Tokico Murakawa Moriyal Maria Solange Guarino Tavares2 ... · d ' d t" maçoes 111 IVI ... 20 I-22...

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ARTIGO C IENT í FICO o QUE OS JOV ENS SAB EM SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMITIDAS? Tokico Muraka Moriyal Maria Solange Guarino Tavares2 Mari a Hel ena P essin i de 0l iveira2 e Elucir Gi rl MORIYA, T. M. et ali i . o q ue os jovens bem sobre doencas sexualmente transmi tidas? Rev: Bras. Enf , Brasllia , 38 ( 3/4) : 00-305 ,jul./dez. 1985. RESUMO. Os autores realiza ram um trabalho de levantamento par a avali ar o grau de co- nhecime nto s obre as Doenças Sexualmen Tra nsmitidas (DST), entre jove ns, durante uma Feira de Nutrição e Saúde (FE N USA), destina da a alunos da rede de ensi no de Ribei· r ã o Preto. A população const ou de 924 estudantes com idade super ior a 12 anos, de · amo bos os sexos, pertenc entes às diversas classes sócio·econômi cas e com nível de escolarida· de · variado. Nesse estudo pode-se observar que m uitos dos est udantes desconh ecem ainda tais doenças e outros apresentam conhecimentos inadequados. ABSTRACT. The auors made a suey in order to evaluate the young students' know- ledge about Sexually Transmitted Diseases. It was car ried out duringo ne H ealth and Nutri- tion Expositi on, prepa red specially fo r ese students of Ribe irão Preto. 924 people - over 12 years old, femal e and mal e participated in our study; a nd they were from various soci o-economic classes and different school leve is. In th is study, the y could observe that many students know nothing abou t such diseases, and others have i ncorrect ideas about them. INTRODUÇÃO Um grupo de docentes da Escola de Enferma- ge de Ribeirão Preto, que atua especificament e na área de Dermatologia Sanitária com ênfa em Doenças Sexualmente Tr ansmitidas (DST), te ndo sido convidado p ara participar das ativi da des de uma Feira de Nutrição e Saúde (FENUSA), organi- zada pelo rviço Social do Comércio (SESC), des- tinada a jove ns estuda ntes da rede de ensi no, achou oport uno desenvolver um programa educa- tivo, relacionado às doenças xualme nte tra ns- missíve is, junto a es ta população, com a co labo- ração de três estudant es de enfermagem cursando Habil itação Médico-Cirúrgica da Escola de Enfer- magem de Ribeirão Preto - USP. O trab alho educativo é de fundamental impor- tância, não só cu idan do par a que a popul ação to- me conhecimento dos efeitos das doenças, neste caso as DST, mas também consegui ndo a sua parti- cipação como multiplicador as de ação e ducativa junto aos grupos de ref erência. De acordo com estatís ticas d isponíveis de di- versos países, após um períod o de baixa inc idênc ia (1945 a 1960), as dœnças venéreas recrudesceram por · volta de 1970, atingindo níve is melhant es I Professor As sistente Doutor jun to ao Dep art amento de Enfc nnagem G eral e Esp ecialada da Escol a de Enf erma- 2 gem de Ribeirão Preto - Universida de d e São Paulo. Professor As si stente junto ao Departamento de Enfermagem G eral c Especial izada da Escola de Enfermagem de Ri- beirão Pre to - Universidade de São Paulo. 3 Auxil iar de Ens ino junto ao Departamen to dc Enfermagem Geral e Espe cial i z ada da Escola de Enfermagem de Ribei- rão Pre to - Univers idade de São Paulo. 300 - R e v. Bras. En[, Brasília , 38( 3/4), jul . /d ez . 1985

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A RT I GO C I EN T íF I CO

o QU E OS JOV E NS SABE M SO B R E DOENÇAS SEX UA L M E NT E TRANSM I T I DAS?

To kico M u ra kawa Mor iyal Ma r ia So lange G uar i no Tava res2 Mar ia He lena Pess i n i de 0 l ivei ra2 e

E luc i r G i rl

MORIYA , T . M. et alii . o q ue os jovens sa bem sobre doencas sexualmente transmit idas? Rev: Bras. Enf , Brasllia , 38(3/4) : '300-305 , jul ./dez. 1985 .

R ESUMO . Os autores real iza ram um trabalh o de levantamento para ava l i a r o grau de co­

nhec imento sobre as Doenças Sexual mente T ransmitidas (DST) , entre jovens, durante u ma Fe i ra de N u trição e Saúde ( F E N USA ) , destinada a a lunos da rede de ens ino de R i bei · rão Preto. A população constou de 924 estudantes com idade superior a 1 2 anos, de

· amo bos os sexos, pertencentes às d iversas c lasses sócio·econômicas e com n ível de escol arida· de

· variado. Nesse estudo pode-se observar que muitos dos estudantes desconhecem a inda

tais doenças e outros apresentam conhecimentos i nadequados.

ABSTRACT. The authors made a survey in order to eval uate the young stu dents' know­ledge about Sexua l ly Transmitted D iseases. I t was carried out during one Health and N utri ­tion Exposition, prepared spec ia l ly for these students of R i be irão Preto. 924 people -

over 1 2 years old, fema le and male partic ipated in our study ; and they were from various socio-economic c l asses and different school leve is . I n th is study, they could observe th at many students know n oth i ng about such diseases, and others h ave incorrect ideas a bout them.

I NTRODUÇÃO

Um grupo de docentes da Escola de Enferma­gern de Ribeirão Preto , que atua especificamente na área de Dermatologia Sanitária com ênfase em Doenças Sexualmente Transmitidas (DST), tendo sido convidado para participar das atividades de uma Feira de Nutrição e Saúde (FENU SA), organi­zada pelo Serviço Social do Comércio (SESC), des­tinada a jovens estudantes da rede de ensino , achou oportuno desenvolver um programa educa­tivo , relacionado às doenças sexualmente trans­missíveis, junto a esta população , com a colabo-

ração de três estudan tes de enfermagem cursando Habil itação Médico-Cirúrgica da Escola de Enfer­magem de Ribeirão Preto - USP.

O trabalho educativo é de fundamental impor­tância, não só cu idando para que a população to­me conhecimento dos efeitos das doenças, neste caso as DST, mas também consegu indo a sua parti­cipação como multiplicadoras de ação educativa junto aos grupos de refe rência.

De acordo com estat ísticas dispon íveis de di­versos pa íses , após um período de baixa incidência ( 1945 a 1 960) , as doenças venéreas recrudesceram por

· volta de 1 970, atingindo níveis semelhantes

I Professor Assisten te Dou tor junto ao Departamen to de Enfcnnagem Geral e Especializada da Escola de Enferma-2 gem de R ibeirão Pre to - Universidade de São Paulo .

Professor Assisten te junto ao Departamento de Enfermagem Geral c Especial izada da Escola de Enfermagem de Ri­be irão Pre to - Universidade de São Paulo . 3 Auxiliar de Ensino jun to ao Departamen to dc Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribei­rão Pre to - Universidade de São Paulo .

300 - Rev. Bras. En[., Brasíl ia , 38(3/4) , jul ./dez . 1 985

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aos da era p'ré-penicil ínica (BERNARD I e t al iO 1 • sul tórios médicos, ambulatórios, farmácias e cen­tros de saúde .

Como atividades que antecederam o programa educativo , o grupo se propôs a realizar um levanta­mento sobre os conhecimentos daquela população jovem em relação às DST, tendo por finalidade contribuir com alguns subsídios para o diagnóstico da situação das referidas enfermidades, em nosso meio .

PROCED IME NTOS

Dentre as causas responsáveis por tal recrudes­cimento e a manuteção deste estado atual , desta­cam-se os fatores sócio-econômicos, que de certa forma estão influenciando no padrão de comporta­mento sexual da população , favorecendo maior variação de parceiros sexuais. Podemos ressaltar, ainda, como fatores importantes : a industrial iza­ção , a migração , a emancipação da mulher, o ad­vento de novas formas de anticoncepção , o in ício da atividade sexual precoce , a atitude menos re­pressiva da sociedade em relação à liberação se­xual , o uso de elementos e róticos na publicidade ,

Antes do in íc io das apresentações de clestra sobre DST, foram apl icados quest ionários aos jovens - com idade superior a 1 2 anos, de am­bos os sexos, independente do n ível de escolarida­de e da situação sócio-econômica - que participa­ram espon taneamente como ouvintes das referidas apresentações, desenvolvidas durante a FENUSA. Esta fe ira permaneceu à disposição da comunidade

, . " estudantil durante um penodo de 5 diaS consecuti ­, ,

vos, quando foram real IZadas vmte palestras,

ada pa­

nas artes e outros . Segundo a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA

SAÚDE4 , alguns grupos estão mais expostos às DST, tais como : jovens, estudantes, prostitu tas, homossexuais, trabalhadores distantes de suas fa-

í! ' , , , m l las, tunstas e viaJantes.

O ' d t ' ·,

' bts Itens o ques IOnaflO visavam o er - ' d ' 'd ' d t " t b DST maçoes 111 IVI uals os par IClpan es so re as

1 -em re açao a : _ tipos de doenças conhecidas;

modo de transmissão; orientação e fontes de informações prévias recebidas e

_ incidenc� de tais doenças.

R ESU LTADOS E D ISCUSSÃO

Apesar da fal ta de dados concretos a respeito da incidência Jas DST, naturalmente o nosso meio não constitui uma exceção , dadas as carac ter ísticas acima mencionadas e também reforçadas pelas observações de sua alta freqüência a n ível de con-

Nas vinte palestras desenvolvidas num período de cinco dias junto à FENUSA, foram aplicados um tot al de 924 questionários. Dos participantes, 3 1 3 (33 ,8%) eram do sexo masculino e 6 1 1 (66 , 1 %) do sexo feminino ; a maioria (82,5%) pertencia à j ,l ixa etária de 1 2 - 1 8 anos (TABELA 1 ) .

Tabela 1 - Distribuição d e jovens participantes, que responderam o questionário , segundo Idade e Sexo

� Masculino Feminino Total Idade N9 % N9 % N9 %

1 2 I- 1 4 94 1 0 , 1 1 68 1 8 ,2 262 28 ,3 1 4 I- 1 6 1 02 1 1 ,0 1 75 1 9 ,0 J77 30,0 1 6 I- 1 8 60 6 ,5 1 64 1 7 ,7 224 24 ,2 1 8 I- 20 22 2 ,4 5 8 6 ,3 80 8 ,7 20 I- 22 1 0 1 , 1 1 8 1 ,9 28 3 ,0 22 I- 24 5 0 ,5 7 0 ,8 1 2 1 ,3 24 I- 20 2 ,2 2 1 2 ,3 4 1 4,4

TOTAL 3 1 3 33 ,8 6 1 1 66 , 1 924 1 00,0

R ev. Bras, Enf., Brasília, 38C 3/4) , ju l ./dez, 1 985 - 3 0 1

Ri, _

A CI 'd a d e d e beirão P reto , situa ' d a na 6a '. re-" , glao admll11stratlva do Estado de Sao _

,Paulo , com

uma populaçao _ , estimada de aproxill1adamente .

, . ' 400.000 habitantes, apresenta uma caractenstlca d emogra T Ica pecu r Iar, marca d a por uma popu açao -

de jovens e studantes provenientes de outras I cicl a-

des , estaclcura dos vanos

�s ou mesmo de paí es istantes, ,

à p�o-centros educaclO

�nms

�e de pesqu isa

aqui existentes, bem como de uma grande massa de população migrante de todas as classes sociais que aqui convergem em busca de oportunidade de emprego nas áreas industrial e agrícola.

infor ­

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Do total de 924 participantes, verificou-se que 5 54 (59 ,9%) afinnaram conhecer alguma DST, 348 (37 ,6%) referiram desconhecê-la e 22 (2 ,4%) deixa­ram esta pergunta em branco. Apesar de não ser realizado nenhum tratamento estatístico, parece não haver diferença significante entre os sexos, masculino e feminino , no que se refere ao conhe­cimento das DST, e este sugere ser diretamente proporcional com a progressão da idade (T ABE­LA 2) .

Dentre as doenças citadas como sexualmente transmitidas mais conhecidas pelos jovens, destaca­ram-se em ordem decrescente a Sífilis, a Gonor-

réia, a AIDS e o Cancro Mole. A maioria dos jo­vens mencionou mais que uma DST em suas res­postas (TABELA 3).

� interessante notar, entretanto , que outras doenças não sexualmente transmitidas foram tam­bém citadas, conforme podemos notar na Tabela 4.

Outro aspecto importante a ser assinalado é quanto à tenninologia empregada para algumas DST, denominações estas as mais ,variadas, taiscomo: cífera, sfilis, cifilis, siris, sifles, sifrne, shifris, siferis, cevis, cifra, sifinis, sifilise, sifis, aides, aydes, aires, adis, blenorréia, agororéia, guinorréia,

Tabela 2 - Distribuição dos jovens segundo o conhecimento das DST, Sexo e Idade

Sexo Masculino Feminino Total

Conhecimento Sim Não Branco Total Sim Não Branco Total Geral

Freqüência N9 % N9 % N9 . % N9 % N9 % N9 % N9 % N9 % N9

12 I-- 14 31 33,0 55 58,5 8 8 ,5 94 1 00,0 44 26,2 1 20 7 1 ,4 4 2,4 168 1 00,0 262 14 I-- 1 6 63 61 ,8 36 35 ,3 3 2,9 1 02 1 00,0 98 56,0 74 42,3 3 1 ,7 175 100,0 277 16 I- 1 8 48 80,0 1 2 20,0 - - 60 100,0 1 29 78,7 3 1 1 8 ,9 4 2,4 1 64 100,0 224 18 I-- 20 1 9 86,4 3 1 3 ,6 - - 22 1 00,0 5 1 87 ,9 7 12 , 1 - - 58 100,0 80 20 I-- 22 8 80,0 2 20,0 - - 1 0 1 00,0 1 7 94,4 1 5 ,6 - - 1 8 1 00,0 28 22 I-- 24 4 80,0 1 20,0 - � 5 1 00,0 6 85,7 1 14,3 - - 7 1 00,0 1 2 24 I- 1 9 95,0 1 5 ,0 - - 20 1 00,0 1 7 8 1 ,0 4 19,0 - - 2 1 1 00,0 4 1

Total 1.92 6 1 ,3 1 10 35 , 1 1 1 3 ,5 3 1 3 1 00,0 362 59,2 238 39,0 1 1 1 ,8 6 1 1 1 00,0 924

Tabela 3 - Distribuição das DST conhecidas pelos jovens, segundo Sexo e Idade

� Cancro Condiloma frichomo-

Sífilis Gonorréia AIDS Chato Venéreo Herpes ou Crista Uretrite nos Vagi-Idade Mole

de Galo nalis

12 I- 1 4 4 4 4 0 1 6 4 2 1 4 f-- 1 6 1 26 1 08 27 15 16 2 1 1 6 I- 1 8 155 1 35 34 30 8 8 4 3 3 1 8 I- 20 85 66 18 19 3 2 1 2 1 20 I- 22 15 1 3 1 3 1 1 1 2 22 I- 24 9 1 0 1 3 1 24 I- 36 32 1 6 4 1 3 3

Total 470 404 98 80 33 12 1 1 1 0 6 2

Tabela 4 - Distribuição das Doenças Não Sexualmente Transmitidas citadas como DST, Segundo Idade �nças Bronqui-te ou Câncer

Idade Gripe

12 f-- 14

1 4 f-- 1 6 16 I- 1 8 1 8 I- 2 0 20 I- 22

22 I- 24

24 I-Total

2 5

Malária Sarampo Caxim­ba

4

DesidIa- Ch tação

agas

302 - Rev. Bras. Enl, BlaSIua; 38(3/4) ; julJdez. 19&5

Leuce­

mia :':!�la Rubéola Tb Amaralão

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dinorréia, gonorréia, conorréia, blenogonorréia, co­norréia, vllagorréa, gancro, campro, cranco.

Anal i sando a Tabela 5 , podemos observar que 584 jovens referiram conhecer o modo de trans­missão da DST, 3 1 5 mencionaram não saber e 25 não fizeram qualquer alusão a esta pergunta. Com­parando-se os dados obtidos, podemos notar que os percentuais são equivalentes em ambos os sexos.

Dos participantes que referiram conhecer o modo de transmissão das DST, a maioria mencio­nou mais do que um modo de t ransmissão . Obtive­ram-se 5 1 9 respostas como sendo através do conta­to sexual , 86 como sendo através do contato se­xual com pessoas doentes ou portadoras da enfer­midade , e outras respostas não cond izentes com o modo real de transmissão , tais como: "andar des­calço", "urinar contra' o vento", "uso de anticon­

cepcionais" , "piscina", "água contaminada", "as-

sento de ônibus", "contatos com animais", foram manifestadas

�em 22 questionário s.

A maioria dos jovens (55 1 ) afirmou ter rece­bido orientação prévia , no que se refere ao assunto DST, conforme po de-se observar na Tabela 6 .

As fontes de informações mais citadas foram, em ordem decrescente de freqüência : professo­res, pessoas da fam ília, amigos e médicos. Outras fontes também foram refe ridas, porém em núme­ro reduzido, como : balconistas de farmácia, TV, jornais, l ivros , revistas, palestras na comunidade e no tiro de guerra.

Da população estudada , 22 jovens mencio­naram já terem adquirido DST, sendo 16 do sexo masculino e 6 do sexo feminino . Deste total , 1 4, todos do sexo masculino e com idade acima de 1 8 anos, citaram como doenças adquiridas: gonorréia , chato, e condiloma acuminado. Os demais, da faixa

Tabela 5 _'0 Distribuição do conhecimento sobre o Modo de Transmissão das Doenças, Segundo Idade e Sexo

Sexo Masculino Feminino To ta.

Conhecimento Sim Não Branco Total Sim Não Branco Total Geral Freqüência

Idade N<? % N<? % N<? % N<? % N<? % N<? % N<? % N<? % N<?

1 2 I- 14 36 38 ,3 49 5 2 , 1 9 9,6 94 1 00 ,0 62 36,9 1 00 5 9 ,5 6 3 ,6 168 1 00,0 262 14 I- 16 7 0 68 ,6 3 1 30,4 1 1 ,0 102 1 00,0 95 5 4 ,3 74 42 , 3 6 3 ,4 1 75 1 00,0 277 1 6 I- 18 48 80,0 1 1 1 8 ,3 1 1 ,7 60 1 00 ,0 1 29 7 8 ,7 3 3 20 , 1 2 1 ,2 164 100,0 224 18 1-- 20 17 7 7 ,3 5 22 ,7 - - 22 1 00,0 5 3 9 1 ,4 5 8 ,6 - - 5 8 1 00,0 80 20 f- 22 9 90 ,0 1 1 0,0 - - 1 0 1 00 ,0 1 7 94 ,4 1 5 ,6 - - 1 8 1 00,0 28 22 I- 24 5 100 ,0 - - - - 5 1 00 ,0 6 85 ,7 1 14 , 3 - - 7 1 00,0 1 2 24 I- 1 9 95 ,0 1 5 ,0 - - 20 1 00 ,0 1 8 85 ,7 3 1 4 ,3 - - 2 1 2 ,2 4 1

To tal 04 65 ,2 98 3 1 ,3 1 1 3 ,5 3 1 3 100 ,0 380 6 2 ,2 2 1 7 35 ,5 14 2 ,3 6 1 1 1 00,0 924

Tabela 6 - Distribuição dos j ovens que receberam orientação prévia sobre DST, Segundo Sexo e Idade

Sexo Masculino Feminino Total

Conhecimento Sim Não Branco Total Sim Não Branco Total Geral Freqüência

Idade N9 % N<? % N<? % N9 % N<? % N<? % N<? % N<? % N<?

1 2 I- 1 4 3 6 38 ,3 48 5 1 , 1 1 0 1 0 ,6 94 1 00 ,0 60 35 ,7 1 05 62 ,5 3 1 ,8 168 100,0 262 14 1- 1 6 5 5 5 3 ,9 42 4 1 ,2 5 4 ,9 102 1 00 ,0 1 02 5 8 ,3 70 40,0 3 1 ,7 1 75 1 00 ,0 277 1 6 I- 18 43 7 1 ,7 1 7 · 28 ,3 - - 60 1 00 ,0 1 26 76 ,8 3 7 22 ,6 1 0 ,6 1 64 100,0 224 18 1- 20 1 8 8 1 ,8 4 1 8 ,2 - - 22 1 00 ,0 49 84 ,5 8 1 3 ,8 1 1 ,7 5 8 1 00,0 80 20 I- 22 8 80 ,0 2 20 ,0 - - 1 0 1 00 ,0 1 6 88 ,9 2 1 1 , 1 - - 1 8 1 00,0 28 22 I- 24 3 60,0 2 40,0 - - 5 1 00 ,0 7 1 00 ,0 - - - - 7 1 00,0 1 2 24 I- 1 4 70 ,0 6 30,0 - - 20 100 ,0 1 4 66 ,7 7 33 , 3 - - 2 1 1 00 ,0 4 1

Total 1 77 56 ,5 1 2 1 38 ,7 1 5 4 ,8 3 1 3 100 ,0 374 6 1 ,3 229 3 7 ,4 8 1 ,3 6 1 1 1 00,0 . 924

Rev. Bras. Eni, Bras(lia , 38( 3/4) , jul ./dcz. 1 985 - 303

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Tabela 7 - Distribuição dos jovens que responderam terem contraído DST, Segundo Idade e Sexo

Sexo Masculino feminino Total

Conhecimen to Sim Não Branco Total Sim Não Branco To tal Geral Freqüência

Idade N<? % N<? % NQ % N<?

12 I- 14 - - 8 1 86 ,2 1 3 1 3 ,8 94 14 I- 16 3 2 ,9 95 9 3 , 1 4 3 ,9 1 02 1 6 I- 1 8 1 1 ,7 55 9 1 ,7 4 6 ,6 60 1 8 1- 20 2 9 , 1 20 90,9 - - 22 20 I-- 22 2 20 ,0 7 70 ,0 1 1 0 ,0 1 0 2 2 I-- 24 2 40 ,0 3 60 ,0 - - 5 24 I-- 6 30 ,0 1 4 70,0 - - 20

To tal 1 6 5 ,1 275 8 7 ,9 22 7 ,0 3 1 3

e tária d e 1 2 a 1 8 anos, d e ambos o s sexos refe ri­ram outras doenças infecciosas, porém não sexual­mente transmitidas: catapora , caxumba , sarampo, gripe e rubéola.

Confomlc pode-se observar , na realidade so­mente 1 4 jovens da população estudada contraí­ram OST . (Tabela 7) .

Oiante dos resultados obtidos - no levantamen­to proposto - pode-se obse rvar que muito s jovens ainda carecem de informações adequadas sobre as OST, pois ao mesmo tempo que informaram saber sobre a doença , sua transmissão e refe rirem ter re­cebido informações , mostraram muitas incoerên­cias nas suas respostas.

Os jovens revelaram inte resse em conhecer a problemática da DST, o que se pode confirmar através da freqüência e participação dos mesmos nas palestras.

Outro aspecto a se r destacado é com relação às fontes de infonllações. Conforme os dados obti­dos; a maior fonte tem sido a escola , o que de certa forma é preocupante , pois observaram-se res­postas confu sas e incoerentes, com conce itos ina­dequados e ortografia não apropriada, em um gran­de número de questionários.

Considerando-se os vários fatores sócio-econô­micos influenciando atualmente os padrões de comportamento sexual da população , favorecendo de uma certa forma maior variação de parceiros se­xuais, com in ício de atividades sexuais precoce­mente , e d iante dos resultados obtidos, torna-se evidente a necessidade de realização de programas de Educação Sexual , entre os nossos jovens , in­cluindo naturalmente em seu conteú do as O ST.

Na verdade , como refere T AV ARESs , "a edu­cação sexual deveria fazer parte do d ia-a-dia do de-

304 - Rev. Bras. Enl, B rasl1ia , 38(3/4) , jul ./dcz. 1 985

% N<? % N<? % N<? % N<? % N<?

100 ,0 2 1 ,2 1 5 1 89 ,8 15 9 ,0 168 1 00 ,0 262 100 ,0 1 0 ,6 165 94 ,3 9 5 , 1 1 75 1 00,0 277 1 00 ,0 2 1 ,2 1 58 96 ,3 4 2 ,4 164 100,0 224 1 00 ,0 1 1 ,7 5 7 98 ,3 - - 58 1 00,0 80 100 ,0 - - 1 8 1 00,0 - - 1 8 100,0 28 1 00 ,0 - - 7 1 00 ,0 - - 7 100,0 1 2 1 00 ,0 - - 1 9 9 0,S 2 9 ,5 2 1 100,0 4 1

1 00 ,0 6 1 ,0 575 94 ,1 30 4,9 6 1 1 1 00 ,0 924

senvolvimento da criança, desde o seu nascimen­to" ; e ser mais formadora que nonnativa e desen­volvida no convívio familiar (MONETTI & CAR­VALHO)3 ; entretanto , C , I1 vista dos tabus ainda existentes, o a ssunto é encarado pela sociedade como um tema delicado, não sendo portanto abor­dado como seria o dcsejado.

O parecer N9 2 .264/74, do Conselho Fe deral de Educação , cita a educação sexual como um obje tivo a ser desenvolvido nos programas do 29 grau . Os autores deste trabalho são de parccer que a enfermeira , como profissional da área de saúde , seria um dos profissionais mais indicados para de­sempenhar a função de orientador sexual, concor­dando com TA V ARESs

.

Na Secretaria de Educação não existe o cargo para enfermeira, embora na lei de Diretrizes e Ba­ses , de N9 4 .024 de 20 de dezembro de 1 96 1 , o ar­t igo 90, faça referência à sua presença no sistema escolar. Esta lei foi praticamente revogada pela Lei n9 5 .69 1 de 1 1 de agosto de 1 9 7 1 que fixa dire­trizes e bases para ensino de 1 9 e 29 graus, porém estes artigo foi preservado (FERRIANI & CANO)2.

Atualmente existe um projeto proposto por docentes da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo ; ora em forma de indicação N9 476 , de 1 983 , na Assembléia Le­gislativa de São Paulo onde se propõe enfermeiras em período integral no Sistema Escolar. Se as esco­las contratassem enfermeiras em seu quadro , possi­bilitaria a realização não só de programas de educa­ção sexual , mas também de prevenção e controle das doenças de maneira geral de forma mais abran­gente , indo de encontro com as propostas da Aten­ção Primária preconizadas pelos dirigentes de saúde .

Page 6: Tokico Murakawa Moriyal Maria Solange Guarino Tavares2 ... · d ' d t" maçoes 111 IVI ... 20 I-22 10 1,1 18 1,9 28 3,0 22 I-24 5 0,5 7 0,8 12 1,3 24 I ... jornais, livros, revistas,

CONCLUSÃO

A ma ioria dos jovens informou conhecer as DST (tipos e modo de transmissão) e referiu ter re­cebido orientações anteriores, entretanto , quando esses mesmos jovens mencionaram o nome da doença e seu modo de transmissão , o fizeram de maneira e rrônea. Doenças não transmit idas sexual­mente foram mencionadas como tais e , no que se refere ao modo de t ransmissão , citaram vários ta­bus ainda existentes na sociedade , demonstrando que os nossos jovens ainda carecem de informações adequadas.

Diante dos resultados obtidos e consideran­do-se os fatores sócio-econômicos que atualmente estão influenciando os padrões sexuais da popu­lação - favorecendo maior variação de parceiros sexuais e iniciação precoce das atividades sexuais -, torna-se evidente a necessidade de implantação de programas de educação sexual entre os nossos jovens, incluindo no seu conteúdo as DST, o que poderá ser feito junto às escolas de 1 9 e 29 graus.

MORIYA, T. M. ct alii. What did the you ng know about the Sexually Transm itted D iaseases'! Rev. Bras. Enl , Brasl1ia , 38(3 /4) : 300-305 , July/Dec. 1985 .

R E F E R ÊNC IAS BI BL IOGRÁ F I CAS

I . B ERNARDI , C. D . V. et aliL Doenças sexualmen te transmissíveis : análise de incidência no Rio Gran­de do Sul no período 1 972/ 1 98 2 . B. Saúde, Por­to Alegre , 1 0(2) :82-9 , dez . 1 98 3 .

2 . FERRIA N I . M . G . C . & CANO , M . A . T . Assis tência de enfermagem ao escolar : uma in trodução ao probkma. I n : CONGR ESSO BRASILEIRO DE ENFERMAG EM , 34. Porto Alegre , 24 a 29 de ou tubro de 1 98 2 .

3 . MONEn" I , V . & CARVALHO , P . R . Adolescência : aspectos médico-sanitários e psicossociais. São Paulo , Ins t i tuto de Saúde , 1978 . 1 25 p . (Insti tu to de Saúde , publ icação n9 33) .

4 . ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Aspectos sociales y sanitarios de las enfermidades de trans­misión sexual. Genebra, 1 9 7 7 . 63p . (Cuadernos de Sallld Pública, 65 ) .

5 . T A VARES, C . A . Orien tação sexual para crianças e adolesce n tes : proposta para formação de enfer­meiros como educadores sexuais. Rev. PaI/I. Enl , São Palllo , 5( l ) :8-I I , jan./mar. 1 985 .

Rev. Bras. Enl, Brasíl ia, 38(3/4) , jul./dez. 1 985 - 305