Revista Elos . Abril - Maio de 2013

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Publicação mensal da Associação Recriar | Ano 01 . nº09 . Abril – Maio 2013 Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | [email protected] Paulo Pancote O pecado esquecido Paulo Moura Lições de uma pescaria Isaltino Gomes África, continente amaldiçoado?

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Publicação da Igreja do RecreioRio de Janeiro . Brazil . Distribuição dirigida ao Recreio e bairros adjacentes

Transcript of Revista Elos . Abril - Maio de 2013

Publicação mensal da Associação Recriar | Ano 01 . nº09 . Abril – Maio 2013Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | [email protected]

Paulo Pancote

O pecado esquecidoPaulo Moura

Lições de uma pescariaIsaltino Gomes

África, continente amaldiçoado?

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 1

Uma publicação mensal da Associação Recriar. É proibida a venda de exemplares. Distribuição gratuita e dirigida.

Diretor executivoWander Ferreira [email protected]

Editor de conteúdoUtahy Caetano dos Santos FilhoMTB [email protected]

PublicidadeCarolina [email protected]

RedaçãoCarolina Carneiro; Marcelo BelchiorDhiego Almeida; Felipe Leão

Colaboraram nesta ediçãoGeorge Heinrichs; Paulo Moura Dercinei Figueiredo; Samuel Rodrigues Rafael Mattos; Josué Ebenézer Josias Bezerra; Samuel Rodrigues Sylvio Macri; Karolyne Reis; Isaltino Gomes Raquel Souza; Joel Leandro Wesley Cavalheiro; Edvar Gimenes Geoésley Negreiros; Israel Belo de Azevedo Conselho editorialTamar Souza; Daladier Carlos; Carlos NovaesAdalberto Sousa; Lília Marianno

Projeto gráficoMarcelo [email protected]

CTP e GráficaEdiouro Gráfica e Editora21. 3882.8230 | [email protected]

Tiragem10.000 exemplaresDistribuição dirigida aos moradores do Recreio,Barra da Tijuca e adjacências

InformaçõesIgreja do RecreioRua Helena Manela, 101 . Recreio21. 2437.3015 Ramais 220 a [email protected]

O conteúdo e informações contidos nas matérias e artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores. É necessária prévia autorização, e devida citação do veículo, para reprodução total ou parcial do conteúdo.

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sGuerra santa?Utahy Caetano . Página 16

09 . Baixando as expectativasJosias Bezerra

10 . O câncer e a curaEntrevista: Jussara Novaes

15 . Generosidade se ensinaIsrael Belo de Azevedo

21 . Reflexões para viverCarlos Novaes

24. Você ora com um porquê?Lília Marianno

27. A vírgula em extinçãoProfessor Adalberto Alves

28. Congresso da BíbliaReportagem: Utahy Santos

31 . África amaldiçoada?Isaltino Gomes

38. Anjos armadosGeoésley Negreiros

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Demoraremosmais um pouco para voltar, mas voltaremos

Elos, a partir desta edição, passa a ser bimestral. Os custos de uma revista impressa são altos e a administração entendeu que seria melhor recuar, agora, para avançar mais à frente.

Lamentar não adianta, vamos à edição que você, leitor, tem em mãos. Em algumas famílias, é muito pacífica a decisão de um filho seguir uma religião diferente da dos pais. Em outras, uma guerra pode ser deflagrada. Pais e mães evangélicos com filho ou filha umbandista é motivo quase certo de conflito. As visões de mundo são muito diferentes. O contrário, pais e mães umbandistas com filho ou filha evangélico, é menos problemático. Sei por experiência própria, meus pais eram umbandistas e nunca me incomodaram por isso. Minha mãe terminou seus dias servindo a Deus na mesma igreja que eu.

Reconhecemos, no entanto, que esta é uma situação delicada e por isso convocamos alguns pais e mães para falarem sobre o assunto. Os filhos desta vez não foram ouvidos.

Fofoca, maledicência, disse-me-disse... Muitas pessoas têm o mau hábito de falar mal da vida alheia. Vidas são destruídas graças a comentários malévolos.

“Vivemos em uma época onde a maledicência é quase natural. Há diversas revistas que se ocupam em bisbilhotar a vida alheia, principalmente dos ricos e famosos, daqueles que se encontram em evidência. E a grande prova de que o povo dá importância a isso, é como essas revistam vendem!”. O comentário é de Paulo Pancote e podemos ler mais sobre o perigo do

mexerico em seu texto “O pecado esquecido”.

Final de março, fechamento desta revista, nos periódicos só se fala no pastor deputado Marcos Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos. Acusado de ser homofóbico e racista (ele segue a linha “exegética” que entende ser o sinal de Caim a cor negra da pele), é mesmo estranho ele ocupar a posição que ocupa. Isaltino Gomes fala sobre o sinal de Caim: “Para alguns intérpretes, o sinal posto sobre Caim foi a cor negra. Por isso, a África e os negros eram amaldiçoados, e foram deportados como escravos. Já ouvi gente dizer que a terra de Node, onde Caim foi habitar, era a África. Tolice da grossa, pois a região nunca foi identificada”. Leia a íntegra do texto e não repita as bobagens que o deputado andou dizendo.

“Há quem acredite mesmo que só os espertos se dão bem na vida. Pura ilusão. Os que desprezam a sabedoria são chamados pelo autor sagrado de insensatos, pois colhem frutos amargos das suas semeaduras imprudentes. Resultado: melhor do que ser sabido é ser sábio”. Carlos Novaes está certo, como sempre. Em “Três reflexões sobre a arte de viver com sabedoria”, o sábio discorre sobre sabedoria. Temos a impressão que o mundo é dos sabidos (também conhecidos como espertos). Não é, como bem demonstra Carlos Novaes.

Em junho, estaremos de volta com novo número de Elos. Continuamos esperando por sua crítica. Crítica não necessariamente elogiosa. Temos coração forte, aponte nossas falhas para tentarmos melhorar.

Utahy SantosEditor de conteúdo . [email protected]

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editorial .

Agência Brasil

Térmicas podem ficar ligadaso ano todoSabrina Craide Repórter da Agência Brasil

Os reservatórios das hidrelétricas, onde estão situados 70% dos reservatórios de água do país, estão com 49,9% de sua capacidade máxima, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O percentual é considerado baixo, já que estamos no final do período chuvoso e, nessa época, os reservatórios costumam chegar em níveis mais elevados. Em março do ano passado, por exemplo, o nível dos reservatórios dessas regiões estava em 78,5%. Em 2011, era de 83% e, em 2010, 82,9%. Por causa do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas registrado nos últimos meses, o governo teve que acionar as usinas termelétricas movidas a gás natural, óleo diesel, carvão ou biomassa, que produzem energia mais cara e são mais poluentes. Atualmente, cerca de 15 mil megawatts de energia térmica estão acionados. Na avaliação do coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, a situação só irá se normalizar com a volta do período chuvoso em novembro, e, até lá, o Brasil terá que usar a sua base de termelétricas em tempo integral. Segundo ele, historicamente o país já viveu períodos de falta de chuva e níveis baixos de reservatórios, mas a diferença é que agora o Brasil tem um conjunto de usinas termelétricas com capacidade de suprir a demanda até o fim do ano.

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Garoto de 17 anos vende aplicativo parao Yahoo!Um prodígio londrino da computação está realizando os sonhos do Vale do Silício, com a venda de seu aplicativo para o Yahoo! por US$ 30 milhões.

O portal de internet, que colocou a tecnologia móvel em posição central em seu novo plano de recuperação, depois de anos de dificuldades, decidiu que era hora de recorrer ao adolescente britânico Nick D’Aloisio e ao aplicativo Summly, que resume notícias automaticamente para leitura nas pequenas telas dos celulares e aparelhos móveis.

O acordo faz do autodidata D’Aloisio, 17, um milionário. Ele aprendeu sozinho a escrever software, quando tinha 12 anos, e passará a trabalhar no escritório do Yahoo em Londres, enquanto continua seus estudos.

“Nick é um pensador excepcional no que tange a produtos”, disse Adam Cahan, vice-presidente de produtos móveis e emergentes do Yahoo.

“Ele representa uma mudança de geração, em termos das coisas sobre as quais pensa, e do significado de uma cultura completamente móvel. A geração dele não é uma geração na qual os aparelhos móveis vêm primeiro; é uma geração na qual só existem aparelhos móveis. E esse é um ponto de vista diferente”. (www1.folha.uol.com.br/mercado/)

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Reporterbrasil.org.br

Brasil é exemplo de combate ao trabalho infantilThais LeitãoRepórter da Agência Brasil

A experiência brasileira na implementação de políticas de promoção do trabalho decente pode ajudar outros países em desenvolvimento a alavancar o combate ao trabalho infantil. A avaliação é da coordenadora do Programa de Cooperação Sul-Sul da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Fernanda Barreto. Ela acredita que o compartilhamento de práticas entre países que vivem realidades semelhantes garante uma “resposta mais efetiva”.

A coordenadora da OIT lembrou que a erradicação da exploração da mão de obra de crianças e adolescentes é uma preocupação mundial, principalmente porque o ritmo de queda vem diminuindo em diversos países. O assunto será tema de uma conferência global que o Brasil sediará em outubro deste ano. A organização pretende lançar, durante o evento, a sistematização das boas práticas brasileiras nessa área.

“Quando um país como o Brasil apresenta a nações com características parecidas uma iniciativa que ele implementou, e tem dado resultados, a aceitação é muito positiva, porque não é uma troca de cima para baixo. Não é uma

instituição dizendo que aquilo dá certo, mas um compartilhamento de igual para igual”, disse.

Fernanda Barreto ressaltou o protagonismo brasileiro na promoção do trabalho decente e enfatizou que as políticas de transferência de renda condicionadas à frequência escolar são exemplos de medidas que despertam o interesse de muitos países.

“A erradicação da pobreza contribui em grande medida para a redução da exploração da mão de obra infantil. Além disso, o Brasil adota um modelo de inspeção do trabalho infantil e do trabalho forçado que tem dado resultados excepcionais e contribuído para combater esses tipos de atividade”, disse.

Ela ressaltou que a OIT promoveu quatro visitas de intercâmbio por meio do Programa de Cooperação Sul-Sul, desde 2010. Representantes do Equador, da Bolívia e do Paraguai estiveram no Brasil para conhecer iniciativas como o Bolsa Família, os programas de capacitação de adolescentes com idades entre 14 e 16 anos, além da atividade dos auditores e auditoras fiscais do trabalho, que inspecionam irregularidades em empresas, inclusive as relacionadas à segurança e à saúde no trabalho.

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Columan.com

O diretor da Nasa (agência espacial americana), Charles Bolden, tem um conselho sobre o que fazer se um grande asteroide estiver a caminho da Terra: rezar. Isso é praticamente tudo o que se poderia fazer neste momento se asteroides ou meteoros desconhecidos estivessem em rota de colisão com o planeta, afirmou ele a legisladores na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. A projeção fatalista ocorre enquanto a Nasa pede que o governo americano financie programas para detecção e desvio de objetos celestiais próximos da Terra.

Ameaças vindas do espaço costumam ser objetos da ficção científica – em filmes como Armageddon e Impacto Profundo –, porém membros do Congresso americano abordaram o

assunto depois que um meteorito caiu sobre a Rússia em 15 de fevereiro e um asteroide passou muito próximo do planeta no mesmo dia. Preocupados com esses fenômenos, os políticos convidaram o diretor da Nasa para falar sobre o programa espacial e como se pode prevenir que a Terra seja atingida por corpos celestes.

Os legisladores não gostaram do que ouviram. O representante republicano Lamar Smith afirmou aos participantes, mais de uma vez, que o relatório “não era tranquilizador”. Deputados governistas e da oposição, porém, se mostraram receptivos à ideia de colocar mais recursos no esforço de conter ameaças cósmicas, conforme solicitado por Charles Bolden. (http://noticias.terra.com.br/ciencia/espaco/)

‘Rezem’, diz diretor da Nasa sobre asteroides

Documentos da ditadura estarão disponíveisna internetIvan RichardAgência Brasil

Os arquivos e prontuários do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops), órgão de repressão do país no período da ditadura, poderão ser acessados na internet a partir de 1º de abril. Ao todo, cerca de 1 milhão de páginas de documentação foram digitalizadas.

O trabalho é resultado da parceria entre a Associação dos Amigos do Arquivo Público de São Paulo e o projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

De acordo com o Ministério da Justiça, as informações, além de serem um importante registro histórico, poderão facilitar o trabalho de reparação feito pela Comissão de Anistia, uma vez que poderão ser usadas como ferramenta para que perseguidos políticos consigam comprovar parte das agressões sofridas.

A digitalização dos documentos foi feita em dois anos e deve continuar até 2014. Para a realização do trabalho, a Comissão de Anistia transferiu mais de R$ 400 mil à Associação de Amigos do Arquivo. Em dezembro de 2012, o Ministério da Justiça autorizou novo repasse, de mais R$ 370 mil, para digitalização de outros acervos.

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estadao.co

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Daladier CarlosPsicólogo e escritor . [email protected]

Já se tornou rotina a repetição, todo ano, das chuvas torrenciais na capital e arredores dos centros urbanos do Estado do Rio de Janeiro. Não há, seguramente, no elenco de causas dessas tragédias anunciadas, o menor resquício de novidade, ou um fato considerado inédito e extemporâneo que possa explicar isso. Na contramão da análise enxuta e razoável, é como se o destino quisesse torturar a população residente em áreas de risco, arrasando residências e matando pessoas e animais. Todos sabemos que ano que vem poderão acontecer os mesmos fatos que estamos assistindo agora, porque são recorrências de desastres de anos anteriores. Quer da parte das administrações municipais, ao retumbar suas vãs promessas de obras de emergência, quanto dos milhares de moradores desses lugares, ao expressar nas faces e no choro desamparado o horror da morte de entes queridos e da perda do conjunto dos seus bens, há de chegar um momento em que o fundamento

constitucional do direito à vida e os meios institucionais legais de ação para conter tamanho descalabro não poderão mais desconhecer um ao outro. E isto não é um problema de natureza somente administrativa, restrito ao confinamento dos gabinetes dos executivos municipais. A rigor, trata-se de circunstância muito mais grave, na medida em que afronta a liberdade do cidadão e a segurança ambiental, esta que deve sempre ser vista como a prestação de um múnus público intransferível e inafastável.

É verdade que a população tem por igual o dever de colaborar de maneira efetiva para a manutenção da segurança, o que compreende não lançar lixo nas ruas e em todas as vias de acesso, principalmente às margens de rios ou em suas águas. Tornou-se uma tradição lamentável no imaginário popular ter o cidadão carioca, e também o fluminense, na conta de irresponsável, quando o foco é o bem comum, assim como se vivêssemos em terra de ninguém. Todavia, apontar culpados é sempre

um modo singular de exorcizar a culpa e de remeter para um tempo futuro e indeterminado um brado de basta! O Senhor Governador do Rio de Janeiro tem o dever e a responsabilidade de exigir um fim imediato neste estado de coisas. Verbas certamente existem, ao contrário de vontade e decisão políticas de ordenar a destinação dos recursos aos locais de infortúnio. Não há como ficar aguardando que os planos anteriormente concebidos, tanto do ponto de vista técnico quanto do empenho específico de cada empreitada, permaneçam somente digitados e engavetados. Entretanto, os impostos do cidadão continuarão sendo religiosamente cobrados.

A imprensa tem feito o seu papel democrático, denunciando aqui e ali, não apenas os rigores dos desastres ambientais, porém, mais ainda, revelando as falcatruas, os desmandos e a inoperância generalizada que passeiam pelos gabinetes oficiais. É hora de mudar, definitivamente, o padrão vacilante da nossa paciência.

As enchentes e a paciênciavacilante

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Exceto um funcionário público da área da saúde muito comprometido politicamente, todos nós concordamos que a saúde pública no Brasil é decadente, lamentável, desumana. Vejamos os fatos: ir a um ambulatório público marcar uma consulta em janeiro e receber a resposta de que só há vagas em julho; esperar oito horas para ser atendido em uma emergência hospitalar; ser atendido em macas no corredor do hospital ou até mesmo no chão. Certamente que muitas autoridades políticas e profissionais de saúde lutam cotidianamente para mudar essa triste realidade.

Da mesma forma, sabemos que muitos dos problemas de saúde estão relacionados com a corrupção endêmica no Brasil. A Justiça Federal determinou o bloqueio e o sequestro dos bens do ex-prefeito de Duque de Caxias (RJ), além de três empresas que estariam envolvidas em um esquema de desvio de verbas de cinco postos de saúde e de um hospital da cidade. Segundo o Ministério Público Federal, o desvio pode chegar a mais de R$ 700 milhões. A Operação Atenas, realizada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco-SP) apreendeu mais de R$ 1 milhão em dinheiro que estava distribuído entre uma mala e um cofre na casa de um homem apontado como líder da quadrilha que fraudava o Sistema de Assistência Social e Saúde e hospitais regionais. Em Ponta Grossa (PR), vários depoimentos sobre a dificuldade de acesso à saúde na cidade, feitos por usuários do SUS, levaram a manifestações e investigações sobre o processo de gestão pelas Organizações Sociais (OS), nova forma de privatização da saúde pública.

Apesar de todos esses problemas, gostaria de tratar de algo mais prático e cotidiano. Algo que atinge a mim e a você enquanto pacientes e usuários do sistema público e privado de saúde: a humanização. Todos têm direito a um atendimento médico humanizado. A humanização em saúde define-se pelo valor atribuído ao esforço das pessoas na produção da saúde, considerando a autonomia, a co-responsabilidade, a singularidade, a

atenção, o acolhimento e o vínculo. No Brasil, o processo de humanização em saúde ocorre, por exemplo, através das lutas antimanicomiais, pelo fim do abuso de medicamentos, pela possibilidade da palavra do paciente e abertura dos médicos à escuta, pelos direitos dos pacientes, pela tentativa de minimizar o despreparo das equipes de saúde e a fragmentação do processo de trabalho.

Cresce continuamente na sociedade contemporânea a busca por cuidado à saúde, isto é, o apelo social à atenção médica e a programas de prevenção e promoção de saúde a indivíduos, grupos e comunidades. Essa busca pode ser vista como uma resposta cultural ao aumento, nas últimas duas décadas, do sofrimento e adoecimento humanos, fruto das condições sociais adversas à vida características do mundo urbano atual.

Há uma inegável degradação das condições de vida com o crescimento da pobreza no mundo capitalista em crise. O individualismo como imperativo social, o estilo diferenciado de consumo como forma de atribuição de status e prestígio social, a competição, desprovida de parâmetros éticos, envolve as pessoas num contínuo processo de exclusão do outro.

O nível ascendente, nas últimas décadas, do estresse advindo das condições socioeconômicas e culturais sobre as pessoas tende a exprimir-se em termos de doenças crônicas (hipertensão arterial, diabetes, reumatismos, câncer), além do aumento de distúrbios psíquicos, tais como depressão, fobias, ansiedade, pânico e somatizações.

Uma boa medicina consistiria em uma resposta ao sofrimento do paciente que procura o serviço de saúde e em um cuidado para que o mesmo não seja reduzido a sistema biológico. O cuidado está presente no encontro, na conversa, na atitude do médico que busca prudentemente reconhecer, para além das demandas explícitas, as necessidades dos cidadãos no que diz respeito à sua saúde.

Rafael MattosProfessor, doutor em Saúde Coletiva . [email protected]

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Saúde

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O cuidado está presente também na preocupação desse profissional com o uso das técnicas de prevenção, tentando não expandir o consumo supérfluo de serviços de saúde, tampouco dirigir a regulação dos corpos. Aliado ao cuidado, o vínculo é uma prática social de humanização nos serviços de saúde. O vínculo implica em redes de relações sociais.

Por que as pessoas demandam vínculos com seus médicos? A resposta encontra-se no “vazio”. Este vazio é a perda de sentido, de significado, de investimento de desejo, de emoções nas relações sociais. E o que as pessoas estão fazendo diante disso?

Buscam práticas corporais coletivas de saúde. Exercícios físicos de grupos, de coletividades, relativos à saúde. Nesses espaços, procuram criar redes ou formas de sociabilidade e solidariedade. Elas desejam preencher o vazio das relações sociais, ou pelo menos de certas relações individualistas atualmente dominantes. É isto que podemos chamar de relações sociais de afeto.

Com isso as pessoas criam formas não previstas de sociabilidade. São formas novas porque não estão presentes na ordem social atual. São sociabilidades que não são incentivadas pela cultura contemporânea individualista. Muitas formas de adoecimento e morte podem ser evitadas apenas movimentando-se o corpo regularmente em conjunto com colegas, amigos e conhecidos. Modos de viver socialmente agradáveis, resultantes da prática coletiva de atividades corporais, podem expandir a vida, pela partilha social de valores de sociabilidade. A grande demanda social de humanização não é por conhecimentos técnicos sobre as doenças, mas sim por cuidado, atenção e acolhimento.

Reprodução internet

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funnyjunk.com

“Dai bebida forte aos que perecem e vinho, aos amargurados de espírito; para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e de suas fadigas não se lembrem mais.” – Provérbios 31.6-7

Às 15h17 do 6.º dia do mês das februa, cometi a insanidade de visitar um dos círculos do inferno de Dante, ou seja, o Supermercado G. na primeira semana do mês, a última semana antes do Carnaval. Tomei dois potes de sorvete e comecei a procurar uma fila menor que o tempo de derretimento, meu, não do sorvete.

Tentei infiltrar-me na fila dos idosos argumentando que até ser atendido certamente já teria chegado à terceira idade. Não logrei êxito. Então, depois de realizar avançadíssimas previsões matemáticas, escolhi a fila que me ofereceu a maior probabilidade de ir para casa antes do Carnaval.

Enfileirei-me atrás de um homem de meia-idade. Empurrava um carinho com a mão esquerda e equilibrava uma garrafa vazia de “51 Ice Limão” na esquerda. Boca mole, olhos vidrados e uma arrastada verborragia que só encontrava rival no meu absoluto desinteresse. Odeio socializar em filas, gosto de sofrer sozinho.

Ele morava em uma casa de dois andares com a esposa. Esta preferia que ele ficasse em casa, ao invés de vê-lo na rua, onde – segundo ela – faria besteira. Então, ele passava o dia bebendo em frente à televisão (ligada, presumo) e ela, em frente ao computador, jogava “paciência”, e tempo fora.

Naquele dia ele ficaria bebendo e assistindo, primeiro, o jogo Brasil X Inglaterra, direto da Argentina, às 20h; e, depois, às 22h, ele veria o jogo Botafogo X Resende, no Maracanã*. Aliás, ele só não iria ao jogo porque não tinha quem o acompanhasse, e, mesmo se tivesse, não tinha grana.

A fila “andou” bem, até o homem à minha frente. Ele passa todos os itens, a operadora de caixa diz o valor da compra e o cara, empreendendo algum esforço, percebe que suas posses são insuficientes. O caixa sugere: “Se o senhor me der a cerveja, o dinheiro que o senhor me deu vai dar para pagar as compras.”

Desprezando a sugestão, o cara começa a devolver a comida! O caixa olha para mim, para ele e repete o conselho. Mas o homem se faz de surdo e continua tirando comida do carrinho, devolvendo e perguntando: “Agora já dá para pagar?”. Se “cada minuto que passa é

um milagre que não se repete”, perdi 20 milagres irrepetíveis!

O caixa faz uma última tentativa e ouve o seguinte: “Ô, minha filha, se eu lhe der a cerveja, o que é que eu vou fazer em casa?”. Isso mesmo. Ele não perguntou: “O que vou beber?”. Já fora suficientemente triste vê-lo trocar comida por bebida e ainda ouvi: “O que vou fazer?”. Ou seja, beber era a ocupação daquela criatura.

Diante do estado etílico daquele bípede, ofereci-lhe carona. Ele recusou como se eu o tivesse ofendido. Lembrei-me do conto de fadas “João e o Pé de Feijão”. No lugar da mãe, a esposa. No lugar da vaca, o dinheiro. No lugar dos cinco feijões mágicos, cinco engradados de cerveja. Espero que a história deles também tenha um final feliz.

“Contos de fadas não dizem às crianças que dragões existem, as crianças já sabem que dragões existem. Contos de fadas dizem às crianças que dragões [e gigantes] podem ser mortos.” | G.K. Chesterton (1874-1936).

Amplexus et Osculus!* O jogo da Seleção Brasileira foi em Londres às 17h30, horário de Brasília. E a partida Botafogo X Resende foi no dia seguinte, 7, no Engenhão, às 19h30. O cara tava muito alto.

Dercinei FaigueiredoPastor . [email protected] | www.excursos.tumblr.com

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“Não foram dez os leprosos curados? Onde estão os outros nove?” – Lucas 17.17

Jesus havia curado dez leprosos e só um deles voltou para expressar sua gratidão. Isto representa 10% do grupo beneficiado, e mostra uma estatística geralmente presente nos relacionamentos: somente um em cada dez retorna com reconhecimento e gratidão.

Algumas advertências e recomendações saltam dessa constatação:

1. Não crie grandes expectativas em relação às pessoas. Sirva-as sem esperar retorno: afetivo, econômico ou compromisso de lealdade. Você tem 90% de chance de se decepcionar.

2. Pratique a descolagem afetiva: ajude as pessoas e observe-as indo embora. Nove, entre dez, em algum ponto, deixam você para trás. Se alguém voltar, é porque sempre foi seu (amigo, parceiro, companheiro, etc); se não, é porque nunca foi: esteve só de passagem. Depois de beneficiado, resolveu partir.

3. Valorize quem retornar, mas sem exigir que permaneça. Todo ser humano tem vocação para descobrir seu próprio caminho, explorar sua própria terra, desenvolver seus próprios sonhos. Você nem sempre fará parte desses planos.

4. Se ainda não conhece, procure descobrir seu próprio caminho, suas competências, seus sonhos, sua terra prometida. Mas, lembre-se de que os

outros, mesmo quando admiram e gostam de você, nem sempre querem fazer parte desses planos. Por isso, partem e se apartam. Libere-os!

5. Boa parte dos nove que se vão, não somente deixam de retornar, mas, ainda por cima, saem falando mal de você para os quatro cantos do planeta. “Curou minha lepra, mas não me deu casa e comida... Não quis me incluir entre seus doze melhores amigos”. Coisas desse tipo. Se você gastar suas energias se preocupando com isso, não lhe sobrará forças para caminhar na direção de seus projetos, e perderá o foco.

6. Por fim, não seja, também, você mesmo, só mais um leproso curado, mas um leproso retornado. Seja grato a Deus; seja grato aos outros.

Josias BezerraPastor . [email protected]

Baixando a bola das expectativas

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Câncer diagnóstico precoce garante cura

“o sistema emocional também ajuda na maior sobrevida e desencadeia o câncer, também. Tenho

pacientes que depois de um grande trauma

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ELOS conversou com a ginecologista Jussara Motté Novaes. A draJussara esclarece sobre a prevenção e o tratamento do câncer.

Fotos: Marcelo Belchior

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Qual a doença que mais mata?Ainda é o infarto do miocárdio. Entre os cânceres é o de pulmão. As mulheres morrem mais de câncer de mama e de colo de útero.

O câncer ainda é uma doença apavorante, mas descoberto precocemente há boa chance de cura, correto?O câncer é uma mistura de fatores. Claro, você tem uma assinatura genética. As pessoas nascem com essa assinatura. Uma marca molecular, genética. Não quer dizer que desenvolverão o câncer. Há outros fatores: externos (fumo, tabagismo, sedentarismo etc.) e internos (sistema imunológico, estresse etc.). Tudo isso combinado faz eclodir o câncer, mas quanto mais cedo o tumor for descoberto melhores os prognósticos de cura.

A senhora disse que o câncer de pulmão é o mais letal?Sim. Mata a população em geral. A principal causa para o câncer de pulmão é o fumo. O fumante tem 10 vezes mais chance de abrir um câncer no pulmão. E não só no pulmão. A nicotina exerce ação sistêmica, então há mulheres com câncer de mama e de colo de útero que têm o fumo como co-fator. E outros: câncer de esôfago, bexiga etc.

E o câncer de próstata, ainda há muito preconceito dos homens em se submeterem ao exame de toque retal?A próstata é uma glândula que tem grande potencial para a malignidade. Não se sabe exatamente o porquê. Há trabalhos que dizem que se 100% dos homens vivessem até os 100 anos, 100% teriam câncer de próstata. A partir dos 40 anos todos os homens

devem fazer exames preventivos, anualmente.Há muito preconceito, desconhecimento. Isso é cultural. Desde pequenos meninos e meninas são cuidados pelo pediatra. Na adolescência, qual o rapaz que vai a um urologista, como a moça vai ao ginecologista? É um ranço cultural. Já vem desde a adolescência. O homem vai casar, ele faz algum exame pré-nupcial? A moça faz.

O autoexame para o câncer de mama deve ser feito com que frequência?A recomendação é que as moças, depois da menstruação, façam o autoexame. Uma vez por mês é o ideal. Quanto mais precoce a detecção, melhores são os resultados de cura. Claro que se deve associar o autoexame aos exames de imagem. A mamografia, depois dos 40 anos. Antes dos 40, só se faz se tiver caso de câncer de mama na família. Ideal é associar autoexame, ida ao ginecologista e exame de imagem.

Por que algumas pessoas vivem mais que outras depois de um diagnóstico de câncer terminal?Há fatores intrínsecos e extrínsecos. Vamos aos intrínsecos:Tamanho do tumor – Quanto maior pior o prognóstico.Grau nuclear – Há graus 1, 2 e 3. Quanto maior o número, pior o prognóstico.Invasão – Há tumores altamente invasivos. Quando você o detecta ele já está nos vasos sanguíneos. Tem invasão de cápsula, quando o tumor, que era encapsulado, já saiu. E a invasão pelos vasos linfáticos.Sistema imunológico fraco – Pessoas que tomam muito antibiótico, não fazem uso de vitaminas em geral,

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têm vida sedentária... Estes fatores ampliam o câncer.Os médicos buscam sempre tratar para dar maior sobrevida ao portador de câncer. O câncer de tireóide, uma vez diagnosticado e tratado é 100% curável. Alguns tipos de leucemia: 100% de cura.

Não há ainda prognóstico de cura para todos os tipos de câncer?Repito. A cura vem pela precocidade no diagnóstico, mas há câncer que acomete o jovem mais agressivo que o que acomete o idoso. O câncer de mama no jovem tem diagnóstico mais reservado. Operei uma paciente com oitenta e poucos anos e ela não morrerá de câncer. Uma pessoa que teve câncer não pode engordar, precisa se movimentar. A gordura é boa condutora de metástase. A pessoa que muda de hábitos tem melhor prognóstico do que a que não muda.O sistema emocional também ajuda na maior sobrevida e desencadeia o câncer, também. Tenho pacientes que depois de um grande trauma, perda de filhos, abrem câncer.

Uma pessoa que tem fé, segundo estudos, tem melhor prognóstico de cura do câncer. Mais do que alguém que se sente só no mundo.

Isso é comprovado, cientificamente?Estou falando de comunidade científica. Não é de igrejas. Pessoas que têm fé, não necessariamente em Jesus, têm melhor possibilidade de cura. Pessoas que têm fé, pura e simplesmente, têm maiores chances de se curarem de câncer.

Há alguns mitos em relação ao câncer? Por exemplo: radioterapia é tratamento mais brando do que quimioterapia?A radioterapia e a quimioterapia são braços muito importantes no tratamento do câncer. A cirurgia, a depender do câncer, é o principal braço. Há tipos de câncer de mama que só podem ser operados depois da químio. Reduz-se o tumor com a químio, opera-se e faz-se mais químio. E, às vezes, a radioterapia.Efeitos colaterais todos apresentam.

A radioterapia tem efeito cumulativo, fica no organismo. A químio tem efeito mais rápido. O que se deseja aperfeiçoar é que essas terapias tenham como alvo só a célula cancerosa.

É melhor, em algumas ocasiões, não mexer no tumor?Nunca. Mesmo em estágio avançado, com metástase, há intervenção para melhorar a qualidade de vida. A dor em metástase é alucinante. A químio e a radioterapia têm boas respostas para qualquer tipo de câncer.Alguns tipos de câncer são tratados só com quimioterapia. A leucemia, por exemplo.

O câncer curado pode voltar em outro ponto do corpo?Não. Há pacientes que abrem um câncer de mama. São curados. Dez anos depois abrem câncer em outra mama. É outro câncer. A taxa de cura é de cinco anos. Se em cinco anos não voltar, o paciente está curado. Se vier a ter câncer novamente, este será outro câncer.

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 13Reprodução internet

Contam os ingleses que era costume a própria rainha mandar uma carta de felicitações a cada súdito que completava 100 anos. A prática, porém, caiu em desuso nos últimos tempos, dado o grande número de pessoas que alcança a marca. Pudera, só no Brasil, país menos desenvolvido, já se estima que mais de 30 mil pessoas tenham completado ou até ultrapassado o centenário. É um sinal do que o chefe do programa de envelhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), Alexandre Kalache, chama de “revolução” na

longevidade. No ano 2000, havia cerca de 600 milhões de pessoas no mundo com mais de 60 anos. Em 2050, serão mais de 2 bilhões. E, segundo estima o especialista da OMS, não tardará o momento em que, no mundo todo, haverá milhões de pessoas com mais de 100 anos, algo impensado algumas década s atrás.

A perspectiva de viver tantos anos a mais vai exigir também outra revolução: a de hábitos e costumes. O planejamento é o conceito chave, tanto do ponto de vista social,

como psicológico e financeiro. Trata-se de escolher, como definiu o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, entre ficar na posição de credor ou de devedor com relação ao próprio futuro. “Quando alguém adia o consumo para ter um prazer ou perspectiva maior no futuro está na posição credor, mas se a pessoa prefere ter prazer hoje e não pensar no amanhã, torna-se devedor”, resume Gianetti, que tratou do tema no seu livro O Valor do Amanhã, editora Companhia da Letras, 2006. A questão dos juros, por exemplo, “não

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Joel LeandroProfessor, especialista em finanças comportamentais . [email protected]

Prepare-se para os 100 anos de vida

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“o dinheiro administrado sem inteligência

financeira desaparece depressa, pois não

há qualquer tipo de controle sobre ele

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se restringe ao mundo das finanças, [mas atinge] as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual, a começar pelo processo de envelhecimento a que nossos corpos estão inescapavelmente sujeitos”, diz Giannetti. Desde o momento em que aprendeu a planejar sua vida, o homemantecipa e projeta seus desígnios usando esta prática. Mesmo antes disso, a noção de juros já “está inscrita no metabolismo dos seres vivos e permeia boa parte do seu repertório comportamental. A prática de dieta, a dedicação aos estudos e os exercícios físicos para melhorar a saúde são situações da vida prática nas quais se manifesta a realidade dos juros”. Radicalizar tanto para um lado quanto para o outro, porém, pode ser perigoso. O ideal é buscar o equilíbrio.

Conversando recentemente com uma senhora aposentada percebi nela felicidade por ter seguido essa receita, pois não imaginava que viveria tantos anos. As economias e o planejamento, além da atividade constante, permitem que ela mantenha hoje, aos 89 anos, aquilo que mais preza: sua independência. “Eu moro sozinha, não tenho nem acompanhante”, orgulha-se. Diretora de uma escola quando estava na ativa, ela ocupa seus dias com a leitura de jornais, livros e passeios. “Saio sempre que posso, mesmo se não tiver companhia, não

deixo de fazer nada por causa disso”, completa. Um de seus afazeres é administrar seus recursos, aplicados em poupança, planos de previdência privada que iniciou há muitos anos – quando pouco se falava no assunto –, e até algum investimento em ações. Graças ao seu planejamento financeiro, pode viver tranquila e sem precisar de ajuda de familiares às vésperas de completar 90 anos.

Um dado para reflexão dos brasileiros é que, em vários países como o Brasil, o fenômeno da longevidade deve ser ainda mais acentuado. “Na França, foram 115 anos para a proporção de idosos sair de 7% para 14% do total, sendo que, no Brasil, ela deve pular de 10% para 18% em apenas 16 anos”, revela o especialista da OMS. Ele lembra que, na década de 50, a expectativa de vida média no Brasil era inferior a 50 anos e hoje já é de 74 anos. Note que essa expectativa é ao nascer, e aumenta conforme a idade.

Para quem acha que ainda é jovem e não precisa pensar no assunto, Kalache tem dois lembretes. O primeiro é de que o processo de aumento da expectativa de vida vai continuar. “São acrescidos em média 2,5 anos por década”, diz ele. O segundo é que quanto antes se começar o planejamento financeiro, mais resultados serão conseguidos

e com menos sacrifícios. “Mas isso não quer dizer que os mais velhos não devem começar a ter essa preocupação, achando que já é tarde, nunca é, não importa quando se comece a planejar, sempre haverá benefícios, mas quanto antes, melhor”, afirma.

A saúde financeira porém é apenas um dos aspectos que ajudam a ter um futuro melhor. As atividades física e mental, além dos cuidados com a saúde, são fundamentais nessa jornada, são aspectos que se completam, pois não adianta guardar dinheiro e estar deprimido ou sem saúde para poder desfrutá-lo com prazer.

Lembro ao querido leitor de ELOS que ao mostrar esses dados sobre a maior perspectiva de vida me reporto à história do copo que está meio cheio ou meio vazio, pois tem gente que pensa: “que bom, vou viver mais”; outros não gostam muito da ideia, pela simples falta de planejamento, pois nunca pararam para refletir sobre o assunto. Contudo, a realidade da longevidade maior é um fato inexorável e o importante agora é saber planejar a forma como desejamos vivê-la e as várias alternativas que temos para lidar com ela. Afinal, você faz as suas escolhas e as suas escolhas fazem você.

totalcareconnections.com

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Recebi um cartão, escrito a mão, de três pessoas, cada uma deixando seu texto.

Escreveram-me para me agradecer. O primeiro texto era da filha, de 11 anos; o segundo, da sua mãe, e o terceiro, do seu pai.

O belo texto da filha é para se guardar no coração. No entanto, como o coração tem memória curta, guardei o papel e digitalizei a mensagem.

Surpreendido, em lugar de fazer perguntas, preferi imaginar.

Imaginei que a mãe teve a ideia. O pai elogiou a iniciativa. A filha aprovou a providência e escreveu primeiro. Feliz, concluí que não fui o primeiro alvo destas manifestações gloriosas de gratidão, que devem ser comuns naquela família.

Concluí também que generosidade se aprende. De preferência, em casa.

Decidi que vou seguir o exemplo desta menina e ser mais grato, não apenas no meu coração, porque também nos meus gestos.

Generosidadese ensina

Israel Belo de AzevedoPastor . [email protected]

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Antes de despachar acorrespondênciaUma guerra pode justificar todos os atos. Não para as pessoas sensatas.

As pessoas sensatas não se refugiam nas tensões para justificar seus atos equivocados.

Abraham Lincoln estava em guerra.

O general George Meade teve a oportunidade de derrotar o general Robert Lee e pôr fim à guerra, com a vitória de Lincoln. No entanto, Mead deixou Lee escapar. Profunda e justamente aborrecido, em 14 de julho de 1863 o presidente

americano escreveu uma carta em que criticava seu chefe militar: “Tua oportunidade de ouro passou e eu estou imensamente chateado com isto”.

No entanto, antes de despachar a correspondência, Lincoln se conteve, como sempre fazia quando estava aborrecido ou com raiva. A carta nunca foi enviada.

Nos termos bíblicos, ele se irou, mas não pecou.

Depois, ganhou a guerra.

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Guerrasantaem casa?

Utahy SantosJornalista . [email protected]

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Como lidar com filhos que seguem religião diferente da de seus pais

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Na década de 70 do século passado, apareceu uma seita no Brasil chamada Meninos de Deus (Children of God). O movimento originou-se na Califórnia onde eram e são engendradas as doideiras que se espalham pelo mundo. O público-alvo do movimento era a garotada. Eles se espalharam pelo Brasil e causaram muita confusão. Estive próximo do movimento porque os Meninos de Deus alugaram uma casa em uma rua próxima da Praça Seca, Jacarepaguá, bairro em que eu morava. Muitos conhecidos ingressaram no movimento e cumpriram tarefas para o sustento do grupo. Saíam às ruas e recolhiam dinheiro para manter a causa.

A cena era comum e “ensaiada” nas reuniões dos Meninos. O garotão andava pela rua, autoestima no chão, sentindo-se rejeitado e lá vinha em sua direção uma gatinha de Deus. Sorrisão aberto, folhetos em quadrinhos na mão, olhos nos seus olhos, “Jesus ama você, e eu também”. Quando vinha o pedido de dinheiro, era difícil resistir.

Naquela fase, a percepção que tínhamos era a de um movimento divertido. A garotada ia às reuniões, cantava até cansar e nada demais acontecia. Não aconteceu, pelo menos, com os muitos jovens que conheci que participaram do movimento. Minha irmã, inclusive.

Na década de 80, conheci, no trabalho, um pai desesperado. A filha saíra de casa e seguira um grupo de Meninos de Deus em direção à Bahia. Os Meninos já eram, então, uma seita controvertida. Na década de 70, propagandeavam que o cometa Kohoutek, que passaria perto da Terra, causaria devastação. O cometa nem arranhou o planeta e Moisés David, o profeta do grupo, mudou sua tática. O grupo teria ainda vários nomes. Atualmente, é conhecido como Família Internacional e envolveu-se, ao longo de sua história, em

numerosos casos de abusos de menores.

O pai desesperado recuperou a filha, com a ajuda da Lei, e a trouxe de volta, grávida. A tolerância dele com religiões exóticas passou a ser baixíssima.

No mesmo emprego, tive um colega fascinante. Ex-metodista, o pai o arrastou, na adolescência, para trabalhos de evangelização em praças públicas. Jamais conheci alguém que odiasse tanto a religião organizada. Criou as filhas sozinho, depois que a mulher o deixou. Não admitia a ideia de elas seguirem uma religião. Não sei se conseguiu impedi-las, mas a simples menção de que elas poderiam, um dia, ingressar em uma igreja qualquer o levava a ataques de fúria.

Pais que têm fé dogmática sentem dificuldade de aceitar a escolha dos filhos quando estes se decidem por um caminho de fé diferente dos ensinados em família.

O pr. Gilson Bifano, do Ministério Oykos, diz: “Creio que deve haver respeito pela decisão. Um sinal de família saudável é o respeito à individualidade”.

É uma opinião sensata, mas há quem diga exatamente o contrário. “Tenho dois filhos. Um de oito e outro de seis. Graças a Deus eles

vão alegremente à igreja comigo. Não gosto nem de pensar neles longe dos caminhos de Deus. Não vou aceitar de jeito nenhum” (Magali Araújo, católica, 32 anos).

A psicóloga Elizabete Bifano, também do Ministério Oykos, afirma: “Individualidade é saudável no relacionamento familiar. Individualismo é prejudicial, quando um só quer saber de si mesmo. Uma das coisas mais difíceis de respeitar no ambiente familiar é a individualidade. Fé e religião são as coisas mais pessoais que existem. A criança pequena pode e deve ser influenciada, até o início da adolescência também é possível orientar, conversar, influenciar. Mas chega um ponto em que os pais precisam deixar que os filhos façam suas próprias escolhas. Isso pode doer nos pais, que precisam saber lidar com essa dor, mas que também precisam saber que os filhos crescem e fazem suas próprias escolhas, seguem seus próprios caminhos. Chega um dia em que os pais devem acreditar naquilo que ensinaram a seus filhos, confiar que fizeram o melhor, continuar orando por seus filhos, mas respeitar as escolhas que fazem”.

Religião é assunto sérioEm um episódio dos Simpsons, Lisa – a filha que pensa –, desapontada com a igreja cristã que a família frequenta burocraticamente resolve procurar uma nova religião. Ingressa no budismo para escândalo da família, vizinhos e igreja. Em determinado momento, Lisa resolve que continuará indo à igreja cristã, sem deixar de ser budista. Homer Simpson, então, diz para a filha: “Assim está bem”.

A religião não é vista da mesma forma por todas as pessoas. Religião, para uns, é atraso de vida. Outros não entendem a existência sem religião.

Como lidar com filhos que seguem religião diferente da de seus pais? Pergunta difícil para alguns e fácil

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Os filhos e a religião

para outros. Dependerá do valor que a religião tem na vida da família.

Tamar Souza, ministra de mulheres da PIB Recreio, mãe de um casal de filhos, opina: “Creio que a melhor maneira é o respeito. As pessoas são livres para decidir qual caminho trilhar. Os pais jamais devem irritar seus filhos com palavras violentas ou jocosas, esnobando a escolha deles. Caso os pais percebam que a religião escolhida pelos filhos está causando prejuízos para a vida deles, seja no aspecto emocional, moral, relacional ou em qualquer outra área, devem alertá-los em amor, pois, provavelmente, não fizeram a melhor escolha”.

Cássio Rossi e Barbara, casados há uns dois anos e ainda sem filhos, pensam: “No caso de um filho nosso escolher uma religião diferente das nossas, não haverá conflito, desde que a religião escolhida não desrespeite os direitos humanos, dos animais e não prometa bênçãos em troca de dinheiro, mas que promova o bem-estar espiritual dele”.

Marcia Rocha, designer de interiores, três filhas, tem visão realista sobre o assunto: “Criamos filhos para que façam suas próprias escolhas: time, religião, partido político, casamento. Ensinamos caráter, FÉ, verdades.

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Há um princípio de autoridade que voluntária ou forçosamente orienta a ética familiar: pais e mães estão na liderança da família. Mas liderança e chefia não é a mesma coisa. Há pais que lideram suas famílias, outros são ditadores, outros são chefes, outros são tão amigos que acabam sendo controlados pelos filhos por serem permissivos demais. O equilíbrio é sempre o alvo desejável, mas difícil de ser adquirido.

Quando um filho vê que a religião praticada pelos pais lhes proporciona esperança, fé na vida, preenchimento para as grandes angústias do ser humano, equilíbrio emocional, serenidade na hora da tribulação, o próprio filho se sente atraído pelo mesmo sistema religioso que opera na vida de seus pais. É difícil ele querer experimentar algo totalmente diferente daquilo. Mas nem sempre é isso que acontece.

Em geral os filhos se desinteressam por aquilo que os pais vivem quando percebem uma grande dissonância cognitiva entre o discurso e a prática. Quando isto acontece,

eles mesmos criam no filho um sistema de resistência ao seu discurso religioso enquanto o afastam da religião que praticam. Por isso penso que o melhor modo de manter um filho dentro do seu sistema religioso é sendo coerente.

Coerente consigo mesmo: esta prática religiosa realmente preenche minha lacuna espiritual?

Coerente com o discurso religioso: consigo viver o que os princípios ético-filosóficos de minha religião apregoam?

Coerente com seus filhos: que tipo de exemplo religioso meus filhos veem em mim que os faça desejar meu modo de vida?

Acima de tudo lembrar que a liberdade religiosa é um direito assegurado pela constituição brasileira, assim como a liberdade de culto. Entre família é difícil lembrar que constituição existe, mas os membros de nossa família são indivíduos civis. Quando dentro de casa se viola o que a legislação do país assegura o cenário fica bem complicado.

Lília Dias MariannoProfessora [email protected]

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É duro para os pais verem seus filhos seguindo outros caminhos religiosos que não os aprendidos no lar. Porém, algumas questões precisam ser levantadas:

Se não houvesse mudança de credo não haveria razão de ser da pregação.

Alegramo-nos quando conseguimos “tirar” algum jovem de sua crença familiar e é fácil explicar isso pela racionalização: “a minha religião é a verdadeira”. E quando “o feitiço vira contra o feiticeiro?” Quando é alguém que é subtraído de nosso convívio religioso e, consequentemente, provocando a quebra da unidade familiar, a ruptura de uma comunhão que deveria se estender de forma natural para o âmbito eclesiástico? É preciso entender que esta é uma possibilidade e, assim, passível de acontecer.

Quando ocorre, nem sempre há um culpado, embora possa existir. A reação mais natural é tentar encontrar um culpado para o acontecido. Pais se sentem culpados por não terem dado a devida orientação aos filhos nas questões religiosas. Na minha experiência pastoral, percebo que a maior incidência desse tipo de ocorrência tem a ver com a área dos sentimentos. O que tira alguém de uma igreja ou de uma religião não é a mudança de credo ou fé, na maioria dos casos, mas um “rabo de saia” ou “fio de bigode”. Percebo, também, o distanciamento da prática religiosa de muitas famílias com relação aos seus conteúdos de fé. A discrepância entre teoria e prática afasta os jovens da religião dos pais. Eles são mais sensíveis e atendem mais fortemente aos apelos do coração. Pode ser que se arrependam no futuro, mas os jovens são mais susceptíveis a estas influências que apelam ao sentimento. Daí os pais deverem ter muito cuidado em buscar viver uma religião verdadeira, condizente com a doutrina que defendem. Religião é a prática de um conteúdo que acreditamos. Só fará sentido se for experimentada de forma honesta e sincera.

Pais que passam por momento como este, de ver um filho procurando religião diversa, devem agir com muita naturalidade; demonstrar afeto e amor ao filho para mostrar que isso independe de suas escolhas; realçar o

lado positivo da influência da religião no seio da família e posicionar-se objetivamente quanto àquilo que creem e aquilo que contestam na religião pelo filho escolhida. Sempre, todavia, realçando que não vão interferir em suas escolhas e lidando com a situação de forma madura, embora, convenhamos, trata-se de uma situação muito delicada.

Os primórdios do protestantismo no Brasil estão recheados de exemplos de filhos que foram deserdados por pais católicos por conta de sua adesão a alguma igreja evangélica.

Até agora estou me referindo a filhos adultos. Entendo que no caso de filhos que ainda não alcançaram a sua independência, os mesmos devem seguir as orientações da casa, não levar para o ambiente do lar qualquer objeto religioso que contrarie a orientação dos pais e, na medida do possível, frequentarem a igreja deles. Sei que esta é uma questão polêmica, mas entendo que um filho que ainda não pode reger a sua vida no que tange à moradia, sustento, formação escolar, dentre outras questões, não pode se apressar a querer regê-la do ponto de vista espiritual. Obviamente, isto trará contrariedade e as dificuldades decorrentes. Mas a situação deve ser tratada com muito diálogo e muita dependência de Deus. Eis aqui o ponto-chave: a conversa.

Primeiro, a com Deus. Muita oração nessa hora! Muita paz, muita serenidade, muita dependência do Espírito.

Segundo, a com o filho. O diálogo é imprescindível para ajustar as situações da vida. Entendo que não existe uma fórmula para lidar com a situação, até porque cada caso terá suas peculiaridades. Cada família, então, deve agir com sabedoria e até entender o momento adequado de relaxar, não viver em constante estado de alerta ou “batalha espiritual”, pois isso só acirraria os ânimos. Deus vai falar e vai agir na serenidade e não na intriga e na disputa acirrada.

Josué EbenézerPastor [email protected]

Filhos de outras religiões

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Não tenho a pretensão, e acredito que nem Deus tivesse, de achar que somente uma religião pudesse ser a verdade absoluta. A visão central precisa ser a FÉ. Lidar com escolhas

diferentes das nossas não é fácil, mas ter a certeza de que somos barrados nas certezas construídas pelos filhos é que faz com que as famílias não se percam. Conheço filhos de pastores que odeiam igrejas, conheço filhos de espíritas e católicos unidos. Deus sempre respeitou minhas escolhas, chamou a isso de livre-arbítrio. Quem sou eu para não acolher uma escolha diferente da minha? Respeitar um filho é respeitar suas escolhas. Somente o respeitando é que o terei ao meu lado me ensinando e eu aprendendo”.

Choque e conflitoO pr. Dercinei Figueiredo sistematiza sua posição: “1) Não permitiria o distanciamento; 2) Buscaria pontos de contato; 3) Não evitaria o choque, mas evitaria o conflito; 4) Marcaria minha posição, mas

não ameaçaria, praticaria violência ou faria chantagens; e 5) Não transformaria meu filho, da pessoa a ser incondicionalmente amada, na pessoa a ser salva”.

É fundamental que pais religiosos sejam coerentes com os valores que proclamam. Também é imprescindível que a fé que têm seja defendida com firmeza. É a marcação de posição a que se refere o pr. Dercinei. O choque é inevitável, mas pode-se dar em ambiente saudável, sem conflitos e brigas.

Como lidar com filhos que seguem religião diferente da de seus pais?

As respostas que obtivemos mostram que a compreensão é a melhor forma de lidar com esta situação. Acima de qualquer coisa, vale manter a harmonia do lar. O ambiente de harmonia traz os filhos para a religião dos pais.

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Carlos NovaesPastor . [email protected]

Três reflexões sobre aarte de vivercom sabedoria“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina.” – Provérbios 1.7

Sem qualquer dúvida, vivemos na era da informação. O número de livros sobre as diversas áreas do conhecimento humano é praticamente incalculável. Alguém já chegou a demonstrar que a catalogação de todas as páginas publicadas até hoje no sítio de buscas Google exigiria mais de 300 anos de trabalho. A mídia televisiva, com reportagens e documentários de inegável qualidade, permite que as pessoas permaneçam atualizadas acerca dos acontecimentos diários,

nos pontos mais remotos do planeta, sem precisar sair de casa. E qualquer um pode ter acesso aos jornais de grande expressão no mundo com um simples toque no teclado dos celulares ou nas telas dos smartphones e tablets.

Entretanto, o verdadeiro conhecimento começa com “temor do Senhor”, como afirma o prólogo de Provérbios. TEMOR aqui significa submissão reverente à vontade divina.

Temer ao Senhor, andando em obediência aos ensinos da sua Palavra, ajuda o ser humano a viver de acordo com “o que é justo, direito e correto” (1.2-3) e o leva

a adquirir maturidade para fazer escolhas certas com inequívoco discernimento (1.4-5).

Há quem acredite mesmo que só os espertos se dão bem na vida. Pura ilusão. Os que desprezam a sabedoria são chamados pelo autor sagrado de INSENSATOS (1.7), pois colhem frutos amargos das suas semeaduras imprudentes.

Resultado: melhor do que ser sabido é ser sábio.

O autoengano é um perigo. Vivemos iludidos pela imagem que criamos de nós mesmos. E, a partir daí, baseamos pensamentos e ações na figura produzida por esse estranho desejo de ser o que não

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somos. Mas o que vemos não é o nosso rosto real. É tão somente a máscara. O nome, o retrato, o RG, o CPF, a filiação, a nacionalidade, a assinatura e o endereço são os mesmos. Exatamente os mesmos. Mas não somos nós. É uma ilusão. É uma cópia. É uma falsificação.

O autoengano é o pior tipo de hipocrisia. Quando alguém age com hipocrisia somente diante dos outros, e ao deitar a cabeça no travesseiro à noite se sente incomodado com o fato de ter passado o dia fingindo, talvez ainda possa ser recuperado. Mas quando se é hipócrita consigo mesmo e, sem qualquer restrição, a frágil mentira vira uma verdade robusta, então não se tem mais o que fazer. Como falar da realidade a quem resolveu se encastelar na própria fantasia?

Não há sabedoria verdadeira à parte do temor ao Senhor e da rejeição do pecado. Os que andam no erro e se julgam sábios, serão inevitavelmente destruídos por seu autoengano.

Uma serpente não ganha asas, nem sobrevoa as montanhas só porque

pensa ser águia. Continua, como serpente que é, a se arrastar pelo chão.

De acordo com a literatura bíblica, há apenas duas maneiras de viver: a certa e a errada. A dos justos e a dos ímpios, nas palavras do Salmo 1. Ou o caminho estreito e o caminho largo, na declaração de Jesus (Mateus 13.13-14).

Durante a vida, somos levados a decidir por qual caminho desejamos seguir. A escolha é sempre nossa. E é sempre nossa, também, a responsabilidade pelas consequências da escolha. Por isso, mais do que ter alvos na vida, importa saber que caminhos estamos dispostos a usar para alcançar tais alvos.

O poeta espanhol advertiu: “caminante, no hay camino; se hace camino al andar”. O caminho, na verdade, refere-se à conduta e ao procedimento. É o que fazemos no decorrer da caminhada da vida, em termos de posturas e ações, que define se o caminho é bom ou ruim.

Se andarmos na retidão, estaremos no caminho reto. E, por ser reto o caminho, só teremos a ganhar.

Erich Decatwww1.folha.uol.com.br/poder/

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidiu eliminar o limite de reembolso que existia para a assistência médica aos deputados federais.A medida vai na contramão das promessas de economicidade feitas por Alves durante sua campanha à presidência da Casa.Desde que assumiu, o presidente da Câmara anunciou um controle maior sobre as horas extras dos servidores e a limitação do pagamento do 14º e 15º aos parlamentares. Por outro lado, criou cargos e reajustou a verba dos deputados para gastos como compra de passagens aéreas.Agora, Alves decidiu revogar a norma anterior que previa, exceto em caso de emergência e urgência, que deveria ser observado para procedimentos médicos o limite das tabelas de preço pagos pela Casa aos hospitais com quem tem convênio, como o Sírio Libanês, o Albert Einstein e o Incor.A norma foi estabelecida no ano passado pelo então presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), com o “intuito de padronizar e dar maior precisão na definição dos procedimentos e tratamentos reembolsáveis”.

Câmara libera gastos

Senado.gov.br

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Karolyne ReisEstudante e técnico em turismo . [email protected]

Durante muito tempo e, ainda hoje, passeia por mentes e corações grandes dúvidas e sentimentos a respeito do tempo. Tempo passado, tempo presente e futuro. Cada qual carrega consigo a aspereza de um arrependimento e a emoção de uma conquista.

Enquanto pequenos, tudo está bem, ainda não há nenhum anseio tão fervoroso. Mas crescemos, descobrimos, nos interessamos, almejamos, lutamos por sonhos que começam a fazer parte de nós. Enquanto jovens, por mais que o tempo e as situações tragam dificuldades, todo o processo de busca por um sonho é belo, magnífico! Não é preciso ser

cientista ou idoso para saber que a juventude é, de fato, a fase mais incrível da vida ou, pelo menos, quando se iniciam os acontecimentos deste tipo.

Se tudo tem seu tempo, cabe a cada indivíduo viver incansavelmente cada momento. Porém, isso não basta para que se evite uma futura saudade ou arrependimento. E para isso, acredito que não haja teoria, manual ou remédio contra tal inevitável circunstância da vida.

Jovens que vivem intensamente e explosivamente, adultos que vivem moderadamente, idosos que vivem apreciando o tempo de seus filhos e netos. Jovens que não moderam,

jovens que se repelem, deixando passar, pelo elevado grau de intensidade ou pela ausência desta, a época que determina todas as outras que ainda estão por vir.

Não há juventude sem intensidade, porém, não há vida se esta intensidade for maior do que a ponderação. Há tempo para tudo e, em cada tempo, para ser plenamente vivido, deve haver a sabedoria, a racionalidade caminhando ao lado da emoção de cada momento para que, assim, a saudade não pese, o arrependimento seja escasso, mas útil para o amadurecimento e para que se vivam os tempos, fazendo transcender o brilho adquirido na juventude.

Brilho atemporal

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24 | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | Revista Elos

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Para alguns de nós conceituar oração é um exercício completamente desnecessário. Afinal de contas já oramos bastante, aqueles que não oraram, aprenderam a rezar, e no fim “é tudo a mesma coisa”. O dicionário da língua portuguesa apresenta quatro significados essenciais para oração:súplica religiosa ou reza;discurso ou fala;sermão ou prédica;frase ou membro de frase que consta de um predicado.Sempre achamos que a melhor definição de oração está no primeiro sentido, mas é o segundo que transmite mais noções para nós. Oração é o ato de discursar, de falar. E falar com quem? Aí sim, encontramos o primeiro sentido: falar com Deus, dirigir-se a ele e, como dizem alguns, rezar.

A diferença entre a reza e a oração é basicamente a forma de fazer. Na reza há uma fórmula pronta, escrita, que sintetiza expressões universais do coração humano, pedidos de bênçãos e tributos de louvores que não foram originalmente elaborados por nós. As pessoas que rezam devem repetir sempre a mesma sequência de palavras, sem liberdade para mudá-las. Na oração

acontece um fenômeno diferente. A pessoa tem liberdade de expressar o que quiser. Além desta liberdade, ela tem o privilégio de falar com o Deus criador do Universo!

A maioria de nós ainda não se deu conta da relevância desta informação. É um dado revolucionário demais para ser ignorado! Falar o que eu quiser falar e com o dono do Universo! Esse é um poder de dimensões cósmicas! Se tivéssemos compreendido isso do jeito certo não teríamos tanta dificuldade de manter uma vida de oração intensiva.

A grande maioria das pessoas ainda não se deu conta de como isso pode efetivamente modificar a vida que elas estão levando, continuam orando ou rezando para ter/receber coisas. Pedem uma lista infinita de coisas, inclusive de coisas que não lhes farão bem. Isso é orar com um para quê! Mas não é orar com um porquê!

Vemos voltar ao segundo item da nossa definição de oração? Orar é falar, é discursar. Quando é que precisamos falar? Vou direto à síntese para ganharmos tempo: quando precisamos estabelecer comunicação. Mas toda comunicação estabelece algum

grau de relacionamento entre as pessoas envolvidas no processo. Eis aí a resposta! Falamos porque precisamos nos relacionar.

É por isso que falamos, falamos com pessoas, com animais, com plantas, sozinhos, etc. As mulheres possuem necessidade dobrada de falar, pois lhes foi conferido um cérebro diferente do cérebro dos homens. Elas usam os dois lados do cérebro quando falam, o corpo caloso dos hemisférios é mais denso no cérebro das mulheres do que no dos homens. Não por acaso mulheres têm mais facilidade para desenvolver uma vida de oração do que os homens. Para eles este é um verdadeiro desafio.

Quando temos oportunidade de trabalhar com deficientes auditivos percebemos o quanto da fala depende do ouvir. Em geral pessoas surdas são também mudas porque não aprenderam a vocalizar as palavras, não aprenderam a falar. Muitas são as barreiras que eles enfrentam porque não conseguem se fazer entender. Nestas horas elas tentam falar. Um som gutural é pronunciado, algumas vezes inteligível, outras não. Mas há um grito agarrado na garganta que precisa sair. Você já viu um surdo zangado? Sons de muitas espécies

Lília MariannoProfessora, teóloga e administradora . [email protected]

Você ora com um porquê ou um para quê?

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estão armazenados na garganta ansiosos por sair. A falta da fala é compensada pela intensidade corporal: gestos, jeitos de arquear as sobrancelhas, de contrair os lábios, caretas, feições, tudo isso é desenvolvido para expressar ideias que carecem daquilo que lhes falta: a fala. Não há fala, mas há sentimentos agarrados na garganta.

Não por coincidência, no hebraico, a palavra para alma é nefesh, e nefesh é garganta. A alma de alguém está na garganta. Quando este “nó na garganta” não é desatado a pessoa começa a desenvolver doenças psicossomáticas. Quando falamos com Deus nós desatamos os “nós da garganta” que nos oprimem. Por que oramos? Para nos relacionarmos com ele, para desenvolver intimidade com ele.

Não oramos porque queremos as bênçãos, Deus já as prometeu para nós em sua Palavra. Também não oramos porque temos necessidades que precisam ser supridas. Jesus disse que nosso Pai sabe de tudo que precisamos (Mt 6.8 e 32). Oramos, porque precisamos, acima de tudo, conhecer Deus, estabelecer um relacionamento com ele, entender sua forma de agir, de intervir. Oramos não porque queremos coisas, mas porque queremos a Ele!

Os tipos de tons e palavras que saem de nossas bocas nos mostram se somos pessoas equilibradas ou nervosas, amáveis ou hostis, interessadas ou indiferentes, otimistas ou pessimistas. Muito do que somos se mostra ao mundo através de nossas palavras. Através da oração nós nos expomos diante de Deus, nos damos a conhecer a ele por nossa livre vontade.

Deus nos criou, ele sabe exatamente o que somos, conhece cada detalhe de nossos corpos e mentes. Deveria ser desnecessário nos darmos a conhecer a Deus. Mas é necessário. É necessário porque quando ele colocou em nós o livre-arbítrio ele estabeleceu que certas situações dependem de nossa iniciativa. Que ele nos conhece é indiscutível, mas ele nos deu a escolha de querermos ou não nos relacionar com ele. A oração é a nossa iniciativa neste relacionamento. É a escolha deliberada para nos relacionarmos com Deus.

Abraão ficou conhecido como amigo de Deus (Tg 2.23). Não existe amizade sem conversa, sem relacionamento, sem intimidade. Sem medo de errar podemos afirmar que Abraão conversava com Deus. E não conversava pouco. Conversava tanto que nas vésperas da destruição de Sodoma e Gomorra, o relato bíblico descreve Deus confabulando: “ocultarei de Abraão aquilo que estou para fazer?” (Gn 18.17).

Os exegetas (categoria à qual pertenço) e os céticos logo pensam: mas ninguém ouviu Deus falando isso, não foi bem assim que aconteceu. É um relato mítico, as pessoas imaginam que foi assim e relataram desse

jeito, mas ninguém pode provar. Que seja! O relato bíblico, sendo mítico (para os críticos) ou histórico (para os ortodoxos), tem uma força de tradição. Nenhuma tradição se forma com a convicção de um único indivíduo, mas sim com a convicção de inúmeros indivíduos numa linha sucessória por milhares de anos. E esta tradição milenar chegou ao primeiro século do cristianismo perpetuando a noção que Abraão foi amigo de Deus.

Isso é fantástico, é animador! Se ele pôde, eu também posso! A diferença entre Abraão e nós é que ele descobriu a proporção cósmica do privilégio de orar. Ele descobriu que se orasse poderia impedir a destruição de uma cidade. Enquanto isso eu e você estamos aqui, pensando no que vamos fazer com tal informação...

Muitos relacionamentos acabam porque as pessoas envolvidas (cônjuges, amigos, namorados) não dão ao outro o espaço e oportunidade de se expressarem. Um dos envolvidos se sente no direito de monopolizar o discurso e sufoca o outro. Isso aponta para um aspecto importantíssimo: falar é tão importante quanto ouvir. Falar com Deus também é tão importante quanto ouvir Deus. Ou melhor: ouvir Deus é mais importante do que falar com Deus.

Gosto de pensar nas proporções do corpo humano para entender alguns princípios básicos da vida. Deus nos criou com dois ouvidos e uma boca. Será que isto não tem algo a nos ensinar sobre prioridades? A leitura da Bíblia é imprescindível para que entendamos as orientações de Deus, para ouvirmos o que ele tem a dizer sobre tudo aquilo que falamos com ele. É a voz de Deus, é o outro lado do relacionamento, é Deus falando conosco.

Como seriam nossas vidas se, em geral, ouvíssemos duas vezes mais do que falamos? Tenho certeza que pelo menos no campo dos relacionamentos haveria uma economia gigantesca de ofensas e palavras indevidas e precipitadas. Aprenderíamos a observar mais, ficaríamos mais sensíveis, perceberíamos situações espirituais com mais antecedência e de forma mais apurada.

Relacionamentos demandam tempo e contato. É necessário passar tempo ouvindo, tempo falando, tempo convivendo, tempo conhecendo aquilo que nem sempre sai pelas palavras, tempo para conferir e discernir ações e reações, tempo para interagir, tempo para ficar junto.

Oramos porque queremos estabelecer um relacionamento com Deus.

Usamos nosso livre arbítrio para escolher nos expor a ele.

Para nos relacionarmos com ele precisamos separar tempo, para conhecer seu caráter, o que ele preparou para nossas vidas e o que ele espera de nós.

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vesA cada dia que passa, percebo que o uso da vírgula se torna mais escasso.

O interessante é que as pessoas não percebem a falta que ela faz. Recentemente me vi diante de um caso interessante: no restaurante me foi servida uma porção de feijão amigo. De imediato me vi perguntando a um amigo do Facebook se ele gosta de feijão amigo. O leitor já deve ter percebido que amigo tanto pode servir para qualificar o feijão como para identificar o meu interlocutor na rede social. Daí a necessidade da vírgula, para definir a qual dos dois amigos o meu texto se refere. Anote: (1) Você gosta de feijão amigo? (2) Você gosta de feijão, amigo? (3) Amigo, você gosta de feijão amigo? (4) Você gosta de feijão amigo, amigo? Está na hora de trazermos de volta a vírgula aos nossos textos. Concordam, amigos?

Da BBC Brasil

A Coreia do Norte vem ameaçando seus adversários com ataques quase diariamente, mas analistas não descartam o risco de guerra. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnestm disse que a retórica apenas aprofunda o isolamento do país comunista.

Os Estados Unidos condenaram a “retórica belicosa” dos norte-coreanos. A Rússia advertiu que a troca de ameaças pode criar um “círculo vicioso”. As Coreias do Sul e do Norte estão tecnicamente em guerra desde 1953 – quando a guerra acabou sem a assinatura de um armistício.

A tensão na península coreana aumentou desde que Pyongyang fez seu terceiro teste nuclear, em 12 de fevereiro – que resultou na imposição ao país de novas sanções internacionais.

“A duradoura situação da Península da Coreia de não estar nem em

paz nem em guerra finalmente acabou”. Entre as ameaças recentes de Pyongyang estava um “ataque nuclear preventivo” contra os Estados Unidos.

A mídia da Coreia do Norte informou que o líder Kim Jong-un “decidiu que é hora de acertar as contas com os imperialistas dos Estados Unidos”. Ele condenou o sobrevoo de aviões bombardeiros B-52 americanos – com capacidade de transportar armas nucleares – sobre a Coreia do Sul. Disse que os EUA pretenderiam iniciar uma guerra nuclear na península.

Pyongyang nomeou bases americanas no Havaí, Guam e Coreia do Sul como seus alvos potenciais. A mídia da Coreia do Norte exibiu imagens de milhares de militares e estudantes em uma manifestação de apoio às declarações de Jong-un.

Representantes da China e da Rússia fizeram um apelo pelo alívio das tensões na região.

Adalberto SousaProfessor de Português . [email protected]

A vírgula em

extinção

Coreia do Norte em

estado de guerra Repro

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Noticias.terra.com.br

28 | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | Revista Elos

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Utahy Santos . Jornalista [email protected]

O livro de Atos dos Apóstolos é, provavelmente, o de leitura mais agradável do Novo Testamento. É fácil explicar por que: é uma ótima história escrita por quem tem intimidade com a arte de escrever– Lucas, o evangelista.

Em Atos, Lucas propõe-se a dar seguimento à história que começou a contar no Evangelho que leva seu nome. No Evangelho, Lucas falou sobre Jesus e suas obras; em Atos falaria da igreja nascente e da atuação do Espírito Santo a guiar a igreja cristã dos primeiros tempos.

Atos, à primeira vista, é um livro simples de ser lido. A história é linear e bem narrada, contém drama, ação

e relatos edificantes. A narrativa é tão apaixonante que muitas vezes nos impede de perceber que, além do sentido superficial do texto, há camadas e camadas que podemos e devemos explorar. Mergulhar fundo no texto de Atos dos apóstolos foi o que fez a PIB Recreio, de 21 a 24 de março.

A igreja promoveu um congresso bíblico. Dois renomados expositores da Bíblia estiveram, durante quatro dias, desenvolvendo o tema “O Espírito Santo e a Missão da Igreja”, baseado no livro de Atos. Os preletores, pastores Russell Shedd e Luiz Sayão, saíram-se muito bem nas palestras, o que não surpreendeu ao público que já os conhecia.

As igrejas evangélicas históricas prezam muito o ensino bíblico.

Estudam e vivem as orientações do livro que consideram a Palavra de Deus (ou que contém a Palavra de Deus). A Bíblia é “regra de fé e prática” para os genuínos evangélicos.

A igreja esteve sempre com ótimo público, em todos os dias.

O pr. Russell Shedd destacou que “conversão que não traz interesse em conhecer os ensinos de Jesus é questionável”. “Conversão”, prosseguiu o pr. Shedd, “implica mudança de caráter, comunhão com a igreja e vida de oração”.

Há uns 20 anos, participei de um congresso de jovens. O pr. Shedd esteve uma noite conosco. Quem organizou o congresso se esqueceu de providenciar transporte para ele,

Um congresso bíblicoinesquecível

Watoto Children’s Choir

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 29

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reportagem .

que precisava retornar a São Paulo logo depois do evento. Lembro-me muito bem de ver o pr. Shedd atravessando a rua e tomando o, na época, perigosíssimo 606, rumo à Rodoviária Novo Rio. Experimente, hoje, convidar pastor, padre, rabino ou pai-de-santo para um evento sem fornecer mordomias. O mundo desaba.

O pr. Shedd ainda enfatizou que Jesus odeia a hipocrisia. Hipocrisia que em muitos meios é valorizada como virtude. Há até quem diga que para viver em sociedade é necessária certa dose de hipocrisia. “O cristão”, frisa o pr. Shedd, “vive ‘com alegria e sinceridade de coração’”.

“O livro de Atos tem dois temas fundamentais: poder do Espírito Santo e autoridade do senhor”, afirmou o pr. Shedd.

O pr. Luiz Sayão falou em todos os dias do congresso. Definiu que Pedro, Filipe e Paulo foram destaques no relato de Atos. Em Atos, o movimento do Espírito voltou-se para a Grécia e o resto da Europa. Agora, é hora de o Brasil assumir sua responsabilidade missionária. “O Brasil faz parte do cristianismo do futuro”, disse, citando Philip Jenkins. “Há uma força missionária crescente na Coreia do Sul e na China. Os brasileiros são bem recebidos em toda parte. Há brasileiros negros, brancos, com aparência de asiáticos. O Brasil é visto como um ‘país de paz’”, prosseguiu.

Os dois expositores da Palavra, características particulares resguardadas, agradaram bastante o público que compareceu ao congresso. Domingo, 24, o congresso prosseguiu em três horários: 10h, 17h30 e 19h30. O pr. Sayão falou nos três horários. O pr. Shedd voltara a São Paulo no dia anterior.

Causou grande impacto, durante todo o domingo, a vibrante apresentação do Watoto Children’s Choir. O coral, formado por crianças órfãs de Uganda, na África, emocionou, encantou, mesmerizou a plateia da PIB Recreio. A coreografia esfuziante

do grupo, somada à beleza das músicas cantadas, causou comoção nos espectadores.

Uganda é um país africano que tem sofrido com guerras, desgovernos (lembrem-se de Idi Amin) e as sanguinárias lutas intestinas. Em 2012, um vídeo foi visto por mais de 100 milhões de pessoas. Foi a principal peça de uma campanha lançada pela organização Invisible Children, criada pelo cineasta norte-americano Jason Russell com o objetivo de prender Joseph Kony, o chefe de um grupo armado que age no interior de Uganda. Koni é acusado de usar crianças e adolescentes como soldados encarregados de espalhar o terror nas regiões rurais daquele país.

São crianças como essas, órfãs,

provenientes dos cenários mais terríveis, que formam o coral de crianças que cantou para o público na PIB Recreio.

O Watoto (Rescue – Raise – Rebuild) é a organização que recebe crianças e mulheres vulneráveis, as apoia, cria meios para que estudem e se profissionalizem e mantém o coral de crianças.

Toda a programação foi muito apreciada por quem teve oportunidade de participar. As palestras, os momentos que a igreja uniu-se para louvar a Deus e a oportunidade de ver e ouvir o Watoto Children’s Choir marcaram o auditório. Domingo à noite podia se ver no rosto das pessoas a felicidade de terem compartilhado momentos tão significativos.

Pastores Russel Shedd, Luiz Sayão e Wander Gomes

A Igreja esteve lotada em todos os dias do Congresso

Fotos: Dhiego Almeida

30 | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | Revista Elos

A fidelidade no ensino da Palavra de Deus tem sido abandonada em nome de modismos ocasionais. Em nossa época, a tendência que muitas igrejas e pastores têm de depreciar – ou mesmo de abandonar – a Palavra de Deus, em favor de conceitos filosóficos, psicológicos, mercadológicos, administrativos, e outros, tem provocado um verdadeiro analfabetismo bíblico entre os seus membros.

Em muitas igrejas a Escola Bíblica Dominical, que é a maior escola do mundo, tem sido considerada uma organização ultrapassada ou inadequada em relação às suas necessidades e objetivos. E isso porque o entendimento dessas igrejas e seus pastores a respeito da missão da igreja foi, infelizmente, contaminado e adoecido por conceitos e princípios colhidos na Filosofia, na Psicologia e nas práticas de pesquisa de mercado, de publicidade, de vendas e de administração de empresas.

Em consequência, temos duas situações: por um lado, aqueles que criticam a EBD por sua estreiteza no estudo da Bíblia, às vezes chamada de “fundamentalismo”, que não permite abertura para interpretações liberais e existencialistas; por outro lado, aqueles que criticam a EBD por sua inflexibilidade e insensibilidade no trato com seus “clientes”, pelo uso de uma linguagem voltada exclusivamente para o texto bíblico, sem considerar as

conveniências e opções preferenciais de seus alunos (os “clientes”).

Ocorre que justamente aí está o grande segredo da Escola Bíblica Dominical, que fez com que ela sobrevivesse a correntes teológicas, modismos eclesiásticos, diferenças e divisões denominacionais: o modo simples de fazer com que pessoas comuns se reúnam, sem arrogância quanto a posições quaisquer, para estudar a Bíblia e deixar que ela por si mesma fale aos seus corações, sem pressuposições e prevenções. A EBD é o grande ponto de encontro de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos com a Palavra viva de Deus. Sua fidelidade à Bíblia, e somente à Bíblia, sem respeitos humanos, é uma das grandes garantias de que as igrejas de Cristo permanecerão no rumo certo.

A fidelidade no ensino da Palavra pressupõe a fidelidade ao seu autor. Ser fiel a Cristo é obedecer às suas ordens. A Bíblia está repleta de ordens de Jesus; trata-se então de obedecer à Palavra de Deus, de viver e praticar os seus mandamentos. Quem ama a Jesus, busca conhecer a sua vontade e obedecê-la. É a fidelidade em termos éticos. A EBD é a grande escola da obediência; nela é que aprendemos os mandamentos de Jesus desde pequeninos.

Ser fiel no ensino da Palavra é ser fiel à igreja fundada pelo seu autor. A igreja é portadora da Palavra, como o próprio

Jesus disse várias vezes. Um professor, um pregador, um missionário, um evangelista só tem autoridade quando é fiel não somente a Cristo, mas também à sua igreja. Não existe verdadeiro ensino, pregação, evangelização ou obra missionária sem a igreja, ou fora dela. A fidelidade à Palavra não pode prescindir desse aspecto comunitário. Por essa razão é também muito importante que tenhamos uma literatura claramente confessional, e não uma literatura genérica, sem identidade denominacional.

Por outro lado, o ensino fiel da Palavra abrange a sua totalidade. O que queremos dizer é que todos nós temos a tendência de escolher aquelas ordens de Jesus que podemos obedecer sem dificuldades e aquelas partes da Bíblia que podemos aceitar sem reservas. Precisamos estar com a mente sempre aberta para sermos ensinados por TODA a Bíblia, e a vontade sempre disposta para abraçar e ensinar TODAS as suas verdades. A fidelidade à Palavra vai muito além do nosso pequeno universo. Uma grade curricular que abranja toda a Bíblia, ainda que possa ser considerada uma chatice e receba muitas críticas, é altamente positiva para fazer o crente conhecer toda a Bíblia.

Ao invés de abolir a EBD deveríamos usá-la cada vez mais e melhor, pois através dela podemos ter um ensino de alta qualidade e grande proveito para a identidade e firmeza doutrinária de nossas igrejas.

Sylvio MacriPastor . [email protected]

fidelidade no ensino da

Palavra de DeusReprodução internet

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Isaltino GomesPastor . [email protected]

Reprodução internet

A primeira vez que ouvi alguém dizer que a África era um continente amaldiçoado foi pela boca de um irmão, que já está na glória. Como era uma pessoa dada ao exotismo bíblico, que sempre via o que nunca alguém vira, e muito problemática, logo rejeitei a ideia. Além de estapafúrdia, a declaração vinha de uma pessoa que eu, embora tivesse apenas 15 anos, sabia não merecer crédito.

A “base bíblica” foi a maldição sobre Caim (Gn 4.11ss). Vez por outra, pessoas ignorantes da Bíblia e que a usam de maneira atomizada, sacando passagens do contexto, e ignorantes da obra de Cristo, presas e apaixonadas às maldições veterotestamentárias, ressuscitam a ideia esdrúxula. É impressionante o que a ignorância, aliada à empáfia, faz! Para alguns intérpretes (foi o caso deste irmão que me deu sua interpretação) o sinal posto sobre Caim foi a cor negra. Por isso, a África e os negros eram amaldiçoados, e foram deportados como escravos. Já ouvi gente dizer que a terra de Node, onde Caim foi habitar, era a África. Tolice da grossa, pois a região nunca foi identificada. E o termo hebraico, NOD, tem a ideia de andar sem rumo, e não de deportação. A maldição sobre Caim foi que ele, um agricultor, homem de vínculos com a terra, seria nômade. E também a associação dos cainitas (descendentes de Caim) com os quenitas, amaldiçoados com deportação escrava (Nm 24.21-24)

é tremendamente incerta. É uma violência exegética, o que se chama de eisegese (pôr ideia no texto).

Além de não se poder afirmar que Caim foi para a África, tal ideia ignora que o sinal (‘oth, algo externo), foi para proteção e não para maldição. Quem o encontrasse não deveria matá-lo (Gn 4.15). O termo reaparece em Gênesis 9.12: ‘oth berith (“sinal da aliança”). E em Gênesis 17.11: lê ‘oth berith (“para sinal da aliança”). Nestes dois casos, a palavra traduzida como “sinal” se associa com bênção. Obviamente que é o mesmo sentido com o episódio de Caim. Foi um sinal benigno, não maligno. O sinal posto foi lê Qain, literalmente “para Caim”, e não “contra Caim”. Foi algo para lhe favorecer. A maldição sobre Caim foi a de ser errante, e o trato posterior de Yahweh com ele foi de misericórdia, e não de ódio eterno. A tradição judaica diz que o sinal posto sobre Caim foi o nome sagrado de YHWH, para que todos soubessem que não deviam tocá-lo. Yahweh foi fiador de Caim. Isso se chama Graça e não maldição!

E há mais: as raças não surgiram após o Éden, mas após o dilúvio (Gn 10). E a dispersão da humanidade pela face da terra se deu em Gênesis 11

(especialmente v. 9). Caim nada teria a ver com a África nem com a Europa nem mesmo com a Oceania.

Há gente fissurada em maldições e no Antigo Testamento e suas pragas. Respeitosamente recordo-lhes o conteúdo do Sermão do Monte: “foi dito” e “eu, porém, vos digo” e sua admirável conclusão: “Estas minhas palavras”. O padrão é o ensino de Jesus, o Novo Testamento. Lembrem-se da palavra do Pai, na Transfiguração: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado; a ele ouvi” (Mt 17.5). Nós não ouvimos a Moisés e Elias (o Antigo Testamento), mas ao Filho amado (Hb 1.1-2).

Uma regra elementar de Hermenêutica ensina que o Novo Testamento interpreta o Antigo Testamento. Inclusive, segundo Paulo, o judeu só entende completamente o Antigo Testamento quando aceita o Novo (2Co 3.14-16). Seria bom parar de colocar o mundo e a igreja de Jesus sob o jugo do Antigo Testamento.

Fujamos de gente exótica que vê na Bíblia o que intérpretes bem mais capacitados e de mais autoridade espiritual nunca viram. Os reinventores do evangelho e da Teologia geralmente nos envergonham e escandalizam.

E no que interessa: não há nenhuma maldição especial sobre a África e sobre os negros. Racistas de plantão: não deturpem a Bíblia nem envergonhem os evangélicos!

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Áfricacontinente amaldiçoado?

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 31

32 | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | Revista Elos

Você já participou de alguma pescaria? Seja de anzol, rede ou arrastão, pescar sempre é um bom exercício terapêutico. Quem nunca ouviu uma história de pescador, daquelas que a gente chega a acreditar de tão bem contadas? A pesca sempre fez parte das culturas humanas, não só como fonte de alimento, mas também como principal meio de sustento para muitas pessoas e suas famílias. Simpáticos, sorridentes, criativos e conversadores, os pescadores têm sempre muito que dizer. Profissão antiga, que aos poucos foi se modernizando, sujeitos à chuva, sol, ventos fortes, correntezas, dias e noites sem dormir e saudades da terra, esses simples homens tentam manter o otimismo e a esperança e sempre têm na ponta da língua bons causos para contar.

A Bíblia, principalmente os Evangelhos, faz várias referências à pesca de modo que o peixe tornou-se um símbolo dos cristãos desde os primeiros séculos desta era. Quando Jesus chamou seus primeiros discípulos, encontrou alguns deles após uma pescaria frustrada e a pior coisa que pode acontecer na vida de um pescador é voltar para casa com o barco vazio. Quando Jesus chegou à praia, encontrou aqueles pobres homens lavando as redes, lamentando o tempo perdido, contabilizando as perdas e sonhando, quem sabe, com uma próxima pescaria mais próspera e feliz. Mas a partir daquela manhã, tudo seria diferente. Algo maravilhoso estava para acontecer. Quando acabou de falar à multidão, Jesus percebeu a tristeza e o abatimento no olhar do pescador mais experiente do grupo e dono de um dos barcos, chamado Simão Pedro, e disse: “Vá para onde as águas são mais fundas”, e aos demais ordenou: “Lancem as redes para a pesca”. Sem muito compreender o motivo, Simão Pedro respondeu: “Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”. Sábia decisão. Quando jogaram as redes, pescaram tantos peixes, que elas quase se romperam e de

tão pesado que ficou o barco, quase afundaram. Ficaram tão perplexos com o milagre que, voltando à praia, ele e os demais pescadores deixaram tudo e começaram a seguir a Jesus. De pescadores de peixes passaram a ser pescadores de homens (Lucas 5.1-11).

Esta conhecida passagem bíblica, nos deixa algumas lições muito preciosas que compartilho com você, leitor de Elos:

Depois de uma noite inteira de angústia, cansaço e sofrimento a alegria vem pela manhã. Aqueles pescadores queriam esquecer a noite passada. Investiram tempo e conhecimento, mas não conseguiram pescar um peixe sequer – quanta frustração. Voltaram para casa cabisbaixos e com o gosto amargo da derrota. Mas quando amanheceu, Jesus apareceu e mudou todo o cenário. Para muitas pessoas, a noite é sinônimo de medo, desespero, insônia, pesadelos e aquele silêncio interminável. Só Jesus pode transformar as nossas noites escuras e sombrias em um novo período de luz, descanso e segurança. Só Ele tem poder para devolver o prazer e a alegria. Somente abrigados na presença dEle podemos dormir tranquilos. Protegidos pelo Altísssimo, vencemos o pavor noturno e a solidão (Salmo 91.5). Esteja certo de que o choro pode persistir uma noite, mas de manhã a alegria surge devolvendo a esperança de um dia melhor (Salmo 30.5). Aqueles pescadores enfrentaram o pior naquela madrugada, mas a partir daquela manhã as suas vidas tomaram um novo rumo. Faça o mesmo, convide Jesus para entrar no barco da sua vida e não desanime diante das circunstâncias contrárias. É manhã para você, sorria, a alegria chegou!

O nosso relacionamento com Cristo não pode ser raso nem superficial, tem que ser profundo. Aqueles pescadores já estavam conformados com a derrota e o peso do fracasso. Quando Jesus os encontrou deu uma ordem clara e objetiva. Para eles a saída estava longe da margem, eles precisariam avançar para águas mais

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Paulo MouraPastor e Psicólogo . [email protected]

Lições de uma pescaria

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 33

. paulo moura

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profundas, reagir diante da adversidade, investir mais tempo e esforço, sair da comodidade e da superficialidade. Assim deve ser a nossa relação com Cristo. Precisamos colocar em prática uma fé íntima, sincera e consistente. A oração leva-nos a conhecer Deus mais de perto. A leitura da Bíblia ensina-nos novos valores e enche a nossa alma de sentido. Se você deseja uma vida mais saudável e madura, experimente ter um compromisso mais autêntico, fiel e duradouro com Cristo. Saia do marasmo, do conformismo e vá em busca da estabilidade espiritual e emocional. Quanto mais você se aproximar de Deus, mais Ele revelará a Sua vontade, que é sempre boa, perfeita e agradável. É na profundidade da relação com Deus que os milagres se evidenciam na nossa vida. Falando nisso, como está o seu relacionamento com Jesus?

Não deu certo da primeira vez? Tente novamente. Pedro resolveu confiar na palavra de Jesus e tentou novamente. Ele acreditou na proposta que recebeu e não desistiu diante da decepção. Ele voltou ao mar e lançou as redes para uma nova pescaria. Aqueles pescadores depositaram a esperança e o futuro nas mãos do Messias, do Cristo. Entendemos um grande milagre como este quando aprendemos que devemos insistir naquilo que queremos. Nem tudo que é bom vem fácil e foi preciso muito mais do que esforço físico dos discípulos para tentar novamente, foi preciso fé. Eles acreditaram na proposta de Cristo. A nossa fé não deve ser fundamentada em homens nem em nós mesmos, mas no Senhor. Confiar em Deus é entregar-se totalmente a Ele, sem duvidar. Ter fé em Cristo e confiar nEle é uma decisão pessoal. Convido você a não desistir dos seus sonhos, da sua família, do seu casamento nem de você mesmo. Se as coisas não estão dando certo, continue tentando. Confie em Jesus e lance as redes novamente. Algo frustrou você? Continue tentando. O milagre vai chegar. Sua rede vai encher.

Somos pecadores demais para andar ao lado de Jesus. Outra constatação que faço diante da passagem bíblica é que Pedro admitiu que era um homem pecador, de pouca fé e cheio de defeitos e manias. Ele se achava indigno para estar ao lado de Jesus. Ele se achava pecador demais, incapacitado demais, pequeno demais, simples demais. Pedro é o nosso retrato, pois somos igualmente pecadores para merecermos algo de Deus. Fico pensando até que ponto merecemos andar lado a lado de Cristo? Na verdade, não merecemos, mas mediante Sua graça e infinita bondade adquirimos este privilégio. Somos pessoas falhas, cheias de erros e pecados, mas mesmo assim o Senhor nos convida e aceita, através do perdão, e purifica todo o nosso comportamento, muda o nosso caráter e transforma o nosso ser. Jesus aceitou Pedro com todos os defeitos e assim Ele também faz com você. Não coloque impedimentos nem barreiras para ter um encontro com Jesus. Saiba que Ele lhe aceita exatamente como voce é.

Jesus nos convida para uma pescaria. Pedro recebeu uma missão prioritária: deveria, a partir daquele momento, ser pescador de homens. Ele e seus companheiros deixaram tudo e seguiram a Jesus, imediatamente. A missão de compartilhar Jesus, Caminho, Verdade e Vida, não terminou com a morte dos primeiros discípulos. Como Seus seguidores, precisamos levar a diante a mensagem de amor e paz que Ele transmite. Convido você a ser um discípulo, um pescador, que terá a missão de compartilhar com outros o que recebeu do Mestre. Pense em alguém que você pode influenciar, positivamente, seguindo o exemplo de Jesus. Lembre de uma pessoa que você precisa estender a mão. Você conhece alguém desanimado e frustrado, como os pescadores, após aquela triste noite? Compartilhe então com essa pessoa o que você acabou de ler.

Que o Senhor lhe abençoe e guarde.

Sxc.hu

34 | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | Revista Elos

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Cinema em casa

ArgoDireção: Ben AffleckElenco: Ben Affleck, Bryan Cranston, John Goodman, Alan Arkin

SINOPSE

1979. O Irã está em ebulição, com a chegada ao poder do aiatolá Khomeini. Como o antigo xá ganhou asilo político nos Estados Unidos, que haviam apoiado seu governo de opressão ao povo iraniano, há nas ruas de Teerã diversos protestos contra os americanos. Um deles acontece em frente à embaixada do país, que acaba invadida. Seis diplomatas americanos conseguem escapar do local pouco antes da invasão, indo se refugiar na casa do embaixador canadense. Lá eles vivem durante meses, sob sigilo absoluto, enquanto a CIA busca um meio de retirá-los do país em segurança.

Mohammad Reza Pahlevi chegou ao poder no Irã depois de um golpe tramado pelo Reino Unido e a União Soviética, interessados nos recursos petrolíferos iranianos. Os Aliados forçaram o xá a abdicar em favor de seu filho, em quem enxergavam um governante que lhes seria mais favorável.

Em 1953, Pahlevi toma efetivamente o poder ajudado pela CIA. O xá modernizou o país, mas tratou com crueldade a oposição. Em 1979, a Revolução Iraniana obrigou-o a fugir para os Estados Unidos. Ele morreria no exílio, com 60 anos, em 1980. Esse período de um ano, no entanto, seria determinante para a mudança da história ocidental.

O aiatolá Khomeini, um prestigiado líder xiita, retornou do exílio na

França e assumiu o governo do país: a teocracia que perdura até hoje. Em novembro de 1979, estudantes iranianos invadiram a Embaixada dos Estados Unidos e mantiveram 52 pessoas reféns por 444 dias. Os reféns foram todos libertados algumas horas depois de Ronald Reagan assumir a presidência norte-americana.

Jimmy Carter, o presidente democrata que governava os EUA, foi quase que certamente derrotado por não ter conseguido resolver a crise dos reféns. Uma ação malograda com perda de aeronaves e de vidas de soldados americanos agravou mais a crise.

ARGO relata uma história pouco conhecida. No começo da invasão da Embaixada, um grupo de seis

americanos consegue escapar e se refugiar na representação canadense. Estes seis americanos, se capturados, seriam mortos como espiões. Correndo contra o tempo, cria-se um plano mirabolante para extrair os refugiados da Embaixada canadense em Teerã e levá-los de volta a salvo para os EUA.

Mais não conto para não antecipar surpresas da trama que, apesar de firmada em fatos reais, é desconhecida por grande número de espectadores.

ARGO recebeu o Oscar como melhor filme. Premiações são sempre discutíveis, mas, inegavelmente, é um grande filme.

Ben Affleck, que é menosprezado como ator pela maior parte da crítica, no começo da carreira ganhou, juntamente com Matt Damon, um Oscar por melhor roteiro original de GÊNIO INDOMÁVEL. Como diretor, sua história tem sido diferente. Filmou GONE BABY GONE (baseado em livro de Dennis Lehanne) e THE TOWN, ambos bem avaliados pelos especialistas. ARGO, seu último filme, consagrou-o, definitivamente.

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Pipocam

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Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 35

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ouza

Ilusão é o engano dos sentidos que provoca confusão entre a aparência e a realidade. Adolescente, você tem vivido uma vida de ilusão? Por exemplo, é muito fácil quando se tem dinheiro no bolso se iludir com a falsa ideia de que o cartão de crédito é capaz de resolver todos os nossos problemas; ou quando vivemos em uma casa confortável e cheia de cômodos, nos afastamos pouco a pouco dos que vivem conosco sob o mesmo teto, negligenciando o contato, o olho a olho; ou quando usamos o novo IPhone, para twittar o tempo todo na sala de aula, em casa, no curso, na igreja, no shopping, onde estivermos. Passamos mais tempo com o celular na mão do que tocando no ombro de alguém; quando temos um guarda-roupa recheado de Abercrombie, Hollister, Guess, Gap, All Star, Adidas, Vans, Ray-Ban, Gucci, Dior, e ainda permanecemos desejando mais, reclamando

que pouco se tem. Realmente, pouco se tem, pois é possível ter tudo, mas ao mesmo tempo não ter nada. É possível usar o dinheiro para maquiar a aparência, atrair holofotes, suprir carência. Adolescente, é possível ser rico sendo pobre.

De acordo com um estudo apresentado pelo Núcleo de Intervenção em Crise e Prevenção do Suicídio do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, um a cada 10 jovens entre 15 e 25 anos já fez pelo menos uma tentativa de suicídio. O suicídio é a saída encontrada quando a esperança é findada, quando a dor é tão grande que a vida perde o brilho. Dentre os fatores de risco está a dificuldade de lidar com frustrações e interação social comprometida, deterioração financeira, entre outros, em sua grande maioria causas evitáveis.

Raquel SouzaEstudante . [email protected]

Pobre na riqueza

Sxc.hu

36 | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | Revista Elos

Adolescente, mesmo novo e inexperiente, a violência não espera a maioridade para bater na porta. Em sua origem, a palavra “violência” está relacionada ao termo “violação”, por isso não me refiro somente à violência física, mas também à indiferença e ao preconceito, à arrogância no falar, que muitas vezes se torna mecanismo de defesa provocado pelo sofrimento, sentimento de rejeição, desesperança. Violência é tudo aquilo que fere, machuca o corpo ou a alma.

Não gostamos de nos expor, porque não gostamos da sensação de sermos julgados. Temos dificuldade de reconhecer que talvez a realidade seja um pouco diferente daquilo que nos esforçamos tanto para demonstrar ou esconder. É desconfortável e doloroso expor fraquezas, é incômodo

reconhecer fragilidade. É mais fácil não tocar no assunto, viver de ilusão, deixar pra lá, aceitar a dor, a violação, a instabilidade, encontrando outros nomes para elas. Filhos aparentemente ricos, mas incapazes de interromper o “ciclo hereditário” de todo tipo de violência. Internamente, suplicam por transformação e paz, externamente parecem petrificados, pobres de amor e esperança.

Adolescente, paz, amor, alegria, bondade, integridade e compromisso não são palavras sem sentido, nem ilusão. É a realidade de muitos em todo o mundo, alguns pobres, segundo os padrões do mundo, mas possuidores de uma herança que não pode ser comprada, pois seu valor não é calculável segundo padrões humanos. Jovens verdadeiramente ricos,

desfrutando de uma adolescência inesquecível, solidificada na pessoa de Jesus Cristo, o único capaz de transformar o mais miserável em alguém amado. É durante a infância e adolescência que o caráter é formado, valores e princípios são estipulados e se tornam como uma bússola, nos conduzindo a escolhas que nos acompanharão para o resto da vida. Encare as frustrações e decepções da vida não como uma criança mimada, mas reconhecendo que cada tombo faz muita diferença quando se está aprendendo a caminhar, pois aquele que não cai não necessariamente é aquele que é mais forte, mas aquele que se arrisca menos. Escolha a melhor parte, uma adolescência extremamente única e íntegra. Não negocie valores e princípios, eles serão sua verdadeira riqueza.

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Há algumas semanas fomos surpreendidos com a notícia de que o Senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu o projeto de lei apresentado pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que propõe a substituição da expressão “Ordem e Progresso” por “Amor, Ordem e Progresso” na bandeira do Brasil. Após movimento na internet sugerir a mudança, Chico Alencar encampou a ideia, transformando-a em projeto de lei.

Todos sabem que o lema que hoje estampa a bandeira nacional é de origem positivista, de expressão congênere de Auguste Comte., seguindo o lema da religião positivista por ele fundada que é: “Amor como princípio e ordem como base; o progresso como meta”. Pensando na origem da expressão que aparece em nossa bandeira, não seria má ideia a inclusão da palavra amor, ficando assim: “Amor, Ordem e Progresso”.

A proposta já está gerando polêmica, por conta de alguns entenderem que há outros assuntos mais urgentes para serem tratados por nossos políticos, ou por conta de interesses pessoais em função de causas já defendidas há mais tempo, como a contraproposta do Senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que

propugna pela inclusão da palavra educação.

Polêmicas à parte, até porque há quem já tenha feito a medição do espaço e verificado ser inviável a inclusão de uma terceira palavra, a questão que se levanta é: o que significa amor para os proponentes? Que o Brasil precisa de mais amor não restam dúvidas. Mas não precisamos do amor libertário, raiando à libertinagem dos hippies e dos “malucos beleza” da década de 60 do século 20. Também não precisamos do amor livre e desapegado dos valores cristãos do petismo lulista deste século que hipervalorizou a homossexualidade e pôs em polvorosa certo evangelicalismo que tem medo das ações do homem.

De que amor, então, o Brasil e o mundo andam precisando? Precisamos do amor de Deus. Este é o verdadeiro amor. A melhor forma de designar Deus é a que o apóstolo amado utilizou: “Deus é amor” (1jo 4.8b). Viver o amor é viver Deus. Aquele que tem uma experiência real com Deus pode experimentar em sua vida a forma mais perfeita de amor. É desse amor que o Brasil está precisando. Esse é um amor doador que transforma. O Brasil precisa ser restaurado. Colocar a palavra amor na bandeira nacional

pode até ser uma forma de ressaltar a importância do amor, mas, o que cada brasileiro precisa mesmo é colocar o amor em seu coração. E isso só acontece quando convidamos Jesus Cristo a fazer morada em nossas vidas.

Em sua defesa da inclusão da palavra amor na bandeira brasileira, o Senador Suplicy falou da necessidade de se ter mais amor por parte de todos para com o povo brasileiro. Vamos ter mais amor aos brasileiros quando tivermos mais amor a Deus. Este é o primeiro de todos os mandamentos, como disse Jesus: “e Jesus disse-lhe: amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mateus 22.37-40).

O amor verdadeiro, na vida do cidadão e do cristão, começa na direção de Deus, em resposta ao seu amor primeiro para conosco e prossegue em direção ao próximo, na prática do que Deus espera acontecer na vida de seus filhos. Que para tanto estejamos submissos à vontade do pai.

Josué EbenézerJornalista . [email protected]

Amor, ordem e progresso!

Reprodução internet

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Anjos armados:importam-nos?

Geoésley NegreirosMissionário mobilizador do PEPE Internacional (JMM) . [email protected]

Photopia.com

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Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 39

A revista Aventuras na História: Para Viajar no Tempo, Editora Abril, edição de maio/2009, tem como tema principal a Escravidão. Nela, a vida de pessoas escravizadas no Brasil, antes e depois da Lei Áurea. Ainda sobre a escravidão, nos traz reportagem com o título ANJOS ARMADOS. Em que esse tema nos interessaria? Em que interessaria à igreja cristã evangélica? E a você?

“Em 25 países, crianças lutam em guerras”. Essa prática começa há bastante tempo: “Na batalha de Leuctra, em 371 a.C., crianças de Esparta pegaram em armas. Em 1415, os franceses massacraram os escudeiros britânicos, os quais tinham menos de 15 anos de idade”. Ainda, no Brasil Colônia, crianças órfãs criadas por instituições públicas eram recrutadas pelas forças armadas. Nos EUA, em 1864, adolescentes com menos de 16 anos da região da Virgínia foram feitos soldados. Na Alemanha, 1922, jovens eram treinados desde os 14 anos para o grupo Garotos da Juventude Hitlerista. Muitos são os casos em que crianças e adolescentes participaram de conflitos armados, mas em tempo algum da história eles nunca foram tão utilizados como na atualidade. Na época em que a matéria foi feita, 25 países reuniam de 200 a 300 mil crianças soldados, como se a presença das crianças fosse o novo padrão de comportamento em guerras. Entre esses países vemos que “Crianças lutam em grupos guerrilheiros no mundo todo, em especial na Colômbia e no Sri Lanka”. No México, os mexicanos do Exército Zapatista de Libertação Nacional também sustentam um batalhão juvenil. Em Uganda, o governo tem o hábito de capturar os jovens que atuam em grupos armados independentes e transformá-los em espiões e mensageiros do Exército local. Em Mianmar, um pequeno país do sul da Ásia, as crianças recrutadas são forçadas a fazer o mesmo treinamento do Exército.

A idade média das crianças que lutam em guerras, nos diz Eduardo Campos, autor da reportagem na revista Aventuras na História, é de 12 anos. A maioria dos grupos de guerrilhas aos quais elas fazem parte atua sem ligação ao Estado, “mas, em vários países, menores são alistados pelo governo”. Por exemplo, 15 britânicos de 17 anos de idade lutaram no Iraque. Podemos nos perguntar: por que crianças são recrutadas para tantos conflitos armados?

Jo Becker, diretora de defesa dos direitos das crianças da organização não governamental Human Rights Watch, diz que as crianças são escolhidas porque são alvos fáceis de manipulação, e geralmente lutam

tão bem quanto os adultos. Os meninos são ótimos espiões, enquanto as meninas servem como escravas sexuais. Contudo, o ápice dessa desordem começa na visão de que o recrutamento é uma oportunidade de conseguir comida e dinheiro, principalmente para ajudar suas famílias.

Dar oportunidades para crianças de vários contextos no mundo terem novas expectativas de vida é um dos principais objetivos do PEPE – Programa de Educação Pré-Escolar, apoiado e promovido pela Junta de Missões Mundiais. Para tanto, este programa socioeducativo tem se inserido em várias comunidades ao redor do mundo, inclusive em contextos como os citados acima, em que as guerras que contam com a presença de soldados mirins são realidades. Para o PEPE, apenas uma educação integral, ainda que a longo prazo, que trabalha inclusive valores morais e bíblicos, pode mudar integralmente a vida de uma criança, de sua família e comunidade. Essa educação é potencializada quando apoiada por uma igreja evangélica que põe em prática o amor e a fé cristã.

Muitos são os testemunhos recebidos de vários contextos em que o PEPE está inserido. Realmente é um programa que tem levado esperança ao coração de muitas crianças. Por acreditar que a educação escolar infantil de qualidade pode desenvolver uma melhor autoestima na criança, melhor desenvolvimento de suas habilidades, além de um melhor conhecimento de mundo e de Jesus, o PEPE deseja levar transformação de vida a muitas crianças no mundo inteiro.

Além de temas que cercam a maioria das pré-escolas, este programa também se dedica à proteção da criança, já que também acredita numa política de preservação dos direitos e particularidades infantis. Este tema interessa muito ao PEPE, principalmente porque ele não se restringe às qualidades sócio-educacionais, mas inclusive cristãs, pois é comprometido com os princípios bíblicos ensinados por Deus e Jesus, onde esta prática é uma realidade do Senhor das crianças, jovens, adultos – homens e mulheres – e idosos.

Nesta empreitada, a fim de convocar pessoas ao conhecimento de realidades tais como as crianças soldados em várias partes do mundo, crianças abusadas sexualmente, fisicamente e psicologicamente, crianças escravizadas, crianças sem educação escolar etc., o PEPE se encarrega de também refletir com você sobre temas atuais que também devem lhe dizer respeito. Essas crianças nos importam?

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wesley cavalheiro .

A paixão é uma energia sincera que flui através das pessoas e não dentro delas. Ela enche os corações quando permitido e inspira outros quando compartilhada.

Nestes dias, mais do que nunca, as pessoas querem fazer parte de algo que seja maior do que elas mesmas são.

Querem desfrutar a plenitude de um senso de espírito apaixonante nos grupos aos quais estão afiliadas, sejam empresas ou qualquer outro tipo de comunidade. Daí, resta saber como as organizações podem desenvolver este entusiasmo?

Para ter uma organização apaixonante três fatores críticos são necessários:

1. Visão clara, que proporciona a sensação de que o trabalho vale a pena.

2. Pessoas qualificadas, treinadas e equipadas, que estejam no controle de metas em comum acordo.

3. Uma cultura organizacional positiva estabelecida e caracterizada por um sistema de reconhecimento que encoraja todos a colaborarem uns com os outros.

Visão: para onde estamos indo?

Uma visão clara e estimuladora auxilia as pessoas a esquecerem que estão no trabalho. Este tipo de visão possui três partes componentes: propósito, visão de futuro e valores.

Propósito: Do que se trata o seu negócio? Quando Walt Disney

começou seu parque temático, ele tinha um propósito claro – ele estava no negócio da alegria, o que é muito mais simples e melhor do que ter uma declaração de missão seca que não inspira ninguém.

Visão de futuro: Com o que o futuro irá parecer quando as coisas acontecerem de acordo com o planejado? Quando se cria uma visão de futuro para uma organização, descreve-se o que deveria estar ocorrendo se a organização estivesse vivendo seu propósito plenamente. A visão de futuro de Walt Disney era que os visitantes esbanjassem, ao sair do parque, o mesmo sorriso de quando entraram, mesmo se já tivessem passado seis, oito ou doze horas.

Valores: Como se quer que as pessoas se comportem quando elas estão trabalhando de acordo com o propósito e a visão de futuro? Os valores orientam o

comportamento das pessoas quando elas estão trabalhando em seu propósito e na sua visão de futuro. Poucas organizações têm valores operacionais e as que possuem, com frequência, cometem um ou dois erros comuns. Primeiro, elas possuem valores muito numerosos – oito, dez ou doze. Pesquisas indicam que se

quiser que os valores orientem o

Como inspirar paixão em seu pessoal

Wesley CavalheiroTreinador comportamental . www.lumen4you.net

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 41

comportamento das pessoas, não pode sobrecarregá-las com mais do que três ou quatro.

O segundo erro comum é que as organizações raramente priorizam seus valores, ainda que estes estejam em eterno conflito em suas vidas.

Os parques temáticos Disney têm quatro valores ordenados. Um grande número de pessoas ficaria surpresa em saber que o valor número um da Disney é segurança. Ainda que fosse tão simples para Walt Disney, ele sabia que se alguém fosse levado de seu parque em uma maca, ele não estaria com um sorriso igual ao de quando chegou.

O segundo valor em prioridade é cortesia – a atitude amigável que você espera em um parque Disney. Por que é importante saber que a cortesia é o valor número dois?

Suponha que um dos colaboradores da Disney esteja respondendo

a um visitante de modo amistosamente

cortês e um grito é

ouvido não se sabe de onde. O que o colaborador deve fazer para se comportar de acordo com os valores priorizados? Ele simplesmente deve pedir licença o mais rápida e polidamente possível para, então, correr em direção ao grito. Por quê? Por que o valor número um – segurança – acabou de chamar.

Uma cultura de reconhecimento

Os passos seguintes para a progressão é o reconhecimento do desempenho das pessoas. Todo ser que respira precisa de reconhecimento.

Os treinadores de baleias do Sea World obtêm um desempenho excepcional de baleias assassinas. Eles o fazem acentuando os pontos positivos e redirecionando os comportamentos impróprios. Quando uma baleia desempenha uma rotina corretamente e retorna

ao ponto de referência, os treinadores lhe jogam um

barril de peixe pela garganta, esfregam

sua língua, abraçam ou

fazem

qualquer outra

coisa positiva que eles

possam pensar. O que eles estão dizendo às baleias é “Aí

menino... aí menina... você fez o que era certo”.

E quando as baleias não agem de forma correta?

Eles apenas não focam no erro. Ao contrário, eles as redirecionam de volta ao que estava planejado que fizesse ou ao que eles sabem que a baleia sabe fazer, e, então, levam novamente o animal a fazer algo certo. Se você for a um show e uma baleia voltar ao ponto inicial enquanto os gestos do treinador apontam para o centro da piscina, você sabe que a baleia não fez o exercício corretamente e o treinador vai querer que ela repita o ato. Invariavelmente, a baleia volta desejando fazer direito. Por quê? Porque a baleia quer manter os peixes vindo.

Investir tempo para redirecionar a situação serve para ajustar o foco da energia e estabelecer uma oportunidade de acentuar o positivo no futuro.

Quando alguém comete um erro, em vez de focar no que ele fez de errado, um gestor eficaz dirá algo como “Na próxima vez talvez possamos fazer isto deste jeito”, colocando o foco no que quer que as pessoas façam, e não no que elas fizeram de errado. As pessoas querem saber quando estão tendo um bom desempenho. E se não estão tendo, desejam ser ajudadas a retornarem ao caminho correto.

Quando leio os Evangelhos, percebo claramente a fórmula de Jesus: uma visão, um propósito e valores que culminaram em uma paixão que mudou o mundo.

Re-energizar e inspirar colaboradores não é uma ciência estratosférica. Pode ser feito honrando as verdades humanas universais: as pessoas necessitam de uma visão na qual acreditar; elas necessitam ser treinadas, equipadas e confiadas para implementar a visão; e, por fim, necessitam ser reconhecidas e elogiadas por tornar a visão uma realidade.

(*) Baseado em matéria de Ken Blanchard www.kenblanchard.com

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Paulo PancotePastor e escritor . [email protected]

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Existe um grande problema nos relacionamentos interpessoais que tem ocorrido por este mundo afora. É uma dificuldade que causa aborrecimentos, mágoas e divisões e, apesar de tudo, não tem sido tratada com a devida seriedade pela maioria das pessoas.

É o que o escritor Ron Lee Davis, tempos atrás, chamou de “o pecado esquecido”, em seu livro Perdão incondicional (Ed. Vida). Sim, da forma como os escritores, conferencistas, líderes e o povo têm encarado a maledicência, parece que realmente é algo tolerável, desculpável e facilmente esquecido. Quando foi que você leu um livro, viu uma reportagem, ouviu uma mensagem ou mesmo um estudo sobre a maledicência? Quando foi que alguém lhe disse que a maledicência é de fato algo muito sério e destrutivo?

Maledicência, intriga, futrica, boato, fuxico, mexerico, diz-que-diz, disse-me-disse, ouvi dizer ou simplesmente fofoca. O termo equivalente utilizado no meio jurídico é “difamação de caráter”. É um fenômeno totalmente universal. É uma característica intrínseca do ser humano e, por isso mesmo, está presente em todas as sociedades e culturas do planeta, envolvendo em sua

o Pecado esquecido

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42 | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | Revista Elos

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 43

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propagação indivíduos de qualquer idade, sexo e posição social.

Segundo pesquisadores, “as mais importantes modalidades da maledicência são mesmo a fofoca e o boato; as demais são consideradas derivações de uma das duas matrizes”. O sociólogo Jack Levin, da Northeastern University, em Boston (EUA), e coautor do livro Gossip: The inside scoop (Fofoca: O furo privilegiado), inédito no Brasil afirmou:

“Fofoca é uma mensagem sobre o comportamento de outras pessoas, especialmente quando os alvos não estão presentes. Boato é um processo pelo qual os indivíduos tentam definir uma situação ambígua. Eles então espalham notícias informalmente porque as fontes oficiais não existem ou estão inacessíveis.”

Vivemos em uma época onde a maledicência é quase natural. Há diversas revistas que se ocupam em bisbilhotar a vida alheia, principalmente dos ricos e famosos, daqueles que se encontram em evidência. E a grande prova de que o povo dá importância a isso, é como essas revistam vendem!

Existem aqueles programas de televisão em que a especialidade é fofocar, ou seja, especular sobre os que estão em evidência. É a maledicência sendo destilada no ar. Mais recentemente surgiram na televisão os realities shows, que se ocupam principalmente em tomar conta da vida de algumas pessoas durante meses, enquanto elas estão confinadas em algum espaço, que é fartamente monitorado por câmeras de tv e áudio. E quanta audiência isso provoca!

Talvez o mais recente meio para a ação dos maledicentes (ou fofoqueiros) seja a internet, onde as redes sociais também estão sendo usadas com essa finalidade, e um boato ou história verdadeira é espalhado, com um alcance praticamente ilimitado.

A maledicência está presente nos escritórios, nas lutas pelo poder, no mundo dos negócios, na política, no esporte, nas famílias e, infelizmente, até mesmo no ambiente religioso de uma igreja.

Mas por que será que ficamos tão fascinados quando ouvimos falar dos outros – dos problemas dos outros, dos pecados dos outros, das derrotas dos outros – da vida dos outros?

Segundo alguns estudiosos, a razão de não compreendermos o que a Bíblia fala a respeito da maledicência é o que a torna tão atraente. “Falta-nos o conhecimento sobre a perspectiva de Deus sobre a maledicência”, afirmam. Se formos realmente honestos, precisaremos admitir que nossa perspectiva sobre a maledicência tem sido moldada mais pela cultura do que pela Bíblia.

Não existe nenhum versículo em toda a Bíblia favorável à ideia de que devemos identificar as falhas, as fraquezas e as deficiências de outra pessoa e passar essa informação adiante como forma de “ajuda” ou sob qualquer outra justificativa. Mas existem vários versículos bíblicos que mostram a perspectiva de Deus sobre a maledicência. Em Provérbios 10.18 temos: “... o que difama é insensato”; ainda o texto de Provérbios 16.28 afirma: “o homem perverso espalha contendas e o difamador separa os maiores amigos”.

O Novo Testamento também se pronuncia sobre o assunto. Em Colossenses 3.8 o texto mostra: “Agora, porém, despojai-vos igualmente, de tudo isto – ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar”. Em Romanos 1.29, Paulo adverte: “... cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores...” Refletindo nesses textos, fica bem claro como Deus vê a maledicência e o que pensa dela.

A maledicência só acontece porque existe sempre alguém para contar uma história e alguém disposto a ouvi-la. É a lei da oferta e da procura: se não houver procura, não haverá oferta. O filósofo Robert Goodman, da Universidade de Haifa, em Israel, organizador do livro Good gossip (A fofoca positiva), inédito no Brasil, declara: “A análise da fofoca e do boato traz à luz a complexidade do pensamento e do sentimento humanos. Se tentamos ser pessoas decentes, então temos a responsabilidade de distinguir entre a boa informação e a maldosa, o que não é simples.”

Isto deve levar-nos a pensar em algumas posturas que podem ser tomadas contra a fofoca. Talvez a melhor maneira de amenizar o efeito da maledicência é divulgar de pronto um desmentido ou a versão oficial da história.

Há perguntas que podem amenizar a ação do maledicente, ou até mesmo neutralizá-lo, fazendo-o desistir de levar adiante tão destrutiva atitude. A primeira: Por que você está me contando isso? A segunda: Onde você conseguiu sua informação? A terceira: Você já procurou a pessoa de quem está falando? Outra pergunta: Você já averiguou todos os fatos? E finalmente: Importa-se se eu citar o seu nome como fonte da história?

É impressionante como estas ações podem ter um efeito inibidor. São providências iniciais que poderão ser um eficiente auxílio para aqueles que não desejam ver o local onde convivem – família, trabalho, escola, igreja – impregnado com o vírus da maledicência e suas terríveis consequências.

Posicionamentos firmes precisam ser tomados, pois um ambiente livre da maledicência torna-se saudável. E todos nós queremos conviver em um clima salutar!

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George HeinrichsPastor . [email protected]

Escutei há algum tempo frase de uma pessoa muito simples: “Nesta vida tem que pagar até para morrer”. Ninguém precisa dizer que vivemos um tempo onde as pessoas estão em busca dos seus próprios interesses e é difícil encontrar alguém que queira ser de fato generoso, pois generosidade é aquilo que faço por alguém que nunca poderá me pagar ou dar nada em troca pelo que lhe fiz.

Deixamos de viver em uma sociedade baseada na generosidade para viver em uma sociedade baseada na lei da “troca”. Sim, qual o lucro que terei com isso? Há até pessoas que se valem da Bíblia e do nome de Deus para beneficiarem seus próprios projetos e planos. Vale salientar que interpretam a Bíblia de maneira totalmente errada.

Seria impensável ficarmos sem algumas coisas neste século 21: a internet é uma delas. O que faríamos se não existisse dinheiro? Difícil imaginar, não é mesmo? No entanto, inevitavelmente, nos depararemos com situações sem preço, impossíveis de serem resolvidas na base da troca. A vida passa rapidamente. Já estamos em abril. A vida nos reserva surpresas e o tempo nos dirá o quanto estamos preparados para enfrentá-las.

Recentemente, me deparei com um diagnóstico médico em relação a uma pessoa da minha família. Numa atitude de fé até, a médica me disse: “Devemos entregar a Deus, pois os homens já fizeram o que podiam”.

Choque, perplexidade, angústia, etc.. Não daria para enumerar a quantidade de sentimentos nesta hora, ao ver

Sxc.hu

Há coisas que são impagáveis

Revista Elos | Edição 09 . Abril – Maio 2013 | 45

alguém que você ama morrendo e nada, mas nada que você possa fazer no plano natural irá mudar a história. É fácil encontrar homens, mulheres e famílias vivendo numa redoma, achando que seus títulos, recursos ou finanças darão jeito em qualquer situação, mas o velho ditado popular já dizia: “Só não tem jeito para a morte”. Quando se depara com a iminente morte à sua frente, se percebe que as pessoas sempre devem ter em nossa vida mais valor do que as coisas. Uma frase que escutei ainda lateja em minha mente: “O que se pode comprar com o dinheiro não tem valor, mas o que o dinheiro não pode comprar, isto sim, de fato, tem valor”. Verdade pura e simples.

Neste momento tão difícil recebi manifestações incríveis de carinho, atenção e amor, das mais diversas fontes possíveis e quero lhe dizer, caro amigo leitor, isto é inestimável!

Mais uma vez tive a oportunidade de comprovar que “mais vale o amigo do que o dinheiro”. Você vive sem dinheiro, acredite, mas nunca conseguirá viver sem amigos.

Precisamos, portanto, lutar proativamente contra o sistema capitalista atuante na nossa sociedade, que nos faz ver a necessidade de ter lucro em tudo. Verdadeiros amigos sabem que dar nem sempre significará receber.

Há um versículo na Bíblia que contém frase do próprio Jesus: “É melhor dar do que receber” (Atos 20.35). Tenho visto coisas estragando amizades de muitos anos. Lembre-se: coisas são apenas coisas, mas pessoas são pessoas! Talvez você ache isto redundante, mas quero ajudá-lo a refletir no significado disto. Pessoas podem se vender por dinheiro, usurpar direito que não, achar que podem comprar outras pessoas. Mesmo assim, pessoas são incomparáveis, pois o valor de cada uma excede a fortuna conjunta de qualquer grupo de milionários na face da terra. A vida e a alma de uma pessoa são impagáveis. Os amigos, os relacionamentos saudáveis, o amor, o carinho, o respeito e a admiração não têm preço.

Preciso dar um pequeno depoimento aqui, nem sempre acreditei nestas palavras, mas algo mudou em mim ao iniciar minha caminhada no cristianismo. Aprendi que Jesus Cristo é um modelo suficiente para mim e que as pessoas valem muito mais dos que as coisas. Sua vida na terra foi exemplo de alguém que se importa, se identifica, cuida, ama, respeita, ajuda..., alguém que vale a pena seguir e conhecer. Esta jornada em minha vida trouxe vários presentes, muitos amigos, às vezes mais chegados que irmãos, cujas vidas são exemplo dos ensinamentos de Jesus Cristo, dando sem querer receber nada em troca.

Parte disto está na Igreja do Recreio. Um lugar onde me sinto abençoado em todos os momentos. Venha fazer parte desta igreja que cresce a cada dia. Igreja formada por pessoas cujos valores têm sido continuamente restaurados. Você é bem-vindo aqui!

Elite chinesa enfrenta austeridade

Justin Bieber tem seu macaco detido na Alemanha

Desde que entrou no poder, o presidente chinês Xi Jinping vem adotando táticas de austeridade no país que tem fama de livres gastos para funcionários públicos, militares e chefes de partidos. Avisando que a ambição e gula ameaçam derrubar os comunistas do poder, Xi ordenou um fim aos banquetes financiados pelos contribuintes e ao suborno que muitas vezes ganha a forma de presentes, como uma bolsa Louis Vuitton.

Enquanto o poder da elite permanece incontestado, os símbolos do poder estão sumindo. Acabaram, por enquanto, as flores recém-cortadas, os carros individuais e as cerimônias no tapete vermelho que costumavam receber convidados ilustres. No começo deste mês, oficiais militares que chegaram para o Congresso Nacional do Povo foram instruídos a dividirem quartos de hotel e a trazerem seus próprios produtos de higiene pessoal.

(http://oglobo.globo.com/mundo/)

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taO cantor Justin Bieber se envolveu em mais uma polêmica. O astro teen decidiu levar seu macaco-prego, OG Mally, para a turnê na Europa. Mas, o novo animal do cantor foi detido pela polícia alemã.

Justin colocou OG no avião particular sem notificar ninguém. No desembarque, as autoridades alemãs pediram a documentação do animal e o atestado de saúde, o que Bieber não tinha. Com a falta dos documentos, o macaco-prego foi detido e colocado de quarentena. Bieber ainda não sabe o que irá acontecer e pode responder a um processo na Alemanha, além de ter que pagar uma multa no valor de R$ 30 mil.

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Exercite-se. A hora é essa! Mas com alguns cuidados...

O governo municipal está instalando milhares de academias nas praças públicas para os idosos malharem e exercitarem seus corpos. Mas idosos podem iniciar a prática de exercícios físicos por conta própria, sem uma autorização médica?

Procuramos pesquisar o assunto para dar uma orientação adequada aos nossos leitores. Com o envelhecimento há uma perda importante de massa muscular, favorecendo o aparecimento de doenças e diminuindo a proteção das articulações e a capacidade de trabalho.

Atenção: Se você está parado por muito tempo, vá ao médico antes de

começar a fazer qualquer exercício e evite atividades exaustivas, como futebol e corridas.

De acordo com boletins, informes da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e da literatura científica gerontológica, devemos ficar atentos, quando praticamos exercícios. Não podemos sentir muito cansaço, falta de ar ou qualquer desconforto. Se este for o seu caso, pare e consulte um médico.

A atividade física é recomendada para todos, visando a reduzir os riscos de doenças do coração, diabetes, obesidade e colesterol.

Diminuem os fatores de risco para quedas e fraturas, melhorando a musculatura esquelética e densidade

óssea. Diminui a compulsão de fumar, previne o estresse e a depressão.

Cuidados para termos uma boa atividade física: não faça exercícios em jejum ou depois de refeições exageradas; evite fazer exercício sob sol forte; use roupas leves, claras e ventiladas; calce sapatos confortáveis e macios, de preferência tênis; evite praticar exercícios em ladeiras e pisos irregulares; faça caminhadas diárias de 60 minutos até os 60 anos; 50 minutos até os 70 anos; 40 minutos até os 80 anos; 30 minutos até os 90 anos; faça algum exercício (são muitos para escolher: caminhadas, natação, dança, ioga, alongamento, musculação, o importante é escolher um de que mais goste e praticar sempre).

Samuel Rodrigues de SouzaGerontólogo . [email protected]

Idoso parado está fora de moda

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Ex-técnico do Barcelona é exemplo de líder “Uma despedida” foi o título da comovente coluna que o escritor catalão Enrique Vila-Matas, autor de livros memoráveis como Dublinesca e Bartleby e companhia (Ed. Cosac Naify), escreveu no jornal espanhol EL PAÍS em junho de 2012, quando Josep Pep Guardiola pediu demissão do cargo de técnico de seu time do coração. Inconsolável, o escritor catalão encarnava a amargura dos jogadores e dos fãs com a decisão inesperada do bem-sucedido treinador, o melhor que o clube já teve.

E, característico de seu estilo de liderança tranquilo e generoso, Guardiola mostrou-se grato aos jogadores “por tornarem realidade as partidas que imaginei. Isso não tem preço”.

Várias vezes, Guardiola levou os seis melhores títulos possíveis: a Copa del Rey, o título da Liga, a Liga dos Campeões da Uefa, a Supercopa da Espanha, a Supercopa da Europa e o Mundial de Clubes. Foi o único técnico da história a conquistar os seis títulos no mesmo ano. Ganhou 14 troféus de 19 e 11 finais das 12 que jogou. É um apaixonado pelo futebol.

Em seu livro La Roja: el Triunfo de un Equipo (ed. Alienta), Juan Carlos Cubeiro, diretor da Eurotalent e professor das universidades San Pablo-CEU e Esade, e Leonor Gallardo, doutora em educação física e professora da Universidad de Castilla-La Mancha, destacam que a liderança de Guardiola se consolidou pelo fato de ele mesmo ter tido bons treinadores, entre os quais Cruyff e Louis van Gaal, o holandês que foi técnico do Bayern de 2009 a 2011 e dirigiu Guardiola em 2000. Gaal acredita que o grande valor dele como jogador era sua capacidade de estruturar o jogo, graças a suas habilidades de comunicação.

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Temos o exemplo muito badalado do médico norte-americano, Jeffry Life. Aos 59 anos, estava obeso, hipertenso, com alto índice de colesterol e diabético. Ele mal conseguia subir alguns andares de escada sem perder o fôlego. Hoje, aos 79 anos, 30kg a menos, pratica halterofilismo, pilates, artes marciais e musculação.

Toda essa modificação ocorreu após seu casamento com uma mulher 20 anos mais jovem que ele, que foi a grande razão para sua transformação radical, com exercícios físicos, dieta rigorosa, suplementos alimentares e reposição hormonal.

“Antigamente eu comia fast-food, comidas com grandes quantidades de açúcar”, diz ele. “Agora, como comidas com pouco açúcar e pouca gordura. E faço quatro ou cinco pequenas refeições ao dia”, ensina.

Recomendamos toda a parte física adotada por ele, já quanto a suplementação alimentar (a não ser em casos de tratamentos específicos) e o uso de hormônios do crescimento, são práticas condenadas pela geriatria, bem como todo o conteúdo da chamada medicina antienvelhecimento, tendo sido até proibida pelo Ministério da Saúde do nosso país.

O uso indiscriminado e sem autorização médica de hormônios de crescimento, testosterona e outros, de acordo com alguns médicos, pode fazer mal, estimulando o crescimento de tumores que não cresceriam, além de aumentam a chance de aumento do tumor da próstata, no homem; do câncer de mama e do útero, na mulher; podendo ainda prejudicar o fígado.

A prática da educação física é muito bem-vinda na velhice, para que idosos venham a aumentar sua força, equilíbrio, reverter a diabetes e conquistar índices normais de pressão.

De acordo com o dr. Vinicius Benites, médico militar da Marinha do Brasil na especialidade de Neurocirurgia, a prática de atividade física é benéfica a praticamente todas as pessoas, devendo-se respeitar a intensidade e duração de acordo com o condicionamento físico, idade, peso entre outros aspectos.

Os exercícios físicos são recomendados inclusive para pessoas portadoras de dor crônica da região lombar, ou seja, aquelas dores que acompanham o paciente por período maior ou igual a três meses e que não são incapacitantes.

O indivíduo deve praticar a atividade que lhe traga prazer e bem-estar e, independentemente do tipo de exercício escolhido, deve realizar um reforço da musculatura abdominal e lombar, já que esses músculos são responsáveis por ajudar na sustentação e distribuição do peso que passa pela coluna.

A atividade física e a fisioterapia estão proibidas durante a fase aguda da dor lombar, ou seja, aquela dor com duração menor do que três meses, em geral menor do que 15 dias, que incapacita o indivíduo para as atividades do dia a dia, inclusive do trabalho.

Toda atividade física deve ser orientada por um profissional da área da Educação Física, do Esporte ou da Fisioterapia.

Em uma instituição de longa permanência da Bahia, Abrigo São Francisco, em Itabuna, conforme nos relata José Hermógenes, autor de Saúde no Idoso, Obra de Arte, foi feito um trabalho especial com a parte física dos asilados, com excelentes resultados: “A grande força terapêutica do amor foi talvez o fator preponderante e decisivo. Sentiram-se amados. Isto lhes foi essencial. Foi também o amor que inspirou a professora a instituir seu método. Cantando, gesticulando, sorrindo e dançando, os velhinhos e velhinhas melhoraram o tono muscular e desenferrujaram as velhas articulações cronicamente anquilosadas. Por exemplo, numa música, quando diziam: pisa, pisa, pisa, pilão...”, erguiam os joelhos flexionados e imitavam a batida do pilão, com enérgica descida do pé; noutra, quando diziam “rema, rema, remador”... imitavam as remadas de um barquinho, movimentando os braços e o tronco. Com este e outros truques, a bondosa mestra levava-os a mexer com toda a velha estrutura já cansada e ociosa, afastando assim a sombra da depressão e da dor, deixando a morte para muito depois.”

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A família é dinâmica. Observe-a através da história e você a verá se organizando de diversas formas. A família nuclear, hoje, constitui-se de pai/mãe/filhos.

Casais separam-se e formam novas famílias. Em nossas igrejas há pais/mães/filhos comuns/filhos de um só cônjuge. Causava estranheza há algum tempo (causa, ainda, em grupos mais conservadores), hoje em dia, poucos estranham. Degradação, decadência... Não. É o movimento da história.

Importa a nós que essas famílias estejam sob o senhorio de Deus. Uma pessoa equilibrada, sensata e temente a Deus quer constituir família e manter esta família unida até que seja separada pelo chamado de Deus. Da mesma forma, quer

fazer feliz a esposa, ser feliz com a mulher que Deus lhe deu, ver seus filhos crescerem com saúde, se casarem e, sim, serem felizes, também. Pai e mãe querem se realizar como pessoas e como profissionais. Almejam dar os melhores instrumentos para que seus filhos se realizem, plenamente.

Infelizmente, nem sempre é possível. Diversas razões levam um casal a se separar e muitas outras fazem com que se case novamente com outros parceiros.

A família não costuma se organizar de forma simples. Há amor e ódio dentro do núcleo familiar. Filhos matam pais por dinheiro. Pais abandonam filhos por uma aventura sexual. Mães largam seus filhos em lixeiras.

Não só fatos desagradáveis, no entanto, acontecem dentro das famílias. Graças a Deus, exemplos edificantes e amor extremo também são encontrados. Mães que jamais abandonam seus filhos. Esposas que lutam ombro a ombro com seus maridos para proporcionar a melhor criação a suas crianças. Maridos que se desdobram para honrar seus lares. Filhos que sentem santo orgulho de seus pais.

Maio é o mês da família e aqui na PIB Recreio teremos muitas programações mostrando a grande importância que todos damos à família. Quero convidá-lo e a sua família a vir até nós em um domingo. Tenho certeza de que, vindo aqui, você sentirá o desejo de participar da família PIB Recreio.

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Wander GomesDiretor de Elos, pastor e mestre em Psicologia Social . [email protected]

FamíliaIgreja do Recreio

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