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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ NAZARETH ARRUDA DE ANDRADE CICLO DE VIDA DAS EMPRESAS: um estudo de caso na empresa NER Comércio de Elevadores Ltda. Balneário Camboriú 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

NAZARETH ARRUDA DE ANDRADE

CICLO DE VIDA DAS EMPRESAS:

um estudo de caso na empresa NER Comércio de Elevadores Ltda.

Balneário Camboriú

2008

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

NAZARETH ARRUDA DE ANDRADE

CICLO DE VIDA DAS EMPRESAS:

um estudo de caso na empresa NER Comércio de Elevadores Ltda.

Trabalho Final apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Gestão Empreendedora, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. Alexandre de Sá Oliveira.

Balneário Camboriú

2008

NAZARETH ARRUDA DE ANDRADE

CICLO DE VIDA DAS EMPRESAS:

um estudo de caso na empresa NER Comércio de Elevadores Ltda.

Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo curso de Administração – Ênfase em Gestão

Empreendedora da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário

Camboriú.

Área de concentração: Administração Geral

Balneário Camboriú, 9 de Julho de 2008.

Prof. Alexandre de Sá Oliveira Orientador

Prof. Ademar José da Silva Avaliador

Prof. Aloísio Salomon Avaliador

EQUIPE TÉCNICA

Estagiária: Nazareth Arruda de Andrade

Área de Estágio: Administração Geral

Professora Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Nivaldo do Nascimento

Professor orientador: Alexandre de Sá Oliveira

DADOS DA EMPRESA

Razão Social: NER Comércio de Elevadores Ltda.

Endereço: Rua 3.130, nº. 407 – Balneário Camboriú / SC.

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Administração

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Nivaldo do Nascimento - Sócio

Gerente

Carimbo do CNPJ da Empresa:

AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 9 de Julho de 2008.

A Empresa NER Comércio de Elevadores Ltda., pelo presente instrumento, autoriza

a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de

Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pela

acadêmica Nazareth Arruda de Andrade.

Responsável pela Empresa

“Um empreendedor inovador, que não aprende a gerir,

não vai durar muito tempo. Uma administração que não

aprende a inovar, também não”.

“Tentar e falhar é no mínimo aprender, não chegar a

tentar é sofrer a perda incalculável do que poderia ter

conseguido”.

(Emanuel Leite)

AGRADECIMENTOS

A realização de um trabalho desta natureza tem, para além do possível mérito da

sua realização, a vantagem de evidenciar as nossas limitações. O caminho para

ultrapassá-las passou, inevitavelmente, pelo incentivo e pela colaboração

desinteressada de um conjunto de pessoas. Por este motivo gostaria de deixar bem

vincada a expressão do meu agradecimento à contribuição dos que, de perto e de

longe, se interessaram por esta caminhada. Quero, portanto, deixar expresso o meu

reconhecimento:

Á Deus, cuja presença se traduz na força que nos mantém na busca de nossos

objetivos.

À toda a minha família em especial ao meus amores Nivaldo e Lucas, pelo incentivo,

apoio e carinho que sempre me dispensaram, por me entenderem nos dias e horas

em que não pudemos estar juntos.

Ao Professor Alexandre de Sá Oliveira, pelo apoio e orientação ao longo da

realização deste trabalho, e por tudo aquilo que me ensinou, não esquecendo a

disponibilidade, interesse, e amizade demonstrada.

Às muitas amigas e amigos que já não estão mais na Univali, e aos que ainda estão,

pelo companheirismo, amizade, apoio e espírito de solidariedade demonstrada.

Enfim... à todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta à realização

deste trabalho, de maneira particular expresso minha gratidão.

RESUMO

Muito se tem discutido e escrito sobre a importância dos pequenos negócios para o desenvolvimento sócio-econômico. As micro e pequenas empresas têm um papel importante na economia das nações e, em especial, naquelas em desenvolvimento.

Os estágios de desenvolvimento do ciclo de vida das organizações, consistem em períodos com características próprias e se definem na trajetória de vida de uma organização. Estudos acerca desses estágios evidenciam que a postura da administração, visível através das práticas de gestão durante os estágios de desenvolvimento dos ciclos de vida das empresas, influencia as chances de sobrevivência destas organizações.

Partindo do princípio de que as práticas de gestão podem alterar o ciclo de vida das organizações, faz-se necessário conhecer estas práticas em cada estágio de desenvolvimento. O presente estudo objetiva propor ações de melhoria que favoreçam o crescimento sustentável da empresa NER Comércio de Elevadores Ltda., com base na Teoria do Ciclo de Vida das Organizações.

Para alcançar este objetivo, realizou-se uma pesquisa qualitativa, por meio de uma entrevista semi-estruturada, aplicada com os diretores da empresa. Os tópicos que constituem a fundamentação teórica do presente estudo são: Administração e Organizações, Abordagem Sistêmica e as Organizações, Teoria da Contingência, Stakeholders, Ciclo de Vida das Organizações, Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Estratégias.

Verificou-se que a empresa NER Elevadores encontra-se no Estágio de Estabilidade, vivendo muitas vezes de seus feitos alcançados no passado, tornando-se um pouco obsoleta, esquecendo-se de buscar atualização de tecnologia e pessoal qualificado para injetar novas idéias de crescimento, para que desta forma, voltem a atingir o estágio de Plenitude onde toda empresa deseja se manter. Constatou-se assim a necessidade de adaptação ao mercado atual. Para isto foram propostas algumas ações de melhorias para alguns setores e sugeriu-se mudanças na administração.

Palavras-Chave: Pequenas Empresas. Ciclo de Vida das Organizações. Empreendedorismo.

ABSTRACT

Much has been discussed and has been written regarding the importance of small business for the socio-economical development. The micro and small companies have an important role in the economy of the nations, specially those under development. The development stages of the life cycle of the organizations consist in periods with their own characteristics and they define themselves along the life of an organization. Studies regarding thoses stages evidence that the posture of the administration which is visible due to the practice of management during the development stages of the life cycle of companies, influences the chances of survival of those organizations. Considering the principle that the practices of management can alter the life cycle of the organizations, it is necessary to know those practices on each stage of development. This study intends to offer improvement actions that favor the sustaining growth of the company NER Comércio de Elevadores Ltda., based upon the Theory of the Life Cycle of the Organizations. To achieve this intention, a qualitative research was done via a semi-structured interview and the company directors were submitted to it. The topics that make up the foundanental theory of the present study are: Administration and Organization, Systematical Approach and the Organizations, Theory of Contingency, Stakeholders, Life Cycle of the Organizations. Micro and small companies, Entrepreunership and Strategies. It was noticed that the company NER Elevadores is in a stable stage, many times living from its dones achieved in the past what makes it a little outdated when it forgets to search for updated technology and qualified personnel to inject new growth ideas to allow the company to return to the plenitude stage where all companies want to keep themselves. In that sense a need of adjustment to the present market has been noticed. For that some improvement actions were proposed to some sectors and also changes in the administration has been suggested.

Word-Key: Small Companies. Cycle of Life Organization. Enterprising

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Um sistema aberto e seus subsistemas .............................................. 19

Figura 2: As cinco tarefas da gerência estratégica ............................................. 48

Figura 3: Forças que dirigem a concorrência na indústria................................... 51

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estágios do desenvolvimento do ciclo de vida ................................... 25

Quadro 2: Ciclo de vida das organizações ......................................................... 30

Quadro 3: Síntese do Ciclo de Vida das Empresas............................................. 55

Quadro 4: Classificação de Micro e Pequena Empresa...................................... 57

Quadro 5: Comparativo das características do Crescimento X Envelhecimento

Organizacional.....................................................................................................

66

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1 Tema: ............................................................................................................... 14

1.2 Problema: ........................................................................................................ 14

1.3 Objetivos do trabalho: ...................................................................................... 15

1.3.1 Objetivo geral: ............................................................................................... 15

1.3.2 Objetivos Específicos: ................................................................................... 15

1.4 Justificativa: ..................................................................................................... 15

1.5 Contextualização do Ambiente de Estágio: ..................................................... 16

1.6 Organização do trabalho .................................................................................. 17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 18

2.1 Administração e Organizações: ....................................................................... 18

2.2 Abordagem Sistêmica e as Organizações: ...................................................... 21

2.3 Teoria da Contingência .................................................................................... 23

2.4 Stakeholders .................................................................................................... 25

2.5 Ciclo de vida das organizações: ...................................................................... 28

2.6 Micro e Pequenas Empresas ........................................................................... 39

2.7 Empreendedorismo ......................................................................................... 44

2.8 Estratégias ....................................................................................................... 48

2.9 Definições de Estratégia .................................................................................. 56

3. METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 58

3.1 Tipologia da pesquisa: ..................................................................................... 58

3.2 Sujeito de estudo: ............................................................................................ 59

3.3 Coleta de dados ............................................................................................... 60

3.4 Análise e interpretação dos dados ................................................................... 61

4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS ...................................................... 62

4.1 Identificação do estágio de ciclo de vida da NER Elevadores ......................... 62

4.2 Ações de melhorias ......................................................................................... 68

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 72

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 74

APÊNDICE ................................................................................................................ 79

Apêndice 1: Pesquisa aplicada aos gestores diretores da NER Comércio de

Elevadores Ltda. .................................................................................................... 79

Apêndice 2: Quadro técnico dos colaboradores e da NER Elevadores..................84

1. INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido e escrito sobre a importância dos pequenos negócios

para o desenvolvimento sócio-econômico. Da literatura, podem ser extraídos alguns

argumentos centrais, como grande capacidade de absorção de mão-de-obra menos

qualificada, integração às grandes cadeias produtivas ou papel complementar a

elas, prestam-se ao papel de instrumentos da descentralização econômica e

democratização do capital, são mais flexíveis nas operações e mais ágeis no

processo decisório (DEAKINS, 1996).

Os estágios de desenvolvimento do ciclo de vida consistem em um período

com características próprias e se definem na trajetória de vida de uma organização.

Estudos acerca desses estágios evidenciam que a postura da administração, visível

através das práticas de gestão durante os estágios de desenvolvimento dos ciclos

de vida das empresas, influencia as chances de sobrevivência destas organizações.

Novos comportamentos organizacionais interferem na evolução do ciclo de

vida, pois resultam em mudanças decorrentes de um processo de aprendizagem e

de leitura de novos ambientes, embasados na história empresarial vivida. Lezana

(1996) afirma que o processo evolutivo de uma empresa compreende uma série de

estágios que devem ser superados, desde sua criação até a sua transformação em

uma instituição efetivamente consolidada.

Partindo do princípio de que as práticas de gestão podem alterar o ciclo de

vida das organizações, faz-se necessário conhecer estas práticas em cada estágio

de desenvolvimento. O conhecimento sobre cada estágio de desenvolvimento do

ciclo de vida das organizações subsidia o aprimoramento de seus processos de

gestão.

As identificações destes estágios expõem o perfil dominante do processo

gerencial (Bensadon, 2001). Dessa forma, cada estágio requer diferentes

habilidades e capacidades para se enfrentarem os desafios típicos de cada um deles

(Kaufmann, 1990). A importância da identificação do estágio de desenvolvimento do

ciclo de vida das organizações permite também que a administração tome medidas

preventivas no sentido de impedir problemas futuros (Adizes, 1990) e que prepare o

13

empreendedor para lidar com os novos cenários e desenvolver estratégias que

levem a empresa a alcançar o patamar desejado de competitividade.

Os grandes e novos fenômenos sócio-econômicos denominados de abertura

de mercados, globalização, terceirização, entre outros, têm feito surgir, nos dias de

hoje, uma grande gama de pequenas e médias empresas. Estamos presenciando, a

todo o momento, empregados que se desligam de grandes corporações e dedicam-

se a empreender o seu próprio negócio. No entanto estes mesmos trabalhos e

pesquisas têm relatado que a mortalidade atingida por este segmento de empresas

é bastante alta e que, entre os diversos fatores de tal mortalidade, a desinformação

e a falta de conhecimento do seu processo evolutivo são alguns dos mais

preocupantes. Acrescente-se a isto o fato de que as ações para conduzir as

pequenas empresas ao sucesso dependem do estágio de vida em que se

encontrem e, portanto, é importante dispor de mecanismos para identificá-los.

Enfim, perante estas considerações e com o intuito de acrescer a todo este

contexto uma forma de se identificar o Ciclo de Vida das Organizações, com base

em um referencial teórico e prático cujo conteúdo consolide algo de novo e útil para

o universo das Pequenas Empresas, capaz de suprir parte das dificuldades

expostas acima, o presente trabalho visa discorrer sobre a teoria do Ciclo de Vida

das Organizações, como um instrumento possível para a prevenção de erros de

gerenciamento e para a correção de deficiências na direção de uma organização,

para o estabelecimento adequado de objetivos, para uma melhor condução de uma

organização.

Procurou-se discorrer sobre assuntos tais como: os conceitos de

Administração, Teoria Geral dos Sistemas e Empreendedorismo, com ênfase nos

conceitos de ciclo de vida das organizações, que segundo Adizes (1993), como os

estágios do ciclo de vida são previsíveis e repetitivos, conhecer a posição da

organização no ciclo de vida, permitem que a administração tome antecipadamente

medidas preventivas, para que seja possível enfrentar e antecipar os problemas

futuros, ou mesmo, evitando-os por completo.

Desta forma, são vários os fatores relevantes para um estudo sobre o ciclo de

vida das pequenas empresas e propor ações de melhorias com base nas teorias

apresentadas.

14

1.1 Tema:

A contribuição das micro e pequenas empresas para a economia das nações

estão a cada dia se tornando mais evidente. Segundo o SEBRAE (1999), as MPEs

brasileiras respondem por 20% do PIB e 60% dos empregos.

Partindo do princípio de que as práticas de gestão podem alterar o ciclo de

vida das organizações, faz-se necessário conhecer estas práticas em cada estágio

de desenvolvimento. O conhecimento sobre cada estágio de desenvolvimento do

ciclo de vida das organizações subsidia o aprimoramento de seus processos de

gestão.

O presente trabalho tem como tema de pesquisa o ciclo de vida das

empresas: um estudo de caso na empresa NER comércio de elevadores LTDA. Visa

discorrer sobre Ciclo de Vida das Organizações, como um instrumento possível para

a prevenção de erros de gerenciamento e para a correção de deficiências na direção

de uma organização, para o estabelecimento adequado de objetivos, para uma

melhor condução de uma organização e assim poder sugerir ações de melhorias

para o crescimento sustentável da NER Elevadores.

1.2 Problema:

A problemática da pesquisa a ser referenciada está relacionada com ações de

melhorias definidas para um crescimento sustentável para a NER Elevadores.

A NER Comércio de Elevadores Ltda., possui uma história de quinze anos no

mercado, visando identificar seu atual estágio em seu ciclo de vida, tendo com base

a Teoria do Ciclo de Vida das Organizações e propor possíveis ações de melhoria

objetivando a continuidade de suas atividades, com sustentabilidade, pretende-se

neste trabalho responder a seguinte pergunta de problema: “Com base no Ciclo de

Vida das Organizações, que ações de melhorias são válidas para permitir à NER

Comércio de Elevadores Ltda. um crescimento sustentável”?

15

1.3 Objetivos do trabalho:

São apresentados a seguir o objetivo geral e os objetivos específicos do

trabalho.

1.3.1 Objetivo geral:

Propor ações de melhoria que favoreçam o crescimento sustentável da

empresa NER Comércio de Elevadores Ltda., com base na Teoria do Ciclo de Vida

das Organizações.

1.3.2 Objetivos Específicos:

Para o alcance do objetivo geral, os objetivos específicos são os seguintes:

a) Elaborar um quadro conceitual sobre a Teoria do Ciclo de Vida das

Organizações;

b) Identificar o estágio do ciclo de vida da organização em estudo;

c) Elaborar, a partir do estudo, um conjunto de ações de melhorias para

que a empresa possa entrar em seu próximo estágio de seu ciclo de

vida, com estratégias que a ajudem a crescer e se manter de maneira

sustentável.

1.4 Justificativa:

Em um país como o Brasil, onde a mortalidade das pequenas empresas nos

primeiros cinco anos é extremamente alta, e sabendo que a criação e o

desenvolvimento destas representam possibilidades na geração de novos

16

empregos, os empreendedores são peças fundamentais no cenário econômico e

social do país (SEBRAE, 2002).

Torna-se relevante a importância de se entender os conceitos e a aplicação

do ciclo de vida organizacional e como ele se caracteriza, buscando implantar e

alcançar a evolução das empresas, através de um processo de mudança da

organização e com a utilização de informações como ferramenta de apoio ou auxílio

na tomada de decisões gerenciais.

Para Raposo e Ferreira (1997) os modelos de ciclo de vida das organizações

podem ajudar a compreender a complexidade do crescimento e os efeitos que

provocam nas empresas, haja vista que o entendimento do ciclo de vida pode ajudar

no desenvolvimento destas.

Ainda segundo Raposo e Ferreira (1997) grande parte da literatura sobre ciclo

de vida é baseada em atributos estáticos e se conhece muito pouco sobre a

evolução da estrutura, dos processos, dos padrões de aprendizagem e da tomada

de decisão durante o percurso da empresa do estágio de criação para a maturidade.

Nesse caso, a relação entre opção estratégica poderia estar associada ao

ciclo de vida das organizações, ou seja, determinado estágio do ciclo de vida levaria

à decisão estratégica necessária para promover a transição da empresa ao estágio

mais avançado.

Para a acadêmica, a realização deste trabalho será de grande importância,

pois, trará o alinhamento do conhecimento adquirido no decorrer do curso de

Administração com a realidade na prática.

1.5 Contextualização do Ambiente de Estágio:

A empresa objeto de estudo desta pesquisa foi fundada em 1992, e desde

então vem atuando no mercado de elevadores residenciais e comerciais, com

destacada atuação nas áreas de manutenção e serviços de conservação, reparos e

montagens, em elevadores de marcas já existentes no mercado e também escadas

rolantes e também com fabricação de elevadores da própria marca, sendo pioneira

nesse ramo de vendas, já que seus principais concorrentes são multinacionais.

17

A sede está localizada no município de Balneário Camboriú, onde mantêm

todos os recursos e mão-de-obra, equipamentos e ferramental para o atendimento.

A empresa conta com 22 funcionários e uma carteira de em média 130

clientes fixos com contrato mensal de conservação, sendo em sua maioria

condomínios residenciais e hotéis.

1.6 Organização do trabalho

Para melhor compreensão deste trabalho, ele será dividido em partes, sendo:

O primeiro capítulo inicia com uma introdução, na qual faz uma abordagem

sobre a influência e a importância do Ciclo de Vida das Empresas, apresenta ainda

as questões de pesquisa, os objetivos, a justificativa, a contextualização do

ambiente de estágio e a organização do trabalho.

O segundo capítulo apresenta o marco teórico referente ao tema de estudo,

iniciando com um estudo bibliográfico sobre Administração e Organizações,

Abordagem Sistêmica e as Organizações, Teoria da Contingência, Stakeholders,

Ciclo de Vida das Organizações, Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e

Estratégias.

O terceiro capítulo, explica os procedimentos metodológicos utilizados na

pesquisa, tratando-se de um estudo de caso na empresa NER Comércio de

Elevadores LTDA, com uma abordagem qualitativa e um método de avaliação

formativa, utilizando como instrumento de pesquisa entrevistas, apresentando os

dados através de relatos obtidos bem como comentários participativos da autora.

Os resultados da pesquisa e análise dos dados estão na quarta parte do

trabalho, sendo descrita as percepções da pesquisadora.

Por fim, apresenta as considerações finais do trabalho e o registro das fontes

consultadas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo tem o desígnio de delinear as bases de argumentação para o

presente estudo. Apresenta os conteúdos propostos, comparando as bases de

pensamento dos mais variados autores, relacionando aos assuntos descritos.

Apresenta os principais temas abordados neste trabalho referente às áreas de

Administração e Organizações, Abordagem Sistêmica e as Organizações, Teoria da

Contingência, Stakeholders, Ciclo de Vida das Organizações, Micro e Pequenas

Empresas, Empreendedorismo e Estratégias.

2.1 Administração e Organizações:

De acordo com Chiavenato (1994), a teoria da administração é uma área em

crescente expansão e complexa. A Teoria Geral da Administração começou com o

que se chamou de ênfase nas tarefas com a Administração Científica de Taylor.

Após, a preocupação básica passou para a ênfase na estrutura com a Teoria

Clássica de Fayol e com a Teoria da Burocracia de Weber, seguindo-se mais tarde

para a Teoria Estruturalista. A reação humanística surgiu com a ênfase nas pessoas,

por meio da Teoria das Relações Humanas, mais tarde desenvolvida pela Teoria do

Desenvolvimento Organizacional. Após, surgiu a ênfase no ambiente com a Teoria

dos Sistemas, sendo completada pela Teoria da Contingência. A Teoria da

Contingência desenvolveu a ênfase na tecnologia.

Cada teoria administrativa procurou privilegiar ou enfatizar uma dessas

variáveis, omitindo ou relegando a um plano secundário todas as demais.

Maximiano (2000, p.26) define administração como “um processo de tomar

decisões e realizar ações que compreende quatro processos principais interligados:

planejamento, organização, execução e controle”.

A Administração assume um papel cada vez mais importante na vida das

organizações a partir do momento em que os grandes pensadores e estudiosos

perceberam que os resultados obtidos com a aplicação das técnicas administrativas

seriam muito melhores para o ambiente empresarial.

19

As funções administrativas, quando consideradas como um todo, formam o

processo administrativo. Quando consideradas isoladamente, planejamento,

organização, direção e controle são funções administrativas. O processo

administrativo é determinado pelo conjunto de funções administrativas. Na visão de

Chiavenato (1994), uma função administrativa não é uma entidade separada, mas

uma parte integral de uma entidade maior formada de várias funções que estão

relacionadas umas com as outras, bem como com a entidade maior.

Explicam Stoner e Freeman (1985) que as atividades que compõem cada

uma das funções são:

• Planejar: significa que os administradores pensam antecipadamente em

seus objetivos e ações, e que seus atos são baseados em alguns métodos,

planos ou lógica e não em palpites.

• Organizar: é o processo de arrumar e alocar o trabalho, a autoridade e os

recursos entre os membros de uma organização, de modo que eles possam

alcançar eficientemente os objetivos da mesma.

• Dirigir: significa liderar, influenciar e motivar empregados a realizarem

tarefas essenciais. Enquanto planejar e organizar lidam com os aspectos mais

abstratos do processo administrativo, a atividade de liderar é muito concreta

pois ela envolve o trabalho com as pessoas.

• Controlar: o administrador deve se certificar de que os atos dos membros

da organização levam-na de fato em direção aos objetivos estabelecidos.

Esta é a função de controlar exercida pela administração, e que envolve três

elementos principais: (1) estabelecer padrões de desempenho; (2) medir o

desempenho atual; (3) comparar este desempenho com os padrões

estabelecidos. Por último, caso sejam detectados desvios, devem-se executar

ações corretivas.

A organização, por sua vez, tem a necessidade de contratar profissionais para

dirigir os negócios. Desta forma, o administrador tem como desafio a condução dos

objetivos fazendo com que as pessoas trabalhem para ele.

Uma organização existe quando as pessoas interagem para realizar funções

essenciais que auxiliam a alcançar metas, e as organizações não podem existir sem

interagir com clientes, fornecedores, concorrentes e outros elementos do ambiente

externo.

20

Na visão de Daft (2003), as organizações são entidades sociais que são

dirigidas por metas, desenhadas como sistemas de atividades deliberadamente

estruturados e coordenados, ligadas ao ambiente externo. A importância das

organizações podem ser apontadas como:

• Reunir recursos para alcançar metas e resultados desejados;

• Produzir bens e serviços com eficiência;

• Facilitar a inovação;

• Utilizar a tecnologia moderna de fabricação e tecnologia baseada no

computador;

• Adaptar-se a um ambiente em transformação e influenciá-lo;

• Criar valor para proprietários, clientes e funcionários;

• Acomodar constantes desafios da diversidade, da ética e da motivação e

coordenação dos funcionários.

Maximiano (2000) afirma que há duas características importantes que

diferenciam uma organização de outros tipos de grupos sociais. A primeira é a

divisão do trabalho: cada pessoa ou grupo de pessoas tem um papel específico que

contribui para o objetivo final. A segunda é a coordenação: os diversos papéis

específicos combinam-se e integram-se de modo a convergir os objetivos comuns.

Fundamenta Drucker (1989) que a finalidade de uma organização é fazer com

que homens comuns realizem coisas incomuns, onde o grande desafio consiste em

fazer com que seres humanos normais tenham um desempenho extraordinário.

A administração assume um papel cada vez mais importante na vida das

organizações, a partir do momento em que os grandes pensadores e estudiosos

perceberam que os resultados obtidos com a aplicação das técnicas administrativas

seriam muito melhores para o ambiente empresarial.

Para Mintzberg et al. (2006), na base de qualquer organização estão as

pessoas, que formam o núcleo operacional e desempenham tarefas administrativas

– planejar e controlar formalmente o trabalho dos outros. Como toda a atividade

humana organizada, as empresas necessitam utilizar a divisão do trabalho em várias

tarefas a serem desempenhadas pelos recursos humanos e a coordenação dessas

tarefas para executar a atividade. A estrutura de uma organização pode ser definida

simplesmente como o total de maneiras em que o trabalho é dividido em tarefas

distintas e a coordenação posterior dessas tarefas, como segue:

21

• Ajuste mútuo: a coordenação do trabalho por meio do processo simples de

comunicação informal;

• Supervisão direta: uma pessoa coordena dando ordens aos demais;

• Padronização dos processos de trabalho: significa a especificação, ou seja, a

programação, do conteúdo do trabalho diretamente, os procedimentos a serem

seguidos;

• Padronização de resultados: significa a especificação não do que deve ser

feito, mas sim de seus resultados;

• Padronização de habilidades e de conhecimento: é outra forma de atingir a

coordenação, onde o trabalhador é padronizado, não o trabalho ou o resultado

do trabalho. Transmite-se a ele algum conhecimento ou um conjunto de

habilidades que é subseqüentemente aplicado ao trabalho;

• Padronização de normas: significa que os trabalhadores compartilham um

conjunto comum de crenças e podem atingir coordenação com base nisso.

Em administração, estes mecanismos de coordenação podem ser

considerados os elementos mais básicos da estrutura que mantém a organização

unida na busca de resultados.

2.2 Abordagem Sistêmica e as Organizações:

Um desenvolvimento significativo do estudo das organizações é a distinção

entre sistemas fechados e sistemas abertos.

Conforme Certo (2003), a abordagem sistêmica da administração baseia-se

na teoria geral dos sistemas. Ludwig von Bertalanffy, cientista que trabalhou

principalmente com física e biologia, é reconhecido como o fundador da teoria geral

dos sistemas. A principal premissa dessa teoria destaca que, para compreender

totalmente o funcionamento de uma entidade, esta deve ser vista como um sistema.

Nesse sentido, um sistema é um conjunto de partes interdependentes que

funcionam como um todo para algum propósito.

A Teoria dos Sistemas descreveu os componentes e características de um

sistema, formado pelas entradas ou insumos, após o processamento, a saída (ou

22

produtos), a entropia, a homeostase, a retroalimentação ou feedback e a

decomposição do sistema em subsistema.

A teoria geral dos sistemas integra os conhecimentos de vários campos

especializados para que se possa compreender melhor o sistema como um todo.

Um sistema fechado não dependeria de seu ambiente; ele seria autônomo, encerrado e isolado do mundo externo. Embora um sistema realmente fechado não possa existir, os primeiros estudos organizacionais focalizavam os sistemas internos. Os primeiros conceitos gerenciais, incluindo o gerenciamento científico, estilo de liderança e engenharia industrial, consistiam em abordagens de sistemas fechados porque tomavam o ambiente por certo e pressupunham que a organização poderia se tornar mais eficaz por meio de projeto interno. O gerenciamento de um sistema fechado seria muito fácil. O ambiente seria estável e previsível e não interviria para causar problemas. O principal problema do gerenciamento seria fazer tudo funcionar eficientemente (DAFT, 2003, p.12).

Já o sistema aberto interage com o ambiente para sobreviver, consumindo e

exportando recursos para o ambiente. Todo sistema que deve interagir com o

ambiente para sobreviver é um sistema aberto.

Conforme Motta e Vasconcelos (2004), o modelo de sistema aberto

apresentado por Von Bertalanffy possui os seguintes pressupostos e orientações

básicas:

• Há uma tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;

• Tal integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas;

• Essa teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não do

conhecimento científico, especialmente nas Ciências Sociais;

• Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os

universos particulares das diversas ciências, essa teoria aproxima-nos do

objetivo da unidade da ciência;

• Isso pode levar a uma integração muito necessária na educação científica.

Muitos estudiosos procuraram aplicar a Teoria Geral dos Sistemas a seus

diversos campos. No caso particular das Ciências Sociais, o modelo do sistema

aberto tem revelado enormes potencialidades, quer pela sua abrangência, quer pela

sua flexibilidade.

A figura 1 apresenta um sistema aberto. Conforme Daft (2003), as entradas

do sistema de uma organização incluem funcionários, matérias-primas e outros

recursos físicos, informações e recursos financeiros.

23

Figura 1: Um sistema aberto e seus subsistemas Fonte: Adaptado de Daft (2003, p.13).

O processo de transformação modifica essas entradas em algo de valor que

pode ser enviado de volta para o ambiente. As saídas incluem produtos e serviços

específicos para clientes. Podem incluir também satisfação dos funcionários,

poluição e outros subprodutos do processo de transformação.

Certo (2003) afirma que um sistema aberto interage continuamente com o

meio em que se insere. O sistema administrativo é um sistema aberto, que interage

com seu meio. Os fatores do meio com os quais o sistema administrativo interage

incluem governo, fornecedores, clientes e concorrentes. Cada um desses fatores

representa uma influência potencial do meio, capaz de alterar significativamente o

futuro do sistema administrativo.

Como a organização é um sistema aberto que interage com o ambiente

interno e externo, mantém relacionamentos com inúmeros agentes, desde

colaboradores, fornecedores, clientes e stakeholders.

2.3 Teoria da Contingência

A Teoria da contingência ou Teoria contingencial enfatiza que não há nada de

absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo.

Matérias-primas Pessoal Recursos de informação Recursos financeiros

SUBSISTEMAS

Entradas ou insumos

Processo de transformação

Saídas

Produtos e Serviços

Limite de fronteiras

Produção, manutenção, adaptação, administração

Limite de fronteiras

24

Chiavenato (2004) relata que a abordagem contigencial explica que existe

uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas

apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização. As variáveis

ambientais são variáveis independentes, enquanto as técnicas administrativas são

variáveis dependentes dentro de uma relação funcional. Na realidade, não existe

uma causalidade direta entre essas variáveis independentes e dependentes, pois o

ambiente não causa a ocorrência de técnicas administrativas. Em vez de uma

relação de causa e efeito entre as variáveis do ambiente (independentes) e as

variáveis administrativas (dependentes), existe uma relação funcional entre elas.

Essa relação funcional é do tipo "se-então" e pode levar a um alcance eficaz dos

objetivos da organização.

A relação funcional entre as variáveis independentes e dependentes não

implica que haja uma relação de causa-e-efeito, pois a administração é ativa e não

passivamente dependente na prática da administração contingencial. O

reconhecimento, diagnóstico e adaptação à situação são certamente importantes,

porém, eles não são suficientes. As relações funcionais entre as condições

ambientais e as práticas administrativas devem ser constantemente identificadas e

especificadas (CHIAVENATTO, 2004).

Chiavenatto (2004) ainda destaca que a Teoria Contingencial nasceu a partir

de uma série de pesquisas feitas para verificar quais os modelos de estrutura

organizacionais mais eficazes em determinados tipos de indústrias. Essas pesquisas

e estudos foram contingentes na medida em que procuravam compreender e

explicar o modo pelos quais as empresas funcionavam em diferentes condições.

Estas condições variam de acordo com o ambiente ou contexto que as empresas

escolheram como seu domínio de operações. Em outras palavras, essas condições

são ditadas de acordo com o seu ambiente externo. Essas contingências externas

podem ser consideradas como oportunidades ou como restrições que influenciam a

estrutura e os processos internos das organizações.

Para Thompsom (2004, apud Bateman e Snell 1998), a perspectiva

contingencial refuta os princípios universais da administração pela afirmação de que

uma variedade de fatores, tanto interna quanto externa à empresa pode afetar o

desempenho da organização.

Como afirma Stoner (1991), a abordagem contingencial é a concepção de que

a técnica de administração que melhor contribui para o alcance dos objetivos

25

organizacionais pode variar em situações ou circunstâncias diferentes. Entende-se

que a Teoria Contingencial como a abordagem que enfatiza que a administração

depende de um determinado conjunto de circunstâncias, ou seja, variáveis

ambientais que condicionam as características organizacionais. É o estudo que

analisa as relações interdependentes entre o ambiente interno e externo da

empresa, a fim de ajustar a organização de acordo com uma situação específica.

A teoria da contingência parte do pressuposto que não existe uma estrutura

organizacional que possa ser efetiva em todas as organizações, pois a melhor

otimização da estrutura dependerá de alguns fatores contingenciais, tais como

estratégia, tamanho, incerteza da tarefa e tecnologia, que por sua vez refletem a

influência do ambiente num dada organização (DONALDSON, 1999). Não há

planos, estruturas, estilos de liderança ou controles adequados em todas as

situações pela qual uma organização se encontra. Ela precisa identificar diferentes

formas de se estruturar e organizar para diferentes situações (HAMPTON, 1990),

adequando-se a esses fatores contingenciais e, por conseguinte, ao ambiente

(DONALDSON, 1999). É justamente neste ponto que as redes interorganizacionais

entram em cena, proporcionando novas estruturas de organização das atividades

empresariais para se ajustarem adequadamente às demandas ambientais.

O ambiente delineia a estrutura organizacional de modo que a mesma possa

corresponder as suas exigências. O ponto destaque da teoria da contingência,

portanto, está na forma em que a estrutura organizacional é formatada, de maneira

que atenda as necessidades ambientais (DONALDSON, 1999).

2.4 Stakeholders

A organização é um sistema aberto que interage com seu ambiente e dele

depende, tanto interna como externamente. Em termos administrativos, chama-se

esse relacionamento de tratamento com os interessados da organização, os

stakeholders.

Para Decenzo e Robbins (2004), stakeholder é qualquer grupo que seja

afetado pelas decisões e pelas políticas da organização, incluindo agências

26

governamentais, sindicatos organizações competidoras, funcionários, fornecedores,

consumidores, clientes, líderes comunitários locais ou grupos de interesse público.

De acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2002), stakeholders são os

indivíduos e grupos capazes de afetar e de serem afetados pelos resultados

estratégicos alcançados e que possuam reivindicações aplicáveis e vigentes a

respeito do desempenho da empresa. Tais reivindicações contra o desempenho de

uma empresa são aplicáveis pela capacidade que eles têm de suspender a

participação essencial à sobrevivência, competitividade e rentabilidade da empresa.

Os stakeholders continuarão a fornecer o seu apoio a uma organização se o

desempenho desta satisfazer ou exceder as expectativas deles.

As organizações possuem relacionamentos de dependência com os

stakeholders. Quanto mais crítica e valiosa for a participação do stakeholders, tanto

maior a dependência da empresa em relação a ela. Por sua vez, uma dependência

maior gera um maior potencial de influência dos stakeholders sobre os

compromissos, decisões e ações.

Assim, o desafio dos estrategistas será acomodar ou identificar formas de

isolar a organização das demandas dos stakeholders e do controle de recursos

críticos.

Hitt, Ireland e Hoskisson (2002) destacam que existem três grupos de

stakeholders. Cada grupo de stakeholders espera que os indivíduos incumbidos de

tomar as decisões estratégicas de uma empresa forneçam a liderança, através da

qual os objetivos valiosos serão atingidos. Os grupos de stakeholders administrados

por uma empresa são:

a) Stakeholders do mercado de capitais: tanto o acionista quanto o

investidor esperam que a empresa preserve e aumente a riqueza que confiaram a

ela. Os retornos são proporcionais ao grau de risco aceito para o tipo de

investimento, isto é, esperam-se menores retornos nos investimentos de baixo risco

e maiores retornos nos investimentos de alto risco. O investidor insatisfeito poderá

impor condições mais rigorosas nos novos empréstimos de capital. O acionista

poderá dar vazão à sua insatisfação de vários modos, inclusive através da venda de

suas ações. Quando a empresa tem conhecimento do potencial de insatisfação ou

da insatisfação entre os seus interessados no mercado de capitais, ela poderá

apresentar uma reação em relação às inquietações destes. A resposta de uma

empresa a interessados insatisfeitos é influenciada pela natureza do seu

27

relacionamento de dependência com eles. Quanto maior e mais significativo o

relacionamento de dependência, tão mais direta e significativa a resposta da

empresa;

b) Stakeholders do mercado de produtos: um exame inicial dos clientes,

fornecedores, comunidades anfitriãs e sindicatos representativos dos trabalhadores

poderá sugerir que haja muito pouca coisa em comum entre os interesses de cada

um desses grupos. Contudo, uma inspeção mais detalhada indicará que os quatro

grupos se beneficiem quando as empresas se engajarem em batalhas competitivas.

Tanto os clientes como os interessados exigem produtos confiáveis aos menores

preços possíveis. Os fornecedores procuram clientes fiéis e dispostos a pagar os

maiores preços possíveis pelos bens e serviços que recebem. As comunidades

anfitriãs buscam empresas de empregadores a longo prazo e contribuintes de

impostos, sem sobrecarregar os serviços públicos de apoio com demanda

excessiva. Os agentes do governo federal estão interessados em empregos

seguros, em condições de trabalho altamente desejáveis para os servidores que

representam. Desse modo, os stakeholders no mercado de produtos geralmente

ficam satisfeitos quando a margem de lucros de uma empresa gera o mínimo

aceitável de retorno aos interessados no mercado de capitais, isto é, os investidores

e acionistas que obtêm esse retorno mínimo o aceitarão e continuarão a manter os

seus interesses na empresa em questão;

c) Stakeholders organizacionais: os empregados organizacionais

esperam que a empresa propicie um ambiente de trabalho dinâmico, estimulante e

gratificante. Na condição de stakeholders, esses empregados geralmente ficam

satisfeitos em trabalhar para uma empresa em fase de crescimento e que esteja

constantemente desenvolvendo as suas habilidades, especialmente aquelas que

são exigidas para se tornar um membro de equipe adequado e para atender ou

ultrapassar padrões de trabalho globalizados. O trabalhador que aprende a utilizar

de forma produtiva o conhecimento em rápida fase de desenvolvimento é

considerado essencial para o êxito organizacional. Do ponto de vista coletivo, o grau

de escolaridade e as habilidades da força de trabalho em uma nação podem ser a

sua arma competitiva dominante em uma economia globalizada.

No entanto, os objetivos desse grupo geralmente são diferentes uns dos

outros e, às vezes, colocam os gerentes em situações tais que se torna

imprescindível fazer algumas permutas.

28

2.5 Ciclo de vida das organizações:

O conceito de ciclo de vida das organizações baseia-se na idéia de que elas

nascem, envelhecem e eventualmente morrem.

Na visão de Daft (2003), existem quatro importantes estágios que

caracterizam o desenvolvimento organizacional. A cada vez que uma organização

entra num novo estágio do ciclo de vida, com um conjunto de regras sobre como a

organização funciona internamente e como se relaciona com o ambiente externo.

O quadro 01 apresenta os estágios do desenvolvimento do ciclo de vida:

Estágio

Empreendedor

Quando uma organização nasce, a ênfase está em criar um

produto e sobreviver no mercado. Os fundadores são

empreendedores e dedicam todas as suas energias às

atividades técnicas de produção e de marketing. A

organização é informal e não-burocrática. As horas de

trabalho são longas. O controle é baseado na supervisão

dos donos. O crescimento advém de um novo produto ou

serviço criativo.

Crise: necessidade de liderança. Quando a organização

começa a crescer, o maior número de funcionários causa

problemas. Os proprietários, dotados de uma orientação

criativa e técnica, vêem-se diante de problemas de

gerenciamento, mas podem preferir concentrar suas

energias na fabricação e venda de produtos na criação de

novos produtos e serviços. Nesse momento de crise, os

empreendedores devem ajustar a estrutura da organização

para acomodar o contínuo crescimento ou encontrar bons

gerentes que possam fazê-lo.

Estágio de

Coletividade

Se a crise da liderança for resolvida, obtém-se uma

liderança forte e a organização começa a desenvolver

metas e diretrizes claras. Os departamentos são

estabelecidos juntamente com uma hierarquia de

autoridade, atribuições de cargos e uma divisão inicial do

trabalho. Os funcionários se identificam com a missão da

29

Estágio de

Coletividade

organização e passam muitas horas ajudando a empresa a

ter sucesso. Os componentes se sentem parte da

coletividade e as comunicações e o controle são mais

informais, embora alguns sistemas formais comecem a

aparecer.

Crise: necessidade de delegação. Se a nova direção

encontrar sucesso, os funcionários dos níveis mais baixos

se sentirão gradativamente constrangidos pela forte

liderança de cima para baixo. Os gerentes dos níveis mais

baixos começarão a conquistar a confiança de suas áreas

funcionais e desejarão mais liberdade de ação. Ocorre uma

crise de autonomia quando os gerentes de alto nível, que

obtinham êxito por causa de sua forte liderança e visão, não

querem delegar responsabilidade. A alta administração

deseja garantir que todos os segmentos da organização

sejam coordenados e integrados. A organização precisa

encontrar mecanismos para controlar e coordenar os

departamentos sem a supervisão direta da cúpula.

Estágio de

formalização

O estágio de formalização envolve o estabelecimento e o

uso de normas, procedimentos e sistemas de controle. A

comunicação é menos freqüente e mais formal.

Engenheiros, especialistas em recursos humanos e outros

profissionais podem ser adicionados ao quadro de pessoal.

A direção passa a interessar-se por questões como

estratégia e planejamento, deixando as operações da

empresa para a média gerência. Podem ser constituídos

grupos de produtos e outras unidades descentralizadas para

melhorar a coordenação. Sistemas de incentivos com base

nos lucros podem ser implementados para garantir que os

gerentes trabalhem em direção ao que é melhor para a

empresa como um todo. Quando eficazes, a nova

coordenação e os sistemas de controle possibilitam que a

organização continue crescendo através do estabelecimento

30

Estágio de

formalização

de mecanismos de ligação entre a alta administração e as

unidades de campo.

Crise: excesso de formalidades. Nesse ponto do

desenvolvimento da organização, a proliferação de sistemas

e programas pode começar a asfixiar os executivos de nível

médio. A organização parece burocratizada. A gerência

média pode ressentir-se da intrusão de pessoal de

assessoria. As inovações podem ser restringidas. A

organização parece demasiadamente grande e complexa

para ser gerenciada por meio de programas formais.

Estágio de

Elaboração

A solução da crise do excesso de formalidades encontra-se

em novo sentido de colaboração e de trabalho em equipe.

Em toda a organização, os gerentes desenvolvem

habilidades para enfrentar problemas e trabalhar juntos. A

burocracia pode ter atingido seu limite. O controle social e a

autodisciplina reduzem a necessidade de outros controles

formais. Os gerentes aprendem a trabalhar dentro da

burocracia sem aumentá-la. Os sistemas formais podem ser

simplificados e substituídos por equipes de gerentes e

forças-tarefas. Para obter colaboração, as equipes muitas

vezes são formadas por pessoas de diferentes funções ou

divisões da empresa. A organização também pode ser

subdividida em múltiplas divisões para que se mantenha

uma filosofia de pequenas empresas.

Crise: necessidade de revitalização. Após atingir a

maturidade, a organização pode passar por períodos de

declínio temporário. Pode ocorrer uma necessidade de

renovação a cada 10 ou 20 anos. A organização modifica

sua relação com o ambiente ou talvez se torne lenta ou

superburocratizada e precisará passar por um estágio de

agilização e inovação. Os gerentes de nível alto muitas

vezes são substituídos durante esse período.

Quadro 1: Estágios do desenvolvimento do ciclo de vida. Fonte: Adaptado de Daft (2003).

31

De acordo com DAFT (2003) as organizações durante sua vida passam por

quatro estágios do ciclo de vida e as mudanças ocorrem em sua estrutura: nos

sistemas de controle, nas inovações e nas metas. As características organizacionais

associadas a cada estágio do ciclo de vida são:

• Empreendimento: inicialmente, a organização é pequena, não-

burocrática e uma só pessoa dirige o espetáculo. O diretor fornece a

estrutura e o sistema de controle. A energia organizacional é dedicada

à sobrevivência e à produção de um único produto ou serviço;

• Coletividade: esta é a juventude da organização. O crescimento é

rápido e os funcionários são entusiasmados e dedicados à missão da

organização. A estrutura ainda é muito informal, embora alguns

procedimentos já estejam surgindo. O crescimento contínuo é a maior

meta;

• Formalização: nesta altura, a organização está entrando na meia-

idade. Aparecem as características burocráticas. A organização cria

grupos de apoio, formaliza procedimentos e estabelece claras

hierarquias e divisão do trabalho. A inovação pode ser obtida pelo

estabelecimento de um departamento separado de pesquisa e

desenvolvimento. As metas principais são a estabilidade interna e a

expansão de mercado. A direção precisa delegar autoridade, mas

também implementa sistemas formais de controle. No estágio de

formalização, as organizações também podem desenvolver produtos

complementares para oferecer uma linha completa de produtos;

• Elaboração: a organização madura é grande e burocrática, com

extensos sistemas de controle, normas e procedimentos. Os gerentes

da organização tentam desenvolver uma orientação de equipe dentro

da burocracia para impedir uma burocracia ainda maior. A direção se

preocupa em estabelecer uma organização completa. A direção pode

atacar a burocracia e agilizá-la.

As organizações em crescimento passam por estágios dos ciclos de vida,

cada estágio está associado às características específicas de estrutura, sistemas de

controle, metas e inovação. O ciclo de vida é um conceito utilizado para

compreender os problemas enfrentados pelas organizações e o modo como os

32

gerentes podem responder de forma positiva para conduzir a organização ao estágio

seguinte de aprimoramento em seu ciclo de vida (DAFT, 2003).

Daft (2003) destaca ainda que toda empresa, grande ou pequena, seja qual

for o ramo de atividades ou estágios do ciclo de vida, precisa considerar

simultaneamente três horizontes de crescimento:

� Maximização dos negócios correntes: o primeiro horizonte consiste nas

atividades essenciais da organização, que muitas vezes respondem pela

maior parte das receitas e lucros;

� Construção de idéias emergentes: os negócios do segundo horizonte são as

oportunidades emergentes de crescimento. Estas estão na fase

empreendedora – iniciativas promissoras que são sustentadas para o

crescimento rápido, mas que podem não estar trazendo dinheiro quando os

negócios do primeiro horizonte alcançam a maturidade. Esses negócios

precisam de atenção e investimento que os convertem na produção de receita

sustentada quando as vendas do primeiro horizonte de estabilizarem;

� Plantação de sementes para o amanhã: os negócios do terceiro horizonte são

os mais arriscados e especulativos – as idéias podem não se desenvolver em

realizações sólidas durante meia década ou um período ainda maior. Muitas

empresas se envolvem em alianças e joint ventures para minimizarem seus

riscos concernentes a negócios do terceiro horizonte.

A teoria do ciclo de vida de Paul Hersey e Kenneth Blanchard baseia-se em

pesquisas de liderança, onde se enfatizam que o uso de um estilo de liderança

adaptativo utilizado pelo líder da organização dependendo do diagnóstico, pode

fazer a diferença da situação e dos resultados.

Conforme Megginson, Mosley e Pietri (1998), o conceito da teoria do ciclo de

vida é que as estratégias e o comportamento do líder devem estar de acordo com a

situação, baseando-se principalmente na maturidade ou imaturidade dos seguidores

e na natureza da tarefa. As etapas definidas pelos autores são:

� Maturidade: é a capacidade dos indivíduos ou grupos de estabelecer metas

altas, mas atingíveis, e sua disposição e capacidade de serem responsáveis.

Essas variáveis da maturidade, resultado de educação e/ou experiência,

devem ser levadas em consideração somente em relação a uma tarefa

específica a ser desempenhada;

33

� Comportamento na tarefa: é o grau em que os líderes organizam e definem

os papéis de seus seguidores, para explicar as tarefas que cada um deve

realizar, e também quando, onde e como farão. Baseia-se em padrões

organizacionais bem-definidos, vias de comunicação e maneiras de realizar

tarefas;

� Comportamento do relacionamento: trata dos relacionamentos pessoais do

líder com indivíduos ou membros de seu grupo. Envolve o grau de apoio dado

pelo líder e a extensão em que este realiza comunicação interpessoal e

comportamental facilitador. O estilo do líder deve mudar à medida que a

maturidade aumenta.

Corrobora Kaufmann (2000) que, o ciclo de vida de uma empresa passa por

quatro etapas: nascimento; crescimento; maturação e institucionalização; e

renovação. O quadro a seguir apresenta as características das empresas em cada

uma dessas fases.

Nascimento

Nessa fase, uma empresa é geralmente constituída por um

empreendedor ou um grupo de empreendedores, que reúnem

recursos e talentos para explorar uma oportunidade de

mercado. As prioridades resumem-se a produzir e vender, e

naturalmente, sobreviver. As comunicações são

completamente informais e simples; a estrutura é mínima e

igualmente informal, geralmente se resumindo a uma

distribuição de funções; a burocracia é praticamente

inexistente, limitando-se ao mínimo necessário para operar a

empresa. A figura do empreendedor é completamente

dominante nesta fase. O fundador participa pessoalmente de

todas as decisões, estabelece o ritmo da empresa, o seu estilo

de trabalho e o nível de risco que será assumido.

Crescimento

Nesta segunda fase a empresa cresce aceleradamente. O

número de funcionários cresce geograficamente. Novas

especializações funcionais tornam-se necessárias. A empresa

passa a abrigar profissionais com diferentes formações e

34

Crescimento

experiências. A complexidade das tarefas aumenta. Surgem

os primeiros relatórios para atender à necessidade de

informações e para o controle de operações. Outras

necessidades de natureza gerencial-burocrática começam a

crescer. Surgem os primeiros organogramas, e nessa fase o

empreendedor já precisará conscientemente dedicar algum

tempo e esforços para moldar e preservar a cultura da

empresa. Isto é, precisará transmitir, de alguma forma, aos

funcionários que passam a integrar a empresa a maneira pela

qual quer que os problemas sejam resolvidos e as decisões

tomadas.

Maturação e

Institucionalização

Na terceira fase, uma empresa usualmente amadurece e se

diversifica, passa a explorar novos produtos, novos mercados

e, eventualmente, outros negócios correlacionados ou não

com a atividade inicial. A esta altura, em função da dimensão

e complexidade das operações, a estrutura organizacional já

tem uma forma e hierarquia mais definidas. As descrições de

cargos são mais definidas e freqüentemente manualizadas; as

autoridades de cada cargo formalmente definidas; as

responsabilidades são individualizadas. Um razoável grau de

delegação de autoridade se torna essencial para manter a

operacionalidade da empresa, e é normalmente implantado

um sistema de credenciamento. As comunicações já são

bastante formais, os processos de planejamento e controle

passam a ser bem mais estruturadas e igualmente formais.

Numa fase mais adiantada do estágio de maturação, a

organização já cresceu muito, especialmente em

complexidade; admitiu muitos novos talentos provindos de

diferentes culturas. A luta pelo poder aumenta, as

comunicações entre staff e unidades operacionais se

complicam, as decisões se tornam lentas; a burocracia

começa a proliferar; a insatisfação cresce, o risco é

desestimulado. A alta administração começa a ter dificuldades

35

Maturação e

Institucionalização

para simultaneamente gerenciar o processo de crescimento e

pensar no futuro da organização, enquanto administra o dia-a-

dia da empresa. Faltam instrumentos e a delegação é ainda

limitada. É também nesta fase que a empresa enfrenta o

desafio da transação de ‘empresa de dono’ para o de uma

instituição que transcende a figura do dono. O grande desafio

a ser vencido neste momento da vida da empresa é dotá-la de

uma cultura institucional e paralelamente preservar o seu

espírito empreendedor.

Renovação

Ao completar o processo de institucionalização, se bem

sucedido, a empresa estará profissionalizada e menos

dependente do talento e carisma de alguns poucos homens.

Terá sistemas estruturados e controles adequados. Cada

indivíduo na organização terá uma visão de seu futuro com a

empresa e de suas possibilidades de carreira. A empresa terá

uma cultura interna e personalizada própria, bem como uma

imagem e uma identidade externa bem conhecidas e

definidas. Conterá os elementos vitrais para garantir a sua

sobrevivência no longo prazo como instituição, desde que

também desenvolva a capacidade de renovação. Nesta fase,

há excessos de sistemas, de informações, de controles, de

gente. Há predominância dos controles sobre a inovação, do

conservadorismo sobre o risco, da maximização da

rentabilidade no curto prazo sobre investimentos para o futuro,

da burocracia e dos burocratas sobre os homens com visão de

negócios. Neste momento, a organização já terá atingido um

estágio de maturidade e autoconfiança que lhe permite buscar

um modelo mais aberto de operação, onde a colaboração

interpessoal tenha prioridade sobre a comunicação formal, a

responsabilidade coletiva predomine sobre a autoridade

pessoal e o elemento humano seja dignificado. A empresa

terá também segurança e confiança para abandonar ou

alienar produtos, mercados ou negócios deficitários ou sem

36

futuro e suficiente flexibilidade para mudar de rumo com

rapidez, criar espaços e estímulos para a criatividade e para a

inovação.

Quadro 2: Ciclo de vida das organizações. Fonte: Adaptado de Kaufmann (1990).

Com base nas teorias apresentadas a respeito do ciclo de vida das

organizações, verifica-se que cada autor explana os estágios com diferentes

denominações.

Segundo Adizes (1993), o primeiro estágio no desenvolvimento de uma

organização é chamado de namoro, que é quando a organização ainda não nasceu

existindo apenas uma idéia do negócio. Nesta fase, a meta que motiva o fundador

deve ser a satisfação de uma necessidade do mercado, deve ser criação de valor

adicionado.

Uma vez assumido o risco, a natureza da organização modifica-se

dramaticamente. O enfoque principal deixa de ser as idéias e as possibilidades, e

passa a ser a produção de resultados, isto é, a satisfação das necessidades para as

quais a empresa foi criada.

Ainda conforme Adizes (1993), uma organização no estágio da infância

enfrenta um grave paradoxo. Quanto maiores forem os riscos que enfrentar, mais

firme terá que ser o compromisso para ela ser bem-sucedida. Nesta fase, a empresa

tem poucas diretrizes, poucos sistemas, poucos procedimentos e poucos

orçamentos. Todo o seu sistema administrativo pode estar escrito no verso de um

velho envelope enfiado no bolso do colete do fundador.

Após a idéia da fase do namoro e dessa colocada em prática na fase da

infância, chega-se ao estágio em que a idéia já está em funcionamento, em que a

empresa já resolveu o seu fluxo de caixa negativo e em que as vendas vão

aumentando. Ela parece que não só está sobrevivendo, como também florescendo.

Esta fase é chamada de Toca-Toca.

Na visão de Adizes (1993), neste estágio toca-toca, as vendas aumentam

rapidamente sem grandes esforços, e o fundador começa a descuidar dos seus

investimentos. Ele não planeja tendo em vista resultados; pelo contrário,

simplesmente espera que os resultados apareçam.

37

Depois desse estágio, a empresa entra na fase de adolescência, onde ela

renasce longe do seu fundador. Sob muitos aspectos, a empresa é de fato como um

adolescente tentando estabelecer sua independência da família.

Conforme Adizes (1993), a adolescência é um ponto crítico da transição na

qual a empresa não precisa de alguém como o fundador, e sim de um administrador

totalmente diferente que complemente o seu estilo e que esteja ciente que a sua

orientação pessoal e a do fundador entrarão em conflito.

O estágio seguinte é o ponto mais favorável na curva do Ciclo de Vida,

chamado de plenitude, onde a organização atinge um equilíbrio de autocontrole e de

flexibilidade.

Destaca Adizes (1993) que as características de uma organização na

plenitude são:

• Sistemas e estrutura organizacional funcionais;

• Visão e criatividade institucionalizadas;

• Orientação para os resultados, a organização satisfaz as necessidades

dos clientes;

• A organização planeja e segue seus planos;

• A organização supera suas expectativas de desempenho,

previsivelmente;

• A organização é capaz simultaneamente de manter o crescimento das

vendas e o aumento da lucratividade;

• A organização passa a gerar novas organizações Criança.

Posteriormente, a organização chega à fase estável, que é o primeiro estágio

de envelhecimento do ciclo de vida organizacional. A empresa ainda está forte, mas

vai perdendo sua flexibilidade. Ela está chegando ao fim do crescimento e

começando a declinar.

Segundo Adizes (1993), as características da organização estável são:

• Expectativas menores de crescimento;

• Menos expectativas de conquistar novos mercados, tecnologias e

regiões inexploradas;

• Começa a se concentrar nas realizações do passado ao invés de

visualizar o futuro;

38

• Desconfia das mudanças;

• Recompensa àqueles que fazem o que lhes é mandado;

• Mais interessada nas relações interpessoais do que em riscos.

No estágio Burocrático, a empresa não gera recursos próprios em grau

suficiente. Ela justifica sua existência não pelo fato de funcionar bem, mas

simplesmente pelo fato de existir.

Destaca Adizes (1993) que as características do ciclo de vida burocrático são:

� Seus sistemas são numerosos, mas pouco voltados para aspectos funcionais;

� Está dissociada do seu ambiente, concentrando-se basicamente em si

mesma;

� Não há qualquer senso de controle;

� Para conseguirem trabalhar com a organização, os clientes precisam criar

mecanismos complexos para contornarem ou abrirem caminho através dos

sistemas.

A morte ocorre quando ninguém mais tem um compromisso com a

organização. Isso pode se dar antes da burocratização. Numa burocracia, a morte

se prolonga porque ela não tem um compromisso com seus clientes e sim com os

interesses políticos que a mantêm viva por motivos igualmente políticos. Se a

organização dependesse dos clientes, já teria morrido há tempos, pois os clientes a

desertaram.

O ciclo de vida das empresas passa por diversas fases, que sob a visão de

diferentes autores possuem aspectos bastante similares, conforme nota-se no

quadro abaixo:

AUTOR SÍNTESE DO CICLO DE VIDA DAFT

As organizações em crescimento passam por estágios dos ciclos de vida, cada estágio está associado às características específicas de estrutura, sistemas de controle, metas e inovação. O ciclo de vida é um conceito utilizado para compreender os problemas enfrentados pelas organizações e o modo como os gerentes podem responder de forma positiva para conduzir a organização ao estágio seguinte de aprimoramento em seu ciclo de vida. A empresa precisa considerar três horizontes para o crescimento: maximização para os negócios correntes, construção de idéias emergentes e plantação de sementes para o amanhã.

39

PAUL HERSEY e KENNETH BLANCHARD

Para atingir o estágio de maturidade no ciclo de vida, a empresa depende do uso de um estilo de liderança adaptativo utilizado pelo líder da organização dependendo do diagnóstico, para fazer a diferença da situação e dos resultados.

MEGGINSON, MOSLEY e PIETRI

O ciclo de vida chega à maturidade segundo as estratégias e o comportamento do líder, devem estar de acordo com a situação, baseando-se principalmente na maturidade ou imaturidade dos seguidores e na natureza da tarefa.

KAUFMANN

O ciclo de vida de uma empresa passa por quatro etapas: nascimento; crescimento; maturação e institucionalização; e renovação.

ADIZES

A empresa passa por quatro fases no seu ciclo de vida: namoro e

infância (nasce e funciona sob as bases de seu fundador);

adolescência (cresce longe de seu fundador, gerando um novo

método de gerenciamento e funcionamento); adulta (atinge o

equilíbrio de controle e flexibilidade) e o envelhecimento (está mais

forte e por isso torna-se mais rígida e perde sua flexibilidade).

Quadro 3: Síntese do ciclo de vida das empresas Fonte: Sinopse dos autores pesquisados pela autora.

2.6 Micro e Pequenas Empresas

Segundo Conceição (2002), as micro e pequenas empresas têm um papel

importante na economia das nações e, em especial, naquelas em desenvolvimento.

Entretanto, possuem uma fragilidade muito grande diante dos desafios criados pelo

mercado. Por outro lado, mecanismos foram criados em diversos países que

preparam as pequenas empresas para conviverem ao lado das maiores, mantendo-

se no mercado.

O que define uma micro ou pequena empresa varia muito, segundo a fonte

consultada, não havendo um padrão de características únicas adotado tanto no

Brasil quanto nos demais países. Alguns tentam delimitar o porte através do número

de funcionários, outros através de faturamento, outro ainda buscam combinar estes

40

dois parâmetros com acréscimo de algumas características a mais. É admitido por

alguns autores que não existe uma forma única e adequada à todas as situações

para classificar as empresas. Entretanto, como se torna necessária classificá-las

para efeito de estudos, pesquisas, políticas econômicas, legislação, etc, observa-se

que os critérios utilizados procuram atender apenas requisitos do fator motivador da

classificação, exemplo: para órgãos arrecadadores de tributos, o faturamento da

empresa é o critério mais adequado para classificá-la (CONCEIÇÃO, 2002).

Quadro 4: Classificação de micro e pequenas empresas. Fonte: Conceição, 2002.

As MPEs têm uma grande função social e econômica em seus países. Com o

advento da Revolução Industrial e o aparecimento das grandes corporações elas

passaram a ocupar um lugar de menor destaque nas economias, não tanto pela sua

efetiva contribuição, mas pelo impacto causado na mídia pelas maiores empresas. A

partir de 1897, as micro e pequenas empresas passam a contar com um primeiro

ordenamento jurídico que introduziu um regime especial para elas, na Alemanha

(QUEIROZ, 2002).

Em 1942, o direito italiano reconhece a “piccola impresa”. Segundo Queiroz

(2002) com o término da II Guerra Mundial, em 1946, houve uma verdadeira

41

explosão no desenvolvimento da MPEs, absorvendo a mão-de-obra resultante da

guerra pelo mercado. Só recentemente, nas últimas décadas, voltou-se a creditar às

MPEs o seu verdadeiro valor, quando a automatização industrial e das atividades

administrativas, os processos de reengenharia e de “downsizing”, a globalização e a

acelerada competição, obrigaram os pesquisadores a questionar a capacidade de

adaptação às mudanças das grandes empresas e de estas continuarem a ser as

empregadoras do futuro.

Segundo Najberg e Puga (2002): desde o início dos anos 80, começaram a

surgir evidências empíricas de um aumento da importância econômica das firmas de

menor porte. Em diversos países, essas unidades respondem pela grande maioria

das unidades existentes, são as principais criadoras de postos de trabalho e

desempenham um papel relevante na renovação da economia. Em determinados

setores, essa unidades têm demonstrado ser estruturas ágeis e flexíveis, com forte

capacidade de responder a uma demanda que prioriza inovações.

As micro e pequenas empresas têm um conjunto de características que as

diferenciam das médias e grandes que, segundo CACB e SEBRAE (2002) seriam:

• Criativas

• Flexíveis

• Terceirizáveis

• Provedoras de serviços

• Absorvedoras de mão-de-obra

• Formadoras da classe média

Conceição (2002), citando Justin Longenecker, comenta que: ... as micro e

pequenas empresas (...) assumem cada vez mais um importante papel, na formação

de novos empregos, na geração de inovação, no teste de oportunidades de

negócios, no auxílio e apoio a grandes empresas, no desenvolvimento de atividades

individuais, no surgimento de novos produtos, serviços e novos modelos de

negócios, entre outros fatores.

Souza (1995) analisando o papel das MPEs no Brasil registra: “Constituindo-

se num total de 3,5 milhões de empresas, as micro e pequenas empresas

representam 98,3% do total de empresas registradas, respondem por 20,4% do PIB

e por 59,4% da mão-de-obra ocupada no país”.

42

Resnik (1991, p.3) trata, com clareza, o tema Administração na Pequena

Empresa. Traça um paralelo entre o sucesso e o fracasso desta, relacionando-os às

ações implementadas e decisões tomadas pela administração, afirmando:

“A boa administração é o fator determinante da sobrevivência e sucesso. A má administração – e não a economia, a concorrência, a inconsistência dos clientes ou o azar – é o fator que determina o fracasso. A boa administração – capacidade de entender, dirigir e controlar a empresa – baseia-se na atenção crítica do proprietário-gerente e/ou responsáveis pela administração aos poucos fatores decisivos responsáveis pelo sucesso e sobrevivência da empresa.”

Destaca-se que a arte de administrar – capacidade de entender, dirigir e

controlar eficientemente as MPEs, tendo em vista as colocações de Resnik (1991),

corroboradas por autores como Schell (1995) e Pereira Jr. (1995) – é o fator

preponderante para sua manutenção no grupo das empresas que alcançam o

sucesso no ambiente em que se encontram inseridas, cumprindo o seu papel e

alcançando seus objetivos.

Segundo Druker (1994, p.78),

“Há cem anos, eminentes autoridades tem nos dito que as empresas pequenas estão sendo engolidas pelas “gigantes” e tendem a desaparecer. Há cem anos os fatos tem provado que tais afirmações não tem sentido. A pequena empresa vai tão bem como ia há cem anos atrás”.

Para Morelli (1994), o que se tem constatado é que, independentemente do

nível de desenvolvimento de qualquer país, as MPE’s têm uma substancial

importância em seu processo evolutivo, contribuindo para este, independendo do

ponto de vista, seja ele econômico, social ou político.

Na visão de Barros (1978), a falta de um conceito único, e a conseqüente

heterogeneidade de critérios é devida, em parte, ao fato de que o conceito se define

em consonância com as condições gerais do país em que atuam. Assim, empresas

consideradas como pequenas em países altamente desenvolvidos e de mercados

amplos podem aparecer como médias e ainda como grandes em países pequenos e

de baixo nível de desenvolvimento. Por extensão, a mesma situação parece ocorrer

dentro de um mesmo país de grandes dimensões territoriais e com marcantes

distinções sócio-econômicas.

43

Corroborando com este ponto de vista, Morelli (1994) afirma que, por

exemplo, uma pequena empresa localizada no estado de São Paulo, é

substancialmente diferente de uma pequena empresa localizada nas áreas menos

desenvolvidas do nordeste.

Segundo Gonçalves e Koprowski (1995), as pequenas empresas, são aquelas

que, não ocupando uma posição de domínio ou monopólio no mercado, são dirigidas

por seus próprios donos, que assumem o risco do negócio e não estão vinculadas a

outras grandes empresas ou grupos financeiros.

Para Morelli (1994), para que uma empresa possa ser enquadrada como

micro ou pequena torna-se necessário, primeiro, a adoção de variáveis ou critérios

quantitativos e/ou qualitativos para a sua caracterização e, segundo, a determinação

de parâmetros para essas variáveis.

Já para Motaño (1999), para uma clara conceituação da pequena e

microempresa, deve-se distinguir duas categorias geralmente identificadas: a

“empresa” e o “empresário”.

Segundo o autor, as empresas se classificam, segundo as suas dimensões,

em micro, pequenas, médias e grandes, porém uma MPE pode pertencer tanto a um

empresário muito capaz, e desse ponto de vista ser um “grande empresário”, quanto

a um empresário “imaturo” em alguma área. No entanto, a realidade da MPE não

deriva das características do empresário e sim da realidade da própria empresa no

sistema. Assim caracterizar MPE significa caracterizar a empresa, não o empresário.

Seguindo sob o ponto de vista de Montaño (1999) a conceituação da MPE

requer uma análise de sua estrutura onde são considerados três aspectos

fundamentais:

� Dimensão: apresentam dimensão reduzida tanto no número de membros,

quanto no nível de produção e comercialização;

� Complexidade: dentro da MPE o poder é altamente centralizado, quase não

há estratificação e a divisão técnica do trabalho é muito pequena – “todos

fazem de tudo”;

� Formalização: em geral a MPE não apresenta objetivos e normas

explicitamente definidos, a formalização quase não existe.

Ainda sob a visão de Montaño (1999), o mesmo diferencia as MPE’s, quanto

ao seu modo de inserção no mercado, em:

44

� De produção final: produz certa mercadoria ou serviço para o consumidor

direto ou para um distribuidor (intermediário comercial). Este tipo de MPE tem

mais liberdade para definir o seu produto, a sua qualidade, o seu preço e o

seu público alvo;

� Satélite: produz certa mercadoria ou serviço para uma grande ou média

empresa (empresa matriz). Estes, para serem consumidos pela população,

precisam ser “transformados” através de um novo processo de produção, que

ocorre na grande empresa. As MPE’s, tanto de produção final quanto

satélites, atuam em mercados geralmente desprezados pela grande empresa.

2.7 Empreendedorismo

O empreendedorismo é um termo derivado da livre tradução da palavra

entrepreneurship e é utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor,

seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades e seu campo de atuação

(DOLABELA, 1999).

O empreendedorismo é atualmente, conforme Hisrich e Peters (2004), o

método mais eficiente para ligar ciência e mercado, criar novas empresas e levar

novos produtos e serviços ao mercado. Essas atividades empreendedoras afetam

de modo significativo à economia de uma área ao construir sua base econômica e

gerar empregos. Dado o seu impacto na economia global e no nível de emprego, os

autores se admiram do empreendedorismo ainda não ter se tornado mais central no

desenvolvimento econômico.

Os autores ainda destacam o empreendedorismo como o processo de criar

algo novo com valor dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo riscos

financeiros, psíquicos e sociais correspondentes, e recebendo as conseqüentes

recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal.

O empreendedorismo significa mais do que uma denominação ou conceito

trata-se de atitude, um comportamento que caracteriza um indivíduo e sua empresa,

é o reflexo do perfil de um profissional e sua visão de sucesso e futuro.

A palavra empreendedor, de emprego amplo, segundo Dolabela (1999), é

utilizada para designar as atividades de quem se dedica à geração de riquezas, seja

45

ela a transformação de conhecimento em produtos ou serviços ou até mesmo para

gerar conhecimento próprio ou inovação em áreas como marketing, produção e

organização. Destaca que o empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma

visão. Este deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores,

convencê-los de que sua visão trará uma situação confortável para todos no futuro.

Também precisa ter energia e perseverança, é necessário que tenha uma grande

dose de paixão para construir algo a partir do nada e ter força para continuar em

frente, apesar dos obstáculos, armadilhas e da solidão. O empreendedor é aquele

que acredita que pode colocar a sorte a seu favor, pois, sabe que ela é fruto de

muito trabalho duro.

O autor ainda ressalta que há muitas definições para o termo porque estas

são propostas por pesquisadores de diferentes campos, porém, basicamente todos

os conceitos vão girar em torno da inovação do empreendedor e de seus aspectos

atitudinais.

O empreendedor não é apenas um fundador de uma empresa ou o construtor

de novos negócios, segundo Chiavenato (2004), é aquele que consegue perceber as

oportunidades e precisa ser muito rápido para aproveitar essas oportunidades antes

que outros o façam. O empreendedor é aquele que assume riscos e

responsabilidades e ainda está inovando continuamente.

O empreendedor é uma pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, é

dotado de sensibilidade para os negócios, tem tino financeiro e capacidade para

identificar as oportunidades. É capaz de transformar idéias em realidade, seja para

seu próprio benefício ou da comunidade; é criativo e tem um alto nível de energia,

demonstra imaginação e perseverança. Estes ingredientes se bem combinados

habilitam o indivíduo a transformar uma idéia simples e mal estruturada em algo

concreto e bem sucedido no mercado (CHIAVENATO, 2004).

Em se tratando de empreendedor, Degen (1989) o define como o agente do

processo de destruição criativa, ou seja, aquele que está constantemente criando

novos produtos, novos métodos de produção, descobrindo novos mercados e,

sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros.

O conceito de empreendedor, para Hisrich e Peters (2004) fica mais rico

quando são considerados princípios e termos de uma perspectiva empresarial,

administrativa e pessoal. Afirmam que em quase todas as definições de

empreendedorismo, há um consenso de que estamos falando de uma espécie de

46

comportamento que inclui: (1) tomar iniciativa, (2) organizar e reorganizar

mecanismos sociais econômicos a fim de transformar recursos e situações para

proveito prático, (3) aceitar o risco ou o fracasso. Sendo assim, Hisrich e Peters

(2004, p.29) destacam que:

Para o economista, um empreendedor é aquele que combina recursos, trabalho, materiais e outros ativos para tornar seu valor maior do que antes; também é aquele que introduz mudanças, inovações e uma nova ordem. Para um psicólogo, tal pessoa é geralmente impulsionada por certas forças – a necessidade de obter ou conseguir algo, experimentar, realizar ou talvez escapar à autoridade de outros. Para alguns homens de negócios, um empreendedor aparece como uma ameaça, um concorrente agressivo, enquanto, para outros, o mesmo empreendedor pode ser um aliado, uma fonte de suprimento, um cliente ou alguém que cria riqueza para outros, assim como encontra melhores maneiras de utilizar recursos, reduzir o desperdício e produzir empregos que outros ficarão satisfeitos em conseguir. O empreendedorismo é o processo dinâmico de criar mais riqueza. A riqueza é criada por indivíduos que assumem os principais riscos em termos de patrimônio, tempo e ou comprometimento com a carreira ou que provêem valor para algum produto ou serviço. O produto ou serviço pode ou não ser novo ou único, mas o valor deve de algum modo ser infundido pelo empreendedor ao receber e localizar as habilidades e os recursos necessários.

Uma definição clássica de empreendedor está nas palavras de Filion (1999,

p.19) “um empreendedor é uma pessoa imaginativa caracterizada pela capacidade

de estabelecer e atingir objetivos”. O indivíduo precisa manter um alto grau de

vivacidade de espírito para identificar oportunidades, enquanto ele se mantém

observando para aprender a identificar novas oportunidades e tomar decisões de

riscos moderados, durante este processo já está desempenhando um papel

empreendedor.

São muitas as definições sobre empreendedor, Leite (1998, p. 17) define

empreendedor como:

aquele que faz as coisas acontecerem, pois além de ser capaz de identificar oportunidades de mercado, possui uma aguçada sensibilidade financeira e de negócios, para transformar aquela idéia em um fato econômico em seu beneficio. Ele busca tanto atender os desejos dos seus futuros consumidores como satisfazer as suas necessidades de realização profissional.

47

Uma definição bem simples de empreendedor, porém bem abrangente,

encontra-se nas palavras de Filion (1991, apud DOLABELA, 1999, p. 28): “um

empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”.

Conforme observa Malvezzi (1997, p. 47), o “empreendedor é a concepção

mais recente de um elenco de personagens que têm caracterizado a evolução da

instituição do trabalho, que tendo sido percebido pelo artesão, o profissional liberal e

o executivo”.

Quando se fala em ser empreendedor pode parecer para muitos que se trata

do empresário fundador da organização, porém, há uma diferença em ser

empreendedor e ser empresário. Empresário é aquele que por alguma razão chegou

à posição de dono da empresa e através desta obtém seu lucros, o que não significa

que ele seja um empreendedor. Apenas uma pequena parcela dos empresários é

constituída por genuínos empreendedores, que realmente são competitivos no

mercado.

A motivação principal do empreendedor é a realização, não exatamente as

recompensas financeiras, ele busca realização pessoal, todavia, o que move um

empresário ou executivo tende a ser o poder e o status que a posição pode lhe

trazer (VENTURI, 2003).

Venturi e Lenzi (2003), acreditam que os empreendedores têm uma postura

de maior risco cujo sucesso depende exclusivamente de seu desempenho, no qual

não há lugar para evasivas, soluções paliativas ou uma segunda chance.

Segundo Sebrae (2001 apud VENTURI; LENZI, 2003, p.72) destacam-se

alguns tipos de empreendedor:

a) o empreendedor artesão, indivíduo que é essencialmente técnico e escolhe

(ou é obrigado a isso) a instalar um negócio independente para praticar seu ofício;

b) o empreendedor tecnológico, um indivíduo associado ao desenvolvimento

ou comercialização de um novo produto ou um processo inovador e que monta uma

empresa para introduzir essas melhorias tecnológicas para obter um lucro;

c) o empreendedor oportunista, um indivíduo que enfoca o crescimento e o

ato de criar uma nova atividade econômica e que monta, compra e “faz crescer”

empresas em resposta a uma oportunidade observada; e

d) o empreendedor “estilo de vida”, um indivíduo autônomo ou que começa

um negócio por causa da liberdade, independência ou outros benefícios de seu

“estilo de vida” que esse tipo de empresa torna possíveis.

48

Numa economia de mudança constante não se pode mais entender que

empreendedores possam se caracterizar como os barões de antigamente. Smith

(1979, p. 233) já dizia que “o poder dos grandes barões de antigamente baseava-se

na autonomia em que o grande proprietário necessariamente detinha num tal estado

de coisas sobre os seus herdeiros e seguidores”. Os barões eram obrigatoriamente

em tempo de paz os juizes e em tempo de guerra os chefes militares de todos

aqueles que viviam nos seus domínios. Tinham a possibilidade de manter a ordem e

de obrigar ao cumprimento da lei no interior desses domínios, pois podiam recorrer à

força de todos os habitantes contra aquele que cometesse uma injustiça. Nenhuma

outra pessoa tinha autoridade suficiente para fazer o mesmo e muito menos o rei.

Este pensamento é totalmente inadequado para empreendedores, devem ter

características de um comportamento mais humano em relação a seus pares,

incluindo funcionários, clientes, fornecedores e outros (SMITH, 1979).

Então, empreendedor é aquele que desenvolve a capacidade de pensar

diferente, vê oportunidades onde outros não vêem, tem iniciativa e busca de

oportunidades. Corre risco calculado, pois calcula as possíveis conseqüências e

toma medidas e precauções para se controlar os resultados, minimizando assim os

perigos envolvidos. Busca respostas, por procurar sozinho define quais são as

informações necessárias e não fica dependente de outros, ao mesmo tempo usa sua

capacidade de persuadir as pessoas para convencê-las que suas idéias são algo

necessário, são seguros de sua capacidade de completar uma tarefa difícil e

enfrentar desafios, mostram assim independência e autoconfiança (DOLABELA,

1999).

É preciso ter o conceito de empreendedor bem claro, pois, o desenvolvimento

das habilidades e características empreendedoras depende deste entendimento.

2.8 Estratégias

O termo estratégia é de origem grega e relaciona-se ao verbo "stratego" que

significa planejar a destruição dos inimigos pelo uso eficaz dos recursos. A sua

aplicação original ocorreu no campo militar e há exemplos de adoção de estratégias

nos tempos antigos, como teria acontecido nas ações empreendidas por Philip e

49

Alexander para livrar a Macedônia da influência das cidades-estado gregas e

estabelecer dominância sobre o nordeste grego da época (MINTZBERG; QUINN,

2001).

Outros comandantes militares também ficaram conhecidos por princípios

anunciados de como conduzir seus exércitos nas guerras, como Júlio César e

Alexandre, o Grande, além de Sun Tsu, cujo tratado escrito por volta do ano 300

antes de Cristo, ainda hoje é lido pelos estudantes de estratégia empresarial, devido

à aplicação de muitos de seus enunciados às estratégias do mundo dos negócios.

Segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p.17), “estratégia é a forma de

pensar no futuro, integrada no processo decisório, com base em um procedimento

formalizado e articulador de resultados e em uma programação”.

Ou seja, é programar a fim de tomar decisões que levam a empresa a um

futuro esperado.

Na visão de Mintzberg et al. (2006), a estratégia é um plano, um tipo de curso

de ação conscientemente pretendido, uma diretriz, um conjunto de diretrizes para

lidar com uma situação. Esta definição demonstra duas características essenciais

das estratégias: são criadas antes das ações às quais vão se aplicar e são

desenvolvidas consciente ou propositalmente.

Algumas definições em campos diferentes de atuação, reforça essa visão:

• No campo militar: a estratégia está relacionada à criação de um plano

de guerra, preparação das campanhas individuais e, dentro delas,

decisão do comprometimento individual;

• Na teoria dos jogos: a estratégia é um plano completo, um plano que

especifica que escolhas (o jogador) vai fazer em cada situação

possível;

• Em administração: a estratégia é um plano unificado, amplo e

integrado, criado para assegurar que os objetivos básicos da empresa

sejam atingidos.

Uma estratégia competitiva especifica como uma organização pretende

competir nos mercados que escolhe atender. Essa estratégia provê um elo

conceitual, que dá um significado comum a todas as atividades e programas

funcionais separados. É uma ferramenta que oferece importante ajuda para lidar

com a turbulência enfrentada pelas empresas.

50

A estratégia para a empresa pode ser entendida como um instrumento

administrativo facilitador e otimizador das interações da empresa com os fatores

ambientais, e tem forte influência para com os fatores internos da empresa

(MINTZBERG, 2006).

Na visão de Porter (1999), a estratégia é a busca de uma posição competitiva

favorável em uma indústria, a arena fundamental onde ocorre a concorrência, e a

escolha desta estratégia competitiva está baseada no nível de atratividade da

indústria e nos determinantes da posição competitiva relativa dentro desta indústria.

A estratégia competitiva deve surgir de uma compreensão das regras da

concorrência que determinam a atratividade de uma organização. Assim, Ghemawat

(2000) afirma que a estratégia pode ser definida como a determinação das metas e

de objetivos básicos a longo prazo de uma empresa, bem como, da adoção de

cursos de ação e a alocação dos recursos necessários à consecução dessas metas.

A estratégia reflete a participação da empresa no mercado através do seu

posicionamento e participação, pois define como pretende se diferenciar dos

concorrentes no mercado.

Esta é a razão porque muitas empresas estabelecidas fracassam quando se

empenham em um programa de aquisição de outra empresa, diversificação de

produtos ou expansão de mercado.

Destacam Thompson e Strickland (2004) que o processo de elaboração e

implementação de estratégias consiste em cinco tarefas gerenciais inter-

relacionadas:

• Decidir em que negócio a empresa estará e formar uma visão

estratégica de para onde a empresa precisa ser direcionada. Em

verdade, infundir na organização um sentimento de meta, fornecendo

orientação de longo prazo e estabelecendo uma missão clara a ser

cumprida;

• Converter a visão e missões estratégicas em objetivos mensuráveis e

objetivos de desempenho;

• Elaborar a estratégia para atingir os resultados desejados;

• Implementar e executar a estratégia escolhida eficientemente e

eficazmente;

51

• Avaliar o desempenho, revisar os novos desenvolvimentos e ajustar o

rumo de longo prazo, os objetivos, a estratégia, ou implementar para

incorporar a experiência atual, mudando as condições, novas idéias e

novas oportunidades.

A figura 2 apresenta estes processos, visualizando as cinco tarefas

gerenciais. Juntas, estas cinco tarefas definem o que se quer dizer com o termo

gerência estratégica e formam a base de tudo o que se segue.

Figura 2: As cinco tarefas da gerência estratégica. Fonte: Adaptado de Thompson e Strickland (2004).

Muitas empresas de sucesso não estão conscientes das estratégias que

sustentaram seu sucesso. É bem possível para uma empresa atingir um sucesso

inicial, sem real conscientização de suas causas; entretanto, é muito mais difícil

continuar bem, ramificando-se em novos empreendimentos e negócios, sem a

apreciação exata da significação de suas estratégias básicas.

Desenvolver a Visão

Estratégica e a Missão do Negócio

Estabelecer

Objetivos

Elaborar uma

Estratégia para Atingir os Objetivos

Implementar e Executar a Estratégia

Avaliar o Desempenho, Revisar os Novos

Desenvolvi-mentos e Iniciar as Correções

Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 3 Tarefa 4 Tarefa 5

Revisar

conforme

necessário

Revisar

conforme

necessário

Melhorar/

Mudar

conforme

necessário

Melhorar/

Mudar

conforme

necessário

Reciclar com

as Tarefas

1, 2, 3 ou 4

conforme

necessário

52

Esta é a razão porque muitas empresas estabelecidas fracassam quando se

empenham em um programa de aquisição de outra empresa, diversificação de

produtos ou expansão de mercado.

Fundamenta Tweed (1998) que o trabalho do empreendedor/estrategista é ter

um desempenho superior, em relação à competição, nos fatores-chave para o

sucesso do negócio. Uma estratégia bem-sucedida é aquela que assegura uma

união sólida de forças corporativas para atender melhor às necessidades do

consumidor do que o concorrente. Em relação ao consumidor, ao concorrente e à

empresa, a estratégia é definida como o empenho de uma companhia para se

destacar positivamente de seus concorrentes e usar suas forças corporativas

relativas para melhor satisfazer as necessidades do consumidor.

A estratégia não é, evidentemente, o único fator determinante no sucesso ou

fracasso de uma empresa; a competência de sua cúpula administrativa é tão

importante quanto a sua estratégia. A sorte pode ser um fator, apesar de

freqüentemente o que as pessoas chamam de boa sorte ser na realidade produto de

boa estratégia. Mas, uma estratégia adequada pode trazer extraordinários

resultados para a empresa cujo nível geral de eficiência seja apenas médio.

Para Montgomey (1998), os elementos básicos da competição estratégica

são: capacidade de compreender o comportamento competitivo, capacidade de usar

essa compreensão para predizer como um dado movimento estratégico vai alterar o

equilíbrio competitivo, reconhecer os recursos que possam ser permanentemente

investidos em novos usos mesmo se os benefícios subseqüentes só aparecerem a

longo prazo, capacidade de prever riscos e lucros com exatidão e certeza suficientes

para justificar o investimento correspondente, disposição de agir.

Salienta Certo (2003), que os administradores formulam estratégias que

refletem a análise ambiental, levam à realização da missão organizacional e

resultam no cumprimento de objetivos organizacionais. Entre as ferramentas

especiais que eles podem usar na formulação de estratégias estão:

a) Análise das questões fundamentais: na análise das questões fundamentais,

são formuladas estratégias organizacionais adequadas, que devem responder

as seguintes questões: quais são as finalidades e objetivos da organização?;

para onde a organização está se dirigindo?; em que tipo de ambiente a

organização insere-se atualmente?; o que pode ser feito para melhor alcançar

os objetivos organizacionais no futuro?

53

b) Análise SWOT: a análise SWOT (Strenghts and Weaknesses and its

environmental Opportunities and Threats – pontos fortes e fracos e suas

oportunidades e ameaças ambientais) é uma ferramenta de desenvolvimento

estratégico que compara as forças e fraquezas internas da organização com

as oportunidades e as ameaças externas.

c) Análise de portfólio de negócios: a análise do portfólio de negócios é outra

ferramenta de desenvolvimento estratégico que ganhou ampla aceitação, pois

é uma técnica de formulação de estratégias organizacionais que se baseia na

filosofia de que as organizações devem desenvolver estratégias da mesma

maneira como elas lidam com suas carteiras de investimento. Assim como

investimentos financeiros seguros, devem ser apoiados e os não seguros

descartados, as atividades organizacionais seguras devem ser estimuladas e

as não seguras, desestimuladas As duas ferramentas de portfólio de empresa

são a matriz de crescimento e participação de mercado do BCG e a matriz de

multifatores da GE. A matriz de crescimento e participação do BCG (Boston

Consulting Group) é uma ferramenta de análise de portfólio que ajuda os

administradores a desenvolverem a estratégia organizacional com base na

participação de mercado de empresas e no crescimento de mercados em que

as empresas existem. Já a matriz de portfólio de multifatores da GE (General

Electric Copany) é outra ferramenta popular de analise de portfólio que ajuda

os administradores a desenvolverem estratégias organizacionais baseadas

fundamentalmente na atratividade de mercado e nas forças de negócio.

d) Modelo de Porter para a análise da indústria: de acordo com o Modelo de

Porter, a competitividade dentro de uma indústria é determinada pelo

seguinte: novos ingressantes ou novas empresas dentro da indústria,

produtos que poderiam surgir como substitutos de bens ou serviços que as

indústrias produzem, a capacidade dos fornecedores de controlar questões

como custos de materiais que as indústrias usam para fabricar seus produtos,

o poder de barganha que os compradores possuem dentro da indústria; e o

nível geral de rivalidade ou concorrência entre empresas dentro da indústria.

No Modelo, compradores, substitutos de produtos, fornecedores e novas

empresas potenciais dentro de uma indústria contribuem para o nível de

rivalidade entre as empresas da indústria.

54

Essas quatro ferramentas de formulação de estratégias são relacionadas,

mas distintas, devendo ser usada a ferramenta ou a combinação de ferramentas

mais adequada para eles e suas organizações.

Porter (2004) fundamenta que existem três abordagens estratégicas

genéricas potencialmente bem-sucedidas para superar as outras empresas em uma

indústria, demonstradas a seguir: liderança no custo total; diferenciação; enfoque. A

colocação de algumas dessas estratégias genéricas exige comprometimento total e

disposições organizacionais de apoio que serão diluídos se existir mais de um alvo

primário. Assim, a utilização das estratégias genéricas são métodos para superar os

concorrentes em uma indústria.

Para Oliveira (2001), Porter apresenta um sistema integrado de técnicas para

ajudar a empresa a analisar seu setor de atividades inteiro, e predizer sua evolução

futura, entender seus concorrentes e sua própria posição, traduzindo essa análise

para uma estratégia competitiva em um setor ou indústria em particular.

A Figura 03 visualiza o Modelo de Porter.

Figura 3: Forças que dirigem a concorrência na indústria. Fonte: Adaptado de Porter (2004, p.04).

Entrantes Potenciais

Compradores

Substitutos

Fornecedores

Concorrentes na Indústria

Rivalidade entre as Empresas Existentes

Poder de negociação dos fornecedores

Poder de negociação dos compradores

Ameaça de novos entrantes

Ameaça de produtos ou serviços substitutos

55

No Modelo de Porter, compradores, substitutos de produtos, fornecedores e

novas empresas potenciais dentro de uma indústria contribuem para o nível de

rivalidade entre as empresas da indústria.

Assim, de acordo com a Figura 01, destaca Porter (2004) que, ao enfrentar as

cinco forças competitivas, existem três abordagens estratégicas genéricas

potencialmente bem sucedidas para superar as outras empresas em uma indústria,

que são:

a) Liderança no custo total: exige a construção agressiva de instalações em

escala eficiente, uma perseguição vigorosa de reduções de custo pela

experiência, um controle rígido do custo e das despesas gerais, a não

permissão da formação de contas marginais dos clientes e a minimização do

custo em áreas como Pesquisa & Desenvolvimento, assistência, força de

vendas, publicidade etc. Intensa atenção administrativa ao controle dos

custos é necessária pata atingir essas metas. Custo baixo em relação aos

concorrentes torna-se o tema central de toda a estratégia, embora a

qualidade, a assistência e outras áreas não possam ser ignoradas. Uma

estratégia de custo pode, às vezes, revolucionar uma indústria em que as

bases históricas da concorrência tenham sido diferentes e os concorrentes

estejam mal preparados, quer economicamente quer quanto à percepção,

para dar os passos necessários para a minimização do custo;

b) Diferenciação: a segunda estratégia genérica é diferenciar o produto ou o

serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja considerado único no

âmbito de toda a indústria. Os métodos para essa diferenciação podem

assumir muitas formas: projeto ou imagem da marca, tecnologia,

peculiaridades, serviços sob encomenda, rede de fornecedores ou outras

dimensões. Em termos ideais, a empresa se diferencia ao longo de várias

dimensões. A lealdade resultante do consumidor e a necessidade de um

concorrente superar a supremacia colocam barreiras de entrada. A

diferenciação produz margens mais altas com as quais é possível lidar com o

poder dos fornecedores e claramente ameniza o poder dos compradores,

dado que lhes faltam alternativas comparáveis, sendo, assim, menos

sensíveis aos preços. A empresa que se diferenciou para obter a lealdade do

consumidor deverá estar mais bem posicionada em relação aos substitutos

do que a concorrência;

56

c) Enfoque: a última estratégia genérica é enfocar um determinado grupo

comprador, um segmento de linha de produtos, ou um mercado geográfico;

como com a diferenciação, o enfoque pode assumir diversas formas. Embora

as estratégias de baixo custo e de diferenciação tenham o intuito de atingir

seus objetivos no âmbito de toda a indústria, toda a estratégia de enfoque

visa atender muito bem ao alvo determinado, e cada política funcional é

desenvolvida levando isso em conta. Esta estratégia tem como foco que a

empresa é capaz de atender seu alvo estratégico estreito mais efetiva ou

eficientemente do que os concorrentes que estão competindo de forma mais

ampla.

2.9 Definições de Estratégia

De acordo com Mintzberg (2006), a natureza humana está sempre em busca

de definições para cada conceito. No caso da palavra estratégia, há tempos vem

sendo utilizada implicitamente de diferentes maneiras, ainda que seja definida

genericamente e utilizada no campo dos negócios de uma única forma: como se

alocar recursos para se atingir determinado objetivo. Mintzberg (2006) apresenta

cinco definições possíveis para estratégia – como plano, pretexto, padrão, posição e

perspectiva, além de suas inter-relações.

a) Estratégia como plano: para muitos, estratégia é um plano, ou seja,

algum tipo de curso de ação, conscientemente pretendido; uma diretriz (ou

conjunto de diretrizes) para lidar com uma situação. Por essa definição, as

estratégias têm duas características essenciais: são criadas antes das ações às

quais vão se aplicar e são desenvolvidas consciente e propositalmente;

b) Estratégia como um pretexto: Como planos, as estratégias podem

ser gerais ou específicas. Pode ser apenas uma manobra específica para

superar um oponente ou concorrente. Aqui a estratégia pode ser apenas uma

ameaça. Não uma ação em si, mas apenas um pretexto;

c) Estratégia como padrão: se as estratégias podem ser pretendidas,

podem também ser realizadas, ou seja, defini-la como um plano pode não ser

suficiente, pois precisa-se de uma definição que englobe o comportamento

57

resultante. Assim, a estratégia poderia ser um padrão em uma corrente de

ações MINTZBERG e WATERS (2000 apud MINTZBERG et al., 2006, p. 24).

Por essa definição a estratégia refere-se a consistência no comportamento,

pretendida ou não;

d) Estratégia como posição: muito usada no meio empresarial, refere-

se a um meio de localizar a organização em um dado ambiente. Aqui a

estratégia é uma força mediadora entre organização e ambiente, ou seja, entre

o contexto interno e o externo; um local único BOWMAN (1998 apud

MINTZBERG et al., 2006, p. 26); o local no ambiente onde os recursos estão

concentrados. Essa definição de estratégia pode ser compatível com qualquer

uma (ou todas) das anteriores;

Estratégia como perspectiva: enquanto a estratégia anterior olha para fora

buscando localizar a organização no ambiente externo, a estratégia como

perspectiva baseia-se na mente dos estrategistas coletivos, com uma visão mais

ampla. Ela é uma perspectiva, consistindo seu conteúdo não apenas em uma

posição escolhida, mas também uma maneira fixa de olhar o mundo. Nesse aspecto

a estratégia é para a organização aquilo que a personalidade é para o indivíduo. Um

aspecto fundamental dessa definição é que a perspectiva é compartilhada. Como

nas palavras cultura e ideologia, em relação à sociedade (weltanschauung) e não

personalidade, estratégia é uma perspectiva compartilhada pelos membros de uma

organização, por suas intenções e/ou por suas ações (MINTZBERG et al., 2006, p.

27). Quando se fala em estratégia, nesse contexto, refere-se à esfera da mente

coletiva. Torna-se importante, neste caso, a leitura dessa mente coletiva para a

formulação da estratégia, entendo previamente as intenções que se espalham pelo

sistema chamado organização para se tornarem compartilhadas, definindo as ações

que devem ser praticadas em bases coletivas consistentes.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo, é apresentada a metodologia utilizada neste trabalho.

Segundo Roesch (1996, p.117), “a metodologia descreve como o projeto será

realizado, partindo dos objetivos para definir que tipo de projeto é mais apropriado”.

3.1 Tipologia da pesquisa:

O trabalho elaborado tem um caráter qualitativo, visto que foi analisado um

ambiente e seus diversos aspectos em profundidade, procurando identificar o

estágio do ciclo de vida da organização em estudo. Para Richardson (1999, p.38), “a

abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador,

justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um

fenômeno social”.

O método de pesquisa escolhido foi a Avaliação Formativa e a estratégia de

pesquisa o estudo de caso único. Cervo e Bervian (1996, p.50) definem que o

estudo de caso “é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou

comunidade para examinar aspectos variados de sua vida”.

Nas pesquisas classificadas como estudo de caso, salienta Yin (2005) ser

uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo

dentro de seu contexto, buscando analisar uma situação específica.

Pode-se ainda especificar melhor o estudo de caso como único, que pode ser

apropriado para várias circunstâncias.

Encontra-se fundamento lógico para um caso único quando ele representa o caso decisivo ao testar uma teoria bem formulada. A teoria especificou um conjunto claro de proposições, assim como as circunstâncias nas quais se acredita que as proposições sejam verdadeiras. Para confirmar, contestar ou estender a teoria, deve existir um caso único que satisfaça todas as condições para testar a teoria. O caso único pode, então, ser utilizado para determinar se as proposições de uma teoria são corretas ou se algum outro conjunto alternativo de explanações possa ser mais relevante (YIN, 2005, p.62).

Ainda Roesch (1999) destaca que o propósito da avaliação formativa é

59

melhorar ou aperfeiçoar sistemas ou processos. A avaliação formativa normalmente

implica um diagnóstico do sistema atual e sugestões para sua reformulação; por

isso, requer certa familiaridade com o sistema e a possibilidade de implementar as

mudanças sugeridas e observar seus efeitos. É um dos tipos mais escolhidos para

identificar problemas ou oportunidades de melhoria em uma organização.

3.2 Sujeito de estudo:

A empresa pesquisada foi fundada em 1992, e desde então vem atuando no

mercado de elevadores residenciais e comerciais, com destacada atuação nas áreas

de manutenção e serviços de conservação, reparos e montagens, em elevadores de

marcas existentes no mercado e também escadas rolantes, e também com

fabricação de elevadores da própria marca, sendo pioneira na região, nesse ramo de

vendas, já que seus principais concorrentes são multinacionais.

A sede está localizada no município de Balneário Camboriú, onde mantêm

todos os recursos e mão-de-obra, equipamentos e ferramental para o atendimento.

De 1996 em diante houve grandes mudanças para a empresa como um todo,

iniciou o processo de importação de alguns equipamentos e melhorou

significativamente a qualidade dos produtos fornecidos na venda de elevadores,

passando então a concorrer em vendas diretamente com multinacionais e

trabalhando com equipamentos importados de qualidade igual ou superior.

Hoje a empresa não é competitiva no ramo de vendas de elevadores novos,

devido ao alto custo dos equipamentos e, por isto, está em uma situação de

transição ou mudança de seus objetivos iniciais. Assim, a acadêmica acredita ser

um excelente momento para a definição de novas estratégias que a tornem

novamente competitiva.

A administração da empresa ainda considera como problemas básicos a falta

de mão-de-obra qualificada à disposição da empresa. Não existe nenhum curso

preparatório ou de treinamento na região e quando se investe em treinamento os

colaboradores se tornam alvo de disputa entre as empresas do ramo, aumentando

assim o valor médio dos salários dos técnicos.

60

O universo da pesquisa é definido como uma população, que segundo

Marconi e Lakatos (2001) é o conjunto de seres animados ou inanimados que

apresentam pelo menos uma característica em comum.

Na visão de Roesch (1996) população é um grupo de pessoas ou empresas

que interessa entrevistar ou questionar para o propósito específico de um estudo.

Como se trata de uma população um pouco vasta, se trabalhará com uma

amostra, que para Marconi e Lakatos (2001, p.163) “é uma parcela

convenientemente selecionada do universo (população; é um subconjunto do

universo)”. A população desta pesquisa foram os 4 administradores responsáveis

pela empresa em questão.

3.3 Coleta de dados

O primeiro dos objetivos da presente pesquisa foi atendido a partir do repasse

da bibliografia sobre o tema Ciclo de Vida das Organizações.

Quanto ao segundo objetivo, os dados foram obtidos através de fontes

primárias e secundárias. Destaca Mattar (1996) que os dados primários são aqueles

coletados com o único objetivo de satisfazer às necessidades da pesquisa, e os

dados secundários, são aqueles que já foram coletados e catalogados outrora pela

empresa e que já estão disponíveis para consulta.

Os dados primários foram coletados através de entrevista semi-estruturada

aplicada à amostra que fez parte da pesquisa.

Destaca Rudio (2002) que a entrevista é constituída por uma lista de

indagações que, respondidas, dão ao pesquisador as informações que ele pretende

atingir. Na entrevista, as perguntas podem ser abertas ou fechadas, ou em forma de

tópicos, de maneira oral, quer a um indivíduo em particular, quer a um grupo, e as

respostas são registradas geralmente pelo próprio entrevistador.

Além das fontes mencionadas, também as observações feitas diretamente

pela acadêmica foram levadas em consideração, por tratar-se do local de trabalho

da mesma.

61

O terceiro objetivo dessa pesquisa foi atingido a partir da interpretação dos

dados, utilizando-se técnicas variadas, principalmente a análise de conteúdo, tendo

como referência a Teoria do Ciclo de Vidas das Organizações abordada por Adizes.

3.4 Análise e interpretação dos dados

O objetivo principal do tratamento e análise dos dados foi permitir à

acadêmica o estabelecimento das conclusões, a partir dos dados que foram

coletados.

Para Rudio (2002), o pesquisador utilizará uma série de técnicas para analisar

o material que foi coletado, consistindo na sua interpretação a principal técnica

visando expressar o verdadeiro significado do material, que se apresenta em termos

dos propósitos do estudo a que se dedicou, tendo como referência a Teoria do Ciclo

de Vida das Organizações, sistematizados conforme o primeiro objetivo desta

pesquisa. Os dados foram apresentados em forma de quadros e relatórios

explicativos.

A análise foi feita através de entrevista semi-estruturada com os quatro

dirigentes da empresa, uma amostra de uma população total de vinte e duas

pessoas.

4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo apresentam-se os resultados obtidos com a análise do ciclo de

vida das empresas: um estudo de caso na empresa NER comércio de elevadores

LTDA, através de entrevistas aplicadas na empresa no período compreendido entre

os meses de Março e Abril de 2008, e estão escrito de forma objetiva e comentada.

4.1 Identificação do estágio de ciclo de vida da NER Elevadores

Este relatório de conclusão de estágio tem como objetivo geral propor ações

de melhorias para o crescimento sustentável da NER Elevadores.

Para seu alcance foi preciso identificar e classificar o estágio de ciclo de vida

na qual se encontra. Assim, apresentam-se a seguir as respostas obtidas através de

entrevistas semi-estruturadas realizadas com os responsáveis da empresa.

Após a análise das entrevistas e observação da pesquisadora ficou

comprovado para a mesma que a empresa NER Elevadores encontra-se no primeiro

estágio de envelhecimento, ou seja, na fase da Estabilidade. Segundo Adizes

(1993), nesta fase a organização ainda está forte, mas vai perdendo sua

flexibilidade. Ela está chegando ao fim do crescimento e começando a declinar.

O autor corrobora ainda que, neste estágio a empresa tem expectativas

menores de crescimento, menos expectativa de conquistar novos mercados,

tecnologias e regiões inexploradas, começa a se concentrar nas realizações do

passado ao invés de visualizar o futuro, desconfia das mudanças, recompensa

àqueles que fazem o que lhes é mandado e está mais interessada nas relações

interpessoais do que em riscos. O autor ainda destaca que, neste estágio

Burocrático, a empresa não gera recursos próprios em grau suficiente. Ela justifica

sua existência não pelo fato de funcionar bem e ordenadamente, e sim,

simplesmente pelo fato de existir (ADIZES, 1993).

Conforme destaca Adizes (1993), as empresas no estágio de envelhecimento

apresentam alguns fatores de regressão em relação aos estágios do ciclo de vida já

atingidos anteriormente. Desta forma, através das entrevistas realizadas verificou-se

63

alguns pontos regressivos de estágios na NER Elevadores apesar, de estar na fase

de Estabilidade.

O primeiro estágio no desenvolvimento de uma organização é chamado de

namoro, que é quando a organização ainda não nasceu existindo apenas uma idéia

do negócio. Nesta fase, a meta que motiva o fundador deve ser a satisfação de uma

necessidade do mercado, deve ser criação de valor adicionado. Em relação a está

fase a NER não apresenta nenhum sinal de declínio, pois, permanece trabalhando

com mesmo propósito inicial e atende as necessidades do mercado em que atua.

A infância é o segundo estágio do ciclo de vida de uma organização, neste

ciclo a empresa enfrenta um grave paradoxo. Quanto maiores forem os riscos que

enfrentar, mais firme terá que ser o compromisso para ela ser bem-sucedida. Nesta

fase, a empresa tem poucas diretrizes, poucos sistemas, poucos procedimentos e

poucos orçamentos. Todo o seu sistema administrativo pode estar escrito no verso

de um velho envelope enfiado no bolso do colete do fundador (Adizes, 1993).

Sendo assim, verificou-se que em relação aos sistemas, procedimentos e

diretrizes, a NER dispõe de poucos procedimentos escritos, conforme relatado pelos

entrevistados. De acordo com o administrador 1: “a empresa deveria ter mais

sistemas e procedimentos estabelecidos, pois, todo controle deve ser por escrito

para assim se obter a correta execução das tarefas”.

O administrador 2 corrobora com a mesma opinião, e relatou: “ penso que os

procedimentos são poucos e o aumento dos mesmos se faz necessário para poder

obter-se maior controle de qualidade das atividades e satisfação dos clientes”.

Verificou-se que o administrador 3 diverge da opinião de seu colegas, pois afirma “

são muitos os processos que organizam poucos procedimentos de informação para

os colaboradores, falta mais diretrizes, orientações mais claras”.

De acordo com observações feitas pela pesquisadora “os procedimentos

existentes são realmente incipientes e deveriam ser criados procedimentos e

diretrizes mais objetivas e claras para que desta forma, não haja nenhum equívoco

de interpretação”.

A terceira fase do ciclo de vida é aquela em que a idéia já está em

funcionamento, em que a empresa já resolveu o seu fluxo de caixa negativo e em

que as vendas vão aumentando. Ela parece que não só está sobrevivendo, como

também florescendo. Esta fase é chamada de Toca-Toca. Na visão de Adizes

(1993), neste estágio toca-toca, as vendas aumentam rapidamente sem grandes

64

esforços, e o fundador começa a descuidar dos seus investimentos. Ele não planeja

tendo em vista resultados; pelo contrário, simplesmente espera que os resultados

apareçam.

Verificou-se na NER um declínio de estágio de Toca- Toca, em relação ao

planejamento da empresa. Notou-se, a partir das entrevistas, uma estagnação da

empresa em relação ao seu planejamento, conforme as opiniões dos entrevistados.

O administrador 1 relatou que “ a empresa não possui um planejamento e que não

pode ser formalizado por motivos financeiros”, já o administrador 2 diz que “ a

empresa possui um planejamento porém, não muito claro e desta forma, tenta

sobreviver”. Para o administrador 3, a empresa possui um planejamento formal

baseado em seu produtos e mercados desde o início de suas atividades,

“necessitamos desenvolver um planejamento diferenciado, algo novo que traga

lucratividade para a empresa”. A pesquisadora deste, corrobora com a opinião do

administrador 1 e afirma que a empresa não possui um planejamento, “falta tempo

para os responsáveis e o planejamento está apenas na mente do proprietário”.

Ficou claro que o planejamento está apenas na mente dos diretores sem

intenção de formalizá-lo, dificultando assim a melhora e aprimoramento do mesmo,

pois, não abrem o assunto para discussão alegando falta de tempo.

Depois desse estágio, a empresa entra na fase de adolescência, onde ela

renasce longe do seu fundador. Sob muitos aspectos, a empresa é de fato como um

adolescente tentando estabelecer sua independência da família.

De acordo com o administrador 1: “o processo decisório está centralizado na

diretoria e assim deve permanecer pois, os diretores são os fundadores e os níveis

inferiores podem até dar sugestões porém, a decisão final tem que ser dos

diretores”.

O administrador 2 corrobora com a mesma opinião, e relatou: “ penso que o

processo de tomada de decisão sempre esteve na mão dos diretores e é assim que

deve continuar”. Verificou-se que o administrador 3 diverge um pouco da opinião de

seu colegas, pois afirma “ o processo decisório deveria ocorrer com base nas

opiniões dos setores diretamente envolvidos”.

A pesquisadora pode observar que “o processo de decisão é centralizado

apenas na diretoria sem a participação e opinião dos membros de níveis inferiores”.

Notou-se através das entrevistas que a empresa possui setores de vendas,

produção, administrativos e finanças que deveriam estar inclusos no planejamento,

65

porém verificou-se conforme parágrafo acima que o mesmo é muito informal, e que

conforme relatado pelos entrevistados o poder na empresa está centralizado nas

mãos do proprietário, desta forma, destaca-se que há pouca delegação de ações,

estas são definidas pelo proprietário. Verificou-se nesta questão que a empresa

apesar de estar num estágio avançado no ciclo de vida, encontra-se na Estabilidade,

mas segundo Adizes (1993) “ainda apresenta falhas da fase de Adolescência”.

Ainda, conforme Adizes (1993), a adolescência é um ponto crítico da

transição na qual a empresa não precisa de alguém como o fundador, e sim de um

administrador totalmente diferente que complemente o seu estilo e que esteja ciente

que a sua orientação pessoal e a do fundador entrarão em conflito.

O estágio seguinte é o ponto mais favorável na curva do Ciclo de Vida,

chamado de Plenitude, onde a organização atinge um equilíbrio de autocontrole e de

flexibilidade.

Destaca Adizes (1993) que as características de uma organização na

plenitude são:

• Sistemas e estrutura organizacional funcionais;

• Visão e criatividade institucionalizadas;

• Orientação para os resultados, a organização satisfaz as necessidades

dos clientes;

• A organização planeja e segue seus planos;

• A organização supera suas expectativas de desempenho,

previsivelmente;

• A organização é capaz simultaneamente de manter o crescimento das

vendas e o aumento da lucratividade;

• A organização passa a gerar novas organizações Criança.

Este estágio é onde toda organização pretende chegar e se manter, a NER já

esteve neste estágio, chegando a ser referência na região onde atua, porém, devido

às muitas exigências para se manter neste estágio, percebe-se que atualmente a

empresa encontra-se no estágio seguinte, que é o primeiro estágio de

envelhecimento do ciclo de vida organizacional, a Estabilidade.

No estágio da Estabilidade a empresa ainda está forte, mas vai perdendo sua

flexibilidade. Ela está chegando ao fim do crescimento e começando a declinar.

Precisa tomar consciência disto e agir nos pontos de regressão.

66

Verificou-se algumas destas fragilidades durante as entrevistas, conforme

nota-se nos relatos dos entrevistados. Quando os entrevistados foram questionados

a respeito da posição de mercado da empresa, constatou-se que a empresa está

com perda de participação no mercado e com receitas e lucros em queda, fato

relatado por três dos entrevistados, o administrador 1 disse que “as vendas não

estão valendo a pena, os custos estão muito altos e pouco faz diferença, há muito

trabalho e pouco lucro”. O administrador 2 afirma que “ estamos perdendo posição

no mercado e por conseqüência caindo as vendas, precisamos desenvolver uma

nova política de preços, prazo, promoções e divulgação de novos produtos”; o

administrador 3 apenas concordou com a perda de posição no mercado e receitas

em queda. Em contra partida a pesquisadora, que atua na organização, junto aos

diretores, observa que “a empresa já foi referência na região e por muitos anos

ocupou o posto de empresa concorrente de multinacionais na manutenção de

elevadores. Hoje vive em conflito com a concorrência por causa dos baixos preços

cobrados no mercado e que a NER não consegue concorrer. Quanto à conquista e

posição de mercado, fluxo de caixa e liquidez, também não se sente segura, deixou

de assumir riscos e deixou de investir em marketing, tendo baixa liquidez e nada de

incentivo a criatividade e inovação”.

Devido à percepção de perda de posição em relação ao mercado, verificou-se

o interesse da empresa por melhorias apesar da constatação de algumas

regressões de estágios, conforme relatado anteriormente. Constatou-se a

unanimidade das respostas dos entrevistados em afirmar que a empresa está

buscando uma melhora dos seus procedimentos com a redução de custos

operacionais e de produção.

Pode-se afirmar que “a organização está procurando desenvolver sistemas

devido ao crescimento de forma rápida e passando por processos de transição, a

empresa que já passou por um período onde houve grande crescimento e rápido,

hoje passa o tempo resolvendo problemas anteriores”, a pesquisadora.

Em relação aos controles gerenciais e sistemas utilizados pela organização,

constatou-se a preocupação em adequar-se as exigências atuais do mercado.

“Talvez tenhamos que nos readaptar às novas tecnologias para gerir um sistema

mais atual, tentar fazer isto sem aumentar os custos ou quadro de funcionários”,

relato administrador 1. Corroborando com estas idéias o administrador 2, afirma que

os controles gerencias e sistemas são feitos pelo proprietário e este não dá retorno

67

das informações obtidas, dificultando assim a execução das tarefas de maneiras

mais precisas. O administrador 3 não quis opinar disse apenas: “acho que a

empresa possui bons instrumentos de controle”. A pesquisadora constatou “que a

empresa possui uma grande quantidade de controle sem qualquer finalidade e que

estes controles não visam proporcionar informações sobre problemas

relacionamentos com as atividades essenciais, tais como melhora dos produtos e do

atendimento aos clientes”. Percebe-se ainda, segundo as entrevistas e no convívio

diário que a empresa não consegue gerar recursos próprios suficientes para manter-

se, “existem problemas de insatisfação entre funcionários e problemas entre

departamentos, os clientes reclamam e os problemas não são resolvidos, existe um

jogo para tentar achar o culpado e depois nada é feito. Pouca expectativa de

crescimento, e nenhuma expectativa de novos mercados. A empresa está

concentrada nas realizações do passado e sem conseguir focar melhoras para o

futuro”; a pesquisadora.

Fato concordante com Adizes (1993), neste estágio de envelhecimento a

empresa tem expectativas menores de crescimento; começa a se concentrar em

realizações do passado ao invés de visualizar o futuro; desconfia das mudanças.

Empreendedores são peças fundamentais atualmente nas organizações, a

NER ainda não se conscientizou totalmente deste fato, pois, de acordo com Adizes

(1993) relata que nesta fase de envelhecimento a empresa desconfia das

mudanças; recompensa àqueles que fazem o que lhes é mandado e está mais

interessada nas relações interpessoais do que em riscos, verificou-se segundo

respostas unânimes dos 4 dos entrevistados que: “em tempo de crises, pessoas

chaves da empresa são demitidas sem causa”. A empresa não consegue

simultaneamente manter o crescimento das vendas com as perspectivas dos

clientes e aumento da criatividade, “as vendas estão em ritmo lento, e há pouca ou

nada de criatividade”.

Através da análise das entrevistas concluiu-se que a empresa encontra-se no

estágio de ciclo de vida Estável, ou seja, está na fase inicial do envelhecimento,

onde a empresa precisa de pessoas empreendedoras para superar o declínio dos

estágios e assim manter no estágio considerado ideal pelos teóricos estudados, a

Plenitude.

68

4.2 Ações de melhorias

Analisadas as entrevistas de verificação de estágio de ciclo de vida, percebe-

se que a NER elevadores encontra-se, conforme pesquisa realizada durante o

estágio e publicações consultadas, no estágio de Estabilidade, que dentro das

características do ciclo de vida organizacional é o início de envelhecimento da

mesma, pois, neste estágio a empresa ainda é forte mais está perdendo sua

flexibilidade (ADIZES, 1993).

Verificaram-se algumas fragilidades em diferentes processos, constatando-se

assim a necessidade de mudança dos mesmos para o crescimento da empresa e

aumento da lucratividade.

Adizes (2002), faz um quadro comparativo entre as diferenças entre uma

organização no lado do crescimento na Curva do Ciclo de Vida e outra situada no

lado do envelhecimento, conforme observa-se no quadro abaixo:

Quadro 6: Comparativo das características do crescimento x envelhecimento organizacional Fonte: Adizes (2002, p. 96)

69

De acordo com o quadro de Adizes acima e as respostas obtidas através das

entrevistas, confirma-se o envelhecimento da NER Elevadores, tornando-se

necessária a mudanças de certos hábitos e controles para que a empresa volte a ter

um crescimento e sustentabilidade.

Se permanecer dormente por muito tempo, a organização pode morrer. A

gerência precisa ter uma visão para manter vivo o seu interesse, para não

abandonar o seu compromisso e para se dispor a resolver as dificuldades da

organização. Se a gerência não recuperar o sonho, se não conseguir definir o que

está tentando atingir, então à organização será sinônimo de trabalho e nada mais, e

haverá um esgotamento do talento gerencial (ADIZES, 2005).

O empresário tem que estar preparado para implementar mudanças sempre

que a circunstância assim requisitar. Tem que ser flexível, rápido e eficaz o

suficiente para desenvolver sistemas de adaptação a novos contextos, novas

situações, tendo a criatividade, espírito inovador, espírito empreendedor, habilidade

para se sair bem, preparado para aprender sempre e acima de tudo ser capaz de

conduzir a organização ao crescimento e a conseqüente Plenitude, estágio em que

toda organização almeja atingir e se manter.

Nesta mesma perspectiva, Adizes (2005), destaca que elevar o grau de

consciência é a tarefa mais crítica para a organização Estável. Seus membros têm

que perceber que o nível de empreendedorismo diminuiu e que a idade mental de

seus membros está aumentando. Os membros de uma organização Estável

concordam a respeito de tudo, e estão próximos demais de tudo que acontece ao

seu redor. O autor ainda destaca que, se a causa do envelhecimento for à idade

mental da gerência, recomenda-se preencher os cargos de cúpula com gerentes de

mentalidade mais jovem e empreendedora.

A criação e o desenvolvimento de novos conhecimentos e ações de melhorias

são obtidos mediante uma interação entre o administrador, a realidade que o cerca e

seus colaboradores.

Segundo Eisenstat e Beer (1999) a estratégia empresarial bem sucedida

envolve a compatibilização entre o gerente geral e a sua equipe para a identificação

de oportunidades, para a conquista de vantagem competitiva no mercado e no

desenvolvimento de uma organização capaz de realizar as oportunidades.

70

A presença de administradores capazes de criarem novas ações que

aprimorem o desempenho das empresas pode ser melhorada mediante a formação

de equipes com aptidões diferenciadas, assim como, motivações diversas.

A mudança estratégica que levará a transição de um estágio para outro deve

ser quântica, ou seja, a empresa deve mudar vários elementos ao mesmo tempo

como a sua estrutura e os comportamentos presentes na empresa.

Apesar classificar-se a NER no estágio de Estabilidade, verifica-se que ainda

possui problemas remanescentes dos estágios anteriores. Nesse sentido, nota-se

que a empresa possui problemas dos estágios de infância, toca-toca, adolescência e

de envelhecimento precoce, causados pela baixa flexibilidade decorrente da falta do

aprendizado em equipe e da predominância das aptidões do empreendedor sobre os

funcionários.

As ações de melhorias para a empresa em questão precisam ser realizadas

de forma que haja o aprendizado organizacional. Os controles precisam ser

flexibilizados para a ação consciente dos funcionários sobre os problemas

sistêmicos da organização. O que levará à evolução da empresa no ciclo de vida das

organizações e do desenvolvimento de novas aptidões nos seus integrantes.

Em se tratando de ações de melhorias verificou-se algumas necessidades,

entre elas:

1. Melhoria nos sistemas e procedimentos utilizados:

Ação: A empresa já possui sistemas e procedimentos pré-definidos, porém os

mesmos não estão sendo utilizados por todos os setores. Definir qual o sistema

e procedimento mais adequado para cada setor e acompanhar a utilização

destes, bem como formalizá-los.

2. Processos administrativos, sistemas e diretrizes formais:

Ação: Criar processos e diretrizes por escrito, formalizando estes para que

possam ser cobrados dos colaboradores que devem utilizá-los. Principalmente

no setor administrativo que deve prestar contas, e assim o responsável poder

acompanhar o crescimento ou declínio das atividades e poder agir quando

necessário fazendo intervenções nos mesmos.

71

3. Planejamento e ações:

Ação: Colocar o planejamento existente apenas na mente do fundador por

escrito, formalizando-o, ajudando assim a melhorar o trabalho e desempenho

dos colaboradores na execução de suas tarefas. Definir o planejamento

adequado para cada setor: vendas, produção, administrativo e finanças.

4. Objetivos e foco:

Ação: Delegar a função de controle de marketing a um diretor responsável para

que seja cumprido o objetivo de crescimento das vendas buscando novos

mercados e produtos, não deixando esse foco se perder olhando para a história

da organização, sem visualizar as constantes mudanças no cenário econômico

mundial.

5. Maior delegação de funções:

Ação: percebeu-se no decorrer do estudo que o fundador apesar de delegar

funções sempre acompanha todas etapas e tomadas de decisões, desta forma,

faz-se necessário a presença de um administrador empreendedor totalmente

diferente que complemente o seu estilo e que esteja ciente que a sua orientação

pessoal e a do fundador entrarão em conflito, mas ajudarão no crescimento

sustentável da empresa.

6. Utilizar a análise SWOT:

Ação: a análise SWOT é uma ferramenta de desenvolvimento estratégico que

compara as forças e fraquezas internas da organização com as oportunidades e

as ameaças externas.

Diante dos dados levantados, estas seriam as sugestões de melhorias a

serem implementadas pela NER Elevadores LTDA., para sair do estágio de

envelhecimento e se manter no mercado com um crescimento sustentável.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para o aprendizado acadêmico o trabalho realizado foi de extrema relevância,

pois, resultou no aprofundamento teórico das técnicas ou habilidades gerenciais

utilizadas atualmente no mercado. Através desta pesquisa observou-se a

importância da constante atualização do empreendedor em relação as habilidades e

técnicas gerenciais exigidas pelo mercado na formação profissional dos gestores.

Administrar é um desafio, diante um mercado competitivo como o de

tecnologias igual ao da NER, que trabalha com prestações de serviços, seus

gestores precisam ter um diferencial. Perante um grande número de concorrentes,

precisam mostrar qualificação para conseguir superar os mesmos e, agradar seus

clientes, oferecendo serviços de qualidade, confiança, respeito e responsabilidade.

O presente trabalho desenvolvido teve como principal objetivo propor ações

de melhoria que favoreçam o crescimento sustentável da empresa NER Comércio

de Elevadores Ltda., com base na Teoria do Ciclo de Vida das Organizações.

Buscou-se fundamentar os conhecimentos teóricos relacionados ao tema de

estudo, abordou-se assim Administração e Organizações, Abordagem Sistêmica e

as Organizações, Teoria da Contingência, Stakeholders, Ciclo de Vida das

Organizações, Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Estratégias.

Para atingir o objetivo geral proposto nesta pesquisa, foi aplicado uma

entrevista semi-estruturada com os diretores responsáveis pela organização, a fim

de identificar em qual ciclo de vida segundo os autores pesquisados se encontra a

empresa para assim poder propor algumas ações de melhorias.

Foram traçados alguns objetivos específicos para alcançar o objetivo geral da

pesquisa, dentre eles buscou-se elaborar um quadro conceitual sobre a Teoria do

Ciclo de Vida das Organizações, identificar o estágio do ciclo de vida da organização

em estudo, elaborar, a partir do estudo, um conjunto de ações de melhorias para

que a empresa possa entrar em seu próximo estágio de seu ciclo de vida, com

sugestões que a ajudem a crescer e se manter de maneira sustentável.

Verificou-se com os dados levantados que a empresa está entrando no

primeiro estágio de envelhecimento do ciclo de vida organizacional, constatou-se

algumas falhas cometidas ainda nos primeiros estágios de vida de uma organização.

73

Encontra-se atualmente no Estágio de Estabilidade, a empresa vive muitas

vezes de seus feitos alcançados no passado, tornando-se um pouco obsoleta,

esquecendo-se de buscar atualização de tecnologias e pessoal qualificado para

injetar novas idéias de crescimento, para que desta forma, voltem a atingir o estágio

de Plenitude onde toda empresa deseja se manter.

Constatou-se assim a necessidade de adaptação ao mercado econômico

atual que sofre constantes modificações e que a NER não está conseguindo

acompanhar. Para isto foram propostas algumas ações de melhorias para alguns

setores e sugeriu-se que o fundador possa aceitar um administrador empreendedor

frente a sua empresa para que este possa ajudá-la voltar ser competitiva no

mercado de elevadores.

Enfim, este estudo mostrou que aplicar a teoria na prática do dia-a-dia, num

mercado tão competitivo exige muito esforço e conhecimento. A busca do

conhecimento deve ser constante para qualquer profissional e ao deparar com

alguns resultados da pesquisa efetuada, despertou-se o interesse em buscar

informações e fundamentações teóricas sobre os assuntos. O assunto não se

esgota, pois, existem as empresas, os gestores, os clientes, os colaboradores, os

estudos e as soluções. As ferramentas certas, utilizadas do modo correto, dentro de

todo o aspecto organizacional, levam a confirmar que o empreendedorismo é o

caminho para solucionar os problemas, agregando benefícios tanto para a

organização como para o seu gestor.

Concluiu-se que, há possibilidades para outros estudos serem feitos no futuro,

na empresa estudada, tais como: um aprofundamento de técnicas administrativas,

qualificação para a área de vendas e tecnologia, criar um setor de marketing

estratégico bem como métodos e técnicas para desenvolvimento de novos produtos

e mercados.

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APÊNDICE

Apêndice 1: Pesquisa aplicada aos gestores diretores da NER Comércio de

Elevadores Ltda.

Prezados Senhores (as)

Este entrevista trata-se de uma pesquisa onde se pretende propor ações de

melhoria que favoreçam o crescimento sustentável da empresa NER Comércio de

Elevadores Ltda., com base na Teoria do Ciclo de Vida das Organizações.

Esclarecemos que não há necessidade de se identificar. Sua participação é

fundamental, sendo que os resultados desta pesquisa serão utilizados para fins

científicos, considerados como parte dos requisitos do estagio curricular para a

conclusão do curso de Administração – Gestão Empreendedora da UNIVALI.

Obrigada pela colaboração.

Nazareth Arruda de Andrade.

1. Na empresa, os sistemas, os procedimentos e orçamentos são rudimentares?

( ) Sim ( ) Não Deixe sua opinião:

2. A gestão está centralizada nas mãos do(s) empreendedor(es), ou seja, sem delegação de autoridade? ( ) Sim ( ) Não Deixe sua opinião:

80

3. Há necessidade de controle de fluxo de caixa da empresa, devido a

escassez de recursos.

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

4. O(s) fundador(es) ou gerente(s) assumem funções diversas ao mesmo tempo?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

5. A empresa está crescendo de forma rápida e passando por processos de transição procurando desenvolver sistemas?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

6. O fluxo de caixa é satisfatório devido ao incremento das receitas?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

7. Há conflito entre os sócios e administradores ou tomadores de

decisões?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

81

8. A empresa procura desenvolver sistema de controle, elaborar orçamentos, diretrizes e procedimentos, enfatizando o processo administrativo?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

9. Em período de transição, diretores demitem pessoas empreendedoras?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

10. A organização simultaneamente é capaz de manter o crescimento das vendas com as perspectivas dos clientes e aumento da criatividade?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

11. A empresa está planejada e segue seus planos, mas enfrenta escassez de pessoal bem treinado para o quadro de funcionários?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

12. A empresa se sente segura pela sua posição no mercado?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

82

13. A empresa já conquistou posição no mercado, possui excelente fluxo de caixa e liquidez, se sente segura. Não pretende assumir riscos com novos investimentos?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

14. Deixa de pesquisar sobre novos produtos, dando preferência aos produtos tradicionais nos seus negócios?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

15. A organização procura valorizar mais o pessoal de confiança do que os com função de marketing ou pesquisa e desenvolvimento?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

16. O planejamento é decidido pelos diretores, ou seja, a flexibilidade organizacional está diminuindo?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

17. A área administrativa está bem instalada, existindo formalidades nas atitudes, padrões e comportamento referente aos membros corporativos?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

83

18. Os sistemas de informação não atendem as necessidades dos dirigentes, em conseqüência procuram os responsáveis pelos erros? ( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

19. A empresa toma decisões pelo que foi pré-estabelecido, embora esteja

organizada com sistemas administrativos, diretrizes e normas?

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

20. A empresa não consegue gerar recursos próprios suficientes para manter-se. Clientes insatisfeitos começam a migrar para concorrentes:

( ) Sim ( ) Não

Deixe sua opinião:

84

Apêndice 2: Quadro técnico dos colaboradores e da NER Elevadores.

Departamento Comercial:

Nivaldo do Nascimento

Departamento Financeiro / Administrativo:

Nazareth Arruda de Andrade

Departamento de Serviços:

Renato Sander

Departamento Montagens e Reparos:

Ernesto Soares

DETALHAMENTO DE SUAS PRINCIPAIS ATIVIDADES

Manutenção Preventiva:

Análise da Performance de Qualidade

Casa de máquinas

Bloqueio Elétrico

Conjunto de Tração

Ajuste Mecânico

Ajuste Elétrico do Controle

Limpeza e Verificação do Controle

Limpeza e Lubrificação do Topo da Cabina

Limpeza Completa do Poço do Elevador

Verificação de Portas de Pavimento e Cabina

Manutenção Corretiva:

Atendimento de Chamadas:

Técnicos treinados

Eficiência Aliada à Eficácia no Atendimento

Ferramental Adequado para o Pronto Atendimento

Veículos de locomoção para transportes de material e Pessoal

85

Serviços de Reparos:

Almoxarifado com Estoque Adequado

Equipe Dimensionada para Execução de qualquer Serviço

Serviços de Modernização:

Tecnologia de Última Geração

Quadros de Comando Microprocessado

Botoeiras com Indicadores Digitais

Aparelhos Seletores com Sensores Óticos

Barras de Proteção Eletrônicos

Serviços de Reformas:

Forração de Cabinas em Aço Inox ou Fórmica Texturizada

Colocação de Piso em Cabina de Granito ou Paviflex

Montagens:

Fabricação e montagens de elevadores residenciais, comerciais e escadas rolantes.

Com a análise espera-se contribuir para um melhor entendimento da

importância de conhecer o estágio ou ciclo de vida em que a empresa está vivendo

e propor opções de novas estratégias para a entrada no novo ciclo, dando assim

auxílio aos administradores no processo decisório da empresa, bem como a relação

com o estágio de vida da mesma.