Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle,...

17
Serões Musicais no Palácio da Pena MUSICAL EVENINGS AT THE PALACE OF PENA SALÃO NOBRE GREAT HALL MARÇO MARCH | 2017 11 /03 | 21:00 Bordalo Pinheiro: um mosaico da vida musical de Lisboa Bordalo Pinheiro: A Mosaic of the Musical Life of Lisbon

Transcript of Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle,...

Page 1: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

SerõesMusicaisno Palácio da PenaMUSICAL EVENINGS AT THE PALACE OF PENA

SALÃO NOBRE GREAT HALL

MARÇO MARCH | 2017

11 /03 | 21:00

Bordalo Pinheiro: um mosaico da vida musicalde LisboaBordalo Pinheiro: A Mosaic of theMusical Life of Lisbon

Page 2: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

Bordalo Pinheiro: um mosaico da vida musical de Lisboa Bordalo Pinheiro: A Mosaic of the Musical Life of Lisbon

Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) foi sem dúvida um dos vultos mais brilhantes da geração de artistas portugueses da segunda metade do século XIX. Como ilustrador e caricaturista, num registo ora sério ora de paródia, ele leva-nos a revisitar os grandes sucessos operáticos do início dos anos 1880, inclusive a primeira audição de uma obra de Wagner no Teatro de São Carlos. Mas também as récitas de opereta no Teatro da Trindade, e as visitas de concertistas estrangeiros (como o violinista espanhol Pablo de Sarasate ou o pianista e compositor francês Camille Saint-Saëns). A sua leitura foca-se no entanto mais além dos palcos, já que os espetáculos que neles têm lugar e as personagens mais populares fornecem a Bordalo o material para abordar de forma crítica aquele que era afinal o seu objetivo último, a cena política portu-guesa. Um concerto ilustrado com projeção de imagens.

Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) was undoubtedly one of the most brilliant leading lights of the generation of Portuguese artists from the second half of the 19th century. As an illustrator and caricaturist, whether in a serious or a parody style, he transports us off to revisit some of the great operatic successes of the early 1880s, including the first Wagner opera performed at the São Carlos Theatre. However, there are also the operetta shows at Trindade Theatre alongside the visits by international performers (such as the Spanish violinist Pablo de Sarasate or the French pianist and composer Camille Saint-Saëns). His reading extends its focus beyond the stages given that the performances that they hosted and the more popular characters provided Bordalo with the material to take a critical approach to that which was, when all is said and done, his ultimate objective, the Portuguese political scene. An illustrated concert via the projection of images.

Luísa Cymbron

ChARLeS GoUnod (1818-1893)• “Prenez mon bras un moment! “

Quarteto do Fausto | Quartet from Faust

ARRIGo BoITo (1842-1918)• “Ave, Signor“

Ária do Mefistofele | Aria from Mefistofele

GIUSePPe VeRdI (1813-1901)• “Re dell’abisso, affrettati“

Ária de Ulrica do Baile de Máscaras | Ulrica’s aria from Un ballo in maschera

PABLo de SARASATe (1844-1908)• Serenata andaluza, op. 28

GIACoMo MeyeRBeeR (1791-1864)• “O ciel! Où courez-vous? “

dueto dos huguenotes | Duet from Les Huguenots

GIUSePPe VeRdI (1813-1901)• “Quale insolita gioia“

Trio de Aida | Trio from Aida

RIChARd WAGneR (1813-1883)• “Einsam in trüben Tagen“

Ária de elsa do Lohengrin| Elsa’s aria from Lohengrin

CARLoS GoMeS (1836-1896)• “O Dio degli Aimorè“

Invocação de “Il Guarany” | Invocation from “Il Guarany”

AUGUSTo MAChAdo (1845-1924)• “Heure si longtemps attendue“

Couplets de Lauriane | Cou-plets from Lauriane

CAMILLe SAInT-SAënS (1835-1921)• Une nuit à Lisbonne, op. 63

para piano

PABLo de SARASATe (1844-1908)• Caprice basque, op. 24

para violino

RoGeR PLAnQUeTTe• “Fermons les yeux“

Trio de Les Cloches de Corneville| Trio from: Les Cloches de Corneville

JACQUeS oFFenBACh (1819-1880)• Complainte de l’Espagnol

et la jeune Indiennedueto de La Périchole | Duet from La Périchole

• Couplets des baisersÁria de Cupidon de L’Orphée aux Enfers | Cupidon’s aria from L’Orphée aux Enfers

• La Légende de Barbe-BleueÁria do “Barbe-Bleue | Aria from Barbe-Bleue

noTA: o concerto será intercalado por comentários da musicóloga Luísa Cymbron e do pianista João Paulo Santos | The concerts feature brief comments by the musicologist Luísa Cymbron and the pianist João Paulo Santos

Ana Franco – sopranoCátia Moreso – meio-soprano | mezzo-sopranoJoão Cipriano Martins – tenorNuno Dias – baixo | bassPedro Meireles – violino | violinJoão Paulo Santos – piano

PROGRAMAPROGRAMME

Page 3: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle,Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin?

MARGUERITEHélas! on l’aura par mégarde apporté.

MARTHEQue non pas!Ces bijoux sont à vous, ma chère demoiselle!Qui, c’est là le cadeau d’un seigneur amoureux!Mon cher époux jadis était moins généreux

MÉPHISTOPHÉLÈS[faisant une grande révérence]Dame Marthe Schwertlein, s’il vous plaît?

MARTHEQui m’appelle?

MÉPHISTOPHÉLÈSPardon d’oser ainsi nous présenter chez vous![bas à Faust]Vous voyez qu’elle a fait bon accueil aux bijoux ?haut à MartheDame Marthe Schwertlein!

MARTHEMe voici !

MÉPHISTOPHÉLÈSLa nouvelleQue j’apporte n’est pas pour vous mettre en gaieté. –Votre mari, madame, est mort et vous salue!

MARTHEAh! ... grand Dieu! ...

MARTAMeu Deus, que vejo eu?! Como sois bela,meu anjo! ... - Donde surgiu esse magnífico guarda-joias?

MARGARIDATê-lo-ão trazido por engano!

MARTANem pensar!Essas joias pertencem-lhe, cara menina!É um presente de um senhor enamorado!O meu querido esposo não era tão generoso.

MEFISTÓFELES[fazendo uma profunda vénia]A Senhora D. Marta Schwertlein, por favor?

MARTAQuem me chama?

MEFISTÓFELESAs minhas desculpas por me apresentar desta maneira em sua casa![baixo, para Fausto]Veja como ela gostou das joias![alto, para Marta]Senhora D. Marta Schwertlein!

MARTASim?

MEFISTÓFELESA notíciaque trago não irá alegrá-la. –O seu marido, minha senhora, está morto e presta-lhe homenagem!

MARTAAh! ... Meu Deus! ...

MARGUERITEQu’est-ce donc?

MÉPHISTOPHÉLÈSRien! ...

MARTHEO calamité ! O nouvelle imprévue! ...

MARGUERITE[à part]Malgré moi mon cœur trembleEt tressaille à sa vue!

FAUST[à part]La fièvre de mes sens se dissipe à sa vue!

MÉPHISTOPHÉLÈS[à Marthe]Votre mari, madame, est mort et vous salue!

MARTHENe m’apportez-vous rien de lui?

MÉPHISTOPHÉLÈSRien ! Et pour le punir, Il faut dès aujourd’hui Chercher quelqu’un qui le remplace!

FAUST[à Marguerite]Pourquoi donc quitter ces bijoux?

MARGUERITECes bijoux ne sont pas à moi!Laissez, de grâce!

MÉPHISTOPHÉLÈS[à Marthe]Qui ne serait heureux d’échanger avec vousLa bague d’hyménée?

MARTHEAh ! bah ! Plaît-il?

MÉPHISTOPHÉLÈSHélas, cruelle destinée!

MARGARIDAQue aconteceu?

MEFISTÓFELESNada! ...

MARTAOh, calamidade! Oh, notícia inesperada!...

MARGARIDA[à parte]Contra vontade, o meu coração treme e agita-se quando o vejo!

FAUSTO[à parte]A febre dos meus sentidos dissipa-se quando a vejo!

MEFISTÓFELES[para Marta]O seu marido, minha senhora, está morto e presta-lhe homenagem!

MARTANão me traz nada dele?

MEFISTÓFELESNada! E, para o punir,deve, a partir de hoje,procurar um substituto!

FAUSTO[para Margarida]E por que não guardar essas joias?

MARGARIDAEstas joias não me pertencem!Permita-me, por favor!

MEFISTÓFELES[para Marta]Quem não ficaria feliz por partilhar convoscouma aliança de matrimónio?

MARTAAh! Bah! Perdão?

MEFISTÓFELESAh, destino cruel!

Faust | Fausto”Prenez mon bras un moment” (Act III | III Ato)

Page 4: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

[Marthe et Méphistophélès causent à voix basse]

FAUST[à Marguerite]Prenez mon bras un moment.

MARGUERITE[se défendant]Laissez ! ... Je vous en conjure!

MÉPHISTOPHÉLÈS[à Marthe]Votre bras !

MARTHE[à part]Il est charmant !

MÉPHISTOPHÉLÈS[à part]La voisine est un peu mûre.

MARGUERITEJe vous en conjure!

MARTHEQuelle noble allure!

FAUSTAme douce et pure!

MÉPHISTOPHÉLÈSElle est un peu mûre.

MARTHEAinsi vous voyagez toujours?

MÉPHISTOPHÉLÈSToujours! Dure nécessité, MadameDure nécessité!Sans amis , sans parents!... sans femme. Ah!

MARTHECela sied encore aux beaux jours!Mais plus tard, combien il est tristeDe vieillir seul, en égoïste!...

[Marta e Mefistófeles conversam em voz baixa]

FAUSTO[para Margarida]Dai-me o braço por um momento.

MARGARIDA[debatendo-se]Deixe-me! ... Suplico-lhe!

MEFISTÓFELES[para Marta]O seu braço!

MARTA[à parte]É galante!

MEFISTÓFELES[à parte]A vizinha já está um pouco madura.

MARGARIDASuplico-lhe!

MARTAQue figura tão nobre!

FAUSTOAlma doce e pura!

MEFISTÓFELESEstá um pouco madura.

MARTAEntão, viaja muito?

MEFISTÓFELESMuito! Uma dura obrigação, minha senhora!Uma dura obrigação!Sem amigos, sem parentes! ... Sem mulher. Ah!

MARTAPoderá ser bom quando somos jovens!Mas, mais tarde, é muito tristeenvelhecer sozinho, egoistamente!...

MÉPHISTOPHÉLÈSJ’ai frémi souvent, j’en conviens,Devant cette horrible pensée!...

MARTHEAvant que l’heure en soit passéeDigne seigneur, songez-y bien!

MÉPHISTOPHÉLÈSJ’y songerai!

MARTHESongez-y bien !Ils s’éloignent. Marguerite et Faust rentrent en scène.

FAUSTEh quoi ! toujours seule?…

MARGUERITEMon frère est soldat; j’ai perdu ma mère;Puis ce fut un autre malheur,Je perdis ma petite sœur!Pauvre ange ! Elle m’était bien chère!...C’était mon unique souci ;Que de soins, hélas!... que de peines!...C’est quand nos âmes en sont pleinesQue la mort nous les prend ainsi!...Sitôt qu’elle s’éveillait, viteIl fallait que je fusse là!Elle n’aimait que Marguerite!...Pour la voir, la pauvre petite,Je reprendrais bien tout cela!...

FAUSTSi le Ciel, avec un sourire,L’avait faite semblable à toi,C’était un ange!... oui, je le crois!...

[Méphistophélès et Marthe reparaissent]

MARGUERITEVous moquez-vous?

FAUSTNon, je t’admire!

MEFISTÓFELESEstremeci muitas vezes, confesso,perante esse pensamento horrível!...

MARTAAntes que seja tarde,caro senhor, pense bem!

MEFISTÓFELESPensarei!

MARTAPense bem![afastam-se] [Margarida e Fausto voltam a entrar em cena]

FAUSTOEntão? Continua sozinha?...

MARGARIDAO meu irmão é soldado; perdi a minha mãe;depois houve outra desgraça,perdi a minha irmã mais nova!Pobre anjo! Era tão querida! ...Era a minha única preocupação;tantos cuidados! ... tantas penas! ...Quando as nossas almas estão repletas,a morte leva-as! ...Logo que acordava, de imediatoeu tinha de estar ao lado dela!Só gostava da Margarida! ...Para a rever, pobre querida,passaria por tudo outra vez!...

FAUSTOSe o Céu, com um sorriso,a criou semelhante a ti,era um anjo!... Sim, não tenho dúvidas!...

[Mefistófeles e Marta regressam]

MARGARIDAEstá a brincar comigo

FAUSTONão, admiro-te!

Page 5: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

MARGARIDANão acredito!Está a rir-se de mim à socapa,não tenho dúvidas!...Não devia ficara ouvi-lo!...E, no entanto, ouço!...

FAUSTODá-me o teu braço!...Deus indicou-meo caminho!Porquê temerouvir?...É o meu coração que fala; ouve!...

MARTANão me ouvise, à socapa,rides de mim, não tenho dúvidas!...Antes de ouvir,por que vos apressaisa partir de novo?

MEFISTÓFELESNão me acuseis,o dever chama-me, infelizmente!Devo pôr-me ao caminho!Será necessário provarque, quando vos ouço,quero ficar?

MARGUERITEJe ne vous crois pas!Et de moi tout basVous riez sans doute!…J’ai tort de resterPour vous écouter!…Et pourtant j’écoute!…

FAUSTLaisse-moi ton bras!…Dieu ne m’a-t-il pasConduit sur la route?Pourquoi redouter,Hélas! d’écouter?…Mon cœur parle; écout !…

MARTHEVous n’entendez pas,Et de moi tout basVous riez sans doute!Avant d’écouter,Pourquoi vous hâterDe vous mettre en route?

MÉPHISTOPHÉLÈSNe m’accusez pas,Si je dois, hélas!Me remettre en route.Faut-il attesterQu’on voudrait resterQuand on vous écoute?

Ave Signor. Perdona se il mio gergo Si lascia un po’ da tergo Le supreme teodie del paradiso; Perdona se il mio viso Non porta il raggio Che inghirlanda i crini Degli alti cherubini; Perdona se dicendo Io corro rischio Di buscar qualche fischio.

Ave, Senhor. Perdoa se o meu linguajarNão está à alturaDos supremos cânticos celestiais; Perdoa se na minha faceNão brilham os raiosQue iluminam os caracóisDos altos querubins; Perdoa se ao falar Corro o risco De ser apupado.

O pequeno deus da pequena terraPerdeu-se e erra, E como o grilo Saltitante Ergue o nariz para o céu, E com suprema petulância Canta sem sair da erva. Arrogante pó! Insolente átomo! Sombra do homem. A isto chegou Pela fátua ilusãoA que chama: Razão( Razão). Ah! Sim, Mestre Divino, No negrume profundo Precipita-se o dono do mundo, E já nem coragem tenho, Ao vê-lo tão fraco, De o tentar para o mal.

Il Dio piccin della piccina terra Ognor traligna ed erra, E, a par di grillo Saltellante, a caso Spinge fra gli astri il naso, Poi con tenace fatuità superba Fa il suo trillo nell’erba. Boriosa polve! Tracotato atomo! Fantasima dell’uomo E tale il fa Quell’ebbra illusione Che’egli chiama: Ragion, Ragion. Ah! Sì, Maestro divino, In buio fondo Crolla il padron del mondo, E non mi dà più il cuor, Tant’ è fiaccato, Di tentarlo al mal.

Re dell’abisso, affrettati,Precipita per l’etra,Senza librar la folgoreIl tetto mio penetra.Omai tre volte l’upupaDall’alto sospirò;La salamandra ignivoraTre volte sibilò,E delle tombe il gemitoTre volte a me parlò.

È lui, è lui! ne’ palpitiCome risento adessoLa voluttà riardereDel suo tremendo amplesso!La face del futuroNella sinistra egli ha.M’arrise al mio scongiuro,Rifolgorar la fa:Nulla, più nulla ascondersiAl guardo mio potrà!Silenzio, silenzio!

Rei do abismo, apressa-te,Lança-te pelo éter,Sem usar o teu raioEntra na minha cabana.Três vezes a coruja Já do alto suspirou;A salamandra ignívoraTrês vezes sibilou,E das tumbas o gemidoTrês vezes me falou.

É ele, é ele! Que emoção,Como sinto jáRenascer a volúpiaDo seu tremendo amplexo!A chama do futuroTraz na mão esquerda.Rendeu-se ao meu conjuro,Fá-la refulgir de novo:Nada, nada poderá mais Escapar ao meu olhar!Silêncio, silêncio!

meFistoFele“ave, signor” (Act I | I Ato)

un ballo in maschera | um baile de máscaras“re dell’abbisso, aFFrettati” (Act I | I Ato)

Page 6: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

les huguenots | os huguenotes“Ô ciel! où courez-vous?” (Act IV | IV Ato)

VALENTINE Où vas-tu?

RAOUL Secourir mes frères !Dévoiler à leurs yeux ces complots sanguinaires, Armer leurs bras vengeurs, et, le fer à la main, De nos vils ennemis prévenir le dessein!

VALENTINE Mais ces ennemis ! ... c’est mon père, C’est un époux qu’à présent je révère, Et tu voudrais les immoler ?

RAOULJe veux Punir des assassins!

VALENTINE Armés au nom des cieux!

RAOUL Et voilà donc le Dieu que ton culte consacre, Ce Dieu qui des Français ordonne le massacre!

VALENTINE Ah ! ne blasphème pas ! C’est lui dont la pitié Veut préserver tes jours, auxquels il s’intéresse. Ne sors pas!

RAOUL Je le dois!

VALENTINE C’est trahir ma tendresse!

RAOUL Et rester... c’est trahir l’honneur et l’amitié.

VALENTINA Aonde vais?

RAUL Socorrer os meus irmãos!Revelar-lhes estas conspirações sanguinárias, Armar os seus braços vingadores e, espada na mão, Precaver-nos dos nossos vis inimigos!

VALENTINA Mas esses inimigos! ... é o meu pai, É um marido que venero, E tu queres imolá-los?

RAULQuero Punir os assassinos!

VALENTINA Armados em nome dos céus!

RAUL Eis o Deus que o teu culto adora, O Deus que ordena o massacre dos franceses!

VALENTINA Ah! Não blasfemes! É ele que, por piedade, Quer preservar os teus dias, por que se interessa! Não partas!

RAUL Devo fazê-lo!

VALENTINA Trairás a minha ternura!

RAUL Mas ficar... é trair a honra e a amizade!

RAOUL Le danger presse, et le temps vole, Laisse-moi, laisse-moi partir! Ce sont mes frères qu’on immole L’honneur le veut, je dois te fuir.

VALENTINE Si tu me quittes l’on t’immole. Garde toi, garde toi de fuir, O mon seul bien, ma seule idole! Ah ! te perdre serait mourir! Non, par toi ce seuil redoutable Ne sera pas franchi ; je m’attache à tes pas!

RAOUL En t’écoutant je suis coupable!

VALENTINE En t’écoutant ne le suis-je donc pas? Je le fais cependant, et dans mon trouble extrême Je ne vois plus que toi dont les jours sont proscrits. Reste, Raoul, et si tu me chéris, Si tu m’aimes encore...

RAOUL Plus que jamais je t’aime. Je voudrais te donner et mon sang et moi-même! Mais immoler les miens, mes frères, mes amis!

VALENTINE Mais, sorti de ces lieux, chaque pas dans la ville Peut t’offrir un danger ! et pour t’en préserver, Reste ici, cette nuit ! reste dans cet asile!

RAOUL Je ne puis !

VALENTINE Et la mort ?

RAOUL Je saurai la braver.

RAUL O perigo aperta e o tempo voa, Deixa-me, deixa-me partir! São os meus irmãos que são imolados, A honra assim o obriga, devo fugir de ti,

VALENTINA Se me deixares, imolam-te. Não fujas de mim, Ó meu único bem, meu único ídolo! Ah! Perder-te seria morrer! Não, esse limiar terrível Não irás transpor; colo-me aos teus passos!

RAUL Ao ouvir-te, sou culpado!

VALENTINA E, ao ouvir-te, não sou eu culpada? Mas faço-o e, na minha extrema perturbação, Só os teus dias vejo proscritos. Fica, Raul, se gostas de mim, Se ainda me amas...

RAUL Amo-te mais que nunca. Quero dar-te o meu sangue e eu próprio! Mas imolar os meus, os meus irmãos, os meus amigos...!

VALENTINA Se saíres daqui, cada passo que deres na cidade Pode ser um risco! Para os evitares, Fica aqui esta noite! Fica neste porto!

RAUL Não posso!

VALENTINA E a morte?

RAUL Saberei enfrentá-la.

Page 7: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

VALENTINE Eh bien donc, si ma voix vainement te supplie, Et si mon malheur seul peut préserver la vie, Enfin ... s’il faut me perdre afin de te sauver, Reste, Raoul, reste ... je t’aime!!!

RAOUL O bonheur suprême! O délire ! ... ô transport! Quel mot du ciel s’est fait entendre! Oui ! cet instant change mon sort. Vienne à présent la mort, Puisqu’à tes pieds je puis l’attendre!

VALENTINE Ah ! qu’ai-je dit ! ... grâce et pitié !

RAOUL Oui, tu l’as dit ... oui, tu m’aimes ! C’est le jour qui renaît, c’est l’air pur des cieux mêmes ! Auprès de toi que tout soit oublié ! Parle encore et prolonge De mon cœur le doux sommeil ! ... Et si mon bonheur est un songe, Que jamais, ô mon Dieu, n’arrive le réveil!

[Il tombe à ses genoux et l’entoure de ses bras. On entend dans le lointain le son d’une cloche. - Raoul, se relevant.]

Entends-tu ces sons funèbres ?

VALENTINE Ils me glacent de terreur !

RAOUL Du sein des noires ténèbres S’élève un cri de fureur ! Où donc étais-je ?

VALENTINE Auprès de moi, dont les prières… RAOUL Ah ! souvenir fatal ! Du massacre de mes frères

VALENTINA Pois bem, se a minha voz em vão te suplica, E se só a minha desgraça pode preservar a vida, Enfim... se devo perder-me para te salvar, Fica, Raul, fica!... Amo-te!!!

RAUL Ó suprema felicidade! Ó delírio! ... Ó transporte! Soou uma palavra do céu! Sim! Este instante muda o meu destino. Que venha agora a morte, Pois, a teus pés, posso esperá-la!

VALENTINA Ah! Que disse eu? Perdão e piedade!

RAUL Sim, disseste-o... sim, amas-me! Renasce o dia, com o ar puro do próprio céu! Junto de ti, tudo será esquecido! Continua a falar, e prolonga, Do meu coração, o doce sono! ... E, se a minha felicidade é um sonho, Então, ó meu Deus, que eu nunca acorde!!

[Cai a seus pés e abraça-lhe os joelhos. Ouve-se ao longe o som de um sino. - Raúl, levantando-se:]

Ouves estes sons fúnebres?

VALENTINA Gelam-me de terror!

RAUL Das negras trevas Eleva-se um grito de furor! Onde estava eu?

VALENTINA Junto de mim, cujas preces...

RAUL Ah! Recordação fatal! Do massacre dos meus irmãos

C’est l’horrible signal ! Plus d’amour ! ... plus d’ivresse ! O remords qui m’oppresse ! Je les verrais sans cesse Egorgés sous mes yeux ! Je ne veux rien entendre ! Mes frères vont m’attendre ! Et je cours les défendre Ou mourir avec eux !

VALENTINEEh quoi ! dans son ivresse, Repousser ma tendresse ! Le remords qui m’oppresse Est-il donc moins affreux ? Quoi ! l’amour le plus tendre Veut en vain te défendre ! ... Raoul, daigne m’entendre Ou je meurs à tes yeux !

[RAOUL, s’approchant de la fenêtre.]Tiens, vois sur ce rivage, Vois ces cadavres sanglants.

VALENTINE Ah ! quelle horreur s’empare de mes sens! Raoul ! ils te tueront ! ... reste ! reste ! ou je meurs !

RAOUL Ah ! ... que faire ? et comment résister à ses pleurs ? Non ! ... c’en est fait ... l’honneur m’ordonne de partir.

[Regardant Valentine à demi évanouie.]

Dieu ! ... veillez sur ses jours ! ... et moi je vais mourir.

[Il s’élance du haut du balcon et disparaît. Valentine pousse un cri et tombe évanouie.]

É o terrível sinal! Basta de amor! ... Basta de embriaguez! Ó remorso que me oprime! Para sempre os verei Degolados perante mim! Não quero ouvir mais nada! Os meus irmãos vão esperar-me! E eu corro defendê-los Ou morrer com eles!

VALENTINAE então! Na tua embriaguez Afastas a minha ternura! O remorso que me oprime É portanto menos terrível? O quê?! O amor mais terno Quer em vão defender-te! ... Raul, digna-te ouvir-me Ou morrerei perante ti!

[Raul, aproximando-se da janela]Olha! Vê nesta margem, Vê os cadáveres ensanguentados.

VALENTINA Ah! O horror que me avassala os sentidos! Raul! Eles vão matar-te! ... Fica! Fica! Ou morro!

RAUL Ah! ... Que fazer? E como resistir a este lamento? Não! ... Está decidido... a honra ordena-me que parta.

[Olhando para Valentina, semi-desvanecida]

Meu Deus! ... Vela pelos seus dias! Eu... vou morrer!

[Salta da varanda e desaparece. Valentina lança um grito e desmaia]

Page 8: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

aida“Quale insolita gioia” (Act I | I Ato)

AMNERISQuale insolita gioiaNel tuo sguardo! Di qualeNobil fierezza ti balena il volto!Degna di invidia oh! quantoSaria la donna il cui bramato aspetto Tanta luce di gaudio in te destasse!

RADAMESD’un sogno avventurosoSi beava il mio cuore — Oggi, la DivaProfferse il nome del guerrier che al campoLe schiere egizie condurrà… S’io fossiA tale onor prescelto…

AMNERISNè un altro sogno maiPiù gentil… più soave…Al cuore ti parlò?… Non hai tu in MenfiDesiderii… speranze?…

RADAMESIo?… (quale inchiesta!) (Forse… l’arcano amoreScoprì che m’arde in core…Della sua schiava il nomeMi lesse nel pensier!)

AMNERIS(Oh! guai se un altro amore Ardesse a lui nel core!…Guai se il mio sguardo penetraQuesto fatal mister!)

RADAMES, vedendo AidaDessa!

AMNERIS(Ei si turba… e qualeSguardo rivolse a lei!Aida!… a me rivale…Forse saria costei?)dopo breve silenzio, volgendosi ad Aida

AMNÉRISQue insólita alegria No teu olhar!Que nobre orgulho te ilumina a face!Quão digna de inveja Seria a mulher cuja amável visão Em ti despertasse essa jubilosa luz!

RADAMÉSCom um sonho venturosoSe deleita o meu coração — Hoje, a deusaProferiu o nome do guerreiroQue conduzirá as hostes egípcias… Se fosse euO escolhido para tal honra…

AMNÉRISNunca outro sonhomais gentil… mais doce…Te falou ao coração?… Não tens em MênfisDesejos… esperanças?…

RADAMÉSEu?… (que pergunta!) (Talvez… o amor secretoQue no meu coração arde tenha descoberto…Da sua escrava o nomeTenha lido no meu pensamento!)

AMNÉRIS(Ai se outro amor Ardesse no seu coração!…Ai se o meu olhar desvendasse Esse fatal mistério!)

RADAMÉS, vendo AïdaÉ ela!

AMNÉRIS(Ficou perturbado… e queOlhar lhe lançou!Aïda!… seria ela…A minha rival?)Após um breve silêncio, dirigindo-se a Aïda

Vieni, o diletta, appressati… Schiava non sei ne ancellaQui dove in dolce fascinoIo ti chiamai sorella…Piangi?… delle tue lacrimeSvela il segreto a me.

AIDAOhimè! di guerra fremereL’atroce grido io sento…Per la infelice patria,Per me… per voi pavento.

AMNERISFavelli il ver? né s’agita Più grave cura in te?Aida abbassa gli occhi e cerca dissimulare il proprio turbamento;guardando Aida(Trema, o rea schiava, ah! tremaCh’io nel tuo cor discenda!…Trema che il ver m’apprendaQuel pianto e quel rossor!)

AIDA(No, sull’afflitta patria Non geme il cor soltanto;Quello ch’io verso è piantoDi sventurato amor).

RADAMES guardando Amneris(Nel volto a lei balena Lo sdegno ed il sospetto…Guai se l’arcano affettoA noi leggesse in cor!)

Vem, dilecta, aproxima-te… Nem escrava nem serva ésAqui, onde num doce fascínioTe chamei irmã…Choras?… Das tuas lágrimasRevela-me o segredo.

AÏDAAi de mim! Ouço soarO atroz grito de guerra…Pela infeliz pátria,Por mim, por vós temo.

AMNÉRISDizes a verdade? Nada mais grave Te preocupa?Aïda baixa os olhos e tenta esconder a sua agitação;Olhando para Aïda(Treme, ó pérfida escrava,ai se eu adivinho o teu coração!…Treme, se esse pranto e esse ruborMe revelam a verdade!)

AÏDA(Não, não é pela desditosa pátria Apenas que chora o meu coração;O meu prantoÉ de amor infausto).

RADAMÉS olhando para Amnéris(No seu rosto impera O desdém e a suspeita…Ai se o amor secretoNos lesse no coração!)

lohengrin “einsam in trüben tagen” (Act I | I Ato)

Einsam in trüben Tagenhab ich zu Gott gefleht,des Herzens tiefstes Klagenergoss ich im Gebet. -Da drang aus meinem Stöhnenein Laut so klagevoll,der zu gewalt’gem Tönenweit in die Lüfte schwoll: -Ich hört ihn fernhin hallen,bis kaum mein Ohr er traf;

Solitária em dias sombrios,implorei a Deus,Nessa oração exprimi o mais profundo queixume do meu coração. -Os meus gemidos tornaram-se gritos dolorosos,Que em sons potentesecoaram nos ares: -escutando-se a grande distância, atéos meus ouvidos deixarem de tal ouvir;

Page 9: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

il guarany “o dio degli aimorè” (Act III | III Ato)

CACICOO dio degli Aimorè,A noi ti volgi or tu; Tutta si prostra a te La tua fedel tribù. Dal trono tuo discendi, Nume del ciel possente, Che pari al sol risplendi Sulla fedel tua gente. Di questo breve amor, Il fuoco struggitor... Il sangue del guerrier Caduto prigionier... L’estremo suo desir, L’estremo suo sospir... Offriamo a te!

PERY(Il mio destin non temo Per lei, per lei sol fremo... Ma invano... ahimè!...)

CECILIA(Gran dio del ciel, Che adoro, speme ed aita Imploro solo da te!)

CACIQUEÓ deus dos Aimoré,Volta teus olhos para nós; Prosta-se a teus pés A tua fiel tribo. Desce do trono, Divindade poderosa, Que, qual sol, brilhasSobre o teu fiel povo. Deste breve amor, O fogo destruidor... O sangue do guerreiroAprisionado…O seu último desejo, O seu último suspiro... Te oferecemos!

PERI(O meu destino não temo, Por ela, só por ela tremo... Mas em vão….Ai!...)

CECÍLIA(Deus do céu, todo poderoso, Que adoro - esperança e consolo Só, imploro!)

lauriane“heure si longtemPs attendue” (Act IV | IV Ato)

Heure si longtemps attendue,Tu vas enfin sonner pour moi ;Ma vie à l’espoir est rendue,Plus de tourment et plus d’effroi.Allons, debout ! Debout mon âme !Le moment approche où l’infâme,Que rien ne peut plus protéger,Expiera sa honte et son crime.Et toi, père, auguste victime,Bénis, bénis ton fils : il a su te venger.

O ma mère, ma douce colombe,Sitôt ravie à mon amour,Dans le silence de la tombeTu dois tressaillir à ton tour.Allons, debout ! Debout mon âme !Le moment approche où l’infâme,Que rien ne peut plus protéger,Expiera sa honte et son crime.Et toi, père, auguste victime,Bénis, bénis ton fils : il a su te venger.

Hora há tanto esperada,Vais enfim soar para mim;A minha vida entregou-se à esperança,Chega de tormentos e temores.Vamos, ergue-te! Ergue-te, minh’alma!Aproxima-se o momento em que o infame,A quem já nada pode proteger,Irá expiar a sua vergonha e o seu crime.E tu, pai, augusta vítima,Abençoa o teu filho, que soube vingar-se.

Ó minha mãe, minha doce pomba,Cedo rendida ao meu amor,No silêncio do teu sepulcroTambém tu deves estremecer.Vamos, ergue-te! Ergue-te, minh’alma!Aproxima-se o momento em que o infame,Que já nada pode proteger,Irá expiar a sua vergonha e o seu crime.E tu, pai, augusta vítima,Abençoa o teu filho, que soube vingar-se.

mein Aug ist zugefallen,ich sank in süssen Schlaf. In Lichter Waffen Scheineein Ritter nahte da,so tugendlicher Reineich keinen noch ersah:Ein golden Horn zur Hüften,gelehnet auf sein Schwert, -so trat er aus den Lüftenzu mir, der Recke wert;mit züchtigem Gebarengab Tröstung er mir ein; -des Ritters will ich wahren,er soll mein Streiter sein! Hört, was dem Gottgesandtenich biete für Gewähr: ¬In meines Vaters Landendie Krone trage er;mich glücklich soll ich preisen,nimmt er mein Gut dahin, ¬will er Gemahl mich heissen,geb ich ihm, was ich bin!

Os meus olhos fecharam-se,e mergulhei num doce sono.Brilhando no fulgor da sua armadura,eis que um cavaleiro se aproximouJamais eu vira uma tão pura virtude:à cinta uma trompa dourada,apoiado na sua espada, -assim vinha ele pelos ares, chegando até mim, o valoroso guerreiro;com gestos bondosos,deu-me conforto e consolo;quero que seja este cavaleiro a defender me, será ele o meu paladino!Escutai o que ao enviado de Deuseu dou como garantia: -nas terras de meu paique seja ele a usar a coroa;afortunada serei,se ele todos os meus haveres tomar, -se me quiser chamar esposa,a ele me darei, tal como sou!

les cloches de corneville“Fermons les yeux” (Act II | II Ato)

SERPOLETTE ; GRENICHEUX, LE BAILLIFermons les yeux, Regarder, non, ici, je n’osePeut-on voir quelque choseSans voir quelque chose d’affreux.

GRENICHEUXAh ! que vois-je ?L’ombre de Monsieur le Bailli

LE BAILLYEn croirai-je mes yeux ?L’ombre de Serpolette.

SERPOLETTEMa surprise est complèteL’ombre de Grénicheux

SERPOLETTE, GRENICHEUX, LE BAILLICerremos os olhos, Olhar, não, aqui não ouso,Podemos ver alguma coisaSem ver alguma coisa de terrível?

GRENICHEUXAh! Que vejo?A sombra de Monsieur le Bailli!

LE BAILLYE creio nos meus olhos?A sombra de Serpolette!

SERPOLETTEA minha surpresa é completa,A sombra de Grénicheux!

Page 10: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

LE BAILLIEh ! quoi nos trois ombres ici !

SERPOLETTEMais non je ne suis pas une ombre.

LE BAILLINi moi non plus.

LES TROISCalmons nos esprits éperdus.

SERPOLETTEPristi ! sapristi, montons-nous la têteCar on peut mourir d’la peur de mourirEt mourir de peur ce serait trop bêteQuand on peut mourir d’bonheur et d’plaisir.Cent fois au pays on a pu voir commeJe me défendais contre un séducteur.Et ! quoi j’aurais peur de l’ombre d’un hommeQuand un homme entier ne me fait pas peur.Tous les revenants qui, par les nuits sombresSe promèneraient dans ce noir séjourNe pourraient jamais être que des ombresEt je me souviens que surprise un jourContre des soldats de mœurs trop galantesJe m’suis défendu’ parole ed’ honneur !Et puis-je avoir peur d’ombres innocentesQuand un régiment ne me fait pas peur.

LE BAILLYMas... as nossas sombras aqui!

SERPOLETTEMas eu não sou uma sombra!

LE BAILLYNem eu!

OS TRÊSAcalmemos os nossos espíritos desesperados.

SERPOLETTEDeus! Meu Deus, vamos recompor-nosPois pode-se morrer do medo de morrer,E morrer de medo seria muito burroQuando podemos morrer de felicidade e prazer.Cem vezes todos puderam ver comoSei defender-me de um sedutor.E agora teria medo da sombra de um homem,Quando nenhum homem inteiro me mete medo?Todos os fantasmas que, nas noites sombrias,Se passeariam nesta escuridãoNunca passariam de sombras,E recordo-me que, um dia, surpreendidaPor soldados dos costumes demasiado galantes,Defendi-me por minha honra!E posso agora ter medo de sombras inocentesQuando um regimento não me assusta?

Le conquérant dit à la jeune Indienne :Tu vois Fatma que je suis ton vainqueur:Mais ma vertu doit respecter la tienneEt ce respect arrête mon ardeur.Va dire, enfant, a ta tribu sauvage

O conquistador diz à jovem índia:Como vês, Fatma, sou o teu conquistador,Mas a minha virtude deve respeitar a tuaE esse respeito refreia o meu ardor.Vai dizer, minha filha, à tua tribo selvagem,

Que l’étranger, qui foule ici ton solA pour devise : abstinence et courageOn a du cœur quand on est Espagnol.

A ce discours, la jeune indienne émueVers son vainqueur soulève ses beaux yeuxElle pâlit et chancelle à sa vueCar il lui plait, ce soldat généreux.Un an plus tard, gage de leur tendresseUn jeune enfant dort sous un parasolEt ses parents chantent avec ivresseIl grandira car il est Espagnol !

Que o estrangeiro, que aqui pisa o teu solo,Tem por divisa: abstinência e coragem.Os espanhóis têm coração.

A este discurso, a jovem índia, comovida,Para o conquistador levanta os seus belos olhos.Fica pálida e hesitante à vistaDeste belo soldado, que lhe agrada.Um ano mais tarde, prova da sua ternura,Uma criança dorme à sombra de um guarda-sol,E os pais cantam inebriadosIrá crescer porque é espanhol!

Pour attirer du fond de sa retraiteUne souris qui cache son museau,Non loin du nez de la petite bêteIl faut semer quelque friand morceau. Je sais un autre stratagèmeQui doit faire de son réduitSortir une femme qu’on aime.Ce stratagème – c’est un bruit :Mais il faut que ce joli bruitSoit bien mignon et bien gentil !(imitant le bruit des baisers)Allez-y, la p’tit’ bête va répondre au bruit !

Lorsque l’on veut attirer l’alouette,On fait brille un miroir à ses yeuxEt sans retard on la voit, la coquette,En voltigeant accourir à ses feux!Une femme, c’est tout de mêmePara ses faiblesses qu’on la séduit:Tout ce qu’elle veut, c’est qu’on l’aimeEt c’est ainsi qu’on le lui dit,Mais il faut que cela soit ditD’un air mignon et bien gentil!(imitant le bruit des baisers)Allez-y, la p’tit’ bête va répondre au bruit!

Para atrair do fundo do seu retiroUm rato que esconde o focinho,Perto do nariz do bichinhoHá que plantar uma guloseima. Conheço outro estratagemaQue deve fazer, do seu reduto,Sair a mulher que amamos.Esse estratagema... é um som:Mas tem de ser um som bonito,Encantador e gentil!(Imitando o som de beijos)Vá lá, que o bichinho vai responder ao som!

Quando queremos atrair a cotovia,Fazemos brilhar um espelho,E imediatamente a vemos, vaidosa,Acorrer, volteando, ao chamariz!Uma mulher, é afinalPelas suas fraquezas que a seduzimos:Tudo o que deseja é que a amemos,E assim lhe diremos.Mas tem de ser dito,Com um ar encantador e gentil!(Imitando o som de beijos)Vá lá, que o bichinho vai responder ao som!

orPhée aux enFers | orFeu nos inFernoscouPlets des baisers (Act III | III Ato)

la PéricholecomPlainte de l’esPagnol et de la jeune indienne(Act I | I Ato)

Page 11: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

barbe-bleue | o barba azulla légende de barbe-bleue (Act I | I Ato)

Encore une, soldats, belle parmi les belles!Pourquoi donc le destin les met-il sur ses pasCes femmes qu’aussitôt des morts accidentellesArrachent de mes bras!

Ma première femme est morteEt que le diable m’emporteSi j’ai jamais su comment.La deuxième et la troisièmeAinsi que la quatrièmeJe les pleure également.La cinquième m’était chèreMais la semaine dernièreA mon grand étonnementSans aucun motif plausibleLes trois parques, c’est horrible!L’ont cueillie en un momentJe suis Barbe-bleue, ô gué!Jamais veuf ne fût plus gai!

Maintenant que j’ai dit commeL’on m’appelle et l’on me nommeChacun comprend à l’instantQue mon unique penséeEst de la voir remplacéeCelle que j’adorais tant.Entre nous, c’est chose faiteLa sixième est toute prêteMais je sais ce qui l’attendJe le sais et je crois mêmeQue déjà de la septièmeJe m’occupe vaguement.Je suis Barbe-bleue, ô gué!Jamais veuf ne fût plus gai!

Mais uma, soldados, bela entre as mais belas!Por que será que o destino as coloca no meu caminho,Estas mulheres que, logo depois, mortes acidentaisArrancam dos meus braços?

A minha primeira mulher morreu,E que o diabo me leveSe alguma vez percebi como!A segunda e a terceira,Assim como a quarta,A todas eu choro por igual.A quinta era-me queridaMas, na semana passada,Para meu grande espanto,Sem qualquer motivo plausível,As três parcas - foi horrível! -Levaram-na sem mais.Sou Barba Azul, ó sim!Nunca houve viúvo mais alegre!

Agora que já disse comoMe chamam e nomeiam,Todos compreendem de imediatoQue o meu único pensamentoÉ o de ver substituídaAquela que eu tanto amava.Aqui para nós, já está feito,A sexta está preparada,Mas já sei o que a espera,Sei, e acredito atéQue já na sétimaEstou a pensar vagamente.Sou Barba Azul, ó sim!Nunca houve viúvo mais alegre!

ANA FRANCO

nascida em 1984, ingressou com oito anos de idade os seus estudos de Piano no Conservatório nacional de Música de Lisboa com a Professora Anne Kaasa. Participou em diversos concursos e programas musicais televisivos.

em 2003 inicia a sua formação em Canto na escola de Música do Conservatório nacional, tendo tido como tutora a Professora Manuela de Sá e o Professor acompanhador José Manuel Brandão. Teve ao longo do curso a possibilidade de ingressar em vários projetos bastante enriquecedores, como o “Modinhas Luso-Brasileiras do séc. XIX”, orientado pelo Professor António Wagner Dinis, e trabalhou com professores como o Prof. Paulo Brandão (coro), o Prof. João Crisóstomo (coro), a Prof. Anna Tomasik (Música de Câmara) e o Prof. Armando Vidal (Música de Câmara). de 2006 a 2008 trabalhou como elemento de reforço no Coro do Teatro nacional de São Carlos.

Realizou master classes com a cantora Mara Zampieri, a Professora Susan McCulloch e o Maestro João Paulo Santos.

Termina o seu curso de Canto em 2008, e ingressa na escola Superior de Música de Lisboa, onde realiza o 1.º ano com a Professora Sílvia Mateus, o Professor acompanhador Francisco Sassetti, e com o Professor nuno Vieira de Almeida.

Ingressou no Programa Jovens Intérpretes do Teatro nacional de São Carlos, pertencente à temporada 2009/2010, onde interpretou as óperas: “Gotterdamerung” de Wagner como uma das Rheinmaidens, “A Bela Adormecida” de Ottorino Respighi, como Bela Adormecida, “L’Occasione fa il ladro” de Rossini como Ernestina, “Trouble in Thaiti” de Bernstein, onde integrou um dos elementos do Trio, “Le Nozze di Fígaro” de Mozart como Barbarina e “A (pequena) Flauta Mágica” de Mozart, como Pamina.

Participou também em alguns concertos no Teatro nacional tendo sido acompanhada pelo Maestro Moritz Gnann e pelo Maestro João Paulo Santos. No CCB realiza “Cenas de Fausto de Goethe” acompanhada pela orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direcção do Maestro Ira Levin.

No Teatro São Luiz foi dirigida pela Maestrina Julia Jones, acompanhada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa num concerto dedicado às “Cartas de Mozart”. Ao longo da temporada realizou master classes com a Soprano Susan Bullock, o Barítono Bernd Weikl, com o director Artístico do programa Jovens Intérpretes da Royal opera house Convent Garden, david Gowland, e com o Barítono Tom Krause.

Traduções para português | Portuguese translations : Translatio, Lda.

Page 12: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

Born in 1984, aged eight, she joined the piano studies program at the National Conservatory of Music of Lisbon under Professor Anne Kaasa. She participated in a series of competitions and television musical programs.

In 2003, she began studying song at the National Conservatory School of Music under the supervision of Professor Manuela de Sá and accompanied by Professor José Manuel Brandão. Over this degree, she gained the opportunity to participate in enriching projects such as “Luso-Brazilian Fashions in the 19th century”, supervised by Professor António Wagner Dinis, and working with professors including Prof. Paulo Brandão (choir), Prof. João Crisóstomo (choir), Prof. Anna Tomasik (Chamber Music) and Prof. Armando Vidal (Chamber Music). From 2006 to 2008, she worked as a replacement member of the São Carlos National Theatre choir.

She has undertaken Masterclasses with the singer Mara Zampieri, Professor Susan McCulloch and Maestro João Paulo Santos.

She graduated in song in 2008 and joined the Lisbon Higher School of Music, where she completed the first year under Professor Sílvia Mateus, accompanied by Professor Francisco Sassetti and Professor Nuno Viera de Almeida.

She joined the Young Performers Program at the São Carlos National Theatre for the 2009/2010 season and taking part in the operas: “Gotterdamerung” by Wagner as one of the Rheinmaidens, “Sleeping Beauty” by Ottorino Respighi, as Sleeping Beauty, “L’Occasione fa il ladro” by Rossini as Ernestina, “Trouble in Tahiti” by Bernstein where she joined the members of the Trio, “Le Nozze di Fígaro” by Mozart as Barbarina and “The (little) Magic Flute” by Mozart, as Pamina.

She also participated in some concerts at the National Theatre and having been accompanied by Maestro Moritz Gnann and Maestro João Paulo Santos. In the CCB, she performed “Scenes from Fausto by Goethe” accompanied by the Portuguese Symphony Orchestra under the conduction of Maestro Ira Levin.

In the São Luiz Theatre, she was directed by the Maestro Julia Jones, accompanied by the Portuguese Symphony Orchestra in a concert dedicated to “Letters from Mozart”. Over the season, she also engaged in masterclasses with the Soprano Susan Bullock, the Baritone Bernd Weikl, with the Artistic Director of the Young Performers Program of Royal Opera House Covent Garden, David Gowland, and with the Baritone Tom Krause.

CÁTIA MORESO

Cátia Moreso obteve a licenciatura em canto e o grau de Mestre (Curso de Ópera) na Guildhall School of Music and drama, em Londres. Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, estudou no national opera Studio com Susan Waters.

O seu repertório de ópera inclui: Baronesa (“Lindane e Dalmiro”), Ježibaba (“Rusalka”), Suzuki (“Madame Butterfly”), Mother Goose (“The Rake’s Progress”), Tisbe (“La Cenerentola”), Eva (“Comedie on the Bridge”), Clotilde (“Norma”), 2.ª Bruxa e Espírito (“Dido and Aeneas”), Maddalena e Giovanna (“Rigoletto”), Mezzo (“Lady Sarashina de Peter Eötvos”), Eboli (“Don Carlo”), La Cieca (“La Gioconda”), Giano (“Il Trionfo d’Amore”), Dianora e Elisa (“La Spinalba”), Hanna Wilson/Tracy (“The Losers”, de Richard Wargo), 3.ª Dama (“Die Zauberflöte”), Baronesa (“Chérubin”), Madame de Croissy e Mère Jeanne (“Dialogues des Carmélites”), Zanetto (“Zanetto”), Carmella (“La Vida Breve”), Marcellina (“Le Nozze di Figaro”), Carmen (“Carmen”), Santuzza (“Cavalleria Rusticana”) e Mrs. Quickly (“Falstaff”).

Em concerto foi solista nos “Requiem” de Verdi, Duruflé, Mozart e Bomtempo, em “Nelson Mass” de Haydn, em “Gloria e Magnificat” de Vivaldi, em “Stabat Mater” e “Magnificat” de Pergolesi, “Magnificat, Oratório de Natal e Páscoa” de J. S. Bach, bem como em “Stabat Mater” e “Petite Messe Solennelle” de Rossini, “Mass No. 3” e “Te Deum” de Bruckner, em “Solomon” de Händel, “St. Paul” de Mendelssohn, “Messias e Te Deum” de Händel, “Te Deum” de Zelenka e na “Nona Sinfonia” de Beethoven.

Cátia Moreso obtained her Undergraduate Degree in singing and her Master’s Degree in Opera from the Guildhall School of Music and Drama, in London. As a Calouste Gulbenkian Foundation grant holder, she studied at the National Opera Studio with Susan Waters.

Her opera repertoire includes: Baroness (“Lindane and Dalmiro”), Ježibaba (“Rusalka”), Suzuki (“Madame Butterfly”), Mother Goose (“The Rake’s Progress”), Tisbe (“La Cenerentola”), Eva (“Comedie on the Bridge”), Clotilde (“Norma”), 2nd Witch and Spirit (“Dido and Aeneas”), Maddalena and Giovanna (“Rigoletto”), Mezzo (“Lady Sarashina by Peter Eötvos”), Eboli (“Don Carlo”), La Cieca (“La Gioconda”), Giano (“Il Trionfo d’Amore”), Dianora and Elisa (“La Spinalba”), Hanna Wilson/Tracy (“The Losers”, by Richard Wargo), 3rd Lady (“Die Zauberflöte”), Baroness (“Cherub”), Madame de Croissy and Mère Jeanne (“Dialogues des Carmélites”), Zanetto (“Zanetto”), Carmella (“La Vida Breve”),

Page 13: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

Born on the island of São Miguel, the Azores, he graduated in Music Teaching – Singing, from the University of Aveiro. He studied vocal technique with Larissa Savchenko, Imaculada Pacheco, Isabel Alcobia and João Lourenço. He has also taken masterclasses with Ralph Döring, Laura Sarti, Pat Mcmahon, Michael Rhodes and Pierre Mak.

As an oratorio soloist, his leading performances feature his interpretations of “Messiah” by G. F. Handel, “Requiem” by W. A. Mozart, “Die Jahreszeiten” by J. Haydn, “9th Symphony” by L. V. Beethoven, “Messa di Gloria” by G. Puccini, “Stabat Mater” and “Requiem” by A. Dvoràk and “Le Roi David” by A. Honegger.

He has also performed the following operatic roles with distinction; Tamino in “Die Zauberflöte” and Ferrando in “Cosi Fan Tutte” by W. A. Mozart, Don José in “Carmen” by G. Bizet, Cassio in “Otello” by G. Verdi, the Music Professor in “A Floresta” by E. Carrapatoso, Carlos in “Suzana” by A. Keil, a member of the cast for the premiere of “Evil Machines” by L. Tinoco and T. Jones, Nemorino in “L’ Elisir d’ Amore” by G. Donizetti, Rodolfo in “La Bohème” by G. Puccini, a Missionary in the world premiere of the contemporary work “Amazonas – Music theatre in three parts”, and the Prince in a Portuguese version of the opera “Cendrillon” by P. Viardot.

He debuted on the National São Carlos Theatre stage in 2010 in the role of Conte Alberto in the opera “L’ Occasione Fa il Ladro” by G. Rossini. He has already had the opportunity to work with the orchestras of the Algarve, Artave, Philharmonic of Beiras, Metropolitan of Lisbon, of the Norte, OCP, Youth Sinfonia, Portuguese Sinfonia, Sinfonia of Lisbon, under the direction of some of the great national and international conductors.

He is currently a full time member of the National São Carlos Theatre choir.

NUNO DIAS

É licenciado em Canto pela Universidade de Aveiro, na classe da Professora Isabel Alcobia, onde foi Professor Assistente no ano letivo 2013/14. Desenvolveu os seus estudos posteriormente com Alan Watt, Tom Krause e Michael Rhodes. É bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian para o projeto enoA tendo participado em diversos workshops. Fez parte de Academia de Ópera do Festival de Verbier 2013 onde trabalhou com Barbara Bonney, Claudio desderi, Tomas Quastoff e Tim Caroll, tendo-se destacado com o Prémio Thierry Marmod.

Marcellina (“Le Nozze di Figaro”), Carmen (“Carmen”), Santuzza (“Cavalleria Rusticana”) and Mrs. Quickly (“Falstaff”).

In concert, she has performed the following works as the soloist: “Requiem” by Verdi, Duruflé, Mozart and Bomtempo, in “Nelson Mass” de Haydn, in “Gloria and Magnificat” by Vivaldi, in “Stabat Mater” and “Magnificat” by Pergolesi, “Magnificat, Oratorio for Christmas and Easter” by J. S. Bach, as well as “Stabat Mater” and “Petite Messe Solennelle” by Rossini, “Mass No. 3” and “Te Deum” by Bruckner, in “Solomon” by Handel, “St. Paul” by Mendelssohn, “Messiah and Te Deum” by Händel, “Te Deum” by Zelenka and in the “Ninth Symphony” by Beethoven.

JOÃO CIPRIANO MARTINS

natural da ilha São Miguel, é licenciado em ensino de Música – Canto, pela Universidade de Aveiro. estudou técnica vocal com Larissa Savchenko, Imaculada Pacheco, Isabel Alcobia e João Lourenço.

Realizou cursos de aperfeiçoamento com Ralph Döring, Laura Sarti, Pat Mcmahon, Michael Rhodes e Pierre Mak.

Como solista de oratória destacam-se as suas interpretações em “Messiah” de G. F. Händel, “Requiem” de W. A. Mozart, “Die Jahreszeiten” de J. Haydn, “9.ª Sinfonia” de L. V. Beethoven, “Messa di Gloria” de G. Puccini, “Stabat Mater” e “Requiem” de A. Dvoràk e “Le Roi David” de A. Honegger.

distingue-se também em ópera interpretando os papéis de Tamino em “Die Zauberflöte” e Ferrando em “Cosi Fan Tutte” de W. A. Mozart, Don José em “Carmen” de G. Bizet, Cassio em “Otello” de G. Verdi, Professor de Música em “A Floresta” de E. Carrapatoso, Carlos em “Suzana” de A. Keil, no elenco da estreia de “Evil Machines” de L. Tinoco e T. Jones, Nemorino em “L ́Elisir d’ Amore” de G. Donizetti, Rodolfo em “La Bohème” de G. Puccini, Missionário na estreia mundial da obra contemporânea “Amazonas – Music theatre in three parts”, Príncipe, numa versão portuguesa, da ópera “Cendrillon” de P. Viardot.

estreou-se no palco do Teatro nacional de São Carlos em 2010 com o papel de Conte Alberto na ópera “L ́Occasione Fa il Ladro” de G. Rossini. Teve o prazer de trabalhar com as orquestras do Algarve, Artave, Filarmonia das Beiras, Metropolitana de Lisboa, do norte, oCP, Sinfónica Juvenil, Sinfónica Portuguesa, Sinfonieta de Lisboa, sob a direção de grandes maestros nacionais e internacionais.

É atualmente membro integrante do Coro do Teatro nacional de São Carlos.

Page 14: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

Como solista, em oratório, tem-se apresentado em concerto com diversas orquestras nacionais, cantando obras de referência do repertório coral-sinfónico.

no campo da ópera interpretou, no Teatro nacional de São Carlos, o papel de Altoum na ópera “Turandot” de F. Busoni, Simone em “Gianni Schicchi” de G. Puccini, Zuniga na ópera “Carmen” de G. Bizet, Don Prudenzio em “Viaggio a Reims” de G. Rossini, Trulove em “The Rake’s Progress” de Igor Stravinsky, de Mike em “Blue Monday” de G. Gerschwin, de Presidente em “Banksters” de Nuno Côrte-Real, de Dom Payo Peres em “Dona Branca” de A. Keil (versão concerto) e António em “Sampiero” de Francisco Xavier Mignone (versão concerto). na Fundação C. Gulbenkian, cantou Pistola em “Falstaff” e Lodovico em “Otello” de G. Verdi, Reinmar em “Tannhäuser” de R. Wagner e Capitão em “Eugene Onegin” de P. I. Tchaikovsky com a orquestra e Coro Gulbenkian. noutros palcos interpretou “D. Basilio” de G. Rossini no Festival de Verbier 2013, Sparafucille em “Rigoletto” de G Verdi, Sarastro em “A Flauta Mágica” e Don Alfonso em “Cosi fan Tutte” de W. A. Mozart, Colline em “La Bohème” de G. Puccini, Drunken Poet em “The Fairy Queen” de h Purcell – Lisboa (CCB) e Paris (Bobigny), de dulcamara em “O Elixir do Amor” (versão portuguesa) de G. Donizetti, o Político em “Amazonas” de Tato Taborda com apresentações na Bienal de Munique (estreia mundial) e São Paulo (SeSC), 5th Jew e 2nd Soldier em “Salomé” de R. Strauss com a O. N. Lyon, de Mãe na ópera “Os Sete Pecados Mortais” de Kurt Weill, Uberto em “La Serva Padrona” de G. B. Pergolesi e Zweiter Geharnischter na ópera “A Flauta Mágica” de W. A Mozart, no Seefestspiele em Berlim.

Foi cantor residente no Stadttheatre Bern, Suíça, durante a temporada 2014/15.

A graduate in singing from the University of Aveiro, in the class of Professor Isabel Alcobia, where he was an assistant lecturer for the 2013/14 academic year. He subsequently developed his studies under the supervision of Alan Watt, Tom Krause and Michael Rhodes.

As a Calouste Gulbenkian Foundation grant holder for the ENOA project, he has participated in a sequence of various workshops. He joined the Opera Academy of the Festival of Verbier 2013, where he worked with Barbara Bonney, Claudio Desderi, Tomas Quastoff and Tim Caroll and was distinguished with the Thierry Marmod Award.

As a soloist, in Oratorio, he has performed in concerts with diverse national orchestras singing landmark references from the choral-symphonic repertoire.

Within the field of opera, at the São Carlos National Theatre, he has played the roles of Altoum in the opera “Turandot” by F. Busoni, Simone in “Gianni Schicchi” by G. Puccini, Zuniga in the opera “Carmen” by G Bizet, Don Prudenzio in “Viaggio a Reims” by G. Rossini, Trulove in “The Rake’s Progress” by Igor Stravinsky, Mike in “Blue Monday” by G. Gerschwin, President in “Banksters” by Nuno Côrte-Real, Dom Payo Peres in “Dona Branca” by A. Keil (concert version) and António in “Sampiero” by Francisco Xavier Mignone (concert version). At the Calouste Gulbenkian Foundation, he has sung Pistola in “Falstaff” and Lodovico in “Othello” by G. Verdi, Reinmar in “Tannhäuser” by R. Wagner and Capitão in “Eugene Onegin” by P. I. Tchaikovsky, with the Gulbenkian Orchestra and Choir. On other stages, he has performed “D. Basilio” by G. Rossini at the Festival of Verbier 2013, Sparafucille in “Rigoletto” by G Verdi, Sarastro in “The Magic Flute” and Don Alfonso in “Cosi fan Tutte” by W. A. Mozart, Colline in “La Bohème” by G. Puccini, Drunken Poet in “The Fairy Queen” by H Purcell – Lisbon (CCB) and Paris (Bobigny), Dulcamara in “O Elixir do Amor” (Portuguese version) by G. Donizetti, o Político in “Amazonas” by Tato Taborda with presentations in the Biennial of Munich (world premiere) and São Paulo (SESC), 5th Jew and 2nd Soldier in “Salomé” by R. Strauss with N. O. Lyon, Mother in the opera “The Seven Deadly Sins” by Kurt Weill, Uberto in “La Serva Padrona” by G. B. Pergolesi and Zweiter Geharnischter in the opera “The Magic Flute” by W. A Mozart, at the Seefestspiele in Berlin.

He was the singer in residence at Stadttheatre Bern, Switzerland throughout the 2014/15 season.

PEDRO MEIRELES

nasceu no Porto, tendo iniciado os estudos de violino com a sua mãe. Prosseguiu a sua formação no Conservatório de Música do Porto, terminando o curso com a classificação máxima. Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu a licenciatura e o mestrado na Royal Academy of Music, em Londres, tendo-lhe sido atribuído um dipRAM, assim como o Prémio J & A Beare.

Venceu o Concurso da Juventude Musical Portuguesa aos nove anos de idade, tendo sido posteriormente galardoado com primeiros lugares em concursos como o Prémio Maestro Silva Pereira, o Prémio Marjorie hayward, o Prémio Mica Comberti, o Prémio de Viola Theodore Holland, o Sir Arthur Bliss Memorial Prize e o Prémio de Viola Max Gilbert. Venceu também, por três vezes, o Prémio Jovens Músicos da RTP, nas modalidades de violino e viola.

Page 15: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

Como concertista e como músico de câmara, realizou mais de 200 concertos em algumas das mais conceituadas salas da europa. em 2005, apresentou o Stradivarius “Viotti” da coleção da Royal Academy of Music, em concerto de gala no Victoria and Albert Museum, em Londres. Foi concertino e concertino adjunto das orquestras Royal Philharmonic, orion Symphony, new London orchestra, Brandenburg Sinfonia e Ashover Festival orchestra.

orientou inúmeras master classes de violino e viola e integrou o júri dos principais concursos e prémios de música do país. Foi professor de violino no Conservatório nacional, na Academia de Música de Santa Cecília e na Academia de Música de Lisboa.

Presentemente, ocupa o lugar de Concertino Principal da orquestra Sinfónica Portuguesa e de Concertino Auxiliar da Orquestra Gulbenkian.

este ano foi agraciado como Membro Associado da Royal Academy of Music.

Born in Oporto, he began his violin studies with his mother before continuing at the Oporto Conservatory of Music where he finished with the maximum classification. As a Calouste Gulbenkian Foundation grant holder, he completed his undergraduate and master’s degrees at the Royal Academy of Music in London, where he was awarded the DipRAM as well as the J & A Beare Prize.

He won the Young Musician of Portugal Competition at the age of nine before going on to win competitions such as the Maestro Silva Pereira Prize, the Marjorie Hayward Prize, the Mica Comberti Prize, the Viola Theodore Holland Prize, the Sir Arthur Bliss Memorial Prize and the Max Gilbert Viola Prize. He is also the triple award winner of the RTP Young Musicians Award, playing the violin and the viola.

As a concert and chamber music performer, he has already staged over 200 concerts in some of the most renowned venues of Europe.

In 2005, he presented the Stradivarius “Viotti” collection of the Royal Academy of Music in a gala concert at the Victoria and Albert Museum in London. He has been concertmaster and assistant concertmaster for the following orchestras; Royal Philharmonic, Orion Symphony, New London Orchestra, Brandenburg Sinfonia and Ashover Festival Orchestra.

He has run countless masterclasses for the violin and viola and sat on the juries for all the leading music competitions and awards in

Portugal. He was violin professor at the National Conservatory, at the Santa Cecília Music Academy and the Lisbon Music Academy.

He presently holds the position of Lead Concertmaster at the Portuguese Symphony Orchestra and Auxiliary Concertmaster at the Gulbenkian Orchestra.

He was this year honoured as an Associate Member of the Royal Academy of Music.

JOÃO PAULO SANTOS

nascido em Lisboa em 1959, concluiu o curso superior de Piano no Conservatório nacional desta cidade na classe de Adriano Jordão. Trabalhou ainda com helena Costa, Joana Silva, Constança Capdeville, Lola Aragón e Elizabeth Grümmer. Na qualidade de bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian aperfeiçoou-se em Paris com Aldo Ciccolini (1979-84).

A sua carreira atravessa os últimos 37 anos da biografia do Teatro Nacional de São Carlos onde principiou como correpetidor (1976), função que manteve durante a permanência em Paris. Seguiu-se o cargo de Maestro Titular do Coro (1990-2004); desempenha atualmente as funções de diretor de estudos Musicais e diretor Musical de Cena.

o seu percurso artístico distingue-se em três áreas. estreou-se na direção musical em 1990 com “The Bear” (W. Walton), encenada por Luís Miguel Cintra, para a RTP. Tem dirigido obras tão diversas quanto óperas para crianças (“Menotti”, “Britten”, “Henze” e “Respighi”), musicais (“Sondheim”), concertos e óperas nas principais salas nacionais. Estreou em Portugal, entre outras, as óperas “Renard” (Stravinski), “Hanjo” (Hosokawa), “Pollicino” (Henze), “Albert Herring” (Britten), “Neues vom Tage” (Hindemith), “Le Vin Herbé” (Martin) e “The English Cat” (Henze), cuja direção musical foi reconhecida com o Prémio Acarte 2000. Destacam-se ainda as estreias absolutas que fez de obras de Chagas Rosa, Pinho Vargas, eurico Carrapatoso e Clotilde Rosa.

Como pianista apresenta-se a solo, em grupos de câmara e em duo, nomeadamente com Irene Lima e Bruno Monteiro. Concertos e recitais por todo o país com praticamente todos os cantores portugueses preenchem regularmente o seu calendário.

A recuperação e reposição do património musical nacional ocupam um lugar significativo na sua carreira sendo responsável pelas

Page 16: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

áreas de investigação, edição e interpretação de obras dos séculos XIX e XX. São exemplos as óperas “Serrana”, “Dona Branca”, “Lauriane” e “O espadachim do outeiro”, que já foram encenadas no Teatro Nacional de São Carlos e no Centro Cultural Olga Cadaval. Fez inúmeras gravações para a RTP e gravou discos com um repertório diverso desde canções do Chat Noir aos clássicos (Saint-Saëns e Liszt), passando por Satie, Martinu, Poulenc, Freitas Branco e Jorge Peixinho. Colabora como consultor ou na direção musical em espetáculos de prosa encenados por João Lourenço e Luís Miguel Cintra.

Born in Lisbon in 1959, he completed the higher course in Piano at the city’s National Conservatory under Adriano Jordão. He has also worked with Helena Costa, Joana Silva, Constança Capdeville, Lola Aragón and Elizabeth Grümmer. In the quality of a Calouste Gulbenkian Foundation grant holder, he underwent advanced studies in Paris with Aldo Ciccolini (1979-84).

His career spans the last 37 years in the São Carlos National Theatre where he began as lead pianist (1976), a position he maintained during his time in Paris. He then became Acting Maestro of the Choir (1990-2004); currently holding the roles of Director of Musical Studies and Musical Director of Scenery.

His artistic career is distinguished across three different fields. He premiered in musical direction in 1990 with “The Bear” (W. Walton), staged by Luís Miguel Cintra for RTP. He has conducted works as diverse as operas for children (“Menotti”, “Britten”, “Henze” and “Respighi”), musicals (“Sondheim”), concerts and operas in the main national concert venues. Among others, he also debuted the operas “Renard” (Stravinski), “Hanjo” (Hosokawa), “Pollicino” (Henze), “Albert Herring” (Britten), “Neues vom Tage” (Hindemith), “Le Vin Herbé” (Martin) and “The English Cat” (Henze), with his musical direction receiving the Acarte Award 2000. Other highlights include the absolute premiers made of the works by Chagas Rosa, Pinho Vargas, Eurico Carrapatoso and Clotilde Rosa.

As a pianist, he has made solo presentations, in chamber groups and in duo, especially with Irene Lima and Bruno Monteiro. Concerts and recitals throughout the country with practically every Portuguese singer regularly fill out his schedule.

The recovery and repositioning of Portuguese musical heritage play a significant role in his career and holding responsibility for research, publishing and interpreting works from the 19th and 20th century with examples including the operas “Serrana”, “Dona Branca”, “Lauriane”

and “O espadachim do outeiro”, already performed at the São Carlos National Theatre and the Olga Cadaval Cultural Centre. He has recorded countless performances with RTP and records featuring a diverse repertoire ranging from the songs of Chat Noir to the classics (Saint-Saëns and Liszt) and as well as Satie, Martinu, Poulenc, Freitas Branco and Jorge Peixinho. He has served as a consultant or as the musical direction of staged prose performances by João Lourenço and Luís Miguel Cintra.

LUíSA CyMBRON

Luísa Cymbron é doutorada em Ciências Musicais pela Universidade nova de Lisboa onde também ensina. A sua investigação centra-se nos compositores portugueses do século XIX que se dedicaram à ópera e na recepção do repertório italiano e francês em Portugal, durante o mesmo período. Tem colaborado em diversos projectos de investigação em Portugal e no estrangeiro. É autora, em colaboração com Manuel Carlos de Brito, de História da Música em Portugal (Universidade Aberta, 1992), organizou na Biblioteca Nacional de Portugal a exposição Verdi em Portugal 1843-2001 (2001) e publicou o volume de ensaios Olhares sobre a Música em Portugal no século XIX: ópera, virtuosismo e música doméstica (CeSeM - edições Colibri, 2012).

Luísa Cymbron holds a doctoral degree in Musical Sciences from Lisbon’s Nova University where she also lectures. Her research focuses on the 19th century Portuguese composers dedicated to opera and the reception of the Italian and French repertoires in Portugal during this period. She has worked on a range of research projects both in Portugal and internationally. She authored, in conjunction with Manuel Carlos de Brito, “História da Música em Portugal” (Universidade Aberta, 1992), organized the exhibition “Verdi in Portugal 1843-2001” (2001) at the National Library of Portugal and published a volume of essays entitled “Olhares sobre a Música em Portugal no Século XIX: Ópera, Virtuosismo e Música Doméstica” (CESEM – Edições Colibri, 2012).

Page 17: Serões Musicais - parquesdesintra.pt... MARTHE Seigneur Dieu, que vois-je! comme vous voilà belle, Mon ange! ... – D’où vient ce riche écrin? MARGUERITE Hélas! on l’aura

www.parquesdesintra.pt parquesdesintra [email protected] Tel. (+351) 21 923 73 00

Organização | Organization Media partner