Tcc_ a Escola Manda Noticia
-
Upload
deborah-abrahao -
Category
Documents
-
view
216 -
download
0
Transcript of Tcc_ a Escola Manda Noticia
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
1/32
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
Curso de Comunicação Social – Jornalismo
DÉBORAH DE FRANCO ABRAHÃO
A ESCOLA MANDA NOTÍCIA: PROGRAMA DE RÁDIO SOBRE
EDUCOMUNICAÇÃO EM FORMATO PODCAST
CURITIBA
2014
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
2/32
DÉBORAH DE FRANCO ABRAHÃO
A ESCOLA MANDA NOTÍCIA: PROGRAMA DE RÁDIO SOBRE
EDUCOMUNICAÇÃO EM FORMATO PODCAST
Trabalho de Conclusão de Curso apresentadocomo requisito parcial para obtenção do grau debacharel em Comunicação Social com Habilitaçãoem Jornalismo ao Centro Universitário
Internacional UNINTER.
Orientador: Me.Luis Otávio Dias
CURITIBA
2014
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
3/32
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso pretende dar visibilidade a projetos
práticos de educomunicação por meio de podcasts do programa de entrevistas “Aescola manda notícia”, onde o público poderá ouvir experiências de projetos, seusresultados e desafios. Utilizando o suporte de um site, o programa tambémdisponibilizará ao público conteúdos complementares aos programas e materiais deeducomunicação.
PALAVRAS-CHAVE: podcast ;educomunicação ; entrevistas ; rádio
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
4/32
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Imagem 1- Página inicial do site ................................................................................ 26
Imagem 2- Segunda página do site ........................................................................... 26
Imagem 3-Terceira página do site ............................................................................. 26
Imagem 4- Ultima página do site .............................................................................. 27
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
5/32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
2- OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA ESCOLA ...................................................... 7
2.1-EDUCOMUNICAÇÃO: SEUS OBJETIVOS E ÁREAS DE ATUAÇÃO .................. 8
3- UMA PEQUENA RETROSPECTIVA SOBRE O RADIO ...................................... 12
3.1- O RÁDIO NO BRASIL ........................................................................................ 13
4- PROGRAMA DE ENTREVISTA: UM GÊNERO DE
JORNALISMO NO RÁDIO........................................................................................ 17
5 -A RADIO NA WEB, A RADIO DIGITAL E O PODCAST...................................... 19
6 - METODOLOGIA .................................................................................................. 23 7- DESCRIÇÃO DO PRODUTO ............................................................................... 24
7.1- CUSTOS E MATERIAIS ..................................................................................... 24
7.2-EQUIPAMENTOS ............................................................................................... 24
7.3-ESTAPAS DE PRODUÇÃO ................................................................................ 24
7.4 -PÚBLICO ALVO ................................................................................................ 25
7.5-VEÍCULAÇÃO......................................................................................................25
7.6 – ENTREVISTAS................................................................................................. 26 8 – CONSIDERAÇÃO FINAIS...................................................................................27
9 - REFERÊNCIAS................................................................................................... 28
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
6/32
6
1 INTRODUÇÃO
A escola representa uma grande parte das lembranças de infância de todos
nós. É na escola, que ainda crianças aprendemos, não só português, matemática e
ciências, mas o próprio convívio em sociedade. Ao entrar na escola, a criança deixa
o microcosmo familiar, para se relacionar com outros como cidadã, gerenciando
conflitos, estabelecendo relações de cooperação e se colocando no mundo. Nesse
contexto expressar-se e compreender as diferentes formas de expressão que o
cercam, é fundamental para o aluno.
Para desempenhar a tarefa de compreender o mundo e se colocar nele,
nada mais adequado que explorar os meios de comunicação que direta ouindiretamente fazem parte da vida da criança desde os primeiros anos,
principalmente nas últimas décadas em que a tecnologia avança desenfreadamente,
colocando em nossas mãos equipamentos e tecnologias de comunicação que não
eram acessíveis em gerações passadas.
Muitos educadores e comunicadores tem estudado o papel da comunicação
na escola e as suas várias formas da manifestação. Por meio de projetos e
pesquisas tem se verificado resultados positivos no uso da comunicação para aconstrução do aprendizado e da cidadania. Apesar de servirem de inspiração e
exemplo, muitas vezes essas iniciativas não chegam ao conhecimento da
sociedade. O pouco apelo comercial, e a falta de investimento na divulgação
resultam em pouco espaço para esses projetos nos meios de comunicação
tradicionais.
É neste viés que o presente Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo
do Centro Universitário Uninter se Insere, com o desafio de dar visibilidade aprojetos de Educomunicação. O objetivo dos podcasts “A escola manda notícia” é
divulgar, por meio de entrevistas, as experiências e resultados obtidos por alunos,
professores e comunicadores com o uso de ferramentas e canais de comunicação e
suas ferramentas dentro do contexto escolar. Ao vincular os podcasts a um site
próprio, procuraremos colocar também à disposição do público, links, bibliografias e
vídeos complementares, que junto com as entrevistas em si, representarão um
espaço onde poderão ser obtidas informações sobre projetos existentes e
possibilidades de construções de novos projetos.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
7/32
7
No primeiro capítulo deste trabalho serão abordados os estudos feitos sobre
a relação comunicação e educação e o conceito de educomunicação como uma
nova área de atuação e pesquisa. O capítulo dois apresentará uma breve
retrospectiva do meio rádio, precursor do formato podcast utilizado no programa “A
escola manda notícia”. O terceiro capítulo trará as novas possibilidades do rádio na
era digital e web, assim como o conceito de podcast e as possibilidades que o
formato representa em termos de veiculação e mobilização. Por fim os dois últimos
capítulos falarão sobre a metodologia utilizada e a descrição das etapas de
produção do programa “A escola manda notícia” e os resultados atingidos.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
8/32
8
2-OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA ESCOLA
As mídias ocupam um lugar de destaque na vida da sociedade,
principalmente no que Orofino (2005, p.29) chama de “paisagem cultural” de
crianças e jovens. Na América Latina, entre os pioneiros na investigação da relação
comunicação e educação estão os pesquisadores da educação como Paulo Freire e
Celestán Freinet e da comunicação como Mário Kaplun e Jesus Martin Barbero. E
mais recentemente Ismar de Oliveira Soares, que resgatando a ideia desses
pesquisadores tem desenvolvido o conceito de educomunicação como uma nova
área de atuação além da simples interface comunicação e educação
Entre os primeiros projetos latino– americanos que procuravam potencializara articulação entre comunicação e a educação a pesquisadora Denise Cogos
destaca: o PLAN–DENI (Programa de Educação Alternativa para a Formação do
Receptor desde a Infância) no Uruguai, iniciado em 1968, Pedagogia da
Comunicação na Costa Rica, que se desenvolve a partir de 1973, e os projetos de
Educação para a Comunicação implementados pelo CENECA (Centro de
Indagacion y Expresión Cultural y Artística) no Chile iniciados em 1992.
No Brasil, a UCBC (União Cristã Brasileira de Comunicação) é a principalorganização no início da década de 70 que busca projetar iniciativas no campo da
educação para a comunicação, em tempos de ditadura militar no Brasil. Nos anos de
1990 as iniciativas da UCBC tomam fôlego e passam a se chamar PEC (Programa
de Educação para a Comunicação)
“Da mesma forma que o movimento popular, também o sistema escolar torna-seprioridade para o projeto UCBC, que passa a se sustentar a teórica e
pedagogicamente nos pressupostos de Paulo Freire e nos fundamentos da TeoriaCrítica da Comunicação. Foi também da UBC em parceria com as edições Loyola,a iniciativa de editar os Cadernos de Leitura Crítica ( ‘LCC cadernos”), com oobjetivo de socializaras discussões sobre a problemática da educação para acomunicação a partir da realidade brasileira.” (COGO, 2011, p.37).
A atenção dos pesquisadores nesses projetos e o objetivo das ações
realizadas eram incluídos no âmbito da recepção crítica, ou o que o pesquisador
português Victor Tomé chama de “Educação para os média”, e que segundo ele
representam várias vantagens em relação às “capacidades e aptidões intelectuais,
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
9/32
9
tendo por isso efeitos nos indivíduos ao nível da relação com os média e seus
conteúdos, do desempenho escolar, mas também do desempenho social, cultural e
profissional dos cidadãos” (TOMÉ, 2009,p 5).
Porém mesmo apresentando tantos aspectos positivos a relação
comunicação educação vai além do consumo crítico dos meios como escreve a
educadora Maria Isabel Orofino, que vê a própria produção de mídias como um
desafio para a qualidade da educação atual:
“E então o desafio que se coloca para nós, educadores críticos, diante destaproblemática, é o de nos lançarmos_ junto com crianças e adolescentes_ àdescoberta, à aventura de produzir respostas junto a presença massiva eideologicamente mercantil que a mídia desempenha em nossos diferentescontextos culturais.” (OROFINO, 2005 p.28).
Dos estudos de recepção, outras perspectivas se desenvolvem no encontro
comunicação e educação. O pesquisador uruguaio e autor do termo
Educomunicação, Mário Kaplun, enfatiza que “Comunicação Educativa” justifica-se
pela “ possibilidade de proporcionar à educação métodos e procedimentos para
formar a competência educativa” (KAPLUN in COGO, 2011, p.38).
Resgatando as ideias de Kaplun e Paulo Freire, o professor Ismar OliveiraSoares, coordenador desde 1996 do NCE (Núcleo de Comunicação e Educação) da
USP coordenou entre 1997 e 1999 uma importante pesquisa que conceituou o termo
“Educomunicação”, de autoria do pesquisador uruguaio, assim como traçou o perfil
do profissional da nova área surgida da interface entre comunicação e educação,
como veremos a seguir.
2 .1 – A EDUCOMUNICAÇÃO, SEUS OBJETIVOS E ÁREAS DE ATUAÇÃO
Segundo a pesquisa coordenada por Soares, a Educomunicação pode ser
entendida como o conjunto das ações voltadas ao planejamento, implementação e
avaliação de programas e projetos destinados à criação e desenvolvimento de “
ecossistemas comunicativos abertos e criativos em todo espaço educativo,
mediados pela gestão participativa dos processos e tecnologias da informação.”
(SOARES, 2000, p.01).
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
10/32
10
Não há dúvida que as tecnologias da informação são hoje acessíveis e de
fácil uso. Produzir um vídeo, um programa de rádio, um site e até mesmo um jornal,
tarefas distantes da realidade do cidadão e reservadas somente às empresas de
comunicação algumas décadas atrás, hoje podem ser realizadas, em sua maioria,
por meio de um simples aparelho de telefone celular. Porém Soares assinala em seu
artigo “Educomunicação, um espaço de mediações”¹, que a questão–chave não está
apenas nas tecnologias, mas no próprio sistema de comunicação adotado. O
pesquisador afirma ainda a necessidade de repensar profundamente o “sentido da
ação comunicativa presente no ato educativo.” (1999, p.2).
Portanto podemos afirmar que a educomunicação aplicada à escola não se
trata apenas de educar através das ferramentas que a comunicação utiliza, mas depromover a busca do conhecimento, através do uso da comunicação. Por meio da
leitura crítica dos meios comunicativos, como faziam os projetos latino-americanos
pioneiros, assim como por meio da produção de comunicação, do diálogo efetivo
entre os diferentes atores do universo escolar, onde o aluno pode retratar seu
universo, sua comunidade, produzir e compartilhar cultura desenvolvendo–se como
indivíduo e ajudando a própria escola a se desenvolver.
Paulo Freire, um dos inspiradores de Soares, aponta a comunicação e odiálogo como fundamentais para a construção da educação ideal e o
reconhecimento do educando como ser “do mundo e no mundo” pois
reconhecendo–se assim, e dessa forma sendo reconhecido, se torna participante da
construção da educação libertadora. (FREIRE, 1987 p.40).
Porém, ser reconhecido, ser visível como membro participante da
construção do conhecimento em um sistema educacional que “se vê condicionada a
sistemas e métodos adotados pelo estado e difundidos através de currículos rígidose metodologias padronizadas,” pode ser um desafio (SOARES, 2000, p.18)
A Educomunicação nesse contexto não deve ser entendida como uma
simples junção dessas duas áreas, porque em si carrega características próprias.
Mais uma vez nos valemos da pesquisa de Soares para elucidá–las, citando de três
pontos principais aos quais a educomunicação se destina:
1 - integrar às práticas educativas o estudo sistemático dos sistemas de
comunicação
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
11/32
11
2 - criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos (o
que significa criar e rever as relações de comunicação na escola, entre direção,
professores e alunos, bem como da escola para com a comunidade, criando sempre
ambientes abertos e democráticos.)
3 - melhorar o coeficiente expressivo e comunicativo das ações educativas.
A Educomunicação portanto traz em suas propostas, práticas educacionais
que utilizem as especificidades da comunicação de maneira que essas colaborem
com a promoção de processos educativos construídos através do diálogo e da
democracia. Assim como a formação de sujeitos aptos a construir o próprio
conhecimento, consumindo e produzindo informação de maneira crítica, a
Educomunicação auxilia os processos educativos e a sua compreensão por meio deações comunicativas realizadas de forma horizontal, contudo, sem que estejam
necessariamente ligadas a escola. Essa relação comunicação e educação pode
acontecer em vários outros núcleos, onde haja a multiplicidade de vozes a se
fazerem ouvidas como clubes, associações e vários outros espaços culturais ou
interativos. Trata-se de um novo paradigma de relacionamento entre a comunicação
e a educação, em qualquer lugar em que esta ocorra.”
Soares defende, assim como Freire que todos os atores envolvidos sãoparte do processo de construção do conhecimento, que se faz resultado de uma
contribuição coletiva “A educação autêntica não se faz de “A” para “B” ou de “A”
sobre “ B”, mas de “A” com “B” mediatizados pelo mundo.” (FREIRE, 1987, p 48).
Nesse contexto é possível utilizar-se da educomunicação como metodologia
que promova esse reconhecimento do aluno com o mundo em que está inserido, do
qual nos fala Paulo Freire (1987).
Para organizar um campo tão vasto e complexo como a Educomunicação,os pesquisadores do NCE da USP, delimitaram quatro áreas ou níveis em que a
Educomunicação atua. São eles:
1 – Área de educação para a comunicação: constituída pelas reflexões em
torno da relação entre os polos vivos do processo de comunicação, produtores,
processo produtivo e recepção de mensagens. Estão nesse campo os programas de
formação de receptores críticos dos meios;
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
12/32
12
2 – Área da mediação tecnológica na educação: abrange a compreensão
dos procedimentos e das reflexões em torno dos vários usos das tecnologias de
informação na educação;
3 – Área da gestão da comunicação no espaço educat ivo: voltada ao
planejamento, execução dos processos e procedimentos que se articulam no âmbito
da Comunicação/Cultura/ Educação, criando ecossistemas comunicacionais;
4 - Área de reflexão epistemológica sobre a inter-relação comunicação
educação como fenômeno cultural emergente: No campo acadêmico, essa área
corresponde a pesquisas e estudo das práticas em torno da educomunicação, que
colaboram para a legitimação da nova área. As próprias pesquisas de Soares,
Adilson Citelli e demais pesquisadores da USP estão inseridas nessa categoria.Estão inseridos na terceira área, (gestão da comunicação no espaço
educativo) os dois projetos tema dos episódios em podcast produzidos para esse
trabalho. Porém dentro dos podcasts “A escola manda notícia” cabem, em caso de
continuidade do projeto, a divulgação de iniciativas de todas as quatro áreas da
educomunicação.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
13/32
13
3 – UMA PEQUENA RETROSPECTIVA SOBRE O RADIO
Os podcast têm em sua estrutura tecnológica muito pouca semelhança com
o rádio analógico tradicional, porém muitas produções como o programa “A escola
manda notícia” buscam se inspirar em sua linguagem e em seus formatos. Isso se
dá, pela proximidade e a sensação de empatia que a linguagem radiofônica
representa aos ouvintes. Portanto antes de falarmos em podcasts é imprescindível
que retomemos um pouco da história do rádio e suas peculiaridades.
Ao olharmos retrospectivamente para o desenvolvimento do rádio como
veículo de comunicação, podemos notar em sua missão inicial aspectos
semelhantes aos da missão jornalística. Segundo Nelson Traquina, o jornalismopode ser entendido como a resposta que se dá para perguntas como: “o que está
acontecendo no mundo”? “O que está acontecendo com o meu país?” Ou seja, o
jornalismo é a informação que responde de forma mais fiel e rápida possível aos
questionamentos sobre o que está acontecendo, sobre fatos reais em várias esferas
da vida. (2005, p 24).
Foi também a necessidades de respostas rápidas e trocas de informações
que moveu pioneiros do rádio como o italiano Guglielmo Marconi na Inglaterra nofinal do século XIX ,e outros como A.S. Popoff (1859 – 1906) na Rússia, Edouard
Branly (1844-1940) na França e Augusto Righi (1850- 1920) na Itália. (Buke, Briggs ,
2006)
Nos últimos anos do século XIX Marconi e Popoff concentraram-se em
experimentos para a comunicação dos navios das frotas britânicas e russas
respectivamente. Assim o rádio teve como função primeira, a comunicação militar e
a troca de notícias de guerra entre navios e postos de comando (Buke, Briggs, 2006,p.155).
O uso civil do rádio teve início pouco tempo depois. Em 1912 haviam
aproximadamente 122 clubes de transmissão sem fio na América (Burke, Briggs,
2006, p. 157). A maior parte das rádio transmissões feitas por radioamadores eram
de concertos musicais, sendo o rádio visto nesse momento como um veículo com
potencial educativo e cultural. Porém, não demorou para que o jornalismo, a
publicidade e o entretenimento tomassem o interesse dos transmissores e ouvintes.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
14/32
14
Lee Foreste, radioamador nato e visionário, inovou ao deixar de lado os
concertos e transmitir em 1916, nos Estados Unidos, uma partida de futebol
americano entre Yale e Havard. Indo mais longe, naquele mesmo ano, Forest
manteve por 6 horas no ar a cobertura da disputa eleitoral que levou Woodrow
Wilson à presidência dos Estados Unidos (Burk, Briggs, 2006)
Segundo os historiadores Peter Burke e Asa Briggs muitos não
compartilhavam o entusiasmo de Forest em transmitir notícia, e viam esse uso do
rádio com desconfiança. Entre os que não estavam convencidos do uso futuro das
rádio transmissões imaginado por Forest, estavam a maior parte dos especialistas
britânicos, inclusive nomes proeminentes da Sociedade de Radiotelegrafia de
Londres.(2006, p.161)
“Não estava “muito claro”, um deles escreveu em 1913, “de que região viria aprimeira demanda efetiva”. No entanto no mesmo ano, a Illustrated London Newsmostrava fotografias de ouvintes britânicos em roupas de noite e com fones deouvido, absorvidos em ouvir não palavras ou músicas, mas informações sobre otempo.” (BURK, BRIGSS, 2006, p. 161).
3.1 – O RÁDIO NO BRASIL
No Brasil, o rádio chegou em 1922, sendo apresentado no dia da
inauguração da Exposição Nacional preparada para as comemorações do
Centenário da Independência Brasileira, onde ouvintes maravilhados puderam,
desfrutar de trechos da Ópera “O Guarani”. No ano seguinte, graças aos esforços de
Roquette Pinto e Henrique Morize, foi estabelecida a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, tornando-se esta a primeira emissora de rádio do país. (BARBOSA FILHO,
2009,p.39).
No final da década em que chegou no país, o rádio brasileiro buscava
profissionalização. Novas empresas foram formadas anunciando projetos
revolucionários e procurando transmitir uma programação diária com novos modelos
que prometiam conquistar o ouvinte.
Entre essas empresas de rádio, estava , por exemplo a Radio Sociedade
Recorde, fundada em 1928 e vendida em 1931 para Jorge Alves Lima, João Batista
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
15/32
15
do Amaral e Paulo Machado Carvalho. A nova diretoria que tinha como objetivo
produzir uma programação que levasse ao público paulista “uma rádio jornalística,
de prestação de serviço e com muito entretenimento” (CALABRE, 2004, p.17).
É importante lembrar também que no ano de 1931, dois decretos do governo
Getúlio Vargas definiriam as regras de operação e transmissão do rádio como
explicam Alves, Fontoura e Antoniutti (2011, p. 42).: “Um dava somente ao estado o
direito de conceder os serviços de comunicação a empresas particulares, enquanto
o outro liberava a exploração comercial”. Foi também em meados de 1930, durante
o governo de Getúlio Vargas que aconteceu a criação do programa “A Hora do
Brasil”, no ar até os dias de hoje.
Em 1937, Vargas criou o DIP (Departamento de Imprensa e Publicidade) etrês anos mais tarde, incorporou a patrimônio da União, a Rádio Nacional, futura
porta–voz do governo (CALABRE, 2004, ALVES, FONTOURA e ANTONIUTTI,
2011, BARBOSA FILHO, 2009).
Apesar da grande repressão e censura, dos fechamentos de várias
emissoras e monitoramento constante das restantes, Alves, Fontoura e Antoniutti
destacam que “a fase Getulista é considerada por muitos historiadores como a de
maior ascensão dos meios de comunicação” (2011, p. 42).Entre musicais, programas de variedades, radionovelas, publicidade e
programas esportivos, o ouvinte recebia notícias mais rapidamente do que nunca.
Essa capacidade fez com que o rádio ultrapassasse o impresso, sendo o mais veloz
a noticiar o que acontecia naquelas primeiras décadas do século XX, segundo
Calabre.
As emissoras de rádio por sua vez eram ligadas a grupos de comunicação
que agregavam jornais e revistas. Calabre escreve sobre os grupos de mídia daépoca:
“O maior dos conglomerados de empresas de comunicação foi o dos Diários eEmissoras Associados, seguido pela Tupi de São Paulo, que ao ser inauguradaem 1937, com seus transmissores de 26 kw, tornou-se a emissora mais potenteda América Latina. No final da década de 40 a rede dos Diários e EmissorasAssociados contava com vinte jornais, cinco revistas e as rádios Tupi do Rio deJaneiro e de São Paulo, Mineira e Guarani de Belo Horizonte, Sociedade da Bahiaem Salvador, Educadora do Brasil no Rio de Janeiro, e Farroupilha em PortoAlegre” (CALABRE, 2004, p.42)
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
16/32
16
Apesar do rádio estar, desde a sua criação, ligado ao ato de informar, os
programas noticiosos ganharam força e se tornaram fundamentais a partir do início
da II Guerra Mundial em 1939. Em agosto de 1941, foi ao ar pela Rádio Nacional,
aquele que seria um modelo para os jornais radiofônicos e televisivos que o
seguiram, o Repórter Esso.
Nascido no período da ditadura do Estado Novo, sob a forte censura imposta
pelo DIP, como vimos anteriormente, o jornalístico Repórter Esso tinha, no início,
entre as principais e mais frequentes pautas os conflitos que se desenrolavam na
Europa deixando de lado pautas que poderiam desagradar o estado nacional. O
programa foi ao ar pelo rádio até 1968 e na TV foi apresentado de 1952 à 1970.
(CALABRE, 2004, p.44)Calabre frisa a importância do Repórter Esso para o jornalismo brasileiro:
“Sem dúvida, o programa foi um dos responsáveis pela criação do hábito cotidiano
de se ouvir notícias, por transformar em necessidade a prática de se manter
informado” (2004 p.46).
Com a chegada da TV no Brasil nos anos 50 e seu fortalecimento nas
décadas seguintes, o jornalismo do rádio foi perdendo um pouco do seu espaço,
ficando a cargo da televisão as coberturas de notícias nacionais. Para as emissorasde rádio ficaram as notícias regionais, fortalecendo o rádio jornalismo local,
estreitando os laços regionais e afirmando o caráter comunitário do rádio (Barbeiro,
2003).
Inovações como a invenção do transistor, em 1956, a expansão das FMs
(Frequência Modulada), na década de 70, o aumento do número de rádios
comunitárias nos anos 80 e as redes de rádio com satélites, que levaram a
segmentação de público nos anos 90 marcaram o rádio na segunda metade doséculo XX.
Dentre os caminhos apontados para o reposicionamento do rádio como mídia,além do investimento em pesquisa, surge a proposta da segmentação dasprogramações das rádios e a implantação das redes. A ideia do rádio como mídiasegmentada tem alcançado adeptos. Na capital paulista por exemplo háemissoras direcionadas a determinados gêneros musicais como rock, MPB,samba, tendo como meta alcançar um público de perfil bem delimitado (SILVA,1999, p. 26).
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
17/32
17
O satélite colocou o rádio em rede nacional, assim como a TV, favorecendo
uma programação musical ou jornalística que abrangesse todo o país. (BARBEIRO,
2003, p.49).
Também o jornalismo no rádio passou por inovações. Heródoto Barbeiro
explica os modelos de rádio jornalismo em redes existentes desde então:
“Existem basicamente dois modelos de redes de radiojornalismo. Um é a emissãode alguns programas diários, geralmente jornais nas pontas do dia; o outro é omodelo all news , ou seja, o jornalismo 24 horas. Os dois modelos são negociadoscom emissoras de todo o Brasil, e têm afiliadas geralmente em cidades grandes emédias. São emissoras próprias pertencentes a um mesmo grupo de comunicaçãoou independentes que se associam.” (BARBEIRO, 2003, p. 48).
Apesar das poucas variações no modelo de programação noticiosa, vale
lembrar que dentro do gênero jornalístico existem vários formatos a serem
explorados pelo rádio como crônicas, programas esportivos, cobertura de eventos
radiojornal, mesas redondas, debates e programas de entrevistas, como o utilizado
nesse trabalho, entre outros.
Nos podcasts “A escola manda notícia”, a entrevista se mostrou a melhor
forma de abordar o assunto, pois por meio desse formato temos o relato deexperiências dos profissionais envolvidos com os projetos de comunicação na
escola, os desafios encontrados, as surpresas no processo, e outras informações
impossíveis de serem acessadas de outras formas, que não, da própria fala do
entrevistado.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
18/32
18
4 – PROGRAMA DE ENTREVISTA: UM GÊNERO DE JORNALISMO NO RÁDIO
Para entender melhor a escolha do programa de entrevistas como formato
para os podcasts “A escola manda notícia” é necessário uma pequena reflexãosobre as suas peculiaridades.
O programa de entrevistas utiliza como ponto central uma ferramenta que é
presença constante no fazer jornalístico, uma vez que a entrevista é algo
fundamental ao jornalista de rádio, televisão, jornal, revista ou site, pois
“representam uma das principais fontes de coleta de informação de um jornal e está
presente, direta ou indiretamente, na maioria das matérias jornalísticas” (BARBOSA
FILHO, 2009, p.93).São das entrevistas que nascem as histórias, e que se esclarecem aspectos
de um fato noticiado, por exemplo. Portanto é importante destacar que além de um
formato possível de programa jornalístico, a entrevista é antes de tudo uma
ferramenta do jornalista.
De acordo com Heródoto Barbeiro (2009) os programas de entrevista no
rádio agregam informações subjetivas que podem não ser captadas no meio
impresso: “A entrevista em rádio tem o poder de transmitir o que o jornalismoimpresso nem sempre consegue: a emoção” (BARBEIRO, 2003 p.59).
No episódio do podcast “A escola manda notícia” sobre o jornal escolar em
Araucária Pr, podemos notar essa emoção sobre a qual escreve Barbeiro na fala do
estudante Wesley Franco, quando conta como foi mostrar à sua família o primeiro
jornal do qual participou. A fala de Wesley poderia ser reproduzida em um texto
escrito, porém perderíamos as informações contidas no seu tom de voz.
A entrevista apesar da versatilidade de usos dentro do jornalismo, e do
grande potencial informativo, deve adotar alguns procedimentos específicos como
alertam Chantler e Harris: “A despeito dos usos variados, os princípios de uma boa
entrevista são os mesmos” (CHANTLER E HARRIS,1998, p 100).
Entre os cuidados recomendados por Chantler e Harris, estão a pesquisa
prévia de informações sobre o tema e o entrevistado, as perguntas que evitem ter
como respostas sim e não, e a flexibilidade em mudar o assunto caso as respostas
apresentem um tema não previsto e de maior relevância.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
19/32
19
Sobre a postura do entrevistador em relação ao entrevistado, tanto Chantler
e Harris como Barbeiro concordam que é importante não haver interrupção das
respostas: “Não interrompa o entrevistado sem que ele conclua o pensamento. A
interrupção no meio da resposta irrita o ouvinte e prejudica a edição” (BARBEIRO,
2003 p. 60). “As interrupções geralmente não soam bem para o ouvinte e são
difíceis de editar, principalmente quando as entrevistas são feitas para boletins
curtos” (CHANTLER e HARRIS, 1998 p.106).
Um grande ponto a favor dos podcasts em relação a interrupções, é que por
ser um arquivo individual de áudio não tem um limite específico de duração, como
um programa que está inserido dentro de uma grade e que divide tempo de
programação com outros, o que muitas vezes leva o entrevistado a um limite detempo de resposta. Nos pocasts “A escola manda notícia” as gravações ocorreram
sem nenhuma interrupção das respostas, ficando a cargo da edição selecionar o
melhor recorte do que foi dito pelo entrevistado, sem perder a essência da resposta.
A duração de um programa de entrevistas pode variar, dependendo da
proposta do programa. Nas rádios não é incomum encontrarmos programas de
entrevistas de até 1 hora de duração, onde o ouvinte participa com comentários ou
enviando perguntas ao entrevistado. Porém a participação, que antes dependia dotelefone, se tornou muito mais abrangente, ágil e rápida com a popularização
constante da internet, pois os ouvintes conseguem participar em tempo real
interagindo via chats por meio de redes sociais e outros aplicativos online.
Os podcats, por serem programas gravados, não permitem essa interação
em tempo real, porém outras possibilidades podem ser exploradas. No caso de “A
escola manda notícia”, o ouvinte pode interagir usando um espaço específico para
mensagens no site do programa onde podem ser enviados comentários, sugestõese questionamentos.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
20/32
20
5–O RÁDIO NA WEB, O RÁDIO DIGITAL E O PODCAST
A internet auxiliou a interatividade nos programas de rádio, porém outros
formatos também foram beneficiados com as imensas possibilidades de troca deinformação que a web representa. Um exemplo são os radiojornais em rede
principalmente os modelos all news, pois deu novas ferramentas as redações, assim
como facilitou o envio de reportagens e materiais entre as emissoras filiadas e a
emissora cabeça de rede. Segundo Barbeiro, isso diminui os custos, preservando a
qualidade e abrindo mais condições aos repórteres: “Esse método aposenta o
interurbano, as fitas, os cartuchos, os arquivos de áudio, libera o trabalho dos
técnicos para outras atividades e chega diretamente no endereço dos editores,âncoras ou produtores que editam as reportagens que vão ao ar” (BARBEIRO, 2003,
p. 46).
No início do século XXI, tanto a rádio analógica se beneficia da interatividade
e praticidade do compartilhamento de conteúdo representadas pela internet, como o
próprio meio rádio se expande para novos formatos, digital e online. Isso representa
avanços nas transmissões e barateamento dos custos de se fazer rádio como frisam
Alves, Fontoura e Antoniutti (2011). Os podcasts são frutos desses avançostecnológicos, uma vez que sem a tecnologia da web, o compartilhamento dos
programas dependeria de um espaço dentro da grade de programação de alguma
rádio.
A Rádio na internet, chamada de rádio online, ou ainda rádio web, surgiu no
fim da década de 1990 e ganhou força nos primeiros anos do novo milênio. As
rádios na internet nada mais são do que um serviço de transmissão de áudio via
streming². Usando essa tecnologia é possível gerar áudio em tempo real permitindo
a veiculação de programas gravados ou ao vivo, sem limites de alcance
(BOTENTUIT e COLTINHO, 2008).
A rádio web, uma vez conectada pode ser ouvida em qualquer lugar do
mundo. Para isso é necessário um servidor de codificação e transmissão
(broadcast). Em geral os custos de produção da rádio online são menores do que os
das tradicionais rádios analógicas. Essa é uma vantagem que coloca ao podcast “ A
escola manda notícia” as condições de ser produzido e divulgado sem depender de
patrocínios ou grandes investimentos financeiros.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
21/32
21
As emissoras de rádio brasileiras, em sua maioria ainda utilizam a
transmissão analógica por ondas de rádio, o que representa um alcance limitado de
sinal , enquanto incorporam a tecnologia digital, buscando ampliar seu alcance.
O sistema de rádio digital possibilita um grande salto na qualidade do som
transmitido e uma cobertura maior de sinal, além de trazer ao ouvinte novas
possibilidades como a de pausar um programa ao vivo ou voltar o programa a um
determinado ponto se assim o desejar. Para tanto é necessário um aparelho
receptor apropriado. Existe atualmente na Anatel uma longa fila de emissoras a
espera do sinal digital, segundo Barbeiro (2003)
O autor vê neste ponto mais uma vantagem para as rádios web, segundo
ele a internet abre possibilidades a quem quer ter uma rádio, visto que não há anecessidade de autorização do governo ou de equipamentos caros acessíveis
apenas para grupos econômicos além de possuírem um alcance global:
“A propagação da rádio via internet globaliza o meio. Basta digitar o endereçoeletrônico e a pequena rádio de Taiaçubepa, por exemplo, cujo alcance através daantena FM é de apenas um quilômetro de raio em volta da praça da vila, é ouvidaem qualquer lugar do mundo, de Pequim a Cabo Frio, de Angola a Wladiwostock,com todas as características desse tipo de comunicação, inimaginável na era daantena e das ondas eletromagnéticas.” (BARBEIRO, 2003, p. 47).
Bottentuit e Coltinho (2008) destacam porém que apesar das facilidades da
rádio web, ela ainda apresenta um certo custo que pode tornar inviável a grupos que
não dispõem de recursos financeiros para o investimento, como por exemplo, ongs,
associações de bairro e escolas. Nesse sentido, os autores apontam como uma
alternativa se trabalhar com “episódios de rádio”(2008,p.105) em formato de
podcasts, ”arquivos que permite a cópia direta e automática de uma mídia digital.”
(AlVES, FONTOURA e ANTONIUTTI, 2011, p. 30).
A popularização dos podcasts aconteceu ao mesmo tempo em que
explodiram pelo mundo as vendas dos tocadores de arquivos em mp3, dessa
relação surgiu inclusive o termo que nomeou esses tipo de arquivo de áudio como
explicam Bottentuit e Coltinho: “o termo podcast resulta da soma das palavras ipod (
dispositivo de reprodução de áudio/vídeo da Apple) e broadcast ( método de
transmissão ou distribuição de dados).” (2008 p.105).
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
22/32
22
Desde então os podcasts têm crescido em quantidade e formas de uso,
devido a sua praticidade, baixo custo, possibilidades de distribuição e, como
destacam os pesquisadores Herchmann e Kischinhevsky, potencial mobilizador:
Atores e lideranças de grupos sociais e/ou comunitários têm reiterado em vários trabalhos e
relatos seu empenho em utilizar o enorme potencial de mobilização social de produtos
midiáticos como redes peer-to-peer serviços de compartilhamento de arquivos digitais),
podcasts, webtevês, entre outros. Entre estas experiências, chama a atenção o crescimento
acelerado do podcasting. Nãohá números precisos sobre o número destas estações, mas uma
rápida pesquisa nos principais diretórios da web indica que já estão na casa das centenas de
milhares. (HERCHMANN E KISCHINHEVSKY, 2008, p.102)
Por meio do podcast há uma facilidade de expressão e divulgação deconteúdo inimaginável na era do rádio analógico. Enquanto nas emissoras de rádios
tradicionais eram necessárias equipes inteiras de produção a realidade do podcast é
representa uma realidade onde a facilidade de produção possibilita a livre expressão
de quem não tem um espaço nas mídias analógicas tradicionais como compara Alex
Primo.
“Um podcast, por outro lado, pode ser produzido por uma única pessoa tendo
como recurso apenas um microfone ou gravador digital, um computadorconectado na Internet e algum servidor na rede para armazenamento de seusprogramas e do recurso RSS. Essa produção oferece um contato muito próximode seu produto, em contraste com a produção de programas radiofônicosmassivos, em que muitos atores do processo produtivo acabam tendo pouco (ouaté mesmo nenhum) contato com o produto final. Mesmo as produções caseiraspodem ter alta qualidade sonora e custo baixo. Existe uma grande oferta naInternet de software para gravação e edição digital de áudio, além de vinhetas emúsicas de uso livre.” (PRIMO, 2005 p. 09)
Desta forma, podemos perceber que o podcast é um formato de áudioacessível tanto para a produção como para a veiculação, além de possibilitar o
dowload do arquivo, o que dá a gravação mobilidade e facilidade de reprodução em
vários tipos de equipamentos. Por todas essas características, o podcast se mostra
ideal quando o objetivo é a divulgação de uma ideia, ou mesmo de um conteúdo
formador ou educativo pois é produzido de forma simples, como também é simples
de ser acessado, sem exigir de quem o produz um grande conhecimento técnico ou
um grande investimento financeiro, o que possibilita temas como a Educomunicação
que possuem pouco apelo comercial, chegarem até o público
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
23/32
23
6 – METODOLOGIA
Este trabalho tem início a partir de uma pesquisa bibliográfica acerca dos
estudos sobre teorias da educação, comunicação e sua interface conceituada por
Ismar de Oliveira Soares como Educomunicação, procurando trazer ao trabalho as
conclusões a que chegaram alguns pesquisadores sobre a relação entre essas duas
áreas e a contribuição da comunicação na formação pedagógica e social de crianças
e adolescente. Ida Regina Stumpf escreve que “a literatura é uma atividade
constante e contínua em todo o trabalho científico, que vai desde a formulação do
problema à análise dos resultados.” (STUMPF, 2009, p. 52). Esse trabalho também
recorreu a pesquisa bibliográfica para resgatar um pouco da história do rádio e oresultado das transformações tecnológicas sobre os programas jornalísticos em
formato de áudio.
Também houve uma pesquisa na internet para identificar projetos de
educomunicação existentes e que estão sendo aplicados em Curitiba e Região
Metropolitana.
Uma vez identificados os projetos existentes e escolhidos os temas dos dois
programas feitos para esse trabalho, foram realizadas entrevistas em profundidadecom os responsáveis pelos projetos a fim de elaborar as pautas dos programas.
Entre as características da entrevista em profundidade Jorge Duarte destaca a
“flexibilidade de permitir ao informante definir os termos da resposta, e ao
entrevistador ajustar livremente as perguntas” (DUARTE, 2009, p. 63)
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
24/32
24
7- DESCRIÇÃO DO PRODUTO
Os episódios em podcasts da série “A escola manda notícia” são programas
de entrevistas de linguagem radiofônica, que têm como tema central projetos de
educomunicação
7.1 – CUSTOS E MATERIAIS
Foram utilizados nesse trabalho: programa de edição de áudio Mixcraft 5
para o acabamento dos podcasts. Para a veiculação dos podcasts foi usado ummodelo de site gratuito do criador de sites pt.wix .com/, que foi posteriormente
personalizado. Para personalizar o site foram usadas imagens gratuitas disponíveis
no site br.freepik.com/
Cada CD teve o custo R$ 0,80 (oitenta centavos), totalizando R$ 1,40 (um
real e quarenta centavos)
Sendo estes os únicos custos do projeto.
7.2 – ESTAPAS DE PRODUÇÃO
O primeiro passo para a criação dos podcasts foi a identificação dos dois
projetos mostrados nos programas. A partir de então foram feitas duas pautas
constando as principais informações sobres os projetos apresentados, como fontes,recortes e possíveis perguntas. Depois das pautas foram feitas pré–entrevistas que
auxiliaram a produção do texto da introdução e das perguntas que seriam feitas na
gravação do programa. A partir daí foram escritas as laudas que orientariam a
gravação dos programas. Uma vez gravados, os programas foram editados e
hospedados no site Soundcloud (https://soundcloud.com/), que possibilita o dowload
(cópia) dos arquivos. Por último foi produzido o site onde os podcasts e as
informações complementares sobre os programas foram publicados.
https://soundcloud.com/https://soundcloud.com/https://soundcloud.com/https://soundcloud.com/
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
25/32
25
7.3 – PÚBLICO ALVO
Estudantes de comunicação e pedagogia, professores, alunos e pessoas em
geral interessadas em educomunicação.
7.4 – VEÍCULAÇÃO
Para a veiculação dos programas foi construído o site
(http://aescolamandanoticia.wix.com/quem ), onde o público pode, além de ouvir os
podcasts, ser direcionado a outros sites relacionados aos projetos apresentados
assim como para livros, textos, vídeos e outros materiais sobre educomunicaçãodisponíveis na web.
Na parte inicial do site, teremos o nome dos programas e uma breve
descrição do conteúdo do site, para que o visitante possa ter um conhecimento
prévio do tipo de material disponível em cada página.
Imagem 1
Na página “Podcast”, o internauta poderá ouvir os programas e também ser
direcionado ao link para dowload dos arquivos.
Imagem 2
http://aescolamandanoticia.wix.com/quemhttp://aescolamandanoticia.wix.com/quemhttp://aescolamandanoticia.wix.com/quemhttp://aescolamandanoticia.wix.com/quem
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
26/32
26
Na aba “Saiba Mais” ficarão ao acesso do visitante, links complementares
dos programas, textos, arquivos, vídeos e outros materiais sobre comunicação e
educação.
Imagem 3
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
27/32
27
O site também conta com a seção “Mande Notícia”, onde o público pode
deixar em um formulário, opiniões, sugestões e mensagens para o programa.
Também ficará à disposição, na mesma página, o e-mail:
quemmandanotí[email protected], para onde poderão ser enviadas sugestões de
pauta para o programa.
Imagem 4
7.6 – ENTREVISTAS
Podcast : Projeto de Jornal Escolar em Araucária/PR
Entrevistados:
Diretor do Jornal O Paraná - Carlos Vale
Professora responsável pelo projeto de jornal do programa Mais Educação do
Colégio Estadual Helena Wysocki – Andreia (não quis divulgar o sobrenome)
Aluno no 7º ano do Colégio Estadual Helena Wysocki – Wesley Franco
Podcast: Radio Escolar do Colégio Manoel Ribas:
Entrevistados:
Coordenador substituto do NCEP (Núcleo de Comunicação e Educação Popular) da
UFPR – Guilherme Carvalho
mailto:quemmandanot%C3%[email protected]:quemmandanot%C3%[email protected]:quemmandanot%C3%[email protected]
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
28/32
28
Aluna do curso de jornalismo da UFPR e bolsista da NCEP – Bruna Letícia
Junskowski
Professora de “Mídias e Suas Linguagens” do Colégio Estadual Manoel Ribas – Ana
Claudia de Oliveira
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
29/32
29
8 – CONSIDERAÇÃO FINAIS
As tecnologias de comunicação e informação atuais possibilitam a produção
de material jornalístico sobre temas, que apesar de relevantes, possuem pouco
apelo comercial e consequentemente espaço nos meios de comunicação
tradicionais voltados ao mercado.
Dos primeiros avanços do rádio até a as tecnologias mais recentes de
transmissão e compartilhamento de áudio, os grandes meios de comunicação ainda
estão ligados à interesses de grandes empresas e grupos políticos. Tanto quanto a
escola ainda está ligada a antigas metodologias que não conseguem competir com a
tecnologia disponível, por um espaço na mente dos jovens.
A educomunicação, enquanto teia de relações (ecossistema) inclusivas,democráticas, midiáticas e criativas – não emerge espontaneamente num dadoambiente. Precisa ser construída intencionalmente. Existem obstáculos que temque ser enfrentados e vencidos. O obstáculo maior é, na verdade, a resistência àsmudanças nos processos de relacionamento no interior de boa parte dosambientes educativos , reforçada, por outro lado , que prioriza, de igual forma, omodelo disponível da comunicação vigente, que prioriza, se igual forma, a mesmaperspectiva hegemonicamente verticalista na relação entre emissor e receptor.(SOARES, 2011, p. 37)
Quando utilizamos os recursos tecnológicos de produção de mídia,
disponíveis atualmente, para trazer ao público projetos que contribuem para a
formação do cidadão e estimulam o pensamento crítico desde a infância, como são
os projetos de educomunicação, estamos cumprindo um dos papéis fundamentais
do jornalismo, que é o de apresentar a sociedade fatos e notícias que podem ser de
alguma forma motivadoras de mudanças e avanços sociais. Projetos como: os
jornais escolares do Colégio Estadual Helena Wysocki e outros em Araucária (PR) e
a rádio Manecão do Colégio Manoel Ribas apresentados nos podcasts “A escola
manda notícia”, podem servir de exemplo para o surgimento de iniciativas
semelhantes.
Ao realizar esse trabalho notamos que a periodicidade ideal para os a
atualização do site com novos podcasts é semanal, devido ao tempo de gravação,
edição e pesquisa de links complementares. Outra conclusão alcançada durante a
produção do trabalho, foi a de que apesar do pouco apelo comercial, poderíamos
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
30/32
30
encontrar possíveis anunciantes para financiar o projeto, visto que o próprio site
pode ser um suporte de espaço publicitário e a produção do programa tem um custo
próximo à zero, o que resultaria em um espaço de propaganda que custaria um
preço abaixo do mercado. Estão entre possíveis anunciantes, os novos cursos de
graduação e pós-graduação voltados para a interface comunicação e educação,
editoras de livros sobre educomunicação e mídia escola e outras empresas que
ofereçam serviços e produtos ao público alvo do programa, como materiais culturais,
cursos e treinamentos.
Também percebemos que alguns pontos podem ser aprimorados com o
tempo e a manutenção do projeto , como o próprio ritmo e locução dos programas.
Diante disso, podemos dizer que o projeto tem possibilidades de continuar aser colocado em prática e ser constantemente aprimorado.
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
31/32
31
REFERÊNCIAS
BARBERO, Jesus Martin. A comunicação na educação. São Paulo: Contexto,2014
OROFINO, Maria Isabel. Mídias e mediação escolar: pedagogia dos meios,participação e vis ibilidade. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2005 – (Guiada escola cidadã; v,12).
BARBOSA, André. Gêneros radiofônicos: os formatos e os programas emáudio. 2. São Paulo: Paulinas, 2009 – ( Coleção comunicação-estudos).
SOARES, Ismar de Oliveira – Educomunicação : o conceito, o profissional, a
aplicação: contribuições pra a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas2011
________________________ Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação & Educação, São Paulo, nº19: 12 a 24, set./dez. 2000. Disponívelem: http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/download/36934/39656 . Acessoem: 12/05/2014.
________________________ Mas afinal, o que é educomunicação? São Paulo,2014 . Disponível em : http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/saibamais/textos/ .Acesso em : 12/05/2014.
ALVES, Marcia Nogueira; FONTOURA, Mara; ANTONIUTTI, Cleide Luciane . Mídiae produção audiovisual : uma introdução. 2. Curitiba: Ibepex,2011
BRIGGS, Asa; BURKE,Peter. Uma história social da mídia. 2. Rio de Janeiro:Zahar, 2006.
DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa emComunicação.2. São Paulo: Atlas , 2009
CALABRE, Lia. A era do rádio. 2. Rio de Janeiro : Jorge zahar, 2004COGO,Denise in JACKS, Nilda et al. Tendencias da Comunicação. 4.Porto Alegre: L&PM, 2001
CHANTLER, Paul ; HARRIS, Sim. Radiojornalismo. São Paulo: Sumus , 1998
BARBEIRO, Heródoto. Manual de radiojornalismo: produção, ética e internet.7.Rio de Janeiro: Elsevier , 2003
FREIRE , Paulo . Pedagogia do Oprimido. 17. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987
http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/download/36934/39656http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/download/36934/39656http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/saibamais/textos/http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/saibamais/textos/http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/saibamais/textos/http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/saibamais/textos/http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/download/36934/39656
-
8/17/2019 Tcc_ a Escola Manda Noticia
32/32
32
SILVA, Júlia de Oliveira Albano. Rádio : oralidade mediatizada: O spot e oselementos da linguagem radiofônica. São Paulo: Annablube , 1999 . Disponívelem : http://groups.google.com.br/group/digitalsource . Acesso em : 20/06/2014
BOTTENTUIT, João Batista ; COUTINHO, Clara Pereira. Rádio e Tv na web:Vantagens pedagógicas e dinâmicas na utilização em contexto educativo. Teias,Rio de Janeiro , ano 9, nº 17, jan/junho,2008, pp . 101–109. Disponível em : http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/download/252/246 . Acesso em: 16/08/2014
HERSCHMAN, Micael ; KISHINHEVSKY , Marcelo. A “geração podcasting” e osusos e os novos usos do rádio na sociedade do espetáculo e do entretenimento.Famecos ,nº 37, dezembro ,2008 p. 101-106. Disponível em:http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/download/4806/3610 . Acesso em : 10/08/2014.
PRIMO, A. F. T. . Para além da emissão sonora: as interações no podcasting.Intexto, Porto Alegre, n. 13, 2005. Disponível em: http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/podcasting.pdf . Acesso em: 10/08/2014
http://groups.google.com.br/group/digitalsourcehttp://groups.google.com.br/group/digitalsourcehttp://groups.google.com.br/group/digitalsourcehttp://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/download/252/246http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/download/252/246http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/download/252/246http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/download/4806/3610http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/download/4806/3610http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/download/4806/3610http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/podcasting.pdfhttp://www.ufrgs.br/limc/PDFs/podcasting.pdfhttp://www.ufrgs.br/limc/PDFs/podcasting.pdfhttp://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/download/4806/3610http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/download/4806/3610http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/download/252/246http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/download/252/246http://groups.google.com.br/group/digitalsource