Sonetos Explicativos de as 4 Estações

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Sonetos explicativos de "As 4 Estações" Como disse, tenho um disco cujo encarte traz os quatro sonetos relacionados ao conjunto de concertos de Vivaldi. O encarte diz: Cada compasso fala por si, tornando praticamente desnecessários os sonetos explicativos, possivelmente do próprio compositor, que prefaciaram a primeira edição. Se os sonetos constaram na primeira edição é porque, claramente, a música se baseia neles para existir. Então, talvez não sejam assim tão "desnecessários" quanto se diz. Vamos a eles: A Primavera É chegada a primavera e festivamente Saudam-nos os passarinhos com alegre canto, E as fontes ao respirar das brisas Correm em doce murmúrio Vêm cobrindo o ar com negro manto Raios e trovões anunciando a tempestade, Mas tão logo se calam, os passarinhos Retomam seu canoro encanto. E no florido ameno prado Ao suave farfalhar de folhas e plantas Dorme o pastor de cabras com o cão fiel ao lado. Ao som festivo da cornamusa pastoral Dançam ninfas e pastores no abrigo amado Ao brilhante despontar da primavera. O Verão Sob a dura estação do implacável sol Fraqueja o homem, fraqueja o rebanho, e arde o pinheiro, Solta a voz o cuco, e tao logo a escutam Cantam a rolinha e o pintassilgo. Sopra o doce zéfiro, mas o embate Conduz de chofre o vento norte ao seu vizinho; E chora o pastorzinho, porque receoso Teme a violenta borrasca, e o seu destino; Impede aos membros cansados seu repouso O temor dos raios, e dos violentos trovões E das moscas e varejeiras o furioso bando. Ah, quão verdadeiros são os seus temores Troa e fulmina o céu e o granizo Corta o topo das espigas e afeta os grãos. O Outono Comemora o jovem aldeão com danças e cantos Da feliz colheita a bela alegria E tantos pelo licor de Baco inflamados Acabam no sono a sua diversão. Faz com que todos interrompam danças e cantos O ar que, temperado, dá prazer, E a estação que convida tantos e tantos Ao mais doce dos sonos desfrutar. Os caçadores ao raiar do dia rumo à caçada Com trompas, fuzis e cães saem de casa Foge a fera e seguem-lhe as pegadas; Já apavorada, e cansada pelo alarido Dos fuzis e cães, ferida ameaça Sem forças de fugir, mas exausta morre. O Inverno

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Vivaldi

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Sonetos explicativos de "As 4 Estaes"

Sonetos explicativos de "As 4 Estaes"

Como disse, tenho um disco cujo encarte traz os quatro sonetos relacionados ao conjunto de concertos de Vivaldi. O encarte diz:

Cada compasso fala por si, tornando praticamente desnecessrios os sonetos explicativos, possivelmente do prprio compositor, que prefaciaram a primeira edio.

Se os sonetos constaram na primeira edio porque, claramente, a msica se baseia neles para existir. Ento, talvez no sejam assim to "desnecessrios" quanto se diz. Vamos a eles:

A Primavera

chegada a primavera e festivamenteSaudam-nos os passarinhos com alegre canto,E as fontes ao respirar das brisasCorrem em doce murmrio

Vm cobrindo o ar com negro mantoRaios e troves anunciando a tempestade,Mas to logo se calam, os passarinhosRetomam seu canoro encanto.

E no florido ameno pradoAo suave farfalhar de folhas e plantasDorme o pastor de cabras com o co fiel ao lado.

Ao som festivo da cornamusa pastoralDanam ninfas e pastores no abrigo amadoAo brilhante despontar da primavera.

O Vero

Sob a dura estao do implacvel solFraqueja o homem, fraqueja o rebanho, e arde o pinheiro,Solta a voz o cuco, e tao logo a escutamCantam a rolinha e o pintassilgo.

Sopra o doce zfiro, mas o embateConduz de chofre o vento norte ao seu vizinho;E chora o pastorzinho, porque receosoTeme a violenta borrasca, e o seu destino;

Impede aos membros cansados seu repousoO temor dos raios, e dos violentos trovesE das moscas e varejeiras o furioso bando.

Ah, quo verdadeiros so os seus temoresTroa e fulmina o cu e o granizoCorta o topo das espigas e afeta os gros.

O Outono

Comemora o jovem aldeo com danas e cantosDa feliz colheita a bela alegriaE tantos pelo licor de Baco inflamadosAcabam no sono a sua diverso.

Faz com que todos interrompam danas e cantosO ar que, temperado, d prazer,E a estao que convida tantos e tantosAo mais doce dos sonos desfrutar.

Os caadores ao raiar do dia rumo caadaCom trompas, fuzis e ces saem de casaFoge a fera e seguem-lhe as pegadas;

J apavorada, e cansada pelo alaridoDos fuzis e ces, ferida ameaaSem foras de fugir, mas exausta morre.

O Inverno

Enregelado tremer em meio neve glacialAo forte soprar do vento horrendo,Correr batendo os ps a todo instante,E pelo excessivo gelo bater os dentes.

Passar diante da lareira os dias calmos e felizesEnquanto a chuva fora a todos encharca.Caminhar pelo gelo, e a passo lento,Por temor desequilibrar-se, escorregar e cair;

Lanar-se rpido, escorregar, cair no choNovamente ir sobre o gelo e correr firmeAt que o gelo rompa e se abra;

Ouvir sair dos portes de ferroSiroco, o vento norte e todos os ventos em guerra.Este o inverno, mas alegrias tais nos traz.