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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
ALBERTO SOARES CARVALHOIGOR CARLOS TEIXEIRA FEITOZA
ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ENTORNO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PRATAGY, MACEIÓ/AL
MACEIÓ-ALAGOAS2019/1
ALBERTO SOARES CARVALHOIGOR CARLOS TEIXEIRA FEITOZA
ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ENTORNO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PRATAGY, MACEIÓ/AL
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Cesmac, sob a orientação da professora Ma. Marianny Monteiro Pereira De Lira.
MACEIÓ-ALAGOAS2019/1
AGRADECIMENTOS
Nós agradecemos a Deus por nos ter dado condições de alcançamos todos os nossos objetivos pretendidos.
Às nossas famílias por todos os ensinamentos de vida, por nos incentivar e apoiar nos nossos desafios.
À nossa Orientadora Prof.ª Ma. Marianny Moreira Pereira de Silva, à quem tanto admiramos e respeitamos por ser uma pessoa de grande coração, obrigado por todo o seu apoio, ensinamento e disposição durante nossa trajetória e por todos os seus ensinamentos que levaremos durante toda a vida.
À nossa Prof.ª Dr. Daysy Lira Oliveira Cavalcanti, pelos ensinamentos, incentivos em momentos difíceis e apoio durante toda a nossa jornada.
Às nossas amigas Thais Lages, Samires Lima e Samara Thaís, que sempre estiveram ao nosso lado em todos os momentos, sempre nos apoiando e incentivando a continuarmos em frente.
E a todos os membros do Centro Universitário CESMAC pelo suporte e atenção que nos foi proporcionado durante toda a graduação.
Aos professores do Centro Universitário CESMAC a quem devemos grande parte do valoroso aprendizado e do apoio que obtivemos durante a nossa formação acadêmica ao longo do curso.
Ao Comitê da SEMARH por toda presteza na assistência dada nas pesquisas em campo e informações disponibilizadas.
À todas as pessoas e a instituição que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento desta pesquisa, nossa eterna gratidão.
LISTA DE SIGLAS
APP Área de Preservação PermanenteIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaSIG Sistemas de Informações GeográficasUSGSha
Science for Changing WorldHectares
INPE Instituto de Pesquisas EspeciaisSEMARH Secretária de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos HídricosCASAL Companhia de Saneamento de Alagoas APA Área de Preservação Ambiental CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Reunião com a (SEMARH)Figura 02 – Fluxograma das Etapas de Delimitação Figura 03 – Mata Atlântica no entorno do rio do Pratagy.Figura 04 – Foz do rio do Pratagy.Figura 05 – Reunião na SEMARHFigura 06 – Mapa do Uso e Ocupação o entorno da Bacia Hidrográfica do Rio Pratagy.Figura 07 – Ocupação urbana no entorno da bacia do PratagyFigura 08 – Mapa Temático da APP da bacia hidrográfica do rio PratagyFigura 09 – Mapa Temático da APA do Pratagy Figura 10 – Resíduos depositados no rio PratagyFigura 11 – Coleta de resíduos na foz do rio Pratagy
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Área Total das classes na delimitação da baciaQuadro 02 – Área da APP
ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ENTORNO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PRATAGY, MACEIÓ/AL
ANALYSIS OF THE USE AND OCCUPATION OF THE SOIL IN THE VICINITY OF THE PRATAGY RIVER BASIN, MACEIÓ/AL
Alberto Soares CarvalhoGraduando do Curso de Engenharia Civil
[email protected] Carlos Teixeira Feitoza
Graduando do Curso de Engenharia [email protected]
Marianny Monteiro Pereira De LiraMestra em Engenharia Civil
[email protected] Rio Pratagy abastece diversos bairros da cidade de Maceió, capital do Estado de Alagoas.
No estudo se mostrou o atual uso e ocupação do solo e a cobertura vegetal no entorno da
bacia estudada, bem como alguns conflitos existentes, além da identificação de quatro classes
distintas do uso e ocupações na Área de Preservação Permanente (APP). Os procedimentos
metodológicos aplicados foram de levantamentos bibliográfico e cartográfico. A elaboração do
mapa-base foi realizada a partir do levantamento de dados obtidos através da carta topográfica
do IBGE e do mapeamento realizado durante a execução deste trabalho. Constatou-se que o
desmatamento na área está se agravando cada vez mais. O cultivo da cana-de-açúcar é
realizado por toda a extensão da APA. A pecuária é praticada de forma intensiva, impactando
diretamente o solo que é cercada por canaviais. Em relação à compreensão ambiental dos
moradores do bairro do Benedito Bentes e das regiões adjacentes ao rio é de pouca
conscientização em relação ao grau de degradação que estão causando, além do desperdício
de recursos naturais.Uma possível solução seria a integração da população em um plano de
gestão ambiental para que seja feito um trabalho de conscientização ambiental.
PALAVRAS-CHAVE: Rio Pratagy, Uso do solo, Impacto ambiental, Degradação do solo
ABSTRACTThe Pratagy river supplies several districts of the city of Maceió, capital of the State of Alagoas. The
study showed the current use and occupation of the soil and the vegetation cover around the studied
basin, as well as some existing conflicts, besides the identification of four distinct classes of use and
occupations in the Permanent Preservation Area (APP). The methodological procedures applied were
bibliographical and cartographic surveys. The elaboration of the base map was carried out from the
data collection obtained through the topographic map of IBGE and the mapping carried out during the
execution of this work. It was found that deforestation in the area is worsening more and more. The
cultivation of sugarcane is carried out through the entire extension of the APA. Livestock farming is
practiced intensively, directly impacting the soil that is surrounded by cane fields. In relation to the
environmental understanding of the residents of the neighborhood of Benedito Bentes and the regions
adjacent to the river is little awareness of the degree of degradation they are causing, as well as the
waste of natural resources. One possible solution would be to integrate the population into a plan of
environmental management to carry out environmental awareness work.
KEY WORDS: Pratagy River, Land use, Environmental impact, Soil degradation
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 91.1 Considerações iniciais........................................................................................ 9 1.2 Objetivos ............................................................................................................. 111.2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 111.2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 112 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................... . 122.1 Uso e ocupação do solo no entorno de cursos d´águas................................. 122.2 Planejamento ambiental..................................................................................... 142.2.1 Zoneamento ambiental...................................................................................... . 172.2.2 Áreas legalmente protegidas............................................................................. . 182.2.3 Planos diretores................................................................................................. . 152.3 Base legal e institucional................................................................................... . 222.3.1 Código florestal.................................................................................................. . 252.3.2 Resolução CONAMA......................................................................................... . 272.3.3 Política nacional de recursos hídricos................................................................. 282.4 Sistema de informações geográficas................................................................. 323 METODOLOGIA ..................................................................................................... 353.1 Caracterização dos aspectos socioambientais .............................................. 353.2 Mapeamento do uso e ocupação do solo ........................................................ 363.3 Identificação dos conflitos socioambientais existentes ................................. 384 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................. 394.1 Caracterização dos aspectos socioambientais da área ................................. 394.2 Mapeamento do uso e ocupação atual do solo no entorno da bacia............. 424.3 Conflitos socioambientais existentes............................................................... 454.4 Diretrizes para um adequado planejamento da área........................................ 505. CONCLUSÃO......................................................................................................... 51REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 52
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1 INTRODUÇÃO1.1 Considerações iniciais
Segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) o levantamento do uso e
ocupação do solo tem como objetivo a coleta de informações sobre o nível de
preservação e conservação de um lugar específico do globo terrestre. A importância
desse levantamento é de grande relevância na distinção do ambiente e na
identificação de fontes alteradoras deste meio (BRASIL, 2015).
De toda água existente no planeta, apenas 1% corresponde à águas
suscetíveis a serem utilizadas pelos seres humanos. A disponibilidade de água é
controlada pelo ciclo hidrológico e pela pluviosidade que corresponde a água que cai
sobre a superfície da terra. A água adequada para consumo humano é um recurso
escasso, porém suficiente para atender todas as necessidades diárias. Contudo, o
problema da escassez está ligado com a desigualdade da distribuição das chuvas
entre as regiões, o aumento do consumo de água, principalmente nos sistemas
produtivos, à poluição e a contaminação dos recursos naturais (SERHID, 1999).
A grande desigualdade na disponibilidade das águas no Brasil em relação as
suas regiões é de aproximadamente 68,5% dos seus recursos hídricos. A maior
concentração de água potável do país está localizada na região Norte, na qual
habitam cerca de 7% da população brasileira e a utilização inadequada desse
recurso indica uma situação de escassez em determinados locais (MELO, 2011).
Com o crescimento desordenado das cidades a necessidades por mais
espaços urbanos vem aumentando, seja para preencher a necessidade de
moradias, gerando impermeabilização do solo, lançamento de esgotos industriais e
domésticos nos rios e lagos, promovendo uma deterioração da qualidade da água,
com risco de propagação de doenças ou para execução de atividades de
desmatamentos, queimadas, práticas agrícolas causando a deterioração do
ambiente. Isso influencia na qualidade de vida da população, pois uma vez que
ocorre inúmeros problemas ambientais, incluindo a alteração do sistema da bacia
hidrográfica (CNUMAD,1992).
A qualidade da água é o resultado da junção de fatores geomórficos,
climáticos, hidrológicos e biológicos, sendo o tipo de uso e manejo do solo
determinante. A bacia hidrográfica é definida como o conjunto de terras limitas por
divisores de águas contendo uma rede de drenagem da água para um único ponto
denominado exutório. O sistema de drenagem da bacia é composto de nascentes
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dos cursos de água, principais e secundários, denominados afluentes e subafluentes
(TARGA et al., 2012; WATRIN; GERHARD; MACIEL, 2009).
As áreas do entorno de cursos d’água e reservatórios possuem uma particular
importância para a manutenção da quantidade e qualidade da água, devendo ser
cobertas por vegetação natural e consideradas Área de Preservação Permanente
(APP) conforme o Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2012).
Para Campos (2010) é de fundamental importância identificar e mapear o uso
da terra, bem como as atividades desenvolvidas, a fim de gerar subsídios para a
análise da dinâmica socioambiental na bacia, visando identificar e quantificar os
impactos gerados e suas consequências para bem-estar da população. Os estudos
de mapeamento do uso e ocupação do solo exercem também influência significativa
sobre os recursos hídricos, uma vez que, entre outros problemas, apontam o aporte
de sedimentos no leito dos mananciais, o que altera a quantidade e sobretudo a
disponibilidade da água no solo (ASSIS et al, 2014).
Na produção do mapa de uso e cobertura do solo, o sensoriamento remoto e
geoprocessamento desempenhou um papel fundamental, com o emprego de
técnicas de classificação digital de imagens de satélite que se dá por meio dos
Sistemas de Informações Geográficas (SIG), que se configuram em ferramentas
capazes de fornecer informações sobre a superfície da Terra, contribuindo para o
monitoramento de áreas em diferentes escalas de mapeamento, tanto em nível
local, como regional e global.
A área de estudo escolhida foi a bacia hidrográfica do Pratagy, que está
localizada no município de Maceió, Rio Largo e Messias, na região semiárida do
Nordeste brasileiro no estado de Alagoas. A sua bacia hidráulica cobre uma área de
13.369,5 ha que tem como o principal afluente o Rio Messias, conhecido como Rio
do Meio. A nascente do Pratagy está localizada no município de Messias. A
ausência de mata ciliar que foi substituída pela cultura de cana-de-açúcar é um
ponto negativo, porém ainda existem grandes áreas preservadas de Mata Atlântica
que podem ser encontradas nas bordas do tabuleiro. Próximo à foz do Rio Pratagy,
além disso, ela está inserida no perímetro urbano e com isso aumenta a poluição no
seu entorno e o desmatamento devido a construção ribeirinha.
11
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar o uso e ocupação do solo no entorno da bacia hidrográfica do rio
Pratagy, Alagoas, visando um adequado planejamento ambiental e gerenciamento
dos recursos hídricos nesta área.
1.2.2 Objetivos Específicos
- Caracterizar os aspectos socioambientais da área de estudo;
- Mapear o uso e ocupação atual do solo no entorno da bacia em estudo;
- Identificar os conflitos socioambientais existentes;
- Propor diretrizes para um adequado planejamento da área
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2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
Neste capítulo é apresentada a revisão bibliográfica consultada para subsidiar
o desenvolvimento da pesquisa, apresentando as definições e embasamentos do
planejamento ambiental e da análise ambiental integrada assim como seus
instrumentos e base legal e institucional, e são explanados os aspectos do uso e
ocupação do solo no entorno de reservatórios.
2.1 Uso e ocupação do solo no entorno de corpos d’águas
O levantamento do uso e ocupação do solo é de grande utilidade para o
conhecimento atualizado da região em estudo, constituindo importante ferramenta
de planejamento e de orientação à tomada de decisão, consiste também em mapear
e avaliar qualitativamente e quantitativamente tudo que existe sobre a terra em
estudo. Através deste tipo de levantamento pode-se identificar a degradação
causada ao meio ambiente pelo uso impróprio das terras, as erosões, perda de solo
agrícola, assoreamento de cursos d’água e inundações são algumas das
consequências do mau uso das terras (SOUSA, 2006).
O uso da água é conhecido, desde tempos antigos, como o meio mais
apropriado para limpeza, dispersão, transporte e disposição de resíduos
(domésticos, industriais, drenagem de minas). Cada vez que ocorre o uso da água,
incluindo captação e descarga de resíduos, gera um impacto específico e
normalmente esperado, sobre a qualidade dos corpos hídricos. Porém, além destas
aplicações propositadas, existem outras atividades humanas que têm efeitos
disfarçados e malquistos, se não devastadores, sobre o ambiente aquático. Alguns
exemplos são o uso sem controle do solo, desmatamento, despejos acidentais (ou
não autorizados) de produtos químicos, descarga de efluentes sem tratamento ou
escorrimento de líquidos tóxicos de depósitos de resíduos sólidos. Igualmente, o uso
demasiado e descontrolado de fertilizantes e agrotóxicos tem efeito a longo prazo
sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos (MEYBECK; HELMER, 1992).
De acordo com Leite et al. (2011). Nas últimas décadas a humanidade tem
ficado apreensivo em relação aos problemas ambientais ocasionados pela
exploração não sustentável dos recursos naturais. Segundo Philippi et al. (2004). O
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grande agente transformador do ambiente natural é o homem, pois há pelo menos
12 milênios este vem promovendo mudanças e ajustamentos na paisagem natural,
causando permutações climáticas, geográficas e topográficas.
De acordo com Dias (2005), visto que o homem não tem usado sua
habilidade para manusear a terra com sabedoria e cautelas necessárias,
provocando a degradação do meio, proporcionado um cenário de desequilíbrio
ambiental, em virtude do aumento desordenado dos grandes centros urbanos, o
desmatamento de florestas, decomposição dos solos e um manuseamento impróprio
das terras agrícolas.
A unidade de definição, diagnóstico, planejamento e gestão ambiental, para o
desenvolvimento regional sustentável, deve ser a bacia hidrográfica (BRASIL, 1997),
pois nesta os impactos ambientais podem ser analisados e alinhados com mais
facilidade dentro do seu limite. A bacia hidrográfica ou bacia de drenagem pode ser
entendida como uma área da superfície da terra drenada por um rio principal e seus
tributários sendo limitada pelos divisores d’água (BOTELHO, 2004).
Os córregos e rios que formam uma bacia hidrográfica são ecossistemas
abertos que importam e exportam nutrientes, energia e água. A definição de
ecossistema aberto acarreta que os cursos d’água estão sujeitos a consequências
rápidas e grosseiras ocasionadas pela transformação do uso do solo, como
urbanização e agricultura intensiva (KARR; DUDLEY, 1981).
A ocupação do solo envolve-se diretamente nos recursos hídricos bem como
da sua administração, pois o uso de maneira mal executada pode gerar processos
erosivos, compactação, aumento da salinidade do solo e consequentemente o
assoreamento de corpos de água e perdas em termos qualitativos e quantitativos.
Portanto, Santos (2004) relata que a bacia hidrográfica é a melhor unidade territorial
de investigação, pesquisa e planejamento, devido à possibilidade de observação de
fenômenos naturais ou antrópicos que transmite diretamente seus resultados em
determinado limite visível da paisagem.
O crescimento da ocupação urbana tem como consequência os vários
impactos a bacia, além da remoção da vegetação para dar lugar à expansão da área
estabelecida, tem-se a poluição dos rios com o lixo lançado pela população que
habita próximo às margens do rio e pela contaminação das águas com os esgotos
domésticos, industriais, clandestinos e os lançados pela estação de tratamento da
companhia de saneamento responsável pelo esgoto (SILVA, 2007).
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Os impactos de uso e ocupação do solo causados em reservatórios estão
relacionados com a ocupação urbana e rural e seu entorno, com a retração da
vegetação, com as atividades industriais e agrícolas, entre outras. No contexto dos
recursos hídricos, o impacto no decorrer da alteração do uso e ocupação do solo
pode refletir em todos os componentes do ciclo hidrológico, como no escoamento
superficial, na recarga dos aquíferos, na qualidade da água e no transporte de
sedimentos (SILVA, 2007).
De acordo com Guerra e Cunha (1999) o uso e a ocupação desorganizada do
solo em bacias hidrográficas podem incentivar ocupações que vão desde o uso
agrícola das terras, até o processo de urbanização. Por isso gradativamente se
engloba ao planejamento ambiental o uso de instrumental que descomplique a
visualização e a repartição dos componentes físicos de uma dada área e o seu elo
com os demais componentes, facilitando uma visão adaptada que facilite identificar
a sua potencialidade e fraqueza ambiental.
Os distintos usos da terra em bacias hidrográficas podem causar processos
únicos de desgaste dos solos, principalmente quando adicionados com o tipo de
rocha predominante, com o grau de declividade do terreno e tipo de solo, sem
esquecer os fatores climáticos, principalmente as chuvas que, em conformidade de
sua quantidade e intensidade, geram problemas com difíceis soluções, como as
erosões, assoreamento de mananciais e enchentes (SOUSA, 2006).
2.2 Planejamento ambiental
O planejamento ambiental é processo de extrema importância para os centros
urbanos modernos, contribuindo na ocupação coerente e no equilíbrio ambiental.
Não deveria ser desvinculado das políticas de desenvolvimento, pois está
diretamente ligada à qualidade de vida (LEÃO; CARMO; PISSUTTI; RUIZ, 2015).
Com a eficácia do uso demasiado da exploração dos recursos naturais, surge
a necessidade de um planejamento ambiental. Esse planejamento tem como
objetivo a organização e limitação do uso da terra, consistindo na adaptação de
ações relacionadas às potencialidades, vocações e capacidade, tendo em vista o
desenvolvimento harmônico da região juntamente com a manutenção/proteção
ambiental, oferecendo mais qualidade de vida à sociedade (SANTOS, 2004).
Franco (2001) relata que o planejamento ambiental deve começar das bases
naturais para a sustentação da vida e das suas relações ecossistêmicas em um
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determinado território. Logo, o planejamento ambiental, deveria ter como objetivo à
diminuição dos gastos de energia que os sustenta, o seu grau de entropia, assim
como os riscos e impactos ambientais, sem danificar ou restringir outros seres da
cadeia ecologicamente da qual o homem faz parte, mantendo a biodiversidade dos
ecossistemas.
O equilíbrio ambiental está diretamente relacionado à qualidade de vida, e,
averiguando tal equilíbrio, o planejamento urbano é necessário, com revisão de suas
definições, com inclusão real da questão ambiental, por meio do um planejamento
considerado ambiental (CANEPA, 2007).
No quesito de desperdício de água, cerca de 50% são desperdiçadas no
Brasil e o pior é que essa água regressa aos mananciais após a utilização, sem
tratamento e, mais uma vez, retorna a nós para consumo em seguida vários
tratamentos com custos elevadíssimos (CANEPA, 2007). Nas escolas públicas
brasileiras o consumo de água, principalmente em banheiros, tratamento dos
alimentos e para beber, é bem considerável e está água muitas vezes é
desperdiçada ou utilizada de maneira errada.
O planejamento ambiental deve ser observado de forma abrangente, como
processos de definições e decisões, aplicável a vários tipos e níveis de atividade
humana, por meio de atitudes contínuas voltadas a assessora a tomada de decisões
para a resolução de objetivos específicos, ou seja, “é a aplicação racional do
conhecimento do homem ao processo e tomada de decisões para conseguir uma
ótima utilização dos recursos, a fim de obter o máximo de benefícios para a
coletividade” (ALMEIDA et al., 1999).
Albano (2013) informa que o planejamento ambiental é o elemento primordial
para a evolução econômica e social voltada a melhor execução de gestão de uma
unidade territorial, cujas fases de inventário e de diagnóstico resultam-se no curso
para o entendimento das potencialidades e das fragilidades da área. Assim, o
planejamento ambiental é a base para o desenvolvimento sustentável,
compreendido como a maneira possível para a qualidade de vida da população,
principalmente para os países periféricos e subdesenvolvidos, ou a única
possibilidade de sobrevivência para a humanidade (ASSIS, 2000 citado por
MORENO, 2002).
Acselrad et al. (2001, citado por MORENO, 2002) afirmam que “a execução
da noção de sustentabilidade ao debate sobre o desenvolvimento das cidades
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estampa um duplo movimento de ambientalização das políticas urbanas e de
introdução das questões urbanas no debate ambiental”.
Para Canepa (2007), o conceito de desenvolvimento sustentável abrange
várias dimensões, incluindo a ambiental, a social, a econômica e a temporal dos
processos urbanos, podendo surgir isoladamente ou de forma dinâmica. Ou seja, a
definição de desenvolvimento sustentável sugere “uma harmonização entre o
desenvolvimento socioeconômico com a conservação do meio ambiente, com
destaque na preservação dos ecossistemas naturais e na diversidade genética.
As metodologias empregadas no planejamento e gestão ambientais são de
grande utilidade quando se almeja alcançar uma estabilidade entre o equilíbrio
ecológico e o desenvolvimento humano. Tais metodologias de planificação utilizadas
nos trabalhos e propostas de planejamento diferem caso a caso conforme os tipos
de território a serem considerados, e o objetivo a ser alcançado (CENDRERO,
1988).
Um conceito que pode ser explorado no intuito de se chegar a um adequado
diagnóstico do ambiente vem a ser a capacidade de suporte do mesmo, ou antes, a
interpretação dada por Rees; Wackernagel (1994) para a mesma: capacidade de
suporte apropriada, ou “pegadas ecológicas”.
Ecologistas definem capacidade de suporte, como a população de uma dada
espécie, que pode ser suportada por um habitat definido, sem prejuízo permanente
ao ecossistema sobre o qual é dependente. Rees; Wackernagel (1994) introduzem a
definição de “capacidade de suporte humana” que, segundo os autores, vem a ser a
taxa de consumo, que pode ser sustentada indefinidamente sem prejudicar
progressivamente a integridade funcional produtiva dos ecossistemas.
Para estes autores, a capacidade de suporte apropriada (o conceito de
pegadas ecológicas) conduz a um valor de uma determinada área, o qual é
necessário para manter os serviços humanos e naturais de uma comunidade. As
estimativas dos autores quanto à quantidade de terra / água que é requerida para
produzir os recursos de consumo de uma dada população regional, representam a
pegada ecológica, e promovem uma medida física de demanda de capital natural.
O método da "Pegada ecológica" mostra que a percepção comum das
cidades, como locais geográficos específicos, é ilusória. Áreas urbanas podem
sobreviver somente se esta, conta com provisões de recursos de baixa entropia e
com capacidade de absorver os gastos excedentes, produzidos em qualquer lugar
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Overby (1985). Em sumo, as estimativas dos autores quanto à quantidade de terra /
água que é requerida para produzir os recursos de consumo de uma dada
população regional, representam a "Pegada Ecológica".
2.2.1 Zoneamento ambiental
Zoneamento, nas palavras de Meirelles (2006), consiste na distribuição da cidade
e das áreas urbanizáveis segundo sua precípua destinação de uso e ocupação do
solo. Segundo Silva (2009), relaciona-se de um procedimento urbanístico que tem
por objetivo equilibrar o uso da propriedade do solo e dos edifícios em áreas
homogêneas no interesse coletivo do bem-estar da população.
O zoneamento é um instrumento pelo qual o governo ajuda na utilização dos
espaços geográficos e no domínio econômico, organizando a vinculação espaço-
produção, motivando e contendo condutas (ANTUNES, 2009). Vale ressaltar que os
usos necessários são de interesse essencialmente locais, senso de competência
municipal.
Segundo Milaré (2004), o zoneamento ambiental está voltado para as bases
de sustentação das atividades humanas que precisam de espaços naturais de
impressão social para utilização de seus recursos (de interesse coletivo) e o
desenvolvimento das atividades econômicas. Como se atenta, este instrumento não
aconselha a conservação do meio ambiente, mas sua preservação levando em
conta as necessidades da população e o próprio desenvolvimento econômico.
O mesmo autor ainda afirma que tratar de um resultado de estudos
conduzidos para o conhecimento sistematizado de características, fragilidades e
potencialidades do meio, a partir de aspectos ambientais escolhidos em determinado
espaço. Em outras palavras, o Zoneamento é fruto de um estudo técnico que irá
criar um cenário dominando todas as características ambientais do meio a ser
explorado, o que proporciona maior poder de decisão aos administradores
municipais.
O zoneamento deve respeitar o disposto na legislação ambiental, uma vez
que acorrenta todas as atividades aplicadas na região de sua incidência, o que
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importuna na inadmissibilidade de ali serem exercidas atividades contrárias a elas,
conforme salienta (CAMARGOS, 2006).
O Zoneamento Ambiental foi exaltado como instrumento de suporte a decisão
pela Política Nacional do Meio Ambiente, há mais de vinte anos. Sendo radical na
análise dos institutos jurídicos atuais, poder-se-ia afirmar que este instrumento não
se encontraria regularizado, todavia, a maior parte de doutrina ligada a regularização
do Zoneamento, que deu ênfase à expressão Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE).
O ZEE, para melhor conhecimento, seria uma espécie de instrumento
mediador do conflito entre o desenvolvimento econômico e a defesa do meio
ambiente, estando, portanto, fundamental para a coordenação territorial da atividade
econômica. Isso só é possível porque, a partir dele, se consegue alcançar a um
cenário territorial ótimo, onde há exploração racional dos recursos naturais (SILVA,
2010).
Segundo Santos (2004), é indispensável para a seleção e classificação das
zonas (ou unidades de zoneamento) o entendimento sobre a área de estudo, pois a
compartimentação destas ocorre a partir do estudo das características da área.
Desta maneira, para cada unidade de zoneamento serão determinados objetivos e
critérios a serem analisados, conceituando então normas, atividades que poderão
ser desenvolvidas e a preservação do meio. Assim, cada unidade de zoneamento
mostrará características únicas, distinguindo-se umas das outras, apesar de estarem
associadas entre si.
Nas palavras de Camargos (2006) o zoneamento ambiental é produto de um
planejamento difícil que deve sempre ser pensado a partir da análise antecipada e
minuciosa, produzido por equipe técnica e habilitada, das características ambientais
e socioeconômicas da região a ser zoneada. O zoneamento ambiental ao decretar
tais limitações configura o direito de propriedade e o direito de seu uso,
conformando-os com a colocação social da propriedade.
Do ponto de vista de informações sobre o meio ambiente, o Zoneamento
Ambiental engloba o máximo possível, tanto a nível macro, quanto a nível
microrregional. É neste ponto que habita a complexidade deste instrumento, pois é
preciso ter conhecimento da distribuição geográfica da biodiversidade, do
ecossistema, dos recursos hídricos, dos recursos minerais, dentre outros, que são
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essenciais para a tomada de decisão sobre a localização das atividades econômicas
dentro do município (SILVA, 2010).
Para Santos (2004) o planejamento ambiental pode ser compreendido como o
planejamento de uma região, visando integrar informações, diagnosticar ambientes,
antecipar ações e normatizar seu uso através de uma linha ética de
desenvolvimento.
2.2.2 Áreas legalmente protegidas
Há muito começou a ser utilizada a expressão “área de preservação
permanente”. E o uso tem sua razão, pois é um espaço territorial em que a floresta
ou a vegetação devem estar presentes. A ideia da permanência não está vinculada
só à floresta, mas também ao solo, no qual ela está ou deve estar inserida e a (micro
e macrofauna). Se a floresta perecer ou for retirada, nem por isso a área perderá
sua normal vocação florestal, deverá ser mantida em sua integridade sendo vedada
qualquer exploração econômica, cobertas ou não por vegetação nativa. A vegetação
nativa ou não, e a própria área são objeto de preservação não só por si mesmas,
mas pelas suas funções protetoras das águas, do solo (MACHADO 2008).
As APPs (Áreas de Preservação Permanente), nas quais a vegetação nativa,
seja pela sua função protetora, seja por sua relevância ecológica, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade e o fluxo gênico de flora e fauna; proteger o solo; e assegurar o bem-
estar das populações humanas (BRASIL, 1965).
O Brasil é reconhecido como o país de maior diversidade biológicas do
planeta e, apesar de possuir um número exorbitante de Unidades de
Conservação (UC), não tem alcançado proteger todo o patrimônio natural do
qual ainda possui.
As Áreas de Proteção Ambiental (APAs) fazem parte das UCs de uso
sustentável, que correspondem à categoria V da International Union for
Conservation of Nature (IUCN), que é considerada a categoria de manejo que sofre
maior modificação das condições naturais (PHILLIPS, 2002), pois tem sua maior
extensão territorial em propriedades privadas. Neste contexto, as APAs merecem
especial atenção devido ao alto grau de interferência por meio das atividades
antrópicas nos recursos naturais, pois o que as difere das áreas não protegidas são
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o estabelecimento do plano de manejo e a gestão da área. Portanto, as APAs sem
gestão e sem plano de manejo dificilmente cumprirão com a função de uma UC.
Atualmente, existem 245 APAs (Federais e Estaduais) deste total apenas 45
(18%) tem planos de manejo (BRASIL, 2013). O fato mais preocupante não é
somente a baixa porcentagem de UC com planos de manejo, mas a falta de
efetividade dos planos existentes, onde a situação atual dos mesmos é conhecida
pelos casos de insucessos, como destacado pelos autores Cases (2012),
Dourojeanni (2003) e Mello (2008). A principal crítica aos planos de manejo,
ressaltada por estes autores está relacionada à complexidade do documento,
sendo muito extenso, dependendo de alto investimento, com tempo elevado para
elaboração e o produto final é fora da realidade de implementação.
O meio ambiente é constituído por recursos naturais finitos e, cada vez mais
escassos. A degradação ambiental origina-se nas próprias ações do ser humano,
tendo em vista ser este, o maior poluidor e maior transformador do meio ambiente.
Leff (2001, p. 17) diz em sua obra Saber Ambiental, que “[...] a degradação ambiental se manifesta como sintoma de uma
crise de civilização, marcada pelo modelo de modernidade regido
pelo predomínio do desenvolvimento da razão tecnológica sobre a
organização da natureza”.
E nos casos das áreas de preservação permanente, não é diferente, pois na
própria definição, fica claro que são locais que devem ser protegidos
permanentemente, o que na maioria das vezes não ocorre, tendo em vista que o
homem preocupa-se somente com seu desenvolvimento econômico.
Embora o Brasil possua uma legislação ambiental considerada como uma das
mais bem projetadas do mundo, esta mesma legislação mostra falhas em sua
implementação, pelo fato da grande abrangência territorial do país, dados escassos
ou informações atrasadas, falha no monitoramento contínuo destas áreas, falta de
exercícios de educação ambiental, o que torna a legislação devagar e pouco
praticada. Nos dias atuais, as APPs estão sujeitas a grandes extensões de
degradação, exercidas também pelas pressões antrópicas sobre o ambiente. Assim,
analisa-se um processo de transformação das áreas com cobertura florestal em
fragmentos florestais, causando problemas ambientais e, em muitos casos,
influenciando a disponibilidade de recursos naturais (PELUZIO et al., 2010).
21
Atualmente, uma questão extremamente importante é como conciliar as
atividades produtivas, que garantam melhores condições de vida e trabalho
para as populações, e conservação ambiental, segundo Bressan (1996),
principalmente em um momento da história em que não há outra alternativa
para a humanidade senão a sustentabilidade de suas ações.
2.2.3 Planos diretores
Seria um plano que, desde de uma análise científica da veracidade física,
social, econômica, política e administrativa da cidade, do município e de sua região,
exibiria um conjunto de propostas para o futuro desenvolvimento socioeconômico e
futura organização espacial das aplicações do solo urbano, das redes de infra-
estrutura e de elementos fundamentais da estrutura urbana, para a cidade e para o
município, propostas estas definidas para curto, médio e longo prazos, e aprovadas
por lei municipal (VILLAÇA, 1999, p. 238)
O governo municipal ocupa um lugar central, devendo garantir a gestão
democrática do Plano, desde seu processo de produção até o de implementação,
sendo que sua aprovação se dá pela Câmara Municipal. O maior desafio deste
processo é a combinação das dimensões técnica e política, o que remete à
necessidade de se conceber um formato de gestão que as integre. Atendendo à
obrigatoriedade legal, após 2001, mais de 1.700 municípios, entre um total de
5.562, iniciaram um processo de debate em grande escala no país, envolvendo a
participação de uma diversidade de segmentos sociais, visando a elaboração e
implementação de seus Planos Diretores (LACERDA et al, 2005).
Segundo Carneiro et al (2008), alguns dos instrumentos como o Plano
Diretor tem como o controle o uso e ocupação do solo, são ferramentas
fundamentais para o desenvolvimento urbano em bases mais sustentáveis e
deveriam ser utilizados de forma complementar aos instrumentos do Sistema
Nacional de Recursos Hídricos (SINGREH). No entanto, o que se observa no país
é a desarticulação entre esses instrumentos, refletindo uma deslegitimação do
planejamento e da legislação urbanística nas cidades brasileiras, marcados pela
ilegalidade e informalidade da ocupação do solo.
Alvim et al (2008) complementa dizendo que, embora a legislação brasileira
seja considerada avançada no que diz respeito às políticas urbanas, ambientais e
hídricas, elas obedecem à lógicas diferentes e, muitas vezes, conflitantes e o
22
principal desafio é a construção de caminhos que possam viabilizar a permanente
integração entre elas.
Assim, a competência de legislar sobre os recursos hídricos passa a ser
privativa da União e suplementar do Estado e a competência em acompanhar e
fiscalizar sua exploração passa a ser comum entre União, Estados e Municípios.
Deste modo, inicia-se um importante papel para a gestão dos recursos hídricos,
definindo as águas como bens de uso comum e alterando sua dominial idade no
território nacional (PORTO; PORTO, 2008).
A Lei 9.433/97 (BRASIL, 1997), que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH) e definiu o SINGREH, colocou o Brasil entre os países de
legislação mais avançada do mundo no setor de recursos hídricos, ao trazer
avanços significativos e novos paradigmas (PAGNOCCHESCHI, 2003; PORTO;
PORTO, 2008; HESPANHOL, 2008). Para que se efetivem os objetivos da PNRH,
foram propostos seis instrumentos: os Planos de Recursos Hídricos; o
Enquadramento dos corpos de água; a Outorga dos direitos de uso; a Cobrança pelo
uso de recursos hídricos; a Compensação aos municípios e o Sistema de
Informações. Um dos principais instrumentos que articula o Planejamento e a
Gestão dos Recursos Hídricos são os Planos de Recursos Hídricos (ou Planos de
Bacia Hidrográfica).
A aprovação dos Planos se dá pelos Comitês de Bacia, que também devem
seguir a sua execução e opinar as providências relevantes ao cumprimento de suas
finalidades. Ao longo de seu curso, o processo de implementação desses Planos
define algumas conquistas ligadas à extensão da democratização e participação,
mas também mostra muitas dificuldades relativas, acima de tudo, ao
reconhecimento da importância das questões ambientais na definição de suas
metas e ações (PAGNOCCHESCHI, 2003).
De acordo com Porto e Porto (2008), o Plano de Bacia é um instrumento que
aumenta a possibilidade do planejamento tradicional, com auxílio de processos
participativos, abrindo espaços para adição da sociedade civil e de agentes
econômicos em tais processos de negociação. Deste modo, ainda é um grande
desafio adequar os conflitos desses agentes, já que, conforme Ioris (2008), além do
discurso de integração social, o processo de gestão da água ainda retrata de forma
impactante o balanço desigual de poder entre, de um lado, os setores hegemônicos
e, de outro, um universo social espalhado, composto por pequenos usuários de
23
água, os quais enfrentam desafios para defender suas solicitações frente a uma
estrutura, muitas vezes, seletiva e restrita.
2.3 Base legal e institucional
Neste tópico são apresentadas a base legal e institucional relativa aos
sistemas nacional e estadual de recursos hídricos e uso e ocupação do solo
buscando-se identificar os elementos de integração setorial e territorial compatíveis
com as concepções institucionais desses sistemas.
O plano diretor municipal (PDM) e o planejamento estratégico municipal
(PEM) são instrumentos de planejamento e gestão de municípios e prefeituras,
considerados, ultimamente, de importância inquestionável. A efetuação de tais
instrumentos deve ser compatibilizada com regulamentos de ordem superior, tais
como a própria Constituição Federal, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Estatuto
da Cidade. No caso do PDM, o Estatuto da Cidade impõe não apenas o que se deve
buscar com esse instrumento, mas avança inclusive para determinações de ordem
metodológica e operacional (BRASIL, 2001)
O plano diretor municipal (PDM) se proporciona hoje como um instrumento
fundamental do planejamento urbano nacional, reproduzindo momentos na história
urbana recente que valorizou esse tipo de iniciativa. A sua valorização, observada
nos anos 1990 e 2000, é obra de dois fatores que têm encaminhado uma possível
política urbana nacional. Primeiramente, a Constituição de 1988 que repassa para o
plano diretor a implementação da função social da propriedade (BRASIL, 1988).
Assim, o legislador nacional, reforçando a importância do PDM, demonstra a
confiança de que mudanças na estrutura fundiária. Outro acontecimento que explica
a valorização contemporânea de um PDM é, mais uma vez, a Constituição Federal,
agora ao adotar uma política de descentralização político-administrativa, assim como
uma valorização do ente municipal, que precisa ser capacitado e possuidor de bases
técnicas referenciais para sua gestão. Mais uma vez, o PDM surge como o
instrumental adequado de atender a essa demanda. De um ponto de vista mais
pessimista pode ainda incluir um terceiro fator que justifique a valorização atual dos
PDMs (BRASIL, 1988)
De fato, durante a elaboração da Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
1988), as questões mais polêmicas foram propositadamente postergadas e
submetidas à incubação de leis específicas. No caso das questões polêmicas de
24
caráter urbano, acreditou-se que o Estatuto da Cidade poderia avançar para
garantir o interesse maior no uso do solo e dos bens urbanos. Tal aparelho legal
aprimora os órgãos de controle social da cidade e, por sua vez, igualmente repassa
ao PDM a adequação de suas diretrizes para cada uma das realidades urbanas
brasileiras.
Ainda que não se tenha uma perspectiva histórica para avaliação do avanço
permitido pelos PDMs nesse sentido, arrisca-se descrever que, mais uma vez,
questões importantes são atropeladas, presentemente para legislações municipais
de caráter complementar. Parte de uma política urbana nacional que aprecia o
conhecimento popular, não necessariamente de forma definida, os PDMs têm sido
incentivados e têm consumido uma grande parcela dos recursos e esforços das
gestões locais (BRASIL, 1988).
Se computados os acrescentamentos no envolvimento da população na
discussão daquilo que é de seu interesse, o PDM, em alguns casos, apresenta
resultados positivos e singulares. Do mesmo modo, se considerado que para muitos
municípios estabelece um primeiro progresso no ordenamento de seu território, o
PDM pode justificar sua renascença nas duas últimas décadas. Contudo, após o
período de concretização quase generalizada de PDMs nos anos 1970, começa a
haver sinais de críticas e de desconfiança desse instrumento. “A ideia do plano
diretor vive no Brasil, pelo menos desde 1930 (BRASIL, 1988).
Desde então a ideia do plano diretor alastrou-se entre nós com ampla
intensidade é chocante como um instrumento que nunca houve na prática, possa ter
alcançado tamanho prestígio por parte da elite do país” (VILLAÇA, 2005). Uma das
críticas aos PDMs é a que diz respeito à amplitude de seus propósitos para uma
realidade complexa e mutante que é a realidade urbana da atualidade. “Os planos
diretores abortaram não só em São Paulo, mas em todo o Brasil e na América
Latina. Fracassaram não só porque eram falhos, mas porque tomaram os desejos
pela realidade” (SINGER, 1995, citado por VILLAÇA, 2005).
O planejamento estratégico municipal (PEM) é uma metodologia dinâmica e
interativa para resolução dos objetivos, estratégias e ações do município. É
desenvolvido por meio de técnicas administrativas diferentes e complementares,
abrangendo de forma ativa os diversos atores sociais do ambiente de trabalhado. É
formalizado para articular políticas federais, estaduais e municipais para lançar
resultados no município e gerar qualidade de vida adequada aos seus munícipes. É
25
um projeto urbano global que considera as múltiplas temáticas municipais e
contempla a forma participativa e contínua de refletir o município no presente e no
futuro (REZENDE; CASTOR, 2006).
A função social da propriedade urbana pode ser abrangida como aquela cujo
uso corresponde ao interesse explícito no Plano Diretor ou na lei de uso e ocupação
do solo, com tipologia de uso e volume de construção mínimo, conforme a Zona
onde o imóvel se insere. Com relação ao risco ambiental, deve ser considerado na
perspectiva de um processo que se estrutura ao longo do tempo, não estando
circunscrito apenas aos eventos naturais e tecnológicos catastróficos. Processos
naturais, sociais, político-econômicos e industriais determinam quadros conjunturais
de risco, com diferentes intensidades e níveis de apresentação da sociedade e em
grau de difícil mensuração (BARCELLOS; OLIVEIRA, 2008). A ocorrência de risco
está acompanhante então a fenômenos sociais, ou seja, decorre não
exclusivamente de um fenômeno natural, mas da semelhança entre este fenômeno
e os processos históricos de ocupação de determinados ambientes da cidade.
A vulnerabilidade, além de considerar os perigos naturais, focaliza os perigos
sociais e tecnológicos. Os naturais são vistos como sendo ambientais, implicando
que os perigos só podem ser compreendidos levando-se em conta o contexto
natural e as formas pelas quais a sociedade tem se apropriado da natureza. A
vulnerabilidade surge então em três contextos: social, tecnológico e ambiental.
Em decorrência do crescimento populacional existiu a intensificação da
expansão urbana, que estimulada pela forte demanda habitacional necessitado à
ausência de locais de habitação com preços compreensíveis à população de baixa
condição financeira, até mesmo para a população de média e alta renda possibilitou
o surgimento de assentamentos urbanos ilegais.
2.3.1 Código florestal
Segundo Brasil (2012) as Áreas de Preservação Permanentes (APPs) são
áreas protegidas, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e garantir o
bem-estar das populações humanas. O Código Florestal delimita as APPs para
topos de morros, áreas de nascentes e as faixas marginais de qualquer curso d’água
26
natural perene e intermitente excluído os efêmeros, desde a borda da calha do leito
regular. Para os corpos d’água em zonas urbanas.
A Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (SEMPMA) é o órgão
administrante do Sistema Municipal de Meio Ambiente, tendo por finalidade
coordenar e executar a Política Ambiental do município, consistir em sua
responsabilidade a proteção, a autoridade e a restauração do meio ambiente, bem
como a educação ambiental em consonância com o Conselho Municipal de Proteção
Ambiental (COMPRAM) (BRASIL, 2012).
As áreas de preservação com a conclusão de preservar o equilíbrio biológico,
proteger os recursos hídricos, assegurar a qualidade da paisagem, estimular a
utilização dos espaços naturais pelos habitantes para fins de recreação e
salvaguardar os patrimônios histórico, artístico e cultural. Essas são classificadas
como áreas de empenho histórico, artístico-cultural e paisagístico (BRASIL, 1988).
Em 1965, o Brasil editou o novo Código Florestal, através da Lei Federal
4.771, de 15 de setembro de 1965 (BRASIL, 1965). Nesta declaração, foram
firmados os 26 princípios fundamentais de proteção ambiental, dentre eles o artigo
2º, o qual estabelecia como Área de Preservação Permanente as florestas e demais
formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo de rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto
em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1. de 5 metros para cursos d’água
de menos de 10 metros de largura; 2. Igual à metade da largura dos cursos
que meçam de 10 a 200 metros de distância entre as margens; 3. de 100
metros para todos os cursos d’água cuja largura seja Superior a 200 metros.
b) Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;
c) Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d’água, seja
qual for a sua situação topográfica;
d) No topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º, equivalente
a 100% na linha de declive;
f) Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras;
g) Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas;
h) Em altitudes superiores a 1.800 metros, nos campos naturais ou artificiais,
nas florestas nativas e nas vegetações (BRASIL, 1965).
27
No artigo 3º do Código Florestal de 1965 (BRASIL, 1965), são consideradas
áreas de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder
Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:
a) a atenuar a erosão das terras;
b) a fixar dunas;
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
h) a assegurar condições de bem-estar público (BRASIL, 1965).
Com a aprovação da Lei Federal nº 6.766/1979 (BRASIL, 1979), que dispõe
sobre o parcelamento do solo urbano acontecem alterações no que permanecia
previsto em relação às APPs em área urbana, passando de uma faixa com 5 metros
de largura para 15 metros. Seu art. 4º determina que, para a realização de
loteamentos ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio
público das rodovias, ferrovias e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa não-
edificável de 15 metros. Tais áreas, por determinação de normas urbanísticas,
consagradas em norma legal, são áreas que não devem receber edificações sendo
destinadas a cumprir funções socioambientais. Em 1989, o Código Florestal passou
por um processo de mais modificações, sendo significativa a mudança introduzida
pela Lei nº 7.803/1989 (BRASIL, 1989), a qual antecipa novas faixas e parâmetros
diferenciados para as distintas tipologias de APPs, de combinação com a
característica de cada área a ser protegida, considerando não exclusivamente a
conservação da vegetação, contudo também as dimensões dos cursos d’água,
independentemente de permanecer em área rural ou urbana.
Para conceituar o risco ambiental, adota-se a definição de (VEYRET;
MESCHINET DE RICHEMOND 2007), “os riscos ambientais procedem da
associação entre os riscos naturais e os riscos decorrentes de processos naturais
agravados pela atividade humana e pela ocupação do território”. A comparecimento
de vegetação se torna imprescindível para a proteção da superfície do solo nestas
áreas para amenizar a decorrência erosiva do fluxo das águas e para alimentar as
condições satisfatórias de infiltração das águas das chuvas nas encostas
possibilitando um maior abastecimento dos lençóis subterrâneos.
28
2.3.2 Resolução CONAMA
A Resolução CONAMA nº 369 de 2006 (BRASIL, 2006), aborda dos “casos
excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que
possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação
Permanente (APP)”. Esta resolução determina, entre outros, sobre a implantação de
área verde de domínio público em área urbana, pesquisa e extração de substâncias
minerais, regularização fundiária sustentável de área urbana e intervenção ou
supressão contingente e de baixo impacto ambiental de vegetação em APP. As
APPs marginais dos cursos d’água abrangem as planícies de inundação dos rios e
arroios, que são áreas naturalmente suscetíveis a inundação devido à dinâmica
fluvial (NAIME, 2012).
Determina planície de inundação como áreas de baixios de bacias
hidrográficas que operam na manutenção do equilíbrio hidrológico da bacia. Quando
acontecem cheias ou enchentes a bacia hidrográfica usa suas áreas de baixios,
também conhecida por áreas de várzeas ou áreas úmidas, para extravasamento do
excesso de água. De acordo com (ROLON; MALTCHIK, 2006).
Áreas úmidas são ecossistemas que permanecem inundados durante um
tempo suficiente para ocorrer o estabelecimento de solos encharcados e de plantas
aquáticas. A significação mais aceita, proposta pelo acordo internacional em 1971,
Segundo Carvalho (2009, citado por PRATES, 2010, p.25), a Convenção de
Ramsar, diz que áreas úmidas são “extensões de brejos, pântanos e turfeiras, ou
superfícies cobertas de água, em regime natural ou artificial, permanentes ou
temporárias, estancadas ou correntes, doces, salobras ou salgadas, incluídas as
extensões de água marinha cuja profundidade na maré baixa não exceda os seis
metros.
A importância da preservação das áreas úmidas junto à planície de inundação
dos rios é imprescindível para o seu equilíbrio ecológico e hidrodinâmico. Estas
áreas sofrem constantemente a influência dos impactos de atividades de origem
antrópica. O desenvolvimento econômico da cidade necessita sempre ser
incentivado para garantir o bem-estar da população, entretanto, não deve excluir a
preservação do meio ambiente. Cabe ao poder público um combate preventivo e
ativo, assegurando acatamento ao bem estar da população e ao meio ambiente,
29
para isso, instrumentos como as leis ambientais devem ser empregadas
(SILINGOVSCHI, 2008),
Para o licenciamento, é necessário estabelecer critérios para que os planos,
programas e projetos ambientais, sejam bem encaminhados, contemplando os
critérios e normativas estabelecidas para a implantação de antenas de
telecomunicação em torre ou similar, de qualquer porte, sendo que nela necessitam
estar inclusos o tratamento de resíduos sólidos, o tratamento de resíduos líquidos,
dos ruídos, vibrações e dessemelhantes passivos ambientais.
A Resolução CONAMA nº 237/87 (BRASIL, 1987) estabeleceu para análise
das solicitações de licenças, os prazos máximos para resposta as solicitações de
licenças, como regra geral, defendendo a competência estadual para regular seus
procedimentos administrativos.
2.3.3 Política nacional de recursos hídricos
O Estado tem por desafio estabelecer um modelo de governança que
pressuponha garantir investimentos necessários para a preservação e a
universalização da água, o envolvimento da sociedade no processo de cogestão,
impedir a apropriação por agentes econômicos nacionais e estrangeiros de forma
exclusiva e garantir os usos múltiplos da água. Diante desses desafios, nada
modestos, e frente ao desafio de conciliar esta agenda de um projeto participativo e
democratizante na gestão dos recursos hídricos no contexto neoliberal, o que
Dagnino (2004) denomina como a Confluência Perversa, o Estado necessita
contemplar uma gestão que garanta os investimentos necessários para a
preservação da água para as gerações futuras e estabelecer resistência ao
processo de privatização que se criva como solução mais eficiente.
O modelo brasileiro de gestão das águas é inspirado no modelo francês e
pressupõe a gestão descentralizada, participativa e integrada (CAMPOS;
FRACALANZA, 2010; SANTOS; MORAES; ROSSI, 2013), um acrescentamento em
semelhança ao modelo que privilegiava o setor elétrico e que vigorou por muito
tempo no país. E como instrumento econômico emprega a cobrança. Tal modelo
está expresso na Lei nº 9.433/97 (BRASIL, 1997), denominada de Lei das Águas, a
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) que confere poder de gestão a
grupos ligados a cada uma das principais bacias hidrográficas do país, criando os
Comitês de Bacias Hidrográficas.
30
É esta comprovação de descompassos no estágio de implementação do
modelo de gestão de recursos hídricos nos diferentes estados da federação que
justifica a necessidade e a relevância de esclarecer as razões e os fatores que
influenciam estas variações, porquanto estas diferenças demonstram que pode estar
havendo dificuldades na implementação desta política pública em algumas
localidades do país. Assim, este trabalho consiste em identificar e analisar os fatores
restritivos e propulsores que interferem na implementação do atual modelo da
gestão de recursos hídricos por comitês de bacias hidrográficas nos estados do
nordeste. Paralelamente, e de forma complementar, foi também verificado entre os
comitês pesquisados, qual o entendimento destes com relação ao modelo e à sua
efetividade.
O estudo submerge uma análise da situação em que se encontram os
comitês de bacias de domínio estadual, localizados nos estados da Bahia, Sergipe,
Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, identificando
os principais avanços alcançados e os fatores que limitam o seu desenvolvimento.
Em 1991 o governo federal (BRASIL, 1991), encaminhou ao Congresso
Nacional a proposta para a criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (SINGREH), que levou seis anos tramitando no congresso, sendo
a lei sancionada somente em janeiro de 1997 (NOVAES, 2006). É no final da década
de 90 que a Lei nº 9433/97 (BRASIL, 1997) surge nova versão à gestão de recursos
hídricos no país. Esta lei, que institui a política nacional e trata do sistema de
gerenciamento nacional dos recursos hídricos, passa a ser o marco balizador para a
questão das águas, definindo instrumentos, níveis, atores e organismos envolvidos
no sistema nacional de gerenciamento, quão grandemente se pode verificar no seu
artigo 33.
O sistema é composto pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH)
criado em 1998, o órgão máximo do SINGREH e principal fórum nacional de
discussão sobre a gestão de recursos hídricos do país, de caráter deliberativo,
atuando através de moções e resoluções. A Agência Nacional de Águas (ANA),
criada pela Lei n°9.984/00 (BRASIL, 2000), como autarquia especial ligada ao
Ministério do Meio Ambiente (MMA) é um órgão operacional do SINGREH com o
objetivo principal de implementar a PNRH, em articulação com os órgãos públicos e
privados integrantes do sistema. Ainda compondo o sistema há os Conselhos
Estaduais e o do Distrito Federal com diferentes âmbitos de atuação,
31
compreendendo os rios de domínio dos estados e do Distrito Federal, e contando
com a participação de representantes dos municípios (BRASIL, 2013).
Finalmente encontram-se os Comitês de Bacias Hidrográficas, base do
SINGREH, também conhecidos como “Parlamento das Águas”. São órgãos
colegiados, consultivos e deliberativos, e podem ser constituídos em bacias de rios
de domínio estadual ou federal. Em sua composição estão às representações da
sociedade civil organizada, dos setores usuários da água e do poder público. As
Agências de Bacias, ou Agências de Água, são as entidades criadas para dar apoio
administrativo, técnico e financeiro a esses comitês de bacias hidrográficas.
Compete às agências depositar em prática as ações, superfícies e projetos
previamente aprovados pelo Comitê, ainda também a cobrança pelo uso da água.
O processo de urbanização, que é favorecido pela disponibilidade da água em
seus processos produtivos, é o mesmo que contribui para a degradação dos
mananciais hídricos (MACHADO; TORRES, 2012). Cuja alterações são evidentes na
sua qualidade, quantidade e disponibilidade. As relações dentre a metodologia de
urbanização e os recursos hídricos são percebidas pelo insucesso com significativos
prejuízos à qualidade das águas urbanas.
Estima-se que mais de um bilhão de pessoas vivem em condições
insuficientes de disponibilidade de água para consumo atualmente e que, em 30
anos, cerca de 5,5 bilhões de pessoas conviverão em áreas com moderada ou séria
falta de água (SETTI et al., 2001). Embora globalmente permaneça uma quantidade
de água doce suficiente para o atendimento de toda a população mundial, a
distribuição não uniforme dos recursos hídricos e da população sobre o planeta
acaba por gerar cenários adversos quanto à disponibilidade hídrica. O problema da
crescente escassez de água de boa qualidade para o consumo humano é resultado
também da poluição e contaminação dos corpos hídricos, o que atinge em maior ou
menor grau, todos os grandes centros urbanos mundiais.
Há décadas vários dispositivos legais nacionais e internacionais vêm sendo
criados a fim de atribuir a devida importância às questões ambientais. Um marco
internacional foi a Declaração de Estocolmo de 1972 e elaborada na Primeira
Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, com vistas a inventar
diretrizes para a desarmônica relação entre ser humano e natureza. Esse evento
ocorreu entre 5 e 16 de junho de 1972, na capital sueca, Estocolmo (MACHADO,
2008; MORADILLO et al., 2004). O Brasil como um país membro da Organização
32
das Nações Unidas (ONU) participou da Conferência, como um país fundamental no
cenário mundial no contexto ambiental, por conta da biodiversidade e da riqueza de
recursos naturais, principalmente nos recursos hídricos.
O critério sugerido fundamenta-se nas áreas mais conservadas, e que tem
prioridade de proteção. Áreas degradadas devem ser recuperadas e áreas
desmatadas priorizadas para uso, com a finalidade de abafar o avanço de atividades
econômicas, como agricultura, pastagens, e mesmo no desenvolvimento das
cidades sobre as áreas com floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa
preservada.
No que se refere a recursos hídricos, o artigo 6 ao apresentar os objetivos
gerais e específicos da Lei, indica que uma vez preservada vegetação, os
mananciais hídricos são favorecidos, visto que há salvaguarda da biodiversidade, da
saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e
da estabilidade social (BRASIL, 2006).
O artigo 11 da lei federal nº 11.428 (BRASIL 2006), também se refere à
proteção de mananciais ao proibir o corte e a supressão da vegetação, que dentre
outros propósitos, um deles é o de exercer a proteção de mananciais, a prevenção e
o controle de erosão.
As áreas protegidas não são resguardadas legalmente “por acaso”, pois sua
estrutura, dinâmica e função contribuem para a manutenção da qualidade de vida
das populações com regramentos específicos para garantir proteção e evitar a
degradação (COSTA, 2014).
2.4 Sistema de informações geográficas
A gestão municipal fundou-se no levantamento, processamento e análise de
dados e informações geográficas, ou seja, os dados se limitavam em responder
perguntas como o que teria que ser feito como, a quantidade e quando o trabalho
deveria ser realizado. O geoprocessamento é considerado como uma tecnologia ou
um conjunto de tecnologias, que auxiliam na manipulação, na análise, na simulação
de modelagens e na visualização de dados georreferenciados que contribuem com o
desenvolvimento da gestão municipal. Salienta-se ainda os apontamentos de
(SILVA; PASSOS, 2006).
Segundo Fitz (2008) o planejamento do desenvolvimento das cidades tem
como finalidade promover a justa distribuição espacial da população e das
33
atividades econômicas, não somente do território do município, mas também da área
sob sua influência, com vistas a impedir e ajustar as distorções do crescimento
urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.
O Sistema de Informações Geográficas (SIG) vincula-se ao espaço físico,
colaborando com trabalhos que englobam fenômenos climáticos, sociais e
econômicos, entre outros; com base nesses espaços devidamente referenciados.
Esse artificio pode guiar ações com o máximo de precisão e o mínimo de tempo,
sobre uma determinada região (FITZ, 2008).
O termo Geoprocessamento denota uma disciplina do conhecimento que
utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o alimentação de informações
geográficas. Essa tecnologia tem influenciado de forma crescente as campos de
Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e
Planejamento Urbano e Regional. Nos países como o Brasil, de grande dimensão
continental, e com carência de informações adequadas para tomada de decisões
sobre problemas urbanos e ambientais, o Geoprocessamento oferece um enorme
potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente baixo,
em que o conhecimento adquirido localmente (CÂMARA; MEDEIROS, 2003, p.3).
No âmbito do geoprocessamento, apareceram diversas propostas de
ferramentas que só se viabilizaram a partir da disponibilidade, a custos aceitáveis,
de várias tecnologias como a cartografia digital, o gerenciamento de Banco de
Dados e o processamento digital de imagens. Dentre estas ferramentas, a que
combina todas elas com técnicas de análise e manipulação de dados geográficos
são denominadas de Sistema de Informações Geográficas-SIG (CÂMARA et al,
2001).
Diante disto, ambos conceitos não se confundem, visto que o
geoprocessamento é uma técnica mais ampla e que trabalha com várias técnicas de
processamento, até mesmo o SIG. A imposição de aglomerar a geometria dos
objetos geográficos e de suas propriedades representa uma duplicidade básica para
SIG’s. Para cada objeto geográfico, o SIG necessita armazenar suas propriedades e
as várias representações gráficas associadas, a multiplicidade de usos e visões
possíveis desta técnica assinala para uma perspectiva interdisciplinar multidisciplinar
de sua utilização (CÂMARA et al, 2001). Em algumas ocasiões há uma
inadvertência referente à diferenciação entre o software e a tecnologia. Com o intuito
de distingui-los é necessário esclarecer as principais estruturas de um SIG, no qual
34
o software faz parte da mesma, além de outros componentes como: hardware,
dados, usuários e metodologias de análise (ROSA, 2005).
Assim, tendo uma facilidade de uso e segurança no manuseio destas
informações geográficas uma perspectiva multi, intra e interdisciplinar de seu
emprego é evidenciada no SIG (ROSA, 2005). Contudo, é de fundamental
importância um conjunto de equipamentos para que o software possa desempenhar
suas finalidades, trata- se do hardware componente físico em que é feito a
comunicação entre os usuários e software, utilizando desses componentes citados o
usuário pode atribuir um significado conjunto de dados ao sistema o que permiti
determinar informações diversas do espaço geográfico (ROSA, 2005).
A caracterização do uso da terra vem se conduzindo como um elemento
importante para o planejamento da organização do espaço, aspirando a forma mais
racional de gestão dos recursos naturais. Assim, ferramentas do geoprocessamento,
como o sensoriamento remoto, mostram-se, admitindo a análise do uso e da
ocupação do solo de maneira rápida e econômica. O estudo do uso da terra e
ocupação do solo consiste em procurar conhecimento de todo seu uso por parte do
homem ou, quando não utilizado pelo homem, o conceito dos tipos de categorias de
vegetação natural que cobrem o solo, como também suas respectivas localizações.
De forma sintética, a expressão “uso da terra ou uso do solo” pode ser entendida
como sendo o aspecto pelo qual o espaço está sendo ocupado pelo homem (ROSA,
2007).
A caracterização, a análise e o monitoramento desses impactos, vêm sendo
facilitado por meio de técnicas de geoprocessamento, usadas no tratamento de
imagens, contribuindo com o planejamento e a gestão ambiental. Nesse sentido,
Costa e Silva (2004) destaca que a aplicação de SIG tornou-se uma ferramenta
relevante que, vinculada ao uso de outros softwares de mapeamento, concede não
somente maior rigor e precisão nas análises, mas também a atualização periódica
dos dados, fatores de grande importância num cenário ambiental de constantes
alterações.
35
3 METODOLOGIA
Este capítulo apresenta os procedimentos que nortearam a presente pesquisa,
organizados de acordo com cada um dos objetivos específicos proposto. O estudo é
de natureza empírica, visto que foi realizada uma discussão teórica acerca do tema
e realizado estudo de caso, onde foram implementadas técnicas de pesquisa
aplicada de levantamento de dados sobre o uso e ocupação do solo no entorno da
bacia hidrográfica em estudo. A pesquisa foi quantitativa e qualitativa e o estudo
baseado nas seguintes técnicas de pesquisa: pesquisa documental, pesquisa
bibliográfica, fotointerpretação e geoprocessamento, pesquisa de campo,
observações e análise de dados.
3.1 Caracterização dos aspectos socioambientais
36
Para a descrição da área de estudo foi realizado a coleta de dados
disponibilizados pela Secretária do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos de
Alagoas (SEMARH) e pelo comitê da bacia do Pratagy, na forma de trabalhos
científicos, geocartográficos e informações socioeconômicas da área, entre outros,
como mostra a Figura 01 abaixo.
Figura 01 – Reunião com a (SEMARH)Fonte: Autor, 2019
Com o propósito de discernir os aspectos socioambientais e analisar o usos e
ocupação do solo, foi feita reuniões com os órgãos envolvido com a bacia
hidrográfica do rio Pratagy, onde foi trocado informações sobre o estado da bacia e
as maneiras de como cada grupo envolvido poderia ajudar a solucionar os
problemas que estão surgindo na região, juntamente com observações sistemáticas,
registro fotográfico e checagem dos dados que serão disponibilizados.
3.2 Mapeamento do uso e ocupação do solo
Para o mapeamento do uso e ocupação do solo foi necessário o levantamento
cartográfico do estado de Alagoas, em volta das regiões do Messias, Maceió e Rio
Largo disponibilizado pelo site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2010) e o plano de informação das órbitas-pontos para a série do satélite
LANDSAT 8/OLI utilizada na pesquisa, adquiridos através da United States
Geological Survey (USGS).
37
Para a identificação do georreferenciamento, superposição de imagens,
levantamento da área, delimitação e demais operações relacionadas com o SIG foi
utilizado um software de georreferenciamento, o ArcGis 10.2 com o objetivo de
estimar a proporção de biomassa e da delimitação atual da bacia. A conversão do
arquivo raster, que seria a imagem com a descrição de cada pixel, para shapefile,
que é um arquivo que contém dados geoespaciais em forma de vetor, foi realizada
com auxílio do programa.
Após a transformação, à imagem é trabalhada no ArcHidro, que é uma
ferramenta que trata com informação geoespacial e temporal de recursos hídricos no
ArcGis, logo em seguida é direcionada a ferramenta Fill Sink onde ocorrerá o
preenchimento das imperfeições, remoções de aberturas, identificação de
depressões existentes, áreas de drenagem internas, vazios e erros. Em seguida a
mesma passará pelas ferramentas FlowDirection e FlowAcumulation, onde foi
determinado a direção e o acúmulo do fluxo de água de cada célula.
Com o curso de água bem definido, acontecerá o uso do StreamDefinition onde
desenvolve-se uma rede de água em que será aplicado um valor limite para a
seleção de células com grandes acúmulos de água. O valor mínimo empregue neste
caso foi o de 2500 células, onde gerou uma boa visualização do fluxo estudado.
A seguir será delineado um divisor de águas com o Catchment Grid
Delineation, no qual desenvolverá áreas de captação no terreno encaminhando para
o Catchment Polygon Processing, onde ele começará a fazer o processamento de
captação por poligonos. Ao captar todos os poligonos existentes na imagem é usado
o Drainage Line onde acarretará a conversão das linhas de fluxo em linhas de
drenagem que serão essenciais para a formação da delimitação que surgirá a partir
da confirmação do ponto do exutório. Abaixo é apresentado o fluxograma resumindo
as etapas descritas acima, como mostra na Figura 02.
38
Figura 02 – Fluxograma das Etapas de Delimitação Fonte: Autor, 2019
Após a delimitação, se deu início o mapeamento do uso e ocupação do solo
dentro da bacia estudada, porém a imagem a ser trabalhada foi adquirida pelo
Google Earth, juntamente com os pontos de coordenada para o
georreferenciamento. Ao abrir o software e selecionar a imagem foi adicionado 4
pontos ao redor do modelo de delimitação, a seguinte foi transferida para o Google
Earth, que disponibiliza com precisão as coordenadas geográficas exatas de cada
ponto.
Logo depois foi utilizado o algoritmo da máxima verossimilhança (Maxver), ele
considera a média do espaço dos polígonos e se adequa aos parâmetros
estatísticos, deve-se selecionar as classes a serem mapeadas, coletando um
número maior que 100 m² por polígono para cada classe, onde cada uma deve
representar uma tonalidade diferente, para que estas tenham um destaque notório
no mapeamento.
Softwarede
Georeferenciamento
Fill Sink(Preenche
imperfeições)
Flow Direction(Direção de fluxo de
água)
Flow Acumulation(Acúmulo de fluxo de
água)
Stream Definition(Redes de acúmulo de
água)
Catching Grig(Captação de terreno
em poligonos)
Drainage Line(Linhas de drenagem
de água)
39
Foram selecionados um grupo de quatro classes para o mapeamento de uso e
cobertura do solo na bacia do Pratagy. Estas classes compreendem: vegetação
densa (margens que ficam ao lado do fluxo de água); solo exposto (áreas em
processo de erosão principalmente devido a práticas agrícolas agressivas);
vegetação rasteira (caatinga arbustiva-herbácea e restinga); área urbana.
3.3 Identificação dos conflitos socioambientais existentes
Após a caracterização e a delimitação das Áreas de Preservação
Permanentes (APPs), a identificação e mapeamento da cobertura vegetal e do uso e
ocupação do solo serão realizadas as identificações dos conflitos existentes na área
de estudo.
Com essa análise podemos identificar as transformações geo-ambientais que
estão ocorrendo na margem da bacia, como por exemplo, o solo exposto sem
vegetação causado pela implantação dos canaviais ou a situação do município do
Beneditos Bentes, que não possui saneamento básico e exercita grandes ações
antrópicas que geram possíveis erosões e executam o despejo de esgoto nos rios.
Procurando avaliar estas mudanças, serão feitos planejamentos para o controle do
crescimento urbano e para a reconstrução das APPs.
Para determinar a APP da área foi realizada uma operação matemática no
software ArcGis gerando um buffer de 30 metros, essa informação foi baseada no
Código Florestal (Art. 2°), onde se dizia que a faixa mínima era de 30 metros em
cada margem para os rios com 10 metros de largura, assim, seguido da sua
correção geométrica do polígono a partir da margem e com isso foi gerado o limite
da APP do entorno da bacia, após gerado o limite foi realizado uma sobreposição
dessa APP com o mapa de uso e ocupação do solo, concluindo que grande parte da
área urbana está invadindo os limites, acarretando cada vez mais, na diminuição da
mata atlântica no entorno do rio, que está correlacionada com o cultivo do coco-da-
baía que é executado às margens do rio.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
40
4.1 Caracterização dos aspectos socioambientais da área
A bacia hidrográfica do rio Pratagy está compreendida entre as
coordenadas geográficas: 9º 20’ e 9º 35’ de latitude Sul e 35º 38’ e 35º 50’ de
longitude Oeste. Possui uma área de drenagem total aproximada de
13.369,50ha ou 133,69km2, distribuídos nos municípios de Maceió, Messias e
Rio Largo, em Alagoas. Cerca de 60% da área da bacia está localizada no
município de Maceió, sendo o rio Messias o principal deles, como é conhecido
por moradores do Complexo Residencial Benedito Bentes. A área de estudo
localiza-se mais especificamente nas imediações do bairro Benedito Bentes, na
porção norte da cidade de Maceió, sua altitude é de aproximadamente 150 m,
tendo 31,2 km de extensão. O seu escoamento se dá no sentido sudeste, até sua
confluência com o Oceano Atlântico. As declividades mais acentuadas ocorrem no
trecho inicial com um desnível de 100 m em seus 6 km iniciais. O rio é perene,
nasce na Zona da Mata de Alagoas, próximo à sede municipal de Messias, e
segue até o litoral da cidade de Maceió, desaguando no Oceano Atlântico
(ALAGOAS, 1993).
O clima da região é do tipo As’ da classificação de Köppen (ALAGOAS,
1993). De acordo com dados da CASAL (1978), a precipitação média anual é de
1.653mm, apresentando uma periodicidade de chuvas bem definida: o período
mais chuvoso entre março e agosto e menos chuvoso entre setembro e
fevereiro.
A temperatura média anual é de 25,4ºC. A insolação da região exibe uma
taxa média anual de 2.760 horas e médias mensais diversificando entre 180,3
horas no mês de junho e 281,8 horas no mês de janeiro. Essa alta taxa de
insolação se deve a latitude da área (aproximadamente 9º), com a ocorrência de
altas temperaturas e baixas pressões. A umidade relativa do ar mostra uma
média anual de 79,7%, sendo a média máxima (82,2%) em maio e a mínima
(76,7%) em novembro.
A velocidade média dos ventos é de 2,5m/s no mês de dezembro e de
2,0m/s em abril. A evaporação potencial média anual no vale do Pratagy é de
1.113mm, de acordo com os resultados do “Balanço Hídrico de Thornthwaite”,
41
enquanto que a evapotranspiração real anual, com base na fórmula de Turo, é
de 1.212mm.
Em relação à geologia da área, segundo dados do Projeto IMA/GTZ
(ALAGOAS, 1993), esta é formada pelo Grupo Barreiras, por sedimentos de
praia e aluvião e, com menor ocorrência, afloramentos de rochas graníticas.
Os depósitos litorâneos formados por sedimentos fluviomarinhos
acontecem no desaguadouro dos rios e são constituídos por areias quartzozas,
que expõem tonalidade creme-clara e granulometria diferenciando de fina a
média. Nos alagadiços e mangues acham-se sedimentos argilo-arenosos de cor
escura (BRASIL, 1983). O relevo é bastante dissecado e o vale do rio Pratagy
passa a apresentar a forma de “U”. Os solos que imperam na Bacia são os
Latossolos vermelho-amarelo, de acordo com dados da
SEMA/SUDENE/Governo de Alagoas, 1979 (apud ALAGOAS, 1993).
Conforme o Decreto estadual nº 3766 de 1978 (ALAGOAS, 1994), o rio
Pratagy é considerado como de classe 1 até quatro quilômetros antes de sua foz
e, classe 2 deste ponto até sua foz. Salientando que, segundo a classificação
estabelecida pela Resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho 1986 (apud
PINTO; ALMEIDA, 1999), considera-se classe 1:
“águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento
simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de
contato primário (natação, esqui aquático e mergulho); à irrigação de
hortaliças e frutas que são consumidas cruas; à criação natural e/ou
intensiva de espécies destinadas à alimentação humana.”
As águas são classificadas como classe 2 quando se destinam aos
mesmos usos, inclusive abastecimento doméstico, porém após submetidas a
tratamento convencional.
A Floresta Ombrófila recobre a área da bacia, porém encontra-se
bastante descaracterizada e seus remanescentes estão dispersos pela APA,
como é apresentado na Figura 03, também se encontram áreas com vegetação
típica de manguezal podem ser achadas na foz do rio, como mostra na Figura
04.
42
Figura 03 – Mata Atlântica no entorno do rio do Pratagy.Fonte: Autor, 2019
Figura 04 – Foz do rio do Pratagy.Fonte: Governo de Alagoas, 2017
O Rio Pratagy está incorporado na Região Hidrográfica XIII – Pratagy
(SEMARHN, 2002), cujo comitê foi o segundo formado no estado de Alagoas, com
seu processo de mobilização iniciado em julho de 2003. Em novembro de 2003 foi
eleita a Comissão Provisória, através de Audiência Pública que contou com a
participação dos usuários de água da bacia, órgãos federais, estaduais e municipais
43
e ONG’s locais, onde são marcadas reuniões para discutir melhorias e estudos
sobre a área que está sendo estudada. Onde se reuníamos 3 vezes na sede da
SEMARH com este mesmo comitê para trocar e compartilhar informações sobre o
atual estado da bacia do Pratagy, como mostra a Figura 05.
Figura 05 – Reunião na SEMARHFonte: Autor, 2019
4.2 Mapeamento do uso e ocupação atual do solo no entorno da bacia
A seguir são apresentados os dados do mapeamento do uso e ocupação do
solo no entorno da bacia hidrográfica do Pratagy. Por meio do mapa de uso e
ocupação do solo da bacia do Pratagy, foi possível identificar as classes de uso e
cobertura como representado na Figura 06.
Analisando as informações a partir do mapa de uso e ocupação do solo, foi
verificado que 3859,917 hectares desta área faz parte da vegetação densa, que é a
Mata atlântica que fica na margem do rio e espalhado no entorno da bacia, sua
pequena área se caracteriza devido a ocupação da zona urbana, como é mostrado a
Figura 07, que é justamente a classe com maior área representada, tendo
aproximadamente 101.894,87 hectares apropriados pela população do Benedito
Bentes e povoados, seguida do solo exposto onde expõe 68.682,02 hectares, esse
número se dá devido a grande quantidade de solo sem vegetação e áreas em
processo de erosão, devido às atividades agrícolas agressivas e a pecuária, também
se encontra a vegetação rasteira marginal com 7945,32 hectares. Conforme
representado na Quadro 01.
44
Figura 06 – Mapa do Uso e Ocupação o entorno da Bacia Hidrográfica do Rio Pratagy.Fonte: Autor, 2019
45
Figura 07 – Ocupação urbana no entorno da bacia do PratagyFonte: Autor, 2019
Quadro 01 – Área Total das classes na delimitação da bacia
Fonte: Autor, 2019
A falta de matas-ciliares densas, além de impactar a biodiversidade local,
facilita o fluxo de energia e sedimentos, que nos casos de áreas de pastagens,
podem ocasionar em alterações de grande valor na qualidade de água dos cursos
hídricos
CLASSES CARACTERÍSTICAS ÁREA (ha)
Vegetação Densa
Mata atlântica na margem do rio 3859,9175
Zona UrbanaPopulação do Benedito Bentes e povoados ao
redor101.894,87
Solo Exposto
Solo sem vegetação e áreas em processo de
erosão, devido às atividades agrícolas
agressivas
68.682,02
Vegetação Rasteira
Caatinga arbustiva (Herbácea), restinga e
Manguezal7945,3228
46
4.3 Conflitos socioambientais existentes
Outro fator é a cana-de-açúcar que é cultivada por toda a área, sendo a
principal pioneira na diminuição da vegetação densa, pois para o seu
desenvolvimento, é necessário que o cultivo seja realizado em grandes
extensões de terras sem nenhuma espécie vegetal que possa representar
competição, de preferência próximo aos rios ou riachos por necessitar de suas
águas, isso faz com que eleve-se o desmatamento indiscriminado nas margens
do rio.
Esta diminuição também se deve a pecuária que é praticada de forma
extensiva, impactando o solo, além de instalação de residências, que podem
gerar aceleração de processos erosivos, evidenciados pelo surgimento de
grandes voçorocas e existência de porções altamente degradadas,
assoreamento dos rios, queimadas e comprometimento da qualidade e da
quantidade da água, devido à irrigação e o uso de substâncias tóxicas na cana-
de-açúcar.
Com a delimitação das áreas de preservação permanente no entorno dos
cursos hídricos e nascentes foi gerado um mapa a partir da intersecção deste com o
mapa de uso e ocupação do solo, sendo possível assim identificar as áreas que não
apresentam vegetação nativa, como mostra na Figura 08 e na Quadro 02. De acordo
com a legislação, a área mínima de APP ao longo de cursos d’água e nascentes
deveria ser de 85,18 km².
47
Figura 08 – Mapa Temático da APP da bacia hidrográfica do rio PratagyFonte: Autor, 2019
48
Quadro 02 – Área da APP
Fonte: Autor, 2019
O uso e ocupação do solo na área de preservação permanente do entorno da
bacia, além de ser um indicativo do não cumprimento à Legislação Ambiental,
também pode influenciar na quantidade, na qualidade e no desenvolvimento das
espécies animais e vegetais que vivem na região. A diminuição de cobertura vegetal
nas encostas e nas margens do rio facilita a capacidade de transporte de
sedimentos pelo escoamento superficial e aumenta a atividade erosiva. Além disso,
atividades como a agricultura e a pecuária podem contribuir para a alteração das
propriedades naturais da água.
O Rio Pratagy, está localizado na APA de mesmo nome, abastece d’água
diversos bairros de Maceió, capital do Estado de Alagoas, como é mostrado na
Figura 09.
CLASSES CARACTERÍSTICAS ÁREA APP (ha)
Vegetação Densa Mata atlântica na margem do rio
3,32
Área Urbana População do Benedito Bentes e povoados ao redor
16,83
Solo Exposto Solo sem vegetação e áreas em processo de erosão,
devido às atividades agrícolas agressivas
10,56
Vegetação Rasteira Caatinga arbustiva (Herbácea), restinga e
manguezal
5,59
49
Figura 09 – Mapa Temático da APA do Pratagy Fonte: Autor, 2019
No bairro do Benedito Bentes, o rio tem sofrido impactos decorrentes do
uso da terra ao longo dos anos, com a exploração sem o devido planejamento
e controle, a tendência é piorar, já que a área residencial tem se expandido
cada vez mais, muitos moradores depositam frequentemente lixo em lugares
impróprios como praças, encostas e terrenos baldios, como é mostrado na
Figura 10.
Figura 10 – Resíduos depositados no rio PratagyFonte: Autor, 2019
Na área que corresponde à APA do Pratagy pode ser visto o ciclo
insustentável que começa com o desmatamento, passa por danos ambientais
50
que conduzem, em última iminência, à perda de fertilidade do solo que é então
abandonado, e recomeça com o desmatamento de novas áreas. Onde o solo já
não se prestava ao cultivo da cana foi introduzido o gado. Este, pastando em
áreas de encosta e às margens do rio Pratagy, acaba levando à degradação do
ambiente, tornando-o ainda mais suscetível a processos erosivos. No caso do
curso d’água, além de interferir na qualidade da água, a pecuária praticada às
suas margens pode desencadear ou acelerar processos erosivos tendo como
consequência final o assoreamento de seu leito.
Em relação à foz do rio, os coqueirais, invadem a área de manguezal
misturando-se, em alguns pontos, a ele ou substituindo-o. O manguezal ainda
sofre prejuízos com a ocupação desordenada. As residências aí localizadas
depositam lixo e esgotos no local, como mostrado na Figura 11.
Figura 11 – Coleta de resíduos na foz do rio PratagyFonte: Alagoas, 2017
4.4 Diretrizes para um adequado planejamento da área
Com o propósito de melhorar a preservação da bacia do rio Pratagy , uma
boa medida seria o reforço do governo juntamente com Comitê da Bacia
Hidrográfica do Pratagy onde eles poderiam proporcionar um desenvolvimento na
região, aconselhando e diminuindo os riscos de degradação e escassez dos
recursos hídricos, promovendo o envolvimento das comunidades localizadas perto
do entorno, fazendo com que a população participe da proteção da área e entenda
a importância do mesmo, além de criarem um plano de gestão para APA,
51
baseando-se em um zoneamento. Outra medida que já começou a ser praticada
foi que a Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL) em 2018 começou a
implantar o sistema de saneamento nas casas do Benedito Bentes e da cidade
universitária, com o objetivo de reduzir o lançamento de resíduos no leito do rio.
Uma medida que deve ser sempre verificada é o monitoramento das empresas
que estão construindo moradias nesta região, com o intuito de prevenir a retirada
da cobertura vegetal remanescente.
52
5 CONCLUSÃO
O uso do satélite LANDSAT 8, juntamente com o programa ArcGis 10.2 se
mostraram ferramentas adequadas para análise do uso e ocupação do solo no
entorno da bacia do Pratagy. A partir dos dados obtidos, nota-se o quanto as
atividades antrópicas pressionam os componentes do meio físico, gerando uma
redução das áreas de vegetação remanescente pela sua ocupação. Um cenário
semelhante pode ser resultado do crescimento do setor agropecuário brasileiro sem
a verificação de competência agrícola de terras ou da capacidade de uso dos solos,
o que impede que sejam executados planejamentos antecipados à colocação das
atividades.
Consequentemente, a ocupação das margens da bacia do Pratagy precisam de
ações que sejam voltadas à recuperação ambiental das áreas danificadas, assim
como o adensamento da vegetação nas áreas de solo exposto.
Dentre as ações a serem executadas na busca de uma perspectiva desejável,
deve realçar às seguintes: Estimular o reforço do comitê da bacia do rio Pratagy,
agilizando-se os métodos de cobrança pelo uso da água e da formação de critérios
que acompanhem à sustentabilidade para outorga e licenciamento da água; Criação
de modelos de gestão integrada, incluindo aspectos relacionados à proteção
ambiental; Restauração e preservação das áreas de proteção permanente no
entorno da bacia; Controle do uso e ocupação do solo e do seu manuseio adequado,
diminuindo os impactos negativos como erosão, assoreamento e contaminação das
águas.
Seria apropriado também que os órgãos ambientais estimulem a educação
ambiental dos moradores, para que sejam aptos de entender os problemas
pertinentes à degradação e que aprendam maneiras mais sustentáveis para
utilização da região, e também dos proprietários de áreas agropecuárias, uma vez
que o aumento produtivo não depende diretamente do tamanho da área de
pastagem, e sim da qualidades desta, sendo possível a preservação das APP’s sem
um impacto significativo na produção.
Espera-se que os resultados obtidos com esta pesquisa contribuam para a
melhoria da gestão do uso e ocupação do solo no entorno da bacia do Pratagy,
contribuindo para o melhor uso da terra de acordo com a legislação vigente.
53
REFERÊNCIAS
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54
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