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    Instituto Superior de Cincias da Informao e da Administrao

    Ps - Graduao em Necessidades Educativas Especiais

    6. Edio - Baio

    A importncia dos sistemas alternativos e

    aumentativos de comunicao na Paralisia

    Cerebral

    Projecto elaborado por:

    Olga Maria Lemos Pereira Gomes

    N.6840 Turma B

    Sob a orientao do Professor Doutor Horcio Saraiva

    Fevereiro 2011

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    Agradecimentos

    Ao Dr. Horcio Saraiva pelo seu apoio e principalmente pelo seu sorriso

    Ao meu maridinho por toda a pacincia

    Aos meus companheiros de Aventura, Borges e Artur.

    minha cara amiga Carla por toda a ajuda.

    II

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    Resumo

    Atravs deste trabalho pretende-se demonstrar que os Sistemas

    Alternativos e Aumentativos de Comunicao so importantes no

    desenvolvimento da comunicao na criana com Paralisia Cerebral.

    O estudo realizado centra-se na opinio que os docentes, quer do 1

    ciclo, quer da Educao Especial, tm relativamente importncia que aos

    sistemas alternativos e aumentativos de comunicao tm no desenvolvimento

    da comunicao em crianas com paralisia cerebral.

    O objectivo do trabalho demonstrar que as crianas com Paralisia

    Cerebral podem exprimir as suas necessidades e emoes, melhorar a sua

    aprendizagem social, alcanar independncia e autonomia e desenvolver a fala

    atravs da utilizao dos Sistemas Alternativos e Aumentativos de

    Comunicao.

    Tentar-se- comprovar estes aspectos atravs de questionrios

    efectuados a docentes.

    Palavras-chave

    Paralisia Cerebral; Comunicao Alternativa e Aumentativa;

    III

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    Abstract

    Through this work, we intend to demonstrate that alternative andaugmentative systems of communication are important in the development of

    communication of children with cerebral palsy.

    The study focuses on the belief that teachers, whether of a cycle, or of

    Special Education, have in what concerns to the importance that alternative and

    augmentative communication has in the development of communication in

    children with cerebral palsy.

    The aim of the study is to demonstrate that children with cerebral palsy

    can express their needs and emotions, improve their social learning, achieve

    independence and autonomy and develop speech through the use of alternative

    and augmentative systems of communication.

    We will try to verify these aspects through questionnaires to teachers.

    Key-words

    Cerebral Palsy; Augmentative and Alternative Communication;

    IV

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    ndice de figuras

    Figura 1 - Signos do sistema PIC.............................................................................. 26

    Figura 2 Signos do sistema SPC............................................................................. 27

    Figura 3 Signos do sistema Bliss ............................................................................ 31

    Figura 4 Tecnologias de Apoio tradicional............................................................... 40

    Figura 5 Varrimento simples e varrimento combinado............................................. 41

    Figura 6 Caracterizao da amostra em funo da idade ....................................... 52

    Figura 7 Caracterizao da amostra em funo do sexo ........................................ 52

    Figura 8 Caracterizao da amostra em funo da experincia Profissional........... 53

    Figura 9 - Caracterizao da amostra em funo da Experincia Profissional ........... 53

    Figura 10 Caracterizao da amostra em funo do tempo de servio em EducaoEspecial ...................................................................................................................... 54

    Figura 11 Caracterizao da amostra em funo do grupo em que leccionam ....... 54

    Figura 12 Caracterizao da amostra em funo da frequncia em aces deformao no mbito da Educao Especial ................................................................ 55

    Figura 13 Caracterizao da amostra em funo dos temas das aces de formaofrequentadas............................................................................................................... 55

    Figura 14 Caracterizao da amostra em funo da experincia com crianas comPC ............................................................................................................................ 56

    Figura 15 Caracterizao da amostra em funo da utilizao dos S.A.A.C por partedas crianas portadoras de P.C. ................................................................................. 56

    Figura 16 Caracterizao da amostra em funo do conhecimento dos S.A.A.C .... 57

    Figura 17 Caracterizao da amostra em funo dos S.A.A.C que conhecem ....... 57

    Figura 18 Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao se OSistema Alternativo e Aumentativo de Comunicao um conjunto integrado detcnicas, ajudas, estratgias e capacidades que a pessoa com dificuldades decomunicao usa para comunicar............................................................................... 58

    Figura 19 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao Os S.A.A.Cpermite criana com PC exprimir as suas emoes ................................................. 59

    Figura 20 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao O uso deS.A.A.C prejudicam a aprendizagem social das crianas com PC. ............................. 59

    Figura 21 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao Os S.A.A.Cpermitem criana alcanar alguma independncia e autonomia .............................. 60

    Figura 22 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao Os S.A.A.Csero prejudiciais para o desenvolvimento da fala em crianas com PC .................... 60

    Figura 23 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao O quadro desmbolos favorece a socializao das crianas com PC ............................................. 61

    Figura 24 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao O uso doquadro de comunicao diminui a comunicao de crianas com PC ........................ 61

    Figura 25 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao Os S.A.A.C

    so uma ferramenta a usar em todas as situaes da vida das crianas com PC ...... 62

    V

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    Figura 26 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao As ajudastcnicas, nomeadamente, tabuleiros de comunicao no permitem experinciasenriquecedoras as crianas com PC........................................................................... 62

    Figura 27 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao Os sistemasde comunicao devem ir ao encontro das necessidades e interesses das crianas

    com PC ...................................................................................................................... 63Figura 28 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao O sistemaBliss no apropriado para portadores de deficincias motoras, atrasos dedesenvolvimento mdio ou severo, deficincia mltipla, surdez e afasias de adultos . 63

    Figura 29 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao O sistemaSPC uma ferramenta prtica e til porque so smbolos facilmente apreendidos eapropriados para todos os nveis etrios..................................................................... 64

    Figura 30 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao O sistemaalternativo de comunicao PIC apresentam como principal desvantagem o facto deserem muito difceis de desenhar dificultando o trabalho do professor ....................... 64

    Figura 31 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao Acomunicao alternativa e aumentativa todo o tipo de comunicao que aumente ousuplemente a fala ....................................................................................................... 65

    Figura 32 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao necessrioformao especializada para utilizar os S.A.A.C. ........................................................ 65

    Figura 33 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao Aparticipao dos pais um entrave para a evoluo/recuperao das crianas comParalisia Cerebral ...................................................................................................... 66

    Figura 34 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao fundamental que os pais estejam em permanente comunicao com os profissionais

    que trabalham com os seus filhos............................................................................... 66Figura 35 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao A interacoentre os pais e os professores fundamental para o desenvolvimento da comunicaode crianas com PC ................................................................................................... 67

    Figura 36 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao A integraodas crianas com Paralisia Cerebral em turmas do ensino regular prejudicial aodesenvolvimento ........................................................................................................ 67

    Figura 37 - Opinio dos docentes dos diferentes grupos face afirmao A terapia dafala importante para o desenvolvimento da comunicao em crianas com PC ...... 68

    Figura 38 Relao entre idade e sexo..................................................................... 68

    Figura 39 Relao entre experincia profissional e nvel de ensino ........................ 69

    Figura 40 Relao entre conhecimento dos S.A.A.C e o nvel de ensino ................ 69

    Figura 41 Relao entre conhecimento dos diferentes tipos S.A.A.C e o nvel deensino ........................................................................................................................ 70

    VI

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    Lista de abreviaturas

    PC Paralisia cerebral

    S.A.A.C. Sistemas alternativos e aumentativos de comunicao.

    VII

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    ndice

    Agradecimentos ..............................................................................................

    Resumo...........................................................................................................

    Abstract...........................................................................................................

    ndice de figuras..............................................................................................

    Lista de abreviaturas.......................................................................................

    Introduo .......................................................................................................

    Parte I Fundamentao terica .................................................................. 1

    CAPTULO I PARALISIA CEREBRAL ....................................................... 2

    1.1 Definio de Paralisa Cerebral .......................................................... 2

    1.2 Caractersticas da Paralisia Cerebral ................................................ 4

    1.3 Etiologia da Paralisia Cerebral........................................................... 5

    1.4 Classificao sintomtica Tipos mais comuns de Paralisa Cerebral

    e suas caractersticas ..................................................................................... 7

    1.4.1 - Espstica................................................................................... 7

    1.4.2 - Atetsica ..................................................................................... 8

    1.4.3 Atxica........................................................................................ 8

    1.5 Distribuio da Paralisia cerebral ................................................... 10

    1.6 Como identificar a Paralisia Cerebral ............................................. 12

    1.7 Sintomas da Paralisia Cerebral ...................................................... 15

    1.8 Problemas associados Paralisia Cerebral ................................... 16

    1.8.1 - Atraso Mental ............................................................................ 16

    VIII

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    1.8.2 - Problemas Visuais..................................................................... 17

    1.8.3 - Problemas Auditivos.................................................................. 17

    1.8.4 - Epilepsia ou Convulses ........................................................... 18

    1.8.5 - Dificuldades na Alimentao ..................................................... 18

    1.8.6 - Problemas de Salivao............................................................ 19

    1.8.7 - Problemas de Dentio ............................................................. 19

    1.8.8 - Problemas nos Intestinos e Bexiga ........................................... 19

    1.8.9 - Problemas Emocionais ou de Comportamento ......................... 20

    1.8.10 - Dificuldades Especficas de Aprendizagem............................. 20

    1.8.11- Problemas de Personalidade ................................................... 21

    1.8.12 - Problemas de Fala e Linguagem............................................. 21

    Captulo II MEIOS ALTERNATIVOS E AUMENTATIVOS DE

    COMUNICAO E AJUDAS TCNICAS......................................................... 22

    2.1 Sistemas alternativos e aumentativos de comunicao ..................... 22

    2.1.1 Tipos de sistemas ........................................................................ 23

    2.1.1.1 Sistemas de comunicao sem ajuda ................................... 23

    2.1.1.2 Sistemas de comunicao com ajuda ................................... 24

    2.1.2 Sistemas de smbolos grficos adaptados Lngua Portuguesa 25

    2.1.2.1 Sistemas de Comunicao PIC ............................................. 26

    2.1.2.2 Sistemas alternativos de comunicao SPC ......................... 27

    2.1.2.3- Sistemas alternativos de comunicao BLISS ........................ 30

    2.1.3 Candidatos ao uso dos Sistemas alternativos de comunicao .. 36

    IX

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    2.1.3.1 Seleco dos candidatos ao uso dos Sistemas Alternativos de

    Comunicao ............................................................................................. 37

    2.1.3.2 Vantagens e desvantagens dos Sistemas alternativos de

    comunicao.............................................................................................. 38

    2.1.4 Tecnologias de Apoio .................................................................. 39

    Captulo III A IMPORTNCIA DOS MEIOS ALTERNATIVOS NA

    PARALISIA CEREBRAL .................................................................................. 46

    Parte II Fundamentao Emprica ........................................................... 48

    Captulo IVMETODOLOGIA DE ESTUDO ............................................... 49

    4.1 Descrio do objecto de estudo .................................................. 49

    4.2 Objectivos e Hipteses ................................................................ 49

    4.3. - Amostra ....................................................................................... 50

    4.4 Metodologia utilizada ................................................................... 50

    Captulo v RESULTADOS DO ESTUDO EMPRICO............................... 51

    5.1 - Recolha e Registo dos Dados ......................................................... 51

    5.2 Discusso dos resultados ................................................................ 52

    5.3 - Consideraes finais ....................................................................... 70

    5.4 - Limitaes do estudo e Linhas futuras de investigao .................. 72

    5.5 - Concluso........................................................................................ 73

    Anexos ........................................................................................................ 75

    Referncias bibliogrficas ........................................................................... 76

    X

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    Introduo

    Existem muitas pessoas que no conseguem comunicar atravs da fala,pois revelam perturbaes no desenvolvimento da linguagem e da

    comunicao. Este o caso das crianas com deficincia neuromotora, dentro

    das quais se inserem as crianas com Paralisia Cerebral.

    Assim sendo, estas pessoas necessitam de uma forma de comunicar

    alternativa fala, que lhes permita transmitir tudo aquilo que desejam.

    Muitas crianas com Paralisia Cerebral, cujas capacidades cognitivasno foram afectadas, precisam de um sistema alternativo de comunicao

    porque os seus problemas motores prejudicam a fala.

    Estas crianas, por norma, entendem tudo o se passa sua volta.

    O motivo da escolha do tema do trabalho prende-se com o facto de

    considerar a Paralisia Cerebral um tema interessante e sentir curiosidade em

    perceber melhor a utilizao dos Sistemas Alternativos e Aumentativos de

    Comunicao.

    Desde a infncia e durante toda a vida, a capacidade de um indivduo

    poder expressar-se est fortemente associada aos sentimentos de autonomia,

    auto-estima e valorizao pessoal.(Tetzchener & Martinsen, 2000).

    As crianas com dificuldades de comunicao arriscam-se a ficar

    margem do processo de ensino natural que, geralmente, ocorre num ambiente

    social.

    A importncia deste trabalho reside na necessidade de verificar qual a

    funcionalidade dos Sistemas Alternativos e Aumentativos de Comunicao e de

    comprovar, do ponto de vista docente, a sua importncia na vida das crianas

    com Paralisia Cerebral.

    XI

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    Este estudo est organizado em duas partes essenciais:

    Fundamentao Terica, organizada em trs captulos, e Fundamentao

    Emprica, dividida em dois captulos.

    Na Fundamentao Terica, irei abordar a definio de Paralisia

    Cerebral, analisar os tipos e as causas da Paralisia Cerebral e tambm verificar

    quais os problemas associados a esta deficincia.

    Irei, ainda nesta parte terica, analisar diferentes Sistemas Alternativos e

    Aumentativos de Comunicao, bem como referir diversas Ajudas Tcnicas

    para a Comunicao.

    Um sistema de comunicao umaferramenta para usar em todas as

    situaes da vida. (Tetzchener & Martinsen, 2000)

    As Ajudas Tcnicas, nomeadamente, tabuleiros de comunicao,

    computadores, software, etc., permitem s crianasmelhorar a sua autonomia

    e terem experincias enriquecedoras (...) proporcionando-lhes mais

    possibilidades de realizao, de independncia e de auto-confiana. (Equipa

    Tcnica do Centro de Reabilitao de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian,2000, p. 15).

    Num terceiro captulo desta parte terica, realarei a importncia dos

    sistemas alternativos e aumentativos na paralisia cerebral. Darei neste capitulo

    especial nfase aos problemas de fala e linguagem, pois neste aspecto que

    assenta o meu trabalho.

    Relativamente Fundamentao Emprica, esta encontra-se dividida em

    dois captulos: Metodologia de Estudo e Resultados do Estudo Emprico.

    No captulo da Metodologia de Estudo, irei descrever o objecto de

    estudo, referir quais os objectivos do trabalho, indicar qual a pergunta de

    pergunta de partida e as hipteses formuladas e explicitar a metodologia

    utilizada na elaborao deste projecto.

    XII

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    Salienta-se que todo o estudo est centrado em torno da importncia

    dos Sistemas Alternativos e Aumentativos de Comunicao em diferentes

    aspectos da vida da criana com Paralisia Cerebral.

    Segue-se, no captulo Resultados do Estudo Emprico, a Anlise,

    Tratamento e Apresentao de Dados, onde irei referir as opinies dos

    diferentes professores relativamente importncia dos Sistemas Alternativos e

    Aumentativos de comunicao na Paralisia Cerebral.

    Por fim, verifica-se a Discusso dos Resultados, em que verificaremos

    se as hipteses formuladas se confirmam e farei algumas consideraes

    acerca do estudo realizado.

    XIII

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    Parte I Fundamentao terica

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    CAPTULO I PARALISIA CEREBRAL

    1.1 Definio de Paralisa Cerebral

    Define-se, habitualmente, Paralisia Cerebral como uma perturbao do

    controlo neuromuscular, da postura e do equilbrio, resultante de uma leso

    cerebral esttica que afecta o crebro em perodo de desenvolvimento.

    uma condio complexa que apresenta grande variedade de situaesneurolgicas irreversveis e no progressivas existindo uma multiplicidade de

    casos de Paralisia Cerebral, diferentes uns dos outros, quer na gravidade, quer

    nos aspectos afectados, quer nas condies scio afectivas.

    A primeira descrio de Paralisia Cerebral surge em 1843, efectuada pelo

    mdico Dr. Lite, considerando-se hoje, no ser o termo Paralisia Cerebral o

    mais adequado, pois parece traduzir uma total ausncia da funo motora e

    psicolgica o que no corresponde verdade, alm de ser um termo rejeitadopelos prprios e pelas famlias.

    Segundo Leito (1983, pp. 3,4), paralisia cerebral um termo descritivo,

    no especfico e bastante ambguo, que pode ser assim resumido: distrbios

    da funo motora, de incio na primeira infncia, caracterizados por paralisias,

    espasticidade e/ou movimentos involuntrios dos membros, raramente

    hipotonia e ataxia, frequentemente acompanhados de dficit mental eepilepsia.

    Paralisia Cerebral assim uma desordem permanente e no imutvel da

    postura e do movimento, devido a uma disfuno do crebro antes que o seu

    crescimento e desenvolvimento estejam completos. (Bautista, 1997, p. 293).

    Este autor prope ainda quatro noes fundamentais no contexto da Paralisia

    Cerebral:

    -

    -

    um distrbio permanente que, apesar de definitivo, no evolutivo;

    No imutvel, logo, podero existir melhorias;

    2

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    -

    -

    No est em relao com as capacidades intelectuais; a principal

    perturbao a perturbao motora;

    Pode verificar-se em qualquer fase do perodo de crescimento

    cerebral, sem ligao a uma causa especfica.

    A Paralisia Cerebral provocada por uma leso no crebro imaturo, o

    que significa que ocorre sempre em bebs ou crianas. No caso dos adultos,

    se estes sofrerem uma leso no crebro, h um derrame ou uma hemorragia, e

    os efeitos, nalguns aspectos, so semelhantes aos das crianas com Paralisia

    Cerebral. Existe, no entanto, um aspecto importante que diferente: o crebro

    do adulto j est completamente desenvolvido, ao passo que o crebro da

    criana no atingiu ainda a funcionalidade total e est em evoluo. Neste

    caso, as consequncias da leso so mais graves do que as que se verificam

    no adulto.

    Em suma, podemos afirmar que uma situao orientada por uma leso

    no crebro em desenvolvimento, que se manifesta principalmente por

    perturbaes motoras (paralisia, incoordenao motora, existncia de

    movimentos involuntrios), s quais se associa frequentemente outrasperturbaes e problemas. Todas estas dificuldades podem combinar-se,

    resultando vrios graus de gravidade, cujas manifestaes externas variam

    com o local e a extenso da leso do crebro.

    A paralisia cerebral no hereditria, pois, pais saudveis podem ter uma

    criana com este problema, podendo este surgir em qualquer famlia. Em cada

    1000 crianas que nascem 2 podem ter paralisia cerebral.(A.P.P.C, p. 5).

    A classificao baseada no tipo de deficincia motora, grau e localizao da

    deficincia fisiolgica.

    3

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    1.2 Caractersticas da Paralisia Cerebral

    A paralisia cerebral distingue-se por um dano dominante nas funes motrizes,

    as quais afectam o tnus (contraco muscular em repouso), a postura

    (equilbrio do individuo) e o movimento (aco motora voluntria). Alm das

    deficincias motoras, podemos encontrar outras situaes que interferem no

    desenvolvimento normal da criana com PC: perturbaes no desenvolvimento

    intelectual, perturbaes da linguagem, epilepsia, deficincias sensoriais da

    percepo e problemas de comportamento, que por certo iro agravar e

    dificultar o desenvolvimento da criana.

    A leso no evolutiva, nem tem cura, pois as clulas nervosas, os

    neurnios lesados no crescem nem se mielinizam e no afectam o resto das

    clulas nervosas vivas. Por esse motivo no h forma de alterar a rea

    afectada, dado que a medicina ainda no d resposta a este problema.

    As consequncias desta leso podem variar de criana para criana, o que

    est associado ainda realizao de experincias estimulantes e

    enriquecedoras com o meio (a explorao deficiente do meio e o fraco

    conhecimento de si prpria so entraves ao processo). Atravs das trocas com

    o meio, a criana aprende, constri e executa. A dificuldade da criana com PC

    em se movimentar leva a que tenha uma deficitria explorao com o mundo

    que a rodeia, o que prejudica o seu desenvolvimento. H que propiciar

    momentos de brincadeiras atractivas, motivadoras, para que a criana tire o

    maior partido da experincia.

    Em suma, a paralisia cerebral manifesta-se por perturbaes da postura e

    movimentos voluntrios, persistncia de reflexos primitivos e atraso na

    aquisio das novas etapas do desenvolvimento.

    4

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    1.3 Etiologia da Paralisia Cerebral

    Em termos gerais, a Paralisia Cerebral, como atrs foi referido, no

    devida a qualquer deficincia dos pais ou doena hereditria. Pode ser

    causada por hemorragias, falta de oxignio no crebro, traumatismo, infeces,

    nascimento prematuro e ictercia grave neonatal.

    Segundo Finnie (2000), no perodo vitoriano, havia duas teorias importantes

    acerca da Paralisia Cerebral. Uma delas foi formulada pelo psicanalista

    Sigmund Freud, que acreditava que o distrbio ocorria na fase uterina,

    enquanto o beb se desenvolvia.

    Outra teoria era defendida pelo cirurgio ortopdico William Little e

    proclamava que a leso acontecia na altura do nascimento, durante o parto.

    Nos ltimos anos, esta ltima teoria foi a mais credvel. A falta de

    oxignio durante o parto era a principal causa de Paralisia Cerebral.

    Hoje em dia, verificou-se que os casos de anoxia so menos, pois os

    bebs so mais resistentes falta de oxignio.

    Camargo (1995) refere que as causas mais comuns da leso cerebral

    so infeces ou traumatismos que acontecem antes, durante ou logo aps o

    nascimento. Ou seja, as causas podem ser pr-natais, perinatais ou ps-natais.

    As causas podem surgir durante o perodo pr-natal, peri-natal e ps- natal at

    aos 2/3 anos.

    Pr-natais

    Durante a gestao e no perodo embrionrio at ao 4 ms, devido a

    doenas como: a rubola, sfilis, herpes e hepatite - tendo como consequncia

    ms formaes cerebrais, oculares, auditivas, viscerais e cardacas. Pode

    tambm derivar da incompatibilidade de R.H..

    No perodo fetal do 4 ms ao final da gestao as leses deste

    perodo designam-se por fetopatias, causadas por micrbios (meningite). Elaspodem ser:

    5

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    - Vricas: hipertonia, manifestaes oculares, deficincia mental e ictercia.

    - Parasitrias: toxoplasmose

    -Intoxicaes acidentais: devido ao xido de carbono, medicamentos

    incontrolados, irradiaes por raio X e abortos mal controlados.-Doenas metablicas da me: lcool, drogas, diabetes

    Peri-natais

    Neste perodo as leses ocorrem durante o parto e so devido a:

    - Choque trmico: choque com a realidade (respirao, adaptao cardaca,oxigenao e mudana de temperatura).

    - Anxia: falta de oxignio devido ao parto demorado, cordo umbilical enroladoao pescoo, aplicao de frceps.

    - Crianas hipermaturas: crianas que nascem com mais de dez meses.

    - Cesarianas secundrias: quando se pratica uma cesariana depois de se tertentado extrair o beb por via normal.

    Ps-natais

    Leses que tm menos frequncia e podem ser devido a:

    - Ictercia ou anemia graves

    - Agentes txicos

    - Agentes imunizantes

    - Hipoglicmia

    - Tumores intracraneanos/compresso

    - Meningites ou encefalites, enfermidades metablicas, traumatismoscranianos.

    - Acidentes anestsicos.

    - Incompatibilidade de R.H., hoje esta incompatibilidade pode ser

    prevenida com a imunizao da me e transfuso de sangue precoce da

    criana.

    6

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    20/90

    1.4 Classificao sintomtica Tipos mais comuns de Paralisa

    Cerebral e suas caractersticas

    A localizao da leso no sistema nervoso, assim como a relao

    existente entre o tipo clnico e a leso exacta do sistema nervoso central,

    muitas vezes dificulta o diagnstico, devido complexidade funcional do

    quadro clnico da paralisia cerebral.

    nas partes do crebro que se relacionam com movimento que se

    procuram os danos causadores da paralisia.

    A PC limita essencialmente a criana em dois aspectos: verbal e motor.

    Esses aspectos vo dar origem a carncias que se vo repercutir a vrios

    nveis. A neurofisiologia moderna defende que a postura e o movimento se

    relacionam entre si, por isso no podem estar separados. Os movimentos so

    mudanas de postura.

    As classificaes dos tipos de paralisia cerebral variam segundo alguns

    especialistas, classicamente de acordo com o tnus muscular, distrbios deenervao recprocas e padres posturais, descrevem-se trs tipos de

    sndromas: espstica, atetsica e atxica.

    1.4.1 - Espstica

    A espasticidade produz-se como consequncia de leso no crtex

    cerebral, sistema piramidal. Este sistema responsvel pela realizao dos

    movimentos voluntrios e a sua alterao manifesta-se pela sua perda ou peloaumento do tnus muscular. O grau de espasticidade varia com a condio

    geral da criana e mais ou menos fixada em algumas posturas tpicas. Existe

    hipertonia e tendncia para contracturas e deformidades. Os movimentos das

    crianas so rgidos, bruscos e lentos. Os movimentos so de restrita

    amplitude e requerem um esforo excessivo, o que leva a um reduzido poder

    de movimentao e pobreza das suas vivncias. H uma dissociao de

    movimentos. A espasticidade pode ser repartida de diferentes formas por todo

    o corpo ou partes do corpo: pode afectar um s lado (hemiplegia/hemiparsia)

    7

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    e o resto do corpo apresentar movimentos quase normais; quando os quatro

    membros so afectados a chamada tetraparsia ou ento diplegia se so

    afectados mais os membros inferiores.

    1.4.2 - Atetsica

    A atetose produz-se em consequncia de uma leso localizada no

    sistema extra-piramidal (leso nos ncleos situados nos hemisfrios cerebrais-

    gnglios basais). Abrange entre 15 a 20% da populao com paralisia cerebral.

    A criana atetoide mostra um tnus muscular instvel e flutuante

    (descontrolado), mas a amplitude das flutuaes pode variar amplamente,

    podendo manifestar-se movimentos irregulares somente nas extremidades ouem todo o corpo (os membros inferiores geralmente rodam para dentro). Estas

    crianas tm um tnus postural de sustentao deficiente, no podendo por

    isso manter uma posio estvel (falta de fixao postural). Os movimentos

    dos atetsicos so espamdicos, isto quer dizer que as flutuaes do tnus

    muscular so sbitas e provocam movimentos involuntrios, descoordenados e

    impulsivos, dificultando a actividade voluntria. So causados por trocas

    bruscas e inesperadas do tnus normal hipertonia, ou vice-versa, bem como

    da hiperflexo hiperextenso. Devido falta da contraco e dos extremos

    limites do movimento, h uma hipermobilidade de todas as articulaes, com

    uma tendncia subluxao, especialmente das mandbulas, dos ombros, dos

    quadris e dos dedos da mo. Existem perturbaes da fala: muito difcil

    compreender uma criana atetsica.

    1.4.3 Atxica

    A atxica produz-se como consequncia de uma leso localizada no

    cerebelo ou nas vias cerebelosas. Atinge at 2% da populao com paralisia

    cerebral.

    As crianas atxicas no conseguem medir a fora e a direco dos

    seus movimentos. H uma hipotonia. Caracteriza-se por uma diminuio da

    tonacidade muscular, falta de coordenao dos movimentos e equilbrio

    deficiente, musculatura flcida. Tem dificuldade em executar movimentos8

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    alternados. As reaces de equilbrio e extenso produtiva so deficientes e

    lentas, provocando marcha atpica e quedas. Estas crianas no tm

    movimentos involuntrios constantes, pois quando esto sentadas e imveis,

    elas conseguem realizar movimentos desajeitados e inbeis. H tambm

    deficincia de articulao: lenta e montona.

    raro encontrar casos puros de espasticidade ou de atetose o mais

    frequente uma combinao: de atetsicos e atxicos, atxicos e espsticos,

    ou as trs formas conjugadas. Estas crianas so normalmente quadriplgicas.

    Apresentam espasticidade e atetose, podendo observar-se reaces de

    equilbrio deficiente e/ou tremor.

    H rigidez quando existe uma resistncia muscular exagerada devido a

    uma grande dureza muscular, no existe o reflexo de traco, quando se move

    um membro, este no volta posio anterior. Destaca uma hipertonia que em

    ocasies chega a ser to intensa que impede todo o seu movimento (parece

    ser uma forma severa de espasticidade).

    O tremor caracteriza-se pela falta de firmeza no membro envolvido

    apenas quando h intencionalidade do seu uso. Os movimentos so breves,rpidos, oscilantes e rtmicos. Acontece com mais frequncia nos membros

    superiores, do que nos inferiores.

    9

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    1.5 Distribuio da Paralisia cerebral

    Na paralisia cerebral atetide e atxica geralmente esto envolvidas

    todas as partes do corpo. Na paralisia cerebral espstica as diferentes partes

    do corpo podem estar envolvidas de forma diferenciada.

    De acordo com a terminologia utilizada pela Sociedade Internacional de

    Paralisia Cerebral, para descrever a condio da criana com P.C.

    relativamente distribuio da diminuio fsica, (Bobath, 1984, p. 50),

    considera:

    A Quadriplegia Tetraplegia ou Tetraparsia

    Envolve todo o corpo, sendo a parte superior mais afectadas que a

    inferior. A distribuio geralmente assimtrica. Nos casos em que a

    assimetria muito evidente (h um lado mais afectado que outro) podem-se

    considerar casos de dupla hemiplegia, apesar de estarem envolvidos os

    quatro membros, os superiores parecem muito mais afectados que os

    inferiores.

    Normalmente, o controle da cabea e a coordenao dos olhos

    deficitrio devido maior incidncia da diminuio das partes superiores. Estas

    crianas apresentam dificuldades na alimentao e alguns problemas de fala e

    de articulao. Deste grupo fazem parte praticamente todas as crianas

    atetides e muitas espsticas, assim como, todos os tipos mistos de

    espasticidade, atetose e ataxia.

    - A Diplegia

    Implica o movimento de todo o corpo, sendo a metade inferior a mais

    afectada (membros inferiores). Esta mais comum nos bebs prematuros. O

    domnio da cabea, dos braos e das mos geralmente pouco afectado,

    podendo a fala ser normal e a viso afectada por estrabismo. Muitas vezes, as

    partes superiores so to pouco afectadas que estas crianas so

    diagnosticadas como tendo Paraplegia cerebral. Deste grupo fazem parte,

    quase exclusivamente, as crianas espsticas, podendo tambm encontrar-se10

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    casos de ataxia associados a uma displegia espstica. Pensa-se que a maior

    causa desta a prematuridade.

    - A Hemiplegia

    Verifica-se quando o organismo humano afectado de um s lado

    (esquerdo ou direito), geralmente atinge mais o brao que a perna. As

    hemiplegias so praticamente todas espsticas.

    - A Paraplegia ou Paraparsia

    quando a metade inferior do corpo afectada.

    - Triplegia

    Um dos membros, geralmente o brao, normal.

    - A Monoplegia ou Monoparsia

    Quando um membro afectado, geralmente o superior.

    A triplegia, a monoplegia e a hemiplegia dupla sos tipos de paralisia cerebral

    menos vulgares.

    11

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    1.6 Como identificar a Paralisia Cerebral

    Uma criana nascida em situao de alto risco deve priori ser alvo de

    uma avaliao sistemtica do desenvolvimento.

    A deteco da deficincia na criana crucial, o que implica uma

    avaliao cuidadosa dos seus problemas e, sobretudo, das suas

    potencialidades, aproveitando a maior plasticidade do Sistema Nervoso

    Central, nos primeiros anos de vida.

    Para uma deteco precoce da PC tem grande importncia a avaliao

    das reaces posturais, discriminar to cedo quanto possvel, entre as

    reaces primitivas (reflexo de apoio e da marcha, reflexo de Moro ou de

    abraamento; resposta de flexo tnica dos dedos; reflexo de massas e reflexo

    de afastamento), que so normais, mas que podem persistir em idades

    anormais assim como o seu comportamento motor.

    Devem ser considerados trs factores na avaliao da paralisia cerebral:

    tipo e a fora do tnus muscular, o tipo de distrbio de enervao recproca e adistribuio do quadro e o padro predominante de postura e movimento.

    O comportamento motor pode ser definido como anormal se os padres

    de postura e de movimento observados, tais como: os reflexos tnicos, que

    provocam tnus postural anormal, no correspondem aos que so encontrados

    em qualquer poca durante a vida ps-natal de um beb normal.

    O recm- nascido com paralisia cerebral, de um modo geral, nodesenvolve o tnus postural contra a gravidade, como acontece com a criana

    normal, porm, desenvolve a actividade reflexa postural anormal que de facto,

    faz com que o seu corpo siga a direco da gravidade.

    Podemos salientar que o desenvolvimento motor normal se desenrola

    numa sequncia de estdios, cada vez mais elaborados e adaptados para

    padres e habilidades mais finos e selectivos.

    12

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    O desenvolvimento e as alteraes maiores e mais rpidas ocorrem nos

    primeiros dezoito meses de vida, num ritmo de desenvolvimento bastante

    rpido. Assim, a criana capaz de se levantar contra a gravidade e ganha um

    certo equilbrio. Usa as mos para a manipulao.

    O perodo sensorio-motor da criana um perodo importante e

    extremamente rpido do desenvolvimento. O desempenho motor das crianas

    com PC est comprometido, portanto necessrio um acompanhamento, o

    mais cedo possvel, por uma equipa transdisciplinar.

    A criana com paralisia cerebral desenvolve-se num ritmo mais

    vagaroso. O seu desenvolvimento tanto pode ser retardado, como seguir um

    curso normal. Em casos graves no existem mais do que pequenas alteraes

    por um longo perodo e o desenvolvimento pode ser completamente

    estacionado num estdio muito inicial, todavia, o desenvolvimento motor pode

    prolongar-se at adolescncia ou mesmo at vida adulta. Isto acontece

    com algumas crianas atetides (uma forma de paralisia cerebral caracterizada

    por lentido e repetio de movimentos dos braos e das pernas, dificultando o

    equilbrio) e atxicas (dificuldade no equilbrio e na coordenao dos

    movimentos voluntrios) que permanecem mveis e no desenvolvem

    facilmente contracturas e deformidades. Algumas crianas atetides no

    aprendem a andar at que atinjam a idade de 14, 15 anos.

    Podem existir poucas alteraes nas actividades da criana durante os

    primeiros 12 a 18 meses, enquanto que em circunstncias normais esse o

    tempo em que ocorrem as maiores alteraes. por esta razo que o

    tratamento precoce, a estimulao e colocao da criana numa cadeira

    adequada so to importantes para o pequeno ser que no consegue levantar

    a cabea dentro dos prazos normais; assim pode aproveitar toda a explorao

    em seu redor feita atravs da viso.

    Com o tempo as dificuldades motoras tornam-se mais pronunciadas e a

    anormalidade dos padres de movimento e de postura da criana tornam-se

    mais bvios. Este desenvolvimento e aumento da actividade anormal

    interferem e, tornam impossvel o desenvolvimento motor normal. A crianatenta sobreviver com um equipamento inadequado de padres motores,

    13

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    usando as partes menos afectadas ou no afectadas do seu corpo para

    compensar.

    O desenvolvimento da criana com paralisia cerebral assim no

    somente retardado, mas desordenado e prejudicado, como resultado da leso(patologia). O diagnstico da paralisia cerebral muito difcil numa idade

    precoce. O recm-nascido diagnosticado como caso ameno e, portanto, com

    probabilidades de responder ao tratamento precoce, pode tornar-se mais

    gravemente afectado do que o esperado e necessitar de tratamento, por um

    perodo mais longo. Estes so frequentemente os casos de crianas

    inteligentes, que tentam esforadamente e muito cedo ficar sobre os ps,

    recorrendo s mos para se ajudarem, no entanto, este esforo, infelizmente,refora os seus padres anormais.

    Por outro lado, existem crianas que parecem estar muito gravemente

    afectadas, mas que contra todas as expectativas, mostram um resultado

    bastante rpido e uma boa tolerncia ao tratamento. Esses factores tornam

    bastante incerto o prognstico numa idade precoce.

    Apesar destas incertezas no se pode perder a poca em que otratamento influencia e melhora a qualidade da coordenao. Como regra

    geral, pode dizer-se que o progresso de uma criana espstica, ao longo dos

    diferentes estdios, ter atingido o seu auge antes da idade dos 6 a 8 anos. No

    paciente atetide e atxico, o progresso de estdio para estdio pode continuar

    at idade dos 15 anos, ou mesmo at mais tarde.

    As idades nas quais as crianas atingem marcos no desenvolvimento da

    linguagem correlacionam-se altamente com os marcos do desenvolvimento

    motor. Isto no implica que o desenvolvimento da linguagem resulte da

    actividade motora, mas implica que as duas dimenses do desenvolvimento

    sejam controladas por processos semelhantes de maturao.

    Existem caractersticas e padres comuns de desenvolvimento,

    partilhados por todas as linguagens e pelas crianas que apresentam um

    desenvolvimento equilibrado.

    14

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    1.7 Sintomas da Paralisia Cerebral

    Podemos sistematizar alguns sintomas que nos podem indicar a

    existncia de paralisia cerebral:

    - Tranquilidade anormal (criana mole).

    - Hiperactividade.

    - Dificuldade em mamar, pois os padres da actividade reflexa no soos mesmos.

    - Postura e movimentos anormais.

    - Tnus muscular anormal:

    Hipertonia (espasticidade)

    Hipotonia (flacidez)

    Variaes do tnus o tnus em repouso parece normal, masaumenta com o esforo para o movimento e recai em hipotonia

    - Fraqueza muscular.

    - Epilepsia precoce ou tardia (nem sempre existe).

    - Alteraes da sensibilidade.

    - Atrofia causadas por falta de uso, mas tambm mais marcadas com ocrescimento.

    - Alteraes circulatrias.

    - Deficit intelectual (nem sempre existe).

    - Alteraes sensoriais:

    Deficincia auditiva

    Deficincia visual

    - Perturbaes da linguagem-fala.

    Dificuldades na interaco me-filho, no se consegue o ensino naturalao lidar com as actividades dirias.

    15

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    1.8 Problemas associados Paralisia Cerebral

    A criana com Paralisia Cerebral pode ter, simultaneamente, outros

    problemas que podero afectar o seu desenvolvimento, nomeadamente: atraso

    mental; problemas visuais; problemas auditivos; epilepsia ou convulses;

    dificuldades na alimentao; problemas de salivao; problemas de dentio;

    problemas nos intestinos e bexiga; problemas emocionais ou de

    comportamento; dificuldades especficas de aprendizagem; problemas de

    personalidade; problemas de fala e linguagem.

    Ou seja, alm das dificuldades motoras, estas crianas podemapresentar deficincias sensoriais e intelectuais. Podem revelar dificuldades

    para ver e ouvir, bem como para perceber a forma e textura dos objectos com

    as mos. As noes de distncia, de direita e esquerda e de espao podem

    tambm estar afectadas. Estas dificuldades combinam-se de diversas formas e

    em diferentes graus, de acordo com a rea do crebro atingida e com a

    dimenso da leso.

    Deste modo, uma criana poder ter os movimentos pouco afectados eapresentar grandes dificuldades intelectuais, como tambm pode acontecer o

    inverso (Camargo, 1995).

    De facto, o termo Paralisia Cerebral implica que a parte afectada do

    crebro se relaciona com o movimento, contudo, pode haver outras reas

    afectadas que esto associadas a funes diferentes e que provocam vrios

    problemas, que j foram referidos, mas sero desenvolvidos de seguida.

    1.8.1 - Atraso Mental

    A leso cerebral nem sempre afecta a inteligncia da criana. Existem

    crianas com deficincias fsicas ligeiras e outras com deficincias fsicas

    graves, que podem ter uma capacidade intelectual razovel ou um nvel de

    inteligncia baixo.

    Bautista ( 1997, p. 298), refere que desde que comeou a ser feita uma

    interveno precoce, diminuiu a incidncia de deficincia mental associada nascrianas afectadas de Paralisia Cerebral.

    16

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    Por outro lado, avaliar a inteligncia de crianas com certos tipos de

    Paralisia Cerebral um processo difcil porque a maior parte dos testes requer

    respostas verbais e motoras. Deste modo, uma avaliao baseada apenas nas

    impresses iniciais pode levar a uma concluso incorrecta.

    Inicialmente, considerava-se que muitas crianas com disartria grave

    tinham um atraso mental. No entanto, quando essas crianas conseguiram

    comunicar atravs de meios de comunicao alternativos, reconheceu-se que

    tinham capacidades intelectuais.

    De qualquer forma, existe atraso mental em alguns tipos de Paralisia

    Cerebral. Esse atraso verifica-se mais frequentemente em crianas com

    tetraplegia espstica.

    1.8.2 - Problemas Visuais

    Em alguns casos de Paralisia Cerebral verificam-se problemas visuais,

    sendo os culomotores os mais comuns.

    As deficincias visuais podem ser agrupadas da seguinte forma:

    Problemas de motilidade (estrabismo e nistagmos); Problemas de acuidade

    visual e do campo de viso; Problemas da elaborao central. (Bautista,1997).

    A coordenao dos msculos do olho est frequentemente alterada, o

    que provoca fraca coordenao nos dois olhos e imagem repetida. Este factor

    leva a que a criana, muitas vezes, utilize apenas um olho, acarretando

    consequentemente a ausncia da noo de relevo.

    1.8.3 - Problemas AuditivosAs pessoas com Paralisia Cerebral apresentam mais problemas

    auditivos do que a restante populao. Como causas deste problema, o autor

    citado anteriormente salienta: ictercia neonatal; virose no sistema nervoso

    central; sequelas de meningoencefalite; encefalopatias ps-rubola materna.

    De acordo com (Finnie, 2000), os problemas que envolvem os nervos

    auditivos e as reas do crebro relacionadas com a audio so designados de

    perdas de audio sensorineural, de maneira a criar uma distino entre estas

    perdas e a perda de audio provocada por infeces no ouvido, que so muito17

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    comuns nas crianas. Assim, a perda sensorineural mais sria do que esta

    ltima, pois no h forma de reparar os nervos auditivos que foram danificados.

    1.8.4 - Epilepsia ou Convulses

    As crianas com Paralisia Cerebral apresentam maior probabilidade de

    sofrer de epilepsia ou ter convulses do que as restantes crianas. Alguns

    bebs tm tendncia a ter convulses no perodo neonatal, ou seja, assim que

    nascem. Pode tambm acontecer que muitas crianas sofram apenas um ou

    dois ataques durante a primeira infncia, no causando problemas srios.

    Podem verificar-se diferentes tipos de ataque e, actualmente, os termos

    antigos grande mal e pequeno mal foram substitudos por descries maistcnicas. De facto, como afirma Finnie (2000, p. 13) Em geral, as

    convulses podem ser divididas em ataques gerais, ou generalizados, quando

    todo o corpo treme e a criana perde a conscincia, e ataques menores, em

    que h um breve momento de perda de conscincia, associado, talvez, ao

    revirar de olhos, e que podem passar despercebidos aos adultos.

    A perda de conscincia interfere de forma profunda no progresso da

    criana, prejudicando a sua aprendizagem.

    1.8.5 - Dificuldades na Alimentao

    Problemas de suco, mastigao e deglutio so mais comuns em

    crianas com envolvimento total do corpo. Estes factores impedem que seja

    feita uma boa digesto.

    Alm disso, muitas crianas com grandes limitaes motoras tm que

    seguir, durante muito tempo, dietas prprias para bebs. Uma alimentao

    baseada apenas em determinados tipos de alimentos, como o leite e os seus

    derivados, os farinceos e os sumos, depois dos seis meses, pode causar

    anemias (sobretudo pela falta de ferro), desnutrio e infeces. Uma criana

    desnutrida no cresce de forma normal e a sua resposta aos estmulos que

    favorecem o desenvolvimento prejudicada.

    Assim, a dieta da criana deve ser elaborada tendo em conta ascaractersticas clnicas e as limitaes de cada uma.

    18

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    1.8.6 - Problemas de Salivao

    As crianas com Paralisia Cerebral tm dificuldade em controlar a saliva.

    natural os bebs terem esse problema at cerca dos seis meses de vida.

    Contudo, depois desta fase acabam por aprender a manter a boca fechada e a

    engolir a saliva.

    As crianas afectadas por Paralisia Cerebral tm dificuldade em

    fechar os lbios e a fazer a deglutio regular da saliva, ficando

    constantemente molhados com saliva. (Finnie, 2000)

    1.8.7 - Problemas de Dentio

    Uma vez que a criana com Paralisia Cerebral tem dificuldade em mexer

    a lngua, sobretudo quando no passa da fase primria de suco e deglutio

    e no consegue mastigar, a comida fica facilmente agarrada aos dentes. Isto

    leva a que os dentes rapidamente fiquem estragados, provocando cries que

    fazem sofrer as crianas.

    Assim sendo, deve-se prevenir para que a situao no piore e deve-se ainda escovar sempre os dentes depois de cada refeio. (Finnie, 2000)

    1.8.8 - Problemas nos Intestinos e Bexiga

    Muitas vezes, os problemas na alimentao e as dificuldades de

    mobilidade das crianas com Paralisia Cerebral causam problemas nos

    intestinos e na bexiga.

    Quanto mais tempo as fezes permanecerem no colo (intestino grosso),

    maior a absoro de gua e mais duras elas ficam, provocando constipao

    ou priso de ventre.

    Este um problema que se trata melhor no incio da vida da criana. Os

    supositrios ajudam a limpar o intestino.

    19

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    A constipao intestinal crnica resulta de diversos factores, tais como:

    pouca ingesto de fibras e lquidos, actividade fsica reduzida e uso de certos

    medicamentos, como anticidos e antipilcticos.

    A adequada ingesto de lquidos, alimentos ricos em fibras, como afruta, as leguminosas e alimentos integrais, melhoram o funcionamento

    intestinal.

    Em geral, estas crianas tambm tm maior dificuldade em aprender a

    controlar a bexiga e algumas iro sofrer de incontinncia. Existe tambm o

    perigo de reteno de urina na bexiga, que causa infeces frequentes. Nestas

    situaes, a preveno muito importante. (Finnie, 2000)

    1.8.9 - Problemas Emocionais ou de Comportamento

    Estas crianas apresentam, normalmente, um comportamento mais

    difcil do que as restantes. Algumas no conseguem dormir tranquilamente de

    noite, outras mostram-se irritadas nos primeiros anos de vida.

    As crianas com Paralisia Cerebral apresentam maiores problemas

    emocionais ou de comportamento e mais ataques de temperamento do que asrestantes. Tanto as crianas que so muito activas como aquelas que tm

    pouca mobilidade no conseguem estar atentas por muito tempo.

    Assim, problemas de hiperactividade e falta de ateno so mais

    comuns na criana com Paralisia Cerebral. (Finnie, 2000, p. 17). Por isso,

    deve-se actuar no sentido de reduzir a sua actividade e melhorar a sua

    concentrao.

    1.8.10 - Dificuldades Especficas de Aprendizagem

    As crianas com Paralisia Cerebral podem ainda revelar dificuldades

    especficas de aprendizagem, ou seja, atrasos ou desordens manifestados nos

    processos de fala, linguagem, leitura, escrita, matemtica ou noutras reas

    escolares.

    20

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    1.8.11- Problemas de Personalidade

    As crianas afectadas por Paralisia Cerebral so, geralmente, muito

    sensveis em termos afectivos. Revelam maior dificuldade no controlo

    emocional quando se verifica atraso mental associado. Nestes casos, as

    crianas apresentam mudanas frequentes de humor, risos e choros

    injustificados, etc. (Bautista, 1997, p. 299)

    Relativamente ao tipo espstico, as crianas mostram falta de vontade,

    sobretudo na realizao de exerccio fsico, pois exige-lhes muito esforo.

    Neste sentido, fundamental a interveno precoce, que permite

    criana habituar-se ao exerccio e abandonar a falta de vontade.

    1.8.12 - Problemas de Fala e Linguagem

    Algumas crianas com Paralisia Cerebral tm muita dificuldade para

    mexer os msculos responsveis pela formao do som. Assim, a fala e a

    linguagem so um pouco atrasadas. (Finnie, 2000)

    Este ltimo ponto constitui o objecto do nosso trabalho, pelo que ser

    desenvolvido em pormenor mais frente no captulo a importncia dossistemas alternativos e aumentativos na paralisia cerebral.

    21

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    Captulo II MEIOS ALTERNATIVOS E AUMENTATIVOS DE

    COMUNICAO E AJUDAS TCNICAS

    2.1 Sistemas alternativos e aumentativos de comunicao

    A fala a forma de expresso mais utilizada pelas pessoas quando

    pretendem comunicar. No entanto, h muitas pessoas que esto impedidas de

    comunicar atravs da Fala, (como o caso de algumas pessoas afectadas por

    Paralisia Cerebral) devido impossibilidade de exercerem um controlo correcto

    sobre o seu aparelho fonador. Podem, contudo possuir capacidades e

    necessidades comunicativas idnticas s das pessoas "Falantes", se as leses

    cerebrais que inibem o mecanismo da Fala, no as afectaram do ponto de vista

    cognitivo e emocional. Segundo Ferreira, Ponte, & Azevedo (1999, p. 21),

    nestes casos, a Fala no constituir o canal ou o veculo principal do seu

    processo comunicativo, sendo consequentemente necessrio proporcionar-

    lhes, to cedo quanto possvel, um Sistema Alternativo e Aumentativo de

    Comunicao.

    Sistema Alternativo e Aumentativo de Comunicao o conjunto

    integrado de tcnicas, ajudas, estratgias e capacidades que a pessoa com

    dificuldades de comunicao usa para comunicar. Por exemplo o sistema de

    um indivduo poder conter um conjunto integrado de componentes, que

    incluem gestos e expresses faciais, fala e outras formas de vocalizao,ajudas para a conversao e escrita, assim como estratgias especficas e

    capacidades que permitam usar estes modos com sucesso, numa variedade de

    contextos comunicativos. Uma Ajuda "aid" no s por si um sistema de

    comunicao, mas sim uma componente desse sistema.

    Considera-se Comunicao Alternativa e Aumentativa, todo o tipo de

    Comunicao que aumente ou suplemente a Fala. (Ferreira, Ponte, & Azevedo,

    1999)

    22

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    O termo Tcnicas Aumentativas de Comunicao refere-se a quaisquer

    tcnicas que, num processo comunicativo complementam ou reforam a fala.

    Todas as pessoas usam tcnicas aumentativas tais como sorrisos, contacto

    ocular, expresses faciais ou mesmo a escrita quando comunicam e interagem

    com outras pessoas. Os indivduos gravemente afectados na fala necessitam

    utilizar, para alm destas tcnicas aumentativas vulgares, outras tcnicas

    aumentativas mais elaboradas que se ajustem s suas necessidades

    comunicativas: quadros com palavras ou smbolos, sistemas com sada de voz,

    entre outros.

    Por Modo de Comunicao entende-se o canal ou o meio de

    comunicao mais utilizado: olhar, mmica, gesto, fala ou escrita.

    2.1.1 Tipos de sistemas

    Na segunda metade da dcada de setenta, surgiram diferentes sistemas

    alternativos e/ou aumentativos de comunicao, na sua maioria sistemas

    grficos. Estes sistemas, apresentam, um maior ou menor grau de abstraco

    tanto no que diz respeito ao grafismo ou expresso dos smbolos, como aos

    conceitos includos.

    Segundo Lloyd e Karlan, 1984, cit. por Ferreira, Ponte, & Azevedo,

    (1999), os Sistemas Aumentativos de Comunicao dividem-se em dois

    grandes grupos:

    * Sistemas de Comunicao Sem Ajuda ("Unaided")

    * Sistemas de Comunicao Com Ajuda ("Aided")

    2.1.1.1 Sistemas de comunicao sem ajuda

    Os Sistemas Sem Ajuda so constitudos por smbolos ou conjuntos de

    smbolos que no necessitam de quaisquer ajudas ou dispositivos e que

    apenas utilizam partes do corpo do indivduo emissor, tais como a cara, a

    cabea, os braos, entre outros para se expressar: o corpo de quem comunica

    o veculo transmissor daquilo que se pretende comunicar. Segundo Basil &

    Bellacasa (1988), os Sistemas de Comunicao Sem Ajuda dividem-se emvrias categorias:

    23

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    1 - Gestos de uso comum

    2 - Sistemas manuais para no ouvintes (ex:Lngua Gestual Portuguesa)

    3 - Sistemas manuais pedaggicos (ex.: Borel Maisonny)

    4 - Alfabeto manual

    2.1.1.2 Sistemas de comunicao com ajuda

    Os Sistemas Com Ajuda so constitudos por smbolos que necessitam

    de um qualquer dispositivo exterior ao sistema - como seja, uma ajuda tcnica

    ou um outro qualquer tipo de suporte: papel, lpis, quadros de comunicao ou

    dispositivos electrnicos - para se suportarem e poderem ser transmitidos.

    Nos sistemas de comunicao com ajuda, os signos no so

    produzidos, so seleccionados, requerendo sempre o emprego de ajudas

    tcnicas para transmitir as mensagens. Neste tipo de comunicao recorre-se

    ao uso dos mais variados dispositivos ou ajudas tcnicas, tais como, tabuleiros

    e quadros de comunicao, relgios indicadores, mquinas de escrever

    adaptadas, digitalizadores e sintetizadores de Fala, computadores, entre

    outros, que so utilizados de acordo com as potencialidades e necessidades

    especficas de cada utilizador.

    Os Sistemas de Comunicao Com Ajuda podem agrupar-se em vrias

    categorias:

    1- Sistemas de Comunicao por objectos

    Constitudos por objectos de tamanho natural, miniaturas ou partes deobjectos, usados como smbolos de comunicao.

    2- Sistemas de Comunicao por Imagens

    Incluem principalmente imagens tais como fotografias e desenhos lineares.

    3- Sistemas de Comunicao atravs de:

    -Smbolos Grficos (Sistemas Grficos):

    24

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    * Pic

    * SPC

    * Rebus

    * Bliss

    * Sigsymbols

    * Picsyms

    * Oakland

    - Sistemas Combinados (utilizando smbolos grficos e manuais)

    * Makaton

    - Sistemas com Base na Escrita:

    * Par-le-silab

    * Alfabeto

    * Palavras

    * Frases

    4- Sistemas de Comunicao por Linguagens codificadas:

    * Morse

    * Braille

    2.1.2 Sistemas de smbolos grficos adaptados Lngua

    Portuguesa

    Os sistemas que utilizam signos grficos esto normalmente associados

    utilizao das tecnologias de apoio para a comunicao, desde quadros

    simples para apontar at material informtico. Hoje em dia, existem diversos

    signos grficos, no entanto, iremos descrever apenas os sistemas de signos

    25

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    Bliss, PIC e SPC porque so os mais utilizados por pessoas com dificuldades

    de comunicao.

    2.1.2.1 Sistemas de Comunicao PIC

    O Sistema Alternativo de Comunicao PIC (Pictogram Ideogram

    Communication) designado em Portugus por Pictogramas, teve a sua origem

    no Canad onde foi concebido em 1980 por um Terapeuta da Fala, Subhas

    Maraj.

    Figura 1 - Signos do sistema PIC:

    O sistema actualmente constitudo por 1300 smbolos pictogrficos,

    (apesar de s 400 estarem traduzidos e adaptados lngua portuguesa). As

    imagens so figuras estilizadas, desenhadas a branco sobre fundo negro (ver

    figura 1), supondo-se que isso facilitar o seu uso a crianas com baixos nveis

    cognitivos e/ou com acentuados problemas perceptivos. O significado do

    smbolo escrito, tal como noutros sistemas grficos na parte superior do

    smbolo, facilitando a comunicao com interlocutores menos conhecedores do

    sistema. O seu grau de iconicidade torna-os fceis de serem apreendidos e

    memorizados por crianas pequenas e/ou com baixo nvel cognitivo.

    Este sistema apresenta, sobretudo, smbolos pictogrficos, mas

    tambm alguns smbolos ideogrficos. Os smbolos pictogrficos referem-se

    essenciamente a objectos ou situaes que podem ser esquematizados com

    caractersticas muito iconogrficas. Destina-se sobretudo a ser utilizado por

    portadores de deficincia mental, e com problemas de comunicao. Os

    smbolos esto agrupados segundo os seguintes temas:

    pessoas

    partes do corpo

    vesturio e utenslios pessoais

    26

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    casa

    casa de banho

    cozinha

    comidaguloseimas

    A investigao que tem sido feita sobre a vantagem da utilizao deste

    sistema, valoriza principalmente o efeito facilitador do fundo negro em

    indivduos com problemas de percepo visual. Os smbolos do sistema PIC

    apresentam como principal desvantagem o facto de terem um pequeno grau de

    flexibilidade para a formao de novos significados, quando combinados entre

    si, e serem muito difceis de desenhar, dificultando o trabalho do professor. Poroutro lado, o facto de os smbolos se apresentarem sobre um fundo negro,

    torna-o um sistema dispendioso de fotocopiar. (Ferreira, Ponte, & Azevedo,

    1999)

    2.1.2.2 Sistemas alternativos de comunicao SPC

    O sistema SPC (Smbolos Pictogrficos para a Comunicao) de

    origem americana (PCS - Picture Communication Symbols) e foi concebido porRoxana Mayer Johnson (Terapeuta da Fala), em 1981, ao sentir a necessidade

    de um sistema que pudesse ser facilmente aprendido por jovens que

    apresentavam dificuldades em faz-lo com o Sistema Bliss, tendo sido

    especialmente pensado para ser utilizado por usurios da comunicao

    aumentativa.

    Figura 2 Signos do Sistema SPC

    um sistema em que a maior parte dos smbolos so iconogrficos,

    contendo principalmente smbolos transparentes, desenhados com um traonegro a cheio sobre fundo branco. (ver Figura2). O significado do smbolo, tal

    27

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    como nos outros sistemas est escrito na parte superior do mesmo para maior

    facilidade de compreenso nos interlocutores que no conhecem o sistema.

    Com o fim de tornar o Sistema SPC uma ferramenta prtica e til para a

    criao de Ajudas para a Comunicao, os smbolos foram desenhados com oobjectivo de:

    Serem facilmente apreendidos.

    Serem apropriados para todos os nveis etrios.

    Serem facilmente diferenciados uns dos outros.

    Simbolizarem as palavras e actos mais comuns usados na

    comunicao diria

    Serem facilmente agrupados em 6 categorias gramaticais.

    Serem facilmente reproduzveis em fotocopiadora, tornando-os

    pouco dispendiosos.

    Este sistema est traduzido em 12 lnguas diferentes, incluindo o

    Portugus. Na nossa lngua, o sistema SPC que contempla aproximadamente

    5000 smbolos, est disponvel numa verso impressa, e numa verso de

    programa de computador (Programa Boardmaker), utilizvel tanto emcomputador Macintosh como em PC (Windows).

    O vocabulrio do sistema SPC composto por aproximadamente 5000

    smbolos agrupveis em 6 categorias gramaticais. Optou-se pela diviso em

    categorias por ser adequada estruturao de frases simples quando os

    smbolos se encontram devidamente organizados na chamada de "Ajuda para

    a Comunicao". Essas categorias so as seguintes:

    Pessoas (incluindo pronomes pessoais)

    Verbos

    Adjectivos (sobretudo adjectivos e alguns advrbios)

    Substantivos

    Diversos (sobretudo artigos, conjunes, preposies, cores, tempo,

    alfabeto, nmeros e outras palavras abstractas).

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    Sociais (palavras facilitadoras da interaco social. Inclui palavras para

    cumprimentar algumas expresses de prazer ou repulsa, e outras palavras ou

    expresses apropriadas ao indivduo).

    Tem a particularidade de apresentar temas em reas, como a religio,sexualidade, computadores, lazer, etc. Proporciona tambm diferentes tipos de

    caras ou cabeas para facilitar a simbolizao de algum indivduo em

    particular.

    Qualquer sistema de cores poder ser usado com este Sistema desde

    que seja consistente. Recomendam--se no entanto, as cores utilizadas para o

    Sistema BLISS (com a chave de Fitzgerald) que so as seguintes:

    Pessoas :

    Verbos :

    Adjectivos :

    amarelo

    verde

    azul

    Substantivos :

    Diversos :

    Sociais :

    laranja

    branco

    cor-de rosa

    A chave de Fitzgerald comeou por ser usada em 1926, por Edith

    Fitzgerald, professora de surdos, com o objectivo de ensinar os princpios

    lingusticos e a estrutura da frase criana surda. Deste modo, ela aprendia a

    analisar as relaes funcionais entre os diferentes componentes da frase e a

    compreender como a ordenao das palavras na frase afecta o significado

    desta. Ao seguir este sistema de cores (chave de Fitzgerald), pensa-se que,

    para alm da consistncia no seu uso, se facilitar uma eventual combinao

    com smbolos de outros Sistemas.

    O SPC apropriado para ser utilizado, tanto por pessoas cujas

    necessidades comunicativas sejam equivalentes a um nvel de linguagem

    simples (necessitando de um vocabulrio limitado e de estruturar frases

    relativamente curtas) como por pessoas com um elevado nvel de linguagem

    (que necessitam de utilizar uma gama de vocabulrio muito vasta, com

    possibilidades de estruturar frases de maior complexidade). Pode, assim,

    29

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    considerar-se o SPC como um sistema flexvel que pode evoluir, ajustando-se

    ao grau de necessidades comunicativas do seu utilizador.

    Problemas de percepo visual ocorrem por vezes em populaes

    afectadas com deficincias neuromotoras, o que pode constituir um obstculo diferenciao entre os diversos smbolos do Sistema. A deciso sobre se o

    Sistema SPC ou no apropriado para uma determinada pessoa, deve ser

    tomada com base nas condies especiais do utente, suas necessidades e

    capacidades.

    Este sistema tem demonstrado ser apropriado, para ser utilizado com

    objectivos vrios por pessoas que apresentam diversas deficincias, incluindo

    afasias, apraxias, autismo, atraso mental, paralisia cerebral, acidentados

    vasculares, condies ps-operatrias, etc.

    Como foi anteriormente referido, houve uma grande preocupao em

    desenhar e criar smbolos apropriados a todos os nveis etrios, o que tornou

    um dos sistemas mais utilizados pelos usurios da Comunicao Aumentativa

    a nvel mundial, no s pelas caractersticas do seu desenho que o torna

    acessvel a todas as idades cronolgicas, mas tambm pela grandediversidade de smbolos que oferece, fazendo dele um sistema bastante

    completo. Grande parte da bibliografia na rea da comunicao aumentativa

    refere investigao feita com a utilizao deste Sistema.

    2.1.2.3- Sistemas alternativos de comunicao BLISS

    Foi criado e estudado por Charles Bliss durante um perodo de mais de

    20 anos com o objectivo de ser utilizado como Sistema de Comunicao

    Internacional. Tendo nascido perto da fronteira Russa com a ustria, Charles

    Bliss, sentiu muitas vezes os problemas criados por lnguas diferentes o que o

    fez sentir-se motivado para construir uma espcie de esperanto grfico, uma

    lngua universal que pudesse vencer algumas das barreiras culturais e

    incompreenses entre as naes. A ideia deste sistema foi finalmente

    concebida durante a 2 guerra mundial quando, estando refugiado na China,

    teve a noo de que os Chineses embora pudessem ter dificuldades em

    compreender os diversos dialectos, no tinham dificuldades quando liam

    30

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    porque a sua escrita era baseada num conceito padronizado de smbolos

    relacionados. Charles Bliss sentiu ser esta a resposta - um sistema grfico

    baseado mais no significado do que nos sons.

    Figura 3 Signos do Sistema BLISS

    Como engenheiro qumico, Bliss estava envolvido dentro da lgica da

    linguagem expressa nos smbolos qumicos e matemticos, o que

    possivelmente, contribuiu para o modo como ele traou o sistema e as suas

    bases lgicas. Em 1949, depois de vrios anos de pesquisa, foi publicada a 1

    edio do seu livro "Semantografia".

    At final dos anos 60 o sistema no teve a utilizao que Bliss

    pretendera ao conceb-lo mas em 1971, alguns Psiclogos e Terapeutas da

    Fala canadianos, ao procurarem uma linguagem que ajudasse as crianas comparalisia cerebral e sem fala, afsicas e dbeis mentais, comearam a aplicar o

    sistema de Charles Bliss como Sistema de Comunicao Aumentativa no

    Ontario Crippled Children's Center , (hoje Hugh MacMillan Centre) em Toronto

    no Canad.

    Este sistema constitudo por um determinado nmero de formas

    bsicas, que combinadas entre si, originam os cerca de 2500 smbolos Bliss

    actualmente existentes. A natureza pictogrfica e ideogrfica de muitos dos

    smbolos torna-os fceis de apreender e fixar. Isto faz com que este sistema

    seja considerado adequado a indivduos que embora no estejam bem

    preparados na ortografia tradicional, tm potencial para aprender e desenvolver

    um vasto vocabulrio, atravs de operaes combinatrias das formas bsicas.

    H vrios estudos publicados que referem o uso do sistema Bliss em

    variadas deficincias, incluindo deficincias motoras, atrasos de

    31

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    desenvolvimento mdio ou severo, deficincia mltipla, surdez e afasias de

    adultos.

    Alguns autores consideram para que haja sucesso na aquisio do

    sistema Bliss so necessrias as seguintes capacidades:

    - Boa capacidade de discriminao visual, para conseguir distinguir

    pequenas diferenas em caractersticas como o tamanho, a configurao e a

    orientao dos smbolos.

    - Capacidades cognitivas ao ltimo nvel pr operatrio, ou ao nvel das

    primeiras operaes concretas (Chapman & Miller, 1980)

    - Boa ou moderada compreenso auditiva e boas capacidades visuais

    parecem ser necessrias para pessoas com afasia Saya (1979), devendo-se

    estender estes critrios a outras populaes.

    Mc Naughton e Kates referem a necessidade de estudos que possam

    determinar qual o nvel cognitivo mnimo em que a utilizao do Sistema Bliss,

    de uma forma funcional, se torne acessvel. Num estudo realizado numa classe

    infantil com crianas de 2 anos, demonstrou-se que estas crianas aprenderam

    a utilizar alguns Smbolos Bliss (Silverman, 1989).

    Dado que a ortografia tradicional est ligada a smbolos, o uso do

    Sistema Bliss parece reforar as capacidades para a leitura, como foi sugerido

    pelos estudos de caso relatados por (Silverman, McNaughton, & Kates, 1978).

    Actualmente est a desenvolver-se muita investigao sobre a influncia do

    sistema Bliss na aquisio da leitura.

    Descrio do Sistema BLISS

    Composio dos Smbolos:

    Quanto composio dos smbolos estes podem ser:

    -Simples: quando contm apenas um elemento simblico

    -Compostos: quando compreendem vrios elementos simblicos

    32

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    1 - Composio por sobreposio ou Sobrepostos:

    Smbolos que so colocados por cima de outros e o significado dado

    pelo conjunto dos significados.

    vesturio = tecido + proteco garagem = casa + carro

    2 - Composio por sequncia ou Sequenciados :

    Existem vrios elementos simblicos colocados uns ao lado dos outros. O

    significado destes smbolos dado pelo conjunto de significados dos

    seus elementos, por exemplo:

    hospital = casa + medicina danar = aco + pernas + msica

    3 - Smbolos compostos ou Mistos- aqueles que resultam da sobreposio

    e da sequncia em simultneo.

    2 - Tipos de smbolos: (4 classes bsicas)

    Segundo Mc. Naugthon,1985 cit. (Ferreira, Ponte, & Azevedo, 1999) os

    smbolos Bliss podem dividir-se em 4 classes bsicas:

    Pictogrficos: so os que se assemelham ao objecto que representam.

    Ideogrficos: so smbolos mais abstractos, sugerindo o conceito ou a

    ideia do

    que representam.

    Mistos: so smbolos de dupla classificao, tanto podem ser vistos

    como ideogrficos ou como pictogrficos.

    Arbitrrios: alguns so smbolos criados por Charles Bliss, outros so os

    smbolos internacionalmente convencionados, como sejam as setas, os sinais

    de pontuao (ponto de interrogao e ponto de exclamao), os nmeros e

    sinais matemticos, etc.

    3 - Factores que Determinam o Significado do Smbolo:33

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    -

    -

    Configurao (ligeira mudana na forma, pode alterar o significado)

    Tamanho (a mesma forma bsica de tamanhos diferentes tm

    significados diferentes)

    - Localizao ( relativa a uma linha imaginria do "cu e da terra" e serve

    para orientar o desenho dos smbolos)

    -

    -

    -

    Distncia (entre as partes do smbolo)

    Tamanho do ngulo (ngulo recto ou agudo tm significados diferentes)

    Orientao/Direco (a orientao de um elemento do smbolo podemodificar o significado)

    - Apontador/Indicador (identifica alguma parte ou rea especfica do

    smbolo)

    - Nmeros (podem ser usados com outros smbolos para aliar novos

    significados tais como pronomes pessoais ou smbolos relacionados com o

    tempo)

    - Referncia Posicional (direco da seta, posio do ponto)

    Configurao (ligeira mudana na forma pode alterar o significado)

    Tamanho (a mesma forma bsica com tamanhos diferentes tem significados

    diferentes)

    Localizao (relativa a uma linha imaginria do cu e da terra que serve

    para orientar o desenho dos smbolos

    Distncia (entre as partes do smbolo)

    Tamanho do ngulo (ngulo recto ou ngulo agudo pode ter diferentes

    significados)

    Orientao/Direco (a orientao do elemento do smbolo pode modificar o

    significado)34

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    Apontador/Indicador (pode identificar alguma parte ou rea especfica do

    smbolo)

    Nmeros (podem ser usados com outros smbolos para criar novos

    significados tais como pronomes pessoais ou smbolos relacionados com o

    tempo)

    Referncia Posicional (direco da seta, posio do ponto)

    4. Categorias de Significao:

    Os smbolos so agrupados em diferentes categorias:

    - Pessoas (inclui todo o tipo de pessoas e pronomes pessoais)

    - Aces (inclui todos os smbolos para verbos)

    - Sentimentos (inclui todos os adjectivos)

    - Ideias (inclui noes de tempo, ontem-hoje-amanh, Natal, Pscoa, etc.)

    - Relaes espcio-temporais (inclui antes, depois, frente, atrs, etc.)

    5. Criao de Novos Smbolos

    Combinao: o smbolo de "combinao" permite a criao de novos

    smbolos e colocado tanto antes, como depois dos smbolos que se querem

    combinar.

    Oposto: o smbolo de "oposto", quando colocado antes de um smbolo,indica-nos que o que queremos dizer exactamente o contrrio (oposto) do

    smbolo que seleccionmos.

    6. Organizao dos Smbolos num Mapa de Comunicao

    6.1. Esquerda - Direita:

    Os smbolos esto organizados em mapas ou quadros de comunicaode acordo com a progresso esquerda-direita, em colunas que se relacionam

    35

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    com categorias individuais e categorias de significao - modelo da sintaxe,

    Pessoa-Aco-Objecto-Adjectivo.

    6.2. Chave de Fitzgerald

    Na chave de Fitzgerald, j referida na descrio do S.P.C., os smbolos

    esto colocadas em colunas de acordo com a sua funo gramatical. O cdigo

    de cor que actualmente est estandardizado a nvel do Sistema BLISS de

    acordo com a chave de Fitzgerald (Ferreira, Ponte, & Azevedo, 1999) :

    Cor amarela - Pessoas

    Cor verde- Aces-Verbos

    Cor laranja - Substantivos (o qu, quando, aonde)

    Cor azul - Adjectivos e Advrbios

    Cor branca - Artigos, Preposies, Partculas

    Cor rosa - Sociais (promovem a interaco social)

    2.1.3 Candidatos ao uso dos Sistemas alternativos de

    comunicao

    A questo "Quais as pessoas que podem aceder ao uso de um SAAC"

    tem levantado polmica entre os investigadores desta rea. (Shane & Bashir,

    1980), defendiam que o desenvolvimento intelectual do indivduo candidato a

    um SAAC devia situar-se pelo menos no estdio V do perodo sensrio-motor,

    ao nvel dos 18 meses de idade mental. No entanto, a investigao de Reichle

    & Yoder (1985), veio demonstrar que indivduos ao nvel de estdio IV do

    desenvolvimento sensrio-motor foram capazes de adquirir capacidades

    rudimentares para comunicar atravs de um tabuleiro, incluindo a expresso de

    desejos e de necessidades.

    Segundo Musselwhite (1986), os nveis anteriormente mencionados (18

    meses de idade mental ou estdio V do desenvolvimento sensrio-motor)parecem ser demasiado restritivos.

    36

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    Shane & Bashir (1980), referem que "a persistncia de reflexos orais,

    sugerem um prognstico extremamente pobre no desenvolvimento da

    linguagem oral". Consideram esse factor um "indcio preliminar de

    incapacidade para desenvolver a fala justificando a eleio de um sistema

    aumentativo de comunicao.

    Musselwhite (1986), defende que em vez de decidir quem pode usar

    comunicao vocal e quem no pode, a preocupao deve centrar-se em

    identificar os candidatos a quem a comunicao aumentativa possa ajudar e a

    partir da determinar as tcnicas aumentativas apropriadas.

    2.1.3.1

    Seleco dos candidatos ao uso dos Sistemas Alternativos deComunicao

    Segundo as funes anteriormente descritas podemos considerar 3

    grupos de Candidatos ao Uso dos Sistemas Aumentativos de Comunicao;

    - No 1 grupo, (como funo temporria), teremos indivduos sujeitos a

    situaes traumticas ou cirrgicas (por ex. traqueotomias) em que a

    comunicao oral no possvel durante um determinado perodo de tempo.

    - No 2 grupo, podemos considerar os indivduos cujas dificuldades

    fsicas, associadas por vezes a outras incapacidades, no s impossibilitam o

    desenvolvimento da Fala como veculo de expresso, como tambm dificultam

    o desenvolvimento da compreenso da Linguagem e de outras capacidades

    lingusticas. Neste caso o papel dos Sistemas Aumentativos ser o de

    proporcionar estratgias facilitadoras do desenvolvimento das capacidades

    bsicas de representao e do comportamento de comunicao intencional.

    Com o uso destes mtodos tenta-se facilitar a linguagem compreensiva, criar

    ou aumentar o desejo de comunicar, e progressivamente proporcionar um meio

    para interactuar e comunicar com os outros, avanando cada vez mais do

    ponto de vista funcional e simblico.

    - No 3 grupo referimo-nos queles que mostram um elevado nvel de

    compreenso da linguagem falada, mas que carecem de um meio adequado

    de expresso, e cujas dificuldades motoras os impedem completamente defalar, ou o fazem de uma forma pouco inteligvel.

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    2.1.3.2 Vantagens e desvantagens dos Sistemas alternativos de

    comunicao

    Vantagens:

    1 - Os sistemas aumentativos podem fornecer dois "inputs" simultneos

    (normalmente o visual e o auditivo)

    2 - Os sistemas aumentativos no inibem o desenvolvimento da linguagem

    verbal; variados estudos sugerem que, pelo contrrio, eles podem reforar a

    Fala e/ou o desenvolvimento da linguagem (Silverman, 1989).

    3 - Os sistemas aumentativos podem servir vrios objectivos:

    A- Como sistema de comunicao provisrio

    B- Como facilitador da linguagem

    C- Como suplemento linguagem verbal

    D- Como um sistema de comunicao inicial

    4 - Os sistemas aumentativos so normalmente mais estticos; os inputsvisuais mantm-se por um perodo de tempo mais longo e a emisso mais

    demorada que a linguagem oral, havendo menos hipteses de ser distorcida.

    5 - Os sistemas aumentativos permitem a aplicao de estratgias (por ex.:

    apontar os smbolos ou modelar com gestos ou sinais), estratgias essas

    importantes no processo de ensino/aprendizagem.

    Desvantagens:

    1 - Os Sistemas aumentativos no so sistemas de comunicao habituais

    e por isso no podem ser to rapidamente reforados pelos indivduos falantes.

    2 - As outras pessoas podem hesitar em aceitar o uso de um sistemaaumentativo e podem sentir que isso representa desistir da comunicao vocal.

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    3 - Os outros podem ser incapazes de receber e interpretar a mensagem.

    4 - Os outros podem no ter disponibilidade para despender o tempo

    necessrio para receber e interpretar as mensagens.

    5 - Os sistemas aumentativos podem ser mais caros, pelo facto de ser

    necessrio adquirir equipamentos e/ou treinar pessoas a ensinar e a receber as

    mensagens.

    Musselwhite (1986), reala:" necessrio que os tcnicos e os usurios

    dos Sistemas Aumentativos tenham juntos o objectivo de educar o pblico a

    reconhecer as capacidades comunicativas das pessoas com deficincia

    severa, mesmo que estas no possam ser expressas atravs dos modostradicionais ".

    Para concluir transcreve-se uma mensagem transmitida por um usurio

    de AAC, atravs do uso de um sintetizador de voz:

    " A forma como as pessoas que falam, tratam as pessoas que no

    falam, semelhante forma como tratam os ces de estimao.pensem nisso

    por 1 minuto. Qual ser a diferena? As pessoas tratam bem dos seus ces,do-lhes amor, comida, casa, calor, ateno, quando no esto ocupadas. E

    no esperam grande coisa da parte deles, seno dedicao e obedincia. Esta

    a parte triste, as pessoas que falam, no esperam muito dos que no podem

    falar." Rick Creech

    2.1.4 Tecnologias de Apoio

    Podemos falar de Ajudas Tcnicas ou de Tecnologias de Apoio quandonos referimos aos instrumentos tecnolgicos que podem ser utilizados por

    pessoas com Paralisia Cerebral, e que favorecem o exerccio e

    desenvolvimento das suas capacidades funcionais, contribuindo para melhorar

    a sua qualidade de vida.

    Por exemplo, existem os Sistemas de Comunicao Aumentativa Com

    Ajuda, j referidos anteriormente, que implicam a utilizao de um dispositivo

    de suporte de smbolos para que o utilizador consiga transmitir as suas

    mensagens.

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    Assim, as Ajudas Tcnicas fazem parte do sistema de comunicao e

    devem proporcionar criana uma oportunidade de sucesso quando esta no

    capaz de comunicar pelos meios naturais.

    Deste modo, as Ajudas Tcnicas ou Tecnologias de Apoio devemfacilitar o uso do sistema de comunicao e devem ser adaptadas, no s s

    dificuldades como tambm s capacidades e necessidades do utilizador. Estas

    ajudas tcnicas devem oferecer, no s a possibilidade de transmitir a

    mensagem, como de suportarem eficazmente o processo de interaco /

    comunicao com o ambiente, constituindo um apoio fundamental para o

    processo de ensino / aprendizagem. (Ferreira, Ponte, & Azevedo, 1999, p. 52)

    Existem Ajudas Tcnicas tradicionais que so, geralmente, tabelas ou

    tabuleiros com letras, palavras, smbolos grficos ou fotografias (figura 4).

    Podem ser utilizadas diferentes tcnicas de seleco de smbolos de um

    tabuleiro.

    A escolha da tcnica de seleco depende do grau de dificuldade

    motora do utilizador. (Tetzchener & Martinsen, 2000).

    Figura 4 Tecnologias de Apoio Tradicional

    Fonte: Tetzchner e Martinsen, 2000, p. 43

    Assim, verifica-se a seleco directa e a seleco por varrimento. A

    seleco directa pressupe que o utilizador aponte directamente para o

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    smbolo, podendo utilizar o olhar, o dedo ou outra parte do corpo (seleco

    directa sem ajuda).

    Pode ainda seleccionar o smbolo recorrendo a um dispositivo, como um

    ponteiro de cabea ou um ponteiro luminoso (seleco directa com ajuda).

    O mtodo de seleco por varrimento pode ser automtico ou dirigido.

    No varrimento automtico existe uma luz ou um cursor que se move

    automaticamente entre as opes. Quando a luz ou cursor se encontram na

    opo desejada, o utilizador activa um comutador.

    Em relao ao varrimento dirigido, verifica-se a utilizao de dois ou

    mais comutadores, um para deslocar a luz ou cursor e outro para seleccionar aopo.

    O varrimento automtico ou dirigido pode ser simples ou combinado . No

    varrimento simples, as opes da tabela so percorridas umas a uma,