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RELIGIÕES À LUZ DO ESPIRITISMO WILSON DA CUNHA 1 Material de Estudo – Tema 12 Religiões à Luz Do Espiritismo O espiritismo a nos conduzir ao entendimento das relações entre as principais religiões espiritualista, à luz da doutrina de Kardec.

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Material de Estudo – Tema 12

Religiões à Luz Do Espiritismo

O espiritismo a nos conduzir ao entendimento das relações entre as

principais religiões espiritualista, à luz da doutrina de Kardec.

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ÍNDICE

GENERALIDADES 3

1.CATOLICISMOVERSOSREFORMISTASLUTERANOS,PROTESTANTESEEVANGÉLICOS 4

2.CATOLICISMOVERSOSUMBANDA 8

3.UMBANDAVERSOSCANDOMBLÉ 12

4.ESPIRITISMOVERSOSCATOLICISMO 18

5.ESPIRITISMOVERSOSREFORMISTAS,PROTESTANTES/LUTERANOSEEVANGÉLICOS. 22

6.ESPIRITISMOVERSOSCANDOMBLÉ 24

7.ESPIRITISMOVERSOSUMBANDA 25

CONCLUSÃO 31

CONSIDERAÇÕESFINAIS 37

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GENERALIDADES

Somos viajores do tempo, adorando deuses no longínquo Egito,

na Pérsia, e como não também na velha Roma? Já falamos línguas

mortas e vivas dos principais continentes em que já habitamos. E,

assim sendo, fica claro que a nossa responsabilidade é maior em

relação a outros povos, pois temos no Brasil essas doutrinas

espiritualistas, religiosas e o espiritismo a nos esclarecer a respeito do

“Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho”.

P. Em que ponto o espiritismo e as doutrinas espiritualistas se

entendem?

R. Os entendimentos dão-se em três pontos:

1. Na aceitação da imortalidade do espírito.

2. Na aceitação da reencarnação.

3. No entendimento e aceitação da existência de Deus.

Diante do acima exposto, observamos que a facilidade do

homem está em percentual superior no item 03. Esse motivo explica a

dificuldade de muitos religiosos aceitarem o espiritismo. A seguir,

vamos aos entendimentos quanto as principais religiões.

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1. CATOLICISMO VERSOS REFORMISTAS LUTERANOS, PROTESTANTES E EVANGÉLICOS

Perguntas:

1. O católico necessita dos dogmas, das simbologias exóticas ou de

cerimoniais complexos?

2. O acima exposto também acontece com o protestantismo?

Respostas:

Sim. A missa suntuosa foi substituída pelo culto e pelos cânticos

no saudosismo, nas lembranças inconscientes das rezas e ladainhas.

Sumiram-se os santos, mas surgiram os profetas; eliminou-se a missa

e entrou em seu lugar a Bíblia, donde extraíram por conta própria o

fanatismo, porém deixando no esquecimento a parte moral da Bíblia.

P. O cidadão católico, tal qual o protestante, ainda é um

fugitivo dos pecados do mundo? Também encontram dificuldades em

dominar os seus vícios e paixões?

R. Sim, e criou as receitas para as suas soluções, vejamos:

• De acordo com a oferta, tem os pecados perdoados pelo padre.

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• Do outro lado, atestam que Jesus na cruz já pagou os seus

pecados.

Esquecem que a cruz encerra exemplos de vida deixados por

Jesus aos homens. Eis as suas palavras:

a. Quem quiser vir após mim tome a sua cruz e siga-me

b. Eu sou o caminho, o exemplo, a verdade e a vida.

Os perigos da Bibliolatria (idolatria à Bíblia):

Os santos do velho testamento não eram tão bons assim:

Ø David foi adúltero e praticou homicídios.

Ø Salomão matou Adomias, Joab e Simei e teve intimidades com

700 princesas e 300 concubinas.

Ø Moisés, descendo do Monte Sinai onde conversando com Jeová,

quebrou as Tábuas da Lei num ataque de indignação porque o

povo que deixara lá embaixo, adorava um bezerro de ouro.

Botou fogo no ídolo e mandou que ao fio da espada fosse tirada

a vida, em um só dia, de três mil pessoas.

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Isso tudo ficamos sabendo na Bíblia. Como tal, o Deus de

Moisés era ainda a imagem e semelhança do homem.

O Êxodo é parte do Velho Testamento e descreve a perseguição

sofrida por israelitas até a chegada à terra prometida. Mas e as pragas

que Deus enviou contra os egípcios? Essas pragas são anunciadas aos

quatro ventos como sendo em número de sete, entretanto são dez.

Vejamos:

I. Praga das rãs;

II. Praga dos piolhos que se fartavam do sangue de homens e

animais;

III. Praga das moscas;

IV. Praga da peste;

V. Praga do sangue – fez a água virar sangue, morrendo peixes e os

egípcios de que dela bebessem;

VI. Praga da sarna em homens e animais;

VII. Praga da chuva de pedra, granizo;

VIII. Praga dos gafanhotos;

IX. Praga das trevas, onde durante três dias reinou a escuridão.

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Completando a sua ira – e também a sua ineficiência – o Deus

de Moisés lançou a decisiva praga, a morte dos primogênitos

egípcios. Como vemos, os santos do Velho Testamento não eram tão

bons assim. Somente a leitura da Bíblia não resolve.

Nota:

a) O Velho Testamento é o apelo dos homens a Deus.

b) O Novo Testamento, com Jesus e essa sublime doutrina de paz e

amor, é a resposta de Deus ao homem.

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2. CATOLICISMO VERSOS UMBANDA

P. O que foi que a umbanda retirou do catolicismo para as suas

práticas?

Resposta:

Ø Hierarquia.

Ø Rituais.

Ø Sacramentos.

Ø Objetos protetores = patuás, medalhões.

Ø Vestes especiais.

Ø Defumadores = incenso.

Ø Altares e imagens.

Ø Despachos = promessas.

P. Qual a relação entre as promessas do católico e os

despachos da umbanda?

R. Como podemos observar, essa prática foi retirada também do

catolicismo. O católico busca esses favores remetendo os mais

diversos pedidos em nome de seus santos, adequados às suas

necessidades ou interesses, através da conhecida promessa, ou até

mesmo investindo sua fé em medalhas anexadas ao pescoço.

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Vejamos as relações:

o São Judas Tadeu -> Casos desesperados

o Santa Luzia -> Casos de problemas da visão

o Santa Clara -> Negócios impossíveis

o São Benedito -> Proteção para os casos perigosos

o São Expedito -> Negócios urgentes e de última hora

o São Cristóvão -> Padroeiro dos viajantes e dos

automobilistas

o Nossa Sª dos Navegantes -> Protetora dos pescadores

o Stª Terezinha do Menino Jesus -> Para realização de

Milagres

o Agnus-Dei = Cordeiro de Deus -> Escudo contra maus

espíritos, prevenção de desastres, pestes, epilepsia,

naufrágios, inundações, partos felizes, etc.

Observação: O Agnus-Dei é uma relíquia ou placa de cera em

forma de medalha, que traz impressa a imagem do cordeiro de Deus

num estandarte da cruz: é solenemente bento pelo Papa na semana da

Páscoa, no primeiro ano de seu pontificado e depois de sete anos.

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P. Do acima exposto, teremos plena condição em entender o

que convencionalmente se diz “o catolicismo tem sincretismo com a

umbanda e com o candomblé”?

R. Sem dúvida. Vejamos o exposto a seguir:

O imenso potencial do Brasil fez com que, em três séculos, mais

de três milhões de escravos africanos fossem trazidos para cá. Com a

escravidão vieram as tradições, a cultura e as crenças, cujas raízes na

alma africana já residiam desde um passado impossível de ser

determinado.

Tal herança jamais poderia ser anulada e, dentro desse contexto,

os escravos, que não podiam desobedecer aos seus senhores católicos,

participando da religião católica, mesclaram assim cultos às suas

divindades africanas, associando esses cultos aos santos do

catolicismo.

Assim fica fácil entender as suas práticas mediúnicas, quer no

candomblé, quer na umbanda, as quais estabelecem um perfeito

sincretismo entre os altares e as estatuetas de santos.

Obtendo assim, a combinação de sistema filosófico que culmina

com as inovações de suas respectivas falanges, cujos nomes

civilizados – dos santos do catolicismo – foram trocados por nomes

africanos.

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Vejamos:

v Deus = Olorum.

v Jesus = Oxalá.

v Santos = Orixás.

v Virgem Maria = Iemajá, rainha do mar.

v João Batista = Xangô Agodô, rei do oriente.

v São Jerônimo = Xangô, é o santo advogado, presidindo causa de

justiça.

v Santa Bárbara = Inhançã, que com as suas legiões atua na

natureza, raio e trovão.

v São Sebastião = Oxóssi, preside as matas, os caçadores e as

legiões de caboclos.

v São Jorge = Ogum, o santo guerreiro que resolve qualquer

demanda.

v São Cipriano = Chefe das falanges africanas (magia).

v Deixo por último o Santo Antônio casamenteiro e que hoje

parece-nos tanto desprezado e esquecido pelos jovens.

P. E por que essas facilidades de adaptação dos umbandistas

nos costumes do afro-catolicismo entre os dois planos encarnados e

desencarnados?

R. Pela lei da afinidade de conceitos. Não devemos esquecer

que somos na espiritualidade o que hoje acreditamos.

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3. UMBANDA VERSOS CANDOMBLÉ

P. A umbanda tem alguma vertente no passado impossível de se

determinado no candomblé?

R. Sim. Como não!

P. Diante da resposta acima, como podemos ter um

entendimento melhor?

R. A umbanda surgiu no Brasil há menos de cem anos, e

podemos afirmar que passou a utilizar a prática mediúnica, - retirando

do espiritismo – há menos de cem anos; até porque, o espiritismo está

na face da terra há pouco mais de cento e trinta anos. Do candomblé

apropriou considerável acervo de expressão cultural e religiosa,

divindades e rituais.

P. Os espíritos que se comunicam na umbanda são somente os

africanos? Ou espíritos outros que apresentam-se como “preto

velho”?

R. Claro que não, se assim fosse, onde estaria a lei das vidas

sucessivas?

O africano é da cor negra na existência na qual foi convocado,

mas já foi branco. Permanecerá na cor negra na espiritualidade se for

do seu interesse ou pelo seu grau de evolução. Assim sendo, quando

se apresentam como africanos, eles possuem as suas razões.

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Vejamos:

Se optar por apresentar-se na feição de outrora, será chamado

em alguma oportunidade pelo médium vidente de branco metido. Tal

exigência, se assim for perpetuada nesses terreiros, acarreta

responsabilidades, uma vez que essa atitude e outras, a exemplo de se

cultivar o seu linguajar e a sua cor fazem com que muitos atrasem a

sua evolução. É como mantê-los sempre ignorantes se ainda o forem,

ou sempre escravos das solicitações dos homens brancos. Eis aqui

uma das necessidades de levar o estudo para dentro dos terreiros de

umbanda, pois os estudos serão assimilados por eles.

Nota:

Médium que mantém esse linguajar de preto velho, necessita de

estudo para desligar-se do atavismo. É culpa do médium.

P. Por que culpa do médium?

R. Sim, é culpa do médium. É comum em reuniões mediúnicas

atendermos espíritos de japoneses ou alemães, oriundos dos conflitos

da Segunda Guerra, e todos apresentam-se falando muito bem o

português. A linguagem do espírito é mental, entre períspirito do

médium e períspirito do desencarnado.

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Vejamos o relato do espírito Jeroboão:

-Meu filho, meu filho, os homens, todos os homens, nascem e

morrem muitas vezes; eu, por exemplo, já fui índio, guerreiro,

sacerdote, escravo e tudo isso como homem, porque também já fui

mulher muitas vezes.

A imagem com a qual me apresentava na tenda era aquela

“velhinha, com roupas de escravo, descalço, alquebrado”, era aquela

porque assim os nossos irmãos de lá queriam me ver e me receber.

Alguns médiuns videntes, ao me verem como agora estou, em

pensamento chamavam-me de preto metido a branco, dando uma de

doutor por isso, sempre que pude ajudar lá na tenda me apresentava

como escravo, que realmente fui.

E tem mais: lá o pessoal não aceitaria trabalhar comigo se por

acaso eu chegasse me portando como doutor. Além do que já disse, já

fui branco, amarelo, vermelho e preto; soldado e general, bobo e

inteligente; muitas vezes. Do livro “O Quartel e o Templo”.

Abro um parêntese:

Diante do acima exposto, não posso aceitar o registro de Ary

Alex em seu livro “Pureza Doutrinária”, onde chega a considerar as

palavras do Sr. José Álvares Pessoa, um dos maiores umbandistas do

Brasil, contidas num dos principais jornais do Rio de Janeiro, onde

afirma que: a Umbanda é uma realização dos magos do Oriente, de

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milênios atrás, praticada hoje por espíritos; todavia não podemos

acrescentar que esses espíritos já tiveram encarnação, porque nada

sabemos sobre eles. E prossegue:

-Tudo é mistério; ninguém sabe se esses espíritos viveram em

um corpo físico.

Nosso comentário:

O prezado umbandista está equivocado, e equivocado também

está o espírita Ary Alex, vejamos:

a) Eles estão confundindo candomblé com umbanda, que não

são a mesma coisa. Vejamos:

b) O candomblé tem as suas vertentes de um passado impossível

de ser determinado, a umbanda tem um pouco menos de um

século, é fruto brasileiro.

Ver página 202 do livro “O Quartel e o Templo”.

O candomblé está entre a humanidade desde os primeiros

tempos da civilização, oriundo dos Magos da Magia, os quais não se

utilizavam necessariamente – e até acreditamos que havia um grande

desconhecimento – do processo da incorporação. Eram pessoas que

desfrutavam de certas faculdades, como:

• Grande poder de força magnética;

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• Ou até de vista-dupla e utilizando palavras do seu

tempo, a exemplo das conhecidas por nós, contidas no

livro de São Cipriano; preparavam as qualidades

nocivas do seu magnetismo, associando-se a falanges

do mal em detrimento do objetivo em pauta (sem

processo de incorporação).

P. Sabemos que atualmente é difícil em muitos terreiros de

Candomblé ou Umbanda obter-se percentuais de autenticidade. Por

que?

Resposta: por terem se mesclado. Com isso, o Candomblé foi

beneficiado, pois tornou-se mais brando em seu ritual, entretanto

ainda exige sangue de animais para oferenda a alguns orixás, vemos

nos jornais notícias de sacrifícios de vida humana nos rituais de

magia.

Verifica-se no Candomblé o sacrifício de animais para oferenda

a alguns orixás, o que, necessariamente, não ocorre na Umbanda.

Kardec a seu tempo, teve essa preocupação e perguntou aos espíritos:

P. 552 L.E. – Que se deve pensar da crença no poder, que

certas pessoas teriam de enfeitiçar?

R. Algumas pessoas dispõem de grande força magnética, de que

podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em

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que se torna possível serem secundados por outros Espíritos maus,

sem a propensão de serem incorporados.

Vamos a um entendimento maior em relação ao magnetismo

utilizado na magia, perguntando:

P. Como é que essas pessoas usam objetos, tais como bonecos,

punhais, etc. associando-se a fluidos perniciosos?

Alexandre David-Noeel, em seu livro “Misticos y Magos del

Tibet”, edição castelhana, página 252, conta-nos: (...) curiosos

detalhes da ação dos magos do Tibet no preparar objetos por meios

dos quais procuram eliminar os seus inimigos. Mediante uma

concentração do pensamento, depois de um adestramento psíquico,

entendem que podem transmitir a qualquer objeto “ondas de energia”,

como se carregassem um acumulador elétrico.

Depois de uma concentração do pensamento, que dura vários

meses, o mago transmite ao punhal a vontade de matar determinado

indivíduo. Quando supõe que a arma está em estado de cumprir sua

missão, procura colocá-la ao alcance do homem visado, de modo que

este, infalivelmente, se vê obrigado a fazer uso dele, matando-se.

Como vemos não houve o fenômeno mediúnico da

incorporação. E assim sendo, nessa viagem pelo tempo, o

mediunismo foi aperfeiçoando-se e criando raízes no primitivo solo

da Pátria Africana.

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4. ESPIRITISMO VERSOS CATOLICISMO

P. A macumba é o baixo espiritismo?

R. Não, claro que não!!! Na umbanda esses ritos macumbeiros

procedem do afro-catolicismo e como tal devem ser chamados de

baixo-catolicismo.

P. Por que baixo-catolicismo? O que existe nesses rituais de

macumba?

R. É fácil entender porquê deve ser entendida a macumba como

baixo-catolicismo, vejamos, existem nesses ritos:

• Rosários

• Imagens

• Cruzes

• Velas

• Incenso

• Imagens de santos.

P. Mas e se nesses rituais houver manifestação de espírito,

permanecemos na concepção de baixo-catolicismo?

R. Sim, porque a Umbanda é mediunismo e mediunismo não é

espiritismo, e acrescentamos: nesses ritos há muito animismo, e

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animismo não é mediunidade, é fenômeno que ainda está contido nos

cinco sentidos.

P. A doutrina espírita foi codificada para contrariar e criticar a

igreja católica?

R. O espírito Ramatis responde: Não. O espiritismo veio revelar

o mundo oculto/espiritual sem essas complexas alegorias e explicar

tudo de maneira fácil, clara e sem superstições.

P. Ainda se justifica a existência da igreja católica?

R. Ramatis responde: a igreja católica ainda cumpre

determinada missão junto às criaturas incapazes de se identificarem

com divindades sem o recurso infantil das imagens, ritos e adorações

idólatras.

P. Se a igreja é oriunda do cristianismo de Roma, quando foi

que ela começou a distanciar-se da sua origem?

R. Não é segredo nenhum, pois é de conhecimento histórico que

a igreja católica-romana foi distanciando-se do cristianismo de origem

para associar-se ao poder político e, como tal, organizando-se

materialmente a partir do século III.

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P. É possível estabelecer o perfil psicológico do católico-

umbandista?

R. Ramatis responde: muitos católicos ainda não conseguem

libertar-se das formas escravizantes do rito luxuoso e dogmático da

igreja e, como tal, não têm preferência pelas reuniões simples, sem os

atrativos de imagens, liturgia e decorações pomposas. As coisas

pomposas têm o poder de apenas embriagar os sentidos.

E assim, embriagados em seus sentidos, não aceitam a

reencarnação mesmo que o Novo Testamento em Matheus 11.14,

Jesus disse: “Se o queres reconhecer, este João é o mesmo Elias que

estava para vir”.

Oportuno ressaltar que Elias viveu cerca de novecentos anos

antes de João Batista.

Pelas razões acima mencionadas, entendemos porquê

estacionam na Umbanda, atraídos por ritos, paramentos, simbologias,

incenso e cânticos que lhe evocam o ambiente peculiar da igreja,

ainda impresso em sua memória. Em contatos, diálogos com pretos

velhos, silvícolas e caboclos, eles amenizam a ausência dos sacerdotes

e da confissão, expondo suas aflições e rogando o socorro divino! No

entanto, malgrado ainda quando transformam a Umbanda em agência

de empregos e soluções materiais

.

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Portanto, a mística da igreja católica ainda é alimento das almas

impossibilitadas de substituir bruscamente as histórias e lendas

bíblicas.

P. Como entender que o catolicismo não é por excelência

espiritualista, pois ele acredita em Deus?

R. O catolicismo afirma que não há mais do que uma existência

corporal; que a alma de cada criatura é criada por ocasião do

nascimento. Ora!!! Foi por compreender assim que Jesus ensinou a

Nicodemos a necessidade de o homem nascer de novo (reencarnação).

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5. ESPIRITISMO VERSOS REFORMISTAS, PROTESTANTES/LUTERANOS E EVANGÉLICOS.

P. O protestantismo está mais próximo do espiritismo do que a

religião católica?

R. É bem mais fácil conduzir os budistas, hinduístas e demais

adeptos de doutrinas orientais para aceitar a doutrina espírita do que

conseguir o mesmo com católicos, protestantes ou adventistas, por

serem esses últimos contrários à lei do carma e da reencarnação.

P. Mas Lutero não foi à sua época a esperança dos mentores

da Terra que regozijaram-se pela nova mensagem de simplicidade e

libertação da suntuosidade do clero e das igrejas, convictos de que o

protestantismo não tardaria em assimilar a lógica da vida espiritual:

a lei do carma e da reencarnação?

R. Sim, foi a esperança da espiritualidade. Mas se os reformistas

luteranos fugiram do luxo e da pompa, aboliram a hierarquia faustosa

e evitaram o exibicionismo das joias e dos tesouros próprios do

Vaticano, eles caíram no fanatismo, elegendo a Bíblia e os profetas

com a mesma característica da infalibilidade do Papa. Houve

mudança de trajes e cenários, mas subordinaram a sua razão às

mesmas crenças infantis pregadas pela igreja católica.

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Acrescento:

Os fanáticos da Bíblia não podem evitar a morte de Deus.

Quanto mais falarem e escreverem da forma que fazem sobre Deus,

mais se afastarão do espírito arejado dos homens modernos. As coisas

de Cristo passam pelo coração e não pela letra. A letra pela letra, a

palavra pela palavra, são coisas que matam as coisas do Pai,

materializando as lendas e histórias bíblicas. Entretanto, Lutero que

fora Paulo de Tarso, através de seu trabalho árduo quebrou a liderança

autoritária do clero e das igrejas católicas, oportunizando a partir

desse processo reformista a liberdade que hoje temos de exercer no

espiritismo. Obrigado Lutero.

Enquanto os teólogos, os pregadores, os religiosos em geral, não

se convencerem de que as escrituras sagradas não são tabus e devem

ser estudadas no seu espírito, com seu apego à letra, nada poderão

fazer contra o ateísmo.

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6. ESPIRITISMO VERSOS CANDOMBLÉ

P. Qual o comentário que o espiritismo pode fazer concernente

ao candomblé?

R. No aspecto mediúnico, a doutrina espírita reconhece a

realidade de uma prática alicerçada no mediunismo. Lembramos que

muitos desses espíritos nunca se encarnaram na Terra. Isso posto, não

quer dizer que o espiritismo aceite a forma que é exercida, entretanto

o espírito de Jaboatão afirma: a nenhum de nós será lícito julgar essas

práticas, já que de alguma forma têm sido úteis aos irmãos que com

elas se identificam. Além do que, não deixa de ser manifestação

espiritualista.

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7. ESPIRITISMO VERSOS UMBANDA

No espiritismo, a Umbanda foi buscar a prática da comunicação

mediúnica, ou seja: a comunicação com os espíritos, e passa a utilizar

esse intercâmbio nas soluções de problemas materiais.

Desprezam os estudos, o exercício da reforma íntima que é a

razão do espiritismo e, como tal, permanecem entretidos nos

fenômenos da mediunidade para supostas soluções de problemas que

cabe ao homem, à sua responsabilidade nas soluções.

Como vemos, mesmo que alguns apontem que a Umbanda é

igual ao espiritismo porque tem essa relação com os espíritos,

enganam-se, pois o espiritismo é uma doutrina científica, filosófica e

religiosa, sem qualquer dogma, liturgia, símbolos, rituais, etc.

Sintentizando:

Não é espiritismo a sociedade, o culto, ou pessoas que em suas

reuniões ou crenças, adotem imagens, rituais, uniformes, objetos de

som, bebidas, charutos, velas, defumadores e amuletos; como

também, aceitar que a orientação dos trabalhos sejam deles e que os

espíritos-guias e o dirigente não podem intervir.

O espiritismo não admite em suas práticas qualquer

manifestação de cultos externos. Assim sendo, onde houver rituais

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convencionados para orar, hierarquia, etc., não existirá a verdadeira

prática espírita.

• A Umbanda é espiritualista.

O Espiritismo também é espiritualista.

• A Umbanda rende culto a Deus.

O Espiritismo também rende culto a Deus.

• Nas práticas de Umbanda, ocorrem fenômenos

produzidos por espíritos desencarnados.

Nas práticas do Espiritismo também ocorrem fenômenos produzidos

por espíritos desencarnados.

• A Umbanda aceita a reencarnação.

O Espiritismo também aceita a reencarnação.

• Na Umbanda se faz caridade.

No Espiritismo também se faz caridade.

• O Espiritismo não tem culto material.

A Umbanda tem culto material.

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• O Espiritismo não tem ritual.

A Umbanda tem ritual.

• Espiritismo não prescreve qualquer forma de

paramentos, nem comporta formalidades de função

sacerdotal.

A Umbanda tem pais de terreiros com vestimentas equivalentes ao

exercício de funções sacerdotais.

• O Espiritismo não admite o uso de imagens, seja de

santos, seja de quaisquer divindades, como não permite

o emprego de qualquer sacrifício em razão de crença.

A Umbanda tem imagens e altares, como ainda usa sacrifícios de

animais, nos casos em que as suas crenças permitem tal prática.

• O Espiritismo não tem sinais cabalísticos nem

símbolos.

A Umbanda tem sinais, pontos riscados identificando as falanges, etc.

• O espiritismo tem sua nomenclatura, segundo a

Codificação da Doutrina, em cujo vocabulário não se

encontram designações usuais do culto umbandista,

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quer em relação aos médiuns, quer em relação aos

espíritos.

A Umbanda tem uma nomenclatura muito diferente, porque chama os

médiuns de cavalos, emprega termos de procedências várias como:

marafo, Ogum, Inhançã, etc..

• O Espiritismo rege-se por um corpo de doutrina

homogênea, codificada por Allan Kardec.

A Umbanda não se rege pela doutrina codificada por Allan Kardec.

Consequentemente, tanto na teoria quanto na prática, a

Umbanda e o Espiritismo estão situados em campos distintos e não

podem ser a mesma coisa como geralmente se diz. Mas uma coisa é

necessária para ambos: o respeito mútuo!!!

P. Quando uma tenda de Umbanda está mais próxima do

conceito espírita?

R. Quando há: simplicidade no recinto e das reuniões; Paredes

sem nenhum quadro e; Todos os participantes estão vestidos

simplesmente, sem uniforme, aventais ou vestes especiais, nenhuma

imagem, nenhum instrumento musical, nenhuma dança e nenhuma

oferta material aos guias; sem bebidas – a não ser simplesmente água

para ser fluidificado.

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Nota: embora a Umbanda seja em essência um bom caminho

espiritual onde é muito bem praticada, ao espírito é melhor se libertar

de tudo aquilo que o prende à matéria.

Registrou-se anteriormente: “O Espiritismo não admite o uso de

imagens, seja de santos, seja de quaisquer divindades”. E assim

sendo, perguntamos:

P. Por que a doutrina espírita não aceita o culto às imagens?

Será preconceito?

R. Moisés nos dá a resposta no primeiro mandamento da lei de

Deus:

-Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirou do Egito, da casa da

servidão. Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros, não

farei imagens esculpidas, nem figura alguma do que está em cima no

céu, nem embaixo na Terra, nem do que esteja nas águas sob a Terra.

Não as adoreis e não lhes prestareis culto soberano. Ver Livro

“Evangelho Seg. Espiritismo”.

Nota:

Nos nossos estudos, uma médium atuante dizia: Ah... que

bonitinha a minha imagem, foi no altar da igreja que obtive uma

grande graça.

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Dissemos a ela: Devemos ter muito cuidado, porque a

suntuosidade da igreja e de seus altares entorpece os nossos sentidos e

diante dela e de seus rituais, muitos de nós ficamos estacionados,

prejudicando a implantação da Terceira Revelação à humanidade

terrena.

Para a reflexão final:

Como vemos, os homens têm diferentes patamares evolutivos e,

em todos eles, apresentam-se degraus que os possibilitam cada vez

mais progredir.

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CONCLUSÃO

Nas páginas anteriores falamos sobre a Bíblia, o livro básico do

Catolicismo e do Protestantismo. Assim sendo, vamos fazer alguns

comentários à luz de Kardec.

Visão espírita da Bíblia:

“A forma das alegorias bíblicas é bela e o seu sentido é

profundo, mas essa beleza e essa profundidade são transformadas em

absurdo e ridículo pela interpretação literal”. (Palavras de Kardec)

P. Por que as religiões dogmáticas têm interesse em manter o

velho conceito de que a Bíblia é a palavra de Deus?

R. Vejamos:

1. Sendo a palavra de Deus, há impedimento das investigações

livres.

2. A Bíblia é indiscutível, deve ser aceita literalmente ou de

acordo com a interpretação autorizada da igreja. Por isso, as

igrejas sempre se apresentam como autoridade única na

interpretação da Bíblia.

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Nota: essa posição corresponde aos tempos mitológicos, ao

pensamento mágico, e não à era da razão em que vivemos.

P. Para o espírita esclarecido, a Bíblia é a palavra de Deus?

R. Não. É um livro escrito pelo homem. Entretanto, a doutrina

nos ensina a encarar a Bíblia como um marco da evolução humana,

mas não fazer dela um novo bezerro de ouro. Aos fanáticos, é

impossível dizer isso.

Nota: o Espiritismo não se interessa por quantidade de adeptos,

mas pela sua qualidade. Espíritas que se assustam com a verdade

sobre a Bíblia ainda estão longe de compreender a doutrina.

P. Podemos trazer a Bíblia ao seu devido valor desmistificando-

a?

R. Particularmente, digo sim. Pois o próprio nome Bíblia quer

dizer simplesmente o livro. Reunindo os livros diversos da religião

hebraica, composto por vários autores, quarenta e dois ao todo, as

igrejas católicas e protestantes reuniram a esses livros o evangelho de

Jesus, dando o nome de Novo Testamento. Como podemos observar,

o Novo Testamento não pertence de fato à Bíblia. É outro livro escrito

mais tarde, unindo vários escritos sobre Jesus e seus ensinamentos.

Sendo o evangelho, o Novo Testamento, como se designa chamar, e

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existindo após o Cristianismo de Jesus, fica claro que substitui o

Deus-Guerreiro da Bíblia pelo Deus-Amor do Sermão da Montanha.

P. Devemos concluir que a Biblia é um erro?

R. Não, mas os homens se enganaram na sua interpretação.

Vejamos:

1. Deve-se reconhecer a Bíblia na sua revelação profética-

mediúnica. Esse entendimento começa com:

• Moisés e;

• Define-se com Jesus.

P. Se a Bíblia é um livro mediúnico, poderemos extrair do seu

seio esse conteúdo, ou seja, comunicação com os espíritos?

R. Sim!!! Exemplos:

a) 11.23.25 - O Senhor fala a Moisés

b) 31.1.9 – A materialização da mãe do rei Salomão.

P1. Se Deus utiliza a mediunidade para falar com Moisés, por

que a não aceitação do católico e do protestante?

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P2. Se Deus utiliza a mediunidade de Moisés e fala com ele,

onde está a razão de Moisés proibir a comunicação dos espíritos?

Como proíbem também os católicos e evangélicos?

R. Moisés proibiu precisamente o que o espiritismo proíbe.

Vejamos:

A condenação mais citada na Bíblia é a condenação de Moisés

aos judeus quando se estabeleceram em Canaã, em praticar as

seguintes abominações:

• Fazer encantamento;

• Fazer os filhos passarem pelo fogo;

• Entregarem-se às adivinhações;

• Prognosticar;

• Agourar;

• Feitiçaria;

• Necromância;

• Magia;

• Ou consultas aos mortos.

Nota:

As pretensas condenações da Bíblia ao espiritismo são

principalmente as condenações das práticas de magia, que os judeus

haviam aprendido na Babilônia e no Egito, e que iriam encontrar

também em Canaã. Os povos antigos davam-se a essas práticas.

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P. Moisés praticava e desejava a mediunidade bem orientada?

R. Sim. Vejamos:

a) Ele conversava com os espíritos.

b) Ele recebia os espíritos.

c) Ele tinha uma equipe de médiuns provocando até

mesmo fenômenos de materialização.

P. Há registros em que Moisés não proibia a prática da

mediunidade bem orientada?

R. Sim. Esses registros estão em mãos do professor Romeu do

Amaral Camargo através do livro de números, capítulo 11, versículos

26 a 29.

Relato: dois médiuns haviam ficado no campo, Eldad e Medad.

E lá mesmo foram tomados e profetizavam, ou seja, davam

comunicações de espíritos. Um jovem correu e denunciou o fato a

Josué. Este pediu a Moisés que proibisse as comunicações. A resposta

de Moisés é um golpe de morte em todas as pretensas condenações do

espiritismo pela Bíblia. Eis o que diz o grande condutor do povo

hebreu:

“Que zelos são esses que mostras por mim? Quem dera que todo

o povo profetizasse e que o Senhor lhe desse o seu espírito”.

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Moisés sabia que Eldad e Medad não eram mercenários nem

mistificadores, não procuravam comunicar-se com o mundo invisível,

mas eram procurados pelos espíritos. Como acabamos de ver, Moisés

aprovava a mediunidade pura que o espiritismo aprova e defende.

P. Quem era Jeová ou Javé, o Deus de Israel?

R. Guia espiritual do povo hebreu. Para os hebreus, os espíritos

eram deuses. Hoje é espírito santo no protestantismo.

P. Se era guia espiritual, como ele, Jeová, praticava a ajuda

direta ao seu povo?

R. Basta o leitor ler a Bíblia, de qualquer tradução, católica ou

protestante, no livro de números, capítulo 12, versículos 5 a 8. Nestes

versículos, Jeová dá aos hebreus uma das suas lições.

Vejamos: “Miriam e Aarão falavam mal de Moisés, Jeová não

gostou e subitamente ‘descendo das nuvens’ materializou-se”.

P. Qual o maior dos absurdos da Bíblia?

R1. Adão e Eva eram as primeiras criaturas humanas e Caim era

a terceira, pois havia matado Abel. Afirma a Bíblia.

R2. Caim com sua mulher (não diz o nome, ela existiu?)

edificaram uma cidade. (Para quem morar nesta cidade? Para alguns

filhos, apenas?).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Falamos de uma Umbanda nascida no seio rude do solo

africano, Moçambique, Angola e Luanda, mas que ofertou ao Brasil,

“coração do mundo, pátria do evangelho”, belas páginas de humildade

e de exemplos sublimados nos sofrimentos de sábias lutas necessárias

ao despertamento da vibração do amor. Esses espíritos gostaram do

Brasil a tal ponto que aqui permanecem após os seus desencarnes:

v Foram seus braços fortes que proporcionaram as bases sólidas

do Brasil de hoje;

v Herdamos costumes, culinárias e métodos de fazermos os

remédios caseiros; “Obrigado pela feijoada!”

v O negro misturando-se com o branco, oportunizou ao Brasil a

ter a raça mais bonita.

Pretos velhos da princesa Isabel são pretos velhos, voltados a

Jesus no exercício da humildade. Esse registro que agora faço é com a

alma genuflexa que procuro pôr as coisas nos seus devidos lugares,

devolvendo a vocês o devido respeito, eliminando preconceito

oriundo do desconhecimento de espíritas despreparados, revertendo-

se em justiça.

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P. Que perfil poderemos dar aos nossos irmãos índios e irmãos

negros?

Para essas respostas, buscamos na psicografia de Bezerra de

Menezes, através da médium M. Nilcéia – Ibitinga, 07/07/90:

R1. Esses irmãos residentes na psicosfera espiritual são muito

atuantes para quem os mentaliza. Não podemos esquecer que esses

pretos velhos a serviço de Jesus, são espíritos de sentimentos nobres e

de humildade cristalina.

R2. Onde existe algum sofredor, algum perseguido por

entidades maléficas, lá estão eles para fornecer proteção. Muitos lares

ainda não sucumbiram, porque alguns membros da família pedem

proteção aos índios e pretos velhos.

Os espíritos dos altos escalões espirituais servem-se deles para

que muitos problemas sejam solucionados.

R3. Quantos deles permanecem unidos aos Kardecistas para

defenderem os Centros Espíritas da entrada de elementos

desencarnados zombadores, maldosos, que insistem em atrapalhar o

bom andamento dos trabalhos.

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Queridos irmãos espíritas, não os temam e não os afastem com

pensamentos de repulsa, pois eles são atuantes e bondosos, e muito

podem fazer em benefício de todos.

A equipe espiritual da qual faço parte solidariza-se com os

nossos irmãos negros... Há tempos que trabalhamos juntos, Pena

Branca é nosso amigo e nos propusemos a auxiliá-lo.

Apresento para nossa reflexão verdades necessárias ao nosso

entendimento:

I. Primeira: Exemplo do Pai Tomás, escravo na época mais brutal

na América do Norte.

Tomás sentia pelo amo um misto de respeito e ternura paternal,

notando que ele não lia a Bíblia e invés de frequentar a igreja

frequentava os clubes, chegou a temer que Saint-Clair fosse ateu.

Certa ocasião, ao vê-lo voltar de uma festa embriagado, Tomás

passou o resto da sua noite rezando pela salvação do seu amo...”

II. Segundo: Humberto de Campos (espírito), relata no livro

“Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, que Ismael,

o anjo protetor do Brasil, autorizado pelo Cristo fez uma visita a

determinada região espiritual inferior, próxima da Terra, onde se

agrupavam muitas entidades sofredoras. Eram antigos

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participantes das Cruzadas, senhores feudais da Idade Média,

inquisitores, espíritos rebeldes e revoltados, enfim, uma

coletividade sofredora oriunda de diferentes atividades em

passadas encarnações que aspirava a nova oportunidade onde

pudesse demonstrar seu arrependimento e desejo de trabalho.

Ismael acena-lhes com essa oportunidade, informando-os de que

o Cristo lhes ouvira as súplicas e lhes oferecia novo ensejo de labor e

edificação. Fala-lhes de uma nova Terra, onde se deveria edificar o

Evangelho. Todos que desejassem purgar suas faltas poderiam

inscrever-se, e assim encontrariam uma nova esperança, com trabalho

e sacrifício. Observou então que imensas falanges se inscreveram para

a reencarnação em nações africanas.

Esses seres reencarnados, foram posteriormente transferidos ao

Brasil Colonial, enquanto muitos outros renasciam aqui mesmo,

formando o grande Continente de escravos negros que haveriam de

construir umas das forças da jovem nação.

Ao mesmo tempo que resgatavam faltas passadas, com sua

abnegação, trabalho rude e constantes sofrimentos inenarráveis,

contribuíram decisivamente para o progresso da pátria do Cruzeiro.

Ismael, sofrendo muito, vai a Jesus e relata os sofrimentos impostos a

esses africanos e Jesus diz: “Os seus lamentos chegam até mim, mas

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está reservado a muitos deles, através da nova reencarnação, a tarefa

de: estadistas, escritores, médicos e artistas.

Vamos conhecer um pouco mais das nuanças de certas

comunicações através de médium não estudioso da doutrina, mas com

potencial mediúnico, em trabalho com espíritos africanos:

Um senhor idoso, cujo nome por motivos de família não

declinaremos, que era pai de um renomado médico mineiro, fora

acometido por uma enfermidade que resistia, bravamente a todos os

recursos da medicina acadêmica utilizados por seu filho e outros

colegas de profissão.

Com o passar do tempo e o definhamento lento, mas constante

do ansião, alguns dos seus familiares tentaram sugerir ao doutor que

procurasse rever no seu receituário; orgulhosamente, porém, o jovem

médico retrucou que o seu pai tinha o privilégio de estar contando

com a assistência de alguns dos médicos mais caros e mais solicitados

pela fina nata da sociedade.

Apesar da empáfia do clínico, o enfermo continuou a definhar.

Certo dia, aproveitando-se da ausência do doutor, um dos seus irmãos

solicitou a Raul Hanriot que comparecesse à cabeceira do doente,

visando a obtenção de alguma forma de auxílio espiritual.

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O médium atendeu ao chamado e na presença de poucos amigos

e membros da família, caiu em transe, sendo incorporado por uma

entidade que personificava um preto velho. Jesuíno, esse é o nome da

entidade, com uma pronúncia bastante característica, conversou com

o doente, e começou a aplicar-lhe um passe.

Nesse instante, irrompe pelo quarto o outro filho do velho, o

doutor, que com palavras bastante ásperas lamentou o pouco que seus

familiares faziam dos seus conhecimentos, a ponto de irem buscar um

homem ignorante que mal sabia falar, para interferir no tratamento do

seu pai.

Diante de tais acontecimentos, a voz doce e calma de Jesuíno se

modificou, e o médium Raul teve a sua postura inteiramente alterada;

foi com uma voz firme que não disfarçava um ligeiro sotaque francês,

e a elegância de um nobre, que se dirigiu ao jovem acadêmico:

“Se é esta a sua vontade, meu jovem colega, vamos ter uma

conversa de especialista para especialista, pois o meu peito foi

agraciado com todas as honrarias e condecorações que pode receber

um médico na França. Enquanto vivi como profissional da Medicina,

com a vista obscurecida pela vaidade e pelo orgulho, fui um

aristocrata que conseguiu alcançar uma clínica ultra selecionada e

obter os mais vultosos honorários. Naquele tempo, doutor, eu era

muito semelhante ao que você hoje demonstra ser”.

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Nesse instante o médium voltou a assumir a postura e o

linguajar característicos de Jesuíno, e, foi na personificação de “preto

velho”, que ele continuou: -“Foi para vencer a minha vaidade e o meu

orgulho de médico mundano que, após a minha morte, eu pedi a Deus

para voltar como um pobre preto, escravo dos brancos que se haviam

arvorado em senhores da vida dos seus irmãos.

Como Jesuíno, sofri muito e apanhei tanto, que um dia a ponta

do chicote do feitor vazou um dos meus olhos.

Eu era um preto ignorante, meu filho, tão ignorante que mal

sabia falar. Apesar disso, sempre que podia, eu corria até a capela e,

de joelhos, no canto mais escondido, mas com o coração atado a todos

os corações que sofriam, eu apenas repetia e repetia para Jesus: -‘Meu

senhor, Jesuíno está aqui’.

Um dia, ao pronunciar minha única e modesta oração, adormeci

para acordar envolto em uma luz muito brilhante, ouvindo uma voz

que me dizia: -‘Jenuíno, eu ouvi a tua súplica!’

Por isso, filho, como recordação dessa vida tão humilde para o

mundo do corpo, mas tão importante para a evolução do espírito é que

me apresento sempre como Jesuíno: foi somente como um preto

escravo que eu consegui aprender o verdadeiro sentido da palavra

Amar”.

Cuiabá, 08 de janeiro de 1998 - Wilson da Cunha