Revista ID - Intervenção Digital

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Intervenção Digital INDEPENDÊNCIA OU MORTE? A INTERNET ESCANCARADA LIBERDADE SEM PRIVACIDADE? • A INTERNET DEMOCRÁTI CA

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Esta Revista é uma produção dos alunos do curso técnico de multimídia da ETEC Jornalista Roberto Marinho - disciplina LTT

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Intervenção Digital

INDEPENDÊNCIA OU MORTE?

A INTERNET ESCANCARADA

LIBERDADE SEM PRIVACIDADE? • A INTERNET DEMOCRÁTICA

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I D E N T I F I Q U E - S E

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A internet surgiu com o intuito de comunicar e transmitir informações rapidamente, encurtando, assim, grandes

distâncias. Porém, desde seu início, foi usada, militarmen-te, como meio de manipulação e controle de massas ou de grupos isolados.

Com o passar do tempo, foi se difundindo, e se tornou aces-sível à todos. Entretanto, a coleta dos dados e o controle da vida privada continuou com força total. Aos olhos do públi-co em geral, é algo insignificante e, para muitos, até mesmo imaginário, por ser feito de forma sutil, embora profunda.

“Expor aos alienados e oprimidos a verdade sobre a situa-ção, é abrir-lhes o caminho da revolução.” Essa famosa frase do intelectual marxista Leon Trotsky mostra, em poucas pa-lavras, qual o objetivo geral de todos os nossos textos.

Não falo de revolução literalmente, mas sim, uma revolução interna e intelectual, para que cada um de vocês que lerão, a seguir, nossas matérias, reflitam sobre o que está acon-tecendo, rapidamente, no mundo virtual, no nosso mundo... Parece algo distante, inatingível, contudo está mais próximo do que imaginamos. Está dentro de nossas casas, nos nos-sos computadores, interagindo com cada pequena informa-ção que cedemos, ingenuamente, ao preenchermos perfis em redes sociais, cadastros para e-mails, entre outras coi-sas das quais sequer imaginamos que são usadas para fins de controle social.

Eis que surge nosso modesto objetivo. Estamos aqui para afugentá-los da alienação manipulada.

Equipe Intervenção Digital

Atenção! Atenção! Este veículo está sendo manipulado!

EDITORIAL

Intervenção Digital

Edição

Fabiana Malanconi

Paulo Brasil

Redação/Produção

Diva Nolasco

Paulo Brasil

Design

Felipe Sousa

Edição de Vídeo/Imagem

André Ribeiro

Diagramação

Vinicius Faustino

Supervisão

Dany Maciel

Fábio Gomes

Rodrigo Crissiuma

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S U M Á R I O A INTERNET

ESCANCARADA

CÓDIGO

DE CONDUTA

PÉROLA AOS PORCOS

VIGIA E PUNE!

INDEPENDÊNCIA

OU MORTE?

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S U M Á R I O

ENTRETENIMENTO

A INTERNET

DEMOCRÁTICA

VÍDEO ID

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A guerra fria aconteceu no final da década de 1940, entre o fim da 2ª. Guerra mun-

dial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em 1960, os EUA, para garantir o sigilo das estratégias de guerra, criaram, no seio do seu complexo industrial-militar aca-dêmico, a Internet.

Em seu surgimento, a Internet chamava-se ARPANET, que sob a tutela do Pentágono e desenvolvida por instituições de pesqui-sas estadunidenses, funcionava como mo-delo de comunicação e compartilhamento de informações descentralizadas. Assim, permitiu sua proteção em caso de ataque nuclear russo.

Em 1969, foi transmitido o primeiro correio eletrônico entre as universidades da Califórnia e Stanford, e somente na década de 1970, com a pacificação da guerra fria, que os EUA permi-tiram que a ARPANET servisse de estudo para o desenvolvimento da Internet. Desse modo, em 1975 ela deixa de ser uma rede experimen-tal, para se tornar operacional, iniciando o de-senvolvimento do protocolo de comunicação TCP/IP. Em 1979, já havia interesse comercial

pela rede, então a IBM funda a BITNET, que permitia a troca de e-mails e a participação em grupos de discussão. Já em 1986, ligada a rede nacional Science Foundation, passa a se cha-mar Internet, sendo que em 1989 a ARPANET é desativada e a partir de 1993 passa a ser ex-plorada comercialmente, já utilizando a con-cepção World Wide Web (www).

Di ferentes de s istemas anter iores como a H ypercard, a w w w não era um sof t ware propr ietár io, ou seja , restr i tos pelo seu cr iador ou distr ibuidor , tornando poss ível a cr iação de outros s istemas e ex tensões sem a preocupação de l icenciamento.

Em 1992 o cientista Tim Berners-Lee, do CERN (Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear), criou a World Wide Web e anunciou que a www seria li-vre para todos, sem custo. E, a partir daí, começa-ram a surgir os navegadores como o Internet Ex-plorer e o Netscape Navigator e também portais, sites, blogs e diversos outros meios e ferramentas que contribuíram para que a Internet ganhasse o mundo, com eficácia nos estudos, pesquisas, tra-balhos, entretenimento e diversão, sendo um ver-dadeiro divisor de águas da nossa sociedade.

CriaturaxCriaçãoSob a tutela do Pentágono e desenvolvida por instituições de pesquisas estadunidenses, surge a internet.

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A INTERNET ESCANCARADA

Vale destacar que já em 1992, o então senador Al Gore, já

falava na Superhighway of In-formation. Essa “super-estrada da informação” tinha como uni-dade básica de funcionamento a troca, compartilhamento e fluxo contínuo de informações pelos quatro cantos do mundo através de uma rede mundial, a Internet.

E é isso que atualmente está ti-rando o sono dos governos e corporações do mundo inteiro,

principalmente dos EUA, pois com o crescimento desenfreado da rede, sem esta prévia regula-mentação, está tornando a troca de informações , inclusive as sigi-losas, públicas - como dizia o di-tado “Caiu na rede, é peixe!”. E no caso, por exemplo, das informa-ções vazadas na rede, através do site Wikleaks, quem está caindo na rede não são os peixes e sim os gigantes tubarões do mundo corporativo e governamental.

Uma das inúmeras e polêmicas publicações do Wikileaks conta sobre os negócios milionários de empresas e governos, que para deixar cidadãos sob con-trole, fornecem softwares es-pecíficos a governos totalitá-rios que interceptam telefones, rastreiam mensagens de texto, reconstroem a navegação da Internet e identificam vozes de indivíduos sob vigilância.

Sob este pretexto do uso in-discriminado da rede, incluindo também a troca de informações como materiais fonográficos e cinematográficos protegidos por leis autorais que os gover-nos do mundo, de acordo com seus interesses tanto comer-ciais quanto sociais, tentam freneticamente regulamentá--la, surgindo assim, propos-tas de leis como o Stop On-line Piracy Act, o Program on International Policy Attitudes e, atualmente em discussão no congresso americano, o Cyber Intelligence Sharing and Pro-tect Act e o Anti-Counterfei-ting Trade Agreement.

Será que essas propostas tem somente a finalidade de regulamentar a rede, protegendo-a e evitando pirataria entre outras intervenções?

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INDEPENDÊNCIA OU MORTE?

Confira a entrevista completa com Ronaldo Lemos na revista:

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INDEPENDÊNCIA OU MORTE?

E m entrevista, o diretor do Centro de Tecnologia e

Sociedade da FGV do Rio de Janeiro e diretor do Creative Commons no Brasil, Ronal-do Lemos (foto), fala sobre o SOPA e o rumo da Lei de Di-reitos Autorais aqui no Brasil:

O SOPA muda a estrutura da Internet. Ele dá às gravado-ras e a Hollywood o poder de derrubar qualquer site que não seja americano do ar, por mera suspeita de viola-ção à “propriedade intelec-tual americana”. Além disso, permite sufocar financeira-mente esses sites, proibin-do empresas de cartão de crédito e bancos de repas-sarem recursos a eles. Tudo isso sem a apreciação prévia do poder judiciário. Trata-se de uma grande forma de dis-criminação contra a internet no mundo todo, com exce-ção dos EUA onde a lei não se aplica.

Na minha visão, é uma lei que não traz nenhum pon-to positivo, ao contrário, aponta para um caminho equivocado para tratar da

questão da pirataria. Leis como o SOPA são uma afir-mação do poder geopolítico dos EUA sobre a Internet, que são contrárias ao inte-resse público. Hoje apenas 9% dos americanos aprovam o trabalho do Congresso.

Nos últimos 15 anos houve uma explosão de inovação e novos serviços, do Youtube ao Facebook. Isso foi pos-sível porque a lei dos EUA dava a segurança e proteção necessária ao empreendedor. Se o SOPA for aprovado, não traria nenhum benefício ao usuário, apenas à indústria, reduzindo a competição na internet e vai reduzir a oferta de novos serviços.

No Brasil, que é um dos al-vos do projeto: empreende-dores que criarem um novo site voltado para o merca-do global podem ser pena-lizados pelos EUA e terem seu site removido do ar sem aviso prévio.

Ainda no Brasil, foi encami-nhada recentemente pela Mi-nistra Ana de Hollanda para a

Casa Civil uma versão da LDA (Lei de Direitos Autorais), que traz um dispositivo que aponta na direção do SOPA. É um ar t igo que prevê a re -moção automática de con-teúdos da internet, sem a apreciação prévia do poder judiciár io, mediante notif i -cação da indústr ia cultural. Esse ar t igo, da forma como está formulado, em vez de melhorar, piora nossa lei de direitos autorais e es-tabelece a possibi l idade de abusos. Nossa lei tem di-versos problemas, alguns deles solucionados pela proposta de reforma, ou-tros agravados por ela.

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“ Le i s c o m o o S O PA s ã o u m a a f i r m a ç ã o d o p o d e r g e o p o l í t i co d o s E UA s o b re a I nte r n e t , q u e s ã o

contrárias ao interesse público.” - Ronaldo Lemos

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A C TAO QUE É ?

“Acordo de Comércio Anti Falsificação propõe ajudar a evitar a falsificação ou roubo de produtos ou marcas... Será mesmo?”

“Sabe aquela foto engraçada de um artista que você enviou para alguém? Ou aquela música que você adorou e quer mostrar para seu amigo? Esqueça-os! O ACTA não permite compartilhamentos.”

“Censura na internet; restrições a liberdade de expressão; monitoramento de suas atividades no computador; restrição dos direitos civis e punições. É isso que você quer?”

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T udo indica que o SOPA e PIPA, até então, não fo-

ram aprovados e passariam com uma certa facilidade em vista das próximas batalhas: O CISPA e o ACTA.

O CISPA (Cyber Intelligen-ce Sharing and Protect Act) é um projeto de lei do se-nado americano que permi-te que quaisquer empresas coletem informações parti-culares de um usuário e en-vie todas essas informações para o governo americano. Se o CISPA for aprovado, todas as empresas que par-ticiparem e enviarem infor-mações dos usuários, in-terceptarem e modificarem essas comunicações para o governo, serão pagas por isso. Nessa brincadeira, o Senado americano já tem a apoio de empresas como: Facebook, Verizon, AT&T, US Telecom, IBM e Intel.

A outra pedra no caminho é o ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Agreement), que signi-fica Acordo Comercial Anti-contrafacção. Esta tem como discurso principal combater o plágio e a pirataria na in-ternet, protegendo os direi-

tos e propriedades intelectu-ais, sendo mais rígido que os acordos anteriores, como o PIPA e o SOPA, além de difi-cultar a dissolução do acordo no futuro. Porém, apenas nos países participantes do acor-do, como Polônia, Austrá-lia, Coréia do Sul, Marrocos, Nova Zelândia França, Itália, Japão, Singapura, Suíça, e, claro, os Estados Unidos.

Outro objetivo do ACTA é incluir penas para os “crimes virtuais”, além de restringir o acesso à internet.

O acordo é fe i to

sob s igi lo, o que

tem gerado uma

onda de protestos

O acordo é feito sob sigilo, o que tem gerado uma onda de protestos tanto na internet, como no Congresso Ame-ricano, que é o responsável pela aprovação dos acordos e, sem dúvida, bastante criti-cado, pois os países contra o projeto acreditam que o tra-tado foi criado apenas para favorecer conglomerados empresariais, além de apoiar e incentivar a tecnologia dos países mais desenvolvidos, deixando assim, os subde-senvolvidos desfavorecidos.

O s d i r e i t o s a u t o r a i s n a i n t e r n e tSOPA e PIPA é passado, mas a batalha ainda não acabou, CISPA e ACTA são os próximos!

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CÓDIGO DE CONDUTAP ara um simples mortal mais “desaten-

to”, tudo isso pode parecer obra de grupos isolados com paranoia de cons-piração. Contudo, no mundo globalizado em que vivemos, isso é bastante alarman-te, tendo em vista todas as propostas de leis e fatos ocorridos nos últimos anos, não só na rede, mas com o crescimento das altas tecnologias voltadas para vigi-lância, para sair na frente desta corrida pelo poder e, possivelmente, controlar o mundo como um todo.

Um exemplo recente disso foi o cyber ataque sofrido pelo Irã por um vírus de computador de alta complexidade cha-mado Stuxnet, que tinha como objetivo impedir que o Irã fabricasse armas nu-cleares (não comprovados, assim como o Iraque, na era Bush), fazendo com que mil, das cinco mil centrifugas nucleares em operação, parassem de funcionar na-quele momento. Especialistas suspeitam que o Stuxnet era de origem americana e israelense, mas nenhum dos dois países admitiram suas participações.

A novidade da Google

A mais nova ferramenta da Google para aparelhos móveis é o My Location, desenvolvida para rastrear os aparelhos e identificar o local onde se encontra o proprietário do aparelho através de um ponto azul. Basta estar conectado à Internet, mesmo que o aparelho não possua GPS.

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Governos autoritár ios, como o chinês, bloqueiam sites indesejados para o governo, f i l trando as bus-cas de acordo com seus interesses, sendo que os resultados das pesquisas feitas por usuários que não cumprirem as leis, regula-mentações e pol ít icas, não serão mostrados. Em nota oficial , o vice -presidente sênior da Google, David Drumond, publicou que vár ias empresas l igadas ao Google sofreram ata-ques vindos do terr itór io chinês e af irma: “Nós de -cidimos que não estamos mais dispostos a continu-ar censurando nossos re -sultados no Google”.

Po r o u t ro l a d o, n o B ra -s i l , a G o o g l e d i s p o n i b i -l i z a p a ra Po l í c i a Fe d e ra l , d e s d e 2 0 0 6 , u m a fe r ra -m e n t a q u e p e r m i te ra s -t re a r u s u á r i o s d o O R K U T s e m p re c i s a r d e m a n d ato.

Ainda no Brasil, o gover-no mantém uma rede dos bancos de dados de segu-rança pública, a Infoseg, mantida pelo Ministério da Justiça, através da Secre-taria Nacional de Seguran-ça Pública (Senasp). Nela é possível consultar os da-dos sigilosos de qualquer cidadão brasileiro. Além desses bancos de dados já existentes, em 2009 quase foi aprovada a “Lei Azere-do”, de autoria do senador

Eduardo Azeredo, para ti-pificar os “cyber crimes”. Nela, buscava-se autorizar o monitoramento de todos os internautas brasileiros, tornando obrigatório que os provedores de internet e locais de acesso a inter-net (como as lan houses) guardassem um registro de todos os usuários por pelo menos 6 meses. Além disso, os provedores eram obrigados a fiscalizar seus usuários para saber se fa-ziam algo ilegal. Ativistas, blogueiros e demais usu-ários nomearam o projeto como o “AI-5 digital”.

Entretanto, diferente do que aconteceu em 1968, este não saiu do papel devido à pressão contra a sua votação e resultou em seu congelamento.

#OPHackInRio

O grupo hacker Anonymous (foto abaixo) assumiu o ataque que ocorreu na tarde de quarta feira, 20/06 aos sites da ONU, do Incra e da conferência Rio + 20 que estão discutindo sobre o desenvolvimento sustentável.

Foram mais de 23 sites invadidos e substituídos pelo vídeo do coletivo pedindo à população que se envolva mais nas questões e participe das decisões.

Veja o vídeo no:

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U ma das maiores preocupações de todos os usuários da rede e deste novo for-

mato de mundo é o fato de que além de ter todos os seus dados pessoais coletados e disponíveis, também os seus costumes, sua rotina e seu trabalho.. . enfim, toda a sua vida privada estará disponível para consul-tas e uma possível manipulação por parte de corporações e governos.

Na opinião de Jacob Appelbaum ( foto) , hacker colaborador do Wik i leaks e do projeto Tor (um sof t ware que permite aos usuár ios navegar de forma anônima na I nternet) , e especia l ista em informáti -ca e segurança de redes na Univers idade de Washington, empresas como o Face -book e o Sk ype l imitam proposita lmente a segurança e a pr ivacidade de seus usu-ár ios, se ja porque lucram com seus dados ou porque cumprem exigências governa-mentais . Segundo ele, as “ fa lhas de se -gurança” são um r isco para os usuár ios e são fe i tas com o pretex to de atender a segurança nacional dos EUA.

A g r a n d e l u t a d e a t i v i s t a s e e s t u d i o s o s n o a s s u n t o , é d e e v i t a r q u e g o v e r n o s e c o r p o r a ç õ e s p o s s a m c o n t r o l a r n o s s o s p a s s o s e o m i t i r i n f o r m a ç õ e s c r u c i a i s a o d e s e n v o l v i m e n t o h u m a n o , c o m i s s o t r a n s f o r m a n d o o m u n d o e m u m a n o v a e r a d e “ P ã o e C i r c o ”.

Pérola aosporcos

“Empresas como o Facebook e o Skype limitam propositalmente a segurança e a privacidade de seus usuários”

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Liberdade sem privacidade?

D esde setembro de 2001, a vigilân-cia cresce e se expande rapidamente,

através de rastreamentos sem autorização. Este comportamento serve de alerta para o que está acontecendo ao redor do mundo, que parece ir cada vez mais rápido para um caminho ditatorial digital.

As autoridades políticas tem acesso à inú-meros detalhes de nossas vidas e que, usan-do-as de modo errôneo, podem causar danos irreparáveis através desses sistemas que nós mesmos deixamos acontecer ao longo dos anos. Mas por quê? A socióloga Juliet Schor explica: “somos uma sociedade que sofre cada vez mais de pobreza de tempo: trabalhamos longas horas, viajamos longas distâncias de casa para o trabalho, carregamos nossos fi-lhos para inúmeras atividades e, em nosso fre-nesi, passamos a confiar nas múltiplas conve-niências oferecidas pela nova tecnologia que nos ajuda em nossas agendas frenéticas. Em geral essas novas mídias estão tão integradas às nossas vidas que simplesmente não con-seguimos nos imaginar vivendo sem elas. Elas nos acostumaram a níveis de conveniência que nunca tivemos antes – uma conveniência dire-tamente proporcional à quantidade de infor-mação pessoal que entregamos.”

O fi lósofo francês Michel Foucault argu-menta em seu l ivro “ Vigiar e Punir ”, que a vigilância constante tem efeito devastador. É uma forma sutil de opressão. Quando nos sentimos observados temos mais consci-ência de nosso comportamento, com mais probabilidade de observar o que fazem o s

e n o s m o l d a r m o s à q u i l o q u e a c h a m o s q u e n o s s o s v i g i a s q u e r e m o u e s p e r a m d e n ó s .

Mas l iberdade sem privacidade, nos diz Foucault , não é l iberdade. “Quanto mais somos obser vados, argumenta, menos l ivres nos sentimos para sermos indi-víduos únicos, peculiares, às vezes ex-cêntr icos. A vigi lância exerce uma pres-são velada. Sob constante vigi lância estamos mais propensos à conformi-dade, menos sujeitos a fazer pergun-tas sociais i r r itantes que podem chamar atenção para nós e aborrecer alguém – quem? Ficamos menos incl inados a de -senvolver nossas próprias ideias e opi-niões, elaborá-las em nossa mente, com nossas palavras, testá-las em público – e nos atermos a elas.”

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Vigia e pune!

“ A p u n i ç ã o e a v i g i l â n -

c i a s ã o p o d e r e s d e s -

t i n a d o s a e d u c a r (a d e s -

t r a r ) a s p e s s o a s p a r a

q u e e s s a s c u m p r a m n o r-

m a s , l e i s e e x e r c í c i o s d e

a c o r d o c o m a v o n t a d e d e

q u e m d e t ê m o p o d e r.

A v igi lância é uma manei -

ra de se obser var à p es-

so a , se es t a es t á realmen -

te cumprindo com to dos

seus deveres – é um p o der

que at inge os corp os dos

indiv íduos , seus ges tos ,

seus discur sos , suas at iv i -

dades , sua aprendiz agem,

sua v ida cot idiana .

E la tem como f unç ão ev i -

t ar que a lgo contrár io ao

p o der aconte ç a e busc a

re gulament ar a v ida das

p esso as p ara que es t as

e xerç am suas at iv idades .

Já a puniç ão é o meio en -

contrado p elo p o der p ara

tent ar corr igir as p esso -

as que inf l igem as re gras

di t adas p elo p o der e e la

t amb ém é o meio i l id i r que

ess as p esso as comet am

condut as puníveis (atra -

vés da puniç ão as p esso -

as terão re ceio de cometer

a lgo contrár io às normas

do p o der). A v igi lância e a

puniç ão p o dem ser encon -

tradas em vár ias ent idades

es t at ais , como hospit a is ,

pr isõ es e escolas .

A relação entre v igiar e punir está no fato de que com ela ser ia possível “adestrar ” as pessoas para que estas exercessem suas tarefas como bons cida-dãos, evitar o máximo que as pessoas infr ingissem as normas estabelecidas pelo poder, estas idéias podem ser retiradas do l ivro: V I -GIAR E PUNIR - Nasci -mento da prisão”.

M i c h e l F o u c a u l t

“As luzes que descobriram as liberdades inventaram também as disciplinas”

Nasceu em 1926 em Poitiers, França. Aos 20 anos foi estudar psicologia e fi losofia em Paris.

Poucos pensadores da se -gunda metade do século 20 alcançaram repercussão tão rápida e ampla quanto o francês Michel Foucault. Por ter proposto aborda-gens inovadoras para en-tender as instituições e os sistemas de pensamento, a obra de Foucault tornou-se referência em uma grande abrangência de campos do conhecimento.

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A vigilância onipresente e os arquétipos de máquinas.V

ÍDE

O

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A vigilância onipresente e os arquétipos de máquinas.

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A internet

democrática

N o início da criação da Internet jovens da contracultura, ideologicamente engaja-

dos ou não em uma utopia de difusão da in-formação, contribuíram decisivamente para a formação da Internet como hoje é conhecida. A tal ponto que o sociólogo espanhol e es-tudioso da rede, Manuel Castells, afirmou no livro A Galáxia da Internet (2003) que: “A In-ternet é, acima de tudo, uma criação cultural.”

A digitalização tem uma importância crucial na história da Humanidade, pois condicionou o aparecimento da sociedade da informação. Com isso, foi o desenvolvimento das redes de computadores e a circulação de milhões de bits em múltiplos sentidos que nos fez atingir realidades nunca sonhadas.

O computador pessoal, pela capacidade de cone-xão com outros computadores, abriu as portas à interatividade, sem limites espaciais ou culturais, possibilitando um novo modelo de sociedade, “com cidadãos ativos e intervenientes, que interagem com a fonte de informação e que são eles próprios fontes de informação” (Rui Marques – Os desafios da Sociedade da Informação). Sob esse aspecto, a Internet representa “o melhor” e “o pior” do mun-do em que vivemos e ao qual impomos nós pró-prios uma organização que ele não possui.

De acordo com a tese apresentada por Karla Saraiva ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS, vale destacar sobre a importância da internet:

Foi o desenvolvimento das redes de computadores e a circulação de milhões de bits em múltiplos sentidos que nos fez atingir realidades nunca sonhadas.

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Baixos custos

Fontes de informação

Independência geográfica

Motivação

Flexibilidade de tempo

Partilha do saber

Educação global

Abertura ao mundo

O usuário não está sujeito aos horários rí-gidos, escolhendo o horário mais convenien-te para realizar seus trabalhos e pesquisas, bastando apenas possuir um computador em casa ligado à Rede. Dispondo de um computador e de uma li-

nha telefônica, qualquer utilizador pode fa-cilmente acessar à Rede. É evidente que esta questão é relativa. Apesar dos baixos cus-tos da Internet perante as possibilidades que oferece, ela ainda é um fator significativo, assim como o próprio computador, no orça-mento de algumas famílias, o que pode agra-var as desigualdades no acesso à informação.

Facilita o acesso a fontes de informação va-riadas e atualizadas, fazendo da Rede uma enciclopédia eternamente inacabada. Estando os documentos e informações diversas dispo-níveis para que utilizadores possam consultar.

A Internet permite que estudos saltem o muro da escola, contribuindo para o desenvolvimento de alunos e a sociedade como um todo, parti-lhando grande diversidade de saberes, opiniões e diferentes perspectivas de mundo enriquecen-do e estimulando o espírito crítico da socieda-de. A existência de fóruns enaltece o espírito de grupo, a cooperação, a autonomia e a tolerância.

O uso da Internet facilita uma visão do mundo como uma realidade interdependente, permitindo a partilha de problemas e procura de soluções.

Um computador ligado à Rede permite que-brar o Isolamento, no qual algumas pessoas e comunidades dificilmente teriam acesso a acontecimentos distantes no espaço, como é o caso de algumas tribos indígenas na Amazônia.

Numa sociedade cada vez mais global, a Inter-net possibilita o conhecimento e compreensão de outras culturas. Este diálogo intercultural é importante na construção de uma sociedade tolerante, respeitadora das diferenças.

Apesar de acusada de estimular o isola-mento, inibindo o convívio, a Internet apre-senta-se como um recurso para aumentar a comunicação com os outros, o que é uma ati-vidade divertida, motivadora e construtivista.

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V igilância e controle da vida pública e pri-vada são temas muito frequentes tanto

na mídia quanto no cotidiano da vida de to-dos. Mas há alguns anos, o conceito de con-trole vem mudando bastante. Os dois filmes tratados abaixo relatam bem este contraste.

O filme 1984, dirigido por Michael Radford, foi lançado em 1948, baseado na obra lite-rária de George Orwell. A história é futu-rista, passa-se em 1984 no que ele chama de bloco da Oceania que é dominado por um partido totalitarista. Todos os cidadãos são completamente vigiados, através de telões, pelo “Big Brother” a todo tempo. O perso-nagem principal, Winston Smith, é um fun-cionário do partido que manipula as notícias de acordo com os interesses do governo to-talitarista. Smith conhece Julia, que também faz parte do partido, e o casal apaixona-se e começam a namorar escondido, pois a práti-ca amorosa era proibida. São pegos pela po-lícia do pensamento e condenados por trai-ção ao governo. Sofrem sérias torturas até serem totalmente re-doutrinados de acordo com os ideais do partido.

O Show de Truman, filme dirigido por Pe-ter Weir, lançado em 1998, conta a vida de Truman Burbank, um vendedor de seguros que vive na fictícia ilha de SeaHaven. Sem saber, ele é o personagem principal de um Reality Show. Milhões de pessoas ao redor do mundo acompanham sua vida desde seu nascimento. Todos seus familiares e amigos são atores desse show criado por Christof. Truman começa a questionar sua realidade e passa a investigar os fatos tão corriqueiros de sua vida. Por fim, chega ao limite da ci-dade cinematográfica e descobre que toda a

sua vida, até então, não passou de uma men-tira televisionada e deixa o programa.

Tanto 1984 quanto O Show de Truman são filmes com a mesma temática, porém contrastantes em seu enredo e desenrolar dos fatos. Enquanto o primeiro passa-se em um regime militar totalitarista cuja li-berdade era tomada a força dos cidadãos, porém com a sua consciência e até mesmo complacência, pois não agem comunitaria-mente para mudar seus destinos e acabam por ser dominados pelo governo. O segun-do acontece em plena democracia do sé-culo XXI, mas o personagem cuja liberdade é roubada não tem a menor noção disso. Simplesmente está acomodado com sua vida pacata e rotineira que demora a perce-ber as dificuldades que ocorrem quando ele age espontaneamente ou inesperadamente.

Mas o ponto principal é a vida real, a so-ciedade em que vivemos que é tão vigia-da quanto Truman ou os cidadãos domina-dos pelo “Big Brother” com ou sem nosso consentimento. Pois, muitas vezes, sequer sabemos se há câmeras ou escutas nos lo-cais públicos que visitamos. Mas, além dis-so, tem a questão de que, cada vez mais, as pessoas querem ser vistas e admiradas, que suas vidas sejam comentadas positivamente ou não, como a dos participantes dos Rea-lity Shows ou até mesmo dos usuários mais explícitos das redes sociais.

Passaram-se algumas décadas e os con-ceitos sobre vida privada mudaram conside-ravelmente: se há alguns anos, quanto mais discreto melhor era sua reputação, atual-mente, quanto mais visto você é, melhor.

LIBERDADE MANIPULADAanálise dos filmes: 1984 & o show de truman por diva nolasco

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Revista Intervenção Digital Interferindo no sistema 23

Charge: Compar t i lhamento cego

Caça PalavrasO GOVERNO britânico

pretende MONITORAR a INTERNET da população através da VIGILÂNCIA do SISTEMA.

A GLOBALIZAÇÃO trouxe não só a informação como também a invasão de sistemas.

A SEGURANÇA e a PRI-VACIDADE dos INTER-NAUTAS está cada dia mais ameaçada.

A COMUNICAÇÃO entre os usuários ficará difícil caso as novas leis sejam aprovadas.

Procure no quadro abaixo as 10 palavras em itálico das frases ao lado. Essas palavras estão relacionadas ao tema da revista ID - Intervenção Digital.

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