Terra è Ferru - festival7sois.eu · Stefano Bruni e Mario Iozzo. Ed. PT, ES 2) Maya Kokocinsky,...

21

Transcript of Terra è Ferru - festival7sois.eu · Stefano Bruni e Mario Iozzo. Ed. PT, ES 2) Maya Kokocinsky,...

Éditions du Festival Sete Sóis Sete Luas

CATÁLOGO N. 56

1) El puerto de las Maravillas – Los navios antiguos de Pisa, 2001. T. Stefano Bruni e Mario Iozzo. Ed. PT, ES2) Maya Kokocinsky, Translusion II, 2002. T. Pinto Teixeira. Introduction de Oliviero Toscani. Ed. PT, ES.3) Oliviero Toscani, Hardware+Software=Burros, 2002. Ed. IT, PT.4) As personagens de José Saramago nas artes, 2002. Introduction de José Saramago. Ed. PT.5) Stefano Tonelli, Nelle pagine del tempo è dolce naufragare (2002). Ed. IT, PT.6) Luca Alinari, Côr que pensa, 2003. Ed. PT, ES.7) Riccardo Benvenuti, Fado, Rostos e Paisagens, 2003. Ed. IT, PT.8) Antonio Possenti, Homo Ludens, 2003. T. John Russel Taylor et Massimo Bertozzi. Introduction de José Saramago. Ed. IT, PT.9) Metropolismo – Communication painting, 2004. T. Achille Bonito Oliva. Ed. IT, PT. 10) Massimo Bertolini, Através de portas intrasponíves, 2004. T. R. Bossaglia, R. Ferrucci. Ed. IT, PT.11) Juan Mar, Viaje a ninguna parte, 2004. Introduction de José Saramago. Ed. IT, PT.12) Paolo Grimaldi, De-cuor-azioni, 2005. T. de Luciana Buseghin. Ed. IT, PT. 13) Roberto Barni, Passos e Paisagens, 2005. T. Luís Serpa. Ed. IT, PT.14) Simposio SSSL: Bonilla, Chafer, Ghirelli, J.Grau, P.Grau, Grigò, Morais, Pulidori, Riotto, Rufino, Steardo, Tonelli, 2005. Ed.: ES, IT, PT.15) Fabrizio Pizzanelli, Mediterrânes Quotidianas Paisagens, 2006. Ed. IT, PT.16) La Vespa: un mito verso il futuro, 2006. T. Tommaso Fanfani. Ed. ES, VAL.17) Gianni Amelio, O cinema de Gianni Amelio: a atenção e a paixão, 2006. T. Lorenzo Cuccu. Ed. PT.18) Dario Fo e Franca Rame, Muñecos con rabia y sentimento – La vida y el arte de Dario Fo y Franca Rame (2007). Ed. ES.19) Giuliano Ghelli, La fantasia rivelata, 2008. T. Riccardo Ferrucci. Ed. ES, PT.20) Giampaolo Talani, Ritorno a Finisterre, 2009. T. Vittorio Sgarbi et Riccardo Ferrucci. Ed. ES, PT.21) Cacau Brasil, SÓS, 2009. Ed. PT.22) César Molina, La Spirale dei Sensi, Cicli e Ricicli, 2010. Ed. IT, PT.23) Dario Fo e Franca Rame, Pupazzi con rabbia e sentimento. La vita e l’arte di Dario Fo e Franca Rame, 2010. Ed. IT.24) Francesco Nesi, Amami ancora!, 2010. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, ES.25) Giorgio Dal Canto, Pinocchi, 2010. T. Riccardo Ferrucci e Ilario Luperini. Ed. PT. 26) Roberto Barni, Passos e Paisagens, 2010. T. Giovanni Biagioni e Luís Serpa. Ed. PT.27) Zezito - As Pequenas Memórias. Homenagem a José Saramago, 2010. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT.28) Tchalê Figueira, Universo da Ilha, 2010. T. João Laurentino Neves et Roger P. Turine. Ed. IT, PT.29) Luis Morera, Arte Naturaleza, 2010. T. Silvia Orozco. Ed. IT, PT.30) Paolo Grigò, Il Volo... Viaggiatore, 2010. T. Pina Melai. Ed. IT, PT.31) Salvatore Ligios, Mitologia Contemporanea, 2011. T. Sonia Borsato. Ed. IT, PT.32) Raymond Attanasio, Silence des Yeux, 2011. T. Jean-Paul Gavard-Perret. Ed. IT, PT.33) Simon Benetton, Ferro e Vetro - oltre l’orizzonte, 2011. T. Giorgio Bonomi. Ed. IT, PT.34) Noé Sendas, Parallel, 2011. T. Paulo Cunha e Silva & Noé Sendas. Ed. IT, PT, ENG.35) Abdelkrim Ouazzani, Le Cercle de la Vie, 2011. T. Gilbert Lascault. Ed. IT, PT.36) Eugenio Riotto, Chant d’Automne, 2011. T. Maurizio Vanni. Ed. IT, PT.37) Bento Oliveira, Do Reinado da Lua, 2011. T. Tchalê Figueira e João Branco. Ed. IT, PT.38) Vando Figueiredo, AAAldeota, 2011. T. Ritelza Cabral, Carlos Macedo e Dimas Macedo. Ed. IT, PT.39) Diego Segura, Pulsos, 2011. T. Abdelhadi Guenoun e José Manuel Hita Ruiz. Ed. IT, PT.40) Ciro Palumbo, Al di là della realtà del nostro tempo, 2011. T. A. D’Atanasio e R. Ferrucci. Ed. PT, FR.41) Yael Balaban / Ashraf Fawakhry, Signature, 2011. T. Yeala Hazut. Ed. PT, IT, FR.42) Juan Mar, “Caín”, duelo en el paraíso, 2012. T. José Saramago e Paco Cano. Ed. PT, IT43) Carlos Macêdo / Dornelles / Zediolavo, Caleidoscópio, 2012. T. Paulo Klein e C. Macêdo. Ed. PT, IT.44) Mohamed Bouzoubaâ, “L’Homme” dans tous ses états, 2012. T. Rachid Amahjou e A. M’Rabet. Ed. PT, IT, FR.45) Moss, Retour aux Origines, 2012. T. Christine Calligaro e Christophe Corp. Ed. PT, IT.46) José Maria Barreto, Triunfo da Independência Nacional, 2012. T. Daniel Spínola. Ed. PT, IT.47) Giuliano Ghelli, La festa della pittura, 2012. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, FR.48) Francesco Cubeddu e Marco Pili, Terre di Vernaccia, 2012. T. Tonino Cau. Ed. PT, FR.49) Rui Macedo, De Pictura, 2012. T. Maria João Gamito. Ed. IT, FR. 50) Angiolo Volpe, Passaggi pedonali per l’ infinito, 2012. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, IT.51) Djosa, Criôlo, 2012. T. Jesus Pães Loureiro e Sebastião Ramalho. Ed. PT, IT, FR.52) Marjorie Sonnenschein, Trajetória, 2013. T. Marcelo Savignano. Ed. PT, IT.53) Ilias Selfati, Arrest, 2013. T. Marie Deparis-Yafil. Ed. PT, IT, FR.54) Pierre Duba, Un portrait de moitié Claire, 2013. T. Daniel Jeanneteau. Ed. PT, IT. 55) Weaver, WEAVER DISCOS pop descarado, 2013. T. Ritelza Cabral. Ed. PT, IT. 56) Giuliana Collu & Roberto Ziranu, Terra è Ferru, 2013. T. Tonino Cau. Ed. PT, FR.

Festival Sete Sóis Sete Luas

Giuliana Collu & Roberto Ziranu

Terra è Ferru

6

Ponte de Sor (Alentejo, Portugal), 01.06.2013 -29.06.13, Centrum Sete Sóis Sete LuasFrontignan (France) date à definir

Promoted Ass. Cult. Sete Sóis Sete LuasCâmara Municipal de Ponte de Sor

Coordination Marco Abbondanza (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)Câmara Municipal de Ponte de SorPedro Gonçalves (Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor)

Production CoordinationMaria Rolli (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas) Installation assistantJoão Paulo Pita (Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor)Elisa Tarzia (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

AdministrationSandra Cardeira (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

Graphic DesignSérgio Mousinho (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

Press OfficeSara Valente (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

Staff Sete Sóis Sete LuasCelia GomesAlexandre SousaBarbara SalvadoriPaulo Gomes

TranslationRui Aleixo

Printed Bandecchi & Vivaldi, Pontedera

[email protected]

“TERRA È FERRU”Giuliana Collu e Roberto Ziranu (Sardenha)

Recebemos Giuliana Collu e Roberto Ziranu em Ponte de Sor, na rede do Festival Sete Sóis Sete Luas com enorme carinho, sabendo que o enriquecimento das nossas comunidades neste projecto ímpar a nível europeu será profundamente importante e motivador.

Ponte de Sor sente-se feliz em receber no Centrum Sete Sóis Sete Luas / Centro de Artes e Cultura tão importante manifestação, fazendo votos que tal seja do agrado de todos, pois esta multiplicidade cultural permite augurar um futuro cada vez mais promissor.

Dr. João José de Carvalho Taveira PintoPresidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor

Terra è Ferru

Os Centrum Sete Sóis Sete Luas:

- são portos em terra: espaços estáveis sem fronteiras. Tal como portos são locais de passagem, de encontro e de diálogo intercultural, onde ecoam as ondas da cultura mediterrânica e do mundo lusófono. Tal como portos são abertos, sem fronteiras. Mas estão em terra. Estão ancorados às raízes do território que os viu nascer e os acolheu. São espaços de socialização, confronto e descoberta para a população local. - são oficinas artísticas onde importantes personagens do mundo mediterrânico e lusófono chegam, encontram inspiração, criam, dialogam, partilham e partem rumo a novos portos.- são locais de sinergia entre arte, música, turismo cultural e promoção do território.- são projectos arquitectónicos de recuperação de edifícios antigos, abandonados.

Produção, exposição e residências artísticas, laboratórios de criatividade, encontros multiculturais, debates, video-conferências, apresentações, concertos e aperitivos: estas são as principais actividades que animam as “casas” do Festival Sete Sóis Sete Luas. A ampla programação artística, da responsabilidade da associação Sete Sóis Sete Luas, prevê anualmente 7 a 10 projectos de dimensão internacional em cada Centrum SSSL, promovidos de forma coordenada nos portos internacionais SSSL (com a mesma imagem, o mesmo plano de comunicação e o mesmo dia de inauguração) e cujos protagonistas são diversos: os prestigiosos artistas, reconhecidos no seu país de origem, mas não ainda a nível internacional; os jovens talentos; os estudantes que participam nos laboratórios e nos programas de intercâmbio entre as cidades da Rede SSSL.

Anualmente 7.500 visitantes e mais de 35 prestigiosos artistas do Mediterrâneo passam pelas casas do Festival SSSL.

CENTRUM SETE SÓIS SETE LUASCentros para as Artes do Mediterrâneo e do mundo lusófono

Elementos em comum são:

- o nome: Centrum Sete Sóis Sete Luas;- a imagem do Centrum SSSL: o mosaico de uma onda que se estende sinuosa pela parede externa com os nomes das cidades que fazem parte da Rede dos Centrum SSSL;- a possibilidade de fazer ligações em directo, através da internet, com os diversos Centrum SSSL nos vários países;- um espaço dedicado à colecção permanente, com a memória da actividade local e internacional do Festival SSSL;- uma sala dedicada às exposições temporárias;- um laboratório de criação onde os artistas podem realizar as suas obras durante as residências;- uma art-library e um bookshop onde são apresentados ao público todas as produções culturais, artísticas, editoriais, gastronómicas do Festival Sete Sóis Sete Luas: cd’s, dvd’s, livros, catálogos e os produtos enogastronómicos e artesanais mais representativos dos Países da Rede SSSL;- uma sala de conferências para encontros, apresentações, debates, concertos, inaugurações…- quartos para os jovens estagiários da Rete SSSL e para os artistas;- um jardim mediterrânico e/o atlântico;

Estão neste momento activos os Centrum SSSL de Pontedera (Itália), Ponte de Sor (Portugal) e Frontignan (França). O projecto prevê ainda a criação de outros Centrum SSSL no Brasil (em Aquiraz, no estado do Ceará), em Cabo Verde (na Ribeira Grande, ilha de Santo Antão), em Marrocos (Tanger), na Espanha (em Tavernes de la Valldigna, na região de Valencia).

Marco AbbondanzaDirector do Festival Sete Sóis Sete Luas

Terra è Ferru

Ocorre-me espontaneamente selar esta pequena apresentação, que espero ser digna dos artistas em questão, com alguns versos escritos há alguns anos e que, na minha opinião, são muito apropriados.

Ma comente si faeta immentigae totu,finas a oe, su chi ch’est istau?Fortzis non nosi praghet,de su chi aus connotu,nudda chi potzat esser ammentau?Epuru ddu at cosaschi depeus chistie, valorosas. Tristu s’omine chinon cheret abbadiaea segus suo po sighie a andae…

Mas como é que se pode esquecer o nosso passado? É possível que não nos agrade e que nada do que tenhamos conhecido mereça ser lembrado… E no entanto há coisasque temos de guardar,cuidadosamente.

Tonino Cau

Em muitos lugares da Itália e do mundo existem bons artesãos que desempenham a sua atividade dedicando-se à cerâmica e ao ferro forjado. Com mãos pacientes e sensíveis perpetuam tradições que por vezes herdaram da família ou por proximidade afetiva, mesmo quando desenvolvem a técnica de acordo com os progressos vindos da modernidade. Deparamo-nos então com objetos e artefactos que parecem vir de tempos longínquos mas que são feitos hoje, e que denotam a mestria dos respetivos autores. Mas um artesão que se limita a repetir e, deste modo, a reproduzir objetos que já foram mil vezes criados por outros antes dele, por muito bom que seja, será sempre um artesão. Mas, porventura, se os bons artesãos em vez disso utilizarem também a inteligência, e se implicarem igualmente o coração e a criatividade, estamos já a falar de arte, de verdadeira arte, como a dos nossos Maria Giuliana Collu e Roberto Ziranu.

A terra, a nossa antiquíssima terra da Sardenha, oferece o caldo para cozinhar, a matéria-prima que Maria Giuliana molda e modela criando objetos e obras de arte, criações únicas e inconfundíveis, cada uma delas marcadas por um indelével traço de filiação. Esta também será transmitida através da reprodução de jarras e de peças, de acordo com uma tradição que teve e tem grande peso na Sardenha. Certamente que a artista trará a herança da paixão pela cerâmica no seu DNA. Mas esse facto não faria justiça ao que sabe fazer – e faz – a nossa artista. Olhando e tocando nos seus objetos “vê-se” a Sardenha. Vemo-la na cor dos esmaltes, que conhecem o céu e o mar, o fogo, o carvão que nos faz pensar nas nossas minas. Veem-se as marinas, os graciosos flamingos, pequenos animais petrificados. Parece que se veem paisagens encantadas e praias fustigadas pelo vento noroeste que produzem formas atormentadas. Veem-se símbolos atávicos que dão para imaginar povos antigos que desenham nas grutas, guerreiros que vão para o mar, que lutam contra mil inimigos. Veem-se mulheres orgulhosas e mulheres sofridas, imaginam-se mulheres graciosas e virgens ofendidas. Podem-se até intuir ventres maternos e corpos sinuosos. É por isso que os objetos criados por Maria Giuliana são obras de arte, e não meros objetos dispendiosos de decoração. São obras de arte, de arte verdadeira, pois não só suscitam admiração pelo incontestável resultado e gosto estético, como até também induzem à reflexão. Levam, quase forçosamente, a contextualizar o mundo representado por aquela obra e que, de alguma forma, a gerou. Levam, em última análise, a raciocinar, à colocação de questões e, assim, à intuição da interioridade, da paixão, do pathos que a artista nos dá, nos oferece com um espelho, um painel, um centro de mesa, um candeeiro ou uma jarra.

Roberto Ziranu tem, em certos aspetos, uma história “normal”, na medida em que eventualmente esta siga um percurso previsível, traçado pelos pais e avós que, ao longo de cinco gerações, têm vindo a modelar o metal ferroso. Ferreiro talvez fosse o caminho escrito no livro do destino de Roberto. Se as mãos forem virtuosas,

Terra è Ferru

o ferro forjado e as produções artesanais a ele ligadas têm um mercado em si. As varandas e as cabeceiras de cama, as grades e as vedações são muito procuradas, tanto nas nossas regiões mais antigas, como nas localidades turísticas – mais ou menos conhecidas – da Sardenha. Quem tem os requisitos para o trabalho em ferro “campat sa famiglia”, terá – em princípio – um bom rendimento, e Roberto Ziranu não foge a esta regra. Seria contudo um erro fatal limitarmo-nos a referir este aspeto, ao falar desta personagem vulcânica, genuína e tenaz, natural da Barbagia. O ferro com Roberto vive uma vida nova, porque se torna matéria viva, ardente como o fogo graças ao qual o artista o dobra e modula a seu bel-prazer. O duro ferro parece um rebento de cana, leve e elegante, dobrado e moldado pelo vento que deforma as paisagens e os perfis dos granitos. Ao olhar para uma criação de Ziranu intuímos um mar inquieto que assedia uma vela inchada, imaginamos um planalto exposto coberto por arbustos que desesperados se retorcem contra uma rocha, esqueletos lenhosos que lutam por uma improvável e insuspeita sobrevivência. Uma sachola encontrada em qualquer sinuosidade empoeirada da memória transforma-se num precioso e brilhante objeto artístico, um fóssil de madeira transforma-se num barco para uma lunar, sinuosa e elegante vela metálica que se atreve a aventurar-se pelos nossos mares ventosos, uma pobre e insignificante chapa transforma-se num escudo que relembra os antigos e guerreiros povos das montanhas, ou um painel no qual se vê uma figura feminina imóvel. Discernimos o papel do fogo em tudo isto, e entendemos a razão da destreza de Roberto poder ser inteiramente chamada “arte”, sem a menor sombra de dúvidas. O fogo, utilizado com secreta mestria pelo nosso artista, dá forma, brilho, especularidade, tonalidades cromáticas, elegância.

Os dois artistas têm bastante em comum, mas poder-se-ia dizer que – fazendo uma síntese que possa, pelo menos, homenagear parcialmente as suas obras – cada um deles, seguindo um percurso bastante original e interessante, consegue representar uma Sardenha que sabe olhar em frente enquanto olha simultaneamente para trás, apesar de, na realidade, ambos se caracterizarem por uma grande modernidade. Dois artistas, Collu e Ziranu, orgulhosos de duas tradições de igual importância (a cerâmica e o ferro) que a Sardenha – antiga e forte terra no meio do Mediterrâneo, dura como o ferro – dispensa generosamente aos seus filhos e aos seus visitantes.

Tonino Cau

13

Vola...vola...vola!

Studio T (Terra)40x35cm

15

Storia in evoluzione105x105cm

16 1717

Volo Interiore55x25cm

Esodo

1818

Lampada manto H base44x30cm

1919

Impronta materica120x40cm

20

Manto25x30cm

21

Vaso mare

22 23

Integrazione sinergica130x70cm

Cambalericavato da lastra di ferro , fiammato e rifinito con cuoio. 45cm

24 25

Corpetto Donnaricavato da lastra di ferro, sagomato e fiammato, con inserti in tessuto. 55cm

Corpetto Donnaricavato da lastra di ferro, sagomato e fiammato, con inserti in tessuto. 55cm

26 27

Piattotecnica forgiato inciso e fiammato su lastra di ferro ,diametro. 50cm

Velalastra di ferro forgiata lucidata e fiammata, con base in legno. 75cm

28 29

Figura femminilelastra di ferro sagomata lucidata e fiammata. Di forma ovale. 60cm

Grattacielitecnica incisione e fiammatura su lastra di ferro. 100x45cm

30 31

Veduta Cagliari Castellotecnica incisione e fiamma su lastra. 120x50cm

La famigliatecnica incisione e fiammatura su lastra di ferro, ed inserti in cuoio. 105x50cm

- Ils sont des ports de terre: des espaces stables sans frontière. Du port ont l’être des lieux de passage, de rencontre et de dialogue interculturel dans lesquels reviennent les vagues des cultures méditeranéennes et du monde lusophone. Du port ont l’être ouverts, sans frontières. Mais ils sont de terre. Ils sont ancrés aux racines du territoire qui les a vu naître et les accueille. Sont des espaces de socialisation, de confrontation et de découverte pour la population locale.- Ils sont des ateliers artistiques dans les quels des importants personnages du monde méditerranéen et lusophone trouvent inspiration, s’arrêtent, créent, dialoguent, partagent et repartent.- Ils sont des lieux de synergie entre art, musique, tourisme culturel et promotion du territoire.- Ils sont des projets architectoniques de récupération des bâtiments abandonnées.

Des productions, des expositions et résidences artistiques, ateliers de créativité, rencontres multiculturels, débats, video-conférences, présentations, concerts et apéritifs: celles-ci sont les activités principales qui animent les “maisons” du Festival Sete Sóis Sete Luas. L’ample programmation artistique, sous la responsabilité de l’Association Sete Sóis Sete Luas, prévoit 7-10 projets de dimension internationale par année, dans chaque Centrum SSSL, qui sont promus d’une façon coordonnée dans les ports internationaux SSSL (avec la même image, le même plan de communication et le même jour d’inauguration) et dont les protagonistes sont plusieurs: les prestigieux artistes, affirmés dans leur pays d’origine mais pas encore au niveau international; les jeunes talents; les étudiants qui participent aux ateliers et aux programmes d’échange entre les villes du Réseau SSSL; les associations présents sur le territoire..

Annuellement 7.500 visitateurs et plus de 35 prestigieux artistes de la Méditerranée passent dans les maisons du Festival SSSL.Pour chaque projet International, un catalogue en différents langues est produit.

CENTRUM SETE SÓIS SETE LUASLes Maisons du Festival SSSLCentres pour les Arts de la Méditerranée et du monde lusophone

32

Madrefigura da appoggio, ricavata da lastra di ferro, sagomata e fiammata. 50x35cm

Terra è Ferru

Marco AbbondanzaDirecteur du Festival Sete Sóis Sete Luas

Les elements en commun sont:

- Le nom: Centrum Sete Sóis Sete Luas;- L’ image symbole des Centrum SSSL: une vague mosaïque s’articule sinueuse sur les murs extérieures avec les noms des villes qui font partie du Réseau des Centrum SSSL;- La possibilité de connecter en directe, à travers internet, les différents Centrum SSSL dans les divers pays;- Un espace dédié à la collection permanent, dépositaire de la mémoire des activités locales et internationales du Festival SSSL;- Une salle dédiée aux expositions temporaires;- Un atelier de création où les artistes pourront réaliser des oeuvres pendant les résidences;- Un art-library et un bookshop où toutes les productions culturelles, artistiques, de rédaction et gastronomiques du Festival Sete Sóis Sete Luas sont présentées au public: cd’s, dvd, livres, catalogues et les produits enogastronomiques et artisanales plus représentants des Pays du Réseau SSSL;- Une salle de conférence pour les réunion, les présentations, les débats, les concerts, les vernissages..- Chambres pour les jeunes stagiaires du Réseau SSSL et pour les artistes;- Un jardin méditerranéen et/où atlantique;

Pour le moment il y a trois Centrum SSSL actifs: celui de Pontedera (Italie), celui de Ponte de Sor (Portugal) et celui de Frontignan (France) qui a été inauguré le 21 juillet 2011. Le projet prévoit la création d’autres Centrum SSSL au Brésil (en Aquiraz, dans l’état du Ceará), au Cap Vert (en Ribeira Grande, l’île de Santo Antão), au Maroc (Tanger), en Espagne (Tavernes de la Valldigna, das la région de Valencia).

Il se me présente spontanément de sceller cette petite présentation, qui j’espère que soit digne des artistes en question, avec quelques vers écrits il y a quelques années et qui, à mon avis, sont très pertinents.

Ma comente si faeta immentigae totu,finas a oe, su chi ch’est istau?Fortzis non nosi praghet,de su chi aus connotu,nudda chi potzat esser ammentau?Epuru ddu at cosaschi depeus chistie, valorosas. Tristu s’omine chinon cheret abbadiaea segus suo po sighie a andae…

Mais comment oublier notre passé ? C’est possible que le même ne nous plaise pas, et que tout ce que nous avons connu ne mérite pas d’être souvenu... Et cependant il y en a des choses que nous devons conserver soigneusement.Pauvre est l’homme qui, pour marcher en avant, ne veut pas regarder en arrière...

Tonino Cau

Terra è Ferru

En de nombreux endroits, en Italie et un peu partout dans le monde, il y a de bons artisans qui exercent leur activité en se vouant à la céramique et au fer forgé. Avec des mains patientes et sensibles, ils perpétuent des traditions – qui ont parfois hérité de la famille ou de quelqu’un tout proche – même quand ils développent la technique d’après les progrès venus de la modernité. Nous nous présentons alors devant des objets et des artefacts qui semblent provenir de temps lointains, mais qui sont faits aujourd’hui, et qui montrent la maîtrise de leurs auteurs respectifs.Pourtant, un artisan qui se limite à répéter et, de cette façon, à reproduire des objets qui ont déjà été mille fois créés par d’autres avant lui, aussi bien qu’il soit très bon, il sera toujours un artisan. Mais, par hasard, si les bons artisans à leur tour utilisent aussi l’intelligence, et s’ils engagent également le cœur et la créativité, nous parlons alors de l’art, l’art véritable, comme celui de nos artistes Maria Maria Giuliana Collu et Roberto Ziranu.

La terre, notre ancienne terre de Sardaigne, offre du bouillon pour faire la cuisine, de la matière première que Maria Giuliana moule et modèle en créant des objets et des oeuvres d’art, des créations uniques qui ne peuvent pas être confondues, chacune marquée par une trace indélébile de filiation. Celle-ci sera également transmise par la reproduction des pots et des pièces, selon une tradition qui avait et qui a encore beaucoup de poids en Sardaigne. L’artiste, sans aucun doute, porte l’héritage de la passion pour la céramique dans son ADN. Mais cela ne ferait aucune justice à ce que notre artiste sait faire et fait.

En regardant ses objets, et en leur touchant, on « voit » la Sardaigne. On la voit dans la couleur des émaux, qui connaissent le ciel et la mer, le feu, le charbon qui nous fait penser à nos mines. On y voit les ports, les gracieux flamants roses, de petits animaux pétrifiés. Il semble qu’on y voit des paysages enchantés et des plages cinglées par le norois qui produisent des formes tourmentées. On y voit des symboles ataviques qui font imaginer des peuples anciens qui dessinent dans les grottes, des guerriers qui vont dans la mer, qui luttent contre mille ennemis. On y voit des femmes fières et des femmes qui ont souffert, on s’imagine des femmes gracieuses et des vierges offensées. On y peut même pressentir des ventres maternels et des corps sinueux.

Les objets créés par Maria Giuliana, c’est pourquoi ils sont des oeuvres d’art et pas simplement des objets coûteux pour la décoration. Ce sont des œuvres d’art, d’art véritable, car ils ne provoquent seulement l’admiration vers le résultat indiscutable et le goût esthétique, mais ils induisent encore à la réflexion. Ils entraînent, presque inévitablement, à qu’on retrouve un contexte pour le monde représenté par cette œuvre-là et qui, en quelque sorte, la a engendrée. Ils entraînent, en dernier ressort, à raisonner, à se poser des questions et, par conséquent, à l’intuition de l’intériorité, de la passion, du pathos que l’artiste nous donne, nous offre avec un miroir, un panneau, un surtout, une lampe ou un pot.

Roberto Ziranu a, sous certains aspects, une histoire « normale », dans la mesure où celle-ci suit, éventuellement, une course prévisible, tracée par les parents et grands-parents qui, depuis cinq générations, ont modelé le métal ferreux. Forgeron pourrait être la voie écrite dans le livre du destin de Roberto. Si les mains sont vertueuses, le fer forgé et les productions artisanales qui lui sont liées ont un marché en soi. Les balcons et les têtes de lit, les grilles et les barrières sont très recherchées, tant dans nos régions plus anciennes, comme dans des localités touristiques – plus ou moins connues - de la Sardaigne. Qui possède les conditions pour travailler en fer « campat sa famiglia », et aura – en principe – un bon revenu, et Roberto Ziranu ne fait pas exception à cette règle. Cependant, serait-il une erreur fatale qu’on se limite à faire référence à cet aspect, en parlant de ce caractère volcanique, authentique et tenace, originaire de la Barbagia.

Le fer avec Roberto vit une nouvelle vie, parce qu’il se rend matière organique, brûlante comme le feu grâce auquel l’artiste le plie et le module a son bon plaisir.Le dur fer se ressemble à une pousse de canne, légère et élégante, pliée et façonnée par le vent qui déforme les paysages et les profils des granites. En regardant une création de Ziranu, on y pressent une mer agitée qui harcèle une voile gonflée, on imagine un plateau exposé couvert par des buissons qui, enragés, se tordrent contre un rocher, des carcasses ligneuses qui luttent pour une survie peut probable et insoupçonnée. Une houe trouvée dans une quelconque sinuosité poussiéreuse de la mémoire devient un objet artistique précieux et lumineux, un fossile en bois devient un bateau pour une lunaire, sinueuse et élégante voile métallique qui ose s’aventurer dans nos mers venteuses, une pauvre et insignifiante tôle devient un bouclier qui rappelle les anciens peuples guerriers de la montagne, ou un panneau dans lequel on voit une figure féminine immobile. On y discerne le rôle du feu dans tout cela, et on comprend pourquoi la dextérité de Roberto

Terra è Ferru

Tonino Cau

peut, sans le moindre doute, toute entière s’appeler « art ». Le feu, utilisé par notre artiste avec une sécrète maîtrise, façonne, fait briller, rend spectaculaire, donne des nuances chromatiques, et élégance.

Les deux artistes ont beaucoup en commun, mais on pourrait dire que – en faisant une synthèse qui puisse, au moins partiellement, rendre hommage à leurs œuvres – chacun d’eux, suivant un itinéraire plutôt original et intéressant, réussit à représenter une Sardaigne qui sait regarder vers l’avant tout en regardant en arrière en même temps ; quand même, en réalité, tous les deux se caractérisent par une grande modernité.

Deux artistes, Collu et Ziranu, fières de deux traditions d’égale importance (la poterie et le fer) qui la Sardaigne – ancienne et ferme terre au milieu de la Méditerranée, dure comme le fer – distribue généreusement à ses fils et à ses visiteurs.

Festival Sete Sóis Sete Luas

CATÁLOGO N. 56