Traducao Politics Identification Subject i Vation
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8/16/2019 Traducao Politics Identification Subject i Vation
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POLÍTICA IDENTIFICAÇÃO E SUBJETIVAÇAO
J. RANCIERE
Todo o problema do meu manuscrito está envolvido com uma questão
preliminar: em qual lingua ele pode ser endereçado? Nem na minha nem
na lingua de vocês mas, mais do que isto, numa dialética entre o
francês e o inglês, uma lingual especial portanto, uma dialética que não
possui nenhuma identificação com nenhum dos grupo. Assim nem uma
dialética tribal, nem uma língua universal, somente uma dialética “in-between, construída para o objetivo desta discussão e guiada pela idéia
que a atividade de pensar é primordialmente uma atividade de tradução
e que qualquer um é capaz de fazer esta tradução. Latente a esta
capacidade de tradução está a eficácia de igualdade, que é o mesmo
que dizer, a eficácia de humanidade.
Eu irei diretamente para a questão que enquadra nossa discussão. Eu
examinarei o terceiro ponto da lista de questões que nós temos aqui
debatido: o que é o politico?
De maneira breve e grosseiramente falando, eu responderia: o politico
é o encontro entre dois processos heterogeneos. O primeiro processo
é aquele da governança e ele induz a criação de um consenso
comunitário, através do qual pressupoe-se a distribuição dos lugares e
as hierarquias deles e suas funções. Eu chamarei este processo de
polícia.
O segundo processo é aquele da igualdade. Ele consiste em um
conjunto de práticas guiado pela suposição que todo mundo é igual e
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capaz de fazer a verificação desta suposição. O nome apropriado para
este conjunto de práticas pode ser emancipação. A despeito da tese
de Lyotard, eu não concebo um necessário vínculo entre a idéia de
emancipação e a narrativa de um universal da injustiça e uma vítimauniversal. É verdade que há manuseio da injustiça contém uma forma
universal dado pelo encontro entre dois processos da polícia e da
igualdade. Nós devemos interrogar este encontro. Nós podemos arguir,
por exemplo, que qualquer polícia nega igualdade e que náo há
comensurabilidade entre os dois processos.
Em meu livro, O Mestre Ignorante, eu defendi a tese do pensador
francês da emancipação, Joseph Jacotot, para quem emancipação pode
somente ser uma emancipação individual intelectual. Então isto
significa que náo há um estágio da política, somente a lei da polícia e a
lei da igualdade. Para existir um estágio da política, nós devemos
mudar esta abordagem. Então, ao invés de advogar que a polícia negaigualdade, eu diria que polícia confunde a igualdade e eu tomaria o
politico como sendo o lugar onde a verificação da igualdade é obrigada
a encontrar o manuseio da injustiça acima.
Então temos três termos: polícia, emancipação e o politico. Se nós
queremos enfatizar o jogo interrelacional entre eles, nós podemos dar
ao processo de emancipação o nome de política. Então eu distinguirei
polícia, política e o politico – o politico como sendo o campo de
encontro entre emancipação e a polícia no tratamento da injustiça
Uma consequência pode ser já pensada aqui a partir desta nomeação:
política náo é a encarnação de um princípio, a lei ou o corpo de uma
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comunidade. Em outras palavras, política não tem arche 1, ela é
anárquica. O próprio nome democracia sustenta este ponto. Como
Platão notou, democracia não tem arche , não tem medida. A
singularidade do ato do demos – a cratein ao inves do arche – édependente de um conflito, de uma desordem original: o demos ou
povo é, ao mesmo tempo, o nome de uma comunidade e o nome para
sua divisão no tratamento da injustiça. E além de uma particular
injustiça, a política do povo ameaça a polícia porque o povo é sempre
mais ou menos que ele mesmo. É o poder de um-mais, o poder de
qualquer um, o qual confunde o direito de ordenação da polícia.
Agora, para mim, o principal desparecimento da reflexão e ação política
é a sua identificação com o corpo de uma comunidade. Isto pode
ocorrer em uma grande comunidade ou nas menores; pode ser a
identificação do processo de governança com o princípio da
comunidade sob a noção de tratamento da universalidade, o reino dalei, a liberal democracia e etc. Ou pode ser, ao contrário, o apelo de
uma identidade como parte das tão denominadas minorias contra a lei
hegemonica da cultura e identidade dominantes. A comunidade grande
e a menor pode ser entendida, uma ou outra, como “tribalismo” ou
“barbarismo” e ambas estarão adequadas neste entendimento e
equivocadas em suas reivindicações. Eu não assumo que elas são
praticamente equivalente, que as consequências são as mesmas. Eu
apenas estou dizendo que elas têm a mesma questionavel
identificação. Para o primius movens da polícia, ela teria a intenção de
agir como o corpo da comundiade, transformar a técnica de governar
em lei natural da ordem social. Mas se política é algo diferente de
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polícia, ela não pode se encaixar em tal identificação. Alguém poderia
objetar que a idéia de emancipação é historicamente relacionada com a
idéia de self , na formulação de uma “emancipação dos trabalhadores”.
Mas a primeira motivação de qualquer movimento de auto emancipaçãoé sempre a luta contra egoísmo. Este não é somente um estatuto
moral (por exemplo, a dedicacao individual para a militancia
comunitaria), é também um estatuto lógico: a política de emancipacao
é a política do self como um outro ou, em termos gregos, um heteron .
A lógica da emancipação é a heterologia.
Peço permissão para colocar isto de outra forma: o processo de
emancipação é a verificação da igualdade de qualquer ser falante com
qualquer outro ser falante. Está sempre envolvido no nome de uma
categoria negada ou o principio ou as consequências daquela igualdade.
: trabalhadores, mulheres, negros ou outros. Mas o postulado de
igualdade não é, para todos estes, o postulado do self , dos atributosou propriedade de uma tal comunidade em questão. O nome de uma
comunidade humilhada que evoca seus diretios é sempre um nome
anônimo, o nome de qualquer um.
Há valores universais transcendentes à identificações particulares? Se
nós queremos ir além do desesperado debate entre universalidade e
identidade, nós devemos responder que o único universal em política é
a igualdade. Mas nós temos que dizer ainda que aquela igualdade não é
um valor dado na essência de uma humanidade ou de uma razão.
Igualdade existe e faz valores universais existirem para além daquilo
que é lei. Igualdade náo é um valor que alguem faz aparecer, é um
universal que pode ser suposto verificado e demonstrado em cada
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caso. Universalidade não é o eidos 2 da comunidade para o qual
situaçoes particulares estão opostas; é, antes de tudo, um operador
lógico. O modo da efetividade da verdade ou universalidade na política
é a construção discursiva e prática de uma verificaçao polêmica, nocaso, uma demonstração. O lugar da verdade não é a raiz ou um ideal,
é sempre um topos , o lugar de uma subjetivacao em um enredo
argumentativo. Sua linguagem é sempre idiomatica, a qual, ao
contrario, náo tem o sentido tribal. Quando grupos oprimidos tem que
lidar com o dano eles aparecem como ser humanos ou Homens. Mas a
universalidade náo está nestes conceitos, ela está no caminho dademonstraçao das consequencias retiradas disso – do trabalhador ser
um cidadão, negros serem seres humanos e etc. O esquema logico do
protesto social, genericamente falando, pode ser resumido assim: nós
pertencemos ou não a categoria homens ou humanos ou seres
humanos e quais consequencias isto implica? A universalidade não está
contida no ser humano ou na cidadania, ela está envolvida nasconsequências de sua representação prática e discursiva.
Tal universalidade deve se desenvolver através da mediação de
categorias particulares. Por exemplo, na França do sec. XIX,
trabalhadores deveriam construir as lógicas das greves na forma de um
silogismo: trabalhadores franceses pertencem a categoria de homem
francês? Se não, a Declaração dos Direitos tem que ser mudada. Se
sim, eles teriam que ser tratados como iguais e eles atuaram para
demonstrar isto. A questão pode ser ainda mais paradoxical. Seguindo
o exemplo, será que a mulher francesa pertence a categoria de homem
francês? A questão pode soar escandalosa ou sem sentido. No
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entanto, tal sentença sem sentido pode ser muito mais produtiva no
processo de igualdade do que uma mera afirmativa que a mulher é uma
mulher ou um trabalhador é um trabalhador. Assim eles trazem estes
temas não somente para um específico vazio lógico mas, desta forma,eles não somente descortinam uma divisão social mas também
articulam esta divisão como uma relação, um não lugar em lugar, o
lugar para uma polêmica construção. A construção destes casos de
igualdade não é um ato de uma identidade nem é a demonstração de
valores específicos para o grupo. É um processo de subjetivação.
O que é um processo de subjetivação? É a formação de um que não é
um self mas é a relaçao do eu com o outro. Permita-me demonstrar
isto com o nome – o proletariado. Um dos seus primeiros usos ocorre
na França do sec XIX, quando um líder revolucionário, Blanqui, foi
processado por rebelião. O juiz perguntou a ele: Qual é a sua profissão?
Ele respondeu: proletário. Então o juiz disse: isto não é uma profissão.E a resposta de Blanqui foi: é a profissão da maioria do nosso povo que
está privado de direitos politicos. Desde o ponto de vista da polícia, o
juiz estava certo: proletário não é uma profissão. E obviamente
Blanqui não era o que nós usualmente chamaríamos de trabalhador.
Mas, desde o ponto de vista da política, Blanqui estava certo:
proletário não era o nome de um grupo social qualquer que poderia ser
sociologicamente definido. É o nome de um resto. Um resto que não o
lixo da humanidade, um resto é o nome daqueles que tem negada sua
identidade na ordem dada da polícia. Em latim proletarii significa povo
que prolifera – povo que procria, que simplesmente vive e reproduz
sem nome, sem ser contado como parte da ordem simbólica de uma
cidade. Proletários foram então transformados em trabalhadores como
um nome de ninguém, um nome de pária: aqueles que não pertencem a
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ordem das castas, de fato, aqueles que estão envolvidos em desfazer
esta ordem (a classe que dissolve a classe, como Marx disse). Desta
compreensão, o processo de subjetivacao é um processo de
desindentificacao ou desclassificação.
Deixe-me dizer isto novamente: um sujeito é um outsider ou mais um
in-between . Proletário era o nome dado para um povo que estava junto
quanto mais eles eram entre algo: entre diferentes nomes, status e
identidades, entre humanidade e desumanidade, entre cidadãos e sua
negação, entre o status de homem com habilidade de status de serespensantes e falantes. Subjetivação política é o postulado da igualdade
– ou o enfrentamento da injustiça – pelo povo que está junto pela
extensão daquilo que ele está entre. É um atravessamento de
identidades, postos em nomes atravessados: nomes que vinculam o
nome de um grupo ou classe com o nome de nenhum grupo ou
nenhuma classe, vincula um ser humano a um não humano ou a umainda não humano.
Esta rede tem uma propriedade importante: está sempre envolvida
com uma identificação impossível, uma identificação que não pode ser
encorporada por alguém que a assuma. “Nos somos os condenados
da terra” é o tipo de afirmativa que nenhum miserável do mundo
deveria sentir. Ou para tomar um exemplo pessoal, para minha geração,
a política na França se dava através de uma identificação impossível –
identificação com os corpos dos Algerianos espacandos até a morte ou
jogados no rio Sena pela polícia, em nome do povo francês, em
outubro de 1961. Nós não pudiamos nos identificar com aqueles
corpos algerianos mas nós podíamos questionar nossa identificação
com “o povo francês” em nome de quem os algerianos eram mortos.
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Isto significa dizer que nós podemos atuar como sujeitos politicos no
intervalo ou no hiato entre duas identidades, no entanto, nenhuma
delas podemos assumir. Este processo de subjetivação não possui
“nome próprio” mas ele encontra seu nome, seu nome cruzado notema de 1968 – “Nos somos todos Alemães Judeus” – uma
identificação errada, uma identificação em termos de uma negação, de
um absoluto equívoco. Se o movimento começou com aquela
sentença, seu declínio pode ser simbolizado por uma declaraçao
antagônica, a qual serve como título de um ensaio publicado alguns
anos depois por um lider do movimento: nós não somos todos nascidosproletários. Certamente, nós não fomos, nós não somos. Mas o que se
segue a partir disso é uma inabilidade em perceber as consequ&encias
de um ser que é um não-ser, de uma identificação com todo mundo
que não tem corpo próprio. Na demonstração da igualdade, a lógica
silogistica do ou/ou (somos u não somos cidadãos e seres humanos?)
é entrelaçada com a lógica paratáctica de nós somos não somos.
Em resumo, a lógica da subjetivação política, da emancipaçao é a
heterologia 3, a lógica do outro, por três razões principais: 1. Nunca é
uma simples afirmação identitária, é sempre, ao mesmo tempo, a
negação de uma identidade atribuída pelo outro, dada pelas regras de
ordenação da polícia. Polícia se trata de nomes “corretos”, nomes que
designam as pessoas para seus lugares e suas atividades. Política se
trata de nomes incorretos” – termos impróprios que articulam um
hiato e o conectam com a injustiça. 2. É uma demonstração e uma
demonstração sempre supõe um outro, mesmo quando este outro
recusa argumentos ou evidências. É um estágio de lugar comum que
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nao é um lugar para a busca de consenso no sentido habermasiano.
Não há consenso, náo há comunicação sem danos, nem a resolução de
um conflito. Mas existe um polêmico lugar comum para o tratamento
da injustiça e a demonstração da igualdade. 3. A lógica da subjetivaçãosempre implica numa impossível identificação.
Somente por indeferir a complexidade desta lógica, alguém pode opor
as grandes narrativas e as vítimas universais às presentes pequenas
narrativas de hoje. A tão chamada grande narrativa do povo e o
proletariado foi de fato produzido por uma multiplicidade de jogoslinguísticos e demonstrações. E o conceito de narrativa tal qual o
conceito de cultura é altamente questionável. Ele implica a
identificação de um enredo argumentativo com uma voz e de uma voz
com um corpo. A vida da subjetivacao política é produzida pela
diferença entre voz e corpo, pelo intervalo entre identidades. Assim,
narrativa e cultura implicam a reversão da subjetivação paraidentificação. O processo de igualdade é um processo de diferença.
Mas a diferença não significa a assunção de uma identidade diferente
ou o simples confronto de duas identidades. O espaço para lidar com a
diferença não é o self ou a cultura do grupo. É o topos de um
argumento. E o lugar para tal argumento é o intervalo. O espaço para a
subjetivacao politica é o intervalo ou o hiato. Estamos juntos na
medida que estamos in-between – entre nomes, entre culturas, entre
identidades e assim por diante.
Esta é, para estar certo, uma posição não confortável, e o desconforto
abre caminho para um discurso metapolítico. Metapolítica é a
interpretação da politica desde o ponto de vista da policia. Sua
tendência é interpretar a heterologia como ilusão e intervalos e hiatos
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como sinais de falsidades. O paradigma da interpretação metapolítica é
a abordagem Marxista sobre a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789. Ele assume que a diferença entre homem e cidadão
era a marca da ilusão: escondida atrás da identidade celestial docidadão, estava a identidade mundana do homem que era de fato o
proprietário. Hoje o estilo corrente da metapolítica nos ensina, ao
contrario, que o homem e o cidadão, são o mesmo indivíduo liberal
aproveitando-se de valores universais encorporados nas constituições
de nossas democracias. Mas o estilo da politica como emancipação é
outro: ele assume que a universalidade da declaração de 1789 é auniversalidade do argumento a que deu forma e isto é devido ao
intervalo entre dois termos, o qual abriu a possibilidade de um apelar
ao outro, de fazer eles como termos de inumeráveis demonstrações de
direitos, incluindo os direitos daqueles que nunca foram contados como
cidadãos nem como homens.
Minha conclusão é dupla: otimista e pessimista. Primeiro, nós não
estamos presos dentro da oposição entre universalismo e identidade. A
distinção melhor é entre lógica de subjetivação e lógica de
identificação – entre duas ideias de multiplicidade, não entre
universalismo e particularismo. O discurso do universalismo pode ser
tão “tribal” como o discurso identitário. Nós experienciamos isto
durante a Guerra do Golfo, quando muitos dos porta-vozes do
universalismo se transformaram em porta-vozes da limpeza, bombas
universais e mortes não particularizadas. A verdadeira oposição é entre
o tribal e o idiomático. Politicas idiomáticas constroem localmente o
lugar do universal, o lugar para demonstração da igualdade. Ela retira o
dilema desesperado: ou a grande comunidade ou a pequena – ou a
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comunidade ou nada. Nos permite falar de uma nova politica in-
between .
Minha segunda conclusão é menos otimista: muitas das discussõesanteriores lidam com racismo e xenofobia e nosso fracasso em
formular boas respostas. Há mais para explorar aqui. Neste momento
na Franca, o novo racismo e a xenofobia não deveriam ser vistos como
consequência de problemas sociais que nós não podemos enfrentar
neste momento, como um problema objetivo efeito da migração
populacional. Mas muito mais, eles são um efeito do que evitamos, deum prévio colapso, o colapso da politica emancipatória como uma
politica para o outro. Vinte anos atrás, nós éramos todos Alemães
Judeus, que quer dizer, nós estávamos na lógica heterológica dos
nomes não corretos, da cultura política do conflito. Agora nós só
temos nomes corretos: nós somos europeus e xenófobos. É a
destruição da forma politica, do poliformismo politico do outro que criaum novo tipo de outro, aquele que é infrapolítico. Objetivamente, nós
não temos mais população imigrante que tivemos vinte anos atrás.
Subjetivamente nós nunca tivemos tanto. A diferença é: vinte anos
atrás o “imigrante” tinha outro nome, eles eram trabalhadores ou
proletários. No atual momento, este nome tem se perdido como um
nome politico, eles mantiveram seu nome e um outro que não tem
outro nome se torna o objeto de medo e rejeição.
O novo racismo é o ódio do outro que vem a tona quando os
procedimentos políticos das polêmicas sociais entra em colapso. A
cultura politica do conflito pode ter tido consequências amargas, mas
ela era também um jeito de chegar a um acordo com algo que está
antes e abaixo da política: a questão do outro como figura de
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identifcação de um objeto de medo. Mais cedo Cornell West disse para
nós que identidade é algo sobre desejo e morte. Eu diria que
primeiramente identidade é algo sobre medo: o medo do outro e o
medo do nada, o qual encontra no corpo do outro o seu objeto. E acultura polêmica da emancipação, o postulado heterológico do outro é
também um caminho para civilizar o medo. As novas consequências do
novo racismo e xenofobia revelam então o atual colapso da politica, a
reversão da politica do tratamento da injustiça para o ódio primal. Se
minha análise está correta, a questão não é somente “como nós iremos
encarar os problemas políticos” mas sim como nós iremos reinventar aprópria politica”