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    Sistemas

    de Informaoem Sade paraMunicpios

    Sistemas

    de Informaoem Sade paraMunicpios

    Andr de Oliveira Carvalho

    Maria Bernadete de Paula Eduardo

    Andr de Oliveira Carvalho

    Maria Bernadete de Paula Eduardo

    Para gestores municipais de servios de sade

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    SISTEMAS DE INFORMAO EMSADE PARA MUNICPIOS

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    Andr de Oliveira CarvalhoMaria Bernadete de Paula Eduardo

    SISTEMAS DEINFORMAO EMSADE PARA MUNICPIOS

    PARA GESTORES MUNICIPAIS DE SERVIOS DE SA DE

    I N STI TUTO PA RA O D ESENV O LV I M E NTO D A SA DE I DSNCLEO DE ASSISTNCIA MDICO-HOSPITALAR NAMH/FSP USP

    B A N C O I T A

    SO PAULO1998

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    Copyright 1998 by Faculdade de Sade Pblicada Universidade de So Pau lo

    Coordena o do ProjetoGonzalo Vecina Neto , Valria Terra, Raul Cutaite Luiz Eduardo C. Junqueira Machado

    Produo editorial e grfica

    Editora Fundao Peirpolis Ltda.Rua Girassol, 128 Vila Madalena

    So Paulo SP 05433-000Tel: (011) 816-0699 e Fax: (011) 816-6718

    e-mail: [email protected]

    Projeto grfico e editorao eletrnica

    AGWM Artes Grficas

    Tiragem

    3.000 e xemplares

    autorizada a rep roduo total ou parcialdeste livro, desde que citada a fonte.

    Distribuio gratuita

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    Tel: (011) 852-4322 e Fax: (011) 282-9659e-mail: [email protected]

    Banco Ita PROAC Programa de Apoio ComunitrioRua Boa Vista, 176 2 andar Corpo I

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    Carvalho, Andr d e O liveiraSistemas de Informao em Sade para Municpios, volume 6 / Andr de

    Oliveira Carvalho, Maria Bernadete de Paula Eduardo. So Paulo : Faculdadede Sade Pblica da Universidade de So Paulo, 1998. (Srie Sade & Cidadania)

    Realizadores: Instituto para o Desenvolvimento da Sade IDS, Ncleo deAssistncia Mdico-Hospitalar NAMH/FSP USP, Banco Ita.

    1. Informao Sistemas de armaze nagem e recupe rao Sade pb lica 2.Municpios Governo e administrao Brasil 3. Servios de sade Adminis-trao Brasil 4. Sistemas de informao gerencial 5. Tecnologia da informaoI. Eduardo, Maria Bernadete de Paula. II. Ttulo. III. Srie.

    98 4497 CDD 362.1068

    Dados Internacionais de Catalogao n a Publicao (CIP)(Cmara Brasile ira do Livro, SP, Brasil)

    ndices para catlogo sistemtico:

    1. Sistemas de informao : Servios de sade : Administrao :Bem-estar social 362.1068

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    INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTODA SADE

    Presidente: Prof. Dr. Raul Cutait

    FACULDADE DE SADE PBLICA DAUNIVERSIDADE DE SO PAULO FSP/USP

    Diretor: Prof. Dr. Jair Lcio Ferreira

    NCLEO DE ASSISTNCIAMDICO-HOSPITALAR NAMH/FSP

    Coordenador: Prof. Gonzalo Vecina Neto

    BANCO ITA S.A.

    Di retor Presidente: Dr. Roberto Egydio Setubal

    REALIZAO

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    CONSELHO NACIONAL DE SECRETRIOSMUNICIPAIS DE SADE

    MINISTRIO DA SADE

    ORGANIZAO PAN-AMERICANA DA SADE

    FUNDO DASNAESUNIDAS PARA A INFNCIA UNICEF

    APOIO

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    Agradecemos s equipes das secretarias da Sade doscinco municpios que participaram dos mdulos detreinamento, que, atravs da troca de experincias e su-gestes incorporadas neste manual , enriqueceramsobremaneira o seu contedo.

    DIADEMADacio de Lyra Rabello NetoDenizi de Oliveira ReisDouglas Augusto Schneider Filho

    FORTALEZAMaria Zlia RouquayrolRosa Lvia Freitas de Almeida

    VOLTA REDONDA

    Marilena Godinho Moll icaFOZ DO IGUAUBrbara M. BarrosFrancisco Lacerda BrasileiroLeudes BianchiRose Maria L. Bulaty

    BETIM

    Delmar Huberto Pereira GomesGilberto Antnio Reis

    AGRADECIMENTOS

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    ste conjunto d e manuais para o projeto Sa de &Cidadania se insere no trabalho iniciado h cinco anospelo Banco Ita com a criao do Programa de ApoioComunitrio (PROAC). Voltado desde a origem paraprogramas de educao bsica e sade, o PROAC temdesenvolvido dezenas de projetos de sucesso. Um dosmelhores exemplos o Razes e Asas, elaborado emparceria com o Fundo das Naes Unidas para a Infncia(Unicef) e o Centro de Estudos e Pesquisas em Edu-cao, Cultura e Ao Comunitria (Cenpec). Com ini-

    ciativas como essa, o Programa de Apoio Comunitriotem recebido diversas manifestaes de reconhecimentoe premiaes.

    Os resultados positivos obtidos com os programas jimplantados levam agora o Ita a viabilizar este projetodirigido s necessidades detectadas na rea de sade. Oprojeto Sade & Cidadania resulta da honrosa parceria

    do Banco Ita, do Instituto para o Desenvolvimento daSade (IDS) e do Ncleo de Assistncia Mdico-Hospitalarda Faculdade de Sade Pblica da Universidade de SoPaulo (NAMH/FSP USP). A meta agora divulgar paraos municpios brasileiros o conhecimento e as expe-rincias acumuladas por especialistas na rea da sadepblica, que participaram da e laborao destes manuais,bem como os resultados advindos da sua utilizao na

    fase de teste em cinco municpios. Por meio deles pre-tende-se aperfeioar a atuao dos gestores municipais

    PREFCIO

    E

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    de servios de sade para a melhoria da qualidade devida das comunidades a partir de noes bsicas de

    gesto da sade. Nos manuais, os gestores da sadeencontraro fundamentos sobre planejamento emsade, qualidade na gesto local de sade pblica, vigi-lncia sanitria, gesto financeira, gerenciamento deequipamentos hospitalares, gesto de medicamentos emateriais, entre outros.

    O trabalho de d ivulgao do que pode ser conside-rado um dos pilares da sade pblica a viabilizao

    da otimizao dos recursos disponveis com o o bjetivode melhorar a qualidade do atendimento prestado populao contar com o apoio da rede de agnciasdo Ita que, sempre sintonizadas com as necessidadeslocais, podero ajudar a divulgar o material elaboradopelo projeto.

    A inteno deste programa, vale frisar, ser sempreaumentar a eficcia da ao do s gestores municipais da

    sade quanto s melhores maneiras de aproveitar aomximo todos os recursos que estiverem efetivamenteao seu alcance, por mais limitados que possam parecer.Os beneficirios deste trabalho sero as p opulaes dascidades mais carentes, e o Brasil em ltima anlise, pormeio da disseminao de tcnicas e experincias deltima gerao.

    O Banco Ita, no seu papel de empresa-cidad esocialmente responsvel, acredita que assim estar con-tribuindo para a melhoria da qualidade dos servios desade e para a construo de uma sociedade mais justa.

    ROBERTO EGYDIO SETUBALDiretor Presidente

    X

    Banco Ita S.A.

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    setor da sade no Brasil vive hoje ummomento peculiar. O Sistema nico de Sade (SUS)constitui um moderno modelo de organizao dos

    servios de sade qu e tem como uma de suas caracte-rsticas primordiais valorizar o nvel municipal. Contudo,apesar de seu alcance social, no tem sido possvelimplant-lo da maneira desejada, em decorrncia desrias dificuldades relacionadas tanto com seu finan-ciamento quanto com a eficincia administrativa desua operao. Essa situao fez com que fossemampliados, nos ltimos anos, os debates sobre oaumento do financiamento do setor pblico da sadee a melhor utilizao dos limitados recursos existentes.Sem dvida, as alternativas passam por novas pro-postas de modelos de gesto aplicveis ao setor e qu epretendem redundar, em ltima anlise, em menosdesperdcio e melhoria da qualidade dos serviosoferecidos.

    Os Manuais para Gestores Municipais de Servio deSade foram elaborados com a finalidade de servircomo ferramenta para a modernizao das prticasadministrativas e gerenciais do SUS, em especial paramunicpios. Redigidos por profissionais experientes,foram posteriormente avaliados em programas detreinamento oferecidos pela Faculdade de Sade Pbli-ca da USP aos participantes das cidades-piloto.

    Este material colocado agora disposio dosresponsveis pelos servios de sade em nvel municipal.

    APRESENTAO

    O

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    Daqui para a frente, esforos conjuntos devero ser mul-tiplicados para que os municpios interessados tenham

    acesso no apenas aos manuais, mas tambm suametodologia de implantao. Mais ainda, a proposta que os resultados deste projeto p ossam ser avaliados demaneira a, no futuro, nortear decises tcnicas e po lticasrelativas ao SUS.

    A criao destes manuais faz parte do projeto Sade& Cidadania e fruto dos esforos de trs instituiesque tm em comum a crena de que a melhoria das

    condies sociais do pas passa pela participao ativada sociedade civil: o Instituto para o Desenvolvimentoda Sade (IDS), que uma organizao no-governa-mental, de carter apartidrio, e que congrega indivduosno s da rea da sade, mas tambm ligados a outrasatividades, que se p ropem a dar sua contribuio paraa sade; o Ncleo de Assistncia Mdico-Hospitalar daFaculdade de Sade Pblica da Universidade de So

    Paulo (NAMH/FSP USP), que conta com a participaode experiente grupo da academia ligado gesto eadministrao; e o Banco Ita, que, ao acreditar que avocao social faz parte da vocao empresarial, apiaprogramas de ampla repercusso social. O apoio ofere-cido pelo Conselho Nacional de Secretrios Municipaisde Sade (CONASEMS), pelo Ministrio da Sade e pelaOrganizao Pan-Americana da Sade (OPAS) refora apossibilidade de xito dessa prop osta.

    O sentimento dos que at o momento participaramdeste projeto de entusiasmo, acoplado satisfaoprofissional e ao esprito de participao social, num leg-timo exerccio de cidadania. A todos os nossos p rofundosagradecimentos, extensivos Editora Fundao Peirpolis,que se mostrou uma digna parceira deste projeto.

    RAUL CUTAITPresidente

    XII

    Instituto para oDesenvolvimento da Sade

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    UM POUCO DE HISTRIAAs duas ltimas dcadas foram marcadas por inten-

    sas transformaes no sistema de sade brasileiro, intima-

    mente relacionadas com as mudanas ocorridas no mbitopoltico-institucional. Simultaneamente ao processo deredemocratizao iniciado nos anos 80, o pas passou porgrave crise na rea econmico-financeira.

    No incio da dcada de 80, procurou-se consolidar oprocesso de expanso da cobertura assistencial iniciadona segunda metade dos anos 70, em atendimento sproposies formuladas pela OMS na Conferncia de

    Alma-Ata (1978), que preconizava Sade para Todos noAno 2000, principalmente por meio da Ateno Primria Sade .

    Nessa mesma poca, comea o Movimento da Refor-ma Sanitria Brasileira, constitudo inicialmente p or umaparcela da intelectualidade universitria e dos profis-sionais da rea da sade. Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos da sociedade, como

    centrais sindicais, movimentos populares de sade ealguns parlamentares.As prop osies desse movimento, iniciado em pleno

    regime autoritrio da ditadura militar, eram dirigidasbasicamente construo de uma nova poltica desade efetivamente democrtica, considerando adescentralizao, universalizao e unificao comoelementos essenciais para a reforma do setor.

    Vrias foram as propostas de implantao de umarede de servios voltada para a ateno primria sade,

    NOTAS EXPLICATIVAS

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    XIVcom hierarquizao, descentralizao e universalizao,iniciando-se j a partir do Programa de Interiorizao das

    Aes de Sade e Saneamento (PIASS), em 1976. Em1980, foi criado o Programa Nacional de Servios Bsicosde Sade (PREV-SADE) que, na realidade, nunca saiudo papel , logo seguido pelo plano do ConselhoNacional de Administrao da Sade Previdenciria(CONASP), em 1982, a partir do qual foi implementada apoltica de Aes Integradas de Sade (AIS), em 1983.Estas constituram uma estratgia de extrema importn-

    cia para o processo de descentralizao da sade.A 8 Conferncia Nacional da Sade, realizada emmaro de 1986, considerada um marco histrico, con-sagra os princpios preconizados pelo Movimento daReforma Sanitria.

    Em 1987 implementado o Sistema Unificado eDescentralizado de Sade (SUDS), como uma consoli-dao das AIS, que adota como diretrizes a universaliza-

    o e a eqidade no acesso aos servios, a integralidadedos cuidados, a regionalizao dos servios de sade eimplementao de distritos sanitrios, a descentraliza-o das aes de sade , o desenvolvimento de institui-es colegiadas gestoras e o desenvolvimento de umapoltica de recursos humanos.

    O captulo dedicado sade na nova ConstituioFederal, promulgada em outubro de 1988, retrata o

    resultado de todo o processo desenvolvido ao longodessas duas dcadas, criando o Sistema nico de Sade(SUS) e determinando que a sade direito de todos edever do Estado (art. 196).

    Entre outros, a Constituio prev o acesso universale igualitrio s aes e servios de sade , com regionali-zao e hierarquizao, descentralizao com direonica em cada esfera de governo, p articipao da comu-

    nidade e atendimento integral, com prioridade para asatividades preventivas, sem prejuzo dos servios assis-tenciais. A Lei n 8.080, promulgada em 1990, opera-cionaliza as disposies constitucionais. So atribuiesdo SUS em seus trs nveis de governo, alm de outras,ordenar a formao de recursos humanos na rea desade (CF, art. 200, inciso III).

    No entanto, um conjunto de fatores como problemas

    ligados ao financiamento, ao clientelismo, mudana dopadro epidemiolgico e demogrfico da populao, aos

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    crescentes custos do processo de ateno, ao corpora-tivismo dos profissionais da sade, entre muitos outros

    tem se constitudo em obstculos expressivos paraavanos maiores e mais consistentes. Tudo isso redundaem uma sensao de inviabilidade do SUS, apesar de ocaminho ser unanimemente considerado como correto.

    Existe um consenso nacional de que uma polticasubstantiva de descentralizao tendo como foco omunicpio, que venha acompanhada de abertura deespao para o controle social e a montagem de um sis-

    tema de informao que permita ao Estado exercer seupapel regulatrio, em particular para gerar aes comcapacidade de discriminao positiva, o caminho parasuperar as causas que colocam o SUS em xeque.

    Assim, necessrio desenhar estratgias para superaro desafio da transformao a ser realizada, e uma delasdiz respeito ao gerenciamento do setor da sade. pre-ciso criar um novo espao para a gerncia, comprometi-

    da com o aumento da eficincia do sistema e com a ge-rao de eqidade.Dessa forma, entre outras aes, torna-se imprescin-

    dvel repensar o tipo de gerente de sade adequado paraessa nova realidade e como deve ser a sua formao.

    Esse novo profissional deve dominar uma gama deconhecimentos e habilidades das reas de sade e deadministrao, assim como ter uma viso geral do con-

    texto em que elas esto inseridas e um forte compro-misso social.Sob essa lgica, deve-se pensar tambm na necessi-

    dade de as organizaes de sade (tanto pblicas comoprivadas) adaptarem-se a um mercado que vem se tor-nando mais competitivo e s necessidades de um pasem transformao, em que a noo de cidadania vem seampliando dia a dia.

    Nesse contexto, as organizaes de sade e as pessoasque nelas trabalham precisam desenvolver uma dinmi-ca de aprendizagem e inovao, cujo primeiro passodeve ser a capacidade crescente de adaptao smudanas observadas no mundo atual. Devem-se procu-rar os conhecimentos e hab ilidades necessrios e a me-lhor maneira de transmiti-los para formar esse novoprofissional, ajustado realidade atual e preparado para

    acompanhar as transformaes futuras. esse um dos grandes desafios a serem enfrentados.

    XV

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    XVIO PROJETO SADE& CIDADANIAA partir da constatao da necessidade de formar

    gerentes para o n vel municipal, um conjunto de institui-es articulou-se para desenvolver uma estratgia quepudesse dar uma resposta ao desafio.

    Assim, o Instituto para o Desenvolvimento da Sade(IDS) e o Ncleo de Assistncia Mdico-Hospitalar daFaculdade de Sade Pblica da Universidade de SoPaulo (NAMH/ FSP USP), com o apoio po ltico do Con-selho Nacional de Secretrios Municipais de Sade

    (CONASEMS), da Organizao Pan-Americana da Sade(OPAS) e do Ministrio da Sade, com o apoio finan-ceiro do Banco Ita, desenvolveram este projeto com osseguintes objetivos:

    Apoiar, com fundamento em aes, a implantaodo Sistema nico de Sade (SUS).

    Criar uma metodo logia e organizar um conjunto deconhecimentos que possam ser aplicados ampla-mente no desenvolvimento de capacitao geren-cial em gesto de aes e servios de sade presta-dos em municpios com mais de 50.000 habitantes.

    Colocar disposio dos municpios brasileiros umconjunto de manuais dedicados gesto local deservios de sade, tanto em forma de livros como emmeio magntico e ainda p or intermdio da Internet.

    Gerar a formao de massa crtica de recursoshumanos com capacidade para interpretar, analisare promover mudanas organizacionais em favor deuma maior eficincia do setor da sade.

    Mediante a organizao e consolidao de um con-junto de conhecimentos j dispon veis, o projeto desen-volveu uma srie de doze manuais que privilegia a reagerencial e que, alm de reunir os conhecimentos exis-

    tentes de cada tema especfico, articula as experinciasprticas de seus autores, gerando um produto finalcapaz de oferecer ao usurio um caminho para seuaprendizado de forma clara e acessvel. Portanto, no setrata de um simples agrupamento de manuais e sim deum projeto educativo e de capacitao em servio notradicional, destinado a criar e fortalecer habilidades econhecimentos gerenciais nos funcionrios que ocupam

    postos de responsabilidade administrativa nos servioslocais de sade.

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    XVIIOs manuais que compem o projeto e seus respecti-

    vos autores so os seguintes:

    1.Distritos Sanitrios: Concepo e Organizao Eurivaldo Sampaio de Almeida, Cludio GastoJunqueira de Castro e Carlos Alberto Lisboa.

    2. Planejamento em Sade Francisco BernardiniTancredi, Susana Rosa Lopez Barrios e JosHenrique Germann Ferreira.

    3. Qualidade na Gesto Local de Servios e Aes deSade Ana Maria Malik e Laura Maria CesarSchiesari.

    4. Gesto da Muda n a Organ iza cion al MarcosKisil. Colaborao de Tnia Regina G. B. Pupo.

    5.Aud itoria, Controle e Program ao de Servios deSade Gilson Caleman, Marizlia Leo Moreira eMaria Ceclia Sanchez.

    6. Sistemas de Informao em Sade para Munic-pios Andr de Oliveira Carvalho e MariaBernadete de Paula Eduardo.

    7. Vigilncia em Sade Pblica Eliseu AlvesWaldman. Colaborao de Tereza Etsuko d a CostaRosa.

    8. Vigilncia Sanitria Maria Bernadete de PaulaEduardo. Colaborao de Isaura Cristina Soares de

    Miranda.9. Gesto de Recursos Hum an os Ana Maria Malik e

    Jos Carlos da Silva.

    10. Gesto de Recursos Financeiros Bernard FranoisCouttolenc e Paola Zucchi.

    11. Gerenciamento de Manuteno de EquipamentosHospitalares Saide Jorge Calil e Marilda Solon

    Teixeira.12. Gesto de Recursos Materiais e Medicamentos

    Gonzalo Vecina Neto e Wilson Reinhardt Filho.

    A METODOLOGIA UTILIZADAAps a elaborao da primeira verso dos manuais,

    realizaram-se trs mdulos de treinamento com os cincomunicpios indicados pelo CONASEMS (Diadema-SP,

    Betim-MG, Foz do Iguau-PR, Fortaleza-CE e Volta Redon-da-RJ) com o objetivo de test-los e exp-los crtica.

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    XVIIIA proposta de aplicao desenvolveu-se da seguinte

    forma:

    Mdulo 1: apresentao pelo docente do materialproduzido e discusses em sala de aula, com aproposio de sua aplicao ao retornar para ocampo.

    Mdulo 2 (seis semanas aps o primeiro): apresen-tao p elos alunos das dificuldades encontradas nocampo e transformao da sala de aula em umespao de consultoria e troca de experincias.

    Mdulo 3 (seis semanas aps o segundo): avaliaodos avanos obtidos, das limitaes, dos con tedosdos manuais e do processo como um todo.

    Cada mdulo de treinamento dos manuais 1, 2, 3 e 4prolongou-se por quatro dias, contando com cerca de cin-co participantes de cada municpio, de preferncia do n-vel poltico-administrativo. Para os manuais operacionais

    (de 5 a 12), os treinamentos desenvolveram-se em mdu-los de trs dias, com trs participantes por municpio.

    Na avaliao final, ficou claro que todo o p rocesso foiextremamente positivo tanto para os participantes comopara os autores, que puderam enriquecer os contedosdos manuais mediante a troca de exp erincias e a cola-borao dos mais de cem profissionais que participaramdos seminrios.

    Tambm ficou evidenciado que, para o desenvolvi-mento futuro do projeto, o p rimeiro mdulo (didtico) dispensvel para o processo de aprendizado. Entretan-to, fundamental um momento de esclarecimento dedvidas e de proposio de solues para as dificul-dades encontradas, principalmente se isso ocorrer emum espao que permita troca de idias com outras pes-soas com experincias semelhantes.

    O projeto Sa de & Cidadan ia prope que, paralela-mente ao uso dos manuais, seja utilizado o projetoGERUS Desenvolvimento Gerencial de Unidades Bsi-cas de Sade, para a capacitao de gerentes deunidades de baixa complexidade . O GERUS um proje-to desenvolvido conjuntamente pelo Ministrio daSade e pela Organizao Pan-Americana da Sade quepretende institucionalizar mudanas nos padres deorganizao dos servios, com o objetivo de adequ-los

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    XIX realidade de cada localidade ou regio, e j est emuso em vrios municpios do pas.

    A IMPLEMENTAO DO PROJETOO material resultante do processo relatado pode

    ser utilizado diretamente pe las secretarias municipais daSade para a capacitao dos profissionais que ocupampostos de responsabilidade administrativa.

    Eventualmente, a simples leitura dos manuais e a dis-cusso entre seus pares podero ser consideradas pelos

    gerentes como insuficientes para um melhor desempenhodas atividades descritas, ou talvez haja a necessidade deum maior aprofundamento das questes levantadas.Nesse caso, o gestor municipal poder solicitar aoNcleo de Sade Pblica ligado universidade maisprxima de seu municpio ou , se houver, escola de for-mao da secretaria da Sade de seu Estado, a realiza-o de um perodo de treinamento (nos moldes do

    descrito no mdulo 2), tendo como base o material ofe-recido pelo projeto Sade & Cidadania. Como j foimencionado, esse processo torna-se muito maisproveitoso quando possibilita a troca de experinciasentre profissionais de diferentes municpios.

    Uma outra proposta, ainda em fase de desenvolvi-mento, a transformao dos manuais em hipertexto,tornando-os disponveis em CD-ROMe em site na Internet,

    este ltimo possibilitando inclusive a criao de chatspara discusso de temas especficos e um dilogo diretocom os autores.

    Nesse entretempo, o Ncleo de Assistncia Mdico-Hospitalar da Faculdade de Sade Pblica dever realizarreunies com os ncleos de Sade Coletiva que estiveremdispostos a formar monitores para o processo. Tambmpoder realizar treinamentos em municpios que os soli-

    citarem. Para isso, devem entrar em contato com a Facul-dade de Sade Pblica, por meio de carta, fax ou e-mail.

    PERSPECTIVASA cultura organizacional do setor pblico brasi-

    leiro, em geral, no estimula a iniciativa e a criatividadede seus trabalhadores. Entretanto, deve-se lembrar quetodo processo de mudana implica a necessidade de

    profissionais no apenas com boa capacitao tcnica,mas com liberdade de criao e autonomia de ao.

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    XX

    O projeto Sa de & Cidadan ia oferece aos municpiosum instrumental testado de formao de gerentes. O

    desafio agora utiliz-lo, tendo sempre presente a pers-pectiva de que a transformao est em marcha e aindah um longo caminho a ser percorrido no processo deimplementao e viabilizao do SUS.

    GONZALO VECINA NETORAUL CUTAIT

    VALRIA TERRACoordenadores do Projeto

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    Introduo .............................................................................................................. 1

    Sistemas de Informao .................................................................................... 5

    Sistemas de Informao em Sade ................................................................ 17

    Tecnologia da Informao ................................................................................ 57

    Desenhando sistemas ........................................................................................ 71

    Consideraes finais .......................................................................................... 93

    Glossrio .................................................................................................................. 95

    Bibliografia ............................................................................................................ 99

    Os autores .............................................................................................................. 101

    SUMRIO

    SISTEMAS DE INFORMAO EM SADE PARA MUNICPIOS

    1

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    SISTEMAS DE INFORMAO EM SADE PARA MUNICPIOS

    ste manual tem como objetivo fornecer subsdios para a tomada de deci-ses aos profissionais de sade responsveis pela gerncia de servios desade e, mais especificamente, aos encarregados pela implementao dos

    sistemas de informao em sade, isto , de seus desenhos e operacionalizao.Assim, pretende-se oferecer um conjunto de conceitos bsicos sobre Siste-

    mas de Informao (SI), Sistemas de Informao em Sade (SIS) e Tecnologiada Informao (TI), que, aplicados na construo ou reorganizao de siste-mas de informao mais eficientes, possam subsidiar o gerenciamento local.

    Define-se informao como o significado que o homem atribui a um determi-nado dado, por meio de convenes e representaes. Um clssico exemplo odo semforo para regular o trnsito, que utiliza as cores verde, amarelo e verme-lho. O significado de cada um desses dados foi convencionalmente assim atribu-do: verde seguir, amarelo ateno, vermelho parar. Toda informao, por-tanto, deve gerar uma deciso, que, por sua vez, desencadear uma ao.

    Vale dizer que a informao constitui-se em suporte bsico para toda ativi-dade humana e que todo o nosso cotidiano um processo permanente deinformao. E, no caso de instituies, empresas, organizaes, conhecer seusproblemas, buscar alternativas para solucion-los, atingir metas e cump rir obje-

    tivos requerem conhecimento e , po rtanto, informao. Por isso, pode-se dizerque h um consenso de que no possvel exercer gerncia em nenhum setorse no houver um sistema de apoio deciso que se sustente na informao.

    Da mesma forma, a informao em sade deve ser entendida como um ins-trumento de apoio decisrio para o conhecimento da realidade scio-econmi-ca, demogrfica e epidemiolgica, para o planejamento, gesto, organizao eavaliao nos vrios nveis que constituem o Sistema nico de Sade.

    As teorias sobre planejamento em sade, visando aprimorar as tcnicas de

    reordenao das instituies de sade e racionalizao de suas atividades,incorporam as noes sobre sistemas de sade e sistemas de in formao, com

    INTRODUO

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    base na Teoria de Sistemas. Segundo essa teoria, a constituio de um siste-ma implica uma interao entre todos os componentes da realidade que deve-r ser captada por ele. Busca-se, atravs do sistema, a recomposio de umtodo, que ser possvel mediante o conhecimento e a comunicao (fluxos)entre as p artes.

    Na gerncia de servios de sade, bsica a necessidade de cadastros depacientes, cadastro da populao, cadastros de estabelecimentos, produodas atividades de sade , conhecimento do perfil de doenas atendidas, da mor-talidade, nmero de profissionais de sade, nmero de consultrios, leitos,medicamentos utilizados, gastos efetuados e tantas outras informaes. Alm

    disso, essas informaes necessitam ser cruzadas para se conhecer o modusoperandtdos servios, o alcance de suas metas, objetivos e impactos. Com cer-teza, poderiam ser processadas manualmente, mas dificilmente de forma inte-grada e em tempo oportuno para a tomada de deciso, mesmo em municpiosmuito p equenos.

    A informtica, cincia do tratamento racional da informao, surge comouma resposta s complexidades diferentes dos sistemas de informao, snecessidades de informaes integradas para a gerncia e a tantas outras

    demandas da sociedade atual. Passa a representar uma forma de suporte administrao para o alcance de seus objetivos, permitindo agilizar os fluxos deinformaes e seu acesso nas reas p rioritrias da organizao. por esse moti-vo que, no estgio atual de desenvolvimento tecnolgico, que interfere nas ati-vidades mais simples do cidado e at nas mais simples e menores formas deaglomeraes humanas, torna-se difcil falar em sistemas de in formao para agerncia sem se referir, como seu suporte, informtica.

    No processo de tomada de decises, torna-se essencial conhecer a origem

    das informaes para garantir sua fidedignidade, bem como sua relevncia,isto , a importncia delas no processo decisrio. E, sobretudo, devem estaroportunamente disponveis, ou seja, facilmente acessveis ou recuperveis, parapossibilitar uma resposta adequada, em tempo ideal, que permita subsidiaruma tomada de deciso.

    Dessa perspectiva que se desenvolveu este manual, que dever servir deguia prtico aos profissionais que lidam com a informao, seja no seu dese-nho, na instrumentao e operacionalizao de sistemas, seja na avaliao dasinformaes e gerncia dos sistemas locais de sade.

    Busca-se tambm como objetivo, ao apresentar a conceituao bsica emetodolgica, facilitar as relaes entre os profissionais de sade e especialis-tas em sistemas e computao, condio necessria para a implementao dossistemas de informao em sade.

    Este manual comp reende cinco p artes. A primeira refere-se a esta introdu-o, onde se explicitam os objetivos e princpios seguidos. Na segunda, so

    apresentados os conceitos sobre Sistemas de Informao (SI), classificao,contexto e ferramentas para o seu desenho, implementao e avaliao. Na

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    terceira, apresentam-se as especificidades dos Sistemas de Informao emSade (SIS), os enfoques epidemiolgicos essenciais em sua construo e p araa avaliao das prticas de sade, relacionando-se os sistemas necessrios e asfontes dos principais sistemas de informao em sade, em n vel nacional. Naquarta, so delineados os conceitos sobre Tecnologia da In formao (TI), ter-minologia utilizada para designar as tcnicas relativas ao processamento dasinformaes, atravs da informtica e suas ferramentas, e discutidas as ques-tes sobre sua aquisio e implantao. E, finalmente, na qu inta parte, exem-plos prticos so sugeridos como exerccio de desenho de sistemas para omunicpio. H tambm um glossrio, com as definies das principais termi-

    nologias utilizadas.Vrios trabalhos foram consultados e integrados na confeco deste manual,os quais no esto referenciados no corpo do texto, mas relacionados ao finaldo trabalho, como bibliografia consultada ou recomendada.

    Espera-se, alm de tudo, estimular a gerncia e demais profissionais de sa-de a utilizar as informaes produzidas, a produzi-las com fided ignidade e qua-lidade, para que cump ram os prop sitos pe los quais foram concebidas.

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    m Sistema de Informao (SI) pode ser definido como um conjunto deprocedimentos organizados que, quando executados, provem infor-mao de suporte organizao. Um SIem geral processa dados, de

    maneira informatizada ou no, e os apresenta para os usurios, individuais ougrupos, que so os responsveis pela sua interpretao. A forma como se proces-sa essa interpretao, uma atividade inerentemente humana, extremamenteimportante para a compreenso da reao da organizao s sadas do sistema.

    So diversos os resultados possveis para uma organizao quando elarecebe as sadas de um SI. Muitos sistemas so usados rotineiramente p ara con-trole e requerem pouco de tomada de deciso. Um sistema de agendamento deconsultas, por exemplo, requer pouca ateno dos nveis diretivos da organi-zao. Em geral, essas aplicaes so altamente estruturadas e previsveis,sendo necessrio somente ateno s excees. Em contrapartida, outros sis-temas so mais voltados ao planejamento estratgico da organizao, como ossistemas de priorizao e alocao de investimentos. Nesses casos, os sistemasdo suporte deciso dos gerentes. Embora os SIsejam anteriores ao fen-meno da computao eletrnica, e em alguns casos no dependam em absolu-to de um computador, a exploso da informao e as necessidades de proces-

    sar grandes volumes de dados requerem novas ferramentas. Essas ferramentaspara trabalho da informao, componentes da Tecnologia da Informao, sodescritas mais adiante.

    TIPOS DE SISTEMAS DE INFORMAO importante reconhecer que Sistemas de Informao podem ser classi-

    ficados segundo diversas categorias. Um modelo para essa definio o deKeen e Morton, que classifica os sistemas de informao em: Sistemas de Infor-

    mao Transacional (SIT), Sistemas de Informao Gerencial (SIG) e Sistemas

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    de Apoio Deciso (SAD). Cabe observar que as fronteiras entre esses d iversossistemas no muito ntida, uma vez que sistemas gerenciais so tambm sis-temas de apoio deciso. A diferenciao entre esses sistemas definida pelapossibilidade de estrutur-los e, conseqentemente, informatiz-los. Outrasclassificaes, como os sistemas especialistas, os sistemas de informao exe-cutiva, os sistemas de informao geogrfica, so tidos como englobados pelastrs classificaes usadas a seguir:

    Sistemas de Informao Transacional SITTm como caractersticas:

    objetivar tarefas estruturadas, em que so claros os procedimentos, asregras de deciso e os fluxos de informao;

    visar eficincia, que pod e ser traduzida por reduo de custos, tem-po ou pessoal, ou ainda, por aumento de produtividade;

    relevncia indireta dos gerentes.

    Sistemas de Informao Gerencial SIGTm como caractersticas:

    ajudar gerentes no p rocesso de deciso em tarefas semi-estruturadas;

    apoiar e no substituir o julgamento do gerente;

    aumentar a efetividade do processo de deciso em vez de sua eficincia.

    Sistemas de Apoio Deciso SAD

    Tm como caractersticas:

    apoiar as decises: prescinde de estruturao suficiente para querecursos analticos ou computacionais possam fornecer apoio ao dis-cernimento e julgamento do gerente;

    aumentar o alcance e capacidade do gerente, assim como sua efetividade;

    relevncia dos gerentes na criao de uma ferramenta de suporte, por-

    tanto no devendo objetivar automatizar o processo de deciso, pre-definir objetivos ou impor solues, mas apenas prover o suporte p arao p rocesso decisrio.

    Esses sistemas tm sido enfocados em paralelo evoluo do uso dos com-putadores. A quebra do paradigma da computao centralizada, focalizada noprocessamento de dado s, permitiu o surgimento do enfoque de uso dos dadoscomo componentes de informao de apoio gerncia e ao processo de

    deciso. Por outro lado, a evoluo das tecnologias, com o advento dos micro-computadores, das redes, da computao distribuda, das ferramentas voltadas

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    para o usurio final, a reduo global dos custos, permitiram o acesso departa-mental a dados relevantes, quebrando de certa forma o monoplio dos Centrosde Processamento de Dados (CPD) no acesso e manipulao dos dados.

    Portanto, o ambiente propcio criao dos novos SI grandemente favore-cido pelos avanos tecnolgicos que tornaram possvel o de senvolvimento deaplicaes para os gerentes e p elos gerentes, em contraste com o desenvolvi-mento de aplicaes unicamente funcionais, operacionais e transacionais.

    FORMAS DE ENQUADRAMENTO E CLASSIFICAO DOSSISTEMAS DE INFORMAO

    Os Sistemas de Informao podem ser enquadrados segundo seus propsi-tos. Esse enquadramento pode permitir a diferenciao e o posicionamento dosdiversos tipos de sistema de acordo com seus objetivos, que p odem ser:

    Plan ejam ento estratgico: voltado para as decises que norteiam osrumos da organizao.

    Controle gerencial: dirigido para o uso eficiente e efetivo dos recursosda empresa para alcanar seus objetivos.

    Controle operaciona l: voltado para a execuo das tarefas essenciaisao funcionamento da o rganizao.

    Cada um desses objetivos, por sua vez, pode ser classificado segundo diver-sas variveis, tais como grau de certeza, nvel de detalhe, horizonte de tempo,freqncia de uso, fonte, abrangncia, tipo e durao, conforme apresentadona tabela a seguir:

    CATEGORIAS/ CONTROLE CONTROLE PLANEJAMENTOVARIVEIS OPERACIONAL GERENCIAL ESTRATGICO

    Certeza Alta < > BaixaNvel de detalhe Detalhado < > AgregadoHorizonte de tempo Presente < > FuturoFreqncia de uso Freqente < > InfreqenteFonte Interna < > ExternaAbrangncia Estreita < > Ampla

    Tipo Quantitativa < > QualitativaDurao Atual < > Longa

    O enfoque dos SI precisa levar em considerao que a base de dadosnecessria para apoiar uma determinada deciso deve ser construda dentro docontexto dessa deciso e no como um esforo paralelo ao processo de dese-nho de bases de dados corporativos, na esperana de que esses dados venhama ser usados algum dia. importante notar que essa perspectiva leva a

    supor que as aplicaes voltadas para o planejamento estratgico e controle

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    gerencial devem ser separadas daquelas de controle operacional, enquantoas bases de dados podem ser comuns. Somente com a ateno focalizadaprimeiro na deciso, para ento definir as informaes requeridas no seuapoio, pode ser possvel visualizar quais os dados pertinentes, que merecemser coletados e mantidos, e onde essa coleta deve ser feita. A possibilidade debases de dados distribudas em redes, acessadas por microcomputadores,tende a facilitar esse enfoque.

    Os SIpodem ser categorizados ainda de acordo com o tipo de deciso: estru-turada, semi-estruturada e no-estruturada. Atividades estruturadas podemser automatizadas e no dependem de interveno direta do gerente, sendo o

    foco dos sistemas de controle operacional. Atividades no estruturadas tmcomo ponto central o processo de julgamento e deciso do gerente e dificil-mente podem ser automatizadas. As atividades intermedirias, semi-estrutu-radas, so o ambiente onde os sistemas de apoio deciso encontram maiorpotencial de desenvolvimento.

    Alguns exemplos de aplicaes segundo as categorias anteriormentedefinidas e o tipo de deciso so descritos na tabela abaixo:

    TIPO DE CONTROLE CONTROLE PLANEJAMENTO APOIODECISO/ OPERACIONAL GERENCIAL ESTRATGICO NECESSRIOATIVIDADE

    Estruturada Pedido de Programao Localizao Processamentoestoque de campanha de unidades de dados

    de vacinao de sade

    Semi- Definio de Definio de Definio de SADestruturada turnos de oramento prioridades

    trabalho e para material para aes deplantes de consumo sade

    No- Seleo de Contratao Definio de Intuioestruturada capa para de gerentes atividades de humana

    edio de pesquisauma revista

    O CONTEXTO DOS SISTEMAS DE INFORMAOO desenho de Sistemas de Informao, assim como as tecnologias desuporte necessrias, esto inseridos em um contexto amplo, e esto relaciona-dos a organizaes, a processos, s pessoas envolvidas e a uma dinmica dedesenvolvimento. Diversas vertentes do conhecimento devem ser levadas emconta na definio desses sistemas. Os pontos de vista para cada uma dessasvertentes podem diferir, e um dos fatores para o sucesso na implementaodesses sistemas a integrao dos pontos de vista. Os diversos pontos de vista

    podem ser caracterizados como aqueles das cincias da computao, da econo-

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    mia da informao, das cincias da administrao, das cincias do comporta-mento. Essas cincias devem complementar as vises dos profissionais deprocessamento e das gerncias de sistemas para a construo de sistemas real-mente efetivos. Os diversos ramos do conhecimento com relevncia no desenhode Sistemas de Informao so descritos a seguir.

    Cincia da computaoA maioria dos profissionais que desenvolvem um SIG, tiveram de alguma formatreinamento em cincia da computao. Esse campo engloba um espectro amploenvolvendo as Tecnologias da Informao. O conhecimento das opes da TI

    visam adotar e desenvolver melhores tecnologias. O enfoque no desenvolvimen-to de sistemas para esse grupo muito mais a Gerncia do Sistema de Informaodo que o Sistema de Informao Gerencial (a distino de ambos muito mais queum jogo de palavras, uma diferena fundamental de perspectiva). A gerncia dedados como sinnimo de informao tem direcionado boa parte dos novos desen-volvimentos visando facilitar o acesso informao e a sua modelagem.

    Economia da informao

    Este um campo delicado, onde se tem tentado definir custos e valor da infor-mao. Em sntese, o valor da informao depende da sua disponibilidade, dafacilidade de acesso, do interesse do usurio, dentre outros fatores. Custo, porsua vez, depende de outros parmetros, como, por exemplo, aquisio,manuteno, suporte e pessoal envolvido.

    Cincia da administraoOs Sistemas de Informao em geral tm forte presena de componentes das

    cincias da administrao no seu desenvolvimento. O desenvolvimento demodelos de otimizao, como a programao linear e a pesquisa operacional,teve grande impacto em muitas organizaes. O desenvolvimento de modelosde simulao mostrou grande potencial como ferramenta de apoio deciso.Outro enfoque til, em complemento metodologia (otimizao ou simu-lao), o da rea de ap licao (finanas, recursos humanos, prod uo, porexemplo).

    Cincia do comportamentoEssa cincia se concentra nas pessoas, em organizaes, grupos, ou como indi-vduos. O estudo do impacto da introduo de computadores e sistemas emorganizaes um desses enfoques. Os processos de desenho tcnico, imple-mentao e aceitao dos SIG tm componen tes psicolgicos e comportamen-tais de influncia essencial no seu sucesso. O conhecimento dos processos deaprendizado com o uso da informao, necessidades, expectativas e capaci-dades dos gerentes, desenvolvedores de sistemas e usurios em geral, umtema complexo e relevante para a definio dos Sistemas de Informao.

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    Profissionais de processamento de dadosEsses profissionais tm como responsabilidade construir, manter e operar Sis-temas de Informao. Devido rapidez com que acontecem as mudanas tec-nolgicas e o avano acelerado com que se processam as evolues nessesetor, que exige profissionalizao altamente tcnica, seus p rofissionais devemestar sempre atualizados, sob o risco de verem defasados seus conhecimentos.Esse ambiente, mesmo para o mais verstil dos profissionais, repleto de difi-culdades e tende a forar os gerentes a se concentrar mais na tecnologia quenas necessidades da organizao. Profissionais de processamento de dadosdevem balancear esforos para se manter atualizados, competitivos, alerta s

    mudanas tecnolgicas, enquanto sempre focados nos objetivos da empresa.Devem ser creditados a esses profissionais o desenvolvimento de metodolo-gias, produtos e, em especial, o reconhecimento de que a anlise e exame detarefas a serem programadas so parte das mudanas nas funes de sua orga-nizao e do ambiente onde esto inseridos.

    Gerncia de Sistemas de InformaoA avaliao cuidadosa de alternativas tecnolgicas, planejamento e anlise dos

    objetivos dos sistemas em operao deve conduzir os gerentes de SI. Existeuma clara tendncia em identificar a rea de processamento de dados comouma pea no conjunto de ferramentas que compem uma organizao e, comotal, deve ser bem gerenciada, com a indicao de gerentes que no necessaria-mente precisam ter formao tcnica em processamento, mas sobretudo emtcnicas de gerncia e administrao. A perspectiva dos gerentes de SI emmuitos casos tem sido influenciada pelas grandes modas e jarges das novastecnologias, s quais devem estar atentos, sem nunca perder o foco nos ob je-

    tivos da organizao onde esto inseridos.

    A tomada de deciso efetivaSistemas de Informao Gerencial so desenvolvidos como ferramentas deapoio p ara o gerente, conforme a prpria definio sugere. Freqentemente, osgerentes reconhecem o uso de Sistemas de Informao como fator de mudanana organizao, mas no utilizam esses sistemas no seu processo decisrio.

    A diferena entre os conceitos de eficincia e eficcia/efetividade no proces-so de tomada de deciso so argumentos centrais da perspectiva dos Sistemasde Informao.

    Eficincia executar uma tarefa o melhor possvel em relao acritrios de performance anteriormente preestabelecidos. Por exem-plo, um centro de informtica que mantm altas taxas de utilizao deseus recursos computacionais, gera grandes volumes de dados transa-cionais e produz dezenas de diferentes tipos de relatrio, pode se con-

    siderar eficiente. Por outro lado, se os dados no refletem informaes

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    teis e os relatrios no so utilizados, esse CPD, na verdade, estsendo eficiente na busca de um objetivo ineficaz. A maioria dos SIT voltada para a eficincia e melhoria dos processos.

    Eficcia requer adaptao e aprendizado. Pesquisa e desenvolvimen-to podem ser tomados como um investimento ineficiente, mas provamser eficazes a longo prazo. Efetividade no pode ser programada nemdelegada, mas pode ser apoiada por SIG e SAD.

    Obviamente, qualquer organizao necessita balancear entre manuteno eadap tao, continuar as atividades atuais e redefini-las. Em situaes e ambien-

    tes estveis, eficincia mais importante; entretanto, quando as mudanasacontecem, eficcia deve ser o objetivo principal. De qualquer maneira, aexcelncia no um p adro fixo, mas um conceito em evoluo.

    Modelos de processo decisriosSuporte deciso implica conhecimento detalhado do processo decisrio dentroda organizao. Implica compreender os modelos descritivo e prescritivo para atomada de deciso. Um enquadramento descritivo pode servir como base para o

    desenho prescritivo. Em outras palavras, necessrio definir e analisar umprocesso de deciso para ento melhor-lo. A sntese dos diversos conceitos emum processo de tomada de deciso pode resultar em um diagnstico mais claroda situao em que se projeta um SAD. O modelo descritivo resultante dessediagnstico deve servir como base para a definio de uma direo normativa.Alguns dos conceitos relevantes para o processo decisrio so descritos a seguir:

    Conceito racional/econmico

    a teoria normativa clssica em que o tomador de deciso detm todo o co-nhecimento e capaz de avaliar as alternativas. Sempre procura a melhorsoluo. O processo de implementao de SAD nesse caso requer competn-cia tcnica e treinamento dos envolvidos em adotar uma perspectiva racional eserem explcitos quanto consistncia em suas decises.

    Conceito satisfatrio/ orientado a processoConsidera a racionalidade dos tomadores de deciso, ainda que limitados den-

    tro de uma fronteira de realidade. Esse ponto de vista focaliza o processodecisrio mais que os resultados. A anlise limitada nesses casos leva asolues boas o bastante, ainda que no timas.

    Procedimentos organizacionaisFocaliza as inter-relaes entre componentes da organizao. So importantesnesse ponto de vista a estrutura, os mecanismos de comunicao e coorde-nao, assim como os p rocedimentos operacionais.

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    Viso polticaTem os participantes como atores do processo de deciso. Cada um deles temsuas preferncias pessoais, formando coalizes e subgrupos com interessesdiversos. Freqentemente, suas decises so resultado de conflitos e negocia-es, determinados por poder e influncia. Inovaes tendem a ser vistas comcautela por aqueles cuja posio, interesse e satisfao podem ser afetados.

    Diferenas individuaisA personalidade de um indivduo e sua racionalidade so fatores determinantesna tomada de deciso. O comportamento pessoal em muitos casos determi-

    nado pela maneira como o indivduo processa informaes, pela forma comoenxerga uma situao. Indivduos diferentes podem, assim, tomar decisesdiferentes, mesmo dentro de um contexto semelhante.

    DESENHO, IMPLEMENTAO E AVALIAODE SISTEMAS DE INFORMAO

    Desenho de Sistemas de InformaoExistem implicaes importantes ao desenho e implementao que devemser considerados quando desenvolvidos os Sistemas de Informao:

    PessoasAs pessoas envolvidas no processo de desenvolvimento de SIdevem ter comocaracterstica a competncia tcnica, mas tambm enxergar seu papel comosuporte organizao.

    TecnologiaA tecnologia para o desenvolvimento de SIdeve apontar problemas em diver-sas classificaes, desde os facilmente estruturados at aqueles nada estrutura-dos, levando em conta nveis diferentes de manuteno de sistemas, desdeoperativos de larga escala at os voltados para o indivduo.

    ModelosOs modelos usados so tambm diversos, desde os algoritmos de otimizao,

    usados em reas estruturadas, at os modelos de simulao, que representamos conceitos do tomador de deciso e das suas interaes com as variveisencontradas no seu ambiente.

    ProcessoO desenvolvimento de um Sistema de Informao muito mais um servio emevoluo constante, um processo, do que um produ to final. Em particular, osusurios devem ser ativos na construo do sistema, pois so os agentes dos

    processos e, somente com esse envolvimento, podero us-los com sucesso.

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    Implementao de Sistemas de InformaoSo fatores de sucesso para a implementao de Sistemas de Informao:

    incio da necessidade partindo do usurio, identificando uma vontadede mudana em um momento adequado;

    existncia de um grupo de usurios ativos no processo. A participaode um consultor externo pode, em alguns casos, facilitar os relaciona-mentos entre o grupo de desenvolvimento e os usurios;

    conhecimento da rea funcional das atividades operacionais edecisrias da organizao por parte dos desenhistas do sistema.

    Como j foi mencionado, o desenho de um Sistema de Informao muitomais um processo que um produto final. A implementao de SI deve sertomada, assim, como um processo ob jetivando mudana. Um modelo til paraprocessos de mudana foi idealizado p or Lewin e Schein e p rope os estgiosde descongelamento, movimento e recongelamento.

    DescongelamentoO descongelamento de uma situao deve anteceder os processos de mudana.

    Essa etapa caracterizada por uma alterao de foras, de forma que o equi-lbrio modificado a tal ponto que ocorre motivao para mudanas. Isso podeacontecer com a presso p or mudanas, ou com a reduo da resistncia a elas.Fatores como apoio da direo, necessidade do cliente, ou um p roblema ime-diato, podem ser os catalisadores da implementao de mudanas.

    MovimentoA apresentao de uma direo de mudana e o processo de aculturao a

    novas atitudes fazem parte da etapa de movimento, aquele perodo em que asmudanas so introduzidas na o rganizao.

    RecongelamentoO recongelamento caracterizado pela incorporao das novas atitudes resul-tantes da mudana ao restante da personalidade da organizao. Essa etapa marcada pela institucionalizao das mudanas, quando elas so consideradascompletas e integradas ao ambiente organizacional.

    AvaliaoO processo de avaliao de sucesso dos SIpassa pe la fase de recongelamento,com a aceitao e institucionalizao desses sistemas. Para isso, necessrioestabelecer na sua avaliao:

    uma definio de melhoria;

    um meio de monitorar o progresso rumo ao objetivo definido;

    um processo de reviso para determinar o alcance dos objetivos.

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    As principais questes relativas avaliao podem ser resumidas em: Aondequeremos chegar? Qual o critrio para determinar sucesso ou fracasso? Comovamos identificar se alcanamos os objetivos? Como vamos determinar se o

    esforo valeu o seu custo? importante observar que a avaliao tem sidoreconhecida como um dos elos mais fracos dos processos de mudana.

    Os Sistemas de Apoio DecisoEsses sistemas tm por caracterstica o processo decisrio, mais que no sup orteoperacional prestado pelos SIT e SIG, com a adio de uma nova classe deproblemas e oportunidades.

    O primeiro termo da classificao SAD SISTEMA. Aqui se pressupe um

    conjunto de elementos relacionados en tre si, funcionando como uma estruturaorganizada.

    O segundo termo da classificao APOIO. Apoio subentende que no seest substituindo um processo, mas explorando as possibilidades de ap licar tc-nicas analticas, deixando a deciso por conta do gerente. Na maioria dos casos, necessrio o julgamento pessoal, levando em conta componentes aparente-mente desconexos e variveis ainda no consideradas. claro que com o tem-po essas variveis podem ser agregadas ao SAD, mas, ainda assim, quase sem-pre haver novas mudanas, j que este um processo constante.

    O terceiro termo DECISO. A questo principal aqui : Qual deciso ouprocesso de deciso estamos tentando apoiar? O suporte deciso consideraque o p roblema do gerente no trivial e no pode, pe lo menos no momen to,ser automatizado. Essa perspectiva requer o desenvolvimento de metodologiaspara examinar as decises e definir as informaes que devem ser disponibi-lizadas para essa deciso. O incio do p rocesso de desenvolvimento de um SADdeve estar, portanto, voltado para o gerente e sua atividade decisria.

    Em geral, os problemas que um Sistema de Apoio Deciso se p rope equa-cionar podem ser apenas parcialmente estruturados, e o conhecimento e neces-sidade dos envolvidos nesses problemas cresce com o uso dos sistemas. Logo,os SAD esto sempre em constante evoluo, adaptao e ap rendizado.

    O ambiente favorvel para o desenvolvimento de SAD surge em geral quan-do envolve as seguintes situaes:

    existncia de grandes bancos de dados, ricos mas tidos como com-

    plexos e de difcil acesso para os n veis gerenciais; necessidade de manipulao, computao, comparao ou projeo

    no processo de busca de solues para problemas;

    existncia de p resso dentro da organizao e tempo escasso para atomada de deciso;

    necessidade de discernimento, de ap ontar prob lemas, criar alternativase decidir solues, quando so definidas variveis e considerados seuspossveis valores.

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    A DIMENSO TECNOLGICA DOSSISTEMAS DE INFORMAOA perspectiva tecnolgica tem participao fundamental nos Sistemas de

    Informao quanto s op ortunidades disponveis.

    HARDWARE

    Sistemas de tempo compartilhado Permitem acesso fcil e rpido arecursos computacionais; possibili-tam desenvolvimento rpido de sis-temas com a proximidade entre otcnico e o gerente.

    Microcomputadores e terminais grficos So pessoais, baratos, fceis de sertransportados. Meios efetivos de apre-sentao de grandes volumes dedados em formatos mais significativos.

    Redes de telecomunicaes Estendem o uso do computador,tradicional triturador de nmeros eprocessador de dados, para ativi-dades de comunicao e envio demensagens, compartilhamento de

    dados, acesso mtuo a informaesentre unidades descentralizadas.

    SOFTWARE

    Sistemas de gerenciamento de Estendem o alcance das informaes,banco de dados possibilitam acesso a arquivos de

    dados, respondem a questes relati-vamente complexas de maneiraamigvel.

    Linguagens de simulao e aplicao Reduzem o tempo de desenvolvi-mento, em especial de modelos com-plexos e problemas de deciso.

    Pacotes aplicativos customizados Permitem a disponibilizao atravsde pacotes de prateleira desenha-dos para tipos especficos de apli-cao, adaptando-se s necessidadesdo usurio.

    RECURSOS HUMANOSEspecialistas tcnicos Ajudam no processo de desenho e

    desenvolvimento, formalizam idiase necessidades em sistemas persona-lizados.

    Usurios Podem atuar como interface entre osgerentes e o sistema, traduzindoquestes, operando o sistema efornecendo anlises.

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    AS ESPECIFICIDADESGerenciar um servio de sade significa cuidar dos aspectos organiza-

    cionais e funcionais, tal como em qualquer empresa. Isso quer dizer que geren-

    ciar sistemas de sade requer lidar com aspectos administrativos como contro-lar estoques de materiais, equ ipamentos, gerir finanas, recursos humanos, etc.,isto , controlar aspectos que representam as condies de organizao e fun-cionamento dos servios de sade .

    Em sade, alm disso, h os aspectos gerados pela prtica de sade, isto ,aqueles decorrentes do atendimento prestado, do ato clnico, ao indivduo ou coletividade.

    Compem obrigatoriamente os sistemas de gerncia em sade os sistemas

    informativos da condio do doente, de sua vida, do meio ambiente e de ou-tros fatores que interferem noprocesso sa de-doena e que constituem os Sis-temas de Informao em Sade (SIS).

    Os enfoques tericos e metodolgicosEssa especificidade exige para o desenho e implementao dos SIS uma clarafundamentao clnica e epidemiolgica em planejamento, programao eavaliao em sade, alm dos conhecimentos em SIe TI. Isso p orque esses sis-temas devero informar sobre a doena dos indivduos e seu perfil na comu-nidade, sobre as causas e condies que propiciam o aparecimento delas,sobre a atividade clnica, condu tas, normas tcnicas, tecnologias em sade uti-lizadas, aes programticas e resultados, como extenso e impacto das aesna populao ou grupos de risco. Assim, a construo de Sistemas de Infor-mao em sade requer equipe multiprofissional, para onde confluam osvrios saberes tcnicos para essa confeco, sendo fundamental a op inio dos

    profissionais usurios.

    SISTEMAS DE INFORMAOEM SADE

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    Enfoque epidemiolgicoO enfoque epidemiolgico na construo de Sistemas de Informao em sade essencial para a constituio do conhecimento sobre o processo sade-doena, sem o que se exercer uma gerncia desvinculada de seus objetivos. Aesse respeito, consultar o manual Vigilncia em Sade Pblica, integrante doprojeto, bem como a sua bibliografia.

    Avaliao em sade deciso configuram-se dois momentos: o da avaliao do problema ou daao e o da execuo da ao ou de uma nova ao den tro da alternativa esco-lhida. O prprio processo de execuo implicar o acompanhamento, moni-toramento e controle; portanto, necessrio mais de uma avaliao.

    A avaliao em sade o ato de apreenso das relaes entre as necessi-dades de sade e as prticas e tcnicas de sade, visando verificar a capaci-dade dessas prticas ou tcnicas em responder s necessidades geradas no

    processo sa de-doena .A palavra avaliao, em sentido lato, refere-se ao termo valor e sup e emi-

    tir um juzo de valor. Esse processo requer dados corretos sobre a realidade e

    enfoques tericos e metodolgicos apropriados para a coleta, tratamento einterpretao.

    Principais abordagens sobre avaliaoAssim, o problema que se coloca qual o modelo de avaliao que melhoratender aos p ropsitos colocados e que seja o mais isento possvel de subje-tividades. Vrias perguntas devero ser feitas ao se desenhar um sistema deinformao em sade:

    O que se quer avaliar?

    Quem o cliente avaliador?

    Qual o mtodo mais apropriado para esse tipo de avaliao?

    Que p armetros tcnicos, variveis, metas ou objetivos foram esta-belecidos?

    Que resultados esto sendo buscados?Para compreender melhor a necessidade de rigor no estabelecimento do

    modelo de avaliao, apresentamos a seguir um quadro elaborado por House,que explica didaticamente os elementos a partir dos quais conduzida a maio-ria das avaliaes:

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    A taxonomia das principais abordagens de avaliao

    PRINCIPAIS GRUPOS

    MODELO DE AUDINCIA OU ACEITAO DE METODOLOGIA RESULTADOS QUESTES

    REFERNCIA CONSENSO TPICAS

    Anlise de Economistas e Metas, causas PPBS*, Eficincia So esperados

    sistemas gerentes conhecidas e efeitos, programao linear, os efeitos

    quantificaes variveis variao planejada, encontrados?

    anlise de Podem os

    custo-benefcio efeitos ser

    alcanados mais

    economicamente?

    Quais so os

    programasmais eficientes?

    Objetivos Gerentes e Objetivos pr- Objetivos orientados Produtividade Est o programa

    orientados psiclogos especificados, Testes de realizao Responsabilidade alcanando os

    (Behavioral variveis de resultados objetivos?

    objectives) quantificadas Est o programa

    produzindo?

    Tomada de Tomadores de Metas gerais Levantamentos, Efetividade e O programa

    deciso deciso, Critrios questionrios, controle de efetivo?especialmente entrevistas qualidade Que partes

    administradores Variao natural so efetivas?

    Metas no Consumidores Crticas Controle de Escolha do Quais so todos

    predetermi- Padres tendncias consumidor os efeitos?

    nadas Anlise lgica Utilidade social

    (Goal free) Modus operandi

    Estado da Arte Especialistas Crticas Reviso crtica Melhoria dos Uma crtica

    (Art critici sm) Consumidores Padres padres aprovaria esseAumento da programa?

    qualidade As audincias de

    apreciao

    aumentaram?

    Reviso Profissionais Critrios Reviso por painel Aceitao Como os

    profissional Pblico Painel Estudos prprios profissional profissionais

    (Acreditao) Procedimentos classificariam

    este programa?

    Quase-legal Jri Procedimentos e Procedimentos com Resoluo Quais so os

    ajuizamentos caractersticas de ato argumentos a

    legal favor ou contra

    o programa?

    Estudo de caso Clientes Negociaes Estudos de casos Diversidade de Como o programa

    Mdicos Atividades Entrevistas compreenso se apresenta para

    Observaes as diferentes

    pessoas?

    * PPBS Planning, Programming and Budgeting System

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    Anlise de sistemas: permite medir quantitativamente as en tradas e sa-das dos programas, buscando verificar eficincia e efetividade.

    Objetivos orientados ou abordagem de objetivos: define objetivos emetas especficos, mensurveis. Prope-se verificar se os resultados deum determinado p rograma coincidem com os ob jetivos e metas esta-belecidos previamente.

    Tomada de deciso: modelo em que a avaliao estruturada pordecises tomadas.

    Metas no predeterminadas: abordagem descritiva dos resultados po-

    sitivos ou negativos, de efeitos no percebidos ou colaterais. Interessao que pensa o consumidor, o usurio, sobre os efeitos do programa.

    Estado da arte ou crtica da arte: em que avaliadores so experts e anotoriedade, um critrio. Os programas so julgados quanto suaqualidade.

    Reviso profissional ou verificao: quando um grupo de verificadoresdetermina os padres tcnicos necessrios para um dado programa e

    os certifica quanto a sua qualidade, tendo em vista o cumprimento des-ses padres.

    Quase-legal (ad versria): abordagem na qual duas comisses ou con-selhos com opinies diferentes simulam julgamentos sobre o mesmotema, buscando-se delinear os argumentos contra e a favor do p rogra-ma, e finalmente resolver dvidas. Muito utilizado na Inglaterra paraorientar as po lticas pblicas. O termo quase-legal significa atos com

    caractersticas legais, isto , essas discusses e comisses, embora nosejam parte do sistema legal, tm uma parcela de sua autoridadederivada de procedimentos com caractersticas legais.

    Estudo de caso ou transacional: concentra-se na avaliao de proces-so dos p rogramas e como o programa visto pelos usurios.

    Ao lado dos modelos de avaliao que podem ser utilizados dependendo danatureza do objeto a ser avaliado, encontramos definies sobre tipos de

    avaliao, que respondem a diferentes questes e focam aspectos especficosda funo da avaliao. Destacamos os d iferentes tipos de propsito ap resen-tados pela National Academy of Science (NAS):

    onde se precisa de avaliao;

    pesquisa bsica;

    testes em pequena escala;

    avaliao de campo;

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    anlise po ltica;

    responsabilidade fiscal;

    responsabilidade de cobertura;

    avaliao de impacto;

    anlise econmica.

    preciso estar ciente de que cada ato de avaliao depende de um critrioantecedente, implcito ou explcito, ou ambos. A par das dificuldades do p rocesso,enfatiza-se que importante delimitar o que vai se avaliar, quem vai avaliar, para

    o que ou para quem, os critrios a serem utilizados e, assim, escolher o modeloque nortear essa avaliao e, portanto, o desenho do Sistema de Informao.

    Estrutura, processo e resultadoPara a constituio de Sistemas de Informao, a partir das questes formu-ladas, necessrias para se estabelecer um modelo adequado de avaliao, hque considerar tambm o modelo proposto por Donabedian para avaliao deestrutura, processo e resultado dos servios de sade ou sistemas de sade, da

    seguinte forma:

    a. Estrutura: refere-se s caractersticas relativamente estveis, comocondies fsicas, organizacionais, equipamentos e recursos humanos.

    b. Processo: conjunto de atividades desenvolvidas nas relaes de pro-duo em geral e, no caso de servios de sade, entre profissionais epacientes.

    c. Resultado: obteno das caractersticas desejveis dos produtos ouservios, sem erros, imperfeies ou nocividades; melhoria do meioambiente e trabalho, ou mudanas obtidas no estado dos pacientes ouquadro sanitrio, que podem ser atribudas ao cuidado mdico consum-ido ou tecnologias de sade introduzidas.

    Para cada componente da trade dever ser construdo um conjunto de indi-cadores ou atributos da qualidade que melhor retratem a realidade a ser avaliada.

    Atributos da qualidadeDestacamos os sete atributos da qualidade propostos por Donabedian, quepodem ser considerados como critrios ao se estabelecer o que ser avaliado:

    Eficcia: a capacidade do cuidado, na sua forma mais perfeita, de con-tribuir para a melhoria das condies de sade.

    Efetividade: o quanto de melhorias possveis nas condies de sade

    obtido.

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    Eficincia: a capacidade de obter a maior melhoria possvel nascondies de sade ao menor custo possvel.

    Otimizao: a mais favorvel relao entre custos e benefcios. Aceitabilidade: conformidade com as preferncias do paciente no que

    concerne acessibilidade, relao mdico-paciente, s amenidades,aos efeitos e ao custo do cuidado prestado.

    Legitimidade: conformidade com as preferncias sociais em relao atudo mencionado anteriormente.

    Eqidade: igualdade na distribuio do cuidado e de seus efeitos sobre

    a sade.O termo amenidades utilizado para se referir s condies de conforto e

    aparncia dos servios, ateno d ispensada aos pacientes, esclarecimentos eoutros fatores que envolvem questes de qualidade ligadas satisfao dousurio, alm da eficcia tcnica.

    Controle de Qualidade Total ou Gesto de Qualidade Total (CQT ou GQT)So tambm ferramentas importantes as fornecidas pelo modelo de Controle deQualidade Total ou Gesto de Qualidade Total (CQT ou GQT), especialmentequando a avaliao se dirigir para a qualidade tcnica de determinados procedi-mentos ou funcionamento dos servios. Algumas dessas ferramentas tm alto valorpara conferir maior profundidade avaliao. So ferramentas do CQT ou GQT:

    ciclo de con trole/ gerenciamento PDCA;

    diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe;

    diagrama de afinidades; diagrama de inter-relao;

    diagrama de Pareto;

    carta de controle;

    crculos de controle de qualidade.

    A respeito dos mtodos acima citados, consultar o manual Qualidade naGesto Local de Servios e Aes de Sade e a sua bibliografia.

    Os indicadores de sadeIndicadores de sade so formas numricas ou no, obtidos a partir dos Sis-temas de Informao, como sadas a partir dos dados coletados, utilizados parase mensurar as atividades realizadas, ou o grau de risco de um evento ou agra-vo sade, e p ara atribuir valor a dados ou aspectos da realidade que se dese-

    ja conhecer, quantitativa ou qualitativamente, e, a partir desse conhecimento,

    intervir para alcanar metas e objetivos.

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    O desenho de um Sistema de Informao em sade comea pela definiodos indicadores mais apropriados para se mensurar ou conhecer o que se queravaliar ou monitorar.

    A proposta da OMSSegundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), necessrio, ao proceder aavaliaes em sade, um nmero mnimo bsico de indicadores para que sepossa conhecer os principais aspectos da situao de sade da populao e dasprticas de sade.

    A OMS classifica os indicadores em:

    especficos, isto , aqueles que refletem as mudanas decorrentes daintroduo de uma determinada medida de sade;

    no especficos, aqueles que se referem a inmeros fatores que afetamo estado de sade da populao, como o desenvolvimento scio-econmico, as condies de vida, habitao, trabalho, den tre outros.

    Esses indicadores p ropostos, utilizados na avaliao de eficcia e efeitos dosservios, foram agrupados em relao poltica sanitria, s condies scio-

    econmicas, ao estado da prestao de ateno sade e ao estado de sadeda p opulao. Os indicadores de poltica sanitria e da p restao de ateno sade so voltados anlise de eficcia dos servios. Os sociais e econmicose do estado de sade, devem ser utilizados nos estudos de efeitos ou resultados.

    Na concepo anteriormente proposta, os indicadores foram classificadosem cinco modalidades:

    Indicadores da poltica sanitria, que englobam o compromisso p olti-co de alcanar sade para todos, distribuio de recursos suficientes para

    a ateno primria em sade, o grau de eqidade na distribuio derecursos, o grau de participao da comunidade na obteno de sade,existncia de estrutura orgnica e administrativa adequada como estrat-gia nacional para o alcance de sade para todos e as manifestaes prti-cas de compromisso poltico internacional em favor de sade para todos.

    Indicad ores sociais e econmicos, como taxa de crescimento da pop u-lao, produto nacional bruto (PNB) ou produto interno bruto (PIB),

    distribuio de recursos e gastos com a sade, cond ies de trabalho,ndice de analfabetismo de adultos, condies de habitao e disponi-bilidade de alimentos energticos por habitante.

    Indicadores da prestao de ateno sade, como aqueles rela-cionados com disponibilidade, acessibilidade econmica e cultural,utilizao dos servios e indicadores da qualidade da assistncia.

    Indicadores da cobertura da ateno primria de sade, como o nvel

    de alfabetismo sanitrio, disponibilidade de sistemas adequados de

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    gua e esgoto, acesso das mes e crianas ateno de sade local,assistncia adequada ao parto, cobertura vacinal adequada das crianasem relao s principais doenas infecciosas imunizveis, disponibili-

    dade de medicamentos essenciais durante todo o ano, acesso aosservios de referncia e relao adequada de profissionais de sade porhabitante, tanto no nvel da ateno primria quanto no da referncia.

    Indicadores do estado de sade, como percentagem de recm-nasci-dos com baixo peso ao nascer, taxas de mortalidade perinatal e infan-til, estado nutricional e p sicossocial das crianas.

    A proposta do enfoque estratgicoNo enfoque do Planejamento Estratgico Situacional so propostos osseguintes indicadores:

    Indicadores de controleInformaes elaboradas que comp ortam um significado preciso sobre um tpi-co importante para o acompanhamento e a avaliao de algum mdulo doplano, podendo ser de carter qualitativo ou quantitativo. Podem ser bsicosou primrios ou compostos e inteligentes. So indicadores de controle:

    Situacionais gerais ou de macroproblemas:

    a. econmicos: referem-se situao em geral como emprego, desem-prego, inflao, salrio, gastos pblicos, etc. So indicadores bsicosque servem para o acompanhamento do plano global ou para situaroperaes especficas;

    b. polticos: indicam o grau do avano ou deteriorao poltica que

    certas operaes produzem, ou o grau de aceitao das mesmas. Oindicador pode ser de atitudes, de opinies, lideranas, interesse dapopulao pelos projetos e operaes do plano, demandas sociais,preciso dos elementos do vetor de peso das foras sociais, etc.

    Indicadores sobre o cumprimento e impacto das operaes.

    a. cumprimento das operaes: avaliar as metas estabelecidas pelaoperao;

    b. impacto das operaes: utilizados para conhecer as conseqnciaspositivas e/ou negativas de uma operao.

    Indicadores de atividades administrativasReferem-se s unidades administrativas que tm responsabilidades atribudasna execuo, avaliao e controle das operaes do plano. So utilizados paraconhecer a capacidade de cumprimento da funo atribuda. So indicadoresde atividades administrativas:

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    Indicadores de balan os finan ceiros e estados finan ceiros: situao decaixa, ingressos e gastos, produtividade, patrimnio, saneamentofinanceiro, etc.

    Indicadores de inteno e expectativaSo de carter qualitativo e tm como propsito fundamental prever as atitudesfuturas dos principais atores do processo.

    Os indicadores podem se transformar em sinais:

    Sinal de conformidade: o indicador est dentro da norma estabelecida.

    Sina l de ateno: quando existe a tendncia de sair fora da norma.

    Sinal de alarme: o indicador est fora da norma.

    Estrutura, processo e resultadoApesar da inegvel importncia das classificaes anteriores, verifica-se que aproposta da OMS, que permite comparar naes e regies, genrica. Por suavez, a do planejamento estratgico situa-se, sobremaneira, no plano poltico eideolgico, em macroestruturas e sistemas, pouco se atendo s formas deprestao do cuidado. Combinando os indicadores das propostas anteriorescom o modelo de avaliao proposto por Donabedian, Eduardo elaborou oseguinte quadro para a seleo de indicadores:

    Produo dos servios: concentrao das aes,

    cobertura, produtividade, dficits/supervits, incre-mentos/decrscimos, etc.

    Recursos humanos/folha de pagamento: nmerode profissionais por categoria/por servio/porhabitante, perfil, gastos, produtividade, etc.

    Instalaes fsicas/capacidade instalada: nmerode unidades por tipo/por habitante, nmero deconsultrios e de leitos/por habitante, grau de uti-lizao e ociosidade, etc.

    Referncia/contra-referncia: organizao dos

    nveis de ateno sade (primrio, secundrioe tercirio) devidamente hierarquizados e refe-renciados, etc.

    Legislao/processos/expedientes.

    Recursos financeiros/custos/despesas.

    Estoque: material de consumo em geral, medica-mentos, vacinas, material permanente e equipa-mentos mdicos.

    Outros: tipo do modelo assistencial, polticas de

    sade definidas, opinies, aceitao polti ca, par-ticipao da populao, etc.

    Configurao do Sistema de Informaopara a gerncia em sade

    Subsistemas Indicadores

    1. Estrutura organizacional

    (situao dos servios)

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    N / d d d i di2 F d /

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    A avaliao da estrutura organ izaciona l abrange os Sistemas de

    Informao e indicadores de produo de servios, de recursoshumanos, da rede fsica, do sistema de referncia, recursos finan-ceiros e custos, estoques de material de consumo, medicamentos,vacinas, material permanente e equipamentos mdicos, legislao,organizao das rotinas administrativas, fluxos, etc., representandouma anlise das condies da estrutura dos servios e sistemas desade. Esses sistemas informativos esto basicamente relacionadoscom o modelo de organizao, com os mecanismos de gesto, fun-

    cionamento e desempenho dos servios.

    Normas/padres de condutas tcnicas: audito-rias e reviso de pronturios, supervises, con-trole da qualidade das aes relacionadas com asade do indivduo, com o meio ambiente, etc.

    Programas de sade: percentuais ou taxas deeventos de alerta (acompanhamento de doenasde carter epidmico ou acidentais); acompa-nhamento da qualidade tcnica do procedimentomdico prestado em determinadas doenas (doincio do transtorno alta, abandono ou bito).

    Resolubilidade do servio: grau de satisfao dosusurios; estudos de procedncia, mudana doquadro sanitrio, eficcia dos procedimentos,alcance de metas e objetivos, etc.

    Demogrficos/ sociais/econmicos: taxas decrescimento, dependncia, estrutura etria,nvel de emprego e renda, escolaridade,condies sanitrias, habitao, condies detrabalho, lazer, etc.

    Mortalidade: mortalidade infantil, mortalidade ge-ral, por causa, idade e sexo, etc.

    Morbidade hospitalar: distribuio das inter-naes por causa, idade, sexo, altas, bitos,mdia de permanncia, custos, taxas de ocu-pao, infeco hospitalar, etc.

    Morbidade ambulatorial: distribuio dos atendi-mentos ambulatoriais por causa, idade, sexo, pro-cedimentos, encaminhamentos, procedncia, cus-tos, etc.

    Morbidade domiciliar e de outros espaos cole-tivos: distribuio das causas de doenasrelatadas pela populao no domiclio e outrosespaos; pesquisas de morbidade, etc.

    Vigilncia sade/vigilncia epidemiolgica esanitria: incidncia e prevalncia de doenas denotificao compulsria, percentuais de serviosde sade por grau de risco epidemiolgico, emacordo ou desacordo com padres tcnicos, per-centual de problemas de qualidade dos servios,nmero de denncias, etc.

    3. Resultados/ impactos(perfil epidemiolgico)

    2. Formas de atuao/ programas(processo)

    A avaliao das formas de atuao/programa s abrange os sistemas de

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    A avaliao das formas de atuao/programa s abrange os sistemas deinformaes, indicadores e prticas de auditoria e superviso quantoao cump rimento ou adequao das normas tcnicas estabelecidas pela

    instituio ou pela legislao sanitria, sobre o padro de excelnciatcnica e eficcia dos procedimentos mdicos e cirrgicos realizados edemais procedimentos em sade, rotinas de operao e manutenode equipamentos e dispositivos mdicos, dentre outros. Trata-se daavaliao programtica das aes de sade e daquelas sob vigilnciasanitria, especialmente voltada para a resolubilidade dos servios,quanto s condutas e resultados alcanados no atendimento aospacientes e grau de satisfao dos usurios. Aqui os sistemas informa-

    tivos devero refletir o processo pelo qual atua a instituio na buscade seus objetivos. Informam sobre a qualidade dos atos p raticados.

    A avaliao dos resultados/impactos engloba os Sistemas de Infor-mao e respectivos indicadores sociais, econmicos e demogrficos,de mortalidade, de morbidade hospitalar, ambulatorial e outros, osespecficos ndices de doenas sob notificao epidemiolgica e osindicadores das condies sanitrias da populao, dos servios de

    sade, do meio ambiente e outros fatores que afetam a sade da po-pulao e o quadro sanitrio, dentre outros. Devem retratar os resultadosdos servios, efeitos positivos ou negativos sobre a sade da populao,apontar mudanas ocorridas no quadro sanitrio pela introduo deaes programticas de sade , de novas tecnologias mdicas ou medi-das sociais e econmicas tomadas.

    As caractersticas das informaes

    Na atividade de planejamento em sade e gerncia so necessrios dados intere extra-setoriais, gerados pelas mais diversas fontes, tais como censos,pesquisas populacionais, estatsticas vitais, produo e utilizao de servios,dentre outras.

    NaturezaPodemos classificar os Sistemas de Informao em sade, conforme suanatureza, em:

    Sistemas de Informaes Estatstico-epidemiolgicas

    Sistemas de Informaes Clnicas

    Sistemas de Informaes Administrativas

    Denominamos Sistemas de Informaes Estatstico-epidemiolgicas aqueles queincluem o conhecimento da mortalidade e suas causas determinantes, do padrode morbidade da populao ou da demanda atendida pelos servios, dos aspectos

    demogrficos, sociais e econmicos e suas relaes com a sade da populao.

    Incluem-se nesse grupo aqueles que permitem o conhecimento do grau de

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    Incluem-se nesse grupo aqueles que permitem o conhecimento do grau deacesso da populao aos servios, isto , da produo e utilizao, da qualidadetcnica dos p rocedimentos de sade p restados e do grau de satisfao do usurio.

    As informaes cln icas referem-se aos dados clnicos sobre o paciente, des-de sua identificao, problemas de sade relatados, diagnstico mdico, atexames clnicos, laboratoriais, radiolgicos, grficos, p rocedimentos cirrgicosrealizados ou medicamentos prescritos, dentre outros.

    As in formaes adm inistrativas, no especficas do setor da sade, so as decontrole de estoque, materiais, equipamentos, gesto financeira, como j referi-do anteriormente.

    O con junto das informaes clnicas, estatstico-epidemiolgicas e adminis-

    trativas compe o Sistema de Apoio Deciso em Sade.

    Origem de produo e finalidadeAs informaes podem ainda ser reconhecidas segundo sua origem de pro-duo, por tipo de instituio de sade ou espaos coletivos, oufinalidade, taiscomo grupos populacionais de risco, aes p rogramticas, especialidades, etc.

    Sistemas de Informao Ambulatorial

    Sistemas de Informao Hospitalar

    Sistemas de Informao de Mortalidade

    Sistemas de Vigilncias Sade

    Sistemas de Informao das Aes Programticas

    Outros

    A necessidade de integrao e confiabilidadeDevido a essa variabilidade de sistemas, tambm decorrente das especifici-dades da organ izao de sade, fala-se freqentemente nafragmentao dosSistemas de Informao. A tendncia histrica em vrios pases tem demon-strado no ser possvel a concretizao de um sistema nico, gerador de todasas informaes de sade, at porque as realidades e necessidades so distintas.Busca-se idealmente a integrao e articulao entre os vrios sistemas, para seevitar a duplicidade da coleta de dados, a coleta de dados desnecessrios e a

    sobrecarga dos profissionais de sade, fatores que tm acarretado a no-credi-bilidade e a no-confiabilidade aos Sistemas de Informao.

    Hierarquizao, descentralizao e municipalizaoIdealmente, a coleta de dados deve ser feita respeitando-se a hierarquizao, adescentralizao e a municipalizao dos servios de sade, de acordo com acomplexidade das aes e com as necessidades dos d iferentes nveis de gestodo sistema de sade. Idealmente, tambm, cada nvel estrutural dever ter um

    contedo mnimo suficiente para cumprir as diretrizes e princpios do SUS. O

    municpio deve deter informaes suficientes para a gerncia local dos

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    municpio deve deter informaes suficientes para a gerncia local dosservios, remetendo-os, seletivamente, aos nveis estadual e federal, que detmos papis de coordenadores e supervisores das aes de sade.

    Dessa forma, a constituio de um sistema bsico de informao, de abrangn-cia nacional, deve ter suas fontes de coleta de dados nas instituies sediadas nosmunicpios, de forma que os dados de interesse estadual ou nacional possam sercoletados, processados e enviados a esses nveis, sem p rejuzo das outras neces-sidades especficas de informao reconhecidas p elo municpio.

    Com o avano da tecnologia, os sistemas informatizados rgidos, verticais,nacionais ou estaduais, podem dar lugar queles que captam apenas os dadosde interesse. Por exemplo, podem receber dados em disquete, em arquivos

    DBF, TXT ou outros padres, a partir de uma definio prvia da estrutura dobanco de dados. Isso quer dizer que o municpio pode ter um sistema queenglobe uma srie de outras informaes, alm daquelas exigidas pelos nveisestadual ou nacional, processar seus prprios dados, ter seus relatrios paramonitoramento e avaliao e participar de maneira eficiente do envio da infor-mao aos demais nveis de gerncia do SUS.

    Assim, sistemas informatizados de controle da produo ambulatorial, hos-pitalar, laboratrios, epidemiolgicos, de vigilncia sanitria e tantos outrospoderiam estar sendo desenvolvidos nessa nova linha, pelo prprio nvelnacional, disponibilizando esses produtos para os municpios e garantindo, deum lado, as informaes minimamente necessrias para avaliaes nacionais e,de outro, que os municpios menores ou com poucos recursos pudessem tra-balhar outros dados de interesse, conforme o perfil epidemiolgico ou reali-dades especficas.

    Sistemas integradosBusca-se, na implementao dos Sistemas de Informao em sade, a inte-grao intra, inter e extra-setores/reas geogrficas/nveis de gerncia e degesto, bem como atender avaliaes programticas, estadual ou nacional-mente, consideradas prioritrias.

    Atravs da informtica, essa integrao tende a ser viabilizada, mas pode-seafirmar que um grande desafio a ser vencido. H vrios aplicativos que tm afuno de integrar sistemas para a gerncia em sade, no controle oramen-

    trio/financeiro, de estoque, p roduo de atividades, morbidade e mortalidade,unidades ambulatoriais, hospitalares, laboratrios, etc. Alguns desses aplica-tivos foram desenvolvidos pelos prprios municpios a partir de suas experin-cias de gerncias municipais. Contudo, muitas dessas experincias respondema caractersticas locais muito especficas, o que impede um uso mais amplo, isto, seu aproveitamento por outros municpios sem reparos ou adaptaes. Noh ainda disponvel um ap licativo comp leto, ideal para todos e que responda atodos os aspectos da gerncia, tanto queles relativos ao atendimento indivi-

    dual sade quanto queles relacionado s s aes coletivas.

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    Os principais sistemas

    SISTEMAS DE INFORMAO EM SADE PARA MUNICPIOS

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    Relacionamos a seguir os principais Sistemas de Informao necessrios quedevem estar ao alcance da gerncia, municipais ou extramunicipais:

    Demogrfico/econmico-social e culturalCensos populacionais peridicos ou ocasionais. Permite conhecer a estruturade uma populao em determinada rea geogrfica, por sexo, idade, consti-tuindo as pirmides de populao, estado civil, religio, nacionalidade e ou-tras caractersticas sociais, econmicas e culturais. A partir desses dados, tem-se uma anlise mais aprimorada de fenmenos como migrao, mortalidade,nupcialidade, fertilidade, fora de trabalho, capacidade de produo, natali-dade, crescimento e envelhecimento da populao, razo de dependncia,escolaridade, ramos de atividade, distribuio urbano-rural, renda, etc.

    Eventos vita