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Tempo, No. 323

Alternative title Tempo

Author/Creator Tempográfica

Publisher Tempográfica

Date 1976-12-12

Resource type Magazines (Periodicals)

Language Portuguese

Subject

Coverage (spatial) Mozambique, Zimbabwe, Sudan, Lao People's DemocraticRepublic

Coverage (temporal) 1976

Source Arquivo Histórico de Moçambique, PP 570 AHM

Rights By kind permission of Tempografica.

Description Cartas dos Leitores. Semana a semana nacional:Conversações Moçambique-Tanzania--Lojas doPovo--Novo ataque de Smith--A polícia veio das massas.Semana a Semana internacional: Sudão: mais um no clubedos americanos--que futuro para a Palestina? 20aniversário do "Granma"--O Zipa em Genebra--Aniversáriodo proclamação do Laos. Jornais e revistas. Factos ecritica. Divulgação cientifica. II Conferência da O.M.M.Comunicado do Comité Político-Militar e Resoluções sobreproblemas Gerais e problemas Sociais da cidade. Ofensivada produtividade: A Organização dos trabalhadores e o IIICongresso da FRELIMO. Discos: Rotação acelerada deprodução em série. Documento sobre 7 de Setembro e 21de Outubro. Problema dos citrinos em Manica. Exames da6 Classe.

Format extent(length/size)

68 pages

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ÁTI161%r ý 511/J1 9211NIÁTINI,

MontepioDeposite as suaseconomias nos bancos para serem aplicadasem actividades produtivascontribuindo assim para 1 a Reconstrução Nacionali *i i1m .E

A NOSSA CAPA: Engajar a mulhpr na tareia principalDirector Interino: Muradali Mamadhusen; Chefe~da Redacç3o Interino: LuisDavid: Redac;.ço: Albino Magala, Alves Gomes. Calane da Silva, CarlosCardoso, Lulis David, Mendes Oliveira, Narciso Castanheira: Secretário daRedacção: Ofélia Tembe: FotOgrafia: Ricardo Rangel, Kok Nem, Nafta Ussene.Armindo Afonso (colaborado)-, Maqueflação: ,Eugénio Aldasse; Correspondentesinternacionais: Wilfred Burcheti Platro Petrucci: Propriedade Tempogréfica;Oficinas, Redacç3o e Serviços Comerciais: Av. 'Ahmed SekooTouré, 1978-A a 0(Prédio -Invicta), telefones 26191, 26192, 26193; Caixa Postal 2917- MAPUTO--Repblica Popular de Moçambique.Quem tem necessidade de obter una informação ou um documentori u m arepartição-e isso sucede com a grande maioria das pessoas - s a b e bem o significado e a«força» da burocracia. Sucede, até, por vezes, criarem-se situações em que sóacredita quem a elas assistiu ou foi directamente visado.A Burocracia é tema de um trabalho em Banda Desenhada da autoria do nosssocolaborador Max.Página .................... 20Devido a s u a dependência dos a v iá r i os rodesianos, o Aviárioda Machipandafoi bastante afectado com o encerramento da fronteira com a colónia britânica daRodésia do Sul. Hoje, no entanto, caminha para o auto-abastecimento em pintos,além de ter uma produção diária estimada em cerca de 10 mil ovos.O Aviário da Machipanda está localizado na Provincia de Manica, a menos decinco quilómetros da fronteira com a Rodésia.Página ........................ 50PAGINA POR PÁIGINA

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Cartas dos leitores ......Semana a semana nacional 4Conversações Moçambique-Tanza"ïia - Lojas do Povo - Novo ataque de Smith -A policia veiodas massas.Seman a semana internacional 8 Sudão: mais um no clube dos ame.ricanos- Que %turo para a Palestina? - 20.* aniversário do «Granma» - O- Zipaem Genebra- Aniversário da p r o c l amação do Laos.Jornais e Revistas. ... 14-Factos e critica ...... 16Divulgação científica 18II Conferência da O.M.M . 26Comunicado do Comité Político-Militar e Resoluções sobre proble.mas Gerais e problemas Sociaisda cidadeOfensiva da produtividade A Organização dos trabalhadoreseo III Congresso da FRELIMODiscos: Rotação acelerada de produção em série . ...... 42 Documento sobre 7de Setembro e21 de Outubro .. . ...... 47 Problema dos citrihos em Manica . 54 Exames da 6.1Classe 60.....PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES:PROVINCIA DE MAPUTO: Namaacha, Manhíçd, Moamba, Incoluane,Xirínvane e Boane; PROVINCIA DE GAZA: Xai-Xai. Chicualacuala, Chibwto.Ch6kwé. Massingir, Maniacaze,. Caniçado, Mabelane e Nhamavila: PROVINCIADE INHAMBANE: Inhambane, Quissico-Zavala, Maxixe, Hoomofne,Morrumbene, Mambone, Panda a Mabote; PROVINCIA DE MANICA: Chimoio,Espungabera e Manica; PROViNCIA DE SOFALA: Beira Dondo e Marromeu;PROVINCIA DE TETE:' Te, Songo, Angónia, Mutarara, Z6bué,, Moatize eMágoé; PROVINCIA DE ZAMBÉZIA: Quelimane, Pebane, Gil, Ile.Magania daCosta.' Namacurtra. Chinde, Luabo, Alto Molocué, Lugela, Gúrué, Mocuba eMacuse; PROVlNCIA DE NAMPULA: Nampula. Nacala, Angoche, Lumbo,Murrupula, Meconta e Mossuril; PROVINCIA DE CASO DELGADO; Pemsba,Mocmboa da Praia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA: LichingaeMarrupa. EM ANGOLA: Luanda, Lubango, Huambo, Cabinda, Benguela eLobito. EM PORTUGAL: Usboa.CONDIÇOES DE ASSINATURA:Províncias de Maputo, Gaze e Inhambane: 1 ano (2 números) - 760$00; é meses(26 números) - 38000; 3 meses (13 números) - 190$00. Outras províncias, por ,viaaérea: 1 ano (52 números) -84000; é meses (26 números) -420$00; 3 meses (13números)-20$00. O pedido de assinatura deve ser acompanhado da importénciarespectva.~~~~~V G.....:",M . .do i M o036[

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Set&isto srvi: o povo?No dia 10 de Novembro de 1976, fui ao S. M.A. E. no Posto de Cobrança n. 1solicitar que seja instalada na minha residência Bairro dasMabotas um contador,de dgua. No dia 12 atendeu mais de 20 pes.soas a regra geral era bicha compreendemos, porque não haviade ser para nóstodos.Nos dias 17 e 19 de Novembro de 1976 fomos mais outra vez e disseram que ocarro estava a~aiado, está certo.No dia 24 de Novembro de 1976 pelo menos eu cheguei às 5 horas demanhã, euera o 8.1 lugar e quando eram 7, 45 é na altura que chegou o responsável, que é ocanalizador e*quando começou atender o pessoal que estava na bicha e como entendessedeixou de utilizar o sistema de bicha e seguiu o sistema de Zonas.Até aí compreendia-se um pouco mas um pouco confuso, porque nos diasanteriores nunca adoptou o tal sistema. Como nesse dia só atendeu 10 clientes, oque não se compreende em relação nos dias anteriores, viato que uns dos tais queé patrício da Zona X não havia de ser atendido, virou o sistemapediu pelas Zonas.Compreendia-se o que fica em confuso.Solicitamos a esse responsóvel o que sistema iria fazer na sexta-feira que é o dia26 de Novembro de 1976:Respostp foi não tem nada de perguntar façam o que entenderem.Quando dirigi-me ao motorista que conduzia a Viatura de S. M.A. E. MLH-45-29n., 47 ele disse: O responsável é o canalizador. Dirigi-me aoCanalizador aresposta foi negativa ainda disse (Não Chateia) e mandou arrancar o Carro eforam-se embora e como nesta não ficasse ninguém sem que pudesse dar umesclarecimento e fomos sem nenhuma conclusão.Agora pergunto-me. Qual será atitude deste Camarada? De deixar o Povo semesclarecimento nenhum. Este Camarada estaria a servir o Povo?Afinal ainda existe o sistema a#-1W4 QJ~ voLT~ A~M 2 la?:. IAN , 2 . _lR! M% PAi.~*S*U.V&Lt~'Gi?~a«T,1 PO» n,' 323- p6í, 2

terior mencionado? Tais patrtos da Zona X?Qual será o Sistema: Bicha? Ou Zona?A Luta Continua,UNIDADE, TRABALHO, VIGILÂNCIAAlbano José Laila,Caixa Postal n.- 2158 C. F. M. Maputo

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edidoco~espondênciaDo Brasil recebemos uma carta solicitando a troca de correspondêntcia commoçambicanos, incluindo a troca de postais, selos, moedas,etc. O endereço é oseguinte:Evaldo Hugo Olészouk. Caixa Postal, 2002 80 000 - CURITIBA - ParanãÉRASILÃMopambique e dos opetã*ios e campones.sMoçambique é dos operários e camponeses que teido-se revoltado, contra aopressão e a escravatura, pegaram em armas; ao longo de dez anos resistiram comtenacidade contra o colonialismo imperialista português;e libertaram-se!O CAMPO É A CASA DO POVOÉ no campo aonde resiste-se melhor na luta pela libertação nacional; e também naluta de resistência. É no campo a o n d e se, desenvolvem plantas do povo regadaspelo seu sangue no decurso daquela década sangrenta pela libertação dos homense da terra. É no campo aônde ,o po-.t3 ImÀ M. MIOI ) ........... ...&9 AbO YU hK ~14%vo trabalhador colhe frutos (produto do seu suor).Por isso, desenvolver a agricultura foi apoiar a luta de libertação nacional e hoje, éapoiar o desenvolvi. mento do país e a guerra de resistência contra os ataquesexteriores. A produção agrícola àlimenta a guerra. E esta, defende a produção.O CELEIRO É A BASE DA CASASegundo esta afirmação o celeiro do nosso pais é a agricultura. Destruir aagricultura é destruir o nosso celeiro! É uma família sem celeiro «miséria»! Aagricultura é o factor principal e a Indústria o seu factor dinamizador. É -pelaIndústria que modernizaremos os nossos serviços agrícolaspara produzirmos cadavez mais e melhor.A nossa Indústria deve aperfeiçoar a maquinaria agrícola, esta, para poder abrir aterra e meter-se o grão da maçaroca.A ENXADA É A HONIA DO POVOEnquanto no regime colonial, pegar na enxada significava incivilização, no nosso,é uma honra e dignidade.. Pegar na enxada é materializar o' princípio da nossaclasse - somos camponeses. É afirmar na prática aquilo que nós somos; é afirmara nossa personalidade moçambicana. Moçambique vive do campo. O campo é acasa do povo. A enxada é a sua honra. Desenvolvamos a produçãoagricola paraapoiarmos as conquistas da nossa Revolução Moçambicana.Eduardo José Massingue Chocué'«TE-K4'O cr.' .2- pó. 3

SEMANA: A SEMANTerça-feira, 30R E U N IÕ E S PREPARATÓRIAS DO III CONGRESSO -Decorrem emLichinga, capital do Niassa e na província de Sofala, nos distritos de Morrumbalae Gil, reuniões de preparação' para o I1 Congresso.

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Em Lichinga, a reunião foi presidida por Aurélio Manave, governador daprovíncia de Niassa e em Morrumbala e Gilé foram orientadas por elementos doPartido. -Nas referidas reuniões, foram discutidos aspectos relacionados com oaumento da produtividade para apoiar a realização do Congresso, transformaçãoda FRELIMO em Partido e tarefas do Partido na edificação do socialismo.Quarta-feira, 1GABINETE DE ORGANIZAÇAO DO III CONGRESSO D A FRELIMO -Foiconstituído pela Direcção da Frente de Libertação de Moçambique o Gabinete deOrganização do III, Congresso da FRELIMO, que tem como tarefa acoordenação, a nível nacional, do trabalho de preparação doCongresso.Para que essa coordenação se torne realmente operativa e dinâmica, todas ascomunicações de estruturas do Partido, de organizações democráticas de massas edos moçambicanos em geral, respeitantes ao III Congresso, devem ser,endereçadas para o GabineteI de Organização do 111 Congresso da FRELIMO,Avenida Armando Tivane, .1961, (edif;cio da antiga Sociedade de Estudos,telefone 744961/2.Quinta-feira, 2BARRAGEM D E MASSINGIR E M ACABAMENTO - S e g u n d orevelou a AIM, encontram-se actualmente em acabamento os trabalhos daprimeira fase de construção da Bprragem de Massingir, na província de Gaza,prevendo-se que a segunda, que terá uma duração de sete meses, tenha início a 1de Abril do próximo ano.Esta barragem destina-se, sobretudo, a criar um lago artificial, para irrigação, decerca de 90000 hectares e para transformação da agriculturade subsistência etradicional, numa produção ra-cional e tamhém para 'eliminar o salgamento das águas junto ao Xai-Xai.SEMINÁRIO D A JUVENTUDE N A PROVINCIA DE MANICA - Soborientação dos responsáveis do Departamento de Mobilização e Organização e daOrganização da Juventude, decorreu de 27 a 30 de Novembro. emChimoio, naprovíncia de Manica, o Seminário Provincial da Juventude que teve comoobjectivo a análise geral da situação daquela Organização na província, segundoinforma o jornal «Notícias».O comunicado final, a dado passo, afirma que «cabe à juventude aresponsabilidade de combater muitos dos vícios e males herdados da sociedadecolonial e tradicional».Sesta-feira, 3CIDADÃOS ESTRANGEIROS EXPULSOS DE MOÇAMBIQUE -Pordeterminaçãodo ministro do Interior, foram expulsos da República Popular deMoçambique, pela prática de actos que visam pôr em causa a soberania do estadomoçambicano, os seguintes cidadãos estrangeiros de nacionalidade portuguesa:Aristides Reto Geraldes, chefe da secção de contabilidade da Câmara Municipaldo Limpopo; Fernando Ger. mano Dias, sub-chefe da ex-PSP e José ArnaldoPinheiro Basilio - empregado comercial.Os referidos indivíduos foram avisa. dos no dia 1 de Dezembroa abandonarMoçambique no prazo de 24 horas.Sàbado, 4

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NÚMERO MAIOR DE TÉCNICOS DE SAÚDE EM MOÇAMBIQUE- Segundodeclarou à Agência de Informação de Moçambique, o resp)onsável pela DirecçãoNacional' do Pessoal de Saúde, existe presentemente em Moçambique maiornúmero de médicos e técnicos de saúde do que existia há cerca de dois anos.Com efeito existem neste momento 262 médicos, dos quais 217 são estran. geiros,e 286 pessoas ligados à saúde, contando-se enfermeiros, parteiras e técnicos demedicina preventiva e curatica. Este pessoal de saúde encontra-se destribuído emzonas rurais e citadinasDomingo, 5SURTO DE DOENÇA GASTRO-INTESTINAL PROVOCA 17 MORTOS EMSO. FALA- UM comunicado-esclarecimento da Direcção Provincial de Saúde deSofala informa que se registou no passado dia 27 um surto de doença gastro-intestinal num dos distritos da Província de Sofala, do qualvieram a, resultar 17casos de morte. Outras 87 pessoas ,recuperaram rapidamenteapós o tratamentoinstituído.O referido documento esclarece, que «contaminações destetipo são bastantefrequentes na época em decurso (altas temperaturas e humidade), devendo-se oelevado número de casos, unicamente ao facto do alimento estragado ter sidoingerido por um grande número de pes-, soas».TRABALHO POLITICO NO HOSPITAL DE PEMBA- Com o objèctivo detornarem as suas estruturas mais organizadas e funcionais,os trabalhdores doHospital Provincial de Pemba desenvolvem diversas actividades políticas para aformação dos conselhos de produção, devendo iniciar-se proximamente u m cursopolítico com a duração de cerca de um mês, organizado pelo Grupo Dinamizadorlocal.Neste curso, participarão trinta trabalhadores e. militantes sendo de referir que'qualquer elemento que, futuramente, venha a ser admitido para aqueles serviçosterá de frequentar curso idêntico.Segunda-feira, 6 JUVENTUDE DA FRELIMO NA COREIA - Partiu de Maputo,com destino à República Popular e Democrática da Coreia, umadelegação daJuventude da, FRELIMO, composta por cinco membros e chefiada por AngeloModlane.Esta deslocação tem por finalidade conhecer a experiência dos jovens daquelepaís amigç, estando previsto que a delegação moçambicana permaneça na Coreiaentre duas a três semanas.

CONVERSAÇÕES MOÇAMBIQUE,- TANZANIAAspecto da sessão de abertura da reunião entre as delegaçõesde Moçambique eTanzanía, que teve lugar no passado dia de Dezembro no edificío da CâmaraMitnicipal de Maputo, no âmbNto dos trabalhos da ComiUsão Permanente para aCooperação Moçambique-TanzaniaTiveram inicio no passado dia 6 de Dezembro, na Câmara Municipal do Maputo,os trabalhos da 2.' reunião da Comissão Permanente para a CooperaçãoMoçambique-Tanzania, que se inserem no âmbito da 1.1 reunião realizada emAbril deste ano, em Dar-Es-Salaam.

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«0 desenvolvimento dos nossos dois povos, está intimamenteligado aodesenvolvimento do Continente. Este desenvolvimento estáainda ligado aodesenvolvimento das forças progressistas do Mundo. Em particular nestemomento, o desenvolvimento dos nossos dois países, Moçambique e Tanzania, éuma exigência da luta que se trava na Africa Austral» - salientou Marcelino dosSantos, chefe da delegação moçambicana, ao usar da palavra no início daqueleencontro.4 delegação moçambicana, chefiada por Marcelino dos Santos, Vice-Presidenteda FRELIMO e Ministro do Desenvolvimento e Planificação Económica daRepública Popular de Moçambique, é constituída por JoaquimChissano, Ministrodos Negócios Estrangeiros, Mário Machungo, Ministro da Indústria eComércio, José Luis Cabaço, Ministro dos Transportes e Comunicações, GraçaSimbine,,Ministro de Educação e Cultura, Júlio Carrilho, Ministro das ObrasPúblicas- e Habitação, Salomão Munguambe, Ministro das'Finanças, RaimundoPachinuapa, Governador da Província de Cabo Delgado, além de vários elementosdo Partido e \do Governo da República Popular de Moçambique.A delegação tanzaniana é constituida por 21 elementos, dentre os quais o chefe,da delegação Amirali Jamal. MinisNiassa:tro das Finanças e Planificação da República Unida da Tanzania, Luiz Soza.Ministro das Obras Públicas, Alfred Tandeu, Ministro dos Transportes e Comuwnicações. Ismael Elinewinga, Ministro da Educação Nacional e Cleopa Msuya-Ministro da Indústria.Ao usar da palavra, Amirali Jamal começou por saudar o Governo e o Povo deMoçambique, em nome do Presidente da República Unida da Tanzania, JuliusNyerere, referindo-se em seguida aos laços de amizade que unem os dois povosirmãos da Tanzania e Moçambique na luta comum contra o capitalismo e oimperialismo, tendo afirmado a dado passo: «É um privilégioespecial estar aqui,no momento em que o heróico povo moçambicano, sob. a direcçãoda FRELIMOe do Presidente Samora Machel, mantêm a Linha de Frente. Os dias do fascismo edo colonialismo terminaram. Por esse facto, todos os povos de Africa mantêmuma dívida corrente para com os povos de Moçambique e Angola.Referindowse aos trabalhos desenvolvidos pela Comissão Permanente para aCooperação Moçambique-Tanzania, o Ministro tanzaniano afirmou: «Sentimo-nos encorajados por tudo quanto iá se fez e temos a consciência de que edificar osalicerces de uma cooperação polítí,ca, social e económica,exige tempo e umesforço continuado. Estamos hoje aqui para lhes assegurar que estamosdeterminados a prosseguir esta tareia que propusémos a nós próprios».A delegação tanzaniana regressou ao seu país na manhã de quarta-feira depois de,na véspera, o Vice-Presidente da FRELIMO e Ministro do Desenvolvimento ePlanificação Económica, Marcelino dos Santos, ter oferecido uma recepçãoemsua honra.A POLICIA VEIO DAS MASSASVOLTA As MASSAS PARA AS SERIR* Governador Aurélio Manave no encerramenfodo primeiro estáqio de Unificação de Marcha das Forças PolicaisCom a presença do Governador da e do Corpo de Policia de Moçambique,

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Província do Niassa. Aurélio Manave, teve lugar no passado dia 16, no Esderesponsáveis provinciais das FPLM tádio Municipal de Lichinga, o acto deTEMPO» n 323 - pq: 5'

edncerramento do primeiro Estácjo de Unificação de Marcha no seio das ForçasPoliciais.Após terem lido uma mensagem, os estagiários desfilaram no Estádio,demostrando a nova marca das Forças Policiais.MENSAGEMÉ o seguinte o teor da mensagem alusiva ao encerramento da unificação damarcha no seio das forças policiais:É já do nosso pleno conhecimento de que do Rovuma ao Maputo, está-seprocessando ao escangalhamento do aparelho colonial em todos os seus sectoresde actividades. Ora muito bem, nesta nossa Prov;ncia. é hojeo dia eleito para sedar por concluído o primeiro passo respeitante ao sector da unificação da marchaç simultaneamente, eliminando a colonial, A nossa presençaaqui hoje nacompanhia dos nossos máximos provinciais, é para apresentar aos mesmos,algumas das actividadesNOVO ATAQUE DE SMITH EM CHICUALACUAL4Forças militares rodesianas desencadearam no passado dia 2uma nova agressãocontra a República Popular de Moçambique, atacando a localidade deChicualacuala, importante nó ferroviário situado na Província. de Gaza a 150metros da fronteira com a Rodésia -anunciou no dia 3 a AIM.No ataque, que se iniciou às 9 horas e 20 minutos da mapnh e se prolongou até às14 hras, o inimigo utilizou cinco aviões a jacto aie bombardearam a terminaltroposférica, provocando a sua destruição parcial.A estação dos CTT foi igualmente alvo dos bombaírdeameutos aéreos, tendo sidodestruido um taque de combustível.Enquanto procediam a onerações de bombardeamento, unidades de infantaria eviaturas militares rodesianas tentaram avançar em cohinasatacando as posiçõesdas Forças Populares ali estacionadas. No entanto, o inimigo não logrou os seusintentos tendo sido rechaçado, sofrendo cinco baixas. Doiscarros militares foramdestruídos e um avião, abatido durante os recontros.Por paýrte das Forças Populares registou-sê um morto e um ferido.De acordo com informações recolhidas Dela AIM e divulga das no mesmo dia 3,os trabalhos de reconstrução da terminal troposférica atingidt pela aviação inimigajá tinham sido iniciados, dada a sua importância nas ligações telefónicas etelegráficas entre as cidades de Maputo, Beira e Téte.A agressão inimiga regista- cerca de uma semana depois da agressão perpetradana Provincia de Manica, em 23 de Novembrc e em que foram utilizados aviõesbombardeiros, carros de com bate e infantaria, num ataque malogrado a Chirara,jnnto à fron teira.Na província de Gaza o último ataque dos racistals rodeslanoverificara-se no dia19 de Novembro, quando as tropas de SmIt1 após terem sido rechaçadas emPafúri, teutarn novo avanço en tre esta localidade e C No dia 18 de Novembro os

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agressores atacaram, ainda na pro vinda de Gaza, a povoação de Pafúri, utilizandoartilharia pesa da, mas acahando por ser completamente rechaçados.que dos nossos instruto~ conseguimos aprender. E, como já está acima citado nãoé para eliminar só a marcha colonial, como também é para limpar nitidamentetodas as concepções coloniais existentes nas nossas mentalidades. Pois temos deabolir o sistema de trabalho como vinha sendo feito pela polícia colonial. Por isso,nó temos de ser teor, política e praticamente polícia popular que é para melhorsabermos como defender a classe operária e camponesa, garantir a plenaconsolidàção da aliança operária e camponesa, garantir a vigilância dosestabelecimentos estatais através de patruIhamentos, policiamentos e rondas eainda por último prevenir e combater a criminalidade.VIVA A FRELIMOVIVA A REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE DO ROVUMA AOMAPUTOVIVAM AS FORÇAS POLICIAIS VIVA A UNIFICAÇÃO DAS MARCHASNO SEIO DAS FORÇAS POLICIAISESCANGALHARESTRUTURA COLONIAL É TAREFA COLECTIVAA finalizar o acto, usou da palavra o Governador da Provínciado Niassa, AlbertoManave, que depois de manifestar a sua satisfação pelo trabalho realizadotransmitiu algumas orientações sobre as tarefas das ForçasPoliciais, afirmando adado passo: «Nós teremos pouco a dizer porque todos nós estamos muito bemclaros, muito bem abastecidos daquilo que nós devemos sei.Temos o conhecimento de que a nossa Polcia constitui o braço Armado do nossoPovo. A nossa Polícia deve possuir todas as caracter;sticasda nossa classe. Anossa polícia em qualquer ponto onde ela está deve ser representanta leg;timo dosinteresses das largas massas através do comportamento, através da disciplina,através da noção de responsabilidade, através do espírito de trablho árduo, atravésdo trabalho colectivo e outros, não é umaquestão de farda.. Não é isso que nós podemos dizer que a nossa pol;cia hoje terminou o seuestágio e deu portanto o primeiro pasao. só ohando na farda que possui.Não. Não é isso. Nós queremos výr es-.TT-MPO, 323 - p5g. 6lANA A SEMi

te primeiro passo e, em pouco, ver que que a polícia que no dia 16 de Novembrode 1976 deu o primeiro passo, passo esse que entra no escangalhamento daestrutura colonial portuguesa, hojedeve dar o segundo passo.Portanto, dentro de pouco tempo,n6s queremos ver o segundo passo acertado e em condições muito mais acertadas,mas, para já é preciso que cada um de vocês compreenda a tarefaque está a vossafrente. 0 escangalhamento da estrutura colonial é para todoo Povo Moçambicanodo Rovuma ao Maputo. É para todos nós. Devemos estar preparados paraescangalharmos

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essas estruturas.Será que essas estruturas residemno sector da policia só? Não. Em todos os trabalhos. Vamos no sector das ForçasPopulares, forças policiais, das forças de polícia aduaneira e todas, asespecialidades. Vamos ao sector da produção, da educ ação, de saúde e em todosos sectores existem ainda Iresíduos, vestígios, portanto,coloniais que todos nósdevemos partièipar para o escangalhamento. E esse escangalhamento só pode tervalor quando for realizado colectivamente e não isoladamente.A policia deve sentirýse polícia' emtodas as qualidades de polícia popular quando estiver integrado no seio dasmassas populares. Compreender que a sua origem veio do seio das massaspopulares. Não pode aparecer polýcia assim dispersa. Veio das massas, volta paraas massas para servir as massas.Já há muitos documentos em que oçamarada Presidente da FRELIMO e da República Popular de Moçambiquedefiniu linhas mestras do que é a nossa polícia. Quais são as tarefas da nossapol;cia neste momento, antes e depois da realização do IIl'Congresso. Todos nósdevemos estar engajados na preparação do 111 Congresso».O Governador Aurélio Manave salientou depois a neceasidadede os elementos dapolícia se engajarem em todo o tipo de trabalho juntamente com as populações eapelou para que cada um se, empenhe e-cumpra a tarefa que lhe for, atribuídajunto das massas popula*s ontribuindo aSsim para o êxito do Irigr~daFtWMO, q:íue terá lugar em Fevereiro do próximo ano.Antes de desejar «sucessos aos vossos trabalhos», Aurélio Manave salientouainda:IMOL,, "24...«Qualquer probu,.q~eaprecer nas fronteiras ou aonde, quando entra um elementoqualquer, olha primeiro a nossa polícia. Antes de contactarcom o governo,primeiro olha a pessoa que está lá. Em todo o lado deve merecer, deve ter aquelascaracterísticas realmente necessárias para poder valorizar as nossas conquistas.Portanto, as nossas conquistas custaram sangue. Não queremos policiadesmazelada, polícia suja, não queremos nós. É preciso ter tempo de estarorganizado, cabelo cortado duma formacorrecta, barba feita, farda lavada e engomada, botas engrachadas. Não queremosencontrar a confundir se- * ou não é o nosso Aolícia. Não queremos isso, nãoqueremos javalis. No seio da polícia não queremos javalismo. É preciso conservara Cara bem representada, ter orgulho da sua personalidade, ter orgulho da suaRepública, assente que está a servir as ,massas,, está a defender a RepúblicaPopular de Moçambique. Queremos ver que realmente aquele é o- nosso políciaatravés das acções».BRIGADAS MOVEIS DAS, "LOJAS DO POVO" ABASTECEMPOPULACOESs popuuzçoes e para os quais estas nao encontrm colocação. Asimagens referem-se a um dos últimos abastecimentos leitos no DOtritó do , sendo de referirque a concentraçdo

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das popuiaÇões é feita, sempre que iolvel, jn, ngas cntinas,que hoje seencontramabafdonadas.dTEMPQ,)5, 323 -p 7

SEANA ASEMANTerça-feira, 30UNJA E JMPLA ESTREITAM «ELAÇOES DE COOPERAÇÃO - Numadeslocação que a Juventude do MPLA (JMPLA) efectuou a Argélia, respondandoa um convite do Secretariado Nacional da Juventude Argelina(UNJA), as duasOrganizações estabeleceram formas de cooperação no domínio cultural,desportiva e de trabalho e solidarizaram-se com a Libertação total de Africa quevários povos africanos levam a efeito.MANIFESTAÇOES ANTI-JULGAMENTOS FANTOCHES - Em Guguletu,perto da cidade do Cabo, na Africa do Sul, .centenas de manifestantes atacaram eincendiaram cinco casas de políias negros que depuseram no tribunal contra ospatriotas da revolta popular em Junho, na região de Soweto.Paralelamente, o jornalista Eric Abra. ham encontra-se sobprisão domiciliária decinco anos, e mais de vinte jornalistas encontram-se encarcerados nas masmorrasracistas. Estas medidas foram tomadas devido terem dado a conhecer ao povo sul-africano as verda. des sobre Soweto.Quartq-feira, 1NACIONALIZADA MEDICINA PRIVADA NA TANZANIA - A proposta daabolição da medicina privada, apresentada em Junho 'últimono Parlamento peloMinistro tanzaniano da Saúde, teve aprovação governamental.Este assunto será legislado na próxima sessão do Parlamentoe assim já não seráaceite nenhum serviço de medicina com fins lucrativos.O Ministério de Saúde terá poderespara determinar as taxas a cobrar aos doentes e os salários dos trabalhadores desaúde. Todavia serão compensados os indivíduos que foram afectados pelasnacionalizações e os médicos terão de fazer uma escolh'a entre trabalhar aoserviço do estado ou em instituiçõesquaisquer.APOIO A CONCEDER A MOÇAMBIQUE E AS CPMORES-Reunido em Novalorque, o segundo comité da As.sembleia Geral das Nações Unidas, aprovou um projecto de resolução quega«TEMPO» . 323- p6g. 8rente um apoio a conceder a Moçambique e às Ilhas Comores, no campoeconómico e financeiro. Assim foi feito um pedido às Nações Unidas 'e àsorganizações internacionais no sentido de auxiliarem estes dois países, no casoespecfico de Moçambique que atravessa dificuldades surgidas com a aplicaçãointegral ,das sanções estabelecidas pelo Conselho de Segurança da ONU contra aRodésia.Quinta-feira, 214 MIL INVASORES MORTOS EM TIMOR-LESTE- Mais de 14 mil soldadosindonésios foram mortos pelas forças da FRETILIN desde que em 7 de Dezembro

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do ano passado se iniciou a invasão. d República' de Timor-Leste pela Indonésia,segundo revela a AIM, citando a Rádio Maubere, emissora nacional da RepúblicaDemocrática de Timor-Leste.Num programa difundido anteriormnte, a mesma emissora deu conta deimportantes combates travados nas regiões de Ossi-Lilubugu, Hatu-Bulico ýeAlinaro, onde de 12 a 25 de Novembro as forças fascistas de Suharto tentaramestabelecer o controlo acabando por ser obrigadas a retirar.Sexta-feira, 3«A VERDADEIRA LIBERTAÇÃO NECESSITA DE UMA FORTE CLASSEOPERARIA»Num comunicado emitido pelo PC da Africa do Sul, em que este analisa a actualsituação, é qualificada a conjun'tura actual como: «momento histórico pela luta danossa liberdade».A dado passo, o comunicado salienta a necessidade de uma classe operãfiaorganizada dizendo: <Se estivermos unidos, nenhuma força na terra pode impedira nossa vitória ... Na luta pelo poder, a classe operária tem um papel especial adesempenhar. Em aliança com as classes trabalhadoras a com os camponesespobres, nós constituiremos o maior inimigo da opressão racial e a mais poderosaforça, para a verdadeira libertação nacional». E a terminar: «... no nosso país aluta nacionalista não pode estar separada da luta de classes».ASSEMBLEIA, NACIONAL CONSTITUIDA EM CUBA - Foi constituídaemCuba a Assembleia Nacional, órgão supremo do Estado que regerá, a partir deagora, os destinos da nação, sendo integrada por 481 deputados, eleitos por votouniversal secreto e directo dos eleitores cubanos e incluindo entre as suasprorrogativas fundamentais, a aprovação do Orçamento Nacional e a políticaexterna do país.Na primeira sessão da Assembleia Nacional, quetem como presidentes doParlamento, Blas Roca, antigo dirigente do P. C. Cubano e na vice-presidênciaRaul Roa, Ministro das Relações Externas, o Primeiro Ministro cubano FidelCastro, usou da palavra fazendo uma análise da situação interna do País e dasituação mundial.Domingo, 5GOVERNO DE MADAGASCAR NACIONALIZA PROPRIEDADES RURAIS0 G*verno socialista de Madagáscar decidiýu que todas as propriedades rurais,com uma área superior a 100 hecteres, pertencentes a estrangeiros, seriamnacionalizadas e entregues a camponeses nacionais.O Presidente Ratsiraka referiu-se a esta decisão governamental -no decurso de umcomício realizado na cidade portuária de Manajary, salientando que a Orientaçãoera de, nacionalizar vários sectores da economia malgaxe, de modo a criar umtipo de cooperação socialistã no campo.Segunda-feira, 6NOVAS VITÓRIAS DA POLISARIOUm comunicado da Frente Polisariodivulgado em Argel informa que as forças populares sarianastomaram de assaltoa 30 de Novembro o posto militar de Bir-Enzaran, ocupado pelas tropas invasorasmarroquinas, destruiram-no e capturaram muito material incluindo armamento.

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No mesmo dia, os combatentes *nacionalistas sarianos atacaram a localidade deSmara onde abateram 21 soldados marroquitios.

MAIS UM NO CLUBE DOS AMERICANOS. Há algumas semanas, um comunicado bastante; lacónico do Pentágono -ignorado pela i m p r e n s a internacional anunciou que «pela primeira vez o go.vrmo sudanês se poderia dirigir aos Estados Unidos da América para obter urnagama muito vasta de material militar».Alguns dias depois o «Washington P0it» revelou que, justamente antes daseleições, o Presidente Gerald Ford ha. via pessoalmente incluído o Sudão na listados países africanos assistidos mi"lDleJ] Ron oneo os orepnetlitarmente por Washington e havia solrcitado a venda à Tunísia «Dum sistema defoguetões sofisticados». Tudo isso constitui, segundo o quotidiano, um im.portante passo em frente na via do engajamento americano na Africa.Metemos de lado a Tunísia, velho amigo e cliente dos Estados Unidos. É antes apassagem oficial do Sudão para «Clube Americano», que merece ser analisada.Esta mudança de Gaafar AI Numeiry -que começa a sua carreira em Maio de1969 como «anti-imperialista»- leva-nos a pensar no itinerário sadatiano. O escorregamento do Sudão no campoimperialista, lubrificado pelo sangue dos comunistas e poroutros progressistasmassacrados e perseguidos depois do 'golpe malogrado em Julho de 1971, não éum mistério para ninguém.Depois disso, uma simples nuvem aparecerá no céu do namoricoKartum-Washington: q u a n d o, em 1974, Numeiry consigna ao OLP os oitohomens docomando que haviam morto em 1973 na capital sudanesa o Embaixador ame.ricano, Cleo Noel e o Conselheiro George Moor.Hoje. Gerald Ford pode afirmar (aoWashington Post) que a venda de armamentos ao Sudão areforçará a segurançados Estados Unidos e promoverá a paz mundial». Quanto aos peritos do-Pentágono, eles pensam que o Sudão (antigo cliente da UniãoSoviética) deve,repensar o seu sistema defensivo e ofensivo a partir do zero.Por outras palavras, aindústria militar americana considera um «grande negócio», e comentando estacorrida ao armamento da Tunísia e do Sudão, um jornalista americano advertiuque «os dois países fazem fronteira com a Lbia, armada pela ,França e pela URSSe suspeitam de todas as actividades subverivas da te. gilo».Diríamos que, a política de Washington em Africa, tal e qual como apresentoudepois do malogro sofrido em 4n. gola, ultrapassa o «contentamento» de Khadafi.Um S u d ã o «americanizado» mesmo inclusivamente no seu armamento é comoum laço que se completa, é a «continuidade» em direcção ao norte (Egipto), ao sul(Etiópia e Quénia) ao oeste (Arábia Saudita).A família do «polícia» cresce como um cancro. E Jimmy Carter?e o Congrdsso(sem autorização do qual os fornecimentos que ultrapassem 25 milhões de dólaresnão serão mais possíveis)? Teremos ocasião de verificar o que muda e o que nãomuda na estra. tégia internacional dos Estados Unidos.

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eQUÊ FUTURO PARA A PALESTINA ?Agora no Líbano uma paz verdadeira está para se consolidar. As forças inter-árabes, com uma maioria síria, estão para tomá-la sob controlo até aos últimospontos quentes, sobretudo na capital Beirute, onde a guerrafoi furiosa, um banhode sangue que ceifou a vida de mais de sessenta mil pessoas, sem contar com osferidos, muito mais numerosos.No plano diplomático, fala-se de .uma reiniciação de negociações em Genebra,para uma regulamentação g 1 o b a I da questão, do Médio. Oriente. Chega-se aencarar a constituição-ou a recons. tituição - duma Grande Sitia que, sob umabase federal, poderia compreender a Síria actual, a Líbia e aCisjordánia sendoeste último o território palestino ocupado pelos israelitas desde a guerra de Junhode 1967 (e que. era nessa altura parte do' Reino da Jordânia).1]Se se inscreve no meio termo uma tal possibilidade, a Resistência pal_. tina nãocessou, entretanto, de pensar no seu objectivo estratégicode libertação total daPalestina da dominação sionista que não é para amanhã, eviA perspectiva delibertação da Pa-lestina evoluiu consideravelmente duranárabe de Alexandria.Durante o primeiro período, entre 1964 e a guerra de 1967, soba liderança deAhmed eI-Choukeir, a operação preliminar para a libertaçãoera pura esimplesmente e de «atirar todos os judeus ao mar». Depois da derrota árabe de1967, com a ascenção ao topo da OLP de Yasser Arafat, esta perspectiva, racistaàs avessas, foi criticada e abandonada. Nesta revisão estratégica a Palestinalibertada é encarada como um «Estado democrático e laico», onde as trêscomunidades religiosas- a muçulmana, a cristã e a judiapossam coexistir num plano deigualEpecil ariiemodade. Hoje, o Estado sionista de Israel constitui o instrumento de opressão racistae religiosa duma comunidade, a comunidade judia - sobre as outras duas. É istoque é necessário indicar quando se fala de sionismo e de Estado teocrático.«TEMPO» n.o 323- pág. 9

===~LANA A - iOMAN'Esta concepção da nova sociedade palestina está presentemente em curso deulterior evolução, evidentemente sob pressão dos acontecimentos recentes. Noplano teórico é preciso assinalar um simposium organizado pela Universidade deBagdad., pela própria OLP e pela Liga Árabe que se desenrolouem Bagdade nopassado mês de Novembro.Nesta importante reunião o vice-presidente iraquiano Saddam Hussein atacouIsrael e o Sionismo como «tacismo». O espírito da conferência é outro, indicadopelos titules das conitribuiçõe# que compreendiam, entre outras: «à Sionismocomo ideologia racista», «As fontes ideológicas do racismosionista», «Israel e aAfrica do Sul- os racistas aliados». O tema de similaridade entre o Estado deIsrael e o Estado da Afrie* do Sul foi várias vezes invocado durante aconferência.

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O alvo político imediato de conferêh-" cia foi reforçar a resolução de AssembielaGeral dea Nações Unides, aprovada o ano passado, que definiuo Siohismo comoum forma de racismo e de discriminação racialDo lado da OLP, uma contribuição muito importante foi dada por Nabil Shaat.Elaborando o conceito de «Estado. democrático e laico», Shaat disao que esteconceito deveria ser entendido como um convite ao diálogo entra Palestinos e Judeusanti-sionistes. Fezapelo aos países árabes para que eles se comportem de maneiraa convencer osjudeus no mundo inteiro que os Árabes estão seriamente engajados em integrar oscidadãos judeus nas sociedades onde não há discriminação racial e religiosa.Convidou os Estados Arabes a imitar o Iraque abrindo -as suesportas aos judeusnão sionistas e a oliminar todas as leis e prática discriminatórias contra eles.A demonstração prática do engajamanto da OLP nesta direcçãofoi a protecçãoque a Resistência palestina deu às vidas e propriedaogs de judeus libanesesdurante a guerra, a batalha que ela conduziu-para os direitos legais de Judeus anti-sionistas de.esquerdaem Marrocos e a eliminação de qualquer declaração anti-semita nos livros das escolas da OLP,Anunciou também que o Comité Executivo da OLP decidiu a convocação docongresso nacional para estabelecer JTEMPO r,," 323 - pág,um princípio novo que dará a todos os judeus, inuçilmanos e cristãos, o difeito ácidadania na Palestina libertada. Segundo o estatuto actual somente os judeus queviviam re Palestina antes de criação do Estado de Israel em 1948, teriam o direitode ali continuar.Esta mudança tem muita grande importãncia pois que redonhece à comunidadejudaica na sua totalidade o direito de viver em condlçõe ja iguadda na novaPalestina. OIa um ponto de vista político, faz apelo a todas as nacionalidades ecomunidades religiosas que vivam hoje no território israelita iar$ lutaram pelodesmantelamento do Estado Sionista a te crático. Ela dirige, ainda que de umaforma implícita, um apelo á lute de classes estando o carictór sionista e teocrãticodo Estado de Israel estritamente ligado ao seu carácter de Estado capitalista,instrumento de opressão 4a lasse burguesa do-minante sobre as classes exploradas. Estes últimos englobam muitos judeussobretudo de origem oriental. Lembrar-se-á aqui do impulsoque ganhou, háý*lguns anos, o movimento dos «Panteras Negras»3 quer dizardos judeús deIsrael que "são originários de países árabes e que se encontram em piorescondições de exploração. Este movimento foi gradualmente extinto, entre muitasrazões por causa do seu isolamento. Poderia reencontrar a sua força e umaperspectiva política s, pudesse estar ligado aos grandes movimentos dó massasdos'árabes de Palestina que tiveram lugar este ano, entes e depois das eleiçõeslocais na Cisjordánia, as quais viram eleito um número surpreendente deresponsáveis munipais favoráveis à OLPeCUBA:20.0 ANIVERSARIO DO DESEMBARQUE DO "GRANMA"Fidel Castro e, Guevara (assinalados com um círculo), no México, antes de seterem evadido da cadeia para rumo a Cuba.

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durante a sua prisão tomarem o «Granma,Fez no passado dia 2 vinte anos que ra darem inicio à luta que iria derruo iate«Granma», que tinha partido do." bar a ditadura de Batista e dar oriMéxico nanoite de 24 para 25 de No- gem à formação do primeiro Estado Sovembro,chegou a Cuba com 82 ho- cialista da América Latina. mens, comandados porFidel Castro, pa- Foi, por conseguinte, este grupo de

oa (ao taao), no momento em que proferia o seu díscur. abertura da ejposiçãocomemorativa do 20. aniversdrio inma» a Cuba, patente na Casa Amarela.Presente à ceriíne, Director Nacional de Cultura no nosso País (à direita)82 homens que deu início à guerrilha na Sierra Maestra onde, desde a suachegada, contou com a colaboração dos camponeses da região -as grandesvitimas da exploração do regime deBatista.Entre os 82 homens que seguiram no «Granma» encontrava-sa Che Guevara, quesobre os preparativos da via. gem e a forma como este decorreu, escreveu"«Os dias iam passando enquanto trabalhávamos clandestinamente, escondendo-nos onde podíamos, evitando tanto quanto possível aparecerem público. De factoquase não saiamos á rua.( ....) Finalmente às duas da madrugada do dia 25 de Novembro de 1956 aspalavras de Fidel Castro, que tinham sido ridicularizadas pela imprensa oficial,,começaram a tomar-s realidade: qFzm -1956 seremos livres oumártires»Saiamos do porto de Tuxpan (México). de luzes apagadas e no meio de umaconfusão infernal de homens e de toda a espécie de material. Estava mau tempo,não sendo permitida a navegação, mas o estuário, do rio estava calmo. Entrámosno ao#n a oouco da-do o barco tomou um aspecto simultaneamente ridículo e trágico: homens de caraangustiada agarrados ao estomago, uns com a cabeça metida dentro de baldes,outros deitados nas mais estranhas poe"ições, imóveis, coma roupas sujas devomitado.A rota escolhida obrigava a um grande desvio para sul de Cuba,a barlavento daJamaica e Ilhas Caimãs, a fim de se proceder ao desembarque algures nasproximidades da cidade de Niquero, na província de Oriente.O plano foiexecutado lentamente. No dia 30 ouvimos na rádio a noticia-de tumultos emSantiago de Cuba, organizados pelo nosso bom Frank Pais, na esperança de quecoir(cidissem com a data da chegada da nossa expedição. Na noite seguinte, a 1de Dezembro, já sem água, sem combustível e sem comida,: rumámos direito aCuba, procurando desesperadamente o farol do Cabo da Cruz. As duas damadrugada daquela noite escura e tempestuosa, a situação era preocupante. Assentinelas iam e vinham, procurando no horizonte aquele ei xo de luz que não sevislumbrava. RoQue, um ex-tenente da marinha, subiu à pontesuperiorprocurando o farol do Cabo, mas tropeçou, caindo à água. Pouco depois, quandopartimos novamente, vimos o farol, mas, como o barco avençava com dificuldade,as últimas horas da viagem pareceram-nosintermináveis. Era já dia quando desembarcámos em Cuba, na praia de LasCokradas, num lugar chamado Belic.

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Um navio da patrulha costeira localizou-nos e avisou o Exército de Baptista. Maltínhamos desembarcado e chegados ao pântano (levando connosco apenas oindispensável), fomos atacados por aviões inimigos. Como caminhávamos atravésde pantanos pebertos de mangue, não"podiam ver-nos e não fomos atingidos, maso Exército do ditador estava no nossc encalce.EXPOSIÇAO EM MAPUTO-MENSAGEM DO PRESIDENTESAMORAPor ocasião da comemoração do Vigésimo Aniversário do desembarque do iate«Granma», realizou-se no passadQ dia 2 de Dezembro, na sala de exposiçõés daCase Amarela no Maputo, a Inauguração de uma exposição cubana, onde foramexpostos cartazes, fotos e quadros alusivos 'ao processo deluta travado por aquelepovo irmão.Estiveram presentes àquela cerimónia, Martin Mora, Embaixador de Cuba emMoçambique, Gabriel S i m b i ne, Director Nacional de Culturada República Popular de Moçambique, além de representantesdo Corpo-Diplomáticýo acreditados no nosso pais, bem como membros doPartido e doGovernó da República Popular de Moçambique.«Ao celebrar o XX Aniversário do desembarque do Granma e da fundação dasForças Armadas Revolucionárias dO Povo de Cuba, o Partido Comuniste donosso País e o seu Governo Revolucionário, se sentem sumamente satisfeitos depoderem celebrar esta histórica data, junto ao povo de Moçambique. Povo irmãocombatente e revlucionário ao qual nos unem laços históricos, étnicos e culturais.Ao qual nos une uma profunda identificação ideológica e uma luta comum controos mesmos inimigos» - afirmou o Embaixador Martin Mora, a dado passo dodiscurso que proferiu na abertura daquela cerimónia.Por outro lado, o Presidente da FRELIMO e da República Popular de MoçambiueSamora Machel, enviou uma mensagem a Fidel Castro, PrimeiroSecretário doPartido Comunista Cubano e Primeiro-Ministro daquele pais, porocasião daquela data histórica.ýEMP0» 'n. 323 - PA9, 111 ý

ESEMANA A SEMANÁONaquela mensagem, Sarnora Machel salienta a dado passo - «emvinte anos oPovo cubano criou a base material. ideológica do Socialismo, estendeu a zonalibertada da humanidade ao continente americano. Nestes anos também, apesar docerco imperialista, Cuba a todos inspirou e estimulou pelo seu exemplointernacionalista pela demonstração da prática revolucionária». Mais adiante, oPresidente Samora Machel referiu-se às ofensivas revolucionárias em que o povocubano vive neste momento que celebra o vigéssimo aniversário do desembarquedo Granma, tendo acrescentado ainda que «instalação da vossa AssembleiaNacional consagra o poder do proletariado cubano sobre o estado e a sociedade. eabre novas perspectivas para mais conquistas revolucionáriasi>. «0 povoMoçambicano e o Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique

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associam-se estreitamente ao Partido Comunista Cubano, aopovo'e ao Governode Cuba nesta festa revolucionária, e deseiam novos emaiores sucessos à revolução Cubana»- sublinha a terminar, a mensagem enviada por Samora Machei aFidel Castro.RECEPÇÃOEntretanto, ao fim da tarde do dia 6, teve lugar no Hotel Polana uma recepçãooferecida pelo Embaixador de Cuba em Moçambique, Mertin Mora, para assinalaro XX aniversário do Desembarque do «Granina» e, por antecipação, o 18.0aniversário do triunfo da Revolução, data considerada comoo Dia Nacional deCuba.Presentes, alér de membros do Corpo Diplomático acreditados no nosso Pais, oMinistro dos Negócios Estran,geiros da República Popular de Moçambique,Joaquim Chissano.Ao usarem da palavra. Martin Mora e Joaquim Chissano referiram-se aosignificado da data e salientaram as relaçóes existentes entre os dois Povos, osdois Partidos e os dois Governos.O ZPA EM GENEBRANo passado dia 29 o ZIPA anunciouque ia enviar uma delegação a Genebra.Num comunicado divulgado através do seu programa na Rádio Moçambique («AVoz do Zimbabwe,) o ZIPA sintatisou com as seguintes palavras a sua presençaem Genebra: «não permitir que os racistas, os seus aliados imperialistas e osapologistas do capitalismo monopolista neo-colonizem o Zimbabwe».A presença do Exército Popular doZimbabwe em Genebra tornou-se necessária a partir da alturaem que o governobritânico aceitou o dia 1 de Março de 1978 como limite máximo do período detransição. Por outras palavras.o governo britãnico aceitou que.a independência do Zimbabwe tem de serdeclarada até esse dia. Foi na base desse acordo que a Frente Patriótica concordouem avançar com as conversações, nomeadamente, na discussãodo governointerino. Por outro lado, o facto de o ZIPA estar agora em Genebra -com estatutode observador-não significa que o campo de batalha tenha deixado de ser aplataforma principal da sua luta pela independência nacional. Assim, ocomunicado específica: '«continuaremos EMPO n., 323- âg. 12e intensificar a luta armada até à rendição total e completa dos racistas da FrenteRodesiana - (Partido de Smith)-e dos seus aliados imperialistas».Devido à luta do ZIPA contra a neo.-colonização do Zimbabwe aparece, cada vez com maior evidência, a tentativa deSmith e do imperialismo de recuperarem alguns dos nacionalistas para o seucampo. No comunicado do ZIPA transparece a consciência dos combatentes emrelação a essa táctica do inimigo quando afirmam: «Vamos a Genebra paraassegurar a independência do povo contra as ambições políticas e pessoais dosoportunistas e defensoresdo capitalismo monopolista». Um aviso claro a todos os candidatos a fantoche.

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Por último o ZIPA esclarece que foi a Genebra «como ZIPA e não como parte denenhuma facção política».ATENTADO CONTRA COMANDANTE DO ZIPANa madrugada do dia 4 o quarto de hotel de Rex Nhongo, comandante do ZIPA emembro da sua delegação em Genebra, foi Áincendiado. Rex Nhongo conseguiuescapar ileso do atentado antes de as chamas terem alastradopor todo o quarto.Interrogado sobre esta tentativa de assassinato Nhongo afirmou:, «Foi umatentativa do inimigo pa. ra nos intimidar, para que atenuemos a nossa posiçãõsobre a irreversível transferência de poderes para as massas trabalhadoras doZimbabwe».Que concluir deste atentado contra a vida de um dos membros doAlto-Comandodo ZIPA? Em primeiro lugar ele demonstra que o ZlPA é efectivamente a únicaforça que está na origem daspreasõps do imperialismo sobre Smith. Ele demonstraque o ZIPA tem sido e única força capaz de transcender o divisionismo que temcaracterizado a luta legalista das personagens políticas zimbabweanas. Por isso foipreciso um pia. no Kissinger. Por isso é agora preciso eliminar comandantes doZIPA como ontem foram eliminados dirigentes da nova fase revolucionária daluta das classes trabalhadoras africanas: Amílcar Cabral,Eduardo Modlane, etc.Por outro lado, não duvidamos, de que o imperialismo vai pôr acircular a ideia deque foi uma das facções nacionalistas que tentou assassinarNhongo. Faz parte dapropaganda imperialista. Também isso foi apregoado logo após a morte deMondíane e de Cabral.PRIMEIRO ANIVERSARIO DA PROCLAMAÇÃODA REPOBLICA DEMOCRATICA POPULAR DO LAOSA República Democrática Popular de j róica luta travada pelos laocianos, conLaoscomemorou no dia 2 de Dezembro tra tropas invasoras imperialistas e cono seuprimeiro aniversário, assinalando j tra fantoches que se encontravam no o dia dasua proclamação. poder.Este aniversário é o resultado da he. Na verdade sem nenhuma justifica-

ção aceitável, o ;overm fantoche do Vietname do Sulmando p .2de Fevereiro de1971, a suas tropas invadirem o Laos. Apahados de surpresa, os patriotas de Lão,não compreenderam o porquê dequei invasão, mas dias depois viram que ainvasão era o resultado ds cobiça imperialista norte-americana, porque)arelelamente aos sul.vietnamitas, vidam as fronteiras laocianas equipadcs deblindados, artilharia e infantariaEstava aclarala a confusão. Os ipaperialistas querian ocupar Laos. Determinodo, opov laociano dirigido pela Frente Patriótba pega em armas para resistir e expilsaros invasores e ao mesmo tempo a fr"nte diplomática trabalhava no sentido dedenuriciar oao mundo as imestidas cobardes imperialistas.Um mês <epois, devido à condenação e denúmia dos países socialistas eprogressisus e também às derrotas sucessívas na frente de batalha, as tropasinvasora; abandonam Laos. O povo exultou ce alegria ante a esta derrotavergonhosa do imperialismo. Mas uma nova gJerra se iniciou.Guerra co itra o governo fascista que tinha bases capitalistas, uma luta de classespaJ'a suprimir a exploração do homem poko homem.

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Assim z 1975, no .mês de Abril. forças r4poIucionárias derrubam o governo ecriam condições para que as outras ígiões fiquem libertas dofascismo. Intão a 2de Dezembro de 1975, o povo laocino, através do seu presidente eleito,. ouve acomunicação da proclamação do Laos como República Democrática Popular.MENSAGEM DO PRESIDENTE SAMORAPor ocasião da comemoração do primeiro aniversário da fundação da RepúblicaDemocrática Popular de Laos, o Presidente da FRELIMO e Presidente daRepública Pçpular de Moçambique, Samora Machel, enviou a seguinte men..sagem a Souphanoúvong, Presidente da RDP do Laos e Presidente do ConselhoSupremo Popular daquele Estado:«0 povo irmão e heróico do Laos celebra hoje o primeiro aniversário da fundaçãoda República Democrática Popular do Laos.No decorrer de luta heróica a prolon. gada sob a direcção do Neo Lao Haesat opovo desse pequeno país soube esmagar o colonialismo, o imperialismo e asforças fantoches.O vosso partido conduziu as massas às vitórias cada vez mais numerosas eimportantes nas frentes políticas, militares e diplomáticas.Pela vossa prática política, conseguirem demonstrar como um povo armado pelaideologia científica do proletariado consegue ultrapassar todos os obstáculos evencer qualquer agressor.Hoje o Laos constrói a democracia popular, edifica a base material e ideo-Os membros da TANU e os membros do ASP, conhecendo perfeitamente agrande responsabilidade que criaram no sentido do estreitamento da nossaunidade e no sentido de trazer a revoluçãosocialista à Tanzania e no de perpetuara luta de libertação na Africa e no mundo, concordaram unanimamente emdissolver os seus partidos, TANU e ASP, e no seu lugar formar um novo partido-lê-se no documento constitutivo do CHAMA CHA MAPINDUZI assinado peloTanganyka Afrícan National Union e pelo Afro-Shirazi Party. O primeiro, como ésabido, é o partido que conseguiu a independência para a Tanganyka e o segundoé o partido de Zanzibar e Pemba. Aquele território e as duas ilhas uniformaram aadministração, .sob liderança de um único presidente, e formaram a Tanzania.Os objectivos do novo partido (CCM) foram traçados numa reunião em Dodo-'ma e a constituição do CHAMA CHA MAPINDUZI será oficialmenteposta emexecução no dia 5 do próximo mês de Fevereiro.Ainda no mesmo documento constitutivo pode-se ler, segundoo jornal tanzaniano«Sunday News»:Formamos um novo partido que serálógica do socialismo, trazendo assim uma nova e decisiva contribusçho aomovimento revolucionário mundial.A FRELIMO, o Povo moçambicano e o Conselho de Ministros da RepúblicaPopular de Moçambique associam-se ao vosso Partido, ao vosso Povo e ao vossoGoverno nesta jornada de vitórias e desejam-vos novos e cadavez maisimportantes triunfos na consolida. ção e no alargamento dasconquistasrevolucionárias e na edifiCação do socialismo.Alta e fraternal consideração.A Luta Continua»

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um forte instrumento em termos de estrutura e, particulatrnente, em . s deideologia e acção revolucionária, para irradicar todas.asformas de exploração nonosso pais e combater qualquer tentativa de um sujeito individual cometerinjustiça contra outrém ou uma institutuição ou outro órgãopraticar injustiçacontra o povo.Um partido que nos fará libertar as ideias de todo o povo e guiará todas asactividades das messos para benefício dos camponeses e operários da naçJo.Um partido que possa constituir uma ponte para ligar os revolucionários daTanzania aos outros companheiros revolucionários onde quer que eles esteiam.A criação do CHAMA CHA MAPINOUZI segue-se ao apelo lançado pelopresidente Julius Nyerere, aquando das últimas eleições, para que a TANU e aAfro-Shirazi se unissem num único partido. Esta fusão, que surge como mais umaexperiência africana para o unipartidarismo ce ntralizador só poderá vir afortalecer a Tanzania, pais irmão e nosso grande aliado.e..TEM>O» n,0 323 - píl, i3CHAMA CHA MAPINDUZI PARTID ONICO NA TANZANIAo Dissolução da TANU e doAfro-Siraui Pwrtyem Feveriro do p~-M aio

«Lockheed»Franco-Português,Principiou o julgamento de Carlos dos Santos Nogueira 1.° tenente da Armada nareserva e «patrão» da Sociedade Aero-Portuguesa de Representações Lda.(SAPREL).A SAPREL detinha, em Portugal, o exclusivo na aquisição de helicópteros para aFAP, além da sua participação nas vendas de aviões Fiat, Aviocar. Nord-Atlas eCessna.Carlos dos Santos Nogueira é acusado do desvio de importantes somas dedinheiro correspondenteàs comissões normalmente entregues pelo Office Géneralde 1'Air, empresa francesa estreitamente ligada ao :Ministério da Defesa daquele,país às empresas que servem de intermediárlo nas vendas de armamento. Só que,segundo o processo instaurado pela Polícia Judiciária Militar a pedido dacomissão administrativa da SAPREL, o senhor Carlos Nogueira - um «patriota»que até foi condecorado «com a Legião de Honra», como dizia essa figura gradado regime fascista que dá pelo noma de Reborado e Silva, vice-almirantereformado - se teria abotoado com as tais comissõezinhas. 0 que faziadepositendo-as na sua conta pessoal, na agência do -CréditoLyonnais, em Paris,com o acordo do OGA que, segundo o diário francês Libération,estaria matidoaté ao pescoço nesta questão.Assim, em 1968, o cidadão Carlos Nogueira escreoe uma carta ao seu amigoAndré Farraggi, presidente e fundador do Office Géneral de lI'Air, a fim de lhepedir lue intervenha junto do departamento dý aeoanátca da Fiat no sentido deconseguir que as «comissões» relativas às vendes de «G-91» sejam depositadas nasua conta do Crédit Lyonnais.

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Quanto ás transacções efectuadas em estreita ligaçI6 com o OGA e às respectivascomisee, elas correspondem a 15 anos de actividade que se traduziu nacomercialização de duzentos helicópteros Alouett.o e Pun entregues à ForçaAérea Portuguesa.Mas longe,de se limitar a urna mera questão de desvio de fundos levada a cabopor umi fascist português. oaugóclo reo*r.o um plano de grande envargadura deque Carlos Nogueira * aupote opswa. portuguesa sã. e nas umiapeça.Com efeito, ao que parece, os antigos militares que controlam a OGA (AndréFarraggi e Jean Sainteny, actual secretário-geral, entre outros) pretendiam criaruma sociedade franco-portuguesa, com sede em Paris, de comercialização dematerial de guerra, destinada a operar exclusivamente nas então colóniasportuguesas de Angola e Moçambique. E para isso era preciso muito dinheiro; deforma-que os milhões de francos depositados por Carlos Nogueira no CréditLyonnais se destinavam a ser investidos nesse projecto, nãofora o 25 de Abril.Depois... bem, depois é fácil compreender por que razão essedinheiro nuncaentrou na contabilidade da SAPREL.Entretanto, há meis dois generais portuguesas envolvidos neste caso. Um delas é o«reservista» Bemardo Tiago Mira Delgado; o outro era o general AlbuquerqueFreitas que apareceu morto há pouco mais de duas semanas.É caso para dizer que o «Lokheed» franco-português já tem os seus mortos, e comeles muita gente suspirou de alivio.(In «Gazeta da Semana», Portugal)É preciso lutar contrao Burocratismo!O facto de sermos militantes de uma organização que conquistou o direito de serconsiderado como una verdadeira vanguarda revolucionárianão deve levar-nosnunca a cometer erros que pela sua natureza afastem a nossa organização dasmassas e ponham em perigo a sua condição de vanguarda revolucionária. Umdestes erros e talvez o mais frequente é o burocratismo. Referimo-nos aqui aoepamaradas que esperam as massas sentados em delegações, subdelsgaç6es,dePartarrintos, nos sindicatos, etc.. Em ve de, pera cumprirem s suas torefas,estarem em contacto ri' com a masasa os seus problema de n0 oc ~1,4~88pem a ma T*~ A meomais. v~ do Ou iM o 4 i-"a mergulhado em pea~. quaride na.verdada.ato não 6 nmla epa uma co. tqukwoa<¥ b wooraci es suw t em a deiaes srem tomadas pala direcçãoou por responsávei a vários nivela da organização s m qu haja um debate oexplicação com as rasss. As decisões burocráticas ainda qe tenham um conteúdopolítico correcb arriscam-se a não ser compreendidas pias massas sendo por issodesmobilizsdoras. Em última análise as decisões tirocráticas revelam um grandedesprezo pelo, Povo o são uas travãlo ao seu isasgotável espírito criador. Por estemothi todos os camaradas que adoptem un espírito burocrático de trabalho devenser firmemente denunciados e combatflios, pois afastam o MPLA das massasp"puiares o põem em perigo a sua co~ o de vanguarda revolucionária. O espíribde discutir e tomar decisões em coijunto deve ser sempre incentivado e gmntido.Quando não se respeita este prindpio justo criam-se contradições entre a

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vanguarda e o Povo que teria sIdo possível evitar se a discussão se tivessereaízado(In «Vitória Certa», Angola),,TEMPO» n.. 323 - pág, 4VtANA A -SEM,

Apoiar a luta na Africa AustralA revolta da juventude na Africa .do Sul provocou a convulsãonesta região daAfrica ... A iniciativa de Kissinger na Africa Austral não é outra coisa senão umamanobra eleitoral (...) para assegurar ao seu «patrão» votos maciços dos Negrosgeralmente pouco esclarecidos dos problemas africanos.Se' a intenção dos Estados Unidos fosse trazer da verdade umasolução que fosse,favorável aos povos da Africa do Sul e da Rodésia, deviam começar por retirartodo o seu apoio aos regimes racistas desses países... ýÉ necessário dizer que a.sociedade americana opera livremente nesses palses com a benção dos EstadosUnidos que participam quotidianamente na opressão dos seuspovos.Os africanos devem compreender que a América não deixará jamais a Africa doSul, tal como não deixou Israel no Médio Oriente ou o Japão na Asia. ,O papelque estes países jogam no continente é vital para o imperialismo. A im,portênciaestratégica da rota do Cabo é outra razão maior para a manutenção do statu quo naregião. Tal como o sionismo, o apartheid é uma criação do imparialismo ...A solução que o imperialismo tende a impor à Rodésia não 6 senão um modo delegalizar o racismo e a opressão. Nenhum pais africano deve assumir aresponsabilidade histórica de cauciònar esias soluções .... A história ensinou-nosque todas as verdadeiras mudanças. são violentas e que toda aliberdade tem o seupreço ... Os aílses progressistas em Africa e fora dele devemura vez mais assumira sue responsabilidade faca à arogincia dos regi minoritários da Africa do Sul eda Rodêsias trazer toda a ajuda material e moral aos combatentes de liberdade(...).Seydou HameNew York, USA(In «Afrique-Asie»)A persistênciat da velha senhora ..Hil cs de arco de valha. A Maria da Fonte é una dela, O b.,-uguldo, Opeito fértil. Ó rosto de pedra. A espada.A violência da espada responderam os homens que em 4 de Fevereiro cruzaramarmas contra o opressor que o vento norte trouxe um dia, montado em caravelas,batido pela História. Para o colonizado, a Maria da Fonte, aquela ali em cima, noKinaxixi, sempre foi símbolo do invasor, a imposição de una força facilmentedesmontável como Marx pensou e Lenine provou. Aquele monstro de mulher deseios virados à vergonha colonial (chegou a haver, durante oolonialismo,protestos do «hit» feminino, acerca da atitude um tanto desbragada da pedra...) eraa violência subtil a esconder a violência hõstil do ocupante. E não deixa de sercurioso como os Povos têm o notabilissimo dom de se aperceberem dessas edoutras diferenças. Da tomada de consciência a 11 de Novembro do ano passado

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foi o tempo necessário ao tamanho da vitória que conquistamos em duas guerrasde libertação cujas cicatrizes mais profundas vincaram a opção popular da NaçãoUma a uma foram caindo as cabeças de pedra. O Alexandre Herculano, oCamões, o Pedro Alexandrino, o Afonso Henriques e os outros muitosrespeitáveis monos da'enfática cultura colonial tiveram odestino que a expansãoda fé e do império lhes reservou, isto é, o espaço de museu ondese arrumará oespólio bizarro da (s re) prepotente cultura colonial.A violência do fóssil respondeu a vio1ência do trotil porquenenhum vestígio dochicote que nos traçou a carne durante meio milénio deve restar no dia em que secumprirá por inteiro o ano inicial da grande cwn ade para o Socialismo. Porque, alêmina ao alto, não era já a ameaça, era a recordação da ameaça. Porque, de pedrae cal (é o termo!) continuava o gesto de uma glória extorquidaa ferro e pólvora, oreavivar de uma ferida para a cura da qual todos os cuidados são poucos. Pelanoite dentro foram-se suco~do as explosões que se ouviram emtod a cidade, Calea Maria de fonte, sabia-se.sil. Que morrer4 ants de 11 de NovembrolInevitavelmente.(In «Jornal de Angola»)Neonazis estao cada vez mais radicaisJovens alemães da extrema direita querem maior acção na lutapela imposição dassuas ideias.«Der Spiegel» publica reportagem sobre o recrudescimento do movimentoneonazista na AlemanhaA Sob o título de «Extremistas da direita: dispostos até aofim», a revista alemã mostra as novas tendências que caracterizam o direitismogermânico.Sob falsos nomes e em locais desconhecidos, afirma ikDer Spiegel», os jovensextremistas da direita agruparam-se e organizaram-se. Eles não se identificammais com os radicalismos v~ is do NPD (Partido Democrático Nacional) nemtempouco com outros velhos grupos de dieita. Comunicando-satravés deexpedientes diversos e fazendo uso de um código numérico ao invés do nomes, osjovens direltistas armaram um sistema denso e fechado mas francamenteactivoReunidos frequentemente na União dos Soldados Combatentes Alemães,esses jovens se submetem a treinamentos paramilitares. A noite, podem ser vistosnas ruas carregando cartazes que dizem: «Fora com os judeus», Mantém tambémesconderijos secretos onde armazenam ar.mse. «para casos de emergência».A decadêncla do prestigio do NPDmto aos joven radicais de direita seWa devidoà demora desse partido em çhegor ao poder. Em consequência disso, Wn grandqnúmero de organizações. ger#ante "cabe~ por jovens, temugide em toda a Alemanha. INas visam a defenda' es I:rilieltoa nazistas, que fo.m "~ ama mnddos cor outros. in-

GUERRA ENTRE MAPUTO E LOURENÇO MARQUESMaputo, capital da República Popular de Moçambique, com o andar dos tempovirá a assumir uma face diferente daquela que conhecemos quando era LourençoMarques. Maputo é uma cidade oude nas terminais as pessoas fazem bicha paraentrarem no machiuibombo em vez. de se empurrarem como acontecia em

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Lourenço Mar ques. É uma cidade onde apesar da falta de géneros oscompradores aguardam pacientemente na mesma bicha para quechegue a sua vez,coisa que seria impossivel em Lourenço Marques.Maputo é uma cidade onde aqui e além aparecem palavras de or dem e desenhosalegóricos à aliança operário-camponesa nas paredes. Os descampados queaguardavam a edificação de um prédio transformaram-se em machambas, emverde de couve, de alface e em vermelho de tomate, emoldurados por paredes depedra. São os valores do campo a tomarem conta da cidade pois Maputo é umgrande receptáculo da Revolução, importadora de novos valores contrariamente aLourenço Marques que exportava decadência para o campo e quando importavaera bem longe que buscava o seu oxi. génio: USA, RSA, Brasil ....Maputo é uma cidade ordeira onde as pessoas já se podem esquecer de embrulhosnos cafés e restaurantes vindo buscã-los mais tarde bem guardadinhos pordeTEMPO» o.' 323 - pág, 16trás dos balcões. Em Lourenço Marques embrulho esquecido era embrulhoperdido. Já se pode andar sem ver «streep-tease» forçado e gratuito, pernas ecoxas desfraldadas como velas de caravelas poluindo a nossavontade de fazersexo com amor. Maputo não cobiça, ama. As adolescentes e as mulheres adançarem danças populares são mais sensuais e provocantes do que a maissofisticada bailarina nocturna de clube à média luz vermelha-azul, importada dascapitais europeias, domesticada para agredir com o seu corpo nu os homens quesó sentiam mulher quando mulher agredia se. xualmente.Maputo é proletária e combate numa dura luta de classes a superestrutura dabarriguda, colo-nialista e fascista Lourenço Marques. Maputo é operária, é camponesa, éintelectual engajada, é montra eloquente do que pode a solidariedadeinternacional: a África e o Mundo Socialista estão aqui e diversificam os seuscontornos enriquecendo-a de cultura.Por isto tudo Lourenço Marques tem raiva e sabota. Alicia comcer veja eembriaga trabalhadores saudosistas dos velhos tempos do nada. Aliena às escurasno cinema com Brigit Bardot, boneca refinada que decaiu quando outras Brigitesàs escuras e no cinema também começaram a mostrar tudo o que a primeiraBrigite mostrava às íietades. Aliena na propaganda barata da publicidade que seesticou de Lourenço Marques para Maputo e continua a falar-nos do «Tarzan daZâmbia» como se em alguma parte da terra tivesse existido algum Tarzan comforça de guindaste. Tarzan, se tivesse exis-assim vai o golfe..Algums dos parti~ntu no Compeonato do Clube de Goli da Polana, realizadoem Maputo no iilt#no dia de Outubro1 - .4

tido, teria sido o maior agente do colonialismo, macaco europeu infiltrado emÁfrica.Lourenço Marques faz um recuo estratégico para, g a n h a r novas forças e,entretanto, esconde-se na flat, no bar mais discreto, no restaurante aindasaudosista da discriminação. Mas lá do outro lado da cidade de pedra, onde

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Lourenço Marques escondia a miséria das misérias, onde fermentou osexploradores que o destroem está o grande reservatório humano que defenderáMaputo de todas as investidas de Lourenço Marques. Lá estão aqueles que bebeme embriagam-se com a Revolução e que, aos poucos, estão assaltando e minandoas entranhas de Lourenço Marques. Alguns apaixonar-Se-ão pelo cantoimperialista de Lourenço Marques. Outros resistir-lhe-ão.Maputo, combatente eproletária,, tem muitos braços para a defenderem.No vai-vém do dia a dia, no fluxo e refluxo da Revolução, nos grandes dias dosgrandes comícios Lourenço Marques afoga-s e enquanto Maputo ginga e ergue ospunhos para o ar fazendo ecoar o seu grito de guerra:A Luta Continua!CINEMAO FASCISMO TAL COMO ELE ÉApesar de muito rico no aspecto documental, o filme peca por má definição deobjectivos, ou por não atingir os objectivos.Grande parte do filme é dedicada à Alemanha de Hitler em particular. O modocomo essa forma de ditadura da burguesia é elevada ao nível deideologia, o modocomo essa ideologia permanece nas mentes e intoxicando o quotidiano doHomem - aspectos ao que nos parecem fundamentais quando nos propomosdissecar essa hedionda '«forma» de opressão - repressão - não são senão ao deleve abordados nos últimos minutos do filme, como que involuntáriamenteinsinuados aqui no seu decurso.Mesmo quando apresentados no fim do filme, enquadrados num capítulointitulado de qualquer coisa como «fascismo já acabou? quando acabará?», ofascismo é apresentado nos seus asaspectos de institucionalização como no casodas organizações neo-nazis, como no treino político militar dos fuzileiros navaisamericanos.Infelizmente o fascismo não permanece só assim. Essas por demasiadoexcêntricas - são as formas menos maléficas.essenc:tamente manifestar uma certa ideologia de classe: os hábitos burguesesaprendidos da sociedade colonial,A «ameaça» que constitui o fascismo vem daquilo em que se tornou o fascismo-uma ideologia de alternativa da burguesia nas suas intensões de opressão-exploração. Quando ameaçada ou condenada a burguesia exploradora «recorre»sem problemas.de consciência ao fascismo. (Razão porque ele acontece ondenunca houve arianos, mesmo em Africa, na Ásia, na América Latina).Atacar o fascismo para o destruir, onde se quer efectivamente fazê-lo, implicapois essencialmente uma dissecação, levada às últimas consequências, daideologia fascista.Dessa análise compreenderemos que não é reagindo emotivamente aos horroreshitlerianos que destruiremos o fascismo,, mas sim destruindo a sociedade declasses que está na sua origem.E, foi compreender isso que levou o povo soviético a aceitar perder 20 milhõesdos melhores dos seus filhos - rendamos-lhe a justa homenagem.e

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a imitação dos hábitos da classe exploradora, o desejo de pertencer 4 minoriaopressora.O elemento que vemos nesta foto tem um salário mensal de 1750 escudos. Os,sapatos que calça custaram simplesmente 1150 escudos!!!Mas, não são só os sapatos de tacão. As camisas justas, no trabalho da fd. brica,os óculos escuros «Ray Ben» dentro do escritório, a exibiçãode golas que chegamao cinto das calças em cafés é restaurantes, falar a cantar. -Enfim... -a frustração eo recalque, a alienação que nada têm a haber com a liberdade, com a criação deuma nova mentalidade, com a transformação das ideias, mas têm muito a havercom a ideologia que tão bem conhecemos, e que é característica pela classeexploradora.Torn-se por demais evidente que este nosso apontamento só vai ferir, Smagoar,essa camada social que vem manifestando todos os seus recalques e frustrações.Para eles seria melhor que disséssemos que em Paris ou Lon. dres já não se usasapato de tacão alto, que deveriam deixar de usdalos porque émoda velha eultrapassada. Preferimos identificá-los com a classe exploradora, com as ideias daburguesia opresworã4EMPO» n.- 323- pág, 17

Ao contrário do que muita.gente pensa, a RAIVA- não se manifesta apenas comsintomas de fúria, vontade de morder, etc.Por pensarmos desta maneira é que não chegamos a compreenderporque é que asautoridades sanitárias caçam os cães vadios e, muitas vezes, também cãesdomésticos, aparentemente inofensivos.Para compreendermos melhor o que se passa com esta doença, começaremos porexplicar o que é a RAIVA, o que é que a provoca quais os sintomase asconsequências da doença.A raiva é uma doença que tem ýido identificada em todas as províncias do País,com excepçío de Cabo Delgado e com maior incidência nas P ovíncias do Maputoe Chimoio.É provocada por vírus muito pequenó o vírus da raiva - e encontra-se na saliva doanimal doente. O cão é que tem sido o maior 'responsável pela transmissão dadoença. Quando o cão lambe uma ferida ou morde uma pessoa, aquele Vírus entrano oranismo pela ferida, conduz-se através dos nervos (neurotrópico) em direcçãoao cérebro onde se vai alojar e provocar pertuba,çóes nervosas.Os sintomas de um animal com raiva variam muito. Há animais que quando estãoatacados pelo vírus mudam completamente da maneira de ser: procuram lugaresescuros, ficam tristes e melancólicos. Depois começam a ficar excitados, saltam, co r r e m, mordem, ficam furiosos, a baba TMPO» n» 323 -- põg. 8eescorre pela boca e não conseguem beber água. (Quando a doença é no serhumanõ, o Homem tem aversão, nem sequer quer ver água. É a chamadahidrofobia). Esta fase. de excitação é a mais perigosa porque as pessoas podempensar que o animal está alegre, principalmente as crianças, basta um só arranhãoe a saliva penetrar na pele para a pessoa ficar atingida pela doença. Depois destafase o animal fica exausto, cansado, começa a ficar triste, deprimido, os músculosda boca, os mastigadores e a língua ficam pendentes, o animaljá não consegue

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fechar a boca, a baba escorre e a paralisia vai-se espalhandopelos restantes órgãose o animal acaba por morrer, asfixiado.Outra maneira da raiva se manifestar é a seguinte: o animal nem parece que estádoente, brin-ca, e de repente começa a deitar baba pela boca, dá-se a paralisia, acabando pormorrer. Há outra maneira ainda da raiva se manifestar: apresenta sintomas muitodiferentes da raiva quando, efectivamente, se trata de raiva.Daqui pode ver-se o perigo que representa vivermos com 3Êessem tomarmos as necessárias medidas de protecção.Nós e as nossas crianças podemos brincar com um animal atacado de raiva, semsabermos, e arriscarmo-nos a morrer.Porque a raiva transmite-se e mata o Homem.Se temos cães em casa, devemos mandar vaciná-los, a partir dos 4 meses de idadee devemos, também, mandar desparasitá-los.Quando um cão morde uma pessoã, deve-se prender esse animal echamar oveterinário para ver se o animal tem raiva.O veterinário vai deixar o :animal em SEQUESTRO, isto é, vai pôr o animal numlugar sossegado, à sombra,' onde ficará em observação durante 15 dias. Caso oanimal não manifesta sintomas de raiva, será posto em liberdade.A pessoa que fõr mordida por um cão deve lavar a zona mordida com água esabão abundante. Depois é que pode aplicar um antisséptico,isto é, tintura deiodo, mercurocromo, etc.Quando se suspeita de epidemia de raiva, as autoridades sanitárias mandam abatertodos os caes vadios e os que não têm açaime («açaime» é aquiloque se põe àvolta do focinho do cão, para não morder).O açaime, além de impedir que o cão morda, facilita também .quando, porqualquer motivo, se quer imobilizar o animal.Além da raiva, há mais doenças graves que o cão pode transmitir ao Homem. Ébom Sabermos que a raiva não tem terapêutica, isto é, no tem tratamento.os ckes com piolhos são um perigo para a saúde das pessoas. Os parasitas quevivem dentro da barriga do cão roubam a comida que o cão come. Por isso, o cãofica maro.Deve-se, mandar vacinar e desparasitar os cíes porque, de amigos que eles ýão,podem tornar--se inimigos ga saúde das pessoas.

Todos sabemos que, hoje em dia, um par de sapatos «razoável» óusta acima de1100$00 (mil e cem e.',udos).Quando perguntamos o porquê desse alto preço, o vendedor afirma que tambémos comprou caros na fábrica.Se fizermos a mesma pergunta ao fabricante, de certeza que dirá que vende ossapatos mais caros porque há falta de MATÊRIA-PRIMA no mercado.Mas, será que na verdade há falta de matéria-prima para se fazer sapatos emMoçambique?Para se responder a essa pergunta, devemos em primeiro lugarresponder a esta: Oque é a. «INDúSTRIA DE CURTUMES»?

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A indústria de curtumes é aquela que trabalha com as peles, com os couros dosanimais.Quando se abate um boi, por exemplo, esfola-se o animal e o couro vai para àindústria de curtumes, para ser trabalhado.Quando ainda não foi trabalha-do, diz-se que é matéria-bruta. Depois de trabalhado, diz-se que é matéria-prima.Abatem-se, diariamente, muitos animais nos matadouros de Moçambique. Se amatéria-prima para a confecção de sapatos, malas, etc., sãoos couros dos animaiscomo se explica, então, que se alegue a falta de matéria-pri\ma?.A resposta é simples: É devido à baixa qualidade dos couros. Afalta da matéria-prima é devida à baixa qualidade dos couros dos nossos animais.E o que é que causa essa baixa de qualidade dos couros?A alimentação insuficiente, o excesso de trabalho, os maus tratos (vemos pastoresa maltratar os animais, sem 'motivo nenhum aparente), a pouca higiene doscurrais e da pele, inferiorizam bastante a qualidade das peles.As carraças e as sarnas influenciam também na desvalorização das peles.Entre os factores principais que contribuem para a desvalorização dos courosmoçambica-nos destacam-se, com relevo, as marcações a fogo que se aplicam nos animais.A marcação a fogo utiliza-se para identificação dos proprietários ou dos própriosanimais e, tanto num caso como no outro, há conveniência em reduzir osprejuízos desta operação ao mi-nimo. A localização das marcas às regiões da pele de menor valia para'a indústriada curtimenta e a redução das dimensões ao tamanho apenas suficiente, para severem à distância necessária, permitem consegui-lo.Os serviços de Veteríiária elaboraram, há t e m p o s, algumas ,instruções que sedistribuirampelas áreas pecuárias para divulgação entre os criadores, encarregados deexploração, encarregados de tanques carracicidas e pessoal que normalmente faza' marcação do- gado.Infelizmente, essas instruções não são seguidas por algunscriadores e o resultadoé este: baixo valor dos couros moçambicanos e falta de matéria-prima.A indústria de curtumes ocupa, também, um lugar de destaque no processo dareconstrução nacionalVamos pois, seguir as instruções que as estruturas competentes nos transmitirem.Marquemos correctamente os nossos animais. Marcar correctamente os nossosanimais é também um acto de militância visto que defender a economia nacional éum dever de todo o militante da FRELIMO, é um dever, de todo o povomoçambicano.Regiões onde devem localizar-se as marcas:Na perna: abaixo da articulação fémur-tibial;No ante-braço: abaixo da articulação húmero-radial;No pescoço;Na face e na parte superior da bossa nos animais de giba desenvolvida.ChatéllyITEMPO, ,, 23 <- og

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ENAA A UHRNTAEA PRINCIPAo 0 Couicd doCmt oítc iiao' Reouçe sobr Prblma Geai e Prbea oii aCddIniciamos hoje a publicação das Resoluções da II Conferência da Organização daMulher Moçambicana que, comosalienta um comunicado do Comitê Politico-militar que igualmente publicamos naintegra, tem um significado histórico particular na medidaem que foi nesssaCoferência que, pela primeira vezna nossa Pátria Independente, representantes da mulher moçambicana do Rovumaao Maputo se reuniram para emconjunto estudarem, discutirem e encontrarem soluções positivas para. os seusproblemas comunsAs Resoluções que hoje publicamos referem-se aos «Problemas Gerais> e«Problemas Sociais naCidade», deixando para próxima oportunidade as que se referem aos <ProblemasSociais naZona Rural» e o «Programa de Actividades da Organização da MulherMoçambicana».1';i, *.'115Pais, se intensifica a luta de classes, numa altura em que se agudizam ascontradições antagónicas que opõem o Povo moçambicano e os Povos irmãos daÁfrica Austral às forças retrógradas do imperialismo internacional, inimigopermanente de todos os Povos.O Comité Político-Militar da FRELIMO, tendo anais do em detalhe todo oprocesso da II Conferêncla da OMM, constatou que a II Conlerência foi un grandesucesso. Por isso o Comité Político-Militar felicita a II Conferência pelosresultados obtidos. Saúda particularmente a Comissão Coordenadora da OMMpela maneira como soube assumir e executar a tarefa que lhe fora confiada pelaDirecção da FRELIMO de preparar, organizar e conduzir a II Conferência daO.M.M..O Comité Político-Militar salienta como contribuições fundamentais para o êxitoda II Conferência da OMM.1.0 O método seguido na prepar*âo da H Conferêneia.O lançamento de estruturas preparatórias da II Conferênciada OMM a todos osníveis, desde a Nação até ao Círculo e Célula, e a posterior realização deSeminários da OMM ao nível distrital e provincial, criaram condições para que,de forma organizada e colectiva, todas as mulheres moçambicanás pudessem

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livremente apresentar e estudar os seus problemas. Por todoo País tiveram lugarinúmeras reuniões onde as mulheres analisaram a sua situação.Foi este processo, amplamente democrático e po-COMUNICADO DO COMITPOLITICO - MILITARDe 10 a 17 de Novembro de 1976 reuniu-se na cidade de Maputo, capital daRepública. Popular de Moçambique, a II CONFERENCIA DA ORGANIZAÇÃODA MULHER MOÇAMBICANA. Nela participaram cerca de 170 delegadasvindas de todas as Províncias do País, pertencendo a todas ascamadas sociais eaos mais diversos sectores de actividades, nomeadamente àsAldeias Comunais,Cooperativas, Fábricas, Destacamento Feminino, ServiçosPúblicos e Empresas.Nela esteve também representada a mulher organizada nos locais de residência.A II Conferência da OMM tem um significado histórico particular na medida emque foi nessa Conferência que, pela primeira vez na nossa Pátria Independente,representantes da mulher moçambicana do Rovuma ao Maputo sereuniram paraem conjunto estudarem, discutirem e encontrarem soluções positivas para os seusproblemas comuns. Outro factor que confere grande importância à II Conferênciada OMM é o contexto político em que a Conferência se reuniu. Com efeito, a IIConferência da OMM teve lugar numa altura em que, em toda a África Aus' 1 eem particular no nosso:JTEMPO,» n. 323-- pg. U.

pular, que permitiu sintetizar as experiências e ãpreider até ao pormenor osdiversos aspectos que caracterizam a situação actual da mulher moçambicana. AII Conferência da OMMsurgiu assim como o ponto mais alto de umamploprocesso de mobilização da mulher moçambicana do Rovuma ao Maputo.2.0 O critério de escolha das Delegadas à Conferêncla.A participação efectiva nos trabalhos da Conferência de um grande número demulheres trabalhadoras, engajadas no processo de transformação da sociedade eda natureza, e a participação de quadros veteranos do Destacamento Feminino,operárias e camponesas temperadas na dura Luta Armada de Libertação Nacional,imprimiu à Conferência um vincado cunho de classe e contribuiu decisivamentepara que os problemas fossem analisados e estudados segundouma perspectivapopular e revolucionária.O critério correcto de escolha das Delegadas, dando prioridade à mulher operária,à mulher camponesa e à mulher soldado, permitiu a afirmação clara naConferência do Poder Operário-Camponês.3.1 Análise correcta da situação da mulher moçammbicana e das actividades daOMM desde a 1 Conferência.A II Conferência da OMM procedeu a um estudo minucioso da situação damulher desde a I Conferência, tanto na sociedade rural çomo na urbana. Essaanálise permitiu constatar que, se bem que haja a registar alguns sucessos naFrente da Emancipação da Mulher, no período que seguiu à I Conferência a OMMnão conseguiu assumir a essência das suas tarefas. Constatou-se também que essaincapacidade da OMM resultou fundamentalmente da FALTA de INICIATIVA EDA INOPERATIVIDADE da Direcção m~xima da OMM. A II Conferência da

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OMM salientou que os factores que mais contribuiram para a progressivadesmobilização das mulheres a partir da I Conferência foram:a) A incapacidade da direcção da OMM em estabelecer estruturas a todos osníveis, pri-.vando assim as mulheres do instrumentoessencial para a sua luta;b) A incapacidade da direcção em definir umprograma de acção concreto para a Organização, em especial após os Acordos deLusaka;c) A incapacidade da direcçãço em integrar osquadros do Destacamento Feminino, privando assim a OMM da rica experiência eda contribuição activa desses quadros. 4.° Definição correetoU do inimigo e dacontradiçãoprincipaLA I Conferência da Organização da Mulher Moçambicana, reunida em Março de1916, tinha definido que o obstáculo fundamental à emancipação da mulher eramos sistemas tradicional-feudal e colonial-capitalista, que impunham sobre amulher uma-dupla opressão e exploração.A II Conferência da OMM, retomando essa anãlise-e considerando as condiçõesactuais do nosso« país, constatou não ter h do mudança substancial no que serefere à situação da mulher, como ser explorado e oprimido. Aprofundando aanálise, a II Conferência da OMM concluiu que, na fase actuale apesar da derrotado colonialismo português, o inimigo principal da emancipação da mulhercontinuam a ser os ->«. sistemas de exploração e opressão tradicional-feudaí ecolonial-capitalista, os quais, embora abala dos, não estão ainda destruidos.5. Definição correcta da estratégia e da táctic&A etapa actual da nossa luta, a que chamamos a ., DEMOCRACIA POPULAR,constitui um passo para a construção da sociedade socialista. Por isso dizemosque o objectivo estratégico da fase presente do nosso processo é a edificação dabase material e ideológica para a construção da sociedade socialista.A táctica adequadú ou seja a TAREFA PRINCI-PAL para atingirmos o objectivo estratégico, compreende três aspectosfundamentais: a luta pela produção, a luta de classes e a lutapela aquisição deconhecimentos científicos.A II Conferência da OMM soube assumir que a estratégia do combate pelaemancipação da mulher se insere na estratégia global da emancipação das classestrabalhadoras, isto é, que a libertação da da mulher só é possível e efectiva nasociedade socialista.Neste contexto a II, Conferência definiu que o factor decisivo da emancipação damulher é o seu engajamento na tarefa principal visando a edificação dosocialismo, ou seja, o seu engajamento na luta pelo aumento da produção, na lutade classes e na luta pelo aumento dos conhecimentos científicos.6. Os Estatutos e Programa da O.M.K.A II Conferência da OMM aprovou os novos Estatutos e Programas daOrganização e definiu um Programa de Actividades a desenvolver a curto e médioprazos em todo o Pais.

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O Comité Político-Militar considera que um dos resultados mais positivos da IIConferência da OMM foi a definição das novas estruturas da Organização e dastarefas concretas que se deparam à mulher moçambicana na fase actual da nossaRevolução.Ao definir tão claramente as novas estruturas e as acções a desenvolver, a IIConferência demonstrou ter assumido o prinipio correcto deque só a mulherorgan~ , esclarecida sobre os objectivos da sua luta e com um plano de acçãoconcreto está em condições de se engajar conscientemente natarefa principal.7.o O sentido internacionalista da ConferênciaA luta da mulher moçambicana enquadra-se no quadro mais geral da luta de todasas mulheres do mundo contra a exploração, a opressão e a humilhaçãoimperialistas e por uma verdadeira emancipação económica,política e social.A II Conferência da OMM soube assumir o significado profundodo carácterintemacionalista, da luta da mulher moçambicana, soube consagrar nos seusEstatutos e Programa a relação dialética que existe entre a luta da mulhermoçambicana e a luta da mulher em todo o mundo.Por. isso a II Conferência constituiu uma verdadeira jornada de educação damulher moçambicana no espírito internacionalista.8.0 reconhecimento da FRELIMO como força dirigente do Estado e daSolidariedade.O reconhecimento incondicional da FRELIMO como força dirigente do Estado eda Sociedade, repetidamente expresso nos debates e nos documentos da IIConferência, traduz a firme determinação da OMM em inserir asua acção noquadro das orientações e actividades da FRELIMO.Este facto dá uma dimensão maior à OMM, que assim aparece comoum braçopoderoso do Partido, para levar a cabo a luta de classes e eliminar definitivamentea exploração no nosso pais. O Comité Político-Militar da FRELIMO consideraque a correcta implementação das decisões da II Conferênciada OMM, criandocondições para um maior engajamento da mulher na tarefa principal, permitirá umavapço impetuoso da luta pela emancipação da mulher.O Comité Político-Militar felicita 'calorosamente por intermédio da IIConferência da OMM, todas as mulheres moçambicanas pelos sucessos obtidos OComité Político-Militar salienta que a II Confe. rência da OMM constitui umacontribuição importante, para o êxito do III Congresso da FRELIMO.A LUTA CONTINUAO Comité Político-Militar da FRELIMC Maputo, 1 de Dezembro de 197fTE:MPO>, n: 323 -Pg. 28RESOLUÇÕES SOBREPROBLEMAS GERAISINTRODUÇAOA situação actual da mulher moçambicana, que se manifesta nodesequilíbrio dedesenvolvimento cultural, político-social e económico emrelação ao Homem,deriva da edqcação discriminatl5ria que lhe era dada na sociedade tradicional, e

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que foi agr veda pela discriminação racial, social e de sexo que osistema coloniallhe impôs.É neste contexto que devemos compreender a razão porque o analfa betismo, oobscurantismo, o tribalismo, o regionalismo e o racismo, bem como os complexosde inferioridade, estão mais enraizados na mulher.ANALFABETISMOO analfabetismo atinge a grande maioria do Povo moçambicanocom particularincidência sobre a mulher que foi duplamente explorada na socidedade tradicionale colonial. Aquela incutia na mulher o espírito de inferioridade e dependência epreparava-a apenas para agradar o homem e ser boa dona de casa.A educação colonial tinha acesso apenas um pequeno número demoçambicanosdevido à-discriminação racial e diferenciação de classes.A exploraçãodesenfreada não permitia que os filhos do povo ,tivessem possibilidades de pagara própria escola,

o material escolar e as despesas com a apresentação. Restavam-lhes apenas asmissões que, através do obscurantismõ religioso desenvolviam o espírito depassividade e conformismo, acentuando os conceitos e complexos deinferioridade que vinham já da sociedade tradicional.Contudo em largas áreas do território moçambicano nem sequer estas escolasexistiam. Além disso, nas Escolas Primárias e Missionáriospredominava o tipo deprofessor mal preparado, igualmente explorado pelo regimecolonial e quedesempenhava as suas funções à base de «presentes».Devido a todos estes factores subsiste, ainda hoje, um conceito errado do que é aEscola.As dificuldades provocadas pelo analfabetismo manifestam-se em várias situaçõesdo dia a dia.1 - Durante o período da luta armada, surgiram dificuldades no manejo de certosarmas, que requeriam conhecimentos ministrados nas escolas (avaliar distâncias,por exemplo).2-Quem não sabe ler, não pode compreender e pôr emprática as orientações escritas dos órgãos do Partido e do Estado, ou outrasinstruções, tais como cadernos Ie estudo político, circulares da Sede Nacional,prin ciplos de hegiene. utilização de medicamentos, receitas médicas, uso defertilizantes, etc.3-A pessoa analfabeta nãb pode trocar correspondência(escrever e receber cartas).4-0 desconhecimento dos pesos, medidas e por vezes ovalor do dinheiro, permite que seja roubada nas cantinas.5- á possibilidade de ser enganada pelo marido acercados vencimentos que ele ganha.Em Moçambique o problema é agravado porque, o não ter frequentadlo a escolaimplica não só não saber ler e escrever, mas também não falar português, que é alíngua oficial de comunicação. Isto impede que a mulher tenha acesso áinformação.

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Estas dificuldades verificam-se inclusivamente no decorrer da .11 Conferoncia,pois tornou-se impossível a uma grande parte das delegadas acompanhar a leiturae discussão dos relatórios.FORMAS DE COMBATEPorque a mulher tem um papel fundamental como educadora das novas geraçõesporque se deve engajar na produção, passando de mera executante às tarefas deplanificação e direcção libertando a sua iniciativa criadora; porque aaprendizagem da língua oficial fortalece o sentimento de unidade concorrendopara a liquidação do regionalismo, tribalismo e divisionismo- o combate aoanalfabetismo no seio da mulher constitui uma das tarefas prioritárias da O.M.M.Assim a Organização da Mulher Moçambicana deve:l-Intensificar a popularização das orientações da FRELIMO, para elevação donível político dos professores. e das próprias mulheres, que devem fazer um combate internopara se libertaremdos complexos e aceitarem a transformação.- 2 Preparar monitores de Alfabetização dentro da Organização.3-Sensibilizar os maridos para que sejam eles própriosos alfabetizadores em casa ou permitam que a mulherfrequente as aulas.4-Mobilizar as mulheres com educeção literária e científica para participaremvoluntariamente nas campanhas de Alfabetização e de elevação do nível literárioe científico da mulher.Para este fim, a O.M.M. coordenará esta activi~ sem o Ministério da Educação eCultura.RECOMENDAÇOESA II Conferência recomenda que a O.M.M. estude junto do Ministério daEducação e Cultura a possibilidade de:Dar á Alfabetização um conteúdo que sensibilize a *mulher nos seus problemasespecíficos;- aproveitar as aulas de Alfabetização par desenvolverna mulher o interesse pelo noticiário, lendo diariamenteresumos das notícias.OBSCURANTISMO E SUPERSTIÇÃOO obscurantismo manifesta-se no nosso Pais tanto no campo como na cidade.O baixo nível de conhecimentos técnicos e científicos entreas mulheres faz comque o obscurantismo e superstição tenham no seu seio grande aceitação.É devido ao obscurantismo e marginalização de que é vítima, que a mulher seentrega frequentemente a'práticas supersticiosas. Assima mulher explica asmortes orovocadas por doenças ou acidentes os fenómenos metereológicos eoutros através da intervenção do sobrenatural.A corrida aos curandeiros para resolução de problemas de vária ordem amorosos,vinganças, ambição, ciúme e desentendimentos é prática corrente entre asmulheres.O obscurantismo como forma de opressão moral, provoca o divisionismo edesconfiança, destrói o espírito de iniciativa criadora e condena a mulher àpassividade e conformismo com a sua posição de inferioridade e explorada.

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A sociedade tradicional, tanto como a colonial, porque encaram a mulher comoobjecto de prazer e mão-de-obra barata, para além de produtora de mão-de-obramantém-na afastada da ciência para assim impedi-la de pensar que a sociedadepode ser transformada. Aqui mais uma vez os ritos de iniciação, que inculcam namulher os conceitos errados sobre a sua condição de ser inferior, tornam-na, paraalém de conformada, transrnisý sora da teoria da impossibilidade de libertação damulher.As religiões são uma forma de obscurantismo, embora mais subtil, que perpetuamo conceito de inferioridade da mulher.A influência religiosa é frequentemente utilizada para fins subversivos.FORMAS DE COMBATEO obscurantismo, destruindo a iniciativa criadora da mulher, tornando-a passiva,impéde-a de participar nas tarefas da Organização. Assim, aO.M.M. deve:1 -' Lutar pela elevação do nível cultural, científico e técnico da mulher, basefundamental para que ela assuma o papel não só de executante mas também dedirigente em todos os sectores de produção.O obscurantismo recua na medida em que progride a educação política ecientífica.2- Intensificar a vigilância popular para permitir a distinção correcta entre oscurandeiros, que devem ser combatidos, a aqueles que, através da medicinatradicional substituem o médico que não existe em vastas áreas do nosso País.A O.M.M. deve ganhar a confiança destes últimos, aprendendocom eles efazendo trabalho político a fim de que compreendam que os seus conhecimentospodem ser desenvolvidos a outro nível de modo a servir a vastamaioria do nossopovo.TRIBALISMO, REGIONALISMO E RACISMO O tribalismo e regionalismotêm a sua origem na sociedade feudal. São conhecidas as lutasintertrlbais,travados pelos nossos antepassados, e que foram largamenteexploradas peloregime colonial«TEMPO» n.o 323 - pág. 29

Esse espírito tribal e regional, persiste ainda na mental dada de muitos velhos quedurante longos anos foram alimentando ódios e espírito de vingança ou desprezo.O racismo é um produto do coloniailamo. para marcar vincadamende a diferençaentre o colonizador e o colonizado. O que explora e oprime despreza e humilha oexplorado com base na diferença de cor da pele. O racismo é a forma mais alta dehumilhação.O tribalismo e o regilonalismo concorrem largamente para o divisionismo, poisimpedem a compreensão de que a nossa Pátria ii Moçambique e enfaquecem asnossas forças, no combate pela Reconstrução.O racismo impede a definição correcta do inimigo e parmite a infiltração Inimigaao desviar as nossas atenções do alvo principal do nosso combate.O regionalismo tribalismo e racismo, manifestam-se ainda acentuadamente a nívelde todas as províncias.No seio da Organização da Mulher Moçambicana, há mulheres que não aceitamter como responsável uma camarada de outra província ou da outra raça.

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Quantos. casos não conhecemos de filhos que desprezam os pais porque sãonegros ou ignorantes, e de pais que assumem a posição de criados dos filhosporque estes são mulatos os assimilados. Devido aos complexos raciais surgeainda um conceito errado de quem são os Verdadeiros moçambicanosespecialmente nas cidades quando são definidos em termos deraça.A falta de consciência política, provocada pela não existênca de estudo e trabalhopolítico junto das populações, contribuipara a manutençãodestes males, com agravidade que ainda evidenciam.FORMAS DE COMBATE A mulher deve desencadear no seu próprio seio umpersistente combate interno colectivo, procedendo assim álibertação mental dofeudalismo e do capitalismo. Deve empenhar-se no estudo político e na práticacritica e autocrítica. Deve analisar com objetividade as causas concretas destesmales e relembrar constantemente a experiência adquirida na luta armada onde ocombate foi realizado por moçambicanos de todas as raças e regiões-que nosofrimento, no esforço a no trabalho comuns, forjaram a Unidade.Elo deve ainda aprender as experiências dos outros povos para assimcompreender que a luta da mulher moçambicna é a luta de todas as mulheres epovos do mundo contra o inimigo comum - a exploração.A mulher deva ainda combater a ideia incorrecta de que ela só se identifica comaquela que vem da mesma terra, ou tem os mesmos hábitos e cultura.A nossa identidade reside na nossa condição de exploradas e oprimidas nocombate conum pela emancipação. É uma identidade de classe.Assim, a O.M.M. deve:1,-Mobilizar a mulher para que, como responsável pelaformação da sociedade nova, ela eduque as novas gerações, livres do tribalismo,regionalismo e racismo2- Promover a organização dos Bairros Comunais, quepermitirão eliminar o individualismo através da troca de experiências no trabalhocomurm entra pessoas devárias origens.3- Promover o intercambio cultural que contribuirá parauma Cultura Nacional supra-regional.4- Realizar Seminários interprovinciais, que permitirãoforjar a unidade na discussão de problemas comuns.5-Difundir a língua oficial como factor de unidade, viste«TETMPO» n.° 323 -pág. 3que a multiplicação de Inguas acentua a divisão emtribos e impede a comunicação.BOATOS, In RGAS., CALCONIASA intriga lança a desconfiança, a cania provoca o escêndalo ea mreginalização equalquer delas passando de boca em boca, torna-se boato. Estas trêsmanifestações, têm causas variadas mas o seu elemento comum, o seu fertilizanteé a imaturidade política.Quais são, concretamente as suas causas?- falta de progarma, a desocupação; o regionalismo e o

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1i)alismo; o ciúme, a ambição e complexos de superioridade;os complexos deInferioridade e a 'falta de hábitods de critica e autocrítica que impedem umaexposiçãà clara e frontal das ideias.Estas práticas geram a desmobilização, o divisionismo e contradições desviando amulher das .tarefas que lhe compete na sociedade.A mulher, devido ao sentimento de inferiorídade e insegurança, é frequentementeagente transmissor de Ideias erradas. É assim que se abre o caminho à infiltraçãodo inimigo que livremente propaga mentiras, tentando denegrir a RevoluçãoMoçambicana.FOMS DE COMBATEA Organização da Mulher Moçambicana nas suas reuniões deverá combater estasformas de divisionismo desenvolvendo o espírito de unidade-critica-unidade, AOrganização da Mulher Moçambicana deve:1 - Denunciar, desmascarar o boato, investigando a suaorigem e fundamento.2- Promover hábitos de critica e autocrítica e discussão.aberta dos problemas dentro das estruturas.3 -Denunciar às estruturas competentes os boateiros reincidentes, consideradoscontra-revolucionários e aosquais se devem aplicar medidas administrativas.COMPLEXOS DE INFERIORIDADE E SUPERIORIDADE0 processo de inferiorizaçã'o da mulher tem origem na educação tradicional e évincado pelos ritos de iniciação e outras práticas tradicionais que conduzem àpassividade, com conformismo e falta de iniciativa. A mulher toma-se um objectode apropriação e de prazer transaccionada pela famOlia e submetida à vortade domarido. Para além deste processo secular, a mulher sofreu ainda a humilhação dasociedade colonialista que lhe roubava o marido e os filhos que a explorava nolocal de trabalho, que lhe deixava muitas vezes como único modo de vida aprostituição. É ainda o colonialismo que através do conceito de assimilação lançao divisionismo discriminando a mulher analfabeta, levando-a a sentir-seinferiorizada pelo facto de desconhecer e não pertencer ao modo de vida(alienante) da zonaurbana.O sentimento de inferioridade ímpede a participação damulher nas reuniões e mesmo no seio da família,-onde face ao marido e aos filhosé incapaz de manifestar a sua opinião. A sua inibição e falta de iniciatvatraduzem-se numa incapacidade para assumir tarefas de responsabilidade e paraultrapassar a situação em que se encontra.Mas, por outro lado a mulher assimilada humilha a sua companheira nãoassimilada, fazendo demonstrações dos seus tiques e modas,falando de modoimperceptível e estabelecendo disténcis,Outra manifestação de superioridade é o veteranismo, quese traduz na necessidade de constantemente afirmar a sua participação na lutadesde longa data a fim de lhe ser conferida umaposição social elevada.

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O combate aos complexos de inferioridade e superioridade respectivamente, devecomeçar por um combate aos ritos de iniciação, lobolo e poligamia, e pelocombate aos valores da sociedade colonial - burguesa como a imitação das modase dos gostos decadentes.A mulher deve engajar-se na luta pelo seu desenvolvimento intelectual e na lutapela prpdução colectiva.Quando a situação não é analisada com objectividade a mulherconsidera comoinimigo não só o homem mas também as outras mulheres, sobretudo as mulheressós, isto 6, mães solteiras, mulheres divorciadas e solteironas nas quais a mulherdoméstica e toda a mulher frustrada em geral vê um indicio de emancipação amulher cujo sentimento de inferioridade e dependência em relação ao homematinge um ponto extremo é incapaz de conceber a vida sem um homem.MAES SOLTEIRASUm grande número de mulheres no nosso Pais têm filhos sem ter realizadoqualquer tipo de casamento.As causas desta situação são várias:Falta de educação sexual entre a juventude e uma ideiade amor baseada em concepções românticas e banais adquiridas em filmes «cor-de-rosa» e em leituras fúteis tipo fotonovela, difundidas pelo sistema colonial-burguês;- ULertinagem sexual devida a um conceito errado deemancipação;-Ligações inconsequentes multas vezes provocadas pornecessidades económicas sobretudo ,quando jovens- camponesas, vindas para acidade em busca de emprego,encontram dificuldades;- Os preços altos exigidos pelo lobolo, que faziam comque os namoros se atemizassem surgindo entretanto agravidez,Os ritõs de iniciação, que conduzem :as jovens a práticassexuais;- A presença dos exércitos coloniais que fomentavam aprostituição e utilizavam a mulher como objecto de prazer;-A exploração sexual nos empregos.A mãe solteira é, regra geral, marginalizada e, quando não posaui conhecimentostécnicos para conseguir um emprego que garanta a sua subsistência e a do seufilho, estão criladas as con. diç5es para a prática da prostituição.Esta marginalização atinge apenas a mãe solteira- e nunca o pai da criança. Querele seja casado, viúvo, divorciado ou solteiro, a sociedadenão o estigmatiza. Asociedade não aceita, que a mãe solteira, pelo facto de viversozinha, seja umamulher honestFORMAS DE COMBATEAs mães solteiras que, muitas vezes por falta de meios de subsistência, acabampor se proítituir,, constituam um grande problema social, sobretudo pelos filhosque, sem possibilidade de educação e criação em ambiente familiar, podemtomar-sé marginais pelo ódio de revolta que neles se cria. Alguns, para conseguir

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alimentação, andam de porta em porta, engrossando o número das chamadascrianças abandonadas. Por outro lado, verifica-se que, em certas fábricas, o quelevou um grande número de mulheres a procurar emprego foi precisamente ofacto de serem mães solteiras.1 - Em colaboração com o Ministério da Educação e Cultura jdesencadear umaofensiva na Educação para difundir conceitos científicos sobre sexualidade omaternidade e ainda o conceito de amor revolucionário emilitante.2- Fazer uma ofensiva na Informação contra todo o tipode leitura e cinema alienantes, que difundem os valores e conceitos burgueses efotonovelas de amor.3- Mobilizar as mães solteiras, engajando-as na produçãocolectiva ou em cursos de produção técnica.4- Consciencializar o homem de que, como pai, se deveráresponsabilizar tal como a rjãe pela educação dosfilhos.No entanto estas medidas políticas deverão ser acompanhadas de medidaslegislativas.A II Conferência recomenda que a O M M em conjunto com as estruturascompetentes deve estudar a posssibilidade de: a) -criar umalei nãodiscriminatória quer para as Iniãessolteiras quer para os filhos, no direito à assistênciamaterno-infantil, etc;b) - criar uma lei que obrigue os pais a responsabilizar-sepelos seus filhos.MUL11ERES DIVORCIADAS A mulher divorciada, tal como a mãe solteira, émarginalizada na nossa sociedade independentemente das causas que originarama sua situação.A mulher que é abandonada pelo marido, com ou sem filhos, só lhe resta aprostituição ou a servidão, seja em casa da sua família, sejano novo lar queprocure construir. Receando ficar sozinha, a mulher abandonada vai viver com oprimeiro homem que a aceita e que tem tendência por vezes- a explorar a suasituação, fazendo dela uma serva com filhos a situação 6 ainda mais dramática,não só para ela como para as crianças, cujo problema já referimos no caoitulo das«crianças abandonadas».FORBIAS DE COMBATE A O.M.M. deve:-encorajar a mulher a conquistar a sua independênciaeconómica, que será a base da sua afirmação como individuo útil capaz de serealizar dentro da sociedade.-Procurar integrar a mulher divorciada na produção e navida colectiva, na Aldeia -Comunal. Cooperativa ou outraunidade de produção.- Dar a conhecer à mulher divorciada com, filhos, os direitosque a lei lhe dárelativamente é participação dopaino sustento dos filhos.A MULHER DESOCUPADA

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A mulher desocupada - sem programa de produção colectiva, é um produtocaracterístico da cidade. É um ser completamente dependente do marido, não sepreocupando regra geral senão consigo própria. E individualista, de horizontesestreitos, «TEMPO» n.o 323 - pg. 31

insegura, conservadora, agente de boatot 'e intrigas.Dificilmente aceita as transformações, sendo por isso uma presa fácil da reacção.Desconfiada, sente inveja das mulheres que trabalham fora de casa.FORMAS DE COMBATEA O.M.M. deve:-estabelecer programas no âmbito dos bairros comunais.para que toda a mulher se integre em qualquer fornia,de produção colectiva e organização colectiva das actividades do local deresidência.- Encorajar toda a mulher a aumentar o seu nível cultural,científico e técnico.O ABORTOO aborto é um problema social grave, sobretudo na cidade. Nãosendo o abortolegal no nosso País, muitas mulheres recorrem a abortadeiras clandestinas ou amétodos caseiros que, por falta de condições de *higiene, provocam comfrequência infecções que levam à morte e à esterilidade e causam traumptismospsíquicos graves.As mulheres recorrem ao aborto por motivos diversos:-jovens solteiras, por medo da famiía ou da marginalização social, ou porqueestando na escola, receiam aspunições administrativas,- sendo casadas, porque têm já muitos filhos ou tiveramum parto há pouco tempo;- sendo casadas, para evitar um filho, produto de umaligação adúltera, com receio do divórcio:- sendo casadas, não têm meios materiais para sustentarmais crianças;- devido às'concepções burgueàas não desejam ter filhos,sem que para isso existam motivos sociais ou económicos que ojustifiquem.FORMAS DE COMBATEA O.M.M. deve estudar, juntamente com o Ministério da Saúde,A difusão de noções de «planeamento familiar» que funcionemnos hospitais, paraajudar as mulheres casadas com filhos a controlarem a alturada nova gravidez,atenTEMPO,, 'T- 323 - Dág. 32dendo, à situação económica ou social. Este planeamento vaievitar o desgastefísico e psíquico da mulher, resultante da, multiplicidadede partos. com curtosintervalosde tempo.A O.M.M., em coordenação com o Ministério da Educação e Cultura deve.- Fazer uma campanha de esclarecimento nas escolas e no

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seio da juventude, sobre as consequências do liberalismo sexual e os problemasque envolve a gravidez ou mesmo o casamento prematuro.A O.M.M. deve ter sempre em conta que o nosso combate é contra acorrupçãosexual, não contra a garvidez" em si, pois como diz o CamaradaPresidente:«Quando camaradas solteiras ficam grávidas consideramos isso escandaloso,quando na realidade não é a gravidez, simples consequência biológica, que éescandolosa. O verdadeiro escândalo é não termos sabido educar essas camaradas,não lhes termos feito assumir o verdadeiro sentido do amor e como a própriarelação sexual se integra dentro do amor e dentro da, vida». (Fazer da Escola umabase para o povo tomar o Poder).Para a formação das novas mentalidades nas novas gerações demulheres éimportante que se estabeleça a diferença entre o comportamento corrupto e asimples irresponsabilidade ou ignorância 5ue conduzem à gravidez.CONSIDERAÇOES FINAISMuitos dos problemas sociais analisados neste documento. são consequências damentalidade velha, dos valores' sociais nascidos das relações, de exploração, tantoda sociedade feudal, como da colonial-capitalista.Eles tendem a acabar com- a materialização da Linha Políticada FRELIMO, noque diz respeito à emancipação da mulher. Assim, a mulher integrada naprodução, construtora da base material e ideológica do socialismd, permitirá oestabelecimento de novas relações sociais, onde ela não será mais vitima depreconceitos retrógrados e reaccionários e onde as*novas gerações poderãocrescer livres da, miséria material e moral'.A LUTA CONTINUA!Maputo, 21 de Novembro de 1976.RESOLUÇÕES SOBREPROBLEMAS SOCIAISN M CIDADEA Revolução tem por objectivo o fim de todas as formas de exploração eopressão. Para que a Revolução triunfe é necessário liquidar completamente aexploração e a opressão de que a Mulher é -vítima, sob as formas mais diversas.A mulher, vítima da exploração e opressão a que era submetidotodo o povomoçambicano, teve de suportar ainda a exploração e opressãoespecifica do seusexo. 'É na cidade, fortaleza da burguesia e polo da agudização da, luta de classes,que a mulher sente com mais violência essa situação de dupla exploração eopressão.Como trabalhadora é obrigada a vender a sua força de trabalhopor salários demiséria, mas também o seu próprio corpo ao explorador, enquanto émarginalizada e discriminada pelo seu próprio companheirode classe; comodoméstica é posta à margem dos'problemas essenciais da vidasocial e reduzida

à servidão do marido, ele próprio explorado e oprimpdo; finalmente, a mulher dapequena e média burguesia, assimi os valores da cultura e da moral burguesas etransforma-se num veícuto e agente da ideologia conservadora e reaccionária.

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Na cidade desagregam-se os valores da sociedade tradicional para seremsubstituídos pelos vícios, pela alienação e pela decadência características daburguesia colonial.Além disso a cidade é ainda o lugar onde a organização do povo se faz maisdeficientemente o que facilita a instalação de-todos os vícios e dificulta o estabelecimento dum plano de acção para oscombater,L LIBERA MOO Liberalismo é um comportamento irresponsável perante a sociedade, é o abusoda liberdade individual.A assimilação dos valores burgueses, introduzidos pelo colonialismo, sobretudoatravés da cidade, forneceram à mulher um padrão de vida burguês que ela passoua considerar como ideal, como objectivo a atingir.Isso leva-a a considerar que emancipação é viver segundo esse padrão, que seremancipada é ser livre como indivíduo, à margenr das normas -de condutasocial.O Liberalismo nega a importência de viver na práticaa Linha Política daFRELIMO, nega a importância da vida colectiva, para exaltaro individualismo.O Liberalismo maníifesta-se:Na Mulher Doméstica0 Irresponsabilidade perante a família, cuídados-da casae das crianças.* Utilização irresponsável do rendimento familiar, que utiliza para adquirirobjectos pessoais e supérfluos.* Exigência de dividir mecanicamente as tarefas da casacom o seu companheiro, o homem, sem que ela própria tenha outras tarefas que ojustifiquem.0 Tendência para imitar o homem em todos os seus comportamentos negativos:- Consumo de bebidas alcoólicas;- Fumo;- Promiscuidade sexual.Na mulher funcionária do Estado ou das Empresas Falta de pontualidade,interrupção do serviço por motivos fúteis ou utilizando abusivamente asresponsabilidades familiares.Falta de produtividade e indisciplina dentro do trabalho, uso do telefone econversa alheia ao serviço. Complexos de superioridade, valorização abusiva dosdiplomas, desprezo e recusa do- trabalho manual.Divulgação de informações respeitantes ao trabalho.Na mulher das Escolas (JOVENS)0 Falta de respeito entre alunos e professores, corrupção.* Radícalismo pequeno-burguês, indisciplina, desrespeitopelas estruturas.. Consumo de drogas..beralismo no seio da própria OM.M.* Negligência das tarefas da Organização e utilização defacilidades inerentes ao cargo para resolução de problemaspessoais.

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0 Divulqação de informações confidenciais e de problemas doPartido, fora dasestruturas.RECOMENDAÇõESA i1 Conferência, recomenda:- Formação de responsáveis através de Cursos Políticos com os seguintes temas:1. Os valores da nova sociedade;2. O verdadeiro sentido da emancipação;3. Definição do .inimigo, métodos de actuação do inimigo-Organização de Seminários Provinciais e Distritais para um estudo colectivo decomo implementar o- resultados da 11 Conferência baseando-os na experiência deCabo Delgado, após a 1 Conferência.II. ADULTÉRIOO Adultério é, em muitos casos, f'ma das manifestações do Liberalismo. Porém assuas causas mais directas são:1-Incompatibilidade entre marido e mulher;Casamentos prematuros, forçados e herdados (a diferença deidades leva A nãosptisfeção no casamento);Casamentos na base de interesses sócio-económicos;- Comportamento do homem ou da mulher após o casamanto (por exemplo, ovicio do alcoolismo);-,Separações prolongadas;-Concepção tradicional de que ,o casal não pode ter relaçõessexuais cinco mesese até dois anos, depois donascimento de cada filho.Muitas vezes a passividade da mulher perante o adultçrio praticado pelo maridocontribui para que surjam mais casos de adultério. Essa passividade tem por basea educação tradicional e a falta de autoridade da mulher no seio da família, ondeela prefere tudo aceitar com receio de ser abandonada.FORMAS DE COMBATEO adultério é consequência de casamentos feitos sem base militante, sam amor esem qualquer preparação, pelo que:- A O.M.M. deve organizar semiriários para discussão'eanálise de um novo conceito de amor à luz da orientação da Linha Política daFRELIMO, em coordenação com a Juventude Moçambicana e o Ministério daEducaçãoe Cultura;- A O.M.M. deve organizar programas de preparação dejovens de ambos.os sexos para o casamento.lL PROSTIT IÇÃO,A. prostituição define-se como sendo uma forma de ganhar a Vida através docomércio do Seu próprio corpo. Aparece por um lado pela atracção da vidafácil.da cidade, e por outro, por necessidade devido à deportação dos maridos paraas plantações, chibalo, prisões e ainda peta necessidade derestituir o dinheiro dolobolo, em caso. de divórcio.FORMAS DE COMBATEa) Participação das estruturas da O.M.M. para promover a

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reeducação de prostitutas em coordenação com as estruturasdos Grupos'Dinamizadores, F.P.L.M. e C.PM.b) Intensificação da organização de centros -de reeducaçãode homens e mulheres,revisão dos métod0e de «TEMPO» n.- 323 - pág. 33

~~-~---~r-trabalho desses centros, onde devem ser criados programas de:1. Formação política;2. Alfabetização a escolarização;3. Formação profissional:4. Actividades culturais, desportivas e recreativas.c) Formação de quadros da O.M.M. para desenvolveramtrabalho político no centro de reeducação.O tqmpo de reeducação deverá ser estabelecido pelas estruturas competentes.Depois de reeducadas, devem ser controladas e deverá dar-secontinuidade aotrabalho político. A reintegração na sociedade deverá ser feita através das aldeiascomunais a outros lugares, de trabalho onde exista um tipo devida organizadasegundo os princípios da FRELIMO.IV. DIVoRCIOO divórcio constitui um problema socidl, na medida em que, dissolvendo-se afamília, a mulher ou o homem e os filhos ficam sem possibilidade de subsistência,sem apoio moral, 9ducacional efectivo o que origina por sua vez, instabilidadesocial.O divórcio está muitas vezes na origem da prostituição e de criminalidade juvenil.A nível das cidades as causas mais frequentes do divórciosão:- Adultério;- Ambição de melhor vida material e social por parte dohomem e da mulher;-Falta de diálogo entre marido e mulher devido à diferença ideológica;-Separações prolongadas;- Alcoolismo;- Esterilidade de qualquer dos cónjuges;,- Casamentos permàturos a forçados ou polígamos.FORMAS DE COMBATEa) A O.M.M. juntamente com a Juventude Moçambicanae Grupos Dinamizadores,~ devem coniciencializar homens e mulheres esobretudo as novas gerações, para a importncia da família como célula básica dasociedade. Devem ainda alertar para a instabilidade socialprovocada pelodivórcio e sobretudo para o problemaligado às crianças;b) Dentro da ofensiva, no campo da Educação e da Informação, as estruturasdevem difundir textos relativos aodivórcio;c) Deve-se aconselhar o diálogo entra o casal;d) Dado que são frqu~ta os casos de homens que têm

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esposas não registadas e que iontraiem matrimónio com outramulher, asestruturas competentes, antes de autorizarem o casamento,devem obterinformações dasestruturas políticas da localidade de origem.A I1 Conferência recomenda à O.M.M., em colaboração com as estruturascompetentes, o estudo para a elaboração de uma nova leida Família queresponsabilize os pais pela criação e educação dos seus filhos. No entanto a IIConferência considera que o divórcio é direito de todo o cidadão, desde que hajamotivos justificados, que serão considerados na Lei da Família.V. ALCOOLISMO0 alcoolismo é uma consequência do colonialismo, que o utilizou como meio dedesviar a consciência dos moçambicanos sobre a sua situaçãode explorados eoprimidos, mas são de considerar:Casas directas-Falta de ocupação, desemprego, ou subemprego;-Gostqs decadentes, imitação dos costumes da burguesiacolonial, que se manifestou em reuniões com o objectivo exclusivo de consumirbebidas alcoólicas.CONSEQUINCIASO alcoolismo é uma das causas da desagregação familiar.O alcoólico não produz no seu local de trabalho, e pelas suas atitudes, fomentadistúrbios e confusão onde quer que se encontre. Torna-se num agente potencialdo inimigo.Ao nível da família, pode ser o causador da instabilidade familiar com umainfluência nefasta sobre as crianças.Por outro lado, as crianças geradas por um alcoólico têm probabilidades de serdébeis mentais.Por todos estes motivos um alcoólico é um indivíduo prejudicial à sociedade.FORMAS DE COMBATEA O.M.M. deve, em coordenação com os Gl,ýpos Dinamizadores,F.P.L.M. eC.P.M. consciencializar as populações dos efeitos do alcoolismo, invocando asconsequências nefastas citadas.A- O.M.M. deve promover a organização dos fabricantes de bebidas alcoólicasem cooperativas com outros tipos, de actividade, como seja:cooperativas debebidas não fermentadas; reconversão de fabricantes de bebidas alcoólicas emcooperativas de lavandeiras, etc..RECOMENDAÇOESA II Conferência recomendo:a) A Secção de Informação da O.M.M.. em colaboraçãocom os Ministérios da Informação.e da Saúde, a criação e difusão de programasde educação anti-alcoolismo;b) Que os Grupos Dinamizadores detectem os bêbadoscrónicos, que deverão ser enviados ás estruturas da Saúde, onde se procederá ásua recuperação atravésde métodos clínicos;

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c) Que o O.M.M., juntamente com o Ministério da Indústria e Comércio, estude apossibilidade do estabelecimento de um horário de venda e consumo de bebidasalcoólicas.

VL ANALICE DO PROBLEMA DAS CRIANÇASABANDONADASO 'problema das crianças abandonadas é resultado da instabilidade económica esocial que afecta muitas famílias. Estas, por falta de meiosmateriais, originadapor desemprego, separação dos pais, alcoolismo,, prostituiçã0 ou por simples faltade responsabilidade para com os filhos, criam condições para que haja criançasvadias, que não frequentam a escola, não vão a casa durante todo o dia, por vezesnão têm mesmo um lar onde dormir.Encontramos estas crianças à porta dos quartéis e dos hotéisa'pedir comida,dedicando-se a roubos, sendo muitas delas exploradas por adultos que as utilizamcomo lavadores de automóveis, vendedores de lotaria, de amendoim ou doces.Há ainda crianças que foram presas pelo exército colonial durante a luta delibertação nacional e hoje vadiam pelas cidades.Todas estas crianças se não forem enquadradas num modo de vida organizadacolectivamente, de modo a poderem ser educadas, estudar e produzir, serãofuturos contra-revolucionários.Tendo em conta que as crianças são a nossa preocupação fundamental, porquedelas depende o futuro da Revolução, a II Conferência propõe:1. Actuação conjunta da OMM, do CPM e DNAS (Direcção NacionaldeAssuntos Sociais) para recolha destas crianças, investigação da sua proveniência emodo de vida anterior, a fim de se detectar as que têm família,quem serãoentregues. Dar como tarefa aos Grupos Di-namizadores do local de residência desses familiares,controlar a vida e educação dessas crianças;2. Integração das crianças sem família em centros existentes ou 'a organizar, emcoordenação com a DNAS.Esses centros deverão ter um programa político e de actividades culturais,desportivas e recreativas, produção. alfabetização, escolarização e formaçãoprofissional dos mais velhos. A O.M.M. deve participar comoeducadora, noscentros de crianças abandonadas,ViM. DESEMPREGOA vitória da FRELIMO sobre o colonialismo, conduziu à inevitável e necessáriacrise da economia capitalista, que teve como consequência oaumento dodesemprego.. Este constitui hoje um dos problemas sociais mais graves nascidades, e está na origem de muitos outros que afectam directamente a mulher.A I1 Conferência pensa que a tomada de consciência por parte das mulheres daimportância e gravidade deste problema no contexto geral dos problemas s,)ciais,é um factor de sensibilização para a materialização da palavra de ordem deintensificar a formação de Aldeias Comunais e Cooperativas_onde haveráemprego para todos.CONSIDERAÇÕES, FINAIS:

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Além destes problemas que enumerámos, sabemos que muitos outros afectam avida da mulher, que até aqui tem tido que suportar sozinha a responsabilidade daadministração da casa em todos os seus aspectos.É a mulher a mais afectada pelos problemas de abastecimento,pela falta degéneros, pela lentidão ou insuficiência dos serviços hospitalares.A 1 Conferência pensa que a mulher, organizada a partir de agora, nos locais detrabalho e de residência, deverá ser mais activa no sentido de dinamizar e servigilante em relação.às estruturas que nos servem, contribuindo construtivamentepara o seu bom funcionamento.Por outro lado, a solução de muitos problemas relativos á economia doméstica,podem ser resolvidoê de modo mais eficiente através da sua colectivização noâmbito dos Bairros Comunais.Para ajudar a solucionar o problema do abastecimento de artigos de primeiranecessidade, a II Conferência recomenda:- Que o Ministério de Indústria e Comércio estude um horário para os mercados,Lojas do Povo, e outros estabelecimentos comerciais, que não coincida com oshorários de trabalho.A análise dos complexos problemas da cidade,, outrora baluarte do inimigo, levaa II Conferência a constatar que as estruturas da FRELIMO conhecem ainda umafraca implantação na cidade.Com a nacionalização dos prédios de rendimento, o povo passapara a cidade masnão encontra estruturas da FRELIMO que o enquadrem, o que conduz à suadesmobilização e à perda consequente do sentido revolucionário dasnacionalizações. .-,Assim, a Ii Conferência recomenda:- Que a O.M.M., em colaboração com outras estruturas,dinamize a implementação da FRELIMO, em todos osBairros.A LUTA CONTINUA.Maputo, 17 de Novembro de 1976.

A CORGANIZACÃO os TE O0"11 CONGRESSO DA- ..-""..' ~ ...-..........Com o desenvolvimento da campanha de organiza dos trbalhadores vaxi-se perspectivando melhor aos olhos de todos os trabalhadores aelaenvolvidos a imuiortância fundamental e decisiva da implementação dasestruturas organizacionais de base no seio da classe operária. Os trabalhadoresvão entendendo melhor como essa batalha é determinante no processo de luta declasses, e na materialza e no sucesso das decisões a serem tomadas no ICongresso da FRELIMO.1. O primeiro objectivo da organização dos trabalhadores é naturalmente aelevação do nível de análise e compreensão dos trabalhadores à dimensão daconsciêncip de classe. TEMPO» ..' 323 - pág, 36

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Só com a elevação da consci,cia de classe a nivel de todos os operários. estes seconst o em classe capaz de impor e sua, ideolOgia-a ideologiado proletariado-assumir o seu papel his-tôrico dirigente. conceber, desencadear e dirigir o processo de transformação detoda a sociedade.Adquirir a consciáncia de classe significa compreender o processo de exploraçãocapitalista, como surge a exploração capitalista, como se processa, qual o papel dopatrão no processo de exploração, qual o papel do operário, assaladado. como osoperários produzem lucres para o patrão, como o patrão organiza a unidade deprodução para poder explorar o trabalho dos operários, fazer do seu trabalho umamina, como a sua unidade de produção se enquadra em-todo o processo -deprodução e exploração.[RELtI

ADORES..,.'.~.~ .*... .-.-..--.~..i* .,,.. * ,.'~. ~ »-4.*~~444"e* ~ ,4'4$,.............................como o aparelho de estado burguês apoia a exploração, como exerce o seu podermantendo os operários de mãos amarradas, como o patrão está ligado a esseestado burguês, montado para o servir e reprimir as classes trabalhadoras.Signific" compreender como toda a sociedade onde se inseremas diversasunidades de produção está dividida em exploradores e explorados, em que osexploradores são uma minoria, os explorados a grande maioria do Povo.Compreender e definir correctamente quem são os exploradores ,e quem são osexplorados que, com os interesses dos operários se identificam, e com quem osoperários podem. contar para a grande batalha de romper e destruir o sistema deexploração.Significa compreender como as classes trabalhadoras moçambicanas estão ligadasàs classes trabalhadoras de todo o mundo, que como elas e com elas lutam peladestruição da sociedade de exploração. Como destruir esse sistema e edificar apartir daí uma nova sociedade liwe da opressão e da exploração.No nosso caso particular significa compreender "dmo apesarde expulsos ospatrões colonialistas, os operários continuam sujeitos aomesmo processo deexploração. Quem pretende manter esse processo e nele substituir os colonialistasna condição de exploradores. Como os interesses de classe desses aspirantes anovos exploradores se sobrpõem aos de burguesia colonial expulsa.Como a organização da classe trabalhadora - guiada e orientada pelo seu P a r t i do de ideologia proletária e o apoio firme do novo Estado de operários ecamponeses destruirá o sistema de exploração e porá fim a todas as tentativas de omanter ou restabelecer. Como os ambiciosos e novos exploradores tentam alienara justa luta dos trabalhadores, infiltrando-se no aparelhode Estado de modo a, dedentro, travar e desvirtuar o necessário apoio dessas estru-turas à luta dos trabalhadores. Usá-las como meio de dificultar e impedir esseapoio.

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Como ao actuar assim esses elementos se ligam à burguesia mundial e aoimperialismo, tornando-se seus lacaios potenciais, campopara sua infiltração eactuação. A necessidade de neutralizá-"-los, reconvertê-los ou expusá-los.Significa compreender o papel importante e decisivo do aumento de produção ede produtividade na construção da base material para a edificação da novasociedade, da sociedade socialista, livra da exploração dohomem pelo homem,livre da dependência do imperialismo. Porque sendo as classes trabalhadorasquem está mais interessado na construção do socialismo. a elas compete lutar poresse aumento. E que, elas são efectivamente quem tem condições para o fazer, eo podem fazer.Significa compreender a importãncia de defender e exigir melhores condições detrabalho e de segurança para as classes produtoras nos seus locais de trabalho.Significa compr?ender, a divisão de toda a humaaidad em sociedades comexplorados e exploradores, e sociedades livres de exploração- as áreas libertadasda humanidade. Significa compreender o papel das classes trabalhadoras noalargamento dessas áreas libertadas, isolamento e destruição das sociedades deexplorados e exploradores.E que a melhor contribuição para isso, a nivl de cada nação, é aconsolidaçãopelas classes trabalhadores das transformações alcançadas, para diminuir o campode actuação do imperialismo e servir de rectaguarda segura dos povos em luta, emparticular aos povos vizinhos, como o Povo do Zimbabwe e o Povo de Africa doSul, no nosso caso.Significa compreender, e assumir, em última análise, que séum longo e árduoprocesso de luta de classes, em que a classe operária terá um papel preponde-rentee dirigente, poderá pôr fim à exploração e à opressão, poderá impedir aburguesia reminiscente ou crescente, de tentar reconquistar o'Poder que pela forçalhe foi usurpado, a fIm de perpetuar a- exploração das classes trabalhadoras. Queta bem». por sua vontade, a burguesiq nunca desistirá da sua vocação e ambiçãoexploradora. Que cada vez que as classes trabalhadores uescurarem ouabrandarem a sua vigilância revolucionária, a burguesia irá golpeáLas.2. Outro objectivo fundamental da cempanha é o «controlo operário».Debruçamo-nos sobre esse aspecto no trabalho da edição anterior.Dizia-se o controlo operário é uma guerra prolongada.Só quando ,os trabalhadores conseguirem a transformaçâo das relações sociais-de- produção d6ntro da empresa-um processo longo e moroso,uma violentaconfrontação e luta entre as velhas estruturas e os velhos métodos de gestãocapitalistas, e as novas estruturas e os novos métodos de gestão colectiva,democrática e popular- se poderá exercer efectivamente o controlo operário.Só quando forem abolidas as diferenças entre o trabalho de direcção eplanificação e o trabalho de execução, substancialmente reduzidas as diferençasentre os técnicos e os trabalhadores executantes, quando a admissão, promoção edemissão de trabalhadores for prática de decisão colectiva, haverá condições paraa modificação das relações sociais de produção - os trabalhadores poderãocontrolar integralmente os meios de produção. colocá-los como ao produto do seu

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trabalho ao serviço dos, interesses da classe trabalhadora, de que são parteintegrante.Só controlando os trabalhadores, os meios de produção, o' processo de produção,o produto do seu trabalho, haverá novas relações sociais de produção.3. Ainda no âmbito dos objectivos fundamentais imediatos foi definida comotarefa central da classe operária organizada o aumento de produção e o aumentode produtividade. A atribuição /da responsabilidade da criação da- base materialpara a independência económica e para a edif'cação do socialismo ás classestrabalhadores, e em especial é classe operária, não é mais unia palavra-de-ordemmobilizadora ou de agitação. ÉI um apelo directo, a respostaa uma necessidadeobjectiva, uma verdade científica.Por um lado, a indústria é o principal meio de criar riqueza. taumentando emelhorando a produção nas nossas fábrics que podemos obter mais e melhoresprodutos para o nosso Povo, e para vendermos no exterior, obtendo em troca«TEMPO» n.0 323 - pág. 37

dinheiro pma adquirirmos outros produ- para além do aumentode produção e detos que necessitamos para o desenvol- produtividade, a planificação. Só épossivimento e não temos ainda condições vai a planificaçãocom a normalizaçãoda de produzir (como máquinas para novas produção e o estabelecimento dematas. indústrias, para nas nossas fábricas con- Por isso essa é também una dastarefas seguirmos obter mais elevados graus de imediatas dos CPUP.transformação que valorizem ainda mais A perfeita divisão do trabalho é umra anossa produção, para explorarmos m- das características daeconomiacapitacursos naturais não explorados, para com- lista, porque uma das formas deobter prarmos tractores e outra maquinaria quenos permita aumentar a produção agri- mais lucros. É relativamente fácil apiacola, etc.). nificação a parti de uma emprea caPi-A instituição das estruturas organizativas dos trabalhadores, e as lhe sãoatribuidas, abrem o caminho para o controlo operário, e transformação dqsrelações sociais de produçãoPor outro-sendo a indústria factor dinamizador da nossa economia e do nossodesenvolvimento, o crescimento de todbs os restantes sectores - em especial aagricultura, de que vive a grande maioria do nosso Povo, e é por issonecessariamente a base do nosso desenvolvimento - depende essencialmente dodesenvolvimento da nossa indústria.Na elevação da produção e da produtividade há algumas questões importantes aconsiderar.Primeiro - as mtas. A edificação de uma economia socialista exige à partida,talista funcionando bem. No entanto, nem isso herdamos capaz. o Com a fugadesordenada de técnicos, a paralízação de fábricas, a promoção de operários alugares de chefia com prejuízo dos lugares produtivos, a substituição dos técnicose dos operários promovidos por ajudantes tecnicamente maisinsuficientes, adeterioração de maquinaria, o desequilíbrio na obtençâo das matérias-primasnecessárias à laboração em cada uma das secções das fábricas, hábitos deindisciplina generalizados, e outros factores, provocaram a destabiliza-

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lo e a desarmonização do processo proutivo de muitas empresas. Por exemplo.Um produto para ficar cabado passa numa fábrica pelas scões «a», <l»e «c», Emcada uma ds;as s"ecões se fabrica e monta um comonente do produto. Com adiminuição iaprodutividade de uma das secções, e mbora mantendo-se normal aprodução las restantes, há de imediato uma quebra de harmonia no processoprodutivo. Retomando o exemplo -se nas sec;õs a», «b» e «c» seproduziam 20componentes por dia, obtinham-se 20 produtos acabados por dia. Se «b»porqualquer dos motivos apontados ou outros- diminui a sua produção para 15componentes por dia, nem que «a» e <c» continuem a produzir 20componentes,só será possível obter ao fim do dia 15 produtos acabados.E, ao constatar isso em vez de ter havido a preocupação de normalizar a secção«b», as secções «a» e «c» resolveram na maioria das empresas oproblemabaixando também a sua produtividade e a sua produção para 15 ...Como corrigir então a situação de «b»?Em primeiro lugar, naturalmente, descobrindo a origem da baixa doprodutividade. Se foi por fuga de um técnico, arranjar ou preparar um trabalhadorque o substitua, Se foi por avaria na-maquinaria procurar consertá-la. Se é porbaixa qualidade das matérias-primas, estudar a causa, melhorá-las, diversificar aorigem. se necessário. Se é por questão de indisciplina, descobrir a causa daindisciplina ...Ainda no âmbito das metas, um piano mais ambicioso, para depois de obtida anormalização.Especialmente (mas não só) para as empresas que fabricam produtos que nos sãoessenciais mas não em quantidade que satisfaçam as nossas necessidades. Amaioria delas labora oito horas por dia. O resto do dia as máquinas estão paradas.Com mais dois turnos de oito horas, a produção triplicaria. (Isto, para além decriar três vezes mais postos de trabalho).Para além da questão das metas, segunda questão importante para o aumento daprodução e da produtividade é a elevação do nível geral de conhecimentostécnicos, científicos e profissionais dos trabalhadores.É uma necessidade que os trabalhadores têm que interiorizare lutar por conseguir.Adquirir o espírito de aceitar aprender. defendi-lo como umdireito, fundamental.O mito da nossa incapacidade, de querer que os trabalhadoresse convencessem denão s7 capazes de aprender,«TEMPO» r., 323 - pâg. 38-7

foi, sempre unia das mais estudadas manobras do capitalismo.Uma terceira questão importante em relação à produtividadeé o cuidado a ter namanutenção (limpeza, lubrificação, revisão) das máquinasque são os nossosinstrumentos de produção.Na campanha de organização dos trabalhadores essa responsabilidde é atribuida no só ao chefe de secção ou ao trabalhador que trabalha com determinada máquinamas a todos e cada um dos trabalhadores da secção. É uma medidaimportante,cuja explicação é por demais evidente para não necessitar comentários. Cabe aoCPS levá-la à prática e vigiar para que seja cumprida.

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Para isso é naturalmente necessário que antes cada um dos trabalhadores dasecção conheça a máquina, como limpá-la e como lubrificá-la.Ainda na questão de produção. é im-portante que tenhamos presente um aspecto para o qual chamamos também aatenção no trabalho da edição anterior à medida que os trabalhadores seorganizam, à medida que vão conseguindo impor a sua participação na *direcçãoda empresa, à medida que o seu controlo se vá efectivando, vãosendo cada vezmais os trabalhadores os únicos preocupados e interessadosno aumento daprodução, no. progresso da empresa. A natureza exploradorados patrões nunca osdeixará aceitar ver a sua mina de ouro condenada, o produto dotrabalho dostrabalhadores passar a beneficiá-los directamente e ás classes trabalhadoras.Se eles aceitassem, não eram expioradores. Não vão aceitar e, nem que por faltede campo não pratiquem sabotagem, vão-se desinteressar e não vão tomarIniciativas para melhorar o que quer que seja. Se não forem ostrabalhadoresIA elevação do nível técnico, científico e profissional dostrabalhadores é condi.ção necessária para o seu controlo electivo dos instrumentos de produção, epara destruir o fosso que os separa dos técnicos e a eles qs subjugaa estudar, a lutar por isso as empresas irão estagnar, as metas actuais nunca irãoser superadas.Neste âmbito convém no entanto, salientar uma vez mais também que isso nãosignifica que a estrutura organizacional dos trabalhadores irá substituir oudispensar a estrutura administrativa. Isto nunca poderá acontecer.A concretização do controlo operário e o estabelecimento denovas formas degestão. irão certamente solicitar a transformação a médio prazo da estruturaadministrativa, mas a existência de uma estrutura administrativa nunca poderá, viro ser dispensada, e nunca será a estrutura organizacional d os trabalhadores, sobrisco de desvirtuamento e alienação dos seus objectivos.4. Essas são as questões centrais na batalha de organização dos trabalhadoresagora desencadeadaMas, não podemos analísá-la só assim. quase em abstracto, desligada do -contextohistórico onde se insere. Da fase histórica em que acontece.A fase histórica que acontece é, como sabemos, as vésperas doIII Congresso daFRELIMO.O III Congresso da FRELIMO irá estabelecer o processo correcto de extensão doPoder Democrático Popular, a nível de todo o país e de todos ossectores da nossavida e da nossa sociedade,- como caminho para a edificação dabase material eideológicã para a construção do socialismo. O III Congressoirá, decidir atransformação da Frente de Libertação - embora de direcção revolucionária, umafrente patriótica ampla - num Partido de trabalhadores, de ideologia proletáriabem vincada, que dirigirá o processo de luta de classes (agudizando ao máximonesta fase decisiva) imporá a ditadura das classes trabalhadoras e a ideologia doproletariado a todos os sectores da sociedade.«TEMPO» n.- 323- pIg. 39

Cabe à aliança operário-camponesa, a classe trabalhadora,assegurar a basematerial e ideológica para a edificação do socialismo, enquanto a classe mais

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interessada na destruição da sociedade de explorados e exploradores. Para isso. aorganização da classe trabalhadora e o aumento da produção ede produtividadesão passos necessários e segurosSó neste simples enquadramento é fácil constatar a determinante importância daorganização dos trabalhadores no processo histórico.Com as classes trabalhadoras, e em especial a classe operária, não organizadas,sem uma clara e forte consciência de classe, não será possível constituir umPartido de trabalhadores, que seja uma vanguarda revolucionária, transformadorae dirigente da nova sociedade.A organização dos trabalhadores serápois, também, quer uma escola, quer um viveiro .de, quadros da Revolução. Porisso para a constituição dos seus órgãos de base-os conselhos de produçãoseexigem os trabalhadores militantesmais conscientes e mais dedicados.Os derrotistas e reaccionários dirão.para nos desmobilizar- como tu vais ser alguma vez capaz de dirigir a Revolução!Tu ...Com a experiência adquirida na prática provamos-lhes o contrário. Sem mesmonécessitar recuar ao tempo da LutaArmada de Lbertação NacionalApesar de todas as infiltrações, apesar «TEMPO» n.o 323- p6g. 40de todas as suas insuficiências e erros., os Grupos Dinamizadores foram umaescola de quadros. Neles se forjaram centenas de trabalhadores, hojeperfeitamente conscientes da Linha Política da FRELIMO, dasua posição declasse, sensívais a qualquer agressão à Linha ou manobra inimiga, condutores dostrabalhadores da sua unidade de produção.Os elementos que integram as equipes de implementação e dinamização dosconselhos de produção, na presente campanha -são trabalhadores como quaisqueroutros. Foram requisitados dois meses antes das suas empresas, tiveram umapreparação e, hoje, são quadros da fase actual.A única escola de quadros é, como foi sempre, a luta. E, nas unidades deprodução as condições de luta são particularmente favoráveis com a organizaçãodos trabalhadores.Isto especialmente no que respeita à edificação da base ideológica para acónstrução do socialismo.No que respeita à edificação da base material.A ofensiva de aumento da produção e da produtividade a nível das unidades deprodução industrial não é uma ofensiva. isolada. Integra-se na grande ofensivapolítica e organizacional generalizada a todas as frentes,palavra-de.ordem saídada 8, sessão do Comité Central da FRELIMO, para a fase de preparação do< IIICongresso.Só a implementação dessa palavra-de-ordem permitirá também responder àsdecisões do Il Congresso.A construção do socialismo não é um processo idealista. Dizermos - v a m o sconstruir o socialismo -e continuarmos com uma atitude passiva, com a rotina de

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produzirmos o suficiente Pare comermos ou receber ao fim do mês o salário,nunca nos levará à transformação da sociedade em que vivemos.A construção do socialismo é um processo científico, Cada etapa écientificamente planificada a partir da realidade objectiva que vivemos, A situao éesta ... o objectivo a atingir é este ... os nossos meios são estes ... vamos atin. giros nossos objectivos fazendo isto.

aquilo, até ao próximo ano, para o ano seguinteDepois de definido o caminho para cada fase, as metas estabelecidas para essafase "tem que ser obtidas, sob o risco de se não o fizermos comprometermos aobtenção dos objectivos fihais,É tarefa do lll Congresso estabelecer esses objectivos e- asmetas para cada etapa.-Particularmente no que respeita às aldeias comunais e à produção industrial-enquanto sectores base do nosso desenvolvimento -essas matas tem que seratingidas.Só a afiança operário-camponesa o poderá conseguir. Porqueao conseguilorealiza os seus próprios interessas, consegui-lo-á.5. Uma outra consaquéncia imediata da entrada em funcionamento das estruturasorganizacionais dos trabalhadores, ainda no âmbito da agudização da luta declasses, do processo de ruptura e transformação da velha sociedade na sociedadenova, vai ser o abalo de todas as restantes estruturas.N a s estruturas administrativas - pri-meiro, deixa de haver campo para quaisquer manobras de sabotagem, corrupçãode trabalhadores. Segundo-as administrações vão passar a ter que administrarefectiva e correctmente as empresas. Por último- vão ser encontradas na práticaformas correctas de gestão e actuação para essas estruturas.As estruturas políticas de base, os Grupos Dinamizadores-até aqui tendo queassumir o papel de difusores da Linha, organismos sindicais, até adminis trativos -vão passar progressiVamente a ter um papel cada vez mais essencialmentepolítico. Para isso vão ter que aprofundar cada vez mais os seus conhecimentospolíticos, adquirir c a d a vez maior clareza política e ideológica.O seu papel será o fornecimento das armas teóricas e síntese correcta das experiências, para a condução correcta da luta dos trabalhadores.A medida que, pela tomada de çonsciência de classe e fortalecimento da suaorganização, os trabalhadores forem encontrando as vias justas para o exercício dasua ditadura de classe, todos os restantes elementos imbuídos de ideologiaburguesa infiltrados se irão revelar e «saltarão», E estarão sendo criadas ascondições para o estabelecimento de «Comités de Partido».Ser de uma estrutura política passa cada vez mais a ser como receber «uma fardae uma arma». E, combater, quando a luta endurece, não é com os infiltrados..A nível do aparelho de Estado, o abalo será grande também.,Não vai por exemplo ser fácil aos burocratas explicar directamente às estruturasdos trabalhadores porque determinadas matérIas-primas, cuja falta obriga suasfábricas a parar, ficam dois, três meses retidas no cais devido à dança dos papéis...

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Suborno. «comissões», cunhas, burocratismo, métodos incorrectos e complicadosde trabalho, os operários não vão aceitar, porque não os servem.A medida que os trabalhadores vão rompendo as palas impostaspelo capitalismoe que limitam a sua visão aos problemas do seu posto de trabalho (quando muitoda sua secção), e vão con:iecehdo e compreendendo os problemas a nivel da suaunidade de produção, os contextos mais 'gerais onde ela 'e insere. vão tomando opeso real das verdadeiras dificuldades, vão-se sentindo capazes de avali*r dajusteza ou não justeza do funcionamento dos divemos serviços e repartições. E, apartir dai vão exigir o que lhes parece razoável e sensato.Para além de abalar isso participaránaturalmente a adopção de métodos correctos, limitará a resistência passiva átransformação assumida por muitos funcionários recalcitrantes, mais interessadosem "constituir-se e consolidar-se como camada privilegiada do que na ditadura doproletariado.6. Um último ponto a abordar neste apontamento é a questão da disciplina dostrabalhadores.Para além dos prejuízos na produtividade e na produção que isso provoca, o quetorna esta uma questão fundamental, é um ponto fraco, um ponto vulnerável, queenfraquece os trabalhadores.E os patrões não perdoam pontos fracos. É ai nos pontos fracosque vão atacar. E,já o ensaiaram.Apoiando-se no facto (real) de haver muita indisciplina nassuas empresas,tentaram e vão -tentar resumir os conselhos de produção a «polícias dostrabalhadores».Isso, para além de provocar contradições e divisão no seio dos trabalhadores,concentra toda a sua atenção nesse ponto, desviando-os das questõesfundamentais. (E, não resolve sequer o problema da Iitdisciplina).Por isso, não só os conselhos de produção, mas todos os trabalhadores se devemtornar «polícia» de si mesmo e dós companheirosHá - temo-lo divulgado - exemplos de muitas empresas em que depois de umdebate colectivo dos trabalhadores, e até como resposta imediata à mobilização dodiscurso do Camarada Presi<lente, superaram de um dia para ooutro essaquestão. Taparam essa brecha. Fecharam esse porta à actuação do ínimigo.O seu exemplo tem que ser generalizado a nível de todas à unidades de produç o,Atrasos, faltas injustificadas, bebedeir nas horas de trabalho, roubos, batota têmque acabar. Não é também aí que vamos deixar o Inimigo montar asuaemboscada. /«TEMPO» n.- 323 - p6g. 4f

FARG DE DISCOS «TEA_eUAA áC[RD EPO0 Seet i icsfbiao esletCoaorçoe pi da Rádi Moam icimbsspr m dcço«E MPO,> n., 323 - P69- 42

A relação que existe entre a música e o disco é'a mesma que existe entre aliteratura e o livro. A relação fábrica de discos-disco é a mesmo entre tipografia-

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livro. A única diferença entre estas relações é apenas uma diferença de dimensão,de amplitude, de alcance. Um disco atinge muito mais pessoasque um livro,reproduz-se muito mais na sua mensagem do oue o livro. Um e outro são veículosmateriais de cultura, de comunicação. Mas o disco unifica mais: se é difícilencontrar multidões com a mesma opinião sobre um mesmo livro,independentemente da classe ou grau de cultura, um disco quebra certas barreirasde conhecimentos e classe e pode mobilizar multidões unânimes na suaadmiração.De que discos falamos? Falamos de discos gravados com músicapopular ou deinspiração popular. De que livros falamos? Não especificamos. Dos livros dedivulgação científica aos li v r o s' de namora-e-casamento,,nenhum consegue tera expansão e a penetração pública de uma boa música popular, música do povo ousaída do povo. Este é o grande segredo ontido to veículo material da música que éo disco.Este é o produto fabricado nela «Teal», empresasituada na zona industrial da Machava, nos arredoresA grande maioria dos discos que nós produzimos, diz-nos Gomes Leitãoproprietário da «Fábrica de Discos Teal>, perto de 80 O/o é demúsica africana. Jáconseguimos estabelecer com as empresas gravadoras contactos de fornecimentode matrizes em países como a Zâmbia, Tanzania, Uganda, Burundi, África do Sul,Conco, Zaire. Por meio de intermediários, temos contactos idênticos para músicada Namíbia e mesmo do Zimbabwe. De quase todos os países do sulda Áfricatemos possibilidades de editar discos.Frequentemente os discos gravados nestes países são de feição popular mas dogénero comercial. Por isso o nosso entrevistado diz que «alguma dessa músicanão será aquela que mais interesse teria. Mas tivemos que começar por algumlado».As empresas que gravam discos em África não são centros de difusãc cultural.São antes estabelecimentos comerciais de grandes dimensões que, de entre aquiloque editam, nao se preocupam em dar um conhecimento mais profundo, mesmoum simples conhecimento de origem da música gravada. Por isso, e porque hásemelhanças culturais, uma música instrumentada ou cançãopode parecer queprovém da África do Sul quando provém da Namibia, pode parecer-que provémdo Congo quando provém do Zaire. E como essas mesmas empresastêm* delegações por esses países todos ou neles fazem contactos, editam-nos sob umamesma marca. Sujeitos a esta limitação meramente comercial, as edições «Teal»reflectem-na. «Estão aí várias marcas, diz-nos Gomes Leitão, mas não. háidentificação do género, este disco é deste país, este daquele país. Temo-nosbaseado ems, em termos de representação. E às vezes há discos de um pais numa marca e domesmo pais noutra. Por isso não conseguimos específicar».LIMITAÇÕES TÉCNICASQuizemos saber qual a razão porque alguns discos aparecem«TEMPO, n.o 323 - pág. 43

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UMA FABRICA DE DISCOS IMILICA avultados investimentos. Destas duasimagens uma representa uma caldeira ligada ao fabrico (caldeira de vapôr deugua) cuja importação orça os trezentos contos. Outra representa um estúdioinacabado na Fábrica «Teal» em virtude de a sua importação implicar umdispêndio de três mil contos. Num futuro mais ou menos, longínquo seraonecessarios estúdios de gravação em MoçambiquePel grande procura existente no mercado e apesar de serem fabricados 50000 ou70000 discos mensais, a «Teal» não consegue ter «stock». No armazém estãoconstantemente, a sazr discoscom deficiências, Quem compra já notou que por várias vezes adquire um que aorodar chega a um ponto em que fica «gago». A agulha não consegue sair de umaestria.Começamos esta indústria hd seis anos. Tivemos uma série de dificuldades. Amdquina com que iniciamos o fabrico estava em Moçambique hd 14 anos.Começamos a gatinhar. Fomos andando e temos hoje máquinas suecas que«TEMPO, n. 323- p6g. 44talvez sejam das melhores que existem. Com isto não quero dizer que os nossosdiscos não têm defeitos. Têm-nos e são inerentes a uma indústria que Jd é grande,uma indústria que fabrica em série. Fazemos cerca de 50 a 70 mil discos mensais.k normal que nesses 70 mil discos que pomos no mercado alguns apareçam comdefeito. Às vezes acontece até por lapso da nossa inspecção.Mas Julgo que 98 a99 por cento estão emptimas condições. Esses dois ou um por cento são muitos mas não hd nenhumafdbr~c de discos no mundo que n~o tenha esse problema. Temos elevado o nossopadrão de qualidade ?qulo que Julgamos ser o mais alto. JM enviamos discos paraandlises e o resultado foi que eles estão dentro da, média de qualidade mundial.- Infelizmente e m Moçambique não hd estúldios de gravação emcondições.Gravamos nos es-

túdios da 1001, com muita boa vontade, exploramos ao máximo asua capacidademas a qualidade de gravação não é boa. Portanto existe esse problema de estúdiospara gravar em Moçambique. Estdi-amos a montar um estúdio próprio na nossafábrica mas não se chegou a concluir por falta de maquinaria.Parece que não éoportuno agora um investimento desse género. Seriam necessários três mil contosem divisas. Temos o estúdio construído, só que não temos maquinaria lá dentroporque seria necessário importá-la.O QUE SE GRAVAE O QUE SE COMPRAA falta de um grande desenvolvimento de discos com música nacional, os ecos docolonial-fascismo ainda condicionam o gosto musical do ouvinte moçambicano,principalmente o que reside na cidade, dé lofige o maior comprador de discos. Achamada, música internacional, música «POP», náo é um género uniforme. Comas mesmas violas eléctricas, os mesmos amplificadores e dentro de um mesmopaís capitalista, produzem-se sons diferentes, conteúdosmeramente comerciais emensagens de contestação dessa mesma soCiedade capitalista. Em Moçambique,o corte brusco desse género de música seria um erro uma vez quegrande parte da

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nossa população (e não só a citadina) foi. profundamente ,marcada por ela.Sobretudo nem tudo o que é tocado com Viola eléctrica e por um grupo de jovenscabeludos .é reaccionário como pretendem alguns. Por isso uma selecção seimpõe.No nosso mercado de disco há dois grupos de venda distintos. De um lado avenda de música africana que leva a vantagem. Do outro a chamada músicainternacional que - fenómeno curioso - regista presentemente a maior procura desempre. Após uma fase de retraimento esse mercado cresce e conjuntos como os«Rolling Stones» nunca foram tão comprados como agora. É um fenómeno que,na realidade, faz pensar.-Nós defendemos com unhas e dentes que dentro de uma determinada marcaeditemos o melhor que se tem. Seja dos Estados Unidos, Inglaterra, de qualquerpais. Editamos uma série deartistas, internacionais inclusivamente novos conjuntosque consideramos seremextremamente bons. Achamos que certo tipo de música internacional é. umaforma de intercâmbio e até uma forma de manter contacto com o mundo damúsica - afirmou-nos Gomes Leitão.Aliás, a «Teal» não consegue manter nos' seus armazéns nenhum «stock» dediscos independentemente do género apesar de, como dissemos, produzir 70 mildiscos mensais.- Em relação à exportação, já exportamos discos para Angola em quantidadespequenas mas temos cartas que solicitam a nossa presença lá.Para a Tanzaniafizemos contactos com a «Tanzania Film Company» que está ligada ao sector dediscos. Já estivemos lá, entidades dessa firma já estiveramaqui, o adido comercialda Tanzcania esteve aqui também. Temos a máquina montada para a exportaçãopara onde não haja fábrica de d i s c o s. Aguardamos que ienham apenas asordens de encomenda para começarmos a enviar discos para lá.MÚSICA POPULAR MOÇAMBICANA E CANÇÕES REVOLUCIONÁRIASSe de um lado regista-se uma grande procura, sem precedentes, de músicainternacional, (música «pop») também é verdade que o grossodas vendas vai paraa música africana. De entre essa música africana, merece atenção a músicapopular Moçambicana. Nota-se maior interesse por ela. Nesse interesse temgrande influência o trabalho de divulgação efectuado pela Rádio Moçambique.Vejamos o que nos diz o proprietário da .fábrica de discos.- Em relação à música Moçambicana fabricamos muitos discos.Estamos aentregar toda a edição a uma firma, as «Produções LM», especificamente paraedição de m ú s i c a moçambicana. Pela qualidade da música e letra registadosnestes últimos dois anos já gravamos d o i s «long-plays». Um com as canções deum único artista, o João Wate, outro com uma selecção 'de vários artistas.Referimo-nos depois à grande riqueza da recolha de música mo-Esta máquina fabrica à volta de cento e vinte discos por hora.A fábrica tem trêsmáauinas. A massa que se vê no prato de baixo é uma massa pastosa que écumprimida sobre as matrizes a uma pressão de mais de cem toneladas ganhandoo farinitoe- as estrias da mesma- matriz. £ o disco«TEMPO» n. 323 - pág. 45

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QUE MÚSICA INTERNACIONALSE GRAVA EM MOÇAMBIQUEDissémos atrás que há muitaprocura de discos de música«pop» em Moçambique relativamente aos anos anteriores. GomesLeitão disse-nos a propósito,. como ficou registado atrás,que «defendemos comunhas e dentes quedentro de uma determinada marca editemos o m e 1 h o r que setem». Realiza-se portanto,_uma selecção que procura difundir umdisco não porque ele é ou foi êxito num pais estrangeiro mas porque temqualidade. Assim o nossointerlocutor diz:-Notamos uma alteração quese revelou numa diferente procura de discos no mercado. Achoque essa alteração foi devida àforma como a Rádio interpretaagora a música, sem aquele sentido de explorar o «hit-parade» inMatrizes Ogrande segredo da fabrica- ternacional. Saía um disco nos ção de c&scos esta nasmatrizes que Estados Unidos ou na Inglaterra são, digamos assim, o papelquímico e a Rádio tocava esse disco 24 hocom que se «escreve» no disco. Pelasras por dia (se tivesse 24 horas complicadas técnicas que exige, Mo.Fabricámos um deçambique manda fazer matrizes na para o tocar). Fbido m eÁfra ado S al terminado disco aqui, que era oAI rzca do Sul disco que supunhamos que iriaçambicaha,'efectuada pela Rádio agradar, mas a divulgaçãoatravés Moçambiqueea necessidade de da Rádio não era paralela ao nosessa músicagravada em fita(pa- so trabalho. Primeiro, porque tira uso exclusivo da Rádio) ser nha saído nosEstados Unidos transformada em disco. nessa mesma semana mai um- Produzimos dois «long-plays» êxito. Segundo' porque a progracom canções detodo o pais. Uma mação era feita consoante o gosto recolha de toda armsicapopular pessoal do produtor ou da agênde Moçambique feita por briga- dia depublicidade. Agora avançadas da Rádio Moçambique, Essas mos num campobastante diferenfitas foram-nos entregues, manda- te. A Rádio não enche osouvidos mos fazer as matrizes, fabrica- do cuvinte só com música. E não mos osdiscos. Agora o Instituto existe jd aquele veículo que transNacional do Livro e doDisco jun- mitia êxitos da Inglaterra ou da tamente com a Rádio Moçambi-França sem se preocupar um pouque fazem a distribuição dos dis- cochinho comaquilo que de facto cos no mercado, existia em Moçambique.Fabricamos também outro long- No aspecto de música interna-play, com o titulo«Hinos Revolu- cional, procuramos acompanhar ciondrios deMoçambique»lança- aquilo que se passa fora de Modo na altura da Independência. É çambiquee tentamos fabricar o disco do coral das Forças Popu- aqui. É verdade que emrelação lares. a certo tipo de música, por exemExiste um planoconjunto com pio o «Jazz» não podemos fazer a Rádio Moçambique segundo ouma selecção rigorosa porque os qual vamos transformar os long- compradores demúsicao de «Jazz»

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-plays em vários discos «single» são muito poucos em Moçambia um preço,acessível, inferior ao que. Temos que cqnsiderar na dos «long-plays» de modo aespa- fábrica uma quantidade mínima lhá-los por todo o pais.Temos um detiragem (não podemos fabriplano de irmos pondo em disco car 50 discos porqueesses 50 todasç asgravações que forem sur- discos vão-nos sair a dois mil esgindona Rádio. Já temos esse es- cudos cada um). Portanto temos quema montado eestamos a fa- que ir para quantidades de um zer alguns discos, mínimo de500 discos. Portanto«TEMPO» n.o 323- p6g. 46seleccionamos os discos de acordo com essas quantidades mínimàs. Há discosmuito bons que uma ou outra pessoa procura e que não fazemos. Se têm ouvido aRddio notarão que ela tem-se voltado para aquilo que nós produzimos e não paraaquilo que o estrangeiro edita.O DISCOUm disco é um veículo material de cultura, de intercâmbio cultural, deinformação até. Não é apenas um artigo de luxo de que nos servimos nas horas derelaxamento. Desempenha o mesmo papel que o livro apelando para motivaçõesdiferentes do homem. Como o livro, há discos maus, há discos bons, há discosalienantes, há discos que libertam a sensibilidade. O público Moçambicanoprincipalmente o das cidades está numa fase de aprendizagemde novos gostosmusicais num processo orientado principalmente pela Rádio. Também não é por.acaso que é o mesmo Instituto que selecciona a actividade editorial de livros -e aactividade de gravação de discos. Repetimos que, em campos diferentes, o livro eo disco desempenham a mesma função.Moçambique tem uma grande tradição e um grande público ouvinte de discos(guardadas as características sociais do nosso pais). A maior parte dos emigrantespara a África do Sul e Suazilândia, traziam na sua bagagem um gramafone. Como advento do gira-discos e do disco plástico parou o fabrico de gramafones. Porisso hoje trazem gira-discos. Um gira-discos é relativamente tnais caro. Nestemomento em Moçambique nem existem -e quando aparecem são caros. Umamontagem local deste tipo de aparelho a preços acessIveis, se bem que não sejauma prioridade económica é um aspecto a ter na agenda. A desvantagem do discoem relação ao li-, vro é que aquele não está pronto a ser usado uma vez adquiridonuma discoteca, ao passo que quando sai da livraria, o livro está pronto a ser lido.Não depende de um instrumento reprodutor.

7 de Setembro de 1974 - Enquanto em Lusaka representantes do Go v e r n oProvisório português aceitav~àn formalmente as exigências impostas pelaFRELIMO para o acordo de ceèssarfogo e processo de transmissão de poderes dapotência colonizadora paraí os únicos e legítimos representantes do Povomoçambicano, a burguesia colonialista - perfeita, mente consciente do querepresentava para os seus interesses a conquista do Poder por uma organizaçãopopular e revolucionária - desencadeava em Maputo (então «Lourenço Marques»)uma cega e Inconsciente tentativa de travar os ventos da história.Enqtiadrando colonos noliticamente deformados e alienados pela prática doracismo, elementos chaves do comando militar e centros de decisão do exército

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colonial, «heróis» frustrados e assassinos da guerr£ colonial, pides e opvs,escroques e marginais de tod'a a espécie - como bandos de meninos ricos deideologia neo-nai, reaccionários nacionais, elementos expulsos, traidores edesertores das fileiras dos combatentes da libertação, a burguesia colonial tentaum golpe teatra -pensavam «à Smith» - tomar o Poder.ApesMr da firmeza com que são desbaratados, a sua cegueira e inconsciênciafascista leva-os a nova tentativa em 21 de Outubro.De ambas as vezes quando anIquiltda nela força essa resistência reaccionáriaquizeram os responsá, veis militares do exército colonial salvaguardar assuas.nosições e o seu envolvimento no processo, atribuindoàs suas forçasactuação espontânea, dando quando multo a cínical ideia da sua «neutralidade»(embora essa fosse já por si uma posição claramente reaccionária).E, exigiram a reserva, o segredo do seu envolvimento, porque, apesar dos seuscompromissos para com a burguesia sua patrona, da sua própria ideologia fascistae posição de classe, eram melhores conhecedores da verdadeira ]orça daFRELIMO e da sua absoluta incapacidade de prosseguir qualquer tipo deconfronto armado contra os combatentes, fletos que-jogrAndo com um nau dedois bicos-sempre procuraram ocultar.No intuito de juntar mais uma folha ao dossier comprovativo desse evidenteconluio - que envolveu o chefe de fila Spinõla aos seus mais baixos laecaios-publicamos um documento, ao que supomos inédito, por si demasiadoelucidativo.Este documento foi entregue no Comando de Batalhão, em Montkuez, no dia 4' deSetembro de 1974, e era subscrito por 14 oficiais subalternos e 100 soldadoscomandos das chamadas «companhias de comandos de Moçambique».Contrariamente ao que seria natural esperar, caso a política dos responsáveispolítico-militares fosse de honestidade, e dada a grave situação nele descrita, àentrega do importante documento não se seguiram quaisquer averiguações, tendoo seu destino sido o puro e simples «abafar» com o seu imediatoenvio para ocesto dos papéis.Desde há uns tempos para cá, existe uma inquietação crescente no Batalhão deComandos provocada por várias dúvidas que parecem tender para aumentar de diapara dia. Grande númerq de oficiais subalternos do Batalhãosentiram anecessidade de contribuir para que esta situação se resolvae pareceu-nos que amelhor maneira de o fazer, seria transmitir ao Comando as dúvidas existentes.Dado que os problemas são muitos ede vária ordem, pareceu-nos preferível tentar sistematizá-las por escrito, pelo queelaborámos a presente exposição. Considerando que a partirdo 25 de Abril asituação politica em Moçambique sofreu uma evolução que inverteu os termos emque o problema se apresentava até então, perece-nos fundamental coneçar porfaier uma análise rápida da situação actual, baseando-nos nas palawa dos nossosGovernantes e Chefes Militares.Assim, passamos a enumerar algum dos pontos ultimamente expostos sobre oproblema pelo nosso Comandante-Che-fe o pelos Ministros do Governo Portuguh:

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1.f Em Muicamela o nosso Comandan. te-Chefe e Chefe-do-Estado Maiorpuseramnos ao corrente dé gu. neste momento estava perfeitamente defenido que:a) A independáncla é um facto irreversivel;b) Que a Frelimo é reconhecida como único interlocutor válido;c) Que a intenção do Comando Chefe.6 colaborar estreitamente com a Frelimo no processo de descolonização.2. Sabemos também pela rádio e imprensa, que decorrem neste momento emLusaka as conversações fins com a Frelimo e que pelas entrevistai dadas pelosMinistros Mário Soares, Alneida Santos«TEMPO» n.- 323 - pág. 47Ui1

e Me.o Antuns à Emissora Nacional, o Governo Português já se encontra deacordo com a Frelimo nos pontos fundamentais. tudo parecendo indicar quedentro de três semanas tomará posse um Governo de coligação com participaçãomaioritária da Fralimo que preparará o acesso à independência dentro de dezmeses.Vale a pena acrescentar que a ivel local já se estabeleceram contactos com aFrelimo.Paralelamente a tudo isto, e atendendo a que o BCMDS é actualmente a únicaforça capaz 'de assegurar a Paz, ou impedi-la, em Moçambique, é com grandeínquietação que temos vindo a observar certos factos que passamos a enumerar:1.* - Ausência total de informação e esclarecimento a todos os militares doBCMDS sobre 4 evolução dos acontecimentos, ausência essa que nos parecetanto mais grave quanto se sabe que os Comandos eram a tropa mais empenhadana luta contra a Frelimo e, logicamente, terá mais necessidade de ser esclarecidaquanto à nova situação. Como exemplo deste facto apontamos aatitude tomadapor este Comando perante a divulgação dos documentos informativos enviadospelo M. F. A. de Nampula, que se reduziu a fixar um aviso de que havia materiala consultar no Gabinete de Estudos,A ineficácia deste método de divulgação provp-o o total desconhecimento sobratal matéria entre os elementos do Batalhão.S2.o As atitudes de hostilidade e negação em relação ao M. F. A. e ao movimentodo 25 de Abril ostentadas por elementos deste Comando, de queé um exemploflagrante o discurso do nosso Major Freitas, quando da sua despedida. apoiadopelas palavras proferidas pelo nosso actual Comandante. "3.- - A presença inexplicável n e s t e Batalhão dum suposto repórter italiano. quese intitula correspondente de uma reviste, que tudo leva a crer '(inclusivê as suaspróprias informações) ser um individuo apostädo em sabotartodo o processo dedescolonização e sobre o qual recaem suspeitas de tentativade aliciamento deelementos para forças reaccionárias.Não podemos ainda silenciar o mal estar provocado em todos osescalõeshierárquicos do BCMDS pela aparente passividade deste Comando perante apresença ostentatória deste elemento que, inclusiv6. usa ouniforme 'de comando eafirma possuir um documento comprovativo de ter a especialidade4<COMANDO».

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Convém notar que não é sem grande inquietação que todos os Oficiais subolternosdeste Batalhão constatam que este elemento tem tido mais possibili-do exército colonial aceitavam a vitória do Povo moÇamOzares traiam.nos umavez mais comprometendo-se e comproo inconseientes dos andatários daburguesia colonial

?1 de Outubro de 1974, Comados. assassinos frustados, que hámuito deveriam tersido evacuados de Moçambique. foram o principal instrumento da inconsequenteprovoca(ção reaccionáriadedes de acesso às informações do Comando do que eles próprios.4.*- Na altura em que a nível local se começam a estabelecer relações estreitascom a Frelimo, mais uma vez ficamos inquietos com:a) O encobrimento dos contactos existentes em Montepuez e a negação dacomparticipação dos Oficiais Subalternos em tais contactos, tendo estes sidoinformados dosmesmos pelos Oficiais do Batalhão de Caçadores.b) A ocorrência num dos aldeamentos onde na altura se efectuava conversaçõesem que elementos da 2045 e 2043 CCMDS abriram fogo contra elementos daFrelimo, atitude que nZo mereceu comentário e, informação do Comando doBCMDS.c) As palavras proferidas pelo Excelentíssimo Comandante do Batalhão deComandos, quando em Muicamela informou os Oficiais da situação no Maluco.5.*- A chegada constante de informações que nos dão conhecimento da tentativade aproveitamento de militares comandos» e «ex-comandos» como forçasreaccionárias: "a) Reuniões feitas em L M.. na «Casa das Beiras», por ex-comandos.b) Telefonemas e envio de informações do BCMDS para tais elementos.c) Tentativa de reagrupamento da ex-segunda ccmds pelo sr. Cap. Valdemar.d) Participação de elementos da Oitava Compí~i de Comandos em incidantes desabotagem e vaidali.no numa reunião de esclacimnt fei no n4de Junho em L. M. pelos democratas de Moçambique.Este ponto parece-nos extremamente grave porque estes factos podemcomprometer todo o BCMDS e assusta-nos não vermos uma atitude firme deesclarecimento por parte do Batalhão e de algumas Companhias de modo a evitarum comprometimento de todos os Moçambicanos Comandos dentro duma futuraestrutura sócio-política dum Moçambique independente.Depois de reflectirmos e parecendo que eles são a causa principal do clima deinquietação e mal estar que sob diversas formas se manifestam neste Batalhão,chegamos à conclusão que numa altura crucial como a que vivemos nestemomento, o nosso dever de militares só nos podia levar à apresentação das nossasdúvidas e aspirações ao nosso Comandante.Assim, tomando em consideração que: - a situação política deMoçambiquese encontra perfeitamente definida.- no Batalhão de Comandos existegra,ýde números de militares Moçambicanos que desejam acima de tudo, viverem paz\num Moçambique independente.

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-~que as atitudes tomadas até agorapelo Comando deste Batalhão nãotêm toda a clareza necessária.- que há forças reaccionárias que tentam aproveitar os comandos e ex-comandosem manobras que podem comprometer tragicamente nio só o futuro deMoçambique, como a integração dos militares deste Bata-Ihão, na futura sociedade Moçambicana.Sentimos a necessidade de:1.'- Receber um esclarecimento duma tomada de posição inequívoca e imediatado Comando do Batalhão, em relação à problemática Moçambicana.2.° - Pedir que nos seja dada a garantia de que todos os elementos que seopunham ao processo de doscolonízação em curso, sejam afastadosimediatamente das suas funções.3.'- Que sejam iniciadas inidiatamente reuniões de esclarecimento à todos oselementos do BCMDS, parecendo-nos que devem colaborar activamente Oficiaissubalternos e se possivel elementos do M. F. A.. Esta atitudenão é original namedida em que na Guiné foi posta em prática.4.o- Que seja postb à consideração superior a oportunidade de permanência emMoçambique de Companhias de Comandos Metropolitanas, que pelo seucomportamento nos parece comprometer seriamente o prestígio do BCMDS.5.. Que nos seja esclarecido o sentido da afirmação do Comando do Batalhão aodizer-se não aberto a qualquer hipótese de conversação com aFrelimo.6.' -Que nos seja esclarecida a orientação a dar ao 10.' cursode Comandos, queestá a decorrer, dentro da problemática política actual.e«TEMPO» no 323 - pág. 49

Na província de Manica a menos de cino quil<r tantes vIlo de fronter*%feitas pela soldadescametros da fronteira com a eolônia brltínics da Ro- de Smith, comformeexplicaremos no texto. désa encontrw o aviário da X~Pd Este Vivendobastante dependentes dos aviários rodeaviário que foi grandeimente afectado pelfecho das sismos, até à altura do encerrmemto das nossa~ fromfronteiras e pelaaplicação integral das saões previstas pe~ Nações Unidas contra o regime ilegalteias, hoje o aviário da MPipnds ~#deha para de Smith, está hoje funcionandonormlmnte, ap- o seu autoabastecimento em paitos, além de ter umasar das quebras de produção provoeadas pelas eõ~s- produçãodi" estímakia emcerea de 10 mil ovos.O aviário da MacTipanda nasceU de uma sociedade entre o Aviárid ýaula deMaputo e um capitalista inglês com aviários no Malawi. Entretanto, e com atomada de posse do Governo de Transição em 1974, o Paula, queera dono de aviários também em .M a p u t o, inicia um sistemático process desabotagem econõmica em todos os aviários que es-tavam sob seu controlo,acabando por abandonar o pais.Tal como os outros aviários, o

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da Machipanda sofreu bastante. Com efeito a sua produção, baiXousignificativamente devido ;O Paula não se preocupar com o envio de rações, coma produção de novos pintos, e mesmo com a colocação dos ovos. Foi quando«TEMPO n.o 323 - pág. 50'~1 t.11

Algumas das casas para .glinhas poedeiras. Ao fundo a vila deMachipar.(assinalado). No cimo das montanhas jd é a Rodésa. A violações à fronteiraMachipnda têm causado baixas de produção no avidrio: «bastaas galin1ficarem assustadas com o barulho e dão muito menos ovos».o governo resolveu nomear um elemento que administrasse o avário de modo agarantir que peýo menos a produção não viesse a baixar ainda mais.Deve-se no entanto salientar o facto de este aviário, como a totalidade dosaviários da província de Manica terem vivido dependentes dos aviáriosrodesianos. Esta dependência verificava-se porque a partir de 1973/74, todos, osaviários de grande produção da província de M&ica passaram apertencer àsociedade monopolista dos aviários rodesianos e sul-africanos. A Arbor Acres,assim se chama a mono-Devido ao corte de energia eléctrica provocada pelo encerramento das fronteirascom a Rodésia, a produção do aviário baixou em mais de 50 por cnto..-Uma dascausas foram os milhares de ovos perdidos nas incubadoras, eas centenas depintos que morreram por falta de aquecimento, o que não permitiu durante muitotempo sulistituir as poedeiras velhas<'TEMPO» n,- 323 - póg. 51

Pintos com duas semanas produzidos no avidrio. Daforma comoestamos atrabalhar neste momento, podemos vir a atingir até ao meio doprõximo anouma produção diária de pelo menos 20 mil ovos».Molat Mudzai, responsável' pelo aviário de Machipanda. As frangas produzidaspelo avldrio «são de tão boa qualidade como as que estavamos aimportar deoutros países ... neste momento estamos a caminhar para o auto-abastecimento»polista de unia boa parte dos aviários de África e Austrália,que já controlava oaviário das Mahotas em Maputo, passou a controlar dois aviários de Gondola-com cerca de 500 mil galinhas entre poedeiras e galinhas' para abate - e construiuo aviário de Birgantina com cerca de 300 mil aves em 1974. Os pequenos aviários(até 50 mil galinhas) «salva, ram-se» da investida do grandecapitalista BenBelling. Para melhor elucidação vamos aqui contar um caso passado na<JTEMPO» n.O 323 - p69g. 52altura em que o principal accionista da Arbor Acres fazia negociações para acompra dos dois grandes aviários de GondolaGondola é uma pequena vila a 20quilómetros de Chimoio. Ben Belling que tinha um pequeno avião a jacto para assuas deslocações pretendia comprar o aviário do Planalto que por sua vez era oprincipal accionista da fábrica de rações para galinhas, IPAC. Acontece noentanto que os donos do aviário do Planalto não cediam às primeiras propos-

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tas da Arbor Acres. Foi quando Ben Belling decidiu, passear com o seu avião ajacto sobre o aviário do Planalto: como resultado a produçãode ovos baixou deforma muito significativa. Ben Belling sabia que as galinhas estando assustadasnão põem ovos, por isso assustava as galinhas passando com o seu avião sobre oaviário. Como resultado, Ben Belling e a Arbor Acres ficaramcom todos osaviários grandes de Manica.Dai a dependência de todos os aviários da província de Manicaà Rodésia. Ospintos-machos eram importados da Rodésia, uma boa parte dasvacinas tambémvinha de lá, os técnicos também eram rodesianos, enquanto a Arbor Acres ficavana posse da maior fábrica de rações para aves de Moçambique-IPAC- o que lhedava a possibilidade de manter um- monopólio total sobre os pequenos aviários.Quem quizesse rações tinha que se vergar aos interesses da Arbor Acres que emMoçambique controlava a Mahotas, aviários da Birgantina e Planáito, além de umoutro aviário em Nampula, e mantinha o monopólio da venda de.carne de galinha,ovos, e pintos em quase todo Moçambique.Como não podia deixar de ser, o aviário da Machipanda embora não estivessedebaixo das ordens de Ben Belling, estava dependente dos aviários daquelecapitalista na Rodésia donde vinha um técnico, donde vinhamos pintosmachos, eainda estava dependente das rações da IPAC que pertenciam aogrupo ArborAcres.:Quando em 3 de Março deste ano o Presidente Samora anun'cioua aplicaçãointegral das sanções das Nações Unidas e o fecho das fronteiras com a colóniabritânica da Rodésia, o aviário da Machipanda foi grandemente afectado.Primeiro, os rodesianos cortaram a electricidade à vila fronteiriça da lMIchipanda: por absurdo que pareça a electricidade à Rodésia era fornecida porMoçambique, m a s quem fornecia electricidade à Machipanda era a Rodésia. -uma sequela colonial. Por outro lado, o aviário ficou sem técnico, sem importaçãode pintos, etc..O problema da falta de energia eléctrica afectou bastante o aviã-

rio, resultando a morte de centenas de pintos nas estufas porfalta de aquecimento,e a perda de milhares de ovos que estavam a chocar nas incubadoras eléctricas.Este facto, aliado à baixa de produção já existente devido à sabotagem económicaquase veio paralizar o aviário da Machipanda: devido à faltade frangas quesubstituissem as galinhas já velhas a produção de ovos baixou em mais de 50 porcento.Assim que foi restabelecido o fornecimento de electricidade ao aviário, e com avinda de alguns pintos importados de Portugal e Malawi, e comas incubadoras afuncionarem, os trabalhadores do aviário iniciaram imediatamente uma batalhapara restabelecerem a produção superando todas as dificuldades materiais etécnicas.O AVIÁRIO HOJEQuando visitámos o aviário, os rodesianôs estavam a v io 1 ar onosso território.Foi no dia 31 de Outubro, altura em que a soldadesca de Smith invadia asprovíncias de Tete e Gaza, ao mesmo tempo que fazia provocações constantes

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junto à Machipanda, na província de Manica: saímos do, aviário quando ouvimosuma forte detonação para os lados da fronteira, a menos de cinco quilómetros...Mofat Mudzai, o responsável pelo aviário dir-nos-ia que as violações rodesianasàs nossas fronteiras «diminuem a produção de ovos no aviário, Basta as galinhasficarem assustadas com o barulho dão muito menos ovos». O aviário que nestemomento conta com 65 trabalhadores, tem, 22 mil galinhas poedeiras e 10 milpintos em criação, além de termos visto as quatro chocadeiras eléctricascarregadas com 9 mil ovos.MudZai contou-nos ainda o árduo trabalho que tinham tido no aviário pararestabelecerem a produção que havia sofrido uma forte baixadevido à falta deelectricidade e à sabotagem económica. «Neste momento estamos a caminharpara o auto-abasteci-, mento em pintos e a produção de ovos subiu muito desdeMarço.O trabalho de um aviário, queexige uma grande atenção e 'uma participação activa por parte dos trabalhadores,torna-se mais dificil na fase de restabelecimento para uma base mínima quepermita o constante aurhento de proção. Uma galinha poedeira começa a pôr ovosquando completa as 22 semanas e normalmente quarldO atinge as 64 semanascomeça a não ter uma postura de ovos periódica (em condições normais, combastante tratamento e com boas rações uma galinha pode pôr 350 a 360 ovos porano durante o período que vai das 22 às 64 semanas para depois diminuir bastanteeste número). Deste modo, e dado que houve a falta de electricidade, o aviário daMachipanda chegou a uma certa altura em que grande parte das galinhas haviamultrapassado as 64 semanas, sem que houvesse outras que as substituíssem. Otrabalho de restabelecimento da produção normal, com o- necessáriorestabelecimento das poedeiras, é bastante moroso e só foi atingido aquele aviárioà cerca de três meses. SA nossa produção agora é de 10 mil ovos por dia- .É claroque por vezes baixa devido ã ração que por pezes é muito fraca ou então porqueas galinhas andam assustadas ... Mudzai que nos acompanhou durante a visitamos-' trou-nos as frangas produzidas pelo aviário, que segundo ele, são de tão boaqualidade como as que estávamos a importar de outros países.Vimos entretantoos 10 mil pintos em criação que variavam entre as 2 semanas e as10 semanas,além das 6 mil frangas com 22 semanas que substituiram cerca de 4 mil galinhasvelhas.Sobre a colocação dos ovos, Mofat Mudzai diz-nos, estamos a,colocar entre 140e 240 caixas de 360 ovos porsemana em Maputo, 40 caixas para Nampula e porvezes mandamos 20 caixas para a Beira. Para além dos ovos paravenda, o aviárioestá apetrechado com uma máquina de escolha de ovos para as incubadoras, quede três em três semanas recebem cerca de 9 mil ovos.O aviário que como nos disse o seulresponsável caminha para oauto-abastecimento em pintos, estava a ser aumentado com mais duas casas para 6 milpoedeiras.O total de casas de poedeiras é de 26, havendo 6 para criação depintos e frangaspara as periódicas remodelações. Da forma camo estamos a trabalhar nestemomento, podemos vir a atingir até ao meio do próximo ano uma produção diáriade pelo menos 20 mil ovos.

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Sobre os principais problemas e dificuldades existentes noaviário, para além dosjá referidos, encontram-se a falta de vacinas contra a doença Newcastle (no ano de1966 o aviário do Planalto em Manica teve de abater cerca de 50mil galinhasatingidas por esta doença), e a má qualidade das rações que impõe um certodecréscimo na produção de ovos. Segundo nos disse Mofat Mudzai as fábricas deração para galinhas além de estarem a produzir menos, não mantêm a qualidadedas rações, o que vem prejudicando não só aquele aviário comooutros. TivemosoportUnidade de ver alguns sacos de ração acabados de chegar, e verificar que oseu conteúdo' era bem diferente dos sacos de ração vindos anteriormente para oaviário.Apesar destas dificuldades a organização do aviário, onde entre os 65trabalhadores existem carpinteiros - que restauram e constroem as casas para aspoedeiras -elementos que fazem a manutenção diária do aviário, recolhem os ovose operam com a máquina de escolha de ovos para as incubadoras,dizíamos, aorganização do aviário baseia-se essencialmente nas boas relações de trabalho queali encontramos. Aliás, basta dizer que um pequeno esquecimento de carregarnum botão de uma incubadora, ou o atraso de por vezes uma hora,pode levar àperda total dos ovos postos nas' incubadoras.O trabalho de um aviário exige uma forte preparação técnica econsciênciaelevada no trabalho que se executa, pelo que, conseguir manter um aviário afuncionar normalmente com o acréscimo de se ter elevado a produção, a cincoquilómetros das constantes violaýões e provocações da soldadesca de Smith, é defacto notável.«TEMPO» n.o 323 - pág. 53

Província de ManicaPROBLEMADOSCITRINOSEste ano na província de Maiica perderam-se Várias toneladas de laranja derivadoprincipalmente à falta de transportes, à sabotagem económica, levada a cabo.pelos latifundiários, à fraca capacidade de produção da Fábrica de Sumos deChimoio, e também pela desorganização em que se encontravamos trabalhadoresde algumas empresas sob controlo de Estado.Visitamos naquela província a Zembe Plantations- uma das principais unidadesde produção de citrinos,- a Fábrica de Sumos, assim como contactamos comalguns dos responsáveis pelo Gabinete de Apoio Agrícola da província. Asituação verificada este ano é alvo de uma grande atenção porparte das estruturasprovinciais de Agricultura e pudemos saber que a Fábrica de Sumos vai receberalterações de modo a aumentar a sua capacidade de produção -actualmente é de12 mil litros por dia. Este facto que irá permitir um maior aproveitamento dalaranja contribuirá para que no próximo ano se não verifiquea perda de milharesde quilos daquele fruto.Por outro lado, espera-se que no próximo ano se possa exportar uma maiorquantidade de citrmnos para os mercados internacionais (este ano exportaram-se60 mil caixas de limão, toranja e laranja o que corresponde a cerca de mil

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toneladas de citrinos), já que a, colocação dos citrinos no mercado moçambicanoestá dependente dos transportes, problema que a Nação énfrenta a nível de todo oiaís e que é objecto de estudo por parte das estruturas competentes, do nossoGoverno.A citricultura constitui uma das grandes riquezas agrícolas da província deMànica, encontrando-se pomares dispersos pelos vários distritos que a compõem.Normálmente a província exportava anualmente cerca de 500 mil caixas entrelaranja, toranja e limão, para vários países europeus, e do médio oriente. Muitoapreciadas as nossas laranjas, pela sua qualidade e sa b o r, são comparadas às daCalifornia dos Estados Unidos e a sua colocação nos mercadosin ternacionaisganhou grande reputação.Este ano, tal como em anos anteriores a produção de laranja, toranja e limãoatingiu um mimero bastante, elevado embora a sua qualidade tivesse decrescidobas-tante devido à sabotagem praticada pelos latifundiários que abandonaram o país.Estes, verificando a perda dos seus privilégios, iniciaramjá em 74 todo um.processo de não tratamento das árvores, não adubamento, e deixaram as laranjasapodrecer .em cima das árvores, o que deixou muitos pomares completamentecarregados de doenças, grande número de árvores secas. Estefacto levou a queeste ano, e embora a Direcção-de Agricultura e Florestas tenha tentado recuperargrande parte_ dos pomares, a produção de citrinos baixasse,e igualmentebaixasse a s u a qualidade n ã o permitindo que a exportação de laranja parao estrangeiro alcançasse os números de anos anteriores.Para além da exportação de laranja, existe em Chimoio - a capital da província -uma pequena ildústria de -aproveitamento da laranja e toranja que não sãoexportadas, mas que reunem qualidades para o seu aproveitamento na fabricaçãode sumos, ou de fruta em calda. A Fábrica de Sumos que funcionaligada'aoGabinete de Apoio à agricultura da província, laborando já há vários anos, tem'agora a sua capacidade de produção limitada devido à necessidade que existe emser ampliada.

SITUAÇÃO ACTUALConforme dissemos, a produção de laranja, limão ou toranja este ano diminuiu, mas a quantidade produzida ultrapassa em muito as necessidades das províncias deSofala e Manica e mesmo a capacidade de produção da Fábrica deSumos. Face àsabotagem econmica feita pelos grandes latifundiários- pelo menos três quartosdas boas terras da província estavam nas suas mãos -o Ministério de Agriculturaprocurou, dentro de certos condicionalismo materiais e técnicos, superar asdificuldades nomeando Comissões Ad-Aspecto do armazém da Fdbrica de Sumos de Chirofo. Os seus 104tanquesestavam completamente cheios, tendo cada tanque a capacidade de 1650 litros.Soubemos. junto dos reoponsveis pela Idbrica de sumos que com a remodelaçãoda mesma, o SUMOVIT jd não terd o seu sabor amargo pois serão introduzidosextrdctores de óleo da casca das laranjas«TEMPO» n.o 323 - Páq. 55

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ministrativas para as farmas abandonadas. Dada a carência mesmo de meioshumanos face à quantidade de fa r mas abandonadas, a Direc~ o da Provínciadecidiu criar Unidades de produção agrícola sob o controlo de Estado ondeestavam agrupadas várias far mas de uma mesma área com uma mesma ComissãoAdministrativa.Deste modo foi possível que grande, parte das culturas existentes, plantações depomares. parque de máquinas agrícolas, transportes e instalações das referidasfarmas pudessem ser salvas do abandono. Ao nível dos citrinos além de teremsido recuperados muitos, pomares que estavam na eminência de, ficaremexterminados pela doença, foi iniciada todo um trabalho de limpeza, de adubação,de tratamento e manutenção que irá permitir que dentro de poucos anos se possaatingir as produções (isto ao nível da exportação) de anos anteriores. Só assim, edevido ao trabalho desenvolvido é que foi possível obterse uma produção decitrinos tão alta, embora se tenha diminuído consideravelmente a exportação.Alexandre Zandamela, responsável provincial da Agricultura e Florestas, falando-nfs sobre e s t a questão, disse-nos que «a situação dos citrinos não é caso único.Onosso maior problema é a abund~aci, excesso de produção, c o ma desvaztaem deos pomares sob administ do Estado e particulares concorrerem para osmesmos mercados-Chimolo e Beira».Conforme pudemos saber estes dois mercados- Chimoio e Beira-não têm capacidade para consumir a produção de citrinos de Manica, pelo queeste problema só poderá ser, resolvido com a colocação dos citrinos nas povínciasdo Norte do pais que lutam com falta de laranja, limão, etc. Q0problema dacolocaão dentro do pais também é difícil - como nos disse ainda aqueleresponsáveL> Em Tete têm dificuldade de trans port Nas Cabo Delgado eNampula têm dificuldade em obter citrinos, mas aí também há oproblema dostra~nportes que existe a nível nacionalPerguntamos ainda a Alexandre Zandamela sobre a exportaçãode citrinos parafora do pas. «Seria nosso desejo aumentar as exportações, maIS isso tem os seusproblemas. A natureza desse problema é técnico. Qualquer que seja o produtopara export deveobedecer a certos padrões,. padrões que só afingem através de uma maiormanutenção aos pomare tratamentos em adubos e ferteli-Aspecto das instalaÇóel de lavagem. preparação, çscotna e clasfflação da la. ranjana Zembe Plantatlons.. Esta empresa estatal exportou este ano para o estrangeirocerca de 12 vagôes de laranja (60 toneladas), 3 vagões de limão e5 4etoranjaýT8MPO» n.° 323 - pág. 56Alexandre Zandamela, Director Pro. viínial de Agricultura: «a situação doscitrinos não é caso único. O nosso maior problema é a abundância, comadesvantagem de os pomares sob ad. mlnistração de Estado e particulares. estarema concorrer para os mesmos mercados - Chimoo e Beira» que não têm capacidadepara consumir toda aprodução daquela província

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zantes para que se atinja não só aý quantidade, mas fundamentalmente aqualidade desse produto. Este ano esse controlo nião nos foipossível- O sectorque o Estado controla, não teve grandes tratamentos, chegamos lá e tentamossalvar o que existia. Por isso a ex portação este ano foi m 1n i ma. Quanto aoscitricultores particulares que aqui estão diremos que tiveram um ~olxorendimento por deficiências de ordem finnceira, e não tratamento conveniente dosseus pomares».UM EXEM WEstivemos na Z e mb e Plantations que é uma das grandes produtoras de citrinosda província sob controlo de Estado. P ou c o após a Independência aadministração capitalista que lá estava abandonou Moçambique deixando aempresa no c a o s. Propriedade de uma companhia capitalista Holandesa a Zembededicou-se entre os anos 40 e 60 ao cultivo do sisal. Depois, eporque os preçosdo sisal, n o s mercados internacionais baixaram bastante, aZémbe decidiuenveredar para a cultura de citrinos e para a plantação de eucaliptos.O terreno que ocupa está estimado em seis mil e 400 hectares das melhores terras,servidas por um (rio Zembe) com um bom caudal. Hoje, a Zembe tem cerca de 58mil árvores de fruto e 500 mil eucaliptos, além de ter todo um sistema detransportes montados dentro da área que óeupa-chegou a ter linhas f ~reas dentroI

Fdbrica de sumos de Chimoio. A sua capacidade de produção to.sas 1a joiaungida-- estava-se a produzir 12 mil litros de sumos e concentrados de, sumo pordia. Com a remodelação da fdbrica esta poderd aumentar a sua capacidade de,produção, o que ird permitir um melhor aproveitamento da laranja de Mancada empresa p a r a o transporte das suas produções - tem igualmente maquinaria-bastante evoluida para a escolha, preparação e empacotamento de laranja p a r aexportação. Actualmente a empresa que tem 148 trabalhadores lutaprincipalmente com dificuldadesde organização no trabalho.Tivemos oportunidade de visitar os pomares e as instalaçõesdeípreparação eescolha de laranja. Nos campos, e porque nesta altura a laranja que está nasárvores já não encontra colocação nos mer cados, os'trabalhadores estavamdivididos em brigadas para enter, rarem a laranja, enquantoum outro grupo de 25pessoas se encarregava da rega dos pomares. Nas instalaçõespara escolha dalaranja os restantes trabalhadores procediam ao despejo das laranjas vindas docampo para dentro dos tanques de lavagem, acompanhando todoo processo delavagem e escolha da laranja, para um outro grupo encaixotá-la com o objectivode abastecerem a fábrica de sumos em Chimoio.Ap esar das. iiculdades que atravessou a empresa, não só causadas pela sabotagemeconómica, bem c o m o pelas dificuldades de transportes e colocação dos citrinosnos nossos mercados, a Zembe exportou para fora de Moçambique mais de 12vagõés de laranja (60 toneladas), 3 vagões de limão e 5 de toranja, para além deter sido um dos principais fornecedores de laranja para a fábrica de sumoS.1 No entanto, podçmos verificar que a enýpresa ainda não estáa laborarnormalmente. Porque a empresa paMsu para o controlo de Estado a\ meio dacampanha agrícola com apenas 38 contos em caixa, não foi possível criar um

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mínimo de condições que permitissem regular os vencimentosdos trabalhadores.«No fhu desta campanha prevemos ter uma receita que permita axkorma&~a~ida ~~i pres pa a prõ camp~m.Por outro lado a mesmo responsável do Gabinete de Apoio adiantou que «existeuma falta 4. door-denaço entre a Comissão Admiuistrativa e o Grupo Dinamizador da Zembe. Háorientações concreta , mas na prática passa-se outra coisa.Mesmo o própriotrabalho político - Grupo Dinamizador-trabaWodores - parece não ter sido eficaz,é por exemplo o que justifica ainda haver laranja nas árvores. Daí resulta um acerta desorganização no trabalho, há ainda o sistema de empreitadas quando jádemos orientações para a introdução de um horário normal, porque verificamosque as empreitadas não gaIrantem a qualidade e neste caso a qualidade notrabalho é fundamental».Soubemos ainda que a situação verificada na Zembe não é generalizada a outrasempresas estatais com produção de citrinos, embora ý Zembe seja dentre estasempresas aquela que reúne condições bastantes favoráveis para um rapidoaumento da sua produção não só em qualidade como em quantidade.MELHORAR A QUALIDADEEste ano em Chimoio deitaram-se fora centenas e centenas de quilos de laranjas,ofereceu-se laranja, enterrou-se.... Tomando em conta este aspecto isoladamenteficamos com a imagem de que algo de errado se passou em Chimoio. Porém eface à situação objectiva que encontramos e x is t e a explicação que fo dada porAlexandre Zandamela.«.Aquilo que vira na Zembe é consequência de não haver colocação quer internaquer externa par ra os nossos citrinos. Toda a laranja que lá está é pajra ser entera.Neste momento a nossa preocupaçao é amacar e enter*rar. Porquê? A nossaalternativa é melhorar a qualidade da nossa produção para exportarmos mais, epor outro lado ampliar a fábrica de sumos para consumir os exce dentes daprodução globaL Neste momesto a fábrica tem a sua capacidadelimitada razãoporque não consegue dar vasao aos excedentes».A exportação em toranja, limão e laranja atingiu este ano as 0mil caixas o queequivale a cerca de mil e vinte tnelada. Apear disto devido àfalta de tranportes e àfábrica de sumos ter esgotado a sua capacidade de produ«TEMPO» n.o 323 - pág.57w .=

ção, bastantes tonelasde laranja foram perdidas por <alta de colocação-não foiestiada a totalidade de laranja que foi arrancada dos pomares.<A colocaç ao nível externo da província de Mamkoi não depende apenas de uns,esý a razão porque tentamos exportar para fora do país pois aijá não envolveestradas*.Orecem, k~J! àsproíniasdeSoflýe Nampulavir buscar a laranja. Por fim aquele responsável provincialde agrièulturaacrescentaria, «devido a estas dificuldades estamos a procurar melhorar a nossa

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produção paw ra podermos exportar mais, ao mesmo tempo que projectamos aamplia da ossa fábrica de sumoso.Com cinco empresas estatais (Zembe, Polentas, Babiolakis,Quinta do Mohte eDombe) tendonm tntnl dp O0 mil Punv a nanalém dos pomares de agricultores individuais, a Direcção deAgricultura a nívelda província de Manica empenha-se neste momento pela recuperação dospomares, e pela elevação da qualidade dos citrinos de modo a que os indices deexportação venham a aumentar sem que haja um abaixamento na reputação que anossa laranja e- toranja têm nos mercados internacionais. Esta meta a ser atingidapermitirá que em próximos anos não se tenha de enterrar laranja e que por outrolado a nossa economia venha a ser beneficiada.«Recomendamos a c r i a ç ã o de equipas de trabalho em duas reuniões com asComissões Adminis trativas nomeadas para as empresas agrícolas estetas, demodo a que seja garantida n ã o só a manutenção dos pomares comoo seutratamento e mesmo a sua renovação para alguns casos», como conclui umresponsável pelo Gabinkte de Apoio da província de Manica.Trabalhadores da Zembe Plantations apanhando laranjas para ser enterrada devidoa não haver colodp os i $nternos. Este ano foramdesperdiçadas algumas toneladas de citrinos na província de Manica,<TEMPO>, n.- 323 - pá. 58FABRICA DE SUMOSEncontramos a Fábrica de Sumos em plena laboração embora nãotivéssemos tidooportunidade de assistir à entrada da laranja para os espremedores dado que essaoperação havia sido feita na manhã do dia em que visitamos aquela indústriatransformadora.Os sumos vindos da província de Manica tornaram-se bastanteconhecidos emt"odo o Moçambique- as garrafas de Sumovite. Haviam-nos dito por várias vezes que a capacidade deprodução da fábrica estava esgotada, razão pela qual muita laranja teve de serdeitada fora. Já na fábrica e em contacto com o técnico responsável da mesma,Giulio demos escutar quais os remodelação a serem aplicaolos, assim como saberquais as diiu dades, além de termos recebido

resposta para algumas interrogações que se nos punham.Enquanto nos mostrava a fábrica Giulio Roberto, um velho de origem italiana hámuitos anos residente no Chimoio e que montou esta fábrica disse-nos, «aampliação dai fábrica vai-nos aumentar a capacidade de produção de sumosdiáriamente. Para isso já apresentamos uma proposta que inclui o aumento datorre de refrigerý ção.... ». Quisemos saber qual erabi blaen jaA Zembe, com um pomar de cerca de 58 liptos reune óptimas condições para um (tidade, mas essencalmente em qualidade.

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procedendo ao enterramento da laraa actual capacidade de produção. «Estamos ai produzir o máximo que são 12 millitros por dia de sumos, além de fazermos latas de fruta em calda-gomos delaranja e toraýnja. Na fruta em calda estamos a produzir uma média de 4 mil lataspor dia dependendo do peso, pois há latas com 680 grmas».Uma das questões que pusemos sobre os sumos SUMOVIT, pergunta quesabíamos não ser só nossa mas do consumidor moçam-cano, era o, seu sabor. O SUMO- pletamente cheios- cada tanque LT tem muitàacidez. «Esse pro- tem 1650 litros. Além da fabicaema tambémserá resolvidocoM ção do SUMOVIT a Fábrica de SutransformaÇão da fábrica. Ire- mos deChimoio produz ainda conos ter aqui uma máquina para centrados para asfábricas de reitraeção dos óleos». Explicou-nos frigerantý Schweppses é feito aepois -aquele técnico que as má- partir dos sumos de Chimoio por uinasexpi:emedoras da laranja outro lado a fábrica acaba de reão estão equipadas comum ex- ceber solicitações de vários pai-ator de óleo da cascada laran- ses -Zâmbia, Tanzania e 1 t á 1 i a razão pela qual o SUMOVIT tem - paraque numfuturo se expor mn certo sabor amargo.... sim mas tem para aqueles países osnossos &o faiz mal, é apenas o sabor» sumos concentrados de sumo, e latas defruta em calda, pela a boa qualidade.Verificamos também na Fábrica de Sumos a preocupação da qualidade. «Temosde melhorar, temos de ter qualidade nos nossos produtos paraque a nossareputação nos imercados Internacionais seja mantida. Esteano não nos foidevolvid3 nenhuma caixa de laranja, e estavamos a competir com laranja vinda depases, muito mais avançados técnicameute que o nosso. Não queremos que osnossos produtos nos sejam devolvidos por falta de qualidade. Quanto ao mercadointerno as estruturas da província e da Nação estarão melho rpreparadas de anopaira ano, de modo a que não volte a, haver fraco aproveitamnto da -ossa laranja»como nos diria Zandamela referindo-se ainda ao problema doscitrínos daprovíncia de Manica. mil árvores de fruto e 500 mil eucautmento de produção nãos3 em ouan- Aliás, o problema que afectou Na loto, um dos -grupos de trabalhograndemente os citrinos, foi o fna sem colocação em mercados.mesmo problema que naquela proacrescentou o técnico respondendo 'íncia comoem outras afectou a sobre se não faria mal. comercialização do milho,algodãoA remodelação da fábrica que e de ç)utroE produtos agrícolas- o irá permitir ummaior aproveita- .. ... d te '"""nicações, as estrda qu o cooniamento da laranja, irá proporcionar nl..es as e as ucoona ainda que com os extratores dos lismo nos deixou e as, que nunca óleosdas cascas que estas possam construiu, as estradas que teremnos de construir.... asdezenas deý ser aproveitadas para ração do ga- e estavam na mão dosdo, enquanto que os óleos extraidos c i s daaminam dosdas ascs srvião pra mota-capitalistas da camnionagem e que das cascas servropara a monta- ormesido ou roubados nasgem de uma pequena indústria de, stuidosge imsIhs e sabotagm comiessênciaS para. perfumes. ca.

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De momento a fábrica tinha os seus 104 tanques de sumos com-«<TEMPO,>n.- 32 - pág. 59

Hov alno qe fataa às prva orai, e mem a maoi daele qe frm ã se seasuiietmet prprao par e sa rovsPoourlaooesaim em reaã ao eeu o obio enspovas~ ~~~~~e esrts fo mtvpaaqe os alno e entse oc otdExames da 6.a classe: EXIGÊNCIA DE OUALIDADE«TEMPO» n,. 323- p&g. 60

W O elevado número de alunos reprovados nos exames da 6.° classe, é o balançode um ano lectivo no qual as escolas viveram dificuldades relacionadas com oabandono dos professores nas tarefas de ensino, admissão deprofessores malpreparados, casos de indisciplina e outros. Nas provas de exame, constatou-se amá preparação dos alunos na matéria do ano- lectivo findo, bem como na dos anos anteriores. Por exemplona EscolaSecundária do Noroeste, prestaram provas 1080 alunos, dentre os quais cerca de85% não passaram de classe. Narramos seguidamente alguns dos problemasexistentes nas escolas, através de conversas que tivemos com alunos- e professores.7 AUMENTAR REPROVAÇ«TEM PO» n.o 323- pág. 61

Estamós a prever um resutmuito mau, em relação aos ex- da 6.' e Dos 1080 alunoque foram mó exame, esperamos8% fiquem reprovados -iformou o responsável pela Comissão directiva da EscolaSecundária Noroeste, uma das escolas secundárias do Maputo, que visitámos.A maior parte dos alunos queforam aos exames, não estavam devidamente preparados. Em alguns pontosescritos houve alunos que escreveram na folha de exame a seguinte frase- «nãodemos-esta matétia».Esta situação deve-se principalmente à falta de professores, em qualidade equantidade. Logo no-' inicio do ano lectivo houve muitosprofessores que abandonaram as sua tarefas e, em virtude disso, foram admiti'dosnovos professores que na maioria dos casos não tinham- preparação pedagógicapa-preencher as vagas existentes, muitas turmas ficaram sem aulas em algumasdisciplinas, sendo na maior parte as .mais importantes. Foinessa altura que severificou um grande mo-4mento de alunos nas escolas, andando de um, lado parao outro sem nada para fazer.Devido ao elevado número de alunos e ao facto de estes terem i da d e srelativamente avançadas em relação às outras escolas, a Escola Secundária doNoroeste é a que maior número de problemas apresenta.

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CONVERSA COM MEMBOSDA COMISSÃO DIRECTIVADA ESOQ NOROESTETempo - Qual a situação que se verifica, nesta escola, em relação aos exames da6.a classe?Comissão directiva - Durante o ano lectivo, houve multas dificuldades. Estaescola é muito grandee tem muitos olunos. Esta comissão directiva, foi formada em18 de Setembrodeste ano, portanto pouco tempo antes de encerrar o terceiroperíodo. Quando noschegamos, encontramos muitos problemas. Casos de indlsciplin tanto da partedos alunos como também dos próprios professores. Encontramos aquele caso dossancmentos. Embora esses individuos já cá não estivessem, haaa ainda aquimuitos problema& Mobiliza. mos os alunos de forma a não abandonarem a escoladurante o período dais aulas, mesmo sem terem professores. Quero dizer, osprofessores que aqui estavam não davam para preencher as disciplinas de todas asturmas. Alguns até tiveram de aumentar o número de horas, de forma aconseguirem-se melhores resultados, mas o tempo não dava. Por isso, julgamosque a maior parte dos alunos vão reprovar nos exames, alguns já estãoreprovados.T -As provas de exame estavam de acordo com o programa?!oro ela tiveram difieuldades em responder às perguntas quelhe eram dirigidasdada a sua md preparação.

educação futura dos alunos está sobretudo sob a sua respoisabilidade.Os. vários casos de indisciplina verificados nas escolas são fruto docómportamento de alguns professores, poi sendo eles os educadores dos alunos,estes imitam-nos tal qual a criança imita o comportamento dos «dultos.DEPOIENýOSDE ALGUNS ALUNOSProfessores da Escola Noroeste, falando da durante a execução das provas deéxame,encontraaS s mesmas.-Não sei se Ive muitas le não di não receram mui-VM AIRUILU~ ýó tinhascos quedlaquelesSIossos* dos da cula foidáívamos >ouco. Se Cliz, mas ilá de limoig tudoEntretanto, enquanto esperavam os resultados tividades deféria,C. D. - Bom, n~ provas de Português e Francês, logo que os alunos pegaram,pensaram que seria uma coisa fácil, o que os levou a cometer asneiras. Não seconcentrardm bem naquilo que deviam fazer. Nós como professores, achamos quea lnttoduçío política nos pontos é' muito importante, mas houve alunos que nãorespondera~m às perguntas como devia ser. As provas de matemática, foram umasurpresa para os alunos, pois inclulam exercícios da 4.a classe. Sentiram naquilouma coisa pesa.

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da, pois for~n c que alnão deram na matéria. Geografia e História foi difícil para os alunos, pelo quepralticamente não fizeram nada. Em suma, a escola sofreu consequnclas dopassadoque se mes.>s iniciaram acagora aOS exwNos últimos dois anos, os exames de passagem de classe foram facilitados. Amaior parte dos alunos que foram aos exames e ficaram aprovados, não estavamdevidamente preparados. Sabendo ou não, passavam de classe. Importa nestaaltura, passar de classe quem sabe, pelo que os alunos que transitaram de classe àbase de favoritismo sentiram agora e sentirão para o futuro,a necessidade desaber num verdadeiro exame de passagem. Mas, para que os alunos cheguem aofim do ano em condições de fazer os exames com bors resultados, é necessárioque hajam professores devidamente capacitados e oonscientes de que am a porolas,rase em quer( contrava, o 41 conseguiram,Lo acompanhar a ograma já se enauitos alunos não«TEMPO» ..*32ý - pí, 63

Alunos da Escola Socunddria do Noroeste concentrados no pavilhão onde lhesserão distribuidas as tarefas das act.ividades de férias. Nesta escola houve umnúmero maior de reprovados em relação às outras, devido aos graves probemasnela vividos durante o ano lectivo.Durante as visitas que efectuamos a algumas escolas, tivemos oportunidade deassistir às, provas o~'ais. Ali. constatou-se a forma como eram dirigidas asperguntas, e as dificuldades que muitos alunos tiveram em responder às mesmas,principalmente nas provas de franc6s Houve alunos que mantinham-se quase quemudos perante as perguntas, dando a entender que para eles a matéria parecianova.Sobre esta questão, uma professora de francês informou o seguinte: Os examesforam de certo modo difíceis, pois os alunos não estavam bem preparados, devidoà falta de professores. Duraate o ano, notou-se que muitos alunos thmm diftulddesem aprender a língua francesa, POIS ja vn mal preparados na discplia de p uuêsea boa preparação na fl aportuguesa é. fundamental para a adapt dos alunosnasoutras l~nuas. Sobre as out p rei dizer que houve também dif ldades, pois amaior parte 0s a~Os já vba n prepa~~os pu«saam sem ~ae e este ffo só posaquem sab, seja qual«TEMPO» 313- p&g. 64factor principal que tami notou foi o baixo nvel p tanto da p dos aunosdos professores. Não têm nhado o processo e os tai exame baseavam-se na intxpolítica.Não é difícil concordar ta última afirmação, quan professornuma conversa diz«se eles não estudam, biema é deles, eu cá estoutintas» ou quando um al «chumbomas as escolas d lografia ainda estão aberta

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Assim como aconteceu n mes primários onde «para de classe é preciso s r bémnas restantes clases como noutro tipo de forma o constitui umfactor essen faseactual em que se ree o nosso país.A formação de quadros necessidade imperiosa em os sectores de produção, minteressa, porém, um eleva mero de médicos ou enge formados,simplesmente pelde apresentarem os canudo essuário que estejam devid preparados profissional eém se tuação vá' de encontro às verdaolitiço, de'was necessidades do Povo. icomo Face a esta situação, através de Leompa- um elemento ligado às estruturasxtos de da Direcção Naclónal de Educação, odução ficamos a saber que está adecorrer um curso de orientaç o de procom es- fessores secundáriosda 5a I 6.C ido umclasses, na Escola do Magistério le café Primário do Maputo,contando o pro-com a, participação de cerca de me nas 120 professores vindosde todas as anodiz províncias do pais. e dacti- Este curso, que teve início no a». passado dia 26de Novembro, e que os exa- se prolongará até ao dia 22 de Dep r zembro, temcomo objectivo ele», tam- var o nível científico e técnico dos ., bem professores,baseado no princípio .ção, is- determinado que é a formação pocial, na lítica. Nãoqueremos formar; téonstrói nicos que estejam desligados dasrealidades do nosso povo --a-iené uma tou um dos responsáveis por aque todosle curso.ias não Por outro lado, também os 57 ido nú- professores provenientes da Guinénheiros Conakry, recentemente chegados o facto a Moçambique, ser A ocolocados s. É ne- nos diversos sectores de es a amente nível de todo o pai,após uma pripolitica- mera fase em que lhes serão miOu4(,»'o. zístrada íes deportuguê.

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produzireconomizardepositarGOtOpara desenvolver MoçambiqueAumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZARé evitar despesas desnecessárias, gastar menos do que ganhamos.DEPOSITAR é garantir a segurança das nossas economias. AS economias decada um depositadas no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUEtransformam-se na força que contribue para a reconstrução nacional.