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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL QUALIDADE DOS CALCÁRIOS AGRÍCOLAS PRODUZIDOS NO ESTADO DE MATO GROSSO OZÍRIS DO ESPIRITO SANTO CUIABÁ - MT 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA

TROPICAL

QUALIDADE DOS CALCÁRIOS AGRÍCOLAS PRODUZIDOS NO

ESTADO DE MATO GROSSO

OZÍRIS DO ESPIRITO SANTO

CUIABÁ - MT

2003

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA

TROPICAL

QUALIDADE DOS CALCÁRIOS AGRÍCOLAS PRODUZIDOS NO

ESTADO DE MATO GROSSO

OZÍRIS DO ESPIRITO SANTO

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. NILTON TOCICAZU HIGA

Dissertação apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato Grosso, para

obtenção do título de Mestre em Agricultura

Tropical.

CUIABÁ - MT

2003

FICHA CATALOGRÁFICA

E77q Espírito Santo, Ozíris do

Qualidade dos calcários agrícolas produzidos no Estado

de Mato Grosso / Ozíris do Espírito Santo. – 2003.

x, 45 p. : il. ; color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato

Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,

2003.

“Orientação: Prof. Dr. Nilton Tocicazu Higa”.

CDU – 631.821(817.2)

Índice para Catálogo Sistemático

1. Calcário agrícola – Mato Grosso

2. Calcário- Uso na agricultura – Mato Grosso

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: QUALIDADE DOS CALCÁRIOS AGRICOLAS PRODUZIDOS NO

ESTADO DE MATO GROSSO

Autor: OZÍRIS DO ESPIRITO SANTO

Orientador: Prof. Dr. NILTON TOCICAZU HIGA

Aprovado em 25 de fevereiro de 2002.

Comissão Examinadora:

_________________________________

Prof. Dr. Nilton Tocicazu Higa

Orientador (DSER – FAMEV-UFMT)

_________________________________

Profa Dra. Oscarlina Lúcia dos Santos Weber

Co-orientadora (DSER – FAMEV-UFMT)

_________________________________

Profa Dra. Sânia Lúcia Camargos

(DSER – FAMEV-UFMT)

_________________________________

Dra. Úrsula Gabe

(IAC)

À minha família

DEDICO

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Mato Grosso, cumprindo o seu papel de oportunizar

capacitação aos profissionais.

Ao Prof. Dr. Nilton Tocicazu Higa, pela amizade e orientação do trabalho.

À Profa. Dra. Oscarlina Lúcia dos Santos Weber, indispensável à execução deste

trabalho, pelo grande empenho e incentivo em todos os momentos.

Ao Sindicato das Indústrias de Produção de calcário do Estado de Mato Grosso e

às empresas mineradoras de calcário, pela cooperação prestada.

À Empresa Mato-grossense de Assistência Técnica e Extensão Rural, pelo auxílio

nos trabalhos analíticos.

Ao colega Geólogo Pedro Augusto de Oliveira Assumpção pelo

acompanhamento na identificação das jazidas calcárias durante os trabalhos de

campo.

A todos os colegas de Laboratório de Solos da Faculdade de Agronomia, pela

convivência e grande amizade conquistada.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ vii

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... viii

RESUMO ........................................................................................................... ix

ABSTRACT ..................................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 01

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 03

2.1. Depósito calcários: origem, classificação e tipos ................................ 03

2.2. Ocorrências de rochas carbonáticas no Estado de Mato Grosso ......... 05

2.2.1. Grupo Alto Paraguai .............................................................. 06

2.2.2. Grupo Cuiabá ......................................................................... 07

2.2.3. Grupo Passa Dois ................................................................... 08

2.2.4. Grupo Bauru .......................................................................... 08

2.2.5. Grupo Beneficente ................................................................. 09

2.3. Corretivos de acidez dos solos ............................................................ 09

2.4. Avaliação da qualidade dos calcários agrícolas .................................. 09

2.4.1. Poder de neutralização ........................................................... 09

2.4.2. Teores de CaO e MgO ........................................................... 10

2.4.3. Composição e eficiência granulométrica .............................. 11

2.4.4. Poder relativo de neutralização total (PRNT) ........................ 12

2.4.5. Metais pesados ....................................................................... 12

3. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 17

3.1. Coleta das amostras ............................................................................. 17

3.2. Preparo das amostras ........................................................................... 17

3.3. Procedimentos analíticos ..................................................................... 18

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 22

4.1. Calcários moídos ................................................................................. 22

4.1.1. Poder de neutralização (PN) .................................................. 22

4.1.2. Teores de CaO e MgO ........................................................... 24

4.1.3. Composição e eficiência granulométrica ............................... 26

4.1.4. Poder relativo de neutralização total (PRNT) ........................ 27

4.2. Rochas ................................................................................................. 28

4.2.1. Teor de metais pesados nas rochas calcárias ......................... 29

5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 34

6. RECOMENDAÇÕES .................................................................................. 35

ANEXOS ........................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 40

vi

LISTA DE FIGURAS

Página

1 Teor médio de ferro nas formações calcárias ....................................... 31

2 Teor de manganês nas rochas calcárias ................................................ 31

3. Teor de metais pesados nos calcários analisados ................................. 32

vii

LISTA DE TABELAS

Página

1. Locais de coleta dos calcários .......................................................... 18

2. Poder de Neutralização dos calcários moídos nas mineradoras ........ 23

3. CaO, MgO e soma de óxidos para amostras moídas nas

mineradoras .......................................................................................

25

4. Reatividade e poder relativo de neutralização total dos calcários

estudados ...........................................................................................

26

5. Características químicas das amostras de rochas calcárias

analisadas ...........................................................................................

28

6. Teores médios de metais pesados nos calcários estudados ............... 29

7. Estimativa de adição de metais pesados ao solo pela aplicação dos

calcários estudados ............................................................................

33

1A Reservas de calcário no Estado de Mato Grosso expressas em

toneladas ............................................................................................

37

2A Posicionamento das unidades litoestratigráficas de acordo com a

idade geológica ..................................................................................

37

3A Equivalente em carbonato de cálcio dos diferentes constituintes

neutralizantes dos corretivos .............................................................

38

4A Taxas de reatividade de frações granulométricas de calcários no

Brasil ..................................................................................................

38

5A Faixas de concentração de alguns micronutrientes em calcários

agrícola obtidos por alguns autores ...................................................

38

6A Faixas de concentração de elementos potencialmente tóxicos em

calcários agrícolas ..............................................................................

39

viii

QUALIDADE DOS CALCÁRIOS AGRÍCOLAS PRODUZIDOS NO ESTADO

DE MATO GROSSO

Autor: OZÍRIS DO ESPÍRITO SANTO

Orientador: Dr. NILTON TOCICAZU HIGA

RESUMO

O Estado de Mato Grosso é o terceiro produtor nacional de calcário com mais de

3,5 milhões de toneladas no ano de 2002. Toda produção é consumida na correção de

solos cultivados com soja, algodão, milho, cana-de-açúcar e pastagens. A influência da

calagem na produtividade destas culturas é evidente, e relaciona-se à correção do pH do

solo, elevação dos teores de cálcio e magnésio, aumento da disponibilidade de

nutrientes, diminuição ou eliminação dos efeitos tóxicos de outros elementos como Al e

Mn e aumento da capacidade de troca de cátions. No que diz respeito à composição

química, os calcários apresentam, além do cálcio e do magnésio outros elementos em

baixos teores. Alguns destes elementos são essenciais às plantas e outros são

potencialmente tóxicos quando presentes em altas concentrações no solo. Foram

coletadas 29 amostras de rochas calcárias e 28 amostras de calcários moídos em 19

mineradoras do Estado, no período de agosto a setembro de 2001, para serem avaliados

o poder de neutralização, a eficiência granulométrica, os teores de CaO e MgO, o

poder relativo de neutralização total, bem como o teor de metais pesados, de

acordo com metodologia proposta por Brasil (1988). Pela avaliação destas

características, verificou-se que os calcários agrícolas mato-grossenses apresentaram-

se eficientes como corretivos da acidez dos solos, além de conterem teores relativamente

baixos dos metais pesados potencialmente tóxicos (Cr, Cd e Pb) não representando risco

como fonte de poluição do solo. Ainda adicionam aos solos os micronutrientes Fe, Mn,

Zn, Cu e Ni que podem ser úteis às plantas.

xii

x

QUALITY OF PRODUCED AGRICULTURAL CALCAREOUS ROCKS IN THE

STATE OF MATO GROSSO

AUTHOR:OZÍRIS DO ESPÍRITO SANTO

ADVISER: Dr. NILTON TOCICAZU HIGA

SUMMARY

The State of Mato Grosso is the third national calcareous rock producer with

more than 3,5 million of tons in 2002. All production is consumed in the ground

correction cultivated with soy, cotton, maize, sugar cane-of - sugar and pastures. The

influence of the liming in the productivity of these cultures is evident, and becomes

related it the correction of pH of the ground, rise of calcium texts and magnesium,

increase of the availability of nutrients, reduction or elimination of the toxic effect of

other elements as AL and Mn and increase of the capacity of exchange of Cátions. In

that it says respect to the chemical composition, the calcareous present, beyond calcium

and of magnesium other elements in low texts Some of these elements are essential to

the plants and others are potentially toxic when gifts in high concentrations in solo.

Were collected 29 samples of limy rocks and 28 worn out calcareous rock samples in 19

mineradoras of the State, in the period of August to September in 2001, to be evaluated

the neutralization power, the grain sized efficiency, the texts of CaO and MgO, the

relative power of total neutralization , as well as the heavy metal , in accordance with

the methodology proposal for Brazil (1988). For the evaluation of these characteristics,

it was verified that the agricultural calcareous rocks mato-grossenses had been presented

efficient as corrective of the acidity of ground, besides containing relatively low texts of

potentially toxic metals heavy (Cr, Cd and Pb) not representing risk as source of

pollution of the ground. They Still add to the ground the micronutrients Fe, Mn, Zn, Cu

and Ni that can be useful to the plants.

xv

xii

1. INTRODUÇÃO

As reservas de rochas calcárias do Estado de Mato Grosso totalizam cerca de um

bilhão e seiscentas mil toneladas, distribuídas principalmente na Formação Araras do

Grupo Alto Paraguai, no Grupo Cuiabá e na Formação Irati do Grupo Passa Dois. Os

maiores depósitos localizam-se no Grupo Alto Paraguai principalmente nas cidades de

Nobres e Rosário Oeste (Anexo 1A), com cerca de 760 e 560 milhões de toneladas

respectivamente.

Em termos de produção de pó calcário, o Estado é o terceiro produtor nacional

com mais de 3,5 milhões de toneladas no ano de 2002 conforme SINECAL (2002). Do

total produzido, cerca de 75% é utilizado na correção de solos cultivados com soja e o

restante com algodão, milho, cana-de-açúcar e pastagens.

Os benefícios obtidos com a calagem segundo Plese (2000), relacionam-se à

correção do pH do solo, elevação dos teores de cálcio e magnésio, aumento da

disponibilidade de alguns nutrientes, diminuição ou eliminação dos efeitos tóxicos de

outros elementos como Al e Mn e aumento da capacidade de troca de cátions. A

correção consiste em neutralizar os H+

livres gerados por componentes ácidos do solo,

pela ação do ânion OH- gerado pelos componentes básicos dos corretivos, como óxidos,

hidróxidos, carbonatos e silicatos de cálcio e magnésio (Alcarde, 1992b).

Como corretivos de acidez do solo podem ser utilizados diversos materiais que

necessariamente devem apresentar em sua composição princípios neutralizantes e dentre

eles, além dos calcários, incluem-se as cais virgens (óxidos de cálcio ou magnésio), as

hidratadas (hidróxido de cálcio ou magnésio), os calcários calcinados (produto

intermediário entre a cal e o calcário), as escórias siderúrgicas (subproduto da indústria

do ferro). Outros materiais como as margas (depósitos terrestres de carbonato de cálcio),

calcários marinhos (corais, sambaquis) e subprodutos de diversas indústrias também

podem ser utilizados. De todos, o calcário é mais utilizado por ser encontrado com maior

freqüência e abundância no meio.

Como insumo agrícola de ampla utilização, o calcário deve apresentar padrões

mínimos de garantia estabelecidos por Lei Federal (Brasil, 1986) em relação à

capacidade de neutralização, teor de óxidos de cálcio e magnésio, composição

granulométrica e poder relativo de neutralização total que definem a qualidade. A

qualidade dos calcários agrícolas depende de características das rochas de onde são

originárias (características químicas e mineralógicas) e dos processos empregados na

moagem da rocha (composição granulométrica).

Em relação a composição química, segundo Amaral et al., (1994) além do cálcio

e do magnésio, o calcário apresenta outros elementos em baixos teores. Alguns destes

elementos denominados de metais pesados são essenciais às plantas e outros

potencialmente tóxicos quando presentes em altas concentrações no solo.

Considerando a importância e a ampla utilização dos calcários como corretivos

de acidez do solo, este trabalho objetivou determinar os parâmetros de qualidade: poder

de neutralização (PN), eficiência granulométrica (ER) teores de óxidos de cálcio e

magnésio, poder relativo de neutralização total (PRNT) e do teor de micronutrientes e de

metais pesados potencialmente tóxicos em calcários produzidos no Estado de Mato

Grosso.

2

2

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Depósitos calcários: origem, classificação e tipos

A sedimentação de calcários de acordo com Brandão & Schobbenhaus (1997),

está associada a processos químicos e/ ou bioquímicos em ambiente marinho claro de

águas rasas. Alguns fatores contribuem para a formação de carbonatos como a

temperatura, claridade e pH da água do mar. Processos químicos que removem o CO2 da

água, proporcionam a transformação do bicarbonato contido na água em íons carbonato

e, dessa forma, favorecem a precipitação do calcário.

Estes mesmos autores enumeram vários processos que podem contribuir para

precipitação do calcário, tais como, o aumento da temperatura, evaporação intensa,

influxo de águas supersaturadas até regiões onde nucleadores ou catalizadores de CaCO3

estejam presentes, ascenção marinha de zonas de alta pressão para zonas de baixa

pressão, mistura de água rica em CO3 e baixo Ca2+

com água do mar, processos

orgânicos, ação bacteriana com produção de amônia, elevação do pH e incremento na

concentração de carbonatos e, principalmente, a remoção de CO2 pela fotossíntese.

A claridade da água é importante nesse processo na medida em que a turbidez da

água provocada por partículas em suspensão e a profundidade, ocasionam escurecimento

da água. Dessa forma a diminuição da taxa de fotossíntese realizada por algas calcárias

faz diminuir a produção e a precipitação de carbonato.

Segundo Souza (1997), existem vários esquemas de classificação das rochas

carbonáticas baseados em características particulares, originando classificações segundo

a gênese, textura, composição das partículas, cimentação, recristalização, conteúdo

biológico, dentre outras. Contudo, este mesmo autor enfatiza que existem também

nomenclaturas para variedades dessas rochas, que às vezes são muito mais utilizadas

para denominá-las do que outras classificações existentes. As principais variedades são:

calcário argiloso (calcário impuro com alto teor de argila ou intercalações com

folhelho); calcário betuminoso (contém matéria orgânica do tipo asfáltica, oleosa);

brecha calcária (fragmentos de calcário cimentados por carbonato de cálcio); calcário

calcítico (rocha com alto teor de cálcio); pedra cimento (rocha ideal para a fabricação de

cimento); calcário grau químico (teor mínimo de 95% de carbonatos – ideal para a

indústria química); calcário coralíneo (fóssil dominante é o coral); coquina (calcário

fossilífero de conchas); calcário dolomítico (apresenta considerável teor de MgO, em

torno de 16%); calcário ferruginoso (contém ferro como impureza); calcário conchífero

(formado por ostras).

As classificações mais utilizadas são aquelas relacionadas à composição e

textura. Em termos de composição tem-se calcário puro: é a rocha que apresenta 90% ou

mais de calcita (com alguma aragonita); calcário magnesiano: é aquele que apresenta

considerável teor de magnésio, mas não na forma de dolomita; calcário dolomítico: é o

que apresenta tanto calcita e dolomita, mas a calcita em maior quantidade; dolomito

calcítico: contêm mais dolomita do que calcita e os dolomitos podem ser definidos como

rochas carbonatadas que apresentam mais de 50% de dolomita (Souza 1997).

Os depósitos de calcários e dolomitos de acordo com Brandão & Schobbenhaus

(1997), ocorrem nas formas de lentes ou camadas em terrenos pré-cambrianos, na forma

de lentes ou camadas intercaladas com sedimentos fanerozóicos e na forma de leitos

conchíferos naturais, recifes de coral, etc., que constituem os calcários modernos.

Quanto ao tipo de depósito, os calcários e dolomitos no Brasil podem ser

divididos em: Tipo I; II; III e IV.

Depósitos de calcário Tipo I, são calcários e dolomitos sob a forma de camadas

ou lentes intercaladas com rochas sedimentares pré-cambrianas associadas à faixas

dobradas de baixo grau metamórfico ou formando coberturas plataformais sub-

horizontais ou fracamente dobradas, de metamorfismo incipiente. Constituem as maiores

reservas oficiais de calcários e dolomitos do Brasil correspondendo a 76% do total.

Constituem camadas de calcários intercalados em unidades dos grupos Cuiabá e Alto

Paraguai e são posicionadas no Proterozóico superior.

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Os depósitos de calcário Tipo II são encontrados comumente sob a forma de

grandes lentes, intercaladas essencialmente em gnaisses acentuadamente dobrados e com

metamorfismo de médio a alto grau. Representam as rochas carbonáticas metamórficas

ou os mármores calcíticos ou dolomíticos. São calcários de idade pré-cambriana

variando do Arqueano ao Proterozóico Superior. No Estado de Mato Grosso não há

referência sobre a ocorrência deste tipo de depósito.

Os depósitos de calcário Tipo III são constituídos por calcários e dolomitos

formando camadas ou lentes intercalados com rochas sedimentares fanerozóicas, do

Paleozóico ao Cenozóico. As maiores reservas relacionam-se ao Cretáceo. Na borda

leste da Bacia Sedimentar do Paraná na formação Iratí do Grupo Passa Dois, ocorrem

rochas carbonáticas associadas a este tipo de depósito, intercaladas em argilitos,

folhelhos negros pirobetubinosos, siltitos e arenitos finos depositados em ambiente

marinho raso.

Já os depósitos de calcário Tipo IV são calcários modernos ou holocênicos

formando acumulações naturais de conchas, incluindo ou não fragmentos de recifes

coralíneos e algas calcárias (calcários conchíferos).

2.2. Ocorrências de rochas carbonáticas no Estado de Mato Grosso

As rochas carbonáticas são compostas predominantemente por calcita e/ou

dolomita e representam uma das matérias-primas minerais de maior utilização industrial.

Possuem um grande significado econômico, por serem importantes reservatórios de água

e petróleo, além de estarem às vezes associadas à minerações de Pb e Zn. No Brasil,

existem extensas reservas geológicas de rochas carbonáticas, datadas desde a era pré-

cambriana (Brandão & Schobbenhaus,1997).

As ocorrências de rochas carbonáticas no Estado de Mato Grosso podem ser

encontradas nas unidades estratigráficas em ordem cronológica: Grupo Beneficente,

Grupo Cuiabá, Grupo Alto Paraguai, Grupo Passa Dois na Formação Iratí, Grupo Baurú

e Formação Xaraiés . O posicionamento das principais unidades estratigráficas nas eras

5

geológicas e suas idades absolutas foram adaptadas de Brasil (1982), conforme (Anexo

2A).

2.2.1. Grupo Alto Paraguai

Alguns pesquisadores, citados por Souza (1997), estudaram a sequência de

rochas do flanco norte da Serra das Araras, montando uma coluna estratigráfica com

denominações distintas de acordo com a região onde ocorria. No Estado de Mato Grosso

do Sul, foi denominado de Grupo Corumbá e no Estado de Mato Grosso, de Grupo Alto

Paraguai. O Grupo Alto Paraguai foi posicionado no Proterozóico Superior e distribui-se

na porção norte da Faixa de Dobramentos Paraguai, recobrindo discordantemente os

metamórfitos do Grupo Cuiabá.

A Formação Araras corresponde à seqüência carbonática do Grupo Alto

Paraguai, a qual foi depositada em ambiente marinho raso. As ocorrências carbonáticas

encontram-se inseridas em uma faixa descontínua em forma de um arco, com cerca de

30km de largura por 350 km de comprimento, constituindo a unidade geomorfológica

denominada de Província Serrana. Inicia-se na borda norte do Pantanal mato-grossense,

infletindo para leste, próximo a cidade de Nobres e estreitando-se rumo a Paranatinga,

onde desaparece, voltando a aparecer às margens do Rio das Mortes, próximo da divisa

com o Estado de Goiás (Souza, 1997).

A grande expressividade da Formação Araras como reserva de rochas

carbonáticas foi relatada por Luz et al. (1978) que, em trabalho de levantamento

mineroeconômico dessa unidade litoestratigráfica, estimou uma reserva aflorante de 60

milhões de toneladas de calcários dolomíticos e dolomitos e 800 milhões de toneladas de

calcários calcíticos. Vale ressaltar, a grande aproveitabilidade industrial das rochas dessa

unidade, e a potencialidade do ambiente quanto à ocorrência de jazimentos de metais

como o cobre, zinco, chumbo e outros. As variedades composicionais das rochas

carbonáticas existentes permitem utilizá-las como matéria-prima para a fabricação de

cimento e cal, corretivos de solo e brita para a construção civil (Brasil, 1982).

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Em função de características químicas, litológicas e estratigráficas, Luz et al

(1978) dividiram a Formação Araras em membros inferior e superior. O inferior

compõe-se da base para o topo de margas conglomeráticas, calcários margosos e

calcários calcíticos cinza-escuros, finamente laminados, tratando-se de calcários

magnesianos e dolomíticos. O membro superior é constituído predominantemente por

dolomitos com intercalações de siltitos, arenitos e argilitos calcíferos. No topo, ocorrem

intercalações de arenitos e horizontes silicificados, apresentando as rochas deste membro

uma composição dolomítica.

Na borda leste da serra das Araras no Estado de Mato Grosso em área

aproximada de 10 km2, foram reconhecidas rochas na forma de tufo calcário esponjoso,

travertino com gasterópodes e conglomerados com cimento calcário. Brasil (1982)

afirma que esta formação é produto da desagregação e coluvionamento da formação

Araras. Supõem-se que os tufos tenham sido formados por precipitação de CaCO3, a

partir da dissolução de rochas calcárias preexistentes, com posterior petrificação parcial

de restos vegetais, provavelmente, em ambiente fluviolacustre. O interesse nestas

rochas pode ser justificado para uso como corretivo do solo e como fonte de fosfato,

segundo Souza (1997).

2.2.2. Grupo Cuiabá

Este Grupo está distribuído ao longo da Faixa de dobramentos Paraguai –

Cuiabá, ocupando a porção interna da faixa. O Grupo Cuiabá encontra-se, em grande

parte, oculto pelas coberturas fanerozóicas da Bacia Sedimentar do Paraná, do Pantanal

mato-grossense, e da Depressão do Rio Araguaia.

A origem e a época em que foram depositados os metamórfitos desse Grupo

ainda são muito controversos. A sua diversidade litológica composta por filitos diversos,

metassiltitos, ardósias, metarenitos, metarcóseos, metagrauvacas, metaconglomerados,

xistos, quartzitos e mármores calcíticos e dolomíticos é indicativo de procedência

dominantemente terrígena, entretanto, apresentam localmente rochas de origem pelágica.

7

Foi acumulado em geossinclíneo tectonicamente ativo no Proterozóico Superior. O

metamorfismo e deformações relacionam-se ao ciclo Brasiliano (SEPLAN-MT, 2000).

As rochas carbonáticas do Grupo Cuiabá ocorrem intercaladas em filitos e

metarenitos dessa unidade. O calcário exposto nas pedreiras apresenta tonalidades cinza-

escuro a preta, apresentando veios irregulares de calcita e, localmente, de quartzo.

São poucas as ocorrências importantes no que diz respeito à produção de cal,

brita e corretivo de solo. Elas ocorrem nas localidades de Poconé, Sangradouro e Distrito

de Nossa Senhora da Guia, sendo a reserva potencial superior a 300 milhões de

toneladas de mármore calcítico e dolomítico (Brasil, 1982).

2.2.3. Grupo Passa Dois

No Grupo Passa Dois, há ocorrência de calcários de interesse econômico na

Formação Iratí que corresponde à base do Grupo, na região sudeste do Estado próximo à

cidade de Torixoréu e no município de Alto Garças.

Litologicamente, apresenta uma interestratificação de litologias sedimentares

representadas basicamente pela alternância de folhelhos pretos pirobetuminosos, siltitos

e camadas de calcários de coloração cinza-esbranquiçada à creme. O Grupo foi

depositado em ambiente marinho epicontinental de idade Permiana superior (SEPLAN –

MT, 2000).

Os calcários do Grupo apresentam silicificação na superfície e teores variados de

MgO entre 0,3 e 19% e teores de CaO acima de 40%, diminuindo junto à superfície da

camada. Os valores das reservas dessas rochas ainda não se encontram levantados

(Souza, 1997).

2.2.4. Grupo Bauru

O Grupo Bauru distribui-se no leste do Estado de Mato Grosso, ocorrendo

reservas nas regiões de Poxoréu, Itiquira, Guiratinga e na região do rio da Casca a norte

da cidade de Chapada dos Guimarães.

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Litologicamente, apresenta na base, um conglomerado formado por seixos

arredondados de basaltos e arenitos, imersos em uma matriz areno-argilosa avermelhada.

Sobreposto, encontram-se arenitos médios, róseos e avermelhados, geralmente

calcíferos, com intercalações de conglomerados, siltitos, lentes de calcários arenosos e

calcários puros e cristalinos. As reservas dessa unidade, ainda não foram quantificadas

(Souza, 1997).

2.2.5. Grupo Beneficente

Na região norte do Estado, associados ao Grupo Beneficente, ocorrem calcários

calcíticos e magnesianos. Esta unidade geológica representa um conjunto de rochas

sedimentares entre os rios Juruena e Teles Pires, depositado no Pré-cambriano

(Proterozóico médio entre 1650 e 1400 MA) em ambientes continental e marinho

transgressivo de águas rasas. O Grupo Beneficente apresenta litologias variadas e dentre

elas os calcários e dolomitos (SEPLAN – MT, 2000).

De acordo com Souza (1997), verificam-se três lentes de calcários calcíticos e

magnesianos nos sedimentos desse grupo. Uma delas localizada a cerca de 3 km à

jusante do rio Ximari, afluente pela margem direita do rio Teles Pires, corresponde ao

calcário de maior interesse por ser o que apresenta o menor teor de impurezas

comparado com os demais da unidade.

2.3. Corretivos da acidez dos solos

São considerados corretivos de acidez do solo todos os materiais que apresentam

constituintes neutralizantes representados por compostos de cálcio e ou de magnésio de

caráter alcalino como: carbonatos (CaCO3, MgCO3); óxidos (CaO, MgO); hidróxidos

(CaOH2, MgOH2) e/ou silicatos (CaSiO3, MgSiO3), (Alcarde, 1996a). Cada um desses

compostos apresenta natureza química própria e conseqüentemente diferentes

capacidades de neutralização da acidez do solo conforme Anexo 3A.

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2.4. Avaliação da qualidade dos calcários agrícolas

As características que definem a qualidade dos calcários são PN, CaO, MgO,

granulometria e PRNT.

2.4.1. Poder de Neutralização

O poder de neutralização ou equivalente em CaCO3 indica o potencial químico

do corretivo em neutralizar a acidez do solo, independente do constituinte neutralizante

contido na amostra. Para que o teor de neutralizantes reflita a capacidade de

neutralização dos diferentes materiais, ele é expresso em termos de “equivalente em

carbonato de cálcio” tomado como padrão ao qual se atribui o valor igual a 1 ou 100% à

sua capacidade de neutralização (Alcarde, 1985).

O poder de neutralização dos corretivos pode ser obtido diretamente por meio da

determinação do poder ou valor de neutralização e, indiretamente, por cálculo através

dos teores de cálcio e magnésio que são os elementos associados aos constituintes

neutralizantes (Alcarde, 1985). Teoricamente é de se esperar que os valores calculados e

determinados sejam iguais, entretanto, na prática, o valor calculado geralmente é maior,

pois inclui os teores de cálcio e magnésio ligados às bases inexpressivas como fosfatos e

sulfatos (Plese, 2000).

Quanto aos padrões de exigência, a Legislação Brasileira determina que o valor

mínimo de PN para calcários seja de 67% ECaCO3; de 125%ECaCO3 para cal virgem

agrícola; 94% para cais hidratadas; 60% para escórias e 80% para calcários calcinados

(Brasil, 1986).

2.4.2. Teores de Cálcio e Magnésio

Os elementos cálcio e magnésio, segundo Pavan & Miyazawa (1997), além de

serem essenciais para a nutrição das plantas, produzem hidroxilas (OH-) que

neutralizam a acidez dos solos. A determinação química fornece os teores desses

10

constituintes na forma elementar, para posteriormente, serem convertidos e expressos

por convenção nas formas de CaO e MgO (Alcarde, 1992b).

De acordo com Alcarde (1992b), a classificação da natureza mineralógica dos

calcários relaciona-se à concentração de MgO na amostra. Assim, o calcário é

considerado calcítico, quando apresenta menos de 5% de MgO; magnesiano, de 5% a

12% e dolomítico, quando apresenta mais de 12% de MgO.

A legislação brasileira exige que os valores mínimos para a soma dos teores de

CaO e de MgO dos calcários seja de 38% (Brasil, 1986).

Alcarde & Rodella (1996b), estudando os teores de Ca e Mg a partir de dois

processos de solubilização da amostra; observaram que, no extrato da determinação do

PN, os valores determinados tenderam a ser acentuadamente inferiores em função da

solubilização mais branda da amostra, enquanto que, pelo método oficial, a

solubilização, por ser mais enérgica, garantiu a liberação de Ca e principalmente de Mg

ligados à espécies químicas como fosfato, silicato, etc., de mais difícil solubilização. Os

referidos autores propuseram um método simplificado por meio de um único extrato

(PN), para a determinação tanto do PN quanto do Ca e Mg, com a justificativa de que a

solubilização dos calcários é lenta pelos ácidos fracos do solo.

2.4.3. Composição e eficiência granulométrica

A composição granulométrica ou a proporção das suas partículas por tamanho,

depende das propriedades da rocha calcária como: dureza, grau de cristalização,

mineralogia, composição química e do processo ou equipamento utilizado na moagem

da rocha. O tamanho dos grânulos ou grau de moagem é um dos fatores que mais afeta

a dissolução do calcário, interferindo na sua reação através do contato com o solo

(Lepsch & Rotta, 1964). Estes mesmos autores avaliando a composição granulométrica

por tamisação de calcários do Estado de São Paulo, verificaram que 50 a 60% das

partículas correspondiam à fração maior que 0,30mm, na maioria das amostras

estudadas.

11

Em relação à composição granulométrica é exigido que 100% das partículas

passem pela peneira ABNT 10; 70% na peneira ABNT 20 e 50% na peneira ABNT 50,

sendo admitida uma variação de 5% (Brasil, 1988).

A eficiência granulométrica dos calcários, segundo Alcarde (1992a), indica a

velocidade de ação do calcário na correção da acidez do solo num período de

aproximadamente 3 meses em função do tamanho das suas partículas, sendo dependente,

das condições de solo e de clima, da natureza química e da granulometria.

As taxas de reatividade das frações granulométricas, são valores obtidos em

laboratório em condições ótimas de temperatura e umidade (Anexo 4A).

Em condições de campo, Natale & Coutinho (1994) comprovaram quanto à

eficiência que as frações granulométricas dividem-se em ineficiente, correspondendo à

fração maior que 2,00mm; de eficiência intermediária a fração entre 2,00 – 0,3mm, cujo

desempenho melhora com o passar do tempo; e altamente reativa a fração mais fina (<

0,3mm) com menor efeito residual. Também em trabalho de campo, Pandolfo &

Tedesco (1996) determinaram as taxas de reatividade num período de dois anos de

31,5% para a fração (2,00 – 0,84mm), de 68% para a fração (0,84 – 0,30mm) e de 100%

para as partículas com diâmetro menor que 0,30mm.

Segundo Alcarde (1992b) o efeito residual dos calcários depende da reatividade e

de outros fatores como a dosagem do corretivo usada na calagem, tipo de solo, adubação

e intensidade de cultivo. A reatividade é inversamente proporcional ao efeito residual,

dessa maneira quanto maior a reatividade do calcário, menor é o seu efeito residual.

2.4.4. Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT)

A definição da qualidade de um calcário a partir da simples avaliação da

composição granulométrica e do poder de neutralização implica na dificuldade de

quantificar o uso diante das recomendações de calagem (Alcarde, 1985).

O Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) é um índice de avaliação de

qualidade que engloba essas duas características. Este índice expressa o percentual de

12

neutralização (PN) do corretivo que neutraliza a acidez do solo num período de 3 meses

(Alcarde, 1992a).

Os calcários podem ser classificados quanto o PRNT em tipo “A” os que

apresentam valores entre 45,0 a 60,0 %; em “B” de, 60,1 a 75,0 %; em “C” de 75,1 a

90,0 % e em “D” com PRNT superior a 90%. O calcário para ser comercializado no

Brasil deve apresentar um valor mínimo de PRNT de 45 % (Brasil, 1986).

2.4.5. Metais Pesados

Para Alloway (1990) e Wild (1993), o termo metal pesado designa um grupo de

elementos que apresentam densidades atômicas maiores que 6,0 g/cm3. Abrange um

grupo de metais, semi-metais e até não metais. Apresentam alguns termos correlatos

como metais traços, elementos traços, micronutrientes e microelementos. Segundo

Marques & Schulze (2002), no passado a designação “traços” era muito utilizado,

porque quando um elemento era detectado em tão pequena concentração dizia-se estar

presente em quantidades traços.

Esse grupo de elementos que inclui metais considerados micronutrientes, outros

metais e ainda alguns elementos de transição da tabela periódica é denominado de

metais pesados (Mattiazzo & Prezotto, 1992); (Manahan, 1994). Os principais metais

pesados presentes no solo e nos produtos utilizados na agricultura são o Co, Cd, Cr, Cu,

Fe, Hg, Mn, Mo, Ni, Pb, Sn e Zn. Os elementos considerados essenciais às plantas são:

Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn; às bactérias fixadoras de nitrogênio são: Co e Mo; e aos

animais Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn, (Abreu et al., 2002). Os elementos que

apresentam caráter tóxico significativo são o Pb, Cd e o Cr (Malavolta,1994a).

O Pb, o Cd e o Cr são metais que não existem naturalmente em nenhum

organismo, tampouco desempenham funções nutricionais ou bioquímicas em

microorganismos, plantas ou animais e, a sua presença nesses organismos é prejudicial

em qualquer concentração. O cádmio é potencialmente tóxico e sua maior fonte de

poluição são as emanações de indústrias de ferro e de aço, sendo causador de

hipertensão, câncer e desordens imunológicas (Gupta, 2001).

13

A presença desses últimos elementos no ambiente pode ser problemática, pois

pode ocorrer acúmulo nos sistemas biológicos. Entretanto, Resende et al. (1999),

afirmam que a nível de solo os metais pesados, em sua maioria ocorrem naturalmente

em baixas concentrações.

A presença desses elementos no solo pode ter como origem a fonte natural

relacionada ao material de origem e do grau de intemperização que esse material sofreu

e a fonte antropogênica que é a maior concentradora desses elementos nos solos. As

principais fontes naturais são os minérios de Zn e Pb e rocha fosfatada (Cd), mineral

cromita e solos de serpentina (Cr), sulfetos óxidos e carbonatos (Cu), mineral galena

(Pb), mineral cinábrio (Hg), minerais diversos e solos de serpentina (Ni), óxidos

silicatados (Zn) (Mattiazzo – Prezoto, 1992).

As atividades antropogênicas contribuem através da liberação de partículas ou

gases na atmosfera, causando contaminação via deposição atmosférica localizada ou

espalhada pela ação da chuva, movimentação de terra, vento ou por meio da cadeia

trófica (Accioly & Siqueira, 2000).

Os metais pesados também podem chegar ao solo por meio do uso de defensivos,

fertilizantes, corretivos e outros produtos como os biossólidos usados na agricultura.

Os resíduos urbanos como lixo e esgoto apresentam alta taxa de produção e baixa

reciclagem gerando poluição considerável (Costa 1983). Para Berton (1992), o esgoto

como adubo pode trazer problemas de poluição, pois o teor de metais pesados nesses

materiais é elevado e muito variável em função da origem doméstica ou industrial.

As atividades industriais contribuem por meio dos rejeitos das indústrias

metalúrgica, do couro, de tintas e pigmentos e de artefatos galvanizados. Outras formas

como gases de exaustão de automóveis e emanações industriais também contribuem para

a adição ao solo.

A atividade agrícola também pode contribuir para a adição de metais pesados ao

solo pelo uso intensivo de corretivos e fertilizantes (Amaral Sobrinho, 1992). Entretanto,

Kabata & Pendias (1984); Adriano (1986) e Alloway (1990), afirmaram que o

incremento no teor de metais pesados ao solo por meio dos fertilizantes e corretivos é

14

menor quando comparado às adições promovidas pela precipitação pluviométrica, águas

contaminadas, estercos, lodos de esgoto, compostos de lixo urbanos e pesticidas.

Em calcários agrícolas os primeiros trabalhos de avaliação de metais pesados

foram realizados por Miyasaka (1964), Mascarenhas (1967) e Mascarenhas (1973), que

observaram a potencialidade de suprimentos desses elementos pelos calcários.

Esses elementos ocorrem naturalmente na composição dos calcários em baixos

teores, porém, a concentração depende de fatores como a disposição geográfica das

jazidas nas diferentes regiões, como também dos pontos de exploração dentro da camada

geológica e ainda pela influência de maquinário utilizado na moagem do calcário, por

meio da corrosão e atrito de suas peças que em contato com o calcário podem aumentar

a concentração de alguns metais (Chichilo & Whittaker 1961 e Gabe, 1998).

A formação geológica da jazida constitui um fator preponderante para a ampla

variação no teor dos elementos, destacando que em ordem de riqueza na composição

química apresentam-se os calcários magmáticos, os sedimentares e, por último, os

metamórficos. Os calcários sedimentares são em média mais ricos em Mn, Zn e Fe do

que os metamórficos, e os teores de Cu semelhantes (Valadares, 1974).

Teores de metais pesados em calcários obtidos por outros autores em regiões e

épocas distintas (Anexos 5A e 6A), permitiram à Gabe (1998) observar que a grande

variação na concentração de micronutrientes em calcários realmente está relacionada à

origem geológica das rochas.

Em relação a origem, os calcários do Estado de Mato Grosso podem ser

classificados como calcários metamórficos (Gabe, 1992). Entretanto, Brasil (1982)

ressalta que o maior grau de metamorfismo ocorreu no Grupo Cuiabá. O Grupo Alto

Paraguai não sofreu influência de metamorfismo. A Formação Iratí, contudo, em função

da sua idade Paleozóica, pode ser considerada de origem sedimentar.

As apreciáveis concentrações de Fe, Mn e Zn determinadas por Valadares (1974)

em calcários brasileiros permitiram, com base nas doses de calcário aplicadas ao solo e

nas quantidades de micronutrientes removidas pelas culturas, afirmar que os calcários

poderiam suprir parcial ou totalmente a demanda por esses elementos pelas culturas. No

entanto, enfatizou que as quantidades de micronutrientes adicionadas pela calagem são

15

muito inferiores às adicionadas sob a forma de adubo específico, exceto o Fe, cuja

quantidade se aproxima da adicionada sob a forma de adubo.

Amaral Sobrinho et al. (1992), ao estudarem a presença de metais pesados em

fertilizantes e corretivos do Estado de Minas Gerais, observaram que os teores totais

foram relativamente baixos. Entretanto, estes autores ressaltaram um corretivo originário

de área de mineração de chumbo e zinco, pois apresentava o dobro da concentração de

Pb em relação aos calcários comuns e concentração muito elevada de Zn, em torno de

1%.

Amaral et al. (1994) estudando a liberação de Zn, Fe, Mn e Cd de quatro

corretivos de acidez e absorção por plantas de alface, verificaram que um calcário

dolomítico com teores de Zn=12.948 mg kg-1

, Fe=46.434 mg kg-1

, Mn=3.125 mg kg-1

,

Cd=107,2 mg kg-1

e Pb=2.850 mg kg-1

, liberou para as plantas os elementos Zn, Mn e

Cd, porém não houve sintomas de toxidez para as plantas e nem limitação da produção.

Observaram ainda que os teores totais de Cd e Zn na parte aérea das plantas de alface

encontravam-se bem acima do permitido pela legislação brasileira de alimentos.

A composição química e o potencial de suprimento de micronutrientes por

calcário oriundo da mineração de folhelho pirobetuminoso da Formação Iratí – PR foi

estudado por Dos Anjos (1991) e posteriormente por Assmann et al. (1999).

Estes últimos adicionaram ao solo doses de 0; 0,75; 1,50; 3,0 e 6,0 t ha-1

do

calcário da Formação Iratí e calcário comercial, com a finalidade de verificar o efeito

sobre os teores de Cu, Fe, Mn e Zn no solo e na planta. O solo corrigido com o calcário

Iratí apresentou teores totais de 10% de Fe e 9% de Mn, superiores em relação ao solo

que recebeu calcário comercial, sem influenciar o conteúdo dos elementos na planta.

Os teores de Fe e Mn disponíveis no solo diminuíram em função do aumento das

doses de calcário e os de Cu e Zn não foram influenciados. Na planta, o acréscimo das

doses fez aumentar a concentração de Fe e Cu e diminuir o teor de Mn. Na dose

máxima de calcário Irati (6 t ha-1

), houve aumento no teor de Zn na planta comparado

com a mesma dose de calcário comercial. As doses crescentes do calcário comercial

provocaram diminuição da concentração do Zn na planta e as do calcário Iratí

mantiveram níveis constantes de Zn.

16

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Coleta das amostras

A produção de calcário no Estado de Mato Grosso concentra-se nas unidades

estratigráficas do Grupo Cuiabá, Grupo Alto Paraguai (Formação Araras) e Grupo Passa

Dois (Formação Iratí). Os materiais estudados foram amostrados nas empresas

mineradoras dessas unidades.

Foram coletadas 29 amostras de rochas através de amostragem de diversos

pontos da frente de lavra das mineradoras. Também foram coletadas um total de 28

amostras moídas, adotando-se procedimento de sub-amostragens em pontos diversos no

local de armazenamento do calcário moído, para constituirem uma amostra composta de

aproximadamente, 1 kg de calcário. A coleta das amostras foi feita em agosto e

setembro de 2001. Na tabela 1 estão relacionados os locais de coleta dos materiais

estudados.

3.2. Preparo das amostras

As amostras moídas nas mineradoras foram homogeneizadas e divididas por

quarteamento em duas frações iguais. Uma das frações foi reservada para análise

granulométrica e a outra para as análises químicas de PN e teores de CaO e MgO. A

fração destinada à análise granulométrica passou por uma secagem prévia em estufa, à

temperatura de 105-110º C, até peso constante. A fração destinada às análises químicas

foi usada tal qual coletada, não passando por nenhum preparo (Brasil, 1988).

As 29 amostras de rochas foram moídas em almofariz de porcelana e passadas

por peneira de malha de 60 mesh, para posteriores determinações de cálcio e magnésio e

metais pesados.

Tabela 1. Locais de coleta dos calcários

Nº amostras Unidade

estratigráfica

Empresas

Mineradoras Município

Rochas Moídas

1 e 2 1 Grupo Cuiabá Caieira Nossa Senhora da Guia Cuiabá

3 e 4 2 e 3

Grupo Alto

Paraguai

Camil - Cáceres Mineração Cáceres

5 e 6 4 Império Minerarações Jangada

7 e 8 5, 6 e 7 Emal Barra do Bugres

9 e 10 8 e 9 Calcário Tangará Tangará da Serra

11 10 Ecoplan Rosário Oeste

12 e 13 11 e 12 Copacel Nobres

14 13 Calcário Cuiabá Nobres

15 14 Reical Nobres

16 15 Cimento Itaú Nobres

17 e 18 16, 17, 18 e 19 Emal Nobres

19 20 Unical Nobres

20 21 Império Minerarações Paranatinga

21 22 Emal Primavera do Leste

22 e 23 23 Reical Paranatinga

24 e 25 24 e 25 Emal Paranatinga

26 26 Calcário Roncador Cocalinho

27 e 28 27 Grupo Passa

Dois

Império Minerarações Alto Garças

29 28 Calcário Mentel Alto Garças

3.3. Procedimentos analíticos

Tanto para a análise granulométrica como para as análises químicas, foram

adotados os metodos oficiais do Ministério da Agricultura, Brasil (1988). Nas amostras

18

moídas a determinação de CaO e MgO, também foi feita a partir do extrato da

determinação do PN conforme Pavan & Miyazawa (1997).

Na análise granulométrica foram pesados 100,0g do calcário moído na

mineradora e transferidos para o conjunto de peneiras ABNT nos

10, 20, 50 e fundo,

dispostas de cima para baixo em agitador mecânico por 5 minutos. Terminado este

tempo, as frações retidas em cada peneira foram pesadas para posteriormente ser

calculada a eficiência granulométrica conforme a equação 1:

(Equação 1) RE (%) = [(A x 0) + (B x 20) + (C x 60) + (D x 100)]

100

Sendo:

RE = Reatividade do calcário (%)

A = Fração granulométrica maior que 2,0mm, retida na peneira 10 ABNT;

B = Fração granulométrica menor que 2,0mm e maior que 0,84mm de diâmetro,

retida na peneira 20ABNT;

C = Fração granulométrica menor que 0,84mm e maior que 0,30mm de diâmetro,

retida na peneira 50 ABNT;

D = Fração granulométrica menor que 0,30 mm de diâmetro, retida no fundo;

0; 20; 60; 100 = Taxas de reatividade das respectivas frações (%)

Na determinação do poder de neutralização (PN) foram tomados em duplicata

1,000g da amostra moída seca a 110º C. Em seguida adicionou-se HCl 0,5N, levando-se

a fervura por 5 minutos. Ao extrato foram adicionadas 2 a 3 gotas do indicador

fenolftaleína 1% para em seguida titular-se o excesso de ácido com NaOH 0,25N até o

aparecimento de uma leve cor rosada. Anotou-se o volume gasto do titulante para os

cálculos do PN por meio equação 2.

(Equação 2) PN (ECaCO3) = 5 ( 50 x N1 – V2 x N2)

G

19

sendo:

N1 = Normalidade da solução de HCl;

V2 = Volume(mL) da solução de NaOH gasto na titulação;

N2 = Normalidade da solução de NaOH;

G = Massa em gramas da amostra.

Foram também obtidos os valores do PN calculado para as amostras moídas nas

mineradoras a partir dos teores de CaO e MgO (método oficial), de acordo com a

equação 3.

(Equação 3) PN calculado (%ECaCO3) = %CaO x 1,79 + %MgO x 2,48

Para sa determinações dos teores de CaO e MgO, pesou-se em duplicata 0,500

grama de amostra, adicionando-se 20 mL de HCl (1+1) e 2 mL de HNO3 (1+1). Em

seguida esse material passou por uma leve fervura por cerca de 10 minutos. O extrato foi

transferido para balão de 250 mL, onde completou-se o volume com água deionizada.

Na determinação de CaO foram tomadas alíquotas de 10 mL do extrato às quais foram

acrescentados 5 mL de solução KOH-KCN, 100mL de água e uma pitada do indicador

murexida. Para o teor de MgO às alíquotas de 10mL foram adicionadas 5 ml de solução

Tampão pH 10, 100 mL de água deionizada e 10 gotas do indicador negro de eriocromo.

As titulações de Ca e Mg foram feitas com solução de EDTA 0,010M. Os volumes de

titulante foram anotados para serem calculados os teores de CaO e MgO, conforme as

equações 4 e 5.

(Equação 4) % CaO = 280,4 x (V1 - V2) x M

sendo:

V1 = Volume (mL) da solução de EDTA gasto na titulação da amostra;

V2 = Volume (mL) de EDTA gasto na titulação da prova em branco;

M = Molaridade da solução de EDTA (0,010 M).

(Equação 5) %MgO = 201,6 x [(V3 – V4) – (V1 – V2)] x M

20

sendo:

V3 = Volume da solução de EDTA gasto na titulação do Ca + Mg;

V4 = Volume da solução de EDTA gasto na titulação da prova em branco do Ca

+ Mg;

M = Molaridade da solução de EDTA.

Os teores de CaO e MgO nas amostras moídas nas mineradoras, também foram

determinados a partir do extrato utilizado na determinação do poder de neutralização. As

alíquotas tomadas dos extratos passaram pelas diluições necessárias, para em seguida

proceder-se as leituras por Absorção Atômica. Os teores de CaO e MgO foram

calculados conforme as equações 6, 7 e 8.

(Equação 6) % Ca ou Mg = L x V x D x Fc

10.000

(Equação 7) % CaO = % Ca x 1,4

(Equação 8) % MgO = % Mg x 1,66

sendo:

L = Leitura; V= Volume inicial do extrato; D = Diluição; Fc = Fator de correção

da leitura

O poder relativo de neutralização total (PRNT) das amostras foi calculado

utilizando-se os valores de reatividade e poder de neutralização, mediante a equação:

% PRNT = PN x RE

100

Para a determinação de metais pesados foram pesados em triplicata 1,0000g da

amostra da rocha moída em laboratório, aos quais foram adicionados 20 mL de HCl 2

mol L-1

, fervendo-se levemente. Os extratos foram filtrados e completados os volumes

para 100 mL com água deionizada, para posteriormente serem determinados os metais

pesados por espectrofotometria de absorção atômica.

Nas determinações de PN, CaO, MgO e teores de metais pesados foram

calculados a média, o desvio padrão e a mediana dos resultados analíticos de cada

amostra.

21

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Calcários moídos

4.1.1. Poder de neutralização (PN)

Todas as amostras apresentaram valores compatíveis com a garantia mínima de

67% ECaCO3 exigida pela legislação brasileira para calcários agrícolas. O menor valor

encontrado foi de 70,4% e o maior foi de 107,1%, sendo o valor médio de 95,1%,

conforme Tabela 2.

O PN dos calcários do Grupo Alto Paraguai variou de 82 a 107%, isto evidencia

a eficiência química dos calcários desta formação geológica. Neste mesmo Grupo, as

amostras 7, 15 e 19 apresentaram valores iguais de PN e PRNT, caracterizando-os como

calcários de granulometria fina altamente reativos, onde todo o seu potencial químico

pode ser expresso num período de 3 meses.

As amostras 27 e 28 apresentaram baixos valores de PN determinados e isso

pode ser em parte atribuída à granulometria mais grosseira. Alcarde & Rodella (1996a)

verificaram que quando as amostras foram passadas na peneira nº 50 ABNT, os valores

de PN foram superiores em relação as amostras tal qual coletadas nos locais de

produção.

Pela comparação entre os valores de PN determinados analíticamente e os

calculados a partir dos teores de óxidos de cálcio e magnésio, verificou-se que em 15 das

28 amostras estudadas, os valores calculados foram superiores aos determinados. Isto,

segundo Alcarde & Rodella (1992b) normalmente ocorre e pode ser relacionado à

granulometria do calcário e ao processo de solubilização que na deteminação dos óxidos

é mais enérgica em relação ao PN. Observou-se ainda que quando a granulometria foi

mais fina como nas amostras 7, 15 e 19, a diferença entre PN determinado e calculado

foi menor.

Tabela 2. Poder de Neutralização dos calcários moídos nas mineradoras (média de

2 repetições + desvio padrão)

Calcário % CaO % MgO Soma de

óxidos

PN determinado PN

calculado

............... %EcaCO3 ...............

Grupo Cuiabá 1 35,9 + 0,8 4,3 + 0,4 40,2 70,4 75,0

2 27,3 + 0,2 18,7 + 0,6 46,1 99,6 95,4

Grupo Alto

Paraguai

3 46,4 + 0,6 5,0 + 0,6 51,4 94,3 95,6

4 28,7 + 0,6 21,2 + 0,3 49,9 105,2 103,9

5 33,4 + 0,0 9,6 + 0,1 42,9 82,7 83,5

6 30,4 + 0,2 20,2 + 0,0 50,6 104,8 104,5

7 30,8 + 0,4 21,1 + 0,1 51,9 107,1 107,5

8 47,1 + 0,8 2,4 + 0,6 49,5 91,1 90,3

9 26,8 + 0,2 19,2 + 0,3 45,9 98,5 95,4

10 28,7 + 0,2 21,2 + 0,6 49,9 102,8 103,9

11 48,6 + 0,6 2,7 + 0,1 51,4 92,6 93,8

12 25,5 + 0,4 19,4 + 0,9 44,9 95,1 93,7

13 29,4 + 0,8 21,6 + 0,6 51,0 105,8 106,2

14 26,1 + 0,4 20,1 + 0,7 46,1 96,0 96,4

15 35,9 + 0,0 10,2 + 0,1 46,1 87,9 89,5

16 44,4 + 0,2 4,7 + 0,1 49,2 93,5 91,3

17 30,7 + 0,2 20,4 + 0,3 51,1 107,1 105,5

18 45,1 + 0,4 5,6 + 0,3 50,8 95,1 94,8

19 29,6 + 0,2 20,9 + 0,1 50,4 104,6 104,7

20 28,0 + 0,0 19,6 + 0,3 47,6 100,1 98,7

21 29,0 + 1,0 16,5 + 0,6 45,6 93,7 92,9

22 28,2 + 1,0 17,9 + 0,6 46,1 91,9 94,9

23 29,6 + 1,4 18,0 + 0,7 47,6 96,6 97,7

24 47,7 + 0,4 3,7 + 0,4 51,4 94,0 94,6

25 34,3 + 0,2 14,0 + 0,4 48,4 94,9 96,2

26 28,7 + 0,2 20,7 + 0,1 49,4 101,5 102,7

Grupo Passa

Dois

27 32,0 + 0,4 5,2 + 0,3 37,2 74,6 70,2

28 31,1 + 0,4 6,4 + 0,4 37,5 81,1 71,5

Média 33,6 13,9 33,6 95,1 94,7

Mediana 30,6 18,0 30,6 95,1 95,4

23

4.1.2. Teores de CaO e MgO

Pelos resultados apresentados na Tabela 3, observou-se que todas as amostras

estudadas apresentaram valores de soma de óxidos obtidos pelo método oficial,

superiores aos determinados a partir do extrato do PN. Em média essa diferença foi 47%

superior na soma para a determinação pelo método oficial. Esse comportamento pode ser

explicado pelo fato do processo de solubilização da amostra no primeiro método ser

mais enérgica em relação ao extrato da determinação do PN, segundo Gabe (1992).

Ao avaliar o padrão de qualidade das amostras moídas pelo método oficial, o

maior valor determinado foi de 51,9% e o menor de 37,2% estando este último

enquadrado em uma margem de 5% para menos em relação ao padrão mínimo exigido.

Dessa forma, todos os calcários analisados por este método estão em concordância ao

padrão de soma de óxidos exigido pela legislação brasileira.

Nas determinações feitas a partir do extrato do PN o valor médio foi de 34,4%

para a soma de óxidos. Em praticamente todas as amostras foi inferior a 38%, com

exceção da amostra 6, 10 e 12 que apresentaram valores pouco superiores de 40,7%;

40,0% e 39,1% respectivamente.

Em relação à Formação geológica, observou-se no Grupo Alto Paraguai, uma

grande variação nos teores de MgO, o que evidencia tipos diversos de calcários

calcíticos, magnesianos e dolomíticos. Nesse Grupo, do total de 25 amostras analisadas,

18 foram de calcários dolomíticos com teores de MgO superiores a 12%, o que mostra o

grande potencial de correção e de suprimento de Mg desses materiais.

Entre todas os calcários estudados 5 foram calcíticos, apresentando menos que 5

% de MgO, 6 magnesianos com teor de MgO entre 5 e 12 % e 17 dolomíticos com mais

de 12 % de MgO.

24

Tabela 3. Teores de CaO, MgO e soma de óxidos para amostras moídas nas

mineradoras (média de 2 repetições + desvio padrão)

Determinação a partir do extrato do PN Determinação pelo Método Oficial

Calcário CaO MgO Soma CaO MgO Soma

............................................................ % ............................................................

1 24,3 + 1,0 5,6 + 1,9 29,8 35,9 + 0,8 4,3 + 0,4 40,2

2 18,5 + 0,1 13,8 + 0,3 34,5 27,3 + 0,2 18,7 + 0,6 46,0

3 30,7 + 1,8 3,8 + 0,1 32,4 46,4 + 0,6 5,0 + 0,6 51,4

4 20,2 + 0,4 14,9 + 0,4 35,1 28,7 + 0,6 21,2 + 0,3 49,9

5 23,7 + 0,3 7,1 + 0,2 30,8 33,4 + 0,0 9,6 + 0,1 43,0

6 24,8 + 6,1 16,0 + 1,9 40,7 30,4 + 0,2 20,2 + 0,0 50,6

7 22,0 + 0,0 14,9 + 0,4 36,9 30,8 + 0,4 21,1 + 0,1 51,9

8 31,1 + 0,4 1,4 + 0,1 32,5 47,1 + 0,8 2,4 + 0,6 49,5

9 18,1 + 0,2 13,7 + 0,3 31,9 26,8 + 0,2 19,2 + 0,3 46,0

10 22,8 + 2,8 17,2 + 2,7 40,0 28,7 + 0,2 21,2 + 0,6 49,9

11 33,0 + 1,4 1,9 + 0,2 34,8 48,6 + 0,6 2,7 + 0,1 51,3

12 22,0 + 6,2 17,1 + 5,7 39,1 25,5 + 0,4 19,4 + 0,9 44,9

13 20,9 + 0,5 16,0 + 0,6 36,9 29,4 + 0,8 21,6 + 0,6 51,0

14 18,4 + 1,1 14,3 + 0,5 32,7 26,1 + 0,4 20,1 + 0,7 46,2

15 23,2 + 0,5 6,5 + 0,0 29,8 35,9 + 0,0 10,2 + 0,1 46,1

16 27,6 + 1,4 4,3 + 0,6 31,9 44,4 + 0,2 4,7 + 0,1 49,1

17 21,4 + 0,0 15,3 + 0,3 36,7 30,7 + 0,2 20,4 + 0,3 51,1

18 31,5 + 1,6 4,5 + 0,3 36,0 45,1 + 0,4 5,6 + 0,3 50,7

19 21,1 + 0,9 15,8 + 0,9 36,8 29,6 + 0,2 20,9 + 0,1 50,5

20 20,1 + 0,1 14,9 + 0,0 35,0 28,0 + 0,0 19,6 + 0,3 47,6

21 22,3 + 2,4 13,0 + 0,3 35,3 29,0 + 1,0 16,5 + 0,6 45,5

22 19,6 + 0,8 12,9 + 0,6 32,6 28,2 + 1,0 17,9 + 0,6 46,1

23 20,8 + 0,3 11,7 + 0,3 32,5 29,6 + 1,4 18,0 + 0,7 47,6

24 32,6 + 2,0 3,0 + 0,0 35,5 47,7 + 0,4 3,7 + 0,4 51,4

25 25,8 + 0,6 10,7 + 0,7 36,6 34,3 + 0,2 14,0 + 0,4 48,3

26 21,6 + 2,4 15,8 + 1,4 37,5 28,7 + 0,2 20,7 + 0,1 49,4

27 24,4 + 0,6 5,1 + 0,7 29,5 32,0 + 0,4 5,2 + 0,3 37,2

28 23,3 + 2,0 6,7 + 0,2 29,9 31,1 + 0,4 6,4 + 0,4 37,5

Média 23,8 10,6 34,4 33,6 13,9 47,5

Mediana 22,5 13,9 34,9

25

4.1.3. Composição e eficiência granulométrica

Na Tabela 4 são apresentados os resultados da análise granulométrica.

Tabela 4. Reatividade e poder relativo de neutralização total dos calcários estudados

amostra

Percentagem de partículas retidas nas peneiras Reatividade

(%)

PRNT

(%) ABNT Nº 10

> 2,00mm

ABNT Nº 20

2,00 –0,84mm

ABNT Nº 50

0,84 – 0,3mm

Fundo

< 0,30mm

1 0,2 3,8 14,4 81,7 91,1 64,1

2 0,1 3,2 15,0 81,7 91,4 90,9

3 0,0 7,1 30,7 62,2 82,0 77,3

4 1,1 10,7 22,8 65,4 81,3 85,5

5 0,3 10,0 26,7 63,0 81,0 67,0

6 0,1 6,3 22,1 71,5 86,0 90,2

7 0,0 0,0 0,0 100,0 100,0 107,1

8 0,1 3,3 16,4 80,1 90,7 82,6

9 0,4 5,6 19,4 74,7 87,4 86,1

10 0,8 10,6 24,1 64,4 81,0 83,3

11 1,6 12,2 29,2 57,0 77,0 71,3

12 0,4 8,1 22,8 68,7 84,0 79,9

13 0,5 7,3 17,6 74,6 86,6 91,6

14 1,7 15,2 25,4 57,7 76,0 72,9

15 0,0 0,0 0,0 100,0 100,0 87,9

16 0,1 7,6 30,1 62,3 81,8 76,5

17 0,2 3,6 19,1 77,1 89,3 95,7

18 0,0 0,1 4,9 95,0 98,0 93,2

19 0,0 0,0 0,0 100,0 100,0 104,6

20 0,8 8,2 21,0 70,1 84,3 84,4

21 0,3 11,3 30,4 58,0 78,4 73,5

22 0,5 8,0 28,3 63,1 81,7 75,2

23 0,3 6,8 24,6 68,2 84,4 81,5

24 0,3 12,1 36,0 51,6 75,7 71,1

25 0,2 5,0 24,2 70,6 86,1 81,8

26 0,1 6,7 21,0 72,1 86,1 87,3

27 1,3 24,2 27,5 47,0 68,3 50,9

28 3,1 16,3 25,1 55,4 73,8 59,9

Média 0,5 7,6 20,7 71,2 85,1 81,2

Mediana 0,3 7,2 22,8 69,4 84,3 82,2

26

Com relação à granulometria dos calcários, observou-se que os percentuais

médios das frações retidas nas peneiras ABNT Nº 10 (malha 2,00 mm), nº 20 (malha

0,84 mm), nº 50 (malha 0,30mm) e fundo (< 0,30mm) foram de 0,5%; 7,6%; 20,7% e

71,2%, respectivamente. Desta forma, verificou-se que em média 99,5% das partículas

passaram por peneira de malha igual 2,00mm; 91,9% pela peneira de malha 0,84mm e

71,2% pela peneira de malha 0,30mm. Assim, todos os calcários analisados atenderam

aos requisitos legais para as diferentes frações granulométricas, admitindo-se uma

margem de erro de 5%.

Vale ressaltar, no entanto, que para as duas amostras provenientes da Formação

Iratí em Alto Garças, foram obtidos valores mais próximos ao limite de tolerância, ou

seja, na peneira de abertura 2,00mm passaram 97,8%, na de malha 0,84mm passaram

77,5% e na peneira de malha 0,30mm passaram 51,2% das partículas.

Verificou-se ampla variedade dos calcários estudados quanto à composição

granulométrica. Considerando que o percentual de ação do calcário no solo num período

de três meses é nula para a fração granulométrica maior que 2,00mm, de 20% para

partículas entre 2,00 e 0,84mm, de 60% para partículas entre 0,84 e 0,30mm e de 100%

partículas menores que 0,3mm, constatou-se que os calcários estudados apresentaram

reatividades variadas que influenciam nos efeitos residuais dos materiais estudados.

4.1.4. Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT)

O PRNT reflete o percentual de utilização do poder de neutralização e depende

diretamente da sua eficiência granulométrica (Alcarde & Rodella, 1996a). Os valores de

PRNT variaram de 50,9% a 107,1% com valor médio de 81,1%, demonstrando uma

grande variedade de calcários com eficiências diversas na correção da acidez do solo

Tabela 4. Quanto a classificação do calcário em função do PRNT, verificou-se que dois

calcários foram do tipo A, quatro do tipo B, 7 tipo D, e a maioria num total de 15

amostras do tipo C e dessa maneira, enquadrados na faixa de PRNT de 75,1 a 90%. Em

relação ao valor de 45 % mínimo de PRNT 45% aceito no Brasil, verificou-se que todos

os calcários atenderam a esta exigência.

27

4.2. Rochas

Na Tabela 5 são apresentadas as características químicas das rochas calcárias.

Tabela 5. Características químicas das amostras de rochas calcárias analisadas

(média de 2 repetições + desvio padrão). Calcário % CaO % MgO PN calc. (%ECaCO3)

Grupo Cuiabá 1 23,8 + 0,8 5,5 + 0,1 56,4

2 36,6 + 0,6 5,7 + 0,7 79,7

Grupo Alto

Paraguai

3 46,4 + 0,2 3,1 + 0,1 90,8

4 26,4 + 0,4 19,8 + 0,0 96,2

5 52,3 + 0,6 2,7 + 0,4 100,4

6 26,8 + 0,6 19,2 + 0,6 95,4

7 42,1 + 0,4 4,6 + 0,0 86,8

8 28,7 + 0,6 21,2 + 0,9 103,9

9 51,6 + 0,4 1,0 + 0,0 94,9

10 22,9 + 0,6 16,2 + 0,1 81,2

11 27,5 + 0,0 18,8 + 0,4 95,9

12 48,1 + 0,2 3,6 + 0,3 95,1

13 28,2 + 0,6 22,9 + 0,1 107,2

14 28,6 + 0,0 22,5 + 0,1 106,9

15 21,2 + 0,2 15,8 + 0,1 77,1

16 43,2 + 0,4 1,8 + 0,0 81,8

17 40,4 + 0,4 3,2 + 0,3 80,3

18 30,0 + 0,0 22,8 + 0,0 110,2

19 28,0 + 0,0 20,8 + 0,3 101,7

20 30,4 + 0,2 21,1 + 0,4 106,7

21 31,3 + 0,6 20,1 + 0,7 105,7

22 48,9 + 0,2 3,0 + 0,0 95,1

23 31,0 + 0,2 20,2 + 0,6 105,5

24 51,0 + 0,8 1,7 + 0,7 95,6

25 28,7 + 0,2 19,7 + 0,1 100,2

26 28,6 + 0,8 21,9 + 0,1 105,4

Grupo Passa Dois 27 36,2 + 0,4 11,1 + 0,3 92,2

28 34,8 + 0,4 13,2 + 0,1 95,0

29 50,3 + 0,2 3,4 + 0,3 98,6

Média 35,3 12,6 94,5

Mediana 31,0 15,8 95,6

28

Foram observados calcários calcíticos, magnesianos e dolomíticos. A partir dos

teores de CaO e MgO, foram obtidos valores de PN calculados que variaram de 56,4 a

110,2 de %ECaCO3.

4.2.1. Teor de metais pesados nas rochas calcárias

Observou-se uma grande variação nos teores dos elementos entre os calcários

analisados (Tabela 6). As maiores amplitudes foram verificadas para o Fe, Mn, Zn e Pb,

com valores mínimos de 186,3; 44,9; 4,7 e 17,7 mg kg-1 e valores máximos de 7493,3;

277,1; 38,7 e 107,9 mg kg-1, respectivamente.

Tabela 6 . Teores médios de metais pesados nos calcários estudados

Elemento Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

..............................mg kg-1

..............................

Zinco 4,7 38,7 7,7 11,2 + 0,4

Ferro 186,3 7493,3 862,3 1789,8 + 69,2

Manganês 44,9 1504,0 181,0 277,1 + 2,6

Níquel 42,3 79,1 51,1 52,1 + 1,2

Cobre 2,6 8,5 3,6 4,4 + 0

Cromo 21,3 72,6 29,8 35,7 + 1,0

Cádmio 1,2 2,1 1,8 1,8 + 0

Chumbo 17,7 107,9 27,5 30,5 + 3,1

Valores médios de 29 amostras com 3 repetições

Os teores de Fe e Mn foram mais elevados em relação aos demais elementos, isto

pode ser justificado pelo fato de que esses elementos apresentam comportamento

químico e geológico semelhantes e dessa maneira, segundo Raij (1991) as amostras com

elevado teor de Fe também o apresentam em Mn.

As médias de Fe e Mn de 1.789,8 mg kg-1

e 277,1 mg kg-1

respectivamente,

estiveram compatíveis com as faixas de 72 a 45.024 mg kg-1

para Fe e de 8 a 5.518 mg

kg-1

para Mn obtidos por Gabe (1998). Mesmo o teor máximo de Fe obtido nesta

avaliação de 7.493,3 mg k-1

, é bem inferior ao valor de 46.434 mg kg-1

obtido por

Amaral et al. (1994) em um calcário dolomítico.

29

O teor médio de Zn encontrado nos calcários analisados foi de 11,2 mg kg-1

próximo ao valor de 16,0 mg kg-1

determinado por Gabe (1998) em calcários brasileiros

e muito abaixo de 12.948 mg kg-1

determinado por Amaral et al. (1994).

A concentração de Cu nos calcários foi de 4,4 mg kg-1

compatível com a faixa de

concentração de 2 - 42 mg kg-1

de Cu em calcários, citada por Malavolta (1994b).

Quanto ao elemento Cr a concentração foi de 35,7 mg kg-1

, bem inferior ao teor

de 108 mg kg-1

obtido por Gabe (1998).

O valor médio obtido para o Cd de 1,19 mg kg-1

está abaixo da faixa de 2,3 a 6,8

mg kg-1

determinado por Amaral Sobrinho (1992) e Gabe (1998).

A comparação do teor médio de Ni obtido neste estudo de 52,1 mg kg-1

com às

faixas de concentração de 10,0 e 20,0 mg kg-1

, encontradas por Alloway (1990), Amaral

Sobrinho (1992) e Gabe (1998), mostrou composição mais elevada para este elemento.

Com o valor médio de 31,7 mg kg-1

de Pb ficou evidente uma baixa composição

para o elemento. Este valor se aproxima dos valores determinados por Gabe (1998) de

0,30 a 27,1 mg kg-1

, entretanto, está muito abaixo do valor máximo de 2.851 mg kg-1

obtido por Amaral et al. (1994).

Em relação às formações geológicas (Figuras 1 e 2), verificou-se que os calcários

do Grupo Cuiabá de maior grau metamórfico, tem composição mais rica para os

elementos Fe, Zn, Cu e Cr em relação as outras formações.

Os calcários do Grupo Alto Paraguai (Araras) que não sofreram influência de de

metamorfismo, foram-se mais ricos em Pb, e os calcários do Grupo Passa dois (Iratí) de

origem sedimentar, apresentaram teores maiores dos elementos Mn, Ni e Cd.

Considerando que os calcários sedimentares, como afirmaram Valadares et al.

(1974), possuem teores mais altos de Mn, Zn, e Fe que os metamórficos e os teores de

Cu iguais, era de se esperar que os calcários da Formação Iratí de origem sedimentar

apresentassem maior riqueza desses elementos na sua composição, entretanto apenas

para o Mn, essa afirmação se confirmou.

30

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

(mg

kg-1

)

Grupo Cuiabá Grupo Alto Paraguai Grupo Passa Dois

Figura 1 – Teor médio de ferro nas formações calcárias

0

100

200

300

400

500

600

(mg

kg

-1)

Grupo Cuiabá Grupo Alto Paraguai Grupo Passa Dois

Figura 2 – Teor de manganês nas rochas calcárias

31

0

15

30

45

60

Grupo Cuiabá Grupo Alto Paraguai Grupo Passa Dois

(mg

kg-1

)Zn

Cu

Cd

Ni

Pb

Cr

Figura 3 – Teor de metais pesados nos calcários analisados.

Na Tabela 7 são apresentadas estimativas de adições de metais pesados ao solo

em função da aplicação dos calcários estudados. Levando-se em conta as formações

mais ricas em cada elemento e admitindo-se uma aplicação de calcário de 3 toneladas

por hectare, verificou-se que seriam adicionadas em média ao solo 68,5 g ha-1

de Zn;

24,9 g ha-1

de Cu; 20825,0 g ha-1

de Fe e 201,2 g ha-1

de Cr pelos calcários do Grupo

Cuiabá. Os calcários do Grupo Alto Paraguai adicionariam em média 94,6 g ha-1

de Pb e

os calcários do Grupo Passa Dois mais ricos em Mn, Cd e Ni contribuiriam com 1546,3

g ha-1

de Mn; 5,9 g ha-1

de Cd e 165,72 g ha-1

de Ni.

32

Tabela 7. Estimativa de adição de metais pesados ao solo pela aplicação dos

calcários estudados*

......................................................g ha -1

......................................................

Zn Cu Fe Mn Cd Ni Pb Cr

Grupo Cuiabá 68,5 24,9 20825,0 142,2 3,8 142,1 68,5 201,2

Grupo Alto

Paraguai 31,7 11,9 3735,6 799,3 5,5 156,4 94,6 93,0

Grupo Passa Dois 27,0 16,1 8137,3 1546,3 5,9 165,7 83,4 156,0

* Considerando dose de calcário de 3,0 toneladas por hectare.

Sem considerar as implicações relativas à disponibilidade dos elementos para as

plantas, os teores encontrados dos metais pesados tidos micronutrientes como o Zn 68,5

g ha-1

e Cu 24,9 g ha-1

, seriam suficientes para suprir parcialmente as demandas

nutricionais de uma leguminosa, que segundo Malavolta (1987) são 133 g ha-1

de Zn e

de 30 g ha-1

de Cu. Já os teores nos calcários dos elementos Fe 20.825,0 g ha-1

e Mn

1.546,3 g ha-1

excederiam às necessidades de 1.855 g ha-1

de Fe e 243 g ha-1

de Mn.

33

5. CONCLUSÕES

Os calcários agrícolas produzidos no Estado de Mato Grosso apresentaram

características de qualidade permitindo afirmar que:

1. São eficientes como corretivos da acidez dos solos;

2. Adicionam aos solos os micronutrientes Fe, Mn, Zn, Cu e Ni, que podem ser

úteis às plantas;

3. Apresentam teores relativamente baixos dos metais pesados potencialmente

tóxicos (Cr, Cd e Pb) representando baixos riscos de poluição do solo.

6. RECOMENDAÇÕES

Sugestões para futuras pesquisas

Considerando os elevados valores encontrados nos calcários mato-grossenses

com relação ao elemento Níquel (Ni), sugere-se que seja averiguada a sua

biodisponibilidade às culturas economicamente cultivadas, pois este elemento mesmo

sendo considerado essencial para algumas espécies, os níveis encontrados nos referidos

corretivos são tidos elevados, sem contudo saber se chega à toxicidade à planta e ao

homem;

Considerando o efeito residual do calcário devido a granulometria, sugere-se que

seja implementado ensaio com esse material para averiguar a reatividade de suas frações

nas condições locais de solo e clima.

ANEXOS

Anexo 1A. Reservas de calcário no Estado de Mato Grosso expressas em toneladas.

Município Medida Indicada Inferida

Alto Garças 324.500 1.966.201 300.000

Barra do Bugres 91.600.000 10.900.000 41.000.000

Barra do Garças 51.497.058 11.105.250 33.315.750

Cocalinho 385.774.666 270.326.690 180.228.683

Cuiabá - 31.970.000 -

Nobres 671.790.159 763.360.716 300.484.930

Rosário Oeste 362.066.903 562.032.980 119.877.338

Tangará da Serra 35.818.458 33.600.000 11.900.000

Total 1.598.871.744 1.685.261.837 687.106.701

Fonte: Souza (1997)

Anexo 2A. Posicionamento das unidades litoestratigráficas de acordo com a idade

geológica.

Era Período Época Idade Litoestratigrafia

Grupo Formação

Cenozóico Quaternário

Holoceno

Pleiosceno Xaraiés

Terciário

Mesozóico Cretáceo

126 MA* - Baurú

Jurássico 152 MA

Paleozóico

Permiano

230 MA - Passa Dois Iratí

Carbonífero

Devoniano

Siluriano

Ordoviciano

Cambriano 500 MA

Pré-

cambriano

Proterozóico superior 570 MA -Alto Paraguai

- Cuiabá

Araras

Proterozóico médio 1.100 MA

- Beneficente

Proterozóico inferior 1.900 MA

Arqueano 2.600 MA

* MA: Milhões de anos

37

Anexo 3A. Equivalente em carbonato de cálcio dos diferentes constituintes

neutralizantes dos corretivos.

Material corretivo Constituintes Fórmula E CaCO3 % CaCO3

Calcário Carbonato de cálcio CaCO3 1,00 100

Calcário Carbonato de magnésio MgCO3 1,19 119

Cal hidratada agrícola Hidróxido de cálcio Ca(OH) 2 1,35 135

Cal hidratada agrícola Hidróxido de magnésio Mg(OH) 2 1,72 172

Calcário calcinado Óxido de cálcio CaO 1,79 179

Calcário calcinado Óxido de magnésio MgO 2,48 248

Escória siderúrgica Silicato de cálcio CaSiO3 0,86 86

Escória siderúrgica Silicato de magnésio MgSiO3 1,00 100

Fonte: Alcarde (1985)

Anexo 4A. Taxas de reatividade de frações granulométricas de calcários no Brasil

Fração granulométrica Taxa de reatividade (RE)

Peneira nº (ABNT) Dimensão (mm) (%)

Maior que 10 Maior que 2,0 0

10 – 20 2 a 0,84 20

20 – 50 0,84 a 0,30 60

Menor que 50 Menor que 0,30 100

Anexo 5A. Faixas de concentração de alguns micronutrientes em calcários agrícolas

obtidos por alguns autores.

Referência Zinco Ferro Manganês Cobre Níquel

…………………………….mg kg-1

……..………………………

Chichilo & Whitaker (1958) 1 - 425 100 - 31.100 20 - 3.000 0,3 - 89 -

Chichilo & Whitaker (1961) 4 - 427 200 - 12.700 20 - 2.320 0,3 - 5,2 -

Valadares et al. (1974) 7,5 - 46 159 - 33.110 30 - 1.850 5,4 - 42,2 -

Alloway (1990) 10 - 450 - - 5 - 125 10 - 20

Amaral Sobrinho (1992) 12,5 - 78,1 376 - 4.599 46 - 221 2,5 - 11,0 8,0 - 19

Malavolta (1994) 12 - 78 376-33110 46-1150 2 - 42 8 – 9

Amaral et al. (1994) 30 - 12.948 1.621 - 46.434 84 - 3.125 - -

Gabe (1998) 5 - 57 72 - 45.024 8 - 5.518 3 - 21 0,1 - 13,0

38

Anexo 6A. Faixas de concentração de elementos potencialmente tóxicos em

calcários agrícolas.

Referência Cromo Cádmio Chumbo

…………………………….mg kg-1

……..………………………

Alloway (1990) - 0,04 - 170,0 20 - 1.250

Amaral Sobrinho (1992) - 2,3 - 3,4 23,3 - 27,9

Malavolta (1994) 0,1 – 0,6 2 - 3 23 - 28

Amaral et al. (1994) - 2,94 - 107,2 39 - 2.851

Gabe (1998) 0 - 108 3,1 - 6,8 0,3-27,1

39

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