UNIVERSIDADE DESÃO PAULO INSTITUTO DE QUIMICA · 2015-05-04 · clean-upfollowed by MEKC in high...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUIMICA DESENVOLVIMENTO DE ESTRATEGIAS DE PRE- CONCENTRAÇÃO ELETROFORESE CAPILAR (CE) VISANDO A ANÁLISE DE PESTICIDAS EM FRUTAS E LEGUMINOSAS Clóvis Lúcio da Silva Tese de Doutorado Marina F. M. Tavares São Paulo ' 2003 .

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO~

INSTITUTO DE QUIMICA

~ ~

DESENVOLVIMENTO DE ESTRATEGIAS DE PRE-

CONCENTRAÇÃOP~ ELETROFORESE CAPILAR

(CE) VISANDO A ANÁLISE DE PESTICIDAS EM

FRUTAS E LEGUMINOSAS

Clóvis Lúcio da Silva

Tese de Doutorado

Marina F. M. TavaresSão Paulo '

2003 .

Ficha CatalográficaElaborada pela Divisão de Biblioteca e

Documentação do Conjunto das Químicas da USP.

Silva, Clóvis Lúcio daS586d Desenvolvimento de estratégias de pré-concentração para

eletroforese capilar (CE) visando a análise de pesticidas emfrutas e leguminosas / Clóvis Lúcio da Silva. -- São Paulo,2003.

219p.

Tese (doutorado) - Instituto de Química da Universidadede São Paulo. Departamento de Química Fundamental.

Orientador: Tavares, Marina Franco Maggi

1. Eletroforese capilar: Química analítica 2. Pesticida:Agricultura I. T. 11. Tavares, Marina Franco Maggi,orientador.

543.0871 CDD

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LVcibalho:

Lista de abreviaturas

À - comprimento de onda

y - ganho na pré-concetração do analito

IJ. - mobilidade eletroforética

<p - relação entre o volume das micelas e o volume da fase líquida

v - velocidade

11 -viscosidade

lJ.a - mobilidade aparente

13-CO - beta ciclodextrina

y-CO - gama ciclodextrina

lJ.eo - mobilidade do fluxo eletrosmótico

ACN - Acetonitrila

BGS - Eletrólito de sepração

BuOH - Butanol

CO - Ciclodextrina

CE - Eletroforese capilar

CGE - Eletroforese em gel

CIEF - focalização isoelétrica capilar

CITP - Isotacoforese capilar

CM(BGS) - concentração de micela na zona do eletrólito de separação

CM(S) - concentração das micelas na zona da amostra

cmc- concentração micelar crítica

cmt - temperatura micelar crítica

CN - ciano fase ligada

CPE - extração por cloud-point

Cs - concentração do tensoativo em solução

CV - coeficiente de variação

CZE - eletroforese capilar de zona

OAO - detector de arranjo de diodos

Om-13-CO - dimetil beta ciclodextrina

EOF - fluxo eletrosmótico

EtOAC - acetato de etila

EtOH - Etanol

Fe - força eletrostáticav

FESI - injeção com amplificação de campo

FESI-RMN - Injeção de campo amplificado com migração reversa das micelas

Ff - Força friccionai

FSCE - Eletroforese em solução livre

GCB - carbono grafitizado

GC-ECO - Cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons

GC-MS - Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa

GPC - extração cromatográfica com permeação em gel

GS - Grau de substituição

HLB - balanço hidrofílico e lipofílico

HPLC - Cromatografia líquidas de alto desempenho

K - fator de retenção

LO -limite de detecção

linj - comprimento de plug da amostra injetado

LLE - extração em fase líquida

LQ -limite de quantificação

Isweep - comprimento da zona da amostra após o sweeping

MECK - Cromatografia eletrocinética micelar capilar

MeOH - Metanol

MRLs - nível Maximo de resíduo

MRMs - método multiresíduo

MSPO - dispersão da amostra na fase sólida

M-SRMM - stacking com migração reversa das micelas modificado

M-SRW - stacking usando a migração reversa das micelas e um plug de água

modificado

N - Número de agregação

NH2 - amino fase ligada

NP -fase normal

NSM - stacking em modo normal

NTE - Esterase neurotóxica

OE - oxietileno

PAHs - hidrocarboneto policíclicos aromáticos

PCBs - bifenil policlorados

PCDFs - dibenzenofuranos

PrOH - Propanol

q - Carga •

r - raio

REPSM - stacking com polaridade reversa do eletrodo

RP - fase reversa

S - zona da amostra injetada

SOS - dodecil sulfato de sódio

SFC - Fluido supercrítico

SNA - Sistema nervoso assimpático

SPC - clean-up em fase sólida

SPE - extração em fase sólida

SPME - microextratores em fase sólida

SRMM - Stacking com migração reversa das micelas

SRMs - Método de resíduo simples

SRW - stacking usando a migração reversa das micelas e um plug de água

TBS - Tetraborato de sódio (B4Na207.10H20) pH 9,3

TF - Tampão fosfato (H3POJNaH2P04) pH 2,5

Tm-f3-CO - trimetil beta ciclodextrina

UV - Ultra-violeta

"DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE PRÉ-CONCENTRAÇÃO PARA

ELETROFORESE CAPILAR (CE) VISANDO A ANÁLISE DE PESTICIDAS EM

FRUTAS E LEGUMINOSAS"

O uso de pesticidas constitui um importante aspecto na agricultura

moderna, com inquestionável beneficio na produção agrícola. Porém a

contaminação dos alimentos por pesticidas constitui um sério risco a saúde do

consumidor. A determinação de resíduo de pesticidas em alimentos envolve

procedimentos laboriosos, com elevado tempo de análise e várias etapas de pré­

concentração.

Neste trabalho, procedimentos alternativos de extração e pré-concentração

para analise multiresíduo de pesticida em água, frutas e tubérculos foram

desenvolvidos.

A eletroforese capilar em seu modo MEKC em condições de alto e baixo

fluxo eletrosmótico foi empregado para a otimização da separação de diferentes

classes de pesticidas (triazinas, organofosforado, carbendamidazóis, feniluréia e

carbamatos). A composição do eletrólito de separação otimizada para condições

de alto EOF foi: 10 mmol L-1 de tetraborato de sódio (pH 9,3),50 mmol L-1 de SDS

e 5% etanol e 5% propanol, enquanto que para condições de baixo EOF foi: 10

mmol L-1 de tampão fosfato (pH 2,5), 25 mmol L-1 de SDS e 10% metano!.

Estratégias de pré-concetração on-line conhecida como sweeping (SW) e

stacking nos modos de migração reversa das micelas (SRMM) e migração reversa

com um plug de água (SWR) bem como as suas versões modificadas foram

avaliadas, obtendo fatores de pré-concetração de variaram de 2,6 a 19 para o SW,

2,9 a 15 para o SRW e de 5,5 a 15 para o método SRMM modificado.

Varias metodologias de extração envolvendo extração em fase sólida (SPE)

e extração líquido-líquido (LLE) foram testada. A estratégia de extração por cloud

point foi aplicada a uma amostra de abacaxi. O procedimento denominado

dispersão da matriz em fase sólida (sigla inglesa MSPD), que minimiza o uso de

solventes orgânicos e é de fácil implementação foi aplicado a amostras de

cenoura.

A combinação do SPE off-line e das estratégias de pré-concentração

anteriormente mencionadas permitiram a determinação de alguns pesticidas na

concentração de 0,1 I1g L-1 em amostras de água potável.

O método de extração e clean-up MSPD seguida da análise de MEKC em

alto EOF foi otimizado e algumas figuras de mérito foram estabelecidas baseados

em protocolos de validação para análise de pesticidas (IAEA-FAO). Boa

linearidade (r > 0,99) foi obtido para todos os pesticidas estudados, exceto para

linuron e dimetoato. A precisão do método foi estimada através de testes de

recuperação. Dois níveis de fortificação foram utilizados para a avaliação, foram

obtidos recuperações de 51 a 89 % para o nível mais baixo e 67 a 100% para o

maior nível. Foi obtida uma boa precisão intraensaio (CV < 15%).

O método otimizado foi aplicado para análise multiresíduo de cenouras.

Uma amostra adquirida no comércio local foi quantificada encontrando-se 0,88 mg

kg-1 de simazina, 0,13 mg kg-1 de atrazina e 0,08 mg kg-1 de propazina.

"OEVELOPMENT OF PRECONCENTRATION STRATEGIES FOR

PESTICIOES ANALYSIS BY CAPILLARY ELECTROPHORESIS (CE) IN

FRUITS ANO TUBERS".

The use of pesticides constitutes an important aspect of modem

agriculture, with unquestionable impact on crop production. However, food

contamination by pesticide residues is a serious risk for the consumer. The

determination of pesticide residues in food usually involves laborious

procedures, with time consuming sample clean up and preconcentration steps

prior to the analysis.

In this work, alternative methodologies for extraction, pre-concentration

and analysis of pesticide multi-residue in water, fruits and tubers were

developed.

Capillary electrophoresis in its micellar mode (micellar electrokinetic

chromatography, MEKC) under low and high electroosmotic flow (EOF)

conditions was used for the separation of pesticides from different chemical

classes (triazines, organophosphorous, carbendamidazols, phenilurea and

carbamates). Optimized electrolyte compositions were: high EOF - 10 mmol L-1

tetraborate (pH 9.3), 50 mmol L-1 SOS, 5 % ethanol and 5 % propanol; low EOF

- 10 mmol L-1 phosphate buffer (pH 2.5), 25 mmol L-1 SOS and 10 % methanol.

On-line preconcentration strategies for MEKC known as sweeping (SW)

and stacking with reverse migrating micelles with (SRW) and without (SRMM) a

plug of water prior to the sample plug as well as modified versions of SRW and

SRMM were evaluated and contrasted in terms of signal enhancement factor

(peak height ratios) Signal enhancement factors for SW varied from 2,6 to 19

for SRW from 2,9 to 15, whereas for modified-SRMM from 5,5 to 15.

Among the extraction methodologies, several procedures involving solid­

phase extraction (SPE) and liquid-liquid extraction (LLE) were tested. It is worth

mentioning a strategy based upon cloud point extraction, which was applied to

pineapple samples and a procedure denominated matrix solid-phase dispersion

(MSPD), which combines low cost, saves in solvents and easy implementation,

applied to carrots. The combination of off-line SPE and the above mentioned

on-line preconcentration strategies allowed the determination of selected

pesticides in the 0.1 Jl9/L levei (drinking water sample).

A complete methodology involving MSPD for extraction and sample

clean-up followed by MEKC in high EOF was optimized and a few figures of

merit were established based on method validation protocols for pesticide

analysis (IAEA-FAO). Good linearity (r>0.99) was obtained for ali pesticides

under investigation, except for linuron and dimetoate. The method accuracy

was estimated by recovery tests. Two levei standard spiking were conducted

with recoveries of 51 to 89 % for the lowest levei and 67 to 100 % for the

highest leveI. Acceptable intra-day precision was obtained (CV < 15 %).

The optimized method was applied to the analysis of multi-residue

pesticides in carrots. In a sample acquired in a local grocery store an unusual

amount of triazines was found: simazine (O,~8 mglkg), atrazine (0,13 mglkg)

and propazine (O,088mg/kg).

íNDICE GERAL,

If1dice de tabelas~

Indice de Figuras

~apítulo 1

1 - Introdução,1.1 - Histórico

1.2 - Considerações gerais sobre pesticidas

~ .3- Efeitos tóxicos dos pesticidas

tI.4 - Pesticidas e seus mecanismos de ação tóxica

1.4.1- Organofosforados e carbamatos

:1.4.2 - Pesticidas Organoclorados

1.4.3 - Herbicidas Triazinas

1.5 - Técnicas utilizadas para identificação e quantificação de pesticidas

Capítulo 2

2 - Fundamentos da Eletroforese capilar (CE)

2.1 - Fluxo eletrosmótico

. 2.2 - Migração eletroforética

. 2.3 - Modo de separação utilizado em análise de pesticidas por eletroforese

capilar

2.3.1 - Cromatografia eletrocinética micelar capilar

2.4 - Sistemas micelares

2.4.1 -Tensoativos

2.4.2 - Classificação dos tensoativos

2.4.3 - Propriedades gerais dos tensoativos

2.4.3.1 - Processo de agregação dos tensoativos em água

2.4.3.2 - Número de agregação

2.4.3.3 - Kraft Point

2.4.3.4 - Fatores que influenciam o valor da cmc

111

1

1

1

7

15

20

20

23

24

25

28

29

31

32

34

34

38

39

39

41

41

48

48

49

3 - Objetivos 54

Capítulo 4 -Instrumentação analítica, materiais, reagentes e amostras 55

4 - Materiais e reagentes 55

4.1 - Instrumentação 55

4.2 - Materiais utilizados na preparação de soluções e amostras 56

4.3 - Reagentes e soluções 57

Capítulo 5 - Otimização da composição do eletrólito de separação 61

5.- Otimização da separação em pH 9,3 61

5.2 - Otimização da separação em pH 2,5 77

Capítulo 6 - Estratégias de pré concentração 85

6 - Introdução. 85

6.1 - Avaliação das estratégias de pré-concentração on-line na ausência de 87

EOF

6.1.1 - Sweeping de analitos neutros em MEKC 87

6.1.2 - Stacking com migração reversa das micelas (SRMM) e (M-SRMM1 91

6.1.2.1 - Variação da estratégia SRMM 94

6.1.3 - Stacking com migração reversa das micelas e um plug de água (SRW) 98

6.1.4 - Junção das estratégias de pré-concentração off-line e on-line 103

. 6.2 - Avaliação das estratégias de pré-concentração on-line na presença de 109

alto de EOF.

6.2.1 - Sweeping 109

6.2.2 - Stacking em baixo campo elétrico (alta condutividade da amostra) 113

Capítulo 7 - Métodos de extração e clean up 120

7 - Introdução 120

1227.1- Algumas considerações sobre extração e clean-up

7.1.1- Extração Líquido-Líquido (LLE) 122

1237.1.2 - Extração em fase sólida

7.2 - Procedimento utilizado para os estudos preliminares em SPE (solid

phase extration)

7.3 - Métodos de Extração e clean-up

7.3.1 - Método I

7.3.2 - Método 11

7.3.3 - Método 111

7.3.4 -Método IV

7.3.5 - Método V - Extração por dispersão da matriz em fase sólida (MSPD)

128

138

138

142

145

149

152

1547.3.5.1 - Procedimento de extração

7.3.6 - Avaliação das metodologias 111 e V aplicadas a amostras (cenoura e 162

abacaxi) adquiridas no comércio local

7.3.6.1 Avaliação do método 111 de extração 162

7.3.7 - Avaliação do Método V de extração 164

7.4 - Avaliação da estabilidade térmica dos pesticidas. 166

1697.5 - Extração por cloud point - CPE (sigla inglesa para Cloud Point Extration)

7.5.1 - Condições experimentais para a realização da OPE

7.5.2 - Emprego do CPE como técnica analítica

7.5.3 - Emprego de CPE em análise de pesticidas

7.5.4 - Otimização dos parâmetros experimentais da metodologia CPE

7.5.4.1 - Parâmetro 1: composição do eletrólito de separação

7.5.5 - Parâmetro 2: concentração do Triton-X114 empregado na CPE

7.5.6 - Aplicação da metodologia otimizada em amostra real

175

176

178

181

181

191

193

Capítulo 8 - Figuras de mérito

8 - Introdução

8.1 - Método analítico otimizado

8.2 - Preparação das amostras

8.3 - Linearidade

8.4 - Limite de detecção e quantificação

8.5 - Recuperação

8.6 - Precisão dos testes de recuperação da análise de pesticidas em

amostras de cenoura fortificadas em dois níveis de concentração

8.6.1 - Repetibilidade (precisão) de tempo e áreas de pico para a mistura

padrão de pesticidas estudada

8.7.7 - Quantificação de amostra

8.8 - Conclusões

Capítulo 9 - Conclusões Gerais e Perspectivas futuras

9 - Conclusões

9.1 - Perspectivas futuras

Súmula Curricular

Apêndice - Protocolos de validação

196

196

199

200

200

205

207

208

209

212

215

216

216

219

íNDICE DE TABELAS

Tabela 1.1 - Controle de pestes, doenças e ervas daninhas. 6

Tabela 1.2 - Algumas das estruturas dos pesticidas da classe dos 9

herbicidas clorados

Tabela 1.3 - Algumas das estruturas dos pesticidas da classe feniluréia 10

Tabela 1.4 - Algumas estruturas pertencentes aos pesticidas da classe 11

dos organofosforados

Tabela 1.5 - Algumas estruturas dos pesticidas da classe das triazinas. 12

Tabela 1.6 - Algumas estruturas dos pesticidas da classe dos 13

organoclorados.

Tabela 1.7 - Algumas estruturas dos pesticidas da classe dos carbamatos 14

Tabela 1.8 - Consumo de pesticidas no Brasil (1997-1999) 19

Tabela 2.1 - Estruturas de alguns tensoativos 40

Tabela 6.1 - Comparação entre as alturas de picos encontradas para é 97

estratégias de pré-concetração (SRMM e M-SRMM)

Tabela 6.2 - Comparação entre as alturas de picos encontradas para cada 102

estratégias de pré-concetração (SRW e M-SRW)

Tabela 6.3 - Avaliação comparativa entre as estratégias de pré- 108

concetração

Tabela 6.4 - Comparação entre as alturas de picos encontradas para cada 112

tempo de injeção utilizado durante o sweeping, e suas alturas relativas à

injeção sem emprego da estratégia.

Tabela 6.5 - Alturas de picos encontradas para cada concentração de sal 118

adicionado à amostra, e suas alturas relativas a injeção sem NaCI

Tabela 7.1 - Processo de retenção dos analitos 124

Tabela 7.2 - Características dos solventes utilizados em SPE 127

Tabela 7.3 - Recuperação para os pesticidas estudados na extração em fa 131

sólida.

Tabela 7.4 - Valores de porcentagem de recuperação obtidos para os 12 134

pesticidas utilizando C18 como fase estacionária.

Tabela 7.5 - Porcentagens de recuperação para as eluições em cascata. 135

Tabela 7.6 - Recuperação dos padrões de pesticidas, para 0,8 mL de mistL 137

padrão 5 mg/L, utilizando como eluente 8 mL de MeOH:CH2CI2 (1 :99 v/v)

Tabela 7.7 - Valores de recuperação para os métodos de extração 158

avaliados.

Tabela 7.8 - Análise da perda porcentual para cada pesticida empregado. 168

Tabela 7.9 - Propriedades aquosas de alguns sistemas de Tensoativos 174

não-iônicos e zwitteriônicos que têm sido empregados em extrações por

Cloud Point

Tabela 8.1 - Definição dos termos requeridos para validação de 197

metodologias

Tabela 8.2 - Curvas analíticas obtidas para os pesticidas utilizados 204

Tabela 8.3 - Valores de limite de detecção e quantificação os pesticidas 206

estudados.

Tabela 8.4 - Porcentagem de recuperação obtida para a mistura de pestici< 207

estudada na fortificação de amostras de cenoura

Tabela 8.5 - Precisão intra-ensaio (% CV) obtidos para a análise de 208

pesticidas em cenoura em dois níveis de fortificação

Tabela 8.6 - Valores de área e tempo de migração para avaliação da 210

repetibilidade

Tabela 8.6 - Valores de área e tempo de migração para avaliação da 211

repetibilidade

Tabela 8.6 - Valores de concentração de pesticidas encontrados nas 214

amostras de cenoura analisadas

11

íNDICE DE FIGURAS

figura 1.1 - Relação de apllcaçãoe datas aproximadas de introdução

paraospestitiàasrepresentativos, Uustrando o progresshro.aumento 00

atividade.

Figura. t.2 - Pracesscr de transacetUação' da acetitcotina pet'a enzU'rr8'

colinesterase

.. Figura 1..3 -Processo .de inativação .da cofinester'ase:por'pestiooas

organofostorados.

Figura 2.t - Formação: do. ftuxo.eletrosmótica no ,menor de·um· capüar.de

sitica fundida após aplicação de um campo eiétrico

.Figura 2.2 ~FÓfrnutaestruturat do SOS

Figura 2.3 - Estrutura química e modelo esquemático das ciclodextrinas:

a-CO·, t5-CD e y-CD.

Figura 2.4 - Esquema para uma separação eletroforética no modo MEKC

Figurã 2~5 - MEKCem condição óe· baixo·pH (supressão do SOr).

Figura 2.6 - Esquema de uma micela iônica baseada no modelo de

Hattey.

Figura 2.7 - Algumas estruturas formadas por tensoativos

figura 2~B-Müdartças ·das caracteristicas ffsrco..qlíimicas ·de UJT1a

solução de tensoativo após ter atingido o CMC.

Figura 2.9- Dfagrarttd de rõsesdoKraft po'int

Figura 4.1 - Equipamento de CE utHizado para a reaiização das anáiises....... ... 5'" .!--....n. A.' ,. ,_~,.,.,.,.{, • "",,,,",.,.' ..-r'l9uta ·.:1 - :nmueneta:oasoCl\,J.uCA.LfmaS ucnula1STla separaçao

eletroforética de uma mistura de pesticidas.

Figura 52 - Influência das- CUs. detw.auas fIa: sep"'dtaçátl eietroforéttca de

uma mistura de pesticidas

Figura 5..2 - Efeiiü 00 :6'fij 35 :sottre :â 1>--eprdl:açãceietlofo1étlcá rleuma

mistura de pesticidas.

Figura 5.4 - inJ}uênaa na' separação.e':e1nlfotélica:·pera: ·crdição:ae-tO: %. de

diferentes solventes ao 'eletróHto de separação.

rlgUla 5~5 ~ :infiuêftCT-dfla .~aração.eiettoforética peiaadição .·tia

misturas binárias de soiventes ao eietróHto de' separação

15

32

37

38

44

46

47

48

55

62

70

In

Figura 5.6 - Melhores separações utilizando misturas binárias de álcoois 71

no eIetróflto.

,;,

Figura 5.7 - Gráfico de mobilidade em função da espécie e concentração

- -dos-solventes -orgâNcos-empregados para'etetrótitos 'en1 pH 9,3.

Figura 5.8 -Avaliação da influência do Brij 35@ na separação

efetroforética de uma mistura de pesndda.

Figura 5.9 -Degradação do carbaril como resultado de sua hidrólise em

me1eatcatioo.Figura 5.10 - Influência na separação eletroforética pela- adição- de 5% de

dtferentes solventes ao eJetrólito de separação

Figura--S.11 - Influência na -separação -eletroforética pela adição 0010%

de ·dlferentes-sotventesao-eletTófito de separação

Figura- 5.12 - - Influência- na separação eletroforética pela adição de

misturas- binárias de soWentes ao- efetrófito de separação

figura 5.13 - Gráfico de mobilidade em função da especle e

ooncentração dos SOiventes orgânicos-empregados -para êtetróMus em

pH2,5.

Figura 6.1 - Representaçãoesquemattza do sweeping.

Figura 6.2 - Sweeping (baixo EOF) para uma mistura -padrão de

pesticida nacoocentraçãode 0,5 mgll

Figura 6.3 - Stacking sob campo elétrico elevado (baixo EOF).

frgutcl 6.4 - Representação esquemática par:a a estratégia M-SRMM.

Figura 6.5 - Comparação entre as estratégias SRMM e M-SRMM para

uma mistura de pesticidas, na -concentr-açãode {),5 -mgll.

Figura'6.6 - Representação esquemática para as estratégias M-SRW.

Frgura, 6,7 - Comparação entre- as estratégias SRW e M-SRW para uma

mistura de pesticidas, na concentraçãode1mg/l.

Figura '6.8 - Avatiaçãoda junção das estratégias -de :pré-"concentração

on--Hne e- off,;,/ine- para análise de amostra de água fortificada com uma

mistura de- 9 padrões- de- pesticrdas na concentração de- O, l ~g/t.

Figura 6.9 - Aplicação das -estratégias de pré-concentração em uma

72

74

76

78

80

82

83

88

90

92

94

96

104

106

IV

amostra de cenoura fortificada com 2,5 1J.9/L de uma mistura padrão de 9

pesticidas

Figura 6.10 - Representação esquemática para o sweeping 110

Figura 6.11- Sweepingem meio homogêneo (alto EOf) para uma 111

mistura padrão de pesticidas.

Figura 6.12 - Stacking com alta concentração de sal na amostra. 114

Figura 6.13 - Stacking com alta concentração de sal na amostra (alto 117

EOF) para uma mistura padrão de pesticidas

Figura 7.1 - Esquema de extração para o Método I 140

Figura 7.2 - Método I aplicado à amostra de cenoura. 141

Figura 7.3 - Esquema de extração para o Método 11. 143

Flgura 7.4 - ·Método ·U -de -extração aplicado à amostras de cenoura 144

Figura 7.5 - Esquema de extração para o Método 111. 147

Figura 7.6 - Método 111 de extração aplicado à amostras de cenoura 148

F1gura 7.7 - Esquema ·de extração para o Método ·tv 150

Figura 7.8 - Método IV de extração aplicado à amostras de cenoura 151

Figura 7.9 - Esquema para o Método· MSPD- 154

Figura 7.10 - Método V (MSPD) de extração aplicada a amostras de 156

cenoura

Figura 7.11 - Gráfico de recuperação para os métodos avaliados 159

Figura 7. "'2 - AvaHação· do Método m· para amostras- de cenoura e- 163

abacaxi

Figufa 7.13 - Avaliação·do·Método V -para-amostras de·cenoura 1-65

Figura 7.14 - Avaliação da estabilidade térmica dos pesticidas 167

Figura 7.15 - Representação- esquemática de- uma micela- de- forma 170-

rugosa de um tensoativo não-iônico

figufa 7:t6-Uiagrama defases parao1ensoativo Tmon X-114 171

Figura 7.17 - Representação esquemática dos passos envolvidos em 176

uma extfaçãopof'cfouà point (CPE)

Figura 7.18 - esquema de extração utilizado para a metodologia de cloud 182

polnt.

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Figura 7.19 - Separação em meio não-aquoso de pesticidas após CPE. 183

Figura 7.20 - Avaliação comparativa das adições de SOS ao eletr6lito de 185

separação (NACE)

figura 7.21 - Eletroterogramas obtidos ajustando-se a condutividade do 187

eletrólito de separação

Figura 7.22 - Avaliação comparativa entre SDS e octil sufato de sódio 188

como tensoativos do eletrólito de separação

Figura 7.23 - Avaliação comparativa entre dodecanot e SOS 190

Figura 7.24 - Variação da concentração de tensoativo (Triton X-114) 192

para CPE em amostra sintética

Figura 7.25 - Esquema de CPE aplicado à amostra de abacaxi. 194

Figura 7.26 - Realização de CPE para uma amostra de abacaxi 195

Figura 8.1 - Curvas analíticas obtidas para dimetoato, carbendazim, 202

simazina e atrazina

Figura 8.2 - Curvas analíticas obtidas para carbaril, linuron, ametrina e 203

-propazina

Figura 8.3 - Curva analítica obtida para o propoxur 204

Figura 7.4 - Avaliação do Método V para amostras de- cenoura 213

VI

CAPÍTULO 1

1 - Introdução

1.1 - HistóricoOs pesticidas vêm sendo utilizados desde da Antiguidade. Há

registros de papiros Hebreus datados de aproximadamente 1550 A.C. onde

consta uma lista de formulações que eram utilizadas para inibir ataque de

pulgas em residências da época1. Em 900 O.C. os chineses já usavam arsênio

para controle de pragas de jardim. No mundo ocidental o primeiro uso do

arsênio como inseticida data de 1669, era misturado ao mel para ser usado

como iscas para a eliminação de formigas. O uso de tabaco como inseticida de

contato foi mencionado mais tarde no mesmo século. No século XVIII foram

poucos os materiais introduzidos com a finalidade de controle ou eliminação de

pragas. No início do século XIX o desenvolvimento de novos compostos ainda

era pequeno. A partir de 1870, o número de compostos aumentou

gradativamente. Equipamentos para aplicação de pesticidas em culturas

agrícolas começaram a ser desenvolvidos.

A segunda grande guerra e diversificações de atividades empresariais

foram fatores responsáveis pela intensificação na pesquisa e desenvolvimento

de novos pesticidas. A guerra levou à pesquisa de agentes químicos com fins

militares, favorecendo a síntese de muitos inseticidas orgânicos. A

diversificação das indústrias alemãs foi o segundo fator,. pois passaram a atuar

neste ramo dos pesticidas a partir de intermediários químicos utilizados na

produção de corantes.

1C.p , Bryan, The papyrus Hebreus, translated from the german version. O. Appleton and

company, New York, 1931

I

Ainda na década de 40 (séc. XX) verificou-se a introdução e produção de

compostos organo-sintéticos, em substituição aos produtos inorgânicos. Isto

significou uma ruptura na base tecnológica antes conhecida, que gerou

inovações sobre as quais se deu a expansão e estruturação da indústria de

agroquímicos em nível mundial. Em 1939 foi descoberto a atividade pesticida do

DDT (organoclorado), que apresentava um alto poder de controle sobre

diversas pragas, custo reduzido e aparente eficácia. Nesta época foram também

introduzidos no mercado fungicidas, sendo os principais os ditiocarbamatos e

cloranil. Neste período, os fungicidas sofriam a concorrência de produtos

inorgânicos, tais como, sulfato de cobre, cal, enxofre, que eram baratos e

eficientes. Os primeiros fungicidas organo-sintéticos decorreram da produção

dos organoclorados. Os principais foram os halogenados, depois vieram 05

mercuriais, os heterocíclicos, os nitrogenados, 05 ditiocarbamatos e os

propriconazóis (fungicidas sistêmicos).

Em relação aos herbicidas, em 1932 se desenvolveu o primeiro deles, que

era organo-sintético e se chamava DNOC. Era um herbicida não seletivo e por

esta razão não foi bem aceito.

Sem dúvida, o DDT influenciou as pesquisas realizadas nos anos 40.

Novos clorados foram colocados no mercado, tais como: TOE, metaxiclor, BHC,

ciclodienos clorados. Ao final desta década os organoclorados já apresentavam

obsolência tecnológica na medida em que já apareciam insetos resistentes a

tais produtos. Portanto, o fenômeno da resistência gerado pela aplicação de tais

produtos aparece já no final dos anos 40.

Com relação aos herbicidas, nos anos 40 foram descobertos os

fenoxiácidos, de caráter seletivo. Isto foi um marco na ciência de controle de

ervas daninhas. Estes novos produtos deveriam ser preferencialmente seletivos,

2

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pois, caso contrário, iria requerer do agricultor, conhecimentos complexos a

cerca de práticas agronomas que levassem ao controle químico das ervas

daninhas sem prejudicar a cultura principal. Em função disto, já em 1944 novos

herbicidas foram colocados no mercado: MCPA e 2,4-0 e em 1945 os auxílicos:

TCA, profam e disoneb. Também foi desenvolvido nesta época o primeiro

herbicida carbamato, o IPC.

Nos anos 50 dois fatores concorreram para que a inovação se desse de

maneira intensa na indústria de pesticidas agrícolas. Os fatores foram: as novas

tecnologias de síntese orgânica e a expansão do mercado a que se destinavam

os pesticidas. Os organofosforados que apresentavam maior rapidez na ação,

passam a ser produzidos em larga escala, mediante a exploração de matéria

prima intermediária comum à produção dos clorados. A partir daí os produtos

inorgânicos deixaram de prevalecer nas vendas dos produtos fitossanitários.

Mas, estes produtos que de início foram soluções, começaram a apresentar

problemas de intoxicações e mortes de mamíferos, apontando mais uma vez

para a periculosidade dos pesticidas.

No Brasil, no início da década de 1950, a introdução de pesticidas

fosforados para substituir o uso do OOT, veio acompanhada de um

procedimento cruel. Foi ensinado que para misturar o OOT, formulado como pó

solúvel na água, o agricultor deveria usar o braço, com a mão aberta girando

meia volta em um e outro sentido, para facilitar a dissolução do produto. Como

o OOT tem uma dose letal alta (demanda uma alta absorção do produto para

provocar a morte), somente cerca de 15 anos depois os problemas de saúde

apareceriam. Contudo, quando o agricultor tentava repetir a técnica com o

3

parathion, o primeiro pesticida fosforado introduzido no Brasil, caía morto,

fulminado; fato que se repetiu em diversas regiões do país. 2

Nos anos 50, a modernização da agricultura, principalmente nos EUA,

abriu excelente mercado para os herbicidas, incentivando a intensificação de

pesquisas. Foram lançadas várias famílias: uréias, carbamatos, anilinas, todos

de pré-emergência.

Um fato histórico muito importante também correlacionado com o uso

desses produtos foi a Guerra do Vietnã, ocorrida entre os anos de 1954 a 1975.

O país se dividiu em duas metades: o Vietnã do Norte, apoiado pelos soviéticos

e chineses e o Vietnã do Sul, fortemente armado pelos norte-americanos que

para lá levaram milhares de soldados. Dentre todas as armas de guerra

presentes, destacavam-se os herbicidas desfolhantes (o mais famoso ficou

conhecido como "agente laranja"), que foram utilizados pelos norte-americanos

pela seguinte razão: como a resistência vietnamita era composta por bandos de

guerrilheiros que se escondiam nas florestas, formando tocaias e armadilhas

para os soldados americanos, a aspersão de nuvens de herbicidas por aviões

fazia com que as árvores perdessem suas folhagens, dificultando a formação de

esconderijos. Contudo, essa operação militar, aparentemente bem sucedida,

trouxe conseqüências ambientais e de saúde catastróficas para a população

local, que foram:

- Contaminação ambiental generalizada da fauna, flora e de todos os recursos

minerais do ecossistema local por período superior a 10 anos sem se estimar os

efeitos tóxicos pela bioacumulação no ambiente;

- Deformações em recém-nascidos por vários anos além de outros efeitos

teratogênicos.

21nformaçóes retiradas do site: \.'lVr''1.planetii~ll'ID-~nico~cºrn tJr

4

Fatos como estes remeteram toda a sociedade a outro tema muito

importante na história desses produtos: a criação de toda uma ciência voltada

ao estudo tóxico desses produtos para seres humanos e ambiente.

Foi nos anos 60 que houve o lançamento do primeiro fungicida sistêmico.

Nesta época foram desenvolvidos os inseticidas piretróides sintéticos, menos

tóxicos e mais eficientes. Os carbamatos, menos perigosos aos seres humanos,

cresceram em substituição aos clorados. Foi também um período de introdução

no mercado de vários organofosforados. Quanto aos herbicidas houve um

desenvolvimento nas inovações, que redundou no lançamento dos herbicidas

pós-emergentes que interferem na ação fotossintética das ervas daninhas.

Essa década também foi um marco para os movimentos ambientalistas,

que começavam a denunciar problemas relativos à resistência adquirida por

algumas espécies de insetos e os efeitos da bioacumulação em função do uso

de pesticidas. Tais movimentos lutavam contra o uso dos pesticidas

organoclorados.

Nos anos 70 houve uma grande queda no número de novos produtos

colocados no mercado. Isto se deu em função da dificuldade e dos custos de

obtenção de novas moléculas químicas, que se destinavam para este fim. As

exigências tornaram-se maiores, pois, deveriam atender a no~os padrões de

segurança, saúde e meio ambiente. Nesta época os movimentos ambientalistas

se fortaleceram e realizaram novas denúncias sobre as conseqüências da

utilização dos pesticidas. Foi dado enfoque aos problemas da poluição das

águas subterrâneas por herbicidas e fungicidas e das propriedades

cancerígenas de alguns pesticidas. O resultado prático da ação dos

ambientalistas foi a substituição de grande parte dos inseticidas organoclorados

pelos inseticidas organofosforados nos países desenvolvidos.

5

Outra novidade no seguimento dos inseticidas foi a introdução de alguns

feromônios, ou seja, hormônios sexuais responsáveis pela atração entre os

insetos, que acabaram por servir como um componente de manejo de diferentes

pestes, vindo a auxiliar no uso mais racional dos pesticidas químicos.

Nos anos 80 houve a introdução de alguns herbicidas dos grupos: difenil,

sulfonil-uréia, imidazolimonas, cicloexamedionas, oxi-fenoxi, quinoleno e ácido

carbaxílico.

Na tabela 1.1 é sumarizada uma seqüência dos maiores descobrimentos

na indústria de pesticidas, com suas respectivas datas aproximadas de

desenvolvimento.

Tabela 1.1 - Controle químico de pestes, doenças e ervas daninhas: uma

seqüência dos maiores descobrimentos.

Data aproximada de introdução19301942194519451945194819561956195819671975

pesticidasFungicida ditiocarbamato

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Inseticidas ciclodienosInseticidas carbamatos

Herbicidas triazinasHerbicidas bipiridilium

Fungicidas benzoimidazóisInsetic.idas píretróides fotoestavéis

Atualmente existe uma extensa e polêmica discussão acerca da introdução

de organismos geneticamente modificados (trangênicos) na agricultura visando

a diminuição do uso de pesticidas3. Os trangênicos são seres vivos cuja

estrutura genética - a parte da célula onde está armazenado o código da vida -

foi alterado pela inserção de genes de outros organismos, de modo a atribuir ao

3 El>.1raido do site: http://transgenicos.vilabol.uol.com.br

6

receptor características não programadas pela natureza. Desta forma é possível

inserir determinados genes em plantas e estas passam a produzir toxinas,

impedindo o ataque de determinadas pragas. Pode-se também proporcionar à

planta resistência a herbicidas ou ainda produzir grãos acrescidos de vitaminas

e sais minerais que sua espécie não possuía. Porém. existe controvérsia quanto

a efeitos que estas plantas trangênicas poderiam causar à saúde humana. Uma

linha de pensamento julga organismos geneticamente modificados como um

risco eminente à saúde humana e ao meio ambiente. Apesar destes

argumentos as grandes corporações detentoras da tecnologia garantem que os

trangênicos são organismos seguros ao consumo humano.

1.2 - Considerações gerais sobre pesticidas

Os pesticidas formam um grupo constituído por um grande número de

compostos orgânicos. muito dos quais são isômeros posicionais. geométricos e

óticos4. Os pesticidas também diferem quanto grau de ionização, polaridade e

solubilidade em água. Abrangem uma ampla classe de compostos. que podem

ser divididos em três grupos: biológico. inorgânico e orgânico. O ultimo grupo é o

mais amplamente usado com pronunciada atividade fisiológica; é constituído

principalmente por organoclorados. organofosforados. carbamatos e triazinas.

entre outros. de uso crescente na agricultura5: Nas Tabelas de 1.2 a 1.7 é

apresentada a estrutura de alguns pesticidas representantes de cada uma destas

classes.

4 K.H. Buchel, (editor) and Hohnwood, G.M. (translator); ·Chemistry of Pesticides", John Wiley &Sons, New York, 1983.5 F. Barlow; Chemistry and Formulafion. In, Pesficide Applicafion : Principies and practice, P.T.Haskel (Ed.), Oxford University Press, Oxford (1985), pp 1 - 34.

7

o termo pesticida é usado para designar todos os produtos químicos que

atuam no controle, prevenção, eliminação de pragas que atacam plantações e

rebanhos bem como vetores de doenças para os seres humanos. Dependendo da

sua utilização estes são classificados como, herbicidas, inseticidas, fungicidas,

acaricidas, nematicidas, etc.

Devido ao seu largo emprego na agricultura, aliado a sua persistência e

toxidade, estes compostos são fonte de contaminação ambiental apresentando

sérios riscos à saúde humana, pela incorporação de seus resíduos em águas,

solos e alimentos. O destino de pesticidas no meio ambiente é determinado por

fatores como adsorção, absorção, Iixiviação e volatilização, assim como por

transformações químicas, fotoquímicas e microbiológicas. A importância de cada

fator para um dado pesticida depende de suas propriedades físico-químicas, tais

como estrutura, pressão de vapor, hidrofilicidade, coeficiente de partição,

estabilidade térmica e fotoquímica, em conjunto com suas interações com o meio

(solo, sedimento, água), que por sua vez depende da biomassa, conteúdo de

matéria orgânica, pH, capacidade de troca iônica, textura e hidrogeologia.

8

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Tabela 1.7 - Algumas estruturas dos pesticidas da classe dos carbamatos.

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14

1.3- Efeitos tóxicos dos pesticidas

Com o decorrer do tempo novos agentes químicos foram criados, onde

sua atividade e especificidade aumentaram, juntamente com sua toxicidade.

No começo século passado os pesticidas mais empregados eram os

inorgânicos, que apresentavam modesta atividade e eram necessárias altas

relações de uso normalmente 10 100 kg/ha6. O subseqüente

desenvolvimento dos pesticidas orgânicos sintéticos, particularmente nos

últimos 60 anos, mudou radicalmente esta situação. Os níveis de atividade

aumentaram drasticamente como ilustra a Figura 1.1.

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Figura 1.1 - Relação de aplicação e datas aproximadas de introdução

para os pesticidas representativos, ilustrando o progressivo aumento de

atividade?

6 J.1. Grahan-Sryce: "Pesticides research for the improvement of human welfare". PesticidesChemistry: Human welfare and environmenl. Vol 1.Perganon Press. (Mivamato,J. andKearny,P.C.,Eds) 1983, pp.21-49.7J.L Grahan-Sryce; Proc. 8th Sul. Insectic. Fungic. Conto 3 (1975) 901

15

Em 1962 foi publicada uma das primeiras obras detalhando os efeitos

adversos da utilização de pesticida, iniciando um debate acerca das

implicações da atividade humana sobre o ambiente e o custo ambiental do uso

generalizado de pesticidas.8 Com a publicação deste livro o debate público

sobre o uso de pesticidas tomou-se uma realidade, pois até então essa

questão era restrita aos círculos acadêmicos e publicações técnicas, e também

se tomou a primeira obra a denunciar em escala pública o risco e os danos

ambientais causados pelo uso indiscriminado de pesticidas, tais como o DDT

que é um pesticida tóxico e letal ao ser humano.

Com o aumento de toxicidade, aumE;lnta-se a preocupação dos riscos

que estes agentes químicos provocariam aos mamíferos, especialmente aos

seres humanos. Alguns agentes específicos utilizados na agricultura são

responsabilizados por aumentar os riscos de câncer na língua, estômago,

cérebro, próstata, tecido conectivo e linfático, sistema hematopoiético entre os

fazendeiros 6,9,10. Em alguns estudos enfocando a exposição da mulher a

pesticidas, apresentaram alto índice de câncer no ovário, aquelas que tiveram

contato prolongado com os herbicidas da classe das triazinas11 e câncer de

mama, quando em contato com inseticidas12,13 e múltiplos mielomas14 e linfoma

de non-Hodgkin 15,16.

8 RCarson, Primavera Silenciosa; Houghton Miffin publisher, New Vorle, 1962.9 A .Blair, H. Malker, K.P.,. J. Work Environ. Health 11(1985), 397 - 407.1oN. Pearce, J.S .Ruf., Am. J. Ind. Med. 18 (1990), 133 -142.11 A. Donna, P Crosignani, F. Bobiette, J. Work. Environ. Health 15 (1989), 47 - 5312 F. Falck, A. River, M.S. Wolff, and S. Golbolds;. Arch. Environ. Health 47 (1992),143 -146.131.8. Wolfe, P.G. Toniolo, , L.W. Lu, River, M, and HDubin. J Natl. Cancer Inst. 85(1993),648 - 652.14 S.H. Zahm, and A Blair, J. Ind. Med. 49 (1992) 815.15 A. R Folson, S. Zhang, Sellers, T. A. Zheng, L.H. Kushi and J.R Cerhan,. J. OCCup.Environ. Med. 38 (1996) 1171.--

16

A exposição a alguns pesticidas foi associada a efeitos crônicos ou

agudos sobre o sistema nervoso, renal, respiratório e inclusive ao sistema

reprodutor tanto do homem quanto da mulher. 17

Estudos recentes nos Estados Unidos, mostraram que a exposição de

larvas de sapos machos a doses 30 vezes menores do que as legalmente

permitidas de um tipo de herbicida, a atrazina, estimula o hermafroditismo

nestes animais em desenvolvimento. A atrazina, herbicida mais vendido nos

Estados Unidos em sua categoria, também afeta sapos machos adultos:

diminui em dez vezes a taxa de testosterona, o principal hormônio masculino.

No Brasil estudos feitos pela Profa. Vara Almeida da Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia (FMZV-USP), demonstrou que o fenvalerato,

inseticida da classe dos piretróides 11, causa a feminilização de ratos. 18

A intoxicação exógena aguda por inseticidas carbamatos e

organofosforados tem sido um problema freqüente nos serviços de emergência

dos grandes hospitais, seja por ingestão acidental ou por tentativa de suicídio.

No estado do Rio de Janeiro, principalmente no Grande Rio, há um

importante problema de saúde pública relacionado a esses inseticidas: a

utilização irregular de carbamatos e organofosforados como raticida,

principalmente o carbamato Aldicarb, classificado como extremamente tóxico, e

comercializado ilegalmente com os nomes de "Chumbinho" e "Japan", entre

outros. Tais intoxicações têm causado inúmeros óbitos no Rio de Janeiro.

16 S.H. Zahn, 0.0. Weisenberg, R.C. Saal, J.B.Vaught, PA Babbitt, and A. Blair; Pesticideuse, genetics suceptibility, and non-Hodgkin Iymphoma in women, In'Ihird InternationalSynposium: Issues in Health, Safety, and agriculture- (Mcdufie, H.M., Oosman, J.A., Senchuk,K.M., and Okenchock, H.M., Eds. (1995), pp. 127 -134, Lewis, Michigan.17 IA Greaves; Agricultural Health, Health Environ. Digest. 4 (1992), 1 - 4.18 R. Zorzetto, S. Mendes; Pesquisa FAPESP, 79 (2002) 50.

17

o LDso é a quantidade de substância tóxica necessária para eliminar

50% de uma população de teste dentro de um período estabelecido. Ele é

usado para estimar a toxicidade oral ou dérmica, em termos de quantidade de

substância tóxica por unidade de massa corporal (mg/kg). Por exemplo,

pesticidas semelhantes ao ácido 2,4-dicloroacético (2,4-D), Dicamba, Parathion

e Carbofuran são incluídos entre outros agentes de alto grau de toxicidade

(LDso O- 50 mg/kg). O LDso somente não é eficiente para avaliar a toxicidade,

porque ele dá informações somente sobre a toxicidade aguda de um composto

em relação a uma certa espécie de animal e não descreve possíveis interações

devido à prolongada exposição ao composto (ex. toxicidade crônica). A

toxicidade crônica refere-se a capacidade de causar envenenamento por

exposições de longo tempo e baixos níveis destas substâncias. 19 Dados de

animais e humanos submetidos a estes testes indicaram inúmeros exemplos

de toxicidade crônica, incluindo carcinogenicidade causadas por compostos

como: (2,4-D), triazinas, Endrin, Linuron, Rotenone, Captan, Hidrazina malêica;

Teratogenicidade por Cianazina, Carbaryl, Endrin, Rotenone e Benomil;

Mutagenicidade por Dilato, Trifluralin, Dimetoato, Carbaril, Rotenone, Benomil e

hidrazina malêica; Neurotoxidade por fosfato de Etil (p-nitrofenil) tiobenzeno

(EPN) e efeitos sobre a reprodutividade por Dibromocloropropano (DBCP),

Dimetoato, Rotenone e Benomil.

O uso abusivo e desordenado de pesticidas causa sérios problemas de

natureza ecológica e de saúde pública2o. Alguns destes problemas são:

aparecimento de pestes mais resistentes à destruição de insetos polinizadores,

19 C. Bbornard, S.DaberKow, M.E.Smith, and N.N. Uri; Sei. Total Environ. 203 (1997) 229

20 B. Suganavan;. J. Environ. Sei. Heaith B 31(1996),307 - 323.

18

bioacumulação e a existência de resíduos na atmosfera, litosfera e

hidrosfera21 ,22.

o consumo mundial de agrotóxico sofreu um rápido aumento na última

metade do século passado. Entre os anos de 50 e 80 o crescimento se deu a

uma taxa anual de cerca de 10%.

Mais da metade da produção mundial de agrotóxico é consumida nos

Estados Unidos e na Europa Ocidental, regiões estas que abrigam cerca de

25% das terras globais ocupadas por culturas. Por outro lado cerca de 20% dos

agrotóxicos são consumidos nos países em desenvolvimento que contam com

55% das terras cultivadas.

Na tabela 1.8 são apresentados os valores em toneladas

comercializados no Brasil.

Tabela 1.8 - Consumo de pesticidas no Brasil (1997-1999) - valor em

toneladas. Fonte: Sindicato Nacional da Industria de Defensivos Agrícolas -

SINDAG...,- ...' -.....-_-~...... -~."~'-""~'-'-"'" - ---...,...,....._..... _" ..-

Pesticidas 1997 1998 1999- .

Herbicida 132.574 151.095 142.855

Inseticida 64.420 79.398 68.158

Fungicida 40.133 47.154 46.826

Acaricida 14.014 11.280 13.655

Outros* 14.099 17.875 16.581

total 265.240 306.802 288.075

* - reguladores de crescimento e espalhantes adesivos.

21 V.G. Zuin, F.P.S. Airoldi" N.R. Nascimento, M.D. Landgraf, and M.O.O. Rezende, J,Braz.Chem. Soe. 10 (1999), 25 - 30.22 J.R. Plemmer. J. Environ. Sei. Health B 31 (1996) 645 - 670.

19

1.4 - Pesticidas e seus mecanismos de ação tóxica

1.4.1- Organofosforados e carbamatos

Os organofosforados fazem parte do grupo químico formado por ésteres

de ácido fosfórico e outros ácidos à base de fósforo. Em relação aos pesticidas

clorados e carbamatos, os organofosforados são considerados mais tóxicos

(em termos ,de toxicidade aguda), porém se degradam rapidamente no

ambiente. Depois de absorvidos, os organofosforados e seus produtos de

biotransformação são rapidamente distribuídos por todos os tecidos. Os

compostos mais lipofílicos podem alcançar concentrações significativas no

tecido nervoso, ou outros tecidos ricos em lipídios. A sua absorção poderá

ocorrer por via respiratória, cutânea ou oral.

Os pesticidas carbamatos (compostos por ésteres de ácido

metilcarbônico ou dimetilcarbônico) utilizam vias metabólicas que rapidamente

os degradam em oximas . sulfóxidos , sulfo e acetonitrilas. Os carbamatos são

considerados de toxicidade aguda média, sendo degradados rapidamente e

não se acumulam em tecidos gordurosos. A maioria dos carbamatos, em geral,

não causa sintomatologia exuberante no sistema nervoso central (SNC) e,

quando esses sinais estão presentes, são considerados sinais de gravidade.

Os compostos organofosforados e carbamatos são inibidores da

colinesterase, impedindo a inativação da acetilcolina23, permitindo assim, a

ação mais intensa e prolongada do mediador químico nas sinapses

colinérgicas, na membrana pós-simpática.

23 A .F. Midio, SE Da Silva, "Inseticida-Acaricida Organofosforados e Carbamatos" EditoraROCA, 1995 pp. 35-39

20

A acetilcolina é sintetizada no neurônio a partir da acetilcoenzina A e da

colina24. É inativada por hidrólise sob ação da acetilcolinesterase, através da

transacetilação (uma forma de transesterificação) com a formação de colina e

ácido acético que, por sua vez, são reutilizados para a formação da

acetilcolina. A Figura 1.2 mostra este processo.

Acetilcolina-

?J +A--HJC'7'O~ "-

_/ -o~( rz~· ;t- Glll

+'I! ó'~

Sítio esterásico

- Colinestera

Sítio aniônico

Figura 1.2 - Processo de transacetilação da acetilcolina pela enzima

colinesterase

A acetilcolina é o mediador químico necessário para a transmissão do

impulso nervoso em todas as fibras simpáticas pré ganglionares do SNA

(sistema nervoso assimpático), todas as fibras parassimpáticas pós-

ganglionares e algumas fibras simpátias pós-ganglionares. Ainda é o

transmissor neuro-humoral do nervo motor do músculo estriado (placa

mioneural) e algumas sinapses interneurais do SNC. Para que ocorra a

transmissão sináptica é necessário que a acetilcolina seja liberada na fenda

sináptica e ligue-se a um receptor pós-sináptico. Em seguida, acetilcolina

disponível é hidrolizada pela colinesterase.

24 F. Matsumura, "Toxicology of Pesticides", 2a ed., Plenum Press, New York and London,1985.

21

Quando há a inibição da acetilcolinesterase, ocorre um acúmulo de

acetilcolina na fenda, levando a uma hiperestimulação colinérgica.

Na superfície da colinesterase existe um centro para inativação da

acetilcolina que contém um sítio aniônico e um esterásico. A inibição da

colinesterase se dá através da ligação do composto com o centro esterásico da

enzima diferindo apenas o tipo de ligação (fosforilação em organofosforados e

carbamilação em carbamatos). A Figura 1.3 ilustra este processo de ínativação

da colinesterase, para os pesticidas organofosforados.

organofosforado,--- x

RD,p'RD-'Y. ~/~

$€-r 1--::,.

-

-HY--

.- Colinesterase

Figura 1.3 - Processo de inativação da colinesterase por pesticidas

organofosforados.

A colinesterase fosforilada é posteriormente hidrolisada e a enzima

regenerada. Se isso não ocorrer, supõe-se que uma forma fosforilada muito

estável tenha sido produzida pela perda de um grupo alquil. Este fenômeno

denomina-se "envelhecimento" da enzima e quando corre, esta não mais se

regenera. Este fato é importante na terapêutica, pois dele depende a utilização

ou não de oximas (reativação da enzima). Os organofosforados são ditos como

inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase, enquanto os carbamatos são

ditos inibidores reversíveis (sofrem hidrólise in vivo em 12 a 48 horas).

22

A ação neurotóxica tardia de alguns organofosforados nos nervos

periféricos é independente da inibição da colinesterase, mas parece estar

intimamente relacionada à fosforilação de uma esterase específica no tecido

nervoso. Este processo conhecido como esterase neurotóxica (NTE), causa

também o "envelhecimento" da enzima, ou seja, o estabelecimento de ligações

covalentes estáveis entre a enzima e o grupamento fosfato do organofosforado,

que provoca ataxia e agrava o desenvolvimento da doença. A NTE pode ser

também encontrada em linfócitos periféricos humanos (ainda não estabelecidos

como indicadores biológicos de efeito), no fígado, em plaquetas, entre outros

tecidos. A função fisiológica dessa enzima é ainda desconhecida bem como a

cadeia de eventos que culmina na polineuropatia em até 2 semanas após a

exposição ao organofosforado. Parece que o efeito neurotóxico ocorre pela

inibição na produção da enzima mais do que pela inibição de sua atividade, ou

seja, parece interferir nos processos de transporte axoplasmático, manutenção

e reparo de integridade das células nervosas (corpo celular e axônio). A

síndrome aparece após exposição sucessiva, mas não necessariamente

constante aos organofosforados. A presença de compostos fosfinados ou

carbamatos bloqueia a reação.

1.4.2 - Pesticidas Organoc/orados

Os pesticidas organoclorados, (ex. o 1,1,1-tricloro-2,2-di-(4-c1orofenil)­

etano (OOT)), constituem um extenso grupo de compostos, largamente usado

na agricultura como inseticida. A problemática de seu uso concentra-se na sua

alta taxa de acúmulo nas cadeias alimentares e no meio ambiente. Os

23

pesticidas organoclorados são Iipofílicos, podendo causar sérios danos à

saúde. Embora sejam menos tóxicos (em termos de toxicidade que provoca

morte imediata) que outros organo-sintéticos, são também mais persistente no

corpo e no ambiente, causando efeitos patológicos a longo prazo. Devido a

este fato o uso destes inseticidas foi muito combatido, porém ainda hoje são

utilizados em culturas de frutas e leguminosas25.

Aldrin, Dieldrin e Endrin são considerados os compostos que mais

comumente causam envenenament026. Em geral os sinais de envenenamento

por diferentes organoclorados são similares e são expressos por uma

hiperatividade neural ou hiperativação do sistema nervoso central. Existe

considerável evidência que os inseticidas organoclorados agem

eletrofisiologicamente e, associado às propriedades enzimáticas das

membranas das células nervosas, causam mudanças na cinética de troca de

íons Na+ e ~ e no seu fluxo através da membrana. Distúrbios no transporte de

cálcio ou na atividade da Mg2+e Ca2+-ATPase também estão relacionados com

estes pesticidas, bem como a atividade da fosfoquinase27.28.29. Os

organoclorados foram largamente usados na agricultura e nos programas de

combate à malária nos anos de 1940 a 1960 com sensíveis efeitos benéficos.

1.4.3 - Herbicidas Triazinas

Dos herbicidas da classe das triazinas, a Atrazina tem sido o pesticida

de maior enfoque, pois é um dos contaminantes mais comumente encontrados

25 R.K. Juhler, M.R. Chrestensen, and G. Hilbert, J AOAC Int. 82 (1999) 337 - 352.26 V.G. Zsuin, and J.H. Velegas. Phytother. Res. 14 (2000) 73 - 88.27 F. Matsumura and K.C. Patil, Science 166 (1969) 121 -122.280.W.End, RACarchman and W.L. Oewey, J. Toxicol- Environ. Health 8 (1981) 707 -718.29 O.L. Shankland, Neurobehav. Toxicol. Tetratol. 4 (1982) 805 - 811.

24

em matrizes ambientais29. A Atrazina é um dos pesticidas mais empregados

em todo o mundo, em especial nos Estados Unidos30.

A Atrazina é metabolizada em quatro compostos hidroxiatrazina e três

clorotriazinas, e na conjugação destes compostos. Os compostos

hidroxitriazinas são metabólitos predominantemente encontrados em plantas,

enquanto que os clorotriazinas são encontrados em tecidos animais, solos e

A triazina age nas plantas inibindo a fotossíntese. Apesar dos herbicidas,

incluindo Atrazina, não estarem associados a distúrbios do sistema nervoso,

pesquisadores da Universidade de Sassari na Itália demonstraram que a

atrazina exerce um efeito tóxico sobre o sistema nervoso central. 31 Ratos ao

receberem doses de Atrazina apresentaram um decréscimo na atividade

elétrica nas células cerebrais, da parte do cérebro que controla os músculos

motores, resultando em perda de equilíbri032. A Atrazina altera a produção de

duas substâncias químicas produzidas no sistema nervoso central, a dopamina

e norepinefrina33. Ambas transmitem impulsos através das células nervosas, e

agem como hormônios. A deficiência na produção destas substâncias altera o

nível de dois hormônios a prolactina e a luteinizina32. Os produtos resultantes

da metabolização também influenciam na produção de dopamina e

norepinefrina34. Alem destes homônimos, estudos demonstraram que a

Atrazina também influencia na produção de outros hormônios como:

30 Fonte : www.epa.gov/oppsrrd1/reregistration/atrazina/index.htm31 M.V.Podda, Pharmaeol. Res. 36 (1997)19932 CancerWeb, 1995-1998. The on-Iine medicaI dictionary. www.graylab.ac.uk33 P.C.Oas, W.K.McElroy,R.L.Cooper, Toxieol. Sei. 56 (2000) 32434 P.C.Oas, W.K.McElroy,R.L.Cooper, Toxieol. Sei. 59 (2001) 127

25

progesterona35, testosterona36, estrogêni037 e os provenientes da tireóide38

.

Estudos realizados mostraram que atrazina apresenta efeitos sobre a

resistência imunológica. Experiências realizadas com ratos monstraram que,

três semanas após os ratos terem recebido doses diárias de 100 mg/kg de

Atrazina, estes desenvolveram uma linfopenia (redução do número de glóbulos

brancos)39. A exposição de células sanguíneas humanas ao herbicida triazina

apresentou uma diminuição na produção de interleucina, uma proteína

regulatória do sistema imunológico e interferon uma proteína que combate

infecções virais40.

1.5 - Técnicas utilizadas para identificação e quantificação de pesticidas

Os métodos oficialmente adotados para a determinação de pesticidas

nas mais diversas matrizes, utilizam a cromatografia gasosa com detector de

captura de elétrons (GC-ECO)41, cromatografia gasosa acoplada à

espectrometria de massas (GC-MS)42 e cromatografia líquido de alta eficiência

(HPLC) com detecção U~·44.45. Sendo que em alguns casos reações de

derivatização são necessárias objetivando inclusive a determinação via análise

35 RL.Cooper, Repro. Toxicol. 10 (1996) 25736 J.Kniewald, J. Appl. Toxieol. 15 (1995) 21537 J.T. Sanderson, Toxieol. Sei. 54 (2Mo) 12138I.N.Kornilovskaya, Eur. J. Endoerinol. 130 (1994) 12939 J.G.Vos, EL.Krajnic, Immunotoxicity of pesticides. In Hayes, A .W., RC. Schenell, T.S. Miya(eds.). Developments in the science and practice of toxicology. Proceeding of the 3rd

International congress toxicology. San Diego CA, USA. Aug.28 - Sept.3, 1983. Amsterdam, TheNetherlands: Elsevier Scientific Publishes. pp. 229-240.40 RJ.Hooghe, S.Devos" EL.Hooghe-Peters. Life Sei. 66 (2000) 251941 A. Venant, EM. Neste, J.Mallet.; Food Addíot. Contm., 71 (1990) 117.42 B. Koppen, J.AOAC Int., 77 (1994) 81043 J. Mao, M.K. Erstfed, P.H. Fockler, J. Agrie. Food Chem., 41(1993) 596 - 601.44 RA Chaoman J. Chromatogr. 258 (1983) 175 - 18245 F.G.Sanchez, AN. Diaz, AG.Pareza J. Chromatogr. A 754 (1996) 97 -102.

26

por fluorescência46. A cromatografia com fluido supercrítico (SFC), também tem

sido utilizada para a determinação de pesticidas.47

A determinação de vários pesticidas e seus metabólitos a nível de

traços em matrizes ambientais requer métodos de separação de alto poder de

resolução, eficiência e seletividade única. Entre os métodos analíticos de

separação e identificação de substâncias que estão rapidamente crescendo e

se desenvolvendo nas últimas duas décadas destaca-se a eletroforese capilar

(CE). A CE teve um rápido avanço e atualmente é uma das técnicas de

separação analítica largamente empregada nos setores farmacêutico48 e

bioquímic049 e a cada dia vem ganhando destaque em diversas áreas. A

ampla divulgação da CE decorre do fato de ser uma técnica de fácil

implementação e que oferece uma variedade de modos de separação que

podem ser efetuados em uma única coluna capilaro, onde compostos oriundos

de diversas matrizes podem ser analisados51. Separações com os modos CZE

(eletroforese de zona) e MEKC (cromatografia eletrocinética micelar) permitem

determinar desde moléculas neutras às ionizadas. A seletividade e resolução

da separação são diretamente controladas por diferentes aditivos adicionados

ao eletrólito de separação (solventes, agentes complexantes, polímeros,

ciclodextrinas,etc.). Em artigos de revisão recentemente publicados, a

potencialidade da técnica é divulgada para uma grande gama de compostos

46 s.o. Mcgavey J chromatogr. B. 659 (1994) 243 - 257

47 0 .E.Knowles, B.E. Ricther, M.S. Wygant, L. Nixon, M.R.Anderson J. Assoc. Oft. Anal.

Chem 71 (1988) 451.

48 J.Yang, H.Long, H.Liu, A .Huamg, Y. Sun ,J.Chromatogr. A. 811(1998)27449 J.Chapman, J.Hobbs, LC-GC 5 (1999) 44350 K. o. Altria; Capillary Electrophoresis Guidebook.principles, instrumentation, operation, andapplications; Methods in Molecular Bio/ogy, Series 52; Series Editor J. M. Walker; HumanaPress, 1995.51 J. P. Landers,; Handbook of High Performance Capillary Electrophoresis; CRC Press, 1993.

27

em matrizes ambientais, incluindo a análise de pesticidas52•53

, compostos

orgânicos 54e inorgânicos55. A CE vem sendo utilizada para a análise e

quantificação de pesticidas em águas naturais, com grande aceitação pelos

pesquisadores. Uma série de classes de pesticidas vem sendo analisada

como, organofosforados, carbamatos, triazinas entre outras, com níveis de

detecção da ordem de 0,1 fJ.g/L. Para se alcançar estes níveis de detecção

alçou-se mão de técnicas de pré-concentração como a extração em fase

52 F.Menzinger, Ph. Schimitt-Kopplin, D. Freitag, A .Kettrup, J.Chromatogr. A, 891(2000)4553 D.T. Eash, R.J. Bushway, J. Chromatogr. A, 880 (2000) 28154 A .Karcher, Z.EI Rassi, Electrophoresis 20(1999)328055 A .R.Timerbaev. E.Dabek-Zlotozynska, M.A. van den Hoop, Analyst 6(1999)81156 Y.S.Wu, S.F.Y. Lu J. Microco/. Sep., 10 (1998), 525 - 535

28

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u~.....--.. -.)

~

CAPÍTULO 2

29

2 - Fundamentos da Eletroforese capilar (CE)

A eletroforese é uma técnica de separação baseada na migração

diferenciada de compostos iônicos ou ionizáveis, em um campo elétrico1.

o uso da eletroforese como técnica de separação foi introduzida por

Tiselius2em 1937, que obteve a separação parcial de algumas proteínas

constituintes de soro sanguíneo em solução livre em tubos verticais em formato

de "U". Em 1967, Hjérten3 descreveu o primeiro trabalho com o uso de campo

elétrico elevado empregando tubos de quartzo com dimensões de 300 j..lm de

diâmetro interno e 36 cm de comprimento, com voltagem de 2,5 a 3,0 kV. Em

1979, Everaerts et al4 demonstraram o uso de tubos de teflon com diâmetros

interno de 200 j..lm, para a separação de 16 ânions, constituindo a primeira

publicação de eletroforese capilar. Na década de 80, Jorgenson e Lukacs5

avançaram com a técnica, com o uso de capilares de sílica fundida de 75 j..lm

de diâmetro interno.

A eletroforese capilar (CE) é uma técnica analítica que engloba uma

família de técnicas, com mecanismos de separação singulares e seletividade

característica, como a eletroforese em solução livre (FSCE), cromatografia

eletrocinética micelar (MEKC), eletroforese em gel (CGE), focalização

isoelétrica capilar (CIEF) e isotacoforese capilar (CITP).6.7 Em eletroforese

1 Electrophoresis - Theory, methods and application; Beer, M., Ed; Acadenic Press Inc., J.

Chromatogr.Lib., Vol 18, Elsevier, Amsterdan (1970).

2 A Tiselius; A New Apparatus for Electrophoresis Analysis of Colloidal Mixtures, Trans.Faraday Soc., 33 (1937) 5243S. Hjérten, High Performence Zone Electrophoresis, Chromatogr. Rev., 9 (1967)1224 F.M. Everaerts, F.E.P. Mikkers, T.P.E.M. Verheggen, ,J.Chromatogr., 11 (1979) 115 J. Jorgenson, K.D. Lukacs, ,Anal. Chem 53 (1981) 12986 R. Kuhn; S. Hoffstetter-kuhn; "Capillary electrophoresis: principies and pratice': New YorK:Springer Verlag, 1993, 375.7 M.F.M. Tavares, Quím. Nova 5 (1997) 20

capilar, a separação é conduzida em tubos de dimensões capilares, de 15 a

100 !-lm de diâmetro interno, e 50 a 100 cm de comprimento, usualmente

preenchidos com solução tampão. O uso do capilar oferece muitas vantagens

sobre os outros meios utilizados para eletroforese (placas de gel, papel, etc.).

Devido a fatores geométricos (a relação entre a área superficial interna e o

volume é apreciavelmente grande), um capilar possibilita a dissipação eficiente

do calor gerado pela passagem da corrente elétrica (efeito Joule). Além disso,.a alta resistência elétrica do capilar permite o estabelecimento de campos

elétricos elevados (100 a 500 V/cm), resultando em separações de alta

eficiência (geralmente excede 105 pratos), resolução inigualável e tempos de

análise apreciavelmente curtos.

As separações conduzidas por CE são realizadas em capilares muito

estreitos (capilares com diâmetros diminutos), com mínimo consumo de

amostra (quantidade nL) e, muitas vezes, proporcionam uma resolução do

analito que é superior a muitas técnicas cromatográficas tradicionais como

HPLC.

Na eletroforese capilar as amostras podem ser introduzidas no capilar

por métodos eletrocinéticos ou hidrodinâmicos. Na injeção eletrocinética, um

gradiente de potencial é estabelecido ao longo do comprimento do capilar por

um período de tempo conhecido, enquanto que na injeção hidrodinâmica

utiliza-se um gradiente de pressão. O gradiente de pressão pode ser

estabelecido por diferentes mecanismos: pressurização ou vácuo em um dos

reservatórios de solução, ou por gravidade onde um dos reservatórios é

elevado em relação ou outro e a amostra é inserida no capilar por sifonagem.

30

Uma variedade de detectores tem sido usado na eletroforese capilar,

incluindo: UVNis, fluorescência, condutividade, amperométrico, espectrometria

de massas, etc. O detector mais amplamente utilizado é o UVNis, destacando­

se o com arranjo de diodos (diode array detector- DAD), que tem a vantagem

de detecção simultânea em múltiplos comprimentos de ondas e a habilidade de

fornecer dados espectrais.

2.1 - Fluxo e/etrosmótico

Um importante fenômeno que ocorre na eletroforese capilar é o

transporte eletrosmótico de espécies em solução. Este fenômeno tem origem

na parede interna do capilar de sílica fundida não desativada, devido à

presença de grupos silanóis (SiOH) que se ionizam a silanoato (SiO-) numa

faixa de pH entre 2 e 8,58. Como mostrado na Figura 2.1, é formada

inicialmente uma primeira camada de cátions do tampão a fim de estabilizar a

carga negativa da parede do capilar a qual, por atração eletrostática,

permanece imobilizada, sendo denominada camada fixa. Devido ao excesso de

cargas negativas, uma segunda camada de cátions, esta última móvel, forma­

se logo após a camada fixa, dando origem ao que se convencionou chamar de

dupla camada elétrica de cátions. No momento da aplicação do campo elétrico,

os cátions hidratados da camada móvel migram em direção ao eletrodo

negativo arrastando todo o volume da solução, este movimento da solução é o

gerador do fluxo eletrosmótico.

8 M.F.M Tavares, Quim. Nova 19 (1996)173-18131

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Fluxo Eletroosmótko (EOf) ... .......... .. ... . ...•.

Qtodo

o

Figura 2.1 - Formação do fluxo eletrosmótico no interior de um capilar

de sílica fundida após aplicação de um campo elétrico

o fluxo eletrosmótico é caracterizado por um perfil linear de velocidade,

não contribuindo, portanto, para o alargamento das bandas. Esta peculiaridade

distingue eletroforese capilar dos métodos cromatográficos em fase líquida,

que apresentam um perfil de velocidade parabólico, característico do fluxo

induzido por pressão. Além disso, o fluxo eletrosmótico, em geral de grande

magnitude, é responsável pela condução dos sOlutos, sem distinção de carga,

em direção ao detector, permitindo assim a análise simultânea de amostras

contendo solutos catiônicos, neutros e aniônicos.

2.2 - Migração eletroforética

Quando um eletrólito no interior do capilar sofre a aplicação de um

campo elétrico, os íons presentes em solução são atraídos em direção aos

eletrodos de sinais contrários aos de suas cargas (q) pela ação de uma força

eletrostática (F e) descrita por:

32

(1)

À medida que o íon é acelerado de seu estado de equilibrio até uma

velocidade v, surge uma força friccionai (Ff) que tende a retardá-lo. A força Ff

pode ser expressa pela Lei de Stoke:

Ff =6n llrv (2)

e é função da viscosidade da solução (r1>, do raio iônico da espécie (r)

(considerada esférica), e da velocidade com a qual o íon se move em solução

(v).

Depois de atingido o equilíbrio entre as duas forças (quase

instantaneamente), os íons na solução movem-se com uma velocidade

constante, dada por

v =JlE (3)

A constante de proporcionalidade I-l é chamada de mobilidade

eletroforética e é característica de um íon em um dado conjunto de condições

(meio e temperatura). Combinando-se as equações 1, 2 e 3 , obtem-se a

relação

Jl = q =_v_ (cm2V-1s-1) (4)

6rptr E

Além da mobilidade eletroforética, um outro valor de grande importância em CE

é a mobilidade aparente (J...la). A mobilidade aparente leva em consideração a

contribuição da mobilidade do fluxo eletrosmótico (J..I.eo) em relação à

mobilidade eletroforética dos íons (J..I.e). A mobilidade aparente de um íon é

dada pela expressão:

33

J..la =J..leo + J..le (5)

Pode-se também ser calculada através de parâmetros experimentais,

onde é dada pela equação (6).

(6)

onde:

/la = Ileo + Ile

v = Voltagem aplicada

Llol = comprimento total do capilar

t =tempo de migração

Ldet =comprimento efetivo do capilar (até o detector)

2.3 - Modo de separação utilizado em análise de pesticidas por

e/etroforese capilar

2.3.1 - Cromatogratia e/etrocinética micelar capilar

Uma das desvantagens da separação eletroforética em solução livre é a

incapacidade de resolver misturas de solutos neutros, o que foi solucionado por

Terabe e colaboradores com a introdução da" cromatografia eletrocinética

micelar capilar, MEKC. 9

o princípio básico da MEKC é a partição diferencial dos analitos entre a

fase aquosa e a micelar, que recebe o nome de fase "pseudo -estacionária",

uma vez que são agregados de moléculas carregadas e, como tal, apresentam

9 S. Terabe; K. Otsuka; K. Ichikawa; A. Tsuchiya; T. Ando; Anal. Chem., 56 (1984) 111

34

mobilidade eletroforética e estão sujeitas à ação do campo elétrico. O agente

formador de micelas mais utilizado em MEKC é o dodecil sulfato de sódio,

50S, cuja fórmula estrutural é mostrada a seguir.

CH3-(CH2h1-0-S03Na

Figura 2.2 - Fórmula estrutural do 50S

Para que ocorra a formação da micela em solução, o detergente deve

estar presente em uma determinada concentração mínima, a qual é

denominada concentração micelar crítica, cmc, que para o 50S é 8,27 mmolL-1

(em água).

Um analito insolúvel em água, adicionado a uma solução contendo

micelas, se alojará no interior hidrofóbico da micela, passando a maior parte do

tempo de análise desta forma. Já um composto altamente hidrofílico,

praticamente não apresentará interação com a porção hidrofóbica da micela,

interagindo com a parte externa da micela composta pelos grupos hidrofílicos.

Porém este processo de interação do analitos e a micela é um processo

dinâmico, desenvolvendo um equilíbrio de partição entre a solução aquosa e a

micela. A MEKC pode ter seu desempenho melhorado pela adição de outras

substâncias no tampão de análise, como é o caso dos solventes orgânicos (ex.

metanol, etanol ou acetonitrila) ou seletores quirais (ciclodextrinas)1O. As

ciclodextrinas são substâncias neutras formadas por ciclo oligossacarídeos

10 Ph. Schimitt, ,A.W. Garrison, O. Freitag, A Kettrup,; J. Chromatogr. A., 792 (1997) 419­

429.

35

naturais, compostas de várias unidades glicopiranose. Na Figura 2.3 é

mostrada a estrutura das ciclodextrinas.

a-I A-tvpeHidroxila primária -A Ligação glicosídica

~m~-o- I 6ctl~otl(:. _ . <t

4 ... I If -1 '1 . -OM

0.p I~ '~t

6 Hidroxil as se cund árias

t

Q ~..p n

n = 1, ~-ciclodextrina

n = 2, )'-ciclodextrina.

a... cic10 dex trina tem apenas 6 Utlidades de ~cose

o14.6 A

o15.4 A

o17.5 A

"Ic =- >

t\IW 972 'IW 11.35 MW 1297

Figura 2.3 - Estrutura química e modelo esquemático das ciclodextrinas:

a-CO, 13-CO e y-CO. 11

A cavidade interna das ciclodextrinas apresenta características

hidrofóbicas, enquanto que a sua parte externa características hidrofílicas,

devido aos grupos hidroxila ali presentes. A melhora na separação ocorre

11 J.H.T.Luong, A.L.Nguyen J. Chromatogr. A 792 (1997) 431 -444.36

devido à interação do grupo hidrofóbico do analito no interior de cavidade

hidrofóbica da CO e também às interações externas com os grupos hidroxila

que estão dispostos na estrutura das COs, interações do tipo dipolo-dipolo. As

ciclodextrinas possuem diferentes graus de afinidade pelo analito, desta forma,

o analito terá seu tempo de migração alterado podendo assim, ser diferenciado

de seu par crítico. Na Figura 2.4 é ilustrada uma separação MEKC, na

ausência (A) e presença de seletores quirais (8), em elevado EOF.

Detecção t tlnjeçãO

< '0 0 0 0'0· 0e 0Vosm r::-v... A"· - ~ 5 5

V '-.:.J '- ..o ~'tJ .-"~ G). . -.<9&fR, .. ) Q.__ .. G A

SOLUT

B

Figura 2.4 - Esquema para uma separação eletroforética no modo MEKC, na

ausência (A) e na presença (B) de seletores quirais. Detalhe mostrando

monômero e micelas de SOS, ciclodextrinas e a interação de diversos solutos

neutros com ambas as fases. Um soluto não retido pela micela migra com

velocidade de fluxo eletrosmótico, Vosrn (VEOF). A velocidade eletroforética da

micela é Vem. enquanto a sua velocidade aparente é Vm.

37

+

Existe a possibilidade de realização de MEKC em condições de pH

baixo, onde o EOF é suprimido. Um esquema exemplificando o mecanismo de

separação na condição de ausência de EOF é mostrado na Figura 2.5.

INJEÇÃO _.ij,. .ij. DETECÇAO

o G G G Q Q Q Q~

~ VEOF

+

Figura 2.5 - MEKC em condição de baixo pH (supressão do EOF).

Quando o potencial é aplicado micelas que partem do lado catódico (-)

migram em direção ao eletrodo de carga oposta, capturando o analito e

conduzindo-o para a janela de detecção.

2.4 - Sistemas micelares

o MEKC é normalmente o modo de separação selecionado para a

determinação de pesticidas, pois em sua maioria são compostos neutros. Para

se atingir seletividade e resolução é comum adicionar ao eletrólito de

38

separação aditivos orgânicos (álcoois ou acetonitrila), que ocasionam

mudanças na estrutura micelar no meio de separação, alterando as

propriedades físico-químicas, entre elas: viscosidade do meio, constante

dielétrica do meio e na superfície da micela, número de agregação micelar e

cmc. Nos próximos tópicos serão feitas abordagens a respeito de ambientes

micelares.

2.4.1 -Tensoativos

As moléculas anfifílicas, ou os tensoativos são conhecidas por

possuírem, dentro de sua estrutura molecular, regiões de polaridade distintas,

uma parte hidrofílica (ou polar) unida a uma parte hidrofóbica (ou apoiar).

Essas moléculas possuem a capacidade de autoagregar-se em solução

aquosa e, dependendo de sua estrutura e concentração, formam micelas,

vesículas ou cristais líquidos liotrópicos. Todos estes sistemas apresentam

propriedades interessantes de solubilização e são capazes de afetar a

velocidade de reações químicas, deslocar equilíbrios, controlar

regiosseletividade e modificar o comportamento de espécies geradas

fotoquimicamente 12,13,14,15.

2.4.2 - Classificação dos tensoativos

12J.H. Fendler , "Membrane Mimetic Chemistry", Wiley: New York (1982)

13L.S. Romsted, In:"Surfactantes in Solution" (K.L.Mital e B.Lindman, Eds.) Plenum Press: NewYork; (1984) Vo12, pp. 1015.

14CA Bunton, G. Savelii" Adv. Phys.Org.Chem., 22 (1986) 213

39

Um grande número de tensoativos com várias combinações de grupos

hidrofílicos e hidrofóbicos é comercialmente disponível. Dependendo da carga

da parte polar hidrofílica, os tensoativos são classificados como aniônico, não­

iônico e zwitteriônicos. Na tabela 2.1 são apresentados alguns representantes

de cada classificação.

Tabela 2.1 - Estruturas de alguns tensoativos.

classe fórmula nome

Aniônico CH3(CH2)110S03-Na+ Dodecilsulfato de sódio

(SDS)

Catiônico CH2(CH2)1sN+(CH3).B( Brometo de hexadecil

trimetilamônio (CTAB)

Não-iônico CH3(CH2)11 (OCH2CH2h 3OH Poli-oxietileno dodecil

éter (BRIJ 35)

Zwitteriônico 3-(hexadecildimetil-CH3(CH2hsN+(CH3h(CH2hS03-

amônio)-Propano-1-

sulfato (CDAPS)

Os tensoativos aniônicos, não-iônicos e zwitteriônicos são de grande

interesse econômico devido a sua aplicação como detergente, emulsificante,

dispersante e umectante. A propriedade dos tensoativos não-iônicos em

solução é uma função da porcentagem em peso de polioxietileno (OE). Assim,

o número de unidades de óxidos de etileno introduzidas na molécula durante a

síntese do tensoativo depende das características desejadas do produto final.

40

o balanço hidrofílico e lipofílico (HLB)16é um bom exemplo de caracterização

dos não-iônicos:

HLB=%OE

5 (7)

41

onde % OE é dada em peso. Esta escala varia de O, produto de partida, não

contendo OE, a 20, o próprio polioxietileno glicol. Produtos com HLB maior que

10 são mais solúveis em água do que em óleo e os com HLB menor que 10 o

contrário17. As formulações de detergentes aquosos empregam os não-iônicos

com 50 % em peso de OE (HLB 10) e ou acima, sendo que as melhores

propriedades de detergência são encontradas entre 55 a 75 % de OE

(respectivamente, HLB 11 e 15).

Os tensoativos catiônicos, do tipo sais de amônio quaternário,

possuem atividade germicida/bactericida e são empregados em composição

anti-sépticas e desinfetantes de uso doméstico, industrial e hospitalar. Os

catiônicos também são bastante utilizados tanto como amaciantes de roupas

como na formulação de creme rinse.

2.4.3 - Propriedades gerais dos tensoativos

2.4.3.1 - Processo de agregação dos tensoativos em água

16 P. Becker, , in "Nonionic Surfactants" Vo1.1. (Schick, M.J., ed.) Marcel Dekker, Inc., NewYork,1966.

17A.W. Adamson, , "Physical Chemistry of surfaces·, 2nd ed., JohnWiley and Sons, Inc., NewYork (1967)

Os tensoativos, em solução de baixa concentração (aproximadamente

10-5 moIL-1), encontram-se na forma de monômero, comportando-se como um

eletrólito forte, no caso de um monômero iônico, ou simples soluto orgânico,

estando completamente dissociados. Conforme se aumenta a concentração do

tensoativo a solubilização de sua parte hidrofóbica torna-se energeticamente

desfavorável devido a dois fatores: alta tensão interfacial água/hidrocarboneto,

diminuição da entropia do sistema causada pela estruturação das moléculas de

água ao redor dos hidrocarbonetos.

Numa tentativa de reduzir a energia interfacial do sistema, a cadeia de

hidrocarbonetos do monômero (ou moléculas) do tensoativo na água

apresentam-se enroladas e medem aproximadamente 70 % do comprimento

da molécula completamente estendida 18.

Ainda nesta faixa de concentração, um pouco acima de 10-5 molL-1, o

balanço energético está equilibrado. A perda de entropia devido à estruturação

da água e a existência da grande energia interfacial iguala-se ao ganho em

entropia devido à dissociação da cabeça iônica, solvatação pelo grupo

hidrofílico e entropia configuracional da cabeça polar dos não-iônicos.

Aumentando-se a concentração de tensoativo, ocorre um aumento na energia

livre do sistema.

Para minimizar a energia livre total ocorre o fenômeno de adsorção

dos monômeros na interface ar-água, com as cadeias dos hidrocarbonetos

voltadas para fora da solução e os grupos hidrofílicos presentes na interface

18P.H. Elworthy, J.Chem. Soc., 388 (1963)42

43

aquosa19. Isto reduz a energia interfacial água-hidrocarboneto e aumenta a

entropia liberando as moléculas de água presas ao redor da cadeia carbônica.

Neste fenômeno de adsorção ocorre a substituição de moléculas de

água presente na interface, pelo grupo hidrofílico do tensoativo. Como as

forças intermoleculares de atração entre molécula de água e um grupo não

polar são menores do que entre duas moléculas de água, reduz-se o poder de

contração da superfície, ou tensão superficial.

A partir do momento que ocorre uma saturação na interface água-ar, e

aumentando-se a concentração do tensoativo, os monômeros começam a

associar-se em dímeros, trímeros, tetrâmeros, diminuindo a energia livre do

sistema.20

o aumento da concentração do tensoativo continua a aumentar a

energia livre do sistema. Como conseqüência final, ocorre a formação de um

agregado chamado micela no qual a parte hidrofóbica monomérica se agrupa

formando um núcleo (ou miolo) micelar e a parte hidrofílica se dispõe na

superfície voltando-se para o solvente majoritário (água). Na figura 2.6 é

apresentado o esquema de uma micela aquosa de um tensoativo aniônico.

19p .H. Elworthy, A.T. Florence, C.B. Macfarlane, ·Solubilization by Surface Active Agents"Chapman and Hall Ltd., London, 1968.

20 P. Mukerjee, Adv. Colloid Interface Sei., 1 (1967) 241

- Camadade Stem -

Dupla camadade Gouy-Chapman

44

Figura 2.6 - Esquema de uma micela iônica baseada no modelo de Hatley.

A micela é envolvida pela camada de Stem que contém os grupos

iônicos e também 50 a 80 % dos contra-íons, concedendo à micela uma carga

residual positiva ou negativa em função da carga das cabeças.

A camada de Stem é envolvida por uma dupla camada elétrica difusa,

denominada de dupla camada de Gouy-Chapman, e que contém os restantes

dos contra-íons solvatados65.

Apesar da controvérsia a respeito de modelos para a estrutura de

micelas, a maioria dos pesquisadores está de acordo com uma forma

aproximadamente esférica67,21 ,22. As cadeias hidrocarbônicas estão dispostas

de maneira aproximadamente radial, mas com alguma desorganização,

21 D. Attwood & A T. Florence, Surfactant Systems. ehapman and Hall, London, New York,1983.22 e.A. Bunton, F. Nome, F.H. Quina, & L.S. Romsted, íon Binding and reactivity at changedaqueous interfaces. Aee, Chem. Res., 24 (1991)357.

conferindo ao núcleo uma natureza Iíquida66. A penetração da água pode

ocorrer até os quatro primeiros grupos metilênicos próximos ao grupo de

cabeça (camada palasídica). Há interações entre os contra-íons e moléculas de

água, na camada de Stem. A dupla camada de Gouy-Chapman contém os

contra-íons restantes e se estende radialmente até a fase aquosa23. O modelo

de Hartley é o mais citado na literatura, devido ao fato de ser o que melhor

concorda com essa exposição64. Dependendo da concentração do tensoativo

no meio micelar, do tipo do tensoativo utilizado, se o meio é aquoso ou

orgânico, bem como a força iônica do meio, modificações estruturais ocorrem

como pode ser verificado através da Figura 2.7.

No caso de tensoativos zwitteriônicos, a estrutura micelar é diferente.

Supõe-se que os monômeros orientem-se radialmente no agregado micelar.

Isto faz com que o miolo seja rodeado por uma camada positiva e esta é

rodeada por uma camada negativa. Esta estrutura pode ser comparada a

micelas catiônicas não dissociadas24. No caso de tensoativos não-iônicos, o

miolo micelar encontra-se envolvido pelas cabeças solvatadas de cadeias poli-

oxietilênicas65.

23 A .W. Adamson, Physical Chemistry of surfaces. 3ed. Wiley -Interscience Publication, NewYork,1976.

24M.S. Baptista, L Cuccovia, ,H.Chaimovich, ,MJ. Politi, , W.F.,Reed,. J.Phys. Chem. 96 (1992) 644~5

Monômeros

Mícela tubular

Mícela Esférica

Microemulsão AJO .

Micela reversa

Microemulsão OIA

Sonicação)o

Vesícula multilamelar Vesícula uni/amelar

Figura 2.7 - Algumas estruturas formadas por tensoativos

A concentração mínima de tensoativo necessária para a formação de

uma micela simples é denominada de concentração micelarcrítica (cmc).

Conhecendo-se o valor do cmc, a concentração do detergente e o número de

agregação é possível calcular a concentração de micela em moles por litro,

usando a seguinte formula:

Cs- cmc[micela] =--N-- (9)

46

Onde, Cs é a concentração do tensoativo em solução e N é o número de

agregação. Quando o valor de cmc é atingido, observa-se uma brusca variação

das propriedades físico-químicas da solução do tensoativo. Na figura 2.8 são

apresentadas as diversas variações das características da solução.

Pressão osmótica

Q).......cQ)

Ucoo..([)Q)'­'-ou(J)

uC\Juc='

cmc

~~--r--- Ressonânciamagnética

Solubilização

Tensão superficial~::::::::--..~-

Condutividadeequivalente

Concentração do tensoativo

Figura 2.8 - Mudanças das características físico-químicas de uma solução de

tensoativo após ter atingido o cmc.

2.4.3.2 - Número de agregação

Este é o número de moléculas de monômero do tensoativo presentes

em uma micela simples. O número de agregação pode ser obtido pela divisão

da massa molecular da micela pela massa molecular do monômero. A massa

molecular da micela pode ser obtida por várias técnicas incluindo filtração em

gel, espalhamento de luz, equilíbrio de sedimentação e espalhamnento de raio-

X em baixos ângulos (small-angle X-ray scattering). Como o tamanho micelar,

o número de agregação pode ser também influenciado pela força iônica.

47

2.4.3.3 - Kraft Point

A baixas temperaturas, os tensoativos permanecem no estado de

cristais insolúveis e estão em equilíbrio com uma pequena quantidade de

monômero dissolvido. A medida que a temperatura da solução aumenta a

quantidade de monômero em solução também aumenta até atingir a cmc,

formando então micelas. A temperatura no qual o monômero atinge a cmc é

chamada de temperatura micelar crítica (cmt). A temperatura onde todas as

três fases -cristalina, micelar e monomérica - coexistem é chamada de kraft

point (Figura 2.9). A esta temperatura a solução do tensoativo toma-se límpida

e a concentração do tensoativo atinge a cmc. Para muitos tensoativos, o kraft

point é idêntico ao cmt.

2'E

~.~

o(J)

c:::.<go-oo'ro(jo

~ã5uc:::o()

cmtCristais dotensoativo

Micelas

Monõmero dotensoativo

.Temperatura, °C

cmc

Figura 2.9 - Diagrama de fases do Kraft point.

48

2.4.3.4 - Fatores que influenciam o valor da cmc

Os valores de cmc dos tensoativos dependem de vários fatores como

o comprimento da cadeia hidrofóbica do detergente, natureza do grupo polar,

temperatura, presença de sais e outros solutos25.

De uma maneira geral, o aumento da cadeia carbônica (grupo

hidrofóbico), fixando as demais variáveis, provoca um aumento da

hidrofobicidade do monômero, diminuindo o valor de cmc e aumentando o

tamanho das micelas. A variação da natureza do grupo hidrofílico, para

tensoativos que possuam a mesma cadeia hidrofóbica, não provoca grandes

alterações no valor de cmc, comparado com outros fatores26. Entretanto, a

natureza do grupo hidrofílico é um fator importante na determinação do

tamanho micelar e na reatividade de reações catalisadas por soluções

micelares aquosas.

Grupos hidrofílicos pequenos permitem que os contra-íons se

aproximem da interface micelar, fazendo com que o grau de dissociação seja

pequeno. Isto diminui a carga efetiva da micela, o que resulta em um aumento

do número de agregação micelar. Por outro lado, grupos hidrofílicos muito

grandes não permitem a aproximação dos contra-íons, aumentando o grau de

dissociação e diminuindo o número de agregação micelar7,28.

25D. Attwood, A.T. Florence, "Surfactants Systems. Their Chemistry, Pharmacy and Biology",Chapman and Hall, London, 1983.

26 K. Shinoda, T. Nakagawa, B. Tamamushi, T. Isemura, "Colloidal Surfactants" AcademicPress, Inc., New York, 1963.

27R. Zana J. Colloid interface Sei., 78 (1980) 330

28p. Lianos, R. Zana, J. Colloid Interface Sei., 88 (1982) 59449

Com referência ao aumentá da temperatura e pressão, pode-se dizer

que com o aumento da temperatura assume-se a possibilidade de um

decréscimo da cmc em função da desidratação dos monômeros. Por outro

lado, o aumento excessivo da temperatura provoca um aumento na cmc,

causado pela quebra da estrutura da água ao redor da cadeia carbônica, que

se opõe ao processo de micelização83. Com relação à pressão, o valor de cmc

aumenta com o aumento do valor de pressão. Este comportamento tem sido.explicado como função de uma solidificação do interior micelar, ou de um

aumento da constante dielétrica da água induzida pela pressão84.

Com relação à incorporação de aditivos à solução de tensoativo, pode-

se dividir estes aditivos de acordo com o principal efeito causado sobre o

sistema. 1) eletrólitos pequenos, cujo efeito é essencialmente eletrostático e

afetam principalmente as micelas, como o NaCI, LiCI; 2) aditivos que atuam

principalmente na estrutura das moléculas de água, como a uréia e 3) aditivos

não-iônicos que afetam a interface por adsorção, como os álcoois.

A presença de eletrólitos pequenos na solução de tensoativos iônicos

reduz a repulsão eletrostática entre os grupos hidrofílicos que se localizam na

interface micela-água, isto então provoca uma diminuição no valor de cmc e um

aumento no número de agregação. Dependendo do tensoativo, o aumento na

concentração de eletrólito pode provocar a transição de geometria micelar de

esferas para cilindros, como no caso de haletos de tetradeciltrimetilamônio com

haleto de sódi029. Estas mudanças normalmente estão associadas a aumento

na viscosidade da solução, motivo pelo qual, na maioria dos casos, a

29T. Imae, S. Ikeda, J. Chem. Phys., 90 (1986) 521650

viscosidade de detergentes líquidos para uso doméstico é ajustada pela adição

de sais inorgânicos como NaCl, Na2S04 e MgS04.

A adição de compostos que quebram a estrutura da água (por

exemplo, a uréia) aumenta o valor de cmc30. Para os não-iônicos, ocorre

também um aumento do ponto de turvação e diminuição do valor da cmc com a

adição deste tipo de aditivo.

Os efeitos da adição de n-álcoois em sistemas micelares podem ser

avaliados de acordo com o tamanho da cadeia alquil do álcool31,32. Adição de

álcoois de cadeias pequenas (entre 1 a 3 carbonos) em uma primeira instância

provoca diminuição do valor da cmc de tensoativos iônicos, com conseqüente

aumento na ionização da micela (grau de dissociação). Efeito mais

pronunciado é obtido com o aumento do hidrofobicidade do álcool adicionado.

Porém, à medida que a concentração do álcool de cadeia pequena aumenta

em solução, um aumento no valor de cmc é notado, porém o grau de ionização

não diminui. Este fato pode ser explicado da seguinte maneira: as moléculas de

álcool com cadeias de 1 a 4 átomos de carbono são dissolvidas

predominantemente na fase aquosa, apresentando um processo dinâmico, no

qual as moléculas de álcool trocam do meio aquoso para o meio micelar

continuamente. Os álcoois de cadeias pequenas associam-se na camada

palasídica da micela. As moléculas de água, presentes nesta camada, são

deslocadas pelas moléculas de álcool, como conseqüência, a constante

dielétrica da camada de barreira diminui (micela-solução). Este efeito aumenta

a repulsão entre os grupos hidrofílicos iônicos (cabeça do tensoativo),

3Op. Mukerjee, Adv. Golfoid Interface Sei., 67 (1962) 19031 R.Zana, S.Yiv, C.Strazielle, P.Lianos, J. Golf. Int. Sei., 80 (1981) 20832 S.Yiv, R.Zana, W.Ulbricht, H.Hoffman, J.Golf. Int. Sei., 80(1981) 224

51

desestabilizando a micela e levando a dissociação de um certo número de íons

de tensoativo. Com isso, o número de agregação diminui e a associação dos

monômeros do tensoativo ocorre em uma concentração menor do que aquela

na ausência de álcool. Se a concentração de álcool for continuamente

aumentada ocorrerá um aumento da cmc do sistema micelar, pois o álcool

presente na solução micelar solvata a cadeia alquil do monômero ionizado do

tensoativo, diminuindo a energia livre e favorecendo a permanência do

monômero em solução. Para a formação de micela é necessária uma

quantidade maior de tensoativo, com isso aumenta o cmc.

Para álcoois de cadeias mais longas de 4 a 6 carbonos, a diminuição

da cmc e aumento da ionização da micelas são também evidenciados. Estes

álcoois possuem a capacidade de associar-se mais integralmente com a micela

(ficam "ancorados"), esta capacidade aumenta com o tamanho da cadeia do

álcool. Baseado nesta informação dois fenômenos ocorrem conjuntamente, um

de ordem estérica e outro eletrostática.

1) Efeito estérico: as moléculas de álcool ficam intercaladas entre os íons do

tensoativo na micela, aumentando a média da distância entre elas. Isto resulta

em um decréscimo na densidade de carga na superfície da micela e um

aumento na ionização, com conseqüente diminuição da cmc.

2) Efeito eletrostático: este efeito diz respeito à mudança da constante

dielétrica da camada palasídica. Medidas espectroscópicas mostraram que a

constante dielétrica na superfície da micela em água apresenta valores entre

40 a 50. Estes valores são relativamente altos, levando em consideração que a

camada palasídica contém água, grupos iônicos do tensoativo e alguns contra-

52

íons que vão até o terceiro ou quarto grupo metilênico da cadeia alquil do

tensoativo. O álcool quando se associa ("ancora") à micela substituindo a água

por ele mesmo, diminui a constante dielétrica e, como conseqüência, aumenta

a repulsão entre os grupos polares do tensoativo, aumentando a ionização das

micelas e diminuindo a cmc33.

Para tensoativos não-iônicos, álcoois como metanol e etanol,

aumentam o valor da cmc devido ao enfraquecimento da hidratação da cadeia

carbônica. O n-propanol exibe um efeito intermediário, baixas concentrações

causam uma diminuição do valor da cmc. Já álcoois como butanol e pentanol

diminuem o valor da cmc como conseqüência da penetração dos mesmos na

camada palasídica da micela formando uma micela mista. 34

A adição de solventes, no caso acetonitrila, também ocasiona

alterações no valor da cmc. A solubilização de acetonitrila em soluções

anfifílicas causa um rompimento na estrutura da água, com adições de

pequenas quantidades deste solvente orgânico e a formação de novas pontes

de hidrogênio entre moléculas de acetonitrila e água, onde as moléculas de

acetonitrila ficam "engaioladas" pelas moléculas de água. Isto causa um

rearranjo das moléculas de água diminuindo o efeito hidrofóbico. A acetonitrila

tem a facilidade de solvatar os monômeros do tensoativo fazendo com que

uma quantidade maior de tensoativo seja necessária para formar uma micela,

aumentando, portanto o número de agregação e a cmc. As micelas de SOS

formadas em misturas acetonitrila-água são menores, mais dissociadas e

apresenta maior fluidez.

33S.Backlund, K.Rundt, K.S.Birdi, S. Dalager, J. Colloid Interface Sci. 79 (1981) 578

34 F.A .Green, J. Colloid Interface Sci. 41 (1972) 12453

CAPÍTULO 3

3- Objetivos

Foram objetivos deste projeto de pesquisa:

1) Estabelecer um eletrólito apropriado para a separação de pesticidas das

classes triazinas, carbamatos, carbendamidazóis, organofosforados e feniluréia

via eletroforese capilar (CE).

2) Avaliação das estratégias de pré-concentração on-line descritas em literatura e·

propor estratégias alternativas para análise de pesticidas via CE.

3) Avaliação e estabelecimento de uma metodologia de extração e clean-up,

visando à determinação de pesticidas em matrizes vegetais.

4) Avaliação do emprego de ambientes micelares (extração por cloud-point - CPE)

na extração e análise de pesticidas em frutas.

5) Determinar figuras de méritos para o método analítico otimizado e aplicá-lo a

uma amostra real.

54

~~U

HJ~

~ CAPÍTULO li-

~

u

~t~, ,s~ 'B

u1~-J

4 - Materiais e reagentes

4.1 - Instrumentação

Equipamento de e/etroforese capilar

Para a realização das análises por CE foi utilizado um equipamento de

eletroforese capilar Agilent TechnoJogies (Paio Alto. CA, EUA) equipado com

detector de arranjo de diodos (DAD) de 190 a 600 nm. fonte de alta tensão de O±

30kV. controlador de temperatura por circulação de ar, e software para controle

do equipamento e aquisição de dados (Chemistation CE versão 5.0). Na Figura

3.1 é mostrada uma foto do equipamento utilizado.

Figura 4.1 - Equipamento de CE utilizado para a realização das análises.

55

Banho-maria

Um banho-maria modelo 550 (Fisaton, SP, Brasil), com controlador de

temperatura de 30-110 cC foi utilizado.

pHmetro

Um pHmetro DM 21 (Digimed, SP, Brasil) com eletrodo de vidro combinado

Ag/AgCI foi utilizado para a determinação de pH das soluções preparadas.

Centrífuga

Centrífuga Quimis 222 T28 (Quimis, São Paulo, Brasil) foi utilizada na preparação

de amostras.

Manifold

Manifold Supelco Vispred™ DL de 12 portas (Supelco, Sigma-Aldrich Family, São

Paulo, Brasil), para a realização dos SPE.

Estufa

Estufa Fanem 515 C (Fanem, Guarulhos, Brasil)

4.2 - Materiais utilizados na preparação de soluções e amostras

a) micropipetas volumétricas da Gilson: 250 !J.L; 200 - 1000 !J.L e 1000 - 5000 !J.L.

b) funil de separação de 150 mL.

c) coluna de vidro de 25 cm x 1 em

d) balões volumétricos de 5, 10,25,50 e 100 mL.

56

e) cartuchos para extração em fase sólida (SPE) com fases estacionárias: CN

(ciano), amino (NH2), C18 (octadecil sílica) (Strata, Phenomenex, Labtron,

Brasil), com 1 g de sorvente .

f) barras magnéticas para agitação.

g) vía/s de 0,5 a 1 mL.

h) unidades filtrantes Millex (Or. Millex, Millipore, SP, Brasil) de 0,22 J-lm e

0,45 J-lm.

i) seringas descartáveis.

j) tubos eppendorf de 2 mL.

k) capilares de sílica fundida (Polymicro Technologies, Phoenix, AZ, EUA) de 75

J-lm de diâmetro interno e 360 J-lm de diâmetro externo.

4.3 - Reagentes e soluções

Os solventes orgânicos utilizados para a preparação de soluções padrão

de pesticidas, empregados nos testes de extração foram todos de grau HPLC,

obtidos da Merck.

Foi utilizada água desionizada (Milli-Q system, Millipore, Bedford, MA,

EUA) para a preparação de soluções de ácidos e bases, assim como das

soluções tampão. A seguir são descritas as soluções utilizadas durante a

realização deste trabalho.

~ Solução concentrada de NaOH, 1 moVL

Foram dissolvidos 4 g de NaOH (Reagente PA - Aldrich) em 100 mL de

água desionizada e a solução foi armazenada em frasco de polietileno.

57

=> Solução tampão de ácido fosfóricoHosfato de sódio monobásico

(H3PO./NaH2P041

Esta solução será identificada a partir desta seção pela sigla TF.

Foram preparados 250 mL de uma solução estoque TF a 100 mmol/L com

pH 2,5. Estas soluções foram preparadas através da diluiçãol dissolução

adequadas dos reagentes H3P04 (Merck, grau PA 't = 85 % e d = 1,95 g/mL)

NaH2P04 (Sigma-Aldrich, grau PA ) segundo a equação de Henderson­

Hasselbach. O pH foi medido com o uso de um pHmetro. Foram utilizados 2,09 g

de NaH2P04e 0,5 mL de H3P04concentrado; a solução obtida foi acondicionada

em frasco de polietileno e mantida sob refrigeração.

=> Solução tampão de Tetraborato de sódio (Na28407.10H20)

Esta solução será identificada a partir desta seção através da sigla TBS.

Foi preparada uma solução estoque de TBS 100 mmollL a partir da

dissolução de 9,53 g de Na2B4Ü7.10H20 (Sigma-Aldrich, grau PA) em 250 mL de

H20; a solução foi armazenada em um frasco de polietileno e mantida sob

refrigeração.

=> Eletrólito para separações em meio não aquoso (NACE)

Eletrólito utilizando-se SOS (dodecilssulfato de sódio) ou NaCI solubilizado

em mistura de solventes metanol:acetonitrila (1: 1, v/v) acrescida de 50 !-LL ácido

clorídrico concentrado para 50 mL (PA Merck, 't = 32%, d = 1,16 g/L), foi

empregada nas separações via NACE.

58

~Solução de dodecilssuNato de sódio (SDS), ciclodextrinas

Foram preparados 100 mL de solução 100 mmol/L de SOS através da

dissolução de 2,88 g do reagente padrão (SOS grau PA, Merck); a solução obtida

foi acondicionada em frasco de polietileno.

Foram utilizadas ciclodextrinas de diferentes espécies e graus de

substituição (13 e y-ciclodextrinas) de diferentes procedências (Merck e Beckman).

Como tratam-se de reagentes caros e vendidos em pequenas quantidades (250

mg a 1 g), os eletrólitos de corrida que utilizaram estes reagentes foram

preparados em pequeno volume (5 mL), pesando-se a massa necessária (em mg)

para a concentração requerida diretamente no balão de preparação do eletrólito.

~ Tensoativos e fases sorventes

Foram utilizados os seguintes tensoativos nas extrações por Cloud Point:

- Triton X114 (Fluka, Sigma-Aldrich Family, São Paulo, SP), lote n°. 402781/1.

Foram utilizadas os seguintes sorventes para a realização de estudos de

extração de pesticidas em frutas e leguminosas:

Florisil (silicato de magnésio ativado), da Sigma (Sigma-Aldrich Family, São

Paulo, SP), lote n°. 118H0303.

Celite 545 AW (Supelco, Sigma-Aldrich Family, São Paulo, SP).

Carvão ativado (Sigma, Sigma-Aldrich Family, São Paulo, SP).

~ Padrões de pesticidas

Padrões de diferentes classes de pesticidas (aldicarb, dimetoato,

carbendazin, simazina, atrazina, propazina, ametrina, clorpirifós, pirazofós, diuron,

59

Iinuron, propoxur, carbaril, carbofuran) foram adquiridos junto à Riedel - de Haen

(Sigma-Aldrich Family, São Paulo, SP). Estes padrões são comercializados sob a

forma de pó, acondicionados em frascos de vidro âmbar com cerca de 250 mg.

Soluções padrão estoques destes pesticidas foram preparadas na concentração

de 1000 mg/L. Porém, para simazina e carbendazim a solução estoque foi

preparada na concentração de 300 mg/L. O solvente utilizado para a dissolução

do carbendazim foi acetona, a simazina foi solubilizada em etanol e os demais

pesticidas em metano\. Estas soluções foram acondicionadas em frascos âmbar

de 5 mL, mantidas sob refrigeração (-12 °C), e preparados através da diluição

adequada antes do uso.

=> Amostras de frutas e leguminosas

Amostras de frutas (abacaxi) e leguminosa (cenoura) foram adquiridas

no comércio local. Amostras testemunho foram adquiridas em locais onde é

praticada a cultura orgânica.

=> Condicionamento de capilares

Colunas capilares novas antes de serem utilizadas foram lavadas

previamente com NaOH 1,0 mol/L por 25 min, água desionizada por 20 min e

por último com o eletrólito de corrida por 25 mino Durante a realização das

análises, a coluna capilar era lavada com o eletrólito de corrida por 3 min a

cada análise efetuada.

60

CAPÍTULO 5

5 - Otimização da composição do eletrólito de separação

Foram realizados experimentos em dois níveis de pH, um em tampão TBS

(pH 9,3) e outro em tampão TF (pH 2,5). Para as separações em pH 9.3 foram

avaliadas as potencialidades das ciclodextrinas, dos solventes orgânicos e a

formação de micelas mistas pela adição de um tensoativo não-iônico ao eletrólito,

para se atingir a seletividade e resoluções adequadas para a separação de uma

mistura padrão de pesticidas. Já para as separações em pH 2,5 não houve a

necessidade da inclusão das ciclodextrinas no eletrólito de separação, para que

resolução satisfatória fosse alcançada. Apenas com a influência dos solventes

orgânicos no eletrólito, foi atingida resolução até a linha de base.

5.1 - Otimização da separação em pH 9,3

A concentração de solvente orgânico adicionado ao eletrólito de separação

foi mantida constante, como também as concentrações TBS e SOS. Foram

avaliadas várias espécies de ciclodextrinas (CO), naturais (P e y CO) e

derivatizadas (dimetil-p-CO, hidroxipropil-p-CO e trimetil-p-CO). Em ensaios

preliminares ficou evidente que à medida que se aumentava a concentração de

CO no eletrólito de separação, a resolução melhorava passando por um ótimo de

concentração que estava em torno de 20 mmol L-1. Na figura 5.1 são mostrados os

eletroferogramas obtidos na separação de 12 pesticidas de diferentes classes

(aldicarb, dimetoato, carbendazim, carbofuram, simazina, atrazina, carbaril,

propazina, diuron, linuron, pirazofós, clorpirifós) em um eletrólito contendo 45

mmol L-1 de SOS, 10 % metanol, 10 mmol L-1 de tetraborato de sódio (TBS) e 20

61

mmol L-1 de cada uma das CO naturais.

45

23

7

10

I I I i I I I2 4 6 8 10 1 2 14

Tempo, min

6

4+5 710

9

2+3 812

I2

I4

I6

I8

i10

Tempo, min

i1 2

i14

I16

i18

Figura 5.1 - Influência das ciclodextrinas naturais na separação eletroforética de

uma mistura de pesticidas. Composição do eletrólito: 10% metanol, 45 mmol r1 de

SOS, 10 mmol L-1 TBS, (A) 20mmol L-1 de y-CO e (B) 20 mmol L-1 de (3-CO. À =220 nm, capilar de sílica fundida de 50 cm (efetivo), 27kV, 25°C, inj. = 8 s/2,5kPa.

1) aldicarb, 2) dimetoato, 3) carbendazim, 4) carbofuram, 5) simazina, 6) atrazina,

7) carbaril, 8) propazina, 9) diuron, 10) linuron, 11) pirazofós e 12) c1orpirifós.

Entre as COs naturais, a y-CO proporcionou uma maior resolução entre os

componentes da mistura. Na figura 5.2 são apresentados os eletroferogramas62

obtidos para as ciclodextrínas derivatizadas. Através dos eletroferogramas obtidos,

é possível avaliar a influência das ciclodextrinas derivatizadas na separação da

mesma mistura de pesticidas mostrada anteriormente. A trimetil-J3-CO apresentou

a melhor separação para a mistura de pesticidas. Este fato pode estar relacionado

com o grau de substituição (GS) das ciclodextrinas utilizadas. ü grau de

substituição da trimetil-J3-CO é 3,0 enquanto que para a hidroxipropil-J3-CO é 0,6 e

o dimetil-J3-CO é 1,8. ü grau de substituição é definido como o número médio de

grupos hidroxilas substituídos pelos grupos funcionais em cada unidade

glicopiranose da ciclodextrina (0< GS <3). Quanto maior o GS maior será a

capacidade de complexação por inclusão da ciclodextrina1,2, favorecendo a

formação de complexos mais estáveis. Talvez por essa razão o tempo de análise

seja mais rápido quando a trimetil-J3 CO é utilizada no eletrólito de corrida. A

trimetil-J3 CO é neutra e durante a separação é conduzida através do capilar pelo

EüF. Quando o analito particiona com a micela de SOS ele é desacelerado, pois a

micelas apresentam carga negativa que resiste ao EüF. Enquanto o analito estiver

complexado com a CO, ele será arrastado pelo EüF, adquirindo maior velocidade

em relação aos analitos que interagirem com as micelas.

I M.C.Vescina, A .M.Fernúer, Y. Guo, JChromatogr. A, 973 (2002) 1872 K.L.Larsen, W.ZinunemJalln, JChromatogr. A, 836 (1999) 3

63

3+4

5

7 9

6

A 2 8 103+4

5 7 8

I2

10

r I I I I2 4 6 8 10

10Tempo, min 6 92

5+6+7

B 12

3+4 Tempo, mino8

1+2 9

c 1112

I2

I4

I6

Tempo, mino

I8

I10

64

Figura 5.2 -Influência das COs derivatizadas na separação eletroforética de uma

mistura de pesticidas.Composição do eletrólito: 10% MeOH, 45 mmol L-1 de

SOS,10 mmol L-1 de T8S (A) trimetil-f3 CO (8) dimetil-f3-CO (C) Hidroxipropil-f3-CO

e, 1..=220, capilar de sílica fundida de 50 cm (efetivo), 27 kV, 25°C, inj. = 8 s/2,5

kPa. 1) aldicarb, 2 )dimetoato, 3) carbendazim, 4) carbofuram, 5) simazina, 6)

atrazina, 7) carbaril, 8) propazina, 9) diuron, 10) linuron, 11) pirazofós e 12)

clorpirifós.

Apesar da trimetil-fl CO (Fig. 5.2 A) ter apresentado melhor resolução e

uma separação em tempos menores, ainda persiste a co-eluição entre o

carbofuran e a simazina (picos 3 e 4). Tensoativos neutros têm sido usados

conjuntamente com tensoativos iônicos em separações eletroforéticas para

aumentar a seletividade e a resolução. O efeito do brij 35® sobre a separação da

mistura de pesticidas foi avaliado. Os eletroferogramas obtidos são apresentados

na Figura 5.3. É possível avaliar através dos eletroferogramas que o brij 35®

proporcionou melhora na resolução com sensível diminuição no tempo de análise,

pois a separação ocorreu em tempo menor que 8 minutos (Figura 5.3 A). O brij®

35 altera a estrutura micelar do SOS, pois os monômeros do brij 35® agregam-se

com as micelas de SOS, aumentando o seu tamanho, que por conseqüência

diminui a sua densidade de carga. Com a diminuição da densidade de carga da

micela, esta apresenta menor atração pelo eletrodo de carga oposta (ânodo) e por

conseqüência exerce menor resistência ao EOF. Outro fato que contribui para a

melhoria na separação é a diminuição na constante dielétrica da superfície da

micela de SOS, possibilitando que as interações entre o analito e a superfície das

micelas possam ser maximizadas. Juntando-se a isso o efeito benéfico que a

trimetil- fl-CO já imprimia ao sistema de separação, obteve-se uma separação para

todos os pesticidas. Outro fato a ser destacado é que a concentração de trimetil-

fl-CO no eletrólito de separação foi diminuída de 20 para 12 mmol L-l.

65

A

56

7

89

10

2 4 8

2

B

4

Tempo, Min

4+56

3 7

6

8

Q10

11

8

1?

10

Tempo, min

Figura 5.3 - Efeito do brij 35® sobre a separação eletroforética de uma mistura de

pesticidas. Composição do eletrólito: 10% MeOH, 45 mmol L-1 de SOS, 1Ommol r1

TBS (A) 12 mmol L-1 de trimetil-f3-CO e 2 mmol L-1 de Brij 35® (8) 12 mmol L-1 de

trimetil-f3-CO e 4 mmol L-1 de brij 35®, À=220, capilar de sílica fundida de 50 cm

(efetivo), 27 kV, 25°C, inj.= 8 s/2,5 kPar. 1) aldicarb, 2) dimetoato, 3) carbendazim,

4) carbofuram, 5) simazina, 6) atrazina, 7) carbaril, 8) propazina, 9) diuron, 10)

Iinuron, 11) pirazofós, 12) clorpirifós.66

Embora tenha sido obtida uma boa separação utilizando como eletrólito 45

mmol L-1 SOS, 10 % metanol, 12 mmol L-1 trimetil- f3 CO, 2 mmol L-1 Brij 35®, para

a mistura de pesticidas estudada, este eletrólito não apresentou bons resultados

quando foram realizados testes de repetibilidade, provavelmente em virtude de

sua complexa composição. Além disso, o fator que mais contribuiu para a não

utilização deste eletrólito de separação foi que, em virtude da adição de Brij 35® ,a

densidade de carga das micelas de SOS se torna menor, motivo que impossibilita

o uso deste eletrólito no emprego de estratégias de pré-concentração on-line,

estratégias estas que serão explanadas no capítulo 6.

Considerando estes fatores, novas alternativas para a separação destes

pesticidas foram avaliadas. Estudos sobre a influência dos solventes orgânicos no

desempenho das separações eletroforéticas foram realizados. Solventes como

metanol, etanol, propanol, butanol e acetonitrila foram avaliados, bem como

misturas entre estes solventes. Para a realização destes estudos foi empregada

uma mistura de pesticidas na concentração de 10 mg/L que continham; dimetoato,

carbendazim, atrazina, simazina, carbaril, ametrina, propazina, diuron, propoxur e

linuron.

Inicialmente avaliou-se a influência dos solventes individualmente, onde

foram preparados vários eletrólitos de separação contendo 10% de cada um dos

álcoois, e manteve-se constante a concentração dos outros componentes do

eletrólito de separação, que consistia de 50 mmol L-1 de SOS e 10 mmol L-1 do

tampão TBS. Na figura 5.4 são mostrados os eletroferogramas obtidos.

67

5

3 47 8 6

6 4+* 79 3

8A 2 2

9B10

I I I I I I iI I I I I4 6 8 10 12 2 4 6 8 10 12 14

Tempo, mino Tempo, mino

5

*~

6

3 7

810

C 2

I10

I8

I6

Tempo, mino

I10

I8

I6

Tempo, mino

I I I I I I2 6 8 10 12 14

Tempo, mino 7

4 6

3 8 9

* \ /5 10

E

I4

I2

Figura 5.4 - Influência na separação eletroforética pela adição de1 O % de

diferentes solventes ao eletrólito de separação. Composição do eletrólito: 50 mmol

L-1 SOS e 10 mmol L-1 TBS, (A)10% ACN, (B) 10% MeOH, (C)10% EtOH, (O) 10%

BuOH e (E) 10% PrOH. )..=220, Ldet= 50 em, 27 kV, 25°C, inj.= 8 s/2,5 kPa. (1)

dimetoato, 2) carbendazim, 3) simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6) ametrina, 7)

propazina, 8) diuron, 9) propoxur e 10) linuron e *) desconhecido.

68

Percebe-se que o pico desconhecido co-eluiu com todos os eletrólitos

avaliados. Nota-se também que o eletroferograma onde o n-butanol foi utilizado

(figura 5.4 D) o perfil foi bastante alterado. Isto pode ser indicativo de que nesta

concentração (10%) o n-butanol esta favorecendo a dissociação dos monômeros

de SDS da micela, causando mudanças na sua estrutura micelar prejudicando a

estabilidade do eletrólito de separação. É possível notar através da Figura 5.4 A

que a ordem de eluição para o diuron varia quando a acetonitrila é adicionada ao

eletrólito de separação.

A seguir na Figura 5.5 serão mostrados os eletroferogramas obtidos para

as misturas binárias na proporção de 5 % para cada solvente: PrOH:MeOH,

ACN:MeOH, ETOH:MeOH, BuOH:MeOH, BuOH:ACN. É possível notar que as

misturas binárias onde o butanol esta presente, foi obtido melhores efeitos sobre a

separação. A maioria dos álcoois utilizados (exceção feita ao butanol) estão

dissolvidos predominantemente na fase aquosa, em um processo dinâmico no

qual as moléculas de álcool trocam do meio aquoso para o meio micelar

continuamente, podendo contribuir para uma diminuição da cmc das micelas,

decorrente da diminuição da constante dielétrica do meio onde as micelas estão

contidas. Dependendo da interação entre as micelas e as moléculas dos solventes

não se descarta a possibilidades dos solventes diminuírem a constante dielétrica

da superfície das micelas, devido à desidratação da camada palasídica. Estes

motivos que podem estar ocorrendo isolados ou em conjunto possam estar

contribuindo para melhor solubilização dos analitos no meio ou na superfície das

micelas, proporcionando melhoria na separação.

3 R.Zana, S. Yiv, C. Strazielle, P. Lianos, J. Co". Int. Sei, 80 (1981) 208.

69

4+* *66

7 7+94

3 5 3

A 8 B

L]U~9

2 2

~ ~~I I I I i I I i I I

2 4 6 8 10 5 2 4 6 8 10

Tempo, mino Tempo, mino

63 4 7

C* 8 10

2

J ;-~ U'-'5 6 8+7I I I I I I 42 4 6 8 10 12

Tempo, mino93

*3 104

56D 7

~ UJ I~2 8

_~J * 10 L~L-,~

I I I I I I I I I I i I I2 4 6 8 10 12 14 2 4 6 8 10 12

Tempo, mino Tempo, mino

Figura 5.5 -Influência na separação pela adição de misturas binárias de solventes ao

eletrálito de separação. Composição do eletrálito: 50 mmol L-1 SOS, 10 mmol L-1, (A)

5% ACN, 5% MeOH, (B) 5% EtOH, 5% MeOH, (C) 5% BuOH, 5% MeOH, (O) 5%

BuOH, 5% ACN e (E) 5% PrOH, 5% MeOH. À = 220 nm, Ldel= 50 em, 27 kV, 25°C,

inj.= 8 s/2,5 kPa. 1) dimetoato, 2) carbendazim, 3) simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6)

ametrina, 7) propazina, 8) diuron, 9) propoxur, 10) linuron e *) desconhecido.

70

Na figura 5.6 são mostrados os eletroferogramas que apresentaram

separação na linha de base para a mistura dos 10 pesticidas, utilizando misturas

binárias de solventes.

8 10 9

I2

B

2

1

I6

*

I8

I10

I12

Tempo, mino

Figura 5.6 - Melhores separações utilizando misturas binárias de álcoois no

eletrálito. Composição do eletrálito: 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1 TBS, (A) 5%

PrOH e 5% EtOH (B) 5% BuOH e 5% EtOH. Inj.= 8 s/2,5kPa, 1..=220, Ldet. = 50 cm,

27 kV, 25°C. 1) dimetoato, 2) carbendazim, 3) simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6)

ametrina, 7) propazina, 8) diuron, 9) propoxur, 10) linuron e *) desconhecido

71

A mistura BuOH:EtOH apresentou boa separação, porém não é um

eletrólito estável. Em injeções consecutivas observou-se deformação dos picos

nos eletroferogramas obtidos. O butanol apresenta forte interação com a micela de

SOS, possivelmente contribui para um aumento no seu grau de dissociação. Por

este motivo, com o decorrer do tempo as micelas de SOS sofrem mudanças em

sua estrutura, diminuindo a sua capacidade de interagir com o analito. Na figura

5.7 é mostrado um gráfico de mobilidade dos pesticidas em função da

concentração e o solvente orgânico adicionado ao eletrólito de separação.

~6) (7) (8) (9) (10) (11 ) (12) (13)

~:::c :::c

O :::c o~ O::::J o ::::J o :::c

co « I!I co I!I « ~ o(3) (4) (5) ::R ::R ::R ::R ::R I!I

(1 ) (2)o ::R o ::RI,(') o I,(') o ::RI,(') o o I,(') o

I,(') I,(') I,(') o-- -- I,('):::c :::c :::c :::c --O o :::c o o :::c :::c o :::c :::c~~ ~

o~ ~

o o~

o o ~« lI] ~ ~::::J ::::J li:li: co co li:

cft. ::R ::R ::R ::R ::R ::R ::R ::R ::R::R o o o o ::R o ::Ro o o I,(') o o o o oo I,(') o I,(') I,(') I,(') I,(') oI,(') ..- ..- ..- ..- ..- I,(') I,(')

O,OOE+OO ,---,--,

-2,OOE-06 -.-dimetoato

-a- carbendazin~ -4,OOE-06'li)

simazina

;. -6,OOE-06 " atrazinaN

E -S OOE-06~carbaril

o ' --- ametrina-eu-1,OOE-OS't:J ---;- - propazinaeu

't:J-1,20E-OS --diuron

:co _. propoXJr:E -1,40E-OS , , linuron

-,....--1,60E-OS

"-1,SOE-OS

Figura 5.7 - Gráfico de mobilidade em função da espécie e concentração dos

solventes orgânicos empregados para eletrólitos em pH 9,3.

72

Várias composições de eletrólitos proporcionaram resolução na linha de

base, como: (2), (6), (7), (9), (10) e (13) que estão representados em vermelho na

Figura 5.7, desconsiderando a co-eluição do pico desconhecido identificado por

(*). Porém o eletrálito de separação que apresentou melhor desempenho quanto à

estabilidade e repetibilidade na separação dos pesticidas estudados foi: 50 mmol

L-1 de SOS, 10 mmol L-1 de tetraborato de sódio, 5% PrOH, 5 % EtOH em pH 9,3.

representado pelo número 13 na figura 5.7. Aos eletrálitos que foram adicionados

o butanol, após 2 ou 3 injeções da amostra este perdia completamente a

capacidade de proporcionar a separação dos pesticidas estudados, deformando

os picos.

Foi avaliada também a influência da adição de um tensoativo neutro (brij

35~ ao eletrólito de separação otimizado. Para a realização do experimento

utilizou-se uma mistura padrão contendo 10 pesticidas na concentração de 10 mg

L-1. Concentrações crescentes de Brij 35® foram adicionadas ao eletrólito de

separação. Na figura 5.8 são apresentados os eletroferogramas obtidos.

73

5

3 467

35

4 6 7

A2

i i i I I246 8

Tempo, mino

i10

I12

B 8 1092

* *

~Ül ~J '----''--'..J

I i I I I I I2 4 6 8 10 12

Tempo, min

6+7 6+7+8

3 4 5 34

*+10 5

/10

8 *C O2 9 2

L-V '-' \..-I ...) ~i I I i I I I I i I I i2 4 6 8 10 12 2 4 6 8 10 12

Tempo, mino Tempo, mino

Figura 5.8 -Avaliação da influência do Brij 35® na separação eletroforética de uma

mistura de pesticida. Composição do eletrólito: 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1

TBS, 5% PrOH e 5% EtOH, (A) sem Brij 35® ,(B) com 0,5 mmol L-1 de Brij 35®, (C)

com 1,5 mmol L-1 de Brij 35® ,(O) com 3,0 mmol L-1 de Brij 35®, Inj.= 8 s/25 kPa,

À=220, Ldet= 50 em, 27 kV, 25°C. 1) dimetoato, 2) Carbendazim, 3) simazina, 4)

atrazina, 5) carbaril,6) ametrina, 7) propazina, 8)diuron, 9) propoxur, 10) linuron.

(*) provável produto de degradação de algum pesticida.

74

Nota-se pronunciada influência sobre o tempo e resolução da separação, à

medida que a concentração do Brij 35® é aumentada. A interação do Brij 35® com

SDS promove a formação de uma micela mista de maior volume, com isso sua

densidade de carga diminui. Desta forma a micelas não terão mais tanta atração

pelo eletrodo de carga oposta, sendo arrastadas mais facilmente pelo EOF.

É prática comum em eletroforese capilar diluir o analito em uma solução de

condutividade semelhante ao do eletrólito de separação, para minimizar efeitos de

alargamento de picos. Até então as misturas de pesticidas foram diluídas em

solução de TBS 30 mmollL, para que atingisse a mesma condutividade do

eletrólito de separação. Porém houve o surgimento de um novo pico identificado

por um asterisco (Fig. 5.6) e a concomitante diminuição do pico do carbaril (pico

5). Este fato é decorrente da hidrólise do carbaril, que gradativamente se

transforma em 1-Naftol.4 Foram preparadas duas amostras contendo carbaril na

concentração de 10 mg L-1, onde uma foi diluída em TBS 30 mmol L-1 e outra em

uma solução 20% de MeOH em água. Entre as injeções foi dado um intervalo de

tempo de 60 minutos. Os eletroferogramas obtidos são apresentados na figura

5.9.

75

4 I.C.MacRae. "Reviews ofEnvironmental Contamination and Toxicologt, 1989. 109; p. 1-87.

A

1a injeção

5 B

1a injeção

5

Área: 64,0

I

2a injeçãoapós 60 min

2a injeçãoapós 60 min

Área: 39,4

IÁrea: 22,3

,/

Io

I2

I6

Tempo, mino

I8

I10

I12

Io

I2

I4

I6

Tempo, mino

I8 10 12

Figura 5.9 -Degradação do carbaril como resultado de sua hidrólise em meio

alcalino. Composição do eletrólito: 50 mmol L-1 de SDS, 10 mmol L-1 T8S, 5%

PrOH e 5% ETOH. Carbaril diluído em 20% MeOH em água (A) e em 30 mmol L-1

de T8S (8). À=220nm, Ldet=50 em, 27 kV, 25 °c, inj. = 8 s/25 kPa. (5) Carbaril, (*)

provável presença de 1-Naphtol.

Através da Figura 5.9 (8) nota-se o aumento do pico do 1-naphtol, em

contra partida a diminuição do pico do carbaril.

76

o carbaril em pH 7,0 leva de 24 a 30 dias para a degradação total, em pH

8,0 de 2 a 3 dias, enquanto em pH 9,0 apenas1 dias.

5.2 - Otimização da separação em pH 2,5

Para avaliar a influência da concentração de solvente orgânico na

separação eletroforética de uma mistura padrão de pesticidas, as concentrações

de tampão TF e SOS foram mantidas constantes. A mistura padrão de pesticidas

na concentração de 10 mg L-1 era composta de: ametrina, carbendazim,

propazina, propoxur, atrazina, linuron, diuron, simazina e carbaril. A mistura de

pesticida foi preparada em uma solução de 25 mmol L-1 de tampão TF.

Inicialmente foram avaliadas individualmente as influências de cada solventes

orgânico sobre a separação eletroforética. Para isso, cada eletrólito de separação

continha 5% de cada um dos solventes orgânicos selecionados. Os solventes

empregados foram, EtOH, MeOH, ACN e PrOH. Na figura 5.10 são mostrados os

eletroferogramas obtidos.

5 http://ohioline.osu.edulb672/storin~sticides.html. 77

9

A

7+5 9

3 !,8

1 4

IB2li

1

1 3 6+8

7

4+5

i2

I I4 6

Tempo, mino

i8

i

9 2

I4

i6

Tempo, mino

I8

i10

c

9 I2

i4

I6

I8

9

Tempo, mín

i2

o

i4

1 3 52

4 6

Tempo, mino

i6

8

7

i8

1 3 5 82

74 6E

i III i I i2 4 6 8

Tempo, mino

Figura 5.10 - Influência na separação eletroforética pela adição de 5% de

diferentes solventes ao eletrólito de separação. Composição do eletrólito: 25 mmol

L-1 de SOS, 20 mmol L-1 de tampão TF, (A) 5% MeOH, (8) 5% PrOH, (C) sem

solvente, (O) 5% ETOH e (E) 5% ACN. À=220 nm, Ldet= 50 em, tensão = - 26 kV,

25°C, inj = 8 s/25 kPa. 1) ametrina, 2) carbendazim, 3) propazina, 4) propoxur, 5)

atrazina, 6) linuron, 7) diuron, 8) simazina e 9) carbaril.

78

No modo MEKC em condições de baixo pH a mobilidade eletroforética das

micelas é a única responsável pela migração dos analitos através do capilar, pois

não há mais a influência do EOF. Por este motivo qualquer pequena mudança na

constante dielétrica do eletrólito de separação provoca modificação significativas

na separação. É possível notar que a separação para a mistura padrão de

pesticidas foi resolvida quando EtOH ou ACN (Fig. 5.10 O e E) era adicionado ao

eletrólito de sepa~ação. Quando o propanol (Fig. 5.10 B) foi usado houve pequeno

aumento no tempo de eluição dos pesticidas, aproximadamente 2 minutos. Isto

possivelmente se deve à diminuição da densidade de carga na superfície das

micelas, causada pela solubilização parcial do propanol na micela de SOS. Por

apresentar menor densidade de carga sofrerá menos atração pelo anodo,

diminuindo sua velocidade. A concentração dos solventes adicionados ao

eletrólito de separação foi dobrada, sendo agora de 10 %. Os efeitos deste

aumento de concentração dos solventes sobre a separação são apresentados na

figura 5.11.

79

99

8 83

5 7

13

12 7 26

4 46

l_A 8

"J

I I I I I I I I i I i2 4 6 8 10 2 4 6 8 10 12

Tempo, mino Tempo, mino

9 9

3 5 8 3+4 81 5

2 1 277 64 6

C O

............~~ Ul-.JLJ~U----

i I I I I I I I I2 4 6 8 10 2 4 6 8

Tempo, mino Tempo, mino

Figura 5.11 - Influência na separação eletroforética pela adição de 10% de

diferentes solventes ao eletrólito de separação. Composição do eletrólito: 25 mmol

L-1 de SOS, 20 mmol L-1 de tampão TF, (A) 10% MeOH, (8) 10% PrOH, (C) 10%

EtOH e (0)10% ACN. Â=220 nm, Ldet= 50 em, - 26 kV, Inj. = 8 s/2,5 kPa. 1)

ametrina, 2) carbendazim, 3) propazina, 4) propoxur, 5) atrazina, 6) linuron, 7)

diuron, 8) simazina, 9 )carbaril.

80

Com exceção da ACN, todos os álcoois empregados na proporção de 10%

resolveram os componentes da mistura padrão de pesticidas.

Também foi avaliada as misturas binárias entre MeOH:ACN, EtOH:PrOH e

ACN:PrOH. A proporção de cada solvente na mistura foi de 5%. Na figura 5.12

são mostrados os eletroferogramas obtidos.

81

8+9

I2

I4

I6

I8

I10

I12

Tempo, mino

Figuar 5.12 - Influência na separação eletroforética pela adição de misturas

binárias de solventes ao eletrólito de separação. Composição do eletrólito: 25

mmol L-1 de SOS, 20 mmol L-1 de tampão TF, (A) 5% MeOH, 5% ACN, (8) 5%

PrOH, 5% EtOH, (C) 5 %ACN, 5%PrOH. À=220 nm,Ldet = 50 em, - 26 kV, 25 DC,

Inj. = 8 s/25 kPa. 1) ametrina, 2) carbendazim, 3) propazina, 4) propoxur, 5)

atrazina, 6) linuron, 7) diuron, 8) simazina e 9) carbaril.

82

Para misturas binárias dos solventes estudados, somente a mistura

EtOH:PrOH promoveu a separação dos componentes da mistura padrão de

pesticidas. Na figura 5.13 é apresentado um gráfico das mobilidade em função

dos solventes e suas misturas utilizadas.

2,OOE-OS --.------------------------------­

1 ,80E-OS -+-~----------------------------+- ametrina

- carbendazin

propazina

propoxur

~atrazina

_Iinuron

---'-- diuron

--simazina

carbaril

IZ I Z

I I I I I Z Z~ o ~o o o o o ~ ~

.....Q.l ..... ..... - Q.l a..~ a.. a.. w

~~ ~

~ ~o '$. o

~;:F. ~ ~

~o 1.0 1.0o o

1.0o1.0

o 1.0 oo 1.0 o o I Io I o

\:3 ) ( •.j.) ( : ) (b) 17) (x) (9)Q.l o .....~ - a..w~ ~

~oo o 1.01.0 1.0

(IO)dl) ( 12 J

--If)í I I

.---.­~

CJ) 1 ,60E-OS -~>

N 1,40E-OSE()

~ 1,20E-OS"O

~ 1,OOE-OS -+------":

:.õ~ 8,OOE-06E

6,OOE-06 --

4,OOE-06 -,--.,---,----,-------,---,--,-----,-----,------,---,--,

Figura 5.13 - Gráfico de mobilidade em função da espécie e concentração dos

solventes orgânicos empregados para eletrálitos em pH 2,5.

Fica mais claro avaliar a influência dos solventes e suas misturas na

separação eletroforética através da Figura 5.13. É possível perceber que a ordem

de eluição para alguns pesticidas é alterada conforme se muda o solvente e a

concentração adicionada ao eletrálito de separação. Isso possivelmente se deve

a mudanças na constante dielétrica do meio de separação, propiciando maior ou

83

menor solubilização dos pesticidas no meio. Outro ponto a ser levantado é a

mudança estrutural que por ventura tais solventes possam ocasionar a micela,

mudanças estas como: alteração na cmc e por conseqüência no número de

agregação. Se alguns destes solventes se solubilizar preferencialmente na micela,

estes podem alterar significativamente a constante dielétrica na superfície das

micelas, através da desidratação da camada palasídica, que como conseqüência

diminuiria a cOl'Jstante dielétrica da superfície das micelas favorecendo a

solubilização dos pesticidas nesta superfície.

84

~~U

kJ~

~

~

u

~t~, ,~~ ,5

ÇJl~-J

CAPÍTULO 6

6 - Introdução.

A eletroforese capilar (CE) tem se mostrado uma ferramenta analítica

poderosa para separação de espécies em diferentes amostras, devido

principalmente a vantagens, como alta eficiência de coluna, análises rápidas e

consumo de pequenas quantidades de amostras e solventes em comparação

como HPLC. Para a separação de compostos neutros a cromatografia

eletrocinétiça micelar capilar (MEKC) é o modo de eletroforese mais

apropriado.

o maior desafio para a eletroforese capilar é a detecção de analitos em

baixas concentrações. A baixa detectibilidade da técnica decorre do pequeno

volume do caminho óptico que capilares com diâmetros internos em geral de

75 ~m proporcionam. Técnicas de pré-concentração off-line ou on-line são

sempre utilizadas quando existe a necessidade de determinação de analitos

em baixas concentrações. Uma variedade de estratégias de injeção e

manipulação de amostra para pré-concentração de analitos tem sido

desenvolvida para proporcionar melhores valores de limite de detecção (LO)

em MEKC, entre elas o sweeping 1.2 e o stacking 3,4. Estas estratégias

permitem a injeção de uma grande quantidade de amostra no capilar, sem que

a eficiência da coluna seja comprometida. Ambas as estratégias estão

baseadas na manipulação da condutividade do meio onde a amostra é inserida

em relação à condutividade do eletrólito de separação.

1 J.P. Ouirino, S. Terabe, Scíence, 16 (1998) 4652 J.P. Ouirino., S Terabe., Anal. Chem., 71 (1999) 16383 R. Weinberger, E. Sapp, S. Moring, J. Chromatogr. 516 (1990) 2714 Y. Sera, N. Matsubara, K. Otsuda, S. Terabe, Electrophoresis 22 (1988) 3509

85

No sweeping a condutividade da amostra em relação a do eletrólito de

separação é semelhante, não promovendo mudanças na velocidade de

migração das micelas ao penetrarem na zona da amostra.

No stacking a velocidade de migração das micelas é modificada com o

aumento ou diminuição da condutividade da amostra em relação à do eletrólito

de separação. Quando a condutividade é menor, estabelece-se um alto campo

elétrico na zona da amostra após aplicação do potencial, desta forma as

micelas experimentam um aumento em suas velocidades de migração, ao

penetrarem na zona da amostra. Situação contrária é obtida quando a

condutividade da amostra é maior ·em relação à do eletrólito de separação.

Na literatura são encontrados vários modos de stacking, entre eles,

modo normal (NSM, do inglês normal stacking mode)5.6, stacking usando

polaridade reversa (REPSM, do inglês reversed electrode polarity stacking

mode)?, stacking com migração reversa das micelas (SRMM, do inglês stacking

with reverse migrating micelles)8, stacking com migração reversa das micelas e

um plug de água (SRW, do inglês stacking using reverse migrating micelles and

a water plug)9, amplificação da injeção da amostra por campo (FESI do inglês

Field-enhanced sample injection)1O, amplificação da injeção da amostra por

campo e migração reversa das micelas (FESI-RMM, do inglês Field-enhenced

sample injection with reverse migrating micelles)11, stacking com alta

concentração de sal na amostra12, entre outras. No presente trabalho foram

avaliadas as técnicas de sweeping e stacking nos modos, SRMM, SRW e alta

5 J.P.Quirino, S. Terabe, J. Chromatogr. A 791 (1997) 1196 W. Shi,C.P. Landers, J. Sep. Sei. 25 (2002) 2157 J.P.Quirino, S. Terabe, J. Chromatogr. A 791 (1997) 2558 J.P.Quirino, S. Terabe, Anal. Chem. 70 (1998)1499 J.P.Quirino, S. Terabe, J. Chromatogr.B 714 (1998) 2910 J.P.Quirino, S. Terabe, J. Chromatogr. A 714 (1998) 2911 J.P.Quirino, S. Terabe, Anal. Chem. 70 (1998) 189312 J.Palmer. J.P. Landers. A .M. Stalcup, J. Chromatogr. A 71 (1999) 369

86

concentração de sal na amostra. As estratégias de pré-concentração sweeping

e alta concentração de sal na amostra foram avaliadas em condições de alto

EOF, pH 9,3, enquanto as estratégias SRMM, SRW foram avaliadas em

condições de baixo EOF, pH 2,5. Baseando-se na estratégia SRMM foi

proposta neste presente trabalho uma variação desta estratégia de pré­

concetração on-line que foi denominada M-SRMM (stacking modificado com

migração reversa das micelas). Considerações mais detalhadas a respeito de

todas as estratégias citadas são dadas a seguir.

6.1 - Avaliação das estratégias de pré-concentração on-line na ausência

de EOF

6.1.1 - Sweeping de analitos neutros em MEKC

A técnica de sweeping em CE envolve a interação das micelas contidas no

eletrólito de separação e as moléculas do analito contidas na zona da amostra,

que por sua vez está isenta de micelas. A condição básica para que o processo de

sweeping seja realizado é que a amostra a ser injetada esteja livre de aditivo ­

(isto inclui micelas e ciclodextrinas e altas quantidades de solventes orgânicos). O

sweeping em MEKC é definido como a captura e acumulação de analitos por

micelas carregadas contidas no eletrólito de separação, sendo que, estas

penetram na zona da amostra durante a aplicação da tensão. Separações

utilizando ciclodextrinas sulfatadas ou microemulsão também podem ser

empregadas para a execução desta estratégia de concentração dos analitos13.

13 IP. Quirino, S. Terabe, K. Otsuka, B Vicent, G. Vich, J. Chromatogr. A 838 (1999) 3

87

Mantendo-se a resistência constante ao longo do capilar através da

preparação da amostra com condutividade similar em relação à do eletrólito de

separação (BGS), estabelece-se a condição para a realização do sweeping.

o comportamento da zona do analito em MEKC sob um processo de

sweeping na zona da amostra é mostrado na figura 6.1 .

• ' Injeção Detecção

B

A

Zona sem micelas

Moléculas do analito sofrendosweeping

5

Sweeping completado

c

Figura 6.1 - Representação esquemática do sweeping

Na Figura 6.1 (A) é mostrada uma longa injeção de um plug de amostra

(S) em um capilar preenchido com BGS. Os analitos são neutros, não possuem

cargas, e por isso não migram por si mesmos em direção ao detector a não ser

quando interagem com as micelas. Na Figura 6.1 (8) é então aplicado o

potencial; as micelas do lado catódico (-) migram em direção ao eletrodo de

carga oposta, penetrando assim na zona do analito capturando-o e levando-o

88

em direção ao detector. A região marcada em preto na Figura 6.1 (8) indica a

acumulação do analito pelas micelas. Neste processo a velocidade das

micelas livres é sempre maior do que a velocidade das micelas que

incorporaram as moléculas do analito. Após um certo período todo o analito é

conduzido e acumulado pelas micelas, o que foi representado na figura 6.1 (C);

a partir deste instante, os analitos acumulados são separados via MEKC. A

velocidade de migração das micelas quando aos analitos estão adsorvidos a

ela é menor do que as micelas livres, desta forma, o analito nunca entrará na

zona de ausência de micelas1(região marcada em branco).

O analito que apresentar maior fator de retenção (k), apresentará

maiores fatores de pré-concentração. O fator de retenção ou capacidade (k) pode

ser expresso como:

k =Kcj> (1)

onde K é o coeficiente de partição ou distribuição, que é a relação entre

concentração de analito incorporado às micelas e a concentração do analito livre

na fase líquida, e cj> é a relação entre o volume das micelas e o volume da fase

líquida.

Quantitativamente o comprimento da zona da amostra após o sweeping (I sweep)

pode ser aproximadamente previsto pela equação1:

I sweep = linj. 1/(1+k) (2)

onde hnj é o comprimento da zona do analito, e k é o fator de retenção do analito.

Avaliando-se a equação 2 é possível notar que o sweeping é dependente do fator

de retenção (k) e do comprimento do plug de analito injetado (Iil)l'). A equação

89

também prediz que para analitos com grande afinidade pelas micelas, ou seja,

altos k, serão obtidos maiores fatores de pré-concentração.

Para a realização dos experimentos uma solução padrão contendo 9

pesticidas na concentração de 0,5 mg L-1 foi utilizada. A amostra foi diluída em

uma solução contendo 20% metanol e 25 mmol L-1 de tampão TF, atingindo

condutividade semelhante ao eletrólito de separação (2,35 mS.cm-1). Na figura 6.2

são mostrados os eletroferogramas obtidos.

1 82015 4 6

:) 10 C 9~ 5

O

25 2 4 6 8

208

15 B:)

~105O

2 4 6 8

2015 A 7

:) 10~ 5 8 9

1 2 345O

2 3 4 5 6 7 8

Tempo, minoFigura 6.2 - Sweeping (baixo EOF) para uma mistura padrão de pesticida na

concentração de 0,5 mg L-1. Amostra foi diluída em 25 mmol/de tampão TF,

condutividade da amostra similar ao do BGS. (A) injeção = 10 s/2,5 kPA, (B)

injeção =100 s/2,5 kPA, (C) injeção =150 s/2,5 kPA.Composição do eletrólito: 25

mmol L-1 de TF, 10 % MeOH, 50 mmollL SOS..À = 220 nm, capilar de sílica

fundida 50 cm (efetivo), -25 kV, 25°C. 1) ametrina, 2) carbendazim, 3) propazina,

4) propoxur, 5) atrazina, 6) linuron, 7) diuron, 8) simazina, 9) carbaril.

90

Analisando a Figura 6.2 (A) e (B), nota-se que o aumento no tempo de

injeção de 10 para 100 (20% do comprimento do capilar) proporcionou um

sensível aumento na intensidade dos picos, preservando a resolução. Elevando­

se o tempo de injeção de 100 para 150 segundos (Fig. 6.2 C), o aumento da

intensidade de picos ainda é percebido para alguns pesticidas, principalmente

para ametrina, propoxur e linuron (picos 1, 4 e 6, respectivamente). Para os picos

7,8 e 9 notam-se severas deformações.

A eficiência do sweeping está intimamente relacionada com a capacidade

que o analito possui em interagir com a micela (k). Para valores maiores de k, o

ganho de pré-concentração é maior em relação aos analitos que possuem

menores k. A deformação dos picos poderia ser resultado de um pronunciado

efeito de dispersão, pelo fato da baixa interação entre estes pesticidas (propoxur,

linuron e carbaril) e a micela. Outro fator que contribui para este acontecimento é

que injetando 150 s de amostra no capilar (30% do comprimento do capilar), o

percurso de separação no capilar será encurtado, proporcionando um

comprometimento da separação, principalmente para compostos com menor fator

capacidade (k).

6.1.2 - Stackinq com migração reversa das micelas (SRMMJ e fM-SRMMJ

No SRMM a amostra é dissolvida em um meio de baixa condutividade

em relação ao BGS, que após a aplicação de um potencial irá gerar uma região

de campo elétrico elevado. O ganho na pré-concetração do analito (y) é igual a

relação entre as condutividades do BGS e da zona da amostra. O

comportamento da zona do analito em MEKC sob um processo de stacking

com campo elétrico elevado na zona da amostra é mostrado na Figura 6.3.

91

llnjeção lDetecção

sMoléculas sofrendo stacking

Zona sem micelas

A

B

Stacking intermediário

Stacking completado

Figura 6.3 - Stacking sob campo elétrico elevado (baixo EOF).

Na figura 6.3 (A) é representada a injeção da amostra em um longo plug,

em um capilar preenchido com BGS. Quando a tensão é aplicada, as micelas do

lado catódico (-) entram no capilar14• sendo aceleradas em direção ao eletrodo de

carga oposta (ânodo (+». A concentração das micelas que entram na zona da

amostra (CM(S» é menor do que aquelas no BGS (CM(BGS», prevista pela

equação:

14 J.P. Quirino, S. Terabe, J. Chromatogr. A. 781 (1997) 119

92

c

D

CM(S) = ~(BGS) (3)

Y

onde y é a relação entre a condutividade do BGS e a condutividade da zona da

amostra11. O analito então é incorporado e acumulado pelas micelas que

penetram na zona da amostra (Figura 6.3 B e C). No início do processo de

stacking a concentração das micelas na zona da amostra é pequena, então a

interação entre as moléculas do analito e as micelas é parcial, não contribuindo

para a formação de uma banda estreita (Figura 6 C). Com o aumento da

concentração de micelas na zona de amostra o processo de stacking é

concluído (Figura 6.3 D).

A finalização da estratégia é atingida quando a concentração de micelas

na zona da amostra é igual a do BGS. O aumento na concentração das micelas

permite um aumento no k para cada analito; com isso ocorre uma focalização

da zona da amostra, diminuindo o comprimento da zona do analito (Figura 6.3

D).

A mudança da velocidade eletroforética efetiva na interface que divide a

zona da amostra e o BGS é característico do stacking15,16 . A velocidade

eletroforética efetiva das micelas na zona da amostra é muito maior do que

aquela quando se aproxima da interface que divide a zona da amostra e a zona

do BGS (lado anódico). causando assim um gradiente de campo elétrico na

extensão da zona da amostra.

15 R.L. Chien, D. S. Burgi, Anal. Chem. 64 (1992) 489Aló IP. Quirino, S. Terabe, J. High Resolut. Chromatogr. 22 (1999) 367

93

6.1.2.1 - Variação da estratégia SRMM

Uma variação da estratégia SRMM é proposta no presente trabalho.

Com a variação, a estratégia passou a ser chamada de M-SRMM I para

distinção da estratégia original. Através da estratégia proposta a eficiência com

a qual as micelas capturam os analitos é aumentada. Na Figura 6.4 é mostrada

uma representação esquemática das etapas do M-SRMM.

Injeção 1 1Detector

A

+,'B

~"''''~':'::''''',II"---. ------- ,.. "" ": ,

Figura 6.4 - Representação esquemática para a estratégia M-SRMM,

94

c

o

A mudança em relação à estratégia SRMM é a aplicação de um potencial

normal «+) no lado de injeção e (-) no lado do detector), por um determinado

tempo, após a amostra ter sido injetada no capilar. Agora as micelas do lado

catódico (lado do detector) migram em direção ao ânodo (lado da injeção),

penetrando na zona da amostra, capturando e acumulando os analitos. Passado

este tempo, aplica-se um potencial invertido «-) no lado de injeção e (+) no lado do

detector) e as micelas do lado catódico, agora lado da injeção, migram em direção

ao anodô (lado do detector), capturando mais moléculas dos analitos. O aumento

de sinal resultante desta técnica vem do fato dos analitos serem empilhados

(stacking) duas vezes. Este processo é representado pelas Figuras 6.4 (8) e (C) e,

a partir daí, o processo se desenvolve como no SRMM, descrito anteriormente.

Para a realização deste experimento uma amostra contendo 9 pesticidas na

concentração de 0,5 mg/L foi utilizada. A amostra foi diluída em solução contendo

20% MeOH. Na Figura 6.5 são apresentados os eletroferogramas obtidos,

comparando as duas estratégias de stacking, o SRMM e o M-SRMM.

95

9

30 -

25 - C2 O -

::J 15 -

«E 1 O -

5 -

I

-5

30

25 B20

::J15«

E1 O

5

O

2

30

A25

20mAU

15

10

5

2

1 2

4

4

1

6

9

6

6Te~.min

2

5

3

64 7 8

8

8

10

10

10

Figura 6.5 - Comparação entre as estratégias SRMM e M-SRMM para uma

mistura de pesticidas, na concentração de 0,5 mg L-', (A) injeção = 10 s./2,5 kPA,

B) injeção de 100 s/2,5 kPA, (C) injeção de 100 s/2,5 kPA, seguido de aplicação

de potencial (+25 kV) por 2 min.. Composição do eletrólito: 25 mmol L-1 de TF, 10

% MeOH, 50 mmol L-1 SDS..À = 220 nm, capilar de sílica fundida 50 cm (efetivo), ­

25 kV, 25 oCo 1) ametrina, 2) carbendazim, 3) propazina, 4) propoxur, 5) atrazina,

6) linuron, 7) diuron, 8) simazina, 9) carbaril.

96

Através da Figura 6.5 é possível notar um sensível aumento de sinal quando

a estratégia M-SRMM foi utilizada (Figura 6.5 C). Outro fator a ser evidenciado é

que os picos 7,8 e 9 não apresentaram alargamento ou deformações tanto para a

SRMM quanto para a M-SRMM. Este fato havia sido verificado quando o sweeping

como estratégia de pré-concentração foi emprego (Fig. 6.2).

Na Tabela 6.1 são apresentados os valores comparativos de alturas de pico

para as estratégias SRMM e M-SRMM, em relação a uma situação arbitrária de

referência.

Tabela 6.1 - Comparação entre as alturas de picos encontradas para cada

estratégias de pré-concetração (SRMM e M-SRMM)

SRMM M-SRMM

Pesticida Altura do pico Altura do ArJAR Altura do Ap/AR

de pico pico

referência(AR)

ametrina 1,35 1,26 0,93 8,34 6,1

carbendazim 0,80 1,10 1,3 3,88 4,9

propazina 1,67 6,13 3,6 18,28 11,0

propoxur 0,92 2,76 3,0 8,73 9,5

atrazina 2,51 7,81 ~,1 21,58 8,6

linuron 1,00 3,49 3,4 9,93 10,0

diuron 1,25 4,48 3,5 10,18 8,1

simazina 2,21 6,56 2,9 11,89 5,4

carbaril 4,49 13,09 2,9 31,49 7,0

Ap Altura do pico (com a estratégia aplicada)

AR altura do pico de referência. (mistura padrão de pesticidas na concentração

de 0,5 mg/L, inj 10s/2,5 kPA)

97

Epossível notar através da Tabela 6.1 que a estratégia proposta (M-SRMM)

proporcionou aumento na intensidade dos picos para todos os pesticidas

estudados, quando comparada com a técnica de SRMM convencional. O ganho de

sinal é da ordem de 4 - 11 vezes.

6.1.3 • Stacking com migracão reversa das micelas e um plug de água (SRW)

Nesta estratégia de pré-concetração as amostras também são preparadas

em meio de baixa condutividade em relação ao BGS. Um tensoativo (SOS) é

adicionado à amostra em concentração pouco maior que seu cmc, para aumentar a

solubilidade dos analitos. Um plug de água é injetado antes da injeção da amostra.

O plug de água proporciona uma zona de baixa condutividade, que após a

aplicação do potencial gera um elevado campo elétrico no local, comparado ao do

eletrólito de separação (BGS). As micelas do lado catódico (injeção) migram em

direção ao anodo (detector), entram na zona da amostra capturando e conduzindo

o analito para o detector. Quando as micelas atravessarem a zona de amostra e

encontrarem a zona de água, estas são aceleradas, devido ao elevado campo

elétrico da zona da água, e são empilhadas na interface que divide a zona de água

e o BGS do lado anódico (detector).

O efeito do stacking é causado pela mudança abrupta na velocidade de

migração das micelas ao encontrarem a zona de água. Após estabelecido o

equilíbrio, a zona de água é expulsa do capilar e a separação é conduzida por

MEKC convencional.

A mesma modificação realizada para a SRMM foi também realizada para

esta estratégia de pré-concentração que consistia em aplicar uma polaridade

98

normal «+) injeção, (-) detector), após a injeção da água e amostra. Foi notado um

aumento na intensidade dos picos para os pesticidas estudados. Na Figura 6.6 é

mostrada uma representação esquemática do mecanismo de como a zona do

analito se comporta nesta estratégia.

1Injeção 1Detector

w A

lona da amostra Micelas aceleradasI I +-Etapa 1

Micelas acumuladas

Stacking completo

Figura 6.6 - Representação esquemática para as estratégias M-SRW.

B

c

D

Inicialmente um plug de água é injetado antes da injeção de um longo

plug de amostra. Uma polaridade normal é aplicada por 2,5 minutos (Figura 6.6

A). As micelas do lado catódico (Etapa 1) migram em direção a zona da amostra,

ao encontrarem a zona da água estas são aceleradas, até atingirem a zona da

amostra, onde sofrem desaceleração, porém continuamente penetram na zona da

99

amostra capturando e acumulando as moléculas dos analitos (figura 6.6 B).

Posteriormente polaridade invertida é aplicada e as micelas do lado catódico

(Etapa 2) migram em direção ao eletrodo de carga oposta, penetrando na zona da

amostra capturando os analitos, e levando-os em direção ao detector (figura 6.6

C). As micelas atingem novamente a zona da água, sofrendo uma nova

aceleração, que por sua fez são desaceleradas quando atingem o BGS do lado

catódico proporcionando a compressão da banda da amostra (Figura 6.6 D).

Para esta técnica inicialmente é injetado um plug de água e posteriormente

a amostra. Melhores resultados foram obtidos quando a proporção de água e

amostra foi de 1:2.

Para a realização desta técnica uma mistura padrão contendo 9 pesticidas

na concentração de 1 mg L-1 foi utilizado. A mistura foi diluída em uma solução

contendo 20% metano!. As estratégias foram comparadas e os eletroferogramas

obtidos são apresentados na figura 6.7.

100

2 5 5 9

2 O 4

t 5 C 3 7:::l 6<t:

E t O8

1 2

Figura 6.7- Comparação entre as estratégias SRW e M-SRW para uma

mistura de pesticidas, na concentração de 1 mg L-1. (A) Injeção de 10 sego /2,5

kPA, B) Injeção de 50 s H20 seguida de 100 s amostra.l2,5 kPA, (SRW), (C)

injeção de 50 seg H20 seguida de 100 sego amostra.l2,5 kPA, e tensão +25 kV

durante 2,5 min (M-SRW). Composição do eletrólito: 25 mmol L-1 de TF, 10 %

MeOH, 50 mmol L-1 SOS..1..= 220 nm, capilar de sílica fundida, 50 cm (efetivo), -25

kV, 25°C. 1) ametrina, 2)carbendazim, 3)propazina, 4)propoxur, 5)atrazina,

6)linuron, 7) diuron, 8) simazina, 9)carbaril.

101

Na tabela 6.2 são apresentados os valores comparativos das alturas de

picos encontradas para cada estratégia (SRW e M-SRW).

Tabela 6.2 - Comparação entre as alturas de picos encontradas para cada

estratégias de pré-concetração (SRW e M-SRW)

Ap Altura do piCO (com a estrategla aplicada)

AR altura do pico de referência. (mistura padrão de pesticidas na concentração

de 1 mg/L, inj. 10s/2,5 kPA).

SRW M-SRW

Pesticida Altura do pico Altura do AplAR Altura do Ap/AR

de pico pico

referência(AR)

ametrina 0,8 1,76 2,2 6,45 8,0

carbendazim 0,6 4,68 7,8 7,81 13,0

propazina 1,01 1,31 1,3 17,43 17,2

propoxur 0,63 2,74 4,3 5,43 8,6

atrazina 1,24 5,47 4,3 24,55 19,7

linuron 0,73 3,17 4,3 11,08 15,1

diuron 1,45 5,12 3,5 14,44 10,0

simazina 0,69 3,25 4,8 7,12 10,3

carbaril 2,69 10,91 4,0 24,35 9,0..

Nota-se avaliando a Tabela 6.2 que a estratégia M-SRW proporciona

sensível aumento na intensidade dos picos de todos os pesticidas estudados. A

inversão de polaridade após a injeção demonstrou ser uma estratégia viável para

pré-concentrações em condições de ausência de EOF. A dupla migração das

micelas proporciona uma melhor acumulação dos analitos.

102

Iiff,\íl.~I

\I

6.1.4 - Junção das estratégias de pré-çonçentração off-line e on-line

Dentre as estratégias de pré-concentração off-line destaca-se a extração

em fases sólida SPE (do inglês solid phase extraction). A SPE é uma técnica

simples de preparação de amostra baseada nos conceitos da cromatografia

líquida17. Recentemente vários pesquisadores tem utilizada a SPE como técnica de

pré-concentração de analitos em amostras de água18,19.

Após verificada a potencialidade das estratégias de pré-concentração on-line

em MEKC em baixo EOF, avaliou-se a junção das estratégias off-line e on-line para

propiciar melhores limites de detecção.

Promoveu-se uma SPE para uma mistura de pesticidas em água, na

concentração de 0,1 IJ.g L-1 em um volume total de 250 mL. Percolou-se esta

solução por um cartucho C18 previamente condicionado (10 mL de metanol e 10 mL

de água). Os analitos foram eluídos do cartucho com 6 mL de metanol, e a solução

foi evaporada até a secura. Este procedimento foi realizado 3 vezes e os analitos

foram ressuspendido em três soluções diferentes: 1) 1 mL de 25 mmollL de tampão

fosfato (condutividade similar ao BGS), para a realização do sweeping em meio

homogêneo, 2) 1mL de solução contendo 4 mmol L-1de tampão fosfato e 10 mmol

L-1da SOS, para realização do estratégia SRW e 3) 1 mL de solução 20 % metanol

em água, para realização da estratégia M-SR~M. Na Figura 6.8 são mostrados os

eletroferogramas obtidos.

17 J.S.Fritz and M.Macka, J. Chromatogr. A, 902 (2000) 137-16618 Ehogendoorn, Piet Van Zoonen, J. Chromatogr. A, 892 (2000) 43519 C. Aguiar, I. Ferrer, F. Borrull, R.M. Marcé, O. Barceló, Anal. Chim. Acta 386 (1999) 237

103

5

4

1:::l 3«

C 5E 2 72 9

oA~

-1

3 5 6 8

9

B

7

5

9

1 O

, o

86

Tem p o • m in

-,6

5

4

:::l3«

E2

A

o

4

Figura 6.8 - Avaliação da junção das estratégias de pré-concentração on­

fine e off-line para análise de amostra de água fortificada com uma mistura de 9

padrões de pesticidas na concentração de O, 1 ~g/L. (A) SRW com inj = 50seg H20

e 1,6 min amostra, (8) M-SRMM com injeção de 1,6 mino da amostra e 2 min, +25

kVe (C) Sweeping com inj. = 1,6 mino Todas com 2,5 kPA. Composição do

eletrólito: 25 mmol L-1 de TF, 10 % MeOH, 50 mmol L-1 SOS. À = 220 nm, capilar de

sílica fundida 50 cm (efetivo), -25 kV, 25 oCo 1) ametrina, 2) carbendazim, 3)

propazina, 4) propoxur, 5) atrazina, 6) linuron, 7) diuron, 8) simazina, 9) carbaril.

104

r.

As estratégias de pré-concentração foram também avaliadas para uma

amostra de cenoura fortificada com 2,5 f.1g/L de uma mistura padrão contendo 9 de

pesticidas. O procedimento de extração e c1ean-up utilizado foi o proposto por

Minelli et aI. 20, procedimento que será explanado detalhadamente no capítulo 7.

Foram realizadas 3 extrações e as amostra foram ressuspendidas em 1mL de: 1)

solução de 20 % de metanol em água, para a estratégia modificada de stacking

com migração reversa das micelas M-SRMM, 2) 1 mL de uma solução contendo 4

mmollL 'de tampão fosfato (pH 2,5) e 10 mmol L-1 de SDS, para a estratégia

stacking com migração reversa das micelas e um plug de água (SRW) e 3) 1 mL

de solução tampão fosfato 25 mmol L-1., para a estratégia de sweeping. Os

eletroferogramas obtidos para as estratégias SRW, M-SRMM e sweeping são

apresentados na Figura 6.9.

20 E. Minelli, A .Angioni, M. Melis, F.M. Pirisi, P. Cabras, J. AOAC international80 (1997) 1315

105

2 0-T

15

::> ~ 10 8 E

5

O

~ 2 4 6 a 10_ 1:.2

40

30

20

::> 10 ~

E O

-10

-2 0

~ 2 4 6 8 10

30

9 25

-ZU

::> 15 ~

E 10

5 --

O

-5 2 4 6 8 10 12

Tem p o , m in _

FiguraS:9 - Aplicação das estratégIas de pré-uoncentração em uma amostra de

cenoura fortificada com 2,5 J..I.9/L de uma mistura padrão de 9 pesticidas. (A) M-SRMM com

inj_ de 1,6-min-e 2- min, +25 KV~ (9). Sweepingcom inj. de 1,6min daamostra-e-(C)SRMM,

50s. de H20 seguido de 1,6 min de amostra, todas com 2,5 kPA. Composição do eletrólito:

- 25 mmofl-1 de TF,10 % -MeOH, 50 mmolL"1 '80S .À=220 nm, capilar de síficafundlda 50

cm (efetivo), -25 kV, 25°C. 1) ametrina, 2) carbendazim, 3) propazina, 4) propoxur, 5)

afrazina, 6}linuron, 7) diuron, _ 8) simazina, 9)carbafiL_

106

..,III

lI,,.

\

fI\

A estratégia que permitiu a identificação de maior número de pesticidas foi a

estratégia modificada de stacking com migração reversa das micelas M-SRMM. Na

tabela 6.3 são feitas avaliações comparativas para as estratégias de sweeping,

SRW e M-SRMM com base em seus limites de detecção e altura dos picos.

Das estratégias de pré-concetração avaliadas as estratégias denominadas

stacking de uma maneira geral apresentaram melhores fatores de pré-

concentração. Outro ponto a ser destacado é que nas estratégias de stacking basta

a diluição da amostra em meio de baixa condutividade, enquanto que para o

sweeping é necessário ajustar a condutividade da amostra à condutividade do

SGS. Porém, o sweeping apresenta melhor repetibilidade entre injeções

consecutivas, fato não observado quando a estratégia utilizada era o stacking,

principalmente para o SRW e M-SRW. As estratégias M-SRMM e M-SRW

apresentaram maiores LO em relação as estratégias originais.

107

.-'ªA".]_t4.1_'!,i#A....-;~~ ?Jf}D %i)€._",\(W~P ;,âfW4;<;y. J$ljW·?4'- F"'.~i!';t~;q:><r .:wv:.trifVw:s:..~_\"'"'.~....-::.~-~...-ro, __~"r.-·'''''#'·r·_ .~.~.

Tabela 6.3 - Avaliação comparativa entre as estratégias de pré-concetração

PESTICIDA REFERÊNCIA SWEEPING SRW M SRMMLO LO YLD YPKH LO YLD YPKH LO YLD YPKH

L-1 L-1 L-1 L-1119 ~._ IlQ Ilg

Ametrina

Carbendazim

Atrazina

Propoxur

Propazina

Oiuron

Linuron

Simazina

Carbaril

93

170

71

110

56

100

80

18

22

5.2 18 19

43 4.0 4.1

28 2.5 2.6

8.1 13 15

17 3.2 3.4

6.6 15 16

15 5.1 5.2

3.6 4.9 5.0

5.6 4.0 4.1

27 3.4

36 4.7

46 1.6

15 7.5

7.6 7.4

20 5.3

20 5.0

6.6 2.6

5.3 4.2

6.3

8.7

2.9

15

14

9.6

7.2

4.9

7.7

17 5.5

35 4.8

6.5 11

9.6 12

4.4 13

10 10

11 7.1

3.5 5.0

2.7 8.4

6.3

5.5

12

14

15

11

8.0

5.6

9.6

YLOD = LOreferência/LOestratégia

YPH =PKHreferência/PKHestratégiaCondição de referência: inj. 10 s 125 mBar (1 mBar =100 Pa).

108

iI

ll-

It

ttIi

A estratégia M-SRMM apresentou menores limites de detecção em relação à

estratégia SRW para todos os pesticidas avaliados. Comparando-se a estratégia M-

SRMM com o sweeping, esta apresenta limites de detecção maior para a ametrina,

propoxur e diuron, porém limites de detecção menores para os demais pesticidas

estudados.

6.2 - Avaliação das estratégias de pré-concentração on-line na presença de alto

de EOF.

6.2.1 - Sweeping

Nesta estratégia a amostra é preparada em um meio de condutividade similar

ao do eletrólito de separação.

109

t injeção

s

t Detector

A

EOF • I I micelas catódicas

Migração das Acumulação do.-micelas ..-Analito pela Micelas

I Sweeping completo.. das moléculas

Figura 6.10 - Representação esquemática para o sweeping em alto EOF.

8

c

Na Figura 6.10 (A) é mostrada uma longa injeção de um plug de amostra (S)

em um capilar preenchido com BGS. Após a aplicação do potencial normal, as micelas

de SDS do lado catódico migram em direção ao eletrodo de carga oposta, penetrando

na zona da amostra (S), capturando e acumulando os analitos na zona que divide a

amostra e o BGS do lado anódico (Figura 6.10 B), os analitos acumulados depois são

separados via MEKC. O EOF é o responsável por conduzir os analitos em direção ao

detector.

110

Para a realização dos experimentos, uma solução padrão contendo 9 pesticidas

na concentração de 1 mg L-1 foi utilizada. A amostra foi preparada em uma solução

contendo 20% metanol e 30 mmollL de NaCI, atingindo condutividade semelhante ao

eletrólito de separação (4,08 mS.cm-1). Na figura 6.11 são mostrados os

eletroferogramas obtidos.

16

16

16

9

14

14

14

8

12

12

12

10

10

10

4

56

4

3

3

8

8

3 4

2

8

Tempo, mino

2

6

6

6

2

4

4

4

2

2

2

A

B

c10864

::J 2'ª -~ -+-------.-4-6-+----,r____r_-~---.-...--~-_.__---,r____r_-~__,_-.______r-_.__-._____,

10 o864

::J 2'ª o-+---------,-2

-4+----r-.,...-----,r----r--r-----r--"'T"""'"""---r-.,...-----,r----r---r------r-....----.--,

10 o8642o-1------ '--_'--_...J\-__-II--JI._-.II...J'.-___._"----

-2 r------,r----.--r---T--'T"""""--r--r-----,r----r--r----.--...--~-_.__---,r____,

o

Figura 6.11- Sweeping em meio homogêneo (alto EOF) para uma mistura padrão de

pesticidas. (A) inj. 10 s/2,5 kPA, (B) 100 s/2,5 kPA, (C) 150 s/2,5 kPA. Composição do

eletrólito de separação: 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1 de TBS (pH 9,3),5% PrOH,

5% EtOH. À = 220 nm, capilar de sílica fundida 50 cm (efetivo), 27 kV, 25 oCo 1)

carbendazim, 2) simazina, 3) atrazina, 4) carbaril, 5) ametrina, 6) propazina, 7) diuron,

8) propoxur, 9) linuron.

111

II

Através da Figura 6.11 (8) é possível verificar que foram obtidos

aumentos nas alturas e nas áreas dos picos com o aumento no tempo de injeção,

sem perdas significativas de resolução na separação eletroforética. No entanto,

quando o tempo de injeção foi aumentado para 150 s (Fig. 6.11 C), apesar de

terem sido obtidos aumentos ainda mais significativos, pode-se verificar co-

eluições e alargamento de picos. Na tabela 6.4 são relacionadas as alturas de

picos para injeções de 100 e 150 segundos, contra a altura dos picos sem o

emprego da estratégia de sweeping. Esta relação indica quantas vezes houve o

aumento da altura do pico resultante da aplicação da estratégia.

Tabela 6.4 - Comparação entre as alturas de picos encontradas para cada tempo

de injeção utilizado durante o sweeping, e suas alturas relativas à injeção sem

emprego da estratégia.

100 s de injeção 150 s.de injeção

Pesticida Altura do pico Altura do AplAR Altura do Ap/AR

de pico (Ap) pico (Ap)

referência(AR)

carbendazim 0,14 1,1 7,5 0,5 4,0

simazina 0,80 5,1 6,4 5,8 7,3

atrazina 0,33 3,9 12,0 7,7 24,0

carbaril 1,10 8,3 7,5 8,1 7,3

ametrina 0,15 4,2 28,2 9,6 64,0

propazina 0,41 1,1 2,6 10,0 24,3

diuron 0,06 1,6 27,3 3,3 55,1

propoxur 0,23 1,3 5,6 3,7 16,2

linuron 0,12 1,1 8,7 2,0 16,6

Ap Altura do pico (com a estratégia aplicada)AR altura do pico de referência (mistura padrão de pesticidas na concentração de1 mg L-1

, inj 10 s/2,5 kPA).112

6.2.2 - Stacking em baixo campo elétrico (alta condutividade da amostra)

o uso de alta concentração de sal na amostra conferindo a ela uma alta

condutividade, foi primeiramente proposto por Palmer et aI.21, utilizando esta condição

para pré-concentração on-Iine de amostras em separações MEKC. É adicionado NaCI

à amostra a fim de atingir duas ou três vezes a condutividade do eletrólito de

separação (BGS) e a separação é promovida sob alto fluxo eletrosmótico. Segundo o

mecanismo proposto, as micelas que penetram na zona da amostra, que partem do

lado catódico (lado do detector) experimentam uma redução de sua velocidade

eletroforética, (devido a alta condutividade da zona da amostra) capturando o analito e

levando-o em direção ao eletrodo de carga oposta (anodo, lado da injeção) e, por fim,

acumulando o analito na zona limítrofe entre a zona da amostra e o BGS do lado

anódico (+), promovendo uma compressão na zona da amostra responsável pelo

aumento do sinal analítico. Porém, Quirino et al.22 demonstraram que o procedimento

apresentado por Palmer apresentava um processo de desempilhamento (destacking)

alargando novamente a banda da amostra, comprometendo a pré-concentração. O

comportamento da zona da amostra em MEKC, sob a ação do stacking com baixo

campo elétrico na zona da amostra é mostrado na figura 6.12.

211. Palmer, N. J. Munro, 1. P.Landers, Anal. Chem. 71(1999) 167922 1..P. Quirino, S. Terabe, P. Bocek, Anal. Chem. 72 (2000) 1934

113

~ Injeção ~ Detecção

A

B

c

~ Ausência de micelas

H Stack:ing completado

Começo do stack:ing

5

o

Alargamento de bandaf----t causado pelo destack:ing

I IDestack:ing das

micelas

Figura 6.12 - Stacking com alta concentração de sal na amostra.

I

I Para efeito de simplificação, considere que o EOF seja inexistente. A alta

concentração de sal na matriz produz um reduzido campo elétrico na zona da amostra

e comparativamente um elevado campo elétrico no BGS. O aumento do campo pode

l ser quantitativamente descrito por um aumento do fator y', o qual é a relação entre a,r condutividade da zona da amostra S e a do BGS23

. O valor de y' é sempre maior queI 1. Na figura 6.12 (A) é mostrada a injeção de um plug de amostra com alta

~ condutividade em um capilar preenchido por BGS. Quando a tensão é aplicada

23 R.-L Chien" D.S.Burgi, Anal. Chem. 64 (1992) 489A.

114

· 1

: l

(Figura 6.12 B) as micelas aniônicas do lado catódico (lado da injeção) entram na

zona da amostra empilhando os analitos na zona de alta condutividade. Na figura 6.12

B a região marcada em preto indica o inicio do stacking.

A região imediatamente antes apresentada da zona da amostra na figura 6,12

(B) apresenta uma alta concentração de micelas que se acumulam, pois a micelas

sofrem uma desacerelação quando encontram a zona da amostra S de maior

condutividaqe10. A concentração das micelas que são desacelerada pela zona S

(CM(S» é maior do que aquela presente na zona BGS (CM(BGS», e pode ser

calculada através da equaçã0 11.24:

As micelas que foram acumuladas em uma estreita banda decorrente da

desaceleração das mesmas entre a zona da amostra e o BGS, penetram na zona da

amostra capturando e acumulando as moléculas do analito (Figura 6.12 B e C). O

processo de captura dos analitos pelas micelas é denominado sweeping e nesta etapa

a pré-concentração é favorecida, devido a maior concentração de micelas que

penetram na zona da amostra causada pelo stacking inicial das micelas. A diminuição

da velocidade eletroforética das micelas quando penetram na zona da amostra,

proporcionada pela alta condutividade nesta zona, permite que as micelas tenham

maior interação com as moléculas do analito.

Quando as micelas que capturaram e acumularam as moléculas do analito

atingirem a zona limítrofe entre a zona do analito e o BGS (lado anódico) estas

experimentarão uma aceleração, devido a condutividade do BGS ser menor

24 J.P. Quirino, S. Terabe, P. Bocek,Anal. Chem. 72 (2000) 1934

115

configurando assim um destacking (Figura 6.12 D). A concentração das micelas

na zona do destacking pode ser aproximadamente prevista por:

CM(destacked) =CM(S)/y' (6)

As micelas que partem em direção a zona do BGS promovem um

diminuição da concentração das micelas na zona da amostra, diminuindo o fator

retenção para cada um dos analitos. Esse destacking proporciona um alargamento

de banda, pois as micelas que deixam a zona da amostra apresentam moléculas

do analito.

Para a realização do experimento uma mistura padrão contendo 9

pesticidas na concentração de 1 mg L-1 foi empregada. Foram preparadas 3

amostras, cada uma continha concentrações crescentes de NaCl, 30, 60 e 120

mmol L-1, respectivamente. Foi também preparada uma amostra diluída em 20 %

MeOH em água, e injetado por 10 s a 2,5 kPa. As amostras diluídas em

concentrações crescentes de NaCI foram injetados hidrodinamicamente por

50s/2,5 kPa para cada amostra. Os eletroferogramas obtidos são apresentados na

figura 6.13.

116

5

9

~ 10

vJLJL

12 14 16

6 7

8

10

5

4

8

3

642

o

15

2

8

6

-4 +--r--r--T---'r-..........,,..........,---r---r-r-----..--.....----.----r----.-----.o

-2

14

10

12

1614

8 9

12

:::>

~ 4

10

~~ ~Ll o

43

8 10

Terrpo, mn.

2

4 62

c

o

15

10

14

12

:::>~ 5

f10

8A 5

10

B 3 4 76

Figura 6.13 - Stacking com alta concentração de sal na amostra (alto EOF) para uma

mistura padrão de pesticidas. Amostras dissolvidas em (A) 20% MeOH em água, 10

s/2,5 kPa, (B) 30 mmol L-1 de NaCI, 50 s/2,5 kPa (C) 60 mmol L-1 de NaCI 50 s/2,5

kPa, (0)120 mmol L-1 de NaCl, 50 s/2.5 kPa. Composição do eletrólito de separação:

50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1 de TBS (pH 9,3), 5% PrOH, 5% ETOH. Â= 220 nm,

capilar de sílica fundida 50 cm (efetivo), 27 kV, 25°C. 1) dimetoato 2) carbendazim, 3)

simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6) ametrina, 8) propazina, 8) Oiuron, 9) propoxur, 10)

Linuron.

8

~L166 8 10 12 14

Terrpo, mn

2

42o6 8 10 12 14 16

Terrpo, mn

42o

4

2

o

-2

t

II,r

117

o maior fator de pré-concentração foi atingido para a concentração de

sal de 60 mmol L-1 (Figura 6.12 B). Quando a concentração de sal adicionada foi

de 120 mmol/L, houve pequeno decréscimo na intensidade dos picos dos

pesticidas. Na Tabela 6.5 são mostradas as alturas dos picos para cada estratégia

de injeção realizada.

Tabela 6.5 - Alturas de picos encontradas para cada concentração de sal

adicionado à amostra, e suas alturas relativas a injeção sem NaCI.

30 mmol L-1 60 mmol L-I 120 mmol L-1

Pesticida Altura do pico Altura do AplAR Altura do Ap/AR Altura do Ap/AR

de pico (Ap) pico(Ap) pico(Ap)

referência(AR.)

dimetoato 0,2 0,4 2,2 0,5 2,63 0,3 1,6

carbendazim 0,6 3,5 5,7 5,3 8,59 3,0 5,0

simazina 2,2 8,1 3,6 9,0 4,06 8,1 3,6

atrazina 1,9 8,6 4,5 10,0 5,38 8,3 4,4

carbaril 3,4 14,7 4,3 15,2 4,43 10,0 3,0

ametrina 1,9 8,0 4,2 9,4 5,06 7,6 4,0

propazina 1,6 5,0 3,0 9,5 5,96 7,6 4,7

diuron 0,7 3,6 5,0 3,9 5,24 5,1 7,0

propoxur 0,5 3,0 6,0 3,7 7,38 3,1 4,2

linuron 0,3 1,9 6,0 2,2 7,16 1,4 4,7

Ap Altura do pico

AR altura do pico de referência. (mistura padrão de pesticidas na concentração de

1 mg/L, inj 10 s/2,5 kPa)

118

"

Analisando a Tabela 5.5 verifica-se que o aumento da concentração de

sal na amostra de 30 para 60 mmol L-1 proporciona um aumento no ganho na

altura dos picos quando comparado com os picos da injeção referência (Ap/AR).

No entanto, quando a concentração de sal foi aumentada para 120 mmol L-1,

houve decréscimo na altura dos picos quando relacionados aos picos da injeção

de referência, exceção feita ao diuron, que alcançou um aumento de 5,2 para 7,0.

A hipótese de perda de eficiência descrita por Quirino et aI.23 causada pelo

desempilhamento (destacking) do analito na zona da amostra pôde ser

confirmada.

5.2.2 - Conclusões para este capítulo

Após a realização destas estratégias de pré-concetração on-line é

possível ressaltar alguns pontos importantes, tais como:

- As estratégias quando realizadas em pH 2,5 apresentaram melhor capacidade

de pré-concentrar em relação às estratégias realizadas em pH 9,3.

-A estratégia M-SRW apresentou grande irreprodutibilidade entre replicatas.

Talvez pelo fato de que o equilíbrio não era atingido no mesmo ponto entre as

injeções, pois o percurso da amostra e do plug .de água eram grande. O controle

da pressão da injeção e da tensão aplicada no processo da estratégia é ponto

crucial para se atingir razoável precisão entre injeções consecutivas.

-A estratégia M-SRMM apresentou maiores fatores de pré-concetração quando

comparados ao a estratégia convencional.

- O stacking de uma maneira geral é mais fácil de implementar, quando

comparado com o sweeping.119

~~u

*tl4J~

i

~

u

~t.,.., ,~

~ 'B

u1~-J

CAPÍTULO 7

"

7 - Introdução

o uso de pesticidas promove inquestionável aumento na produção agrícola.

Porém os resíduos que permanecem em frutas e vegetais constituem um risco ao

consumidor1. Este fato estimulou o estabelecimento de diretrizes legais para o

controle de seus níveis através do Maximun Residue Leveis (MRLs). Além disso,

estimulou o desenvolvimento de pesticidas com baixa persistência e toxicidade

.para o ser humano. Assim sendo, o número de pesticidas registrados e ou

recomendados aumentou extraordinariamente, gerando como conseqüência

dificuldades analíticas para o seu controle2.

Para controlar os níveis de resíduos de pesticidas em produtos agrícolas

cada país tem uma agência governamental, a qual monitora os resíduos s levando

em consideração dois fatores complementares: monitoramento regular, focalizado

no produto agrícola in natura, determinando níveis individuais dos pesticidas e

observando os níveis aceitáveis (MRLs),3 e o estudo da dieta total, o qual consiste

em avaliar os níveis de pesticidas encontrados em frutas e vegetais, na forma em

que serão consumidos.

Métodos analíticos são necessários para quantificar e confirmar a presença

de resíduos de pesticidas em frutas e vegetais. Métodos multirresíduos (MRMs) e

de resíduo simples (SRMs) são métodos analíticos para o tratamento das

amostras e determinação de pesticidas, porém o MRM apresenta a capacidade de

determinar diferentes resíduos (classes) de pesticidas em uma única análise.

1 H.8.S. Conacher and J. Mes ; Food Addit. Contam. 10 (1993) 5.2 E. Papadopoulou-Mourikou, J. Assoc. Off. Anal. Chem., 74 (1991) 745.3 Food Drugs Administration, J. Assoc. Off. Anal. Chem. Int., 77(1994) 1.

120

Entre os métodos multirresíduos mais comumente usados estão os propostos por

Mills 4 , Mills et al5 , Storherr a16, Luke et. al7

, Sawyer et. al8 e Krauser 9. Existe uma

infinidade de métodos multirresíduos, a escolha adequada depende da matriz a

ser analisada (sólido ou líquido) da sua composição (quantidade de gordura,

açúcar, água, etc.) ou até mesmo da espécie de pesticidas que será identificado10,

Em geral estes métodos são laboriosos e despendem grande quantidade de

solventes orgânicos. Recentemente significativas evoluções foram evidenciadas

na extração e determinação de resíduo de pesticidas em frutas e vegetais.

Principal atenção é dada à simplificação, miniaturização, e maior eficiência

nos métodos de extração da amostra e clean-up. Procedimentos utilizando

extração em fase sólida (SPE)11, microextratores em fase sólida (SPME)12 e clean-

up em fase sólida (SPC), em cartuchos contendo as mais diversas fases sólidas

(polares ou apoiares), vêm sendo usados com o intuito de se aprimorar os

métodos de extração, bem como a extração por fluido supercrítico (SFE)13.

4 P. A . MiIIs, J. Assoe. Off. Anal.Chem., 42 (1959) 7345 P. A. Mills,J.H. Onley and R A. Gaither, J. Assoe. Off. Ana/.Chem., 46 (1963) 1866 R W. Storherr, M.E. Getzand RR Watts, J. Assoe. Off. Ana/.Chem., 47 (1964)10877 M.A. Luke, J.E. Froberg and H.T. Masumoto, J. Assoe. Off. Ana/.Chem., 58 (1975) 10208 L.D. Sawyer, B.M. Mc Mahon, W.H.Newsome and G.A. Parker, in Helrich(Editor), Official methodsof analysis, association of Official chemist Agriculture, Chemistry, contamination,Drugs, Volume1.VA, USA,1990, p.274.9 RT. Krauser, J. Assoe. Off. Ana/.Chem., 63 (1980) 1114.10 US food and drug administration, Pesticides Analytical Methods, Vol. 1, Ch.3 e 4, 1992.Transmital No. 200/1(10/1999), form FDA 290a (6/92)11 G.S. Nunes, M.L.Ribeiro, L.Polese, D. Barceló, J. Chromatogr. A, 795 (1988) 43-5112 K. Hiroyuki, L.L. Heather and P. Jusz, J. Chromatogr. A, 880 (2000) 35-6213 S.J. Lehotay, J. Chromatogr. A. 785 (1997) 289-312.

121

7.1- Algumas considerações sobre extração e c/ean-up

7.1.1- Extração Liquido-Líquido fLLE)

Em LLE, constituintes da amostra são extraídos por solventes imiscíveis na

fase onde as amostras estão contidas. Vários solventes orgânicos voláteis são

utilizados, incluindo pentano, hexano, éter etílico, acetato de etila, clorofórmio e

diclorometano. No caso dos métodos multiresíduos, o solvente extrator terá que

ser propício para extrair compostos com um grande intervalo de polaridade, de~'

várias matrizes contendo quantidades diferentes de água, gordura, açúcar e

outras substâncias. O caminho usual para extrair os 'resíduos de amostras é a

desintegração da matriz em homogeneizadores de alta velocidade (ex. Ultra

Turrax ou equivalente), na presença de solvente ou mistura de solventes. Os

solventes mais utilizados são acetona, acetonitrila (ACN) e o metanol (MeOH). A

vantagem da ACN é que compostos muito lipofílicos presentes nas matrizes, como

gordura, não são extraídos, diminuindo a quantidade de co-extratores. As

desvantagens da ACN são seu alto preço e toxicidade. A acetona é largamente

usada para a extração de diferentes tipos de pesticidas, e é escolhida pelas

vantagens que apresenta em relação a ACN, MeOH ou acetato de etila (EtOAC),

que são, baixa toxicidade, fácil purificação, evaporação e baixo custo. No entanto,

por apresentar baixo ponto de ebulição (56,5 °C) pode, por causa da evaporação,

causar erros de quantificação. Após a homogeneização da amostra com os

solventes adequados, o extrato é filtrado e o procedimento LLE é aplicado,

visando isolamento e pré-concentração, bem com um clean-upparcial dos analitos

de interesse.

122

o clean-up é um procedimento realizado que visa a remoção dos

compostos co-extraídos, após a maceração da matriz com um solvente orgânico

apropriado. A não realização deste procedimento pode interferir em determinações

cromatográficas ou ocasionar danos à instrumentação analítica, no caso de

colunas cromatográficas. Este procedimento envolve um ou mais passos

utilizando LLE, extração cromatográfica com permeação em gel (GPC), extração

cromatográfi~ sobre colunas empacotadas com diferentes sorventes ou extração

em fase sólida (SPE).

7.1.2 - Extração em fase sólida

Após o uso de LLE para isolar e pré-concentrar os componentes da

amostra, o uso de uma extração em um sistema de fase sólido-líquido é

necessário. Na literatura ele é freqüentemente denominado como extração em

fase sólida (SPE).

SPE é uma técnica simples de preparação de amostra baseada nos

conceitos da cromatografia líquida14.

Os analitos de interesse são retidos na fase sólida conforme é descrito na

Tabela 7.1.

~. 14 J.S.Fritz and M.Macka, , J. Chromatogr. A, 902 (2000) 137-166

~ 123

Tabela 7.1 - Processo de retenção dos analitos.

1) Fase Reversa (fase móvel polar, fase estacionária não polar)

Interações hidrofóbicas do tipo:

não-polar/não-polar

van der Waals ou forças de dispersão

2) Fase Normal ( fase móvel não-polar, fase estacionária polar)

Interações do tipo hidrofilica

polar/polar

pontes de hidrogênio

1[-1[

dipolo-dipolo

dipolo induzido/dipolo

3) Troca Iônica

Atrações eletrostáticas dos grupos carregados do analito com os grupos carregados

da superfície do material da fase estacionária.

4) Adsorção

Interações do tipo hidrofóbica-hidrofílica podem ocorrer e dependem da natureza

química da fase estacionária

Separações (ou extrações) em fase reversa envolvem um soluto polar

(geralmente aquoso) ou moderadamente polar e uma fase estacionária não-polar.

O analito de interesse é moderadamente não-polar. Vários dos materiais que

constituem a fase reversa são sílicas do tipo alquil ou aril (como por exemplo, C1a>

Ca). Os grupos silanóis hidrofílicos que constituem a superfície da sílica usada no

recheio da coluna (geralmente com tamanho de poro de 60 Acom partículas de 40

124

Ilm de tamanho) são modificados quimicamente com grupamentos funcionais de

natureza hidrofóbica como os grupos alquil e aril, conforme a seguinte reação:

CH3 CH3

-Si-oH+CI-Si-618H37--.~ -Si-o-Si-618H37 + HCI

bH3 bH3

A retenção dos analitos orgânicos na fase estacionária é devida

primeiramente às forças de interação entre as ligações carbono-hidrogênio do

analito e os grupos funcionais da superfície da sílicp. Estas interações não-

polar/não-polar envolvem interações do tipo forças de van der Walls. Para eluir o

analito que ficou retido na fase estacionária deve-se usar um solvente

moderadamente não-polar ou polares para romper as interações feitas entre a

fase estacionária e o analito de interesse,

Separações (ou extrações) em fase normal envolvem um analito polar a

" moderadamente não-polar e uma fase estacionária polar. Sílicas com

grupamentos funcionais (ciano, amino e diol), constituem um meio polar de

adsorção (Florisil, Alumina, etc.) e são tipicamente utilizadas sob condições de

fase normal de eluição. A retenção de um analito em fase normal é devida às

interações entre os grupos funcionais polares do analito com os grupos polares da

fase estacionária. Estas interações incluem pontes de hidrogênio, interações do

tipo 1t - 1t, dipolo-dipolo e dipolo induzido entre outros. Um composto adsorvido

através destes mecanismos é eluído com um solvente mais polar que o solvente

original da matriz.

125

As sílicas com grupamentos amino, ciano e diol possuem grupamentos

alquil que estão ligados aos grupamentos funcionais polares da superfície da

sílica. Estas sílicas, devido a estes grupamentos funcionais são muito mais

hidrofílicas do que as sílicas utilizadas em fase reversa. Assim como as sílicas de

fase normal, estes recheios podem ser utilizados para adsorver compostos polares

de matrizes não-polares. Estes materiais podem ser usados sob condições de

fase reversa (qom amostras aquosas), para explorar as propriedades hidrofóbicas

das pequenas cadeias alquil de geometria cadeira ligadas aos grupos funcionais.

Na Tabela 7.2 algumas características dos solventes orgânicos comumente

utilizados em SPE são mostradas.

126

NãoNão

SimMuito pouco

SimSimSimSimSimSimSimI fortefracaPolar

Não-Polar

Tabela 7.2 - Características dos solventes utilizados em SPE_, ._... ..... ~ _ ..... , ._.....~_.__ r · __ _ ••__

Polaridade Fase reversa Fase normal Solventes Miscível em...._ __ _ __.. _. .._.. .. .._..__..__._ __._.~.9.~!i'~ .

forte fraca Hexano nãoIsooctano Não

Tetracloreto de Nãocarbono

ClorofórmioCloreto demetileno

(diclorometano)Tetraidrofurano

Éter dietílicoAcetato de etila

AcetonaAcetonitrilaIsopropanol

MetanolÁgua

Ácido acético

Muitas extrações MRMs possuem um passo de clean-up usando colunas

adsorventes10 com as seguintes fases estacionárias: Florisil, Alumina e Sílica gel.

Muitas colunas adsorventes apresentam boa eficiência para promover clean-up,

somente quando são eluídas com solventes de baixa polaridade. Aumentando-se

a polaridade do solvente maior será a quantidade de interferentes eluídos e menor

será a eficiência do clean-up.

Florisil e Alumina são bastante utilizados nas análises de resíduos de

pesticidas, em matrizes que apresentem altos teores de gordura, pois retém

preferencialmente alguns lipídios.

Em geral, sílica gel não é tão eficiente quanto Florisil e Alumina no que diz

respeito à separação dos componentes co-extraídos da matriz de interesse15.

15 A. Ambrus and H.P.Thier. Pure Appl. Chem., 58 (1986)1035

127

't

"

Muitos autores16,17,18 usaram colunas ou mini-colunas de sílica gel para c1ean-up

de extratos de amostras.

Misturas de sorventes também são usadas, combinando sorventes com

propriedades hidrofílicas e lipofílicas, como é o caso das colunas de sílica e

carbono ou misturas de carbono com MgO e celite. Petersen et a1. 19, usaram uma

coluna de clean-up contendo carvão ativado - MgO - Celite, para a determinação

por GC (cromatografia gasosa), de pesticidas organofosforados em chá preto,

após serem extraídos em acetato de etila. Nunes et al11 realizaram comparações

entre vários procedimentos de extração incluindo mistura de fases, para amostras

de cenoura e batata, para pesticidas das classes dos carbamatos,

Na literatura também são apresentados trabalhos com sorvente a base de

carbon02o,21. O GCB (do inglês, graphitized carbon black) é o maior representante

destes sorventes. Torres et al.22 realizaram um trabalho de comparação entre

octadecilsílica e GCB como material para extração em fase sólida de fungicidas e

inseticidas em frutas e vegetais.

7.2 - Procedimento utilizado para os estudos preliminares em SPE (solid

phase extration)

Foram avaliadas as seguintes fases: CN, NH2, Florisil, C18, Charcoal:celite

(1:4 mIm). Os cartuchos de SPE contendo fase reversa (NH2, C18) e fases

normais (CN, NH2, Florisil), foram adquiridos junto à Phenomenex. Todos os

16 F.J. Schenck and R.Wagner., Food Addit. Contam., 12 (1995) 53517 P.Armishaw and R.G.Millar, J. AOAC Int., 76 (1993) 131718 G.E.Miliadis, P.A. Siskos and G.S.Vasilikiotis, J. AOAC, 73 (1990) 43519 J.H.Petersen and K.G.Jensen, Z. Lebensm. Unters. Forsch., 182 (1986) 48920 M.battista, A. di Corcia and M. Marchetti, Anal. Chem., 61 (1989) 93521 A. Lagana, A. Marino, G.Fago and B.P.Martinez, Analusis, 22 (1994) 6322 C.M. Torres, Y.Picós and J.Manes, J. Chromatog. A., 778 (1997) 127-137

128

cartuchos continham 1 9 dos adsorventes. A mistura de sorventes Charcoal:celite

foi feita em um almofariz com o auxilio de um pistilo, usando-se a proporção de 1

para 4 em massa, respectivamente. Foram usados 1,5 9 da mistura para a

realização dos experimentos. Transferiu-se a mistura para uma coluna de vidro

(25 cm x 1,0 em), contendo uma frita de pirex de 1 em e 1 cm de sulfato de sódio

anidro foi adicionado no fundo da coluna. Sobre a mistura adicionou-se mais 4 9

de sulfato de sódio anidro e cobriu-se com lã de vidro. As fases consideradas não­

polares C18 e NH2 foram condicionadas com 20 mL de MeOH e 10 mL de H20

desionizada. As fases polares NH2, CN, Florisil e Charcoal:celite foram

condicionadas com 20 mL de éter de petróleo, ambas a uma vazão de 3 mL min-1.

Sobre os cartuchos e colunas pré-condicionadas adicionou-se 1 mL de uma

solução padrão contendo os 12 pesticidas (1-metomil, 2-aldicarb, 3-carbendazin,

4-carbofuran, 5-simazina, 6-atrazina, 7-carbaril, 8- propazina, 9-diuron, 10-linuron,

11-pirazofós, 12-clorpirifós) na concentração de 10 mg/L. Para a eluição dos

pesticidas em cada uma das fases sorventes foram utilizados 2 tipos de eluentes

diferentes:

1) MeOH

2) 2) MeOH:CH2Cb (1 :99 v/v)

Para cada fase sorvente testada foram realizados três ensaios e em cada

ensaio, separadamente, utilizou-se um dos solventes de eluição, exceto para a

fase charcoal:celite que foi eluida somente com o eluente 2. O volume utilizado

dos solvente para eluição foi de 7 mL, a uma vazão de 3 mL min-1. Após a

passagem da mistura de pesticidas pelo cartucho ou coluna, este foi seco, através

de um fluxo de nitrogênio por 5 mino Após a eluição, os eluatos foram evaporados

129

até a secura e ressuspendidos em 1 mL de uma solução contendo 20% de MeOH

em água. As separações eletroforética foram realizadas em um eletrólito de

separação composto por 45 mmol/L de SOS, 10 mmol/L de TBS, 2 mmol L-1 Brij

35®, 10 % MeOH e 12 mmol L-1 de tm-f3-CO. O tempo de injeção foi de 10 s /2,5

kPa. Na Tabela 6.3 são mostrados os resultados de recuperação obtidos para

cada fase sorvente.

130

.,..

Tabela 7.3 - Recuperação para os pesticidas estudados na extração em fase sólida.

Material SE Recuperação (%)Idsorvente metomil aldicarb carbofuran carbaril carbendazin sunazma atraziana propazina diuron linuron pirazofós clorpirifós

! (NP) 1 59,6 90,1 59,1 30,0 29,0 34,2 37,0 38,1 52,5 44,9 6,30 nd2 34,17 99,1 57,4 25,5 31,1 34,5 41,6 41,5 52,6 47,1 5,01 nd

! (RP) 1 21,3 57,6 33,8 15,1 20,9 21,3 24,9 27,9 34,7 31,2 4,50 nd2 47,3 82,4 55,9 42,0 31,1 31,6 35,6 27,3 44,0 38,8 4,01 nd

(NP) 1 23,2 71,4 42,7 19,0 nd .28,3 33,3 38,6 36,7 33,0 nd nd2 51,6 93,2 54,4 18,2 nd 35,6 45,3 48,8 53,2 46,8 nd nd

'Ísil 1 62,2 62,7 38,4 9,7 35,0 25,0 29,7 32,4 35,6 31,5 nd nd2 44,1 75,1 41,3 13,1 16,7 13,0 22,8 21,0 37,9 20,69 nd nd

rcoal:celite 2 100 100 80,8 49,8 nd 70,4 77,4 nd nd nd nd nd1 29,9 100 98,1 45,6 16,0 57,7 62,9 73,2 76,6 70,5 5,20 nd2 69,5 100 93,3 30,8 11,4 29,5 48,7 47,1 82,8 69,0 4,20 nd

SE, Solução eluente: (1) MeOH; (2) MeOH:CH2Ch (1:99 v/v); nd : não detectado

1 ':11

É possível notar através da Tabela 7.1 que a pior performance na

recuperação ficou a cargo dos pesticidas da classe do organofosforados (pirazofós

e clorpirifós), ficando com valores de recuperação abaixo de 6,5%, sendo que o

clorpirifós não foi recuperado em nenhuma das fases e eluentes avaliados. A

porcentagem recuperada para os pesticidas da classes das triazinas (simazina,

atrazina e propazina) ficou entre 13 e 77,4 %, onde o menor resultado foi obtido,

quando o Florisil foi usado como fase adsorvente tendo como eluente o

MeOH:CH2Cb. O charcoal:celite apresentou o melhor resultado para as triazinas

(70,4 % para a simazina e 77,4 % para a atrazina), porém não houve recuperação

para a propazina. Para os pesticidas da classe do carbamatos (metomil, aldicarb,

carbofuran e carbaril), os melhores resultados foram obtidos para o aldicarb para

as fases sólidas Charcoal:celite e C18, onde este foi 100% recuperado. Para o

metomil o melhor resultado foi obtido quando fase charcoal:celite foi usada (100%

recuperado). Carbofuran obteve resultados satisfatórios de recuperação para C18e

chacoal:celite. Para o carbaril em geral as recuperações foram baixas oscilando

entre 9,7 % a 49,8. O pior resultado foi obtido quando se usou Florisil com fase

sorvente e metanol com eluente; 49,8% foi obtido para charcoal:celite como fase

sorvente. O Carbendazim, da classe dos benzoimidazóis, apresentou resultados

de recuperação bem abaixo do esperado, oscilando entre 11,4 % e 35,0%, não

sendo detectado quando se usou CN e charcoal:celite como fases sorventes. Para

diuron e linuron, da classe da uréia, foram obtidos os melhores resultados quando

se usou C18 como fase sorvente.

132

o charcoal:celite apresentou bom resultados quando comparado a outras

fases sólidas, entretanto foi somente possível a recuperação da metade dos

pesticidas existentes na mistura padrão contento os 12 pesticidas.

De uma maneira geral (salvo algumas exceções), a maioria das

porcentagens de recuperações obtidas estão abaixo de 70%. Este problema

poderia estar ligado ao fato de que a quantidade de eluente utilizado não foi

suficiente para eluir todos os pesticidas da fase sorvente. Então optou-se em

realizar um novo experimento onde, a quantidade de eluente utilizado seria duas

vezes maior do a utilizada até então. Utilizou-se C18 como fase sorvente,

previamente condicionado e MeOH:CH2Ch (1 :99 v/v) como eluente. Adicionou-se

1,0 mL de uma solução padrão contendo os 12 pesticidas citados anteriormente,

na concentração ~e 10 mg/L. Na Tabela 7.4 são apresentados os resultados de

recuperações obtidos.

133

Tabela 7.4 - Valores de porcentagem de recuperação obtidos para os 12

pesticidas utilizando C18 como fase estacionária.

Pesticidas Recuperação (%)

7 mL 14 mL

metomil 69,5 62,3

aldicarb 100 94,5

carbendazin 11,4 22,0

carbofuran 93,3 93,1

simazina 29,5 32,3

atrazina 48,7 65,3

carbaril 30,8 45,2

propazina 47,1 67,5

diuron 82,8 84,5

linuron 69,0 82,5

pírazofós 4,2 8,60

Através da Tabela 7.4 é possível notar que com o aumento do volume do

eluente, a quantidade de pesticida recuperado aumentou para quase todos os

pesticidas investigados. Porém para os pesticidas carbendazim, simazina,

atrazina, carbaril, propazina e pirazofós continuam apresentando valores de

recuperação relativamente baixos.

Outra hipótese levantada para explicar a baixa recuperação foi a possível

saturação da fase sorvente pelos pesticidas. Esta hipótese foi avaliada realizando

um experimento onde um cartucho NH2 foi acoplado em "cascata" a um cartucho

de CN. Foram utilizados os cartuchos Sep-Pak® Plus CN e NH2 (750 mg) da

marca Waters, devido ao seu formato permitir uma fácil conexão entre os

cartuchos; além disto CN e NH2 eram as únicas fases sólida com este formato

134

disponíveis no laboratório para realização deste teste. Já os cartuchos da marca

Phenomex, em formato de seringa, não permitiam tais adaptações. Os cartuchos

NH2 (parte superior) e o CN (parte inferior) foram condicionados previamente com

20 mL de CH2Cb, e em seguida adicionou-se 1,0 mL de solução padrão contendo

os 12 pesticidas na concentração de 10 mg/L ao topo da "cascata". Os cartuchos

foram eluidos separadamente com 7 mL de MeOH:CH2Cb (1 :99 v/v). Os eluatos

foram evaporados e ressuspendidos em solução contendo 20% de metanol em

água.

Na Tabela 7.5 são mostradas as porcentagens de recuperação para os

pesticidas, para cada etapa da eluição em cascata.

Tabela 7.5 - Porcentagens de recuperação para as eluições em cascata.

Pesticidas Recuperação (%)

NH2(SUP) CN(inf) Fração não Total

retida

metomil 48,1 25,4 8,0 81,5

aldicarb 65,6 36,1 nd 100

carbendazin 43,6 25,1 0,2 68,7

carbofuran 49,3 32,5 3,7 85,5

simazina 53,1 25,3 7,1 85,4

atrazina 50,5 25,2 7,0 82,7

carbaril 62,9 30,2 7,0 99,5

propazina 46,9 24,2 7,2 78,3

diuron 54,9 25,8 6,2 86,9

linuron 51,0 24,6 7,0 82,6

pirazofos 8,0 nd nd 8,0

nd - não detectado

135

Analisando a Tabela 7.5 fica evidenciado a saturação das fases

adsorventes, onde a parte superior da cascata (NH2) apresentou os maiores

valores de recuperação, diminuindo para a fase subseqüente.

Baseado nas evidências da experiência anterior foram feitas novos ensaios,

agora adicionando-se 0,5 mL de uma solução 5 mg L-1 sobre as fases sorventes

(não utilizando o artifício da cascata). Foram utilizadas como fases sorventes o C18

(fase reversa - pré-condicionada com 20 mL MeOH e 5 mL de água) e NH2 (fase

normal - pré-condicionada com 20 mL de CH2Cb). Cartuchos da marca Phenomex

com 1 g de fase sólida foram utilizados para este teste. Os pesticidas foram

eluídos com 8 mL de MeOH:CH2Cb (1 :99 v/v). Os eluatos foram evaporados até a

secura e ressuspendidos em 0,5 mL de uma solução contendo 20% de metanol

em água.

Na Tabela 7.6 são apresentados os valores de recuperação obtidos em

duplicata de realizações.

136

Tabela 7.6 - Recuperação dos padrões de pesticidas, para 0,5 mL de mistura

padrão 5 mg/L, utilizando como eluente 8 mL de MeOH:CH2Cb (1 :99 v/v).

pesticidas Recuperação (%)

C18 NH2

metomil 95,7±3,5 82,0±4,2

aldicarb 72,8±4,0 92,0±4,2

carbendazin 64,1±2,5 79,1±1,2

. carbofuran 79,3±O,7 78,O±2,8

simazina 76,6±1,2 71 ,5±2,1

atrazina 82,5±3,5 74,O±10,O

carbaril 85,1±1,2 72,0±5,8

propazina 77,0±6,8 77,6±5,O

diuron 83,1±2,6 86,7±4,0

linuron 82,0±4,1 70,5±6,2

pirazofos 8,O±O,8 12,O±O,9

clorpirifos nd nd

nd - não detectado

Analisando a Tabela 7.6 e comparando-a com a tabela 7.3 é possível notar

sensível aumento na porcentagem de recuperação para os pesticidas analisados,

após a diminuição da quantidade de amostra inserida nos cartuchos.

Com base nos dados apresentados nesta seção nota-se a vulnerabilidade

dos cartuchos SPE, para uso em procedimentos de clean-up, pois ao se tratar de

amostras reais além dos compostos de interesse a matriz apresenta também

compostos que apresentam afinidade pela fase estacionária, podendo

137

potencializar o efeito da saturação. É necessário cuidado redobrado para avaliar a

quantidade e volume de amostra adicionados aos cartuchos.

7.3 - Métodos de Extração e clean-up

Foram selecionadas 5 metodologias de extração e c1ean-up da literatura.

Para a escolha, levou-se em consideração a aplicabilidade, simplicidade e tempo

de extração. Alguns procedimentos de extração sofreram modificações sendo as

principais modificações: (i) Massa de amostra, (ii) Quantidade de solvente utilizado

para as extrações, (iii) Quantidade de solvente utilizado na etapa de extração

líquido-líquido, (iv) Em alguns casos, substituição da fase estacionária para

realização de clean-up. A seguir serão descritos os procedimentos utilizados. Foi

empregada para a avaliação das extrações uma amostra "testemunho" de

cenoura. Para todas as metodologias de extração avaliadas utilizou-se da mesma

amostra de cenoura.

7.3.1 - Método I

Extração

Este procedimento baseou-se na metodologia proposta por G.S.Nunes et

al. 11 Inicialmente a amostra foi congelada (-20°C) e reduzida a pó por intermédio

de um ralador doméstico e, posteriormente, homogeneizada. Pesou-se 10 g do

material homogeneizado, adicionou-se 20 mL de MeOH e 10 mL de CH3CN,

agitando-se vigorosamente no Turrax por 5 min cada etapa (22000 rpm).

Centrifugou-se, e o extrato orgânico foi levado a um funil de separação, e a este

adicionou-se 0,5 g de NaCI e extraiu-se com duas alíquotas de 10 mL de éter de

138

petróleo (ETP), guardou-se a fase etérea. O extrato orgânico foi reextraido com

duas alíquotas de 10 ml de CH2CI2, adicionando-se a este 10 mL de solução

saturada de NaCI. Coletou-se a fase contendo o CH2Cb. Evaporou-se até

aproximadamente 1 mL, com fluxo de nitrogênio e em banho de aquecimento a 35

oCo

C/ean-up

Cartuchos contendo 1 g de fase estacionária C18 foram utilizados nos

procedimentos de clean-up. Os cartuchos foram adaptados ao sistema Manyfold

Supelco Visipred™ DL, 12 portas. Os cartuchos foram condicionados com 20 mL

de metanoI e posteriormente com 5 mL de H20, a uma vazão de 3 mUmin. Nesta

etapa é imprescindível que a fase sólida do cartucho não seque. A amostra

evaporada na etapa anterior até cerca de 1 mL foi adicionada aos cartuchos. Após

o término da passagem da amostra através do cartucho, este foi seco com um

fluxo de nitrogênio por 5 minutos. Os compostos de interesse foram eluídos do

cartucho com 6 mL de CH2Cb:MeOH (99: 1 v/v). O eluato foi evaporado até a

secura e ressuspendido em 1 mL de uma solução de 20 % de MeOH em água.

Na Figura 7.1 é mostrado um esquema sumarizando cada etapa.

139

10 g Amostra+

10 mLACN20 mL MeOH

Homogeneização (5 mino cI Turrax)Centrifugação

IFase orgânica(sobranadante)

II Resíduo I

II 10 + 10 mL ETP

IDescarte

ILLE 0I

1 10 + 10 mL CH2Cb I

N2 até 1 mLSPE C18Eluir cl6 mL CH2CI2:MeOH (99:1 v/v)

IEluato IN2 até secura1mL MeOH/água (20:80 v/v)

I Análise

Figura 7.1 - Esquema de extração para o Método I.

Na Figura 7.2 são mostrados os eletroferogramas obtidos para a extração

de uma amostra de cenoura, fortificada com 150 llL de uma mistura padrão

contendo (dimetoato, carbendazim, atrazina, carbaril, ametrina, propazina, linuron

e propoxur), na concentração de 50 mg/L. Foi utilizado como eletrólito de

separação: 50 mmol/L de SDS, 10 mmol/L TBS, 5% PrOH e 5% ETOH.

140

10

8 5

6 3 44 8::J

~ 2

O

-2

-4

10 O 2 4 6 8 10 12 14 16

8

6

:::> 4

~#

2

O

-2

O 2 4 6 8 10 12 14 16

Tempo, min

Figura 7.2 - Método I aplicado à amostra de cenoura. (A) Cenoura in natura, (B)

Cenoura fortificada com 0,15 mL de mistura de pesticida padrão (50 mg L-1).

Eletrólito de separação: 50 mmol L-1 de SDS, 10 mmol L-1 TBS, 5 % MeOH e 5%

PrOH. Outras condições: À =220 nm, tempo 25 DC, comprimento efetivo do capilar:

50 cm. Tensão aplicada: 27 kV, Inj. 1Os/2,5 kPa.1) dimetoato, 2) carbendazim, 3)

simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6) ametrina, 7) propazina, 8) linuron I 9) propoxur

e #) não identificado

141

7.3.2 - Método 11

Extração

Este procedimento de extração foi baseado no Bulletim 900B - Supelco23.

Em um béquer de 250 mL pesou-se 50 g de amostra e homogeneizou-se com 100

ml de ACN, usando Turrax por 5 minutos, em velocidade máxima (22000 rpm).

Logo após, adicionou-se 8 g de NaCI e homogeneizou-se novamente por 5

minutos. Transferiram-se 13 mL do sobrenadante para um tubo de centrífuga com

capacidade de 15 mL, e adicionaram-se 3 g de sulfato de sódio anidro granular·

para desidratação, agitou-se manualmente. Centrifugou-se por 5 minutos em alta

velocidade (3500 rpm). Transferiram-se 15 mL do centrifugado para um tubo de

ensaio e evaporou-se até um volume aproximado de 0,5 mL, sob fluxo de

nitrogênio.

Clean-up

Este volume reduzido foi transferido para um cartucho C18, previamente

condicionado com 20 mL de MeOH e 5 mL de H20. A amostra passou através do

cartucho a uma vazão de 3mLlmin (o cartucho estava adaptado ao sistema

Manyfold supelco Visipred™ DL). A amostra foi eluída com 6 mL de MeOH:CH2Ch

(1 :99 v/v). O eluato foi evaporado até a secura e ressuspendido em 1 mL de uma

solução contendo 20% metanol em água.

Na Figura 7.3 é mostrado um esquema sumarizando cada etapa.

23 Sigma-Aldrich (SUPELCO)- Bulletin 900B - Tl96900B - 1997 - (http:\sigma­aldrich.com/saws.nsf/supproducts?openframeset)

142

50g amostra+

100 mL ACN

Fase orgânica(sobrenadante)

3g de Na2S04 anidroagitação manualcentrifugação

Fase orgânica(sobrenadante)

N2 até 0,5 mLSPE C18Eluir cl7 mL CH2CI2:MeOH (99:1 v/v)

I eluato IN2até secura1 mL MeOH/água (20:80 v/v)

.--1---,IAnálise I I

II resíduo I

IIresíduo I

Figura 7.3 - Esquema de extração para o Método 11.

Na Figura 7.4 são mostrados os eletroferogramas obtidos para a extração

de uma amostra de cenoura, fortificada com 1,14 mL de uma mistura padrão

contendo (dimetoato, carbendazim, atrazina, carbaril, ametrina, propazina, linuron

e propoxur), na concentração de 50 mg L-1. Foi utilizado como eletrólito de

separação 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1 TBS, 5% PrOH e 5% ETOH.

143

15

10

B 5

161412108642o

o 2 4 6 8 10 12 14 16 1815

#10

::>5 A

~o

Tempo, min

Figura 7.4 - Método 11 de extração aplicado à amostras de cenoura. (A) Cenoura

in natura, (B) Cenoura fortificada com 1,14 mL da mistura de pesticida padrão (50

mg L-1). Eletrálito de separação: 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1 TBS, 5 %

MeOH e 5% PrOH. Outras condições: À =220 nm, tempo 25°C, comprimento

efetivo do capilar: 50 cm, Tensão aplicada: 27 kV, Inj. 10s/2,5 kPa. #)

desconhecido, 3)simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6)ametrina, 7) propazina, 8)

linuron e 9) propoxur

144

7.3.3 - Método 111

Extração

Este procedimento de extração baseou-se na metodologia proposta por

Minelli et al.24 Pesou-se 15 g da porção homogeneizada da amostra, adicionou-se

30 mL de uma mistura de solventes contendo acetona, éter de petróleo e

diclorometano na proporção de 1:1:1 (v/v) e 4 g de NaCI. A mistura foi sonificada

por 15 minutos. A extração foi realizada mais uma vez. As fases orgânicas foram

transferidas para 4 frascos de centrífuga, de 15 mL cada frasco; foram

adicionados 2 g de NaS04 anidro granular para desidratação, agitou-se

manualmente. O material foi centrifugado por 3 minutos na velocidade máxima

(3500 rpm). Uma alíquota 20 mL do extrato orgânico seco foi transferido para um

tubo de ensaio com tampa, de capacidade de 25 mL, e evaporado até próximo de

1 mL, sob fluxo de nitrogênio e em banho de aquecimento a 35°C.

Clean-up

O extrato evaporado foi colocado em cartucho contendo 1 g de fase

estacionária NH2, previamente condicionado com 25 mL de CH2Ch (adaptado ao

sistema manyfold). Após a passagem da amostra pelo cartucho, este foi seco com

um fluxo de nitrogênio. Os compostos de interesse foram eluídos com 7 mL de

CH2Ch:MeOH (99:1). O eluato foi evaporado até a secura e ressuspendido em 1

mL de uma solução contendo 20 % metanol em água.

No procedimento descrito por Minelli et aI.25, os autores sugerem a agitação

da amostra com a mistura de solventes para a extração dos compostos. Mas

24 E.Y.MineUi, A. Angioni, M.Melis, F.M.Flippo andP.Cabras, J AOAC Inter. 80 (1997) 1315

145

segundo Babic et al,25 o processo de sonificação da amostra com o solvente é

mais eficiente. Outras alterações foram realizadas como na pesagem da amostra

que era de 5 g foi alterada 15 g, a quantidade de mistura de solventes extratores

que era de 15 mL passou a 30 mL, bem como a fase sólida sugerida pelos autores

que era cianopropil, foi substituída por aminopropil. A etapa na qual adiciona-se

Na2S04 para secagem dos solventes de extração também não existia no

procedimento original. Na Figura 7.5 é apresentado um esquema sumarizando as

etapas da extração.

25 S.Babic, M.Petrovic and M.Kastean-Macan, ,1. Chromatog. A, 823 (1998) 3-9

146

15 de amostra+

30 mL de acetona:CH2CI2:ETP (1:1:1 v/v)+

4g de NaCI

Sonificação, 15 minocentrifugação

IFase orgânica(sobrenadante)

1

8g de Na2S04 anidrocentrifugação

Fase orgânica(sobrenadante)

II resíduo I

II resíduo I

N2 até 1 mLSPE NH2

Eluir c/ 7 mL CH2Cb:MeOH (99:1 v/v)

I eluato IN2 até secura1 mL MeOH/água (20:80 v/v)

I Análise I

Figura 7.5 - Esquema de extração para o Método 111.

Na Figura 7.6 são mostrados os eletroferogramas obtidos para a extração

de uma amostra de cenoura, fortificada com 150 IlL de uma mistura padrão

contendo (dimetoato, carbendazim, atrazina, carbaril, ametrina, propazina, linuron

e propoxur), na concentração de 50 mg L-1. Foi utilizado como eletrólito de

separação 50 mmol/L de SOS, 10 mmol L-1 TBS, 5% PrOH e 5% ETOH.

147

10

8 56

3 4 67

:J4 8

<:( 2E

o-2

-4

10 O 2 4 6 8 10 12 14 16

8

6

::::> 4 A<:( 2E

o-2

-4O 2 4 6 8 10 12 14 16

Tempo, min

Figura 7.6 - Método 111 de extração aplicado à amostras de cenoura. (A) Cenoura

in natura, (B) Cenoura fortificada com 0,15 mL de mistura de pesticida padrão (50

mg L-1). Eletrólito de separação: 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1 TBS, 5 %

MeOH e 5% PrOH. Outras condições: À =220 nm, tempo 25 DC, comprimento

efetivo do capilar: 50 em. Tensão aplicada: 27 kV, Inj. 10s/2,5 kPa, 1)dimetoato, 2)

carbendazim, 3)simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6)ametrina, 7) propazina, 8)

linuron e 9) propoxur

148

7.3.4 -Método IV

Extração

Este procedimento de extração baseou-se na metodologia proposta por

Niessner et al26 . Pesou-se 10 g da porção homogeneizada da amostra,

adicionou-se 66 mL de acetona, e homogeneizou-se com o auxílio do Turrax (5

min), água foi adicionada para obter um volume de 100 mL e a mistura foi

novamente homogeneizada com o Turrax (+ 5 min). Adicionou-se 3 g de celite não

silanizada e o extrato foi filtrado em funil de buchner (filtrado em papel rápido), 1O

mL do filtrado foi evaporado para 1 mL.

Clean-up

A amostra final foi passada através de um cartucho C18, previamente

condicionada com 20 mL de MeOH e 5 mL de H20. Os compostos de interesse

foram eluídos com 6 mL de CH2Ch:MeOH (99:1). O eluato foi evaporado até a

secura e ressuspendido em 1 mL de uma solução contendo 20% metanol em

água. Na Figura 7.7 é apresentado um esquema sumarizando as etapas de

extração.

26 G.Niessner, W.Buchberger and R. Eckerstorfer, 1. Chromatog. A 846 (1999) 341-348

149

10g de amostra+

66 mL de acetona+

44 mL de água

Homogeneização c/ Turrax& (10 min)3g de celitefiltração

IFase orgânica

(filtrado)

Secar até 1 mLSPE C18Eluir c/ 6 mL CH2CI2:MeOH (99:1 v/v)

I eluato I

N2 até secura1 mL MeOH/água (20:80 v/v)

,-----L.....--,

IAnálise I

Iresíduo I

Figura 7.7 - Esquema de extração para o Método IV.

Na Figura 7.8 são mostrados os eletroferogramas obtidos para a extração

de uma amostra de cenoura, fortificada com 1,5 mL de uma mistura padrão

contendo (dimetoato, carbendazim, atrazina, carbaril, ametrina, propazina, linuron

e propoxur), na concentração de 50 mg L-1. Foi utilizado como eletrólito de

separação 50 mmollL de SDS, 10 mmol/L TBS, 5% PrOH e 5% ETOH.

150

15 # 5

10 # 3 467

# # 8::J

~5

O

20 O 2 4 6 8 10 12 14 16

15

10::J

~ 5

O

-5O 2 4 6 8 10 12 14 16

Tempo, min

Figura 7.8 - Método IV de extração aplicado à amostras de cenoura. (A) cenoura

in natura, (B) Cenoura fortificada com 1,5 mL de mistura de pesticida padrão (50

mg L-1). Eletrólito de separação: 50 mmol L-1 de SDS, 10 mmol L-1 TBS, 5 %

MeOH e 5% PrOH. Outras condições: Â = 220 nm, tempo 25 DC, comprimento

efetivo do capilar: 50 cm: Tensão aplicada: 27 kV, Inj. 10s/2,5 kPa.. #)

desconhecido, 3)simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6)ametrina, 7) propazina, 8)

linuron e 9) propoxur

151

7.3.5 - Métcidu V - Extraçãa Par dispersão. da matriz em fase sólida (MSPD)

A MSPD é uma técnica de clean-up, que está sendo desenvolvida

para análise de MRMsem frutas e vegetars· 27 ,28. A MSPD é um procedimento

simplificado, que permite a eliminação da etapa de LLE. Neste processo a amostra

é homogeneizada com a adição de pequena quantidade de água, quando

necessário. Logo após Tetira.;.se uma pequena parte'do'tlomogeneizado'e agre'ga-

se a este uma quantidade pré-determinada de adsorvente, particularmente Ca, C1a

ou Rorisil, e homogeneiza-se com auxilio de um almofariz e piStilo29. A mistura é

conduzida a uma coluna de vidro e eluída com solventes ou mistura de solventes

apropriados. Muitos procedimentos 'MSPDtambém ·~nvolvem uma coluna

adicional para obter um novo fracionamento e clean-up. O material desta coluna

(f1orisil ou sílica, por exemp1o} pode·' ser' coiocad:o: no, fundo: da:· mesma· coJuna- de

MSPD ou pode ser usado em uma coluna externa adaptada à coluna do MPDS.

.Neste processo, a extração, ·fracionamento e-purificação são -realizadas em uma

única etapa.

Kandenczki et aI.30 demonstraram a apHcabilidade do· MSPD para um

grande número de matrizes de frutas e vegetais visando análise de resíduos de

.pesticidas.

7.3.5'.1 - Procedimento de extração

Este procedimento de extração baseou-se na metodologia proposta por

Ling e Huangl31 traía-se de uma metodologia MSPD. Pesaram-se

27A.di Corcia, SMarchese and R.Samprei, 1 Chromatog. A.,642(1993)16328 A. t Valenzuela, R. LOrenzini, M.J. Redondo, G.Font, J. Chromatogr. A, 839(1999)101-10729 S. A. Baker, lI. Chromatog. A, 885(2000)115-12730 L. Kandenczki, Z.Arpad, 1 Gardi, A. Ambrus, L.Gyorfi, GReese and W.Ebing, , I. AüAC Int,75(1992)53

152

100 9 de amostra. A amostra foi- 1:10mogene~zada em blender até obter-se um

material homogêneo; 2,5 9 da porção homogeneizada da amostra foi transferida

para um almofariz de vidro. Nesta etapa a amostra foi fortificada quando

necessário. Adicionaram-se 5 9 de F1orisi1 previamente ativado (150°C, 24 horas),

e misturou-se gentilmente por aproximadamente 2 minutos. Transferiu-se o

homogeneizqdo para uma co1una de vidro (25 cm-xt;Ocm), contendo uma disco

de v-idrosinterizado de 0,3 mm e sulfato de -sódio anidro foi adicionado no fundo

da coluna até preencher cerca de 1cm. Adicionou-se uma quantidade de Florisil

no fundo da coluna (1,0 9,) sobreposta ao suffato de sódio, que foi condicionada

com 10 mL de diclorometano. Em seguida a amostra foi introduzida. O conteúdo

:dacolunafoi -pressionado com um -embolo de seringa, para uma suave

compactação. Finalmente adicionou-se 0,2 cm de sulfato de sódio anidro sobre o

material empacotado. e cobriu- com lã de vidro. Os compostos de interesse foram

eluídos com 30 mL CH2Cb:MeOH (99:1), sob um fluxo de 3 mL min-1. O eluato foi

evaporado até a secura e ressuspendido em1 mlde uma solução contendo ·20%

metanol em água.

Torres et al.32 exploraram a possibilidade de usar o- MSPD para a

determinação de pesticidas organoclorados e organofosforados em laranja,

usando diferentes fases adsorventes (C18, C8, C2 , CN, Sflica, ftorisH, Alumina).

Stafford e Lin33 descreveram uma metodologia para a determinação de

resíduos de oxamil e metomil em maças e laranjas usando C18 como fase

sorvente.

31 .Y.C.Lmg and I.P.Huang, J. Chromatogr. A, 695(1.995)75-82

32 C.M.Torres, Y.picós, M.J.Redondo and J.Manes, , J. Chromatogr. A, 719(1996)95

153

Este método constitui em uma boa opção de extração, demandando

menores tempos de análise e quantidades de solventes em relação aos métodos

convencionais de extração. As principais vantagens do MSPO são:

(i) Apresenta menor tempo de análise e maior interação entre a matriz e a

amostra. (ii) Evita a formação de emulsão ao redor da partícula do adsorvente

possibilitando maior extração e reprodutibilidade. (iii) Por requerer menores

quantidades de amostra, não há a necessidade de grandes quantidades de

solventes para executar as eluições. Na Figura 7.9 estão sumarizadas as etapas

de extração para o MSPO.

:MeOH (99:1 v/v)

ual com pistilo

0:80 v/v)

2,5 9 de amostra é colocada em almofariz+

5g de Florisil ativada (150 °C/24 Hs)

Homogeneização man

Coluna de vidro (25 x 1 em) preenchida com:1) Na2S04 anidro (3 g)2) Florisil ativado (1 g)

Condicionamento cf

I Adição da amostra à coluna IEluir cf 30 mL CH2CI2

I eluato IN2 até secura1 mL MeOH/água (2

I Análise I

Figura 7.9 - Esquema para o Método MSPO.

154

Na Figura 7.10 são mostrados os eletroferogramas obtidos para a extração

de uma amostra de cenoura, fortificada com 150 IlL de uma mistura padrão

contendo dimetoato, carbendazim, atrazina, carbaril, ametrina, propazina, linuron e

propoxur, na concentração de 50 mg/L. Foi utilizado como eletrólito de separação:

50 mmollL de SOS, 10 mmollL TBS, 5% PrOH e 5% ETOH.

155

15

510

3 46 7

::> 5«E 8 9

O

15 O 2 4 6 8 10 12 14

10

::> 5«E

O

o 2 4 6 8

Tempo, min

10 12 14

Figura 7.10 - Método V (MSPD) de extração aplicada à amostra de cenoura. (A)

cenoura in natura, (B) Cenoura fortificada com 0,15 mL de mistura padrão de

pesticida (50 mg L-\ Eletrólito de separação: 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1

TBS e 5 % MeOH e 5% PrOH.Outras condições: À = 220 nm, tempo 25 DC,

comprimento efetivo do capilar: 50 cm. Tensão aplicada: 27 kV, .Inj. 1Os/2,5 kPa.1)

dimetoato, 2) carbendazim, 3) simazina, 4) atrazina, 5) carbaril, 6) ametrina, 7)

propazina, 8) linuron e 9) propoxur

As metodologias de extração apresentadas neste capítulo foram

comparadas com base nos valores de recuperação. Foram realizadas

recuperações em dois níveis de fortificação (83 ppb e 0,24 ppm). Os resultados

obtidos para cada metodologia de extração são apresentados na Tabela 7.7. Foi

156

realizada duplicata para cada nível de fortificação. Também na Figura 7.11 são

mostrados os gráficos das recuperações obtidas para melhor visualização.

157

Tab

ela

7.7

-V

alor

esde

recu

pe

raçã

opa

raos

mét

odos

dee

xtra

ção

aval

iado

s.

Pes

ticid

asM

étod

oI

tod

oII

Mét

odo

IIIM

étod

oIV

Mét

odo

V

N1

N2

N1

N2

N1

N2

N1

N2

N1

N2

limet

oato

51

,7±

1,8

48,6

±11

,2-

-90

,5±O

,37

2,1

±8

72,0

±8,O

61

,3±

10

,256

,6±

8,7

100,

4±4,

4

~arbendazim

29,4

±9,

251

,5±

5,5

--

58,0

±5

27,3

±1,

1-

55

,7±

8,0

52,O

±3,3

72,1

±7,

5

iimaz

ina

39,O

±4,

145

,3±

2,8

52,O

±1,8

52,2

±4,

757

,0±

3,7

47

,6±

3,5

60,5

±7,

06

4,2

±5

,389

,0±

7,1

62,8

±5

üra

zin

a74

,6±

7,3

51

,02

,578

,O±2

,459

,5±

3,2

76,4

±163

,16±

163

,0±

11,2

89

,6±

15

,382

,0±

7,2

73,6

±5,

6

~arbaril

93

,6±

156

,6±

3,6

75,1

±6,

563

,2±

10,1

69,5

±1,

56

8,3

±2

,864

,5±

13,2

82,6

±16

,387

,O±7

,185

,5±

2,9

3met

rina

42,4

±8,

245

,2±

282

,8±

3,5

56,7

±21

,261

,5±

4,3

66

,0±

1,7

59,2

±5,

67

0,5

±9

,380

,3±

4,2

66,7

±4,1

)rop

azin

a66

,5±

6,7

50,2

±19

,110

1,0±

10,7

58,2

±4,

471

,2±

0,3

63,5

±1

52,2

±2,

36

9,0

±5

,051

,1±

4,9

67,2

±4

inur

on50

,9±

2,2

47,5

±6,

183

,85±

3,6

77,4

±4,

265

,O±7

,96

9,0

±1

,345

.,0±1

5,3

92

,4±

12

,351

,0±

1,8

84,2

±6,

7

xop

oxu

r63

,4±

9,7

52,1

8±13

,484

,2±

7,2

47,5

±14

,584

,4±

4,3

58,1

±13

,261

,3±

6,3

60

,4±

10

,654

,1±

5,9

76,7

±4,1

N1

83pp

bN

20,

24pp

m

158

Para o Método I os valores de recuperação para o menor nível de

fortificação ficou entre 29,4 % (carbendazin) e 93,6 %(carbaril), enquanto para o

maior nível de fortificação as recuperações ficam em torno dos 50 % para todos os

pesticidas analisados. O Método I de extração apresenta várias etapas de

extração não sendo viável para análises de rotina.

Para o Método 11 não foi possível a recuperação para os pesticidas

dimetoato e carbendazin. As recuperações para os demais pesticidas ficam entre

52,0 % a 101% para ao menor nível de fortificação, enquanto que para o maior

nível os valores de recuperação ficaram entre 47,5 (propoxur) e 77,4% (Iinuron).

O método 111 de extração foi de fácil implementação, onde os extratos

obtidos apresentaram um aspecto límpido. A etapa de evaporação antes do clean­

up é fácil, pois o solvente extrator é composto de uma mistura de acetona, éter de

petróleo e diclorometano, que são solventes com baixo ponto de ebulição. Os

valores de recuperação para o menor nível de fortificação ficaram entre 57,0 a

90,5 % e 27,3 a 72,1 % para o maior nível de fortificação. A diminuição nos

valores de recuperação quando o nível de fortificação é aumentado é

provavelmente causado pela saturação do cartucho de SPE. Os valores de %CV

para ambos os níveis de fortificação são relativamente baixos « 15%).

O Método IV de extração apresenta poucas etapas de extração, porém a

etapa de evaporação do extrato antes do clean-up é demasiadamente lenta pelo

fato do solvente extrator ser composto de um mistura de 60 % de acetona em

água. Os valores de recuperação para o menor nível de fortificação ficou entre

160

45,0 % para o linuron e 72,0 % para o dimetoato, porém não foi possível a

recuperação para o carbendazim. Para o maior nível de fortificação os valores

ficaram entre 55,7% para o carbendazin e 92,4 % para o linuron.

O Método V de extração dentre os avaliados é o método mais fácil de ser

implementado. Em média o tempo para se realizar o procedimento de extração

para este método é em torno de 30 minutos, entre homogeneização da amostra

com Florisil e a eluição dos compostos da coluna. As recuperações para o menor

nível de fortificação ficou entre 51,0 % para o linuron e 89 % para a simazina. Já

para o maior nível de fortificação os valores de recuperação ficaram entre 62,8 %

para a simazina e 100,4 % para o dimetoato.

Dada a complexibilidade da matriz analisada e a larga faixa de polaridade

dos pesticidas estudados, os métodos 111 e V apresentaram resultados mais

robustos, além disto são de fácil implementação podendo ser utilizados em

análises de rotina. Segundo o guia de validação elaborado pela

AOAC/FAO/IAENIUPAC (apêndice 1), para concentrações de fortificação que

variam de 0,1 a 1 mg kg-1, o valor de recuperação deve estar compreendido entre

70 - 110 %. O método de extração com MSPD é o que mais se aproxima dos

valores de recuperação estipulado.

161

7.3.6 - Avaliação das metod%gias 111 e V aplicadas a amostras (cenoura e

abacaxi) adquiridas no comércio local

7.3.6.1 Avaliação do método 111 de extração

Amostras de cenoura e abacaxi foram utilizadas para avaliação do método

de extração e clean-up. As amostras de cenoura e abacaxi foram adquiridas junto

ao comércio local. Para este método optou-se em realizar análises da casca e do

interior da cenoura e do abacaxi, analisando-se separadamente cada fração da

amostra. Na Figura 7.12 são mostrados os eletroferogramas obtidos para as

amostras de abacaxi e cenoura para o Método 111.

162

25 25

20 20

15 A 1 15 C1

1010

L~~2 ::::>

« 55 E

OO

-5-5

-10

-10O 2 4 6 8 O 2 4 6 8

Tempo, min Tempo, min

25 25

20 20

15 8 15 O 110

*10

~::::>

5 ~ 5

O O

-5 -5

-10 -10O 2 4 6 8

O 2 4 6 8

Tempo, min Temp, min

Figura 7.12 - Avaliação do Método 111 para amostras de cenoura e abacaxi. (A)

Miolo da cenoura, (8) Casca da cenoura, (C) Casca do Abacaxi e (O) Polpa do

abacaxi. Amostras ressuspendidas em solução de 20% MeOH e 30 mmol L-1 de

NaCI em água. Eletrólito de separação: 50 mmol L-1 de SOS, 10 mmol L-1 de T8S,

5%/5% (PrOH: ETOH), Inj: 20 s/2,5 kPa. Temp. 25°C, comprimento do capilar: 50

cm (efetivo), 1.,=200 nm. 1) dimetoato, 2) carbendazim e * 1- Naftol (produto de

degradação do carbaril)

163

É possível notar através da Figura 6.11 que o interior de cenoura

apresentou 1,7 vezes mais dimetoato do que a casca (relação entre áreas);

também detectou-se a presença do carbendazim no miolo, o que não foi

identificado na casca. A presença de uma concentração maior de pesticidas no

interior da cenoura do que na casca poderia ser explicado pelo fato que o miolo é

o caminho pelo qual os nutrientes (sais minerais) da cenoura percorrem até

chegar às f0l.has - diferente da fotossíntese - desta forma ocorre, um efeito de pré­

concentração no interior da cenoura. No caso do abacaxi tal fenômeno não foi

observado; detectou-se uma quantidade semelhante de dimetoato tanto na casca

quanto na polpa do abacaxi.

7.3.7- Avaliação do Método V de extração

_As extrações foram realizadas para amostra adquiridas também no

mercado local, porém em dias diferentes. Os eletroferogramas obtidos são

mostrados na Figura 7.13. Para estas avaliações as amostras de cenoura foram

utilizadas inteiras.

164

8

6

4:::>

~ 2

O

-2

10 2

8

6:::>

~ 4

2

2

4

4

1

2

* 6

2

6

Tempo, min

8

8

A

B

10

10

Figura 7.13 - Avaliação do Método V para amostras de cenoura. (A) Cenoura-

amostra 1, (8) Cenoura - amostra 2. Amostras ressuspendidas em solução de

20% MeOH e 30 mmol L-1 de NaCI em água. Eletrólito de separação: 50 mmol

L-1 de SOS, 10 mmol L-1 de T8S, 5%/5% (PrOH: ETOH), Inj: 20 s/2,5 kPa,

Temp. 25 aC, comprimento do capilar: 50 cm (efetivo), À=200 nm. 1) simazina,

2)atrazina, 3)propazina, 4) pirazofós , (*) 1- Naftol e (#) não identificado.

165

Na Figura 7.13 foi possível a identificação de simazina, atrazina, propazina,

em pelo menos uma das amostras, fato inusitado, pois segundo a Agência

Nacional de Vigilância sanitária 34, simazina e propazina não são registradas para

o uso em culturas de cenouras. Além disso, uma das amostras apresentou o

produto de decomposição do carbaril.

7.4 - Avaliação da estabilidade térmica dos pesticidas.

Esta análise visou avaliar se o tempo e a temperatura de cozimento

normalmente usado para cozinhar legumes (ex. cenoura) é suficiente para a

degradação dos pesticidas contidos neles. Para a avaliação realizou-se o seguinte

procedimento: em um béquer, adicionaram-se 199 mL de água desionizada e 0,2

mL de uma mistura padrão contendo 10 pesticidas na concentração de 1000 mg/L,

atingindo uma concentração final aproximada de 1 mg/L. Os pesticidas

empregados foram: dimetoato, aldicarb, carbendazin, carbofuran, atrazina,

simazina, carbaril, propazina, diuron e linuron. Aqueceu-se a solução por

intermédio de um bico de Bunsen, até a ebulição por um período de 25 minutos.

Logo após esfriou-se a solução até temperatura ambiente, ajustou-se o volume

novamente para 200 mL, retirou-se uma alíquota de 30 mL e levou-a para um funil

de separação com capacidade de 60 mL. Realizaram-se duas extrações

consecutivas com duas alíquotas de 10 mL de diclorometano. A parte orgânica foi

evaporada até a secura sob fluxo de nitrogênio e ressuspendida em uma solução

contendo 20 % MeOH em água. Realizou-se o mesmo procedimento para uma

solução que não sofreu aquecimento. Na Figura 7.14 são mostrados os

34 Agência Nacional de vigilância sanitária. Portaria~ 10/SNVS de 08 de março de 1985. DOU 14/03/85

166

eletroferogramas obtidos para a solução que sofreu aquecimento e outra sem

aquecimento.

50 -

40 -9

30 -#

::J20 -

~10

B10 - 61} 3 5 ~ 8

O '-'

I I I I I I

50 2 3 4 5 6 7 8

7 940

1030 6

::J20

~ A 8 #10

O

2 4 6 8

Tempo, min

Figura 7.14 - Avaliação da estabilidade térmica dos pesticidas.Amostra sem

aquecimento (A) e amostras após o aquecimento (B). Eletrólito de separação: 45

mmol L-1 SOS, 10 % MeOH, 15 mmol L-1 trimetil-(3-ciclodextrina, 15mmol L-1

tetraborato de sódio, 2 mmol L-1 Brij 35, 27°C, 27kV. Tempo de injeção 8 s /2,5

kPa, À =220 nm (1) dimetoato, (2) aldicarb, (3) carbendazim, (4) carbofuram, (5)

simazina, (6) atrazina, (7) carbaril, (8) propazina, (9) diuron (#) não identificado e

(10) linuron.

167

Na Tabela 7.8 a seguir, são mostrados os valores de áreas antes e depois

do aquecimento, bem como a perda percentual para cada pesticida

Tabela 7.8 - Análise da perda porcentual para cada pesticida empregado.

pesticidas Area sem Area após Perda

aquecimento aquecimento porcentual

1 - Dimetoato 4,90 3,52 28,10

2 - Aldicarb 6,75 5,15 23,60

3 - Carbendazin 6,67 1,89 71,50

4 - Carbofuran 13,50 - 100,0

5 - Simazina 11,70 2,05 82,40

6 - Atrazina 40,39 12,10 70,01

7 - Carbaril 71,03 - 100,0

8 - Propazina 17,28 3,30 80,91

9 - Diuron 61,42 49,11 20,02

10- linuron 49,67 21,85 56,04

Observa-se através da Tabela 7.8 que os pesticidas carbofuram e carbaril

são totalmente degradados pela ação do calor. Os pesticidas carbendazim,

atrazina, propazina e simazina degradam acima de 70%, linuron atinge 56% de

degradação, enquanto que o dimetoato, aldicarb e diuron sofrem degradação de

apenas 20 % em média.

168

7.5 - Extração por cloud point - CPE (sigla inglesa para Cloud Point Extration)

Tensoativos podem se agregar em solução aquosa para formar estruturas

coloidais como clusters que são conhecidos como micelas (micelas normais). Alguns

aspectos estruturais dos agregados micelares (grau de rugosidade ou

irregularidades da superfície da micela, penetração de água no interior da micela,

etc.) ainda são objeto de muita discussão na comunidade científica.35 Porém,

dependendo .da espécie do tensoativo e das condições da solução onde este se

encontra, as micelas podem adotar uma variedade de formas desde esferas até

elipsóides. Em ambos os casos, a região interna da micela contém grupamentos

químicos da molécula do surfactante com características hidrofóbicas e a superfície

externa é constituída de grupamentos hidrofílicos, hidratados por ligações com

moléculas de água.36

No caso de micelas de tensoativos não-iônicos polioxietilênicos, a região

externa é comprimida por espirais.37 Uma representação esquemática de um

agregado micelar típico de um surfactante não-iônico é mostrado na Figura 7.15.

Muitos tensoativos como, por exemplo, C1OE4 e C12Es e ainda tensoativos

zwiteriônicos como Ca -lecitina, formam micelas altamente polidispersas.38

35 F. H. Quina; W. L. Hinze; Ind. Eng. Chem. Res., 38 (1999) 4150.36 E. Pramuro; E. Pelizzetti; in Surfactants in Analytical Chemistry: Applications of OrganizedAmphiphilic Media; Elsevier: Amsterdam, 1996.37 M. J. Rosen; Surfactants and Interfacial Phenomena; Wiley-Interscience: New York, 1978.38 C. L. Liu; Y. J. Nikas; D. Blankschtein; Biotechnol. Bioeng.; 52 (1996) 185.

169

D - Cadeia hidrofóbica

~ Unidade de oxielileno

A - Molécula de água

-~

Figura 7.15 - Representação esquemática de uma micela de forma rugosa de um

tensoativo não-iônico. No caso é o Brij-35 (polioxietileno(23)dodecanol), o

agregado micelar é formado por cerca de 40 moléculas individuais de Brij-35.

Soluções aquosas de determinados tensoativos exibem um comportamento

de separação de fases com a mudança da temperatura do meio. Este fenômeno é

utilizado em estudos de separação para o desenvolvimento de um processo de

extração, purificação e pré-concentração3:} dos analitos desejados e é conhecido

como cloud point (ponto de névoa). Um diagrama de fases para um tensoativo

não-iônico é apresentado na figura 7.16.

39 W.Hinze, E. Praumauro, Cri/o Rev. Anal. Chem. 24 (1993) 133

170

40,-- .....

2L30

Temp .fe

20

L

10

2 4 6 8 10 12

% Triton X -114

Figura 7.16 - Diagrama de fases para o tensoativo Triton X-11435.

Inicialmente quando o tensoativo é adicionado à solução aquosa, estando

em concentração acima da sua cmc, o aspecto da solução é límpido e

transparente (L). Após a mudança da temperatura do meio micelar, duas fases

isotrópicas são formadas e a solução fica turva (2L), devido à diminuição da

solubilidade do tensoativo no meio. A separação de ambas pode ser acelerada por

centrifugação e, como conseqüência duas fases líquidas transparentes serão

obtidas: uma incluindo um precipitado hidrofóbico, chamado de fase rica em

tensoativo, contendo o analito de interesse e outra, pobre em tensoativo.

O mecanismo pelo qual a separação de fases ocorre ainda é motivo de

discussão entre várias linhas de pensamento. Alguns autores propõem que a

separação de fases seria devido a um aumento no número de agregação micelar

171

(um aumento no tamanho da micela) quando a temperatura é aumentada40,41.

Outros sugerem que o mecanismo de separação de fases seria causado por

mudanças na interação micelar, no qual é repulsiva a baixas temperaturas e

predominantemente atrativa a altas temperaturas42.O fato que a presença de sal

favorece a separação de fases tem sido interpretado como sendo devido a

diminuição do efeito de repulsão eletrostática. Outros autores explicam o

fenômeno d~ cloud poínt com base no processo de desidratação que ocorre na

camada externa das micelas de tensoativos não-iônicos quando a temperatura

aumenta. A temperatura de cloud poínt de alguns tensoativos é apresentada na

Tabela 7.9. A temperatura de cloud point depende da estrutura e concentração

dos tensoativos43,44. Esta temperatura pode ser modificada também pela presença

de sais, álcalis, ácidos, polímeros, uréia45 e outros tensoativos46. Em geral,

tensoativos não-iônicos de cadeias longas necessitam de altas temperaturas para

atingir o seu cloud point, evidenciando maior capacidade de hidratação.

Kato47 tem chamado a atenção dos estudiosos da área a respeito do fato de

que a forma da micela podem sofrer mudanças dramáticas com a alteração das

condições da solução onde se encontra (concentração de tensoativo na solução,

aditivos, natureza destes aditivos e temperatura).

40B. Lindman, H. Wennerstrom, J. Phys. Chem.95(1991)605341M.Corti, V.DeGiorgio, J.B.Hayter, M.Zulanf, Chem. Phys. Lett. 109(1984)57942V.Degiorgio, R.Piazza, M.Corti, C.Minero, J. Chem. Phys. 82(1984)102543S.Kawamorita, H. Watanabe, K.Haraguehi, Anal. Sei., 1 (1985)4544M.E.Femández Laespada, J.L. Pérez-Pavón, B.Moreno-Cordero, Analyst, 118(1993)20945 A. M.AIGhamdi, H.A. NasrEiDin, Colloid Surfaees A 125 (1997) 546 W.L.Henze, E.Pramauro, CRC Crit. Rev. Anal. Chem. 24 (1993)13347 T. Kato; Mieroestruture of Nonionie Surfaetants, in Strueture-Performanee Relationships ínSurfaetants; Mareei Dekkeer: New York, 1997, Chapter 8, pp. 325.

172

Os parâmetros micelares críticos, isto é, cmc e número de agregação (número

de moléculas de tensoativo por micela), para diferentes surfactantes não-iônicos e

zwiteriônicos têm sido utilizados em diferentes estudos de separação e pré­

concentração de diferentes analitos. Parâmetros de interesse dos tensoativos mais

utilizados em estudos de separação e pré-concentração são também citados na

Tabela 7.9

173

452585 10-2

02

-20

65 30

-40

19-2

142 3

2-3

82

3-3

235

-42

64

-69

2-7

10

,6

50

0

8416

012

7

4030

3,0

0,0

49

-0,0

65

0,0

10

0,0

00

6

0,6-

0,8

0,0

5

5,9-

7,5

Ta

be

la7.

9-

Pro

pri

ed

ad

es

aq

uo

sas

deal

guns

sist

em

as

de

Te

nso

ativ

os

o-i

ôn

ico

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ôn

ico

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têm

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raçõ

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oínt

14

Su

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1)N

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iàii

élpo';n~(OC)

Tri

ton

X-1

00

(TX

-10

0)

0,1

7-0

,30

12

0-1

40

64

-65

Tri

ton

X-1

14

(TX

-114

)0

,20

-0,3

5-

23

-25

PO

NP

E-7

,50

,08

5-

5-20

PO

NP

E-1

00

,07

-0,0

85

10

06

2-6

5C

eH17

C6H

4(O

CH

2CH

2h,s

OH

,-

-48

-52

Igep

alC

O-6

30

CH

3(C

H2h

(OC

H2C

H2h

OH

(CeE

3)(C

H3h

CH

(CH

2ho(

OC

H2C

H2)

1S0H

,G

en

ap

ol

X-1

50

CH

3(C

H2)

g(O

CH

2CH

2)40

HC

10E

4)(C

H3h

CH

(CH

2)10

(OC

H2C

H2)

eOH

,G

en

ap

ol

X-8

0C

H3(

CH

2)11

(OC

H2C

H2)

40H

(C1

2E4)

0,0

2-0

,06

Bri

j-30

1:1

C12

E4:

C12

EeC

H3(

CH

2)11

(OC

H2C

H2)

SO

H(C

12E

s)C

H3(

CH

2)13

(OC

H2C

H2)

60

H(C

14E

6)C

16H

31(O

CH

2CH

2)10

0H(C

16E

10)

Bri

j-56

C1e

H3s

(OC

H2C

H2)

100H

Brij

-97

Oct

il~-D-tioglucose

(OT

G)

9,0

Oct

il~-D-glucosídeo

(OG

)2

0,0

-25

,0C

g -A

PS

04

45

,0T

rito

nX

-11

4-C

iba

cro

nA

zul

afin

ida

de

0,5

5S

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act

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Plu

ron

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1(E

02P

031

E0

2)P

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eP06

gE03

4)C

e-Ie

citin

a

a-

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ção

mic

elar

crfti

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N=

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ero

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rega

ção

mic

elar

;c

-te

mpe

ratu

rade

clou

dpo

int

(pon

tode

névo

a).

174

As propriedades termodinâmicas de soluções de tensoativos não-iônicos têm

sido modeladas teoricamente por diferentes grupos de pesquisa utilizando-se

softwares. Como exemplo podem ser citados os programas PREDICT e MIX 48.

Estes programas fornecem informações a respeito do formato das mice/as, tamanho,

tensão superficial, etc.

7.5.1 - Condições experimentais para a realização da CPE

Uma representação esquemática de como é feita uma extração via CPE é

ilustrada pela Figura 7.17. Primeiramente, o tensoativo não-iônico ou zwiUeriônico é

adicionado a uma solução aquosa onde esteja presente o analito de interesse. A

concentração final do tensoativo deve ser maior que a sua cmc, para garantir a

presença de micelas na solução. Um equilíbrio de partição é estabelecido na

solução e o analito é incorporado pelas micelas presentes em solução. No próximo

estágio, a temperatura da solução em questão é alterada; nesta etapa ocorrerá uma

separação de fases na solução. Quando são utilizadas amostras constituídas por

fluidos biológicos, é necessária a presença de sal para induzir a separação de fases

com uma maior eficiência49. Após deixar que sistema bifásico separe em duas fases,

por gravidade ou centrifugação rápida, os analitos são concentrados em um

pequeno volume (tipicamente da ordem de 50 a 400 ~L) que é uma fase rica em

tensoativo.50 Dependendo da densidade desta fase em relação à fase aquosa, ela

poderá estar acima ou abaixo da fase aquosa. Através da adição de sal ao sistema

48 S. Puwada; D. Blankschtein; J. Chem. Phys., 32 (1990) 3710.49 S. R. Sirimanne; D. G. Patterson; L. Ma; J. B. Justice; J. Chromatogr., 716 (1998) 129.50 B. M. Cordera; J. L. P. Pavom; C. G. Pinto; M. E. F. Laespada; Ta/anta, 40 (1993) 1703.

175

a densidade da fase aquosa pode ser ajustada51, fazendo com que a fase rica em

tensoativo esteja localizada abaixo ou acima da solução, tornando desta forma o

procedimento mais adequado de acordo com a necessidade.

Tensoativo diluído emsolução, aspecto límpido.

Aspecto turvo

c~nlrifu~e

ou

·~,i-;·· \ /

\ Fase aquosa

Fase micelar concentrada

000Oco

roO

6->

Figura 7.17 - Representação esquemática dos passos envolvidos em uma

extração por cloud point (CPE)

7.5.2 - Emprego do CPE como técnica analítica

A primeira separação de fases baseada no fenômeno de cloud point refere-

se à extração de complexos de íons metálicos solúveis em água. A eficiência do

processo depende da hidrofobicidade do ligante e do complexo formado. Este tipo

51 G. Stangl; R. Niessner; Mikrochim. Acia, 113 (1994) 1.

176

de extração por cloud point foi inicialmente descrito por Watanabe e Tanaka 52.

Para a pré-concentração de Zn(lI) foi usado como ligante 1-(2-piridil azo) naftol

(PAN) e PONPE 7.5, como extrator. Posteriormente esta metodologia foi aplicada

para a determinação de diferentes íons metálicos em diferentes tipos de

amostra53.54,55.

Outra aplicação para a CPE relaciona-se ao isolamento e purificação de

espécies biológicas, principalmente proteínas. Esta metodologia foi utilizada por

Bordier'para a separação de proteínas hidrofílicas em membranas biológicas,

usando uma solução de Triton X-114 como extrator. Neste campo de bio-

separações a CPE encontra a sua principal aplicação, levando em conta o volume

de literatura relacionado à extração e purificação de proteínas de membranas e

outros biomateriais57.58

.

A CPE também vem sendo utilizada para a extração de compostos

orgânicos, como é o caso dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), e

posterior determinação por HPLC. O uso de tensoativos não-iônicos foi proposto

por muitos autores59,OO.61. Uma das limitações desta técnica é a alta absorção

destes tensoativos em região do UV. Uma possível maneira de superar esta

limitação é o emprego de tensoativos que não absorvam no UV, como os iônicos e

52 H.Watanabe, H. Tanaka, Talanta 25 (1978) 58553 M.C. Cerrato-oliveros, O. Jiménez de Blas, J.L. Pérez-Pavón, B. Moreno-Cordero,J. Anal. Atom.Spectrom.13 (1998) 54754 C.Garcia-Pinto, J.L. Pérez-Pavón, B. Moemo-Cordero, E. Romero-Beato, S. Graça-Sánchez, J.Anal.Atom. Spectrom. 11 (1996) 37 \.~

55 K.Watanabe, N.Omae, M.UJtagaki, Bunseki Kagaku 48 (1999) 215956 C.Bordier, J.Biol. Chem. 256 (1981) 160457 A Sanches-Ferrer, R.Bru, F. Garcia-Carmona, Crit.Rev. Biochem. Mal. Biol. 29 (1994) 27558 N.H.Heegaard, D.R.Jakobsen, D.Klattschou, Anal. Bochem. 253 (1997) 25959 A. Boeckelen, R Niessner, Fresenius J. Anal. Chem. 346 (1993) 43560 C. García-Pinto, J.L. Pérez-Pavón, B. Moreno-Cordero, Anal.Chem. 66(1994)87461 E.R. Brouwer, A. N.J. Hermans, H. Lingerman, UA .Th. Brinkman, J. Chromatogr. 669 (1994) 45

177

os zwitteriônicos62,63. Outra maneira é o emprego de detecção por fluorescência43

.

Ferrer et al.64 propuseram um procedimento de clean-up, onde a amostra (após

CPE), era percolada em uma coluna de sílica-gel e os PAHS eram eluidos da

coluna com uma mistura de solventes, possibilitando sua detecção sem a

interferência do tensoativo não-iônico.

Os bifenil policlorados (PCBs) são compostos orgânicos que exibem boa

estabilidade térmica, podendo a pré-concentração por CPE ser feita usando

tensoativos com a temperatura de cloud point maiores que 75°C. Eiguren-

Fernández et aI. usaram tensoativos não-iônicos para a pré-concentração de

PCBsffi e dibenzonofuranos (PCDFs)66, em amostras de água do mar e posterior

determinação por HPLC. A pré-concentração de dibenzo-p-dioxinas em amostras

de soro humano usando Triton X-100 a 50°C foi p~oposta e implementada com

7.5.3 - Emprego de CPE em análise de pesticidas

A determinação de pesticidas em água e solo tem sido investigada usando

CPE. O uso de Genapol X-OSO e Genapol150 combinados e analisados via HPLC

com detecção fluorométrica foi aplicado para a detecção do herbicida

napropamida em águas naturais68. Pesticidas organofosforadosoo, como metil e eUI

paration, paraoxon e fenitrotion foram determinados em amostras de água de rio,

62 D.Sicilia, S.Rubio, D.Pérez-Bendito, N.Mariasso, E.A .G. Zagatto, Anal. Chim. Acta 392 (1999) 2963 T. Saitoh, W.L.Hinze, Anal. Chem. 63 (1991) 252064 R Ferrer, 1.L. Beltran, 1. Guiteras, Anal. Chim. Acta 330 (1996) 19965 A .Eigueren-Fernández, Z.Sosa-Ferrera, J.1. Santana-Rodriguez, Anal. Chim. Acta 358 (1998) 14566 A .Eigueren-Fernández, Z.Sosa-Ferrera, 1.1. Santana-Rodriguez, Analyst 124 (1999) 48767 S.RSirimanne, 1.R Barr, D.G.Patterson, L. Ma,Anal. Chem. 68 (1996) 155668 G.Stangl, RNiessner, J.Albaiges, Int. Environ.Anal. Chem. 58 (1995) 1569 C.García-Pinto, lL.Pérez-Pavón, B.Moreno-Cordero, Anal.Chem. 67 (1995) 2696

178

usando Triton X-114 como extrator e a sua separação feita por HPLC (com

detecção eletroquímica), atingindo limites de detecção na ordem de 0,03 ng mL-1

para o fenitrotion e 0,08 ng mL-1 para o paraoxon. A metodologia poderia ser

utilizada para a determinação destes pesticidas em água para consumo, pois a

concentração máxima permitida pela União Européia é de 0,1 Ilg L-1 para cada

substância. Outro processo baseado em CPE com tensoativo não-iônicos (Triton

X-114), foi desenvolvido para a determinação dos fungicidas Folpet, Captan e

Captafol70 em amostras de água e posterior determinação via HPLC.

Evdokimov e von Wandruszka71 avaliaram a possibilidade da eliminação de

resíduos de DDT em solo através de uma mistura de dois tensoativos (Igepal ICO-

630 e Triton X-114). A porcentagem de extração obtida foi acima de 83 % quando

o solo em questão foi tratado com 3 % da mistura dos tensoativos por um período

de 2 h. A eletroforese capilar em meio não aquoso foi usada por Carabias-

Martinez et aI. 72 para a determinação de herbicidas da classe da triazinas em

águas naturais, utilizando um tensoativo não-iônico (Triton X-114) como extrator.

A técnica de eletroforese capilar, nos seus mais diversos modos de

separação, apresenta-se como uma ferramenta analítica viável para a realização

de experimentos que envolvam ambientes micelares.

O uso de sistemas micelares para a extração e pré-concentração de

compostos orgânicos é uma alternativa extremamente vantajosa, devido a várias

características como:

70 R.Carabias-Martinez, E.Rodriguez-Gonzalo, M.G. García-Jimenez, C.García-Pinto, J.L.Pérez-Pavón.J.Herandez-mendez, J Chromatogr. 754 (1996 )8571 E.Evdokimov, R.von Wandruszka, Ana/. Lett. 31 (1998) 228972 R Carabias-Martinez, E.Rodriguez-Gonzalo, J.Dominguez-Alvares, J.Hernández-Méndez, Anal. Chem. 71(1999) 2468

179

~ Alta capacidade de pré-concentrar analitos de diferentes polaridades.

~ O fator de pré-concentração pode ser otimizado por modificações do tipo e

da concentração do tensoativo utilizado, bem como as condições de

análise em que esta extração ocorrerá.

~ Os tensoativos possuem baixíssima toxidez e são mais baratos quando

comparados aos solventes de uso comum em extrações líquido-líquido.

~ Os tensoativos mais comuns são facilmente encontrados no comércio

especializado.

~ Não é necessário evaporar solventes, minimizando assim perda por

evaporação do analito.

).- As operações experimentais envolvidas nesta metodologia são fáceis, e a

fase rica em tensoativo é compatível com várias técnicas analíticas (HPLC,

MEKC, CEC, FSCE, etc.)

Apesar de todas estas vantagens a CPE vem sendo negligenciada no uso

de extrações em matrizes vegetais, em especial à extração de pesticidas. As

extrações convencionais e clean-up usadas para a determinação de pesticidas

são laboriosas, e por conter várias etapas a perda de analito é inevitável,

promovendo baixos valores de recuperações. Desenvolver técnicas de extração

capaz de diminuir estas limitações são contribuições inestimáveis para o

aprimoramento do processo.

180

7.5.4 - Otimização dos parâmetros experimentais da metodologia CPE

7.5.4.1 - Parâmetro 1: composição do eletrólito de separação

Pelo fato dos tensoativos neutros empregados na CPE absorverem

fortemente no UV, a separação eletroforética em meio aquoso de pesticidas após

o emprego da metodologia fica prejudicada. Como os tensoativos e as moléculas

de pesticidas são neutros, estes apresentam interação pelas micelas carregadas

de SDS, nãp propiciando a discriminação entre elas. Assim sendo, a janela de

detecção do tensoativo sobrepõe a do analito encobrindo o seu sinal. Segundo

Canabias-Martinez aI. 73 algumas triazinas podem ser protonadas em meio

orgânico e pH aparente menor que 1,5. Desta forma as triazinas carregadas

positivamente migram mais rápido em direção ao detector do que os monômeros

dos tensoativos neutros, propiciando separação entre ambos.

Esta proposta foi avaliada realizando um procedimento CPE para uma

mistura contendo 5 pesticidas (ametrina, simazina, carbendazim, propazina e

atrazina). Na figura 7.18 é apresentado um esquema do procedimento CPE

utilizado. Em um balão volumétrico de capacidade 25 mL adicionou-se 0,5 mL de

uma mistura padrão dos cinco pesticidas na concentração de 50 mg L-1 e 1% (m/v)

do tensoativo Triton X-114, cuja a temperatura de cloud point nestas condições é

aproximadamente 39 oC. A solução foi aquecida por 15 minutos em banho-maria

a uma temperatura de 45 oCo Terminado este tempo a solução (turva) foi

transferida para tubos de centrífuga e centrifugada por 5 minutos (3500 rpm). A

parte superior do centrifugado foi descartada (fase pobre em tensoativo) e a parte

73 R Carabias-Martinez, E.Rodriguez-Gonzalo, J.Domingues-Alvares, , J. Hernandez-Mendez, , JChromatogr. A, 869 (2000) 451

181

inferior (fase rica em tensoativo) foi seca com auxílio de um secador de cabelos.

Os analitos foram ressuspendidos em 1 mL de uma mistura de solventes

composta de ACN:MeOH (70 : 30 v/v) e 5 mmol L-1 de HCI. O meio de separação

empregado foi ACN:MeOH (1:1 vlv) e 10 mmol L-1 de HCI.

25 mL solução padrão 1 mg L-1 + 1% triton X114 (m/v)

Aquecimento, 15 min, 45°C

I Centrifugação, 5 min I

Separação de fases

IFase rica em tensoativo

Contendo o analito

Evaporação e ressuspensão emACN:MeOH 70:30 (v/v) e 5 mmol L-1 HCI

I Análise I

Fase pobre em tensoativo,Sobrenadante

Figura 7.18 - Esquema de extração utilizado para a metodologia de cloud point.

Na figura 7.19 é mostrado o eletroferograma obtido para a mistura padrão

de pesticida.

182

25 -

20 -

15 -

::J 10-«E

5-

0

-5O

I

2

2

I

4I

6

Triton X-114

I

8I

10I

12I

14

Tempo, mino

Figura 7.19 - Separação em meio não-aquoso de pesticidas após CPE.

Composição do eletrólito: ACN:MeOH (1: 1 v/v) e 10 mmol L-1 de HCI, injeção

eletrocinética : 5kV/10s. À = 220 nm, comprimento efetivo do capilar: 50 em,

temperatuta: 25°C, Tensão aplicada: 25 kV.1) carbendazim, 2) ametrina, 3)

simazina, 4) propazina e 5) atrazina.

Nota-se através da Figura 7.19 que houve a diferenciação entre os analitos

de interesse e tensoativo utilizado na CPE, tornando-se viável a determinação dos

pesticidas.

Foi avaliado o efeito que o SDS poderia ocasionar na separação

eletroforética em meio não aquoso. Esperava-se que a adição do SDS ao eletrólito

de separação promovesse um maior atraso na saída do tensoativo, devido a

183

interações solfofóbicas entre o tensoativos. Porém o resultado encontrado foi um

aumento na intensidade dos picos de pesticidas e a aproximação do pico do

tensoativo aos picos dos pesticidas. Para o experimento foram adicionados ao

eletrólito de separação 10 e 20 mmol L-1 de SOS. Na Figura 7.20 são

apresentados os eletroferogramas obtidos.

184

35

230 6

o"i- ..l.------.JIUWYl.......J~.JUl./

25

20

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10

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o

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A

2

2

4 6 8

Tempo, mino

4 6 8

Tempo, mino

10

10

12

12

O -l-------...__--"l'UUlJL..- --

o 2 4 6

Tempo, mino

8 10 12

Figura 7.20 - Avaliação comparativa das adições de SOS ao eletrólito de

separação (NACE). Composição do eletrólito: ACN:MeOH (1:1 v/v) e 10 mmol L-1

de HCI , A) sem SOS, 8) 10 mmol L-1 de SOS e C) 20 mmol L-1 de SOS, injeção

eletrocinética: 5 kV/10 s, À =220 nm, comprimento efetivo do capilar: 50 em,

temperatura: 25 aC, Tensão aplicada: 25 kV. 1) carbendazim, 2) ametrina,

3)simazina, 4)propazina e 5)atrazina 6) tensoativo.

185

Através da Figura 7.20 nota-se um aumento na intensidade dos picos de

pesticidas a medida que se aumenta a concentração do SOS no eletrólito de

separação. Porém o pico do tensoativo CPE se aproximou dos picos dos analito

de interesse. O aumento na intensidade dos picos dos pesticidas é ocasionado

porque com a adição de SOS ao eletrólito de separação este adquiriu uma

condutividade maior em relação à amostra injetada proporcionando um stacking

no momento da injeção eletrocinética. Para verificar este fato foi confeccionado

um eletrólito de separação com NaCI, porem tomou-se cuidado para que a

condutividade fosse idêntica ao eletrólito contendo SOS. Na Figura 7.21 são

mostrados os eletroferogramas obtidos.

186

25 - 2

20 - 315 - 4

:::l 10 - C 1 5«E 5-

~ lA0--5 I I I I

O 2 4 2 6 8 1025-20 - 3

15 - lh:::l 10 - B« 1E 5-

~0--5 I I I I I

25-0 2 4 6 8 10

20-15 -

23

:::l 10 - A4«U~E 5- 1

O ~

I I I I I

O 2 4 6 8 10

Tempo, min

Figura 7.21 - Eletroferogramas obtidos ajustando-se a condutividade do eletrólito

de separação. Composição do eletrólito: ACN:MeOH (1:1 vlv) e 10 mmol L-1 de

HCI, (A) Eletrólito sem adição de NaCI ou SOS (cond. 1362j.lS cm-1), (8) Eletrólito

com SOS (cond. 2,74 mS cm-1) e (C) Eletrólito com NaCI (cond. 2,71 mS cm-1

). ,

injeção eletrocinética: 5 kV/10 s, À =220 nm, comprimento efetivo do capilar: 50

cm, temperatura: 25 cC, Tensão aplicada: 25 kV. 1) carbendazim, 2) ametrina,

3)símazina, 4)(propazina e 5) atrazina.

Mantendo-se a condutividade e o tempo de injeção constante, as áreas dos

picos dos pesticidas foi idêntica quando SOS ou NaCI foram adicionados ao

eletrólito de separação, obtendo aumento na intensidade dos picos em relação ao

eletrólíto sem NaCI ou SOS.

187

Outro fator avaliado foi o tamanho da cadeia do tensoativo utilizado. Para a

realização do experimento utilizou-se octil sulfato de sódio (aniônico). Foi

preparada uma mistura padrão dos 5 pesticidas, na concentração de 10 mg/L. Os

eletroferogramas comparando o efeito do octil sulfato de sódio em relação ao SOS

são mostrados na Figura 7.22.

35 8 130.25

20

:::> 2« 1 5E

1 o 435

o

2 4 6 8 1 o35 Tempo, min

30

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20

:::>« 1 5E 2

1 O

3 455

O

2 3 4 5 6 7 8 9 1 O

Tem p o, m in.

Figura 7.22 - Avaliação comparativa entre SOS e octil sufato de sódio como

tensoativos do eletrólito de separação. Composição do eletrólito: ACN: MeOH (1: 1

v/v) e 10 mmol L-1 de HCI com, A) 20 mmol L-1 de octil sulfato e B) 20 mmol L-1 de

SOS. Injeção eletrocinética: 5kV/10s, À, =220 nm, comprimento efetivo do capilar:

50 cm, temperatura: 25°C, Tensão aplicada: 25 kV. 1) carbendazim, 2) ametrina,

3) simazina, 4) propazina e 5) atrazina.

188

Nota-se através da Figura 7.22 que o comprimento da cadeia hidrofóbica do

tensoativo utilizado no eletrólito influência no tempo de eluição dos compostos

bem como na intensidade que apresentam os picos.

Novo questionamento surgiu a respeito da possibilidade de hidrólise do

SOS (éster para álcool) nestas condições drásticas de pH. Se este fato ocorresse

não seria possível a amplificação das alturas dos picos dos pesticidas estudados,

pois o álcool gerado da hidrólise não apresentaria carga (dodecanol). A fim de

sanar esta dúvida, foram preparados eletrólitos de separação com 30 e 60

mmol L-1 de dodecanol e os eletroferogramas obtidos comparado a um eletrólito

contendo 20 mmol/L de SOS. Foi injetada uma mistura de padrões contendo

(carbendazim, ametrina, propazina, atrazina e simazina), na concentração de 10

mg L-1. Na Figura 7.23 são apresentados os eletroferogramas obtidos para cada

eletrólito de separação.

189

25 25

20 20

A 2 B15 15 2

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1 45E

1 45

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O 2 4 6 8 O 2 4 6 8

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25

20 OC 20

15 32 15

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«,., E.) 10 5

1 45 5 5

O l~ I o ~'-- L....

o 2 4 6 8 O 2 3 4 5 6 7 8

Tempo, min Tempo, mino

Figura 7.23 - Avaliação comparativa entre dodecanol e SOS. Composição do

eletrólito: ACN: MeOH (1: 1 v/v) e 10 mmol L-1 de HCI, A) sem aditivos, 8)30 mmol

L-1 de dodecanol, C) 60 mmol L-1 de dodecanol e O) 20 mmol L-1 de SOS. Injeção

eletrocinética: 5 kV/10 s, . À =220 nm, comprimento efetivo do capilar: 50 em,

temperatura: 25°C, Tensão aplicada: 25 kV. 1) carbendazim, 2) ametrina, (3

)simazina, 4) propazina e 5) atrazina.

190

Através da Figura 7.23 fica evidenciado que se houvesse a degradação do

SDS na condição de pH do eletrólito de separação, haveria sensível perda na

capacidade de pré-concentração por parte do SDS diluído no eletrólito de

separação.

7.5.5 - Parâmetro 2: concentração do Triton-X114 empregado na CPE

A fim de se otimizar a quantidade de tensoativo (triton X-114) usado para a

extração dos pesticidas, foi realizada uma extração utilizando-se uma solução

padrão de pesticidas na concentração de 1 mg L-1. Foram utilizadas diferentes

concentrações de tensoativo que variaram de 0,25 a 1,5 % (m/v). Na Figura 7.24

são mostrados os eletroferogramas obtidos.

191

20 20 2

A B15 15

210 10

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5 5 4 51

1 3 4 5O O

2 4 6 8 10 2 4 6 8 10

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Tempo, mino

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15

10

Figura 7.24 - Variação da concentração de tensoativo (Triton X-114) para CPE em

amostra sintética. (A) CPE com 0,25%. (8) CPE com 0,5%. (C) CPE com 1,0% e

(O) CPE 1,5 %. Condições de análise: 20 moi L-1 SOS, 10 mmol L-1 HCI,

ACN:MeOH (1: 1 v/v). À = 220 nm, comprimento efetivo do capilar: 50 em,

temperatura: 25 °C, Tensão aplicada: 25 kV. 1) carbendazim, 2) ametrina, 3)

simazina, 4) propazina, 5) atrazina.

192

Fica evidente observando-se a Figura 7.24, que a quantidade de pesticida

extraído é dependente da concentração de tensoativo empregado na extração,

pois à medida que aumenta a concentração do tensoativo, a interação entre o

analito e a micela é favorecida, facilitando a incorporação do analito pela micela. O

fator de pré-concentração é outro fato que se pode observar. O volume inicial da

amostra antes do c10ud point é de 25 mL, após a realização da extração este

volume fica reduzido a aproximadamente 1 mL, obtendo assim um fator de pré­

concentração da ordem de 25 vezes. Baseado nestes experimentos optou-se em

utilizar para as próximas extrações a concentração de 1% de tensoativo, pois

observou-se também que concentrações acima de 1 %, o volume final da fase rica

em tensoativo após a extração aumenta demasiadamente, prejudicando pré­

concentração. Mesmo porque, um volume grande de fase rica em tensoativo

levaria horas para que o processo de evaporação fosse concluído, inviabilizando

análises em rotina.

7.5.6 - Aplicação da metodologia otimizada em amostra real.

Após a otimização de parâmetros, foi realizado um CPE para uma amostra

de abacaxi, adquirida no comércio local. O esquema da metodologia utilizado é

apresentado na Figura 7.25. Na figura 7.26 são mostrados os eletroferogramas

para uma amostra de abacaxi.

193

50 g de Abacaxi+

100g de água

Turrax 5 minFiltração

I 25 mL do suco + 1% Triton X114 (m/v) IAquecimento, 15 min,40°C

I Centrifugação, 5 min ISeparação de fases

IFase rica em tensoativo

Contendo o analito

Evaporação e ressuspensão emACN:MeOH 70:30 (v/v) e 5 mmol L-1 HCI

I Análise I

Fase pobre em tensoativo,Sobrenadante

Figura 7.25 - Esquema de CPE aplicado à amostra de abacaxi.

194

10

8

6

:::> 4c:(E 2

O A-2

10 O 2 4 6

8

6

:::> 3c:(

4

E 2

O B-2

O 2 4 6

Tempo, min

Figura 7.26 - Realização de CPE para uma amostra de abacaxi. (A) Amostra in

natura, (8) amostra fortificada com 1O~L de mistura padrão de pesticida (50 mg

L-1) .. Composição do eletrólito: ACN: MeOH (1:1 v/v) e 10 mmol L-1 de HCI .

Injeção eletrocinética: 5 kV/10 s. 1) ametrina, 2) atrazina, 3) propazina. ').." = 220

nm, comprimento efetivo do capilar: 50 cm, temperatura: 25 °C, Tensão aplicada:

25 kV.

Com a metodologia CPE foi possível a identificação de ametrina, atrazina e

propazina em uma amostra de abacaxi. A metodologia mostrou-se de simples

implementação e barata, quando comparada à extração em fase sólida e mais

rápida e menos dispendiosa quando comparado com a extração líquido-líquido.

195

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~

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CAPÍTULO 8

8 - Introdução

A validação de um método é o processo usado para estabelecer os

parâmetros de desempenho analítico que são adequados para a aplicação para a

qual é destinado1 ,2,3.

Os principais parâmetros da validação de um método estão definidos na

Tabela.8.1

1 F. Bressole; M. Audran; T. N. Pham; J. J. Vallon; J. Chromatogr. B, 687 (1996), 303.

2 R. Causon; J. Chromatogr. B, 689 (1997), 175.3 Quality assurance principies for analylical laboratories , Frederick M. Garfield by AOACinternational, 1991, Library of congress catalog card number 91-22409, ISBN 0-935584-46-3, USA

196

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me

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Rec

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cO~J?I~xa:

.

197

Todos os termos definidos na Tabela 8.1 são conhecidos como

parâmetros de performance analítica e algumas vezes como figuras analíticas

de mérito. Muitos desses termos são familiares e usados diariamente no

laboratório. Existem na literatura vários protocolos de validação propostos tais

como as normas USp4 e as normas ICH5 que são voltados a para as análises

de fármacos e afins. Já no âmbito ambiental são utilizados os protocolos de

validação baseados nas diretrizes da AOAC, FAO, IAEA e IUPAC (Training and

Reference Centre for Food and Pesticide Control)6, diretrizes estas que foram

aplicadas no presente trabalho.

Foram avaliados os seguintes termos para a validação da metodologia

de extração MSPO (método V): Linearidade, recuperação, limite de detecção e

quantificação, exatidão e precisão. O método de extração V foi escolhido pela

sua facilidade de implementação e por se tratar de uma metodologia pouco

explorada para a extração e identificação de pesticidas em matrizes vegetais.

8.1 - Método analítico otimizado

As separações eletroforéticas foram conduzidas usando como eletrólito

de separação: tampão tetraborato de sódio 10 mmollL, 50 mmollL SOS, 5%

etanol, 5% propanol. As condições analíticas foram as seguintes: potencial

aplicado durante as análises foi de 25 kV (polaridade normal), 25°C de

temperatura, a detecção foi fixada em 220 nm e a injeção da amostra foi feita

por 10 s a 25 mBar. A coluna capilar, com ltot =58,3 cm e Liet =50 cm, foi

lavada previamente com NaOH 1,0 mollL durante 20 min, seguido por água

4 United States Pharmacopeia (USP), US Pharmacopoeial Conventional Inc.; Rockville, MD1995, pp 1982.&International Conference on Harmonisation of Technical Requirements for Registration ofPharmaceuticals for Human Use, Guidelines, www.ich.ora

199

durante 20 min e por último com o tampão de corrida por 25 mino Entre as

corridas foram feitas lavagens com o tampão de corrida durante 4 mino

8.2 - Preparação das amostras

Foi preparada uma mistura de solução padrão de pesticidas contendo:

dimetoato, carbendazin, simazina, atrazina, propoxur, carbaril, ametrina,

propazina, diuron e linuron na concentração de 50 mg/L (usada como solução

estoque) para a avaliação de linearidade e repetibilidade. Para a realização dos

testes de recuperação para a metodologia MSPD, foi realizado o procedimento

descrito no capitulo 7, seção 7.3.5.1 (Figura 7.9). Recuperações foram

realizadas em dois níveis de fortificação (83 e 250 Ilg/L).

8.3 - Linearidade

A linearidade de um procedimento analítico é definida como sendo a

capacidade de gerar resultados diretamente proporcionais à concentração da

substância em exame. A calibração é um dos mais importantes estágios na

análise química. Sem um bom procedimento de calibração, precisão e exatidão

não podem ser obtidas. Para a maioria das técnicas analíticas cromatográficas,

assim como para a CE, uma relação de primeira ordem (linear) é observada

entre a resposta do detector (y, área ou altura dos picos) e a concentração (x)

do analito nas amostras, podendo ser descrita pela equação de regressão

linear: y =ax + b, onde o parâmetro a é a inclinação da reta e o parâmetro b

são a intersecção do gráfico de calibração. Idealmente (a) deve ser reprodutível

de ensaio para ensaio e (b) não deve ser significativamente diferente de zero.

Ó www.iaea.org.aUtrc/pest-qa_val~de.pdf

200

A regressão linear deve também apresentar um alto coeficiente de correlação (r

> 0,99). O coeficiente de correlação tem um valor ideal de unidade.

Para avaliação da linearidade foram preparadas misturas padrões de

pesticidas nas concentrações de: 0,5; 2; 4; 6; 8; 10 mg/L, partindo-se da

solução estoque 50 mglL descrita no item 8.2. Nas figuras 8.1 a 8.3 são

mostradas as curvas analíticas obtidas para cada pesticida.

201

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6 8 10

(loncetraçi§9, mg/L

Figura 8.1 - Curvas analíticas obtil:jas para, dimetoato, c~:irbendE~~im, simazina e atrazina.

202

40

35 Propoxur •

30

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Oa·

O 2 4 6 8 10

Concetração, rrg/L

Figura 8.3 - Curva analítica obtida para o propoxur.

Na Tabela 8.2 são descritas as equações das curvas analíticas obtidas

assim como o valor de robtido.

Tabela 8.2 - Curvas analíticas obtidas para os pesticidas utilizados

-----_ ...._... - -_._-------_._-- - --- .-... _- -------_.

Pesticida

Dimetoato

Carbendazin

Simazina

Atrazina

Carbaril

Ametrina

Linuron

Propazina

Propoxur

Equação da curva

analítica obtida

y = -0,28 + 0,56 x

y =-0,22 + 0,58 x

y = -0,70 + 4,97 x

y=-1,62+7,15x

y = -0,89 + 7,81 x

y = - 2,18 + 7,92 x

Y=-0,63+ 3,15 x

Y= -1,48 + 5,02 x

y = -1,42 + 3,61 x

r (coeficiente de

correlação da reta)

0,978

0,992

0,992

0,992

0,991

0,993

0,988

0,993

0,992

204

Foram obtidos curvas analíticas com coeficiente de correlação

satisfatórios, maiores que 0,99; exceção feita ao dimetoato (r= 0,978) e Iinuron

(r= 0,988).

8.4 - Limite de detecção e quantificação

o Limite de detecção revela a concentração mínima da substância em

análise presente na amostra que pode ser detectada com um certo limite de

confiabilidade através de um certo procedimento experimental. O limite de

quantificação indica a concentração mínima da substância em exame presente

na amostra que pode ser quantificada com precisão e exatidão aceitáveis por

um procedimento experimental. Tanto LO quanto LO podem ser obtidos a partir

dos parâmetros de ajuste da curva analítica (desvio padrão na regressão do

intercepto e da inclinação da reta).

Neste trabalho optou-se por calcular LO e LO com base na relação sinal

ruído (S/r), sendo que LO é a concentração que proporciona um S/R = 3 e LOO

é a concentração que proporciona um S/R = 10. No procedimento utilizado,

uma solução de concentração de 1 mg/L foi considerada e tanto o sinal quanto

o ruído (1/5 da altura do sinal de linha base, Ep-p) foram medidos diretamente

do eletroferograma obtido. O LO e o LO foram então estimados por regra de

três de acordo com as expressões:

Média do sinal do pico (3 injeções)3 x Ep-p/5

Média do sinal do pico (3 injeções)10 x Ep-p/5

1 mg/LLOO

1 mg/LLOQ

205

Foram avaliados os LO e LQ para uma mistura de pesticidas contendo 9

pesticidas na concentração de 1 mg/L. Duas misturas foram avaliadas, onde

uma foi diluída em uma solução contendo 20% metanol e água e outra em 20%

metanol e 30 mmollL de NaCI em água. Este procedimento foi utilizado para a

realização de uma análise comparativa entre a utilização da estratégia de

sweeping em alto EOF e a amostra sem sofrer o processo de pré-concentração

on-line. Na tabela 8.3 são apresentados os valores de LO e LQ para os

pesticidas estudados.

Tabela 8.3 - Valores de limite de detecção e quantificação os pesticidas

estudados.

o valor do rUldo na linha de base para ambas as tecOIcas fOI de 0,02

Pesticidas Sem estratégia de pré- Sweeping

concentração

Alt. pico LO LQ Alt. pico LO LQ

(mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)

Oimetoato 0,46 0,13 0,43 1,54 0,04 0,13

Carbendazim 1,15 0,052 0,17 5,73 0,01 0,04

Simazina 0,75 0,080 0,27 4,77 0,01 0,04

Carbaril 1,57 0,038 0,13 8,96 0,01 0,02

Ametrina 0,87 0,069 0,23 4,57 0,01 0,04

Propazina 0,77 0,078 0,26 4,43 0,01 0,05

Diuron 0,42 0,14 0,48 2,27 0,03 0,09

Propoxur 0,45 0,13 0,44 1,84 0,03 0,11

linuron 0,29 0,21 0,69 1,44 0,04 0,14. .

Os valores de limite detecção variaram de 0,038 mg/L a 0,21 mg/L

quando a estratégia de pré-concentração não foi utilizada. Quando a estratégia

de pré-concetração foi empregada os LO variaram entre 0,01 a 0,04 mg/L.

206

8.5 - Recuperação

A recuperação absoluta (R, em %) foi calculada através da equação 1 :

[1 ]

Recuperação absoluta =concentração obtida X 100

concentracão real

Na Tabela 8.4 são mostrados os valores de recuperação obtidos,

calculados a partir da triplicata de injeção para cada amostra.

Tabela 8.4 - Porcentagem de recuperação obtida para a mistura de pesticidas

estudada na fortificação de amostras de cenoura

Pesticidas Nível 1 de fortificação Nível 2 de fortificação

(83 ~g/L) (240 ~g/L)

Dimetoato 57 ± 9 100 ± 4

Carbendazin 52 ± 3 72 ± 7

Simazina 89 ± 7 63 ± 5

atrazina 82 ± 7 74 ±6

Carabril 87 ±7 86 ± 3

Ametrina 80 ±4 67 ±4

Propazina 51 ± 5 67 ± 4

Linuron 51 ± 2 84 ±7

Propoxur 54 ±6 77 ±4

Os valores de recuperação obtidos variaram de 51 a 89 % no nível 1 de

fortificação. E para o nível 2 de fortificação os valores de recuperação obtidos

variaram de 67 a 100 %. Segundo a IAEA6 são considerados aceitáveis

valores de recuperação entre 70 a 110 % para os níveis de fortificação

estudados.

207

8.6 - Precisão dos testes de recuperação da análise de pesticidas em

amostras de cenoura fortificadas em dois níveis de concentração

A precisão é o parâmetro que indica o quanto se repetiram os resultados

da análise sendo esta realizada em uma mesma amostra diversas vezes, sob

as mesmas condições. As repetições podem ser feitas em um único dia

(precisão intra-ensaio) ou em dias diferentes (precisão intermediária ou inter-

ensaio). A precisão é calculada pelo desvio padrão relativo (RSD) ou

coeficiente de variação (CV), expresso pelo a estimativa do desvio padrão da

média (área ou concentração) dividido pela média, ou seja:

CV = (Desvio padrão/Média) x 100

Na Tabela 8.5 são mostrados os valores de % de CV obtidos para

a análise de pesticidas em amostras de cenoura fortificadas em dois níveis de

concentração (83 e 240 Ilg/L).

Tabela 8.5 - Precisão intra-ensaio (% CV) obtidos para a análise de pesticidas

em cenoura em dois níveis de fortificação'-. ". ---_ - - -_ ~p ~- ,", - ~- .~." ,." ...

Pesticidas % CV - Nível 1 de fortificação % CV - Nível 2 de fortificação

(83 Ilg/L) (240 Ilg/L).. --_.'--~---- - --- -- .- - - _._--~ -~---_. -_ .. - _..._---- _._--- ---_.- ..~ _._---

Dimetoato 15 4

Carbendazin 6 10

Simazina 8 8

atrazina 9 8

Carabril 8 3

Ametrina 5 6

Propazina 10 6

Linuron 4 8

Propoxur 11 5

.. --- _. 'Seg'ündÕ'õ' prôtocoio'da -iAEAs-ã' preCisãó"inter~ensaiô' é-'satisfatória nas

seguintes circunstâncias:

208

Faixa de concentração

10 - 100 ~g/kg

100 - 1000 ~g/kg

> 1 mg/kg

CV,%

20

15

10

Portanto, os valores de % CV obtidos para ambos os níveis de

fortificação apresentados na Tabela 8.4 estão abaixo dos limites de % CV

estipulados pela IAEA.

8.6.1 - Repetibilidade (Precisão) de tempo e áreas de pico para a mistura

padrão de pesticidas estudada

Na tabela 7.6 são mostrados os valores de média, desvio padrão e %

CV para as áreas e tempo de migração para os constituintes de uma mistura

padrão contendo 9 pesticidas na concentração de 10 mg/L. Foram

considerados os resultados obtidos de 23 injeções consecutivas.

209

Tab

ela

8.6

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211

Os coeficiente de variação expressos para avaliar o parâmetro de

repetibilidade do método encontram-se entre os valores de 0,97 % a 8,19% que

demonstra que o método apresenta boa repetibilidade.

8.7 - Quantificação de amostra

Foram feitas quantificações para amostras de cenoura adquiridas no

mercado local, porém em dias diferentes. Os eletroferogramas obtidos são

mostrados na Figura 8.4. Para estas avaliações as amostras de cenoura foram

utilizadas inteiras (casca e miolo).

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Naf

tol.

213

Para os extratos de cenoura analisados e identificados na Figura 8.4 A

e B foram quantificados os seguintes pesticidas: símazina, atrazina e

propazina. Na quantificação destas amostras foram utilizadas as curvas

analíticas mostras nas Figuras 8.1 a 8.3. Na tabela 8.6 são mostrados os

valores de concentração para cada pesticida identificado.

Tabela 8.6 - Valores de concentração de pesticidas encontrados nas amostras

de cenoura analisadas

Pesticidas

Amostras Simazina Atrazina Propazina

(mg k-1g) (mg kg-1) (mg kg-1

)

Amostra 1 0,88 0,13 0,08

Amostra 2 0,08

* média de duplicata de injeção

214

8.8 - Conclusões

Foram obtidos valores satisfatórios de linearidade (r> 0,99) exceção feita

ao dimetoato (r= 0,978) e Linuron (r = 0,988). Os valores de limite detecção

variaram de 0,038 mg/L a 0,21 mg/L quando a estratégia de prã-concentração

não foi utilizada. Quando a estratégia de prã-concentração foi empregada os

LD variaram entre 0,01 a 0,04 mg/L. Os valores de recuperação obtidos

variaram de 51 a 89 % no níve 1 de fortificação. Para o nível 2 de fortificação

os valores de recuperação obtidos variaram de 67 a 100 %. Segundo a IAEA6

são considerados aceitáveis valores de recuperação entre 70 a 120 % para os

níveis de fortificação estudados. Os valores de % CV calculados para a

recuperação ficaram abaixo de 15% em ambos os níveis de fortificação,

estando dentro do especificado pelo IAEA. Os valores de % CV para 20

injeções consecutivas ficaram abaixo de 3,8% para os componentes da mistura

padrão, exceção feita ao dimetoato onde seu % CV ficou em 8 %.

215

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CAPÍTULO 9

9 - Conclusões

As separações eletroforéticas conduzidas tanto em condições de alto

EOF (pH 9,3) e baixo EOF (pH 2,5), foram otimizadas, para uma mistura

padrão de pesticidas de diferentes classes. Verificou-se que os n-alcoóis

proporcionam mudanças na estrutura das micelas presentes no eletrólito de

separação, mudando características modo: emc, constante dielétrica da

camada palasídica das micelas, número de agregação e ionização. A medida

que o tamanho da cadeia do álcool aumenta as modificações nas estruturas

são maximizadas, pois estes álcoois interagem fortemente com as micelas, e

ficam "ancorados" entre os monômeros dos tensoativos, aumentando a

repulsão eletrostáticas das cabeças polares, contribuindo para a ionização do

agregado.

Os métodos de pré-concentração on-line empregados em MEKC,

principalmente quando realizados em baixo pH (2,5) apresentam melhores

limites de detecção quando comparados as técnicas em altas condições de pH.

O m-SRMM técnica híbrida da SRMM apresentou valores de limites de

detecção entre 2,7 a 35 IJ.Ug, para a mistura de pesticidas padrão composta

por : ametrina, carbendazim, atrazina, propoxur, propazina, diuron, linuron,

simazina e carbari!. Estes valores foram comparados com as estratégias de

sweeping e SRW, os limites de detecção encontrados para estas estratégias

variam de 5,2 a 43 para o sweeping e 5,3 a 46 para o SRW. Estas estratégias

216

de pré-concentração foram empregadas em amostras de água e cenoura. Foi

possível atingir níveis de concentração da ordem de 0,1 ppb unindo as

estratégias on-Iine e off-line de pré-concetração para amostras de água. Já

para amostras de cenoura utilizando como metodologia de extração o método

111, foi possível a detecção da ordem de 2,5 ppb.

Várias fases estacionárias foram avaliadas com o intuito de realizar o

clean-up nas extrações de pesticidas em frutas e leguminosas. As fases que

apresentaram os melhores resultados de recuperação foram C18 (RP) e NH2

(NP). Porém o NH2 apresentou melhor performance para a realização de clean­

up em amostras reais. O Charcoal:celite foi específico para um pequeno

números de pesticidas estudados. Foram empregados dois sistemas de eluição

onde os eluente eram MeOH, MeOH:CH2Cb (1 :99). Para os eluente MeOH e

MeOH:CH2Cb, os resultados foram satisfatórios e similares, porém optou-se

pela utilização de MeOH:CH2Cb para a realização das demais eluições em

amostras reais, pelo fato deste apresentar menor temperatura de ebulição,

sendo assim muito mais propício para a evaporação.

A metodologia de extração MSPD apresentou boa seletividade e baixo

nível de ruído na linha base dos eletroferogramas obtidos, indicando que o

processo de clean-up foi eficiente. Valores de recuperações variaram entre

52,6 e 89,0 % para extrações no nível mais baixo de fortificação e 62,8 a 100,4

% para o nível mais alto de fortificação. Para o MSPD, dois itens devem ser

217

levados em consideração para se obter melhores resultados: o adsorvente

deve ser pré-lavado para remover potenciais interferentes e a co-coluna de

clean-up deve ser pré-condicionado com um solvente orgânico apropriado. O

método MSPD apresentou várias vantagens em relação aos outros métodos de

extração e c1ean-up avaliados, pois este método é mais simples, permite uma

interação maior entre os analitos e a fase adsorvente empregada, o consumo

de solventes é reduzido e neste procedimento de extração a formação de géis

ao redor da fase adsorvente é bastante minimizado em relação aos métodos

avaliados. Evidenciou-se que o processo de c1ean-up realizado com cartuchos

de fases adsorventes atinge a saturação muito facilmente, porém no método

MSPD a quantidade de adsorvente adicionados à amostra é uma variável,

podendo ser alterada e, portanto, o processo de saturação pode ser evitado,

adicionando-se a amostra quantidades maiores de fases adsorventes.

O procedimento de extração em meio micelar mostrou ser um

ametodologia bastante atrativa:

~ Alta capacidade de pré-concentrar analitos de diferentes polaridades.

'ji> O fator de pré-concentração pode ser otimizado por modificações do

tipo e da concentração do tensoativo utilizado, bem como as condições

de análise em que esta extração ocorrerá.·

'ji> Os tensoativos são possuem baixíssima toxidez e são mais baratos

quando comparados ao uso de extrações líquido-líquido.

218

~ Os tensoativos mais comuns são facilmente encontrados no comércio

especializado.

> Não é necessário evaporar solventes, minimizando assim perda por

evaporação do analito.

~ As operações experimentais envolvidas nesta metodologia são fáceis, e

a fase rica em tensoativo é compatível com várias técnicas analíticas

(HPLC, CEC, CE, etc.)

Porém a maioria dos tensoativos empregados absorvem na região do

UV, o que impossibilitaria a sua utilização para a extração de uma gama maior

de pesticida. Este problema pode ser contornado, pela utilização de tensoativos

zwiUeriônicos ou polímeros que não absorvam na região do UV.

A CE mostrou-se ser uma técnica de separação alternativa viável para

emprego em análises de pesticidas em amostras de água, frutas e tubérculos

com tempos de análise reduzidos quando comparados à técnica de

cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC) e cromatografia gasosa

(CG). Além de ser uma técnica bastante versátil onde separações utilizando-se

o meio aquoso ou solventes é passível de realização.

9.1 - Perspectivas futuras

Explorar as técnicas de extração em meio micelar, empregando

tensoativos zwitteriônicos, iônicos e outras espécies de neutros. Estudar a

219

influência da adição de sais inorgânicos e solventes orgânicos na performance

de extração e pré-concetração. Estender o emprego desta técnica (cloud point)

para um maior número de frutas e pesticidas. Unir a extração por cloud point às

estratégias de pré-cocentração estudadas nesta tese de doutoramento.

220

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ANEXO 1

GUIDELINES FOR SINGLE-LABORATORY VALIDATION DF ANALYTICALMETHODS FOR TRACE-LEVEL CONCENTRATIONS OFORGANIC

CHEMICALS

Table of Contents

~~~ 1

Table 1 Summary of parameters to be assessed for method validation 5TabIe 2 Within laboratóry performance criteria for quantitative organic trace

an~y~s 1Table 3 Suitability of detection methods for theeonfrrmatorydetermination

of substances at trace leveIs 1Figure 1 Overview of Method Validation 9Figure 2 Verification of Analyte Stability 9

Annex 1 Method v~idation for pesticide residues 10Annex 2 Methodvalidationfor residues ofveterinary drugs 25Annex 3 Worked example of method validation, as applied to a method for

pesticides residues . 39

Annex 4 Statistical methods applicable to validation of analytic~ methods 51Annex 5 GIossary and list of abbreviations 64

Annex 6 DeveIopment of principIes for assuring reliability ofanalytical results 10

Overview

1 Whatis method validation?

An analytical method is the series of procedures fiom receipt of a sample to the production ofthe fmal resulto Validatien· is- the process ofverifying thata method is fit for purpose.

2 Purpose of this document

Method v~idation guideIines for use in trace an~ysis have been proposed by various authorsbut there is little consistency in the recommended approaches. The general guidelines formethods of chemical analysis proposedby standards orgamsations are impractical for use inIaboratories involved in monitoring of trace leveI organic chemicals.The validity of methods has often been established on the basis af inter-Iaboratory studies ofperformance but that process can be uneconomic and toa slow or restricted· in scope.Vali~ation in a single laboratory can provide a practical and cost-effective alternative (orintermediate}. approach.

The guidelines were elaborated by the AOAC/FAOIIAEAlIUPAC Expert consultation with-thepartidpatiofiofL. Ald-er, AHill,P.T.-Holland, J; Lamas, S.M. Lee,-J. D; MacNeil, 1.--0 'Rangers;P.vanZoonen, and A.Ambrus (Scientific Secretary) The background of the elaboration of the Guidelines is described inA __ ~•• ~

OrgilDit Chemieals

These Guidelines identify adequate minimum requirements for the validation of methods afana1ySis foc"trace leveIs" iH ''6fgaftkdremica1s,m1}r~toverify thatamethodis'tltf1}fpurpose, according to the current general requirements for the reliability of analytical data.

Tliis document afms to assist analysts to perform method' validation in a scientifieaIry sound-­and practical manner, and national authorities and accreditation bodies in assessing.acceptability.ofiliemethods .developedcand·3pplied in testing Jabor-atories.

The requirements idenüfred here Me intended· fOfguidanee, t{)-·be- applied- pragmatieallYFatherthag" prescrlptively. 'Ih€!: analyst .slmuld address.- only tlmse.: requirements.: appropriate to, lhe..method and the purposes for which the method will be used. They may be modified oradapted, 'as necessaryfor the 'specitlc purpose. .

3 Relationship between method validation, method development, quality control,proflciency testin~ and reportina ofuncertain~

The method may be deveIoped in-house, taken from the literature or otherwise obtained froma thirdj>3l1y. The method ma'y .then be adapted ormodifled tomatchtherequirements.andcapabilities of the Iaboratory and/or the purpose for which the method will be used.

TypicaHy, validation follows completion of the' developrnent of a method and it is assumed­that requirements- such·as- calibratfon., system· suitatiili'ty, analYte stabilHy; etc., liave- ·hemestablished satisfactorily. When validating and using a method of analysis, measurementsmust be made within the calibrated range of the detection ~tem used. In,general, validation

. WI11 precede practic3l appncation ofthe method to lhe analySis 6f samples'btit siíbsequent.internal quality controI (IQC. refcrred to in the present document as performance verification)is. an im~()rtant continuing,aspect of the. process.. Re«pJire1UeJlts. foI: penor-mance veclficationdata1

,2,3, ,5 have been identifled as a subset ofthose required for method validation.

Proficiency testing-4·6,1,8 (or other inter-laboratory testing procedures9,lO,l1), where practicable,prevides anitnportant means for -verifying the 'general accuracyofresults ·getterated"byamethod, and provides information on the between-Iaboratory variability of the resuIts.However, proficiency testing generally does not address analyte stability or homogeneity andextractability of analytes in the processed sample.

Where 1IIlcertainty data must be reportedto-1he"client·(the· purchaser 'Of llSer of-resuhs), this:'informanon sbould -incerporatepetformanct! -venflCaâondata and not --rely"sôlélronmeth6dvalidation data.

4 Fitness forllurpose-ofmethods and-results

Analytical methods, and the validation required for them, must be appropriate to the purposefor which the results are likeIy to be used. In general, method "performance and validationreqtiirementS slmuld'OO agreed' -between -the arialyst aild the client"{lhe puréhaset/user ofresuIts, as appropriate). Method performance requirements have been defined by

tal 4-t.. ~p~n 12,13,14,15 db A 'O' A 'C T_4- ti al5,16govemmen .a,UUlQ'[.lI;J.J;S. an . y~ \t:"\I . .I.l.U,ema on .. .-

General guidelines for method validation ·have been developed by. various'OI'ganisatíons.4•5.;17.UI;l9;l9.20.21 Speclnc iguidelines 4mve;,been ~developec!t .for single:-laboratoryvalidation of methods for pesticide residues22 and are under development for residues ofveterinary drugs in food and animal feeds23

Methods and analytical results are often classified loosely as quantitative, semi-quantitative or. .qualitative,(screen~g).. These Mlt~ories do .not have well.,defmed oruniversally a~edbooodaries. The method..performance criteria given in theseGuidelines indicate .aeceptabilityfor quantitative data, but the boundaries to be applied in practice should be agreed between theana1yst and~ the~:client..

... 5 Limits to the scope ofvalidation

Extensions of methods to new analytes, matrices (eg.,. additional tissues or commoditygroups), much lower concentrations, much smaller test po~ions, use of the method in otherlaboratories, etc., shoulo be vafidated' as ihdícated' In tlUs document. Minor cnanges Ül

methods may be validated through performance verification but, where the change leads to.unsaüsfacto~ performance,..the metOOd maY ,requife,modification ,and re-:validation, asindicated here.

For multi-analyte and/or multhmatrix methods, it is likely. tob~ impr~ctical to. validate amethotlfor allcomDBia~ofanaJyt~ coneematitm'and·-tJpe otsample"matmt tÍlaf may..be--.·encountered in subsequent use of the method. InitiaI validation should incorporate as many ofthe target analytes and matrices as practicable. However it is proposed that a method may bevalidated'iriiüãl1y'for "'represerttative matrices'" arid, "'represerttàtive ana1ytes" . This can limit.the costand time required before samples are arialysed, while establishing the keyperformance characteristics of the method. Subsequently, performance validation data must begenerated to establish method performance for alI other analytes and matrices for whichresults will bereported.. Where the performance verifiçation data indicate that method-per.formanceis -·notadequate.the,methodmaybemodified.as·:apprnpriateandsubsequentlyvalidated. If the modification is not successful, an alternative method is necessary.

6 Requirements for validation

Diagrams of lhe decision processes (Figures I, 2) and parameters to be assessed (Table I) indetermining overall validation requirements are presented in this document.

The amount of effort allocated to the validation of a method may vary considerably. Whereappropriate. data, are already available,. it may; not be nece~. for. the analyst. to, perfonn al1the tests. However, alI required information must be included or referred to in the validationreport.

. 6.. 1. Parameters to be assessed should be restricted to those which are appropriate both tothe rnethod and to the purpose for which the particular method is to be applied. Inmany cases, perfonnancecharacteristicswitlírespecttoseveralparameters maybe' '.obtained simultaneously using a single experiment. Test designs where differentfactors are changed at the same time under statistical control (factori~l1 experiment

6.2. The criteria to be applied are likely to be specific tothe purpose forwhich the methodis te'be uSed. EXamples are given. m, Alméxes t andZ.,. descrlDmg- valiUation. oImethods for the determination of residues of pesticides and veterinary drugs.respectively. Different criteria may be defined according to the purpose. If the

·0 d·· d -ét1t-.'~':Sm...~1J '.-h-oi ~.n.. , ct3ti.o-o· oo -b ..t ih ~ ••-ilti-r~, 'foo-;;tori"oo oiIeo ÇSJre .. ena C,Q,WAI 00 e~~ ç.J..JJ.JQ~ 0_0 •• 0 QDS a .Oi.fl. ,.f q~l-'y Q ""p~ mus:t o

revised or an improved method must be sought.. 00 o oooo o .0

00

• o o o

7. General-criteFia-- fOF~' multi~analyte' metbo~,for' pestieide-and- veterinary- drug o

residues o

7.1 lhe generáI performance criteria required Ior analysis of pesticide and veterinary drugresidues are summarised in Table 2. Deviation from these criteria may be acceptablefor certain.analytes aJid:.matrkes..wheDo~owith:appráPriatejusfifi€ation~:o.

The analytical techniques or their combination listed in Table o3 are generally suitable for thecORfirmatioIl'Qfa1la1ytes'intést~ples;oNatioDa1authorltiesimay-setoparticJ;llai:reqUirements

for specified compounds. Analysts should be aware of such requirements when conductingmethod validations to demonstrate "fitness for purpose". .

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Org.anic Chemicals

Table 2. Within LaboratoryMethod Valid.ation Criteria for Analysis ofpesticide_ -r-esiduesand vet~dnar-y-dr-ugsl

Concentration Repeatability Reproducibility Truenessl/:·

CVA%3 CVL%4 CVA%j CVL%4 Range of mean%recovery

~1 M'kg 35 36 53 54 50-120

> 1J.Lg!kg ~ 0.01 mglkg 30 32- 45 46 60-120-

> 0.01 mglkg ~ 0.1 mglkg 20 22 32 34 10-120

> 0.1 mgllçg ~ 1 uyy'Içg 15 18 23 25 70-110

> 1mglkg 10 14 16 19 10-110

1. With multi-residue methods. there may be certain analytes where these quantitative performance criteriacannot be strictly met. The acceptabllity of data produced under these conditions will depend on the purposeof the analyses e.g. when checking for MRL compliance the indicated criteria should be fulfilled as far asteclmiccilly possibl~. While any data well-below the' MRL may-be acceptãble With the-higber uncertéiinty.

2. These recovery ranges are appropriate for multi-residue methods. Stricter criteria may be necessary forsome purposes e.g. methods for single analytes or veterinary drug residues (seeCodexV3. 1996).

3~ CVA: Coefficient-ofvariation- for-analysis excludingsample processing. Tbe parameter can be estimated.from tests performed with reference iIlaterials or ana1ytical portions spiked before extraction. Areferencematerial preparedin thelaboratorymay.be used in tbeabsenceofa certified reference material.

4. CV:L: Overall coefficlent Dfvariation ofa laboratory resulto allowmg tlP to 10% variabllity ofsampleprocesSing. -

Table 3. Examples of detection methods suitable for the confirmatory analysis ofsubstIDlEes-

Detection method Criterion

LC or GC and Mass spectrometry if sufticient number of fragment ions are monitored

.LC-DAD if the UV spectrum is characteristic

LC - fluorescence in combination with other techniques

··2-D TLC - (&pectr~photometry) - in combination with other techniques

GC-ECD. NPD. FPD only if combined with two or more separation_techniques1

Derivatisation if it was not the first choice method

-L'C-imffiUIlQgl'aRl in combination with other techniques

'~ç-úVNIS (single wavelength) in combination with other techniques'-

1. Otber chroma1ographic systems (applying stationary and/or mobile phases of dilferent selectivity) or othertechniques. ' .

7

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