UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL -...

81
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LEONARDO THIAGO KEHL COMO O MARKETING DE EXPERIÊNCIA PODE SER UTILIZADO NO PÚBLICO FINAL DOS FESTIVAIS DE MÚSICA: ANÁLISE DO TOMORROWLAND BRASIL 2016 CAXIAS DO SUL 2017

Transcript of UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL -...

Page 1: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

LEONARDO THIAGO KEHL

COMO O MARKETING DE EXPERIÊNCIA PODE SER UTILIZADO

NO PÚBLICO FINAL DOS FESTIVAIS DE MÚSICA:

ANÁLISE DO TOMORROWLAND BRASIL 2016

CAXIAS DO SUL

2017

Page 2: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

LEONARDO THIAGO KEHL

COMO O MARKETING DE EXPERIÊNCIA PODE SER UTILIZADO

NO PÚBLICO FINAL DOS FESTIVAIS DE MÚSICA:

ANÁLISE DO TOMORROWLAND BRASIL 2016

Monografia do curso de Comunicação

Social, habilitação em Publicidade e

Propaganda da Universidade de Caxias

do Sul, apresentada como requisito para a

obtenção do título de Bacharel.

Oritentador: Prof. Me. Eduardo Luiz

Cardoso

CAXIAS DO SUL

2017

Page 3: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

LEONARDO THIAGO KEHL

COMO O MARKETING DE EXPERIÊNCIA PODE SER UTILIZADO

NO PÚBLICO FINAL DOS FESTIVAIS DE MÚSICA:

ANÁLISE DO TOMORROWLAND BRASIL 2016

Monografia do curso de Comunicação

Social, habilitação em Publicidade e

Propaganda da Universidade de Caxias

do Sul, apresentada como requisito para a

obtenção do título de Bacharel.

Aprovado (a) em: ___/___/___.

Banca Examinadora

___________________________ Prof. Me Eduardo Luiz Cardoso Universidade de Caxias do Sul - UCS ___________________________ Prof. Dr. Ivana Almeida da Silva Universidade de Caxias do Sul - UCS ___________________________ Prof. Me Marcelo Wasserman Universidade de Caxias do Sul - UCS

Page 4: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

AGRADECIMENTOS

A importância da conclusão deste trabalho é algo imensurável para mim, pois

a busca pela graduação no curso que escolhi, é, sem dúvida, uma das mais valiosas

conquistas e um dos mais aguardados momentos de minha vida. A realização de ver

este trabalho concluído só foi possível graças a todos aqueles que estiveram ao meu

lado neste período de estudo e dedicação.

Agradeço, primeiramente, aos meus pais Rogério e Lori Kehl pelo amor,

incentivo e apoio incondicional. O suporte deles foi essencial durante toda minha

trajetória acadêmica, e me deu forças para levar até o fim o compromisso de concluir

este trabalho.

Aos meus amigos, colegas de curso, e funcionários da UCS, meu muito

obrigado pelo suporte, pelo incentivo e pela força nos momentos que mais precisei,

colocando-se sempre à disposição.

Agradeço a todos os professores do curso de Publicidade e Propaganda, com

que tive a oportunidade de aprender durante todos esses anos. Suas contribuições e

experiências compartilhadas foram extremamente valiosas à minha formação

acadêmica. Um agradecimento especial aos meus orientadores, Prof. Ma. Silvana

Padilha Flores, em Projeto I, por ter me acompanhado na primeira etapa desta

monografia, e, principalmente, ao Prof. Me. Eduardo Luiz Cardoso, em Monografia II,

pela forma como conduziu este trabalho. Aos professores que completam a banca

examinadora, Prof. Dr. Ivana Almeida da Silva e Prof. Me. Marcelo Wasserman

deixo, também, um agradecimento por aceitarem o convite de fazer parte desse

momento tão especial em minha vida.

Por fim, agradeço as voltas que a vida deu. Cada nova etapa apresentou

diferentes caminhos, proporcionando, assim, novas experiências e aprendizados,

não deixando que o comodismo fizesse parte de minha jornada. Cada um, citado

acima, contribuiu de alguma maneira para isso. Obrigado!

Page 5: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

As pessoas vão esquecer o que

você disse, as pessoas vão

esquecer o que você fez, mas

as pessoas nunca esquecerão

como você as fez sentir.

Maya Angelou

Page 6: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

RESUMO

Por conta da grande quantidade de informações as quais as pessoas são

submetidas diariamente, é difícil criar uma comunicação que se destaque. Tentando

contornar isso, alguns profissionais de comunicação estão se apropriando das

ferramentas do marketing de experiência. Portanto, a presente monografia objetiva

analisar e descrever como o marketing de experiência pode ser utilizado no público

final dos festivais de música. O trabalho propõe abordar, através da análise do

evento Tomorrowland Brasil 2016, conceitos e definições do tema, e de que maneira

tais informações são percebidas pelo ser humano, tendo em vista sua vivência. Para

embasar essa pesquisa, foi feita uma coleta de dados bibliográficos acerca dos

conceitos de marketing de experiência e eventos, que, por fim, guiou à uma análise

qualitativa em grupo focal com participantes do festival de música eletrônica

Tomorrowland Brasil 2016. O estudo mostra o poder do marketing de experiência e

suas amplas possibilidades, reforçando a importância de se criar uma comunicação

diferenciada e, ao mesmo tempo, eficiente.

Palavras-chave: Marketing de experiência. Eventos. Festivais de música.

Envolvimento do consumidor. Vivência. Tomorrowland Brasil 2016.

Page 7: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

ABSTRACT

Because of the large amount of information to which people are submitted daily, it is

difficult to develop a communication that stands out. In order to find an alternative,

some professionals of this area are appropriating themselves of experiential

marketing tools. Therefore, this monograph aims to analyze and describe how the

experiential marketing can be used by the end consumers of music festivals. The

paperwork proposes to approach, through the case study of the music festival

Tomorrowland Brazil 2016, concepts and definitions about the subject, and in which

way this information are perceived by the human being, based on their experiences.

To support this research, bibliographic data about experiential marketing and event

concepts were collected, which, by the end, guided to a qualitative analysis of the

case study through in-depth interviews with participants of Tomorrowland Brazil

2016. The study shows the power of experiential marketing as well as its huge

possibilities, reinforcing the importance of creating a differentiated, and at the same

time efficient, communication.

Keywords: Experiential marketing. Events. Music festivals. Consumer involvement.

Experience. Tomorrowland Brazil 2016.

Page 8: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Públicos de um evento...............................................................................17

Figura 2 - Relação entre os públicos e o evento........................................................18

Figura 3 - Relação entre evento e patrocinador.........................................................21

Figura 4 - Objetivos do marketing sensorial...............................................................34

Figura 5 - Tipos de experiências de ação .................................................................38

Figura 6 - Tipos de experiências de identificação .....................................................40

Figura 7 - Grade experimental do marketing de experiência.....................................48

Figura 8 - Primeira edição do Tomorrowland em 2005 .............................................52

Figura 9 - Edição de 2012 do Tomorrowland.............................................................53

Figura 10 - Edição de 2017 do Tomorrowland...........................................................54

Figura 11 - Tomorrowland Brasil 2016.......................................................................55

Figura 12 - Ingresso em forma de pulseira, enviado a cada participante antes do

evento......................................................................................................56

Figura 13 - Dreamville Tomorrowland Brasil 2016.....................................................56

Figura 14 - Pagamento via pulseira no Tomorrowland Brasil 2016............................57

Figura 15 - Decoração Tomorrowland Brasil 2016.....................................................58

Figura 16 - Postagem na rede social da Tomorrowland Brasil durante o festival em

2016.........................................................................................................59

Figura 17 - Estande da Skol Beats enquanto atores do festival interagem com os

espectadores...........................................................................................60

Figura 18 - Confraternização dos participantes durante o Tomorrowland Brasil

2016.........................................................................................................61

Figura 19 - Participantes da edição do Tomorrowland Brasil durante o Grupo

Focal........................................................................................................63

Figura 20 - Identidade visual presente na decoração da Tomorrowland Brasil

2016 ........................................................................................................64

Figura 21 - Jornal da Tomorrowland 2016 entregue aos participantes......................65

Figura 22 - Pulseira que serviu como forma de ingresso e pagamento no festival

Tomorrowland Brasil 2016 .......................................................................67

Figura 23 - Ação promocional da Skol Beats na Tomorrowland Brasil 2016.............68

Figura 24 - Tomorrowland Brasil 2016 e seus diversos ambientes............................69

Page 9: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Profissionais que fazem parte da equipe de um evento..........................22

Quadro 2 - Classificação de um evento conforme seu porte.....................................25

Quadro 3 - Tipos de eventos existentes.....................................................................27

Quadro 4 - Diferenças entre o marketing tradicional e o marketing de

experiências..............................................................................................31

Quadro 5 - Principais emoções do consumidor..........................................................35

Quadro 6 - Tipos de pensamentos.............................................................................37

Quadro 7 - Lista de participantes do grupo focal........................................................62

Quadro 8 – Resumo das experiências despertadas nos participantes da

Tomorrowland Brasil 2016 ......................................................................71

Page 10: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................12

2 EVENTOS ......................................................................................................14

2.1 CONCEITOS ..................................................................................................14

2.2 FINALIDADE ..................................................................................................16

2.3 PÚBLICOS DE UM EVENTO .........................................................................17

2.3.1 Organização anfitriã .....................................................................................18

2.3.2 Público final ..................................................................................................19

2.3.3 Patrocinadores ..............................................................................................20

2.3.4 Equipe ............................................................................................................22

2.3.5 Comunidade local .........................................................................................23

2.3.6 Mídia ...............................................................................................................23

2.4 CLASSIFICAÇÃO ...........................................................................................24

2.4.1 Com relação ao porte ...................................................................................24

2.4.2 Com relação à categoria ..............................................................................25

2.4.3 Com relação à adesão ..................................................................................26

2.4.4 Com relação à área de interesse .................................................................26

2.4.5 Com relação à tipologia ...............................................................................27

2.5 FESTIVAIS DE MÚSICA ................................................................................28

2.5.1 O mercado de festivais de música ..............................................................29

3 MARKETING DE EXPERIÊNCIA ...................................................................30

3.1 SENTIDOS .....................................................................................................32

3.2 SENTIMENTO ................................................................................................34

3.3 PENSAMENTO ...............................................................................................36

3.4 AÇÃO ..............................................................................................................37

3.5 IDENTIFICAÇÃO ............................................................................................39

3.6 PROVEDORES DE EXPERIÊNCIAS .............................................................40

3.6.1 Comunicações ..............................................................................................41

3.6.2 Identidades ....................................................................................................42

3.6.3 Produtos e serviços .....................................................................................43

3.6.4 Co-marcas .....................................................................................................44

3.6.5 Ambiente .......................................................................................................44

3.6.6 Digital .............................................................................................................45

Page 11: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

3.6.7 Pessoas .........................................................................................................46

3.7 QUESTÕES ESTRUTURAIS, ESTRATÉGICAS E ORGANIZACIONAIS .....47

4 METODOLOGIA ............................................................................................48

5 ESTUDO DE CASO........................................................................................51

5.1 HISTÓRIA DA TOMORROWLAND ................................................................51

5.2 APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO TOMORROWLAND BRASIL 2016 ..............54

5.3 ANÁLISE DO GRUPO FOCAL .......................................................................61

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................72

APÊNDICE A ............................................................................................................75

REFERÊNCIAS .........................................................................................................76

ANEXOS ...................................................................................................................81

Page 12: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

12

1 INTRODUÇÃO

Cada vez mais é difícil comunicar e, principalmente, se fazer entender em

anúncios e campanhas publicitárias por conta da grande quantidade de informação

que as pessoas são submetidas diariamente. Uma alternativa para contornar esse

problema é apropriar-se de estratégias do marketing de experiência que estão sendo

utilizadas, recentemente, por alguns profissionais de comunicação e que permite

muito mais do que simplesmente comunicar: envolver o consumidor criando laços

com a marca, produto ou serviço.

Essa é exatamente a linha de pensamento de Martin Lindstrom, um dos mais

renomados autores da área, que é categórico ao afirmar que “o marketing atual não

está́ funcionando. Novos produtos fracassam a uma velocidade desastrosa. A

maioria das campanhas de propaganda não registram nada de especial na mente

dos consumidores” (LINDSTROM, 2011, p. 13).

Por ser um assunto que trata das sensações do ser humano, a partir de um

estímulo comunicacional, pesquisar e articular sobre marketing de experiência

requer um assunto para poder embasar e citar exemplos. Pensando assim, o

presente estudo propõe abordar o marketing de experiência através dos festivais de

música, onde o pesquisador irá relacionar as partes estruturais de um evento, tendo

em vista os diferentes públicos presentes. Além disso, o assunto se aprofunda e

mostra que esse setor é um dos que mais movimenta a economia mundial.

Tendo isso em mente, surge o interesse em aprofundar o conhecimento

acerca desses conceitos com o objetivo de responder à questão norteadora dessa

pesquisa, que é: como o marketing de experiência pode ser utilizado no público final

dos festivais de música? Como objetivo geral, o trabalho pretende compreender

como o marketing de experiência foi aplicado no público final durante o festival de

música eletrônica Tomorrowland Brasil 2016. E para que estas questões, juntamente

com o objetivo geral desta pesquisa, sejam alcançadas, foram definidos os seguintes

objetivos específicos:

a) apresentar quais são os tipos de eventos existentes e públicos envolvidos;

b) descrever as formas de influência do Marketing de experiência;

c) analisar como ocorreu o marketing de experiência no festival Tomorrowland

Brasil 2016.

Page 13: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

13

O primeiro capítulo tem como objetivo buscar um entendimento sobre o

campo dos eventos, bem como compreender suas particularidades, conceitos,

finalidades e diferentes nomenclaturas. A pesquisa procura compreender, a partir do

estudo de grandes autores da área, como os eventos musicais são descritos na

tipologia de eventos, abordando suas peculiaridades e principais aspectos. Além

disso, o trabalho busca analisar dados e estatísticas do mercado de eventos

musicais e de que maneira isso afeta a economia local e regional. Outro ponto

importante, tratado neste capítulo, será os diferentes públicos que compõem um

determinado evento, apresentando características, funções e de que maneira cada

‘ator’ se comporta em um determinado evento, tendo em vista sua função.

No capítulo dois, o investigador busca trazer um esclarecimento sobre o

marketing de experiência, apresentando suas características, formas de

desenvolvimento e quais ferramentas usadas por ele. Para que seja possível a

compreensão de tal conceito, é necessário tomar como ponto de partida alguns

princípios básicos e fundamentais do marketing. Após, será feito um estudo

individual de alguns dos elementos que compõem sua vasta construção, como o

produto, a marca e o consumidor. Sobre este último, será feita uma análise

detalhada sobre o seu papel no planejamento de marketing, sua psicologia e como

ela influencia suas atitudes e percepções.

Como os objetivos específicos são de extrema importância dentro da

pesquisa, o capítulo III procura identificar como ocorreu o marketing de experiência

durante o festival de música eletrônica Tomorrowland Brasil 2016. Essa análise é

feita através do estudo de caso do festival e de um grupo focal com pessoas que

participaram da edição. Além disso, o estudo analisa as estratégias de comunicação

adotadas pelo evento e de que maneira tais informações foram difundidas por seu

público. A pesquisa, ainda, busca identificar quais fatores de percepção humanas

foram ativados pelo evento através do marketing de experiência e de que maneira

isso se reverteu em posicionamento no respectivo mercado de atuação. Afinal,

conforme diz Lindstrom (2011), quanto mais forte é a personalidade da marca, mais

humana ela será.

Page 14: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

14

2 EVENTOS

O ser humano tem a necessidade de conviver e interagir com outros de sua

espécie. Diversas manifestações históricas comprovam a interação social da raça

humana e, por muitas vezes, se fez necessário percorrer grandes distâncias e

períodos de tempo para realizar tais encontros. Aristóteles, grande pensador e

filósofo grego, cita o homem como um animal político, pois é a própria natureza

humana que exige a vida em sociedade. No mesmo aspecto, Giacaglia (2004) diz

que a raça humana tem a necessidade intrínseca de convívio e interação social

entre si.

Buscando compreender quando o homem começou a viajar para participar de

acontecimentos programados (eventos), Matias (2013, p. 03) destaca “os primeiros

registros que identificaram esses deslocamentos, que podem ser considerados como

origens do Turismo, mais especificamente do Turismo de Eventos, foram os

primeiros Jogos Olímpicos da Era Antiga, datados de 776 a.C”. Ainda, de acordo

com a mesma autora, outro acontecimento identificado na antiguidade foram as

festas Saturnálias, em 500 a.C. Além disso, os romanos, e as lutas de gladiadores

no Coliseu, os mercadores europeus, e suas feiras medievais, com apresentações

de saltimbancos, também deslocaram multidões e promoveram espetáculos, lazer e

diversão.

A história dos eventos é algo difícil de detalhar, pela complexidade do assunto

e por se tratar de um grande período de tempo passado. Devido a esse conflito de

informações, sobre quando se iniciaram os eventos, é possível perceber que estes

realmente começaram com o surgimento da sociedade e vieram acompanhando o

desenvolvimento da mesma. Não se pode afirmar ao certo qual foi o primeiro evento

realizado, mas se sabe que eles iniciaram juntamente com a formação da sociedade

e evoluíram com ela.

2.1 CONCEITOS

Como visto anteriormente, a necessidade do homem em interagir com outros

de sua espécie - seja em comemorações religiosas, atos de sobrevivência,

festividades e demais encontros - deu origem ao que chamamos, hoje, de eventos.

Neto (2012) diz que os eventos são capazes de mobilizar a opinião pública, criar

Page 15: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

15

fatos, gerar polêmicas e despertar emoções nas pessoas. O autor ainda explica que

os eventos fazem parte do cotidiano, constituindo em reuniões que permitem a

ampliação da vida social e pública dos indivíduos.

Zanella (2008, p.1), descreve os eventos como “concentração ou reunião

formal e solene de pessoas e/ou entidades realizada em data e local especial, com o

objetivo de celebrar acontecimentos importantes e significativos”. Estabelecer

contatos de natureza comercial, cultural, esportiva, social, familiar, religiosa e

científica são outras características dos eventos segundo o autor. Ainda, “um evento

geralmente provoca fortes emoções para os participantes, para os promotores e

organizadores e, enfim, para todos que convivem com o turbilhão de atividades que

compõem seu universo” (ZANELLA, 2008, p.1).

Segundo Giácomo (1993), o evento é um dos componentes do mix de

comunicação, e que tem por objetivo minimizar esforços com o intuito de engajar

pessoas numa ideia ou ação. Já, com uma visão um pouco mais mercadológica,

Andrade (2007) descreve os eventos como fenômeno multiplicador de negócios,

pelo seu potencial de gerar novos fluxos de visitantes ou níveis de consumo. O autor

também descreve evento como fenômeno capaz de alterar determinada dinâmica da

economia.

Muito mais que um acontecimento de sucesso, uma festa, uma linguagem de comunicação, uma atividade de relações públicas ou mesmo uma estratégia de marketing, o evento é a soma de esforços e ações planejadas com o objetivo de alcançar resultados definidos junto ao seu público-alvo (BRITO, 2002, p.14).

Como os eventos são uma atividade dinâmica, sua conceituação tem sido

objeto de modificações, conforme vai evoluindo (MATIAS, 2013). Apesar da

pesquisa exibir diversas opiniões sobre o tema proposto, todas elas apresentam

uma mesma ideia sobre o que são eventos: interatividade entre pessoas e

organizações, através de um determinado período de tempo e espaço.

2.2 FINALIDADE

Page 16: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

16

Allen (2003) discorre dizendo que um evento tem por finalidade satisfazer as

necessidades dos clientes, levando emoções e proporcionando experiências

memoráveis e agradáveis às pessoas. São acontecimentos criados e planejados

para propiciar momentos especiais de cunho cultural, social ou corporativo, para

atender às necessidades específicas de determinada ocasião, podendo apresentar

fins mercadológicos ou não.

Czajkowski (2017) analisa os eventos como geradores de acontecimentos,

pois são ações previamente definidas. O mesmo autor cita que os eventos têm

potencial de disseminar informações consideradas relevantes, acerca de uma

determinada região, promover o empreendedorismo local e favorecer a oferta de

atividades vinculadas ao lazer e ao entretenimento.

Andrade (2007), com uma visão mais mercadológica, descreve que os

eventos atuam dentro de uma economia de mercado e que buscam lucro direto,

fortalecimento de marca, criação de imagem e satisfação da comunidade inserida.

Os eventos constituem parte significativa na composição do fluxo de pessoas, atendendo intrinsecamente às exigências de mercado, em matéria de entretenimento, lazer, conhecimento, descanso, e a tantas outras motivações. Podem representar a valorização dos conteúdos locais, quando adequadamente identificados com o espaço onde se realizam, tornando-os partes destacadas da área receptora. Podem também ser constituídos por iniciativas fundamentadas apenas num cenário de atendimento das exigências do mercado consumidor. Mas, sempre atuam dentro de uma economia de mercado, ora visando diretamente ao lucro para o empreendedor, ora visando à obtenção de outros graus de lucro indireto, como criação de imagem, fortalecimento de marca e satisfação do desejo e das necessidades físicas e/ou sociais da comunidade inserida no contexto. Uma satisfação que irá se traduzir em lucro até mesmo por um aumento da produtividade da economia local (ANDRADE, 2007, p. 99).

Conforme visto até aqui, um evento vale pelo seu conteúdo de emoções e

fantasias, participações e realizações. Ou seja, o objetivo de um evento é

proporcionar uma experiência prazerosa ao participante, despertando emoções

através de um desfecho imprevisível a todos aqueles que dele participam.

2.3 SOBRE OS PÚBLICOS DE UM EVENTO

Page 17: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

17

Um dos pontos cruciais desta pesquisa, compreender os diversos públicos de

um evento é o segundo objetivo específico do capítulo. Matias (2013) articula sobre

a importância de conhecer a natureza e as peculiaridades dos diferentes públicos de

um evento, além de conhecer suas principais causas de motivação ou desistência.

Entende-se como público de eventos as empresas e pessoas, principalmente

as que atuam como consumidores e decidem sobre produtos e serviços em áreas

específicas e com características definidas, como clientes atuais e potenciais,

empresários, fornecedores, estudantes e público em geral etc (ZANELLA, 2008).

Segundo Meirelles (1999, p.73), “os públicos são aqueles que se pretende

atingir com a realização de um evento”, a autora também relata que, dependendo da

circunstância, alguns públicos são mais importantes que outros. A figura abaixo

apresenta um esquema, segundo os princípios de Kunsch (1986), visto no livro de

Meirelles (1999).

Figura 1 – Públicos de um evento

Fonte: MEIRELLES (1999, p.74).

Allen (2003) também descreve em forma de quadro quais são os principais

públicos de um evento, além de citar a relação entre esses públicos. Ele cita a

Page 18: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

18

importância de analisar os objetivos dos principais participantes, o que cada um

espera ganhar com o evento e que forças atuando sobre eles possivelmente

afetarão suas respostas ao evento.

Figura 2 – Relação entre os públicos e o evento

Fonte: ALLEN (2003, p.24).

Dentre os modelos estudados e tendo em vista as opiniões dos autores, com

alguns pontos em comum, optou-se por utilizar o esquema de públicos de Allen

(2003), pois o mesmo apresenta uma visão mais aprofundada sobre o que se propõe

o objetivo específico deste capítulo. Junto à essa abordagem, o pesquisador

apresenta visões de outros autores para complementar a linha de públicos de um

evento.

2.3.1 Organização anfitriã

Colocam o evento em ação, tornando-o uma realidade. Referem-se a toda a

cadeia produtiva do evento, incluindo a empresa, a equipe ou a agência responsável

pelo evento, os fornecedores, os recepcionistas, os palestrantes, os apresentadores

e outros profissionais (CZAJKOWSKI, 2017, p. 81).

Page 19: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

19

Matias (2013) descreve que as organizações promotoras de eventos possuem

papel fundamental no planejamento das atividades, pois é com base na estrutura

jurídica dessas organizações que as características dos eventos são definidas.

Allen (2003) cita que os eventos se tornaram parte tão integrante do meio

cultural da sociedade, que podem ser gerados por quase todos os setores

governamentais, corporativos e comunitários. O autor complementa dizendo que

qualquer que seja a organização anfitriã, ela é o parceiro decisivo no evento. Abaixo,

uma breve descrição sobre o tipo de organização anfitriã e quais objetivos

pretendem alcançar com a promoção de um evento:

a) Governamental: “os governos criam eventos por uma série de razões,

incluindo os benefícios sociais, culturais, turísticos e econômicos por eles

gerados” (ALLEN, 2003, p. 24);

b) Corporativo: “as companhias e corporações podem patrocinar eventos a fim

de promover seus produtos e serviços no mercado. Dentro do setor

corporativo também existem empresários cuja função é produzir ou vender

eventos” (ALLEN, 2003, p. 25);

c) Comunitário: “eventos que emanam da própria comunidade, servindo a uma

variedade de necessidades e interesses. Há, por exemplo, clubes

beneficentes que levantam fundos, reuniões de clube de proprietários de

carros, shows de arte e artesanato local” (ALLEN, 2003, p. 25).

2.3.2 Público final

Segundo o Código de Defesa do Consumidor, lei Nº 8.078, de 11 de setembro

de 1990, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto

ou serviço como destinatário final. Nesse mesmo sentido, Allen (2003) refere-se ao

público final como os “apostadores” dos eventos, e são eles que determinam, com

suas preferências, o sucesso ou o fracasso do evento. O autor ainda afirma que a

organização do evento precisa estar ciente das necessidades físicas do consumidor,

bem como suas necessidades de conforto, segurança e integridade física, além de

tornar o evento especial - de tocar as emoções.

Hemmerling (1997) descreve os critérios pelos quais os espectadores julgam

um evento:

Page 20: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

20

Para eles, a parte crucial está no conteúdo, localização e operação do evento em si. A facilidade em acompanhar as atividades do evento, o conteúdo do programa, o acesso aos alimentos e bebidas, a infra-estrutura de apoio, o seu ingresso e saída etc, são a chave para a sua diversão. Simples fatores como saber se o seu time venceu ou não, ou se eles tiveram uma boa experiência no evento, algumas vezes influenciarão em suas avaliações de sucesso do evento. Itens secundários, como se mesclar com as estrelas do show, oportunidades sociais, hospitalidade corporativa e upgrade no tipo de ingresso, são todos parte integrante da avaliação do sucesso pelo espectador (HEMMERLING, 1997 apud ALLEN, 2003, p. 32).

Czajkowski (2017, p. 82) comenta que o público final “engloba a classe para

quais os esforços do evento se direcionam”. Kotler (2015) descreve o público final

como os principais agentes da empresa.

Brito (2002, p. 94) afirma que “os clientes potenciais, ou público-alvo,

constituem-se daquelas pessoas que se pretende atingir com a realização do

evento”. O autor, também, argumenta que a necessidade de sobrevivência das

organizações faz com que esse público seja ampliado ou reduzido.

2.3.3 Patrocinadores

Zanella (2008) menciona que os patrocinadores são empresas dispostas a

investir uma determinada quantia de dinheiro em determinado evento. Mesmo que o

resultado não seja mensurável imediatamente, os patrocinadores buscam consolidar

suas imagens a médio e a longo prazo.

Também chamado de investidores por Czajkowski (2017), os patrocinadores

podem colaborar com um evento de duas maneiras. Através de cotas de patrocínio,

com investimento em espécie, ou como forma de apoio, oferecendo serviços em

troca, brindes ou divulgação.

Em muitas empresas de grande porte, o patrocínio deixou de ser considerado

basicamente como uma ferramenta de relações públicas capaz de gerar boa

vontade na comunidade para ser considerado como um importante componente do

mix de marketing (ALLEN, 2003, p.29).

Neto (2000, p. 17) diz que a troca entre patrocinadores e eventos “exige a

promoção institucional de suas marcas através da exposição máxima, veiculação

máxima, adequação perfeita entre o seu produto e a modalidade esportiva, cultural

ou social escolhida [...]”.

Page 21: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

21

Para entender melhor o porquê as empresas e organizações investem em

eventos, através de patrocínio, Allen (2003) apresenta um quadro com

características e benefícios do relacionamento entre patrocinadores e eventos.

Figura 3 – Relação entre evento e patrocinador

Fonte: ALLEN (2003, p. 169)

Allen (2003), do ponto de vista corporativo, descreve vários benefícios

produzidos através do patrocínio:

a) acesso a mercados-alvo específicos;

b) criação/melhora da imagem da corporação/marca;

c) consciência de uma organização e/ou de seus serviços/produtos;

d) identificação do produto com determinado estilo de vida;

e) fortalecimento do relacionamento com canais de distribuição;

f) oportunidades de merchandising;

g) demonstração dos atributos de um produto;

h) geração de vendas;

i) componente de sistemas de incentivos e de reconhecimento;

j) manutenção de um clima de aprovação para as atividades da organização.

Page 22: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

22

Para Giacaglia (2004, p. 10) “Os eventos são ótimas ocasiões para se

apresentar a um público específico, ou mercado em geral, um novo produto ou

serviço.” No mesmo contexto, Neto (2000, p. 111) argumenta que “os eventos são,

atualmente, a mais nova forma de ‘alavancagem’ de qualquer negócio profissional”.

2.3.4 Equipe

Segundo Allen (2003), a quantidade e forma da equipe de trabalho em um

evento pode variar de acordo com a classificação dos eventos. De acordo com o

autor, seja grande ou pequena, a equipe é a expressão do evento, é a visão final

que o consumidor terá do acontecido. Além disso, ele descreve que a equipe é

fundamental para levar a visão e a filosofia do evento a todos os pontos. Dos

gerentes mais importantes aos demais funcionários, essa homogeneidade é de

suma importância para o sucesso ou fracasso do evento.

Meirelles (1999) descreve a equipe como pessoal necessário ao evento, seja

por empresa especializada, terceirizada, ou pela própria organizadora, os

profissionais da equipe necessitam de coordenação, treinamento e responsabilidade.

Dentre os principais profissionais, o autor enaltece os seguintes:

Quadro 1 – Profissionais que fazem parte da equipe de um evento

Digitador Eletricista Encanador Fotógrafo

Garçom Intérprete Jornalista Manobrista

Mestre de cerimônias

Motorista Office Boy Operador para audiovisual

Operador de filmagem

Operador de luz e som

Pessoal para serviços gerais

Recepcionista

Representante religioso

Secretária Segurança Tradutor

Fonte: MEIRELLES (1999, p. 116).

Page 23: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

23

Os eventos têm um sistema organizacional pulsante. Significa dizer que eles

“crescem em termos de pessoal à medida que o evento se aproxima, mas

rapidamente se contraem após seu final” (ALLEN, 2003, p. 74).

2.3.5 Comunidade local

Segundo Outhwait & Bottomore (1996), comunidade é um grupo de pessoas,

dentro de uma limitada área geográfica, que interagem e possuem um senso comum

de interdependência e integração. Porém, segundo eles, o simples fato de viver ou

interagir dentro do mesmo espaço não se constitui uma comunidade, pois

comunidade é um estado de valores, de identidade e de expectativas.

Também chamado de público de interesse por Czajkowski (2016), a

comunidade local não é o alvo final dos promotores e organizadores dos eventos,

mas são de extrema importância, porque complementam os públicos diretos no

momento de organizar o evento.

Kotler (2015) inclui associações comunitárias e moradores da região nesse

tipo de público, tendo em vista que os mesmos estão localizados próximos aos

eventos e empresas em questão. De acordo com ele, grandes empresas criam

programas para auxiliar as comunidades locais, promovendo melhorias e,

consequentemente, facilitando o convívio com elas. No mesmo sentido, Matias

(2013) argumenta que, para as organizações terem lugar de destaque, precisam do

apoio da comunidade em que estão inseridas.

2.3.6 Mídia

O significado de mídia, segundo o Dicionário Aurélio, é todo o suporte de

difusão de informação (rádio, televisão, imprensa, publicação na Internet,

videograma, satélite de telecomunicação, etc. Também chamado de imprensa, a

mídia exerce papel fundamental na divulgação e propagação da ideia de um evento.

Allen (2003) destaca que “a revolução na mídia, por sua vez, ocasionou uma

revolução nos eventos. Os eventos agora possuem uma existência virtual na mídia

tão ou mais poderosa que a realidade”. O autor vai além, comenta que determinado

evento pode estar sendo criado basicamente para o consumo de sua audiência

televisiva.

Page 24: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

24

O interesse da mídia por eventos provavelmente continuará a crescer na

medida em que consiga proporcionar credibilidade comunitária e atrair

patrocinadores comerciais g (ALLEN, 2003, p.31). O autor complementa dizendo que

a integração junto à mídia assegura maior alcance e exposição ao evento.

Entretanto, deve-se ressaltar, segundo Bueno (2014), que não existe uma

única imprensa, uniforme e homogênea, mas sim várias “imprensas”. Sabendo

disso, o profissional de comunicação estará agregando valor ao planejamento de

comunicação com a mídia.

2.4 CLASSIFICAÇÃO

Com relação à maneira de classificação dos eventos, apesar de algumas

divergências entre autores, traçar objetivos através de um planejamento estratégico

é algo imprescindível para eles. Czajkowski (2017) determina esse planejamento

como fator determinante na obtenção dos melhores resultados, principalmente para

atingir o público-alvo.

Zanella (2008, p.4) define que “os eventos são apresentados sob diversos

tipos ou modalidades de acordo com sua natureza, fato gerador, objetivos,

qualificações ou nível dos participantes, entre outros”. Na visão de Zitta (2012), os

eventos têm multiplicidade de atuação e, para facilitar seu estudo, é importante

classificá-los por categorias. Abaixo, uma relação com as principais características e

classificações que distinguem as possibilidades dos eventos.

2.4.1 Com relação ao porte

Czajkowski (2017) classifica os eventos conforme sua abrangência,

considerando o número de participantes.

Page 25: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

25

Quadro 2 - Classificação de um evento conforme seu porte

Tamanho do evento Quantidade de pessoas

Pequeno Até 200

Médio Entre 200 e 500

Grande Entre 500 e 10000

Superevento Entre 10000 e 100000

Megaevento Acima de 100000

Fonte: CZAJKOWSKI (2017).

Matias (2013), na mesma linha de pensamento, classifica o porte dos eventos

da mesma forma, porém com uma única diferença: os megaeventos. Segundo a

autora, para considerar um evento como tal, é necessário, somente, a participação

de 5000 ou mais pessoas.

2.4.2 Com relação à categoria

Meirelles (1999), Brito (2002) e Zitta (2012) classificam os eventos em dois

tipos. Do ponto de vista de sua categoria, os eventos podem ser classificados em

institucionais e promocionais ou mercadológicos.

Um evento de cunho institucional “objetiva firmar, criar e/ou reforçar o

conceito e imagem da empresa, da entidade, do governo e da pessoa. Os eventos

institucionais vêm de empresas ou instituições” (ZITTA, 2012, p.24). O mesmo é

descrito por Meirelles (1999), dizendo que esse tipo de evento está ligado à imagem

da empresa provedora do evento.

Já os eventos promocionais ou mercadológicos, na visão de Meirelles (1999),

procuram a promoção de um produto ou serviço de uma empresa, governo, entidade

ou pessoa, em apoio a marketing, visando fins mercadológicos. Zitta (2012) comenta

que essas definições ajudam na escolha do público final ideal, porque os eventos

institucionais contam com um público mais amplo, do que os eventos promocionais.

Page 26: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

26

2.4.3 Com relação à adesão

Segundo Matias (2013) e Czajkowski (2017), os eventos em relação ao

público que atingem podem ser classificados em: eventos fechados ou abertos.

Matias (2013) comenta que os eventos fechados ocorrem dentro de determinadas

situações específicas e com público-alvo definido, que é convocado e/ou convidado

a participar.

Já os eventos abertos, de acordo com Czajkowski (2017), são propostos a um

público, podem ser divididos em evento aberto por adesão e evento aberto em geral.

Ainda, de acordo com o autor, o evento aberto por adesão é aquele apresentado e

sujeito a um determinado segmento de público, que tem a opção de aderir mediante

inscrição gratuita e/ou pagamento de taxa de participação. O evento aberto em geral

é aquele que atinge todas as classes de público.

2.4.4 Com relação à área de interesse

Matias (2013), Czajkowski (2017) e Zitta (2012) descrevem que há uma

grande diversidade de eventos realizados em relação à área de interesse. Esses

eventos podem ser classificados em:

a) artístico: relacionado a qualquer manifestação de arte ligada à música,

pintura, poesia, literatura e outras;

b) científico: trata de assuntos referentes às ciências naturais e biológicas,

como medicina, botânica e outros;

c) cultural: ressalta os aspectos de determinada cultura, para conhecimento

geral ou promocional;

d) cívico: trata de assuntos ligados à pátria;

e) desportivo: ligado a qualquer tipo de evento do setor esportivo, independente

de sua modalidade;

f) folclórico: trata de manifestações de culturas regionais de um país,

abordando lendas, tradições, hábitos e costumes típicos;

g) lazer: proporciona entretenimentos ao seu participante;

h) promocional: promove um produto, pessoa, entidade ou governo, quer seja

promoção de imagem ou apoio ao marketing;

i) religioso: trata de assuntos religiosos, seja qual for o credo;

Page 27: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

27

j) turístico: explora os recursos turísticos de uma região ou um país, por meio

de viagens de conhecimento profissional ou não.

Zitta (2012) diz que é possível ocorrer, ao mesmo tempo, a união de

diferentes temas. Dependendo do evento e dos objetivos que se deseja alcançar,

pode-se unir no mesmo evento algo social ou de lazer, artístico ou de

entretenimento, entre outras combinações.

2.4.5 Com relação à tipologia

Em virtude da grande quantidade de tipos de eventos existentes, e visando

uma melhor compreensão sobre o tema, elaborou-se uma tabela que une a visão de

duas grandes autoras e profissionais da área de eventos: Marlene Matias (2013) e

Gilda Fleury Meirelles (1999).

Quadro 3 – Tipos de eventos existentes (continua)

Almoço Assembleia Banquete Brainstorming

Brunch Casamento Coffee-break Colóquio

Concílio Conclave Concurso Conferência

Congresso Convenção Coquetel Curso

Debate Desfile Encontro Entrevista coletiva

Excursão Exposição Feira Festival

Fórum Happy Hour Inauguração Jornada

Leilões Megaevento Mesa-redonda Mostra

Noite de

autógrafos

Oficina Painel Palestra

Pedra fundamental Roda de negócios Roadshow Salão

Semana Seminário Show Showcasing

Page 28: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

28

Simpósio Torneio Vernissage Videoconferência

Visita ou open day Workshop

Fonte: MATIAS (2013), MEIRELLES (1999). (conclusão)

2.5 FESTIVAIS DE MÚSICA

Conforme visto na tabela anterior, festival é um dos tantos tipos de eventos

existentes e podem apresentar diversos temas de área de interesse, inclusive

musical. Segundo Getz (1997 apud YEOMAN, 2006, p.36) “pode-se definir festivais

como experiências de lazer e culturais únicas, motivadores de viagem poderosas e

facilitadores do orgulho e desenvolvimento comunitário”. Yeoman (2006) intitula os

festivais como conferidores de autenticidade e unicidade, principalmente nos casos

em que há tematização e símbolos para participantes e espectadores.

A pesquisa de Yeoman (2006) demonstra a sazonalidade como um dos

aspectos de sucesso de um festival. O autor diz que esse tipo de evento reconhece

um momento único no tempo, ou seja, seria difícil induzir e sustentar mesma

sensação de ocasião e excitação se tal evento fosse realizado com maior

frequência.

Meirelles (1999, p. 60) define festivais como “uma festa de variedades, com a

demonstração ao público-alvo de diferentes estilos e formas de apresentação sobre

o tema principal do evento”. Para Zitta (2012), festivais são planejados para um

grande público, com patrocinadores, apoios e promotores de mega-eventos. A

autora complementa manifestando os cuidados a se tomar na organização de tal

evento

Por serem realizados em sua maioria ao ar livre, contando com o público diversificado - crianças, adolescentes e adultos - todo cuidado é pouco, necessitando de apoio e aprovação de órgãos públicos do local, como a Secretaria de Segurança Pública, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria de Saúde, a Polícia Militar e a Civil, entre outros, envolvidos direta ou indiretamente no evento (ZITTA, 2012, p. 107).

Os festivais unem paisagem com estilo de vida de forma simples e também

complexa, introduzindo a dimensão humana a espaços estáticos que se tornam

animados” (YEOMAN, 2006, p.37). O autor complementa dizendo que os festivais

podem explorar as indústrias culturais e artísticas por meio da experiência.

Page 29: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

29

2.5.1 O Mercado de festivais de música

Pesquisas e números mostram que eventos de chunho musical representam

um grande estímulo para a economia local, regional ou nacional. Isto acontece

porque envolve um grande número de agentes, mobiliza as pessoas e,

consequentemente, fomenta o turismo, gerando oportunidades de emprego e renda

(EVENTBRITE, 2017).

A constante busca por novidades e melhorias, faz com que o setor de eventos

musicais se reinvente a cada momento, trazendo mais desenvolvimento e

investimento para sua cadeia. E é exatamente isso que mostra um estudo da

Eventbrite1, plataforma digital para criar e gerenciar eventos.

De acordo com a pesquisa, “os participantes de eventos deste segmento

querem experiências únicas e diferenciadas. Este foi o ponto visto com mais

frequência nos eventos que obtiveram sucesso no mercado em 2016 (EVENTBRITE,

2017)”. Segundo a pesquisa “a explicação para esse movimento é que os eventos

que trazem novidades como artistas line-up e atrações diferentes, como as culturais,

atraem mais o público, assim como os que oferecem mais de uma opção de

entretenimento no mesmo evento” (EVENTBRITE, 2017). Os dados também indicam

que, apesar da crise, as pessoas estão aumentando sua participação em eventos de

cunho musical.

De acordo com o Portal Brasil2, o país é um dos que mais sedia grandes

shows, seja ele nacional ou internacional, ficando atrás, somente, do México. “A

expectativa é que o consumo de shows no Brasil cresça 39% até 2018, de acordo

com Gardênia Rogatto, especialista em entretenimento da consultoria PwC Brasil). O

mercado de shows no País, que em 2013 gerou R$ 357 milhões, pode passar para

R$ 496 milhões em 2018.”. Se considerar a publicidade, o valor alcança os 600

milhões de reais (PORTALBRASIL, 2014).

1 Disponível em: <http://https://www.eventbrite.com.br/blog/casos/eventos-de-musica-pesquisa-

eventbrite-ds00/>. Acesso em 10/10/2017. 2 Disponível em: <http://https://http://www.brasil.gov.br/turismo/2014/09/brasil-ocupa-segundo-lugar-

no-mercado-de-eventos-musicais>. Acesso em 03/11/2017.

Page 30: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

30

3 MARKETING DE EXPERIÊNCIA

Nesta etapa da pesquisa, optou-se em utilizar, especificamente, o modelo de

Bernd Schmitt como referência na estruturação do capítulo. Portanto, para

compreender melhor o conceito de marketing de experiência e de que maneira é

possível utilizá-lo como ferramenta, é necessário, antes de tudo, analisar algumas

características.

A principal característica, e que move todo o resto, é novo tipo de consumidor,

citado por Schmitt (2000). O autor argumenta que essa nova classe de consumidor

não está mais interessada, apenas, nas características e nos e benefícios funcionais

dos serviços e produtos. Eles entendem a qualidade e a marca positiva como algo

absolutamente normal, o autor complementa dizendo que os novos consumidores

querem

[...] produtos, comunicação e campanhas de marketing que estimulem os sentidos e que mexam com as emoções e com a cabeça. Querem produtos, comunicação e campanhas que eles consigam incorporar no seu estilo de vida. Querem obter uma experiência. O grau, segundo o qual uma empresa poderá fornecer uma experiência desejada (usando a tecnologia da interformação, marcas, e a comunicação e o entretenimento integrados), vai determinar seu sucesso no mercado global do novo milênio (SCHMITT, 2000, p. 38).

Desta forma, o mercado torna-se cada vez mais competitivo e amplo, exigindo

um maior esforço por parte das empresas na superação das expectativas dos

consumidores e na tentativa de satisfazer o melhor possível as suas necessidades e

desejos. De acordo com (PINE, GILMORE, 1999, p. 2) “a comercialização de um

produto ou serviço, na era da economia da experiência, deve ter em conta que o

consumidor paga para passar algum tempo participando de uma série de eventos

memoráveis”, ou seja, os consumidores compram produtos ou serviços na

expectativa de que estes não se limitem só a exercer as suas funcionalidades, mas

que também possibilitem a satisfação de outros desejos associados a eles. Para

Kotler (2015) o marketing moderno exige mais do que desenvolver um bom produto

a um preço atraente e torná-lo acessível.

Tendo em vista as mudanças do consumidor e do mercado, Schmitt (2000)

afirma que há uma revolução nos sistemas de marketing para sanar essas

mudanças, uma revolução que irá tornar obsoleto os princípios e modelos de

Page 31: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

31

marketing tradicional. Segundo o autor, essa revolução apresenta três fenômenos

simultâneos. O primeiro é a onipresença da tecnologia, onde, em breve, tudo será

comandado pela tecnologia da informação e tudo aquilo que tem possibilidade de

ser digital será. A supremacia da marca é outro fenômeno citado pelo autor, isto é,

as empresas que dão maior destaque à sua marca conseguem um melhor

desempenho e que todas são passíveis de um merchandising, todas têm um valor

de marca. Em terceiro, tudo se transforma em uma forma de comunicação ou

entretenimento e terá o poder de afetar todos os demais, está etapa chama-se

ubiquidade das comunicações e o entretenimento.

Schmitt (2000, p.28) articula sobre o que muda do marketing tradicional em

relação ao marketing de experiência: “Os princípios e conceitos do marketing

tradicional descrevem a natureza do produto, o comportamento do consumidor e a

atividade competitiva do mercado”. Ou seja, este tipo de marketing tradicional tem

foco nas características e benefícios do produto/serviço.

Quadro 4 - Diferenças entre o marketing tradicional e o marketing de experiências

Características básicas do marketing tradicional

Características básicas do marketing de experiência

Foco nas características funcionais e nos benefícios

Foco nas experiências do consumidor

A categoria do produto e a concorrência são definidas de forma restrita

Examinando a situação de consumo

Os clientes são vistos como tomadores de decisão racionais

Os consumidores são seres racionais e emocionais

Os métodos e ferramentas são analíticos, quantitativos e verbais

Os métodos e as ferramentas são ecléticos

Fonte: SCHMITT(2000).

Carlos Jr (2016, p. 30) comenta que o marketing de experiência “baseia-se

em estratégias para sensibilizar a emoção e a sensação dos consumidores, através

de ações ancoradas na experiência afetiva e sensorial, como formas de trabalhar

uma marca e de seduzir, engajar e fidelizar verdadeiramente os clientes”.

Schmitt (2000, p. 74) define experiências como “acontecimentos individuais

que ocorrem como resposta a algum estímulo”, ou seja, pode ser resultado da

participação de um acontecimento real, imaginário ou virtual, ou simplesmente

Page 32: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

32

resulta da observação desse acontecimento. O autor também defende que cada

experiência é única, independente de quem a viveu e em que circunstância a viveu.

Ao participar de experiências, o consumidor deixa de ser apenas um receptor

de informações, para fazer parte da marca com a qual ele se identifica. A ligação

que ocorre quando um consumidor se identifica com os valores fundamentais da

marca pode ser de longa duração, se for reforçada ao longo do tempo (RABELO,

2015). Por fim, Rocha (2013) descreve que o marketing de experiência não é

realizado para gerar vendas imediatas e que o objetivo de suas estratégias é

construir um relacionamento com o cliente, despertando desejos de uma interação e

necessidades que ele mesmo não sabia que possuía.

De maneira geral, o marketing de experiência atua em duas linhas. Schmitt

(2000) descreve-as como o tipo de experiência aplicada no consumidor e de que

maneira tal experiência é aplicada. O autor cita que há cinco tipos de experiências

dos consumidores que constituem a gama do marketing experimental: sentidos,

sentimento, pensamento, ação e identificação. Ele caracteriza cada um desses tipos

como Modelos estratégicos do Marketing Experimental (MEEs). Na outra linha,

completando a aplicação do marketing de experiência, há os provedores de

experiência (ProExs), que são as ferramentas pelo qual a experiência se validará.

3.1 SENTIDOS

O campo de estudo dos sentidos é amplo. Portanto, visando melhor

responder ao objetivo específico deste capítulo, o presente trabalho se limitará em

abordar as principais características dos sentidos e de que maneira ele pode ser

usado para criar uma comunicação diferenciada dentro do marketing de experiência.

De acordo com o portal Brasil Escola (2017), os sentidos são responsáveis

pela nossa capacidade de interpretar o ambiente, isto é, captar diferentes estímulos

ao nosso redor. Sem os sentidos não seríamos capazes de perceber as variações

do meio e, consequentemente, de produzir uma ação adequada diante de um perigo.

Tradicionalmente, aceitamos que os seres humanos possuem cinco sentidos

principais: visão, olfato, paladar, audição e tato.

Para Lindstrom (2012), um dos maiores especialistas da área, a visão é o

sentido mais importante para avaliar um ambiente, correspondendo a 37%, em

segundo o olfato com 23%, o tato ficou no ponto mais baixo da escala. O autor

Page 33: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

33

complementa dizendo que os cinco sentidos são importantes em qualquer forma de

comunicação. Carlos Jr (2016, p. 66) diz que “o olfato contribui com 5% da

capacidade de memorização, a audição com 9%, o tato e o paladar juntos somam

11% (memória mecânica) e a visão com 75%”.

Segundo Solomon (2011), o marketing sensorial surge como uma estratégia

que vem sendo utilizada pelos profissionais de marketing a fim de criar uma

vantagem competitiva frente aos concorrentes, explorando os sistemas sensoriais do

consumidor de uma maneira mais ampla. Schmitt (2000, p. 126) descreve que “o

objetivo do marketing dos sentidos é captar a atenção dos cinco sentidos, causando

prazer estético ou excitação nos clientes”. Ele enaltece que, para fazer uso correto

do marketing sensorial, é preciso saber quais os objetivos estratégicos da

campanha, ele cita que há três tipos e que sem eles a campanha não terá direção:

diferenciar, motivar, agregar valor.

Os sentidos como um diferenciador, Schmitt (2000) caracteriza que podem

atrair os clientes porque são executadas de forma diferente e especial. Os sentidos

como motivadores induzem consumidores a experimentar produtos e a comprá-los,

porém deve-se compreender como fazer: por modalidade, por ProExs ou por espaço

e tempo. Os sentidos como provedores de valor resultam na consequência da soma

dos esforços.

Page 34: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

34

Figura 4 - Objetivos do marketing sensorial

Fonte: SCHMITT(2000, p.122).

Como pode ser observado, a correta utilização dos sentidos pode trazer

benefícios à comunicação, ainda mais se trabalhar os sentidos de forma integrada.

Nesse sentido, Lindstrom (2012) afirma que cada um dos sentidos está

inerentemente interconectado com os outros, e que o ser humano é, de longe, mais

receptivos quando opera nas cinco faixas. Para Carlos Jr (2016, p. 66), “quanto mais

sentidos forem ativados, mais rica será a experiência sensorial e maior será o desejo

despertado no cliente para voltar a repetir aquela experiência.” Em um link com o

próximo subcapítulo, Lima (2014, p.12) destaca que "a emoção é ativada quando

recebemos estímulos dos sentidos e isso influencia diretamente nosso processo

decisório".

3.2 SENTIMENTO

Os sentimentos são importantes porque nos ajudam na busca por prazer e

para evitar o sofrimento. Schmitt (2000, p.130) comenta que “o sentir-se bem (ou

Page 35: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

35

não querer sentir-se mal) não precisa envolver comportamentos extremos, apesar de

eles também ocorrerem em muitos comportamentos humanos”. O autor destaca que

há outros motivos, além da busca por prazer, que movem o comportamento humano,

por exemplo: busca de variedade, status, desenvolvimento de relacionamento

satisfatório. Ele relata que os sentimentos têm diversos graus de intensidade, as

experiências emocionais são experiências de grau, isto é, variando de estados de

humor medianamente positivos ou negativos e atingindo emoções intensas.

Nesta pesquisa, viu-se necessário, também, distinguir “humor” de “emoção”.

Para Forgas (1995), humor está ligado ao julgamento de informações, pode durar

meses e não possui uma expressão facial associada, “são estados emocionais não-

específicos [...]” (SCHMITT, 2000, p.131). Já as emoções, são uma resposta

episódica, duram segundos (EKMAN, 2007). “São estados emocionais gerados por

estímulos específicos. Chamam atenção para si mesmas e interrompem outras

atividades” (SCHMITT, 2000, p.132).

Quadro 5 - principais emoções do consumidor

Raiva Descontentamento Aborrecimento Tristeza

Medo Vergonha Inveja Tristeza

Romântico Amor Paz Contentamento

Otimismo Alegria Excitação Outros Itens

Fonte: SCHMITT (2000, p.141).

Aprofundando-se no campo das emoções, Schmitt (2000) destaca que há

emoções básicas e emoções complexas. Segundo ele, emoções básicas constituem

os componentes básicos da vida afetiva, como emoção positiva da alegria, negativas

da raiva, desgosto e tristeza, são expressões que podem ser reconhecidas em todas

as culturas do planeta. Já as emoções complexas são fusões das emoções básicas,

um exemplo é a nostalgia. De acordo com Schmitt (2000, p. 134) “tipos distintos de

emoções (básicas ou complexas) são causados por três principais aspectos ou

mudanças: eventos (isto é, coisas que acontecem), agentes (pessoas, instituições,

situações) e objetos”. Para exemplificar, o autor faz uma comparação: “substituir

‘objetos’ por ‘produtos’ ou ‘marcas’, ‘agentes’ por ‘companhias’ e ‘narradores’, e

‘eventos’ por ‘situações de consumo’ (SCHMITT, 2000, p.135).

Page 36: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

36

Falando em consumo, Schmitt (2000) diz que a emoção acontece

principalmente durante o consumo, e que há sentimentos fortes no contato e na

interação, principalmente com os encontros pessoais. Lindstrom (2012) classifica o

mais forte ato de consumo pelos neurônios-espelho, ele diz que é o fenômeno de

repetir o mesmo ato de consumo de outra pessoa.

As experiências de sentimento podem assumir diversas formas, que variam

desde humor médio até emoções fortes. A situação de consumo é fundamental, mas

as comunicações pré-consumo podem influenciar o tipo de sentimento, fazendo com

que o consumo seja interpretado (sentido) de uma forma desejada (SCHMITT, 2000,

p.146). “A emoção, de um modo geral, tem um forte impacto sobre a memória, que

por sua vez, impactam na percepção do consumidor e, é claro, em suas decisões”

(CARLOS JR, 2016, p.53).

3.3 PENSAMENTO

Valsiner (2012) comenta que o pensamento humano é organizado pelo seu

entorno social e ocorre por meio de dispositivos mediadores, como signos e

descobertas. Crenças e superstições também guiam os processos mentais,

orientando a pessoa em direção a alguns modos de sentir e pensar, e afastando-a

de outros.

O marketing de pensamento tem essa capacidade de conseguir que as

pessoas pensem de outra forma sobre hipóteses e expectativas existentes,

promovendo importantes mudanças de paradigmas da sociedade (SCHMITT, 2000).

O autor define que a essência do marketing de pensamento é atrair o pensamento

criativo do consumidor à uma empresa e suas marcas.

Schmitt (2000) menciona que há dois tipos de pensamento: convergente e o

divergente. Referem-se a diferentes formas de funcionamento. Um estreita o foco

mental até que convirja para uma solução, o outro amplia o foco mental para várias

direções diferentes.

Page 37: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

37

Quadro 6 - tipos de pensamentos

Pensamento convergente Pensamento divergente

É o raciocínio analítico ou pensamento probabilístico, que envolve aspectos

racionais bem definidos.

É um pensamento mais livre, com flexibilidade, originalidade e geralmente

mais agradável.

Fonte: SCHMITT (2000)

De forma mais prática e aplicando os dois tipos de pensamentos em

campanhas publicitárias ou outras formas de comunicação, Schmitt (2000) comenta

que o pensamento convergente requer uma lista específica de temas e uma

definição clara de tarefas, além de fazer uma abordagem direcional sobre o que, ou

como, se supõe que os consumidores pensam. Já no pensamento divergente, o

autor descreve que pode ser atingido através de campanhas de pensamento

associativo, usando, principalmente, conceitos abstratos, mais genéricos, e também

de imagens visuais difusas.

Para criar uma campanha de pensamento bem-sucedida, Schmitt (2000) diz

que é necessário, primeiramente, criar uma sensação de surpresa, depois

acrescentar uma dose de interesse e, por fim, dar uma pitada de provocação.

O objetivo do pensamento é incitar o raciocínio criativo dos clientes. O processo criativo inclui tanto o pensamento convergente quanto o divergente. Para fazer um apelo ao pensamento criativo, os gerentes podem adotar tanto a abordagem direcional quanto associativa. Isso requer a compreensão das estruturas de conhecimento do cliente e seus recursos de atenção e concentração. O princípio básico para despertar a motivação certa para pensar combina surpresa com interesse e (às vezes) dá um sentido de provocação (SCHMITT, 2000, p. 162).

3.4 AÇÃO

Schmitt (2000, 163) diz que o marketing de ação tem a “intenção de criar

experiências para o cliente relacionadas com seu corpo, experiências que

modifiquem padrões de comportamento e estilo de vida, e de interação com outras

pessoas”. Porém, segundo ele, os profissionais de marketing têm ignorado a noção

das experiências de ação, e que a área de estudo do comportamento do consumidor

tem se interessado mais em influenciar, classificar e prever comportamentos e

estilos de vida do que em compreender as qualidades experienciais da ação.

Page 38: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

38

Carlos Jr (2016) diz que esse tipo de marketing pode inspirar a ação e levar o

público a uma jornada de mudanças e transformações. Dentro do marketing de

ação, o autor cita que há três frentes de atuação, tratadas a seguir: experiências do

corpo, estilos de vida e interação.

Figura 5 - Tipos de experiências de ação

Fonte: SCHMITT (2000, p.169).

Aprofundando-se nos três tipos de experiência de ação, a pesquisa aborda,

num primeiro momento, como ocorre o processo de experiências do corpo. De

acordo com Schmitt (2000), o aspecto físico é um poderoso gerador de experiências

e que o marketing apropriado dessas características depende basicamente de criar

produtos, estímulos e climas certos, porém é necessário ter um certo cuidado,

porque, em determinadas culturas, o corpo é considerado um tabu. Ações motoras e

sinais corporais são outras formas de manifestação de experiência do corpo, e isso

pode ser visto pelos movimentos naturais do corpo que podem dizer: aproximação e

afastamento, preferência e rejeição, domínio e submissão, além dos famosos sinais

de mexer a cabeça para cima ou para baixo. Algumas dessas situações podem

passar despercebidas pelo autor, tratando-se de comportamento não-verbal. Por fim,

as influências ambientais sobre desejos físicos, autopercepções fecham o ciclo das

Page 39: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

39

experiências do corpo. Esta etapa baseia-se, principalmente, nas mudanças das

quatro estações e alteração entre dia e noite, aspectos que mudam o

comportamento do consumidor com relação ao seu corpo.

Num segundo momento, Schmitt (2000) menciona os estilos de vida como

outro fator do comportamento humano, dizendo que estilo de vida se refere a tudo,

desde passear com o cachorro até cuidar de um jardim, ou seja, ao padrão de vida

como um todo. O autor propõe que os profissionais de marketing não devem estar,

somente, atentos às tendências de estilos de vida, mas serem os agentes

orientadores dessas tendências, através de mudanças comportamentais, induzindo

a ações e usando modelos.

A interação é o terceiro tipo de experiência de corpo, também chamadas de

ação racional, e podem ser exploradas para mostrar valores e autoconceitos. Nesse

ponto, Schmitt (2000, p.176) classifica as “experiências relacionadas com a

interação entre pessoas. Elas não ocorrem num vácuo social. O comportamento não

depende somente das crenças, atitudes e intenções de resultado, mas também das

crenças e das normas sociais dos grupos de referência”.

3.5 IDENTIFICAÇÃO

Segundo os pretextos de Schmitt (2000), o marketing de identificação

relaciona a pessoa com o contexto social e cultural de uma marca, analisando

sentimentos, sensações, ações individuais e cognições. O autor ainda define

identificação como:

Conseguir uma ligação com outras pessoas, com outros grupos sociais (por exemplo: ocupacionais, étnicos ou de outro estilo de vida) ou com um grupo mais abstrato, como país, sociedade ou cultura. O marketing de identificação geralmente passa experiências de sensação , sentimento, pensamento e ação. Contudo, seu principal objetivo é desenvolver uma ligação entre o significado social da marca e o cliente (SCHMITT, 2000, p.179).

Page 40: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

40

Figura 6 - Tipos de experiências de identificação

Fonte: SCHMITT (2000, 184).

Carlos Jr (2016) menciona que, para se ter uma identificação forte com seu

público, usar a técnica do storytelling é uma excelente alternativa. De modo geral,

baseia-se em contar um acontecimento ao consumidor, organizando fatos reais em

uma estrutura de história.

A essência do marketing de identificação é conseguir que as pessoas se

identifiquem com outras pessoas, com outros grupos e com outras culturas

(formadas por pessoas) via marcas. Contudo, seu principal objetivo é desenvolver

uma ligação entre o significado social da marca e o cliente.

3.6 PROVEDORES DE EXPERIÊNCIAS

Seguindo as orientações do marketing experimental, esta parte da pesquisa

aborda a implantação da experiência, ou seja, exemplificar de que maneira os tipos

de experiências, visto anteriormente, podem ser aplicadas. As experiências ocorrem

por meio dos provedores de experiências, ou ProExs. Schmitt (2000) menciona que

os ProExs são componentes táticos de implementação à disposição do profissional

Page 41: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

41

de marketing. Segundo o autor, os provedores de experiências se dividem em sete

ferramentas, são elas: as comunicações, a identidade visual e verbal, a presença do

produto, as co-marcas, os ambientes espaciais, a mídia eletrônica e as pessoas.

Sendo esses os instrumentos possíveis de aplicação do marketing

experimental, a investigação abordará eles individualmente. Isso significa expor as

diferentes possibilidades encontradas dentro de cada um deles. Para isso, um viés

teórico-prático será utilizado, trazendo conceitos do capítulo de eventos.

3.6.1 Comunicações

Brito (2002) diz que comunicação é o processo de passar uma informação

selecionada a um destinatário, transferindo significado. Paiva (2008) diz que a

comunicação presta importante papel de informar aos consumidores a existência de

um produto desejado, com um determinado preço, disponível em determinado lugar.

Segundo Kotler (2015), a eficácia da comunicação depende de como a mensagem é

expressa, assim como do conteúdo da mensagem em si. Contudo, segundo ele,

para muitas empresas o problema não é comunicar, mas o que dizer, para quem

dizer e com qual frequência fazer.

Sendo o primeiro provedor de experiência citado por Schmitt (2000), os

ProExs de comunicação incluem a publicidade e propaganda, comunicações

internas e externas da empresa. Materiais impressos, audiovisuais, relatórios,

campanhas de relações públicas da marca, entre outros, constituem a gama de

comunicação de uma instituição.

Sandmann (2012, p.10) faz uma ressalva e descreve que o termo publicidade

“é usado para a venda de produtos ou serviços e propaganda tanto para propagação

de ideias como no sentido de publicidade. Propaganda é, portanto, o termo mais

abrangente e que pode ser usado em todos os sentidos. Com relação à

comunicação interna, Kunsch (2016) comenta que pode ser compreendida como

interações entre a organização e seus empregados, sendo um setor planejado, com

objetivos bem definidos. E a comunicação externa é toda a informação que uma

organização desenvolve, junto do seu público-alvo ou opinião pública, para promover

a sua imagem. Sobre o uso das relações públicas na comunicação:

Page 42: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

42

A cultura é uma dimensão fundamental para entender o modelo de comunicação adotado nas companhias. Ficou claro que os elementos da cultura organizacional – crenças, valores, mitos, ritos, normas, políticas etc. – estabelecem nas empresas determinado cenário que define padrões de comportamento dos seus membros. Cabe também destacar que o processo de comunicação é diferente em cada localidade na qual a organização se encontra. Uma vez que o estudo foi aplicado em dois países, ficou evidenciado que a dimensão intercultural é vital para entender os códigos, o discurso, as práticas e os símbolos que uma organização valoriza em detrimento de outra, dependendo da região na qual se situa (FERRARI, 2000 apud KUNSCH, 2016, p. 17).

De forma geral, a comunicação como provedor de experiência é amplo e

fornece um leque muito grande de opções. De acordo com Schmitt (2000), pode

atingir o consumidor através dos cinco módulos de experiência.

3.6.2 Identidades

Wheeler (2012) destaca que a identidade da marca reúne elementos ímpares

e os unifica em sistemas integrados. Alimenta o reconhecimento, amplia a

diferenciação e torna grandes ideias e significados mais acessíveis.

Meirelles (1999, p. 78) “A programação visual, como um todo, tem por função

captar a atenção do público-alvo por meio de sua mensagem clara, direta, lima,

bonita e agradável e deve ser analisada do ponto de vista estético”. Nesse aspecto,

criatividade, originalidade, forma, beleza, harmonia, equilíbrio e memorização se

caracterizam como o estético da identidade.

É um conceito que engloba o comportamento de uma marca, suas atitudes

seus valores mais expressivos, seu posicionamento e seu grau de comprometimento

com o propósito ou missão definida para o negócio de uma marca. A identidade de

uma marca seria um indicador do quanto uma marca é capaz de permanecer

próxima ou de se afastar da linha traçada como objetivo para a entrega satisfatória

da promessa que faz ao mercado (ADMINISTRADORES, 2014).

Kotler (2005) defende que as organizações necessitam de uma identidade

visual que o público reconheça de imediato e que essa identidade é, posteriormente,

transmitida por logos, instalações e uniformes. “Assim como os meios de

comunicação e outros ProExs, a identidade visual/verbal pode ser usada para criar

marcas com sensação, sentimento, pensamento, ação e identificação” (SCHMITT,

Page 43: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

43

2000, p.92). O autor descreve a presença de nomes, logotipos, sinais e símbolos

como aspectos de uma identidade visual/verbal.

3.6.3 Produto e serviço

A presença do produto ou de um serviço, de acordo com Schmitt (2000),

também podem gerar experiências no consumidor. Entre esses ProExs, há o design,

embalagem, display onde o produto está exposto, materiais de ponto de venda e

atendimento. Segundo Kotler (2005) um produto ou serviço pode ser entendido

como tudo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer seu desejo ou

necessidade. Considerando essas afirmações, percebe-se a amplitude de

possibilidades geradas pelos produtos e serviços, ou junção dos dois, em um

marketing diferenciado.

Churchill (2003) defende que as organizações voltadas para o valor procuram

não só perguntar aos potenciais clientes o que eles desejam, mas saber do que é

provável eles precisem. O autor ainda afirma que produtos bem projetados

apresentam um nível razoável de segura, são fáceis de usar conforme o pretendido,

agradáveis para os sentidos e que suas embalagens acrescentam valor para os

clientes, além de serem funcionais. No mesmo sentido, Carlos Jr (2016) classifica os

produtos e serviços em uma escala com quatro níveis buscados pelos

consumidores: ter utilidade, ser fácil de usar, ser legal e ser apaixonante. Significa

dizer que, num primeiro momento o produto ou serviço precisa atender às

necessidades reais das pessoas, também precisa ser fácil de usar, em terceiro o

produto ou serviço precisa ser legal na hora do uso e, por fim, ser apaixonante,

possibilitar a experiência de momentos de valor emocional único.

Fazendo um elo com o capítulo anterior, Allen (2003) menciona

características, especificamente, dos serviços voltados a eventos.

Page 44: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

44

Tabela 7 - Aspectos dos serviços em um evento

Características do desenho/pacote

Localização, produção, mix de entretenimento, provisão de alimentos e bebidas, capacidade de assentos, filas, decoração, tema, iluminação.

Componente de serviço

Número de funcionários em serviço, grau de treinamento, uniformes, padrão de qualidade o serviço.

Marca Importância dada ao nome do evento e significado desse nome para os consumidores.

Reputação/posicionamento

Onde se posiciona o evento em termos de demanda do consumidor - da classe A até o mercado de massa.

Fonte:Allen (2003, p.115).

Todavia, a experiência de uma prestação de serviço sempre acontece

individualmente para cada cliente, logo suas percepções também serão particulares,

ou seja, a percepção quanto ao serviço prestado pode variar de um consumidor para

outro (RAHME, 2017, p.69).

3.6.4 Co-marcas

De acordo com Schmitt (2000), como os outros Pro-Exs, as co-marcas podem

ser usadas para desenvolver qualquer um dos cinco tipos de experiências. Isso inclui

o marketing de eventos e patrocínios, as alianças e sociedades, licenciamentos,

inclusão do produto em filmes, campanhas comunitárias e outros tipos de parcerias

(SCHMITT, 2000, p. 137).

Na visão do autor, as co-marcas podem entrar como parceiros de uma marca.

Como visto em 2.0, os mesmos podem ser tratados como patrocinadores.

3.6.5 Ambiente

Schmitt (2000) determina os espaços ambientais como uma extensão da

marca, que devem seguir os valores e propósitos sugeridos por ela. São os prédios,

escritórios, fábricas, lojas, espaços públicos, de feiras comerciais, entre outros

espaços físicos em que a instituição se propõe a trabalhar.

Page 45: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

45

Com uma visão mais arquitetônica, Ching (2013) salienta a importância do

espaço. Ele diz que o espaço herda as características sensuais e estéticas dos

elementos em redor, além de ser o ingrediente primordial pelo qual o ambiente será

formado. Pelo ambiente as pessoas percebem formas, ouvem sons, sentem brisas e

fragrâncias.

Como um dos principais elementos de um ambiente, Allen (2003, p. 297)

destaca que “a iluminação de um local tem duas funções. Pragmaticamente, as

luzes permitem a todos ver o que está acontecendo; artisticamente, elas são parte

integrante do formato do evento”. Junto a isso, o som complementa o espaço como

fator primordial. Para Ching (2013), em um recinto, o som se faz presente

diretamente de sua fonte e depois de uma série de reproduções daquele som.

Porém, deve-se ter cuidado com a propagação do som, pois pode causar problemas

de eco, ruídos e demais problemas auditivos. Allen (2003) faz a mesma ressalva

com relação ao som, o autor diz que o volume e o vazamento de som podem

representar um sério problema.

O audiovisual e efeitos especiais, como fogos de artifício, são outros

componentes que podem complementar o ambiente. Allen (2003) diz que esses

tipos de elemento são usados para chamar a atenção do público, causar euforia,

entusiasmo e manter o interesse.

De modo geral, o ambiente é formado pela união das individualidades que

formam o espaço. Ching (2013) diz que esses fatores devem ser pensados em

diversos aspectos e em suas variáveis, porque, segundo ele, o ambiente é formado

pela percepção geral do indivíduo.

3.6.6 Digital

Para Schmitt (2000, p.103) “a capacidade de interatividade da Internet é um

fórum ideal para muitas empresas criarem experiências para o consumidor”. Ele

comenta que as empresas não devem utilizar, somente, os meios digitais como

ferramenta de informação, mas também podem utilizá-los para modificar totalmente

uma experiência de comunicação. Ou seja, interagir e estreitar laços com seu

público, tornando-os em futuros clientes.

De acordo com Miskolci (2017), na internet, principalmente em redes sociais,

a interação entre os indivíduos e a horizontalidade das relações é o fator

Page 46: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

46

predominante. “A rede virtual derrubou fronteiras, conectou o mundo, interligou

vidas. Atualmente, é possível fazer várias atividades pela rede: adquirir

conhecimento, construir sites, comunicar e se relacionar com outros, bem como

comprar” (RAHMA, 2017, p. 73).

Citado por Parente (2016), hoje em dia a internet é conhecida como web 3.0.

Nessa nova fase, denominada também de web semântica ou a internet das coisas, o

autor enaltece as redes sociais.

O crescimento exponencial das redes sociais como o Facebook, Google+, Instagram, YouTube, o microblog Twitter, as redes colaborativas como a Wikipedia, os jogos online, comunicadores como Whatsapp, dentre outros, somado à diminuição do custo de gadgets e da conexão online, tem transformado o mundo em uma sociedade hiperconectada… Por meio de códigos, dispositivos, ou mesmo com um smartphone, hoje é possível criar experiências de compra e, até mesmo, multissensoriais de forma relativamente simples (PARENTE, 2016, p. 13).

Como pode ser visto até aqui, o estudo apresentou o rápido crescimento dos

meios digitais e como os mesmos estão presentes na cultura da sociedade atual.

Entende-se esse crescimento como uma revolução impulsionada pelo digital e que

“já começou a mudar radicalmente vários mercados, como o de transportes, de

hospedagem, de entretenimento entre outros, e mais cedo do que imagina vai

impactar o seu negócio, seja onde for” (CARLOS JR, 2016, p. 21).

3.6.7 Pessoas

Rahme (2017, p.71) destaca que “as pessoas são funcionários que prestam

os serviços e os clientes que os recebem”. Schmitt (2000) comenta que o ProEx

final, as pessoas, pode ser um provedor poderoso de experiência para cinco MEEs.

Esse provedor de experiência, segundo o autor, conta com vendedores,

representantes da empresa, prestadores de serviço ao cliente e qualquer outro que

tenha ligação com a empresa e com a marca.

A considerar que a maioria dos serviços são fornecidos por pessoas, a

seleção, o treinamento e a motivação dos funcionários devem fazer parte da filosofia

de trabalho da empresa (PAIVA, 2008). Para o autor, o ideal é que os funcionários

apresentem competência, interesse, capacidade de resposta, iniciativa, habilidade

Page 47: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

47

de resolver problemas e boa vontade, pois esses fatores podem fazer enorme

diferença na satisfação do cliente.

Segundo Rahme (2017), as atitudes e expressões corporais das pessoas

podem dizer muito sobre o ambiente atual. O autor complementa dizendo que as

pessoas interferem direta e indiretamente no processo com determinadas reações

durante a comunicação.

3.7 QUESTÕES ESTRUTURAIS, ESTRATÉGICAS E ORGANIZACIONAIS

Até então, a pesquisa abordou o que é marketing de experiência, suas

características e ideais, além de exemplificar os tipos de experiências que esse tipo

de marketing proporciona. Conforme citado na página 32, é importante, antes de

tudo, traçar as metas e os objetivos estratégicos da campanha, para se ter o melhor

resultado do marketing experimental. Para Schmitt (2000, p.219), “Questões

estratégicas são questões de opção. São definidas por determinados objetivos. As

decisões estratégicas em marketing não são tomadas isoladamente, mas após

cuidadosa análise do cliente e de questões competitivas”. De acordo com ele, a

etapa de avaliação da tomada de decisão se divide em descobrir três fatores: quem

é o cliente, qual provedor de experiência usar e qual o tipo de experiência

proporcionar.

Carlos Jr (2016) comenta que algo valorizado por uma pessoa, não

necessariamente será valorizada por outra e que, para iniciar o processo de criação

de uma experiência única de valor, deve-se conhecer o mais profundamente

possível o seu público-alvo.

Por que você deveria escolher uma abordagem de marketing de sensação em vez de sentimento, pensamento, ação ou identificação? Em outras palavras: por que você deveria lançar um determinado tipo de de campanha de marketing experimental? Como tomar decisão? Depois de escolher o tipo de MEE, como deve transformá-lo em imagens e mensagens? Entre as principais questões dessa análise, temos: (SCHMITT, 2000, p.119).

Schmitt (2000) também cita a grade experimental para conseguir analisar

melhor os fatores. A ideia da grade de duas dimensões consiste em traçar linhas

horizontais e verticais (ProExs e MEEs) e é extremamente útil para planejar o

Page 48: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

48

marketing experimental. De acordo com o autor, a grade experimental pode adaptar-

se a muitas direções dependendo das necessidades e dos objetivos da empresa.

Figura 7 – Grade experimental do marketing de experiência

Fonte: SCHMITT (2000, p.88)

Com essas perguntas devidamente respondidas, pode-se cruzar informações

e, através de uma análise cuidadosa, tecer o perfil do seu público. A partir daí, iniciar

a construção de uma experiência de valor realmente pertinente e relevante para o

público que sua empresa precisa conquistar (CARLOS JR, 2016, p. 39).

Page 49: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

49

4 METODOLOGIA

Severino (2000, p.18) define metodologia como “instrumentos operacionais,

sejam eles técnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir

maior aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia”. Sendo assim, visando

alcançar os melhores resultados na resolução dos objetivos geral e específicos,

constatou-se que seria necessário, em um primeiro momento, definir qual seria a

metodologia adequada, desde seu tipo e abordagem até os seus métodos e técnicas

de aplicação.

Como o estudo visa fornecer esclarecimento e compreensão, o tipo de

pesquisa mais adequado é o exploratório. Pois, segundo Gil (2008), quando os

pesquisadores enfrentam um problema, não totalmente compreendido, a pesquisa

exploratória pode ser muito valiosa. É o que sugere Isidoro (2015) com relação à

problemática, além de proporcionar maior familiaridade com o caso, esse tipo de

pesquisa tem o intuito de torná-la mais explícita. De acordo com autor, a pesquisa

exploratória, na forma de entrevistas individuais em profundidade ou discussão em

grupo (grupos de foco), fornece informações valiosas para a solução de um

problema, podendo haver, também, análise de exemplos que estimulem a

compreensão.

No que diz respeito à abordagem, este estudo será qualitativo, pois, de

acordo com Minayo (1994), essa forma surge diante da impossibilidade de investigar

e compreender alguns fenômenos voltados à percepção, intuição e à subjetividade,

não podendo, assim, os dados obtidos serem quantificados. Como Oliveira (2002)

sugere, as pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade

de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema,

analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos

dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo

de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em

maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos

comportamentos ou atitudes dos indivíduos (OLIVEIRA, 2002, p.117).

Por apresentar um caráter exploratório e qualitativo, o estudo de caso se

encaixa na elaboração da pesquisa, pois, de acordo com Yin (2005), essa forma de

estudo representa, principalmente, quando o pesquisador tem pouco domínio sobre

os acontecimentos ou o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos

Page 50: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

50

em algum contexto da vida real. Além disso, o grupo focal será utilizado para traçar

as teorias obtidas. Nesse aspecto, Barbour (2009) diz que esse esquema propõe

analisar a interação entre participantes, em vez de perguntar a mesma questão

individualmente, além disso, os grupos focais têm proporcionado insights em uma

grande variedade de questões de pesquisa. A autora comenta que um dos usos

mais comuns, destinados aos grupos focais, é na fase exploratória de um projeto de

pesquisa. São técnicas fundamentadas cientificamente e estão suficientemente

testadas no campo da educação, com resultados bastante favoráveis (ZITTA, 2012,

p.26).

Tendo em vista o grupo focal como forma de levantamento de dados, sua

técnica de aplicação ocorreu para investigar a relação entre o marketing de

experiência e festivais de música. A pesquisa foi elaborada, previamente, através de

um roteiro disponível no Apêndice A. As pessoas selecionadas para a entrevista

foram participantes do festival de música eletrônica Tomorrowland Brasil 2016, entre

homens e mulheres de 21 a 32 anos, tendo uma amostra de dez (10) pessoas, pois,

de acordo com Barbour (2009, p. 88) “o tamanho ideal de um grupo é de 10 a 12

pessoas”. As perguntas utilizadas no grupo focal foram divididas em seis etapas,

além disso, a pesquisa coletou o nome do (a) participante, gênero, idade, profissão e

formação. O local de execução da atividade se deu em uma sala, com todos

sentados em círculo e de frente para o mediador. O registro durou aproximadamente

40 minutos e teve sua captação de som e imagem por meio de uma câmera

filmadora. O grupo focal aconteceu no dia 18 de novembro de 2017.

Page 51: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

51

5 ESTUDO DE CASO

Com o objetivo de verificar os dados obtidos através dos estudos do

referencial teórico sobre o tema proposto por esta pesquisa, tendo como objeto de

análise o festival de música eletrônica Tomorrowland Brasil 2016, viu-se necessária

a reflexão de alguns fatores relacionados à marca.

Em um primeiro momento, percebe-se a importância de um breve resgate do

histórico da empresa, apresentando seus ideais e características, além de uma

descrição de como foi a realização da edição deste evento, de porte internacional,

no Brasil em 2016. Essa apresentação foi elaborada a partir de pontos citados por

Schmitt (2000), fazendo uma comparação entre os possíveis provedores de

experiências, juntamente com os aspectos do festival.

Após, com tais informações em mãos, realizar a análise dos dados obtidos

em grupo focal, para, com maior domínio, ampliar as possibilidades de análise da

ferramenta, a partir da sustentação teórica já obtida. Além de ser usado como roteiro

para analisar o Tomorrowland Brasil 2016, a teoria sobe o marketing de experiência

de Schmitt (2000), serviu para guiar o grupo focal.

5.1 HISTÓRIA DA TOMORROWLAND

De acordo com informações obtidas no site oficial da empresa3,

Tomorrowland é um festival de música eletrônica que ocorre anualmente na cidade

de Boom, na Bélgica. O evento acontece uma vez por ano, tendo sua duração de

quatro dias, sempre no mês de julho. Do termo em inglês, Tomorrowland significa

“Terra do amanhã” e é organizado pela ID&T, maior empresa de entretenimento e

organização de eventos de música e dança do mundo (TOMORROWLAND, 2017).

Conforme diz Czajkowski (2017) no capítulo II, entende-se a ID&T como organização

anfitriã, um dos públicos de um evento. Tais informações, de acordo com o que diz

Matias (2013), também demonstram que este evento é denominado como um

festival.

O festival acontece em um parque repleto de magia, experiências e é famoso

pelo seu desempenho com fogos de artifício, fontes de água, fogo, contos de fadas,

e simbolismos New Age. Desde a primeira edição o festival aplica o tema: Yesterday

3 Disponível em: https://www.tomorrowland.com/global/. Acesso em 02 de dezembro de 2017.

Page 52: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

52

is History, Today is a Gift, Tomorrow is Mystery (Ontem é História, Hoje é uma

dádiva, Amanhã é mistério). Além da música como principal elemento, o festival

conta com praças de alimentação, ambientes temáticos, área de campismo, atores

fantasiados e lojas que comercializam os produtos com a marca da Tomorrowland

(TOMORROWLAND, 2017).

A primeira edição do evento ocorreu em 14 de agosto de 2005, com pouco

mais de 10.000 pessoas. No ano seguinte, a segunda edição não só aumentou com

relação aos espectadores, 13.000, mas em termos de atendimento, magia e

experiência. Os anos foram se passando e o boca-a-boca ajudou o festival a ganhar

proporções internacionais (TOMORROWLAND, 2017).

Figura 8 - Primeira edição do Tomorrowland em 2005

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

Em 2008, pela primeira vez, o Tomorrowland aconteceu em dois dias,

alcançando a marca de 50.000 pessoas. A procura pelo festival continuou a crescer

com o passar dos anos e, em 2011, o evento adicionou um terceiro dia ao festival.

Nessa edição os participantes ficaram acampados em um espaço cedido pelo

próprio evento, além disso todos os 180.000 ingressos foram vendidos em menos de

um dia (TOMORROWLAND, 2017). Essa afirmação, comparada ao que diz

Page 53: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

53

Czajkowski (2016), coloca o Festival em questão no patamar dos Megaeventos, pela

grande quantidade de público por edição.

De acordo com a Tomorrowland (2017), em seu site, depois de ganhar o

International Dance Music Award para melhor evento de música, em 2012,

Tomorrowland tornou-se oficialmente o festival mais global da Terra, tendo como

tema palco principal o lendário “The book of Wisdom” (O livro da sabedoria). A

procura por bilhetes foi tão grande que ultrapassou em dez vezes o número de

ingresso disponíveis para a edição, que eram de 180.000 unidades.

Figura 9 - Edição de 2012 do Tomorrowland

Fonte: TOMORROWLAND (2017)

Nos últimos anos, o festival ocorreu em dois finais de semana seguidos do

mês de julho, onde mais de 200 nacionalidades juntas formaram um público de

aproximadamente quatrocentas mil pessoas por edição. Conforme o evento foi

evoluindo, com relação ao número de participantes, sua estrutura acompanhou o

crescimento. A organização do evento investiu em novas formas de atrair seu

público para cada nova edição. Ingressos em papel foram substituídos por pulseiras

de couro entregues na casa de cada consumidor, mais palcos foram construídos,

diferentes patrocinadores e agências de viagem apostaram na proposta do evento.

Tudo para proporcionar novas e diferentes experiências a seu público

(TOMORROWLAND, 2017).

Page 54: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

54

Como uma das formas de expansão da marca Tomorrowland, em 20 de julho

de 2014, durante os 10 anos de aniversário do festival, foi anunciado que haveria

uma edição brasileira do festival, em maio de 2015. A primeira edição do evento no

Brasil ocorreu e foi um grande sucesso, levando a organização a promover a

segunda edição do evento em terras tupiniquins, dessa vez em março de 2016

(TOMORROWLAND, 2017).

Figura 10 - Edição de 2017 do Tomorrowland

Fonte: TOMORROWLAND (2017)

5.2 APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO TOMORROWLAND BRASIL 2016

Após o grande sucesso da primeira edição do Tomorrowland no Brasil, a

organização do evento decidiu investir novamente no país. O tema da edição 2016

foi The Key to happiness (A chave para a felicidade), ocorreu nos dias 20, 21, 22 e

23 de abril, no Parque Maeda, em Itu-SP. O festival contou com 6 palcos diferentes,

140 Dj’s e com um público-final de aproximadamente 150.000 pessoas

(JOVEMPAN, 2016).

Segundo o Diário de Pernambuco (2016), o evento proporcionou opções

variadas a seu público, onde foi possível participar do evento em dias específicos ou

em todos os dias. De acordo com o Diário de Pernambuco4 (2016), quem escolheu

4 Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2015/08/04/internas_viver,590514/tomorrowland-brasil-divulga-preco-dos-ingressos-para-edicao-de-2016.shtml>. Acesso em 29 de novembro de 2017.

Page 55: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

55

participar dos três dias de festa, ainda, teve a opção de acampar no parque do

festival. Uma pequena cidade montada exclusivamente para atender a esse público.

Figura 11 - Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

Com relação à adesão, o Festival Tomorrowland se enquadra no que define

Czajkowski (2017): evento aberto por adesão. Conforme visto no capítulo II, esse

tipo de evento é aquele apresentado e sujeito a um determinado segmento de

público, que tem a opção de aderir mediante inscrição gratuita e/ou pagamento de

taxa de participação.

De acordo com a Jovem Pan (2016), rádio oficial do Tomorrowland Brasil

2016, para ter acesso ao festival, o participante precisou adquirir seu ingresso pelo

site oficial do evento, onde o tradicional ticket em papel foi substituído por braceletes

de couro. Junto à compra, se fez necessário o processo de personalização da

pulseira (processo de vinculação da pulseira ao portador do ingresso), pois cada

participante recebeu sua pulseira no endereço desejada. Após o recebimento, foi

necessário fazer a ativação da pulseira no site oficial da Tomorrowland Brasil.

Além de ser uma forma de criar experiência de consumo nas pessoas, pois

cada participante recebeu seu ingresso na comodidade de sua casa, a pulseira era

personalizável. Ainda sobre os benefícios desse tipo de ingresso, a pulseira serviu

como acessório e evitou filas desnecessárias no dia do evento.

Page 56: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

56

Figura 12 - Ingresso em forma de pulseira, enviado a cada participante antes do evento

Fonte: PHOUSE (2016)

Conforme citado acima, quem optou por acampar no evento teve a sua

disposição uma minicidade, o Dreamville. Esse espaço era o alojamento oficial do

festival, contou com barracas e chalés para todos os gostos e bolsos, onde o

consumidor ficou durante todos os dias do festival, com a estrutura de um vilarejo

multicultural (JOVEMPAN, 2016).

Figura 13 - Dreamville Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

Page 57: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

57

No acampamento houve o The Gathering, área do Dreamville dedicada à

festa oficial do camping, que aconteceu um dia antes do Tomorrowland

(JOVEMPAN, 2016).

Ainda, de acordo com a Rádio Jovem Pan (2016), o Tomorrowland Brasil

2016 foi um festival cashless, ou seja, não houve a necessidade de circulação de

dinheiro físico ou fichas dentro do evento. O comércio de alimentos, bebidas e outros

produtos foi realizado eletronicamente, por meio da pulseira de acesso ao festival.

Bastava ao consumidor inserir em sua pulseira os Pearls, moeda oficial do evento, e

aproximá-la à um dispositivo de leitura na hora de efetuar o pagamento. Esse

método é idêntico ao sistema pré-pago dos celulares, onde a pessoa insere carga

em seu celular e consome conforme sua necessidade. Em todo o parque do festival

haviam guichês para inserir mais dinheiro virtual ou dar suporte caso alguma

pulseira sofresse dano ou fosse perdida (JOVEMPAN, 2016).

Figura 14 - Pagamento via pulseira no Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: PHOUSE (2016)

Segundo a organização do evento, a ideia de utilização desse tipo de sistema

foi para diminuir filas e aumentar a segurança, minimizando os riscos de perda e

roubo de dinheiro. A tecnologia que permitiu o pagamento através da pulseira foi a

Page 58: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

58

de identificação por radiofrequência. Por meio dos sinais de rádio, este método capta

automaticamente dados armazenados em pequenos dispositivos, chamados de

etiquetas RFID. Estes objetos contêm chips de silício e antenas que respondem às

ondas de uma base transmissora, podendo permitir a troca de informações

(OMELETE, 2016).

Buscando oferecer uma experiência visual a seu público, praticamente todos

os ambientes do festival, como praça de alimentação, locais de descanso, acesso de

entrada e saída eram decorados e continham a essência da Tomorrowland. Os

palcos para shows eram os mais decorados e chamativos, pois contavam com luzes,

fogo, gelo seco, telão e fogos de artifício. Além disso, haviam as lojas oficiais do

evento. Espaços também decorados, onde o participante poderia comprar artigos do

festival, como camisetas, bonés, bandeiras, óculos de sol e carregadores de bateria

de celular (PHOUSE, 2016).

Figura 15 - Decoração Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

De acordo com a Promoview (2016), site especializado em ações

promocionais no Brasil, outro ambiente preparado no festival foi a instalação de um

Page 59: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

59

simulador de Skydiving, que proporcionou aos presentes vivenciar a sensação real

de voo livre. Para participar da experiência única, o participante precisou vestir um

equipamento adequado, o mesmo utilizado por profissionais de Skydiving, e receber

orientações de instrutores profissionais, tudo com 100% de segurança).

A comunicação entre o Tomorrowland e seus participantes foi algo frequente

e sob diversas plataformas. Conforme analisado na rede social oficial do evento5,

foram postados vídeos e fotos, apresentando um conteúdo mais geral. Folders, em

formato de mapa, foram distribuídos e mostraram conteúdos mais específicos, como

horários de shows e locais (TOMORROWLAND, 2016).

Figura 16 – Postagem na rede social da Tomorrowland Brasil durante o festival em 2016

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

Fator importante de apoio para grandes eventos, os patrocinadores foram

outros elementos presentes na Tomorrowland Brasil 2016. Além de suas bebidas à

venda durante o evento, a Skol Beats forneceu aos participantes brindes e

5 Disponível em: < https://www.facebook.com/pg/TomorrowlandBrasil/photos/?ref=page_internal>. Acesso em 14 de novembro de 2017.

Page 60: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

60

experiências de consumo em seus estandes, chamados de Skol Beats Mystical. A

empresa ofereceu suas tradicionais bebidas, Senses e Spirit, em um novo estado

físico, o congelado. A bebida criada exclusivamente para o evento se chamou Skol

Beats Mystical, além disso, alguns drinks estavam premiados com experiências

surpreendentes: sobrevoo de helicóptero pelo festival e acesso a área vip do evento

(PROMOVIEW, 2016).

Figura 17 - Estande da Skol Beats enquanto atores do festival interagem com os espectadores

Fonte AUGUSTO ALBANA ON YOUTUBE (2016)

Outra a patrocinar o evento, a Fusion Energy Drink promoveu um palco dentro

do festival, The Pool. O espaço proprietário da marca contou com a performance de

personagens temáticos em união a grandes nomes da música eletrônica, tudo ao

redor de uma piscina. Para potencializar ainda mais a experiência de quem passou

pelo espaço, a marca promoveu o “Momento Fusion”. A ação constituiu-se em

presentear o público com brindes caindo do céu, em pequenos paraquedas na área

da piscina. O The Pool contou, também, com um camarote exclusivo, com visão

privilegiada para os shows, por onde circularam convidados vips da marca

(PROMOVIEW, 2016).

Sobre as pessoas, principal ingrediente de qualquer evento, as diversidades

culturais, de sexo, nacionalidade, cor, idade, entre outros, foram totalmente

Page 61: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

61

respeitadas, inclusive com os funcionários (BOXPOP, 2016). Por se tratar de um

evento com público global, o Tomorrowland virou destino dos amantes da música

eletrônica. Pessoas de todas as partes do mundo viajam para conhecer o festival.

Alguns funcionários estavam fantasiados com o tema do festival e interagindo

com o público. O Tomorrowland Brasil 2016 proporcionou um ambiente repleto de

fantasias, brincadeiras e experiências. Todos juntos curtindo a mesma atmosfera,

em um clima de paz e harmonia (BOXPOP).

Figura 18 - Confraternização dos participantes durante o Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

5.3 ANÁLISE DO GRUPO FOCAL

Conforme visto na metodologia, optou-se em utilizar o grupo focal para

alcançar os melhores resultados na busca da relação entre teoria e prática. Como

base no desenvolvimento das questões, utilizou-se a teoria de Schmitt (2000), mais

especificamente a grade experimental. A elaboração consistiu-se em analisar quais

os provedores de experiências o festival de música Tomorrowland Brasil 2016 fez

uso, bem como quais as experiências foram despertadas nos participantes. Junto a

essa teoria, para elaborar o questionário, utilizou-se aspectos citados na análise do

evento, como ambientes, pessoas, identidades, patrocinadores.

Page 62: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

62

Como parte do roteiro, a entrevista se dividiu em seis etapas, ou seja, seis

perguntas. Cada etapa propôs analisar um provedor de experiência, buscando

identificar qual experiência o mesmo despertou. A teoria de Schmitt (2000) mostra

sete possíveis provedores de experiência, porém o pesquisador entendeu que dois

deles têm a mesma finalidade. Portanto, o provedor de experiência “digital” foi

mesclado com o provedor “comunicações”, tendo assim uma pergunta mais direta.

Além das frases em si, a análise observou expressões corporais e entonação

de voz, buscando compreender melhor o que cada participante se propôs a dizer.

Para trazer mais proximidade do que foi dito, alguns trechos foram transcritos

identicamente, conforme a frase do participante.

Por fim, vale ressaltar que os participantes do grupo focal se encaixam

naquilo que Allen (2003) considera como público-final, ou seja, pessoas que

participaram do Tomorrowland Brasil 2016 como usufruidores do que o evento

ofereceu. Fez parte do grupo focal, homens e mulheres de 20 a 31 anos, sendo que

todos participaram da edição de 2016 do Tomorrowland Brasil. Dentre os dez (10)

participantes, três eram mulheres, além disso, dos dez participantes totais, quatro

haviam participado, também, da edição de 2015.

Quadro 7 – Lista de participantes do grupo focal

Participante Sexo Idade Profissão

Participou

da edição

2015

A Homem 31 Gerente de vendas Sim

B Mulher 24 Professora de inglês Não

C Homem 26 Geólogo Não

D Homem 25 Gerente de produção de alimentos Sim

E Mulher 23 Estudante de odontologia Sim

F Homem 20 Promotor de vendas Sim

G Homem 29 Gerente financeiro Não

H Homem 26 Artesão e empresário Sim

I Homem 25 Téc. Segurança do trabalho Sim

J Mulher 28 Analista de importação Sim

Fonte: KEHL (2017)

Page 63: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

63

Por se tratar de pessoas que já tinham uma relação de amizade antes mesmo

do evento, o grupo focal aconteceu num local em comum de todos: um espaço de

confraternização. De acordo com um dos participantes, essa familiaridade entre

participantes e em um local já conhecido por todos, facilitou o andamento da

pesquisa, pois se sentiram mais à vontade e proporcionou um ambiente mais

descontraído à entrevista.

Figura 19 - Participantes da edição do Tomorrowland Brasil durante o Grupo Focal

Fonte: KEHL (2017)

A primeira pergunta teve como objetivo identificar quais foram os tipos de

experiência que o provedor identidade provocou nos participantes, buscando em

suas memórias questões relacionadas à marca Tomorrowland, como logos, nomes,

símbolos e cores. A pesquisa identificou, de imediato, os sentidos da visão e audição

como os principais receptores de estímulos. Segundo os entrevistados, a identidade

da marca se fez presente visualmente em todo o festival, através de logos, símbolos,

cores e o nome da Tomorrowland, desde guardanapos até as decorações de palcos.

Bem como afirma Schmitt (2000), dizendo que a visão é responsável por

aproximadamente 40% da avaliação de um ambiente.

Sobre a parte sonora, o participante F demonstrou uma certa emoção ao

lembrar que, frequentemente, o nome da marca era ouvido nos sistemas de som, se

fazendo presente, assim, a experiência de sentimento, através de uma emoção de

Page 64: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

64

nostalgia. Por fim, vale ressaltar uma frase do entrevistado A, ao se referir da

identidade visual e verbal da Tomorrowland: “eu acredito que, pelo que eu lembro,

assim, de todo o evento, ela tava muito ligada, também, aos patrocinadores”. Esse

trecho deu a entender a relação de identificação como outro tipo de experiência

despertada, pois, segundo Schmitt (2000), o marketing de identificação relaciona a

pessoa com o contexto social e cultural de uma marca.

Outro trecho importante, argumentado durante a entrevista, foi a presença

constante do símbolo da marca Tomorrowland no pulso de cada participante, no

caso a pulseira que serviu como ingresso para se ter acesso ao evento e como

forma de pagamento para a realização de compras. De acordo com o relato, parecia

que o participante estava com o festival mais perto de si, em sua mão. Novamente a

presença da experiência de identificação, além de demonstrar, ainda mais, a forte

presença da identidade visual.

Figura 20 – Identidade visual presente na decoração da Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

Tendo como objetivo analisar o que o provedor comunicações despertou nos

participantes, a segunda pergunta também apresentou características do digital,

conforme destacada anteriormente. A pesquisa demonstrou que a comunicação se

Page 65: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

65

fez muito presente durante o festival por meio do digital, principalmente através de

redes sociais e aplicativos. Segundo o entrevistado D, frequentemente a

organização do festival se pronunciava através de fotos, vídeos e textos em suas

postagens de Facebook. Essa fala demonstrou a existência da experiência de

sentidos através da audição e visão, além de proporcionar o sentimento de alegria

ao ver esses conteúdos. De acordo com o entrevistado F, a organização do festival

também se pronunciou, através das redes sociais, para informar um problema de

acesso em um dos portões, isso fez com que os participantes tivessem um

pensamento crítico, seguido de uma ação. Para Schmitt (2000), esse tipo de

pensamento é caracterizado como pensamento convergente, pois ativa o lado

racional da pessoa.

Um item característico da gama de comunicações, o jornal, foi responsável

por despertar todos os tipos de experiências aos participantes: sentidos, sentimento,

pensamento, identificação e ação. Segundo eles, esse jornal era entregue

diariamente e apresentava fotos, histórias do dia anterior, informações do dia atual,

dicas do que fazer no festival, entre outros.

Figura 21 – Jornal da Tomorrowland Brasil 2016 entregue aos participantes

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

O jornal foi algo surpreendente, porque utilizou histórias criadas pelo próprio

público para desenvolver sua comunicação. De acordo com a entrevistada E: “Teve

Page 66: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

66

uma coisa bem legal também desse jornalzinho, que foi, acho que na primeira noite,

que a gente estava, que a gente voltou pra barraca pra dormir e começaram a gritar

‘Carol, cadê a Carol?’ ficaram gritando. Aí começou todo mundo a gritar ‘Carol,

Carol’, no outro dia quando a gente acordou e abriu o jornal tinha a reportagem Cadê

a Carol?’...” De acordo com Schmitt (2000), as experiências emocionais são

experiências de grau, ou seja, podem ter diversos graus de intensidade. Por isso, os

participantes ficaram ainda mais eufóricos ao lembrar dos acontecimentos que

haviam passado no dia anterior.

Com relação aos produtos e serviços fornecidos no evento, terceiro provedor

de experiência, os participantes relataram suas experiências como positivas,

principalmente pelo sistema de pagamento. Como visto anteriormente, a aquisição

dos serviços e produtos foram feitos por meio de uma pulseira, com sistema de

cashless, e despertaram um sentimento de contentamento e confiança, conforme

fala do entrevistado B: “É diferente, mas deu bem certo, depois eu fui olhar meu

extrato lá, meus emails e eles mandavam emails a cada compra efetuada”. A

novidade na forma de pagamento, primeiramente, despertou o desejo no

consumidor, em seguida o fez pensar sobre como e quando usar o serviço, por fim a

praticidade e segurança levou os participantes a consumirem mais, provocando,

assim, uma ação de compra maior. Essa afirmação vem de encontro ao que diz

Schmitt (2000, p. 93) “Chame a atenção, estimule o desejo”. Ou seja, além de

estimular os sentidos de tato e visual pelo seu design, a pulseira ativou nos

consumidores o sentimento de desejo e segurança, o pensamento divergente na

hora da compra e a ação de repetição.

Outros serviços destacados por um participante foi a possibilidade de tomar

banho em chuveiros com água quente, além de trancar seus pertences pessoais em

um armário com cadeado. Esses dois serviços destacam a presença de experiência

de sentimento, sendo um de satisfação e o outro de segurança.

Dentro do âmbito dos produtos, haviam comidas e bebidas para todos os

gostos, em diferentes formatos, tamanhos e embalagens. Caracterizando, dessa

forma, a ativação dos sentidos tanto por olfato e paladar, como tato e visão. Por fim,

as lojas oficiais do Tomorrowland Brasil 2016, que vendiam itens como camisetas,

bonés e bandeiras, todos com a marca do festival, proporcionaram em seus

participantes a experiência de identificação. Isso aconteceu, pois, de acordo com o

entrevistado B, esses itens o inseriram ainda mais no mundo da Tomorrowland.

Page 67: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

67

Sobre o marketing de identificação, seu principal objetivo é desenvolver uma ligação

entre o significado social da marca e o cliente (SCHMITT, 2000, p. 179).

Figura 22 – Pulseira que serviu como forma de ingresso e pagamento no festival

Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

O quarto provedor de experiência a ser analisado pelo grupo focal foram as

Co-marcas. Para trazer a questão de forma mais clara aos entrevistados, optou-se

por fazer uma ligação desse ProExs com possíveis patrocinadores de um evento,

como visto no capítulo II. Essa questão levantou, de início, muitos apontamentos

sobre outras marcas, além da Tomorrowland, presentes no festival. Os participantes

lembraram de marcas de bebidas, comidas, cartões de crédito, tabaco, chiclete e

gravadoras dos artistas, onde cada um estava posicionado de forma estratégica,

sem prejudicar o outro. De acordo com Neto (2010) a adequação perfeita entre

patrocinador e evento resultam na correta promoção institucional de ambos.

Segundo a participante B, havia um espaço de patrocinador que distribuiu

brindes e bebidas gratuitamente: “Eu lembro da Skol que teve um espaço, que daí

estimulava as pessoas a participar, pra ganhar copo, enfim, brindes”. Segundo ela, o

patrocinador entregava, em um copo luminoso, a versão congelada de sua bebida.

Primeiramente, essa ação da Skol Beats provocou curiosidade e desejo nos

participantes, caracterizando uma experiência de sentimento. Após, uma experiência

de ação induziu-os a conhecer seu estande. Depois disso, por oferecer sua bebida

Page 68: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

68

em um outro estado físico, proporcionou aos participantes uma forte experiência de

pensamento, porque fez com que eles pensassem, de forma divergente, se

gostaram ou não de tal novidade. Também, foram ativados os sentidos de visão,

audição, tato e paladar ao entrar em contato com o produto do patrocinador.

Schmitt (2000) articula dizendo que uma boa maneira de fazer marketing de

experiência, por meio das co-marcas, é na inclusão de produtos em filmes. Segundo

o autor, essa tática consiste em inserir um determinado produto em um meio cultural,

o qual o filme representa. Dessa maneira, fica mais fácil a adesão do produto por

seu público-alvo. Agora, fazendo uma comparação entre a teoria de Schmitt (2000) e

o Tomorrowland Brasil 2016, suponha-se que o evento é filme em sim, com suas

histórias e peculiaridades, e a Skol Beats quisesse inserir seu produto no meio

cultural proporcionado pelo festival. Isso facilitaria a adesão do público em seu

produto. Não por acaso o nome da ação promoção da Skol Beats no Tomorrowland

Brasil 2016 foi “Viva o inesperado”.

Figura 23 – Ação promocional da Skol Beats na Tomorrowland Brasil 2016

Fonte: ETILICOS (2016)

Os ambientes foram o quinto provedor de experiência analisado, dessa forma,

entende-se ambientes como: praças de alimentação, palcos, camping, áreas de

descanso, banheiros, lojas, espaços em geral. Nesse aspecto, os participantes

Page 69: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

69

concordaram sobre a beleza visual e esquema de distribuição dos espaços, bem

como suas funcionalidades.

Tendo em vista o forte apelo visual dos ambientes do festival, citado diversas

vezes pelos participantes do grupo focal, faz-se necessário analisar esse ponto junto

ao que diz Schmitt (2000). Segundo o autor, o marketing dos sentidos,

principalmente pelo visual, tem por objetivo agregar valor, seja pela diferenciação ou

pela motivação. Portanto, pode-se observar nos ambientes do Tomorrowland Brasil

2016, estímulos vibrantes e significativos, além de uma consistência cognitiva e de

variedade sensorial. Ou seja, repetição dos elementos principais.

Esse atrativo visual provocava a curiosidade dos participantes, motivando-os

a conhecer os ambientes. Após se deslocar ao local, os ambientes despertavam

sentimentos de paz, alegria e otimismo, pois, segundo a participante J: “Uma coisa

que me chamou a atenção é que, tipo, tu nem sente que tu tá esperando numa fila,

por exemplo. Porque tem tanta coisa que tu ficas olhando, quando vê, chegou tua

vez de ser atendido”. Essa frase mostra que a mescla de provedores de

experiências pode proporcionar experiências de valor ímpar.

Apesar da grande quantidade de palcos simultâneos, cada um com seu som

peculiar, a experiência auditiva, principal motivo de um festival de música, não se

perdeu com ruídos e outras interferências. Segundo eles, tanto de um palco para o

outro, como nos ambientes de descanso e alimentação, não houve excesso de som.

Figura 24 – Tomorrowland Brasil 2016 e seus diversos ambientes

Fonte: TOMORROWLAND (2016)

Page 70: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

70

A última questão objetivou analisar o provedor de experiência mais poderoso

de todos: as pessoas. Esse ProExs também pode ser considerado como os diversos

públicos de um evento, visto no capítulo II. Essa etapa da pesquisa foi a que mais

proporcionou opiniões durante o grupo focal. A primeira questão abordada partiu de

uma reflexão do participante J, onde ele lembrou de sua expectativa antes de

começar o evento. Para ele, somente brasileiros iriam comparecer ao Tomorrowland

Brasil 2016. Porém, suas expectativas foram superadas pela grande quantidade de

estrangeiros presentes no festival. Essa superação de expectativas proporcionou

aos participantes uma experiência de pensamento, pois os fez ponderar algo

diferente do habitual.

A diversidade de pessoas presentes no evento proporcionou interação e troca

de experiências entre os participantes, principalmente pelas expressões corporais e

pelo diálogo. Essa interação entre pessoas foi a grande motivadora nas tomadas de

decisão, ou seja, evidente presença da experiência de ação. Os funcionários do

evento, que também se encaixam como provedores de experiências, foram muito

bem treinados, prestativos e educados. Esse é justamente um ponto crucial na

organização de qualquer evento. Para Meirelles (1999), em relação à organização

de um evento, uma equipe especializada é de suma importância. Finalizando, a

participante E afirmou o seguinte: “uma coisa que é bacana, é que a gente tem a

oportunidade de passar quatro dias só com pessoas que a gente gosta muito e que

gostam de fazer as mesmas coisas que a gente”. Essa frase demonstrou a presença

da experiência de sentimento e identificação, pois coloca as pessoas no mesmo

grupo.

De maneira geral, o estudo mostrou uma forte presença das características

do marketing experimental no festival de música eletrônica Tomorrowland Brasil

2016. Conforme visto na pesquisa, certos ProExs se encaixam em determinados

MEEs melhor que outros. Por exemplo: na experiência sensorial, geralmente os

pontos iniciais são identidade e sinalização, e presença do produto. (SCHMITT,

2000, p. 222). De forma a resumir e exemplificar o que foi visto na análise, elaborou-

se um quadro com os principais apontamentos obtidos no cruzamento de

informações por meio do grupo focal.

Page 71: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

71

Quadro 8 – Resumo das experiências despertadas nos participantes da Tomorrowland Brasil 2016

Identidade

Comuni-cações

Produtos/ Serviços

Co-marcas Ambientes Pessoas

Se

nti

do

s

Pela forte

identidade visual da marca em

todo o festival, a visão foi o

sentido mais explorado, seguido da

audição.

Visão foi o mais explorado pelas redes sociais e pelo jornal do

evento, seguido da audição e do

tato.

Ativou os sentidos

de tato e visão, pelo design dos

produtos à venda, além dos sentidos de paladar e olfato pelas comidas e

bebidas.

O principal sentido ativado

por esse ProExs foi o paladar, por

distribuir brindes, além do

tato e visual.

A beleza visual foi o destaque dos ambientes.

Também proporcionaram

experiência auditiva com seus sons

ambientes e tato para sentir o

local.

Conversas, toques, olhares proporcionaram

experiências sensórias nos participantes.

Se

nti

me

nto

Os sentimentos de nostalgia e

excitação foram despertados

pela presença do nome da

marca, através do som.

O jornal entregue aos participantes

proporcionou sentimentos de

alegria e admiração.

O serviço de pagamento pela

pulseira despertou curiosidade,

desejo e confiança.

Curiosidade e desejo foram sentimentos despertados

pelos patrocinadores.

Os ambientes proporcionaram um sentimento

de paz aos participantes

Sentimentos de união, carinho e excitação foram

despertados nas relações interpessoais.

Pe

ns

am

en

to

Não houve experiência.

Uma comunicação sobre problemas

de acesso fez com que os

participantes tivessem um pensamento convergente.

O serviço de

pagamento pela pulseira fez com

que os participantes tivessem um pensamento divergente,

mudando seus conceitos.

Os patrocinadores

ofereceram versões

alternativas de seus produtos, isso despertou pensamento divergente no

público.

Por muitos ambientes

apresentarem novidades, fez

com que as pessoas tivessem

pensamentos convergentes e

divergentes.

As diferentes

nacionalidades e culturas fizeram os

participantes terem

pensamentos divergentes acerca de

determinados costumes.

Açã

o

Não houve experiência.

A comunicação no jornal, mostrando os horários dos

shows, provocou ações de escolha nos participantes

Por ser seguro, o sistema de

pagamento fez com que os participantes

comprassem mais.

Através do

entretenimento oferecido, os

patrocinadores estimularam o público a tomar uma decisão de

ir até seu encontro.

O atrativo visual

de cada ambiente fez com que os

participantes se deslocassem até

eles para conhecer. Além

de provocar ações de

compra, quando os ambientes

eram de comércio.

A interação entre as pessoas

proporcionou tomadas de decisões,

levando-os a tomar ações.

Ide

nti

fic

açã

o

A pulseira do festival

proporcionou identificação aos

participantes, pois nela havia a

identidade da marca.

O jornal fez com que os

participantes se sentissem

incluídos no evento. Criando

assim, uma identificação.

Camisetas, bonés, bandeiras fizeram com que o público

se identificasse ainda mais com o

festival.

Não houve experiência.

Os ambientes

eram pontos de encontro, ou

seja, elementos que incluíam as

pessoas em grupos.

Caracterizando, assim,

identificação.

As pessoas formaram tribos

dentro do festival,

identificando-as em grupos.

Fonte: KEHL (2017)

Page 72: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

72

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como as

mudanças no comportamento do consumidor estão acarretando mudanças no

campo da comunicação social. Uma reflexão acerca dos benefícios do marketing de

experiência, em contraponto com o marketing tradicional, permitiu apresentar suas

amplas possibilidades no público final durante os festivais de música.

A pesquisa bibliográfica mostrou que o marketing de experiência pode ser

utilizado no público final dos festivais de música por meio do princípio da grade

experimental, citada por Schmitt (2000). Esse princípio constituindo-se da relação

entre os provedores de experiências e os tipos de experiências que se deseja

despertar no consumidor. Junto a isso, a correta análise de público-alvo direciona a

comunicação.

No caso da Tomorrowland Brasil 2016, através do método de grupo focal, a

pesquisa identificou que marketing de experiência foi aplicado no público final

através de todos os provedores de experiências possíveis, despertando, assim,

todas as experiências existentes. Alguns provedores foram mais eficientes que

outros, porém as ações de marketing experimental propostas pelo evento se

mostraram muito eficientes.

Para chegar a tal resolução, antes de tudo, se fez necessário compreender

quais são os tipos de eventos existentes e públicos envolvidos. Primeiramente,

procurou-se compreender a importância dos eventos na sociedade, trazendo seus

conceitos e finalidades. O estudo mostrou a existência de aproximadamente 50 tipos

de eventos, dentre os quais são classificados sob diversas formas. No confronte de

autores, observou-se também que os eventos são formados, basicamente, por

público final, patrocinadores, organização anfitriã, equipe de trabalho (funcionários),

comunidade geral e mídia. Essa parte da pesquisa foi essencial, porque ajudou a

traçar o perfil ideal a participar do grupo focal.

Em seguida, o trabalho buscou apresentar as formas de influência do

marketing de experiência. De maneira geral, esse marketing se divide em duas

linhas, onde uma representa o tipo de experiência aplicada no consumidor e a outra

representa a ferramenta (meio) pelo qual a experiência se validará. Conforme diz

Schmitt (2000), esse tipo de marketing pode proporcionar experiências de sentidos,

sentimentos, pensamento, ação e identificação. Sendo que as mesmas podem ser

Page 73: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

73

ativadas pelos provedores de experiências, no caso sete deles: comunicações,

identidade, produtos, co-marcas, ambientes, pelas plataformas digitais e pelas

pessoas. A pesquisa mostrou que esse tipo de marketing é ideal para criar uma

comunicação que motiva o consumidor, levando em conta seus critérios pessoais e

subjetivos, proporcionando experiências de consumo satisfatórios.

Sendo assim, ao observar o caso da Tomorrowland Brasil 2016, constatou-se

que o marketing experimental pode ser muito útil quando uma marca procura se

destacar diante das outras. Pois, vale lembrar que, de acordo com Lindstrom (2011),

a maioria das campanhas de propaganda não registra nada de especial na mente

dos consumidores. Só isso já é um fator que deixa claro que as marcas devem

buscar novos meios de chegar a esse consumidor tão cansado de mensagens

invasivas.

É possível perceber também, a partir deste estudo, que uma identidade visual

e verbal bem alinhada proporciona vantagens. Segundo Schmitt (2000), isso é

possível através da consistência cognitiva e de variedade sensorial. Essa teoria se

viu aplicada no caso analisado, onde a Tomorrowland Brasil 2016, com o passar dos

anos, buscou alinhar todos os seus atributos de marca, afim de criar algo uniforme e

integrado. Isso que é observado na perspectiva proposta por Kotler (2005), onde o

autor defende que as organizações necessitam de uma identidade visual que o

público reconheça de imediato. Isso fica claro e evidente nas respostas obtidas pelo

grupo focal, onde os entrevistados, de forma unânime, concordaram de que a

identidade visual presente em todo o festival foi o aspecto que mais os chamou a

atenção, mesmo se tratando de um evento que tinha a música como motivo

principal.

Um dos pontos que mais chamou a atenção na pesquisa ocorreu durante o

grupo focal. Mesmo trabalhando com as mídias convencionais, a Tomorrowland

Brasil 2016 conseguiu despertar todos os tipos de experiências possíveis em seu

público, através de seu jornal. Ainda que desgastado, esse meio tem alto potencial

comunicador, desde que bem trabalhado. Isso vem de encontro ao que se refere

Kotler (2015), segundo ele, a eficácia da comunicação depende de como a

mensagem é expressa.

Outro fator que chamou a atenção durante a pesquisa, foi a relação entre os

provedores de experiências. De modo geral, a entrevista com grupo focal identificou

que três ProExs estavam muito ligados entre si. No caso, a identidade visual do

Page 74: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

74

evento embelezava os ambientes, os quais vendiam os produtos, que continham a

identidade visual novamente. Essa unificação mostrou que a soma dos esforços é

eficiente, aumentando, assim, os níveis de experiências despertadas.

Sabendo que a entrevista, por meio de grupo focal, foi realizada um ano e

meio após o evento, em termos de quantidade, as respostas poderiam ter sido

maiores. O ideal seria realizar as entrevistas poucas semanas após o festival, assim

os entrevistados teriam lembranças mais fortes e recentes em suas memórias. Isso,

de certa forma, prejudicou um pouco o melhor andamento do trabalho,

principalmente na hora de confrontar os dados obtidos. Mesmo assim, pode-se

concluir que as possibilidades as quais se apresentam para os profissionais da área

de comunicação estão cada dia mais amplos, devido ao avanço tecnológico e a

expansão de seus conteúdos.

A pesquisa tem como proposta auxiliar os estudos a respeito desses

conceitos tão atuais e, até então, pouco difundidos. Porque, quando se fala em

novos tipos de ferramentas para a comunicação, o marketing experimental é

imprescindível. Afinal, o futuro aponta à consumidores cada vez mais exigentes, que

buscam por produtos e serviços que possam se incorporar ao seu estilo de vida.

Por fim, este estudo busca trazer uma visão qualitativa da área da

comunicação social, mostrando que há novas possibilidades a serem exploradas

pelos profissionais do setor. Algumas vezes, o novo não significa, simplesmente,

criar algo do zero, mas sim apresentar uma proposta sob um olhar diferente, ou seja,

reconstruído. Pois, as mesmas atitudes geram sempre os mesmos resultados.

Page 75: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

75

APÊNDICE A

ROTEIRO USADO NA COLETA DE DADOS DO GRUPO FOCAL –

CARACTERIZAÇÃO DO USUÁRIO.

1- A marca Tomorrowland (composta por logo, nome, cores e símbolos) foram

vistas\ouvidas\sentidas durante o evento? Em quais situações? De que maneira

você teve contato com a marca da Tomorrowland?

2- A organização do evento comunicou algo durante o evento? Passou alguma

mensagem, informação? De que maneira isso ocorreu? Utilizou materiais impressos,

redes sociais, mensagens de som?

3- Quais foram os produtos que você consumiu durante o evento? Como foi a

experiência de compra desses produtos? prestação de seviço...

4- Além da marca Tomorrowland, havia alguma outra marca presente durante o

festival? Como estas marcas estavam expostas?

5- Como você descreve os ambientes do evento? Bares, palcos, camping, área de

descanso… Quais você utilizou?

6- Com relação às outras pessoas do evento, você interagiu com elas? Como foi

essa interação? Como foi seu relacionamento com os funcionários do Festival? E

com os outros participantes?

Page 76: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

76

REFERÊNCIAS

ADMINISTRADORES. Identidade da marca. Disponível em:

<http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/identidade-de-marca/80725/>.

Acesso em 23 de novembro de 2017.

ALLEN, Johnny. Organização e Gestão de eventos. Rio de Janeiro: Campus.

2003.

ANDRADE, Renato Brenol. Manual de eventos. Caxias do Sul: Educs, 2007.

Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 20 de setembro de 2017.

BARBOUR, Rosaline. Grupos Focais - Coleção Pesquisa Qualitativa. Porto Alegre:

ArtMed, 2009. Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 20 de

novembro de 2017.

BOXPOP. Tomorrowland Brasil 2016: veja o que rolou. Disponível em:

<https://boxpop.com.br/veja-o-que-rolou-na-tomorrowland-brasil-2016-

8f54a8d673c1>. Acesso em 27 de novembro de 2017.

BRASIL ESCOLA. Os cinco sentidos. Disponível em:

<http://brasilescola.uol.com.br/oscincosentidos/>. Acesso em 09 de novembro de

2017

BRITO, Janaina. Estratégias para eventos: uma ótica do marketing e do turismo.

São Paulo: Aleph, 2002.

BUENO, Wilson. Comunicação empresarial: alinhando teoria e prática. Barueri:

Manole, 2014. Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 12 de

novembro de 2017.

CARLOS JR, Manoel. Experiencialize: os 7 passos para vender experiências e não

preços. Taubuaté: Manoel Carlos de Carvalho Junior, 2016

CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica 5ª edição. São Paulo: Pretentice Hall,

2002.

CHING, Francis D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Porto Alegre: Bookman,

2013. Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 28 de outubro de 2017.

CHURCHILL, Gilbert A. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva,

2003.

Page 77: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

77

CZAJKOWSKI, Adriana e Sérgio Junior. Eventos: uma estratégia baseada em

experiências. Curitiba: InterSaberes, 2017. Disponível em: <http://ucsvirtual.ucs.br>.

Acesso em 13 de setembro de 2017.

EKMAN, Paul. The Nature of Emotion: Fundamental Questions. Oxford: Oxford

University Press. 1994.

EVENTBRITE. As tendências do mercado de música no Brasil. Disponível em:

<https://www.eventbrite.com.br/blog/casos/eventos-de-musica-pesquisa-eventbrite-

ds00/>. Acesso em 10 de outubro de 2017.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o dicionário da língua

portuguesa. 8. Ed. Curitiba: Positivo, 2010.

FORGAS, J. P. Mood and judgment: the affect infusion model. Psychological

Bulletin, 1995.

GIACAGLIA, Maria Cecília. Organização de Eventos: teoria e prática. São Paulo:

Pioneira Thomson Learning, 2004.

GIL, Antonio Carlos. Estudo de Caso: Fundamentação Científica; Subsídios para

Coleta e Análise de Dados; Como Redigir o Relatório. São Paulo: Atlas 2009.

Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 20 de novembro de 2017.

GUTIERREZ FORTES, Waldyr. Eventos: estratégias de planejamento e execução.

São Paulo: Summus, 2011.

ISIDORO, Cleyton. Análise e pesquisa de mercado. São Paulo: Pearson, 2015.

Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 13 de novembro de 2017.

JOVEM PAN. Edição 2016 da Tomorrowland Brasil. Disponível em:

<http://tomorrowland.jovempanfm.uol.com.br/>. Acesso em 20 de novembro de

2017.

KOTLER, Philip e AMSTRONG, Gary. Principles of marketing. 5. ed. Englewood

Cliffs: Prentice Hall, 1991. Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 20

de novembro de 2017.

______. Marketing Essencial: conceitos, estratégias e casos. São Paulo: Prentice

Hall, 2005. Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 20 de novembro de

2017.

______. Princípios de marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.

Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 20 de novembro de 2017.

Page 78: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

78

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Comunicação Organizacional Estratégica:

aportes conceituais e aplicados. São Paulo: Summus, 2016.

LIMA, Paulo. Brandsense: O que faz sentido pra você? Disponível em:

<http://www.ideiademarketing.com.br/wp-content/uploads/2014/08/BRAND-SENSE-

O-que-faz-sentido-pra-voc%C3%AA3.pdf>. Acesso em 18 de novembro de 2017.

LINDSTROM, Martin. Brandsense: Segredos sensoriais por trás das coisas que

compramos. Porto Alegre: Bookman, 2011.

______. Brandwashed: O lado oculto do marketing. 1. Ed. São Paulo: HSM, 2012.

LYNCH, Richard L. Introduction to marketing. McGrawHill, 1984.

MATIAS, Marlene. Organização de eventos: procedimentos e técnicas. Barueri,

São Paulo: Manole, 2013. Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 15

de setembro de 2017.

MEIRELLES, Gilda Fleury. Tudo sobre eventos: o que você precisa para criar,

organizar e gerenciar eventos que promovam sua empresa e seus produtos. Nova

Iguaçu: Sts, 1999.

MISKOLCI, Richard. Desejos digitais: uma análise sociológica da busca por

parceiros online. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017. Disponível em:

<https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 3 de novembro de 2017.

NETO, Melo. Marketing de Patrocínio. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. Disponível em:

<https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 20 de outubro de 2017.

OLIVEIRA, Silvio L. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas,

TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson

Learning, 2002.

OMELETE. Tomorrowland Brasil 2016: Como funciona o siste de pagamento

cashless. Disponível em: <https://omelete.uol.com.br/musica/artigo/tomorrowland-

brasil-2016-como-funciona-o-sistema-de-pagamento-cashless/>. Acesso em 25 de

novembro de 2017.

OUTHWAIT & BOTTOMORE, William & Tom. Dicionário do Pensamento Social

do Século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar , 1996.

Page 79: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

79

PAIVA, Hélio Afonso Braga de. Planejamento estratégico de eventos: como

organizar um plano estratégico para eventos turísticos e empresas de evento. São

Paulo: Atlas, 2008

PARENTE, Umehara. Marketing de experiências em mídias digitais: uma

poderosa ferramenta de propagação e geração de valor à marca. Fortaleza:

Expressão Gráfica Editora, 2016. Disponível em: <https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso

em 20 de outubro de 2017.

PHOUSE. Tomorrowland Brasil 2016. Disponível em:

<https://www.phouse.com.br/tomorrowland-brasil-e-tudo-que-realmente-rolou/>.

Acesso em 27 de novembro de 2017.

PINE, B. Joseph. GILMORE, James H. The Experience Economy: work is theatre &

every business a stage. Boston: Harvard Business School Press, 1999.

PORTAL BRASIL. Mercado de eventos musicais. Disponível em:

<http://https://http://www.brasil.gov.br/turismo/2014/09/brasil-ocupa-segundo-lugar-

no-mercado-de-eventos-musicais>. Acesso em 03/11/2017.

PROMOVIEW. Tomorrowland Brasil 2016: ativação SkolBeats. Disponível em:

<https://www.promoview.com.br/live-mkt/viva-o-inesperado-e-a-ativacao-de-skol-

beats-no-tomorrowland.html>. Acesso em 27 de novembro de 2017.

RABELO, Claudio. Curso de marketing contemporâneo - aula 02. 22’14’’.

Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=rvM5MXFzLFs>. Acesso em 10 de

novembro de 2017.

RAHME, Luciana Helena. Comunicação, marketing e novas tecnologias na

gestão de pessoas. Curitiba: interSaberes, 2017.

ROCHA, Sergio Ricardo. Marketing de experiência para entrar na mente dos

consumidores. Disponível em: < http://sergioricardorocha.com.br/marketing-de-

experiencia-para-entrar-na-mente-dos-consumidores/>. Acesso em 10 de novembro

de 2017.

SANDMANN, Antônio José. A linguagem da propaganda. São Paulo: Contexto,

2012.

SCHMITT, Bernd H. Marketing Experimental. São Paulo: Nobel, 2000.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2000.

SOLOMON, Michel R. O Comportamento do consumidor: comprando, possuindo

e sendo. Porto Alegre: Bookman, 2011.

Page 80: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

80

TOMORROWLAND. Tomorrowland através dos anos. Disponível em:

<https://www.tomorrowland.com/en/festival/welcome>. Acesso em 14 de novembro

de 2017.

VALSINER, Jaan. Fundamentos da Psicologia Cultural: Mundos da Mente,

Mundos da Vida. Porto Alegre: Artmed, 2012. Disponível em:

<https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 22 de novembro de 2017.

WHEELER, Alina. Design de identidade da marca: guia essencial para toda a

equipe de gestão de marcas. Porto Alegre: Bookman, 2012. Disponível em:

<https://ucsvirtual.ucs.br>. Acesso em 21 de novembro de 2017.

YEOMAN, Ian. Gestão de festivais e eventos: uma perspectiva internacional de

artes e cultura. São Paulo: Roca, 2006.

ZANELLA, Luis Carlos. Manual de organização de eventos: planejamento e

operacionalização. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ZITTA, Carmen. Organização de eventos: da ideia à realidade. Brasília: Editora

Senac, 2012.

Page 81: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - frispit.com.brfrispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/LEONARDO-KEHL_201… · universidade de caxias do sul leonardo thiago kehl como o marketing

81

ANEXOS ANEXO A – Monografia I (projeto)