também pode
ser devido a baixa intensidade dessas bandas, visto que Armor e Pell[96]57 observaram
uma transição deste tipo numa série de complexos cis-[Ru(NH3)4NOX]n+ (X = OH-, Cl-,
Br-, I-, n = 2; X = H2O, n = 3), onde a intensidade dessas bandas são fracas (ε > 50 M-1
cm-1).
61
300 400 500 600 700
0
10000
20000
ε (L
mol
-1 c
m-1)
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 26 – Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3, em
NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 2,11 X 10-5 Mol L-1.
300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
0.6
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 27 – Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3, em
NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 1,31 X 10-5 Mol L-1.
62
300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 28 – Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3NO]+, em
NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 1,42 X 10-5 Mol L-1.
300 400 500 600
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 29 – Espectro eletrônico do íon complexo trans-[Ru(bipy)2SO3NO]+, em
NaTFA 1,0 Mol L-1. [Ru] = 2,2 X 10-5 Mol L-1.
63
TABELA 06 - Dados de UV-visível para os íons complexos cis-
[Ru(bpy)2LNO](PF6)n e Trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), em NaTFA.
Complexos λ (nm) (ε, Mol-1L-1cm-1) Atribuição
cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 296(2,45 × 104) IL (π → π∗(bpy))
325(8,92 × 103) MLCT (dπRuII → π∗(bpy))
cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) 294(1,37 x 104) IL (π → π∗(bpy))
321(1,11 x 104) MLCT (dπRuII → π∗(bpy))
cis-[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3 298(1,95 x 104) IL (π → π∗(bpy))
326(8,27 x 103) MLCT (dπRuII → π∗(bpy))
Trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) 284(4,7 x 104) IL (π → π∗(bpy))
310(3,08 x 104) MLCT (dπRuII → π∗(bpy))
64
4.2.3. Espectroscopia Vibracional na Região do infravermelho
A espectroscopia vibracional na região do infravermelho é de grande auxilio para
a caracterização do óxido nítrico, visto que a coordenação desta ao centro metálico
pode ocorrer de três formas diferentes:linear, angular e ponte[28].
N
M
O
N
O
M MN
M
O
Linear, I Angular, II Ponte, III
FIGURA 30 - Possíveis formas de coordenação do NO a um centro metálico.
As principais características do NO na forma linear são elevadas freqüências, na
região do infravermelho, ν(NO), comprimento de ligação M-N menores além de
sofrerem ataque nucleofílico, enquanto que a forma angular é caracterizada por
ligações M-N maiores, baixas freqüências ν(NO) e por sofrerem ataques
eletrofílicos[97, 98]. A coordenação do NO a um metal pode ser estudada atribuindo-se
estados de oxidação formais para o metal e o ligante nitrosilo. Portanto, a unidade M-
NO linear possui este ligante coordenado ao centro metálico na forma de NO+ (forte
receptor π), e a unidade M-NO angular apresenta o ligante coordenado na forma NO–
[99, 100].
A figura 31 ilustra o diagrama simplificado de orbital molecular para a molécula
de NO. Embora sujeito a correções para o tipo de metal, carga e ligantes auxiliares, a
freqüência de estiramento N-O pode ser de grande auxílio na caracterização do estado
de oxidação desta molécula, visto que o óxido nítrico na forma linear[100] possui uma
ordem de ligação igual a 3, e a forma angular é igual a 2,5. Por isso, o óxido nítrico na
forma linear apresenta uma freqüência de νN≡O > 1650 cm-1 e angular < 1650 cm-1[100].
65
FIGURA 31 – Diagrama do orbital molecular do ligante NO.
Os espectros de infravermelho do complexo cis-[Ru(bpy)2ImN(NO)](PF6)3, em
pastilha de KBr, são apresentados nas Figuras 32 e 33. A principal característica
destes espectros é o aparecimento de um pico em 1944 cm-1 referente ao estiramento
N-O do ligante NO. Os espectros vibracionais na região dos complexos cis-
[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3 e cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) (figuras 34, 35, 36 e 37)
apresentaram bandas em 1948 e 1911 cm-1, respectivamente, referente ao estiramento
N-O deste ligante. Desta forma, podemos concluir que o óxido nítrico encontra-se
coordenado ao Ru(II) em um caráter essencialmente de NO+ em todos os complexos.
O complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6), também apresentou bandas em 1035,
989, 628 e 514 cm-1, atribuída aos estiramentos ν1(Α1), ν3(E), ν2(Α1), e ν4(E) do ligante
sulfito, mostrando que o mesmo encontra-se coordenado via átomo de enxofre, devido
a existência de uma única banda referente ao estiramento ν3(E)[66], já discutida
previamente.
66
De acordo com cálculos de orbitais moleculares[101], o ν(NO) é dependente da
natureza do ligante L em trans e em cis. A interação do ligante em X, do rutênio e do
ligante NO ao longo do eixo z e dos orbitais 4dπ pode ser considerado como uma ponte
entre X e NO. Devido à fraca acidez π do ligante L, a densidade eletrônica nos orbitais
4dπ é transferida para o orbital π∗(NO). Com isso, a freqüência de estiramento do NO
diminui conforme a habilidade π-receptora do ligante L diminui. Para os ligantes citados
neste trabalho, verificou-se a seguinte ordem decrescente do caráter π receptor:
isonicotinamida > imidazol > sulfito.
Comparando os complexos nitrosilo de bipiridinarutênio à maioria dos outros complexos com metais[92, 102-104] d6, a separação de energia entre os orbitais
dπ(Ru) e π∗(NO) é significante, e o caráter dπ(Ru) no orbital π∗(NO) é apreciável, mas
relativamente baixo. Os outros ligantes são importantes e determinam as propriedades
do grupo nitrosilo. As altas freqüências de estiramento e reatividade química do grupo
NO são certamente atribuíveis à competição pelo os elétrons dπ do rutênio, visto que o
ligante bipiridina pode receber densidade eletrônica através de uma transferência de
carga do orbital dπ(Ru) π∗(bpy)[104].
Os espectros vibracionais dos complexos apresentaram bandas características
dos modos vibracionais da bipiridina. As bandas foram atribuídas da seguinte forma:
região entre 3100 e 2900 cm-1- freqüência associada aos estiramentos da ligação C-H;
região entre 1600 e 1400 cm-1- freqüência referente aos estiramentos simétricos e
assimétrico das ligações C=C e C=N dos anéis piridínicos; e na região de 760 cm-1,
referente à deformação C-H. Foram observadas bandas características dos ligantes
isonicotinamida e imidazol, onde na tabela 5 encontram-se as atribuições referente a
estas bandas.
67
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
20
40
60
80
100
3098
559
840
765
1452
3142
1944
% T
Núm ero de O nda (cm -1)
FIGURA 32 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 em pastilha de KBr.
2 0 0 0 1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0 4 0 0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
840
765
559
10821475
1452
1944
% T
N ú m ero d e O n d a (cm -1)
FIGURA 33 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3, de 1700 a 400 cm-1.
68
3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
3 1 3 6
8 4 0
5 5 9
7 6 7
1 0 3 71 4 5 2
1 6 8 31 9 4 8
% T
N ú m e ro d e O n d a (c m -1 )
FIGURA 34 - Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3 em pastilha de KBr.
2 0 0 0 1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
8 4 0
5 5 97 6 7
1 4 0 01 4 5 2
1 6 8 31 9 4 8
% T
N ú m e ro d e O n d a (cm -1)
FIGURA 35 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3, de 2050 a 405 cm-1.
69
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
20
40
60
80
100
1130
628
771
989
1450
1911
3132
% T
Número de Onda (cm -1)
FIGURA 36 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) em pastilha de KBr.
2 0 0 0 1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
559
628
771
842
989
1475
1450
1911
% T
N ú m ero d e O n d a (cm -1)
FIGURA 37 - Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo cis-
[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), de 2050 a 405 cm-1.
70
TABELA 07 - Dados de infravermelho do composto cis-[Ru(bpy)2L(NO)](PF6)n em
pastilha de KBr.
L Número de onda (cm-1) Atribuição ImN 3352 (M) ν(N-H)
3142, 3098 (M) ν(C-H)
1452 (M) ν(C=N)
1443 (M) ν(C=C)
1944 (F) ν(NO+)
765 (M) δ(C-H)
840, 559 (mF) ν(P-F6-)
Isn 3136 (M) ν(C-H) 1948 (F) ν(NO+) 1683 (M) ν(C=O) 1452 (M) ν(C=N) 1400, 1435 (M) ν(C=C) 767 (F) δ(C-H) 840 (mF) ν(P-F6
-) 559 (mF) ν(P-F6
-)
SO3-2 3132, 3096 (M) ν(C-H)
1532, 1450 (M) ν(C=N)
1412 (M) ν(C=C)
1911 (mF) ν(NO+)
1130 (M) ν3(E) (SO3-2)
989 (F) ν1(Α1)
628 (M) ν2(Α1)
514 (M) ν4(E)
771 (F) δ(C-H)
842, 559 ν(P-F6-)
ν - Estiramento, δ - deformação. Intensidades: mF= muito forte, F= forte, M = médio.
71
Os espectros vibracionais na região do infravermelho para o complexo trans-
[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) são apresentados nas figuras 38 e 39. A principal característica
destes espectros é o aparecimento de duas bandas em 1882 e 1917 cm-1 atribuída ao
estiramento ν(NO). Trabalhos citados na literatura mostram que complexo do tipo
trans-[Ru(NH3)4IsnNO]+3 com BF4- e SiF6
- exibem duas bandas referente ao ν(NO) no
estado sólido. Sendo que este desdobramento não aparece em solução aquosa, onde
este efeito deve ser atribuído ao estado sólido[68, 105], provavelmente devido a
alguma interação com a matriz. É certamente concebível que o mesmo aconteça com o
complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6).
Assim como os demais complexos foram observados bandas características do
ligante bipiridina coordenado ao centro metálico, sendo encontrado na tabela 8 as
freqüências vibracionais e atribuições. Além disso, foram verificadas quatro bandas
(tabela 8) associadas aos modos vibracionais do ligante sulfito. Esses dados de
infravermelho, consistentes com a simetria C3v[66], mostraram que o sulfito encontra-se
coordenado ao rutênio como um ligante monodentado via átomo de enxofre.
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
20
40
60
80
100
767
3248
1116
15351882
3118
% T
Número de Onda (cm-1)
FIGURA 38 – Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo trans-
[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) em pastilha de KBr.
72
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600
20
40
60
80
100
839
559
599640
767
9851116
14381462
1535
1917
1882
% T
Número de Onda (cm-1)
FIGURA 39 - Espectro vibracional na região do infravermelho do complexo trans-
[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), de 2000 a 405 cm-1.
TABELA 08 - Dados de infravermelho dos compostos trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6)
em pastilha de KBr.
Número de onda (cm-1) Atribuição 3248, 3152 (F) ν(C−H)
3093 (F)
1917, 1882 (F) ν(NO+)
1535 (M) ν(C=N)
1462, 1434 (M) ν(C=C)
1116 (F) ν3(E) SO3-2
985 (F) ν1(Α1)
640 (M) ν2(Α1)
599 (M) ν4(E)
763 (F) δ(C−H)
ν - Estiramento, δ - deformação. Intensidades: F= forte, M = médio
73
4.2.4. Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de 1H e 13C
A espectrometria de ressonância magnética nuclear (RMN) é basicamente uma
forma de espectrometria de absorção. Sob condições apropriadas em um campo
magnético, uma amostra pode absorver radiação eletromagnética na região de
radiofreqüência (rf), em uma freqüência governada pelas características estruturais da
amostra, sendo a absorção uma função de determinados núcleos na molécula[64, 83].
Todos os núcleos possuem carga. Em alguns casos a carga gira em torno do eixo
nuclear, gerando um dipolo magnético ao longo do eixo. O momento angular da carga
em movimento pode ser descrito em termos do “número de spin” Ι. Vários núcleos
possuem número de spin, Ι, de ½ (1H1, 3H1, 13C6, 15N7, 19F9, 31P15) e, portanto, uma
distribuição de carga esférica e uniforme. Dentre estes, os mais amplamente utilizados
na espectrometria de RMN são 1H e 13C[83].
Os espectros de RMN de 1H e 13C do complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3, em
acetona deuterada, são apresentados nas Figuras 41 e 42 respectivamente. Os sinais
de hidrogênio em 8,52, 7,63 e 7,28 ppm (figura 40) são atribuídos aos prótons do anel
imidazólico H21, H22 e H23, respectivamente. Já so sinais de carbono em 121, 126 e
139,59 ppm são refentes aos carbonos do anel imidazólico C22, C23 e C21
respectivamente. Observa-se que os protons e carbonos sofreram deslocamento para
campos mais forte em relação ao ligante livre, como observado em alguns complexos
citados na literatura[68, 101]. Esta protenção sofrida pelos protons pode ser explicado
considerando que ocorre o dominio do efeito doador de densidade eletrõnica π do RuII
para o anel imidazólico sobre o efeito retirador de densidade eletrônica. A presença
destes três singletos no complexo com o ligante imidazol, indica que a coordenação
deste ligante ao centro metálico de rutênio(II) se dar via átomo de nitrogênio.
74
NN
Ru
A B
1
2
3 4
5
7 8
9
10
6
NN
Ru
C D
11
12
13 14
15
17 18
19
20
16
N
NH
Ru
21
22
23
FIGURA 40 – Numeração dos átomos de carbono para os aneis aromáticos dos
complexos cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 e cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6).
A atribuição dos hidrogênios e carbonos para o ligante bipiridina foi feita de
acordo com a literatura[106-109], visto que os complexos com a conformação cis
apresentam muitos sinais referente aos protons e carbonos da bipiridina. Isto acontece
devido a distorção que ocorre nos aneis deste ligante após a coordenação. Para o
complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 a conformação na forma isomérica cis das duas
bipiridinas foi confirmada, como também observou-se que os próprios aneis piridínicos
não eram equivalentes, visto que observou-se 16 sinais de hidrogênio refente aos 16
protons das duas bipiridinas. Esta observação foi reforcada pelo espectro RMN de 1H
do complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) (figura 43, tabela 9) o qual apresentou um
comportamento similar ao outro complexo, em relação aos sinais do ligante bipiridina.
75
FIGURA 41 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3 em acetona deuterada.
FIGURA 42– Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 13C para o íon
complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3 em acetona deuterada.
76
FIGURA 43 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO]+ em acetona deuterada.
77
TABELA 09 - Deslocamento químicos (RMN 1H e 13C) do ligante bipiridina
observados para os complexos cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 (1) e cis-
[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) (2) , em acetona deuterada.
Sítio δ 1H (ppm)1 δ 13C (ppm)1 δ 1H (ppm)2
1 8,10 153,38 8,05
2 7,78 130,53 7,48
3 8,63 144,45 8,07
4 9,02 126,83 8,22
5 - 155,40 -
6 - 154,78 -
7 9,04 126,33 8,71
8 8,29 144,28 8,26
9 8,24 127,58 7,65
10 8,59 152,74 8,87
11 8,61 149,15 8,85
12 8,32 130,96 7,64
13 8,96 145,67 8,38
14 9,84 127,29 10,64
15 - 154,02 -
16 - 156,61 -
17 9,16 127,34 9,22
18 8,62 145,28 8,76
19 7,79 129,81 8,52
20 9,01 153,59 9,02
21 8,36 139,59
22 7,28 121,38
23 7,63 126,33
78
Os espectros de RMN de prótons e carbono do complexo cis-
[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3 são apresentados nas figuras 44 e 45 e sendo encontrado na
tabela 10 os valores de deslocamento químico, bem como suas atribuições. No
espectro RMN 1H deste complexo, os hidrogênios mais desprotegidos em 8,25 e 8,90
ppm foram atribuídos aos hidrogênios H3, H3, e H2, H2
,, referentes aos prótons do anel
piridinico. Observa-se nestes sinais um efeito de desproteção, se comparado com o
espectro do ligante livre. Isto se deve ao efeito anisotrópico da carbonila que provoca
uma circulação de elétrons na ligação C=O. O campo magnético induzido na direção
da ligação C=O, apresenta-se oposto ao campo magnético externo atuante. Nas
direções perpendiculares a esta ligação, o campo magnético induzido assume o
mesmo sentido do campo mesmo sentido do campo externo, conduzindo a efeitos de
desproteção dos núcleos que se encontra nesta imediação.
Já os sinais de carbono em 126,76, 144,79 e 155,23 ppm são refentes aos
carbonos do anel piridínico C22, C21 e C23 respectivamente. O carbono com sinal em
164,2 ppm foi atribuído ao carbono carbonilico C24. Observa-se que ocorreu um efeito
de desproteção nos sinais referente aos carbonos do ligante isonicotinamida. Isto se
deve a uma maior intensidade do efeito anisotrópico da carbonila do que o efeito
doador de densidade eletrõnica π do RuII para o anel piridinico. Sendo que, geralmente,
este efeito doador provoca uma proteção nos protons e carbonos de um ligante. Desta
forma, o comportamento dos hidrogênios e carbonos deste ligante indicam a sua
coordenação através do átomo de nitrogênio do anel piridínico. Assim como os demais
complexos, a conformação isomérica cis deste complexo foi confirmada devido ao
aparecimento de inúmeros sinais de prótons e carbonos referentes ao ligante bipiridina.
Na tabela 10 encontra-se os valores de deslocamento químico para os prótons e
carbonos da bipiridina, sendo que esta atribuição teve como referência, complexos
semelhantes citados na literatura[106-109].
79
FIGURA 44 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO]+3 em acetona deuterada.
FIGURA 45 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear 13C para o íon
complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3 em acetona deuterada.
80
N
NH 2O
21
2223
24
Ru TABELA 10 - Deslocamento químicos (RMN 1H e 13C) dos ligantes bipiridina e
isonicotinamida, observados para o complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3, em acetona
deuterada.
Sítio δ 1H (ppm) δ 13C (ppm)
1 8,25 153,78
2 7,82 130,14
3 8,37 144,85
4 9,02 126,77
5 - 155,59
6 - 154,36
7 9,82 126,76
8 7,94 153,79
9 7,91 127,84
10 8,36 153,23
11 8,98 149,26
12 8,58 130,87
13 8,76 146,05
14 9,98 127,15
15 - 154,17
16 - 156,64
17 9,22 127,74
18 8,65 145,64
19 8,27 130,14
20 9,10 153,85
21 8,92 155,23
22 8,11 126,76
23 - 144,86
24 - 164,21
81
O espectro de 1HRMN do complexo cis-[Ru(bipy)2SO3H2O], em D2O, é
apresentada na Figura 46. Os sinais em 9,65 ppm, 8,99 ppm, 8,51 ppm, 8,40 ppm, 8,1
ppm, 7,96 ppm, 7,75 ppm e 7,53 ppm foram atribuídos ao hidrogênio H-6, H-6’, H-5, H-
5’, H-4, H-4’, H-3 e H-3’, respectivamente. As características do espectro de
ressonância magnética nuclear de prótons para o complexo cis-[Ru(bipy)2SO3H2O], são
consistentes com o proposta de coordenação do ligante bipiridina, e que a mesma
encontra-se numa conformação isomérica cis. Isto porque o aparecimento de 8 sinais
no espectro, sendo todo singletos, evidencia a presença da bipiridina na esfera de
coordenação no centro metálico de rutênio (II) na conformação esperada. Além disso, a
ausência do pico em torno de 3,10 ppm mostra que todas as amônias foram
substituídas por duas bipiridinas. Portanto, com base no aparecimento de duas
transferências de carga (MLCT) no espectro eletrônico, com energias de transição
muito diferentes e coeficientes de extinção molar relativamente próximo e
principalmente, o aparecimento de 8 sinais para os prótons no espectro de RMN,
confirma a presença de duas bipiridina na esfera de coordenação, e que as mesmas
encontra-se numa conformação isomérica cis.
FIGURA 46 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo cis -[Ru(bpy)2SO3H2O] em D2O.
82
Os espectros de RMN de 1H do complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6), em
acetona deuterada, é apresentado na figura 47. Observa-se que o aparecimento de
apenas quatro sinais em 8,85 ppm (d) (H6, H6’), 8.57 ppm (d) (H3, H3’), 8.40 ppm (t)
(H4, H4’) e 7.87 ppm (t) (H5, H5’), referentes aos anéis bipiridícos indicam que estes
ligantes encontram-se em uma conformação isomérica trans, uma vez que se o mesmo
estivesse na conformação cis[109], os prótons dos dois anéis piridínicos não seriam
quimicamente equivalentes, o que resultaria no aparecimento de oito ou mais sinais de
RMN, como observado nos demais complexos estudados neste trabalho. Esta
isomerização se deve, provavelmente, a coordenação do ligante nitrosilo que causa
uma grande perturbação nos orbitais d do centro metálico fazendo que ocorra um
rearranjo espacial dos ligantes em torno do rutênio, a fim de se atingir uma
conformação energeticamente mais estável.
FIGURA 47 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de 1H para o íon
complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+ em acetona deuterada.
83
4.2.5. Voltametria Cíclica
Os voltamogramas cíclicos, de uma solução contendo os íons complexos cis-
[Ru(bpy)2ImNNO]+3, cis-[Ru(bpy)2IsnNO]+3, cis-[Ru(bpy)2SO3NO]+ e trans-
[Ru(bpy)2SO3NO]+ são apresentados nas Figuras 48, 49, 50 e 51, respectivamente. Os
valores dos potenciais de meia-onda para os processos de um elétron nos sistemas
mencionados estão relacionados na tabela 11. Observa-se claramente a existência de
um único processo reversível, com E1/2 = + 208,5, + 340 e -144,5 mV vs Ag/AgCl,
referente ao par redox NO+/0[102].
A partir dos voltamogramas cíclicos, verifica-se que os ligantes isonicotinamida e
imidazol provocam um aumento no potencial do NO em relação ao complexo com
sulfito. Isto ocorre em virtude do forte poder π receptor destes ligantes, que provoca
uma deficiência na densidade eletrônica do centro metálico e, conseqüentemente,
enfraquece a transferência de carga que ocorre do rutênio para o grupo nitrosilo
(MLCT). Com isso, há uma diminuição de densidade eletrônica no ligante NO,
dificultando o processo de transferência de elétrons que ocorre no ligante nitrosilo. Com
relação aos dois ligantes, a isonicotinamida é o ligante que possui uma capacidade π
receptora maior do que o imidazol, visto que apresentou um maior deslocamento do
potencial redox do ligante nitrosilo.
Em relação ao complexo com o ligante sulfito, verifica-se que este ligante causa
uma diminuição no potencial do NO em relação aos outros complexos aqui estudados,
devido ao forte poder σ doador deste ligante, que provoca um aumento na densidade
eletrônica do centro metálico e, conseqüentemente, fortalecendo a transferência de
carga (MLCT) que ocorre do rutênio para o grupo nitrosilo. Com isso, há um aumento
de densidade eletrônica no NO, diminuindo o potencial de redução do ligante nitrosilo.
Além disso, o complexo na conformação isomérica trans apresentou um menor valor de
potencial referente ao par redox NO+/0. Isto se deve, provavelmente, a uma
transferência de carga do rutênio para o NO mais efetiva no isômero trans provocado
por uma melhor distribuição energética dos orbitais moleculares da molécula. E
também, devido a uma maior simetria do isômero trans se comparado ao isômero cis.
Devido a complexa interação dπ→π∗(NO) no íon rutênio, as propriedades
observadas nos complexos bis-(2,2’-bipiridina) de rutênio(II)[92, 110] são em grande
parte determinado pela acessibilidade dos elétrons nos níveis dπ ocupados. A
84
reversibilidade do par redox Ru(III-II) é observado no potencial 0.17-1.51 V em 0,1 M
[N(n-Bu)4]PF6 vs SSCE[111]; e o surgimento de uma intensa banda de absorção
atribuída a uma transferência de carga do tipo dπ π∗(bpy) na região de 555-410
nm[111]. Em ambos os casos as energias envolvem um aumento na transferência de
carga (back-bonding) a medida em que há um aumento na habilidade π receptora dos
ligantes em posição cis. O grupo nitrosilo é o caso extremo do potencial do par redox
Ru(III-II), pois o mesmo é observado acima de 2.0 V, e as transições do tipo dπ π∗(bpy)
aparecem na região do ultravioleta.
Para complexos[92] do tipo d6, o orbital dxy é o nível ocupado de maior energia,
a oxidação para RuIII requer a remoção de elétrons desse orbital. Porém, como não há
simetria apropriada com o orbital π∗(NO) os efeitos da interação Ru-NO são
indiretos[92]. O efeito pode ser visto como um fenômeno sinergístico onde a perda de
densidade eletrônica no orbital dπ, deixa os centros metálicos deficientes, estabilizando
assim os orbitais ligantes e antiligantes[92]. Por isso os complexos cis-
[Ru(bpy)2ImNNO](PF3)3, cis-[Ru(bpy)2IsnNO](PF3)3 e cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF3)
apresentaram apenas o processo de transferência de elétrons, nesta janela de
potencial, referente ao ligante nitrosilo.
85
1000 800 600 400 200 0-10
-5
0
5
10
Corr
ente
(μA)
Potencial (mV)
FIGURA 48 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1 Mol
L-1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]+3. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] = 1 x 10-3
Mol L-1.
86
800 600 400 200 0
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
Cor
rent
e (μ
Α)
Potencial (mV)
FIGURA 49 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1 Mol
L-1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bipy)2IsnNO]+3. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru]= 1 x 10-3
Mol L-1, v = 100 mV/s.
87
1000 800 600 400 200 0 -200 -400-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Corr
ente
(μA)
Potencial (mV)
FIGURA 50 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1 Mol
L-1, contendo o íon complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO]+. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] = 1 x 10-3
Mol L-1, v = 100 mV/s.
88
600 400 200 0 -200 -400
-5
0
5
10
15
20
25
30
Cor
rent
e (μ
Α)
Potencial (mV)
FIGURA 51 – Voltamograma cíclico de uma solução aquosa, NaCF3COO 1 Mol
L-1, contendo o íon complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+. Potencial aplicado usando
eletrodo de carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] = 1 x 10-3
Mol L-1, v = 100 mV/s.
O gráfico de ν(NO) vs E1/2 está apresentado na figura 52 e sendo encontrada na
tabela 11 a relação dos valores de ν(NO) vs E1/2 para os complexos estudados neste
trabalho. Se o sitio de redução observado para estes complexos está localizado no
grupo nitrosilo, é esperado uma relação direta entre esses dois parâmetros, visto que
ambos são dependentes da densidade eletrônica no grupo nitrosilo[29, 105]. A partir do
gráfico, observa-se que existe uma correlação, pelo menos qualitativa, entre esses
parâmetros para a serie de complexos estudado neste trabalho. Isto porque, a força
oxidante do NO+ coordenado está relacionado com a extensão da interação
dπ π*(NO), o qual é afetado pelas ligações do centro metálico com os outros ligantes
do sistema. Com isso, uma variação no ligante em trans ou cis ao NO provoca
alterações na intensidade da transferência de carga do rutênio para o NO e,
conseqüentemente, modifica os valores de ν(NO) e E1/2. A partir da série estudada
89
neste trabalho, verifica-se que o NO+ coordenado com maior força oxidante é o
complexo com a isonicotinamida, ligante com maior caráter π receptor na série.
TABELA 11 - Valores de E1/2 e ν(NO) para os íons complexos Cis-
[Ru(bpy)2LNO]+3 e trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+.
Complexos E1/2 (V) ν(NO) (cm-1)
cis-[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3 0,34 1948
cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 0,20 1944
cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) -0,14 1911
Trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) -0,34 1881
-0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4
1880
1890
1900
1910
1920
1930
1940
1950
IsnImN
Cis (SO3-2)
Trans (SO3-2)
νNO
(cm
-1)
E1/2(V) NO+/ NO0
FIGURA 52-Correlação entre ν(NO) para os complexos trans e cis-[Ru(bpy)2LNO](PF6)n
e E1/2 para a reação redox trans e cis-[RuII(bipy)2LNO+]+n + e- Cis e trans-
[RuII(bipy)2LNO0]+n, vs Ag/AgCl.
90
4.3. Estudo da reatividade dos complexos cis-[Ru(bpy)2LNO2](PF6)n (L = ImN, Isn e SO3
2–) e cis-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6)
4.3.1. Reação ácido - base e interconversão nitrosilo-nitro O estudo da interconversão nitrosil-nitrito para os complexos cis-
[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 e cis-[Ru(bpy)2SO3(NO)](PF6) e o cálculo da constante de
equilíbrio para esta reação foram realizados através do método espectrofotométrico,
utilizando o comprimento de onda de 415 nm para o acompanhamento. A força iônica
total foi mantida constante com NaTFA 0,5 mol L-1, de acordo com estudos similares
citados na literatura para sistemas de Ru(II)[29, 68, 101].
O equilíbrio ácido - base da conversão nitrosil-nitrito dos complexos cis-
[Ru(bpy)2ImN(NO)](PF6)3 (figura 54), cis-[Ru(bpy)2ImN(NO)](PF6)3 (figura 55) e cis-
[Ru(bpy)2SO3(NO)](PF6) (figura 56), ocorrem em pH ≅ 1,45; 5,54 e 10,32,
respectivamente. Observa-se que o complexo com o ligante isonicotinamida apresenta
um menor valor de pH para este equilíbrio do que os complexos com os ligantes
imidazol e sulfito. Isto ocorre, porque este ligante possui um forte poder π receptor,
fazendo com que haja um enfraquecimento na transferência de carga do metal para o
NO. Com isso, há um aumento no caráter eletrofílico do ligante NO, devido à
diminuição da densidade eletrônica sobre este ligante, o que torna a reação com a
hidroxila mais favorável[29].
Com relação ao complexo com o ligante imidazol, verifica-se que o mesmo
possui um valor de pH para o equilíbrio acido - base maior do que o complexo com
isonicotinamida. Isto se deve a uma menor capacidade π receptora deste ligante, se
comparado com a isonicotinamida. Fazendo com que haja uma diminuição no poder
eletrofílico do ligante nitrosilo.
Já com o ligante sulfito ocorre o contrario, devido ao forte efeito σ doador
produzido por este ligante, o NO experimenta um aumento em sua densidade
eletrônica, provocando assim uma diminuição no caráter eletrofílico deste ligante[68,
101]. Com isso, o pH do equilíbrio ácido – base para este complexo é maior do que o
complexo com isonicotinamida e imidazol. Com base nos resultados, verifica-se que
em pH sete apenas os complexos cis-[Ru(bpy)2SO3(NO)](PF6) e trans-
91
[Ru(bpy)2SO3(NO)](PF6) possui essencialmente NO+, tornado-o promissor para o
estudo em meio fisiológico.
FIGURA 53 – Gráfico de absorbância versus pH dos complexos cis-
[Ru(bpy)2LNO](PF6)n. L = ( ) isonicotinamida; ( ) imidazol e ( ) sulfito.
Os nitrosilo-complexos apresentaram comportamento reversível em relação à
reação ácido-base. Com o aumento do pH das soluções contendo o complexo, através
da adição de NaOH, foram observadas consideráveis mudanças no espectro
eletrônico. As bandas de transferência de carga da bipiridina deslocaram-se para
regiões de menor energia devido a menor capacidade π receptora do ligante nitrito, se
comparado ao nitrosilo. Desta forma, o desdobramento dos orbitais dπ do rutênio será
menor para o complexo com nitrito, o que é evidenciado pela diminuição na energia
necessária para que estas transições eletrônicas se processem. A reversibilidade da
interconveção foi comprovada pela adição de ácido trifluoracético (HTFA) 2,0 Mol L-1,
após o término do experimento (pH = 12) sendo observado a regeneração do espectro
inicial, indicando assim que após a formação da espécie nitrito, esta retorna para a
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0 2 4 6 8 10 12
pH
Abs
92
forma de NO sem a ocorrência de reações intermediárias nem a saída destas espécies
da esfera de coordenação.
300 400 500 600 700 800
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
pH 1,80 pH 2,40 pH 3,55 pH 4,65 pH 5,15 pH 6,55 pH 8,54
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 54 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]3+,
em diferentes valores de pH.
93
300 400 500 600 700
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
pH 1,10 pH 1,30 pH 1,60 pH 2,00 pH 2,75 pH 3,50 pH 5,10
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 55 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2Isn(NO)]3+, em
diferentes valores de pH.
300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
pH 4,4 pH 9,0 pH 9,8 pH 10,2 pH 10,7 pH 12,0Ab
s
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 56 - Espectro eletrônico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2SO3(NO)]+, em
diferentes valores de pH.
94
A conversão dos nitrosilo-complexo para nitrito-complexo acontece de acordo
com a seguinte equação:
Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO]+n + 2OH- Cis, trans-[Ru(bpy)2LNO2]+n + H2O (7)
A constante de equilíbrio encontrada para esta reação nos complexos cis-
[Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3 cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3, cis-[Ru(bpy)2SO3(NO)](PF6) e
Trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6), foram 1,80 x 1025 L2 mol-2, 1,42 x 1016 L2 mol-2, 1,74 x
107 L2 mol-2 e 6,42 x 103 L2 mol-2, respectivamente. Estes dados da constante de
equilíbrio fornecem um modo direto para comparar o caráter eletrofílico do ligante NO.
Assim, é esperado que quanto maior for à deficiência de densidade eletrônica no
fragmento NO, mais a reação tenderá para a formação de nitrito e maior será a
freqüência de estiramento do grupo nitrosilo[68]..
A figura 57 ilustra o gráfico de 2pOH x log(A-Af)/(Ao – A) para o complexo com
imidazol. Na tabela 12 encontram-se os valores para a constante de equilíbrio e as
freqüências do estiramento do NO. Para nitrosilo complexos deste trabalho, os valores
calculados da Ke diminuem com o aumento da habilidade π-receptora do ligante L, ou
seja: Isn > ImN > SO3-2. Esta observação é consistente com o raciocínio, de que os
complexos com forte caráter π-receptor apresentam valores mais elevados para a
constante de equilíbrio e, conseqüentemente, aumentam a freqüência de estiramento
referente ao grupo nitrosilo. Provavelmente a estabilidade termodinâmica das espécies
nitro é incluída no valor da Ke e representam um termo importante no equilíbrio desta
reação.
95
y = 1,0574x + 25,257
23,824,124,424,725,025,325,625,9
-1,2 -0,9 -0,6 -0,3 0,0 0,3
Log(A-Af)/(Ao-A)
2pO
H
FIGURA 57 - Determinação do valor da Keq para a interconversão nitrosilo-nitrito
do complexo com o imidazol.
TABELA 12 - Valores para a constante de equilíbrio ácido - base e ν(NO) dos
nitrosilo complexos.
Complexos Keq ν(NO) (cm-1)
cis- [Ru(bpy)2IsnNO](PF6)3 1,80 x 1025 1948
cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3 1,42 x 1016 1944
cis-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6) 1,74 x 107 1911
trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) 6,42 x 103 1881
96
4.3.2. Voltametria de Onda Quadrada A voltametria de onda quadrada é um tipo de voltametria de pulso, que oferece
a vantagem de sua alta sensibilidade e da utilização de elevadas velocidades de
varredura, que permite a obtenção rápida do voltamograma[83, 112]. Os
voltamogramas de onda quadrada dos complexos cis-[Ru(bpy)2L(NO)]n+ são
apresentados nas figuras 58, 59, 60 e 61. Estes experimentos foram realizados com
diferentes tempos de polarização do eletrodo antes de ser iniciada a varredura, para
verificar a labirização do ligante nitrosilo.
Para o complexo com o ligante imidazol, observa-se apenas um processo em
210 mV, isto na primeira varredura anódica de potencial, sem tempo de repouso. Este
potencial é atribuído à oxidação que ocorre no ligante nitrosilo NO0 → NO+, visto que
no inicio da varredura anódica a espécie encontra-se na forma reduzida, NO0. O
potencial referente à oxidação do centro metálico no nitrosilo-complexo não é
observado nesta faixa de potencial, devido a grande estabilização que o ligante NO
provoca no rutênio. Com isso, o potencial referente ao par redox RuIII/II, ocorre acima de
2,0 V como já foi verificado em complexos citados na literatura[60, 92].
A partir da segunda varredura anódica onde o tempo de repouso foi de 120
segundos em um potencial inicial de –100 mV, observou-se que houve uma diminuição
de corrente no potencial de 210 mV e aparecimento de um processo em 700 mV. Este
segundo processo foi atribuído à oxidação do centro metálico de rutênio(II) no aquo-
complexo formado após a liberação do ligante nitrosilo. Isto ocorre, porque o processo
de redução NO+ → NO0 é seguido por uma reação química, onde há a labirização do
NO0 e coordenação de uma molécula de água. Esta diminuição no potencial referente à
oxidação do rutênio se deve a diminuição no desdobramento dos orbitais d do metal,
provocado pela liberação do ligante NO fazendo com que ocorra uma desestabilização
no processo referente ao par redox RuIII/II
Dessa forma, verifica-se que o segundo potencial é totalmente depende do
processo em 210 mV, visto que o segundo processo só aparece quando se aplica um
tempo de polarização no eletrodo. Esta observação foi comprovada quando se aplicou
maior tempo de polarização, onde se verificou o aumento na intensidade de corrente do
processo em 700 mV e uma diminuição de corrente no processo referente à oxidação
do ligante nitrosilo.
97
Semelhante ao composto cis-[Ru(bpy)2ImNNO](PF6)3, foi realizado o estudo
eletroquímico do íon complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO]3+ empregando-se a voltametria de
onda quadrada, variando-se o tempo de repouso. Com base nestes resultados verifica-
se a dependência do processo em + 700 mV, referente ao aquo complexo, com o
processo em + 380 mV. Portanto, o íon complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO]3+ segue o
mesmo comportamento eletroquímico do complexo com o ligante imidazol, onde a
redução do ligante nitrosilo é seguido por uma reação química, onde há a labirização
do NO0 e coordenação de uma molécula de água. Também foi observado o
aparecimento de um potencial em torno de + 900 mV referente à oxidação do rutênio
no íon complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO2]+ formado. Isto ocorre, porque o valor do pH de
equilíbrio ácido – base neste complexo é muito baixo e, conseqüentemente, com o
tempo do experimento há formação do nitro complexo.
1000 800 600 400 200 0-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
Corr
ente
(μΑ
)
Potencial (mV)
0 s 60 s 240 s 600 s
FIGURA 58 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo cis-
[Ru(bpy)2ImNNO]3+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando eletrodo de
carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] = 1 x 10-3 Mol L-1, V =
60 mV/s.
98
1000 800 600 400 200
-25
-20
-15
-10
-5
Cor
rent
e (μ
Α)
Potencial (mV)
0 s 300 s 900 s
FIGURA 59 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo cis-
[Ru(bpy)2IsnNO]3+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando eletrodo de
carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] = 1 x 10-3 Mol L-1, V =
60 mV/s.
Nos voltamogramas de onda quadrada do complexo cis-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6)
e trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) iniciando a varredura no potencial em – 300 e -500 mV,
observa-se à existência de um processo em -96 e -320 mV vs Ag/AgCl, que pode ser
atribuído à oxidação NO0 → NO+. Quando se aplica um tempo de repouso de 120 s,
verifica-se o mesmo comportamento dos complexos com os ligantes isonicotinamida e
imidazol. Isto é, ocorre uma diminuição no processo referente à oxidação do NO e
aumento na intensidade de corrente do processo em 615 e 380 mV, associado à
formação do aquo-complexo. A partir do estudo voltamétrico dos complexos com o
ligante sulfito, verificou-se que a liberação do óxido nítrico ocorre com uma maior
velocidade do que os complexos com a isonicotinamida e imidazol, visto que em pouco
tempo de polarização no eletrodo houve uma drástica diminuição na intensidade de
corrente do processo referente ao ligante nitrosilo, e um aumento do processo referente
ao aquo-complexo.
99
Os voltamogramas de onda quadrada dos nitrosilo-complexos apresentados aqui
sugerem um mecanismo ECE (eletroquímico-químico-eletroquímico), o qual pode ser
explicado pelo seguinte esquema (equação 8):
cis, trans-[Ru(bpy)2LNO]+n + e- cis, trans-[Ru(bpy)2LNO0]+n
cis, trans-[RuII(bpy)2(NO0)L]+n + H2O Cis,trans-[RuII(bpy)2LH2O]+n + NO0
cis, trans-[RuII(bpy)2LH2O]+n cis, trans -[RuIII(bpy)2LH2O]+n + e- (8)
O potencial de redução NO+/0 para os complexos cis-[Ru(bipy)2LNO](PF6)n
encontram-se compatível com aqueles atingidos em processos fisiológicos, o que
sugere que estas espécies tenham potencialidades na modulação de nitroliso
complexos doadores de NO.
800 600 400 200 0 -200
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
0 s 60 s 120 s 300 s 600 s
Cor
rent
e (μ
A)
Potencial (mV)
FIGURA 60 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo cis-
[Ru(bpy)2(NO)SO3]+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando eletrodo de
100
carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] = 1 x 10-3 Mol L-1, V =
60 mV/s.
600 400 200 0 -200 -400
-24
-22
-20
-18
-16
-14
-12
-10
-8
-6
-4C
orre
nte
(μΑ
)
Potencial (mV)
0 s 15 s 30 s 60 s 90 s 120 s
FIGURA 61 - Voltamograma de onda quadrada do íon complexo trans-
[Ru(bpy)2(NO)SO3]+, em NaCF3COO 0,5 Mol L-1. Potencial aplicado usando eletrodo de
carbono vítreo como trabalho, e Ag/AgCl como referência. [Ru] = 1 x 10-3 Mol L-1, V =
60 mV/s.
101
4.3.3. Acompanhamento da eletrólise por espectroscopia eletrônica na região do UV-Visível A combinação de métodos eletroquímicos com técnicas espectroscópicas
permite a investigação dos processos fundamentais adjacentes à superfície de um
eletrodo opticamente ativo. Desta forma, aplicando potenciais variáveis, a natureza dos
produtos eletroquimicamente formados e suas propriedades cinéticas e
termodinâmicas podem ser estudadas[64].
Os experimentos de eletrólise a potencial controlado foram realizados, utilizando
um eletrodo de rede de platina. O potencial aplicado ao eletrodo de trabalho foi,
continuamente, pulsado entre –300 a –500 mV vs Ag/AgCl. A eletrólise era
periodicamente registrada através dos espectros eletrônicos dos complexos, em
intervalos de tempo fixo.
Foram obtidos os espectros eletrônicos dos complexos nas mesmas condições
experimentais realizada nas medidas eletroquímicas, isto é, em uma solução de
tampão acetato pH = 3,0 Mol L-1, com 0.1 M de força iônica. Os vários estados redox
foram gerados eletroquimicamente, por aplicação de potenciais satisfatórios em torno
de –300 a –500 mV, tendo como base o potencial redox determinado nos
voltamogramas cíclico . A redução do ligante nitrosilo no potencial de –300 mV gera um
produto irreversível, devido a labirização deste ligante após sua redução. Isto é
confirmada pelos os espectros eletrônicos dos complexos que exibe o aparecimento de
bandas, numa região de menor energia, nos espectros destes complexos.
O espectro cis-[Ru(bpy)2ImNL](PF6)3 (Figura 62) exibe uma absorção 450 nm (ε
≈ 10-3 L mol –1 cm-1) que foi atribuída a uma transferência de carga do metal para o
ligante (MLCT) envolvendo os orbitais dπ(Ru) para os orbitais π*(bpy). Observa-se que
houve um deslocamento desta transição para uma região de menor energia quando o
nitrosilo-complexo foi reduzido, em virtude da liberação do ligante NO e coordenação
de uma molécula de água. Com isso, ocorre uma diminuição no desdobramento dos
orbitais d do rutênio e, conseqüentemente, uma diminuição na energia necessária para
que a MLCT aconteça. As transições intraligantes das bipiridina são observadas em
energias mais altas, na região do ultravioleta em torno de 240 e 295 nm.
A análise da eletrólise do complexo cis-[Ru(bpy)2(NO)SO3](PF6) (figura 63)
mostrou a presença de duas banda em 330 e 485 nm, correspondente as transições de
102
transferências de carga do rutênio para a bipiridina do tipo dπ(Ru) → π*(bpy)[113, 114].
Estes resultados demonstram que a redução do NO neste complexo foi mais rápida do
que a redução dos complexos com imidazol e isonicotinamida. Isto ocorre devido a um
potencial eletroquimicamente mais favorável para a redução deste ligante fazendo com
que haja uma maior velocidade de liberação do mesmo e, conseqüentemente, a
formação do aquo-complexo. O resultado obtido para este complexo mostra que esta
espécie apresenta potencialidade na modulação de nitroliso-complexos doadores de
NO.
300 400 500 600 700 800
0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
1.5
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 62 – Espectro eletrônico referente ao acompanhamento da eletrolise do
íon complexo cis-[Ru(bpy)2ImNNO]3+, em tampão acetato pH = 3,0.
103
300 400 500 600 700 800
0.0
0.4
0.8
1.2
1.6
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 63 – Espectro eletrônico referente ao acompanhamento da eletrolise do
íon complexo cis-[Ru(bpy)2SO3NO]+, em tampão acetato pH = 3,0.
As figuras 64 e 65 ilustram os espectros eletrônicos do acompanhamento da
eletrólise dos complexos em tampão acetato, pH = 3,0. Para o complexo com o ligante
isonicotinamida, verifica-se o aparecimento de uma banda em 410 nm atribuída a uma
transição de transferência de carga do rutênio para a bipiridina, quando se aplica ao
eletrodo de trabalho um potencial de –500 mV vs Ag/AgCl. A partir dos resultados
obtidos, observa-se que o mesmo apresenta características espectroscópicas
semelhantes com o espectro do nitro – complexo. Isto ocorre, porque além de ocorrer à
redução do NO, ocorre a interconversão NO/NO2-[102, 115, 116] devido ao pH muito
baixo para este equilíbrio. Isto é comprovado através do comportamento ácido-base
realizado para este complexo, onde se observa um pH de equilíbrio NO+/NO2- em torno
de 1,5. Como o acompanhamento da eletrolise é realizado em pH 3,0, é de se esperar
que parte do complexo esteja na forma de NO2-.
Assim como os demais compostos, foi realizado a eletrólise do íon complexo
trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+ aplicando-se ao eletrodo de trabalho um potencial de – 500
mV. A partir dos resultados obtidos, verifica-se um comportamento semelhante onde há
104
o aparecimento, com menor intensidade, de bandas em torno de 480 nm atribuída a
uma MLCT dos orbitais dπ(Ru) para os orbitais π*(bpy), referente ao aquo complexo
formado após a redução do ligante NO.
300 400 500 600 700 800
0.0
0.5
1.0
1.5
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 64 – Espectro eletrônico referente ao acompanhamento da eletrolise do
íon complexo cis-[Ru(bpy)2IsnNO]3+, em tampão acetato pH = 3,0.
105
FIGURA 65 – Espectro eletrônico referente ao acompanhamento da eletrolise do
íon complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO]+, em tampão acetato pH = 3,0.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Abs
Comprimento de Onda (nm)
400 500 600 700 800
0,00
0,02
0,04
106
4.3.3. Estudo fotoquímico dos nitrosilo complexos com luz branca
O estudo do comportamento fotoquímico dos complexos de nitrosilo tem se
limitado à identificação dos fotoprodutos e ao cálculo do rendimento quântico da reação
fotoquímica. A controvérsia na atribuição das bandas observadas nos espectros Uv-
visível desses compostos[117], tem dificultado a proposição de mecanismos
detalhados para a fotoreações, bem como a interpretação em termos dos estados
excitados envolvidos[92, 118].
O comportamento fotoquímico dos complexos cis-[Ru(bipy)2ImNNO](PF6)3, cis-
[Ru(bipy)2IsnNO](PF6)3, cis-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6) e trans-[Ru(bipy)2SO3NO](PF6)
foram investigados em uma solução tamponada de acetato de sódio, pH = 3,0 sob luz
branca. As fotólises foram acompanhadas por medidas espectrofotométricas. As
figuras 66, 67, 68 e 69 ilustram os espectros eletrônicos dos nitrosilo complexos.
Observa-se o aparecimento de uma banda em torno de 450 nm, atribuída a uma
transição de campo ligante (dd), visto que o rutênio encontra-se na forma oxidada.
Estes complexos apresentaram uma liberação rápida do ligante NO, sendo que em
poucos segundos houve uma mudança significativa nos espectros eletrônicos
referentes a esses complexos. O que sugere que estas espécies tenham
potencialidades no estudo detalhado da liberação fotoquímica do ligante nitrosilo.
Wolfe e Swinehart[119] examinaram a fotoquímica do íon nitroprussiato, e
observaram a seguinte fotoreação(equação 9):
[FeII(CN)5 (NO+) ]2- + H2O 366 nm ou 436nm [FeIII(CN)5H2O]2- + NO (9)
Neste caso, a reação envolve uma transferência de elétron do metal para o
grupo nitrosilo. Os autores sugeriram um mecanismo em que ocorre uma excitação na
transição t2→π∗(NO), resultando na liberação do óxido nítrico. Meyer e
colaboradores[111] estudaram o comportamento fotoquímico de soluções com o
complexo cis-[Ru(bpy)2LNO]2+ fotolisada em acetonitrila, onde observaram a formação
do complexo [RuIII(bpy)2(CH3CN)Cl]2+.
A fotoreação dos nitrosilo complexos de rutênio cis-[Ru(bpy)2LNO]n+, em luz
branca é completamente análogo ao íon nitroprussiato, como está representado na
equação 10 abaixo.
107
cis, trans-[RuII(bpy)2LNO+]n+ + H2O Luz Branca cis, trans-[RuIII(bpy)2LH2O]n+ + NO (10)
Nenhuma evidência foi obtida para sugerir um mecanismo detalhado para a fotoreação.
É certamente concebível que o mesmo mecanismo aconteça nos nitrosilo complexos
de rutênio cis-[Ru(bpy)2LNO]n+ como na reação do nitroprussiato e do [Ru(bpy)2LNO]2+
[113, 120-124], devido às semelhanças dos dois complexos.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 s 60s 120 s 180 s 240 s 300 sAb
s
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 66 - Espectros eletrônicos correspondentes a fotólise do íon complexo
cis-[Ru(bipy)2ImN(NO)]+3, em luz branca.
108
300 400 500 600 700
0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
o s 60 s 120 s 180 s 240 s 300 s
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 67 - Espectros eletrônicos correspondentes a fotólise do íon complexo
cis-[Ru(bipy)2Isn(NO)]3+, em luz branca.
300 400 500 600 700 800
0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
1.5
o 1 min 2 min 3 min 5 min 7 min 10 min 15 min
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 68- Espectros eletrônicos correspondentes a fotólise do íon complexo
cis-[Ru(bipy)2SO3(NO)]+, em luz branca.
109
300 400 500 600 700
0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
0 s 60 s 120 s 240 s 600 s 900 s
Abs
Comprimento de Onda (nm)
FIGURA 69 - Espectros eletrônicos correspondentes a fotólise do íon complexo
Trans-[Ru(bipy)2SO3(NO)]+, em luz branca.
O comportamento fotoquímico dos nitrosilo complexos também foi investigado
no estado sólido, onde as amostras foram submetidas à luz branca em pastilhas de
KBr. As fotólise foram acompanhadas por medidas espectrofotométricas. As figuras 70,
71 e 72 ilustram os espectros vibracionais na região do infravermelho dos nitrosilo
complexos. Observa-se no espectro do composto não irradiado (linha azul), uma banda
em torno de 1900 cm-1 referente à freqüência de estiramento do óxido nítrico
coordenado na forma linear (NO+). A partir do 30 minutos de irradiação, verifica-se que
houve uma diminuição desta banda devido à reação fotoquímica sofrida pelo ligante.
Isto ocorre devido à oxidação do centro metálico e redução do ligante NO provocada
pela luz que traz como conseqüência à liberação deste ligante. Em concordância com o
experimento realizado em solução, a liberação do ligante nitrosilo acontece, de certa
forma, com uma velocidade de liberação bastante satisfatória.
110
2000 1950 1900 1850 1800
40
60
80
100
% T
Número de Onda (cm-1)
0 min 60 min 120 min 180 min 300 min
FIGURA 70 - Espectros vibracionais na região do infravermelho correspondentes
a fotólise, em luz branca, do íon complexo cis-[Ru(bipy)2ImN(NO)]+3, em pastilha de
KBr.
2000 1950 1900 1850 1800 1750 1700
40
60
80
100
% T
Número de Onda (cm-1)
0 min 60 min 120 min 180 min 300 min 600 min
111
FIGURA 71 - Espectros vibracionais na região do infravermelho correspondentes
a fotólise, em luz branca, do íon complexo cis-[Ru(bipy)2SO3(NO)]+, em pastilha de KBr.
2000 1950 1900 185070
80
90
100
% T
Número de Onda (cm-1)
0 h 1 h 2 h 5 h 7 h
FIGURA 72 - Espectros vibracionais na região do infravermelho correspondentes
a fotólise, em luz branca, do íon complexo cis-[Ru(bipy)2Isn(NO)]+3, em pastilha de KBr.
112
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados de espectroscopia eletrônica na região do visível e infravermelho
sugerem, fortemente, que nos complexos cis-[Ru(bipy)2L(NO2)](PF6)n os ligantes
imidazol, isonicotinamida, sulfito e o nitrito encontram-se coordenado ao centro
metálico. Esta conclusão é baseada no aparecimento de bandas características deste
ligante no espectro de infravermelho, e pelo aumento de energia das transferências de
cargas do metal para a bipiridina .
Os potenciais de meia onda do par redox RuIII/II, no íon complexo cis-
[Ru(bipy)2L(NO2)](PF6)n, com L = imidazol, isonicotinamida mostrou uma maior
estabilização do centro metálico, na forma reduzida, referente ao sistema cis-
[Ru(bipy)2Cl2], E1/2 = 590 mV vs Ag/AgCl, em virtude do caráter π receptor desses
ligantes. Em relação ao ligante sulfito, os resultados de eletroquímica nos mostraram
que neste ligante o caráter σ doador é mais forte do o caráter π receptor.
Os espectros de infravermelho dos complexos cis-[Ru(bipy)2L(NO)](PF6)n
sugere, com base nos elevados valores de ν(NO), que o óxido nítrico encontra-se
coordenado ao centro metálico de forma linear, contendo essencialmente o fragmento
[Ru-NO+].
Os resultados de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C e o sugerem,
fortemente, que nos complexos cis-[Ru(bipy)2L(NO)](PF6)n os ligantes L encontram-se
coordenado ao centro metálico e que os anéis piridínicos da bipiridina não são
equivalentes. Esta conclusão é baseada na presença de 16 no espectro de H1RMN e
20 picos no espectro de 13CRMN, referentes aos 16 prótons e 20 carbonos das duas
bipiridinas.
O aparecimento de apenas 4 sinais no espectro de ressonância magnética
nuclear de 1H para o complexo trans-[Ru(bpy)2SO3NO](PF6), indicam as bipiridinas
encontra-se coordenada ao rutênio em uma conformação isomérica trans.
Pelo estudo eletroquímico dos nitrosilo complexos conclui-se que ao atingir um
potencial de –300 mV vs Ag/AgCl, ocorre a redução do ligante NO+, levando o mesmo
a NO0, sendo este processo seguido por uma reação química onde ocorre a formação
do aquo - complexo.
A partir do equilíbrio ácido-base, verificou-se que os complexos reagiram com
íon OH- originando os nitritos complexos e que estas reações são reversíveis mediante
113
ajuste de pH. As constantes de equilíbrio da conversão nitrosilo-nitro nestes sistemas,
indicam um maior caráter eletrofílico do ligante nitrosilo no complexo com
isonicotinamida do que o complexo com sulfito.
Uma relação direta entre os valores de E1/2 e ν(NO) foi verificada para os
complexos estudados neste trabalho. A existência desta correlação sugere que ambos
os parâmetros dependem das características eletrônicas do grupo nitrosilo coordenado
ao centro metálico.
Em pH fisiológico (pH aproximadamente 7), os compostos cis e trans-
[Ru(bipy)2SO3(NO)](PF6) estarão na forma de NO+. Poderia, portanto, ser reduzido
gerando a espécie ativa NO0.
Os experimentos de eletrólise com potencial controlado sugerem que nos
nitrosilo complexos, ocorre a labirização do óxido nítrico na sua forma ativa (NO0) e,
conseqüentemente, a formação do aquo-complexo.
Estudos preliminares sobre o comportamento fotoquímico dos nitrosilo
complexos, mostraram que houve liberação do óxido nítrico e formação da espécie cis
e trans-[RuIII(bpy)2H20L]n+.
114
6. CONCLUSÕES
O potencial de redução NO+/0 para os complexos Cis ou Trans-
[Ru(bipy)2LNO](PF6)n encontram-se compatível com aqueles atingidos em processos
fisiológicos, o que sugere que estas espécies tenham potencialidades na modulação de
nitrosilo complexos doadores de NO.
Esta redução segue um mecanismo ECE (eletroquímico-químico-eletroquímico), o
qual pode ser explicado pelo seguinte esquema:
cis, trans-[Ru(bpy)2LNO]+n + e- cis, trans-[Ru(bpy)2LNO0]+n
cis, trans-[RuII(bpy)2(NO0)L]+n + H2O Cis,trans-[RuII(bpy)2LH2O]+n + NO0
cis, trans-[RuII(bpy)2LH2O]+n cis, trans -[RuIII(bpy)2LH2O]+n + e-
115
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. KRISHNA, K.P., Coordination Chemistry Reviews, 1983. 51: p. 69.
2. AKHMETW, N., Inorganic Chemistry, 1973. 8: p. 319.
3. BARTOK, W., CRAWFORD, R.A., and SKOPP, A., Chem. Eng. Progr., 1971. 67:
p. 64.
4. THIEMENS, M.M. and TROGLER, W.C., Science, 1991. 251: p. 932.
5. TORSONI, A.S., DE BARROS, B.F., TOLEDO, J.C., HAUN, M., KRIEGER, M.H.,
TFOUNI, E., and FRANCO, D.W., Nitric Oxide-Biology and Chemistry, 2002.
6(3): p. 247-254.
6. PALMER, R.M.J., ASHTOM, D.S., and MONCADA, S., Nature, 1998: p. 326.
7. FEELISCH, M. and STAMLER, J.S., Methods in Nitric Oxide Research. John
Wiley & Sons ed. 1996, Great Britain.
8. IGNARRO, L.J., Nitric Oxide Biology and Pathology. 2000, San Diego, USA,:
Academic Press.
9. LANCASTER, J.J., Nitric Oxide, Principles and Actions. 1996, San Diego, USA:
Academic Press.
10. TOLEDO, J.C., LOPES, L.G.D., ALVES, A.A., DA SILVA, L.P., and FRANCO,
D.W., Journal of Inorganic Biochemistry, 2002. 89(3-4): p. 267-271.
11. FRICKER, S.P., Platinum Metals Rev., 1995. 39: p. 150.
12. DE BARROS, B.F., TOLEDO, J.C., FRANCO, D.W., TFOUNI, E., and KRIEGER,
M.H., Nitric Oxide-Biology and Chemistry, 2002. 7(1): p. 50-56.
13. BOHLE, D.S. and HUNG, C.H., J. Am. Chem. Soc., 1995. 117: p. 9584.
14. SELEMIDIS, S. and COCKS, T.M., Br.J.Pharmacol., 2000. 129: p. 1315-1322.
15. BENNETT, M.R., Prog.Neurobiol., 1997. 52: p. 159 -195.
16. FELDMAN, P.L., GRIFFITH, O.W., and STUEHR, D.J., C & N, 1993. 20: p. 26.
17. FRICKER, S.P., Platinum Metals Rev., 1995. 39: p. 150.
18. ROMAN, L.J., MARTASEK, P., and MASTERS, B.S.S., Chem. Rev., 2002. 102:
p. 1179.
19. BETTACHE, N., CARTER, C.L., CORRIE, J.E., and OGDEN, D., Methods
Enzymol., 1996. 268: p. 266.
20. CARTER, C.L., BETTACHE, N., and OGDEN, D., Br. J. Pharmacol., 1997. 122:
p. 971.
21. GUO, Z. and SADLER, P.J., Adv. Inog. Chem., 2000. 49: p. 183.
116
22. BONNET, R., Chem. Soc. Rev., 1995. 24: p. 19.
23. BHATTA, N., ANDERSON, R.R., FLOTTE, T., SCHIFF, I., HASAN, T., and
NISHIOKA, N.S., Am. J. Obstet. Gynecol., 1992: p. 1856.
24. BOWN, S.G., J. Photochem. Photobiol. B: Biol., 1990. 6: p. 1.
25. STOCHEL, G., WANAT, A., KULIS, E., and STASICKA, Z., Coordination
Chemistry Reviews, 1998. 171: p. 203-220.
26. ZHANG, C.X. and LIPPARD, S.J., Current Opinion in Chemical Biology, 2003.
7(4): p. 481-489.
27. LOPES, L.G.F., WIERASZKO, A., EL-SHERIF, Y., and CLARKE, M.J., Inorg.
Chim. Acta, 2001. 312: p. 15.
28. LOPES, L.G.F., Tese de doutorado, 1997.
29. TFOUNI, E., KRIEGER, MCGARVEY, B.R., and FRANCO, D.W., Coordination
Chemistry Reviews, 2003. 236: p. 57.
30. KRIEGER, M., SUMITANI, M., and MARCONDES, F.G., Hipertension, 2001. 37:
p. 1020.
31. WIERASZKO, A., CLARKE, M.J., LANG, D.K., LOPES, L.G.F., and FRANCO,
D.W., Life Sciences, 2001. 68: p. 1535.
32. MACKANESS, G.B., J. Exp. Med., 1964. 120: p. 105.
33. MACKANESS, G.B., J. Exp. Med., 1969. 129: p. 973.
34. KANETO, H., FUJII, J., MATSUOKA, T., TATSUMI, H., KAMADA, T., and
TANIGUCHI, N., Diabetes, 1995. 44: p. 733.
35. YO, Y.S., LEC, H.H., MORI, T.C., WONG, Y.J., and LIN, J.K., Mol. Carcinog.,
1997. 19: p. 101.
36. JR., S., J Mol Neurosci, 1995. 5: p. 219-229.
37. ZIELASEK, J. and HARTUNG, H.P., Adv Neuroimmunol, 1996. 6: p. 191-222.
38. WIEDNER, E.B., BAO, X., and ALTSCHULER, S.M., Gastroenterology, 1995.
108: p. 367-375.
39. HERMAN, Z.S., Pol. J. Pharacol., 1997. 49: p. 1.
40. CHOI, D.W., Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 1993. 90: p. 9741.
41. MONCADA, S., PALMER, R.M.J., and HUGGS, E.A., Pharm. Rev., 1991. 43: p.
109.
42. SALZMAN, A.L., The Society of Critical Care Medicine, 1995. 3: p. 33-45.
43. ROYALL, J.A., KOOY, N.W., and BECKMAN, J.S., The Society of Critical Care
Medicine, 1995. 3: p. 113-22.
117
44. PREISER, J.C., LEJEUNE, P., and ROMAN, A., A clinical trial. Crit Care Med,
1995. 23: p. 259-64.
45. DE BELDER, A.J., RADOMINSKI, M.W., MARTIN, J.F., and MONCADA, S., Eur
J Clin Invest, 1995. 25: p. 1-8.
46. LOPES, L.G.F., WIERASZKO, A., EL-SHERIF, Y., and CLARKE, M.J.,
Inorganica Chimica Acta, 2001. 312: p. 15.
47. LOPES, L.G.F. and CLARKE, M.J., Abstracts of Papers of the American
Chemical Society, 1998. 216: p. U111-U111.
48. ALBERT, A. and SERJEANT, P.E., The Determination of Ionization Constants.
Edinburgo ed. 1971.
49. SULLIVAN, B.P., SALMON, D.J., and MEYER, T.J., Inorg. Chem., 1978. 17: p.
3334.
50. DURHAM, B., WILSON, S.R., HODGSON, D.J., and MEYER, T.J., J. Am. Chem.
Soc., 1980. 102: p. 600.
51. ISIED, S., Location,
52. DURHAM, B., WALSH, J.L., CARTER, C.L., and MEYER, T.J., Inorg. Chem.,
1980. 19: p. 860.
53. WALSH, J.L., BULLOCK, R.M., and MEYER, T.J., Inorg. Chem., 1980. 19: p.
865.
54. BIGNOZZI, C.A., CHIORBOLI, C., MURTAZA, Z., JONES, W.E., and MEYER,
T.J., Inorg. Chem., 1993. 32: p. 1036.
55. CHEVALIER, A.A., GENTIL, L.A., and OLABE, J.A., J. Chem. Soc. Dalton
Trans., 1991: p. 1959.
56. RONCAROLI, F., RUGGIERO, M.E., FRANCO, D.W., ESTIU, G., and OLABE,
J.A., Inorg. Chem., 2002. 41: p. 5760.
57. MOREIRA, I.S., Location, 1990
58. DURHAM, B., WALSH, J.L., CARTER, C.L., and MEYER, T.J., Inorg. Chem,
1980. 19: p. 860-865.
59. WALSH, J.L. and DURHAM, B., Inorg. Chem., 1982. 21: p. 329-332.
60. SAUAIA, M.G. and SILVA, A.L.R.D., Transition Metal Chemistry, 2003. 28: p.
254.
61. KEMP, W., Organic Spectroscopy. 3a. ed. 1991.
62. COLTHUP, N.B., DALY, L.H., and WIBERLEY, S.E., Introduction to Infrared and
Raman Spectroscopy. 2a. ed. 1975, New York.
118
63. SILVERSTEIN, R.M., BASSLER, G.C., and MORRILL, T.C., Identificação
Espectrométrica de compostos orgânicos. 5a. ed 1994, Rio de Janeiro.
64. MENDHAM, J., DENNEY, R.C., BARNES, J.D., and THOMAS, M.J.K., ANÁLISE
QUÍMICA QUANTITATIVA. SEXTA EDIÇÃO ed. 2002, LONDRES.
65. KETTLE, S.F.A., Physical Inorganic Chemistry - A Coordination Chemistry
Approach. 1996.
66. NAKAMOTO, K., Infrared and Raman Spectra of Inorganic and Coordination
Compounds. 1978, New York: John Wiley & Sons.
67. OOYAMA, D., NAGAO, N., NAGAO, H., MIURA, Y., HASEGAWA, A., ANDO, K.,
HOWELL, F.S., MUKAIDA, M., and TANAKA, K., Inorg. Chem., 1995. 34: p.
6024-6033.
68. BORGES, S.S.S., DAVANZO, C.U., CASTELLANO, E.E., ZUKERMAN-
SCHPECTOR, J., SILVA, A.L.R.D., and FRANCO, D.W., Inorg. Chem., 1998. 37:
p. 2670.
69. GOMES, M.G., DAVANZO, C.U., SILVA, A.L.R.D., LOPES, L.G.F., SANTOS,
P.S., and FRANCO, D.W., j. Chem. Soc. Dalton Trans., 1998: p. 601.
70. TOMA, H.E., Location, 1979
71. JOHNSON, C.R. and SHEPHERD, R.E., Synth. React. Inorg. Met.-Org.Chem.,
1984. 14: p. 339.
72. LIM, H.S., BARCLAY, D.J., and ANSON, F.C., Inorg.Chem., 1972. 11: p. 1460.
73. DIÓGENES, I.C.N., Location, 1996
74. SOUZA, J.R.D., Location, 1999
75. LÉTUMIER, F., BROEKER, G., BARBE, J.M., GUILARD, R., LUCAS, D.,
DAHAOUI-GINDREY, V., LECOMTE, C., THOUIN, L., and AMATORE, C., J.
Chem. Soc. Dalton Trans., 1998: p. 2233.
76. BÄNSCH, B. and ELDIK, V.R., Inorg. Chim. Acta, 1992. 201: p. 75.
77. MOREIRA, I.S. and FRANCO, D.W., Inorg. Chem., 1994. 33: p. 1607.
78. MOREIRA, I.S. and FRANCO, D.W., Coord. Chem.Rev., 1994. 33: p. 1607.
79. MOREIRA, I.S., LIMA, E.C., and FRANCO, D.W., Inorg. Chim. Acta, 1998. 267:
p. 93.
80. SILVA, A.L.R.D., Location, 2000
81. LANG, D.K., DAVIS, J.A., LOPES, L.G.F., FERRO, A.A., VASCONCELLOS,
L.C.G., FRANCO, D.W., TFOUNI, E., WIERASZKO, A., and CLARKE, M.J.,
Inorg. Chem., 2000. 39: p. 2294.
119
82. MACARTENEY, D.H., Rev. Inorg. Chem., 1988. 9: p. 101.
83. SKOOG, D.A. and LEARY, J.J., Principles of instrumental analysis. 1992, New
York: Saunders College Publishing.
84. DIOGENES, I.C.N., DE SOUSA, J.R., and MOREIRA, I.S., Chromatographia,
1999. 50(1-2): p. 105-108.
85. DIOGENES, I.C.N., DE SOUSA, J.R., and MOREIRA, I.S., Chromatographia,
2000. 51(1-2): p. 122-126.
86. MOREIRA, I.S. and SANTIAGO, M.O., Chromatographia, 1996. 43(5-6): p. 322-
326.
87. REDDY, K.B., CHO, M.P., WISHART, J.F., EMGE, T.J., and ISIED, S.S., Inorg.
Chem., 1996. 35: p. 7241-7245.
88. SAUAIA, M.G., TFOUNI, E., SANTOS, R.H.D.A., GAMBARDELLA, M.T.P., DEL
LAMA, M.P.F.M., GUIMARÃES, L.F., and SILVA, R.S., Inorg. Chem.
Communications, 2003. 6: p. 864-868.
89. RICHTER-ADDO, G.B. and LEGZDINS, P., Metal Nitrosyls. 1992, New York:
Oxford University Press.
90. FORD, P.C. and LORKOVIC, I.M., Chem. Rev., 2002. 102: p. 993.
91. OOYAMA, D., NAGAO, N., ITO, K., NAGAO, H., HOWELL, F.S., and MUKAIDA,
M., Bull Chem. Soc. Jpn, 1997. 70: p. 2141-2149.
92. CALLAHAN, R.W. and MEYER, T.J., Inorg. Chem., 1977. 16: p. 574.
93. TREADWAY, J.A. and MEYER, T.J., Inorg. Chem., 1999. 38: p. 2267-2278.
94. SHREINER, A.F., LIN, S.W., HOPCUS, S.W., HAMM, E.A., and GUNTER, J.D.,
Inorg. Chem., 1972. 11: p. 880.
95. DODSWORTH, A.A., VLECK, A.A., and LEVER, A.B.P., Inorg. Chem., 1994. 33:
p. 1045.
96. PELL, S. and ARMOR, J.N., Inorg. Chem., 1973. 12: p. 873.
97. WIERASZKO, A., CLARKE, M.J., LANG, D.R., LOPES, L.G.F., and FRANCO,
D.W., Life Sciences, 2001. 68(13): p. 1535-1544.
98. FONTECAVE, M. and PIERRE, J.L., Bull Soc. Chim. Fr., 1994. 131: p. 620.
99. LOPES, L.G.F., Controle da reatividade do ligante NO coordenado ao trans-
tetraamintrietilfosfitonitrosilrutênio(II), Location, 1997
100. HOLANDA, A.K.M., Location, 2002
120
101. GOMES, M.G., DAVANZO, C.U., SILVA, S.C., LOPES, L.G.F., SANTOS, P.S.,
and FRANCO, D.W., Journal of the Chemical Society-Dalton Transactions,
1998(4): p. 601-607.
102. SAUAIA, M.G. and DA SILVA, R.S., Transition Metal Chemistry, 2003. 28(3): p.
254-259.
103. DOCTOROVICH, F., GRANARA, M., and DI SALVO, F., Transition Metal
Chemistry, 2001. 26(4-5): p. 505-509.
104. KURODA, T.T., NAGAO, N., MAEKAWA, Y., HISATOSHI NISHIMURA,
HOWELL, F.S., and MUKAIDA, M., Inorganica Chimica Acta, 1992. 196: p. 57-
63.
105. BORGES, S.S.S., TESE DE DOUTORADO, Location, 1995
106. KEERTHI, K.D., SANTRA, B.K., and LAHIRI, G.K., noPolyhedron, 1998. 17: p.
1387.
107. VELDERS, A.H., HOTZE, A.C.G., VAN ALBADA, HAASNOOT, J.G., and
REEDIJK, J., Inorg. Chem., 2000. 39: p. 4073.
108. BRISSARD, M., CONVERT, O., GRUSELLE, M., GUYARD-DUHAYON, C., and
THOUVENOT, R., Inorg. Chem., 2003. 42: p. 1378.
109. LLANGURI, R., MORRIS, J.J., STANLEY, W.C., BELL-LONCELLA, E.T.,
TURNER, M., BOYKO, W.J., and BESSEL, C.A., Inorg. Chim. Acta, 2001. 315:
p. 53-65.
110. SENEVIRATNE, D.S., UDDIN, J., SWAYAMBUNATHAN, V., SCHLEGEL, H.B.,
and ENDICOTT, J.F., Inorganic Chemistry, 2002. 41(6): p. 1502-1517.
111. WANG, P. and LEE, H.K., J. Cromatografia, 1996. 43: p. 322.
112. LOPES, L.G.F., SOUSA, E.H.S., MIRANDA, J.C.V., OLIVEIRA, C.P.,
CARVALHO, I.M.M., BATISTA, A.A., ELLENA, J., CASTELLANO, E.E.,
NASCIMENTO, O.R., and MOREIRA, I.S., Journal of the Chemical Society-
Dalton Transactions, 2002(9): p. 1903-1906.
113. TOGNIOLO, V., DA SILVA, R.S., and TADESCO, A.C., Inorg. Chim. Acta, 2001.
316: p. 7-12.
114. LANG, D.R., DAVIS, J.A., LOPES, L.G.F., FERRO, A.A., VASCONCELLOS,
L.C.G., FRANCO, D.W., TFOUNI, E., WIERASZKO, A., and CLARKE, M.J.,
Inorganic Chemistry, 2000. 39(11): p. 2294-2300.
115. NAGAO, H., NISHIMURA, H., FUNATO, H., ICHIKAWA, Y., HOWELL, F.S.,
MUKAIDA, M., and KAKIHANA, H., Inorg. Chem., 1989. 28: p. 3955.
121
116. GOMES, M.D., BORGES, S.D.S., LOPES, L.G.F., and FRANCO, D.W.,
Analytica Chimica Acta, 1993. 282(1): p. 81-85.
117. BOTTOMLEY, F., Coord. Chem. Rev., 1978. 26: p. 7.
118. SAUAIA, M.G., DE LIMA, R.G., TEDESCO, A.C., and DA SILVA, R.S., Journal of
the American Chemical Society, 2003. 125(48): p. 14718-14719.
119. WOLFE, S.K. and SWINENEHART, J.H., Inorg. Chem., 1975. 14: p. 1049.
120. SAUAIA, M.G., OLIVEIRA, F.D., TEDESCO, A.C., and DA SILVA, R.S.,
Inorganica Chimica Acta, 2003. 355: p. 191-196.
121. BEZERRA, C.W.B., SILVA, S.C., GAMBARDELLA, M.T.P., SANTOS, R.H.A.,
PLICAS, L.M.A., TFOUNI, E., and FRANCO, D.W., Inorg. Chem 38, 1999: p.
5660.
122. WORKS, C.F., JOCHER, C.J., BART, G.D., BU, X.H., and FORD, P.C., Inorg.
Chem., 2002. 41: p. 3728.
123. TFOUNI, E., Coord. Chem. Rev., 2000. 196: p. 281.
124. WORKS, C.F. and FORD, P.C., J. Am. Chem. Soc., 2000. 122: p. 7592.