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    POLÍTICA IDENTIFICAÇÃO E SUBJETIVAÇAO

    J. RANCIERE

    Todo o problema do meu manuscrito está envolvido com uma questão

    preliminar: em qual lingua ele pode ser endereçado? Nem na minha nem

    na lingua de vocês mas, mais do que isto, numa dialética entre o

    francês e o inglês, uma lingual especial portanto, uma dialética que não

    possui nenhuma identificação com nenhum dos grupo. Assim nem uma

    dialética tribal, nem uma língua universal, somente uma dialética “in-between, construída para o objetivo desta discussão e guiada pela idéia

    que a atividade de pensar é primordialmente uma atividade de tradução

    e que qualquer um é capaz de fazer esta tradução. Latente a esta

    capacidade de tradução está a eficácia de igualdade, que é o mesmo

    que dizer, a eficácia de humanidade.

    Eu irei diretamente para a questão que enquadra nossa discussão. Eu

    examinarei o terceiro ponto da lista de questões que nós temos aqui

    debatido: o que é o politico?

    De maneira breve e grosseiramente falando, eu responderia: o politico

    é o encontro entre dois processos heterogeneos. O primeiro processo

    é aquele da governança e ele induz a criação de um consenso

    comunitário, através do qual pressupoe-se a distribuição dos lugares e

    as hierarquias deles e suas funções. Eu chamarei este processo de

    polícia.

    O segundo processo é aquele da igualdade. Ele consiste em um

    conjunto de práticas guiado pela suposição que todo mundo é igual e

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    capaz de fazer a verificação desta suposição. O nome apropriado para

    este conjunto de práticas pode ser emancipação. A despeito da tese

    de Lyotard, eu não concebo um necessário vínculo entre a idéia de

    emancipação e a narrativa de um universal da injustiça e uma vítimauniversal. É verdade que há manuseio da injustiça contém uma forma

    universal dado pelo encontro entre dois processos da polícia e da

    igualdade. Nós devemos interrogar este encontro. Nós podemos arguir,

    por exemplo, que qualquer polícia nega igualdade e que náo há

    comensurabilidade entre os dois processos.

    Em meu livro, O Mestre Ignorante, eu defendi a tese do pensador

    francês da emancipação, Joseph Jacotot, para quem emancipação pode

    somente ser uma emancipação individual intelectual. Então isto

    significa que náo há um estágio da política, somente a lei da polícia e a

    lei da igualdade. Para existir um estágio da política, nós devemos

    mudar esta abordagem. Então, ao invés de advogar que a polícia negaigualdade, eu diria que polícia confunde a igualdade e eu tomaria o

    politico como sendo o lugar onde a verificação da igualdade é obrigada

    a encontrar o manuseio da injustiça acima.

    Então temos três termos: polícia, emancipação e o politico. Se nós

    queremos enfatizar o jogo interrelacional entre eles, nós podemos dar

    ao processo de emancipação o nome de política. Então eu distinguirei

    polícia, política e o politico – o politico como sendo o campo de

    encontro entre emancipação e a polícia no tratamento da injustiça

    Uma consequência pode ser já pensada aqui a partir desta nomeação:

    política náo é a encarnação de um princípio, a lei ou o corpo de uma

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    comunidade. Em outras palavras, política não tem arche 1, ela é

    anárquica. O próprio nome democracia sustenta este ponto. Como

    Platão notou, democracia não tem arche , não tem medida. A

    singularidade do ato do demos – a cratein ao inves do arche – édependente de um conflito, de uma desordem original: o demos ou

    povo é, ao mesmo tempo, o nome de uma comunidade e o nome para

    sua divisão no tratamento da injustiça. E além de uma particular

    injustiça, a política do povo ameaça a polícia porque o povo é sempre

    mais ou menos que ele mesmo. É o poder de um-mais, o poder de

    qualquer um, o qual confunde o direito de ordenação da polícia.

    Agora, para mim, o principal desparecimento da reflexão e ação política

    é a sua identificação com o corpo de uma comunidade. Isto pode

    ocorrer em uma grande comunidade ou nas menores; pode ser a

    identificação do processo de governança com o princípio da

    comunidade sob a noção de tratamento da universalidade, o reino dalei, a liberal democracia e etc. Ou pode ser, ao contrário, o apelo de

    uma identidade como parte das tão denominadas minorias contra a lei

    hegemonica da cultura e identidade dominantes. A comunidade grande

    e a menor pode ser entendida, uma ou outra, como “tribalismo” ou

    “barbarismo” e ambas estarão adequadas neste entendimento e

    equivocadas em suas reivindicações. Eu não assumo que elas são

    praticamente equivalente, que as consequências são as mesmas. Eu

    apenas estou dizendo que elas têm a mesma questionavel

    identificação. Para o primius movens da polícia, ela teria a intenção de

    agir como o corpo da comundiade, transformar a técnica de governar

    em lei natural da ordem social. Mas se política é algo diferente de

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    polícia, ela não pode se encaixar em tal identificação. Alguém poderia

    objetar que a idéia de emancipação é historicamente relacionada com a

    idéia de self , na formulação de uma “emancipação dos trabalhadores”.

    Mas a primeira motivação de qualquer movimento de auto emancipaçãoé sempre a luta contra egoísmo. Este não é somente um estatuto

    moral (por exemplo, a dedicacao individual para a militancia

    comunitaria), é também um estatuto lógico: a política de emancipacao

    é a política do self como um outro ou, em termos gregos, um heteron .

    A lógica da emancipação é a heterologia.

    Peço permissão para colocar isto de outra forma: o processo de

    emancipação é a verificação da igualdade de qualquer ser falante com

    qualquer outro ser falante. Está sempre envolvido no nome de uma

    categoria negada ou o principio ou as consequências daquela igualdade.

    : trabalhadores, mulheres, negros ou outros. Mas o postulado de

    igualdade não é, para todos estes, o postulado do self , dos atributosou propriedade de uma tal comunidade em questão. O nome de uma

    comunidade humilhada que evoca seus diretios é sempre um nome

    anônimo, o nome de qualquer um.

    Há valores universais transcendentes à identificações particulares? Se

    nós queremos ir além do desesperado debate entre universalidade e

    identidade, nós devemos responder que o único universal em política é

    a igualdade. Mas nós temos que dizer ainda que aquela igualdade não é

    um valor dado na essência de uma humanidade ou de uma razão.

    Igualdade existe e faz valores universais existirem para além daquilo

    que é lei. Igualdade náo é um valor que alguem faz aparecer, é um

    universal que pode ser suposto verificado e demonstrado em cada

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    caso. Universalidade não é o eidos 2 da comunidade para o qual

    situaçoes particulares estão opostas; é, antes de tudo, um operador

    lógico. O modo da efetividade da verdade ou universalidade na política

    é a construção discursiva e prática de uma verificaçao polêmica, nocaso, uma demonstração. O lugar da verdade não é a raiz ou um ideal,

    é sempre um topos , o lugar de uma subjetivacao em um enredo

    argumentativo. Sua linguagem é sempre idiomatica, a qual, ao

    contrario, náo tem o sentido tribal. Quando grupos oprimidos tem que

    lidar com o dano eles aparecem como ser humanos ou Homens. Mas a

    universalidade náo está nestes conceitos, ela está no caminho dademonstraçao das consequencias retiradas disso – do trabalhador ser

    um cidadão, negros serem seres humanos e etc. O esquema logico do

    protesto social, genericamente falando, pode ser resumido assim: nós

    pertencemos ou não a categoria homens ou humanos ou seres

    humanos e quais consequencias isto implica? A universalidade não está

    contida no ser humano ou na cidadania, ela está envolvida nasconsequências de sua representação prática e discursiva.

    Tal universalidade deve se desenvolver através da mediação de

    categorias particulares. Por exemplo, na França do sec. XIX,

    trabalhadores deveriam construir as lógicas das greves na forma de um

    silogismo: trabalhadores franceses pertencem a categoria de homem

    francês? Se não, a Declaração dos Direitos tem que ser mudada. Se

    sim, eles teriam que ser tratados como iguais e eles atuaram para

    demonstrar isto. A questão pode ser ainda mais paradoxical. Seguindo

    o exemplo, será que a mulher francesa pertence a categoria de homem

    francês? A questão pode soar escandalosa ou sem sentido. No

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    entanto, tal sentença sem sentido pode ser muito mais produtiva no

    processo de igualdade do que uma mera afirmativa que a mulher é uma

    mulher ou um trabalhador é um trabalhador. Assim eles trazem estes

    temas não somente para um específico vazio lógico mas, desta forma,eles não somente descortinam uma divisão social mas também

    articulam esta divisão como uma relação, um não lugar em lugar, o

    lugar para uma polêmica construção. A construção destes casos de

    igualdade não é um ato de uma identidade nem é a demonstração de

    valores específicos para o grupo. É um processo de subjetivação.

    O que é um processo de subjetivação? É a formação de um que não é

    um self mas é a relaçao do eu com o outro. Permita-me demonstrar

    isto com o nome – o proletariado. Um dos seus primeiros usos ocorre

    na França do sec XIX, quando um líder revolucionário, Blanqui, foi

    processado por rebelião. O juiz perguntou a ele: Qual é a sua profissão?

    Ele respondeu: proletário. Então o juiz disse: isto não é uma profissão.E a resposta de Blanqui foi: é a profissão da maioria do nosso povo que

    está privado de direitos politicos. Desde o ponto de vista da polícia, o

    juiz estava certo: proletário não é uma profissão. E obviamente

    Blanqui não era o que nós usualmente chamaríamos de trabalhador.

    Mas, desde o ponto de vista da política, Blanqui estava certo:

    proletário não era o nome de um grupo social qualquer que poderia ser

    sociologicamente definido. É o nome de um resto. Um resto que não o

    lixo da humanidade, um resto é o nome daqueles que tem negada sua

    identidade na ordem dada da polícia. Em latim proletarii significa povo

    que prolifera – povo que procria, que simplesmente vive e reproduz

    sem nome, sem ser contado como parte da ordem simbólica de uma

    cidade. Proletários foram então transformados em trabalhadores como

    um nome de ninguém, um nome de pária: aqueles que não pertencem a

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    ordem das castas, de fato, aqueles que estão envolvidos em desfazer

    esta ordem (a classe que dissolve a classe, como Marx disse). Desta

    compreensão, o processo de subjetivacao é um processo de

    desindentificacao ou desclassificação.

    Deixe-me dizer isto novamente: um sujeito é um outsider ou mais um

    in-between . Proletário era o nome dado para um povo que estava junto

    quanto mais eles eram entre algo: entre diferentes nomes, status e

    identidades, entre humanidade e desumanidade, entre cidadãos e sua

    negação, entre o status de homem com habilidade de status de serespensantes e falantes. Subjetivação política é o postulado da igualdade

    – ou o enfrentamento da injustiça – pelo povo que está junto pela

    extensão daquilo que ele está entre. É um atravessamento de

    identidades, postos em nomes atravessados: nomes que vinculam o

    nome de um grupo ou classe com o nome de nenhum grupo ou

    nenhuma classe, vincula um ser humano a um não humano ou a umainda não humano.

    Esta rede tem uma propriedade importante: está sempre envolvida

    com uma identificação impossível, uma identificação que não pode ser

    encorporada por alguém que a assuma. “Nos somos os condenados

    da terra” é o tipo de afirmativa que nenhum miserável do mundo

    deveria sentir. Ou para tomar um exemplo pessoal, para minha geração,

    a política na França se dava através de uma identificação impossível –

    identificação com os corpos dos Algerianos espacandos até a morte ou

    jogados no rio Sena pela polícia, em nome do povo francês, em

    outubro de 1961. Nós não pudiamos nos identificar com aqueles

    corpos algerianos mas nós podíamos questionar nossa identificação

    com “o povo francês” em nome de quem os algerianos eram mortos.

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    Isto significa dizer que nós podemos atuar como sujeitos politicos no

    intervalo ou no hiato entre duas identidades, no entanto, nenhuma

    delas podemos assumir. Este processo de subjetivação não possui

    “nome próprio” mas ele encontra seu nome, seu nome cruzado notema de 1968 – “Nos somos todos Alemães Judeus” – uma

    identificação errada, uma identificação em termos de uma negação, de

    um absoluto equívoco. Se o movimento começou com aquela

    sentença, seu declínio pode ser simbolizado por uma declaraçao

    antagônica, a qual serve como título de um ensaio publicado alguns

    anos depois por um lider do movimento: nós não somos todos nascidosproletários. Certamente, nós não fomos, nós não somos. Mas o que se

    segue a partir disso é uma inabilidade em perceber as consequ&encias

    de um ser que é um não-ser, de uma identificação com todo mundo

    que não tem corpo próprio. Na demonstração da igualdade, a lógica

    silogistica do ou/ou (somos u não somos cidadãos e seres humanos?)

    é entrelaçada com a lógica paratáctica de nós somos não somos.

    Em resumo, a lógica da subjetivação política, da emancipaçao é a

    heterologia 3, a lógica do outro, por três razões principais: 1. Nunca é

    uma simples afirmação identitária, é sempre, ao mesmo tempo, a

    negação de uma identidade atribuída pelo outro, dada pelas regras de

    ordenação da polícia. Polícia se trata de nomes “corretos”, nomes que

    designam as pessoas para seus lugares e suas atividades. Política se

    trata de nomes incorretos” – termos impróprios que articulam um

    hiato e o conectam com a injustiça. 2. É uma demonstração e uma

    demonstração sempre supõe um outro, mesmo quando este outro

    recusa argumentos ou evidências. É um estágio de lugar comum que

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    nao é um lugar para a busca de consenso no sentido habermasiano.

    Não há consenso, náo há comunicação sem danos, nem a resolução de

    um conflito. Mas existe um polêmico lugar comum para o tratamento

    da injustiça e a demonstração da igualdade. 3. A lógica da subjetivaçãosempre implica numa impossível identificação.

    Somente por indeferir a complexidade desta lógica, alguém pode opor

    as grandes narrativas e as vítimas universais às presentes pequenas

    narrativas de hoje. A tão chamada grande narrativa do povo e o

    proletariado foi de fato produzido por uma multiplicidade de jogoslinguísticos e demonstrações. E o conceito de narrativa tal qual o

    conceito de cultura é altamente questionável. Ele implica a

    identificação de um enredo argumentativo com uma voz e de uma voz

    com um corpo. A vida da subjetivacao política é produzida pela

    diferença entre voz e corpo, pelo intervalo entre identidades. Assim,

    narrativa e cultura implicam a reversão da subjetivação paraidentificação. O processo de igualdade é um processo de diferença.

    Mas a diferença não significa a assunção de uma identidade diferente

    ou o simples confronto de duas identidades. O espaço para lidar com a

    diferença não é o self ou a cultura do grupo. É o topos de um

    argumento. E o lugar para tal argumento é o intervalo. O espaço para a

    subjetivacao politica é o intervalo ou o hiato. Estamos juntos na

    medida que estamos in-between – entre nomes, entre culturas, entre

    identidades e assim por diante.

    Esta é, para estar certo, uma posição não confortável, e o desconforto

    abre caminho para um discurso metapolítico. Metapolítica é a

    interpretação da politica desde o ponto de vista da policia. Sua

    tendência é interpretar a heterologia como ilusão e intervalos e hiatos

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    como sinais de falsidades. O paradigma da interpretação metapolítica é

    a abordagem Marxista sobre a Declaração dos Direitos do Homem e do

    Cidadão de 1789. Ele assume que a diferença entre homem e cidadão

    era a marca da ilusão: escondida atrás da identidade celestial docidadão, estava a identidade mundana do homem que era de fato o

    proprietário. Hoje o estilo corrente da metapolítica nos ensina, ao

    contrario, que o homem e o cidadão, são o mesmo indivíduo liberal

    aproveitando-se de valores universais encorporados nas constituições

    de nossas democracias. Mas o estilo da politica como emancipação é

    outro: ele assume que a universalidade da declaração de 1789 é auniversalidade do argumento a que deu forma e isto é devido ao

    intervalo entre dois termos, o qual abriu a possibilidade de um apelar

    ao outro, de fazer eles como termos de inumeráveis demonstrações de

    direitos, incluindo os direitos daqueles que nunca foram contados como

    cidadãos nem como homens.

    Minha conclusão é dupla: otimista e pessimista. Primeiro, nós não

    estamos presos dentro da oposição entre universalismo e identidade. A

    distinção melhor é entre lógica de subjetivação e lógica de

    identificação – entre duas ideias de multiplicidade, não entre

    universalismo e particularismo. O discurso do universalismo pode ser

    tão “tribal” como o discurso identitário. Nós experienciamos isto

    durante a Guerra do Golfo, quando muitos dos porta-vozes do

    universalismo se transformaram em porta-vozes da limpeza, bombas

    universais e mortes não particularizadas. A verdadeira oposição é entre

    o tribal e o idiomático. Politicas idiomáticas constroem localmente o

    lugar do universal, o lugar para demonstração da igualdade. Ela retira o

    dilema desesperado: ou a grande comunidade ou a pequena – ou a

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    comunidade ou nada. Nos permite falar de uma nova politica in-

    between .

    Minha segunda conclusão é menos otimista: muitas das discussõesanteriores lidam com racismo e xenofobia e nosso fracasso em

    formular boas respostas. Há mais para explorar aqui. Neste momento

    na Franca, o novo racismo e a xenofobia não deveriam ser vistos como

    consequência de problemas sociais que nós não podemos enfrentar

    neste momento, como um problema objetivo efeito da migração

    populacional. Mas muito mais, eles são um efeito do que evitamos, deum prévio colapso, o colapso da politica emancipatória como uma

    politica para o outro. Vinte anos atrás, nós éramos todos Alemães

    Judeus, que quer dizer, nós estávamos na lógica heterológica dos

    nomes não corretos, da cultura política do conflito. Agora nós só

    temos nomes corretos: nós somos europeus e xenófobos. É a

    destruição da forma politica, do poliformismo politico do outro que criaum novo tipo de outro, aquele que é infrapolítico. Objetivamente, nós

    não temos mais população imigrante que tivemos vinte anos atrás.

    Subjetivamente nós nunca tivemos tanto. A diferença é: vinte anos

    atrás o “imigrante” tinha outro nome, eles eram trabalhadores ou

    proletários. No atual momento, este nome tem se perdido como um

    nome politico, eles mantiveram seu nome e um outro que não tem

    outro nome se torna o objeto de medo e rejeição.

    O novo racismo é o ódio do outro que vem a tona quando os

    procedimentos políticos das polêmicas sociais entra em colapso. A

    cultura politica do conflito pode ter tido consequências amargas, mas

    ela era também um jeito de chegar a um acordo com algo que está

    antes e abaixo da política: a questão do outro como figura de

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    identifcação de um objeto de medo. Mais cedo Cornell West disse para

    nós que identidade é algo sobre desejo e morte. Eu diria que

    primeiramente identidade é algo sobre medo: o medo do outro e o

    medo do nada, o qual encontra no corpo do outro o seu objeto. E acultura polêmica da emancipação, o postulado heterológico do outro é

    também um caminho para civilizar o medo. As novas consequências do

    novo racismo e xenofobia revelam então o atual colapso da politica, a

    reversão da politica do tratamento da injustiça para o ódio primal. Se

    minha análise está correta, a questão não é somente “como nós iremos

    encarar os problemas políticos” mas sim como nós iremos reinventar aprópria politica”