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«PÃO DE FORMA» Marta não é uma pessoa mas uma carrinha VW Vestefália, o símbolo icónico de uma época e de um certo estilo de vida Estamos em Santa Catarina da Fonte do Bispo, uma pequena lo- calidade serrana, algures entre São Brás de Alportel e Tavira. É aqui, numa pequena garagem de beira de estrada, que somos apresen- tados a Marta, a nossa companheira de viagem nos próximos dias. Enfim, companheira de viagem é um modo de colocar a questão, pois foi muito mais que isso: não nos transportou como nos deu guarida durante uma semana. Como se percebeu, Marta não é uma pessoa, mas sim uma car- rinha VW Westfalia, mais conhecida por «Pão de Forma». Pertence à Sies- ta Campers, uma pequena empresa familiar criada dois anos pelo casal inglês Lloyd e Claire, que as aluga para férias no Algarve. Símbolo icónico de uma época e de um certo estilo de vida, as carrinhas têm-se revelado um sucesso junto de uma clientela jovem, composta na sua maior parte por estrangeiros, mas também por muitos portugueses. Como explica Lloyd, são cada vez mais as pessoas que «querem viver a sensação de dormir à beira-mar, numa praia deserta, como acontecia nos bons velhos tempos do Algarve». Um misto de nostalgia e aventura que, aliado ao sol e mar algarvio, pode resultar numas férias inesquecíveis. Marta foi construída em 1971 e tem muitos quilómetros no motor. Descoberta pelo casal num quintal de um amigo, onde estava 10 anos, pertenceu a uma família portuguesa emigrada na África do Sul que, quando regressou a Portugal, a trouxe para o Algarve. «Ainda tem a pin- tura original», revela Lloyd, que recuperou, ele próprio, todas as cinco carrinhas que hoje aluga. Está equipada com uma pequena cozinha (com fogão, lava-loiça e frigorífico), um sofá que se transforma numa espa- çosa cama e o teto sobe, para os ocupantes poderem estar em pé no seu interior. O único pormenor que destoa do resto é um rádio leitor de cd e de mp3, para que não falte música a condizer - fiéis ao espírito, optámos por clássicos dos 70, como Bob Dylan, Parti Smith ou Rolling Stones, para compor a banda sonora da viagem. Feitas as apresentações, era finalmente tempo de partir estrada fora. A primeira sensação é de estranheza: a direção é dura, o travão demora algum tempo a sentir-se e a velocidade não ultrapassa os 80 km por hora, mas após meia hora de condução nos sentíamos em casa. Como estava perto da hora de almoço, o primeiro destino foi a localidade de Santa Lu- zia, junto a Tavira, um dos poucos locais no Algarve onde ainda é possível comer petiscos típicos como a muxama ou a estupeta de atum, caídos em desuso na maior parte da região, devido a uniformização dos restaurantes resultan- te do turismo de massas. De barriga saciada seguimos para São Bartolomeu, uma aldeia no concelho de Castro Marim, para visitar uma amiga que nos ofereceu uma caixa de alperces biológicos, produzidos na sua quinta. O resto da tarde seria aliás passado a ar- ranjar os mantimentos necessários para os próximos dias: pão caseiro de Martilongo numa padaria de Castro Marim; a célebre muxama de Dâmaso Nascimento (Zona Industrial, Lote 6, Vila Real de Santo An- SÃO BRÁS DE ALPORTEL^ALCOUTIM

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«PÃO DE FORMA» Martanão é uma pessoa mas umacarrinha VW Vestefália, osímbolo icónico de uma épocae de um certo estilo de vida

Estamos em Santa Catarina da Fonte do Bispo, uma pequena lo-calidade serrana, algures entre São Brás de Alportel e Tavira.

É aqui, numa pequena garagem de beira de estrada, que somos apresen-tados a Marta, a nossa companheira de viagem nos próximos dias. Enfim,

companheira de viagem é um modo de colocar a questão, pois foi muitomais que isso: não só nos transportou como nos deu guarida durante umasemana. Como já se percebeu, Marta não é uma pessoa, mas sim uma car-rinha VW Westfalia, mais conhecida por «Pão de Forma». Pertence à Sies-

ta Campers, uma pequena empresa familiar criada há dois anos pelo casal

inglês Lloyd e Claire, que as aluga para férias no Algarve.Símbolo icónico de uma época e de um certo estilo de vida, as carrinhas

têm-se revelado um sucesso junto de uma clientela jovem, composta na

sua maior parte por estrangeiros, mas também por muitos portugueses.Como explica Lloyd, são cada vez mais as pessoas que «querem viver a

sensação de dormir à beira-mar, numa praia deserta, como acontecia nos

bons velhos tempos do Algarve». Um misto de nostalgia e aventura que,aliado ao sol e mar algarvio, pode resultar numas férias inesquecíveis.

Marta foi construída em 1971 e já tem muitos quilómetros no motor.Descoberta pelo casal num quintal de um amigo, onde estava há 10 anos,

pertenceu a uma família portuguesa emigrada na África do Sul que,quando regressou a Portugal, a trouxe para o Algarve. «Ainda tem a pin-tura original», revela Lloyd, que recuperou, ele próprio, todas as cinco

carrinhas que hoje aluga. Está equipada com uma pequena cozinha (com

fogão, lava-loiça e frigorífico), um sofá que se transforma numa espa-

çosa cama e o teto sobe, para os ocupantes poderem estar em pé no seu

interior. O único pormenor que destoa do resto é um rádio leitor de cd e

de mp3, para que não falte música a condizer - fiéis ao espírito, optámos

por clássicos dos 70, como Bob Dylan, Parti Smith ou Rolling Stones,

para compor a banda sonora da viagem.Feitas as apresentações, era finalmente tempo de partir estrada fora.

A primeira sensação é de estranheza: a direção é dura, o travão demora

algum tempo a sentir-se e a velocidade não ultrapassa os 80 km por hora,mas após meia hora de condução já nos sentíamos em casa. Como estava

perto da hora de almoço, o primeiro destino foi a localidade de Santa Lu-

zia, junto a Tavira, um dos poucos locais no Algarve onde ainda é possível

comer petiscos típicos como a muxama ou a estupeta de atum, já caídos

em desuso na maior parte da região, devido

a uniformização dos restaurantes resultan-

te do turismo de massas. De barriga saciada

seguimos para São Bartolomeu, uma aldeia

no concelho de Castro Marim, para visitar

uma amiga que nos ofereceu uma caixade alperces biológicos, produzidos na sua

quinta.O resto da tarde seria aliás passado a ar-

ranjar os mantimentos necessários para os

próximos dias: pão caseiro de Martilongonuma padaria de Castro Marim; a célebre

muxama de Dâmaso Nascimento (ZonaIndustrial, Lote 6, Vila Real de Santo An-

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TRADIÇÃO Em cima, as afamadas salinas de Castro Marim; em baixo à esquerda, os alperces biológicos da Companhia das Culturas;Em baixo à direita, o proprietário da castiça Adega Amável em Faro

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SIMPLICIDADE Sempre por estradas secundárias, reencontrámos o encanto dos velhos tempos nas aldeias esquecidas da serra,nas praias da Ria Formosa e da Costa Vicentina

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tónio. T. 281 513 840), o único conserveiro

algarvio que continua a confecionar este

pitéu, feito de carne seca de atum; Presuntoibérico e queijo manchego em Ayamonte;e, para completar o menu, um alguidar de

conquilhas acabadas de apanhar, negocia-das à beira da estrada. Já com o sol a baixarno horizonte, seguimos para norte pelaestrada que, junto à barragem de Odelei-

te, acompanha o curso do rio Guadianaaté Alcoutim. Sem pressas, percorremosas aldeias ribeirinhas de Foz de Odeleite,Álamo, Guerreiros do Rio e Laranjeiras, atéencontrarmos o local perfeito para pernoi-tar - o miradouro do Pontal, um pequenoparque de piqueniques com vista panorâ-mica sobre o curso do Guadiana, que deu

ao petisco um sabor ainda mais especial...

ALCOUTIM -FOLHÃOComo nos apercebemos logo na pri-meira noite, uma das grandes van-

tagens deste tipo de férias é o maior apro-veitamento do tempo. Parados no meio de

nada, apenas com o som dos grilos e um ecode um bailarico distante a embalar a con-

versa, o sono chega depressa. Mas também

desaparece muito cedo. Pouco tempo depoisdo sol nascer já estávamos de novo na estra-da, em direção à aldeia do Azinhal, para umpequeno-almoço na afamada pastelaria A Prova (Largo de Santa Bárba-ra, Azinhal. T. 281 495 654), um estabelecimento, aberto por 3 mulheresda terra, apostado em recuperar a doçaria regional desta zona do Algarve,como o tradicional bolo de massa de pão. A saída do Azinhal, voltamosentretanto a parar no Poço da Asneira, uma fonte à moda antiga, commanivela para tirar a água, para reabastecer os depósitos de Marta.É ainda bastante cedo quando atravessamos a Mata Nacional, junto aVila Real de Santo António, em direção à Ponta da Areia, a extremida-de mais sueste do Algarve e de Portugal Continental. À exceção de algunscorredores matinais e de um ou outro pescador, a tentar a sua sorte no

pontão que separa a foz do Guadiana da Baía de Monte Gordo, são pou-cas as pessoas com quem nos cruzamos. Nem parece que é verão e queestamos no Algarve. O extenso areal, cada vez mais procurado por quempretende fugir das enchentes de veraneantes que, por esta altura, entopemMonte Gordo, está quase deserto e, com o sol já a aquecer, é impossívelresistir a um mergulho nestas calmas e cálidas águas. Depois, é tempo devoltar à estrada.

A paragem seguinte é no mercado de Tavira, para comprar uma por-ção das cada vez mais raras ovas de polvo secas, outra iguaria em vias de

extinção. Depois, seguimos para a Praia do Forte, percorrendo a estra-da junto às salinas até chegar a um areal banhado pelas calmas águas

TRANQUILO Alte éconsiderada uma daslocalidades mais típicase preservadas de todo oAlgarve, com as suas ruelasde casas brancas e chaminéstrabalhadas

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da Ria Formosa, onde se impõe um mergulho, antes de seguirmos até

Olhão, para pernoitar no Parque de Campismo desta cidade. Estaciona-mos junto a duas enormes e modernas autocaravanas, que fazem Martaparecer uma miniatura saída de um qualquer museu de brinquedos...

OLHÃO -» ALTEProtegidos pela sombra do pinhal, o despertar é hoje mais tardio,mas ainda cedo o suficiente para passar a manhã a banhos na Ilha

da Culatra - existem várias carreiras regulares de barco a partir de Olhão.O almoço é feito em regime de petisco, na Adega Amável (Rua de NossaSenhora da Saúde, Faro. T. 289 822 368 / 91 437 6682), a última das tas-cas tradicionais de Faro. Apesar de aberta há cerca de 8 anos, quando o pro-prietário, João, regressou dos Estados Unidos, onde trabalhou como empre-gado de mesa nalguns dos mais conceituados restaurantes de Nova lorque,a adega ainda era um segredo bem guardado. Fica situada num velho ar-mazém de vinhos e a decoração pouco mudou desde então: pipas de vinho,uns posters de futebol e algumas mesas espalhadas. «Vinha a passar e vi umcartaz a dizer trespassa-se, foi amor à primeira vista», conta o temperamen-tal João que, às 15 horas em ponto, «convida» os comensais a sair, porque «é

hora de ir descansar» para depois voltar a abrir à noite, já com horário mais

alargado, para dar tempo para ouvir o fado vadio que já é uma das imagensde marca da casa. Quanto ao resto, é o que se espera de uma tasca a sério, e

não a fingir, que o é: tratamento «tu cá tu lá», vinho a copo e petiscos como

os pratinhos de queijo e presunto ou os biqueirões de conserva panados.É agora tempo de deixar o litoral e seguir para o interior. A primeira pa-

ragem é na vila histórica de Estói, que convida a um passeio a pé pelas suas

ruas. Aconselha-se uma visita ao antigo palácio do Visconde de Estói, umedifício em estilo Rococó, construído no final do século XIX, hoje transfor-mado em Pousada de Charme (Rua São José, Estoi.T. 289 990 150). É bastante conhecido pelos seus frondosos jardins ao estilo

Versalhes, que ocupam uma área com cerca de quatro hectares, perto das

ruínas romanas de Milreu, outro local de visita obrigatória nesta localidade.É já sol posto quando chegamos a Alte, uma aldeia do concelho de Loulé

situada na fronteira entre o Barrocal e a Serra. Afastada dos grandes centrosturísticos da região, é considerada uma das localidades mais típicas e pre-servadas de todo o Algarve, com as suas casas brancas e chaminés trabalha-

das, estreitas ruelas e escadinhas calcetadas. Nesta noite dormimos na Fonte

Grande, uma das nascentes da Ribeira de

Alte, junto a uma piscina natural, com par-que de merendas que, durante o verão, é umaboa alternativa às lotadas praias do litoral.

ALTE -»MONCHIOUEA partida de Alte acaba por seratrasada devido a um problema

mecânico: Marta não quer pegar, aparen-temente por falta de bateria. Alguma luz

ligada demasiado tempo, pensamos... Bem,se não há bateria, vai de empurrão. Logocarregará em andamento. Com a ajuda de

um passante, lá conseguimos empurrar a

A frota da SiestaCampers

É composta por carrinhas

VW Westfalia dos anos 70

e 80. nas versões 72 e T4.Cada uma com um nome

e respetivo ílivro do

capitão» - uma espécie

de diário de bordo, com

sugestões de viagem:

das melhores praias aos

restaurantes a visitar.

As tarifas de alugueivariam entre os 400 e os

750euros por semana,

conforme a época do ano.

É também possível alugar

pranchas de surf. As

carrinhas funcionam todas

a gasolina e os consumos

rondam, em média, os

16/20 litros por cada 100

quilómetros, ou seja.

encher o tanque chega

quase aos 100 euros. Mais

informações em www.

siesf ncampers.com

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DIVERSIDADE Do alto da serra de Monchique às praias da Costa Vicentina distam pouco mais de 30 quilómetros

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carrinha até o motor recomeçar a funcio-nar. A saída da aldeia, paramos ainda parauma visita à Queda do Vigário, uma cascata

com 24 metros de altura, hoje transformadanuma zona balnear e de lazer. Voltamos a

empurrar Marta estrada abaixo e partimos.Durante o percurso, porém, Marta dá sinais

que não está na melhor forma. Engasga--se nas subidas, o rádio deixa de funcionar,o motor desliga-se em andamento... Até

que, à chegada a Silves para de vez, sem dar

qualquer sinal de vida, numa rua chama-da... Do Encalhe. Se não foi de propósito,parecia... Lloyd já nos tinha avisado que,por vezes, acontece, e por isso está semprecontactável, 24 horas por dia, para poderdar assistência em caso de avaria... Masnão foi necessário pois, passado um parde horas, lá descobrimos a razão do amuode Marta: um simples fio desligado, queserve exatamente para carregar a bateria.

Ligado o tal fio, tudo voltou ao normal e re-tomamos finalmente a viagem. A paragemforçada obrigou-nos a encurtar o itinerá-rio e optamos por seguir diretamente paraMonchique, onde chegamos já de noite.Estacionámos junto à Nascente da Foia,mesmo no topo da serra de Monchique, deonde se avista todo o recorte da costa, a sul,

com as luzes de Portimão a destacarem-se,ao longe, na paisagem noturna. O que nãoestava nos planos era a noite de invernia, com nevoeiro, chuva e vento, quese abateu sobre nós. Ao contrário do previsto, o jantar, hoje, seria dentrode portas. E a verdade é que, apesar do vento forte por vezes fazer abanara carrinha, o frio não entrou...

MONCHIQUE -^ODECEIXEUm enorme camião do lixo, a rugir mesmo junto à cabeceira,tornou o acordar na serra um pouco mais sobressaltado que o

esperado. A boa notícia era que o mau tempo havia desaparecido, tão

rápido quanto tinha chegado. Após o pequeno-almoço, tomado numaesplanada em Monchique (fomos os primeiros clientes do dia), damosum passeio pelas ruas semidesertas da vila, à procura de uma chafariz

para voltar a encher os depósitos de água. Mais ou menos a meio da ma-nhã, partimos, sem pressas, para a Costa Vicentina, pela estrada que ligaMonchique a Aljezur, com passagem pela aldeia serrana de Marmelete.Chegados a Aljezur, seguimos para norte, com destino a Odeceixe. Masantes, há que fazer uma paragem no Rogil, para nos abastecermos napadaria e pastelaria Pão do Rogil (Avenida 16 de Junho, 92, Rogil. T. 282998 203), conhecida não só pelo excelente pão, mas também pelas em-padas e especialmente pelas famosas Bolachas Família Claro, feitas com

ingredientes tão surpreendentes como lima, pimenta, amêndoa, gengi-

TESOUROS A DESCOBRIREm cima, a Queda do Vigárioem Alte; em baixo, a padaria epastelaria, Pão do Rogil

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COMIDA Vila Vita Biergarten,uma cervejaria tipicamentealemã, onde as salsichas sãoas rainhas da ementa

bre ou mel. A casa foi inaugurada em 1963 pelos pais de Anabela Claro,

a atual patroa, que ficou com o negócio quando regressou de Lisboa, há

cerca de 20 anos, e apostou na reinvenção das receitas tradicionais.

Após as emoções fortes do dia anterior e já com Marta estacionada

numa falésia sobranceira à Praia de Odeceixe, o resto do dia foi passadoa preguiçar ao 501...

ODECEIXE -»VILA DO BISPOMais uma vez, com o nascer do sol a funcionar como despertador,saímos manhã bem cedo para um périplo pelas praias da Costa

Vicentina: Monte Clérigo, Arrifana, Bordeira e Ponta Ruiva, onde a pran-cha de surf, até então pouco mais que um empecilho, numa cada vez mais

caótica Marta, entrou finalmente em ação. O jantar estava marcado para o

restaurante Eira do Mel (Estrada do Castelejo, Vila do Bispo.T. 282 639 016), onde nessa noite o chef José Pinheiro nos presenteou,numa refeição privada para amigos, com uma caldeirada de cabeça de

pargo. E foi à sua mesa que conhecemos Zé Gabriel, um empresário da

construção que nos convidou para ir, nessa mesma noite, à sua destilaria

particular, beber um copo de medronho caseiro. «Comprei o alambique há

um ano», diz, enquanto nos mostra o medronho a fermentar. «15 quilosde fruto dá para um litro e meio de aguardente», explica. A destilaria é, na

verdade, muito mais que isso, como compreendemos ao ver uma enorme

mesa corrida e uma cozinha equipada com um fogão industrial. «Gosto de

me juntar aqui com os meus amigos. Cada um cozinha o que sabe e pas-samos aqui uns bons momentos, a comer, a beber e a conversar», revela.

Com os brindes de medronho a sucederem-se a bom ritmo, aceitámos de

bom grado o convite para pernoitar na destilaria, que afinal também tinha

quartos e um parque de estacionamento privado para a Marta...

VILA DO BISPO-» ALBUFEIRADevido à noitada do dia anterior, a

partida de Vila do Bispo é um pouco maistardia que o habitual. Após o pequeno al-

moço, tomado, lentamente, numa espla-nada junto ao mercado da vila, a viagem

pela movimentada Estrada Nacional 125

revela-se um choque, depois de uma se-

mana a conduzir por estradas secundárias.

Habituados que estávamos ao sossego da

serra e das praias quase desertas, passamos

por Lagos, Alvor e Portimão sem parar. Fa-

zemos apenas uma paragem, para almo-

çar, em Porches, no novo Vila Vita Bier-

garten (EN I2S, Porches. T. 282 381 177),

uma cervejaria tipicamente alemã, onde as

salsichas são as rainhas da ementa. Feitas

no local, com carne vinda da Herdade dos

Grous, no Alentejo, que também pertenceao grupo hoteleiro Vila Vita. O responsá-vel pelo fabrico das salsichas é Thomas, um

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EM PAZ Em cima, vista sobre a praia da Arrifana; em baixo, um prado nos arredores de Odeceixe; à esquerda, a praia da Carrapateira

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CONTRASTES Em cima, Praia da Ponta Ruiva; em baixo à esquerda, o restaurante Vila Joya,este ano eleito um dos cinquenta melhores do mundo; em baixo à direita, os famosos percebes da Costa Vicentina

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BEBIDA Uma destilaria demedronho privada, algures emVila do Bispo

mestre alemão, natural de Estugarda,com 40 anos de experiência nas artesda salsicharia. «Peço desculpa, mas

vocês, portugueses, são muito bons afazer chouriços e presuntos, mas de

salsichas e mortadelas não percebemnada», atira com humor, enquanto nosmostra a fábrica, que funciona paredesmeias com o restaurante e o talho ondeé vendida toda a sua produção. «Temos80 qualidades de produtos, entre os

quais 10 mortadelas diferentes», su-

blinha, enquanto nos oferece um saco

com diferentes tipos de salsichas.

Seria uma boa opção para o jantar,mas os planos, hoje, eram outros e não

passavam por mais uma refeição confecionada no já familiar fogão de Mar-ta, mas sim à mesa do restaurante Vila Joya (Praia da Galé, Albufeira.T. 289 591 795) - para além de ostentar duas estrelas Michelin, foi recente-mente eleito o 45.8 melhor restaurante do mundo, num feito histórico paraa restauração nacional, que nunca antes tinha tido um representante na lis-

ta do Worlds 50 Best Restaurants. O que ajudará a explicar os meses de es-

pera, por vezes necessários, para se conseguir uma reserva. Muito mais queuma refeição de luxo, comer no Vila Joya é uma experiência inesquecível: os

pratos variam não só consoante os ingredientes do dia, mas também confor-

me a disposição do cAefaustríaco Dieter Koschina. Esta noite, a ementa in-cluía «Lavagante do Atlântico com couve de flor e espuma de batata», «Sal-monete em molho de açafrão com passepierre», «Caldeirada de bacalhau

confitado», «Peito de codorniz fumado com aipo, fígado salteado e uvas»,«Tafelspitz de vitela com risoto de rábano picante e beterraba» e sobremesade «Chocolate, pistachio e canela». Quanto à chegada de Marta ao exclusivo

hotel Vila Joya, foi, no mínimo, gloriosa, fazendo-se anunciar a todos com o

ronco tão característico das «pão de forma»... E

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